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LEGISLAÇÃO
SOCIAL
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Pró-Reitor de
Ensino de EAD
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORAS
Professora Me. Letícia Carla Baptista Rosa
Doutorado (em curso) em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma
de Direito de São Paulo (FADISP). Mestrado em Ciências Jurídicas pelo
Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2013). Especialização em Direito
e Processo Penal pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2009).
Graduação em Direito pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2006).
Atualmente é coordenadora dos cursos de pós-graduação em Direito Civil,
Processo Civil e Direito do Trabalho, de Direito Público e de Direito Empresarial
do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Pesquisadora externa da
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Docente dos cursos de graduação
em Direito da Faculdade Metropolitana de Maringá (UNIFAMMA). Docente
nos cursos em Gestão Financeira e Marketing (EAD) do Centro Universitário
Cesumar (Unicesumar). Docente do curso de pós-graduação em Direito
Civil, Processo Civil e Direito do Trabalho do Centro Universitário Cesumar
(Unicesumar), além de outras atividades.
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4423935Z7>
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4231336J8>
APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
A obra “Direito e Legislação Social” foi especialmente organizada para os acadêmicos do
curso de graduação em Serviço Social no intuito de lhes dar uma iniciação às matérias
de Direito, que são relacionadas à área de atuação do assistente social.
Buscou-se delimitar alguns conhecimentos básicos do Direito para que os graduandos
possam agraciar, de forma didática, a base da Constituição Federal e a legislação espe-
cial. Trataremos de temas, como o direito de família e a seguridade social, por meio de
uma análise bem abrangente acerca dos principais conceitos jurídicos, uma compreen-
são que é imprescindível aos profissionais e estudiosos da área.
Na primeira Unidade, buscou-se trazer as noções gerais de direito com intuito de deli-
near as origens e o conceito de Direito, Direito e Estado, Direito Natural e Positivo, Hie-
rarquia das Leis, Ordenamento Jurídico e os ramos do direito, subdividindo-o em Direito
Público e Direito Privado, e as Fontes do Direito. Foi elaborada uma unidade com vários
conteúdos conceituais que visaram introduzir o acadêmico na esfera jurídica.
Já na segunda Unidade, diante da necessidade de conhecimentos básicos acerca das
relações familiares, foram preparados e selecionados temas que são presentes no Direi-
to de Família e que trazem algumas noções gerais do mesmo. Essa unidade tratara do
desenvolvimento do conceito de família, dos vários formatos familiares da pós-moder-
nidade, dos princípios que decorrem do Direito de Família, dos aspectos jurídicos da for-
mação e dissolução da família, como, por exemplo, o casamento e seus efeitos, regimes
de bens, divórcio e a união estável. Também será abordada a maneira como o Direito
trata das relações de parentesco, dos direitos e deveres inerentes ao poder familiar e
como são classificadas as espécies de alimentos para a doutrina.
Na terceira Unidade, diante dos inúmeros conflitos existentes na família que irão tra-
zer efeitos para o profissional do serviço social, pretendeu-se especificar algumas di-
ferenças entre grupos de minorias e vulneráveis, no intuito de identificar as proteções
aos vulneráveis no âmbito familiar, por exemplo, à criança e ao adolescente, à mulher
e ao idoso. No âmbito de proteção à criança, foram apresentados temas de grande im-
portância para serem discutidos, tais como a parentalidade responsável, a doutrina da
proteção integral, o princípio do melhor interesse da criança e o direito fundamental à
convivência familiar. Destarte, com relação à proteção da mulher, visou-se apresentar,
de uma forma genérica, o instrumento legislativo que tutela a mulher. A Lei Maria da
Penha conceitua as formas de violência, mas primeiramente tratarmos de uma questão
polêmica que é a igualdade entre o homem e a mulher, fruto de muitos debates na
área jurídica. Em seguida, com relação à proteção jurídica do idoso, sera traçado uma
discussão sobre os conceitos e dispositivos com especificações protetivas e também um
debate acerca da condição jurídica do idoso no Brasil atual.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
15 Introdução
16 Conceito de Direito
20 Ramos do Direito
22 Fontes do Direito
26 Eficácia
29 Direito Constitucional
30 Princípios Constitucionais
44 Nacionalidade
46 Direitos Políticos
48 Considerações Finais
55 Referências
56 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE II
59 Introdução
64 Formatos Familiares
75 Relações de Parentesco
83 Alimentos
85 Tutela e Curatela
88 Considerações Finais
95 Referências
97 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE III
101 Introdução
146 Referências
151 Gabarito
UNIDADE IV
SEGURIDADE SOCIAL
157 Introdução
184 Referências
186 Gabarito
12
SUMÁRIO
UNIDADE V
191 Introdução
213 Referências
215 Gabarito
216 CONCLUSÃO
Professora Me. Mariane Helena Lopes
INTRODUÇÃO AO DIREITO E
I
UNIDADE
DIREITO CONSTITUCIONAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer o Direito.
■■ Diferenciar Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
■■ Diferenciar Direito e Moral.
■■ Analisar os ramos do Direito
■■ Conhecer as fontes do Direito.
■■ Compreender como ocorre a aplicação das normas.
■■ Entender a eficácia da lei.
■■ Elencar alguns princípios gerais do Direito.
■■ Compreender a evolução do Direito Constitucional.
■■ Elencar alguns princípios do Direito Constitucional.
■■ Conhecer os poderes existentes em nosso país.
■■ Conhecer os direitos previstos na Constituição Federal.
■■ Entender a nacionalidade.
■■ Demonstrar os direitos políticos previstos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Conceito de Direito
■■ Direito Objetivo e Direito Subjetivo
■■ Distinção entre Direito e Moral
■■ Ramos do Direito
■■ Fontes do Direito
■■ Aplicação das normas de Direito
■■ Eficácia
■■ Princípios gerais do Direito
■■ Direito Constitucional
■■ Princípios Constitucionais
■■ Divisão dos Poderes
■■ Direitos e garantias individuais
■■ Nacionalidade
■■ Direitos políticos
15
INTRODUÇÃO
Nesta primeira Unidade, iremos estudar o conceito de Direito, qual a sua impor-
tância para a nossa sociedade e como ele regulamenta a vida humana em sociedade.
Veremos, também, a divisão do Direito em ramos que facilitarão o nosso estudo
e permitirão uma compreensão melhor da matéria.
Para facilitar nosso estudo, temos que considerar que o Direito se divide em
ramos, permitindo, assim, que o estudo dessa ciência seja mais fácil. Precisamos
nos atentar que o Direito é de suma importância para a organização da sociedade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Contudo, deve-se tomar cuidado para não confundir o Direito com a Moral.
Ambos se confundem e, em muitas situações, não conseguimos separá-los. De
acordo com o que estudaremos nesta unidade, ficará claro que as características os
diferenciam, tornando, assim, o Direito uma ciência que devo obrigatoriamente
cumprir, enquanto a Moral dependerá da minha criação, da minha formação
enquanto indivíduo.
Analisaremos as fontes do Direito, sendo as principais as leis, jurisprudên-
cia, costume jurídico e doutrina jurídica, existindo outras fontes, mas de menor
importância para esta disciplina.
Após essa parte introdutória, passaremos a estudar o Direito Constitucional,
a principal e mais importante área do Direito. É a partir da Constituição Federal
que todas as demais fontes no nosso ordenamento jurídico devem ser criadas. Caso
alguma fonte seja criada em contradição com a Constituição Federal, esta não
pode ser aplicada em nossa sociedade, devendo ser considerada inconstitucional.
Até porque é a Constituição que regulamenta toda a estrutura do nosso Estado.
Por fim, veremos alguns direitos e deveres individuais e coletivos previstos
na Constituição Federal, que devem ser aplicados a toda a sociedade, sem qual-
quer distinção, visto que a Carta Magna é uma norma a ser aplicada para toda
a sociedade.
Bons estudos!
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITO DE DIREITO
Para Luis Alberto Warat (1977), uma boa definição de Direito depende dos seguin-
tes requisitos: a) não deve ser circular; b) não deve ser elaborada em linguagem
ambígua, obscura ou figurada; c) não deve ser demasiado ampla nem restrita; d)
não deve ser negativa quando puder ser positiva. Contudo, para conseguirmos
definir o que vem a ser o Direito, é fundamental analisarmos o pensamento de
Aristóteles sobre o assunto.
Aristóteles mencionava que o homem é um animal político, destinado a viver
em sociedade. Por essa razão, havia a necessidade de regras para que pudesse
viver em harmonia, evitando a desordem em sociedade (MARTINS, 2013).
Isto é, para Aristóteles, as regras foram necessárias, permitindo que a socie-
dade vivesse harmonicamente em sua organização. Miguel Reale define o Direito
como “a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada
dos valores de convivência” (REALE, 1972, p. 617). Assim, pode-se dizer que o
Direito é um conjunto de instituições, regras e princípios que buscam regula-
mentar a vida humana em sociedade.
Conceito de Direito
18 UNIDADE I
O Direito Objetivo, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 5), “é o com-
plexo de normas que são impostas às pessoas, tendo caráter de universalidade,
para regular suas relações”. O Direito Objetivo é, portanto, aquele criado pelo
Estado e aplicado a toda a coletividade; independente da vontade do indivíduo,
ele existe. Podemos citar como exemplo o Direito Constitucional, que é apli-
cado igualmente a todos.
O Direito Subjetivo, por outro lado, é a faculdade, a escolha de a pessoa pos-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tular seu direito, objetivando a realização de seus interesses, uma vez que não
foram cumpridos.
Diferentemente do Direito Objetivo, no caso do Direito Subjetivo, ele depen-
derá da vontade do indivíduo para existir, ou seja, é necessária a manifestação
de vontade para a aplicação de um direito. O exemplo deste seria o Direito do
Consumidor. Quando se compra um produto e ele apresenta algum defeito,
dependerá da manifestação da vontade daquele que o comprou para que o pro-
duto seja trocado ou o negócio seja desfeito.
DISTINÇÃO ENTRE
DIREITO E MORAL
econômicas que vão sendo alteradas de acordo com a história e com a socie-
dade que é estudada. A Moral é unilateral, pois não há punição, uma vez que a
norma foi descumprida. No Direito, porém, há uma bilateralidade, uma vez que
há uma imposição do comportamento do indivíduo na sociedade, e quando este
é descumprido, há uma sanção (punição) por parte do Estado.
Para melhor compreender, veja a tabela a seguir com a distinção feita por
Miguel Reale (1972, p. 626).
Quadro 1 - Diferenças entre Moral e Direito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) unilateral; a) bilateral;
Quanto à valoração do b) visa à intenção, partin- b) visa à exteriorização
ato do da exteriorização do ato, partindo da
do ato. intenção.
a) é autônoma, prove- a) pode vir de fora da
niente da vontade das vontade das partes
Quanto à forma partes; (heterônomo);
b) não há coação. b) é coercível.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RAMOS DO DIREITO
Existe uma vasta classificação da ciência do Direito. A primeira que vamos tra-
balhar é a classificação em Direito natural e Direito positivo.
O Direito natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apa-
recendo, portanto, naturalmente para regular a vida humana em sociedade, de
acordo com as regras da natureza (MARTINS, 2013, p. 8).
Pode-se dizer que seria uma norma criada pela natureza e não pelo homem,
logo não pode ser criada pelo Estado. Seriam princípios gerais e universais para
regular os direitos e deveres do homem. O Direito natural é aquele que fixa regras
de validade universal, não consubstanciadas em regras impostas ao indivíduo
pelo Estado. Em verdade, ele se impõe a todos os povos pela força dos princí-
pios supremos dos quais resulta, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o
direito de viver etc. (FÜHRER; MILARÉ, 2009, p. 34).
Dessa forma, percebe-se que o Direito público terá, como um dos sujeitos, a
figura do Estado, com o intuito de zelar pelos interesses da sociedade.
O Direito privado é aquele que:
[...] regula as relações em que predominam os interesses particulares
ou a esfera privada. Nas relações jurídicas de Direito Privado o Estado
pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coorde-
nação com os particulares, isto é, dispensando sua supremacia ou po-
der de império (REIS; REIS, C. 2006, p. 8).
Ramos do Direito
22 UNIDADE I
FONTES DO DIREITO
Ao se falar em fontes, deve-se ter em mente as diversas formas pelas quais nasce
o Direito.
Como visto, o Direito é uma criação do Estado, de acordo com as necessi-
dades da sociedade. Por essa razão, a própria sociedade determinará de onde
provêm ou emanam as regras que a disciplinará.
As fontes primárias do Direito são: lei, costumes, doutrina e jurisprudência.
Passaremos a estudar cada uma delas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LEI
COSTUME
DOUTRINA
JURISPRUDÊNCIA
Fontes do Direito
24 UNIDADE I
Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.
Passaremos a estudar a interpretação e a integração das normas, compreen-
dendo, assim, como se aplica uma lei ao caso concreto.
INTERPRETAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para se aplicar a norma, precisamos interpretá-la, compreendendo o que levou
o legislador a criá-la. Quanto às fontes que interpretam a norma, elas podem
ser: autêntica, doutrinária ou jurisprudencial; com relação aos meios: gramati-
cal, lógica, histórica e sistemática; e, por fim, quanto aos resultados: declarativa,
extensiva, restritiva, finalística.
Vamos analisar as várias formas de interpretação da norma jurídica, segundo
Martins (2013):
a) Gramatical, literal ou filológica: é a verificação do sentido
gramatical da norma criada. Analisa-se o alcance das pala-
vras no texto da lei.
b) Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a
serem interpretados e aplicados ao caso concreto.
c) Teleológica ou finalística: a interpretação da norma é dada de
acordo com o fim esperado pelo legislador.
d) Sistemática: é feita a interpretação de acordo com o sistema que
a norma está inserida, não interpretando isoladamente a lei.
e) Extensiva ou ampliativa: dá-se um sentido mais amplo à norma
do que ela normalmente teria.
f) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limi-
tando-se à interpretação da norma jurídica.
No Direito, não há uma única interpretação fora do que foi mencionado anterior-
mente, por isso devem ser seguidos os métodos de interpretação supracitados.
INTEGRAÇÃO
EFICÁCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EFICÁCIA NO TEMPO
Significa a entrada da lei em vigor, ou seja, quando a lei passará a existir na socie-
dade. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial
da União (DOU). Caso a lei não apresente nenhum prazo, esta começará a vigo-
rar 45 dias depois de oficialmente publicada (MARTINS, 2013, p. 26).
Com a publicação da lei no Diário Oficial da União, objetiva-se torná-la
pública para toda a sociedade, não podendo ser alegado o desconhecimento da
mesma.
Se a lei não trouxer um prazo específico de duração da norma, ela só dei-
xará de existir até que outra lei a modifique ou a revogue.
A lei posterior pode revogar a anterior nas seguintes situações:
a) Expressamente o declare: revogam-se as disposições em contrá-
rio, ou quando revoga especificamente outra lei ou Artigo de lei;
b) For incompatível como, por exemplo, quando prescrever con-
duta totalmente contrária à especificada na lei anterior;
c) Regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior
(MARTINS, 2013, p. 26).
EFICÁCIA NO ESPAÇO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A eficácia no espaço diz respeito ao território em que será aplicada a norma. Ela
se aplica ao Brasil, tanto para os natos como para os estrangeiros que aqui resi-
dam (MARTINS, 2013, p. 27).
A eficácia no espaço também resolverá os casos em que acontecer alguma
atitude contrária à lei, analisando se naquele território será aplicada a lei brasi-
leira ou uma lei estrangeira.
Para ilustrar, imagine a seguinte situação: o indivíduo A entrou na embai-
xada brasileira na Holanda e acabou matando o sujeito B. Nesse caso, ainda que
a embaixada esteja localizada na Holanda, será aplicada a lei brasileira, pois o
órgão oficial é brasileiro, sendo considerada uma extensão do nosso território.
O princípio é a base de tudo. Por essa razão, podemos dizer que ele é o alicerce
do Direito, que servirá para informar e orientar as normas jurídicas.
servindo para basear a criação de uma norma e como sustentáculo para o orde-
namento jurídico (MARTINS, 2013).
A segunda função — normativa — atuará nos casos concretos quando não
houver uma disposição específica para disciplinar determinada situação. E, por
fim, a terceira e última função servirá de critério orientador para os intérpre-
tes e aplicadores da lei. Auxiliará na interpretação da norma e também tem sua
exata compreensão.
