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Aspectos psicológicos, cognitivos e mentais

Nesta aula, vamos tratar de aspectos mentais relacionados ao trabalho. Na aplicação da Ergonomia, é preciso que o
ergonomista tenha visão ampla sobre os processos de trabalho e sobre como a tarefa é realizada, identificando os
constrangimentos que podem advir do trabalho. Para pensar sobre os aspectos mentais e o papel da Ergonomia, vamos
retomar nossa situação-problema: um desenvolvedor de softwares contrata você como ergonomista para auxiliá-lo a
criar um sistema de computador para a recepção de hóspedes em um hotel. Seu papel será muito simples: verificar os
aspectos de usabilidade, acessibilidade e ergodesign envolvidos na interação das pessoas com esse sistema.
A Ergonomia Cognitiva leva em consideração aspectos voltados ao aprendizado, à percepção, cognição e memória.
Pensando que você será o ergonomista responsável em considerar esses aspectos no desenvolvimento do software, é
importante que você relembre: o que é percepção? O que é cognição? Por que um design que não considera o usuário
durante o processo de criação pode induzir a erros e perda de produtividade?
Para responder a essas e outras questões, vamos à aula Não pode faltar do nosso estudo! Agora, vamos fazer uma breve
imersão pelos caminhos da mente no trabalho e vamos enxergar de perto a beleza do processo de aprendizado.

Vamos iniciar nossa aula com a seguinte afirmação: é preciso valorizar os saberes dos trabalhadores. Em um estudo
realizado com colhedores de tomate do interior do estado de São Paulo, sob a perspectiva da Ergonomia, foi analisado
como ocorria o aprendizado desses trabalhadores. Sem terem tido qualquer tipo de treinamento formal, eles
conseguiam identificar variáveis do fruto para sua colheita ou descarte: distinguiam cores, formatos, tamanhos e
problemas com os tomates através do tato e da visão.
Ao visualizar e pegar os frutos, os trabalhadores acessavam em sua memória uma sequência de representações mentais
que faziam com que eles conseguissem tomar decisões importantes sobre a colheita. Especificidades técnicas, como a
aplicação de venenos, potássio, controle de pH da terra e irrigação, eram discutidas abertamente entre eles. Além disso,
mesmo recebendo por caixa colhida, os trabalhadores não competiam entre si, pois perceberam que, ao se ajudarem, o
trabalho ficava mais fácil.
Os trabalhadores sabiam que, se utilizassem macacão, o veneno aplicado poderia entrar e, devido ao calor, penetrar
ainda com mais facilidade na pele. Enquanto eles conseguiam distinguir os tons dos tomates com maestria, para os
autores da pesquisa, parecia tudo igual.
Vamos refletir um pouco: o trabalho de um colhedor de tomate, muitas vezes, pode ser enxergado como puramente
braçal por olhos que estão afastados de sua realidade. Porém, esses trabalhadores realizam escolhas, tomam decisões,
aprendem, memorizam, raciocinam para que sua ação final de colheita seja guiada por uma sequência de processos
mentais.
Quando falamos de processos mentais em Ergonomia, estamos tratando da Ergonomia Cognitiva.

