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FACULDADE DE DIREITO
Curso: Doutorado
Aluno: Sérgio Roberto de Niemeyer Salles, nº USP 3634267
e-mail: sergioniemeyer@terra.com.br
julho 2009
As Presunções no Código Civil de 2002 e as Consequências da Recusa à
Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
Sumário: I. Introdução; II. Definição e conceito vigentes; III. Crítica à definição e conceito
atuais de presunção; IV. Reinventando a presunção: a redescoberta do conceito e a
reformulação da definição a partir duma concepção oitocentista; V. Sobre a natureza das
presunções; VI. As presunções de direito e sua classificação; VII. Colisão entre presunções no
direito; VIII. Destinatário das presunções; IX. As presunções no Código Civil de 2002 e a
recusa à perícia médica (CC, art. 231 e 232) aplicada pelos tribunais; X. Conclusão.
I. Introdução
1
Tradução livre: “[presunção é a] conjetura provável proveniente de certo sinal, não provada por ele, que
se considera como verdade”.
2
Tradução livre: “as presunções são as consequências que a lei ou o juiz tiram de um fato conhecido para
chegar a um fato desconhecido”.
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Tradução livre: “As presunções são as consequências que a lei ou o juiz extraem de um fato conhecido
para chegar a um fato ignorado.”
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Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
A presunção pode ser definida como um juízo que a lei ou o homem faz
sobre a verdade de uma coisa, como uma consequência tirada de outra
coisa (grifos nossos) (POTHIER, ob. et loc. cit.).
[Presunções] são induções que a lei ou o juiz tira da reiteração de fatos
conhecidos para estabelecer a verdade de fatos desconhecidos”
(BEVILÁQUA, 1929, p. 324).
[Presunção] é a consequência ou a ilação que a lei ou o juiz tira de fato
conhecido para deduzir a existência de outro que se pretenda provar
(grifos nossos) (SANTOS, J., 1991, p. 180).
Presunção é a ilação que se tira de um fato certo, para prova de um fato
desconhecido (sic) (grifos nossos) (PEREIRA, 2004, P. 605).
Presunção é a ilação que se tira de um fato conhecido para se provar a
existência de outro desconhecido (grifos nossos) (SANTOS, M., 1983, p.
80).
Presunção é a conclusão que se extrai de fato conhecido para provar-se
a existência de outro desconhecido (sic) (VENOSA, 2005, p. 651).
Presunção é o recurso técnico de lógica formal, utilizado pelo espírito, a
fim de alcançar a verdade operacional (NADER, 2008, p. 478).
[Presunções são] as consequências ou ilações que a lei ou o julgador deduz
de um fato conhecido, para firmar um fato desconhecido (grifos nossos)
(CASTRO, 2000, P. 580).
[P]resunção é a estimativa que se faz de que um determinado fato é
verdadeiro, independentemente de qualquer prova apresentada nesse
sentido (DANTAS, 1979, p. 393).
Exceto pela definição de San Tiago Dantas, todas as demais
participam do mesmo conceito: o de que as presunções constituem um
processo inferencial pelo qual se chega ou prova um fato desconhecido a
partir de outro conhecido. Numa palavra, o conceito de presunção consiste em
uma espécie de inferência. E não surpreendem tais definições porque apenas
repetem, com ligeiras diferenças, as definições de antanho.
Como se verá no item subsequente, essas definições assim como o
conceito que lhes é subjacente representam uma degradação da ideia
primitiva que já medrava entre os romanos e foi captada pelos intelectuais do
direito de outrora, porquanto essa noção primeva sofreu indevido desvio
semântico que se verifica já na definição de Pothier, tendo influenciado a
elaboração do Código de Napoleão que, por sua vez, projetou-se para
influenciar o próprio discernimento a respeito do tema até os dias presentes.
estas deve ser escolhidas com esmero porque transportam valores semânticos
que se ligam uns aos outros para formar um todo com um valor semântico
resultante compreensível, ou seja, capaz de gerar representação na mente
humana. A não ser assim, a concepção não é possível. Tão importante é
concepção para a razão humana que já se concluiu ser possível conceber
mesmo sem imaginar. É o que se denomina como inimaginável concebível
(FOULQUIÉ, 1967, p. 169, s.v. concebir, n. 5).
“O valor semântico de um nome é o objeto denotado e o valor
semântico de um enunciado é o seu valor de verdade” (PENCO, 2006, p. 60).
