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JURANDIR ROSA MILARES FILHO

DROGAS UM DESAFIO SOCIAL: O AVANÇO DO TRÁFICO E O AUMENTO DA


POPULAÇÃO DE DEPENDENTES QUÍMICOS

BACHARELADO EM DIREITO

UNAR
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS, DR. EDMUNDO ULSON
FACULDADE DE DIREITO
2019
JURANDIR ROSA MILARES FILHO

DROGAS UM DESAFIO SOCIAL:O AVANÇO DO TRÁFICO E O AUMENTO DA


POPULAÇÃO DE DEPENDENTES QUÍMICOS

Monografia apresentada à banca examinadora


da Faculdade de Direito do Centro
Universitário de Araras, Drº Edmundo Ulson
UNAR como exigência parcial para obtenção
do grau de Bacharel em Direito sob orientação
da Professor Esp.Francisco Rafael Ferreira.

ARARAS/SP
2019
Banca Examinadora:

Prof. Esp. Francisco Rafael Ferreira

Presidente

Profª. Esp. Cristiane Costa


Membro

Prof. Esp. Tabajara Zuliane dos Santos


Membro

Araras 28 de Maio de 2019


- TERMO DE APROVAÇÃO –

JURANDIR ROSA MILARES FILHO

DROGAS UM DESAFIO SOCIAL:O AVANÇO DO TRÁFICO E O AUMENTO DA


POPULAÇÃO DE DEPENDENTES QUÍMICOS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em


Direito na Faculdade de Direito do Centro Universitário de Araras, Dr° Edmundo Ulson –
UNAR, com a nota pela seguinte banca examinadora:

Prof. Esp. Francisco Rafael Ferreira


Presidente

Profª. Esp. Cristiane Costa


Membro

Prof. Esp. Tabajara Zuliane dos Santos


Membro

Araras de 28 Maio de 2019


DEDICATÓRIA

Eu dedico essa mais nova conquista, a todos que participaram direta ou indiretamente
dela, a minha família, aos meus amigos de longa data que torceram por mim, aqueles que
contribuíram positivamente, através de uma palavra de ânimo, de um sorriso ou de um abraço,
ou de um simples aperto de mão, e para aqueles que contribuíram negativamente também,
desempenharam um papel importantíssimo, pois a tempestade mesmo escondendo o brilho do
Sol tem o seu valor, e sem as tormentas eu jamais alçaria um voo tão alto.
AGRADECIMENTOS

Agradeço 1° Deus por tudo que tem realizado em minha vida, a minha esposa Fátima que
me apoiou sempre, nos momentos mais difíceis dessa nobre caminhada em busca do
conhecimento jurídico, do entendimento das Leis que regem a Nação sem as quais não se
conheceria o progresso, também aos professores, mestres por excelência, que nos ajudaram
dividindo conosco a experiência que adquiriram em suas jornadas, aos companheiros que
estiveram ao meu lado e que me apoiaram de alguma forma, minha mais profunda gratidão.
“Sigamos o caminho que os melhores
empreenderam, e não escutemos as vozes
e sinais que nos chamam por detrás e a
que nossos predecessores fecharam os
ouvidos”

CÍCERO
RESUMO

Esta pesquisa apresenta como tema central, as drogas e os problemas ocasionados pelo
comércio ilícito e pela dependência química, as classificações das drogas, os efeitos potentes de
substâncias psicoativas e a facilidade que são adquiridas, bem como as síndromes de abstinência
severas provocada por muitas delas, comprometendo significativamente o convívio do indivíduo
na família e na sociedade, como deve ser tratado um dependente químico, as dificuldades para
superar o vício, e como a sociedade enfrenta esse infortúnio, no Brasil e em países mais
desenvolvidos como a Bélgica, Inglaterra Estados Unidos e Canadá. O crescimento do crime
organizado, e o poderio bélico que fluem na sociedade desenfreadamente, nas mãos de jovens e
até crianças, como é a estrutura usada por traficantes em vários Estados, a função de cada um
nesses grupos perniciosos. A atuação das Facções no território brasileiro, e o papel dos Cartéis
internacionais na distribuição mundial de entorpecentes, em que países são cultivados e quais
são os maiores produtores mundiais. O tráfico de drogas como força motriz para outros crimes
como a corrupção, comércio ilegal de armas, homicídios e por fim, a punibilidade adotada no
Brasil para combater o Tráfico de drogas, enfatizando o empenho da Segurança Pública, e as
desvantagens que a polícia brasileira tem para enfrentar essa guerra contínua, a inteligência da
Polícia Federal e o trabalho em conjunto com forças policiais de outros países em contraste com
a criatividade dos criminosos, uma luta titânica. desigual.

Palavras-chave: Dependência Química. Classificação das Drogas. Tráfico Internacional. Crime


Organizado. Política de Redução de Danos.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Cresce-CENTRO DE ESTUDO de SEGURANÇA E CIDADANIA


CID-Classificação Internacional de Doenças
CNM-Confederação Nacional de Municípios
CONAD-Conselho Nacional Antidrogas
CV-COMANDO VERMELHO
DDA-POLÍCIA ANTIMÁFIA ITALIANA
DEA-Administração de Repressão às Drogas
DO-Declaração de óbito
DPAT-Divisão de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas
EU-UNIÃO EUROPEIA
FBI-Departamento Federal de Investigação
Funad-Fundo Nacional de Drogas
GDE-GUARDIÕES DO ESTADO,FACÇÃO CRIMINOSA DO CEARÁ
GOA-GUARDIA DE FINANZA CATANZARO
IDH-Índice de Desenvolvimento Humano
INTERPOL-Organização Internacional de Polícia Criminal
MS-Ministério da Saúde
MVI-MORTE VIOLENTA INTENCIONAL
OMS-Organização Mundial da Saúde
PCC-PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL
PF-Polícia Federal
SENAD-Secretaria Nacional Antidrogas
SIM-Sistema de Informações Sobre Mortandade
SISNAD-Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
SOCA-Agência Contra o Crime Organizado Grave
SPF-SISTEMA PENITENCIÁRION FEDERAL
UCAM-UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1 - PANORÂMICA ......................................................................................... 15

1.1 Conceito da palavra droga .......................................................................................... 15

1.2 Classificação das drogas ............................................................................................. 15

1.3 Naturais........................................................................................................................ 16

1.4 Sintéticas ..................................................................................................................... 17

1.5 Semissintéticas ............................................................................................................ 17

1.6 Perturbadoras............................................................................................................... 18

1.7 Depressoras ................................................................................................................. 18

1.8 Estimulantes ................................................................................................................ 19

1.9 Destino incerto ............................................................................................................ 20

CAPÍTULO 2-UMA VIAGEM INFERNAL ...................................................................... 22

2.1 Usuário, dependente e viciado ................................................................................... 22

2.2 Toxicomania milenar .................................................................................................. 23

2.4 Maconha ...................................................................................................................... 25

2.5 Metanfetamina ............................................................................................................ 27

2.6 Ecstasy ......................................................................................................................... 29

2.7 Crack ........................................................................................................................... 30

2.8 Cocaína ........................................................................................................................ 31

2.9 Heroína ........................................................................................................................ 32

2.10 LSD ............................................................................................................................. 36

CAPÍTULO 3- O COMÉRCIO DAS DROGAS ................................................................ 38

3.1 Mercado mundial ........................................................................................................ 38

3.2 Colômbia ..................................................................................................................... 40

3.3 México ......................................................................................................................... 41


3.4 Itália ............................................................................................................................. 42

3.5 Paraguai ....................................................................................................................... 44

3.6 Afeganistão.................................................................................................................. 44

3.7 Brasil ............................................................................................................................ 46

3.8 Hierarquia nas facções ................................................................................................ 49

CAPÍTULO 4- BRASIL O PAÍS DA IMPUNIDADE....................................................... 52

4,1 Um crime intolerável .................................................................................................. 52

4,2 Tráfico privilegiado .................................................................................................... 53

4.3 Reincidência ................................................................................................................ 55

4.4 Porte de drogas para consumo pessoal ...................................................................... 56

4.5 Multa coercitiva .......................................................................................................... 57

4,6 Valor da multa ............................................................................................................. 58

4.7 Apetrechos e maquinários .......................................................................................... 58

4.8 Corrupção .................................................................................................................... 60

4.9 Mortes violentas intencionais ..................................................................................... 62

4.10 Lavagem de dinheiro .................................................................................................. 64

4.11 Comércio ilegal de armas .......................................................................................... 65

4.12 Porte ou posse de arma de fogo (uso permitido e restrito) ...................................... 66

4.13 Crimes de aquisição (roubos e furtos) ...................................................................... 67

CAPÍTULO 5-SISNAD ........................................................................................................ 68

5.1 Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas- ............................................ 68

5.2 Política de redução de danos ...................................................................................... 69

5.3 Tratamento no Brasil .................................................................................................. 70

5.4 O crescimento da população dependentes químicos ................................................. 71

5.5 O problema da droga .................................................................................................. 73

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 74

REFERÊNCIAS ...............................................................................................................76
11

INTRODUÇÃO

Essa pesquisa apresenta um dos graves problemas que afligem a humanidade "as drogas"
e o tema é contextualizado apresentando o infortúnio com clareza, assim como os objetivos,
geral e específicos, o crime organizado e seus tentáculos, que envolvem a sociedade em um
aperto sem fim, o crescimento da população de dependentes químicos, e a política de drogas
serão abordados para uma melhor compreensão.

As drogas tem sido motivo de preocupação constante para a sociedade, sendo lícitas ou
ilícitas, trazem consequências desastrosas para o convívio social, se lícitas quando consumidas
em excesso, se ilícitas por ser ilegal acabam promovendo o caos, aumentando a criminalidade;
a corrupção, a violência. Homicídios, a rivalidade entre facções criminosas e a disputas por
territórios por traficantes, são alguns exemplos.

Armamentos pesados, de uso exclusivo das forças armadas, em poder dos criminosos
deixam a polícia em desvantagem e aumentam o poder de atuação e o domínio do crime
organizado, aterrorizando a população que grita por socorro, diante de tantas atrocidades, não
só no território brasileiro, pois se trata de um problema universal.

As drogas estão cada vez mais perto, e o controle sobre elas cada vez mais longe, pois
atingem todas as classes sociais, acabando com famílias inteiras, que as vezes terminam de
forma trágica, vidas ceifadas, que vem na forma de overdoses fulminantes, doenças, ou
execuções por dívidas com traficantes, um tiro na nuca, esfaqueamento, apedrejadamento enfim,
não existe limites para a crueldade e nem misericórdia.

Sonhos que são roubados, patrimônios que viram fumaça, no cachimbo de crack, nas
carreiras de cocaína, ou na ponta da agulha em doses de heroína, são algumas consequências
que assombram aqueles que se envolvem nesse submundo sombrio, de forma voluntária que
são os dependentes, ou aqueles que se veem nesse contexto destrutivo involuntariamente, que
são os familiares, que acabam sendo vítimas das circunstâncias.
12

São tão vítimas quantos os cidadãos que são assaltados, roubados, espancados e mortos
muitas vezes por dependentes, que não veem outra alternativa, a não ser praticar crimes para
sustentar um vício que parece ser impossível de saciar, como um mar bravio que não se doma,
que não se acalma, que vive em fúria, a única maneira de se ver livre, ao menos por um instante,
é mais uma dose, não importa a maneira que será consumida, pode ser ingerida,fumada,inalada
ou injetada, tanto faz, desde que a tenha.

Diante disso, os familiares acabam dominados por um ente querido que se tornou
dependente, que outrora eram pacíficos serenos , que estavam sempre sorrindo, mas agora,
transformados pelo uso contínuo de drogas potentes, tiveram suas personalidades distorcidas,
quem usa não tem importância para os traficantes, e nem o que sobra deles, que na maioria dos
casos são só sombras, do que foram no passado, essas personalidades ainda existem, mas estão
sufocadas, aprisionadas em uma masmorra da qual poucos terão a oportunidade de sair e
contemplar o sol novamente.

O tráfico tem avançado e está se consolidando, novas drogas são criadas e distribuídas,
aumentando e fortalecendo os elos de uma corrente viciosa, que já possui proporções
catastróficas, jovens e crianças são recrutadas, autoridades são compradas, pagos ao peso de
ouro pelo crime organizado, provocando um efeito dominó, devastador na sociedade, no Brasil
e no Mundo.

Como uma sangria desatada, e impossível de ser estancada, se parece esse problema,
que existe há milênios e trouxe consequências terríveis para a humanidade, infelizmente ainda
é uma peçonha atuante, de eficácia progressiva e destrutiva, que age rápido dominando e
subjugando o lugar onde se instala.

A população de dependentes químicos tem aumentado consideravelmente, veneno nos


pulmões e nas veias, nas narinas e no estômago conduz desenfreadamente miríades para o
cadafalso, enganados por uma ilusão, um prazer que se torna em desespero, a euforia que vira
pânico e a confiança se transforma em medo.

Segundo o último relatório da ONU , o uso de medicamentos de venda controlada como


o fentanil e seus análogos, e o tramadol usados de formas não medicinais, tem se tornado uma
ameaça, enquanto a cannabis que tem o número global de usuários aumentando
13

continuamente, foi a droga mais consumida em 2016, tendo mais de 192 milhões de pessoas que
experimentaram a droga, ao menos uma vez no último ano.

O objetivo dessa pesquisa é demonstrar as consequências que a sociedade sofre com o


avanço do tráfico de drogas, mesmo com o empenho de órgãos nacionais e internacionais de
combate e repressão às drogas o comércio ilegal de substância psicoativas prospera
gradativamente, aumentando as estatísticas negativas no Brasil e no mundo revelando, a
ineficácia em coibir essa prática.

O trabalho aborda vários elementos de suma importância para compreender, a


problemática atual apresentada pelo tema, como o conceito do termo droga, as suas
classificações, a diferença entre usuário e dependente, o que é dependência química, o crime
organizado e a política de drogas no Brasil.

Entre tantas coisas que podem atrapalhar o convívio social as drogas ocupam uma posição
de destaque, sendo lícitas ou ilícitas, enquanto traficantes constroem verdadeiros impérios,
comercializando substâncias ilícitas, promovendo morte e destruição, e fazendo com que a
dependência química seja quase onipresente.

As facções criminosas vão crescendo, e se fortalecendo com armamentos pesados de uso


exclusivo das forças armadas, e não se intimidam colocando a polícia em desvantagem em
eventuais conflitos, ao mesmo tempo que recrutam e armam jovens, que trocam os livros por
uma arma automática e um posto na organização.

Vive-se em estado de alerta, é um fato que a segurança pública não pode oferecer muito,
e uma atmosfera de insegurança envolve a sociedade, que se sente impotente diante de tantos
ataques que sofre, a presente pesquisa pondera, através de uma perspectiva que considera, esses
elementos agravantes.

No Brasil o tráfico pode ser combatido com medidas mais duras, com leis mais severas
que atinjam o crime organizado com mais eficácia, a legalização de drogas consideradas leves,
como a cannabis não ajudaria, mesmo o Estado controlando o comércio e gerando lucros,
porque os traficantes migrariam para outros crimes.
14

As drogas são vendidas nas ruas para qualquer desconhecido, razão de preocupação constante para os
pais, que procuram preservar a segurança de seus filhos buscando refúgio em condomínios que mais parecem
prisões, ou vigiando através de rastreadores, tão comuns na atualidade, mas isso não é suficiente, porque o perigo
pode estar mais próximo do que se imagina, até na sala de aula, a armadilha pode ter sido preparada até pelo
amigo mais próximo, não há como saber.

Existe um empenho colossal para tentar vencer esse obstáculo nefasto, clínicas, igrejas,
padres, pastores, médicos, psiquiatras, psicólogos pessoas de todas as classes sociais , instruídas
ou mesmo semianalfabetos, ajudam da forma que conseguem, lutando com as armas que
possuem, no entanto parece não ser suficiente, contempla-se com um olhar quase profético, um
horizonte entenebrecido, novas drogas, novas facções, criminosas e a dependência se alastrando
como um câncer parece apontar para uma sociedade completamente dominada.

Sem sombras de dúvida que o Estado não consegue neutralizar o comércio ilícito de
drogas, que além de rendoso é devastador, o traficante não é visto como um criminoso
dependendo da localidade que atua, mesmo sendo temido acaba como um herói, porque ajuda
a comunidade doando medicamentos alimentos, etc, essa conduta prejudica o trabalho da
inteligência da polícia, porque muitos acabam simpatizando-se por ele, o que gera uma
proteção, somada a lei do silêncio fica muito difícil identificá-lo.

Enquanto a sociedade não tem o retorno esperado da atuação do Estado, ou seja, uma
convivência harmônica e tranquila, proporcionada pela segurança, busca-se freneticamente
meios mais eficazes para ao menos coibir o comércio ilícito de drogas, e reduzir
consideravelmente a população de dependentes químicos e os crimes associados a essa prática,
o que seria uma grande vitória.

É possível encontrar uma luz no fim do túnel, uma cura para esse mau que atua
insistentemente contra a humanidade? Embora seja um obstáculo que pareça insuperável a
história do ser humano é marcada por etapas de triunfo, protagonizadas por mentes brilhantes,
homens e mulheres notáveis que transformaram o impossível em possível, a cura para a
tuberculose, a poliomielite, a descoberta da eletricidade a invenção do telefone, são exemplos
de que obstáculos imensos pode ser superados e isso só foi possível porque alguém acreditou.
15

CAPÍTULO 1 - PANORÂMICA

1.1 Conceito da palavra droga

Segundo Araújo (2014,p 14) o termo tem vários significados, como algo ruim ou
imprestável, também é usada como sinônimo de substâncias ilícitas no linguajar popular, o
termo permite muitas interpretações a farmacologia entende como droga, qualquer substância
que altere o funcionamento normal de um organismo como um medicamento por exemplo.

Essa é a interpretação mais próxima da palavra phármakon, usada pelos gregos, tanto para
remédio como para veneno, o que determina é a maneira que se usa, doses pequenas de uma
certa substância, administrada várias vezes ao dia, poderia curar, enquanto doses mais fortes da
mesma substância poderia matar ou enlouquecer (ARAÚJO, 2014, p. 30).

A palavra também é usada para se referir a qualquer substância psicotrópica, sendo lícita
ou não, e é nesse sentido que será aplicada nesse trabalho.

1.2 Classificação das drogas

Estimulantes, perturbadoras, depressoras, sintéticas, semissintéticas, naturais, lícitas,


ilícitas, controladas, são algumas classificações aplicadas nessa pesquisa, para explicar as
influências, que essas substâncias provocam na vida do indivíduo, sendo vendidas nas
farmácias, nos bares, ou comercializadas ilegalmente em qualquer esquina (ARAÚJO, 2014, p.
15).

Usa-se drogas por vários motivos, para sentir prazer ou só por diversão, por influência
dos amigos, por curiosidade, para fugir da realidade e esquecer as dificuldades da vida, quando
16

John Lennon disse, “não se drogue por não ser capaz de suportar a sua própria dor”[...]ele
retratava a realidade de muitos dependentes daquela geração, e essa é a condição de muitos
usuários hoje.

