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Análise da viabilidade do emprego de lama abrasiva de marmoraria em

substituição parcial ao agregado miúdo para a confecção de


argamassas de revestimento
Employment feasibility analysis of abrasive slurry of marble factory partially substituting
fine aggregate to mortar coating

Luciane Souza Cunha Melo (1); Oneida Heiderick (1); Bruna Silva Almada (2); Júlia Baptistella
Machado Dutra(2); Luciana Mariano Sarmento(2); Marina Lorena Campos Teixeira(2); Cristiane
Frizzo de Oliveira(2); Maria Teresa Paulino Aguilar (3) e White José dos Santos(3)

(1) Mestranda em Construção Civil – DEMC-UFMG;


(2) Graduanda em Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais;
(3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Materiais e Construção e Mestrado em Construção
Civil - DEMC-UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha - Belo Horizonte - MG, Brasil. CEP: 31.270-901.
Departamento de Engenharia de Materiais e Construção da Universidade Federal de Minas Gerais.

Resumo
A lama abrasiva é um resíduo proveniente da produção de rochas ornamentais, sendo gerada em larga
escala no Brasil, uma vez que o país figura atualmente entre os maiores produtores mundiais de rochas
ornamentais. Além do volume produzido, comumente a disposição final dessa lama é feita de forma
incorreta. Uma possibilidade que minimizaria os impactos ambientais causados por esse rejeito seria seu
reaproveitamento na construção civil. Nesse contexto, o presente trabalho avalia a viabilidade técnica da
utilização da lama abrasiva, proveniente de uma marmoraria localizada em Belo Horizonte/MG, em
substituição parcial da areia natural para a confecção de argamassas de revestimento. Foram avaliadas 4
teores diferentes para a substituição do agregado miúdo: 0; 10, 20 e 30%. A influência das substituições foi
avaliada em testes de compressão, tração na flexão, módulo de elasticidade dinâmico, porosidade
superficial, absorção de água por imersão e por capilaridade. Também foi realizada análise macroestrutural
nos compostos produzidos. Os resultados indicaram que, do ponto de vista técnico, o resíduo pode ser
utilizado em substituição parcial à areia natural para a fabricação de argamassas de revestimento. A
proporção mais adequada de substituição seria de 20%, pois neste teor se obteve melhor desempenho do
composto no que se refere às propriedades mecânicas e indicadores de durabilidade.
Palavra-Chave: lama abrasiva, resíduos de marmoraria, reaproveitamento de resíduos, argamassa

Abstract
Abrasive slurry is a waste from the production of ornamental rocks, being generated on a large scale in
Brazil, since the country currently ranks among the world's largest producers of ornamental rocks. Aiming to
reduce the environmental impacts caused by incorrect disposal of this reject, one possibility is its reuse in
civil construction. In this context, this article aims to study the technical viability of using the abrasive slurry,
from a marble factory located in Belo Horizonte / MG in partial replacement of natural sand for making
mortars. Four different ratios were evaluated for the replacement of fine aggregate by this material: 0; 10, 20
and 30%. We conducted compression tests, strength in flexion, dynamic modulus of elasticity; surface
porosity; water absorption by immersion and capillarity and images from stereoscopic lens. From a technical
point of view, the results indicated that the residue can be used in partial replacement of natural sand for the
manufacture of coating mortars. The most appropriate ratio of replacement is 20%, since with this level a
better performance of the compound is obtained, with respect to mechanical properties and durability
indicators.
Keywords: abrasive slurry, marble residue, reuse of waste, mortar

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 1


1 Introdução
Rochas ornamentais são aquelas que foram submetidas ou não ao polimento e tem como
finalidade o uso na decoração de superfícies de objetos (Vargas et al., 2001). Segundo
Frascá (2007), na esfera comercial, as rochas ornamentais são agrupadas em três
grandes categorias: granitos, mármores e ardósias. Os granitos incluem as rochas
silicáticas (ígneas e metamórficas), e são constituídos basicamente por minerais félsicos
(quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio), que são responsáveis pela alta dureza dessas
rochas. Os mármores compreendem as rochas carbonáticas, tanto de origem sedimentar
(calcários) quanto metamórfica. As ardósias são rocha compostas principalmente por
rochas sedimentares ou metamórficas de composição pelítica não metamorfoseadas com
clivagem desenvolvida.

