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C O I M B R A , 29 D E J U f l í j O D E 1 9 1 0
'
N. f 1
l u z , Bem p 2 o , o n d e
m a s altivos, o corpo coberto de f a r r a Sem o egoismo
ANARQUISMO
pos, mas o espirito envolto n a luz d ' a q u e l e s a m o n t n o u c r i a n ç a s e x a u s t a s
bemdita do futuro. Porque d e s p r e - sem a l i m e n t o e x t o r c e n d o - s e era con- O Dragão que está á porta do
sando todos os i n t e r e s s e s a t é a p r ó - vulsões pedindo pão. D e todos os palacio Anárquico nada tem de
p r i a vida p r o c l a m a m o s o r g u l h o s a m e n - lados se ouvem c o n t i n u a m e n t e os gri- terrível, é uma palavra apenas.
te a v e r d a d e aos o p r i m i d o s e x a u s t s tos t r á g i c o s <Jos q u e s o f r e m , f a z e n d o - s e , E. Reclus.
CONQUISTA DO BEM
PATRIA riquezas
ainda
sociaes.
o clero e o
Além
exercito,
d'estes tem
cancros
TlíK.CHOS Rft&LHinrtS
venenosos q u e só a i n s t i u c ç ã o livre
D e f e n d e i o E s t a d o , d e f e n d e i o ca-
poderá fazer desapparecer. U m sendo Mocidade! Mocidade! Peco-te, pensa na
pitalismo e todas as instituições bur- grande obra que te espera! Tu és a futura
o c o m p l e m e n t o do o u t r o teem n a H i s -
guezas; a s s a s s i n a e todo a q u e l l e q u e operaria; vaes assentar as pedras angulares
r e c l a m a m a i s um b o c a d o d e p ã o , q u e r toria n o d o a s i n d e l e v e i s que só p o d e r á do tempo futuro, que temos fé profunda,
s e j a v o s s o p a e , v o s s a m ã e ou vosso l a v a r . resolverá os problemas verdadeiros e eqni-
Deixemos-nos de patrielices, não tativos implantados pelo século que acabou.
i r m ã o s — e i s o q u e o r d e n a m os a g a -
Nós, os velhos, os maiores, legamos-te o
loados ao p r o d u o t o r , q u a n d o e n t r a na q u e i r a m o s m a r c a r f r o n t e i r a s n e m dis- enorme trabalho das nossas investigações,
c a s e r n a , n e s s e s a n t r o s de d e v a s s i d ã o t i n g u i r m o nos d o s o u t r o s h u m e n s q u e onde ha, com certeza muitas contradicções
e c r i m e , como m u i t o b e m o d e s c r e v e e s t a vil s o c i e d a d e burgu<>za classifica e pontos obscuros, mas que è o esforço mais
H a m o n na « P s i c o l o g i a do Militar P r o - d e e x t r a n g e i r o s , p o r q u e todos s o m o s apaixonado que se tem feito em procura da
fissional». i r m ã o s , t o d o s s o m o s egi aes, e entre luz e que encerra os documentos d'esse
vasto edifício da scieneia, que tu deves con-
a humanidade não deve baver a menor
O homem que entra na caserna tinuar edificando para tua gloria epara tua
d e i x a d e s e r um h o m e m p a r a se t r a n s - p a r t i e u l a de s a l i ê n c i a . felicidade. B não te pedimos mais, senão
formar num manequim, prompto a Procuremos implantar a patria que sejas generosa, mas livre no teu es-
m a n e j a r todos os i n s t r u m e n t o s h c m i - U n i v e r s a l a o n d e só e x i s t e a P a z , o pirito, que nos exceda no teu amôr á vida
Amor, a V e r d a d e e a J u s t i ç a ; onde normalmente vivida, pela tua energia posta
c i d a s á s i m p l e s voz d ' u m a g a l o a d o .
a favor do trabalho, essa fecundidade dos
todos t r a b a l h e m o s c o n s o a n t e a s n o s s a s
Q u a n t a s v e z e s pulsa no sen cora- homens e da terra, que por fim conseguira
f o r ç a s , f a z e n d o a felicidade d e todos ; sazunar o fructo de alegria sob o sol bri-
ç ã o u m a icb-ia s u b l i m e ; m a s n a d a pode
p ô r em p r a t i c a , p o r q u e o r e g i m e a q u e e a o n d e n ã o e x i s t i r á o vilipendio e as lhante. Ceder-le-hemos fraternalmente o lo-
infamias que abundam nas patrias gar, com a consolação de sermos substituí-
e s t á s u j e i t o lb'o uão f a c u l t a .
actuaes. Incutamos no e s p i r i t o dos dos com dignidade ao desapparect r, aodes-
E ainda, debaixo d'este preconcei- cançar, depois de cumprida i noss- t. efa,
to a b s u r d o m u i t a g e n t e falia em pá- n o s s o s filhos o h o r r o r á c a s e r n a p a r a na paz do sepuiciiro, satisfeitos por nos
t r i a sem s a b e r q u e p a t r i a é s y n o n i m o q u e elles se r e c u s e m a Li e n t r a r . continuares, realisando os nossos sonhos.
de cohoite de b a n d i d o s , c u j o fim é F a ç a m o s com q u e eiies s e j a m o* Mas segue ávante o caminho das reformas
sociae-, não te detenhas em vãs especulações
e x p l o r a r o povo f a z e r d ' e l l e seu es- m a r t y r e s d ' u m edial j u s t o e b o m , e
politicas.
c r a v o e por c i m a a r r a n c a r - l h e os filhos n ã o c a r r a s c o 3 da H u m a n i d a d e ; p o r q u e
EMILE ZOLA.
p a r a os u i e t a m o r p h o s e a r n u a s b a n d i - só os d u q u e s e b a i õ e s : ç o b r e z a s , com
dos, n u m a escoria v i v e n t e ! p f S i t f ô eSW • O' SiHTgtrr t R í -^sptoradtts;-
A palavra p o r si, ó q u e p r e c i s a m q u e Ih» g u a r d e m as
p a t r i a , só d e
r e p r e s e n t a um sem n u m e r o d e hoi ro- suas p r o p r i e d a d e s , p r a . i ç a n d o a s s i m
Aos operários
res ! um rotibo á Irgi&o d o s o p r i m i d o s .
N ó s , os t r a b a l h a d o r e s , n ã o d> ve- Unamo-nos todos os camaradas E ' verdadeiramente deplorável o
mos d e f e n d e r a patria, porque ella, e x p o l i a d o s , e gritemos com t o d a a e s t a d o eaotico e d e d e o a d e n e i a , e m
força : q u e se e n c o n t r a o m o v i m e n t o o p e r á r i o
p a r a n ó s , não e x i s t e . de C o i m b r a . S i m , p o r q u e em C o i m b r a ,
Q u e d i f f e r e n ç a uos faaia d e i t a r m o - Abaixo a podridão chamada pa-
i n f e l i z m e n t e n ã o e x i s t e um m o v i m e n t o
nos hoje p o r t u g u e z e s e a m a n h ã l e v a n - tria ! 1 o p - r a r i o , e se e x i s t e , e s s e é fictício, é
t a r m o n o s f r a n o e z e s , i n g l e z e s ou bel- Abaixo as fronteiras'.! aparente, é nada.
Viva a Anar chia ! . . . P a r a e s t a tão g r a n d e d e s o r g a n i s a -
gas?
ção o p e r a r i a , tem c o n c o r r i d o o o p e r a -
A forma de governo havia de ser ( D 'A Vida ). riado c o m o seu d e s i n t e r e s s e e indife-
a mesma: trabalharmos para enrique- Alexandre Diiis da Silva. rentismo, votando á maior das apatias,
cer a b u r g u e z i a , e x p o n d o - n o s muitas ao d e s p r e s o a t é , a a s s o c i a ç ã o d e c l a s s e
vezes ao p e r i g o ; e se a s s i m não p i o - ou s i n d i c a t o , e r i t r e g a n d o - s e maÍ9 á
A r e b e l d i a é a m ã e d e todo o pro- politica, q u e á d e f e s a d o s s e u s inte-
cedesse-mos morreríamos de fome,
gresso. r e s s e s , d o s e u lar, d a s u a f a m i l i a , d o
porque aquelles que nos roubam A u m a n i d a d e c a m i n h a d e r e b e l d i a seu p ã o , e t c .
aquillo que d e direito nos pertence, em rebeldia. E m q u a n t o elle s e p r e o c u p a e s e
p a s s e i a m em a g r a d a v e i s landaus sem Urbáin Gohier. e n t r e g a a e s s a politica reles e n o j e n t a
se i m p o r t a r e m c o m os m a l e s q u e affe- q u e p a r a aí se d e b a t e f u r i o s a , e q u e
d e s v e r g o n h a d a m e n t e nos tem a r r a s -
ctam a s c l a s s e s t r a b a l h a d o r a s .
