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CONCORDÂNCIA DE DOUTRINAS
Três grandes ideias dominam a espiritualidade de hoje: a de Santa Teresinha,
a de Santa Margarida Maria e a de São Luís Maria Grignion de Montfort.
O espírito de cada um destes santos é, respectivamente:
O abandono filial,
A união amorosa,
A dependência total.
Santa Teresinha insiste sobre o abandono filial e põe em relevo a bondade de
Nosso Senhor. Esta é a base de sua santa infância.
Santa Margarida Maria concentra-se sobre a união amorosa com o Coração
de Jesus e faz sobressair o amor infinito que este divino Coração tem aos
homens.
São Luís Maria Grignion de Montfort salienta a nossa total dependência de
Jesus e Maria, e o reino do Salvador nas almas.
O Segredo de Maria
Montfort apresenta a Santa Escravidão como um segredo. Esta palavra excita
curiosidade. E não há leitor do livro da Verdadeira Devoção que não o procure
logo descobrir.
O segredo, porém, não consiste na teoria, e sim na prática desta devoção.
A prática consiste em entregar-se inteiramente, na qualidade de escravo a
Maria e, por Ela, a Jesus, e em procurar fazer todas a ações com Maria, em
Maria, por Maria e, para Maria, no intuito de faze-las mais perfeitamente com
Jesus, em Jesus, por Jesus e para Jesus.
O CULTO DE MARIA
Devemos honrar Maria Santíssima: ninguém pode duvidar disto. Nossos irmãos
separados da verdade católica, os protestantes, têm sido bastante ilógicos
recusando à Mãe de Deus a honra e o louvor que sua dignidade e suas
virtudes exigem.
O culto de Maria está baseado em razões tão transcendentes, que quem sabe
e procura refletir prostra-se necessariamente aos pés desta sublime criatura,
para redizer, ou, melhor, para realizar a grande profecia que o Espírito Santo
pôs nos lábios d’Ela um dia: – “Beatam me dicent omnes generationes” –
“Todas as gerações me proclamarão Bem-aventurada!”.
I. Dignidade de Maria
Devemos honrar Maria Santíssima. Somos-lhe devedores de um culto, que,
embora infinitamente inferior ao que prestamos a Deus, é completamente
superior ao que é devido a uma simples criatura.
Maria é uma criatura exaltada, glorificada, Bem-Aventurada mais que todas as
outras, elevada a uma dignidade quase infinita.
“A maternidade divina, de fato, pertence a uma ordem à parte, chamada Ordem
Hipostática, e tem com esta ordem uma relação necessária”, diz o grande
teólogo Suarez.
Santo Tomás chega a dizer: “A dignidade de Mãe de Deus é uma dignidade
infinita” – “Beata Virgo, ex hoc quod est Mater Dei, habet quamdam dignitatem
infinitam, ex bono infinito quod est Deus.” – Summ. I part. XXV. Art. VI.
Mas não basta honrar Maria... como também não basta somente honrar a
Deus.
Contentar-se em prestar a Deus somente um culto de lou-vor seria cair no erro
protestante, que coloca a salvação apenas na fé e ensina que basta crer em
Deus e louvá-lo, para ser perfeito cristão.
O bom senso já fez justiça a essas asserções luteranas. Crer é o alicerce; o
edifício são as obras. Querendo construir um edifício, quem se contenta só com
os alicerces?
Lei Circular
Existe na religião católica uma lei fundamental, chamada pelos teólogos: lei
circular. É ela que preside a tudo e tudo explica. Esta lei é o dom de si.
Como dizem os teólogos, é uma lei circular: Deus se dá ao homem; o homem
deve dar-se a Deus.
Tudo procede de Deus; tudo deve voltar para Ele.
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São Dionísio, o Areopagita, diz de fato: “A deificação da criatura consiste,
quanto possível, na semelhança e na união com Deus.”
Jesus feito Homem é o Nosso Salvador. E é d’Ele que nos chega toda graça.
Ele é a causa imediata e eficiente de nossa salvação.
Mas foi por Maria que Ele se fez Homem. Foi como Salvador e Senhor que
Maria O concebeu e O deu à luz.
Logo, Maria é a causa mediata e moral de nossa salvação, já que, segundo o
desígnio divino, sem Ela, estaríamos privados do Salvador.
“Do mesmo modo que Eva pela desobediência foi causa de sua ruína e da
ruína de todo o gênero humano, – diz Santo Irineu – assim Maria, pela
obediência, é a causa da sua salvação e da salvação de todos os homens” –
Santo Irineu.
Montfort diz por sua vez: “Quem quer ser membro de Jesus Cristo deve ser
formado em Maria, pela graça de Cristo, que nela está em plenitude, para ser
comunicada aos membros verdadeiros do Salvador” – cf. Segredo de Maria
Segredo de Maria.