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Ano XXII | nº 84 | Novembro 2018

Tecnologia e Sociedade

Especial Agro: Negócio,


Tecnologia e Inovação
Cidades mais humanas Do Brasil para o mundo
Como solucionar os impactos da Roberto Jaguaribe, da Apex-Brasil, fala
urbanização acelerada. PÁG. 05 sobre internacionalização. PÁG. 18

Empreendedorismo social
Como a ENIMPACTO abrirá espaço
para os negócios de impacto. PÁG. 29
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CARTA AO LEITOR
AO SUMÁRIO

Caros leitores,

Neste ano, pela primeira vez, a Anprotec realizou uma conferência a


partir de um tema setorial, o que rompeu com o que estávamos fa-
Ano XXII | Novembro de 2018 | nº 84 zendo há alguns anos. Colocamos o Agronegócio em foco, como pro-
ISSN 1980-3842
tagonista do movimento de empreendedorismo inovador, e isso trou-
A revista Locus é uma publicação da xe ótimos insights, bons questionamentos e debates que vão além do
Associação Nacional de Entidades campo da inovação, tecnologia e ciência.
Promotoras de Empreendimentos
Inovadores (Anprotec).
Por conta destes bons resultados, e para manter nosso compromis-
Presidente do Conselho Editorial so de informar e incentivar o debate de importantes questões para
Luís Felipe Maldaner o movimento de empreendedorismo inovador, trouxemos para a 84ª
Coordenação edição da Locus um resumo dos grandes aprendizados que tivemos
Zacarias Rolim de Moura
neste evento.
Produção de Conteúdo
Letras & Artes Comunicação, com a equi- Não há mais como ignorar o poder do agronegócio para o Brasil. Em
pe: Luciano Valente, Leila Bonfietti Lima,
2017, o setor contribuiu com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB)
Paula Fonseca, Lucas Borges (estagiário)
e Vívian Vital (estagiária) brasileiro, a maior participação em 13 anos, segundo a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Isso demonstra um cenário
Edição promissor para as chamadas “Agritechs” e abre portas para os novos
Luciano Valente
empreendedores.
Projeto Gráfico
Letras & Artes Comunicação O campo está se digitalizando, mas ainda mais do que isso, o campo
está produzindo cada vez mais oportunidades de tornar a produção
mais eficiente, sustentável, e tudo graças às pequenas empresas que
estão mudando este setor que é o grande responsável pela economia
no Brasil.

Presidente
José Alberto Sampaio Aranha Não se trata mais de falar apenas de tecnologias pontuais como dro-
nes, agora é a hora de falar sobre uma produção mais consciente,
Vice-presidente sobre responsabilidade, sobre qualidade e tudo isso nos mostra como
Francisco Saboya Albuquerque Neto
a relação do agronegócio está mudando. Não se trata mais de apenas
Diretoria produzir muito, é produzir bem, é saber que a agronomia, a pecuária
Daniel Leipnitz, Emília Rosângela Pires tem grande impacto na saúde e podem ser cada vez mais sustentá-
da Silva Franco, Gabriela Ferreira, Gisa veis trazendo resultados positivos no sentido social e ambiental.
Bassalo, Mariana de Oliveira Santos
e Renato Valente
Nesta edição falamos também sobre internacionalização, empreen-
Superintendência Executiva dedorismo de impacto, investidores anjo e a legislação, e também
Sheila Oliveira Pires
apresentamos algumas das ações que estão ajudando a fomentar um
Endereço ambiente de inovação brasileiro.
Parque Tecnológico de Brasília – BioTIC
Granja do Torto, Lote 04 Entendemos que é necessário tentar desmistificar muitas coisas, sim-
Edif. de Governança. 2º andar - Brasília/DF
plificar processos para que empreender não seja um grande desafio
CEP 70.636-000
ou se torne algo inalcançável para muitos que pensam em construir
Telefone: (61) 3202-1555 algo inovador.
Email: revistalocus@anprotec.org.br
Website: www.anprotec.org.br
Anúncios: (61) 3202-1555
Esperamos que todo conteúdo aqui contribua para que você, assim
como nós, busque formas de sair da zona de conforto, conheça algo
novo e tenha confiança para inovar e colocar sua ideia em prática.
Apoio:

Boa leitura!
Luís Felipe Maldaner

Edição 84 = Novembro 2018 3


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NESTA EDIÇÃO
AO SUMÁRIO

05 ESPECIAL AGRO
- Megatendências para o
agronegócio
- Case Programa CooperAtiva
- Cidades mais humanas e
sustentáveis
- Competitividade no
agronegócio
- Cases de startups
05 23
18 ENTREVISTA
Roberto Jaguaribe fala sobre os
caminhos das empresas brasileiras
para ganhar o mercado exterior

23 INTERNACIONALIZAÇÃO
Inovação na China

29 NEGÓCIOS DE IMPACTO
35 45 - Empreendedorismo social
- Anprotec, Sebrae e ICE divulgam
incubadoras e aceleradoras
selecionadas
- Fórum de Finanças Sociais e
Negócios em Brasília
- Anprotec, ICE e Sebrae lançam
e-book sobre o tema

52 59 45 CENÁRIO
A metamorfose da Lei de
Informática

52 INVESTIMENTOS
O papel do investidor-anjo na nova
Lei do Simples

59 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO
62 65 Especialistas debatem C,T&I como
missão do Estado e da sociedade

62 EM MOVIMENTO

65 SE LIGA NA DICA

66 AGENDA DO MOVIMENTO

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AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Diretor de Inovação
e Tecnologia da
Embrapa fala sobre
megatendências para o
agronegócio até 2030
As mudanças tecnológicas são os
fatores que mais impactam as ati-
vidades econômicas, e, na agricul-
tura, isso não é diferente. Foi assim
que o diretor de inovação e tec-
nologia da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
Cleber Oliveira Soares, iniciou a sua
fala no segundo dia da Conferência
Anprotec de Empreendedorismo e
Ambientes de Inovação (18/09), em
Goiânia – GO.

Com a palestra “Inovação para o


Campo: Tecnologia Agregando Va-
lor ao Agronegócio”, Cleber desta-
cou, dentre as multifuncionalidades
da agricultura, a humanidade da
produção do alimento para a socie-
dade.

Com uma rede de conhecimento


em agronegócio muito forte, devido
a atuação da própria Embrapa, das
Cleber Oliveira Soares, diretor de inovação e tecnologia da Embrapa Organizações Estaduais de Pesqui-
sa Agropecuária, das universidades
federais e estaduais, e dos Institutos
Federais de Educação, Cléber apon-
“Poucos países do mundo têm uma rede de co-
tou que poucos países do mundo
nhecimento e inteligência tão grande e qualifi- têm uma rede de conhecimento e
cada quanto a do Brasil.” inteligência tão grande e qualifica-
Cleber Oliveira Soares, diretor de inovação e tecnologia da Embrapa da quanto a do Brasil.

Edição 84 = Novembro 2018 5


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

VISÃO 2030:
O FUTURO DA AGRICULTURA BRASILEIRA – MEGATENDÊNCIAS
Ao trabalhar com a conexão dos termos alimento, agricultura e sus-
tentabilidade, o estudo apresenta sete megatendências do agrone-
gócio previstas para os próximos 12 anos.

1) Mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura: como con-


centração da produção, baixa disponibilidade de mão de obra, desa-
fio da pobreza rural e inteligência territorial, por exemplo.
2) Intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrí-
cola: diversificação e complexidade dos plantios.
3) Mudança do clima: com aumento dos eventos extremos, mitiga-
ção e adaptação, e sistemas mais resilientes.
4) Riscos na agricultura: perda anual = R$ 11 bilhões (1% PIB Ag. BR),
gestão integrada de riscos – climáticos, econômicos, sociais, geopo-
líticos, de infraestrutura e logística.
5) Agregação nas cadeias produtivas agrícolas: aumento de percep-
ção de valor, alimentos que com mais nutrição, funcionais, fortifica-
dos, com selos e certificações.
6) Protagonismo dos consumidores: maior poder de influência do
consumidor na produção, aplicações de TICs e redes sociais, susten-
tabilidade, bem-estar.
7) Convergência tecnológica e de conhecimento na agricultura: com
inovações disruptivas e integradas, como biotecnologia, nanotecno-
logia, geotecnologia, mercado digital (produtos e serviços).

O diretor de inovação e tecnologia para muitos”, disse o diretor de


da Embrapa também apresentou inovação e tecnologia da Embra-
cases de inovação no agronegócio, pa, apontando dados sobre essa
exemplificando como a transforma- “nova era”.
ção digital pode ajudar de forma
prática os produtores. Dentre as os “A comunicação positiva impacta
exemplos, ele apresentou experiên- oito pessoas e a comunicação ne-
cias com dispositivos vestíveis, inter- gativa impacta 3.380 pessoas. En-
net das coisas na pecuária, e o im- tão, precisamos estar atentos a isso
pacto da comunicação. e pensar em uma forma eficiente
de fazer comunicação para agre-
Para ele, a comunicação se desta- gar valor no campo. A conquista
ca como a 4ª dimensão da susten- de mercado depende da velocida-
tabilidade – as outras são “ambien- de da inovação”, encerrou Cleber,
tal”, “sociocultural” e “econômica”. antes de iniciar o debate com os
“Estamos em um cenário no qual participantes da 28ª Conferência
a comunicação não é mais de um Anprotec de Empreendedorismo
para muitos. Mas, sim, de muitos e Inovação.

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AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Com case do Programa


CooperAtiva 4.0, Fórum
Sebrae de Inovação ressalta a
importância da parceria entre
startups e grandes empresas
A cooperação entre grandes em-
presas e startups é um dos fatores
principais para o desenvolvimento
de soluções inovadoras para o agro-
negócio no Brasil. Essa foi a temática
abordada pela Gerente Executiva de
TI, Gestão e Qualidade da Coopera-
tiva Cocamar, Paula Rebelo, no Fó-
rum Sebrae de Inovação, no primei-
ro dia da Conferência Anprotec 2018
(17/09), em Goiânia – GO. Com o
tema “A Inovação na cadeia de valor
do agronegócio. Como grandes em-
presas estão se relacionando com
startups?”, o painel tratou importan-
tes tópicos de Smart Farm.

As demandas de grandes empresas


por novas práticas que aperfeiço-
em a produtividade ou solucionem
problemas específicos, seja interna-
mente ou para negócios de impacto
Paula Rebelo, gerente executiva de TI, gestão e qualidade da Coopera- social, está aumentando considera-
tiva Cocamar
velmente, nesse sentido, as startups
estão atraindo a atenção dessas
companhias, possibilitando parce-
“Através de programas apoiados pelo Sebrae,
rias que impulsionam a Pesquisa e o
nós conseguimos interagir com esse universo ino- Desenvolvimento.
vador e utilizá-lo como inspiração e bagagem, as-
sim ampliamos os nossos conhecimentos”. Para ilustrar a importância desse
Paula Rebelo, gerente executiva de TI, gestão e qualidade da Coope-
conjunto entre diferentes atores da
rativa Cocamar indústria, Rebelo citou o progra-

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AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

ma CooperAtiva 4.0. O projeto foi mos 11 projetos internos, o que nos


desenvolvido inicialmente por um estimula a praticar o intraempreen-
pequeno grupo de gestores para dedorismo. Desse total, quatro star-
tratar sobre assuntos relacionados tups já foram contratadas – Tinbot,
à modernização industrial. “O Coo- Golsat, Onsafety e Eureca – e outras
perAtiva 4.0 surgiu como uma reu- duas estão em fase de MVP, a Farm-
nião entre membros da Cocamar, em Go e a W3lcome”.
que discutíamos como proporcionar
uma melhoria contínua por meio de O CooperAtiva não é um investidor
práticas inovadoras aos coopera- de startup, a sua função é promover
dos. Nos encontros, levantamos a o conjunto de startups com gran-
questão de ‘como pensar em novos des empresas buscando parcerias
modelos?’, e a resposta imediata foi: e investimentos, por meio de ideias
“vendo e conhecendo modelos dife- inovadoras. Para desenvolver esses
rentes”, ressaltou Rebelo. projetos foi criado o CocamarLabs.
As propostas enviadas passam por
O apoio da diretoria da Cocamar foi um filtro que identificam pontos es-
um dos pontos importantes para a pecíficos que indicam quais as me-
consolidação e expansão do pro- lhores maneiras de se desenvolver a
grama para diferentes áreas. O gru- ideia. De maneira geral, os projetos
po, atualmente, envolve mais de 60 priorizados são aqueles que tem alto
pessoas de setores como tecnologia impacto e necessitam de pouco es-
da informação, marketing, adminis- forço, as ideias inovadoras e os que
tração, e outros diferentes campos. apresentam soluções únicas que re-
Cada membro compartilha uma vi- solvam mais problemas.
são específica de sua área, possibili-
tando uma interpretação em diferen- Para finalizar, Rebelo indicou os prin-
tes aspectos, que podem contribuir cipais fatores que são buscados nos
com a criação de novos modelos de projetos desenvolvidos no CooperA-
negócio. tiva 4.0. “Quando recebemos ideias
de startups as primeiras questões
Rebelo destacou ainda o papel do são, esse modelo é escalável? É re-
Sebrae na exploração de ambientes petível? Esses são fatores básicos.
que estimulam a inovação através É claro que existem muitos outros,
de parcerias. “Através de programas mas esse é um ponto de partida. Ao
apoiados pelo Sebrae, nós conse- identificarmos essas características,
guimos interagir com esse universo já começamos a pensar na execu-
inovador e utilizá-lo como inspira- ção, por meio de mentorias e busca
ção e bagagem, assim ampliamos os de aceleradoras. Preferencialmente,
nossos conhecimentos. Nós partici- estamos buscando projetos de Cha-
pamos de diversos eventos, como tbot e Energia Limpa.”
Hackathon Expoingá, Summit Flo-
rianópolis, Conecta Curitiba, Ticnova Os próximos passos do programa
Maringá, além das visitas a ecossiste- são expandir as parcerias, criar no-
mas de inovação, como o Innovajab vos projetos, e buscar recursos de in-
e o Cubo Itaú”. Rebelo afirmou ainda vestimentos através da Lei do Bem,
que essas práticas já estão rendendo ICMS e investidores.
resultados aos envolvidos. “Nós te-

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AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Cidades mais humanas e


sustentáveis buscam soluções
para os impactos causados
pela urbanização acelerada
A migração em massa das pessoas
que deixaram de viver no campo e
passaram a integrar centros urba-
nos, uma das principais consequên-
cias da Revolução Industrial, gerou
impactos tão significantes para a
sociedade, que, hoje, mais de dois
séculos depois, ainda estimula di-
versos debates sobre as mudanças
causadas por essa alta concentração
de pessoas, em espaços que estão
se tornando relativamente menores
quando relacionados ao número de
membros que os habitam.

Com o intuito de discorrer sobre as


Cidades mais Humanas, Inteligen-
tes e Sustentáveis, as denominadas
CHIS, o terceiro dia da Conferên-
cia Anprotec (19/09) contou com a
presença do diretor do laboratório
Eduardo Moreira da Costa, diretor do laboratório acadêmico LabCHIS
acadêmico LabCHIS, que também é
fundador e diretor presidente da Pi-
-Academy, Eduardo Moreira da Cos-
“As Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentá- ta, em sessão plenária com o tema
veis têm foco no cidadão, há uma preocupação “Do Campo para as Cidades mais
de que a tecnologia se torne presente em de- Humanas, Inovadoras e Sustentá-
trimento dos padrões de vida das pessoas. As veis”. A palestra também contou o
diretor de administração e finanças
Smart Cities consideram os instrumentos tecno-
do Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-
lógicos que integram tais ambientes, o que é im- cro e Pequenas Empresas (Sebrae),
portante também, mas em outra perspectiva”. Vinícius Lages, como presidente da
Eduardo Moreira da Costa, diretor do laboratório acadêmico LabCHIS sessão.

Edição 84 = Novembro 2018 9


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

O processo de locomoção em gran- haver uma câmera ali não impede,


de escala da população rural para as nem diminui o índice de violência. As
cidades se deu em ritmo acelerado e CHIS têm como objetivo melhorar a
frequente, por conta disso, não hou- qualidade de vida das pessoas”.
ve tempo de preparação para esses
novos espaços desenvolverem uma O conceito base das cidades, adota-
infraestrutura que proporcionasse do na era medieval, consistia em es-
boas condições de vida para rece- paços em que eram possíveis morar,
ber essa população. Problemas que trabalhar e se divertir em um mesmo
até então eram inexistentes começa- cenário. Com o início da Revolução
ram a se tornar cada vez mais recor- Industrial, as fábricas, que são gran-
rentes, desde então, questões como des poluentes, tinham de ficar longe
saúde pública, moradia e mobilida- das moradias, desta forma, o homem
de ainda são questões sem soluções teria que se locomover, diariamente,
concretas. grandes distâncias de casa para o
trabalho, criando, assim, uma sepa-
A tecnologia disponível atualmente ração entre seu ambiente profissio-
torna possível a identificação e o es- nal e sua habitação. Com o empre-
tudo dessas consequências, no en- go nas indústrias sendo prioridade,
tanto, não é suficiente para mensu- os pilares para melhores condições
rar o desenvolvimento da cidade e a de vida (moradia, trabalho e lazer no
qualidade de vida dos moradores. O mesmo lugar) deixaram de ser re-
conceito de Smart Cities, que mede quisitos essenciais para a população.
a quantidade de avanços tecnológi-
cos presentes em determinada ci- Os automóveis tiveram um papel
dade, muitas vezes é comparado ao fundamental na urbanização, os
das CHIS, porém, o primeiro termo congestionamentos quilométricos
é focado nas ferramentas tecnoló- fazem parte da rotina de pratica-
gicas disponíveis em um ambiente, mente todos os moradores de gran-
enquanto o outro envolve o lado hu- des centros. Nas grandes metrópo-
manitário. les brasileiras, o número de carro por
habitante chega a aproximadamente
Para Eduardo Costa, os dois concei- um carro para cada quatro pessoas.
tos possuem objetivos distintos. “As
CHIS têm foco no cidadão, há uma O índice de mortes e acidentes gra-
preocupação de que a tecnologia se ves causados nas estradas do Brasil
torne presente em detrimento dos é um fator preocupante, cerca de
padrões de vida das pessoas. As 47 mil pessoas morrem em aciden-
Smart Cities consideram os instru- tes automobilísticos, e mais de 400
mentos tecnológicos que integram mil ficam com algum tipo de seque-
tais ambientes, o que é importante la. O presidente da LabCHIS aponta
também, mas em outra perspectiva. o automóvel como um dos grandes
Por exemplo, ao abordar a seguran- vilões da urbanização. “As pessoas
ça pública, os parâmetros para clas- deveriam estar discutindo o tempo
sificar as cidades inteligentes levam todo sobre as mortes no trânsito,
em consideração a quantidade de pois é um número exorbitante. As
câmeras instaladas nas ruas, porém, pessoas não conseguem mais viver
na prática, sabemos que o fato de sem carro e isso é um problema.

