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Caicó
2019
Em períodos em que há na história cataclismos ou desgraças, existe uma
produção literária, e após certos períodos, essa produção pode ser estudada
para se buscar um entendimento mais “real” do acontecido. Constitui-se dessa
forma, o que podemos chamar de “literatura de testemunho”, de acordo com a
definição de Marcio Selligman¹ (SILVA, 2009. P: 01). Ao se estudar esses
testemunhos, o fator “real” não deve ser confundido com a “realidade”,
justamente por se tratar de uma produção de determinado grupo e representar
apenas uma visão, ou uma parte do acontecido.
Podemos relacionar ao conceito de testemunho, os estudos sobre as
minorias, pois Silva (2009) nos mostra que:
Dessa forma, há o espaço para se ouvir a voz daqueles que antes não
tinham direito a ela. Como exemplo temos os estudos de gênero, estudos
feministas, estudos sobre os grupos perseguidos durante o holocausto, entre
outros. Além disso, as discussões acerca do testemunho estão sendo
relacionadas aos estudos sobre a memória, já que “o testemunho também é de
certo modo uma tentativa de reunir os fragmentos do “passado” (que não passa)
dando um nexo e um contexto aos mesmos” (SILVA, 2009, p. 02).
Outro exemplo que podemos citar é a obra do autor Primo Levi, chamada
“É isto um homem?”, que narra seu próprio testemunho como um sobrevivente
dos campos de exterminio nazista. É mostrado desde o momento em que ele é
capturado, até a angustia do processo de desmonte da identidade dos judeus
nos campos por meio principalmente da tortura psicologica e pressão que os
presos sofriam.