A a n a r q u i a ó o porvir d a h u m a t a d o á m a i o r d a s i g n o m i a s , á m a i s
A patria é formada pela grande nidade. deplorável das situações economicas,
c o h o r t e de m i s e r á v e i s r a f e i r o s , d e ex- blanqui. os s e u s e x p l o r a d o r e s , os p a r a s i t a s , os
poliadores q u e n o s n e g a m o d i r e i t o d e q u e n a d a f a z e m em p r o v e i t o d a h u m a -
g o z a r m o s t u d o o q u e de bello a n a t u n i d a d e , — m a s q u e grosam t o d o s os
N e m s o l d a d o s q u e hos f u s i l e m 1 p r a z e r e s da v i d a , — v ã o - n o s e x p l o r a n -
r e z a nos p r o p o r c i o n a ; e n f i m , d e todos N e m P a t r i a s q u e nos d i v i d a m ! d o , vão-nos s u g a n d o o s a n g u e , sem
aquelles q u e s e a p o d e r a m d e t o d a s as Spies. q u e n ó s os o p r i m i d o s , os e x p l o r a d o s , os
4 CONQUISTA DO BEM
.
que tudo fazendo nada possuem, num e eguaes, felizes e irmãos. E n t ã o aca- tinham sido curados ligeiramente, para
Ímpeto de revolta consciente, façamos b a r á o odio e a tirania, o despotismo o u t r a vez m a r c h a r a defrontarem-se
r e c u a r ou mesmo acabar com essa in- e a opressão. com a morte inevitável provocada pela
f a m e exploração de que constante- P a r a isso, é preciso que o operário g u e r r a . Não podendo j á m a r c h a r fica-
m e n t e somos vitimas. se e d u q u e pelo seu proprio esforço, ram-se pxtenuadoa debaixo das arvo-
Algum d e vós que me lêem, obje- lendo os bons livros, os bons j o r n a e s , res que como boas mães os acaricia-
tar-me-ha talvez. O r a , isso não ó tanto para assim s e . i r livrando de todos os vam e envolviam n a sua sombra.
assim ! Nem todos os patrões são preconceitos de que esta sociedade T u d o a d o r m e c e u : o silencio era
eguaes ! O meu por exemplo, ó uma está eivada. Só depois d'isto, chega cortado pelo troar longiquo do canhão
beleza d'omem, não me explora, tra- remos ao tarminus da exploração de nalgum combate.
ta-me muitíssimo b e m , ó um patrão s e n f r e a d a e despótica, de que somos Um profundo lethargo apoderou-se
exemplarissimo. Se eu e n t r a r p a r a a vitimas conitantes. do campo ao qual ficou de sentinella
oficina mais tarde do que a óra mar Pavio. um rapagão forte e simpático que se
c a d a , quinze, vinte minutos, u m a óra deixou adormecer envolto no ar asphi-
até, não me diz absolutamente n a d a . xiante.
E m f i u i , ó o que se chama um verda- A escravidão dos omens é a con- Despertou o o ribombar embrave-
deiro d e m o c r a t a . Sim, não á duvida. sequência das leis; as leia são estabe- cedor da artilharia que estava próxima;
E l e pode fazer e ser todas essas coisas; lecidas pelos governos. P a r a libertar ergueu se alquebrado incapaz de qual-
mas no que também não ha duvida os omens ha só um meio : destruir os quer heroicidade, com a vista enco-
n e n h u m a , é que n e n h u m d'eles, quer governos. berta pelo pó que levantava os proje-
ser lesado nos seus interesses. P o r q u e , Leon Tolstoi. teis aterradores que no campo caiam;
se o operário não fizer o trabalho pre- olhou os seus c o m p a n h e i r o s : alguns
ciso p a r a salvar o seu salario e uns tentavam e r g u e r se para caírem nova-
cobres mais para o patrão, ele não o mente, atravessados por qualquer pro-
quer nem mais uma óra ao seu serviço, A GUERRA jetil; outros corriam desesperados para
e trata imediatamente de dizer lhe sob o estandarte que fluetuava frenetica-
qualquer pretexto, q u e procure traba- mente como a chama-los em sua de-
lho. E s t a é que ó a v e r d a d e p u r a e Dia de v e r ã o : um calor sufocante feza, mas em breve tudo ficou esma-
incontestável. E a verdade não se pairava sobre a t e r r a repleta da mais gado e o symbolo da patria caiu num
oculta. vidente v e r d u r a . poço de sangue ! . . .
* A b a f a v a se ! a sombra d ' u m a ar- Só restava a sentinella d e s a s t r a d a ,
* * vore, d u m muro ou d u m a casa era o — segundo os p a t r i o t a s — ; quando se
Q u a n d o o operário souber compreen- logar de refugio e de repouso. viu só, um desespero terrível se apo-
d e r que é explorado em nome do es Ao longo d ' u m a estrada tortuosa derou d'ella e com um entusiasmo de-
tado e da lei, do trono e do altar, que ladeada por. vastas planícies, d'onde lirante corre era todas as direcçõe^ do^
tem d » tpabatkar .ókaã «OBseôutiw»- nos eg-tg^mefaeofeorteo pernebelf>»idadg'|-, ~ampo^ emEriagada peio cheiro nau-
esgotando-se, para s u s t e n t a r super- longiqua, se erguiam enormes e escar- seabundo do sangue e da polvora para
fluamente um sem n u m e r o de parasi padas serras deleitando-se na mais em breve cair inerte fazendo compa-
tas que infestam a sociedade, não pro- enebriante v o l u p t u o s i d a d e , nassava nhia áquelles que selvaticamente iam
duzindo nada de util, taes c o m o : pa- desorganisada uma columna m i l i t a r ; para assassinar e que foram assassi-
d r e s que eó teem embrutecido e se- os soldados estropiados na sua marcha nados.
meado o odio entre o povo ignaro, g r a v e derivada pelo cançasso levan- E assim ficou aquelle campo ver
cometendo toda a casta de patifarias tavam enormes nuvens de poeira, que dejante coberto de cadaveres e sangue
em nome d ' u m a religião, que um sábio se semelhavam ao fumo brotado por Qo qual se refletiam os últimos raios
muito bem cognominou de Religião da uma erupção vulcanica na encosta do sol a r d e n t e q u e testemunharam a
Morte, contando-se aos milhares as d'um monte; as lavas Insidias eram os ultima phase da vida dos milhares
vitimas que fez passar pela forca, pela vultos negros dos soldados de que de vitimas de opressão da burguesia.
fogueira, pelo suplicio, pelo veneno, faiscavam os canos das espingardas e
etc. os amarelos do equipamento. A lava Luiz Carvalho.
O .militarismo, que só serve para caminhava, esmagadora, na direcção
aniquilar sufocando-nos, quando recla- dos estampidos que de tempos a tem-
mamos pão e liberdade ; e fusilando- pos retumbavam nos ares como o ru-
nos, quando nos revoltamos contra a gido e m b r u t r c e d o r d'outros vulcões, O militarismo é a escola do crime.
opressão e tirania. Q u e só serve e tem que vomitassem mt-tralha.