Ergonomia Cognitiva e psicologia do trabalho


A Ergonomia não analisa apenas postura, ela analisa a interação do homem com seu trabalho em sua totalidade. Por
critérios didáticos, podemos dizer que a Ergonomia possui abordagens física, organizacional e cognitiva, estando todas
elas correlacionadas no estudo que conduz a Análise Ergonômica do Trabalho, podendo priorizar um ou outro aspecto
de acordo com a demanda que a motivou.
A Ergonomia Cognitiva busca descrever como a cognição humana afeta o trabalho e é afetada por ele, buscando
otimizar as características do trabalho, entendendo os processos cognitivos face às situações de resolução de problemas
nos seus diferentes níveis de complexidade.
Imagine um piloto de avião diante dos diversos comandos luminosos no painel à sua frente. Um médico tendo que
tomar decisões ao realizar um pronto atendimento de urgência em um paciente que acabou de ser baleado. Um policial
que precisa definir estratégias e planos para atuar no caso de um assalto. Um programador que precisa desenvolver
códigos e correlacionar estratégias com linguagem própria.
Ao realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, dependendo da demanda que a motivou, é preciso traçar como o
aprendizado do homem ocorre em seu trabalho e sua relação com os símbolos, processos e sistemas; além disso,
analisamos a chamada carga de trabalho, sobrecarga advinda de inadequações do trabalho que podem causar
constrangimentos.
Em 2014, um banco foi processado pelo Ministério Público do Trabalho do Piauí por assédio moral. Você pode encontrar
a notícia disponível no portal da Época Negócios em: <https://goo.gl/u7jEvq> (acesso em: 20 jul. 2017). O banco
chegava a enviar mensagens de texto até mesmo de madrugada, lembrando seus funcionários das metas que teriam
que bater no dia seguinte. Um trabalhador relatou ter recebido até 80 mensagens em um único dia.
O item 17.6.1, da Norma Regulamentadora nº 17, determina que a organização do trabalho deve ser adequada às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Dessa forma, prêmios por
produtividade, ritmos impostos de forma inadequada, formas de avaliação de desempenho que se mostram pouco
claras ou injustas e regras de produção que diminuem a autonomia dos trabalhadores aumentando a carga de trabalho
são fatores de atenção para a Análise Ergonômica do Trabalho.
Para entender o papel da Ergonomia Cognitiva na análise dessas questões, precisamos entender os processos mentais
que ocorrem no trabalho. Quando falamos em competência, não estamos nos referindo a quem realiza sua tarefa com
perfeição. As competências são inerentes a todos os indivíduos. Entender em que bases se constroem as competências
do trabalhador é fundamental para que a Ergonomia Cognitiva possa sugerir alterações no contexto da situação e até
mesmo na concepção de interfaces informatizadas mais adaptadas.