As rochas ornamentais possuem uma extensa variedade de aplicações, podendo ser


utilizadas tanto em edificações (revestimentos internos e externos) como na confecção de
peças avulsas, como esculturas, balcões, mesas, peças funerárias, dentre outros.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS), a
produção brasileira de rochas ornamentais totalizou 10,13 milhões de toneladas em 2014,
sendo o Brasil o terceiro maior exportador mundial de ardósia, depois da Espanha e
China, e o segundo maior exportador de blocos de granito, depois da Índia, bem como o
primeiro fornecedor geral de rochas para os Estados Unidos e, especificamente, de
chapas de granito para esse mercado. De acordo com o relatório da MME (2009) a maior
concentração de aglomerações produtivas de rochas ornamentais localiza-se na região
Sudeste do Brasil, evidenciando a relação direta entre polos de produção e de consumo
regional. O relatório aponta os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais como os dois
principais polos de lavra no Brasil.

Em função da produção, a grande quantidade de rochas produzidas está associada a


uma quantidade significativa de resíduos, tais como pó de rocha, fragmentos de rochas
nas pedreiras e serrarias, lama abrasiva, dentre outros (Santos et al., 2010). Dentre estes
resíduos, classificados como inertes pela ABNT NBR 10004:2004, (Queiroz e
Frascá,2008), destaca-se a lama abrasiva, uma vez que a sua disposição incorreta pode
causar a contaminação de corpos hídricos, colmatação dos solos, poluição visual, perda
da vegetação nativa, poluição atmosférica, erosão, assoreamento e movimentação dos
solos (Santos et al., 2010). Gobbo et al. (2004) e Melo (2009) estimam que de 20 a 30%
da matéria prima processada são transformados em resíduos. Segundo Braga et al.
(2010), a composição das lamas varia em função da composição das rochas, do processo
de beneficiamento, das propriedades dos insumos, dentre outros fatores.

Estudo de Topçu et al. (2009) mostra que o uso dos resíduos de marmoraria como fíler
em concretos auto adensáveis manteve a trabalhabilidade e as propriedades mecânicas
apresentaram resultados decrescentes com a utilização dos resíduos. Corinaldesi et al.
(2010) identificaram que o uso desse resíduo, em argamassas e concretos em
substituição a10% da areia, proporcionou uma maior resistência à compressão dentre os
traços testados. Para Aliabdo et al. (2013), o uso do pó de mármore proveniente da lama
abrasiva em substituição a até 10%, de areia na confecção de concreto proporciona uma
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melhoria no desempenho mecânico. Segundo os mesmos autores a adição em
argamassa promove um aumento da resistência à compressão. Demirel (2010) identificou
o efeito fíler no concreto com substituição de areia (< 0,25 mm) pelo resíduo fino de
mármore (< 0,25 mm) nas proporções de 25, 50 e 100% de massa. Observou-se melhoria
na resistência à compressão, redução de porosidade, entre outras propriedades, o que
permitiu concluir que o pó de mármore contribui para o processo de hidratação. Outros
estudos comprovaram a possibilidade do emprego do resíduo granular de marmoraria
como agregado miúdo para confecção de concreto (Barbosa et al., 2008 e Barbosa,
2009)), argamassa (Moura et al., 2002) e Santos, 2011) e materiais cerâmicos, como
telhas e tijolos (Acchar et al., 2006 e Saboya et al., 2007). Os resultados indicam que o
produto obtido apresenta desempenho igualou superior ao obtido tradicionalmente, o que
evidencia a possibilidade de aproveitamento do resíduo na construção civil.

Diante deste contexto, este estudo avalia a utilização do resíduo de marmoraria, na forma
de lama abrasiva, em substituição ao agregado miúdo para produção de argamassas de
revestimento, de forma a identificar sua viabilidade técnica e proporção ótima de
substituição de resíduo em relação a areia natural.

2 Material e Métodos
Os materiais para a produção das argamassas foram: cimento Portland do tipo CP II-E-
32, fabricado pela Holcim do Brasil, cal hidratada tipo CH 1, fabricada pela Ical - Indústria
de Calcinação Ltda., água potável fornecida pela Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (COPASA/MG), areia natural proveniente da Fazenda Esmeraldas, em Minas
Gerais.MG, e resíduos de marmoraria.