Mas há, ainda, o valor cognoscitivo das expressões, ou seja, o sentido. Assim,
só é possível conhecer o significado a partir do princípio da
composicionalidade, cuja descoberta, segundo Carlo Penco (PENCO, op. cit.,
p. 61), deve-se a Gottlob Frege. De acordo com esse princípio, central para a
semântica, “o significado de um enunciado é função do significado das suas
partes e das suas regras de composição” (PENCO, ibidem).
Um conceito, como é aquele de que ora se ocupa (a presunção), é
um modo de formar representações no espírito. Diferentemente da ideia, que
se distingue por possuir caráter subjetivo,4 o conceito é objetivo
(FOULQUIÉ, op. cit., p. 169, s.v. concepto), e bem por isso se sujeita à crise,
até mesmo quando está funda-se na primeira, ou seja, na ideia. Segundo
Runes (1969, p. 73, s.v. Concepto), todo conceito é “[e]n un sentido estricto,
término genérico, exclusivo o que expresa una relación o categoría. A veces,
en un sentido amplio, cualquier representación general o abstracta.”
O conceito isolado não é nada, ou é muito pouco. Serve, no entanto,
a um propósito mais elevado e profundo: o de viabilizar o juízo. Todo juízo,
por sua vez, é um processo mental de associação que relaciona conceitos para
fixar e isolar as representações necessárias à compreensão de algo ou à
formulação de novos conceitos. Exprimem-se por modo do discurso,5 o qual
se compõe de palavras, signos linguísticos cuja função é exatamente a de
associar um objeto ou significado, seja concreto, seja abstrato, isto é, seja pela
percepção sensível, seja pela percepção metafísica ou meramente intelectual,
a um significante, vale dizer, a um forma capaz de obsequiar a representação
mental que daquele se faz.
4
Uma pessoa pode ter uma ideia própria de justiça, porém, o conceito desta é objetivo, informa a
representação mental por todos apreensível e está na base da compreensão e até mesmo da investigação
que visa à modificá-lo a partir de ideias próprias.
5
O discurso é uma emissão sonora entrecortada. Esses cortes demarcam o que se chama palavra falada.
Assim, o discurso é uma emissão sonora composta por palavras. A palavra, embora não seja a menor
unidade significativa da linguagem, é um elemento sonoro portador de significado que fixa na mente
humana a representação de determinada ideia. A palavra, por sua vez, escrita é apenas uma forma
gráfica que se dá à palavra falada. Exatamente por isso, cada elemento que entra na sua composição está
associado a um determinado som. O pensamento somente consegue articular-se ordenadamente para
formar um raciocínio por meio da linguagem que, de seu turno, manifesta-se sob a forma de discurso.
Daí a imperiosidade da palavra como elemento de aquisição, fixação e propagação do conhecimento.
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“Argumentos ad ignorantiam (apelo à ignorância) têm uma das seguintes formas:
Não tem sido provado que P.
~P.
Não tem sido que ~P.
P.” (NOLTE; ROHATYN, 1991, P. 361)
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A ressalva é feita porque o direito pode alterar essa funcionalidade natural das presunções, como ocorre
com as ditas presunções absolutas, analisadas mais adiante neste trabalho.
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O operador condicional, representado em Lógica pelos símbolos → ou , serve para exprimir a relação
entre duas proposições nucleares sob a forma “se, então...”. Em simbologia lógica a fórmula A → P, que
deve ser lida: se A, então P. As variáveis A e P podem assumir qualquer valor, v.g., “se João está
desaparecido há longo tempo sem dar notícia, então, João está morto”, “se José não há prova da
culpabilidade de João, então ele é inocente”. Para entender a funcionalidade do operador condicional, e,
conseguintemente, dos enunciados condicionais, sejam A e P duas proposições quaisquer.
Representando verdadeiro pelo símbolo y e falso z com o símbolo, pode-se construir a tabela-verdade
da implicação material (enunciado condicional) do seguinte modo:
A P A→P
y y y
y z z
z y y
z z y
O que a tabela acima indica que a proposição composta consistente da implicação material somente será
falsa quando a proposição antecedente for verdadeira e a consequente falsa. Por outras palavras, uma
verdade não pode implicar uma falsidade. Já o inverso é possível, quer dizer, uma falsidade pode
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implicar uma verdade, por isso que nessa hipótese o enunciado condicional será verdadeiro. Também
será verdadeiro quando ambas as proposições, antecedente e consequente, forem falsas, significando ser
verdade que uma falsidade implica outra falsidade.
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Um implicação lógica é definida como a relação entre duas proposições de maneira que, sempre que a
primeira for verdadeira, a segunda também o será. Em outras palavras, uma proposição A implica
logicamente uma proposição P, se P é verdadeira todas as vezes em que A é verdadeira.