Em nosso ordenamento jurídico, os princípios só serão utilizados quando
não houver uma norma legal, convencional ou contratual. Será o último elo a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que o intérprete irá recorrer para solucionar o caso concreto.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Direito Constitucional
30 UNIDADE I
(MARTINS, 2013, p. 60). Por isso, na Constituição Federal brasileira são encon-
tradas várias regras de Direito Civil, Tributário, Administrativo, Internacional,
Penal, do Trabalho, da Seguridade Social, entre outras, ou seja, ela traz um pouco
de cada ramo do direito.
Possui, ainda, um conteúdo específico, previamente identificável, do que
seja, ou não, próprio de uma Constituição. Seu conteúdo é elástico, variando de
acordo com a vontade política do povo.
Cotrim (2009) define a Constituição da seguinte maneira:
É a declaração da vontade política de um povo, manifestada por meio
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de seus representantes cujos mandatos resultam de eleição popular. É
uma declaração solene expressa mediante um conjunto de normas ju-
rídicas superiores a todas as outras que estabelece os direitos e deveres
fundamentais das pessoas, das entidades e dos poderes públicos (CO-
TRIM, 2009, p. 19).
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando se fala em preâmbulo, deve-se entender como uma indicação das inten-
ções da Constituição brasileira.
Os fundamentos da República Federativa do Brasil são: a) soberania; b) cida-
dania; c) dignidade da pessoa humana; d) valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; e) pluralismo político, sendo vedada a existência de um partido único.
Por sua vez, os objetivos fundamentais são: a) construir uma sociedade livre,
justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza
e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Princípios Constitucionais
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIVISÃO DOS PODERES
PODER EXECUTIVO
PODER JUDICIÁRIO
PODER LEGISLATIVO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mandato de oito anos, sendo renovada a representação a cada quatro anos de
forma alternada.
O número total de deputados, bem como a representação por estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por Lei Complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições,
para que nenhuma unidade da federação tenha menos de oito e mais de setenta
deputados (PALAIA, 2011, p. 40).
O mandato dos deputados tem duração de quatro anos, e para se elegerem
devem ter idade mínima de 21 anos. No caso dos senadores, estes são eleitos pelo
sistema majoritário, sendo três para cada estado e para o Distrito Federal. Os
mandatos têm duração de oito anos, e para se elegerem devem ter idade mínima
de 35 anos (MARTINS, 2013).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
nimato;
5. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
6. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias;
7. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência reli-
giosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
8. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência reli-
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
9. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica
e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
10. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
11. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fla-
grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
26. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvi-
mento;
27. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publica-
ção ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros
pelo tempo que a lei fixar;
28. São assegurados, nos termos da lei: (a) a proteção às participa-
ções individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem
e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; (b) o
direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras
que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
29. A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empre-
sas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país;
30. É garantido o direito de herança;
31. A sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regu-
lada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja favorável a lei pessoal
do “de cujus”;
39. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
40. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
41. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
e liberdades fundamentais;
42. A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescri-
tível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
43. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executo-
res e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
44. Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático;
45. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles asseguradas, até o limite do valor do patrimônio trans-
ferido;
46. A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras,
as seguintes: (a) privação ou restrição da liberdade; (b) perda
de bens; (c) multa; (d) prestação social alternativa; (e) suspen-
são ou interdição de direitos;
47. Não haverá penas: (a) de morte, salvo em caso de guerra decla-
rada; (b) de caráter perpétuo; (c) de trabalhos forçados; (d) de
banimento; (e) cruéis;
48. A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
49. É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
50. Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
67. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-
tícia e a do depositário infiel;
68. Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
69. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercí-
cio de atribuições do Poder Público;
70. O mandado de segurança coletivo deve ser impetrado por:
(a) partido político com representação no Congresso Nacio-
nal; (b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
71. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direi-
tos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
NACIONALIDADE
A nacionalidade pode ser definida por dois critérios: ius sanguini e ius soli. O pri-
meiro é aquele em que a pessoa tem a mesma nacionalidade de seus pais, como
o nome diz, decorre do sangue; enquanto a segunda é aquela em que a pessoa
tem que nascer no território para adquirir a nacionalidade do Estado.
De acordo com o Art. 12 da Constituição Federal, são considerados brasi-
leiros natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
seu país (ius soli);
b) os nascidos no estrangeiro, depois de atingida a maioridade,
de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registra-
dos em repartição brasileira competente ou qualquer deles
esteja a serviço do Brasil (ius sanguini);
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
petente ou venham a residir no Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade pela nacionalidade
brasileira (BRASIL, 1988, on-line).
Já os brasileiros naturalizados, serão considerados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa ape-
nas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil
há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira (BRASIL,
1988, on-line).
A lei brasileira não poderá fazer qualquer distinção entre brasileiros natos e natu-
ralizados, salvo as previstas na Constituição Federal (MARTINS, 2013).
De acordo com a Constituição Federal, os cargos exclusivos de brasileiros
nato são:
a) Presidente e Vice-presidente da República;
b) Presidente da Câmara dos Deputados;
c) Presidente do Senado Federal;
d) Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e) carreira diplomática;
f) oficial das Forças Armadas;
g) Ministro de Estado da Defesa (BRASIL, 1988, on-line).
Dessa forma, podemos observar que tanto a aquisição quanto a perda da naciona-
lidade são previstas em lei com o objetivo de proporcionar a todos direitos iguais.
Nacionalidade
46 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITOS POLÍTICOS
Em recente caso de plebiscito que tivemos em nosso país, foi feita uma
proposta de divisão do Estado do Pará e, para tanto, houve uma consulta à
população paraense. Com a realização do plebiscito, a população rejeitou a
proposta que acabou não seguindo adiante.
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://brasilescola.uol.com.
br/brasil/divisao-estado-para.htm>.
Fonte: a autora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pela Carta Magna, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maio-
res de 18 anos e facultativo (opcional) para os analfabetos, os maiores de 70 anos
e os maiores de 16 e menores de 18 anos. Ainda, não poderão fazer o alistamento
eleitoral os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.
Para ser eleito, é preciso que os candidatos atendam às seguintes exigências:
ter idade mínima de: a) 35 anos para presidente, vice-presidente da República e
senador; b) 30 anos para governador e vice-governador de Estado e do Distrito
Federal; c) 21 anos para deputado federal, deputado estadual ou distrital, pre-
feito e vice-prefeito; e d) 18 anos para vereador. Contudo, não há uma idade
limite para se candidatar.
Portanto, nessa primeira Unidade, vimos assuntos mais gerais ligados ao
Direito, com o intuito de esclarecer como funciona essa ciência e ratificar a
importância da mesma para a organização da sociedade.
Direitos Políticos
48 UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
com o objetivo de facilitar nosso estudo e ficar mais claro como o Direito se
estruturou.
No que diz respeito às fontes, como o Direito traz regras que regulamen-
tam a vida humana em sociedade, não poderíamos deixar de mencionar que a
principal delas é a Constituição Federal de 1988, responsável por regulamentar
todo o nosso Estado Democrático de Direito. Além disso, toda lei que é criada
em nosso país deve, obrigatoriamente, seguir o que é previsto na Constituição.
Caso contrário, a lei criada será declarada como inconstitucional, ou seja, não
produzirá efeitos perante a sociedade.
Para inspirar a criação de uma norma, não podemos deixar de falar dos prin-
cípios de Direito, os quais têm como função a inspiração, o direcionamento, o que
permitirá que a norma seja criada. Contudo, deve-se ressaltar que estes não são
considerados fontes do Direito, mas sim apenas uma referência para o mesmo.
Vimos, ainda, que a Constituição brasileira traz uma série de Artigos, pre-
vendo um pouco de cada ramo do Direito. Ela aborda quais são os fundamentos
e os objetivos do nosso Estado e, por fim, os direitos e garantias fundamentais
previstos no Art. 5º da Carta Magna.
Aqui, objetivamos não esgotar os assuntos, mas apenas ilustrar a importân-
cia deles, buscando despertar a curiosidade e o estudo pelos temas apresentados.
3. Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exi-
gências do bem comum. Para se aplicar uma norma, muitas vezes, o juiz precisa
analisar o caso e interpretar a norma com o intuito de compreender o que o le-
gislador quis dizer com sua criação. Sobre as formas de interpretação, analise
as afirmativas que segue:
I. Histórica: constata-se a realidade e a necessidade social na elaboração da lei
e em sua aplicação.
II. Restritiva: é aquela realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no momento
em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma.
III. Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem inter-
pretados e aplicados ao caso concreto.
IV. Gramatical: é a verificação do sentido gramatical da norma criada.
Assinale a alternativa correto
5. A Constituição Federal, em seu art. 2º, prevê que “são poderes da União, indepen-
dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. A fórmula
ideal para o funcionamento do Estado é que suas operações fundamentais se-
jam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atuando em sua esfera
de atribuição. No Brasil, existem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Sobre esses poderes, assinale a alternativa correta.
a) O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos
Ministros de Estado.
b) O Poder Judiciário dirá se a norma está correta ou não.
c) O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que é composto so-
mente pelo Senado Federal, sendo eleito pelos habitantes dos respectivos
estados.
d) Os deputados são escolhidos pelo sistema majoritário.
e) O vereador é um representante do povo na Câmara dos Deputados.
52
Os direitos fundamentais são básicos para a nossa sociedade. Eles que irão proporcionar que
todos os cidadãos sejam tratados de forma igual, independentemente da posição que ocu-
pem. É sobre isso que se trata o excerto a seguir.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Náufrago
Sinopse: narra a história de um empregado da FedEx que sofre um
acidente aéreo e vai parar numa ilha desabitada no meio do Pacífico
Sul. No cinema hollywoodiano é incomum que durante a maior parte
do filme só haja um personagem humano.
Comentário: o filme é um bom exemplo de onde existe o Direito
de fato. No momento em que Tom Hanks fica sozinho na ilha, não
existe nenhuma regulamentação sobre a vida em sociedade. A partir
do momento em que ele volta para a civilização, deve se adaptar
novamente à regulamentação que ali existe.
55
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1. a.
2. e.
3. d.
4. e.
5. c.
Professora Me. Letícia Carla Baptista Rosa
Professora Me. Mariane Helena Lopes
II
RELAÇÕES FAMILIARES:
UNIDADE
NOÇÕES GERAIS DO
DIREITO DE FAMÍLIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a evolução do conceito de família pelo Direito.
■■ Definir as entidades familiares reconhecidas pelo Direito.
■■ Conhecer os princípios do Direito de Família.
■■ Diferenciar e tratar alguns aspectos do Direito de Família, delineando
aspectos do casamento e da união estável.
■■ Conhecer as relações de parentesco.
■■ Estudar algumas questões relacionadas aos institutos da paternidade,
filiação e os direitos inerentes ao poder familiar.
■■ Estudar os alimentos delineando suas espécies.
■■ Buscar diferenciar e classificar a tutela e curatela.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Desenvolvimento Histórico do Conceito de Família
■■ Formatos Familiares
■■ Princípios do Direito De Família
■■ Aspectos Jurídicos da Formação e Dissolução da Família: Casamento,
Divórcio e União Estável
■■ Relações de Parentesco
■■ Direitos e Deveres Inerentes ao Poder Familiar
■■ Alimentos
■■ Tutela e Curatela
59
INTRODUÇÃO
Introdução
60 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONCEITO DE
FAMÍLIA
natural e primitiva, mas sim com questões econômicas e com o triunfo da busca
pela propriedade individual, em que o domínio era do homem com a expressa
finalidade de procriar filhos (LÔBO, 2009, p. 8).
Portanto, em Roma, somente depois de algum tempo é que a família passou a
ser definida como uma “unidade econômica, política, militar e religiosa, que era
comandada sempre por uma figura do sexo masculino, o pater familias”. Este era
o ascendente mais velho de um núcleo que reunia todos os descendentes sobre
a sua autoridade (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 50).
A família romana evoluiu na medida em que restringiu progressivamente a
autoridade do pater, dando uma autonomia à mulher e aos filhos e substituindo
o parentesco agnatício pelo cognatício (WALD, 2002, p. 10).
O Cristianismo trouxe a atividade legislativa que era realizada por meio de câno-
nes, diferente do direito romano até então vigente. Uma das principais alterações
foi o casamento, com o objetivo de procriação e a diminuição da inferioridade
da mulher em relação ao homem no matrimônio (GAMA, 2008, p. 16).
Durante a Idade Média, as relações familiares foram disciplinadas pelo
direito canônico, que também tratava o casamento como um sacramento, ape-
sar de muitas vezes ser considerado um negócio pelas famílias, em que a mulher
tinha a função de procriar, não devendo demonstrar prazer durante o ato sexual
(WALD, 2002, p. 13). Ressalte-se que a família informal não era bem vista pela
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sociedade, em decorrência da sacralização do casamento.
Somente eram consideradas como legítimas as relações advindas do casa-
mento, e apenas elas teriam o condão de gerar filhos legítimos (DONIZETTI,
2007, p. 9).
No tocante à Idade Média, a família ainda era patriarcal e respeitava valores
morais e religiosos considerados relevantes na época, tendo seus alicerces cons-
truídos nesses valores. Não se considerava qualquer manifestação de sentimento
na formação familiar, tendo um modelo, instituído pela religião, a ser seguido.
Já para se chegar a um conceito contemporâneo de família, alguns acon-
tecimentos históricos, como a Revolução Industrial, a inserção da mulher no
mercado de trabalho, as duas grandes guerras, a necessidade de formação de
grandes centros urbanos, a revolução sexual, o movimento feminista, o aumento
e reconhecimento do divórcio, a admissão da criança como um sujeito de direito
passível de tutela, a mudança de papéis de homens e mulheres dentro de seus lares,
entre outros, deram margem ao surgimento desses vários modelos de família.
Somente a partir da década de 60 que passaram a surgir leis que visavam à
proteção da família. Até então, o Código Civil de 1916 (BRASIL, 1916, on-Line)
possuía caráter extremamente patrimonialista, pois tinha por objetivo final a
tutela de cunho patrimonial, o que aumentava as discriminações dentro das
relações familiares.
No século XIX, inconformadas com a superioridade de seus pais e esposos,
as mulheres buscaram o reconhecimento de seus direitos e, consequentemente,
surgiram os movimentos feministas, que viriam a criar mais força em sua luta
durante o século subsequente (SAPKO, 2005, p. 39).
a família do terceiro milênio é plural e não mais singular; no § 6º do art. 227, alte-
rou o sistema de filiação, não fazendo qualquer diferenciação acerca dos filhos;
no terceiro eixo, nos arts. 5º, inciso I e § 6º do art. 226, estabeleceu a igualdade
entre homens e mulheres (PEREIRA, 2003, p. 233-234).
A constitucionalização do direito de família intensificou os laços de afeto,
trouxe a família como o lugar para refugiar-se do mundo moderno, tornando-se
uma irmandade em que os seus membros buscaram o afeto e, principalmente, o
apoio, a ajuda e o suporte emocional uns dos outros.
Essa família da pós-modernidade se identifica por meio da solidariedade, que
acaba sendo o próprio fundamento da afetividade. Dessa forma, a “família insti-
tuição” transformou-se em “família-instrumento”, que objetiva o desenvolvimento
da personalidade de cada um dos seus membros, destacando a importância da
preservação das estruturas psíquicas deles e a garantia de convívio com aqueles
que lhe tragam afeto (FRAGA, 2005, p. 45).
Por essa ótica, a falta do afeto traz como consequência direta, nessa nova
forma familiar, a falência desse projeto de vida, portanto, a traição e infidelidade
passam a perder espaço (FRAGA, 2005, p. 44).
Já a possibilidade de dissolução do vínculo matrimonial trouxe uma con-
sequência lógica para a formação familiar, pois a permanência ou existência de
uma família surge mais por um ato de vontade do que por mera imposição social.
Pode-se afirmar, desta forma, que a família pós-moderna poderá abran-
ger diversos formatos por meio de uma interpretação extensiva da própria
Constituição Federal, desde que seja constituída com base no afeto e com o
intuito de preservação e promoção da dignidade de seus membros.
