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Semana Santa – 2019

“Eu venci o mundo” (João 16, 33)


Sexta-Feira Santa, 19/04/2019

Jesus vence o orgulho

Gabriella Dias

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo que hoje dá a Sua vida por nós, para sempre seja louvado!
Na manhã de hoje nós vamos meditar sobre o que na Celebração da Paixão e Morte do Senhor
viveremos hoje à tarde. Vamos meditar sobre a grande graça e o grande amor de Deus que se manifestou
por nós no esvaziamento total de Jesus, até a morte de cruz.
O tema do retiro desse ano é: “Eu venci o mundo”. Como poderemos, na manhã de hoje,
contemplar ao mesmo tempo a aparente derrota de Jesus na cruz, Sua morte, e contemplar ao mesmo
tempo o que verdadeiramente acontece, a Sua vitória. É uma graça que Deus deseja dar a todos nós que
estamos aqui, a graça de contemplarmos e compreendermos com o coração o que verdadeiramente
acontece neste dia.
Geralmente, quando em alguma família, até católica, um ente querido vem a falecer, pessoas da
família dizem: “Agora eu perdi a minha fé. Agora eu não creio mais em Deus. Como é que Deus permitiu
que o meu irmão, meu pai ou minha mãe viesse a falecer?”. Quem já viu isso acontecer, alguém que disse
que perdeu a fé? Às vezes, exatamente naquele momento da perda, as pessoas dizem que perderam a sua
fé em Deus. Paradoxalmente no dia de hoje, nesta morte de Jesus, eu e você podemos ser renovados
completamente na nossa fé. Paradoxalmente contemplando o amor de Jesus que se entregou por nós até a
morte de cruz eu e você podemos ser renovados no amor de Deus, na experiência do amor de Deus. E é por
isso que nós estamos aqui, para que o nosso coração seja renovado, para que nós, que somos católicos e já
vivemos a nossa fé dia após dia, não esfriemos, mas o nosso coração arda ainda mais de amor pelo Senhor,
de gratidão pelo Senhor que morreu por nós.
Na Sexta-Feira Santa eu sempre me lembro de minha mãe pegando os filhos, nós somos 5 irmãos, e
minha mãe nos arrumava para ir ver o Senhor morto. O meu irmão mais novo não queria ir, e mamãe disse:
“Meu filho, você tem que ir, porque Jesus morreu por você”, e meu irmão disse: “E se Ele não tivesse
morrido, qual seria a diferença?”. Aquela pergunta ficou na minha cabeça. Eu não sabia responder. Hoje
nós também podemos contemplar esse amor e dizer: “Onde eu estaria se o Senhor não tivesse morrido por
mim, se o Senhor não tivesse trocado de lugar comigo?”.
Vamos abrir as nossas Bíblias nesse versículo que conduz o nosso retiro, que é o fio condutor do
nosso retiro. Vamos abrir as nossas bíblias em João 16, 32: “Eis que chega a hora, e ela chegou, em que vos
dispersareis cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas eu não estou só, porque o Pai está
comigo. Eu vos disse tais coisas para terdes paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem!
Eu venci o mundo!”. Esses versículos fazem parte do discurso de despedida de Jesus, aquilo que
começamos a ler ontem em João 13, aquele momento da última Ceia em que Jesus estava com os Seus
discípulos e Ele começa a falar do que está no Seu coração, Suas últimas palavras. O Seu discurso de
despedida vai desde o capítulo 13 até o 17. São palavras preciosas de Nosso Senhor.
É muito interessante que nesse discurso de despedida, quando o Senhor já estava na eminência da
Sua entrega total, no momento de dor, no momento que já antecipava a Sua Paixão, Morte e Ressurreição,
mas naquele momento de dor, de despedida, o Senhor consegue dizer palavras fortes, de vigor, de
encorajamento. É aqui que Jesus diz: “Felizes sereis se fizerdes o que eu fiz”. É aqui que o Senhor diz: “Eu
não vos dou a paz como o mundo a dá”. É aqui que o Senhor diz: “Coragem! Eu venci o mundo!”. É na
iminência do Seu esvaziamento total que Jesus diz para mim e para você: “Eu venci o mundo!”. Foi diante
da cruz que se aproximava, da traição que se aproximava.
Vejam que nas próprias palavras de Jesus aqui, nesse contexto de despedida, Ele diz para os doze
amigos: “Vós me deixareis sozinho, mas coragem! Eu venci o mundo!”. Esse caminho que eu estou
trilhando, diz o Senhor, é caminho de vitória. Vocês vão ver tribulações. Vocês vão ver que vou ficar
abandonado, mas coragem! Eu venci o mundo!
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Vamos ouvir de novo essa leitura, nos colocando no meio dos doze, nos colocando entres os
discípulos de Jesus: “Eis que chega a hora, e ela chegou, em que vos dispersareis cada um para o seu lado, e
me deixareis sozinho. Mas eu não estou só, porque o Pai está comigo. Eu vos disse tais coisas para terdes
paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem! Eu venci o mundo!”.
Contemplar esse amor de Deus hoje, contemplar essa entrega de Jesus, é contemplar que Ele nos
amou para nos fazer vitoriosos Nele. Por isso que São Paulo depois vai dizer: “Nele somos mais que
vencedores”. Não só Ele venceu o mundo, mas ao olharmos para a cruz, você também pode dizer: “Nele eu
sou mais que vencedor”. Não só ele venceu o mundo com também você vai poder olhar para Ele, e dizer:
“Ele me amou e se entregou por mim. Por isso, eu também venço o mundo, eu também venço tudo o que
significa essa palavra mundo”.
E o que é o mundo, segundo a Bíblia, no sentido bíblico? O que é esse mundo que Jesus venceu? No
nosso livrinho tem uma definição super simples do que é o mundo que Jesus disse ter vencido. Na página
16, diz esse mundo no sentido moral, o que ele significa. Diz: “Esse mundo é entendido negativamente,
