Sunteți pe pagina 1din 29

Eduardo Velasco - O mito da homossexualidade na Grécia

Antiga

FONTE
Nós reescreveremos a história, a história adulterada cheia de mentiras e distorções
heterossexuais. ― ("Manifesto Gay")

É ubíquo. É mencionado pelos professores, pela mídia e até pela Wikipedia. Todos papagueiam na
Internet. Se tornou incontestável. Mas, afinal, ¿sobre o que estamos falando? Atualmente, a maioria
supõe que a homossexualidade era algo comum na Grécia Antiga. Entretanto, esse mito é apenas
um gigante com pés de barro.

Neste artigo refutaremos o mito de que a homossexualidade formava sistematicamente parte da


sociedade grega. Como se verá, a tese não é de que a homossexualidade fosse inexistente entre os
gregos, mas que a moralidade tradicional atribuía uma reputação negativa ao comportamento
homossexual. Também será mostrado que, na maioria dos casos, havia punições prescritas para a
conduta homossexual, como a pena de morte, o exílio ou a marginalização da vida pública.
Realmente, houve homossexuais na Grécia, mas, como veremos, isso não significa que a
homossexualidade era uma "prática usual", muito menos uma "instituição social", como alguns
círculos alegam.

A TEORIA DO PROTESTANTISMO 

O protestantismo pode ser considerado um ramo extremamente negativo do cristianismo,


especialmente em sua vertente calvinista-puritana. Tal como vimos em outro artigo, o cristianismo
foi extremamente negativo para o povo europeu, apesar disso, é fácil ver no catolicismo a repetição
de alguns arquétipos e símbolos pertencentes à Europa pré-cristã. O Renascimento e a maior parte
da arte europeia se concentram em áreas católicas, enquanto que as áreas protestantes renovaram o
fundamentalismo semítico de atacar imagens ("idolatria") e desproveram o mundo nórdico da
herança mais dionisíaca (os protestantes eram mais "apolíneos" na importância que davam à palavra
e música, que culminou com Bach), visual e litúrgica, e do legado clássico greco-romano, que era,
por definição, pagão.

Não obstante, nem tudo no protestantismo foi negativo, tampouco. Por um lado, as congregações
foram disciplinadas, daí, nasceram fortes laços comunitários que, do ponto de vista racial, preservou
muito melhor o legado genético de seus fiéis do que o dos católicos ― isso é evidente quando
comparamos a colonização das Américas.

Deixando de lado o zelo abraâmico do protestantismo, pode-se reconhecer um mérito inegável: ter
incutido em povos inteiros o dever de ler, pois graças a isso, favoreceu-se a alfabetização, o acesso
à leitura, à cultura e à informação. O objetivo principal desta política era que todos pudessem
interpretar a Bíblia à sua própria maneira, pensar por si mesmos e conhecer a "palavra de Deus" em
primeira mão, sem ter que recorrer a "intermediários" como o clero, que tendia a fazer dos
paroquianos católicos um rebanho sem opiniões próprias. Na prática, isso favoreceu o livre
pensamento, a possibilidade de, em caso de divergência do papel "oficial", fundar sua própria
comunidade religiosa, apoiando-se em algum versículo bíblico específico, e, de qualquer forma,
recorrer às fontes originais para tentar descobrir a verdade. Não é de surpreender, portanto, que as
medidas eugênicas foram implementadas mais nas nações protestantes, e que personagens como
Nietzsche ou Darwin vieram de ambientes protestantes, onde o conhecimento da Bíblia estava na
ordem do dia e onde a cultura escrita tinha uma difusão muito maior.

O que será defendido neste artigo é precisamente a possibilidade de cada qual conhecer a verdade
em primeira mão, sem ter que confiar em intermediários de reputação duvidosa. Portanto, neste
artigo, fontes gregas serão usadas para demonstrar que a homossexualidade na Grécia Antiga não
era, de forma alguma, um fenômeno social aceito. Evitaremos, então, a tirania do pensamento
único.
A ORIGEM DO MITO  

A primeira "coincidência" é que quase todos os autores que reivindicaram que a homossexualidade
fosse algo corrente na Grécia Antiga... eram homossexuais. Esta não é uma questão trivial, pois
implica necessariamente que as perspectivas de tais autores são inevitavelmente influenciadas por
suas tendências pessoais.

Falamos, por exemplo, de autores como Walter Pater, Michel Foucault, John J. Winkler, John
Boswell, Kenneth James Dover e David M. Halperin, que, aparentemente, distorceram a história
grega à sua conveniência. O instituidor disso foi precisamente Walter Pater (1839-1894), professor
em Oxford. Por alguma estranha casualidade, ele e todo seu círculo de seguidores eram
homossexuais (por exemplo, Pater foi professor de Oscar Wilde, o famoso poeta inglês) e, portanto,
não surpreende que ele extrapolasse as relações professor-aluno. Provavelmente, o argumento mais
desonesto de Pater é que "amor platônico" não tinha relação com a Psiquê, sendo algo meramente
sexual.
A origem do mito da "homossexualidade grega" remonta a esse homem, o Walter Pater, professor de
Oxford conhecido por seus escândalos com seus alunos, como William M. Hardinge. Esse círculo
de vitorianos decadentes é responsável por ter pervertido a história grega às suas fantasias pessoais
(é de se esperar que, para um professor que se relacionava com seus próprios alunos, o covinha
distorcer as relações professor-aluno), sendo seus escritos redescobertos um século depois com o
advento de uma outra onda de autores ― "coincidentemente", todos ou quase todos homossexuais
assumidos. Desde então, em todo os lugares, e até na Wikipedia, tal suposição se tornou inatacável.

Em seus escritos, esses autores são cautelosos, se utilizando de suposições ambíguas, para criar a
margem necessária para manobrar sua própria visão, sempre tendendo a ver fantasmas e sinais
homossexuais onde não existem. Mais adiante, veremos seus argumentos espalhafatosos. Mesmo
assim, convém dizer que desde que esses autores escreveram suas teorias, principalmente no final
do século XIX e durante a onda hippie pós-1968 do século passado, não houve contribuição, quer
dizer, toda a informação que assola a Internet são simples repetições de suas teorias.

¿Onde, então, está o problema em tal teoria? O problema é que:

• Os gregos, em particular os de origem jônica (como os atenienses), que foram mais influenciados
pelos costumes orientais, tendiam a "reter" suas esposas em casa e desassocia-las da vida pública,
suprimindo a imagem feminina ― algo que foi muito bem satirizado pelo historiador Indro
Montanelli. Esta situação não foi um fenômeno essencialmente pan-helênico, porque as mulheres de
origem dórica (como as espartanas, por exemplo) tinham uma liberdade verdadeiramente notável;
em qualquer caso, os laços pessoais mais fortes tendiam a ser estabelecidos entre homens, como
será discutido mais adiante.

• Os gregos (e isto inclui todos eles) admiravam a beleza, inimportando onde ela se manifestasse,
tanto em homens quanto em mulheres; mas daí concluir que eles sempre traduziam essa admiração
em algo sexual, há uma grande diferença, como veremos mais à frente.

• Em um povo que enfatizava tanto a formação esportiva, o combate e a camaradagem, era normal
que, passando muito tempo longe de casa durante as aventuras e grandes batalhas, fossem formados
laços extremamente profundos (algo raramente compreendido por uma sociedade desviante como a
nossa); mas, em qualquer caso, esses laços não passavam de uma fraternidade. Apesar da enorme
importância que a relação entre professor e aluno teve na Grécia, e que, sem dúvida, conforme o
tempo alguns se degeneraram em homossexualidade, veremos que não foram poucas as cidades-
Estado que tomaram medidas para salvaguardar a sacralidade desta instituição educacional.

• Hoje, o ideal de beleza do imaginário coletivo é a mulher por volta dos trinta anos (o que não faz
com que todas as mulheres se tornem "lésbicas"). Na Grécia Antiga, o ideal de beleza era o jovem
que estava entre a adolescência e a maturidade, pois era considerado como o único tipo humano que
combinava a flor da juventude e a força da masculinidade.

• As palavras gregas para designar o iniciador e o iniciado (que aspirava se tornar um homem) eram,
respectivamente, erastes e eromenos, que, literalmente traduzidas, seria algo como "amante" e
"amado". No entanto, como veremos, a mentalidade tradicional fazia uma distinção entre amor
carnal e amor platônico, e essas relações eram baseadas no segundo tipo, considerado mais elevado,
mais altruísta, dissociado do carnal e mais capaz de incutir virtude e sabedoria. Na Grécia Antiga,
pensava-se que um rapaz precisava da orientação e tutela de um homem mais velho para prepará-lo
para a vida ou excelso no esporte, na caça e no combate. [Realmente se deve procurar por traduções
mais adequadas, pois hoje em dia essas palavras dão margem para conotações sexuais (diferente de
seu significado original, onde relações carnais eram proscritas). "Professor" e "aluno" seriam
equivalentes muito mais fiéis ao contexto moderno. O caráter de "amante" e "amado" deveria ser,
então, como um amor puramente platônico em uma relação baseada em admiração, respeito e
irmandade, completamente desprovido de conotações eróticas como as entendemos nos tempos
modernos].