Edição 84 = Novembro 2018 10


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Acredito que a indústria automobi- já passou por Florianópolis, Rio de


lística é a nova indústria do cigarro. Janeiro e Salvador, reunindo partici-
E quando se fala que tanta gente pantes de diversas cidades, além de
morre no trânsito, penso que, assim um evento especial que contou com
como nas embalagens de cigarro, o a presença de membros de seis paí-
carro também deveria vir com um ses diferentes.
selo na porta escrito ‘este meio de
transporte é extremamente perigo- A sustentabilidade e a tecnologia
so para a saúde’”, afirmou Eduardo estão ligadas, não há como evoluir
Costa. em um aspecto ignorando o outro.
Nesse quesito o diretor do Sebrae,
O LabCHIS, sediado na Universida- Vinicius Lages, destacou a necessi-
de Federal de Santa Catarina, tem o dade dessa relação. “É importante
objetivo de promover o debate so- pensarmos em cidade, ainda que se-
bre este tema através de workshops jam as cidades inteligentes, no sen-
realizados pelas cidades do Bra- tido humano e sustentável. A inteli-
sil, partindo da premissa das ações gência necessária para desenvolver
necessárias para tornar o ambiente novas tecnologias depende de seres
mais sustentável e de onde elas po- humanos vivendo de maneira sus-
dem ser desenvolvidas. O projeto tentável.

Por exemplo, a presença de câmeras


e nuvens de dados com informações
em tempo real não significa segu-
rança, mas os dados extraídos po-
dem ser estudados e utilizados para
buscar soluções que tornem a cida-
de mais segura, e esse é o papel do
homem. E para isso ele precisa ter
acesso à educação, moradia, e boas
condições de vida no geral”, encer-
rou Lages.

Vinícius Lages, diretor de administração e finanças do Sebrae

“É importante pensarmos em cidade, ainda que


sejam as cidades inteligentes, no sentido huma-
no e sustentável. A inteligência necessária para
desenvolver novas tecnologias depende de se-
res humanos vivendo de maneira sustentável”.
Vinícius Lages, diretor de administração e finanças do Sebrae

Edição 84 = Novembro 2018 11


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Tecnologia e Inovação
serão a chave para tornar o
agronegócio brasileiro mais
competitivo globalmente
O processo de inovação nunca é como um dos maiores produtores
feito apenas por um único ator, en- de alimentos do mundo, e fez do
volve parcerias de diversos setores agronegócio o setor mais importan-
e apoio de muitos lados, principal- te para a nossa economia até hoje.
mente, quando o tema é tecnologia
para o setor econômico mais impor- A relação da tecnologia com o agro-
tante do Brasil, o agronegócio. negócio é de longa data e exige que
as instituições de desenvolvimento
No primeiro painel do Fórum de Ino- tecnológico estejam lado a lado das
vação Sebrae, realizado no primeiro empresas, porque as inovações só
dia de Conferência Anprotec 2018 se desenvolvem – e passam a trazer
(17/09), contou com o tema “Inova- impactos para a sociedade – quan-
ção no AGRO, panorama e oportuni- do são realizadas dentro do âmbito
dades para os pequenos negócios”. privado.
Na ocasião, os painelistas, de diver-
sos segmentos, falaram sobre as O DIA A DIA DAS INSTITUIÇÕES
necessidades do agronegócio e de
como a inovação pode impulsionar Para o presidente da Agência Paulis-
mais ainda o setor de forma mundial. ta de Tecnologia dos AgroNegócios,
Orlando Castro, o distanciamento
É importante saber que nem sempre entre as instituições de pesquisa e
o Brasil esteve entre um dos maiores as empresas faz com que o desen-
produtores de alimentos do mundo. volvimento das inovações seja muito
De acordo com os palestrantes, no mais lento, o dificulta a criação de
final dos anos 70, o país precisou soluções que poderiam ser rapida-
importar alimentos – e não aqueles mente absorvidas pelo mercado.
que dificilmente se desenvolvem nos
nossos campos, mas arroz, feijão e “Há uma grande dificuldade de se
até mesmo leite. iniciar uma pesquisa ou projeto a
partir da necessidade do mercado,
Esse problema foi resolvido no início principalmente para o agronegócio.
dos anos 80 com ajuda da tecnolo- Temos que gerar tecnologia para
gia, que colocou o Brasil no ranking essa agricultura que temos hoje, que

Edição 84 = Novembro 2018 12


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

exige um alimento mais saudável, se desenvolva, fazendo com que as


com uma boa produção e menos empresas e a academia mudem con-
desperdício. As grandes instituições ceitos e comecem a trabalhar juntas
de pesquisa precisam entender essa e a compartilhar recursos, tendo
demanda e ajudar a criar novos pro- mais confiança uma na outra.
dutos, variedades mais ricas, e pen-
sar em controle biológico. Esse é o “Um bom exemplo é a cultura dos
ambiente que temos que fomentar, grandes empreendimentos, que, até
não tem temos mais condições de poucos anos ainda não tinha absor-
fazer nada sozinhos”, disse Castro. vido a ideia da inovação aberta; hoje,
isso já está muito mais maduro. E so-
Atualmente, no Brasil, já existem me- mos procuradores, pois a plataforma
canismos legais para estreitar cada vai fazer essa ponte de forma segu-
vez mais os laços entre o público e ra”, comentou Carlos.
o privado, “Precisamos fazer com
que o conhecimento que geramos COMO TRANSFORMAR IDEIAS EM
nas universidades e nos institutos NEGÓCIOS
de tecnologia e ciência possam ser
adquiridos por empresas e receber O empreendedorismo está mais
aportes privados para se desenvol- forte do que nunca no Brasil. Há di-
verem”. versas formas de se buscar aportes
financeiros e mentorias para tentar
“É possível criar valor de forma conjunta e, de- emplacar uma inovação no mercado.
pendendo do estágio da startup, a empresa Mas o que falta para que as ideias vi-
rem negócios concretos?
pode integrá-la, fazer um White label, Hubs de
Inovação, tem muitas coisas que podem ser fei- Por um lado, para as startups, ter ca-
tas nessa parceria. É um ambiente aberto e isso pital na fase inicial é realmente mui-
permite ser muito ágil nas ações”. to importante, e, por outro, existem
José Tomé, CEO da AGTech Garage
grandes empresas que não conse-
guem desenvolver inovação tão ra-
pidamente dentro da própria casa
A IMPORTÂNCIA DOS AMBIENTES por diversas burocracias. É dessa ne-
DE INOVAÇÃO cessidade, de ambos os lados, que é
possível criar valor, trabalhando em
Entretanto, essas pontes não nas- conjunto.
cem sozinhas – ainda. Elas precisam
de um intermediador e, por isso, ins- As empresas têm buscado, cada
tituições como parques tecnológi- vez mais, adaptar seus modelos de
cos, aceleradoras e incubadoras têm negócios para ter ao lado startups
papel crucial na construção do ecos- que desenvolvam soluções específi-
sistema de inovação brasileiro. cas para suas necessidades. Dentro
dessa parceria é possível fazer várias
Para o diretor executivo do Parque ações, como exemplificou o CEO da
Tecnológico Botucatu, Carlos Alber- AGTECH Garage, José Tomé.
to Costa, essas instituições cons-
troem a base para que a inovação “É possível criar valor de forma con-
junta e, dependendo do estágio da

Edição 84 = Novembro 2018 13


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

startup, a empresa pode integrá-la, nhecimento técnico que as empre-


fazer um White label, Hubs de Inova- sas oferecem.
ção, tem muitas coisas que podem
ser feitas nessa parceria. É um am- ONDE PRECISAMOS AVANÇAR EM
biente aberto e isso permite ser mui- INOVAÇÃO
to ágil nas ações”, explicou Tomé.
Apesar de termos avançado muito
LADO INVESTIDOR em pouco tempo dentro do agro-
negócio, o Brasil ainda precisa se
Rubens Fileti, da Mas Soft, mostrou desenvolver em muitas áreas, princi-
a sua visão como investidor, o que palmente para solucionar necessida-
busca em uma empresa nascente e des do mercado, a fim de impulsio-
quais os principais pontos de aten- nar a nossa competitividade, tanto
ção quando faz o trabalho de pros- na área de agronegócio quanto na
pecção. área de tecnologia e inovação.

“Procuramos pegar esse tipo de Um dos pontos citado por Orlando


startup e agregar no nosso portfólio, Castro foi a produção dos alimentos
mas o ponto base é, será que esse mais saudáveis que o novo consumi-
fundador não está procurando ape- dor está exigindo. Trata-se de traba-
nas dinheiro para se desenvolver e ir lhar em toda cadeia de agronegócio.
embora? Não entro em nada quando
os fundadores estão preocupados “Temos que gerar tecnologia para
em sair logo”. essa agricultura. É necessário que
você tenha instituições de pesqui-
Um dos desafios para quem é inves- sa que atendam essa demanda, no-
tidor é garantir que os sócios das vos produtos, variedades mais ricas,
empresas tenham conhecimento em pensar em controle biológico para
administração. Para fazer com que a diminuir o uso de agrotóxicos, pen-
inovação seja, de fato, desenvolvida sar nos fitoterápicos para pecuária,
é necessário ter noção se é viável etc., porque o mercado brasileiro e
para o mercado, qual a dificuldade internacional vai exigir que o produ-
de emplacar o produto, as formas to final tenha um desenvolvimento
de divulgação, se haverá público, e diferente”.
custos. Isso vai muito além do co-
Outra área que necessita de avanço
segundo os painelistas, é a integra-
ção das tecnologias. Rubens desta-
cou que há, sim, muitas soluções e
apps, mas é necessário pensar em
como o produtor vai integrar tudo
sem precisar abrir várias coisas ou
usar plataformas diferentes, porque
isso dificultará o trabalho em vez de
ajudar. Segundo Rubens, é necessá-
rio começar a “agregar valor no ser-
viço e não apenas no produto”.

Edição 84 = Novembro 2018 14


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Na mão de startups, tecnologias


ganham novas aplicações
para solucionar déficits do
agronegócio brasileiro
O número de startups no Brasil cresce a cada ano e, muitas delas, já enxerga-
ram no agronegócio – setor responsável pela maior parcela do PIB brasileiro
(23% em 2017) – uma grande oportunidade para inovar e trazer propostas que,
além de lucrativas, vão mudar a forma de atuação do setor, tornando-o mais
sustentável e responsável.

Para mostrar, na prática, o que está sendo construído no país, o Fórum de Ino-
vação Sebrae, que aconteceu durante a Conferência Anprotec 2018, em Goi-
ânia – GO, contou com três startups que, usando tecnologias já conhecidas,
inovaram ao dar a elas novas funções dentro do agronegócio.

Confira as empresas apresentadas e seus cases de sucesso.

SYSTECH FEEDER

Imagine poder acompanhar pelo


seu próprio celular o desenvolvi-
mento de bezerras da sua fazenda.
Saber como está a alimentação de-
las, entender o comportamento para
identificar doenças, medir a altura
e pesar sem utilizar balança. Isso
já acontece, e a proposta é de uma
startup, a Systech Feeder.

A solução surgiu a partir de uma ne-


cessidade, um problema identifica-
do na cadeia leiteira. Muitas bezer-
ras não se alimentam corretamente
durante os primeiros 60 dias de vida
e, por conta disso, desenvolvem do-
Nilson Nunes Morais Júnior, sócio-fundador da Systech Feeder enças e, consequentemente, causam
prejuízos para os produtores.

Edição 84 = Novembro 2018 15


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

Para tentar solucionar esse proble- A empresa está trabalhando agora


ma, a empresa desenvolveu um ali- em melhorar a solução e implantar
mentador inteligente que também novos sensores para avaliar a tempe-
faz monitoramento da saúde da be- ratura corporal sem encostar no ani-
zerra. Todas as informações geradas mal. Toda tecnologia já passou por
podem ser acessadas pelo o aplica- testes de campo, mas, necessitam
tivo no celular. de outros, por isso, a empresa tem
buscado novos parceiros.
O projeto se parece com uma pe-
quena casinha cheia de sensores, BIOGYN
e conta com um alimentador que
pode ser retirado e higienizado fa- O perfil do consumidor mudou. Não
cilmente. Sensores na base fazem a basta mais produzir muitos alimen-
pesagem do animal e os das laterais tos, é necessário produzir alimentos
medem a altura. de qualidade, saudáveis, que aten-
dam essa nova demanda de consu-
Além disso, há também um sensor mo. Atualmente, o Brasil é conside-
que mede a temperatura do ambien- rado um dos maiores consumidores
te, o que ajuda o produtor a adaptar de agrotóxicos do mundo. Cerca de
melhor o local para que a bezerra te- 70% dos alimentos consumidos es-
nha um melhor desenvolvimento. tão contaminados com pesticidas.

O sensor de alimentação indica o Mas, de que forma os produtores


quanto a bezerra está comendo. podem continuar produzindo cada
Quando o animal está com o peso, vez mais alimentos, de boa quali-
ideal, comendo o valor certo de con- dade e de maneira sustentável? Foi
centrado e se desenvolvendo bem, a pensando nessa necessidade que
solução indica que já ele está pronto três pesquisadoras da Universidade
para o desmame. Federal de Goiás decidiram criar mi-
crovespas para auxiliar no controle
de pragas.

O controle biológico realizado pela


microvespa, que tem menos de 1 mi-
límetro de comprimento, é feito de
forma controlada pelas pesquisado-
ras e pelos produtores, e, ao contrá-
rio do que muitos imaginam, trata-se
de um parasitoide não geneticamen-
te modificado.

A microvespa é coletada no ambien-


te e criada em grande quantidade
para ser liberada no campo. As libe-
rações são realizadas e elas buscam
um hospedeiro, que, no caso, são
Rízia da Silva Andrade, engenheira agrônoma e sócia na Biogyn os ovos de mariposas e borboletas,
e fazem a ovoposição dentro deles.

Edição 84 = Novembro 2018 16


AGRO: NEGÓCIO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO VOLTAR
AO SUMÁRIO

É um controle realizado antes mes- SENSIX


mo da praga causar danos.
A última startup do Fórum mostrou
Para cada cultura há uma quantida- como ainda é possível inovar com
de certa a ser liberada, para o milho, tecnologias já conhecidas em outras
por exemplo, são necessárias 700 áreas: os drones.
mil vespas por hectare. Cada uma O uso de drones no agronegócio
delas pode colocar de 30 a 35 ovos não é novidade. Ao longo dos últi-
por dia. mos 10 anos, o setor tenta otimizar
a utilização da peça para trazer bons
No ano passado, a startup desen- resultados. Pensando em como dar
volveu um teste em campo com um uma nova função ao o equipamento,
pequeno produtor que, nos anos a Sensix desenvolveu um programa
anteriores tinha realizado o contro- de monitoramento que usa os dro-
le de lagartas com agrotóxicos sete nes como meio de transporte, ge-
vezes durante o ano. Com o controle rando indicadores para o produtor.
biológico, não foi necessário uso de
agrotóxico nenhuma vez, a praga foi Os sensores alocados nos drones
controlada de forma natural e sus- são capazes de coletar imagens das
tentável. lavouras para que o sistema pos-
sa fazer a análise inteligente dessas
Trata-se de uma inovação segura imagens. Com essas câmeras, é pos-
para o aplicador, o consumidor e sível detectar se a planta está es-
também para o ambiente. tressada antes mesmo delas ficarem
amarelas, por exemplo. Com base
nas informações da vegetação, é
possível procurar por pragas e con-
trolar fazendas com muitos hectares
de forma mais fácil e assertiva.

Usar drones aliados a tecnologia de


processamento de dados ajuda na
rastreabilidade da safra, faz com que
o produtor possa acompanhar onde
estão os problemas e resolvê-los de
forma rápida, sem que ele se espa-
lhe por toda lavoura. A empresa, de
quebra, entrega uma tecnologia que
Carlos Ribeiro, diretor executivo da Sensix Inovações pode dar utilidade a muitos drones
parados em galpões pelo Brasil.