A difração de raios X (sistema X’Pert-APD, controlador PW 3710/31, gerador PW 1830/40,


goniômetro PW 3020/00) e a eflorescência de raios-X (- Philips (Panalytical) PW 2400)
indicaram que o agregado natural é constituído predominantemente por quartzo (SiO2
na forma trigonal), contendo, também, um percentual médio de ortoclásio
(Na0.8Ca0.2Al1.2Si2.8O8, triclínico) , e baixos teores de albita (NaAlSi3O8; triclínico), caulinita
(Al2Si2O5(OH)4; monoclínico), ferro-hornblenda (Ca2Fe2+4Al0.75Fe3+0.25(Si7AlO22)(OH)2;
monoclínico) baixo, goethita (FeO(OH), ortorrômbico) baixo-traço. A caracterização física
desse agregado é apresentada na Tabela 1 e Figura 1 e indica ser a areia utilizada é fina.
81 % é passante na peneira da 75 µm.

O resíduo de marmoraria utilizado consiste em uma lama abrasiva proveniente do


processo produtivo de uma empresa de marmoraria localizada em Belo Horizonte/MG. A
lama contém resíduos de mármore e granito, além de outras rochas, em menor teor. O
resíduo foi seco em estufa por 24 horas, posteriormente destorroado e passado em
peneira de 1,2 mm. A análise por difração de raios x e eflorescência de raios X indicou a
presença de dolomita (abundante); quartzo (SiO2; trigonal) em teor médio; albita
(NaAlSi3O8; triclínico) com teor médio; ortoclásio (KAlSi3O8; monoclínico) em quantidade
médio-baixo; moscovita (KAl2Si3AlO10(OH)2; monoclínico em teor médio-baixo e; calcita
(CaCO3; trigonal) em teor médio-baixo. A determinação granulométrica foi avaliada
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conforme NBR 7181(1984) pelos métodos de sedimentação e peneiramento (Figura 1).
Para a massa específica adotou-se a técnica do picnômetro, com resultado de 2,73 g/cm3.

Tabela 1 – Características físicas da Areia Natural (AN).


Composição granulométrica (ABNT NBR NM 248: 2003)
PENEIRA – Abertura (mm) % Retida Acumulada
4,8 0
2,4 0
1,2 47
0,6 74
0,3 92
0,15 95
<0,15 100
Diâmetro máximo 2,4 mm
Módulo de finura 2,99
Massa específica real (ABNT NBR NM 52: 2009) 2,577 kg/dm³
Massa específica unitária solta (ABNT NBR NM 45: 2006) 1,439 kg/dm³
Massa específica unitária compacta (ABNT NBR NM 45: 2006) 1,581 kg/dm³
Teor de argila (NBR 7218/2010) Isento
Teor de material pulverulento (ABNT NBR NM 46/2001) 2,68%
Impureza orgânica (ABNT NBR NM 49:2001) <300p.p.m.
Absorção de água (ABNT NBR NM 30: 2000) 2,17%
Forma dos Grãos Arredondado

Figura 1: Caracterização granulométrica da areia natural e do resíduo.

No estudo, foram adotadas diferentes proporções entre areia natural e resíduo, a fim de
se analisar a proporção ótima de resíduo a ser utilizada na produção de argamassa, sem
prejuízo de suas propriedades mecânicas e de durabilidade. Para tanto, foram feitos
quatro traços (Tabela 2), variando a fração de areia natural e resíduo, de modo que o
traço de referência apresentasse 100% de areia natural (não contendo resíduo), e os
demais traços apresentassem uma substituição de areia pelo resíduo em 10%, 20% e
30%. Após a moldagem, foram realizados os ensaios listados e detalhados na Tabela 3.

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Tabela 2: Proporção entre os materiais para cada traço.
Traço Cimento Cal Areia Resíduo Água
Ref. 1,000 0,294 5,824 0,000 1,111
10% 1,000 0,294 5,241 0,582 1,111
20% 1,000 0,294 4,659 1,165 1,111
30% 1,000 0,294 4,076 1,747 1,170

Tabela 3: Detalhes dos ensaios realizados.


