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Lula dissimulou esta realidade, além de ter feito boa parte da população,
incluindo sua base leal de eleitores, acreditar que seu primeiro governo representava
rompimento com a política econômica de FHC. Como pretendemos mostrar, o êxito
econômico do primeiro governo Lula deveu-se a três fatores: estabilidade
macroeconômica conquistada pelo governo anterior; ventos externos
excepcionalmente favoráveis; e equipe econômica competente, alinhada ao que se
taxa negativamente de neoliberalismo pelos próprios partidários de Lula.
Aproveitando a sua sorte, expressa pelos dois primeiros fatores, o petista foi
displicente. Não assentou quaisquer bases para o futuro e apenas fez o mínimo para
garantir que o PT continuasse no poder. O mínimo, em seu primeiro governo, era
moderar seu discurso radical e escalar uma equipe econômica independente, que
assegurasse a manutenção dos avanços de FHC e evitasse que incertezas provocassem
um terremoto nos mercados.
Por que dizemos tudo isso? Primeiro, convém lembrar que nas eleições
municipais de 2000 alguns setores do PT ainda defendiam que os juros da dívida
interna e externa não fossem pagos. Os menos radicais propunham que isso fosse
discutido e, no limite, o partido divulgou um documento oficial (Um outro Brasil é
possível) em que propunha renegociar a dívida externa e limitar os recursos destinados
aos juros da dívida pública interna.
Eleito sob o discurso da ética na política, o governo Lula entrará para a história
como um governo tão corrupto quanto FHC ou ainda mais. O escândalo do mensalão
agitou o país em 2005, expondo de forma bombástica as entranhas corruptas do
Congresso. A crise que começou como um mero caso de desvio de recursos públicos na
direção de uma estatal logo se transformou na pior crise política desde o governo
Collor.
O PT e a corrupção
Ao optar pela administração dos negócios da burguesia contra os trabalhadores
explorados, o PT incorporou a mesma corrupção dos governos burgueses anteriores.
Isso ocorreu quando o PT fez uma opção clara de adaptação ao regime democrático-
burguês e adotou como eixo de suas atividades as eleições. Desde então, a principal
preocupação de seus dirigentes é com a próxima eleição, em como manter seus cargos,
salários e privilégios. A partir daí passou a ser necessário e correto buscar o dinheiro
sujo das empresas e da corrupção para pagar as campanhas eleitorais caríssimas e
depois cumprir à risca as exigências das empresas.
Na América Latina, outras organizações de esquerda trilharam o mesmo
caminho, como é o caso da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional) ou da
Farabundo Martí, que se transformaram em partidos eleitorais e passaram a fazer
parte da corrupção do Estado capitalista.
A corrupção revolucionária do PT
Corrupção, de fato, sempre houve em toda parte, mas a do PT atingiu níveis tais
que quebrou as finanças do país.
O PT teria feito apenas o que todos fizeram, não merecendo o destaque que lhe
é dado, de recordista mundial na categoria.
O PT só chegaria ao poder federal doze anos depois, com Lula, mas, nesse
período, amealhou gradualmente prefeituras e governos estaduais, que, em alguma
medida, passaram a servir àquele projeto.
Uma vez na Presidência da República, o PT impôs-lhe um up grade, financiando-
o por completo. Pôs a máquina governista a serviço da causa, depenando, entre outras
estatais, Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil e, sobretudo, BNDES.
Mesmo com essas facilidades, o país não se livrou do pior: o calote. Venezuela e
Equador já avisaram que não irão pagar a conta, o que resultou em aumento da dívida
interna nacional.
O PT quer pendurar essa conta no governo Temer que, no entanto, por mais
que se esforçasse, não teria tempo de construir tal desastre. Aécio, Temer, Geddel,
Eduardo Cunha são os corruptos convencionais, cuja escala é mensurável. Lula, José
Dirceu et caterva são os corruptos revolucionários, sem limites e sem pátria.
Ruy Fabiano