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11/02/2019 Cada - Gramatigalhas

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CADASTRE-SE FALE CONOSCO

Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Cada
quarta-feira, 4 de junho de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Lorenzo Guimarães envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Professor, sempre tenho dúvida sobre o uso da palavra cada. Qual expressão está certa: 'Os
livros custam dez reais cada um' ou 'Os livros custam dez reais cada’? Agradeço a atenção!"

1) Cada é pronome que só se deve usar acompanhado de substantivo, vale dizer que só deve ser
empregado como pronome adjetivo: cada homem, cada mulher.

2) Na lição de Eduardo Carlos Pereira, configura "um distributivo invariável, que se une com qual,
para formar o pronome cada qual, e com um na forma composta cada um, que raramente vem
acompanhada de substantivo claro".

3) Evanildo Bechara, por seu lado, reforça que "é condenado o emprego de cada em lugar de cada
um nas referências a nomes expressos anteriormente".

4) Essa lição, de igual modo, é seguida por Luiz Antônio Sacconi. Exs.: a) "Os livros custam dez
reais cada" (errado); b) "Os livros custam dez reais cada um" (correto).

5) Também Cândido de Oliveira – lembrando que sempre se deve dizer cada um, cada uma –
exemplifica que o correto é: "Vendo frango a cem cruzeiros cada um"; e não: "Vendo frango a cem
cruzeiros cada".

6) De acordo com o ensinamento de Júlio Nogueira, dois aspectos são de significativo relevo para o
emprego do vocábulo aqui considerado: por primeiro, "cada é sempre anteposto ao nome – cada
cousa em seu lugar"; ao depois, "não é correto o emprego de cada em fim de frase – vendo a dez mil
réis cada. Diga-se: cada um, cada par, cada jogo, cada peça etc".

7) Lembrando que "cada um é pronome e não se confunde com o adjetivo cada", reitera Edmundo
Dantès Nascimento que o emprego de cada em expressões como "Vendeu animais a Cr$ 1.000,00
cada" é erro, devendo-se dizer cada um, ou usar um nome: "Vendeu a Cr$ 1.000,00 cada animal".

8) Nessa mesma esteira se dá a lição de José de Nicola e Ernani Terra: "O pronome indefinido cada
não deve ser utilizado desacompanhado do substantivo ou numeral, portanto é incorreto dizer: Os
livros custaram vinte reais cada; Vendia frangos a dois reais cada".

9) Para Júlio Nogueira, seu uso é galicismo "no fim da frase, com elipse de outra palavra: a Cr$ 5,00
cada (par, unidade, metro etc.). É a tradução do chaque, já errôneo em francês, nessa construção.
Diga-se: a Cr$ 5,00 cada um (par, dúzia, jogo etc.)".

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI202077,31047-Cada 1/2
11/02/2019 Cada - Gramatigalhas
10) Édison de Oliveira resume a questão em dois aspectos: por um lado, "o normal é empregar a
palavra cada seguida de substantivo"; por outro, a locução cada um ou cada uma "não deve ser
seguida de substantivo". Exs.: a) "Haverá um defensor para cada réu"; b) "Haverá um defensor para
cada um".

11) "Pode referir-se a substantivo no plural, precedido de um numeral, indicando nesse caso um
conjunto, um grupo: cada dez pacotes, cada cem pessoas".

12) Também observando que o pronome indefinido cada pode não apenas referir-se à unidade num
grupo de seres, mas também "a um conjunto deles", anota Domingos Paschoal Cegalla que, em tal
caso, o verbo concorda no plural. Ex.: "Cada três livros custavam 60 reais".

13) Com Sousa e Silva, pode-se fazer o seguinte resumo: a) nunca se usa essa palavra como
pronome ("Custa dez cruzeiros cada um", e não "Custa dez cruzeiros cada"); b) com o mesmo
sentido de cada um, emprega-se às vezes cada qual; c) é lícito dizer cada dois, cada três; d)
quando o substantivo está no singular, dispensa-se o numeral, no português moderno (cada livro,
cada pena, e não cada um livro, cada uma pena; porém se diz cada dois livros, cada duas penas).

14) Em termos gramaticais, a cominação cada um ou cada qual vale como substantivo. Exs: a)
"Cada um é senhor de seus atos"; b) "Cada qual tem o ar que Deus lhe deu" (Machado de Assis).

15) Quanto a concordância verbal, o verbo fica no singular, quando os núcleos do sujeito vem
determinados pelo distributivo cada, até porque os substantivos assim designados normalmente
indicam gradação. Ex.: "Cada era, cada geração, cada povo exprime o sentimento" (Rui Barbosa)

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Cáiser – Existe? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Cáiser – Existe?
quarta-feira, 13 de novembro de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Silvio Cordeiro envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Senhores, peço encaminhar ao ilustre Prof. José Maria da Costa com relação às aspas para
as palavras estrangeiras (Migalhas 1.870 - "Gramatigalhas" - 2/4/08 - clique aqui): nos exemplos
dados, ele usa o substantivo, em alemão, com letra minúscula, quando os substantivos
sempre usam iniciais capitulares no idioma de Goethe. E mais: pergunto qual a razão, se é
que existe, do Aurélio grafar 'cáiser' como o nome do imperador da Alemanha, adaptação não
encontrada nem no Michaellis, Aulete ou Figueiredo: o sr. Aurélio gosta de neologismos ou
tem alguma base racional? Obrigado,"

1) Um leitor indaga qual a razão – se é que existe – para que o Dicionário Aurélio inclua a forma
cáiser como nome do imperador da Alemanha, adaptação essa que não encontrou em outros
dicionaristas, como Michaellis, Caldas Aulete e Figueiredo. E resume: "o sr. Aurélio gosta de
neologismos, ou esse uso tem alguma base racional?".

2) Veja-se, por primeiro, quanto à etimologia, que, entre os romanos, um imperador ou príncipe tinha
o título de caesar (pronuncia-se césar); na Rússia, seu equivalente era czar; na Alemanha, kaiser.

3) Uma consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa mostra que nele se registram os
três seguintes vocábulos como pertencentes ao nosso léxico: cáiser, césar e czar.

4) Ora, a Academia Brasileira de Letras, entidade que edita o VOLP, tem, por delegação da lei, a
incumbência para listar oficialmente as palavras pertencentes ao nosso idioma, assim como para
determinar-lhes a grafia e fixar-lhes a pronúncia. Desse modo, em termos oficiais, legem habemus,
razão pela qual está autorizado o uso do mencionado vocábulo.

5) Importante acréscimo se há de fazer: nossos dicionaristas, por mais respeitados que sejam e por
melhores serviços que tenham prestado ao idioma, não são autoridades oficiais no assunto da
consulta. Bem por isso, se suas lições contrariam o VOLP ou dele divergem, a este (e não àqueles)
se deve prestar obediência, independentemente, até mesmo, de eventuais incoerências ou
imperfeições que se possam apontar nos critérios por ele seguidos. Vale aqui a observação que se
faz acerca da lei: pode-se, em tese e no plano da Ciência, discuti-la, questionar seus critérios, sua
própria justiça; mas, na prática, incumbe segui-la e prestar-lhe obediência.

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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI190334,21048-Caiser+Existe 1/2
11/02/2019 Cáiser - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Cáiser
quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Silvio Cordeiro envia a seguinte mensagem:

"Senhores, peço encaminhar ao ilustre Prof. José Maria da Costa. Pergunto qual a razão, se
é que existe, do Aurélio grafar 'cáiser' como o nome do imperador da Alemanha, adaptação
não encontrada nem no Michaellis, Aulete ou Figueiredo. O sr. Aurélio gosta de neologismos,
ou tem alguma base racional? Obrigado."

1) Um leitor indaga qual a razão – se é que existe – para que o Dicionário Aurélio inclua a forma
cáiser como nome do imperador da Alemanha, adaptação essa que não encontrou em outros
dicionaristas, como Michaellis, Caldas Aulete e Figueiredo. E resume: "o sr. Aurélio gosta de
neologismos, ou esse uso tem alguma base racional?"

2) Veja-se, por primeiro, quanto à etimologia, que, entre os romanos, um imperador ou príncipe tinha
o título de caesar (pronuncia-se césar); na Rússia, seu equivalente era czar; na Alemanha, Kaiser.

3) Uma consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa mostra que nele se registram os
três seguintes vocábulos como pertencentes ao nosso léxico: cáiser, césar e czar. [1]

4) Ora, a Academia Brasileira de Letras, entidade que edita o VOLP, tem, por delegação da lei, a
incumbência para listar oficialmente as palavras pertencentes ao nosso idioma, assim como para
determinar-lhe a grafia e fixar-lhe a pronúncia.

5) Desse modo, se uma palavra se encontra registrada em tal obra, significa que ela existe
oficialmente em nosso idioma e deve ser empregada com a grafia e a pronúncia ali constantes. Em
caso contrário, não está autorizado seu emprego nos textos que devam submeter-se à norma culta.
Essa é a lei. Qualquer problema adicional há de ficar para discussões teóricas, no plano científico,
sem interferência imediata no seu emprego, e isso até que ocorra alguma alteração no próprio VOLP.

6) De modo específico para o caso: existe oficialmente, em nosso léxico, a palavra cáiser, e ela não
é invenção nem neologismo de dicionarista algum, mas tem sua grafia determinada pelo órgão
legalmente autorizado para fixar a grafia e a pronúncia dos vocábulos em nosso idioma. Em resumo:
existe em nosso idioma, e seu emprego está legalmente autorizado.

__________

[1] - Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Imprinta,

2004, p. 139, 173 e 230.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI72364,31047-Caiser 1/2
11/02/2019 Campus - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Campus
quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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O leitor Bento Tadeu Cuquetto, do UNESC – Centro Universitário do Espírito Santo, enviou-nos a
seguinte mensagem:

"É comum a algumas universidades ou Centros Universitários, que tenham uma unidade
descentralizada (o campus), utilizarem a palavra, também latina, 'campi' quando usam o plural
(Ex: A festa dos pais foi promovida em ambos os 'campi' da instituição). - Isso está certo? - Seria
certo utilizar 'campus' em vez de 'campi', quando a referência está no plural? - Há alguma
orientação para que a referência, nesse sentido, seja em português? - Seria certo dizer: 'os dois
câmpus da universidade'?"

1) Trata-se de palavra latina, vinda até nós pelo inglês, com o significado de conjunto de edifícios e
terrenos de uma universidade.

2) Quanto a sua ortografia, se se considera a palavra já incorporada a nosso idioma, deve ela, pelas
regras que norteiam as paroxítonas, receber acento circunflexo no a (câmpus); se, contudo, ainda se
reputa o vocábulo pertencente ao latim, então não se emprega o acento gráfico, que não existia
naquele idioma, mas, em compensação, de rigor são ao aspas – que têm como uma de suas
finalidades envolver palavras estrangeiras usadas entre nós – ou então itálico, negrito, sublinha, ou
grifo equivalente, indicador de tal circunstância.

3) Quanto a seu plural, tendo-a como de nossa língua, faz-se ele com a simples alteração do artigo
(o câmpus, os câmpus), como em bônus e vírus; considerando-a latina, entretanto, não se lhe põe
acento, que não existia no latim, e seu plural será campi.

4) São assim as observações de José de Nicola e Ernani Terra a esse respeito: "sem acento por se
tratar de palavra latina. O plural é campi".1

5) Domingos Paschoal Cegalla aconselha a que se prefira, no singular, a forma aportuguesada


câmpus e que se lhe dê por plural os câmpus, àsemelhança de bônus, ônibus e ônus.2

6) O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras, que
é o órgão oficial para definir quais os vocábulos que integram nosso léxico, considera tal palavra
ainda integrando o latim, e a registra, portanto, sem acento (campus), dando-lhe por plural campi,3
devendo ser essa, assim, oficialmente, sua grafia, até por força do princípio de que essa é a lei
(legem habemus).

7) Uma atenta leitura da quarta edição do VOLP (edição 2004) mostra que ele não repete a
observação da edição anterior e não faz sequer constar a palavra campus, circunstância essa que
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI48225,71043-Campus 1/3
11/02/2019 Campus - Gramatigalhas
obriga concluir que tal vocábulo continua pertencendo ao latim, e não ao nosso léxico, de modo que
persistem integralmente as observações aqui formuladas.

8) Apenas em termos científicos, contudo, é de se anotar que o plural latino, em uma análise
acurada, deveria ser evitado a qualquer custo, até porque, na língua mãe, os substantivos eram
declinados, sendo diversas as terminações, conforme a função sintática por eles desempenhada:
campi (sujeito), camporum (adjunto adnominal), campis (objeto indireto), campos (objeto direto).

9) Em outras palavras, não haveria como usar hoje pela metade o vocábulo em latim: ou se
considera o termo já integrado ao nosso idioma para todos os efeitos, também para sua acentuação
gráfica e sua flexão para o plural; ou se lhe confere feição e regime latinos em plenitude, hipótese em
que terá ele uma específica terminação, de acordo com a função sintática que a palavra
desempenhar na oração, proceder esse que, além de muito estranho, é simplesmente inviável ao
usuário médio do idioma, que nem mesmo teve acesso aos rudimentos da língua de origem do
vocábulo.

10) E, quanto ao aspecto de integrar nosso léxico como neologismo, não se há de olvidar que, antes
do uso de tal vocábulo, não havia em nosso idioma palavra específica que designasse o conjunto de
prédios e terrenos de uma universidade, situação essa que justifica plenamente seu emprego como
tal.

11) Desse modo, sua integração ao nosso léxico bem poderia ser total, quer para dispensar as
aspas, quer para receber o acento gráfico, quer, ainda, para ter seu plural formado como as demais
palavras similares de nosso idioma.

12) Em termospráticos, portanto, o melhor seria dizer e escrever: "Os câmpusde nossas
universidades têm-se desenvolvido ao longo desses anos".

13) Nesse sentido, vale lembrar a lição de Silveira Bueno, ministrada a um consulente que lhe
indagava qual a melhor maneira de formar, em nosso idioma, o plural da palavra memorandum: "As
palavras estrangeiras podem ter dois usos em nossa língua: ou o snr. conserva a forma originária da
língua donde provém o termo, ou aplica às palavras as regras comuns de português. Se o snr. seguir
a primeira forma, deverá dizer no plural: memoranda – que este é o plural de memorandum em latim.
Se o snr. seguir a segunda maneira, dirá memorânduns, porque, em português, os nomes terminados
em m fazem o plural mudando o m em ns".4

14) E não é só: não parece haver coerência na postura do Vocabulário Ortográfico, ao considerar o
vocábulo apreciado ainda pertencente ao latim, fazendo-o, no plural, como na língua mãe, e isso
porque, em posição bem diversa, o VOLP já faz com que integrem nosso idioma vocábulos outros
como mapa-múndi e memorândum.

15) A par dessas considerações teóricas e cientificas, contudo, o certo é que legem habemus, motivo
por que devemos prestar obediência à determinação do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa, onde se registra campus no singular e campi no plural, dando-os ainda como
pertencentes ao latim.

________

1Cf. NICOLA, José de; TERRA, Ernani. 1.001 Dúvidas de Português. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 53.

2Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 63.

3Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. ed., reimpressão de 1998. Rio de

Janeiro: Imprensa Nacional, 1999. p. 135.

4Cf. BUENO, Silveira. Português pelo Rádio. São Paulo: Saraiva & Cia., 1938. p. 49.

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11/02/2019 Câncer (qual é o plural?) - Gramatigalhas

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Câncer (qual é o plural?)


quarta-feira, 5 de julho de 2006

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A leitora Iracema Palombello envia-nos a seguinte mensagem:

"Prof. José Maria: o plural de caráter é carateres, de júnior é juniores; ambas sem acento. E o
plural de câncer, seria cânceres ou canceres, sem acento? No Houaiss, nada consta. Grata."

1) Mesmo tendo suas próprias regras em português, a formação do plural acaba sofrendo influência,
em alguns casos, da forma e da pronúncia na língua de origem.

2) Essa observação explica, por exemplo, o fato de que cão, mão e pavão, em português, fazem, no
plural, cães, mãos e pavões. É que, em latim, seus plurais são canes, manus e pavones.

3) Com essas ligeiras observações, vejam-se, no caso da consulta, os respectivos plurais: de caráter
é caracteres (é) – observe-se que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela
Academia Brasileira de Letras, órgão oficialmente incumbido de listar as palavras existentes em
português, ainda não registra carateres (é), nem, muito menos, caráteres; de júnior é juniores (ô); de
câncer é cânceres.

4) Se o leitor quiser confirmar o acerto desta resposta, basta que consulte o VOLP (tenho em mãos a
4ª edição, de 2004) e verá que, por exemplo, o plural de câncer-em-couraça é indicado
expressamente por ele: cânceres-em-couraça.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e

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11/02/2019 Capitã, Capitoa ou a Capitão? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Capitã, Capitoa ou a Capitão?


quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor A. B. M., que pede para não ser identificado, envia a seguinte mensagem ao
Gramatigalhas:

“Posso usar soldada como feminino de soldado. É que, no momento, tenho lidado com o problema
de citar mulheres integrantes da Polícia Militar. Sei que talvez seja neologismo. Mas algo me diz
que chamar uma mulher de soldado e capitão contraria a natureza. Abraços.”

1) Não há, em tese, razão alguma para se estranhar que, se a função de capitão é desempenhada
por uma mulher, será ela uma capitã, ou uma capitoa, a exemplo de consulesa, coronela, delegada,
deputada, generala, marechala, ministra, paraninfa, prefeita, primeira-ministra, sargenta e vereadora.

2) Esse nome, assim (quer indique o posto militar imediatamente inferior ao de major, quer signifique
o jogador que, dentro de campo, lidera os demais companheiros), tem formas distintas: uma para o
masculino (o capitão) e duas outras para o feminino (a capitã e a capitoa).

3) Em decorrência dessas considerações, portanto:

I) – não se deve dizer, no feminino, a capitão, como se fosse comum-de-dois gêneros;

II) – o substantivo, no feminino, não fica invariável com aparência de masculino;

III) – não se há de reconhecer a flexão para o feminino apenas pela alteração do artigo.

4) Cândido de Oliveira, após observar que, até há pouco, a maioria de nomes dessa natureza era
considerada comum-de-dois gêneros, acrescenta textualmente que "é de lei, assim para o
funcionalismo federal como estadual, e de acordo com o bom senso gramatical, que nomes
designativos de cargos e funções tenham flexão: uma forma para o masculino, outra para o
feminino".1

5) Silveira Bueno, por um lado, traz antigo ensinamento de J. Silva Correia, diretor da Faculdade de
Letras de Lisboa: "Nos últimos tempos têm surgido numerosas formas femininas, que a língua de
épocas não distantes desconhecia, – e que são como que o reflexo filológico do progresso
masculinístico da mulher, – hoje com franco acesso a carreiras liberais, donde outrora era
sistematicamente excluída".

6) Adotando esse ensino, acrescenta Silveira Bueno: "Os gramáticos, que defenderam a
conservação, no masculino, dos nomes de cargos outrora exercidos por homens e já agora também
por senhoras, não tinham razão, porque tais nomes são meros adjetivos, como escriturário,

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI52299,51045-Capita+Capitoa+ou+a+Capitao 1/3
11/02/2019 Capitã, Capitoa ou a Capitão? - Gramatigalhas
secretário, deputado, senador, prefeito, podendo concordar com o sexo da pessoa que tal cargo
exerce e não com o gênero dos nomes de tais profissões".2

7) Para que se avaliem as profundas alterações havidas em muito pouco tempo acerca da ascensão
profissional da mulher, com a conseqüente necessidade de emprego de novos vocábulos, basta que
se veja que, mesmo na segunda metade do século XX, ainda lecionava Artur de Almeida Torres
haver "certos femininos que são meramente teóricos, e cujo conhecimento não oferece nenhuma
utilidade prática", ponderação essa que tal autor complementava dizendo que "esses femininos só
servem para sobrecarregar inutilmente a memória do estudante".

8) E, dentre tais substantivos que reputava inúteis, arrolava o mencionado gramático, por exemplo,
capitoa (de capitão), aviatriz (de aviador) e anfitrioa (de anfitrião).3

9) Édison de Oliveira lembra os diversos casos de vocábulos femininos que o povo evita usar, "quer
em virtude de preconceito de que se trata de funções ou características próprias do homem, quer por
considerá-los mal sonoros ou exóticos", e acrescenta que se hão de empregar tais femininos, "que a
gramática já ratificou definitivamente".4

10) Por fim, anota-se que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia
Brasileira de Letras aponta para a existência de capitão para o masculino e de duas formas para o
feminino: capitã e capitoa.5

11) Ora, a ABL tem delegação legal – e a exerce por via do VOLP – para oficialmente dirimir dúvidas
e firmar posição de obrigatória aceitação com respeito à existência ou não de vocábulos em nosso
idioma, além de outros aspectos, entre os quais sua correta flexão em gênero.

12) Assim, se o VOLP não registra capitão como um substantivo comum-de-dois gêneros, isso, no
mínimo, quer significar que seu feminino não pode ser a capitão, de modo que se há de cair na regra
comum de flexão de gênero, formando-se, de modo correto, o capitão para o masculino e a capitã ou
a capitoa para o feminino.

13) E se ultime: os plurais são, respectivamente, capitães, capitãs e capitoas.

__________

1Cf. OLIVEIRA, Cândido de. Revisão Gramatical. 10. ed. São Paulo: Editora Luzir, 1961, p. 133.

2Cf. BUENO, Francisco da Silveira. Questões de Português. São Paulo: Saraiva, 1957. vol. 2, p. 382-383.

3Cf. TORRES, Artur de Almeida. Moderna Gramática Expositiva. 18. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1966,

p. 59.

4Cf. OLIVEIRA. Édison de. Todo o Mundo Tem Dúvida, Inclusive Você. Porto Alegre: Gráfica e Editora do Professor

Gaúcho Ltda., edição sem data, p. 158.

5Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 152-153.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
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11/02/2019 Captar ou capitar? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Captar ou capitar?
quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor José Antônio Lomonaco envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Recomendo fortemente a obra (Manual de Redação Profissional - José Maria da Costa) aos
integrantes da Comissão do Concurso para Auditor Fiscal - a questão 35 flexionou o verbo
'captar' na esdrúxula forma 'capitar'."

1) Há, em Português, um número considerável de palavras que têm grafia e pronúncia parecidas,
mas sentido totalmente diverso uma da outra. São as palavras parônimas.

2) Para não sair da esfera do Direito, citam-se alguns exemplos: deferir (conceder) e diferir
(diferenciar, postergar); deferimento (anuência, aprovação) e diferimento (adiamento, prorrogação);
delatar (denunciar) e dilatar (aumentar, prorrogar); eminente (ilustre) e iminente (que está prestes a
acontecer); flagrante (no ato) e fragrante (perfumado); infligir (aplicar) e infringir (transgredir); ratificar
(confirmar) e retificar (corrigir).

3) Ainda como exemplos de palavras parônimas, citam-se captação (o ato de obter) e capitação (que
significa imposto), substantivos esses de que derivam os respectivos verbos: captar (que significa
apreender) e capitar (que quer dizer impor capitação ou exigir imposto).

4) Derivada do latim (“caput, capitis”, que significa cabeça), capitação constitui forma de tributo
cobrada pelo número de cabeças, ou seja, pelo número de pessoas dependentes de um senhor.

5) No Brasil colonial, a Lei de Capitação, de autoria de Alexandre de Gusmão, irmão do Padre


Bartolomeu de Gusmão, data de 1734/1735 e foi revogada em 1750/1751. Acrescente-se que, entre
os mais de cem quilombos formados em Minas Gerais entre 1695 e 1790, diversos dos povoados
eram habitados não apenas por pretos alforriados e escravos fugidos, mas também por brancos
pobres, que fugiam exatamente do sistema tributário da capitação. E ainda se diga que, à época de
Tiradentes, a capitação coexistia com o sistema de cobrança de um quinto do ouro processado nas
casas de fundição, que tinha por endereço os cofres do rei de Portugal.

6) Com essas observações, respondendo, de modo específico, à indagação da consulente, não há


como dizer, no caso, se houve ou não equívoco da Comissão do Concurso para Auditor Fiscal, que
deveria usar captar e não capitar, uma vez que apenas se fez referência ao vocábulo, mas não se
trouxe o trecho em que foi ele empregado, de modo que não se sabe qual o exato sentido que lhe foi
dado.

7) Por se tratar de Concurso para Auditor Fiscal, todavia, é de se crer que não tenha havido
equívoco da referida comissão, já que é lícito supor que tenham empregado, no mais apurado

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI28715,11049-Captar+ou+capitar 1/2
11/02/2019 Captar ou capitar? - Gramatigalhas
sentido técnico, o verbo capitar em seu estrito conteúdo semântico de exigir imposto.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Caráter ou Caractere? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Caráter ou Caractere?
quarta-feira, 17 de junho de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor João Paulo L. Freitas envia-nos a seguinte mensagem:

"Está correto o uso da palavra 'caractere' para falar sobre as características de uma pessoa?
O correto não é 'caráter'?"

1) Caráter pode ter diversos significados: a) conjunto de características de alguém ("Seu caráter
agressivo dificulta-lhe os relacionamentos"); b) qualidade de alguma pessoa ("Ele é alguém de
caráter"); c) cunho ("Ele escreveu uma obra de caráter científico").

2) Já caractere (é) significa qualquer dígito numérico, letra de alfabeto ou código de controle ("Ele
não conseguiu localizar o processo pela internet, por falta de um caractere em seu número").

3) Embora etimologicamente sejam variações de um mesmo vocábulo (do grego caraktér pelo latim
charactere), modernamente se passou a fazer a distinção, conforme o sentido, sobretudo em
decorrência de seu grande uso advindo do progresso da informática.

4) Corroborando o fato de que essa distinção é recente, vale lembrar antiga observação de Cândido
de Figueiredo a um funcionário de escola que exigia de seus inspecionados que fizessem sempre a
distinção prosódica entre caráter, para significar feição moral, e caracter (é), para indicar a letra,
obrigando também a distinção no plural – carácteres e caracteres (é) – consoante as acepções:
"Sob a forma de caráter, há apenas um vocábulo, e as várias acepções de um vocábulo não influem
absolutamente nada na sua prosódia".

5) Pois bem. Nos últimos tempos, tem-se a seguinte situação nas sucessivas e recentes edições do
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras, que é o
órgão oficialmente incumbido de listar as palavras existentes em português, bem como sua correta
grafia e prosódia: a) em sua segunda edição (1998), apresentava as formas carácter e caráter, mas
não caracter (é) nem caractere (é), e fazia remissão entre aquelas, como sinônimas, apontando
para ambas o plural caracteres; b) em sua quarta edição (2004), eliminou carácter, acrescentou
caractere (é), mas indicou o plural caracteres apenas na última; c) em sua quinta edição (2009), já
em conformidade com o Acordo Ortográfico de 2008, manteve exatamente a postura da edição
anterior, a saber, não trouxe caracter (é) nem carácter, e sim caractere e caráter, e apontou o
plural caracteres apenas nesta última.

6) Ante um tal quadro, a questão pode ser assim sintetizada para os dias de hoje: a) no singular, há
caráter e caractere (é), mas não existem carácter nem caracter (é); b) o plural de ambas é

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI221938,31047-Carater+ou+Caractere 1/2
11/02/2019 Caráter ou Caractere? - Gramatigalhas

caracteres, com o e tônico também com timbre aberto (é), não importando a acepção que o
vocábulo possa ter; c) em caractere e em caracteres, o c é regularmente pronunciado.

7) Adicionalmente, como interessante observação, vale anotar que o substantivo composto mau-
caráter faz, no plural, maus-caracteres, como, aliás, registra o VOLP, não importando que o som do
vocábulo possa não ser dos melhores.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Carta magna - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Carta magna
quarta-feira, 5 de abril de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Douglas Dias dos Santos envia-nos esta mensagem :

"Esta é para o Gramatigalhas: Na justificação à proposta de Emenda Constitucional, o nobre


Deputado Ney Lopes referiu-se à Constituição Federal de 1988 como 'Carta Magna' (Migalhas
quentes - "Fábio Konder Comparato e Fernando Neves criticam projeto que sugere mudanças no artigo 16 da
CF" – clique aqui).
Do alto de minha pretensão, indago: Tal expressão não é exclusiva das
Constituições outorgadas, sendo portanto utilizada de maneira incorreta em sua justificação?"

1) Historicamente, Magna Carta (ou Carta Magna) foi um documento imposto em junho de 1215
pelos nobres ingleses rebelados contra o rei João Sem Terra, com o intuito de dar um basta aos atos
arbitrários reais, mediante a edição de um corpo de leis a que o rei deveria prestar obediência. Tinha
por alvo distinguir entre realeza e tirania. Significou um símbolo da soberania e foi de fundamental
importância para o progresso constitucional da Inglaterra e de outros países cujo sistema de lei e de
governo tem base nas convenções inglesas.

2) Por significar a base legal de sustentação do ordenamento de um país, a expressão passou a


abranger, por extensão, o modo como são conhecidas as diversas constituições em todo o mundo.

3) Em si mesma, a expressão Carta Magna quer apenas dizer diploma maior ou suprema legislação.
Por não se tratar de expressão técnica, seu uso não se restringe necessariamente às constituições
outorgadas, nem se vincula com exclusividade à lei federal, de modo que não há problema algum em
se dizer, por exemplo, a Carta Magna do Estado de São Paulo, querendo referir-se à Constituição do
Estado de São Paulo.

4) Em termos gramaticais, denominar uma Constituição Federal de Carta Magna é uma figura de
linguagem, mais especificamente uma antonomásia (espécie de metonímia, que consiste em
designar um ser por um seu atributo notório ou acontecimento a que se ligue).

5) Em razão da precisão técnica que deve ter a linguagem jurídica (Direito é ciência, não arte),
alguns autores criticam o que reputam emprego desnecessário de figuras de linguagem, apontando
que adornos dessa natureza não significam correção do texto jurídico, mas apenas uma quebra da
rigidez do intelectivo dessa linguagem pelo emocional.

6) Assim, no entender desses autores, seria inconveniente substituir os termos e as locuções


técnicas e precisas de um texto dessa espécie por sinônimos, a pretexto de evitar repetições. Mais
precisamente, um uso assim incorreria no risco da impropriedade de expressão e mesmo de
descambar para o pernosticismo.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI22502,91041-Carta+magna 1/2
11/02/2019 Carta magna - Gramatigalhas
7) Dessa mesma modalidade de equívoco, por exemplo, seria substituir as expressões técnicas
petição inicial (ou inicial) e denúncia por peça inaugural, exordial, exordial acusatória, vestibular,
peça depositária da pretensão punitiva, peça denunciatória, requisitório ministerial, petição de
intróito, peça preambular, peça incoativa, peça increpatória, peça-ovo, etc.

8) Em termos bem práticos, parecem aconselháveis quatro aspectos:

a) lembrar que o Direito é uma ciência e tem uma linguagem técnica, à qual sempre se deve
procurar ater o usuário, de modo que os termos técnicos devem ter preferência;

b) lembrar que muitas dessas expressões são de mau-gosto (ou não o é peça-ovo?) e que a
maioria delas não expressa efetivamente o que se quer dizer;

c) observar que um texto cheio de penduricalhos dessa ordem faz lembrar determinadas
mulheres preparadas para eventos, as quais estão longe de ser consideradas bonitas, de bom-
gosto e bem produzidas;

d) ter a certeza de que um projeto de simplificação da linguagem jurídica, com o afastamento


excessivo de determinadas expressões e construções, é um objetivo que todo usuário deve ter
para a vida toda.

9) Com essas observações, de modo específico para a expressão da consulta, não parece ela de
mau-gosto; o que se deve evitar é o excesso. Aconselha-se ao usuário da linguagem jurídica,
todavia, fixar, como meta de vida, um projeto de simplificação de seu texto jurídico e de gradativa
obediência à terminologia técnica.

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11/02/2019 Cartas de intimação ou Cartas de intimações? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Cartas de intimação ou Cartas de intimações?


quarta-feira, 12 de abril de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Letícia Duarte Hernandez envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Olá, Professor José Maria, gostaria de saber se o correto é dizer 'cartas de intimação' ou
'cartas de intimações', 'termos de substabelecimento' ou 'termos de substabelecimentos', ou
se ambas as formas podem ser utilizadas. Muito obrigada!"

1) Uma leitora indaga se o correto é dizer cartas de intimação ou cartas de intimações, ou, ainda,
termos de substabelecimento ou termos de substabelecimentos.

2) Ora, quando se está diante de uma expressão como cartas de intimação, podem-se fazer as
seguintes considerações: a) por um lado, há mais de um documento ou carta; b) por outro lado,
entretanto, sua destinação é para uma só e mesma finalidade (o ato de intimar); c) ou seja, em
síntese, busca-se a intimação de mais de uma pessoa; d) então o correto é deixar o último termo no
singular, não importando se diversas são as pessoas a serem intimadas (sempre cartas de
intimação); e) quando se estende um pouco mais a expressão, tem-se a confirmação dessa
realidade: cartas para a intimação de diversas pessoas.

3) Outras expressões de estruturação similar se submetem a essas mesmas considerações, quer


venha a especificação antes, quer depois: a) termos de substabelecimento; b) mandados de citação;
c) intimação dos interessados.

4) Vejam-se alguns exemplos em nosso Código de Processo Civil de 1973, que estão a confirmar
essas conclusões: a) "O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes
necessários" (art. 47, parágrafo único); b) "Salvo nos casos expressos em lei, é essencial a citação
dos interessados" (art. 862, caput); c) "... o autor requererá [...] a citação dos que disputam..." (art.
895); d) "Recebida a petição inicial, ordenará o juiz a citação dos requeridos para contestar a ação..."
(art. 1.057, caput); e) "O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provisória, pedirá a citação
pessoal dos herdeiros presentes..." (art. 1.164, caput).

