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Sistema Constitucional de Segurança Pública:

discussões sobre Desmilitarização e Democracia


1
Vinicius Lúcio de Andrade
2
PPGD (Mestrado)-UFRN

1. Introdução

O Estado Democrático de Direito posto como princípio basilar na Constituição


Federal de 1988 normatizado através do dispositivo constitucional que “todo poder emana do
povo” sugere que o controle do poder estatal deve estar sob domínio civil. Afinal, o processo
de redemocratização supera o período ditatorial militar originado no Golpe de 1964 e a
Constituição funciona como marco jurídico de fundação de uma “nova” ordem política e
social, na qual o poder militar, isto é, o poder das Forças Armadas possui rígidos limites
constitucionais.
No contexto pós-1988 o processo de concretização e efetivação dos Direitos
Fundamentais, a chamada realização constitucional, a redução do fosso entre o mundo da vida
e o das normas constitucionais delineia-se como um desafio cotidiano para democracia
brasileira. Esta perspectiva ampara uma série de direitos, entres estes, insere-se o Direito à
Segurança Pública previsto no art.144 da Constituição Federal.
A Constituição brasileira foi negociada entre vários grupos políticos e sociais,
inclusive e principalmente com os militares e as Forças Armadas. Ou seja, foi um “pacto pelo
alto”i, não houve uma ruptura de uma ordem política, nem mesmo uma revolução, ademais
havia uma indiferença da população durante o processo de elaboração constituinte. Ainda
mais, não tivemos uma Assembléia Nacional Constituinte, mas sim uma Constituinte
Congressual como afirma Luis Roberto Barroso amparado em José Afonso da Silva. Ora, não
havia se operado uma destruição dos espaços de poder político anterior, mas apenas procurou-
se “conciliar” uma plêiade de interesses e foi aceito o desafio de produzir um texto
constitucional com conteúdo democrático, com o máximo de legitimidade e ressonância
social possível.