Se havia um lugar onde se desaprovava o comportamento dissonante do sodomita foi


indubitavelmente nas associações de caçadores e soldados do passado remoto (chamado
Männerbund em alemão), onde o trabalho em equipe, a fraternidade, a disciplina e a camaradagem
de honra predominavam sobre os instintos individuais, os quais eram descarregados em combate ou
com mulheres, muitas vezes capturadas e tomadas à força. O melhor documento para se familiarizar
com a mentalidade, a psicologia e o modo de vida de uma männerbund do passado é, sem dúvida, a
"Ilíada" de Homero, grande épico por excelência do mundo grego, e onde se contam tradições que
remontam ao próprio Paleolítico

Este artigo não pretende negar que a homossexualidade existiu na Grécia (se foram promulgadas
leis contra, é porque houve casos), ou que todos os fatores expostos se permitiram acontecer com a
passagem dos séculos nas relações entre homens ― especialmente em condições de decadência e
esquecimento da tradição ancestral. O que será negado neste artigo é que essas relações eram
endêmicas e socialmente aceitas, ou até mesmo "reguladas estatalmente".

Dito isso, comecemos a refutar o mito.


ALGUNS APELIDOS PARA HOMOSSEXUAIS NA GRÉCIA ― A IMPORTÂNCIA DE
AEDOS        

Historicamente, a maioria das sociedades humanas proibiram e estigmatizaram práticas sexuais


estéreis ou aquelas que implicavam em risco de infecção. A homossexualidade satisfaz as duas
condições, pois, por um lado, é incapaz de gerar uma nova vida e, por outro, o orifício usado não é
precisamente a parte mais limpa e higiênica do corpo humano. Na Grécia Antiga, que não era
exceção a essa regra geral, não havia palavras modernas como "homossexual" ou "gay", portanto,
aos homossexuais havia uma série de palavras geralmente de significado altamente infame e
indigno:

- Euryproktos: bunda aberta.

- Lakkoproktos: bunda de poço. 

- Katapygon, kataproktos: homossexual passivo.

- Arsenokoitai: homossexual ativo.

- Marikas: saltitante, escandaloso [aquele que chama atenção].

- Androgynus: homem-mulher, "travesti", efeminado, ambíguo.

- Kínaidos (κιναίδος): causador de vergonha. Deriva de kineo (mover) e Aidos (Vergonha, deusa do


pudor e companheira de Nêmesis e punidora das transgressões morais). "Aquele que traz a ira de
Aedos". Como veremos, a Aedos é sempre acompanhada pela cruel Nêmesis (Indignação), uma
divindade vingativa que se encaixa bem no conceito de "karma" ou punição pelos pecados, e revela
que os gregos pensavam que todos os que praticavam sodomia estavam moralmente comprometidos
e tinham uma espada de Dâmocles sobre sua cabeça. Mas o fato mais importante é que, no
imaginário grego, a Aedos estava associada precisamente ao ânus:
Quando Zeus criou os humanos e as outras características de suas almas, ele as colocou
em todas as partes do ser humano. Porém, ele deixou a VERGONHA [Aedos] de fora.
Já que não sabia onde colocá-la, ele ordenou que ela fosse inserida no ânus. A Vergonha,
porém, reclamou disso e ficou muito irritada. E, enquanto estava profusamente
reclamando, ela disse: "Eu vou concordar em ser inserida dessa forma, mas se qualquer
coisa for inserida depois de mim, eu sairei". ― (Esopo, "Fábulas").

Deste mito deduz-se que, de acordo com a mentalidade tradicional grega, o sexo anal implica, por
sua vez, na ausência de pudor e modéstia (a modéstia era considerada uma virtude na Grécia) e a
vergonha em torno da pessoa.

Outra questão é que, em uma cultura pagã europeia em que cada atividade e cada momento da vida
tem seu próprio "patrono" ou deus, seria de se esperar ― particularmente em uma sociedade em que
supostamente a homossexualidade era generalizada ― uma divindade relacionada à
homossexualidade... mas inexiste. Ou melhor, se for o caso: essas "divindades" são os sátiros, seres
degenerados que realizavam todas as perversões imagináveis pela mente humana e que na Grécia
não tinham boa reputação. Mas isso será discutido mais tarde. Por outro lado, em uma civilização
que supostamente concede status de normalidade à homossexualidade, e que a favorece sobre a
heterossexualidade, seria de se esperar, novamente, que o erotismo fosse personificado em uma
divindade representada por um homem, mas a realidade, mais uma vez, não é essa: a deusa do amor,
a portadora de Eros e todas as qualidades que fazem os homens perderem a cabeça, é Afrodite, o
arquétipo da mulher alfa.

O MITO DE LAIO COMO EXEMPLO DE AEDOS EM AÇÃO


O mito de Laio é um exemplo perfeito do que acontece quando Aedos é insultada, atraindo, por
consequente, a Húbris, provocando a vingança de Nêmesis, de acordo com o conceito da Hélade
arcaica e clássica. Começaremos a falar sobre o primeiro causador de vergonha e pedófilo da
mitologia grega, o Laio, e veremos as consequências de seu "pecado".

Laio (o "canhoto") era de linhagem real da cidade de Tebas, mas quando ele iria ascender ao trono,
seus primos usurparam-o e Laio teve que se exilar em Pisa, onde o rei Pélope (daí vem Peloponeso)
acolheu-o como um convidado. Pélope queria que Laio ensinasse seu filho Crísipo as artes da
equitação, numa relação de professor e aluno. No entanto, Laio profanou o caráter sagrado e
platônico dessa relação, abusando sexualmente do pobre garoto. O garoto, por pura vergonha
(lembre-se de Aedos), acaba cometendo suicídio. A transgressão sem precedentes de Laio traz sobre
ele a vingança divina e, assim como Aedos fez Crísipo cometer suicídio, Nêmesis, sua
acompanhante, punirá seu pecado. Os deuses então tramam um plano para canalizar sua raiva
punindo a perversão e amaldiçoando toda linhagem de Laio até que ela desaparecesse (uma lição de
moral ao resto dos mortais).

A maldição começa quando os deuses enviam a Esfinge para Tebas. Este ser, com corpo de leão,
cabeça de mulher e asas de pássaro, se dedica a semear o terror nos campos tebanos, destruindo as
plantações e estrangulando todos aqueles que são incapazes de resolver seus enigmas. Laio acaba se
casando com Jocasta, mas o oráculo de Delfos o avisa para que não tenha progênie, porque ele seria
um menino destinado a matar seu pai e casar com sua mãe. Moira (o destino) não pode ser evitada,
então a profecia é cumprida: Édipo, que havia sido mandado pra longe de sua família, matou seu pai
sem saber quem ele era e, tendo salvo Tebas da Esfinge, se casou com sua mãe, a rainha Jocasta,
tornando-se rei de Tebas até que, quando os fatos são finalmente conhecidos, por vergonha (Aedos e
Nêmesis entram em ação), Jocasta se enforca e Édipo arranca os próprios olhos. Quanto aos filhos
nascidos deste casamento incestuoso, dois deles, Etéocles e Polinices, matam-se em batalha,
enquanto as filhas, Antígona e Ismênia, são condenadas à morte. A Justiça é feita por causa do que
Laio, seu avô, havia cometido.

Embora tenha conseguido matar o monstro e virar o rei de Tebas, o herói Édipo, sendo filho daquele
que trouxe a ira de Aedos, foi amaldiçoado pelos deuses; quando soube que havia matado seu pai,
casado com sua mãe e tido filhos com ela (algo como a húbris absoluta), ele arrancou os próprios
olhos.

Quanto à questão da homossexualidade nesse mito, várias perguntas devem ser feitas: ¿Por que
Crísipo cometeu suicídio se o sexo entre professor e aluno era supostamente tão normal? ¿Por que
Zeus enviou a Esfinge para Tebas como punição? ¿Por que a linhagem de Laio foi amaldiçoada? O
mito de Laio possui muitas lições morais. Por um lado, que a aberração é sempre punida pelos
deuses, mais cedo ou mais tarde, tendo ciência disso ou não; e que Aedos é sempre acompanhada
pela vingança "cármica" de Nêmesis. Por outro lado, que os pecados dos pais são pagos, pelo
menos, até a terceira geração. E, finalmente, que os seres malignos e os monstros (como a Esfinge)
são os filhos da traição e da aberração, criados pelas transgressões dos homens ― especialmente as
sexuais.

Quando pensamos que esse mito era uma tradição transmitida oralmente de geração em geração e
representada teatralmente ano após ano em uma civilização que atribuía extrema importância estar
em harmonia com os deuses, é difícil pensar que na Grécia esse comportamento fosse socialmente
aceito (particularmente em Tebas, onde ocorreu o mito de Laio).
Por essa razão, devemos agora voltar nossa atenção para o Batalhão Sagrado, um corpo de elite do
Exército de Tebas formado por Epaminondas e Górgidas em 378 AEC, que acabaria por derrotar e
ocupar a Esparta, e que, de acordo com os círculos, consistia em cento e cinquenta pares
homossexuais. Acredita-se que há uma alusão ao Batalhão Sagrado no "Banquete" de Platão (178e),
quando se discute a conveniência de ter "um exército de amantes e amados". Se examinarmos a
fonte original da frase, encontramos os termos gregos "genesthai e stratopedon eraston te kai
paidikon", no qual a palavra eromenos (amado) não aparece em qualquer lugar; só encontramos a
palavra paidikon (menino). O que os círculos não mencionam é que a inovação de Epaminondas
consistiu em modificar as táticas de combate de seu exército. No passado, os novatos (alunos, força,
impulso) formavam a linha de frente e os veteranos (professores, sabedoria, experiência) a linha de
fundo. O que Epaminondas fez foi misturá-los igualmente em todas as linhas, combinando as
qualidades de ambas as linhas. Outrossim, como em tantos outros casos, não há absolutamente nada
mostrando qualquer traço de homossexualidade, tal como a instituição anteriormente citada entre
professor e aluno de caráter platônico.

Como confirmação, no ano 338 AEC, após a Batalha de Queroneia, na qual a resistência grega
perdeu para a invasão macedônica, o rei Filipe II da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, olhou
para os soldados tebanos mortos que lutaram heroicamente até a morte. Depois de um longo tempo
olhando-os, exclamou: "Morra miseravelmente aquele que pensar que estes homens fizeram algo
vergonhoso!"

