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DINÂMICA DE FLUIDOS

TQ-N1

DINÂMICA DE FLUIDOS
Professor: Marcus Vinícius de Oliveira Fernandes

CATALÃO-GO
JUNHO 2019

Prof. Marcus Vinícius Fernandes 1


DINÂMICA DE FLUIDOS
TQ-N1

1. INTRODUÇÃO

Na indústria química, assim como no nosso dia-a-dia, existem fenômenos que ocorrem
constantemente promovendo transformações físicas e químicas no ambiente. Fenômenos
compreendidos desde o derretimento de um cubo de gelo até a detonação de uma bomba
atômica constituem processos em que a matéria, a quantidade de movimento (momentum) ou
a energia de um corpo, seja ela de qualquer natureza (elétrica, térmica, mecânica, etc.), são
transferidas para outro ou para o ambiente. Veja a seguir alguns exemplos corriqueiros que
ilustram o conceito de fenômenos de transporte.

 Em um jogo de futebol, um jogador, ao chutar a bola, imprime uma força que gera certa
quantidade de energia. Esta energia é transferida para a bola em forma de energia
cinética;
 Uma pastilha de naftalina, composto aromático usado para repelir insetos, pode passar
do estado sólido diretamente para o gasoso, havendo a transferência de sua massa
para a atmosfera;
 A resistência que compõe um chuveiro transmite a energia elétrica à água em forma de
energia térmica.

A respeito de processos químicos industriais também podemos citar alguns exemplos de


transferência de matéria, momentum ou energia:

 Um líquido, ao ser bombeado por uma tubulação transforma a energia mecânica


recebida das palhetas da bomba em energia de pressão, que o impulsiona através dos
tubos;
 Uma das etapas da destilação de uma mistura binária de líquidos consiste no
transporte de massa da substância mais volátil para a fase gasosa;
 O vapor produzido por uma caldeira é aproveitado para aquecer líquidos, através da
transferência de calor de um fluido para o outro.

Desse modo, a disciplina Fenômenos de Transporte se atém ao estudo dos mecanismos


de transferência de momentum, massa e calor. As leis físicas que descrevem seu
comportamento são simples e facilmente compreensíveis, porém a descrição analítica e

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matemática são muitas vezes complexas. Por isso, faremos menção apenas aos fundamentos
básicos necessários para a formação do Técnico em Química.

2. NOÇÕES DE MECÂNICA DOS FLUIDOS: RESPOSTA À AÇÃO DE FORÇAS

No âmbito dos processos químicos industriais o objeto de trabalho dos fenômenos de


transporte é o fluido, que compreende a matéria nos estados líquido e gasoso, basicamente.
O estado sólido é, geralmente, caracterizado pela resistência que o material sólido oferece à
mudança de forma, isto é, as moléculas de um sólido apresentam relativa imobilidade. Por
outro lado, líquidos e, em maior grau, os gases não oferecem resistência à mudança de forma
ou, quando o fazem é em escala muito menor comparada com os sólidos.
A Mecânica dos fluidos é a ciência que estuda o comportamento físico dos fluidos, assim
como as leis que regem esse comportamento. As bases abordadas pela Mecânica dos fluidos
são fundamentais para a análise de projetos de qualquer sistema onde o meio atuante é um
fluido.
 Projeto de meios de transporte como aeronaves para voos subsônicos e supersônicos
e automóveis (inclusive carros de Fórmula 1) visando as características aerodinâmicas,
máquinas de grande efeito, cascos de barcos e navios e submarinos;
 Projeto de todo tipo de máquinas de fluxo, incluindo bombas, compressores,
separadores e turbinas;
 Ação dos ventos sobre construções civis;
 Sistemas de lubrificação, aquecimento e refrigeração;
 Sistemas de tubulações para transporte de sólidos por via pneumática ou hidráulica;
 O posicionamento da vela de um barco para obter maior rendimento com o vento, bem
como a forma e superfície da bola de golfe para um melhor desempenho são
governados pelos princípios da Mecânica dos fluidos.

A seguir é apresentado um experimento simples que traduz a diferença de


comportamento de porções de fluido e de sólidos quando submetido a forças de mesma
natureza.
É dado um recipiente preenchido com água. Se o mesmo for virado sobre uma superfície
plana (de modo a não derramar a água), observa-se que a água contida no recipiente exerce
uma força sobre a superfície plana. Dessa forma, se o recipiente for erguido o volume de

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líquido nele contido se deformará de forma contínua e irreversível, se espalhando sobre a


superfície. No entanto, se a experiência for repetida com gelo ao invés de água, a forma inicial
do sólido será mantida até que as condições iniciais sejam alteradas.
A distinção entre sólido e fluido, porém, depende do tipo de força a que ambos são
submetidos.
Por exemplo, se uma força de compressão (força aplicada na direção perpendicular da
superfície do material) é exercida em um sólido e em um fluido simultaneamente, este último
seria comprimido até um ponto em que ele se comportaria como um sólido, ou seja, seria
incompressível, como mostra a figura 2.1.

Figura 2.1 – Força de compressão em um fluido.