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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI257254,21048-Cartas+de+intimacao+ou+Cartas+de+intimacoes 1/2
11/02/2019 Caso seja... e deseja...? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Caso seja... e deseja...?


quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Mônica Souza Pinto envia-nos a seguinte mensagem:

"Li no Migalhas (1.309 - 8/12/05 - "Mural Migalhas") de hoje a seguinte frase: 'Caso você seja de
alguma destas cidades e deseja se cadastrar como correspondente para prestar serviços, clique
aqui.' Tiremos o 'seja' da frase e vejamos: 'caso você deseja'. Meio estranho, não? Entendo que o
desejo de ser correspondente, neste caso, está vinculado à condição de o leitor ser de alguma das
cidades citadas. Portanto, correto seria 'caso você seja ... e deseje...'. Precisarei eu da ajuda do
Professor José Maria da Costa? Humildemente agradeço a atenção deste precioso informativo."

1) Em português, existem normas de correlação, de correspondência temporal ou, ainda, de


consecução dos tempos verbais (em latim, com regras mais rígidas, "consecutio temporum"), as
quais determinam a harmonização a ser observada para o emprego das formas dos verbos.

2) Por essas normas é que, na prática, assim se redigem os seguintes exemplos, guardando a
correlação dos tempos (ou seja, o uso primeiro de um tempo exige que o segundo verbo siga para
um determinado tempo específico):

a) "Se é clara, a lei dispensa interpretação";

b) "Se a lei for clara, dispensará interpretação";

c) "Se a lei fosse clara, dispensaria interpretação".

3) No caso da consulta, o exemplo causador da dúvida é o seguinte: "Caso você seja de alguma
destas cidades e deseja se cadastrar como correspondente..." Apenas em termos de análise de fato,
sejaestá no presente do subjuntivo, e deseja está no presente do indicativo.

4) Se atentarmos um pouco mais, veremos que o exemplo ainda poderá ser dito do seguinte modo:
"Caso você seja de alguma destas cidades e (caso) deseja se cadastrar como correspondente..."

5) Ou seja: o mesmo caso (conjunção subordinativa condicional)que rege o primeiro verbo (seja) e
exige que ele seja posto no presente do subjuntivo, rege também o segundo verbo (deseja) e não
permite que ele seja flexionado para o presente do indicativo (deseja), mas exige que seja também
conjugado no presente do subjuntivo (deseje).

6) Assim, veja-se a forma equivocada e a forma correta do exemplo:

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI20499,101048-Caso+seja+e+deseja 1/2
11/02/2019 Caso seja... e deseja...? - Gramatigalhas
a) "Caso você seja de alguma destas cidades e deseja se cadastrar como correspondente..."
(errado);

b) "Caso você seja de alguma destas cidades e deseje se cadastrar como correspondente...”
(correto).

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11/02/2019 Casos que tais – É correto? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Casos que tais – É correto?


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Hudson Oliveira envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"É gramaticalmente correta a utilização da expressão: 'em casos que tais' ou ainda, 'já que em
casos que tais'? Se sim, em quais casos posso empregá-la?"

1) Um leitor pergunta, de modo direto, se é correta a expressão em casos que tais.

2) Ora, como lembra Arnaldo Niskier, em expressões dessa natureza, o vocábulo tal varia de acordo
com o substantivo com o qual se relaciona.

3) E Domingos Paschoal Cegalla, de modo literal, confirma que se deve "fazer concordar tal com o
substantivo a que se refere". Exs.: a) "Que tal a foto?"; b) "Que tais as fotos?".

4) E, assim, concluindo de modo específico para o caso da consulta, vejam-se as formas corretas: a)
"Em caso que tal..."; b) "Em casos que tais...".

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11/02/2019 Cateter - Gramatigalhas

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Cateter
quarta-feira, 15 de julho de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Amanda Santana envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Apesar de a palavra 'cateter' ter pronúncia de acento no primeiro 'e', ela não é acentuada? E
no plural? Também não tem acento?"

1) Domingos Paschoal Cegalla adverte que, no singular, tal palavra é oxítona (pronunciada catetér),
e, no plural, paroxítona (pronunciada catetéres).

2) Essa também é a forma registrada pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da


Academia Brasileira de Letras, que é o veículo oficial para dirimir dúvidas acerca da forma de grafar
os vocábulos em nosso idioma.

3) Não se olvide, entretanto, que não há razão alguma para acento gráfico nem no singular, nem no
plural.

4) Para sintetizar, não faz tal palavra catéter no singular, nem catéteres no plural; além disso, não
tem motivo algum para acento gráfico, quer no singular, quer no plural.

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11/02/2019 Cediço ou sediço - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Cediço ou sediço
quarta-feira, 30 de julho de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Francisco Aranda Gabilan, do escritório Gabilan e Gabilan Advogados Associados, envia
a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Amigos: Peço licença para dirigir-me, ainda outra vez, ao 'Gramatigalhas', a quem peço a
palavra. Li, gostei, mas (como o próprio autor) confesso não ter ainda digerido a matéria
relativa à prescrição retroativa (Migalhas 1.827 – 28/1/08 – "Prescrição retroativa – a favor ou
contra?" – clique aqui). Mas, esse não é o motivo da minha manifestação. No artigo, o douto
Prof. Damásio, em um parágrafo lá a meio caminho, disse que 'Como é sediço,...', o que me
provocou ligeiro espanto. Como sempre li, entendi e também escrevi 'cediço', fiz o que todos
devemos fazer: fui ao dicionário. O mais próximo, Michaelis/Moderno Dicionário da Língua
Portuguesa, foi o consultado. Lá encontrei que 'cediço', dentre outros, tem por significado
'corriqueiro, rotineiro, gasto pelo uso', e, de quebra, a seguinte 'explicação': 'Embora 'cediço'
seja a grafia oficial, 'sediço', consentânea com a etimologia, é que é a correta'. (as aspas nas
expressões estão no texto citado). Até aí, dei-me (momentaneamente) por esclarecido, mas,
repentinamente, dei-me por espantado novamente: fui procurar o verbete 'sediço' e... nada
encontrei. Portanto, o aludido dicionário 'explica' que 'sediço' é o correto, mas desconhece-o
ou ignora-o! Mesmo resultado no Novo Aurélio, mas com a cautela de não ter nada 'explicado'
como fez o Michaelis. Durma-se com um farfalhar de folhas 'dicionariais' desses!!! Assim,
apreciaria saber a distinção entre o que é que devo entender por grafia oficial e por
consentâneo com a etimologia. Com qual fico, no caso?"

1) Um leitor relata haver encontrado, em texto de determinado jurista, a grafia sediço – e não cediço,
como é o costume – com o significado de corriqueiro, e indaga acerca da maneira correta de
escrever o vocábulo. Acrescenta que um conhecido dicionarista, embora apontando cediço como
forma correta, defendeu também a possibilidade de emprego de sediço.

2) Observe-se, por primeiro, que não há consenso acerca da origem do mencionado vocábulo, e há
base histórica para afirmar seu étimo com c ou com s inicial, como bem explica Antônio Houaiss em
seu dicionário.1

3) Não se esqueça, entretanto, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela
Academia Brasileira de Letras, ordena que se escreva cediço2 e não apresenta possibilidade alguma
da grafia sediço.

4) Acresça-se que a Academia Brasileira de Letras é o órgão que detém a delegação legal para
determinar oficialmente a grafia das palavras em nosso léxico. Sua maneira de entender, assim, é a
palavra oficial no idioma, e, desse modo, descabe toda e qualquer discussão acerca de outras
possibilidades de uso dos mencionados vocábulos na atualidade.
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI64303,11049-Cedico+ou+sedico 1/2
11/02/2019 Cediço ou sediço - Gramatigalhas
5) Também é oportuno observar que os dicionaristas podem polemizar a grafia mais adequada para
um vocábulo, de acordo com a etimologia, e até mesmo preconizar o emprego desta ou daquela
forma. Sua palavra, todavia, pode ter valor de discussão científica, mas de nada servirá perante a
posição manifestada pela ABL em seu VOLP. Quando muito, os dicionaristas e os estudiosos
poderão fornecer elementos para futura mudança de postura por parte da ABL.

_______________

1Cf. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, p. 665.

2Cf. Academia Brasileira de Letras, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 168.

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Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Censor – Comum de dois gêneros? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Censor – Comum de dois gêneros?


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Adilson Pinheiro envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Professor, é comum de dois o gênero da palavra censor? Agradeço-lhe a orientação."

1) Ao indagar se a palavra censor é comum de dois gêneros, o leitor, em síntese, quer saber: a) se
censor é forma do masculino, tendo censora como forma do feminino?; b) ou se a forma é uma só
(censor), diferenciada apenas pelo artigo que a antecede (o censor e a censor)?

2) Esclareça-se, desde logo, tecnicamente, que, quando se tem a mesma palavra para o masculino e
para o feminino, diferenciando-se o gênero apenas pelo artigo que a antecede, isso é o que se
chama de comum de dois ou comum de dois gêneros: o pianista, a pianista, o selvagem, a selvagem.

3) E, quando se quer solucionar uma dúvida a esse respeito, deve-se tomar por premissa o fato de
que a Academia Brasileira de Letras detém a autoridade para definir oficialmente as peculiaridades
das palavras de nosso idioma concernentes à grafia, pronúncia, gênero, número, categoria
gramatical, etc.

4) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.

5) Feitas essas observações a título de premissas, acrescenta-se que uma simples consulta ao
VOLP mostra que a palavra censor é dada como pertencente ao gênero masculino, o que implica
concluir que seu feminino há de ser formado de outro modo, que não pela simples anteposição de
um artigo feminino. Ou seja, o vocábulo censor não é comum de dois gêneros.

6) Em outras palavras, o feminino de o censor há de ser apenas a censora, sem outra possibilidade.

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11/02/2019 Certeza que ou Certeza de que...? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Certeza que ou Certeza de que...?


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Marco Antonio Capparelli enviaa seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"A dúvida é sobre a concordância no uso da expressão: 'tenho certeza de que...', ou 'tenho
certeza que...'?"

Certeza que ou Certeza de que...?

1) Um leitor indaga qual a forma correta: "tenho certeza que" ou "tenho certeza de que".

2) Ora, porque certeza é um substantivo (ou nome), o que o leitor quer saber, em última análise, se o
nome certeza exige seu complemento com preposição ou não.

3) Esclarece-se, também por oportuno, que, em termos técnicos, o estudo acerca dessa exigência de
preposição ou não para o complemento de um nome está a cargo de um capítulo da Gramática
denominado regência nominal.

4) Autores ilustres já estudaram em minúcias o substantivo certeza, e um deles, Francisco


Fernandes, coletou, entre conceituados usuários de nosso idioma, construções dele com as
preposições de e em. Exs.: a) "... como se tivesse a certeza da minha ida..." (Camilo Castelo
Branco); b) "Assegura-lhe ... a certeza do triunfo..." (Rui Barbosa); c) "Não há nenhuma certeza nas
coisas do mundo" (Fr. D. Vieira).1

5) Celso Pedro Luft, em acréscimo, verificou a existência do emprego da preposição sobre em tais
casos: a) "Só os policiais da linguagem têm certeza absoluta sobre o que é correto no falar e no
escrever"; b) "Nenhum homem tem certeza sobre suas próximas ações e reações".2

6) Os exemplos dados até agora, contudo, são casos em que o complemento de certeza é apenas
um substantivo: "certeza da ida..., certeza do triunfo...". A indagação do leitor, porém, é mais
abrangente: certeza que ou certeza de que...? E isso pede uma análise um pouco mais detida.

7) Vamos formular um exemplo completo, para facilitar a compreensão didática da dúvida e a própria
solução do problema: "Ele tinha certeza de que não haveria condenação". E desde logo se
acrescente que o período composto pode ser transformado em um período simples, com uma só
oração: "Ele tinha certeza da impunidade".

8) Em termos de análise sintática do referido período composto, tem-se uma primeira oração (Ele
tinha certeza), que é a oração principal. Em seguida, tem-se uma segunda oração (de que não
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11/02/2019 Certeza que ou Certeza de que...? - Gramatigalhas
haveria condenação), a qual, porque completa sintaticamente a outra, é uma oração subordinada.
Como faz o papel de um substantivo (impunidade), ela é uma oração subordinada substantiva. Além
disso, porque impunidade é um complemento nominal, a oração correspondente também exerce a
mesma função sintática. Em conclusão, aí vai seu nome completo: oração subordinada substantiva
completiva nominal.

9) Já que não há dúvida, no caso, quanto à correção da expressão certeza de que, pode-se dizer
que a dúvida do leitor, em termos mais técnicos, há de ser formulada do seguinte modo: é correto
excluir a preposição que antecede uma oração subordinada substantiva completiva nominal?

10) Com esse quadro, invoca-se aqui a lição de Domingos Paschoal Cegalla: "Omitir a preposição
de, neste caso, não constitui erro; a tradição da língua o permite. Todavia, em linguagem apurada,
recomenda-se o uso do nexo prepositivo. Esta recomendação estende-se ao emprego de outros
nomes, como certo, impressão, medo, etc." Exs.: a) "Estou certo de que houve fraude"; b) "Tinha-se
a impressão de que as plantas definhavam"; c) "Tínhamos medo de que arrombassem a porta".3

11) Partindo do princípio de que, onde há fundada divergência entre os gramáticos, autoriza-se ao
usuário o emprego de ambas as formas, volta-se ao exemplo da consulta, devidamente
complementado para entendimento mais didático: I) "Ele tinha certeza de que não haveria
condenação" (correto); II) "Ele tinha certeza que não haveria condenação" (correto).

___________________

1 Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos. 2. ed., Porto Alegre: Editora Globo,
1969. p. 81-82.

2 Cf. LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Nominal. 4. ed., São Paulo: Editora Ática, 1999, p. 95.

3 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa”. 2. ed., Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999, p. 68.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Chegado ou Chego? - Gramatigalhas

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Chegado ou Chego?
quarta-feira, 17 de julho de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Samuel Mallardo Guimarães envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Será que o Ilmo. Dr. José Maria da Costa poderia ofertar sua sabedoria e esclarecer uma
dúvida? Como melhor emprego as seguintes ideias: Ter chego ou ter chegado?"

1) Chego não é o particípio passado de chegar, mas chegado.

2) É errôneo, assim, seu emprego no seguinte exemplo: "Eles tinham chego ao fórum com atraso";
sua correção há de ser: "Eles tinham chegado ao fórum com atraso".

3) Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante lembram exatamenteesse aspecto, de que tal verbo, na
língua culta, apresenta apenas o particípiopassado regular (chegado).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Chipre – em Chipre ou no Chipre? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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por José Maria da Costa

Chipre – em Chipre ou no Chipre?


quarta-feira, 3 de abril de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Newton Silveira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Até Migalhas (ou 'o' Migalhas) está escrevendo 'o' Chipre, 'no' Chipre e etc. Mas não se diz 'o'
Portugal ou 'no' Portugal, ou 'na' Creta e etc. O Migalhas está errado?"

1) Ao ver, no dia a dia, um emprego que lhe pareceu gramaticalmente equivocado, um atento leitor
indaga se o correto é dizer e escrever em Chipre ou no Chipre?

2) Em termos técnicos, o que se busca dirimir é se o referido nome próprio designativo de lugar
(tecnicamente denominado topônimo) admite ou não sua especificação por artigo definido.

3) Desde logo se diga que, nas mais distintas esferas, os nomes próprios designativos de lugares (i)
às vezes se usam com artigo, (ii) às vezes, sem ele, e (iii) às vezes com ou sem, facultativamente.

4) E também se observe que isso é questão de uso, de tradição, e não de algo que se defina por
alguma norma de Gramática, a qual não tem regra ou norma específica para resolver o assunto.

5) Num primeiro aspecto, quanto aos nomes de cidades, é mais comum não usar o artigo: (i) Estive
em Brasília; (ii) Estive em São Paulo; (iii) Estive em Paris; (iv) Estive em Roma; (v) Estive em Nova
York. Mas também há casos em que se emprega o artigo: (i) Estive no Recife; (ii) Estive no Rio de
Janeiro; (iii) Estive no Porto. E mesmo os nomes de cidades que não admitem o artigo acabam por
recebê-lo, quando a eles se segue um termo especificador: (i) Estive na Brasília de Juscelino; (ii)
Estive na São Paulo de Mário de Andrade; (iii) Estive na Paris das luzes; (iv) Estive na Roma dos
césares.

6) Num segundo aspecto, no que tange aos estados brasileiros, alguns se usam sem o artigo: (i)
Estive em São Paulo; (ii) Estive em Minas Gerais; (iii) Estive em Pernambuco; (iv) Estive em
Roraima; (v) Estive em Sergipe. Outros já se empregam com ele: (i) Estive no Amapá; (ii) Estive no
Amazonas; (iii) Estive na Bahia; (iv) Estive no Piauí; (v) Estive no Rio de Janeiro.

7) Num terceiro aspecto, quanto aos países, alguns não admitem especificação pelo artigo definido:
(i) Estive em Andorra; (ii) Estive em Cuba; (iii) Estive em Israel; (iv) Estive em Mônaco; (v) Estive em
Portugal. Outros são empregados com precedência de tal artigo: (i) Estive no Brasil; (ii) Estive no
Egito; (iii) Estive na Índia; (iv) Estive na Grécia; (v) Estive no Vaticano. E terceiros há que admitem ou
não o artigo, facultativamente: (i) Estive em Espanha ou Estive na Espanha; (ii) Estive em França ou
Estive na França; (iii) Estive em Inglaterra ou Estive na Inglaterra; (iv) Estive em Itália ou Estive na
Itália.

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11/02/2019 Chipre – em Chipre ou no Chipre? - Gramatigalhas
8) Por fim, quanto aos continentes, um há que obriga o uso do artigo: Estive na América. Outros
permitem duplo emprego: (i) Estive na Europa ou Estive em Europa; (ii) Estive na África ou Estive em
África; (iii) Estive na Ásia ou Estive em Ásia.

9) Quanto ao topônimo Chipre, o mais comum é vê-lo empregado sem o artigo, como o faz o Código
de Redação Interinstitucional do Serviço de Publicações da União Européia – obra de normalização
das práticas linguísticas elaborada por especialistas de um comitê diretor interinstitucional – que
cunha a expressão oficial "República de Chipre" como escrita a ser utilizada nos documentos em
português, na qual se percebe com facilidade a ausência do artigo definido.

10) Uma atenta verificação do emprego da mencionada expressão pelos meios de comunicação,
todavia, mostra o topônimo empregado ora sem o artigo, ora com ele.

11) Vejam-se alguns exemplos sem o artigo: (i) "Chipre é uma ilha situada no Mar Mediterrâneo
oriental, ao sul da Turquia..."; (ii) "Chipre planeja isenção de impostos a cassinos, para reanimar a
economia"; (iii) "Chipre quer concluir negociações com credores nesta semana"; (iv) "Presidente de
Chipre nega envolvimento com desvios de depósitos..."; (v) "FMI pede que Chipre baixe salários e
demita dois mil funcionários...".

12) E também se observem alguns casos com o emprego do artigo: (i) "Confiscos em depósitos no
Chipre alcançam 60%..."; (ii) "O Banco Central do Chipre divulgou uma lista de perguntas e
respostas sobre o nebuloso processo de taxação..."; (iii) "O Chipre é uma ilha meio estranha: fica
bem mais perto do Oriente Médio do que da Europa, mas é um país europeu"; (iv) "A crise bancária
no Chipre despertou certos temores sobre o turismo e o efeito que terá sobre este setor"; (v) "A
Seleção Cipriota de Futebol representa o Chipre nas competições de futebol da FIFA".

13) Para se ter a ideia da extensão dessa normal duplicidade de emprego – com e sem a
precedência do artigo definido – basta verificar o seguinte: (i) o Dicionário Aurélio usa sem o artigo,
ao referir que cipriota é o "natural ou habitante de Chipre"; (ii) já o Grande Dicionário da Língua
Portuguesa da Porto Editora o define como o "natural ou habitante da ilha do Chipre", expressão
onde se nota a presença do artigo; (iii) e a Infopédia, obra virtual da mesma editora por último
referida, em critério diverso do empregado na versão escrita, define cipriota como "referente a
Chipre", omitindo, assim, o artigo.

14) Ante essa duplicidade de entendimentos entre os doutos, além do emprego tão reiterado de
ambas as formas, não parece possível condenar qualquer das duas construções: (i) Estive em
Chipre (correto); (ii) Estive no Chipre (correto).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Chovia uma chuva...? - Gramatigalhas

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Chovia uma chuva...?


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Fernando Pestana envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"A expressão a seguir apresenta ou não sujeito: 'Chovia uma triste chuva de resignação'?
Poder-se-ia considerar como objeto direto interno a expressão 'uma triste chuva de
resignação'? Grato."

Chovia uma chuva...?

1) Um leitor indaga a respeito da estrutura sintática do exemplo: "Chovia uma triste chuva de
resignação".

2) Por facilidade didática e de raciocínio, veja-se, por primeiro, o exemplo "Ele viveu": a) Há o sujeito
(ele) e o verbo (viveu); b) O verbo não tem complemento, e é bastante em si na estruturação
sintática; c) Por isso, ele se chama verbo intransitivo.

3) Considere-se, a seguir, outro exemplo: "Ele viveu uma vida tranquila": a) Há o sujeito (ele), o verbo
(viveu) e um complemento sem preposição (uma vida tranquila); b) O verbo, contrariamente a suas
características normais, apresenta um complemento; c) Assim, o verbo é, no caso, transitivo direto, e
uma vida tranquila é seu objeto direto.

4) Acrescente-se que, como esse objeto direto traz uma ideia de pleonasmo já contida no próprio
verbo, costuma-se chamá-lo de objeto direto interno. Outros exemplos ilustram essa ocorrência de
verbos normalmente intransitivos, que às vezes se apresentam com objetos diretos internos: a)
"Sonhei um sonho..."; b) "Dancei uma dança..."; c) "Ele dormiu o sono dos justos"; d) "Ele viveu uma
vida de cão"; e) "... e rir meu riso..."; f) "Morrerás morte vil".

5) Com essas considerações, torne-se ao exemplo da consulta – "Chovia uma triste chuva de
resignação": a) Como os demais verbos que indicam fenômenos meteorológicos, chovia é
impessoal, de modo que essa é uma oração sem sujeito; b) Chovia é um verbo normalmente
intransitivo; c) No caso, porém, ele, excepcionalmente, se apresenta como transitivo direto; d) Seu
objeto direto é uma triste chuva de resignação; e) Como a ideia do objeto direto já se acha contida no
próprio verbo, então se tem, por força do pleonasmo, um objeto direto interno.

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127156,71043-Chovia+uma+chuva 1/2
11/02/2019 Cidade, município e comarca – Como distinguir? - Gramatigalhas

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Cidade, município e comarca – Como distinguir?


quarta-feira, 16 de maio de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Daniel Luis Nascimento Moura envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Município, cidade e comarca. Semelhanças? Diferenças? Como empregá-las nas orações de


forma coerente?"

1) Um leitor indaga, em suma, qual a diferença entre cidade, município e comarca.

2) Para bem entender as diferenças e formular as distinções, o melhor é, por primeiro, ver o real
significado de cada um desses vocábulos, mesmo sem pretensão de precisão terminológica.

3) Cidade pode ser conceituada como uma aglomeração humana localizada em uma área geográfica
circunscrita, com casas próximas entre si, destinadas à moradia e/ou a atividades culturais,
mercantis, industriais, financeiras e a outras não relacionadas com a exploração direta do solo. Para
ser considerada como tal, é preciso ter um número mínimo de habitantes e uma infraestrutura que
atenda minimamente às necessidades de sua população. Do latim civitas, civitatis, quer dizer, em
síntese, a reunião dos cidadãos. Se pequena demais, chama-se povoado; se um pouco maior, vila;
se de tamanho mais significativo, então é cidade. Sua acepção (como zona e ambiente urbanos)
opõe-se à de campo (zona rural). A maior cidade do Brasil é São Paulo, considerado, para essa
classificação, o critério da população.

4) Já o município é um espaço territorial político dentro de um estado ou unidade federativa. Cada


estado da federação se divide territorialmente em municípios, e a exceção fica com o Distrito
Federal e com o arquipélago de Fernando de Noronha, este, um distrito estadual de Pernambuco.
Em termos de organização política, pela Constituição de 1988, o Município alcançou o patamar de
terceiro ente da federação, precedido pela União e pelos Estados. Detém ele personalidade jurídica,
e é ele quem cobra os impostos e responde por eventuais danos ao munícipe, aciona o contribuinte
inadimplente e estabelece as leis e posturas municipais por via de seus agentes políticos. De acordo
com dados do IBGE para 2014, o município menos populoso do País era Serra da Saudade, em
Minas Gerais, com 822 habitantes. O mais populoso era São Paulo, no Estado de São Paulo, com
aproximadamente doze milhões de habitantes. Em termos de extensão territorial, o maior município
brasileiro era Altamira, no Estado do Pará, com 159.695 km2, sete vezes maior do que o Estado de
Sergipe, com apenas 21.910 km2.

5) Por fim, a comarca é a extensão territorial em que um juiz de direito de primeira instância exerce
sua jurisdição. Corresponde ela, assim, à jurisdição de um tribunal judicial de primeira instância, quer
com competência genérica, quer com competência especializada (cível, criminal, etc.). Seu conceito

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11/02/2019 Cidade, município e comarca – Como distinguir? - Gramatigalhas

remete a um critério estritamente judiciário.

6) Postos esses conceitos como premissas, mesmo sem pretender exaurir o assunto, podem-se
fazer algumas ponderações adicionais, com vistas a fixar melhor as diferenças entre essas três
entidades: a) no conceito de cidade, avulta a natureza urbanística, enquanto no de município, há o
relevo para o aspecto político e administrativo e, por fim, na comarca, reside o ponto de vista
judiciário; b) a cidade tem zona urbana, enquanto o município apresenta zona urbana e zona rural,
e a comarca não se preocupa com esse critério de consideração; c) um município detém
personalidade jurídica, mas não a cidade nem a comarca; d) a cidade é a sede do município e
pode ser a sede de uma comarca; e) uma comarca pode abranger mais de uma cidade e mais de
um município; f) um município pode abranger mais de uma cidade, mas não mais de uma
comarca; g) uma cidade não abrange mais de um município nem mais de uma comarca; h) uma
cidade pode não ser limítrofe de outra, mas todos os municípios brasileiros fazem fronteira uns com
os outros; i) todas as comarcas fazem fronteira umas com as outras, muito embora seus limites não
coincidam com os dos municípios.

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11/02/2019 Circularização...? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Circularização...?
quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Pedro Francisco Alboneti envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas :

"Professor, tenho observado, quase que diariamente em meu escritório, que os funcionários
de meus clientes, ao enviarem suas cartas com pedido de remessa de relatório de processos
para a auditoria, têm usado o termo 'circularização'... em vez de 'relatório de processo para a
auditoria'. Afinal de contas, o que é mesmo essa tal 'circularização' que essas empresam
fazem questão de usar? Grato pela atenção."

Circularização...?

1) Um leitor, de tanto ver repetida a palavra em correspondência enviada a sua empresa de


advocacia, indaga se existe o termo circularização com o sentido de relatório de processos para
auditoria.

2) Ora, por força da vetusta Lei Eduardo Ramos, de nº 726, de 8/12/1900, a autoridade para listar
oficialmente os vocábulos existentes em nosso idioma está com a Academia Brasileira de Letras, e
ela o faz por intermédio da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que é uma lista
imensa de tais palavras, com ligeiras especificações de categoria gramatical, gênero e, muito
raramente, de sentido ou outra observação adicional.

3) No caso da consulta, uma leitura do VOLP revela que existe o vocábulo circulação, mas não se
arrola ali a palavra circularização.1

4) Como o VOLP – editado que é pela ABL, que tem a delegação legal para listar oficialmente os
vocábulos de nosso léxico – não registra circularização, então só se pode concluir que ele não existe
em nosso idioma, e seu emprego não está, portanto, autorizado.

________________

1Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Imprinta, 2004.

p. 691.

______
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11/02/2019 Citação com (ou por) hora certa? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Citação com (ou por) hora certa?


quarta-feira, 3 de junho de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Camila L. Oliveira envia-nos a seguinte mensagem:

"Peço os valorosos esclarecimentos do Professor sobre a dúvida: 'Citação com hora certa' ou
'Citação por hora certa'? Obrigada."

1) Uma consulta aos principais autores de obras que tratam de regência nominal, como Francisco
Fernandes, Celso Pedro Luft e Domingos Pascoal Cegalla, mostra que eles não se ocupam de tratar
qual a preposição a ser empregada após o vocábulo citação.

2) Os autores de manuais de redação dirigidos diretamente aos operadores do Direito, que foram
aqui consultados, também não se manifestam a esse respeito.

3) Ora, a citação, em apertada síntese, é o ato processual pelo qual se dá notícia oficial ao réu de
que contra ele foi ajuizada uma ação, e isso para que, em querendo, ele possa defender-se no
processo (CPC, art. 213) no prazo de quinze dias (CPC, art. 297), contados, em suma, da juntada
aos autos do documento portador da referida citação (CPC, art. 241).

4) Uma atenta leitura do Código de Processo Civil revela que a citação (CPC, art. 221) é feita por
três meios específicos: pelo correio (CPC, art. 221,1, e 222/223), pelo oficial de justiça (CPC, art.
221, 11, e 224/230) e por edital (CPC, art. 221, III, e 231, 233). Em todos esses casos, como
normalmente se dá com os adjuntos adverbiais de meio ou de instrumento, a preposição empregada
é por.

5) Num caso específico de citação por oficial de justiça, entretanto, prevê a lei que, "quando, por
três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua
falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que
designar" (CPC, art. 227).

6) Em seguida, dispõe a lei que, em cumprimento ao que se referiu, voltando o oficial, se não
encontrar o citando, dará por feita a citação nas condições e circunstâncias que especifica (CPC,
art. 228). É o que se denomina citação com hora certa (CPC, art. 229).

7) É preciso ficar claro, entretanto, que a citação com hora certa não é um dos meios de citação
(que são pelo correio, por oficial de justiça e por edital [CPC, art. 221]), mas, apenas e tão somente,
uma modalidade de citação por oficial de justiça (CPC, arts. 227/229). Em outras palavras, a

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11/02/2019 Citação com (ou por) hora certa? - Gramatigalhas
citação poderia ser feita com calma ou com exasperação, com truculência ou com lhaneza, assim
como também pode ser feita, nos termos da lei, com hora certa.

8) Em resumo: para os meios previstos para a citação, a lei emprega a preposição por; para um
modo específico de proceder à citação por um dos meios, emprega a preposição com.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Citação em língua estrangeira - Gramatigalhas

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Citação em língua estrangeira


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Maria Beatriz Fiaes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas :

"Prezados, gostaria de saber se, ao escrever uma palavra em língua alienígena, o correto é
sublinhá-la ou colocá-la entre aspas, uma vez que não é possível fazê-lo em itálico quando se
utiliza caneta? Grata."

O leitor Júlio César Maciel também questiona :

"É necessário destacar uma expressão estrangeira que se repete fartamente em meu texto?
Por favor indique-me uma regra."

Citação em língua estrangeira

1) Leitores indagam se, ao escrever uma palavra em língua estrangeira, num texto manuscrito, o
correto é grafá-la entre aspas ou sublinhá-la, uma vez que não é possível fazê-lo em itálico em tais
circunstâncias.

2) Independentemente de outros usos que possam ter as aspas, o itálico, o negrito e a sublinha, o
certo é que também são eles empregados para grafar um vocábulo ou expressão que não pertençam
ao nosso idioma.

3) E se esclarece, adicionalmente, que não há hierarquia, preferência ou maior correção nesse rol,
de modo que assiste ao usuário do idioma optar pelo recurso que lhe convier na respectiva redação.

4) Vejam-se, assim, os seguintes exemplos, todos igualmente corretos perante nosso idioma: I)
Devem-se evitar palavras e expressões estrangeiras desnecessárias, como "à vol d'oiseau" ou
"performance", que bem podem ser substituídas por vocábulos vernáculos, como superficialmente e
desempenho; II) Devem-se evitar palavras e expressões estrangeiras desnecessárias, como à vol
d'oiseau ou performance, que bem podem ser substituídas por vocábulos vernáculos, como
superficialmente e desempenho; III) Devem-se evitar palavras e expressões estrangeiras
desnecessárias, como à vol d’oiseau ou performance, que bem podem ser substituídas por
vocábulos vernáculos, como superficialmente e desempenho; IV) Devem-se evitar palavras e
expressões estrangeiras desnecessárias, como à vol d’oiseau ou performance, que bem podem ser
substituídas por vocábulos vernáculos, como o são superficialmente e desempenho.

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI114399,81042-Citacao+em+lingua+estrangeira 1/2
11/02/2019 Citar editaliciamente – Está correto? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Citar editaliciamente – Está correto?


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Lorenzo H. Carvalho envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"É comum ouvir a frase 'O réu foi citado editaliciamente'. Mas sempre fico em dúvida se o
correto não seria 'O réu foi citado por edital'. Peço ajuda do dr. José Maria para esclarecer a
questão."

1) Uma frase frequentemente usada em textos jurídicos e forenses é "O réu foi citado
editaliciamente".

2) É, todavia, de expressão equivocada, que deve ser substituída por "O réu foi citado por edital".

