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FUTEBOL COMO PRODUTO DE MASSA APÓS A DÉCADA DE 1970

Introdução

A televisão foi no século XX e no início do século XXI o principal veículo de


comunicação e também de massificação de cultura. Também é possível que seja a mais
controversa, por despertar críticas em relação a qualidade de sua programação e foco
mercadológico.
Contudo, não se pode negar seu papel como mídia mais relevante no Brasil moderno.
O brasileiro desenvolveu uma relação muito próxima com a televisão e é normal haver mais
de uma nos lares. Também é comum haver certo destaque a elas nas casas brasileiras.
O futebol também é uma paixão do brasileiro. Considerado o esporte principal do país,
os investimentos das emissoras é gigantesco, e a audiência é cativa. Recentemente a Rede
Globo, a principal emissora do Brasil, entrou em uma disputa comercial com alguns clubes
pelos direitos de transmissão, com discussão de valores milionários a serem pagos por esta.
Os contratos de patrocínio para as camisetas das equipes principais também possuem altas
cifras, pois a publicidade gerada é imensa.
O futebol hoje ocupa dois dos principais horários na rede aberta: a quarta-feira à noite,
logo após a transmissão da novela principal, e aos domingos, geralmente no meio da tarde,
considerado o principal horário do dia.
O futebol depois da sua massificação no Brasil se tornou um produto. Existem vários
programas esportivos com foco no futebol, venda de camisetas e jogos eletrônicos. O FIFA
19, jogo eletrônico com disputas de futebol está entre os mais vendidos e suas versões
anteriores também.
Porém, esta transformação do futebol como produto das massas aconteceu após a
década de 1970, em especial depois da Copa do Mundo de 1970, disputada no México. Esta
competição foi a primeira a ser transmitida a cores no Brasil.

Televisão e a cultura de massa no Brasil

Após sessenta e oito anos da inauguração da primeira emissora de televisão do Brasil,


a TV Tupi, segundo o IBGE a televisão está presente hoje em 98% dos domicílios brasileiros.
De acordo com dados da pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação nos Domicílios Brasileiros, a televisão ainda é o equipamento de comunicação
e informação com maior penetração nos lares de nosso país,
Em 1950, Assis Chateaubriand inaugurou a primeira emissora de televisão, a Tupi de
São Paulo. A Tupi teve um impacto imediato e expandiu seu alcance, criando emissoras filiais
em cidades como o Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife, Belém, Goiânia,
Campina Grande, Belo Horizonte e Salvador. Logo após esta explosão inicial da TV Tupi, a
concorrência aparece. Em 1952 surge a TV Paulista, em 1953 a Record, em 1954 a TV Rio,
em 1956 a TV Itacolmi, em Belo Horizonte, e em 1958 a TV Cultura em São Paulo.
Diferentemente da imprensa que goza de uma liberdade de veiculação, a televisão no
Brasil é alicerçada no ‘Trusteeship Model’, em que os canais de TV, considerados bens
públicos, de interesse nacional e com propósitos educacionais sejam cedidos a empresas
privadas para obterem lucros através de sua exploração comercial.
Antes da TV, o meio de comunicação de massa no Brasil era o Rádio. Porém, com a
massificação da televisão, ocorre uma transposição da linguagem do rádio para a TV. Apenas
à partir de 1970 que a indústria de comunicação consolidou-se de forma definitiva na vida
cotidiana dos telespectadores brasileiros. Isso se deu por dois motivos: em 1960 a Rede Globo
fez um acordo com a empresa Time Life para trazer equipamentos norte-americanos, e
conseguiram, pelo apoio ao regime militar que tinham dado, a autorização para isto.
Assim, a qualidade técnica aumenta, e as telenovelas da Globo trazem novos elementos
que surgem como novidade e logo caem no gosto popular. O segundo fato foi a Copa do
Mundo de 1970.
Esses autênticos folhetos eletrônicos, produzidos inicialmente por indústrias
Norte-americanas de artigo de limpeza e higiene pessoal, como a Colgate, a
Palmolive e a Gessy Lever, tendo como público alvo a mulher dona-de-casa,
consumidora por excelência desses produtos, ao longo dos anos extrapolaram os
limites estreitos e despretensiosos do gênero e dominaram o horário nobre da
televisão no Brasil (HAMBURGER, p.442).