No caso de forças cisalhantes (aplicada perpendicularmente à direção da normal da


superfície, ou seja, tangencial à superfície), o sólido apresenta uma resistência finita,
enquanto que nos fluidos esta resistência praticamente não existe, isto é, se deformam
contínua e irreversivelmente quando submetido força cisalhante, por menor que ela seja.
Seja um paralelepípedo sólido com a base fixada a um plano fixo, enquanto que na parte
superior temos uma placa na qual se aplica uma força cisalhante F. Enquanto a força for
aplicada, o sólido apresenta uma deformação definida. Ao cessar a aplicação da força, a
deformação de desfaz.

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Figura 2.2 – Sólido submetido à força cisalhante.

Se aplicarmos uma força F à placa, esta por sua vez, exerce um esforço cisalhante sobre
o bloco que se deforma e esta deformação resultante se chama ângulo de deformação (Δα).

Tc = F/A proporcional a α
Tc = G. α (Lei de Hooke)

Onde: Tc = Tensão cisalhante


A = Área de aplicação da força
G = Constante de proporcionalidade (módulo de rigidez do sólido)
α = ângulo de deformação

Sejam dois sólidos 1 e 2, submetidos à mesma tensão cisalhante:


Tc1 = G1α1
Tc2 = G2α2
Tc = G1α1 = G2α2
G1/G2 = α2/α1

Quanto maior for G, menor é o ângulo de deformação α. Por exemplo, seja o sólido 1 a
borracha e o sólido 2 o aço.
G1/G2 = α2/α1 < 1

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Figura 2.3 – Diagrama tensão-deformação.

Para a mesma tensão cisalhante α2 < α1, portanto, G1 < G2, o que significa que o módulo
de rigidez do aço é maior que o da borracha.
Supondo, agora, esta mesma força aplicada a um fluido, não haveria um valor fixo para o
ângulo de deformação , característico do cisalhamento, porém seria observada uma
deformação contínua e irreversível do elemento fluido, mesmo para baixos valores de força
cisalhante e após a aplicação da força cessar.

Figura 2.4 – Elemento fluido submetido à força cisalhante.

Assim como nos sólidos, a variação do ângulo de deformação é diretamente proporcional


à tensão cisalhante aplicada. Então é necessária a introdução de uma constante de
proporcionalidade (µ).

Tc = µ(Δα/Δt)
Tc = µ.D

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Fluido para o qual a taxa de deformação é diretamente proporcional à tensão de


cisalhamento é denominado Fluido Newtoniano (em homenagem a Isaac Newton, o primeiro
cientista a observar tal fenômeno).
Agora, seja a mesma tensão cisalhante sendo aplicada a dois fluidos newtonianos
diferentes, (1) água e (2) mel.

Tc = µ1D1 = µ2D2
µ1/µ2 = D2/D1 < 1

Figura 2.5 – Diagrama reológico.

µ2 > µ1, o que significa que o mel é mais viscoso que a água e, portanto, oferece maior
resistência ao escoamento.

Dessa forma, pode ser dito que os sólidos resistem às forças de cisalhamento até o seu
limite elástico ser atingido (tensão crítica de cisalhamento), a partir da qual experimentam uma
deformação irreversível. No entanto, os fluidos são imediatamente deformados
irreversivelmente mesmo para baixos valores de tensão de cisalhamento.
Portanto:

Um fluido pode ser definido como uma substância que muda continuamente de
forma quando submetido a uma tensão de cisalhamento de qualquer intensidade.

Como a definição de fluido já foi estabelecida, torna-se necessário o conhecimento de


algumas propriedades físicas dos mesmos. Estas informações são fundamentais na
caracterização dos fluidos para o projeto e dimensionamento de tubulações e equipamentos
da indústria.

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3. GRANDEZAS, DIMENSÕES E SISTEMAS DE UNIDADES

Uma grandeza física se traduz na propriedade de um corpo que pode ser medida ou
estimada. Essas grandezas físicas podem ser medidas através de instrumentos específicos,
comparadas com um padrão ou calculadas através de expressões numéricas. Os resultados
dessas medidas caracterizam as dimensões de um corpo, para as quais pode ser
estabelecida uma unidade.
As dimensões fundamentais são aquelas que, por si só podem definir uma propriedade
de um corpo. São elas massa (M), comprimento (L), e tempo (T). Todas as outras dimensões
conhecidas pode ser expressar por uma combinação destas.

Exemplo 1.1: A densidade de um fluido é calculada pela expressão:

Suas dimensões são:

Agora tente fazer os seguintes somatórios:

a) 1pé + 3 segundos
b) 1 hp + 300 watts

Numericamente, não é necessário esforço para concluir as operações acima. No


entanto, o item a possui uma inconsistência de dimensões. Um pé tem dimensões de
comprimento, enquanto 3 segundos têm dimensões de tempo, portanto esta soma é
impossível.
No caso do item b, as dimensões são as mesmas (potência térmica), porém as unidades
são diferentes. Para fazer esta soma é necessário converter as duas quantidades em
unidades iguais (ambas em hp ou ambas em watts).
Como 1 hp = 746 watts. Então:

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746 watts + 300 watts = 1046 watts

Exemplo 1.2: Se uma aeronave voa a uma velocidade 2 vezes superior à velocidade do
som (vsom = 1100 ft/s), qual será a sua velocidade em milhas por hora?