Outra citação referente ao caso de Laio está nas "Leis" de Platão, quando o ancião ateniense,
representante do ponto de vista platônico, fala "daquela lei que era vigente antes da época de Laio,
declarando que é certo nos abster da relação sexual em que substituímos uma mulher por um
homem ou um rapaz, aduzindo como evidência a natureza dos animais selvagens e apontando o fato
do macho não tocar o macho com esse propósito, visto que é contra a natureza" (836c). Laio
seria visto aqui, então, como aquele que transgrediu a lei natural ao contrariar os deuses. O
ateniense defende a ideia de que a lei não deve ser benevolente em relação à homossexualidade,
uma vez que ela não inculca autocontrole na alma do "ativo" (que é acusado de lascívia) ou valor na
alma do "passivo" (que é acusado de imitar o papel feminino de maneira antinatural)
HOMOFOBIA NAS LEIS E A MORALIDADE GREGA 

Neste tópico veremos uma série de citações que testemunham uma clara "homofobia", certificando
que havia Estados gregos, incluindo alguns dos mais importantes, que proibiram a
homossexualidade com punições severas, e que, em tal caso, dificilmente se pode dizer que a
homossexualidade era "socialmente aceita" ou que constituía uma "instituição social".

Em seu "Contra Timarco", o orador Ésquines (389-314 AEC) nos fala sobre as famosas leis de
Sólon, entre as quais há uma que convém assinalar:
Se algum ateniense tiver um companheiro do mesmo sexo, a ele não será permitido se
tornar um dos nove arcontes; nem trabalhar como sacerdote ou magistrado, ou ocupar
qualquer cargo público, nem no país nem no estrangeiro, seja por sorteio ou por eleição;
ele não será enviado como arauto; ele não participará de debates, nem estará presente
em sacrifícios públicos; e ele não poderá entrar nos limites de um lugar que foi
purificado para a congregação do povo. Se qualquer homem for acusado de atividades
sexuais ilegais como as descritas, ele deverá ser executado. (21)

O discurso de Ésquines é reforçado quando faz menção de seus antepassados atenienses, "severos
em relação a todo comportamento vergonhoso", e que consideravam "preciosa" a "pureza de seus
filhos e de seus concidadãos". Ele também elogia as medidas espartanas contra a homossexualidade,
citando o ditado de que "é bom imitar a virtude mesmo de um estrangeiro".
Portanto, algumas leis da democracia ateniense seriam taxadas hoje em dia como "homofóbicas", e
é realmente hilário quando a atual democracia progressista tenta fincar suas raízes na Grécia: até
Atenas, talvez o Estado grego mais "liberal", só permitia o voto aos cidadãos, ou seja, homens
maiores de idade descendentes de famílias nobres que haviam superado extenuantes testes físicos
(estamos falando de proezas esportivas que são impraticáveis para a grande maioria) e que estavam
dispostos a salvaguardar a integridade da pólis ateniense com suas armas e com seu sangue.
Por sua parte, o Demóstenes (384-322 AEC), um político e orador ateniense, lista uma medida
semelhante em seu "Contra Androção", quando ele especifica que aqueles que praticam sodomia
"não terão direito de falar em público tampouco apresentar um caso perante um tribunal" (30).

A conclusão derivada desses trechos é a de que os homossexuais atenienses eram proibidos de


participar de eventos políticos, religiosos ou culturais, sendo considerados cidadãos de segunda
classe.

Agora, o mais notável é o caso de Platão (427-347 AEC), por um lado, porque ele sempre elogia as
medidas espartanas (que, como veremos, eram severas em relação a homossexualidade) e, por outro
lado, porque ele fala o tempo todo sobre a importância da "abstinência", "moderação",
"comedimento" e "autocontrole"; ele atribui grande importância ao controle dos instintos e do
prazer, a tal ponto que, hoje em dia, a maioria das pessoas o veria como um velho ranzinza ― não à
toa que "amor platônico" é considerado um amor idílico, puro e desprovido de caráter sexual; tal
como, por exemplo, expressa o poeta renascentista Francisco Petrarca a uma "etérea" amada que
não é desse mundo: se refere a um amor ascético e ritual, que catalisava a excelência do espírito e
não coincidia necessariamente com o amor físico.
Entrando no assunto, no diálogo "Leis" tem um excerto particularmente interessante:
Quando o macho se une à fêmea para a procriação, o prazer experimentado é
considerado devido à natureza, porém contrário à natureza quando o macho se une
ao macho ou a fêmea se une à fêmea, sendo que os primeiros responsáveis por tais
enormidades foram impelidos pelo domínio que o prazer exercia sobre eles. E todos nós
acusamos os cretenses de terem inventado o mito de Ganímedes. (Livro I, 636c)

Mais adiante, o velho ateniense dá duas opções possíveis para a legislação em sentido sexual:
Poderíamos impor uma de duas alternativas no que concerne às relações sexuais: ou
ninguém ousará tocar nenhuma pessoa nobre e livre, exceto sua própria esposa, nem
lançar sua semente em mulheres adúlteras, gerando filhos ilegítimos e bastardos, nem
pervertendo a natureza desperdiçando seu sêmen na sodomia; ou então deveremos
abolir inteiramente as relações com o sexo masculino. (Livro VIII, 841ce)

Em "Fedro", o Platão fala sobre como os homossexuais temem ser descobertos (o que seria
incomum em uma sociedade onde a homossexualidade fosse uma "instituição social", como alguns
alegam):

Suponhamos que, em face das convenções, receiam que a vossa conduta seja
divulgada, tornando-lhes alvos de críticas e intrigas. (232)
Enquanto isso, o Plutarco, um autor posterior (46-120 EC), em "Morália" (Volume X, 751ce),
contrasta no seu tratado sobre o amor a união "natural entre homem e mulher" com a "união entre
homens, contrária à natureza", e algumas linhas depois diz mais uma vez que "aqueles que
coabitam com homens o fazem contra à natureza". 

Outro escritor, dos tempos romanos, o Luciano de Samósata (125-181 EC), em sua obra "Erotes"
(Amores), possui inúmeras passagens notáveis, entre as quais algumas podem ser destacadas,
embora seja aconselhável ler toda a obra pois é um debate entre o amor para com os homens e o
amor para com as mulheres, no qual o autor posiciona-se claramente a favor do "divino Platão":
Como uma coisa não pode nascer de uma única fonte, Ela [a "mãe primordial"] dotou
cada espécie de dois gêneros: o macho, a quem deu o principio da semente, e a fêmea, à
qual foi moldada como um recipiente para a referida semente. Eles são unidos de acordo
com a necessidade saudável, de modo que, permanecendo dentro de seus limites
naturais, a mulher não pretenda se tornar um homem, nem o homem se tornar
indecentemente efeminado. É assim que as uniões entre homens e mulheres
perpetuaram a raça humana até hoje. (19)

Gaia (Mãe-Terra), equivalente grega da Telo romana, era consorte de Urano (Céu), o grande
progenitor celeste. É relacionada ao matrimônio, à gravidez e à fertilidade das mulheres.
Certamente Luciano de Samósata se refere a ela quando fala de uma "mãe primordial".

No início, quando os homens viviam imbuídos de sentimentos dignos de heróis, eles


honravam a virtude que nos torna semelhantes aos deuses; seguiam as leis fixadas pela
natureza; e unidos com uma mulher de idade apropriada geravam crianças virtuosas.
Mas, pouco a pouco, a raça caiu do topo para o abismo da luxúria, buscando prazer em
caminhos novos e errantes. Finalmente, a concupiscência, quebrando todas as barreiras,
transgrediu as próprias leis da natureza. Aliás, o primeiro homem que olhou para o seu
semelhante como se fosse uma mulher, ¿poderia fê-lo por engano? Dois seres do mesmo
sexo acordaram em uma cama; quando olharam um para o outro, nenhum sentiu-se
orgulhoso pelo feito. Semeando sua semente (como diz o ditado) em rochas estéreis,
eles trocaram um prazer passageiro por uma grande desgraça. (20).

Poderíamos enfatizar que não foram poucas as comédias teatrais que usavam uma linguagem
extremamente chula para depreciar os homossexuais, especialmente aqueles que assumiam o papel
passivo (chamados de kataproktos). Se a homossexualidade fosse uma prática comum, isso
implicaria que o comediante estaria ridicularizando toda a sua audiência masculina.

No entanto, toda a "homofobia" que vimos neste tópico se ofusca diante das leis do que foi,
indubitavelmente, a mais "homofóbica" e religiosa de todas as pólis gregas, como veremos no
tópico a seguir.

ESPARTA

As regras relativas aos prazeres em Esparta me parecem as melhores do mundo. —


(Megilo, nas "Leis" de Platão, trecho 637a)

O caso de Esparta é infame, pois apesar de inúmeras evidências de "homofobia", os círculos as


desconsideram. Sendo assim, pegaremos um fragmento do capítulo quatorze do artigo sobre
Esparta: 

O ritmo de vida que o espartano levava era tão intenso que conseguia matar uma manada de
rinocerontes e nem as espartanas teriam podido suportá-lo. Assim, o mundo da milícia espartana era
todo um universo — um universo de homens. Por outro lado, a intensa relação afetiva, o culto à
virilidade e a camaradagem que se dava entre os componentes do binômio na falange de combate e
em toda a sociedade — e que os degenerados de nossos tempos nunca poderiam compreender — foi
usado para supor o mito da homossexualidade. E isso apesar de que os componentes do binômio
eram considerados irmãos, pois a cada espartano lhe era inculcado que todo homem de sua geração
era seu irmão.