FORMATOS FAMILIARES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
consagrou, além da família
advinda do casamento, outras
entidades familiares, como as
oriundas da união estável e da
comunidade formada por um
genitor e seus ascendentes, a
família conhecida como mono-
parental. No entanto, visando
ao resguardo dos princípios
da igualdade e da dignidade da
pessoa humana, não podemos
considerar somente esses forma-
tos familiares, visto que atualmente
o Direito tem dado respaldo às demais
formações que decorram do afeto.
DA FAMÍLIA MATRIMONIAL
DA FAMÍLIA INFORMAL
A família informal é aquela formada por uma união estável, incluindo, atual-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mente, a união entre pessoas do mesmo sexo. Atente-se ao fato de que a União
Estável só foi reconhecida como entidade familiar a partir da Constituição Federal
de 1988, e a primeira lei que tratou do tema foi a de nº. 8.971/1994 (BRASIL,
1994, on-line). Posteriormente, a Lei nº. 9.278/1996 (BRASIL, 1996, on-line)
disciplinou de forma mais abrangente esse tipo de união, e o atual Código Civil
não inovou, apenas reproduziu a legislação que já existia, o que permitiu a con-
versão em casamento desde que configurada a convivência pública, contínua,
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir família (DIAS, 2013, p. 46).
DA FAMÍLIA MONOPARENTAL
É a entidade familiar formada por um dos pais e seus descendentes que só teve
reconhecimento com a Constituição Federal de 1988, em seu § 4.º do artigo 226.
DA FAMÍLIA HOMOAFETIVA
Formatos Familiares
66 UNIDADE II
DA FAMÍLIA ANAPARENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É entendida como aquela família em que estão ausentes os genitores, cite-se como
exemplo dois irmãos ou duas primas que vivam sob o mesmo teto. Há a convi-
vência dos entes familiares e a comunhão de esforços com o intuito de constituir
um acervo patrimonial e, principalmente, o afeto (DIAS, 2013, p. 48).
DA FAMÍLIA EUDEMONISTA
DA FAMÍLIA POLIAFETIVA
Formatos Familiares
68 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A dignidade da pessoa humana é inerente a todo ser humano. Moraes (2002) asse-
vera que a dignidade humana é um valor espiritual e moral inerente a qualquer
pessoa. Se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e respon-
sável da própria vida, está inserida em seu sentido a pretensão do respeito por
parte das demais pessoas, assegurando que, somente excepcionalmente, possam
ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais (MORAES, 2002, p.
50). No âmbito familiar, esse princípio se concretiza a partir do momento em
que os entes familiares colaboram para o desenvolvimento da personalidade de
cada um de seus membros, não permitindo qualquer violação da integridade
física ou psicológica deles garantindo seu normal desenvolvimento.
Este princípio está relacionado ao fato de a família dar ensejo a uma comunhão
plena de vida entre os cônjuges ou os companheiros, ou seja, a atenção e o zelo de
um para com o outro e para com a sua prole, que se traduz na assistência mate-
rial, moral e intelectual (NERY JUNIOR; NERY, 2009, p. 1094).
DO PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O afeto passou a ser o elemento formador da família, mesmo não estando pre-
visto na Constituição Federal de 1988. Ele decorre do princípio da dignidade da
pessoa humana (TARTUCE, 2006). A partir desse reconhecimento, o afeto pas-
sou a delinear várias decisões que trazem reflexo direto ao direito de família, por
exemplo, a possibilidade de reconhecimento da filiação socioafetiva, o reconhe-
cimento da união homoafetiva, o abandono afetivo, dentre outros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DO PRINCÍPIO DA MONOGAMIA
A própria Constituição Federal, em seu art. 226, dispôs sobre esse princípio a
partir do momento que estabeleceu como possibilidades de entidades familiares
aquela oriunda da união estável, da família monoparental, bem como a família
matrimonial. Ressalte-se que o rol apresentado pela Constituição Federal não é
taxativo e sim exemplificativo. Nesse sentido, Lôbo (2004) assevera que os tipos de
entidades familiares referidos na Constituição brasileira não encerram numerus
clausus; ou seja, foi suprimida a cláusula de exclusão que apenas admitia a família
oriunda do matrimônio, adotando-se um conceito aberto, abrangente e de inclu-
são. Logo, qualquer entidade familiar que preencha os requisitos da afetividade,
estabilidade e ostensibilidade está constitucionalmente protegida, como tipos pró-
prios, sendo os efeitos jurídicos tutelados pelo Direito de Família (LÔBO, 2004).
assistência moral, afetiva, intelectual e material aos filhos (CARDIN; ROSA, 2012).
CASAMENTOS E EFEITOS DO
CASAMENTO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cada consorte e os parentes do outro (artigo 1.595, § 1º e 2º, do Código Civil)
(GONÇALVES, 2012, p. 182).
Com o casamento, estabelece-se o estado de casados entre os cônjuges e, por
meio dele, há um fator de identificação na sociedade dos cônjuges como casados
e, ainda, a presunção de paternidade inicial e final do marido.
Ademais, o casamento estabelece a comunhão de vida plena entre os côn-
juges; , com o ato também surge uma série de deveres que os cônjuges deverão
cumprir uns com os outros, por exemplo, a fidelidade recíproca, vida em comum
e domicílio conjugal mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos,
respeito e consideração mútuos.
Outro efeito que decorre do casamento é a possibilidade de um dos cônjuges
adotar o sobrenome do outro e, em decorrência da igualdade estabelecida entre
eles, ambos podem escolher se adotam ou não o sobrenome do outro.
Um efeito patrimonial se consubstancia com os direitos que surgem por meio
da sucessão, no qual tiveram regras previamente estabelecidas no Código Civil
brasileiro, tanto para os cônjuges quanto para os companheiros sobreviventes.
Existe também o efeito diretamente relacionado à administração dos bens
dos filhos. Destaca-se, nesse sentido, que caberá aos pais, enquanto exercerem o
poder familiar, a possibilidade de usufruir e administrar os bens dos filhos con-
juntamente ou exclusivamente na falta do outro. Em caso de divergência dos
pais acerca da administração desses bens, caberá ao juiz decidir sobre a situação.
Da mesma forma ocorre o dever alimentar entre cônjuges e filhos, isto é, os
cônjuges estão responsáveis por dar assistência material aos filhos por meio do
pagamento dos alimentos.
DIVÓRCIO
UNIÃO ESTÁVEL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rão constituir uma união estável, pois os efeitos jurídicos não serão produzidos.
Somente o §1º do art. 1.723 do Código Civil traz como única exceção a possibi-
lidade da pessoa, mesmo casada, ser separada de fato ou judicialmente de outro
cônjuge (BRASIL, 2002, on-line).v
RELAÇÕES DE PARENTESCO
Relações de Parentesco
76 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITOS E DEVERES INERENTES AO PODER
FAMILIAR
O Código Civil de 1916 denominava o poder familiar como pátrio poder, dis-
pondo, no seu art. 379, (BRASIL, 1916, on-line) que tanto os filhos legítimos
como os legitimados ou adotivos estavam sujeitos ao pátrio poder até atingirem
a maioridade civil, sendo a partir daí capazes civilmente.
Essa noção de pátrio poder adveio do direito romano e foi calcado na ideia
de absoluta autoridade do pai sobre as pessoas dos filhos; no entanto, isto mudou
atualmente.
A expressão pátrio poder deixou de ser utilizada pelo Código Civil de 2002
(BRASIL, 2002, on-line), pois retrata que a prevalência das relações entre os
membros da família não está mais sob a autoridade paterna, mas sim dos pais
(pai e mãe) em condições de igualdade.
Logo, essa evolução ocorreu de forma gradativa, ao longo dos séculos,
seguindo a transformação de que a noção de poder sobre os outros, na verdade
,é de uma autoridade natural dos pais com relação aos filhos, que são pessoas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A extinção está disciplinada pelo art. 1.635 do Código Civil e fundamenta-
-se em razões da própria natureza, independentemente da vontade de qualquer
dos envolvidos, pois em regra advém de alguns acontecimentos, por exemplo,
morte dos pais ou filhos, emancipação dos filhos, maioridade dos filhos, ado-
ção e por uma sentença judicial na forma do art. 1.638; ocorrerá por meio dela
a interrupção definitiva do poder familiar.
Já a suspensão do poder familiar ocorre quando existe quebra de deveres
paternais para com os filhos, de acordo com o que está disposto no art. 1.637.
Essa suspensão poderá ser por comportamento inadequado dos pais ou por um
fato involuntário (GOMES, 1991, p. 376).
Paulo Lôbo classifica em quatro as formas de suspensão do poder fami-
liar, sendo que a primeira é o descumprimento dos deveres inerentes aos pais; a
segunda se refere à ruína dos filhos; a terceira ao risco à segurança dos filhos; e a
quarta à condenação por crime com pena superior a dois anos. Não há necessi-
dade que essas causas sejam permanentes, basta que um só acontecimento possa
se repetir no futuro, causando o risco à segurança do menor e de seus haveres
(LÔBO, 2006, p. 283).
Obviamente, “havendo abuso de poder por parte dos genitores, o magistrado,
após a sua apuração, deverá suspender o poder familiar por decisão fundamen-
tada” (CARDIN, 2012, p. 214).
A perda do poder familiar enseja uma gravidade maior da conduta dos pais,
portanto, deve ser arbitrada somente quando há um perigo permanente à segu-
rança e à dignidade do filho (LÔBO, 2006, p. 284).
Cardin (2012) ensina que a perda do poder familiar desencadeia efeitos
emocionais e psicológicos aos filhos e aos pais, por isso, a lei enumera os fatos
que poderiam prejudicar o completo desenvolvimento da criança ou do adoles-
cente no art. 1.638 do Código Civil (CARDIN, 2012, p. 214).
De acordo com Pereira (2010):
A perda do poder familiar é a mais grave sanção imposta ao que falta
aos seus deveres para com o filho, ou falhar em relação à sua condi-
ção paterna ou materna. O abuso da autoridade e a falta aos deveres
inerentes à autoridade parental autorizam o Juiz a adotar medida que
lhe pareça reclamada pela segurança do filho e seus haveres, podendo
inclusive suspender suas prerrogativas (PEREIRA, 2010, p. 464).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesse sentido, ocorrerá a perda do poder familiar quando: houver o castigo imo-
derado do filho, atente-se que aqui verifica-se o limite, pois poderá haver castigo
sem excessos; deixar o filho em situação de abandono, ou seja, a criança tem o
direito de uma convivência familiar, não poderá ser abandonada ou exposta a
perigos; praticar atos imorais ou contrários aos bons costumes; e, por último,
incidir reiteradamente nas faltas do art. 1.637 do Código Civil.
Obviamente, para ter a perda do poder familiar por sentença judicial, devi-
damente fundamentada, os pais têm que cometer essas faltas constantemente,
ou seja, agir de forma reiterada.
Faz-se necessária, assim, a propositura de uma ação por uma pessoa legiti-
mada (Ministério Público) para que esse poder familiar seja suspenso ou perdido
pelo titular desse direito, cabendo a nomeação de um curador especial para
criança no curso da ação (CARDIN, 2012, p. 215).
Há duas passagens que tratam do poder familiar no ECA (BRASIL, 1990a,
on-line): o capítulo referente ao direito à convivência familiar e comunitária,
arts. 21 a 24; e o capítulo atinente aos procedimentos de perda e suspensão do
mesmo, arts. 155 a 163.
Assim como no Código Civil, o ECA dispõe que o exercício do poder fami-
liar deverá ser realizado em conjunto pelos pais durante o casamento ou a união
estável, e deu a possibilidade de que, havendo alguma divergência quanto ao
exercício, poderá qualquer um deles recorrer ao juiz para solucionar o conflito.
Ressalta-se que um novo casamento ou uma nova união estável de qualquer
um dos cônjuges ou companheiros que tiveram a primeira união desfeita pela
morte, pelo divórcio ou pela dissolução trará a extinção do poder familiar, pois
mesmo pais solteiros quando se casam e juntam-se com outrem não têm qual-
quer consequência para o poder familiar. O novo casamento ou união não traz
qualquer prejuízo aos filhos do leito anterior.
Nesse sentido, é evidente que, mesmo quando os pais não vivem juntos, nada
muda em relação ao poder familiar que pertence a eles, devendo estes dar con-
tinuidade no seu exercício e garantir o desenvolvimento saudável e adequado
da criança, não sendo, portanto, a convivência dos pais entre si requisito para a
titularidade do poder familiar.
Existirá, nesses casos, a imposição unilateral ou conjunta da guarda da criança.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A guarda surge como um elemento do próprio exercício do poder familiar e trata-
-se de um direito e dever dos pais, podendo ser exercido por eles ou por terceiros.
A guarda consiste num instituto jurídico advindo do poder familiar, em que
um dos pais, ou ambos, terão os encargos de cuidado, zelo, proteção e custódia
do filho. Ressalta-se que o conceito e o alcance desse instituto no ECA difere-
-se, pois a guarda inclui-se nas modalidades de famílias substitutas, juntamente
com a adoção, pressupondo a perda do poder familiar pelos pais e, por isso, é
atribuída a um terceiro (LÔBO, 2006, p. 169).
Amin (2010) adverte que a guarda é um atributo do poder familiar e como tal
caracteriza-se como um direito e um dever, não sendo só o direito que o sujeito
tem de manter o filho junto de si, mas também regulamenta as relações, repre-
senta o dever de resguardar a vida do filho, exercendo uma vigilância sobre ele,
englobando o dever de assistência e representação (AMIN, 2010, p. 95).
Ainda assevera que:
a cada genitor incumbe, portanto, o dever de saber onde, com quem e
por que o filho menor de idade está longe de suas vistas. Deve os pais
assegurar-se de que, distante dos seus olhos, o filho estará em seguran-
ça porque algum adulto o estará assistindo (AMIN, 2010, p. 96).
De acordo com o Código Civil brasileiro, a guarda poderá ser unilateral ou compar-
tilhada, tendo sido alterada a redação do art. 1.583 pela Lei n. 11.698/2008 (BRASIL,
2008a, on-line), que instituiu e disciplinou acerca da guarda compartilhada.
Assim, a doutrina classifica quatro modalidades de guarda:
a) Guarda unilateral ou exclusiva, que é a mais comum, pois um
dos pais detém exclusivamente a guarda, cabendo ao outro
A guarda unilateral deverá ser aplicada como medida de exceção e não como regra.
E ainda deverá ser aplicada de forma temporária e em casos excepcionais, quando
um dos genitores não possa exercer a guarda (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2012, p. 606), visto que poderá trazer à prole graves riscos de nível psicológico.
A guarda compartilhada pode ser entendida como a perspectiva dos titulares do
poder familiar em manterem e exercerem a guarda conjuntamente, ainda que o vín-
culo jurídico tenha desaparecido (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 108)
Há uma unanimidade em defender a guarda compartilhada como o instituto
mais adequado, pois é ele que corresponde ao melhor interesse do menor, dando
a possibilidade de um desenvolvimento psicológico mais efetivo à criança que
sofre com a separação dos seus genitores, sendo dada, dessa forma, a oportuni-
dade de uma convivência familiar adequada mesmo com a ruptura do vínculo
entre seus genitores.
Em decorrência do poder familiar, também surgem o direito e o dever
quanto à educação dos filhos, sendo que o próprio art. 55 do ECA (BRASIL,
1990a, on-line) preceitua ser dever dos pais matricular seus filhos ou pupilos na
rede regular de ensino.
Assim sendo, os pais também têm o dever de dar uma educação adequada,
pois espera-se deles o exercício da parentalidade de forma responsável.
Ademais, independente de quem fique com a guarda, ambos terão o dever
de exercer o poder familiar sobre essa criança, devendo garantir seu pleno
desenvolvimento.
Para o genitor que não ficou com a guarda ou aquele que não tem a criança
em sua companhia, a lei atribui o direito de visitação e convivência, dando-lhe
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
também o dever de supervisionar e fiscalizar os interesses do filho.
Recentemente, a Lei nº. 12.398/2011 (BRASIL, 2011, on-line) incluiu o pará-
grafo único do art. 1.589 do Código Civil, estendendo o direito de visitação a
qualquer dos avós sob o critério do juiz e devendo ser observados sempre os
interesses da criança.
Não pode-se conceber que aquele que não tenha a guarda deixe de orientar
e educar seu filho, por esse motivo, em regra, os juízes estipulam períodos de
convivência longos sem qualquer prejuízo para a criança.