2 1100 ft 1 milha 60 s 60 min = 1500 mi/h


S 5280 ft 1 min 1 hora

Nota-se que no exemplo 1.2 foi empregada a chamada equação dimensional. Ela
contém números e unidades. O valor inicial de velocidade, 2200 ft/s, é multiplicada por fatores
de conversão com valores equivalentes de combinações de tempo, distância e assim por
diante, até chegar-se à resposta final desejada.
A equação dimensional tem linhas verticais que separam cada fator e essas linhas têm o
mesmo significado que o sinal de multiplicação colocado entre cada fator. Recomenda-se que
as unidades sejam sempre escritas ao lado dos valores numéricos, até que o aluno fique
familiarizado como uso de unidades e dimensões e possa memoriza-las.
Para cada dimensão pode ser atribuído um conjunto de unidades que, por convenção
são agrupadas de modo a formar um sistema de unidades padronizado. Os sistemas mais
conhecidos e utilizados são o CGS, MKS e FPS.

Tabela 2.1 – Sistemas de unidades de medida.


Dimensões Fundamentais
Sistema
L M T
CGS Centímetros gramas segundos
MKS Metros kilogramas segundos
FPS pés (feet) libramassa (pound) segundos

Exemplo 1.3: A densidade da água a 25ºC é de aproximadamente 1 g/cm³. Expresse essa


densidade em unidades dos sistemas MKS e FPS.

Note que o valor de densidade dado está no sistema CGS (massa em gramas e volume em
cm cúbicos), portanto devemos converter de CGS para os demais sistemas.
MKS:

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1 g 10-3 kg 106 cm³ = 1000 kg/m³


cm³ 1 g 1 m³

FPS:
1 g 0,0022 lbm 28316,8 cm³ = 62,3 lbm/ft³
cm³ 1 g 1 ft³

3.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS

 Viscosidade
A viscosidade é uma propriedade que determina o grau de resistência de um fluido a
uma força cisalhante. A viscosidade absoluta (ou dinâmica) de um fluido é importante no
estudo do escoamento de fluidos newtonianos através de tubulações e dutos.
Seja, um paralelepípedo imaginário de um fluido sofrendo a ação de uma força
cisalhante se deforma contínua e irreversivelmente mesmo após a aplicação da força cessar.

 = (t)  D =  / t

D = taxa de deformação

Figura 1.6 – Deformação de um líquido viscoso.

Quanto maior a tensão aplicada, maior a taxa de deformação. Porém, nem todos os
fluidos apresentam a mesma relação entre tensão e taxa de deformação.

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O fluido para o qual a taxa de deformação é diretamente proporcional à tensão de


cisalhamento é denominado Newtoniano (em homenagem a Isaac Newton, o primeiro
cientista a observar tal fenômeno).
Para este tipo de fluido tem-se:

Tc = D

Onde:
Tc = Tensão de cisalhamento
D = Taxa de deformação
 = Coeficiente de proporcionalidade (constante para Temperatura e Pressão
constantes)

Tc = ( / t) Lei de Newton

O coeficiente se proporcionalidade  é também chamado de coeficiente de viscosidade


dinâmica do fluido. É uma propriedade do próprio fluido e não depende da tensão aplicada er
nem da taxa de deformação. A viscosidade é uma propriedade que indica o grau de
resistência do fluido às forças cisalhantes, ou seja, é uma medida da de resistência do fluido
ao escoamento.

Dimensão:

Unidades:
MKS: [] = kg/m.s
CGS: [] = g/cm.s = “Poise”
1 centiPoise (cP) = 0,01Poise (P)

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 Densidade ou Massa Específica ()

A densidade de um fluido consiste na razão entre sua massa e o volume ocupado por ele
em determinadas condições de temperatura e pressão. Isso significa que a densidade fornece
o valor da massa que cabe em cada unidade de volume do fluido.

Dimensão:

Unidades:
MKS: [] = kg/m³
CGS: [] = g/cm³

 Peso Específico (γ)

É definido de forma análoga à massa específica, porém consiste na razão entre o peso e
o volume de um fluido, ou seja, indica quanto pesa cada unidade de volume de uma amostra
de fluido.

ATENÇÃO:
Massa (m) ≠ Peso (P)
P = m.g
Onde g = aceleração da gravidade

Dimensão:

Unidades:
MKS: [γ] = kg/m²s²

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CGS: [γ] = g/cm²s²

3.2 VARIÁVEIS DE PROCESSO

 Vazão volumétrica (Q)

A vazão volumétrica é a variável que expressa o volume de matéria que passa através
de um ponto de uma tubulação por exemplo, por unidade de tempo.