3) A facilidade com que o sufixo mente se presta à formação de advérbio de modo tem dado margem
a abusos e equívocos, originando invenções reprováveis como essa.

4) A esse respeito, lembra Geraldo Amaral Arruda: "importa que não se considere que a concisão
recomende sempre substituir as locuções", já que, "em muitos casos a substituição pode ser inócua,
em outros ela é menos expressiva e em outros ainda pode ser inaceitável ou descabida".

5) E continua tal autor: "nem sempre é apropriada a redução de uma locução adverbial a um
advérbio terminado em mente, pois os advérbios com essa terminação têm significado claro (ou meio
apagado) de modo", e "de qualquer maneira provocam uma distorção na ideia que deveria ser
expressada".

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11/02/2019 Citar latim é perigoso - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Citar latim é perigoso


quarta-feira, 29 de março de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Antonio Clarét Maciel Santos envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Sr. Diretor 'vanitas vanitatis' x 'vanitas vanitatem'. A Revista VEJA (edição nº 1.948 de
18/3/06 na matéria intitulada 'FHC explica FHC'), reproduz trechos do livro de memórias de
Fernando Henrique Cardoso 'A Arte da Política: a História que Vivi', Editora Civilização
Brasileira. A certa altura FHC cita a seguinte expressão latina 'vanitas vanitatem'. Teria se
enganado FHC? O Pequeno Dicionário Latino Português de autoria do Padre H. Koehler, SJ
em sua 10ª edição, Editora Globo, Porto Alegre, na pagina 466 define a expressão como
'vanitas vanitatis', vaidade das vaidades. Com a palavra o Professor José Maria da Costa."

Poucos dias depois, Antônio Carlos de Martins Mello, de Fortaleza, que se intitulou ex-futuro
OFM (Ordem dos Frades Menores), também enviou o seguinte texto:

"Venerável Diretor de Migalhas. Referência: Migalhas 1.379, 23/3/06. Peço para meter meu
rotundo bedelho na dúvida do migalheiro Maciel, e esclareço, 'his verbis': o correto é 'Vanitas
Vanitatum' (vaidade das vaidades), porque 'Vanitatis' estaria no genitivo singular. Se Fernando
Henrique, sobrinho e afilhado de meu saudoso amigo Joaquim Ignácio Cardoso, disse mesmo
'Vanitas Vanitatem' não disse coisa alguma, pois Vanitatem seria o acusativo singular, sem
cabimento na frase inteira que é, cf. o Eclesiastes: 'vanitas vanitatum et omnia vanitas'
(vaidade das vaidades e tudo (é) vaidade). Sem razão igualmente o citado padre H. Koehler
que, como sugere seu apelido tedesco, é mesmo mais carvoeiro que jesuíta ou latinista. Para
dar ensanchas aos helenistas, que venham!, a proclamação vem de 'mataiota mataiotéta kai
panta mataiotes', se a transliteração e a memória não me traem e se bem está o conectivo.
Não é mesmo, professor Maciel Santos?"

E o leitor Jonas Sampaio Ratti também se manifestou:

"Venerável Diretor de Migalhas. Lendo o que li, vendo o que vi, não pude deixar de me
intrometer no bedelho de Antonio Carlos de Martins Mello, ex-futuro OFM e observando o
que foi delineado por Antonio Clarét Maciel dos Santos (Migalhas 1.379 – 23/3/06 – "Migalhas
dos leitores – Latinório"), tenho a ponderar que o primeiro escrito latino foi o da 'fíbola praestina',
onde se lia: 'Manius me fefaque Nimasio', fui buscar inspiração nos Mestres José Cretella
Júnior e Geraldo de Ulhôa Cintra, no Dicionário Latino-Português, 3a. Edição, Companhia
Editora Nacional, onde, na página 1.316 diz: 'vanitas vanitatis', dizendo ainda que Tácito sua
como jactância. É o que se tinha a dizer, para se restabelecer a verdade ou a vaidade."

1) A consulta específica busca saber qual a forma correta: "vanitas vanitatis" ou "vanitas vanitatem".

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11/02/2019 Citar latim é perigoso - Gramatigalhas
2) Na Bíblia, há um livro denominado Eclesiastes, palavra de significado incerto, normalmente
traduzida como 'o pregador', de autoria também incerta, mas normalmente atribuída ao rei Salomão,
em razão de que as experiências nele referidas se parecem muito com as dessa figura bíblica.

3) Principia do seguinte modo, no capítulo 1, versículos 1-3: "Palavras do pregador, filho de Davi, rei
em Jerusalém. Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. Que
proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?"

4) O trecho a ser considerado é "vaidade de vaidades, tudo é vaidade", ou, mais especificamente, a
expressão "vaidade de vaidades" ou, ainda, "vaidade das vaidades".

5) Ora, o latim é uma língua declinada, o que significa que a terminação de uma palavra varia
conforme a função sintática que ela exerce na oração: sujeito é nominativo; complemento restritivo
(alguns casos de adjunto adnominal) é genitivo; objeto indireto é dativo; complemento circunstancial
(casos de adjunto adverbial) é ablativo; objeto direto é acusativo.

6) E se anote que os diversos casos têm terminações diferentes. Só para exemplificar com a palavra
rosa: rosa é nominativo; rosae (pronuncia-se róse) é genitivo; rosam é acusativo; rosarum é genitivo
plural; rosis é dativo plural; rosas é acusativo plural.

7) De modo específico para o caso da consulta, em que não se pôs dúvida sobre a primeira palavra –
"vanitas" (pronuncia-se vânitas),vamos ater-nos ao efetivo foco do problema. Imaginem-se duas
formas da expressão: "vaidade de vaidade" e "vaidade das vaidades". Em ambos os casos, "de
vaidade" ou "das vaidades" ("de vaidades" é variação que não se altera em latim, onde não havia os
artigos o, a, os, as) são um complemento restritivo (em português, adjunto adnominal), o que
significa que o vocábulo, em latim, vai para o genitivo (singular ou plural, conforme o caso).

8) Assim, verificado o fato de que vanitas pertence à terceira declinação, se se quer o singular da
expressão, tem-se "vanitas vanitatis"; se o plural, "vanitas vanitatum".

9) Viu-se, porém, que o sentido do texto de Eclesiastes 1:2 é "vaidade de vaidades" ou "vaidade das
vaidades", de modo que a citação correta do latim, no caso, não é "vanitas vanitatem" nem "vanitas
vanitatis", mas "vanitas vanitatum". Aliás a Vulgata de São Jerônimo (342 [?] / 420) – versão da
Bíblia para o latim vulgar no século IV – assim traduziu o mencionado trecho: "vanitas vanitatum
omnia vanitas" (em português, "vaidade das vaidades, tudo é vaidade").

10) Acrescente-se, ademais, que, tecnicamente, assim como em português é correto dizer tanto
"vaidade de vaidade" como "vaidade de (das) vaidades", em latim se pode dizer "vanitas vanitatis" ou
"vanitas vanitatum". Jamais, porém, "vanitas vanitatem", que não quer dizer coisa alguma.

11) Nunca se canse de repetir que citar latim é algo perigoso e complicado, sobretudo em tempos
como o nosso, em que de há muito não é ele ensinado nas escolas, a não ser em pequena dose e
em um ou outro curso universitário de línguas. Quer pela falta de estudo, quer pela complexidade de
uma língua declinada, se não se tem certeza do que se está citando, melhor não citar. Referir a
expressão em português não é desdouro para ninguém e evita os aborrecimentos de uma citação
mal feita.

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

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quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Nas semanas passadas, a pedido de leitores, tratou-se, na coluna Gramatigalhas, da questão da


"voz passiva" e se distinguiu, em termos bem práticos, o "se" quando empregado como "partícula
apassivadora" daquele que funciona como "símbolo de indeterminação do sujeito". Alguns leitores,
enquanto se publicavam tais verbetes, indagaram acerca da correção dos seguintes exemplos: a)
- "Cite-se-o"; b) - "Intime-se-a"; c) - "Notifique-se-o"; d) - "Processe-se-o"; e) - "Recomende-se-o
na prisão".

1) Quando se diz “Cite-se o réu”, percebe-se que, à semelhança de “Aluga-se uma casa”, o que se
tem é uma frase reversível, que pode ser dita de outro modo: “O réu seja citado”; ou: “Que o réu seja
citado”.

2) E, do mesmo modo como se dá na frase com que é comparada, podem-se extrair aqui as
seguintes conclusões:

a) o exemplo está na voz passiva sintética;

b) o se é partícula apassivadora;

c) o sujeito é o réu.

3) Transposta a lição para o exemplo considerado, conclui-se que o pronome final o, que há na frase
“Cite-se-o”, há de ser sujeito, sendo de forçosa ilação que só pode ser ele do caso reto (ele), jamais
do caso oblíquo (o ou lhe).

4) A forma correta, assim, é “Cite-se ele”, jamais “Cite-se-o”.

5) Ante essas considerações, conclui-se, de igual modo, serem plenamente equivocadas outras
expressões de uso corrente, tais como não se o diz, para se o conhecer, não se a vê, ouve-se-o com
prazer, cortou-se-as.

6) Na lição de Eduardo Carlos Pereira, “o uso geral dos bons escritores antigos e modernos não
autoriza a combinação destas formas (o, a, os, as) com o reflexivo se”.1

7) Lembra a respeito Evanildo Bechara que “a língua padrão rejeita a combinação se o, apesar de
uns poucos exemplos na pena de literatos”.2

8) Recordando lição de Otoniel Mota, observa Pedro A. Pinto que à língua repugnam as formas se o
e se a, porque não é possível, logicamente, “encaixar um acusativo ao lado de outro, que é o reflexo
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se”.3

9) Embora simples, também é firme a lição de Antenor Nascentes a respeito: “É incorreta a


combinação de se com os pronomes o, a, os, as”.4

10) Não menos incisivo é o ensinamento de Júlio Nogueira: “Não se pospõem as variações o, a, os,
as, ao pronome se. São solecismos grosseiros frases como: ‘Deve-se admirar aquele homem pelo
cérebro; não se o deve admirar como político’ ... A correção é simples: basta suprimir as formas o, a,
os, as, com o que nada perde a clareza da frase: ‘Deve-se admirar aquele homem pelo cérebro; não
se deve admirar como político’... Pode-se igualmente adotar a forma determinada, pessoal:
‘Devemos admirar aquele homem pelo cérebro; não o devemos admirar como político’”.5

11) Domingos Paschoal Cegalla arrola diversos exemplos dessas seqüências pronominais
condenadas (se o, se a, se os, se as). Exs.:

a) “O quadro ficou exposto muito tempo, mas não se o vendeu”;

b) “A vida fica mais leve, quando se a encara com fé e amor”;

c) “Se esses livros são medíocres, por que se os compram?”.

12) E ele próprio dá a solução para corrigi-las: “Para que essas frases fiquem corretas, basta eliminar
os pronomes oblíquos o, a, os, as, e construir ‘mas não se vendeu’ ou ‘mas não foi vendido’...”6

13) Leciona Artur de Almeida Torres que “o pronome se nunca se combina na mesma frase com o
pronome o, a, os, as. É erro dizer-se: ‘Ele apareceu quando menos se o esperava’. Corrija-se: ‘Ele
apareceu quando menos se esperava’ ou ‘Ele apareceu quando menos o esperávamos’”.7

14) Para Edmundo Dantès Nascimento, a junção de se + o é erro “mais comum do que se pensa”.

15) E, insistindo na impossibilidade desse emprego, observa ele que “em tal caso ou o se seria
sujeito, ou os pronomes o, a, os, as, o seriam, o que é um absurdo diante do espírito da língua”.

16) Asseverando configurar “impossibilidade à luz do Português”, manda ele que se corrija,
“colocando em lugar dos pronomes o, a, os, as, uma palavra que possa ser sujeito”.8

17) Sousa e Silva, após reiterar a erronia de combinações dessa natureza, assevera que “há muitas
maneiras vernáculas de redigir semelhantes frases”, especificando algumas delas:

a) empregar o verbo na voz ativa, na terceira pessoa do plural, e sem sujeito explícito: “não o
fizeram” em vez de “não se o fez”;

b) usar o verbo na voz ativa, na primeira pessoa do plural (se o permitir o sentido): “não
devemos fazê-lo” em lugar de “não se o deve fazer”;

c) passar o verbo para a voz passiva analítica com o auxiliar ser, vindo claro o sujeito: “ele
não foi feito” por “não se o fez”;

d) flexionar o verbo na voz passiva com o auxiliar ser, ficando o sujeito oculto: não foi feito;

e) juntar ao verbo a partícula apassivadora e o pronome pessoal reto (se daí não resultar
ambigüidade): não se fez ele;

f) utilizar o verbo com partícula apassivante e sem sujeito explícito (se a frase não se tornar
obscura ou anfibológica): “Esperávamos a nova lei, mas não se decretou”.9

18) Ronaldo Caldeira Xavier insere a expressão “não se o viu” no rol dos galicismos sintáticos e
aconselha sua substituição por “não foi visto”10

19) Eduardo Carlos Pereira insere construções em que se une o se e o o, como na frase
considerada, no rol dos galicismos fraseológicos ou sintáticos, daqueles que “são verdadeiras
deturpações da língua, contra os quais devemos estar premunidos”.11

20) Também Mário Barreto assevera que tal construção, por mais que se pretenda justificar, “é um
grosseiro atentado contra a índole da língua”, uma incorreção que não acha amparo nos
gramáticos.12

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21) Em complementação feita em outra obra, lembra o mesmo autor que há determinadas frases
francesas construídas com “on” que podem, em princípio, conduzir o usuário a uma tradução errada,
por meio da junção que ora se repele: On la porte sur son lit, on le reconduisit chez lui, on l'appela
pour diner, on la traitait avec bonté, on ne le trouva pas, on ne les voit pas comme ils sont. Nem por
isso, todavia, o conhecido filólogo incide nas construções vitandas (leva-se-a para a cama, levou-se-
o para casa...), já que manda traduzir assim tais frases: levam-na para a cama, levaram-no para
casa, chamaram-na para jantar, tratavam-na com bondade, não o encontraram, não se vêem como
eles são.13

22) E, quanto à construção cite-se ele – uma das correções viáveis da construção condenada – vale
lembrar a lição de Vitório Bergo: “A muitos afigura-se errônea esta construção, em que o pronome
reto ele parece estar em função de objeto direto. Tal não se dá, entretanto, pois ele é sujeito
paciente, apenas colocado em ordem inversa”.14 Equivale tal frase a “(que) ele seja citado”.

23) De modo bem específico para o que normalmente ocorre na linguagem jurídica e forense,
partindo da frase sacramental “Recomende-se-o na prisão”, encontradiça em sentenças criminais,
Geraldo Amaral Arruda observa que “essa construção não suporta análise sintática”, alinhando, para
refutá-la, os seguintes argumentos:

a) podem-se dizer duas frases completas nesses casos: “Recomende-se o réu na prisão” ou
“Seja o réu recomendado na prisão”;

b) “nesses casos aparecem o sujeito (o réu) e o predicado formado com o verbo na passiva
pronominal, ou na passiva analítica, formada pelo verbo de ligação e o predicativo, acrescido
do adjunto adverbial”;

c) “se se pretender substituir o sujeito réu por um pronome, só poderá sê-lo por um pronome
do caso reto”, até porque “a função de sujeito da oração somente pode ser exercida por um
substantivo (no caso, réu), ou por um pronome reto (no caso, ele), ou por algum pronome
demonstrativo”;

d) por isso, por uma de duas maneiras há de ser corretamente escrito o exemplo no caso
concreto: “Recomende-se ele na prisão” ou “Seja ele recomendado na prisão”15

24) Da mesma forma, não é correta qualquer frase em que haja combinações semelhantes: “Intime-
se-a”, “Notifiquem-se-os”, “Processem-se-as”.

25) Se pode parecer estranho dizer “Citem-se eles”, por se afigurar foneticamente repugnante a
combinação, continua sendo inegável que, no campo sintático, o verbo está na voz passiva, e o
sujeito tem que ser do caso reto; além disso, nada impede a utilização da forma analítica: “Sejam
eles citados”.

26) Por argumento de autoridade, acresça-se o lembrete de Aires da Mata Machado Filho de que a
questão ficou cabalmente elucidada no sentido exposto após memorável polêmica entre Mário
Barreto e Melo Carvalho.16

27) E alhures aquele gramático – após reiterar que “erro grave é a combinação binária do pronome
se aos oblíquos o, a, os, as (em função de acusativo), em frases de voz reflexo-passiva” – transcreve
precisa lição do primeiro polemista: “sendo o pronome oblíquo o, a, os, as objeto direto dos verbos
transitivos diretos supra; sendo passiva a voz verbal (se viu igual a foi vista; se esperava igual a era
esperado, etc.), tais construções levariam à absurdeza de revestir o sujeito da oração o caso oblíquo
(acusativo) o, a, os, as, perdendo a retilidade (sua principal característica) inerente ao nominativo”.17

28) Vale observar que os clássicos evitam tal construção errônea de dois modos:

I) Ou omitem simplesmente o pronome o, a, os, as. Ex.: “Ou não se busca o confessor, ou,
se se busca...” (Padre Manuel Bernardes).

II) Não omitem o pronome, mas o levam, e corretamente, ao caso reto (ele, ela, eles, elas).
Ex.: “Um crime, só um crime, pode unir-nos... E por que não se cometerá ele?” (Alexandre
Herculano).

29) Sintetize-se tal processo de correção com o ensinamento de Gladstone Chaves de Melo: “Nos
casos em que supostamente tivesse cabida a junção, ou se cala o pronome acusativo, ou emprega-
se o pronome reto, construção essa mais rara, porém certa, porque se terá entendido a frase como
passiva e, então, o ele ou ela serão sujeito da oração”18 Exs.:

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a) “Venha esse pão e ponha-se na balança” (Padre Manuel Bernardes);

b) “Um crime, só um crime... e por que não se cometerá ele?” (Alexandre Herculano).

30) Adicione-se o resumo de Eduardo Carlos Pereira de que se e o “não se encontram jamais na
mesma frase”, motivo por que “é incorreto dizer-se: Eles se o arrogam”.19

31) E ultime-se com Silveira Bueno, cuja contundência, a esse respeito, é perceptível a uma
perfunctória análise: “A combinação do reflexivo se com as formas oblíquas o, a, os, as, é assunto
completamente liquidado por Mário Barreto em duas das suas ótimas obras: Novos Estudos e De
Gramática e de Linguagem. No primeiro livro aqui citado, provou exaustivamente que frases como
esta – Onde se o encontra – são absolutamente contrárias ao cunho, à sintaxe portuguesa. Houve
um tal snr. Melo Carvalho que saiu a campo, a fim de defender a vernaculidade, a correção de tal
uso, citando em seu abono Rui Barbosa. Foi muito infeliz porque teve pela frente não só Mário
Barreto, na segunda obra citada, não só o dr. Pedro Pinto, mas o próprio Rui Barbosa que, em carta
dirigida a Mário Barreto, deserta da companhia de Melo Carvalho. Depois de tudo isto, quem vier
ainda com a pretensão de defender tal erro, que dê com a cabeça na pedra para ver se a
endireita”.20
__________

1 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 317.

2 Cf. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 19. ed., segunda reimpressão. São Paulo: Companhia

Editora nacional, 1974. p. 257.

3 Cf. PINTO, Pedro A. Termos e Locuções: Miudezas de Linguagem Luso-Brasileira. Rio de Janeiro: Tipografia Revista

dos Tribunais, 1924. p. 56.

4 Cf. NASCENTES, Antenor. O Idioma Nacional. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942. vol. II, p. 90.

5 Cf. NOGUEIRA, Júlio. A Linguagem Usual e a Composição. 13. ed. Rio de Janeiro: Livrarias Freitas Bastos, 1959. p.

85.

6 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 366-367.

7 Cf. TORRES, Artur de Almeida. Moderna Gramática expositiva. 18. ed. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1966.

p. 84.

8 Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 19.

9 Cf. SILVA. A. M. de Sousa e. Dificuldades Sintáticas e Flexionais. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1958.

p. 266-267.

10 Cf. XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 89.

11 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 260 e 262.

12 Cf. BARRETO, Mário. Fatos da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1954. p. 275.

13 Id. Através do Dicionário e da Gramática. 3. ed. Rio de Janeiro: Organização Simões Editora, 1954. p. 115-116.

14 Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. vol. II, p.

168.

15 Cf. ARRUDA, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 57.

16 Cf. MACHADO FILHO, Aires da Mata. “Principais Dificuldades”. In: Grande Coleção da Língua Portuguesa. 1. ed. São

Paulo: co-edição Gráfica Urupês S/A e EDINAL – Editora e Distribuidora Nacional de Livros Ltda., 1969. vol. 1, p. 185.

17 Cf. MACHADO FILHO, Aires da Mata. “Português Fora das Gramáticas”. In: Grande Coleção da Língua Portuguesa.

1. ed. São Paulo: co-edição Gráfica Urupês S/A e EDINAL – Editora e Distribuidora Nacional de Livros Ltda., 1969. vol.
4, p. 1.361-1.362.

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18 Cf. MELO, Gladstone Chaves de. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria

Acadêmica, 1970. p. 266.

19 Cf. PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Expositiva para o Curso Superior. 15. ed. São Paulo: Monteiro Lobato &

Cia., 1924. p. 96.

20 Cf. BUENO, Silveira. Português pelo Rádio. São Paulo: Saraiva e Cia., 1938. p. 136-137.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Cível ou Civil ? - Gramatigalhas

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Cível ou Civil ?
quarta-feira, 27 de maio de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Sandra Regina Pires envia a seguinte indagação ao Gramatigalhas :

"Tenho dúvida quanto ao emprego das expressões Cível e Civil : Prática Jurídica Simulada
Cível; Prática Forense Civil; Fórum Civil; Vara Cível. Quando se deve utilizar uma e outra ?
Grata."

Cível ou Civil ?

1) De início, importa observar que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela
Academia Brasileira de Letras, órgão oficial para definir quais vocábulos integram nosso léxico, faz o
normal registro de cível e de civil, de modo que ambas as palavras existem oficialmente em nosso
idioma.1

2) Com a atenção voltada para o primeiro vocábulo, leciona Napoleão Mendes de Almeida que,
apesar de gramaticalmente correta, a palavra cível é mal formada em português, por contrariar as
regras de derivação do latim.2

3) Para Antonio Henriques, "forma-se por analogia com os paroxítonos cultos em ível: crível, horrível,
terrível; é, assim, forma divergente.

4) Ensina tal autor, com base em lição de Franco de Sá, condenatória do vocábulo por barbarismo,
que se trata "de um termo de amplitude maior (do que civil), abrangendo o Direito Civil, Comercial e
Trabalho e distingue-se das ações criminais".3

5) Cândido de Oliveira faz outra distinção entre tais vocábulos: cível é o "relativo ao Direito Civil", e
civil é o que "diz respeito às relações dos cidadãos entre si".4

6) Nos textos jurídicos e forenses, o primeiro vocábulo é termo aceito como gramaticalmente correto,
indicador daquilo que respeita ao Direito Civil, do que se julga estar de acordo com as leis civis:
causa cível, juízo cível, vara cível.

7) Já civil basicamente se emprega em oposição ao que é criminal: processo civil, ação civil,
condenação civil.

8) Também se usa tal vocábulo para distinguir alguém de um militar, de um religioso, ou mesmo para
desvinculá-lo de outrem com caracteres, condições ou relações peculiares: guerra civil, exército civil,

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11/02/2019 Cível ou Civil ? - Gramatigalhas
casamento civil, emprego civil (não oficial, nem público).

9) Na consonância com ensino de Antonio Henriques, "prende-se ao latim civilis, da raiz de civis
(cidadão)" e "refere-se, pois, aos cidadãos e ao que se relaciona com eles", regulando-se "pelo
Direito Civil propriamente dito, excluindo-se o Direito do Trabalho, Direito Comercial e Penal".5

____________

1 Cf. Academia Brasileira de Letras, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed. 2004. Rio de Janeiro:

Imprinta, p. 188.

2 Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981, p. 55-56.

3 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 33.

4 Cf. OLIVEIRA, Cândido de. Revisão Gramatical. 10. ed. São Paulo: Editora Luzir, 1961, p. 33.

5 Cf. HENRIQUES, Antonio. Prática da Linguagem Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 33.

______
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11/02/2019 Clítoris ou Clitóris? - Gramatigalhas

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Clítoris ou Clitóris?
quarta-feira, 28 de novembro de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Paulo Trevisani envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Caro professor, desde os bancos da faculdade sempre ouvi 'clitóris'. Atualmente ouço a
pronúncia, principalmente dos peritos como, 'clítoris'. Qual forma é a correta? Obrigado."

1) Um leitor indaga qual das palavras é a correta, já que ambas são largamente utilizadas no meio
jurídico: clítoris ou clitóris?

2) Ora, sempre é bom lembrar – até para criar no leitor o salutar hábito de um raciocínio que se
repete – que, quando se quer saber se uma palavra existe ou não em português, deve-se tomar por
premissa o fato de que a autoridade para listar oficialmente os vocábulos pertencentes ao nosso
idioma é a Academia Brasileira de Letras.

3) E essa autoridade, a ABL a exerce por via da edição do Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.

4) E uma simples consulta ao VOLP mostra que nele se registram ambas as formas: clítoris e
clitóris.

5) A forçosa conclusão, assim, é que ambas as formas existem em nosso léxico, e o emprego de
ambas está autorizado ao usuário do idioma.

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11/02/2019 Co-autor ou Coautor? Co-réu, Corréu ou Coréu? - Gramatigalhas

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Co-autor ou Coautor? Co-réu, Corréu ou Coréu?


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Maila de Castro Agostinho enviaa seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Prezados migalheiros, gostaria de saber qual a forma correta: coautor e coréu ou co-autor e
co-réu?"

Co-autor ou Coautor? – Co-réu - Corréu ou Coréu?

1) Pelo Acordo Ortográfico de 2008, o prefixo co sempre se acopla à palavra seguinte diretamente,
sem intermediação de hífen. Exs.: cobeligerante, cocontratado, codemandante, cofundador,
cogerência, cotutor.

2) Não se abre exceção nem mesmo para a hipótese de ser o elemento seguinte iniciado por vogal.
Exs.: coacusado, coadministrador, coapelante, coarrendante, coautor, coeditor, coeducador,
coexistência, coigual, coindicação, coobrigar, cooperação, coordenação, counívoco.

3) Para a hipótese de ser o segundo elemento iniciado por r ou s, dobram-se tais consoantes para
permanência do som do vocábulo original. Exs.: correferência, correlação, corresponsabilidade,
corréu, cossecante, cossegurador, cossignatário.

4) Duas observações importantes: a) quando o segundo elemento tem h, perde-se esse h, e se


juntam os elementos sem hífen (coabitar, coerdeiro); b) ainda que o segundo elemento se inicie pela
mesma vogal que encerra o prefixo, mesmo assim não há hífen (coobrigado, cooperar,
coordenação).

______

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11/02/2019 Código de (ou do) Processo Civil? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Código de (ou do) Processo Civil?

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Código de (ou do) Processo Civil?


quarta-feira, 21 de julho de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Patrícia Machado envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É correto o seguinte modo de dizer: Código DO Processo Civil? Não soa bem, mas minha
estagiária, de uma faculdade no Rio de Janeiro, disse-me que os professores vêm utilizando esse
termo. Desse modo, busco esclarecimento técnico acerca da pronúncia e o uso do DO na
aplicabilidade ao CODEX em questão. Atenciosamente."

Código de (ou do) Processo Civil?

1) Uma leitora indaga se é correta a expressão Código do Processo Civil, ou se apenas se deve dizer
Código de Processo Civil.

2) Por um lado, é sabido que a Lei 5.869/73 e suas alterações posteriores vieram para regrar o
processo civil, uma expressão e um assunto que constituem algo definido.

3) E uma rápida consulta aos títulos de artigos sobre a matéria revela ser sempre determinado tal
processo (ou processo civil) pela existência do artigo definido masculino o: a) "Anotações sobre a
Efetividade do Processo" (Luiz Rodrigues Wambier e Teresa Arruda Alvim Wambier); b) "Efetividade
do Processo e Técnica Processual" (José Carlos Barbosa Moreira); c) "O Processo Civil no Limiar de
um Novo Século" (Moniz de Aragão); d) "Função Social do Processo" (Calmon de Passos).

4) Com essas observações, não deixa de ser aceitável a idéia de se falar num código do processo
civil, o que significaria exatamente um conjunto de normas destinadas a reger o processo civil como
um todo.

5) Por outro lado uma simples leitura da parte introdutória da Lei 5.869/73 mostra que por ela se
instituiu "o Código de Processo Civil". Essa é a expressão e esse é o nome dado pelo legislador ao
conjunto de regras que constituem tal codificação, de modo que é assim que se deve mencionar a
legislação codificada.

6) Essa, ademais, é a tradição do nosso direito: apenas para conferir, o Decreto-lei 1.608, de
18.09.39, falava também de um Código de Processo Civil, e o Decreto-lei 3.689, de 3.10.41
mencionava um Código de Processo Penal.

______
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11/02/2019 Coisíssima – Está correto? - Gramatigalhas

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Coisíssima – Está correto?


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Frederico R. Loureira envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Professor José Maria da Costa, minha dúvida é: amplamente utilizada, a expressão


'coisíssima nenhuma' está correta? Obrigado."

1) É comum ouvir-se tal palavra, sobretudo na expressão coisíssima nenhuma; mas tal emprego é
tecnicamente equivocado.

2) O superlativo absoluto sintético, em realidade, é grau privativo de adjetivos (que encerram a ideia
de qualidade), jamais de substantivos (palavras que dão nomes aos seres); e coisa é sabidamente
um substantivo, não podendo, por conseguinte, sofrer tal variação em grau (não se diz, por exemplo,
sapatíssimo, camisíssima ou calcíssima).

3) Nessa esteira, lembrando que "só os adjetivos qualificativos, em rigor, admitem graus de
significação" – e mesmo assim nem todos – Eduardo Carlos Pereira observa que "no estilo familiar
comunica-se muitas vezes a energia à expressão, dando-se esta forma superlativa a certos adjetivos
determinativos e, até, a certos substantivos: muitíssimo, mesmíssimo, pouquíssimo, coisíssima
nenhuma".

4) Apesar da concessão do ilustre gramático, todavia, é de se ver que ela, mesmo assim, dá-se
apenas no estilo familiar, de modo que prevalece a regra inicial para a norma culta, que é o veículo
normal de comunicação a ser observado nos meios jurídicos e forenses.

5) Apesar dessas considerações técnicas, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado


pela Academia Brasileira de Letras, que é órgão oficial para definir quais vocábulos integram nosso
léxico, fez constar tal vocábulo em seus registros.

6) E, em termos oficiais, legem habemus, razão pela qual está autorizado o uso do mencionado
vocábulo, sobretudo na expressão coisíssima nenhuma: tal autorização legal, todavia, não significa
que o mencionado vocábulo deva ser usado na linguagem formal.

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11/02/2019 Colocação de pronomes – atração remota? - Gramatigalhas

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Colocação de pronomes – atração remota?


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Carlos César de Souza envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Bom dia! Aprendi que certas palavras atraem a próclise, como advérbios, pronomes, conjunções,
e que, depois de uma pausa, usa-se a ênclise. Contudo tenho dúvidas quando deslocamos um
termo da oração. Essas regras têm que ser obedecidas ou não ? Seguem exemplos:

1 - Contou-nos que o amava ainda depois de tudo.

2 - Contou-nos que, depois de tudo, o amava ainda.

3 - Contou-nos que, depois de tudo, amava-o ainda.

No 1º exemplo, usou-se a próclise por atração. No segundo exemplo, também se usou a próclise
por atração, embora entre a palavra atrativa e o pronome existisse um termo deslocado. Está
certo esse emprego ? No exemplo de nº 3, o emprego do pronome estaria errado ou certo ?
Desde já agradeço a colaboração deste site."

Colocação de pronomes - atração remota?

1) Um leitor alinha três exemplos: a) "Contou-nos que o amava ainda depois de tudo"; b) "Contou-nos
que, depois de tudo, o amava ainda"; c) "Contou-nos que, depois de tudo, amava-o ainda".
Fundamenta que, no primeiro exemplo, a próclise foi usada por existência de uma daquelas palavras
que atraem o pronome átono para antes do verbo. Refere, ao depois, que, no segundo exemplo,
também se usou a próclise por atração, embora entre a palavra atrativa e o pronome exista um termo

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11/02/2019 Colocação de pronomes – atração remota? - Gramatigalhas
intercalado. Anota, por fim, que, no terceiro exemplo, não houve atração. E indaga se, neste último, a
colocação pronominal está correta ou errada.

2) Verificada a premissa de que, em razão da eufonia, há palavras que atraem o pronome pessoal
oblíquo átono para antes do verbo (palavras negativas, advérbios, pronomes relativos, pronomes
indefinidos, conjunções subordinativas), a indagação (que, no caso, diz respeito apenas aos dois
últimos exemplos) pode ser resumida do seguinte modo: quando se intercala, após palavra atrativa,
outra palavra, ou expressão, ou mesmo oração (no caso, a expressão intercalada é "depois de
tudo"), continua aquela primeira exercendo sua normal força de atração?

3) Carlos Góis, em estudo sobre os casos de próclise, observa que, se entre a palavra atrativa e o
verbo "mediar outra oração, que os afaste e distancie, dá-se então a ênclise (a distância ou
afastamento fez cessar a atração)", buscando tal autor corroboração em exemplo de Machado de
Assis: "Poderá fazer crer ao leitor que, durante aqueles dias em que a perdemos de vista, tornara-se
Guiomar uma criatura desditosa".

