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Universidade de Coimbra

Mestrado Integrado em Arquitetura


História da Arquitetura Portuguesa II

Ana Luiza Guimarães, Gabriela Vasconcellos, Paula Chaves

IGREJAS CISTERCIENSES EM PORTUGAL


São João de Tarouca, Salzedas e Alcobaça
Medidas e Proporções

Coimbra
2019
Sumário
1. Introdução 1
2. Contexto Histórico 2
a. Igreja de São João de Tarouca 4
b. Igreja de Santa Maria de Salzedas 4
c. Igreja de Santa Maria de Alcobaça 4
3. Medidas e Proporções 7
4. Conclusão 12
Introdução
“Cister é uma rigorosa demanda de perfeição. A arte e arquitetura
cistercienses são austeras, despojadas, disciplinadas, fundamentando-se na
busca da pureza de linhas. Fraternidade, pobreza, simplicidade, silêncio são as
palavras-chave da espiritualidade cisterciense” ¹. A Ordem de Cister,
nomeadamente, católica, beneditina, nasceu como um brado de insatisfação de
religiosos que antes pertenciam à Ordem dos Cluny. Também franceses, os
Cluny já há muito haviam se desviado dos preceitos de São Bento e nesse
contexto um grupo de religiosos procurou o regresso à Regra de São Bento. Foi
então que nomes como Roberto de Champagne e Bernardo de Claraval iniciam
uma nova ordem, a fim de retomar os valores beneditinos já perdidos. Esta
ordem vai chamar-se Cister – nome dado em conformidade ao primeiro mosteiro
construído, Cîteaux, em Borgonha, França, 1098. Instalaram-se em Portugal no
ano de 1144, com a construção do primeiro mosteiro, São João de Tarouca
A Regra beneditina, no entanto, nada ditou no que diz respeito à
arquitetura do mosteiro nem criou um modelo de utilização, apenas mencionou
espaços essenciais à vida monástica, que circunscrevem um Claustro. Porém, a
partir de certas imposições e limitações de ordem filosófica acabam por
estabelecer diretrizes expressas na morfologia cisterciense.
“Desta forma, a Regra de São Bento dotou o mosteiro de um programa
que por sua vez gerou a planimetria da sua arquitetura” ². Logo, o conceito de
arquitetura cisterciense está intimamente relacionado a um sentido de clareza,
simplicidade, precisão e racionalidade geométrica. Tal austeridade refletia-se
não só na rotina dos monges, mas também nas articulações dos espaços
arquitetônicos.
É importante ressaltar que o plano arquitetônico de Cister nunca foi
estático, adaptou-se consoante suas necessidades e demandas.
No tocante da morfologia dos mosteiros de Cister, o claustro é o epicentro
do conjunto, sendo um espaço convergente que dá acesso à outras partes do
mosteiro e tem um simbolismo pragmático (de distribuição) e espiritual, sendo
um lugar privilegiado de encontro pessoal com Deus. “O claustro constitui o
coração do mosteiro” ³. Deste modo, pode-se afirmar que que a igreja e o
claustro são os principais lugares na projeção de uma abadia cisterciense.
A escolha do local de implantação constituía uma grande preocupação:
exigia-se locais recônditos, florestados, propícios trabalhos com a terra e, com
muita ênfase, abundantes em água. Isso expressa a busca por um “Paraíso na
terra” por parte da Ordem de Cister.

