Sunteți pe pagina 1din 383

Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro

SME-RJ
Professor de Ensino Fundamental – História

MA083-19
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - SME-RJ

Professor de Ensino Fundamental – História

Edital CVL/SUBSC Nº 102 de 16 de Maio de 2019.

AUTORES
Específico da Disciplina - Profº Heitor Ferreira
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Fundamentos Teórico Metodológicos e Político Filosóficos da Educação - Profª Ana Maria B. Quiqueto

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO.

A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas.


Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público.
Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria
é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afinal corremos contra o tempo, por isso a
preparação é muito importante.
Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos
preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado.
Estar à frente é nosso objetivo, sempre.
Contamos com índice de aprovação de 87%*.
O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta.
Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos.
Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos online,
questões comentadas e treinamentos com simulados online.
Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida!
Obrigado e bons estudos!

*Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição.

CURSO ONLINE

PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte

PASSO 2
Digite o código do produto no campo indicado
no site.
O código encontra-se no verso da capa da
apostila.
*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
Ex: JN001-19

PASSO 3
Pronto!
Você já pode acessar os conteúdos online.
SUMÁRIO
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Perspectivas teóricas e conceituais da História: tendências e concepções historiográficas; fatos e crítica


histórica; noções e experiências temporais; presentismo; narratividade; métodos e fontes históricas; verdade e
função social da História; formação do historiador ...................................................................................................................... 01
Ensino de História e propostas curriculares para o ensino de História para os anos finais do ensino fundamental:
a disciplina escolar e o saber histórico; planejamento e propostas curriculares; procedimentos metodológicos
e avaliativos; livros, fontes e matérias didáticos; ensino de História e História ensinada; Lei 9394/96; Lei
10.639/03; Lei 11.645/08; PCN - História 5ª a 8ª série; BNCC – Base Nacional Comum Curricular ............................... 06
Relação entre a sociedade, economia e o meio ambiente, em diferentes momentos da História de povos
do Mundo e do Brasil: os povos caçadores e coletores; a revolução agrícola na África e no Oriente Médio;
crescimento populacional e alteração do meio ambiente na Europa medieval; as relações socioeconômicas e
ambientais das sociedades africanas subsaarianas pré-coloniais; a expansão marítima e comercial europeia;
exploração econômica de recursos naturais pelos colonizadores europeus no Brasil e na América; expansão
da fronteira agrícola no Brasil, ontem e hoje; usos da terra: diferentes formas de posse e propriedade da terra;
a Revolução Industrial e a alteração no meio ambiente em escala mundial; a luta pela terra no Brasil através
dos tempos; o processo de Globalização; os problemas mundiais ambientais na atualidade: clima, energia,
poluição, entre outros .............................................................................................................................................................................. 18
Relações de trabalho em diferentes momentos da História de povos do Mundo e do Brasil: escravidão antiga:
Grécia e Roma; servidão e corporações de ofícios na sociedade medieval europeia; as relações de trabalho no
capitalismo; o trabalho e a resistência indígena na sociedade colonial brasileira e latino americana; o trabalho
escravizado do africano no Brasil, lutas, resistências e abolicionismo; tráfico e formação do escravismo da
época Moderna; o trabalho negro pós-emancipação; organização de trabalhadores rurais e urbanos brasileiros
e latino americanos através dos tempos: ligas, sindicatos, organizações patronais e suas lutas por melhores
condições de vida e trabalho; formas de exploração do trabalho no mundo globalizado; greves, lutas de classe
e embates culturais no mundo industrial e globalizado .............................................................................................................. 34
Processos de constituição dos Estados Nacionais, confrontos, lutas, guerras e revoluções na Europa, África,
Oriente, América e no Brasil: a organização das antigas sociedades do Oriente Médio; as cidades-estado
gregas, a República romana e a descentralização política na Idade Média; Feudalismo; culturas tradicionais
do mundo árabe, expansão muçulmana no norte da África e imperialismo no Oriente Médio; Sociedades
africanas subsaarianas: os reinos Iorubás; Daomeanos; de Gana; do Mali, do Congo e do Monomotapa;
consolidação do Estado Nacional Moderno europeu; administração colonial portuguesa, espanhola e inglesa
na América; Iluminismo e a Revolução Francesa; a Independência dos Estados Unidos; constituição dos Estados
Nacionais na América Latina; Brasil: lutas pela independência, a transmigração da família real, o processo de
independência e o Estado Monárquico; nacionalismo na Europa nos séculos XIX e XX; África e Ásia: expansão
imperialista dos Estados Europeus; resistência chinesa ao imperialismo; O expansionismo norte americano: a
marcha para o oeste e a política externa intervencionista para a América Latina: Doutrina Monroe e o Pan-
Americanismo; Implantação do regime republicano no Brasil: a República Velha; Primeira e Segunda Guerras
Mundiais: o nazi fascismo, organização dos Estados socialistas e comunistas; a Revolução de 1930 e o Estado
Novo de Vargas; China: revoluções comunista e cultural; Guerra Fria, Guerra da Coréia; Conflitos no mundo
árabe: confronto entre palestinos e israelenses - passado e presente; resistência e lutas pela independência
das nações africanas; guerras entre as nações africanas no período pós-colonial; Redemocratização brasileira
entre 1945-1964; o período militar ditatorial no Brasil - 1964-1985; Guerra do Vietnã; a Revolução Cubana;
Socialismo e Golpe Militar no Chile; a Revolução Iraniana; esfacelamento dos Estados socialistas na Europa,
queda do Muro de Berlim; conflitos étnicos no leste europeu; o avanço da política neoliberal no mundo; o
Estado Brasileiro pós regime militar: a transição para a democracia; a crise política e econômica da Europa
atual; a China no mundo atual; O mundo multipolar e os conflitos recentes: Caxemira, Coreias, Tibete, Ruanda,
Colômbia, México, Bálcãs, Cáucaso; Israel e Palestina; Líbano, Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão, Guerra
do Iraque ........................................................................................................................................................................................................ 44
SUMÁRIO

Cidadania e Direitos Humanos no Mundo: a cidadania em Atenas e Roma; os ideais iluministas e as práticas
de cidadania durante a Revolução Francesa e a partir da independência dos Estados Unidos; o socialismo, o
anarquismo, o comunismo, a social democracia, o nazismo, o fascismo na Europa; experiências autoritárias
na América Latina, as declarações dos Direitos Universais do Homem e os contextos de suas elaborações; a
luta contra o apartheid na África do Sul. Os direitos das mulheres, dos jovens, das crianças, das etnias e das
minorias culturais, a pobreza e a desigualdade social e econômica ....................................................................................... 76
Cidadania e Direitos humanos no Brasil: os “homens bons”; o poder oligárquico, o coronelismo e o voto na
Primeira República; as Constituições e as mudanças nos direitos políticos e civis (Estado Novo e governo
militar pós 64); experiência liberal democrática de 1945-1964; Golpe civil-militar de 1964 e repressão;
Movimentos populares e estudantis, luta dos povos indígenas; movimento de consciência negra; lutas contra
as desigualdades econômicas e sociais e pelas aspirações de direitos para toda a população brasileira hoje; a
luta pelos direitos civis das mulheres e dos movimentos LGBTQ+ ........................................................................................... 84
Globalização: conceituação; antecedentes históricos, globalização em diferentes níveis: alcances e limites;
blocos econômicos e livre comércio; a política neoliberal e o Estado do bem-estar social; as sociedades
nacionais e a emergência da sociedade global: questões sociais e culturais ........................................................................ 92
Dimensões da intolerância política e religiosa: cruzadas, guerras de religião e inquisição; tolerância e
intolerância na era do Iluminismo; imperialismo e darwinismo social; holocausto e genocídio; impacto das
ações terroristas no mundo; os movimentos de guerrilha; a atual política norte-americana e a luta contra o
terrorismo ...................................................................................................................................................................................................... 98
Outras questões do mundo contemporâneo: racismo, xenofobia e homofobia; crime organizado, atividades
ilícitas e corrupção; AIDS e epidemias globais; aquecimento global, questão energética e movimentos
ecológicos ..................................................................................................................................................................................................... 105

LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura e compreensão de textos variados ............................................................................................................................................ 01


Modos de organização do discurso: descritivo, narrativo, argumentativo ................................................................................ 44
Gêneros do discurso: definição, reconhecimento dos elementos básicos ............................................................................... 44
Métodos de argumentação: indução, dedução, dialética ................................................................................................................ 44
Coesão e coerência: mecanismos, efeitos de sentido no texto .................................................................................................... 44
Relação entre as partes do texto: causa, consequência, comparação, conclusão, exemplificação, generalização,
particularização ................................................................................................................................................................................................ 44
Conectivos: classificação, uso, efeitos de sentido. Coordenação e subordinação: classificação, usos no texto .......... 44
Verbos: pessoa, número, tempo e modo ............................................................................................................................................... 44
Vozes verbais .................................................................................................................................................................................................... 01
Transitividade verbal e nominal ................................................................................................................................................................ 72
Estrutura, classificação e formação de palavras .................................................................................................................................... 01
Metáfora, metonímia, hipérbole, eufemismo, antítese, ironia ........................................................................................................ 63
Gradação, ênfase .............................................................................................................................................................................................. 63
Acentuação ........................................................................................................................................................................................................ 69
Pontuação: regras, efeitos de sentido ...................................................................................................................................................... 72
Recursos gráficos: regras, efeitos de sentido ........................................................................................................................................ 63
SUMÁRIO
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO FILOSÓFICOS
DA EDUCAÇÃO
Fundamentos legais da educação brasileira:
Lei Federal nº 9.394 de 20/12/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira........................................................... 01
Diretrizes Curriculares Nacionais: Parecer 04 CNE/SEB/98 e Resoluções 02 CNE/SEB/98 e 01 CNE/SEB/06................... 20
Lei Federal nº 10.793, de 01/12/2003 – Altera a redação do art. 26, § 3º, e do art. 92 da Lei 9.394/96, que estabelece
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional......................................................................................................................................... 24
Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras
providências....................................................................................................................................................................................................... 24
Lei Federal nº 10.639/03 – Altera a Lei no 9.394,de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.......................................................................................................................... 41
Lei Federal nº 11.645, de 10/03/08 – Altera a Lei 9.394/96, modificada pela Lei 10.639/03, que estabelece as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”..................................................................................................................................... 43
Lei Federal nº 12.976, de 04/04/2013 - Altera a Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras
providências....................................................................................................................................................................................................... 43
Lei Federal nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de
fevereiro de 1967; revoga a Lei no11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação
de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral................................................................................................................................ 44
Lei Federal nº 13.478, de 30 de agosto de 2017. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional), para estabelecer direito de acesso aos profissionais do magistério a cursos de
formação de professores, por meio de processo seletivo diferenciado.................................................................................... 46
Resolução nº 4/10 - Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica......................................... 47
Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 - Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum
Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da
Educação Básica................................................................................................................................................................................................ 67

Fundamentos teóricos da educação:


Perspectiva Histórica da Educação. Aspectos filosóficos e sociológicos da Educação. Aspectos psicológicos do
desenvolvimento humano e teorias da aprendizagem. Teorias de Currículo, na perspectiva pós-crítica de currículo.
Concepções de aprendizagem na perspectiva histórico-cultural................................................................................................. 70

Instrumentos pedagógicos do ensino e da aprendizagem:


Projeto Político Pedagógico. Planejamento. Avaliação: função, objetivos e modalidades. Projeto didático.
Metodologias de Ensino...................................................................................................................................................................... 95

Letramento como processo de apropriação da leitura e da escrita presente em todas as áreas de ensino:
Conceitos de letramento. O letramento e as diversas áreas do conhecimento..................................................................... 113
ÍNDICE

ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Perspectivas teóricas e conceituais da História: tendências e concepções historiográficas; fatos e crítica histórica;
noções e experiências temporais; presentismo; narratividade; métodos e fontes históricas; verdade e função social
da História; formação do historiador ................................................................................................................................................................ 01
Ensino de História e propostas curriculares para o ensino de História para os anos finais do ensino fundamental:
a disciplina escolar e o saber histórico; planejamento e propostas curriculares; procedimentos metodológicos e
avaliativos; livros, fontes e matérias didáticos; ensino de História e História ensinada; Lei 9394/96; Lei 10.639/03; Lei
11.645/08; PCN - História 5ª a 8ª série; BNCC – Base Nacional Comum Curricular .......................................................................... 06
Relação entre a sociedade, economia e o meio ambiente, em diferentes momentos da História de povos do Mundo e
do Brasil: os povos caçadores e coletores; a revolução agrícola na África e no Oriente Médio; crescimento populacional
e alteração do meio ambiente na Europa medieval; as relações socioeconômicas e ambientais das sociedades africanas
subsaarianas pré-coloniais; a expansão marítima e comercial europeia; exploração econômica de recursos naturais
pelos colonizadores europeus no Brasil e na América; expansão da fronteira agrícola no Brasil, ontem e hoje; usos da
terra: diferentes formas de posse e propriedade da terra; a Revolução Industrial e a alteração no meio ambiente em
escala mundial; a luta pela terra no Brasil através dos tempos; o processo de Globalização; os problemas mundiais
ambientais na atualidade: clima, energia, poluição, entre outros ........................................................................................................ 18
Relações de trabalho em diferentes momentos da História de povos do Mundo e do Brasil: escravidão antiga: Grécia
e Roma; servidão e corporações de ofícios na sociedade medieval europeia; as relações de trabalho no capitalismo;
o trabalho e a resistência indígena na sociedade colonial brasileira e latino americana; o trabalho escravizado do
africano no Brasil, lutas, resistências e abolicionismo; tráfico e formação do escravismo da época Moderna; o trabalho
negro pós-emancipação; organização de trabalhadores rurais e urbanos brasileiros e latino americanos através dos
tempos: ligas, sindicatos, organizações patronais e suas lutas por melhores condições de vida e trabalho; formas de
exploração do trabalho no mundo globalizado; greves, lutas de classe e embates culturais no mundo industrial e
globalizado .................................................................................................................................................................................................................. 34
Processos de constituição dos Estados Nacionais, confrontos, lutas, guerras e revoluções na Europa, África, Oriente,
América e no Brasil: a organização das antigas sociedades do Oriente Médio; as cidades-estado gregas, a República
romana e a descentralização política na Idade Média; Feudalismo; culturas tradicionais do mundo árabe, expansão
muçulmana no norte da África e imperialismo no Oriente Médio; Sociedades africanas subsaarianas: os reinos
Iorubás; Daomeanos; de Gana; do Mali, do Congo e do Monomotapa; consolidação do Estado Nacional Moderno
europeu; administração colonial portuguesa, espanhola e inglesa na América; Iluminismo e a Revolução Francesa;
a Independência dos Estados Unidos; constituição dos Estados Nacionais na América Latina; Brasil: lutas pela
independência, a transmigração da família real, o processo de independência e o Estado Monárquico; nacionalismo
na Europa nos séculos XIX e XX; África e Ásia: expansão imperialista dos Estados Europeus; resistência chinesa ao
imperialismo; O expansionismo norte americano: a marcha para o oeste e a política externa intervencionista para a
América Latina: Doutrina Monroe e o Pan-Americanismo; Implantação do regime republicano no Brasil: a República
Velha; Primeira e Segunda Guerras Mundiais: o nazi fascismo, organização dos Estados socialistas e comunistas; a
Revolução de 1930 e o Estado Novo de Vargas; China: revoluções comunista e cultural; Guerra Fria, Guerra da Coréia;
Conflitos no mundo árabe: confronto entre palestinos e israelenses - passado e presente; resistência e lutas pela
independência das nações africanas; guerras entre as nações africanas no período pós-colonial; Redemocratização
brasileira entre 1945-1964; o período militar ditatorial no Brasil - 1964-1985; Guerra do Vietnã; a Revolução Cubana;
Socialismo e Golpe Militar no Chile; a Revolução Iraniana; esfacelamento dos Estados socialistas na Europa, queda do
Muro de Berlim; conflitos étnicos no leste europeu; o avanço da política neoliberal no mundo; o Estado Brasileiro pós
regime militar: a transição para a democracia; a crise política e econômica da Europa atual; a China no mundo atual;
O mundo multipolar e os conflitos recentes: Caxemira, Coreias, Tibete, Ruanda, Colômbia, México, Bálcãs, Cáucaso;
Israel e Palestina; Líbano, Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão, Guerra do Iraque ................................................................... 44
ÍNDICE

ESPECÍFICO DA DISCIPLINA
Cidadania e Direitos Humanos no Mundo: a cidadania em Atenas e Roma; os ideais iluministas e as práticas de
cidadania durante a Revolução Francesa e a partir da independência dos Estados Unidos; o socialismo, o anarquismo,
o comunismo, a social democracia, o nazismo, o fascismo na Europa; experiências autoritárias na América Latina,
as declarações dos Direitos Universais do Homem e os contextos de suas elaborações; a luta contra o apartheid
na África do Sul. Os direitos das mulheres, dos jovens, das crianças, das etnias e das minorias culturais, a pobreza e
a desigualdade social e econômica .................................................................................................................................................................. 76
Cidadania e Direitos humanos no Brasil: os “homens bons”; o poder oligárquico, o coronelismo e o voto na Primeira
República; as Constituições e as mudanças nos direitos políticos e civis (Estado Novo e governo militar pós 64);
experiência liberal democrática de 1945-1964; Golpe civil-militar de 1964 e repressão; Movimentos populares e
estudantis, luta dos povos indígenas; movimento de consciência negra; lutas contra as desigualdades econômicas e
sociais e pelas aspirações de direitos para toda a população brasileira hoje; a luta pelos direitos civis das mulheres e
dos movimentos LGBTQ+ ...................................................................................................................................................................................... 84
Globalização: conceituação; antecedentes históricos, globalização em diferentes níveis: alcances e limites; blocos
econômicos e livre comércio; a política neoliberal e o Estado do bem-estar social; as sociedades nacionais e a
emergência da sociedade global: questões sociais e culturais ................................................................................................................ 92
Dimensões da intolerância política e religiosa: cruzadas, guerras de religião e inquisição; tolerância e intolerância
na era do Iluminismo; imperialismo e darwinismo social; holocausto e genocídio; impacto das ações terroristas no
mundo; os movimentos de guerrilha; a atual política norte-americana e a luta contra o terrorismo ...................................... 98
Outras questões do mundo contemporâneo: racismo, xenofobia e homofobia; crime organizado, atividades ilícitas e
corrupção; AIDS e epidemias globais; aquecimento global, questão energética e movimentos ecológicos ......................... 105
apresentou pelo menos de três formas. Do simples regis-
tro à análise científica houve um longo processo, dentre
PERSPECTIVAS TEÓRICAS E CONCEITUAIS essas formas de registro, destacamos:
DA HISTÓRIA: TENDÊNCIAS E CONCEP-  História Narrativa – O narrador contenta-se em
ÇÕES HISTORIOGRÁFICAS; FATOS E CRÍTI- apresentar os acontecimentos sem preocupações com as
CA HISTÓRICA; NOÇÕES E EXPERIÊNCIAS causas, os resultados ou a própria veracidade. Também
TEMPORAIS; PRESENTISMO; NARRATIVI- não emprega qualquer processo metodológico.
DADE; MÉTODOS E FONTES HISTÓRICAS;  História Pragmática - Expõe os acontecimentos
VERDADE E FUNÇÃO SOCIAL DA HISTÓRIA; com visível preocupação didática. O historiador quer mu-
dar os costumes políticos, corrigir os contemporâneos e
FORMAÇÃO DO HISTORIADOR.
o caminho que utiliza é o de mostrar os erros do passa-
do. Os gregos Heródoto e Tucídides e o Romano Cíce-
ro representam esta concepção.
Tendências e concepções historiográficas  História Científica - Agora há uma preocupação
Quando analisamos a formação das tendências e con- com a verdade, com o método, com a análise crítica de
cepções historiográficas, precisamos compreender que a causas e consequências, tempo e espaço. Esta concep-
história não tem outra opção senão seguir a tendência ção se define a partir da mentalidade oriunda das ideias
de especialização de qualquer disciplina científica. Sendo filosóficas que nortearam a Revolução Francesa de 1789.
assim, o conhecimento de toda a realidade é epistemo- Toma corpo com a discussão dialética (de Hegel e Karl
logicamente impossível, ainda que o esforço de conhe- Marx) do século XIX e se consolida com as teses de Leo-
cimento transversal, humanístico, de todas as partes da pold Von Rane, criador do Rankeanismo, o qual contesta
história, seja exigível a quem verdadeiramente queira ter o chamado “Positivismo Histórico” (que não é relaciona-
uma visão correta do passado. do ao positivismo político  de Comte) e posteriormente
Desta forma, a história deve segmentar-se, não ape- com o surgimento da Escola de Annales, no começo
nas porque a perspectiva do historiador esteja conta- do século XX.
minada com subjetividade e ideologia, mas porque ele  História dos Annales (Escola dos Annales)  - Os
deve optar, necessariamente, por um ponto de vista, historiadores franceses Marc Bloch e Lucien Febvre fun-
do mesmo modo que um cientista: se quiser observar daram em 1929 uma revista de estudos, a “annales d´his-
o seu objeto, deve optar por usar um telescópio ou um torie économique et sociale”,  onde rompiam decidida-
microscópio (ou, de forma menos grosseira, que tipo de mente com o culto  aos heróis  e a atribuição da ação
lente irá aplicar). histórica aos chamados homens ilustres, representantes
Portanto, com o ponto de vista determina-se a sele- das elites. Para estes estudiosos, o cotidiano, a arte, os
ção da parte da realidade histórica que se toma como afazeres do povo  e a psicologia social  são elementos
objeto, e que, sem dúvida, dará tanto a informação so- fundamentais para a compreensão das transformações
bre o objeto estudado como sobre as motivações de um empreendidas pela humanidade. Surgindo ainda o movi-
historiador que o estuda. Essa visão preferencial pode mento da Nova História Crítica e da Nova História.
ser consciente ou inconsciente, assumida com maior ou
menor cinismo pelo historiador, e é diferente para cada
FIQUE ATENTO!
época, para cada nacionalidade, religião, classe social ou
âmbito no qual o historiador pretenda situar-se. Ao estudar a disciplina de História, com um
Outrossim, a inevitável perda que supõe a segmen- olhar crítico, você passará a compreender
tação, compensa-se pela confiança em que outros his- os processos históricos em plenitude, assim
toriadores farão outras seleções, sempre parciais, que sendo, passará a compreender realmente os
devem complementar-se. A pretensão de conseguir uma fatores motivadores de cada um dos mo-
perspectiva holística, como o pretende a História total ou mentos históricos passado pela humanidade.
a História das Civilizações, não substitui a necessidade de
todas e cada uma das perspectivas parciais.
Noções e experiências temporais
As noções e experiências temporais, devem ser anali-
#FicaDica sadas com a cronologia que fragmenta e possibilita o es-
Ao compreender as tendências e concep- tudo da história. Sendo assim, o passado da humanidade
ções historiográficas, haverá uma facilida- se divide em dois grandes grupos, a Pré-História e a His-
de em compreender as motivações que tória, assim sendo, vamos entender as características de
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

levaram os autores a seguirem a sua linha cada um desses períodos.


de pesquisa, e isso, mostrará um pouco do A pré-história é o período que inicia com o surgimen-
que cada “escola” analisa. to do ser humano  anterior à escrita, inventada na Me-
sopotâmia  a cerca de  4  000 a.C., caracteriza-se, grosso
modo, pelo nomadismo  e atividades de caça e coleta.
Fatos e crítica histórica Surge a agricultura  e a pecuária, os quais levaram os
Para analisarmos os fatos e as concepções críticas homens pré-históricos ao sedentarismo e a criação das
da história, é preciso compreender o processo evolutivo primeiras cidades. A Pré-História divide-se em três perío-
da construção historiográfica, sendo assim, a História se dos, sendo eles:

1
 Paleolítico  ou Idade da Pedra Lascada, quando Presentismo
se descobriu o fogo; Para compreender o presentismo, é necessário avaliar
 Neolítico  ou Idade da Pedra Polida, quando sua concepção filosófica. Sendo assim, em filosofia do
ocorreu a Revolução Agrícola, sendo domesticado os tempo, o presentismo é a tese que nem o futuro nem o
animais, e o início da prática da domesticação de espé- passado existem. O oposto de presentismo é eternismo,
cies vegetais; a tese que aceita a existência em algum “lugar”, de algu-
 Idade dos Metais, quando se iniciou a fundi- ma maneira,  eternamente, ou ao menos  fora do tempo,
ção dos metais e a utilização deste na fabricação de ins- do passado e do futuro.
trumentos, sendo o último período da Pré-História de- Desta forma, de acordo com o presentismo, eventos
marca o conjunto de transformações que dão início ao e entidades que estão inteiramente no passado ou intei-
aparecimento das primeiras civilizações da Antiguidade, ramente no futuro não existem efetivamente. O presen-
Egito e Mesopotâmia. tismo se opõe ao eternismo e a crescente teoria do bloco
do tempo, que sustenta que eventos passados, como a
Descobrimento do Brasil, e entidades do passado, como
#FicaDica Alexandre, o Grande, existiram efetivamente, embora
não no presente (eternismo, mas não a crescente teoria
O estudo da pré-história acabou perdendo dos blocos, estende isso para os eventos do futuro como
um pouco de espaço e relevância, porém, um todo).
muito do que se estuda nesse período, pro-
porciona entendimento para as demais pe-
#FicaDica
riodizações históricas.
O presentismo é uma afirmação extrema,
peculiar e curiosa de que somente o pre-
Já quando analisamos a formação da História, a mes- sente é, de fato, real,  e assim, nada existe
ma se divide em quatro períodos grandes períodos, sen- além do presente.
do eles:
 Antiguidade, compreende-se de cerca de 4 000
a.C. até 476 d.C., quando ocorre a queda do Império Ro- Desta forma, podemos pensar em objetos futuros,
mano do Ocidente. É estudada com estreita relação ao como a colonização dos humanos em outros planetas ou
Próximo Oriente, onde floresceram as primeiras civiliza- a cura para enfermidades, atualmente, incuráveis, ou ain-
ções, sobretudo no chamado Crescente Fértil, que atraiu, da, a viagem no tempo. No entanto, conforme explica-
pelas possibilidades agrícolas, os primeiros habitantes ção acima, não haveria um significado efetivo para o que
do Egito, Palestina, Mesopotâmia, Irão e Fenícia. Abran- realmente existe agora. Portanto, nesse cenário, a discus-
ge, também, as chamadas civilizações clássicas, Grécia e são de objetos passados ou futuros não é uma discussão
Roma. sobre objetos existentes em algum outro lugar que não
 Medievalismo, é limitada entre o ano de 476 até seja o presente.
1453, quando ocorre a conquista de Constantinopla pe- Portanto, o presentismo defende ainda que, as pro-
los Turcos Otomanos e consequente queda do Império priedades que “existiram” ou “existirão”, que “foram” ou
Romano do Oriente. É estudada com relação às três cul- “serão” só cabem no presente, isto é, a força do presen-
turas em confronto em torno da bacia do mar Mediterrâ- tismo é dependente da existência da temporalidade e é,
neo. Caracterizou-se pelo modo de produção feudal em portanto, o único lugar onde os objetos fazem sentido,
algumas regiões da Europa. ou seja, no agora.
 Modernidade, é considerada de 1453 até 1789,
quando da eclosão da Revolução Francesa. Compreende Narratividade
o período da invenção da Imprensa, os descobrimentos A Narratividade é uma exposição de fatos, uma narra-
marítimos  e o Renascimento. Caracteriza-se pelo nasci- ção, um conto ou uma história. Assim sendo, as notícias
mento do modelo de produção capitalista. de jornal, história em quadrinhos, romances, contos e
 Contemporaneidade,  compreende-se de 1789 novelas, são, entre outras, formas de se contar uma his-
até aos dias atuais. Envolve conceitos tão diferentes tória, ou seja, são narrativas.
quanto o grande avanço da técnica, os conflitos armados Deste modo, as narrativas são expressas por diversas
de grandes proporções, a Nova Ordem Mundial e a ideia linguagens: pela palavra (linguagem verbal: oral e escri-
de “fim da história”. ta), pela imagem (linguagem visual), pela representação
(linguagem teatral), dentre outras.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Portanto, a narrativa é uma sequência de fatos inter-


FIQUE ATENTO! ligados que ocorrem ao longo de certo tempo e possui
elementos básicos na sua composição:
Ao definir uma linearidade cronológica em
seus estudos, haverá uma facilidade para en- Fato – corresponde à ação que vai ser narrada (o

tender todos os eventos e seus recortes tem- que);
porais, e, assim sendo, haverá uma melhor Tempo – em que linha temporal aconteceu o fato

fixação nos conteúdos estudados. (quando);
Lugar – descrição de onde aconteceu o fato (onde);

2
Personagens – participantes ou observadores da

ação (com quem); FIQUE ATENTO!
Causa – razão pela qual aconteceu o fato (por que);
 As  fontes históricas  podem ser dos mais
Modo – de que forma aconteceu o fato (como);
 diversos  tipos. Temos, por exemplo, as fon-
Consequência – resultado do desenrolar da ação.
 tes  escritas, que podem ser documentos,
atas, textos, livros, dentre outras. As  fontes
orais, geralmente como discursos e entre-
FIQUE ATENTO! vistas. Assim sendo, todas  são  úteis para a
A narrativa se desenvolve em torno de construção das narrativas históricas por parte
um enredo, nome que se dá a sequência dos do historiador.
fatos, assim sendo, a partir do enredo chega-
-se ao tema, que é o motivo central do texto
e proporciona o clímax do tema abordado Verdade e função social da História
dentro da narrativa. As análises em torno da verdade e da função social
da História, é necessário fazer um recuo histórico, pois
as pessoas vivem focadas em seu tempo presente, mas
Métodos e fontes históricas com frequência se veem obrigadas a olharem para o seu
Os métodos e fontes históricas, são as formas de es- passado. Uma simples pergunta como “onde está minha
tudo e análise na história, sendo assim, o fato histórico chave” já as remetem ao passado. Ou seja, todas as so-
é estudado através de vestígios e documentos. As fon- ciedades, estão de certa forma, vinculadas ao passado.
tes históricas são constituídas por elementos das quais Assim sendo, tudo que se refere ao passado das so-
o homem fez e deixou no passado. Os fatos históricos ciedades, desde as primeiras organizações até as estru-
turas contemporâneas, dar-se o nome de: História. Cabe
influenciam o futuro, ou seja, o atual mundo é composto
ao historiador interpretá-la com ferramentas da ciência
dos acontecimentos e feitos anteriores.
histórica.
Desta forma, ao se estudar o passado, como ruínas,
monumentos, templos, etc., se percebem os propósitos
#FicaDica aos quais foram construídos, normalmente atendendo
aos interesses de seus dirigentes.  Isto é, uma ordem
Em outras palavras, as  fontes históricas estabelecida pelos mesmos. No entanto, essa ordem:
são documentos que, através de seus sinais econômica, social e política, têm sido contestadas pela
e interpretação, permitem que o historia- ciência histórica contemporânea, que se propõe lançar
dor possa reconstruir e recontar a história. novas luzes sobre aspectos negligenciados pelas versões
do status quo. Ao se desnudar essas versões, gera-se um
entendimento mais acurado e amplo do passado. Sendo
assim, tem-se uma visão não apenas das classes domina-
Os monumentos, templos, esculturas, pinturas e ou- doras, mas uma visão mais igualitária e justa.
tros objetos em geral são considerados vestígios; as tra- Portanto, a palavra “história” é oriunda da Grécia an-
dições (Oral) são lendas, canções, narrações e outras for- tiga, e foi usada pela primeira vez, no sentido de investi-
mas de manifestações culturais expressas na oralidade; e gação e esclarecimento do passado, como conhecemos
os documentos escritos são todos aquelas fontes escri- hoje, por Heródoto e Tucídides. A história, por ser dinâ-
tas, como leis, livros e relatórios. mica e não estática, é uma tentativa constante de inter-
Porém, por diversas vezes é difícil saber se a fonte pretar questões do passado das sociedades.
histórica é original, se não foi modificada ou falsificada,
por isso existe uma ciência especial, a Heurística, só para
cuidar da verificação e investigação da autenticidade das #FicaDica
fontes históricas.
Desta forma, sobre fontes e documentos é feita a crí- O  conhecimento  histórico  é  indispen-
tica histórica, sendo elas: sável  para  preparar  crianças  e  jovens-
 Crítica objetiva - Verifica o valor extrínseco, ex- para  viver  em  sociedade,  pois  pro-
terno de um documento; se é original ou apenas uma porciona  um  conhecimento  global do
cópia. desenvolvimento dos seres humanos e
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

do  mundo  que  os  circunda. Se as novas


 Crítica subjetiva - Verifica o valor intrínseco, in-
gerações estão obrigadas a conhecer o
terno, de um documento. É um trabalho especializado,
presente, convém que o façam a partir do
comparativo, que só pode ser realizado pelas ciências
passado.
auxiliares da História: Arqueologia (estuda ruínas, objetos
antigos), Paleontologia (fósseis), Heráldica (emblemas e
brasões), Epigrafia (inscrições lapidares), Numismática Formação do historiador
(moedas), Genealogia (linhagens familiares), Paleografia O Historiador é o profissional encarregado de estu-
(estudo a escrita antiga), Antropologia, Linguística e Geo- dar, pesquisar e analisar os acontecimentos do passado
grafia. e seus impactos e relevância para a época atual. Esses

3
acontecimentos dizem respeito à sociedade, economia,
cultura, natureza, espécies, ideias e demais circunstâncias FIQUE ATENTO!
pertencentes ao cotidiano do ser humano. O papel que O Historiador exerce uma missão que sem-
esse profissional exerce é investigativo, analítico e crítico, pre será necessária e relevante, independen-
sendo feito através do resgate e compartilhamento de te da época e progresso atingidos, esse pro-
memórias importantes para a trajetória da humanidade. fissional faz mais do que exercer um ofício
Desta forma, para exercer a profissão é obrigatório importante, é produtor e divulgador de um
portar diploma de curso superior em História em nível de patrimônio cultural inestimável: o conheci-
graduação ou pós-graduação, oferecido por instituição mento histórico da humanidade.
de ensino superior devidamente reconhecida pelo Minis-
tério da Educação (MEC). A graduação em História pode
ser cursada nas modalidades bacharelado e licenciatura,
com duração média de 4 anos. Apenas para a licenciatura
é obrigatório cumprir o estágio supervisionado. A matriz EXERCÍCIOS COMENTADOS
curricular abrange disciplinas como História Antiga, Me-
dieval, Moderna, do Brasil, da América, da África, da Ásia
e Leitura e Interpretação de Textos Clássicos. 1. A História, segundo o historiador Marc Bloch, pode ser
A maioria das graduações em História no país é ofer- definida como a ciência do homem no tempo. Quando
tada em licenciatura, mas se o objetivo for trabalhar para estudada em instituições escolares, ela é, comumente,
empresas ou como pesquisador, o bacharelado é a op- dividida em: Idade Antiga, Idade Medieval, Idade Moder-
ção mais apropriada. A rotina de um Historiador é per- na e Idade Contemporânea.
meada por diversos tipos de documentos pertencentes a
diferentes épocas, como fotografias, manuscritos, filmes, Sobre este modelo de organização do tempo histórico
objetos, selos, certidões, impressos, gravações e entre em períodos ou idades, analise as proposições.
outros.
O profissional é responsável por datar o fato ou o ob- I. O modelo acima foi instituído na Grécia durante o
jeto estudado e assegurar sua autenticidade, analisando século IV a.C. por Aristóteles que, na época, assumia as
sua relevância e significado para a conexão dos fatos. funções de tutor de Alexandre da Macedônia.
Em suas atividades, selecionam os materiais, executam II. A adoção deste modelo demonstra o forte vínculo
a devida classificação e relacionam os dados levantados existente entre os programas escolares de história e a
em bibliotecas, estudos, entrevistas, pesquisas arqueo- tradição europeia, na medida em que as idades são orga-
lógicas e outros meios. Também planejam, implantam e nizadas a partir de processos ocorridos majoritariamente
dirigem pesquisas históricas e serviços de documentação no Continente Europeu.
e catalogação, além de emitirem pareceres sobre temas III. O modelo citado foi desenvolvido e institucionali-
históricos. zado em 1837, pelo Instituto Histórico Geográfico Brasi-
leiro, e refere-se, exclusivamente, aos processos ocorri-
FIQUE ATENTO! dos a partir do Descobrimento do Brasil, em 1500.

A profissão requer perfil curioso, paciente, Assinale a alternativa correta.


analítico, que goste de ler, seja imparcial e
assuma uma postura de questionamento pe- a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
rante os fatos. b) Somente a afirmativa III é verdadeira.
c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
Portanto, Historiadores encontram muitas oportunidades d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
de trabalho em instituições de ensino, públicas e priva- e) Somente a afirmativa II é verdadeira.
das. Além da tradicional docência, existem outros cam-
pos de atuação: consultor de assuntos históricos para Resposta da questão 1: [E]
produções artísticas, elaboração de materiais didáticos, As afirmativas [I] e III] estão incorretas porque a linha
assessoria para turismo histórico, curadoria de museus, do tempo foi feita à posteriori dos principais aconte-
produção de livros didáticos e paradidáticos, organiza- cimentos que ela descreve, já no século XX. Logo, não
ção de exposições e ações de preservação do patrimônio foi desenvolvida na Grécia Antiga. Além disso, os mar-
histórico são algumas possibilidades. cos referenciais da linha são europeus e, por isso, ela
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

não foi desenvolvida pelo IHGB.

2. A história não corresponde exatamente ao que foi


realmente conservado na memória popular, mas àquilo
que foi selecionado, escrito, descrito, popularizado e ins-
titucionalizado por quem estava encarregado de fazê-lo.
Os historiadores, sejam quais forem seus objetivos, estão
envolvidos nesse processo, uma vez que eles contribuem,
conscientemente ou não, para a criação, demolição e re-

4
estruturação de imagens do passado que pertencem não 4. Por muito tempo, os historiadores acreditaram que de-
só ao mundo da investigação especializada, mas também veriam e poderiam reproduzir os fatos “tal como tinham
à esfera pública na qual o homem atua como ser político. ocorrido”. Dentre as características do conhecimento his-
HOBSBAWN, E.; RANGER, T. A Invenção das tradições. tórico que assim produziam, é correto afirmar que
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984 (adaptado).
a) os historiadores, ao privilegiarem a realidade dos fatos,
Uma vez que a neutralidade é inalcançável na ativida- esperavam produzir um conhecimento científico que
de mencionada, é tarefa do profissional envolvido analisasse os processos e seus significados, abrindo
espaço para a subjetividade humana em suas análises.
a) criticar as ideias dominantes. b) era uma história linear, cronológica, de nomes, fatos
b) respeitar os interesses sociais. e datas, que pretendia uma verdade absoluta, como
c) defender os direitos das minorias. forma de expressar a neutralidade do historiador.
d) explicitar as escolhas realizadas. c) era uma história temática, na medida em que acredita-
e) satisfazer os financiadores de pesquisas. va que tudo o que o homem fazia e, até mesmo o que
ele não fazia, poderia ser considerado fato histórico.
Resposta da questão 2: [D] d) os fatos privilegiados seriam aqueles poucos que eram
O processo de produção histórica é pessoal: cada his- amplamente documentados, como as festas popula-
toriador, ao analisar uma fonte, faz a ela as “perguntas” res e a cultura das pessoas ordinárias.
que acha conveniente para o objeto da sua pesquisa. e) o fundamental era compreender o funcionamento
Nesse sentido, cabe ao historiador deixar claro qual a econômico da sociedade, que é o determinante de
intenção e o objetivo de suas escolhas de pesquisa. tudo e garante a neutralidade do historiador.

3. Leia o texto a seguir. Resposta da questão 4: [B]


A corrente historiográfica que praticava o contar a his-
Foi Renan, acho, quem escreveu um dia (cito de me- tória tal como ela ocorreu buscava produzir uma his-
mória; portanto receio, inexatamente): “Em todas as coi- tória linear e cronológica, que levava em consideração
sas humanas, as origens em primeiro lugar são dignas de os personagens principais e as datas, não levando em
estudo”. E Saint-Beuve antes dele: “Espio e observo com consideração as nuances por detrás dos fatos.
curiosidade aquilo que começa”. A ideia é bem de sua épo-
ca. A palavra origens também. Mas a palavra é preocu- 5. “A incompreensão do presente nasce fatalmente da
pante, pois equívoca. ignorância do passado. Mas talvez não seja menos vão
Adaptado de: BLOCH, M. Apologia da História ou O esgotar-se em compreender o passado se nada se sabe
ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. p.56. do presente.”
Marc Bloch. Apologia da História ou o ofício do histo-
Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta, riador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 65.
corretamente, a escola historiográfica que se posiciona
sobre esse tema e a tese correspondente. Assinale a alternativa que contém a definição de história
mais coerente com a citação do historiador Marc Bloch.
a) Escola Metódica – compreende a origem como o prin-
cípio dos estudos históricos. a) A História é a ciência que resgata o passado para expli-
b) Escola Marxista – considera os estudos culturais como car o presente e fazer previsões sobre o futuro.
fundamento da crítica. b) A História é uma ciência que visa promover o entrete-
c) Escola dos Annales – considera mitologia a busca pelas nimento dos expectadores do presente e um conheci-
origens. mento inútil sobre o passado.
d) Escola Idealista – concebe a história como a realização c) A História é, tal como a literatura, uma narrativa sobre
humana no tempo. o passado determinada pela imaginação do historia-
e) Escola de Frankfurt – formula a ideia da invenção das dor.
tradições históricas. d) A História é a ciência que se refugia no passado para
não compreender as questões do presente.
Resposta da questão 3: [C] e) A História é uma ciência que formula questões sobre o
A Escola dos Analles surgiu em 1929 na França através passado a partir de inquietações e experiências vividas
de vários historiadores como March Bloch. A escola no presente.
criticou o pensamento positivista que considerava
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

fonte histórica apenas documentos escritos. Assim, Resposta da questão 5: [E]


o grupo dos analles ampliou a noção de documento Somente a proposição [E] está correta. A questão re-
histórico e começou a estudar novas temas como a mete ao texto do historiador francês Marc Bloch que
história da morte, festas, bruxaria, história da mulher, integrava o grupo dos Analles. A questão pode ser
da sexualidade, etc. A linguagem da narrativa histórica respondida a partir das alternativas incorretas. A His-
fugiu daquele rigor acadêmico e ganhou contornos tória não visa fazer previsões sobre o futuro, não sig-
literários. Na década de 1950, surgiu a História Nova nifica um conhecimento inútil sobre o passado, não é
herdeira dos analles. A escola dos analles considerava determinada pela imaginação do historiador e não se
a narrativa Mitológica vinculada a busca das origens. refugia no passado para não compreender o presente.

5
6. Existe em todo historiador, em toda pessoa apaixonada pelo arquivo uma espécie de culto narcísico do arquivo,
uma captação especular da narração histórica pelo arquivo, e é preciso se violentar para não ceder a ele. Se tudo está
arquivado, se tudo é vigiado, anotado, julgado, a história como criação não é mais possível: é então substituída pelo
arquivo transformado em saber absoluto, espelho de si. Mas se nada está arquivado, se tudo está apagado ou destruí-
do, a história tende para a fantasia ou o delírio, para a soberania delirante do eu, ou seja, para um arquivo reinventado
que funciona como dogma.
(ROUDINESCO, Elisabeth. A análise e o arquivo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 09.)

Refletindo sobre o historiador e sua relação com os arquivos, o texto nos mostra que
a) todo conhecimento histórico se encerra dentro dos arquivos, e o historiador é um mero reprodutor de documentos
oficiais.
b) só por meio do arquivo, no século XXI, ele pode retratar o passado tal qual foi.
c) essa relação é ambivalente, e, ao mesmo tempo em que ele necessita do arquivo para legitimar sua narrativa, deve
ter o cuidado de não transformá-lo num saber absoluto.
d) no seu trabalho, é melhor a ausência de arquivo que o excesso.
e) todo conhecimento histórico é produzido sem necessidade dos arquivos.

Resposta da questão 6: [C]


Somente a proposição [C] está correta. O texto é bem claro quanto à relação entre o arquivo e o historiador. É
uma relação ambígua oscilando entre a necessidade do arquivo para a construção da narrativa, porém não pode
se transformar em um saber absoluto. As demais alternativas estão em desacordo com o texto apresentado. Todo
o conhecimento histórico não se esgota com o arquivo, faz se necessário o papel do historiador. É fundamental a
presença do arquivo para o historiador.

ENSINO DE HISTÓRIA E PROPOSTAS CURRICULARES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA PARA OS


ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: A DISCIPLINA ESCOLAR E O SABER HISTÓRICO;
PLANEJAMENTO E PROPOSTAS CURRICULARES; PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVA-
LIATIVOS; LIVROS, FONTES E MATÉRIAS DIDÁTICOS; ENSINO DE HISTÓRIA E HISTÓRIA ENSI-
NADA; LEI 9394/96; LEI 10.639/03; LEI 11.645/08; PCN - HISTÓRIA 5ª A 8ª SÉRIE; BNCC – BASE
NACIONAL COMUM CURRICULAR. 

Ensino de História e propostas curriculares para o ensino de História para os anos finais do ensino fundamen-
tal: a disciplina escolar e o saber histórico
Ao longo da humanidade, em todos os tempos, o ensino de História foi permeado por escolhas políticas. No Brasil,
após a proclamação da República, em 1889, a construção da identidade do país tornou-se prioridade. As elites tinham
de garantir a existência de um estado-nação, escolhendo para ser ensinado aos alunos conteúdos que exaltavam gran-
des “heróis” nacionais e feitos políticos gloriosos.
Sendo assim, desde então, poucas mudanças aconteceram em termos do quê e como ensinar nessa área, e todas
foram influenciadas, sobretudo, pelas visões de quem estava no poder. Para desenvolver a postura crítica da turma
e dar aulas consistentes, é fundamental que o professor entenda esse processo. História é uma disciplina passível de
múltiplas abordagens - que até há pouco tempo não estavam em sala de aula, mas que hoje devem ser vistas com
destaque. Por isso, tornou-se premente o trabalho com diversas fontes e o relacionamento do passado com o presente
para que se entenda que contra fatos há, sim, argumentos. Tudo depende do olhar que se lança sobre eles.
Desta forma, quando os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e fundaram a primeira escola, só usavam os textos
históricos como suporte para ensinar a ler e escrever e seus conteúdos sequer eram discutidos. Foi apenas em 1837 que
o Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, instituiu a História como disciplina obrigatória e autônoma (leia a linha do
tempo no box “O ensino de História no Brasil”). O foco era a formação da civilização ocidental e o estudo sobre o Brasil
era apenas um de seus apêndices. Vale lembrar que a história bíblica também era um conteúdo a ser abordado - só
sendo retirada do currículo em 1870, com a diminuição do poder da Igreja sobre o Estado.
Ademais, a maioria dos professores do Colégio Pedro II era formada por membros do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro, criado em 1838 e adepto de uma visão político-romantizada do processo de construção do Brasil.
Além de pautar o ensino pela questão da identidade nacional de maneira ufanista, eles acreditavam que o ensino de
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

História tinha o papel de formar moral e civicamente, um dos objetivos da disciplina na época e que está ultrapassado
teoricamente.

#FicaDica
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é a mais antiga e tradicional entidade de fomento da pesqui-
sa e preservação histórico-geográfica, cultural e de ciências sociais do Brasil, fundado em 21 de outubro
de 1838.

6
Deste modo, a metodologia utilizada era a tradicional, Planejamento e propostas curriculares
que tinha como princípio levar os alunos a saber datas e
fatos na ponta da língua. Também houve a influência do LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
historiador prussiano Leopold Von Ranke (1795-1886), de 1996 diz que a proposta pedagógica é um documen-
que via a história como uma sucessão de fatos que não to de referência. Por meio dela, a comunidade escolar
aceitavam interpretação. Segundo ele, pesquisadores e exerce sua autonomia financeira, administrativa e peda-
educadores deveriam se manter neutros e se ater a pas- gógica. Também chamada de projeto pedagógico, proje-
sar os conhecimentos sem discuti-los, usando para isso to político-pedagógico ou projeto educativo, a proposta
a exposição cronológica. Na hora de avaliar, provas orais pedagógica pode ser comparada ao que o educador es-
e escritas eram inspiradas nos livros de catequese, com panhol Manuel Álvarez chama de “uma pequena Cons-
perguntas objetivas e respostas diretas. tituição”.

FIQUE ATENTO! #FicaDica


A linha tradicional de ensino teve a sua ori- Elaboração da  proposta pedagógica: dire-
gem no século XVIII, a partir do Iluminismo. trizes  curriculares  nacionais, estrutura, or-
O objetivo principal era universalizar o acesso ganização e funcionamento da Educação
do indivíduo ao conhecimento. Infantil, Diretrizes  Curriculares. A proposta
pedagógica é um caminho, não é um lugar.
E é um caminho a ser construído, que tem
Desta forma, estabelecer a correspondência entre uma história que precisa ser contada.
passado e presente passou a ser um dos objetivos da
disciplina (conheça algumas das expectativas de apren-
dizagem no quadro da página ao lado) nos anos 1990,
Ademais, nem por isso ela deve ser encarada como
com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais
um conjunto de normas rígidas. Elaborar esse documen-
(PCNs).
to é uma oportunidade para a escola escolher o currículo
Assim sendo, Daniel Helene, selecionador do Prê-
e organizar o espaço e o tempo de acordo com as neces-
mio Victor Civita Educador Nota 10, diz que relacionar
sidades de ensino. Além da LDB, a proposta pedagógica
os fatos ajuda na compreensão de que a História é um
deve considerar as orientações contidas nas diretrizes
processo. Existe escravidão hoje em dia? Como ela era
curriculares elaboradas pelo Conselho Nacional da Edu-
antigamente? “Isso deve ser feito de modo que o aluno
cação e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
entenda as transformações no decorrer do tempo. Essa
também é uma forma de aproximar o conteúdo à vida Assim sendo, para Álvarez, o ideal é que o documento
do aluno - o que era impossível quando o conteúdo era seja o resultado de reflexão coletiva. E como chegar ao
transmitido cronologicamente. “Esse procedimento pas- consenso? “Proporcionando espaços para que cada uma
sava a ideia de que a história é uma evolução, o que não das partes exponha seus objetivos e interesses com base
é verdade. Hoje o professor pode explorar as diferentes nos princípios educativos com os quais todos concor-
formas de lidar com a temporalidade e, assim, estimular dam”, diz o educador. Esse esforço conjunto harmoniza
a reflexão. O resultado é que, em vez de decorar informa- as diferenças entre os grupos que compõem a escola.
ções sem sentido, os jovens são estimulados a analisar o Com isso, um dos desafios para chegar a bom termo
que aprendem e a memorizar conscientemente”, afirma nessa elaboração, observa o educador francês Bernard
o consultor. Charlot, é manter a coerência entre a teoria e a prática.
Desta forma, desde a publicação dos PCNs, temas “De que vale um discurso pedagógico do tipo construti-
como ética e pluralidade cultural passaram a permear o vista e práticas que o contradizem?”, questiona Charlot.
ensino da disciplina, indicando mais uma mudança, se Manter a proposta pedagógica e o planejamento esco-
nos tempos idos o objetivo era fomentar a ideia de iden- lar atualizados é a recomendação feita pela educadora
tidade nacional, ancorada na deturpação e romantização Madalena Freire, de São Paulo. “Tanto a proposta como
de acontecimentos, hoje o intuito é explorar as diferentes o planejamento são processuais e devem correr em pa-
identidades que existem dentro de uma nação, tornando ralelo com a construção do conhecimento”, diz ela. Isso
os alunos sabedores da diversidade cultural de sua época. impede que os dois documentos se transformem em ins-
Um desafio e tanto para os professores. trumentos engavetados, só revistos no fim do ano.
Desta forma, essa burocratização leva muitos pro-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

fessores a considerar ambos como desnecessários e


#FicaDica inviáveis. “O planejamento serve como roteiro para os
O professor é o guia do processo educati- professores, permitindo aplicar no dia-a-dia a linha de
vo e exerce uma espécie de “poder”. Tem pensamento e ação da proposta pedagógica”, afirma Ilza
como função transmitir conhecimento e Martins Sant’Anna, professora da Faculdade Porto-Ale-
informações, mantendo certa distância dos grense de Educação, Ciências e Letras. O que não signifi-
alunos, que são “elementos passivos”, em ca determinar uma forma única de planejar todas as dis-
sala de aula. ciplinas: a avaliação dos erros e acertos é que vai permitir
a melhor escolha.

7
ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua con-
FIQUE ATENTO! duta em função dos objetos previstos, das competências
que pretendo construir.
Ao mesmo tempo, toda  política curricular é
Portanto, a aprendizagem ocorre através do com-
uma política  cultural, pois o currículo é  fru-
portamento ativo do estudante: este aprende o que ele
to de uma seleção da cultura e é um campo
mesmo faz, não o que o professor faz. O procedimento
conflituoso de produção de cultura, de em-
de ensino deve, portanto, contribuir para que o aluno
bate entre sujeitos, concepções de conhe-
mobilize seus esquemas operatórios de pensamento e
cimento, formas de entender  e  construir o
participe ativamente das experiências de aprendizagem,
mundo.
observando, lendo, escrevendo, experimentando, pro-
pondo hipóteses, solucionando problemas, comparando,
Portanto, para planejar, é importante cada professor classificando, ordenando, analisando, sintetizando, entre
dominar o conteúdo de sua matéria, mas isso de nada outros.
valerá se ele não escutar os alunos e não valorizar o que
já conhecem. O professor deve sempre se perguntar: o FIQUE ATENTO!
que meus alunos já sabem? O que ainda não conhecem?
O que, como e quando ensinar? Onde ensinar? Com base O proceder  metodológico, ou abreviada-
nas respostas, ele propõe atividades que façam sentido mente denominado de metodologia, repre-
para os estudantes daquela comunidade. Se for uma aula senta a escolha do método dedutivo ou in-
de literatura, por exemplo, lembre-se de que os alunos dutivo, bem como as tipologias de pesquisa
de uma escola da periferia não têm o mesmo contato como instrumento a ser utilizado, podendo
com livros que os de uma escola de classe média. Você ser: experimental, teórica, exploratória, expli-
precisa valorizar o saber do grupo e, após cada atividade, cativa, bibliográfica, documental, qualitativa,
refletir sobre sua prática. Em vez de atribuir aos alunos quantitativa, dentre outras.
incapacidade de aprender, o ideal é que você analise as
próprias inadequações ao ensinar. 
Outrossim, geralmente feito no início do ano ou do No sentido de diagnosticar possíveis entraves no que
semestre para abranger todo o período, o planejamento se refere à aquisição do conhecimento, o educador lança
pede acompanhamento constante, na opinião de Mada- mão de métodos avaliativos que viabilizem tal propósi-
lena. O trabalho deve ser reavaliado em reuniões quinze- to. Entretanto, há um fator que impera em meio a este
nais com a participação de toda equipe e sob a liderança processo, o fato de que, para muitos alunos, a avaliação
do coordenador. Uma primeira avaliação geral pode ser tenha tomado concepções diferentes, sendo concebida
feita no final do primeiro bimestre para corrigir desvios e até mesmo como um estigma.
lançar bases para o resto do período. Com isso, tal ocorrência decorre, em sua maioria, pelo
Destarte, nesse momento, os professores checam se fato de que esta, ao invés de ser entendida como algo
os conteúdos são fundamentais para o aprendizado, se natural, representa um instrumento coercitivo, que via
há articulação entre os segmentos (Educação Infantil, En- de regra corrobora tão somente para um sentimento de
sino Fundamental e Médio), se as reuniões pedagógicas temor e repulsa.
estão sendo bem aproveitadas e se o planejamento fa-
vorece o envolvimento da família e da comunidade na #FicaDica
escola.
A  avaliação  do processo de ensino  e  de
Procedimentos metodológicos e avaliativos aprendizagem  é  realizada de forma con-
Os procedimentos metodológicos, estão inseridos tínua, cumulativa  e  sistemática, tendo por
no processo formador do aluno no âmbito educacio- objetivo diagnosticar e registrar o progres-
nal, com isso, a aprendizagem ocorre quando o aluno so do aluno e suas dificuldades, possibilitar
participa ativamente do processo de reconstrução do que os alunos auto avaliem sua aprendiza-
conhecimento, aplicando seus esquemas operatórios de gem, orientar o aluno quanto aos esforços
pensamento aos conteúdos estudados. Por isso a apren- necessários para superar as dificuldades e
dizagem supõe atividade mental, pois aprender é agir e orientar as atividades de planejamento/re-
operar mentalmente, é pensar, refletir. planejamento dos conteúdos curriculares.
Sendo assim, o procedimento didático mais ade-
quado à aprendizagem de um determinado conteúdo
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

é aquele que ajuda o aluno a incorporar os novos co-


nhecimentos de forma ativa, compreensiva e construtiva. Assim sendo, de acordo com os propósitos firmados
Para que a aprendizagem se torne mais efetiva, é preci- pelas atividades pedagógicas avaliativas, as mesmas de-
so substituir, nas aulas, as tarefas mecânicas que apelam vem assumir um caráter sistemático e contínuo que per-
para a repetição e a memorização, por tarefas que exijam mita contemplar os resultados alcançados em função da
dos alunos a execução de operações mentais. prática docente, tornando-se passíveis de reformulação a
Ademais, procedimentos de ensino são as ações, pro- cada experiência obtida de forma negativa.
cessos ou comportamentos planejados pelo professor, Outrossim, o baixo desempenho obtido por meio de
para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos uma avaliação formal nem sempre é oriundo da falta de

8
conhecimento ou do déficit em relação à aprendizagem,
mas sim pela insuficiência condicionada à falta de qua- #FicaDica
lidade da própria atividade. Especialistas alertam para o
fato de que o educador deva priorizar as habilidades e Os  recursos didáticos são  as ferramentas
competências que ora se deseja verificar. utilizadas pelo professor para facilitar o
Para que o propósito seja alcançado, há que se adotar processo ensino-aprendizagem, eles po-
algumas posturas relacionadas ao aspecto constitutivo dem ser os mais simples como o pincel,
da avaliação. Entre as mesmas destacam-se: apagador ou os mais sofisticados como o
 Formular questões com enunciados que priori- computador, data show, câmera digital.
zem a objetividade, se possível concisos, a fim de permi-
tir a efetiva compreensão por parte dos alunos.
 Mesclar questões objetivas com subjetivas tam- Por conseguinte, todo material, quando bem utiliza-
bém funciona como excelente recurso, uma vez que do, pode constituir recurso didático de grande valia: gra-
essas estão condicionadas à habilidade da escrita em vuras, cartazes, plantas, mapas, revistas para recortes, pa-
consonância com a formulação de opiniões, e aquela ao péis para dobraduras, calendários, jornais, murais, vasos,
nível de conhecimento teórico. mudas, sementes, alimentos, fotografias, entre outros.
 Priorizar o tempo estimado para a realização da Com esse material, o professor e os alunos organizam os
proposta torna-se uma competência enfática, em virtude chamados “cantinhos” que podem servir como pequenos
disso, sugere-se que o educador se atenha à proporcio- laboratórios de experiência prática e de reprodução de
nalidade em relação à extensão. situações encontradas na vida real.
 Com isso, conforme Kramer (1998), neste tipo de
trabalho, os professores observam permanentemente a
movimentação das crianças, e ao mesmo tempo, dos di-
FIQUE ATENTO! ferentes grupos, a fim de oferecer novos materiais, desa-
Instrumentos de avaliação  é entendido fios ou situações capazes de enriquecer as experiências e
como: recursos utilizados para coleta e aná- ampliar os conhecimentos em jogo.
lise de dados no processo ensino-aprendiza- Deste modo, uma pequena biblioteca em classe tam-
gem, visando promover a aprendizagem dos bém é importante para que os alunos possam sempre
alunos. pesquisar e se informar sobre determinado conteúdo ou
tema que tenha despertado interesse.

Portanto, dentre esses procedimentos vale lembrar FIQUE ATENTO!


que outras alternativas também tendem a ser extrema-
mente pertinentes, como é o caso de uma correção co- Despertar o interesse dos alunos, é a forma
mentada sobre as questões avaliativas, bem como pro- mais efetiva para consolidar o processo edu-
porcionar momentos em que a atividade se dê de forma cativo, assim sendo, quando mais envolto es-
coletiva, no sentido de proporcionar uma abertura para teja os alunos no procedimento pedagógico,
comentários e discussões acerca do assunto abordado, mais efetivo será o engajamento e o proces-
confrontando ideias no sentido de atingir o senso co- so de aprendizagem.
mum.

Livros, fontes e materiais didáticos


Ao analisarmos livros, fontes e materiais didáticos, A confecção de objetos utilizando materiais simples
devemos destacar que o material didático pode ser defi- ou sucata, como caixas de papelão e de calçados, teci-
nido como instrumento e produto pedagógico utilizado dos, palitos, latas ou barbante, também deve ser esti-
em sala de aula, especificamente como  material instru- mulada. Os retalhos devem ter o mesmo tamanho e ser
cional que se elabora com finalidade didática. presos em uma extremidade. Com os outros tecidos, as
Sendo assim, os professores têm hoje, à sua dispo- crianças podem fazer colagem e inventar histórias. Além
sição, uma infinidade de materiais didáticos filiados a disso, pode utilizar técnicas de trabalho para enriqueci-
abordagens diferentes em um contínuo que insere, em mento das atividades.
um extremo, a abordagem estrutural e, em outro, a co- Portanto, os materiais didáticos são de importância
municativa,  o que indica que dois conceitos de língua fundamental para uma aprendizagem significativa, desde
disputam a preferência dos professores, língua como um que sejam utilizados como meios e não como fins em si
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

conjunto de estruturas e língua como comunicação. mesmos, por professores que conheçam de fato a reali-
Desta forma, para facilitar o trabalho, é importante dade na qual estão atuando, possibilitando ao aluno um
que o professor utilize um material didático apropriado estudo mais dinâmico, ampliando a capacidade de ob-
a cada conteúdo e aos diferentes níveis de aprendizado. servação do mundo que o rodeia e a construção de sua
O valor do material didático não está em si mesmo, mas autonomia.
na utilização que dele se faz. De nada vale um material
didático rico e sofisticado se este não for empregado Ensino de História e História ensinada
de forma adequada ou não corresponder à situação de Ao pensar que o ensino de História pode desempe-
aprendizagem e ao seu objetivo. nhar um papel importante na configuração da identidade

9
ao incorporar a reflexão sobre o indivíduo nas suas rela- Destarte, o ensino de História fornece aos seus alu-
ções pessoais com o grupo de convívio, suas afetivida- nos a capacidade de compreensão da construção do
des, sua participação no coletivo e suas atitudes de com- conhecimento histórico oferecendo habilidades e com-
promisso com classes, grupos sociais, culturais, valores e petências para o seu aprendizado. Nesse sentido, os
com gerações passadas e futuras. conteúdos ocupam papel central no processo de ensi-
Deste modo, de acordo com os PCN, o ensino de no-aprendizagem e sua seleção e escolha deve estar em
História é portador da possibilidade de levar o aluno a consonância com as problemáticas sociais marcantes em
estabelecer relações e produzir reflexões sobre cultu- cada momento histórico. Além disso, eles são conce-
ras, espacialidades e temporalidades variadas através da bidos não apenas como a organização dos fenômenos
construção de noções que contemplem os seus valores e sociais historicamente situados na exposição de fatos e
os de seu grupo, desenvolvendo para isto relações cog- conceitos, mas abrangem também os procedimentos, os
nitivas que o levem a intervir na sociedade.  valores, as normas e as atitudes.
Outrossim, para ensinar História a partir da experiên- Igualmente, a compreensão da disciplina História
cia de vida do aluno faz-se necessária uma perspectiva passa por uma compreensão de como a história é cons-
teórico-metodológica que fale da vida das pessoas, as truída a partir das evidências do passado e essa cons-
memórias e lembranças dos sujeitos de todos os seg- trução é feita sempre distanciada do mesmo. A história
mentos sociais.  É preciso dar voz às histórias desses não é o passado, mas a sua reconstrução a partir das evi-
sujeitos que sempre estiveram excluídos dos conteúdos dências balizadas pelas compreensões possíveis e pelos
ensinados. interesses do momento da reconstrução.
Desta forma, o ensino de História pode também pos-
sibilitar ao aluno reconhecer a existência da história crí-
tica e da história interiorizada e a viver conscientemente #FicaDica
as especificidades de cada uma delas. O estudo de so-
ciedades de outros tempos e lugares pode possibilitar A apreensão das noções de tempo históri-
a constituição da própria identidade coletiva na qual o co em suas diversidades e complexidades
cidadão comum está inserido, à medida que introduz pode favorecer a formação do estudante
o conhecimento sobre a dimensão do ‘outro’, de uma como cidadão, fazendo-o aprender a dis-
‘outra sociedade’, ‘outros valores e mitos’, de diferentes cernir os limites e possibilidades de sua
momentos históricos. atuação na permanência ou na transforma-
Ademais, ensinar História requer do professor a ha- ção da realidade histórica em que vive.
bilidade de buscar sentido e significado para o conhe-
cimento que ministra. E isso significa superar a mera
transmissão de informações, já que essa não tem por Por conseguinte, a aprendizagem de metodologias
finalidade o desenvolvimento intelectual, mas, ao con- apropriadas para a construção do conhecimento histó-
trário, deforma a capacidade de pensamento histórico rico é essencial para que o aluno possa apropriar-se de
do aluno e a possibilidade de consolidar habilidade de um olhar consciente para sua própria sociedade e para
análise da própria realidade social. si mesmo. A possibilidade de o conhecimento histórico
introduzir no espaço escolar as experiências vividas pelas
pessoas comuns e trabalhar metodologicamente essas
FIQUE ATENTO!
experiências por meio de documentos acumulados ao
No processo de aprendizagem de História, o longo da vida, tornou-se possível graças às novas abor-
] professor é o principal responsável pela cria- dagens do pensamento historiográfico contemporâneo.
ção das situações de troca, de estímulos na Deste modo, este conhecimento tem possibilitado
construção de relações entre o estudado e o e fundamentado alternativas para métodos de ensino e
vivido, de integração com outras áreas de co- recursos didáticos que valorizam o aluno como sujeito
nhecimento, de possibilidade de acesso aos ativo no processo de aprendizagem. Uma das escolhas
alunos a novas informações, de confronto de pedagógicas possíveis, nessa linha, é o trabalho favore-
opiniões, de apoio ao estudante na recriação cendo a construção, pelo aluno, de noções de diferença,
de suas explicações e de transformações de semelhança, transformação e permanência.
suas concepções históricas. Com isso, o objetivo primeiro do conhecimento his-
tórico é a compreensão dos processos e dos sujeitos his-
tóricos e o desenvolvimento das relações que se estabe-
Portanto, a seleção dos conteúdos faz parte de um lecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e
conjunto formado pela preocupação com o saber esco- espaços. O estudo histórico desempenha um papel im-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

lar, com as capacidades e as habilidades e não pode ser portante na medida em que contempla reflexões das re-
trabalhada independentemente. Busca-se a coerência presentações construídas socialmente e das relações es-
entre os objetivos da disciplina e os fundamentos his- tabelecidas entre os indivíduos, os grupos, os povos e o
toriográficos e pedagógicos. Com isso, o aluno estará mundo social em uma determinada época. Por isso este
construindo um instrumental conceitual que permitirá a ensino pode proporcionar escolhas pedagógicas capazes
identificação das diferenças e de suas formas próprias de de possibilitar ao aluno refletir sobre seus valores e suas
realização na História; estará também superando o ego- práticas cotidianas e relacioná-las com problemáticas
centrismo e o individualismo na compreensão de caráter históricas inerentes ao seu grupo de convívio, à sua lo-
social da experiência humana. (SEE/RJ, 1994, p.77) calidade, à sua região e à sociedade nacional e mundial.

10
Desta forma, perceber a complexidade das relações
sociais presentes no cotidiano e na organização social #FicaDica
mais ampla implica indagar qual lugar o indivíduo ocupa
na trama da História e como são construídas as identida- A LDB aprovada no mandato do Presidente
des pessoais e sociais em dimensão temporal. O sujeito Fernando Henrique Cardoso, foi edificada
histórico que se configura na inter-relação complexa, du- para regulamente o sistema educacional
radoura e contraditória entre as identidades sociais e as brasileiro.
pessoais, é o verdadeiro construtor da História.
Assim sendo, é necessário acentuar que a trama da
Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a edu-
História não é o resultado apenas da ação de figuras de
cação conta com uma Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
destaque consagradas pelos interesses explicativos de cação, que regulamenta todos os seus níveis. A primeira
grupos, mas sim a construção consciente e inconsciente, LDB foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61).
paulatina e imperceptível de todos os agentes sociais, in-
dividuais ou coletivos.
FIQUE ATENTO!
Assim, a História, é concebida como processo, busca
aprimorar o exercício da problematização da vida social O Brasil é um país inigualável quando se tra-
como ponto de partida para a investigação produtiva e ta de fazer leis. Só entre os anos de 1948 e
criativa, buscando identificar as relações sociais de grupos 1996, passaram-se quarenta e oito anos e
locais, regionais, nacionais e de outros povos; perceber destes passamos vinte e um anos debatendo
as diferenças e semelhanças, os conflitos, as contradições e reformando as leis da Educação brasileira.
e as solidariedades, igualdades e desigualdades existen- Entre 1948 e 1961, foram treze anos corren-
tes nas sociedades; comparar problemáticas atuais e de tes para aprovarmos a Lei 4024/61 e, entre
outros momentos; posicionar-se de forma crítica no seu 1988 a 1996 mais oito anos para aprovarmos
presente e buscar as relações possíveis com o passado. a Lei 9394/96.
Segundo Zamboni (1993) o papel da História na
construção da identidade, afirma que [...] o objetivo fun-
damental da História no ensino fundamental, é situar o A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garanti-
aluno no momento histórico em que vive [...]. O processo do pela Constituição Federal. Estabelece os princípios da
de construção da história de vida do aluno, de suas rela- educação e os deveres do Estado em relação à educação
ções sociais, situado em contextos mais amplos, contri- escolar pública, definindo as responsabilidades, em regi-
bui para situá-lo historicamente em sua formação social, me de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito
a fim de que seu crescimento social e afetivo desenvol- Federal e os Municípios.
va-lhe o sentido de pertencer. Segundo a LDB 9394/96, a educação brasileira é di-
Desta forma, em uma de suas obras, o autor Urban vidida em dois níveis: a educação básica e o ensino su-
(2009) articula a didática da História com a necessidade perior.
de levar o aluno a pensar historicamente. A consciência
Educação básica:
histórica é o objetivo central para que o aluno possa
 Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-
estabelecer conexões entre a história, a vida prática e a
-escolas (de 4 e 5 anos) – É gratuita mas não obrigatória.
aprendizagem. Neste sentido, é necessário privilegiar as
É de competência dos municípios.
ideias históricas como ponto de partida para o ensino de
 Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º
História.
ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) – É obrigatório e
gratuito. A LDB estabelece que, gradativamente, os mu-
nicípios serão os responsáveis por todo o ensino funda-
FIQUE ATENTO! mental. Na prática os municípios estão atendendo aos
A tarefa da disciplina História é fornecer ao anos iniciais e os Estados os anos finais.
estudante um senso de identidade que es-  Ensino Médio – O antigo 2º grau (do 1º ao 3º
timule e facilite sua cooperação com o ou- ano). É de responsabilidade dos Estados. Pode ser técni-
tro: pessoas, nações, culturas diferentes. Tra- co profissionalizante, ou não.
balhando com a perspectiva da História do
Cotidiano, a História se torna mais acessível Ensino Superior:
às crianças e adolescentes do Ensino Funda-  É de competência da União, podendo ser ofe-
mental. recido por Estados e Municípios, desde que estes já te-
nham atendido os níveis pelos quais é responsável em
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

sua totalidade. Cabe a União autorizar e fiscalizar as ins-


tituições privadas de ensino superior.
Lei 9394/96
Ao analisarmos a Lei 9.394/96, a mesma foi homolo- A educação brasileira conta ainda com algumas mo-
gada no dia 20 de dezembro de 1996. A Lei de Diretrizes dalidades de educação, que perpassam todos os níveis
e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legis- da educação nacional. Sendo elas:
lação que regulamenta o sistema educacional (público  Educação Especial: Atende aos educandos com
ou privado) do Brasil (da educação básica ao ensino su- necessidades especiais, preferencialmente na rede regu-
perior). lar de ensino.