Edição 84 = Novembro 2018 17


VOLTAR
ENTREVISTA - ROBERTO JAGUARIBE
AO SUMÁRIO

Do Brasil para A globalização aproximou as na-


ções, principalmente quando se tra-
ta de assuntos econômicos. Hoje,

o mundo: conquistar mercado internacional


não está limitado apenas às gran-
des empresas, mas isso só foi pos-

o caminho sível graças a instituições que tra-


balham e auxiliam as Pequenas e
Médias Empresas.

das empresas No Brasil, a Agência Brasileira de


Promoção de Exportações e In-

para ganhar vestimentos (Apex-Brasil) realiza


ações diversificadas, muitas vezes

mercado no
em parceria, que visam promover as
exportações e valorizar os produtos
e serviços brasileiros no exterior. E

exterior
por isso, se tornou também uma das
principais instituições responsáveis
por ajudar as PMEs nesse processo.

Edição 84 = Novembro 2018 18


ENTREVISTA - ROBERTO JAGUARIBE VOLTAR
AO SUMÁRIO

Nesta entrevista o presidente da – Programa de Qualificação para


Apex-Brasil, Roberto Jaguaribe, Exportação – da Apex que oferece
expõe as grandes dificuldades das uma metodologia de suporte pró-
empresas brasileiras que desejam se pria, e se inicia com a aplicação de
internacionalizar, quais os caminhos um questionário para verificar se a
e como a Apex-Brasil têm ajudado empresa está pronta para dar aque-
a levar empreendedores brasileiros le passo.
para venderem seus negócios em
outros países. Esse programa foi criado para esti-
mular a competitividade e promo-
• QUAL O PAPEL DA APEX-BRASIL ver a cultura exportadora. O projeto
NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE continua com uma série de ações
PMES E STARTUPS BRASILEIRAS? de capacitação e apoio persona-
lizado para que a empresa possa
A Apex-Brasil apoia as empresas traçar e implementar um bem-suce-
brasileiras desde a exportação até a dido projeto de internacionalização.
eventual abertura de uma unidade Depois de qualificadas, participam
no exterior, ou seja, até a sua efe- de ações de promoção comercial,
tiva internacionalização. Para isso, como feiras e missões internacio-
trabalhamos com todos os portes nais que podem ser conduzidas di-
de empresas: de startups a grandes retamente pela a Apex-Brasil ou por
exportadoras. O que define o aten- meio de parceiros setoriais.
dimento da empresa é a sua matu-
ridade de atuação no mercado ex- Outro programa muito relevante
terno. que estamos desenvolvendo é o
StartOut Brasil, iniciativa para apoiar
Inúmeras empresas brasileiras têm a inserção de startups brasileiras
optado pelo passo seguinte, que é nos mais promissores ecossistemas
a internacionalização, levando ne- de inovação do mundo. As startups
gócios bem-sucedidos do Brasil a são empresas com modelos de ne-
novos mercados. A Apex-Brasil ca- gócios inovadores e escaláveis, ba-
pacita e apoia as empresas na cons- seados em pesquisa e tecnologia e
trução de uma estratégia que dê su- que, geralmente, já nascem com a
porte a essa expansão no mercado proposta de solucionar um proble-
internacional. Quando a empresa se ma global. O apoio à internaciona-
internacionaliza, ela ganha compe- lização desse tipo de empresa nos
titividade, acessa novos mercados e traz a possibilidade de troca, intera-
tem mais facilidade para desenvol- ção e criação de inovações globais,
ver inovações, bem como para aten- o que beneficia tanto o negócio
der mais rapidamente seus clientes delas quanto a economia brasileira
no exterior. como um todo.

• QUAIS PROGRAMAS EXISTEM O StartOut Brasil é um programa


HOJE PARA AJUDAR AS EMPRE- implementado por meio de parce-
SAS NESSE PROCESSO? ria entre a Apex-Brasil, o Ministério
das Relações Exteriores, o Ministé-
Empresas iniciantes podem con- rio da Indústria, Comércio Exterior
tar com programas como o PEIEX e Serviços, o Sebrae e a Anprotec.

Edição 84 = Novembro 2018 19


ENTREVISTA - ROBERTO JAGUARIBE VOLTAR
AO SUMÁRIO

Por meio desta iniciativa, propor- forma a apoia-las na efetiva entra-


cionamos aos empreendedores ca- da naquele mercado. Esse acompa-
pacitação e mentoria personaliza- nhamento é realizado pela Anpro-
da, de acordo com a oportunidade tec que, além de plataformas como
e interesse da empresa com o mer- o Land2Land, conta com metodo-
cado alvo; participação em missão logia específica de monitoramento
no exterior com agenda voltada à e encaminhamento das empresas,
prospecção de clientes e de investi- de acordo com suas necessidades e
dores e ainda um apoio pós-missão estratégias.
para definição de estratégia de in-
ternacionalização e/ou softlanding Além disso, é importante destacar o
no mercado-alvo. trabalho de inteligência estratégica
desenvolvido pela Apex-Brasil, que
O programa realiza quatro ciclos provê informações e estudos so-
anuais, em diferentes ecossiste- bre diversos mercados, disponíveis
mas de inovação. Já realizamos ci- no site da Agência e na plataforma
clos em Buenos Aires, Paris, Berlim de capacitação Passaporte para o
e Miami e o próximo será em no- Mundo.
vembro, em Lisboa. Em cada ciclo,
o StartOut Brasil seleciona 15 em- • COMO SE DÁ A DISTRIBUIÇÃO
presas que são capacitadas previa- GEOGRÁFICA DOS PARTICIPAN-
mente e em seguida participam de TES DE PROGRAMAS DE INTERNA-
uma semana de imersão no merca- CIONALIZAÇÃO? QUAL REGIÃO E
do alvo, realizando encontros com ESTADO CONCENTRAM O MAIOR
importantes atores daquele ecos- NÚMERO DE PARTICIPANTES?
sistema, como investidores, acele-
radoras e outras startups. Por fim, Atendemos empresas de todo o
recebem um acompanhamento ao país em nossas iniciativas de ca-
longo dos 18 meses seguintes, de pacitação, promoção comercial e
internacionalização de empresas e
startups. Especificamente no Pro-
grama de Internacionalização, te-
mos registro de atendimento de
empresas de 23 estados brasileiros.

A maior concentração de empresas


é no estado de São Paulo com cerca
de 45% do total de atendimentos,
seguido de Minas Gerais com 15% e
do Rio Grande do Sul e Santa Cata-
rina com 10% e 9% respectivamente.
Esse ano realizamos um Workshop
do Plano de Expansão Internacional
em Recife (PE), em parceria com o
Porto Digital, justamente para atrair
Roberto Jaguaribe, presidente da Apex-Brasil mais startups e empresas de tecno-
logia daquela região.

Edição 84 = Novembro 2018 20


VOLTAR
AO SUMÁRIO

• QUAIS OS PRINCIPAIS RESULTA- nibilizamos muitos conteúdos e ca-


DOS JÁ ALCANÇADOS COM OS pacitações online ou com horários
PROGRAMAS DE INTERNACIONA- flexíveis para nos adequarmos à re-
LIZAÇÃO, EM TERMOS DE NÚME- alidade dessas empresas.
ROS E, TAMBÉM, DE APRENDIZA-
DOS E CONQUISTAS? O Brasil ainda não tem um longo
histórico de empresas internaciona-
O número de empresas atendidas lizadas e nosso outro desafio é al-
nas atividades exclusivas com foco terar essa trajetória. Especialmente
em internacionalização conduzidas para pequenas empresas e startups,
pela Apex-Brasil é alto e vem cres- este pode parecer um passo muito
cendo de forma relevante. Apenas difícil, mas o que temos visto é que
até setembro de 2018 atendemos é plenamente possível, desde que a
812 empresas, cem a mais do que empresa insira este objetivo em sua
no mesmo período de 2017, dos estratégia de crescimento e se pre-
quais cerca de 10% foram startups. pare adequadamente.
Esses atendimentos incluem as ca-
pacitações presenciais e online, as Uma das dificuldades é, exatamen-
missões de internacionalização, o te, a falta de interesse e orientação
StartOut Brasil e o atendimento para o mercado internacional que
customizado. vemos em boa parte das empre-
sas, o que é altamente compreensí-
• QUAL O MAIOR DESAFIO NA vel pelo fato de termos um grande
ACELERAÇÃO DE EMPRESAS NO mercado doméstico. Por outro lado,
BRASIL? vemos que muitas das soluções tec-
nológicas desenvolvidas no Brasil
O desafio para a aceleração com têm capacidade de atender a mer-
foco internacional é fazer com que cados internacionais.
o empreendedor entenda que o
modelo de negócios que funciona Quando a empresa percebe que
no Brasil pode não ser adequado ao desenvolveu uma solução que aten-
mercado internacional, e que preci- de a outros mercados, ela começa
sa ser adaptado, o que requer mui- a buscar negócios no exterior, mas
to estudo e preparação por parte muitas vezes negligencia a prepara-
da empresa. Como essas empresas ção para sua operação internacio-
são, em geral, pequenas, elas não nal.
possuem equipe e recursos para se
dedicar à essa aceleração interna- Assim, buscamos atuar para pre-
cional e, ao mesmo tempo, manter parar a empresa, de forma que ela
a operação no Brasil sadia. Por isso, perceba que o processo é comple-
no processo de seleção temos que xo e que, para realiza-lo, será preci-
estar atentos para selecionar em- so um planejamento que considere
presas que possuam uma equipe as oportunidades de negócio e, ao
mínima com capacidade de admi- mesmo tempo, as particularidades
nistrar iniciativas simultâneas. Além da gestão do negócio no exterior.
disso, precisamos equilibrar a carga Nós a auxiliamos a entender como
horária de capacitações com a rea- ela precisará lidar com questões
lidade das empresas. Assim, dispo- como a gestão de contratos inter-

Edição 84 = Novembro 2018 21


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AO SUMÁRIO

nacionais, a expatriação de execu- • HÁ ALGUM CASE DE SUCESSO A


tivos e a integração de contabilida- SER DESTACADO?
des no Brasil e no exterior.
Em função de todo o impacto que Temos um caso de sucesso bem in-
a internacionalização tem sobre as teressante da Fastdezine, uma star-
empresas, deve ser uma decisão tup mineira que trabalha com uma
estratégica planejada e executada plataforma de intermediação de de-
com muita atenção. E para as em- sign. A empresa conecta agências
presas que decidirem seguir por de publicidade ou departamentos
esse caminho, estamos aqui para de marketing de grandes empresas
apoia-las. com uma comunidade de designers
gráficos, auxiliando-as a desenvol-
• QUE TIPO DE TRABALHO É FEI- ver projetos de forma rápida e a
TO PARA QUE OS PROGRAMAS custo competitivo.
DE INTERNACIONALIZAÇÃO SE-
JAM CONSTANTEMENTE ATUA- A primeira experiência da Fastede-
LIZADOS? zine com a Apex-Brasil foi por meio
de uma parceria que fizemos com
A grande fonte de atualização é o a FIEMG (Federação das Indústrias
cliente. Estamos sempre atentos ao do Estado de Minas Gerais), a fim de
que as empresas falam sobre as nos- aplicar nossa metodologia de inter-
sas ações e sugestões de melhoria. nacionalização a algumas empre-
Precisamos manter um pensamen- sas mineiras. Assim, eles receberam
to semelhante ao das startups, que capacitação, atendimento e foram
estão sempre ouvindo feedbacks selecionados para expor sua solu-
e buscando se aprimorar, a fim de ção no festival South by Southwest
gerar os melhores resultados para (SXSW) de 2017, um dos mais rele-
as empresas brasileiras. Quando vantes festivais de inovação e eco-
se tem foco no cliente, a inovação nomia criativa do mundo. Depois
acontece. disso, a startup recebeu um investi-
mento e seus negócios se desenvol-
Nesse sentido, conduzimos a cada veram significativamente.
dois anos uma Pesquisa de Inter-
nacionalização de empresas bra- Em 2018, a Fasdezine foi selecio-
sileiras, com empresas clientes e nada pelo StartOut Brasil para os
não clientes, a fim de identificar as ciclos de Miami, em setembro, e
tendências de mercados, desafios Lisboa, que será em novembro. A
das empresas e onde podemos aju- empresa teve um crescimento sig-
dar mais. Além da pesquisa com os nificativo de clientes no Brasil e no
nossos clientes, mantemos contato exterior depois dessas interações.
constante com outras agências de
promoção similares a Apex-Brasil
trocando experiências e fazendo
benchmark de boas práticas.

Edição 84 = Novembro 2018 22


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

INOVAÇÃO NA CHINA
AMBIENTES FORTEMENTE
ORIENTADOS AOS NEGÓCIOS

Pequim

As missões técnicas internacionais são realizadas pela Anprotec ao menos


uma vez por ano, e têm o objetivo de promover o contato direto de mem-
bros de instituições brasileiras que compõem os cenários empreendedores e
inovadores, como parques tecnológicos, incubadoras, aceleradoras, universi-
dades, agências governamentais, dentre outros atores, com as experiências
de ambientes de inovação internacionais.

As missões proporcionam aos participantes a chance de extrair as melhores


práticas de mercados internacionais, além de networking e benchmarking
do sistema de inovação do país, por meio de uma agenda intensa de ativida-
des durante o período.

Neste ano, o país escolhido para a missão internacional foi a China, com des-
tino às cidades de Pequim, Xangai, Hangzhou, Shezhen e Hong Kong.

Edição 84 = Novembro 2018 23


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

MISSÃO TÉCNICA ANPROTEC 2018: “É muito importante ter essa visão


CHINA local para conhecer como o ambien-
te de inovação da China é diferente,
A Missão Técnica Anprotec 2018 vi- mas abre muitas oportunidades de
sitou mais de 15 instituições entre os inovação, tanto na área de coope-
dias 12 e 24 de agosto. Dentre os lo- ração entre as empresas, quanto in-
cais visitados estão parques tecno- vestimentos e acesso à tecnologia.
lógicos, incubadoras, aceleradoras, Essa cooperação fica muito mais fá-
universidades e grandes empresas cil quando iniciativas como essa da
multinacionais com forte presen- Anprotec trazem membros brasi-
ça no Brasil. Durante a missão, os leiros para conhecer pessoalmente
membros da delegação conhece- as empresas e ambientes daqui da
ram pessoalmente os ecossistemas China”, destacou o cônsul.
de inovação dessas companhias.
A China é um grande parceiro co-
O papel da Anprotec em promover mercial do Brasil. Desde 2003 a
a evolução do cenário inovador bra- China investiu US$ 54,1 bilhões em
sileiro, através de visitas técnicas a projetos no mercado brasileiro. A
países com importantes instituições negociação mais recente aconte-
tecnológicas foi bastante reconhe- ceu no início desse ano, quando a
cido e valorizado pelos membros maior empresa de transporte por
desses ambientes. Em uma visita ao aplicativo do mundo, a chinesa DiDi
Consulado brasileiro em Xangai, o Chuxing, anunciou a compra da em-
cônsul Jean Taruhn elogiou a ação. presa 99 táxis, em uma transação
que alcançou a marca de um bilhão
“Essa cooperação fica muito mais fácil quando de dólares, tornando, assim, a 99 o
primeiro unicórnio brasileiro - nome
iniciativas como essa da Anprotec trazem mem-
que é dado às startups que são ava-
bros brasileiros para conhecer pessoalmente as liadas em mais de US$ 1 bilhão.
empresas e ambientes daqui da China”.
Jean Taruhn, cônsul do Consulado brasileiro em Xangai. Sediada em Pequim, a DiDi Chuxing
foi uma das instituições visitadas
durante o roteiro da Missão. Xue-
feng Liu, membro da DiDi Brasil na
área de desenvolvimento de negó-
cios globais, agradeceu à delegação
brasileira pela troca de experiências
durante a visita. “Me fez sentir em
casa quando vi tantos amigos brasi-
leiros aqui”, afirmou Liu.

Além da DiDi Chuxing, outros no-


mes conhecidos do mercado bra-
sileiro como, Lenovo, Xiaomi, e
Huawei também fizeram parte da
Missão China em vídeo divulgado no site da DiDi Chuxing agenda dos participantes nos dias
da Missão.

Edição 84 = Novembro 2018 24


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

Delegação brasileira em visita ao grupo Fosun - grupo de investimento com valor de mercado de mais de US$ 80 bi.

A superintendente executiva da DELEGAÇÃO


Anprotec, Sheila Oliveira Pires, que
também estava presente na Missão, Nesse ano, a delegação brasileira foi
ressaltou o desempenho dos ecos- composta por cerca de 20 pessoas,
sistemas de inovação chineses, as- entre gestores de parques científicos
sim como a presença do governo e tecnológicos, incubadoras e ace-
em iniciativas privadas. leradoras, reitores e pesquisadores,
que representaram instituições bra-
“A maioria dos ambientes de inova- sileiras de diferentes partes do país,
ção ainda são do governo, mas tem como Brasília, São Paulo, Porto Ale-
aumentado muito o número de in- gre, Pelotas, São José dos Campos,
ciativas privadas. Nós, inclusive, vi- Paraná, Minas Gerais e Chapecó.
sitamos esses ambientes durante a
Missão. Mas o modelo é um pouco A heterogeneidade da delegação
diferente do que acontece no Brasil. proporcionou muitas trocas de in-
Até mesmo os ambientes de inova- formações aos participantes, envol-
ção públicos são fortemente orien- vendo diferentes áreas de conheci-
tados para negócios. É incrível, mas mento.
quase todos os ambientes que visi-
tamos geraram um ou mais unicór- POR QUE A CHINA?
nios”, contou a superintendente.
Há muitos fatores que fazem da Chi-
na um destino interessante em dife-
“O modelo é um pouco diferente do que acon-
rentes aspectos. Um dos principais
tece no Brasil. Até mesmo os ambientes de ino- pontos é o grande crescimento eco-
vação públicos são fortemente orientados para nômico que o país conquistou nos
negócios”. últimos anos. A economia chinesa,
Sheila Pires, superintendente executiva da Anprotec. que na primeira metade do século
XX era considerada atrasada, pas-

Edição 84 = Novembro 2018 25


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

sou por importantes reformas entre rio, a China apresenta uma taxa de
os anos de 1979 e 2001. E, como re- crescimento superior a dos Estados
sultado, o país começou a apresen- Unidos, por exemplo - maior potên-
tar o maior crescimento econômico cia econômica atual, que é menor
dos últimos 25 anos. de 2,5% ao ano.