4) Para Cândido de Figueiredo, em tais casos, "o pronome pessoal atônico, que deveria ser
proclítico, por o atrair uma partícula anterior, nos aparece muitas vezes enclítico, por ficar longe da
referida partícula". Ex.: "... cordas que, se acaso tremem e vibram apagam-se, fundem-se" (João
Ribeiro).

5) Buscando uma explicação plausível para essa ocorrência, justifica tal autor: "a inobservância
rigorosa da construção é atenuada sensivelmente pela distância entre as partículas que normalmente
se atraem".

6) Falando dos itens de exceção das regras de colocação de pronomes e enfocando, de modo
específico, "as principais causas que perturbam a colocação normal dos pronomes oblíquos", refere
Artur de Almeida Torres, entre estas, "a distância em que o pronome se acha das palavras acima
mencionadas (palavras atrativas), que ficam como que esquecidas", o que, pelos exemplos por ele
coligidos acarreta o emprego da ênclise. Exs.: a) "Vozes humanas que, apelidando-se pela calada
das horas mortas, levantam-se..." (Júlio Ribeiro); b) "... cuja substância vai-se por qualquer rasgão"
(Rui Barbosa); c) "Durante uns dois meses, que o general demorou-se na província" (Camilo Castelo
Branco); d) "Asseguro-vos que, se me falece ambição para aceitar os vossos votos contradizendo as
minhas opiniões, sobeja-me avareza" (Alexandre Herculano).

7) Na conformidade com lição de Evanildo Bechara, no caso de vocábulos ou de uma oração que se
intercalem na subordinada, "exigindo uma pausa antes do verbo, o pronome átono pode vir enclítico",
mesmo em havendo, distante, palavra normalmente atrativa, para o que se observa a regra genérica
de que não se põe pronome oblíquo átono logo após vírgula. Ex.: "Mas a primeira parte se trocou por
intervenção do Tio Cosme, que, ao ver a criança, disse-lhe entre outros carinhos..."

8) De acordo com o próprio verbo auxiliar da locução, empregado pelo gramático por último referido
("pode vir"), e pelo que se verifica do uso normal em textos que se subordinam ao padrão culto da
língua, referendado por exemplos de autores abalizados e insuspeitos, o mais adequado é
considerar que, em situações desse jaez, o pronome pode vir em uma de duas posições: ou em
próclise, por observância da atração da palavra respectiva, ainda que remota, ou em ênclise, com
base na realidade mais direta e palpável de que, objetivamente, não há, próxima, palavra alguma
atrativa.

9) Bem por isso, o exemplo citado de Machado de Assis também poderia ter sido escrito na estrita
conformidade com as normas das palavras atrativas — no caso um pronome relativo com ligação
direta de sentido com o verbo e o pronome átono — em atração pronominal remota.

10) Assim, no caso, será também correto dizer: "Mas a primeira parte se trocou por intervenção do
Tio Cosme, que, ao ver a criança, lhe disse entre outros carinhos..."

11) E, de modo bem prático, no caso da consulta que motivou estas considerações, estão corretos
ambos os exemplos: a) "Contou-nos que, depois de tudo, o amava ainda"; b) "Contou-nos que,
depois de tudo, amava-o ainda".

______________

Publicado originalmente em 30/09/2009.

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11/02/2019 Colocação de pronomes – Caso prático - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Colocação de pronomes – Caso prático


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor N. R. M. envia a seguinte dúvida para a seção Gramatigalhas:

"Prezado Dr. José Maria: Como vai? Se me permite, quero tirar uma pequena dúvida de
português. Acabo de escrever a seguinte mensagem a um amigo: 'Escrevo para lembrá-lo de
que (...)'. Tenho algumas dúvidas sobre o uso da próclise - embora seu livro seja bem
elucidativo a respeito. A frase em questão está correta, ou o correto seria 'Escrevo para o
lembrar de que (...)', considerando que o 'para' atrai o pronome? Desculpe-me pelo incômodo.
Forte abraço."

1) Um leitor indaga, em síntese, qual das construções é a correta: a) "Escrevo para lembrá-lo de que
(...)"; b) "Escrevo para o lembrar de que (...)".

2) Para não haver dúvidas, é oportuno reafirmar que, em tese, um pronome pessoal oblíquo átono
pode-se colocar em três posições na frase: (i) antes do verbo, ou seja, em próclise ("Não me
amole!"); (ii) no meio do verbo, ou seja, em mesóclise ("Dir-se-á que não trabalhamos"); (iii) após o
verbo, ou seja, em ênclise ("Deram-me notícia falsa").

3) No caso trazido para análise, uma primeira observação: não se há de falar em mesóclise, já que
esta só pode existir com o verbo em um de dois tempos: futuro do presente e futuro do pretérito. E
uma segunda observação: o verbo dos dois exemplos sob apreciação está no infinitivo.

4) E uma análise técnica revela que o leitor quer saber, em última análise, como se coloca o
pronome, quando uma preposição (no caso para) precede um verbo no infinitivo (no caso lembrar):
em próclise ou em ênclise?

5) Ora, para os verbos no infinitivo, existe, por um lado, a lição de Cândido de Figueiredo, segundo a
qual "as preposições pertencem à categoria das partículas que influem geralmente na colocação dos
pronomes pessoais atônicos, atraindo-os".1

6) Exemplos colhidos pelo mencionado autor em autorizados escritores de nosso idioma, entretanto,
revelam que, quando se tem um infinitivo precedido de preposição, a colocação do pronome átono,
em última análise, não se faz em próclise necessária, mas constitui caso de colocação facultativa, a
saber, antes do verbo (em próclise) ou depois dele (em ênclise). Exs.: a) "Até chegou a me dar
casa..." (Machado de Assis); b) "... obriga o procurador a respeitar-lhe as cláusulas" (Rui Barbosa);
c) "... era bastante para sacudir-me da Tijuca" (Machado de Assis); d) "Chamou-me um escravo
para me servir o doce" (Machado de Assis); e) "Ficou Maria Henriqueta livre por se ver livre do

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11/02/2019 Colocação de pronomes – Caso prático - Gramatigalhas

suborno da mãe" (Camilo Castelo Branco); f) "Senhor, morro por unir-me convosco" (Padre Manuel
Bernardes); gi) "... não faltaria Deus em lhe dar um bom dia" (Padre Antônio Vieira).

7) Fixada, assim, a regra de que o infinitivo precedido de preposição permite a colocação facultativa
do pronome átono em próclise ou em ênclise, pode-se dizer, quanto à indagação que motivou estas
considerações, que estão corretas ambas as formas trazidas pelo leitor: a) "Escrevo para lembrá-lo
de que (...)"; b) "Escrevo para o lembrar de que (...)".

______________

1 FIGUEIREDO, Cândido de. O Problema da Colocação de Pronomes. 6. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1937, p.
320.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Com certeza ou Certamente? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Com certeza ou Certamente?


quarta-feira, 4 de maio de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Paulo Tadeu Campos Ferreira envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Enfim, a onipresente expressão 'com certeza', que aparece em todos os meios de


comunicação, dita por (quase) todo tipo de pessoa, significando concordância com alguma
coisa, está correta? Não seria mais adequado o emprego da palavra 'certamente'?"

1) Um leitor indaga se é correta a expressão com certeza, tão empregada nos dias de hoje, ou se é
mais adequada a palavra certamente.

2) Em termos históricos, sobre um exemplo como "Ele falava de modo humilde", podem-se fazer as
seguintes considerações: a) tal frase pode ser alterada para "Ele falava de mente humilde" (em latim,
mens, mentis, que significa pensamento); b) ou, então, "Ele falava de humilde mente"; c) com o
passar dos tempos, a palavra mente passou a ser considerada como mero sufixo do adjetivo em tais
casos1; d) e a palavra resultante dessa junção passou a ser empregada como um advérbio
(humildemente).

3) No português atual, quanto à estrutura e formação, esse assunto passa pelo seguinte raciocínio:
a) parte-se, de início de adjetivos como sábio, cristalino e humilde; b) flexionando-se tais adjetivos
para o feminino, surgem sábia, cristalina e humilde (este último adjetivo é uniforme, ou seja, tem a
mesma forma para o masculino e para o feminino); c) a esses adjetivos no feminino, acrescenta-se o
sufixo mente; d) chega-se, então, aos advérbios (normalmente de modo) sabiamente, cristalinamente
e humildemente.

4) De modo específico para a indagação do leitor: a) imagine-se o exemplo "Ele vai à festa com
certeza"; b) essa frase equivale a dizer "Ele vai à festa de modo certo"; c) ou, ainda, "Ele vai à festa
certamente"; d) todas essas expressões são igualmente corretas, e nada se pode apontar de
equívoco em nenhuma delas.

5) Com essas ponderações como premissas, uma primeira observação: não se deve impingir
reprovação alguma ao emprego do circunlóquio com certeza. Ele não é novidade no idioma, nem
modismo. Para comprovar a realidade dessa afirmação, lembram-se aqui os versos de antiga canção
da inesquecível Amália Rodrigues: "É uma casa portuguesa, com certeza! Com certeza, é uma
casa portuguesa!".

6) Uma segunda observação: o fato de se constatar, atualmente, um real abuso no emprego dessa
expressão, capaz de sugerir uma indicação de maior moderação na fala, não é motivo para sua

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11/02/2019 Com certeza ou Certamente? - Gramatigalhas

condenação, como se fosse um equívoco. Já os latinos diziam que o abuso não pode impedir o uso
(abusus non tollit usum), e o provérbio se aplica ao caso com perfeição.

7) Uma terceira e última observação: embora com frequência seja objeto de indagação dos leitores,
afirme-se com todas as letras: não existe a grafia concerteza em nosso léxico.

__________________

1 CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999, p. 258.

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11/02/2019 Com nós – Existe? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Com nós – Existe?


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Victor Andrade envia a seguinte mensagem ao autor de Gramatigalhas:

"Professor, a frase 'O juiz falou com nós' está correta? O correto não seria 'O juiz falou
conosco'?"

1) Precedidos da preposição com, os pronomes nós e vós formam conosco e convosco.

2) Permanecem, contudo, as formas com nós e com vós, se tais pronomes vêm seguidos de outros,
todos, mesmos, próprios ou oração adjetiva. Exs.: a) "O juiz falou com nós" (errado); b) "O juiz falou
conosco" (correto); c) "O juiz falou com nós todos" (correto); d) "Ele não falou justamente com nós,
que lhe demos tanto apoio" (correto).

3) A tal lista de palavras que não deixam o pronome submeter-se à aglutinação, Júlio Nogueira
acrescenta ambos: com nós ambos, e não conosco ambos.

4) Esses vocábulos que acarretam a mencionada aglutinação são denominados por Luiz Antônio
Sacconi "palavras reforçativas".

5) Atente-se à síntese de Antenor Nascentes: "Embora regidos da preposição com os pronomes nós
e vós assumam as formas nosco, vosco, deixam de assumi-las quando modificadas por todos,
outros, mesmos, próprios, ambos. Assim dir-se-á: com nós mesmos, com vós todos etc.".

6) Para Domingos Paschoal Cegalla, "diz-se com nós quando esse pronome vem seguido de
palavra reforçativa ou de numeral". Exs.: a) "Terá de entender-se com nós mesmos"; b)
"Preocupamo-nos mais com ele do que com nós próprios"; c) "Discutia e brigava com nós todos"; d)
"Ele saiu com nós duas".

7) Para Edmundo Dantès Nascimento, "não se empregam por eufonia as formas conosco e
convosco seguidas de mesmo ou próprio".

8) Também é oportuno citar a lição de Vitório Bergo no sentido de que, "não só por uma questão de
eufonia, senão também, ao que parece, pela conveniência de assinalar a utonomia do pronome vós,
confundido na forma composta, prefere-se a combinação com vós quando vem ele modificado por
adjetivo". Excepciona, contudo, tal gramático: "há também exemplos, embora raros, daquela
reminiscência do ablativo latino seguida de determinativo", alinhando exemplos, que realça serem
raros, de abalizados autores: a) "Queria ver-vos mais generoso convosco mesmo" (Camilo Castelo
Branco); b) "E, se o valor de vossos amadores houver de ser igual convosco mesma..." (Camões).

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11/02/2019 Com nós – Existe? - Gramatigalhas
9) Assim também para Silveira Bueno: "Não há erro algum em dizer... conosco mesmos, conosco
próprios, expressões tão corretas quanto com nós mesmos, com nós próprios. É, porém, mais
eufônica a separação:com nós mesmos, com nós próprios. Note bem: ambas as maneiras são
corretas; esta última é apenas mais harmoniosa".

10) Também após ensinar, por um lado, que "os pronomes pessoais oblíquos, quando regidos pela
preposição com, assumem as formas comigo, contigo, consigo, conosco, convosco", o
gramático Sílvio Elia complementa, por outro lado, que, "modificados por atributo ou oração
relativa,... decompõem-se conosco e convosco em com nós e com vós". Em seguida, entretanto,
invocando lição de Sousa da Silveira, realça ele que "tal regra não é absoluta, pois, em tais casos,
também se encontra o emprego de conosco e convosco, inclusive em Camões".

11) Ante a divergência entre os estudiosos, fica-nos a liberdade de empregar, em tais casos, a forma
aglutinada (conosco e convosco) ou a forma analítica (com nós e com vós).

12) Sob outro aspecto, em interessante observação, adverte Sousa e Silva que "as formas comigo,
contigo e consigo não se decompõem nunca": comigo mesmo, contigo mesmo, consigo mesmo.

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11/02/2019 Com ressalva ou Com ressalvas? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Com ressalva ou Com ressalvas?


quinta-feira, 7 de abril de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Corina Queiroz envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Trabalho como revisora de português e frequentemente me deparo com dúvidas peculiares


do texto jurídico, que, todavia, não são fáceis de serem dirimidas. Assim, logo que conheci
seu Manual de Redação Jurídica, comprei-o para facilitar meu trabalho. Porém não encontrei
nele resposta para uma antiga dúvida, que ninguém sabe responder. Nos processos de
prestação de contas, qual é a forma correta: aprovação com ressalva ou com ressalvas?
Desde já, agradeço pela atenção. Respeitosamente."

1) Uma leitora, que trabalha como revisora de português no TSE, indaga qual é a forma correta para
os processos de prestação de contas em eleições: aprovação com ressalvaou aprovação com
ressalvas?

2) Ora, uma prestação de constas de um candidato em eleições pode ter um de três resultados: a)
ser aprovada; b) ser rejeitada; c) ser aprovada com ressalva.

3) No que concerne à última possibilidade, a ressalva significa que a aprovação ocorreu, mas ficou
uma observação que evidencia a existência de alguma irregularidade, embora esta não tenha sido
reputada capaz de inviabilizar a aprovação.

4) Imagine-se, por hipótese, um rol não exaustivo de irregularidades que podem ser encontradas em
uma prestação de contas: a) um pequeno atraso na apresentação final delas; b) omissão de
prestação parcial, embora sem comprometimento do resultado final; c) inocorrência, em dez dias a
contar da emissão do respectivo CNPJ, da abertura de conta bancária por onde transitassem os
recursos para a campanha eleitoral; d) detecção de impropriedades que, todavia, não impediram o
efetivo exame contábil e financeiro dos gastos havidos durante a campanha.

5) E, em um caso concreto e específico, a) ou pode ser detectada apenas uma dessas situações,
que constitua uma irregularidade, mas não impeça a aprovação; b) ou, então, podem ser
encontradas duas ou mais delas, com idêntico resultado final.

6) Se encontrada apenas uma dessas irregularidades, as contas serão aprovadas com ressalva; se,
porém, mais de uma dessas irregularidades for detectada, então as contas serão aprovadas, mas
com ressalvas. Vale dizer: para cada irregularidade se atribuirá uma ressalva.

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11/02/2019 Como se lê? 83,47% - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Como se lê? 83,47%


quarta-feira, 27 de maio de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Iracema Palombello envia-nos a seguinte mensagem:

"Prof. José Maria: como é que se diz 83,47% por extenso? A vírgula tem que ser
pronunciada?"

O leitor Wilson Pinheiro Jabur, do escritório Neumann, Salusse, Marangoni Advogados,


também se manifesta sobre o mesmo assunto:

"Prezado Dr. José Maria da Costa, trago duas dúvidas em uma: qual é a forma correta de se
escrever por extenso 0,3%? (trinta centésimos por cento ou trinta centésimos percentuais?).
Deve-se dizer por cento ou percentuais? Na expectativa de seu esclarecimento, subscrevo-me
atenciosamente".

Gramatigalhas - Como se lê 83,47%?

1) Há diversas regras importantes e interessantes para a leitura dos numerais e para sua escrita por
extenso, como, por exemplo, a que determina a interposição da conjunção e entre as centenas e as
dezenas e entre estas e as unidades. Em decorrência dela é que o número 2.662.385 é lido e escrito
por extenso do seguinte modo: dois milhões seiscentos e sessenta e dois mil trezentos e oitenta e
cinco.

2) No caso das consultas, o mais lógico é pensar, por primeiro, na existência de um modo mais
conceitual e apurado de dizer e escrever:

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI24539,91041-Como+se+le+8347 1/2
11/02/2019 Como se lê? 83,47% - Gramatigalhas
a) 83,47%: oitenta e três inteiros e quarenta e sete centésimos por cento;

b) 0,3%: três décimos por cento.

3) A par desse modo mais clássico, também se posta um outro mais simples, direto e igualmente
correto:

a) oitenta e três vírgula quarenta e sete por cento;

b) zero vírgula três por cento.

4) Observe-se, porém, o que, de fato, se dá nesses casos: de cada cem unidades, estou-me
referindo a 83,47 delas no primeiro caso e a três décimos de unidade no segundo caso. Por isso é
que digo o número e acrescento a expressão por cento. Vê-se, porém, com facilidade, que não faz
sentido substituir tal expressão pelo adjetivo percentual, o qual serviria para dar uma qualidade e não
para indicar que os números referidos são extraídos de um lote de cem unidades.

5) Observe-se, por fim, que, obedecidas certas regras mínimas de correção, não parece adequado
entender que as normas de Gramática devam vir para atrapalhar as questões e o próprio viver
quotidiano, e sim, muito mais, para ordenar o modo de escrever e falar, a fim de que a escrita e a fala
sejam efetivos instrumentos para transmissão das idéias.

____________

Publicado originalmente em 24/05/2006

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11/02/2019 Como tal ou Como tais? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Como tal ou Como tais?

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Como tal ou Como tais?


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Bruno Anunciação Rocha envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Estou com dúvida em relação à expressão 'como tal'. Das seguintes frases, qual é a correta?
1) As pessoas que proferem esses discursos, embora não sejam ignorantes, preferem agir
'como tal'. 2) As pessoas que proferem esses discursos, embora não sejam ignorantes,
preferem agir 'como tais'."

1) Um leitor, dizendo-se em dúvida quanto ao emprego da expressão como tal, indaga qual forma é
correta entre as duas frases seguintes: a) "As pessoas que proferem esses discursos, embora não
sejam ignorantes, preferem agir 'como tal'"; b) "As pessoas que proferem esses discursos, embora
não sejam ignorantes, preferem agir 'como tais'".

2) Ora, um dos possíveis empregos da palavra tal é seu uso como pronome demonstrativo,
exatamente como ocorre no caso trazido pelo leitor.

3) E, assim, veja-se o que acontece, se, com esse pensamento, se tenta substituir o vocábulo tal por
um outro pronome demonstrativo: a) "As pessoas que proferem esses discursos, embora não sejam
ignorantes, preferem agir 'como este'" (errado); b) "As pessoas que proferem esses discursos,
embora não sejam ignorantes, preferem agir 'como estes'" (correto).

4) Com esse raciocínio, não é difícil constatar o que é certo e o que é errado com a expressão
trazida pela dúvida do leitor: a) "As pessoas que proferem esses discursos, embora não sejam
ignorantes, preferem agir 'como tal'" (errado); b) "As pessoas que proferem esses discursos, embora
não sejam ignorantes, preferem agir 'como tais'" (correto).

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https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI292342,21048-Como+tal+ou+Como+tais 1/2
11/02/2019 Complemento Nominal – Quando se refere a um substantivo - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Complemento Nominal – Quando se refere a um substantivo

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Complemento Nominal – Quando se refere a um


substantivo
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Marco Aurélio Mello envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Prezado professor, gostaria de esclarecimento acerca de complemento nominal precedido de


três substantivos. Especificamente, gostaria de me informar se o complemento nominal pode
ser considerado complemento dos três termos anteriores. Para ilustrar a questão, registro o
texto que se segue: 'O ato foi uma reação específica às ações da Anistia Internacional, que
vinha denunciando e cobrando esclarecimentos sobre violações de direitos humanos, como
torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores'. Nesse exemplo, 'de opositores'
pode ser considerado complemento dos termos 'assassinato', 'desaparecimentos' e 'torturas'
ou só pode ser considerado complemento do último termo, ou seja, complemento tão somente
do termo 'assassinatos'?"

1) Um leitor parte do seguinte exemplo: "O ato foi uma reação específica às ações da Anistia
Internacional, que vinha denunciando e cobrando esclarecimentos sobre violações de direitos
humanos, como torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores". E indaga se, nesse
exemplo, "de opositores pode ser considerado complemento dos termos assassinato,
desaparecimentos e torturas, ou só pode ser considerado complemento do último termo, ou seja,
complemento tão somente do termo assassinatos".

2) Louve-se, desde logo, o nível da questão trazida pelo leitor. Há indagações sem maior
complexidade, que clamam por soluções também simples, como as de acentuação ou grafia. Mas
questões como essa – atinente a uma das mais difíceis funções sintáticas, que é o complemento
nominal representado por expressão preposicionada que inteira o sentido de um substantivo –
demonstram, por si sós, o nível de formação gramatical do leitor que as formula.

3) De início, vejam-se dois exemplos, aqui dados para melhor entendimento da questão: a) "O amor
de mãe é elemento básico para um crescimento saudável"; b) "O amor à mãe é um sentimento cuja
recompensa a Bíblia registra".

4) Nesses dois casos, pode-se afirmar que de mãe e à mãe são duas expressões precedidas de
preposição (de e a), as quais completam substantivos (amor, em ambas as situações).

5) Ora, quando uma expressão preposicionada completa um substantivo, o que se tem, no plano da
sintaxe, ou é um complemento nominal, ou é um adjunto adnominal. E distinguir qual seja sua
função, nesses casos, não é algo tão simples.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI216078,51045-Complemento+Nominal+Quando+se+refere+a+um+substantivo 1/3
11/02/2019 Complemento Nominal – Quando se refere a um substantivo - Gramatigalhas
6) O segredo é raciocinar do seguinte modo: se a expressão preposicionada é o alvo, destinatário ou
paciente do que diz o substantivo cuja significação é por ela inteirada, então ela é um complemento
nominal. Na prática, quando se diz amor à mãe, a expressão à mãe é o alvo ou o destinatário do
amor. Então esse termo é um complemento nominal.

7) Já quando se diz amor de mãe, o circunlóquio de mãe não é alvo, destinatário ou paciente – e sim
autor – do amor. Então ela não é complemento nominal, mas adjunto adnominal. No plano da
morfologia, diz-se que ela é uma locução adjetiva, a qual, com frequência, pode até mesmo ser
substituída por um adjetivo. No caso, amor de mãe é o mesmo que amor materno ou amor maternal.
Mas pode acontecer que, mesmo sendo tecnicamente uma locução adjetiva, não tenha ela um
adjetivo equivalente.

8) Acrescente-se que um substantivo pode ter em mesma frase tanto um adjunto adnominal como
um complemento nominal, como se dá no seguinte exemplo: "O amor de Jesus às criancinhas
merece reflexão". Por um lado, de Jesus é adjunto adnominal de amor; por outro, às criancinhas é
complemento nominal também de amor.

9) Importa, ainda, observar que o substantivo inteirado pelo complemento nominal normalmente
corresponde a um verbo transitivo: a) amor de mãe significa amar a mãe; b) reação às ações quer
dizer reagir às ações; c) violação de direitos situa-se no mesmo campo de significado de violar
direitos; d) tortura de opositores tem a ver com torturar opositores; e) assassinato de opositores
pode transformar-se em assassinar os opositores.

10) Voltemos, então, ao exemplo do leitor. Já no começo da frase, podemos encontrar dois outros
casos que merecem consideração: a) reação às ações; b) violações de direitos. Em ambos, as
expressões em realce (i) são preposicionadas, ii) inteiram o significado de um substantivo, e iii) são
os alvos, destinatários ou pacientes do que dizem os substantivos inteirados por elas. Tais
expressões, por conseguinte, são complementos nominais.

11) Em seguida, centremo-nos em considerar o excerto "torturas, desaparecimentos e


assassinatos de opositores". Pelo sentido que transparece claramente, podemos especificar
melhor, tornando-a três expressões: a) torturas de opositores; b) desaparecimentos de
opositores; c) assassinatos de opositores. Em todas elas, de opositores (i) é uma expressão
preposicionada, (ii) que inteira o sentido de substantivos (torturas, desaparecimentos e
assassinatos) e (iii) é o alvo, destinatário ou paciente do que diz o substantivo completado por ela.
Tais expressões, por conseguinte, são complementos nominais.

12) Por fim, no plano sintático, respondendo especificamente à indagação, tal como lançada pelo
leitor, podem-se lançar as seguintes conclusões: i) por um lado, é possível considerar, para os dois
primeiros casos, que os substantivos são completados por uma expressão preposicionada oculta, a
saber, de opositores, a qual se repete, de modo silencioso, em nossa mente, quando perpassamos
por cada qual das expressões; b) também não há empecilho algum a se reputar que se está diante
de um caso em que três substantivos são inteirados, em sua significação, por um mesmo
complemento nominal; c) não se pode, todavia, ter a expressão de opositores como complemento
nominal apenas de assassinatos, sob pena de se deixar no vazio e sem adequada complementação
o sentido dos demais substantivos, a saber, torturas e desaparecimentos, que, como não é difícil
perceber, clamam por uma complementação, quer no campo da significação, quer na esfera da
sintaxe.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI216078,51045-Complemento+Nominal+Quando+se+refere+a+um+substantivo 2/3
11/02/2019 Complemento Nominal – Quando se refere a um substantivo - Gramatigalhas
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Concebeu o ou Concebeu ao? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Concebeu o ou Concebeu ao?

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Concebeu o ou Concebeu ao?


quarta-feira, 13 de abril de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Leno Lobato de Carvalho envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Olá pessoal, quero saber qual a construção correta: 'concebeu o Príncipe da Paz' ou
'concebeu ao Príncipe da Paz' (Jesus Cristo)'. Grato!"

1) Um leitor indaga, em síntese, qual das duas construções é correta: a) "Concebeu o Príncipe da
Paz"; b) "Concebeu ao Príncipe da Paz".

2) Antes de responder diretamente ao leitor, formulam-se dois exemplos para uma melhor
explanação didática: a) "O juiz sentenciou o processo"; b) "O documento pertence aos autos".

3) Quanto ao primeiro exemplo – "O juiz sentenciou o processo" – podem-se fazer as seguintes
considerações: a) o complemento (o processo) não está precedido de preposição obrigatória; b) a
ação passa (ou transita) para o verbo diretamente (isto é, sem auxílio obrigatório de preposição); c)
por isso o verbo se chama transitivo direto; d) também por isso, o complemento verbal (o processo) é
um objeto direto.

4) No segundo exemplo – "O documento pertence aos autos" – podem-se extrair as seguintes
conclusões: a) o complemento (aos autos) está precedido de preposição obrigatória; b) a ação passa
(ou transita) para o verbo indiretamente (ou seja, com o auxílio obrigatório de preposição); c) por isso
o verbo se chama transitivo indireto; d) também por isso, o complemento verbal (aos autos) é um
objeto indireto.

5) Ocorre que determinadas expressões – como adorar ao Criador, amar a Deus e louvar ao Senhor
– apresentam um verbo transitivo direto, mas estes têm, com frequência, seus objetos diretos
precedidos de preposições não obrigatórias, e isso pelas seguintes razões: a) por ênfase, reverência
e respeito ("Ele ama a Deus sobre todas as coisas"); b) porque o complemento vem representado
por um pronome oblíquo tônico ("Nem ele entende a nós, nem nós, a ele"); c) para evitar confusão de
sentido, principalmente em casos de inversão dos termos da oração ("A Abel matou Caim").

6) Nesses casos, é importante não esquecer: a) mesmo com objetos diretos preposicionados, os
verbos continuam transitivos diretos, de modo que não passam a transitivos indiretos; b) de igual
forma, o complemento é objeto direto preposicionado, e não objeto indireto.

7) Para quem, nesses casos, tem dificuldade exatamente em reconhecer qual é a transitividade do
verbo, é bom lembrar, em termos bem práticos, que o verbo transitivo direto normalmente admite
passagem para a voz passiva, enquanto o transitivo indireto, por via de regra, não a admite.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI237501,11049-Concebeu+o+ou+Concebeu+ao 1/2
11/02/2019 Concebeu o ou Concebeu ao? - Gramatigalhas

8) Assim, o exemplo "O juiz sentenciou o processo" admite ser transformado em "O processo foi
sentenciado pelo juiz". Já o exemplo "O documento pertence aos autos" não admite passagem para
a voz passiva, o que é sinal inconfundível de que pertencer não é transitivo direto.

9) Do exemplo do leitor, já ligeiramente reformulado para maior facilidade didática – "Ela concebeu o
Príncipe da Paz" – podem-se extrair as seguintes conclusões, a partir das ponderações já feitas nos
itens anteriores: a) ela é o sujeito e Príncipe da Paz é o objeto direto; b) o verbo é transitivo direto; c)
afirma-se, sem dúvida, que o verbo é transitivo direto, quando se percebe que o exemplo pode ser
passado para a voz passiva ("O Príncipe da Paz foi concebido por ela"); d) o exemplo assim
formulado é correto e tem seu objeto direto normal; e) por uma questão de ênfase, reverência e
respeito, entretanto, também se pode dizer "Ela concebeu ao Príncipe da Paz"; f) nesse caso, tem-
se um objeto direto preposicionado; g) como já se viu, o verbo, no exemplo, continua sendo transitivo
direto.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
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11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Concertar ou consertar?

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Concertar ou consertar?
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Inúmeros leitores manifestaram-se a respeito de matéria recentemente publicada neste


informativo virtual, como se verifica a seguir:

"Olá a todos os colegas desse excelente informativo! Penso que deve ter havido algum erro de
digitação no texto '...Ou seja, concertando o que deve ser concertado (p. ex. crédito imobiliário),
mas sem aumentar impostos.' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")!... Certamente foi digitação,
mas vale a pena 'consertar'! Abraços." Lucia Roscio

"No Boletim 'Migalhas' de hoje (1.828 – 29/1/08 – "EUA"), matéria sobre o discurso de Bush, o
termo 'concerto' não deveria ser 'conserto'?" Jose Roberto Teixeira

"'Ou seja, concertando o que deve ser concertado (p. ex. crédito imobiliário), mas sem aumentar
impostos'. Concertando o que deve ser concertado! Eis como se encontra grafado in EUA
'Migalhas 1.828' (29/1/08)." Luiz Antonio de Camargo

"Estou recebendo há poucos dias o seu informativo e não sei se é comum o que estou fazendo,
mas lá vai... Na notícia publicada 'EUA' (Migalhas 1.828 – 29/1/08), vocês escreveram
'concertando'? Consertando é com 's'..." Zilda Hercules – escritório Loeser e Portela Advogados

"'Concertando o que deve ser concertado' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")? Socorro! Cadê os
esses?" Otavio Pinto e Silva – escritório Siqueira Castro Advogados

"Ilustres redatores: O emprego do termo 'concerto' na edição de hoje lançou a semente da


dúvida... 'Ou seja, concertando o que deve ser concertado' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA").
Não seria mais apropriada a grafia 'Conserto' para o caso?" Marcos Martins

"Saiu no Migalhas (1.828 – 29/1/08 – "EUA"): Ou seja, concertando o que deve ser concertado (p.
ex. crédito imobiliário), mas sem aumentar impostos... Haja orquestra pra tanto CONCERTO,
hein?" José Maciel da Silva

"Sr. Diretor: Cem chibatadas ao redator, e mais cem no revisor, que abrem o Migalhas de hoje
grafando a palavra 'concertando' e 'concertado' com c, ao invés de s (Migalhas 1.828 – 29/1/08 –
"EUA"). Eles Não estão dispostos a trabalhar, e sim a fazer música..." Silvia Dias

"EUA: Ao tratar do discurso do presidente americano no Congresso, este prestigioso informativo


trouxe uma frase ímpar: 'Ou seja, concertando o que deve ser concertado (p. ex. crédito
imobiliário), mas sem aumentar impostos' (Migalhas 1.828 – 29/1/08). Soou como música."
Sérgio Guillen

"Olá! Apenas uma observação: a grafia correta de 'consertar' no sentido de reparação é com 'S' e
não com 'C' (concertando), como está na primeira migalha (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA").