1.3 Naturais

Araújo (2014 p.16) afirma que naturais são aquelas que não foram criadas em
laboratório, podem ser plantas, ervas, flores, cactos, sementes, que podem ser consumidas das
mais variadas formas, exemplos são o cogumelo Amanita Muscaria, a Ayahuasca, uma bebida
obtida pela mistura do cipó (Banisteriopis caapi), com folhas de (Psychotria viridis) os dois
exemplos são alucinógenos potentes, de uso milenar com fins religiosos (enteógenos).

Também são considerados naturais as substâncias que são processados quimicamente


e tem as suas moléculas responsáveis pelos efeitos psicoativos extraídas e purificadas, como
a cocaína retirada da (Erythroxylum coca) e a morfina, extraída em 1804 do ópio, que é uma
resina retirada do botão da Papoula (Papaver somniferum) que é o exemplo mais antigo
(ARAÚJO, 2014, p. 16).

O tabaco a cafeína, o álcool a maconha são mais alguns exemplos dessa classe de drogas,
algumas aparentemente inofensivas, como a cafeína que não provoca os mesmos efeitos do que
o álcool se não for consumida, uma pessoa que toma café constantemente, não sofrerá pela
ausência da cafeína como um alcoólatra sofre pela abstinência do álcool (ARAÚJO, 2014, p.
327).

O imperador chinês Sheng Nung que viveu perto de 2800 a.C., escreveu no Pen Ts’ao
que, “se o fruto da maconha for tomado em excesso, produziria alucinações. Se for
tomado em longo prazo, comunica com os espíritos e faz o corpo flutuar”. O Atarva
Veda, texto sagrado do hinduísmo produzido em cerca de 2000 a.C., considera a droga
uma das cinco plantas sagradas, fonte de alegria e prazer. No último milênio antes de
Cristo, o uso psicoativo da planta já era amplamente difundido. Gregos e romanos
misturavam a planta com vinho e mirra em ocasiões sociais, e os citas queimavam a
planta dentro de vasos metálicos cheios de pedra em brasa, para inalar a fumaça
produzida em pequenas “saunas “improvisadas. “Eles uivam de prazer no seu banho
de vapor relatou Heródoto (ARAÚJO, 2014, p. 25).

As drogas naturais são as mais antigas, fungos, animais, qualquer coisa que estivesse
disposto na natureza e ao alcance das mãos, folhas, flores raízes que pudessem ser ingeridas
17

como chás alucinógenos, por exemplo se enquadram nessa categoria, e não é por que a
substância está nessa classificação que é menos perigosa que outras, o que determina o risco
para o indivíduo é a quantidade que usa de determinada substância, se uso for abusivo, esse
descontrole poderá ocasionar a morte, independente da classificação.

1.4 Sintéticas

As classificações das substâncias é ampla e pode acontecer de um tipo de droga constar


em mais de uma classificação, isso ocorre porque leva-se em conta a maneira que a substância
é produzida, se existir mais de um método de se preparar como a cocaína e o álcool (etanol) por
exemplo, ambos são classificados em regra, como naturais, mas podem ser feitos em
laboratório, o que faria que fossem classificados como sintéticos nesses casos, mas o processo
é muito caro o que torna inviável (ARAÚJO, 2014, p. 17).

As drogas sintéticas são as produzidas em laboratório com substâncias químicas


artificiais como o ecstasy, as metanfetaminas, e o Spice, (maconha sintética) feita a base de
especiarias e ervas, borrifada com uma substância semelhante ao THC, que está presente na
maconha e que altera o estado mental (ARAÚJO, 2014, p. 16).

As drogas sintéticas são produzidas para serem parecidas com os naturais e terem um
custo baixo no processo de fabricação, como declara (ARAÚJO, 2014, p. 22) a metadona e o
fentanil são drogas opioides, com efeito semelhante ao do ópio, criados para imitar as opiáceas,
drogas naturais extraídas da Papoula.

1.5 Semissintéticas

As semissintéticas são aquelas produzidas em laboratórios, porém com ingredientes


naturais, como o LSD, que é um alucinógeno poderoso obtido a partir do ácido lisérgico, que
se encontra num fungo que se desenvolve no centeio e em outros grãos, outro exemplo de
18

semissintético que tem provocado a miséria de muitas pessoas é a heroína, considerada a droga
mais severa de todas, se produz a heroína modificando a morfina, que é natural (SENAD, 2014,
p. 75).

As drogas semissintéticas vem ganhando espaço no mercado mundial, por ter o custo
baixo para se produzir, e efeitos mais duradouros do que outras drogas, em São Francisco os
usuários de crack passaram a usar cristalmeta, (metanfetamina),justamente por isso, o efeito do
cristalmeta dura 12:Hrs, enquanto o do crack só dura 40 Min, e a diferença de preços também é
significativa, o cristalmeta é mais barato que o crack (SENAD, 2014, p. 75).

1.6 Perturbadoras

As drogas também podem ser classificadas de acordo com os efeitos que elas produzem,
perturbadoras, depressoras, estimulantes, são algumas classificações populares que definem a
atuação da substância no sistema nervoso central, as perturbadoras alteram o funcionamento do
cérebro provocando, ilusões, delírios, alucinações, nessa classe inclui-se o LSD já mencionado
na classe das semissintéticas e que será comentada mais adiante (ARAÚJO, 2014, p. 17).

1.7 Depressoras

Entram nessa classe, as substâncias que diminuem a atividade cerebral e deixam o


indivíduo sonolento, com os reflexos comprometidos, não devem ser confundidas com
depressiva, a definição para depressor é:

Qualquer agente que suprime, inibe, ou diminui alguns aspectos da atividade do


sistema nervoso central (SNC). As principais classes de depressores do SNC são os
sedativos/hipnóticos, os opioides e os neurolépticos. O álcool, os barbitúricos, os
anestésicos, as benzodiazepinas, os opiáceos e seus análogos sintéticos são exemplos
de drogas depressoras. Os anticonvulsivantes são por vezes incluídos no grupo dos
depressores, por causa de suas ações inibitórias da atividade neuronal anormal.
(Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 50).
19

Os barbitúricos como o pentobarbital, amobarbital e o secobarbital faz parte de um grupo


de depressores, utilizados como anestésicos, hipnóticos, sedativos, e em alguns casos como
ansiolíticos, quando usados adequadamente reduzem a ansiedade, relaxam e acalmam mas
tornam-se perigosas quando consumidas em doses maiores provocando redução da coordenação
motora, língua enrolada,tontura,apagões e perda de memória,essas drogas possuem o efeito
semelhante ao do álcool, podendo durar até cinco dias, e pode provocar a morte do usuário por
insuficiência respiratória, e por causar tolerância o risco de dependência é alto e uma vez
dependente poderá sofrer síndrome de abstinência bem severa (Glossário de álcool e drogas,
2010, p. 50).

1.8 Estimulantes

As que aceleram o (SNC) são classificadas como estimulantes, também conhecidas como
psicoestimulantes, elas acentuam ou aumentam a atividade neural, a cocaína, a cafeína, os
supressores de apetite, a nicotina se enquadra nessa classe, elas diminuem o sono e em alguns
casos provocam hiperatividade, e algumas chegam a aumentar a temperatura corporal
(Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 63).

As classificações das drogas parecem intermináveis isso porque ao classificá-las levam se


em consideração vários fatores, leve e pesada, embora sejam usadas pela mídia, e até mesmo pela
polícia não tem base científica por isso não é uma classificação, isso só ilustra que uma
substância provoca mais dano que a outra, a maconha é leve se comparada com a cocaína per
exemplo (ARAÚJO, 2014, p. 20).

E a forma mais prática de classificá-las para economia mundial é a jurídica, a ilicitude de


uma substância influencia a maneira que é produzida, distribuída e consumida, as drogas ilícitas
não podem ser vendidas para fins recreativos, as lícitas podem ser comercializadas como a
cafeína e o álcool, e as controladas que são principalmente os medicamentos, são vendidos
mediante receitas, para se evitar o excesso, de qualquer maneira, sendo lícita ilícita, ou
controlada, quando usada exageradamente trazem na maioria dos casos, efeitos devastadores
para o usuário e para a sociedade (ARAÚJO, 2014, p. 18).
20

Que as drogas seduzem é um fato notório, elas provocam prazer se isso não fosse verdade
não existiria tantos toxicômanos como existe atualmente, independentemente de sua
classificação, se naturais ou semissintéticas ou sintéticas, ilegais ou não, o comércio ilegal de
substâncias psicoativas produz incansavelmente mais indivíduos dependentes, que são
rotulados por nóias, viciados, adictos, toxicômanos, soando como se fosse a mesma coisa, como
se todos eles estivessem no mesmo estágio de dependência, embora estejam todos no mesmo
barco, são passageiros diferentes (ARAÚJO, 2014, p. 146).

1.9 Destino incerto

Toda viagem turística começa com uma escolha, procurando itinerários interessantes, os
melhores hotéis, ótimos restaurantes que possam proporcionar uma boa estadia, e uma refeição
satisfatória, enfim momentos agradáveis que ficarão marcados na memória durante toda a vida,
e quando algo sai errado como um hotel que não era o esperado, ou um restaurante que embora
tenha uma boa reputação, deixa a desejar, acaba frustrando o tão esperado passeio, e ficará
marcado também, porém como uma viagem ruim (BEATTIE, 2017, p. 124).

E assim como uma viagem que não deu certo, é a vida de um dependente que escolheu
experimentar algum tipo de droga potencialmente viciante achando que encontraria prazer,
embora tenha atingido esse propósito, não esperava que tudo desse tão errado e que a frustração
o desespero e o sentimento de impotência caminhariam juntos até a libertação do vício, a cura
tão esperada, ou a chegada antecipada da sepultura, de qualquer forma experimentar a droga é
sempre uma má escolha, pois a viagem sempre será ruim (ARAÚJO, 2014, p. 76).

A droga é, desde sempre, um dos mais terríveis meios utilizados para impedir os
homens de tomarem consciência de que são vítimas da evolução da sociedade. Esta é
exatamente a função exercida, há muito tempo, pelo álcool nas classes trabalhadoras.
Nos últimos decênios outras drogas apareceram: os psicotrópicos, cujo comércio é
legal e um dos mais rendosos, e os produtos ilegais, como a heroína e a cocaína. Com
efeito, o mais espantoso não é o número de toxicômanos, mas o número daqueles que,
apesar das enormes dificuldades, recorrem à droga (HERMANN e HORST, 1982, p.
100).
21

O que leva uma pessoa a fazer tal escolha?, Deixar de lado uma carreira promissora, um
futuro brilhante,casamento,filhos,uma vida social ativa, ou perder a infância ou a adolescência
sendo um falcão, se envolvendo com o crime desde novo, um caminho do qual muitos não
retornarão, porque irão para a “vala” antes de votarem pela primeira vez, uma história
estilhaçada em mil cacos, e nem sempre há como restaurá-los (BILL e ATHAYDE, 2006, p.
75).

Aquele que se encontra na dependência química se vê em um beco sem saída, é como o


laço de uma cobra que envolve a sua presa, que ao tentar fugir do infortúnio, sofre um aperto
mais forte, até que abraçado pela morte vem a sucumbir, são poucas as vítimas que conseguem
escapar (SHEFF, 2007, p. 57).

O usuário que se tornou um dependente químico, que não consegue mais se ver livre das
drogas, irá se aprofundar mais no vício, se não tiver apoio daqueles que estão ao seu redor, e
nessa queda livre contínua no abismo da adicção, o toxicômano perde gradativamente as coisa
mais importantes na sua vida, como família, os laços familiares se rompem em muitos casos,
quando a dependência se aprofunda, porque muitos dependentes, perdem o controle, e acabam
gerando conflitos, furtando objetos de seus familiares para conseguir mais drogas, ou se tornam
violentos, o que dificulta e até impossibilita o convívio (HERMANN e HORST, 1982, p. 125).

Após o indivíduo chegar no fundo do poço, o retorno se torna incerto, a esperança


desaparece. a cura, ou libertação, se torna algo difícil de acreditar, porque é sufocada pela ilusão
das drogas, afastada violentamente pela síndrome de abstinência, um sujeito que era estabilizado
financeiramente,estudava,trabalhava,tinha uma vida social ativa, e agora é subjugado pelo vício,
não tem amigos, foi esquecido pela família e mora a céu aberto, dificilmente acreditará que é
possível ser recuperado e reinserido na sociedade, e menos ainda, na possibilidade de sorrir
novamente (SHEFF, 2007, p. 131).
22

CAPÍTULO 2-UMA VIAGEM INFERNAL

2.1 Usuário, dependente e viciado

Movido pela curiosidade um adolescente experimenta algum tipo de droga, como a


cocaína por exemplo, e como a substância provoca um aumento significativo de dopamina em
seu cérebro o que faz com que ele sinta um prazer intenso, esse jovem tem alta probabilidade
de voltar a consumir a droga, mas ele ainda não se tornou um dependente (ARAÚJO, 2014, p.
181).

Se depois de algum tempo esse mesmo jovem continua usando a substância, e isso já virou
um problema em sua vida, a ponto de não trabalhar mais, largar os estudos acordar pensando
em drogas e dormir pensando em drogas, se é que consegue dormir, então já se tornou
dependente, e quem chega nesse ponto não usa mais porque deseja, mas sim porque precisa,
necessita da substância mesmo que tenha de arriscar a sua vida para conseguir (ARAÚJO, 2014,
p. 186).

Viciado, dependente, usuário, são utilizados como sinônimos quando na verdade existem
diferença entre os termos, um usuário não é necessariamente dependente, mas todo dependente
é um usuário, um dependente possui um transtorno debilitante implacavelmente progressivo
que na maioria dos casos conduz a pessoa a um estado miserável, sendo necessário tratamento
adequado, pois o indivíduo corre o risco de contrair doenças como o H.I.V.ou sofrer uma
overdose fulminante (HERMANN e HORST, 1982, p. 168).

Viciado é sinônimo de dependente é aquele que já está completamente dominado por uma
ou mais substâncias e que tem dificuldades em abster-se delas experimentando sintomas
desconfortáveis após a interrupção do uso ou diminuição da quantidade consumida usualmente,
esses sintomas mudam conforme a substância consumida, outra característica do dependente
químico é que ele passa boa parte do tempo tentando conseguir a droga e na sua utilização,
excluindo quase todas as atividades da sua vida (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 107).
23

2.2 Toxicomania milenar

A dependência de substâncias psicoativas tem sido um problema mundial desde a


antiguidade, o ópio era usado no império romano, as guerras entre a Inglaterra e a China (a
guerra do ópio) que travaram combates, entre 1839 e 1842 e 1856 e 1860, foram motivados pelo
consumo obsessivo que as duas nações tinham com dois tipos de drogas, o chá na Inglaterra e o
ópio que foi difundido estrategicamente na China pelos ingleses com o propósito de obter lucros
e equilibrar a balança comercial inglesa (ARAÚJO, 2014, p. 49).

Toxicomania, adicção, dependência são termos usados para descrever a mesma coisa; o
uso compulsivo de determinadas substâncias que mudam os usuários da esfera do desejo para a
da dependência, a OMS em 1960 recomendou que os termos (hábito e adicção) fossem
abandonados em favor de dependência, que podem existir em vários graus (Glossário de álcool
e drogas, 2010, p. 13).

A dependência química, forma de vício mais comum que existe, é considerada pela
medicina uma doença causada por alterações químicas no cérebro que levam a pessoa
a consumir determinada substância compulsivamente, mesmo quando sabe que isso
terá efeitos graves em sua vida” [...] (ARAÚJO, 2014, p. 179).

Além disso, é importante destacar que toxicomania não é doença. Isso sugere que ela
não depende do poder de ação de um agente etiológico, no caso a droga, para se
instalar. É claro que a droga está implicada no processo de constituição da
toxicomania, mas sem ser fator determinante. Não é a droga que faz o drogado.
(TIBURI e DIAS, 2013, p. 244).

O texto acima retrata a divergência de opiniões sobre o tema, uns acreditam que a
dependência seja realmente uma doença, enquanto outros afirmam que não se trata de uma
enfermidade, a opinião dos autores reflete o pensamento dividido da sociedade, quando o
assunto é drogas, liberação, proibição, descriminalização a polêmica sempre está presente, mais
em uma coisa todos concordar, as drogas é um mau que precisa ser controlado de alguma forma.

A qualidade de vida de um viciado em drogas, como a cocaína, a heroína, e o crack é


péssima, o sofrimento é grande, a vida é abreviada para essas pessoas, salvo aqueles que
conseguem vencer a dependência, e a porcentagem dos usuários que se veem livres dessas
situação é baixa, porque acreditam que para esse problema não há solução, a esperança parece
24

algo distante, inalcançável como uma miragem, o dependente se sente incapaz de reassumir o
controle e acaba no fundo do poço (HERMANN e HORST, 1982, p. 191).

A dependência química é uma doença crônica, caracterizada por comportamentos


impulsivos e recorrentes de utilização de uma determinada substância para obter a sensação de
bem-estar e de prazer, aliviando sensações desconfortáveis como ansiedade, tensões, medos,
entre outras (SAÚDE, 1993, p. 41).

2.3 As consequências

A tolerância está associada a dependência, ou seja, o sujeito precisa aumentar


gradativamente a quantidade de droga que usa para conseguir o efeito desejado, caso contrário
o objetivo não será atingido e a fissura será acentuada provocando um grande desconforto, o
que levará o indivíduo a praticar crimes para satisfazer o vício em muitos casos, denominados
crimes de aquisição, que serão comentados adiante (ARAÚJO, 2014, p. 171).

Os dependentes químicos sofrem consequências terríveis, que mudam de acordo com a


droga que usam ou somam-se os efeitos quando o usuário consome mais de um tipo de droga,
não existem muitas opções para quem se tornou dependente, acabam nas sarjetas, presos,
doentes, ou mortos, são poucos os que conseguem se ver livres da dependência (HERMANN e
HORST, 1982, p. 192).

O trajeto percorrido por um viciado é marcado por grandes perdas, que formam cicatrizes
profundas, muitos abandonam as famílias ou são abandonados pelos familiares pela dificuldade
que é conviver com um dependente, largam empregos, acabam na miséria se tornando farrapos
humanos (SHEFF, 2007, p. 198).

Uma experiência perturbadora, é como se a pessoa vivesse um pesadelo, aquilo que no


início até provocava prazer, trazia algum alívio, agora só provoca dores, medos e desespero,
resultando em lágrimas intermináveis, tanto para o usuário que muitas vezes quer sair mas não
conseguem, como para seus familiares que se sentem impotentes diante da situação, e se sentem
como se desferissem murros em pontas de facas (HERMANN e HORST, 1982, p. 190).
25

E os efeitos provocados pelos drogas também são variados, alguns tipos relaxam, deixam o
indivíduo sonolento e outros estimulam, causam hiperatividade, sudorese, alucinações, delírios
persecutórios, insônia, calafrios, pânico desespero, câimbras, vômitos, entre outras coisas
provocadas pelo consumo ou pela ausência da substância, a síndrome de abstinência de
determinadas drogas são cruéis para o indivíduo, e problemática tanto para o dependente como
para aqueles que convivem com o usuário com dependência profunda (HERMANN e HORST,
1982, p. 92).