A inovação tecnológica é o motor


econômico do país, e os parques de
pesquisa são projetados para serem
os principais contribuintes da eco-
nomia nacional. Atualmente, a Chi-
na possui 54 parques industriais-
-tecnológicos, com tamanho médio
de 4.100 hectares. Os parques são,
em sua maioria, focados em Eletrô-
nica, Tecnologia da Informação, No-
vos Materiais e Biomedicina.

Os parques chineses costumam


ser comparados ao Vale do Silício,
nos Estados Unidos, com foco em
Xangai centros de pesquisa, educação e
inovação. No entanto, enquanto os
parques tecnológicos americanos
Depois do crescimento significati- se desenvolveram em um ambiente
vo nas últimas décadas, a economia propício e rico em recursos educa-
chinesa vem sofrendo uma queda cionais, econômicos e tecnológicos,
nos índices. A média de crescimen- os chineses são fruto de uma polí-
to estava na casa dos dois dígitos tica de Estado agressiva e de inter-
em 2010, com 10,3%. Atualmente, venção no mercado. Geralmente
a previsão é que, desde 2015 até o são administrados por organizações
fim deste ano, o crescimento fique do Estado, com administradores
entre 6,7 a 7%. Esse declínio já era locais para auxiliar os investidores
esperado pelos economistas chine- com permissões e operações. Os
ses. O Fundo Monetário Internacio- impostos dentro dos parques, nor-
nal (FMI) estimula que este número malmente, são mais baixos do que
será de 6,5% em 2018. Os especia- em outras áreas.
listas dizem que, após esta queda
inicial, o número irá se estagnar ao Apesar da China possuir um regime
longo dos anos. Mesmo neste cená- político comunista, o governo tem
grande participação no incentivo à
economia local, elaborando estra-
“A inovação tecnológica é o motor econômico
tégias com o objetivo de promover
do país, e os parques de pesquisa são projeta- o desenvolvimento e a inovação do
dos para serem os principais contribuintes da país, além de fortalecer a economia
economia nacional. Atualmente, a China possui nacional, o que torna a China um
54 parques industriais-tecnológicos, com tama- país comunista com uma economia
capitalista. Essa característica pe-
nho médio de 4.100 hectares”.

Edição 84 = Novembro 2018 26


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

culiar chinesa também motivou a Quando se trata de produtos de in-


escolha do país asiático como des- formática, a porcentagem é maior.
tino da missão. Aproximadamente 50% das peças
são fabricadas na China, mas ainda
INOVAÇÃO NA CHINA não é o bastante para colocar o país
em um patamar superior.
Durante muitos anos, a China foi co-
nhecida por replicar tecnologias já A estratégia do governo chinês
presentes no Ocidente. No entanto, para inverter nesse cenário é o pla-
embora ainda o país tenha a fama no Made in China 2025.
de “fábrica do mundo”, a China está
buscando deixar esse status de lado MADE IN CHINA 2025
para se tornar um polo inovador. O
objetivo é competir com as princi- O plano “Made in China 2025”, esti-
pais potências inovadoras, como pulado em 2015, visa transformar a
Estados Unidos, Japão e Alemanha. China em potência tecnológica até
Outros países asiáticos também o ano de 2025. O objetivo é deixar
passaram por esses obstáculos para de ser uma fabricante de produtos
se tornarem grandes centros inova- baratos e passar a produzir tec-
dores, como o Japão e a Coreia do nologia avançada em dez setores
Sul, por exemplo, que deixaram de chaves, entre eles, robótica, auto-
ser fabricantes de itens baratos e mação, tecnologia da informação e
hoje são produtores de tecnologia. biotecnologia.

A China está evoluindo a cada ano Para contribuir com a evolução tec-
no quesito inovação, porém, ainda nológica chinesa, muitos parques
há um longo caminho a percorrer. tecnológicos foram construídos nos
A porcentagem de valor agregado últimos anos, onde estão presen-
em produtos de tecnologia avança- tes diversas startups, incubadoras
da que são exportados é de menos e centros de pesquisas focados em
de 20% do valor final. PD&I.

Hangzhou

Edição 84 = Novembro 2018 27


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INTERNACIONALIZAÇÃO
AO SUMÁRIO

A autonomia tecnológica das indús- O Made in China 2025 já está ge-


trias chinesas, junto com o estímulo rando resultados. Em 2017, a Chi-
do Estado, cria um ambiente privi- na inaugurou o primeiro avião de
legiado para o mercado chinês em grande porte fabricado totalmente
relação ao resto do mundo. Entre os no país, o C919. O avião se tornou
incentivos do governo para as ins- símbolo da busca pela dominância
tituições de pesquisa e desenvolvi- tecnológica chinesa. Ele tem capa-
mento há o empréstimo a juros bai- cidade para até 168 passageiros e
xos, oriundos de fundos do Estado emite 12% menos de dióxido de car-
e bancos de desenvolvimento. bono, se comparado aos modelos
semelhantes da Boeing e da Airbus.

Em contrapartida, os Estados Uni-


dos estão se prevenindo para não
perderem a liderança para China
nesse quesito, criando, assim, um
cenário de disputa tecnológica que
pode trazer bons resultados para as
áreas de pesquisa e desenvolvimen-
to. Assim como, durante a guer-
ra fria, a corrida espacial fez surgir
diversos avanços, a competição
(que também envolve outros paí-
ses, além dos Estados Unidos e da
China) para atingir a liderança das
Hong Kong potências tecnológicas deve contri-
buir para um futuro inovador.

Shezhen

Edição 84 = Novembro 2018 28


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

EMPREENDEDORISMO
SOCIAL: O MOVIMENTO
DA TRANSFORMAÇÃO

Em um país com inúmeros desafios


sociais, como incentivar e colocar em
destaque negócios de impacto que
pretendem, além de gerar lucro, mudar a
realidade econômica e social? Estratégia
lançada pelo governo brasileiro coloca
uma luz sob o empreendedorismo social
e traça planos para impulsionar esse tipo
de iniciativa.

O empreendedorismo social é uma


das grandes tendências econômicas
mundiais. Trata-se da aproximação
do mercado com as necessidades
sociais. No Brasil, apesar de um ce-
nário desfavorável, o número de ne-
gócios de impacto está crescendo,
e, agora, com a Estratégia Nacional
de Investimentos de Negócios de
Impacto (ENIMPACTO), lançada no
final de 2017, o esperado é que se
abra um novo caminho para quem
busca apoio para empreender com
sustentabilidade.

Os negócios de impacto se carac-


terizam por serem iniciativas que
visam algo além do lucro. São em-
preendimentos que oferecem inova-
ções para melhorar a vida de pesso-
as. São negócios que transformarão
a sociedade por meio de propostas
de soluções de problemas como
educação, moradia, agricultura, uso
de água, saúde comunitária, diver-
sidade e multiculturalismo, direitos
humanos e outros.

Edição 84 = Novembro 2018 29


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

De acordo com a superintendente dos em transformar o meio em que


executiva da Anprotec, as primeiras estão. E isso vem das atitudes, co-
incubadoras do Brasil começaram a locando no mercado produtos que
surgir em 1984, espelhadas em mo- irão resolver problemas sociais. Isso
delos internacionais, para estimular a é muito importante, principalmen-
geração de empreendimentos inova- te em países em desenvolvimento,
dores nas mais diversas localidades. como o Brasil”.
“As incubadoras sempre tiveram o
propósito de gerar emprego e renda, Uma pesquisa realizada pela J.P.
mas também de agregar questões Morgan e a Global Impact Investing
socioeconômicas, contribuindo com Network, em 2016, revelou que inves-
o desenvolvimento das localidades, tidores de impacto focados no âmbi-
e sendo socialmente responsáveis”, to social estavam gerindo 60 bilhões
explicou Sheila, que complementou. de dólares em ativos do mundo todo,
“É importante que os empreendedo- representando um aumento anual de
res estejam cada vez mais preocupa- 7%. Assim, não se trata apenas de fo-
mentar projetos sociais, mas sim de
“É importante que os empreendedores estejam negócios de cunho social que sejam
sustentáveis financeiramente.
cada vez mais preocupados em transformar o
meio em que estão. Isso é muito importante, Mesmo para as grandes empresas
principalmente em países em desenvolvimento, que estão no mercado há anos, o
como o Brasil”. peso da responsabilidade social está
Sheila Pires, superintendente da Anprotec maior do que nunca. Para a diretora
técnica do Sebrae, Heloisa Menezes,
“a geração de negócios com pro-
pósito é um caminho sem volta em
todo mundo” e envolverá uma trans-
formação por parte da iniciativa pri-
vada também.

“Quando observamos os grandes de-


safios globais à luz dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS),
e a Agenda 2030, percebemos que
as empresas que não adotarem pro-
gramas ou políticas para o alcance
de resultados de transformação co-
letiva de seu público-alvo, inclusive,
das comunidades de menor renda,
que não seja só a geração de lucro,
ficarão para trás”, enfatizou Heloisa.

Então, a grande questão é: Como o


Brasil - país que ainda dá pequenos
passos para desenvolver a cultura do
Sheila Pires, superintendente da Anprotec empreendedorismo inovador - está
lidando com essa nova tendência?

Edição 84 = Novembro 2018 30


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

ENIMPACTO “Já existe um marco na Europa. E ter


um movimento aqui, que dê um tra-
tamento diferenciado aos negócios
de impacto social e ambientais, for-
talecerá a veia do empreendedoris-
mo e fará com que entidades como
o Sebrae possam apoiar, cada vez
mais, negócios inovadores que ge-
rem lucro e, ao mesmo tempo, pro-
ponham soluções para resolver pro-
blemas globais em grande escala”.

Apesar do grande interesse do Bra- O decreto nº 9.244, que instituiu a


sil em negócios de impacto social, Estratégia Nacional de Investimentos
criar um ecossistema empreendedor de Negócios de Impacto (ENIMPAC-
aberto a esse tipo de causa é difícil TO), criou também o Comitê de In-
sem políticas certas. E é exatamen- vestimentos e Negócios de Impactos,
te essa questão que a ENIMPACTO que trabalhará quatro macroeixos:
tentará resolver, como explica a co- aumento do número de negócios de
ordenadora nacional de Negócios impacto no país; fortalecimento de
de Impacto Social do Sebrae, Valéria entidades e atores intermediários;
Barros. fortalecimento de políticas públicas
e regulamentação; e acesso a capi-
tal e fortalecimento de investimento
para pequenos negócios de impacto.

Na proposta é previsto que, por meio


dessas ações estratégicas, o Brasil
construa um ecossistema sólido para
o desenvolvimento de soluções so-
ciais. O prazo para implementação é
de 10 anos. A estratégia envolve ain-
da a inclusão desse tipo de negócio
na cadeia de valor das empresas, o
que ainda é um grande desafio por-
que, segundo Beto Scretas, do Insti-
tuto de Cidadania Empresarial (ICE),
esses eixos ainda são trabalhados de
Heloísa Menezes, diretora técnica do Sebrae
forma isolada.

“Um dos desafios de se implementar


a estratégia está em copilar os qua-
“Quando observamos os grandes desafios glo-
tro principais eixos de trabalho. Não
bais [...] percebemos que as empresas que não adianta convencer um banco a abrir
adotarem programas ou políticas para o alcan- sua plataforma e convencer os clien-
ce de resultados de transformação coletiva [...], tes a investirem em empreendedoris-
ficarão para trás”. mo social, mas não ter bons projetos
ou ter poucos para oferecer. Hoje
Heloísa Menezes, diretora técnica do Sebrae

Edição 84 = Novembro 2018 31


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

você não teria negócios com matu- esse amplo papel na discussão e ela-
ridade suficiente para receber esse boração do documento”, explicou
dinheiro. Precisa acontecer tudo si- Wandrey.
multaneamente”, explica Scretas.
MINORIAS EM FOCO
O grupo de trabalho que desenvolve
essas ações é composto por repre- Ainda é difícil para o empreendedor
sentantes de sete ministérios, entre ou investidor brasileiro associar as
eles o de Desenvolvimento Social atividades de impacto social, ou que
(MDS), da Indústria (MDIC), e do Pla- contemplem causas importantes das
nejamento, além de organizações minorias, com algo lucrativo e rentá-
e iniciativas como o Programa das vel, mas, Heloisa Menezes entende
Nações Unidas para o Desenvolvi- que “os negócios de impacto social
mento (PNUD) e o Sebrae, e poten- mostram que não há conflito entre
ciais financiadores, como o BNDES, o ambição social e econômica”.
Banco Interamericano de Desenvol- Há alguns anos, o discurso sobre
vimento (BID), a Caixa Econômica, o startups e negócio inovadores não
Banco do Brasil, entre outros. contemplava pessoas que não tives-
sem boas formações, contatos com
O coordenador de empreendedoris- investidores e uma rede muito restri-
mo inovador do MDIC, Rafael Wan- ta que tratava de empreendedoris-
drey, conta que por se tratar de um mo. Hoje, para Valéria, o movimento
tema recente no mundo, foi neces- dos negócios de impacto, apenas,
sário a articulação e o apoio de vá- devolve o protagonismo para quem
rios atores da sociedade para a ela- está na base da pirâmide - a popu-
boração do texto base e a criação lação marginalizada e de baixa ren-
de frentes de atuação. Ele também da - e faz surgir uma nova forma de
ressaltou o papel da Anprotec para impulsionar a economia.
fortalecer as incubadoras e acelera-
doras. “Temos, hoje, mais de 100 milhões de
pessoas que pertencem às classes C,
“Trabalhamos na produção da estra- D e E. Essa proposta, que motiva a
tégia ao longo de 2017, e a Anpro- veia empreendedora, vem justamen-
tec fez parte do grupo de trabalho te para dar oportunidade de resol-
que nos ajudou a criar as frentes ver problemas globais que afetam
de atuação, principalmente no que majoritariamente essa população. A
diz respeito ao fortalecimento das estratégia também amplia a repre-
organizações intermediárias, como sentatividade e é uma forma de im-
incubadoras e aceleradoras. Como pulsionar a economia, trazendo de
a Anprotec já lida com o tema, teve volta o grande protagonismo que
vem dos empreendedores da base
da pirâmide”, comenta Valéria.
“73% dos millennials, os hiperconectados da
Os representantes do grupo de tra-
geração Z, se preocupam em ter uma carreira
balho irão atuar em eixos. Heloisa
que esteja atrelada a um propósito, que cause explica que o Sebrae faz parte da
um impacto social.” frente de “aumento do número de
negócios de impacto no país”, e uma

Edição 84 = Novembro 2018 32


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

das ações da instituição é o Progra- endedorismo de impacto é traçar


ma Progredir, que busca capacitar um caminho dentro das universida-
grupos vulneráveis e de menor ren- des. Beto Scretas destaca o progra-
da em conceitos e primeiros passos ma Academia, do ICE, que já tem seis
para a criação de negócios com pro- anos e busca incentivar o empreen-
pósito e de resolução de problemas dedorismo de impacto por meio dos
locais. professores que levam o tema para os
alunos durante as mais diversas aulas.
“Isso dá oportunidade para que eles Uma pesquisa da Deloitte mostra que
se tornem empreendedores inova- 73% dos millennials, os hiperconecta-
dores e atuantes em suas comunida- dos da geração Z, se preocupam em
des. Os negócios de impacto social ter uma carreira que esteja atrelada a
mostram que não há conflito entre um propósito, que cause um impacto
ambição social e econômica. Consi- social.
deramos que é se misturando e co-
nhecendo os hábitos e formas de “Outra forma de incentivar essa cul-
consumo dessa população que sur- tura é o Programa de Incubação
gem os mais inovadores modelos de e Aceleração de Impacto, realiza-
negócio de impacto social. As comu- do a partir de uma parceria entre a
nidades, se bem capacitadas e usan- Anprotec, o Sebrae e o ICE, que já
do ferramentas de tecnologia a seu ajudou a capacitar 60 incubadoras e
favor, geram negócios simples, mas aceleradoras sobre o tema”, pontuou
com um grande poder de resolver la- Scretas.
cunas sociais em seu entorno”, enfa-
tizou Heloisa. A IMPORTÂNCIA SOCIAL NA
CULTURA EMPREENDEDORA
INCENTIVO PARA EMPREENDER
COM IMPACTO Estimam-se que existam quase 22
mil negócios de impacto no país, se-
Talvez o trabalho mais difícil seja o de gundo a diretora técnica do Sebrae.
iniciar a cultura empreendedora e de Entretanto, oficialmente, em levan-
fazer com que as pessoas entendam tamento da instituição em parceria
que muitas das ideias podem, sim, se com o PNUD, foram identificados
tornar grandes negócios para gera- pouco mais de 800 negócios do tipo
ção de lucro e benefício social. no Brasil.