Servido p a r a s e p a r a r a umanidade, U m E t n a ou um Vesúvio não can- Uumon.
fazendo com qu« os omens de nações saria tantos e s t r a g o s ; o destroço de
diversas se odeiem, chegando mesmo Pompeia em nada se semelhava com
a baterem-se coroo feras, em nome o destroço enorme ocasionado pelo vul-
d ' u m a patria que não teem. P o r q u e cão gigantesco e monstruoso a guerra. Subscripção em favor do nosso camarada
os q u e se batem nessas batalhas san Q u e m se aproximasse d'aquelles « k Vida» levado aos tribunaes Monar-
guinolentas que são verdadeiras car soldados veria nalguns d'elles, mos- chicos pelo socialista Maravilhas Pereira,
niticinas, são os parias, os operários, trando a phisionomia triste e medita- e condemnada em 50$000 reis de multa
é o povo explorado, é a canalha, são b u n d a , algumas lagrimas rebeides que custas e sellos do processo.
os oprimidos. E s t e s , é que são a carne se misturavam com o suor q u e os
do canhão. inundavam ; outros c a n t a v a m , fingin- F e r n a n d o L o p e s 100
Só quando a umanidade eliminar do-se alegres, p a r a esgalharem as suas José M. d'Almeida 300
as fronteiras que separam os povos, e dores de coraçío e d'alguma chaga Sobral de Campos 100
os fa?em odiar-se, seremos todos livres feita por baioneta ou bala da qual j á J sé G o m e s 500
ANNO I Coimbra, 27 de Maio de 1894 fe N.° 1
A N A R G H I S T A
A N A R C H I S T A
As burguezas e aristocratas sem for- a mulher e o homem idênticos no sentir diram com falsas promessas de amor uma
tuna, creadas na ociosidade e no luxo, da alma e e no proceder dos inslinclos?! rapariga de fortuna ou enganaram a uma
resolvem-se pelo casamento. Para se ga- Temos mais ainda, e é que, nos tres velha rica.
rantir o seu.bem estar material — facto casos citados, a màe desce do pedestal «O elegante oretendente— é Nordeaux
vulgarissimo—a mulher pobre entrega-se de respeito e santidffde em que a collo- quem falia agora — acolhido com estima
pelo casamento ao homem rico que o seu cou o idealismo poético, por deixar de em todos os salões, que nas marcas do
coração detesta, llludido pelos falsos sor- educar a filha nos castos princípios do colillon dá caça a um rico partido, fa-
risos da noiva, casa-se o homem, vindo amor, equiparando-se às alcoviteiras, que lando á herdeira com olhos húmidos e
pouco depois a reconhecer com amargu- perseguem as filhas desprotegidas da inflexões melifluas de vós, reúne os seus
ra pelas exigencias caprichosas da espo- miséria, propondo-lhes a venda do corpo. credores no dia seguinte ao de núpcias
sa, que eila só pensa em si, nas suas E já que falei do papel de mãe na e desfalca a esposa no dote que recebeu;
toiletles, em bailes, thealros e passeios. sociedade hurgueza. ahi vae um trecho este elegante é nm malandrim tal e qual
S>gundo coso: Homens pobres tendo surprehendf nte e esmagador de verdade, o souteneur em quem o proprio agente
um titulo nobiliarchico, um bacharelato, que nos permiltimos traduzir do livro de de policia tem repugnancia de tocar».
um capelo, uma posiíão na politica, para Max Nordeaux—Les mensonge convencio- «Uma rapariga que se vende para
se crearem uma vida commoda e des- neis de riotre civitisation: (1) sustentar a velha mãe ou o filhinho, está
preoccupada, fazem cerco amoroso à her- «Uma mãe que lodo o mundo tem por moralmente collecada acima da virgem
deiro miilionària d'um negociante, indus- muito honrada, julgando se ella própria pudibunda, que sóbe ao leito conjugal
trial ou agiota. O burguez vaidoso, aspi- de costumes muito austeros, apresenta á por um sacco de libras, para satisfazer a
rando ao respeito d'um meio considerado filha um pretendente rico e esforça-se frivola avidez dos bailes e excursões ás
superior pelo convencionalismo social, por triumphar sobre a natural índifferen- thermas».
julga ennobrecer-se, tornar-se grande, ça da pequena, com babeis exhortações Bastante temos dito alé aqui e se não
aparentando-se com o pretendente da fi- e preceitos d'este genero: «Será loucura provamos o que queriamos, que nol-o
lha e depois de convenientemente dotada, repellir um partido vantajoso, sera alta- demonstrem os escriptores burguezes.
cede-lb'a. Seduziu a o lucro da impor- mente imprudente esperar uma segunda Muito mais lemos a dizer, mas por
tância. Neste caso, a burguezita foi leva- occasião, que provavelmente não se apre- agora, b a s t a . . . K. d'A.
da ao casamento pelo desejo de se elevar sentará; uma rapariga deve pensar pra-
ás suas eguaes, de se aristocratisar e ticamente e desobstruir a cabeça de to-
experimentar os prazeres da vida mun- das as loucas historias romanescas.» N O S
dana. 0 marido gosa-lhe o dote e ella A esta mãe modelo — q u a n t a s conhe- A Propaganda, depois de noticiar o
diverte-se. cemos nós, andando com as filhas á offer- nosso apparecimento diz que pelos nomes
Terceiro caso: Homens sem posição, ta, pelos passeios, theatros e bailes — a citados no artigo — Ao que vimos, pôde
descendentes de gente rica, acostumados esta mâe modelo, é que Max Nordeaux parecer que a Conqw'sta toma logar en*
ao viver regalado e que liquidaram as chama alcoviteira. O nome é duro, mas Ire os nossos camaradas communistas.
heranças no jogo e na orgia. Querendo é verdadeiro, por isso o aceitamos, mui- A palavra — anarchista, unicamente
garantir-se um futuro, longe da cadeia e to embora se irrite contra nós o senti- sob posta ao titulo, indica que nós acom-
do hospital, estes vadios da alta roda, mentalismo hypocrila da poesia burgueza. panhamos cs do resto do paiz na sua at-
instruem-se na arte de seduzir, vestem-se Nem todas as verdades se dizem, pre- tilnde simplesmente anarchista. Citando
a primor, perfumam-se, frizam se, dão-se ceitua a moral burgueza. Tende paciên- os nomes de Kropolkine, Reclus e Grave,
maneiras galantes e percorrem os salões cia, que a nossa moral é outra, mais não quizemos dizer que fossemos d'esta
da burguezia à caça da mulher que mais pura, mais sa^ pois fundamenta-se, como ou d'aquel!a escola, mas sim que espa-
vantagens lhes offereça. poderosamente o estabelece J. S. Guyan, lharemos seus escriptos, como meio da
Perseguindo-as calculadamente, en- o notável philosopho, no instincto uni- propaganda.
ternecem-nas até ao amor, e se a mãe versal da vida, e só a verdade nua e Cem isto também não queremos dizer
não cede e o pae reage, raptam nas. Para crua esclarecei á os espíritos e destruirá que não sejamos communistas, porquanto
salvar a honra da família, o burguez dota a ma fé que pondes em comprehender-nos. cremos que a sociedade futura será com-
a filha e apressa lhe o casamento com. o Dissémos atraz, no primeiro capitulo munista, attendendo a que o communis-
raptor. Pobre d'ella que d ahi a pouco se d'este artigo, que a prostituição era uma mo representa no estado actual da scien-
desillude, chorando a liberdade que per- consequência da familia. Realmente, se cia a solução mais perfeita e compatível
deu, emquanto o marido abusa da sua, a familia não fosse o resultado d'um con- com a anarchia.
desperdiçando lhe o dote com amantes tracto, se não se baseasse na especula- Os princípios communistas são, para
de acaso. ção, isto é, se o regimen capitalista de nós, os mais racionaes e os que mais
Os tres casos que apresentamos, sof- que ella faz parte importante, desappa- se coadunam com a sociedade anarchica;
frendo diversas variantes que a seu tem- recesse, dando lhe Dm; a mulher sentin- porém, anarchistas ha que fundam as suas
po mostraremos, crmprehendem quasi do se independente e assegurada na satis- ideias no collectivismo.
na sua totalidade—-ninguém o ignora— fação de todas as suas necessidades, caso A nósso ver, o collectivismo não pôde
os casamentos realisados na sociedade não tivesse um homem a quem se unir, ser pr-aticado senão numa sociedade onde
burgueza. Em todos esses casos que evi- não precisaria de prostituir se para viver. haja leis e auctoridades. Pois como será
denciamos claramente e expomos á cri- Já que aqui chegámos, respondei-nos possível, sem isso, arbitrar as compensa-
tica dos falsos moralistas para que os lá, oh moralistas sem coração. Qual é ções ao trabalho?