2. Relevância Temática

O Sistema Constitucional de Segurança Pública (entende-se a estrutura formulada


através de órgãos estatais - polícias civis, policias militares, bombeiros militares, polícia
federal, polícia rodoviária federal - criados e projetados para prevenir, reprimir crimes e
realizar ações de defesa social) concebido pela Constituição Federal de 1988 apresenta fortes
contradição aos valores democráticos. Nesse sentido, explica Jorge Zaverucha que “a nova
Constituição descentralizou poderes e estipulou importantes benefícios sociais similares as
das democracias mais avançadas. No entanto, uma parte da Constituição permaneceu idêntica
a Constituição autoritária de 1967 e sua emenda 1969.” Portanto, aquelas disposições
referentes às polícias estaduais, ao poder judiciário militar e as próprias forças armadas não
foram alteradas provocando graves distorções no atual cenário de formulação e
implementação de políticas públicas nesta área.
1
Mestrando em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bacharel em Direito
e Licenciado em História pela Universidade Estadual da Paraíba.
2
Projeto de Pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Direito (Mestrado) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O Título V “Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas”, mostra a
ausência de distinção entre Segurança Nacional/Defesa Nacional e Segurança Pública.
Exemplo interessante no direito alienígena, é o da Constituição Portuguesa de 1976 que
alocou as funções de Polícia sob o âmbito da Administração Pública (art.º 242 da Constituição
Portuguesa) e os temas relacionados à Defesa Nacional e Forças Armadas em capítulo próprio
no texto constitucional. Ou seja, apesar de no Brasil ter sido posta em um capítulo específico
permaneceu a forte militarização, ou seja, as atividades estatais de segurança social sob a
órbita, principalmente do Exército, a mais poderosa e influente das Forças Armadas. Isto
oferece constante vulnerabilidade na proteção de direitos fundamentais em uma democracia
constitucional, acarreta o enfraquecimento das políticas públicas de efetivação do Direito
Fundamental a Segurança Pública.
Ora, na Teoria do Estado as forças bélicas militares de um Estado de Direito são
concebidas para monitoramento das fronteiras, dos mares e do ar ao cuidarem de aspectos
estratégicos da inteligência militar e defesa da nação; possuem treinamento peculiar no qual
prevalece às concepções de combate ao oponente-inimigo; desenvolvem e aperfeiçoam uma
mentalidade militarista próprias da caserna e de sua forte hierarquização. Portanto, não se
coadunam tais valores com a concepção de Polícia das democracias constitucionais. Afinal,
esta deve ser “legalista” (não no sentido normativista insensível, alheia as multiplicidade de
situações e peculiaridades), humana, criteriosa e cidadã, além de garantidora e observadora
das normas constitucionais.
Todavia, não bastasse à interessante e problemática discussão de desmilitarização
das Polícias Militares estaduais, há uma crescente militarização de práticas, métodos, ações e
treinamento das polícias civis e federal - nascem com a mesma problemática às guardas
municipais e multiplicam-se pelo país com os mesmos equívocos e vícios. O militarismo
surge como uma solução utilitarista para propiciar segurança pública a uma sociedade
amedrontada. Bem afirma, Paulo Bonavides em sua obra “Constituinte e Constituição” ao
explicar que a crise é sempre uma oportunidade para intervenção política do poder militar,
neste caso é a crise da segurança pública.
Para isto utiliza-se da proteção constitucional formal, do apelo social ao
endurecimento através da violência armada institucional, adicione-se a este contexto a
profusão do encarceramento e a consequente espetacularização do Direito Penal,
concomitante a este fenômeno ocorre uma repressão liderada pelas instituições coercitivas,
principalmente sobre os pobres residentes nas periferias das regiões metropolitanas das
grandes cidades. Estes sempre associados à noção de insegurança e periculosidade, avaliações
que não se sustentam empiricamente.
Desse modo, as Políticas Públicas de Segurança Pública são formuladas de
maneira enviesada sem diálogo e práticas institucionais democráticas, prometendo soluções
meteóricas, sempre com elementos do militarismo, isto é, aspectos e práticas autoritárias. Os
exemplos são latentes: a “guerra” contras as drogas; greves mal-resolvidas das políticas
militares em vários estados; facilidade da formação de milícias e grupos de extermínios no
seio destas corporações como aponta recente relatório deste ano da Organização dos Estados
Americanos; a ocupação militar de áreas territoriais urbanas; a relativização de direitos
fundamentais com as invasões de domicílio e o controle eletrônico dos espaços públicos e da
vida privada dos indivíduos; limitação de liberdades individuais básicas, como a direito de ir,
vir e permanecer; as atividades de investigação e inteligência policial realizadas de forma
ilegal e sem amparo constitucional pelos Serviços de Inteligência das Polícias Militares.
3. Referencial Teórico

Amparado na Teoria Material da Constituição e também na Teoria Constitucional


da Democracia Participativa de Paulo Bonavides procura-se traçar uma efetivação do Direito
Fundamental à Segurança Pública sem comprometer os limites democráticos e constitucionais
impostos ao poder militar e ao aparato policial que muitos momentos se confundem no atual
cenário.
A Teoria da Democracia Participativa proporciona a participação de novos atores
jurídicos e políticos para construção de políticas públicas democráticas e mais desvinculadas
da órbita estatal. Uma forma de evitar utilitarismos e autoritarismos. Além disso, oferece
ferramentas para realocações dos espaços de poder a inserção de outros atores sociais,
inclusive e principalmente, aqueles sem relação umbilical com Estado. Segue na linha de
Peter Haberle, no intuito de oferecer soluções jurídicas efetivas no contexto de uma sociedade
pluralista.
Isto é, a partir de uma visão sistemática e ampla do ordenamento jurídico e da
Constituição baseado no pensamento de Claus-Wilheim Canaris e Juarez Freitas, a fim de
oferecer adequação e unidade sistemática, sem perder a idéia de construção de uma ciência
jurídica historicamente adequada.
Sob explícita influência das leituras pós-positivistas e da nova hermenêutica
constitucional rompe-se com a idéia Kelseniana de pureza e isolamento do Direito, sendo
assim, propõe-se a utilização de conceitos, elementos e leituras de outras ciências humanas a
fim de oferecer amplitude e profundidade a ciência jurídica.
Sendo assim, nesta pesquisa, procura-se desenvolver um diálogo constante,
notadamente com a Ciência Política, através das contribuições teóricas de Richard Khon com
seus estudos sobre as relações civis-militares nas democracias modernas e Jorge Zaverucha
que analisa essas relações no ambiente brasileiro e suas repercussões nas instituições policiais.