11
 Educação a distância: Atende aos estudantes em Sendo assim, uma primeira reflexão que devemos fa-
tempos e espaços diversos, com a utilização de meios e zer é sobre a palavra escravo, que foi sempre atribuída
tecnologias de informação e comunicação. a pessoas em determinadas condições de trabalho. Por-
 Educação Profissional e Tecnológica: Visa pre- tanto, a palavra escravo não existiria sem o significado do
parar os estudantes a exercerem atividades produtivas, que é o trabalho e das condições para o trabalho.
atualizar e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e Portanto, quando nos referimos, em sala de aula, ao
científicos. escravo africano, nos equivocamos, pois ninguém é es-
 Educação de Jovens e Adultos: Atende as pes- cravo, as pessoas foram e são escravizadas. O termo es-
soas que não tiveram acesso a educação na idade apro- cravo, além de naturalizar essa condição às pessoas, ou
priada. seja, trazer a ideia de que ser escravo é uma condição
 Educação Indígena: Atende as comunidades in- inerente aos seres humanos, também possui um signi-
dígenas, de forma a respeitar a cultura e língua materna ficado preconceituoso e pejorativo, que foi sendo cons-
de cada tribo. truído durante a história da humanidade. Além disso,
nessa mesma visão, o negro africano aparece na condi-
Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda ção de escravo submisso e passivo.
temas como os recursos financeiros e a formação dos Sendo assim, a Lei 10.639/03 propõe novas diretri-
profissionais da educação. zes curriculares para o estudo da história e cultura afro-
-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem
ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como
#FicaDica constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual
os negros são considerados como sujeitos históricos, va-
A “nova” orientação dada à educação re- lorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de im-
presentava a preocupação com o apri-
portantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música,
moramento técnico e o incremento da
culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
eficiência e maximização dos resultados e
tinha como decorrência a adoção de um
ideário que se configurava pela ênfase no FIQUE ATENTO!
aspecto quantitativo, nos meios e técnicas
educacionais, na formação profissional e na Compreensão dessa nova perspectivas, só
adaptação do ensino as demandas da pro- será possível com a análise das duas Leis,
dução industrial. tomando como exemplo a questão de como
a cultura dominante descreveu e explorou a
sexualidade própria das culturas indígenas e
Lei 10.639/03 e Lei 11.645/08 africanas, com isso, discutir-se-á, também, a
falta de material didático sobre o tema e as
Ao analisarmos as leis 10.639/03 e 11.645/08, alternativas para superar tal dificuldade.
promulgadas com o intuito de valorizar a cultura das
classes sociais afro-brasileira e indígena. Com efeito,
as Leis as quais me refiro são um instrumento impor- Ademais, com a Lei 10.639/03 também foi instituído
tante no combate ao foco eurocêntrico e etnocêntri- o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro),
co da educação brasileira. em homenagem ao dia da morte do líder quilombola ne-
gro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africa- marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil.
na no Brasil sempre foi lembrado nas aulas de História Sendo assim, como trabalhar com essa temática em sala
com o tema da escravidão negra africana. No presente de aula? Os livros didáticos já estão quase todos adap-
texto pretendemos esboçar uma reflexão acerca da Lei tados com o conteúdo da Lei 10.639/03, mas, como as
10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obriga- ferramentas que os professores podem utilizar em sala
tório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africa- de aula são múltiplas, podemos recorrer às iconografias
na em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino (imagens), como pinturas, fotografias e produções cine-
fundamental até o ensino médio. matográficas.
Outrossim, o ensino da história e cultura afro-brasilei-
ra e africana, após a aprovação da Lei 10.639/03, fez-se
#FicaDica
necessário para garantir uma ressignificação e valoriza-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

O “novo educador”, para ensinar cultura ção cultural das matrizes africanas que formam a diversi-
afro-brasileira e indígena, precisa conhecer dade cultural brasileira. Portanto, os professores exercem
e valorizar a ancestralidade desses povos e importante papel no processo da luta contra o precon-
suas culturas, pois só assim será capaz de ceito e a discriminação racial no Brasil. 
provocar nos alunos a consciência de que
esses povos são tão sujeitos da história Através das Lei 10.639/03 e Lei 11.645/08, o Bra-
brasileira quanto os descendentes dos co- sil passa a “efetivar” a obrigatoriedade do estudo
lonizadores europeus. da cultura afro-brasileira, mudando inclusive a data
comemorativa para a Consciência Negra, que antes

12
era comemorada em 13 de maio, mas que após a Lei Quanto aos objetivos por ciclo/série veremos alguns
10.639/03, foi para o dia 20 de novembro, sendo ins- para o terceiro e quarto ciclos: Terceiro, caracterizar e
tituído o dia da Consciência Negra no país. Inclusi- distinguir relações sociais da cultura com a natureza em
ve, hoje sendo feriado em várias cidades, a exemplo diferentes realidades históricas; refletir sobre as transfor-
disso, podemos citar a cidade do Rio de Janeiro, que mações tecnológicas e as modificações que elas geram
institui o feriado. no modo de vida das populações e nas relações de tra-
balho; ter iniciativas e autonomia na realização de tra-
PCN - História 5ª a 8ª série balhos individuais e coletivos. Quarto - utilizar conceitos
Ao analisarmos os Parâmetros Curriculares Nacionais para explicar relações sociais, econômicas e políticas de
para o Ensino Fundamental, especificamente falando da realidades históricas singulares, com destaque para a
disciplina História, podemos observar que ele é fruto da questão da cidadania; reconhecer as diferentes formas
discussão de vários especialistas, professores e mestres, de relações de poder inter e intragrupos sociais; conhe-
embasados numa orientação internacional oriunda de cer as principais características do processo de formação
pressupostos da psicologia piagetiana e da Tendência e das dinâmicas dos Estados Nacionais; refletir sobre as
Construtivista. grandes transformações tecnológicas e os impactos que
Sendo assim, seu objetivo é servir de referencial para elas produzem na vida das sociedades; debater ideias
o trabalho docente, respeitando a concepção pedagógi- expressá-las por escrito e por outras formas de comu-
ca própria de cada instituição de ensino e a pluralidade nicação; utilizar fontes históricas em suas pesquisas es-
cultural brasileira, podendo assim ser adaptado a reali- colares.
dade de cada região. Focaremos nosso olhar aqui, para A proposta de seleção de conteúdos apresentada
os seguintes pontos: objetivos, conteúdos, metodologia, fundamenta-se no trabalho com Temas geradores e Eixos
recursos e avaliação. temáticos, numa concepção interdisciplinar e de estudos
Com isso, os objetivos são apresentados de duas ma- dos temas Transversais integrados aos conteúdos, am-
neiras no documento. A primeira é dado como objetivos bos contextualizados, respeitando uma sequência, isto é,
gerais a serem alcançados ao final do Ensino Fundamen- o conteúdo é distribuído em subtemas. Para o terceiro
tal, já a segunda refere-se aos objetivos específicos por ciclo é proposto o eixo temático História das relações so-
série ou ciclo. ciais, da cultura e do trabalho, que se desdobra nos dois
subtemas “As relações sociais e a natureza e As relações
#FicaDica de trabalho”. Para o quarto ciclo é proposto o eixo temá-
tico. História das representações e das relações de poder,
O objetivo dos PCN é garantir a todas as
que se desdobra nos dois subtemas “Nações, povos, lu-
crianças e jovens brasileiros, mesmo em lo-
tas, guerras e revoluções e Cidadania e cultura no mundo
cais com condições socioeconômicas des-
contemporâneo”.
favoráveis, o direito de usufruir do conjun-
to de conhecimentos reconhecidos como
necessários para o exercício da cidadania. FIQUE ATENTO!
Funções dos PCN é de ser um referencial co-
Dentre os objetivos gerais espera-se que os alunos mum para a formação escolar no Brasil, ca-
sejam capazes de compreender a cidadania como parti- paz de indicar aquilo que deve ser garantido
cipação social e política, assim como exercício de direitos a todos, numa realidade com características
e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, tão diferenciadas, sem promover uma uni-
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injus- formização que descaracterize e desvalorize
tiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo peculiaridades culturais e regionais.
respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e
construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o
diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar de- Quanto à metodologia, há sugestões de traba-
cisões coletivas; conhecer e valorizar a pluralidade do pa- lhos com questionamentos, fornecer dados com-
trimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos so- plementares e contrastantes, estimular pesquisas,
cioculturais de outros povos e nações, posicionando-se promover momentos de socialização e debates, se-
contra qualquer discriminação baseada em diferenças lecionar materiais com explicações, opiniões e argu-
culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia mentos diferenciados e propor resumos coletivos.
ou outras características individuais e sociais; perceber- Nessa perspectiva, são recomendados trabalhos com
-se integrante, dependente e agente transformador do fontes documentais e com obras que contemplam con-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ambiente, identificando seus elementos e as interações teúdos históricos. Devem ser desenvolvidas atividades de
entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do levantamento e de organização de informações internas
meio ambiente; saber utilizar diferentes fontes de infor- e externas às obras estudadas e de pesquisa acerca das
mação e recursos tecnológicos para adquirir e construir histórias das técnicas, das estéticas e dos suportes de re-
conhecimentos; questionar a realidade formulando-se gistro.
problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso O confronto de informações contidas em diversas
o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capa- fontes bibliográficas e documentais pode ser decisivo
cidade de análise crítica, selecionando procedimentos e no processo de conquista da autonomia intelectual dos
verificando sua adequação. alunos. Pode favorecer situações para que expressem

13
suas próprias compreensões e opiniões sobre os assun-
tos, investiguem outras possibilidades de explicação para
os acontecimentos estudados, considerem a autoria das
#FicaDica
obras e seus contextos de produção, realizem entrevis- PCN  é a sigla de Parâmetros curriculares
tas, levantamentos e organizações de dados, pesquisem nacionais e foram escritos como referen-
em bibliotecas e museus e, além disso, observem, com- ciais e orientações pedagógicas para os
parem e analisem espaços públicos e privados. profissionais docentes da educação in-
Recomenda-se o trabalho com documentos variados fantil. Você professor, pode utilizá-los para
como sítios arqueológicos, edificações, plantas urbanas, consultas, anotações, elaboração de pro-
mapas, instrumentos de trabalho, objetos cerimoniais
jetos e discussões entre seus colegas e os
e rituais, adornos, meios de comunicação, vestimentas,
familiares das crianças que atende.
textos, imagens e filmes. Levantar questões de antecipa-
ção do tema questionando os alunos o que sabem, quais
suas ideias, opiniões, dúvidas ou hipóteses sobre o tema As visitas aos locais são recursos didáticos favoráveis
em debate e valorizar seus conhecimentos; propor novos ao envolvimento dos alunos em situações de estudo,
questionamentos, fornecer novas informações, estimular estimulando interesse e participação. Propiciam con-
a troca de informações, promover trabalhos interdisci- tatos diretos com documentos históricos, incentivando
plinares; desenvolver atividades com diferentes fontes os estudantes a construírem suas próprias observações,
de informação (livros, jornais, revistas, filmes, fotografias, interrogações, especulações, indagações, explicações e
objetos, dentre outros). sínteses para questões históricas. Nessas visitas, deve-se
destacar para os alunos o fato de que irão conhecer es-
#FicaDica paços especiais de preservação e de divulgação de patri-
mônios históricos e culturais. 
O Ensino Fundamental é um dos níveis da A Avaliação proposta se refere a um processo contí-
Educação Básica no Brasil. O Ensino funda- nuo e somativa. Neste sentido, é importante considerar
mental é obrigatório, gratuito (nas escolas o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios dos
públicas), e atende crianças a partir dos 6 alunos e relacioná-los com as mudanças que ocorrem no
anos de idade. O objetivo do Ensino Fun- processo de ensino e aprendizagem. O professor deve
damental Brasileiro é a formação básica do identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos,
cidadão. procedimentos e atitudes como conquistas dos estudan-
tes, comparando o antes, o durante e o depois. A avalia-
ção não deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos
Os recursos didáticos ou objetos mediadores de-
assimilados. Deve ter um caráter diagnóstico e possibili-
sempenham um papel importante no processo ensino-
tar ao educador avaliar o seu próprio desempenho como
-aprendizagem. São materiais didáticos tanto os elabo-
docente, refletindo sobre as intervenções didáticas e ou-
rados especificamente para o trabalho de sala de aula
tras possibilidades de como atuar no processo de apren-
livros-manuais apostilas e vídeos como, também, os não
dizagem dos alunos.
produzidos para esse fim, mas que são utilizados pelo
Em suma, os PCN são referências pedagógicos signi-
professor para criar situações de ensino como filmes,
jornais, revistas, entre outros. O material didático é um ficativos e valiosos para a prática docente. Vale ressaltar
instrumento específico de trabalho na sala de aula: infor- que existem algumas exceções, em relação à determi-
ma, cria conflitos, induz à reflexão, desperta outros inte- nadas propostas, é claro. Pena que poucos docentes te-
resses, motiva, sistematiza conhecimentos já dominados, nham acesso e consigam desempenhar sua prática numa
introduz problemáticas, propicia vivências culturais, lite- concepção interdisciplinar, contextualizada e ao mesmo
rárias e científicas, sintetiza ou organiza informações e tempo integrada aos Temas transversais como orientam
conceitos. Avalia conquistas. os PCN. 
As mais diversas obras humanas produzidas nos mais
diferentes contextos sociais e com objetivos variados po- #FicaDica
dem ser chamadas de documentos históricos. É o caso,
por exemplo, de obras de arte, textos de jornais, utensí- Parâmetros Curriculares Nacionais são
lios, ferramentas de trabalho, textos literários, diários, re- diretrizes elaboradas para orientar os
latos de viagem, leis, mapas, depoimentos e lembranças, educadores por meio da normatização
programas de televisão, filmes, vestimentas, edificações, de alguns aspectos fundamentais con-
etc. cernentes a cada disciplina. Os PCNs
Utilizar documentos históricos na sala de aula requer servem  como norteadores para professo-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

conhecer e distinguir algumas abordagens e tratamentos res, coordenadores e diretores, que podem
dados às fontes por estudiosos da História, bem como adaptá-los às peculiaridades locais.
a preocupação de recriar, avaliar e reconstruir metodo-
logias do saber histórico para cada situação de ensino e
aprendizagem. Além do trabalho com documentos, tam- BNCC – Base Nacional Comum Curricular
bém é aconselhável atividades que envolvam saídas da Ao longo dos últimos dois anos, a Base Nacional Co-
sala de aula ou mesmo da escola para visitar um museu, mum Curricular (BNCC) foi pauta dos mais importantes
ir a uma exposição de fotografias ou de obras de arte, debates sobre educação no país. O documento da Base
conhecer um sítio arqueológico, entre outros. foi homologado pelo Ministério da Educação (MEC), em

14
sua terceira versão, no dia 20 de dezembro de 2017 para Portanto, a Base também tem como objetivo formar
as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Em estudantes com habilidades e conhecimentos conside-
14 de dezembro de 2018, o documento foi homologado rados essenciais para o século XXI, incentivando a mo-
para a etapa do Ensino Médio.  Juntas, a Base da Edu- dernização dos recursos e das práticas pedagógicas e
cação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio inte- promovendo a atualização do corpo docente das insti-
gram um único documento: a BNCC da Educação Básica. tuições de ensino.
Desta forma, a BNCC dessas duas primeiras etapas Sendo assim, para assegurar os direitos de aprendiza-
será implementada nas escolas a partir desse ano (o pra- gem dos estudantes da Educação Básica, a Base Nacio-
zo máximo é até o início do ano letivo de 2020), mas ins- nal Comum Curricular foi estruturada em competências.
tituições e sistemas de ensino estão se preparando para Mas o que são consideradas competências? Para a BNCC,
a sua chegada desde já: a começar pela adequação dos competência é a mobilização de conhecimentos, habili-
currículos, capacitação da equipe docente e atualização dades, atitudes e valores para resolver questões do coti-
dos materiais e recursos didáticos utilizados. diano, do mundo do trabalho e para exercer a cidadania.
Outrossim, já o prazo para a BNCC do Ensino Médio Desta forma, é por meio dessas competências que os
entrar em vigor também é 2020. No entanto, as mudan- estudantes desenvolvem as habilidades e aprendizagens
ças só atingirão todas as séries desse segmento em 2022, essenciais estabelecidas pela Base. Ao todo foram estipu-
quando as primeiras turmas do novo Ensino Médio se ladas 10 competências gerais para a etapa da Educação
formam. Se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Básica.
ainda não está em pauta na sua escola, chegou a hora
de se informar. Preparamos este conteúdo especialmen- A BNCC é dividida entre a Base Comum e a parte
te para que você possa entender o que é a Base e quais diversificada. O objetivo da segunda parte é enrique-
são os seus objetivos dentro do contexto educacional do cer e complementar a parte comum. A ideia é inserir
país. novos conteúdos aos currículos que estejam de acor-
Com isso, a Base Nacional Comum Curricular é um do com as competências estabelecidas pela BNCC e
documento que determina as competências (gerais e es- também com a realidade local de cada escola.
pecíficas), as habilidades e as aprendizagens essenciais
que todos os alunos devem desenvolver durante cada É importante lembrar que a Base Comum deve ser
etapa da educação básica –  Educação Infantil, Ensino contemplada, em sua totalidade, nos currículos escola-
Fundamental e Ensino Médio. A BNCC também deter- res, enquanto a parte diversificada pode corresponder
mina que essas competências, habilidades e conteúdos a até 40% dos conteúdos. A partir de 2019, a BNCC da
devem ser os mesmos, independentemente de onde as Educação Infantil e Ensino Fundamental começará a ser
crianças, os adolescentes e os jovens moram ou estudam. implementada em todo país. Os sistemas de ensino e es-
A Base não deve ser vista como um currículo, mas como colas já estão se atualizando e se preparando para rece-
um conjunto de orientações que irá nortear as equipes ber a Base.
pedagógicas na elaboração dos currículos locais. Esse Com isso, o primeiro passo é reelaborar o currículo
documento deve ser seguido tanto por escolas públicas escolar e revisar o Projeto Político Pedagógico da institui-
quanto particulares.   ção. Além disso, nesse processo é mais do que essencial
promover a formação continuada do corpo docente e a
A criação de uma base comum para a Educação Bási- comunicação clara com os pais e a comunidade escolar. 
ca está prevista desde 1988, a partir da promulgação da
Constituição Cidadã. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases FIQUE ATENTO!
da Educação Nacional (LDB) reforçou a sua necessidade, Nesse contexto, a atualização dos materiais
mas somente em 2014 a criação da Base Nacional Co- didáticos é imprescindível para se adequar
mum Curricular foi definida como meta pelo Plano Na- às orientações da BNCC, com isso, a melhor
cional de Educação (PNE). maneira de atualizá-los pode ser por meio de
Ademias, reforçamos anteriormente que a Base não parceria com um Sistema de Ensino.
deve ser entendida como sinônimo de currículo, mas
ela está intimamente ligada à construção dos Currículos
Estaduais e Municipais, bem como ao Projeto Político
Pedagógico e ao currículo das escolas. As equipes pe-
dagógicas devem trabalhar na reestruturação dos seus EXERCÍCIOS COMENTADOS
currículos, tomando como norte os preceitos estabele-
cidos na BNCC. 1. “A incompreensão do presente nasce fatalmente da
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ignorância do passado. Mas talvez não seja menos vão


A criação de uma Base Nacional Comum Curricular esgotar-se em compreender o passado se nada se sabe
tem o objetivo de garantir aos estudantes o direito de do presente.”
aprender um conjunto fundamental de conhecimen- Marc Bloch. Apologia da História ou o ofício do histo-
tos e habilidades comuns, de norte a sul, nas escolas riador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 65.
públicas e privadas, urbanas e rurais de todo o país. 
Dessa forma, espera-se reduzir as desigualdades edu- Assinale a alternativa que contém a definição de his-
cacionais existentes no Brasil, nivelando e, o mais im- tória mais coerente com a citação do historiador Marc
portante, elevando a qualidade do ensino. Bloch.

15
a) A História é a ciência que resgata o passado para expli- de Roma em 476, queda de Constantinopla em 1453,
car o presente e fazer previsões sobre o futuro. Revolução Francesa em 1789. Assim, Chesneaux en-
b) A História é uma ciência que visa promover o entrete- tende que a organização da História é uma construção
nimento dos expectadores do presente e um conheci- cultural conforme aponta a alternativa [E].
mento inútil sobre o passado.
c) A História é, tal como a literatura, uma narrativa sobre 3. Existe em todo historiador, em toda pessoa apaixona-
o passado determinada pela imaginação do historia- da pelo arquivo uma espécie de culto narcísico do arqui-
dor. vo, uma captação especular da narração histórica pelo
d) A História é a ciência que se refugia no passado para arquivo, e é preciso se violentar para não ceder a ele. Se
não compreender as questões do presente. tudo está arquivado, se tudo é vigiado, anotado, julga-
e) A História é uma ciência que formula questões sobre o do, a história como criação não é mais possível: é então
passado a partir de inquietações e experiências vividas substituída pelo arquivo transformado em saber abso-
no presente. luto, espelho de si. Mas se nada está arquivado, se tudo
está apagado ou destruído, a história tende para a fanta-
Resposta da questão 1: [E] sia ou o delírio, para a soberania delirante do eu, ou seja,
Somente a proposição [E] está correta. A questão re- para um arquivo reinventado que funciona como dogma.
mete ao texto do historiador francês Marc Bloch que (ROUDINESCO, Elisabeth. A análise e o arquivo. Rio de
integrava o grupo dos Analles. A questão pode ser Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 09.)
respondida a partir das alternativas incorretas. A His-
tória não visa fazer previsões sobre o futuro, não sig- Refletindo sobre o historiador e sua relação com os ar-
nifica um conhecimento inútil sobre o passado, não é quivos, o texto nos mostra que
determinada pela imaginação do historiador e não se
refugia no passado para não compreender o presente. a) todo conhecimento histórico se encerra dentro dos
arquivos, e o historiador é um mero reprodutor de do-
2. É preciso advertir desde já que esse sistema quadri-
cumentos oficiais.
partite [dividido em quatro partes] de organização da
b) só por meio do arquivo, no século XXI, ele pode retra-
história universal é um fato francês. Em outros países, o
tar o passado tal qual foi.
passado está organizado de modo diferente, em função
c) essa relação é ambivalente, e, ao mesmo tempo em
de pontos de referência distintos.
que ele necessita do arquivo para legitimar sua nar-
CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tábula rasa do pas-
rativa, deve ter o cuidado de não transformá-lo num
sado? Sobre a história e os historiadores. Trad. de Marcos
saber absoluto.
A. da Silva. São Paulo: Ática, 1995, p. 93.
d) no seu trabalho, é melhor a ausência de arquivo que
O texto faz referência a um “sistema quadripartite”, o excesso.
ainda muito presente nos materiais didáticos de História e) todo conhecimento histórico é produzido sem neces-
do Ensino Básico no Brasil. Esse “sistema” divide a his- sidade dos arquivos.
tória em Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea.
Sobre essa divisão, o autor observa que a Resposta da questão 3: [C]
Somente a proposição [C] está correta. O texto é bem
a) conceituação de história universal é sempre francesa. claro quanto à relação entre o arquivo e o historiador.
b) divisão da história em períodos prejudica o seu estu- É uma relação ambígua oscilando entre a necessida-
do. de do arquivo para a construção da narrativa, porém
c) periodização da história em alguns países é equivo- não pode se transformar em um saber absoluto. As
cada. demais alternativas estão em desacordo com o texto
d) sistematização da história não depende das referên- apresentado. Todo o conhecimento histórico não se
cias do passado. esgota com o arquivo, faz se necessário o papel do
e) organização da história como campo de estudo é uma historiador. É fundamental a presença do arquivo para
construção cultural. o historiador.

Resposta da questão 2: [E] 4. As ciências, as técnicas, as instituições políticas, as fer-


Jean Chesneaux em sua obra “Devemos fazer tábula ramentas mentais, as civilizações apresentam ritmos pró-
rasa do passado?” elabora uma interessante reflexão prios de vida e de crescimento.
sobre teoria da História e sobre a relação entre pas- (BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a história, 1969.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

sado e presente. Mostra como o passado é narrado Adaptado.)


a luz do presente ao afirmar que “o controle do pas-
sado e da memória coletiva pelo aparelho ideológico No fragmento, o historiador Fernand Braudel critica a
de Estado dirige sua atenção para as fontes. Ora se classificação da história em grandes períodos unificados
mutila e se deforma, ora se faz silêncio completo” e e homogêneos, ao ressaltar que
que o passado está organizado de forma diferente em
outros países. O sistema tripartite que divide a Histó- a) a mudança histórica é orientada pelas concepções que
ria em Antiga, Média, Moderna e contemporânea tem os homens têm da política, da sociedade e da econo-
como referência somente a História da Europa. Queda mia.

16
b) as sociedades humanas seguiram, a partir da Revolu- Reposta da questão 5: [E]
ção Industrial, um mesmo modelo de transformação A primeira afirmativa 1, coloca os PCN´s no caráter de
histórica. obrigatoriedade, mas o mesmo não tem essa obri-
c) as artes, a cultura e a tecnologia modificam-se, dife- gatoriedade, já a afirmativa 3, destaca a ausência de
rentemente dos fatos políticos, de maneira muito se- orientações para instrumentos avaliativos, porém, ele
melhante. trata do assunto sim.
d) a existência social dos homens é múltipla e que os
elementos que a compõem modificam-se de forma 6. Qual das seguintes alternativas expressa uma defini-
desigual no decorrer do tempo. ção crítica acerca da atual política de construção de uma
e) a economia é a determinação mais poderosa na vida Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que vem sendo
dos homens e que a história da humanidade é impul- encaminhada pelo Ministério da Educação?
sionada pelas novidades técnicas.
a) Trata-se de uma proposta de unificação dos esforços
Resposta da questão 4: [D] de toda a rede pública de educação básica, para que a
Somente a alternativa [D] está correta. O grande histo- educação escolar tenha a mesma qualidade de norte
riador francês Fernand Braudel em sua obra “Escritos a sul do país.
Sobre a História” fornece elementos importantes para b) Trata-se de uma proposta de organização da educa-
a teoria da História ao trabalhar com a ideia da “longa ção básica, já que a mesma não conta com nenhuma
duração”. Crítica, por exemplo, o hábito dos historia- diretriz ou parâmetro curricular nacional que oriente
dores de criar grandes períodos dentro da História e os professores e que garanta que os alunos das di-
estudá-lo de forma unificada e homogênea. Este tipo ferentes regiões do país tenham acesso aos mesmos
de abordagem engessa e atrapalha o bom entendi- conhecimentos.
mento da História. A vida humana é múltipla e dinâmi- c) Trata-se de uma proposta de reformulação da educa-
ca modificando de forma desigual ao longo do tempo. ção básica em todo o país, que consiste em padronizar
Daí que Braudel afirma que “as ciências, as técnicas, 60% dos conteúdos a serem lecionados, a qual bene-
as instituições políticas, as ferramentas mentais, as ficiará, em grande medida, os grupos empresariais
civilizações apresentam ritmos próprios de vida e de responsáveis pela confecção de materiais didáticos a
crescimento”. As demais alternativas estão incorretas. serem distribuídos às escolas de todo o país.
d) Não se trata de uma padronização dos conteúdos da
5. “Os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) foram educação básica, pois a Base Comum refere-se apenas
publicados em 1997 com o intuito de constituírem um a 60% dos conteúdos a serem trabalhados, deixando
referencial de qualidade para a educação no Ensino Fun- os sistemas de ensino livres para escolher os demais
damental de todo o país.” 40%.
Considerando os PCN’s, marque V para as afirmativas e) Trata-se de uma política que garante maior autonomia
verdadeiras e F para as falsas: aos docentes sobre os conteúdos a serem lecionados,
(  ) Programa de  governo destinado a  enriquecer o uma vez que define previamente a maior parte dos
trabalho dos professores, com caráter de obrigatorieda- conteúdos de cada área de ensino e estes devem so-
de. mente aplicá-los em suas aulas.
(  ) Conjunto de sugestões de conteúdos e procedi-
mentos metodológicos para cada ciclo ou conjunto de
séries, com os respectivos objetivos e competências. Reposta da questão 6: [C]
(  ) A organização dos PCN’s prevê orientações so- É importante lembrar que a Base Comum deve ser
bre a seleção de objetivos, conteúdos e proposta meto- contemplada, em sua totalidade, nos currículos esco-
dológica, não possuindo proposta de avaliação escolar. lares, enquanto a parte diversificada pode correspon-
(  ) Nos PCN’s, optou-se por um tratamento especi- der a até 40% dos conteúdos. A partir de 2019, a BNCC
fico das áreas, contemplando a integração entre elas. da Educação Infantil e Ensino Fundamental começará
(  ) Nos PCN’s, os conteúdos são apresentados a ser implementada em todo país. Os sistemas de en-
em três grandes categorias: conteúdos conceituais, sino e escolas já estão se atualizando e se preparando
conteúdos procedimentais e conteúdos atitudinais. para receber a Base.
(  ) Os temas transversais abordam questões rele-
vantes de natureza social que precisam ser tratadas
num processo de problematização e análise, visando
a integração dos saberes escolares ao cotidiano so-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

cial.

A sequência está correta em:

a) V, V, F, V, V, F 
b) F, V, V, F, F, V 
c) V, V, V, F, V, V 
d) V, F, F, V, V, F 
e) F, V, F, V, V, V

17
RELAÇÃO ENTRE A SOCIEDADE, ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE, EM DIFERENTES MO-
MENTOS DA HISTÓRIA DE POVOS DO MUNDO E DO BRASIL: OS POVOS CAÇADORES E
COLETORES; A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA NA ÁFRICA E NO ORIENTE MÉDIO; CRESCIMEN-
TO POPULACIONAL E ALTERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA EUROPA MEDIEVAL; AS RE-
LAÇÕES SOCIOECONÔMICAS E AMBIENTAIS DAS SOCIEDADES AFRICANAS SUBSAARIA-
NAS PRÉ-COLONIAIS; A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPEIA; EXPLORAÇÃO
ECONÔMICA DE RECURSOS NATURAIS PELOS COLONIZADORES EUROPEUS NO BRASIL E
NA AMÉRICA; EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO BRASIL, ONTEM E HOJE; USOS
DA TERRA: DIFERENTES FORMAS DE POSSE E PROPRIEDADE DA TERRA; A REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL E A ALTERAÇÃO NO MEIO AMBIENTE EM ESCALA MUNDIAL; A LUTA PELA
TERRA NO BRASIL ATRAVÉS DOS TEMPOS; O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO; OS PRO-
BLEMAS MUNDIAIS AMBIENTAIS NA ATUALIDADE: CLIMA, ENERGIA, POLUIÇÃO, ENTRE
OUTROS. 

Relação entre a sociedade, economia e o meio ambiente, em diferentes momentos da História de povos do
Mundo e do Brasil: os povos caçadores e coletores
Talvez a tarefa mais complexa das ciências humanas, principalmente para a história, arqueologia e antropologia, é
definir onde começa o “humano”, isto é, como datar a origem da humanidade? Dentro dos estudos escolares de his-
tória há um recurso para ponderar esse impasse, adequando o que pode ser aprendido com aquilo que é pesquisado
por especialistas. Trata-se da divisão entre Pré-História e História.
Sendo assim, a “História”, didaticamente falando, tem seu início com o aparecimento das primeiras civilizações, ou
seja, com o surgimento das primeiras cidades, os primeiros sistemas políticos e sistemas de escrita. Já a Pré-História
corresponderia ao período anterior às primeiras civilizações, mas que apresenta elementos e aspectos que, de uma
forma ou de outra, prepararam o terreno para o advento desta.
Desta forma, a Pré-História é uma área do conhecimento partilhada entre várias disciplinas, que, cada uma a seu
modo, formam um mosaico de compreensão do passado pré-civilizacional do homem. Além da arqueologia e da an-
tropologia, a biologia (especialmente a Paleontologia) também se insere no conjunto dessas disciplinas. É dela que pro-
vém as nomenclaturas que classificam os hominídeos, isto é, os grupos de seres pré-históricos que se assemelhavam
ao Homem atual. Os gêneros de hominídeos variaram em alguns seguimentos principais e sua temporalidade também
variou de cinco milhões de anos até, aproximadamente, 120 mil anos, como destacaremos abaixo.

FIQUE ATENTO!
Esses primeiros grupos humanos viviam da caça, da pesca e da coleta de grãos, frutos e raízes, sendo
por isso denominados caçadores e coletores, eles não cultivavam plantas nem criavam animais, apenas
consumiam alimentos que não encontravam na natureza, assim sendo, quando os alimentos se tornavam
escassos, mudavam-se para outros lugares.

Ademais, os hominídeos mais antigos são do gênero Ardipithecus e Austrolopithecus. O Ardipithecus ramidus, por
exemplo, tem sua presença na Terra, confirmada por especialistas, variando entre 5 e 4 milhões de anos. Já a do Aus-
tralopithecus afarensis varia entre 3,9 e 3 milhões de anos. As feições e modos de comportamento desses hominídeos
eram bem menos versáteis que do gênero Homo que viria depois. A atuação do Homo habilis, por exemplo, variou
entre 2,4 a 1,5 milhões de anos. A do Homem erectus, entre 1,8 milhão a 300 mil de anos. Já a do sucessor desse úl-
timo, Homo neanderthalensis, variou entre 230 e 30 mil anos. Homo sapiens, que constitui o ser humano tal como o
conhecemos hoje, apareceu, provavelmente, há cerca de 120 mil anos, como uma variação do Homo neanderthalensis.
De forma geral, esses grupos de hominídeos são classificados como caçadores e coletores, isto é, não possuíam
fixidez de território. Eram, basicamente, praticantes do nomadismo. A arqueologia e a história costumam, por meio de
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

sistemas de datação, como o do Carbono 14 e da termoluminescência, dividir a ação desses hominídeos nas seguintes
fases: o Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, e o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida. Essas divisões ocorrem também
por meio do grau de domínio da tecnologia rústica. O uso de artefatos como pedra, madeira, pedaços de ossos e ce-
râmica é determinante para tal classificação.
Portanto, a última fase da Pré-História seria a Idade dos Metais, que corresponde ao período em que o homem pas-
sou a ter um pleno domínio do fogo e começou a fazer a fusão de metais, obtendo o bronze, por exemplo. Esse período
data de 6 a 5 mil anos atrás e coincide com o aparecimento das primeiras civilizações. Outro ponto a destacar-se com
relação à Pré-História e aos documentos estudados por especialistas dessa área é a Arte Rupestre, que comporta os
primeiros símbolos e registros da ação do Homem, possuindo assim um valor inestimável.

18
ras levantinas se caracterizavam por avançados sistemas
#FicaDica de irrigação e divisão do trabalho, incluindo artesãos em
pedra que tornavam possível a construção de templos e
Tradicionalmente,  podemos definir a
muralhas.
pré-história  como o período anterior ao
aparecimento da escrita. Portanto, esse pe-
Quando pensamos em povos Orientais, precisa-
ríodo é anterior há 4000 a.C., pois foi por
mos compreender que os povos que compõe essas
volta desta época que os sumérios desen-
volveram a escrita cuneiforme. civilizações, proporcionaram um grande desenvol-
vimento para a humanidade, sendo assim, a palavra
mesopotâmia é de origem grega e significa “terra
entre rios”. Essa região, localiza-se entre os rios Ti-
A revolução agrícola na África e no Oriente Médio gre e Eufrates, no Oriente Médio, onde atualmente é
Ao pensarmos na Revolução Neolítica, também cha- o Iraque. Esta civilização é considerada uma das mais
mada de Revolução Agrícola, constituiu na domesticação antigas da história.
de diversas espécies de plantas e animais, que permiti-
ram um estilo de vida sedentário, embora diversos gru-
Já as culturas do norte africano, em destaque o Egito,
pos permanecessem nômades, e adaptassem essas téc-
possuíam sistemas hierárquicos complexos já no neolíti-
nicas ao seu estilo de vida.
co, com uma predominância de castas sacerdotais. Tam-
As principais plantas domesticadas durante o Neolí-
bém possuíam uma sofisticada arquitetura de tijolos de
tico foram o trigo, a cevada, a lentilha, a ervilha e a va-
barro, e um calendários avançados para prever as fases
gem. No caso dos animais, além do cão, domesticado no
da lua e as cheias do Nilo, o que possibilitou o floresci-
Paleolítico, temos como principais o porco, a ovelha, a
mento de uma cultura com agricultura em larga escala,
cabra, a vaca, o gato, a galinha e o asno. Alguns desses
animais, além de servirem propósitos estritamente ali- que complementava a dieta de ovelhas e cabras domes-
mentares (seja com carne, queijo, leite ou ovos), também ticadas. O Egito também praticava um extenso comércio
serviam como animais de tração (no caso da vaca e do com o Levante, principalmente após a difusão do asno.
asno) ou mesmo como controle de pestes (no caso dos
gatos). Instalada no extremo nordeste da África, numa re-
Desta forma, juntamente com esse processo de do- gião caracterizada pela existência de desertos e pela
mesticação também se criaram pequenas indústrias do- vasta planície do rio Nilo. Essa civilização se formou a
miciliares de produtos derivados, como roupas feitas do partir da mistura de diversos povos, entre eles, os ha-
couro de animais ou de fibras de plantas, a possibilidade míticos, os semitas e os núbios, que surgiram no Pe-
do comércio de longa distância, usando asnos ou bois ríodo Paleolítico. Os primeiros núcleos populacionais
para o transporte, e a fertilização de solos empobrecidos, só começaram a se formar durante o Período Neolíti-
usando excremento animal. Além disso, foram inventa- co, onde as comunidades passaram a se dedicar mais
das ferramentas avançadas, como a plaina, o enxó e a à agricultura do que a caça ou a pesca.
enxada.
Entretanto, com essa revolução teve também um im- Crescimento populacional e alteração do meio
pacto negativo, introduzindo diversos germes e bacté- ambiente na Europa medieval
rias, e assim novas doenças, nas populações sedentárias,
sobretudo devido ao contato constante com os animais e O perfil Europeu passou por uma forte transição volta
seus dejetos. As principais doenças desenvolvidas nesse do século V, o Império Romano do Ocidente enfrentava
período foram a gripe, o sarampo e a varíola. grave crise, a economia havia perdido parte do seu di-
namismo e a atividade econômica começou a girar cada
O desenvolvimento da agricultura e da domesti- vez mais em torno da vida agrária. Esse cenário de crise
cação de animais, e o surgimento de várias diferen- favoreceu a invasão do império por diversos povos, so-
ciações importantes entre os vários grupos culturais bretudo os de origem germânica, chamados de “povos
humanos, além do aumento significativo da popula- bárbaros”, pelos romanos, por serem estrangeiros e não
ção de cada grupo, com o surgimento das primeiras falarem o latim.
cidades ou assentamentos. Nessas ondas invasoras, os germanos formaram no-
vos reinos dentro do território romano. A partir do sécu-
As características que consideramos como marcas do lo IV, se formaram reinos independentes, entre eles: os
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

período Neolítico foram primeiro evidenciadas na Meso- vândalos (no norte da África), ostrogodos (na península
potâmia e no Levante (atual Oriente Médio). O primeiro Itálica), anglo-saxões (na Britânia – atual Inglaterra), vi-
assentamento humano sedentário foi encontrado nessa sigodos (na península Ibérica) e os francos (na Europa
região, chamado hoje pelos arqueólogos de Tel Qaramel, Central – atual França).
de cerca de 10.300 a.C.. Por volta de 9000 a.C., surge a Porém, foram os francos que  constituíram o reino
primeira cidade murada da história, Jericó, que se estima mais poderoso da Europa Ocidental na Alta Idade Média.
que continha uma população de mais de 2000 pessoas, Carlos Magno foi o mais importante rei da dinastia Ca-
número espantoso se contrastado com os grupos de rolíngia. No século VIII, foi coroado imperador pelo papa
200 a 300 indivíduos do final do Paleolítico. Essas cultu- Leão III, em Roma.

19
Evolução política e religiosa e a Teocracia papal, preservadas. São Tomás de Aquino e Santo Agostinho,
ordens religiosas e heresias no medievo por exemplo, foram dois membros da Igreja que produ-
Dentro do processo de expansão do feudalismo por ziram tratados filosóficos que dialogavam com os pensa-
toda a Europa Medieval, observamos a ascensão de uma dores da Antiguidade.
das mais importantes e poderosas instituições desse Com isso, mesmo contando com tamanho poder e in-
mesmo período: a Igreja Católica. Aproveitando-se da fluência, a Igreja também sofreu com manifestações dis-
expansão do cristianismo, observada durante o fim do sidentes. Por um lado, as heresias, seitas e ritos pagãos,
Império Romano, a Igreja alcançou a condição de princi- interpretavam o texto bíblico de forma independente ou
pal instituição a disseminar e refletir os valores da dou- não reconheciam o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a
trina cristã. Cisma do Oriente marcou uma grande ruptura interna da
Nesse contexto, logo depois do primeiro século, di- Igreja, que deu origem à Igreja Bizantina.
versas interpretações da doutrina cristã e outras religiões Portanto, não cabe a nossa sociedade, querer crimi-
pagãs se faziam presentes no contexto europeu. Foi atra- nalizar ou repudiar a Igreja dos dias atuais, com base nas
vés do Concílio de Niceia, em 325, que se assentaram as suas ações passadas. As questões e práticas dessa insti-
bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostó- tuição não são exatamente iguais àquelas encontradas
lica Romana. Através da centralização de seus princípios entre os séculos V e XV. Dessa maneira, ao darmos conta
e da formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja do papel desempenhado por essa instituição religiosa,
teve condições suficientes para alargar o seu campo de durante a Idade Média, obtemos uma grande fonte de
influências durante a Idade Média. reflexão sob tal período histórico.

FIQUE ATENTO!
#FicaDica
A religião católica foi a instituição que mais
cresceu e se fortaleceu no decorrer de toda Ao analisarmos o crescimento do feudalis-
Europa Medieval, afinal, todos os laços de fi- mo, lembre-se que o panorama Europeu
delidade, eram realizados por ela. foi edificado em torno dos feudos, e neles,
existe uma segmentação grande entre Cle-
ro, Nobres e Povo, cada um com sua função
Desta forma, foi estabelecida uma sociedade marca- social.
da pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos mais
diferentes extratos da sociedade medieval. A própria
organização da sociedade medieval (dividida em Clero, Ao pensar em feudalismo, podemos perceber que em
Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade. geral, um feudo, que era uma grande propriedade rural,
Além disso, a vida terrena era desprezada em relação aos tinha o  castelo  (residência do senhor feudal, sua famí-
benefícios a serem alcançados pela vida nos céus. Dessa lia e empregados), a  aldeia  (onde moravam os servos),
maneira, muitos dos costumes dessa época estavam in- a igreja, a casa paroquial, os celeiros, os fornos, os açu-
fluenciados pelo dilema da vida após a morte. des, as pastagens comuns e o mercado.
Com isso, além de se destacar pela sua presença no No que tange as terras, elas eram divididas em man-
campo das ideias, a Igreja também alcançou grande po- so senhorial, manso servil e manso comunal. As terras
der material. Durante a Idade Média ela passou a contro- aráveis dividiam-se em três faixas: uma para o plantio da
lar grande parte dos territórios feudais, se transformando primavera, outra para o plantio do outono e outra que fi-
em importante chave na manutenção e nas decisões do cava em repouso. A cada ano, invertia-se a utilização das
poder nobiliárquico. A própria exigência do celibato foi faixas de forma que sempre uma estivesse em descanso.
um importante mecanismo para que a Igreja conservasse Esse sistema de plantação é conhecido como “sistema de
o seu patrimônio. O crescimento do poder material da três campos”. Essa sociedade feudal, possuía uma rígida
Igreja chegou a causar reações dentro da própria insti- divisão entre os grandes proprietários de terras e os des-
tuição. possuídos desse bem.
Aqueles que viam na influência político-econômica Dentro dessa divisão, o primeiro grupo era compos-
da Igreja uma ameaça aos princípios religiosos começou to pelos  nobres, conhecidos também como  senhores
a se concentrar em ordens religiosas que se abstinham feudais, e o segundo pelos  servos da gleba. Os servos
de qualquer tipo de regalia ou conforto material. Essa ci- eram os responsáveis por todo trabalho braçal, desde a
são nas práticas da Igreja veio subdividir o clero em duas agricultura até o trabalho artesanal. Viviam presos à ter-
vertentes: o clero secular, que administrava os bens da ra do seu senhor e não podiam abandoná-la; em troca,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Igreja e a representava nas questões políticas; e o clero recebiam proteção e não podiam ser vendidos como os
regular, composto pelas ordens religiosas mais voltadas escravos. Pagavam pesadas obrigações, sendo as princi-
às práticas espirituais e a pregação de valores cristãos. pais:
Sob outro aspecto, a Igreja também teve grande mo-  Corveia – Constituía no trabalho obrigatório do
nopólio sob o mundo letrado daquele período. Exceto os servo nas terras do senhor, durante alguns dias da se-
membros da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabe- mana.
tizadas ou tinham acesso às obras escritas. Por isso, mui-  Talha  – Era o pagamento feito pelo servo, cor-
tos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras respondente a uma parte da produção obtida no manso
onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental eram servil.

20
 Banalidades  – Eram os pagamentos feitos pelo mentos que questionavam alguns dogmas cristãos e por
servo pelo uso do forno, do moinho ou de qualquer ou- isso eram considerados heréticos.  Os cátaros, valdenses,
tra dependência pertencente ao senhor feudal. patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja
 Mão-morta  – Quando um servo morria, seus e não se submetiam à autoridade do papa. Os hereges
herdeiros pagavam uma taxa para o senhor feudal a fim foram combatidos com extrema violência pela Igreja Ca-
de continuar na terra e assumir o lugar do pai. tólica, principalmente após a organização do Tribunal do
 Tostão de Pedro – Relativo ao dízimo pago pelo Santo Ofício, no século XII, o julgamento chamava-se In-
servo à Igreja quisição do Santo Oficio. Dessa crise surgiu uma reforma
na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no
Portanto, ao pensar em formação do medievo, lem- século XI. Entre os pontos fundamentais estava a questão
bre-se que todas as relações sociais de Suserania e Vas- de que os senhores feudais não poderiam mais nomear
salagem ou Vassalagem e Servidão eram definidas pela os bispos de sua região, o fim do comércio de bens reli-
Igreja Católica, e foram essas relações, que colocaram os giosos, a imposição do celibato clerical e os movimentos
servos em uma situação inferior, que mantinha a econo- das cruzadas.
mia do continente. . Sendo assim, na própria Igreja também existiam mo-
A Instituição Católica teve papel preponderante na vimentos contrários ao seu envolvimento nas questões
formação do feudalismo, além de grande proprietária de materiais e ao uso da violência contra os hereges. Eram
terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de
Na realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras pobreza e por isso eram conhecidos como ordens mendi-
mudanças ocorridas na Europa no século V e, ao promo- cantes, que se misturavam ao povo, procurando demons-
ver a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose trar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles
entre o mundo romano e o bárbaro. foram incapazes de realizar a moralização definitiva da
Igreja. Pode-se considerar que toda movimentação con-
Dentro do mundo medieval, a Nobreza e o Clero, tra as interferências da  Igreja Católica no mundo ma-
mantinham um relacionamento comercial efetivo terial, iniciada na Idade Média, acabaram originando a
com o Oriente, por viés do Estreito de Bósforo. Os grande divisão dos católicos no século XVI, com a Refor-
EXCEDENTES usados nessa relação, eram produzidos ma Protestante.
pelos servos, que não tinham acesso aos benefícios
do seu trabalho.

Com isso, tal fato a tornou herdeira da cultura clás- #FicaDica


sica, pois no universo medieval a Igreja Católica mo- Devido as transições ocorridas na Europa
nopolizava o conhecimento. Sem dúvida alguma sua
após o declínio do Império Carolíngio, a
estrutura fortemente hierarquizada colaborou para que
Europa vai passar por um processo de am-
ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o
pliação territorial, transformando toda Eu-
poder. Internamente havia uma divisão entre o alto clero,
ropa em territórios feudais.
membros da nobreza que exerciam cargos de direção,
e o baixo clero, composto por pessoas originárias dos
seguimentos mais pobres da população. O comando de
Com o fim das invasões bárbaras na Europa, por volta
toda essa estrutura lentamente concentrou-se nas mãos
do século X, trouxe certa paz ao continente. Do período
do bispo de Roma, que se tornou papa no século V.
que vai do século XI ao XV, denominada de Baixa Idade
E, com isso, para cumprir a missão de evangelização
dos reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte do Média, o sistema feudal de exploração de braços huma-
clero passou a conviver com os fiéis, constituindo o cle- nos entrou em decadência devido aos avanços no setor
ro secular, isto é, aquele que vive no mundo. Entretanto, agrícola, como a invenção do moinho hidráulico, que fa-
com o tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspec- cilitava a irrigação, e a atrelagem dos bois nas carroças, o
tos temporais e materiais do mundo medieval, ou seja, que possibilitou viagens com mais carga e, consequente-
aos hábitos, interesses, relações, valores e costumes dos mente, aumento na produção.
homens comuns, afastando-se das origens doutrinárias Sendo assim, com as inovações tecnológicas no setor
e religiosas. agrícola, as terras dos feudos passaram a ficar pequenas
Desta forma, paralelamente ao clero secular surgiu o demais para uma população que só tendia a crescer. Os
clero regular, formado por monges que serviam a Deus habitantes dessas áreas rurais queriam expandir o co-
vivendo afastados do mundo material, recolhidos em mércio e lucrar mais através da produtividade. A partir
mosteiros. São Bento organizou a primeira ordem mo- daí os artesãos e comerciantes concentram-se próximos
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

nástica no ocidente, a ordem dos beneditinos, baseado aos castelos, igrejas e mosteiros, desenvolvendo a ati-
na regra orar e trabalhar, que significa viver, na prática, vidade comercial. Essas pequenas concentrações deram
em estado de obediência, pobreza e castidade. Na verda- origem aos primeiros burgos.
de, os mosteiros acabaram se tornando o centro da vida Nesse mesmo período, houve uma denúncia de pere-
cultural e intelectual da Idade Média e também cumpri- grinos europeus de que os muçulmanos do Oriente Mé-
ram funções econômicas e políticas importantes. dio maltratavam os cristãos. O papa Urbano II declarou
No decorrer dos séculos XI e XIII a Igreja viveu diver- guerra a estes religiosos no ano de 1095, enviando uma
sas crises e mudanças. Contra a concentração de poderes expedição de cavaleiros cristãos para libertar a denomi-
materiais da Igreja surgiram, por exemplo, vários movi- nada Terra Santa do Império Islâmico, situada no terri-

21
tório da Palestina. Foram organizadas um total de oito banos eram cercados por muros; agora, eles começaram
cruzadas entre os anos de 1095 e 1270, que envolveram a se desenvolver fora dos muros, nascia a especulação
desde pessoas simples e deserdados que não tinham di- imobiliária. 
reito às terras do feudo até reis, imperadores e cleros. Portanto, o renascimento urbano teve também um
Sendo assim todos os combatentes tinham que se vi- impacto cultural: durante a Idade Média, a Igreja Católica
rar como podiam. Muitos, inclusive, chegaram a ser mas- manteve o pensamento e a filosofia no interior dos mos-
sacrados brutalmente antes de chegarem ao destino. En- teiros  rurais, agora, em razão do aparecimento da bur-
tretanto, as Cruzadas influenciaram para que o comércio guesia, o clero foi obrigado a ir para as cidades: surgiu
dos burgueses aumentasse. Quando os cavaleiros domi- as universidades, já que os burgueses tinham sede de
navam territórios islâmicos, chegavam a saquear produ- conhecimentos.
tos valiosos como joias, tecidos e temperos e os comer-
cializavam no caminho. As expedições fizeram com que
os muçulmanos abandonassem o território próximo ao #FicaDica
Mar Mediterrânea, beneficiando os burgueses da Itália,
principalmente das cidades de Gênova e Veneza. No nor- Com o advento das Cruzadas, ocorre na Eu-
te da Europa, regiões como Hamburgo e Dantzig tam- ropa o processo de renascimento comercial
bém prosperavam na atividade comercial, formando uma e urbano, com a formação dos Burgos (fei-
nova classe social que iniciou a dinamização econômica ras itinerantes) que deram origem as cida-
da Baixa Idade Média. des e a uma classe social, a burguesia.
Com o desenvolvimento comercial fez com que os
moradores do campo migrassem para as cidades, con-
tribuindo para a queda do sistema feudal. Na tentativa As relações socioeconômicas e ambientais das so-
de manter os empregados nas terras, os proprietários ciedades africanas subsaarianas pré-coloniais
ofereciam melhores condições de vida e até mesmo a A África subsaariana é a região que contêm os países
possibilidade de pagá-los mensalmente com um salário. africanos situados ao sul do deserto do Saara. Desde o
Portanto, no ambiente das cidades, a ascensão da ati- século XIX, este território começou a ser conhecido com
vidade comercial formou uma nova engrenagem social, o a expressão África Negra pelos ocidentais, descrevendo
chamado capitalismo. Novas atividades foram surgindo, uma região habitada por indivíduos da raça negra que
como a profissão de cambista, que tinham conhecimento não havia sido descoberta ainda, nem colonizada pelos
do valor real da moeda e os banqueiros, que ficavam in- europeus. Este termo caiu em desuso e foi catalogado
cumbidos de guardar grandes quantias de dinheiro. como pejorativo. Esta região do globo é tida como o ber-
Com a formação do capitalismo mercantil, período da ço da humanidade.
acumulação primitiva de capital, o comerciante se tornou
o grande “herói” da história europeia. E o comerciante A maior parte dos países possui economia subde-
morava na cidade.  Progressivamente, os senhores feu- senvolvida e existe uma forte presença de conflitos
dais foram permitindo que as cidades ficassem livres, por políticos, principalmente de caráter étnico.
meio da concessão de “cartas de franquia”.  As cidades
agora livres receberam diversas denominações, confor- Desde o fim da era do gelo, o norte e a região sub-
me os países onde elas estavam situadas: na Alemanha saariana encontraram no deserto do Saara uma fronteira
eram chamadas de burgos; na França, comunas; por sua natural e quase intransponível, salvo pequenos atalhos
vez, na Itália eram denominadas de repúblicas e na Pe- como o rio Nilo. O termo subsaariano encontra um sinô-
nínsula Ibérica   existiam os concelhos.  
nimo em África tropical, tentado destacar sua diversida-
Desta forma, a medida que o comércio foi se desen-
de ecológica, ainda que a parte austral tenha um clima
volvendo, as cidades foram se espalhando por toda a
totalmente diverso.
Europa. Importantíssimas foram as cidades comerciais
Os países que formam a região são: Congo, República
da Itália, principalmente Gênova e Veneza, onde surgiu
uma próspera burguesia comercial e financeira.  Na Ale- Centro Africana, Ruanda, Burundi, África Oriental, Quê-
manha, Hamburgo era o centro de uma rede comercial nia, Tanzânia, Uganda Djbouti, Eritréia, Etiópia, Somália,
que chegava até a Rússia, rede está conhecida pelo nome Sudão, África Ocidental, Benin, Burkina Faso, Camarões,
de Hansa Teutônica ou Liga Hanseática. Na extremidade Chade, Cote d’Ivoire, Guiné Equatorail, Gabão, Gâmbia,
ocidental da Europa, onde se formou a rota comercial de Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia, Mali, Ní-
Champagne,  proliferaram  cidades de grande importân- ger, Nigéria, Senegal, Togo e Serra Leoa.
cia: Paris, Bruxelas, Antuérpia e Amsterdã, dentre outras.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Sendo assim, o renascimento urbano, fruto do renas- A África Subsaariana é a região do continente afri-
cimento comercial, foram sinais de que estava nascendo cano situada ao sul do Deserto do Saara. Não é uma
um novo regime de produção: o capitalismo. O desen- divisão política, mas apenas um termo usado como
volvimento das cidades, que passaram a ser os moto- referência aos países que possuem maior parte da
res do progresso, acelerou o êxodo rural: todo mundo população negra neste continente. No passado, era
queria morar nas cidades para se libertar da dominação muito usado o termo “África Negra” para esta região,
feudal.  Um provérbio alemão da época dizia: “o ar da em oposição a “África Branca”, composta pelos países
cidade faz o homem livre”.  Pouco a pouco, as cidades ao norte do Deserto do Saara. Porém, estes termos
ficaram superpovoadas. Na Idade Média, os núcleos ur- estão caindo em desuso.

22
 A África subsaariana é considerada por muitos como a região mais pobre do planeta, nesta parte da África estão
localizados os países (33 dos mais pobres que existem) com grandes problemas estruturais sofrendo os graves legados
do colonialismo, do neocolonialismo, dos conflitos étnicos e da instabilidade política. A expectativa de vida não ultra-
passa os 47 anos, o índice de alfabetização de adultos atinge 63%, e o nível de escolaridade chega a 44%.

A existência de diversos problemas como, por exemplo, pobreza, elevados índices de analfabetismo, sistema
de saúde público precário, proliferação de doenças, falta de água e sistema de saneamento básico inexistente
ou ineficiente.

O enorme crescimento populacional, durante a década de 1990, acarretou no aumento de pessoas vivendo em
condições extremas de pobreza. Mais da metade da população subsaariana, uns 300 milhões de pessoas, sobrevive
com menos de um dólar por dia. Milhões destas pessoas vivem na mais absoluta pobreza, privados de água potável,
moradias dignas, alimentos, educação e acesso à educação.
A falta de água gera problemas devastadores para a região, além disso, a situação se agrava devido aos períodos de
seca e pela desastrosa gestão dos recursos hídricos. Tudo isso causa fome e doenças, provocando o êxodo de muitos
nativos.
A África subsaariana é a região mais afetada pelo HIV, nos últimos anos, numa faixa de terra que vai desde a África
Ocidental até o Oceano Indico. Hoje existem mais de 35 milhões de órfãos na África subsaariana, calcula-se que, destes,
aproximadamente 11 milhões são órfãos pelo fato de seus pais terem morrido em decorrência de doenças causadas
pelo vírus do HIV.

FIQUE ATENTO!
Existência, em alguns países, de governos autoritários e corruptos. Infelizmente, estas características aca-
bam dificultando a resolução dos graves problemas sociais e econômicos enfrentados pela sofrida popu-
lação destes países.

A expansão marítima e comercial europeia

No período final da era medieval, o mundo que os europeus conheciam se resumia ao Oriente Médio, ao norte da
África e às Índias, nome genérico pelo qual designavam o Extremo Oriente, isto é, leste da Ásia. Grande parte dos eu-
ropeus conhecia apenas o Extremo oriente por meio de relatos, como o do viajante veneziano Marco Polo, que partiu
de sua cidade em 1271, acompanhando seu pai e seu tio em uma viagem àquela região. A América e a Oceania eram
totalmente desconhecidas pelos europeus.
Desta forma, mesmo as informações de que os europeus dispunham sobre muitas das regiões conhecidas eram
imprecisas e estavam repletas de elementos fantasiosos. Durante os séculos XV e XVI, exploradores europeus, mas prin-
cipalmente portugueses e espanhóis, começaram a aventurar-se pelo “mar desconhecido”, isto é, pelo oceano Atlântico
e também pelo Pacífico e Índico dando início à chamada Era das Navegações e Descobrimentos Marítimos.

ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

23
As primeiras rotas das grandes navegações ticipavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, mé-
dicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que
No decorrer do século XV, os países europeus que acontecia durantes as viagens.
quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gen- Portanto, no ano de 1498, Portugal realiza uma das
gibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer mais importantes navegações: é a chegada das cara-
aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam velas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Na-
o monopólio destes produtos. Com acesso aos merca- vegando ao redor do continente africano, Vasco da
dos orientais, Índia era o principal centro comercial, os Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os
burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pe- benefícios do comércio direto com o oriente. Ao re-
las especiarias do oriente. O canal de comunicação e tornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carre-
transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar gadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos
Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um lusitanos. Outro importante feito foi a chegada das ca-
novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém ravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500.
muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter Após fazer um reconhecimento da terra “descober-
acesso direto às fontes orientais, para poderem também ta”, Cabral continuou o percurso em direção às Índias.
lucrar com este interessante comércio. Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a
Com isso, um outro fator importante, que estimulou principal potência econômica da época.
as navegações nesta época, era a necessidade dos eu- Porém, a Espanha também se destacou nas conquis-
ropeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso tas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de
para poder obter matérias-primas, metais preciosos e Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugue-
produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igre- ses navegaram para as Índias contornando a África, os
ja Católica estava interessada neste empreendimento, espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês
pois, significaria novos fiéis. Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia
Sendo assim, os reis também estavam interessados, chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492,
tanto que financiaram grande parte dos empreendimen- as caravelas espanholas, Santa Maria, Pinta e Niña parti-
tos marítimos, pois com o aumento do comércio, pode- ram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico.
riam também aumentar a arrecadação de impostos para Cristóvão Colombo tinha o conhecimento de que
os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para nosso planeta era redondo, porém desconhecia a exis-
os reis absolutistas da época. tência do continente americano. Chegou em 12 de outu-
A Dinastia Portuguesa foi pioneira nas grandes na- bro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que
vegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de tinha atingido um novo continente. Foi somente anos
condições encontradas neste país ibérico. A grande ex- mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identifi-
periência em navegações, principalmente da pesca de cou aquelas terras como sendo um continente ainda não
bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal conhecido dos europeus. Em contato com os índios da
meio de transporte marítimo e comercial do período, América, conhecidos como maias, incas e astecas. Por-
eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras tanto, os espanhóis começaram um processo de explora-
nações. Portugal contou com uma quantidade signi- ção destes povos, interessados na grande quantidade de
ficativa de investimentos de capital vindos da burgue- ouro, além de retirar as riquezas dos indígenas america-
sia e também da nobreza, interessadas nos lucros que nos, os espanhóis destruíram suas culturas.
este negócio poderia gerar. Neste país também houve
a preocupação com os estudos náuticos, pois os portu- O processo que acelerou a Expansão Marítima, foi
gueses chegaram a criar um centro de estudos: A Escola o fechamento do Estreito de Bósforo, pois era por lá
de Sagres. que entrava as mercadorias advindas do Oriente na
O processo de navegação nos séculos XV e XVI era Europa, e em 1453, os Turcos Otomanos dominaram
uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se Constantinopla e fecharam essa ligação.
tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o
medo gerado pela falta de conhecimento e pela imagi- Exploração econômica de recursos naturais pelos
nação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse colonizadores europeus no Brasil e na América
ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma Os conquistadores espanhóis que vieram para ocu-
visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar par a América Colonial acreditavam, inicialmente, que a
para o “fim” a caravela poderia cair num grande abismo. atividade colonial representava a chance de obtenção de
Dentro dessa perspectiva, planejar a viagem era de riquezas, sobremaneira em virtude do imediato contato
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

extrema importância. Os europeus contavam com alguns com metais preciosos extraído pelos povos indígenas em
instrumentos de navegação como, por exemplo: a bús- determinadas regiões da América espanhola.
sola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utiliza- Com isso, tal fato terá grande influência sobre a des-
vam a localização dos astros como pontos de referência. truição das culturas e populações indígenas, sendo o
Também se fazia necessário utilizar um meio de trans- metalismo a maneira mais fácil de implementar o mer-
porte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais ob- cantilismo. O acumulo de metais é mais prático do que
jetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As o desenvolvimento de culturas agrícolas que demandam
caravelas eram capazes de transportar grandes quanti- etapas que requerem maior investimento, e sobremanei-
dades de mercadorias e homens. Numa navegação par- ra tempo para gerar capital.

24
Sendo assim, a partir de 1519 tem início o processo teve início no século XVII e foi dividido entre duas com-
de ocupação da América por Hernán Cortez, na região panhias de comércio distintas, que aplicaram modelos de
do México, território da cultura asteca. Diego Almagro e exploração igualmente distintos.
Francisco Pizarro fizeram o mesmo ao dominar os Incas Portanto, os territórios ao sul, formado pelas colônias
e as minas de prata de Potosí, região do atual Peru, entre da Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia
1531 e 1534. Foi um marco de aceleração pelos espa- e Maryland, administrado pela Companhia de Londres,
nhóis na América Colonial. Tendo dominado as regiões, foi moldado segundo o padrão de exploração português
a Coroa Espanhola deu início ao processo de ocupação e espanhol, sendo aplicado uma colônia de exploração,
e colonização, adotando inicialmente o sistema de “Ade- baseado no sistema de Plantation, ou seja, ao sul inves-
lantado”, que autorizava a exploração de determinada tiu-se na produção de gêneros tropicais com a utilização
região mediante a cobrança de impostos e taxas, dentro de mão de obra escrava africana, e voltada para o mer-
do sistema de exclusivo comercial. cado externo. Como resultado temos uma sociedade de
Porém, a presença da autoridade do Estado Espanhol base aristocrática.
só fez aumentar ao longo dos anos subsequentes e no- Porém, nass colônias do Norte, Delaware, Pensilvânia,
vas formas de organização seriam implementadas. Dessa Nova York, Nova Inglaterra, Massachussetts, Connecticut,
forma, todo o território colonial espanhol foi posterior- New Hempshire, Rhode Island e Nova Jersey, foram ad-
mente dividido em duas formas de organização: Vice- ministradas pela Companhia de Plymouth, obedeceram
-Reinos e Capitanias Gerais. a um estilo diferente de colonização, onde o foco não
Portanto, nos Vice-Reinos a principal atividade eco- foi propriamente o acumulo de capital e as práticas mer-
nômica remetia a exploração ou escoamento dos metais cantilistas.
precisos, enquanto as Capitanias Gerais dedicavam-se a
produção agrícola, muitas vezes destinada para o abas-
tecimento dos Vice-Reinos. Todavia, na produção agrí- FIQUE ATENTO!
cola e pecuária voltadas para a exportação havia a pre- Havia um fator climático que fez o Sul ser
dominância de produtos tropicais como açúcar, cacau, Explorado e Norte/Centro ser povoado, cha-
tabaco, entre outros. mado de Negligência Salutar, o clima do
Diferente de Portugal, a Espanha optou pela explora- Norte/Centro era próximo do Europeu, por
ção do trabalho compulsório indígena, ao invés da uti- esse motivo, ele não recebe a formatação de
lização da mão-de-obra cativa africana, o que não quer uma Colônia de Exploração.
dizer que não existiam escravos africanos na América Co-
lonial Espanhola. Existiam, porém, em menor número. A
exploração do trabalho forçado indígena se deu de duas Por, todavia, o motivo para este diferente sistema tem
diferentes maneiras: Mita e Encomienda. relação com as constantes perseguições religiosas que
ocorriam em território inglês desde a instituição das reli-
Mita era aplicada pela própria coroa nas áreas de ex- giões protestantes.
ploração de metais preciosos, ou seja, nos Vice-Reinos. Sendo assim, entre as centenas de colonos que mi-
Ela tinha por base um costume incaico de exploração do graram para as colônias do Norte estavam os chamados
trabalho do indígena por quatro meses por ano em con- puritanos (Calvinistas Ingleses), que viram na migração
dições mais do que precárias. Encomienda consistia na para a América Colonial em busca de maior segurança
exploração do indígena na produção agrícola, o enco- para a prática de sua Fé. Assim, a região foi marcada
mendiero, recebia autorização da coroa para a explo- desde cedo pelas o desejo de desenvolvimento, investin-
ração indígena, mas em troca deveria responsabilizar- do-se na produção familiar dos mais diversos gêneros e
-se pela catequização dos explorados, ou seja, além atividades, com vistas para a formação e fortalecimento
de ter sua liberdade cerceada, sua fé também era ne- de um mercado interno.
gada e forçado a adotar a religião dos invasores. Quando pensamos em colonização Francesa nas
Américas, precisamos destacar que os Franceses inicial-
Essa sociedade na sociedade da América Colonial Es- mente se dedicaram ao contrabando e pirataria, bem
panhola desenvolveu um modelo próprio, com diferen- como a invasão de territórios portugueses e espanhóis,
tes castas sociais. No topo da pirâmide encontravam-se visto que estes dois últimos possuíam mais territórios
os Chapetones, espanhóis de nascimento que migraram e buscavam ocupá-los para protegê-los. No entanto, o
para a América e ocupavam os maiores postos dentro da contingente colonial não era suficiente para garantir a
hierarquia colonial. posse das terras.
Sendo assim, um pouco abaixo estavam os Criollos, Portanto, nesse contexto a França invadiu o Brasil Co-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

filhos de espanhóis nascidos na América, formavam a eli- lônia por duas vezes instalando a França Antártica (Rio de
te, eram comerciantes e fazendeiros que formaram a elite Janeiro) e França Equinocial (Maranhão), mas tais ocupa-
política do território colonial espanhol. Por fim, mestiços, ção foram duramente expulsas pelas forças portuguesas.
indígenas e negros formavam as camadas mais baixas da Desta forma, ao norte do continente americano os
sociedade, com poucos ou nenhum direito, eram explo- franceses instalaram duas colônias, Quebec (Canadá)
rados por Chapetones e Criollos. e Louisiana (Centro dos Estados Unidos), além do Hai-
No que tange ao processo de ocupação da América ti, Tobago, Martinica, Guadalupe nas Antilhas (América
Inglesa, temos algumas características diferentes, pois o Central).  Juntamente com os Holandeses ocuparam as
processo de ocupação da América do Norte por Ingleses Guianas ao norte da América do Sul.

25
A colonização francesa na América do Norte, gerou Portanto, o processo de expansão marítima portu-
insatisfações e conflitos entre eles o os Ingleses, oca- guês chegou ao seu auge quando, em 1500, o navegador
sionando assim, a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta das terras
fato esse, que acelerou o processo de independência da brasileiras. Mesmo alegando a descoberta nessa época,
América do Norte. alguns historiadores defendem que essa descoberta foi
No que tange ao Brasil, a expansão marítima portu- estabelecida anteriormente. Anos depois, com a ascen-
guesa, vai ganhar projeção após a deflagração da Re- são do processo de expansão marítima de outras nações
volução de Avis, pois Portugal passou por um processo europeias e a decadência dos empreendimentos comer-
de mudanças onde a nacionalização dos impostos, leis cias portugueses no Oriente, as terras do Brasil torna-
e exércitos favoreceram a ascendência das atividades ram-se o principal foco do mercantilismo português.
comerciais de sua burguesia mercantil. A prosperidade O início do processo de ocupação do Brasil, ocorreu
material alcançada por meio desse conjunto de medidas de forma muito lenta e gradativa. Afinal, a chegada dos
ofereceu condições para o investimento em novas em- portugueses ao Brasil ocorreu com a expedição liderada
preitadas mercantis. por Pedro Álvares Cabral, composta por treze caravelas
Sendo assim, foi nesse período, que as principais ro- que partiram de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Essa
tas comerciais estavam voltadas no trânsito entre a Ásia expedição tinha como destino final a Índia, porém, du-
(China, Pérsia, Japão e Índia) e as nações mercantilistas rante o trajeto, desviou-se do caminho original e acabou
europeias. Parte desse câmbio de mercadorias era inter- alcançando o Brasil, na região de Porto Seguro, em 22 de
mediada pelos muçulmanos que, via Mar Mediterrâneo, abril de 1500.
introduziam as especiarias orientais na Europa. Pelas vias Ademais, existe um certo debate a respeito da inten-
terrestres, os comerciantes italianos monopolizavam a cionalidade da expedição de Pedro Álvares Cabral em
entrada de produtos orientais no continente. sua vinda à América. Alguns historiadores afirmam que
Com isso, a burguesia portuguesa, buscando se livrar existia a intenção de Cabral em desviar-se do trajeto ori-
dos altos preços cobrados por esses intermediários e al- ginal. Outros especialistas, porém, discordam dessa ideia
mejando maiores lucros, tentaram consolidar novas rotas e afirmam que a chegada dos portugueses ao Brasil foi
marítimas que fizessem o contato direto com os comer- um evento ocasional.
ciantes orientais. Patrocinados pelo interesse do infante Sendo assim, após a chegada dos portugueses ao
Dom Henrique, vários navegadores, cartógrafos, cosmó- Brasil iniciou o período conhecido como Pré-colonial,
grafos e homens do mar foram reunidos na região de que foi caracterizado pelo aparente desinteresse de Por-
Sagres, que se tornou um grande centro da tecnologia tugal em relação às terras brasileiras. Isso ocorreu, sobre-
marítima da época. tudo, porque o interesse da elite econômica portuguesa
Deste modo, em 1415, a Conquista de Ceuta iniciou estava mais voltado ao desenvolvimento do comércio
um processo de consolidação de colônias portuguesas com a Índia, e por causa das dificuldades em averiguar as
possibilidades econômicas do novo território.
na costa africana e de algumas ilhas do Oceano Atlânti-
co. Esse primeiro momento da expansão marítima portu-
guesa alcançou seu ápice quando os navios portugueses #FicaDica
ultrapassaram o Cabo das Tormentas (atual Cabo da Boa
Esperança), que até então era um dos limites do mundo Aplicação do Pacto Colonial, fez a Metró-
conhecido. pole portuguesa obter grandes lucros no
Ademais, é interessante notar que mesmo com as Brasil Colônia, afinal, os ciclos econômicos
inovações tecnológicas e o grande interesse comercial formados aqui, geraram muitos lucros a
do mundo moderno, vários mitos Antigos e Medievais Portugal.
faziam da experiência ultramarina um grande desafio.
Os marinheiros e navegadores da época temiam a bru- Desta forma, nesse primeiro momento, a política ado-
talidade dos mares além das Tormentas. Diversos relatos tada pelos portugueses no Brasil foi a mesma implanta-
fazem referência sobre as temperaturas escaldantes e as da na costa do litoral africano, e, assim, incentivou-se a
feras do mar que habitavam tais regiões marítimas. construção de feitorias, como as quatro construídas em
Assim sendo, no ano de 1497, o navegador Vasco da Pernambuco, Cabo Frio, Rio de Janeiro e na Baía de To-
Gama empreendeu as últimas explorações que concre- dos os Santos. Assim sendo, essas feitorias funcionavam
tizaram a rota rumo às Índias, via a Circum-Navegação como entrepostos comerciais que armazenavam as mer-
do continente africano. Com essa descoberta o projeto cadorias para serem transportadas para a Europa.
de expansão marítima de Portugal parecia ter concreti- Portanto, as primeiras iniciativas de exploração do
zado seus planos. No entanto, o início das explorações território brasileiro foram entregues por Portugal para
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

marítimas espanholas firmou uma concorrência entre Fernão de Noronha, no período entre 1503 e 1505. Du-
Portugal e Espanha que abriu caminho para um conjunto rante essas explorações, iniciou-se a principal atividade
de acordos diplomáticos (Bula Intercoetera e Tratado de econômica do Brasil da fase pré-colonial: a exploração
Tordesilhas) que preestabeleceram os territórios a serem do pau-brasil. A rentabilidade dessa mercadoria devia-
explorados por ambas as nações. -se, principalmente, à utilização da madeira para a pro-
dução de tinta. A exploração dessa matéria-prima seguiu
Em 2019, comemoramos 500 anos da Circum-Na- como prática econômica no Brasil até o século XIX, ape-
vegação, logo é um evento que pode aparecer na sar de ter sido mais intensa durante esse período explo-
banca, muito foco! ratório inicial.

26
Deste modo, a extração do pau-brasil era feita com a Outrossim, em linhas gerais, a fronteira agrícola cos-
mobilização do trabalho dos indígenas por meio do es- tuma configurar-se por meio de uma frente de expansão,
cambo. Os indígenas realizavam o corte e o transporte seguida por uma frente pioneira. Essa última é respon-
das toras da madeira até as feitorias e eram pagos por sável por consolidar de forma mais acabada a atividade
quinquilharias em geral, tais como espelhos, baús de me- agropecuária em uma determinada região. Posterior-
tal, foices etc. Os nativos também forneciam aos portu- mente, essas atividades passam por uma etapa de mo-
gueses mercadorias como a farinha. dernização produtiva.
Deste modo, a frente de expansão agrícola é costu-
Nesse primeiro momento, o pau-brasil era usado meiramente realizada pelos posseiros, que iniciam um
para extração de pigmentação avermelhado, sendo
processo de cultivo sobre as terras devolutas, envolven-
utilizado para empresa da tinturaria.
do agricultura familiar e de subsistência, com uma pro-
dução, em muitos casos, organizada em cooperativas.
Expansão da fronteira agrícola no Brasil, ontem e
hoje Entretanto, essa frente de expansão costuma ser ra-
Quando pensamos em fronteira agrícola, precisamos pidamente sucedida por uma frente pioneira, represen-
compreender que a fronteira agrícola  representa uma tada por grandes fazendeiros, que, através do processo
área mais ou menos definida de expansão das atividades de grilagem (falsificação de documentos e títulos de
agropecuárias sobre o meio natural. Geralmente, é nessa propriedades), afirmam serem eles os donos das terras
zona que se registram casos de desmatamento ilegal e utilizadas por posseiros e até mesmo grupos indígenas.
de conflitos envolvendo a posse e o uso da terra sobre as Com isso, as disputas territoriais envolvendo indí-
chamadas terras devolutas, espaços naturais pertencen- genas e, principalmente, os posseiros e os grileiros sur-
tes à união e que não são delimitados por propriedades gem os principais conflitos no campo, com recorrentes
legais, servindo de moradia para índios e comunidades assassinatos e conformação das chamadas “terras sem
tradicionais e familiares. lei”. Nesse entremeio, intensificam-se as atividades de
remoção e comercialização ilegal de madeira oriunda de
Fronteira agrícola é o avanço da unidade de produ-
reservas florestais.
ção capitalista sobre o meio ambiente, terras cultiváveis
e terras de agricultura familiar. A fronteira agrícola está Destarte, a principal necessidade do meio rural atual-
ligada com a necessidade de maior produção de ali- mente envolve uma ação pública que de fato resolva os
mentos, criação de animais sob a demanda interna- problemas do uso da terra no Brasil, controlando os con-
cional de importação destes produtos. flitos e fiscalizando as fraudes, haja vista que mais da me-
tade dos documentos de posse de terra no país é ilegal,
Sendo assim, a localização dessa área de expansão conforme pesquisa realizada pelo geógrafo Ariovaldo
foi se modificando ao longo da história. Durante o perío- Umbelino de Oliveira.
do após o descobrimento, quando a Coroa Portuguesa
decidiu implementar uma produção agrícola no país, a
zona litorânea composta predominantemente pela Mata
Atlântica constituiu-se, então, como a primeira fronteira
FIQUE ATENTO!
agrícola brasileira. Fronteira Agrícola é uma expressão utilizada
Ademais, sobretudo ao longo do século XX, as práti- para designar o avanço da produção agro-
cas agrícolas expandiram-se de forma mais intensa para pecuária  sobre o meio natural. Trata-se de
o interior do território nacional, em função tanto da po- uma região na qual as atividades capitalistas
lítica de Marcha para o Oeste, implementada por Getúlio fazem frente com as grandes reservas flores-
Vargas, quanto da política de substituição de importa- tais e áreas pouco povoadas.
ções promovida por Juscelino Kubitschek.
Desta forma, nesse ínterim, a região de expansão pas-
sou a ser a região Centro-Oeste, com frentes migratórias Usos da terra: diferentes formas de posse e pro-
de produtores advindos do Sul e do Sudeste do Brasil. priedade da terra e a luta pela terra no Brasil através
O resultado foi a transformação de estados como Goiás, dos tempos
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em verdadeiros celei-
ros, produtores principalmente de grãos, com destaque Um dos primeiros códigos inteiramente elaborados
para a soja voltada para a exportação. Além disso, hou- pelo Governo Militar no Brasil, a Lei 4504, de 30 de no-
ve também uma intensiva devastação do Cerrado, que vembro de 194, foi concebida como forma de colocar um
conta atualmente com menos de 20% de suas reservas
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

freio nos movimentos campesinos que se multiplicavam


originais.
durante o Governo João Goulart.
Apesar de importantes peças para o ordenamento
Atualmente, a fronteira agrícola brasileira encon-
jurídico brasileiro, seu conteúdo é muito pouco difun-
tra-se em direção à região Norte do país, registrando
uma grande quantidade de conflitos na área da Flo- dido, e conta com poucos especialistas no meio doutri-
resta Amazônica, com destaque para o caso Doroth nário. Conquanto seus conceitos abarquem definições
Stang, uma ativista estadunidense naturalizada bra- de cunho inteiramente político, servem para nortear as
sileira que foi assassinada por fazendeiros na cidade ações de órgãos governamentais de fomento agrícola e
de Anapu (PA). de reforma agrária, como o INCRA.