como os homens que se submetem ao poder das trevas opondo-se a Deus e a Seu Filho. Este mundo é
governado por um certo príncipe, que e vencido por Cristo. Por este mundo, Cristo não reza”. Então, o que
é o mundo no sentido moral? É toda a realidade do homem que nãos e submete a Deus, mas que pelo
contrário, se submete ao poder das trevas, se deixa governar pelo que é o poder das trevas, pelo príncipe
deste mundo.
O que é o mundano que o Senhor veio vencer? O mundanismo que o Senhor veio vencer é
exatamente o que no seu coração resiste a Deus. O mundanismo que o Senhor veio vencer é o que em meu
coração, em nossos corações, obedece ao espirito das trevas, segue o príncipe deste mundo, que não
aparece num grande outdoor, mas que vai lançando suas sementes anti-evangélicas em toda a sociedade, e
nós vamos chamando de natural, de bom, de alegria o que na verdade se opõe gravemente a Deus. O
Senhor Jesus vence esse mundo, que em outras palavras é também o nosso orgulho.
Como esse espirito de oposição entrou no mundo? Deus criou tudo bom, tudo em comunhão com
Ele. Deus nos criou em santidade. Deus nos criou sem a mancha do pecado original e, no entanto, pelo
orgulho de lucífer, entrou o pecado também em nós, quando nossos primeiros pais decidiram também
seguir o príncipe deste mundo. O mundo que o Senhor vence com Sua morte de cruz é a resistência, é o
orgulho, é a dureza do nosso coração, é o que em nós diz: “Eu não preciso de Deus”. É o que no mundo diz:
“Nós não precisamos de Deus. Tirem as Bíblias das bibliotecas; tirem os crucifixos das salas das repartições
públicas; tirem Deus da educação dos seus filhos para que eles cresçam e se desenvolvam, porque a
religião chama as pessoas à humildade, e assim o seu filho não vai crescer. Ser bom é perda de tempo, tira
o Evangelho”. Esse espirito mundano, esse orgulho, essa autossuficiência, o Senhor veio vencer, por amor a
nós.
No livro “O poder da cruz”, do Raniero Cantalamessa, em um dos anos em que ele pregou sobre a
Paixão e Morte de Jesus, ele falou sobre essa vitória de Jesus sobre o orgulho. Ele faz uma definição muito
simples também do nosso orgulho. Ele diz: “O orgulho é um caminho que leva ao desespero, porque
significa não nos aceitarmos por aquilo que somos, significa pretender desesperadamente ser o que não se
é. O orgulho é um caminho que leva ao desespero porque me leva a pretender ser o que eu não sou,
mesmo que eu faça muitos esforços. Jamais poderemos ser independentes, autônomos, sem ninguém
acima de nós”. Então, o orgulho é essa pretensão de ser o que nós não somos e de nos esforçar para ser o
que não somos, ou seja, independentes, autônomos, autossuficientes, sem precisar de ninguém, sem
precisar de Deus, sem precisar se submeter a ninguém, sem se submeter a uma vontade divina, e então nós
ficamos fechados em nós mesmos. Isso é o orgulho. Isso nos leva ao desespero, à doença, por quê? Porque
nós pretendemos ser o que não somos, e o orgulho nos desumaniza. O orgulho nos desumaniza. O orgulho
nos impede de ser gente.
Raniero Cantalamessa também diz que o orgulho, como consequência, gera entre nós homens, se
por um lado, para com Deus, é aquela autossuficiência: “Eu não preciso de Ti”, que não dizemos com
nossas palavras, mas dizemos com a nossa vida orgulhosa, por outro lado, entre nós, o orgulho gera
competitividade: “Eu preciso ser melhor. Eu preciso estar em evidência. Eu preciso superar aquele meu
irmão”. A competitividade, a rivalidade. O orgulho que habita em nosso coração faz com que olhemos para
o outro como se ele fosse meu rival. O marido é rival da esposa. A esposa olha para o marido como se ele
fosse seu rival. Isso é orgulho. A adolescente olha para a sua mãe como se ela estivesse contra ela: “Ela é
minha rival”. No mesmo grupo de oração, na mesma casa comunitária, na célula, no ministério, o outro
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parece para mim como um rival, porque eu olho para ele com o meu coração orgulhoso, que pretende ser
o que não é e o que jamais conseguirá ser. O orgulho nos enche de competitividade, de rivalidade, de
prepotências recíprocas, e viver assim é já viver um inferno na terra. Viver sob o espirito do mundo, viver
sob o espirito do orgulho, é já optar pelo inferno aqui nessa vida, porque eu me isolo de tudo e de todos
para ser o centro, para ficar em evidência.
E o Senhor, neste dia, vem vencer esse mundo de pecado, esse orgulho, e vem vencer também o
príncipe das trevas, que é o orgulhoso por excelência. Ele vem vencer aquele que inoculou no coração do
homem o desejo de ser como Deus, independente de Deus, e nós nos deixamos enganar. E por isso o
Senhor, nesse dia, nos apresenta a loucura da cruz, para dizer que vai vencer o mundo. O Senhor faz esse
discurso e depois Ele vai para o Getsêmani, como ouvimos ontem. Ele se angustia, e os discípulos que
estavam lá poderiam olhar para Ele e dizer: “Não parece um caminho de vitória essa angústia. Será que ele
vai cumprir mesmo o que disse? Jesus foi traído, preso. Será que Ele vai cumprir mesmo o que Ele disse?
Ele vai vencer o mundo? Que mundo é esse?”. Os discípulos não compreendiam.
Vocês sabem que quando alguém quer vencer em alguma coisa ele tem de usar as armas
adequadas, tem de usar os instrumentos adequados. Quando um piloto de fórmula 1 quer vencer um
campeonato, ele precisa treinar, ter técnica, mas ele também precisa ter um bom carro. Se uma equipe de
futebol quer vencer uma copa do mundo, eles têm de fazer musculação, de correr, tem que ter pique, tem