Ainda na década de 60 havia pouca regulamentação na televisão. Durante o curto


governo de Jânio Quadros, criou-se o Conselho Nacional de Telecomunicações, que entre
várias medidas regulamentou a duração dos comerciais, estabeleceu que os filmes
estrangeiros deveriam ser dublados e que os canais deveriam exibir uma cota mínima de
filmes nacionais.
Nos anos posteriores mais normas foram estabelecidas. Durante a ditadura militar em
1964, a ingerência do Estado na indústria cultural muda de qualidade. As telecomunicações
passam a ser estratégias do governo para a integração e desenvolvimento nacional do regime.
Com o tempo, o regime militar passou a financiar a transmissão via satélite. Em pouco
tempo, as regiões mais isoladas começaram a ter sinais televisivos. Com isso, a Rede Globo,
fundada em plena ditadura militar, foi a maior beneficiada das novas políticas. A nova rede
cresceu ao manter relações amistosas com o regime, ao entrar em sintonia com o mercado de
consumo procurando otimizar o marketing e propaganda, além de ter um sua equipe grupos de
esquerda provindos do cinema e teatro.

Transmissões televisivas de futebol

Os esportes passaram a ser transmitidos na televisão na década de 30, ao redor do


mundo. A primeira transmissão esportiva foi em 1935, em um jogo de beisebol nos Estados
Unidos. Os alemães, um ano depois, cobriram os Jogos Olímpicos de Berlim, e no ano
seguinte, os ingleses transmitiram a disputa de tênis de Wimbledon. Em 1950, o jornalismo
esportivo teve sua primeira reportagem registrada na televisão.

Era a cobertura feita pelos cinegrafistas Jorge Kurkjan, Paulo Salomão e Alfonsas
Zibas. Este último, segundo Sampaio, provocou uma situação inusitada logo na
estreia da televisão com a cobertura esportiva. Zibas entrou em campo, com a bola
rolando, achando que assim poderia registrar as imagens mais de perto. Só restou ao
juiz expulsá-lo de campo. Na arquibancada, Kurkjan filmou também este momento.
(Sampaio, 1971, apud Guerra, 2012, p.54)

A TV Tupi do Rio de Janeiro foi inaugurada em 1951, e teve José Cunha como um dos
grandes nomes de sua narração com o famoso bordão “ta lááááá...”, quando saía o gol.
MONTEIRO (2014), afirma que ao final dos anos 50, o cenário brasileiro apresentava dez
emissoras. Mas ainda sem saber ao certo o que fazer, cada emissora fazia uma aposta
diferente.

A TV Excelsior foi a primeira a ter uma grade de programação estável e com


administração empresarial. Já a TV Continental, com grande importância no
desenvolvimento da televisão no Rio de Janeiro, fez sua pré-estreia apostando na
transmissão do futebol, no dia 13 de maio de 1959, no jogo em que a Seleção
Brasileira venceu a Inglaterra por 2 x 0. Na ocasião, Waldir Amaral foi convidado
para narrar a partida e momentos antes de a bola rolar, três das quatro câmeras
colocadas no Maracanã estragaram e a transmissão foi feita com apenas uma delas.
Fato que prejudicou, mas que não foi levado em consideração, pois no dia seguinte,
a crítica foi em cima narração de Waldir Amaral. Habituado a narrar no rádio, os
críticos diziam que sua narração tinha sido atrasada em relação aos lances do jogo.
(MONTEIRO, 2014)