A melhor forma de garantir a convivência da criança com o outro genitor, com
o qual não reside ou não possui sua guarda, é garantir o direito de visitação de
forma ampla, não se devendo restringir apenas aos finais de semanas alternados.
Entretanto, quando o outro genitor, detentor da guarda ou que tem a criança
em sua companhia, não aceitou o divórcio e utiliza-se da guarda para minar
o afeto da criança referente ao outro genitor, impondo uma visão negativa do
mesmo para criança, poderá responder pela alienação parental.
Em 26 de agosto de 2010 foi publicada a Lei nº. 12.318 (BRASIL, 2010b,
on-line), que teve o intuito de proteger os direitos individuais da criança e do
adolescente, vítimas de abuso exercido pelos seus genitores. A alienação paren-
tal consiste na conduta de
interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente pro-
movida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que te-
nham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculos com este (BRASIL, 2010, on-line).
Cumpre observar que essas regras serão aproveitadas também pelo casal
homoafetivo, que deverá exercer juntamente o poder familiar e os direitos e
deveres oriundos dele, proporcionando à prole condições mínimas para o desen-
volvimento das crianças.
Destarte, todos os deveres e direitos oriundos do poder familiar devem ser
aplicados a qualquer entidade familiar, uma vez que o Código Civil e o ECA não
fazem menção ou diferenciação acerca do formato familiar apresentado.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ALIMENTOS
Alimentos
84 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fixar os alimentos provisórios, seguindo o rito estipulado na Lei nº. 5.478/1968
(BRASIL, 1968, on-line); os provisionais são fixados por meio de uma medida
cautelar antes de uma ação principal de divórcio, nulidade ou anulabilidade de
casamento ou de extinção de união estável (GARCIA; PINHEIRO, 2014, p. 825).
TUTELA E CURATELA
Tutela e Curatela
86 UNIDADE II
tutela instituída pela lei, está prevista no art. 1.731 do Código Civil, aos parentes con-
sanguíneos do menor; tutela dativa, na falta de uma tutela testamentária e legítima,
o juiz poderá nomear um tutor idôneo e residente no domicílio do menor.
O Código Civil estabelece quem não poderá exercer a tutela, dispondo: aque-
les que não tiverem a livre administração de seus bens; aqueles que, no momento
da instituição da tutela, forem constituídos em obrigação para com o menor ou
tiverem que fazer valer direitos contra este e aqueles cujos pais, filhos ou cônju-
ges tiverem demanda contra o menor; aqueles que forem inimigos do menor ou
de seus pais ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela; os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou
os costumes, tenham ou não cumprido pena; as pessoas de mau procedimento
ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; e aqueles
que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
Há também a possibilidade dos tutores se escusarem da tutela nos casos em
que forem mulheres casadas, maiores de sessenta anos, aqueles que tiverem sob
sua autoridade mais de três filhos, os impossibilitados por enfermidade, aque-
les que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela, aqueles que já
exercerem tutela ou curatela e militares em serviço.
São inúmeros os deveres que são impostos ao tutor, e o Código Civil esta-
belece toda a regulamentação relacionada ao exercício da tutela em seus artigos
1.740 a 1.752, e sobre a prestação de contas que está disposta nos artigos 1.755
a 1.762 do mesmo diploma.
As funções de um tutor poderá cessar em algumas situações específicas,
por exemplo, a maioridade ou a emancipação do menor; quando cair o menor
sob o poder familiar, em caso de reconhecimento ou adoção, quando expirar o
termo ao qual está obrigado a servir; quando sobrevir uma escusa legítima e ao
ser removido.
A curatela também é um instituto do direito assistencial e tem o intuito
de defender os interesses dos maiores incapazes; bem como na tutela, possui o
munus público.
Tutela e Curatela
88 UNIDADE II
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por muito tempo, perdurou o sistema patriarcal que só passou a ser alterado
no âmbito familiar com a Constituição Federal de 1988, que trouxe a igualdade
entre os cônjuges.
Quanto ao divórcio, a Emenda Constitucional n. 66/2010 alterou a redação
do § 6º do art. 226 da C.F., dispondo que o casamento se dissolve pelo divór-
cio, sendo extinto o instituto da separação judicial, visto que o divórcio passou
a ser direto, não precisando do tempo de separação de um ano para converter
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a separação em divórcio e de dois anos de separação de fato para o pedido do
divórcio direto.
Pela Lei nº. 11.441/2007, o divórcio passou a ter a possibilidade de ser rea-
lizado de forma extrajudicial, desde que o casal não tenha filhos menores e
incapazes, devendo ser realizado por meio de escritura pública e ser consensual
com relação a partilha de bens, pensão alimentícia e retomada de nome de sol-
teira ou conservação do nome de casada.
A união estável passou a ser reconhecida enquanto entidade familiar a par-
tir da Constituição de 1988, sendo que a primeira lei a discipliná-la foi a de n.
8.971/1994 (BRASIL, 1994, on-line), posteriormente a Lei nº. 9.278/1996 (BRASIL,
1994, on-line), que disciplinou de forma mais abrangente essa entidade fami-
liar; e, finalmente, o Código Civil de 2002 permitiu a conversão em casamento
,desde que configurada a convivência pública, contínua, duradoura e estabele-
cida com o objetivo de constituir família.
A parentalidade responsável e o poder familiar também dá ensejo a diversos
direitos e deveres na realização do projeto parental desse casal, ou seja, o exercí-
cio da paternidade responsável terá reflexos diretos na maneira como estão sendo
concretizados o poder familiar, a guarda e, até mesmo, a visitação da criança.
Assim, o poder familiar deve ser entendido como uma consequência da
parentalidade e não como um efeito de determinada forma de filiação, pois os
pais são os defensores e protetores naturais dos filhos, sendo também os titula-
res e depositários dessa autoridade que é delegada pela sociedade e pelo Estado.
90
DO DIVÓRCIO NA ATUALIDADE
de Maringá-PR; mestre e doutora em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo; pós-doutora em Direito pela Universidade de Lisboa. Endereço eletrônico: <valeria@galdino.
adv.br>. Artigo publicado na Revista Rose Ortega, Maringá, p. 22 - 23, 01 dez. 2012.
91
ponder também por danos morais se Poderá ser utilizada ainda a medida cau-
provocar danos ao cônjuge ofendido. telar de separação de corpos quando um
dos cônjuges expor o outro em risco ou
O foro competente do divórcio é o da os filhos. Nesta hipótese, após 30 dias de
residência da mulher, se houver filhos em concessão da liminar, caberá ao reque-
comum e ela estiver com a guarda deles. rente propor a ação de divórcio. Além
da separação de corpos é possível a uti-
As pessoas que se encontram judicial- lização da Tutela Antecipada para arrolar
mente separadas com o advento desta bens no caso de ameaça de dissipação
emenda não se tornam imediatamente dos bens comuns, assim como o pleito de
divorciadas, sendo necessário o pedido alimentos para a manutenção dos entes
de decretação daquele, independente- familiares dependentes.
mente de qualquer prazo.
O cônjuge “culpado” poderá perder o
O divórcio pode ser realizado extrajudi- direito de usar o patronímico do outro,
cialmente, ou seja, no Cartório, desde quando expor o sobrenome do outro há
que seja consensual e os filhos sejam uma situação vexatória.
maiores.
Por fim, o melhor é que o casal se divorcie
É possível ainda que os ex-cônjuges acei- da forma consensual para a preservação
tem o divórcio e continuem a discutir do convívio familiar, mas caso não seja
outras questões, como por exemplo, a possível, admite-se a discussão da culpa
guarda dos filhos, o exercício do direito quando houver infração dos deveres con-
de visita, o quantum dos alimentos etc. jugais ou qualquer outra conduta que
torne insuportável a vida em comum,
Há, ainda, a possibilidade de o alimen- caso contrário teríamos a instituciona-
tante ingressar com a ação de prestação lização da irresponsabilidade pessoal
de contas com o intuito de fiscalizar se a que deixou de ser um dever meramente
pensão está sendo utilizada em prol do moral, quando o legislador dispôs no
melhor interesse do menor. Código Civil os deveres de ambos os
cônjuges.
MATERIAL COMPLEMENTAR
A Separação
Sinopse: Nader e Simin divergem sobre a possibilidade de deixar o
Irã. Simin quer deixar o país para dar melhores oportunidades a sua
filha, Termeh. Nader, no entanto, quer continuar no Irã para cuidar
de seu pai, que sofre do Mal de Alzheimer. Chegam à conclusão de
que devem se separar, mesmo ainda estando apaixonados. Sem
uma esposa para cuidar da casa, Nader contrata uma empregada
para ser responsável pelos afazeres domésticos e por tratar da
rotina de seu pai. A empregada, que está grávida, aceita o trabalho
sem avisar o seu marido.
A Busca
Sinopse: Theo Gadelha (Wagner Moura) e Branca (Mariana Lima)
são casados e trabalham como médicos. O casal tem um filho,
Pedro (Brás Antunes), que desaparece quando está perto de
completar 15 anos. Para piorar a situação, Theo fica sabendo
que Branca quer se separar dele e que seu mentor (Germano
Haiut) está à beira da morte. Theo sai em busca do filho sumido
e aproveita a viagem para se redescobrir.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
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as famílias em perspectiva constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
GAMA, G. C. N. Princípios Constitucionais de Direito de Família: Guarda Compartilha-
da à Luz da Lei n. 11.698/08: família, criança, adolescente e idoso. São Paulo: Atlas,
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GARCIA, W.; PINHEIRO, G. R. Manual completo de Direito Civil. São Paulo: Foco, 2014.
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ALVES, J. F. (Coord.). Novo Código Civil: questões controvertidas no direito de família
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necessária. In: FARIAS, C. C. Temas atuais de direito e processo de família. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2004.
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NERY JUNIOR, N.; NERY, R. M. A. Código civil comentado. 7. ed. São Paulo: Revista dos
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PEREIRA, R. C. Direito das Famílias no século XXI. In: FIUZZA, C.; SÁ, M. F. F.; NAVES, B.
T. O. (coord.). Direito Civil: atualidades. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
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ROLIM, L. A. Instituições de Direito Romano. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
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lização pela adoção e reprodução assistida. Curitiba: Juruá, 2005.
TARTUCE, F. Manual de Direito Civil: volume único. Rio de Janeiro: Forense; São Pau-
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na, n. 1069, jun. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.as-
p?id=8468>. Acesso em: 15 abr. 2007.
WALD, A. O novo direito de família. São Paulo: Saraiva, 2002.
97
GABARITO
QUESTÕES ATUAIS
III
UNIDADE
RELACIONADAS À FAMÍLIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Definir a proteção dos direitos da criança e do adolescente por meio
do Estatuto da Criança e do Adolescente, delineando seus conceitos
básicos, princípios e direitos básicos.
■■ Diferenciar e tratar alguns aspectos dos direitos das mulheres,
delineando os principais aspectos da Lei Maria da Penha.
■■ Estudar algumas questões relacionadas ao direito do idoso,
ressaltando as especificações do Estatuto do Idoso.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Direitos da criança e do adolescente: Estatuto da Criança e do
Adolescente
■■ Direitos humanos das mulheres: Lei Maria da Penha
■■ Direitos do idoso: Estatuto do Idoso
101
INTRODUÇÃO
Internacionais que contribuíram para a tutela destes. Sendo assim, será abor-
dado, principalmente, o que significa a parentalidade responsável e suas nuances.
No que diz respeito à criança e ao adolescente, é de suma importância com-
preendermos que estes indivíduos, apesar de serem protegidos pelo mesmo
Estatuto, são sujeitos diferentes para o Direito e, por essa razão, também são tra-
tados de forma diferentes pela lei. Um dos casos que os diferenciam diz respeito
à idade dos sujeitos, que veremos no decorrer do nosso estudo.
Pretende-se demarcar a abrangência da teoria da proteção integral, espe-
cificando o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, alguns
direitos fundamentais e alguns instrumentos de proteção da criança e do
adolescente.
Outro assunto polêmico a ser tratado está relacionado à proteção dos direi-
tos humanos da mulher. Diante da ainda presente desigualdade de gêneros entre
os sexos, e apesar de todas as campanhas, é crescente o número de violência
doméstica praticada contra a mulher.
Serão apresentados também alguns campos de abrangência da Lei Maria da
Penha, apontando algumas formas de violência que podem ser cometidas con-
tra a mulher.
Por fim, serão apresentados os aspectos da tutela jurídica dada pelo Estatuto
do Idoso às pessoas com 60 anos ou mais, pontuando alguns aspectos gerais dessa
proteção e a discussão que a envolveu.
Introdução
102 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CONCEITOS BÁSICOS
PARENTALIDADE RESPONSÁVEL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
exerçam os direitos reprodutivos e sexuais, já educados com relação às formas
e instrumentos possíveis (GAMA, 2003, p. 448).
Para Diniz (2014), o planejamento familiar é um direito reprodutivo básico
a todos os casais e indivíduos que poderão decidir, de forma livre, o número de
filhos, o tempo e intervalos entre os nascimentos destes, e para isso dispõem de
informações e dos meios que puderem utilizar na realização desse projeto e alcan-
çar o nível mais elevado de saúde sexual e reprodutiva (DINIZ, 2014, p. 140-143).
No Brasil, o direito ao planejamento familiar traz ínsito nele essa dupla fei-
ção, compreendendo o direito de procriar em âmbito negativo e positivo. No
entanto, predominam as ações voltadas para a anticoncepção, pois as políticas e
os planos do governo são, em regra, voltados para o aspecto negativo do plane-
jamento familiar (BARBOZA, 2009, p. 161).
Nesse sentido, Barboza (2009) adverte que a Constituição Federal assegurou
a autonomia reprodutiva e o acesso às informações e meios para sua efetivação,
integrando as ações de atendimento global e integral à saúde que obriga ao SUS,
em todos os níveis, garantir um programa que inclua atividades básicas, como a
assistência à concepção e contracepção, e que sejam direcionados para o exercício
do planejamento familiar todos os métodos e técnicas de concepção cientifica-
mente aceitos, desde que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas,
garantindo a liberdade de opção (BARBOZA, 2009, p. 160-161).
Gama (2003) destaca que o planejamento familiar exige:
[...] por óbvio, prévia educação e informação às pessoas acerca das op-
ções e mecanismos de controle da fecundidade. Há nítida conexão en-
tre os aspectos políticos, econômicos, sociais e familiares no que tange
Essa lei inovou quando direcionou as normas de planejamento familiar não somente
ao casal, mas também ao homem e a mulher individualmente considerados, assegu-
rando o exercício desse direito pela família monoparental no art. 3º e autorizando,
no art. 9º, que, para o exercício daquele, serão oferecidos métodos de reprodução
assistida, não fazendo qualquer referência quanto à orientação sexual das pessoas.
No art. 3º da lei, há a menção de que “o planejamento familiar é parte inte-
grante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro
de uma visão de atendimento global e integral à saúde”; portanto, acarretando ao
que está disposto o art. 196 da Constituição Federal, em que a saúde é direito de
todos sem qualquer distinção, sendo dever do Estado garantir o seu acesso univer-
sal e promover ações de proteção e recuperação da mesma (GAMA, 2003, p. 449).
O Código Civil tratou do planejamento familiar no § 2º do art. 1.565 de
maneira superficial, nele dispôs que tal planejamento é um encargo assumido
tanto pelo homem quanto pela mulher quando da formação de uma família,
sendo de livre decisão do casal, cabendo ao Estado propiciar recursos educacio-
nais para o adequado exercício desse direito, sendo vedada a coerção de qualquer
instituição pública ou privada.
Logo, a ninguém é dado o direito de decidir o que deve ser deliberado pelo
casal conjuntamente, trata-se de uma decisão personalíssima deles, vedando-se
qualquer forma de coerção, seja de natureza pública ou privada (REIS, 2008, p. 427).
Complementando, Reis (2008) ainda adverte que esse direito ao planeja-
mento familiar é:
[...] um direito personalíssimo dos consortes. Deve ser uma decisão co-
erente e consciente de duas pessoas – não é, nem poderá ser unilateral
– “O planejamento familiar é de livre decisão do casal...” (art. 1.565, § 2º
do CC). A liberdade e autonomia do casal, prescrita pelo texto do Código
Civil é direito de personalidade, que são intransferíveis e irrenunciáveis,
a teor do contido no artigo 12 do referido códex. Sendo direito pessoal,
não poderá ser conspurcado pela intervenção de terceiros, quem quer
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que seja, instituição privada ou pelo próprio Estado (REIS, 2008, p. 427).