27
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá- como os dos agrônomos Carlos Lorena e José Gomes da
ria é uma autarquia federal da Administração Pública Silva, os juristas Messias Junqueira, Igor Tenório e Fer-
brasileira. Foi criado pelo decreto nº 1 110, de 9 de nando Pereira Sodero, além de técnicos renomados de
julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a outras áreas. Essa equipe foi confinada num hotel de Bra-
reforma agrária, manter o cadastro nacional de imó- sília, e seu trabalho era acompanhado pessoalmente pelo
veis rurais e administrar as terras públicas da União. presidente Castelo Branco. Disso resultou uma lei muito
avançada para o seu tempo, mas que quase nada foi co-
São diversos os conceitos ali enunciados, com impor- locado em prática.
tantes repercussões para a vida no campo, bem como a
relação do proprietário de terras com o seu imóvel. Den- A posse é uma conduta de dono, um exercício de
tre elas: poderes de propriedade, sendo diferenciada da de-
 Reforma agrária é o conjunto de medidas em tenção quando a lei assim o estabelecer. Isso significa
que visem a promover melhor distribuição da terra, me- que aquele que é proprietário  é também  possuidor,
diante modificações no regime de sua posse e uso, a fim mas nem todo possuidor é também proprietário.
de atender aos princípios de justiça social e ao aumento
de produtividade (Art. 1º). Reforma agrária é a reorgani- A Revolução Industrial e a alteração no meio am-
zação da estrutura fundiária com o objetivo de promover
biente em escala mundial
a distribuição mais justa das terras. A reforma agrária tem
Para pensar na ordenação da vida material e nos pro-
o objetivo de proporcionar a redistribuição das proprie-
cessos de industrializações capitalistas, precisamos men-
dades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terra para
surar o desenvolvimento efetivo da atividades industriais
realização de sua função social.
 Módulo rural consiste, em linhas gerais, na me- em diversas partes do mundo, sendo assim, os donos dos
nor unidade de terra onde uma família possa se sustentar meios de produção e capitais começaram a direcionar
ou, como define a lei: lhes absorva toda a força de traba- recursos financeiros para o desvendamento e criação de
lho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social novas tecnologias como procedimentos produtivos, má-
e econômico - e cujas dimensões, variáveis consoante quinas, equipamentos entre outros, todos com intuito de
diversos fatores (localização, tipo do solo, topografia, dinamizar e acelerar a produtividade e automaticamente
entre outras), são determinadas por órgãos oficiais. Por os percentuais de lucros.
estes critérios, uma área de várzea de meio hectare pode Com isso, grande parte dos avanços tecnológicos foi
configurar, em tese, um módulo rural - ao passo que 10 derivada de pesquisas científicas que são realizadas para
hectares de caatinga podem não atingi-lo. o aperfeiçoamento industrial. Esse processo é contínuo,
 Minifúndio é uma propriedade de terra cujas pois constantemente busca novos materiais, novas tec-
dimensões não perfazem o mínimo para configurar um nologias e métodos de produção com o objetivo de am-
módulo rural (nos exemplos anteriores, uma várzea de pliar as margens de lucros.  Assim sendo, o período que
0,2ha...). mais marcou os avanços tecnológicos foi entre o final do
 Latifúndio é a propriedades que excedam a 600 século XIX até meados do século XX, quando o mundo
módulos rurais ou, independentemente deste valor, que vivenciou uma série de avanços na tecnologia, medicina
sejam destinadas a fins não produtivos (como a especu- entre outros. Os fatos de maior destaque, assim como na
lação). Primeira Revolução Industrial, foram em relação a inven-
tos e descobertas, dessa vez o que impulsionou foi, sem
dúvida, o petróleo, o motor a combustão, utilização do
FIQUE ATENTO! aço e o uso da força das águas na geração de energia
Estatuto da Terra é a forma como legalmen- elétrica, com a criação das usinas hidrelétricas. 
te se encontra disciplinado o uso, ocupação e Portanto, o conjunto de novidades tecnológicas fa-
relações fundiárias no Brasil. Conforme o Es- voreceu uma flexibilização produtiva na atividade in-
tatuto da Terra, criado em 1964, o Estado tem dustrial, posicionando países que lideram o processo de
a obrigação de garantir o direito ao acesso à industrialização como algumas nações europeias, além
terra para quem nela vive e trabalha. dos Estados Unidos e Japão que ingressaram na Segunda
Revolução Industrial. 
Outrossim, a Segunda Revolução Industrial focalizou
Desta forma, as metas estabelecidas pelo Estatuto da a produção no seguimento de indústrias de grande por-
Terra eram basicamente duas: a execução de uma refor- te (siderúrgicas, metalúrgicas, petroquímicas, automo-
ma agrária e o desenvolvimento da agricultura. Três dé- bilísticas, transporte ferroviário e naval). Essa etapa da
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

cadas depois, podemos constatar que a primeira meta indústria mundial produziu profundas modificações no
ficou apenas no papel, enquanto a segunda recebeu contexto do espaço geográfico no qual essa revolução
grande atenção do governo, principalmente no que diz foi desenvolvida. As revoluções industriais são processos
respeito ao desenvolvimento capitalista ou empresarial que estão ligados diretamente aos avanços tecnológicos
da agricultura. Ideologias à parte, a verdade é que o Es- que determinam o sucesso de cada uma delas. 
tatuto foi elaborado por uma equipe de alto nível.
Portanto, seus integrantes foram selecionados a dedo O processo de globalização impulsionou o adven-
nas melhores universidades e institutos de pesquisa das to capitalista, logo, ambas as coisas caminham juntas
áreas jus-agraristas e afins. Dela faziam parte nomes e são cobradas igualmente nas provas.

28
Para pensar no processo de formação hegemônica europeia, devemos demarcar o início do século XX, pois foi
exatamente nesse contexto, que o capitalismo se expandia. Os burgueses partiam à conquista do mundo e, partindo
da Europa, os industriais e financistas que desejavam expandir suas atividades, buscavam mercados para suas merca-
dorias e capitais excedentes. A Inglaterra e a França se tornaram as principais potências coloniais e, devido às tardias
unificações nacionais, a Alemanha e a Itália encontraram o mundo já dividido.
Sendo assim, a porção que coube à Alemanha não correspondia ao seu forte desenvolvimento econômico; daí ser
evidente seu descontentamento. Além disso, entrava em cena uma potência não europeia (os EUA) que iniciava sua
expansão com a conquista do Havaí e com a Guerra Hispano-Americana. O expansionismo norte-americano também
visava o Pacífico, onde se chocou com o imperialismo japonês e as potências europeias.
Desta forma, tais choques representavam constantes crises, pois o descontentamento de alguns evidenciava a
necessidade de reajustamentos na distribuição territorial do mundo. Esses reajustamentos não foram resolvidos pacifi-
camente e, em 1914, explodiu a “Primeira Guerra Mundial”. O auge da hegemonia europeia sobre o mundo terminava.

O processo de Globalização
O processo de globalização em escala global, é um processo de aprofundamento das relações internacionais e inte-
grações econômicas, social, política e cultural, que foi impulsionada pela redução dos custos nos meios de transportes
e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. Porém, não podemos negligenciar o fomento
inicial desse processo de interligação global, pois desde o advento dos tempos modernos, já é possível notar um pro-
cesso de aproximação entre continentes, com o advento das Grandes navegações.
A nomenclatura do termo “globalização” tem sido aplicada com mais força a partir de meados da década de 1980, e
especialmente, a partir de meados da década de 1990. No início dos anos 2000, o FMI – Fundo Monetário Internacional
identificou quatro aspectos básicos da globalização, sendo eles:
 Comércio e transações financeiras;
 Movimentos de capital e de investimentos;
 Migração e movimento de pessoas;
 Disseminação de conhecimento.

Esse processo de grande integração mundial, acelerou todo o processo de relacionamentos e estreitamento
do globo terrestre, devido aos grandes adventos das comunicações e transportes mundiais. Porém, é preciso
lembrar dos desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar, emissão de gases poluentes, des-
matamento, excesso de pesca nos oceanos, dentre outros aspectos negativos, também estão ligados ao proces-
so de globalização. Para compreender essa variação, observe a tabela abaixo:

Aspectos da Globalização em Escala Global


Positivos Negativos
Ampliação da difusão de informação Desigualdades sociais extremas
Mescla cultural entre os países Menor valorização da cultura local
Avanços científicos-tecnológicos Maior fluxo de capitais especulativos
Ampliação da produção de bens e serviços Instabilidade financeira em caráter internacional
Formação de ONGs que atuam em escala global Aumento do crime organizado globalizado
Aproximação entre os continentes Políticas neoliberais intensificadas

FIQUE ATENTO!
Antiglobalização é um termo genérico, utilizado sobretudo durante os anos 1990, para descrever o mo-
vimento de oposição aos aspectos capitalista-liberais da globalização. O movimento reivindica o fim de
determinados acordos comerciais e do livre trânsito do capital financeiro internacional.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

O processo de Globalização no Brasil, decorre de uma série de fatores históricos e geográficos, podemos dizer
que desde que os europeus chegaram ao que hoje é chamado de território nacional brasileiro, o país está inserido no
processo de Globalização. Contudo, o consenso é que somente a partir da década de 1990 que a Globalização passou
a ter um maior impacto na sociedade e economia brasileira.
Esse processo global aplicado ao Brasil, passou a sofrer maior influência quando o modelo econômico aplicado,
visava à mínima Intervenção do Estado na economia, a formação do Estado Mínimo aplicado ao modelo do Neolibe-
ralismo. Com esse aspecto, se intensificou o processo de privatizações das empresas estatais e a intensa abertura para
o capital externo.

29
Nesse cenário, o Brasil também deixou de ser deno- cadeando várias implicações, que apesar de muito co-
minado como país de terceiro mundo, uma vez que essa nhecidos são pouco evitados e tratados. Desta forma, al-
divisão deixou de ser adotada, passando-se a dividir o guns dos malefícios causados por ela ao meio ambiente
mundo em países do Norte (desenvolvidos) e países do são:
Sul (subdesenvolvidos). O que não mudou foi a depen-  Busca por produtos naturais, a globalização
dência econômica e a condição de subdesenvolvimento promoveu uma ampliação da economia mundial e com
em que o país se encontrava. a facilitação de misturas culturais, devido o avanço dos
Dentro desse processo de abertura de capitais, hou- meios de telecomunicação (principalmente pela inter-
ve maior inserção das indústrias e companhias multina- net), o mercado consumidor passou a procurar mais por
cionais no Brasil. Elas aqui se instalaram para ampliar o produtos naturais, o que é muito contraditório: gostar de
seu mercado consumidor e, também, para buscar mão produtos naturais e ainda assim não cuidar da natureza,
de obra barata e maior acesso às matérias-primas. Isso de natureza vegetal e animal, o que pôs em risco agra-
acarretou uma maior produção de emprego, porém com vante a preservação de espécies (muitas delas, ameaça-
condições de trabalho mais precarizadas. das de extinção) e provocou muitos prejuízos ao equilí-
Portanto, podemos observar nessa linha, o processo brio do meio ambiente.
de instalação de inscritas denominadas “maquiladoras”,  Uso de agrotóxicos e produção de transgêni-
uma vez que todo o processo produtivo se fazia em ou- cos, com a tecnologia gerada pela globalização, propor-
tros países e apenas a montagem dos produtos era fei- cionou o avanço de estudos no ramo da biologia e, por
ta nacionalmente. O objetivo das empresas era driblar conseguinte, da biotecnologia. Devido à necessidade de
os impostos alfandegários e diminuir os custos com a aumentar a demanda de alimentos, de “melhorá-los”
produção, uma vez que a mão de ora em países subde- para o consumo e de reduzir a manifestação de pragas
senvolvidos (como é o caso do Brasil) costuma ser mais que acarretam na perda de alimentos (e consequente-
barata do que em países desenvolvidos. mente de lucro), muitas empresas passaram a aumentar
Desta forma, o que podemos observar com a Globa- a utilização de agrotóxicos nas plantações e investir na
lização no Brasil foi a construção de uma contradição: na produção de alimentos geneticamente modificados. Am-
qual, de um lado, o aumento de emprego e da produção bas “tecnologias” utilizadas por agricultores podem ser
e venda de maior número de aparelhos tecnológicos. Po- lesivas ao ambiente e a nós, pois como consumidores,
rém, por outro lado, o aumento da precarização do tra- podemos estar ingerindo alimentos que possuem uma
balho e da concentração de renda, sobretudo nos anos quantidade prejudicial de agrotóxicos e podemos estar
de 1990 e início dos anos 2000. consumindo alimentos geneticamente modificados sem
Seguindo essa lógica, o fomento da Globalização, saber que proporção isso tomará futuramente no nosso
vem gerando uma situação bastante controvérsia no ter- organismo.
ritório nacional, pois estamos integrados no eixo dos paí-  Processo de desmatamento e queimadas, gera
ses subdesenvolvidos, porém, o país também aplica a ex- uma necessidade da utilização de grandes extensões de
pansão sob outros países que se enquadram na mesma terra (por empresários para cultivo do gado, para implan-
situação brasileira, buscando estabelecer linhas de pro- tação de indústrias, e para o crescimento das cidades)
dução fora do seu país, afim de obter um produto mais tem aumentado a queimada e derrubada de florestas, e
barato para competir nesse mercado em Escala Global. acabam prejudicando o solo e agravando a poluição at-
mosférica. Esses desmatamentos e queimadas aniquilam
Os problemas mundiais ambientais na atualidade: diversas comunidades de espécies variadas, podendo
clima, energia, poluição, entre outros  causar extinções, e promovem a erosão e empobreci-
Quando analisamos as questões ambientais, no cená- mento do solo.
rio da conjuntura atual, nos permite inferir que o proces-  Poluição ambiental, a poluição do meio ambien-
so de globalização e suas consequências irão perdurar te se dá de diversas formas, desde uma criança que joga
por muito tempo, já que esse acontecimento promoveu uma “simples” embalagem de bombom na rua até gran-
muitos benefícios para a economia mundial. des indústrias que produzem quantidades exacerbadas
Deste modo, podemos saber que o meio ambiente e de gases poluentes e, muitas vezes, tóxicos. Todo o lixo
tudo que o envolve têm sido e será continuamente afe- gerado raramente é reciclado ou destinado a locais ade-
tado pela globalização, pois os impactos que ela gera no quados, isso acaba causando o entupimento de esgotos
ambiente são gigantescos e advém, principalmente, dos e dificulta a passagem de água durante a chuva, o que
hábitos de consumo e sistemas produtivos das popula- acarreta alagamentos e consequentemente doenças.
ções.  A biopirataria, no contexto da globalização, con-
Assim, uma das principais problemáticas que agra- siste no fato da exploração e patenteamento dos nossos
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

vam os efeitos desse processo, é a existência de uma recursos ambientais e também de conhecimento. Muitas
legislação ambiental ainda deficiente, limitada e pouco empresas visam a utilização do nosso patrimônio gené-
rígida em muitos países. Isso, somado ao fato de que a tico, desejando se beneficiar de toda a biodiversidade
maioria das corporações passa por cima das leis, faz com (fauna, flora) e cultura brasileira, com fins, principalmen-
que o ambiente acabe sofrendo as consequências. te, lucrativos. Isso porque várias espécies da nossa flo-
Porém, infelizmente, pouquíssimas empresas se im- ra são muito utilizadas para a fabricação de remédios e
portam com a conservação ambiental e atuam sob as perfumes, por exemplo. A fauna brasileira é muito rica
diretrizes de um desenvolvimento sustentável. A grande e bela, e por isso a exportação de animais é muito vi-
maioria polui, desmata (e mata), queima, e acaba desen- sada, entretanto muitas dessas exportações são ilegais

30
e acabam machucando, estressando e às vezes causam presa produtiva que gere emprego é muito mais barato e
a morte da maioria dos animais (sem falar dos animais gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.
que são mortos somente para usar a pele, couro, chifres, LESSA, C.
etc.). Toda essa biopirataria causa um profundo impacto
na natureza, e deve ser constantemente evitada e fisca- Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em
lizada. relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece por-
 Processo de êxodo rural, pois com a substituição que os autores associam a reforma agrária, respectiva-
dos trabalhadores rurais por máquinas, eles passaram a mente, à
ocupar as cidades sem planejamento adequado, o que
causa desmatamento para construção das casas, e con- a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio
sequente assoreamento de rios e erosão do solo. camponês.
 O efeito estufa, causado pelo aquecimento glo- b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao merca-
bal é um fenômeno natural, porém, vem sendo intensifi- do externo.
cado após a globalização, devido a constante queima de c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao
combustíveis fósseis e consequente emissão de poluen- êxodo rural.
tes, como o gás carbônico. d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao
 Processo de rarefação da Camada de Ozônio. crescimento econômico.
Esse é um fenômeno que também é natural em alguns e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao
períodos do ano, quando a camada de ozônio se tor- agronegócio.
na mais fina devido algumas reações químicas, mas que
torna à sua configuração original depois de um tempo. Resposta da questão 1: [E]
Entretanto, as atividades diárias do homem têm acelera- [A] INCORRETO – O texto I não faz menção ao êxodo
do esse processo pela liberação de algumas substâncias rural embora o II estabeleça uma crítica ao minifúndio.
que destroem essa camada (as substâncias mais conhe- [B] INCORRETO – A ampliação da renda poderia ser
cidas são os clorofluorcarbonetos ou CFCs, existentes em consequência e não causa da posição adotada pelo
refrigeradores, aerossóis, etc.). Essas substancias entram texto I, e o texto II não menciona o mercado externo.
em contato com o ozônio (O3) e formam moléculas de [C] INCORRETO – A modernização agrícola não é abor-
oxigênio (O2), acarretando no “desgaste” da camada de dada como causa da concentração fundiária no texto I,
ozônio. ao passo que o texto II não faz menção ao êxodo rural.
[D] INCORRETO – A privatização das estatais não é in-
dicada como causa no texto I, e o texto II afirma que o
FIQUE ATENTO! crescimento econômico só ocorreria caso não houves-
O processo de avanço no mundo global e a se a reforma agrária.
ampliação das práticas capitalistas, estão ge- [E] CORRETO – O enfoque do texto I remete à questão
rando um grande conflito entre os interesses da redistribuição da terra cuja concentração tem ori-
econômicos, e as suas realizações com a na- gens históricas, ao passo que o texto II faz uma crítica
tureza, desta forma, a natureza sempre acaba velada ao processo da redistribuição da terra, suge-
saindo perdendo a disputa. rindo como alternativa a absorção da mão de obra
direcionando-a para o setor produtivo.

2. A difusão do termo globalização ocorreu por meio da


imprensa financeira internacional, em meados da década
de 1980. Depois disso, muitos intelectuais dedicaram-se
EXERCÍCIOS COMENTADOS ao tema, associando-o à difusão de novas tecnologias na
área da comunicação, como satélites artificiais, redes de
1. Texto I fibra óptica que interligam pessoas por meio de compu-
A nossa luta é pela democratização da propriedade tadores, entre outras, que permitiram acelerar a circula-
da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca ção de informações e de fluxos financeiros.
de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. RIBEIRO, W. C. Globalização e geografia em Milton
Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios Santos. Scripta Nova: Revista Electrónica de Geografía e
improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem Ciencias Sociales, n. 124, 2002.
a função social, como determina a Constituição de 1988.
Também ocupamos as fazendas que têm origem na gri- No mundo atual, as novas tecnologias abordadas no tex-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

lagem de terras públicas. to proporcionaram a


Disponível em: www.mst.org.br
a) garantia do acesso digital.
Texto II b) substituição da mídia formal.
O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno c) padronização da cultura dos povos.
proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil d) transparência dos fatos transmitidos.
de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são e) velocidade de propagação das notícias.
difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas
e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma em- Resposta da questão 2: [E]

31
A alternativa [E] está correta porque as novas tecno- A questão das condições de vida e morte no sertão nor-
logias na área de comunicação são requisito para as destino se impõe como característica estrutural (e his-
notícias em tempos reais. As alternativas incorretas tórica) da geografia nesta parte do território brasileiro.
são: [A], porque a tecnologia não garante inclusão; [B], Explicá-la tornou-se uma tarefa que vai além do entendi-
porque a despeito das novas tecnologias, a mídia for- mento de questões naturais.
mal ainda sem mantém na forma de jornais impressos
e televisivos; [C], porque a despeito da globalização, Sendo assim, analise as afirmações que seguem, identifi-
as particularidades dos povos se mantêm; [D], porque cando a única verdadeira:
a velocidade da informação não garante transparência
dos fatos. a) A escassez de chuvas, o ecossistema frágil e os solos
pedregosos dificultam a ocupação e justificam satis-
3. O mundo da globalização é um mundo onde meta- fatoriamente os baixos indicadores socioeconômicos
de da riqueza mundial é produzida sobre 1% das terras da região.
emersas. Uma das bases do processo de globalização é b) Ainda que as condições naturais do sertão apresen-
a doutrina econômica do neoliberalismo que apresenta, tem adversidades para o desenvolvimento agrícola, é
entre outras propostas, a ocupação humana muito recente que explica os gra-
ves problemas de adaptação.
a) a implementação de políticas protecionistas para man- c) A oscilação climática adversa nas precipitações é bas-
ter as empresas privadas nacionais e as estatais. tante agravada pela má distribuição de terras e águas
b) o fechamento das fronteiras nacionais para garantir relacionada à presença de latifúndios, à exclusão so-
elevados saldos da balança comercial. cial e ao baixo investimento em infraestrutura.
c) o incentivo à presença do Estado em setores estra- d) Sabe-se que o isolamento demográfico da população
tégicos da economia, como a indústria naval e aero sertaneja durante o período colonial, e a forte emigra-
náutica. ção de mulheres e idosos colaboraram para os eleva-
d) a implantação de limites à privatização e à fusão de dos índices de mortalidade infantil.
empresas, comuns no final do século XX. e) O quadro socioeconômico encontrado no sertão é re-
e) a desregulamentação do mercado de trabalho que sultado de uma combinação de fatores históricos re-
permite reduzir os custos das empresas. centes no Brasil, como a corrupção, com problemas
ambientais relacionados a mudanças climáticas.
Resposta da questão 3: [E]
Resposta da questão 4: [C]
A alternativa [E] está correta porque a doutrina neo-
A pobreza social no nordeste é fruto de um comple-
liberal defende a política do Estado Mínimo, donde,
xo de fatores como a herança histórica da estrutura
dentre suas características, destaca-se a desregu-
latifundiária e da “indústria da seca”. Estão incorretas
lamentação do mercado de trabalho a exemplo da
as alternativas: [A], porque fatores naturais não são
terceirização, reduzindo os custos empregatícios das
determinantes econômicos; [B], porque o nordeste
empresas e, dessa forma, elevando seus lucros. As foi a primeira área ocupada no período colonial; [D],
alternativas incorretas são: [A] e [B], porque o neoli- porque não ocorreu isolamento do sertanejo, a emi-
beralismo prega o fim do protecionismo e a abertura gração foi maior entre os homens e tais situações não
dos mercados; [C], porque o neoliberalismo defende o estão relacionadas à mortalidade infantil; [E], porque a
Estado Mínimo; [D], porque o neoliberalismo defende corrupção não é uma situação recente e a seca não é
as privatizações e a livre concorrência levando ao au- resultante de mudanças climáticas.
mento de fusões e oligopólios.
5. Considere as seguintes afirmações sobre os problemas
4. Observe a charge ambientais dos oceanos.

I. As grandes extensões dos oceanos reduzem a con-


centração dos poluentes, oriundos de atividades huma-
nas, não oferecendo riscos significativos à fauna marinha.
II. A pesca predatória em escala industrial retira do
mar milhares de toneladas de peixes sem nenhum con-
trole quanto à seleção das espécies e à época de repro-
dução, podendo levar cardumes inteiros ao desapareci-
mento.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

III. O vazamento de petróleo pode ocorrer em navios


petroleiros, nas plataformas de extração e nos oleodutos
de distribuição, causando danos enormes ao ecossistema
marinho.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.

32
c) Apenas III. e) As atividades mercantis africanas dependiam do trân-
d) Apenas II e III. sito de mercadorias de luxo vindas da Ásia, dado que
e) I, II e III. o continente africano não produzia esse tipo de mer-
cadoria.
Resposta da questão 5: [D]
[I] INCORRETA Os poluentes afetam o equilíbrio da Resposta da questão 7: [B]
fauna marinha e da qualidade da água, independen- Parte das rotas comerciais africanas se ampliou devido
te de sua diluição, seja em razão de sua composição aos comerciantes muçulmanos e, assim, a África inte-
química, ou em razão da presença de dejetos sólidos. grou-se à expansão comercial que ocorreu no mundo
[II] CORRETA. A ausência de regulação e fiscalização entre os séculos XV e XVI.
resulta na pesca predatória, cujos efeitos são mencio-
nados corretamente na afirmativa.
[III] CORRETA. A indústria petroquímica oferece gran-
de risco de contaminação dos oceanos em todas suas
fases de extração, processamento e transporte.

6. Entre as décadas de 1940 e 1960, as lutas por reformas


sociais fizeram parte dos movimentos políticos na Amé-
rica Latina e tiveram como umas das questões centrais o
problema do latifúndio. No Brasil, uma das reivindicações
dos movimentos sociais ligados a trabalhadores rurais foi
inserida nas propostas de reformas de base do governo
João Goulart (1961-1964) e correspondia

a) à extensão do direito de voto aos analfabetos.


b) à reforma urbana.
c) à reforma fiscal.
d) à reforma agrária.
e) à reforma tributária.

Resposta da questão 6: [D]


Somente a proposição [D] está correta. Desde que
Vargas criou as leis trabalhistas na década de 1930
contemplando apenas os trabalhadores urbanos, os
trabalhadores rurais começaram a se organizar atra-
vés das Ligas Camponesas exigindo a extensão das
leis trabalhistas para os homens do campo bem como
a implantação da reforma agrária. No governo do
presidente João Goulart, 1961-1964, foi elaborado o
projeto denominado “Reformas de Base” que incluía
a reforma agrária. Vale dizer, que Jango foi deposto
pelos militares em 31 de março de 1964.

7. A partir do século XV, com o périplo africano, a explo-


ração do litoral da África permitiu que os portugueses es-
tabelecessem feitorias e intensificassem suas atividades
mercantis. A respeito das atividades comerciais que se
desenvolviam no continente africano a partir do século
XV, assinale a afirmação correta.

a) As rotas internas da África só se articularam ao circuito


mercantil do Mediterrâneo com a expansão marítima
e com a transposição do Cabo das Tormentas.
b) As rotas saarianas haviam sido intensificadas com a
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

expansão islâmica e articularam-se ao processo de ex-


pansão comercial que envolveu também as rotas asiá-
ticas de especiarias.
c) As rotas africanas do Saara foram interrompidas com
o périplo português, que ampliou e acelerou o escoa-
mento dos produtos do interior do continente.
d) O comércio interno do continente africano baseava-se
no tráfico de escravos e no escravismo, sistema de ex-
ploração e venda de seres humanos, criado na África.

33
RELAÇÕES DE TRABALHO EM DIFERENTES MOMENTOS DA HISTÓRIA DE POVOS DO MUN-
DO E DO BRASIL: ESCRAVIDÃO ANTIGA: GRÉCIA E ROMA; SERVIDÃO E CORPORAÇÕES DE
OFÍCIOS NA SOCIEDADE MEDIEVAL EUROPEIA; AS RELAÇÕES DE TRABALHO NO CAPITA-
LISMO; O TRABALHO E A RESISTÊNCIA INDÍGENA NA SOCIEDADE COLONIAL BRASILEIRA
E LATINO AMERICANA; O TRABALHO ESCRAVIZADO DO AFRICANO NO BRASIL, LUTAS,
RESISTÊNCIAS E ABOLICIONISMO; TRÁFICO E FORMAÇÃO DO ESCRAVISMO DA ÉPOCA
MODERNA; O TRABALHO NEGRO PÓS-EMANCIPAÇÃO; ORGANIZAÇÃO DE TRABALHADO-
RES RURAIS E URBANOS BRASILEIROS E LATINO AMERICANOS ATRAVÉS DOS TEMPOS:
LIGAS, SINDICATOS, ORGANIZAÇÕES PATRONAIS E SUAS LUTAS POR MELHORES CONDI-
ÇÕES DE VIDA E TRABALHO; FORMAS DE EXPLORAÇÃO DO TRABALHO NO MUNDO GLO-
BALIZADO; GREVES, LUTAS DE CLASSE E EMBATES CULTURAIS NO MUNDO INDUSTRIAL E
GLOBALIZADO. 

Relações de trabalho em diferentes momentos da História de povos do Mundo e do Brasil: escravidão antiga:
Grécia e Roma
Quando analisamos a escravidão, precisamos compreender que a escravidão é um tipo de relação de trabalho que
existia há muito tempo na história da humanidade. Já na Antiguidade, o código de Hamurábi, conjunto de leis escritas
da civilização babilônica, apresentava itens discutindo a relação entre os escravos e seus senhores. Não se restringindo
aos babilônios, a escravidão também foi utilizada entre os egípcios, assírios, hebreus, gregos e romanos. Dessa forma,
podemos perceber que se trata de um fenômeno histórico extenso e diverso. 
Sendo assim, em Atenas, boa parte dos escravos era proveniente de regiões da Ásia Menor e Trácia. Em geral, eram
obtidos por meio da realização de guerras contra diversos povos de origem estrangeira. Os traficantes realizavam a
compra dos inimigos capturados e logo tratavam de oferecê-los em algum lucrativo ponto comercial. Mesmo ocupan-
do uma posição social desprivilegiada, os escravos tinham diferentes posições dentro da sociedade ateniense. 
Com isso, alguns escravos eram utilizados para formar as forças policiais da cidade de Atenas. Outros eram usual-
mente empregados em atividades artesanais e, por conta de suas habilidades técnicas, tinham uma posição social de
destaque. Em certos casos, um escravo poderia ter uma fonte de renda própria e um dia poderia vir a comprar a sua
própria liberdade. Em geral, os escravos que trabalhavam nos campos e nas minas tinham condições de vida piores se
comparadas às dos escravos urbanos e domésticos.

FIQUE ATENTO!
Na Grécia Antiga uma pessoa tornava-se escrava de diversas formas. A mais comum era através da cap-
tura em guerras. Várias cidades gregas transformavam o prisioneiro em escravo.

Desta forma, a escravidão ateniense não era marcada por nenhuma espécie de distinção com relação aos postos
de trabalho a serem ocupados. O uso de escravos tinha até mesmo uma grande importância social ao conceder mais
tempo para que os homens livres tivessem tempo para participar das assembleias, dos debates políticos, filosofar e
produzir obras de arte. Conforme algumas pesquisas, a classe de escravos em Atenas chegou a compor cerca de um
terço da população no Período Clássico. 
Entretanto, no caso da cidade-Estado de Esparta, a escravidão tinha uma organização distinta. Os escravos, ali cha-
mados de hilotas, eram conseguidos por meio das vitórias militares empreendidas pelas tropas espartanas. Não dando
grande importância às práticas comerciais, por causa de sua cultura xenófoba, a escravidão não articulava um comércio
de seres humanos no interior desta sociedade. Os escravos eram de propriedade do Estado e ninguém poderia ser
considerado proprietário de um determinado escravo. 
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

#FicaDica
No caso da cidade-Estado de Esparta, a escravidão  tinha uma organização distinta. Os  escravos, ali
chamados de hilotas, eram conseguidos por meio das vitórias militares empreendidas pelas tropas espar-
tanas, e eram muito usados no ritual de passagem para o adolescente se tornar um guerreiro.

Assim sendo, o Império Romano foi uma das sociedades antigas onde a utilização da mão-de-obra escrava teve sua
mais significativa importância. Em geral, os escravos trabalhavam nas propriedades dos patrícios, grupo social romano
que detinha o controle da maior parte das terras cultiváveis do império. Assim como em Atenas, o escravo romano tam-

34
bém poderia exercer diferentes funções ou adquirir a sua pelos senhores de engenho, adotar a língua portugue-
própria liberdade. A única restrição jurídica contra um sa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e
ex-escravo impedia-o de exercer qualquer cargo público.  restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Es-
condidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas,
Escravidão na Roma Antiga. A escravidão na Roma mantiveram suas representações artísticas e até desen-
Antiga implicava uma quase absoluta redução nos direi- volveram uma forma de luta: a capoeira.
tos daqueles que ostentavam essa condição, convertidos
em simples propriedades dos seus donos. Com o passar
do tempo, osdireitos dos escravos aumentaram. FIQUE ATENTO!
Os primeiros escravos  africanos chegaram
Ademais, no primeiro século as relações entre o es- ao Brasil em meados do século XVI, os ne-
cravo e o seu senhor começaram a sofrer algumas alte- gros trazidos da África foram destinados a
rações impostas pelo governo romano. Uma das obri- trabalhos como a agro manufatura açucarei-
gações essenciais do senhor consistia em dar uma boa ra no Nordeste e à extração de metais pre-
alimentação ao seu escravo e mantê-lo bem vestido. No ciosos em Minas Gerais.
século I, os senhores foram proibidos de castigar seus
escravos até a morte e, caso o fizessem, poderiam ser
julgados por assassinato. Além disso, um senhor poderia Portanto, as mulheres negras também sofreram muito
dar parte de suas terras a um escravo ou libertá-lo sem com a escravidão, embora os senhores de engenho uti-
nenhuma prévia indenização.  lizassem esta mão de obra, principalmente, para traba-
Outrossim, essas medidas em favor dos escravos po- lhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo
dem ser vistas como uma consequência imediata a uma amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.
rebelião de escravos, liderada por Spartacus, que aconte- Com isso, no Século do Ouro (XVIII) alguns escravos
ceu em Roma no ano em 70 d. C.. Nos séculos posterio- conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a
res, as invasões bárbaras e a redução dos postos militares carta de alforria. Juntando alguns “trocados” durante
fizeram com que o escravismo perdesse sua força dentro toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as pou-
da sociedade romana. Com a ascensão da sociedade feu- cas oportunidades e o preconceito da sociedade acaba-
dal, a escravidão perdeu sua predominância dando lugar vam fechando as portas para estas pessoas.
para as relações servis. Desta forma, o negro também reagiu à escravidão,
Já quando pensamos na escravidão no Brasil, preci- buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas
samos entender que a escravidão teve início com a pro- fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando
dução de açúcar na primeira metade do século XVI. Os nas florestas os famosos quilombos. Estes eram comuni-
portugueses traziam mulheres e homens negros africa- dades bem organizadas, onde os integrantes viviam em
nos de suas colônias na África para utilizar como mão liberdade, através de uma organização comunitária aos
de obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam
Os comerciantes de escravos portugueses vendiam estes praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais
negros africanos como se fossem mercadorias aqui no religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares,
Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro da- comandado por Zumbi.
queles mais fracos ou velhos.
Destarte, o transporte era feito da África para o Bra-
sil nos porões dos navios negreiros (também conhecidos #FicaDica
como tumbeiros). Amontoados, em condições desuma-
nas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo Os escravos  viviam em senzalas, galpões
que os corpos eram lançados ao mar. escuros, sujos e úmidos e ficavam acorren-
tados para evitar a fuga. Eram castigados
Os comerciantes de escravos portugueses vendiam e apanhavam constantemente, na maioria
estes negros africanos como se fossem mercadorias aqui das vezes com açoite (um tipo de chicote),
no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o do- para se sentirem intimidados, e garantir o
bro daqueles mais fracos ou velhos.  trabalho e a obediência aos seus senhores.

Sendo assim, nas fazendas de açúcar ou nas minas de


ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados Servidão e corporações de ofícios na sociedade
da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), medieval europeia
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação Quando pensamos em Corporações de ofício, elas fo-
de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas ram as associações que surgiram na Idade Média para
(galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorren- regulamentar as diversas atividades. Durante a Idade
tados (para evitar fugas). Eram constantemente castiga- Média, a partir do século XII, os artífices de diversas ativi-
dos fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais dades começaram a se reunir em organizações que trata-
comum no Brasil Colônia. vam do conhecimento de determinadas atividades. Não
Ademais, eram proibidos de praticar sua religião de se conhece muito bem a origem de tais organizações,
origem africana ou de realizar suas festas e rituais afri- mas suas atividades eram bem claras em prol do conhe-
canos. Tinham que seguir a religião católica, imposta cimento dos respectivos trabalhos.

35
Com isso, as Corporações eram chamadas essas as- as vezes mais, de nossas vidas a uma determinada ativi-
sociações, agrupavam indivíduos com fins religiosos, dade, com o fim último de obtermos o salário ao fim do
econômicos ou político-sociais. Quando as organizações mês. A resposta pode parecer óbvia: para nos sustentar.
eram de cunho religioso, ocorria o culto dos profissionais Mas a história nos mostra que a associação entre traba-
envolvidos ao santo considerado patrono, pregando ain- lho e salário é relativamente recente, tendo se configura-
da a caridade entre seus membros. Associações de fins do no cenário da revolução industrial.
econômicos procuravam garantir o monopólio  de de- Sendo assim, Marx  é um dos maiores teóricos que
terminadas atividades. E as organizações político-sociais trabalhou com os problemas e as questões relacionadas
reunia a plebe artesã para fazer frente aos mercadores às relações do trabalho, do capital e do trabalhador. Para
detentores de poder. Marx, existe uma diferença histórica nas relações de pro-
Desta forma, essas associações corriam em cidades dução capitalistas e nas relações de produção pré-capi-
que apresentavam mais de 10 mil habitantes e reuniam talistas, sendo que a primeira se caracteriza pela impes-
indivíduos que desempenhavam as mesmas atividades soalidade  do trabalhador com o que produz, enquanto
na sociedade. Elas estabeleciam os preços dos produtos que na segunda o produto do trabalho estava intima-
gerados por pessoas que exerciam um mesmo ofício, mente associado ao trabalhador. Essa diferença, segun-
além de qualidade, quantidade e margem de lucro. Mas do Marx, é a que rege as relações de trabalho dentro de
havia algumas variações. Somente artigos de primeira uma sociedade capitalista, na qual o trabalhador que não
necessidade, como era o caso de pão, vinho, cerveja e dispõem dos meios de produção para produzir o que ne-
cereais, que tinham seus preços regulamentados pelas cessita para sobreviver passa a vender a única “mercado-
Corporações de Ofício. Produtos como ferro e carvão ti- ria” que tem: sua força de trabalho.
nham liberdade para determinação do preço.
No capitalismo, definem-se as relações assalaria-
das de produção; há a nítida separação entre os de-
FIQUE ATENTO! tentores dos meios de produção (capital) e os que só
possuem o trabalho. O capitalismo também se carac-
As  Corporações de Ofício  eram ambientes
teriza por: produção para o mercado, trocas monetárias,
também de aprendizado do ofício e de esta-
organização empresarial e espírito de lucro.
belecimento de uma hierarquia do trabalho.
A própria organização interna das Corpora-
Desta forma, como conceito,  o trabalho é defini-
ções de Ofício era baseada em uma rígida
do  como atividade humana em que os indivíduos têm
hierarquia, composta por  Mestres,  Oficiais
como objetivo, por meio de sua força de trabalho, pro-
e Aprendizes.
duzir uma forma de manutenção de sua subsistência.
Embora essa não seja a única definição de trabalho, e
Quando alguém pleiteava fazer parte de uma Cor- esse não se resuma apenas na obtenção do sustento do
poração de Ofício, obrigatoriamente sua entrada ocorria trabalhador, uma vez que o trabalho doméstico que rea-
na categoria de Aprendiz. Este não recebia salário por lizamos diariamente, sem que ganhemos nenhuma re-
suas atividades e estava lá para aprender. Moravam com muneração, é ainda uma forma de trabalho, nosso objeto
seus mestres e muitas vezes casavam com suas filhas. O em questão é o trabalho assalariado.
aprendizado poderia durar até doze anos e só depois Assim sendo, esse trabalho assalariado da sociedade
que o Aprendiz atingia a condição de Oficial. pós-revolução industrial se diferencia do trabalho em so-
Os Oficiais passavam um tempo exercendo o que foi ciedades pré-capitalistas na relação do trabalhador com
aprendido. Para chegar à condição de Mestre era preciso o seu trabalho, ou do fruto do seu trabalho. Enquanto o
passar por uma prova e pagar uma taxa. O rigor podia servo de um senhor feudal trabalhava a terra de forma a
variar nas regiões, mas ao chegar mais perto do fim da produzir diretamente o seu sustento, cedendo parte da
Idade Média apresentava-se cada vez mais difícil con- produção ao senhor como forma de tributo, o trabalha-
quistar o posto de Mestre. Os membros mais ricos passa- dor assalariado trabalha em função de uma moeda, para
ram a ter um domínio sobre as corporações e a ascensão só então poder ter contato com seu sustento. Marx afir-
acabou ficando restrita praticamente aos familiares. ma que essa “coisificação” da força de trabalho – a trans-
Já os Mestres eram os donos das oficinas, das fer- formação do trabalho em um objeto que passa a ter valor
ramentas, das matérias-primas e do conhecimento. A monetário agregado – é o que possibilita a exploração,
posição de Mestre era muito gratificante socialmente e ou a alienação, do trabalhador e de sua força de trabalho
economicamente e por isso tão almejada. pelo capitalista detentor dos meios de produção.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Nas atividades das Corporações de Ofício não Capitalismo é um sistema econômico e uma ideolo-
ocorria a sobreposição de ofícios. Cada organização gia baseada na propriedade privada dos meios de pro-
cuidava e desenvolvia apenas suas atividades típicas. dução e sua operação com fins lucrativos.

As relações de trabalho no capitalismo Portanto, foi apenas com os adventos da  revolução
Quando pensamos em relações de trabalho no mun- industrial  europeia que a ideia do trabalho coisificado
do capitalista, precisamos definir o que é trabalho, é pre- de Karl Marx passou a existir. Os processos de  cerca-
ciso antes compreendermos por que trabalhamos e as mento – a compra das terras férteis pelos que possuíam
razões pelas quais justificamos a dedicação de 8 horas, maior poder econômico – forçaram a saída dos trabalha-

36
dores rurais dos  campos, que passaram a se amontoar A primeira “relação de trabalho” entre portugue-
nas áreas urbanas. Sem a terra para poder produzir seu ses e índios brasileiros foi o escambo. Os portugueses
sustento, ao trabalhador rural restaria apenas a venda de ofereciam objetos (espelhos, apitos, cordas, facas e
sua força de trabalho ao detentor dos “direitos da terra”. etc.) aos índios em troca do trabalho no corte e trans-
Este, pagaria o trabalhador uma quantia monetária que porte de pau-brasil.
julgava ser equivalente ao que era produzido, sendo  
apenas o necessário para que o indivíduo permanecesse Desta forma, com o estabelecimento dos engenhos
vivo. Estava então estabelecido o trabalho assalariado, o de açúcar no nordeste do Brasil, os colonos precisavam
único meio de subsistência do novo trabalhador urbano. de grande quantidade de mão de obra. Muitos senhores
de engenho recorreram a escravização de índios. Organi-
zavam expedições que invadiam as tribos de forma vio-
#FicaDica lenta, inclusive com armas de fogo, para sequestrarem
os indígenas jovens e fortes para levarem até o engenho. 
O conceito de trabalho é geralmente en- Ademais, a mão de obra escrava indígena foi muito
tendido como a atividade humana realiza- utilizada na segunda metade do século XVII, principal-
da com o objetivo de produzir uma forma mente no Maranhão. Os índios foram usados em pe-
de obtenção de subsistência. Otrabalho é quenas lavouras e também na exploração das “drogas
definido por  Karl Marx como a atividade do sertão”. A falta e o alto custo dos escravos africanos
sobre a qual o ser humano emprega sua fizeram com que os colonos optassem pelos índios. O
força para produzir os meios para o seu uso dos nativos como escravos teve forte oposição dos
sustento. jesuítas, que entraram em conflito com os colonos da re-
gião. Foi somente em 1682, com a criação da Companhia
Geral de Comércio do Estado do Maranhão, que a mão
Temos que notar, no entanto, que as relações de tra- de obra indígena começou a deixar de ser usada, sendo
balho em nossa modernidade se modificaram muito. De substituída pelos escravos africanos.
forma que são tão diferentes que não existiam na rea-
lidade social observada por Marx. Pelo menos não em
Houve até um mercado de negócios com escravos
escala  suficientemente notável.  As prestações de  servi-
indígenas. Comerciantes organizavam expedições de
ços que não envolvem nenhuma forma de compra ou de
captura indígena para lucrar com a venda destes es-
venda de bens materiais, são uma das novas formas de
cravos aos senhores de engenho.
relação de trabalho. O prestador de serviço não neces-
sariamente está ligado ou depende de meios de produ-
Nesse contexto, era muito comum a guerra entre tri-
ção, de forma que uma faxineira vende a ação de limpar
bos indígenas. Os portugueses aproveitaram esta riva-
para a conveniência daquele que compra seu serviço. As
prestações de serviço são hoje a maioria esmagadora de lidade, faziam alianças com determinadas tribos e, em
forma de trabalho e de movimento de capital, enquan- troca de apoio militar, recebiam índios adversários cap-
to que o trabalho de produção industrial, que necessita turados como recompensa. Desde o início a escravidão
de trabalhadores humanos em linhas de produção, está indígena não deu certo pelos seguintes motivos:
em constante declínio. Declínio esse que se relaciona aos  
avanços tecnológicos e à automação das linhas de pro-  Os índios não aguentavam o trabalho forçado e
dução, que diminuem a necessidade de força de trabalho intenso nos engenhos;
humana, diminuindo o custo de produção de bens mate-  Muitos indígenas resistiam ao trabalho forçado,
riais e aumentando lucros. não trabalhando (mesmo recebendo punições físicas) ou
tentando a todo custo fugir para a mata;
O trabalho é a atividade por meio da qual o ser hu-  Havia forte oposição ao trabalho escravo indí-
mano produz sua própria existência. Essa afirmação con- gena por parte dos jesuítas portugueses que vieram para
diz com a definição dada por Karl Marx quanto ao que o Brasil catequizarem os indígenas no período colonial;
seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exis-  Com o aumento do lucrativo tráfico de escravos
ta em função do trabalho, mas é por meio dele que africanos, a própria coroa portuguesa começou a se opor
produz os meios para manter-se vivo. à escravização indígena no final do século XVI;
 Muitos indígenas morreriam de doenças trazi-
O trabalho e a resistência indígena na sociedade das pelos colonos portugueses como, por exemplo, sa-
colonial brasileira e latino americana rampo, varíola e gripe.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

O processo de colonização do Brasil, se dá pela ocu-


pação dO litoral brasileiro, que era repleto de tribos A partir do final do século XVI houve uma forte redu-
indígenas no começo do século XVI, época em que os ção da escravidão indígena. Isso ocorreu, principalmente,
portugueses chegaram ao Brasil. Como o objetivo prin- em função das dificuldades apontadas acima e também
cipal dos colonos era a obtenção de lucro na nova terra do aumento da escravidão negra africana. Esta segun-
conquistada, a opção pela escravidão indígena foi quase da era bem mais lucrativa aos comerciantes e também a
que imediata. Com isso, o auge da escravidão indígena cora portuguesa. Não houve também, como ocorre com
no Brasil foi no período inicial da colonização, entre os a indígena, uma forte oposição dos jesuítas ao trabalho
anos de 1540 e 1580. escravo africano no Brasil.

37
  as porções de comida para reduzir as possibilidades de
#FicaDica revoltas, que aconteciam, geralmente, quando o navio
estava próximo da costa.
Oficialmente, a escravidão indígena só foi Portanto, as revoltas dos africanos nos navios negrei-
proibida em 1757, através de um decreto ros eram tão comuns que os traficantes tinham na tripu-
do Marques de Pombal. lação do navio intérpretes que falavam os idiomas dos
africanos e poderiam alertar em caso de possibilidade
de revolta dos aprisionados. As revoltas, porém, não se
O trabalho escravizado do africano no Brasil, lutas, resumiam apenas aos navios negreiros. Aqui no Brasil,
resistências e abolicionismo inúmeras revoltas aconteceram.
A resistência dos escravos foi uma resposta à escravi-
dão que foi uma instituição presente na história do Brasil Os historiadores costumam apontar que os escra-
ao longo de mais de 300 anos. A sociedade brasileira foi vos africanos eram mais combativos que os escravos
construída pela utilização dos trabalhadores escravos, in- crioulos (nascidos no Brasil), porque muitos dos afri-
dígenas ou africanos. Com isso, a escravidão no Brasil foi canos vinham de povos que tinham um grande his-
uma instituição vil e cruel que explorava brutalmente o tórico recente de envolvimento com o combate e a
trabalho de indígenas e africanos. guerra. Esse foi o caso de nagôs e haussás. Apesar
Sendo assim, no caso dos africanos, a escravidão os disso, os escravos crioulos também se rebelavam e,
removeu de sua terra nativa e os enviou a milhares de ao longo de nossa história, existem inúmeros exem-
quilômetros de distância para uma terra distante, com plos disso.
idioma, religião e culturas diferentes das deles. Foi nesse
contexto que milhões de africanos foram sequestrados e Tráfico e formação do escravismo da época Mo-
transportados em péssimas condições para serem escra- derna
vizados no Brasil. Foi durante a Idade Moderna, primordialmente de-
Desta forma, os africanos foram utilizados em traba- pois que se descobriu a América, intensificou-se o co-
lho domésticos e urbanos, mas, sobretudo, foram utili- mércio escravo, sem qualquer limite quanto à crueldade
zados na lavoura, principalmente, no cultivo da cana de praticada, visava-se somente o lucro que se obteria com
açúcar e também nas minas, quando foram descobertos a venda de homens, mulheres e crianças vindas direto da
metais e pedras preciosas em Minas Gerais, Cuiabá e África para as Américas.
Goiás.
Ademais, engana-se, porém, quem acredita que os É chamado de Tráfico negreiro o envio arbitrário de
africanos foram escravizados passivamente, pois, apesar negros africanos na condição de escravos para as Amé-
da falta de registro, os historiadores sabem que inúmeras ricas e outras colônias de países europeus durante o pe-
formas de resistência dos escravos foram desenvolvidas. ríodo caracterizado como colonialista.
Outrossim, a resistência à escravidão por meio das re-
voltas, conforme pontua o historiador João José Reis, não A escravidão ocorre desde a origem de nossa histó-
visava, exclusivamente, a acabar com o regime de escra- ria, quando os povos que eram derrotados em combates
vidão, mas, dentro do cotidiano dos escravos, poderia ser entre exércitos ou armadas eram aprisionados e transfor-
utilizada como instrumentos de barganha. mados em escravos por seus dominadores. O povo he-
Sendo assim, essas revoltas dos escravos buscavam, breu é um exemplo disso, foram comercializados como
muitas vezes, corrigir excessos de tirania dos senhores, escravos desde os primórdios da História. Os escravos
diminuir o nível de opressão ou punir feitores excessiva- eram usados nos trabalhos mais pesados e toscos que se
mente cruéis. pode imaginar.

Muitas pessoas têm uma imagem de que os es- A explicação encontrada para o uso da mão de
cravos africanos aceitavam a escravização de maneira obra escrava fazia alusão a questões religiosas e mo-
passiva, mas os historiadores nos contam que a histó- rais e à suposta preeminência racial e cultural dos eu-
ria foi bem diferente e os escravos organizam-se de ropeus.
diferentes maneiras para colocar limites à violência a
que eram submetidos no seu cotidiano. Com isso, os portugueses já utilizavam o negro como
escravo desde o ano de 1432, trazido pelo português
Com isso, entre as diferentes formas de resistência Gil Eane, utilizando-os nas ilhas da Madeira, de Açores e
dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, Cabo Verde, anteriormente à efetivação da colonização
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senho- brasileira.


res (que poderia ou não ter o assassinato desses), a re- Porém, no Brasil a escravidão passou a ser utilizada
cusa  em trabalhar, a execução do trabalho de maneira na primeira metade do século XVI, devido à produção de
inadequada, criação de quilombos e mocambos, entre açúcar. Os portugueses transportavam os negros oriun-
outros. dos da África para serem usados como mão de obra es-
A resistência contra a escravidão já começava no em- crava nos moinhos de cana de açúcar do Nordeste.
barque dos africanos nos navios negreiros. O risco de re- Desta forma, os africanos aprisionados pelos portu-
voltas dos africanos nos navios negreiros era tão alto que gueses quando aqui chegavam eram cedidos por um de-
os traficantes de escravos diminuíam, deliberadamente, terminado preço, como se fossem uma mercadoria qual-

38
quer. Os que tinham uma saúde mais perfeita chegavam nova situação levou os libertos a procurarem melhores
a ser comercializados pelo dobro do valor em compara- alternativas para viver, sendo assim, utilizando o cenário
ção aos velhos e fracos. do Recôncavo Baiano, fala que uma das reações dos li-
bertos foi mudarem-se de lugar.
A travessia do continente africano para o Brasil Desta forma, muitos escravos acabaram abandonan-
era feita nos porões dos navios negreiros, com os ne- do as fazendas nas quais foram escravizados e muda-
gros empilhados da maneira mais insalubre e desu- ram-se para outras ou então foram para cidades. Essas
mana possível, sendo que muitos deles nem sequer migrações de ex-escravos aconteceram por múltiplos
chegavam vivos, tendo seus corpos atirados ao mar. fatores. Os libertos mudavam-se para distanciarem-se
dos locais em que foram escravizados, ou então iam para
Os castigos eram frequentes, sendo o chicote a pu- outros lugares procurar parentes e estabelecer-se juntos
nição mais utilizada no Brasil colônia. Aos negros era desses ou até mesmo procurar melhores salários.
vedado o direito de exercer sua religião de ascendência
africana e manter a sua cultura, como festas e rituais afri- Com isso, essas migrações, na maioria dos casos,
canos eram terminantemente proibidos, eram obrigados eram uma ação mais realizada pelos homens jovens,
a professar a religião católica, determinação dos senho- por terem melhores possibilidades de estabelecerem-
res de engenho, e a comunicar-se utilizando a língua -se em uma terra para cultivá-la. As mulheres que
portuguesa. possuíam filhos e os idosos tinham menos possibili-
Entretanto, apesar das proibições, os negros, ocul- dades de migrar à procura de melhores condições.
tamente, realizavam seus rituais e suas festas, foi neste
período que se desenvolveu um tipo de luta que ficou Ademais, a migração de ex-escravos gerou uma rea-
muito conhecida aqui no Brasil: a capoeira. Eles também ção de grandes proprietários e das autoridades daque-
desenvolveram o candomblé, a umbanda, e outras re- la época trazendo-lhes muita insatisfação, sobretudo
ligiões, nas quais ritos africanos eram mesclados a ele- porque os primeiros não aceitavam mais as condições
mentos do catolicismo, dando origem ao famoso sincre- de trabalho degradantes que existiam antes de 1888 e
tismo religioso brasileiro. porque estavam sempre em busca de melhores salários.
Assim, os grandes proprietários, sobretudo do interior do
O negro não aceitou a escravidão pacificamente, país, começaram a pressionar as autoridades para que
as agitações ocorriam quase regularmente nas fazen- elas reprimissem essa movimentação.
das, escravos em bandos fugiam, criando nas flores- Outrossim, os grupos de ex-escravos que migravam
tas os célebres quilombos (lugares aonde habitavam começaram a sofrer com a repressão e foram sendo taxa-
apenas escravos fugitivos) ali viviam em liberdade dos de vadiagem e vagabundagem. Essa medida focava,
para realizar seus rituais, suas festas e também para sobretudo, os libertos que eram mais insubordinados e
falar sua própria língua. O quilombo mais importante que costumavam não aceitar as condições impostas pe-
foi o de Palmares, cujo líder foi Zumbi. los grandes proprietários.
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e an-
A partir de 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Quei- tigos donos de escravos impediam que os libertos fizes-
roz, a qual punha um fim ao comércio negreiro; em 28 de sem suas mudanças. Muitos desses eram ameaçados fi-
setembro de 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre, sicamente para que não se mudassem, e outra estratégia
concedendo liberdade aos filhos de escravos que nasces- utilizada era a de tomar a tutoria dos filhos dos ex-escra-
sem a partir daquele momento. Finalmente, no ano de vos. Inúmeros grandes proprietários acionavam a justiça
1885, foi anunciada a Lei dos Sexagenários, que contem- para ter a tutoria sobre os filhos dos libertos e com isso
plava com a liberdade os escravos com mais de 60 anos. forçavam esses a permanecerem em sua propriedade.
Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que foram
sequestrados.
FIQUE ATENTO! Existiram senhores de escravos que não aceitavam
pagar salários para os ex-escravos, mas havia muita re-
Foi só no final do século XIX que definitiva-
sistência por parte dos libertos quanto a isso. Após a Lei
mente a escravidão, a nível mundial, foi abo-
Áurea, os libertos passaram a questionar as condições
lida de vez do quadro negro da história. No
que lhes eram oferecidas e essa atitude passou a ser vista
Brasil a Abolição só se deu no dia 13 de maio
como insolência. A repressão mencionada anteriormente
de 1888, com o anúncio público e oficial da
Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel. foi uma resposta dos grandes fazendeiros a isso.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Se os libertos não encontrassem condições que lhes


agradassem, e se tivessem outras condições, a migração
era sempre uma opção. Os pagamentos exigidos eram
O trabalho negro pós-emancipação realizados diariamente ou semanalmente e a jornada
A primeira grande reação dos libertos com a Lei Áu- deveria ter um limite. Aqueles que se mudavam para as
rea foi, naturalmente, comemorar. À medida que a notí- cidades acabavam aprendendo diferentes ofícios, tais
cia se espalhava, grandes comemorações eram realizadas como o de marceneiro, charuteiro (produtor de charuto),
e festas aconteceram tanto nas grandes cidades, como servente, pedreiro etc. As mulheres, na maioria dos casos,
nas zonas rurais do Brasil. Uma vez passada a euforia, a assumiam posições relacionadas com o trato doméstico.

39
Logo após a abolição da escravatura, uma das Juntas de Conciliação e Julgamento e, com a promul-
questões mais importantes, e que foi definidora para gação da Constituição do Estado Novo, a unicidade
garantir a manutenção do liberto como um indivíduo sindical.
marginal e subalterno na pirâmide social, foi a ques-
tão da terra. Não foi realizada reforma agrária e, as- A regulamentação do trabalho e os institutos de pre-
sim, a grande maioria dos 700 mil libertos, a partir de vidência social ocorreram também naquele momento
1888, não teve acesso à terra, sendo esses forçados histórico. As organizações sindicais passaram a ter cará-
a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos ter paraestatal, a greve foi proibida e foi instituído o im-
grandes proprietários. posto sindical. Em 1955, o movimento sindical brasileiro
voltou a expandir-se, havendo sido formados, em 1961,
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) e o Pacto de
como mencionado em uma citação anterior, era uma Unidade e Ação (PUA).
preocupação para esses e foi uma questão fundamental Com o golpe militar de 1964, contudo, os sindicatos
para manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao e sindicalistas foram duramente reprimidos, limitaram a
estudo, esse grupo permaneceu sem oportunidades para Lei de Greve  e substituíram a estabilidade no emprego
melhorar sua vida. pelo Fundo de Garantia, dentre outras medidas. Em 1968,
Após a abolição, muitos libertos acabaram optando em Osasco, São Paulo e Contagem, os trabalhadores se
por retornarem ao continente africano, dada as dificul- levantaram em greve de grande envergadura.
dades encontradas aqui para eles. Todas as dificuldades,
porém, não foram impeditivos para fazer com que os Em 1970 surgiram novas lideranças sindicais e,
libertos relembrassem e comemorassem o 13 de maio a partir de 1980, os trabalhadores rurais das usinas
como um marco da sociedade brasileira. de açúcar e álcool, no Nordeste e São Paulo, e das
plantações de laranja do interior de São Paulo, jun-
Organização de trabalhadores rurais e urbanos taram-se aos desempregados, e sob a influência da
brasileiros e latino americanos através dos tempos: Central Única dos Trabalhadores (CUT), de partidos
ligas, sindicatos, organizações patronais e suas lutas de esquerda e de poucos parlamentares progressis-
por melhores condições de vida e trabalho tas, organizaram-se em movimentos a exemplo do
Paralelamente ao surgimento do capitalismo, houve Movimento dos Sem Terra (MST).
a criação do sindicalismo, com o objetivo de melhorar a
condição de vida dos trabalhadores, o papel dos sindica- Formas de exploração do trabalho no mundo glo-
listas difere do dos operários, já que eles não trabalham
balizado
nas fábricas e nem são ameaçados pelo desemprego.
Dentro do processo de globalização e internaciona-
Logo, após sua criação, espalhou-se rapidamente pelo
lização da economia esteve acompanhado de uma série
mundo.
de transformações nas estruturas elementares do siste-
Aqui no Brasil, a Constituição Imperial de 1824 abo-
ma capitalista, que conheceu a sua integração mundial.
liu as corporações de ofício, e houve, ao mesmo tempo
Dentre essas mudanças estruturais, podemos destacar a
à proclamação da liberdade de trabalho, fazendo com
maior fluidez na composição do comércio e da produção
que o trabalhador tivesse o direito de associação, o que
posteriormente resultaria na organização dos sindicatos. internacional, bem como as mudanças nos sistemas de
Mesmo que na época do Império, o desenvolvimento produção nos setores primário e secundário.
industrial no Brasil não fosse grande a ponto de desen- Com isso, podemos analisar uma conjuntura específi-
volver-se um sindicalismo, já eram expressivas algumas ca sobre o trabalho na Globalização, ou seja, as transfor-
organizações como a Liga Operária (1870) e a União mações ocorridas no meio trabalhista com a expansão da
Operária (1880) que tinham como principal finalidade economia global e a composição informacional das so-
reunir e defender os trabalhadores que as compunham. ciedades. Em linhas gerais, podemos destacar que ocor-
Com a promulgação do Decreto n. 1637 em Janeiro reram significativas mudanças estratégicas para a am-
de 1907, facultou-se a todas as classes de trabalhadores pliação dos lucros dos investidores, com o consequente
a formação de sindicatos, inclusive para profissionais li- impacto sobre a classe dos trabalhadores.
berais. A edição deste decreto estimulou a criação e sur- Desta forma, um primeiro aspecto no cerne desse
gimento de vários sindicatos, sob diversas designações, processo foi o crescimento dos processos de terceiriza-
todas com frágil poder de pressão, isto porque, foram ção, também conhecido como outsourcing, isto é, quan-
muitas as dificuldades enfrentadas pelos primeiros líde- do uma empresa contrata outra para a execução de um
res do movimento sindical brasileiro, vez que, eram per- serviço necessário ao seu funcionamento. Um exemplo
seguidos tanto pelo governo quanto pela classe de em- comum de terceirização são os sistemas de vigilância dos
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

pregadores. Exatamente os grandes empresários eram os bancos executados não mais por estes, mas sim por em-
mais irascíveis no combate à organização de qualquer presas especializadas nesse tipo de serviço.
forma de associação, penalizando àqueles que corajo-
samente insistiam pela constituição  de associações ou O impacto da terceirização da economia, em re-
sindicatos. sumo, é o aumento da precarização do trabalho. Ao
mesmo tempo em que a empresa investidora reduz
Em 1930, o Governo Federal criou o Ministério do os custos com o serviço realizado, a empresa terceiri-
Trabalho e em 1931 regulamentou, por decreto, a sin- zada oferece uma remuneração média muito inferior
dicalização das classes patronais e operárias. Criou as aos seus funcionários, que também passam a dispor

40
de uma menor estabilidade em seus empregos. Afi- capitalismo. Desde as comunidades caçadoras coletoras,
nal, para o serviço terceirizado ser rentável para as as primeiras relações escravistas, até as relações feudais
empresas, o custo da terceirização precisa ser menor, entre os senhores proprietários de terras e os servos que
o que passa pela redução da folha salarial dos empre- se submetiam ao seu comando, Marx observou que os
gados. conflitos sociais estavam ligados sempre à condição eco-
nômica dessas sociedades.
Portanto, entre os aspectos da globalização que ge-
ram impactos sobre o mercado de trabalho, podemos
citar o crescimento da produção flexível, também conhe- FIQUE ATENTO!
cida como toyotismo. Essa modalidade da produção in-
A condição material dos indivíduos que de-
dustrial, ao contrário do que ocorria no sistema fordista,
terminaria os demais aspectos de sua vida.
passou a pautar-se pela flexibilização da produção, ou
seja, conforme a demanda, ao passo que anteriormente A importância dada por Marx a esse quesi-
a produção era em massa. No âmbito das relações de to justificar-se-ia, segundo a sua teoria, pelo
trabalho, o funcionário que antes se limitava à realização impacto que a situação econômica de um su-
de funções mecânicas e repetitivas começou a ser mais jeito tem em sua trajetória de formação.
multifuncional, ocorrência que passou a exigir maior for-
mação técnica e um maior deslocamento no âmbito pro- Nessa perspectiva, Marx acreditava que, assim como
dutivo. os comerciantes que ascenderam durante o período feu-
Sendo assim, cada vez mais intensiva urbanização das dal para derrubar o poder da nobreza, a classe proletária,
sociedades, atualmente, em maior grau nos países sub- ou os trabalhadores, também poderia mudar as organi-
desenvolvidos e emergentes, ampliou-se também o cha- zações sociais do mundo capitalista. Para Marx, a revolu-
mado “exército de reserva”, formado pelos trabalhadores ção do proletário seria inevitável.
desempregados no âmbito das cidades. Nesse sentido,
sob várias formas, ampliou-se o trabalho informal, que Sua concepção de “classes sociais” e os conflitos
é visto como um problema, pois os empregados não re- que estão inerentemente ligados a elas possivelmen-
gistrados ou autônomos em áreas não regulamentadas te é uma das ideias mais amplamente difundidas e
passam a contar com pouquíssimos direitos sociais e ne-
utilizadas quando o assunto tratado está relacionado
nhum trabalhista, o que contribui para uma precarização
com a vida social e as diferentes relações que possuí-
ainda maior das relações de trabalho.
mos nesse meio. 
Desta forma, entre esses e vários outros aspectos da
sociedade contemporânea (crise dos sindicatos, maior
rotatividade dos empregos, deslocamento constante de
fábricas e empresas, entre outros), percebemos que se EXERCÍCIOS COMENTADOS
acirram os desafios em termos econômicos para a pre-
servação dos direitos trabalhistas em tempos de globa-
lização. 1. “Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
A diminuição da renda dos trabalhadores em nível Em sangue a se banhar.
mundial pode gerar uma redução brusca dos níveis Tinir de ferros… estalar de açoite…
de consumo e afetar o funcionamento da economia. Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Greves, lutas de classe e embates culturais no Negras mulheres, suspendendo às tetas
mundo industrial e globalizado Magras crianças, cujas bocas pretas
As lutas de classes, que seria, portanto, o motor das Rega o sangue das mães:
mudanças sociais, refletiria as diferenças materiais que Outras moças, mas nuas e espantadas,
se instauram no meio social. Essas mudanças poderiam No turbilhão de espectros arrastadas,
ocorrer de forma gradual ou, em casos extremos de de- Em ânsia e mágoa vãs!”
sigualdade, por meio de revoluções.
(ALVES, Castro. O Navio Negreiro. São Paulo: Global,
2016)
#FicaDica
Essa é uma parte do poema “O Navio Negreiro”, es-
Marx refere-se a essa condição do mundo crito em 1869 pelo poeta baiano Castro Alves. A lei Eu-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

social humano como “concepção mate- sébio de Queiroz, que proibiu o tráfico negreiro para o
rialista da história”, uma perspectiva que Brasil, foi promulgada em 1850. Castro Alves, que apoia-
atribui à condição material do indivíduo va a causa abolicionista, teria escrito esse poema 19 anos
grande peso no processo que determina depois da referida lei, com o objetivo de
inúmeros aspectos de sua vida.
a) impedir a revogação da lei que proibiu o tráfico tran-
Sendo assim, Marx dedicou-se a tentar observar na satlântico de negros africanos, como era o desejo de
história humana as formas como ocorreram as diferentes muitos traficantes que haviam perdido seus lucrativos
mudanças sociais nas sociedades europeias anteriores ao negócios.

41
b) abolir a escravidão, ao menos na região onde nasceu, b) A forma de trabalho predominante era a servidão co-
a Bahia, que, no século XIX, era a principal região es- letiva, e o indivíduo explorava a terra como membro
cravista do Brasil. da comunidade e servia ao Estado, proprietário dessa
c) persuadir intelectuais que eram seus contemporâneos terra.
a aderirem à causa abolicionista, como Joaquim Na- c) O principal instrumento de poder das camadas popu-
buco, Luís Gama e José do Patrocínio, reconhecidos lares era constituído pelo Estado, que assegurava o
escravocratas. seu domínio sobre os outros grupos sociais.
d) dramatizar em versos o sofrimento dos negros africa- d) A superação das comunidades coletivas levou ao sur-
nos no momento em que tiveram que sair de sua terra gimento da propriedade privada e, como resultado, à
em direção ao Brasil, transportados nos porões dos utilização da mão de obra escrava.
navios negreiros, para contribuir assim com a luta pelo e) A ampla utilização do trabalho livre garantia a produ-
fim da escravidão. ção de excedentes, que era necessária para as trocas
e) apenas preservar a memória do sofrimento dos afri- comerciais e para o progresso econômico.
canos que haviam sido escravizados, pois, em 1869,
o Brasil já havia abolido a escravidão, sendo o último Resposta da questão 3: [B]
país do continente americano a acabar com a vergo- A servidão coletiva, caracterizada pelo trabalho pago
nhosa prática. com parte da produção e em terras que não perten-
cem ao trabalhador, foi a forma de trabalho mais usa-
Resposta da questão 1: [D] da nas civilizações antigas orientais, como o Egito e a
O poema acima retratado versa sobre os horrores aos Mesopotâmia. Em ambos os lugares, todas as terras
quais eram submetidos os negros africanos trazidos férteis pertenciam ao Estado.
para o Brasil nos navios negreiros durante a vigência
da escravidão negra comercial, iniciada no século XV. 4. Perante esta sociedade, a burguesia está longe de
Através dele, Castro Alves pretendia encorpar a luta assumir uma atitude revolucionária. Não protesta nem
pela abolição da escravatura no Brasil. contra a autoridade dos príncipes territoriais, nem contra
os privilégios da nobreza, nem, principalmente, contra a
2. Os índios foram os primeiros a serem emprega- Igreja. (...) A única coisa de que trata é a conquista do seu
dos como mão de obra no Brasil, mas acabaram sen- lugar. As suas reivindicações não excedem os limites das
do substituídos pelos negros escravizados vindos da necessidades mais indispensáveis.
África, trazidos em navios negreiros, mantidos em Henri Pirenne. História econômica e social da Idade
senzalas e submetidos a torturas e à separação de Média, 1978.
seus familiares.
Segundo o texto, é correto afirmar que
Sobre este assunto, assinale a alternativa incorreta.
a) a burguesia, nascida da própria sociedade medieval,
a) Os negros rebelavam-se contra a escravidão por meio nela não tem lugar; para conquistá-lo, suas reivindi-
da fuga e da queima das plantações dos seus senho- cações são a liberdade de ir e vir, elaborar contratos,
res. dispor de seus bens, fazer comércio, liberdade admi-
b) A fuga de escravas das fazendas era pouco comum. nistrativa das cidades, ou seja, não tem o objetivo de
c) Os negros fugitivos se concentravam em Quilombos, destruir a nobreza e o clero.
sendo o de Palmares o mais conhecido. b) os burgueses, enriquecidos pelo comércio, reivindi-
d) Importantes figuras desta resistência são Zumbi e cam privilégios semelhantes aos da nobreza e do clero
Ganga Zumba. na sociedade moderna; acentuadamente revolucioná-
e) As escravas, como forma de resistência, praticavam rios, os seus interesses significam título, terras e servos
aborto e infanticídio. para garantirem um lugar compatível com sua riqueza.
c) o território da burguesia é o solo urbano, a cidade
Resposta da questão 2: [B] como sinônimo de liberdade, protegida da exploração
Somente a alternativa [B] está correta. Os africanos da nobreza e do clero; para isso, cria o direito urbano,
escravizados no Brasil resistiram de diversas formas a isto é, leis para o comércio, a justiça e a administração
dura realidade da escravidão através de aborto, fugas, que, de forma revolucionária, asseguram-lhe um lugar
suicídio, capoeira, assassinatos, entre outras modali- na sociedade moderna.
dades de resistência. As fugas dos escravos das fazen- d) a sociedade medieval tem um lugar específico para
das eram constantes e não raras. os burgueses, pois as liberdades, as leis, a justiça e a
administração estão em suas mãos; tal situação tem o
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

3. Na chamada Antiguidade Oriental, as sociedades, no- objetivo de brecar o poder político e econômico dos
tadamente a egípcia e a mesopotâmica, desenvolveram- nobres e da Igreja, fortalecidos pela expansão da ser-
-se em regiões semiáridas, onde obras hidráulicas gran- vidão e pelo declínio do comércio.
diosas eram necessárias para o cultivo agrícola. Então, e) com exigências revolucionárias, como liberdade co-
nessas sociedades: mercial, jurídica e territorial, a burguesia, cada vez
mais rica, visa destruir a sociedade medieval; esta, por
a) Desenvolveu-se o modo de produção escravista inti- sua vez, barra a ascensão econômica e política da bur-
mamente ligado ao caráter bélico e expansionista des- guesia, ao fortalecer a servidão no campo e impedir as
sas sociedades. transações comerciais na cidade.

42
Resposta da questão 4: [A] um peso orçamentário ao ser reconhecida como pa-
Na aliança firmada entre a recente surgida burguesia trimônio da humanidade e passar a ser mantida, na
e os monarcas, que levou à formação das Monarquias atualidade, por entidades internacionais.
Absolutistas, a burguesia exigiu dos monarcas que c) a inadequação do projeto à locomoção na cidade, bem
ajudou financeiramente favorecimentos econômicos como o isolamento, por guarnições militares, do setor
no novo governo. Logo, a exigência não atingia a po- de edifícios que sempre abrigaram os poderes gover-
lítica e a sociedade. namentais, características que se vinculavam ao auto-
ritarismo vigente no país sob o mandato de Juscelino
5. A partir da segunda metade do século XVIII, com a Kubitschek.
primeira Revolução Industrial e o nascimento do proleta- d) a marca stalinista presente na arquitetura monumental
riado, cresceram as pressões por uma maior participação empregada, na divisão da cidade em “setores”, na nu-
política, e a urbanização intensificou-se, recriando uma meração de ruas e blocos, e que ecoava as inclinações
paisagem social muito distinta da que antes existia. políticas dos idealizadores do projeto, Oscar Niemeyer
QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. e Roberto Burle Marx, que já gozavam de renome in-
G. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo ternacional.
Horizonte: UFMG, 2002. e) o prejuízo que a transferência da capital federal sig-
nificou para o Rio de Janeiro, uma vez que resultou
As mudanças citadas foram conduzidas principal- em milhares de funcionários públicos desempregados,
mente pelos seguintes atores sociais: crise que favoreceu o fortalecimento político de Carlos
Lacerda, artífice do golpe de 64 e defensor do regime
a) Burguesia e trabalhadores assalariados. militar durante toda a ditadura.
b) Igreja e corporações de ofício.
c) Realeza e comerciantes. Resposta da questão 6: [A]
d) Campesinato e artesãos. O governo de JK fez grande campanha para que ocor-
e) Nobreza e artífices. resse a migração interna de pessoas para trabalhar na
construção de Brasília. Mas, uma vez pronta, a cida-
Resposta da questão 5: [A] de não planejava absorver essas pessoas, que tiveram
Os processos das Revoluções Industriais transforma- que ocupar as periferias e acabaram por fundar as
ram em protagonistas sociais, principalmente, a bur- chamadas cidades-satélites de Brasília.
guesia (empresários) e os trabalhadores assalariados
(proletariado).

Leia o texto, para a próxima questão:

Na América Latina do século XX, em incontáveis


momentos, a criação artística articulou-se com utopias
ou perspectivas de transformação social. Em diferentes
contextos, artistas usaram sua produção para corrobo-
rar determinados projetos políticos ou consentiram que
suas criações fossem apropriadas e sustentadas por mo-
vimentos políticos, dentro ou fora do Estado.
PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. História
da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014, p. 187-188.

6. A construção de Brasília contou com apaixonados sim-


patizantes e ferrenhos críticos do projeto, entre artistas e
profissionais liberais de distintos ramos. Dentre as polê-
micas que ainda hoje cercam o projeto conhecido como
Plano Piloto, destaca-se

a) a incapacidade de inclusão das populações pobres


ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

que migraram para a região para a execução da obra,


como os “candangos”, trabalhadores que se estabe-
leceram na periferia da cidade e contribuíram para o
surgimento das cidades satélites, hoje densamente
povoadas.
b) o alto custo desse investimento para os cofres públi-
cos, uma vez que foi necessário ao governo brasilei-
ro contrair empréstimos nos Estados Unidos para a
construção da cidade, que só deixou de representar

43
PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS, CONFRONTOS,
LUTAS, GUERRAS E REVOLUÇÕES NA EUROPA, ÁFRICA, ORIENTE, AMÉRICA E
NO BRASIL: A ORGANIZAÇÃO DAS ANTIGAS SOCIEDADES DO ORIENTE MÉ-
DIO; AS CIDADES-ESTADO GREGAS, A REPÚBLICA ROMANA E A DESCENTRA-
LIZAÇÃO POLÍTICA NA IDADE MÉDIA; FEUDALISMO; CULTURAS TRADICIO-
NAIS DO MUNDO ÁRABE, EXPANSÃO MUÇULMANA NO NORTE DA ÁFRICA E
IMPERIALISMO NO ORIENTE MÉDIO; SOCIEDADES AFRICANAS SUBSAARIA-
NAS: OS REINOS IORUBÁS; DAOMEANOS; DE GANA; DO MALI, DO CONGO E
DO MONOMOTAPA; CONSOLIDAÇÃO DO ESTADO NACIONAL MODERNO EU-
ROPEU; ADMINISTRAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA, ESPANHOLA E INGLESA
NA AMÉRICA; ILUMINISMO E A REVOLUÇÃO FRANCESA; A INDEPENDÊNCIA
DOS ESTADOS UNIDOS; CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS NA AMÉ-
RICA LATINA; BRASIL: LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA, A TRANSMIGRAÇÃO
DA FAMÍLIA REAL, O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA E O ESTADO MONÁR-
QUICO; NACIONALISMO NA EUROPA NOS SÉCULOS XIX E XX; ÁFRICA E ÁSIA:
EXPANSÃO IMPERIALISTA DOS ESTADOS EUROPEUS; RESISTÊNCIA CHINE-
SA AO IMPERIALISMO; O EXPANSIONISMO NORTE AMERICANO: A MARCHA
PARA O OESTE E A POLÍTICA EXTERNA INTERVENCIONISTA PARA A AMÉRI-
CA LATINA: DOUTRINA MONROE E O PAN-AMERICANISMO; IMPLANTAÇÃO
DO REGIME REPUBLICANO NO BRASIL: A REPÚBLICA VELHA; PRIMEIRA E
SEGUNDA GUERRAS MUNDIAIS: O NAZI FASCISMO, ORGANIZAÇÃO DOS ES-
TADOS SOCIALISTAS E COMUNISTAS; A REVOLUÇÃO DE 1930 E O ESTADO
NOVO DE VARGAS; CHINA: REVOLUÇÕES COMUNISTA E CULTURAL; GUER-
RA FRIA, GUERRA DA CORÉIA; CONFLITOS NO MUNDO ÁRABE: CONFRONTO
ENTRE PALESTINOS E ISRAELENSES - PASSADO E PRESENTE; RESISTÊNCIA
E LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA DAS NAÇÕES AFRICANAS; GUERRAS ENTRE
AS NAÇÕES AFRICANAS NO PERÍODO PÓS-COLONIAL; REDEMOCRATIZAÇÃO
BRASILEIRA ENTRE 1945-1964; O PERÍODO MILITAR DITATORIAL NO BRASIL
- 1964-1985; GUERRA DO VIETNÃ; A REVOLUÇÃO CUBANA; SOCIALISMO E
GOLPE MILITAR NO CHILE; A REVOLUÇÃO IRANIANA; ESFACELAMENTO DOS
ESTADOS SOCIALISTAS NA EUROPA, QUEDA DO MURO DE BERLIM; CONFLI-
TOS ÉTNICOS NO LESTE EUROPEU; O AVANÇO DA POLÍTICA NEOLIBERAL NO
MUNDO; O ESTADO BRASILEIRO PÓS REGIME MILITAR: A TRANSIÇÃO PARA
A DEMOCRACIA; A CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA DA EUROPA ATUAL; A CHI-
NA NO MUNDO ATUAL; O MUNDO MULTIPOLAR E OS CONFLITOS RECEN-
TES: CAXEMIRA, COREIAS, TIBETE, RUANDA, COLÔMBIA, MÉXICO, BÁLCÃS,
CÁUCASO; ISRAEL E PALESTINA; LÍBANO, GUERRA DO GOLFO, GUERRA DO
AFEGANISTÃO, GUERRA DO IRAQUE. 