A dependência comportamental ou psíquica (muitas vezes chamada de habituação)


constitui uma compulsão ao uso da substância, buscando o indivíduo a obtenção de
prazer ou a diminuição de desconforto. Quando o indivíduo não obtém a substância,
experimenta ansiedade, desconforto geral, raiva, insônia, etc. (DALGALARRONDO,
2008, p. 345).

A quantidade de substâncias psicoativas ilícitas aumenta quase que ininterruptamente, a


abrangência do comércio ilegal de drogas avança proporcionando uma variedade maior de
drogas, (uma vitrine mais ampla) não seria possível comentar as características e os efeitos de
todas, e por isso será destacado algumas das mais consumidas e mais devastadoras (ARAÚJO,
2014, p. 93).

2.4 Maconha

Bagulho, beck, hemp, skank, brow, chá, marola, são alguns nomes populares da cannabis
sativa conhecida como maconha que é a palavra usada para descrever as flores, e folhas floridas
da planta de cânhamo a droga mais consumida no planeta, 160 Milhões de pessoas fumam
maconha no mundo, que pode ser fumada pura como um cigarro ou misturada com outras drogas
como o crack, ou ingerida como chá (ARAÚJO, 2014, p. 311).

O termo cannabis descreve qualquer uma das diferentes drogas que provêm do cânhamo
indiano, incluindo o haxixe uma variação da droga, feita a partir das resinas da planta de
cânhamo indiano pasta semi-sólida obtida por meio de grande pressão nas inflorescências,
preparação com maiores concentrações de THC, seis vezes mais forte do que a maconha
(Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 54).
26

Os efeitos são percebidos em instantes, e a intensidade depende da concentração de THC


(delta 9 tetra-hidrocanabidiol) o composto que produz os efeitos psicoativos da planta,
lembrando que hoje existem cannabis desenvolvidas para alcançar um alto nível de
concentração de THC.sendo a concentração de 2 % a 8 % na maconha normal segundo
(ARAÚJO, 2014 p 312).

O “Nevoeiro de limão” e o “Grande tubarão branco” são variedades híbridas formadas


por dois tipos de cannabis, a índica e a sativa, desenvolvidas por Arjan Roskan o “Rei da
cannabis” um ex-cultivador,que agora atua na produção e exportação de sementes exóticas em
Amsterdã, Holanda, o “Ouro de Malawi”,uma cannabis potente encontrada em Malawi, África,
e a“Sinsemilla”cultivada evitando-se a polinização, que chega a ter 20% de THC, essas plantas
são consideradas de alta qualidade (ARAÚJO, 2014, p. 313).

O barato, a brisa o toque, são gírias para o efeito experimentado pelos usuários da
maconha, que acreditam que a droga não é nociva e por isso deveria ser liberada como o cigarro
ou o álcool que viciam rapidamente e são prejudiciais para a saúde, facilitando o
desenvolvimento de doenças graves como a cirrose hepática nos alcoólatras e câncer no pulmão
nos fumantes (ARAÚJO, 2014, p. 314).

O consumo habitual de maconha trás consequências para o organismo, assim como as drogas
mencionadas acima, embora a cannabis não seja neurotóxica, ou seja, os neurônios não são destruídos,
a mente e os pulmões sofrem consideravelmente, a memória e o aprendizado são comprometidos e as
probabilidades de desenvolver bronquite são maiores em quem fuma maconha (A verdade sobre a
Maconha, 2018) Disponível em:<https://www.mundosemdrogas.org.br/drugfacts/marijuana.html>
acesso em 19.nov.2018.

A memorização de novas informações é dificultada pelo uso da cannabis sem prejudicar


as lembranças do que já foi memorizado, essa dificuldade pode demorar dias ou semanas,
depende de quando foi fumado o último baseado (cigarro), se o usuário fuma todo dia, a sua
mente sofrerá continuamente e não poderá dar o seu melhor (ARAÚJO, 2014, p. 314).

Alguns estudos afirmam que a capacidade respiratória piora com o consumo da droga e
aumenta a ocorrência de inflamações no sistema respiratório e de pneumonia, pois a fumaça
27

produzida é irritante, e contém um alto teor de alcatrão, fumar quatro baseados (cigarro de
maconha) por dia são equivalentes a vinte cigarros, os efeitos da cannabis são olhos
avermelhados, (Hiperemia conjuntival) boca seca devido a diminuição na produção de saliva;
taquicardia, (batimento rápido do coração) chegando a 140 batidas por minuto, o usuário
também pode sentir uma sensação de relaxamento, acompanhado de calma, fome,(conhecida
como larica), ou, medo, angústia, tremores, sensação de perigo, ansiedade, e perda de
consciência momentânea (o chamado “branco”) que pode ocasionar uma queda fatal
(ARAÚJO, 2014, p. 314).

2.5 Metanfetamina

Uma droga potente altamente viciável que não escolhe idade, também é consumida por
frequentadores de “danceterias”, “raves”, é uma droga de balada como o ecstasy, que pode ser
fumada, inalada ou injetada age a princípio como estimulante que traz consequências graves
para o usuário e podem ser irreversíveis, provoca sensação agradável, autoconfiança,
desembaraço, os efeitos da metanfetamina parece preencher um vazio na vida do dependente,
que não consegue se ver sem a substância na sua vida (ARAÚJO, 2014, p. 288).

Na minha adolescência sempre tinha ouvido falar que nunca deveria experimentar
heroína. Cara, havia avisos por toda parte e eu tinha medo – afinal. quem usa heroína
fica viciado. Ninguém nunca falou para mim da metanfetamina, também chamada de
cristal. Eu já tinha experimentado cocaína, ecstasy, várias coisas e sempre fui meio
indiferente a tudo. Mas, naquela manhã quando inalei aqueles caquinhos brancos por
aquele canudo plástico azul, minha vida inteira mudou. Eu senti pela primeira vez.
que finalmente tinha encontrado o que sempre havia procurado. Aquilo me completou.
Eu me senti inteiro pela primeira vez (SHEFF, 2007, p. 17).

A metanfetamina é uma droga sintética, é um pó branco na maioria dos casos, amargo,


inodoro que pode vir em forma de cristal, semelhante ao vidro, aliás esse é um dos nomes
populares da droga que também é conhecida como cristal meta nessa forma, entre tantos outros,
quando a droga é consumida o usuário parece ficar energizado e o efeito dura de 6 a 8 horas,
mas essa experiência destrutiva pode durar 24 horas (ARAÚJO, 2014, p. 288).
28

Devastação” essa palavra resume a vida de um dependente em metanfetamina, porque vai


sendo consumido gradativamente, pela droga, acaba se tornando anêmico porque perde o
apetite, a pessoa é transformada, torna-se um zumbi, vai emagrecendo severamente ao mesmo
tempo que vai tendo as suas feições modificadas, abatida, cansada, triste, quase que
fantasmagórica, semelhante a uma metamorfose, porém não bela quanto da borboleta (SHEFF,
2007, p. 139).

Essa substância ataca com força destrutiva o usuário, acelerando o batimento cardíaco,
(taquicardia) aumentando a pressão sanguínea, hipertermia (superaquecimento do corpo)
insônia comportamento bizarro, instabilidade, alucinações, irritabilidade psicose isso em
dependentes que consomem a substância a pouco tempo, e doses abusivas podem levar a
convulsões e morte (ARAÚJO, 2014, p. 289).

Colocamos o cristal na embalagem de plástico do meu maço de cigarros. Queremos


que o cara nos dê 80 dólares pela mercadoria, Ele tem uma cara de quem não vê a luz
do dia há anos. Seu rosto é branco e emaciado, e ele é só pele e osso. Seus cabelos
escuros estão caindo, e ele tem um nariz vermelho de alcoólatra. Sua barriga é
horrivelmente inchada e ele parece estar grávido. A voz dele é ríspida, exigente,
estridente, quase um guincho (SHEFF, 2007, p. 67).

Para dependentes a longo prazo, as consequências são bem piores, a substância prejudica
o coração, cérebro, rins, pulmões, e fígado, pode ocorrer ataque cardíaco, AVC, causar
problemas respiratórios quando é fumada, quando injetada causa doenças infecciosas e
abcessos, se for cheirada o tecido do nariz é destruído, dependência psicológica profunda, (é
uma das dependências mais difíceis de se tratar) adoecimento dos dentes, ela provoca uma
decadência dentaria grave (conhecida como boca de anfetamina) os dentes são corroídos por
cáries profundas e precisam ser extraídos, depressão e dano cerebral semelhante ao Alzheimer,
a metanfetamina acaba com o organismo de várias formas, é uma das drogas mais destrutivas,
e seus efeitos são severos (A verdade sobre a Metanfetamina, 2016, p. 12) ( D i s p o n í v e l e m :
< h t t p s: / / f i l e s . o n d e ma n d h o st i n g . i n f o / d a t a / w w w. d r u g f r e e w o r l d . o r g / f i l e s / t r u t h
- a b o u t - c r y st a l me t h - b o o k l e t - p t _ B R _ p t _ B R . p d f ? _ = 2 1 5 7 7 1 5 & > A c e s s o
em 06.abr.2019).

No Brasil se consome a bolinha que são anfetaminas, como a benzofetamina,


dietilpropina, fendimetrazina,fenfluramina, fenilpropanolamina, fertermina e Manzidolque
servem para tratar incontinência urinária, controle da obesidade, autismo e até congestão nasal,
segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro, de cada três acidentes, um o condutor está
sob o efeito da droga (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 22).
29
A Metanfetamina é fabricada em laboratórios ilegais, usando anfetaminas como base e
combinando com outras substâncias como querosene, anticongelante , hidróxido de amônio e até
ácido de bateria, quem produz é conhecido como “cozinheiro “é um processo perigoso, porque
os produtos que são usados na fabricação são inflamáveis e tóxicos o que acaba ocasionando
explosões e intoxicações que podem levar a morte (A verdade sobre a Metanfetamina, 2016, p.
8) (Disponível em:<https://files.ondemandhosting.info/data/www.drugfreeworld.org/files/truth-
about-crystalmeth-booklet-pt_BR_pt_BR.pdf?_=2157715&> Acesso em 07.abr.2019).

2.6 Ecstasy

Uma droga relativamente nova quando comparada as outras como a heroína, a cocaína, a
maconha, mas que já provocou um grande estrago desde que virou uma febre em Dallas no ano
de 1984,o ecstasy também conhecido como Bola, Pastilha ou MDMA que é a sigla do princípio
ativo (Metilenodioximetanfetamina) oferece riscos consideráveis a saúde, embora não haja
relatos de overdose, ela pode provocar a morte de outras maneiras (SENAD, 2014, p. 82).

Em doses grandes o ecstasy pode causar um aumento anormal da temperatura do


corpo, combinado com desidratação e atividade física intensa, isso pode causar crises
renais, hepáticas e cardíacas. As mortes associadas ao ecstasy estão relacionadas ao uso
simultâneo de outras drogas e normalmente são causadas por hipertermia ou consumo
excessivo de água. Para não superaquecer, algumas pessoas exageram em 1995, uma
jovem britânica morreu ao beber 7 litros de água em 90 minutos ) (ARAÚJO, 2014,
p. 301).

Uma pessoa em perfeito juízo jamais tomaria essa quantidade de água em tão pouco
tempo, mas quem está sob os efeitos do ecstasy (a viagem) corre esse risco, o exagero no
consumo do MDMA provoca distúrbios, por ser um super. estimulante como a cocaína, o
usuário se torna hiperativo, a audição e o tato se tornam aguçados, a pessoa se torna emotiva e
por isso a substância é conhecida como “Droga do amor”, a pressão arterial aumenta, o coração
dispara, e ranger de dentes durante todo o efeito, que começa trinta minutos após a ingestão, e
insônia quando acaba, o usuário também pode entrar em pânico e ficar ansioso, enfim provoca
uma grande confusão (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 23).
30

Quem consome ecstasy continuamente também tem dificuldades no aprendizado, a


quantidade de serotonina no cérebro é reduzida pelo excesso de MDMA e isso é duradouro para
quem usa constantemente, a ereção também é prejudicada o que leva alguns homens a
combinarem o ecstasy com drogas para tratamento da disfunção erétil, o que pode ser perigoso
(ARAÚJO, 2014, p. 302).

2.7 Crack

Substância extraída da pasta base da (Erythroxylum coca) planta nativa dos Andes, o
crack é a cocaína em forma de cristal, conhecida como (pedra, rocha) ela é mais potente do que
a cocaína em pó e por isso um dependente quando fuma o crack diz que “deu uma paulada” seu
custo é baixo o que faz dela uma droga popular no Brasil é consumida em larga escala
(ARAÚJO, 2014, p. 296).

O crack é potencialmente viciante, atingindo o cérebro rapidamente, de três a cinco


segundos, proporcionando um barato intenso com duração rápida em torno de quinze minutos,
é um super estimulante, causa uma grande euforia que muda rapidamente para a uma depressão
profunda, inquietação, inconformismo, delírios persecutórios, irritabilidade, agressividade, em
muitos casos o usuário se torna perigoso durante a síndrome de abstinência, inclusive para os
familiares, se torna inconsequente, parece estar disposto a fazer qualquer coisa para conseguir
mais uma dose (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 39).

O dependente passa a viver exclusivamente para a droga, em uma busca incessante, não
consegue pensar em outra coisa, perdem tudo para o vício, a vida social, bens, família, a droga
é um passaporte para o fracasso, para o fundo do poço, para as profundezas do inferno, é comum
ver pessoas que outrora eram bem sucedidas, trabalhadores, empresários, profissionais liberais
e até atletas e artistas se transformarem em criminosos, ou perderem a vida tragicamente, isso
infelizmente é a realidade de muitos usuários (SHEFF, 2007, p. 122).
31

Aposentei-me merecidamente como executivo de uma corporação de sucesso, tinha


conseguido formar duas filhas na faculdade. Minha festa de despedida foi, contudo, o
início de cinco anos de inferno. Foi quando me ofereceram o crack pela primeira vez.
Nos cinco anos seguintes, perdi minha casa, minha esposa, todos os recursos
financeiros, minha saúde e quase minha vida. Também passei dois anos na prisão.
W i l l i a m( A ve r d a d e so br e o C r a ck , 20 16 ,p .1 2 ) ( Di sp oní ve l
e m :<https://www.mundosemdrogas.org.br/drugfacts/crackcocaine.htm>Acesso em:
25.nov.2019).

As drogas como o crack, são sinônimos de morte, por uma série de fatores, o usuário pode
sofrer uma overdose fulminante, já que o organismo desenvolve tolerância pela substância,
mesmo usando só uma vez, e isso faz que o dependente precise de doses mais fortes para
conseguir o efeito desejado, também ocasiona problemas cardiovasculares, AVC, atinge os rins,
pulmões, fígado, ocasiona dores no peito, alucinações, quem se envolve com essa substância
tem sua vida abreviada, e experimenta um sofrimento atroz (ARAÚJO, 2014, p. 294).

2.8 Cocaína

Farinha, poeira, branca, coca ou simplesmente pó, são alguns nomes do cloridrato de
cocaína, uma das drogas ilícitas mais consumidas no mundo que a princípio era usada como
anestésico assim como outras drogas que passaram de uso medicinal para uso recreativo
Sigmund Freud receitava cocaína para seus pacientes e também usava toda vez que achava
necessário, pode ser fumada como crack, cheirada ou injetada, essa substância vicia
rapidamente e pode provocar a morte (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 38).

Nessa época costumava usar cocaína com frequência, para aliviar uma molesta rinite e
ouvira dizer, poucos dias antes, que uma paciente que usava esse mesmo meio, se
havia provocado extensa necrose da mucosa nasal. A prescrição de cocaína para esses
casos, feita por mim em 1885, causou-me graves censuras. Um meu querido amigo,
falecido em 1895, apressou seu fim com o abuso desse meio (FREUD, 1952, p. 170).

A cocaína é uma das drogas mais perigosas e mesmo oferendo riscos à saúde o consumo
da substância aumenta inclusive entre crianças, e após se tornar dependente é muito difícil se
ver livre, muitos usuários dizem ser impossível parar, se comparada com o crack ela é mais cara,
e os efeitos menos intenso, por isso o consumo da cocaína em alguns países é considerada droga
dos ricos e o crack, a droga dos pobres (ARAÚJO, 2014, p. 295).
32

A substância é um estimulante poderoso e pode ser combinada com outras drogas como
a heroína o que se torna um coquetel letal conhecido como speedball, (bola rápida), a cocaína
produz um prazer intenso, a boca fica amarga e seca, o coração dispara e surge uma
autoconfiança muito grande o usuário sente-se capaz de coisas que não consegue fazer quando
está sóbrio, como vencer a timidez, se torna comunicativo, é como se existisse uma outra
personalidade que só é ativada quando se cheira uma carreira, ou quando toma um baque (dose
injetada na veia) (Glossário de álcool e drogas, 2010, p. 111).

Da mesma maneira que o prazer surge, ele desaparece, o barato que os dependentes
buscam é efêmero, porque a tolerância aumenta cada vez que a droga é consumida, a fissura se
instala e com ela vem o medo, os tremores, a depressão, a insônia, alucinações visuais e
auditivas o usuário acredita estar sendo perseguido,vê vultos, e ouve sons que não são reais, a
necessidade de usar mais cocaína. é lancinante (ARAÚJO, 2014, p. 295).

E essa dor na alma impulsiona o indivíduo a consumir a droga ininterruptamente, um


usuário pode passar dias sem dormir e sem comer sob os efeitos da cocaína, enquanto tiver a
droga para consumir dificilmente vai parar, perde peso, fica desidratado, o suicídio pode estar
relacionado com o consumo de cocaína, de 406 usuários que foram entrevistados, 43% tentaram
se matar (ARAÚJO, 2014, p. 298).

2.9 Heroína

O ópio é uma resina extraída do botão de uma flor chamada papoula (Papaver
somniferum) por Friedrich Serturner que a chamou de morfina, é o principio ativo mais
importante encontrado entre aproximadamente cinquenta substâncias alcalóides da planta, que
foi isolado em 1805, é um analgésico potente usado para combater dores severas (ARAÚJO,
2014, p. 45).

Em quantidades e efeitos, o ópio seco tem 4 % a 20% desses ingrediente, que também é
seu analgésico mais potente, desde que foi isolada pela primeira vez, em 1805, a morfina é um
dos remédios mais importantes para medicina, pois atua sobre os receptores opióides no sistema
nervoso central, alterando a percepção (ARAÚJO, 2014, p. 320).
33

A heroína é o resultado que se obtém da modificação da morfina em laboratório, foi criada


em 1874, começou a ser vendida para fins medicinais pelo laboratório Bayer em 1898 ela é
mais potente, age mais rápido do que a morfina e vicia rapidamente, existe dois tipos de heroína,
a branca e a marrom, sendo a primeira de melhor qualidade, e pode ser fumada, cheirada ou
injetada (ARAÚJO, 2014, p. 320).

Embora as palavras (pesada e leve) não sejam classificações de drogas, mas uma gíria
popular para exemplificar alguns tipos de substância pelos efeitos que provocam, a heroína é
considerada pela sociedade e pela mídia, como uma droga pesada, e a mais mortal de todas, a
síndrome de abstinência que ela provoca é medonha, tamanha opressão que o dependente é
submetido pela falta da substância, dor, sofrimento angústia e desespero, é o que vive um
viciado em heroína, se é que isso pode ser chamado de vida, que chega ao fim tragicamente por
overdose ou suicídio, em muitos casos, o usuário não aguenta o fardo da dependência e acaba
tirando a própria vida consumindo uma dose letal intencionalmente (HERMANN e HORST,
1982, p. 323).