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Neste passo, impende rechaçar os ataques desferidos contra a Lógica por aqueles que soem afirmar não
ser um Direito uma ciência exata e, por essa razão, não estar subordinado à “Lógica Matemática”. A
Lógica é o mais poderoso instrumento da razão. Por isso está intimamente ligada com a linguagem (toda
linguagem só se caracteriza como tal porque possui uma estrutura formal lógica, sem a qual a ordenação
do pensamento se torna impossível). A Lógica está presente em todas as disciplinas do conhecimento
humano. Bem por isso pode ser predicada como uma matéria transdisciplinar, dado o caráter que possui
de permear todas as demais disciplinas, desde aquelas classificadas sob a categoria das ciências exatas
(Matemática, Computação, Engenharia, etc.), das ciências naturais (Física, Biologia, Química, etc.), até
as que são alocadas sob a classe das ciências sociais (Sociologia, História, Economia, Antropologia,
Direito, Geografia, Linguística, Pedagogia, etc.). Só quem não conhece Lógica, cuja descoberta ocorreu
no âmbito da Filosofia, é que ousa negar sua aplicação pelo temor de que a razão bem ordenada com
base em seus preceitos seja atentatórias à justificativa dos interesses que pretende defender.
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Tradução livre: “as coisas como ordinariamente acontecem”
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que certas circunstâncias podem vir a lume para derruir tal consideração de
verdade.
Daí o equívoco de dizer que a presunção consiste em tirar ou extrair
de um fato conhecido a prova de existência de outro desconhecido. Não existe
fato desconhecido a ser provado pela presunção. O fato presumido é
conhecido enquanto possibilidade. O que não se conhece é o valor verdade
desse fato, ou seja, se ele é verdadeiro ou não, se ocorreu ou não. A ausência
não prova o passamento, embora possa razoavelmente sugeri-lo. Mas, em
potência, sabe-se que tanto pode ter ocorrido quanto pode não ter ocorrido.
Considerá-lo como verdadeiro é um juízo de conveniência, que serve a
determinado fim. Ontologicamente, contudo, a presunção sempre admite
prova em contrário.
Outro argumento contra os conceitos e definições vigentes é que se
por meio da presunção se obtém, de um fato conhecido, a prova de um fato
desconhecido, desaparece toda a incerteza a respeito desse último, surgindo
em seu lugar uma certeza irrefutável porque provada com base em um fato
certo. Evidentemente isso contradiz a noção de presunção que se caracteriza
exatamente pela incerteza que envolve o conhecimento da verdade do fato
sob consideração.
Para aluir completamente a concepção errônea que se tem
formulado sobre as presunções, pense-se nos seguintes enunciados: 1) “se não
há prova da culpa de A quanto à pratica de certo delito, então presume-se que
seja inocente”; 2) “se não há prova de que A é inocente quanto à prática de
certo delito, então presume-se que seja culpado”. Sob uma perspectiva lógica,
ambos esses enunciados são, rigorosamente, semelhantes. Não há razão,
primo ictu oculi, para preferir o primeiro ao segundo a não ser que se recorra
a outros elementos da razão, como, v.g., as repercussões derivadas de cada
um no cotejo de cânones éticos e da finitude da vida como espaço temporal
limitado para o exercício da liberdade. Isso, contudo, indica tratar-se de uma
escolha política. Em cada um desses enunciados não há um fato antecedente,
mas, sim, um não-fato, porquanto a ausência de prova sobre alguma coisa
constitui um dado, mas definitivamente não se pode classificar como um fato
na acepção própria desse termo. Quando muito, um dado sobre um fato ou um
não-fato em potência, o que não chega sequer a ser um metafato, ou o fato do
fato (ou do não-fato). No entanto, ambos os enunciados contêm uma
presunção: a de inocência, no primeiro, e a de culpado, no segundo.