Portanto, o ato da geração deverá ser uma decisão plural, e também há de vir
inspirado nos ideais de fraternidade, solidariedade, amor e também responsa-
bilidade (REIS, 2008, p. 428).
A lei tem o claro propósito de que a paternidade seja exercida de forma res-
ponsável, porque somente assim todos os princípios fundamentais, como a vida,
a saúde, a dignidade da pessoa humana e a filiação serão respeitados.
O planejamento familiar é um direito garantido pela atual Constituição
Federal no § 7º do art. 226, que deve ser exercido com fundamento nos princí-
pios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável.
A paternidade responsável é um princípio constitucional assegurado no §
7º do art. 227 da Constituição Federal, nos arts. 3º e 4º do Estatuto da Criança
e do Adolescente e no inc. IV do art. 1.566 do Código Civil, devendo ser obser-
vada independentemente de qualquer coisa.
Qualquer cidadão, independente do seu estado civil e da sua orientação
sexual, tem o direito de realizar o seu projeto parental de forma livre, ou seja,
escolher o número de filhos que deseja ter, optar pelas técnicas de reprodução
assistida, ainda que não seja estéril ou infértil e de como será exercida sua paren-
talidade (ROSA; CARDIN, 2012).
Pode-se conceituar a parentalidade responsável como a obrigação que os
pais têm de prover a assistência moral, afetiva, intelectual, material, espiritual e
de orientação sexual aos filhos (ROSA; CARDIN, 2012).
[...]
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não abranger o conteúdo material do § 7º do art. 226 da Constituição Federal,
pois ao se referir à paternidade, olvida-se a maternidade, limitando-se o enten-
dimento desse princípio somente à linha paterna. Deve-se realizar um exame
mais aprofundado, permitindo a conclusão de que o constituinte disse menos
do que queria ou ao menos deveria dizer, provavelmente por ter sido induzido
em equívoco diante da tradução do termo “parental responsability”. Assim, sem
o cuidado que se deveria ter na tradução da expressão para o Direito brasileiro,
o constituinte empregou o termo “paternidade responsável”, que deveria ter sido,
na realidade, “parentalidade responsável” (GAMA, 2008, p. 30-31).
Destaca também que a ideia do termo “parentalidade responsável” traz
ínsita a noção de que corresponde às consequências do exercício dos direitos
reprodutivos pelas pessoas no Direito de Família, relacionando-se aos vínculos
paterno-materno-filiais (GAMA, 2008, p. 30-31).
A parentalidade responsável representa os deveres parentais em decorrên-
cia dos resultados do exercício dos direitos reprodutivos, independentemente de
a procriação ocorrer por processo natural ou por meio de técnicas de reprodu-
ção assistida. Há, nesse dever, a responsabilidade individual e social das pessoas
do homem e da mulher quando exerce sua sexualidade e o direito de procriar
gerando uma nova vida. E, ainda, o direito individual da mulher de exercer sua
sexualidade e optar pela maternidade contrapõe-se às responsabilidades indivi-
duais e sociais que assume ao se tornar mãe, da mesma forma como ocorre com
o homem (GAMA, 2008, p. 30-31).
Portanto, há na parentalidade responsável um compromisso individual e
social tanto da mulher quanto do homem, que, no exercício das suas liberdades
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
membrana constitucional de proteção ao menor e adolescente, crista-
lizada, na parte final do dispositivo citado: “[...] além de colocá-los a
salvo de toda a forma de negligência [...]”. [...]
Verifica-se que, em regra, cabem aos genitores os papéis de pais, devendo estes
cuidar para que seus encargos não se limitem ao aspecto material, ao sustento.
Alimentar o corpo sim, mas também cuidar da alma, da moral e do psíquico.
Essas são as prerrogativas do poder familiar (SILVA, 2004, p. 124).
Dessa parentalidade responsável decorrerá o poder familiar, que se caracte-
riza como um munus público, imposto pelo Estado aos pais, a fim de que zelem
pelo futuro de seus filhos. Tal poder familiar é instituído no interesse dos filhos
e da família (GONÇALVES, 2012, p. 413).
Também como desdobramento da parentalidade responsável surge a questão
da alienação parental, fenômeno presente na família pós-moderna. A prática da
alienação parental poderá ocorrer quando, no intuito de manter a aliança e união
com o genitor alienador, o filho acaba desvinculando-se afetivamente do genitor
alienado, acreditando em todas as coisas ditas pelo alienador, chegando, inclusive,
a confundir as noções de realidade e fantasia com a chamada implantação de fal-
sas memórias.
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básicas dessas crianças.
Pereira (2008) ensina que o referido Código “representou a abertura significa-
tiva do tratamento à criança para a época, preocupado em que fosse considerado
o estado físico, moral e mental da criança, e ainda a situação social, moral e eco-
nômica dos pais” (PEREIRA, 2008, p. 9).
O Serviço de Assistência do Menor (SAM), criado em 1941, que atendia os
menores delinquentes, passou a receber muitas críticas a partir da década de 60
por não cumprir os objetivos pelo qual foi criado, sendo extinto, em 1964, pela
Lei nº. 4.513, a mesma que criou a Fundação Nacional do Bem-estar do Menor
(FUNABEM) (AMIN, 2010, p. 7).
A FUNABEM era baseada na Política Nacional do Bem-estar do Menor
(PNBEM), possuía uma gestão verticalizada e centralizadora e uma proposta
pedagógica assistencial progressista. Na prática, era mais um instrumento de
controle do regime político autoritário exercido pela Ditadura Militar viven-
ciada no país (AMIN, 2010, p. 7).
Nessas décadas, houve certo retrocesso na tutela da criança e do adolescente
em nome da segurança nacional. A Lei nº. 5.228/1967 reduziu a responsabilidade
penal para dezesseis anos de idade, aplicando o critério do discernimento nova-
mente dos dezesseis aos dezoito anos. Contudo, no ano anterior, já retornou ao
regime de imputabilidade penal aos 18 anos (AMIN, 2010, p. 7).
Somente em 1979 é que foi publicado o novo Código de Menores (Lei nº.
6.697/1979), que encampou a teoria da situação irregular, sendo que, nesse período
,a cultura da internação de menores carentes e delinquentes seguiu-se intensamente,
tornando a segregação como a única solução em muitos casos (AMIN, 2010, p. 7).
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Criança e do Adolescente que passou a ser amparada.
O significado dessa teoria se dá no sentido de conferir uma visibilidade de
sujeito de direitos para essas crianças e adolescentes, pois passaram a ser titula-
res de direitos que poderiam ser exigidos da família, da sociedade e do Estado,
o que está retratado no caput do art. 227 da Constituição Federal.
Compreende-se, por meio dessa proposição, que a legislação que tutele
direitos de crianças e de adolescentes deverá concebê-los como cidadãos plenos;
contudo, devem ser considerados como sujeitos a uma proteção prioritária, já
que são pessoas em desenvolvimento físico, psicológico e moral.
Este é um dos motivos pelos quais se torna essencial que sejam proporciona-
das ao menor, nessa etapa, condições favoráveis ao adequado desenvolvimento
de sua personalidade.
Outra das principais alterações decorridas da Constituição Federal de 1988 foi
o fim da discriminação entre filhos legítimos e ilegítimos, definindo, assim, todas
as crianças e adolescentes como “sujeitos de direitos”, sem fazer qualquer diferen-
ciação entre os filhos oriundos do matrimônio, adotados ou extramatrimoniais.
Assim, para regulamentar e consolidar as diretrizes da Constituição Federal,
em 13 de julho de 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente
reafirmando a doutrina da proteção integral do menor.
Amin (2010), acerca da doutrina da proteção integral, ensina que:
Com ela, constrói-se um novo paradigma para o direito infanto-ju-
venil. Formalmente, sai de cena a Doutrina da Situação Irregular, de
caráter filantrópico e assistencial, com gestão centralizadora do Poder
Público, a quem cabia a execução de qualquer medida referente aos
menores que integravam o binômio abandono-delinquência.
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e nas leis ordinárias.
Não se pode olvidar que a família é o lugar onde a pessoa modela a sua per-
sonalidade, é onde deverá se sentir protegida e aprender a enfrentar os desafios
oferecidos pela condição de estar vivo, definindo seus valores morais, sociais,
éticos, políticos, espirituais, entre outros.
Destarte, é a família a primeira responsável pela construção do cidadão, que
nela realiza a sua formação física, mental, moral, espiritual e social, e a criança
como um sujeito em desenvolvimento deve ter direito de convivência com sua
família.
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Ressalta-se que esse instituto primariamente não foi concebido com insti-
tuito de tutelar as crianças, pois, pelo sistema antigo, estas eram apenas objetos
que pertenciam a seus pais, a quem deviam total obediência. Somente depois de
1836 passou a ser efetivo na Inglaterra (PEREIRA, 1999, p. 2).
Essa fórmula advinda do sistema anglo-saxônico, representada na expres-
são the best interests of the child, está prevista tanto na Constituição Federal de
1988 quanto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O princípio localiza-se no texto constitucional em seu art. 227, caput devendo
ser considerado intrínseco ao princípio da parentalidade responsável, pois repre-
senta expressamente a alteração do eixo das relações paterno-filiais, em que as
crianças passaram a ser consideradas sujeito de direitos e obrigações.
No ECA, art. 4º, há a disposição de uma série de deveres que a família, a
sociedade e o Estado devem dispender à criança e ao adolescente como priori-
dade absoluta na efetivação de seus direitos, garantindo-lhes “o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”.
Foi com o advento da Lei nº. 8.069/1990 (ECA) que o sistema de tutela à
criança passou a contar com uma série de normas direcionadas ao seu melhor
interesse; buscou-se, assim, que a criança possa gozar plenamente de seus direi-
tos fundamentais, dessa forma, a expressão está por todo o texto da lei.
O princípio do melhor interesse não será utilizado somente como um prin-
cípio geral, mas também como um critério interpretativo dos códigos e das
leis ordinárias, bem como na elaboração de novas leis (GAMA, 2009, p. 460;
PEREIRA, 2008), pois, em decorrência dele, priorizam-se as necessidades da
criança e do adolescente no caso de conflito entre pais ou responsáveis.
da criança. Assim, também deve agir a família com relação às crianças em qual-
quer tomada de qualquer decisão em relação a elas (MONACO, 2005, p. 179-184).
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Neste tópico, iremos tratar da Lei Maria da Penha, que trouxe uma proteção
diferenciada para as mulheres, de acordo com a necessidade apresentada pela
sociedade, como demonstraremos na sequência.
homens, mas ainda têm menos chances de emprego, recebem menos exercendo
as mesmas funções e ocupam os piores postos. Em 1998, 52,8% das brasileiras
eram consideradas economicamente ativas, comparadas a 82% dos homens. Em
2008, essas proporções eram de 57,6% e 80,5%. A participação nas esferas de deci-
são ainda é pequena. Em 2010, elas ficaram com 13,6% dos assentos no Senado,
8,7% na Câmara dos Deputados e 11,6% no total das Assembleias Legislativas
(O VOLUNTARIADO, on-line)1.
Destaca-se, ainda, que as mulheres ganharam um espaço significativo no
mercado do trabalho, mas infelizmente não possuem a mesma participação nas
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esferas de decisão política, apesar de a lei prever que cada partido necessite de
30% da candidatura de pessoas do sexo feminino, conforme demonstra o art.
10, § 3º da Lei nº. 9.504/1997 (BRASIL, 1997, on-line).
Vê-se de forma clara que ainda há barreiras do mercado que trazem maiores
prejuízos às mulheres, o que aumenta as disparidades entre os gêneros.
Em nível jurídico, somente com a Constituição Federal de 1988, eclodiria,
em meio a movimentos feministas, o que se considerou a igualdade entre mulhe-
res e homens. A Constituição Federal dispôs acerca da igualdade entre os sexos
no inciso I, do artigo 5° e, especificamente, para o âmbito familiar, no § 5º, do
art. 226, além de versar acerca do dever do Estado de combater a violência nas
relações familiares.
Portanto, mesmo estando consagrado na Constituição Federal, o princípio
da igualdade e sua aplicação no intuito de proibir a discriminação entre mulhe-
res e homens é difícil, visto que a vertente a ser aplicada é sua forma material ou
substancial, entendida como isonomia.
A simples igualdade formal é incapaz de eliminar essas diferenças históri-
cas entre homem e mulher, o que impõe uma conduta mais ativa do Estado no
intuito de assegurar um equilíbrio ou uma equiparação por meio de uma redu-
ção dessas diferenças (DIAS, 2004, p. 25). É justamente nesse ponto que surge a
importância do Estado em implementar políticas públicas que venham a dimi-
nuir essa realidade.
Portanto, a desigualdade, que ainda é marcante nos dias atuais, deriva do
histórico de exclusão da qual a mulher foi vítima. Uma cultura com forte raízes
machistas e patriarcais não muda de repente em decorrência de uma lei. Não se
conseguirá alterar isso de um dia para outro, pois será necessário tempo e muito
trabalho de conscientização para atingir o mais próximo daquilo que as mulheres
buscam em sua proteção, denotando, justamente nesse ponto, o papel fundamen-
tal do Estado e da sociedade em geral na busca desse objetivo.
agosto de 2006 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lei n. 11.340/2006
(BRASIL, 2006, on-line), popularmente conhecida como Lei Maria da Penha,
que imediatamente tornou-se o principal instrumento legal para coibir e punir
a violência doméstica praticada contra mulheres no Brasil.
A lei alterou o Código Penal Brasileiro e possibilitou que agressores de mulhe-
res no âmbito doméstico sejam punidos pelas condutas de violência realizadas.
Esses agressores poderão ser presos em flagrante ou ter a prisão preventiva decre-
tada, mas não poderão ser punidos com penas alternativas. A lei prevê medidas
que vão desde a saída do agressor do domicílio até a proibição de sua aproxi-
mação da mulher agredida.
Tem-se que violência familiar, intrafamiliar ou doméstica pode ser con-
siderada como toda ação ou omissão cometida no seio da família por um de
seus membros, ameaçando a vida, a integridade física ou psíquica dos mesmos,
sendo que a vítima deve ser, necessariamente, mulher, por se tratar de violência
de gênero (JESUS, 2010, p. 8).
A Lei Maria da Penha também definiu o ambiente onde a agressão pode
ocorrer, visto que proteção à mulher abrange a unidade doméstica, o âmbito
familiar, bem como situações em que inexiste coabitação entre agressor e agre-
dida, bastando existir a relação de afeto entre eles (art. 5°).
Dentre as formas de violência dispostas na lei, tem-se:
Violência contra a mulher: é qualquer conduta - ação ou omissão - de discrimi-
nação, agressão ou coerção ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que
cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psi-
cológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial (CNJ, on-line)2.
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ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetivi-
dade (amigo ou amiga que more na mesma casa) (CNJ, on-line)2 .
Violência institucional é o tipo de violência motivada por desigualdades (de
gênero, étnico-raciais, econômicas etc.) predominantes em diferentes socieda-
des. Essas desigualdades se formalizam e institucionalizam não só nas diferentes
organizações privadas e aparelhos estatais, como também nos diferentes grupos
que constituem essas sociedades (CNJ, on-line)2.
Por fim, a violência intrafamiliar ou a violência doméstica é aquela que ocorre
dentro de casa ou da unidade doméstica e geralmente é praticada por um mem-
bro da família que viva com a vítima. Nelas estão incluídas o abuso físico, sexual
e psicológico, a negligência e o abandono (CNJ, on-line)2.
Essa lei também trouxe a possibilidade de legitimar uma relação homoafe-
tiva, sendo o primeiro instrumento a dar essa interpretação, pois não exige que
a pessoa que venha a agredir, ou seja, sujeito ativo da conduta, seja do gênero
masculino. Assim, se eventualmente uma mulher mantém uma relação afetiva
com outra, mesmo não coabitando com esta, estará caracterizada a violência
doméstica, podendo ser aplicar a referida lei.