Este foi um problema encontrado por todos, não só Waldir Amaral, mas todos aqueles
que se arriscaram a narrar na televisão. De início, pairava a dúvida se o narrador deveria
narrar os lances, lembrando que na TV o telespectador também estava vendo a jogada, e falar
o óbvio, ou se deveria fazer comentários em cima das jogadas. Waldir Amaral, como
mencionado, optou por narrar exatamente como fazia no rádio. Outros escolheram não falar o
óbvio e apenas comentar os lances. Fato era que não existia um padrão, e todos buscavam
fazer o que encaixasse melhor na transmissão.
A verdade era que a televisão representava um avanço tecnológico para a época, mas
pela imagem ser preta e branca e com uma qualidade muito ruim, a maioria das pessoas
continuavam a usar a imaginação como era feito no rádio. Pois a transmissão da TV
significava um avanço por ter a imagem, mas não era possível identificar tantas coisas. Um
problema simples em relação a isso, porém determinante para o telespectador, era a distinção
do uniforme dos dois times. Na maioria dos jogos não era possível distinguir os dois times.
Em 1965 surge a TV Globo, que em pouco tempo se tornou o maior império televisivo
do país, como é até hoje, derrubando de vez os Diários Associados e dominando a audiência.
Apesar de ter entrado com força no mercado, a emissora, no início, relutou para incluir na sua
grade de programação as transmissões do futebol, pois sua direção acreditava que isto
atrapalharia a audiência das novelas e noticiários. O grande responsável por inserir o futebol
na Globo foi o jornalista Teixeira Heizer, hoje comentarista do canal a cabo, SporTV, que
pertence à emissora.
O projeto do comentarista foi um tanto quanto ousado para a situação da época, pois o
rádio dominava o cenário do futebol, consolidado como o veículo das massas. Existiam
poucos aparelhos de televisão espalhado pelo país, cerca de 200 mil concentrados no eixo Rio
- São Paulo, pois ainda era caro para os padrões. Sem contar que a transmissão do futebol já
estava no ar há dez anos e a TV Globo não tinha nem um ano de vida. Mesmo assim, Teixeira
Heizer, que sentia necessidade de realizar a transmissão para competir com as concorrentes,
lutou para convencer a diretoria de que o futebol teria uma grande audiência e teria uma
fórmula eficiente. MONTEIRO (2014) afirma que “inspirado no trabalho cinematográfico da
época, Teixeira Heizer escolheu a partida entre a Seleção Brasileira e a Seleção da URSS, no
dia 21 de novembro, de 1965, realizada no Maracanã, que teria a sua voz na narração”.
A ideia acabou sendo um sucesso e o filme foi exibido exatamente às oito horas da noite,
que era o limite estabelecido pela norma para exibir o jogo na época. Entretanto, apesar de ter sido
um sucesso, Teixeira Heizer foi surpreendido pela reação da direção que o demitiu pelos custos
terem sido muito além do previsto. Mas já estava implantado no coração da TV Globo a
transmissão do futebol, que hoje é líder, disparada, de audiência no segmento, chegando a atingir
mais de 30 pontos de audiência na transmissão de um jogo, de acordo com o IBOPE.
Cinco anos depois da primeira transmissão, a Globo transmitia a sua primeira Copa do
Mundo, no México, em 1970, onde o Brasil se sagrou tricampeã mundial. Ano em que
começavam as primeiras transmissões a cores, sendo a primeira apenas para convidados da
Embratel para uma transmissão experimental. A maioria da população, tirando essa pequena
parcela, assistiu à Copa em preto e branco.

Transmissão do futebol na Copa de 1970.

