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(1)
Eduardo Otávio T. da Fonseca
(2)
Alexandre Queiroz Bracarense
RESUMO
A Soldagem a ponto por resistência elétrica é um processo de alta velocidade onde o tempo
é apenas uma fração de segundo. Atualmente são usadas técnicas de monitoração do
processo com os objetivos de melhorar a qualidade da solda e reduzir os custos de
fabricação. No presente trabalho, foi desenvolvido um sistema de monitoração baseado na
resistência dinâmica e na força aplicada pelos eletrodos. A resistência dinâmica foi calculada
pela relação entre a tensão e a corrente de soldagem. Esta foi monitorada por um dispositivo
denominado shunt resistivo. Para a monitoração da força foi construído um sensor de carga
que possibilitou a compreensão do desenvolvimento do ponto durante a soldagem.
Palavras-chave: soldagem a ponto por resistência elétrica, monitoração, resistência
dinâmica, força
ABSTRACT
Resistance spot welding is a high-speed process where time is just a fraction of second. At
present, techniques of in-process monitoring are used to improve its quality and to reduce the
production costs. In the present work, a monitoring system was developed based on dynamic
resistance and the force applied by the electrodes. Dynamic resistance was calculated
dividing welding voltage by welding current. Welding current was monitored by a device
denominated resistive shunt. Force was monitored by a strain gage providing the
understanding of the nugget growth during welding.
Key-words. resistance spot welding, monitoring, dynamic resistance, force
(1)
Ms. C., Eng. Mecânico, UFMG
(2)
Ph. D., Prof. Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica, UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627 - 31270-901 - Belo Horizonte - MG
XXV ENCONTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIA DA SOLDAGEM
Belo Horizonte - MG
De 08 a 10 de Setembro de 1999
1. INTRODUÇÃO
A avaliação da qualidade da solda pode se dar por métodos destrutivos ou não destrutivos.
Atualmente tem sido dada uma atenção especial aos métodos não destrutivos,
principalmente aos que podem ser aplicados em tempo real, ou seja, durante a fabricação do
ponto. O motivo principal se deve à necessidade de redução dos custos de fabricação.
Através da monitoração do processo pode-se prever a qualidade da solda e corrigir os
desvios pela utilização de um sistema de controle.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A geração de calor na soldagem se dá por efeito Joule. Este efeito é produzido pela
passagem de uma alta corrente através de uma resistência (material a ser soldado). Logo, a
resistência elétrica é um fator importante na formação do ponto de solda (2, 3), podendo ser
usada em um sistema de monitoração.
Dickinson et al. (1), fizeram uma análise abrangente da curva e relacionaram os principais
fenômenos que ocorrem durante as fases de formação da lente. Estas fases podem ser
descritas da seguinte forma:
As peças são colocadas em contato sob a pressão produzida pelos eletrodos. Isto cria áreas
de contato elétrico nos pontos onde as asperezas das superfícies das chapas se tocam. A
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tensão é aplicada entre os eletrodos causando um fluxo de corrente nos pontos de contato.
Em condições normais, películas superficiais, camadas de óxido ou outros contaminantes
estão presentes. Desde que são essencialmente isolantes, a resistência de contato inicial
será muito alta. Portanto, a geração de calor se concentrará nas superfícies, especialmente
na sobreposta, quebrando esses contaminantes e causando uma queda acentuada na
resistência dinâmica.
eletrodo como shunt passando-se os fios que transmitem o sinal pelo seu interior. Estes fios
saem do porta-eletrodo enrolados conforme a técnica do “par enrolado”.
Antes de ser usado, o shunt deve ser calibrado para a determinação da sua resistência. Faz-
se passar por ele correntes com valores conhecidos e mede-se as respectivas tensões.
