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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS


COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

RESENHA CRÍTICA

Fábio Torchi Esteves

LYRA FILHO, Roberto. O que é direito. São Paulo: Brasiliense, 1. ed., 1982.

O livro O que é Direito, aborda, em 5 cinco capítulos, a conceituação do termo


direito. Antes de conceituar a obra, faz-se necessário entender um pouco sobre o
autor, a fim de contextualizar a obra.
Roberto Lyra Filho nasceu em 13 de outubro de 1926, filho do jurista Roberto
Lyra, e de Sofia Lyra. Foi um pensador de esquerda que se destacou por estudos
dogmáticos, campo em que é um dos expoentes pensadores no Brasil. Formou-se em
Letras, Direito e atuou, profissionalmente, como advogado, professor e examinador
de concursos.1
No capítulo Direito e lei, ele busca definir o objetivo do livro, que é encontrar
um conceito para o Direito, se este o tiver, tendo em vista suas variações. O direito,
para o autor, nada é, mas tudo é, sendo; isto é, o Direito não é fixo, mas um movimento
constante e de transformação contínua.
No capítulo Ideologia Jurídica, ele define a ideologia, depois de uma discussão
acerca dos diferentes significados dela durante o tempo, como uma série de opiniões
que não correspondem à realidade. Separa a ideologia em três tipos: a) a ideologia
como crença, que, quando é falsa, deixa o homem alheio à verdade e amorosa à
mentira, que passa a guiar suas ações; b) como falsa consciência, que é uma falsa
interpretação inocentemente realizada da realidade, pois ela absorve informações que

1
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Lyra_Filho> Acesso em: 25 abril 2019
agradam a classe dominante, que detém os meio de domínio social; e c) como
ideologia institucional: que muito tem a ver com a anterior, mas é algo que se
manifesta na sociedade e na na cabeça de um ou outro indivíduo. Em suma, a
ideologia jurídica é o reflexo de todas as outras, favorecendo a classe dominante.
No capítulo sobre os principais modelos de ideologia jurídica, ela é dividida em
três: a) positivista: que é uma redução do Direito à ordem estabelecida, sendo a norma
o completo Direito, isto é, tudo o que é norma é certo, não há possibilidade dela ser
injusta; b) legalista: dá à lei total superioridade; c) historicista ou sociologista: a
primeira volta-se para as formações jurídicas pré-legislativas, atribui ao povo os
costumes principais - essenciais para manutenção da ordem social, mascarando-se a
cultura dominante como se fosse cultura dominada, enquanto a segunda é a
aplicabilidade da primeira de forma geral; d) psicologista: transfere o foco da lei para
as cabeças dos ideólogos, idealizando a dominação, não intentando a uma crítica real
à ordem estabelecida.
Somado ao exposto, também delimita o naturalista: o qual procura estabelecer
o padrão jurídico, destinado a validar ou invalidar normas, podendo se dar através da
forma cosmológica, relacionada à ordem natural das coisas, teológica, relativa a
dedução do Direito Natural da lei divina e; antropológico, extraindo princípios da razão.
Além disso, expõe o problema de justificação do Direito Positivo, pois esse depende
da existência de alguma coisa que valide o poder superior das normas, isto é, algo
que garanta que ele possa se impor aos outros, demonstrando sua dependência de
outros sistemas normativos.
No capítulo Sociologia e Direito, ele explicita os diferentes tipos de Sociologia,
a fim de, futuramente, demonstrar a visão dialética do Direito. Na Sociologia do Direito,
estuda-se a base social de um direito específico; enquanto, na Sociologia Jurídica,
estuda-se o Direito como elemento do processo sociológico em quaisquer estruturas.
Essas suas áreas, entretanto, interferem-se, cabendo à Sociologia do Conhecimento
a análise da razão e do modo de influência do engajamento do homem, inclusive
sociologicamente; fazendo-a, portanto, uma Sociologia da Sociologia. A Sociologia
Geral, ou Jurídica, dá-se de duas formas (considerando a instituição de regras na
sociedade): a) Sociologia da estabilidade, harmonia e consenso, marcada por
convenções em um determinado espeço social, as quais determinam o modo agir,
cujo descumprimento leva a penalidades “reeducativas” ou coercitivas; b) Sociologia
da mudança, conflito e coação, pela qual o espaço social é ocupado por um série de
grupos em conflito, tornando a legitimidade do grupo dominante discutível. No fim,
ambas tentam afastar o aprofundamento dialético.
No penúltimo capítulo, demonstra o aspecto dialético do Direito. Através da
demonstração da existência da injustiça, ainda que validade por normas e aclamada
por justa, e da constante necessidade de luta dos grupos oprimidos de estarem
lutando por seus Direitos; pois, segundo o exposto, o Direito não é algo fixo, imóvel,
mas um fenômeno social em constante mudança. Além disso, discorre que, apesar
de os discursos dominantes estarem maquiados na cultura, nas palavras, nas
instituições, eles ainda existem, devendo ser de caráter permanente a luta contra seus
abusos. O Direito, quando age dessa forma, inverte a sua ordem: ao invés de legítimas
as normas pela ética, justifica a ética pelas normas. Tudo que está na lei é tratado
como justo, ético e moral. A justiça, dessa forma, tende a envelhecer e atrofiar. Por
outro lado, argumenta, quando a Justiça é feita visando ao povo, ao caráter social,
buscando o fim da exploração do povo pelos burgueses - o que não significa a simples
troca do modelo de produção, a qual é apenas uma etapa para a plenitude da ação
do Direito. Por fim, atribui ao Direito o caráter de positivador da liberdade
conscientizada e conquistada por meio de lutas sociais.
Percebe-se, a partir da leitura da obra em questão, que Roberto Lyra Filho
analisa o Direito sob um aspecto dialético marxista. A partir disso, infere-se a
existência de classes dominante e dominadas, esta, popular, que luta contra aquela,
burguesa, a fim de garantir efetivamente seus direitos. Dessa forma, o Direito é usado
como instrumento para controlar os oprimidos, a fim de que não se rebelem - seja por
incapacidade seja por pacifismo. Depois de longas conceituações de ideias, expõe a
essência do Direito, a qual aqueles que não leem o livro não têm acesso, que seria a
“positivação da liberdade conscientizada e de conquistas nas lutas sociais”, a partir
das quais se extraem os princípios da Justiça Social.

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