As cidades-estado gregas, a República romana e a descentralização política na Idade Média


O processo de formação do mundo grego, passa por uma série de transições, desde seu processo de ocupação na
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Península Balcânica e proximidades, até suas transições sociais e políticas. Porém, foi durante o período arcaico, que
a Grécia sofreu um processo de expansão de seus núcleos urbanos, responsável pela formação de várias cidades. Na
maioria das vezes, essas cidades serviam como núcleos residenciais para os trabalhadores rurais que passavam boa
parte do dia cuidando do cultivo de alimentos. Ao final de cada dia, regressavam para o núcleo urbano usufruindo a
proteção das muralhas que cercavam a cidade e estabelecendo contato social com outros indivíduos.
Dentro desse mesmo contexto, podemos destacar um expressivo processo de crescimento populacional, responsá-
vel por grandes mudanças nas relações sociais e econômicas. Geralmente, os aristocratas formavam uma camada social
privilegiada que tinha direito de posse sobre as terras mais férteis. Quando um proprietário vinha a falecer, o direito de
posse dessa terra era transmitido para os seus filhos que, por conseguinte, realizavam a divisão dessas terras entre si.

44
Quando foi adotado esse sistema de partilha dos reis, que formavam a chamada Diarquia, governo de dois
bens, levando ainda em consideração o crescimento reis, onde suas funções eram ligadas às questões religio-
demográfico, a população grega passaria a sofrer com sas e militares.
a escassez de terras. Com isso, gerou-se um tenso qua- A formação social e os papéis desempenhados por
dro social que somente viria a ser resolvido quando as homens e mulheres nas sociedades ateniense e espar-
próprias cidades gregas, entre os séculos VIII e VI a.C., tana também tinham suas especificidades. Em Esparta,
buscaram ocupar outras regiões do Oriente e ao longo as mulheres recebiam uma rigorosa educação física e
da orla mediterrânea. Foi a partir daí que observamos a psicológica. Além disso, elas participavam das reuniões
formação das chamadas colônias gregas. públicas, disputavam competições esportivas e adminis-
No seu processo de formação inicial, a formação das travam o patrimônio familiar. Em contrapartida, a cultura
novas colônias aconteceu de forma não planejada, sendo ateniense restringia suas mulheres ao mundo doméstico.
as ocupações feitas de forma espontânea. Contudo, es- A docilidade e a submissão ao pai e ao marido eram va-
sas iniciativas viriam a sofrer a intervenção das polis gre- lores repassados às mulheres atenienses.
gas, que regulariam a colonização de acordo com as ne- No fomento de formação educacional, as duas cida-
cessidades do governo. Com essa mudança, os colonos des também apresentavam diferenças entre si. As insti-
passariam a obedecer às determinações do oikiste, líder tuições atenienses se preocupavam em desenvolver um
que organizava a administração da colônia. Além disso, equilíbrio entre mente e corpo. Dessa forma, a educação
as regiões seriam escolhidas por meio de sua posição fa- buscava conciliar a saúde física e o debate filosófico. Já
vorável à navegação. Em cada um dos lugares conquis- em Esparta, dada sua intensa tradição militarista, privile-
tados, um ritual era realizado antes da demarcação dos giava-se o treinamento do corpo. Os jovens espartanos
lotes de terra. Cada colônia mantinha relações econômi- aprendiam a escrever aquilo que era estritamente neces-
cas e culturais com a pólis que primeiramente ocupou a sário. Dessa forma, o cidadão espartano deveria ser forte
região. Nos primeiros anos de exploração, a colônia sus- e resistente, um indivíduo apto para as batalhas militares.
tentava uma economia de caráter essencialmente agrário Portanto, não poderíamos julgar quais dessas duas
integrado às demandas da cidade com a qual mantinha diferentes culturas do mundo clássico foi mais “desen-
vínculo. Desta forma, com o passar do tempo, também volvida” ou “sofisticada”. Nem mesmo poderíamos con-
poderiam vir a realizar outras atividades no campo do cluir que os atenienses eram simples antíteses dos es-
comércio e do artesanato. partanos. As diferenças entre as experiências vividas por
Atenas e Esparta podem nos explicar tantos contrastes.
O processo de formação do período Arcaico, Dessa forma, a analise desenvolvida acima, apenas nos
ocorre com o declínio do período Homérico, onde a proporciona uma amostra da riqueza dos costumes, tra-
Grécia, estava dividida em Comunidades Gentílicas, dições e histórias que envolveram as cidades-Estado do
sendo controlada pelo Pater Família e vivendo da Mundo Grego.
subsistência.
É muito comum aparecer a termologia Pólis para se
Quando analisamos a Grécia Antiga, temos uma falsa referir as cidades-Estado, então, cuidado para não fazer
impressão sobre a organização dessa civilização clássica. confusão na hora da prova.
Em geral, em materiais didáticos falam repetidamente
Já no que tange a República Romana, a mesma  foi
sobre as características da Grécia como se tratassem de
um período da história da civilização romana que durou
um povo dotado de características comuns. Porém, ao
500 anos, de 509 a.C. a 27 a.C. quando foi governada
conhecermos sua organização política descentralizada,
por senadores e magistrados. Durante este tempo, Roma
acabamos tendo fortes indícios de que, dentro do “mun-
organizou suas instituições e realizou importantes con-
do grego”, existiam povos com diferentes costumes e
quistas militares que lhe garantiram o domínio do Mar
tradições.
Mediterrâneo.
Desta forma, a comparação entre as cidades-Estado Sendo assim, a República Romana tem sua origem no
de Esparta e Atenas nos oferece um quadro de contras- ano de 509 a.C, quando o último rei etrusco é deposto e
tes muito interessante; dessa forma, podemos entender o Senado assume as funções de governo. Após a expe-
a diversidade cultural encontrada dentro desse território. riência monárquica, os romanos optam por não deixar o
As formas de concepção do mundo, os papéis desem- poder nas mãos de um só indivíduo. Por isso, eliminaram
penhados pelos sujeitos sociais, as instituições políticas, a figura do rei e todos os cargos deveriam ser exercidos
valores e tradições desses dois povos são de grande uti- por duas ou mais pessoas. Assim, não havia a figura de
lidade para que possamos, assim, apagar a impressão de um só governante, mas dois, chamados cônsules. Estes
que existe um povo grego marcado pela mesma cultura. tinham um mandato de um ano e deviam controlar-se
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Quando estudamos assuntos referentes às institui- mutuamente.


ções políticas, depois da adoção dos regimes monár-
quico e aristocrático, em Atenas criou-se uma forma de A estrutura do poder na República Romana era
governo democrática. Mesmo sendo considerado um formada por Cônsules: chefes da República, com
“governo do povo”, aqueles que participavam da de- mandato de um ano; eram  os comandantes do exér-
mocracia ateniense correspondiam a menos de 20% da cito e tinham atribuições jurídicas e religiosas, também
população. Já em Esparta, as questões políticas eram de pelo Senado: composto por 300 senadores, em geral
obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 patrícios, todos sendo  eleitos pelos magistrados e seus
anos, que formavam a Gerúsia. Além disso, existiam dois membros eram vitalícios.

45
Quando pensamos em estrutura política do feudalis- vés do Concílio de Niceia, em 325, que se assentaram as
mo, devemos destacar que prevaleceram na Idade Média bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostó-
as relações de vassalagem e suserania. O suserano era lica Romana. Através da centralização de seus princípios
quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este e da formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja
último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu susera- teve condições suficientes para alargar o seu campo de
no. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade influências durante a Idade Média.
e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema Desta forma, foi estabelecida uma sociedade marca-
de produção. As redes de vassalagem se estendiam por da pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos mais
várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Os
diferentes extratos da sociedade medieval. A própria
poderes jurídicos, econômicos e políticos concentravam-
organização da sociedade medieval (dividida em Clero,
-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de
Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade.
terras (feudos).
Além disso, a vida terrena era desprezada em relação aos
benefícios a serem alcançados pela vida nos céus. Dessa
FIQUE ATENTO! maneira, muitos dos costumes dessa época estavam in-
fluenciados pelo dilema da vida após a morte.
A descentralização caracteriza-se quando
Com isso, além de se destacar pela sua presença no
um poder antes absoluto, passa a ser repar-
campo das ideias, a Igreja também alcançou grande po-
tido. Por exemplo, quando uma pessoa ou
um grupo tinha um poder total e absoluto, der material. Durante a Idade Média ela passou a contro-
e depois é repartido este  poder com ou- lar grande parte dos territórios feudais, se transformando
tras pessoas ou outros grupos, ou seja, ele em importante chave na manutenção e nas decisões do
foi descentralizado e repartido. poder nobiliárquico. A própria exigência do celibato foi
um importante mecanismo para que a Igreja conservasse
o seu patrimônio. O crescimento do poder material da
Feudalismo Igreja chegou a causar reações dentro da própria insti-
O perfil Europeu passou por uma forte transição volta tuição.
do século V, o Império Romano do Ocidente enfrentava Aqueles que viam na influência político-econômica
grave crise, a economia havia perdido parte do seu di- da Igreja uma ameaça aos princípios religiosos começou
namismo e a atividade econômica começou a girar cada
a se concentrar em ordens religiosas que se abstinham
vez mais em torno da vida agrária. Esse cenário de crise
de qualquer tipo de regalia ou conforto material. Essa ci-
favoreceu a invasão do império por diversos povos, so-
bretudo os de origem germânica, chamados de “povos são nas práticas da Igreja veio subdividir o clero em duas
bárbaros”, pelos romanos, por serem estrangeiros e não vertentes: o clero secular, que administrava os bens da
falarem o latim. Igreja e a representava nas questões políticas; e o clero
Nessas ondas invasoras, os germanos formaram no- regular, composto pelas ordens religiosas mais voltadas
vos reinos dentro do território romano. A partir do sécu- às práticas espirituais e a pregação de valores cristãos.
lo IV, se formaram reinos independentes, entre eles: os Sob outro aspecto, a Igreja também teve grande mo-
vândalos (no norte da África), ostrogodos (na península nopólio sob o mundo letrado daquele período. Exceto os
Itálica), anglo-saxões (na Britânia – atual Inglaterra), vi- membros da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabe-
sigodos (na península Ibérica) e os francos (na Europa tizadas ou tinham acesso às obras escritas. Por isso, mui-
Central – atual França). tos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras
Porém, foram os francos que  constituíram o reino onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental eram
mais poderoso da Europa Ocidental na Alta Idade Média. preservadas. São Tomás de Aquino e Santo Agostinho,
Carlos Magno foi o mais importante rei da dinastia Ca- por exemplo, foram dois membros da Igreja que produ-
rolíngia. No século VIII, foi coroado imperador pelo papa ziram tratados filosóficos que dialogavam com os pensa-
Leão III, em Roma. dores da Antiguidade.
Com isso, mesmo contando com tamanho poder e in-
Evolução política e religiosa e a Teocracia papal,
fluência, a Igreja também sofreu com manifestações dis-
formaram as ordens religiosas do medievo, determi-
sidentes. Por um lado, as heresias, seitas e ritos pagãos,
nando as heresias e relações sociais na Europa Feudal.
interpretavam o texto bíblico de forma independente ou
Dentro do processo de expansão do feudalismo por não reconheciam o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a
toda a Europa Medieval, observamos a ascensão de uma Cisma do Oriente marcou uma grande ruptura interna da
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

das mais importantes e poderosas instituições desse Igreja, que deu origem à Igreja Bizantina.
mesmo período: a Igreja Católica. Aproveitando-se da Portanto, não cabe a nossa sociedade, querer crimi-
expansão do cristianismo, observada durante o fim do nalizar ou repudiar a Igreja dos dias atuais, com base nas
Império Romano, a Igreja alcançou a condição de princi- suas ações passadas. As questões e práticas dessa insti-
pal instituição a disseminar e refletir os valores da dou- tuição não são exatamente iguais àquelas encontradas
trina cristã. entre os séculos V e XV. Dessa maneira, ao darmos conta
Nesse contexto, logo depois do primeiro século, di- do papel desempenhado por essa instituição religiosa,
versas interpretações da doutrina cristã e outras religiões durante a Idade Média, obtemos uma grande fonte de
pagãs se faziam presentes no contexto europeu. Foi atra- reflexão sob tal período histórico.

46
Culturas tradicionais do mundo árabe, expansão 5- Hajj. Peregrinar à Meca (Arábia Saudita), ao
muçulmana no norte da África e imperialismo no menos uma vez na vida da cada muçulmano se dispõe
Oriente Médio de meios para fazê-lo e saúde.
A formação do islamismo entrou no continente afri-
cano a partir dos países da África do Norte, como Mar- Sociedades africanas subsaarianas: os reinos Ioru-
rocos e Egito, e foi uma das primeiras regiões a ser con- bás
quistadas pela expansão inicial árabe-islâmica (séculos A partir do século 9 formaram-se as cidades da ci-
VII e VIII). Dos séculos X a XVI, mercadores muçulmanos vilização iorubá, na região da atual Nigéria, já habitada
contribuíram para o surgimento de importantes reinos por esse povo desde o século IV. Os iorubás nunca uni-
na África Ocidental, que floresceram graças ao comércio ficaram suas cidades, mas mantiveram a mesma cultura
feito por caravanas que, atravessando o Saara, punham (língua, religião etc.).
em contato o mundo mediterrâneo ao das estepes e sa- A cidade iorubá mais importante era Ifé, considerada
vanas do Sudão Ocidental e África centro-ocidental. sagrada, por ser o berço dos iorubás, segundo a crença
local. Outra cidade importante foi Oyo, um centro mili-
A Doutrina do Islã, se compõe: tar que, no final do século XVII, tinha se expandido até
1. Crença em um Deus: os muçulmanos acreditam Daomé (atual Benin). Ifé foi um grande centro artesanal e
que Alá seja o único, eterno, criador e soberano; artístico, e era governada por um rei sacerdote que tinha
2. A crença nos anjos; o título de Oni, enquanto nas outras cidades os gover-
3. A crença nos profetas: os profetas são os profe- nantes recebiam o título de Oba.
tas bíblicos, mas termina com Maomé como o último Apesar do cristianismo e do islamismo terem chega-
profeta de Alá; do até os iorubás, a maioria desse povo sempre se man-
4. A crença nas revelações de Deus: os muçulma- teve fiel às antigas tradições politeístas locais, sendo os
orixás os seus deuses.
nos aceitam certas partes da Bíblia, como a Torá e os
Ao contrário do que se acredita, a crença nos orixás
Evangelhos. Eles acreditam que o Alcorão seja a per-
não se expandiu pela África, mantendo-se exclusivamen-
feita a preexistente palavra de Deus.
te iorubá. Mas como muitos iorubás (chamados de na-
5. Crença no último dia de julgamento e na vida
gôs ou anagôs pelos portugueses) foram transformados
futura: todos serão ressuscitados para julgamento no
em escravos e trazidos à força para a América, o culto
paraíso ou inferno.
aos orixás se misturou ao cristianismo imposto por por-
6. Crença na predestinação: os muçulmanos acre-
tugueses e espanhóis, criando vários sincretismos reli-
ditam que Alá decretou tudo o que vai acontecer. Os giosos que fazem parte da cultura americana, como, por
muçulmanos atestam a soberania de Deus com sua exemplo, o Candomblé e a Umbanda, no Brasil, e o Vodu
frase frequente, inshallah, ou seja, “se Deus quiser”. no Haiti (apesar de o Vodu também receber influências
de outras culturas africanas).
Porém, a difusão do islã no continente africano se deu
muito mais pelo comércio e para migração do que por A partir do século XV, as cidades iorubás inicia-
imposições militares. A expansão islâmica se deu, basica- ram seu processo de declínio (apesar de Oio ter se
mente em três frentes: mantido até o século XIX). Muitos pesquisadores
 Oriundos do noroeste do continente (região do acreditam que a falta de unidade política foi uma das
Magreb), para o Saara e a África Ocidental causas desse declínio, já que os iorubás não tiveram
 De origem no baixo para o alto vale do Nilo, condições de se fortalecer para enfrentar o processo
chegando ao nordeste da África (península da Somália de escravização que lhes foi imposto.
e arredores)
 Os comerciantes originários da porção sul-su- Consolidação do Estado Nacional Moderno euro-
doeste da Península Arábica e imigrantes do subconti- peu
nente indiano, criaram assentamentos no litoral do Índico A formação do Estado Nacional Moderno ou do An-
e, dali, difundiram a presença muçulmana para o interior. tigo Regime, nasce de uma aliança improvável entre a
Portanto, o número de muçulmanos na África é na Burguesia, classe detentora do capital no final da Idade
atualidade estimado em mais de 300 milhões, cerca de Média, e dos Suseranos, donos das terras na Europa, mas
27% do total dos seguidores da religião criada pelo pro- que não faziam uso das mesmas.
feta Maomé. Essa nova organização política, se organizou em um
conjunto de práticas envolvendo questões de ordem
Os Cinco Pilares do Islã, são os cinco princípios econômica, social e política. A partir do século XVI, a Eu-
compõem o quadro de obediência para os muçulma- ropa Ocidental sofreu diversas transformações que pro-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

nos: moveram o crescimento das cidades, das atividades co-


1- Sahada: Aceitar a profissão de fé “Não há mais merciais e da ciência. Foi em meio a essas mudanças que
Deus que Alá e Maomé é o enviado de Alá” as Monarquias Nacionais surgiram, contribuindo para o
2- Salat. Realizar as orações diárias a Deus olhan- fortalecimento do poder real e acarretando no desapa-
do para A Meca. recimento gradual da servidão e no declínio do mundo
3- Zakat. Fazer obras de caridade e a esmola. feudal.
4- Swan. Jejum durante o Ramadã (em um mês de Esse processo de centralização política nas mãos do
29 ou 30 dias do calendário lunar do Islã), que se ini- rei foi o símbolo da formação dos Estados Modernos na
cia com a Hégira, a fugida de Maomé a Medina. Europa, os exemplos mais clássicos desse processo fo-

47
ram Espanha, Portugal, Inglaterra, Espanha e França. As riquezas, sobremaneira em virtude do imediato contato
mudanças na forma de governar tornaram mais claras as com metais preciosos extraído pelos povos indígenas em
diferenças entre o mundo moderno e o mundo feudal. determinadas regiões da América espanhola.
Entre os principais aspectos que caracterizaram as Mo- Com isso, tal fato terá grande influência sobre a des-
narquias Nacionais estão:  truição das culturas e populações indígenas, sendo o
 Formação de uma burocracia administrativa, metalismo a maneira mais fácil de implementar o mer-
que ganhou um corpo de funcionários que tinham a fun- cantilismo. O acumulo de metais é mais prático do que
ção de desempenhar tarefas de administração pública; o desenvolvimento de culturas agrícolas que demandam
 Formação militar na Europa, que gerou a neces- etapas que requerem maior investimento, e sobremanei-
sidade de criação de um exército nacional para conter ra tempo para gerar capital.
possíveis invasões ou confrontos com outros países e Sendo assim, a partir de 1519 tem início o processo
também para estabelecer ordem pública na sociedade; de ocupação da América por Hernán Cortez, na região
 Processo de unificação das leis, que foram res- do México, território da cultura asteca. Diego Almagro e
ponsáveis pela formação de leis que possuíam caráter da Francisco Pizarro fizeram o mesmo ao dominar os Incas
manutenção da ordem, além de melhor proteger os di- e as minas de prata de Potosí, região do atual Peru, entre
reitos e deveres dos cidadãos;  1531 e 1534. Foi um marco de aceleração pelos espa-
 Organização do sistema burocrático,  que mar- nhóis na América Colonial. Tendo dominado as regiões,
cou o surgimento das tarifas e tributos cobrados pelo rei a Coroa Espanhola deu início ao processo de ocupação
para sustentar as despesas públicas. e colonização, adotando inicialmente o sistema de “Ade-
lantado”, que autorizava a exploração de determinada
Juntamente a essas práticas, ocorreu o desenvolvi- região mediante a cobrança de impostos e taxas, dentro
mento da navegação marítima marcou a busca por ex- do sistema de exclusivo comercial.
pansão territorial dos Estados Nacionais Modernos. Os Porém, a presença da autoridade do Estado Espanhol
reis almejavam conquistar riquezas no além-mar, obten- só fez aumentar ao longo dos anos subsequentes e no-
do novos mercados e expandindo o comércio. A bus- vas formas de organização seriam implementadas. Dessa
ca por metais precisos  e o interesse na expansão da fé
forma, todo o território colonial espanhol foi posterior-
cristão  também impulsionaram a descoberta de novos
mente dividido em duas formas de organização: Vice-
territórios.
-Reinos e Capitanias Gerais.
Desta forma, o Estado Nacional Moderno Português
Portanto, nos Vice-Reinos a principal atividade eco-
retratou claramente isso na colonização da América Por-
nômica remetia a exploração ou escoamento dos metais
tuguesa no século XVI. O objetivo dos portugueses foi
precisos, enquanto as Capitanias Gerais dedicavam-se a
concretizado na prática colonizadora que ocasionou a
produção agrícola, muitas vezes destinada para o abas-
ampliação de suas fronteiras, a obtenção de novos co-
mércios, o descobrimento de locais com metais precio- tecimento dos Vice-Reinos. Todavia, na produção agrí-
sos e a disseminação do catolicismo, resumindo perfeita- cola e pecuária voltadas para a exportação havia a pre-
mente as ambições que os Estados Nacionais Modernos dominância de produtos tropicais como açúcar, cacau,
possuíam. tabaco, entre outros.
Sendo assim, a formação dos Estados Nacionais Mo- Diferente de Portugal, a Espanha optou pela explora-
dernos representou uma nova fase das relações comer- ção do trabalho compulsório indígena, ao invés da uti-
ciais de alguns países europeus e contribuiu para cen- lização da mão-de-obra cativa africana, o que não quer
tralização do poder político real, como foi o caso do rei dizer que não existiam escravos africanos na América Co-
francês Luís XIV, que simbolizou em uma frase esse pe- lonial Espanhola. Existiam, porém, em menor número. A
ríodo dizendo que o “Estado sou eu”, apelidado também exploração do trabalho forçado indígena se deu de duas
de Rei “Sol”, Luís XIV retratou o apogeu dos reis no An- diferentes maneiras: Mita e Encomienda.
tigo regime até o surgimento do período iluminista que
criticou a política centralizadora dessa época. Mita era aplicada pela própria coroa nas áreas de ex-
ploração de metais preciosos, ou seja, nos Vice-Reinos.
Ela tinha por base um costume incaico de exploração do
#FicaDica trabalho do indígena por quatro meses por ano em con-
Cada Estado Moderno, ao levar seu desen- dições mais do que precárias. Encomienda consistia na
volvimento e expansão, levava suas carac- exploração do indígena na produção agrícola, o enco-
terísticas próprias, sendo assim, não existe mendiero, recebia autorização da coroa para a explo-
uma uniformidade entre eles. E, também, ração indígena, mas em troca deveria responsabilizar-
o principal nome citado para fundamentar -se pela catequização dos explorados, ou seja, além
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

esses Estado Nacional Moderno, é Nicolau de ter sua liberdade cerceada, sua fé também era ne-
Maquiavel. gada e forçado a adotar a religião dos invasores.

Essa sociedade na sociedade da América Colonial Es-


Administração colonial portuguesa, espanhola e panhola desenvolveu um modelo próprio, com diferen-
inglesa na América tes castas sociais. No topo da pirâmide encontravam-se
Os conquistadores espanhóis que vieram para ocu- os Chapetones, espanhóis de nascimento que migraram
par a América Colonial acreditavam, inicialmente, que a para a América e ocupavam os maiores postos dentro da
atividade colonial representava a chance de obtenção de hierarquia colonial.

48
Sendo assim, um pouco abaixo estavam os Criollos, Portanto, nesse contexto a França invadiu o Brasil Co-
filhos de espanhóis nascidos na América, formavam a eli- lônia por duas vezes instalando a França Antártica (Rio de
te, eram comerciantes e fazendeiros que formaram a elite Janeiro) e França Equinocial (Maranhão), mas tais ocupa-
política do território colonial espanhol. Por fim, mestiços, ção foram duramente expulsas pelas forças portuguesas.
indígenas e negros formavam as camadas mais baixas da Desta forma, ao norte do continente americano os
sociedade, com poucos ou nenhum direito, eram explo- franceses instalaram duas colônias, Quebec (Canadá)
rados por Chapetones e Criollos. e Louisiana (Centro dos Estados Unidos), além do Hai-
No que tange ao processo de ocupação da América ti, Tobago, Martinica, Guadalupe nas Antilhas (América
Inglesa, temos algumas características diferentes, pois o Central).  Juntamente com os Holandeses ocuparam as
processo de ocupação da América do Norte por Ingleses Guianas ao norte da América do Sul.
teve início no século XVII e foi dividido entre duas com- A colonização francesa na América do Norte, gerou
panhias de comércio distintas, que aplicaram modelos de insatisfações e conflitos entre eles o os Ingleses, oca-
exploração igualmente distintos. sionando assim, a Guerra dos Sete Anos (1756-1763),
Portanto, os territórios ao sul, formado pelas colônias fato esse, que acelerou o processo de independência da
da Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia América do Norte.
e Maryland, administrado pela Companhia de Londres,
foi moldado segundo o padrão de exploração português Iluminismo e a Revolução Francesa
e espanhol, sendo aplicado uma colônia de exploração, O processo de formação do Iluminismo, demarcamos
baseado no sistema de Plantation, ou seja, ao sul inves- entre os séculos XVII e XVIII, em especial, na Holanda,
tiu-se na produção de gêneros tropicais com a utilização Inglaterra e França, haja visto, que na França, ele ganhou
de mão de obra escrava africana, e voltada para o mer- mais força e projeção. O iluminismo, é caracterizado por
cado externo. Como resultado temos uma sociedade de ser um movimento cultural e intelectual, que trouxe a
base aristocrática. “luz” para a população europeia, e posteriormente, se es-
Porém, nass colônias do Norte, Delaware, Pensilvânia, palhou por todo o mundo. Com isso, o desenvolvimento
Nova York, Nova Inglaterra, Massachussetts, Connecticut, intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento,
New Hempshire, Rhode Island e Nova Jersey, foram ad- deu origem a ideias de liberdade política e econômica,
ministradas pela Companhia de Plymouth, obedeceram defendidas pela burguesia. Os filósofos e economistas
a um estilo diferente de colonização, onde o foco não que difundiam essas ideias julgavam-se propagadores
foi propriamente o acumulo de capital e as práticas mer- da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de
cantilistas. iluministas.

O Iluminismo foi um movimento intelectual que sur-


FIQUE ATENTO! giu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso
Havia um fator climático que fez o Sul ser da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava
Explorado e Norte/Centro ser povoado, cha- maior liberdade econômica e política.
mado de Negligência Salutar, o clima do
Norte/Centro era próximo do Europeu, por Desta forma, o movimento iluminista trouxe consigo
esse motivo, ele não recebe a formatação de grandes avanços que, juntamente com a Revolução In-
uma Colônia de Exploração. dustrial, abriram espaço para a profunda mudança po-
lítica determinada pela Revolução Francesa. O precursor
desse movimento foi o matemático francês René Des-
Por, todavia, o motivo para este diferente sistema tem cartes (1596-1650), considerado o pai do racionalismo.
relação com as constantes perseguições religiosas que Em sua obra “Discurso do método”, ele recomenda, para
ocorriam em território inglês desde a instituição das reli- se chegar à verdade, que se duvide de tudo, mesmo das
giões protestantes. coisas aparentemente verdadeiras. A partir da dúvida
Sendo assim, entre as centenas de colonos que mi- racional pode-se alcançar a compreensão do mundo, e
graram para as colônias do Norte estavam os chamados mesmo de Deus.
puritanos (Calvinistas Ingleses), que viram na migração Para compreender essa ilustração nascida com o Ilu-
para a América Colonial em busca de maior segurança minismo, observe as suas principais características abai-
para a prática de sua Fé. Assim, a região foi marcada xo:
desde cedo pelas o desejo de desenvolvimento, investin-  Valorização da razão, considerada o mais im-
do-se na produção familiar dos mais diversos gêneros e portante instrumento para se alcançar qualquer tipo de
atividades, com vistas para a formação e fortalecimento conhecimento;
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

de um mercado interno.  Valorização do questionamento, da investigação


Quando pensamos em colonização Francesa nas e da experiência como forma de conhecimento tanto da
Américas, precisamos destacar que os Franceses inicial- natureza quanto da sociedade, política ou economia;
mente se dedicaram ao contrabando e pirataria, bem  Crença nas leis naturais, normas da natureza que
como a invasão de territórios portugueses e espanhóis, regem todas as transformações que ocorrem no com-
visto que estes dois últimos possuíam mais territórios portamento humano, nas sociedades e na natureza;
e buscavam ocupá-los para protegê-los. No entanto, o  Crença nos direitos naturais, que todos os indi-
contingente colonial não era suficiente para garantir a víduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse
posse das terras. de bens materiais;

49
 Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos dos, foi um conflito armado entre o Reino da Grã-Breta-
privilégios da nobreza e do clero; nha e as Treze Colônias na América do Norte, que haviam
 Defesa da liberdade política e econômica e da declarado sua independência.
igualdade de todos perante a lei;
 Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse Em 1776, os colonos se reuniram no segundo con-
a crença em Deus. gresso com o objetivo maior de conquistar a indepen-
dência. Durante o congresso, Thomas Jefferson redigiu
Eram totalmente contra o absolutismo e suas ca- a Declaração de Independência dos Estados Unidos da
racterísticas ultrapassadas. Criticavam, além dele, o mer- América. Porém, a Inglaterra não aceitou a independên-
cantilismo, os privilégios da nobreza e do clero, e a Igreja cia de suas colônias e declarou guerra. A Guerra de In-
Católica e seus métodos (a crença em Deus não era criti- dependência, que ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida
cada). Defendia a liberdade na política, na economia e na pelos Estados Unidos com o apoio da França e da Espa-
escolha religiosa. nha.

A Independência dos Estados Unidos #FicaDica


Após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglater-
ra resolveu aumentar vários impostos e taxas, além de Declaração da Independência dos Esta-
criar novas leis que tiravam a liberdade dos norte-ameri- dos Unidos. A Declaração de Indepen-
canos. Dentre estas leis podemos citar: Lei do Chá (deu o dência dos Estados Unidos  da Améri-
monopólio do comércio de chá para uma companhia co- ca foi o documento no qual as chamadas
mercial inglesa), Lei do Selo ( todo produto que circulava Treze Colônias, localizadas na América do
na colônia deveria ter um selo vendido pelos ingleses), Norte, declararam independência da Grã-
Lei do Açúcar (os colonos só podiam comprar açúcar vin- -Bretanha.
do das Antilhas Inglesas).
Desta forma, estas taxas e impostos geraram muita
revolta nas colônias. Um dos acontecimentos de protes- Em 1787, ficou pronta a Constituição dos Estados
Unidos com fortes características iluministas. Garantia a
to mais conhecidos foi a Festa do Chá de Boston (The
propriedade privada (interesse da burguesia), manteve a
Boston Tea Party). Vários colonos invadiram, a noite, um
escravidão, optou pelo sistema de república federativa e
navio inglês carregado de chá e, vestidos de índios, joga-
defendia os direitos e garantias individuais do cidadão.
ram todo carregamento no mar. Este protesto gerou uma
forte reação da metrópole, que exigiu dos habitantes os
O Dia da Independência dos Estados Unidos (em in-
prejuízos, além de colocar soldados ingleses cercando a
glês, Independence Day of The Fourth of July) é um fe-
cidade.
riado nacional que celebra o dia 4 de julho nos Estados
Unidos. Esse dia marca a Declaração de Independência
Independência dos Estados Unidos da América, foi de 1776, ano em que as Treze Colônias declararam a se-
o movimento pela Emancipação dos Estados Unidos paração formal do Império Britânico.
ocorreu na virada da década de 1770 para a 1780 e de-
flagrou uma guerra cujo fim, em 1783, selou a autonomia Constituição dos Estados Nacionais na América
das Treze Colônias. Latina
O processo de formação dos países latino-americanos
Os colonos do norte resolveram promover, no ano foi marcado pela instabilidade política. A substituição das
de 1774, um congresso para tomarem medidas diante antigas colônias espanholas por nações independentes
de tudo que estava acontecendo. Este congresso não ti- apresentou dois problemas básicos: constituir Estados
nha caráter separatista, pois pretendia apenas retomar a soberanos e organizá-los em meio às mais variadas ten-
situação anterior. Queriam o fim das medidas restritivas dências políticas.
impostas pela metrópole e maior participação na vida Além disso, o antigo império espanhol, agora frag-
política da colônia. mentado em repúblicas independentes, continuou a co-
Entretanto, o rei inglês George III não aceitou as pro- nhecer uma realidade socioeconômica e cultural dividi-
postas do congresso, muito pelo contrário, adotou mais da. Na maior parte da América Latina, onde predominava
medidas controladoras e restritivas como, por exemplo, uma estrutura latifundiária e as mais variadas formas de
as Leis Intoleráveis. Uma destas leis, conhecida como semi servidão, a independência pouco ou nada veio al-
Lei do Aquartelamento, dizia que todo colono norte-a- terar.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

mericano era obrigado a fornecer moradia, alimento e Nesse contexto, marcado por tantas diferenças, sur-
transporte para os soldados ingleses. As Leis Intoleráveis gem os antagonismos regionais entre as lideranças do
geraram muita revolta na colônia, influenciando direta- processo de emancipação, ao sabor dos mais variados
mente no processo de independência. interesses.
Quanto à forma de organização dos Estados nacio-
A Guerra de Independência dos Estados Uni- nais, o republicanismo foi o princípio político geral que
dos, Guerra  Revolucionária Americana (1775– norteou a formação dos Estados nacionais latino-ameri-
1783),  Guerra  Americana da  Independência, ou canos. Entretanto, a monarquia tinha seus defensores en-
simplesmente Guerra Revolucionária nos Estados Uni- tre muitos membros da elite criolla. Essa tendência, além

50
do Brasil, só seria viabilizada no México com Augustin O expansionismo norte americano: a marcha para
Itúrbide, e, assim mesmo, por um curto espaço de tem- o oeste e a política externa intervencionista para a
po. Com a opção pela república, impõem-se também os América Latina: Doutrina Monroe e o Pan-America-
interesses e as ambições relativas ao mando local, trans- nismo
formando as disputas políticas em violentas e sangrentas Na segunda metade do século XVIII, os Estados Uni-
lutas. dos tornaram-se independentes do domínio dos ingleses
O processo de formação dos países latino-americanos e formaram sua própria estrutura política pelo sistema
foi marcado pela instabilidade política. A substituição das Republicano. Quando George Washington (1789-1797)
antigas colônias espanholas por nações independentes assumiu o cargo de Primeiro Presidente do país, embre-
apresentou dois problemas básicos: constituir Estados nhou-se em uma política isolacionista com o intuito de
soberanos e organizá-los em meio às mais variadas ten- distanciar-se dos interesses europeus.
dências políticas. Alguns anos depois, com a proclamação da indepen-
Além disso, o antigo império espanhol, agora frag- dência de países latino-americanos outrora colonizados
pelos europeus, os Estados Unidos fizeram questão de
mentado em repúblicas independentes, continuou a co-
reconhecer a hegemonia de cada nação, no sentido de
nhecer uma realidade socioeconômica e cultural dividi-
livrar o continente das intervenções europeias.
da. Na maior parte da América Latina, onde predominava
Em dezembro de 1823, o então presidente norte-a-
uma estrutura latifundiária e as mais variadas formas de
mericano James Monroe (1817-1825) fez um pronuncia-
semi-servidão, a independência pouco ou nada veio al- mento no Congresso de seu país para exigir o distancia-
terar. mento dos europeus que pretendiam retomar o processo
Nesse contexto, marcado por tantas diferenças, sur- de colonização. Os principais países que queriam invadir
gem os antagonismos regionais entre as lideranças do novamente o território americano faziam parte da Santa
processo de emancipação, ao sabor dos mais variados Aliança (como Áustria, Rússia e França).
interesses. Segundo a Doutrina Monroe, “os continentes ameri-
Quanto à forma de organização dos Estados nacio- canos, em virtude da condição livre e independente que
nais, o republicanismo foi o princípio político geral que adquiriram e conservam, não podem mais ser considera-
norteou a formação dos Estados nacionais latino-ameri- dos, no futuro, como suscetíveis de colonização por ne-
canos. Entretanto, a monarquia tinha seus defensores en- nhuma potência europeia”.
tre muitos membros da elite criolla. Essa tendência, além O texto afirmava que os Estados Unidos não podiam
do Brasil, só seria viabilizada no México com Augustin intervir na Europa quando ocorresse conflitos regionais,
Itúrbide, e, assim mesmo, por um curto espaço de tem- do mesmo modo que os interesses americanos não po-
po. Com a opção pela república, impõem-se também os deriam ter interferência alguma de um país europeu.
interesses e as ambições relativas ao mando local, trans- Apesar da Doutrina Monroe contribuir bastante para
formando as disputas políticas em violentas e sangrentas a independência do continente americano como um
lutas. todo, os Estados Unidos também preservavam seus in-
teresses na região. Ao impedir a interferência da Europa,
Em meio às dificuldades de instalação dos Estados os norte-americanos estavam selando sua hegemonia na
Nacionais, uma proposta foi marcante, no sentido de região, algo que alguns estudiosos denominam de pan-
unir toda a América Espanhola numa só nação. Isso -americanismo.
em razão da ameaça de recolonização defendida pela
Espanha, apoiada na Santa Aliança europeia. Com a criação da Doutrina Monroe, os Estados
Unidos, livres de qualquer interesse de países euro-
peias, iniciaram uma política expansionista de larga
Com isso, ganha espaço o bolivarismo, uma das bases
escala, varrendo inúmeras tribos indígenas do mapa
do pan-americanismo, defendido por Simón Bolívar, o Li-
para tornar-se cada vez mais potentes.
bertador. Em termos concretos, entretanto, os ideais de
Bolívar se efetivaram em poucas experiências. Entre 1819
O Monroísmo representa a visão norte-americana do
e 1830, a Venezuela, o Equador, a Colômbia, compreen- Pan-Americanismo, bem distinta do Bolivarismo e funda-
dendo o Panamá, formaram a Confederação da Grã-Co- da a com a percepção do predomínio dos EUA sobre os
lômbia, como já se percebe de curta duração. A partir de demais Estados americanos. Sua primeira manifestação
1821, o Peru e a Bolívia iniciaram a formação da Confe- foi a Mensagem Presidencial de James Monroe enviada
deração do Grande Peru, o que foi duramente combatido ao Congresso dos EÚA em 1823. Nela, Monroe negava
pela Argentina e pelo Chile, temerosos da presença de aos europeus o direito de intervenção no continente
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

um Estado poderoso. Na América Central, Guatemala, americano, seja para criar áreas de colonização ou para
Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica separa- reprimir a independência recém conquistada pela maio-
ram-se do México, em 1823, e formaram as  Províncias ria dos Estados americanos.  
Unidas da América Central, pulverizada em 1839. No documento eram demonstradas a preocupação
norte-americana com a sua própria segurança (inclusi-
Bolívar, que sonhava com a criação da Confedera- ve pelos projetos territoriais expansionistas dos EUA), o
ção dos Andes, morreu em 1830, não sem antes ten- interesse norte-americano em garantir um comércio li-
tar a sua concretização, no Congresso do Panamá, em vre com países independentes, que torna-se evidente ao
1826. constatarmos que o governo dos EUA foi dos primeiros a

51
estabelecer relações diplomáticas com os novos Estados 1909-1910: Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso

surgidos com a conquista da independência. O problema Pena, assumiu em seu lugar);
é que a famosa frase dita por ele ‘América para os ame- 1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca;

ricanos’ tem, em seu fundo, o anexo ‘para os americanos 1914-1918: Venceslau Brás Pereira Gomes;

do norte. 1918-1919: Francisco de Paula Rodrigues Alves

(eleito, morreu de gripe espanhola, sem ter assu-
Implantação do regime republicano no Brasil: a mido o cargo);
República Velha 1919: Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Ro-

Para entender os acontecimentos da Primeira Repú- drigues Alves, assumiu em seu lugar);
blica do Brasil, precisamos compreender primeiro, a di- 1919-1922: Epitácio da Silva Pessoa;

visão política do país, sendo assim, a República Vela se 1922-1926: Artur da Silva Bernardes;

fragmenta entre a República da Espada (1889-1894) e 1926-1930: Washington Luís Pereira de Sousa (de-

a República Oligárquica (1894-1930). Essa organização, posto pela revolução de 1930);
possibilita entender que os interesses das classes ascen- 1930: Júlio Prestes de Albuquerque (eleito presi-

dentes ao poder, serão beneficiadas em cada um desses dente em 1930, não tomou posse, impedido pela
governos. Revolução de 1930);
1930: Junta Militar Provisória: General Augusto

É comum retratar a República Oligárquica, como “Re- Tasso Fragoso, General João de Deus Mena Barre-
pública do café com leite”, fazendo alusão ao predomínio to, Almirante Isaías de Noronha.
do PRP – Partido republicano Paulista e do PRM – Partido
Republicano Mineiro, eles revezavam o controle político Compreendendo as lideranças políticas nessa fase
do país. política do Brasil, lembre-se, durante todo esse período,
Minas Gerais e São Paulo revezavam o governo brasilei-
O primeiro Presidente do Brasil, foi o Marechal Deo- ro, sendo assim, outros Estados ficaram de fora desse
doro da Fonseca, ele esteva a frente do Brasil entre 1889 processo, se sentindo prejudicados com essa ausência
até 1891. Deodoro, foi o Presidente que colocou em política.
vigência nossa primeira Constituição Republicana, em
1891. Durante esse período da História do Brasil, nosso
Dentro da perspectiva política desse líder, podemos país foi governado por grupos políticos representan-
observar a formação efetiva de um Estado Laico, sem tes da elite agrária (oligarquias) nacional.
mais a obrigação do ensino religioso nas escolas, a divi-
são política em três poderes, sendo eles, o Legislativo, o Sendo assim, para entendermos as principais ca-
Executivo e o Judiciário, formando a tripartição do poder racterísticas do Brasil nesse período, devemos destacar
aplicada até hoje no Brasil, e também, formou a unidade a introdução de um governo civil, lembrando que foi a
federativa, afinal, na Constituição de 1891, foi estabeleci- primeira vez da História do país, porém, essas lideranças
do o Federalismo no Brasil. estavam vinculadas ao PRP, ou então, ao PRM.
Porém, Deodoro tinha uma visão política um pouco Ademais, ocorre a formação da política dos latifun-
mais ampla, priorizando várias classes no Brasil, e esse diários, onde apenas as elites oligárquicas tinham vez no
fator, fez com que houvesse uma transição política no cenário político nacional. Além disso, a termologia polí-
país, saindo do poder Deodoro e assumindo o poder o tica do Café com Leite, remete exatamente a esse fator,
Marechal Floriano Peixoto. O novo líder, era conhecida eram as principais bases econômicas do país.
por ser mais rígido, por aplicar mais controle e promover
uma opressão efetiva, esses elementos, fez com que ele O café era a base determinante do país, pois ele
venha a receber o apelido de “o Marechal de Ferro”. era exportado para Europa, sendo nossa principal
Floriano Peixoto governou entre 1891 e 1894, den- base econômica na primeira fase republicana, haja
tro de suas principais ações, ele priorizou a classe militar, visto, que ele já se estendia desde o início da fase Im-
fato esse, que agradou o grupo que havia se acendido perial.
ao poder. Porém, mesmo sendo mais controlador, Floria-
no possibilitou a abertura política as elites oligárquicas, Ao longo desse período, também ocorreu a política
como era o previsto no contexto que antecede a Repú- dos governadores, que eram acordos entre presidentes
blica Brasileira. da República e governadores dos estados. Esses acordos
Para compreender a segunda fase da República Velha, envolviam apoios mútuos e troca de favores políticos,
precisamos compreender uma grande variação política sendo assim, o presidente da república e os governado-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

no controle do Brasil, sendo assim, observe abaixo os res conseguiam se manter e garantir a governabilidade.
líderes políticos que controlaram o Brasil na República Ademais, é preciso lembrar do coronelismo, pois os
Oligárquica: coronéis eram grandes proprietários rurais que exerciam
importante influência política em suas regiões. Eles obri-
1894-1898: Prudente José de Morais e Barros;
 gavam os eleitores da região a votarem nos candidatos
1898-1902: Manuel Ferraz de Campos Sales;
 indicados por ele.
1902-1906: Francisco de Paula Rodrigues Alves;
 Além disso, destacamos o “curral eleitoral”, uma ex-
1906-1909: Afonso Augusto Moreira Pena (morreu
 pressão utilizada por historiadores brasileiros na Repú-
durante o mandato) blica Velha que indicava uma região onde um político

52
possuía grande influência, é bastante conhecido ou onde 1914. A revolta foi liderada pelo padre Cícero Ro-
é muito bem votado. A origem da expressão vem do mão Batista e pelo médico e político Floro Barto-
tempo em que o voto era aberto no Brasil. lomeu da Costa. Teve como epicentro a cidade de
Todos esses processos, facilitavam o acontecimento Juazeiro do Norte, localizada no sertão do Cariri
de fraudes eleitorais para eleger sempre os representan- (interior do estado do Ceará).
tes das elites agrárias, assim sendo, o voto era realizado
através de uma cédula onde o eleitor marcava em quem
queria votar e depositava essa cédula na urna. Mui- #FicaDica
tos desses eleitores já levavam as cédulas preenchidas
de casa, sendo na maioria das vezes preenchidas pelo Após a Proclamação da República aconte-
próprio coronel. Além disso, em algumas situações até ceram dois movimentos messiânicos que
mortos votavam para forjar alguma vitória eleitoral, vê-se são considerados os maiores do Brasil:
que esses coronéis não mediam esforços para conseguir Canudos, Contestado e Juazeiro. A seme-
o que queriam. E quanto ao povo restava apenas obede- lhança entre eles, é vista pelo grande nú-
cer e nada mais. mero de seguidores quanto pela resposta
Ao longo de toda República Velha, muitos movimen- violenta do governo ao tratar da questão.
tos sociais, muitos movimentos de resistência e crítica ao Decepcionados com a proclamação da Re-
governo emergiram, dentro desses eventos, podemos pública, camponeses de várias partes do
destacar os seguintes acontecimentos: Brasil, se juntam a líderes carismáticos que
prometem melhores condições de vida à
Revolução Federalista (1893-1895), foi um conflito
 população.
de caráter político, ocorrido no Rio Grande do Sul
entre os anos de 1893 e 1895, que desencadeou
uma revolta armada. A revolta atingiu também o Greve Geral (1917), foi um movimento provocado

Paraná e Santa Catarina. pelos operários e comerciantes de São Paulo nos
Revolta da Armada (1893-1894), foi um movimen-
 meses de junho e julho. Os trabalhadores reivindi-
to de rebelião promovido por unidades da Mari- cavam melhores condições de trabalho e aumento
nha Imperial Brasileira contra os governos da re- de salário. Depois de cinco dias de paralisação ge-
cém-imposta república brasileira após o Golpe de ral, os grevistas tiveram suas reivindicações aten-
1889, que havia sido consolidada através da Pri- didas.
meira Ditadura Militar do Brasil. Semana de 22, também chamada de Semana de

Guerra de Canudos (1896-1897), foi um conflito no
 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 11 e 18 de
sertão baiano ocorrido em 1896 e 1897, que termi- fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da cidade.
nou com a destruição do povoado de Canudos, daí Revolta dos 18 do Forte (1922), também conhecida

o nome da Guerra. Houve várias batalhas entre tro- como Revolta do Forte de Copacabana, foi iniciada
pas do governo federal e um grupo de sertanejos em 5 de julho de 1922 e encerrada no dia seguinte,
liderados por um líder religioso, Antônio Vicente na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil.
Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. Foi a primeira revolta do movimento tenentista, no
Revolta da Vacina (1904), estourou um movimen-
 contexto da República Velha.
to de caráter popular na cidade do Rio de Janei- Revolução Libertadora (1923), foi o movimento ar-

ro (capital do país). O motivo que desencadeou a mado ocorrido durante onze meses daquele ano
revolta  foi a campanha de vacinação obrigatória, no estado do Rio Grande do Sul, em que lutaram,
imposta pelo governo federal, contra a varíola. de um lado, os partidários do presidente do Esta-
Revolta da Chibata (1910), foi um motim naval no
 do, Borges de Medeiros  (Borgistas ou Ximangos,
Rio de Janeiro, Brasil, ocorrido no final de novem- que usavam no pescoço como distintivo ou carac-
bro de 1910, liderada pelo Almirante Negro. Foi o terística o lenço branco) e, de outro, os revolucio-
resultado direto do uso de chibatadas por oficiais nários, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil
navais brancos ao punir marinheiros afro-brasilei- (Assisistas ou Maragatos, que usavam no pescoço
ros e mulatos. Em 1888, o Brasil se tornou o último como distintivo o lenço vermelho).
país do hemisfério ocidental a abolir a escravidão. Coluna Prestes (1925-1927), foi um movimento

Guerra do Contestado (1912-1916), foi um conflito
 político-militar brasileiro ocorrido entre 1925 e
armado que envolveu posseiros e pequenos pro- 1927 e ligado ao tenentismo.
prietários de terras, de um lado, e representantes
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

dos poderes estadual e federal brasileiro, numa re- A revolta do Cangaço foi um movimento de ban-
gião rica em erva-mate e madeira, disputada pelos didagem social, que ocorreu entre os anos de 1870
Estados do Paraná e de Santa Catarina. A região, até 1940. O bandido social se diferenciava do bandi-
marcada por muitos conflitos ligados a disputas de do comum pois tornava-se um fora-da-lei em respos-
limites entre os dois estados, era conhecida como ta às injustiças e perseguições que sofria. Basicamen-
Contestado. te, cangaceiros roubavam dos grandes fazendeiros
Sedição de Juazeiro (1914), foi uma revolta de ca-
 do nordeste e ajudava os pobres trabalhadores. O
ráter popular, embora liderada pelos coronéis da cangaço só ganhou uma forma conhecida depois da
região, que ocorreu no sertão do Nordeste em República ser proclamada, com Virgulino Ferreira da

53
Silva, o famoso Lampião. Ele surgiu em 1920 e lide- Deste modo, algumas vezes o imperialismo é associa-
rou os cangaceiros até 1938. O bando dele nasceu no do somente com a expansão econômica dos países capi-
sertão, e não haviam coronéis fortes o bastante para talistas, já outras vezes é usado para designar a expansão
impedir a formação desse tipo de bando. Entretanto, europeia após 1870. Embora Imperialismo signifique o
não conseguiu se livrar da traição dos falsos amigos. mesmo que colonialismo e os dois termos sejam usados
No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e
fazenda Angicos, no sertão de Sergipe, esconderijo outro.
tido por Lampião como o de maior segurança. Na ma- Afinal, o Colonialismo normalmente implica em con-
drugada do dia 28, a volante chegou de mansinho e trole político, envolvendo anexação de território e perda
quando um dos cangaceiros deu o alarme, já era tar- da soberania. Já o Imperialismo se refere, em geral, ao
de demais. Lampião morre aos 41 anos. Com o fim da controle e influência que é exercido tanto formal como
República Velha em 1930, encerrava-se também a era informalmente, direta ou indiretamente, política ou eco-
do cangaço. nomicamente, visando a obtenção do lucro.
Portanto, é assim que podemos compreender as di-
Além disso, a base que sustentava a economia na ficuldades que certos países têm até os dias atuais. As
República Velha, foi a produção da cafeicultura, sendo marcas profundas deixadas pelo colonialismo se refletem
assim, as elites agrárias se articulavam entre si, para criar em suas culturas, políticas, economias e são vistas com
meios de manter o produto em alta. Assim sendo, em clareza nas guerras e massacres causados por diferenças
1906, ocorreu o Convênio de Taubaté. étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pe-
Desta forma, Convênio de Taubaté foi um acordo fir- las nações poderosas
mado entre os governadores dos estados de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro para proteger a produção
brasileira de café, que passava por um momento críti- #FicaDica
co, de preços baixos e prevendo a colheita de uma safra
recorde. O convênio estabelecia preços mínimos para a A formatação do Imperialismo, visava alie-
compra do excedente pelos governos, que a exportação nar ideologicamente a população, e atra-
de tipos inferiores de café fosse desencorajada, que fos- vés disso, passariam a ter um controle da
se melhorada a propaganda no exterior, que se estimu- economia obtendo lucros sobre as regiões
lasse o consumo interno e restringisse a expansão das dominadas.
lavouras. As compras seriam financiadas por emissões
lastreadas em empréstimos externos. Além disso, o go-
Quando pensamos na Primeira Guerra Mundial, deve-
verno federal se comprometia com a criação da Caixa de
mos destacar que foi um conflito em escala global, que
Conversão a fim de estabilizar o câmbio, e assim, a ren-
começou na Europa e envolveu os territórios coloniais.
da  dos cafeicultores em moeda doméstica. O convênio
Nesse contexto, dois blocos enfrentaram-se: a Tríplice
deu início à primeira operação de defesa do café, que foi
Aliança, formada pela Alemanha, Império Austro-Hún-
composta por uma política de valorização do produto e
garo e Itália, e a Tríplice Entente formada pela França,
outra de estabilização cambial.
Inglaterra e Rússia.
Com o Convênio, o governo comprou e estocou as Porém, o conflito envolveu 17 países dos cinco conti-
safras de café sem mercados, como intuito de man- nentes como: Alemanha, Brasil, Áustria-Hungria, Estados
ter a base econômica do país ativa, porém, o gover- Unidos, França, Império Britânico, Império Turco-Oto-
no impôs que não houve a ampliação das plantações mano, Itália, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal,
de café, visando a produção de outros produtos no Reino da Romênia, Reino da Sérvia, Rússia, Austrália e
Brasil. Contudo, não foi muito respeita pelos latifun- China. Deixando 10 milhões de soldados mortos e outros
diários. 21 milhões ficaram feridos. Também 13 milhões de civis
perderam a vida.
Primeira e Segunda Guerras Mundiais: o nazi fas- Desde o final do século XIX o mundo vivia em ten-
cismo, organização dos Estados socialistas e comunista são. O extraordinário crescimento industrial possibilitou
Para analisar o Imperialismo, precisamos demarcar o a Corrida Armamentista, ou seja, a produção de armas
final do século XIX e começo do século XX, pois entre os numa quantidade jamais imaginada. Sendo assim, o ex-
anos de 1884 e 1885, as potências europeias organiza- pansionismo do Império Alemão e sua transformação na
ram a Conferência de Berlim, onde definiram a Partilha maior potência industrial da Europa fizeram brotar uma
da África entre essas potências. Porém, não parou por aí, enorme desconfiança entre a Alemanha e França, Ingla-
logo no início do século XX, foi definido a ocupação da terra e Rússia.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Ásia, sendo assim, as potências europeias, mais os Esta- Portanto, no começo do conflito, as forças se equi-
dos Unidos da América e o Japão, passaram a exercer o libravam, em número de soldados, diferentes eram os
Imperialismo nesse continente. equipamentos e os recursos. A Tríplice Entente não tinha
Esse fator, fez emergir uma corrida Imperialista, e foi canhão de longo alcance, mas dominava os mares, gra-
dessa corrida, que vamos observar a eclosão da Primeira ças ao poderio inglês. Os tanques de guerra, os encou-
Guerra Mundial em 1914. Desta forma, o Imperialismo raçados, os submarinos, os obuses de grosso calibre e a
é a prática através da qual, nações poderosas procuram aviação, entre outras inovações tecnológicas da época,
ampliar e manter controle ou influência sobre povos ou constituíram artefatos bélicos de grande poder de des-
nações mais pobres. truição.

54
Sendo assim, com artilharia pesada e 78 divisões, os manha e começa a implantar o regime nazista na
alemães passaram pela Bélgica, violando a neutralida- Alemanha e, futuramente nos países ocupados.
de deste país. Venceram os franceses na fronteira e ru- Em 1933, entra em vigor o “New Deal”, plano eco-

maram para Paris. O governo francês transferiu-se para nômico criado pelo governo Roosevelt para tirar a
Bordeaux e na Batalha de Marne, conteve os alemães, economia norte americana da recessão.
que recuaram. Depois, franceses e alemães firmaram Em 1936 tem início a Guerra Civil Espanhola. No

posições cavando trincheira ao longo de toda a frente ano seguinte, aviões alemães bombardeiam a ci-
ocidental. Protegidos por arame farpado, os exércitos se dade espanhola de Guernica. Era o apoio de Hitler
enterravam em trincheira, onde a lama, o frio, os ratos e aos franquistas contra os republicanos.
o tifo mataram tanto quanto as metralhadoras e canhões. Em 1938, a Alemanha anexa a Áustria. No ano se-

Este momento é chamado de Guerra de Trincheiras. guinte, a Polônia é invadida pela Alemanha. França
Outrossim, em 1917, os Estados Unidos,  que se e Inglaterra declaram guerra à Alemanha. Começa
mantivera fora da guerra, apesar de emprestar capitais a Segunda Guerra Mundial.
e vender armas aos países da Entente, principalmente
à Inglaterra, entra no conflito. Com isso, ele declarou Ideologias e práticas políticas: liberalismo, socia-
guerra à Alemanha, por temer seu poderio imperialista lismo, nacionalismo e totalitarismo
e industrial. Nesse mesmo ano a Rússia, saiu do conflito, Quando pensamos em ideologias e práticas políticas,
por conta da Revolução Russa, que derrubou o czar e o liberalismo é uma teoria política e social que enfatiza
implantou o regime socialista. fundamentalmente os valores individuais da liberdade e
Desta forma, com entrada Estadunidense, a Tríplice da igualdade. Para os liberais, todo indivíduo têm direitos
Entende se fortaleceu e acabou vencendo a Guerra, le- humanos inatos.
vando o eixo mundial diretamente para os Estados Uni- Portanto, o governo tem o dever de respeitar tais di-
dos, sendo assim, a hegemonia mundial passou a ser pela reitos e deve atuar principalmente para resolver disputas
primeira vez na história, um país fora do eixo Europeu. quando os interesses dos indivíduos se chocam. De acor-
do com a filosofia política liberal, a sociedade e o gover-
O grande estopim do conflito a morte de Francis- no devem proteger e promover a liberdade individual,
co Ferdinando, Arquiduque do Império Austro-Hún- em vez de impor constrangimentos. A pluralidade e a di-
garo. Porém, foi a corrida imperialista e a ausência versidade devem ser encorajadas e a sociedade deve ser
de uma hegemonia dentro da Europa que motivou o igual e justa na distribuição de oportunidades e recursos.
conflito. O liberalismo é, portanto, uma teoria individualista, pois
entende que o indivíduo tem prioridade sobre o coletivo.
A formação do período Entreguerras, constitui uma
Quando pensamos e analisamos o socialismo, preci-
fase da História do século XX que vai do final da Primeira
samos compreender que ele é um sistema política e eco-
Guerra Mundial até o início da Segunda Guerra Mundial,
nômico baseado na igualdade entre os indivíduos.
ou seja, entre 1918 a 1939. Este período é marcado por
Desta forma, ele propõe a distribuição igualitária de
vários acontecimentos mundiais de extrema importância
renda, extinção da propriedade privada, socialização dos
para entendermos a História mundial dos anos seguintes.
meios de produção, economia planificada e, além disso,
Sendo assim, dentro dessa perspectiva, ocorreu os
a tomada do poder por parte do proletariado.
seguintes eventos:
Portanto, o pensamento político no socialismo visa
Tratado de Versalhes (1919), impôs várias sanções
 uma sociedade sem classes, onde bens e propriedades
e restrições à Alemanha, tais como: perda de colô- passam a ser de todos. O objetivo é acabar com as gran-
nias na África, entrega da região da Alsácia Lorena des diferenças econômicas entre os indivíduos, ou seja, a
à França, limitação do exército alemão, pagamento divisão entre pobres e ricos.
de indenização pelas perdas provocadas aos alia- Quando pensamos em formação do imaginário na-
dos. cionalista, precisamos perceber que dentro das Améri-
Fascismo na Itália, os fascistas ganham força na Itá-
 cas, o Estados Unidos são os mais nacionalistas, logo, são
lia sob a liderança de Benito Mussolini. Em 1922 exemplos para os demais. Ao pensar na formação desse
ocorre a Marcha sobre Roma e os fascistas assu- pensamento, precisamos observar que um dos fenôme-
mem o poder na Itália. nos sociais recentes mais problematizados pelas discipli-
Em 1929 é assinado o Tratado de Latrão na Itália.
 nas das Ciências Sociais, refere-se ao nacionalismo e os
Neste documento o papa Pio XI reconhece a Itália movimentos sociais oriundos deste.
como país e Mussolini concede ao Vaticano a so- Sendo assim, isso não acontece por acaso, pois, afinal
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

berania como Estado Independente. de contas, a nação à qual pertencemos é geralmente a


Em 1929 ocorre a Quebra da Bolsa de Valores de
 primeira forma que utilizamos para nos identificar quan-
Nova Iorque e a crise econômica afeta a economia do estamos em outro país, não é verdade? O naciona-
de vários países do mundo todo, inclusive a bra- lismo, portanto, de forma resumida, seria o sentimento
sileira. de pertencimento de um sujeito a um grupo tanto por
Nas eleições parlamentares alemãs de 1930, o Par-
 proximidade quanto por vínculo racial, linguístico ou his-
tido Nacional Socialista (nazista) torna-se o partido tórico. Assim sendo, trata-se de uma ideologia que exalta
com maior representação no Parlamento Alemão. o Estado nacional ao qual pertence o indivíduo em detri-
Em 1933, Adolf Hitler torna-se chanceler da Ale- mento da imagem do que é estrangeiro.

55
Ao analisarmos a formação do totalitarismo, precisa- Com isso, Stálin transformou a União Soviética de um
mos compreender que sua prática, ocorre entre corren- país agrário para uma potência industrial em uma dé-
tes doutrinárias diferentes. Sendo assim, o termo totali- cada. No entanto, isto foi feito à base de coletivizações
tarismo passou a ser utilizado em meados do século XX forçadas e do trabalho forçado dos dissidentes no Gulag,
para designar regimes políticos muito autoritários, capa- uma prisão especial para os que cometessem crimes po-
zes de controlar não só o poder do Estado, como tam- líticos.
bém todo o corpo social de uma nação, incluindo suas
esferas privadas. Comparar o fascismo, nazismo e stalinismo, per-
Portanto, diferentemente de outras tiranias do pas- mite a você, entender o processo de extremismo, in-
sado, o totalitarismo carrega como característica única dependentemente de sua opção política/econômica.
essa capacidade de embrenhar-se em todo o tecido so-
cial, exercendo poder em todas suas partes. Há, na Socio- Dentro do contexto em que ocorre a Segunda Guerra
logia Política, uma longa discussão sobre quais regimes Mundial, ocorrida entre os anos de 1939 e 1945, é assim
poderiam ser efetivamente considerados como totalitá- chamada por ter se tratado de um conflito que extrapo-
rios. Entretanto, existe um consenso em torno da ideia de lou o espaço da Europa, continente dos principais paí-
que o nazismo alemão e o stalinismo soviético foram os ses envolvidos. Além do norte da África e Ásia, o Havaí,
maiores exemplos de regimes totalitários já vividos. território estadunidense, com o ataque japonês a Pearl
Harbor, foi também palco de disputas territoriais e ata-
O debate entre teorias é muito comum nas provas, ques inimigos.
então, construa uma espinha dorsal que você consiga Sendo assim, para compreender o que levou à eclo-
definir cada uma das vertentes, e com isso, você terá são do conflito implica lembrar as consequências da Pri-
mais condições de produzir uma boa prova. meira Guerra, de 1914 a 1918, culminando com a derrota
alemã e a assinatura, entre as potências europeias envol-
A formação do sentimento nacionalista e contem- vidas, do Tratado de Versalhes (1919), que, culpando a
plação dos extremismos, podemos observar o fascismo Alemanha pela guerra, declarou a perda de suas colônias
italiano, que se iniciou com Mussolini  em 1919, com a e forçou o desarmamento do país. Diante desse quadro,
fundação do PNF - Partido Nacional Fascista, que possuía o país derrotado enfrenta grande crise econômica, agra-
inspiração anticomunista e antidemocrática, os fascistas vada pela chamada de Grande Depressão, ou então, Cri-
entraram no governo italiano após a A Marcha sobre A
se de 29. Que foi iniciada nos Estados Unidos da América,
Marcha sobre Roma, em 1922. Diante da numerosa mul-
que ao fim da Primeira Guerra tinham se estabelecido
tidão que o apoiava, Mussolini foi convidado a ser chefe
como a grande economia mundial e financiador da re-
do governo pelo rei Vítor Emanuel III.
construção da Europa devastada pela guerra, entraram
Com isso, Mussolini foi incorporando gradualmente
em colapso econômico, levando consigo as economias
o partido fascista ao governo, nomeando ministros dos
de países dependentes da sua e agravando as dificulda-
membros fascistas, reformando a educação e captando
des econômicas na Europa.
adeptos entre os marginalizados. O governo fascista de
Mussolini foi o primeiro regime totalitário de direita que Desta forma, esse agravamento da crise econômica
surgiu na Europa e só terminou com a Segunda Guerra aumentou o sentimento de derrota e fracasso entre ale-
Mundial. mães e alemãs, que viram nos ideais do Partido Nacional-
Na contemplação do imaginário alemão, precisamos -Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista,
lembrar de Hitler foi a figura máxima do regime nazista a saída para a situação enfrentada pelo país. A frente do
que se instaurou na Alemanha a partir de 1933. Inspira- Partido, fundado em 1920, estava Hitler, que chegou ao
do no fascismo italiano, o nazismo ainda acrescentou no poder em 1933, defendendo ideias como a da superiori-
seu programa a superioridade da raça ariana sobre às dade do povo alemão, da culpabilização dos judeus pela
demais. O governo nazista promoveu ideias antissemitas, crise econômica e da perseguição, isolamento e elimina-
perseguindo e exterminando principalmente judeus. No ção dos mesmos e de outros grupos como ciganos, ho-
entanto, também eliminou fisicamente deficientes físicos mossexuais e deficientes físicos e mentais. Pregava ainda
e intelectuais, comunistas, religiosos. a teoria do espaço vital (Lebensraum), a qual defendia a
Portanto, para contar com o apoio do Exército ale- unificação do povo alemão, então, disperso pela Europa
mão, o nazismo propagou a ideia de “espaço vital”. Ini- e seria utilizada como justificativa para o expansionismo
cialmente, este compreendia os povos germânicos como nazista.
austríacos e alemães que viviam na Tchecoslováquia. De- Portanto, também na Itália a crise econômica do Pe-
pois, seria ampliado para o leste europeu e acabaria por ríodo Entreguerras (1919-1939)  foi aproveitada por um
iniciar a Segunda Guerra Mundial, com isso, o nazismo grupo político antiliberal e anticomunista, que via na
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

terminou em 1945 com o suicídio de Hitler  e o fim da formação de um Estado forte a solução para os proble-
Segunda Guerra Mundial. mas econômicos e sociais. Tal grupo organizou-se como
Com o advento da Revolução Russa de 1917 e após Partido Fascista, liderado por Mussolini, que em 1922 foi
a morte de Lênin, iniciou-se o stalinismo na URSS com o nomeado primeiro-ministro pelo rei Vítor Emanuel III.
poder concentrado nas mãos de Stálin. Ele eliminou seus Mussolini, chamado pelos italianos de  duce, combateu
adversários e foi galgando posições até chegar a ser a rivais políticos e defendeu a expansão territorial italiana,
figura mais importante da União Soviética. Foi um dos culminando na invasão da Etiópia em 1935 e na criação
regimes totalitários de esquerda que perdurou de 1927 a da chamada África Oriental Italiana, anexada à Itália.
1953 acabando com a liberdade civil no país. Com isso, os dois líderes totalitários, Hitler e Mus-

56
solini, assinaram em 1936 um tratado de amizade e ONU – Organização das Nações Unidas, cujo objetivo é
colaboração entre seus países. Estava formado o Eixo mediar conflitos entre países a fim de evitar novas guerras.
Roma-Berlim, que em 1940 passaria a ser Eixo Roma-Ber-
lim-Tóquio, marcando a aliança do Japão com os dois A grande motivação para eclosão da Segunda
países europeus, formalizada com a assinatura do Pacto Guerra Mundial, foi o Revanchismo entre as potên-
Tripartite, que garantia a proteção dos três países entre cias, desta forma, muitos historiadores relatam a Se-
si. Estava formado o Eixo, que durante o conflito mundial gunda Guerra, como uma extensão da Primeira.
enfrentaria os Aliados, aliança formada inicialmente por
Inglaterra e França que mais tarde contou com a entra- Descolonização e revoluções na África, nas Amé-
da de outros países, como os Estados Unidos, em 1941, ricas e na Ásia
após sofrer um ataque japonês na ilha de Pearl Harbor, Quando pensamos em descolonização e revoluções
seu território no Oceano Pacífico, a União Soviética, em na África, Américas e Ásia, precisamos lembrar que as-
1941, quando a Alemanha de Hitler quebrou o pacto Na- sim como a América do Sul, Central e do Norte, a África
zi-Soviético de Não-Agressão assinado dois anos antes, e Ásia, também foi colonizada pelos europeus, fato co-
e até mesmo o Brasil, que em 1942 saiu da neutralidade mum entre os citados é que todos foram colônias de ex-
e entrou no conflito, em 1944 enviou combatentes da ploração. A divisão do continente para exploração ocor-
FEB – Força Expedicionária Brasileira para combater na reu na Conferência de Berlim, na Alemanha entre os anos
Europa. de 1884 e 1885, nessa fizeram parte Inglaterra, França,
Nessa perspectiva, os nazistas decidiram levar a teoria Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
do espaço vital adiante, promovendo assim o expansio- Desta forma, a partir dessa conferência ficou definida
nismo alemão, primeiramente com a anexação da Áus- a divisão geográfica dos respectivos territórios a serem
tria, em 1938, depois com a tentativa de incorporar a explorados. O processo de exploração das colônias afri-
região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pois ali viviam canas durou muito tempo, as consequências atuais são
cerca de 3 milhões de falantes da língua alemã. França e derivadas de vários fatos históricos, sobretudo, da explo-
Reino Unido acordaram com a Alemanha, na Conferên- ração.
cia de Munique, a anexação de apenas 20% do território Sendo assim, no início do século XX, somente a Li-
tcheco, mas Hitler não respeitou acordo, ocupando e em béria havia alcançado a independência política em todo
1939 todo o país. O próximo passo foi a invasão da Po- continente, isso prova o grau de dependência em relação
às metrópoles e também o nível de atraso em desenvol-
lônia  na tentativa de recuperar Danzig, cidade perdida
vimento tecnológico, industrial e econômico em compa-
pelos alemães na Primeira Guerra. França e Reino Unido
ração aos outros continentes. O processo de indepen-
exigiram que os alemães voltassem atrás e, diante da ne-
dência das colônias em relação às metrópoles europeias
gativa de Hitler, declararam guerra à Alemanha em 3 de
é denominado historicamente como descolonização.
setembro de 1939. Tinha início o conflito mais destrutivo
Posterior a esse período, teve início uma modesta ini-
da história.
ciativa de instaurar a independência e autonomia políti-
Seguindo essa linha, os Aliados começaram a derro-
ca das colônias, os primeiros a contemplar tal feito foi o
tar o Eixo em 1942. No Pacífico, Estados Unidos e Aus-
Egito nos anos de 1920, além da África do Sul e Etiópia,
trália derrotaram os japoneses. Em fevereiro de 1943, os ambos nos anos 1940.
nazistas perderam a batalha de Stalingrado, ou então, o Com isso, um dos fatos que mais favoreceu o proces-
“DIA A”, na União Soviética, e foram expulsos da Bulgária, so de descolonização da África foi sem dúvida a Segun-
Hungria, Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Na África, da Guerra Mundial que ocorreu na Europa entre 1939
Egito Marrocos e Argélia foram conquistados pelas for- e 1945. Como esse conflito armado que aconteceu no
ças Aliadas. Em julho do mesmo ano, Vitor Emanuel III, continente europeu o mesmo sofreu com a destruição e
rei da Itália, destituiu Mussolini do governo e assinou a o declínio econômico.
rendição italiana aos Aliados. No dia 6 de junho de 1944, Com isso, o enfraquecimento econômico e político de
os Aliados desembarcaram na Normandia, França, na grande parte dos países europeus, especialmente aque-
operação que ficou conhecida como “Dia D”. Era o início les que detinham colônias na África, foram aos poucos
da libertação francesa e, no fim de agosto, Paris estava perdendo o controle sobre os territórios de sua admi-
livre. Em 2 de maio de 1945, soviéticos e estadunidenses nistração.
tomaram Berlim, dois dias depois do suicídio de Hitler e Assim sendo, esse fato deixa explícito que a perda
do alto-comando do Partido Nazista. Com isso, se iniciou de territórios se desenvolveu somente pelo motivo de
o processo de rendição das tropas nazistas, colocando, reconstrução que muitos países necessitavam executar,
assim, fim à guerra na Europa. Só o Japão resistia, mas, assim não podendo designar forças e recursos para o
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

em agosto, diante das bombas atômicas jogadas pelos controle das metrópoles. Ligado à questão da guerra,
Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki, o imperador surgiram grupos e movimentos que lutavam em busca da
Hirohito se rendeu aos Aliados. Chegava ao fim a Se- independência política, essa onde libertaria se dispersou
gunda Guerra Mundial, deixando cerca de 50 milhões de por todo o continente e perdurou por vários anos. Pos-
mortos e 35 milhões de feridos. teriormente, o resultado foi a restituição dos territórios
Portanto, os países vencedores levaram oficiais nazis- e surgimento de pelo menos 49 novas nações africanas.
tas a julgamento no Tribunal de Nuremberg, criado para Entretanto, a luta pela independência se intensificou
esse fim, sob acusação de crimes contra a humanidade. na década de 60, sempre marcada pelo derramamento
Outra consequência da guerra foi a criação, em 1945, da de sangue, uma vez que nunca havia atos pacíficos. Mes-