Dimensão:

Unidades:

MKS: [Q] = m³/s


CGS: [Q] = cm³/s

 Vazão mássica

Analogamente à vazão volumétrica, a vazão mássica expressa a massa de matéria que


passa através de um ponto de uma tubulação por exemplo, por unidade de tempo.
Dimensão:

Unidades:

MKS: [ ] = kg/s
CGS: [ ] = g/s

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 Pressão (P)

A pressão é uma variável definida como a relação entre uma ou mais forças e a área
onde ela atua. A pressão é uma grandeza intrínseca de qualquer sistema e tem forte
influência nas condições de escoamento de fluidos.
Dimensão:

Unidades:

MKS: [P] = kg/m.s² = N/m² = Pascal


CGS: [P] = g/cm.s²

4. ESTÁTICA DOS FLUIDOS

A estática dos fluidos ou hidrostática é o ramo da física que estuda a natureza e


magnitude das forças exercidas por e sobre líquidos em repouso. Este nome faz referência ao
primeiro fluido estudado, a água, é por isso que, por razões históricas, mantém-se esse nome.
Conforme visto anteriormente, fluido é uma forma da matéria que pode escoar facilmente, não
tem forma própria e tem a capacidade de mudar de forma ao ser submetido à ação e
pequenas forças. A palavra fluido pode designar tanto líquidos quanto gases.

4.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA HIDROSTÁTICA

O Princípio Fundamental da Hidrostática diz que a diferença de pressão entre dois


pontos do mesmo líquido é igual ao produto da densidade pelo módulo da aceleração da
gravidade local e pela diferença de altura entre os pontos considerados.

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Figura 4.1 – Diferença de pressão entre dois pontos em um líquido.

P A – PB = ?

Supondo que o recipiente está aberto para a atmosfera, a pressão em cada ponto
equivale à pressão atmosférica (Patm) somada ao efeito da coluna de líquido acima daquele
ponto. Portanto:

PA = Patm + ρghA
PB = Patm + ρghB

A diferença PA - PB então é:

PA - PB = Patm + ρghA - Patm - ρghB


PA - PB = ρg(hA - hB)
PA - PB = - ρgh

O sinal negativo é explicado pelo fato de a pressão P B ser maior que PA, pois em um
fluido, quanto maior for a profundidade, maior será a pressão exercida naquele ponto. Ou
seja, verticalmente a pressão sofre acréscimo ou decréscimo a depender da altura com
relação a um ponto de referência. Em um sistema como o da figura 4.1 não há diferença de
pressão horizontalmente.

4.2 MEDIDA DE PRESSÃO

A pressão em um sistema estático é usualmente medida através de um instrumento


que utiliza o mesmo Princípio da Hidrostática, o manômetro. Os manômetros mais simples

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são os manômetros de tubo em U. É um tubo de pequeno diâmetros dobrado na forma de U e


preenchido parcialmente com um líquido e que tem suas extremidades conectadas a fontes
de pressão.

Figura 4.2 – Esquema do manômetro de tubo em U.

Como calcular a diferença P1 – P2?

Sabemos que em uma linha horizontal não há diferença de pressão. Portanto:

PA = PB

PA = P1 + ρgx + ρgh1
PB = P2 + ρgx + ρmgh1

ρm = densidade do fluido manométrico


ρ = densidade do ar
Se PA = PB, então
P1 + ρgx + ρgh1 = P2 + ρgx + ρmgh1
P1 - P2 = - ρgx - ρgh1 + ρgx + ρmgh1
P1 - P2 = (ρm – ρ) gh1

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Exemplo 4.1: Considere o sistema abaixo no qual ρA (líquido claro) = 880 kg/m³ e ρB (líquido
escuro) = 2950 kg/m³, descubra o valor da altura h, sabendo que a diferença P 1 – P2 é de 870
Pa.

PM = PM’

PM = P1 + ρAgy
PM’ = P2 + ρAg(y – h) + ρBgh

P1 + ρAgy = P2 + ρBg(y – h) + ρBgh


P1 – P2 = - ρAgy + ρAg(y – h) + ρBgh
P1 – P2 = - ρAgh + ρBgh
P1 – P2 = gh(ρB - ρA)

5. Tipos de escoamento – Número de Reynolds

5.1 O experimento de Reynolds

A experiência de Osborne Reynolds (1883) demonstrou a existência de dois tipos de


escoamento, o escoamento laminar e o escoamento turbulento. O experimento teve como
objetivo a visualização do padrão de escoamento de água através de um tubo de vidro com o

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auxílio de um fluido colorido (corante). Os resultados deste experimento nortearam o avanço


dos estudos de mecânica dos fluidos.
É possível construir um aparato semelhante ao utilizado por Reynolds em seu
experimento. Seja um reservatório com água como ilustrado na figura 1. Um tubo de vidro, em
cuja extremidade é adaptado um convergente, é mantido dentro do reservatório e ligado a um
sistema externo que contém uma válvula que tem a função de regular a vazão. No eixo do
tubo de vidro é injetado um líquido corante que possibilitará a visualização do padrão de
escoamento.
Para garantir o estabelecimento do regime permanente (estado estacionário), o
reservatório contendo água deve ter dimensões adequadas para que a quantidade de água
retirada durante o experimento não afete significativamente o nível do mesmo, e ao abrir ou
fechar a válvula (7), as observações devem ser realizadas após um intervalo de tempo
suficientemente grande. O ambiente também deve ter sua temperatura e pressões
controladas.

Figura 5.1 – Esquema do experimento.