Também não resiste a própria definição oferecida por Alciato
porque subsome a presunção ao conceito de conjectura ao dizer que
“[presumptio] est coniectura probabilis ex certo signo, quae alio no adducto,
pro veritate habetur”. Presumir nada tem a ver com conjeturar. São conceitos
que não se compatibilizam entre si. Já pelo étimo dessas palavras obtém-se a
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ordines atque incolas urbium singularum muros vel novos debere facere vel veteres firmius renovare:
scilicet hoc pacto impendiis ordinandis, ut adscriptio currat pro viribus singulorum, deinde adscribantur
pro aestimatione futuri operis territoria civium, ne plus poscatur aliquid, quam necessitas imperaverit,
neve minus, ne instans impediatur effectus: oportet namque per singula non sterilia iuga certa quaeque
distribui, ut par cunctis praebendorum sumptuum necessitas imponatur: nemini excusatione vel alia
praesumptione ab huiusmodi immunitate praebenda. * arcad. et honor. aa. caesario pp. * <a 396 d. viiii
k. april. arcadio iiii et honorio iii aa. conss.>“
“CJ.8.14.7: Imperator Justinianus. Sancimus de invectis a conductore rebus et illatis, quae domino pro
pensionibus tacite obligantur, non solum in utraque roma et territorio earum hoc ius locum habere, sed
etiam in nostris provinciis. tali enim iusta praesumptione etiam omnes nostros provinciales perpotiri
desideramus. * iust. a. iohanni pp. * <a 532 d. xv k. nov. post consulatum lampadii et orestis vv. cc.
anno secundo.>“
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Tradução: “Cân. 1584 — A presunção é a conjectura provável de uma coisa incerta; se é estabelecida
pela lei, chama-se presunção iuris; se formulada pelo juiz, chama-se presunção hominis. Cân. 1585 —
Quem tem a seu favor uma presunção de direito fica livre do ônus da prova, que recai sobre a parte
contrária.” (CONFERÊNCIA..., 2001, p. 683).
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lei para a abertura da sucessão. Como ensina Rescher (op. cit., p. 9),
“[p]resumptions have a life of their own determined correlative with the
objectives in whose service they are operative.”16
Tais características das presunções explicam porque estas se
encontram presentes em uma vasta gama de situações cognitivas, sejam elas
relativas a contendas judiciais, sejam concernentes ao processo investigativo
de cognição científica ou, ainda, em qualquer outro segmento, inclusive no
dia-a-dia das pessoas. Isso, por sua vez, conduz à ilação de que as presunções
possuem uma essência que não se funda no âmbito jurídico. Ao contrário, o
direito toma emprestado a noção de presunção da vida quotidiana e opera
sobre o seu conceito algumas modificações para atender a certos fins, como
será visto mais adiante.
Pelo que foi dito até aqui, dessume-se que a presunção exerce um
papel epistêmico, servindo ao propósito do conhecimento, suprindo suas
falhas quando isso se faz necessário ou conveniente, desde que as
circunstâncias assim autorizem.
Porque radica numa aceitação não fundamentada da verdade de
determinada proposição sobre algo, a presunção opera uma realocação do
ônus da prova, transferindo-o para aquele a quem interessa negar sua
aplicação no caso específico em que foi adotada. A este incumbirá, portanto,
o encargo de produzir prova concreta de que o fato presumido não se sustenta
nas circunstâncias em questão. Por outras palavras, como o efeito da
presunção é atribuir importância e operosidade ao fato ao atribuir-lhe um
valor verdade, recai sobre quem tenha interesse no sentido inverso ao
estabelecido pela presunção o ônus de trazer evidências antes desconhecidas
para elidi-la.
Dessume-se, acima de tudo, as presunções não são,
ontologicamente, incontestáveis. Não se confundem, contudo, com a
suposição razoável. Quem presume, não supõe. Aceita antecipada e
provisoriamente algo como verdadeiro, ao passo que a suposição, ainda que
predicada de razoável, não está comprometida com essa aceitação. A exemplo
da presunção, a suposição pode servir a diversos fins da atividade cognitiva e
indagatória. Porém, diversamente daquela, não se guarnece do valor de
verdade, isto é, não é reputada verdadeira, permanecendo sempre no plano
especulativo todos os efeitos dela derivados. Já com a presunção as coisas se
passam de modo diferente. Ela assume um valor de verdade. Serve a um
propósito mais firme e seguro do que a suposição. A par disso, as presunções,
quando caibam, têm o condão de transferir o ônus da prova para aquele que
tenha interesse em eliminá-la, enquanto a suposição pode ser negada até
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Tradução livre: “As presunções têm uma vida própria determinada em correspondência com os objetivos
em função dos quais são operosas.”
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mesmo por quem a formulou, pela simples razão de que não faz nenhum
sentido a própria pessoa que se vale de uma presunção desincumbir-se de
provar sua invalidade, já que isso não lhe trará nenhum benefício e quiçá
algum prejuízo. Ao aceitar uma proposição como verdadeira, consente-se que
seu status probatório seja provisional e pro tempore. Não se diz: “[o]thers
abide our question, thou art free.”17
Rescher (op. cit., p. 23) ensina que a aceitabilidade não é um
conceito situado num espectro unidimensional, que varia da incerteza à
certeza. Não apenas há vários graus de aceitabilidade como também várias
espécies. A presunção representa uma dessas espécies: sui generis, e não
apenas uma versão atenuada de “aceitação como certo”.