Sobre isso, o Xenofonte escreveu: 

Os costumes instituídos por Licurgo estavam em oposição a todos os outros [Estados


gregos, principalmente Atenas e Corinto]. Se algum homem admirasse a alma de um
rapaz, tutelando-o, se aprovava, pois acreditava na excelência desse tipo de
treinamento. Mas se estava claro que a admiração estava na beleza exterior do rapaz, se
proibia a relação como uma abominação; e assim a purgava de toda impureza, de
modo que tal relação se assemelhava ao amor paterno e fraterno. — ("Constituição dos
lacedemônios", II).  

Portanto, a relação espartana entre professor e aluno era fundada em respeito e admiração, pois
constituía um treinamento, quer dizer, uma instrução a sua maneira. Outros contestam sobre o amor
de professor e aluno, entretanto, sempre foi claro de que esse amor era "casto". Quanto a isso, o
romano Cláudio Eliano disse que se dois homens espartanos "sucumbissem à tentação e se
permitissem relações carnais, deviam redimir a afronta à honra de Esparta, se exilando ou acabando
com a própria vida". O que significa que a pena pela homossexualidade em Esparta era a morte ou o
exílio (considerado naqueles tempos pior do que a morte).

Nada obstante, a camaradagem foi impugnada pelos círculos. Mesmo assim, ainda é o fundamento
do Exército. Hoje em dia, os meninos crescem à sombra da influência feminina das professoras. E é
difícil saber até que ponto a falta de influência masculina limita suas vontades e suas ambições,
convertendo-os em mansos, plácidos e irreativos.

Temos outro exemplo do caráter platônico das relações professor-aluno em Esparta nas dissertações
de Máximo de Tiro (por volta de 180 EC), em que ele escreve que "qualquer homem espartano que
admira um menino laconiano o admira apenas como eu admiraria uma bela estátua, pois prazeres
carnais deste tipo são levados pela Húbris e são proibidos" (20e). Húbris era considerado um estado
da alma ou um demônio que precipitava o homem mortal em direção à presunção, arrogância e
insolência em relação aos deuses e suas leis, o incitando a cometer atos sacrílegos que atentam
contra a ordem natural. O mito de Laio, que vimos mais acima, talvez seja o melhor exemplo de
"Húbris absoluta" e a relação cármica desse conceito de "pecado" ou sacrilégio com Aedos e
Nêmesis.

Apesar disso, os círculos distorcem com especulações vãs sobre sinais de homossexualidade onde
só se vê amizade, camaradagem e, sim, amor, amantes e amados, mas em nenhum caso um amor
carnal, tão somente um amor entre irmãos.
SUPOSTOS PARES HOMOSSEXUAIS E EXEMPLOS NA MITOLOGIA E HISTÓRIA
GREGA

A mitologia não deve ser entendida a literal, mas valorada, porque nela estão incorporadas as
crenças, a mentalidade, os valores de toda uma civilização, portanto, fornece-nos a chave para sua
psicologia, seu imaginário coletivo, seus ideais e seus sentimentos.

Os círculos especulam sobre pares homossexuais, entretanto, é preciso de evidências nas obras
originais, não somente especulações baratas e malentendidas sobre a mitologia.

AQUILES E PÁTROCLO   

Aquiles e Pátroclo são talvez o par homossexual mais conhecido do mundo grego. De acordo com
os círculos, eles eram amantes homossexuais.

Bem, novamente, o mais aconselhável é verificar as fontes originais. ¿E qual a melhor fonte senão a
Ilíada de Homero? Vamos analisar o Canto IX da obra mencionada:
Deita-se Aquiles no fundo da tenda, com uma moça ao lado, que havia trazido de
Lesbos, filha do grande Forbante, a Diomeda de faces rosadas. Pátroclo, no lado
oposto, também se deitou tendo ao lado outra moça, a Ífis de bela cintura, que
Aquiles lhe trouxe quando saqueara a Esquiro, cidade de Ênio. (657-668).
Se Aquiles e Pátroclo eram amantes, ¿por que eles dormiam em lados opostos da tenda, cada um
com uma mulher? ¿Eles não deveriam dormir juntos? ¿Onde está a menção do "amor" de Aquiles e
Pátroclo como algo sexual e além de uma intensa amizade ou amor platônico entre irmãos de
armas?
Sem mencionar que o comportamento de Aquiles em toda a saga de Troia é de um "macho alfa".
Ele se orgulha de ter devastado e saqueado numerosas cidades, matando inúmeros homens e
escravizado e possuído suas esposas e filhas. Ele se aira quando Agamenon captura Briseis, sua
escrava favorita, e quando os aqueus queriam que Aquiles voltasse à batalha, não o tentavam com
efebos (o que seria normal para um homem que "se casa apenas para procriar, mas se envolve com
homens", como alguns reivindicam) mas com uma infinidade de belas escravas, virgens e
"talentosas na arte do prazer", além de outras séries de recompensas materiais que não vêm ao caso.

Pátroclo, mais velho que ele, é meramente seu professor e iniciador, além de seu amigo, e a atitude
que ele tem para com Aquiles é como a de um irmão mais novo. A intensidade das aventuras vividas
em torno da guerra havia forjado entre eles um vínculo de camaradagem particularmente intenso, o
que é muito claro quando, na morte de Pátroclo pelas mãos do herói troiano Heitor, o Aquiles se
afunda no mais terrível desespero. Alega-se que a reação de Aquiles é forte demais para que fosse
uma relação de mera fraternidade, porém, mais tarde, na Ilíada, o rei Príamo sente uma tremenda
dor quando seu filho Heitor cai sob a lança de Aquiles, o que demonstra que, para os gregos, o amor
erótico não tinha relação com o desespero pela perda de um ente querido.
ZEUS E GANÍMEDES   

Ganímedes era um príncipe troiano que, recém-saído da adolescência, vivia um estágio transitório
de caçador-coletor em um ambiente selvagem, o que era bastante comum na Grécia tradicional
(Esparta também tinha esse costume) como um rito de passagem para marcar a chegada da
masculinidade. Impressionado com seu porte, Zeus se transforma em uma águia e sequestra-o no
Monte Ida, o levando ao Olimpo para ser copeiro dos deuses.

¿O que significa "copeiro"? Copeiro, como o próprio nome indica, é aquele que serve as
copas. Realmente, os deuses e deusas procuravam o "garçom" mais bonito, pois, de todos os povos,
os gregos eram aqueles que atribuíam maior importância à beleza, inevitavelmente a relacionando
com a divindade.

Vejamos o que Homero diz sobre Ganímedes:

De Tros provieram três filhos, de forma e intelecto perfeitos: Ilo, depois deste, Assáraco
e, alfim, Ganímedes deiforme, que entre os mortais foi, sem dúvida, o herói de mais
bela aparência. Os deuses a este raptaram, por causa de sua beleza, para que a Zeus de
copeiro servisse e vivesse no Olimpo. ― ("Ilíada", Canto XX).

O sábio Zeus, certamente, raptou Ganímedes de cabelos doirados pela sua beleza, para
que ele estivesse entre os imortais e, no lar de Zeus, o vinho vertesse para os deuses;
prodígio aos olhos, é honrado por todos os imortais quando tira o néctar vermelho da
cratera dourada. ― ("Hino homérico à Afrodite"). 
¿Onde estão os sinais de homossexualidade nesse mito? Pois bem, nas fontes não há menção de
uma relação carnal entre Zeus e Ganímedes.

Certamente os círculos dirá-se-ão que os sinais são "ocultos" ou "simbólicos". Apesar disso, a
realidade é que a mitologia grega é totalmente explícita no tocante a esses assuntos, não deixando
margem para malinterpretações, e, de qualquer forma, o fato de que muitas relações tenham gerado
crianças é mais do que suficiente. Ademais, se os gregos supostamente viviam em um sociedade
onde a homossexualidade era algo socialmente aceito, então, ¿por que os autores de tais mitos
esconderiam as histórias de pares homossexuais em ambiguidades? 

Além disso, e como veremos mais abaixo, o Zeus é um deus que se envolve com dezenas, talvez até
centenas, de deusas e mulheres mortais (na Ilíada há a sensação de que há poucos soldados, reis e
heróis que não descendem dele). Em cada caso de Zeus, sua esposa Hera, a patrona da fidelidade, se
enciuma, conflitando com seus impulsos poligâmicos.

APOLO E JACINTO 

Na mitologia grega, o Jacinto era um belo e forte príncipe espartano que o deus Apolo tutelava.
Segundo Filóstrato, Apolo ensinou Jacinto a atirar com arco e flecha, a tocar lira, a sobreviver em
florestas e montanhas, e a se destacar nas diversas disciplinas desportivas e ginásticas; seu papel de
professor e iniciador é evidente, não só em relação a Jacinto, mas de toda Esparta, uma vez que
Jacinto, por sua vez, transmitia o conhecimento adquirido do deus a seus compatriotas. Durante um
treinamento, o deus e o rapaz estavam lançando disco. Em determinado momento, Apolo o lançou
com muita força e Jacinto, para impressioná-lo, tentou pegá-lo, mas, ao cair do céu, o disco quicou
no chão, acertando-o na cabeça e matando-o. Apolo, afligido, não permitiu que Hades reivindicasse
a alma do rapaz, e, com seu sangue, criou a flor de jacinto.
¿Existe alguma homossexualidade no mito? ¿Existe alguma intervenção de Eros ou Cupido? ¿Há
qualquer coisa que sugira que entre Jacinto e Apolo exista algo além de um amor entre irmãos ou
companheiros de treinamento? Depois de ler os escritos de autores que abordaram o mito de
Jacinto, como Heródoto ("Histórias"), Pausânias ("Descrição da Grécia"), Luciano de Samósata
("Diálogos dos deuses"), Filóstrato ("Imagens") e alguns outros, não se pode encontrar qualquer
coisa que sugira o amor erótico, somente uma profunda amizade entre professor e aluno.
Bem, para os círculos, o mito de Jacinto não só demonstra a homossexualidade pederasta, como
também confirma que a mesma era generalizada entre os espartanos só porque o feriado de Jacinto
era importante em Esparta! [Ao sudeste do Estado espartano, na cidade de Amiclas, havia um
túmulo (no estilo das estruturas fúnebres erguidas nas antigas culturas da Europa Central) que era a
tumba de Jacinto, e onde os espartanos realizavam as chamadas Jacintas, típicas festas de três dias
de duração, em que se celebrava a morte e ressurreição de um ídolo religioso]. Como vimos,
Esparta reprovava a conduta homossexual e, além disso, como veremos adiante, o comportamento
de Apolo na mitologia grega é incontroverso (além de consorte de Urânia, ele é o deus que
amaldiçoa o pedófilo e causador de vergonha Laio a pedido de Pélope).