Para pequenas vazões o líquido corante forma um filete contínuo paralelo ao eixo do
tubo (6). Vazões crescentes induzem oscilações que são amplificadas à medida que o
aumento vai ocorrendo, culminando no completo desaparecimento do filete, ou seja, uma
mistura completa no interior do tubo de vidro (6) do líquido corante, indicando uma diluição
total. É possível concluir que ocorrem dois tipos distintos de escoamentos separados por uma
transição.

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No primeiro caso, no qual é observável o filete colorido conclui-se que as partículas


viajam sem agitações transversais, mantendo-se em lâminas concêntricas entre as quais não
há troca macroscópica de partículas.
No segundo caso, as partículas apresentam velocidades transversais importantes, já
que o filete desaparece pela diluição de suas partículas no volume de água.

5.2 Aspecto do escoamento no tubo de vidro

Após realizar o experimento repetidas vezes, Reynolds visualizou os seguintes perfis


de escoamento e classificou-os em três estágios.

Figura 5.2 – Aspecto do escoamento com o aumento gradual da vazão de água.

Foi observado, ainda, que a definição do tipo de escoamento depende da viscosidade,


densidade e velocidade do fluido no interior da tubulação, bem como do diâmetro do tubo.
Assim, após uma série de cálculos, Reynolds definiu uma grandeza adimensional que
classificava os regimes de escoamento.

Dv
Número de Reynolds (Re)* =

* Para dutos circulares de diâmetro D.
Onde:

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D = diâmetro do tubo
v = velocidade do fluido
ρ = densidade do fluido (função da temperatura)
µ = viscosidade dinâmica do fluido (função da temperatura)

Para a verificação da adimensionalidade do número de Reynolds, considere o sistema


C.G.S de unidades:
cm g cm.s
[Re] = cm. . . = 1 Adimensional
s cm³ g
As principais características dos escoamentos são:

 Escoamento laminar: é aquele no qual o fluido se desloca suavemente em camadas


(ou “lâminas”), geralmente em velocidades mais baixas de escoamento. Tem-se um
escoamento laminar quando Re ≤ 2000.
 Escoamento turbulento: é aquele no qual as moléculas de fluido apresentam
movimento caótico e desordenado. O escoamento é classificado como turbulento
quando Re > 2500.

Um escoamento que apresenta um valor de número de Reynolds dentro da faixa 2000


< Re ≤ 2500 é classificado como regime de transição.
O número de Reynolds passou a ser, à partir de então, uma grandeza muito importante
envolvida no escoamento de fluidos (líquidos ou gases) em geral. É uma grandeza que
permite o dimensionamento de tubulações, equipamentos industriais como filtros,
hidrociclones, decantadores, bombas, trocadores de calor, etc. E também no projeto de
automóveis, asas de avião, navios, carros de fórmula 1, naves espaciais, etc.

Exemplo 5.1 – Túnel de vento

Para o projeto de carros de fórmula 1 são realizados testes em túneis de vento para
determinar as condições aerodinâmicas dos componentes do carro. Um túnel de vento
construído na USP (Universidade de São Paulo) possui 1,3 m de diâmetro e ventiladores que
podem gerar ventos de até 200 Km/h. Considerando a viscosidade dinâmica do ar igual a
1,79.10-5 Kg/m.s e a densidade de 1,23 Kg/m³, calcule o número de Reynolds para este
escoamento.

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Importante: Lembre-se que para realizar qualquer operação com as variáveis dadas é
necessário que estas estejam no mesmo sistema de unidades.
Adotaremos o sistema M.K.S por possuir maior número de variáveis neste sistema.
Então é preciso converter a unidade de velocidade para m/s.
200 Km 1000 m 1h
v= . . = 55,5 m/s
h 1Km 3600 s
Dv 1,3.55,5.1,23
Re = = = 4,962.105
 1,79.10 -5

5.3 Transformações algébricas

Para se proceder o cálculo do número de Reynolds para um escoamento, em algumas


ocasiões torna-se necessário o conhecimento de algumas transformações algébricas, ou seja,
a conversão de uma variável em outra dependente dela.

5.3.1 Viscosidade cinemática: é a razão entre a viscosidade dinâmica (µ) e a densidade do


fluido (ρ).
 Kg m³ m²
 [ ]  . 
 m.s Kg s
Portanto, o número de Reynolds pode ser calculado, também, da seguinte forma:
Dv
Re =

 1 Dv
Mas a parcela = . Então o número de Reynolds transforma-se em: Re =
  
5.3.2 – Área de escoamento: em tubulações de seção circular, a área da seção transversal é
calculada em função do diâmetro (ou raio) do tubo.
D ²
A= ou A = R ²
4
5.3.3 – Velocidade do fluido: a velocidade do fluido é diretamente proporcional à sua vazão
volumétrica.
Q Q 4Q
v=  v=  v=
A D ² D ²
4
Onde Q = vazão volumétrica em L³/T.