Em comunidades pelo Brasil a fora já Hoje, existem 17 milhões de peque-


existem projetos que estimulam o uso nos negócios, que, de acordo com o
de espaços de aprendizagem coleti- Sebrae, representam 99% do total de
vos, como é o caso de telecentros e empresas do país. Muitos deles nas-
espaços de coworking. “Esse tipo de ceram há alguns anos já como ne-
espaço, quando levado para as co- gócios de impacto social, mas, com
munidades, ajuda no empoderamen- a recente popularização do termo,
to da população para que se tornem não entraram para o levantamento.
protagonistas de negócios com pro- No documento “Pequenos Negócios
pósito”, explica Heloisa. com Potencial de Impacto”, o Se-
brae define que um pequeno negó-
Outra forma de incentivar o empre- cio com potencial de alto impacto é

Edição 84 = Novembro 2018 33


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

uma empresa que apresenta grande • Tem como líder do negócio um em-
ambição e potencial de crescimento, preendedor egresso da academia;
com elevada capacidade de se dife- • É uma empresa exportadora;
renciar e gerar valor por meio da ino- • É uma empresa investida por anjos
vação. Algumas características des- ou fundos de investimento;
ses negócios ajudam-no a tornar um • Está localizada em um parque tec-
negócio de impacto, são elas: nológico;
•Já ganhou prêmios de programas
• Fez ou faz parte de um programa de inovação ou empreendedorismo;
de incubação ou aceleração de em- • Tem patente depositada ou conce-
presas; dida.
• É um negócio de caráter social;
• Atua em setores de alto conteúdo Na imagem é possível entender as di-
tecnológico (por exemplo, biotecno- ferenças entre as empresas tradicio-
logia, nanotecnologia, farmacêutico); nais das empresas de alto impacto:
ALTA

MAIS
EMPRESAS INOVAÇÃO EMPRESAS DE
AMBIÇÃO POTENCIAL

ESCALÁVEIS ALTO IMPACTO


DE CRESCIMENTO

MAIS
AMBIÇÃO

EMPRESAS EMPRESAS
TRADICIONAIS ESPECIALISTAS
BAIXA

BAIXA CAPACIDADE DE GERAR VALOR ALTA


ATRAVÉS DA INOVAÇÃO

Matriz para caracterização das pequenas empresas por potencial de crescimento vs. capacidade inovativa. Fonte: Inventta

PERFIL DO EMPREENDEDOR DE De acordo com a pesquisa “Negó-


IMPACTO cios de Impacto Social e Ambiental”,
realizada pelo Sebrae, 39,5% dos em-
Um empreendedor visionário e bem preendedores têm graduação mais
preparado poderá transformar uma elevada do que nível superior com-
ideia na empresa mais valiosa do pleto. Quase 55% trabalham sozi-
mercado. Mas, um empreendedor nhos. 17,2% possuem de dois a cinco
pouco preparado dificilmente conse- funcionários e 15,6% têm apenas um
guirá obter sucesso, mesmo que te- colaborador.
nha em mãos uma grande ideia.

Edição 84 = Novembro 2018 34


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1º MAPEAMENTO BRASILEIRO DADOS SOBRE NEGÓCIOS DE


DE NEGÓCIOS DE IMPACTO IMPACTO SOCIAL NO BRASIL
SOCIOAMBIENTAL
ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO
O 1º Mapeamento Brasileiro de Ne- • Educação: 38%
gócios de Impacto Socioambiental • Tecnologias verdes: 23%
(2017), realizado pela Pipe.Social, le- • Cidadania: 12%
vantou as áreas de atuação de 579 • Saúde: 10%
empreendimentos de impacto social. • Finanças sociais: 9%
A maior parte deles (38%) é voltada • Cidades: 8%
para a área de educação; 23% são
de iniciativa verde; 12% de cidadania; GÊNERO DOS FUNDADORES
10% de saúde; 9% de finanças sociais; • 58% têm apenas homens como
e 8% de cidades. fundadores
• 20% têm apenas mulheres como
fundadoras

PERFIL DOS NEGÓCIOS


• 40% têm menos de três anos de
fundação
• 70% já estão formalizados
• 90% têm equipe própria com mais
de dois funcionários
• 19% têm equipe própria acima de
dez funcionários

FINANCEIRO
• 79% estão captando investimentos.
Destes, 38% até R$ 200 mil; 33% de
R$ 200 mil a R$ 1 milhão e 23% mais
de R$ 1 milhão
• 35% ainda não faturaram
• 31% faturaram até R$ 100 mil no úl-
timo ano
• 6% faturaram entre R$ 501 mil e R$
1 milhão no último ano
• 5% faturaram entre R$ 1,1 milhão e
R$ 2 milhões no último ano

Fonte: https://pipe.social/mapa2017

Edição 84 = Novembro 2018 35


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

TENDÊNCIA DE VALOR
COMPARTILHADO IMPULSIONA
MUDANÇAS NOS MODELOS DE
NEGÓCIOS MUNDIAL
Aquele modelo de negócio, no qual empresas prosperam às
custas da sociedade, causando diversos impactos negativos,
para depois realizarem pequenas doações, não funciona mais.
O consumidor está mudando e exigindo cada vez mais res-
ponsabilidade corporativa das empresas, que já foram apon-
tadas como principal causa de problemas ambientais, sociais
e até mesmo econômicos.

Com esse modelo falido, cresce um


novo movimento econômico de cria-
ção de valor compartilhado, algo que
o CEO da Whole Foods Market, John
Mackey, e o professor e pesquisador,
Raj Sisodia, chamam de “Capitalismo
Consciente”. Para Camila Figueiredo,
gestora da Fundação Educar DPas-
choal, e pós-graduanda em Gestão
da Educação no Novo Milênio, o con-
ceito pode funcionar parcialmente.

Durante sua palestra “Criação de Va-


lor Compartilhado com Impacto Po-
sitivo”, no segundo dia da Conferên-
Camila Figueiredo, gestora da Fundação Educar DPaschoal
e pós-graduanda em Gestão da Educação no Novo Milênio cia Anprotec 2018 (18/09), Camila
apresentou aos participantes como
as empresas estão mudando seus
“Neste modelo do Velho Capitalismo você tem valores e buscando melhorar sua
um ambiente pouco propício para inovação, atuação, contribuindo de forma mais
porque é altamente regulado, burocrático, e positiva com a sociedade.

você acaba atrasando os processos de desen-


“A marca é a promessa que a em-
volvimento de CT&I. Por isso, se a empresa não presa faz para mercado. Temos, sim,
enxergar que, quanto mais irresponsável ela for, que ficarmos preocupados com o
mais regulação vai existir, e menor será o espa- que os outros pensam sobre o nos-
ço para inovar”. so negócio. E é dessa preocupação
que surge o novo capitalismo, com
Camila Figueiredo, gestora da Fundação Educar DPaschoal e pós-
-graduanda em Gestão da Educação no Novo Milênio conceitos de economia circular, de

Edição 84 = Novembro 2018 36


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
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empresas certificadas no sistema B Camila, não é bem assim. A gestora


(que visa como modelo de negócios explicou que em algumas questões,
o desenvolvimento social e ambien- as empresas têm, sim, mais capaci-
tal), negócios de impacto social, e dade para resolver, mas não sozinhas,
iniciativas de valor compartilhado”, juntas das organizações sociais. E é
explicou Camila. neste ponto que entra o valor com-
partilhado.
COMPARTILHAR VALOR PARA
INOVAR CASE DE SUCESSO

A inovação é essencial para o capita- Para mostrar na prática como isso


lismo do século 21. Para o estudioso, funciona, a palestrante levou três ca-
Michael Porter, neste modelo os ne- ses. Um deles, o da empresa Fíbria,
gócios estão em intersecção com a que há alguns anos tinha suas fazen-
sociedade, e a criação de valor eco- das invadidas com frequência por
nômico acontece por meio da cria- apicultores, que entravam para cole-
ção de valor para a sociedade. Mas, tar mel. Essa coleta era realizada de
como isso contribui para um ambien- forma precária, colocando fogo para
te propicio à inovação? É só analisar espantar as abelhas e fazer a coleta.
o ambiente que o velho capitalismo
criou para a inovação. “No velho capitalismo, como a em-
presa lidava com isso? Aumentando a
No velho capitalismo, os negócios patrulha, colocando cerca, entrando
estavam em tensão com a socieda- em conflito com o grupo e proibindo
de, porque o único objetivo deles era o acesso. Mas a Fíbria fez o contrá-
maximizar os lucros para os acionis- rio, investiu em capacitação técnica,
tas, mesmo que isso trouxesse im- treinamento, e integração dos inte-
pactos negativos para a sociedade. resses, realizando feiras e fortalecen-
Com isso, os governos precisavam do o manejo. Com isso, a empresa os
controlar, ao máximo, as empresas, ajudou a certificar o produto como
para que não causassem tantos es- orgânico, dando apoio para exporta-
tragos à sociedade. ção. Isso ajudou a aumentar a renda
dos apicultores. E a empresa, agora,
“Neste modelo do Velho Capitalismo tem maior controle das fazendas e
você tem um ambiente pouco pro- maior cuidado ambiental”, contou a
pício para inovação, porque é alta- palestrante.
mente regulado, burocrático, e você
acaba atrasando os processos de de- Para Camila, é necessário reconectar
senvolvimento de CT&I. Por isso, se o sucesso da empresa ao progres-
a empresa não enxergar que, quanto so social, ou seja agregar dimensão
mais irresponsável ela for, mais regu- social à estratégia da empresa e ge-
lação vai existir, e menor será o espa- rar vantagem competitiva. “Quan-
ço para inovar”, frisou Camila. do empresas agem como empresas
– não como doadores – elas podem
Porter também acredita que a em- ser fortes para resolver problemas
presa consegue resolver com mais sociais e provocar uma onda de ino-
escala, mais rapidez e eficiência os vação e produtividade”, finalizou.
problemas da sociedade, mas, para

Edição 84 = Novembro 2018 37


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ANPROTEC, SEBRAE E ICE DIVULGAM


INCUBADORAS E ACELERADORAS
SELECIONADAS PELO PROGRAMA
DE INCUBAÇÃO E ACELERAÇÃO DE
IMPACTO 2018/19

Anprotec, Sebrae e ICE lancam nova chamada para negócios de impacto durante a Conferência Anprotec

A Anprotec, o Sebrae e o ICE (Ins- e acompanhamento de negócios


tituto de Cidadania Empresarial) de impacto social e ambiental. Para
anunciaram em setembro, durante a isso, a iniciativa capacita ambientes
Conferência Anprotec 2018, em Goi- de inovação auxilia-os na criação de
ânia (GO), a abertura de um novo planos de ação nessa temática.
edital para o Programa de Incubação
e Aceleração de Impacto. As inscrições foram encerradas em
29 de outubro e o resultado foi divul-
O programa tem como objetivo mo- gado no início de novembro. 31 ins-
bilizar incubadoras e aceleradoras de tituições se inscreveram e 25 foram
todo o Brasil para a atração, seleção selecionadas. Confira:

Edição 84 = Novembro 2018 38


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
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“Sempre que sou perguntada so- incubadoras e aceleradoras selecio-


bre qual é minha aposta ou visão nadas. A primeira etapa delas ocor-
para o futuro, uma de minhas res- rerá entre dezembro de 2018 e maio
postas é o empreendedorismo com de 2019 e tem como foco a capaci-
propósito, associado à tecnologia tação dos participantes na temática
e inovação. Acredito que desta for- de negócios de impacto. Esta fase
ma podemos resolver os grandes será concluída com a elaboração de
desafios do nosso país, através de um plano de ação para a inclusão
empresas competitivas, escaláveis dos negócios de impacto na estra-
e inovadoras, com foco em resolver tégia e no portfólio da participante.
problemas ambientais e sociais. E,
é isso que fazemos através deste A segunda etapa é um desafio den-
programa”, destacou Sheila Oliveira tre os planos de ação apresentados.
Pires, superintendente executiva da Os realizadores do programa sele-
Anprotec, explicando o seu entu- cionarão até 10 deles, de todas as
siasmo pelo tema. regiões do Brasil, para participarem
de uma final, em que estes planos
Em seu quarto ano, o programa já serão apresentados para uma banca
alcançou a marca de 56 incubado- avaliadora independente, composta
ras capacitadas, como destacou por diversos atores que atuam com
Krishna Aum de Faria, da Unidade Finanças Sociais e Negócios de Im-
de Acesso à Inovação, Tecnologia e pacto, além de representantes dos
Sustentabilidade do Sebrae. “Quan- financiadores do Programa.
do iniciamos o programa, há quatro
anos, não imaginávamos a propor- Esta banca selecionará até 5 ven-
ção que ele iria alcançar. Antes nós cedores, sendo um de cada região
tínhamos a missão de sensibilizar os do Brasil, que receberão uma pre-
atores do ecossistema para o tema miação na forma de mentoria de
de empreendedorismo de impacto. associados do ICE, participarão de
Hoje ele é uma realidade concreta e Missão Internacional de imersão e
as incubadoras nos procuram para aprendizado, com a participação
tratar disso. Já alcançamos inúme- em eventos e visitas para ecossis-
ros cases sólidos no tema”, explicou temas que atuam na temática do
Faria. programa, completando, assim, a
terceira etapa da iniciativa.
Fernanda Bombardi, gerente-exe-
cutiva do ICE, parceiro na organi- O Programa de Incubação e Acele-
zação do programa, destacou as ração de Impacto é realizado pela
novidades desta rodada. “Esse ano Anprotec em parceria com o Insti-
tivemos a criação de uma nova eta- tuto de Cidadania Empresarial (ICE)
pa, uma missão internacional para e com o Serviço Brasileiro de Apoio
as incubadoras participantes, em a Micro e Pequenas Empresas (Se-
que visitaremos algumas referên- brae) e tem o objetivo de mobilizar
cias mundiais no tema”, apontou. aceleradoras e incubadoras a dese-
nharem estratégias para atrair, sele-
COMO FUNCIONA A CHAMADA cionar e acompanhar a estruturação
de Negócios de Impacto Social no
O programa terá três fases para as seu portfólio.

Edição 84 = Novembro 2018 39


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Confira as selecionadas:

• Ayty Incubadora
• Ativa Incubadora
• Programa de Fortalecimento de Negócios Inclusivos
de Comunhão - PROFOR
• Sistema FIEP
• UniIncubadora
• INTEG - Incubadora Tecnológica de Guarapuava
• Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG (CEI)
• Incetec
• Incubadora Social UFSM
• Hotmilk Aceleradora
• Nascente Incubadora
• Incubadora Tecnológica da Unochapecó - INCTECh
• Wow Aceleradora
• Incubadora de Inovações da UTFPR - Pato Branco
• Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia (IDESAM)
• Núcleo de Incubação de Empreendimentos IFES São Mateus
• Shell Iniciativa Jovem
• Nutec Partec
• Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da
Universidade Estadual de Londrina (Intuel)
• Incubadora de Empresas de Base Tecnológica TecVitória
• Armazém da Criatividade
• Incubadora de Empresas de Base Tecnológica - INEMONTES
• Associação Wylinka
• Incubac
• Incubadora de Base Tecnológica - IBT/CRITT/UFJF

Edição 84 = Novembro 2018 40


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FÓRUM DE FINANÇAS SOCIAIS E


NEGÓCIOS DE IMPACTO REÚNE
IMPORTANTES INSTITUIÇÕES EM
BRASÍLIA

O primeiro evento regional do Fórum de Finanças Sociais que aconteceu em Brasília teve como objetivo fomentar a visão
do empreendedorismo de impacto na região centro-oeste

A edição regional do Fórum de Fi- – contou, na capital do país, com o


nanças Sociais e Negócios de Im- tema central “O alinhamento e o en-
pacto aconteceu no último dia 2 de gajamento da temática em todos os
outubro no Espaço Caixa Cultural, ecossistemas de Brasília”, e explorou
em Brasília. Iniciativa do Impact Hub, o debate sobre como setores tradi-
do Instituto Sabin e da Anprotec, o cionais estão incluindo os negócios
evento teve o objetivo de fomentar, de impacto na agenda. Também fo-
educar e ampliar a visão do empre- ram apresentadas iniciativas nacio-
endedorismo de finanças sociais e nais e estratégias sobre o tema.
de impacto na região centro-oeste.
Durante a abertura, Deise Nicoleto,
O Fórum – que já teve três edições fundadora e diretora do Impact Hub
em São Paulo (2014, 2016 e 2018), Brasília, agradeceu o apoio de todos
com cerca de 2.300 participantes e falou um pouco sobre o evento. “O

Edição 84 = Novembro 2018 41


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
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Fórum teve início em São Paulo, mas apresentados no evento; e Sheila Pi-
com o crescimento da iniciativa, sen- res, da Anprotec, ressaltou a impor-
timos a necessidade de regionalizar tância da iniciativa ser realizada tam-
as discussões sobre como adereçar bém em Brasília. “Aqui, acabamos
problemas e melhorar a sociedade olhando muito para o país, e dando
em que vivemos”. pouca atenção para a nossa cidade.
Fiquei muito feliz por descobrir mui-
“Fazer parte desta iniciativa, que está tas instituições e atores maravilho-
na raiz do nascimento da Caixa Eco- sos no setor de impacto no Distrito
nômica, reforça o nosso compromis- Federal e no Centro-Oeste. Espero
so com o Brasil. E ao apoiar o evento, ter, ao final do dia, mais alguns vicia-
percebemos uma enorme identifi- dos nessa causa: empreender com
cação das pessoas do banco com o sucesso e escalabilidade, mas com
movimento”, disse Morenno Macedo, foco em resumir problemas sociais”,
da Caixa Econômica Federal, uma disse a superintendente executiva
das patrocinadoras do evento. da Anprotec, Sheila Pires, durante a
abertura.
Fábio Deboni, do Instituto Sabin, res-
saltou na abertura os diversos cases PANORAMA DAS FINANÇAS
SOCIAIS E NEGÓCIOS DE IMPACTO
NO BRASIL E NO MUNDO

Para a diretora técnica do Sebrae,


Heloísa Menezes, “a geração de ne-
gócios com propósito é um caminho
sem volta em todo mundo” e envol-
verá uma transformação por parte
da iniciativa privada também.