Uma versão alternativa explica que Zéfiro, o vento do Oeste, desde o Taigeto (a montanha em que
os espartanos praticavam sua eugenia) desviou o disco por ciúme de Jacinto. Sem embargo, mais
uma vez, não encontramos conotações eróticas em nenhuma fonte, tal como as encontramos na
relação entre Zéfiro e Íris. 

"Apolo e Dafne", por Arno Breker. De acordo com a mitologia grega, o Apolo, certa feita, se gabou
de ser um arqueiro melhor do que o Cupido (o famoso anjinho que fere os mortais com a paixão do
amor à primeira vista). Como vingança, o Cupido atirou em Apolo uma flecha dourada que o
encheu de amor por uma ninfa chamada Dafne. Mas ela, por sua vez, foi atingida por uma flecha de
chumbo, o que lhe causou desprezo e desgosto pelo deus. Apolo, desesperado, persegui-a, enquanto
Dafne fugia aterrorizada. Implorando por ajuda, a Dafne se transformou em um loureiro no
momento em que Apolo a alcançou. Embora os círculos digam que se trata de uma parábola sobre o
"desencanto com o sexo oposto", a realidade é que Apolo abraçou a árvore e, chorando, disse
"Dafne, meu primeiro amor", a partir de então o loureiro se tornou sagrado para ele.

O CASO DE ALEXANDRE, O GRANDE

Alexandre Magno é uma figura manipulada a extremos. Não é de estranhar que quando o filme
"Alexandre" saiu em 2004, um grupo de advogados gregos ameaçou processar a Warner e Oliver
Stone (diretor do filme), acusando-os de distorcer a história à sua conveniência. Na Grécia, o filme
ficou em cartaz por apenas quatro dias e foi um tremendo fracasso; os gregos conhecem bem sua
própria história como a palma da mão, pois leem todos os livros (incluindo em grego
antigo/clássico), não acreditando em reinterpretações modernas.

Portanto, em primeiro lugar, é necessário lembrar que os fatos sobre Alexandre que sobreviveram
até os dias de hoje foram escritos séculos após sua morte, e que, portanto, devem ser lidos com
cautela. Todavia, como sempre, temos evidências suficientes para independer de teorias infundadas.
Assim, todas as fontes concordam em descrever Alexandre como um homem sexualmente contido.
De fato, o Plutarco nos conta como Alexandre se ofende quando um comerciante lhe oferece dois
rapazes:
Filoxeno, comandante das províncias marítimas, escreveu-lhe, um dia, que certo
Teodoro de Tarento, seu vizinho, possuía dois rapazes para vender, ambos de uma
grande beleza; e Filoxeno perguntava ao rei se queria comprá-los. Alexandre, indignado
com a proposta, exclamou várias vezes, perante seus amigos: "¿Que ação vergonhosa
me viu praticar, Filoxeno, para me propor semelhantes infâmias?" E dirigiu a Filoxeno,
em resposta, as mais vivas censuras, ordenando-lhe que se libertasse da presença desse
Teodoro e de sua mercadoria. Com igual severidade, repreendeu Hagnon, que lhe
escreveu que queria comprar Crobilo de Corinto, jovem de maravilhosa beleza, para lhe
presentear. ― ("Vida de Alexandre", XXII)

Quanto ao seu suposto caso com seu amigo Heféstio, mais uma vez, não há absolutamente nenhuma
evidência para supor que os amigos de infância fossem um par homossexual, e, realmente, não há
historiador sério que afirme que eles eram amantes, visto que fazer essa afirmação seria
insustentável. Além disso, em Susa, capital do Império Persa, quando Alexandre se casou com a
princesa Estiraira, filha mais velha do rei Dario III, presenteou Heféstio como esposa a filha mais
nova do rei, a princesa Dripetis, de modo que passaram a ser cunhados. Ele também teve relações
com Barsina (que lhe deu um filho, Héracles) e com Roxana ("a mulher mais bela da Ásia"), que
lhe deu um filho póstumo, Alexandre IV.

Em relação ao famoso beijo no eunuco Bagoas, que é frequentemente citado como prova cabal de
sua homossexualidade, vemos o que acontece, tal como nos exemplos acima, quando um costume
tradicional é visto com um olhar moderno: um mal entendido.
Plutarco descreve como Bagoas venceu um concurso de cantar e dançar, e como as tropas
macedônicas aplaudiram, pedindo a Alexandre que beijasse o eunuco, com o qual o imperador
concordou, o beijando na bochecha. Primeiramente, se deve salientar que este incidente ocorreu
depois da travessia do deserto de Gedrósia, e que todos os presentes na cerimônia, incluindo
Bagoas, eram sobreviventes dessa marcha, por isso é normal os soldados pedirem um sinal de
respeito ao rapaz quando este ganhou o concurso. Entretanto, o mais importante é o significado do
beijo. Em todo o mundo os beijos tiveram significados diferentes. No Japão, tradicionalmente, o
beijo era apenas uma questão de mãe para filho, enquanto que no Ocidente, o beijo tinha conotações
cerimoniais e públicas, como cumprimento ou sinal de respeito, por exemplo; Na Pérsia antiga,
onde Alexandre se encontrava, homens de posição semelhante se beijavam na bochecha para se
cumprimentar. Algo bastante simples, que para o nosso contexto social é "visto com estranheza",
mas que não o era na época de Alexandre; Novamente, não podemos juizar um costume antigo com
base na mentalidade moderna. Além disso, apenas um beijo na bochecha é algo muito pequeno,
tampouco para que se possa concluir. 

A REALIDADE: A MITOLOGIA GREGA COMO APOLOGIA AO AMOR CRIATIVO (OU


O PODER DA PROCRIAÇÃO)  

Depois de refutar a questão dos "amantes masculinos", podemos mencionar os famosos casais da
mitologia grega para mostrar o comportamento dos deuses e heróis, o que inevitavelmente nos faz
pensar em coisas como a poligamia, uma vez que os deuses e heróis, ao invés de uma parceira,
costumavam ter um harém inteiro, com o objetivo de semear no mundo crianças semidivinas.

• Zeus - Hera, Leto, Deméter, Dione, Éris, Maia, Métis, Mnemósine, Selene, Têmis, Europa,
Alcmena, Dânae, Antíopa, Calisto, Carme, Egina, Elara, Electra, Eurínome, Himalia, Io, Lâmia,
Laodâmia, Leda, Mera, Níobe, Olímpia, Pirra, Taigete, Tália, Iodama e muitas outras mais.
• Ares - Afrodite (que deu à luz a Harmonia), Érope, Agraulos, Altea, Astíoque, Atalanta, Cirene,
Crisa, Demonice, Ênio, Eos, Erítia, Estérope, Filómone, Reia Sílvia (a mãe de Rômulo e Remo, os
fundadores de Roma), Otrera, Pelópia, Protogênia, Tritaia e outras mais.

Ao contrário do Marte romano, o Ares grego não era um deus da virtude militar ou do valor frio do
soldado, mas o deus da carnificina, matança, força bruta, pilhagem, rapina e violação, o deus da
perda de controle e busca de confronto ― em suma, o deus da violência pura, uma forma de guerra
primitiva e bárbara. Significativamente, a única capaz de equilibrar seu ardor é Afrodite, a outra
face da moeda.

• Poseidon - Agámede, Álope, Amímone, Anfitrite, Arne, Astipaleia, Caliroe, Calquínia, Cânace,


Celeno, Ceróesa, Clito, Cloris, Côrcira, Deméter, Etra, Euríale, Eurínome, Europa, Gaia, Hália,
Hipótoe, Ifimédia, Líbia, Melia, Medusa, Melantéia, Mitilene, Peribeia Quione, Salamina, Tiro,
Teosa e outras mais.

• Apolo - Acanta, Arsínoe, Cassandra, Calíope, Cirene, Corônis, Dafne, Dríope, Hécuba, Leucótoe,
Manto, Psámata, Quíone, Reo, Sinope, Terpsícora, Urânia, dentre outras.
Urânia, a musa da astrologia e matemática, era consorte de Apolo, com quem teve Lino, um
magnífico músico que ensinou Herácles [Hércules] a tocar lira. No Banquete de Platão, alguns se
referem a ela como "Afrodite Urânia", especificando claramente que se tratava dum amor "para a
alma" e que, além disso, era "livre de violência", portanto, isso excluiria uma penetração fálica
luxuriosa, principalmente por um orifício como o ânus, feito pela Natureza para evacuar resíduos
tóxicos e infecciosos, e que, de acordo com a moralidade helênica, estava a Aedos [a Vergonha].
Afrodite Urânia seria, em suma, o que entendemos por "amor platônico".