contradigam, se d'isso são capazes, o re- mais degradante para a dignidade hu- Não terá de haver um jury com am-
sultado final é o adultério, que a egreja mana, a familia ou a prostituição? A pros- plos poderes para julgar dos merecimen-
e o codigo esquecem como coisa fútil se tituição entendeis vós, sem nos poder tos e assiduidade de cada um?
o homem o commetteu, considerando-o dizer porquê. Pois quanto aos anarchis- Ainda que esse jury seja escolhido
um acto deshonroso e,condemnr-vel se tas— lapae os ouvidov oh gente honrada livremente, não representará elle a de-
foi a mulher que delinquiu num arreba- — é a familia, que tendo por base um putação, e portanto a abdicação da nossa
tamento de amor. contracto redunda em negocio, emquanto autonomia individual? E os que por in-
Boinita moral, não ha duvida. 0 ho- que a prostituição, tendo por causa de- dolência natural, fraqueza phisica ou de-
m e m , por simples goso sensual, trahe a terminante a fome, é um meio de vida, fi;iencia do intellecto, não poderem tra-
mulher a cada momento, não tendo ella legitimo, doloroso para quem o exerce, balhar em proporção egual aos mais for-
—oh pobre escrava!—o direito de revcl- mas nunca abjecto aos olhos das almas tes, mais ágeis ou mais aptos para o pro-
tar-se na sua dignidade oflendida! puras e sãmente anarchistas. ducção?
No entanto, se a mulher sentiu o des- Repellis a mulher que nas vielas se en- Comludo não queremos dizer que —
prezo do marido e cedendo ao capricho trega ao primeiro que lhes paga e sois visto pensarmos assim — deixaremos de
irresistível do seu amor por outro, o vós os primeiros a entregar as filhas aos propagar as ideias dos colleclivistas, com
trahiu, cobre-a a sociedade de vergonha que, desejando gosal-as, as compram por que muitos anarchistas concordam. Por-
e desprezo! Revolta se a dignidade do um dote. que cremos, que paia utilidade da pro-
homem, que a insulta ou lhe cospe e a Causa-vos nojo o sovlenevr e no en- paganda, os anarchistas portuguezes se
mata! Todos o applaudem, todos o lamen- tanto apertaes a mão a mulheres de ho- devem confessar simplesmente — anar-
tam. mens, que para viver sem cuidados illu c h i s t a s — e não pugnar por esta ou por
Mas que moralidade é a vossa, bur- aquella escola.
(1) Livro digno de ler-se. Anarchista na
guezes desalmados, que estabeleceis uma É o que fizemos e estamos resolvidos
observação, se mal que socialista nas conctu-
dignidade especial para cada sexo, sendo a fazer.
3
passa as mais acerbas repressões, e atu- casa. Na dos Wanzeleres jà ha muito que A correspondência será dirigida: Rua
ra, e calla-se, e treme, e submelte se á se trabalha somente durante 8 horas. da Louça, n.° 80, 2.°— Coimbra.
voz retumbante de quem o commanda. —Teem sido despedidos de diversos
Foi assim que, num d'estes últimos armazéns muitíssimos operários, na sua
maior parte empregados no engarrafa-
dias, se suffocou, consta, uma especie de
insubordinação no quartel d'infanteria 23,
por causa do péssimo rancho que era
mento de vinhos. Calculam-se approxi-
madamenle 700 homens sem trabalho,
Bibliotheca anarchista
distribuído ás praças. visto que difficilmente encontrarão occu
O official—um mísero, pelo visto e à pação onde exerçam a sua actividade. A minha defeza, de Eliévant. 30 réis
vista—encarregado do serviço de ranchei- O resultado será a feme se não sou- A lei e a auctoridade, de Kro-
ro, com a mira no egoismo de poupar berem prover-se dos mantimentos que os potkine 40 réis
alguns cobres em beneficio não sabemos armazéns avaramente encerram. O Salariato. de Kropotkine . . 30 réis
de quê, fazia economias profundas no A Revolta, 2. a série, 44 núme-
alimento dos soldados, dando-lhes uns ros 400 réis
Sirva de exemplo
míseros feijões a nadar em uma marmita Pedidos a A Propaganda, — Travessa
meia de agua chilra. Na Westphalia ha uma villa de nome de Sanl'Anna, 27 — Lisboa.
Jà fartos de passar privações (e quem Warslein, cujos habilantes nunca paga-
sabe quanto tempo tomariam aquelle mi- ram um real de imposto municipal. To-
serável alimento), viram os tristes que das as despezas são largamente pagas EDITOR—Antonio José da Costa
esperar pela melhoria era tempo baldado, com o rend : mento do córte de madeiras
porque a consciência d'aquelles que tem a d'uma vasla floresta pertencente á com- Typographia e Administração
barriga cheia dos melhores acepipes nun- muna. R u a d a L o u ç a , n . ° 8 0 , 2.°
ANNO I Coimbra, 10 de Junho de 1894 N.° 3
A N A R C H I S T A
s e r v i r como m a c h i n a s de exploração, é
DE ATALAIA seja contrario á Natureza, a Sciencia, á
Justiça. É por c o n s e q u ê n c i a — a Liberdade simplesmente indigno. Por isso nós acon-
selhamos, aos que teein fome, que em
na sua a c e p ç ã o mais lata.
É consolador ver q u e , não obstante o Por ventura poderá nm povo encon- vez de andarem de porta em porta a ve-
descredito que a inlolerancia b u r g u e z a trar na sociedade republicana ou socia- charcm-se, a esmolar de quem só os in-
procura l a n ç a r e fazer valer sobre o a n a r - lista a sua completa autonomia? Não, por- sulta ou lhes dá com a «paciência», e os
chismo, se nota já e n t r e nós uma tal ou que, para stiffocal-a, lá e s t a r á prompta a m a n d a para a cadeia, se apoderem da
qual tendencia para a sua acceitação. lei e a a u t o r i d a d e . q u e necessitam e a que teem incontestá-
Digam o q u e disserem da anarcliia; Conclamam sábios"burguezes que não vel direito. Exploram os durante o pe-
e m p r e g u e m todos os meio-; que a imagi- pode haver sociedade sem leis, sem au- ríodo em que trabalham, não os sus-
nação lhes suggerir," p a r a guerreai a; en- toridades. Puro engano. «Outr'ora — diz tentam quando seccos e peccos, sem suc-
f o r q u e m , g a r r o t e m , fuzilem, a s s a s s i n e m , Krcpo!kine—a h u m a n i d a d e viveu séculos co algum para as s a n g u e s u g a s b u r g u e z a s
legalmente os nossos c a m a r a d a s , q u e ain- e scculos sem ter lei escripta, ou sim c h u p a r e m , e por isso é justo q u e quem
da assim a Anarchia t r i u m p b a r â . Nada plesmente g r a v a d a em symbolos ás por- lhes comeu a c a r n e , lhes roa o osso —
lhe p o d e r á sustar a m a r c h a . tas dos templos. N'essa época as relações lancem, pois, mão do alimento onde o
Nas altas regiões, a atmosphera de e n t r e os homens eram reguladas por sim- e n c o n t r e m , j á que lh'o negam, á mão ar-
corrupção que envolve tudo e lodos; a de- ples hábitos, costumes, usos, que a con- mada inclusivamente, porque se não es-
p r a v a ç ã o moral q u e se acceniua e evi- stante repetição tornava veneráveis, e que tiverem p r e v e n i d o s com meios de defeza
denceia em cada acto dos senhores que cada um adquiria d e s d e a infancia, como contra os que lhe negam o único r e c u r s o
m a n d a m ; o m u r m u r i o dos d e s c o n t e n t e s e aprendia a adquirir alimentos pela caça, dos famintos, acontecer-lhes-á o que agora
despeitados pondo a descoberto as tor- pela creação de g a d o s e pela a g r i c u l t u r a » . succedeu a um pobre velho, do logar do
pezas da administração; o credo seguido Não devemos e s q u e c e r que a nossa Sobral, q u e , cheio de fome, colhia numa
— c a d a qual arranja-se; o bacillus—anda escravidão provém da lei e da autori- terra algumas favas p a r a satisfazer as ne-
em v o g a — d e s m o r a l i s a d o r , que corrompe dade e que por isso se torna mais e mais c e s s i d a d e s do seu sustento, quem s a b e
e d e p r a v a todos os oariidos poli ticos, sao n e c e s s a r i a — p a r a conquistar o bem geral ha quanto tempo contidas. 0 proprietário
outras t a n t a s c a u s a s que fazem duvidar — a Revolução Social, a Revolução Anar- ou um seu servo, vendo o desgraçado a
muito da s e g u r a n ç a do estado actual de chista, porque ella conduzirá a humani- violar a sua h e r d a d e , sem q u e r e r saber
coisas sociaes. dade a uma situação harmónica, em que se elle teria ou não o estomago vasio,
os individues viverão livres e indepen- num requinte de malvadez inqualificável,
Por isso nós, a n a r c h i s t a s , devemos
d e n t e s — sem luta, sem autoridade, sem atira-se lhe rancoroso e p r o s t r a - o p a r a
estar de atalaia e tirar todo o proveito
b a r r e i r a s , com urna só patria e na me- não mais se l e v a n t a r .