de cuidar da alimentação, treinar juntos. Basta que um seja bom? Não. Eles têm de desenvolver o espirito
de equipe. Eles têm de usar todos os instrumentos necessários para chegarem à vitória. Em homenagem
aos jovens, o Enem. Tem que estudar para ter essa vitória. Tem que ter disciplina emocional, porque dizem
que alguns jovens sabem muito, estudaram muito, mas quando chega na hora da prova ficam tão nervosos
que não conseguem fazer o que tem de fazer, e assim não alcançam a vitória.
Pois meus irmãos, o Filho de Deus veio nos salvar do orgulho, do pecado, do mundo, e para nos
salvar do mundo a arma adequada foi a cruz, a loucura da cruz. A vitória que o Senhor trouxe para nós foi
exatamente o Seu esvaziamento total, até a morte de cruz. Aqui já é o prelúdio da vitória que se manifesta
depois na Ressurreição. Mas a arma adequada para vencer o nosso pecado, o meu e o seu, esse orgulho
que nos faz sentir tanta inveja, que nos faz não conseguir perdoar o outro, esse orgulho que faz com que
sintamos tristeza, ódio, para vencer esse orgulho o Senhor viveu um caminho descendente até a cruz. Essa
é a arma da vitória de Jesus, o caminho contrário.
A quem diga que todo o Evangelho é o caminho do contrário desse mundo, é o caminho do
contrario do que a mentalidade do mundo prega. Jesus sempre nos pede o contrário. Parece que a riqueza
é a felicidade. Jesus diz: “Bem aventurados os pobres”. Parece que a alegria é prevalecer sobre os outros,
parece que a alegria é dar a última palavra. Jesus diz: “Bem aventurados os mansos”. Parece que tem poder
quem segura e não perdoa os outros, mas Jesus diz: “Bem aventurados os misericordiosos”.
Esse caminho descendente, de esvaziamento, não é só um ensinamento de Jesus, mas desde a Sua
Encarnação Jesus vem trilhando esse caminho de esvaziamento total. Ele escolheu nascer numa família
simples, nascer numa manjedoura. Ele escolheu nascer em Belém e depois Ele escolheu viver em Nazaré,
uma cidade que não tinha importância. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Ele ensinava e vivia não ter
duas túnicas, não levar bastão para a missão. Toda a vida de Jesus foi esse esvaziamento, esse contrário do
orgulho. Enquanto o orgulho nos infla e nos faz querer ficar em evidência, prevalecer sobre os outros,
Jesus, o Mestre e Senhor, passou servindo, passou se apresentando como um escravo, lavando os pés dos
Seus discípulos. Esse caminho é belo. Esse caminho nos humaniza, porque Jesus é o verdadeiro homem.
Esse caminho descendente de humildade é na verdade a nossa alegria.
Eu sei que não parece verdade. Parece que é verdade que a alegria é ter poder, que ser feliz é
possuir, é prevalecer sobre os outros, mas na verdade o Senhor Jesus nos ensina com a Sua vida que a
felicidade é a comunhão com o Pai, a felicidade é não se iludir com o que há no mundo. Por isso São Paulo
diz: “Eu me gloriarei na cruz do Senhor”. Eu não vou me gloriar no que há no mundo, nem nas minhas
qualidades, nem no que Deus me deu, mas na cruz do Senhor, nesse caminho de e para a felicidade.
A cruz que Jesus escolheu como instrumento da Sua morte, e dizemos que Jesus escolheu porque
Ele deu a vida livremente. Sabemos que Ele foi traído, condenado, não foi Ele que pediu para ser traído e
nem condenado, mas Jesus aceitou o nosso pecado, assumiu em si o nosso pecado até o extremo. Jesus
aceitou todas as consequências do nosso pecado para matar na Sua carne o pecado, para vencer na Sua
carne o pecado, e a consequência gravíssima do nosso pecado é a morte, a separação de Deus. Jesus
aceitou a morte e suas consequências para ser vencedor, por amor a nós.
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No nosso livro, na página 17, o Padre Edinardo explica porque que a morte de cruz foi a pior morte
que Jesus poderia ter tido. A morte de cruz foi o cume, foi o ápice de todo o seu esvaziamento. Ele diz
assim: “Para os judeus a cruz era sinal de maldição”. São Paulo cita o Antigo Testamento: “Maldito aquele
que é suspenso no madeiro”. Hoje trazemos a cruz, tem cruz em nossas casas, é um sinal de benção, de
amor, mas naquele tempo, antes de Jesus ter assumido a cruz, a cruz era um sinal de maldição e era
maldito o homem que morria no madeiro.
Os judeus, de uma maneira especial um escritor judeu, dizia: “É o mais miserável de todos os
gêneros de morte”. Nós estamos dizendo que no tempo de Jesus Ele morreu do modo mais miserável.
Jesus que escolheu nascer numa manjedoura escolheu morrer, aceitou morrer, deu livremente a Sua vida
no modo mais miserável de morte.
Para os romanos, para os que imperavam naquele tempo, essa era a pior condenação que poderia
ser aplicada a um réu de morte, e era usada especialmente para punir os que tivessem cometidos os piores
delitos contra o império e sua lei. Para os judeus era uma maldição. Para os romanos daquele tempo era a
pior punição, significava que Jesus tinha cometido o pior delito. Quando alguém era crucificado significava
que ele tinha cometido o pior delito. A cruz era tão detestável, tão humilhante, que na presença de pessoas
de bem nem se poderia falar dela. A cruz era humilhante.
Eu quero que você pense em alguma coisa que para você é humilhante. O que é humilhante para
você, aquela coisa que doeria muito em você se você fosse humilhado? A cruz era humilhante. A cruz foi
humilhante para Jesus, e Ele quis, assim, vencer o mundo. A cruz de Jesus foi o ponto mais baixo em que
Ele poderia ter chegado, e essa morte na cruz, portanto, é a maior manifestação do Seu amor por nós.