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Exemplo 5.2
Um fluido, escoando a uma velocidade de 0,06 m/s por uma tubulação de 1 1/4 in de diâmetro,
apresenta ρ = 1,05 g/cm³. Sabendo que o escoamento possui Re = 1120, calcule as
viscosidades dinâmica e cinemática do fluido.
2,54 cm
D = 1,25in. = 3,175 cm
1in
m 100 cm
v = 0,06 . = 6 cm/s
s 1m
Dv 3,175.6.1,05
Re =  1120 =  µ = 0,018 g/cm.s
 
 0,018
   = 0,017 cm²/s
 1,05

Exemplo 5.3
Calcule o número de Reynolds para uma tubulação onde escoa um líquido com uma vazão de
5 m³/h. A densidade do líquido é 1,82 g/cm³e a viscosidade é 0,018 cP. Classifique o
escoamento em laminar, transitório ou turbulento.
µ = 0,018 cP = 0,018.10-2 P = 1,8.10-4 P =1,8.10-4 g/cm.s

ρ = 1,82 g/cm³
m³ (1000 cm)³ 1h
Q= 5 . . = 1,39.106 cm³/s
h 1m³ 3600 s
2,54 cm
D = 2in. = 5,08 cm
1in
Cálculo da velocidade o fluido:

4Q 4.1,39 .10 6
v= = = 68525 cm/s
D ²  .(5,08 )²
Dv 5,08.68525.1,82
Re = = = 3,52.109
 1,8.10 4
Como 3,52.109 >> 2500  Escoamento turbulento

Exemplo 5.4

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Calcule o diâmetro máximo que deve ter uma tubulação para que um escoamento seja
laminar. Considere a água como fluido de trabalho.

ρ = 1,0 g/cm³
µ = 0,01 cP = 1.10-4 g/cm.s
v = 0,5 cm/s
Para que o escoamento seja laminar, o Re não deve ultrapassar 2000, portanto:
D.0,5.1,0
2000 =
0,0001
2000.0,0001
D  D = 2,0 cm
0,5
Exemplo 5.5
Para o projeto de um sedimentador deve ser levado em consideração o coeficiente de
resistência das partículas sólidas ao escoamento (CD). Este coeficiente é calculado pela
seguinte correlação:

dp³  ( s   ) g
CDRe2 =
²
Onde:
ρs = densidade do sólido
ρ = densidade do fluido
µ = viscosidade do fluido
g = aceleração da gravidade
dp = diâmetro da partícula

Calcule o valor de CD para o escoamento no caso em que:

ρs = 2,7 g/cm³
ρ = 1,0 g/cm³
µ = 0,9 cP
g = 980 cm/s²
dp = 1,95.10-2 cm
v = 2,36 cm/s

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dpv 0,0195.2,36.1,0
Repartícula = = = 5,11
 0,009
dp³  ( s   ) g 0,0195³.1,0(2,7  1,0).980
CD = = = 5,84
 ² Re ² 0,009².5,11²
Exemplo 5.6
No dimensionamento de tubulações de sucção e recalque de bombas é necessário
contabilizar a perda de carga no escoamento que depende de uma grandeza chamada fator
de atrito, que é dada pela equação abaixo quando o escoamento é laminar:
64
f=
Re
Calcular o fator de atrito no bombeamento de gasolina, com viscosidade cinemática de 6.10-3
m²/s a uma vazão de 600 L/min por meio de uma tubulação de 2,5 in.
Conversão das variáveis para o sistema de unidades MKS:
0,0254 m
D = 2,5 in = 0,0635 m
1in

L 1m³ 1 min
Q = 600 . . = 0,01 m³/s
min 1000 L 60 s

Cálculo da velocidade do fluido:


4Q 4.0,01
v=  v= = 3,16 m/s
D ²  .0,0635²

Dv 0,0635.3,16
Re =  Re = = 33,4
 0,006

64 64
f=  f= = 1,92
Re 33,4

6. Equações da Continuidade e de Bernoulli

6.1 Escoamento Estacionário

A figura a seguir apresenta um esquema de um tubo, dentro do qual o fluido escoa da


esquerda para a direita.

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Figura 6.1 – Escoamento de um fluido por uma tubulação.

Nos pontos A, B e C uma partícula do fluido tem, respectivamente, as velocidades: ,


e .
O escoamento é dito estacionário ou em regime permanente se qualquer partícula do
fluido, ao passar por A, B e C, o faz com velocidades respectivamente iguais a , e
Neste tipo de escoamento cada partícula que passar por um determinado ponto seguirá a
mesma trajetória das partículas que passaram anteriormente por aqueles pontos. Tais
trajetórias são chamadas linhas de corrente. Na figura 6.1 são representadas as linhas de
corrente I, II e III.
A figura 6.2 mostra o esquema das linhas de corrente do escoamento de um fluido em
fluxo laminar. É possível observar que o fluido se desvia quando é colocado um corpo de
prova através do escoamento, o que não ocorre em regime turbulento.

Figura 6.2 – Linhas de corrente no escoamento laminar.

6.2 A Equação da Continuidade

Sejam A1 e A2 as áreas das seções retas em duas partes distintas de um tubo e um


fluido incompressível escoando através do mesmo. As velocidades de escoamento nas
 
seções 1 e 2 valem, respectivamente v 1 e v 2.

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Figura 6.3 – Escoamento em um tubo divergente.