Na última vez que refleti lucidamente sobre minha situação, cheguei à conclusão de
que, para mim, só existiam duas saídas: desligar-me totalmente ou tomar um hot shot
dose mortal. Infelizmente, a primeira solução estava excluída. Cinco ou seis
tratamentos malsucedidos eram o suficiente. No final das contas eu não era melhor
nem pior que os outros drogados.Então, porque eu deveria estar entre os poucos que
se salvaram? (HERMANN e HORST, 1982, p. 223).

Escolhi tranquilamente o banheiro mais limpo. Estava perfeitamente calma. Verdade.


Nunca teria imaginado que um suicídio fosse tão pouco patético. Não pensava na
minha vida passada, nem em Detlef. Só pensava na picada[...]Procurei uma veia no
meu braço esquerdo. No fundo era uma picada como as outras. A única diferença:
seria a última. Para sempre. Atingi a veia na segunda tentativa. O sangue subiu pela
seringa. Piquei o meio grama. Não tive tempo de acioná-la a segunda vez...senti meu
coração estourar, minha caixa craniana se destacava de minha cabeça) (HERMANN e
HORST, 1982, p. 224).

O texto mostra os momentos que antecederam uma tentativa de suicídio que fracassou,
de uma dependente, que ficou mundialmente conhecida, pelo drama que viveu por conta de seu
vício em heroína, seu nome é Christiane Vera Felscherinow (Christiane F.), apesar de ter
tomado uma dose potente para morrer, não foi suficiente devido a tolerância que ela tinha
34

adquirido, ficou desacordada por algumas horas, acordou e saiu caminhando com dificuldade,
a atitude dela foi inspirada no suicídio de outros usuários, dos quais um era seu amigo
(HERMANN e HORST, 1982, p. 225).

A heroína quando injetada na veia tem efeito instantâneo, provocando um relaxamento


profundo, intenso, desacelerando o coração ela é exatamente o oposto do que é a cocaína e por
isso são consumidas juntas na veia por alguns usuários, esse mistura é conhecida como
speedball, o comediante americano John Belush faleceu em 1982 de uma overdose provocada
por essa mistura, a cocaína acelera os batimentos cardíacos porém seus efeitos passam mais
rápido, o que pode provocar uma overdose tardia, a pessoa morre de falta de ar se a quantidade
de heroína que consumiu for alta (ARAÚJO, 2014, p. 319).

No começo a heroína provoca euforia, sensação de bem estar, hipotermia, boca seca,
vômitos e coceiras, e depois o usuário começa a ficar sonolento o batimento cardíaco cai a
respiração fica lenta, e quando usada continuamente os efeitos são destrutivos, queda do sistema
imunológico, o que abre a porta para doenças como a tuberculose, as injeções constantes
também pode provocar destruição das veias e infecções, dos vasos sanguíneos e até do coração,
agulhas compartilhadas aumentam o risco de contaminação de HIV, e doenças do fígados como
hepatite c2 (HERMANN e HORST, 1982, p. 95).

Após algum tempo sem tomar a droga o dependente começa a sentir os efeitos da
síndrome de abstinência que são terríveis, náuseas, vómitos, diarreia, arrepios que podem durar
dez dias ou mais, câimbras, dores nos ossos que fazem o viciado se contorcer em uma agonia
interminável, chora, grita e se esperneia no chão desesperado por mais uma dose de heroína, ou
dinamite H um dos nomes da droga que se encaixa perfeitamente nesse cenário de destruição
que ela provoca na vida de quem começou experimentando e acabou dominado pelo vício
(HERMANN e HORST, 1982, p. 93).

As drogas sendo naturais, sintéticas, semissintéticas, prescritas ou proibidas, narcótica ou


psicotrópica, estimulante ou depressora, compradas na farmácia ou em uma biqueira qualquer
representa perigo constante para quem usa, o limite do tolerável para o fatal é uma linha tênue,
e aquilo que é consumido com o objetivo de dar prazer, ou como fuga da realidade mesmo que
por um breve momento pode significar luto para os familiares, e uma morte trágica e prematura
para o dependente (HERMANN e HORST, 1982, p. 103).
35

Drogas como a heroína, crack, metanfetamina, cocaína merla, ecstasy maconha, haxixe, e
medicamentos prescritos como a ritalina a dexedrina,que é um estimulante, ou analgésicos
como o oxycontin, demerol e roxanol, que foram catalogados na mesma categoria que o ópio,
são responsáveis pela dependência, adoecimento e morte de milhares de pessoas no mundo, as
três primeiras da lista são considerada as mais perigosas para o usuário, e um desafio constante
para a sociedade (ARAÚJO, 2014, p. 198).

Ajudar um viciado em crack a superar a dependência, ou um alcóolatra a abandonar a


bebida que consome a sua vida, um usuário de heroína a esquecer as seringas e agulhas, parece
algo quase impossível de conseguir, as drogas passam a ser uma fonte de problemas na vida da
pessoa, ela reconhecendo ou não, assumindo que é um toxicômano ou não, o problema se
instala, o dependente carregará esse fardo e poderá encontrar um fim tenebroso, se não se ver
livre desse infortúnio (HERMANN e HORST, 1982, p. 140).

O sonho se torna em pesadelo e a parte boa da vida se um dia existiu começa a cair no
esquecimento o viciado afunda na areia movediça que prende e puxa para baixo, levando o
indivíduo a morte lenta, agonizante, e desesperadora, existe aqueles que conseguem o prodígio
de escaparem dos laços do ópio, das garras da heroína, porém os resultados não são satisfatórios,
a saída que conduz para fora do labirinto é difícil de encontrar (SHEFF, 2007, p. 153).

O dependente será capaz de fazer coisas, que outrora eram inimagináveis para conseguir
mais drogas, a heroína acorrenta a pessoa de tal maneira, que para satisfazer a vontade gritante
do vício passará a furtar, roubar e se prostituir, não medirá consequências, pois o vício o
transformou em um escravo, subjugado pelo ópio, não consegue ver mais nada em sua mente a
não ser, seringas, agulhas, canudos e a substância maldita (HERMANN e HORST, 1982, p.
141).

São produtos comercializados ilegalmente em larga escala, levando a destruição aos


lugares mais longínquos, hoje um adolescente vende maconha de dez, e cocaína de vinte como
se fosse a coisa mais simples do mundo, o raio de ação do narcotráfico tem aumentando, sendo
internacional pelos barões da droga ou interestaduais, por facções ou traficantes independentes
36

é preocupante, pessoas que poderiam estar contribuindo de forma significativa com a sociedade
acabam se tornando foras da lei (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 237).

E por outro lado a sociedade também perde quando as pessoas que desempenham funções
importantes se tornam dependentes químicos, médicos, advogados, professores, chefes de
família, empresários, ninguém está livre, muitos abandonam a vida profissional, acabam com
seus patrimônios, a vida social desaparece, o casamento acaba, a família luta até onde pode, ou
simplesmente esquece o dependente químico, que era tão importante naquela família, e tudo
isso provocado pela drogas (SHEFF, 2007, p. 49).

2.10 LSD

De um fungo é extraído uma das drogas mais poderosas que existe, o LSD,essa substância
inodora, incolor e amarga é capaz de fazer uma pessoa ficar desconectada da realidade por doze
horas, conhecida como microponto, selo,vidraça, ou ácido, é fabricada em laboratórios
clandestinos por químicos ilegais, é comercializada em papéis que são fracionadas e
eventualmente na forma líquida (ARAÚJO, 2014, p. 308).

O LSD é a sigla em alemão de dietilamida de ácido lisérgico, foi descoberto pelo químico
Albert Hofmann quando trabalhava para a empresa farmacêutica Sando na Suiça,quando ele
procurava um estimulante para o sangue, mas os efeitos alucinógenos da droga, foram
descobertos quando ele ingeriu a substância acidentalmente em 1943, foi testada nas décadas de
40, 50, 60 na psiquiatria e não obteve nenhum resultado satisfatório, foi popularizada por
Timothy Leary, um psicólogo de Harvard, e se propagou como uma epidemia psicodélica, pelos
Estados Unidos, Reino Unido e Europa (ARAÚJO, 2014, p. 309).

Os efeitos do LSD podem variar de acordo com o humor, a personalidade e o ambiente,


que o usuário consome a droga, ele pode ter uma boa viagem, quando ele experimenta sensações
boas, que alguns comparam a uma iluminação, uma visita ao céu, contemplam lugares fabulosos
em suas mentes, se recordam de memórias distantes proporcionando uma experiência marcante,
quase mística, uma realidade paralela para a pessoa que provavelmente usará a substância
novamente para repetir a experiência (SENAD, 2014, p. 72).
37

Os efeitos podem ser bem ruins se ocorrer uma má viagem que o excursionista (forma
como é chamado os usuários de LSD) poderá sentir, as alucinações começam a surgir depois
de 30 minutos e pode durar 12 horas se não houver abuso, uma dose de 75 microgramas está na
faixa do que é considerada uma quantia adequada, que pode variar de 50 a 150 microgramas,
passando disso é considerada uma viagem pesada, só para excursionistas experientes
(ARAÚJO, 2014, p. 308).

As alucinações variam pois misturam os sentidos (sinestésicas) alguns usuários relatam


que podem ouvir o cheiro, ou ver os sons, que adquire cores e formas, paisagens de neon mesmo
com os olhos fechados, veículos que esticam, visões que pode ser, aterrorizantes, deixando a
pessoa em pânico, as consequências de uma viagem ruim são traumatizantes (Glossário de
álcool e drogas, 2010, p. 20).
38

CAPÍTULO 3- O COMÉRCIO DAS DROGAS

3.1 Mercado mundial

A venda de substâncias ilícitas ou não que provocam prazer é um negócio que movimenta
bilhões de dólares no mundo, as lícitas injetam fortunas nas indústrias de propaganda gerando
empregos e contribuindo de certa forma, favoravelmente com a sociedade, e as ilícitas
arrecadam mais dinheiro que é investido em mais drogas, armamentos e também financiam
outros crimes como a corrupção (ARAÚJO, 2014, p. 92).

É um círculo vicioso, uma corrente que flui constantemente, a genialidade e a astúcia do


crime organizado são surpreendentes, pois não há limites para a imaginação dos traficantes, vale
tudo na tentativa de burlar a lei e conseguir importar ou exportar a droga, o comércio ilegal
faturou o equivalente a uma fortuna de 150 bilhões de dólares em 2009, com a venda de opiáceos
e cocaína, um dos narcotraficantes mais famosos da atualidade Joaquin Guzmán Loera, o El
Chapo, chefe do quartel de Sinaloa do México, está na lista dos Bilionários da Forbes, assim
como a holandesa Charlene de Carvalho Heineken, sócia de uma das maiores cervejaria do
mundo (ARAÚJO, 2014, p. 93).

Há países que são grandes produtores e exportadores de drogas e outros que servem como
corredores, verdadeiros centros de distribuição de drogas, e isso inclui o Brasil que mesmo não
sendo um produtor de cocaína como o Peru e a Bolívia, exporta a droga para Bélgica, Espanha,
Itália, Portugal, aqui a substância é consumida em larga escala, pois o que não falta são
consumidores (DE ABREU, 2017, p. 187).

É um fato que existem pessoas simples que dependem diretamente desse atividade ilegal
para sobreviverem, desde agricultores das plantações de Coca (Erythroxylum coca) e isso inclui,
famílias inteiras, no Peru, Bolívia, Colômbia, os trabalhadores no plantio de Papoula (Papaver
somniferum) e extração do ópio no Afeganistão, que fazem esse tipo de trabalho por que é mais
lucrativo, plantar ópio rende 6,3 vezes mais do que plantar trigo (ARAÚJO, 2014, p. 113).
39

E nesse contexto surgem os traficantes, que exploram essas pessoas e constroem


verdadeiros impérios ilicitamente, o tráfico internacional movimenta bilhões de dólares mas a
distribuição desse dinheiro é desigual, o crime organizado conta com profissionais e
especialistas de várias áreas, empresários doleiros, engenheiros, advogados mas a matéria prima,
é conseguida através da exploração de pessoas que nem sempre sabem o que estão fazendo,
como os agricultores de cannabis do Malawi, que dependem da plantação de maconha para
sobreviver (DE ABREU, 2017, p. 202).

Os países que tem uma política de drogas bem estruturada, com um serviço de inteligência
antidrogas mais eficiente que aqueles com maior vulnerabilidade, está bem longe de conseguir
impedir que as drogas entrem em seus quintais, o preço pago é alto e o resultado não é
satisfatório, existe um combate incansável, incessante ao tráfico de drogas internacional, e o
nacional será tratado posteriormente nessa pesquisa (DE ABREU, 2017, p. 201).

Nomes como, Amado Carrilo Fuentes, conhecido como “Senhor dos Céus “que acumulou
uma fortuna de 25 bilhões de dólares chefiando o cartel de Juarez responsável pela venda de
cocaína para os Estados Unidos na década de 1990, que era enviada da Colômbia para o México
em Boeings 727, o Joaquin Guzmán Loera, o El Chapo, chefe do quartel de Sinaloa, Pablo
Escobar Chefe do Cartel de Medellín que atuou nas décadas de 1970 à 1980 como principal
exportador de cocaína para vários países, formada por uma rede de traficantes como os irmãos
Jorge Luiz, Juan David e Fábio Uchoa Vasquez, José Gonzalo Rodriguez Gacha, se tornaram
conhecidos mundialmente pela fortuna e pela quantidade de droga que movimentavam
(ARAÚJO, 2014, p. 100).

Todos querem uma parte nesse negócio bilionário, pelo menos cinco grupos mexicanos,
os russos da Sysranskaya Groopirovka, a Cosa Nostra, máfia ítalo-americana que atua nos
Estados Unidos, a Yamaguchi Gumi um dos principais grupos da Yakuza a máfia japonesa, o
Sindicato Mclean na Austrália a máfia italiana Ndrangueta, e a Facção brasileira como o
Comando Vermelho, todos responsáveis pelo venda ilegal de drogas no mundo, cocaína,
opiáceos e maconha é o que predomina nesse comércio nocivo, que movimenta rios de dinheiro
e de sangue, a violência é uma característica marcante nesse tipo de atividade, uma parte
considerável dos homicídios estão ligados diretamente ao narcotráfico (ARAÚJO, 2014, p.
131).
40

3.2 Colômbia

A Colômbia é o celeiro, onde é produzida a maior parte da cocaína consumida no mundo,


junto com Peru e Bolívia que também são produtores, a droga é enviada para Bélgica, Holanda,
Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, África do Sul, e África ocidental, os métodos usados
pelos traficantes são os mais variados e mudam constantemente dificultando a apreensão das
cargas de coca (ARAÚJO, 2014, p. 114).

Em 1980 um pecuarista e cafeicultor chamado Diego Montoya começou a refinar pasta


base que ele comprava do Peru e abastecia os chefes do tráfico dos carteis de Cálli adquirindo
aviões e construindo pistas de pouso clandestinas comercializou por mais de uma década o que
fez de sua quadrilha uma das maiores fabricantes de cocaína do mundo, produzindo 4 toneladas
de cocaína mensalmente, deixou de ser produtor e começou a exportar, Montoya conquistou a
confiança dos patrões da coca e passou a fornecer o pó mortal para o México, essa atividade era
mais arriscada, mas o lucro era bem maior, o retorno financeiro de um quilo de cocaína vendido
em território mexicano é equivalente a sete vezes o preço pago (ARAÚJO, 2014, p. 116).

Aviões, submarinos (narcosub) que são construídos exclusivamente para esse fim, ao
custo de dois milhões de dólares e que depois de fazerem a entrega são afundados, ou quando
descobertos os traficantes afundam a embarcação mandando para o fundo do mar uma carga de
cocaína pura, que chega a ser a avaliada em duzentos milhões de dólares ou engenhocas como
imãs potentes que são adaptados para levar drogas preso nos cascos de navios cargueiros
(ARAÚJO, 2014, p. 121).

Em 2012 foi desenvolvido em uma oficina mecânica na cidade de Campinas por um


traficante chamado Aparecido Rodrigues Gomes, conhecido como “Muita treta” integrante de
um grupo de traficantes, representantes da máfia italiana Ndrangueta no Brasil, uma bola
magnetizada que tinha capacidade para levar 40 quilos de droga, que foram apreendidos pela
PF no Pará, no Rio Amazonas, no casco do navio graneleiro Laura I, que tinha a Bélgica como
destino (DE ABREU, 2017, p. 195).
41

3.3 México

O conceito de crime organizado não está bem definido, e tem sido objeto de debate
contínuo geralmente entende-se que é uma associação hierárquica, de empreendedores que
faturam mais do que outras facções criminosas organizadas, usam de violência e corrompem
autoridades sistematicamente, misturando suas práticas a economia social (ARAÚJO, 2014, p.
102).

Em 2016 a produção de Cocaína bateu o recorde, segundo o relatório anual do Escritório


das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), chegando a 1.410 toneladas, a maior parte
dessa droga vem da Colômbia e é enviada para o México, que envia a droga para os Estados
Unidos, os grupos mexicanos são violentos, e vivem em conflito entre eles pela disputa do
tráfico, corrompem autoridades, ameaçam e matam aqueles que se opõem (ARAÚJO, 2014, p.
114).

No México 22 prefeitos foram assassinados em 2009 e 2010, o que levanta suspeita


sobre quantos sobreviventes estão nas mãos dos cartéis. No mesmo país um batalhão
inteiro do Exército foi dissolvido ao descobrirem que ele protegia plantações de
maconha e papoula.Quando se chega a esse ponto é difícil saber em quem confiar
(ARAÚJO, 2014, p. 104).

São responsáveis por chacinas, gangues inteiras são exterminadas, decapitadas, e tem seus
membros espalhados, promovendo um verdadeiro show de horrores sem limites, nem
celebridades estão livres do alcance desses criminosos bestiais, que matam desordenadamente
com requintes de crueldade, menosprezam a vida humana, como se não valesse absolutamente
nada, em uma tentativa de manter o controle do tráfico, a rivalidade dos cárteis mexicanos tem
assombrado a Nação q u e é oprimida pelo narcotráfico (TRIVILINO, 2016, p. 106).

Após a morte de Pablo Escobar na Colômbia pela Polícia Nacional em 1993 o Cartel de
Medellin chegou ao fim e o mesmo aconteceu com o Cartel de Cálli após a prisão de Gilberto
42

Rodríguez Orejuela em 1995, com isso os cartéis mexicanos começaram a se fortalecerem,


sendo os principais os cartéis de Sinaloa, de Juarez, do Golfo, o sanguinário Los Zetas, La Família
Michoacana, o Cartel de Tijuana que atuam na distribuição internacional de drogas e controlam
o território mexicano, o que é motivo de conflitos (TRIVILINO, 2016, p. 103).