57
mo com todas as adversidades, os países foram alcançan- A Revolução de 1930 e o Estado Novo de Vargas
do sua independência política, no entanto, a divisão dos O contexto que antecede a Revolução de 1930, foi
territórios ficou definida a partir da concepção europeia marcado pelo predomínio político do PRP e do PRM,
que não levou em consideração as questões de ordem sendo assim, o Brasil era governado pelas oligarquias de
étnicas e culturais, desatenção que desencadeia uma sé- Minas Gerais e São Paulo. Esse poder, era mantido atra-
rie de conflitos em distintos lugares da África, isso por vés de eleições fraudulentas, com isso, estas oligarquias
que antes dos europeus as tribos tinham suas próprias se mantinham no poder e conseguiam alternar, na pre-
fronteiras e todos se respeitavam. Com a instauração das sidência da República, políticos que representavam seus
novas fronteiras algumas tribos foram separadas, grupos interesses. Esta política, conhecida como “café com leite”,
rivais agrupados, entre outros fatos que colocaram em gerava descontentamento em setores militares (tenen-
risco a estabilidade política na região. tes) que buscavam a moralização política do país.
Portanto, depois de longas décadas de lutas para al-
cançar a autonomia política e econômica, hoje a África
conta com 53 territórios independentes, salvo o Saara
Ocidental, que é um território de domínio do Marrocos. #FicaDica
Para compreender a descolonização asiática, precisa-
mos entender que para estruturar as colônias europeias As eleições de 1930, as oligarquias de Mi-
no mundo foram necessários mais de quatro séculos, nas Gerais e São Paulo entraram em um
contando a partir do período das feitorias até a segun- sério conflito político. Era a vez de Minas
da metade do século XX. Portanto, a independência do Gerais indicar o candidato à presidência,
continente asiático se deu por duas causas: o enfraque- porém os paulistas apresentaram a candi-
cimento das nações europeias após a Segunda Guerra datura de Júlio Prestes (fluminense que fez
Mundial e a eclosão de movimentos de luta pela inde- carreira política em São Paulo). Descon-
pendência. tentes, muitos políticos mineiros apoiaram
Sendo assim, o processo de descolonização asiático o candidato de oposição da Aliança Libe-
contou com o apoio norte-americano e soviético. Isso é ral, o gaúcho Getúlio Vargas (governador
explicado pelo fato de que naquele momento desenro- do RS). 
lava-se a Guerra Fria. Desse modo, ambos desejavam ex-
pandir suas áreas de influência do capitalismo e do socia-
lismo, respectivamente, isso nos países que iriam emergir Porém, mesmo assim, Vargas foi derrotado. Mediante
com a independência. a isso, ocorreu a morte de João Pessoa, um importante
Esse processo de descolonização asiática aconteceu líder político da Paraíba, que apoiava Minas Gerais e Rio
quase que simultaneamente com a Segunda Guerra Grande do Sul, e com isso, a Aliança Liberal vai atuar con-
Mundial. Muitas colônias se tornaram independentes en- trário ao governo de Washington Luiz, a situação dele já
tre 1945 e 1950, das quais podemos citar: Índia, Paquis- era crítica, porém o mesmo não pretendia renunciar ao
tão, Sri Lanka, Filipinas, Indonésia, Vietnã, Laos. A China poder. Então, chefes militares do Exército e Marinha de-
promoveu a revolução socialista, em consequência disso puseram o presidente, instalaram uma junta militar que,
pôs fim a dominação inglesa, alemã e japonesa em seu em seguida, transferiu o poder para Getúlio Vargas.
território. Em 1945, a Coreia deixou de se submeter aos Desta forma, o Golpe de 1930 terminou o domínio
domínios japoneses. Essa ex-colônia japonesa se dividiu das oligarquias no poder. Getúlio Vargas governou o Bra-
em 1948, formando dois países: Coreia do Norte e Coreia sil de forma provisória entre 1930 e 1934 (governo pro-
do Sul. visório). Em 1934, foi eleito pela Assembleia Constituinte
Com isso, o Camboja tornou-se independente da
como presidente constitucional do Brasil, com mandato
França em 1953. A Malásia e Cingapura conseguiram se
até 1937. Porém, através de um golpe com apoio de se-
libertar da colonização inglesa entre os anos de 1957 e
tores militares, permaneceu no poder até 1945, período
1965. Sendo assim, as colônias onde hoje se encontra o
Oriente Médio se submeteram aos domínios europeus conhecido como Estado Novo.
por muito tempo. Países como Líbano e Síria tiveram
suas independências oficializadas em 1943 e 1946, res- Revolução de 1930 foi o movimento armado, lidera-
pectivamente. do pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande
Portanto, o restante dos países que integram o do Sul, que culminou com o  golpe de Estado, o Gol-
Oriente Médio obteve a independência somente após pe de 1930, que depôs o presidente da república
a Segunda Guerra Mundial. Com exceção do Irã, que Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu
teoricamente nunca foi colônia de nenhuma metrópo- a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à
le europeia. Deste modo, em razão de muitos anos de República Velha.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

intensa exploração por parte das metrópoles europeias,


as colônias se tornaram independentes, no entanto her- Após o Golpe de 1930, foi iniciado no Brasil um pe-
daram muitos problemas de caráter socioeconômico, os ríodo conhecido como Era Vargas. Assim sendo, ao longo
quais são percebidos até os dias atuais. desse período, o líder governamental do país era Getúlio
Dorneles Vargas, sendo dividido da seguinte maneira:
O processo de descolonização afro-asiático, está
intimamente ligado ao cenário da Guerra Fria, pois  Governo Provisório (1930-1934)
quando um país era descolonizado, por sua vez, se  Governo Constitucional (1934-1937)
tornava parceiro de seu emancipador.  Estado Novo (1937-1945)

58
Assim sendo, ao assumir o poder do Brasil de forma Voto secreto;

provisória, ainda sem existir uma Constituição, Getúlio Representação classista;

Vargas, adotou o populismo como uma das caracterís- Nacionalização dos recursos hídricos e minerais da

ticas de seu governo. Apelidado de “pai dos pobres”, superfície e do subsolo brasileiro;
promoveu seu governo com manifestações e discursos Mandatos para cargos do executivo, sendo de 4

populares, principalmente no Dia do Trabalho (1º de anos;
maio). Porém, não foi apenas com os pobres que ele se Estabelecimento da Justiça do Trabalho e da Justi-

preocupou, ao longo de seu governo, ocorreu uma forte ça Eleitoral;
recessão econômica, assim sendo, o café declinou, mas Obrigatoriedade do ensino religioso;

Vargas, não deixou a elite agrária desamparada, ele com- Obrigatoriedade de 2/3 de brasileiros nas empre-

prou as sacas de café queimou como matéria-prima nas sas estrangeiras.
máquinas à vapor. Deste modo, ficou conhecido como “a
mãe dos ricos.” Desta forma, o presidente foi de encontro com a Re-
No Governo Provisório, Vargas realizou algumas volução de 32, e acabou antecipando sua Constituição,
ações extremamente populares, como por exemplo: porém, o acesso a vida política ainda não havia ocorrido,
 Registro em carteira profissional, recém-criada porque Vargas foi eleito indiretamente e continuou no
 Salário-mínimo governo no primeiro mandando.
 Jornada máxima de trabalho (8 horas / 6 dias)
 Descanso semanal remunerado
 Aposentadoria. FIQUE ATENTO!
Portanto, começou a ter um olhar mais próximo as Vargas lutou contra o Imperialismo promo-
classes dominantes, mas sem deixar de lado o processo veu reforma agrária e sustentou seu poder
de reestruturação do Brasil, ancorado em um novo eixo nas lutas de classe, sendo assim, ganhava
econômico, o eixo industrial. popularidade, mesmo tendo características
Porém, mesmo com esse layout popular e inovador, doutrinarias fascistas.
ele acabou por não respeitar a liberdade de expressão e
a democracia do povo brasileiro, além disso, utilizou as
propagandas para difundir suas ações e criar uma pers- Com isso, a altercação política se deu em volta de
pectiva positiva de seu governo, com interesse de ganhar dois ideais primordiais: o fascista, conjunto de ideias e
projeção e popularidade. preceitos político-sociais totalitário introduzidos na Itália
Como o governo varguista seguia sem uma estrutura por Mussolini, Vargas era defendido pela AIB - Ação In-
básica e sem Constituição, o Estado de São Paulo come- tegralista Brasileira, e o democrático, representado pela
çou a se rebelar, formando assim uma revolta contra o ANL - Aliança Nacional Libertadora, era favorável à refor-
controle do Presidente. A união entre os estudantes de ma agrária, a luta contra o imperialismo e a revolução por
direito e a classe de militares paulista, fez emergir a Re- meio da luta de classes.
volução Constitucionalista de 1932, também conhecida Sendo assim, a ANL aproveitando-se desse espírito
como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista. Esse levante revolucionário e com as orientações dos altos escalões
foi um movimento armado ocorrido no estado de São do comunismo soviético, promoveu uma tentativa de
Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por ob- golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935, al-
jetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e guns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de
a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. instituições militares nas cidades de Natal (RN), Rio de
Porém, não fui muito um sucesso, pois o governo Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falha de articulação e
varguista agiu duramente e repreendeu o levante, a Re- adesão de outros estados, a chamada Intentona Comu-
volução de 32, visava acima de tudo, a antecipação da nista, foi facilmente controlada pelo governo.
Constituição, para que o país passasse a ser regulamen-
tado com regimentos legais, tirando assim, a autonomia Vargas tinha como forte oposição ao seu governo,
política do então Presidente. a ANL, o PCB, que havia sido criado em 1922, também
ocorre o retorno de Júlio Prestes, com sua mentora e
M.M.D.C se tornou um símbolo para a luta consti- companheira Olga Benário, formando a Coluna Pres-
tucional, as siglas remetem a 4 estudantes de direitos tes. Um marco desse evento, foi a prisão e exilio de
mortos no enfrentamento as tropas governamentais, Olga, fato que levou a mesma a morte em mãos fas-
sendo eles: Martins, Miragraia, Draúsio e Camargo. cista.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Atualmente, mais uma letra foi inserida a sigla, fican-


do M.M.D.C.A, o A remete a Alvarenga, mais um estu- Assim sendo, Getúlio Vargas, cultivava uma política
dante de direito morto na revolução. de centralização do poder e, após a experiência frustrada
de golpe por parte da esquerda utilizou-se do episódio
Em seu segundo mandando Vargas, ficou conhecido para declarar estado de sítio, com essa medida, Vargas,
como Governo Constitucional, afinal, a Carta Constitucio- perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento
nal de 1934, oficializava uma nova era política, ancorada comunista brasileiro. Mediante a “ameaça comunista”,
nas leis. Para entendermos a mudanças, observe os prin- Getúlio Vargas conseguiu anular a nova eleição presi-
cipais pontos da Carta de 34: dencial que deveria acontecer na sequência. Anunciando

59
outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conheci- que foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoia-
da como Plano Cohen, Getúlio Vargas anulou a consti- do pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra. Chegava
tuição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A partir ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que
daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos po- em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
deres, inaugurando o chamado Estado Novo.
Queremismo foi um movimento político surgido
#FicaDica em maio de 1945 com o objetivo de defender a per-
manência de Getúlio Dorneles Vargas na presidência
O Estado Novo é retratado como Ditadura da República. A expressão se originou do slogan utili-
Varguista, pois foi o período em que Var- zado pelo movimento: “Queremos Getúlio”.
gas governou sem o auxílio pleno de uma
Constituição Democrática novamente. Guerra Fria
Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, o
mundo viu a eclosão da Guerra Fria, pois os Estados Uni-
Com toda pressão que Vargas vinha sofrendo, e a dos e a União Soviética disputaram a hegemonia política,
aplicação do Plano Cohen, no dia 10 de novembro de econômica e militar no mundo. Com isso, a União Sovié-
1937, era anunciado em cadeia de rádio pelo presiden- tica possuía um sistema socialista, baseado na economia
te Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início então, um planificada, partido único (Partido Comunista), igualda-
período de ditadura na História do Brasil. Sob o pretexto de social e falta de democracia. Já os Estados Unidos, a
da existência de um plano comunista para a tomada do outra potência mundial, defendia a expansão do sistema
poder Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao capitalista, baseado na economia de mercado, sistema
país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois democrático e propriedade privada. Na segunda metade
como “Polaca” por ter sido inspirada na Constituição da da década de 1940 até 1989, estas duas potências tenta-
Polônia, de tendência fascista. ram implantar, em outros países, os seus sistemas políti-
Assim sendo, o Golpe de Getúlio Vargas foi organiza- cos e econômicos.
do junto aos militares e teve o apoio de grande parcela Sendo assim, a definição para a expressão “guer-
da sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o gover- ra fria” é: um conflito que aconteceu apenas no campo
no reforçava sua propaganda anticomunista, alarmando ideológico, com ausência de embate militar declarado e
a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a direto entre EUA e URSS. Até mesmo porque, estes dois
centralização política que desde então se desencadeava. países estavam armados com centenas de mísseis nu-
Portanto, a partir de novembro de 1937 Vargas impôs cleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos
a censura aos meios de comunicação, fazendo uso do dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra.
DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda, repri- Porém, ambos acabaram alimentando conflitos em ou-
miu a atividade política, perseguiu e prendeu seus inimi- tros países como ocorreu, por exemplo, na Coreia e no
gos políticos, adotou medidas econômicas nacionalizan- Vietnã.
tes, sendo elas:
 1941: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segun-
 1942: Fábrica Nacional de Motores (FNM) e Vale da Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética
S.A. (1991), é a designação atribuída ao período histórico de
disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Esta-
O financiamento da CSN, veio com capital estadu- dos Unidos e a União Soviética, disputando a hegemonia
nidense, logo, em troca disso, Vargas teve que defen- política, econômica e militar no mundo.
der os Aliados na Segunda Guerra Mundial, na luta
contra o Nazifascismo. No decorrer do conflito, ocorreu a Paz Armada, esse
foi um período no qual as duas potências envolveram-
Sendo assim, ele deu continuidade à sua política tra- -se numa corrida armamentista, espalhando exércitos
balhista com a criação da CLT - Consolidação das Leis do e armamentos em seus territórios e nos países aliados.
Trabalho, em 1942, publicou o Código Penal e o Código Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas
de Processo Penal, todos em vigor atualmente. Getúlio potências, a paz estaria garantida, pois sempre haveria o
Vargas foi responsável também pelas concepções da medo do ataque inimigo. 
Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário Assim sendo, nessa época, formaram-se dois blocos
mínimo, e pelo descanso semanal remunerado. militares, cujos objetivos eram defender os interesses
Portanto, o principal acontecimento na política exter- militares dos países membros. A  OTAN  - Organização
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

na foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mun- do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949)
dial contra os países do Eixo, fato este, responsável pela era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos
grande contradição do governo Vargas, que dependia países membros, principalmente na Europa Ocidental. O
economicamente dos EUA e possuía uma política seme- Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e
lhante à alemã.  A derrota das nações nazi fascistas foi defendia militarmente os países socialistas.
a brecha que surgiu para o crescimento da oposição ao No desenvolvimento do conflito entre EUA e URSS,
governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização eles travaram uma disputa muito grande no que se refere
do país ganhou força. O governo foi obrigado a indul- aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atin-
tar os presos políticos, além de constituir eleições gerais, gir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria por-

60
que havia uma grande disputa entre as potências, com fendia a ideia de que, após a Segunda Guerra Mundial, a
o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema URSS se transformou na grande inimiga dos valores oci-
mais avançado do ponto de vista tecnológico e espacial. dentais (democracia e liberdade, principalmente).
No ano de 1957, a URSS lançou o foguete Sputnik, com Posteriormente, as duas potências desenvolveram
um cão dentro. A cadela Laika foi o primeiro ser vivo a ir planos para desenvolver economicamente os países
para o espaço. Em 1961, a União Soviética colocou, pela membros de seus blocos. No final da década de 1940, os
primeira vez na história, um ser humano, o astronauta EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo
Iuri Gagarin, viajando no espaço. Oito anos depois, em ajuda econômica, principalmente através de emprésti-
1969, o mundo todo pôde acompanhar, pela televisão, a mos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela
chegada do homem à Lua com a missão espacial norte- Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela
-americana. URSS, em 1949, com o objetivo de garantir auxílio mútuo
Desta forma, os EUA lideraram uma forte política de entre os países socialistas.
combate ao comunismo em seu território e no mundo. Portanto, com a falta de democracia, o atraso eco-
Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagan- nômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por
das e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgaram acelerar a crise do socialismo, no final da década de 1980.
uma campanha, que valorizava o “American Way of Life”. Em 1989, caiu o Muro de Berlim e as duas Alemanhas fo-
Vários cidadãos americanos foram presos ou marginali- ram reunificadas. No começo da década de 1990, o então
zados por defenderem ideias próximas ao socialismo. O presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, come-
Macarthismo, comandado pelo senador republicano Jo- çou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos
seph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA
ideologia  também chegou aos países aliados dos EUA, e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era
como uma forma de identificar o socialismo com tudo o fim de um período de embates políticos, ideológicos e
que havia de ruim no planeta. militares. O capitalismo, vitorioso, aos poucos, foi sendo
implantado nos países socialistas. Cuba, China e Coreia
do Norte permaneceram socialistas.
FIQUE ATENTO!
A Guerra Fria foi  uma disputa político-militar que
A guerra  é chamada de  fria porque  não marcou a antiga ordem mundial, polarizada por Estados
houve uma guerra ou conflitos diretos entre Unidos e União Soviética. A geopolítica foi utilizada na-
as duas superpotências, dada a inviabilidade guerra fria  como método de organização e estratégia
da vitória em uma batalha nuclear. A corrida militar.
armamentista pela construção de um gran-
de arsenal de armas nucleares foi um dos Resistência e lutas pela independência das nações
maiores objetivos durante a primeira metade africanas
da Guerra Fria. Durante o século XIX, a Europa passou por inúmeras
transformações que resultaram em grandes avanços tec-
nológicos. Houve um grande crescimento na capacidade
Com isso, a URSS não foi diferente, já que o Partido industrial europeia que foi resultado da utilização de no-
Comunista e seus integrantes prosseguiram, prenderam vas fontes de energia.
e até mataram todos aqueles que não seguiam as re- O crescimento tecnológico também trouxe melhorias
gras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por nos meios de comunicação, meios de transporte etc. Isso
exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial. O
investigação e espionagem foi muito usado por ambos avanço tecnológico e industrial desse período são dois
os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia fatores que ajudam a entender o desenvolvimento do ca-
aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os pitalismo. Para dar suporte ao crescimento industrial, as
serviços secretos soviéticos. nações industrializadas da Europa precisavam de novas
No decorrer das rivalidades, a Alemanha foi dividida fontes de matérias prima e novos mercados consumido-
em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. res para suas mercadorias.
A RDA - República Democrática da Alemanha, com capi- Assim, foi iniciada uma verdadeira corrida entre as
tal em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, nações europeias pela ocupação do continente africano.
portanto, socialista. A RFA - República Federal da Alema- Essa ocupação foi justificada por meio de um discurso
nha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a civilizatório, porém, esse discurso tinha como objetivo
influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi mascarar os interesses puramente econômicos. A apro-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

dividida entre as quatro forças que venceram a guerra: priação do continente africano foi consolidada durante
URSS, EUA, França  e Inglaterra. Em 1961, foi levantado a Conferência de Berlim, organizada entre 1884 e 1885.
o Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes:
uma capitalista e outra socialista. A Conferência de Berlim foi inicialmente idealizada
Dentro dessa perspectiva, em 1946, Winston Churchill, por Portugal, porém, os alemães realizaram-na entre no-
que era o primeiro ministro britânico, fez um famoso dis- vembro de 1884 e fevereiro de 1885, sob a liderança do
curso nos Estados Unidos, usando a expressão “Cortina chanceler alemão, Otto von Bismarck. Esse evento reu-
de Ferro” para se referir à influência da União Soviética niu catorze potências da época com intuito de debater a
sobre os países socialistas do leste europeu. Churchill de- ocupação da África.

61
Diferentemente do que muitos pensam, ocupação formada entre as Forças Armadas, pós-Segunda Guerra,
europeia encontrou resistência em todo continente afri- adentramos a um período conhecido como República Li-
cano. Os movimentos de resistência foram organizados beral, que vai de 1945 até 1964. Dentro desse período, a
tanto por povos que possuíam um Estado organizado e historiografia brasileira relata um breve período de um
centralizado quanto por aqueles que não possuíam. regime democrático aplicado no Brasil.
A vitória dos europeus sobre esses movimentos de Dentro dessa perspectiva política, vai emergir ao po-
resistência aconteceu em decorrência de sua vantagem der, vários líderes, ganhando grande destaque no cená-
tecnológica, sobretudo em relação a armas e meios de co- rio nacional e internacional, sendo eles:
municação. Apesar disso, considera-se que o movimento  José Linhares (interino, 1945-1946) sem partido
de ocupação dos países europeus ocorreu de forma de-  Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) PSD
sorganizada.  Getúlio Vargas (1951-1954) PTB
 João Café Filho (interino, 1954-1955) PSP
 Carlos Luz (interino, 1955) PSD
FIQUE ATENTO!  Nereu de Oliveira Ramos (interino, 1955-1956) PSD
 Juscelino Kubitschek (1956-1961) PSD
Desde a segunda metade do século XIX, os  Jânio Quadros (1961) UDN
países europeus deram início a um proces-  Paschoal Ranieri Mazzilli (interino, 1961) PSD
so de neocolonização, com a ocupação dos  João Goulart  (em regime parlamentarista, 1961-
continentes africano e asiático. Esse processo 1963) PTB
neocolonialista desenvolveu-se a partir dos  João Goulart (restauração do regime presidencia-
interesses das nações europeias, que busca- lista, 1963-1964) PTB
vam implantar uma intensa exploração eco-  Paschoal Ranieri Mazzilli (interino, 1964) PSD
nômica sobre suas colônias.
Deste modo, primeiramente, é importante lembrar
Guerras entre as nações africanas no período pós- que tal época do regime republicano brasileiro é estuda-
-colonial do em capítulo à parte, por se tratar de um breve hiato
entre as duas ditaduras que puseram à prova a demo-
O continente africano foi colônia de potências euro-
cracia brasileira: a primeira, o Estado Novo  de Getúlio
peias até a segunda metade do século XX. Sua indepen-
Vargas, que vigorou entre 1937 e 1945 e a segunda, a
dência se deu pela ocorrência da Segunda Guerra Mun-
ditadura dos chefes militares, considerada mais drástica,
dial, que aconteceu na Europa entre 1939 e 1945. Um
que administrou o país no período entre 1964 a 1985. Já
acontecimento que envolveu muitos países, dentre eles
a razão da moderna nomenclatura para esses 19 anos
nações europeias que detinham territórios de exploração
de democracia no Brasil, República Liberal, baseia-se no
no continente africano.
fato de todos os importantes representantes do cenário
Após o conflito, a Europa ficou bastante debilitada político do país terem ocupado o poder, ainda que em
no âmbito político e econômico. O enfraquecimento das breves períodos.
nações fez ressurgir movimentos de luta pela indepen- Com isso, costumava-se rotular tal momento demo-
dência em todas as colônias africanas. No decorrer da crático como de predominantemente populista, pelas
década de 1960, os protestos se multiplicaram e muitos marcantes administrações de Getúlio Vargas, Juscelino
países europeus concederam pacificamente indepen- Kubitschek e João Goulart, símbolos emblemáticos desta
dência às colônias. Porém, a independência de alguns corrente. Apesar de suas marcantes passagens pela pre-
territórios se efetivou depois de prolongados confrontos sidência, a verdade é que os grandes grupos políticos
entre nativos e colonizadores. foram todos representados no período.
As antigas colônias se transformaram em países au-  Sendo assim, a política brasileira estava centrada
tônomos, no entanto, a partilha do território foi realizada em três principais partidos, entre os quais orbita-
pelas nações europeias, que não consideraram as diver- vam menores siglas; os três grandes eram:
gências étnicas existentes antes da colonização. Desse  PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, visto como o
modo, os territórios estipulados pelos colonizadores se- representante das classes mais baixas e humildes
pararam povos de mesma característica histórico-cultural da sociedade, bem como da baixa classe média.
e agruparam etnias rivais.  PSD - Partido Social Democrático, cujos represen-
Tal iniciativa produziu instabilidade política, que re- tantes estavam alinhados aos interesses da alta
sultou em diversos conflitos entre grupo étnicos rivais. classe média, proprietários rurais e membros do
Diante dessa situação, as minorias continuaram sendo alto escalão do funcionalismo público.
reprimidas por grupos majoritários, assim como aconte- UDN - União Democrática Nacional, partido visto
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA


cia no período colonial. como defensor das classes em posição mais acima
na pirâmide social brasileira, e de orientação libe-
O continente está atualmente fragmentado em 53 ral-conservadora.
países independentes. A incidência de conflitos tri-
bais e o neocolonialismo dificultam a instabilidade O regime liberal populista. Entre 1945 e 1964,
política e econômica da região. houve um período na história política brasileira que
ficou conhecido como  regime liberal populista. De-
Redemocratização brasileira entre 1945-1964 pois da deposição de Getúlio Vargas, em 1945, uma
Após a saída de Vargas do poder, devido a aliança nova eleição foi realizada

62
Portanto, em geral, os dois primeiros, PTB e PSD cos- Para analisarmos essa transição, os antecedentes do
tumavam se unir à época das eleições, pois seus pro- Regime Militar podem ser encontrados no período Var-
gramas tinham mais pontos coincidentes entre si, em gas, entre os responsáveis pela sua derrubada em 1945,
detrimento da UDN. Além disso, os dois partidos foram pondo fim ao Estado Novo. Este contingente de oposi-
criados por Getúlio Vargas perto do fim do Estado Novo, ção se agruparia logo depois na UDN, partido de orien-
para compor o novo cenário democrático que se apro- tação liberal-conservadora.
ximava. Sendo assim, com a volta de Getúlio por meio de
Porém, por outro lado, o partido campeão de vo- eleições diretas em 1951,  tal grupo continuaria fazen-
tos e dominante no Congresso Nacional era o PSD, que do oposição à sua política, considerada “populista”. Tal
não estava tão intimamente ligado às elites, mas tam- pressão acabaria por provocar o suicídio do presidente.
bém distante das classes mais pobres. Corroborando tal Este gesto, apesar de frear o movimento das forças con-
equidistância, o PSD, no final do período, ao contrário servadoras, não impediu algumas tentativas, em especial
da imagem legada de maior simpatia ao programa do a manobra para que o presidente eleito Juscelino Kubits-
PTB, estava mais ligado à agenda da conservadora UDN.
chek não tomasse posse. Uma intervenção de um grupo
Tal fato vai ligar-se à implementação do golpe de 1964,
militar não-ortodoxo garantiria a posse de Kubitschek.
pois o PTB rumava para uma maior radicalização, alian-
Com isso, eleito Jânio, parecia finalmente que as for-
do-se a forças cada vez mais à esquerda, como o PCB,
ças que dariam respaldo aos militares subiriam ao poder,
que mesmo na clandestinidade, operava discretamente
aliando-se aos trabalhistas. mas, o temperamento ímpar do novo presidente, e sua
Desta forma, o medo da incerteza sobre até que pon- surpreendente renúncia implodiriam o projeto conserva-
to iria tal guinada para a esquerda do partido do pre- dor. Outra vez as ideias de Vargas estariam representa-
sidente João Goulart deu o apoio da classe média aos das por um de seus mais aplicados discípulos, João Gou-
militares para que dessem o golpe, com o intuito de res- lart, conhecido popularmente como Jango, que tinha o
tabelecer o equilíbrio do status quo político. A interven- talento de atrair a repulsa de todos os movimentos um
ção militar deveria ser temporária, tal como ocorreu com pouco mais à direita do espectro político.
a intervenção que permitiu Juscelino Kubitschek tomar
posse como presidente eleito. Subiu ao poder o general Jango, no ato da renúncia de Jânio quadros, esta-
Castelo Branco, que deveria ocupar o mandato tempora- va na China, fazendo relações diplomáticas com Mao
riamente até as eleições de 1965. Mas a percepção dos Tse-Tung, o maior comunista do século.
militares de que deveriam permanecer no poder, para
“terminar o seu trabalho” predominou, e uma nova dita- Portanto, o medo de que Goulart implantasse no Bra-
dura, que poria fim ao período liberal se instalou. sil uma república sindicalista com o apoio discreto do
Partido Comunista Brasileiro acabou lançando a classe
média contra o presidente, entendendo que o Brasil ca-
FIQUE ATENTO! minhava para o caos do socialismo operário e campesino.
O declínio da República Liberal, ocorre devi-
do a influência dos Estados Unidos da Amé-
rica na política da América Latina, uma vez, #FicaDica
que o mundo estava na Guerra Fria, eles fi-
Parlamentarismo no Brasil, com medo do
nanciaram muitos regimes ditatórias, afim de
posicionamento político de Jango, foi re-
impedir a entrada das ideologias socialista na
alizado uma alteração na Constituição de
América.
1946, estabelecendo no país, um regime
Parlamentarista, e não mais, Presidencialis-
O período militar ditatorial no Brasil (1964-1985) ta. Desta forma, Jango governo, mas não
Assim sendo, é conhecido no Brasil como Regime manda. Em 29 de agosto, o Congresso Na-
Civil Militar o período que vai de 1964 a 1985,  onde o cional vetou o pedido de impedimento da
país esteve sob controle das Forças Armadas Nacionais posse de João Goulart que assumiu o pos-
(Exército, Marinha e Aeronáutica). Com isso, neste perío- to em 7 de setembro. O mandato estava
do, os chefes de Estado, ministros e indivíduos instalados previsto para terminar em 31 de janeiro de
nas principais posições do aparelho estatal pertenciam 1966 que seria cumprido em regime par-
à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes do lamentarista. A alteração do regime pre-
período eram generais do exército. sidencialista  para o parlamentarista  pre-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Deste modo, era denominada  “Revolução” em sua tendia diminuir os encargos e poderes da
época, sendo que os principais mentores do movimen- presidência da República. Era a primeira vez
to viam o cenário político do início dos anos 60 como que o regime parlamentarista era implanta-
corrupto, viciado e alheio às verdadeiras necessidades do no período republicano brasileiro. O fim
do país naquele momento. Assim, o seu gesto era in- de mesmo, ocorre por viés de um Plebisci-
terpretado como saneador da vida social, econômica e to, onde o povo escolheu o Presidencialis-
política do país, livrando a nação da ameaça comunista mo ao Parlamentarismo, e com isso, Jango
e alinhando-a internacionalmente com os interesses nor- vai governar até o golpe de 64.
te-americanos, trazendo de volta a paz e ordem sociais.

63
Do mesmo modo que acreditavam estarem manten- Com isso, apesar da crise econômica, que começava a
do a legalidade ao garantir a posse de Juscelino, quase atingir níveis insuportáveis, da concreta “quebra” do Bra-
dez anos antes, os militares decidiram entrar em cena sil no plano econômico, e da impunidade de vários per-
novamente. Agora, a deposição do presidente assegura- sonagens da época da repressão, Figueiredo irá, depois
ria a ordem e a legalidade. Na noite de 31 de março para de 21 anos de ditadura, transferir o poder a um civil, ain-
1 de abril de 1964 começa então um período de exceção, da indiretamente eleito: Tancredo Neves, que morre an-
arbitrariedade, desrespeito aos poderes estabelecidos, tes de subir ao poder. Seu vice, José Sarney, proveniente
aos direitos dos cidadãos, à sua integridade física, bem dos quadros políticos da ditadura, acabaria incumbido
como sua liberdade de expressão. de guiar o país até as tão esperadas eleições diretas em
Ademais, certos de que realizavam um gesto de “pu- mais de 25 anos, previstas para 1989.
rificação” do poder, o projeto de aparência edificante dos
militares descamba para a repressão de toda uma nação. A ditadura militar foi um período de governo auto-
A Constituição seria rasgada, o judiciário perderia sua in- ritário no Brasil. Durou 21 anos, iniciou em 1964 e aca-
dependência, e pior, os membros do legislativo seriam bou em 1985. Na ditadura havia um regime militar, ou
depostos de seus cargos como representantes legítimos seja, os presidentes que governaram o país eram todos
do povo. militares.
Com isso, a ideia era de que quando o Marechal
Humberto Castelo Branco assumisse o poder, logo o de- Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã foi um conflito armado que co-
volveria a um representante civil, garantindo mesmo as
meçou no ano de 1959 e terminou em 1975. As batalhas
eleições previstas para 1965. Castelo Branco pertencia ao
ocorreram nos territórios do Vietnã do Norte, Vietnã do
grupo moderado do movimento, chamado de “Grupo de Sul, Laos e Camboja. Esta guerra pode ser enquadrada no
Sorbonne”. Logo, porém, os radicais assumiriam o con- contexto histórico da Guerra Fria.
trole do movimento, forçando a permanência dos milita-
res no poder, em plena crença de que os entes responsá-
veis pelos males políticos do país ainda poderiam voltar #FicaDica
a comandar o país.
Sendo assim, é  por obra dos radicais que ocorre  a O Vietnã havia sido colônia francesa e no fi-
posse de Costa e Silva como segundo presidente militar, nal da Guerra da Indochina (1946-1954) foi
e onde se inicia o período mais pesado da repressão. Das dividido em dois países. O Vietnã do Norte
perseguições a parlamentares da gestão anterior, os mi- era comandado por Ho Chi Minh, possuin-
litares decidiram fechar o Congresso Nacional em 1968, do orientação comunista pró União Sovié-
através do infame Ato Institucional número 5. tica. O Vietnã do Sul, uma ditadura militar,
passou a ser aliado dos Estados Unidos e,
Ditadura Militar  no Brasil. O  Regime militar foi o portanto, com um sistema capitalista. 
período da política brasileira em que militares conduzi-
ram o país. ... A Ditadura militar no Brasil teve seu início
A relação entre os dois Vietnãs, em função das di-
com o golpe militar de 31 de março de 1964, resultando
vergências políticas e ideológicas, era tensa no final da
no afastamento do Presidente da República, João Gou-
década de 1950. Em 1959, vietcongues (guerrilheiros co-
lart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco. munistas), com apoio de Ho Chi Minh e dos soviéticos,
atacaram uma base norte-americana no Vietnã do Sul.
Posteriormente, Costa e Silva morre em pleno man- Este fato deu início a guerra. Entre 1959 e 1964, o conflito
dato, e mais uma vez o grupo radical conspira para que restringiu-se apenas ao Vietnã do Norte e do Sul, embo-
o vice-presidente, Pedro Aleixo, um civil, não assuma; no ra Estados Unidos e União Soviética também prestassem
lugar, o poder seria entregue a uma Junta formada por apoio indireto.
três militares, um de cada força. A repressão chegaria Em 1964, os Estados Unidos resolveram entrar direta-
ao seu auge com o presidente seguinte, Emílio Médici, mente no conflito, enviando soldados e armamentos de
que acaba com qualquer movimento armado da oposi- guerra. Os soldados norte-americanos sofreram num ter-
ção, dando a ideia da completa predominância e popu- ritório marcado por florestas tropicais fechadas e grande
laridade do regime, sob pleno “Milagre Econômico”, em quantidade de chuvas. Os vietcongues utilizaram táticas
meio à conquista definitiva da Taça Jules Rimet na Copa de guerrilha, enquanto os norte-americanos empenha-
do México de 1970. ram-se no uso de armamentos modernos, helicópteros
Portanto, ao aproximar-se a Primeira Crise do Petró- e outros recursos. 
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

leo, sobe ao poder justamente o presidente da Petrobrás,


General Ernesto Geisel,  confrontado com o disparo da No final da década de 1960, era claro o fracasso
da intervenção norte-americana. Mesmo com tecno-
inflação  e fim do milagre. Moderado, ele é incumbido
logia avançada, não conseguiam vencer a experiência
de preparar a volta à normalidade, fazendo a distensão
dos vietcongues. Para piorar a situação dos Estados
“lenta, gradual e segura”. Apesar de casos infames como
Unidos, em 1968, o exército norte-vietnamita invadiu
a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Ma- o Vietnã do Sul, tomando a embaixada dos Estados
nuel Fiel Filho, Geisel parece conseguir seu objetivo, en- Unidos em Saigon. O Vietnã do Sul e os Estados Uni-
tregando o poder ao último general da era militar, João dos responderam com toda força. É o momento mais
Batista Figueiredo. sangrento da guerra.

64
No começo da década de 1970, os protestos contra ram-se no México e lá organizaram um novo movimen-
a guerra aconteciam em grande quantidade nos Estados to para derrubar a ditadura em curso em Cuba. Durante
Unidos. Jovens, grupos pacifistas e a população em geral esse período no México, Fidel conheceu Ernesto “Che”
iam para as ruas pedir a saída dos Estados Unidos do Guevara, revolucionário argentino que resolveu aderir à
conflito e o retorno imediato das tropas. Neste momen- luta dos cubanos.
to, já eram milhares os soldados norte-americanos mor- No México, Fidel Castro e seus seguidores criaram o
tos no conflito. A televisão mostrava as cenas violentas “Movimento 26 de julho” em homenagem ao ataque rea-
e cruéis da guerra.  Sem apoio popular e com derrotas lizado contra o Quartel Moncada em 1953. Uma vez que
seguidas, o governo norte-americano aceita o Acordo de o movimento revolucionário de Fidel se reorganizou no
Paris, que previa o cessar-fogo, em 1973. Em 1975, ocor- México, foram realizados os preparativos para que retor-
re a retirada total das tropas norte-americanas. É a vitória nassem a Cuba.
do Vietnã do Norte.
A Revolução Cubana  foi um movimento popular,
O conflito deixou mais de 1 milhão de mortos que derrubou o governo do presidente Fulgêncio Batista,
(civis e militares) e o dobro de mutilados e feridos. em janeiro de 1959. Com o processo revolucionário foi
A guerra arrasou campos agrícolas, destruiu casas e implantado em Cuba o sistema socialista, com o governo
provocou prejuízos econômicos gravíssimos no Viet- sendo liderado por Fidel Castro.
nã. O Vietnã foi reunificado em 2 de julho de 1976
sob o regime comunista, aliado da União Soviética. Socialismo e Golpe Militar no Chile
No começo da década de 1970, o Chile apresentava
A Revolução Cubana uma economia dependente dos investimentos externos
A Revolução Cubana foi conduzida por Fidel Castro, (principalmente de multinacionais). Embora com boa in-
líder de uma guerrilha instalada no interior do território dustrialização, o sistema econômico chileno apresentava
cubano. A guerrilha liderada por Fidel buscava derrubar grandes desigualdades sociais, sendo que uma significa-
a ditadura de Fulgêncio Batista, instalada no país desde tiva parcela da sociedade vivia em situação de pobreza.
1952 por meio de um golpe militar. Após idas e vindas, o No campo político, o embate entre capitalistas e so-
movimento instalou-se em Sierra Maestra e foi realizan- cialistas, reflexo da Guerra Fria, dividia o país. Os partidos
do ataques, os quais resultaram na derrubada do gover- conservadores queiram manter o alinhamento com os
no cubano. Estados Unidos, defendendo reformas moderadas den-
O novo governo cubano que se estabeleceu tinha em tro do sistema capitalista e da ordem política em vigor.
Fidel Castro seu grande nome e realizou uma série de Por outro lado, os socialistas queriam mudanças radicais
mudanças no país, que atraíram a atenção dos Estados através de uma revolução que pudesse promover rup-
Unidos. Os americanos, insatisfeitos, romperam rela- turas econômicas, conduzindo o país para o campo do
ções com Cuba e tentaram derrubar o governo cubano socialismo.
em 1961. A quebra de relações com os EUA resultou na Em 1970, foi eleito para a presidência o socialista
aliança dos cubanos com a União Soviética. Salvador Allende com apoio da Unidade Popular (grupo
de partidos de esquerda). A intenção deste governo era,
através de reformas socialistas, combater a desigualdade
FIQUE ATENTO! social e promover o crescimento econômico. Desta for-
ma, o Chile seria conduzido, sem violência, para um Esta-
A Revolução Cubana teve como grande nome do socialista. Nacionalização de recursos minerais (prin-
Fidel Castro, mas outros nomes importantes cipalmente o cobre) e reforma agrária eram os principais
dessa revolução foram Raúl Castro (irmão de pilares de Allende. Porém, estas medidas consideradas
Fidel), Ernesto “Che” Guevara (o grande nome socialistas despertaram forte contrariedade nas Forças
da luta revolucionária na América Latina) e Armadas do Chile, na classe média, no meio empresarial
Camilo Cienfuegos. e também nos Estados Unidos, que não queriam o país
alinhado com a União Soviética.
O ponto de partida para a Revolução Cubana foi o Em 1973, ano do golpe militar, a crise econômi-
ataque contra o Quartel de Moncada no dia 26 de julho ca se agravou. A inflação estava na casa dos 300% e
de 1953. Esse quartel do exército cubano era um arsenal o PIB em queda. Estes fatores geraram uma grande
de armamentos, e o ataque aconteceu com uma guerri- insatisfação com o governo socialista de Salvador Al-
lha liderada por Fidel Castro e formada por pouco mais lende.  
de uma centena de homens.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Fidel Castro esperava que o ataque contra o quartel Em 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas do
pudesse ser o início de uma mobilização nacional con- Chile, através de um golpe de Estado, derrubaram o go-
tra Fulgêncio Batista. O movimento, porém, fracassou, e verno de Salvador Allende e deram início a um governo
muitos dos guerrilheiros que lutaram ao lado de Fidel militar no país. Durante o Golpe, o Palácio de La Moneda
Castro foram mortos ou presos. Fidel e Raul Castro foram (sede do governo) foi bombardeado pelo exército. Salva-
presos, sendo Fidel condenado a 15 anos de prisão. dor Allende, antes das tropas o prenderem, se suicidou.
Dois anos depois, no entanto, Fidel Castro e diversos Começava assim a ditadura militar no Chile, que foi go-
outros presos políticos foram libertados pelo governo de vernado por quase 17 anos pelo general Augusto Pino-
Fulgêncio Batista. Fidel e um grupo de seguidores exila- chet.

65
Em 1977, após pressões por direitos humanos  fei-
FIQUE ATENTO! tas pelo então presidente norte-americano Jimmy Car-
ter (que ameaçou embargar o suprimento de armas), o
Perseguição política e prisão aos opo-

sitores (políticos, artistas, estudantes, regime do xá fez concessões, libertando 300 prisioneiros
líderes sindicais, entre outros); políticos, relaxando a censura e reformando o sistema
Tortura, repressão violenta e execução
 judicial. Este relaxamento conduziu ao aumento de pro-
de opositores. Vale dizer que, muitas testos da oposição e escritores passaram a reivindicar a
vezes, a violência militar foi utilizada liberdade de pensamento. Ao mesmo tempo, a política
para combater opositores violentos de reforma agrária implementada pelo xá sob pressão da
e criminosos, principalmente guerri- administração Carter enfureceu os mulás (líderes religio-
lheiros urbanos de ideologia marxista. sos), que declararam uma guerra santa ao xá.
Grande parte deles, não tinha como Em 1978  uma série de protestos, iniciada com um
objetivo a redemocratização do país, ataque à figura de Khomeini na imprensa oficial do país,
mas sim a implantação, no Chile, de criou um ciclo ascendente de violência. Em 8 de setem-
um regime ditatorial socialista pró bro de 1978  ocorreu a sexta-feira negra, um massacre
União Soviética. perpetrado pelo exército que provocou cerca de 90 mor-
Censura às emissoras de rádio, jornais,
 tos. Este acontecimento foi o princípio do fim do regime
televisão e outros meios de comunica- do xá, até que, em 12 de dezembro daquele ano, cerca
ção; de 2 milhões de pessoas inundaram as ruas de Teerã para
Fechamento de partidos políticos;
 protestar contra o xá. O exército começou a se desinte-
Violações aos direitos humanos;
 grar, à medida que os soldados se recusaram a atirar nos
Restrição à liberdade de expressão;
 manifestantes e passaram a desertar. O xá concordou em
Política anticomunista;
 introduzir uma constituição mais moderada, porém já era
Alinhamento político ao bloco capita-
 tarde para isto. A maioria da população já era leal a Kho-
lista, liderado pelos Estados Unidos; meini e, quando ele pediu o fim completo da monarquia,
Forma autoritária de governar.
 o xá foi forçado a abandonar o país, a 16 de janeiro de
1979.
A violenta e antidemocrática forma de governar de O xá, antes de se sair do Irã, nomeou para primei-
Augusto Pinochet começou, no final dos anos 80, a gerar ro-ministro Shapour Bakhtiar, mas este esteve no poder
pressões contrárias de países e instituições internacio- apenas 36 dias (suprimiu os jogos de cassino, a Savak,
nais. Esta imagem negativa do governo chileno no exte- mas faltava-lhe o apoio popular). Ruhollah Khomeini não
rior resultou no isolamento internacional do país. Vários queria colaboração com ele, porque o considerava como
países romperam relações diplomáticas com o Chile, em um traidor e um colaboracionista. Bakhtiar, vendo que
sinal de protesto ao governo truculento do país. era impossível ter qualquer peso político (os funcionários
Internamente, grande parte do povo chileno não impediram a sua entrada no edifício governamental por
aguentava mais o governo Pinochet e a ditadura. A eco- ordem de Khomeini), saiu do país e refugiou-se em Paris.
nomia do país enfrentava problemas e as desigualdades Khomeini retornou da França em 1 de fevereiro convida-
sociais só haviam aumentado durante a ditadura. do pela revolução antixá que prosseguia e rapidamente
Em 1988, o Chile passou por um plebiscito nacional, afastou os elementos mais moderados, criando uma re-
previsto pela Constituição, onde a população deveria es- pública islâmica onde se tornou o líder supremo.
colher pelo “Sim” (permanência de Pinochet no poder)
ou “Não” (convocações de eleições para o ano seguinte). Muitos dos costumes ocidentais (vestuário ociden-
Grande parte do povo votou pelo fim do regime militar. tal, minissaia, maquiagem/maquilhagem, música oci-
Em 1989, o Chile passou por eleições diretas e Patricio dental, jogo, cinema etc.) foram proibidos pelo novo
Aylwin foi eleito presidente pela Coalização de Partidos regime que considerava que corrompiam a juventude
pela Democracia. A ditadura chilena se encerrou em 11
iraniana. Foram reintroduzidos os castigos corporais
de março de 1990, com a posse do novo presidente civil.
para quem violasse os preceitos da xaria  (sexo fora
do casamento, adultério, consumo de álcool etc.) e a
A Revolução Iraniana
A Revolução Iraniana, ocorrida em 1979, transformou pena de morte foi aplicada não só nos defensores do
o Irã, até então uma monarquia autocrática pró-Ocidente xá (sobretudo ministros e militares do anterior regi-
comandada pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, em uma me), como também em prostitutas, homossexuais,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

repúlbica islâmica teocrática sob o comando do aiatolá maristas e membros de outras igrejas


Ruhollah Khomeini.
Esfacelamento dos Estados socialistas na Europa,
Para efeito de análise histórica, a Revolução Ira- queda do Muro de Berlim
niana é dividida em duas fases: na primeira, houve A criação do socialismo como regime político-econô-
uma aliança entre grupos liberais, grupos de esquer- mico visava sufocar e extinguir o sistema que vigorava
da e religiosos para depor o xá; na segunda, frequen- no final do século XIX, o capitalismo. As ideias socialistas
temente chamada Revolução Islâmica, viu-se a chega- almejavam implantar uma sociedade mais justa e iguali-
da dos aiatolás ao poder. tária. 

66
Os principais idealizadores do socialismo foram os O declínio da União Soviética somada à independên-
alemães Karl Marx e Friedrich Engels, após uma pro- cia das ex-repúblicas soviéticas fez ressurgir diversos fo-
funda análise no sistema capitalista eles proporam a cos de tensão na região do leste europeu e dos países
estruturação de uma sociedade alicerçada no regime da CEI.
socialista.  Na Moldávia, na parte central do país, encontra-se
uma região denominada de Transdnístria, nessa área,
A partir daí, as ideias do regime socialista se espalha- grande parcela dos habitantes são pessoas de origem
ram pelo mundo e muitos países as implantaram. No en- russa e ucraniana, assim, desde 1990, as etnias citadas
tanto, tais nações não instituíram o socialismo aos mol- buscam a autonomia territorial e política com o objetivo
des propostos por Karl Marx e Friedrich Engels. Desse de não mais se submeterem ao controle do governo da
modo, o socialismo aplicado em diversas nacionalidades Moldávia, que é de origem romena.
recebeu o nome pelos estudiosos de “socialismo real”, ou
seja, aquele que realmente foi colocado em prática. 
Na União Soviética e todo Leste Europeu foi instaura-
FIQUE ATENTO!
do o socialismo real, marcado principalmente pela enor-
me participação do Estado. Esse fato fez emergir, de certa Um  conflito étnico  ou guerra  étnica é um
forma, um sistema um tanto quanto ditatorial, tendo em conflito  armado entre grupos  étnicos, mui-
vista que as decisões políticas não tinham a participação tas vezes como resultado do  nacionalismo
popular. A liberdade de expressão era reprimida pelos étnico. Eles  são  de interesse por causa da
dirigentes, que concentravam o poder em suas mãos.  prevalência aparente desde a Guerra Fria e
Com o excesso de centralização do poder, as classes porque frequentemente resultam em crimes
de dirigentes, bem como os funcionários de alto escalão de guerra, como genocídio.
do governo, passaram a desfrutar de privilégios que não
faziam parte do cotidiano da maioria da população; o
que era bastante contraditório, pois o socialismo buscava Com a fragmentação do território russo, a Ossétia
a construção de uma sociedade igualitária. do Sul ficou separada da Ossétia do Norte. Dessa forma,
Em todo o transcorrer da década de 80, a União So- a primeira se estabeleceu no território da Geórgia, en-
viética enfrentou uma profunda crise, atingindo a política quanto que a segunda encontra-se em território russo.
e a economia. Tal instabilidade foi resultado de diversos Desde então a Ossétia do Sul busca ser anexada ao
fatores, dentre os quais podemos destacar o baixo nível território russo para se unir ao restante de sua etnia,
tecnológico em relação aos outros países. Isso porque presente na Ossétia do Norte, e, com isso, compor uma
o país investiu somente na indústria bélica, deixando de única república autônoma. Há tempos os ossétios lutam
lado a produção de bens de consumo. Além, da diminui- contra as forças georgianas.
ção drástica da produção agropecuária e industrial.  Esse conflito reavivou-se no dia 08 de agosto de 2008,
Diante dos problemas apresentados, a população quando a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul, e a Rússia,
soviética ficava cada vez mais descontente com o siste- por sua vez, interveio e promoveu ataques ao território
ma socialista. A insatisfação popular reforçava o anseio georgiano, invadindo-o em seguida, consolidando um
de surgir uma abertura política e econômica no país para conflito que já deixou dezenas de mortos e feridos.
buscar melhorias sociais. O desejo de implantar um go- No sul da Ucrânia encontra-se uma província chama-
verno democrático na União Soviética consolidou a que- da Crimeia, nessa região há uma maior concentração de
da do socialismo no país. Fato que ligeiramente atingiu
pessoas de origem russa, desse modo, aspira anexar essa
o Leste Europeu, que buscou se integrar ao mundo ca-
porção territorial à Rússia.
pitalista. 
No Azerbaijão existe um conflito que se arrasta há
Hoje, praticamente não existem países essencial- muitos anos sem chegar a nenhuma solução. No sudoes-
mente socialistas, são ainda considerados socialistas: te do Azerbaijão se encontra a região de Nagorno-Kara-
Cuba, China, Vietnã e Coréia do Norte. Aos poucos bakh, que abriga um elevado contingente formado por
essas nações dão sinais de declínio quanto ao sistema armênios. O grupo étnico em questão anunciou sua in-
de governo, promovendo gradativamente abertura dependência, ato que promoveu um grande conflito ar-
política e econômica.  mado que perdurou por quatro anos. A guerra envolveu
armênios e azerbaijanos.
Conflitos étnicos no leste europeu
O leste europeu e os países pertencentes à CEI (Co- Um  conflito étnico ou guerra étnica é um confli-
munidades dos Estados Independentes) enfrentam di- to armado entre grupos étnicos, muitas vezes como re-
versos problemas de ordem social, econômico, além dos sultado do nacionalismo étnico. Eles são de interesse
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

constantes conflitos desencadeados por intolerância ét- por causa da prevalência aparente desde a Guerra Fria e
nica e questão territorial. A CEI é composta por um con- porque frequentemente resultam em crimes de guerra,
junto de países que compunha a ex-União Soviética. como genocídio.

É uma confederação envolvendo 11 repúblicas que O avanço da política neoliberal no mundo


pertenciam à antiga União Soviética: Arménia, Azerbai- No decorrer dos anos 90, o mundo deixou de ser
jão, Bielorrússia, Georgia, Casaquistão, Quirguistão, Mol- bipolar e os Estados Unidos se instalaram como maior
dávia, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia e Uzbequistão, se for- potência mundial, e partir daí declararam a sua hegemo-
mou após a queda da União Soviética nia em nível planetário. Então como os norte-americanos

67
são extremamente capitalistas foi instaurado o neolibe- O Estado Brasileiro pós regime militar: a transição
ralismo, esse consiste na economia de mercado, o mode- para a democracia
lo recebeu um grande destaque nas políticas econômicas O período chamado de “redemocratização” com-
desse período.  preendeu os anos de 1975 a 1985, entre os governos dos
As principais economias, que ainda hoje exercem generais Geisel e Figueiredo e as eleições indiretas que
grandes forças políticas nos dias atuais, tiveram sua ori- devolveram o poder às mãos de um presidente civil.
gem de desenvolvimento firmado em dois pontos cru- Com isso, o processo de redemocratização com-
ciais que foram fundamentais e que mudaram de forma preendeu uma série de medidas que, progressivamente,
efetiva as relações de produção, além de domínios geo- foram ampliando novamente as garantias individuais e a
liberdade de imprensa até culminar na eleição do primei-
políticos como o controle do processo de inovação tec-
ro presidente civil após 21 anos de ditadura militar.
nológica e do capital. 
O neoliberalismo teve como adeptos países como In- Redemocratização brasileira foi o período de reinte-
glaterra, a Primeira-Ministra Margareth Tacher adotou o gração das instituições democráticas anuladas pelo Regi-
modelo em 1970, e Estados Unidos, o presidente norte- me Militar, iniciado em 1964, e que aplicava um regime
-americano Ronald Reagan adotou o modelo na década de exceção e censura as instituições nacionais.
de 1980.
Esse processo, contudo, foi composto por momentos
O neoliberalismo propõe  uma desregulamentação de avanço e recuo dos militares, uma vez que desejavam
da economia (controles públicos menos rígidos das ativi- garantir uma transição controlada sem que os setores
dades econômicas), a privatização das empresas estatais mais radicais da oposição chegassem ao poder. Por isso,
como as usinas de energia, as indústrias de base, a cons- medidas de distensão como a Lei de Anistia, conviveram
trução e administração de estradas, a administração de com medidas de repressão, como o Pacote de Abril e a
portos e até parte de setores de fundamental. recusa da Emenda Dante de Oliveira, que pedia eleições
diretas para presidente da república.
A ideologia principal remete ao estado a intervenção Dentre as principais medidas que caracterizaram o
na economia e na livre circulação de capitais, nesse con- processo de distensão, encontram-se:
texto o papel do governo focaliza em adoção de medidas  O fim da censura prévia à espetáculos e publi-
cações;
de redução de serviços públicos, como as privatizações
 A revogação do AI-5;
de empresas estatais, controle de gastos públicos, meno-
 O retorno ao pluripartidarismo;
res investimentos em políticas assistencialistas (aposen-
 Lei de Anistia.
tadoria, seguro desemprego e pensionistas). 
O neoliberalismo significa uma doutrina político-eco- Apesar de representarem avanços no sentido de res-
nômica que corresponde a uma experiência de adaptar taurarem o sistema democrático, o retorno ao pluripar-
aos princípios do liberalismo econômico as condições do tidarismo e a Lei de Anistia visaram também o benefício
capitalismo moderno.  dos militares, uma vez que a primeira dividiu a esquerda
Segundo a escola liberal clássica, os neoliberais acre- em diversos partidos e a segunda promoveu o perdão
ditam que a economia tem seu curso designado de uma dos agentes que cometeram crimes contra os direitos
forma natural e livre e o determinante desse discurso é o humanos durante a ditadura militar.
preço, o neoliberalismo se difere do liberalismo a partir Com o retorno ao pluripartidarismo, a ARENA e o
do pensamento de que o mercado seja desenvolvido de MDB foram extintos dando lugar a novos partidos polí-
forma espontânea, isso significa que para que o preço ticos. O MDB virou Partido do Movimento Democrático
sirva para ser um mecanismo de regulação da economia Brasileiro (PMDB) e a ARENA virou o Partido Democrático
é necessário que haja condições favoráveis para o bom Social (PDS). Foram também criados o Partido Trabalhista
funcionamento do mercado no qual é também de ex- Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT),
trema importância a estabilidade financeira e monetária.  o Partido Popular (PP) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
A regulação do mercado deve ser feita pelo estado, Este último, para a surpresa dos militares, operou em
sentido contrário ao desejado, pois fortaleceu a esquerda
no que diz respeito aos excessos na livre concorrência.
e mobilizou a classe trabalhadora em torno da redemo-
Uma parcela dos neoliberais possui a ideologia e prega
cratização. Foi um dos precursores da campanha pelas
a defesa de pequena empresa, confrontando os grandes Diretas Já  e, durante o século XXI, levou seu líder, Luiz
monopólios.  Inácio Lula da Silva a dois mandatos presidenciais con-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

No fator social o neoliberalismo protege a limitação secutivos, tornando-se o primeiro operário a chegar ao
da herança de grandes fortunas com intuito de oferecer posto de Presidente da República na História do Brasil.
condições de igualdade possibilitando a concorrência. 
“Diretas Já” foi um movimento  político de cunho
Conjunto de ideias políticas e econômicas capitalis- popular que teve como objetivo a retomada das elei-
tas que defende a não participação do estado na econo- ções diretas ao cargo de presidente da República no Bra-
mia, onde deve haver total liberdade de comércio, para sil. Omovimento Diretas Já começou em maio de 1983
garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento e foi até 1984, tendo mobilizado milhões de pessoas em
social de um país. comícios e passeatas.

68
Por mais que as Diretas Já tenham mobilizado mi- sistemas de punição aos países que desrespeitarem o
lhões de pessoas em manifestações memoráveis em São pacto. Vale destacar que o Reino Unido não aceitou o
Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a Emenda Dan- pacto, fato que aumentou a crise política na região.
te de Oliveira foi derrotada no Congresso Nacional e as  
eleições diretas só ocorreram em 1989. O primeiro pre- A China no mundo atual
sidente civil foi eleito, portanto, de forma indireta, sendo Atualmente a China é um dos países que mais cresce
este Tancredo Neves (PMDB) que, devido a problemas de no mundo, no contexto econômico, industrial, financeiro,
saúde que o levaram a óbito, deixou o cargo de primeiro está prestes a se tornar uma potência mundial. Para a
presidente da Nova República para seu vice, Sarney (FL). compreensão das características do território e dos as-
pectos políticos, é importante realizar uma análise dos
A crise política e econômica da Europa atual dados humanos e naturais.
No plano econômico mundial, o ano de 2011 foi mar-
cado pela crise econômica na União Europeia. Em função A China é denominada de República Popular da
da globalização econômica que vivemos na atualidade, a China, seu território encontra-se localizado ao leste
crise se espalhou pelos quatro cantos do mundo, derru- do continente asiático, a área do país corresponde a
bando índices das bolsas de valores e criando um clima 9.536,499 km2, seu espaço é um dos maiores do pla-
de pessimismo na esfera econômica mundial. Desta for- neta, com dimensão continental.
ma, as principais causas da crise na UE:
 Endividamento público elevado, principalmente Um destaque em relação aos outros países está no
de países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Ir- contingente de pessoas, atualmente a população chinesa
landa. é a maior do mundo, são aproximadamente 1,4 bilhão de
 Falta de coordenação política da União Europeia pessoas; alguns analistas estimam que esse número seja
para resolver questões de endividamento público das ainda superior,  pois muitos pais não fazem o registro do
nações do bloco. segundo filho temendo repressões por parte do Estado,
que estabeleceu uma política de controle de natalidade,
A principal causa  foi o endividamento público ele- dessa forma, esse número pode saltar para cerca de 1,7
vado, especialmente na Grécia, Portugal, Espanha, Itália bilhão de pessoas.
O imenso território chinês é composto por planaltos
e Irlanda. Outro ponto que direcionou os países perten-
que vão de oeste a leste, a sudoeste está situada a maior
centes à UE à crise, foi a falta de coordenação política
cadeia de montanhas do mundo, o Himalaia. No centro e
para buscar resolver os problemas de dívidas públicas
a oeste está o planalto do Tibet, ao norte está localizado
das nações do bloco.
o deserto de Gobi e o planalto da Mongólia, ao nordeste
fica a planície da Manchúria e no sul, a planície da China.
Dentro das principais consequências, destacamos:
Na paisagem é possível visualizar formas distintas de re-
 Fuga de capitais de investidores;
levos, vegetações, climas e minérios, tudo isso é prove-
 Escassez de crédito;
niente da dimensão continental do território, que abran-
 Aumento do desemprego; ge diferentes formações rochosas, solos que influenciam
 Descontentamento popular com medidas de re- diretamente na composição das paisagens.
dução de gastos adotadas pelos países como forma de
conter a crise; República Popular da China  (RPC) é geralmente
 Diminuição dos ratings (notas dadas por agên- considerada uma superpotência emergente devido à
cias de risco) das nações e bancos dos países mais envol- sua grande e estável população, (0,48% de crescimento
vidos na crise; e 1.3441 bilhões de habitantes) e está crescendo rapida-
 Queda ou baixo crescimento do PIB dos países mente seus gastos e capacidades nos setores econômi-
da União Europeia em função do desaquecimento da cos e militares.
econômica dos países do bloco;
 Contaminação da crise para países, fora do blo- Na variedade de climas, a China apresenta no norte
co, que mantém relações comerciais com a União Euro- do país um clima árido e frio, já nas proximidades das
peia, inclusive o Brasil. A crise pode, de acordo com al- Cordilheiras e também nos planaltos, o clima é o frio de
guns economistas, causar recessão econômica mundial. montanha. No sul da China as características climáticas
alteram-se, pois nela o clima é quente e úmido com inci-
Dentro das ações tomadas pela União Europeia para dência de chuvas no verão, demonstrando aspectos tro-
enfrentar a crise, podemos destacar a implementação de picais, e por fim, no nordeste e leste o clima é temperado.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

um pacote econômico anticrise (lançado em 27/10/2011), Em recursos minerais, a China ocupa um lugar de des-
maior participação do FMI (Fundo Monetário Internacio- taque no cenário mundial, esse fator é importante para
nal) e do Banco Central Europeu nas ações de enfren- o abastecimento das indústrias e contribui para o cresci-
tamento da crise, ajuda financeira aos países com mais mento econômico do país.
dificuldades econômicas como, por exemplo, a Grécia.
O principal minério chinês é o carvão mineral, sen-
Definição de um Pacto Fiscal, que foi ratificado em do o maior produtor mundial, além de ocupar o ran-
2012, cujos objetivos foram: garantir o equilíbrio das king de sétimo lugar em produção de petróleo, pois
contas públicas das nações da União Europeia e criar corresponde a 4,6% de todo minério fóssil do mun-

69
do. Outros minérios importantes e encontrados com O conflito na Caxemira se refere à disputa territo-

abundância são estanho, ferro e alumínio. rial entre a Índia e o Paquistão (e entre a Índia e a
China), pela Caxemira, a região localizada ao extre-
O mundo multipolar e os conflitos recentes: Ca- mo noroeste do subcontinente indiano.
xemira, Coreias, Tibete, Ruanda, Colômbia, México, A Guerra da Coreia foi um conflito armado entre

Bálcãs, Cáucaso Coreia do Sul e Coreia do Norte. Ocorreu entre os
Após a queda do regime socialista, diversos países anos de 1950 e 1953. Teve como pano de fundo
se aproximaram do mundo capitalista com a finalidade a disputa geopolítica entre Estados Unidos (capi-
de ingressar nesse sistema e alcançar uma integração no talismo) e União Soviética (socialismo). Foi o pri-
mercado. No entanto, isso não tem sido uma tarefa fácil, meiro conflito armado da Guerra Fria, causando
em virtude da complexidade que envolve a transição de apreensão no mundo todo, pois houve um risco
um regime para outro. Os países que se encontram nessa iminente de uma guerra nuclear em função do en-
fase devem submeter a vários anos de adaptação para o volvimento direto entre as duas potências militares
novo regime. Isso porque as mudanças executadas en- da época.
globam fatores políticos, econômicos e sociais. Os  conflitos  entre a China e o  Tibet  tiveram iní-

cio durante a dinastia chinesa Tang (618-906 d.C.).
O mundo multipolar é uma nova organização geo- No século 13, o Tibet foi conquistado pelo império
política, de forma que há distintos centros de poder, mongol.Desde então, a China reivindica soberania
exercendo influência no campo político, econômico e sobre o território tibetano. Em 1912, com a queda
militar. da dinastia Ching, os tibetanos conseguiram ad-
quirir independência.
O que acontece na maioria das vezes com esses paí- Ruanda  é um país marcado pelos  conflitos  entre

ses é o surgimento de problemas que anteriormente não dois grupos étnicos: hutus (90% da população)
possuíam; dentre eles: inflação dos preços, desemprego, e tutsis (9%). Durante o processo de colonização
salários baixos, ascensão da desigualdade social, violên- feito pela Bélgica, os tutsis, mesmo sendo mino-
cia, criminalidade, entre diversos outros. ria, foram os escolhidos pelo poder colonial para
Com o declínio do regime socialista em âmbito glo- governar o país. A maioria hutu ficou excluída do
bal, o capitalismo despontou hegemonicamente como processo socioeconômico.
sistema político-econômico mundial. No período da A Guerra Civil colombiana, um dos conflitos mais

Guerra Fria existiam duas potências mundiais: Estados antigos da América Latina, surgiu em 1964, entre
Unidos e União Soviética. Naquele momento o mundo
as forças conservadoras e as socialistas, pela dis-
era considerado bipolar.
puta do poder no país, provocando uma guerra
Mas após tais acontecimentos históricos, o mundo
problemática sem solução definitiva, refletindo até
passou a ter uma nova organização geopolítica, de forma
hoje no cenário político da Colômbia.  
que há distintos centros de poder, exercendo influência
A Guerra Mexicano-Americana aconteceu entre os

no campo político, econômico e militar, isto é, um mun-
Estados Unidos e o México, de 1846 a 1848, e foi
do multipolar.
motivada pela ambição americana sobre territó-
Hoje, a principal potência militar, econômica e polí-
rios que pertenciam originalmente aos mexicanos.
tica é os Estados Unidos, essa nação superou em todos
os aspectos os soviéticos após o seu declínio, e assim Esse conflito foi uma das etapas da “marcha para o
é responsável pela maioria das intervenções de caráter oeste”, processo de expansão territorial realizado
militar no globo. pelos Estados Unidos durante o século XIX.
A Guerra dos Bálcãs foi um conflito entre os anos

É por esse motivo que a maior parte dos especialis- de 1912 e 1913, que ocorreu na região da penín-
tas em Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, sula balcânica. De fato, foi a disputa entre Sérvia,
nomeia a Nova Ordem Mundial como Mundo Unimulti- Montenegro, Grécia, Romênia, Turquia e Bulgária
polar. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos pela posse dos territórios remanescentes do Impé-
é líder incontestável. rio Otomano.
Os conflitos no Cáucaso são uma série de guerras

No campo econômico, o Japão atualmente ocupa a civis, conflitos  separatistas ou  conflitos  étnicos, e
condição de segunda potência mundial. Sua ascensão fi- até mesmo conflitos entre nações, que ocorreram
nanceira ocorreu a partir do término da Segunda Guerra na região do Cáucaso desde a época da União So-
Mundial. A aplicação de medidas direcionadas à saúde viética até ao fim da Guerra Fria.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

e educação resultou em crescimento acelerado de sua


economia. Israel e Palestina
A Europa é considerada também como uma potência A Palestina está localizada entre o Rio Jordão e o Mar
econômica, condição que resultou do sucesso da União Mediterrâneo, no Oriente Médio e até o início da Primei-
Europeia, o principal bloco econômico do planeta, que ra Guerra Mundial, em 1914, estava sob o domínio do
tem como principais líderes Alemanha, França e Ingla- Império Otomano. Com a dissolução deste império, a
terra. Inglaterra passou a administrar a região em 1917. Calcu-
Dentro desse cenário, alguns conflitos em desdobra- la-se que até o fim de 1946, a Palestina era habitada por
mentos mundiais irão ocorrer, dentre eles, destacamos: cerca de 1,2 milhão de árabes e 608 mil judeus.

70
Ao fim do conflito, os judeus iniciaram uma série de ção na ONU da autonomia do Estado Palestino. Tam-
movimentos migratórios em uma tentativa de encontrar bém exige a retirada dos assentamentos israelenses
um novo lar após as perseguições ocorridas na Europa. da Cisjordânia, situação que foi condenada pelo Tri-
Assim, a área passou a ser dominada por judeus a partir bunal Internacional de Haia, mas perdura.
do fim da Segunda Guerra Mundial. Para esse povo, a
região é denominada “Terra Santa” e «Terra Prometida», Líbano
mas o conceito de lugar sagrado é partilhado também A República Libanesa é um pequeno país localizado à
pelos muçulmanos e cristãos. Ásia Ocidental. Com um território de 10.452 km², pouco
mais da metade do estado de Sergipe, a capital e princi-
O conflito entre Israel e Palestina é uma disputa pal cidade do país é Beirute. O território libanês é rodea-
sobre a posse do território palestino e está no centro da pela Síria a norte e a leste, e ao sul faz fronteira com
de debates políticos e diplomáticos atuais. Israel; a oeste está o mar Mediterrâneo. A língua oficial
é o árabe.  Uma grande variedade de grupos étnicos e
As causas para o conflito são remotas e se tivermos religiosos vivem no Líbano, cada um preservando suas
que colocar uma data, certamente seria a expulsão dos próprias tradições.  Os muçulmanos constituem 60% da
judeus pelos romanos no ano 70 d.C., quando os judeus população, sendo que cristãos perfazem 39%. A moeda
tiveram que se deslocar para o norte da África e a Europa. é a libra libanesa.
No século XIX, porém, na onda dos nacionalismo que O Líbano é o lar histórico dos fenícios, negociantes
surgia na Europa, alguns judeus se congregaram em tor- semitas cujo marítimo cultura floresceu há mais de 2.000
no das ideias sionistas do húngaro Theodor Herzl (1860- anos (entre 2700 e 450 a.C). Nos séculos posteriores, as
1904). Este defendia que o lar para os judeus deveria ser montanhas do Líbano foram um refúgio para os cristãos,
em “Sião” ou a terra de Israel, a Palestina e, finalmente, os e os cruzados estabeleceram ali várias fortalezas. Após
judeus teriam um lar como os outros povos. o colapso do Império Otomano  na I Guerra Mundial,
Ao término da II Guerra Mundial  (1945), os judeus
a Liga das Nações  determinou que as cinco províncias
sionistas  passaram a pressionar a realização da criação
que compõem o atual Líbano fossem administradas pela
do Estado Judeu.
França. A moderna constituição do Líbano, elaborada em
Durante o conflito, 6 milhões de judeus foram ex-
1926, especificou um equilíbrio do poder político entre
terminados em campos de concentração sob as ordens
de Hitler  (1889-1945). Assim, com apoio internacional, os diversos grupos religiosos. O país ganhou a indepen-
principalmente pela ação norte-americana, a região foi dência em 1943, e as tropas francesas se retiraram em
dividida em 1948-1949 em três partes: Estado de Israel, 1946.
Cisjordânia e Faixa de Gaza.
A divisão, programada pela ONU – Organização das A história do país desde a independência é marca-
Nações Unidas, previa o repasse de 55% do território aos da por períodos de turbulência política intercalados
judeus e 44% permaneceria aos palestinos. As cidades com prosperidade construída em posição de Beiru-
de Belém e Jerusalém seriam consideradas território in- te como um centro regional de finanças e comércio.
ternacional devido ao significado religioso para muçul- Durante os anos 1960, o Líbano viveu um período de
manos, judeus e cristãos. No entanto, os representantes relativa calma e Beirute prosperou como um refinado
árabes não aceitaram as determinações. destino turístico. Outras áreas do país, porém, no-
meadamente a sul, norte e Vale do Bekaa, permane-
A disputa se acirrou no fim do século XX a partir ceram pobre em comparação.
de 1948 quando foi declarada a criação do Estado de
Israel. Na década de 70 começam os tumultos que ainda
ressoam na política e na sociedade libanesa. É nesse
Um novo conflito, contudo, desta vez em 1967, ren- momento que a OLP, Organização para a Libertação da
de vitórias para Israel. Na chamada Guerra dos Seis Dias, Palestina se estabelece no território libanês. Em 1975 ini-
Israel ocupa a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cis- cia-se a guerra civil que irá destruir o país envolvendo
jordânia e as Colinas de Golã, na Síria. cristãos e muçulmanos, terminando apenas em 1990.
Como resultado, meio milhão de palestinos fogem e Ao mesmo tempo em que a guerra atingia o seu
o Conselho de Segurança da ONU aprova a Resolução auge, questões como a dos refugiados palestinos, o cres-
242. Ela torna inadmissível a aquisição de territórios pela cimento do fundamentalismo islâmico, intervenções dos
força e o direito de todos os estados da região coexisti- EUA, Síria, além da ocupação por parte de Israel de uma
rem pacificamente.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

faixa de terra ao sul do país, são outros problemas que


Os árabes tentam reaver o território ocupado em deixavam a estabilidade do estado em xeque.  O perío-
1973, na Guerra de Yom Kippur (dia sagrado judeu), que do de 1995 a 2002 é de reconstrução, no qual os EUA e
durou de 6 a 26 de outubro. Porém, somente em 1979, Israel irão se retirar do território libanês, a OLP irá trans-
Israel devolve ao Egito a Península do Sinai após a assi- ferir o seu quartel-general para o norte da África, mas,
natura de um acordo de paz. permaneceriam as questões dos refugiados palestinos,
a intromissão síria nos assuntos internos libaneses, e o
Longe do fim, o conflito ainda permanece e milha- fundamentalismo islâmico, cujo representante maior e
res de árabes ainda estão em campos de refugiados. mais conhecido é a organização Hezbollah, acusada de
A Autoridade Nacional Palestina reivindica a aprova- assassinar o primeiro-ministro Rafic Hariri, em 2005.

71
Guerra do Golfo Em 1978, um governo socialista pró soviético foi esta-
Um dos motivos da invasão alegado pelo presidente belecido na República Democrática do Afeganistão. Um
iraquiano, Saddam Hussein, foi que o Kuwait estava pre- dos primeiros objetivos deste governo marxista foi a se-
judicando o Iraque no comércio de petróleo, vendendo cularização do Estado, mas isso provocou a insurreição
o produto por um preço muito baixo. Com isso, o Iraque de grupos islâmicos radicais, que pretendiam derrubar
estaria perdendo mercado consumidor e precisando bai- o presidente do novo governo. Então, em dezembro de
xar o preço de seu petróleo no mercado internacional. 1979, os soviéticos ocuparam militarmente o Afeganistão
Para diminuir os prejuízos, o Iraque pediu uma indeni- para ajudar a manter o governo afegão e combater os
zação milionária ao governo do Kuwait. O governo do rebeldes.
Kuwait não aceitou a reivindicação de indenização e não Então, o cenário era este, o governo marxista afegão
efetuou o pagamento. tinha o apoio da União Soviética, que em 1979, resolveu
Havia também outro problema envolvendo os dos
enviar tropas e armamentos para defender o governo
países do Oriente Médio. O Iraque reivindicava a devo-
afegão. Por outro lado, os rebeldes islâmicos mujahidins,
lução de um território que pertencia ao Kuwait, mas que
o governo iraquiano afirmava que fez parte do Iraque no que queriam derrubar o governo marxista e implantar
passado. um estado teocrático islâmico, receberam indiretamen-
Como o Kuwait não pagou a indenização pretendida te apoio, principalmente, dos Estados Unidos, Paquistão,
pelo Iraque e não entregou o território, o governo ira- Irã, China, Reino Unido e Arábia Saudita.
quiano enviou tropas que ocuparam o Kuwait, tomando
os poços de petróleo. Esta guerra civil, em pouco tempo, cresceu e en-
volveu indiretamente outros países. Logo, ela deve
ser entendida dentro do contexto da Guerra Fria (dis-
FIQUE ATENTO! puta indireta entre EUA capitalista e União Soviética
A Guerra do Golfo foi um conflito armado socialista).
que começou em agosto de 1990, após as
tropas iraquianas terem invadido o Kuwait. A União Soviética retirou totalmente suas tropas do
Afeganistão em 1989, após assinar os Acordos de Gene-
bra de 1988, que colocou fim oficialmente à guerra. Po-
A ONU - Organização das Nações Unidas condenou rém, estes acordos não foram suficientes para terminar
a invasão e emitiu um documento exigindo a retirada
com a guerra civil no país, pois os guerrilheiros mujah-
imediata das tropas iraquianas do Kuwait. Ao mesmo
idins não participaram das negociações, nem assinaram
tempo, os Estados Unidos deslocaram tropas e aviões
para a Arábia Saudita, preparando-se para uma ação mi- os acordos. Portanto, a guerra civil entre o governo afe-
litar. Como o Iraque não retirou seu exército do Kuwait, a gão e os rebeldes islâmicos permaneceu até 1993. Neste
ONU autorizou a invasão militar do Iraque por um grupo ano, os mujahidins conseguiram derrubar o governo e
de países (Inglaterra, França, Egito, Síria, Arábia Saudita), implantaram um regime teocrático islâmico no país.
liderados pelos Estados Unidos. O ataque ao Iraque teve
início em janeiro de 1991 e durou um mês e meio.  Guerra do Iraque
Desta forma, o Iraque foi derrotado (o cessar fogo foi Após os atentados de 11 de setembro de 2001, os
aceito em abril de 1991) e teve que retirar suas tropas do Estados Unidos entraram em alerta contra seus possíveis
vizinho Kuwait, além de sofrer com o embargo econômi- inimigos. Empreenderam uma guerra contra os afegãos
co imposto pela ONU.  derrubando o governo talibã, mas não conseguiram cap-
turar o terrorista Osama Bin Laden. Paralelamente, o pre-
Milhares de soldados e civis morreram ou ficaram sidente George W. Bush criou a Lei Antiterrorismo, pela
mutilados nesta guerra e os prejuízos econômicos qual o Estado teria o direito de prender estrangeiros sem
também foram gigantescos. Porém, Saddam Hussein
acusação prévia e violar determinadas liberdades indivi-
continuou no poder do Iraque e reorganizou, com o
duais.
passar dos anos, a economia e o exército iraquiano.

Guerra do Afeganistão A principal alegação dos invasores foi  que o re-


Uma das principais causas da guerra civil foi a crise gime de Saddam Hussein estava desenvolvendo armas
econômica que eclodiu na União Soviética, no governo químicas e biológicas para serem fornecidas a terroristas
de Leonid Brejnev, no final da década de 1970. A res- inimigos dos EUA.
posta soviética à crise econômica foi a tradicional corrida
armamentista e a expansão territorial. Em particular, a Nesse mesmo período, o governo norte-americano
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

URSS reforçou os acordos militares com os regimes radi- conseguiu a liberação de fundos do orçamento para o
calmente antiocidentais da África e do Oriente Médio, e investimento em armas, no valor de 370 bilhões de dóla-
interveio na guerra no Afeganistão. res. Com o passar do tempo, o fracasso na captura de Bin
Laden direcionou atenção do governo norte-americano
A Guerra do Afeganistão foi um conflito militar contra outros possíveis inimigos dos EUA. O chamado
ocorrido no Afeganistão entre os anos de 1979 e “eixo do mal” teria como alvos principais alguns países
1989. Na verdade, foi uma guerra civil entre grupos como Irã, Coréia do Norte e Iraque. Este último, coman-
militares do governo marxista afegão e grupos rebel- dado por Saddam Hussein, foi o primeiro a ser investiga-
des islâmicos (mujahidins). do pelos EUA. 