Not everything qualifies as a presumption: the concept is to have some
probative bite. A presumption is not merely something that is ‘probably
true’ or that is ‘true for all I know about the matter. To class a proposition
as a presumption is to take a definite and committal position with respect to
it, so as to say ‘I propose to accept it as true as no difficulties arise from
doing so18 (RESCHER, op. cit., p. 23).
Existe, portanto, uma diferença crucial entre uma verdade alegada e
uma verdade presumida. Uma alegação meramente retórica, e não uma
categoria epistêmica. Todo argumento exposto numa discussão é
“alegadamente verdadeiro” — isto é, alega-se que seja expressão da verdade.
Uma presunção, rectius, uma verdade presumida, por sua vez, é um tipo
epistêmico, diz respeito aos avanços do conhecimento sobre o assunto que lhe
serve de objeto e por essa razão, sob circunstâncias especiais, constitui
argumento de uma espécie sistêmica que merece ser aceito provisoriamente
como verdadeiro, até que se obtenham maiores informações.
Essa noção de presunção exerce um papel fundamental em diversas
áreas de cognição, principalmente naquelas em que se aplica a questão do
ônus da prova. É novamente Rescher (op. cit., p. 24) quem ensina: “[t]he
mechanism of presumption accomplishes a crucial epistemic task in the
structure of rational argumentation”,19 porquanto há diversas situações que
reclamam a necessidade de se aceitar determinados argumentos como
verdadeiros, pelo menos provisoriamente e de acordo com uma moldura bem
definida sem nenhuma prova a respeito de seu conteúdo, porque isso favorece
17
Extraído do poema Shakespeare, de Matthew Arnold (1822–1888), apud RESCHER (2006, op. cit., p.
21). Tradução livre: “Outros respeitam nossa questão, tu és livre.”
18
Tradução livre: “Nem tudo se qualifica como uma presunção: o conceito se relaciona com a atividade
probatória. Uma presunção não é apenas uma coisa que é ‘provavelmente verdadeira’ ou que é ‘verdade
em função de tudo o que se sabe sobre o assunto’. Classificar uma proposição como uma presunção é
tomar uma posição limitada e comprometida a respeito dela, como se dissesse ‘eu proponho aceitar isto
como verdadeiro enquanto não surgir nenhuma dificuldade que impeça de assim fazê-lo.”
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Tradução livre: “o mecanismo da presunção realiza uma tarefa epistêmica crucial na estrutura da
argumentação racional.”
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Tradução livre: “[a presunção é] artificial porque nasce com imaginação, criada de alguma maneira pela
reunião de sinais, indícios e argumentos plausíveis.”
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antecipado sobre a verdade de um fato, que deve ser aceita até que aquele a
quem interessa refutá-la desincumba-se de provar sua insubsistência.
A vantagem dessa definição sobre as demais apresentadas na seção
II, é que nela entram todos os elementos necessários à perfeita concepção da
presunção. Além disso, o conceito subjacente desses elementos ligam-se uns
aos outros com harmonia, coisa que não acontece com as definições até hoje
enunciadas, satisfazendo-se, assim, a necessidade de o significado do todo
compatibilizar-se com o de suas partes.
não há nada de ilógico aí, porquanto ao presumir um fato, outra coisa não se
faz senão aceitá-lo como verdadeiro, de modo que o primeiro requisito da
implicatura estrutural em que figura a segunda presunção estará atendido. A
recíproca, porém, não é verdade. Isto é, não se pode elidir uma presunção
com base em outra, conforme será analisado na seção VII adiante.
De acordo com o próprio conceito, o fato presumido não é
desconhecido. Ao contrário, é conhecido, embora em abstrato, não
concretamente, no sentido de que não se tem prova de sua existência (ou
inexistência, quando se tratar de um não-fato). Dizer que algo é conhecido
abstratamente significa afirmar que se conhece os traços caracterizadores do
objeto de cognição e que servem ao propósito de identificá-lo com distinção
de outro objeto qualquer. Exatamente porque há esse conhecimento abstrato é
que se torna possível tanto a criação da presunção quanto sua anulação. A
criação decorre de assumir como verdadeiro o fato presumido. Já a elisão é
consequência do cotejo entre os traços identificadores do fato presumido,
conhecidos em abstrato, com evidências de que não ocorreu ou não pode
ocorrer. Numa palavra, a elisão deriva da incompatibilidade insanável que se
instaura entre os elementos que caracterizam o fato presumido (objeto de
cognição) e as provas em contrário produzidas por quem haja interesse em
refutá-lo.