“Quando observamos os grandes de-


safios globais à luz dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS),
e a Agenda 2030, percebemos que
as empresas que não adotarem pro-
gramas ou políticas para o alcance
Deise Nicoleto, fundadora e diretora do Impact Hub Brasília. de resultados de transformação co-
letiva de seu público-alvo, inclusive,
das comunidades de menor renda,
“O Fórum teve início em São Paulo, mas com que não seja só a geração de lucro,
o crescimento da iniciativa, sentimos a necessi- ficarão para trás”, enfatizou Heloisa.
dade de regionalizar as discussões sobre como
Além da diretora técnica do Sebrae,
adereçar problemas e melhorar a sociedade em o primeiro painel do Fórum também
que vivemos”. contou com a participação de Beto
Deise Nicoleto, fundadora e diretora do Impact Hub Brasília. Scretas, do Força Tarefa, e Didier Tre-
bucq, do Programa das Nações Uni-
das para o Desenvolvimento (PNUD).

Edição 84 = Novembro 2018 42


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INICIATIVAS NACIONAIS DE objetivo de mobilizar incubadoras e


FOMENTO AO CAMPO DOS aceleradoras de todo o Brasil para a
NEGÓCIOS DE IMPACTO NO atração, seleção e acompanhamento
BRASIL de negócios de impacto social e am-
biental. Para isso, a iniciativa capacita
Além da abertura do evento, Sheila estes ambientes de inovação e auxi-
Pires também participou do painel lia-os na criação de planos de ação
que debateu sobre Iniciativas Na- nessa temática.
cionais de Fomento ao Campo dos
Negócios de Impacto no Brasil, jun- Agenda de impacto em diferentes
tamente com Luiz Augusto de Souza estratégias, cases, experiências e ins-
Ferreira, da ABDI, Lucas Maciel, do titutos e fundações, e recomenda-
MDIC, Beto Scretas, do ICE, e Emilia- ções para o ecossistema
no Graziano, da BASF. Após o almoço, aconteceu o deba-
te sobre como incorporar a agenda
De acordo com a superintendente de impacto em diferentes estratégias
executiva da Anprotec, as primeiras de atuação, que contou com a parti-
incubadoras do Brasil começaram a cipação de Gilberto Ribeiro, da Vox
surgir em 1984, espelhadas em mo- Capital, André Araújo, do Porto Digi-
delos internacionais, para estimular a tal, Duda Scartezini, da FENAE, Mo-
geração de empreendimentos inova- renno Macedo, da Caixa, e Alexandre
dores nas mais diversas localidades. Alves, da Inseed Investimentos.

“As incubadoras sempre tiveram o Apresentada por Rodrigo Gaspar, a


propósito de gerar emprego e renda, sessão de cases contou com apre-
mas também de agregar questões sentações das experiências práticas
socioeconômicas, contribuindo com da Moradigna, da 4you2, da Muove
o desenvolvimento das localidades, Brasil e da Dado Capital.
e sendo socialmente responsáveis”,
explicou Sheila, que complementou Em seguida, o Grupo de Institutos
“É importante que os empreendedo- Fundações e Empresas (GIFE) e o
res estejam cada vez mais preocupa- Instituto Sabin também apresenta-
dos em transformar o meio em que ram suas experiências sobre como
estão. E isso vem das atitudes, co- institutos e fundações estão incor-
locando no mercado produtos que porando a agenda de negócios de
irão resolver problemas sociais. Isso impacto.
é muito importante, principalmen-
te em países em desenvolvimento, O último painel do Fórum apresentou
como o Brasil”. recomendações e provocações para
o ecossistema e contou com Luís Fe-
Após contextualizar a atuação das lipe Bismarchi, da Caixa, Pablo Handl,
incubadoras e outros ambientes de do Impact Hub, Gilberto Ribeiro, da
inovação dentro desse tema, Sheila Vox Capital, Alice Scartezini, da Cai-
falou sobre o Programa de Incubação xa Seguradora, e Maure Pessanha, da
e Aceleração de Impacto, que tem o Artemísia.

Edição 84 = Novembro 2018 43


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NEGÓCIOS DE IMPACTO
AO SUMÁRIO

ANPROTEC, ICE E SEBRAE


LANÇAM EBOOK SOBRE
NEGÓCIOS DE IMPACTO
No último dia 17 de junho, a Anprotec, o Instituto de Cidadania
Empresarial (ICE) e o Sebrae lançaram o ebook “Negócios de
Impacto: como incubadoras e aceleradoras podem contribuir
para a criação e o fortalecimento de negócios que oferecem
soluções para problemas sociais e ambientais”, durante o Fó-
rum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto “Investir para
transformar”, em São Paulo – SP.

mulados. Nesse contexto, o e-book


questiona o papel das incubadoras
e aceleradoras de empresas na pro-
moção desses negócios, e os meca-
nismos para fomentá-los de maneira
rentável e que atendam às deman-
das da sociedade.

“O e-book traz um pouco do apren-


dizado que essas três organizações
[Anprotec, ICE e Sebrae] reuniram
nos últimos três anos de trabalho
no tema. Também contamos com o
Elaborado por Fernanda Bombardi, apoio da Dínamo, que também vem
gerente executiva do ICE, com cola- apoiando empreendedores de im-
boração e revisão de Marcel Fukaya- pacto nos últimos anos”, ressaltou
ma e Samir Hamra, o ebook tem o Fernanda ao anunciar a publicação
objetivo de apresentar reflexões e do material durante o evento.
caminhos sobre o tema, apontando
o contexto para o surgimento dos
negócios de impacto no Brasil e no
mundo e conceitos que estão sendo
elaborados para a organização desse
segmento. CLIQUE AQUI
E BAIXE
De acordo com a publicação, as so- O EBOOK
luções de problemas sociais, am- NEGÓCIOS DE
bientais e econômicos já são assunto IMPACTO.
recorrente no movimento do em-
preendedorismo inovador. Isso de-
monstra que os negócios de impacto
vieram para ficar e devem ser esti-

Edição 84 = Novembro 2018 44


CENÁRIO

A METAMORFOSE
DA LEI DE
INFORMÁTICA
Como o contencioso da OMC pode
impactar na Lei que há 25 anos ajuda
empresas a investirem em P&D no Brasil
e quais as grandes mudanças que o setor
de CT&I irá sentir?

São 25 anos em vigor, mas muitas


mudanças ao longo do caminho.
A Lei de Informática Nacional (nº
8.248/91) e a Lei de Informática da
Suframa (nº 8.387/91) passaram este
ano por novas mudanças e, provavel-
mente, terão novos ajustes urgentes,
após o resultado do contencioso fei-
to pela Organização Mundial do Co-
mércio (OMC).

Em julho, o atual presidente da Repú-


blica, Michel Temer, sancionou, com
vetos, a Medida Provisória MP 810/17,
que moderniza diversos pontos da
Lei que regulamenta o setor de tec-
nologia da informação e comunica-
ção. Porém, após reclamações da
OMC, os benefícios da Lei deverão
ser revistos mais uma vez, gerando
um ambiente de incertezas para as
empresas beneficiárias e para o de-
senvolvimento do país.

Edição 83 = Maio 2018 45


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

A princípio, a Lei de Informática pro- Ministério da Indústria, Comércio Ex-


porciona benefícios fiscais para em- terior e Serviços (MDIC), Rafael Hen-
presas da área de tecnologia que rique Rodrigues Moreira.
investem em pesquisa e desenvolvi-
mento. Esses incentivos fiscais são Segundo o superintendente-ajunto
atribuídos à redução ou isenção do de planejamento e desenvolvimen-
Imposto sobre Produtos Industriali- to regional da Suframa e Secretário
zados (IPI) para bens de informática Executivo do CAPDA, Marcelo Souza
e automação. Além disso, a Lei indica Pereira, “os benefícios provindos de
que todas as empresas que produ- renúncia fiscal funcionam como atra-
zem bens e serviços de informática tivos para que sejam implantadas
devem aplicar, pelo menos, 5% de indústrias geradoras de empregos
seu faturamento bruto, anualmente, locais”.
em atividades de P&D.
De acordo com ele, hoje em dia, 42
“A Lei de Informática é um instru- instituições científicas e tecnológicas
mento de inovação muito importan- (ICTs) públicas e privadas e quatro
te para o país, principalmente por incubadoras de empresas estão cre-
ter como foco o setor de tecnologia denciadas para o recebimento de
de informação e comunicação - área recursos de P&D na região. Elas em-
cujo desenvolvimento é fundamental pregam, aproximadamente, 2.500
para sustentar a competitividade de profissionais relacionados direta ou
qualquer país”, afirmou o vice-presi- indiretamente às atividades de P&D.
dente de P&D do Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento em Telecomuni- MP 810/17
cações (CPqD), Alberto Paradisi.
A proposta da MP 810/17, relatada
Para que uma empresa seja beneficia- pelo deputado Thiago Peixoto (PSD-
da, é preciso que algumas condições -GO), teve por objetivo modernizar e
sejam atendidas. “Ela precisa obser- adequar a antiga Lei ao mundo atual
var os Processos Produtivos Básicos por meio da redução de burocracia
(PPBs) aprovados para cada bem de e da extensão do prazo, de três para
informática e telecomunicação, bem 48 meses, para que as empresas
como as regulações referentes à ins- beneficiadas por incentivos fiscais
talação e execução de manufatura reinvistam os valores a serem pagos
previstas tanto para o território na- para P&D.
cional, quanto para a Zona Franca de
Manaus (ZFM)”, explicou o assessor Além disso, a proposta beneficia uni-
especial do Gabinete do Ministro do versidades e institutos de ciência e
tecnologia criados e mantidos pelo
poder público, e, também, abre a
“A Lei de Informática é um instrumento de ino-
possibilidade de uso de investimen-
vação muito importante para o país, principal- tos para aplicação em P&D por star-
mente por ter como foco o setor de tecnologia tups.
de informação e comunicação - área cujo de-
senvolvimento é fundamental para sustentar a Isso acontece porque um dos requi-
sitos para que as empresas possam
competitividade de qualquer país”.
aproveitar tais benefícios fiscais é a re-
Alberto Paradisi, vice-presidente de P&D do CPqD

Edição 84 = Novembro 2018 46


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

alização de investimentos em ativida- CONTENCIOSO OMC


des de pesquisa e desenvolvimento.
Atualmente,ovaloranualdessesinves- Com a contestação feita pelo Japão
timentosgiraemtornodeR$1,5bilhões. e pela União Europeia, que alegam
que os benefícios concedidos pelo
“Os benefícios provindos de renúncia fiscal fun- governo brasileiro violam as regras
cionam como atrativos para que sejam implan- de comércio internacional, gerando
tadas indústrias geradoras de empregos locais”. concorrência desleal, a Lei deve re-
ceber ainda mais alterações, o que
Marcelo Souza Pereira, superintendente-ajunto de planejamento e de-
senvolvimento regional da Suframa e Secretário Executivo do CAPDA deixa os beneficiários bastante apre-
ensivos.
Com as mudanças, parte desse valor
passa a poder ser investido por meio Além da Lei de Informatica, desde o
de Fundos de Investimento em Parti- final de 2016, outros seis programas
cipações (FIPs) ou outros instrumen- de incentivos fiscais atrelados à re-
tos autorizados pela Comissão de dução do Imposto sobre Produtos
Valores Mobiliários, que se destinem Industrializados (IPI) estão sendo
à capitalização de empresas de base questionados.
tecnológica. Trata-se de iniciativa
alinhada com a Estratégia Brasileira E os questionamentos não surgiram
para a Transformação Digital. apenas de outros países, muitas ins-
tituições, públicas, privadas e órgãos
Em julho, a Lei foi sancionada pelo como o Ministério Público, do Tribu-
presidente da República com diver- nal Superior de Contas, e até mes-
sos vetos, dentre eles o que iden- mo o Ministério da Transparência e
tifica, entre os gastos passíveis de Controladoria-Geral da União (CGU)
benefício, a modernização de infra- questionam alguns itens. A Lei, que
estrutura física e de laboratórios nas está em vigor há 25 anos, já precisa-
organizações. va de alterações.

“Para efeitos de comprovação de Em relação a acertos, Moreira diz que


seus investimentos, as empresas te- “a Lei ainda precisará de ajustes para
rão que contratar auditores indepen- se adequar às questões legais da
dentes, que devem estar registrados OMC, bem como às mudanças trazi-
na Comissão de Valores Mobiliários, das pela 4º Revolução industrial, com
para atestar a aplicação dos recursos a fusão de diferentes tecnologias,
em pesquisa e desenvolvimento”, como inteligência artificial, manufa-
explicou o ministro da Ciência, Tec- tura aditiva, e internet das coisas, e
nologia, Inovações e Comunicações às novas formas de produção e dis-
(MCTIC), Gilberto Kassab. tribuição de bens e serviços”.

“Além disso, os reinvestimentos que Em junho deste ano, o diretor do


deverão ser feitos, por conta da re- Departamento de Ciência, Tecnolo-
jeição das prestações de contas não gia e Inovação Digital da Secretaria
analisadas, só serão aceitos se cada de Políticas Digitais – SEPOD/ MC-
empresa investir todo o dinheiro co- TIC, Henrique Oliveira Miguel, apre-
brado novamente em projetos exter- sentou, durante o Congresso da As-
nos a suas atividades”, completou. sociação Brasileira das Instituições

Edição 84 = Novembro 2018 47


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

de Pesquisa Tecnológica e Inovação • Encerramento das atividades de


(Abipti) 12 grandes impactos negati- Centros de P&D em TIC, em fase de
vos caso houvesse um eventual térmi- consolidação;
no dos incentivos previstos na Lei de • Risco de perda de pesquisadores
informática, como consequência do chaves nos centros de excelência para
Contencioso. Sem um novo plano o o exterior;
setor de CT&I sofreria com: • Desestímulo ao desenvolvimento de
tecnologia nacional por parte da in-
• Judicialização por parte dos benefi- dústria local;
ciários alegando insegurança jurídica, • Queda nas aplicações de recursos
pois os investimentos realizados por nas universidades, principalmente da
elas basearam-se no tempo determi- região Nordeste;
nado na criação do incentivo, confor- • Redução da arrecadação estadual/
me o Marco Legal (Lei no 8.248/91); federal decorrente da desativação da
• Evasão de investimentos industriais indústria e dos gastos de P&D gerados
do setor de TIC para outros países; pelo incentivo da Lei de Informática;
• Aumento do desemprego na indús- • Forte redução das contribuições do
tria, alcançando todas as regiões do FNDCT e do Fundo Verde Amarelo.
país; Em última tentativa, o Brasil recorreu
• Aumento do desemprego de pesso- e aguarda a divulgação do relatório
as qualificadas, voltadas para as ativi- da OMC, que acontecerá no final de
dades de P&D, inovação e desenvolvi- outubro, e que apontará as mudanças
mento tecnológico; que deverão ser feitas. A partir dessa
• Exportação de mão-de-obra qualifi- data o país tem um prazo de 90 dias
cada para países que possuem inves- para aplicar as mudanças sugeridas
timentos em P&D; na legislação. O prazo coincide com o
• Redução ou descontinuidade dos período eleitoral e a entrada do novo
investimentos em P&D pelo setor pro- governo.
dutivo;
BENEFÍCIOS DA LEI

Desde o decreto até os dias de hoje,


a Lei de informática vem impactando
de diversas formas o cenário tecnoló-
gico brasileiro, como na criação e no
fortalecimento de diversas ICTs, labo-
ratórios e infraestruturas de pesquisa,
gerando postos de trabalho qualifica-
dos.

Kassab, inclusive, falou que “a Lei im-


pactou o ecossistema de C&T na pro-
moção da cooperação universidade-
-indústria, e, também, aproximando
o setor empresarial de instituições de
ensino e pesquisa localizadas em re-
Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, giões distantes dos maiores polos
Inovações e Comunicações
produtivos”.

Edição 84 = Novembro 2018 48


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

“A Lei impactou o ecossistema de C&T na pro- to mais próximo e de ajustes even-


moção da cooperação universidade-indústria, tuais ao longo do tempo. Esse últi-
mo ponto é um dos tratados na MP
e, também, aproximando o setor empresarial de
810/17”, finalizou.
instituições de ensino e pesquisa localizadas em
regiões distantes dos maiores polos produtivos”. O último Relatório de Resultados da
Gilberto Kassab, Ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- Lei de Informática da Secretaria de
nicações. Política de Informática do MCTIC, de
2015, aponta que 529 empresas esta-
vam habilitadas para usufruir dos be-
Porém, mesmo com todos os resul- nefícios da Lei, e, ainda com a renún-
tados gerados, Paradisi diz que “a cia fiscal de R$ 5 bilhões, decorrente
Lei causou impacto, mas poderia ser da isenção ou redução do IPI, os im-
maior”. “O instrumento careceu de postos pagos referentes aos bens
uma definição clara de indicadores incentivados foram muito maiores,
de impacto, de um acompanhamen- cerca de R$ 9,8 bilhões.

