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JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
Gabinete do Desembargador Jorge Luiz Souto Maior - SDC
TutCautAnt 0006941-60.2019.5.15.0000
REQUERENTE: SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE
URBANO DE PASSAGEIROS DO INTERIOR DO ESTADO DE SAO
PAULO
REQUERIDO: SIND TRAB TRANSP RODOV E ANEXOS DO VALE DO
PARAIBA
Seção de Dissídios Coletivos
Gabinete do Desembargador Jorge Luiz Souto Maior - SDC
Vistos e examinados.
da região do Vale do Paraíba, de acordo com inúmeras fontes, terão suas atividades
paralisadas; que conforme aviso intempestivo de greve, a paralisação atingirá 30% "da
essencial, gera consequências de difícil reparação aos usuários; que o prazo de 72 horas
previsto em lei não foi cumprido, nos termos do art. 13, da Lei nº 7.783/89; que, além
disso, a pretensa paralisação não foi precedida de assembleia geral; que há risco de dano
evidente à população.
impedido de liberar apenas 30% dos serviços, de promover manifestação violenta, bem
como para que seja obrigado a garantir 80% dos trabalhadores ativos do serviço ao longo
Vejamos.
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras Centrais congêneres. Assim, a princípio,
aprofundada, que não constitui objeto desta cautelar, que houve intempestividade na
comunicação. Não obstante, as notícias juntadas pela própria requerente são anteriores
paralisação nacional se deu no dia 01/05/2019, ou seja, muito antes do término do prazo
legal.
abusividade do movimento grevista não constituem objeto do presente feito, podendo ser
avaliadas de forma mais aprofundada na ação principal a ser ajuizada pelo requerente,
conforme noticiado na inicial. No presente feito busca-se apenas, nos termos do pedido
(item "A" - fl. 08), a limitação do movimento grevista a fim de se garantir um percentual
de que o requerido mantenha 80% (oitenta por cento) "(...) de trabalhadores ativos do
serviço ao longo do dia nas empresas (...)" (fl. 08), corresponde a negar o livre exercício
da greve.
o Estado utilize seu poder institucional para impedir que os seus empregados façam
greve.
mas constitui, por si, uma enorme ofensa à ordem jurídica, pois se a greve é um direito
dos trabalhadores não compete ao empregador "decidir" pelo fim da greve. Ao Estado, por
sua vez, o que cumpre é garantir a efetividade dos direitos fundamentais e o direito de
em que o direito de greve foi, concretamente, negado em nosso país, conforme restou
de 2 de maio de 1939; Código Penal de 1940; Lei n. 4.330, de 1º. de junho de 1964; e "Lei
não a inibir, embora boa parte dos entendimentos jurídicos sobre a greve ainda hoje se
posição privilegiada, inscritos que foram no Título dos Direitos e Garantias Fundamentais,
responsáveis às penas da lei". Mas essas especificações atribuídas à lei não podem ser
legais, para atender necessidades inadiáveis e para coibir abusos, não podem ser vistas
"Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou
diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de
assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de
bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades
da empresa quando da cessação do movimento." - grifou-se
negociação com os trabalhadores, inclusive para definir como será dada continuidade às
deste ano, pelo Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª. Região, Des.
Rafael Pugliese.
"São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a
sobrevivência, a saúde ou a segurança da população".
greve, se instaurou, no Brasil, uma aversão cultural generalizada que impede até mesmo
impeditiva ou opressiva da greve, já que, nos termos expressos da lei, a continuidade dos
greve, obrigando os trabalhadores a se colocarem em luta concreta pelo seu direito quase
sempre em disputa com aparatos policiais (da força pública e de entidades privadas), que
o direito de greve, que não se configura pelo simples fato de não ir trabalhar. A greve
efetiva não é o vazio. É a forma que os trabalhadores elegem para que sua voz seja
ouvida. Assim, a presença ostensiva de força policial por si só é uma forma obstativa do
direito de greve, atuando em conflito que está ligado a lógica totalmente diversa, que é a
sindicato ou comissão de greve não pode o empregador se manter em atividade por meio
7.783/89 que:
"É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem
como capazes de frustrar a divulgação do movimento."
poder para tentar aniquilar o direito constitucional de greve configura ato antissindical,
policial-contra-piquete-grevista.shtml; https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2019/06/12/carater-politico-paralisacao-transporte-sp-sexta.htm;
http://blogs.correiobraziliense.com.br/servidor/sintrajud-presidente-do-trt-2-tenta-impedir-
adesao-a-greve-geral/ )
do Trabalho pela prática de atos antissindicais. No caso n. 1839, tratando da greve dos
novamente advertido pela OIT quando professores, dirigentes do Sindicato Nacional dos
do Vale do Ipojuca (FAVIP) e Faculdade de Caldas Novas (GO) - foram dispensados após
em 2009, em função das dispensas arbitrárias feitas pelos governos do Rio de Janeiro e
de São Paulo por ocasião de greves dos trabalhadores metroviários (Caso nº 2.646).
Brasil foi incluído na lista curta de 24 países que precisam ser investigados pelo
constitucional está vigente e que o seu direito de greve está garantido e ileso de qualquer
manifestação política. Aliás, nas greves em que os trabalhadores não estão buscando
que aprofunda a lógica do direito de greve, exigindo, inclusive, maior proteção jurídica.
da legítima defesa.
constitucional do não retrocesso social. Sendo assim, isto é, sendo uma autêntica e
legítima autotutela de Direitos Humanos, não pode estar sujeita a requisitos formais e
muito menos pode gerar a quem é forçado a agir desse modo o sacrifício da própria
trabalhadores em busca de maiores direitos quanto mais deve proteger a luta pela
da seguinte ementa:
requerente como também fixo, desde já, multa de R$1.000.000,00 para cada ato
antissindical que cometer, entendidos como tais, por exemplo: a) dar continuidade aos
força opressiva, inclusive policial, para reprimir ou inviabilizar atos pacíficos e falas dos
de 05 (cinco) dias.
Desembargador relator
Assinado eletronicamente. A Certificação Digital 19061310402342200000044500071
pertence a:
[JORGE LUIZ SOUTO MAIOR]