A presunção também não se confunde com a ficção. Segundo
Castro (2000, p. 578), Cujácio já afirmava: “fingimus ea quae non esse
scimus; praesumimus ea quae vera esse arbitramur ducti probabilibus
argumentis”.21 Pontes de Miranda (op. cit., p. 496) explica que na ficção tem-
se alguma coisa, que não é, como se fosse, ao passo que na presunção tem-se
alguma coisa, que pode não ser, como se fosse, ou que pode ser, como se não
fosse.
A natureza das presunções, portanto, é a de que representam uma
verdade temporária para as quais não há necessidade de prova, mas que se
sujeitam à prova em contrário, e desde que essas sejam produzidas, padecem
irremediavelmente inanes.
As presunções exercem um papel importantíssimo nas atividades
cognitivas e de inquirição probatória em diversos segmentos do conhecimento
humano, sendo também frequentes na vida cotidiana. Não obstante essa
natureza que possuem, ao entrarem no campo do direito, sofrem modificações
notáveis em sua estrutura para atender a certas conveniências, novamente, de
21
Tradução livre: “imaginamos aquilo que sabemos não ser; presumimos aquilo que arbitramos ser
verdadeiro levados por argumentos plausíveis.” De acordo com o que já foi desenvolvido neste trabalho,
pode-se adaptar a afirmação de Cujácio para: “ficção é aquilo que sabemos não ser; presunção é o que
aceitamos antecipadamente como verdadeiro, embora possa ser ou não ser, por uma conveniência
qualquer.”
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Art. 184. As presumpções legaes ou são absolutas, ou condicionaes.
Art. 185. São presumpções legaes absolutas os factos, ou actos que a lei expressamente estabelece como
verdade, ainda que haja prova em contrario, como - a cousa julgada.
Art. 186. Presumpção legal condicional é o facto, ou o acto que a lei expressamente estabelece como
verdade, emquanto não ha prova em contrario (arts. 200, 305, 316, 432, 433, 434, 476 e outros Código).
Estas presumpções dispensam do onus de prova áquelle que as tem em seu favor.
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fraca, como são as presunções hominis, a uma presunção que lhe é superior,
como são as presunções legais.
Conforme ensinamento de Moacyr Amaral Santos (1998, p. 497),
não é por outra razão que o legislador não deixa ao sabor do alvedrio dos
juízes o poder de estabelecer presunções com ampla discricionariedade. Ao
contrário, limita as hipóteses em que isso pode ocorrer, restringindo, assim, a
intercorrência de presunções hominis, porque isso acarretaria perturbações à
ordem jurídica. O comércio jurídico, por razões de ordem pública (a
preservação da paz social e a manutenção do estado democrático de direito),
não se harmoniza com tanto poder concentrado nas mãos de uma única
pessoa. Por isso, o legislador constrói as presunções impondo ao juiz a
vontade da lei, estabelecendo os casos em que as presunções podem ser
invocadas e por quem, antecipando, desse modo, ao juiz, o que deve ser
reputado verdadeiro e o que deve ser objeto de prova. As presunções isentam
de prova aquele que delas tira proveito. “O raciocínio lógico (…) é
antecipadamente feito pelo legislador, consagrando-o num preceito legal que
o juiz deverá obedecer” (SANTOS, M. A., ibidem).
De outro giro, o conflito de presunções, embora inadmissível, em
tese só poderia ocorrer entre presunções que não se qualifiquem como
absolutas. Ou seja, entre presunções legais relativas, entre presunções
simples, ou entre estas e aquelas. Jamais entre qualquer delas e as presunções
ditas absolutas, ou entre as próprias presunções absolutas.
As razões são as mesmas, alentadas pelo fato de ser próprio das
presunções absolutas a impossibilidade de prova em contrário, de modo que
nada adianta opor a uma presunção absoluta outra, ainda que da mesma
espécie, porque ambas estabelecem uma verdade que deve ser aceita sem
contestação, ainda que de fato contestáveis ou, até mesmo, provada sua
falsidade.
Destarte, toda vez que o a lei estabelece em favor de alguém uma
presunção, não pode o juiz, sob pena de extravasar os limites de sua
competência e invadir a do legislador, negar seus efeitos à parte que dela
aproveita opondo-lhe outra, de natureza mais fraca, como é a presunção
hominis. O juiz que age desse modo ou revoga a lei ou nega-lhe vigência.