NÚMERO DE EMPRESAS DE TIC DEMAIS


HABILITADAS
5%
BA 3%
UF EMPRESAS
RS 10%
SP 208
PR 78
SC 74 MG SP
13% 39%
MG 70
RS 54
SC
BA 16 14%
PR
DEMAIS 29 15%
TOTAL 529

FATURAMENTO DAS EMPRESAS BA 1%


DE TIC COM BENS INCENTIVADOS DEMAIS 1%
SC 3%
UF EMPRESAS MG 6%
SP 208 PR 6%
PR 78
SC 74 RS 9%
MG 70
RS 54 SP
76%
BA 16
DEMAIS 29
TOTAL 529

Edição 84 = Novembro 2018 49


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

IMPOSTOS PAGOS REFERENTES RENÚNCIA FISCAL


A BENS INCENTIVADOS
IMPOSTOS (R$ MILHÕES)
PAGOS REFERENTES (IPI)FISCAL
RENÚNCIA
IMPOSTOS
A BENS PAGOS REFERENTES
INCENTIVADOS (R$ MILHÕES) RENÚNCIA
(IPI)FISCAL
A BENS INCENTIVADOS (R$ MILHÕES) (IPI)
UF IPI PIS Cofins ICMS TOTAL UF R$ MILHÕES
UF IPI PIS Cofins ICMS TOTAL UF R$3.648,44
MILHÕES
SP
UF 755,73
IPI 2.949,91
PIS Cofins 4.044,44
ICMS 7.750,08
TOTAL SP
UF R$ MILHÕES
SP 755,73 2.949,91 4.044,44 7.750,08 SP 3.648,44
RS
SP 34,26
755,73 246,89
2.949,91 491,87
4.044,44 773,03
7.750,08 RS
SP 541,24
3.648,44
RS 34,26 246,89 491,87 773,03 RS 541,24
MG
RS 42,95
34,26 208,20
246,89 206,73
491,87 457,88
773,03 MG
RS 258,77
541,24
MG 42,95 208,20 206,73 457,88 MG 258,77
PR
MG 22,02
42,95 135,91
208,20 249,25
206,73 407,18
457,88 PR
MG 320,94
258,77
PR 22,02 135,91 249,25 407,18 PR 320,94
SC
PR 9,39
22,02 90,16
135,91 139,29
249,25 238,84
407,18 SC
PR 135,84
320,94
SC 9,39 90,16 139,29 238,84 SC 135,84
DEMAIS
SC 3,16
9,39 56,75
90,16 102,09
139,29 162,00
238,84 DEMAIS
SC 117,17
135,84
DEMAIS 3,16 56,75 102,09 162,00 DEMAIS 117,17
TOTAL 867,51
DEMAIS 3,16 3.689,83
56,75 5.233,67
102,09 9.789,01
162,00 TOTAL
DEMAIS 5.022,39
117,17
TOTAL 867,51 3.689,83 5.233,67 9.789,01 TOTAL 5.022,39
TOTAL 867,51 3.689,83 5.233,67 9.789,01 TOTAL 5.022,39
OBRIGAÇÕES DE APLICAÇÃO EM P&D (R$ MILHÕES)
OBRIGAÇÕES DE APLICAÇÃO EM P&D (R$ MILHÕES)
OBRIGAÇÕES OBRIGAÇÕES
DE APLICAÇÃO DE APLICAÇÃO
EM PROJETOS EMPRÓPRIOS
P&D (R$ MILHÕES) 538,,24
OBRIGAÇÕES DE APLICAÇÃO EM PROJETOS PRÓPRIOS 538,,24
OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÕES DE DE APLICAÇÃO
APLICAÇÃO EM EM PROJETOS
PROJETOS CONVENIADOS
PRÓPRIOS 643,02
538,,24
OBRIGAÇÕES DE APLICAÇÃO EM PROJETOS CONVENIADOS 643,02
DEPÓSITOS
OBRIGAÇÕES TRIMESTRAIS
DE APLICAÇÃO EM FNDCT
EM PROJETOS CONVENIADOS 115,19
643,02
DEPÓSITOS TRIMESTRAIS EM FNDCT 115,19
APORTES
DEPÓSITOS EM PROGRAMASEM
TRIMESTRAIS PRIORITÁRIOS
FNDCT 7,51
115,19
APORTES EM PROGRAMAS PRIORITÁRIOS 7,51
TOTAL
APORTESDE EM
OBRIGAÇÕES
PROGRAMAS PRIORITÁRIOS 1.303,96
7,51
TOTAL DE OBRIGAÇÕES 1.303,96
TOTAL DE OBRIGAÇÕES 1.303,96

OBRIGAÇÕES DE APLICAÇÃO
SC 3% DEMAIS 2%
EM DE
P&D SC 3% DEMAIS 2%
OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÕES
APLICAÇÃO MG SC
5%3% DEMAIS 2%
EM DE
P&DAPLICAÇÃO
MG 5%
EM P&D
UF R$ MILHÕES PR MG
5% 5%
UF R$1.019,13
MILHÕES PR 5%
SP
UF R$ MILHÕES PR 5%
SP 1.019,13 RS 7%
RS
SP 88,49
1.019,13 RS 7%
RS 88,49 RS 7%
PR
RS 71,37
88,49
PR
MG 71,37
70,61
PR 71,37 SP
MG 70,61 78%
SP
SC
MG 33,10
70,61 SP
SC 33,10 78%
DEMAIS
SC 21,26
33,10 78%
DEMAIS 21,26
TOTAL
DEMAIS 1.303,96
21,26
TOTAL 1.303,96
TOTAL 1.303,96

EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS MG 2%
INCENTIVADOS
EXPORTAÇÃO POR UF
DE PRODUTOS
PR 4%
EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS PR 4% MG 2%
INCENTIVADOS POR UF RS 7%PR 4% MG 2%
INCENTIVADOS POR UF
UF R$ MILHÕES RS 7%
UF R$ 859,26
MILHÕES RS 7%
SP
UF R$ MILHÕES
SP 859,26
SC 10%
SC
SP 112,38
859,26 SC 10%
SC 112,38 SC 10%
RS
SC 77,31
112,38
RS 77,31
PR
RS 42,09
77,31
PR 42,09 SP
MG
PR 21,58
42,09 77%
SP
MG
DEMAIS 21,58
5,20 SP
77%
MG 21,58 77%
DEMAIS 5,20
TOTAL
DEMAIS 1.117,82
5,20
TOTAL 1.117,82
TOTAL 1.117,82
Fonte: MCTIC. Resultados Lei de Informática

Edição 84 = Novembro 2018 50


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CENÁRIO
AO SUMÁRIO

O governo trabalha com um plano Conforme surgem novos negócios e


de elaboração de novas propostas, tecnologias, a Lei continuará preci-
que será como um novo Marco Legal sando de ajustes. É importante que
para a Lei de Informática, que está os governos sejam rápidos e se aten-
sendo construído por meio do diálo- tem para não correr riscos de extin-
go aberto com os setores privados e guí-la, porque um futuro sem a Lei de
acadêmico e deverá respeitar as re- informática atrasará e agravará ainda
gras da OMC integralmente. mais o desenvolvimento do Brasil em
P&D.

Edição 84 = Novembro 2018 51


INVESTIMENTOS

O PAPEL DO
INVESTIDOR-ANJO
NA NOVA LEI DO
SIMPLES
O fenômeno das startups está do-
minando o Brasil, mas para quem
acredita na inovação e quer fazer
parte desse movimento como in-
vestidor-anjo a insegurança jurídica
sempre foi um grande obstáculo. A
fim de quebrar essa barreira e facili-
tar o caminho para os investidores,
foram realizadas diversas alterações
na Lei Complementar n° 123/2006
(Lei do Simples Nacional).

A partir de agora, segundo os ter-


mos dos Arts. 61-A a 61-D, acrescidos
à Lei Complementar nº. 123/2006,
quem decidir investir nas empresas
nascentes, não será necessariamen-
te considerado sócio, tampouco po-
derá exercer a administração da ati-
vidade ou qualquer poder de voto
na empresa. A grande vantagem é
que com essas alterações o inves-
tidor-anjo fica isento de qualquer
responsabilidade sobre as dívidas
da startup. O processo é feito por
meio de contrato de participação.

Edição 83 = Maio 2018 52


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INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

Essa mudança tem um grande sig- “A figura do investidor-anjo passa a


nificado para as startups que estão ser reconhecida para que mais novos
dentro do regime do Simples Nacio- empreendimentos se tornem reali-
nal, porque coloca oficialmente a fi- dade e diminuam o risco dessas em-
gura do investidor-anjo dentro delas. presas não darem certo. É extrema-
Além disso, essa nova regulamenta- mente importante existir essa figura
ção traz, principalmente, segurança ao lado do empreendedor, para dar
para quem vai investir, seja pessoa todo apoio financeiro, de relaciona-
jurídica ou física. mento e reconhecimento no merca-
do”, explicou o conselheiro.

A figura do investidor-anjo pode pa-


recer nova para nós, mas ela já existe
há muito anos. O termo surgiu nos
Estados Unidos, no século 20, para
designar os investidores que ban-
cavam os custos de produção das
peças da Broadway, assumindo os
riscos e participando de seu retor-
no financeiro, bem como apoiando a
sua execução.

No Brasil, três em cada dez empre-


sas nascentes em tecnologia fecham
as portas; e os fatores que levam a
Clovis Meurer, conselheiro da ABVCAP
esse fracasso são, normalmente, di-
ficuldade de acesso a capital (40%),
obstáculos para entrar no mercado
“O investidor-anjo coloca seus re- (21%) e divergência entre os sócios
cursos dentro de uma empresa de (12%). A pesquisa foi feita este ano
pequeno porte, ajudando-a a cres- pelo Sebrae em parceria com o Mi-
cer e a se desenvolver, por isso, é im- nistério da Indústria, Comércio Exte-
portante que a legislação reconheça rior e Serviços.
essa figura, pois, a partir dessa regu-
lamentação, é possível estabelecer O levantamento foi realizado com
regras, benefícios ou procedimentos empresas participantes do progra-
que deixarão o processo mais seguro ma Inovativa Brasil, do Ministério da
para ambos”, comentou o conselhei- Indústria, Comércio Exterior e Ser-
ro da Associação Brasileira de Private viços, que promove ações de assis-
Equity e Venture Capital (ABVCAP), tência e capacitação. Foram ouvidas
Clovis Meurer. 1.044 companhias, principalmente
Ao contrário do que muitos pensam, de tecnologia da informação e da
o investidor-anjo não entra apenas comunicação (31%), desenvolvimen-
com o aporte financeiro. Meurer ex- to de software (21%) e serviços (18%).
plica que se trata de alguém ou al- Este modelo de contrato de partici-
gum grupo experiente, que tenha ex- pação tem vigência mínima de dois
pertise de mercado e bons contatos anos e máxima de sete. Além disso, a
para ajudar o negócio a decolar. partir do aporte de recursos, o rendi-

Edição 84 = Novembro 2018 53


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INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

mento poderá ser embolsado em, no ta que é viável. Para isso, é necessá-
máximo, cinco anos de três formas: rio um bom empreendedor do outro
lado, que conheça bem a atividade,
• Pela participação nos resultados, li- que tenha coragem, seja organizado,
mitada a 50% do lucro apurado pela sério, e tenha a ambição de crescer e
empresa no período; ganhar dinheiro, porque aí o investi-
• Pelo resgate do valor aportado, dor vai olhar e analisar aquilo como
devidamente corrigido, após prazo uma grande oportunidade”, explica
mínimo de 2 anos da data do inves- Meurer.
timento;
• Pela transferência da titularidade A tributação também continua sen-
do aporte. do uma das grandes dificuldades
para o investidor-anjo no Brasil. Em
julho do ano passado, a Receita Fe-
“O investidor-anjo coloca seus recursos dentro deral publicou uma Instrução Nor-
de uma empresa de pequeno porte, ajudando-a mativa (IN 1719 de 19/07/2015) que
previa a cobrança de impostos sobre
a crescer e a se desenvolver, por isso, é impor-
a distribuição dos lucros que variam
tante que a legislação reconheça essa figura”. de 15% a 22,5%.
Clovis Meurer, conselheiro da ABVCAP
Para que esta tributação não afaste
os investidores, o deputado Otavio
DIFICULDADES Leite (PSDB-RJ) elaborou o Projeto
de Decreto Legislativo 719/17, que
Apesar destas mudanças, ser inves- susta a IN da Receita Federal e sus-
tidor-anjo no Brasil está longe de pende as regras de tributação de
ser fácil. Se por um lado há as difi- rendimentos de aportes de capital
culdades burocráticas - uma legisla- dos investidores-anjo para micro e
ção que ainda está fraca e gera um pequenas empresas.
ambiente de incertezas e inseguran-
ças - por outro, há a falta de matu- De acordo com Leite, a matriz tribu-
ridade dos empreendedores e dos tária da norma “coloca uma pá de
negócios, que precisam ser viáveis e cal” no investidor-anjo, ao equipa-
consistentes para ganharem os olhos rá-lo a um investidor em renda fixa,
dos investidores. “impondo-lhe uma pesada e incom-
patível” tributação. “O aporte de ca-
Meurer explicou que o lado do em- pital do investidor-anjo é caracteri-
preendedor e do projeto também zado pelo risco do investimento; já a
contam muito; e que muitos projetos renda fixa não gera risco”, criticou.
deixam de acontecer - ou os inves-
tidores desistem de incentivar uma ESTÍMULO
empresa - por não encontrarem ne-
gócios com maturidade, produtos vi- O número de investidores-anjo, as-
áveis, e visão de mercado adequada. sim como o valor de investimento
nas startups, vem crescendo de for-
“O investidor vai querer colocar seu ma significativa no Brasil. De 2010 a
dinheiro e sua experiência em um 2016 o valor de investimento quase
projeto que seja bom, e que ele sin- dobrou, passando de R$ 450 mi para

Edição 84 = Novembro 2018 54


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INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

R$ 851 mi, segundo a Pesquisa Anu- De 2015 para 2016, pela primeira vez
al de Investimento Anjo, da Anjos do desde que a pesquisa é realizada
Brasil. pela Anjos do Brasil, o número de
investidores caiu (-3%). Spina expli-
Para Cássio Spina, fundador e pre- ca que um dos motivos pode ser a
sidente da Anjos do Brasil - organi- crise que afetou fortemente o Brasil
zação sem fins lucrativos que reúne nos últimos anos e que tem mostra-
investidores -, o número pode ser do melhoras muito lentas. A taxa de
maior, mas o que falta, ainda, é uma juros elevada diminui o interesse por
boa política de estímulo. investimentos de risco. Assim, mui-
tos optam por alocar os recursos em
seus próprios negócios.

CENÁRIO IDEAL BRASIL

Não há como negar que as altera-


ções na legislação são um avanço,
entretanto, o país ainda está longe
do cenário ideal para impulsionar
cada vez mais investidores-anjos e
startups.

“Ao longo dos anos, como a legis-


lação não estava clara, tivemos um
grande empecilho para termos mais
investidores-anjos, porque eles fi-
Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil
cavam temerosos. A legislação que
está sendo montada objetiva exata-
mente minimizar risco, reconhecen-
“Essas mudanças na legislação tira- do que o dinheiro do investidor- anjo
ram uma barreira, mas ainda é neces- é importante, mas delimitando o ris-
sário impulsionar o estímulo, como já co dele ao dinheiro investido, e não
temos visto acontecer em outros pa- tornando-o responsável por uma sé-
íses, como no Reino Unido, na Fran- rie de outras contas para pagar caso
ça, e na Itália. Com esses estímulos o negócio não dê certo”, comentou
poderemos ter, no futuro, um cresci- Meurer.
mento mais acelerado da economia”,
explicou Spina. Spina conta que um dos modelos
de referência que o Brasil pode se
inspirar para estimular os investido-
“Essas mudanças na legislação tiraram uma
res é o do Reino Unido, que aplicou
barreira, mas ainda é necessário impulsionar o a dedução do IR de 30% a 50% do
estímulo, como já temos visto acontecer em ou- total investido, e isenção de IR sobre
tros países”. ganho de capital. O especialista con-
Cássio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil. ta que não se trata de uma renúncia
tributaria, porque permite que haja
compensação de uma parte do valor
investido.