Percepção e processos cognitivos


Para começarmos a falar sobre processos mentais no trabalho e o papel da Ergonomia, é importante que possamos
entender o que é percepção, cognição, representação e competência.
A percepção é a captação de sensações pelos órgãos dos sentidos. O trabalhador recolhe informações sobre a situação
de trabalho e as relaciona para, apenas depois, julgar e escolher ações apropriadas.
Após passar pela percepção, é na cognição que os saberes atingem um nível mais profundo, podendo ser compreendida
como uma série de conexões que envolvem aquisição, armazenamento, retenção e uso do conhecimento. Esses
processos incluem os fundamentos da atenção, memória, percepção, raciocínio e aprendizagem. Através dessas
funções, o homem compreende e interage com o mundo, incluindo seus estímulos internos (pensamentos e
sentimentos), pois é por meio da capacidade cognitiva que se pode planejar ações, realizar julgamentos e solucionar
problemas.
Criamos associações o tempo todo. Nosso aprendizado vai se acumulando e gerando um universo de informações que
são tratadas, armazenadas e recrutadas quando há necessidade. O que é decorado pode não criar associações e,
portanto, ser esquecido. Porém, o aprendizado adquirido do trabalho traz uma riqueza de interações e representações
únicas àquele contexto.
A cognição é a reflexão sobre o conhecimento humano. Uma árvore só é uma árvore se compartilharmos o que
entendemos o que é a sua forma, a cor das folhas, das flores, do formato dos frutos, do seu tamanho. Uma palavra só é
uma palavra se ela apresenta sentido.
Além disso, nossas associações mentais apresentam uma riqueza de associações tão grande que o pensamento percorre
todo o nosso corpo, gerando uma ação. Uma ação não é apenas um gesto. Ante
ela foi pensada, antecipada, desenhada em nossa mente.
No gesto de carregar uma caixa há a decisão da força, da forma, do aprendizado da melhor forma de executar aquele
gesto. O trabalhador estabelece quais os resultados da tarefa e identifica como alcançá-los, através do ritmo, da
velocidade, da forma.
Os processos de sensação, percepção e cognição se completam na formação de um conhecimento que gera uma ação.
Quanto mais aprendemos, mais conseguimos antecipar uma ação e tomar decisões. Chamamos de conhecimento tácito
o conhecimento adquirido da prática que é tão internalizado, tão prático, que é de difícil verbalização. É aquele saber
que você obtém quando pergunta à sua mãe “quanto de sal é para colocar”. É tão intrínseco, tão próprio às mãos dela,
que não é possível explicar de maneira formal.
Os trabalhos fragmentados que parecem ser simples são extremamente complexos, pois demandam habilidades que só
são adquiridas após uma longa história de interação naquele trabalho. Essas habilidades dependem do desenvolvimento
do que chamamos de competência. A competência é a capacidade de regulação que faz com que tenhamos
conhecimento, habilidade e atitude frente ao que nos acontece, lidando com a variabilidade de acordo com cada
situação.
Os conhecimentos sobre o trabalho são mobilizados num contexto específico (pois uma atividade é sempre única),
obedecendo à variabilidade interindividual e intraindividual. Uma mesma tarefa realizada por pessoas diferentes não irá
gerar o mesmo resultado, pois ela é afetada pela sua experiência de vida, sendo constantemente revista e
transformada.
Em Ergonomia, definimos que a competência (ou expertise) é o conhecimento que é antecedente e pode sofrer
transformações, evoluindo com a prática e o tempo.
É importante salientar que, para colocar em ação os conhecimentos e habilidades que possui, o trabalhador dispõe de
uma estrutura cognitiva que funciona como um esquema ou um mapa da situação que engloba os fatores com os quais
está mais familiarizado ou que são significativos no contexto. Essa estrutura pode ser chamada de representação, mapa
mental, ou seja, diz respeito às formas de armazenamento e estruturação diferenciados do conhecimento.
Em nosso cérebro existe esse mapa, o qual é alimentado ao longo de nossa vida com representações. Aprendemos que
“verde” significa “siga” e “vermelho” significa “pare”. Embora pessoas mais jovens possam nunca ter visto um disquete,
associam sua imagem ao ato de “salvar documento” ao elaborar algo no software Microsoft Word. Você já pode ter
passado pela experiência de alguém na sua casa trocar o canal da TV e não conseguir consertar um erro por não
entender o que aconteceu.
Criamos representações o tempo todo. Elas podem ser entendidas tanto em um sentido técnico, quando se referem à
expressão de um conhecimento com a ajuda de símbolos, quanto em um sentido psicológico, quando fazem referência
a um conjunto de valores e propriedades atribuídos a um fenômeno para armazenamento na memória.
Exemplificando : Em psicologia e design, falamos sobre o conceito de Gestalt, teoria sobre a essência da forma
completa, que trata do nosso reconhecimento visual das figuras e formas inteiras, em que o todo é maior do que apenas
a soma de suas partes.
Quando olhamos uma forma, fazemos diversas associações de acordo com as nossas representações mentais. A perna
de uma mesa continua sendo sua perna mesmo sem a mesa lá. Conseguimos associar essa ideia. Em Gestalt, há seis
princípios que ditam a forma como organizamos nossa percepção visual:

 Princípio Figura-fundo : Alguns objetos parecem destacar-se do fundo e outros parecem recuar.
 Proximidade: Tendência a ver os objetos que estão próximos como um grupo.
 Similaridade: Tendência a agrupar objetos com base em sua semelhança.
 Continuidade: Tendência a perceber as figuras de forma contínua ao invés de interrompidas ou descontínuas.
 Fechamento :Tendência a fechar ou completar objetos que não são completos.
 Simetria: Tendência a perceber os objetos como se formassem imagens de espelho.