4. Metodologia

A metodologia de pesquisa e trabalho científico será baseada no estudo da


legislação constitucional, doutrina e jurisprudência acerca do tema. Serão também buscadas
outras referências e entendimentos nas ciências sociais (ciência política, história, geopolítica,
sociologia) que enriqueçam, complementem e dialoguem com as discussões jurídicas travadas
nesta pesquisa.
Observe-se, a priori, não serão utilizados recursos de pesquisa que dependam de
entrevistas, questionários ou aplicações similares.
Todavia, trata-se de um projeto de pesquisa desenvolvido dentro do Programa de
Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em nível de
Mestrado. Portanto, a investigação científica está em fase inicial e poder tomar caminhos e
propor respostas surpreendentes ao próprio pesquisador, justificando o uso de novas
ferramentas metodológicas.

5. Considerações Finais

A proposta de investigação científica apresentada norteia-se na tentativa de propor


soluções jurídicas adequadas no âmbito de democracia constitucional brasileira, tendo como
objetivo corrigir distorções e práticas autoritárias nascidas devido à formatação do Sistema
Constitucional de Segurança Pública da Constituição de 1988.
Neste momento, são cultivadas mais dúvidas e perguntas do que propriamente
respostas e soluções efetivas. Ademais, afasta-se aqui perspectiva tão comum nas pesquisas
jurídicas: começar uma investigação científica buscando encontrar resultados pré-concebidos,
constituindo na verdade apenas uma argumentação retórica da defesa da própria opiniãoii.

6. Referências Bibliográficas

ANTUNES, Marcus Vinicius Martins. Mudança Constitucional: o Brasil pós-88. Porto


Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luis Roberto. Vinte anos de Constituição Brasileira de 1988: O estado a que
chegamos. 2008. Disponível em <http://www.luisrobertobarroso.com.br> Acesso em
01.abril.2012
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 26ª ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
_________________. Teoria Constitucional da Democracia Participativa: por um direito
constitucional de luta e resistência, por uma nova hermenêutica, por uma repolitização da
legitimidade. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
CANARIS, Claus-Wilhelm. Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do
direito. Tradução de A. Menezes Cordeiro. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989.
FREITAS, Juarez. A Interpretação Sistemática do Direito. 5ª. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2010. 312p .
NOBRE, Marcos (org). O que é pesquisa em Direito? 46ª ed. São Paulo: Quarter Latin, 2005.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 7ª ed. São Paulo: RT, 2011.
KOHN, Richard. An Essay on Civilian Control of the Military. Disponível em
<http://www.unc.edu/depts/diplomat/AD_Issues/amdipl_3/kohn.html> Acesso em
05.abril.2012
ZAVERUCHA, Jorge. FHC, Forças Armadas e Polícia: entre o autoritarismo e
democracia (1999-2002). Rio de Janeiro: Record, 2005.

i
Expressão informada por Marcus Antunes em seu livro “Mudança Constitucional: o Brasil pós-88”.
ii
SUNDFELD, Carlos Ari . O que é pesquisa em Direito? In: Marcos Nobre. (Org.). O que é pesquisa em
Direito? 46ª ed.São Paulo: Quartier Latin, 2005, v., p.9-10.

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