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Na celebração de hoje à tarde vamos ver vários momentos de despojamento. Quando o Arcebispo,
o presidente da Celebração, logo no início se prostra diante do altar. Quando para beijar a cruz do Senhor
ele tira as vestes, tira o sapato, e se aproxima solenemente. Ele se despoja, por quê? Porque o Senhor se
despojou muito mais. O Senhor se despojou, tomando a forma de escravo, vendido por 30 moedas, que era
o preço de um escravo. Ele se despojou, tomando a forma de escravo, e se abaixou, não tanto quanto
queria, mas tanto quanto nós necessitávamos. Ele se abaixou no abismo da nossa necessidade. A
profundeza do abaixamento do Senhor foi a profundeza da minha, da sua necessidade. Ele se abaixou por
amor a nós, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz. Tornou-se obediente até a morte,
e a morte sobre uma cruz.
A cruz nos ensina o caminho escolhido por Deus. Atenção, meus irmãos! O caminho que Deus
escolhe para nós é esse caminho de abaixamento, é esse caminho de esvaziamento. Em outras palavras e
numa palavra muito bonita: é no caminho de humildade. Jesus vence o nosso pecado sendo humilde e
obediente, fazendo a vontade do Pai, escolhendo amar o Pai. É assim que Ele vence o mundo.
Como será, então, que nós vamos vencer? Esse dia também é uma grande oportunidade, porque
nós ouvimos o que Jesus fez por nós e nesse dia nós podemos dizer: “Jesus, faz isso em mim hoje! Jesus, se
você venceu a morte de uma vez por todas, se você venceu o mundo de uma vez por todas com o Seu
sacrifício perfeito, se você venceu o orgulho de uma vez por todas, pois hoje eu quero acolher a Tua vitória
em minha vida. Hoje eu quero acolher a tua vitória sobre o meu orgulho, sobre tudo aquilo que em mim
resiste a ti, tudo aquilo que em mim resiste a Tua vontade, tudo o que em mim é pecado. Eu quero
reconhecer que preciso da Tua vitória, Senhor”.
E como é que nós vamos tomar posse dessa vitória do Senhor no dia de hoje? Como nós, que
estamos nesse Ginásio Paulo Sarasate, em 2019, consagrados da Comunidade Shalom, membros da Obra,
pessoas que estão aqui pela 1° vez, como nós podemos tomar posse da felicidade, da vitória que Jesus
alcançou para nós na cruz? Em João 13, Jesus diz, e ouvimos ontem várias vezes: “Dei-vos o exemplo para
que como eu vos fiz também vós o façais”. Pois o caminho que o Senhor nos dá o da humildade. Coloque a
mão sobre o seu coração, feche os seus olhos, e diante de tudo o que ouvimos até agora, diga: “Senhor
Jesus, dá-me a tua graça, alcança-me com a Tua vitória, vence o meu orgulho. Tu que venceste o orgulho
do mundo inteiro, vence também o meu”.
São Bernardo dizia a si mesmo: “Teu Deus se humilha e tu te exaltas, Bernardo?”. Diante das suas
posturas na vida, ele dizia: “Teu Deus se aniquila e tu queres prevalecer, Bernardo? Tu te exaltas como se
sempre estivesse certo? Tu te exaltas como se também tu não precisasses de perdão? Tu te exaltas para
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desejar ser servido? Tu te exaltas como se também não precisasses da paciência dos outros? Não,
Bernardo. Se o teu Senhor se humilha, o teu caminho também deve ser de humilhação”. Não é lógico para
a nossa cabeça pecadora esse caminho de humilhação.
Quando eu entrei na Comunidade a minha mãe ainda sofreu muito. Vou contar essa história dela só
para exemplificar a nossa, porque sei que não é só ela que é assim. Minha mãe não tinha uma experiência
com Deus, então ela não podia compreender alguém que teve um chamado. Logo depois que eu entrei na
Comunidade, o Shalom chegou à minha cidade, em Mossoró. Assim que fez o 1° Seminário de Vida no
Espírito Santo a minha mãe foi, para ver como era. Minha mãe teve uma experiência com Deus muito forte.
Quando ela teve essa experiência com Deus no batismo do Espírito Santo, ela me ligou e disse: “Minha
filha, agora eu entendi porque você deixou tudo, porque se eu pudesse, se não tivesse filho, se não fosse
casada, eu também deixaria tudo”. Ela entendeu. Começou a participar dos cursos do Shalom, do grupo de
oração, dos eventos. Ela foi para um evento do Shalom e tinha uma livraria, onde tinha um livrinho, que era
a Ladainha da Humildade. Minha mãe pegou a Ladainha da Humildade, e disse: “Disso eu preciso. Preciso
ser humilde”. Ela foi para casa depois do evento.
Minha mãe sempre teve o costume de colocar os livros do lado, se deitar e ficar lendo. Quando ela
pegou a Ladainha da Humildade, que é uma oração tradicional, de autor desconhecido, mas que a Igreja
confirma e tantas pessoas rezaram e rezam. Quando ela começou a ler a Ladainha da Humildade, ela disse:
“Que loucura é essa?!”. Do desejo de ser estimado, livrai-me Jesus. “Não!” Do desejo de ser amado, livrai-
me Jesus. Do desejo de ser procurado, livrai-me Jesus. Do desejo de ser preferido, livrai-me Jesus. “Eu não
posso rezar isso”. Do temor de ser humilhado, livrai-me Jesus. Do temor de ser desprezado, e quem aqui
tem medo de ser desprezado? Do temor de ser desprezado, livrai-me Jesus. Do temor de ser rejeitado,
livrai-me Jesus.
Sabem que quando eu comecei a pregar, eu sonhava que ia pregar e o povo ia começar a sair dos
cantos, de tanto medo que eu tinha de ser rejeitada. Até em sonho vinha o medo de começar a falar e o
povo rejeitar e ir embora. Do temor de ser rejeitado, livrai-me Jesus. Do temor de ser esquecido, e como
nós temos medo de sermos esquecidos! Livrai-me Jesus. Que os outros sejam mais amados do que eu, ó
Senhor, dá-me a graça de desejá-lo.
Vamos repetir?

