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TQ-N1
DINÂMICA DE FLUIDOS
Professor: Marcus Vinícius de Oliveira Fernandes
CATALÃO-GO
JUNHO 2019
1. INTRODUÇÃO
Na indústria química, assim como no nosso dia-a-dia, existem fenômenos que ocorrem
constantemente promovendo transformações físicas e químicas no ambiente. Fenômenos
compreendidos desde o derretimento de um cubo de gelo até a detonação de uma bomba
atômica constituem processos em que a matéria, a quantidade de movimento (momentum) ou
a energia de um corpo, seja ela de qualquer natureza (elétrica, térmica, mecânica, etc.), são
transferidas para outro ou para o ambiente. Veja a seguir alguns exemplos corriqueiros que
ilustram o conceito de fenômenos de transporte.
Em um jogo de futebol, um jogador, ao chutar a bola, imprime uma força que gera certa
quantidade de energia. Esta energia é transferida para a bola em forma de energia
cinética;
Uma pastilha de naftalina, composto aromático usado para repelir insetos, pode passar
do estado sólido diretamente para o gasoso, havendo a transferência de sua massa
para a atmosfera;
A resistência que compõe um chuveiro transmite a energia elétrica à água em forma de
energia térmica.
matemática são muitas vezes complexas. Por isso, faremos menção apenas aos fundamentos
básicos necessários para a formação do Técnico em Química.
Se aplicarmos uma força F à placa, esta por sua vez, exerce um esforço cisalhante sobre
o bloco que se deforma e esta deformação resultante se chama ângulo de deformação (Δα).
Tc = F/A proporcional a α
Tc = G. α (Lei de Hooke)
Quanto maior for G, menor é o ângulo de deformação α. Por exemplo, seja o sólido 1 a
borracha e o sólido 2 o aço.
G1/G2 = α2/α1 < 1
Para a mesma tensão cisalhante α2 < α1, portanto, G1 < G2, o que significa que o módulo
de rigidez do aço é maior que o da borracha.
Supondo, agora, esta mesma força aplicada a um fluido, não haveria um valor fixo para o
ângulo de deformação , característico do cisalhamento, porém seria observada uma
deformação contínua e irreversível do elemento fluido, mesmo para baixos valores de força
cisalhante e após a aplicação da força cessar.
Tc = µ(Δα/Δt)
Tc = µ.D
Tc = µ1D1 = µ2D2
µ1/µ2 = D2/D1 < 1
µ2 > µ1, o que significa que o mel é mais viscoso que a água e, portanto, oferece maior
resistência ao escoamento.
Dessa forma, pode ser dito que os sólidos resistem às forças de cisalhamento até o seu
limite elástico ser atingido (tensão crítica de cisalhamento), a partir da qual experimentam uma
deformação irreversível. No entanto, os fluidos são imediatamente deformados
irreversivelmente mesmo para baixos valores de tensão de cisalhamento.
Portanto:
Um fluido pode ser definido como uma substância que muda continuamente de
forma quando submetido a uma tensão de cisalhamento de qualquer intensidade.
Uma grandeza física se traduz na propriedade de um corpo que pode ser medida ou
estimada. Essas grandezas físicas podem ser medidas através de instrumentos específicos,
comparadas com um padrão ou calculadas através de expressões numéricas. Os resultados
dessas medidas caracterizam as dimensões de um corpo, para as quais pode ser
estabelecida uma unidade.
As dimensões fundamentais são aquelas que, por si só podem definir uma propriedade
de um corpo. São elas massa (M), comprimento (L), e tempo (T). Todas as outras dimensões
conhecidas pode ser expressar por uma combinação destas.
a) 1pé + 3 segundos
b) 1 hp + 300 watts
Exemplo 1.2: Se uma aeronave voa a uma velocidade 2 vezes superior à velocidade do
som (vsom = 1100 ft/s), qual será a sua velocidade em milhas por hora?
Nota-se que no exemplo 1.2 foi empregada a chamada equação dimensional. Ela
contém números e unidades. O valor inicial de velocidade, 2200 ft/s, é multiplicada por fatores
de conversão com valores equivalentes de combinações de tempo, distância e assim por
diante, até chegar-se à resposta final desejada.
A equação dimensional tem linhas verticais que separam cada fator e essas linhas têm o
mesmo significado que o sinal de multiplicação colocado entre cada fator. Recomenda-se que
as unidades sejam sempre escritas ao lado dos valores numéricos, até que o aluno fique
familiarizado como uso de unidades e dimensões e possa memoriza-las.
Para cada dimensão pode ser atribuído um conjunto de unidades que, por convenção
são agrupadas de modo a formar um sistema de unidades padronizado. Os sistemas mais
conhecidos e utilizados são o CGS, MKS e FPS.