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI54030,21048-Concertar+ou+consertar 1/6
11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas
Atenciosamente," Maíra Tosetti Fragoso - Unibanco

"Amigos deste poderoso rotativo, Espanta-me ver na primeira das migalhas lançadas (denominada
'EUA'), o uso errado da grafia do verbo 'consertar' - não apenas uma, mas duas vezes (Migalhas
1.828 – 29/1/08). Afinal, é usual a elegância e fineza dispensada na redação destas migalhas.
Desta vez, contudo, faltou atenção. Um abraço," Lucas Braun – escritório Mattos Filho, Veiga
Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados

"Villa-Lobos diria que a 'nota' EUA é uma sinfonia (Migalhas 1.828 – 29/1/08)!" Emerson Matioli
– escritório Biazzo Simon Advogados

"Prezados, Adoro ler o Migalhas, sou super fã do informativo desde seu início (Migalhas 1.828 –
29/1/08 – "EUA"). Mas não pude deixar de observar um erro terrível no editorial de hoje:
'concertando o que deve ser concertado'. O correto é 'consertar', com 's'! Um abraço," Daniela
Camara Maurer - departamento jurídico, Grupo Schahin

"A edição de hoje (29/1), de número 1.828 ("EUA"), começa com um texto sobre o discurso do
presidente norte-americano George W. Bush. Gostaria de questionar se realmente está escrito
correta a frase 'concertando o que deve ser concertado', tudo com 'c' ou se o mais correto não
seria com 's'? Afinal, como se costuma dizer, concerto com 'c' se trata de uma apresentação
musical. Busquei em meu dicionário e não localizei uma definição em que se aplicasse essa forma
de grafia para este contexto. Obrigado." José Maria de C. Ferreira Jr.

"'Concertando o que deve ser concertado' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")?" Ricardo Morais
Tonin – escritório Lobo & De Rizzo Advogados

"(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA") 'Concertando o que deve ser concertado' (clique aqui)?"
Marcio Jose Galli

"Prezados, Acredito que a palavra 'conserto' no sentido de reparar/emendar/corrigir alguma coisa


não poderia ser grafada como foi no primeiro comentário do Migalhas de hoje, 29/1 (1.828
–"EUA"): 'Ou seja, concertando o que deve ser concertado (p. ex. crédito imobiliário), mas sem
aumentar impostos...' Entendo que a palavra 'concerto' refere-se a apresentação musical;
consonância de instrumento ou de vozes no canto. Por favor, me 'consertem' se eu estiver
errada!" Angela Guedes - Banco Standard de Investimentos S.A.

"Boa tarde. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que não sou professora da língua
portuguesa e estou adorando ler o Migalhas, mas me 'doeu' os olhos, sobre o texto 'EUA', sobre a
fala do presidente norte-americano, onde diz (concertando o que deve ser concertado) – o correto
seria com s, ou seja, consertando o que deve ser consertado (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA").
Só um alerta. Como milhares de pessoas lêem, mais cuidado com os erros. Mesmo assim, estão
de parabéns! Atenciosamente" Sueli Gonçalves - Recursos Humanos, Modelação Sorocabana
Ltda.

"(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA") Então temos uma boa questão para Gramatigalhas:
'consertar' ou 'concertar'? Quando usar cada verbo?" Otavio Pinto e Silva – escritório Siqueira
Castro Advogados

"Migalhas, Os EUA serão apenas uma sinfônica? Ou o que Bush prende é 'consertar' a situação?
Neste texto sim: há que o aprender (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")." Rogerio Mondin
Pissinati – escritório Salgado Setubal, Ruschmann, Soriano de Oliveira & Woiler Advogados

"Prezados, na matéria EUA (Migalhas 1.828 – 29/1/08): no texto em vez de concertando, não
seria 'consertando'?" Selma Aparecida Antonio

"Dúvida: o concertando seria o mesmo de ajuste (Migalhas 1.828 – 29/1/08)?" Selma Aparecida
Antonio

"Em 2007 quando o mundo conheceu a palavra ‘subprime’ para designar as hipotecas de alto
risco, o grande jornal Migalhas deveria ter deixado de aplicar nas bolsas americanas e colocar seu
santo dinheirinho no etanol brasileiro. Pois é, não fez isso e ainda veio ontem elogiar o sistema
político norte-americano quando todo mundo está de olho é em quem está descolado da crise, ou
seja, países como o Brasil (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"). Assim, melhor ouvir o Sivuca
'concertando o que deve ser concertado' (que é o frevo 'Come e Dorme' do inesquecível maestro
Nelson Ferreira) do que tentar consertar o que parece não ter mais conserto. Que o redator da
migalha seja punido executando passos do frevo: 500 'dobradiças' ao som do 'Come e Dorme';
300 'capoeiras' ao som do 'Luzia no Frevo' e mais 200 'tesouras' ao som do 'Vassourinhas', tudo
isso subindo a Ladeira da Misericórdia em Olinda. Abraços" Abílio Neto
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI54030,21048-Concertar+ou+consertar 2/6
11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas
"Concertando com 'c' é brabo! Num site jurídico, pior ainda (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")!"
Lúcia Tostes Mottin

"Prezado Editor. A propósito do texto do Migalhas (1.828 – 29/1/08 – "EUA"): Concertando? No


sentido de reparando ou entrando em acordo? A frase contém duas negativas em seqüência, fica
em dúvida, inicialmente qual a interpretação a ser dada ao texto. Atenciosamente." Ednardo
Souza Melo

"Caros colegas, As palavras concertando e concertado são grafadas com 's' e não com 'c' como
estão escritas na nota (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"). Creio ter sido lapso desse formidável
canal de informações. Um abraço" Ronaldo Pereira Dias

"Prezado redator, para que o Sr. Bush possa ver efetivadas as idéias orquestradas em seu
discurso, não deveria, pois, ir 'consertando o que deve ser consertado' (Migalhas 1.828 – 29/1/08
– "EUA")?" Andrea Bitencourt Gomes Ribeiro

"Desculpem a dúvida, mas o contexto da nota ‘EUA’ não ficou muito claro (Migalhas 1.828 –
29/1/08). Bush vai fazer uma grande harmonização, uma espécie de corrente pra frente em
relação ao crédito imobiliário (concertando, assim, forças em volta disso) ou vai fazer ajustes,
adequações (consertando, assim, a questão do crédito imobiliário)? Logicamente, na dúvida, dei a
interpretação mais favorável. Mas o que a matéria quis efetivamente dizer? Porque a frase
'concertando o que deve ser concertado, mas sem aumentar impostos' remete muito mais à idéia
de fazer ajustes, adequações, o que seria um sério equívoco de português." Jorge Luiz Ribeiro
de Medeiros

"Prezado sr. Redator. Na nota 'EUA' (Migalhas 1.828 – 29/1/08), destaco o 'concerto' (sinfônico?)
de Bush, que reclama um conserto, de concerto com a correta ortografia. Saudações." Álvaro
Lorencini

"Caros amigos do Migalhas. Consertando com 'c' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")? Acho que
os revisores levarão chibatadas, muitas chibatadas! A não ser que os EUA vão conSertar sua
economia à base de música. Abraços." Edir de Almeida

"(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA") Demitam este Músico! Claro que o mesmo ficará
desconsertado!" Giseldo Carlos

"Prezado chefe de redação, Por favor, coloque o açoite em atividade contra um de seus infelizes
redatores deste solerte informativo. No Migalhas 1.828 (29/1/08 – "EUA"), temos um dos erros
mais grosseiros no seguinte trecho: 'Ou seja, concertando o que deve ser concertado...' Senhor,
não seria '... consertando o que deve ser consertado...'? Caso esteja eu equivocado, peço
desculpas prontamente. Obrigado" Caio Vinicius Cesar Rodrigues de Araújo

"Senhores, Boa Tarde! Pelo o que entendi do contexto da primeira migalha, 'concertando o que
deve ser concertado' não deveria ser escrito com 's' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")?
Concerto = harmonia, acordo, espetáculo. Conserto = ato de consertar, remendar. Obrigada!"
Sandra Alves Bispo

"(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA") Senhores, atenção para a correta grafia das palavras.
Concertando o que deve ser concertado = consertando e consertado. Um abraço." Paulo Marcio
Carneiro

"Polêmica do concerto/conserto (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"). Vendo a discussão sobre o


'concertando' ou 'consertando', percebi que diversos dos comentários trazem a idéia de que
concerto com C refere-se apenas à música e que o escrito com S refere-se a 'arrumar'. Entretanto,
o termo escrito com C também pode ser usado no sentido de Harmonizar, Conciliar (verificar
verbete no Houaiss e informação da Gramática), ou seja, se a intenção fosse de dar harmonia ao
mercado, não estaria equivocado o uso (apesar de concordar que o termo deveria vir com S, já
que parece trazer em si o conceito de arrumar o mercado). É importante este detalhe, pois se o
próximo revisor de Migalhas permitir o conCerto de uma porta (adornar, enfeitar a porta -
corretamente), não será demitido por crer que porta, agora, é instrumento musical. Fica também o
assunto para eventual análise do Dr. José Maria da Costa. Atenciosamente." Felipe Teixeira de
Azevedo - Unibanco

"As caras e bocas verbais com que alguns migalheiros comentaram o 'concerto', desafinado e fora
do compasso, orquestrado pela redação, leva-me a imaginá-los horrorizados, escondendo o rosto
com as mãos, soltando ui! uis! escandalizados. Calma pessoal! 'A última flor do Lácio, inculta e
bela' não foi ferida de morte. Está resistindo, bem, ao Lula e a seus 'cumpinchas' língua presa.
Atire a primeira pedra quem, batucando o teclado - mais atento ao fluxo das idéias que a qualquer
outra coisa - já não cometeu derrapagens maionésicas-léxicas idênticas. E que, maligna e
traiçoeiramente, se esconderam e escaparam à revisão do texto. Sugiro ao Migalhas que entre
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI54030,21048-Concertar+ou+consertar 3/6
11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas
com um recurso a ser apreciado por um trio de notáveis pelo seu saber lingüístico: mestre Lula da
Silva, professor Sabá e o orador sacro-natatório Pedro Simon. Se não 'consertaram' a coisa pelo
menos brindar-nos-ão com um 'concerto sem conserto'." Alexandre de Macedo Marques

"Ontem me deparei com a orquestra sinfônica do Migalhas (1.828 – 29/1/08 – "EUA"). Contive-me
e não escrevi para a redação, pois já imaginava que isso seria feito por milhares de outros
migalheiros. E assim foi... Porém, ao me deparar com a grande celeuma, verifiquei que todos os
comentários além de pertinentes, são de uma criatividade inigualável. Faço questão de
parabenizar os migalheiros José Maciel da Silva e Emerson Matioli pela sua criatividade na
correção do erro." Magda Conceição de Oliveira

"Senhor diretor, no caso do concerto consertado (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"), imploro que
nenhuma atrocidade seja cometida com o pobre redator. Isso acontece nas melhores famílias."
Armando Silva do Prado

"Senhor Diretor. Espanta-me a 'confissão' e, o que é pior, a geração de um 'bode expiatório' na


pessoa do Redator Chefe, ou do Diretor de Redação e, o que é pior dos Revisores. Eu acho que
dá para entender que está certo o 'concerto' (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA")! Veja bem: 1) o
Bush concertou (orquestrou) as mudanças na economia: 2) o Bush concertou com o Senado a
aprovação do concertado (orquestrado); 3) portanto, o Bush concertou (orquestrou) o concerto de
sua economia, que o Mundo está assistindo, com o crescimento do número de empregos nos
USA, por exemplo. Acho que não havia 'conserto' a fazer, mas efetivamente bastava guerrear com
menos tiros e viajar também um pouco menos, para concertar (orquestrar) pessoalmente os
vetores da recuperação. Senhor Diretor Geral, estou vendo-o como o Presidente do S.G., da
França, que aparentemente 'pegou' o primeiro 'Trade' que encontrou, para culpar pelas
precipitações que aparentemente cometeu!" Pedro José F. Alves

"Das 5h às 6h12 (Migalhas 1.829 – 30/1/08 – "Precisa-se")? Precisa-se de redatores ou de


padeiros? A propósito, desde que não sejam aumentados os impostos, não precisa consertar nada
(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"), assim está ótimo, vamos dar uma colher de chá para o
redator." Antônio Augusto de Almeida

"O coitado do distraído redator até que não tem tanta culpa assim (Migalhas 1.828 – 29/1/08 –
"EUA"). O Bush filho pensa que é mesmo o grande maestro da sinfonia mundial. Até que alguém
fure o bumbo dele... Continuem na berlinda dos acontecimentos. Parabéns e abraços." João
Batista Ribeiro

"Sr. Diretor. Lendo as inúmeras mensagens sobre consertando e concertando, analisando-as


como professor de língua portuguesa, concordei mais com a dúvida de José Maria de C. Ferreira
Jr. De fato, concerto é aludido como apresentação musical; mas não se poderia empregá-lo como
figura lingüística, por exemplo: acerto, ajustamento, harmonização, conciliação, arranjo,
composição, como bem o diz o Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa?
Desculpem-me, mas não vejo erro na grafia, pois depende de interpretação. Estou acostumado a
analisar textos, não somente como professor que fui; mas como advogado, principalmente quanto
a erros na interpretação de textos jurídicos, onde defendo 'in claris cessat intepretatio' (se claro o
texto cessa a interpretação) até em face de Ulpiano, que dizia 'Quanvis sit manifestissimum
edictum praetoris, attamen non est nigligenda interpretatio ejus' (embora claríssimo o dito do
pretor, contudo não se deve descuidar da interpretação respectiva), defendido por Carlos
Maximiniano. Bem! Não vi no texto de Bush qual a intenção: consertar ou acertar, ajustar,
harmonizar, conciliar etc. Logo o texto não é claro e pode-se empregar concertar S.M.J. 'data
vênia'. Atenciosamente." Olavo Príncipe Credidio

"O sujeito que escreveu a nota "EUA" (Migalhas 1.828 – 29/1/08) deve ser petista, não é? Só
pode ser, considerando que escreveu 'concertar o que deve ser concertado'. Refere-se ele a
algum concerto de câmara, de piano, de cordas?" Cristiano Carvalho

"Concertando o que deve ser concertado (Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA"). Eu também tive
ímpeto de pedir a correção da frase acima mas dei-me ao trabalho de verificar no dicionário se,
realmente, seus diligentes revisores estavam errados, pois não podia acreditar no que lia. Pois é,
como ouvi muitas vezes, quanto mais se vive mais se aprende: vocês não estavam errados,
conforme aprendi no 'Novo Dicionário' de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira que nos ensina:

Concertar (do latim concertare.)

1. Pôr em boa ordem; dar melhor disposição a; compor, ajustar, endireitar:

2. Harmonizar, conciliar.

Pelo exposto parece que fiz a melhor escolha, calando-me." Yllen Fábio Blanes de Araújo

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI54030,21048-Concertar+ou+consertar 4/6
11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas
"Depois do que escreveram os senhores Olavo Príncipe e Yllen Blanes, agora felizmente posso
dizer que vou levar meu sapato pra concerto. E quando estiver endireitado, irei com ele ao
concerto. Mas que achei esquisito, achei!" Abílio Neto

"Apesar do auê todo, essa frase com o 'concertando' não deixa de, semântica e logicamente, fazer
sentido... " Conrado de Paulo

"(Migalhas 1.828 – 29/1/08 – "EUA") Consertar o que deve ser consertado escreve-se com 's' do
verbo consertar. Abraços." Orlando Klein

"Pra começo de conversa, não sou advogado. Portanto, não posso defender o indigitado revisor a
quem, suponho, cabe recurso, ainda na esfera administrativa. Atrevo-me, porém, a apresentar
alguns argumentos em seu favor, quando mais não seja, por dever de solidariedade a um
hipossuficiente. Curiosamente, tanto consertar (com 'esse') como concertar (com 'cê') têm
significados semelhantes, tais como: endireitar, reparar, por em ordem etc (Migalhas 1.828 –
29/1/08 – "EUA"). Pelo menos assim entende o mestre Aurélio Buarque de Holanda, em seu
afamado dicionário. Já o não menos respeitado dicionário Houaiss reconhece a mesma origem
etimológica, mas faz a separação dos significados. Portanto peço clemência para o humilde
revisor para quem a notícia da demissão soará mal, fazendo com que tenha que suar a camisa
para consertar o erro que, por descuido perdoável, cometeu. Data vênia do Augusto, Divino e
Majestático Diretor." Laurence Nóbrega

É bem certo que a Redação deste informativo eletrônico assim se pronunciou:

"A alta Direção de Migalhas foi ontem obrigada a tomar medida drástica. Demitiu, ad nutum, todo
o quadro de revisão. Não sobrou nem o faxineiro do setor. Antes, porém, o chefe do departamento
foi levado à presença de nosso amado Diretor. Teria, já com seu destino selado, de explicar o que
fazia aquele "cê" no lugar do "esse" (clique aqui e veja algumas - as mais elegantes - cartas dos
leitores). O revisor, gaguejando, disse primeiro que havia, propositadamente, trocado as
consoantes para ver se os migalheiros estavam atentos no período pré-carnavalesco. Como nosso
amantíssimo líder não esboçou reação alguma, permanecendo com sua frieza austera diante do
famigerado, veio a verdadeira explicação. Ao meter as mãos na nota, ele estava apreciando a
paisagem, fato que o dispersou, já que na ocasião imaginava uma ópera, daí o conserto parecer
mais um concerto. Nosso intimorato líder, amantíssimo Diretor, ainda impassível, lembrou ao
indigitado funcionário que apreciar a paisagem é algo bem relativo, e depende do ponto de vista.
Por exemplo, disse ele num atípico didatismo, o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o
cabo na mão : 150 chibatadas, e rua."

1) Indaga-se se existe equívoco na frase: "... concertando o que deve ser concertado (p. ex. crédito
imobiliário), mas sem aumentar impostos". Ou seja: seria concertando e concertado, ou consertando
e consertado? Em resumo:

I) existem as formas concertar e consertar?;

II) em caso positivo, qual a diferença entre ambas?

2) Em termos históricos, lembra-se que concertar vem do latim concertare, ou certare, que
originalmente tinha a idéia de lutar, mas com vistas a pôr em alguma ordem, enquanto em consertar
residia com clareza a idéia de restaurar, de reparar.

3) Apesar dessa clara diferença de significado na origem, passou a não haver, no evolver de nosso
idioma, distinção entre tais vocábulos, e essa situação perdurou até 1913, quando se publicou a
segunda edição do dicionário de Cândido de Figueiredo.1

4) Na atualidade, entretanto, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela


Academia Brasileira de Letras ordena que se escreva concertar, quando se quer o significado de
harmonizar, e se use consertar, quando se pretende o conteúdo semântico de restaurar, de reparar.2
Essa distinção se espraia para todos os vocábulos pertencentes às respectivas famílias etimológicas:
concertabilidade e consertabilidade, concertado e consertado, concertador e consertador,
concertamento e consertamento, concertante e consertante, concertável e consertável, concerto e
conserto.

5) Ora, a Academia Brasileira de Letras é o órgão que detém a incumbência da lei para determinar
oficialmente a grafia das palavras em nosso léxico, de modo que sua maneira de entender é a
palavra oficial no idioma. Por isso descabe toda e qualquer discussão acerca de outras propostas de
uso dos mencionados vocábulos na atualidade.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI54030,21048-Concertar+ou+consertar 5/6
11/02/2019 Concertar ou consertar? - Gramatigalhas
6) Com essas considerações, vejam-se as grafias corretas em exemplos práticos:

I) – "Ouvi um esplêndido concerto de violões";

II) – "O conserto desse sapato é simplesmente inviável, ante seu estado de deterioração".

7) Anote-se, adicionalmente, que, em determinadas situações, um mesmo exemplo pode admitir as


duas grafias, conforme o significado que se queira atribuir ao vocábulo. Exs.:

I) – "O presidente precisa concertar o discurso de seus ministros" (se se quer dizer que ele
precisa harmonizar a fala dos ministros);

II) – "O presidente precisa consertar o discurso de seus ministros" (se se quer dizer que ele
deve retificar ou reparar-lhes a fala).

8) Também se acrescente que palavras como concertar e consertar – que têm a mesma pronúncia,
mas grafias diversas – são denominadas homófonas (homo = igual + fonas = som).

9) Não confundir com homógrafas, que são palavras de mesma grafia, mas de pronúncia diferente.
Exs:

I) pôde (pretérito perfeito) e pode (presente do indicativo);

II) colher (verbo) e colher (substantivo).

10) De igual modo, também não confundir com as parônimas, que são palavras de grafia e pronúncia
apenas parecidas, mas de sentido integralmente diverso, como arrear e arriar, deferir e diferir,
eminência e iminência.

_________

1-Cf. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, p. 785.

2-Cf. Academia Brasileira de Letras, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 4. ed., 2004. Rio de Janeiro:
Imprinta, p. 200 e 204.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Concordância expressa ou concordância por escrito? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Concordância expressa ou concordância por escrito?


quarta-feira, 9 de abril de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Guilherme Strazzer de Novais envia-nos a seguinte mensagem:

"Caro Dr. José Maria, está correto usar o termo 'concordância expressa e por escrito' ou apenas
'concordância expressa' ou ainda 'concordância por escrito'?"

1) Um leitor indaga se está correto usar a expressão concordância expressa e por escrito, ou se deve
apenas dizer concordância expressa, ou, ainda, concordância por escrito.

2) Quando se trata com as questões de Direito, o termo concordância tem a acepção de


manifestação de vontade séria e definitiva, em virtude da qual a pessoa, consentido com os desejos
de outrem, vincula-se a uma obrigação.1

3) Sem concordância, ou seja, sem manifestação de vontade, não se há de falar em efeitos de um


ato perante o Direito. Em outras palavras, o brocardo "quem cala consente" não tem valia no
ordenamento, pois quem não manifesta sua vontade não consente necessariamente com coisa
alguma.

4) Por isso, num primeiro aspecto, não se pode falar em uma concordância presumida, ou um
consentimento por omissão, que se haveria de deduzir ou de supor simplesmente porque a pessoa
que deveria consentir não vem opor-se a que o ato se pratique, ou não declara que não concorda.
Por isso, o Direito Contratual pede efetivo consentimento, ou seja, concordância verdadeira, que
exatamente se opõe à pretensa concordância presumida.

5) Para o que interessa no caso, podem-se ver dois grupos de efetiva concordância, ambos aceitos
pelo ordenamento jurídico, conforme o critério que se empregue e o fim que se pretenda:

I) concordância tácita e concordância expressa;

II) concordância escrita e concordância não-escrita.

6) A concordância tácita decorre da evidência resultante da prática de atos que comprovem a


intenção de consentir ou de anuir à prática do ato, ou de aprová-lo.

7) Já a concordância expressa – que àquela se contrapõe – funda-se em declaração expressa,


escrita ou verbal, mas manifesta e inequívoca.

8) Quando a lei não exige, para a validade do ato praticado, que o consentimento seja expresso, o
consentimento tácito tem a mesma valia. Por outro lado, quando a lei exige que o consentimento se

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI57988,81042-Concordancia+expressa+ou+concordancia+por+escrito 1/2
11/02/2019 Concordância expressa ou concordância por escrito? - Gramatigalhas
dê de modo expresso, este não pode dar-se de outro modo.

9) Além disso, pode haver a concordância escrita, vale dizer, em papel ou documento passado e
assinado pela pessoa, ou passado por outrem e por ela somente assinado. É o que se dá nos
contratos formais.

10) Já a concordância verbal – que se opõe à anterior – é aquela que se dá de viva voz. É válida,
quando a lei não exige que seja dada por escrito, como se dá nos contratos consensuais.

11) De tudo o que se observou, nota-se que, opondo-se à concordância tácita, a concordância
expressa é modalidade genérica de consentimento, que tanto pode ser verbal, como pode ser
escrita.

12) E, assim, para finalizar, nada impede que haja uma concordância expressa e verbal, contraposta
a uma concordância expressa e escrita. Ou seja: nada há de incorreto na expressão concordância
expressa e por escrito.

___________

1Cf. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico, vol. I. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1989, p. 520.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Concordância nominal - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


ISSN 1983-392X

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Concordância nominal
quarta-feira, 1º de dezembro de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O advogado de Ribeirão Preto, Dr. Carlos Rocha da Silveira, envia ao autor de Gramatigalhas a
seguinte indagação:

"Extraído do texto final da Reforma do Judiciário, publicado no Migalhas 1.054: 'XII - a


atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de
segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes
em plantão permanente'. 'Vedado férias' ou 'vedadas férias'? O que diz o amigo Dr. José
Maria da Costa a respeito?"

A leitora Karen Maeda também envia a seguinte mensagem:

"Prezado Professor José Maria, gostaria de seu auxílio para dirimir uma dúvida de
concordância. Falamos: "CONSIDERADA as circunstâncias acima expostas" ou
"CONSIDERADAS as circunstâncias acima expostas"?

1) É a harmonização em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural) entre o


adjetivo ou palavra de valor adjetivo (artigo, numeral, pronome adjetivo) e o substantivo a que se
refere.

2) As primeiras (denominadas palavras regidas ou subordinadas) acomodam-se à flexão da última


(denominada palavra regente ou subordinante).1 Exs.:

a) “Apenas um alto morro ruiu”;

b) “Apenas uma alta montanha ruiu”;

c) “Os dois altos morros ruíram”;

d) “As duas altas montanhas ruíram”.

3) Para os problemas mais corriqueiros, a primeira regra de capital importância sobre o assunto é
que, quando um mesmo adjetivo (a tanto equivalendo as demais palavras de valor adjetivo) qualifica
dois ou mais substantivos e vem depois deles, pode o adjetivo ir para o plural ou concordar com o
substantivo mais próximo. Exs.:

a) “O aluno e a aluna estudiosos saíram” (correto);

b) “O aluno e a aluna estudiosa saíram” (correto);

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11/02/2019 Concordância nominal - Gramatigalhas

c) “A aluna e o aluno estudioso saíram” (correto).

4) Se a concordância se faz no plural, não se olvide a lição de Júlio Nogueira de que, “havendo mais
de um nome de gêneros diversos, predomina, para o efeito da concordância, o masculino, como já
acontecia em latim: ‘pai e mãe carinhosos’, ‘amor e amizade verdadeiros’.2

5) Ainda para os problemas mais freqüentes, uma segunda regra que se pode enunciar é a de que,
quando um mesmo adjetivo qualifica dois ou mais substantivos e vem antes deles, concorda, por
regra, com o mais próximo. Exs.:

a) “Ele provocou intensa luta e desconforto” (correto);

b) “Ele provocou intenso desconforto e luta” (correto);

c) “Ele provocou intensos luta e desconforto” (errado);

d) “Ele provocou intensos desconforto e luta” (errado).

6) É preciso cuidado, já que muitas vezes, sobretudo porque distam um do outro o vocábulo
modificado e o adjetivo ou outra palavra modificadora, esquecem-se equivocadamente alguns de
proceder à regular concordância, erro esse que se dá até mesmo com textos de lei.

7) Assim: “O direito à guarda de veículos nas garagens ou locais a isso destinados nas edificações
ou conjuntos de edificações será tratado como objeto de propriedade exclusiva, com ressalva das
restrições que ao mesmo sejam impostas por instrumentos contratuais adequados, e será vinculada
à unidade habitacional a que corresponder...” (art. 2°, § 1°, da Lei 4.591, de 16/12/64, que dispôs
sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias). Naquilo que tem interesse para
o caso concreto, corrija-se o texto para: “O direito... será tratado... e será vinculado”.

8) Veja-se, em mesma esteira, um outro equívoco: “Nos contratos do sistema de consórcio de


produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo” (art. 53, § 2°, da Lei 8.078, de 11/9/90, que dispôs sobre a proteção
ao consumidor). Faça-se a correção do seguinte modo: “... a compensação ou a restituição das
parcelas quitadas... terá descontados... os prejuízos”, porque, em última análise, terá os prejuízos
descontados.

9) Também segue o mesmo molde de equívoco o seguinte dispositivo: “O Banco Nacional de


Habitação poderá operar em: I – prestação de garantia em financiamento obtido, no país ou no
exterior, pelas entidades integrantes do Sistema Financeiro da Habitação, destinados a execução de
projetos de habitação de interesse social” (art. 24, I, da Lei 4.380, de 21/8/64, que regulamentou os
contratos imobiliários). Assim deve ser sua correção: “... prestação de garantia em financiamento...
destinado a execução...”.

10) Segue o mesmo modelo de erro um outro dispositivo: “Ficarão sujeitos à prévia aprovação do
Banco Nacional da Habitação: I – as alterações dos estatutos sociais das sociedades de crédito
imobiliário; II – a abertura de agências ou escritórios das referidas sociedades; III – a cessação de
operações da matriz ou das dependências da referidas sociedades” (art. 37 da Lei 4.380, de 21/8/64,
que regulamentou os contratos imobiliários). Se se antepuserem os núcleos do sujeito, será fácil a
correção: As alterações, a abertura e a cessação ficarão sujeitas...

11) Mais um exemplo a ser evitado: “As modificações, os acréscimos e os melhoramentos de edifício
em construção, bem como os acabamentos especiais e partes complementares das respectivas
unidades autônomas, inclusive decoração permanente, serão consideradas partes integrantes da
obra, para efeito de tributação...” (art. 29 da Lei 4.864, de 29/11/65, que criou medidas de estímulo à
construção civil). Sendo modificações, acréscimos, melhoramentos, acabamentos e partes os
substantivos modificados, e havendo entre eles alguns nomes do gênero masculino, determina a
regra geral da concordância nominal que o adjetivo vá para o masculino plural; por conseguinte,
serão considerados, e não serão consideradas.

12) Veja-se também: “Se o agente usa de violência, incorre também nas penas a esta cominada” (art.
9º, § 1º, da Lei 5.471, de 1º/12/71, que dispõe sobre proteção de bens imóveis financiados). A ordem
direta dirime dúvidas e determina o modo de concordância entre o adjetivo e substantivo (Se agente
usa de violência, incorre nas penas cominadas a esta).

13) E não é só: “As diferenças apuradas nas revisões dos encargos mensais serão atualizadas com
base nos índices contratualmente definidos para reajuste do saldo devedor e compensados nos
encargos mensais subseqüentes” (art. 4º, § 2º, da Lei 8.692, de 28/7/93, que definiu os planos de

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11/02/2019 Concordância nominal - Gramatigalhas
reajustamento das prestações de financiamento de imóveis). Uma simples busca pelo substantivo
modificado por compensados definirá sua concordância: As diferenças apuradas... serão
atualizadas... e compensadas...”

14) Mais ainda: “É vedada a aplicação de reajustes aos encargos mensais inferiores aos índices de
correção aplicadas à categoria profissional do mutuário” (art. 8º, § 3º, da mesma Lei 8.692, de
28/7/93). Também da junção entre o adjetivo modificador (aplicadas) e o substantivo modificado
(índices) deflui a automática correção: índices de correção aplicados.

15) Observe-se, ainda, este outro dispositivo: “Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda...” (art. 249 da Lei 8.069, de 13/7/90, que
dispôs sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente). Basta que, de igual modo, se contraponham o
adjetivo modificador e o substantivo modificado, para que se tenha a automática correção: deveres...
decorrentes.

16) E mais: “... poderá e expropriando requerer o levantamento de oitenta por cento da indenização
depositada, quitado os tributos e publicados os editais...” (art. 6º, § 1º, da Lei Complementar 76, de
6/7/93, que dispôs sobre desapropriação). Reflexão similar às anteriores evidenciará a correção:
quitados os atributos.

17) Mais um exemplo: “Quando o casamento se seguir a uma comunhão de vida entre nubentes,
existentes antes de 28 de junho de 1977...” (art. 45 da Lei 6.515, de 26/12/77, que instituiu o
divórcio). O sentido do dispositivo revela que o adjetivo sublinhado refere-se a comunhão, que é
singular, e não a nubentes, que é plural; assim, existente, e não existentes.

18) E outro: “O prazo dos contratos de parceria, desde que não convencionados pelas partes, será
no mínimo de três anos...” (art. 96, I, da Lei 4.504, de 30/11/64, que dispôs sobre o Estatuto da
Terra). Atenta leitura do dispositivo revela que o substantivo modificado é prazo, e não contratos; o
adjetivo em flexão, assim, há de ser convencionado, e não convencionados.

19) Mais outro: “Estas citações e intimações devem ser feitas pela imprensa, publicadas no jornal
oficial do Estado e no ‘Diário Oficial’ para o Distrito Federal, e nos periódicos indicados pelo juiz,
além de afixados nos lugares de estilo, e na bolsa da praça do pagamento” (art. 36, caput, segunda
parte, do Decreto 2.044, de 31/12/1908, que definiu e regulamentou a letra de câmbio e a nota
promissória). Sendo citações e intimações os substantivos modificados, o adjetivo há de ser, assim,
afixadas, não afixados.

20) Mais um: “Em qualquer caso de internação de toxicômanos em estabelecimentos públicos ou
particular, a autoridade sanitária comunicará o fato à autoridade policial competente e bem assim ao
representante do Ministério Público” (art. 29, § 8º, do Decreto-lei 891, de 25/11/38, que aprovou a lei
de fiscalização de entorpecentes). Se estabelecimentos é substantivo, o adjetivo que o modifica há
de ser particulares, e não particular. Além disso, não se poderia pretender, no caso, interpretar a
sintaxe com a mesma estrutura de uma expressão como justiças federal e estadual, quer porque o
sentido do texto aponta para mais de um estabelecimento público e mais de um estabelecimento
particular, diferentemente da hipótese de apenas uma justiça federal e uma justiça estadual, quer
porque, no caso da expressão considerada, não haveria sentido em deixar públicos no plural, e
manter particular sem flexão de número, no singular.

21) Adicione-se mais um exemplo: “Enquanto não se criarem os estabelecimentos referidos neste
artigo, serão adaptados, na rede já existente, unidades para aquela finalidade” (art. 9º, § 1º, da Lei
6.368, de 21/10/76, que dispôs sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso
indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física e psíquica). A simples
justaposição mental entre o adjetivo modificador e o substantivo modificado determina automática
correção:... serão adaptadas... unidades...