Plotando estes valores em um gráfico determina-se a sua resistência. Finalmente,
conhecendo-se a resistência do shunt e monitorando-se a tensão em seus terminais durante
a soldagem, calcula-se a corrente de soldagem através da lei de Ohm ( I = V / R ).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho foi usado um aço carbono automobilístico, laminado a frio,
com espessura de 0,70 mm, empregado na fabricação de carrocerias de automóveis. Na
Tabela 1 está apresentada a composição química e as propriedades mecânicas desse
material.
Para os testes, foram soldados 50 pares de chapas com dimensões de 100 x 50 x 0,70 mm.
As amostras não sofreram qualquer tipo de tratamento superficial. Foi feito apenas um
desengraxamento com acetona e água, e secagem com ar quente.
A Figura 3 apresenta o conjunto de soldagem. Foi usada uma máquina estacionária (1) com
potência de 10 kVA, 7 taps, corrente alternada e acionamento mecânico à pedal (2). O
eletrodo (3) utilizado foi de cobre do tipo truncado, retificado com diâmetro 22,20 mm, ângulo
de face de 45º e diâmetro de face de 6,25 mm, conforme guia da AWS (6). Foi usado o tap 3
na soldagem das chapas. O tempo médio foi de 37 ciclos.
Para se obter dados da força aplicada durante a soldagem, construiu-se um sensor de carga
que foi fixado na haste de acionamento da máquina. Ele foi envolvido por um tubo de aço
para protegê-lo da influência de fontes de ruído. Um circuito condicionador de sinais (4) foi
responsável pela alimentação do sensor e transmissão dos sinais obtidos para o sistema de
aquisição (5). A Figura 4 mostra o sensor construído, cuja capacidade máxima era de 1000
N.
A tensão de soldagem foi monitorada através de clipes e a corrente pelo shunt resistivo.
Usou-se um transformador de corrente alternada na calibração do porta-eletrodo. No
entanto, como a freqüência da rede era baixa (60 Hz) e a impedância dos aparelhos usados
na calibração era elevada, pode-se desprezar quaisquer efeitos indutivos na calibração. A
Figura 5 apresenta o aparato de calibração do shunt resistivo montado no porta-eletrodo.
Uma fonte de corrente alternada (1) foi ligada em série a um shunt de resistência 300 µΩ (2)
e este ao porta-eletrodo (3) através de um cabo e uma luva. Conectou-se o multímetro 1 (4)
no shunt e o multímetro 2 (5) no porta-eletrodo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 6 mostra curvas resultantes da monitoração da força durante a soldagem para duas
amostras. É indicado também o intervalo correspondente ao tempo de soldagem. Salienta-se
que, antes de se fazer a soldagem, as peças foram apoiadas sobre o eletrodo inferior. O
eletrodo superior foi mantido a uma pequena distância das mesmas para que o ponto ficasse
centrado. Por isso as curvas iniciaram com uma força de aproximadamente 60 N.
Os resultados obtidos através do sensor foram satisfatórios, uma vez que refletiram as
variações que ocorrem durante a soldagem. Deve-se ressaltar que a força comportou de
maneira semelhante nas outras amostras estudadas. Ela parte de um valor inicial e cresce
até o início do tempo de soldagem quando mantém-se praticamente constante. Durante o
tempo de soldagem a força sofre uma pequena queda em função da expansão térmica do
material (5,7). Concluído o tempo de soldagem, ela cresce até atingir um valor máximo no
momento em que a catraca desarma o sistema elétrico. Finalmente, cai a zero com o retorno
do eletrodo à posição inicial.
Os demais estágios também estão de acordo com a Figura 1. No entanto, nota-se que a
curva da amostra 42 apresentou uma queda brusca da resistência dinâmica após o 5º ciclo.
Tal queda é devida à expulsão. Um exame do ponto de solda após a realização de um
ensaio mecânico nesta amostra confirmou tal fenômeno. Havia algumas partículas metálicas
próximas à lente que indicavam a ocorrência de expulsão.
5. CONCLUSÕES
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
Figura 9- Gráficos da amostra 42
( a ) Tensão ( b ) Corrente
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(a) (b)