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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

ÚNICA DA COMARCA DE NOVO REPARTIMENTO/PA

Ref. Proc. 0001732-10.2019.8.14.0123

URGENTE!!!

RÉU PRESO!!!

ERNANDES DOS SANTOS BARBOSA, brasileiro, solteiro,


pescador, portador de RG nº 8259446, inscrito no CPF sob o nº
049.016.682-26, residente e domiciliado à Rua Venezuela, Qd. 22, Casa
11, Bairro Vale do Sol II por seus advogados in fine signatários
(procuração anexa), onde recebem notificações e intimações de estilo,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar o
presente:

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

Nos autos do Inquérito Policial epigrafado, que lhe move a Justiça


Pública, pela suposta prática das condutas tipificadas nos arts. 33 e 35
da Lei 11.343/2006, em razão dos fatos e fundamentos de direito a seguir
escandidos:

I – BREVE RELATO DOS FATOS

Aduz o Auto de Prisão em Flagrante Policial que o investigado


se dirigiu ao Espaço Cultural da cidade de Novo Repartimento, na data
04 de março, e começou a ingerir bebida alcoólica por volta das 18:30h
da tarde.

Destarte, por volta das 01:00h na manhã, o Requerente montou


em uma moto HONDA POP DE COR VERMELHA, saindo dali em direção
a outro local.

Naquele momento em que pegou a moto para sair do espaço


cultural, o dono da motocicleta, que estava em cima do trio elétrico, viu
a ação e pensou que se tratasse de um furto, ocasião em que avisou as
pessoas responsáveis pelo sistema de som, que comunicaram a todos no
local que um furto estaria em andamento naquele instante.

Quando o investigado pegou a motocicleta em frente ao espaço


cultural, acreditava fielmente que se tratava de outra motocicleta de
iguais características, pertencente ao seu cunhado, com a qual tinha o
hábito de trafegar.

E mais, ao sair do espaço cultural na moto, percebeu que vinha


sendo seguido por diversos outros motoqueiros, momento em que decidiu
parar para saber do que se tratava a situação. Nesta oportunidade, o
Requerente foi espancado brutalmente por populares, ação que resultou,
inclusive, em uma costela quebrada, fato este que pode ser atestado pelos
documentos médicos anexos a esta petição.

Insta ressaltar que o Requerente não teve qualquer intenção de


cometer crime de furto, ao contrário, pensava tratar-se da motocicleta de
seu cunhada, que tem características idênticas à da suposta vítima. E
mais, o erro aconteceu ainda pelo fato de o Requerente ter ingerido
bastante bebida alcoólica, o que alterou completamente sua percepção
da realidade.

Certo é que o Requerente em nenhum momento teve a intenção


de praticar o crime de furto, visto que pegou a motocicleta por engano,
acreditando fielmente que estava montando na moto de seu cunhado.

O Requerente é trabalhador, pescador, não só ele como toda


sua família, e se encontra atualmente recolhido à cela da Delegacia de
Polícia Civil de Novo Repartimento/PA. Este Douto Juízo, ao receber o
flagrante policial, arbitrou fiança no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e
quinhentos reais).

Ocorre, MM. Juiz, que o Requerente é de origem humilde, e nem


ele ou sua família tem condições de arcar com um valor tão alto de fiança,
que excede em mais de duas vezes o valor do salário mínimo local, já que
todos são pescadores.

Por esta razão, não resta ao Requerente qualquer alternativa


que não seja a presente via jurisdicional, para tentar conseguir sua
soltura, dado que jamais teve intenção de cometer o crime de furto, senão
pegou uma motocicleta por engano.

II – DO DIREITO

II.a Do erro de tipo

O art. 20 do Código Penal, ao tratar do erro de tipo, dispõe, ipsis


litteris, que:
Art.20 O erro sobre elemento constituído do
tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
a punição por crime culposo, se previsto em
lei.

O erro de tipo é aquele que incide sobre algum elemento do tipo


penal. Pode recair tanto sobre as elementares ou circunstâncias da figura
típica, como sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação
ou sobre dados secundários da norma penal incriminadora.

O art. 155 do Código Penal, que tipifica o crime de furto,


estabelece que:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem,


coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e


multa.

Desta forma, in casu, o erro do agente ocorreu sobre o elemento


do tipo “coisa alheia móvel”.

Ao montar na motocicleta HONDA POP VERMELHA, que


julgava pertencente ao seu cunhado, o agente, ora Requerente, ocorreu
em erro, em virtude das idênticas características das duas motocicletas
e do fato de já estar alcoolizado naquele momento.

Destaque-se que o erro de tipo, quando ocorre sobre elementos


do tipo penal, exclui o dolo, sendo passível de punição apenas a
modalidade culposa do delito, se prevista em lei.
O crime de furto não tem previsão culposa tipificada em nosso
ordenamento penal, de tal forma que em virtude de tal situação, a
conduta do Requerente foi atípica, ou seja, não constituiu crime.

Desta forma, ainda que a via atualmente eleita não seja o


momento oportuno para alegações de matéria de defesa, tal situação é
fundamental e relevantíssima para a análise da manutenção da prisão
do investigado e, por estas razões, aqui a expomos.