possível em beneficio das nossas ideias,
da especie de revolução que as d i f e r e n - lhor intelligencia. É isto: — se os pobres teem necessi-
tes parcialidades da communidade bur- A bem da p r o p a g a n d a e do nosso d a d e s , p a r a m a n t e r a sua existencia, e
gueza p a r e c e m p r e p a r a r e n t r e si, e em ideal, preparemo-nos, ponhamo-nos de p e d e m , r e c o m m e n d a m - o s á policia p a r a
q u e necessariamente hão de s u b v e r t e r - s e , atalaia e não desanimemos p o r q u e o fu- os melter numa prisão; se se apossam
num período mais ou menos longo. turo nos p e r t e n c e . d'aquillo que a natureza cria para todos
Podendo s e r s u r p r e h e n d i d o s pelos Atlendamos a que a burguezia divi- e de que não pódem p r e s c i n d i r , matam-os!
a c o n t e c i m e n t o s , devemos e s t a r precavi- dida em parcialidades, cada qual alvi- E fallam-nos de caridade, phylantro-
dos, devemos e m p r e g a r desde já todos os trando o seu systema, se d e p a u p e r a e pia, bondade burguezas, sem attenderem
esforços p a r a tirar d e l l e s a maior somma e n f r a q u e c e . Sigamol-a na crise porque a que tudo isso é poeira lançada aos olhos
de vantagens para o desenvolvimento da passa e tiremos dVlla os frutos que po- dos que a não sopram para ver melhor.
ideia anarchista, fazendo conhecer ao demos e devemos colher. A caridade existe ha muitos séculos e,
povo que essa revolução, em que republi- com tão longa existencia, ainda não conse-
canos e socialistos se e m p e n h a m , n u n c a guiu acabar com a miséria qne cada vez se
t e r á como resultado a conquista da intei-
ra liberdade humana, q u e , para ser pro-
ASSASSINOS! alastra mais espantosa e m e d o n h a m e n t e .
0 b u r g u e z é mais partidario de Milthus,
fícua e dar resultados qne aproveitem aos No p r i m e i r o numero d ' e s t e jornal re- que não reconhece aos pobres logar no ban •
e s c r a v o s de hoje t e r á de obedecer ao ferimo-nos a uma local publicada por um quete da vida, d o q u e mantenedor da aliaz
plano preconisado por Kropotkine, Reclus periodico d'esta cidade, queixando-se e, falsa caridade aconselhada pela religião.
e outros p r o p a g a n d i s t a s scientes e con- pedindo r e p r e s s õ e s p a r a a mendicidade. Aquelle homem morreu viclima do
scientes de a n a r c h i s m o . Clama-se nella contra a pobreza, e os egoismo b u r g u e z . Não é, então, sómente
A perfeita liberdade, a completa eman- meios que se apontam p a r a a debellar é r e s p o n s á v e l por este a<sassiuio o mise-
cipação do homem, é incompatível com pedir providencias â policia. rável que lhe tirou a vida, mas sim toda
os princípios p r é g a d o s pelos sectarir.s da Faitos de saber que a policia só re- essa sociedade que tem por ba^e da sua
t republica ou do socialismo; se a elles p r i m e , mas não remedeia, não dizem quaes constituição a posse privada d'aquillo q u e
obedecer a futura revolução, o povo não as v e r d a d e i r a s causas da i n d i g e n c i a m e m d e v e ser de todos.
t e r á conquistado a Liberdade, s ó m e n t e o modo de evital-a. Os r e s p o n s á v e i s também sois vós, oh
m u d a r á de systema, continuando sujeito E no e n t a n t o , o que seria razoavel, trabalhadores eternos, que nunca conse-
a idêntica autoria, e por consequência a senhores defensores da burguezia, era de- g u i s a garantia do vosso futuro, pela inér-
todas as p e r s e g u i ç õ a s e humilhações em monstrar que a pobresa é o resultado da cia cobarde em que vos c o n s e r v a e s à
que a m a n t e r á o novo Estado — republi- péssima e iníqua organisação d ' e s t a so- vista de todas estas a t r o c i d a d e s .
cano ou socialista—burguez nos seus fun- ciedade, onde só é considerado com di- A razão está do vosso lado —não ha-
damentos. reito â vida quem tem dinheiro. veis de morrer de fome q u a n d o a t e r r a
A perfeita e completa Liberdade não Aconselhar a prisão p a r a os que de- produz em demasia o n e c e s s á r i o p a r a
s e r á possível senão numa sociedade anar- r a m , e m q u a n t o poderam t r a b a l h a r , o mais alimentar toda a h u m a n i d a d e .
chista. A p a l a v r a — A n a r c h i a synthetisa a precioso do seu s a n g u e em proveito das Revoltae-vos, fazei g u e r r a aos assas-
negação mais completa de todos os do- b u r r a s dos que os exploraram, sómente sinos que assim vos pagam todas as fa-
g m a s em que se fundam as sociedade-; p o r q u e depois de velhos e inutilisados digas, todos os sacrifícios que fazeis em
na actualidade, é a negação de tudo quanto pelas constantes fadigas, j á não pódem seu proveito.
2 Conquista do Bem
El Corsário
C A R T A Eclios & Noticias Os nossos c a m a r a d a s da Corunha pen-
sam em tornar a publicar este jornal, q u e
Camaradas da Conquista do Bem: Pelo Algarve interrompeu, ha c e r c a de seis mezes, a
sua publicação. Para isso a b r i r a m u m a
Felicito-vos pela e n e r g i a de que sois Faro—N'esla localidade a crise e n l r e subscripção voluntaria na casa da r e d a -
dotados. Nunca julguei que vós, numa os soldadores é t e r r í v e l . Calculam-se, cção, calle Ooisan, 110—3.® piso.
t e r r a tão pequena podesseis contribuir actualmente sem trabalho, 150 operários.
p a r a a propagação de ideias tão boas e Ha cerca de nove mezes q u e muitos não
s a c r o s a n t a s . Emlim, a boa vontade pro- teem onde e m p r e g a r a sua actividade. Julgamento
duz muito em pouco tempo. Os operários estão reduzidos á mais ex-
trema miséria. Os j o r n a e s dizem que ainda este mez
A b u r g u e z i a grita em todo o universo
—Numa fabrica de cortiça, onde está se effectuará o julgamento da causa in-
contra os anarchistas e pede aos seus
um s r . Frederico, os operários são mal- s t a u r a d a contra Santiago Salvador Franch,
governos p a r a nos e x t e r m i n a r . Porquê?
t r a t a d o s , dirigindo-lhes aquelle s r . os José Prata Trilo e Antonio Alfaro Ginéz,
Por q u e r e r m o s a liberdade, a divisão da
epilhetos mais oITensivos. compromettidos no atlentado do l h e a t r o
p r o p r i e d a d e , a e g u a l d a d e , etc.