Portanto, a Lei 11.340/2006 foi um marco na história do combate à violên-
cia familiar contra o gênero feminino. Nesse sentido, Maria Amélia de Almeida
Teles e Mônica de Melo afirmam que é necessário demonstrar e sistematizar as
desigualdades socioculturais existentes entre mulheres e homens, que repercu-
tem na esfera da vida pública e privada de ambos os sexos, visto que lhes colocam
em papéis sociais diferenciados construídos historicamente, e criando polos de
dominação e submissão (MELO; TELES, 2003, p. 16).
No entanto, mesmo com a Lei Maria da Penha, são muitos os casos de vio-
lência contra a mulher em decorrência da cultura machista e patriarcal que ainda
marca a sociedade brasileira.
Nota-se que a mulher em situação de violência acaba se acomodando à situ-
ação, normalmente isso ocorre por todo o período do relacionamento com o
agressor até que consiga romper o ciclo de violência. O seu silêncio é um sis-
tema de defesa, já que o conflito entre manter o silêncio e a vontade de gritar a
sua dor é inerente ao trauma psicológico (SLEGH, 2006, on-line).
De acordo com pesquisas, em 2011, foram mais de 48 mil ocorrências de agres-
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sões contra mulheres no Brasil, sendo que destas, 5 mil não informaram o local da
agressão, 68,8% do restante foram agredidas na residência, enquanto que 4% dos
casos ocorreram em via pública; 27,1% dessas agressões são realizadas pelo côn-
juge. No caso de morte, 40% ocorrem dentro de casa (WAISELFISZ, 2012,on-line).
Apesar do alto índice de violência contra as mulheres, as vítimas podem con-
tar com programas de apoio na resolução de seus problemas familiares, tanto
governamentais quanto não governamentais.
Em um primeiro momento, parece haver uma grande contradição, já que se
espera que a existência de serviços de apoio e prevenção resulte na redução dos
casos. Contudo, observa-se que a violência tem se agravado e aumentado tanto
na quantidade quanto na intensidade, ou seja, as vítimas têm sofrido agressões
físicas, cada vez mais severas, que ocasionam a morte ou graves sequelas, impos-
sibilitando-as para o trabalho e complicando, ainda mais, a sua situação (SILVA;
COELHO; CAPONI, 2007). Destarte:
Nesses programas de atendimento à vítima, percebe-se que a maioria
das queixas (98%) parte de mulheres que são vítimas de alguma forma
de violência no interior do espaço doméstico. É evidente a transforma-
ção da violência doméstica numa forma cada vez mais brutal de violên-
cia contra a mulher, mesmo que esta já possa contar com atendimento
especializado (SILVA; COELHO; CAPONI, 2007).
A questão da violência contra a mulher é tão constante no mundo todo que foi
criada uma instituição, de carater internacional, de proteção à mulher para obrigar
os Estados seguidores das Organizações das Nações Unidas a tomar providên-
cias internas a fim de minimizar, por meio de programas de apoio e assistência,
a violência contra as mulheres ou, até mesmo, erradicá-la,.
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de efetuar uma ligação para pedir socorro. O acionamento do botão do pânico
demonstra-se prático e eficaz.
A Central de Atendimento à Mulher recebe diariamente vários chamados de
socorro de mulheres desesperadas em busca de ajuda. Existem vários tipos de vio-
lência: a psicológica, a moral, a sexual e a física. A instauração do inquérito policial
e a aplicação das medidas protetivas serão efetivadas mediante representação da
vítima. Na prática, as mulheres que chamam a polícia são ouvidas na delegacia, o
agressor fica preso, o inquérito é enviado ao fórum e elas mesmas, as próprias víti-
mas, vão no balcão da vara criminal retirar a guia de fiança para que os agressores
voltem para a casa. No caso de o agressor não ser preso na primeira audiência, as
próprias vítimas acabam dizendo, na primeira audiência, que estão desistindo da
representação por estarem movendo a máquina judiciária sem motivo.
FORMAS DE VIOLÊNCIA
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O inciso III do art. 7º da Lei nº. 11.340/2006 traz também a violência sexual,
a qual é caracterizada pela ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual,
físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, inti-
midação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro
mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como violên-
cia sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses
atos com terceiros (CNJ, on-line)2.
Ainda para o Código Penal Brasileiro, a violência sexual pode ser caracte-
rizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o estupro,
a tentativa de estupro e o ato obsceno (CNJ, on-line)2. Essa forma de violência
pode causar danos irreversíveis, chegando a ceifar a vida de quem esteve sujeito
a esse tipo de agressão.
Outra forma está presente no inciso IV, no qual está delineada a violência patri-
monial, consubstanciada naquela que implique dano, perda, subtração, destruição
ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores (CNJ, on-line) 2.
Por fim, tem-se a violência moral, caracterizada na ação destinada a calu-
niar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher. Está disposta no
inciso V do art. 7º da lei. Essa forma de violência é praticada com a intenção de
alterar, modificar ou criar algo que atente contra a honra e reputação social da
mulher (CNJ, on-line)2.
Assim, percebe-se que a mulher ainda merece uma proteção maior pela legis-
lação, considerando que, de acordo com o que estudamos, há uma diferença de
tratamento entre os sujeitos na nossa sociedade.
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DIREITOS DO IDOSO: ESTATUTO DO IDOSO
Antigamente, a velhice era valorizada, visto que os idosos eram pessoas que deve-
riam transmitir o saber e a memória da comunidade, possuindo as posições mais
elevadas na hierarquia social. Entretanto, para alguns povos, o envelhecimento
significava que a pessoa não poderia mais prover suas necessidades básicas e
acabavam por ser sacrificados ou abandonados; afinal, no início da humani-
dade, o ser humano era nômade e vivia da caça e da pesca, e os idosos, por suas
limitações físicas e mentais, dificultavam tal meio de subsistência (SCHONS;
PALMA, 2000, p. 51).
Nesse sentido, nas sociedades históricas, o papel social do velho dependeu
sempre da ideologia que era vigente na época, embora não se visse na velhice um
grande problema, já que a média de vida era de 23 anos (BASSO, 2005, p. 177).
Silva (2012) resume a flexível importância e valorização do idoso ao men-
cionar que “em todas as sociedades consistia em ele possuir ou não bens úteis
– fossem eles materiais ou imaterias” (SILVA, 2012, p. 80).
CONCEITOS BÁSICOS
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Encarnação do verbo e a Semelhança ontológica entre o Homem e Deus, assim,
a teologia cristã alterou tal conceituação e sentido ao entender que se tratava de
uma categoria ontológica, o que, por consequência, acabou por considerar que
“a noção de pessoa é, em justiça, uma criação da teologia cristã” (GONÇALVES,
2008, p. 24).
O conteúdo ontológico relacionado à velhice é “um processo que não implica
necessariamente a degeneração da pessoa humana, uma vez que o Ser mantém
sua condição ontológica intocável” (SILVA, 2012, p. 36).
Ressalta-se que a ontologia está relacionada à filosofia e possui a finalidade de
estudar o “ser”. Nessa perspectiva, Kant e Hume acabam por conceituar persona
como uma visão diferenciada, em que se deixa o conteúdo ontológico proposto
pela teologia cristã e designa uma realidade psíquica que vai além do próprio
sujeito (GONÇALVES, 2008, p. 26).
Nesse sentido, além das limitações físicas, o avanço da idade traz consigo o
envelhecimento social, afinal, os papéis sociais que o idoso desempenhou ao longo
da vida vão se alterando, pois passa de filho a pai/mãe e avô/avó; de solteiro(a) des-
comprometido(a) a responsável chefe de família; de estudante a trabalhador e depois
aposentado(a); de pessoa absolutamente sem tempo, devido às inúmeras atividades
profissionais, a proprietário(a) de um tempo livre (SCHONS; PALMA, 2000, p. 22).
Não se pode esquecer que o homem é um ser em construção e dependente
dos demais, pois “na configuração externa da sua vida corporal há uma total e
radical dependência da sociedade” (GONÇALVES, 2008, p. 44-47). Aristóteles,
em sua obra “Tratado sobre retórica”, descreve os velhos como desconfiados, pes-
simistas e egoístas, mostrando a juventude e a velhice como polos opostos, sendo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Destaca-se que não se pode confundir senescência e senilidade, pois a pri-
meira é aquela em que a pessoa “com serenidade passa a conviver com limitações
e continua ativa até o fim da vida”, enquanto que a segunda ocorre nos casos em
que a pessoa “envelhece sob condição ou forma patológica, com incapacidade
progressiva para a vida ativa”(SILVA, 2012, p. 28).
Ressalta-se, dessa forma, que a senescência varia de acordo com o sexo, sendo
que para as mulheres se inicia na menopausa, aos 45 anos de idade aproxima-
damente; enquanto que para os homens, a queda hormonal ocorre próximo dos
55 anos (CANALLI FILHO, 2011, p. 29).
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Resolução nº. 39/125,
divide o ciclo da vida humana em três idades, considerando como parâmetro
para tanto o aspecto econômico e o homem como força de trabalho. Seu princi-
pal objetivo é analisar e dividir os períodos da vida do homem em faixas de idade
e desenhar qual seria o indivíduo apto para se adequar à indústria mecanicista
da época; assim, a divisão etária atribuiu às fases importâncias diferenciadas e
teve como base sua capacidade de produzir riqueza, apresentado um declínio
da valorização do ser humano. A velhice é vista negativamente, preza-se muito
mais o material e a capacidade de gerar riquezas (ABUJAMRA, 2010, p. 60).
Nesse sentido, na primeira idade estão as pessoas em idade improdutiva, ou
seja, crianças e adolescentes; na segunda idade, são as pessoas que produzem e
consomem (jovens e adultos); enquanto que na terceira idade estariam as pes-
soas que já produziram e consumiram, sendo uma idade considerada inativa,
pois não mais produzem e apenas consomem (SANTIN; RAITER, 2009, p. 227).
CONDIÇÃO JURÍDICA DO
IDOSO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
integrantes de grupo vulnerável,
o aumento do número de idosos
provocou efeitos no ordenamento
jurídico.
No tocante ao conceito pós-moderno de
família, alguns acontecimentos históricos, como
a Revolução Industrial, a inserção da mulher no mercado de trabalho, as duas
grandes guerras, a necessidade de formação de grandes centros urbanos, a revo-
lução sexual, o movimento feminista, o aumento e reconhecimento do divórcio,
a admissão da criança como um sujeito de direito passível de tutela, a mudança
de papéis de homens e mulheres dentro de seus lares, dentre outros, deram mar-
gens ao surgimento de modelos familiares existentes atualmente (DONIZETTI,
2007, p. 52; GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 52).
A expansão de um novo modelo econômico no século XIX estremeceu os
alicerces da família considerada como instituição, pondo fim a uma concep-
ção uniforme e conservadora de família (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO,
2012, p. 52).
Foi justamente nesse contexto que os idosos passaram a não ser mais primor-
diais na sociedade, pois para o capitalismo os “velhos” não têm capacidade de
produzir e, consequentemente, foram desvalorizados e perderam espaço social.
Bauman (2005), em sua obra “Vidas desperdiçadas”, trata sobre o refugo
humano, pessoas “excluídas da proteção da lei por ordem do soberano” (BAUMAN,
2005, p. 53), isto é, pessoas que, devido ao progresso econômico, acabaram por
ser consideradas inúteis, uma categoria excedente da população.
2003, on-line).
Destaca-se também que o envelhecimento é um direito personalíssimo e a
sua proteção um direito social, portanto, trata-se de obrigação do Estado garan-
tir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
dignidade (BRASIL, 2003, on-line).
Ressalta-se que, apesar de o Estatuto do Idoso preconizar acerca da prote-
ção integral do idoso, é necessária a concretização da realização desse princípio,
que se efetiva com a integração do atendimento aos direitos fundamentais, sem
se esquecer da assistência moral, intelectual, espiritual e social.
Ademais, a proteção integral não é a mesma coisa da proteção especial, visto
que, como vulnerável, é direito de todos os idosos a proteção integral; já a pro-
teção especial é direcionada ao direito violado ou em iminência de ser violado.
Portanto, pelo princípio da proteção integral, a pessoa idosa tem o direito
de preservação da saúde física e mental, em condições de liberdade e dignidade,
sendo assim, é obrigação não só do Estado, mas também da família efetivar esses
direitos com absoluta prioridade.
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res forem idosos, que por força da sua natureza especial prevalece sobre as
disposições específicas do Código Civil. — O Estatuto do Idoso, cumprindo
política pública (art. 3º), assegura celeridade no processo, impedindo inter-
venção de outros eventuais devedores de alimentos. — A solidariedade da
obrigação alimentar devida ao idoso lhe garante a opção entre os prestado-
res (art. 12). Recurso especial não conhecido (BRASIL, 2006, on-line).
Fonte: as autoras.
Não se pode esquecer de que o Estatuto do Idoso também dispôs sobre a prefe-
rência processual para o idoso, em que é assegurada prioridade na tramitação
dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos, em qualquer instância, sendo que esta prioridade se estende aos
processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de
serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à
Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos
Serviços de Assistência Judiciária (BRASIL, 2003, on-line).
Neste tópico, verificamos que o idoso também merece uma proteção maior
por parte da nossa sociedade, considerando que é uma pessoa frágil, não tem
mais as mesmas habilidades de antes e, em alguns momentos, se torna até mesmo
indefeso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criança, a mulher e o idoso são seres vulneráveis, visto que podem ser oprimidos
de diversas formas possíveis, por exemplo, a falta de exercício da parentalidade
responsável e a violência intrafamiliar em específico.
O Estatuto da Criança e do Adolescente traz o conceito de crianças e ado-
lescentes, sendo estes os que têm entre doze e dezoito anos de idade, e aquelas
as pessoas de até doze anos de idade completos (BRASIL, 1990).
A Constituição Federal relacionou o exercício livre do direito ao planeja-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
140
Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
De Menor
Sinopse: a jovem advogada Helena (Rita Batata) é defensora
pública de menores infratores e vive com Caio (Giovanni Gallo),
seu irmão caçula. Órfãos, os dois têm um relacionamento de
muita cumplicidade, até o dia em que o rapaz comete um delito
e torna-se réu na Vara da Infância e Juventude de Santos, local
de trabalho de Helena.
Material Complementar
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151
REFERÊNCIAS
GABARITO
IV
UNIDADE
SEGURIDADE SOCIAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Estudar a evolução histórica, o conceito e os princípios da Seguridade
Social.
■■ Conhecer os princípios da Seguridade Social.
■■ Definir as formas de custeio.
■■ Analisar os direitos sociais e a Assistência Social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Seguridade Social na Constituição Federal de 1988
■■ Principais Princípios que Regem a Seguridade Social
■■ Forma de Custeio da Seguridade Social
■■ Os Direitos Sociais e a Assistência Social
157
INTRODUÇÃO
Introdução
158 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O constituinte de 1988 aplicou a concepção de Seguridade Social en-
tendendo ser uma política de proteção integrada da cidadania fun-
damentada na declaração dos direitos do homem, enquanto política
pública de proteção social, política de direitos, universal e de responsa-
bilidade estatal, composta pela saúde, Previdência e assistência social.
Dentro deste contexto, a Previdência Social brasileira deixou de ser um
simples seguro para se tornar um direito social (FRANÇA, 2011, p. 17).
SEGURIDADE SOCIAL
159
em 1991, bem como a Lei 8.742 de 1993 e suas respectivas alterações, as quais
centralizam o seu microssistema jurídico estatal.
Nas mãos do Estado está centralizado todo o sistema de Seguridade Social,
esse organiza seu custeio e concede os benefícios e os serviços, sendo o órgão
incumbido dessas determinações o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
autarquia subordinada ao Ministério da Previdência Social e Assistência Social.
Prevê-se, dentro desse sistema, não só a participação do Poder Público, mas
também de toda a sociedade, por intermédio de um conjunto integrado de ações
de ambas as partes envolvidas, sendo importante salientar o fato de que eventu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ais insuficiências financeiras ficarão a cargo da União, mas isso não desnatura a
participação de todos os cidadãos.
Por conseguinte, o Estado atenderá às necessidades dos cidadãos advindas
das adversidades, proporcionando-lhes tranquilidade, principalmente no futuro,
quando o trabalhador tiver perdido a sua remuneração, capacidade de exercer
atividade laborativa, ou mesmo daquelas pessoas sem condições de prover sua
própria subsistência, tornando possível um nível de vida aceitável.