Note que o valor de densidade dado está no sistema CGS (massa em gramas e volume em
cm cúbicos), portanto devemos converter de CGS para os demais sistemas.
MKS:
FPS:
1 g 0,0022 lbm 28316,8 cm³ = 62,3 lbm/ft³
cm³ 1 g 1 ft³
Viscosidade
A viscosidade é uma propriedade que determina o grau de resistência de um fluido a
uma força cisalhante. A viscosidade absoluta (ou dinâmica) de um fluido é importante no
estudo do escoamento de fluidos newtonianos através de tubulações e dutos.
Seja, um paralelepípedo imaginário de um fluido sofrendo a ação de uma força
cisalhante se deforma contínua e irreversivelmente mesmo após a aplicação da força cessar.
= (t) D = / t
D = taxa de deformação
Quanto maior a tensão aplicada, maior a taxa de deformação. Porém, nem todos os
fluidos apresentam a mesma relação entre tensão e taxa de deformação.
Tc = D
Onde:
Tc = Tensão de cisalhamento
D = Taxa de deformação
= Coeficiente de proporcionalidade (constante para Temperatura e Pressão
constantes)
Dimensão:
Unidades:
MKS: [] = kg/m.s
CGS: [] = g/cm.s = “Poise”
1 centiPoise (cP) = 0,01Poise (P)
A densidade de um fluido consiste na razão entre sua massa e o volume ocupado por ele
em determinadas condições de temperatura e pressão. Isso significa que a densidade fornece
o valor da massa que cabe em cada unidade de volume do fluido.
Dimensão:
Unidades:
MKS: [] = kg/m³
CGS: [] = g/cm³
É definido de forma análoga à massa específica, porém consiste na razão entre o peso e
o volume de um fluido, ou seja, indica quanto pesa cada unidade de volume de uma amostra
de fluido.
ATENÇÃO:
Massa (m) ≠ Peso (P)
P = m.g
Onde g = aceleração da gravidade
Dimensão:
Unidades:
MKS: [γ] = kg/m²s²
A vazão volumétrica é a variável que expressa o volume de matéria que passa através
de um ponto de uma tubulação por exemplo, por unidade de tempo.
Dimensão:
Unidades:
Vazão mássica
Unidades:
MKS: [ ] = kg/s
CGS: [ ] = g/s
Pressão (P)
A pressão é uma variável definida como a relação entre uma ou mais forças e a área
onde ela atua. A pressão é uma grandeza intrínseca de qualquer sistema e tem forte
influência nas condições de escoamento de fluidos.
Dimensão:
Unidades:
P A – PB = ?
Supondo que o recipiente está aberto para a atmosfera, a pressão em cada ponto
equivale à pressão atmosférica (Patm) somada ao efeito da coluna de líquido acima daquele
ponto. Portanto:
PA = Patm + ρghA
PB = Patm + ρghB
A diferença PA - PB então é:
O sinal negativo é explicado pelo fato de a pressão P B ser maior que PA, pois em um
fluido, quanto maior for a profundidade, maior será a pressão exercida naquele ponto. Ou
seja, verticalmente a pressão sofre acréscimo ou decréscimo a depender da altura com
relação a um ponto de referência. Em um sistema como o da figura 4.1 não há diferença de
pressão horizontalmente.
PA = PB
PA = P1 + ρgx + ρgh1
PB = P2 + ρgx + ρmgh1
Exemplo 4.1: Considere o sistema abaixo no qual ρA (líquido claro) = 880 kg/m³ e ρB (líquido
escuro) = 2950 kg/m³, descubra o valor da altura h, sabendo que a diferença P 1 – P2 é de 870
Pa.
PM = PM’
PM = P1 + ρAgy
PM’ = P2 + ρAg(y – h) + ρBgh
Para pequenas vazões o líquido corante forma um filete contínuo paralelo ao eixo do
tubo (6). Vazões crescentes induzem oscilações que são amplificadas à medida que o
aumento vai ocorrendo, culminando no completo desaparecimento do filete, ou seja, uma
mistura completa no interior do tubo de vidro (6) do líquido corante, indicando uma diluição
total. É possível concluir que ocorrem dois tipos distintos de escoamentos separados por uma
transição.
Dv
Número de Reynolds (Re)* =
* Para dutos circulares de diâmetro D.
Onde:
D = diâmetro do tubo
v = velocidade do fluido
ρ = densidade do fluido (função da temperatura)
µ = viscosidade dinâmica do fluido (função da temperatura)
Para o projeto de carros de fórmula 1 são realizados testes em túneis de vento para
determinar as condições aerodinâmicas dos componentes do carro. Um túnel de vento
construído na USP (Universidade de São Paulo) possui 1,3 m de diâmetro e ventiladores que
podem gerar ventos de até 200 Km/h. Considerando a viscosidade dinâmica do ar igual a
1,79.10-5 Kg/m.s e a densidade de 1,23 Kg/m³, calcule o número de Reynolds para este
escoamento.