Desta forma, com as representações mentais, os trabalhadores conseguem adaptar em sua mente um esquema em que
selecionam as informações mais importantes e as organizam, de forma a criar uma relação e um sentido entre elas.
Uma imagem da tarefa e de cada uma de suas partes é esquematizada e, de acordo com a experiência do trabalhador,
relações são criadas para antecipar ações e resolver problemas de acordo com o que foi aprendido e está sendo
recrutado agora.
Todo trabalhador escolhe estratégias que podem ser entendidas como um processo de categorização (colocar os
pensamentos em categorias, agrupá-los), resolução de problemas e tomada de decisão que resultam em um modo
operatório (que nada mais é do que uma sequência de ações e operações após regularmos os objetivos, os meios
disponibilizados, os resultados que queremos e nosso estado interno).
Elaborar novos modos implica reinterpretar a situação presente e formular estratégias para solucionar os problemas,
bem como antecipar incidentes. O processo descrito depende da categorização, do reconhecimento de padrões e como
são agrupados de maneira a elaborar modelos ou identificar características de um dado contexto ou situação.
Agora, pensemos: e se um trabalhador tem uma meta que não é clara para ele? E se um painel de comandos não faz
sentido? E se a lógica na sequência de processos de um trabalho apresenta falha?
Carga mental do trabalho
Quem planeja o trabalho não enxerga a essência cognitiva escondida no trabalho parcelado porque está em outro
“mundo de atuação”. Trabalhadores possuem uma competência cognitiva, a qual é adquirida pelas associações entre
suas percepções e as ações relacionadas ao trabalho.
Quando ocorre um acidente, um erro, uma falha, é muito difícil, dentro da organização, se estabelecer uma
compreensão recíproca do que aconteceu, porque não há senso comum na linguagem, em como o trabalho é visto.
Não existe erro humano, ou distração, ou negligência: existe dificuldade em compreender o ponto de vista do
trabalhador. Os modelos mentais adotados nas situações de trabalho tendem a ser incompletos, muito pessoais,
instáveis e não científicos. As pessoas se apropriam da situação para tomar decisões. Assim, elas reorganizam conteúdos
através de um acúmulo quantitativo de conhecimentos.
A carga mental é observada onde quer que os processos de experiência e comportamento humano ocorram e abrange
desde aspectos cognitivos (atenção, concentração, memória, percepção, tomada de decisão) até aspectos emocionais,
que abrangem afetos, sentimentos e motivação para com o trabalho.
As cargas de trabalho são definidas como exigências ou demandas psicofisiológicas do processo de trabalho, gerando,
ao longo do tempo, as particularidades do desgaste na saúde do trabalhador. Em outras palavras, as cargas são
mediações entre o processo de trabalho e o desconforto psicofisiológico.
Quando citamos a carga mental, nos referimos à relação entre constrangimentos impostos pela tarefa, pela interface,
pelos instrumentos e pelo ambiente (carga funcional), junto às atividades desempenhadas e à capacidade de trabalho
do trabalhador.
A carga de trabalho, em Ergonomia Cognitiva, pode ser dividida em:
 carga psíquica: referente ao sentido no trabalho e fator afetivo;
 carga cognitiva: referente às exigências cognitivas das tarefas (uso da memória, as decisões, os raciocínios); e
 carga mental: aspectos psíquicos e cognitivos integrantes desses dois outros conceitos.