22) E outro: “Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento.
Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios” (art. 50, § 2°, da Lei
6.015, de 31/12/73, que dispôs sobre os registros públicos). Procure-se o substantivo modificado
(inscrição, e não nascimento), e se terá o modo correto de dizer: Esta poderá ser feita.

23) Acrescente-se outro: “Nas escrituras, lavradas em decorrência de autorização judicial, serão
mencionadas, por certidão, em breve relatório, com todas as minúcias que permitam identificá-los, os
respectivos alvarás” (art. 224 da mesma Lei de Registros Públicos). Tal equívoco, existente na
publicação oficial, pode ser facilmente corrigido pela simples aproximação entre o adjetivo
modificador (mencionadas) e o substantivo modificado (alvarás): mencionados, portanto.

24) Observe-se mais este caso: “Às plantas serão anexadas o memorial e as cadernetas das
operações de campo, autenticadas pelo agrimensor” (art. 278, § 2°, também da Lei de Registros
Públicos). Ora, se memorial e cadernetas são os substantivos modificados, havendo entre eles um

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11/02/2019 Concordância nominal - Gramatigalhas
masculino, a soma só pode resultar um masculino plural; anexados, por conseguinte.

25) Repete-se o problema no art. 13 do Decreto 61.867, de 7/12/67, que regulamenta os seguros
obrigatórios: “São excluídas da obrigatoriedade prevista no artigo anterior os bens e mercadorias
objetivo de viagem internacional”. Da soma dos substantivos modificados (bens e mercadorias) só
pode resultar o adjetivo excluídos.

26) Mais um: “A exigência constante do art. 22 da Lei n. 4.947, de 6 de abril de 1966, não se aplica
às operações de crédito rural proposta por produtores rurais e suas cooperativas...” (art. 78, caput,
do Decreto-lei 167, de 14/2/67, que dispôs sobre os títulos de crédito rural). O adjetivo proposta
modifica operações; corrija-se, então para propostas.

27) E outro: “Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados” (art. 10, § 2°, do Código de
Processo Civil). A simples reflexão de qual seja o substantivo modificado por praticados (que é ato)
evidencia a necessidade de correção do texto oficial: praticado.

28) E outro ainda: “No caso de serem instalados outros Tribunais Regionais Federais, os seus
presidentes escolherão os cinco que integrarão o Conselho, observados a forma e o critério a serem
por este estabelecido” (art. 3°, § 2°, da Lei 8.472, de 14/10/92, que dispôs sobre a composição e a
competência do Conselho da Justiça Federal). Referindo-se o adjetivo tanto a forma como a critério,
forçosa é sua concordância com a soma de ambos: estabelecidos.

29) E não se esqueça um próximo: “Os juízes que integrem os Tribunais de Alçada somente
concorrerão às vagas no Tribunal de Justiça correspondente à classe dos magistrados” (art. 100, §
4°, da Lei Complementar 35, de 14/3/79, que dispôs sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional).
Verificado o substantivo modificado (vagas) e o adjetivo modificador (correspondente), fácil é corrigir:
correspondentes.

30) Da própria leitura dos aspectos observados, duas conclusões podem ser extraídas: I) – é muito
mais comum do que se pensa, até mesmo em textos jurídicos, o equívoco apontado pelo leitor; II) – o
sensor do missivista foi adequadamente acionado, pois, com facilidade, vê-se que o correto, no caso
por ele apontado, é “vedadas férias coletivas”, e não “vedado férias coletivas”. Para quem quiser
pensar um pouco mais, veja que se diria “sendo vedadas férias coletivas”, e não “sendo vedado
férias coletivas”.

31) De igual modo, deve-se dizer "consideradas as circuntâncias", e não "considerada as


circunstâncias".

____________

1 Cf. GÓIS, Carlos. Sintaxe de Concordância. 8. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1943. p. 25.

2 Cf. NOGUEIRA, Júlio. Programa de Português: 3ª série secundária. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939. p.

201.

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

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quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Lilian Silva envia ao autor de Gramatigalhas a seguinte indagação:

"Sou estagiária da Defensoria Pública e sempre fico em dúvida quando vou preparar a
seguinte cota: "Seguem embargos declaratórios...". Já ouvir dizer que o correto seria "Segue
embargos declaratórios...", uma vez que quer dizer "segue petição de embargos de
declaração...". Qual seria a forma correta?"

1) É a harmonização do verbo com o seu sujeito, o que se dá em número (singular ou plural) e


pessoa (primeira, segunda ou terceira).

2) Algumas observações gerais podem ser de grande utilidade.

3) Nesses casos, o verbo (denominado palavra regida ou subordinada) acomoda-se à flexão do


sujeito (denominado palavra regente ou subordinante).1

4) Assim, se o sujeito é simples, a concordância se faz em número e pessoa com o núcleo do sujeito.
Exs.:

a) “Eu encontrei o livro”;

b) “Os rebeldes saíram às ruas”;

c) “A pintura dos três prédios exigiu dois meses”;

d) “Aconteceram, por aqui, casos interessantes”;

e) “Os consertos do edifício demoraram mais do que o previsto”.

5) Se o sujeito é composto e anteposto ao verbo, concorda este com a soma daquele. Ex.: “A
citação e a penhora foram anuladas”.

6) Se o sujeito é composto e posposto, o verbo pode concordar no plural ou com o núcleo mais
próximo. Exs.:

a) “Foram anuladas a citação e a penhora” (correto);

b) “Foi anulada a citação e a penhora” (correto);

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11/02/2019 Concordância verbal - Gramatigalhas

c) “Foi anulado o edital e a citação” (correto).

7) Para esse último caso, vale observar com João Ribeiro que, “embora concorram muitos sujeitos,
sempre foi primor e liberdade de estilo deixar o verbo no singular desde que este os precede na
frase”.2

8) Diversos casos peculiares, porém, exigem cuidados especiais.

9) Muitas vezes, sobretudo porque o sujeito vem posposto ao verbo, ou dele distante, ou mesmo
porque se acoplam adjuntos no plural a um núcleo de sujeito no singular, esquecem-se
equivocadamente alguns de proceder à regular concordância, como se dá até mesmo com textos de
lei.

10) Assim, por exemplo: “Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de
apresentação, a ação que o artigo 47 desta lei assegura ao portador” (art. 59 do Decreto-Lei 7.357,
de 2/9/85, que dispôs sobre o cheque e deu outras providências). Corrija-se o texto para:
Prescreve... a ação (porque, na ordem direta, a ação prescreve).

11) Em mesma esteira: “A existência de ônus fiscais ou reais, salvo os impeditivos de alienação, não
impedem o registro, que será feito com as devidas ressalvas...” (art. 32, § 5°, da Lei 4.591, de
16/12/64, que regulou o condomínio e as incorporações imobiliárias). Proceda-se à seguinte
correção: “A existência... não impede o registro...”

12) Em mesmo erro incide este outro dispositivo: “O valor nominal da letra imobiliária, para efeitos de
liquidação do seu principal e cálculo dos juros devidos, será o do valor reajustado da Unidade-
Padrão de Capital no momento do vencimento ou pagamento do principal ou juros, no caso do título
simples, ou esse multiplicado pelo número de Unidades-Padrão de Capital a que correspondem a
letra, no caso de título múltiplo” (art. 52, § 4°, da Lei 4.380, de 21/8/64, que regulamentou os
contratos imobiliários). A mera colocação do exemplo em ordem direta determina automática
correção: “... a que a letra corresponde...”

13) E ainda: “Ao mutuário, cujo aumento salarial for inferior à variação dos percentuais referidos no
‘caput’ e § 1° do artigo anterior, fica assegurado o reajuste das prestações mensais em percentual
idêntico ao do respectivo aumento salarial, desde que efetuem a devida comprovação perante o
agente financeiro” (art. 2° da Lei 8.100, de 5/12/90, que dispõe sobre reajuste de prestações em
contratos de financiamento de imóveis). Uma simples pergunta para se localizar o sujeito de efetuem
revelará que ele (o mutuário) desempenha tal função sintática; assim, efetue, e não efetuem.

14) Veja-se este outro dispositivo: “Dentro do prazo marcado pelo juiz, os credores comerciais e civis
do falido e, em se tratando de sociedade, os particulares dos sócios solidariamente responsáveis,
são obrigados a apresentar, em cartório, declarações por escrito, em duas vias, com a firma
reconhecida na primeira, que mencionem as suas residências ou as dos seus representantes ou
procuradores no lugar da falência, a importância exata do crédito, a sua origem, a classificação que,
por direito, lhes cabe, as garantias que lhes tiverem sido dadas, e as respectivas datas, e que
especifique, minuciosamente, os bens e títulos do falido em seu poder...” (art. 82, caput, do Decreto-
Lei 7.661, de 21/6/45, que instituiu a Lei de Falências). Uma simples procura por seu sujeito
(declarações) determinará automática concordância do verbo: especifiquem.

15) Ante as ponderações feitas nestes comentários, se a dúvida reside em saber qual dos dois
exemplos está correto – “Segue embargos...” ou “Seguem embargos...” -, tenha-se a certeza:
seguem, porque "embargos" (uma palavra que exige verbo no plural) é o sujeito.

16) E não cabe objetar com o argumento de que o sentido seria “Segue petição de embargos...” Se
se apresentar essa nova oração, ainda que se tenha o mesmo sentido, a realidade gramatical e
sintática há de ser outra: “petição” (palavra do singular) há de ser o núcleo do sujeito e exigirá a
concordância do verbo no singular.

17) Veja-se, assim, a forma correta dos seguintes exemplos:

a) “Segem embargos”;

b) “Segue petição de embargos”.

___________

1 Cf. GÓIS, Carlos. Sintaxe de Concordância. 8. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1943. p. 25.

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11/02/2019 Concordância verbal - Gramatigalhas
2
Cf. RIBEIRO, João. Gramática Portuguesa. 20. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1923. p. 149.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Concordância Verbal – Pronome relativo - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Concordância Verbal – Pronome relativo


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Cecília Aparecida Gomes envia-nos a seguinte mensagem :

"Por favor, me informe, tecnicamente, se devo usar a palavra totaliza ou totalizam na seguinte
frase: 'Buscam reparação dos prejuízos relativos às despesas de franquia do seguro dos autores,
que totaliza(m) R$ 2.100,00, despesas processuais e demais cominações legais'. Usei o plural e
fui corrigida pela Juíza e por duas colegas que se intitulam ex-professoras. Como meu português
é mais intuitivo do que técnico, preciso de ajuda profissional. Grata e parabéns pelo trabalho
maravilhoso."

Concordância Verbal – Pronome relativo

1) Uma leitora traz à consulta o seguinte exemplo: "Buscam reparação dos prejuízos relativos às
despesas de franquia do seguro dos autores, que totaliza(m) R$ 2.100,00, despesas processuais e
demais cominações legais". E indaga se o verbo em negrito deve ser posto no singular ou no plural.

2) Ora, quando se pergunta se o verbo fica no singular ou vai para o plural, tem-se, em suma, uma
questão referente à concordância verbal.

3) E a regra mais básica da concordância verbal se resume em dizer que o verbo concorda com o
seu sujeito.

4) Para tanto, porém, deve-se dividir o período em suas respectivas orações, cada qual com seu
respectivo verbo em negrito: I) a primeira oração é "Buscam reparação dos prejuízos relativos às
despesas de franquia do seguro dos autores"; II) a segunda oração é que "totaliza(m) R$ 2.100,00,
despesas processuais e demais cominações legais".

5) E, sem muitas perquirições, vê-se que, para saber se o verbo totaliza(m) fica no singular ou vai
para o plural, a chave reside em se perguntar exatamente pelo sujeito de totaliza(m).

6) Ora, porque totaliza(m) está na segunda oração, devemo-nos ater aos termos dela, para identificar
a função sintática e a eventual flexão de qualquer termo nela existente.

7) Com essa tônica, em seguida, nota-se que o que existente na segunda oração pode ser
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais. Conclui-se que é, assim, um pronome relativo.

8) E, quanto ao pronome relativo, fazem-se as seguintes ponderações: I) – chama-se pronome


porque está em lugar de um nome; II) – diz-se relativo, porque está em íntima relação com um nome

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI120143,21048-Concordancia+Verbal+Pronome+relativo 1/2
11/02/2019 Concordância Verbal – Pronome relativo - Gramatigalhas
anteriormente referido; III) para se saber a função sintática exercida por um pronome relativo na
segunda oração, é de crucial importância definir o nome existente na primeira oração, em cujo lugar
ele se encontra.

9) No caso, o próprio contexto revela com facilidade que, dos nomes existentes na primeira oração
(reparação, prejuízos, despesas, franquia, seguro e autores) o que não está em lugar de nenhum dos
demais, e sim em lugar de reparação, de prejuízos, também se podendo entender pela possibilidade
de estar ele em lugar de despesas.

10) Em seguida, com a recolocação do nome que foi substituído pelo pronome relativo, o período fica
do seguinte modo: "Buscam reparação dos prejuízos relativos às despesas..., a qual reparação, ou
os quais prejuízos, ou as quais despesas totaliza(m)..."

11) E, em seguida, formula-se a pergunta para se achar o sujeito de totaliza(m): o que é que
totaliza? E a resposta vem com facilidade: a qual reparação, ou os quais prejuízos, ou as quais
despesas. Ou seja: o que (que substitui reparação, ou prejuízos, ou despesas) é o sujeito de
totaliza(m). E, porque substitui um nome do singular ou um nome do plural, tanto se pode entender
que o que está no singular como que está no plural.

12) Vale dizer: se se pode entender que o sujeito de totaliza(m) tanto pode estar no singular como no
plural, então se conclui que o verbo tanto poderá ficar no singular como ir para o plural, conforme o
sentido que se queira fixar.

13) Vejam-se, portanto, os seguintes exemplos, com a indicação de sua correção ou erronia entre
parênteses: I) "Buscam reparação dos prejuízos relativos às despesas de..., que totaliza..." (correto,
por se entender que o que substitui reparação); II) "Buscam reparação dos prejuízos relativos às
despesas de..., que totalizam..." (correto, por se entender que o que substitui prejuízos ou
despesas).

______
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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
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11/02/2019 Condenar - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Condenar
quarta-feira, 1º de outubro de 2008

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Viviane Viegas, do escritório Eustáquio Nereu Lauschner Advogados Associados, envia
à secção Gramatigalhas a seguinte mensagem:

"Em muitas decisões, percebo que os Juízes utilizam a expressão: 'condeno a parte no
pagamento das custas judiciais...'. O correto é 'condeno no pagamento' ou 'condeno ao
pagamento'?"

1) É verbo muito usado nos meios jurídicos, como se dá no caso da parte dispositiva das sentenças
criminais que estipula a pena e das cíveis que fixa os ônus da sucumbência processual.

2) Há problemas de sintaxe a serem resolvidos a seu respeito.

3) No que tange à regência verbal, conforme lição de Francisco Fernandes em indispensável obra, o
objeto indireto desse verbo pode ser construído com as preposições aou em,1 lição essa repetida,
com significativos exemplos, por Cândido Jucá Filho.2 Exs.: a) "condenarem... os hereges ao último
suplício" (Alexandre Herculano); b) "Condenado em quinze anos de degredo para Cabo Verde".

4) Nesse exato sentido também é a lição de Vitório Bergo, o qual, de modo expresso, dá como
corretas ambas as expressões seguintes: condenar às custas e condenar nas custas.3

5) No que concerne aos textos de lei, é de se dizer, por primeiro, que o Código de Processo Civil
emprega, indiferentemente, ora a, ora em, como se pode verificar nos exemplos seguintes: a) "A
sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou..." (art. 20, caput);
b) "O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido" (art. 20, §
1º); c) "... o tribunal... condenará o juiz nas custas..." (art. 314); d) "A apelação será recebida... só no
efeito devolutivo, quando interposta de sentença que... condenar à prestação de alimentos" (art.
520, II); e) "... o juiz... condenará o devedor a constituir um capital..." (art. 602, caput); f) "... o juiz
mandará avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo" (art. 636,
parágrafo único); g) "É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da
pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado" (art. 460).

6) Em outros diplomas legais também se encontra esse verbo com as mesmas construções:
condenar alguém em algo, condenar (alguém) a algo, além de condenar alguém por algo. Exs.: a) "A
sentença ou acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou recurso, condenará nas custas o
vencido" (CPP, art. 804); b) "A sentença que condenar o devedor à realização de uma prestação
em dinheiro ou outra coisa fungível é título bastante para o registro de hipoteca..." (CC português,

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI70120,11049-Condenar 1/2
11/02/2019 Condenar - Gramatigalhas
art. 710º, 1); c) "O Estado indenizará o condenado por erro judiciário..." (CF/1988, art. 5º, LXXXV);
d) "Não podem ser eleitos para cargos administrativos ou de representação econômica ou
profissional, nem permanecer no exercício desses cargos: ... IV – os que tiverem sido condenados
por crime doloso enquanto persistirem os efeitos da pena" (CLT, art. 530, IV).

7) Atente-se, por fim, ao fato de que condenar e condenação diferem no que concerne às
preposições que podem introduzir seus complementos.

__________________

1Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed., 16. Impressão. Porto Alegre: Globo, 1971. P. 158.

2Cf. JUCÁ FILHO, Cândido. Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa. 3. ed.Rio de Janeiro: FENAME –

Fundação Nacional de Material Escolar, 1963. P. 156.

3Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1944. Vol. II, p. 61.

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11/02/2019 Condena-se os excessos ou condenam-se os excessos - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Condena-se os excessos ou condenam-se os excessos

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Condena-se os excessos ou condenam-se os


excessos
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Raquel Otranto, do escritório Lilla, Huck, Otranto, Camargo e Munhoz Advogados,
envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas, com referência a uma citação feita no Migalhas:

"Questiono se está correta a citação do Millôr: 'Condena-se muito os excessos (...)' Parece-
me, s.m.j., que deveria ser feita a concordância verbal: 'Condenam-se os excessos', já que o
excessos são condenados, ou condenam-se a si mesmos."

Condena-se os excessos ou condenam-se os excessos?

1) Em uma frase como Condena-se o excesso, em que há um se acoplado ao verbo, pode-se fazer o
seguinte raciocínio: I) – Pode ser dita de outra forma: O excesso é condenado; II) – Por permitir essa
transformação, pode-se dizer que é uma frase reversível; III) – Serve de modelo para todas as
outras, também reversíveis, que tenham o se unido ao verbo desse modo.

2) Em uma frase reversível dessa natureza, são corretas as seguintes afirmações: I) – o exemplo
está na voz passiva sintética; II) – o se é partícula apassivadora; III) – o sujeito é o excesso (sujeito,
e não objeto direto).

3) Após tal raciocínio, basta lembrar: I) – nesse campo, a regra geral de concordância verbal
determina que o verbo concorda com o seu sujeito; II) – assim, se o sujeito está no plural, o verbo
também irá para o plural; III) – deve-se dizer, então: Condenam-se os excessos.

4) Atente-se a que essa é uma construção muito comum nos meios jurídicos e forenses, de modo
que se deve zelar por sua concordância adequada, no plural, e não no singular, nos seguintes casos:
I) – Buscaram-se soluções para o conflito; II) – Citem-se os réus; III) – Intimem-se as testemunhas;
IV) – Devolvam-se os documentos; V) – Arquivem-se os autos; VI) – Processem-se os recursos; VII)
– Tomem-se por termo as primeiras declarações.

______
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11/02/2019 Consecução dos tempos verbais - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Consecução dos tempos verbais

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Consecução dos tempos verbais


quarta-feira, 25 de maio de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rafael Pimenta envia à coluna Gramatigalhas a seguinte indagação:

"Prezados, indago se gramaticalmente é correta a afirmação, consignada no Migalhas 1.118


(2/3/05): 'Em verdade, Migalhas quis é poupar os leitores de mais essa'. O verbo ser também
não teria que estar no passado? Um forte abraço."

1) Existem, em português, normas de correlação, de correspondência temporal ou, ainda, de


consecução dos tempos verbais (em latim, com regras mais rígidas, “consecutio temporum”),
determinadoras de harmonização quanto ao uso das formas dos verbos.

2) Por essas normas é que, na prática, assim se redigem os seguintes exemplos, guardando a
correlação dos tempos (o uso primeiro de um tempo exige o emprego de um outro a seguir):

a) “Se é clara, a lei dispensa interpretação”:

b) “Se for clara, a lei dispensará interpretação”;

c) “Se fosse clara, a lei dispensaria interpretação”.

3) Por aplicação desses princípios, não se olvide, nesse ponto, a lição de Vasco Botelho do Amaral:
“Modernamente, contra a índole da língua dos melhores escritores, com freqüência se perde de vista
o paralelismo das formas verbais, e redige-se: ‘Há dias que se trabalhava’. Evite-se essa
construção”. Em tal caso, o correto é redigir-se: “Havia dias que se trabalhava”.1

4) Juntando os problemas de referência a tempo passado e a tempo futuro no que tange ao verbo
haver, Arnaldo Niskier sintetiza o problema da seguinte forma: “Tendo como ponto de referência o
momento presente, use a para o futuro e há para o passado. Se o ponto de referência já for passado,
use havia em vez de há”.2 Exs.:

a) “Ele estará casado daqui a dois meses”;

b) “Ele está casado há dois meses”;

c) “Ele estava casado havia dois meses”.

5) Para ilustrar, veja-se que, ao comentar o art. 324 do Projeto do Código Civil – que registrava “se
forem casados há mais de dois anos” – Rui Barbosa, preocupado com o assunto, já questionava a

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI12606,101048-Consecucao+dos+tempos+verbais 1/4
11/02/2019 Consecução dos tempos verbais - Gramatigalhas
estrutura de modo expresso: “Forem está no futuro; há, no presente. Será legítima esta combinação
gramatical?”3

6) Em análise do exemplo “A Espanha já lutava há muito tempo contra aquele semelhante estado de
coisas”, José de Sá Nunes aponta a ausência de correlação entre os tempos – há no presente e
lutava no pretérito imperfeito – explicando: “Assim nesta como em todas as construções análogas, o
verbo da segunda oração tem de ficar, obrigatoriamente, para que haja “consecutio temporum”, no
mesmo tempo em que se acha o verbo da oração anterior: se esta tem o verbo no presente, no
presente há de se estar o verbo daquela; e se o verbo de uma se acha no passado, também no
passado se deve achar o verbo da outra”.

7) Em seguida, traz tal autor exemplos de autorizados escritores, que fizeram uso adequado da
consecução dos tempos:

a) “Havia dois dias que nenhum incógnito atravessava o Crissus” (Alexandre Herculano);

b) “Começara, havia dois meses, a guerra da Criméia” (Rui Barbosa).

8) Remata ele, todavia, com a observação de que “nem sempre os dois verbos deverão ficar no
mesmo tempo, presente ou passado, porque muitas vezes a verdade dos fatos exige que os verbos
estejam em tempos diferentes”.

9) E exemplifica os casos de tal aspecto:

a) “Escrevia então o jovem poeta de São Paulo, há mais cinqüenta anos”;

b) “Há dezessete anos, o progresso material desconhecia a precisão dos cafés” (Camilo).

10) Alinhando significativas observações para conseguir adequada consecução dos tempos verbais,
o próprio José de Sá Nunes, por primeira regra, anota que, quando se emprega o imperfeito do
subjuntivo na oração condicional, o verbo da oração principal deve ficar no futuro do pretérito ou no
imperfeito do indicativo. Exs.:

a) “Se quisesse anular a sentença, o advogado deveria entender-se com a Justiça”;

b) “Se quisesse anular a sentença, o advogado devia entender-se com a Justiça”.

11) Em segunda regra, leciona que, quando o verbo da oração condicional está no futuro do
subjuntivo, emprega-se, na oração principal, o futuro do indicativo, ou, às vezes, o imperativo. Exs.:

a) “Se quiser anular a sentença, o advogado deverá entender-se com a Justiça”;

b) “Se o advogado quiser anular a sentença, entenda-se com a JustiçaI”.

12) Em terceira observação, realça o ilustre gramático que “o que não está em harmonia com a
índole de nosso idioma, nem encontra apoio nos grandes padrões da vernaculidade, é a correlação
do imperfeito do subjuntivo com o futuro do indicativo. Ex.: “Se quisesse anular a sentença, o
advogado deverá entender-se com a Justiça” (errado).4

13) Não se olvide, também, o ensinamento de Vitório Bergo, que parte de um exemplo de Alexandre
Herculano: “... eles tinham sido, havia dois séculos, inimigos armados...”; e registra sua lição: “deve
empregar-se havia (pretérito imperfeito) e não há (presente do indicativo) para indicar o termo de
período referente a época passada”.5

14) Oportuno, neste assunto, é atentar a dois importantes lembretes de João Ribeiro:

I) “Na correlação dos tempos só importa conhecer os casos em que os verbos se


correspondem em modos diferentes”;

II) Nesse assunto, “não só as regras são todas lacunosas, como a verdade geral é que só o
sentido, positivo ou hipotético, isto é, o modo e não os tempos, determina o uso. Dizer que
quando o sentido é incerto ou hipotético o verbo vai para o subjuntivo, é nada dizer, pois isso
decorre da definição do subjuntivo”.6

15) E se complemente com a doutrina do mesmo gramático, para quem “a falta de simultaneidade de
tempos nas proposições” configura, em realidade verdadeiro galicismo, como nos seguintes
exemplos:

a) “É isso que me incomodou” (errado)

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11/02/2019 Consecução dos tempos verbais - Gramatigalhas
b) “Foi isso que me incomodou” (correto);

c) “É Jesus quem dizia...” (errado);

d) “Foi Jesus quem dizia” (correto).7

16) Com a exposição dos princípios e regras que devem ser obedecidos em tais circunstâncias,
podem-se extrair as seguintes conclusões para o exemplo que motivou a consulta:

a) “Migalhas quis é poupar os leitores de mais essa” (errado);

b) “Migalhas quis foi poupar os leitores de mais essa” (correto);

c) “O que o Migalhas quis é poupar os leitores de mais essa” (errado);

d) “O que o Migalhas quis foi poupar os leitores de mais essa” (correto).

________________

1 Apud ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 133.

2 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 4.3 Cf. BARBOSA, Rui. Parecer sobre a Redação do Código Civil. Rio de Janeiro:
edição do Ministério da Educação e Saúde, 1949. p. 141.

4 Cf. NUNES, José de Sá. Aprendei a Língua Nacional (Consultório Filológico). 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1938. vol. I, p.

12-13 e 26-27.

5 Cf. BERGO, Vitório. Erros e Dúvidas de Linguagem. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas bastos, 1944. vol. II, p.

131.

6 Cf. RIBEIRO, João. Gramática Portuguesa. 20. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1923. p. 190.

7 Ibid., p. 250.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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por José Maria da Costa

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quarta-feira, 18 de maio de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Leonardo de Moraes Rocha, da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, envia


a seguinte indagação:

"Dr. José Maria da Costa, o documento consta "dos" autos, ou consta "nos" autos? A
primeira expressão está correta, ou é um maneirismo consagrado pela praxe forense?
Obrigado pela atenção."

1) Verbo de largo uso na linguagem forense, significa chegar ao conhecimento, estar escrito ou
registrado, fazer parte de. Exs.:

a) "O patrimônio e a herança constituem coisas universais, ou universalidades, e como tais


subsistem, embora não constem de objetos materiais" (CC, art. 57);

b) "A instituição deverá constar de escritura pública transcrita no registro de imóveis e


publicada na imprensa local e, na falta desta, na da Capital do Estado" (CC, art. 73);

c) "A autorização do marido pode ser geral ou especial, mas deve constar de instrumento
público ou particular previamente autenticado" (CC, art. 244).

2) Já quanto à acepção em que pode ser empregado, vale transcrever a lição de Luís A. P. Vitória,
segundo quem "os puristas condenam este verbo, no significado de ser provável, uma vez que,
etimologicamente, ele significa haver certeza".1 Exs.:

a) "É o que consta neste livro" (correto);

b) "Consta que o réu teve sua folga facilitada" (errado).

3) Domingos Paschoal Cegalla, todavia, leciona que ele pode ter o sentido de passar por certo, ou
ser dito com aparências de verdade, ou de chegar ao conhecimento:

a) "Consta que o ditador se suicidou";

b) "Consta que a jovem vai desfazer o noivado";

c) "Não me consta que essa casa está à venda".2

4) Celso Pedro Luft também lhe aceita a acepção de ser comentado ou dito com aparências de
verdade (o que é bem diverso de haver certeza):

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11/02/2019 Constar - Gramatigalhas
a) "Constava-me que ele era contrabandista";

b) "Consta-lhe que haverá demissões".3

5) O mais certo, nesse campo, em verdade, parece ser acatar ambos os significados do mencionado
verbo, até pelo princípio de que, na divergência entre doutos, deve-se conceder liberdade de
emprego ao usuário (in dubio pro libertate).

6) Sob um outro aspecto, firme-se o posicionamento de que, quanto à regência verbal, admite ele ser
construído indiferentemente com uma de duas preposições: em ou de.

7) Assim, são igualmente corretas as construções seguintes:

a) "Consta nos autos que ele furtou";

b) "Consta dos autos que ele furtou".

8) Assim é que Domingos Paschoal Cegalla leciona que, no sentido de estar registrado ou
mencionado, "pode-se dizer, indiferentemente, constar em (preferível) ou constar de".4

9) Celso Pedro Luft, de igual modo, também acata ambas as possibilidades de construção5,
entendimento esse também partilhado por Francisco Fernandes.6

10) No que concerne aos textos legais, no sentido de estar escrito ou registrado em, de ser
mencionado, de fazer parte, de incluir-se, observa Adalberto J. Kaspary que constar de “é a regência
quase que exclusiva, atualmente, nos textos legais”, enquanto constar em é regência "de uso raro".7
Exs.:

a) "O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião
do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério"
(CF/88, art. 90, § 1°);

b) "A aceitação da herança pode ser expressa ou tácita; a renúncia, porém, deverá constar,
expressamente, de escritura pública, ou termo judicial"(CC, art. 1.581)

c) "Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas


datadas e rubricadas pelo escrivão" (CPC, art. 168);

d) "Nenhum corretor pode dar certidão senão do que constar do seu protocolo e com
referência a ele" (C. Com, art. 46);

e) "Quando o réu estiver no território nacional, em lugar estranho ao da jurisdição, será


deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado" (CPP,
art. 289);

f) "Os impostos componentes do sistema tributário nacional são exclusivamente os que


constam deste título..." (CTN, art. 17);

g) "...do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal, no Instituto de identificação e


Estatística ou em estabelecimentos congêneres..." (CPP, art. 541, § 2°, b).

________________

1 Cf. VITÓRIA, Luiz A. P. Dicionário de Dificuldades, Erros e Definições de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Tridente,

1969. p. 72.

2 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1999. p. 86.

3 Cf. LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 143-144.

4 Cf. CEGALLA, Domingos Paschoal. Op. cit., p. 86, nota 337.

5 Cf. LUFT, Celso Pedro. Op. cit., p. 143-144, nota 338.

6 Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed., 16. reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo,

1971. p. 164.

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7 Cf. KASPARY, Adalberto J. O Verbo na Linguagem Jurídica – Acepções e Regimes. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do

Advogado Editora, 1996. p. 106-107.

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por José Maria da Costa

Consumerismo
quarta-feira, 23 de março de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Anderson Pontoglio envia-nos a seguinte mensagem:

"Sou leitor de Migalhas e, além de obter excelentes informações para me manter atualizado,
também me divirto muito, tamanha a perspicácia e sarcástica pertinência que expressam os
comentários editoriais. Parabéns! Por oportunismo, li nesta edição o Gramatigalhas, onde o
preclaro professor José Maria da Costa usou como exemplo erro de concordância constante
no texto da lei do Código de Defesa do Consumidor. Tal fato lembrou-me de uma dúvida que
carrego: ao se referir às questões de que tratam o CDC, é correto usar a expressão
'consumeirista' ou 'consumerista'. Tenho visto o uso mais comum da segunda expressão, mas
tenho também visto o uso, por doutrinadores de peso, da primeira expressão. Daí a dúvida.
Obrigado."

1) Em inglês, “consumer” significa consumidor, o que, em termos de técnica jurídica, quer indicar
aquela pessoa que adquire produtos ou serviços para seu próprio uso.

2) Também naquele idioma, de “consumer” deriva “consumerism”, palavra que lá tem dois
significados:

a) mania ou excesso de consumo, que se manifesta no hábito de comprar bens ou serviços


em exagero, ou não essenciais, ou desnecessários;

b) estrutura jurídica que busca estabelecer regras de proteção aos adquirentes de bens e
serviços contra sua baixa qualidade e alertar quanto aos perigos que alguns deles
representam para as pessoas.

3) Ora, para representar a compulsão ao consumo em Português, já de há muito existe a palavra


consumismo. Todavia, para a estrutura de proteção ao consumidor (preocupação antiga em países
de língua inglesa, mas recente em nosso meio), nosso idioma trouxe “consumerism” e o
aportuguesou normalmente: consumerismo (não é consumeirismo).

4) Essa, aliás, é a forma que consta no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela
Academia Brasileira de Letras, que é o órgão oficial para determinar quais as palavras pertencentes
ao nosso léxico, bem como qual sua adequada grafia em Português.1

5) Por fim, se se quiser empregar não o substantivo, mas o adjetivo referente ao consumidor em tais
casos, dir-se-á consumerista (não, porém, consumeirista).
__________

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI10815,91041-Consumerismo 1/2
11/02/2019 Consumerismo - Gramatigalhas
1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. ed, 6. impressão, reimpressão de

1998. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1999. p. 190.