Importante: Lembre-se que para realizar qualquer operação com as variáveis dadas é
necessário que estas estejam no mesmo sistema de unidades.
Adotaremos o sistema M.K.S por possuir maior número de variáveis neste sistema.
Então é preciso converter a unidade de velocidade para m/s.
200 Km 1000 m 1h
v= . . = 55,5 m/s
h 1Km 3600 s
Dv 1,3.55,5.1,23
Re = = = 4,962.105
1,79.10 -5
Exemplo 5.2
Um fluido, escoando a uma velocidade de 0,06 m/s por uma tubulação de 1 1/4 in de diâmetro,
apresenta ρ = 1,05 g/cm³. Sabendo que o escoamento possui Re = 1120, calcule as
viscosidades dinâmica e cinemática do fluido.
2,54 cm
D = 1,25in. = 3,175 cm
1in
m 100 cm
v = 0,06 . = 6 cm/s
s 1m
Dv 3,175.6.1,05
Re = 1120 = µ = 0,018 g/cm.s
0,018
= 0,017 cm²/s
1,05
Exemplo 5.3
Calcule o número de Reynolds para uma tubulação onde escoa um líquido com uma vazão de
5 m³/h. A densidade do líquido é 1,82 g/cm³e a viscosidade é 0,018 cP. Classifique o
escoamento em laminar, transitório ou turbulento.
µ = 0,018 cP = 0,018.10-2 P = 1,8.10-4 P =1,8.10-4 g/cm.s
ρ = 1,82 g/cm³
m³ (1000 cm)³ 1h
Q= 5 . . = 1,39.106 cm³/s
h 1m³ 3600 s
2,54 cm
D = 2in. = 5,08 cm
1in
Cálculo da velocidade o fluido:
4Q 4.1,39 .10 6
v= = = 68525 cm/s
D ² .(5,08 )²
Dv 5,08.68525.1,82
Re = = = 3,52.109
1,8.10 4
Como 3,52.109 >> 2500 Escoamento turbulento
Exemplo 5.4
Calcule o diâmetro máximo que deve ter uma tubulação para que um escoamento seja
laminar. Considere a água como fluido de trabalho.
ρ = 1,0 g/cm³
µ = 0,01 cP = 1.10-4 g/cm.s
v = 0,5 cm/s
Para que o escoamento seja laminar, o Re não deve ultrapassar 2000, portanto:
D.0,5.1,0
2000 =
0,0001
2000.0,0001
D D = 2,0 cm
0,5
Exemplo 5.5
Para o projeto de um sedimentador deve ser levado em consideração o coeficiente de
resistência das partículas sólidas ao escoamento (CD). Este coeficiente é calculado pela
seguinte correlação:
dp³ ( s ) g
CDRe2 =
²
Onde:
ρs = densidade do sólido
ρ = densidade do fluido
µ = viscosidade do fluido
g = aceleração da gravidade
dp = diâmetro da partícula
ρs = 2,7 g/cm³
ρ = 1,0 g/cm³
µ = 0,9 cP
g = 980 cm/s²
dp = 1,95.10-2 cm
v = 2,36 cm/s
dpv 0,0195.2,36.1,0
Repartícula = = = 5,11
0,009
dp³ ( s ) g 0,0195³.1,0(2,7 1,0).980
CD = = = 5,84
² Re ² 0,009².5,11²
Exemplo 5.6
No dimensionamento de tubulações de sucção e recalque de bombas é necessário
contabilizar a perda de carga no escoamento que depende de uma grandeza chamada fator
de atrito, que é dada pela equação abaixo quando o escoamento é laminar:
64
f=
Re
Calcular o fator de atrito no bombeamento de gasolina, com viscosidade cinemática de 6.10-3
m²/s a uma vazão de 600 L/min por meio de uma tubulação de 2,5 in.
Conversão das variáveis para o sistema de unidades MKS:
0,0254 m
D = 2,5 in = 0,0635 m
1in
L 1m³ 1 min
Q = 600 . . = 0,01 m³/s
min 1000 L 60 s
Dv 0,0635.3,16
Re = Re = = 33,4
0,006
64 64
f= f= = 1,92
Re 33,4
A1.v1 A2.v 2
x
Pois v
t
Pela equação da continuidade podemos afirmar que “a velocidade de escoamento é
inversamente proporcional à área da secção transversal”. Ou seja, quanto maior for a
área transversal de escoamento, menor será a velocidade do fluido para a mesma vazão.