No dia 21 de junho de 1970 ocorreu a primeira transmissão em cores no Brasil de uma


partida de uma final de Copa do Mundo. Mesmo para um público restrito, e em caráter
experimental, a transmissão realizada pela Embratel obteve êxito. O primeiro gol da
televisão em cores foi de Pelé. Embora a televisão no Brasil da década de 70 fosse de
transmissão preto e branca, já havia transmissão em cores na Europa. Mas é desde este tempo,
no que se refere às muitas das técnicas e elaboradas narrativas futebolísticas, que o formato
hoje apresentado tem suas influências e origens.
No Brasil, estima-se que um público de, aproximadamente, 25 milhões de
espectadores assistiram, ao vivo, às partidas. Este número correspondia, na época, a um
quarto dos lares brasileiros (ALENCAR, 2007, p.32).
Muito mais do que um evento esportivo, a Copa de 70, realizada no México, fez parte
da estratégia política do governo militar. A ideia era unir o país através da televisão e usar o
futebol como a publicidade mais eficiente para demonstrar o êxito do regime, que completava
seis anos.
Já em 1969 a estatal das comunicações Embratel iniciou as primeiras transmissões
nacionais ao vivo, após a assinatura de um contrato para o uso do satélite norte-americano
Intelsat II.A escolhida para esta “integração nacional” tinha sido a Rede Globo e o primeiro
programa, o Jornal Nacional.
Apesar de as imagens terem chegado aos televisores dos brasileiros em preto e branco,
alguns poucos privilegiados conseguiram assistir aos jogos em cores. Entre estes, estavam o
ditador-presidente Emílio Garrastazu Médici e o seu ministro das comunicações, Hygino
Corsetti. Mas nem todos assistiram a Copa de 1970, mesmo em preto e branco. As
transmissões chegaram às regiões Sul, Sudeste, Nordeste e partes das regiões centrais. E ao
vivo apenas os jogos do Brasil. Os demais (não todos) eram mostrados à noite.

Figura 1: Anúncio da Globo em 1970: um jogaço, Brasil x Inglaterra, “dentro do Programa


Sílvio Santos

Fonte: https://trivela.com.br/
Em 1970, a geração de imagens de futebol pela TV mundial já tinha atingido um nível
de qualidade infinitamente superior aos primeiros tempos da tv em preto e branco. Pela
primeira vez foram usadas várias câmeras, em vez de apenas uma, fixa no centro do estádio e
junto às cabines dos jornalistas.
Na Copa de 70 foram usadas seis. A grande novidade eram as câmeras colocadas atrás
dos gols, a repetição dos lances e a câmara lenta. Mas no Brasil os equipamentos de
retransmissão das emissoras eram obsoletos e os aparelhos disponíveis no mercado,
mantinham a arcaica tecnologia das tvs preto e branco, “movidas” a válvulas. A maioria das
famílias usava enormes aparelhos fixos, como totens, quase sempre colocados nas salas. As
imagens eram borradas, sem definição ou contraste.