• Hades: Perséfone, Minta e Leuce.


"O rapto de Perséfone".

• Hércules - Mégara, Ónfale, Dejanira, Íole, Mélite, Auge. Em um episódio, o Hércules chega ao
palácio do rei Téspio, que ficou tão impressionado com o porte do herói que ofereceu suas
cinquenta filhas (os reis eram polígamos e tinham um harém de mulheres para gerar dezenas de
crianças), as chamadas téspidas, para torná-las mulheres de Hércules (gerando filhos dele ― os
heráclidas); Hércules dormiu com todas elas durante sua estadia para a caçada do Leão de Citerão.
Segundo a tradição grega, os heráclidas estão associados aos dórios, que conquistaram grandes
porções da Grécia destruindo as cidades aqueias, e os reis de Esparta e Macedônia remontam sua
linhagem até a algum heráclida.

• Teseu - Perigune (filha do bandoleiro Sínis), Ariadne, Fedra (irmã de Ariadna), Antíopa (a
amazona).

• Perseu - Andrômeda.

• Peleu - Tétis.

• Aquiles - Briseis, Diomeda e um grande número de mulheres capturadas em populações


devastadas por ele. 

• Ulisses - Penélope, Calipso, Circe, Calídice.

• Agamenon - Clitenestra, Criseida, Cassandra e também Briseis.

E muito mais...
Ser-me-á dito que alguns desses deuses e heróis tinham "amantes do sexo masculino". Então, é
preciso de evidências. As mulheres mencionadas foram descritas como sendo fisicamente possuídas
pelos deuses ou heróis correspondentes e muitas delas tiveram descendentes deles. É preciso, então,
evidências na mitologia grega que os deuses ou heróis tiveram relações com homens que supuseram
um passo além de uma excelente amizade, camaradagem ou irmandade. [Isso também se aplica no
caso heterossexual: não há provas de que Ártemis, a deusa virginal, tenha tido relações físicas com
Órion, tão somente que eles eram companheiros de caça ligados por um laço platônico.]
Como vimos, não existem evidências. Os famosos "amantes" são simplesmente bons amigos unidos
a laços de admiração muito fortes e experiências profundas em aventura ou combate, ou outras
questões que não têm relação com o amor erótico ― mas, no máximo, com o amor platônico ―, e
não há absolutamente nenhuma evidência até mesmo para supor que havia algo sexual em tais
relações, mas sim um amor quase comparável àquele entre bons irmãos.

ASSUNTO IRREFUTÁVEL #1: O BANQUETE DE PLATÃO  

O "Banquete" é um diálogo filosófico em que diversos participantes prestam homenagem a Eros, o


deus do amor, na forma de discurso e argumentando com a visão que cada um tem do amor. Sendo
assim, constitui uma fonte primária para conhecer a mentalidade ateniense da época (estamos
falando, em qualquer caso, do século IV AEC, uma época degenerescente). Naturalmente, os
círculos sempre citam o Banquete de Platão como um exemplo de que a "civilização grega era
homossexual", com base em algumas linhas encontradas nesse livro.

No entanto, os diálogos platônicos frequentemente consistiam em um debate que contrasta os


pontos de vista opostos, representados pelos participantes. O motivo é que, para Platão, todas as
partes devem estar presentes em um debate e ter a oportunidade de expor e defender seu ponto de
vista. Há personagens que representam ideias contrárias a Sócrates, precisamente com o objetivo de
contrastar diferentes opiniões, e por isso não podem nem devem ser citadas como se tivessem sido
proferidas pelo próprio Platão.  Portanto, em cada citação, é necessário especificar quem a
pronunciou e inquirir sobre o personagem, para saber se ele representa um ponto de vista
relacionado ao platônico (do qual Sócrates e outros são porta-vozes) ou oposto.

Da parte de Pausânias, pode-se dizer que ele discute várias abordagens sobre o assunto (e nunca
menciona o amor carnal homossexual). Podemos destacar um trecho pertinente em que ele diz que
"deveria existir uma lei que não permita amar os garotos" (181d).

Em outra citação, ele reflete sobre por que a relação entre professor e aluno é necessária e benéfica
e não deve ser abolida, dizendo que ela "terá a capacidade de contribuir quanto à inteligência ou
qualquer outra virtude, enquanto que o outro sentirá desejo de obtê-las com vista à educação e
outras habilidades" (184d-e). Neste caso, como no espartano, estamos falando de uma relação
pretendendo a melhoria pessoal e "treinamento", em que a sabedoria de um homem maduro auxilia
um menino a se tornar um homem e no qual, novamente, exclui relações carnais.
Depois disso, entra em cena Aristófanes, um personagem que não deveria cair bem ao bom
platonista, considerando que ele zomba abertamente de Sócrates na peça "As Nuvens"; e no
"Banquete" mostra um comportamento excêntrico que talvez foi introduzido por Platão para fazer o
leitor entender que o ponto de vista expresso por ele não merece reverência. Assim, podemos ler:
Aristodemo disse que Aristófanes deveria então falar, mas, não se sabe se foi pelo
excesso de comida ou por outra coisa, ocorreu-lhe um acesso de soluço que o impediu
de fazer o discurso. No divã abaixo dele reclinava-se o médico Erixímaco, e Aristófanes
lhe disse: “Erixímaco, tu és a pessoa certa, ou para interromper o meu soluço ou para
falar no meu lugar, enquanto tento eu mesmo pará-lo”. E Erixímaco respondeu: “Na
verdade, vou fazer as duas coisas. Vou falar na tua vez e tu, quando tiveres acabado o
soluço, na minha. Durante minha fala, vejamos se o soluço cessa, enquanto segura tua
respiração. Se não der certo, gargareja com água. Mas se ainda assim se mostrar muito
forte, pega alguma coisa que permita coçar o nariz e espirra. Se fizeres isso uma ou duas
vezes, mesmo o mais severo soluço irá parar”. (185c-d-e).

Tal é a confusão que esta passagem semeia, que não são poucos aqueles que riem do ocorrido,
especulando sobre seu significado. Na verdade, a apresentação feita por Aristófanes, que
sequer conseguiu falar por causa de seus soluços e teve de recorrer a Erixímaco até seu soluço
passar, é questionável e um tanto cômica, sem falar que, em um ato ritualizado como era o de um
diálogo filosófico, em que cada intervenção era considerada cercada por sinais dos deuses, o soluço
de Aristófanes não é precisamente um bom presságio.

Quando seu soluço finalmente termina, o Aristófanes desenvolve um discurso extravagante sobre os
andróginos, um ser esférico com oito membros e duas cabeças e que reunia as condições sexuais
tanto masculinas quanto femininas, embora alguns fossem apenas do sexo masculino em ambos os
lados ou vice-versa. De acordo com o raciocínio absurdo de Aristófanes, esses seres desafiaram os
deuses e Zeus os dividiu ao meio, de modo que Aristófanes faz malabarismos argumentativos para
legitimar a homossexualidade. Assim, citando Aristófanes:
Todos os homens que são um corte do gênero combinado – os que então eram chamados
‘andróginos’ – sentem amor por mulheres e muitos dos adultérios são originados dessa
espécie, assim como, de seu lado, as mulheres que gostam de homens e as adúlteras
surgem desse tipo. Todas as mulheres que são corte de um todo originalmente feminino
não prestam muita atenção nos homens, mas estão sobretudo voltadas às mulheres, e é
dessa espécie que nascem as amiguinhas [‘lésbicas’]. De seu lado, os machos que são
cortados originalmente de um todo masculino perseguem os homens. Uma vez que são
uma fatia do masculino, enquanto são novos desenvolvem afeição pelos homens e se
regozijam em se deitar e se entrelaçar com eles {Nota do autor: Aqui não se fala em
"relações carnais". Se fosse entrar na categoria de sexo, o "se deitar e se entrelaçar"
exclui a penetração por respeito a Aedos e a vingança de Nêmesis (algo que até autores
mais sectários reconhecem, como K. J. Dover ou Carola Reinsberg, que deixam claro
que a penetração anal não fazia parte das relações supostamente homossexuais da
Grécia Antiga pois era desaprovada}. E estes, ainda na juventude e na flor da idade do
ser macho, são os melhores por serem corajosos por natureza. Alguns, aliás, falam que
estes jovens são despudorados, mas isso não é verdade, pois não é por falta de vergonha
que agem assim, mas por autoconfiança, coragem e masculinidade, acolhendo em sua
conduta o que é semelhante a eles. (191d-e-192a) 

Por causa da excentricidade de seu próprio discurso, não é de surpreender que Aristófanes
fique desconfortável com a reação dos demais, e que em determinado momento tenha que fazer uma
solicitação como essa: "Erixímaco, pare de zombar do meu discurso" (193b) e que logo em seguida
termine pedindo clemência:
“Esse, Erixímaco, é meu discurso sobre o Amor, diferente do teu”, disse Aristófanes.
“Como eu te pedi, não o tomes como piada, de modo que também ouçamos cada um
dos restantes, ou melhor, cada um dos dois, pois restam somente Agatão e Sócrates”.
(193e).

Embora Aristófanes represente apenas um ponto de vista dentre muitos, sua visão não é apresentada
de forma a gerar confiança, tanto que ele mesmo está ciente de que há brechas para que os outros
zombem de seu discurso; mesmo assim, os círculos citam suas palavras como se representassem o
ponto de vista do próprio Platão.
Da homenagem de Agatão, uma citação poderia ser distinguida, na qual ele diz que "¿E quem vai
negar que é pela sabedoria do Amor que nascem e crescem todos os animais?" (197a), em que, ao
deixar subentendido que Eros seja responsável pela procriação, ele também deixa claro que a
divindade pertence à esfera heterossexual, ou seja, a única capaz de gerar nova vida.