Ensaio Idades
Resistência à Compressão Axial (NBR 13279/2005) 7 / 14 /28
Resistência à Tração na Flexão (NBR 13279/2005) 7 / 14 /28
Massa Específica Aparente (NM 52/2009) 7 / 14 /28
Velocidade de Propagação de Ondas Ultrassônicas (NM 58/1996) 7 / 14 /28
Absorção de Água por Capilaridade (NBR 9779/1995) 28
Absorção de Água por Imersão (NBR 9778/2005) 28
Resistência de Aderência à Tração (NBR 13528/2010) 14

3 RESULTADOS E ANÁLISES
Os resultados obtidos são apresentados de acordo com os ensaios realizados. Ressalta-
se que, para todos os ensaios realizados, o coeficiente de variação (CV) das amostras foi
inferior a 25%, o que assegura a aceitabilidade dos dados, e o erro inferior a 10% da
média, indicando a representatividade das amostras.

3.1 Consistência
Com todas as amostras foi obtido o valor de (270±15) mm no ensaio de ensaio de
consistência (Flow Table), ou seja, foi possível utilizar um mesmo fator água cimento para
todas as situações, apesar de se utilizar um resíduo com menor área específica em
substituição à areia. Dessa forma, pode-se inferir que os resíduos de marmoraria, apesar
de maior área específica, apresentam menor absorção exigindo a mesma quantidade de
água de amassamento. Evidencia-se, assim, um material promissor para ser usado como
fíler em argamassas e concretos.

3.2 Resistência à compressão


Na Figura 2 são apresentados os resultados dos ensaios de resistência à compressão
das argamassas com e sem uso de resíduos de marmoraria, assim como as equações de
correlação estatística. Observa-se que todos traços com substituição parcial da areia por
de resíduo apresentaram resultados consideravelmente superiores de resistência à
compressão axial em relação ao de referência, sendo que os traços com substituições de
20% e 30% apresentaram um aumento de 67%. Mesmo o traço de 10% de substituição
apresentou um significativo ganho de resistência em relação ao traço de referência (44%).
Ressalta-se ainda que todas as argamassas estudadas enquadram-se na classe de
resistência P6, alta resistência à compressão, de acordo coma ABNT NBR 13281 (2005),
uma vez que apresentaram resistência à compressão axial superior a 8,0 MPa aos 28
dias de idade.

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Figura 2: Resultados do ensaio de resistência à compressão axial.

Esse ganho na resistência pode ser explicado pelo fato de que o resíduo estudado possui
granulometria menor que a areia natural, geralmente empregada nesse tipo de
argamassa. Assim, a argamassa com substituição da areia natural pelo resíduo possui
menos espaços vazios, devido ao maior preenchimento dos poros deixados pelos outros
materiais (empacotamento de partículas). Dessa forma, há um ganho na resistência
mecânica das argamassas com a substituição.

Observa-se também que todos os traços analisados tiveram aumentos expressivos ao


longo da idade (mais de 70% da resistência final já aos 7 dias) indicando que o resíduo de
marmoraria contribui efetivamente para uma boa performance ao compósito. Resistência
à tração na flexão.

3.3 Resistência à tração na flexão


Os dados obtidos no ensaio de resistência à tração na flexão são apresentados na Figura
3.Como nos resultados de resistência à compressão, observa-se um melhor desempenho
das argamassas confeccionados com resíduo de marmoraria em substituição parcial à
areia. As argamassas com 20% e 30% de substituição, atingiram 3,23 e 3,16 Mpa,
respectivamente, aos 28 dias apresentaram melhore desempenho. A argamassa com
10% de substituição apresentou 1,8 MPa de resistência á tração na flexão.

O traço com 20% de substituição apresentou um ganho de 76% na resistência à tração na


flexão com relação ao traço de referência, enquanto o traço 30% apresentou um ganho de
72% e o traço 10% apresentou 47% de ganho de resistência. Esse ganho na resistência à
tração com a substituição da areia natural pelo resíduo pode ser explicado pelo aumento
da coesão entre os materiais presentes na argamassa (cimento, cal, resíduo, areia),
proporcionada pela granulometria do resíduo, que é mais fina que a da areia natural,
utilizada no traço de referência.

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Figura 1: Resultados do ensaio de resistência à tração na flexão.

Com relação à análise da resistência nas primeiras idades, observou-se que todos os
traços apresentaram, aos 7 dias de idade, mais de 50% da resistência final (aos 28 dias
de idade). A argamassa de referência foi a que apresentou maior porcentagem da
resistência final, alcançando 63% aos 7 dias de idade. Entretanto, deve-se ressaltar que,
mesmo assim, os traços 20% e 30% apresentaram valores absolutos de resistência
consideravelmente superiores aos do traço de referência, desde as primeiras idades.