0 patrão da fabrica foi aconselhado a Lyceo, de Barcelona.
Conclamam q u e nós somos assassinos
e ladrões e por isso desejam ver nos na afíixar um edital dizendo que lodo o ope- Dizem mais q u e o delegado p e d e a
guilhotina ou num presidio para sermos rário que faltasse mais do que o quarto pena de morte p a r a Salvador e forte
e n v e n e n a d o s como o foi Barras e outros da manhã de qualquer s e g u n d a feira, ti- castigo para os r e s t a n t e s .
p r o p a g a n d i s t a s do c r é d o anarchista. Mas... nha de mulla p e r d e r a semana toda. Al- Pelo visto a b u r g u e z i a quer m a i s . . .
não importa. A nossa hora c h e g a r á ; vin- g u n s operários j á teem sido victimas de sangue.
g a r e m o s o» nossos martyres. mais esta prepotencia b u r g u e z a . Tudo lhe . . .Talvez o tenha.
p a r e c e pouco p a r a os e x p l o r a r . . .
Messines — Não é só em Faro q u e os La Alarma
Certos j o r n a e s da capital dizem que operários estão soffrendo as maiores pre-
o anarcliismo é uma loucura e q u e para potências dos burguezes. Também aqui. Esle nosso collega q u e se publicava
o exterminar devem os governos u s a r de Um operário trabalhava na rolharia de em Habana, acaba de r e a p p a r e c e r .
todas as r e p r e s s õ e s — d a c a d e i a , da bayo- Joanuim Thomé e foi por este despedido; Enviamos-lhe as mais vivas e sinceras
n e t a , do canhão, da e s p i n g a r d a m o d e r n a , mas como devia ao p a t r ã ) a quantia de saudações.
das patas da municipal, e de quanto es- 385 rs., este negou se a e n t r e g a r lhe a
tiver ao seu a l c a n c e — n ã o se lembrando f e r r a m e n t a . Foi preciso que seus os com-
q u e a força está do nosso lado, que nós
l e m o s a dynamite, a nitro-glycerina, o
punhal e n v e n e n a d o , e, sobre tudo, uma
panheiros abrissem uma subscripção p a r a
pagar a divida.
Se elle ainda não eslava satisfeito de
Conquista do Bem
fé inquebrantável na justiça da nossa o explorar d u r a n t e seis m e z e s . . . CADA NUMERO 10 RÉIS
causa e uma coragem n u n c a assaz des- A cobrança s e r á feita por series de
mentida na realisação do nosso i d e a l ! 10 números, com o accrescimo do porte
Arehivo Social
Sim!—fé e coragem, c a m a r a d a s , que do correio.
o futuro s e r á nosso! Sahiu o n.° 15 d'esta revista de So- Rogamos aos nossos c a m a r a d a s a fi-
Vós, b u r g u e z i a infame, não possuis ciologia e Litteratura, que se publica em neza de nos enviarem quaesquer infor-
n a d a d'isto. O que vós possuis é cobar- Ilabana (Cuba). mações ou escriptos, o mais t a r d a r , alé
d i a ! Com a i m p u n i d a d e que vos g a r a n t e Insere, além d'outros trabaihos, Juana quinla feira de cada semana.
o dinheiro, pretendeis diffamar-nos? O que y Dolores, novela inédita d'um distinclo Esperamos o auxilio pecuniário de
imporia, se a luz revolucionaria se vae litterato ingiez. lodos os q u e se interessarem pela propa-
espalhando por lodo o universo ? Temos Recommendamos esta publicação aos gação da ideia anarchista.
a certeza q u e havemos de e d u c a r os igno- c a m a r a d a s que conhecem o hespanhol. Aos c a m a r a d a s q u e possam e n c a r r e -
r a n t e s que tu, canalha, compras p a r a A correspondência deve ser dirigida gar-se da distribuição da Conquista do
nos m a s s a c r a r e a s s a s s i n a r . aos editores do Arehivo Social—Manrique, Bem em c a d a localidade, pedimos a fineza
Camaradas: — Façamos a p r o p a g a n d a 154—Habana (Cuba). de se nos dirigirem, afim de evitarmos
peia palavra, pela imprensa, e m q u a n t o as despezas do porte do correio.
não c h e g a a occasião de a fazermos pelo Pedimos às pessoas a quem enviamos
Na America
facto. Tenho a certeza de que não pôde o jornal o favor de nol-o d e v o l v e r e m ,
vir longe o dia em que a burguezia se Na Indiana e no Ohio os mineiros gré- caso não queiram auxiliar-nos com a sua
attemorisará. vistas incendeiam as estações dos cami- assignalura.
Emquanto a t e r r a não fôr de todos, nhos de ferro, fazem d e s c a r r i l a r os com- A correspondência será dirigida: Rua
e emquanto não deixar de haver auto- boios, e destroem as linhas. da Louça, n.° 8 0 , 2 . ° — C o i m b r a .
r i d a d e s e b a r r e i r a s , h a v e r á s e m p r e escra- — Deram se novos tumultos em Con-
vidão. nelton e Connelsburgo (Indiana), e n t r e os
É preciso reagirmos! grévistas.
Se vós, seus b u r g u e z e s , julgaes que,
cortando meia dúzia de cabeças dos nos-
—Em Cripple Creck (Colorado) os gré-
vistas m a n t e e m - s e na especie de entrin
cheiramento que levantaram em Buli Hill.
Bibliotheca anarchista
sos c a m a r a d a s , a ideia d e s a p p a r e c e r á ,
enganaes-vos por completo. A semente As mulheres e as c r e a n ç a s refugiaram se
e m logares seguros porque se espera o A minha defeza, d e E t i é v a n t . 30 réis
foi lançada á t e r r a ; nada obstará a que
alaque das tropas aos grévislas, que teem A lei e a auctoridade, de Kro-
ella produza. Por cada cabeça que dego-
em seu poder uns cincoenla refens e en- potkine 40 r é i s
laes, são mil b u r g u e z e s q u e tendem a
tre elles Wood, presidente de uma das 0 Szlariato, de Kropotkine . 30 r é i s
desapparecer.
maiores companhias h u l h e i r a s . Eslão tam- A Revolta, 2. a série, 44 núme-
Companheiros de Coimbra: vou termi-
bém de posse de uma peça d artilheria, ros 400 réis
n a r levantando um b r a d o de
400 carabinas, 800 revolvers e munições. Pedidos a A Propaganda — Travessa
Gloria aos Marlyres da anarchia! de S a n f A n n a , 27 — Lisboa.
Viva a Revolução Social! Varias companhias de c a m i n h o s de
ferro não teem outro combustível a não Consideraciones sobre el hecho y muerte
Viva a anarchia! de Pallds. Preço—Cada um segundo sua
ser m a d e i r a . Muitas industrias começam
Vosso e da Revolução a ficar p a r a l i s a d a s . voníade. 0 producto é p a r a a familia de
— Os grévislas que se a p o d e r a r a m , Pallas.
Lisboa, 6 - 9 4 . em Mackeesport (Pensylvania), das m i n a s , Pedidos á Conquista do Bem.
F. Soares. expulsaram d'ali o governador e a poli-
cia e espancaram os operários não syn-
dicados. Estão armados de e s p i n g a r d a s e EDITOR—Antonio José da Costa
Quizera que me indicassem na historia uma de ires canhões que metleram em bate-
mouarcliin que nào tenha sido fundada por um ria em frente da via ferrea pela qual deve Typographia e Administração
ladrão. chegar o comboio q u e traz a policia. Rua da Louça, n.° BO, 2."
Nobier.
ANNO I Coimbra, 29 de Junho de 1894 N.° 4
A N A R C H I S T A
telegráficos, faz saltar todas as pontes dos objectivo fazer saltar os monumentos pú-
Echos & Noticias caminhos de ferro, rompe todas as com- blicos e a casa de residencia do presi-
municações entre as localidades. Assim dente C l e v e l a n o . . .
o governo, perdendo o fio das informações, Sabe-se o que são estas invenções pn-
Attentados perderá o fio da repressão, e não sa- liciaes—pretextos para prisões.