Ladainha da Humildade

Senhor, tende piedade de nós.


Cristo, tende piedade nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus manso e humilde de coração: ouvi-nos.
Jesus manso e humilde de coração: atendei-nos.
Jesus manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.

Do desejo de ser estimado, livrai-me, Jesus!


Do desejo de ser amado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser procurado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser louvado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser honrado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser preferido, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser consultado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser adulado, livrai-me, Jesus!

Do temor de ser humilhado, livrai-me, Jesus!


Do temor de ser desprezado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser rejeitado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser caluniado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser esquecido, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser ridicularizado, livrai-me, Jesus!
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Do temor de ser escarnecido, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser injuriado, livrai-me, Jesus!

Que os outros sejam mais amados do que eu – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam mais estimados do que eu – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam crescer na opinião do mundo e que eu possa diminuir – Ó Jesus, concedei-me a
graça de desejá-lo!
Que aos outros seja concedida mais confiança no seu trabalho e que eu seja deixado de lado – Ó Jesus,
concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam louvados e eu esquecido – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser preferidos a mim em tudo – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser mais santos do que eu, contanto que eu pelo menos me torne santo como puder
– Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!

Ó Maria, Mãe dos humildes, rogai por nós!


São José, protetor das almas humildes, rogai por nós!
São Miguel, que fostes o primeiro a lutar contra o orgulho e o primeiro a abatê-lo, rogai por nós!
Ó justos todos, santificados a partir do espírito de humildade, rogai por nós!