Segundo a ABNT NBR 13281(2005), o traço de referência se enquadra nas categorias R2


e R3, enquanto os demais traços, com substituições de 10, 20 e 30%, podem ser
classificados como R4 ou R5, categorias mais elevadas, representando possibilidade de
usos mais nobres dessas argamassas quanto à esta propriedade.

3.4 Massa específica aparente


Os resultados dos ensaios de massa específica aparente são apresentados n a Figura 4,
onde são apresentados os valores a amplitude dos valores medidos, o valor médio e a
equação de correlação estatística.

Figura 4: Resultados do ensaio de massa específica aparente.

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A análise dos dados indica que a massa específica da argamassa aumentou com o uso
de 10 e 20% de resíduo em substituição parcial da areia. Após 20% houve uma
estabilização nos valores encontrados. Este resultado indica, mais uma vez, que a
substituição realizada promoveu uma diminuição dos espaços vazios, melhor
empacotamento de partículas, o que permitiu um ganho de resistência mecânica, como foi
verificado no ensaio de resistência à compressão axial. De acordo com a ABNT NBR
13.281 (2005) a argamassa produzida para todos os traços pode ser classificada como
M6 (>1800 kg/m³).

O acompanhamento da variação da massa específica com a idade mostrou ser essa


variação pouco significativa, o que indica uma rápida estabilização do material.

3.5 Velocidade de Propagação de Ondas Ultrassônicas


Os resultados dos testes de velocidade de propagação de ondas ultrassônicas (V), em
termos de amplitude de medidas e média, são apresentados na Figura 5.

Figura 2: Resultados do teste de velocidade de propagação de ondas supersônicas.

Verifica-se que a velocidade de propagação das ondas ultrassônicas aumentou com o


acréscimo do teor de resíduo. No entanto, os melhores resultados foram verificados para
os traços de 10 e 20%, que apresentam valores similares. Segundo Santos (2011), a
maior velocidade de propagação está relacionada à menor porosidade e à maior massa
específica do material, o que corrobora com os demais ensaios realizados no estudo.

O ensaio ultrassônico permitiu, ainda, a avaliação do módulo de elasticidade dinâmico


(Ed) do material em estudo. De acordo com Silva e Campiteli (2008), o módulo de
elasticidade dinâmico é “uma expressão da rigidez da argamassa no estado endurecido
que é proporcionado pelo cimento hidratado e pela imbricação entre as partículas dos
agregados, devido à forma e rugosidades dos grãos, entre outros fatores”. Os resultados
obtidos podem ser vistos na Figura 3.

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Figura 3: Resultados dos testes de módulo de elasticidade dinâmico.

Verificou-se um aumento do módulo de elasticidade dinâmico para as argamassas com


resíduos de marmoraria em sua composição, sendo que o traço de 20% apresentou o
maior valor. Do ponto de vista do módulo de elasticidade, as argamassas com resíduo de
marmoraria apresentam maior tendência à fissurabilidade. De acordo com Gomes(1995)
argamassas módulo compreendido entre 7000 e 12000 GPa apresentam média
fissurabilidade e quando apresentam alta fissurabilidade para Ed ≥ 12000. No entanto,
Silva e Campiteli (2008) sugerem que a capacidade de deformação do revestimento de
argamassa seja avaliada por meio do módulo de elasticidade, mas que essa deformação
está associada às resistências à compressão, de tração na flexão e de aderência à
tração. Considerando a razão entre módulo de elasticidade e a resistência à flexão, no
qual se verificam valores superiores a 3.500 para as argamassas: traço de 10% valor de
5407, traço 20% valor de 4829, traço 30% valor de 4303 e traço referência valor de 5597,
o que as classificam como de alta fissurabilidade (Gomes, 1995).

O empacotamento promovido pelas de partículas dos resíduos é positivo no sentido de


criar um compósito mais denso e resistente, contudo, para argamassas de revestimento,
no entanto tem um efeito indesejável, pois aumentara tendência de fissuração, o que
exige maiores cuidados nas etapas de execução e cura.