Enquanto o trabalhador consegue regular as cargas de trabalho, tendo margem de manobra para tomar decisões e
equilibrar as demandas e os esforços, ele consegue atingir os resultados com saúde e eficiência.
O problema é quando essa regulação não acontece de forma eficiente. No mundo do trabalho, estamos lidando cada
vez mais com processos informatizados e formas de controle de produção cada vez mais distantes da realidade. Quanto
maiores as empresas, maiores as quantidades de processos e formas de controle do que está sendo feito em cada
pedacinho da organização.
Números de vendas. Números de atendimentos. Números de pessoas que se afastaram do trabalho. Números que
separam os melhores dos piores. Números que avaliam os melhores e os piores. Rankings. Desafios.
Os cenários criados para se trabalhar podem gerar injunções paradoxais: por exemplo, deixar um cliente satisfeito, mas
não ter autonomia para resolver o problema dele; não poder se envolver com o cliente, mas ter que ouvi-lo e conquistá-
lo durante uma venda. Deve-se fazer uma pausa em um horário específico, mas, se surgir cliente, deve-se atendê-lo.
As organizações criam diversos tipos de indicadores de desempenho e metas para controlar e “motivar” os
trabalhadores, levando a uma desumanização das relações de serviço. As pessoas passam a ser vistas como números e
leva-se uma visão reducionista do que acontece realmente no trabalho. Pode acontecer de se racionalizar tanto a
produção, os processos e os controles que isso pode levar ao adoecimento e a uma lógica que, na realidade de trabalho,
não funciona e não leva a processos mais eficientes. A fragmentação do trabalho e a busca pelo controle criam
situações que geram constrangimento aos trabalhadores e podem levar ao adoecimento. A sistemática de controle
criada pelas empresas leva a indicadores de desempenho, metas e sistemas informatizados que controlam essas
variáveis, fazendo com que os trabalhadores sejam perseguidos por esses números, que nem sempre refletem a
realidade do trabalho.
Esse controle intenso e contínuo ocorre ao longo de todo o processo de trabalho, muitas vezes sem considerar a
atividade do trabalhador, seu conhecimento técnico, a maneira de fazê-lo, sua rapidez, seu zelo e seu comportamento.
A falsa ideia de controlar tudo e garantir o bom andamento das operações resulta em um monitoramento do trabalho
graças à tecnologia disponível e na falta de um debate mais profundo com relação aos limites éticos das possibilidades
de controlar as pessoas.
Quando esses processos de controle são rígidos, não há margem de manobra para modificações no trabalho. Um grande
número de normas, procedimentos, atitudes e responsabilidades prescritas que devem ser seguidos à risca tratam os
processos mentais de forma reducionista, levando a um grau de pressão e controle tão grandes que podem levar ao
adoecimento.
Como exemplo, leia o artigo: Trabalhar em centrais de atendimento: a busca de sentido em tarefas esvaziadas
(SZNELWAR; ABRAHAO; MASCIA, 2006). Este artigo trata dos aspectos do trabalho de centrais de atendimento,
mostrando que essa tarefa é fortemente limitada, constrangida pelo tempo, com pouca autonomia para regular o seu
ritmo, o fluxo de chamadas e as pausas. Porém, a relação com o cliente requer uma certa flexibilidade do tempo para
que se possa desenvolver um tratamento adequado, o que mostra uma contradição de variáveis.
Assim, para resolver demandas relacionadas à Ergonomia Cognitiva, a Análise Ergonômica do Trabalho deve considerar
como recuperar o sentido do trabalho, gerar o conhecimento que impede a alienação do trabalhador, valorizar o
trabalho como agir humano através do qual o homem se transforma e transforma a sociedade, como livre expressão da
sociedade criadora, como superação dos limites pela espécie humana.