Esse modo de proceder do juiz agrava a situação jurídica da parte que deveria
beneficiar-se com a liberação do ônus da prova porque impõe a ela o dever de
provar o fato presumido ou a insubsistência da presunção hominis erigida
para confrontá-lo, violando, ambas essas hipóteses, a determinação legal que
manda aceitar o fato presumido pela lei como verdadeiro até prova em
contrário.
A ocorrência de conflito entre presunções legais que estabeleçam a
verdade de fatos reciprocamente anuláveis traduz uma incongruência
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sistêmica, que deve ser resolvida pelo juiz com siso e prudência. Em outras
palavras, intervindo numa mesma situação jurídica duas presunções legais
juris et de jure, como correspondem cada qual a uma regra jurídica sobre a
mesma situação, compondo o suporte fático da norma, tal circunstância
importa genuína antinomia, cuja solução só se pode obter por aplicação das
regras de hermenêutica.
Se a colidência for entre uma presunção juris et de jure e outra juris
tantum, deve-se resolver a questão em favor da primeira, porque dotada de
força imarcescível, não pode ser derrotada, enquanto a outra admite prova de
fato capaz de ilidi-la. A presunção com força absoluta outra coisa não faz
senão estabelecer a imutabilidade da verdade de um fato, ainda que putativo.
Já a presunção relativa pode ser destruída pela comprovação de falsidade do
fato presumido ou pela prova que se faz de um fato com ele incompatível.
Portanto, na competição com uma presunção absoluta, a presunção relativa
cede o passo porque aquela configura exatamente o fato inconciliável com
esta, fazendo-a desmoronar.
Tratando-se de conflito entre duas presunções relativas, o juiz terá
de decidir em função do grau de aceitabilidade das presunções, isto é, em
favor daquela que apresentar o grau mais elevado de aceitabilidade da
verdade do seu conteúdo. Se de tudo não houver meios que permitam decidir
qual deva prevalecer, restará o recurso à regra de equidade, aos costumes e
aos princípios gerais de direito. Caso típico de colidência de presunções que
se tem verificado na prática forense ocorre em ações negatórias da
paternidade. De um lado há a presunção de veracidade da paternidade
fundada no registro de nascimento. De outro, a presunção que surge quando o
juiz considera que a recusa de uma das partes em se submeter ao exame de
perícia médica supre a prova pretendida. Essa questão será abordada na seção
IX.
Os conflitos entre presunções legais são, no entanto, raros. A fortiori
quanto ao antagonismo entre duas presunções hominis. Como estas são
criações dos juízes, incidirá numa contradictio in terminis se estabelecer uma
presunção, assumindo como verdadeiro determinado fato e,
subsequentemente, no mesmo lavor decisional, estabelecer outra, capaz de
ilidir a primeira. Se isso acontecer, exsurge ao menos uma certeza: a da
inconsistência do argumento agitado como fundamento da decisão proferida,
submersa em manifesta contradição a ser sanada por meio de embargos de
declaração (CPC, artigo 535, inciso I).
Resulta do exame aqui realizado que os conflitos entre presunções
podem surgir entre presunção legal absoluta e presunção legal relativa, ou
entre duas presunções legais disputáveis, mas amiúde ocorrem opondo uma
presunção legal juris tantum e uma presunção ex homine. Sempre que isso
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Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
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Não se deve confundir a presunção de veracidade dos fatos, sempre relativa, quando não contestados,
porque não se trata de presunção hominis criada pela parte, mas de presunção relativa criada pela lei sob
determinada circunstância. Tampouco se pode supor tratar-se de presunção ex homine estabelecida pelo
juiz no momento em que se profere decisão, porque a contrariedade a tal presunção limita-se aos
elementos constantes dos autos do processo, ou seja, está confinada aos elementos probatórios alojados
no processo. Se não houver nada capaz de infirmar os fatos não contestados, não poderá o juiz deixar de
atribuir-lhe valor de verdade baseando-se em uma praesumptio hominis. Ao revés, terá de os declarar
verdadeiros.
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Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
IX. Presunções no Código Civil e a recusa à perícia médica (CC, art. 231
e 232) aplicada pelos tribunais
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“Art. 185. São presunções legais absolutas os fatos, ou atos que a lei expressamente estabelece como
verdade, ainda que haja prova em contrário, como — a cousa julgada.”
As Presunções no Código Civil de 2002 e as 35
Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
necessário puder ser provado por outros meios, então, força convir, o exame
não é, em verdade, necessário, mas apenas suficiente.