72
No ano de 2002, o presidente George W. Bush iniciou
uma forte campanha contra as ações militares do gover-
no iraquiano. Em diversas ocasiões, denunciou a presen- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ça de armas de destruição em massa que poderiam co-
locar em risco os Estados Unidos e seus demais aliados. 1. Em relação à Formação dos Estados Nacionais Moder-
Após denunciar a produção de armas químicas e biológi- nos, é correto afirmar.
cas no Iraque, os EUA conseguiram que uma delegação
de inspetores das Nações Unidas investigasse o estoque a) O absolutismo e o poder centralizado no monarca fo-
de armamentos controlados por Saddam Hussein. ram as bases iniciais para a formação do Estado Na-
Em fevereiro de 2003, os delgados da ONU chega- cional Moderno.
ram à conclusão que não havia nenhum tipo de arma de b) Os Estados se formam sob bases democráticas e não
destruição em massa no Iraque. Contudo, contrariando a sob as absolutistas.
declaração do Conselho de Segurança da ONU, o presi- c) O poder descentralizado foi uma das marcas da Insti-
dente George W. Bush formou uma coalizão militar con- tuição Estado Nacional Moderno.
tra os iraquianos. No dia 20 de março de 2003, contando d) A forte mobilidade social fez com que os burgueses
com o apoio de tropas britânicas, italianas, espanholas e produzissem a Instituição do Estado Nacional Moder-
australianas, os EUA deram início à guerra do Iraque com no.
um intenso bombardeio. e) Os burgueses controlavam o exército e cobravam im-
postos do povo para as cortes.

FIQUE ATENTO! Resposta da questão 1: [A]


Os “Estados Modernos” absolutistas caracterizavam-
Luta pela paz ou início de um novo proble-
-se pelo forte intervencionismo em todos os setores
ma? No ano de 2003, os Estados Unidos re-
da sociedade, ainda apresentando uma baixa mobili-
alizaram uma ocupação ao território  ira-
dade social. Exército e cobrança de impostos estavam
quiano sob a alegação de que o presidente
relacionados à burocracia que emergiu durante a tran-
Saddam Hussein mantinha um arsenal de
sição da Idade Média para Moderna.
armas químicas que ameaçavam a paz mun-
dial.
2. A relação de dependência em que uma nação mais
forte e rica impõe sobre outra sua supremacia econô-
mica, industrial e tecnológica é denominada imperialis-
Em pouco tempo, a força de coalizão conseguiu der- mo ou neocolonialismo. Essa nova dominação podia ser
rubar o governo de Saddam Hussein e instituir um go- feita pela expansão violenta ou de maneira sutil, agindo
verno de natureza provisória. Em dezembro de 2003, o essencialmente nos setores econômicos das nações sub-
governo estadunidense declarou sua vitória contra as desenvolvidas ou em desenvolvimento, principalmente
ameaçadoras forças iraquianas com a captura do ditador pela concessão de créditos financeiros, tecnologia e in-
Saddam Hussein. A vitória, apesar de “redimir” as frustra- vestimentos.
das tentativas de se encontrar Bin Laden, estabeleceu um
grande incômodo político na medida em que os EUA não Assinale a alternativa CORRETA sobre a dominação im-
encontraram as tais armas químicas e biológicas. perialista no continente africano.
Passados alguns meses, a população iraquiana foi
levada às urnas para que escolhessem figuras políticas a) A partilha da África, segundo os interesses das potên-
incumbidas de criar uma nova constituição para o país. cias imperialistas, reorganizou a economia agrícola
Passadas as apurações uma nova carta foi criada para o africana, que era predominantemente voltada para o
país e o curdo Jalal Talabani foi escolhido como presi- mercado externo, buscando atender às necessidades
dente do país. Em um primeiro momento, tais episódios dos países europeus, inclusive com a exportação de
indicariam o restabelecimento da soberania política do grande contingente de mão de obra escravizada.
país e o fim do processo de ocupação das tropas norte- b) A Revolução Industrial valorizou o continente africano,
-americanas. sobretudo por sua potencialidade pouco explorada de
No entanto, o cenário político iraquiano esteve longe matérias-primas e pelo possível mercado consumidor
de uma estabilização. Os grupos políticos internos, sobre- dos artigos industrializados.
tudo dominados por facções xiitas e sunitas, se enfren- c) A dominação europeia sobre o continente africano
tam em vários conflitos civis. Ao longo desses anos de trouxe grandes benefícios à população local devido
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ocupação, os Estados Unidos vêm empreendendo uma aos investimentos financeiros feito pelos países euro-
batalha que não parece ter fim, pois as ações terroristas peus no continente.
contra suas tropas continuam ocorrendo. Em 2008, com d) A maioria dos africanos não se opôs ao domínio eu-
o fim da era George W. Bush existe uma grande expec- ropeu, pois, a presença estrangeira significava desen-
tativa sobre o fim da presença militar dos EUA no Iraque. volvimento.
e) O imperialismo europeu sobre o continente africano
foi marcado pela desagregação das populações locais
devido ao grande número de escravizados que foram
vendidos para as Américas.

73
Resposta da questão 2: [B] c) consolidação do uso da razão, ou racionalismo, como
No Imperialismo do século XIX, movidos pelas neces- elemento essencial do ser humano.
sidades advindas da Segunda Revolução Industrial, d) consolidação da providência divina dos reis.
os países europeus dirigiram-se à África em busca de e) negação dos valores do humanismo e do uso da razão.
matéria-prima, mão de obra barata e mercado con-
sumidor. Resposta da questão 4: [C]
Somente a alternativa [C] está correta. O Iluminismo
3. “Se a América Latina não foi esquartejada como a Áfri- começou no final do século XVII na Inglaterra com o
ca, deveu-se ao fato – é preciso reconhecê-lo – de ter pensamento de John Locke, um grande crítico do ab-
tido, sem que houvesse solicitado, um ‘tutor’. Um tutor solutismo, e ganhou força na França no século seguin-
ousado, porque se atreveu a dizer que a América era para te. O movimento Iluminista acredita no homem e no
os americanos, num momento em que apenas tinha a ilu- uso da razão para conquistar a autonomia no campo
são de ser uma potência. No entanto, quando esse tutor da ética e da política.
se transformou em grande potência, mudou seu discurso
e gritou que era dono”. 5. A Revolução Francesa é considerada um importante
(Héctor Hernan Bruit. O Imperialismo. São Paulo: movimento social e político de grande repercussão mun-
Atual, 1994, p.49) dial. A respeito de tal Revolução, é correto afirmar que

A partir da análise do texto, é correto afirmar que a) foi uma revolução que uniu, inicialmente, a burguesia
e o Clero.
a) a América Latina, desde a primeira metade do século b) os seus ideais estabeleceram-se sob o dogma positi-
XIX, é um instrumento do imperialismo estaduniden- vista de August Comte e inspiraram o lema “Liberda-
se, que, historicamente, impôs, àqueles países, políti- de, Lealdade e Igualdade”.
cas como a Doutrina Monroe e a Política do Big Stick. c) fortaleceu a relação da Igreja com as camadas popula-
b) as divisões sofridas pela África, decorrentes do im- res da sociedade.
perialismo do século XIX, não puderem acontecer no d) possibilitou que se estabelecesse um Estado no qual
continente americano em virtude da imposição ao houvesse liberdade de empreendimento e de lucro.
respeito, feita na Conferência de Berlim, entre EUA e e) levou à morte do Rei Luís XV.
potências europeias, da autodeterminação da América
Latina. Resposta da questão 5: [D]
c) o século XIX viu nascer a pretensa hegemonia estadu- Somente a alternativa [D] está correta. A Revolução
nidense sobre os países latino-americanos, envolven- Francesa, 1789-1799, foi um movimento liderado pela
do disputas – desde aquela época – entre capitalistas burguesia com apoio do povo e ancorado em ideias
e socialistas, ambientados na Guerra Fria. iluministas de liberdade (religiosa, expressão e comér-
d) os americanos, há dois séculos, convivem com a su- cio) e igualdade jurídica (todos são iguais perante a
premacia estadunidense sobre os diversos países do lei). Significou o fim do Antigo Regime, absolutismo
continente, resultando em políticas impositivas como e mercantilismo, e o início da era liberal-industrial na
a da “Boa Vizinhança” e a Aliança para o Progresso. França.
e) a América sempre foi protegida, resultando na cria-
ção de diversos acordos econômicos e na aliança de 6. “Pretendemos criar um novo capítulo na relação histó-
todo o continente em torno deles, apesar do domínio rica entre os dois países.” A afirmação foi feita pelo pre-
que os Estados Unidos exercem sobre o restante do sidente Barack Obama sobre o reatamento das relações
mundo. diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba. O rompimen-
to entre os dois países ocorreu no contexto histórico da:
Resposta da questão 3: [A]
O texto faz clara referência ao papel de liderança que a) Guerra de independência contra a Espanha.
os EUA exerceram sobre o restante da América ao b) Eleição de Fulgêncio Batista como presidente cubano.
longo dos séculos XIX e XX, papel esse marcado por c) Guerra Fria, após a Revolução Cubana.
políticas de vizinhança como a Doutrina Monroe e o d) Independência das colônias latino-americanas.
Big Stick. e) Anexação pelos Estados Unidos do território mexicano.

4. O iluminismo (ou ilustração) foi uma corrente de ideias Resposta da questão 6: [C]
que teve origem no século XVII e se desenvolveu sobre- Depois da Revolução Cubana, quando Cuba alinhou-
tudo no século XVIII. O referido movimento é conside- -se a URSS em plena Guerra Fria, o governo norte-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

rado importante por transformar a visão tradicional do -americano rompeu ligações com a ilha controlada
homem moderno. por Fidel Castro.

O iluminismo expressou a 7. A participação norte-americana na Guerra do Vietnã,


entre 1961 e 1973, pode ser interpretada como
a) consolidação dos dogmas religiosos como importan-
tes na vida humana. a) uma ação relacionada à defesa da liberdade, num con-
b) negação dos princípios do uso da razão, pois não con- texto de expansão do anarquismo nos continentes asi-
tribuía para o conhecimento humano. ático e africano.

74
b) um recuo na política de boa vizinhança que caracteri- a) Apesar de ser considerado um líder populista, Getú-
zou a ação diplomática e comercial dos Estados Uni- lio Vargas manteve-se distante de quaisquer práticas
dos após a Segunda Guerra. nacionalistas durante os anos do Estado Novo, entre
c) a busca de recursos naturais e fontes de energia que 1937 e 1945.
ampliariam a capacidade de produção de armamentos b) Durante o governo provisório, Getúlio Vargas foi o
nos Estados Unidos. responsável pela Consolidação das Leis do Trabalho
d) o esforço de contenção da influência soviética sobre (CLT), pela instauração do Ministério do Trabalho, do
a China, o Japão e os países do Sul e Sudeste asiático. Ministério da Educação e pela nomeação de interven-
e) um movimento dentro da lógica da Guerra Fria, volta- tores federais em cada Estado da União.
do ao fortalecimento da posição geoestratégica dos c) Após quatro anos de um governo provisório, Getúlio
Estados Unidos. Vargas tornou-se presidente pelas vias da legalidade –
eleições indiretas realizadas em 1934. Nessas eleições
Resposta da questão 7: [E] apenas os deputados participantes da Assembleia Na-
A Guerra do Vietnã, assim como a Guerra da Coreia, a cional Constituinte tiveram direito ao voto.
d) O apoio militar de Luís Carlos Prestes, reconhecido
construção do Muro de Berlim e a Corrida Espacial, faz
na época por sua liderança na Coluna Prestes, foi de
parte da lógica de disputa pela hegemonia mundial,
importância fundamental para a ascensão de Getúlio
entre EUA e URSS, no contexto da Guerra Fria.
Vargas à presidência.
e) O voto feminino foi uma conquista obtida durante o
8. Guerra Fria consistiu em uma guerra não declarada, na governo de Getúlio Vargas. No entanto, sua duração
qual os países envolvidos usaram propaganda, espiona- foi restrita, e suspensa com o estabelecimento do Es-
gem e intervenção militar para defender seus interesses, tado Novo, em 1937. Este direito foi reinstituído ape-
ajudar aliados e expandir suas influências. Estavam dire- nas em 1968, como resposta às reivindicações do mo-
tamente ligados a esse conflito vimento feminista no Brasil.

a) EUA e URSS. Resposta da questão 10: [C]


b) EUA e China. Somente a proposição [C] está correta. A questão
c) Israel e Palestina. menciona o Movimento de 1930 no Brasil (que mui-
d) EUA e Iraque. tos pensadores chamam de “Revolução de 30”) e seus
e) Ucrânia e Rússia. desdobramentos.

Resposta da questão 8: [A] Resolução a partir das incorretas:


Somente a proposição [A] está correta. A questão exi-
ge saber apenas as duas potências envolvidas direta- [A] Vargas governou o Brasil ancorado em ideias na-
mente na Guerra Fria defendendo ideologias diferen- cionalistas.
tes: USA (capitalismo) e URSS (comunismo). [B] a CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, não es-
tava pronta durante o governo provisório de Vargas,
9. São termos ou práticas políticas relacionadas ao perío- 1930-1934, mas sim em 1943.
do denominado de República Velha (1889-1930) no Brasil [D] o líder tenentista Luís Carlos Prestes não apoiou
Vargas em 1930, pois acreditava que este, por ser tam-
a) censura, tortura e ditadura militar. bém pertencente à elite agrária, não conseguiria mu-
b) política do café com leite, coronelismo, política dos dar o Brasil.
[E] o voto feminino foi estabelecido na constituição de
governadores.
1934 e não foi suspenso com a implantação do Esta-
c) estado novo, trabalhismo e censura.
do Novo em 1937. A Era Vargas, 1930-1945, pode ser
d) tenentismo, senado vitalício e voto aberto.
dividida em três fases: Governo Provisório, 1930-1934;
e) convênio de Taubaté, sindicalismo livre e populismo.
Governo Constitucional, 1934-1937; Ditadura do esta-
do Novo, 1937-1945.
Resposta da questão 9: [B]
Somente a alternativa [B] está correta. A questão 11. O Estado Novo foi um período da chamada “Era Var-
aponta para os aspectos políticos da República Velha, gas”, em que o presidente tinha os mais amplos poderes.
1889-1930, no âmbito nacional (política do café com Das alternativas abaixo, aponte aquela que corresponde
leite), estadual (política dos governadores) e municipal a um evento ocorrido durante o Estado Novo.
(coronelismo).
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

a) A população paulista deflagrou a chamada Revolução


10. Atribui-se o nome de “Revolução de 30” ao movimen- Constitucionalista.
to que depôs o presidente Washington Luís, impediu a b) Foi criado o Ministério da Educação e Saúde, em no-
posse do presidente eleito Júlio Prestes e possibilitou a vembro de 1930.
ascensão de Getúlio Vargas como presidente da República c) Eclodiu a Intentona Comunista.
em um governo provisório. d) O Governo aprovou a Lei de Sindicalização, que defi-
nia os sindicatos como órgãos consultivos.
Assinale a alternativa correta, em relação aos desdobra- e) O Brasil participou da 2ª Guerra Mundial com a Força
mentos do processo iniciado a partir de 1930. Expedicionária Brasileira.

75
Resposta da questão 11: [E]
Dos fatos apresentados, encaixa-se cronologicamente na Era Vargas a entrada brasileira na Segunda Grande Guerra,
em 1942. Após um acordo financeiro costurado entre Vargas e os EUA, o Brasil, representado pela FEB, entrou na
Guerra ao lado dos Aliados, contra o Eixo.

12. Os reflexos da Primeira Guerra Mundial para economia brasileira, durante o governo de Wenceslau Brás (1914–
1918), ocasionaram

a) o aumento do deficit orçamentário, pois para corrigir os problemas financeiros do governo anterior, Wenceslau Brás
teve de recorrer a um novo Funding Loan.
b) a ampliação da produção industrial brasileira e a criação de novas fábricas para suprir o mercado nacional, devido à
queda das importações de produtos industrializados estrangeiros.
c) a sensível diminuição na produção industrial brasileira, devido à enorme evasão de mão de obra das indústrias, pois
grande contingente de operários foi enviado, como soldados, para lutar no conflito.
d) o aumento de empréstimos e investimentos em diversos setores da nossa economia, por parte de banqueiros e
industriais estrangeiros que, temerosos dos rumos do conflito mundial, passaram a investir no país.
e) a drástica redução dos investimentos no setor industrial e a queda de sua produção, uma vez que o governo brasi-
leiro incentivou os produtores agrícolas a aumentarem suas safras a fim de abastecer o mercado externo.

Resposta da questão 12: [B]


Com a guerra, a produção europeia de produtos importados pelo Brasil cessou, o que nos obrigou a iniciar a produ-
ção dos gêneros que estávamos habituados a comprar, dando início ao processo conhecido como Industrialização
de Substituição de Importações.

13. Entre 1939 e 1945, o mundo foi abalado pela Segunda Guerra Mundial. O Brasil, inicialmente, adotou uma posição
de neutralidade, porém, em 1941, acordos internacionais começaram a ser feitos, para apoiar os aliados.

Sobre a participação brasileira na Guerra é correto afirmar que

a) o governo brasileiro era totalmente favorável a acordos com os aliados desde o início do conflito.
b) os alemães afundaram navios brasileiros no final de 1941.
c) a FEB participou da Campanha da Itália, como parte do 5º Exército Norte Americano.
d) a Alemanha declara guerra ao Brasil em 1941.
e) no Dia D, por ocasião do desembarque, o Brasil sofreu grandes perdas.

Resposta da questão 13: [C]


O Brasil participou efetivamente da Segunda Guerra após 1941. Nossos pracinhas, enviados pela Força Expedicioná-
ria Brasileira, foram para o front de batalha, lutando ativamente na Itália.

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS NO MUNDO: A CIDADANIA EM ATENAS E ROMA; OS


IDEAIS ILUMINISTAS E AS PRÁTICAS DE CIDADANIA DURANTE A REVOLUÇÃO FRANCESA E
A PARTIR DA INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS; O SOCIALISMO, O ANARQUISMO, O
COMUNISMO, A SOCIAL DEMOCRACIA, O NAZISMO, O FASCISMO NA EUROPA; EXPERIÊN-
CIAS AUTORITÁRIAS NA AMÉRICA LATINA, AS DECLARAÇÕES DOS DIREITOS UNIVERSAIS
DO HOMEM E OS CONTEXTOS DE SUAS ELABORAÇÕES; A LUTA CONTRA O APARTHEID NA
ÁFRICA DO SUL. OS DIREITOS DAS MULHERES, DOS JOVENS, DAS CRIANÇAS, DAS ETNIAS E
DAS MINORIAS CULTURAIS, A POBREZA E A DESIGUALDADE SOCIAL E ECONÔMICA. 
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Cidadania e Direitos Humanos no Mundo: a cidadania em Atenas e Roma


A Antiguidade surge como um período histórico de fundamental importância, destacadamente por suas criações e
legados, muitos dos quais essenciais ao conhecimento produzido pelas sociedades humanas.
Espaço de elaboração dos primeiros sistemas de escrita, do teatro, dos jogos olímpicos e de boa parte das áreas do
conhecimento, a Antiguidade assistiu igualmente ao surgimento das primeiras cidades e, com elas, do aparecimento
do Estado enquanto instituição capaz de regulamentar o convívio entre os homens. A partir de então, o crescente nível
de complexidade das civilizações comportou também o fortalecimento das relações políticas.
Como na Grécia, em Roma o exercício de cidadania estava ligado com a capacidade exercer direitos políticos e
civis. A cidadania romana era atribuída somente aos homens livres (nem todos os homens livres eram considerados

76
cidadãos). Os cidadãos tinham o Direito: a ser sujeito de normalmente excluídas dos debates políticos, assim
Direito privado (jus civile); ao acesso aos cargos públicos como escravos, estrangeiros e indivíduos não-abastados.
e às magistraturas; à participação das assembleias políti- De tal modo, o cidadão ateniense era necessariamente
cas; e às vantagens fiscais. do sexo masculino, livre e detentor de propriedades, o
Na sociedade romana as pessoas eram diferenciadas que afastava a maioria da população da política estatal e
entre livres e escravos. Os cidadãos não eram considera- detinha nas mãos de poucos o direito à educação.
dos todos iguais e livres, e se dividiam em categorias de Na verdade, debates acerca do desenvolvimento de
classes. A participação nas atividades político-adminis- organizações políticas solidamente democráticas, onde
trativas era restrita a uma parcela mínima, aos cidadãos governantes e governados tivessem uma relação basea-
ativos; além do que, nem todos podiam ocupar cargos da em pactos mais igualitários, só puderam ser assisti-
políticos e administrativos. dos mais vastamente com o advento da modernidade.
Ser cidadão romano comportava uma notável série Notadamente a partir do século XVIII (o Século do Ilu-
de privilégios, variáveis durante o curso da história, ten- minismo) boa parte do mundo ocidental passa a refletir
do sido criadas diversas “gradações” da cidadania. Na sobre a necessidade de se estabelecer critérios de cida-
sua versão definitiva e plena, todavia, a cidadania romana dania mais amplos, fundamentados na igualdade jurídica
permitia o acesso aos cargos públicos e às várias ma- entre os indivíduos. Além disso, baseados nas ideias de
gistraturas (além da possibilidade de escolhê-las no dia pensadores como Voltaire e Rousseau, diversos grupos
de sua eleição), a possibilidade de participar das assem- sociais salientam a necessidade de separação entre as-
bleias políticas da cidade de Roma, diversas vantagens suntos políticos e religiosos, advogando a constituição
de carácter fiscal e, importante, a possibilidade de ser su- de governos laicos. 
jeito de direito privado, ou seja, de poder se apresentar
em juízo mediante os mecanismos do juscivile, o direito
romano por excelência. FIQUE ATENTO!
Em linhas gerais, os sistemas de governo da Antigui- Ao longo dos séculos seguintes diversos po-
dade baseavam-se em estruturas teocráticas, por meio vos passaram a adotar, com maior ou menor
das quais uma elite política abalizava seu poder através impacto, noções mais amplas de cidadania,
de argumentos de natureza religiosa. Neste cenário, por- muito embora ainda hoje possamos notar
tanto, a política era hierarquicamente organizada, sendo a existência de ditaduras teocráticas, cau-
a efetiva participação nos debates públicos destinada a dilhismos e tiranias de outras naturezas. A
um seleto grupo de indivíduos. Estes, então, constituíam própria constituição da cidadania brasileira,
poderosas aristocracias cujas prerrogativas estavam ba- por exemplo, tem sido elaborada através de
seadas na tradição familiar ou, como dissemos, em ale- um processo de avanços e recuos: se por
gações religiosas. um lado o século XX nos ofertou o direito
No entanto, se por um lado é irrefutável o caráter de voto às mulheres e analfabetos, por outro
excludente da política na Antiguidade, por outro ma- as existências de práticas coronelistas como
nifestam-se neste momento experiências políticas que a “compra de votos” emperram o desenvolvi-
proporcionaram a um número maior de governados a mento de nossa cidadania em sua plenitude.
possibilidade de expressarem suas opiniões. Podemos
tomar como exemplo, por sua relevância histórica, a De-
mocracia Ateniense. Os ideais iluministas e as práticas de cidadania du-
rante a Revolução Francesa e a partir da independên-
O que conhecemos por Grécia Antiga refere-se à cia dos Estados Unidos
união de diversas regiões politicamente independen- Quando adentramos o processo de constituição dos
tes (as chamadas cidades-Estados gregas), mas que governos liberais e a crise do absolutismo, costumamos
possuíam aspectos que as unificavam culturalmente: compreender que a participação francesa na emancipa-
o fato de possuírem o mesmo idioma, costumes se- ção das Treze Colônias teve grande importância na de-
melhantes e aproximações históricas são alguns des- flagração da Revolução Francesa de 1789. Geralmente, o
tes elementos.  elo entre as duas experiências históricas se explica pelo
fato da França participar das Guerras de Independência
Neste mundo grego, as duas cidades-Estados de dos Estados Unidos com o envio de tropas que lutaram
maior destaque, Atenas e Esparta, possuíam sistemas de em defesa dos colonos norte-americanos.
governo frontalmente diferentes. Enquanto esta última Desta forma, seria satisfatório dizer que os soldados
era administrada por uma oligarquia militarizada, a ci- franceses teriam carregado de volta à sua terra natal o
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

dade de Atenas esteve alicerçada em bases mais demo- sentimento de autonomia que inspirou as Treze Colônias
cráticas, cabendo a todos os seus cidadãos o direito de a lutarem contra a opressão inglesa? Apesar de não ser
debater os destinos da coletividade. O próprio sistema falsa, essa premissa não contempla o fato de que o sécu-
educacional ateniense, compromissado com uma forma- lo XVIII assistia a disseminação do ideário iluminista, que
ção baseada na reflexão e debate acerca da realidade, motivou a luta de várias nações contra a ação de regimes
salienta este traço da política de Atenas. monárquicos ou contrários ao mecanismo de represen-
Entretanto, não podemos esquecer que a noção de tação política.
cidadania ateniense era extremamente limitada se com- Assim sendo, para que a proximidade ideológica en-
parada aos dias de hoje. As mulheres, por exemplo, eram tre as duas experiências históricas seja melhor desenvol-

77
vida, sugerimos a exposição de dois documentos que fundamentalmente os valores individuais da liberdade e
podem assinalar, de maneira bem clara, como o projeto da igualdade. Para os liberais, todo indivíduo têm direitos
político francês e o norte-americano se assemelhavam. humanos inatos.
Como sugestão, recomendamos o trabalho com a “De- Portanto, o governo tem o dever de respeitar tais di-
claração de Independência dos Estados Unidos da Amé- reitos e deve atuar principalmente para resolver disputas
rica” (1776) e a “Declaração dos Direitos do Homem e do quando os interesses dos indivíduos se chocam. De acor-
Cidadão” (1789). do com a filosofia política liberal, a sociedade e o gover-
Outrossim, no primeiro documento, temos a seguinte no devem proteger e promover a liberdade individual,
assertiva sobre o ideal de igualdade e o funcionamento em vez de impor constrangimentos. A pluralidade e a di-
das instituições políticas: “São verdades incontestáveis versidade devem ser encorajadas e a sociedade deve ser
para nós; todos os homens nascem iguais; o Criador lhes igual e justa na distribuição de oportunidades e recursos.
conferiu certos direitos inalienáveis, entre os quais os de O liberalismo é, portanto, uma teoria individualista, pois
vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para as-
entende que o indivíduo tem prioridade sobre o coletivo.
segurar esses direitos se constituíram homens-governo
Quando pensamos e analisamos o socialismo, preci-
cujos poderes justos emanam do consentimento dos go-
samos compreender que ele é um sistema política e eco-
vernados; sempre que qualquer forma de governo tenda
nômico baseado na igualdade entre os indivíduos.
a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la
ou aboli-la” Desta forma, ele propõe a distribuição igualitária de
Em contrapartida, o documento francês aborda a re- renda, extinção da propriedade privada, socialização dos
lação do indivíduo com o Estado da seguinte forma: “A meios de produção, economia planificada e, além disso,
lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm a tomada do poder por parte do proletariado.
o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus repre- Portanto, o pensamento político no socialismo visa
sentantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para uma sociedade sem classes, onde bens e propriedades
todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, passam a ser de todos. O objetivo é acabar com as gran-
sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a des diferenças econômicas entre os indivíduos, ou seja, a
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, se- divisão entre pobres e ricos.
gundo sua capacidade e sem outras distinções que as de Quando pensamos em formação do imaginário na-
suas virtudes e de seus talentos.” cionalista, precisamos perceber que dentro das Améri-
cas, o Estados Unidos são os mais nacionalistas, logo, são
Devido a esses pensamentos, os iluministas exemplos para os demais. Ao pensar na formação desse
eram  contra o absolutismo, privilégio a poucos (como pensamento, precisamos observar que um dos fenôme-
os concedidos a nobreza e ao clero), mercantilismo e a nos sociais recentes mais problematizados pelas discipli-
qualquer prática imposta obrigatoriamente. nas das Ciências Sociais, refere-se ao nacionalismo e os
movimentos sociais oriundos deste.
Portanto, por meio desses dois trechos, a semelhança Sendo assim, isso não acontece por acaso, pois, afinal
ideológica desses processos históricos fica mais clara. A de contas, a nação à qual pertencemos é geralmente a
ideia de que as instituições políticas têm origem humana primeira forma que utilizamos para nos identificar quan-
e devem ser moldadas de acordo com o interesse daque- do estamos em outro país, não é verdade? O naciona-
les que são controlados por elas fica evidenciada. Além lismo, portanto, de forma resumida, seria o sentimento
disso, o imprescindível respeito à vontade dos governa- de pertencimento de um sujeito a um grupo tanto por
dos também convive com o ideal de que um governo proximidade quanto por vínculo racial, linguístico ou his-
só poderia ser legítimo no momento em que garantia a
tórico. Assim sendo, trata-se de uma ideologia que exalta
felicidade daqueles que representava.
o Estado nacional ao qual pertence o indivíduo em detri-
Destarte, a visão simplista de que os soldados france-
mento da imagem do que é estrangeiro.
ses apenas transferiram o projeto político norte-america-
Ao analisarmos a formação do totalitarismo, precisa-
no para sua terra natal acaba sendo resolvido. Ao mesmo
tempo, podemos conferir, por meio da própria leitura da mos compreender que sua prática, ocorre entre corren-
documentação histórica existente, como se delineava as tes doutrinárias diferentes. Sendo assim, o termo totali-
visões políticas dos participantes de cada uma dessas ex- tarismo passou a ser utilizado em meados do século XX
periências históricas do século XVIII. para designar regimes políticos muito autoritários, capa-
zes de controlar não só o poder do Estado, como tam-
As Luzes, como também ficou conhecido o Iluminis- bém todo o corpo social de uma nação, incluindo suas
mo, foi um movimento filosófico que predominou na esferas privadas.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

França do século XVIII. No entanto, suas origens reme- Portanto, diferentemente de outras tiranias do pas-
tem a um período anterior, caracterizado pela expansão sado, o totalitarismo carrega como característica única
do liberalismo na Europa, que contou com nomes como essa capacidade de embrenhar-se em todo o tecido so-
John Locke, considerado “pai do Iluminismo”. cial, exercendo poder em todas suas partes. Há, na Socio-
logia Política, uma longa discussão sobre quais regimes
O socialismo, o anarquismo, o comunismo, a social poderiam ser efetivamente considerados como totalitá-
democracia, o nazismo, o fascismo na Europa rios. Entretanto, existe um consenso em torno da ideia de
Quando pensamos em ideologias e práticas políticas, que o nazismo alemão e o stalinismo soviético foram os
o liberalismo é uma teoria política e social que enfatiza maiores exemplos de regimes totalitários já vividos.

78
O debate entre teorias é muito comum nas provas, do no fascismo italiano, o nazismo ainda acrescentou no
então, construa uma espinha dorsal que você consiga seu programa a superioridade da raça ariana sobre às
definir cada uma das vertentes, e com isso, você terá demais. O governo nazista promoveu ideias antissemitas,
mais condições de produzir uma boa prova. perseguindo e exterminando principalmente judeus. No
entanto, também eliminou fisicamente deficientes físicos
Ao analisar a Social democracia, é preciso entender e intelectuais, comunistas, religiosos.
que ela é uma ideologia política surgida no fim do século Portanto, para contar com o apoio do Exército ale-
XIX a partir de uma cisão interna do socialismo. É difícil mão, o nazismo propagou a ideia de “espaço vital”. Ini-
chegar a uma definição precisa do que é que defendem cialmente, este compreendia os povos germânicos como
os sociais-democratas, uma vez que as elaborações teó- austríacos e alemães que viviam na Tchecoslováquia. De-
ricas de grupos e indivíduos que se identificam com esse pois, seria ampliado para o leste europeu e acabaria por
termo foram se alterando através da história. Como essa iniciar a Segunda Guerra Mundial, com isso, o nazismo
ideologia sempre esteve ligada a ideia de necessidade de terminou em 1945 com o suicídio de Hitler  e o fim da
representação partidária, a definição do que se entende Segunda Guerra Mundial.
como socialdemocrata acaba dependendo muito da in-
terpretação que tem o partido que adota esse termo. O Nazifascismo foi uma doutrina política que sur-
Quando surgiu, dentro do movimento operário de giu e desenvolveu, principalmente, na Itália e Alema-
caráter marxista, a socialdemocracia apontava para a im- nha entre o começo da década de 1920 até o final
portância de conquista da democracia através da univer- da Segunda Guerra Mundial. Esta doutrina ganhou o
salização do voto e da possibilidade de participação po- nome de nazismo na Alemanha e teve como principal
lítica por meio de assembleias populares. Nesse período, representante Adolf Hitler. Na Itália, ganhou o nome
os socialdemocratas também defendiam a necessidade de fascismo e teve Benito Mussolini como líder.
de ampliação da democracia para além da esfera política,  
apontando para a emancipação da classe trabalhadora Experiências autoritárias na América Latina, as
e a ruptura com o sistema de classes sociais (o que sig- declarações dos Direitos Universais do Homem e os
nificaria também a realização da democracia na esfera contextos de suas elaborações
econômica). O Estudo sobre as ditaduras têm sido constantes na
América Latina, desde a criação dos Estados nacionais da
região, a partir do início do século XIX. Vamos nos limitar
FIQUE ATENTO!
aos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, pois, foi
Aos poucos, esses partidos ganharam mais nesse período, os governos não democráticos na Améri-
adeptos, conquistando espaço nos parla- ca Latina foram majoritários no continente e dividiram-se
mentos europeus, sobretudo na Alemanha. em três grandes categorias.
O crescimento e a massificação desses par- Desta forma, as ditaduras militares foram a forma de
tidos trouxe algumas consequências; como a governo mais comum na América Latina entre as déca-
necessidade de compor alianças com outros das de 1960-1980, intervindo países instáveis nos quais
setores (não só a classe operária) e o distan- líderes populares preconizavam reformas sociais, que no
ciamento entre a base dos partidos e os seus contexto de polarização ideológica da época eram equi-
dirigentes, estes último tornando-se cada vez paradas ao comunismo, ou vistas como favoráveis à sua
mais alinhados aos interesses da burguesia. ascensão. Tiveram feição burocrática-tecnocrática na Ar-
gentina e no Brasil e personalista no Chile e na América
A formação do sentimento nacionalista e contem- Central. Quase sempre foram ideologicamente de direi-
plação dos extremismos, podemos observar o fascismo ta, mas no Peru, Equador e até certo ponto no Panamá
italiano, que se iniciou com Mussolini  em 1919, com a houve governos militares de esquerda, com agenda de
fundação do PNF - Partido Nacional Fascista, que possuía mudança social, em especial reforma agrária.
inspiração anticomunista e antidemocrática, os fascistas
entraram no governo italiano após a A Marcha sobre A As ditaduras Latino Americanas, foram impulsio-
Marcha sobre Roma, em 1922. Diante da numerosa mul- nadas pelo advento da Guerra Fria (1945-1991), afinal
tidão que o apoiava, Mussolini foi convidado a ser chefe o mundo está vivendo sua Ordem Bipolar entre EUA
do governo pelo rei Vítor Emanuel III. e URSS.
Com isso, Mussolini foi incorporando gradualmente
Porém, os autoritarismos de esquerda foram imple-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

o partido fascista ao governo, nomeando ministros dos


membros fascistas, reformando a educação e captando mentados por revoluções em Cuba e Nicarágua, e por
adeptos entre os marginalizados. O governo fascista de governos a elas simpáticos, por breves períodos, no Suri-
Mussolini foi o primeiro regime totalitário de direita que name e em Granada. O regime cubano começou como
um programa de reformas sociais e nacionalistas de
surgiu na Europa e só terminou com a Segunda Guerra
esquerda, que abraçou a ideologia marxista e a aliança
Mundial.
com a União Soviética diante do confronto político e da
Na contemplação do imaginário alemão, precisamos
intervenção militar dos Estados Unidos. O sandinismo ni-
lembrar de Hitler foi a figura máxima do regime nazista
caraguense foi uma frente ampla de forças progressistas,
que se instaurou na Alemanha a partir de 1933. Inspira-
semelhante ao início da revolução em Cuba.

79
Desta forma, ditadores civis foram raros nesse perío-   A divisão entre raças/etnias pode ser observada já
do da América Latina. O regime do Partido Revolucioná- em 1913 com a Lei das Terras, que dá 90% das terras
rio Institucional que se seguiu à Revolução no México já aos brancos e apenas 10% aos negros. Anos mais tar-
foi chamado de “ditadura perfeita”, mas a caracterização de, durante o apartheid, são criadas pequenas pátrias, os
não é precisa, pois embora o governo recorresse a inti- bantustões, para separar as raças. Essas terras, que re-
midações e fraudes em momentos de crise, havia plu- presentavam cerca de 13% do território do país, tinham
ralismo político no país, sobretudo nas universidades e relativa independência, segundo o governo sul-africano,
instituições culturais. ainda que o exército fizesse intervenções quando as “pá-
Outrossim, a presidência de Alberto Fujimori no Peru trias” não atendiam aos desejos do governante da África
(1992-2000) é que se enquadra de maneira mais con- do Sul. 
fortável nessa categoria e foi implementado a partir do Uma das justificativas do regime do apartheid é a
combate às guerrilhas de extrema-esquerda (Sendero concepção do desenvolvimento separado, que explica
Luminoso e Tupac Amaru). que cada raça deve se desenvolver sem a mistura com
No que tange ao processo de redemocratização, os outras. Com isso, os negros recebiam serviços públicos
processos de transições democráticas na América Lati- inferiores, inclusive a educação oferecida para os brancos
na ajudam a compreender perspectivas e limites para as tinha qualidade superior.   
mudanças nos países árabes. Democratização é conta-
giosa e se espalha rapidamente, mas não é total, nem #FicaDica
irreversível. Depois da Guerra Fria, Cuba continua a ser
um Estado autoritário, o Peru o foi por uma década e A África do Sul chegou a sofrer embargos
fraudes eleitorais em larga escala ocorrem nas disputas comerciais, uma forma que os países con-
presidenciais no México. Houve golpes, ou tentativas, em trários ao regime encontraram para forçar
Honduras, Equador, Paraguai e Venezuela. Grupos guer- o fim da segregação. Em 1973, o apartheid
rilheiros ou paramilitares dominam parcelas expressivas foi condenado na Assembleia Geral das Na-
da Colômbia. ções Unidas com a assinatura do texto Con-
Desta forma, lidar com os traumas do passado, como venção Internacional da Punição e Supres-
as violações de direitos humanos, também tem se mos- são ao crime do Apartheid.
trado difícil. Os países da América Latina avançaram bas-
tante em valorizar a memória das lutas contra os regimes
Apesar de toda a repressão, revoltas já começavam a
autoritários, mas condenações em grande escala dos
incomodar a segregação imposta pelos brancos. O maior
repressores ocorreram somente na Argentina e no Chi-
líder do movimento negro na África do Sul foi Nelson
le, embora punições contra os líderes daqueles regimes
Mandela. Símbolo da luta contra o apartheid, ele foi pre-
tenham sido realizadas também no Peru e no Uruguai.
so em 1964. Em 1985, o governo, para impedir mais re-
Entretanto, as democracias da América Latina sobre-
voltas, prometeu negociar com os negros assuntos de
viveram mesmo à turbulência econômica e foram capa-
interesse comum, mas eles ainda não poderiam votar ou
zes de formular políticas sociais eficazes no combate à
ter parlamento. O primeiro-ministro não aceitou libertar
pobreza, na universalização do ensino básico e em certos Mandela, que só poderia ser solto se prometesse que
campos da saúde. não haveria violência. O líder, no entanto, não aceitava
condições. O grande nome da luta contra o apartheid
A luta contra o apartheid na África do Sul permaneceu quase três décadas na prisão. 
O apartheid representou a transformação do racismo
em lei na África do Sul, a segregação racial foi legalmen- Em 1989, Pieter W. Botha renúncia e Frederick de
te aceita entre 1948 e 1994. Foi o regime do apartheid Klerk assume, Mandela sai da prisão em 1990. Nelson
que retirou os direitos dos negros e deu privilégios aos Mandela e Frederick de Klerk são agraciados com o
brancos, minoria no país. A discriminação institucionali- Nobel da Paz em 93. No ano seguinte, os negros vo-
zada teve início quando o Partido Nacional da África do tam pela primeira vez e Mandela é eleito presidente
Sul ganhou as eleições. Em 1949, os casamentos mistos do país. 
foram proibidos. Em 1950, a Lei da imoralidade proíbe a
relação sexual entre brancos e negros. No mesmo ano, a Os direitos das mulheres, dos jovens, das crianças,
população é cadastrada e separada por raça, além de ser das etnias e das minorias culturais, a pobreza e a de-
dividida fisicamente com a formação de áreas residen- sigualdade social e econômica
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ciais específicas.  Ao pensar em uma definição para classe social não é


uma missão muito fácil, pois existe uma grande variação
Os negros precisavam andar com cadernetas por entre as definições elaborada pelos diversos estudiosos e
determinação da Lei dos nativos, conhecida como Lei vertentes de pensamento sobre a temática. Porém, existe
do passe, o documento deveria ser apresentado à po- um consenso entre todos, que é a questão das classes
lícia sempre que solicitado. Os locais e equipamen- sociais serem grupos amplos, em que a exploração eco-
tos públicos também eram segregados, placas com a nômica, opressão política, segregação sócio espacial e a
indicação “Somente europeus” eram colocadas para discriminação cultural, geram um cenário de mal-estar
impedir o contato com negros. social entre os membros dessa sociedade.

80
Dentro dos principais conceitos relacionados a tra- Atenção para a formação histórica do capitalismo,
dição do pensamento social, podemos destacar: Marx portanto, essa evolução proporciona uma forma de
com a concepção de lutas de classes e Weber com a es- entendimento para as desigualdades sociais.
tratificação social. Sendo assim, no cotidiano, o cidadão
comum tende a confundir as definições de classe social. O fenômeno da desigualdade social é um conceito
Na perspectiva criada por Marx e Engels, a organi- que afeta diretamente os países subdesenvolvidos, pois
zação social está baseada nas relações produtivas, com inexiste um equilíbrio entre os padrões vida de seus habi-
isso, em toda sociedade, sendo ela capitalista ou pré-ca- tantes, seja em âmbito escolar, profissional, econômico,
pitalista, deverá haver uma dominada e um dominante, cultural, de gênero, dentre outros. Porém, a forma mais
que de maneira direta ou indireta controla e influência as clássica de conceituar a desigualdade social, está anco-
determinações do Estado. Desta forma, a classe domina- rado nas desigualdades econômicas, sendo assim, a má
da, reproduz a ordem social imperada pela classe domi- gestão ou distribuição renda, forma uma sociedade com
nante, e assim, haverá uma perpetuação da exploração, uma distribuição totalmente heterogênea, onde alguns
são detentores de muitos bens, em detrimento de muitos
como se fosse algo natural.
outros viverem em um cenário de miséria extrema.
Em uma sociedade organizada, não basta a constata-
O processo de desigualdade social se configura pela
ção da consciência social para a manutenção da ordem,
falta de educação básica de qualidade,  poucas opor-
pois a existência social é que determina a consciência,
tunidades de emprego,  ausência de estímulos para o
essa perspectiva, refere-se a infraestrutura e superes- consumo de bens culturais, como ir ao cinema, teatro e
trutura marxista. Em outras palavras, os valores, o modo museus; entre outras características. Sendo assim, o ce-
de pensar e de agir em uma sociedade são reflexos das nário econômico segregacionista da sociedade, gera um
relações entre os homens para conseguir meios para so- afastamento da massa popular de elementos culturais e
breviver. Portanto, as relações de produção entre os ho- econômicos.
mens dependem de suas relações com os meios de pro-
dução e que, de acordo com essas relações, podem ser Desigualdade social  é a diferença econômica que
de proprietário e não proprietário, capitalista e operário, existe entre determinados grupos de pessoas dentro de
patrão e empregado. Os homens são diferenciados em uma mesma sociedade.
classes sociais, com isso, aqueles homens que detêm a
posse dos meios de produção se apropriam do trabalho Quando pensamos em desigualdade social no Bra-
daqueles homens que não possuem esses meios, sendo sil, podemos observar que esse fenômeno em território
que os últimos vendem a força de trabalho para conse- nacional, está vinculado ao fomento de uma má distri-
guir sobreviver. A luta de classes nada mais é do que o buição de renda e a concentração massiva da riqueza
confronto dessas classes antagônicas. em uma pequena minoria da elite. Além disso, podemos
Com a elaboração do capitalismo industrial e na mo- apontar como fatores primordiais para essa desigualda-
dernidade, a linguagem comum confunde com frequên- de brasileira, os seguintes aspectos:
cia o uso do termo classe social com estrato social. Para  Dificuldade de acesso aos serviços básicos;
Weber, a estratificação das classes sociais é estabelecida  Falta de acesso à educação de qualidade; 
conforme a distribuição de determinados valores so-  Política fiscal injusta;
ciais (riqueza, prestígio, educação, etc.) numa sociedade,  Baixos salários.
como: castas, estamentos e classes.
Segundo Weber, as classes constituem uma forma de Esse processo de desigualdade social, é causadora do
estratificação social, em que a diferenciação é feita a par- surgimento e crescimento de diversos problemas sociais
dentro das classes menos privilegiadas, pois não existe
tir do agrupamento de indivíduos que apresentam carac-
uma equidade entre os membros dessa sociedade. Sen-
terísticas similares, como por exemplo: negros, brancos,
do assim, dentro dos principais reflexos, podemos apon-
católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos,
tar:
etc.
 Dificuldade de acesso a serviços como atendimen-
Em se tratando de dominação de classe, estabelecer to de saúde de qualidade, educação e moradia;
estratos sociais conforme o grau de distribuição de po-  Elevação das taxas de criminalidade;
der numa sociedade é tarefa bastante árdua, porque o  Aumento dos níveis de desemprego;
poder sendo exercido sobre os homens, em que uns são  Aumento da mortalidade infantil;
os que o detêm enquanto outros o suportam, torna difícil  Pouco crescimento econômico;
considerar que esse seja um recurso distribuído, mesmo  Crescimento da fome;
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

que de forma desigual, para todos os cidadãos. Assim, as  Evasão escolar.


relações de classe são relações de poder, e o conceito de
poder representa, de modo simples e sintético, a estru- Portanto, todo esse processo de privações que são
turação das desigualdades sociais. Para Weber, o juízo de reflexos das desigualdades sociais, faz emergir cada vez
valor que as pessoas fazem umas das outras e como se mais em nossa sociedade, a formação zonas periféri-
posicionam nas respectivas classes, depende de três fa- cas e a promoção do movimento pendular, deixando a
tores: poder, riqueza e prestígio; que nada mais são que população menos abastadas, cada vez mais longes dos
elementos fundamentais para constituir a desigualdade grandes centros de desenvolvimento do país, além disso,
social. um cenário perverso da sociedade brasileira, é observar

81
retorno do país ao mapa da fome mundial, sendo que Resposta da questão 1: [A]
no ano 2014, o Brasil havia saído dele. Agregado a isso, Os problemas de segurança pública não podem, se-
podemos destacar o índice de mais de 13 milhões de de- gundo o argumento do texto, ser resolvidos somente
sempregados no país e o crescimento do trabalho autô- por intervenção da polícia. É necessário também que a
nomo. Todos esses processos, acabam por acentuar as população tenha acesso aos demais serviços públicos,
desigualdades no território nacional, intensificando cada para terem seus direitos de cidadania respeitados.
vez mais a má distribuição de renda.
2. A cidadania exige um elo de natureza diferente, um
O processo de desigualdade social brasileira, está sentimento direto de participação numa comunidade ba-
vinculado a um processo de exploração histórica, que seado numa lealdade a uma civilização que é um patri-
se inicia no processo de colonização e estende-se até mônio comum. Compreende a lealdade de homens livres,
os dias atuais. imbuídos de direitos e protegidos por uma lei comum.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio
de Janeiro: Zahar, 1967.
Sendo assim, os grupos étnicos e raciais cujos mem-
bros podem vir a sofrer qualquer tipo de discriminação
A vigência do pacto político mencionado está vincu-
são chamados de minorias. O termo “minoria” está mais
lada à
associado a fatores sociais do que ao número de pessoas
que constitui um segmento da sociedade. Por exemplo, a) crença em valores ortodoxos.
pessoas que têm olhos verdes representam uma minoria b) garantia da igualdade jurídica.
da população no sentido quantitativo. Contudo, sociolo- c) amplitude do território nacional.
gicamente, não são consideradas uma minoria. d) fluência no idioma predominante.
e) nivelação do campo socioeconômico.

#FicaDica Resposta da questão 2: [B]


A proteção dos homens por uma lei comum corres-
Há muitos grupos sociais minoritários. Es- ponde a um processo de garantia de igualdade jurídi-
tes podem ser étnicos, religiosos, sexuais, ca que corresponde, de forma simplificada, à ideia de
políticos, etc. Muitas minorias sofrem ex- que todos são iguais perante a lei.
clusão social, desigualdade, preconceito e
discriminação. Tais desigualdades sociais 3. De acordo com o sociólogo inglês T. S. Marshall, a ci-
podem causar hostilidades entre setores dadania moderna se define em um longo processo his-
de uma sociedade. tórico que envolve o reconhecimento do cidadão como
portador de Direitos Civis, Direitos Políticos e Direitos
Sociais. Com base nas reflexões propostas por Marshall,
é CORRETO afirmar que

EXERCÍCIOS COMENTADOS a) no Brasil, não existe cidadania porque o voto é obri-


gatório.
1. A política de pacificação não resolve todos os pro- b) cidadania é algo que só existe na Europa e nos Estados
blemas da favela carioca, ela é apenas um primeiro e Unidos da América.
indispensável passo para que seus moradores sejam c) a liberdade e a participação política dos cidadãos são
fundamentais para a contínua geração de novos di-
tratados como cidadãos. As Unidades de Polícia Pacifi-
reitos.
cadora (UPPs) recuperaram um território que estava ocu-
d) a conquista de direitos de cidadania no Brasil foi um
pado por bandidos com armas de guerra, substituíram
processo que se encerrou com a promulgação da
a opressão de criminosos pela justiça formal do Estado.
Constituição em 1988.
[Mas] se a UPP não for seguida por escola, hospital, sa- e) a cidadania no Brasil foi imposta por Getúlio Vargas
neamento, defensoria pública, emprego, daqui a pouco durante a vigência do Estado Novo.
a polícia de ocupação terá que ir embora das favelas por
inútil. Ou será obrigada a exercer a mesma opressão que Resposta da questão 3: [C]
o tráfico exercia para se proteger. A alternativa [C] é a única correta. No Brasil os direitos
CACÁ DIEGUES. A contrapartida do lucro. de cidadania ainda não são plenamente garantidos,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

apesar dos esforços de alguns governos e de movi-


Para o autor, a consolidação da cidadania nas comunida- mentos sociais para universalizá-los. Não por acaso,
des carentes está condicionada à um dos livros mais famosos sobre a cidadania no Bra-
sil chama-se Cidadania no Brasil: Um Longo Caminho,
a) efetivação de direitos sociais. de José Murilo de Carvalho.
b) continuidade da ação ofensiva.
c) superação dos conflitos de classe. 4. A afirmação segundo a qual o indivíduo tem consciên-
d) interferência de entidades religiosas. cia de seus direitos, deveres e de que participa ativamen-
e) integração das forças de segurança. te de todas as questões da sociedade refere-se a:

82
a) tirania. e) determinou o prevalecimento socioeconômico de uma
b) plutocracia. elite mestiça e aprofundou as relações interraciais no
c) cidadania. país.
d) bonapartismo.
e) monarquia. Resposta da questão 6: [C]
A África do Sul foi uma região dominada por colo-
Resposta da questão 4: [C] nizadores de origem inglesa e holandesa que, após
O enunciado faz referência à definição do conceito de a Guerra dos Boeres (1902) passaram a definir a po-
cidadania, compreendida na relação entre consciência lítica de segregação racial como uma das fórmulas
dos deveres e direitos do cidadão e da sua atuação para manterem o domínio sobre a população nativa.
política ao interno da sociedade. Portanto, somente a Esse regime de segregação racial - conhecido como
alternativa [C] é correta. apartheid, começou a ficar definido com a decretação
do Ato de Terras Nativas e as Leis do Passe. A partir
5. O Apartheid foi uma política de segregação racial de 1948, quando os Afrikaaners (brancos de origem
adotada pela República da África do Sul na segunda holandesa), através do Partido Nacional, assumiram o
metade do século XX (1948-1994). Sobre esse perío- controle hegemônico da política do país, a segregação
do, analise as afirmativas abaixo: consolidou-se com a catalogação racial de toda crian-
ça recém-nascida.
I. Nas cidades a população negra era proibida de
manter negócios em áreas destinadas aos brancos, assim
como era impedida de circular livremente.
II. Os negros eram excluídos do governo nacional e
não podiam votar, exceto em eleições para instituições
voltadas para a população negra, que não tinham qual-
quer poder de fato.
III. A política de segregação isolava a população ne-
gra em guetos e realizava uma política de miscigenação
da população negra como forma de garantir a domina-
ção branca.
IV. A maioria das terras produtivas foi destinada à po-
pulação branca o que resultou no confisco da proprieda-
de e na remoção forçada de milhões de negros.

Assinale:

a) Se somente as afirmativas I e II e III estiverem corretas.


b) Se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas.
c) Se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
d) Se somente as afirmativas II, III e IV estiverem corretas.
e) Se todas as afirmativas estiverem corretas.

Resposta da questão 5: [C]


[III] Incorreta. Porque não houve uma política de mis-
cigenação junto à população negra, e sim de segrega-
ção, ou seja, separação e isolamento.

6. No início dos anos 1990, o presidente Frederik de


Klerk declarou oficialmente o fim do apartheid na
África do Sul. Esta política racista

a) prevaleceu durante toda a história independente do


país e assegurou o convívio harmonioso de brancos e
negros sul-africanos.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

b) foi implantada após o final da Segunda Guerra Mun-


dial e prolongou o domínio britânico sobre o país por
mais cinquenta anos.
c) vigorou por mais de quarenta anos e foi um dos instru-
mentos da minoria branca sul-africana para se impor
à maioria negra.
d) foi encerrada apesar do amplo apoio internacional e
revelou a dificuldade dos africanos de solidificarem
suas instituições políticas.

83
CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL: OS “HOMENS BONS”; O PODER OLIGÁR-
QUICO, O CORONELISMO E O VOTO NA PRIMEIRA REPÚBLICA; AS CONSTITUIÇÕES E AS
MUDANÇAS NOS DIREITOS POLÍTICOS E CIVIS (ESTADO NOVO E GOVERNO MILITAR PÓS
64); EXPERIÊNCIA LIBERAL DEMOCRÁTICA DE 1945-1964; GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964
E REPRESSÃO; MOVIMENTOS POPULARES E ESTUDANTIS, LUTA DOS POVOS INDÍGENAS;
MOVIMENTO DE CONSCIÊNCIA NEGRA; LUTAS CONTRA AS DESIGUALDADES ECONÔMI-
CAS E SOCIAIS E PELAS ASPIRAÇÕES DE DIREITOS PARA TODA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
HOJE; A LUTA PELOS DIREITOS CIVIS DAS MULHERES E DOS MOVIMENTOS LGBTQ+. 

Cidadania e Direitos humanos no Brasil: os “homens bons”


No processo de organização da administração colonial, percebemos que a Coroa Portuguesa tinha claras preten-
sões em preservar seus interesses particulares em território brasileiro. Para tanto, não devia somente cuidar da indica-
ção do governador-geral, mas também traçar estratégias de controle que pudessem funcionar eficazmente nas esferas
menores do amplo território. 
Na formação das vilas e cidades, observamos que as Câmaras Municipais deveriam tratar dos problemas e questões
que atingiam aquela localidade. Ao mesmo tempo, manifestando a sua integração ao projeto colonizador, essas mes-
mas Câmaras deveriam fazer cumprir os ordenamentos emitidos pela metrópole. De tal forma, era necessário que os
organizadores do poder local fossem naturalmente comprometidos com as demandas da metrópole. 
Foi nesse contexto, que a ideia de “homem bom” surgiu na colônia para determinar as pessoas que poderiam ocu-
par cargos políticos na esfera local. Para alcançar a condição de “homem bom”, era necessário que o indivíduo fosse
maior de 25 anos de idade, casado ou emancipado, praticante da fé católica e não possuísse nenhum tipo de “impureza
racial”. Além disso, estes mesmos homens deveriam ter a posse de terras que legitimavam sua condição social distinta. 

#FicaDica
Em primeiro plano, o “homem bom” deveria congregar toda essa espécie de distinção para que o mes-
mo não fosse acidentalmente confundido com uma figura comum da população local. Com isso, a pos-
sibilidade de assumir cargos políticos no espaço colonial não determinava o exercício de um direito am-
plamente compartilhado entre todas as pessoas. Ser um “homem bom”, discutindo leis, administrando
a esfera pública e realizando importantes obras, transformava-se em um privilégio reservado a poucos. 

Do ponto de vista histórico, podemos ver que a restrição da vida política aos “homens bons” assinalava que vários
outros membros integrantes do mundo colonial não tinham nenhuma via de acesso à vida política daquela época. Ao
mesmo tempo, isso também nos revelava que os representantes políticos de tais regiões estavam em consonância com
as demandas metropolitanas, já que exploravam nossas terras com o claro objetivo de firmar relações comerciais com
o mercado externo. 
Ao longo das décadas e séculos, podemos notar que a figura do “homem bom” perpetuou uma problemática noção
que ainda se manifesta em nossa cultura política. Ainda hoje, percebemos que a ocupação de cargos públicos ainda se
concentra nas mãos de integrantes das elites econômicas e intelectuais da nação.

Não raro, as pessoas julgam que a falta de instrução formal ou de prestígio entre as elites econômicas, im-
pedem o bom cumprimento de um cargo político.

O poder oligárquico, o coronelismo e o voto na Primeira República


O coronelismo foi uma experiência típica dos primeiros anos da república brasileira. De fato, essa experiência faz
parte de um processo de longa duração que envolve aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais do Brasil. A
construção de uma sociedade vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, desde os tempos da colônia,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

poderia contar como um dos fatos históricos responsáveis pelo aparecimento do chamado “coronel”.

O Coronelismo é um fenômeno da política brasileira ocorrido durante a Primeira República. Caracteriza-se


por uma pessoa, o coronel, que detinha o poder econômico e exercia o poder local por meio da violência e tro-
cas de favores.

Com o fim da República da Espada, as oligarquias agroexportadoras do Brasil ganharam mais espaço nas institui-
ções políticas da nação. Dessa maneira, o jogo de interesses envolvendo os grandes proprietários e a manutenção da
ordem social ganhava maior relevância. Os pilares da exclusão política e o controle dos grandes espaços de represen-
tação política sustentavam-se na ação dos coronéis.

84
Na esfera local, os coronéis utilizavam das forças po- Experiência liberal democrática de 1945-1964
licias para a manutenção da ordem. Além disso, essas O início da Quarta República foi resultado direto do
mesmas milícias atendiam aos seus interesses particula- desgaste do regime ditatorial instalado por Vargas em
res. Em uma sociedade em que o espaço rural era o gran- 1937, o Estado Novo. Entre 1942 e 1943, a política de
de palco das decisões políticas, o controle das polícias massas de Vargas começou a incomodar uma parcela
fazia do coronel uma autoridade quase inquestionável. significativa do país. Além disso, começou-se a questio-
nar o fato de vigorar internamente um Estado policial
Durantes as eleições, os favores e ameaças torna- que impunha a censura e centralizava o poder, enquanto
vam-se instrumentos de retaliação da democracia no que, externamente, tropas brasileiras eram enviadas des-
país. de 1944 para a Europa para lutar contra o Nazifascismo
em defesa dos valores democráticos.
As Constituições e as mudanças nos direitos polí-
ticos e civis (Estado Novo e governo militar pós 64)
O Estado Novo corresponde ao período em que Var- FIQUE ATENTO!
gas (1882-1954) governou o Brasil entre os anos de 1937
A Constituição de 1946 exprimia os valores
a 1945, no último momento da Era Vargas, marcado pelo
ideológicos dos políticos eleitos em 1945 e
autoritarismo, censura e centralização do poder. Em 10
era, portanto, uma Constituição liberal. Em
de novembro de 1937, Getúlio Vargas realizou um Golpe
relação às questões democráticas, a Consti-
que instaura o Estado Novo, que perduraria até 29 de
tuição trouxe melhorias consideráveis, pois
outubro de 1945, quando, deposto por um movimento
retomou valores que haviam sido suprimidos
militar chefiado por generais, termina o governo Vargas.
no Estado Novo e aumentou significativa-
mente o número de eleitores no Brasil, já que
Durante todo o período, sua política priorizou
definiu que homens e mulheres maiores de
investimentos em infraestrutura para o desenvolvi-
18 anos tinham direito ao voto.
mento industrial.

Constituição de 1934
 Nome do país – Estados Unidos do Brasil; Constituição de 1946
 Carta promulgada (feita legalmente);  Nome do país – Estados Unidos do Brasil;
 Reforma Eleitoral – introduzidos o voto secreto  Carta promulgada (feita legalmente);
e o voto feminino;  Mandato presidencial de 5 anos (quinquênio);
 Criação da Justiça do Trabalho Leis Trabalhistas  Ampla autonomia político-administrativa para es-
– jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias re- tados e municípios;
muneradas (13° salário só mais tarde, com João Goulart).  Defesa da propriedade privada (e do latifúndio);
  Assegurava direito de greve e de livre associação
Constituição de 1937 sindical;
 Nome do país – Estados Unidos do Brasil;  Garantia liberdade de opinião e de expressão;
 Carta outorgada (imposta);
 Inspiração fascista – regime ditatorial, persegui- Contraditória na medida em que conciliava resquícios
ção e opositores, intervenção do estado na economia; do autoritarismo anterior (intervenção do Estado nas re-
 Abolidos os partidos políticos e a liberdade de lações patrão x empregado) com medidas liberais (favo-
imprensa recimento ao empresariado).
 Mandato presidencial prorrogado até a realiza-
ção de um plebiscito (que nunca foi realizado); Golpe civil-militar de 1964 e repressão
 Modelo externo – Ditaduras fascistas (ex., Itália, O Golpe Militar de 1964 marca uma série de even-
Polônia, Alemanha). tos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, e que
culminaram em um golpe de estado no dia 1 de abril de
A Ditadura Militar no Brasil foi um regime autoritá- 1964. Esse golpe pôs fim ao governo do presidente João
rio que teve início com o golpe militar, em 31 de março Goulart, também conhecido como Jango, que havia sido
de 1964, com a deposição do presidente João Goulart. de forma democrática, eleito vice-presidente pelo Parti-
do Trabalhista Brasileiro (PTB).
O regime militar durou 21 anos (1964-1985), e es-
tabeleceu a censura à imprensa, restrição aos direitos O Regime militar foi o período da política brasileira
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

políticos e perseguição policial aos opositores do re- em que militares conduziram o país.
gime.
Imediatamente após a tomada de poder pelos mili-
Constituição de 1967 tares, foi estabelecido o AI-1. Com 11 artigos, o mesmo
 Nome do país – República Federativa do Brasil; dava ao governo militar o poder de modificar a consti-
 Documento promulgado (foi aprovado por um tuição, anular mandatos legislativos, interromper direitos
Congresso Nacional mutilado pelas cassações); políticos por 10 anos e demitir, colocar em disponibili-
Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Comple- dade ou aposentar compulsoriamente qualquer pessoa
mentares do governo militar. que fosse contra a segurança do país, o regime demo-

85
crático e a probidade da administração pública, além de episódio resultaria em sua morte. Edson Luís se tor-
determinar eleições indiretas para a presidência da Re- naria um mártir na luta contra a repressão. As notícias
pública.  envolvendo o assassinato se alastrariam rapidamente
Durante o regime militar, ocorreu um fortalecimen- pelo país causando revolta entre a população e moti-
to do poder central, sobretudo do poder Executivo, ca- vando a intensificação da luta.
racterizando um regime de exceção, pois o Executivo se
atribuiu a função de legislar, em detrimento dos outros Os militares preocupados com a repercussão negati-
poderes estabelecidos pela Constituição de 1946. O Alto va gerada pelo “incidente” decretariam o Ato Institucio-
Comando das Forças Armadas passou a controlar a su- nal n°5 o AI-5, decreto emitido pelo governo que restrin-
cessão presidencial, indicando um candidato militar que giria ainda mais os direitos da sociedade e aumentariam
era referendado pelo Congresso Nacional.  o poder do então presidente Costa e Silva. Essa ação dos
militares deixava claro que os movimentos estudantis
Essa época ficou marcada na história do Brasil eram um importante mecanismo de conscientização da
através da prática de vários Atos Institucionais que população brasileira.
colocavam em prática a censura, a perseguição po- Após a instauração do AI-5, a UNE foi colocada na
lítica, a supressão de direitos constitucionais, a falta clandestinidade, os militares a consideravam uma or-
total de democracia e a repressão àqueles que eram ganização subversiva que causava a desordem no país,
contrários ao regime militar. diversos estudantes foram presos e torturados, outros
tantos foram mortos e muitos desapareceram sem deixar
A liberdade de expressão e de organização era qua- rastros. A entidade perdia o direito legal de existir, porém
se inexistente. Partidos políticos, sindicatos, agremiações não perderia a força e o foco, um número cada vez maior
estudantis e outras organizações representativas da so- de estudantes e trabalhadores se engajariam na luta pela
ciedade foram suprimidas ou sofreram interferência do redemocratização.
governo. Os meios de comunicação e as manifestações Em 1979 o presidente Ernesto Geisel daria início à
artísticas foram reprimidos pela censura. A década de abertura democrática, nesse ano a UNE seria reorgani-
1960 iniciou também, um período de grandes trans- zada e daria continuidade a suas ações contra o regime
formações na economia do Brasil,  de modernização da militar através de comícios e manifestações que pediam
indústria e dos serviços, de concentração de renda, de o retorno da democracia.
abertura ao capital estrangeiro e do endividamento ex-
terno. Os estudantes foram um dos principais respon-
sáveis pelas Diretas Já, sua participação seria funda-
A Ditadura militar no Brasil teve seu início com o mental para a redemocratização em 1985 e a aprova-
golpe militar de 31 de março de 1964, resultando no ção de uma nova Constituição de 1988 que garantiria
afastamento do Presidente da República, João Gou- eleições diretas para a escolha do próximo presidente
lart, e tomando o poder o Marechal Castelo Branco. do Brasil.
Este golpe de estado, caracterizado por personagens
afinados como uma revolução instituiu no país uma Em 1992 o governo do presidente Fernando Collor de
ditadura militar, que durou até a eleição de Tancredo Mello seria abalado por uma série de denúncias de cor-
Neves em 1985. Os militares na época justificaram o rupção, além disso, um plano econômico desastroso não
golpe, sob a alegação de que havia uma ameaça co- conseguia frear a crescente inflação. Collor foi o primeiro
munista no país. presidente eleito de forma direta após a ditadura militar,
os brasileiros depositaram nele uma enorme confiança.
Movimentos populares e estudantis, luta dos po- Suas promessas de retirar o país da crise, acabar com a
vos indígenas inflação e caçar todos os corruptos fizeram dele o can-
Em 1964, o presidente João Goulart seria afastado do didato ideal. Porem após sua eleição vários escândalos
poder devido a um golpe de estado liderado pelas forças envolvendo pessoas bem próximas a ele e uma denúncia
armadas. Era o início do período da nossa história conhe- feita pelo próprio fariam com que o presidente perdesse
cido como Ditadura ou Regime Militar. apoio popular.
A democracia foi deixada de lado, os que protestavam
contra as arbitrariedades do governo eram duramente Milhares de jovens foram às ruas para protestar
reprimidos, nesse contexto os estudantes organizaram contra o seu governo, vestidos de preto e com os ros-
um importante foco de resistência contra os militares. tos pintados entrariam para a história como o movi-
Dentro das escolas e principalmente das universidades, mento das caras-pintadas. Aquela multidão de estu-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

os jovens se reuniam em organizações mobilizadas na dantes revoltados incentivaria outras pessoas a irem
luta contra a falta de liberdade. No ano de 1968 a mor- para as ruas protestar, acuado sem apoio político e
te do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, social Collor renunciaria a presidência em dezembro
então com 17 anos, seria o estopim para o aumento dos de 1992.
protestos contra o governo.
O ano de 2013 foi marcado pela eclosão de diver-
O estudante juntamente com outros jovens estava sos protestos por todo o país. Entoando slogans como:
reunido preparando novas estratégias de luta quan- “Vem! Vem pra rua! Vem!”. “O Gigante Acordou”. ”Não
do foi surpreendido pela invasão da polícia militar, o é por 20 centavos,” milhares de pessoas foram às ruas

86
protestar. Eram muitas as reivindicações: manifestavam A construção da hidroelétrica de Belo Monte é ou-
contra a corrupção, o caos na saúde e educação, contra tro exemplo da falta de diálogo e respeito às comu-
a copa do mundo que seria sediada no Brasil em 2014, nidades indígenas. O empreendimento tem impacto
contra o aumento das tarifas de ônibus, etc. Essa última direto sobre o ambiente e meio de vida das comuni-
liderada por estudantes ficou conhecida como MPL, Mo- dades, provocando também o deslocamento de mi-
vimento Passe Livre. Os protestos contra o reajuste nas lhares de pessoas. Por isso mesmo, o envolvimento
passagens de ônibus seria o estopim para a deflagração e a participação das comunidades são essenciais em
de outras manifestações. O MPL liderado por estudan- todas as etapas do projeto. A falta de diálogo tem
tes ganharia a adesão de outros grupos solidários com a levado ao acirramento do conflito na área.
causa, seu objetivo seria alcançado. Após muita pressão
a tarifa de ônibus continuaria com o mesmo valor, não James Anaya, Relator das Nações Unidas para o Direi-
haveria aumento. to dos Povos Indígenas, manifestou ao governo brasileiro
sua preocupação pelos povos Kaiapo, Xavante, Juruna,
O sucesso desse movimento estudantil gerou uma Kaiabi, Suia, Kamaiura, Kuikuro, Ikpeng, Panara, Nafukua,
grande euforia na população, os brasileiros perce- Tapayuna, Yawalapiti, Waura, Mehinaku and Trumai, um
beram que sair às ruas para lutar pelos seus direitos total de 13 mil pessoas. O relator destaca impactos como
ou esbravejar contra um sistema político corrupto, o isolamento geográfico das comunidades, a diminuição
opressor e injusto talvez fosse à solução para o iní- de acesso a serviços básicos, além de impactos ecológi-
cio de uma verdadeira reforma no país liderada pelo cos, e a possibilidade do aumento de conflitos por terra
povo. e recursos naturais na região. O relator menciona ainda
que houve problemas nos procedimentos de consulta,
Desenvolvimento econômico e grandes projetos têm acesso a informação e divulgação de documentos impor-
ameaçado os direitos de povos indígenas no Brasil. O tantes, tornando impossível que as pessoas estivessem
país é, hoje, uma das maiores economias do mundo, mas totalmente informadas e conscientes a respeito do pro-
não tem garantido com o sucesso necessário o respeito jeto.
aos direitos humanos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos
chegou a pedir a suspensão do projeto até que as co-
Dia 09 de agosto foi o Dia Internacional dos Povos munidades afetadas fossem devidamente consultadas e
Indígenas e, assim, vale a pena avaliar sua situação no
emitiu medidas cautelares para o Brasil. Mas as medidas
país. Os povos indígenas continuam a sofrer discri-
foram retiradas após forte pressão política do governo.
minação, privações e ameaças, seu direito constitu-
A própria Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão
cional as suas terras ancestrais é violado, e o governo
federal responsável pela política indigenista do Estado
tem falhado em garantir sua segurança e direitos.
brasileiro, manifestou publicamente sua contrariedade à
Portaria nº 303 e reivindica a revisão dos seus termos.
O governo deve assegurar que qualquer projeto de
Para o órgão, a medida restringe o reconhecimento dos
desenvolvimento que tenha impacto sobre as comunida-
des indígenas seja feito com seu consentimento prévio, direitos dos povos indígenas, especialmente seus direitos
livre e bem-informado. Qualquer decisão sobre cons- territoriais. Considerando o avanço de grandes projetos
trução de represas, hidroelétricas, barragens, oleodutos, e atividades agrícolas e extrativas sobre terras indígenas,
estradas, atividade mineradora e extrativa que tenha im- esse retrocesso do governo em garantir os processos de
pacto sobre comunidades indígenas só deve ser tomada consulta pode significar o agravamento de conflitos já
a partir de extenso processo de consulta e a partir de existentes e maiores violações de direitos dos povos in-
seu consentimento. Por outro lado, as empresas envol- dígenas no futuro.
vidas devem se comprometer publicamente a respeitar,
em suas atividades, todos os padrões internacionais de
direitos humanos, de acordo com os padrões estabeleci- FIQUE ATENTO!
dos nas Diretrizes das Nações Unidas sobre Empresas e O Brasil tem responsabilidade de respeitar e
Direitos Humanos. promover os direitos dos povos indígenas tal
Mas grandes projetos de desenvolvimento e a expan- como expressos na Declaração da ONU so-
são de atividades agrícolas e extrativas constituem, hoje, bre os Direitos dos Povos Indígenas, de 2007,
uma grande ameaça aos povos indígenas. No Mato Gros- e na Convenção número 169 da Organização
so do Sul, o processo de desenvolvimento tem ameaça- Internacional do Trabalho, sobre os Direitos
do os Guarani-Kaiowá de diversas formas. Primeiro, pela dos Povos Indígenas e Tribais, de 1989. Não
violência que têm acompanhado a luta pelo direito as
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

podemos aceitar que o desenvolvimento seja


suas terras ancestrais. O processo de demarcação de ter- feito a qualquer custo, especialmente quan-
ras de todas as comunidades Guarani-Kaiowá na região do o custo são os direitos humanos e os di-
ainda não foi concluído. Segundo, sua própria destruição reitos dos povos indígenas.
socioeconômica, levando a condições de vida precárias
e obrigando muitos indígenas a trabalharem na agroin-
dústria – inclusive nos canaviais – em condições degra- Movimento de consciência negra
dantes. As comunidades sofrem ameaças constantes e já O início das lutas do Movimento Negro se deu há
foram diretamente atacadas por homens armados con- muito tempo, desde as revoltas de escravos na época do
tratados por fazendeiros da região. Brasil Colônia, por exemplo. Entretanto, foi reconhecido

87
e estruturado com um fenômeno organizado apenas no na posição social dos indivíduos, conforme seu acesso à
século XX, principalmente com os expoentes norte-a- renda, poder aquisitivo, padrão de vida e nível de esco-
mericanos de lideranças, como Malcolm X, Rosa Parks e laridade. Em outras palavras, no Brasil também existe o
Martin Luther King Jr. chamado preconceito de classe social.
Principalmente nas décadas de 1950 e 1960, o Movi- Ao falarmos em classe social na sociologia, automati-
mento Negro ganhou maior visibilidade, trazendo à luz camente somos impelidos a pensar na obra de Karl Marx,
a pauta do racismo estrutural e difundido em vários se- o qual, ao fazer uma crítica ao capitalismo, afirma que a
tores da sociedade. Nos Estados Unidos, em 1955, Rosa sociedade capitalista seria divida em classes sociais, uma
Parks, negra, foi presa por se recusar a dar seu lugar em proletária e outra burguesa. Em linhas gerais, a primei-
um ônibus de Montgomery para uma mulher branca. ra seria responsável pela força de trabalho enquanto a
Esse estopim levou a uma série de protestos que, aos segunda seria dona dos meios de produção. Isso seria
poucos, se moldaram em um dos maiores levantes da característico da sociedade capitalista, sendo um fator
população negra do século XX. determinante da diferença social, principalmente no que
tange à possibilidade do acesso aos resultados da pro-
São vários os líderes do Movimento negro no Bra- dução capitalista (os bens de maneira geral), fato que
sil e no mundo, dentre eles, podemos destacar Zumbi contribuiria para aumentar a desigualdade social.
dos Palmares (Brasil), João Cândido (Brasil), Nelson Contudo, quando falamos em classe social para pen-
Mandela (África do Sul), Malcolm X (Estados Unidos), sarmos esse determinado tipo de preconceito, não de-
Luther King (Estados Unidos), Rosa Parks (Estados vemos considerar apenas esse sentido visto em Marx, o
Unidos), dentre outros. qual pressupõe a existência de uma constante luta de
classes com interesses antagônicos na sociedade capita-
A luta do Movimento Negro resultou, a duras penas, lista (o que não deixa de ser importante).
em várias conquistas para a população negra ao redor do
mundo. Na África do Sul, por exemplo, o ativismo negro Deve-se falar em classe social em sentido mais
liderado pelo Nobel da Paz Mandela resultou, após dé- amplo, considerando os diversos grupos sociais numa
cadas de luta e prisão de seu líder, no fim do Apartheid classificação socioeconômica, sua posição ou status
institucionalizado no país.
na estrutura social, fato que sugere a existência não
Não apenas na África do Sul, mas em todo mundo a
apenas de duas classes, mas de tantas outras a de-
população negra sofreu e ainda sofre com cenários de
pender de aspectos como níveis de renda, de escola-
segregação, racismo estrutural e explícito, além da falta
ridade, de acesso à assistência médica, entre outros
de oportunidades e igualdade de condições entre os ci-
fatores.
dadãos.
No Brasil, apesar de algumas conquistas, essa igualda-
Em outras palavras, devemos pensar a ideia de pre-
de caminha a passos de tartaruga, principalmente quan-
conceito de classe social para além da chave burguês/
do são analisadas algumas estatísticas que comprovam
uma realidade social ainda muito discriminatória. Segun- proletário, considerando a existência de classes mais
do o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), abastadas economicamente (milionários, ricos, classe
a cada 3 assassinatos no Brasil, 2 são de jovens negros, média alta) e outras com menos recursos (classe média,
com idades entre 15 e 24 anos, considerando ainda que média baixa, pobres, miseráveis), sendo a renda o fator
a discriminação e o preconceito racial são fortes compo- determinante de sua posição social e, dessa forma, do
nentes desta realidade e mulheres negras são as mais vi- preconceito de classe.
timadas nos casos de violência doméstica (58,68%), vio- Essa breve observação é importante uma vez que
lência obstétrica (65,4%) e mortalidade materna (53,6%). podemos encontrar trabalhadores urbanos que, embora
Como é possível perceber, os números comprovam que sejam todos proletários, por possuírem faixas de renda
as conquistas alcançadas em prol da população negra, diferentes, podem manifestar preconceito de classe em
principalmente no Brasil, ainda são muito tímidas. relação aos que possuem um status inferior em relação
ao poder aquisitivo, seja por ocuparem funções inferio-
O Movimento Negro no Brasil ainda luta para que res, seja por terem menor grau de instrução. Natural-
se cumpra o plano de ação da ONU, de 2001, em com- mente, a possibilidade do preconceito dos mais ricos
bate ao Racismo, à Discriminação Racial, à Xenofobia (donos de meios de produção, empresários, banqueiros)
e à Intolerância Correlata. em relação aos mais pobres estaria mais próxima desse
antagonismo de classes tão discutido por Marx.
Lutas contra as desigualdades econômicas e so- Como qualquer outro tipo de preconceito, este, mo-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ciais e pelas aspirações de direitos para toda a popu- tivado pela situação econômica, também se manifesta
lação brasileira hoje como um tipo de violência, da mesma forma que aquele
Em sua obra intitulada O Povo Brasileiro, o antropó- dado pela cor da pele, tão comum à sociedade brasileira.
logo Darcy Ribeiro afirma que “apesar da associação da Aliás, para Darcy Ribeiro, “não é como negros que eles
pobreza com a negritude, as diferenças profundas que operam no quadro social, mas como integrantes das ca-
separam e opõem os brasileiros em extratos flagrante- madas pobres, mobilizáveis todas por iguais aspirações
mente contrastantes são de natureza social”. (RIBEIRO, de progresso econômico e social [...]. Acresce, ainda, que
2006, p. 215). Isso sugere que, para além do preconceito [...] mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os
racial tão discutido no Brasil, há outro que está pautado brasileiros arraigado preconceito de classe”.