Edição 84 = Novembro 2018 55


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INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

VALOR DE
INVESTIMENTO CRESCIMENTO DO INVESTIMENTO ANJO
EM R$MILHÕES
VALOR DE
INVESTIMENTO CRESCIMENTO DO INVESTIMENTO ANJO
EM R$MILHÕES
R$ 900
R$ 851
R$ 900
800 R$ 784
R$ 851
R$ 800
700 R$ 688 R$ 784
R$ 619
700
R$ 600 R$ 688
R$ 619
R$ 600 R$ 495
500
R$ 450
R$ 495
500
R$ 400
R$ 450
R$ 400
300

R$ 300
200

R$
R$ 200
100

R$ 100
0
2010 2011 2012 2013 2014 2016
0 2011 2012 2013 2014 2015
2010 2011 2012 2013 2014 2016
2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Anjos do Brasil - www.anjosdobrasil.net

NÚMERO DE
INVESTIDORES CRESCIMENTO DO INVESTIMENTO ANJO
ANJO
NÚMERO DE
INVESTIDORES CRESCIMENTO DO INVESTIMENTO-3%
ANJO
ANJO +9%
+2% +9% -3%
8.000 +9%
+19% +2% +9% 7.060 7.260 7.070
8.000
7.000
6.450
+19%6.300 7.060 7.260 7.070
7.000
6.000
5.300 6.300 6.450
6.000
5.000
5.300
5.000
4.000

4.000
3.000

3.000
2.000

2.000
1.000

1.000
0
2010 2011 2012 2013 2014 2016
0 2011 2012 2013 2014 2015
2010 2011 2012 2013 2014 2016
2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Anjos do Brasil - www.anjosdobrasil.net

Edição 84 = Novembro 2018 56


VOLTAR
INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

“Com esse tipo de política foi possí- é possível aperfeiçoar. Ainda assim,
vel aumentar muito o investimento entendemos que ela deve ser muito
nas startups e foi possível compro- utilizada pelos investidores. Mesmo
var que não se trata deREFERÊNCIAS
renúncia, já INTERNACIONAIS
não sendo a ideal, ela faz sentido,
que as empresas geram mais ren- agrega valor e deve ser aproveitada”,
da e empregos e, com isso, pagam pontuou Spina.
mais impostos; e as pessoas também
pagam mais impostos. É um mode- EUROPA
lo comprovado, que pode dar certo O QUE ACONTECERIA
EUR 6,1 BILHÕES
304 MIL COM A EMPRESA OPTANTE
aqui também”. INVESTIDORES
SE O SIMPLES ACABASSE?
Isenções tributarias já existem para
quem realiza outros tipos de inves- Uma pesquisa do Sebrae jun-
EUA alguns mais conhecidos es-
timento, to às microempresas do país
US$ 21,3 BILHÕES
tão 298
disponíveis
MIL para empresas com apontou que, caso o Simples
INVESTIDORES
faturamento de até R$ 500 milhões fosse extinto, cerca de 30%
ou fundos imobiliários listados em fechariam as portas e 20% se
bolsa de valores. Trata-se de empre- tornariam informais. Apenas
BRASILum
R$ 851 MILHÕES
em cada optante desse incen-
sas mais maduras, com fácil acesso a = 0,9% DA MÉDIA
capital e menor risco. tivo permaneceria operando
como hoje, o que aumentaria os
“A gente entende que ela traz mui- índices de desemprego.
tos benefícios, mas não é perfeita,

A EMPRESA PROVAVELMENTE FECHARIA


12%
29% A EMPRESA IRIA PARA A INFORMALIDADE

18%
A EMPRESA CONTINUARIA COMO ESTÁ

A EMPRESA REDUZIRIA SUAS ATIVIDADES


20% 20%
ACONTECERIA OUTRA COISA

Fonte: Sebrae 2017, Simples Nacional

Edição 84 = Novembro 2018 57


VOLTAR
INVESTIMENTOS
AO SUMÁRIO

CENÁRIO INTERNACIONAL

PAÍS TRATAMENTO DE INVESTIDORES-ANJO

EUA Dedução do IR de 10% a 100% (conforme U.F.) do total


investido

FRANÇA Dedução do IR de 25% do total investido

INGLATERRA Dedução do IR de 30% a 50% do total investido / Isenção


de IR sobre ganho de capital

PORTUGAL Dedução do IR de 20% do total investido / Isenção de IR


sobre ganho de capital

ITÁLIA Isenção de IR sobre ganho de capital

O ESTÍMULO INVESTIMENTO-ANJO
É ESSENCIAL PARA SEU CRESCIMENTO

Fonte: Derraik & Menezes Divulgação: Anjos do Brasil - www.anjosdobrasil.net

REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS

EUROPA
EUR 6,1 BILHÕES
304 MIL
INVESTIDORES

EUA
US$ 21,3 BILHÕES
298 MIL
INVESTIDORES

BRASIL
R$ 851 MILHÕES
= 0,9% DA MÉDIA

Fonte: Anjos do Brasil - www.anjosdobrasil.net

Edição 84 = Novembro 2018 58


A EMPRESA PROVAVELMENTE FECHARIA
12%
VOLTAR
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
AO SUMÁRIO

ESPECIALISTAS
DEBATEM
CIÊNCIA,
TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO
COMO MISSÃO
DO ESTADO E DA
SOCIEDADE
A última sessão plenária da
Conferência Anprotec 2018
teve como tema “Ciência, Tec-
nologia e Inovação: missão
do Estado e da sociedade”, e
contou com o presidente da
Academia Brasileira de Ciência
(ABC), Luiz Davidovich, e com
o diretor de educação e tecno-
logia da Confederação Nacio-
nal da Indústria (CNI), Rafael
Lucchesi, como palestrantes,
e com a Secretária de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Esta-
do da Paraíba, Francilene Gar-
cia, ex-presidente da Anprotec.

Edição 84 = Novembro 2018 59


VOLTAR
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
AO SUMÁRIO

Realizada na tarde do dia 19 de se- de reais, mas, R$ 5,2 bilhões já estão


tembro, a sessão teve início com a destinados para reserva de contin-
palestra do representante da ABC, gência.
que apontou que os estudos científi-
cos começaram tarde no Brasil, devi- De acordo com diversos estudos so-
do ao estilo de colonização do país. bre os impactos dos investimentos
“A primeira universidade do Brasil em C,T&I, Luiz Davidovich apontou
teve início no século XX e é incrível o que o valor total gerado pela pes-
que ela já fez”, disse Davidovich, que quisa pública é de três a oito vezes
também citou o documento Ciência, maior que o valor do investimento;
Tecnologia, Economia e Qualidade que a taxa de retorno da maior parte
de Vida para o Brasil, elaborado pela dos projetos está entre 20% e 50%,
Academia e entregue aos presiden- e que de 20% a 75% das inovações
ciáveis do país. não poderiam ter sido desenvolvidas
sem a contribuição da pesquisa pú-
Ao falar sobre os cortes dos inves- blica.
timentos em P,D&I que o Brasil vem
sofrendo nos últimos anos, o presi- “Estamos fazendo pressão. Estive-
dente da ABC apontou que o orça- mos em Brasília no ano passado e
mento do Ministério da Ciência, Tec- estaremos de novo. Mas não faz sen-
nologia, Inovações e Comunicações tido apenas a comunidade cientifica
(MCTI) para 2019 é de R$ 15,3 bilhões fazer isso. É preciso ter uma ação
conjunta, com as indústrias e a socie-
dade”, enfatizou Davidovich.

Rafael Lucchesi também iniciou a sua


apresentando falando sobre o con-
texto histórico do Brasil. “Somos um
país de capitalismo e industrialização
tardia. Aqui, temos a Sociedade Bra-
sileira para o Progresso da Ciência, e
no restante do mundo temos ciência
para progresso da sociedade. Por
que não avançamos em inovação?”,
perguntou o diretor de educação e
tecnologia da CNI, já respondendo:
“Porque o dispêndio com ciência não
gera alavancagem industrial”.
Luiz Davidovich, presidente da ABC.

Segundo ele, inovações combinadas


e sinérgicas mudam produtos, pro-
“Estamos fazendo pressão. Estivemos em Bra- cessos, e gestão, transformando os
sília no ano passado e estaremos de novo. Mas modelos de negócio. “Os padrões
não faz sentido apenas a comunidade cientifica de consumo, o perfil do emprego,
a qualificação, e os estilos de vida
fazer isso. É preciso ter uma ação conjunta, com
estão mudando. Todos os sistemas
as indústrias e a sociedade”. produtivos estão enfrentando tecno-
Luiz Davidovich, presidente da ABC. logias disruptivas. Então, a indústria

Edição 84 = Novembro 2018 60


VOLTAR
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
AO SUMÁRIO

deve estar no epicentro dessas mu-


danças”, apontou o representante da
CNI.

Francilene finalizou a sessão apon-


tando que a educação de qualida-
de como porta de entrada para se
produzir e gerar riquezas nunca foi
projeto de nação. “E, se a ciência
tem competência para criar frontei-
ra, também precisa ser um projeto
de nação, com liderança da socieda-
de”, concluiu a Secretária de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Estado da
Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI. Paraíba.

“Por que não avançamos em inovação? Porque


o dispêndio com ciência não gera alavancagem
industrial”.
Rafael Lucchesi, diretor de educação e tecnologia da CNI.

Edição 84 = Novembro 2018 61


VOLTAR
EM MOVIMENTO
AO SUMÁRIO

CURSO DE IMPLEMENTAÇÃO
CERNE 2018 ESTÁ COM NOVA
METODOLOGIA E FORMATO
O curso de Implementação Cerne As mudanças foram implementadas
2018 está com uma nova estrutura. na metodologia aplicada, que passa
Após um estudo aprofundado sobre a ser desenvolvida de maneira mais
as melhores maneiras de se abordar dinâmica, assim como no formato do
os processos realizados pelas incu- curso em si, que deixou de ser divi-
badoras de negócios, o Cerne foi re- dido em níveis de maturidade, como
formulado e agora está com um for- Cerne 1, Cerne 2, Cerne 3 e Cerne 4, e
mato diferenciado, abrangendo um passou a ter apenas um módulo que
conteúdo mais completo e de forma envolve todo o conteúdo presente
mais prática. nos quatro níveis.

Desta maneira, os participantes têm


uma visão completa do modelo Cer-
ne, e se tornam qualificados para
aplicarem todas as práticas dos dife-
rentes níveis de maturidade ao final
O novo logotipo do Cerne, apresentado em 2018
do curso.

Vale ressaltar que o novo formato do


Nesse ano, as cidades de Canoas, Alfenas, Belém,
Cerne 2018 também é útil para aque-
Natal, Florianópolis e Manaus receberam os cursos
les que já tenham feito o curso antes
de implementação do Cerne. Nos dias 26, 27 e 28 de
das mudanças, pois dará um conhe-
novembro a prática acontece em Campina Grande
cimento mais aprofundado e amplo
com turma fechada. A cidade de São Paulo também
sobre a aplicação das atividades
receberá a implantação Cerne em novembro!
chaves nas incubadoras e ecossiste-
mas de inovação.

“A atualização do modelo tem a fi-


nalidade de torná-lo mais leve, sim-
ples e ágil. Além da mudança na es-
trutura do modelo e da revisão dos
documentos, esse processo tam-
bém incluirá um site mais moderno
e responsivo ”, adianta o gerente do
Cerne, Carlos Eduardo Bizzotto, que
gravou um vídeo explicando as novi-
dades do programa.

Clique na imagem e confira!

Edição 84 = Novembro 2018 62


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EM MOVIMENTO
AO SUMÁRIO

Parque Tecnológico de Brasília - BIOTIC

SEDE DA ANPROTEC
É TRANSFERIDA PARA O
PARQUE TECNOLÓGICO DE
BRASÍLIA, O BIOTIC
A Anprotec está de casa nova! O novo endereço da Associação, e de outras
entidades, como a unidade do SebraeLab, é Parque Tecnológico de Brasília
(BIOTIC), inaugurado no dia 21 de julho deste ano. A assinatura do termo que
oficializa a parceria aconteceu durante a cerimônia de encerramento da Confe-
rência Anprotec 2018, em Goiânia – GO.

O presidente da Associação, José Alberto Sampaio Aranha, ressaltou o ganho


que a instituição tem por estar mais próxima dos atores de inovação dentro do
primeiro parque tecnológico da capital brasileira, e agradeceu pela oportuni-
dade.

Edição 84 = Novembro 2018 63


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EM MOVIMENTO
AO SUMÁRIO

“Pela natureza da Anprotec, e por A construção do parque vem de um


tudo que desenvolvemos, era mais projeto de 20 anos atrás, que ficou
do que esperado que estivéssemos ocioso durante 15 anos. Agora, tem
dentro de um parque tecnológico; como proposta a promoção do ecos-
e agora, com a construção do BIO- sistema de inovação por meio de
TIC, isso se concretiza. É uma honra uma estrutura integrada entre a aca-
poder participar desse marco para o demia, o governo e a iniciativa priva-
sistema de inovação de Brasília”, en- da. O projeto é uma realização da co-
fatizou Aranha. munidade científica e inovadora da
capital, como explicou o presidente
do BIOTIC, Mário Henrique Lima.

“Nós estamos nascendo agora, mas


estamos muito orgulhosos, porque
faz 20 anos que a sociedade brasi-
liense sonha e espera por um parque
tecnológico que possa ajudar a de-
senvolver os setores de P&D das em-
presas e startups, principalmente nas
áreas de biotecnologia e tecnologia
da informação e comunicação”, con-
tou Lima.

Além da Anprotec, o BIOTIC abriga-


Equipe Anprotec organizando a casa nova! rá a Associação Brasileira das Insti-
tuições de Pesquisa Tecnológica e
Inovação (Abipti), a Federação das
Indústrias do Distrito Federal (Fibra)
e o espaço de co-working do Sebrae.
CAFÉ DA MANHÃ DE INAUGURAÇÃO
“O espaço surge para ajudar Brasília
No dia 6 de dezembro, em Brasília (DF), será reali- a recuperar seu nome e o tempo per-
zado o tradicional Café da Manhã Anprotec & Par- dido, porque nascemos para ser re-
ceiros. ferência em inovação, e estamos em
um momento muito crítico. O futuro
O evento, que tem o objetivo de apresentar um ba- do nosso país depende da inovação
lanço das atividades realizadas ao longo de 2018, tecnológica. São startups inovadoras
marca a inauguração da nova sede da Associação e empresas de tecnologia que vão
no parque tecnológico BIOTIC. criar mais empregos e que ajudarão
na segurança pública e até na econo-
Após o Café da Manhã, será realizada a 14ª Assem- mia”, pontuou Lima.
bleia Geral Extraordinária da Anprotec, e a capaci-
tação das incubadoras e aceleradoras selecionadas
no Programa de Incubação e Aceleração de Impac-
to 2018/2019.

#participe #CafedaManhaAnproteceParceiros

Edição 84 = Novembro 2018 64


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SE LIGA NA DICA
AO SUMÁRIO

Nação Empreendedora:
O Milagre Econômico de Israel
Com o título em português, “Nação Os autores mostram como a cultura
Empreendedora. O Milagre Econô- do país é movida pela adversidade,
mico de Israel e o que Ele nos Ensi- o jeito de pensar e a atitude perante
na”, o livro de 2009, de Dan Senor a vida dos israelenses, a forma como
e Saul Singer - Start-Up Nation: The empresas e universidades são admi-
Story of Israel’s Economic Miracle - nistradas, e como as políticas públi-
apresenta histórias de pessoas que cas realizadas pelo governo traça-
têm um papel central no desenvolvi- ram uma sociedade extremamente
mento de Israel, a exemplo de seus inovadora e empreendedora.
inventores e investidores.
A experiência do país em inovação é
tão relevante que, durante o Workshp
Anprotec, realizado em setembro
em Goiânia - RS, o ex-presidente da
Associação, professor Ary Plonski,
da USP, participou do painel “o papel
dos ambientes de inovação no de-
senvolvimento regional e nacional” e
ressaltou que Israel e a Coreia são as
nações que mais investem em P&D
no mundo, com 4,5% do Produto In-
terno Bruto (PIB) do país. “Israel tem
alta tecnologia, e a Coreia, a partir da
tecnologia, produz em escala para
todo o mundo”, explicou.

De acordo com ele, Israel possui oito


mil startups, sendo que 10% delas
são de Agritech. “Em junho, a renda
média do país ultrapassou a do Ja-
pão (U$ 42K). A taxa de desempre-
go é de 3,7% e o Índice de Desenvol-
vimento Humano (IDH) é de 0,903.
Mas, é preciso elevar a produtividade
e mitigar a desigualdade socioeco-
nômica”, apontou o professor.

Essa dica de leitura vem do também


ex-presidente da Anprotec, Jorge
Audy, da PUC-RS, que coordenou o
Workshop Anprotec 2018.

Edição 84 = Novembro 2018 65


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AGENDA DO MOMENTO
AO SUMÁRIO

PROGRAME-SE:

EVENTOS ANPROTEC

• Café da Manhã Anprotec & Parceiros


Brasília - DF > 6 de dezembro
anprotec.org.br/site/

• Workshop inicial do Programa de Incubação de Impacto


2018 | 2019
Brasília - DF > 6 e 7 de dezembro
anprotec.org.br/negociosdeimpacto

EVENTOS DO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO

• 4º Seminário sobre Diplomacia e Inovação Científica e


Tecnológica: Ambientes e Redes de Inovação do BRICS
Brasília - DF > 22 de novembro
www.funag.gov.br/sisev/

• CASE 2018
São Paulo - SP > 29 e 30 de novembro
case.abstartups.com.br

• Conferência Nacional de Investimento Anjo


São Paulo - SP > 10 de dezembro
conferencia.anjosdobrasil.net

Edição 84 = Novembro 2018 66


Há mais de 30 anos
impulsionando ambientes
de inovação no Brasil
Os associados à Anprotec têm acesso exclusivo a informações, treinamentos,
cursos, eventos, publicações e projetos que propiciam conhecimento e
melhoria no desempenho da instituição. Podem se associar incubadoras
de empresas, parques tecnológicos, aceleradoras, instituições de ensino e
pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao empreendedorismo e
à inovação, além de pessoa física interessada no tema.

BENEFÍCIOS AOS ASSOCIADOS


• Internacionalização
• Capacitação Conheça a Anprotec
• Corporate Venture e associe-se!
• Networking anprotec.org.br
• Articulação institucional
• Acompanhamento legislativo
• Fontes de conteúdo

Parque Tecnológico de Brasília – BioTIC


Granja do Torto, Lote 04 - Ed. de Governança
2º andar | Brasília – DF
+ 55 (61) 3202-1555 | associado@anprotec.org.br

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