Assim, por exemplo, numa demanda entre uma seguradora e o
segurado, a verificação de uma patologia que a primeira tenha recusado pagar
somente pode ser feita por meio de exame médico. Recusando o segurado em
submeter-se ao exame, não poderá invocar que a seguradora não se
desincumbiu de provar a desnecessidade ou a inexistência da enfermidade.
Tal argumento do segurado incidiria na falácia ad ignorantiam. Como não é
caso de inversão do ônus da prova de conformidade com as regras do Código
de Defesa do Consumidor, porquanto a realização o exame depende
exclusivamente do segurado, se alguma presunção pode advir dessa situação é
a de veracidade das alegações da seguradora, se tiverem sido no sentido de
negar a existência da patologia reclamada. Porém, nem mesmo isso é
necessário para julgar a questão, já que aquele que não prova os fatos
alegados sofre o ônus de não tê-los reconhecidos por ausência de prova.
Portanto, o artigo 231 do Código Civil brasileiro não contém
hipótese de presunção legal. Apenas impede que um dos litigantes, aquele que
se opõe ao fato controvertido cuja prova só pode ser obtida com o exame
médico de si, alegue que seu antagonista não se desincumbiu do ônus que lhe
cabia. Assim, não chega propriamente a inverter o ônus da prova, como nos
casos de presunção, mas neutraliza os efeitos desse ônus quando há
resistência injustificada da parte contrária.
Em tais hipóteses, o juiz deverá decidir com base nos demais
elementos de prova alojados nos autos, podendo, inclusive, aplicar a regra do
artigo seguinte, se for o caso, para suprir a falta do exame recusado.
Por fim, o artigo 232 do Código Civil vigente inovou ao determinar
que “a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que
se pretendia obter com o exame.”
Em primeiro lugar, deve-se notar as diferenças entre os preceitos
legais do artigo 231 e esse do artigo 232. Já pelo próprio enunciado percebe-
se que a matriz legal é diferente daquela prevista no artigo 231. Neste, o
Código veda expressamente que a parte possa tirar proveito da própria recusa
em se submeter a exame médico necessário ao deslinde da questão
controvertida. No artigo 232, ao contrário, além de a perícia médica ser
ordenada pelo juiz, de ofício ou a requerimento, a recusa repercute de modo
notável, pois pode suprir a prova pretendida com o exame pericial.
O exame açodado poderia sugerir a conclusão de tratar-se de uma
hipótese semelhante àquela estabelecida para a revelia: a criação de uma
sanção para punir o comportamento censurável daquele que não colabora com
a justiça, considerando-se verdadeiro um fato relevante para o
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Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
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“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE – PRELIMINARES
DE ILEGITIMIDADE PASSIVA E COISA JULGADA APRECIADAS EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO TRANSITADO EM JULGADO – RECUSA DO RÉU EM SUBMETER-SE AO
EXAME DE DNA – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL -
RECURSO ESPECIAL – AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO – FUNDAMENTO SUFICIENTE –
SÚMULA 283/STF.
I – Improsperável o recurso especial, se o recorrente deixa de impugnar fundamento suficiente à
manutenção do acórdão recorrido. Aplicação do enunciado n.º 283 da Súmula do Supremo Tribunal
Federal.
II - Segundo a jurisprudência desta Corte, a recusa da parte em submeter-se ao exame de DNA constitui
presunção desfavorável contra quem o resultado, em tese, beneficiaria.
Recurso especial não conhecido.” {STJ – 3ª T. – REsp 460.302/PR – Relator: Min. Castro Filho – j.
28/10/2003 – REJSTJ}
“ Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Investigação de paternidade. DNA. Recusa na
realização do exame.
1. O posicionamento desta Corte é no sentido de que a recusa injustificada à realização do exame de
DNA contribui para a presunção de veracidade das alegações da inicial quanto à paternidade.
2. Agravo regimental desprovido.” {STJ – 3ª T. – AGA 498.398/MG – Relator: Min. Carlos Alberto
Menezes Direito – j. 16/09/2003 – REJSTJ}
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Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
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TJMG – 5ª C.Cív. – Ap. Cív. 1.0702.03.079528-1 – rel.: Des. Barros Levenhagen – j. 14/05/2009 – site
do TJMG.
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TJMG – 4ª C.Cív. – Ap. Cív. 1.0056.03.059866-0 – rel.: Des. Almeida Melo – j. 07/02/2008 – site do
TJMG.
As Presunções no Código Civil de 2002 e as 45
Consequências da Recusa à Perícia Médica Aplicadas pelos Tribunais
X. Conclusão.
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