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O texto descreve a evolução do hospital desde o século XVIII, quando passou a ser visto como um instrumento terapêutico e médico. A disciplina militar e escolar influenciou a organização dos hospitais, com foco em vigilância, classificação e registro dos pacientes. Isso levou à medicalização dos hospitais e à individualização dos cuidados com cada paciente.
O texto descreve a evolução do hospital desde o século XVIII, quando passou a ser visto como um instrumento terapêutico e médico. A disciplina militar e escolar influenciou a organização dos hospitais, com foco em vigilância, classificação e registro dos pacientes. Isso levou à medicalização dos hospitais e à individualização dos cuidados com cada paciente.
O texto descreve a evolução do hospital desde o século XVIII, quando passou a ser visto como um instrumento terapêutico e médico. A disciplina militar e escolar influenciou a organização dos hospitais, com foco em vigilância, classificação e registro dos pacientes. Isso levou à medicalização dos hospitais e à individualização dos cuidados com cada paciente.
Síntese do texto O nascimento do hospital.In.: FOUCAULT, M., 1984. Microfísica do
Poder. O nascimento do hospital é um dos capítulos integrantes do livro Microfísica do Poder, de Michel Foucault, no qual estão reunidas algumas obras do filósofo, muitas das quais de muita valia para os estudos da área das Ciências da Saúde. Em princípio, é dito que a concepção de um hospital como instrumento terapêutico é algo recente, datando do final do século XVIII, com a ocorrência de algumas viagens de investigação, principalmente as empreendidas por Howard e Tenon. Tais viagens, embora não tenham se prestado a detalhar as condições hospitalares gerais da Europa, pode-se dizer que serviram como base para a reformulação/reconstrução de hospitais (agora vistos como “fatos médico-hospitalares”), a partir do acesso a dados quantitativos (número de doentes, leitos, área, etc) e mesmo a formulação de causalidades para algumas enfermidades (condições de vida e localização dos internos, localização funcional de elementos da estrutura hospitalar, por exemplo). Nessa época, germina a ideia de que um hospital podia ser considerado como “máquina de curar”, embora não fizessem o prometido – curar – a contento. Foucault, por sua vez, objeta quanto a esta hipótese, dizendo, entre outras coisas, que nessa época a medicina não era tida ainda como uma “pratica hospitalar”, mas sim “uma instituição de assistência aos pobres”. Daí, autor chegar a dizer que até então, o hospital acolhia o pobre que estava morrendo e não o doente carente de cura (“morredouro”). Para exemplificar o que diz anteriormente, Foucault recorre ao exemplo do exército militar e marítimo, onde se processou a reorganização hospitalar destinada aos soldados através da disciplina, que por sua vez teve outro paradigma na constituição das relações escolares (a reorganização dos espaços, o ensino coletivo, o uso da disciplina da “análise do espaço” e a classificação dos corpos). A disciplina, tomada aqui pelo exemplo do militarismo e do ambiente escolar, acaba, segundo Foucault a exercer um papel preponderante na constituição daquilo que integra o ambiente hospitalar e a própria medicina. Se antes do século XVIII a medicina era individualista, a partir de agora, a medicina passaria a ser “hospitalar” e o hospital passaria a ser “medicalizado”. Foucault, explica, entre outros aspectos, que isso aconteceu por conta de fatores como: – a busca pela “anulação dos efeitos negativos do hospital” (naquilo que ele tinha de contaminável ou de servir de refúgio a práticas ilícitas cometidas por parte de traficantes hospitalizados, por exemplo); – o fato de que a disciplina pode exercer controle no desenvolvimento de uma ação (por exemplo, a fiscalização de determinados processos para um melhor aproveitamento final); – o fato de que a disciplina “é uma técnica que implica vigilância perpétua e constante dos indivíduos” (daí surgirem os sistemas de inspeção, vistorias, revistas, desfiles, oriundos do militarismo); – o fato de que a disciplina exigir “registro contínuo”: isso explica a característica essencial dos exames, de ser o produto arraigado do senso de “vigilância permanente, classificatória”. Portanto, sem a inserção da técnica disciplinar no espaço do hospital, seria inviável se promover a sua medicalização (hospital disciplinado). Nesse processo chamado de “inteligibilidade da doença”, Foucault exemplifica citando o caso da botânica, com a sua perspectiva classificatória (espécies, características, desenvolvimento e curso de vida das plantas). Portanto, para Foucault, o “ajuste desses dois processos, deslocamento da intervenção médica e disciplinarização do espaço hospitalar, que está na origem do hospital como instrumento terapêutico”, tal como pode ser entendido ainda hoje. A disciplinarização do espaço hospitalar levará cada vez mais à individualização e a distribuição dos doentes “em uma espaço onde possam ser vigiados”, isto é, monitorados. Partindo desse ponto de vista, o filósofo tece algumas conclusões, conforme se seguem: - O hospital não pode ser concebido sem se levar em conta o seu espaço físico (suas condições de localização, sua assepsia, mesmo em quartos coletivos, já que sua arquitetura é “instrumento de cura”); - O sistema de poder no interior do hospital foi sensivelmente modificado após o século XVII. Saem de cena os religiosos gestores para dar lugar aos médicos, que passam a cuidar do hospital tanto do ponto de vista médico quanto administrativo. Assim, o médico passa a ser figura presente e constante no hospital, saindo de cena a figura do “médico de consulta privada”; O hospital se torna lugar de registro permanente. A documentação das atividades o “acúmulo e a formação do saber”. O conhecimento enciclopédico da academia (sem a prática) dá lugar ao registro hospitalar e isso contribui para a formação plena dos profissionais de saúde. -Assim, Foucault conclui afirmando que as duas medicinas – a do individuo e a da população – serão redistribuídas no decorrer dos séculos e chegaria à configuração patente do século XX e, por que não, do presente século, o XXI.