Na manhã de 12 do corrente foi en- bendo para onde enviar os seus quadri-
contrada por baixo das janellas do agenta lheiros, suicidar-se á».
de policia Roux, em Boulogne-sur-Mer, «Avante e coragem! Toma de assal- Na Sicilia
uma bomba explosiva. A mecha tinha si- to e desarma todos os postos de policia,
do apagada peio peso da bomba. incendia tribunaes, archivos, palacios Trinta mil operários das minas de
Algumas horas depois, foi preso o autor municipaes, e governos civis, quei- enxofre eslão sem pão. Ameaçam lançar
do attemado, um alfaiate chamado Cussey, mando todos os títulos e documentos de o fogo ás cearas, dizendo que, visto que
já de ha moito perseguido por causa das propriedade e quaesquer outros que lá elles eslão condemnados a morrer de fo-
suas ideias anarchistas houver. Toma posse de tudo . Tu com o me, querem que os outros soffram a mes-
* teu trabalho fizeste tudo; tudo deves por ma sorte.
Adolpho Brenner, tendo dito que se justiça desfrutar; tudo, em vez de anda-
havia de vingar de seu patrão Guilher- res nu e com fome.»
me Weyerlé, dirigiu-se a casa d'este ul- Pela Guiné
timo, na rua Blecker, em Williameburgo
(Nova-York), levando no bolso um rewol- Enlevado, um jornal diz estes «gran-
Contra Crispi des feitos que os portuguezes obraram»
ver carregado e duas bombas de dyna-
mite. ha pouco, lá pela Guiné.
Ha dias, quando Crispi ia para a
Guilherme Weyerlé estava rodeado da camara dos deputados Liétro Lega, anar- «Um marinheiro partiu a espingarda
familia quando Brenner se apresentou chista, disparou um tiro de rewolver na cabeça de um preto, matando-o estan-
e fez fogo primeiro sobre o dono da contra a c a r r u a g e m . taneament.
casa que recebeu uma bala na roupa. Os Crispi ficou illeso, Lega preso, lamen Depois do saque foi a povoação incen-
filhos mal tiveram tempo de fugir. tando não o haver matado. diada, sendo morta a tiro uma feiticeira
Accudiram os agentes de policia. 0 cega, que apareceu à porta de uma cu-
anarchista, ao ver-se preso, desfechou buta.
um tiro de rewolver na bocca mas só «É costume dos indígenas d'Africa cor-
Supprimido tarem a cabeça de i n i m i g o s . . . Alguns
conseguiu ferir se.
Nos bolsos de Adoipho Brenner encon- Foi 4si>!0 Umano nosso confrade de S. dos marinheiros chegados hontem trazem
traram-se duas bombas carregadas de dy- Paulo, Brazil. orelhas «cortadas d'essas c a b e ç a s . . . »
namite, tendo a mecha prompta para ser . . .Na republica do Brazil, que apre- Demonstração flagrante da nobre va-
accesa. Declarou que era seu intento goa aos quatro ventos liberdades... lentia e alta civilisação da burguezia que
matar o patrão e toda a familia com o É para não d e g e n e r a r . . . concorrem em suas p e s s o a s . . .
rewolver e depois fazer-lhe saltar a casa
por meio das bombas.
Gréve
El Corsário
Este nosso confrade, espanhol, acaba
Conquista do Bem
Os mineiros escocezes annunciam que de publicar uma folha solta, em que, mais CADA NUMERO 10 RÉIS
se porão em gréve brevemente. Esta uma vez a f i r m a as suas convicções anar-
gréve mineira, a mais importante das chistas. A cobrança será feita por series de
que tem havido na Escócia, attingirá a Dirigintio-se aos companheiros anar- 10 números, com o accrescimo do porte
força de 70:000 homens. chistas, deseja, que todo aquelle que te- do "correio.
nha algum dado, alguma prova dos rnar- Esperamos o auxilio pecuniário de
tyrios infligidos aos nossos camaradas, a todos os que se interessarem pela propa-
Meunier communique a J. Monlseny, Nollas, 1, gação da ideia anarchista.
Reus, por isso que, vai publicar um fo- Pedimos às pessoas a quem enviamos
0 anarchista Meunier que se refugiou
lheto, em que mostrará o modo como o jornal o favor de nol-o devolverem,
em Londres e cuja extradicção fóra re-
hão sido tratados nossos companheiros caso não queiram auxiliar-nos com a sua
clamada ao governo inglez, chegou a Pa-
que teem sido encarcerados, e de que assignatura.
ris e foi encerrado na Conciergerie.
não ha exemplo na historia das tiranias. A correspondência será dirigida: Rua
0 folheto será distribuído grátis, ad- da Louça, n.° 80, 2.°—Coimbra.
Ao povo mitlindo em pagamento o que a vontade
e os meios de cada um permitia. O pro-
São de um dos manifestos dos camara-
das italianos, encimado por estas pala-
v r a s — Ao povo de lta'ia, estes períodos:
duclo será para as famílias dos Ires com-
panheiros que succumbiram aos barbaros
tormentos e para as dos seis ultimamente
Bibliotlieca anarchista
«0 odio contra todas as injustiças que assassinados.
te fazem soffrer teus patrões e senhores,
não deve ser a única arma com que de- ,4 minha defeza, de Etiévant. 30 réis
ves resolutamente combater. Não. Tu não Gréve dos chapelleiros A lei e a auctoridade, de Kro-
de^es combater sómente por vingar-te, potkine 40 réis
esmagando os que lançam na miséria as Continua em Lisboa, a gréve dos operá- O Salariato, de Kropotkine . . 30 réis
tuas famílias. Não. Tu deves combater rios chapeleiros da fabrica de José Ignacio A Revolta, 2. a série, 44 núme-
por uma ideia, por um fim, que deves da Costa. Os operários estão resolvido3 a ros 400 réis
ter na consciência e cuja convicção de- manterem-se na sua altitude, não que-
ves sentir no coração. rendo ceder n j n h u m a das suas regalias. Pedidos a A Propaganda — Travessa
Os grevistas teem reunido todos os dias, de Saut'Anna, 27 — L i s b o a .
«A ideia de transformação social, o
escopo final da emancipação existe e é procurando a adhesão não só dos operá- Consideraciones sobre el hecho y muerte
«a Anarchia» —-sociedade sem governo, rios chapeleiros de Lisboa, como do resto de Pallds. Preço—Cada um segundo sua
povo em liberdade. É por ella que tu de- do paiz e do estrangeiro. Foram jà re- vonlade. 0 producto é para a familia de
ves combater. cebidas adhesões dos operários chape- Pa llás.
« . . .Depende de ti o seres livre e in- leiros do Porto. Pedidos á Conquista do Bem.
dependente.
Escreve aos teus filhos soldados para
desertarem; imoede os outros de se apre- Conspiração EDITOR—Antonio José da Costa
sentarem em armas. Não pagues mais
contribuições. Armado como podéres, sai Os jornaes referem boatos de ter sido
resolutamente ãs ruas para combateres
Typographia e Administração
descoberta uma conspiração anarchista
o s teus espoliadores. Corta todos os fios na cidade de Washington, que tinha p o r Rua da Louça, n. 8 80, 2.°
M y t M S F E S T O
U P O A N A R C H I S T A DE C O I M B R A
Está inaugurada em Portugal a época de remos a contrariedade que a sua obra, muito aos quatro ventos, á guisa do balão d'ensaio
perseguição ao ideal anarchista, e é em Coim- indirectamente, nos acarretou. a sua informação, com a mesma facilidade com
bra que apparecem as primeiras manifestações O medo que se apossou dos proprietários que apregoa as suas virtudes e excellencia de
d'essa perseguição. das lypographias de Coimbra, alliado ao odio merecimentos, á falia de quem lh'os reconhe-
A Conquista do Bem, pelo visto, maguou que nutrem pelo ideal que defendemos, levou-os ça. Terá altingido ou conseguirá altingir o seu
a lei e mereceu-lhe a dislincção de responder a fecharem-nos as porias. Não temos um único fim? Veremos.