Para França (2011, p. 21), a Seguridade Social visa amenizar as desigualda-
des e a pobreza em cumprimento ao disposto no artigo 3 da CF/88, amparando,
assim, os necessitados nas hipóteses em que não possam prover suas necessida-
des e as de seus familiares, por seus próprios meios.
Integram a Seguridade Social: a Previdência Social, a Assistência Social e
a Saúde.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A proteção social nasceu do próprio eixo familiar, pois cabia aos mais jovens o
cuidado aos idosos e incapacitados (MARTINEZ, 1989 p. 76). Entretanto, nem
sempre essa proteção e cuidado era (e ainda é) possível, o que faz com que essas
pessoas fragilizadas precisem de um auxílio externo: terceiros voluntários que,
com o apoio da Igreja, auxiliavam as pessoas necessitadas.
O conceito de proteção e assistência inerentes à previdência possui
uma ligação estreita com o instinto de sobrevivência do ser humano.
A família romana, por meio do pater famílias, tinha a obrigação de prestar assis-
tência aos servos e clientes em forma de associação, mediante contribuição de
seus membros de modo a ajudar os mais necessitados, tendo o Estado somente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
assumido suas responsabilidades sociais no século XVII, com a edição da “Lei
dos Pobres”, pois, para o Estado Liberal, o governo era um bem necessário que
pouco interferia em áreas consideradas fundamentais.
E, como o Estado Liberal era a forma política de uma sociedade in-
dividualista (fundada principalmente na prevalência do ter sobre o
ser), primando pela extrema liberdade, sem a intervenção do Estado
na ordem econômica, ele não se mostrou suficiente para a solução dos
problemas sociais então emergentes, permitindo que se instituísse uma
nova escravidão, com o crescimento das forças dos privilegiados da for-
tuna e a servidão e opressão dos mais débeis.
SEGURIDADE SOCIAL
161
Com esses conceitos, surgiu o Estado de Bem-Estar Social, cujas medidas afir-
mativas trouxeram a Previdência Social e o auxílio a pessoas carentes, tendo o
Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, adotado esta linha de pensamento.
No Brasil, o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara, em 1821, aprovei-
tando o contexto histórico descrito, concedeu aos professores que cumpriram
com, no mínimo, 30 (trinta) anos de serviço uma espécie de aposentadoria deno-
minada jubilação, sendo que aqueles que atendessem às exigências e optassem
por permanecer em exercício seria concedido um abono de 25% (vinte e cinco
por cento) sobre seus salários.
Em 1835, foram criados os Montepios, instituições nas quais cada membro con-
tribuía em cotas para, após seu falecimento, favorecer a alguém por ele escolhido.
O próprio Código Comercial de 1850 já definia, em seu artigo 79, que os
“acidentes imprevistos e inculpados que impedirem aos prepostos o exercício
de suas funções, não interromperão o vencimento de seu salário, contanto que
a inabilitação não exceda a 3 meses contínuos” (BRASIL, 1850, on-line).
A Constituição Federal de 1891, em seu artigo 75, foi a primeira a conter a
terminologia “aposentadoria” em seu texto e determinava que esse benefício só
poderia ser dado aos funcionários públicos em caso de invalidez “no serviço da
Nação” (MARTINS, 2008, p. 06).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
funções de arrecadação das contribuições previdenciárias, pagamento de bene-
fícios e prestações de serviço, havendo um “discurso afirmativo dizendo que é
responsabilidade do Estado a cobertura das necessidades sociais da população
e que ela tem acesso a estes direitos na condição de cidadão” (BOLLMANN,
2009, p. 61).
Em 1991, foram publicadas duas importantes leis sobre a Seguridade Social: a
Lei 8.212 (que dispõe sobre a organização da seguridade social e institui o plano
de custeio) e a Lei 8.213 (planos de benefícios da Previdência Social), além da
LOAS (Lei 742/1993), que veio dispor sobre a organização da Assistência Social.
SEGURIDADE SOCIAL
163
terão direito aos benefícios, atendendo à cobertura dos riscos sociais da forma
mais ampla possível (BOLLMANN, 2009, p. 67).
Ensina Armando Canali Filho (2011, p. 71) que esse princípio garante a todas
as pessoas o direito à Seguridade Social, assim, essa universalidade de cobertura
deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja urgente, a fim de manter a
subsistência dos que dela necessitam, por exemplo, a impossibilidade de retor-
nar ao trabalho, a idade avançada, a morte, entre outros.
Já a universalidade do atendimento tem por função a entrega das ações, pres-
tações e serviços de seguridade social a todos os que necessitam, observando-se
a contributividade, o que significa dizer que somente terão acesso aos benefícios
previdenciários aqueles que contribuírem. Por outro lado, Marcelo Leonardo
Tavares defende que:
[...] desde que o indivíduo comprove estar em situação de necessidade
e preencha os requisitos específicos para a fruição das prestações esta-
tais, é vedado a lei eleger qualquer critério baseado em características
pessoais para negar o gozo de benefícios e serviços sociais assistenciais,
pois na redação do art. 203, a assistência social será prestada a quem
dela necessitar (TAVARES, 2008, p. 02-03).
Anteriormente, na edição das Leis 8.212 e 8.213, ambas de 1991, o Brasil possuía
distintos regimes de previdência voltados aos trabalhadores do setor privado;
entre eles, um destinado aos trabalhadores rurais, que possuía menor proteção
social, e outro destinado aos trabalhadores urbanos.
Após a edição das leis supracitadas, buscando acabar com a desigualdade
de tratamento, foi conferido procedimento uniforme a trabalhadores rurais e
urbanos, havendo, assim, idênticos benefícios e serviços para os mesmos even-
tos cobertos pelo sistema.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SEGURIDADE SOCIAL
165
O financiamento da Seguridade Social deve ser feito tanto pelo Estado quanto
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pela sociedade civil. A Lei 8.212/91 deixa claro o respectivo princípio ao defi-
nir alíquotas diferenciadas para contribuinte empregado, empregado doméstico
e avulso, na medida de seus salários de contribuição (BRASIL, 1991, on-line).
A Emenda Constitucional 20/98 e 47/05 (BRASIL, 1988, on-line) também
explica o referido princípio, em seu artigo 195, § 9º, que determina que possui-
rão alíquotas ou bases de cálculo diferenciados as contribuições sociais a cargo
do empregador, das empresas ou entidade a ela equiparada.
SEGURIDADE SOCIAL
167
da política Nacional de Assistência Social e possui como objetivo zelar pela efe-
tivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social, apreciar
e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo
Ministério, entre outros.
E, por fim, o Conselho Nacional de Saúde — CNS, que se trata de um órgão
do Ministério da Saúde, de instância colegiada, deliberativa e de natureza per-
manente, criado pela Lei 8.080/90, que tem por finalidade atuar na formulação
e controle da execução da política nacional de saúde, inclusive nos aspectos eco-
nômicos e financeiros, nas estratégias e na promoção do processo de controle
social em toda a sua amplitude, no âmbito dos setores público e privado.
Esses são os princípios elencados no artigo 194 da CF/88, entretanto, exis-
tem diversos outros princípios diretamente ligados à Seguridade Social, em que
destacam-se os seguintes:
Princípio da Solidariedade
por objetivo prevenir futuras adversidades. Com o passar dos anos, essa quota
foi aumentando e formando grupos de profissionais, de empresas, que, por inter-
médio de esforços em comum ou da criação de determinado fundo, vinham se
preparando para quando não mais pudessem trabalhar.
A solidariedade resumia-se, então, na contribuição da maioria em benefí-
cio da minoria, principalmente daqueles que não mais possuíam condições de
trabalhar e garantir o sustento próprio e da família.
Ocorre a solidariedade da Seguridade Social quando várias pessoas unem
forças para um fim comum, o bem-estar e a justiça social (MUSSI, 2010, p. 155),
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ou seja, a pessoa atingida por uma contingência deixa de contribuir, mas as outras
continuam contribuindo, garantido a cobertura do benefício do necessitado.
Tendo em vista esse preceito no tocante à Seguridade Social, aqueles que
possuem melhores condições financeiras contribuirão com uma parcela maior
para financiar a Seguridade, ou seja: a maioria contribui para o bem-estar da
minoria em sociedade, que, por sua vez, em um dado momento, também con-
tribuirá ou não para a manutenção de outras pessoas e assim sucessivamente”
(FERRARO, 2010, p. 86).
Sendo assim, vai se formando a cotização de cada uma das pessoas envolvi-
das pela Seguridade Social para a constituição do numerário, visando à concessão
dos seus benefícios.
Assim, depreende-se que o princípio da solidariedade consiste num conjunto
de instrumentos voltados para garantir uma existência digna, comum a todos,
em uma sociedade que se desenvolva de forma livre e justa.
SEGURIDADE SOCIAL
169
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Universalizar esses direitos não se trata de mascarar as diferenças sociais exis-
tentes, mas possibilitar uma vida digna às pessoas que não têm condições de
tê-la provida sozinhas.
SEGURIDADE SOCIAL
171
Além das fontes de custeio previstas nos artigos citados, o texto constitucio-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de Weimar (1919).
Essa forma de Estado (denominada de Estado do Bem-Estar Social) surgiu
em decorrência da hipossuficiência do indivíduo de satisfazer suas necessidades
básicas e a consequente obrigatoriedade estatal de prover essas necessidades, afi-
nal, desde de 1970, tanto na América Latina quanto no Brasil, a luta pelos direitos
sociais passou a se vincular à condição de carência, pois as desigualdades sociais
foram, ao longo dos anos, remetidas ao campo da privacidade, como a renda, a
idade, a condição social, dentre outros:
As diferenças sociais passaram, assim, a ser definidas pela renda com-
patível com o consumo dos bens que as satisfaçam. Aqueles grupos que
percebem uma renda mensal abaixo de um determinado valor, arbi-
trariamente fixado, são classificados como pobres. E, a partir daí, em
sentido descendente, como miseráveis ou indigentes, constituídos por
aqueles que nem sequer são capazes de garantir, por conta, própria,
níveis mínimos de sobrevivência alimentar (SIMÕES, 2013, p. 190).
Carlos Simões, em sua obra “Teoria & Crítica dos Direitos Sociais” (2013, p.
171-174), trata dos direitos fundamentais dando ênfase exatamente nos direitos
sociais, cujo conceito, inicialmente, se restringia apenas às relações de traba-
lho, pois apenas com o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais da ONU, em 1983, que os direitos sociais passaram a ser considera-
dos nos termos atuais. Esse campo de abrangência é definido pelo autor quando
de sua conceituação:
O conceito dos direitos sociais assenta, prima facie, na especificidade de
que apresentam um mesmo conteúdo geral, que é a referência, indis-
tintamente, a determinados bens sociais, como a saúde, a previdência
SEGURIDADE SOCIAL
173
Assim, os direitos sociais são prestações estatais que visam diminuir a desigual-
dade social e se caracterizam pela preservação da dignidade humana.
Os direitos sociais visam assegurar o direito a prestações estatais, sendo asse-
gurados à população em determinadas condições materiais e espirituais, pois
possuem um cunho social, em que o Poder Público assume uma “tripla obri-
gação: respeitar, não se imiscuindo no seu exercício; proteger, não tolerando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção social existente desde o Código de Hamurabi, de Manu e da própria Lei das
XII Tábuas, tendo sido implantado no Brasil pela Santa Casa de Misericórdia de
Santos e do Rio de Janeiro, com o objetivo de prestar caridade àquelas pessoas
em estado de miserabilidade (BOLLMANN, 2009, p. 58).
Isto visando à compensação do mercado, sendo uma forma de amenizar as
desigualdades sociais promovidas pela nobreza, pela burguesia e pelas guerras.
Somente após a Segunda Guerra Mundial é que houve a transformação do “está-
gio de compensação de mercado para efetivo direito de cidadania” (COUTO,
2010, p. 64).
Após esse período de guerra e o custeio de serviços públicos pelas receitas
estatais, promoveu-se, principalmente na Inglaterra e na França, o bem-estar
social, a solidariedade e a proteção social que acabaram por se expandir por
toda a Europa.
No Brasil, entre 1898 e 1905, o Juiz Ataulpho Nápoles de Paiva escreveu diver-
sos artigos e livros sobre a assistência social pública, porém, somente em 1935,
na ditadura do Estado Novo, é que Getúlio Vargas, de forma informal, criou um
comitê de estudo sobre os problemas e obras sociais.
Em 1938 foi criado, com o objetivo de criar políticas de amparo social pri-
vado e filantrópico, o Conselho Nacional do Serviço Social — CNSS, tendo sido
o Juiz Ataulpho Nápoles de Paiva seu presidente.
Em 1943, foi criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que possuía alguns
programas voltados aos idosos, como o apoio a asilos (FALEIROS, 2007, p. 165),
SEGURIDADE SOCIAL
175
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Assistência Social é provida pelo Estado aos considerados desamparados, ou
seja, àquelas pessoas que não possuem meios para custear a Previdência Social
durante o período de carência necessário para obter um benefício.
Miguel Horvath Junior (2008, p. 116) explica que a Assistência Social integra
a política de seguridade social não contributiva que provê os mínimos sociais,
sendo “realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública
e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas”.
As prestações assistenciais são diversas e prestadas por intermédio de bene-
fícios (prestações pecuniárias) ou serviços (prestações não pecuniárias com a
finalidade de oferecer aos beneficiários melhores condições de vida e trabalho).
Santos (2005, p. 227) defende que o legislador constituinte pretendeu que a
SEGURIDADE SOCIAL
177
assistência social fosse não apenas uma ajuda provisória, mas e sim um fator de
transformação social por meio da promoção, integração e inclusão do assistido
na vida comunitária, tornando-o mais igual aos demais e, consequentemente,
capaz de exercer atividades que lhe garantam a subsistência.
Com relação ao custeio, a assistência social será realizada com recursos pro-
venientes do orçamento da seguridade social, de acordo com o artigo 204 da
CF/88, sendo um encargo de toda a sociedade, de forma direta ou indireta, nos
termos do artigo 195 do texto constitucional (BRASIL, 1988, on-line).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
constante no mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial.
No Brasil, não poderia ser diferente, já que, além dos fatos históricos mun-
diais descritos, acrescentam-se os fatos e torturas decorrentes da ditadura militar.
Apesar disso, o conceito desse princípio não é universal, variando pela aplicação
dos fatores: lugar, espaço, cultura, circunstâncias políticas e ideológicas.
Sendo assim, a dignidade da pessoa humana não é absoluta, pois possui um
aspecto cultural, social e político, devendo seu conteúdo e aplicação serem ana-
lisados, pois se assenta sobre o pressuposto de que cada ser humano possui um
valor intrínseco e desfruta de uma posição especial no universo, pois identifica
um espaço de integridade moral a ser assegurado por todas as pessoas por sua
existência no mundo. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores
do espírito quanto com as condições materiais de subsistência.
Sobre essas condições materiais, é importante refletir que nem todas as pes-
soas têm possibilidade de manter sua própria sobrevivência sem a ajuda estatal,
fato este que demonstra a desigualdade social em que estamos inseridos.
Conhecer esses requisitos e exigir do Poder Público os direitos dessas pes-
soas é primordial para garantir uma mínima qualidade de vida a esses cidadãos!
Até a próxima unidade!
SEGURIDADE SOCIAL
179
180
Na maioria dos países, o amparo estatal ou, estando-o, não satisfaça os perío-
para pessoas idosas guarda similitude dos de garantia definidos para acesso
com as diretivas brasileiras. à pensão, bem como sendo pensionista
de invalidez, velhice ou sobrevivência,
Em Portugal, há uma assistência social tenha direito à pensão de montante infe-
bem semelhante à brasileira, denomi- rior ao da pensão social e, por fim, tenha
nada Pensão Social de Velhice, que se rendimentos mensais ilíquidos iguais
traduz em uma prestação em dinheiro, ou inferiores a 167,69 EUR (cerca de R$
atribuída mensalmente aos cidadãos a 509,00) caso se trate de pessoa isolada,
partir dos 65 anos de idade. ou 251,53 EUR (cerca de R$ 764,00) tra-
tando-se de casal.