Oração: Ó Deus, que, por meio do ensinamento e do exemplo do Vosso Filho Jesus, apresentastes a
humildade como chave que abre os tesouros da graça (cf. Tg 4,6) e como início de todas as outras virtudes
– caminho certo para o Céu – concedei-nos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, a mais
humilde e mais santa de todas as criaturas, aceitar agradecendo todas as humilhações que a Vossa Divina
Providência nos oferecer. Por N. S. J. C. que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

Quando a minha mãe terminou, acho que na outra semana, quando ela foi conversar comigo, ela
disse: “Minha filha, tinha um livro no Shalom que comprei que aquilo não pode ser certo. Era uma tal da
Ladainha da Humildade. Eu comecei a ler, e disse: “Isso não existe, é desumano”. Eu rasguei e coloquei no
lixo. Como é que uma pessoa não quer ser amada?”. Eu disse: “Mamãe, a pessoa pode até ser amada, mas
ela não vai é fazer tudo pelo desejo de ser amada”. Por quê? O caminho de humilhação, o caminho de
humidade, mesmo para nós que tivemos uma experiência com Deus, é tão contrário ao nosso orgulho que
nós não podemos dizer que entendemos e aceitamos. Eu mesma rezo a Ladainha da Humidade, mas ao
final, eu digo: “Jesus, que nada disso precise acontecer. Eu estou rezando exatamente para eu não ser
esquecida, não precisar ser desprezada, rejeitada. Eu quero ser humilde sem precisar de nada disso, por
isso que estou rezando”. Pode até ser mais bonito do que o da minha mãe, mas é a mesma coisa.
O Papa Francisco, falando sobre isso, diz no documento dele sobre a santidade 1: “A humildade só
pode se enraizar no coração através das humilhações”. Jesus foi humilhado, e Ele era manso e humilde de
coração. Ele não foi humilhado para se tornar humilde. Continua o Papa, no n° 118: “Sem humilhações não
há humildade nem santidade. Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não
és humilde nem estás no caminho da santidade”. Se você não é capaz de acolher humilhações, você não é
humilde. “Eu sou humilde, Gabriella, mas se pisarem no meu calo”, isso não é humildade.
Continua o Papa: “A santidade que Deus dá à sua Igreja, vem através da humilhação do seu Filho:
este é o caminho”. A humildade só vai se enraizar nos nossos corações se nós aceitarmos às humilhações,
se nós aceitarmos viver o caminho de cruz, perdoando os que nos ofenderam. “Mas Gabriella, ele não tinha
razão”, exatamente por isso é uma humilhação, porque você vai perdoar quem está errado, tomando a
iniciativa de conversar com aquele que se afastou de nós. “Gabriella, mas isso é muito humilhante. Eu vou
parecer um bobo. Como é que vou procurar essa pessoa que me rejeita outra vez?”.
Aqui no Renascer deste ano eu vi um testemunho de um homem de 34 anos, que tinha sido do
crime, tinha superado tudo. Foi preso, se converteu, foi para o terço dos homens, constituiu uma família,
vive de maneira muito humilde, mas muito honesta. Ele dizia: “Gabriella, o quê que você pode me dizer,
porque falta uma coisa na minha vida: perdoar a minha mãe. Eu não consigo me aproximar dela, porque
desde a minha infância a minha mãe me rejeita, e foi por siso que fui para o crime”. Quando eu li para ele