O México é considerado o país mais violento do mundo e o poder e violência dos cartéis
mexicanos continuam em ascenção, narcotraficantes poderosos como Ismael “El
Mayo”Zambada, Juan José Esparragoza Moreno, Amado Carrilo Fuentes “Senhor dos Céus”,
Miguel Ángel Félix Gallardo, “El Padrinho” servem de inspiração para quem quer fazer
dinheiro fácil e ser respeitado no submundo do crime, o México desempenha um papel de
extrema importância no tráfico de drogas mundial, fornecendo, cocaína, heroína, maconha e
metanfetaminas, para os Estados Unidos, é um braço forte do crime organizado responsável
pelo aumento de dependentes de drogas ilícitas depressoras, estimulantes no mundo
(TRIVILINO, 2016, p. 107).

3.4 Itália

É responsável pelo fornecimento de drogas para a Europa, a máfia italiana Ndrangueta foi
liderada por Antonio Pelle, essa organização vivia da prática de sequestros e passou para o
tráfico internacional de drogas se tornando um dos principais desafios no combate ao comércio
ilícito de drogas, mobilizando as forças policiais internacionais em várias ocasiões (DE ABREU,
2017, p. 188).

O Brasil despertou o interesse da máfia da Calábria em 1990, quando o país servia como
rota de distribuição de Cocaína, que chegava em toneladas no Brasil e era enviada para o porto
de Gioia Tauro, quartel general dos mafiosos calabreses, o faturamento com o comércio ilegal
de drogas chegou a 45 bilhões de euros por ano, um negócio muito lucrativo para a
‘Ndrangueta.que era muito bem organizada, contavam com uma doleira gaúcha, que morava
em Londres, chamada Maria de Fátima Stocker, a “Diretora”, era ela quem ordenava os
pagamentos pelo seu braço direito no Brasil, Luzia Elaine de Souza Roman a “Secretária”,que
fazia o pagamento sempre em quantias elevadas, em uma ocasião ela fez o pagamento de 600
mil dólares em espécie (DE ABREU, 2017, p. 187).
43

Os italianos conseguem o mesmo resultado do que os mexicanos, arrecadar fortunas com


a venda de drogas, é um fato que a máfia não é conhecida pela sua simpatia, mas está bem longe
dos métodos animalescos dos mexicanos, são mais diplomáticos não há dúvida, mas sabem ser
letais, e eliminam seus adversários quando necessário, são perigosos e mais discretos (DE
ABREU, 2017, p. 201).

O comércio ilegal de drogas tem várias facetas, e no mundo surge por todos os lados,
organizações criminosas que estão se fortalecendo continuamente, algumas possuem até
logotipo como a Yamaguchi Gumi, um dos tentáculos da Yakuza, a máfia japonesa, ser
criminoso não é sinônimo de despreparado e nem de ser analfabeto, a imagem de um bandido
outrora era associada a alguém fracassado, pobre sem formação nenhuma, hoje quando se trata
de narcotraficante, a imagem que se tem é de poder, dinheiro, status, influência, respeito entre
seus pares, e armas poderosas (ARAÚJO, 2014, p. 131).

No fim de fevereiro, Wagner entregou 50 quilos de cocaína aos tripulantes de um


navio graneleiro que saíra de Santos com destino ao porto de Las Palmas Espanha. A
PF acionou a polícia espanhola,que invadiu a embarcação tão logo atracou no porto
de destino[...]No total, as polícias no Brasil e na Europa apreenderam em dois anos de
investigações 1,3 toneladas de cocaína puríssima destinada a 'Ndrangueta – na maior
dessas apreensões, 314 quilos foram interceptados no porto de Leixões, Portugal, em
outubro de 2013.Prejuízo que totalizou 52 milhões de euros e gerou atrito entre
Bifulco e Rayko: (DE ABREU, 2017, p. 203).

E com todo o investimento milionário dessas organizações criminosas, não só os meios


necessários para transportar a droga como navios, aviões, submarinos, helicópteros, caminhões
mas também a corrupção, de autoridades, da menor ao do mais alto escalão, que se vendem e ao
invés de combater o crime, passam a fazer parte dele, juízes que vendem sentença, delegados
que fazem acordos, policiais que fazem parte da folha de pagamento de facções criminosas, e
que revendem a droga apreendida para outros traficantes (ARAÚJO, 2014, p. 104).

O que era para sair de circulação, volta as ruas novamente e o que é pior pelas mãos de
polícias corruptos, generais que traficam usando aeronaves das forças armadas para transporte,
isso torna o combate ao tráfico internacional uma tarefa árdua, a Organização Internacional de
Polícia Criminal a Administração de Repressão às Drogas, Agência Contra o Crime Organizado
Grave e a Polícia Federal, se esforçam,e quando necessário trabalham em conjunto, como a
operação Monte Pollino entre a polícia italiana e a PF em 2014 que culminou na prisão de 12
44

pessoas, mas todo esse empenho não é suficiente para neutralizar o narcotráfico internacional
(DE ABREU, 2017, p. 204).

Essas organizações criminosas, verdadeiros sindicatos do crime, não se intimidam


facilmente, mesmo quando um líder é preso ou morto, eles possuem uma capacidade grande em
se adaptarem e mudarem os meios e métodos aplicados quando se veem encurralados, estão
sempre um passo à frente da polícia, mudando as rotas continuamente, é como uma Hydra,
quando corta-se uma cabeça, nasce duas no lugar e não necessariamente no mesmo país
(ARAÚJO, 2014, p. 119).

3.5 Paraguai

A maconha nasce praticamente em qualquer lugar do mundo, 175 países cultivam a erva,
e por esse motivo se torna inviável falar do papel que cada um deles tem no comércio mundial
da drogas, dentre todos o Paraguai ocupa uma posição de destaque, por ser considerado um dos
maiores produtores de maconha que é um mercado muito lucrativo, é a droga mais consumida
do mundo (ARAÚJO, 2014, p. 111).

Um hectare cultivado de cannabis, uma área um pouco maior de que um campo de Futebol
é possível colher 3 toneladas de maconha avaliado em 90 milhões de guaranis, e em uma área
do mesmo tamanho plantado com algodão, o valor é de 3 milhões de guaranis, a maconha tem
três safras no ano, e o algodão apenas uma, é possível ganhar 90 vezes mais plantando a erva,
onde existe carência cresce as plantações, estima-se que 800 mil pessoas dependam diretamente
da maconha no Paraguai (ARAÚJO, 2014, p. 109).

3.6 Afeganistão

Embora as folhas de coca só nasçam em países andinos, e por esse motivo a produção de
cocaína se concentrem nesses países dos quais a Colômbia é o principal, as plantações de
45

papoula de onde se extrai o ópio estão praticamente do outro lado do mundo, uma droga com o
preço elevado, também é cultivada por agricultores pobres, e mobiliza muita gente no produção,
entre plantio, extração, refino e venda da substância, do contrário da cocaína que tem grupos
pequenos de traficantes formados por irmãos, amigos de infância, ou amigos feitos na cadeia,
que movimentam bilhões de dólares (ARAÚJO, 2014, p. 113).

Na produção da heroína existem traficantes que empregam mas de 400 pessoas


diretamente, na maioria soldados armados, alguns países tentam erradicar o cultivo dessas
plantas como a Colômbia, Bolívia, para que os agricultores possam viver honestamente, o que
seria uma grande ajuda no combate ao comércio ilegal de drogas, por uma simples questão de
lógica, se não houver papoula não haverá o ópio, se não houver (Erythroxylun coca) não haverá
cocaína,embora a cocaína e opiáceos possam ser produzidas em laboratório, seria inviável a
produção em larga escala por esse método, por ser um processo de custo elevado, todos os
projetos de erradicação fracassaram, a Colômbia reduziu a plantação de coca em 25 % em 2013
e em 2017 aumentou 52% segundo a ONU (ARAÚJO, 2014, p. 127).

Em 2000 o talibã proibiu o cultivo da papoula no Afeganistão provocando uma crise


humanitária, porque os agricultores que dependiam dela começaram a passar fome e migraram
para o Paquistão em busca de trabalho, hoje 90% do ópio mundial é produzido no Afeganistão,
Jerusalém é o berço da fé, Atenas o da Filosofia e o Afeganistão, é o centro da desgraça
encomendada, o coração da maldição, a fonte de infortúnio de milhões de viciados espalhados
pelo mundo (ARAÚJO, 2014, p. 111).

A heroína é produzida extraindo o látex da semente da papoula dormideira, e secando, se


transforma em ópio, que é diluído em uma solução de hidróxido de cálcio, (cal hidratada)
cloreto de amónio para regular a alcalinidade, surgindo desse processo a base de morfina, que é
separada e fervida com carbonato de sódio e anidrido cético, se transformando em
diacetilmorfina (heroína castanha ou marrom) que pode ser consumida nessa forma ou refinada
para se obter a heroína branca (ARAÚJO, 2014, p. 320).

A Europa é o maior consumidor dessa substância, que chega principalmente por via
terrestre pela rota dos Balcãs, mas também é feita por aeronaves que decolam da Turquia, que
segundo o Observatório Europeu de drogas, em 2009 registrou uma apreensão anual
impressionante de 16 toneladas de heroína, os traficantes usam vários caminhos para abastecer
46

o mercado europeu, usando uma ramificação da rota dos Balcãs, passando pelo Iraque, antes de
entrar na Turquia, ou passar pelo Irão, Turquemistão, ou atravessar o mar Cáspio e chegar na
Armênia, Azerbaijão e Georgia,para entrar na Turquia, e depois enviar para o ocidente e ser
distribuída na Europa (TOXICODEPENDÊNCIA, 2018, p. 26).

Grandes carregamentos de heroína também são enviados pelo mar, dos portos do
Paquistão e do Irão, no Golfo Pérsico e no Golfo de Oman, destinados a Europa de várias
formas, o Observatório Europeu de drogas afirma que essa heroína geralmente saem de
terminais de containers e de portos de pesca na Costa do Makran, são enviados em containers
disfarçados com cargas que variam de 20 a 500 Kg, com grau de pureza elevado, em 2014
foram apreendidas 15 remessas de droga totalizando 4,1 toneladas (ARAÚJO, 2014, p. 124).

3.7 Brasil

O cangaço foi um movimento, que fez o sertão perder a paz, sob o comando de alguns
cangaceiros sanguinários como Antônio Silvino, Corisco e Virgulino Ferreira da Silva
(Lampião) chefe de um bando que ficou famoso, por fazer par com Maria Gomes de Oliveira
(Maria Bonita), e foi considerado o rei do cangaço, naquela época as armas de fogo que eram
motivo de orgulho e ostentação para eles, eram os revólveres Colt 38 niquelado (Colt Cavalinho),
Pistola Luger 1908 9 mm, Pistola Browning 1910 7.65 mm e outras arma (FACÓ, 1978, p. 164).

Eram armas potentes para aquela época, mas nada se compara ao poderio bélico que está
nas mãos dos criminosos da atualidade, Pistolas 9 mm, Fuzis como o AR-15,e o AK-47, armas
poderosas como a .50, são usadas para aterrorizar a sociedade brasileira, as facções criminosas
possuem um arsenal considerável, para garantir a segurança dos seus territórios, guerrear com
seus adversários e com a polícia, e no meio do fogo cruzado fica a população, com medo de ser
atingido por bala perdida a todo instante o que é comum no Brasil (ARAÚJO, 2014, p. 138).

O trafico de drogas no Brasil também tem seus barões, homens que movimentam milhões
de reais com o comércio ilegal de drogas, principalmente crack e cocaína que acumulam
47

riqueza ilicitamente e que praticamente mandam nos lugares em que atuam, condenam pessoas
a morte em tribunais do crime, encomendam a morte de outros chefes, carregam autoridades
em seus bolsos, e recrutam adolescente e crianças, para fazerem parte desse exército de
traficantes que não para de crescer, nesse contingente nem todos tem a oportunidade de
enriquecer, a maioria ganha uma quantia mensal simbólica, e uma arma que impõe respeito na
cintura, acabam presos ou mortos prematuramente (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 127).

Fernandinho Beira Mar, Tio Patinhas, Manga Larga, Cabeça Branca, são alguns
traficantes poderosos que atuaram e ainda atuam, no comércio ilegal de drogas, é impossível de
fiscalizar a fronteira brasileira, isso favorece a entrada de armas, drogas e criminosos
estrangeiros que buscam refúgio, somando a extensão territorial do país, são fatores que torna
difícil o combate ao tráfico de drogas no Brasil, que fatura quantias exorbitantes usadas para
custear a compra de armas e a corrupção, os traficantes são os maiores compradores de armas
do mundo, comparados aos grupos guerrilheiros (DE ABREU, 2017, p. 33).

Mesmo a polícia se empenhando e fazendo grandes operações de combate ao comércio


interestadual de drogas, como a operação Time Out, (Tempo esgotado) da PF que foi deflagrada
em Campo Grande, e em Três Lagos no ano de 2018 resultando na apreensão de mais de uma
tonelada de cocaína em cinco meses, ou os 120 quilos de pasta base que a PRF retirou de
circulação em 2017 na BR 470 em Bento Gonçalves, não é suficiente para impedir o avanço do
tráfico, um quilo de pasta base se transforma em quatro quilos de cocaína (DE ABREU, 2017,
p. 203).

Passagem obrigatória de cocaína que chega ao interior paulista, Mato Grosso tem 983
quilômetros de fronteira com a Bolívia. Só de fronteira seca são 750 quilômetros. Um
prato cheio para a travessia de pasta base de cocaína produzida no país vizinho. Não é
à toa que 52,4 % da cocaína apreendida no Brasil tem procedência Boliviana de acordo
com a Polícia Federal. A fronteira é recheada de estradas de terra estreitas ligando um
país ao outro, o que torna humanamente impossível fiscalizar 24 horas uma extensão
tão grande. Trabalhar na fronteira é enxugar gelo, afirmam os policiais do Gefron,
criado pelo governo mato-grossense para combater o tráfico de drogas e armas nas
proximidades com o país vizinho (DE ABREU, 2017, p. 231).

Existe muitas estratégias dos traficantes para colocar essa droga no Brasil, o uso mais
comum são as mulas, como mostra o texto acima geralmente são bolivianos contratados por R$
200.00 para atravessarem 10 Kg de pasta base em mochilas, andam de madrugada cortando a
mata, arriscam a vida por uma ninharia, enquanto os barões enriquecem, um quilo de cocaína
48

na Colômbia custa em torno de 2,1 mil dólares, e no México o valor é multiplicado custando
de 14 a 18 mil dólares, outro método é o boi de piranha, enquanto um boliviano atrai a atenção
do Gefron no posto de fiscalização com pouca droga, normalmente um quilo de pasta base,
outros se aproveitam da situação passando carros, caminhões cheios de cocaína pelo posto
policial, seria cômico se não fosse trágico, sacrifica-se um para lucrar muito (DE ABREU,
2017, p. 234).

As drogas também fluem por outros lados, são muitos municípios que fazem fronteira
com outros países, segundo a Confederação Nacional de Municípios o Brasil possui
aproximadamente 16.886 km de fronteira dessas 9,523 Km é formada por canais rios e lagos, e
nessa extensão encontra-se 588 cidades, distribuídas pelos estados do Amazonas, Amapá, Acre,
Matogrosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pará, Rio Grande Do Sul, Roraima, Rondônia, Santa
Catarina (DE ABREU, 2017, p. 232).

Todos usados como rota para traficantes que veem na Pátria Amada, um meio de ganhar
dinheiro rápido é fácil, o comércio ilegal de drogas é arriscado e muito, mas esse esforço é
compensado para o grande traficante, o retorno financeiro é garantido, droga na mão para quem
não usa, é dinheiro em caixa (DE ABREU, 2017, p. 471).

Não há como a Polícia Federal ou qualquer outro grupo de combate e repressão às drogas,
fiscalizarem 100 % do que entra e sai, pelas regiões fronteiriças, com Venezuela, Bolívia, Peru,
Suriname, Colômbia e Guiana Francesa, e esse desafio também é enfrentado por essas nações,
a fiscalização pela Polícia boliviana praticamente não existe, um obstáculo praticamente
impossível de ser removido, o fluxo de cocaína que passa pelas fronteiras do Brasil, são
exorbitantes, embora a PF consiga êxito em várias operações, lutando incansavelmente contra
o tráfico, um resultado satisfatório está bem longe de ser alcançado, fiscalizar as fronteiras é
como enxugar gelo, afirma um policial da GEFRON (DE ABREU, 2017, p. 475).

O Sul do país é formado por três estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná é a
menor região, e fazem fronteiras com Uruguai, Paraguai e Argentina, um estudo feito pela
Confederação Nacional de Municípios afirma que essa região é formada por 418 cidades
fronteiriças e 71% de 298 foram entrevistadas, das quais 54% afirmaram que suas cidades
serviam de rota do tráfico, disputada por facções criminosas (COSTA, 2017, p. 96).
49

Esses grupos violentos tentam manter o controle dessas rotas trocando tiros e cometendo
chacinas, o terror vem de ambos os lados, o sangue é derramado constantemente e a morte
cumpre seu papel nas formas mais medonhas e cruéis, quando um integrante de uma facção
morre no fogo cruzado, ou de emboscada logo é substituído, e surge mais uma viúva, um filho
órfão ou uma mãe que se lamentará por um filho ou filha que fez uma escolha infeliz, fazer parte
de uma facção criminosa nunca será uma boa escolha (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 67).

Na maioria dos estados brasileiros há facções criminosas que possuem características


distintas, com modus operandi diferentes, e o que se destaca em todas, é a violência letal, que é
notória nas taxas de homicídios inclusive de policiais, algumas fazem aliança como GDE
(Guardiões do Estado) do CE e o Bonde dos 13 do AC, que são aliados, outras se rivalizam
como o Sindicato do Crime RN e o PCC, uma coisa é certa independente do Estado que atuam,
quem perde é a sociedade, vítima constante desse espetáculo protagonizado por criminosos
extremamente violentos (FARIA, 2010, p. 29),

3.8 Hierarquia nas facções

As regras existem até no submundo do crime, a disciplina deve ser obedecida, e a moeda
corrente com que se paga a desobediência é a vida, exemplo é a lei do silêncio, nunca há
testemunhas, e denúncias só no anonimato, a comunidade que está sobre o manto de uma facção
está sob o domínio do medo, os cidadãos se veem na obrigação de ficarem calados para não
serem executados, ou ter a família inteira assassinada e com requintes de crueldade (FARIA,
2010, p. 32).

Um ponto de venda de drogas no morro do Rio de Janeiro por exemplo, conta com a
participação de várias pessoas, que desempenham funções diferentes até a substância chegar nas
mãos dos usuários, o chefe é conhecido como manda chuva, é ele que tem os armamentos e os
contatos para adquirir a mercadoria (cocaína,crack,maconha), depois dele vem o gerente geral,
que é encarregado de formar equipes que embalam e misturam (batizam as drogas) o que
aumenta a quantidade e o lucro do dono, e piora a qualidade da substância prejudicando o
usuário, essas equipes de embaladores recebem por quilo de droga que embalam (ARAÚJO,
2014, p. 134).
50

Abaixo tem o gerente de droga, que é encarregado da distribuição das mercadorias em


várias bocas, ou biqueiras, (ponto de venda de drogas) cada gerente tem vários cargueiros,
(menores) que transportam o produto ganhando por viagem, (entrega) feita várias vezes ao dia
aos balconistas, os responsáveis de vender, essa organização também conta com os soldados,
que fazem a segurança inclusive dos embaladores, dos falcões (sentinelas) que ficam vigiando
constantemente em lugares estratégicos, como em cima das lages, para ver se o local não é
invadido pela polícia ou por rivais (ARAÚJO, 2014, p. 135).