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11/02/2019 Contas bancárias ou contas bancária? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Contas bancárias ou contas bancária?


quarta-feira, 25 de maio de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Genivaldo Antunes envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"O correto é 'contas bancária' ou 'contas bancárias'?"

1) Em dúvida que se origina de equívoco bastante cometido, um leitor pergunta se o correto é


escrever "contas bancárias" ou "contas bancária".

2) Ora, no caso, o que se tem é um adjetivo (bancário) que se põe junto de um substantivo (conta),
modificando-o.

3) E a regra geral mais básica de concordância nominal em português é que o adjetivo concorda com
o substantivo por ele modificado em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural).
Exs.: a) estabelecimento bancário; b) conta bancária; c) estabelecimentos bancários; d) contas
bancárias.

4) Essa é a regra a ser seguida em casos dessa natureza, e não há como fazer raciocínios outros
incabíveis no plano da concordância nominal, como, por exemplo, escrever tapetes persa, ou móveis
rústico, ou quitutes mineiro, ou ovos caipira, a pretexto de que se poderia pensar em tapetes do tipo
persa, ou móveis do tipo rústico, ou, ainda, quitutes do tipo mineiro, ou mesmo ovos do tipo caipira.

5) Corrijam-se tais exemplos: a) tapete persa; b) tapetes persas; c) móvel rústico; d) móveis rústicos;
e) parede rústica; f) paredes rústicas; g) quitute mineiro; h) quitutes mineiros; i) iguaria mineira; j)
iguarias mineiras; k) ovo caipira; l) ovos caipiras.

6) Ultime-se essa lista com expressão totalmente equivocada constante de comunicado virtual feita
por entidade a seus filiados: "Férias cultural 2016...". Corrija-se: "Férias culturais 2016...".

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11/02/2019 Contra-arrazoar o recurso ou Contra-arrazoar ao recurso? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Contra-arrazoar o recurso ou Contra-arrazoar ao


recurso?
quarta-feira, 29 de julho de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Marcos M. Carvalho envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Professor José Maria gostaria que explicasse qual é a forma correta: 'contra-arrazoar o
recurso' ou 'contra-arrazoar ao recurso'? Obrigado."

1) A dúvida trazida por um leitor para solução questiona qual a forma correta: "Contra-arrazoar o
recurso" ou "Contra-arrazoar ao recurso"?

2) Antes de ingressar no efetivo mérito da pergunta, observa-se que existem, nos meios jurídicos e
forenses, razoar e arrazoar, ambos com o mesmo significado de expor as razões, os motivos ou os
fundamentos em uma peça, como se dá em uma petição inicial, uma contestação, um recurso.

3) Por conseguinte, contrarrazoar e contra-arrazoar são expressões sinônimas, que trazem em si a


ideia de responder as razões em uma peça judicial de resposta.

4) Por outro lado, quando se quer saber se o correto é "Contra-arrazoar o recurso" ou "Contra-
arrazoar ao recurso", quer-se saber se o verbo razoar ou arrazoar e, por conseguinte,
contrarrazoar ou contra-arrazoar pedem um complemento sem preposição ou com preposição.

5) Em termos mais técnicos, quer-se saber se tais verbos são transitivos diretos ou transitivos
indiretos.

6) E, quando a dúvida se refere à sintaxe, ou seja, à estruturação do conjunto, à junção das palavras
na frase – como é o caso de saber se um verbo pede um objeto direto ou um objeto indireto – a
autoridade para definir a forma correta está com os bons escritores, conforme exemplos neles
coletados pelos nossos gramáticos e linguistas.

7) Ora, em obra que garimpa em nossos melhores autores, Francisco Fernandes ensina que, no
sentido de defender ou advogar uma causa, o verbo razoar é transitivo direto, isto é, constrói-se sem
preposição. Ex.: "Razoar uma causa".

8) Discorrendo sobre arrazoar, Celso Pedro Luft tem o mesmo entendimento: é verbo transitivo
direto. Ex.: "Arrazoar uma causa".

9) Assim: a) "Razoar o recurso" (correto); b) "Razoar ao recurso" (errado); c) "Arrazoar o recurso"


(correto); d) "Arrazoar ao recurso" (errado).
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI224249,21048-Contraarrazoar+o+recurso+ou+Contraarrazoar+ao+recurso 1/2
11/02/2019 Contra-arrazoar o recurso ou Contra-arrazoar ao recurso? - Gramatigalhas

10) Considerando agora diretamente a indagação feita, pode-se assim resumir na prática: a)
"Contrarrazoar o recurso" (correto); b) "Contrarrazoar ao recurso" (errado); c) "Contra-arrazoar o
recurso" (correto); d) "Contra-arrazoar ao recurso" (errado).

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11/02/2019 Contraditar ou Contradizer? - Gramatigalhas

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Contraditar ou Contradizer?
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Patrícia Parra envia-nos a seguinte mensagem:

"Caro Prof. José Maria: Não sei se essa dúvida já foi dirimida antes, mas pude observar que
há momentos em que se escreve 'contradizer' e em outras oportunidades já vi escrito o
vocábulo 'contraditar'. Qual das formas é a (mais) correta, se é que são utilizadas como
sinônimas, ou, ainda, se é que alguma delas não está incorreta. Cordialmente."

1) A indagação que hoje se faz é se, em termos de técnica processual, o correto é contraditar ou
contradizer, já que ambos são encontrados nos autores de obras de Direito e ambas são formas
encontradiças na linguagem forense.

2) Uma consulta ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – editado pela Academia


Brasileira de Letras, órgão que recebeu a delegação legal para dizer, com autoridade oficial, quais os
vocábulos pertencentes ao nosso idioma – revela que existem em nosso léxico ambas as palavras:
contraditar ou contradizer.

3) Uma busca nas origens vai demonstrar que ambas as formas vêm do latim e do mesmo verbo e,
assim, integram uma mesma família etimológica, configurando aquilo que tecnicamente
denominamos cognatos:

I) contradizer deriva de dicere, que é o infinitivo;

II) contraditar nasce de dictum, que é o supino;

III) ambas as formas pertencem ao verbo dico, dicis, dixi, dictum, dicere.

4) Quanto ao conteúdo semântico no campo do Direito, todavia, esses verbos seguem caminhos um
pouco diferentes.

5) Assim, contradizer, na esfera jurídica, costuma empregar-se para os seguintes sentidos:

I) Divergir de si próprio, em afirmativas feitas sobre o mesmo caso ou sobre a mesma coisa: "Em
seu depoimento, a testemunha se contradisse em pontos importantes";

II) Divergir das afirmativas ou da opinião de outrem: "A testemunha contradisse os


esclarecimentos do perito".

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI34282,41046-Contraditar+ou+Contradizer 1/2
11/02/2019 Contraditar ou Contradizer? - Gramatigalhas
6) Já contraditar, na terminologia forense, tem o significado técnico de opor-se a que alguém sirva de
testemunha em um processo, em razão de sua incapacidade (por exemplo, o interdito por demência),
impedimento (quem é parte na causa) ou suspeição (inimigo capital ou amigo íntimo de uma das
partes). Exs.:

a) "É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a


suspeição" (CPC, art. 414, § 1º);

b) "Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir


circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará
consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou
não lhe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208" (CPP, art. 214).

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


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11/02/2019 Contra-razoar o ou contra-razoar ao recurso? - Gramatigalhas

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Contra-razoar o ou contra-razoar ao recurso?


quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Rodrigo Rodrigues envia-nos a seguinte mensagem:

"Caro Professor José Maria da Costa: o verbo razoar deve ser utilizado como transitivo direto
ou indireto na linguagem forense. Assim deve-se contra-razoar o Recurso Ordinário ou contra-
razoar ao Recurso Ordinário? Atenciosamente."

1) A dúvida trazida para solução questiona qual o correto:

a) "Contra-razoar o recurso";

b) "Contra-razoar ao recurso"?

2) Antes de ingressar no efetivo mérito da pergunta, observa-se, por primeiro, que existem razoar e
arrazoar, ambos com o mesmo significado, nos meios jurídicos e forenses, de expor as razões em
uma peça, como uma petição inicial, uma contestação, um recurso.

3) Por conseguinte, contra-razoar e contra-arrazoar são expressões sinônimas e trazem em si a idéia


de responder as razões em uma peça judicial de resposta.

4) Por outro lado, quando se quer saber se o correto é "Contra-razoar o recurso" ou "Contra-razoar
ao recurso", quer-se saber se o verbo razoar ou arrazoar e, por conseguinte, contra-razoar ou
contra-arrazoar pedem um complemento sem preposição ou com preposição.

5) Em termos mais técnicos, quer-se saber se tais verbos são transitivos diretos ou transitivos
indiretos.

6) Ora, antes do mérito da questão, esclareça-se que, para se saber se um vocábulo existe e qual é
sua grafia em nosso idioma, a autoridade está com o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,
editado pela Academia Brasileira de Letras por delegação oficial da vetusta Lei Eduardo Ramos, de
n. 726, de 8 de dezembro de 1900. Vale dizer: está com o VOLP a autoridade para dizer sobre a
existência, grafia, pronúncia, gênero gramatical e categoria morfológica dos vocábulos.

7) Todavia, quanto se trata da sintaxe, ou seja, da junção das palavras, da construção das estruturas
– como é o caso de saber se um verbo pede um objeto direto ou um objeto indireto – a autoridade
está com os bons escritores, conforme exemplos neles coletados pelos nossos gramáticos e
lingüistas.

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11/02/2019 Contra-razoar o ou contra-razoar ao recurso? - Gramatigalhas
8) Nesse sentido, em obra que garimpa em nossos melhores autores, Francisco Fernandes ensina
que, no sentido de defender ou advogar uma causa, o verbo razoar é transitivo direto, isto é,
constrói-se sem preposição. Ex.: "Razoar uma causa".1

9) Discorrendo sobre arrazoar, Celso Pedro Luft tem o mesmo entendimento: trata-se de verbo
transitivo direto. Ex.: "Arrazoar uma causa".2

10) Assim:

a) "Razoar o recurso" (correto);

b) "Razoar ao recurso" (errado);

c) "Arrazoar o recurso" (correto);

d) "Arrazoar ao recurso" (errado).

11) Por isso, considerando agora diretamente a indagação feita, pode-se assim resumir na prática:

a) "Contra-razoar o recurso" (correto);

b) "Contra-razoar ao recurso" (errado);

c) "Contra-arrazoar o recurso" (correto);

d) "Contra-arrazoar ao recurso" (errado).

________

1Cf. FERNANDES, Francisco. Dicionário de Verbos e Regimes. 4. ed., 16. reimpressão. Porto Alegre: Editora Globo,

1971, p. 492.

2Cf. LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Verbal. 8. ed. São Paulo: Ática, 1999, p. 71.

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colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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Contra-razões ou Contrarrazões de apelação?


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Reginaldo Paiva envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Com as recentes alterações nas regras gramaticais da língua portuguesa, qual é o correto:
contra-fé, contrafé ou outra forma?"

De Pedro Rezende é a seguinte manifestação:

"De acordo com o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa, não se usa o hífen quando o
prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por R ou S. Nesse caso, duplicam-se
essas letras. Pergunto para os professores de português do Migalhas: então, hoje, a resposta à
apelação se escreve contrarrazões? Sem hífen e com o R dobrado?"

De Emerson Augusto Donanski vem a indagação:

"O que eu gostaria de saber é, se com a nova lei de ortografia em vigor, devemos escrever
'contra-razões' ou 'contrarrazões' ao recurso de apelação?"

E de Christiane Velho:

"Boa tarde, com a reforma da língua portuguesa, foi mantido o termo 'contra-razões' ou agora
devemos escrever 'contrarrazões'? Atenciosamente."

De Marcelo Toledo:

"Prezados amigos do Migalhas, com o mudança das regras ortográficas, gostaria de saber como
ficam as nossas conhecidas 'contra-razões' de recurso? Pelo que pude entender das novas regras
deveremos grafar 'contrarrazões' a partir de 2012, não é mesmo? Um abraço."

Por fim, de Lídia Valério Marzagão:

"Atenção, com a reforma ortográfica, penso que a palavra contrarrazões está alterada. Não se usa
o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso,
duplicam-se essas letras."

Contra-razões ou Contrarrazões de apelação?

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Contra-razões ou Contrarrazões de apelação?

1) Ante as recentes modificações quanto ao emprego do hífen, ocasionadas pelo acordo ortográfico
de 2010, diversos leitores indagam qual a forma correta da expressão: I) Contra-razões de apelação;
II) Contrarrazões de apelação?

2) Antes de mais nada, a título de introdução, observa-se que a maioria dos gramáticos defendiam
que o emprego do hífen era assunto que carecia de sério e profundo trabalho de sistematização e
simplificação. Longe de melhorar a situação, o que o acordo fez foi complicar ainda mais o que já era
difícil.

3) Mas tentemos solucionar a questão. Pela regra do acordo ortográfico, quando se tem o prefixo
contra, emprega-se o hífen em dois casos: I) se o segundo elemento começa por h (contra-habitual,
contra-harmonia, contra-haste, contra-homônimo); II) quando a palavra seguinte se inicia com a
mesma vogal que termina o prefixo (contra-acusação, contra-almirante, contra-apelação, contra-
arrazoado, contra-arrestar, contra-ataque).

4) Nos demais casos, não há hífen (contrabalançar, contracapa, contracheque, contraescritura,


contrafé, contrainterpelar, contraoferta).

5) Além disso, se a palavra seguinte se inicia por r ou s, tais consoantes são duplicadas, mas não se
usa o hífen (contrarreforma, contrarregra, contrarréplica, contrasseguro, contrassenso,
contrassistema).

6) De modo prático para o caso da consulta, vê-se que o correto, agora, é contrarrazões, e não mais
contra-razões.

7) Adiciona-se ponderação importante: o ato de argumentar e escrever as razões de apelação tanto


pode ser razoar como arrazoar; desse modo, oferecer a respectiva resposta tanto pode ser
contrarrazoar (que é o resultado de contra + razoar) como contra-arrazoar (resultado de contra +
arrazoar).

______
* Publicado originalmente em 10/2/10

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11/02/2019 Contrarrazoar ou Contra-arrazoar? - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Contrarrazoar ou Contra-arrazoar?
quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Nelson Magrini traz a seguinte pergunta ao Gramatigalhas:

"Pergunto: depois da nova ortografia, como fica: 'contrarrazoar' ou 'contra-arrazoar'?"

Contrarrazoar ou Contra-arrazoar?

1) Ante as recentes modificações quanto ao emprego do hífen, ocasionadas pelo Acordo Ortográfico
de 1990, pergunta um leitor qual a forma correta da expressão: I) Contrarrazoar uma apelação; II)
Contra-arrazoar uma apelação?

2) Sempre é bom repetir, num intróito, que a maioria dos gramáticos defendiam que o emprego do
hífen era assunto que carecia de sério e profundo trabalho de sistematização e simplificação. Longe
de melhorar a situação, o que o Acordo fez foi complicar ainda mais o que já era difícil.

3) Mas tentemos solucionar a questão. Pela regra do Acordo Ortográfico, quando se tem o prefixo
contra, emprega-se o hífen em dois casos: I) se o segundo elemento começa por h (contra-habitual,
contra-harmonia, contra-haste, contra-homônimo); II) quando a palavra seguinte se inicia com a
mesma vogal que termina o prefixo (contra-acusação, contra-almirante, contra-apelação, contra-
arrazoado, contra-arrestar, contra-ataque).

4) Nos demais casos, não há hífen (contrabalançar, contracapa, contracheque, contraescritura,


contrafé, contrainterpelar, contraoferta).

5) Além disso, se a palavra seguinte se inicia por r ou s, tais consoantes são duplicadas, mas sem o
hífen (contrarreforma, contrarregra, contrarréplica, contrasseguro, contrassenso, contrassistema).

6) De modo prático para o caso da consulta, parte-se, por primeiro, da premissa de que escrever as
razões de apelação tanto pode ser razoar como arrazoar; assim, oferecer resposta ao mencionado
recurso tanto pode ser contrarrazoar (que é o resultado de contra + razoar) como contra-arrazoar
(resultado de contra + arrazoar).

7) Atente-se, todavia, a que são incorretas as formas contra-razoar e contraarrazoar.

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI118943,91041-Contrarrazoar+ou+Contraarrazoar 1/2
11/02/2019 Convir - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Convir
quarta-feira, 28 de junho de 2006

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Em tempos de Copa do Mundo, em que as atenções estão voltadas mais para os pés do que para
o cérebro, deu-se que, no Migalhas 1.436 (20/6/06), assim estava escrito: "A frase que hoje
descortina este informativo vai desde o futebol até a política. Cada um faça o uso que melhor lhe
convir."

O atento leitor Paulo Penteado de Faria e Silva Junior enviou-nos a seguinte mensagem:

"La première bêtise... Vossências hão de convir que trocar convier por convir habilita o
integérrimo corpo redacional desse Sodalício a uma nova e exemplar rodada de velha chibata!
(Migalhas 1.436 - 20/6/06 - "Todos os gostos") Saudações ludopédicas."

A Redação, a esse respeito, assim se pronunciou:

Nota da Redação - Infalível migalheiro. Alega a divisão revisional que a troca foi adrede,
esperando para ver o que faria o leitor atento. No entanto, pelo estralado que se ouviu nesta
madrugada, as milongas pelas gralhas nas migalhas não colaram. Nosso inexorável
amantíssimo Diretor estreou sua nova chibata de cordas de caroá. E como canta bonito a
danada...

1) Composto de vir, num primeiro aspecto, convir é verbo que traz problemas quanto à acentuação
gráfica, já que, assim como aquele primitivo, é grafado, na terceira pessoa do plural do presente do
indicativo com um acento circunflexo, para diferenciar da terceira pessoa do singular: eles vêm, eles
convêm.

2) Contrariamente ao verbo de que deriva, além disso, recebe, na terceira pessoa do singular, um
acento agudo, em razão de regra específica das oxítonas: ele vem, ele convém, eles vêm, eles
convêm.

3) Atente-se a que nem vir nem seus compostos apresentam dois ee na terceira pessoa do plural do
presente do indicativo, encontro vocálico esse próprio de crer, dar, ler e ver.

4) Quanto à conjugação verbal, importante é observar-lhe as formas do presente do indicativo e


tempos derivados: convenho, convéns, convém, convimos, convindes, convêm (presente do
indicativo); convenha, convenhas, convenha, convenhamos, convenhais, convenham (presente do
subjuntivo); convém, convenha, convenhamos, convinde, convenham (imperativo afirmativo); não
convenhas, não convenha, não convenhamos, não convenhais, não convenham (imperativo
negativo).

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI26565,21048-Convir 1/3
11/02/2019 Convir - Gramatigalhas
5) "As pessoas menos cultas manifestam a tendência para dizer viemos (e, por conseguinte,
conviemos)em vez de vimos (e, assim, de convimos)na primeira pessoa do plural do presente do
indicativo"1, forma aquela pertencente ao pretérito perfeito do indicativo, falha essa de emprego da
forma do pretérito perfeito pelo presente do indicativo que Júlio Nogueira atribui à "falta de uso" da
forma correta.2

6) Para que não haja erros, são as seguintes as formas do pretérito perfeito: convim, convieste,
conveio, conviemos, conviestes, convieram.

7) Cuidado, assim, com os tempos derivados do pretérito do perfeito do indicativo: conviera,


convieras, conviera, conviéramos, conviéreis, convieram (pretérito mais-que-perfeito do indicativo);
convier, convieres, convier, conviermos, convierdes, convierem (futuro do subjuntivo); conviesse,
conviesses, conviesse, conviéssemos, conviésseis, conviessem (imperfeito do subjuntivo).

8) Observe-se que o gerúndio e o particípio são iguais (convindo).

9) Cuidado com a conjugação dele e de outros compostos de vir no pretérito perfeito e tempos
derivados:

a) "Terceiros intervieram no processo"(e não interviram);

b) "O réu não apenas contestou, mas também reconveio" (e não reconviu);

c) "Quando sobrevier sentença..."(e não Quando sobrevir...).

10) Grafias equivocadas, como interviu em lugar de interveio, lembra Luiz Antônio Sacconi que são
barbarismos morfológicos.3

11) De Geraldo Amaral Arruda é a lembrança de que "lamentavelmente muitos se confundem e


escrevem eu intervi, ele intervia, eles interviram", acrescentando tal autor que esse verbo nada tem
com o verbo ver e que, em sua conjugação, não se deve fazer tal confusão.4

12) Quanto às pessoas em que pode ser conjugado, Otelo Reis traz importante observação:

a) – no sentido de ser conveniente, ser útil, é impessoal;

b) – em outro sentido, é conjugado em todas as pessoas.5

13) Das considerações feitas, vê-se que assiste integral razão ao atento leitor:

a) "Cada um faça o uso que melhor lhe convir" (errado);

b) "Cada um faça o uso que melhor lhe convier" (correto).

______________

1Cf. Reis, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco

Alves, 1971. p. 123.

2Cf. Nogueira, Júlio. O Exame de Português. 4. ed. Rio de Janeiro: Livraria Editora Freitas Bastos, 1930. p. 201.

3Cf. Sacconi, Luiz Antônio. Nossa Gramática. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1979. p. 268.

4Cf. Arruda, Geraldo Amaral. A Linguagem do Juiz. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 67.

5Cf. Reis, Otelo. Breviário da Conjugação dos Verbos da Língua Portuguesa. 34. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco

Alves, 1971. p. 146.

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11/02/2019 Correicional ou Correcional? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Correicional ou Correcional?
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Gesival Gomes de Souza envia a seguinte indagação ao Gramatigalhas:

"Prezado senhor, poderia esclarecer se o termo correto é atividade correcional ou atividade


correicional, decorrente das atribuições das Corregedorias?"

Correicional ou Correcional?

1) Um leitor pergunta qual a forma correta para designar uma das atribuições das Corregedorias:
atividade correicional ou atividade correcional?

2) Diga-se, num primeiro aspecto, que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa registra tanto
correção como correição para designar o ato de corrigir.1

3) Pela tradição do Poder Judiciário, porém, tem-se reservado o termo correição (e não correção)
para designar a visita e a fiscalização feita por autoridade competente aos estabelecimentos
submetidos a seu controle.

4) Acrescente-se, por oportuno, que, embora o VOLP registre tanto correção como correição, o certo
é que, ao dar os respectivos adjetivos, não apresenta a variante correicional, e sim, apenas,
correcional.2

5) Sempre é bom lembrar que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa é uma espécie de
dicionário que lista as palavras reconhecidas oficialmente como pertencentes à língua portuguesa,
bem como lhes fornece a grafia oficial.

6) Também conhecido pela sigla VOLP, é organizado e publicado pela Academia Brasileira de Letras,
a qual tem a delegação oficial e a responsabilidade legal de editá-lo, em cumprimento à Lei Eduardo
Ramos, de n. 726, de 8.12.1900.

7) Voltando ao caso da consulta: I) atividade correcional (correto); II) atividade correicional (errado).

__________________

1 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p.
221.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI127349,81042-Correicional+ou+Correcional 1/2
11/02/2019 Correicional ou Correcional? - Gramatigalhas
2 Cf. Academia Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed., 2009. São Paulo: Global. p.
221.

______
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Correio ou Correios?
quarta-feira, 20 de abril de 2011

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Elias Daher Júnior envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"O certo é correio ou correios?"

Correio ou Correios?

1) Um leitor pergunta qual a forma correta: correio ou correios?

2) Para bem situar a questão, importa observar que, na origem, correio era um mensageiro, um
indivíduo que portava mensagens.

3) No decorrer dos tempos, passou a significar também o sistema de comunicação que pressupõe
um intercâmbio de mensagens, feito especialmente por meio da troca de correspondência entre as
pessoas.

4) Em seguida, por metonímia, passou, de igual modo, a abranger a repartição onde se operam as
trasladações de correspondência entre os usuários desse sistema.

5) Apenas para não estender em demasia estas considerações, anota-se que, também por
metonímia, passou a significar o prédio, o edifício que abriga esse tipo de repartição.

6) Com essas considerações, com tantos significados, ora querendo dizer uma unidade, ora com a
acepção de uma pluralidade, vê-se que não há como vedar a possibilidade de uso do vocábulo
correio tanto no singular quanto no plural, conforme o sentido que se lhe quiser dar.

______
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11/02/2019 CPI ou C.P.I.? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

CPI ou C.P.I.?
quarta-feira, 21 de setembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Antenor Valério de Souza (que nega qualquer parentesco com o Calvo de Minas) faz a
seguinte indagação:

"Uma Comissão Parlamentar de Inquérito é uma CPI ou uma C.P.I.?"

1) Quando a abreviatura das palavras se dá pela utilização de suas iniciais, tem-se uma sigla. Exs.:
DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), I.N.S.S. (Instituto Nacional de Seguridade
Social).

2) A questão do regime das abreviaturas e, por conseguinte, das siglas, não é pacífica, mas algumas
ponderações podem ser feitas com proveito.

3) Uma primeira observação é que, nas siglas, o mais lógico é não usar o ponto de separação, se as
letras são pronunciadas formando nova palavra, como ARENA (Aliança Renovadora Nacional, antigo
partido político dos tempos da ditadura de 1964); se, todavia, a leitura da sigla se dá em soletração,
então o mais adequado é usar o ponto de separação entre as letras, como em F.N.M. (Fábrica
Nacional de Motores).

4) Essa, aliás, é a lição de Cândido de Oliveira: “se lermos letra por letra (ene, ge, bê), entre elas há
ponto (N.G.B.); se as letras formam um todo significativo, não há ponto: DEA”.

5) Do primeiro caso, para o mesmo autor, são exemplos I.N.S.S. (Instituto Nacional de Seguridade
Social) e P.V.O.L.P. (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), enquanto do segundo
são MEC (Ministério da Educação e Cultura), PETROBRAS (Petróleo Brasileiro), SESI (Serviço
Social da Indústria) e UBE (União Brasileira de Escritores). 1

6) Apesar da lição tradicional anterior, Luciano Correia da Silva anota que o uso constante vem
contrariando a regra segundo a qual se utilizam pontos nas siglas cujas letras se pronunciam
separadamente: de I.N.P.S., O.A.B., segundo tal autor, passou-se, na prática, a escrever INPS e
OAB.

7) Em outra passagem, acrescenta tal autor que “há uma tendência crescente para a eliminação dos
pontos nas siglas em geral: MP (Ministério Público), CPC (Código de Processo Civil), TJ (Tribunal de
Justiça), RT (Revista dos Tribunais), STF (Supremo Tribunal Federal), STJ (Superior Tribunal de
Justiça), CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), MP (Medida Provisória), PM (Polícia Militar).2

8) Em mesmo sentido, para Regina Toledo Damião e Antonio Henriques, as siglas, em casos dessa
natureza, podem vir, indiferentemente, acompanhadas ou não de ponto – MEC ou M.E.C., CIC ou
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11/02/2019 CPI ou C.P.I.? - Gramatigalhas

C.I.C. – acrescentando tais autores que “a tendência moderna é o uso de siglas sem pontuação”.3

9) Com todas essas observações e posições divergentes dos nossos autores, vê-se que tanto se
pode escrever CPI como C.P.I. Todavia se deve anotar que a tendência à simplificação faz com que
mais e mais se dê preferência à primeira grafia. Repita-se, porém, que ambas as formas estão
corretas.

_________

1Cf. OLIVEIRA, Cândido de. Revisão Gramatical. 10 ed. São Paulo: Editora Luzir, 1961, p. 77.

2Cf. SILVA, Luciano Correia da. Manual de Linguagem Forense. 1. ed. São Paulo: EDIPRO, 1991. p. 181 e 323.

3Cf. DAMIÃO, Regina Toledo: HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 245.

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11/02/2019 CPI: as CPI ou as CPIs? - Gramatigalhas

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CPI: as CPI ou as CPIs?


quarta-feira, 28 de setembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

Na semana passada, procuramos solucionar a questão de grafia: CPI ou C.P.I. Em


desenvolvimento à questão feita naquela oportunidade, o leitor Antenor Valério de Souza (que
volta a negar qualquer parentesco com o Calvo de Minas) faz a seguinte indagação:

"Se há mais de Comissão Parlamentar de Inquérito, fala-se as CPI ou as CPIs?"

Sobre o plural de sigla, a leitora Tatiana Sampaio Moreira também fez as seguintes indagações:

"A sigla HC seguida de 's' minúsculo indica plural? Podemos colocar plural em siglas?"

1) Quando a abreviatura das palavras se dá pela utilização de suas iniciais, tem-se uma sigla. Exs.:
DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público), I.N.S.S. (Instituto Nacional de Seguridade
Social).

2) E se sabe que, quanto ao uso ou não de ponto entre as letras que resumem suas palavras
integrantes, tanto se admite, na atualidade, escrever CPI como C.P.I. E se anota que a tendência à
simplificação faz com que mais e mais se dê preferência à primeira grafia. Repita-se, porém, que
ambas as formas estão corretas.

3) Quanto ao emprego de uma sigla no plural, parece integralmente aceitável a lição de Napoleão
Mendes de Almeida de que se pluralizam as siglas pelo acréscimo de um s minúsculo às letras já
integrantes delas: CEPs, CICs, R.Gs.1

4) Desse entendimento também é Arnaldo Niskier, para quem "não há motivos para não marcar o
plural das siglas com um s minúsculo".2

5) Regina Toledo Damião e Antonio Henriques também partilham do mesmo entendimento de que,
"com respeito ao plural das siglas, aceita-se o uso do s (minúsculo) para efeito de pluralização: PMs,
INPMs, MPs".3

6) Tal uso de um s minúsculo ao final da sigla, no entendimento de Edmundo Dantès Nascimento, "é
uma solução gráfica sem aprovação de convenção acerca do assunto, mas que resolve o caso".4

7) Quanto ao vocábulo especificamente considerado, vê-se com facilidade que o plural de CPI é
CPIs.

_____________

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI16379,101048-CPI+as+CPI+ou+as+CPIs 1/2
11/02/2019 CPI: as CPI ou as CPIs? - Gramatigalhas
1 Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. São Paulo: Editora Caminho Suave Ltda.,

1981. p. 298.

2 Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 111.

3 Cf. DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de Português Jurídico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994. p.

245.

4 Cf. NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Linguagem Forense. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. p. 208.

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colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
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11/02/2019 Crase (de novo!?) - Gramatigalhas

página inicial Gramatigalhas Crase (de novo!?)

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por José Maria da Costa

Crase (de novo!?)


quarta-feira, 24 de março de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Cesar Costa de Oliveira envia-nos a seguinte mensagem :

"Migalhas já publicou que não se utiliza crase antes de pronome de tratamento. No entanto,
tenho dúvida quanto à utilização da crase no contexto 'venho a presença de Vossa
Excelência'. O 'a presença de Vossa Excelência' permite a crase ou não, já que o artigo
antecede também o pronome de tratamento?"

Crase (de novo!?)

1) Partindo do princípio de que não se usa crase antes de pronome de tratamento, um leitor indaga
se ela existe ou não no seguinte exemplo: "Venho a presença de Vossa Excelência".

2) Ora, em termos técnicos, crase é a fusão de duas vogais idênticas, e as regras que se fixam têm
em mira a própria existência da preposição de um lado e (no caso mais comum) do artigo de outro.

3) Para tal raciocínio, porém, nunca se pode perder de vista que qualquer raciocínio, nesse campo,
só deve levar em conta a palavra que vem imediatamente após, e não outra que venha na
sequência.

4) No caso da indagação, a palavra que vem imediatamente após o a é o vocábulo presença, e não o
pronome de tratamento Vossa Excelência.

5) Isso quer dizer que o que se deve perguntar não é se existe crase antes do pronome de
tratamento, mas se, no caso, ela existe antes da palavra presença.

6) Resolvida essa questão preliminar, relembra-se que, quando se quer saber se há crase antes de
um substantivo comum do feminino, deve-se substituí-lo mentalmente por um masculino: se aparecer
ao ou aos no masculino, então haverá crase no feminino.

7) Tendo em conta o exemplo da consulta, vê-se que, quando se diz "Venho a presença...", tem-se,
como um exemplo do masculino, "Venho ao local..."

8) E assim, sem maiores dificuldades, só se pode concluir que o correto é: "Venho à presença de
Vossa Excelência".

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI103440,31047-Crase+de+novo 1/2
11/02/2019 Crase antes de expressões normais femininas - Gramatigalhas

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Crase antes de expressões normais femininas


quarta-feira, 6 de junho de 2007

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Mario Luiz Pegoraro envia-nos a seguinte mensagem:

"Dr. José Maria da Costa: Nós, os mais idosos ou experientes, desfrutamos de ótimos
professores de português. Como muita coisa mudou ou evoluiu, perguntamos: aplica-se crase nos
pronomes de tratamento e de posse? Como estamos lançando um folder, em decorrência
perguntamos: na frase - Congratulações à atual Patronagem pela conclusão da obra da Pista de
Dança. - usa-se crase? Virtualmente Grato."

Em verdade, na indagação feita há três questões: a) existe crase nos pronomes de tratamento?;
b) existe crase nos pronomes possessivos?; c) existe crase na expressão congratulações à atual
Patronagem?

1) A indagação feita busca saber qual a forma correta:

a) "Congratulações à atual Patronagem";

b) "Congratulações a atual Patronagem".

Ou seja: com crase ou sem crase?

2) A regra primeira e básica para o emprego de crase antes de um substantivo comum é substituir
mentalmente o substantivo feminino por um correspondente masculino: se, no masculino, aparece ao
ou aos, há crase no feminino. Exs.:

I) "Vou à cidade" (porque Vou ao bairro);

II) "Encontrei a menina"(porque Encontrei o menino).