Ergodesign
Em Ergonomia, qualquer ação eficaz deve ser realizada em conjunto. Quanto mais visões e opiniões acerca da mesma
situação, mais alinhadas serão as interpretações de diferentes pessoas sobre a mesma problemática.
Como já vimos, o ergonomista tem papel de tradutor entre as partes, aproximando a lógica do trabalhador da visão
distante de quem concebe o trabalho.
Ao falarmos de ergodesign, estamos tratando da participação do usuário no processo de criação de artefatos, sistemas e
processos. Nada de pedir a opinião de quem vai usar algo apenas no final do processo: no ergodesign, o usuário
participa ativamente de toda a concepção, realizando testes e opinando em todas as etapas.
É disso que trata a Ergonomia: quem cria algo tem sua lógica própria. Porém, muitas vezes, essa lógica só faz sentido
para quem a cria. Você já refletiu sobre a importância dos saberes dos trabalhadores, especialmente os adquiridos na
prática. Valorizar os saberes dos trabalhadores e dos usuários finais de algum produto ou sistema é fundamental para
um desempenho eficiente.
Com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, chegamos à era da informação com
transformações nas atividades econômicas, sociais e educacionais. Nossas interpretações e a velocidade com a qual as
mudanças ocorrem trazem um cenário cada vez mais competitivo. As empresas precisam se organizar e rever seus
processos de forma a, constantemente, se adequarem às rápidas mudanças trazidas pela tecnologia.
Podemos definir design como uma atividade que consiste em determinar as propriedades formais dos objetos a serem
produzidos, considerando suas relações estruturais e funcionais que dão coerência do ponto de vista do produtor e do
usuário.
Assim, o ergodesign busca garantir a usabilidade, conjunto de fatores que deixam os objetos fáceis de usar, eficientes e
agradáveis (da perspectiva do usuário).
Vamos pensar em alguns exemplos de objetos: balde cheio de água (a pega é adequada?); abridor de vinho (pega e
força exigidas); impressora (algumas pessoas preferem comprar um novo modelo ao invés de procurar conserto para
uma impressora).
A usabilidade apresenta os seguintes objetivos: efetividade (uma mistura de eficácia e eficiência), produtividade
(quantidade adequada de recursos do sistema em relação à efetividade alcançada), segurança (oferecer níveis aceitáveis
de risco de danos) e satisfação, learnability (fácil de aprender) e memorability (fácil de lembrar como se usa).
Quando um erro leva o usuário a desistir de usar um artefato ou ainda leva à perda de tempo; quando as ações não são
intuitivas; quando o próprio sistema te induz ao erro devido às opções limitadas e não claras; quando os símbolos não
fazem sentido; quando apenas alguém experiente consegue utilizar; quando são precisos diversos passos para uma ação
que poderia ser simplificada: nessas situações, podemos dizer que temos problema de usabilidade e precisamos de um
estudo em ergodesign.
Passamos grande parte de nossas vidas no trabalho e um dos aspectos mais belos do ser humano é sua capacidade de
evolução e aprendizado. Ao tratarmos dos aspectos cognitivos do trabalho, fazemos uma imersão nesse universo rico
em detalhes que é a mente humana, e torna-se urgente a valorização de todas as pessoas, todos os trabalhos e todas as
relações.
Por isso, aprender sobre sofrimento mental no trabalho, compreender sua origem, permite antecipar-se às patologias
do trabalho e adotar medidas preventivas que favoreçam a conservação da saúde física e, principalmente, mental dos
trabalhadores.

Exemplificando
Um desenvolvedor de softwares contrata você como ergonomista para auxiliá-lo a criar um sistema de computador para
a recepção de hóspedes em um hotel. Seu papel será muito simples: verificar os aspectos de usabilidade, acessibilidade
e ergodesign envolvidos na interação das pessoas com esse sistema.
A ergonomia cognitiva leva em consideração aspectos voltados ao aprendizado, à percepção, cognição e memória.
Pensando que você será o ergonomista responsável em considerar esses aspectos no desenvolvimento do software,
você entende que a percepção é a captação de sensações pelos órgãos dos sentidos. O trabalhador recolhe informações
sobre a situação de trabalho e as relaciona para, apenas depois, julgar e escolher ações apropriadas. Após passar pela
percepção, é na cognição que os saberes atingem um nível mais profundo, podendo ser compreendida como uma série
de conexões que envolvem aquisição, armazenamento, retenção e uso do conhecimento. Esses processos incluem os
fundamentos da atenção, memória, percepção, raciocínio e aprendizagem. Através dessas funções, o homem
compreende e interage com o mundo incluindo seus estímulos internos (pensamentos e sentimentos), pois é por meio
da capacidade cognitiva que se pode planejar ações, realizar julgamentos e solucionar problemas.
Conhecendo sobre processos mentais e relembrando sobre ergodesign, entendemos que, quando o design não
considera o usuário durante o processo de criação, ele pode induzir a erros e perda de produtividade. A usabilidade
apresenta os seguintes objetivos: efetividade (uma mistura de eficácia e eficiência), produtividade (quantidade
adequada de recursos do sistema em relação à efetividade alcançada), segurança (oferecer níveis aceitáveis de risco de
danos), satisfação, learnability (fácil de aprender) e memorability (fácil de lembrar como se usa).
Exercicios:
Estudo de caso : Desisti de bater a meta
Descrição da situação-problema
Em uma central de teleatendimento, há uma equipe de 10 trabalhadores. Hoje, chegam 5 trabalhadores novos que
tiveram um breve treinamento através de uma apostila impressa sobre como atender o cliente. Ao chegar na empresa,
o coordenador mostra os indicadores de desempenho. Caso os trabalhadores consigam desempenho satisfatório em
todos eles, receberão uma bonificação de 30% no salário. Os indicadores eram: realizar pausa na hora certa (indicada
via sistema); “sorriso na voz”; meta de vendas; meta para fazer o cliente mudar de ideia caso ligue cancelando o
produto; meta de velocidade de atendimento.
Ao final do mês, nenhum dos trabalhadores conseguiu bater todas as metas, referindo as seguintes situações: o sistema
pedia para realizarem pausas enquanto ainda estavam em ligação; para atender bem o cliente, não podiam acelerar o
atendimento; não possuíam autonomia para alguns tipos de problemas; sorriso na voz é um indicador avaliado
subjetivamente; fazer o cliente mudar de ideia era uma meta muito difícil de se bater.
Pensando em toda essa situação, como a Ergonomia Cognitiva poderia auxiliar nessa situação de trabalho?