Os adolescentes e crianças mais pobres são atraídos para esse tipo de vida, por ser um jeito
mais fácil de ganhar algum dinheiro, uma criança começa a ser aliciada pelos traficantes
recebendo pequenas tarefas, como ir ao mercado, ou levar uma arma para alguém, com o tempo
esse convívio se transforma em um laço mais forte, esse estagiário (criança) crescerá e passará
a ser integrante mais efetivo nesse grupo, desempenhando um papel mais importante, almejando
em ser um manda chuva, e poderá perder a vida jovem sendo um simples falcão, ( sentinela)
uma das posições mais baixas na hierarquia, ocupada por adolescentes armados (BILL e
ATHAYDE, 2006, p. 129).

Se será um chefe respeitado no submundo do crime, ou só mais um infeliz que morreu


cedo, só o tempo dirá, as probabilidades de que ocorra a segunda opção são maiores, um
integrante de uma facção criminosa sonha com uma Ferrari, dinheiro e mansões mas é
conformado com a lápide que não será de mármore, por não ter esperança nenhuma no futuro,
a triste realidade é que a taxa de mortes relacionadas com o crime tem aumentado
significativamente (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 129).

[...]Nessa noite, nosso alvo eram as crianças que faziam favores para a boca.” Os fiel”,
como eram chamados. É impressionante como, no caso desses meninos, o destino já
estava traçado. Quando voltamos à favela, meses depois, todos estavam empunhando
armas. Aqueles garotos que havíamos entrevistado agora eram marginais de alta
periculosidade. Segundo os rádios da polícia, eram elemento de destruição [...] O mais
velho queria ser médico de parto. Não conseguiu, foi morto seis meses depois. Dois
meses depois da decisão de entrar para o crime (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 127).

A maioria de vítimas de mortes violentas intencionais são os cidadãos residentes nas


favelas e bairros pobres e policiais, em Fevereiro de 2018 o Estado do Rio de Janeiro foi
submetido a intervenção militar em uma tentativa de restabelecer a ordem, o que na prática foi
51

ineficaz, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Observatório da intervenção


CESeC e UCAM apontam que não houve uma interrupção nas ações violentas nesse período e
o mesmo Anuário informa que o Rio de Janeiro ocupa a posição de 11°estado mais violento,
em 2017 6.749 pessoas foram vítimas de MVI um aumento significativo de 16,2% se
comparado a 2014 (Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014 a 2017, 2018, p. 7).

As facções se proliferam, se é o PCC ou CV que atuam em vários estados, ou a Família


Monstro de MG, o Sindicato do Crime no RN, Bonde dos 40 MA,a Máfia Paranaense ou os Bala
na Cara no Sul do Brasil, Bonde dos Maluco, Okaida, Bonde dos 13 entre outras, o nome é o
que menos importa, destaca-se o impacto social, o cidadão pode ser vítima do crime em qualquer
lugar e passar a ser só mais um número nos indicadores de violência (FARIA, 2010, p. 30).

O patrimônio também pode ser atingido roubos, assaltos a banco no estilo cangaço, e até
incêndios criminosos que são ordenados de dentro dos presídios, ônibus, caminhões, prédios do
Estado, postos de gasolina, todos se tornaram alvos, e estão na mira de um atirador de elite
invisível, prestes a apertar o gatilho, o Brasil é visto como um país de impunidade, ou de punição
ineficaz, o criminoso de alta periculosidade que tem poder de decisão mesmo preso continua
cometendo crime, inclusive ordenado a morte de pessoas (FARIA, 2010, p. 35).
52

CAPÍTULO 4- BRASIL O PAÍS DA IMPUNIDADE

4,1 Um crime intolerável

O tráfico de drogas é um crime grave, pois não atinge uma única pessoa ou só uma família,
um pequeno traficante, aquele que vende em pequenas quantidades pode fornecer drogas
continuamente para dezenas de usuários por muito tempo, inclusive aceitando objetos como
forma de pagamento, roupas, calçados, relógios, celulares, jóias, tudo que possuir algum valor,
os viciados estarão se destruindo ao mesmo tempo que se tornam um problema para a família e
a sociedade (LIMA, 2016, p. 734).

E pelo extensão do dano que provoca, esse crime equiparado aos hediondos no Brasil, é
punido severamente em alguns países, como China, Indonésia, Malásia, Myanmar, Singapura,
Arábia Saudita, Vietnã entre outros, aplicam-se a pena capital, em alguns casos o traficante é
condenado a morte, em 2004 o carioca Marco Archer Cardoso Moreira tentou entrar na
Indonésia com 15 Kg de cocaína, nos tubos de uma asa delta, o brasileiro não teve sorte foi
preso por tráfico de drogas e condenado à morte (SILVA, 2016, p. 80).

Após permanecer 11 anos no corredor da morte, e vários pedidos de clemência do governo


brasileiro inclusive pela então presidente Dilma Rousseff, Joko Widdodo, governante da
Indonésia, que manteve a sentença gerando uma crise diplomática, e Marcos Archer foi fuzilado
em 18 de janeiro de 2015 no complexo penitenciário de Cilacap na ilha de Java, sendo o primeiro
brasileiro condenado a morte no exterior (Curumim O Homem Que Queria Voar, 2017)
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=1J1NYs9tJ6k&t=9s>Acesso em: 07.out.2018).

Mas a punição na base do olho por olho, não intimida tanto, não ao ponto de extinguir a
prática, o país que aplica a pena de morte por tráfico de drogas, homicídios, latrocínios ainda
sofrem com esses crimes, esses países conseguem diminuir a pratica delituosa por algum tempo,
até que o indivíduo perde o temor da punição, principalmente se o estilo de vida da pessoa for
perigosa, como um assaltante de banco, que corre o risco de morrer baleado em um conflito
com a polícia na hora do assalto, porque ele temeria a morte se já é acostumado com a ideia?
(MONTESQUIEU, 2010, p. 100).
53

4,2 Tráfico privilegiado

No Brasil o tráfico de drogas é crime equiparado ao hediondo segundo a Constituição


Federal Art. 5°, XLIII, porém o STF acabou derrubando essa classificação, para o agente
enquadrado no artigo 33.§ 4° da Lei 13.303/2006 favorecendo o traficante, que se antes não
pensava nas consequências, agora menos ainda, a pena é branda se ele for primário, tiver bons
antecedentes, não estiver ligado ao crime organizado e não se dedicar a atividades criminosas,
se o indivíduo possuir esses requisitos poderá ter a sua pena reduzida, pois se caracteriza tráfico
privilegiado (SILVA, 2016, p. 111).

E esse privilégio favorece o agente por se tratar de uma causa de redução de pena, podendo
ser reduzida de um sexto a dois terços, a intenção do legislador é punir com menos severidade
o pequeno traficante, que se for condenado a cinco anos que é o mínimo a ser aplicado e for
reduzida em dois terços, a pena poderá ser fixada em um ano e oito meses, o que abre a
possibilidade do apenado começar a cumprir em um regime menos gravoso, como no aberto, e
a privativa de liberdade ser substituída pela restritiva de direito (SILVA, 2016, p. 104).

Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. CAUSA DE


DIMINUIÇÃO DA PENA. SENTENÇA QUE RECONHECEU A OCORRÊNCIA
DE TRÁFICO PRIVILEGIADO. APLICAÇÃO DO ART. 33, § 4°, DA LEI
11.343/2006 NO PATAMAR DE ½. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS
AFERIDOS PELO MAGISTRADO DE PISO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA
RESTRITIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS.
POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA PARA RESTABELECER A
SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. I – No
crime de tráfico de drogas, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa. II – O restabelecimento da sentença
condenatória proferida em primeira instância não configura reexame de fatos e provas.
III - Habeas corpus concedido (HCsp 138.160 2016).

Primário é aquele que não sofreu uma condenação definitiva por algum crime, que só
ocorre após o trânsito em julgado, quando não existe mais a possibilidade de reverter a sentença
através de recursos, salvo algumas raras exceções como a revisão criminal, a primariedade está
relacionada ao princípio da presunção de inocência com fundamento no Art. 5° LVII CF/88,
ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
(GRECO, 2017, p. 290).
54

Com relação, ainda, aos antecedentes, o STJ tem decidido a condenação definitiva
por fato anterior ao crime descrito na denúncia, mas com trânsito em julgado posterior
à data do ilícito penal, ainda que não configure a agravante da reincidência, pode
caracterizar maus antecedentes e impedir a concessão da substituição da pena privativa
de liberdade por restritivas de direito, pois diz respeito ao histórico do apenado (art. 44,
III, do CP (SALIM e DE AZEVEDO, 2017, p. 456).

O STJ tem decidido que a condenação por um crime anterior ao que está na
denúncia, mas com o trânsito em julgado posterior ao ilícito denunciado não pode ser
usado para agravar a pena, mas poderá caracterizar maus antecedentes e impedir a
concessão da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, pois
diz respeito ao histórico do apenado (SILVA, 2016, p. 49).

Regido pelo princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos


criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes criminais, e por isso não
podem ser usados para majorar a pena, sendo assim o traficante considerado de primeira
viagem poderá ser beneficiado e ter a punição reduzida mesmo que for pego com uma
quantidade alta de droga, isso dependerá do entendimento do magistrado (CAPEZ,
2012, p. 148).

Segundo matéria do G1 no dia 21 de Julho de 2017 um motorista de 53 anos foi


pego na Rodovia Arlindo Béttio (SP 613) Km 75,5 pela Polícia Militar Rodoviária com
uma carga de 211,5 de cocaína, 211 tabletes que estavam ocultos um fundo falso da
cabine, uma quantidade elevada para um traficante que está apenas começando, ou que
não esteja ligado a nenhuma atividade criminosa, homem foi preso em flagrante a prisão
convertida em preventiva pela Juíza Daiane Thaís Souto Oliva de Souza, da Comarca
de Presidente Venceslau, a defesa recorreu o TJ SP e o STJ indeferiram os recursos,
porém o Ministro Marco Aurélio Mello do STF concedeu uma liminar colocando o
traficante em liberdade 34 dias depois de ser preso, o que causou indignação nos
55

companheiros, e é claro na sociedade, que não compreende essas ações por não assemelhar a uma justa
punição (Presidente Prudente e Região, 2017) (Disponível em:<https://g1.globo.com/sp/presidente-
prudente-regiao/noticia/ministro-do-stf-manda-soltar homem-preso-em-flagrante-com-2115-quilos-de-
cocaina.ghtml >Acesso em 21.jan.2019).

4.3 Reincidência

A Lei N. 11.343, de 23 de Agosto de 2006 em seu artigo 33 estipula uma pena de


5 (cinco) a 15 (quinze) anos de reclusão e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa para quem Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar entre
outras atividades tipificadas no caput (LIMA, 2016, p. 731).

O reincidente é aquele que pratica uma infração penal, com uma ou mais
condenações por crimes anteriores, que já transitaram em julgado em seu histórico
criminal, é uma circunstância que agrava a pena, ficando a critério do juiz, que lastreado
no princípio da razoabilidade definirá o quantun, diante da lacuna existente na legislação
brasileira que não menciona que quantidade deve-se atenuar ou agravar a pena (SILVA,
2016, p. 49).

Se surgirem outras condenações criminais já transitadas em julgado durante a


execução penal, haverá uma somatória das novas sentenças com o restante, do que ainda
não foi cumprido da reprimenda atual, e do que for totalizado se estabelecerá o regime
do cumprimento da nova punição, isso pode fazer com que um traficante experiente
fique mais tempo atrás das grades, mas não impedi que ele continue controlando o
comércio ilegal de drogas, e nem se beneficiando do lucro obtidos pelo crime, muitos
criminosos periculosos , no sistema prisional brasileiro conservam através da corrupção
uma certa liberdade para manterem o controle sobre organizações criminosas.
(MASSON, 2015, p. 751).
56

Esse é um dos motivos, que contribuem consideravelmente para a prática de muitas


atividades delituosas, o tráfico de drogas é um crime gênese, pois dele surgem muitos
outros, homicídios, assaltos, corrupção, se o líder da organização criminosa não é
neutralizado, mesmo estando atrás das grades, a sociedade ainda sofrerá as
consequências, como se ainda estivesse em liberdade, ou danos piores, como a onda de
incêndios criminosos no Ceará, ordenados de dentro dos presídios (SILVA, 2016, p. 16).

4.4 Porte de drogas para consumo pessoal

O dependente que carrega drogas para consumo pessoal, tem tratamento diferenciado pela
legislação brasileira, de quem comercializa, desde que a quantidade que estiver em sua posse
seja considerada pelo juiz como destinada ao uso próprio, após analisar a quantia, o local que
foi apreendida, a conduta social da pessoa e as circunstâncias será tipificado a conduta, se o
agente possuir todos os requisitos que o ordenamento jurídico exige será considerado como um
viciado que o Estado tentará ressocializar (LIMA, 2016, p. 696).

A pena aplicada para pessoas que portam drogas para consumo já foi considerada uma
simples medida educativa quando a Lei 11,343/06 ainda era um projeto, e mesmo tendo esse
objetivo, foi o estopim para se instalar a discórdia, pois acreditavam que a população entenderia
esse termo como um meio de descriminalizar a posse de drogas, então devido a essa
preocupação a Câmara dos deputados optaram pela expressão “penas” (LIMA, 2016, p. 712).

A autoridade policial poderá prender por tráfico, mas se a pessoa tiver um histórico de
tratamentos para dependência química, internações em clínicas de recuperação, ou outros fatos
que evidenciarem que a droga é para consumo, ele poderá se ver solto, acusado no artigo 28 da
Lei 11.373, e sofrer uma punição branda que consiste em I-advertência sobre efeitos das drogas,
II-prestação de serviços à comunidade, III-medida educativa de comparecimento à programa e
curso educativo (SILVA, 2016, p. 43).
57

Nessas mesmas sanções se enquadram aqueles que semeia, cultiva ou colhe plantas para
produzirem pequenas quantidades de drogas para uso pessoal, como ter um pé de cannabis em
casa, essas pessoas não buscam enriquecimento ilícito, esperam com essa conduta conseguir
drogas com qualidade melhor e economizar dinheiro, como acontece na Holanda, país liberado
o consumo de drogas e o cultivo em laboratório da maconha, que atingem níveis elevados em
THC, chegando a 16%,essas punições podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, se
entender o magistrado que a sanção inicial não resolveu o problema poderá mudar a espécie da
pena a qualquer tempo, desde que ouça o defensor e o MP pois nessa circunstância a oitiva é
imperiosa (SILVA, 2016, p. 44).

4.5 Multa coercitiva

Caso ocorra do agente relutar em cumprir a pena determinada, poderá sofrer


consequências pecuniárias, a multa coercitiva a que se refere o art. 28, § 6° inciso II, da Lei de
Drogas, cujo valor deve ser fixado nos termos do art. 29, essa multa não tem natureza de pena,
não se trata de uma punição imposta para quem foi pego portando drogas para uso pessoal, mas
sim de um instrumento coercitivo que está à disposição do juiz, com o objetivo de garantir que
as penas sejam cumpridas, de coagir o agente a comparecer em programas educativos, prestar
serviços à comunidade. a natureza é extrapenal, e na hipótese de o autor não efetuar os
pagamentos não será possível a conversão em pena privativa de liberdade, será considerada
dívida ativa, o a Procuradoria Fiscal procederá a execução (LIMA, 2016, p. 61).

A legislação brasileira se omite sobre quantas vezes essa multa poderá ser aplicada, sendo
possível usar esse instrumento várias vezes, buscando como dito anteriormente o cumprimento
da sanção imposta pelo Juízes se acaso o agente falecer é possível que a dívida seja transmitida
aos sucessores do de cujus que responderão até as forças da herança nos termos do artigo 1.792
do Código Civil, é comum que quem é condenado por posse de drogas para uso pessoal cumpra
as penas impostas para evitar o agravamento da situação, mesmo porque a punição é branda
para quem é pego nesse crime (LIMA, 2016, p. 717).
58

4,6 Valor da multa

O valor da multa deverá ser de acordo com a capacidade econômica do agente, nem todos
os usuários que se tornaram dependente possuem renda fixa, ou seja pode ser que a pessoa não
tenha condições de pagar a dívida por falta de recursos, o que agravaria a situação
involuntariamente, a população de dependentes químicos não só no Brasil mas no âmbito
mundial é formada na sua grande maiorias por pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza,
e não é interessante para o Estado aplicar uma pena que o agente seja incapaz de cumprir, por
outro lado uma multa de valor irrisório para um viciado que tenha um patrimônio considerável
será ineficaz (SILVA, 2016, p. 66).

Nesse contexto o juiz determinará o valor do dia-multa entre um trinta avos até 3 (três)
vezes o valor do maior salário mínimo, e os valores conseguido com as multas são creditadas à
conta do Fundo Nacional Antidrogas, (Funad) administrado pela Secretaria Nacional de Política
sobre Drogas e os recursos são usados no combate e repressão ao tráfico de drogas, para
desenvolvimento de projetos voltados para a prevenção ressocialização, tratamento e
recuperação de toxicômanos (LIMA, 2016, p. 725).

O dependente químico é favorecido na legislação brasileira por não sofrer penas mais
gravosas como a privativa de liberdade, isso ocorreu devido a mudança na política criminal em
relação ao usuário de drogas, segundo o artigo16 (revogado) da Lei 6.368/76 aquele que fosse
pego com drogas para consumir poderia ser apenado com detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois)
(anos) e pagamento de 20 (vinte) a 50 (cinquenta) dias-multa, com a Lei 11.343/06, o autor do
crime de posse para consumo, é advertido sobre as consequências das drogas, pode prestar
serviços à comunidade, participa de programas educativos, e pode ser multado, mas a pena
privativa de liberdade não se aplica (LIMA, 2016, p. 712).

4.7 Apetrechos e maquinários

O tráfico de drogas não é praticado só por uma pessoa, existe um longo caminho a ser
percorrido até que a substância chegue a mão do consumidor, a presente pesquisa tem
59

demonstrado isso desde do início, o lavrador, as chamadas mulas que levam a droga através da
fronteira, os caminhoneiros pilotos de aviões,helicópteros, os barões das drogas, que injetam
fortunas para financiar tudo o que for necessário para o crime ser eficaz, isso inclui a corrupção
que será comentada ao seu tempo (SILVA, 2016, p. 111).

Trata-se de tipo penal subsidiário em relação ao crime do art. 33, caput, da Lei de Drogas,
ocorrendo o crime principal de tráfico de drogas em um mesmo contexto fático, afasta-se a
aplicação do tipo subsidiário do art. 34 a título de exemplo, se a polícia não conseguir localizar
nenhuma quantidade de droga em um laboratório clandestino durante a execução de um
mandado de busca domiciliar, porém encontrar uma balança de precisão com vestígios de
cocaína, o agente deverá ser autuado em flagrante delito pela prática do art. 34, porquanto
demonstrado que tal aparelho era utilizado na preparação de droga (LIMA, 2016, p. 761).