com um processo ao artigo — Insubordinação que se preste a compôr e imprimir a Conquista A'cerca de embaraços, temos conversado;
militar — publicado em o n.° 2 , e com outro do Bem, vendo-nos, por isso, forçados a sus- — a coisa, para nós vale tanto como o sr.
ao artigo — Carnot — publicado em o n.° 4. pender temporariamente a sua publicação. Marlins, todo encadernado na sua prosapia de
Suppomos terem sido inspirados, o primeiro Secundam assim a obra da lei, cuja mira incomparável. Da falta de documentos que
pelo commando do regimento de infanteria 2 3 , é o desapparecimenlo da Conquista, a que se s. ex." diz ler havido, a verdade é que, ao ser
e o segundo pelo commissariado de policia move uma guerra insistente. Lutaremos contra entregue o processo de habilitação, não foi
civil. ella, e neste intuito deligenciaremos colher accusada pela instancia respectiva a falta de
Longe de nos pôr em sobresalto, de nos meios para comprar material typographico, tan- qualquer documento, que o sr. Marlins apregoa:
amedrontar, este facto sómente nos traz a maior to quanto basle para a feitura do jornal e para — a o contrario foi recebida sem a mais simples
satisfação.—Teria sido nada menos do qne um ou outro pequeno folheto destinado á pro- objecção; e no enlanto a lei alguma coisa pres-
mesquinha, a nossa obra, se porventura a lei paganda. creve para o caso de falta de documentos.
não a visse. Viu-a, e nisso eslá o seu valor.. . Appellamos para o auxilio dos nossos ca- Como é, então, que só depois de publica-
Para que uma ideia crie adeptos, se forta- maradas a fim de levarmos por deanle o noáso dos quatro números se nota essa falta? Porque a
leça e vingue, é necessário que a persigam, que intento, como appellamos também para elles no não viram logo, como lhes cumpria, os que
tenha martyres:—attesta-o eloquentemente não sentido de haver alguns recursos para soccor- superintendem em tal assumpto, se por ventura
só a historia do passado, mas a marcha sempre rer na cadeia o nosso camarada Antonio José a falta existe? Houve menos attenção pelo
crescente da propagação e acceitação do nosso da Costa, autor dos artigos incriminados e que objecto de que se tratava, ou ignorancia da
ideal, não obstante o empenho de repressão, por elles vai responder. lei reguladora do caso?
traduzido nas prisões que se multiplicam, nos Se um novo processo nos fór depois pro- Que responda o sr. Martins de Carvalho,
fusilamentos que se repetem, nas decapitações movido, com a mira de nos ser empolgado o pois que é s. ex. a quem vem insinuar que houve
que se succedem. Tudo isso é nada ante a fé material, a lei não conseguirá o seu fim senão uma ou outra coisa — é a sumula a tirar da
que anima os apostolos da Anarchia. com grandes perdas, visto como o valor do que sua innocente informação.
A lei não é, pois, para nós, mais do que tencionamos adquirir e nos basta, não dará se- Mas não responderá, estejam certos, por-
um poderoso auxiliar. Cada uma das suas ma- quer para os sellos e papel qne o processo cus- que é suficientemente fácil para deixar correr
nifestações de repressão nos fornece um ensejo tará. D e p o i s . . . fácil será havel-o de novo.a léria sem a esclarecer. Depois, sabe que do
de propagar, de diffundir o ideal por que tra- Qualquer auxilio para os fins indicados pode que se escreve alguma coisa fica—esse é o seu
balhamos. Presla-nos um serviço quando julga ser enviado á administração da Conquista do fim—e, velha raposa, seguirá o seu conhecido
castigar-nos. Bem. processo de escudar-se com a prudência do
Que a lei o veja, mas que não pare na sua Trabalhemos pelo nosso querido ideal! silencio para fugir á explicação dos'seus arti-
obra. Ser-nos-ia uma contrariedade que pa- Lutemos pela Anarchia! ficiosos balões.
rasse. A Conquista suspende sómente por não
Isto assente e acceile, fica intendido que haver um proprietário de typographia que se
não lecuaremos e que nos achamos dispostos a A fim de podermos desde já occorrer ás preste a fazel-a. Até hoje não ha outro motivo
acceitar, nas melhores disposições, todas as primeiras despezas vamos proceder á cobran- de suspensão.
responsabilidades que a lei queira impôr-nos ça da importancia dos números até agora publi- Com que ella não volte a sair, conta já o
pela nossa obra, todas as perseguições, todas cados. sr. Martins e isso o alegra—vê-se da redacção
as penas a que julgue dever sujeilar-nos. Ape- do seu artiguito, que tresanda a paixão—por-
sar de tudo propagaremos e defenderemos a tjue lemos ousado beliscar a sua ridicula vai-
Anarchia, sempre e onde quer que possamos A proposilo: dade e o seu reconhecido espirito mercantil;
fazel-o, sem nos preoccupar que a lei nos veja, mas é ainda cedo para cantar victoria. Descan-
nos ouça e nos alcance de novo. No sen Conimbricense n.° 4 : 8 8 9 , o sr. ce que havemos de achar meio não só de con-
As duas visitas que se dignou fazer-nós, Joaquim Martins de Carvalho faz-se pregoeiro tinuar a criticar a sua obra na escalada do
ou antes, o facto de ir condemnar-nos, como da suspensão da Conquista e dá como causa bom nome, como o temos feilo, mas ainda de
castigo á nossa obra, tem para nós a altíssima determinante — embaraços com que lutava e lhe arrancar a mascara por uma vez, já agora
significação d'uma victoria. falta de documentos essenciaes na habilitação sem os restos de respeito pela sua idade que
A par de ser um bello prenuncio sentir a do editor, indo, por esle facto, o ministério ainda determinava em nós uma tal ou qual
lei que a maguámos, accresce a circumstancia, publico requerer, se não requereu já, a supres- complacência. E' muito da nossa intimidade
repelimol-o, de ser ella própria quem nos des- são do jornal toda a sua historia no j o r n a l i s m o . . . ; nessa
taca d'essa imprensa que ahi ganha a vida Muito conhecedor da vida alheia, qualidade qualidade o apreciaremos.
commodamente, engraxando botas altas e es- dislincla no sr. Martins, a s. ex.* não resta Muilissima gente conhece já quanto s. ex. 1
covando casacas finas ou fardalhões catitas. duvida ácerca dos embaraços que amofinavam é venal e traiçoeiro, mas é certo que muito
Salienta-nos e impõe-nos á admiração, quando a Conquista; sabe de cór e salteado a cola- pouca se atreve a romper com elle. Os seus ser-
pretendia amordaçar-nos e lornar-nos ignora- ção dos fundos de que ella dispunha, não viços á liberal e á liberdade... Qs seus a n n o s . . .
dos, porque dará margem a ver-se que a pro- obstante nunca lhe ler sido rogado que a A allegação de que é um pobre velho, não
vocámos de novo, lendo supporlado, impassí- incluísse na lisla dos seus pobres, para quem colhe ante a sua posição de jornalista, mer-
veis, o seu primeiro ataque. o sr. Martins é lodo caridade por conta alheia. cantil e rancoroso, com exigencias de respeito
Simplesmente b e l l o ! . . . Mas não carecia d'isso s. ex. a A' sua saga- e vaidades de inagualavel; como tal não está
Cumpra ella, pois, o que julga o seu de- cidade não escapa coisa a l g u m a : — s a b e de isento das responsabilidades que o seu orgulho
v e r — perseguir-nos; cumpriremos o nosso — audo e de lodos, e assim é que dá conla do que e as suas ocas presumpções lhe acarretam.
reagir propagando e d e f e n d e n d o - n o s . . . nós ignoramos. Um argus, o sr. Marlins. E E* velho, mas é petulante, e d'um autorita-
* porque o é, decerto lhe não resta duvida de rismo que irrita.
que não ignoramos o alcance da sua léria e ao Contamos que até breve, sr. Marlins.
Certos que a lei, sómente por meio dos que a destina, nem de que conhecemos bem o E que a resignação o não abandone, se
processos que houve por bem promover contra valor do seu manifestado sentimento. por ventura o seu artiguito não der o resulta-
nós, não conseguiria emmudecer-nos, salienta- Ignorante ou velhaco, como queiram, atirou do a que o destinou.