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In: A
interiorização da metrópole e outros ensaios. 2a Ed. SP: Alameda, 2009,
pp. 7-37.
Segundo Odila, há uma errônea noção tomada pelos historiadores em associar o
processo de emancipação política do Brasil: "com vicíos de interpretações provocados
por enfoques europeizantes, que, segundo a autora, distorcem o processo brasileiro, o
qual avulta o da imagem de Rousseau do colono quebrando os grilhões do jugo da
metrópole; ou da identificação com o liberalismo ou nacionalismo próprios da grande
revolução Burguesa na Europa" (p.11).
Odila nos apresenta, em seu texto, um cenário onde o Brasil caminhava para a
prosperidade econômica enquanto Portugal se afundava: Essa situação gerava uma
insatisfação na administração portuguesa. Pois, segundo a autora Portugal vinha
exercendo "Os sacrifícios e as aflições da invasão francesa, a repressão violenta de
qualquer mudança alimentada pelo clima da própria guerra contra napoleão o temor
das agitações jacobinas contribuíram, pois, para despertar ciúmes e tensões entre
portugueses do reiono e portugueses da nova corte. Em Portugal, a devastação e
amiséria de guerra, agravada pela antiga nobreza, foram ainda mais acentuadas pelo
tratado de 1810" (p.13). De acordo com o tratado de 1810: "Em 1810, D.João VI
assinou vários tratados com a Inglaterra,sendo o de maior interesse o de Comércio e
Navegação, cuja concessão essencial foi a permissão de entrada de mercadorias
inglesas pagando apenas o direito de 15% ad valorem. As decisões dos decretos de 28 de
janeiro e de 11 de junho de 1808 foram revogadas pelo Tratado de 1810, que estabelecia
a taxa de 15% para os comerciantes lusos, sobre as mercadorias inglesas; mantinha os
16% sobre as mercadorias portuguesas; e 24% sobre as mercadorias de outras origens.
Os ingleses dominaram o mercado brasileiro. Os direitos preferenciais dados pelo
Tratado, no Brasil, eram estendidos para portos portugueses na Europa, Ásia e África".
Maria Odila aponta que "Um estudo mais aprofundado do mecanismo ineretente às
classes dominantes no Brasil colonial seria um grande passo no estado atual da
historiografia da "independência" (p.23). Pois, segundo Odília, o cenário de
independência era um potencial fator de modificação da estrutura social para algumas
classes (não necessariamente as dominantes). Ademais, havia, segundo Odília, um clima
de receio ao hatianismo: "A própria estrutura social, com o abismo existente entre uma
minoria privilegiada e o resto da população, polarizaria as forças políticas, mantendo
unidos os interesses das classes dominantes. O sentimento de insegurança social e o
"haitianismo", ou seja, o pavor de uma insurreição de escravos, não devem ser
subestimados como traços típicos da mentalidade da época, reflexos estereotipados da
ideologia conservadora e da contra-revolução européia. Eles agiram como forçar
política catalisadora e tiveram um papel decisivo no momento em que regionalismos e
diversidades de interesses pdoeriam ter divido as classes dominantes da colônia" (p.23).
A insegurança social cimentaria a união das classes dominantes nativas com a
vontade de ser brasileiros dos portugueses imigrados que vieram fundar um novo
Império nos trópicos.
Proposta da autora:
Tanto assim é que os conflitos e as pressões sociais e raciais contra o português, rico,
monopolizador do comércio e dos cargos públicos, não seriam resolvidos pela
"independência" de 1822, nem pela abdicação de D. Pedro em 1831. Ou seja, Odília
aponta que: "Permitindo-nos uma compreensão mais completa desse processo de
interiorização da metrópole, que aprece ser a chave para o estudo da formação da
nacionalidade brasileira.