A massificação do Futebol por intermédio da Televisão

Considerando o futebol como um esporte moderno, que teve origem na Inglaterra em


meados do século XIX e que faz parte do processo civilizador (Elias e Dunning, 1992),
podemos considerar que as características deste esporte são uma diminuição da violência por
parte dos participantes e dos espectadores, com a presença de um auto-controle, capaz de
gerar uma tensão controlada, que o torna atraente diante do público, além de uma
regulamentação simples e universal, que propiciou sua expansão mundial.
Escher (2007), ao tratar da origem do futebol espetáculo, lembra que para Elias e
Dunning o esporte nunca esteve confinado apenas aos participantes isolados, ao contrário,
sempre incluiu confrontos realizados para a satisfação de espectadores. E que a uniformização
das regras é sinal de uma preocupação com o expectador, pois um atrativo é o conhecimento
das características e dinâmica do jogo.
Escher ainda questiona que se o futebol, por estar sempre esteve voltado para seus
espectadores, não deveria desde o início ser tratado como futebol espetáculo, já que para Elias
e Dunning o esporte atende a uma necessidade básica de satisfação, de desencadear emoções,
de provocar excitação satisfatória nas pessoas.
Seguindo essa reflexão, acreditamos que devemos incluir um novo agente ao campo
futebolístico, que transformou sobremaneira a apresentação do esporte como espetáculo ao
público espectador, na forma e especialmente na abrangência: a mídia.
Lovisolo (2001) comenta que provavelmente o esporte moderno não teria sobrevivido
se os jornalistas o tivessem ignorado. Para o autor, os jornais, o rádio, o cinema, os esportistas
e os torcedores foram parceiros dos esportes ao longo dos últimos cem anos. Para Lovisolo,
esta popularização não teria existido se não fosse pela aliança com o espetáculo: no estádio,
no rádio, no noticiário e mais recentemente na televisão.
E é através da absorção e divulgação pelos diversos canais de mídia que o esporte e,
especificamente, o futebol atinge a característica de fenômeno da cultura de massa.
O futebol com as características que vemos atualmente, especialmente em relação às
relações comerciais e de produção do entretenimento, com seus “astros” e “equipes galáticas”
é resultado da transformação do futebol espetáculo, para um futebol telespetáculo, fenômeno
que iniciou no final da década de 1970, após as transmissões de televisão se tor pós-crise
econômica e intensificou-se no século XXI, com a abertura dos mercados e a globalização.
Escher e Reis (2005) comentam sobre uma preocupação prioritária com os
telespectadores, em detrimento dos torcedores que vão aos estádios, pois estes não seriam
considerados pelos organizadores do futebol como os principais consumidores do espetáculo.
Após a Copa de 1970, o futebol brasileiro teve um novo evento: a criação do
Campeonato Brasileiro, de forma oficial. primeiro Campeonato Brasileiro foi organizado em
1971, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Esse torneio foi utilizado para
substituir os torneios Roberto Gomes Pedrosa e Taça Brasil, que definiam os times que
representariam o Brasil em competições sul-americanas. O primeiro Campeonato Brasileiro
foi disputado em 1971. O campeão foi o Atlético Mineiro, treinado por Telê Santana e com
Dario, o Dadá Maravilha, no ataque.
O futebol já fazia parte da cultura brasileira antes da Copa de 1970 como o principal
esporte. A partir da década de 1930, o futebol viveu sua grande expansão. A popularização
aconteceu muito graças à campanha na Copa de 1938, quando o brasileiro representou sua
grandeza para o resto do mundo. O profissionalismo também abriu as portas para ídolos
negros como Leônidas da Silva e Domingos da Guia, de identificação imediata com uma
parcela da população marginalizada. Ao mesmo tempo, surgiam os primeiros estádios de
multidões, como São Januário e o Pacaembu. E o Estado Novo fazia que o esporte em geral,
mas o futebol em particular, se tornasse ferramenta política. À luz desse processo, Gilberto
Freyre fez sua excelente análise:

“O futebol teria numa sociedade como a brasileira, em grande parte formada de


elementos primitivos em sua cultura, uma importância toda especial. E era natural
que tomasse aqui o caráter particularmente brasileiro que tomou. O desenvolvimento
do futebol, não num esporte igual aos outros, mas numa verdadeira instituição
brasileira, tornou possível a sublimação de vários daqueles elementos irracionais de
nossa formação social e de cultura”.