88
Dessa forma, o que se pode compreender é que para igualdade da participação das mulheres no cenário

além dos problemas sociais e econômicos dados pela político do país, tanto na ocupação de cargos polí-
desigualdade social gerada pela divisão do trabalho na ticos como na tomada de decisões;
sociedade capitalista, a discriminação social vem ampliar questões de saúde ligadas diretamente à condição

as dificuldades encontradas pelos mais pobres. de mulher: como prevenção de doenças, sexuali-
dade e discussão sobre o direito ao aborto;
#FicaDica libertação de padrões de beleza impostos pela cul-

tura;
A desigualdade econômica se caracteriza combate aos diferentes tipos de assédio, como o

pela distribuição desigual de renda em de- moral e o sexual;
terminada região, sendo influenciada por fim da violência contra a mulher: violências dentro

fatores históricos, sociais  e pela falta de de relacionamentos, violência sexual, assédio mo-
investimento em políticas sociais. ral, violência obstétrica, dentre outras;
direitos relacionados à maternidade e à amamen-

tação.
A luta pelos direitos civis das mulheres e dos mo-
vimentos LGBTQ+.  No decorrer da história, foi criado esse estigma de
O movimento feminista teve seu início, ainda bem que lugar da mulher é em casa, é na cozinha, é cuidan-
diferente do que é hoje, durante o século XIX. Uma das do dos filhos, ou então, algo desse gênero. Porém, essa
maiores influências para o movimento foi a Revolução perspectiva além de ser preconceituosa, não exemplifica
Francesa e as alterações sociais que começaram a acon- a vida e os esforços realizados pelas mulheres na esfera
tecer nesta época. do mundo do trabalho, não apresenta exatamente isso.
A partir das mudanças trazidas pela Revolução Fran- Porém, ainda hoje, existe diferenciação salarial para mu-
cesa as mulheres começaram a tomar consciência das lheres em algumas empresas, apenas pelo fato de seu
desigualdades a que eram submetidas e, pouco a pouco, gênero.
passaram a questionar os modelos sociais e lutar para
diminuir a desigualdade política e de direitos. Esse perío- O lugar da mulher é onde ela quiser! Porém, ainda
do ficou conhecido como a primeira onda do feminismo. hoje existe uma inferiorização do sexo feminino em
Neste mesmo período surgiu o movimento sufragis- alguns espaços de trabalho, esse cenário é extrema-
ta, formado principalmente por mulheres inglesas para mente preconceituoso e injusto, mas ainda não foi
garantir o direito da participação feminina nas eleições. alterado em todas as esferas do mundo do trabalho.
Emmeline Pankhurst foi um dos grandes nomes do mo-
vimento sufragista, assim como a escritora Mary Wolls- Na atualidade, existem grandes debates sobre o pro-
tonecraft, que também defendeu em seus livros o direito cesso de individuação, gênero e sexualidade, com isso,
de voto das mulheres. as ciências sociais têm elaborado nos últimos anos, uma
distinção entre os conceitos de sexo e gênero.
Mas é importante saber que existem registros de Podemos dizer que sexo está relacionado às distin-
outros movimentos sociais e lutas encabeçadas por ções anatômicas e biológicas entre homens e mulheres.
mulheres que também são considerados importantes O sexo é referente a alguns elementos do corpo como
na construção da história do movimento feminista. genitálias, aparelhos reprodutivos, seios, entre outros.
Assim, temos algumas pessoas do sexo feminino (com
O movimento feminista é um movimento social, po- vagina/vulva), algumas pessoas do sexo masculino (com
lítico e econômico que tem o objetivo de discutir e lutar pênis) e pessoas intersexuais (casos raros em que exis-
por direitos das mulheres.  O movimento feminista luta tem genitais ambíguos ou ausentes).
para que as mulheres deixem de ser vítimas de diversas Já, quando falamos em gênero, aplicamos uma ter-
formas de opressão social para levar a sociedade à estru- mologia utilizada para designar a construção social do
turas mais justas. sexo biológico, logo esse conceito faz uma distinção en-
tre a dimensão biológica e associada à natureza (sexo) da
O movimento busca principalmente a igualdade dimensão social e associada à cultura (gênero). Apesar
de direitos, oportunidades e tratamento entre ho- das sociedades ocidentais definirem as pessoas como
mens e mulheres e se desdobra em vários segmen- homens ou mulheres desde seu nascimento, com base
tos (chamados de correntes). O movimento feminista em suas características físicas do corpo (genitálias), as
luta contra a situação de inferioridade em que a mu- ciências sociais argumentam que gênero se refere à or-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

lher ainda vive na sociedade. ganização social da relação entre os sexos e expressa que
homens e mulheres são produtos do contexto social e
As reivindicações do movimento feminista são muito histórico e não resultado da anatomia de seus corpos.
relacionadas à garantia de direitos, mas também a to- Se a expressão social de comportamentos de homens
das outras formas de opressão a que as mulheres são e mulheres é puramente baseada na natureza dos órgãos
submetidas até os dias de hoje.São questões importantes genitais, nas quais uma mulher é quem tem um aparelho
para o movimento feminista: reprodutor feminino, por que existem expressões como
 o fim da desigualdade salarial (na prática) entre “isso não é coisa de mulher”? No mesmo sentido, se ser
homens e mulheres; homem é ter um pênis, por que existem tantas coisas que

89
“não são de homem”? Esses questionamentos apontam mas também fazer parte de todas elas. Confuso? Queer
que ser homem ou mulher é muito mais complexo do engloba todas as orientações e identidades, sem se es-
que nascer com um pênis ou uma vagina, extrapola os pecificar em apenas uma delas.
atributos físicos, envolvendo diversas regras sociais de
comportamento que são expressas através de feminili- Contudo, não é apenas esta bandeira que representa
dades, masculinidades e dos padrões de gênero. o movimento! Ao pesquisar, você pode encontrar outras
As maneiras como homens e mulheres se comportam versões como a Pansexual, Gênero Fluído e outras, que
correspondem a aprendizados socioculturais que nos en- nos levam ao nosso próximo ponto de discussão.
sinam a agir de acordo com prescrições de cada gênero.
Exemplo disso é que existem diferenças de comporta-
mento entre mulheres de diferentes países, do mesmo FIQUE ATENTO!
modo, os homens de séculos atrás não se expressavam A Sociologia nasceu para fundamentar um
do mesmo jeito que atualmente. estudo efetivo sobre as relações humanas e
seus desdobramentos, logo, essa disciplina
As representações de gênero são distintas de uma deu um procedimento metodológico para o
cultura para outra, sendo um dos objetivos dos estu- estudo de uma ciência humana.
dos de gênero e das ciências sociais analisar a diver-
sidade de expressões em diferentes grupos e locais,
identificando e desnaturalizando tais padrões.
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Fe-
Portanto, há uma grande expectativa social em rela- deral (STF) votou a favor da criminalização da homo-
ção às ações, atitudes e expressões de mulheres e ho- fobia, no dia 23/05/2019. Seis dos 11 ministros do
mens. Existem também modos e locais específicos de STF concordam que o preconceito contra homosse-
trabalho, cuidado com a família, circulação, vestimenta, xuais e transexuais deve ser considerado um crime
atração física, além de expectativas sobre quais ativida- equivalente a racismo. A aprovação ainda não é ofi-
des devem ser desempenhadas por cada um dos grupos. cial. Outros cinco ministros apresentarão seus votos
só no dia 5 de junho. Mas, na prática, a decisão está
Talvez uma das maneiras mais fáceis de começarmos
tomada, mesmo que os cinco restantes votem contra,
a contextualizar o movimento LGBTQ+ seja explicando a
não baterão os votos da maioria.
simbologia de sua bandeira. Apresentada ao público pela
primeira vez no dia 25 de junho de 1978, o símbolo mais
popular do movimento foi criado pelo artista Gilbert Ba-
ker. Baker foi um ex-militar, que após se aposentar da EXERCÍCIOS COMENTADOS
carreira no exército americano, se mudou para a cidade
de São Francisco, na Califórnia. Isso aconteceu na déca- 1. Cartaz de 1994 da campanha de Nelson Mandela à
da de 70, quando o movimento LGBTQ+ era o centro de presidência da África do Sul.
discussões acaloradas.
A bandeira do movimento, que até então não possuía
nenhum símbolo, foi desenha a pedido de Harvey Milk.
Para quem nunca ouviu falar neste nome, trata-se do en-
tão supervisor da cidade de São Francisco. Mas Milk ficou
famoso mesmo por ser o primeiro político publicamen-
te assumido a lutar pelos direitos da causa nos Estados
Unidos.
Contudo, apesar de a bandeira atual lembrar o fenô-
meno da natureza, originalmente ela possuía oito faixas,
cada uma com seu respectivo significado. São eles:
 Rosa – a sexualidade
 Vermelho – a vida
 Laranja – a cura
 Amarelo – luz do sol
 Verde – a natureza
 Azul – a serenidade e a harmonia
 Violeta – espírito. Essa campanha representou a
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Por uma época o preto foi incluído para homenagear a) luta dos sul-africanos contra o regime do apartheid
as vítimas da AIDS, dando ainda mais destaque às lutas então vigente.
do movimento LGBTQ+. Hoje em dia, porém, a versão b) conciliação entre os segregacionistas e os partidários
mais utilizada é a mais similar ao arco-íris. da democracia racial.
c) proposta de ampliação da luta antiapartheid no conti-
Queer pode significar muitas coisas; não é sobre uma nente africano.
orientação sexual específica ou identidade de gênero, d) contemporização diante dos atos de violência contra
é sobre se identificar como algumas das letras da sigla, os direitos humanos.

90
e) superação dos preconceitos raciais por parte dos afri- O texto expressa o parecer sobre os judeus, elabora-
cânderes. do por um brasileiro, delegado do Ministério do Traba-
lho, Indústria e Comércio, ao informar o encarregado de
Resposta da questão 1: [A] negócios do Brasil em Varsóvia, em 1936. As avaliações
A palavra Apartheid de origem africânder significa se- do parecer contribuíram para embasar a posição do Mi-
paração e foi adotada para designar o regime de se- nistério das Relações Exteriores do Brasil a respeito dos
gregação racial instituído oficialmente na África do Sul muitos judeus que procuravam Embaixadas e Consula-
em 1948. O regime favorecia a supremacia da minoria dos em busca de um visto de entrada.
branca de origem holandesa sobre a maioria negra e
nativa do país. Assim, a postura do governo brasileiro, especialmente
Em 1990, o presidente sul-africano Frederick W. de no início do Estado Novo, quanto ao assunto foi:
Klerk oficializou o fim do apartheid. Em 1994, Nelson
Mandela, principal líder negro na luta contra o regime a) Acolher todos os judeus que pediam abrigo no Brasil,
e detido por mais de duas décadas, elegeu-se Presi- em nome da tradição de abrigo;
dente da República consolidando-se efetivamente o b) Inicialmente conceder asilo, mas recusar a partir do
fim do apartheid. período final da Segunda Guerra Mundial;
c) Conceder o visto de entrada, pois as posições políticas
de quase todos os judeus, conforme o texto, coinci-
2. Durante o ano de 2017, duas Constituições brasileiras
diam com as do Estado Novo;
estão “aniversariando”: a “Polaca”, como foi chamada a
d) Rejeitar, pois de acordo com o texto quase todos os
Constituição de 1937, e a Carta de 1967. Entre elas, há
judeus eram militantes políticos de extrema direita;
muitas semelhanças, tais como e) Rejeitar, pois o governo brasileiro adotou medidas res-
tritivas em relação a elementos indesejáveis, nocivos à
a) o fato de serem decretadas por presidentes eleitos para constituição de uma identidade nacional.
estabelecer regimes autoritários capazes de manter a
paz política e social e a segurança em momentos de Resposta da questão 3: [E]
polarização política. A partir do ideal da formação de uma nova identidade
b) ambas ampliaram o Poder Executivo em detrimento nacional e contando, ainda, com a simpatia de Vargas
do Legislativo e do Judiciário, enfraqueceram a auto- pelos Regimes Totalitários, o Estado Novo promoveu a
nomia dos Estados e criaram mecanismos para con- perseguição e a segregação dos judeus no Brasil.
trolar os meios de comunicação.
c) ambas criaram dispositivos legais para o funcionamen- 4. Análise a imagem abaixo, e responda:
to do pluripartidarismo e para a participação equili-
brada dos poderes republicanos.
d) a incorporação de Atos Institucionais autoritários que
reforçavam o poder Legislativo para garantir a paz
interna e a independência do país através de ampla
atividade legislativa.

Resposta da questão 2: [B]


Ambas as Constituições citadas foram criadas durante
Regimes Ditatoriais – Era Vargas e Ditadura Civil-Mili-
tar. Sendo assim, dentre outras coisas, elas davam am-
plos poderes aos Presidentes e criavam mecanismos
de Censura e Repressão.

3. Raça inassimilável e egoísta. Ingrata, sem patriotismo


e altamente prejudicial ao país que a abriga. Psicologica-
mente degenerada. Estupidamente intolerante. Em, ma-
téria religiosa, considera inimiga o resto da humanidade. A foto mostra, da esquerda para a direita, os atletas
Os indivíduos não se adaptam a nenhum trabalho produ- Peter Norman (australiano), John Carlos e Tommie Smith
tivo. São comerciantes, usuários ou servem de interme- (norteamericanos), no pódio dos 200 metros rasos das
diários para qualquer negócio. Vivendo exclusivamente Olimpíadas de 1968, no México.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

da exploração do próximo, é desumano e sem escrúpu-


lo. Procuram sempre as cidades onde se aglomeram em Considerando a imagem acima e seus conhecimentos
bairros imundos, sem higiene, passando a maior parte acerca dos Movimentos de Direitos Civis, assinale a alter-
do tempo, como todos os sedentários em intermináveis nativa correta.
discussões sobre temas religiosos ou comerciais. Qua-
se todos são comunistas militantes ou simpatizantes do a) A fotografia registra o ato de resistência de atletas
credo vermelho. negros que defendiam as propostas de Martin Luther
(Maria Luiza Tucci Carneiro. O Anti-Semitismo na Era King e a ação pacifista como caminho para a constitui-
Vargas) ção da igualdade racial.

91
b) A fotografia registra a manifestação política de três
atletas que defendiam a Nação Islã e a implementação GLOBALIZAÇÃO: CONCEITUAÇÃO;
da Ku Klux Klan em todo o território nacional.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS, GLO-
c) A fotografia registra a manifestação de atletas defen-
sores dos Panteras Negras e das ações violentas, se BALIZAÇÃO EM DIFERENTES NÍVEIS:
necessárias, para a conquista da igualdade racial. ALCANCES E LIMITES; BLOCOS ECO-
d) A fotografia registra a resistência de atletas e do Comi- NÔMICOS E LIVRE COMÉRCIO; A PO-
tê Olímpico Internacional, que combatiam o sistema LÍTICA NEOLIBERAL E O ESTADO DO
de discriminação racial existente nos Estados Unidos BEM-ESTAR SOCIAL; AS SOCIEDADES
da América. NACIONAIS E A EMERGÊNCIA DA
SOCIEDADE GLOBAL: QUESTÕES SO-
 CIAIS E CULTURAIS.
Resposta da questão 4: [C]
O Movimento pelos Direitos Civis dos Negros nos EUA,
ocorrido entre 1955 e 1968, buscava pôr fim à discri-
Globalização: conceituação e antecedentes his-
minação e à desigualdade de direitos da população
tóricos, globalização em diferentes níveis: alcances e
negra no país. Black Power e Panteras Negras foram
limites
grupos formados para ajudar na luta dos negros. E, na
foto, os atletas reproduzem o gesto característico dos
Globalização é o processo de aproximação entre as
Panteras Negras.
diversas sociedades e nações existentes por todo o mun-
do, seja no âmbito econômico, social, cultural ou político.
5. No Brasil, assim como em vários outros países, os mo-
Porém, o principal destaque dado pela globalização está
dernos movimento LGBT representam um desafio às for-
na integração do mercado existente entre os países.
mas de condenação e perseguição social contra desejos
e comportamentos sexuais anticonvencionais associados
à vergonha, imoralidade, pecado, degeneração, doen- #FicaDica
ça. Falar do movimento LGBT implica, portanto, chamar
a atenção para a sexualidade como fonte de estigmas, A globalização permitiu uma maior cone-
intolerância, opressão. xão entre pontos distintos do planeta, fa-
In: BOTELHO, A.; SCHWARCZ, L. M. Cidadania, um zendo com que compartilhassem de carac-
projeto em construção. São Paulo: Claro Enigma, 2012 terísticas em comum. Desta forma, nasce a
(adaptado). ideia de Aldeia Global, ou seja, um mundo
globalizado onde tudo está interligado.
O movimento social abordado justifica-se pela defesa do
direito de
O processo de globalização se constitui pelo modo
como os mercados de diferentes países e regiões in-
a) organização sindical.
teragem entre si, aproximando mercadorias e pessoas.
b) participação partidária.
Costumes, tradições, comidas e produtos típicos de de-
c) manifestação religiosa.
terminada localidade passam a estar presentes em ou-
d) formação profissional.
tros lugares totalmente diferentes. Isso acontece graças
e) afirmação identitária.
a troca e liberdade de informações que a globalização
pode proporcionar.
Resposta da questão 5: [E]
Os questionamentos feitos pelo movimento LGBT bus-
A quebra de fronteiras gerou uma expansão ca-
cam encontrar alternativas para que a identidade da-
pitalista onde foi possível realizar transações finan-
queles que fogem aos padrões normativos de sexuali-
ceiras e expandir os negócios, até então restritos ao
dade possa ser respeitada e não tratada com violência.
mercado interno, para mercados distantes e emer-
gentes.

A globalização é a junção de vários aspectos que


unem civilizações de diferentes cantos do globo. Os
principais fatores que caracterizam a formação da glo-
balização são: a economia, a cultura e a informação. O
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

surgimento dos blocos econômicos, onde países que


se juntam para fomentar relações comerciais, como por
exemplo, o Mercosul e a União Europeia, foram resultado
desse processo econômico.
O impacto exercido pela globalização no mercado de
trabalho, no comércio internacional, na liberdade de mo-
vimentação e na qualidade de vida da população varia a
intensidade de acordo com o nível de desenvolvimento
das nações.

92
O período em que a globalização econômica mais se intensificou foi em meados do século XX, com a Terceira
Revolução Industrial (conhecida também como “Revolução Técnico-Científica”).

A aproximação entre as diferentes nações do mundo também proporcionou a troca de costumes, culturas e tradi-
ções típicas. Estas, por sua vez, passam pelo processo de aculturação, ou seja, quando vários elementos culturais são
misturados, criando uma espécie de “mutação das culturas”.
Desta forma, valores e símbolos culturais que pertenciam originalmente a uma região ou nação, passam a estar
presentes em todos os cantos do mundo e vice-versa. Como consequência, cresce a necessidade de haver um maior
debate sobre a tolerância entre as diferenças culturais. As novas tecnologias de informação e a troca constante de bens
de consumo entre os países (produtos, filmes, séries, músicas, entre outros) contribuem para a globalização cultural.

FIQUE ATENTO!
O Halloween, por exemplo, uma festividade típica na América do Norte, passou a ser celebrado em outros
lugares, como no Brasil, devido a absorção dos costumes desses países norte-americanos.

O desenvolvimento das tecnologias de informação, com destaque para o advento da internet, foi o principal res-
ponsável pelo surgimento do conceito deste tipo de globalização. Com as redes sociais online (como o Twitter, por
exemplo), as pessoas que têm acesso à internet podem receber e enviar informações instantaneamente para todas as
partes do mundo.
Unindo a globalização cultural com a necessidade de transmitir informações que possam ser recebidas e interpre-
tadas em todo o planeta, também surgiu a ideia de determinar um idioma globalizado. Ou seja, uma língua que possa
servir como elo entre todas as outras.

Atualmente, o idioma inglês é considerado o mais adotado entre todos os países como alternativa para ga-
rantir a comunicação, principalmente através da internet.

Blocos econômicos e livre comércio

Com o advento da globalização, os mercados internacionais tornaram-se bastante competitivos, com isso, somente
as economias mais fortes prevalecem no mercado global. Esse processo, fez ocorrer uma disputa em âmbito global,
onde a lei de mercado (lei da oferta e procura) fica cada vez mais acentuada.

Nesse cenário global, muitos países começaram a formar blocos, com um intuito claro de se fortalecer economica-
mente, unindo-se para alcançar mercados e verticalizar sua participação e influência comercial no mundo. Sendo assim,
a criação de blocos econômicos estreitou ainda mais as relações econômicas, financeiras e comerciais entre os países
que formam um bloco econômico.

Na atualidade, existem muitos blocos econômicos, dentre eles, temos blocos em todos os continentes como: Euro-
peu, Norte Americano, Asiático, Latino-Americano, dentre outros. Para exemplificar, podemos citar o Mercosul (1991) e
União Europeia (1992), dois blocos formados há décadas. Seguindo essa vertente de formação de blocos econômicos
em escala global, observe alguns dos principais blocos da América Latina e do mundo:
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

93
Blocos Econômicos Mundiais
Nomenclatura e Bandeira Características
UE – União Europeia A União Europeia foi oficializada no ano de 1992, através do Tratado de Maas-
tricht. Este bloco é formado pelos seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo,
Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tche-
ca, Romênia e Suécia. Este bloco possui uma moeda única que é o EURO, um
sistema financeiro e bancário comum. Os cidadãos dos países membros são
também cidadãos da União Europeia e, portanto, podem circular e estabelecer
residência livremente pelos países da União Europeia.

NAFTA NAFTA - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio os seguintes países: Esta-


dos Unidos, México e Canadá. Começou a funcionar no início de 1994 e oferece
aos países membros vantagens no acesso aos mercados dos países. Estabele-
ceu o fim das barreiras alfandegárias, regras comerciais em comum, proteção
comercial e padrões e leis financeiras. Não é uma zona livre de comércio, po-
rém reduziu tarifas de aproximadamente 20 mil produtos.

MERCOSUL O Mercosul - Mercado Comum do Sul foi oficialmente estabelecido em março


de 1991. É formado pelos seguintes países da América do Sul: Brasil, Paraguai,
Uruguai, Argentina e Venezuela. Futuramente, estuda-se a entrada de novos
membros, como o Chile e a Bolívia. O objetivo principal do Mercosul é elimi-
nar as barreiras comerciais entre os países, aumentando o comércio entre eles.
Outro objetivo é estabelecer tarifa zero entre os países e num futuro próximo,
uma moeda única.

PACTO ANDINO Outro bloco econômico da América do Sul é formado por: Bolívia, Colômbia,
Equador e Peru. Foi criado no ano de 1969 para integrar economicamente os
países membros. As relações comerciais entre os países membros chegam a
valores importantes, embora os Estados Unidos sejam o principal parceiro eco-
nômico do bloco.

APEC APEC - Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico foi criada em 1993 na


Conferência de Seattle (Estados Unidos da América). Integram este bloco eco-
nômico os seguintes países: Estados Unidos da América, Japão, China, Formosa
(também conhecida como Taiwan), Coreia do Sul, Hong Kong  (região admi-
nistrativa especial da China), Cingapura, Malásia, Tailândia, Indonésia, Brunei,
Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Canadá, México, Rússia,
Peru, Vietnã e Chile. Somadas as produções industriais de todos os países, che-
ga-se a metade de toda produção mundial. Quando estiver em pleno funciona-
mento (previsão para 2020), será o maior bloco econômico do mundo.

Desta forma, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico, acabam por gerar um aumento
gradativo na economia dos países, afinal, passam a ter uma integração mais efetiva entre si. A formação de blocos,
costuma ocorrer entre países vizinhos, ou então, países que possuem algumas afinidades, sendo elas, culturais ou co-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

merciais. Atualmente, países que vivem fora de um bloco econômico, é como viver isolado em um mundo totalmente
integrado em escala comercial.

O Brasil compõe o um Grupo Econômico chamado de BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,
inicialmente o grupo era formado por apenas Brasil, Rússia, Índia e China, e posteriormente, adicionou a África
do Sul. Juntos eles integram um grupo político de cooperação, que foi criado em 2011, os membros fundadores
e a África do Sul, estão todos em um estágio similar de mercado emergente, devido as suas características de
desenvolvimento econômico. É geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países BRICS”, ou então, como os
“Cinco Grandes”. Esse modelo econômico, mostra uma aliança entre os países emergentes para tentar obter um
fortalecimento comercial entre seus membros, promovendo compra e venda em blocos.

94
A política neoliberal e o Estado do bem-estar so- setores de saúde, educação e moradia, serviços ofer-
cial tados pelos governantes. 
A noção de Estado de bem-estar teve início na Ingla-
terra no pós-II Guerra Mundial, quando o partido traba- As sociedades nacionais e a emergência da socie-
lhista, socialdemocrata, estabeleceu que independente dade global: questões sociais e culturais
da sua renda, todo cidadão teria o direito de ser protegi- Ao pensarmos em economias periféricas, devemos
do pelo Estado. O Estado de bem-estar teve como prin- demarcar existência várias expressões para designar os
cipais características a propriedade privada e a liberdade países de menor desenvolvimento, tais como subdesen-
de mercado, sem a interferência do Estado na economia volvidos, terceiro mundo, pobres, entre outros. Há tam-
(Liberalismo clássico). bém uma forma bastante difundida para a classificação
A partir do pensar e do implantar do bem-estar social de países com características econômicas inferiores, de-
dos cidadãos, os governos começaram a criar medidas nominada de economias periféricas, que se difere das
para o Estado oferecer serviços para a sociedade. Para economias centrais, ou seja, de países desenvolvidos.
isso, foi necessário implantar uma estruturada previdên- Sendo assim, essa expressão surgiu na década de 50,
cia social e um organizado sistema de assistência médica. na América Latina, estabelecendo uma ligação entre o
Desde então, o Estado passou a oferecer serviços sistema capitalista e seus reflexos negativos relacionados
prestativos aos cidadãos, como a institucionalização de às desigualdades sociais, desse modo as economias pe-
seguros contra a velhice, a invalidez, doenças e mater- riféricas ficariam fora do desenvolvimento e da acumu-
nidade.  Posteriormente, implantaram-se outros serviços lação de capitais, ou seja, da prosperidade econômica.
assistenciais, como o seguro-desemprego. Todos os se- Lembrando que muitos países que se configuram socia-
guros sociais ofertados pelo Estado aos seus cidadãos listas, como Coréia do Norte e Cuba, também enfrentam
passaram a ter enormes custos para o governo, e resol- o problema da pobreza, deixando evidente a ineficácia
veram apenas parcialmente esse problema, aumentando da ideia de que apenas o capitalismo é responsável pela
os tributos públicos, ou seja, os impostos.  pobreza.
Na década de 1960, os tributos e gastos dos Estados Ademais, dentro desse mesmo contexto, foi criada
aumentaram acentuadamente. Surgiu, então, a teoria uma expressão para designar outra categoria de países,
econômica neoliberal que propõe ideias para a redução denominados de semiperiferia, nos quais se enquadram
das taxas e gastos do governo. O Estado, a partir da ló- um grupo de nações que possui características de subde-
gica neoliberal, passou a ofertar cada vez menos serviços senvolvimento, porém já alcançou um nível mais elevado
e políticas assistenciais para os cidadãos. Os neoliberais de industrialização, podemos destacar nesse grupo Tur-
compactuam que assistência social não é dever do Esta- quia, Índia, Brasil, Argentina, México entre outros.
do, mas um problema que deve ser superado pelas leis Seguindo essa lógica, existem muitos países subde-
do mercado. senvolvidos e de economias periféricas se encontram
localizados geograficamente no hemisfério sul, às vezes
#FicaDica são referidos como países do sul, ou seja, subdesen-
volvidos. Com isso, partindo dessa afirmação fica fácil
O neoliberalismo teve sua ascensão na dé- identificar os países e continentes de economia e indus-
cada de 1970, na Inglaterra e nos Estados trialização frágeis, localizados, sobretudo, no Continente
Unidos, onde o Estado de bem-estar social Africano, América Latina, Ásia e alguns países da Oceania.
sofreu várias restrições na assistência à po- Faz-se necessário ressaltar que essa condição dos conti-
pulação. nentes mencionados são heranças do processo passado
de colonização e descolonização.
Deste modo, um país de economia periférica é o re-
No Brasil, o neoliberalismo chegou e foi implantado trato de um baixo nível de industrialização, apesar de que
no governo de Fernando Henrique Cardoso, no ano de nas últimas décadas esse panorama tenha se modificado
1994. O citado presidente iniciou uma série de medidas um pouco. Os países de economias periféricas geralmen-
que visavam à redução de gastos do Estado, como as te têm sua atividade econômica restrita à produção pri-
privatizações dos setores públicos das telecomunicações mária (agricultura, pecuária, extração de recursos natu-
(Telebrás), das mineradoras, como a Companhia Siderúr- rais, mineração), quando existem indústrias a produção
gica Nacional de Volta Redonda e a Companhia Vale do se resume em bens de consumo não-duráveis.
Rio Doce. Além disso, abriu a economia brasileira para o Outrossim, apesar de estarmos em pleno século XXI,
mercado internacional (Multinacionais). muitos países ingressaram somente agora na perspectiva
Portanto, o Estado de bem-estar social interferiu no da Primeira Revolução Industrial, isso significa que suas
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

mercado. Para tentar regulá-lo, investiu-se em recursos indústrias produzem mercadorias de baixa tecnologia
para criação de uma rede de proteção social, médica e como tecidos, móveis, bebidas, alimentos entre outros.
previdenciária para os trabalhadores. O Estado passou a Poucas foram as economias desse grupo de países que
ser o grande mantenedor da assistência médica, da mo- ingressaram na Segunda Revolução Industrial que tem
radia, educação, entre outros. como base de produção a fabricação de automóveis, ele-
trodomésticos entre outros bens de consumo.
O neoliberalismo inverteu a lógica do Estado de Portanto, esse atraso de industrialização em relação
bem-estar social, retirando as obrigações do Estado às grandes economias mundiais é denominado de indus-
para os cidadãos. Isso explica as carências atuais nos trialização tardia ou retardatária, isso quer dizer que es-

95
sas economias só entraram muito depois da Primeira Re- cação, informação, robótica, química fina, microele-
volução Industrial, que teve início no final do século XVIII, trônica, computação, dentre outras, imprimem maior
início do século XIX, na Inglaterra, portanto são quase dinamismo na logística e integração mundial, condi-
cem anos de atraso em relação aos primeiros países a se ção essencial para que a globalização se configure. As
industrializar como Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica alternativas incorretas são: [A], porque globalização é
entre outros. o processo que se instalou e não o meio necessário à
Quando analisamos a formatação da Nova Ordem ela; [B], [C] e [D], porque as duas primeiras fases da re-
Social, analisamos as profundas transformações cien- volução industrial e o conceito da divisão do trabalho
tífico-técnicas representam um importante aspecto da na fábrica – taylorismo – não produziram a tecnologia
nova sociedade contemporânea. Um outro aspecto fun- necessária para o processo de integração.
damental é o reconhecimento da crescente interdepen-
dência dos povos da terra. 2. Leia o trecho da música Disneylândia, da banda Titãs.
Sendo assim, o Estado Nacional, produto das transfor-
mações da sociedade moderna, confronta-se com uma Armênios naturalizados no Chile
nova situação. De um lado, os problemas transcendem Procuram familiares na Etiópia.
seu âmbito de ação e requerem cada vez mais formas Casas pré-fabricadas canadenses
internacionais de governança. De outro lado, as regiões e Feitas com madeira colombiana.
localidades reclamam uma maior autonomia. A situação Multinacionais japonesas
atual do mundo expressa essa dupla tendência de uni- Instalam empresas em Hong-Kong
versalização e descentralização na tomada de decisões. E produzem com matéria-prima brasileira
Desta forma, como é que o Brasil se insere neste Para competir no mercado americano.
desafiante cenário? O Brasil precisa realizar profun-
das transformações sociais que garantam uma maior Literatura grega adaptada
democracia participativa e eliminem os extremos de Para crianças chinesas da comunidade europeia.
pobreza e riqueza, ao mesmo tempo em que deve Relógios suíços falsificados no Paraguai
aprofundar os processos de integração regional e pro- Vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los An-
mover mudanças nas estruturas de governança mundial. geles.
Turista francesa fotografada seminua com o namo-
rado árabe
FIQUE ATENTO! Na Baixada Fluminense.
As transições sociais ocorridas no mundo
O trecho acima retrata a dinâmica resultante do processo
contemporâneo, geraram uma nova pers-
de
pectiva em esfera global, em especial, no que
a) globalização.
tange as interações econômicas mundiais.
b) empobrecimento.
c) migração.
d) enriquecimento.
e) independência.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta da questão 2: [A]
A globalização é uma fase recente de expansão capi-
1. Diversos estudiosos têm atribuído o atual estágio de talista no espaço mundial. É caracterizada pela acele-
consolidação do espaço mundial economicamente glo- ração dos fluxos de capital, mercadorias, informações
balizado aos avanços científicos e tecnológicos. A inte- e também de pessoas (turismo e migrações). O que
gração efetiva entre ciência, tecnologia e produção teve torna possível a globalização é a modernização dos
início em meados do século XX e, em um curto intervalo transportes, telecomunicações e informática. Assim, a
de tempo, grande parte das descobertas científicas foi interação entre as sociedades e entre as pessoas tor-
transformada em inovações tecnológicas. nou-se cada vez mais intensa e simultânea, permitin-
do maior troca de vivências e experiências.
Essa fase produtiva, à qual o texto se refere, é denomi-
nada: 3. Embora o termo tenha sido cunhado em 1938 pelo
sociólogo e economista alemão Alexander Rustow, o
a) Globalização. Neoliberalismo só ganharia efetiva aplicabilidade e reco-
b) Segunda Revolução Industrial. nhecimento na segunda metade do século XX, especial-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

c) Taylorismo. mente a partir da década de 1980. Nesta época, houve


d) Primeira Revolução Industrial. um grande crescimento da concorrência comercial, mui-
e) Terceira Revolução Industrial. to em função da supremacia que o capitalismo demons-
trava conquistar sobre o sistema socialista. Desse modo,
Resposta da questão 1: [E] assinale a alternativa que apresenta característica(s) de
A alternativa [E] está correta porque a terceira revo- um estado neoliberal.
lução industrial ou revolução tecnocientífica inicia o
período conhecido como meio técnico-científico- a) Interferência do Estado na economia; indústrias esta-
-informacional cujas tecnologias voltadas à comuni- tais.

96
b) Livre mercado; Estado mínimo. Nesse contexto, uma ação brasileira que está relacionada
c) Defesa dos princípios socialistas. ao fortalecimento de sua parceria dentro do grupo é a
d) Controle de preços por instituições do governo; im-
postos elevados. a) atuação na suspensão política da Venezuela no Mer-
e) Protecionismo econômico de indústrias; regulação das cosul.
atividades produtivas. b) cooperação na criação do novo Banco de Desenvol-
vimento.
Resposta da questão 3: [B] c) equiparação de direitos promovida com a nova Lei de
O neoliberalismo é uma política econômica que de- Imigração.
fende a redução do papel do Estado na economia e d) ampliação do controle estatal em concessões aos gru-
maior abertura comercial. Dá ênfase ao mercado, a pos internacionais.
desregulamentação do sistema financeiro e a privati-
zação de empresas estatais. Resposta da questão 5: [B]
A alternativa [B] está correta porque a atuação do Bra-
4. O mundo da globalização é um mundo onde me- sil na criação do banco dos BRICS fortalece o papel
tade da riqueza mundial é produzida sobre 1% das terras hegemônico do grupo sobre a ordem internacional.
emersas. Uma das bases do processo de globalização é As alternativas seguintes são incorretas porque indi-
a doutrina econômica do neoliberalismo que apresenta, cam ações que não se relacionam diretamente com
entre outras propostas, o BRICS.
a) a implementação de políticas protecionistas para
manter as empresas privadas nacionais e as estatais. 6. Análise a imagem, e responda:
b) o fechamento das fronteiras nacionais para garan-
tir elevados saldos da balança comercial.
c) o incentivo à presença do Estado em setores es-
tratégicos da economia, como a indústria naval e aero
náutica.
d) a implantação de limites à privatização e à fusão de
empresas, comuns no final do século XX.
e) a desregulamentação do mercado de trabalho que
permite reduzir os custos das empresas.

Resposta da questão 4: [E]


A alternativa [E] está correta porque a doutrina neo-
liberal defende a política do Estado Mínimo, donde,
dentre suas características, destaca-se a desregu-
lamentação do mercado de trabalho a exemplo da
terceirização, reduzindo os custos empregatícios das
empresas e, dessa forma, elevando seus lucros. As
alternativas incorretas são: [A] e [B], porque o neoli-
beralismo prega o fim do protecionismo e a abertura
dos mercados; [C], porque o neoliberalismo defende o A disposição circular na bandeira representa a harmonia.
Estado Mínimo; [D], porque o neoliberalismo defende O número de estrelas representa o número de países na
as privatizações e a livre concorrência levando ao au- época de criação da organização.
mento de fusões e oligopólios.
Trata-se da bandeira da:
5. O BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul, tem papel relevante para a retomada da a) ONU.
economia brasileira, na avaliação de especialistas entre- b) OTAN.
vistados pela Agência Brasil. c) UNICEF.
O cientista político e coordenador do departamento de d) OMC.
Relações Internacionais da Universidade do Estado do e) União Europeia.
Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, disse que o gru-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

po reúne três dos maiores parceiros comerciais do Brasil Resposta da questão 6: [E]
e tem influência na definição de regras econômicas inter- A União Europeia é o principal bloco econômico do
nacionais que podem favorecer o país. mundo, na atualidade, com 27 países. Recentemente,
“O grupo é importante para o Brasil, sobretudo em ter- em referendo, o Reino Unido decidiu deixar o bloco
mos da possibilidade de ampliação de seus mercados (Brexit) originando uma crise política na União Euro-
de exportação para os demais integrantes. China, Índia peia. Entre os Tratados que regem o bloco, destacam:
e Rússia estão entre os dez maiores parceiros comerciais Roma (fundação), Maastricht (regras para o euro), Lis-
brasileiros. Os chineses, sozinhos, já compram 25% de boa (reforma na constituição) e Schengen (livre trân-
tudo o que o Brasil vende no exterior”, disse Santoro. sito de pessoas).

97
no mundo. Para Pascal: “Os homens nunca praticam
o mal de modo tão completo e animado como quan-
DIMENSÕES DA INTOLERÂNCIA POLÍTICA do o fazem a partir de convicção religiosa.” Sim, há
E RELIGIOSA: CRUZADAS, GUERRAS DE um visível padrão sinistro na história, pois quando a
RELIGIÃO E INQUISIÇÃO; TOLERÂNCIA E religião é a força governante de uma sociedade, ela
INTOLERÂNCIA NA ERA DO ILUMINISMO; produz horror.
IMPERIALISMO E DARWINISMO SOCIAL;
Quanto mais fortes as crenças sobrenaturais, pior a
HOLOCAUSTO E GENOCÍDIO; IMPAC- desumanidade. Culturas dominados por sua fé intensa
TO DAS AÇÕES TERRORISTAS NO MUN- (fanatismo), invariavelmente é cruel com as pessoas que
DO; OS MOVIMENTOS DE GUERRILHA; A não compartilham dessa mesma fé e até mesmo com
ATUAL POLÍTICA NORTE-AMERICANA E A seus correligionários. Ignorância ou falta de senso crítico
LUTA CONTRA O TERRORISMO.  é o maior combustível para fanatismo e fundamentalis-
mo religioso que geram perseguições religiosas.
Perseguir é atormentar, julgar, punir e castigar pes-
soas por motivos religiosos. Os hebreus (israelitas ou ju-
Dimensões da intolerância política e religiosa: cru- deus) perseguiram antigos moradores da terra que con-
zadas, guerras de religião e inquisição quistaram, Canaã. Arrasaram suas terras, famílias, animais
A história da civilização humana é permeada de per- e seus lugares de cultos, num estranho ensino do Antigo
seguições de cunho religioso, com suas máximas expres- Testamento para perseguir outras religiões. Internamen-
sões de intolerância em nome de Deus, Alá, Jesus, Mao- te, os judeus perseguiram seus próprios profetas que os
mé etc. Inveja, ódio, mortes, crimes, injúrias, calúnias, criticavam e os mataram, culminando com Cristo e sua
perseguições, prisões, torturas são algumas das contra- crucificação. A Igreja cristã que nasceu no século I foi
ditórias palavras utilizadas no lugar de tolerância, amor, perseguida cruelmente por judeus e romanos. No século
respeito e construção mútua da civilidade humana. 3, Maniqueu foi perseguido pelos sacerdotes de Zoroas-
Nada fácil é compreender religiões de amor com ta- tro (ou Zaratrusta) na Pérsia. No século 4, apesar de o
manhas expressões de ódio, com a condição humana se imperador Constantino  conceder liberdade aos cristãos
sobrepondo à espiritualidade, somando fé ao fanatismo, e demais religiões (313 d.C. - Edito de Milão), as perse-
resultando em tragédias desde o início da humanidade. guições continuaram.
Perseguidos de ontem se tornam os perseguidores de No mesmo século 4, o imperador Constâcio II, perse-
hoje, extremistas utilizam-se de subterfúgios para prá- guiu católicos e protegeu os arianos. Até o século 4, os
ticas criminosas em nome de sua religião ou ideologia. cristãos eram perseguidos e não perseguiam seus muitos
Cristãos perseguidos pelos romanos se tornaram inquisi- perseguidores. Porém, a partir de 380 d.C., o imperador
dores na idade média, cometendo crimes atrozes, comu- Teodósio I tornou o cristianismo a religião oficial do Im-
nistas discriminados cometem genocídios para extirpar o pério e a impôs à força em todos os seus territórios, com
cristianismo do planeta. Muçulmanos perseguidos, hoje cruel intolerância aos “hereges”. A religião cristã passou
matam multidões em seus ataques terroristas. de perseguida a perseguidora de outras crenças e de
Das cruzadas  aos conflitos muçulmanos no Oriente outros cristãos também, a exemplo do que fizeram com
Médio e África, a violência é constante no encontro entre os arianos, donatistas (no século 4), cristãos albigenses
religiões, nestes muitos séculos de perseguições e into- (século 13) e com a oficialização da Inquisição, em 1231,
lerância manchando as páginas da história. Na macabra que perseguiu muçulmanos, judeus e católicos que pen-
relação religião e violência, conflitos contemporâneos re- savam diferentemente de Roma, bruxas, filósofos e cien-
sultam de confrontos indevidos, causas complexas, jogos tistas, além de protestantes no século XVI em diante.
geopolíticos estratégicos, disputas pelo poder utilizando Com a conquista das Américas, católicos e protestan-
religiões para atingirem seus fins, disputas econômicas, tes disputaram ferozmente as religiões ameríndias. Após
sociopolíticas, raciais e culturais opostas e outras atroci- a Reforma Protestante magisterial, surgiram os reforma-
dades num caldo macabro de intolerância. dores mais radicais (anabatistas) que destruíam igrejas
As perseguições religiosas impressionam por sua face católicas e imagens, e findaram perseguidos tanto por
sombria de fanatismo e fundamentalismo. A fé mantém católicos como por outros protestantes mais tradicionais,
grupos separados, alienados em campos hostis, num “tri- na Suíça, Bélgica, Holanda, Itália, Espanha, Alemanha,
balismo religioso”, num palco preparado para banhos de França e Inglaterra, tendo que fugirem para as Américas,
sangue e feridas históricas. As diferentes religiões deter- aos milhares. Na Inglaterra, a rainha Maria Tudor massa-
minam separação, conflitos, falta de olhar crítico, fanatis- crou os protestantes (de 1553 a 1558). Mais tarde, com
mo, crimes religiosos. Este lado sombrio “fundamentalis- a rainha Elisabete I, os anglicanos se tornaram inimigos
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ta” sempre atuante entre cristãos, judeus, muçulmanos, do catolicismo e até dos calvinistas puritanos, perseguin-
hindus, ou quaisquer religiões, quando têm oportuni- do-os.
dade, se aproveitaram para se livrarem de seus inimigos
ou apenas daqueles que professam uma fé diferente dos Esses exemplos históricos não ensinaram muito,
seus “fundamentos”. pois ainda no século XXI continuam as perseguições
religiosas, em vários continentes, cometendo genocí-
Religião tem sido causa da maioria das guerras na dios. Sempre há pessoas movidas por seu fanatismo e
história, com significativa dimensão étnica, racial ou fundamentalismo que defendem a sua religião como
religiosa, além daquele horror não religioso presente a única, a oficial, e perseguem as demais.

98
Tolerância e intolerância na era do Iluminismo dois principais objetivos, sendo eles: a busca por merca-
Tolerância é um termo que vem do latim tolerare que dos consumidores (para os produtos industrializados), a
significa “suportar” ou “aceitar”. A tolerância é o ato de exploração de matéria-prima (para produção de merca-
agir com condescendência e aceitação perante algo que dorias nas indústrias).
não se quer ou que não se pode impedir.
A tolerância é uma atitude fundamental para quem A industrialização europeia se acentuou principal-
vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente mente após as inovações técnicas provenientes da 2ª
aceita opiniões ou comportamentos diferentes daqueles fase da Revolução Industrial.
estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerân-
cia é denominada “tolerância social”. O domínio da África e da Ásia, exercido pelos países
industrializados, teve duas principais formas sendo a do-
#FicaDica minação política e econômica direta (os próprios euro-
peus governavam) e a dominação política e econômica
O dia 16 de novembro foi instituído pela indireta (as elites nativas governavam). Mas como as po-
ONU como o  Dia Internacional para a To- tências imperialistas legitimaram o domínio, a conquista,
lerância. Esta é uma das muitas medidas a submissão e a exploração de dois continentes inteiros?
da Organização das Nações Unidas para o A principal hipótese para a legitimação do domínio im-
combate à intolerância e da não aceitação perialista europeu sobre a África e a Ásia foi a utiliza-
da diversidade cultural. ção ideológica de teorias raciais europeias provenientes
do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolu-
cionismo social e o darwinismo social.
Está data ainda visa combater a intolerância religio- Um dos discursos ideológicos que “legitimariam” o
sa, que consiste na falta de compreensão que algumas processo de domínio e exploração dos europeus sobre
pessoas têm sobre o direito de cada indivíduo expressar asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teo-
a sua crença. ria classificava as sociedades em três etapas evolutivas:
Já quando analisamos a Intolerância, ela é o mesmo 1ª) bárbara; 2ª) primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se
que ausência de tolerância, característica que correspon- consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classi-
de a  falta de compreensão ou aceitação  em relação a ficavam os asiáticos como primitivos e os africanos como
algo. bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a
Uma pessoa que age com intolerância é chamada “missão civilizatória”, através da qual asiáticos e africanos
de  intolerante  e, por norma, apresenta um comporta- tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes
mento de repulsa, repugnância e ódio por determinada assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas
coisa que lhe seja diferente. etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de
Do ponto de vista social, as pessoas intolerantes não civilizados.
conseguem aceitar divergentes pontos de vista, ideias ou
culturas, principalmente pelo fato de não compreende- O domínio colonial, a conquista e a submissão de
rem a diversidade do qual é formado o mundo. continentes inteiros foram legal e moralmente acei-
No Brasil, existe uma discriminação e preconceito tos. Desse modo, os europeus tinham o dever de fazer
praticado contra pessoas e grupos que manifestam dife- tais sociedades evoluírem.
rentes crenças ou religiões. A intolerância religiosa con-
siste na falta de compreensão sobre o direito que cada O darwinismo social se caracterizou como outra teo-
ser humano tem de expressar a sua crença religiosa. ria que legitimou o discurso ideológico europeu para
dominar outros continentes. O darwinismo social com-
Vale lembrar que a intolerância religiosa não tem pactuava com a ideia de que a teoria da evolução das es-
como alvo apenas outras religiões, mas também as pécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade. Tal teo-
pessoas que não seguem nenhum tipo de doutrina ria difundia o propósito de que na luta pela vida somente
religiosa (ateus e agnósticos, por exemplo). as nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A partir de então, os europeus difundiram a ideia de
Imperialismo e darwinismo social que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma mis-
O imperialismo ou neocolonialismo do século XIX se são civilizatória de uma raça superior branca europeia
constituiu como movimento de domínio, conquista e ex- que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo,
ploração  política e econômica das nações industrializa- religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o
das europeias (Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

Holanda) sobre os continentes africano e asiático. o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras
Sendo assim, a “partilha” da África e da Ásia se deu sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia
fundamentalmente no século XIX (pelos europeus), mas conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civili-
continuou durante o século XX. No decorrer deste, os zatória, seria imprescindível ter o contato com a civiliza-
Estados Unidos e o Japão ascenderam industrialmente ção europeia.
e exerceram sua influência imperialista na América e na
Ásia, respectivamente. Hoje sabemos que o evolucionismo social e o dar-
A “corrida” com fins de “partilha” da África e da Ásia, winismo social não possuem nenhum embasamento
realizada pelas potências imperialistas, aconteceu por ou legitimidade científica, mas no contexto histórico

99
do século XIX foram ativamente utilizados para legi- Genocídio significa a exterminação sistemática de
timar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio pessoas tendo como principal motivação as diferen-
e a exploração de continentes inteiros. ças de nacionalidade, raça/etnia, religião e, principal-
mente, diferenças étnicas. É uma prática que visa eli-
Holocausto e genocídio minar minorias em determinada religião.
Holocausto é o termo em hebraico reservado à sig-
nificação do sacrifício animal que era oferecido a Deus Impacto das ações terroristas no mundo
no  Antigo  Testamento. Entretanto, esse termo, após o O terrorismo moderno tem sua origem no século XIX
fim da II Guerra Mundial  em 1945, recebeu uma nova no contexto europeu, quando grupos anarquistas  viam
acepção: associa-se diretamente ao genocídio perpetra- no Estado seu principal inimigo. A principal ação terroris-
do pelo Nazismo  contra a população judaica de países ta naquele período visava à luta armada para constituição
europeus, como Alemanha, Polônia e Holanda. de uma sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas
Além de judeus, também foram para os campos de tinham como principal alvo algum chefe de Estado, e não
concentração, como o da cidade de Auschwitz (um dos seus cidadãos.
maiores), na Polônia, comunistas, poloneses, ciganos, Durante a segunda metade do século XIX, as ações
deficientes físicos, povos de etnias eslavas, entre outros. terroristas tiveram uma ascensão, porém,  no século
Nesses campos, essas pessoas eram obrigadas a execu- XX, houve uma expansão dos grupos que optaram pelo
tar trabalhos forçados até o exaurimento. Depois eram terrorismo como forma de luta. Como consequência
terminantemente “descartadas” e encaminhadas às câ- dessa expansão, o raio de atuação terrorista aumentou,
maras de gás venenoso, sendo posteriormente cremadas surgindo novos grupos, como os separatistas bascos na
em centenas de fornos, que tinham a função de “apaga- Espanha, os curdos na Turquia e Iraque, os mulçumanos
mento total” dos indivíduos. na Caxemira e as organizações paramilitares racistas de
extrema-direita nos EUA. Um dos seguidores dessa úl-
Holocausto  foi uma ação sistemática de extermínio tima organização foi Timothy James McVeigh, terroris-
dos judeus, em todas as regiões da Europa dominadas ta que assassinou 168 pessoas em 1995, no conhecido
pelos alemães, nos campos de concentração, empreendi- atentado de Oklahoma.
da pelo regime nazista de Adolf Hitler, durante a Segun-
da Guerra Mundial (1939-1945).
Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia
no século XX, as ações terroristas passaram a ter um
Os campos eram separados de acordo com o sexo
maior alcance e poder por meio de conexões globais
das pessoas. Havia campos femininos e campos mascu-
sofisticadas, uso de tecnologia bélica de alto poder
linos. Para ambos seguiam vagões de trens abarrotados
destrutivo, redes de comunicação (internet), entre
com pessoas destinadas ao extermínio. Ao chegarem aos
outros.
campos, a primeira medida das SS (forças militares es-
peciais nazistas), encarregadas de gerenciar os campos,
No mundo contemporâneo, as ameaças terroristas
era destituir as pessoas de toda a sua dignidade, ras-
pando-lhes os cabelos, despindo-as, uniformizando-as e são notícias recorrentes na imprensa. “Para a maior vi-
marcando-as com um número de identificação prisional, sualização do terrorismo mundial, a mídia exerce um
número esse que lhes retirava a individualidade contida papel fundamental. Mas é evidente que também cria um
no nome próprio de registro e batismo, reduzindo-as a sensacionalismo em torno dos terroristas [...] a mídia ajuda
simples números, ao estado meramente animal desuma- a justificar a legalidade e a necessidade de ações antiterro-
nizado. ristas que, muitas vezes, levam adiante banhos de sangue
Ao todo, computa-se que seis milhões de pessoas e violações aos direitos humanos que atingem mais a po-
tenham morrido nos campos de concentração nazistas. pulação civil do que os próprios terroristas” (SILVA; SILVA,
A ideologia que orientou a perseguição, confinamento 2005: 398-399).
e extermínio dos judeus era o antissemitismo, isto é, a Os atos e ataques terroristas, segundo alguns estu-
aversão aos descendentes de sem, filho de Noé (segun- diosos, tiveram início no século I d. C., quando um gru-
do a Bíblia), que, para os nazistas, eram considerados po de judeus radicais, chamados de sicários (Homens
uma raça inferior e responsável pela degradação moral e de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que
econômica da Europa e, em especial, da Alemanha. Toda eram considerados a favor do domínio romano. Outros
uma política de propaganda maciça foi elaborada pelo indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo
governo de Hitler para persuadir a população alemã da são os registros da existência de uma seita mulçumana,
causa antissemita. Para tanto, foi erigida a chamada lin- no final do século XI d. C., que se dedicou a exterminar
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

guagem do Terceiro Reich. seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido
O holocausto figura entre os acontecimentos mais ca- a origem da palavra assassino.
tastróficos e nefastos já praticados pelo ser humano ao No início do século XXI, principalmente após os ata-
longo de sua existência na Terra. No século XX, a prática ques terroristas  aos EUA, no ano de 2001, estudiosos
do genocídio não se restringiu apenas àquele cometido classificaram o terrorismo em quatro formas:
pelos nazistas. Antes desse, houve o  genocídio  dos  ar-  Terrorismo revolucionário, surgiu no século XX e
mênios, promovido pelo Império Turco-Otomano, e o seus praticantes ficaram conhecidos como guer-
chamado holodomor, genocídio dos ucranianos promo- rilheiros urbanos marxistas (maoístas, castristas,
vido pelo Stalin. trotskistas e leninistas);

100
Terrorismo nacionalista, fundado por grupos que
 Guerrilha é uma técnica de combate baseada na
desejavam formar um novo Estado-nação den- ocultação e na mobilidade dos combatentes.
tro de um Estado já existente (separação territo-
rial), como no caso do grupo terrorista separatista Os guerrilheiros recorrem à ocultação extrema para
ETA  na Espanha (o povo Basco não se identifica superar o desfavorecimento militar por meio de ataques
como espanhol, mas ocupa o território espanhol e surpresa e da aprimorada utilização de espaços de com-
é submetido ao governo da Espanha); bate dominados por eles. Como seu poderio bélico é
Terrorismo de Estado é praticado pelos Estados na-
 baseado em armamentos leves, há benefício para a rá-
cionais e seus atos integram duas ações. A primeira pida movimentação dos guerrilheiros, concedendo-os o
seria o terrorismo praticado contra a sua própria benefício da surpresa. Os guerrilheiros são oriundos de
população. Foram exemplos dessa forma de terro- grupos locais que estabelecem relação próxima com a
rismo: os Estados totalitários Fascistas e Nazistas, a população próxima, diferentemente do que acontece
com os exércitos oficiais, isolados em seus quarteis. A
ditadura militar brasileira e a ditadura de Pinochet
aproximação com a população permite muitas outras
no Chile. A segunda forma  constituiu-se como a
técnicas de ocultação e de ação ofensiva.
luta contra a população estrangeira (xenofobia);
No decorrer do século XX, a Guerrilha esteve presente
Terrorismo de organizações criminosas,  que são

em grandes eventos, dos quais podemos citar três deles.
atos de violência praticados por fins econômicos No final da década de 1950, um movimento guerrilheiro
e religiosos, como nos casos da máfia italiana, do liderado por Che Guevara e Fidel Castro conseguiu der-
Cartel de Medellín, da Al-Qaeda, Estado islâmico, rubar o governo cubano, apoiado pela política estadu-
dentre outros.   nidense, e implementar um regime comunista através
da Revolução Cubana que permanece até hoje no país.
É importante refletir sobre o terror como prática  e Na mesma década iniciou-se a Guerra do Vietnã, no país
o discurso sobre o terror. A separação dessas ações é com o mesmo nome. O conflito era fruto da disputa
fundamental para a compreensão da prática terrorista e ideológica marcada pela oposição entre o bloco capita-
para a análise dos discursos construídos sobre o terroris- lista e o bloco socialista no mundo.
mo. Feito isso, é possível entender as questões políticas A guerra foi marcada pela intervenção dos Estados
e ideológicas que estão por trás das práticas e discur- Unidos no país asiático. Apesar da notória superioridade
sos sobre o terror. Assim sendo, estaremos mais aptos a militar e bélica do país americano, a tática de guerrilha
questionar, lutar e compreender por que tantas pessoas utilizada muito bem pelos asiáticos resultou na vitó-
matam e morrem por determinadas causas. ria dos vietnamitas. Por fim, cabe ressaltar os diversos
movimentos de guerrilha existentes no Brasil durante o
regime militar. Com o propósito de derrubar o gover-
FIQUE ATENTO! no ditatorial, grupos de esquerda se organizaram para a
luta armada em várias regiões do país. Mas, como eram
É mais que necessário a sociedade compre- pequenos e enfrentavam muitas dificuldades e desinte-
ender as ideologias que movem as práticas resses de articulação conjunta, vários guerrilheiros foram
terroristas e os discursos construídos sobre massacrados pelo exército brasileiro.
essas práticas. A cada ano que passa, a hu- Muito utilizada e popularmente conhecida no século
manidade  sente-se mais acuada e receosa, XX, acredita-se que a Guerrilha tenha surgido no início
temerosa de ataques com armas de destrui- do século XIX por ocasião da invasão promovida por Na-
ção em massa.   poleão Bonaparte na Península Ibérica, como parte de
seu planejamento de expansão do Império que estabe-
lecia na França. A Guerra Peninsular que Portugal e Es-
Os movimentos de guerrilha
panha tentaram travar contra o imperador francês para
A Guerrilha tem como estratégia submeter o adversá-
defender seus territórios entre 1808 e 1812 teria utilizado
rio, que pode até ser muito mais poderoso, a condições técnicas já conhecidas na Antiguidade Clássica, mas que,
adversas que causem extrema dificuldade as suas ações. só então passavam a ser designada pelo termo Guerrilha.
Desta forma, combatentes podem fazer frente a poderios
militares superiores. A inferioridade dos guerrilheiros em É possível citar muitos casos ao longo da história em
questões bélicas, por exemplo, é compensada pela estra- que técnicas semelhantes de combate foram utilizadas,
tégica ação militar e pelo impacto da ação psicológica. no entanto, o termo só chegou a ser cunhado mesmo
Ao contrário do que pode se supor no Brasil, em função naquele início do século XIX. Um termo ibérico que re-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

da recorrência do termo durante nosso período de dita- percutiu em outras localidades mantando a mesma no-
dura militar, a Guerrilha não é aplicada apenas por mo- menclatura em vários deles, inclusive.
vimentos insurgentes, mas como estratégia de combate
que pode providenciar conquistas em situações diversas. A atual política norte-americana e a luta contra o
É fato, contudo, que a guerra de guerrilha foi praticada, terrorismo
quase na totalidade dos casos, por movimentos revolu- O início do século XXI ficou marcado com as imagens
cionários que buscavam independência de regiões e de veiculadas ao vivo pelas emissoras de TV do mundo todo
grupos, pela mudança de regimes políticos e pela expul- retratando o choque dos aviões contra as duas torres do
são de invasores de territórios autônomos. World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. O pró-

101
prio quartel-general do exército dos Estados Unidos, o A Guerra ao Terror adotou ações unilaterais pelos EUA,
Pentágono, também foi atingido por um desses aviões já que não foi aprovada pelos demais países-membros
de carreira, levando o governo recém-empossado de do Conselho de Segurança da ONU. A recusa da invasão
George W. Bush a declarar a Guerra ao Terror. pelo Conselho não impediu que os EUA e a Grã-Bretanha
invadissem o país árabe, afirmando que havia armas de
destruição em massa, o que nunca foi comprovado.
Além disso, os EUA passaram a prender os supostos
#FicaDica acusados de terrorismo que capturaram pelo mundo na
prisão localizada na base militar de Guantánamo, na Ilha
Guerra ao Terror ou Guerra  ao Terroris- de Cuba. Situada fora das fronteiras norte-americanas,
mo é uma campanha militar desencadea- a prisão não se submete às leis de país algum, ficando
da pelos Estados Unidos, em resposta aos os prisioneiros sujeitos às regras e julgamentos apenas
ataques de 11 de setembro. O então Presi- do exército dos EUA. Essas medidas são duramente cri-
dente dos Estados Unidos, George W. Bush, ticadas, tanto dentro como fora do país, pois não garan-
declarou a «Guerra ao Terror” como par- tem direitos mínimos de defesa aos prisioneiros, o que é
te de sua estratégia global de combate agravado pelo fato de ao longo da História os sucessivos
ao terrorismo. governos dos EUA terem sempre se apresentado como
defensores da liberdade dos indivíduos.

Essa guerra não estava direcionada a um país espe-


cífico, mas a uma prática de ação política pautada em
atentados terroristas. Foi ela que fomentou a política EXERCÍCIOS COMENTADOS
bélica do governo norte-americano na primeira década
do século XXI, levando o país a declarar unilateralmente 1. Durante a Idade Média houve uma grande circulação
guerras ao Afeganistão e ao Iraque. de viajantes entre a Europa e o Oriente Médio. Algumas
A Doutrina Bush (uma série de medidas adotadas pe- dessas viagens eram peregrinações religiosas a locais
los dois governos de George W. Bush na Guerra ao Ter- considerados sagrados como, por exemplo, a cidade de
ror) caracterizou-se, internamente, por medidas policiais Jerusalém. No início do século XI, entretanto, essa cidade
estava sob o domínio dos muçulmanos, o que não cor-
de controle sobre a população do país e, externamente,
respondia aos interesses da Igreja Católica, por isso, em
pela ação agressiva contra alguns países, alinhados ao
1095, o Papa Urbano II fez um apelo à cristandade para
que foi chamado de Eixo do Mal, formado por Coreia do que nobres e camponeses libertassem Jerusalém.
Norte, Irã e Iraque.
A primeira invasão promovida pelos EUA após o 11 De acordo com as informações citadas, é correto afirmar
de Setembro de 2001 ocorreu no Afeganistão, país co- que o apelo do Papa Urbano II deu origem
mandado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã  e
acusado de abrigar as tropas da Al-Qaeda, responsável a) ao Renascimento.
pela organização dos atentados em território americano. b) ao Protestantismo.
A ação militar dos EUA conseguiu derrubar o governo c) à Inquisição.
dos mulás do Talibã e constituir um governo mais próxi- d) à Contrarreforma.
mo aos seus interesses. e) às Cruzadas.
Em 2003, em ação conjunta à Inglaterra, o governo
de Bush afirmou que o Iraque, comandado por Saddam Resposta da questão 1: [E]
Hussein  desde o final da década de 1970, detinha um Somente a proposição [E] está correta. O famoso dis-
grande arsenal de armas de destruição em massa e re- curso do Papa Urbano II no Concílio de Clermont em
presentava um perigo à população mundial. Este foi o 1095 chamando os fiéis para lutar contra os muçulma-
argumento para depor o antigo ditador iraquiano, que nos infiéis. O texto faz referência as Cruzadas. Os mu-
çulmanos dominavam algumas regiões sagradas para
foi perseguido enquanto as tropas anglo-americanas
o cristianismo e o Papa Urbano II pediu apoio dos no-
bombardeavam fortemente o país. Encontrado em um
bres e camponeses para libertar os lugares sagrados.
esconderijo e condenado à morte, Saddam Hussein foi Ocorreram oito cruzadas oficiais entre 1095-1270. So-
enforcado em 2006. mente a primeira teve relativo sucesso.
O objetivo central da Guerra ao Terror seria eli- 2. A Inquisição Portuguesa, ou Tribunal do Santo Ofício
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

minar o terrorismo. Entretanto a impossibilidade de de Portugal, que esteve nas mãos do poder real, utilizou-
realizar tal objetivo gerou grandes críticas e contro- -se da coerção para obter a confissão de culpa. Uma vez
vérsias, mesmo porque, não havia terrorismo no Ira- condenado, um dos rituais consistia na execução pública
que antes da invasão americana, e hoje este país é do acusado na fogueira como forma de purificação.
alvo de inúmeros atentados terroristas. Alguns críti-
cos consideram que guerras como a do Iraque têm Sobre esta instituição, é correto afirmar:
objetivos menos defensivos (defesa contra o terroris-
mo) e mais ofensivos do que o governo dos Estados a) A Inquisição atuou mais contra os inimigos da pessoa
Unidos declara. do Papa do que sobre os inimigos da Igreja.

102
b) A Inquisição durou em Portugal até meados do século XX, tendo sido abolida pelo Concílio Vaticano II.
c) A Inquisição, por intermédio de seu braço papal, o Tribunal do Santo Ofício, poupava judeus e muçulmanos da exe-
cução.
d) No Brasil, a Inquisição atuou por intermédio das Visitações detendo judeus, mulheres e sodomitas, os quais eram
julgados em Portugal.
e) O Tribunal do Santo Ofício, após as reformas religiosas ocorridas no século XIX, transformou-se na Encíclica Rerum
Novarum.

Resposta da questão 2: [D]


Somente a proposição [D] está correta. A questão remete a Santa Inquisição em Portugal. O Tribunal do Santo Ofício
ganhou força no contexto da Contra Reforma ou a Reforma Católica em meados do século XVI. Ao longo do período
colonial, o Brasil recebeu as Visitações, isto é, a visita dos membros da Inquisição que detinham mulheres, judeus e
sodomitas para serem julgados em Portugal. Muitos morriam aguardando o julgamento em prisões subterrâneas. A
Bahia foi visitada entre 1591-1593 e Pernambuco entre 1593-1595. Os cristãos novos (judeus convertidos ao cristia-
nismo) foram importantes para a construção do Brasil Colonial. As demais alternativas estão incorretas.

3. O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Darwin na vida e na
sociedade humanas. Seu grande mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador da expressão “sobrevivência dos
mais aptos”, que, mais tarde, também seria utilizada por Darwin.
Fonte: BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismos social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade
e na educação brasileiras.

Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações europeias para justificar a

a) independência da Oceania.
b) colonização dos Estados Unidos.
c) dominação imperialista na Ásia e África.
d) supremacia racial das nações latino-americanas.
e) inferioridade dos Estados Unidos frente ao Japão.

Resposta da questão 3: [C]


Somente a alternativa [C] está correta. A partir da segunda metade do século XIX ocorreu a corrida imperialista atra-
vés das potências capitalistas industrializadas que foram explorar territórios na África e Ásia em busca de matéria
prima, mercado consumidor, investir capitais e escoar o excedente populacional. A justificativa para esse Neocolo-
nialismo foi denominado “Darwinismo Social”, uma apropriação das ideias de Darwin para elaborar teorias racistas,
preconceituosas e pseudocientíficas.

4. Análise a imagem abaixo, e responda:

ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

O caos e a violência no Zimbábue podem ser examinados como uma metáfora dos flagelos que fazem da África o
continente com a maior concentração de países miseráveis.
(Revista Veja, 2 de julho, 2008, p. 97)

103
Podemos considerar que o neocolonialismo do século XIX sujeitou os países da África a essa miséria, justificado no
princípio do(da)

a) Darwinismo social, que foi utilizado para fortalecer as ideias do imperialismo, do racismo, do nacionalismo e do
militarismo.
b) Conferência Internacional de Berlim que mantinha a escravidão e o comércio de escravo na África.
c) Marxismo que determinava os arranjos sociais e políticos da sociedade em geral e as perspectivas intelectuais.
d) Internacionalismo que defendia o rompimento de todas as fronteiras nacionais.
e) Anarquismo que defendia a liberdade nas relações humanas.

Resposta da questão 4: [A]


O “darwinismo social” foi o elemento cultural ideológico, que justificou a colonização europeia na África e Ásia na se-
gunda metade do século XIX. Governantes, empresários e a população em geral utilizaram um discurso de aparência
científica, apoiado nas ideias de Darwin de evolução das espécies e criaram o argumento de que os povos da África,
sozinhos, não se desenvolveriam, necessitando, portanto da ajuda de nações já desenvolvidas.

5. Leia a matéria:

No início da tarde desta quinta-feira (17), uma van atropelou dezenas de pessoas no centro de Barcelona, deixando 13
mortos e mais de 80 feridos – ao menos 15 em estado grave–, informou a polícia da cidade espanhola. O caso está sendo
tratado como um ato de terrorismo, mas até o momento nenhum grupo assumiu a autoria do ataque.

Posteriormente à notícia, o grupo extremista (...) assumiria o atentado similar a outros já cometidos na França e Alema-
nha. Trata-se do grupo:

a) ETA.
b) HAMAS.
c) al Qaeda.
d) Hezbhollah.
e) Estado Islâmico.

Resposta da questão 5: [E]


O Estado Islâmico, califado terrorista que controla áreas no Oriente Médio, principalmente no Iraque, e que baseia
sua atuação na interpretação extremista dos livros sagrados islâmicos assumiu a autoria do referido atentado.

6. A notícia abaixo, publicada em uma revista semanal brasileira, informa acerca de um importante problema contem-
porâneo. Observe:
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

“Homem carrega cartaz com a inscrição “terrorista não é muçulmano” durante marcha a favor da paz que reuniu 10
mil pessoas em Toulouse, na França, em 21 de novembro de 2015.”

“Os atentados terroristas em Paris serviram de estopim para uma nova onda de discurso de ódio direcionado ao islã.
Na França, a desconfiança e a hostilidade aos muçulmanos se solidificam, enquanto nos Estados Unidos a islamofobia

104
ganha legitimidade no debate político e, até no Brasil, O ódio e repulsa que caracterizam a xenofobia es-
muçulmanos são alvos de agressões físicas.” tão, geralmente, relacionados com questões históricas,
sociais, econômicas, culturais, religiosas etc. A xenofobia
Carta Capital, 01/12/2015 sempre é fruto do desconhecimento do outro e surge
acompanhada de estereótipos que reforçam o precon-
O problema evocado na notícia possui uma raiz his- ceito sobre determinado grupo. Esse preconceito tam-
tórica profunda e secular. Em que cenário histórico po- bém pode ser acompanhado de etnocentrismo, a noção
demos situar essa raiz? de que a própria cultura é superior à outra.
a) nas sucessivas guerras entre cidades-estado gregas Por se tratar de um preconceito, a xenofobia está
no século V a.C. diretamente relacionada com atitudes e comportamen-
b) nos conflitos provocados pelas chamadas expan- tos violentos e discriminatórios. Sendo assim, pessoas
sões bárbaras no século V. xenófobas costumam praticar atitudes que segregam
c) na relação entre mundo árabe e cristão desde a (excluem) aqueles considerados estrangeiros. Alguns até
expansão árabe no século VIII. mesmo praticam atos de violência física.
d) na expansão marítima europeia no século XV.
e) na ocupação dos territórios americanos pelos eu-
ropeus no século XVI. FIQUE ATENTO!
A xenofobia está diretamente relacionada
Resposta da questão 6: [C] com o fenômeno da migração, que carac-
Na chamada Alta Idade Média, em especial a partir teriza o mundo atualmente. A migração de
do século VII, quando a civilização árabe, após o esta- pessoas ocorre por fatores múltiplos, como
belecimento do Islamismo, passou a se expandir pela fuga de violência ou de guerra, procura por
Europa Ocidental, árabes e cristãos passaram a se en- melhores oportunidades de vida etc. Isso faz
frentar em diversos territórios, o que levou a algumas com que determinadas pessoas de naciona-
guerras, como as Cruzadas e a Guerra de Reconquista. lidades ou regiões específicas sejam alvos de
preconceitos e estereótipos, além de vítimas
da xenofobia.

OUTRAS QUESTÕES DO MUNDO CON-


TEMPORÂNEO: RACISMO, XENOFOBIA E Já o racismo é a discriminação social baseada no con-
HOMOFOBIA; CRIME ORGANIZADO, ATI- ceito de que existem diferentes raças humanas e que
VIDADES ILÍCITAS E CORRUPÇÃO; AIDS E uma é superior às outras. Está noção tem base em dife-
rentes motivações, em especial as características físicas e
EPIDEMIAS GLOBAIS; AQUECIMENTO GLO-
outros traços do comportamento humano. Consiste em
BAL, QUESTÃO ENERGÉTICA E MOVIMEN- uma atitude depreciativa e discriminatória não baseada
TOS ECOLÓGICOS. em critérios científicos em relação a algum grupo social
ou étnico.

