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Introdução
A capacidade de carga de ruptura de fundações profundas, com objetivo de evitar seu colapso ou a ruptura
do solo que lhe confere sustentação, é definida pelo menor dos dois valores de resistência abaixo:
A capacidade de carga admissível de elementos de fundação não deve ser pré-fixada a partir
“exclusivamente” da resistência estrutural do elemento de fundação. Esta situação pode servir como referência
inicial para uma estimativa preliminar do número de elementos necessários (número de estacas para absorver
a carga de um pilar, por exemplo), mas a capacidade de carga admissível final continuará dependendo de dados
do solo, tipo de fundação e profundidade de implantação do elemento de fundação.
Normalmente a situação mais frágil é aquela que envolve a resistência do solo. Fato este, que pode ser
comprovado nas seguintes em situações:
Situação 1:
Um mesmo elemento de fundação, com comprimentos diferentes, colocado em um mesmo solo, apresenta
capacidades de carga distintas, ou seja, QRa < QRb. A Figura 1.1 ilustra a referida análise.
QRa QRb
Situação 2:
Um mesmo elemento de fundação, com igual comprimento, porém executado em solos diferentes, pode
também apresentar capacidades de carga distintas, isto é, QRa # Q Rb, conforme ilustra a Figura 1.2.
A capacidade de carga de um sistema estaca-solo (QR) é a carga que provoca a ruptura do conjunto
formado pelo solo e a estaca. Essa carga de ruptura pode ser avaliada através dos métodos estáticos, dinâmicos
e das provas de carga. Por sua vez, os métodos estáticos se dividem em:
Métodos semiempíricos:
A NBR 6122/2010, considera métodos semiempíricos aqueles em que as propriedades dos materiais,
estimados com base em correlações (NSPT, NSPTT e CPT), são usadas em teorias adaptadas da
Mecânica dos Solos.
a) Impossibilidade prática de conhecer, com certeza, o estado de carga do terreno e as condições que
compõe o perfil geotécnico atravessado pela estaca e onde a mesma se apoia;
b) Dificuldade de determinar com exatidão a resistência ao cisalhamento dos solos;
c) Dependência dos processos executivos das estacas;
d) Falta de uma relação direta entre a resistência lateral e a resistência de ponta;
e) Heterogeneidade natural do solo;
f) Fatores, internos e externos, que interferem na iteração solo-estaca.
QR = QL + Qp
onde:
No Brasil, dos métodos utilizados para o dimensionamento de fundações em estacas, dois são
reconhecidamente os mais empregados: o método de Aoki-Velloso (1975) e o de Décourt-Quaresma (1978).
Nesta disciplina será estudado o método de Aoki-Velloso (1975).
Este método foi apresentado em contribuição ao 5o Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e
Engenharia de Fundações, realizado em Buenos Aires, 1975 (AOKI-VELLOSO, 1975).
Segundo Cavalcante (2005), este método foi desenvolvido, a partir de um estudo comparativo entre
resultados de provas de carga em estacas e dados do ensaio de penetração do cone (CPT), mas pode ser
utilizado também, através de dados do ensaio de SPT (“Standard Penetration Test”).
A capacidade de carga de ruptura do elemento de fundação (QR) é determinada pela equação geral:
QR = QL + Qp
onde:
QP = (k . NP . AP) / F1
Onde:
Onde:
Tabela 2.1 - Valores dos fatores F1 e F2 em função dos diferentes tipos de estacas.
Tipo de Estaca F1 F2
Franki 2,50 2F1
Metálica 1,75 2F1
Pré-moldada 1+ (D/0,80) 2F1
Escavada 3,0 2F1
Raiz, Hélice Contínua e ômega 2,0 2F1
Fonte: Adaptados de Aoki e Velloso (1975).
A Tabela 2.2 apresenta os valores dos fatores F1 e F2 propostos por Monteiro (2000).
Tabela 2.2 - Valores dos fatores F1 e F2 em função dos diferentes tipos de estacas.
Tipo de Estaca F1 F2
Fuste apiloado 2,30 3,00
Franki
Fuste vibrado 2,30 3,20
Metálica 1,75 3,50
Cravada 2,50 3,50
Pré-moldada
Prensada 1,20 2,30
Pequeno diâmetro 3,00 6,00
Escavada Grande diâmetro 3,50 7,00
Com lama bentonítica 3,50 4,50
Raiz 2,20 2,40
Strauss 4,20 3,90
Hélice contínua 3,00 3,80
Fonte: Monteiro (2000).
A partir do valor calculado para a capacidade de carga na ruptura, a carga admissível (Qadm) é obtida
mediante aplicação do fator de segurança global (FS) da norma brasileira (NBR 6122/2010), que é igual a 2,0.
Qadm= QR / 2
AOKI, N.; VELLOSO, D. A. An aproximated méthod to estimate the bearing capacity of piles. In:
Panamerican Conference on Soil Mechanics and Foundations Engineering, 5., 1975, Buenos Aires.
Proceedings... Buenos Aires, v.1, p.367 - 376.
CINTRA, J. C. A.; AOKI, N. Fundações por estacas: projeto geotécnico, São Paulo: Oficina de Textos,
2010.