2. A psicologia da Gestalt foi fundada por pensadores alemães, como Max Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka e
trata de como as pessoas interpretam o mundo, afirmando que o todo é diferente da soma de suas partes. Com relação
à Gestalt e às leis da organização perceptiva, assinale a alternativa que cita corretamente os seis princípios da Gestalt de
percepção da forma:
a) Princípio do planejar, princípio do agir, princípio do checar e princípio do corrigir (também conhecido como Ciclo
PDCA).
b) Princípio da percepção, princípio da cognição, princípio da competência, princípio da memória.
c) Princípio dos objetivos, princípio dos meios disponibilizados, princípio dos resultados produzidos e princípio do estado
interno do operador.
d) Princípio da figura-fundo; princípio da proximidade; princípio da similaridade; princípio da continuidade; princípio da
fechamento; princípio da simetria.
e) Princípio da efetividade, princípio da produtividade, princípio da segurança e princípio da satisfação.

3. A fragmentação do trabalho e a busca pelo controle cria situações que geram constrangimento aos trabalhadores e
podem levar ao adoecimento. A sistemática de controle criada pelas empresas leva a indicadores de desempenho,
metas e sistemas informatizados que controlam essas variáveis, fazendo com que os trabalhadores sejam perseguidos
por esses números, que nem sempre refletem a realidade do trabalho.
Em Ergonomia Cognitiva, é essencial que sejam estudados os processos mentais relacionados ao trabalho. Quando
falamos da captação das sensações pelos órgãos dos sentidos, estamos nos referindo à:
a) Competência.
b) Cognição.
c) Percepção.
d) Carga Mental.
e) Ergonomia Cognitiva.

4. Após passar pela percepção, os saberes atingem um nível mais profundo, podendo ser compreendidos como uma
série de conexões que envolvem aquisição, armazenamento, retenção e uso do conhecimento. Esses processos incluem
os fundamentos da atenção, memória, percepção, raciocínio e aprendizagem. A esse processo de associação de saberes
damos o nome de ____________________________.
Com relação a processos mentais que existem na interação do homem com seu trabalho, analise a afirmação acima e
assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna:
a) Memorização.
b) Usabilidade.
c) Ergonomia.
d) Carga de Trabalho.
e) Cognição.

Aprenda mais
Veja o vídeo do filósofo Mario Sergio Cortella sobre a história da fábrica de pasta de dentes, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=f0z56D5qCO0> (acesso em: 20 jul. 2017).

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