1 Gaudete et Exsultate.
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em Mateus: “Amai os vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem”, porque eu disse: “Eu não vou te dar
um conselho meu, mas o de Jesus, que te segue, que te salvou. Ele diz isso”. O homem caiu em prantos, e
disse: “Gabriella, eu vou optar por minha mãe, mesmo que ela não opte por mim”. Isso é uma humilhação.
Tomar a iniciativa de amar aqueles que podem continuar não me amando, baixar a voz, silenciar, não se
justificar, não reivindicar os nossos direitos, porque Jesus abriu mão dos Seus, não reivindicou os Seus.
O Nosso Senhor se humilha, abrindo mão do Seu direito, e nós nos orgulhamos, nos exaltamos,
querendo fazer o nosso direito prevalecer. Queremos que o nosso direito prevaleça na fila do banheiro, na
fila do lanche, que o nosso direito prevaleça em tudo, em coisas tão pequenas e irrelevantes. Nós
precisamos trilhar um caminho de humilhação voluntário, e isso não é obra humana, mas é obra do Espírito
Santo. Não sou eu e nem você que com a nossa vontade e o nosso orgulho vamos dizer: “Eu vou ser
humilde de agora em diante”, já pensou que orgulho? “De agora em diante eu vou me humilhar”, não! É
obra do Espírito Santo. O mesmo Espírito, o mesmo amor que levou Jesus a se esvaziar é o amor que habita
em nosso coração, o Espírito Santo, a 3° pessoa da Santíssima Trindade, que também nos faz viver o
esvaziamento.
Nesse dia, sabem que é o único dia do ano que a Igreja não celebra o sacrifício Eucarístico. Nessa
Sexta-Feira vamos para um ato litúrgico em que não acontece a Consagração do pão e do vinho. Nós vamos
comungar aquilo que foi reservado ontem. Graças a Deus que tem comunhão. Mas um dos sentidos que o
Padre Cantalamessa prega explicando porque que nesse dia não há o sacrifício Eucarístico é que porque
nesse dia o sacrifício que o Senhor deseja é o nosso coração contrito e humilhado.
Coloque a mão sobre o seu coração e diga: “Senhor Jesus, o sacrifício que Tu desejas é o meu
coração contrito e humilhado. Dá-me, senhor, um coração contrito e humilhado”. Isso é obra do Espírito
Santo. Isso não é uma obra humana, não é só uma decisão nossa. Esse coração humilhado é o paraíso de
Deus sobre a terra.
Como consolar Jesus no dia de hoje? Às vezes pensamos: “Senhor, como posso consolar a Ti?”,
descendo do nosso orgulho, admitindo as nossas misérias, admitindo a nossa necessidade de Deus,
voltando daquele caminho distante de prepotência. Meu Deus, como somos altivos, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós! Esse é o maior milagre que Deus pode fazer na vida de uma pessoa, é
conceder o dom do arrependimento, o dom da contrição do coração.
Domingo passado, eu visitei um presídio de menores. Chama-se Centro Socioeducativo. Na medida
em que íamos passando nas celas e conversando com aqueles adolescentes, Deus foi colocando no meu
coração uma pergunta: “Você se arrepende do que você fez?”. E foi muito interessante porque num
dormitório em que tinha 4, quando eu disse: “Você se arrepende do que fez?”, e eu nem perguntei o que
foi que fez, mas na conversa eu perguntei: “Você se arrepende do que você fez?”. Um disse, na mesma
hora: “Se arrependimento matasse...”, o outro: “Demais”, outro: “Demais”, e outro disse: “Não me
arrependo”. Quando esse disse que não se arrependia, eu e o irmão que estávamos evangelizando
miramos nele. O Senhor que estava comigo disse: “Você não se arrepende? Deixa eu perguntar de outro
jeito: se você pudesse voltar na sua história, você faria de novo o que fez?”, o rapaz disse, com a cara mais
inocente: “Faria”. “Arrependimento é assim: quando você sair daqui, você vai querer viver diferente ou vai
querer repetir tudo o que fez?”, os outros diziam: “Faria tudo diferente. Eu por mim iria para outra cidade.
Eu por mim nasceria de novo em outra família, porque na minha família, a minha mãe é criminosa, o meu
pai está preso”. E esse rapaz disse: “Eu farei de novo”, e nós ficamos com o coração dilacerado.
E então eu perguntei: “Porque você faria de novo?”. Ele disse: “Gabriella, eu tenho dois irmãos que
foram assassinados. Eu perdi dois irmãos no crime”. Para esse jovem adolescente só existe um caminho,
um do crime, só existe uma defesa, a da arma. Quando terminamos o momento de evangelização, o
coordenador da evangelização, disse: “E aí Gabriella, teve medo?”, eu disse: “Gente, você vê crianças de
14- 15 anos, jovens, não faz medo. Ali eles estão humilhados, e precisam ser evangelizados, serem
trabalhados nessa dimensão de arrependimento, de que a vida pode ser diferente”. O único caminho não é
esse que está enraizado no meu coração. No meu e no seu coração existe um enraizamento mundano, que
nos faz repetir sempre as mesmas coisas. “Gabriella, eu já vim para esse retiro de Semana Santa mil vezes,
mas depois do Tríduo Pascal eu vivo a mesma coisa, a mesma rivalidade, o mesmo pecado”. Existe uma
possibilidade de vida nova para mim e para você. Jesus venceu o mundo. Jesus venceu o pecado que há em
nós. Existe outro caminho.
Todo mundo deve ter visto, e quem não viu veja, aquela cena do Papa Francisco pedindo aos
líderes do Sudão para não fazerem mais guerra em seu país. O Papa Francisco fala com palavras, pregou um
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retiro para eles, mas depois ele diz: “Me deixa dizer isso com um gesto”, e o Papa Francisco, diante
daqueles três homens de terno e gravata, se ajoelha diante deles, beija os seus pés. Daqui a alguns anos,
quando falarmos, vamos dizer: “O Papa Francisco é um santo, porque quem foi o Papa que se ajoelhou
diante de líderes africanos para pedir a paz, num gesto profundo de humilhação?”. Mas o que o Papa quis
dizer é: existe um caminho diferente que não é a guerra, que não é o conflito. Existe um caminho novo, é o
caminho da humilhação. Eu me humilho, eu me baixo diante de você para dizer que existe um caminho
novo. Para aqueles jovens lá que estão pensando: “Como é que vou sair daqui, para que lado eu vou, o que
vou fazer da minha vida para fugir dos que me colocam no crime?”, para eles também existe uma
possibilidade de vida nova, e para mim e para você também.
Judas não foi capaz de acolher isso. Judas insistiu no seu plano orgulhoso. Judas não foi capaz de
sair batendo no peito como a multidão que viu Jesus Crucificado. A Palavra de Deus diz que a multidão que
viu Jesus ser crucificado naquele dia saiu batendo no peito, arrependida, receberam a graça da contrição de
coração. Nós não queremos ser como Judas. Nós não queremos ser como Judas que deixa o tesouro por 30
moedas. O Reino de Deus é semelhante a um homem que encontrou um tesouro no campo. Ele vai, vende
tudo o que tem, e adquire esse tesouro. Esse tesouro é Jesus, pelo qual nós deixamos tudo. Judas fez o
contrário. Ele tinha o tesouro e o deixou por 30 moedas.
Quais são as 30 moedas que você tem escolhido em detrimento do tesouro? Neste dia, o que é que
tem de tão valioso na tua imagem, nos seus planos, nas suas 30 moedas, que fazem com que você não
queira deixá-las pelo tesouro que é Jesus?
Pedro teve coragem de deixar o seu orgulho. Pedro chorou de arrependimento. Pedro se humilhou
através das lágrimas. Pedro se humilhou diante do olhar de Jesus, que pode ser para nós o olhar de um
sacerdote. Pedro se humilhou até às lágrimas em arrependimento. Nós somos convidados também a isso.
O Cirineu também se humilhou, porque aquela cruz, ele não sabia, mas ele achava que não era por
ele: “Porque eu tenho de carregar a cruz?”, e o Cirineu nos mostra outro caminho de humildade: o serviço,
a obediência. Eu me humilho através do arrependimento, como Pedro. Eu me humilho através do serviço,
como o Cirineu. Eu me humilho através da obediência, como o Cirineu. Para ele não tinha lógica fazer
aquilo, mas ele fez por obediência. Jesus não se humilhou por arrependimento. Jesus se humilhou no
serviço e na obediência.
Por fim, nós terminamos falando da Virgem Maria. Ela, a mais humilde das criaturas, que não
conheceu o orgulho, não conheceu o pecado, Ela não precisava se humilhar para ser humilde. Ela nasceu
envolta, cheia da graça de Deus. E, no entanto, também Ela viveu um caminho de humilhações, um
caminho de esvaziamento. Também Ela vendo o Seu amado filho sendo humilhado, disse: “Como não viver
a mesma coisa?”. Maria foi humilde em Jesus.
Em dois momentos da vida de Maria Ela faz perguntas a Deus. No momento da Anunciação, quando
o anjo diz que Ela vai ser mãe do Salvador, Maria pergunta: “Como se fará isso?”. Não é uma pergunta de
desconfiança, mas é uma pergunta na experiência dela com Deus.
Outro momento muito belo da vida de Maria foi quando Jesus ficou no Templo, e ela voltando
junto com a caravana se deu conta de que Jesus não estava ali. Ela volta aflita com José. Quando ela
encontra Jesus, ela diz: “Meu filho, porque agistes assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”.
Não é uma pergunta de repreensão. É uma pergunta de sofrimento. “Meu filho, porque agistes assim
conosco?”, em Lucas 2.
Maria foi se esvaziando, se esvaziando, e diante da cruz, naquele momento ápice da entrega de
Jesus, sua humildade se manifesta num silêncio, num abandono, numa confiança total. Naquele momento
da cruz Maria poderia dizer: “Como se fará isso? E todas aquelas promessas, a salvação de Israel, como se
fará isso?”, mas Maria aprendeu uma humildade de silêncio, de aceitação da vontade de Deus.
Maria poderia naquele momento da cruz dizer: “Meu Filho, porque estais agindo assim conosco?”.
Ela poderia dizer, diante da cruz: “Meu Deus! Porque estais agindo assim conosco?”, mas não. A humildade
de Maria agora se manifesta numa confiança e num abandono total, numa confiança absoluta em Deus.
Antes havia confiança? Havia, mas aqui também é o ápice da humildade de Nossa Senhora. Ela aprendeu
de Deus que o Espírito Santo faz novas todas as coisas. Ela aprendeu de Deus que é o Pai que cuida de tudo.
Vamos ficar de pé, para dar a nossa resposta ao Senhor. Diante de tudo que você ouviu, diante de
tudo que Deus falou ao seu coração, suplicando a intercessão de São Pedro, de Nossa Senhora.