II.b – Da ausência de violência ou grave ameaça

Ademais, ainda que o Requerente tivesse a intenção de cometer


o crime, a qual não possuiu, conforme supra expendido nesta petição, a
conduta do agente não foi exercida mediante violência ou grave ameaça
e nem representou ofensa grave ao bem jurídico tutelado, dado que em
nenhum momento o Requerente teve a posse desvigiada da motocicleta.

E mais, a suposta vítima teve seu bem recuperado, o que


somente aconteceu porque o Requerente, ao perceber que estava sendo
seguido por diversas motocicletas, e sem saber o porquê, decidiu parar
para entender a situação, momento em que foi brutalmente espancado
pelos populares que o seguiam.

Desta forma, Excelência, se o Requerente tivesse realmente a


intenção de cometer o crime, não teria sentido parar bem no meio de sua
empreitada criminosa para tirar satisfações com populares que o
seguiam, apenas o fez por acreditar fielmente que estava pilotando a moto
de seu cunhado.

II.c – Dos bons antecedentes do agente

O Requerente jamais se envolveu em quaisquer problemas com


a Justiça, conforme comprova a certidão de antecedentes criminais anexa
a esta exordial, de tal forma que sempre possuiu conduta e reputação
ilibada.

O Requerente é primário, haja vista que não possui em seu


desfavor nenhuma condenação penal transitada em julgado. Este,
inclusive, é raciocínio abordado por GUILHERME DE SOUZA NUCCI ao
ensinar sobre a “primariedade”:

Primariedade é a situação de quem não é


reincidente. Este, por sua vez, é aquele que torna
a cometer um crime, depois de já ter sido
condenado definitivamente por delito anterior,
no País ou no exterior, desde que não o faça após
o período de cinco anos, contados da extinção de
sua primeira pena”.(Código de Processo
Penal Comentado; 4ª ed.; ed. RT; São Paulo;
2015; p. 915).

Insta dizer, também, que o réu possui bons antecedentes, pois


como preleciona ainda GUILHERME DE SOUZA NUCCI:

Somente é possuidor de maus antecedentes


aquele que, à época do cometimento do fato
delituoso, registra condenações anteriores, com
trânsito em julgado, não mais passíveis de gerar
a reincidência (pela razão de ter ultrapassado o
período de cindo anos)”. (Op. Cit; p. 915).

Neste caso, o Requerente jamais teve quaisquer problemas


com a Justiça, tendo sequer sido processado criminalmente por
qualquer outro motivo.

O Autor é trabalhador, possui residência fixa, morando com


sua irmã no endereço qualificado nesta inicial, de tal forma que inexiste
razão para a manutenção do cárcere, dado que o Requerente não
representa qualquer risco à ordem pública e não tem nenhum interesse
em fugir, pois não cometeu crime, já que pegou a moto única e
exclusivamente por engano.

II.c – Do alto valor estipulado de fiança

No caso em tela, o Douto Juízo da Comarca de Novo


Repartimento/PA arbitrou fiança, no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e
quinhentos reais), ao Requerente.

Ocorre que o Requerente é humilde, de origem pobre e nem ele


ou sua família detém condições de arcar com valor tão alto de fiança,
razão pela qual vem através da presente pugnar pela concessão de
liberdade provisória sem o arbitramento de fiança, ainda que sejam
estabelecidas outras medidas cautelares diversas à prisão.

II.c – Das Medidas Cautelares diversas à prisão

O art. 319 do Código de Processo Penal, ao elencar as medidas


cautelares alternativas ao cárcere, dispõe, in verbis:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da


prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e


nas condições fixadas pelo juiz, para informar e
justificar atividades;

II - proibição de acesso ou frequência a


determinados lugares quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o
risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa
determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
dela permanecer distante;

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando


a permanência seja conveniente ou necessária
para a investigação ou instrução;

V - recolhimento domiciliar no período noturno e


nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos;

VI - suspensão do exercício de função pública ou


de atividade de natureza econômica ou financeira
quando houver justo receio de sua utilização para
a prática de infrações penais;

VII - internação provisória do acusado nas


hipóteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
inimputável ou semi-imputável e houver risco de
reiteração;

VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para


assegurar o comparecimento a atos do processo,
evitar a obstrução do seu andamento ou em caso
de resistência injustificada à ordem
judicial;

IX - monitoração eletrônica

Nesse interim, o Código de Processo Penal por si só oferece 09


(nove) medidas cautelares diversas à prisão e que são perfeitamente
aplicáveis ao caso concreto, donde já resta demonstrada a
desnecessidade de prisão, pois o Requerente não cometeu crime.

O Requerente se propõe a aceitar a imposição de todas as


medidas cautelares cumuladas, se for o caso, e tem total interesse em
responder uma eventual acusação pelo crime de furto e provar sua
inocência, visto que não é criminoso e jamais se envolveu em quaisquer
práticas delituosas.

III – DOS PEDIDOS

ANTE O EXPOSTO, requer:

a) A intimação do Douto Membro do Ministério Público desta


Comarca, para manifestar-se, nos termos da lei;

b) Seja concedida ao Requerente a liberdade provisória, sem


prejuízo da aplicação de outras medidas cautelares diversas à prisão,
para que possa responder a eventual processo em liberdade, nos termos
da lei.
Nestes termos, pede e espera deferimento.

Novo Repartimento, 14 de março de 2019.

Cândido Lima Júnior

OAB/PA 25.926-A

Ângelo Sousa Lima

OAB/PA 26.226

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