¹ MORGADO, 2013
² idem
³ COCHERIL, 1989

1
Contexto Histórico
Em 1098 Roberto Molesme, insatisfeito com o incumprimento da Regra
Beneditina por parte da Ordem de Cluny, rompe com a Ordem e funda a Ordem
de Cister, com o objetivo de seguir à rigor a Regra Beneditina, vivendo isolados
e levando uma vida espiritual, rural e sem luxos. Para Molesme, a arte deveria
ser unicamente uma expressão dos diálogos interiores com Deus.
Enquanto a Ordem Cister prosperava na região de Borgonha, em
Portugal, Dom Afonso Henriques lutava pela imposição da presença cristã diante
do domínio Islâmico. Em 1152, Dom Afonso derrota os mouros na Batalha de
Trancoso e decide doar terras a Bernardo de Claraval, sucessor de Molesme.
Assim, a Ordem de Cister chega à Portugal.
Diante das exigências dos monges, que seguiam a Regra Beneditina,
Tarouca, no Vale do Varosa, foi o local escolhido para a construção do primeiro
mosteiro cisterciense, com sua localização isolada, a fertilidade das terras
abastecidas pelo Rio Varosa e a grande quantidade de pedra e madeira a
disposição.
Em 1154 tem início a construção do Mosteiro de Tarouca, que se tornou
a imagem o ideal de Cister, com seu despojamento e simplicidade. Sua
organização original contava com as seguintes características: planta em cruz
latina orientada para nascente; cabeceira escalonada com presbitério e duas
capelas de fecho reto abrindo para o transepto; corpo longitudinal tripartido;
pilares de secção retangular; altura da nave central dupla das naves colaterais;
antiga fachada de tipo latino onde sua estrutura refletia a disposição interna do
edifício, e cobertura com abóbadas de arco quebrado.
A Ordem de Cister expandiu e teve a oportunidade de construção do Real
Mosteiro de Alcobaça, em 1178, que marcou a consolidação da presença cristã
em Portugal, até o século XV, quando entra em decadência após o decreto de
extinção das ordens religiosas.
Por isso, a Ordem de Cister em Portugal está intimamente ligada à
restauração da nacionalidade no período da Reconquista Cristã, sendo inclusive
um instrumento régio de demarcação territorial.
Já a arquitetura cisterciense, vai aliar a funcionalidade do espaço ao valor
espiritual, na tentativa do regresso à pureza inicial da Regra Beneditina,
renunciando elementos decorativos, considerados fatores de distração na
oração. Essa foi a reação do principal ideólogo do movimento cisterciense,
Bernardo de Claraval, à monumentalidade dos mosteiros Cluniacenses que,
segundo ele haviam se desviado da Regra Beneditina e cederam ao luxo. E é
nela que se expressa a espiritualidade cisterciense nos seus princípios
fundamentais: o trabalho, o silencio, a oração e a contemplação, através de uma
arquitetura simples e solida.
Com a grande expansão da Ordem, Bernardo de Claraval percebeu a
importância de criar mecanismos de controle das comunidades monásticas,
impondo regras de ordem estética. Como a utilização de um reticulo de princípio
metodológico para a construção e o uso de um modulo como fator numérico-
genérico para regular toda a composição arquitetônica através da adição ou
divisão aritmética podendo ser aplicada em qualquer escala.

2
Imagem 1 - Vista da Igreja da Abadia de Claraval na Borgonha

Imagem 2 - Modelo de Abadia Cisterciense proposta pelo abade Bernardo de Claraval

Imagem 3 - Foto da fachada da Igreja de São João de Tarouca


3
São João de Tarouca
O mosteiro de São João de Tarouca foi a primeira construção cisterciense
em Portugal, seguindo a rigor as regras construtivas ditadas por Bernardo de
Claraval, e se tornou a imagem o ideal de Cister, com seu despojamento e
simplicidade. Foi construído em 1154, localizado na confluência das ribeiras das
Aveleiras e do Pinheiro, permitindo o exercício de uma vida monástica adequada
ao ideal da Ordem, em meio ao rural e espiritual.
Segundo a proposta de reconstituição arquitetônica da Igreja, sua
organização inicial se apresentava em uma planta beneditina aplicada as igrejas
cistercienses do modelo-tipo de Fonteney, com as seguintes características:
disposição da planta em cruz latina orientada para nascente; cabeceira
escalonada com presbitério e duas capelas de fecho reto abrindo para o
transepto; corpo longitudinal tripartido; pilares de secção retangular; altura da
nave central dupla das naves colaterais; antiga fachada de tipo latino onde sua
estrutura refletia a disposição interna do edifício, e cobertura com abobadas de
arco quebrado.
A sobriedade e a noção de clareza se mantem, seguindo a rigor os valores
e regras, o que é evidente no interior da igreja. Já no exterior, os alçados foram
muito alterados do original, onde substituiu-se o portal da frontaria, abriram-se
janelas superiores, refez-se a rosácea e retirou-se o galilé.

Santa Maria de Salzedas


Situa-se na freguesia de Salzedas, concelho de Tarouca, Portugal. Sua
construção iniciou-se em 1168. Sua igreja é de planta retangular com três naves
escalonadas, com cobertura em abóbadas de aresta e ogivais, transepto saliente
e capela-mor profunda e presença de sacristia.

Santa Maria de Alcobaça


Localiza-se na região centro de Portugal e é a obra cisterciense mais ao
sul do território português. Sua construção dá-se graças a uma promessa feita
por D. Afonso Henriques na ocasião da conquista de Santarém. É de cerca de
1152 o começo da construção provisória do mosteiro. A Igreja é constituída por
uma nave central, duas naves laterais, e um transepto que resulta numa planta
de cruz latina. As naves têm cerca de 20m de altura. A capela-mor é limitada por
uma charola, com nove capelas radiais. As outras quatro capelas vão dar ao
transepto. O comprimento total é de 106 m, a largura média é de 22 m e a largura
do transepto é de 52 m.