3.6 Resistência Potencial de Aderência à Tração


Os resultados da resistência de aderência à tração das argamassas com e sem resíduos
de marmoraria, em termos de amplitude de medidas e valores médios, são apresentados
na Figura 7. Verificar que o traço de 20% apresentou os maiores valores de resistência de
aderência à tração e os valores mais próximos aos dos traços de referência. Além disso,
todos os traços podem ser classificados como A3 (≥ 0,30 MPa), de acordo com a ABNT
NBR 13281 (2005). Assim como na resistência a tração na flexão o aumento da coesão
no estado fresco, promoveu o aumento da resistência a tração e aderência no estado
endurecido, promovido pela maior adesividade causado pelo material (resíduos) mais fino
que a areia natural. Acredita-se que problemas na moldagem e corte dos corpos de prova
das argamassas com 20% promoveram esta maximização nestas propriedades o que é
corroborado pelos bons valores encontrados nas demais propriedades deste percentual.
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Figura 7: Resultados dos testes de aderência a tração.

3.7 Absorção de água por capilaridade


Os resultados encontrados para coeficiente de capilaridade, bem como a classificação
segundo a ABNT NBR 13281 (2005), são apresentados na Tabela 1. Para todos os traços
verificou-se um alto coeficiente de capilaridade, o que indica que os poros das
argamassas estão interligados, facilitando a passagem de água e indicando uma menor
resistência à ação da água e agentes agressivos nestes traços. Fica evidente que a
presença de finos dos resíduos é interessante reduzindo a permeabilidade capilar das
argamassas. Apesar dos valores com 10% de adição ser praticamente igual os demais
20% e 30% apresentam redução da capilaridade de 10% e 15%, tornando as argamassas
mais duráveis.

Tabela 1: Coeficiente de capilaridade e a classificação de acordo com a NBR 13281-2005.


Média do Coeficiente de capilaridade Erro
Traço Classificação NBR 13281
(g/dm².min1/2) (g/dm².min1/2)
Ref. 11,03 0,85 C6
10% 11,07 0,74 C6
20% 9,93 0,78 C6
30% 9,37 0,78 C6

3.8 Absorção de água por imersão e porosidade superficial


A FiguraFigura 8 apresenta os resultados do ensaio da absorção de água por imersão
(amplitude dos valores medidos e média) para cada traço estudado.

O traço de 20% foi o que apresentou menor absorção, o que pode indicar que o aumento
da substituição de resíduo proporciona uma diminuição da absorção até o traço de 20%,
quando então volta a aumentar ultrapassando o traço referência. Isto indica que a
redução da quantidade e aumento dos tamanhos dos poros (Figura 9), gerados pela
maior finura deste resíduo, convergiram para o aumento da permeabilidade, contudo com
a redução da capilaridade, devido a interrupção dos capilares pela presença de poros de
grande diâmetro.

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Figura 8: Resultados do ensaio de absorção por imersão.

Figura 9: Resultados do ensaio de Porosidade superficial.

3.9 Análise macroestrural


As imagens obtidas por lupa estereoscópica são apresentadas na Figura 10.

A análise das macroestutura permite identificar a estrutura de macroporos internos das


argamassas e suas possíveis interligações. Observa-se que o traço 3 apresenta um
número expressivo de macro poros, contudo de forma isolada, enquanto os demais traços
os poros são pequenos e possuam continuidades entre si e com meio externo. Evidencia-
se que o traço com 20% de substituição apresenta-se como a proporção com melhor
desempenho e durabilidade, logo identifica-se como o melhor teor para substituição do
agregado miúdo.

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(a) (b)

(c) (d)
Figura 10: Imagens de lupa estereoscópica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados indicam que a substituição parcial da areia natural pelo resíduo de lama
abrasiva de marmoraria para confecção de argamassas de revestimento é viável do ponto
de vista técnico. Os traços analisados atendem às especificações de argamassas para
uso na construção civil, tendo apresentado melhor desempenho do que os traços de
referência em quase todos os parâmetros analisados.

A argamassa com 20% de substituição apresentou, de forma geral, o melhor desempenho


e melhores valores dos indicadores de durabilidade, o que indicaria ser esse teor o mais
adequado para substituição da areia natural pelo resíduo de lama de marmoraria para
confecção de argamassas de revestimento

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Ressalta-se a necessidade de estudos da viabilidade econômica do emprego do resíduo
em questão na construção civil, levando-se em conta, além de outros fatores, os custos
associados ao transporte devido à distância entre a obra e a indústria fornecedora do
resíduo.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ROCHAS ORNAMENTAIS –
ABIRROCHAS. Abirrochas em notícias - Boletim Informativo Ano1nº1, janeiro/março
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Granulométrica. Rio de Janeiro, 1988.

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assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da resistência à
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