No entanto, a pérola do Banquete platônico é, sem dúvida, e como sempre, a intervenção de


Sócrates, que fora professor de Platão. Sócrates cita o discurso que ouvira anos atrás de uma mulher
que ele mesmo considera "sábia", dizendo a seus interlocutores: "E agora vou deixar-te ir para que
eu possa proceder com o discurso sobre o Amor que certa vez ouvi de uma mulher de Mantineia,
chamada Diotima. Ela era sábia neste e em muitos outros assuntos" (201d). As palavras de Diotima,
além de interessantíssimas sobre o amor, também contêm uma verdadeira apologia o amor
heterossexual (ou amor criativo):

‘Em que consiste realmente a função do amor? Tens condições de me dizer?’

‘Posso te assegurar, Diotima, que se o pudesse eu não estaria admirado por tua
sabedoria e não te frequentaria, pretendendo aprender estas coisas.’

‘Mas eu te direi’, ela falou. ‘A função do Amor é parir no belo, tanto no corpo como na
alma.’

‘Seja lá o que for que tu queres dizer, Diotima’, eu falei, ‘isso requer um poder profético
para decifrar, pois não compreendo’.

‘Mas vou te explicar mais claramente’, ela disse. ‘Todos os seres humanos fecundam,
Sócrates, no corpo e na alma, e quando chegamos a certa idade nossa natureza deseja
dar à luz. Mas não é possível dar à luz na fealdade. Somente na beleza. Sim, o
intercurso sexual de um homem e uma mulher é um tipo de nascimento. Esse
processo de gravidez e geração é divino: é o imortal fazendo-se presente numa
criatura mortal, sendo impossível que ocorra no que está em desarmonia. O que é
feio, de seu lado, não se harmoniza com nada que seja divino. (206b-c).

Mais adiante, ela se concentra na natureza para extrair lições comportamentais para os homens
civilizados:
‘Quanto aos homens’, ela disse, ‘alguém pode supor que fazem isso por reflexão. Mas o
que causa essa disposição amorosa nos animais? Podes dizer-me?’

E eu, de meu lado, dizia que não sabia. Ela então disse: ‘Tu achas que te tornarás algum
dia brilhante em questões de amor se não souberes estas coisas?’

‘Mas foi por isso que vim estudar contigo, Diotima, como disse agora há pouco, pois
percebi que precisava de professores. Então, me fale sobre essa causa e também acerca
dos demais aspectos concernentes ao amor.’

‘Muito bem’, ela disse. ‘Se acreditas que o amor tem como objeto, por natureza, aquilo
acerca de que entramos em acordo tantas vezes, não te espantes com o que vou dizer.
Aquele mesmo princípio sobre os seres humanos vigora também no reino animal: a
natureza mortal procura na medida em que pode existir sempre e ser imortal. Isso
só é possível de um modo: pela geração, processo por meio do qual ela deixa um ser
novo no lugar do antigo. (207b-c-d). 

Se não foi clara a atitude de Sócrates para com Diotima quando diante de seus discípulos ele se
refere a ela como "sábia", quando ele elogia "sua sabedoria", quando ele admite que ela tem mais
conhecimento do que ele ou quando ele diz que "precisava de professores", vale o encerramento que
ele faz quando reconhece que ficou "muito surpreso" (208b), chamando-a pessoalmente de "sábia
Diotima" (idem) e voltando aos seus discípulos novamente dizendo "Pois bem, Fedro e demais
convivas, estas são as coisas ditas a mim por Diotima. Fui convencido por seus argumentos"
(212b).

Portanto, em oposição temos Aristófanes, um personagem que estranhamente que não consegue
falar devido seu soluço e que faz uma defesa complicada da homossexualidade, do outro lado,
temos a Diotima, uma mulher que o próprio Sócrates chama de "sábia" e que faz um grande tributo
a Eros exaltando a união do homem e da mulher como um ato gerador de uma nova vida, e
deixando claro que o poder de procriação de tal união reside em sua superioridade em relação a
qualquer outra forma de amor. Nesse ponto, não há dúvida de que Sócrates concorde com essa
visão. De fato, o narrador nos mostra o desconforto de Aristófanes quando Sócrates concluiu seu
elogio à heterossexualidade:

Quando terminou de falar essas coisas, alguns se puseram a elogiá-lo, disse Aristodemo,
enquanto Aristófanes [o único que tinha defendido a homossexualidade] tentava dizer
alguma coisa, porque Sócrates o tinha mencionado quanto a um aspecto de seu discurso.
Então, subitamente, a porta do pátio repercutiu um estrondoso barulho, parecendo
algazarra de foliões. (212c)

De fato, "Aristófanes tentava dizer alguma coisa", mas como não poderia ser diferente, mais uma
vez, a Providência, associada em tempos pagãos com a vontade dos deuses, encerrou o assunto ao
interromper suas palavras: "Não demorou muito e ouviu-se a voz de Alcibíades no pátio, muito
bêbado e falando alto" (212d). Agora, temos o personagem que conclui o Banquete, apresentado
como se segue: "Saudações, senhores! ¿Aceitaríeis como companheiro de bebida um homem
absolutamente bêbado? (...) ¿Por acaso ireis zombar de mim porque estou bêbado? Mesmo que
caiais na gargalhada, sei bem que o que vou dizer é verdade" (212e-213a).

Alcibíades conta como no passado investiu em Sócrates, sendo, notoriamente, rechaçado por ele.
Alcibíades parece estar, de fato, "apaixonado" por Sócrates, embora, como ele mesmo diz, "não é
justo comparar os discursos de um homem bêbado com os de um homem sóbrio" (214c):
Assim, sem deixá-lo dizer nada mais, levantei e pus meu manto pesado sobre a roupa
leve que ele usava, embora fosse inverno. Deitei-me sob o manto e abracei-o com as
duas mãos – este homem extraordinário e verdadeiramente um semideus. Assim
permaneci com ele por toda a noite. Não poderás, de teu lado, Sócrates, dizer que estou
mentindo. Contudo, mesmo fazendo tudo isso, este Sócrates saiu ileso das minhas
investidas, e ainda desprezou, zombou e insultou minha beleza física – justo aquele
atributo que eu pensava me conceder alguma substância, senhores juízes. De fato, sois
vós que ireis atuar como juízes da arrogância de Sócrates. Pois sabei bem que, por todos
os deuses e deusas, juro que ao me levantar não achei mais interessante ter passado
a noite com Sócrates do que tê-lo feito com meu pai ou com meu irmão mais velho.
(219b-c-d).

Alcibíades foi inserido no diálogo porque se sabe que os bêbados nunca mentem. Sendo assim, fica
claro a ação de Sócrates de rejeitar um homem, embora muito bonito e muito prestigioso. Então, o
Alcibíades elogia a indiferença de Sócrates, sua coragem em combate, sua dureza, seu caráter
espartano, sua resistência ao frio e ao álcool e sua sabedoria. Todos esses elogios (incluindo elogiar
o fato de que Sócrates o rejeitou) atestam o "certificado de plausibilidade" concedido por ter sido
pronunciado por um homem que, estando bêbado, pressupõe dizer a verdade.

Em suma, o Sócrates tinha Alcibíades na palma da mão e poderia ter se envolvido com ele (o que,
em qualquer caso, excluiria, por respeito à Aedos, qualquer tipo de penetração), mas, ao contrário, o
rejeitou desdenhosamente.
ASSUNTO IRREFUTÁVEL #2: OS VASOS "HOMOERÓTICOS"  
Esta imagem é a carta curinga dos círculos preocupados em representar a Grécia Antiga como uma
"civilização homossexual", ou pelo menos uma civilização onde as práticas homossexuais eram
socialmente aceitas.

Decerto, há vasos de cerâmica da antiguidade grega que representam cenas claramente


homossexuais. Isso não discutirei. Apenas pontuarei.

Foram encontrados dezenas de milhares de vasos (só na província de Ática temos mais de oitenta
mil!), e, de todos eles, os vasos com um teor homoerótico claro são apenas trinta! No máximo.
Estamos falando de cerca de 0,03% do total dos vasos encontrados. ¿Eles não deveriam ser mais
numerosos (se supostamente estamos falando de uma cultura em que a homossexualidade era
socialmente aceita)? Mas, ao contrário, eles eram minoria de forma desproporcional.

Assim, falar da "homossexualidade vigente na vida social ateniense" baseado nessa evidência
diminuta seria o mesmo que alegar que nossa cultura é homossexual porque uma minoria das
personalidades da mídia são homossexuais. Se esses sinais minúsculos são uma prova de uma
"civilização homossexual" (que nunca existiu), então, ¿o que seria a nossa civilização, com
"casamento homossexual" (algo que não existia na Grécia), "parada gay" e similares?

Mas há mais: a maioria das cenas homossexuais retratadas são realizadas pelos sátiros, seres
degenerados do imaginário coletivo grego, feios e meio cabra, e que, por um impulso sexual
descontrolado, realizavam as maiores abominações sexuais concebíveis pela mente humana (em
algumas estatuetas eles são vistos copulando com animais, por exemplo). Outro detalhe é que, na
maioria das cenas que representam relações homossexuais, o ato parece produzir surpresa e
escândalo naqueles que a testemunham.

A má reputação dos sátiros, além de ser figurada em cenas de bestialidade, é representativa nesta
escultura, no qual Pã, o chefe dos sátiros, importuna Afrodite com sua lascívia, onde a deusa o
repele com golpes de sandália. O anjinho voando ao redor de Afrodite é Eros (Cupido),
inevitavelmente associado a ela.