Como o fluido é incompressível, o volume que entra no tubo no intervalo de tempo Δt é


aquele existente no cilindro de base A1 e altura Δx1 = v1.Δt. Esse volume é igual àquele que,
no mesmo tempo, sai da parte cuja seção tem área A 2. Então:
Volume (1) = Volume (2)
ΔV1 = ΔV2
Se dividirmos o volume escoado ΔV pelo tempo de escoamento Δt, teremos uma grandeza
denominada vazão volumétrica e pode ser representada pela letra Q.
V L³
Q=  [Q] =
t T
Podemos afirmar, então, que:
V 1 V 2 A1.x1 A2.x 2
Q1 = Q 2    
t t t t
E finalmente chegamos à Equação da Continuidade:

A1.v1  A2.v 2
x
Pois v
t
Pela equação da continuidade podemos afirmar que “a velocidade de escoamento é
inversamente proporcional à área da secção transversal”. Ou seja, quanto maior for a
área transversal de escoamento, menor será a velocidade do fluido para a mesma vazão.
Da mesma forma, a equação da continuidade pode ser escrita em termos da massa de
material que atravessa cada seção.
m1 m 2 A1.x1 A2.x 2
1  m
m 2     
t t t t
Portanto, a equação da continuidade estabelece que para uma dada vazão mássica de
fluido e densidade constante durante o escoamento:

. A1.v1  . A2.v2

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Exemplo 6.1
Um fluido escoa a uma vazão de 3,0 ft³/min em um tubo semelhante ao apresentado na figura
6.3 dada anteriormente. Considerando que o diâmetro do tubo no ponto 2 é 0,45 ft, calcule a
velocidade do fluido neste ponto.

Pela equação da continuidade, a vazão no ponto 1 é igual à vazão no ponto 2.


Q1 = Q2 = 3,0 ft³/min
 .( D 2)²
Q2 = A2.v2  Q2 = . v2
4
 .(0,45 )² 3,0.4
3,0 = . v2  v2 =  v2 = 18,86 ft/min
4  (0,45)²
Exemplo 6.2
Água, cuja densidade é 1000 Kg/m³, escoa em um duto de seção circular como mostra a
figura 4.3 a uma vazão mássica de 7,5 Kg/s. Calcule a vazão volumétrica do escoamento e a
velocidade da água no ponto 2, sabendo que o diâmetro da seção 2 é de 5,0cm.
Cálculo da vazão volumétrica:
  .v.A  m
m   .Q
m 7,5
Q  Q  Q = 7,5.10-3 m³/s
 1000
Cálculo da velocidade no ponto 2 - pela equação da continuidade temos que:
Q1 = Q2 = 7,5.10-3 m³/s ou 1  m
m  2 = 7,5 Kg/s
Q2 = A2.v2
 .0,05 ²
7,5.10-3 = . v2  v2 = 3,82 m/s
4
6.3 A Equação de Bernoulli

O físico holandês, Daniel Bernoulli propôs um princípio para o escoamento de fluidos,


que pode ser enunciado da seguinte maneira: “Se a velocidade de uma partícula de um

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fluido aumenta enquanto ela escoa ao longo de uma linha de corrente, a pressão do
fluido deve diminuir e vice-versa”.
Considere um tubo limitado por duas seções transversais de áreas A 1 e A2, situadas
respectivamente nos pontos 1 e 2, como mostra a figura 6.4, onde as pressões são P1 e P2,
as velocidades v1 e v2 e as alturas em relação a um plano horizontal de referência h1 e h2,
respectivamente.

Figura 6.4 – Tubo de seções transversais A1 e A2.

Durante o escoamento de um fluido incompressível, haverá a conservação da energia,


pois no ponto mais alto a altura (energia potencial) é maior e sua velocidade (energia cinética)
é menor. Sem esquecer que variando a altura, varia também a pressão. Já no ponto mais
baixo a velocidade aumenta e a altura diminui. Logo a equação de Bernoulli relaciona
variação de pressão, variação de altura e variação de velocidade em um fluido incompressível
num escoamento estacionário. Esta conservação da energia pode ser escrita da seguinte
forma:
v² P
  h  constante
2g 
Onde γ = ρg é o peso específico do fluido.
Quando um fluido desloca-se de um ponto 1 para um ponto 2, diz-se, no caso do
mesmo ser um fluido ideal (incompressível e sem viscosidade), que a soma das cargas
cinéticas, de pressão e potencial se mantêm constantes.

v1² P1 v 2² P 2
  h1    h2
2g  2g 

No caso do escoamento de um fluido real (viscoso), ocorrem perdas de energia (carga),


devido ao atrito intrínseco devido à sua viscosidade.
v1² P1 v 2² P 2
  h1    h2  ht
2g  2g 
ht – perda de carga total (tem unidade de comprimento pois é energia por peso de fluido).

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Se o fluido receber energia no percurso entre os pontos 1 e 2 (fornecida por uma bomba, por
exemplo), pode-se escrever:
v1² P1 v 2² P 2
  h1  hB    h2
2g  2g 
hB – energia recebida pelo fluido no percurso por peso de fluido (unidade de comprimento).