4
Imagem 4 - Planta da Igreja de São João de Tarouca

Imagem 5 - Planta do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

5
Imagem 6 - Planta do Mosteiro
de Alcobaça

Imagem 7 - Foto da fachada de Santa Maria de Salzedas

Imagem 8 - Foto da fachada de Santa Maria de Alcobaça


6
Medidas e Proporções
Investigações e estudos das medidas da Igreja de São João de Tarouca,
mostram que foi utilizado um retículo como princípio metodológico para a sua
construção. A utilização do módulo como fator numérico do traçado regular, de
toda a composição arquitetônica do monumento, era feita a partir de adição ou
divisão aritmética da sua unidade geométrica básica.
Este processo mostrou grande eficácia e vantagem estética sendo
utilizado como uma norma da arquitetura dos Cistercienses que poderia ser
aplicado em qualquer escala. Seguindo a linha de argumentação de Virgolino
Ferreira Jorge , “Embora não esteja ainda comprovado e documentalmente nem
desmentido tecnicamente, pode afirmar-se com convicção que o projeto
arquitectônico da igreja de São João de Tarouca não foi dimensionado em pés
romanos. A unidade de medida linear utilizada foi o antigo pé real (pied du roi),
equivalente a 0,325 metros do sistema métrico decimal e dividido em doze
polegadas (=0,027). A sua justificação deve-se ao facto de o projecto
undecentista ter sido elaborado no país-berço da Ordem Cisterciense.”
Seguindo esta lógica, o seguinte trabalho vai tratar do uso do retículo
utilizado na igreja de São João de Tarouca, e relacioná-lo com as igrejas
cistercienses de Salzedas e Alcobaça, na tentativa de provar o uso do módulo e
suas relações dimensionais.
O módulo unitário utilizado para estabelecer as proporções e relações é
de 8 pés reais (=2,60m), considerar que cada quadrado do retículo equivale a
2,60m x 2,60m e suas relações dimensionais são definidas e quantificadas em
múltiplos inteiros do módulo.
Após os estudos, foi possível estabelecer relações proporcionais das
igrejas. Em todas foi possível identificar que obedecem ao proporcionalmente
habitual das igrejas cistercienses de tipo Bernardino e a utilização de um retículo
e o módulo que serviu de matriz proporcional, obtidos da rotação de quarenta e
cinco graus, que estão em progressão geométrica de razão de 2, como
podemos observar nos estudos seguintes.

JORGE, 2006 “Arquitetura, medida e número na igreja cisterciense de São João


de Tarouca”.

7
Planta e axonometria da Igreja de São João de Tarouca

Planta e axonometria da Igreja de Santa Maria de Alcobaça

8
136 pés
128 pés

8 pés 48 pés 8 pés 16 pés 56 pés 16 pés

Igreja São João de Tarouca Igreja de Salzedas

256 pés

40 pés
48 pés
40 pés

Escala 1/500
Igreja de Santa Maria de Alcobaça

9
64 pés

Relações entre módulos utilizados nas i


grejas de Alcobaça (verde), Salzedas (azul)
32 pés

e Tarouca (vermelho).

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Corte Igreja São João de Tarouca

Fachada Igreja Santa Maria de Alcobaça

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Conclusão
Roberto de Champagne e Bernardo de Claraval dão iní
ordem ao constatarem que Ordem dos Clunny já não seguia os preceitos de São
Bento sobretudo no que diz respeito à humildade.
A ordem surgida no século XI é nomeada a Ordem de
Os cistercienses vêm a Portugal no século XII e iniciam uma série de obras com
suas características específicas em estilo e implantação. Dom Afonso Henriques
investe e estimula as ordens religiosas em Portugal como resistência e
campanha para a reconquista da Península diante do domínio árabe. Por isso, a
presença desses monges em Portugal está intimamente ligada ao nascimento
de uma noção de nacionalidade.
Dada a expansão da ordem de Cister, Bernardo de Cla
mecanismos de controle, impondo regras de ordem estética e o uso de um
modulo como fato numérico-geométrico. Para comprovar a utilização do reticulo
e do modulo, os estudos feitos nas igrejas de São João de Tarouca, Salzedas e
Alcobaça nos mostram o traçado regulador e as relações proporcionais utilizadas
nas igrejas cistercienses.

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