Criminosos que fornecem toda sorte de apetrechos, maquinários ou serviços, para


contribuir com essa pratica delituosa, uma forma de ganhar dinheiro sem estar na linha de fogo,
como os soldados ou os falcões do tráfico que arriscam constantemente a vida, esses agentes
atuam das mais variadas formas, vivendo nas sombras do tráfico internacional ou nacional, mas
são essenciais para obter êxito em determinadas operações nesse negócio lucrativo (DE
ABREU, 2017, p. 195).

Por isso, com o objetivo de conferir maior eficácia ao tipo penal do art. 34 da Lei de
Drogas, a maioria da doutrina sustenta que o dispositivo abrange tanto o maquinário
exclusivamente destinado à preparação de drogas quanto aqueles objetos
eventualmente empregados na fabricação, preparação, produção ou transformação de
drogas (v.g., bico de Bunsen, estufa, pipetas, destiladores, etc.). Na verdade, basta que
seja comprovado que, apesar da finalidade aparentemente lícita, tais instrumentos
eram efetivamente utilizados pelo agente para fins de fabricação de drogas (v.g.,
balança de precisão). (LIMA, 2016, p. 763).

Como a exploração de drogas é permitida no território nacional em situações excepcionais


(Lei n" 11.343/06, arts. 2° e 31), é indispensável que a conduta seja praticada sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (elemento normativo do tipo). apesar
de a expressão sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
constituir fator vinculado à ilicitude, foi inserida no tipo penal do art. 34 como verdadeira
elementar do delito. Logo, uma vez não preenchida esta elementar, o fato se torna atípico
(SILVA, 2016, p. 116).
60

A Lei 11.343/06 no seu artigo 34 prevê a punição de reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos,
e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias, para quem fabrica,
adquire,utiliza,transporta, oferece, vende distribui, possui, guarda ou fornece aparelho ainda
que sem cobrar por isso, ou qualquer instrumento ou objeto que sirva para produzir ou modificar
drogas sem a devida autorização, ou se a possuir mas estiver em desacordo com ela, por se tratar
de um crime subsidiário do artigo 33 da referida Lei, ocorrendo o crime principal de tráfico de
drogas em um mesmo contexto fático, afasta-se a aplicação do tipo subsidiário do artigo 34 (Lex
primaria derogat lex. subsidiariae) (SILVA, 2016, p. 112).

O artigo 34 da Lei 11.343/06 não engloba os utensílios usados para consumir a droga,
como uma lâmina para separar cocaína, ou um cachimbo para fumar crack, se algum objeto for
apreendido com resquícios de drogas, o agente responderá pelo artigo 28,porque nessa
circunstância é evidente que o aparato se destina ao consumo apenas, e não para fabricação ou
produção de drogas (LIMA, 2016, p. 761).

4.8 Corrupção

Partindo do princípio de que, do comércio ilegal de drogas surgem outros crimes como
furto, roubo, homicídios, porte ilegal de armas, comércio ilícito de armas de fogo, falsidade
ideológica, o destaque fica para a corrupção, que ao se instalar potencializa os golpes do crime
contra a sociedade, minando suas forças, não há como combater o crime, quando aquele tem
essa função, se torna aliado do inimigo, o resultado de tal união será o oposto do que se espera,
ou seja ao invés de vitória, se amargará a derrota (ARAÚJO, 2014, p. 138).

Quando fala-se em fortalecimento do crime organizado ou o avanço do tráfico, entende-


se que essa prática se torna cada vez mais difícil de combater por uma série de fatores, como os
armamentos que possuem, a influência na sociedade como um todo, ou na comunidade onde
atuam, existe traficantes que são idolatrados, como Pablo Escobar, chefe do Cartel de Meddellín,
morto em 1993, que construiu um bairro denominado oficialmente de “Medellín sem
Barracos”é conhecido popularmente como “Pablo Escobar”, e abrigou pessoas pobres em
Medellín que até hoje são gratos ao narcotraficante (ARAÚJO, 2014, p. 117).
61

Nem todos os traficantes tem condições de fazer o que Pablo Escobar fez, mas a
desigualdade social é gritante em muitos lugares, não só na Colômbia, isso é um fenômeno
mundial sendo acentuado em alguns países, a pobreza está presente em todos os lugares, e não
é diferente no Brasil, uma cesta básica ou litros de leite distribuídos na favela é suficiente para
conseguir conquistar uma parte da comunidade que será grata ao líder do tráfico naquela região
(BILL e ATHAYDE, 2006, p. 173).

E um dos fatores essências para o crescimento e fortalecimento do tráfico é a corrupção,


é comum a mídia anunciar a prisão de um policial por outro policial, a apreensão de livros -
caixa com nomes de autoridades que recebem pagamentos mensais para acobertar pontos de
tráfico, oferecer informações privilegiadas para criminosos, policiais que revendem drogas
apreendidas, colocando novamente nas ruas o que era para ser destruído, dando continuidade a
um ciclo que ele como policial deveria interromper (ARAÚJO, 2014, p. 105).

Delegados e policiais, que exigem dinheiro, quando conseguem colocar as mãos em


alguém, que seja importante no mundo do crime, ignorando completamente as suas funções, e
menosprezando a sociedade, se mostram oportunistas, criminosos de farda e que portam
insígnias, que não possuem compromisso com a Segurança Pública, não se preocupam com o
cidadão, se corromperam tal como o médico que virou o monstro, o auxilio se tornou em
obstáculo, e o trabalho se torna mais difícil para quem não se contaminou, em 1999, foi furtado
340 quilos de cocaína do banheiro do IML (Instituto Médico Legal) da cidade Campinas, que
havia sido aprendida pelo Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Campinas,
droga avaliada na época em R$3,5 milhões e foi considerada a maior apreensão do estado, após
investigação, foi preso um policial do GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e
Assaltos) como suspeito de ter praticado o furto (ARAÚJO, 2014, p. 141).

A ONU afirmou que o maior problema do Brasil em 2018 foi a corrupção, segundo
estatística do Datafolha, o Brasil sofreu um prejuízo de 300 bilhões de dólares desde 1970 só
em obras de infraestrutura, ou a cada ano 5% da economia Global são pagos com propinas, esse
crime movimenta trilhões de dólares no mundo, escolas, hospitais e outros serviços
fundamentais não são construídos, nem oferecidos por conta dessa prática criminosa (ARAÚJO,
2014, p. 143).
62

O dinheiro é um motor importante da corrupção, mas não é o único. A desigualdade


social e uma cultura de desrespeito à lei e aos governos são alguns dos fatores
apontados por especialistas como terreno fértil para o fenômeno [...] Seja lá quais
forem sua origem e sua explicação, as utilidades da corrupção para os traficantes são
claras – e muitas. Ela facilita ou viabiliza o transporte de drogas e lava dinheiro, além
de comprar proteção,fugas,celulares na cadeia, informações sobre ações
policiais,testemunhas,sentenças e qualquer outro tipo de lavagem (ARAÚJO, 2014, p.
104).

A corrupção afeta o desempenho correto da função, ou seja o agente recebe vantagens


indevidas para deixar de desempenhar ou exercer de forma irregular, a atividade para qual é
destinado, funcionando como um tiro que sai pela culatra, o artigo 317 do Código Penal prevê
uma punição de reclusão, de dois a doze anos, e multa “um policial que ao invés de prender o
traficante, acaba alertando de uma possível batida, ou um agente penitenciário que concede
privilégios, ou disponibiliza celulares, armas e drogas para detentos, são alguns exemplos, nesta
a punição é ineficaz e naquela o combate e a repressão ao tráfico está condenado ao fracasso, e
por esse motivo muitos traficantes ainda estão nas ruas comercializando drogas livremente,
enquanto outros criminosos ordenam atrocidades de dentro dos presídios de celulares
comprados das mãos de agentes penitenciários (CAPEZ, 2012, p. 577).

4.9 Mortes violentas intencionais

Por ser um crime que envolve muitas disputas territoriais, o tráfico de drogas promove
uma violência desenfreada, produzindo vítimas fatais em números assustadores, troca de tiros
entre grupos rivais, e com a polícia, ocasionam muitas mortes, e nesse fogo cruzado, as balas
perdidas acertam quem não tem absolutamente nada a ver com isso, adolescentes, crianças, o
projétil não escolhe quem atingir, não faz distinção, se é negro ou branco, se é jovem ou velho,
muitos menos se é justo ou não, levar a vida de uma criança, que brinca no portão de sua casa,
ou de uma adolescente que treina na quadra da escola, que atingida pelo projétil de um AK-47
perde a vida, e se torna mais um número no índice de MVI (Anuário Brasileiro de Segurança
Pública 2014 a 2017, 2018, p. 6).

Nesse cenário belicoso, os polícias também são alvos constantes, fato notório, divulgado
exaustivamente pela mídia, que não tem descanso, entre tantas mortes, e de sangue derramado
covardemente pelas facções, segundo o Atlas da Violência em 2017, no Rio de Janeiro 5.346
63

pessoas foram assassinadas, 104 policiais foram mortos 27%estavam em serviço e 73% não
estavam trabalhando no momento que perderam a vida, por outro lado 1.127 pessoas morreram
no mesmo ano por intervenção policial (Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014 a 2017,
2018, p. 7).

A polícia do Rio de Janeiro adotou como alternativa o uso excessivo da força, táticas de
guerra, em uma tentativa de frear o crime com resultados de dar medo, e não é diferente em
outros Estados, a violência também está presente com maior ou menor intensidade, destaque
para a periferia, e regiões metropolitanas, onde ocorrem o maior número de vítimas letais,
resultando em medo e insegurança, objetiva e subjetiva, não é novidade que o cidadão não
dorme em paz, porque corre o risco de ser atingido, por um tiro de fuzil dentro de casa,
dependendo do local em que reside (IPEA, 2018, p. 32).

Também ocorrem assassinatos motivados por desentendimento, vingança, dívidas com


traficantes, ou informantes que são descobertos e executados, com requintes de crueldade,
queimados, fuzilados, decapitados, em 2002 o jornalista Tim Lopes foi assassinado por Elias
Mota Pereira da Silva (Elias Maluco) integrante do Comando Vermelho, considerado um dos
maiores traficantes do Rio de Janeiro na época, e responsável pela morte de dezenas de pessoas,
o crime organizado no Brasil é uma fábrica de produzir óbitos, seja de cidadãos, policiais ou
criminosos, que tombam alvejados por projéteis de policiais ou de armas ilegais (FARIA, 2010,
p. 33).

Em 1992, 25% das pessoas que foram assassinadas no Rio de Janeiro estava relacionada
com o tráfico, em 2017 a secretária de Segurança Pública Sheila Freitas, afirmou que 78 % dos
homicídios no Rio Grande do Norte estavam associados a esse crime, as mortes violentas
intencionais se tornaram um dos maiores problemas sociais nas últimas décadas, a sociedade
vive à sombra do luto (ARAÚJO, 2014, p. 139).

Diminuir o número de óbitos ocasionados por MVI, é um desafio muito grande,


independente da motivação, se é briga ou morte encomendada praticada por um pistoleiro
profissional, ou crimes passionais, o tráfico de drogas é responsável pelo aumento dessa taxa, e
reduzir ou acabar com as facções significa reduzir esse índice, diminuir consideravelmente os
homicídios, no Brasil segundo o artigo 121 do Código Penal a crime é punido com pena de
64

reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. Ou reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos se for


qualificado (FARIA, 2010, p. 27).

4.10 Lavagem de dinheiro

Transformar dinheiro obtido com a atividade ilegal em renda supostamente lícita é o que
define esse crime, uma prática que não é exclusiva dos narcotraficantes, mas também é usada
por políticos corruptos, sequestradores, assaltantes de bancos, ou seja quem enriquece
ilicitamente precisa justificar essa renda e para isso é necessário lavar o dinheiro sujo, caso
contrário estará na mira da Justiça (ARAÚJO, 2014, p. 140).

Para a lavagem de dinheiro ser bem sucedida é necessário três etapas, colocar, ocultar e
integrar essa quantia, o criminoso oculta o dinheiro dificultando o seu rastreamento, através de
muitas transferências bancárias, várias aplicações inclusive em bancos de outros países,
considerados paraísos fiscais, que cobram um valor irrisório de impostos ou então nem cobram,
também garantem sigilo de identidade dos clientes, o que atrai ainda mais, quem quer lavar
dinheiro (ARAÚJO, 2014, p. 141).

Se o bandido possui milhões, ele pode colocar esse dinheiro sujo na economia, com ajuda
de empresas que recebem em dinheiro, porque outra forma de pagamento, como cartões e
cheques, é possível fazer um rastreamento, as mais adequadas para essa prática são as empresas
do ramo da hotelaria, de prestação de serviços, empresas de transporte, por que o controle do
faturamento é mais difícil, quanto maior o fluxo de caixa maior o valor que pode ser ocultado
sem chamar a atenção (ARAÚJO, 2014, p. 143).

Outro método eficaz na lavagem de dinheiro é a aquisição de bens, se o vendedor for


conivente, o traficante adquire um automóvel por 100, mil reais e paga em espécie, e recebe um
recibo de 50 mil reais, se ele conseguir revender o veículo por 100 mil, ele limpa 50 mil, e
poderá depositar essa quantia em qualquer banco como se fosse dinheiro lícito, e incorporar ao
seu patrimônio, geralmente essa grana é depositada de forma fracionada, porque os bancos são
obrigados a investigarem depósitos acima de 5 mil reais no Brasil, a prática é punida com
65

reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa, segundo artigo 1 da Lei 9,613/98 (DE ABREU,
2017, p. 421).

4.11 Comércio ilegal de armas

As armas das organizações criminosas são de dar inveja em qualquer força policial, um
verdadeiro arsenal, poderoso estão nas mãos de adolescentes e até crianças, os maiores
consumidores ilegais de armas de fogo do mundo são os guerrilheiros e em segundo lugar nesse
ranking vem os narcotraficantes, com seus fuzis, pistolas potentes granadas, lança projéteis,
jovens e meninos que carregam armas de guerra, estão na frente de batalha portando um fuzil
ao invés de um livro, se preocupam em manter a segurança na boca de fumo, quando deveriam
estar se preocupando com a prova do ensino médio no colégio (DE ABREU, 2017, p. 138).

Fomos até o quarto e nos deparamos com um quadro muito mais trágico do que, de
repente, sem aviso, se encontra num apê cheio de armas. Chegamos no quarto e o Telo
abriu a porta, e vimos, a menos de 2 metros de nós, três pessoas amarradas e
encapuzadas esperando a morte chegar! A minha vista escureceu, não só pela maldade
de nossos amigos, mas também por estarmos ali, compartilhando tudo aquilo,
esperando nossa sagrada refeição e sendo testemunhas, sem querer ser, de um crime
abominável.[...]Era duro ver as pessoas ali no chão, amarradas e se mexendo como se
estivessem com cãibra. (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 19).

Cano, calibre, quadrada, metranca, matraca, canhão, trabuco, nove são algumas maneiras
que as armas são conhecidas, no submundo do crime, uma pistola 9 mm é o sonho de muitos
adolescentes que já fazem parte das facções, elas são adquiridas com o dinheiro proveniente do
tráfico de drogas, uma parte do que é arrecadado é investido em armamentos ilegais, através do
mercado negro, no comércio ilegal de armas de fogo, prática comum na atualidade (FARIA,
2010, p. 19).

Segundo o delegado da Polícia Federal Luís Flavio Zampronha o Brasil ocupou o 11°
lugar no ranking mundial de assassinatos em 2012,com a marca 56.337 homicídios, com a
estimativa de 29 mortes a cada 100 mil habitantes, são duas fontes que fornecem armas para
serem comercializadas ilegalmente, as externas que são roubadas, furtadas, desviadas de
empresas de segurança e desvio de estoque das forças armadas, ou externas, como o tráfico
66

internacional, desvio de armas das forças armadas de países vizinhos, ou organizações


criminosas especializadas nesse crime (FARIA, 2010, p. 19).

Esse comércio inclui rifles, metralhadoras , submetralhadoras, fuzis, pistolas, revolveres,


as armas longas vendidas no Brasil na sua maioria vem dos Estados Unidos, uma enxurrada de
armas e munições inundam o solo brasileiro, e uma boa parte vai diretamente para as facções,
para os grupos organizados, armados até os dentes, violentos, que atuam impondo terror,
matando pessoas e fabricando toxicômanos, em um ciclo vicioso que parece não ter fim, o
comércio ilegal de armas sendo nacional ou internacional tem a mesma punição, reclusão de 4
(quatro) a 8 (oito) anos, e multa, segundo o artigo 17 da Lei N. 10.826, DE 22 de Dezembro de
2003 (FARIA, 2010, p. 20).

4.12 Porte ou posse de arma de fogo (uso permitido e restrito)

Portar armas de uso restrito ou não, são crimes que também se originam do tráfico em
muitos casos, ou seja o comércio ilegal de drogas contribui para uma infinidade de atividades
criminosas, funcionando como uma força motriz para muitos crimes, dos quais, alguns já foram
elencados, falamos agora dos agentes do tráfico que usam armamentos, os falcões, os soldados,
e até crianças, que estão nesse momento em algum lugar do Brasil, empunhando uma pistola,
um fuzil, um revólver, mirando na cabeça do amigo por brincadeira, fazendo graça e sorrindo,
coisa de adolescente, coisa de criança, crianças perigosas. como afirmam Bill e Thaíde,
“Moleque vende, garoto compra, pirralho atira, menino tomba” uma febre bélica que se alastra,
atingindo uma parte da juventude no país, mas não com exclusividade, porque as armas também
são usadas por adultos (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 237).

Carregando armas poderosas como se fosse qualquer objeto, esses soldados juvenis
caminham livremente pelas comunidades, ou ficam espalhados estrategicamente para dar
segurança para quem compra e vende, controlam o fluxo de pessoas, observando tudo e todos
que possam oferecer algum tipo de risco, e quando necessário partem para o fogo cruzado,
chumbo para todos os lados, esse é o código, que todos cumprirão mesmo que morram jovens,
defenderão a comunidade e o grupo que representam, para não serem tidos como covardes,
enfrentarão a polícia, e matarão policiais se tiverem a oportunidade, porque isso é como se fosse
67

um troféu para eles, e tudo isso com armamento comprado ilegalmente (ARAÚJO, 2014, p.
134).

4.13 Crimes de aquisição (roubos e furtos)

Os chamado crimes de aquisição são aqueles que decorrem para adquirir drogas, são
praticados por pessoas que são dependentes químicos, que não possuem mais dinheiro para
satisfazer o vício, como um usuário de crack que está em síndrome de abstinência, e não
consegue suportar os efeitos, na angústia e desespero provocados pela falta da substância,
acredita não ter outra alternativa, se não a prática delituosa, com o intuito de saciar seu desejo,
então movido pela fissura terrível decide furtar uma casa, ou roubar um pedestre, ou qualquer
outro delito, desde que seja para atingir esse objetivo, furtos, roubos e latrocínios, acabam sendo
praticados por agentes descontrolados, por não terem mais drogas para consumirem (SHEFF,
2007, p. 32).