Mas também previu o que se seguiria nas décadas seguintes, até os dias atuais. O
futebol seguiu sendo fundamental para a sociedade brasileira. Protagonista em mudanças
políticas, econômicas, sociológicas e antropológicas. O que acontecia em campo e nas
arquibancadas era influenciado pelos rumos do país, mas também ajudava a reger o caminho.
Algo que se repete também de maneira tão forte no âmbito cultural. Afinal, como diz Freyre,
a modalidade tomou uma importância especial em uma sociedade que deixava para trás os
elementos primitivos.
Nos início dos anos 70, a importância da televisão para seguir o futebol no Brasil
ainda era secundária, por mais que ela já tivesse cerca de vinte anos de história por aqui.
Evidentemente que a tela menor se fazia presente nos campeonatos regionais e nacionais. No
entanto, somente as partidas de fases finais mereciam exibições ao vivo – e ainda assim, se
fosse liberada a exibição para a mesma praça em que elas ocorriam (às vezes acontecia, às
vezes não). Em partidas de fases anteriores, era mais comum ouvi-las ao vivo no rádio, para
ver os gols e melhores momentos em VTs noturnos. Ora exibido as partidas na íntegra, como
acontecia na TV Cultura paulista, a partir das 23h, ora exibindo os gols e melhores lances,
como geralmente ocorria na TVE fluminense e nos “Gols do Fantástico”, célebre quadro
esportivo que encerrava o programa dominical da TV Globo.
No entanto, em meados dos anos 70, o futebol brasileiro entra em crise. Ronaldo Helal
utiliza como base reportagens jornalísticas da época que culpam o amadorismo dos dirigentes
e a estrutura organizacional inoperante das federações e confederações como as principais
causas. Helal identifica quais as consequências da crise, entre elas, a queda de público nos
estádios, êxodo dos jogadores e as derrotas da Seleção Brasileira após o período de domínio
mundial. (HELAL, 1997, p. 60).
O futebol precisa se modernizar, diz a imprensa da época, de acordo com Ronaldo
Helal. No entanto, a modernização tem caráter diferente do movimento que havia sido
proposto nos anos 30. Enquanto a primeira onda modernizante previa uma participação do
Estado, agora, nos anos 80, a ideia é transformar clubes em empresas, futebol em produto
lucrativo, diminuindo a presença do governo nas decisões referentes ao esporte. (HELAL,
2001) Placas de publicidade são colocadas nos estádios e os clubes passam a vender espaço
nas camisas para patrocinadores interessados. De acordo com Helal, no entanto, as ações não
são suficientes para recuperar os clubes quase falidos. É quando 13 times se juntam e decidem
criar uma competição sem a interferência da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF. E é
nesse contexto que a televisão entra com força, patrocina a chamada Copa União e exibe pela
primeira vez uma competição nacional ao vivo.
A criação do Clube dos 13 e, consequentemente, a iniciativa de se fazer um
campeonato organizado e fechar contrato com a televisão são atitudes que objetivam mostrar
o futebol como um produto lucrativo com força para atrair a atenção de um grande público. A
união mídia e futebol mostra-se, de acordo com Helal, um casamento lucrativo para ambos.

Ao contrário das competições anteriores, os jogos da Copa União iniciavam


pontualmente no horário estabelecido por causa da televisão e as empresas
pressionaram os dirigentes a marcar jogos somente no final de semana. Isto é mais
uma indicação de que, ao contrário da crítica da sociologia do esporte, a
comercialização pode promover a eficiência organizacional no esporte e aumentar o
interesse popular (HELAL, 1997, p. 94)

A ‘crítica’ indicada na citação é referente ao fato de muitos acreditarem que ao


transmitir jogos pela televisão o público nos estádios iria diminuir ainda mais, e, também, que
toda essa transformação de futebol em produto vendável tiraria do esporte a magia existente
na paixão do torcedor. Ainda hoje se discutem temas ligados à transformação do futebol em
um produto midiático, onde jogadores não amam mais a camisa de seus clubes e tudo
funciona baseado em trocas comerciais. No entanto, mais de vinte anos após o primeiro
campeonato nacional transmitido ao vivo percebe-se que estádios continuam cheios de fãs
apaixonados.

Conclusão

O futebol se torna o esporte nacional do brasileiro nas décadas de 30 a 50, mas se


tornou um produto de massas após a transmissão da Copa de 1970, que introduziu a televisão
a cores e a criação do Campeonato Brasileiro é um símbolo disto. As narrações são
transformadas, e a Rede Globo tem um papel fundamental, com o apoio que recebeu do
regime militar para tornar o futebol como produto rentável, massificando ainda mais o
consumo.
Referências Bibliográficas

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