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Moysés:

Inclinemos a nossa cabeça, fechemos os nossos olhos, e supliquemos a graça do arrependimento


sincero, reto, que não nasce na nossa carne nem no nosso sangue, mas que é um dom de Deus. Se
julgamos que nos arrependemos o suficiente, é o primeiro sinal para ver o quanto ainda estamos longe do
arrependimento verdadeiro, que traz a misericórdia, que brota do coração transpassado de Jesus, e que
nos transforma pela Sua graça, de dentro para fora. E contemplando a cruz de Jesus, cantemos, juntos:

Imenso Amor
Comunidade Católica Shalom

Meu lugar é aos Teus pés


A derramar minhas lágrimas de coração contrito
Como pobre pecador
Que reencontrou o teu louco e desmedido amor
Vou ficar prostrado sob teu olhar
Quero teu perdão pois confio em Ti

Vou ficar aqui sempre a te suplicar


Salva-me Senhor
Dá-me o Teu imenso amor

Estenda a sua mão direita para Ele e ore no Espírito, suplicando diante do mistério da cruz de Cristo
o dom do arrependimento sincero, que atrai sobre nós a misericórdia divina, a misericórdia divina que se
derrama do corpo flagelado, crucificado, traspassado de Nosso Senhor Jesus Cristo, por amor a nós.
E com a Virgem Maria, nós juntos, rezamos: Ave-Maria...

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