As teorias de supostos vasos homoeróticos foram especuladas por Kenneth James Dover
("Greek Homosexuality", 1978), onde apresenta como inconteste um total de seiscentos vasos, dos
quais, quando muito, apenas uns vinte e tantos têm um conteúdo claramente homossexual. O resto
(mais de quinhentos!) são vasos com representações normais, com as quais o autor recorre a
meandros e falácias para "provar", de forma totalmente forçada, e até cômica, sinais de
homossexualidade onde simplesmente não existem. Assim, na capa onde aparece um rapaz com um
aro e um galo, o autor diz que "o aro e o galo têm seu próprio simbolismo" (?) e que o rapaz está em
uma "pose de vergonha", possivelmente porque "o homem que ele ama está falando com uma
mulher" (?) e "ele gostaria de tomar a iniciativa" (?). Em outra representação (a E378), um pênis
pequeno e um escroto grande significam, segundo ele, que há pedofilia no meio (?), e em uma
imagem onde Aquiles cura a Pátroclo, "o artista estava sob grande pressão para não pintar os
genitais de Pátroclo" (???). [Talvez, outro argumento infame de Dover, quando confrontado com a
"homofobia" de Platão (que sempre buscou o natural inspirado pela inocência dos animais), seja
afirmar que "Platão não entendia nada sobre animais"].

E, por fim, deve-se constar que a grande maioria das obras de arte da Grécia Antiga que
representam o amor erótico são sempre retratadas em relações sexuais entre homens e mulheres. E
ainda que houvessem cenas homossexuais, no Pórtico da Glória também há cenas de homens
praticando sodomia, e ninguém pensaria que isso torna toda a civilização católica gótica ou barroca
em homossexual, posto que essas cenas fazem parte das representações dos vários pecados, com a
intenção de estigmatizá-los. Assim, talvez devêssemos nos perguntar se, por acaso, da minoria dos
vasos com um teor homoerótico visível ou invisível (subjetivamente), não haveria uma
porcentagem importante destinada precisamente a criticar a homossexualidade ou a ridicularizá-la
― como fica evidente no caso dos sátiros, que eram os maiores expoentes da homossexualidade,
assim como uma infinidade de depravações sexuais, e que não tinham grande estima.

SOBRE O "LESBIANISMO"  
Provavelmente, de todas as mentiras sobre a homossexualidade na Grécia Antiga, a de Safo de
Lesbos é a pior desde que o nome de sua ilha natal tem sido usado para designar mulheres
homossexuais, as chamadas "lésbicas". Safo de Lesbos (VII-VI AEC) é provavelmente a melhor
poetisa de todos os tempos (Platão a chamou de "a décima musa"). Ela decidiu fundar uma
academia onde moças de toda a Grécia vinham aprender poesia, música, dança, costumes,
ritualismo religioso e, em geral, o que caracterizava uma mulher completa que aspirava a se casar
com um homem nobre para formar uma família. Da mesma forma que Esparta tinha seus
treinamentos, onde os meninos aprendiam pouco a pouco a ser homens sob a orientação de um
iniciador, Lesbos tinha a academia sáfica para moças de boa família.
As moças da academia sáfica chamavam-se de "servidoras das musas". As musas eram nove
divindades femininas que acompanhavam Apolo no Monte Hélicon, e que eram consideras
responsáveis pela inspiração dos artistas. Os escultores gregos eram estudiosos da morfopsicologia
(ler o caráter de um indivíduo por suas características físicas) e, portanto, não apenas esculpiam
estátuas de belos corpos, mas belos corpos necessariamente portadores de uma bela alma. Quem
esculpiu a musa dessa imagem, sem dúvida, representou de maneira maravilhosa a personificação
da bondade, beleza, saúde, altruísmo e serenidade.

A obra de Safo chegou até os dias de hoje muito fragmentada (só temos um poema completo,
coletado por Dionísio de Halicarnasso, e o resto de seu trabalho tem muitas lacunas para que se
possa inteirar, tampouco tentar vislumbrar homossexualidade), mas consiste principalmente de
hinos e louvores às moças que ela instruiu e que completaram sua educação, entrando na idade
adulta e deixando o mundo idílico da academia para se casar com um homem. Este gênero poético
recebeu o nome de epithalamia ("canções matrimoniais"), que falava sobre a beleza de uma donzela
que estava prestes a se tornar esposa e mãe. Desta forma, por causa dos fortes laços construídos
entre ela e suas discípulas ― às quais ela ensinou tudo o que sabia ― Safo ficava tristonha pela
perda daquelas que eram praticamente suas filhas; mas não há nada sugerindo um relacionamento
além de um afeto intenso, totalmente desprovido de carga sexual. Temos até alguns versos no
fragmento 31 de Safo dedicados a uma de suas garotas que deixa a academia porque conseguiu um
noivo:

Parece-me ser igual aos deuses 


O homem que à tua frente
Se senta e de perto a tua doce voz
Escuta

Segundo K J. Dover (ibidem), a Safo caracteriza o homem como "divino" não porque admira sua
beleza, masculinidade, comportamento ou força física, mas porque é "inimaginavelmente sortudo",
porque "capta o interesse sexual da moça" e "não desmaia ante sua beleza" (?). Mas a verdade é que
Safo, além de ser mãe (ela teve uma filha chamada Cleis), se suicidou por amar um homem, um
barqueiro chamado Faonte que, aparentemente, não a correspondeu com a mesma intensidade. 
Outra questão bastante reveladora é que as discípulas de Lesbos foram aquelas que desenvolveram
o culto religioso a Adônis, um herói mitológico que personificava a beleza masculina e que até hoje
é usado para designar um homem extremamente belo. Sendo assim, o suposto "núcleo do
lesbianismo grego" cultuava uma figura que representava o ápice da beleza masculina.
Além disso, a julgar pelos versos de Safo, sua academia era um reduto de feminilidade idílica e
pura, em que a chegada de um homem simbolizava para as moças que a meninice havia terminado;
agora, colocariam toda a feminilidade cultivada a serviço de sua família.

¿De onde vem, então, as "lésbicas", se não há nada que sugira entre essas moças uma relação além
de uma grande sonoridade? Vem novamente do círculo de Oxford liderado por Walter Pater e, mais
recentemente, do francês Yves Battistini (1922-2009). O último encontrou um verso que dizia "προς
δ’αλλον τινα χασκει" ("pros d’allon tina haskei"). Isso, traduzido devidamente, significa "ela sorri
pra outra pessoa". No entanto, este traduziu como "mas o objeto de sua paixão é outra coisa, uma
garota".

Safo cometeu suicídio por um homem, que é, talvez, o ato mais extremo que pode ser realizado por
amor.

LIMPAR NOSSO VOCABULÁRIO  

O vocabulário moderno concernente à homossexualidade é baseado em duas mentiras: a mentira da


palavra gay e a mentira da palavra lésbica.

"Gay" significa "alegre" (ou ao menos significava).

"Lésbica", como vimos, se refere à ilha grega de Lesbos, onde Safo ensinava e, como mostrado,
esta não era "lésbica".

"Pederastia" vem de paiderastia, do qual sequer significava pederastia, mas a relação de ensinar um


garoto. Da mesma forma, erastes e eromenos devem ser traduzidos como "amante" e "amado"
somente no que diz respeito a um amor platônico e, portanto, casto.

Por estas razões, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo devem ser chamadas
simplesmente de "homossexuais", sejam masculinas ou femininas, e, quando não, usar a variedade
de palavras que, nascidas espontaneamente da alma popular, são autênticas, ao contrário das
palavras politicamente corretas e orwellianas forçadas pelos militantes.
CONCLUSÃO

Hoje, temos uma teia de círculos que desvirtuam a sua conveniência um modelo de civilização
europeia que é a raiz do que é considerado clássico. Mesmo tal civilização não compactuando com
fenômenos decadentes da modernidade.

O lóbi dos círculos é tão virulento que não só especulou sobre a mitologia grega, mas também sobre
grandes personalidades da história, a tal ponto que qualquer homem que tenha dedicado uma vida a
castidade e trabalho é taxado como homossexual.

Por que tanta mentira? A resposta é que o mundo, especialmente o mundo ocidental, passou por um
processo de estrogenização de valores, de corpos, de mentes e de ideias, tal como vimos em outro
artigo. Existem certos grupos de poder, especialmente grupos de poder econômico, financeiro e
midiático, que consideram que identidades (sexuais, étnicas e outras) e suas instituições
(especialmente a família) se interpõem em seus caminhos para alcançar um rebanho internacional
― em suma, a Tradição é um obstáculo para os grupos de poder. Assim, os tentáculos do polvo
internacional dão seu apoio a todos os círculos que tendem a desestabilizar as identidades humanas,
sejam raciais, nacionais, religiosas, sexuais, familiares e mais. Ao promover o mito da
homossexualidade grega, matam dois coelhos com uma cajadada só: por um lado, promovem a
desintegração sexual e a inevitável dissolução social que se segue a isso mais cedo ou mais tarde e,
por outro, também contaminam um dos grandes pontos de referência para a identidade europeia e
qualquer renascimento ocidental.

Além disso, os militantes, que naturalmente desejam ver suas inclinações além de normalizadas,
criam toda uma narrativa para se desmarginalizar. Não são poucos os que se baseiam na suposta
homossexualidade grega para legitimar leis que beneficiam os homossexuais. Entretanto, os
círculos devem saber que, nos tempos antigos, a poligamia e as relações sexuais com meninas
menores de idade eram infinitamente mais difundidas do que a homossexualidade. ¿Isso significa
que devemos legalizá-las?

Esse artigo pretendeu refutar a teoria dos círculos desvirtuados que alegam que a Grécia Antiga,
uma das civilizações mais belas que existiu, estava baseada na homossexualidade.

S-ar putea să vă placă și