E criminosos que trocam veículos com armas e drogas, esses automóveis são roubados
ou furtados em solo brasileiro, depois são adulterados, para não chamarem a atenção e são
trocados, em países como o Paraguai por exemplo, depois de efetuada a troca, os bandidos
retornam ao Brasil e abastecem vários traficantes com produto que conseguiram, em 2017 uma
quadrilha especializada nesse tipo de ação, que atuava em Curitiba, foi desmantelada pelo
Denarc do Paraná, junto com o GOA,TIGRE e COPE, culminando na prisão de 23 pessoas, esse
grupo movimentava mais de uma tonelada de maconha mensalmente, e roubavam mais de uma
dezena de veículos por semana, um crime que está ligado diretamente a outros, o tráfico
financiado por furtos, roubos e organização criminosa, essas estratégias dificultam o combate e
repressão às drogas, e favorecem a proliferação da dependência química (Disponível em
<http://www.seguranca.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=11807>A c e s s o e m
15.jan.2019
68

CAPÍTULO 5- SISNAD

5.1 Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas

Entende-se a Política de drogas nesse trabalho como os meios que o Estado lida com o
comércio e o uso de drogas, e isso inclui regulamentos, leis fiscalização e desenvolvimento de
projetos que tem objetivos de educar, prevenir, ressocializar os dependentes químicos, que
vivem nas margens da sociedade, é necessário oferecer oportunidades para que pessoas que
vivem o drama da dependência possam voltar a ter uma vida saudável, e toda ajuda é bem vinda
(ARAÚJO, 2014, p. 216).

Os principais atores da Política Nacional de Drogas no âmbito do governo federal são o


Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o Ministério
da Saúde (que abrange a Coordenação Geral de Saúde Mental e a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, o Ministério da
Segurança Pública (que abrange a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Secretaria
Nacional de Segurança Pública), o Ministério da Educação, o Ministério dos Direitos Humanos,
dentre outros (LIMA, 2016, p. 694).

Quando um dependente químico se aprofunda no vício em drogas como o crack por


exemplo, depois de se tornar um usuário inveterado, e que já adquiriu uma tolerância muito
grande sobre a substância, a recuperação do indivíduo é muito difícil, se ver livre das correntes
da toxicomania é algo quase impossível aos olhos de muitos usuários, que acreditam que não
tem mais jeito, ou que o fundo o poço onde se encontram, será o lugar que permanecerão até
morrerem (SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS, 2016, p. 138).

Uma mão amiga pode fazer toda a diferença na vida de um toxicômano, a esperança pode
mudar a historia de quem caminha para o abismo da dependência, é necessário o convencimento
de que isso é possível, a dificuldade é atingir esse objetivo, dai a necessidade de projetos
desenvolvidos para ressocializar essas pessoas importantes para a sociedade, que outrora tinham
uma vida considerada normal, tinham famílias, um lar, um trabalho, talvez um médico,
advogado, professor, ou outra ocupação qualquer, isso tudo acaba se perdendo de uma
69

forma que, recuperar o leite que se derramou, é uma tarefa difícil, um trabalho árduo, que muitos
não conseguem mesmo se livrando do vício (BRASIL, 2003, p. 10).

A política de drogas deve estar de acordo com a necessidade da sua comunidade, alguns
países desenvolvem projetos que tem o objetivo de reduzir o consumo de drogas e investem em
forças policiais, equipes especializadas no combate e repressão ao tráfico, enquanto outros
procuram reduzir os danos que são consequências do uso abusivo, fornecendo, seringas
hipodérmicas, e até drogas de graça (ARAÚJO, 2014, p. 192).

5.2 Política de redução de danos

Não há como impedir um dependente químico de usar drogas, salvo através de internação,
que não é sinônimo de terapia eficaz, existe um senso comum de que esse é o método mais
satisfatório no tratamento da dependência química, foi criada uma verdadeira “cultura da
internação” que teve, e tem tido ainda, forte influência tanto no debate público sobre o tema,
como na clínica com pessoas que usam drogas, onde permanece fortemente, entre usuários e
familiares, a intuição de que internar seria o principal tratamento (ARAÚJO, 2014, p. 193).

A Política de redução de danos consiste em tentar minimizar as consequências


ocasionadas pelo uso de drogas, para a sociedade e os viciados, embora seja aplicada em muitos
países, cada qual com métodos que acreditam ser mais eficazes, ainda é um divisor de águas,
alguns são favoráveis e outros são críticos ferrenhos por acreditarem que os meios que são
usados estimulam a dependência, perpetuando o problema (SILVA, 2016, p. 282).

O Canadá para reduzir os danos, oferecem vários tipos de serviços gratuitos e


confidenciais que inclui tanto a prevenção como tratamento, troca de agulhas e de seringas, e
centros de aplicação assistidas, por equipes de enfermeiros e médicos para manter os indivíduos
e as comunidades seguros e saudáveis, evitando infecções, doenças e lesões relacionadas ao uso
de drogas e práticas sexuais, o programa canadense de redução de danos (Vancouver Coastal
Health) existe desde 2003 e nesse período houve 48.798 visitas de tratamento clínico e 6.440
intervenções de overdose sem quaisquer mortes de 1º de janeiro a 31 de dezembro de
70

2017, foram atendidas, 7.301 pessoas que visitaram os centros de atendimento 175.464, houve
uma média de 537 visitas por dia ao serviço de troca de agulhas, 415 pessoas usaram as salas
de injeção por dia, 2.151 intervenções de overdose, 3.708 intervenções de tratamento clínico
(como tratamento de feridas, testes de gravidez), as substâncias relatadas foram heroína (64%
dos casos), metanfetamina (25% dos casos) e cocaína (6% dos casos) 28% dos participantes
eram mulheres 18% dos participantes eram indíg enas (Estatísticas do u suário, 2018 )
(D i s p o n í v e l e m :< http://www.vch.ca/pu blic -health/harm-redu ction/su pervised-
consu mption-sites/insiteu ser statistics> Acesso em: 0 8 .abr.20 19).

5.3 Tratamento no Brasil

A promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para


atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no
controle deste processo, e modificar favoravelmente o meio ambiente, assim, a promoção da
saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, mas de todos que estiverem disponíveis
e quiserem cooperar, dependência química não se resolve só com médicos, enfermeiros e
medicamentos, mas sim com um trabalho conjunto da sociedade, comunidades, associações de
bairros, grupos organizados, igrejas, toda a ajuda é necessária para oferecer meios para os
usuários excluídos da sociedade serem reintegrados novamente, isso inclui desde atendimentos
em hospitais, clínicas para recuperação de toxicômano religiosas ou não, até internações em
casos que o viciado ofereça riscos para ele ou para a comunidade (BRASIL, 2003, p. 8).

A desintoxicação pode ser realizada em três níveis com complexidade crescente: tratamento
ambulatorial, internação domiciliar e internação hospitalar.No tratamento ambulatorial e na internação
domiciliar, sempre que necessário, utilizam-se medicamentos para o alívio dos sintomas (benzodiazepínicos,
antipsicóticos, entre outros), a internação também visa a prevenção do agravamento do dependente, como
convulsões por exemplo, ou para vinculação, e engajamento do indivíduo no tratamento (ARAÚJO,
2014, p. 194).
71

Os grupos de autoajuda são programas populares, como os dos 12 passos empregados


pelos Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA) e, segundo pesquisas,
costumam ser bem sucedidos como programas de recuperação para os transtornos por uso
abusivo de álcool ou outras drogas, geralmente são dirigidos por ex- dependentes, que orientam
os pacientes em tratamento (ARAÚJO, 2014, p. 196).

O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março


de 1986, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha
Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. A criação desse CAPS e de tantos outros,
com outros nomes e lugares, fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de
trabalhadores de saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e
denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos (FRACASSO, 2018, p. 14).

CAPS AD é voltado para o atendimento à população com transtornos decorrentes do uso


e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas, oferece atendimento
para famílias, grupos e individualmente sobre temas específicos, promovem atividades
comunitárias que utilizam os recursos da comunidade como festa junina do bairro, feiras,
quermesses, campeonatos esportivos, passeios a parques e cinema, e oficinas de cultura
(FRACASSO, 2018, p. 15).

5.4 O crescimento da população dependentes químicos

Apesar de faltarem dados anuais oficiais recentes no Brasil sobre o número de


dependentes as estimativas recentes mostram que 1,2% da população usa ou já pode ter usado
crack, ou seja: 2,3 milhões de brasileiros, segundo o Censo de 2010 o que é preocupante, a
cracolândia lugar de grande concentração de dependentes e traficantes em São Paulo revela a
gravidade do fenômeno, hoje o crack, está em qualquer parte do Brasil, e o como custo é
relativamente baixo comparado a outras drogas como a cocaína por exemplo, não é difícil para
o traficante conquistar novos clientes, por R$ 5,00 se adquire uma pedra de crack, (uma dose) e
por R$ 10,00 um pino de cocaína (BILL e ATHAYDE, 2006, p. 65).
72

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime afirma no Relatório Mundial sobre
Drogas 2017 que 29,5 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos provocados
pelo uso de drogas, os opioides são os mais prejudiciais, e por sua vez o mesmo Relatório de
2007 a estimativa era de 25 milhões de dependentes, o Observatório Europeu da Droga e da
Toxicodependência registraram em seu relatório Anual de 2018 que na Alemanha a estimativa
é de 150 943 dependentes de opiáceos de alto risco, 78 500 em tratamento, a França registrou
230.000,com 169 750 em tratamento a Itália 205 200 viciados em opiáceos de alto risco com
62 868 em t r a t a men t o ( C er ca d e 2 9 ,5 mi l h õ es d e u su á r i o s, 2 0 1 7 ) ( Di sp o n í v el
em:<http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2017/06/cerca-de-29-5-milhes-de-pessoas-
em-todo-o-mundo-sofrem-de-transtornos-provocados-pelo-uso-de-drogas--os-opiides-so-os-
mais-prejudiciais_-aponta-relatrio-mundial-sobre-drogas-2017-do-unodc.html>Acesso em:26.nov.2018).

Na Alemanha, mais de um quarto da população adulta usou drogas ilícitas durante a sua
vida, na França a droga mais consumida é a cannabis seguida pela cocaína embora em níveis
muito mais baixos, o consumo de cannabis e cocaína aumentou nas últimas duas décadas, na
Itália, a maconha também é a droga mais consumida e depois a cocaína, embora em alguns
países da Europa o consumo de drogas aparentemente caíram isso não corresponde a realidade
mu n d ia l ( Al ema n ha R ela t ór i o so b r e a s d r o ga s d o p aí s 2 0 1 8 ) ( Di sp o n í v el em:
<http://www.emcdda.europa.eu/countries/dru g -reports/2018/germany_ en> Acesso
em:15.jan.2019).

A história se repete no mundo inteiro, e nos EUA ela é só mais exagerada: o consumo
de drogas cresceu sistematicamente nas últimas décadas, apesar do aumento da
repressão. Os EUA são um dos países com leis mais duras para usuários e,
simultaneamente, um dos que tem maiores níveis de consumo de drogas por
habitantes. É claro que o elevado uso de drogas dos americanos é explicado por
diversos fatores, mas, olhando a evolução das próprias leis do país, também fica claro
que não existe relação direta entre o aumento da repressão e a redução da demanda
(ARAÚJO, 2014, p. 231).

Os Estados Unidos tem sofrido com a população crescente de toxicômanos, o preço da


cocaína diminuiu significativamente de 1981 à 2003, e por outro lado a pureza da droga
aumentou, o mesmo aconteceu com a heroína, o preço ficou mais acessível e a qualidade foi
melhorada, a metanfetamina que vicia rápido, e pode ser produzida em casa, atingiu
avassaladoramente, a cidade de São Francisco, que era controlada pelos asiáticos e vem
perdendo espaço para os cartéis mexicanos, que dominaram a manipulação produzindo
metanfetaminas superpotentes, e é 90% mais pura que a dos concorrentes asiáticos (ARAÚJO,
2014, p. 122).
73

5.5 O problema da droga

Não se trata de um problema, mas de muitos problemas ocasionados pelo consumo


abusivo de drogas lícitas de uso controlado ou não, ilícitas, no contexto mundial, o álcool, a
maconha a cocaína, heroína, LSD, ecstasy, metanfetamina e outras substâncias estão
disponíveis praticamente em todas as partes do mundo, em qualquer dia e horário que se procure
e outras drogas ilícitas são criadas constantemente na tentativa de expandir o mercado atingindo
novos usuários, o que acaba acontecendo em muitos caso, como o pó de anjo, o krokodil e a
maconha sintética (ARAÚJO, 2014, p. 55).

As doenças que são consequências do uso de drogas também é alarmante as principais


são as 1 doenças sexualmente transmissíveis como AIDS, Sífilis Hepatite, 2 Endocardite
infecciosa, inflamação que atinge o coração por agulhas compartilhadas, 3 Enfisema pulmonar,
perda da elasticidade do pulmão, ocasionada pelo consumo excessivo de cigarros, 4
Insuficiência renal e hepática, 5 Desnutrição, provocado pelo uso de estimulantes como o crack
e a cocaína que fazem a pessoa perder a fome, provocando perda de peso, anemia, baixa
imunidade entre outros sintomas, 6 Comprometimento cerebral, o uso constante de drogas como
a cocaína e o crack por exemplo pode prejudicar o cérebro, ocasionar um AVC e afetar
permanentemente a vida da pessoa (ARAÚJO, 2014, p. 147).

Os gastos para os cofres públicos são elevados, seja com medicamentos ou com redução
de danos que implica em troca de agulhas e seringas, segundo o Observatório Europeu da Droga
e da Toxicodependência a Áustria distribuiu 6.205.356 seringas para dependentes químicos em
2018 a Bélgica 1.131.324 de seringas, Portugal distribuiu 1.350.258, enquanto o programa
canadense Vancouver Coastal Health de redução de danos registrou 2.151 intervenções de
overdoses, 3.708 intervenções de tratamento clínico (como tratamento de feridas, testes de
gravidez), tudo isso quem paga é o Estado, seja em Dólares, Euros ou Reais, não existem
fronteiras para arcar com os custos para a saúde, pois o problema da droga é mundial
(Á u s t r i a R e l a t ó r i o s o b r e a s d r o g a s d o p a í s , 2 0 1 8 ) D i s p o n í v e l
em;<http://www.emcdda.europa.eu/countries/drug-reports/2018/austria_en>Acesso em:09.mar.2019.
74

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dependência química é um mal que assola milhões de pessoas, é um fato que a


toxicodependência tem sido a ruína de famílias inteiras, e gerado enormes transtornos
para a sociedade, que tenta ao menos, reduzir os danos provocados pelo consumo
excessivo de drogas, prevenindo doenças, oferecendo tratamentos para o indivíduo e
seus familiares, disponibilizando cursos presenciais ou on line para identificar sinais de
dependência química, inverter overdoses, intervenção e abordagem do toxicômano,
entre outras atividades de acordo com o programa de redução de danos de cada país.

Na outra face da moeda estão os criminosos, cada vez mais ousados e cruéis, e o
crime organizado em expansão devido ao empoderamento conquistado ao logo do
tempo, e que tem ultrapassado fronteiras sem muita dificuldades, indivíduos que
nasceram na pobreza, através do tráfico, acumulam fortunas, adquirem apartamentos
fazendas, iates, mansões, se tornam destaques internacionais, são os Barões da droga,
inclusive com o nome na Forbes, ao lado de milionários que possuem patrimônios
lícitos, criminosos desse nível servem de inspiração para jovens, que almejam obter
sucesso no crime como, uma inspiração profana que influencia muita gente, que
enxerga no crime uma oportunidade para alcançar o sucesso financeiro.

O combate as drogas é implacável, no mundo, com leis severas para traficantes


que podem até pagar com a vida por tal crime, dependendo do país que for preso, mas
mesmo com tanto empenho somado, esse esforço tem se revelado insuficiente, para
coibir a prática, quando existe uma repressão muito grande em uma área, ou um país, os
criminosos migram para outros lugares, mudando trajetos e a logística e com isso burlam
a lei, a estratégia aplicada pela forças policiais acabam fracassando ao menos em parte,
isso somado a corrupção, outro elemento essencial para o sucesso do tráfico de drogas,
na esferas internacionais, interestaduais, ou locais faz com que essa guerra pareça
perdida.

As variedades, a pureza, e os preços populares das drogas, que chegam as ruas


também chamam a atenção dos novos usuários, drogas que já foram caríssimas como a
75

cocaína na década de 1980, agora são adquiridas por preços baixos, e a produção
aumenta anualmente, seja de heroína, cocaína, metanfetamina, crack, maconha,
ecstasy, e invadem as ruas e avenidas, as baladas, as famosas raves, as grandes
concentração de jovens que são os alvos, dos quais muitos se tornaram, e outros ainda
se transformarão, em clientes assíduos dos traficantes, e dentre esses uma parte
conseguirá ser ver livre, e outra não terá a mesma sorte, porque perderão suas vidas de
forma trágica, a dependência química é como uma roleta russa, e para muitos familiares
o luto chegará e lágrimas serão derramadas por alguns toxicômanos, e em um ciclo
interminável a história se repetirá, até que se encontre uma solução para esse problema
social.

A política de drogas no Brasil é um sistema falido e contraditório no que diz


respeito ao dependente e o traficante, a despenalização do uso contribui para o aumento
de usuários, o que dificulta o combate e repressão às drogas, isso somado ao tráfico
privilegiado que favorece não só aos pequenos traficantes, torna a punição no Brasil
para essa prática uma piada, pois a prática de um crime grave como o comércio ilegal
de drogas, pode resultar em uma pena branda com regime aberto e com prestações de
serviço, o que é no mínimo, desproporcional para um delito que deveria ser punido
severamente, por ser equiparado a hediondo, o que na prática não acontece, o castigo
não serve como exemplo para pessoas que cogitam em praticar tal conduta, esse tipo
de punição não intimida.

A sociedade clama por socorro, por ser atingida com golpes contundentes pelo
tráfico, que recruta jovens por serem inimputáveis, e acabam se tornando vítimas, de
violência, de homicídios, ao mesmo tempo que formam legiões de dependentes
químicos, pessoas que não somam mais na sociedade e começam a subtrair, gerando
transtornos, praticando crimes e dando gastos aos cofres públicos.é necessário leis que
dificultem o porte de drogas para consumo no Brasil, para tentar ao menos inibir o
consumo, se não houver procura, em vão serão as ofertas.

O grande traficante quando preso, deve perder o controle de seus subordinados,


caso contrario de nada valerá a punição, as prisões que comportam esses tipos de
criminosos, merecem mais atenção e investimentos, para neutralizar o chefe da facção,
mesmo que um outro assuma seu lugar, a punição aplicada, para o facínora que perdeu
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a liberdade deve ser eficaz, e isso não ocorre quando o bandido da ordens de dentro das
prisões, e por outro lado o policial que arrisca a vida todos os dias, deve ter meios para
responder a altura o enfrentamento, e isso inclue, armas melhores, salários mais dignos,
e a corrupção que serve de alavanca para o traficante deve ser combatida ferozmente,
em todas as esferas, com ênfase no topo da pirâmide, que são os nossos governantes,
isso não acabará com o problema de vez, mas são passos importantes que se não forem
dados, a sociedade continuará sofrendo.
77

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