3) Com a aplicação dessa regra bem simples, vê-se, num primeiro momento, que a expressão
feminina "atual Patronagem"pode ser substituída por uma correspondente masculina "atual patrono".

4) E, quando assim se procede, vê-se que a dicção da expressão vem fácil: "Congratulações ao
atual patrono".

5) Se, no masculino, aparece ao ou aos, por conseqüência há crase no feminino: "Congratulações à


atual Patronagem".

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI39977,41046-Crase+antes+de+expressoes+normais+femininas 1/2
11/02/2019 Crase antes de nomes de localidades - Gramatigalhas

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Crase antes de nomes de localidades


quarta-feira, 12 de maio de 2010

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor André Luís de Souza envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"No Migalhas de 12/5/09, encontramos o seguinte trecho: 'Como dizem os antigos, não se vai à
Franca, sobe-se à Franca do Imperador.' Está correto o uso da crase nos dois casos?"

Crase antes de nomes de localidades

1) Um leitor indaga se está correto o emprego do acento indicador da crase no seguinte exemplo:
"Como dizem os antigos, não se vai à Franca, sobe-se à Franca do Imperador."

2) Ora, a indagação busca saber a respeito do uso de crase antes dos nomes de localidades, quando
vêm precedidos de um a.

3) Nessas hipóteses, alguns aspectos devem ser analisados: I) Verifica-se, de início, se a palavra
que precede esse a exige a preposição a. II) Se essa palavra precedente não exige tal preposição,
não há crase; assim, por exemplo, "Visitei a Bahia" (o verbo visitar é transitivo direto e não exige
complemento precedido de preposição – quem visita, visita algo ou alguém). III) Se, porém, a palavra
precedente exige a preposição a, deve-se continuar o raciocínio, trocando-se mentalmente a
preposição da frase por outra diferente (o que se consegue, muitas vezes, trocando o próprio verbo,
como ir por voltar). IV) Se, operada essa troca, surge, na combinação, um artigo feminino, então há
crase no exemplo originário; assim, diz-se "Vou à Bahia", porque se fala "Volto da Bahia". V) Se,
porém, feita a troca, não surge na combinação artigo algum, então não há crase; assim, diz-se "Vou
a Roma", porque se fala "Volto deRoma". VI) Diz-se, porém, "Vou à Roma dos césares", porque se
fala "Volto da Roma dos césares".

4) Em tais casos de nomes de localidades, simbolizando no verbo ir todos aqueles que exigem
construção com a preposição a, pode-se memorizar a questão com a seguinte quadra: "Se vou a e
volto da, / Nesse caso crase há; / Se vou a e volto de, / Usar crase, para quê?"

5) De modo específico para os exemplos da consulta, a troca dos verbos dá o seguinte resultado:
"Volto de Franca" e "Volto da Franca do Imperador". Assim, a forma correta do exemplo seria: "Como
dizem os antigos, não se vai a Franca, sobe-se à Franca do Imperador".

______
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI107124,91041-Crase+antes+de+nomes+de+localidades 1/2
11/02/2019 Crase antes de pronome de tratamento - Gramatigalhas

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Crase antes de pronome de tratamento


quarta-feira, 29 de abril de 2015

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Mario Luiz Pegoraro envia-nos a seguinte mensagem:

"Dr. José Maria da Costa: Nós, os mais idosos ou experientes, desfrutamos de ótimos
professores de português. Como muita coisa mudou ou evoluiu, perguntamos: aplica-se crase nos
pronomes de tratamento e de posse? Como estamos lançando um folder, em decorrência
perguntamos: na frase - Congratulações à atual Patronagem pela conclusão da obra da Pista de
Dança. - usa-se crase? Virtualmente Grato."

Em verdade, na indagação feita há três questões: a) existe crase nos pronomes de tratamento?;
b) existe crase nos pronomes possessivos?; c) existe crase na expressão congratulações à atual
Patronagem?

Gramatigalhas - Crase antes de pronome de tratamento

1) Pronome de tratamento, também chamado pronome de reverência, é a maneira formal para se


dirigir com respeito a determinadas pessoas no trato cortês e cerimonioso. Ex.:

I) "Sua Excelência, o presidente do Tribunal de Justiça, honrou-nos com sua visita";

II) "Vossa Excelência, senhor Deputado, é muito corajoso".

2) Pela leitura atenta dos exemplos dados e pela verificação acurada de outros casos, conclui-se
com facilidade que normalmente não se emprega artigo antes de um pronome de tratamento.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI39395,91041-Crase+antes+de+pronome+de+tratamento 1/2
11/02/2019 Crase antes de pronome de tratamento - Gramatigalhas
3) Ora, como crase significa a fusão de duas vogais idênticas, um segundo a que seria necessário
para sua ocorrência antes de um pronome de tratamento fatalmente haveria de ser um artigo.

4) E, como o pronome de tratamento normalmente repele o uso do artigo, fixa-se a regra de que não
se usa o acento indicador da existência de crase antes de pronome de tratamento. Exs.:

I) "Dirijo-me respeitosamente a Vossa Reverendíssima nesta oportunidade";

II) "Entregamos um cartão de prata a Sua Excelência o prefeito, em agradecimento por seus
esforços em prol de nossa causa".

5) Esclarece-se que essa regra de que não se usa acento indicador da crase antes de pronome de
tratamento não é estabelecida de modo genérico e teórico, mas parte da verificação do caso
concreto e da conseqüente averiguação da inexistência de fusão de vogais idênticas.

6) Atentando de modo específico ao que se dá na linguagem forense, assim ensina Eliasar Rosa:
"Erro palmar e imperdoável é o de pôr sinal indicativo de crase nesse a que antecede V. Exa."1

7) Acresce dizer que, por exceção, há três pronomes de tratamento que admitem artigo – e, por
conseqüência, crase – antes de si: senhora, senhorita e dona. Exs.:

I) "Dirigiu-se à senhora Fontes com todo o respeito";

II) "Meus respeitos à senhorita Fontes";

III) "Meus respeitos à dona Valquíria Fontes".

_________

1Cf. ROSA, Eliasar. Os Erros Mais Comuns nas Petições. 9. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S.A., 1993, p. 33.

____________

Publicado originalmente em 23/05/2007

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11/02/2019 Crase antes de pronome possessivo - Gramatigalhas

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Crase antes de pronome possessivo


quarta-feira, 15 de abril de 2015

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b) existe crase nos pronomes possessivos?; c) existe crase na expressão congratulações à atual
Patronagem?

Crase antes de pronomes possessivos

1) A regra primeira e básica de emprego de crase antes de um substantivo comum é substituir


mentalmente o substantivo feminino por um correspondente masculino: se, no masculino, aparece ao
ou aos, há crase no feminino. Exs.:

a) "Vou à cidade" (porque Vou ao bairro);

b) "Encontrei a menina" (porque Encontrei o menino).

2) No que concerne à questão da crase antes dos pronomes possessivos, em vez de decorar se é
caso de admissão de crase ou não, o melhor é aplicar essa regra geral de crase e substituir
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI39816,41046-Crase+antes+de+pronome+possessivo 1/2
11/02/2019 Crase antes de pronome possessivo - Gramatigalhas

mentalmente por um pronome possessivo masculino: se, no masculino, aparecer ao ou aos, então há
crase no feminino.

3) Assim, veja-se o seguinte exemplo: "Dei férias a minha equipe", em que equipe é um substantivo
feminino. Ao operar a substituição por um masculino, vejo dupla possibilidade de expressão:

a) "Dei férias a meu grupo";

b) "Dei férias ao meu grupo".

4) Ora, se, no masculino, posso dizer a ou ao, então a crase é facultativa no feminino. Exs.:

a) "Dei férias a minha equipe" (correto);

b) "Dei férias à minha equipe" (correto).

5) É por isso que se costuma dizer que o acento indicador da existência de crase é facultativo antes
de pronomes possessivos femininos.

6) Tal regra, porém, não é estabelecida de modo genérico e teórico, mas parte da verificação do caso
concreto e da consequente averiguação de que o próprio emprego do artigo é facultativo no caso em
estudo.

__________________

Publicado originalmente em 30/05/2007

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11/02/2019 Crase antes de pronomes - Gramatigalhas

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Crase antes de pronomes


quarta-feira, 10 de agosto de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

"O leitor Pegoraro envia-nos a seguinte mensagem:

"Dr. José Maria da Costa: Há alguns anos, tive professores que ensinavam a não aplicação
de crase antes dos pronomes, principalmente os de tratamento. Gostaria de saber o seu
entendimento. Virtualmente grato. Pegoraro"

1) Crase tem por conceito a fusão de duas vogais idênticas: normalmente um a (preposição)
fundindo-se com outro a (com freqüência um artigo), o que, na grafia, se representa com um à (a
com acento grave). Ex.: Fui à entrega do título.

2) Para os casos mais corriqueiros de substantivos comuns, o mais fácil é substituir mentalmente o
substantivo feminino:

a) se aparece ao diante do masculino, então há crase no feminino;

b) se não aparece ao no masculino, então não há crase (nem seu acento indicativo) no feminino.
Exs.:

I) – Fui à dentista (porque Fui ao dentista);

II) – Motor a gasolina (porque Motor a óleo).

3) No caso de pronomes de tratamento, vê-se com facilidade que eles não são precedidos de artigo
feminino (Ex.: "Vossa Excelência tem zelo pelos seus eleitores", e não "A Vossa Excelência tem zelo
pelos seus eleitores".

4) Exatamente porque não são precedidos de artigos femininos, é que se diz que os pronomes de
tratamento não admitem crase antes de si. Ex.: "Dirijo-me a Vossa Excelência com todo o respeito".

5) Nesse caso, ainda é oportuno observar que senhora, senhorita e dona são pronomes de
tratamento, mas, excepcionalmente, admitem artigo e, por conseguinte, crase antes de si. Ex.:
"Dirijo-me à senhora com todo o respeito".

6) Em resumo, quanto aos pronomes de tratamento: não há crase antes deles, com exceção de
senhora, senhorita e dona.

7) Quanto aos demais pronomes, o ensino da língua normalmente se faz pelo fornecimento de uma
lista daqueles antes dos quais há crase obrigatória, outra lista da crase proibida e uma terceira lista

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI14873,41046-Crase+antes+de+pronomes 1/2
11/02/2019 Crase antes de pronomes - Gramatigalhas
da crase facultativa.

8) Não vejo maior utilidade em um ensino desse modo, e prefiro rememorar a regra básica de que o
melhor é substituir um nome feminino por outro masculino. Se, nessa substituição, aparecer ao no
masculino, há crase no feminino. Exs.:

I) "Vou à cidade"(porque "Vou ao campo");

II) "Ficaram junto à porta" (porque Ficaram junto ao portão);

III) "Encontrei a menina"(porque Encontrei o menino);

IV) "A paz une as nações"(porque O amor une os povos).

9) Assim, no que tange à questão de crase antes de pronomes, em vez de decorar quais deles
admitem crase antes de si e quais os que a rejeitam, melhor é aplicar essa regra geral de crase para
antes de substantivos comuns femininos e alterar mentalmente a estrutura da oração, de modo que o
pronome se torne masculino.

10) Nesses casos, se aparece ao no masculino, então há crase no feminino; se não aparece ao no
masculino, não há crase no feminino:

a) "Fui à tal cartomante"(isso porque se diz "Fui ao tal cartomante");

b) "Dei o livro a esta menina"(isso porque se diz "Dei o livro a este menino");

c) "Referi-me a/à minha amiga"(isso porque se diz "Referi-me a/ao meu amigo").

11) Em síntese: se é possível resolver a questão sem complicar com teorias mirabolantes e listas
enfadonhas, é muito melhor: basta raciocinar.

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11/02/2019 Crase antes de sigla - Gramatigalhas

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Crase antes de sigla


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Cíntia Borba envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"É correto utilizar crase antes de uma sigla ?"

Crase antes de sigla

1) Uma leitora pergunta de modo objetivo: é correto utilizar crase antes de uma sigla?

2) Veja-se, num primeiro aspecto, que uma sigla é, em suma, a abreviatura das palavras pela
utilização de suas iniciais: TJ (Tribunal de Justiça), CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

3) Veja-se ainda que, conceitualmente, crase é a fusão de duas vogais idênticas, e seu aspecto mais
comum e mais importante é o caso de fusão da preposição "a" com o artigo feminino "a". E se
representa a crase pelo acento grave (à).

4) Formulamos alguns exemplos para responder à indagação, sem empregar, de início, o sinal
indicativo da crase, ainda que eventualmente necessário: I) "Ele escreveu a Petrobras"; II) "Ele
dirigiu-se a OAB"; III) "Ele foi a CPI".

5) Na prática, para responder à indagação do caso – se há crase antes de uma sigla – deve-se ver
se, em última análise, ocorre, no caso concreto, a fusão referida: preposição + artigo.

6) Num primeiro aspecto, quem escreve, escreve a; quem se dirige, dirige-se a; quem vai, vai a. Ou
seja: todos os verbos dos exemplos exigem a preposição a.

7) Num segundo aspecto, veja-se que as siglas, de um modo geral, não são avessas a ter um artigo
antes de si, e este haverá de estar presente na sigla sempre que também vier a ser empregado na
expressão toda representada pela sigla. Vejam-se siglas do masculino: I) "Ele escreveu ao I.N.S.S.
(Instituto Nacional do Seguro Social)"; II) "Ele dirigiu-se ao STJ (Superior Tribunal de Justiça)"; III)
"Ele foi ao STF (Supremo Tribunal Federal).

8) A par dessa observação, veja-se que as siglas dos exemplos dados inicialmente são do feminino e
admitem artigo feminino antes de si, como patenteia a seguinte frase: I) "Estive na Petrobras, na
OAB e na CPI".

9) Verificada a circunstância já posta de que os verbos dos exemplos dados exigem a preposição "a"
e reiterado o aspecto de que as siglas consideradas admitem artigo feminino antes de si, só se pode

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI93076,81042-Crase+antes+de+sigla 1/2
11/02/2019 Crase antes de sigla - Gramatigalhas
chegar aos seguintes resultados: I) "Ele escreveu à Petrobras"; II) "Ele dirigiu-se à OAB"; III) "Ele foi
à CPI".

10) E, respondendo especificamente à indagação da leitora: nada impede que se venha a usar a
crase antes de uma sigla, desde que preenchidos os requisitos normais para seu emprego.

______
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11/02/2019 Crase antes de substantivos comuns - Gramatigalhas

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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Crase antes de substantivos comuns


quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Mariléa Lima remete ao responsável pela coluna Gramatigalhas a seguinte indagação:

"Gostaria de obter informações acerca do uso da crase na expressão "... à presença de


V.Exa...".

Crase antes de substantivos comuns

1) É a fusão de duas vogais idênticas.

2) Seu aspecto mais importante é o caso de fusão da preposição a com os artigos femininos e
pronomes demonstrativos a ou as (resultando à e às). E o acento grave tem hoje por função única
em Português representar a existência da crase.

3) Duas regras básicas são de grande utilidade.

4) Por primeiro, quando se trata de saber se ela existe antes de um substantivo comum feminino, o
melhor é substituir mentalmente, na frase, tal substantivo feminino por um correspondente masculino;
se, com essa substituição, aparece ao ou aos no masculino, há crase no feminino.

5) Assim, diz-se “Vou à cidade”, porque, no masculino, se fala “Vou ao campo”.

6) De semelhante modo, “Ficaram junto à porta”, porque “Ficaram junto ao portão”.

7) Diz-se, todavia, “Encontrei a menina”, porque se fala “Encontrei o menino”; e, também, “A paz une
as nações”, porque “A paz une os povos”.

8) Quanto à expressão submetida a esta análise (“... à presença de V. Exa....), não há como saber se
há ou não crase no caso concreto, porque esta depende de haver uma palavra anterior que exija a
preposição a. Por isso, vamos formular dois exemplos com a referida expressão já precedida de
outra palavra, ora com crase, ora sem crase, bastando conferir o procedimento do a questionado
quando se procede à substituição da palavra feminina que se lhe segue por um substantivo
masculino:

a) “Venho à presençade V. Exa...”, porque “Venho ao convívio...”;

b) “Aprecio a presençade V. Exa...”, porque “Aprecio o convívio...”

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11/02/2019 Crase antes de substantivos comuns - Gramatigalhas
9) Uma observação final: crase não é o nome do acento, e sim o fenômeno lingüístico de encontro de
duas vogais idênticas. O nome do acento empregado em tal caso é grave, o qual, como já se
observou, apenas existe hoje em Português para indicar existência de crase. Tecnicamente, portanto,
deve-se dizer que se usa o acento grave para indicar a existência da crase.
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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
Doutor em Direito pela PUC/SP. Ex-Professor de Língua Latina, de Português do
Curso Anglo-Latino de São Paulo, de Linguagem Forense na Escola Paulista de
Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
fundador do escritório Abrahão Issa Neto e José Maria da Costa Sociedade de
Advogados.

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11/02/2019 Crase e palavras ocultas - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Crase e palavras ocultas


quarta-feira, 1º de agosto de 2018

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Ricardo Pereira envia a seguinte mensagem para a seção Gramatigalhas:

"Minha dúvida é sobre a utilização da crase na seguinte frase: a) 'A sua prova é curiosamente
igual à do aluno Roberto' ou b) 'A sua prova é curiosamente igual a do aluno Roberto'. No
sentido de: c) 'A sua prova é curiosamente igual à prova do aluno Roberto'. Suprimindo a
segunda palavra 'prova' nas frases ‘a' e 'b', o acento crase permanece ou não?"

1) Um leitor parte do seguinte exemplo, que reputa correto: "A sua prova é curiosamente igual à
prova do aluno Roberto". Sua dúvida é se a crase continua, quando se suprime a segunda palavra
prova nas seguintes frases: a) "A sua prova é curiosamente igual à do aluno Roberto"; ou b) "A sua
prova é curiosamente igual a do aluno Roberto"?

2) Uma observação técnica de grande importância: a) quando a palavra prova vem expressa, se
houver crase, ela significará a fusão de uma preposição a e de um artigo a; b) quando, porém, se
omite a palavra prova, se houver a referida fusão, será ela entre uma preposição e uma palavra que
tomou o lugar de um nome, a saber, um pronome.

3) Como tal explicação teórica não muda em nada a questão prática que está sendo dirimida, importa
lembrar que a primeira, geral e importante regra de crase para nomes comuns do feminino manda
substituir, no raciocínio com o caso concreto, o nome feminino, antes do qual se quer saber se existe
ou não a crase, por um correspondente masculino (não necessariamente um sinônimo, mas um
vocábulo que mantenha a mesma estrutura sintática).

4) E se, com a substituição, aparece ao no masculino, então há crase no feminino; se não aparece
ao no masculino, não há crase no feminino.

5) Veja-se o raciocínio que o próprio consulente deve ter seguido com o exemplo, quando aparece o
vocábulo prova: a) "A sua prova é curiosamente igual à prova do aluno Roberto" (feminino); b) "O
seu exame é curiosamente igual ao exame do aluno Roberto" (masculino).

6) Com essas considerações como premissas, passa-se a raciocinar com o exemplo em que o leitor
suprimiu o vocábulo prova: a) tal palavra foi suprimida na frase, mas ela continua claramente
existindo na mente e no raciocínio do leitor; b) se o leitor estivesse pensando não no primeiro, mas
no segundo exemplo, a frase dele, sem dificuldade alguma, seria "O seu exame é curiosamente igual
ao do aluno Roberto"; c) a regra não muda, e, assim, se, no masculino aparece ao, a crase é de rigor
no feminino, esteja oculta ou aparente a palavra que deve ser levada em consideração; d) o correto,
então, no caso da consulta, é "A sua prova é curiosamente igual à do aluno Roberto".

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11/02/2019 Crase para evitar ambiguidade - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Crase para evitar ambiguidade


quarta-feira, 28 de março de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Paulo Dawid envia a seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Caro dr. José Maria da Costa, ocorre crase necessariamente na locução 'à vista' usada com
o sentido oposto de 'a prazo'. Ou a acentuação é facultativa?"

E o leitor Romeu Agostinho Santomauro pergunta:

"Caro professor, qual a forma correta: 'Vendas à vista' (com crase) ou 'Vendas a vista' (sem
crase)? Um grande abraço."

Crase para evitar ambiguidade

1) Alguns leitores indagam qual a forma correta: venda à vista ou venda a vista. E alguns até mesmo
raciocinam com a substituição por um masculino para defender a inexistência de crase: venda a
prazo; se não aparece ao no masculino – raciocinam – não há crase no feminino.

2) Ora, normalmente, diz-se haver crase quando se fundem duas vogais idênticas. Nos casos mais
comuns, um a (preposição) se encontra com outro a (artigo, pronome ou o início do pronome
demonstrativo aquele, aquela, etc.). Seu símbolo é o acento grave. Exs.: a) "Vou à cidade"
(preposição + artigo); b) "Esta situação é semelhante à anterior" (preposição + pronome); c)
"Dediquei-me àquela tarefa" (preposição + início do pronome aquele ou similar).

3) Vale a pena esclarecer: o acento não é a crase, mas apenas o indicador de que ali ocorreu esse
fenômeno de encontro de duas vogais idênticas. Por isso, o usuário não emprega a crase, mas o
acento que representa sua ocorrência. Por facilidade, todavia, costuma-se dizer que se "usa a
crase", e não que se "usa o acento indicador de ocorrência do fenômeno da crase", embora tal seja
tecnicamente o que ocorre.

4) No caso da consulta, todavia, é oportuno dizer que não se usa a crase por motivos técnicos, e seu
acento indicador não reflete a fusão de vogais idênticas, mas ele é utilizado apenas para evitar a
ambiguidade, a duplicidade de sentido.

5) Exatamente por essa razão é que assim se escreve: a) "Matar à fome" (deixar sem comer) para
diferenciar de "Matar a fome" (dar de comer); b) "Receber à bala" (receber atirando) para diferenciar
de "Receber a bala" (ganhar uma guloseima); c) "Pintar à mão" (pintar com a mão) para diferenciar
de "Pintar a mão" (passar tinta ou esmalte na mão); d) "Cheirar à gasolina" (exalar o cheiro de
gasolina) para diferenciar de "Cheirar a gasolina" (aspirar o cheiro da gasolina).

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11/02/2019 Crase para evitar ambiguidade - Gramatigalhas
6) Em todos esses casos, uma análise técnica demonstraria a inexistência do fenômeno da crase, e
a justificativa de seu emprego reside exclusivamente no argumento de afastar a ambiguidade, a
duplicidade de sentido.

7) É também desse rol o exemplo "Venda à vista" (venda em parcelas), em que também se dá a
inexistência de motivos técnicos para crase, e basta a substituição por um substantivo masculino
para verificar essa realidade: "Venda a prazo" (e não "Venda ao prazo"). Mas, analisando melhor o
exemplo "Venda a vista", vê-se como possível a ocorrência de ambiguidade, por se poder entender
vista como substantivo e alvo da própria venda (imagine-se a hipótese de alguém vendendo a própria
córnea por esta ou aquela razão).

8) Em outras palavras: é de fácil percepção a possibilidade de duplo sentido na expressão trazida


pela consulta. Daí a justificativa para uso da crase, que – repita-se – não é empregada por motivos
de técnica e de real existência de fusão de duas vogais idênticas, mas apenas e tão somente para
evitar ambiguidade.

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José Maria da Costa é graduado em Direito, Letras e Pedagogia. Primeiro


colocado no concurso de ingresso da Magistratura paulista. Advogado. Mestre e
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Magistratura, de Direito Civil na Universidade de Ribeirão Preto e na ESA da
OAB/SP. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas. Sócio-
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11/02/2019 Crêem ou Creem? - Gramatigalhas

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Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


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Gramatigalhas
por José Maria da Costa

Crêem ou Creem?
quarta-feira, 7 de março de 2012

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora Maria de Jesus Souza Neves enviaa seguinte mensagem ao Gramatigalhas:

"Como fica a grafia após o recente Acordo Ortográfico: crêem ou creem?"

Crêem ou Creem?

1) Uma leitora pergunta qual a forma correta de grafia após o Acordo Ortográfico: crêem ou creem?

2) Antes da recente reforma, os verbos crer, dar, ler e ver (e seus compostos, como descrer, redar,
tresler e antever) tinham, na primeira letra do encontro ee, um acento circunflexo: crêem, dêem,
lêem, vêem.

3) Agora, o Acordo Ortográfico passou a determinar: "Não se emprega o acento circunflexo nas
terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e
seus derivados".

4) Desse modo, as formas corretas passaram a ser creem, deem, leem e veem.

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11/02/2019 Cuida-se de processos ou Cuidam-se de processos? - Gramatigalhas

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por José Maria da Costa

Cuida-se de processos ou Cuidam-se de processos?


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Sérgio Conceição Carneiro envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Caro professor, saudações. Qual é a construção escorreita da frase a seguir: 'Cuida-se de


processos em andamento', ou 'cuidam-se de processos em andamento'"?

1) Quando se tem uma frase como essa, em que um se vem acoplado a um verbo, deve-se fazer
uma diferenciação: a) num primeiro caso, a frase é reversível, de modo que pode ser dita de outro
modo ("Aluga-se uma casa" pode mudar-se para "Uma casa é alugada"); b) num segundo caso, a
frase não é reversível (ninguém pensaria em mudar "Gosta-se de um bom vinho" para "De um bom
vinho é gostado").

2) Para uma frase reversível, como "Aluga-se uma casa", podem-se extrair as seguintes conclusões:
a) o exemplo está na voz passiva sintética; b) o se é uma partícula apassivadora; c) o sujeito é uma
casa.

3) Já para uma frase não reversível, como "Gosta-se de um bom vinho", as conclusões a serem
extraídas são um pouco diversas: a) o exemplo não está na voz passiva sintética; b) diversamente da
frase com a qual é comparada, o se não é partícula apassivadora, mas símbolo (ou índice) de
indeterminação do sujeito; c) seu sujeito não é "um bom vinho", mas é indeterminado; d) em orações
como essa, seria impossível considerar um bom vinho sujeito, porquanto, como bem lembra Sousa e
Silva, "o sujeito é membro regente, não pode vir regido de preposição".

4) Feitas essas observações, acresce dizer, quanto ao primeiro dos exemplos até agora
considerados, que, a) se uma casa é o sujeito e b) se a regra geral de concordância é que o verbo
concorda com seu sujeito, c) se o sujeito for levado para o plural, d) o verbo também irá para o plural:
Alugam-se casas.

5) Já para o segundo exemplo, o raciocínio que se deve trilhar é que, a) se o sujeito é indeterminado,
b) é forçoso concluir que de um bom vinho não é o sujeito, c) e, assim, se tal expressão for levada
para o plural, d) em nada estará sendo alterado o sujeito, e) de modo que, por ausência de alteração
no sujeito, o verbo também não há de sofrer modificação alguma: Gosta-se de bons vinhos.

6) De modo específico para a questão trazida pelo leitor, Cuida-se de um processo não é frase
reversível, de modo que se deve seguir o raciocínio desenvolvido para o segundo dos modelos,
resultando que seu plural é Cuida-se de processos.

https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI295775,101048-Cuidase+de+processos+ou+Cuidamse+de+processos 1/2
11/02/2019 Cuida-se de processos ou Cuidam-se de processos? - Gramatigalhas

7) Observe-se que essa é uma construção muito comum na linguagem forense, com expressões
corriqueiras dessa natureza: a) "Trata-se de embargos à execução"; b) "Proceda-se aos inventários";
c) "Obedeça-se aos princípios legais". Pela explanação feita, são inaceitáveis e equivocadas as
seguintes estruturas: i) "Tratam-se de embargos à execução"; ii) "Procedam-se aos inventários"; iii)
"Obedeçam-se aos princípios legais".

8) Reitere-se adicionalmente, para efeitos práticos, que, em tais casos, se o termo que aparenta a
função de sujeito vem com preposição (de embargos, aos inventários, aos princípios), tal é indício
cabal de que a frase não é reversível, certo como é que o sujeito é função do caso reto, e não pode
ser preposicionado.

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11/02/2019 Cumprimentar em nome ou Cumprimentar na pessoa? - Gramatigalhas

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Cumprimentar em nome ou Cumprimentar na


pessoa?
quarta-feira, 14 de setembro de 2016

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dúvida do leitor envie sua dúvida

A leitora L. A. S. B. envia a seguinte dúvida ao Gramatigalhas:

"Uma dúvida ronda meus pensamentos toda vez que leio ‘cumprimentos feitos coletivamente
em nome de alguém’. Daí minha pergunta, que peço submetam ao dr. José Maria da Costa:
cumprimentam-se pessoas em nome ou na pessoa de fulano de tal?"

1) A situação trazida pela dúvida de uma leitora costuma ocorrer com frequência em solenidades:
havendo muitas autoridades a serem listadas em um discurso, o orador prefere eleger uma delas e,
tomando-a como representante das outras, saúda nela as demais.

2) Indaga a leitora se, nesse caso, a saudação se dá em nome ou na pessoa da autoridade


escolhida. De modo mais específico, o orador cumprimenta os demais em nome ou na pessoa de
alguém.

3) Ora, num primeiro aspecto, quer pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, quer, mais
especificamente entre nós, pelo art. 2º do Código Civil, todo ser humano é reconhecido como
pessoa perante a lei.

4) Por outro lado, o nome é a designação pela qual a pessoa se identifica no seio da família e da
sociedade. Nesse sentido, Spencer Vampré dizia com total propriedade: "Quando pronunciamos ou
ouvimos um nome, transmitimos ou recebemos um conjunto de sons, que desperta, em nosso
espírito e no de outrem, a ideia da pessoa indicada, com seus atributos físicos, morais, jurídicos,
econômicos, etc. Por isso, é lícito afirmar que constitui o nome a mais simples, a mais geral e a mais
prática forma de identificação" (1935, p. 38).

5) Em outras palavras: a pessoa é o ser representado; o nome, parte dela e sua representação.

6) Com essas ponderações, é oportuno acrescentar que, às vezes, com integral correção, se utiliza
uma figura de linguagem conhecida como metonímia, que consiste em usar uma palavra em lugar de
outra, desde que ambas tenham entre si algum tipo de relação e de proximidade, como – exatamente
o que ocorre no caso apreciado – é o caso de empregar a parte (o nome) em lugar do todo (a
pessoa).

7) De modo mais prático e direcionado à indagação da leitora: a) por um lado, o vocábulo nome não
pode ser tido como sinônimo objetivo de pessoa, já que aquele é apenas parte e representação
desta última; b) por outro lado, é possível empregar nome em lugar de pessoa, quando se faz uso
https://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI245550,81042-Cumprimentar+em+nome+ou+Cumprimentar+na+pessoa 1/2
11/02/2019 Cumprimentar em nome ou Cumprimentar na pessoa? - Gramatigalhas

da figura de linguagem denominada metonímia, pela qual uma palavra toma o lugar de outra, com
base em alguma relação de proximidade entre ambas (causa e efeito, parte e todo, autor e obra,
continente e conteúdo, etc.); c) por isso, em uma saudação coletiva por representação, tanto é
correto cumprimentar várias autoridades em nome de alguém, como cumprimentá-las na pessoa
de alguém.

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11/02/2019 Cuspido e escarrado - Gramatigalhas

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Cuspido e escarrado
quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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dúvida do leitor envie sua dúvida

O leitor Luiz Antonio Ramalho Zanoti envia a esta redação a seguinte mensagem:

"Sr. Diretor, A respeito do Migalhas 1.293 (16/11/05), tomo a liberdade de formular a seguinte
correção, no que diz respeito ao tópico 'Baú Migalheiro': - Está escrito que 'É Lobato cuspido e
escarrado'. Esta expressão não é correta (e nem existe). O certo é 'esculpido e encarnado'.
Muito obrigado pela atenção."

A redação, na edição seguinte, assim se manifestou:

Nota da redação - "Novo Aurélio - O Dicionário da Língua Portuguesa", Aurélio Buarque de Holanda Ferreira

Verbete : Cuspido [Part. de cuspir.] Adj. 1. Em que se cuspiu: 2

2. Fig. Ultrajado, abocanhado. Cuspido e escarrado.

1. Exatamente como; tal qual; sem tirar nem pôr; direitinho, escritinho, escarrado; escrito e escarrado; escarrado
e cuspido: "Este menino é o avô, cuspido e escarrado; Saiu ao pai, cuspido e escarrado."

1) Trata-se de expressão indevida e equivocada, que bem possivelmente se obteve popularmente


pela deterioração de esculpido e encarnado.

2) O correto, então, é que alguém diga: "O investigante era o próprio investigado esculpido e
encarnado"; e não: "O investigante era o próprio investigando cuspido e escarrado".

3) Usado no linguajar do povo, o último modo de exprimir, segundo Arnaldo Niskier, "só deveria ser
empregado quando o sentido fosse pejorativo".1

4) Também seria de se pesquisar eventual similaridade com o inglês, em que se tem, nesse sentido,
a expressão spitting image, que pode ser literalmente traduzida como imagem cuspida (diz-se,
assim, que alguém é a spitting image de alguém).

5) Não parece, por fim, ter fundamento consistente nem verossimilhança a explicação de alguns que
vêem a expressão considerada como corruptela de esculpido em (mármore de) carrara.

______________

1Cf. NISKIER, Arnaldo. Questões Práticas da Língua Portuguesa: 700 Respostas. Rio de Janeiro: Consultor, Assessoria

de Planejamento Ltda., 1992. p. 33.

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11/02/2019 Cuspido e escarrado - Gramatigalhas
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