Para ter direito a esse auxílio financeiro
português, é necessário que o idoso não Contudo, Camarano e Pasinato (2007) tra-
se encontre abrangido por qualquer cejam algumas diferenças demográficas
regime de proteção social obrigatório que impactam na concessão de auxílio
ou pelos regimes transitórios dos rurais aos idosos na América Latina:
O desenvolvimento dos sistemas de seguridade social tem como ob-
jetivo repor a renda dos indivíduos que perderam a sua capacidade
de trabalho ocasionada pelo avanço da idade através da suavização
do seu consumo ao longo do ciclo de vida e da redução da pobreza
entre os idosos. Dos seis países considerados, a proporção de idosos
pobres era menor que a observada para o resto da população, a sa-
ber: Argentina, Brasil, Bolívia e Peru [...]. Os dois primeiros países con-
tam com sistemas previdenciários já consolidados. O inverso ocorria
nos demais países. A maior diferença na proporção mencionada foi
observada no Brasil, ou seja, a proporção da população total pobre
foi 4,7 vezes mais elevada que a da população idosa (CAMARANO;
PASINATO, 2007, p. 5)
Saiba como está o “avanço” dos direitos fundamentais no Brasil por meio da
reportagem, disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/04/
pesquisa-mostra-avanco-na-protecao-dos-direitos-humanos>.
183
REFERÊNCIAS
1. Os princípios são:
■■ UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO
A Seguridade Social possui como postulado basilar a universalidade, ou seja,
abrange todos os residentes do país que, diante de uma contingência, te-
rão direito aos benefícios, atendendo à cobertura dos riscos sociais da forma
mais ampla possível.
Já a universalidade do atendimento tem por função a entrega das ações,
prestações e serviços de seguridade social a todos os que necessitam, ob-
servando-se a contributividade, significando dizer que somente terão acesso
aos benefícios previdenciários aqueles que contribuírem.
■■ UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULA-
ÇÕES URBANAS E RURAIS
Buscando acabar com a desigualdade de tratamento, foi instituído esse prin-
cípio que estipula procedimento uniforme a trabalhadores rurais e urbanos,
havendo, assim, idênticos benefícios e serviços para os mesmos eventos co-
bertos pelo sistema.
■■ SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SER-
VIÇOS
Esse princípio permite ao legislador fazer a seleção das prestações obede-
cendo às possibilidades econômico-financeiras do sistema da Seguridade
Social. Isso significa dizer que, tendo em vista o caixa da Seguridade Social,
os benefícios e serviços serão prestados na medida de sua essencialidade.
Por distributividade, entendemos que esse princípio deve ser interpretado
em seu sentido de distribuição de renda e bem-estar social, assim, pela con-
cessão de benefícios e serviços, visa-se ao bem-estar e a justiça social.
■■ IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios é equivalente ao prin-
cípio da intangibilidade do salário dos empregados e dos vencimentos dos
servidores, o que significa dizer que aquele benefício concedido legalmente
não pode ter seu valor nominal reduzido, não podendo ser objeto de des-
conto, exceto aqueles determinados por lei ou ordem judicial. Dessa forma,
visa-se garantir a mantença do poder aquisitivo.
■■ EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO
O financiamento da Seguridade Social deve ser feito tanto pelo Estado quan-
to pela sociedade civil.
■■ DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO
O constituinte, diante desse princípio, tentou estabelecer um tríplice sistema
187
REFERÊNCIAS
GABARITO
V
BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO
UNIDADE
CONTINUADA E LEGISLAÇÃO
PREVIDENCIÁRIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer o benefício da prestação continuada.
■■ Diferenciar os planos de benefícios da previdência social.
■■ Analisar as normas previdenciárias.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Benefício da prestação continuada
■■ Planos de benefícios da previdência social
■■ Normas previdenciárias
191
INTRODUÇÃO
Introdução
192 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Esse benefício visa diminuir a desigualdade social e possibilitar a construção
de uma sociedade mais igualitária. Para tanto, a CF/88, em face da existência de
inúmeras pessoas vivendo abaixo da linha da miséria, inseriu-se a erradicação
da pobreza como um dos objetivos fundamentais brasileiros.
O legislador constituinte acabou, também, por priorizar o idoso e o defi-
ciente que não possuam meios de prover sua própria subsistência ou de tê-la
provida por sua família, estabelecendo o valor de um salário mínimo a ser pago
a essas pessoas que comprovarem a condição de miserabilidade em que vivem.
Para tanto, há a necessidade de o idoso comprovar sua idade (mínima de
65 anos) e de o deficiente ser incapaz para o labor, mediante parecer do Serviço
Social e da Perícia Médica.
Além desses requisitos, faz-se ainda necessário que a renda mensal per capita
familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente quando do requerimento
administrativo e que o beneficiário não esteja recebendo qualquer outro bene-
fício da Previdência Social ou outro regime previdenciário.
O Benefício Assistencial (ou BPC) foi regulamentado pela Lei 8.742/1993
(BRASIL, 1993, on-line), também conhecida como Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), mais precisamente em seu artigo 20, e trata-se de benefício de
caráter não contributivo.
O beneficiário da assistência social não tem condições de colaborar na
manutenção do sistema garantidor de sua atenção. Não tendo condi-
ções de subsistência, não pode, por isso mesmo, arcar com o plus de
contribuir. Sua contribuição, medida do seu consumo, quando existe é
inexpressiva e as suas técnicas de proteção são pessoais, reduzindo-se a
um mínimo de participação na sociedade (MARTINEZ, 2011, p. 201).
A constante busca pela igualdade social fez com que o direito tutelasse os indi-
víduos considerados hipossuficientes, seja por enfermidade, invalidez ou por
envelhecimento, de modo a se permitir uma vida digna a essas pessoas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O BPC ao idoso cessará nos casos de superação das condições que deram ori-
gem ao benefício, pela morte (ou morte presumida) do beneficiário, já que se
trata de direito personalíssimo, pela ausência declarada do beneficiário, nos
termos da lei civil, ou, ainda, pela falta de apresentação da declaração de com-
posição do grupo e renda familiar quando da revisão do benefício.
Fonte: a autora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A miserabilidade é a mesma do LOAS ao idoso, ou seja, aquela família cuja
renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.
Ainda de acordo com a legislação, ambos os benefícios (diferentemente de
uma aposentadoria) não possibilitam a concessão de pensão, quando da morte
do titular, por se tratar de benefício de caráter personalíssimo.
Além disso, não podem ser cumulativos com qualquer outro benefício da
Previdência Social ou de qualquer outro regime previdenciário, devendo ser
revisto a cada dois anos para apuração se as condições do beneficiário conti-
nuam a atender aos requisitos exigidos pela lei. Dessa forma, não se pode dizer
que o benefício é vitalício, necessitando sempre da atualização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua-
rial” (BRASIL, 1998, on-line).
As contingências que têm cobertura previdenciária pelo RGPS estão rela-
cionadas no art. 201 da Constituição Federal: cobertura dos eventos de doença,
invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à
gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salá-
rio-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
e pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro
e dependentes (BRASIL, 1988, on-line).
O RGPS está regulado pela Lei nº 8.212 (Plano de Custeio da Seguridade Social
— PCSS) e Lei nº 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social — PBPS),
ambas regulamentadas pelo Decreto nº 3.048, de 06.05.1999 (Regulamento da
Previdência Social — RPS).
O regime é de caráter contributivo porque a cobertura previdenciária pres-
supõe o pagamento de contribuições do segurado para o custeio do sistema.
Somente quem contribui adquire a condição de segurado da Previdência Social
e, cumpridas as respectivas carências, tem direito à cobertura previdenciária cor-
respondente à contingência-necessidade que o acomete.
A filiação é obrigatória porque quis o legislador constituinte, de um lado, que
todos tivessem cobertura previdenciária e, de outro, que todos contribuíssem para o
custeio. A cobertura previdenciária garante proteção ao segurado e desonera o Estado
de arcar com os custos de atendimento daquele que não pode trabalhar em razão da
ocorrência das contingências-necessidade enumeradas na Constituição Federal e na lei.
NORMAS PREVIDENCIÁRIAS
As normas previdenciárias são de suma importância, pois trazem cada uma das
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Normas Previdenciárias
200 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ 60 anos (mulheres).
Normas Previdenciárias
202 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Carência Independente de carência.
Sujeito ativo ■■ O segurado empregado.
■■ O segurado trabalhador avulso.
■■ O servidor sem regime próprio de previdência.
■■ O segurado empregado ou trabalhador avulso aposen-
tado por invalidez ou por idade.
■■ O trabalhador rural aposentado por idade.
■■ Os demais aposentados que tenham 60 anos ou mais
(mulheres), e 65 anos ou mais (homens).
Sujeito passivo INSS (sujeito passivo onerado).
Fonte: Santos (2013).
Quadro 7 - Salário-maternidade
Contingência Ser mãe, adotar ou obter guarda judicial para fins de ado-
ção de criança de até 8 anos de idade.
Carência ■■ Varia ou não existe de acordo com o tipo de segurada
considerado.
■■ Reduzida, em caso de parto antecipado, em número de
meses igual ao de antecipação.
Sujeito ativo ■■ Segurada empregada.
■■ Empregada doméstica.
■■ Trabalhadora avulsa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Normas Previdenciárias
204 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Atualmente, existe uma discussão no Congresso Nacional sobre as mudan-
ças em relação à pensão por morte. Isso porque várias pessoas vêm se bene-
ficiando de um relacionamento que, para o Direito, não durou tempo consi-
derado suficiente, a fim de que pudessem receber tal benefício.
Assim, no que diz respeito à pensão por morte, devemos nos atentar para
as possíveis mudanças que poderão ser aprovadas, tais como: comprovação
de relacionamento; período que a pessoa poderá receber a pensão, pois,
em alguns casos, deixará de ser vitalícia, dentre outras que ainda estão em
análise.
Fonte: a autora.
Quadro 10 — Auxílio-reclusão
Normas Previdenciárias
206 UNIDADE V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, vimos um pouco sobre o Direito Previdenciário. Para tanto, ana-
lisamos inicialmente sua evolução histórica. Por meio dela, pudemos observar
que a seguridade social foi dividida em três aspectos: Assistência Social, Seguro
Social e Seguridade Social.
A proteção dada a cada uma delas tem sua importância e passou por uma
evolução de acordo com as mudanças ocorridas na sociedade. Hoje, aqueles que
não contribuem para a Previdência Social podem por ela ser protegidos, sendo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
assim assistidos pela Seguridade Social.
Outro caso é direito à saúde. De acordo com a Constituição Federal (BRASIL,
1988), todos têm direito à saúde, podendo a qualquer momento solicitar ao Estado
sua proteção, com o intuito de ter seu direito preservado e atingido, ainda que o
mesmo não tenha condições de proporcionar a parte necessitada.
Na sequência, vimos os fundamentos que levaram à criação da Seguridade
Social como um fator de proteção ao empregado. Nesse aspecto, como pudemos
analisar, uma série de fatores deve ser considerada, sempre levando em consi-
deração que o empregado, por ser a parte mais fraca, deve sim ter uma proteção
maior, possibilitando que o mesmo não passe por nenhuma necessidade e não
coloque sua família em risco.
Para finalizar, analisamos algumas formas de aposentadoria e alguns bene-
fícios que podem ser recebidos por aquele que tem a proteção da Previdência
Social. Por conta do curto tempo que temos para discutir cada um desses bene-
fícios, o objetivo foi mostrar os principais pontos de cada uma das formas de
aposentadoria, bem como quem é protegido por cada uma delas.
Em verdade, como discutido durante nosso estudo, a Previdência Social vem
passando por uma série de mudanças, considerando o aumento da expectativa
de vida, o que pode causar uma alteração nesses benefícios expostos.
Assim, o conteúdo aqui trabalhado objetiva fomentar a curiosidade, bem
como compreender as normas que regem a nossa sociedade, com o intuito de
que, enquanto cidadãos, busquemos melhorias.
5. De acordo com o que estudamos sobre as fontes do Direito, que também são
consideradas fontes do Direito Previdenciário, a Constituição Federal prevê vá-
rios assuntos de suma importância para a nossa sociedade, dentre eles o siste-
ma previdenciário que se divide em: regime público e regime privado. Já sob o
ponto de vista financeiro, os regimes previdenciários podem ser de dois tipos:
de capitalização ou de repartição simples. Sobre o sistema previdenciário, avalie
as afirmações a seguir.
I. Fazem parte do regime público: o Regime Geral de Previdência Social (RGPS),
o regime previdenciário próprio dos servidores públicos civis e o regime pre-
videnciário próprio dos militares.
II. O regime privado é a previdência complementar, ou seja, aquela que o pró-
prio indivíduo opta se vai fazer ou não.
III. O regime de repartição simples é baseado na solidariedade entre indivíduos
e entre gerações.
IV. No regime de capitalização adotam-se técnicas financeiras de seguro e pou-
pança.
É correto o que se afirma em:
a) I, II, III e IV.
b) I, III e IV.
c) II, III e IV.
d) I e III.
e) II e IV.
210
vidência Social, têm direito a todos os pelo INSS, é necessário que o trabalhador
benefícios oferecidos pelo INSS, incluindo seja filiado à Previdência Social, contri-
aposentadoria, auxílio-doença, salário- bua todos os meses e cumpra o período
-maternidade, auxílio-reclusão e pensão de carência exigido para cada benefício.
por morte, esses dois últimos para os No caso da aposentadoria por idade, a
dependentes. carência é de 180 contribuições men-
sais. Isso significa que, para se aposentar
A Previdência oferece quatro tipos de por idade, o homem e a mulher devem
aposentadoria para os seus segurados. A começar a contribuir para a Previdência
aposentadoria por idade, por exemplo, é Social quinze anos antes de completar a
concedida aos homens com 65 anos de idade exigida, e o trabalhador rural deve
idade e às mulheres com 60 anos. Os tra- comprovar o efetivo exercício da ativi-
balhadores rurais do sexo masculino se dade rural por um período de dez anos
aposentam por idade aos 60 anos e as anteriores ao pedido da aposentado-
mulheres, aos 55. O tempo mínimo de ria. O auxílio-doença e a aposentadoria
contribuição é de 15 anos para os inscri- por invalidez decorrentes de acidente
tos após 25 de julho de 1991. Se começou de trabalho não têm carência. Já para o
a contribuir antes desta data, são neces- auxílio-doença previdenciário, a carên-
sárias 144 contribuições. cia é de 12 contribuições.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2014/05/confira-os-tipos-
-de-aposentadoria-existentes-no-brasil>. Acesso em: 25 ago. 2017.
215
GABARITO
1. b.
2. d.
3. a.
4. d.
5. a.
CONCLUSÃO
Após o estudo de dois ramos do Direito (Direito Civil e Previdenciário), você, acadê-
mico(a), não tem a obrigatoriedade de conhecer todas as normas dessas disciplinas,
até porque nem mesmo os juízes, advogados e estudiosos do Direito conhecem-
-nas. O que é necessário saber é sobre o que procurar e onde encontrar. Para isso é
que as aulas e o material de Direito servem.
Com essas aulas, você não se tornará um advogado(a), até porque seu curso supe-
rior não é Direito, mas se tornará uma pessoa capacitada para conhecer a base do
nosso ordenamento jurídico e contratar ou indicar um advogado apenas quando
for necessário.
Lembre-se que é de suma importância o estudo das disciplinas jurídicas no seu cur-
so e que estas devem ter proporcionado um conhecimento holístico e bem atual da
influência do Direito nos direitos sociais e protetivos, dotando-os de competências
e de habilidades para a atuação frente às diversas situações jurídicas que lhes apa-
recerem. Daí a necessidade de os assistentes sociais tomarem conhecimento acer-
ca do ordenamento jurídico vigente que refletirá certamente em seu desempenho
profissional.
A legislação está em constante mudança para atender a sua principal finalidade,
que é acompanhar a evolução da própria sociedade, sua alteração de costumes,
entendimentos, conceitos e necessidades.
Estudar e conhecer o Direito é primordial para saber aplicá-lo, e entender sua base
não é importante apenas para a sua vida profissional, mas também é essencial para
a vida pessoal.
Em suma, agora, passado o estudo desta matéria, você é capaz de entender o que
é o Direito e qual é a sua finalidade, podendo, inclusive, aplicá-lo no seu cotidiano
profissional.
Nunca se esqueça de estar sempre atento às constantes mudanças sociais, econô-
micas e jurídicas, pois você já possui as noções básicas para interpretar as normas
dentro de sua área de atuação, contribuindo, assim, para o seu sucesso profissional.
As autoras.