Da mesma forma, a equação da continuidade pode ser escrita em termos da massa de
material que atravessa cada seção.
m1 m 2 A1.x1 A2.x 2
1 m
m 2
t t t t
Portanto, a equação da continuidade estabelece que para uma dada vazão mássica de
fluido e densidade constante durante o escoamento:
. A1.v1 . A2.v2
Exemplo 6.1
Um fluido escoa a uma vazão de 3,0 ft³/min em um tubo semelhante ao apresentado na figura
6.3 dada anteriormente. Considerando que o diâmetro do tubo no ponto 2 é 0,45 ft, calcule a
velocidade do fluido neste ponto.
fluido aumenta enquanto ela escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão do
fluido deve diminuir e vice-versa”.
Considere um tubo limitado por duas seções transversais de áreas A 1 e A2, situadas
respectivamente nos pontos 1 e 2, como mostra a figura 6.4, onde as pressões são P1 e P2,
as velocidades v1 e v2 e as alturas em relação a um plano horizontal de referência h1 e h2,
respectivamente.
v1² P1 v 2² P 2
h1 h2
2g 2g
Se o fluido receber energia no percurso entre os pontos 1 e 2 (fornecida por uma bomba, por
exemplo), pode-se escrever:
v1² P1 v 2² P 2
h1 hB h2
2g 2g
hB – energia recebida pelo fluido no percurso por peso de fluido (unidade de comprimento).
Aviões: A asa de um avião é mais curva na parte de cima. Isto faz com que o ar passe mais
rápido na parte de cima do que na de baixo. De acordo com a equação de Bernoulli, a
pressão do ar em cima da asa será menor do que na parte de baixo, criando uma força de
empuxo que sustenta o avião no ar.
Chaminé: O movimento de ar do lado de fora de uma casa ajuda a criar uma diferença de
pressão que expulsa o ar quente da lareira para cima, através da chaminé.
Um tanque contendo um fluido ideal deve ser descarregado apenas pela ação da gravidade.
O ponto 1 está a uma altura de 2,0 m do chão e a altura do ponto 2 é desprezível em relação
ao chão. Considerando g = 9,8 m/s², calcule a velocidade do líquido no ponto 2.
v1² P1 v 2² P 2
Equação de Bernoulli para fluidos ideais: h1 h2
2g 2g
Mas
P1 P2
P1 = P2 = Patm
A1 >>A2 v1 << v2 (Equação da continuidade)
Logo, v1 ≈ 0 e
v2 = 2 g (h1 h 2)
Exemplo 4.4
Água corre através de um cano horizontal, conforme a figura abaixo. No ponto 1 a pressão
manométrica é de 51 KPa e a velocidade é 1,8 m/s. Sabendo que a velocidade aumenta para
3,47 m/s no ponto 2, calcule o valor da pressão manométrica neste ponto? Obs.: Considere a
água como fluido ideal (ρ = 1000 Kg/m³).
v1² P1 v 2² P 2
Bernoulli: h1 h2
2g 2g
Simplificação: neste caso h1 e h2 estão na mesma altura, portanto h1 = h2. Por isso os dois
termos podem ser eliminados da equação.
v1² P1 v 2² P 2
2g 2g
Lembrando que: γ = ρg
Na equação de Bernoulli deve ser considerada a pressão absoluta:
Pabs = Pman + Patm
P1 = 51000 Pa + 1,013.105 Pa = 152300 Pa
1,8² 152300 3,47² P2
2.9,8 1000.9,8 2.9,8 1000.9,8
P2 = 148000 Pa
Exemplo 6.5
O medidor de vazão mostrado na figura abaixo é conhecido como medidor Venturi. A vazão
de fluido é obtida pela diferença de pressão a que o fluido está sujeito quando passa pela
região de estrangulamento. A seção 1 tem diâmetro de 6 cm e a seção 2 de 4,5 cm. O
escoamento de um fluido real de densidade 1010 Kg/m³ através deste medidor fornece uma
diferença de pressão de ΔP = -6,0 KPa para uma vazão de 10 m³/h. Utilizando as equações
da continuidade e Bernoulli para fluidos reais, calcule a perda de carga total entre os pontos 1
e 2.
v1² P1 v 2² P 2
Equação de Bernoulli para fluidos reais: h1 h2 ht
2g 2g
Q1 = A1.v1
D1²
Q1 = .v1
4
.0,06 ²
2,78.10-3 = .v1 v1 = 0,98 m/s
4
Q2 = A2.v2
D 2²
Q2 = .v2
4
.0,045 ²
2,78.10-3 = .v2 v2 = 1,75 m/s
4
Como os pontos 1 e 2 estão na mesma altura, h 1 = h2, então podemos eliminar esses termos
da equação.
v1² P1 v 2² P 2
ht
2g 2g
v1² P1 v 2² P 2
ht = - -
2g 2 g
P1 P 2 v1² v 2²
ht = + -
2g 2g
6000 0,98² 1,75²
ht =
1010.9,8 2.9,8 2.9,8
ht = 0,5 m