6.3.1 – Aplicações da Equação de Bernoulli

Aviões: A asa de um avião é mais curva na parte de cima. Isto faz com que o ar passe mais
rápido na parte de cima do que na de baixo. De acordo com a equação de Bernoulli, a
pressão do ar em cima da asa será menor do que na parte de baixo, criando uma força de
empuxo que sustenta o avião no ar.

Vaporizadores: Uma bomba de ar faz com que o ar seja empurrado paralelamente ao


extremo de um tubo que está imerso em um líquido. A pressão nesse ponto diminui, e a
diferença de pressão com o outro extremo do tubo empurra o fluido para cima. O ar rápido
também divide o fluido em pequenas gotas, que são empurradas para frente.

Chaminé: O movimento de ar do lado de fora de uma casa ajuda a criar uma diferença de
pressão que expulsa o ar quente da lareira para cima, através da chaminé.

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Medidores de velocidade de um fluido: Na figura abaixo, se existir ar em movimento no


interior do tubo, a pressão P é menor do que P0, e aparecerá uma diferença na coluna de
fluido do medidor. Conhecendo a densidade do fluido do medidor, a diferença de pressão, P-
P0 é determinada. Da equação de Bernoulli, a velocidade do fluido dentro do tubo, v, pode ser
determinada.

Exemplo 6.3 – Descarga de um recipiente

Um tanque contendo um fluido ideal deve ser descarregado apenas pela ação da gravidade.
O ponto 1 está a uma altura de 2,0 m do chão e a altura do ponto 2 é desprezível em relação
ao chão. Considerando g = 9,8 m/s², calcule a velocidade do líquido no ponto 2.

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v1² P1 v 2² P 2
Equação de Bernoulli para fluidos ideais:   h1    h2
2g  2g 
Mas
P1 P2
P1 = P2 = Patm  
 
A1 >>A2  v1 << v2 (Equação da continuidade)

Logo, v1 ≈ 0 e

v2 = 2 g (h1  h 2)

v2 = 2.9,8.(2  0)  v2 = 6,26 m/s

Exemplo 4.4
Água corre através de um cano horizontal, conforme a figura abaixo. No ponto 1 a pressão
manométrica é de 51 KPa e a velocidade é 1,8 m/s. Sabendo que a velocidade aumenta para
3,47 m/s no ponto 2, calcule o valor da pressão manométrica neste ponto? Obs.: Considere a
água como fluido ideal (ρ = 1000 Kg/m³).

v1² P1 v 2² P 2
Bernoulli:   h1    h2
2g  2g 
Simplificação: neste caso h1 e h2 estão na mesma altura, portanto h1 = h2. Por isso os dois
termos podem ser eliminados da equação.
v1² P1 v 2² P 2
  
2g  2g 
Lembrando que: γ = ρg
Na equação de Bernoulli deve ser considerada a pressão absoluta:
Pabs = Pman + Patm
P1 = 51000 Pa + 1,013.105 Pa = 152300 Pa
1,8² 152300 3,47² P2
  
2.9,8 1000.9,8 2.9,8 1000.9,8
P2 = 148000 Pa

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Como P2 é a pressão absoluta na seção 2 do tubo, então:


P2(man) = 148000 – 1,013.105
P2(man) = 46600 Pa ou P2(man) = 46,6 KPa

Exemplo 6.5

O medidor de vazão mostrado na figura abaixo é conhecido como medidor Venturi. A vazão
de fluido é obtida pela diferença de pressão a que o fluido está sujeito quando passa pela
região de estrangulamento. A seção 1 tem diâmetro de 6 cm e a seção 2 de 4,5 cm. O
escoamento de um fluido real de densidade 1010 Kg/m³ através deste medidor fornece uma
diferença de pressão de ΔP = -6,0 KPa para uma vazão de 10 m³/h. Utilizando as equações
da continuidade e Bernoulli para fluidos reais, calcule a perda de carga total entre os pontos 1
e 2.

v1² P1 v 2² P 2
Equação de Bernoulli para fluidos reais:   h1    h2  ht
2g  2g 

Os valores de P1 e P2 não estão disponíveis, porém a diferença P2 – P1 = 6,0 KPa.

Necessitamos, então, calcular as velocidades do fluido nos pontos 1 e 2.

Convertendo a unidade de vazão para o sistema MKS:


m³ 1h
Q1 = Q2 = 10 . = 2,78.10-3 m³/s
h 3600 s

Q1 = A1.v1
D1²
Q1 = .v1
4

 .0,06 ²
2,78.10-3 = .v1  v1 = 0,98 m/s
4

Q2 = A2.v2
D 2²
Q2 = .v2
4

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 .0,045 ²
2,78.10-3 = .v2  v2 = 1,75 m/s
4

Reescrevendo a equação de Bernoulli, temos:


v1² P1 v 2² P 2
  h1    h2  ht
2g  2g 

Como os pontos 1 e 2 estão na mesma altura, h 1 = h2, então podemos eliminar esses termos
da equação.
v1² P1 v 2² P 2
    ht
2g  2g 
v1² P1 v 2² P 2
ht =  - -
2g  2 g 
P1  P 2 v1² v 2²
ht = + -
 2g 2g
6000 0,98² 1,75²
ht =  
1010.9,8 2.9,8 2.9,8

ht = 0,5 m

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