Outras questões do mundo contemporâneo: racis- O racismo no Brasil é crime previsto na Lei n.
mo, xenofobia e homofobia 7.716/1989, e inafiançável e não prescreve, ou seja,
A xenofobia é o nome que utilizamos em referência quem cometeu o ato racista pode ser condenado
ao sentimento de hostilidade e ódio manifestado con- mesmo anos depois do crime.
tra pessoas por elas serem estrangeiras (ou por serem
enxergadas como estrangeiras). Esse preconceito social O racismo e preconceito estão interligados. O racismo
tornou-se mais comum em virtude do grande fluxo de é um tipo de preconceito étnico, uma ideia pré-concebi-
migrações que tem acontecido. da e pejorativa a respeito de uma etnia ou grupo social.
Desta forma, é manifestada contra diferentes grupos O preconceito normalmente pode não estar ligado ex-
em todo o planeta. Na Europa, por exemplo, os árabes e clusivamente à aparência física de uma pessoa ou povo.
muçulmanos têm sido alvo de grande preconceito, assim
como os mexicanos e latinos, em geral, nos Estados Uni- O preconceito pode estar relacionado ao estilo de
dos. No Brasil, também se vivencia esse problema, princi- vida de uma pessoa (por exemplo, a sua orientação
palmente contra os imigrantes venezuelanos e haitianos. sexual). Pode também haver preconceito relativo à
classe social de uma pessoa, como a aversão a pes-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

A palavra xenofobia surgiu da junção de duas pa- soas pobres.


lavras do idioma grego: xénos  (estrangeiro, estranho)
e phóbos (medo). Significa, portanto, “medo do diferen- Quando analisamos o conceito de homofobia, o mes-
te” ou “medo do estrangeiro”. No sentido clássico da pa- mo significa aversão irreprimível, repugnância, medo,
lavra, o seu significado foi muito utilizado para retratar a ódio, preconceito que algumas pessoas, ou grupos nu-
aversão que pessoas podem sentir de um grupo estran- trem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e tran-
geiro, mas também pode ser empregado para a aversão sexuais. O processo de formação da homofobia, reme-
contra pessoas do mesmo país, mas que são considera- te-se ao processo de formação do indivíduo, onde ele
das forasteiras. passa a criar uma aversão para as relações diferentes as

105
suas, e isso tem promovido muitas violências e cenas de- geralmente com o objetivo de lucro monetário. Algumas
ploráveis de violências na contemporaneidade. Um dos organizações criminosas, tais como organizações terro-
fatores que podem destravar esse gatilho homofóbico, ristas, são motivadas politicamente. Às vezes, essas orga-
são as pessoas com sexualidade reprimida, que acabam nizações forçam as pessoas a estabelecer negócios com
agredindo o outro de forma involuntária, por não se elas, como quando uma quadrilha extorque dinheiro de
aceitar. comerciantes por “proteção”.
Outros tipos de organizações, incluindo Estados, mili-
tares, forças policiais e empresas, podem, por vezes, usar
FIQUE ATENTO! métodos do crime organizado para alcançar seus interes-
ses, mas seus poderes derivam de sua condição de insti-
A Organização das Nações Unidas (ONU)
tuições sociais formais. Há uma tendência para distinguir
reconhece o dia 17 de maio como o Dia
o crime organizado de outras formas de crimes, como
Internacional contra a Homofobia  (Interna-
crimes financeiros, políticos, de guerra, governamentais,
tional  Day Against Homophobia), comemo-
entre outros. Esta distinção nem sempre é evidente e ain-
rando a exclusão da homossexualidade da
da há debate acadêmico sobre o assunto.
Classificação Estatística Internacional de Do-
Por exemplo, em Estados falidos, que não podem
enças e Problemas Relacionados com a Saú-
mais realizar funções sociais básicas, como infraestrutura,
de (CID) da Organização Mundial da Saúde
educação ou segurança, geralmente devido a grupos re-
(OMS).
beldes ou extrema pobreza, o crime organizado, a gover-
nança e a guerra são muitas vezes fatores complementa-
Já quando pensamos em transfobia, podemos pensar res entre si. O termo “mafiocracia parlamentar” é muitas
em uma série de atitudes ou sentimentos ou ações nega- vezes atribuído a países democráticos, cujas instituições
tivas em relação às pessoas travestis, transexuais e trans- políticas, sociais e econômicas estão sob o controle de
gêneros. Sendo ela intencional ou não, a transfobia pode poucas famílias ou oligarquias empresariais.
causar severas consequências para quem sofre essa dis-
criminação, gerando inclusive isolamento, depressão,
síndromes, e até mesmo, levar o indivíduo ao suicídio, #FicaDica
por não ser aceito no meio social em que está inserido.
Seguindo essa linha de raciocínio, o bullying é a prá- O exemplo clássico de um grupo organi-
tica de atos violentos, intencionais e repetidos, contra zado voltado para a prática de atividades
uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos ilegais é a famosa máfia italiana, que este-
e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do in- ve ativa entre os anos de 1930 e 1960. O
glês bully​, palavra que significa tirano, brigão ou valen- grupo criminoso era formado por famílias
tão, na tradução para o português. No cenário brasileiro, de imigrantes italianos que chegavam aos
o bullying é traduzido como ação de bulir, tocar, zombar, Estados Unidos e que já tinham, anterior-
socar, bater, ridicularizar, tripudiar, apelidar, dentre ou- mente, a ideia de grupo “familiar” formada.
tros. Todas essas são as práticas mais comuns do ato de Um dos grupos mais famosos se denomi-
praticar bullying. nam “Cosa mostra”, que ainda existe e atua
Esse processo de violência, é praticado por um ou no mundo criminoso dos Estados Unidos.
mais indivíduos, com o objetivo de humilhar, agredir
ou intimidar fisicamente a vítima, geralmente bullying é
feito contra alguém que não consegue se defender ou A “lavagem de dinheiro” é uma das principais ativi-
entender os motivos que levam à tal agressão. Corriquei- dades ligadas ao crime organizado. Ela consiste na troca
ramente, a vítima teme os agressores, seja por causa da do dinheiro “sujo” obtido por meio do crime, por inves-
sua aparente superioridade física ou pela intimidação e timentos em fontes de renda “limpa” e legais. Ou seja, o
influência que exercem sobre o meio social em que está dinheiro obtido ilegalmente é usado em investimentos
inserido.  legais, de forma que o grupo criminoso continua obten-
Portanto, o bullying pode ser praticado em qualquer do rendimentos com o dinheiro “sujo”, mas sem os riscos
ambiente, como na rua, na escola, na igreja, em clubes, ligados ao crime.
no trabalho e etc. Muitas vezes é praticado por pessoas Ademais, a corrupção é o efeito ou ato de corromper
dentro da própria casa da vítima, ou seja, pelos seus pró- alguém ou algo, com a finalidade de obter vantagens em
prios familiares. Para a justiça brasileira, o  bullying  está relação aos outros por meios considerados ilegais ou ilí-
enquadrado em infrações previstas no Código Penal, citos.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

como injúria, difamação e lesão corporal. Ainda não exis- Sendo assim, etimologicamente, o termo “corrupção”
te uma lei que puna os agressores com o devido mere- surgiu a partir do latim corruptus, que significa o “ato de
cimento. quebrar aos pedaços”, ou seja, decompor e deteriorar
algo.
Crime organizado, atividades ilícitas e corrupção A ação de corromper pode ser entendida também
Crime organizado ou organização criminosa são ter- como o resultado de subornar, dando dinheiro ou pre-
mos que caracterizam grupos transnacionais, nacionais sentes para alguém em troca de benefícios especiais de
ou locais altamente centralizados e geridos por crimi- interesse próprio. A corrupção é um meio ilegal de se
nosos, que pretendem se envolver em atividades ilegais, conseguir algo, sendo considerada grave crime em al-

106
guns países. Normalmente, a pratica da corrupção está assolou boa parte da população Inca e Asteca. O último
relacionada com a baixa instrução política da sociedade, caso de infecção natural por Varíola aconteceu em 1977,
que muitas vezes compactua com os sistemas corruptos. a doença hoje só existe em laboratório.
A corrupção na política pode estar presente em todos A Malária tem registros na humanidade há mais de
os poderes do governo, como o Legislativo, Judiciário quatro mil anos. A doença é transmitida por um mos-
e Executivo. No entanto, a corrupção não existe apenas quito, que se prolifera em águas paradas, que ao picar a
na política, mas também nas relações sociais humanas, pele do ser humano deposita um protozoário na corren-
como o trabalho, por exemplo. te sanguínea que se aloja nos glóbulos vermelhos e os
destrói. Alguns dos principais sintomas da malária são:
No Brasil, está tramitando um projeto de lei que febre, calafrios, sudorese, dores de cabeça e musculares.
passa a considerar a corrupção um crime hediondo, A Malária continua representando um sério fator epidê-
conforme previsto no decreto federal que regula- mico, principalmente na África subsaariana.
menta a Lei nº 12.846/13, que pune os acusados entre A Tuberculose destruiu populações e diversos mo-
4 a 13 anos de reclusão, sem direito a pagamento de mentos da história da humanidade. A doença é causa-
fiança para serem libertados, indultos ou anistia. da por uma bactéria, e é transmitida pelo ar. A bactéria
chega aos pulmões, causando dores no peito, fraqueza,
AIDS e epidemias globais emagrecimento e tosse com sangue. Em casos mais gra-
Endemia é uma doença infecciosa que ocorre em um ves pode atingir o cérebro, os rins ou a coluna vertebral.
dado território, e que permanece provocando novos ca- Apesar dos atuais tratamentos modernos, a tuberculose
sos frequentemente. Já epidemia é o grande número de continua infectando muitas pessoas todo ano, e fatores
casos de uma doença num curto espaço de tempo. agravantes, como o vírus HIV faz com que portadores
Exemplos de endemia no Brasil são as áreas afeta- do mesmo sejam mais suscetíveis a desenvolver a forma
das por febre amarela na Amazônia e áreas afetadas pela grave da tuberculose, e chegar a óbito muitas vezes.
Dengue, como o sul da Bahia e a região sudeste. Estas O Tifo Epidêmico atingiu a humanidade durante mui-
regiões são denominadas faixas endêmicas, pois estas tos anos, matando milhares de pessoas. A doença, cau-
doenças possuem um alto grau de continuidade, na mes- sada por um micróbio existente em piolhos, apresenta
ma região. inicialmente sintomas como dor de cabeça, falta de ape-
Há outros exemplos de endemias pelo mundo, como tite, náuseas e febre. Logo pode evoluir e afetar a circu-
a malária e AIDS em várias regiões da África, e a tubercu- lação sanguínea, causando gangrena em algumas par-
lose em diversas partes do mundo. Quando se viaja para tes do corpo, pneumonia e insuficiência renal, e a febre
uma área endêmica, é recomendável prevenir-se, se hou- alta pode evoluir para um coma e insuficiência cardíaca.
ver vacinas ou medicamentos para a doença de tal faixa. Uma vacina foi desenvolvida durante a Segunda Guerra
Caracterizar um agente epidêmico depende de vários Mundial, e o Tifo Epidêmico hoje é bastante controlado,
fatores, como a suscetibilidade da população exposta, apresentando remotos casos em áreas da América do
experiência prévia com o agente, intensidade do agen- Sul, África e Ásia.
te, o tempo, o local e o comportamento do agente com A Poliomielite atingiu os humanos durante milhares
relação à população. Doenças novas ou que há muito de anos, paralisando milhões de crianças. A doença é
tempo não apresentem casos, quando aparecem ou rea- causada pelo Poliovírus, que ataca o sistema nervoso hu-
parecem já podem ser consideradas surtos epidêmicos, mano. Os sintomas iniciais são dor de cabeça, dor e rigi-
mesmo sem a contaminação em massa. dez nos membros, vômito e febre. Não existe cura efetiva
O termo epidemia não se refere apenas a doenças para a Poliomielite, mas a vacina, aperfeiçoada na década
infectocontagiosas, mas a qualquer doença que apre- de 1950, garantiu o controle e extinção da doença em
sente muitos casos em uma população. É denominada boa parte do mundo. Apenas alguns países subdesenvol-
epidemia toda doença que afeta uma grande quantidade vidos ainda apresentam casos da doença.
de pessoas dentro de uma população ou região, e se es- A Febre Amarela, doença transmitida por picada de
tas proporções se tornam muito grandes, é caracterizada mosquitos, tem como principais sintomas dores de cabe-
uma pandemia. ça, muscular, nas costas, febre e comumente insuficiência
hepática, que causa icterícia, o que dá nome à doença.
De acordo com o evoluir da história da humani- Apesar da vacina e dos programas de prevenção, a doen-
dade, várias epidemias foram registradas. Doenças ça ainda assola regiões da América do Sul e da África.
como a Varíola, a Malária, a Tuberculose, o Tifo Epi- Por fim a AIDS, doença que surgiu nos anos 80, causa-
dêmico, a Poliomielite, a Febre Amarela e, mais re- da pelo vírus HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana. O
centemente, a AIDS, assolaram a população mundial contágio se dá pelo contato com líquidos do corpo infec-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

em diferentes épocas. tados, como sangue e sêmen. Com o sistema imunológi-


co afetado, quaisquer infecções que normalmente não
A Varíola, doença causada por vírus que começou a apresentam grande ameaça à saúde, tornam-se um po-
infectar humanos há milhares de anos, causa febre alta, tencial fator mortal. Em alguns países da África a doença
dores no corpo e erupções na pele. A transmissão da já se tornou epidemia, pelos altos índices de prostituição
doença pode ser por contato com a pele de alguém in- e por mitos populares, como, por exemplo, o de que uma
fectado, ou pelo ar, em locais fechados. Durante a desco- pessoa infectada que mantém relação sexual com outra
berta das Américas, por volta de 1500, os conquistado- virgem cura-se da doença. Estes fatores contribuem para
res europeus trouxeram consigo o vírus da Varíola, que a transmissão acelerada da doença. Não há cura para a

107
AIDS, no entanto há medicamentos que controlam o ví- boneto) e os PFC (perfluorcarbonetos). Essa listagem foi
rus, e a recomendação é sempre a mesma, o uso de pre- estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua presença na
servativos para evitar o contágio por relação sexual, e o atmosfera estaria sendo intensificada por práticas huma-
uso de agulhas descartáveis, para evitar o contágio por nas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos
contato com sangue infectado. veículos, pela queima de combustíveis fósseis e até pela
pecuária.
As doenças epidêmicas muitas vezes são também Outra causa para o aquecimento global seria o des-
endêmicas. As atuais condições sanitárias de muitas matamento das florestas, que teriam a função de ame-
partes do mundo evitam os surtos epidêmicos, e a nizar as temperaturas através do controle da umidade.
avançada tecnologia permite controlar rápida e sa- Anteriormente, acreditava-se que elas também teriam a
tisfatoriamente quando ocorre algum surto. No en- função de absorver o dióxido de carbono e emitir oxigê-
tanto, há muitas localidades que ainda sofrem com nio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido
fatores já erradicados em outras partes do mundo. O é utilizado pela própria vegetação, que também emite
recomendável sempre é a prevenção. dióxido de carbono na decomposição de suas matérias
orgânicas.
Aquecimento global, questão energética e movi- As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são
mentos ecológicos quem, de fato, contribuem para a diminuição de dióxido
O aquecimento global pode ser definido como o pro- de carbono e a emissão de oxigênio na atmosfera. Por
cesso de elevação média das temperaturas da Terra ao esse motivo, a poluição dos mares e oceanos pode ser,
longo do tempo. Segundo a maioria dos estudos científi- assim, apontada como mais uma causa do aquecimento
cos e dos relatórios de painéis climáticos, sua ocorrência global.
estaria sendo acelerada pelas atividades humanas, pro-
vocando problemas atmosféricos e no nível dos oceanos, Entre as consequências do aquecimento global,
graças ao derretimento das calotas polares. temos as transformações estruturais e sociais do pla-
neta provocadas pelo aumento das temperaturas, das
Aquecimento global  começou antes da Revolução quais podemos destacar o aumento das temperaturas
Industrial. O início da interferência humana no meio am- dos oceanos e derretimento das calotas polares, even-
biente e, consequentemente, no clima ocorreu em perío- tuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas,
dos anteriores à Revolução Industrial, que teve início em em função da elevação do nível dos oceanos, aumento
meados do século XVIII na Inglaterra. da insolação e radiação solar, em virtude do aumento do
buraco da Camada de Ozônio, intensificação de catás-
O principal órgão responsável pela divulgação de da- trofes climáticas, tais como furacões e tornados, secas,
dos e informações sobre o Aquecimento Global é o Pai- chuvas irregulares, entre outros fenômenos meteoroló-
nel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um gicos de difícil controle e previsão, e, por fim, extinção de
órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). espécies, em razão das condições ambientais adversas
Segundo o IPCC, o século XX foi o mais quente dos úl- para a maioria delas.
timos tempos, com um crescimento médio de 0,7ºC das
temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, A primeira grande atitude, segundo apontamentos
segundo o mesmo órgão, é que as temperaturas con- oficiais e científicos, para combater o aquecimento glo-
tinuem elevando-se ao longo do século XXI caso ações bal seria a escolha de fontes renováveis e não poluentes
de contenção do problema não sejam adotadas em larga de energia, diminuindo ou até abandonado a utilização
escala. de combustíveis fósseis, tais como o gás natural, o car-
O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um vão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte das
otimista e outro pessimista. No primeiro, considerando indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na
que o ser humano consiga diminuir a emissão de poluen- atmosfera também é uma ação necessária.
tes na atmosfera e contenha ações de desmatamento, as Outra forma de combater o aquecimento global se-
temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até 2100. No segun- ria diminuir a produção de lixo, através da conscientiza-
do cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de 1,8 ção social e do estímulo de medida de reciclagem, pois
até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprome- a diminuição na produção de lixo diminuiria também a
teria boa parte das atividades humanas. poluição e a emissão de gás metano, muito comum em
áreas de aterros sanitários.
A principal entre as causas do aquecimento global, Soma-se a essas medidas a preservação da vegeta-
segundo boa parte dos especialistas, seria a intensifi- ção, tanto dos grandes biomas e domínios morfoclimáti-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

cação do efeito estufa, um fenômeno natural respon- cos, tais como a Amazônia, como o cultivo de áreas ver-
sável pela manutenção do calor na superfície terres- des no espaço agrário e urbano. Assim, as consequências
tre, mas que estaria sendo intensificado de forma a do efeito estufa na sociedade seriam atenuadas.
causar prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados
gases-estufa seria o principal problema em questão. Os céticos ao aquecimento global
Há, no meio científico, um grande debate sobre a
Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de existência e as possíveis causas do aquecimento global,
carbono e o gás metano. Além desses, citam-se o óxido de forma que a sua ocorrência não estaria totalmente
nitroso, o hexafluoreto de enxofre, o CFC (clorofluorcar- provada e nem seria consenso por parte dos especialistas

108
nas áreas que estudam o comportamento da atmosfera.  Convencionais, são as energias base da socieda-
Existem grupos que afirmam que o aquecimento glo- de contemporânea, como o petróleo, gás natural, carvão
bal seria um evento natural, que não seria influenciado e hidroelétricas.
pelas ações humanas e que, tampouco, seria gravemente  Alternativas que constituem uma alternativa ao
sentido em um período curto de tempo. Outras posições modelo energético decorrente dos últimos dois séculos,
afirmam até mesmo que o aquecimento global não exis- sua introdução diversifica a matriz de energia dos países,
te, utilizando-se de dados que comprovam que o ozônio aumentando sua segurança e seu desenvolvimento eco-
da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido de car- nômico e ambiental, a exemplo, a Solar, Eólica, Geotér-
bono não seria danoso ao clima e que as geleiras esta- mica e Maremotriz.
riam, na verdade, expandindo-se, e não diminuindo.
Essas posições mais céticas consideram que as posi- Apesar dos avanços tecnológicos das últimas quatro
ções sobre o Aquecimento Global teriam um caráter mais décadas, proporcionados pela Revolução Técnico-Cien-
político do que verdadeiramente científico e acusam o tífico Informacional, o principal recurso da matriz ener-
IPCC de distorcer dados ou apresentar informações gética é o mesmo desde a Segunda Revolução Industrial
equivocadas sobre o funcionamento do meio ambiente (1850) – o petróleo – tendo o carvão como segunda
e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel maior demanda e o gás natural em terceiro. Neste caso,
da ONU como uma fonte confiável para estudos sobre apesar dos investimentos em fontes alternativas – solar,
o tema. eólica, geotérmica, mantêm-se os combustíveis fósseis
como a principal forma de obtenção de energia em nível
#FicaDica mundial.

Divergências à parte, é importante consi- Combustíveis fósseis são originados a partir da


derar que o aquecimento global não é a decomposição de restos de seres vivos, depositados
única consequência das agressões ao meio em partes mais baixas da crosta terrestre. Neste caso,
ambiente. Diante disso, mesmo os críticos podemos perceber que cerca de 85% da matriz ener-
ao aquecimento global admitem a impor- gética mundial é baseada em recursos finitos, emitin-
tância de conservar os recursos naturais e, do cada vez mais CO2 na atmosfera, alterando as condi-
principalmente, os elementos da biosfera, ções climáticas do planeta.
vitais para a qualidade de vida das socie-
dades. Os Movimentos Ecológicos surgiram em decorrên-
cia da percepção da sociedade para os problemas am-
bientais como a degradação ambiental e a exploração
Os recursos energéticos são o foco dos interesses
estatais, gerando disputas geopolíticas desde a primei- descontrolada dos recursos naturais, pois se comprovou
ra Revolução Industrial. Na segunda metade do século que essas causas geravam consequências assustadoras,
XX, com a expansão do meio urbano-industrial, princi- comprometendo a vida de todos os seres vivos, inclusive
palmente, na América Latina e Sudeste Asiático e, conse- de nossa própria espécie.  Com essa visão lógica dos pro-
quentemente, o crescimento populacional, houve o au- cessos ambientais os movimentos ecológicos passaram a
mento exponencial da demanda energética. Nos últimos ter um papel fundamental na modificação do pensamento
anos, a questão energética traz novas discussões: agên- geral na população do planeta. 
cias internacionais, estados e a sociedade, geram debate
sobre consumo, recursos naturais, mudanças climáticas O Movimento Ecológico visa uma consciência mais
e, principalmente, a segurança energética dos países abrangente no sentido de se desenvolver a noção de
mais ricos.  que uma diversidade de ações agressivas ao ambiente
Antes de tudo, é importante conhecer os diferentes contribuiu para o surgimento de disparidades sociais
tipos de fontes de energia. Podemos classificá-las em re- e irracionalidade na exploração dos recursos naturais. 
nováveis e não renováveis; primárias e secundárias; con-
vencionais e alternativas, sendo elas: A partir destes preceitos o Movimento Ecológico sur-
 Renováveis, têm capacidade de se regenerar em ge de maneira irreversível, para que se consume uma
um tempo curto, tornando-a inesgotável, exemplo a Bio- nova geração de concepções apoiando um desenvolvi-
massa (óleos/biodiesel a partir de cana-de-açúcar, ma- mento racional e sustentável, com consumo consciente
mona, girassol, entre outros). e partidário com a natureza ecologicamente equilibrada. 
 Não Renováveis, que são oriundas de matéria As sociedades alternativas de 1960 e 1970 pregavam
orgânica decomposta por milhões de anos, não haven-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

um movimento ecológico totalmente utópico, negando


do tempo hábil para serem formados para uso humano, o desenvolvimento conquistado pelo ser humano e su-
como exemplo temos o petróleo, gás natural e carvão. gerindo o retorno aos meios de vida totalmente naturais
 Primárias, que quando utilizamos diretamen- e integrados somente com a natureza. Mas esta ideia
te para geração de calor/energia, por exemplo a lenha com exagero exacerbado foi aos poucos sendo modifi-
queimada para uso doméstico. cada para uma forma racional, na tentativa de chegar a
 Secundárias, que se utiliza um meio de energia um equilíbrio realmente racional, onde não existam exa-
para obter outro, a exemplo a: Usina Nuclear enriquece o geros e o ser humano esteja integrado na preservação
Urânio para aquecer a água e mover as turbinas, gerando dos recursos naturais necessários a vida dos seres vivos
energia elétrica. do planeta. 

109
Portanto, os chamados movimentos ecológicos tive- No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a
ram início mundial na década de 1960, mas na época as
pessoas que tinham interesses particulares em esconder a) reforma do Código Penal.
a verdade, procuravam camuflar ou desacreditar essas b) elevação da renda mínima.
verdades em relação ao perigo da degradação ambiental.  c) adoção de ações afirmativas.
As consequências desta agressão à natureza não era d) revisão da legislação eleitoral.
considerada, pois ainda não se tornava óbvio a relação e) censura aos meios de comunicação.
entre as consequências e as causas das agressões causa-
das pelo ser humano. Podia-se supor que esses desastres Resposta da questão 1: [C]
ecológicos tinham causas estranhas ao ser humano, exi- As políticas afirmativas são aquelas que têm como ob-
mindo nossas ações impensadas desta tamanha respon- jetivo corrigir situações de desigualdade que grupos
sabilidade. sociais vivenciam, sejam elas por razões econômicas,
étnicas, sociais ou culturais.
FIQUE ATENTO!
2. No Brasil, para uma população 54% negra (incluídos
Atualmente esta etapa de se desacreditar os pardos), apenas 14% dos juízes e 2% dos procurado-
as consequências dos desastres ambientais res e promotores públicos são negros. Juízes devem ser
com as causas geradas por nós seres huma- imparciais em relação a cor, credo, gênero, e os mais sen-
nos já está mais do que comprovada e seria síveis desenvolvem empatia que lhes permite colocar-se
até ridículo tentar desmentir esta verdade. A no lugar dos mais desfavorecidos socialmente. Nos Es-
preocupação com a conservação ecológica tados Unidos, várias ONGs dedicam-se a defender réus
reacende atualmente a repulsa aos altos ín- já condenados. Como resultado do trabalho de apenas
dices de poluição registrados na atualidade.  uma delas, 353 presos foram inocentados em novos jul-
gamentos desde 1989. Desses, 219 eram negros. No Bra-
sil, é uma incógnita o avanço social que seria obtido por
Com essa grande preocupação advinda dos diferen- uma justiça cega à cor.
tes grupos humanos, vemos surgir em conjunto os mo- (Mylene Pereira Ramos. “A justiça tem cor?”. Veja,
vimentos socioambientais e ecológicos nos diferentes 24.01.2018. Adaptado.)
setores da sociedade, ressaltando o valor da importância
do equilíbrio ecológico para a preservação do próprio Sobre o funcionamento da justiça, pode-se afirmar que
ser humano.  O ecologismo, o ambientalismo, o con-
servacionismo e o preservacionismo e seus respectivos a) o preconceito étnico é fenômeno exclusivamente sub-
são exemplos de movimentos tidos como ecológicos e jetivo e sem implicações na esfera pública.
que na realidade representam movimentos que pregam b) a neutralidade e objetividade no julgamento não estão
a preservação e proteção da natureza nos seus variados sujeitas a fatores de natureza psicológica.
matizes.  Dentre esses o preservacionismo é o mais ra- c) a disparidade da composição étnica entre réus e juízes
dical deles, que defende a manutenção de ambientes é um fator de crítica à atuação do Judiciário.
intocáveis.  d) a isenção jurídica é garantida por critérios objetivos
que independem da origem étnica ou social.
Na atualidade, as ONGs (Organizações Não Gover- e) a imparcialidade nos julgamentos é fator que torna
namentais) têm um papel primordial nos movimen- desnecessária a adoção de políticas afirmativas.
tos ecológicos, pois fazem a gerência ou a fiscalização
dos órgãos governamentais responsáveis por tratar Resposta da questão 2: [C]
dos assuntos ligados ao meio ambiente, tornando-se As pesquisas nas ciências sociais demonstram como
os olhos da população na preservação da natureza. critérios como gênero, classe social e cor influenciam
nas decisões judiciárias, apesar de o Poder Judiciário
se pretender isento e imparcial. Esta ponderação apa-
rece somente na alternativa [C].
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3. Sobre o aquecimento global, que é o processo de
elevação das temperaturas médias da Terra ao longo do
1. O racismo institucional é a negação coletiva de uma tempo, marque a alternativa correta.
organização em prestar serviços adequados para pesso-
as por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode a) É causado pela falta de saneamento básico e pela po-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

estar associado a formas de preconceito inconsciente, luição dos rios e mares.


desconsideração e reforço de estereótipos que colocam b) São consequências do aquecimento global: diminui-
algumas pessoas em situações de desvantagem. ção do nível da água dos oceanos e um maior conge-
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 lamento das calotas polares.
(adaptado). c) Tem como causa principal a emissão de poluentes para
a atmosfera dos chamados gases-estufa. Os gases-
O argumento apresentado no texto permite o ques- -estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e
tionamento de pressupostos de universalidade e justifica o gás metano.
a institucionalização de políticas antirracismo. d) São consequências do aquecimento global: furacões

110
no Nordeste brasileiro e aumento do nível das águas 5. Leia o texto a seguir:
dos rios da Amazônia.
e) A poluição das atividades industriais e as queimadas ONU aponta Brasil como referência mundial no
de florestas não têm nenhuma relação com o aqueci- controle da Aids
mento global.
O relatório destaca que o Brasil foi o primeiro país a
Resposta da questão 3: [C] oferecer combinação do tratamento para HIV
O Aquecimento Global Antropogênico é provocado
pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa O governo brasileiro desafiou as projeções do Banco
como o dióxido de carbono e o metano. A intensi- Mundial de que haveria um aumento de novas infecções
ficação das emissões deve-se a atividades humanas por HIV. Com a garantia do acesso universal ao trata-
como a geração de energia, indústria, agropecuária e mento do HIV, o Ministério da Saúde negociou com mul-
desmatamentos. Os principais acordos para diminui- tinacionais farmacêuticas para garantir a continuidade
ção das emissões são o Protocolo de Kyoto (atual) e o do acesso aos medicamentos antirretrovirais aos brasi-
Acordo de Paris (a partir de 2020). leiros e, assim, conseguiu estruturar um programa forte
de controle da epidemia. O Brasil e o mundo têm muitos
4. “(...) nos quase 4 bilhões de anos de história da vida desafios pela frente na resposta ao HIV e Aids, como a
na Terra, ocorreram cinco megaextinções, momentos em redução do número de pessoas que têm HIV sem saber.
que muitos dos seres vivos foram arrastados de repente Para isso, o Ministério da Saúde tem adotado algumas
para a desaparição por vários cataclismos. E agora (...) a estratégias, como a ampliação da testagem, a conscien-
civilização humana está causando uma nova extinção em tização sobre o uso da camisinha e o início precoce do
massa: somos como o meteorito que dizimou os dinos- tratamento em caso de soropositividade.
sauros do planeta.
E as criaturas dos oceanos não vão conseguir se livrar. Es-
tamos provocando a agonia de numerosas espécies ma-
rinhas e (...) escolhendo os seres aquáticos que ao desa-
parecerem deixarão de evoluir no futuro. A este ritmo, os
grandes animais que vão povoar os mares dentro de mi-
lhões de anos não serão descendentes de nossas baleias,
tubarões e atuns porque estamos matando todos eles
para sempre. E do mesmo modo que o desaparecimento
dos dinossauros deixou um vazio que demorou eras para
ser preenchido pelos mamíferos, não sabemos o que vai
ser da vida nos oceanos depois de serem arrasados.”

Identifique a alternativa em que todos os eventos provo-


cados pela ação humana sobre a Terra contribuem para
provocar/agravar o problema descrito no texto acima.

a) Abalos sísmicos, poluição atmosférica, aquecimento


global.
b) Vulcanismo, agravamento do efeito estufa, destruição
da camada de ozônio.
c) Circulação das massas de ar, chuva ácida, terremotos.
d) Emissão de gases poluentes, poluição dos recursos hí-
dricos, desmatamento.
e) Queima de combustíveis fósseis, tsunamis, vulcanismo.

Resposta da questão 4: [D]


A alternativa [D] está correta porque a emissão de ga-
ses poluentes, a poluição da água e o desmatamento Sem dúvida, os avanços tecnológicos são necessários
são alguns dos exemplos da ação agressiva da socie- para o controle dessa enfermidade, bem como a garantia
dade sobre o meio natural. As alternativas incorretas do acesso universal ao tratamento do HIV. Isso reflete,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

são: [A], porque abalos sísmicos são eventos geoló- como mostra o infográfico, na estabilização da epidemia
gicos e, portanto, naturais; [B], porque vulcanismo é no Brasil. Uma intervenção para maior controle da doen-
um evento geológico e, portanto, natural; [C], porque ça no Brasil passa pela:
circulação das massas de ar e terremotos são proces-
sos naturais; [E], porque tsunamis e vulcanismo são a) utilização de imunobiológicos que estimulem a produ-
eventos naturais. ção de antígenos.
b) distribuição de Interferon às pessoas afetadas, visando
o aumento da produção de linfócitos TCD-8 e linfóci-
tos T-supressores.

111
c) distribuição de antibióticos para controle da carga vi-
ral.
d) identificação precoce de indivíduos infectados e a uti- HORA DE PRATICAR!
lização de medicamentos antirretrovirais que impe-
dem a enzima transcriptase reversa de agir. 1. Na década de 1950, nos Estados Unidos, eram comuns
e) identificação precoce dos indivíduos afetados e a uti- livros, panfletos, informativos no cinema, palestras em
lização de antirretrovirais como um processo passivo escolas, entrevistas com cientistas em meios de comu-
de imunização. nicação de massa, com o objetivo de ensinar a popula-
ção como se proteger de um ataque atômico vindo da
Resposta da questão 5: [D] União Soviética. O temor de uma guerra nuclear assolou
[A] Incorreta. Os imunobiológicos não estimulam a o mundo durante 45 anos.
produção de antígenos, mas a produção de imunida-
de e cura. Assinale a alternativa que apresenta o termo como fica-
[B] Incorreta. O interferon é uma proteína produzida ram conhecidas as tensões nas relações internacionais
por diversas células do sistema imunológico, enquan- entre as duas potências políticas e militares.
to que o HIV destrói os linfócitos T do tipo CD-4.
[C] Incorreta. Antibióticos não combatem vírus, mas a) Guerra do Vietnã.
bactérias. b) Guerra das Duas Rosas.
[D] Correta. O controle da doença necessita de iden- c) Guerra Fria.
tificação precoce de indivíduos infectados e o uso de d) Guerra das Coreias.
antirretrovirais que atuam sobre a enzima transcripta- e) Guerra dos Dois Mundos.
se reversa, impedindo a reprodução do vírus.
[E] Incorreta. A utilização de antirretrovirais não é um 2. Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na
processo passivo de imunização, mas um processo década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela
que impede a reprodução do vírus que já está no or- imediata hostilidade norte-americana em relação ao pro-
ganismo. cesso social revolucionário. Durante três décadas os so-
viéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e
ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio econô-
mico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha
o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os
irmãos soviéticos – e depois com seus herdeiros russos –
por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que
era oferecido em nome da solidariedade socialista tinha
um preço definido.
PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19
jul 2014 (adaptado).

O texto indica que durante a Guerra Fria as relações in-


ternas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a)

a) busca da neutralidade política.


b) estímulo à competição comercial.
c) subordinação à potência hegemônica.
d) elasticidade das fronteiras geográficas.
e) compartilhamento de pesquisas científicas.

3. (...) há um muro de concreto


entre nossos lábios
há um muro de Berlim
dentro de mim
tudo se divide
todos se separam
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

duas Alemanhas
duas Coreias
tudo se divide
todos se separam (...)

O trecho da música Alívio imediato, da banda brasileira


Engenheiros do Hawaii, aborda alguns fatos referentes
ao contexto da Guerra Fria. Sobre esses fatos, assinale a
alternativa CORRETA.

112
a) A construção do muro de Berlim foi um projeto elaborado pela Alemanha Ocidental e dividia a cidade de Berlim ao
meio, separando a parte Ocidental da Oriental.
b) O muro de Berlim foi construído pela República Federal da Alemanha e circundava toda a Berlim Ocidental, separan-
do-a da Alemanha Oriental.
c) A Coreia, após a Segunda Guerra Mundial, foi dividida em quatro partes iguais entre União Soviética, Grã-Bretanha,
Estados Unidos e França, dando origem a dois países distintos: a Coreia do Sul e do Norte.
d) Na divisão da Alemanha pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, a cidade de Berlim, mesmo estan-
do completamente na parte oriental do país, foi dividida em quatro zonas.
e) A Coreia foi dividida após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial. Na parte ocupada pelas tropas estaduni-
denses, formou-se a Coreia do Norte e, na região ocupada pelos soviéticos, formou-se a Coreia do Sul.

4. Fundada em 1945, a Organização das Nações Unidas anunciava como um de seus propósitos “desenvolver relações
amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direito e de autodeterminação dos po-
vos”. Tais princípios, porém, contrastavam com práticas políticas de alguns dos países signatários.

A respeito destas incoerências, assinale a alternativa correta.

a) A França abriu mão de todas as suas colônias logo após a fundação da ONU.
b) A fundação da ONU garantiu processos de descolonização pacíficos em todos os países da África.
c) A União Soviética absteve-se de qualquer forma de interferência nos movimentos nacionais ocorridos no Leste Eu-
ropeu.
d) O governo dos EUA era o único signatário da ONU a cumprir com as cláusulas relativas ao princípio de autodeter-
minação dos povos.
e) Motivado pela política de contenção ao comunismo, o governo dos EUA intervinha diretamente em conflitos inter-
nos de países como a Coréia e o Vietnã.

5. A charge a seguir apresenta uma caricatura que retrata Adolf Hitler e Josef Stalin e a pergunta “Quanto será que essa
lua de mel vai durar?” (tradução).

A que importante episódio histórico a charge faz alusão?

a) O acordo que sela a aliança entre Alemanha e Itália, visando isolar a União Soviética no concerto europeu, para dar
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

início à Segunda Guerra Mundial.


b) O pacto de não agressão firmado entre Alemanha e União Soviética, em 1939, e que dividia a Polônia entre os dois
países, o que possibilitou que Hitler ordenasse a invasão do território polonês, dando início à Segunda Guerra Mun-
dial.
c) A aliança entre Alemanha e União Soviética, objetivando fazer com que os Estados Unidos retardassem ao máximo
sua entrada na Segunda Guerra mundial, o que vai acabar acontecendo com o ataque japonês à base americana de
Pearl Harbor.
d) O acordo entre Alemanha e Estados Unidos para impedir o avanço na Europa da doutrina comunista, patrocinada
pela União Soviética.

113
e) A aliança entre Alemanha e União Soviética, visando var os avanços agrícolas para a região das florestas. Nas
fortalecer o apoio bélico dos dois países aos fascistas matas fechadas, abriam clareiras, drenavam pântanos e
na Guerra Civil Espanhola e que ampliou a influência introduziram novas lavouras. As poucas escolas que exis-
política alemã no Leste Europeu. tiram na Idade Média eram dirigidas e mantidas pelos
monges. Alguns monastérios serviam também de hospi-
6. Leia o texto abaixo: tais e hospedarias”.
“Na análise das origens das universidades na Idade Adaptado de: Wallbank, T. W. e outros. History and
Média, dois fatos históricos se destacam. O primeiro Life. 4ªed. Illinois: Scott Foresman, 1993.
diz respeito ao conflito político entre os poderes lai-
co e eclesiástico. O segundo liga-se à disseminação do
pensamento aristotélico no Ocidente. Os estudiosos são De acordo com o texto, é correto afirmar que, durante a
unânimes em afirmar que diversos acontecimentos inter- alta Idade Média europeia, a atividade dos monastérios
feriram e estimularam o nascimento dessas instituições,
como o renascimento das cidades, o desenvolvimento a) redimensionava o princípio de “ora et labora” (reza e
das corporações de ofícios, o florescimento do comér- trabalha), já que os monges se dedicavam apenas aos
cio, o aparecimento do mercador. (...) Há interpretações trabalhos braçais.
segundo as quais as universidades somente poderiam b) seguia o princípio de “ora et labora” (reza e trabalha),
ter nascido no século XIII, o século das corporações de pois os monges dedicavam-se a uma vida reclusa e
ofício. Contudo, a disputa pelo poder entre a realeza e o trabalhos exclusivamente intelectuais.
papado, que reivindicavam o governo da sociedade, in- c) redimensionava o princípio tradicional de “ora et labo-
fluenciou sobremaneira o surgimento das universidades. ra” (reza e trabalha), pois exercia importante ligação
No início do século XIII, o papa e os príncipes encaravam com o cotidiano de comunidades próximas.
essas instituições como importantes pontos de apoio po- d) conflitava com o princípio papal de “ora et labora”
lítico e cultural. Em função disso, editaram leis e bulas (reza e trabalha), ao valorizar a prática do trabalho, em
com o objetivo de instituí-las, protegê-las e nelas intervir, detrimento das orações diárias.
tanto no ensino como nas relações entre estudantes e e) contribuiu para o surgimento de uma mentalidade
mestres e entre estes e a comunidade.” que, ligada às atividades comerciais urbanas, promo-
OLIVEIRA, Terezinha. Origem e memória das univer- veu contestações ao poder papal sobre os europeus.
sidades medievais: a preservação de uma instituição edu-
cacional. Varia História, Belo Horizonte, vol. 23, nº 37: 8. Na Europa ocidental, a burguesia surge entre os sé-
p.113-129, Jan/Jun 2007. culos X e XI, sob a forma mercantil, isto é, composta por
comerciantes, cambistas e emprestadores de dinheiro,
Sobre o tema e cenário histórico abordados no texto, é
sendo aumentada logo em seguida com a participação
CORRETO afirmar:
dos artesãos urbanos. Durante muito tempo, o poder po-
lítico esteve nas mãos da nobreza, dos grandes senhores
a) A idade Média foi uma época de regressão econômica,
de terras, o que não impediu o crescimento e enriqueci-
social e intelectual, dominada pelo poder da Igreja ca-
mento da burguesia. Com a formação das monarquias
tólica que interditava o acesso ao conhecimento. Essa
absolutistas, unificando territórios, mercados, leis, moe-
época é comumente conhecida como Idade das Tre-
vas. As Universidades, entendidas enquanto espaço de das e tributos, o poder político se concentrou nos reis.
produção e disseminação de saber, tiveram origem na Bastante enriquecida, uma parte da burguesia começou
Idade Média e são expressões de uma sociedade com a comprar terras, conquistar títulos de nobreza e, inclusi-
poder inventivo e necessidade de conhecimento. ve, a assumir cargos nos governos.
b) As Universidades, entendidas enquanto espaço de MIGLIOLI, Jorge. Dominação burguesa nas socieda-
produção e disseminação de saber, tiveram origem na des modernas. Fonte: https://www.ifch.unicamp.br/criti-
Idade Média e são expressões de uma sociedade com camarxista/arquivos_biblioteca/artigo205Artigo1.pdf /
poder inventivo e necessidade de conhecimento. Adaptado.
c) As Universidades medievais organizavam-se em fun-
ção dos interesses dos feudos, que orientavam a pauta Para conquistar o domínio sobre os demais membros da
de pesquisas e produção de conhecimento visando à sociedade, o grupo descrito no texto se utiliza de diver-
expansão dos seus lucros em escala mundial. sos instrumentos, tendo-se como principal
d) O processo de expansão marítima que impulsionou a
sociedade europeia a partir dos séculos XV e XVI in- a) a divisão de riquezas.
depende do conhecimento produzido pela intelectu- b) a utilização dos militares.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

alidade que se organizou em torno das universidades. c) a abertura do mercado nacional.


e) Tal como nos dias atuais, em que as Universidades d) o controle dos meios de produção.
são dissociadas da política e afastadas da sociedade, e) o fechamento do comércio ao mercado externo.
também as Universidades medievais eram instituições
desvinculadas dos grandes temas de seu tempo. 9. A existência em Jerusalém de um hospital voltado para
o alojamento e o cuidado dos peregrinos, assim como
7. “Em terras alemãs em lugares afastados, onde a vida daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes,
permanecia rude e isolada, os monges não só pregavam fortaleceu o elo entre a obra de assistência e de caridade
o cristianismo, mas também foram importantes para le- e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jeru-

114
salém um estabelecimento central da ordem, Pascoal II Tomando-se por base a citação acima, assinale a al-
estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele, ternativa INCORRETA.
sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrina-
ção na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização do a) A sociedade moderna foi delineada a partir da perda
Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa de influência do divino e do sobrenatural. Sua identi-
primitiva, mas a fortaleceu. dade moldou-se pela ideia de que o homem é o res-
DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: ponsável por sua história.
Jorge Zahar, 2002 (adaptado). b) A Reforma Protestante, que fortaleceu a cristandade
ocidental, referendou os dois poderes tradicionais dos
O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno oci- chamados Estados pré-modernos nascentes: o Papa-
dental do (a) do e o Império.
c) Na chamada transição da Antiguidade para o mun-
a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado do medieval, a língua latina se tornou um grande ins-
pelas cruzadas. trumento de estabilidade. Ao conservar a erudição
b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo greco-romana, garantiu sua difusão até os Tempos
feudalismo. Modernos.
c) alastramento da peste bubônica, provocado pela ex- d) Os gregos antigos, que se compreenderam como per-
pansão comercial. tencentes a Europa, definiram-se culturalmente a par-
d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada
tir de uma oposição à Ásia: essa, representando a mo-
pela reforma espiritual.
narquia e a tirania; aqueles a liberdade e a democracia.
e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo
e) A construção da identidade europeia foi confrontada,
renascimento urbano.
em meados do século VII, com a doutrina religiosa de
Leia o texto para responder à questão. Mohammed (Maomé) – a expansão do Islã e do mun-
do muçulmano.
O Ocidente havia conhecido somente três modos de
acesso ao poder: o nascimento, o mais importante, a ri- 12. Leia o texto a seguir:
queza, muito secundário até o século XIII salvo na Roma
Antiga, o sorteio, de alcance limitado entre os cidadãos Por ter tido educação protestante, nunca achei que 31
das cidades gregas da Antiguidade. de outubro é o dia das bruxas. Sempre foi o dia em que
(Jacques Le Goff. Os intelectuais na Idade Média, 1985. Lutero, em 1517, começou uma revolução.
Adaptado.) LEITÃO, Míriam.

10. O excerto sustenta que o acesso ao poder por meio No ano de 2017, completam-se 500 anos da eclosão
da riqueza era secundário na Europa Ocidental até o sé- da Reforma Protestante. Do ponto de vista histórico, a
culo XIII, quando Reforma pode ser considerada uma revolução

a) as monarquias nacionais sobrepuseram-se aos di- a) estética, pois foi a matriz ideológica da concepção bar-
reitos da nobreza senhorial sobre os seus feudos. roca de mundo que se manifestou nos países ibéricos.
b) o esfacelamento do poder imperial romano trans- b) política, pois permitiu a centralização monárquica ab-
feriu as funções de defesa militar para os burgueses das solutista, ao legitimar a tese do direito divino dos reis
cidades. europeus.
c) os reis absolutistas constituíram seus exércitos com c) econômica, pois, com os puritanos, difundiu-se uma
recursos de impostos arrecadados de banqueiros e co- nova mentalidade econômica que gerou o capitalis-
merciantes. mo.
d) as atividades comerciais e artesanais produziram d) social, pois legitimou as aspirações revolucionárias dos
novos grupos sociais no interior das cidades medievais.
camponeses europeus na luta contra a aristocracia.
e) a fragmentação econômica do continente europeu
e) intelectual, pois foi difusora do pensamento científico
foi substituída por um só padrão monetário.
iluminista por meio de intelectuais protestantes, como
11. O que nós chamamos Europa, é uma ideia, uma re- é o caso de Voltaire.
presentação construída, cujas características dependem
do respectivo recorte, do respectivo ponto de vista, das 13. No dia 31 de Outubro de 1517, o monge e doutor
respectivas intenções, dos respectivos objetivos e fins em teologia Martinho Lutero publicou em Wittemberg
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

ideológicos daquele que usa essa palavra. [...] A ideia da as suas 95 teses sobre questões a serem debatidas com
Europa representa somente uma construção intelectual outros teólogos católicos. Entre as posições defendidas,
ou um conceito, que varia de século a século, servindo e que acabaram por levar ao rompimento de Lutero com
como instrumento de argumentação, seja contra, seja a a Igreja Católica, estavam
favor de algo.
MAINKA, Peter Johann. Os fundamentos da identida- a) a afirmação de que todo cristão batizado poderia ser
de europeia na antiguidade, na idade média e nos tem- o seu próprio sacerdote, o questionamento do dogma
pos modernos. Acta Scientiarum. Education. Maringa, v. da infalibilidade papal e o princípio da salvação pela
33, n. 1, p.67, 2011. fé.

115
b) o reconhecimento apenas do batismo, da eucaristia, b) o aumento do consumo interno, devido à política go-
do casamento e da extrema unção como sacramentos vernamental norte-americana de incremento dos sa-
cristãos válidos. lários, e pelo fato de as indústrias não conseguirem
c) a reafirmação do culto aos santos locais e da Virgem, abastecer o mercado.
e a validação do casamento de qualquer membro da c) a Primeira Guerra Mundial, que dificultou as exporta-
Igreja. ções e importações de produtos industrializados e de
d) o uso da Inquisição e do Index como instrumentos de matéria-prima, prejudicando o mercado norte-ameri-
combate aos desvios doutrinais e o reconhecimento cano.
da infalibilidade papal na orientação teológica da cris- d) a Revolução Russa, que despertou na classe operária
tandade. o desejo pela busca de direitos, provocando greves na
maioria das indústrias norte-americanas, comprome-
14. A corporação tem como objetivo aumentar sempre tendo a produção.
o poder global da Nação em vista de sua extensão no e) o incremento das importações pelos norte-america-
mundo. É justo afirmar o valor internacional da nossa or- nos, desestabilizando a economia e desvalorizando os
ganização, pois é no campo internacional somente que produtos nacionais, que deixaram de ser competitivos.
serão avaliadas as raças e as nações, quando a Europa,
daqui a alguns tempos, apesar do nosso firme e sincero 17. O New Deal visa restabelecer o equilíbrio entre o
desejo de colaboração e de paz, tiver novamente chega- custo de produção e o preço, entre a cidade e o cam-
do a outra encruzilhada dos destinos. po, entre os preços agrícolas e os preços industriais,
(Apud Katia M. de Queirós Mattoso. Textos e docu-
reativar o mercado interno – o único que é impor-
mentos para o estudo da história contemporânea: 1789-
tante – pelo controle de preços e da produção, pela
1963, 1977.)
revalorização dos salários e do poder aquisitivo das
O texto apresenta características do movimento massas, isto é, dos lavradores e operários, e pela re-
gulamentação das condições de emprego.
a) modernista. CROUZET, M. Os Estados perante a crise, In: História
b) socialista. geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1977 (adaptado).
c) positivista.
d) fascista. Tendo como referência os condicionantes históricos do
e) liberal. entreguerras, as medidas governamentais descritas ob-
jetivavam
15. A afirmação de que os primeiros traços da presen-
ça europeia na América foram “o prelúdio da ocidenta- a) flexibilizar as regras do mercado financeiro.
lização” e “uma das primeiras etapas da globalização” b) fortalecer o sistema de tributação regressiva.
é correta porque a conquista do continente americano c) introduzir os dispositivos de contenção creditícia.
representou d) racionalizar os custos da automação industrial me-
diante negociação sindical.
a) a definição da superioridade militar e religiosa do Oci- e) recompor os mecanismos de acumulação econômica
dente cristão e o início da perseguição sistemática a por meio da intervenção estatal.
judeus e muçulmanos.
b) a demonstração da teoria de Cristóvão Colombo sobre 18. “Guerra improvável, paz impossível”, disse o histo-
a esfericidade da Terra e o fracasso dos novos instru- riador francês Raymond Aron. A frase ilustra as relações
mentos de navegação. internacionais Pós-Segunda Guerra Mundial. Sobre esse
c) o encerramento das relações comerciais da Europa contexto, é correto afirmar:
com o Oriente e o imediato declínio da venda das es-
peciarias produzidas na Índia. a) A intensa rivalidade entre as superpotências lançava o
d) o encontro e o choque entre culturas e o gradual des- risco de guerra, resultando numa corrida armamentis-
locamento do eixo do comércio mundial para o Oce-
ta. Entretanto, a disputa armamentista suscitava o ris-
ano Atlântico.
co de destruição em massa, afastando a possibilidade
e) o avanço da monetarização da economia e o lança-
de uma guerra direta entre as superpotências.
mento de projetos de regulação e controle centraliza-
do do comércio internacional. b) O projeto Guerra nas Estrelas foi desenvolvido pela
URSS como forma de garantir a hegemonia político-
16. Vários foram os fatores geradores da crise norte- -militar, sendo neutralizado pelos EUA, que, para isso,
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

-americana de 1929 que, em pouco tempo, atingiu o se valeram de campanhas com forte conteúdo ideo-
mundo capitalista. O Brasil também não escapou dos lógico e da extensão do seu domínio sobre o Terceiro
efeitos desse desastre econômico. Mundo.
c) Os EUA, debilitados pelo aumento dos gastos militares,
Dentre os fatores que contribuíram para a eclosão dessa limitaram-se comercialmente, perdendo importantes
crise nos Estados Unidos, destaca-se áreas de controle na América Latina para o bloco so-
viético.
a) a superprodução agrícola aliada à diminuição das im- d) Os movimentos revolucionários financiados pela URSS
portações europeias após a Primeira Guerra Mundial. eclodiram principalmente no Terceiro Mundo.

116
e) Os EUA buscaram abrir, estrategicamente, a economia e) Além dos enfrentamentos armados diretos entre a
dos países socialistas como forma de controle, tentan- URSS e os EUA, ambos os países alimentavam confli-
do uma aliança econômica, apesar das divergências tos armados entre outros países visando, entre outros
político-ideológicas. motivos, o aumento e a manutenção de suas áreas de
influência. A guerra do Vietnã pode ser citada como
19. A perestroika e a glasnost espalharam-se entre os exemplo.
povos do Leste europeu, ressentidos da dominação
soviética e preocupados com as crescentes dificulda- 21. Analise a imagem abaixo:
des econômicas. Durante 1989 e 1990, os europeus
orientais demonstraram sua insatisfação com a lide-
rança comunista e exigiram reformas democráticas.
(PERRY. 2002. p. 657)

O contexto histórico nos quais os termos perestroika e


glasnost foram aplicados no texto diz respeito

a) ao auge da Guerra Fria, quando a União Soviética e os


Estados Unidos dividiam a influência política e ideoló-
gica entre Oriente e Ocidente.
b) à maior expansão militarista da União Soviética, quan-
do seus cientistas enviaram o primeiro satélite espacial
à Lua.
c) ao levante das oposições contra a violência do governo “O festival é a base de um processo sociocultural que
stalinista, do qual resultou a queda daquele ditador. se desenrola por anos nessa sociedade de maneira con-
d) aos conflitos entre a União Soviética e o Japão socia- flituosa e se materializa ou tem seu desfecho metaforica-
lista, na disputa pelo controle da navegação militar no mente na presença de um público ávido por mudanças
Oceano Pacífico. estruturais (...) O rock’n’roll adquire um grau de legitimi-
e) à crise estrutural do Estado soviético, levando Mikhail dade que acaba por catalisar os ideais da contracultura,
Gorbachev a propor uma abertura política e uma nova por meio de uma mensagem musical engajada e contes-
orientação econômica na União Soviética, para en- tatória”.
frentar os problemas nacionais. Emiliano Rivello

20. Em 13 de agosto de 1961 teve início a construção A foto da performance de Jimi Hendrick, diante do públi-
do Muro de Berlim. Este, que tinha por objetivo separar co jovem presente no Festival de Woodstock, em agosto
a Alemanha Ocidental da Alemanha Oriental, tornou-se de 1969, se tornou em ícone, para retratar a cultura da
um símbolo do período comumente conhecido como época. Sobre o contexto histórico e político dos Estados
Guerra Fria. Unidos que deflagrou esse movimento de contracultura
é pertinente afirmar que
Em relação ao período da Guerra Fria, assinale a alterna-
tiva correta. a) Por meio do som e das letras do rock, dos trajes colori-
dos e andróginos dos hippies, os jovens contestavam
os valores tradicionais da sociedade e política norte
a) A chamada polarização política afetava diretamente a
americana, passando a adotar uma postura favorável
vida cotidiana em ambos os lados. No lado ocidental,
às ideias socialistas.
jornais, cinema e televisão foram amplamente utiliza-
b) O foco desse festival era celebrar e reafirmar a cultura
dos na divulgação do “american way of life”. Vários hippie, celebrar a paz e o amor, por meio da música, e
cidadãos americanos foram perseguidos, presos ou protestar contra a convocação de jovens para lutar na
rechaçados por defenderem ideias próximas ao socia- Guerra da Coreia.
lismo. c) Nesse momento, a sociedade norte-americana se de-
b) A designação “Guerra Fria” refere-se a um conflito ex- frontava com a luta contra a segregação social e racial.
clusivamente ideológico. Neste período houve uma Nos palcos de Woodstock os líderes do Movimento
estagnação na produção bélica, tanto nos países da Black Power tiveram a chance de discursarem publica-
OTAN quanto nos que subscreviam o Pacto de Var- mente contra o racismo.
sóvia. d) Líderes do movimento feminista norte-americano su-
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

c) O fortalecimento dos partidos de esquerda ao longo biram ao palco, durante a apresentação da cantora Ja-
dos anos 60 na América Latina foi uma consequência nis Joplin, para protestar contra os valores tradicionais
direta da influência soviética. Vale lembrar que entre da sociedade e o preconceito, ainda existente, contra
os países participantes do Pacto de Varsóvia, e por- a mulher.
tanto comunistas, figuravam URSS, Cuba, Coreia do e) O festival aconteceu no auge da ambiência da Guerra
Norte, China, Venezuela e Brasil. Fria, em plena Guerra do Vietnã, sendo esse conflito
d) Nos países sob a influência da URSS não havia qual- um dos principais alvos de contestação do movimento
quer forma de policiamento ou controle ideológico da de contracultura, em que o rock’n’roll, assumiu a forma
população. de protesto.

117
22. O Stalinismo e o Nacional-Socialismo apresentam
semelhanças e diferenças. Uma característica divergente
entre o regime Soviético e o Nazismo foi: GABARITO

a) a prática da censura. 1 C
b) o partido único.
c) a política racista. 2 C
d) o uso da violência. 3 D
e) o culto à personalidade. 4 E
23. Rádio, Cinema, TV, diversos meios de comunicação. A 5 B
cultura de massa intensificou-se no século XX, tornando- 6 B
-se fundamental compreender a formação das ideologias
7 C
políticas daquele século e seu desenvolvimento. Sobre a
relação entre propaganda e Nazismo alemão, marque a 8 D
alternativa CORRETA. 9 A
10 D
a) Os veículos de comunicação utilizados pelos nazistas,
sob a direção do Ministro da Propaganda Joseph Go- 11 B
ebbels, eram voltados para a exaltação da diversidade, 12 C
para a construção de uma estética moderna a serviço
da nação alemã e pelo respeito aos indivíduos em sua 13 A
diversidade no contexto liberal dos anos 1930. 14 D
b) O Nazismo, para se expandir, só necessitou do sucesso 15 D
eleitoral obtido em 1932, do militarismo exacerbado e
do sentimento revanchista pré-existente na socieda- 16 A
de alemã do entreguerras, o que praticamente tornou 17 E
dispensável o recurso dos meios de comunicação de 18 A
massa.
c) A propaganda nazista era um espetáculo grandioso, 19 E
porém, sem os recursos tecnológicos adotados nas 20 A
sociedades democráticas de capitalismo mais desen- 21 E
volvido, era ineficiente quanto a seus objetivos políti-
co-ideológicos de espalhar o antissemitismo na socie- 22 C
dade alemã dos anos 1930. 23 D
d) O chauvinismo, o antissemitismo, a ideologia de su-
perioridade da raça ariana, a celebração do Führer e
do nazismo e o militarismo são algumas das caracte-
rísticas da propaganda nazista dos anos 1930, a qual
contou com os modernos recursos tecnológicos dis-
poníveis e com uma estética de espetáculo.
e) A propaganda foi, em especial, um recurso utilizado
pelas sociedades liberais capitalistas modernas, pe-
los sistemas democráticos de governo, no intuito de
desenvolver e de ampliar o consumo de mercadorias,
não tendo marcado profundamente o desenvolvimen-
to do Nazismo alemão.
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

118
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

119
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
ESPECÍFICO DA DISCIPLINA

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

120
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Equivalência e transformação de estruturas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes (gênero, número, grau e
pessoa). Processos de coordenação e subordinação. Colocação pronominal ...................................................................................... 01
Estudo, compreensão e interpretação de Texto: A significação das palavras no texto, conceito, encontros vocálicos,
Dígrafos, Ortoépia, Divisão Silábica, Prosódia-Acentuação; Conteúdo do texto: Relações semântico-discursivas entre
ideias no texto e os recursos linguísticos usados em função dessas relações; Escrita do texto; Modalizações no texto e os
recursos linguísticos usados em função dessas modalizações; Textos: publicitários, jornalísticos, instrucionais, narrativos,
poéticos, epistolares, história em quadrinhos; Linguagem verbal e não verbal ..................................................................................... 44
Fenômenos semânticos: sinonímia, homonímia, antonímia, paronímia, hiponímia, hiperonímia, ambiguidade ..................... 60
Figuras de linguagem: (comparação, metáfora, eufemismo, prosopopeia, onomatopeia, antítese, paradoxo, hipérbole,
perífrase, silepse, hipérbato, metonímia, ironia, sinestesia, aliteração); Figuras e Vícios de Linguagem ....................................... 63
Acentuação ...................................................................................................................................................................................................................... 69
Morfologia (Flexão e Emprego): Substantivo; Adjetivo; Pronome; Artigo; Preposição; Numeral; Advérbio; Interjeição;
Verbo-flexão .................................................................................................................................................................................................................... 71
Substantivo: classificação, flexão, emprego. Adjetivo: classificação, flexão, emprego. Pronome: classificação, emprego,
colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos, formas de tratamento. Verbo: conjugação, flexão, propriedades,
classificação, emprego, correlação dos modos e tempos verbais, vozes. Advérbio: classificação e emprego. Níveis de
linguagem: Linguagem denotativa e linguagem conotativa. Ortografia: Crase/Pontuação/ Ortografia: Dificuldades
ortográficas; Emprego do “s, z, g, j, ss, ç, x, ch” ................................................................................................................................................... 72
Língua portuguesa aplicada à redação de documentos ................................................................................................................................. 81
Regra padrão de concordância nominal e verbal .............................................................................................................................................. 93
Sintaxe: Elementos estruturais das palavras; Formação das palavras; Frase-oração-período; Sujeito: classificação;
Predicado: verbal, nominal e verbo-nominal; Complementos verbais, objeto direto, objeto indireto; Adjuntos
adnominais e adverbiais; Agente da passiva; Vocativo e aposto; Período composto por coordenação; Período composto
por subordinação; Colocação pronominal, pronomes átonos; Figuras de sintaxe; Termos de Oração/ Período Composto/
Conceito e classificação das orações ..................................................................................................................................................................... 104
dica o plural em oposição à ausência de morfema,
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga-
ESTRUTURAS: FLEXÃO DE SUBSTANTI- rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso
VOS, ADJETIVOS E PRONOMES (GÊNERO, dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
NÚMERO, GRAU E PESSOA). PROCESSOS plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re-
DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO. vólveres; cruz/cruzes.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi-
nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há desinências que indicam o modo e o tempo
(desinências modo-temporais) e outras que indi-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS cam o número e a pessoa dos verbos (desinência
número-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi- cant-á-va-mos:
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
da por três elementos significativos: dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
In = elemento indicador de negação primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
Estes elementos formadores da palavra recebem o subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
nome de morfemas. Através da união das informações a segunda pessoa do plural)
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não D) Vogal temática
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor- Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
nar claro”. sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
Morfemas = são as menores unidades significativas radical às desinências, é chamado de vogal temá-
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
1. Classificação dos morfemas verbos como os nomes apresentam vogais temá-
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
portador de significado. É através do radical que (da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
podemos formar outras palavras comuns a um = partir).
grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
palavras que se agrupam em torno de um mesmo quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
radical denomina-se família de palavras. da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes ríamos pensar que essas terminações são desinên-
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, vogais temáticas que se liga a desinência indica-
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio- qui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama- caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
concluir que existem morfemas que indicam as fle- temática é -a pertencem à primeira conjugação;
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
LÍNGUA PORTUGUESA

gunda conjugação e os que têm vogal temática -i


desinências. Há desinências nominais e desinên- pertencem à terceira conjugação.
cias verbais.
C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o E) Interfixos
número dos nomes. Para a indicação de gênero, o São os elementos (vogais ou consoantes) que se in-
português costuma opor as desinências -o/-a: ga- tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
roto/garota; menino/menina. Para a indicação de mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por
número, costuma-se utilizar o morfema –s, que in- exemplo:

1
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.

2. Formação das Palavras

Há em Português palavras primitivas, palavras derivadas, palavras simples, palavras compostas.


A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua portuguesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua portuguesa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só radical: azeite, cavalo.
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais de um radical: couve-flor, planalto.

As palavras compostas podem ou não ter seus elementos ligados por hífen.

2.1. Processos de Formação de Palavras

Na Língua Portuguesa há muitos processos de formação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação, a
composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.

2.2. Derivação por Acréscimo de Afixos

É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação
pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.

A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de prefixo.


In feliz / des leal
Prefixo radical prefixo radical

B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por acréscimo de sufixo.


Feliz mente / leal dade
Radical sufixo radical sufixo

C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
-se principalmente verbos.
En trist ecer
Prefixo radical sufixo

En tard ecer
prefixo radical sufixo

Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regres-
siva e a derivação imprópria.

2.3. Derivação

• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra primi-
tiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente na classe gramatical.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” deriva da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva do verbo olhar).

#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

A derivação regressiva “mexe” na estrutura da palavra, geralmente transforma verbos em substantivos:


caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra, apenas faz com que ela pertença a uma classe gramati-
cal “imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeiramente faz parte. A alteração acontece devido
à presença de outros termos, como artigos, por exemplo:
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a funcionar como substantivo devido à presença do artigo
“o”)

2
2.4. Composição a) palavra composta
b) palavra primitiva
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais c) palavra derivada
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de d) neologismo
composição: justaposição e aglutinação.
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
formam o composto são postos lado a lado, ou de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda- prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é
-roupa, segunda-feira, girassol. palavra derivada do processo de formação de palavras
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
elementos que formam o composto aglutinam-se basta “derivada”!
e pelo menos um deles perde sua integridade so-
nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
acre). Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
Abreviação – é a redução de palavras até o limite teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). SITE
Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras, ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
Classes de palavras
Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
Adjetivo
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im-
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas
tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si-
do com este em gênero e número.
glas impuras). As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
Hibridismo: é a palavra formada com elementos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam- 1. Locução adjetiva
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- freio (paixão desenfreada).
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo: Observe outros exemplos:

a) sufixação
de águia aquilino
b) prefixação
c) parassíntese de aluno discente
d) justaposição de anjo angelical
e) aglutinação
de ano anual
Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos
LÍNGUA PORTUGUESA

de aranha aracnídeo
a junção de um prefixo com um radical, portanto: de-
de boi bovino
rivação prefixal (ou prefixação).
de cabelo capilar
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – de cabra caprino
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO
de campo campestre ou rural
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
de: de chuva pluvial

3
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2. Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3. Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


LÍNGUA PORTUGUESA

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense

4
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

4. Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5. Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7. Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

5
B) Adjetivo Composto Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- elementos.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
nas o último elemento concorda com o substantivo a que duas qualidades de um mesmo elemento.
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- ferioridade
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo Sou menos passivo (do) que tolerante.
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- B) Superlativo
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso O superlativo expressa qualidades num grau muito
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo tivo e apresenta as seguintes modalidades:
composto inteiro ficará invariável. Veja:
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Camisas rosa-claro.
dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Ternos rosa-claro.
seres. Apresenta-se nas formas:
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, Observe alguns superlativos sintéticos:
vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- benéfico - beneficentíssimo
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
bom - boníssimo ou ótimo
8. Grau do Adjetivo comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- cruel - crudelíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- difícil - dificílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
doce - dulcíssimo
A) Comparativo fácil - facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
fiel - fidelíssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
ou quão. todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- todas.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
ferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rior, grande/maior, baixo/inferior. -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
 As formas menor e pior são comparativos de su- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
LÍNGUA PORTUGUESA

com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-


mau, respectivamente. nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
exemplo:
Paulo: Saraiva, 2010.

6
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
2. Classificação dos Advérbios
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
morf32.php bio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
Advérbio lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
Compare estes exemplos: fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
O ônibus chegou. aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
O ônibus chegou ontem. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
esquerda, ao lado, em volta.
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
do próprio advérbio. sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(bem) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- quando, de quando em quando, a qualquer mo-
jetivo (claros) mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
centar ideia de: pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Tempo: Ela chegou tarde. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Lugar: Ele mora aqui. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Modo: Eles agiram mal. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Negação: Ela não saiu de casa. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Dúvida: Talvez ele volte. te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
1. Flexão do Advérbio dalosamente, bondosamente, generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, bitavelmente.
porém, admitem a variação em grau. Observe: E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
modo que o comparativo do adjetivo: vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): quem sabe.
Renato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
 de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
fala melhor que João. mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
B) Grau Superlativo I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
O superlativo pode ser analítico ou sintético: bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- durante a adolescência.
nato fala muito alto. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
LÍNGUA PORTUGUESA

muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio


de modo aos meus amigos por comparecerem à festa.
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
tíssimo. Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
Observação: ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
comuns na língua popular. tarde possível.

7
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, Chegou muito cedo. (advérbio)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu Joana é muito bela. (adjetivo)
calma e respeitosamente. De repente correram para a rua. (verbo)
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
cer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro bio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
Como saber se a palavra bastante é advérbio verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefi- Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para dade e de tempo, respectivamente.
substituir o “bastante” por “muito”, estamos
diante de um advérbio; se der para substituir REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Paulo: Saraiva, 2010.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

4. Advérbios Interrogativos SITE


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? morf75.php
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
Artigo
Interrogação Direta Interrogação Indireta
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. -se como o termo variável que serve para individualizar
Onde mora? Indaguei onde morava. ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Por que choras? Não sei por que choras. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Donde vens? Pergunto donde vens. “uma”[s] e “uns]).

Quando voltas? Pergunto quando voltas. A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
res determinados, expressos de forma individual: O
5. Locução Adverbial concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
muito.
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- da! Umas candidatas foram aprovadas!
nariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
LÍNGUA PORTUGUESA

C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
em geral, frente a frente, etc. teúdo.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
hoje em dia, nunca mais, etc. admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
Janeiro, Veneza, A Bahia...
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, Quando indicado no singular, o artigo definido pode
o adjetivo e outro advérbio: indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.

8
No caso de nomes próprios personativos, denotando A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O 1. Morfossintaxe da Conjunção
Pedro é o xodó da família.
No caso de os nomes próprios personativos estarem As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
os Incas, Os Astecas...
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) 2. Classificação da Conjunção
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
dos. (qualquer classe) Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma conjunção depende da existência do outro. Veja:
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
ter é uns vinte anos. Podemos separá-las por ponto:
O artigo também é usado para substantivar palavras Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser “mas”. Já em:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
usado:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
conhecidas: O professor visitará Roma.
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
principal).
bela Roma.
3. Conjunções Coordenativas
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
sairá agora? São aquelas que ligam orações de sentido completo
Exceção: O senhor vai à festa? e independente ou termos da oração que têm a mesma
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse função gramatical. Subdividem-se em:
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
didato cuja nota foi a mais alta. ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
não), não só... mas também, não só... como também,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS bem como, não só... mas ainda.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- A sua pesquisa é clara e objetiva.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Não só dança, mas também canta.
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC- expressando ideia de contraste ou compensação.
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. no entanto, não obstante.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
SITE fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunção Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.

Além da preposição, há outra palavra também inva- D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
palavras de mesma função em uma oração: conseguinte, por isso, assim.
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e Marta estava bem preparada para o teste, portanto
São Paulo. não ficou nervosa.

9
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.

E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: que,
porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar.
Falei muito, pois não gosto do silêncio!

4. Conjunções Subordinativas

São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas dependente da outra. A oração dependente, introduzida
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado
quando ela chegou.
O baile já tinha começado: oração principal
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
ela chegou: oração subordinada

As conjunções subordinativas subdividem-se em integrantes e adverbiais:

Integrantes - Indicam que a oração subordinada por elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)

Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com
a circunstância que expressam, classificam-se em:

A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como (=
porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquan-
to, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.

C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

#FicaDica
Você deve ter percebido que a conjunção condicional “se” também é conjunção integrante. A diferença
é clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia da condição para que re-
cebamos um telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não sei se farei o concurso. Não há ideia
de condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto direto,
já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto, a oração em destaque exerce a função de objeto direto
da oração principal, sendo classificada como oração subordinada substantiva objetiva direta.

D) Conformativas: introduzem uma oração que exprime a conformidade de um fato com outro. São elas: conforme,
como (= conforme), segundo, consoante, etc.
O passeio ocorreu como havíamos planejado.

E) Finais: introduzem uma oração que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal. São
elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
LÍNGUA PORTUGUESA

F) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que e as combinações quanto mais...
(mais), quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (menos), etc.
O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.

Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida que e na medida em que.

10
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen- Psiu!
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na contexto: alguém pronunciando esta expressão na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde mando! Ei, espere!”
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
sim que), etc. Psiu!
A briga começou assim que saímos da festa. contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
pressa ideia de comparação com referência à ora- cio!”
ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
oração principal uma palavra como tal, tão, cada, gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
tanto, tamanho), etc. sante!
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
exame. nha frente.

FIQUE ATENTO! As interjeições podem ser formadas por:


 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
Muitas conjunções não têm classificação
 palavras: Oba! Olá! Claro!
única, imutável, devendo, portanto, ser clas-
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
sificadas de acordo com o sentido que apre-
Deus! Ora bolas!
sentam no contexto (destaque da Zê!).
1. Classificação das Interjeições

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Comumente, as interjeições expressam sentido de:


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Atenção! Olha! Alerta!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Paulo: Saraiva, 2010. D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Ânimo! Adiante!
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
SITE
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
morf84.php
te! Essa não! Chega! Basta!
Interjeição I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
ra Deus!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- J) Desculpa: Perdão!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
decorrente de uma situação particular, um momento ou N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
um contexto específico. Exemplos: Puxa! Pô! Ora!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
LÍNGUA PORTUGUESA

Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
hum: expressão de um pensamento súbito = inter- Deus!
jeição Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
O significado das interjeições está vinculado à ma-
neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita Saiba que:
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
em que for utilizada. Exemplos: frem variação em gênero, número e grau como os no-

11
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e palavras consideradas numerais porque denotam quan-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata década, dúzia, par, ambos(as), novena.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- 1. Classificação dos Numerais
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
2. Locução Interjetiva nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma século, par, dúzia, década, bimestre.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! #FicaDica
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
As palavras anterior, posterior, último, antepe-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
núltimo, final e penúltimo também indicam
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
posição dos seres, mas são classificadas como
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
adjetivos, não ordinais.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como inter-
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios) C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- quintos, etc.
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
Fique quieto! dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- 2. Flexão dos numerais
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira- uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
dosa e pura!” (Olavo Bilac) cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa primeiro segundo milésimo
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeira segunda milésima
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus primeiros segundos milésimos
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
primeiras segundas milésimas
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
morf89.php atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
NUMERAL Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
Numeral é a palavra variável que indica quantidade triplas do medicamento.
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
LÍNGUA PORTUGUESA

minada sequência. duas terças partes.


Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex- dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
trata de numerais, mas sim de algarismos. nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem de sentido. É o que ocorre em frases como:
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas “Me empresta duzentinho...”

12
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
3. Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.

Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
LÍNGUA PORTUGUESA

três terceiro triplo, tríplice terço


quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo

13
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

14
1. Tipos de Preposição Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Lugar = Sempre a seu lado.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Assunto = Falemos sobre futebol.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Tempo = Chegarei em instantes.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Causa = Chorei de saudade.
com. Fim ou finalidade = Vim para ficar.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Instrumento = Escreveu a lápis.
gramaticais que podem atuar como preposições, Posse = Vi as roupas da mamãe.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Autoria = livro de Machado de Assis
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Companhia = Estarei com ele amanhã.
do, senão, visto. Matéria = copo de cristal.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Meio = passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste.
lendo como uma preposição, sendo que a última
Conteúdo = frascos de perfume.
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de,
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
cima de, por trás de. locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
prepositiva por trás de.
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
a = pela. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
mas das palavras às quais ela se une. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Paulo: Saraiva, 2010.
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
 Combinação: união da preposição “a” com o ar- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. SITE
 Contração: união de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Substantivo
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal veis, as quais denominam todos os seres que existem,
do pronome “aquilo”). sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
 lugares: Alemanha, Portugal
 sentimentos: amor, saudade
#FicaDica  estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono-  qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-  ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha. to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de


go; o segundo, preposição. adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o penhadas por grupos de palavras.
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos. 2. Classificação dos Substantivos

2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci- A) Substantivos Comuns e Próprios


das por meio das preposições: Observe a definição:

15
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Substantivo coletivo Conjunto de:
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma assembleia pessoas reunidas
cidade (em oposição aos bairros). alcateia lobos
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada acervo livros
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- antologia trechos literários selecionados
tivo comum.
arquipélago ilhas
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, banda músicos
homem, mulher, país, cachorro. bando desordeiros ou malfeitores
Estamos voando para Barcelona.
banca examinadores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da batalhão soldados
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
cardume peixes
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
B) Substantivos Concretos e Abstratos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o cancioneiro canções, poesias líricas
ser que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
concílio bispos
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília. esquadra navios de guerra
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- enxoval roupas
ma.
falange soldados, anjos
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- fauna animais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou feixe lenha, capim
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza flora vegetais de uma região
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende frota navios mercantes, ônibus
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
girândola fogos de artifício
za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali- horda bandidos, invasores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem junta médicos, bois, credores, exa-
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida minadores
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento). júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
 Substantivos Coletivos
leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. matilha cães de raça
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
LÍNGUA PORTUGUESA

penca bananas, chaves


de seres da mesma espécie (abelhas).
pinacoteca pinturas, quadros
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. quadrilha ladrões, bandidos
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
ramalhete flores
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
res da mesma espécie. rebanho ovelhas

16
repertório peças teatrais, obras musicais A história sem fim
Uma cidade sem passado
réstia alhos ou cebolas As tartarugas ninjas
romanceiro poesias narrativas
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor-
revoada pássaros mes
sínodo párocos
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
talha lenha
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
tropa muares, soldados mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
turma estudantes, trabalhadores 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
vara porcos para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
3. Formação dos Substantivos se faz mediante a utilização das palavras “macho”
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
A) Substantivos Simples e Compostos macho e o jacaré fêmea.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
terra. a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
O substantivo chuva é formado por um único ele- munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
mento ou radical. É um substantivo simples. divíduo.
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
único elemento. indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois a artista.
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos-
to. Substantivos de origem grega terminados em ema
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas- sintoma, o teorema.
satempo.  Existem certos substantivos que, variando de
gênero, variam em seu significado:
B) Substantivos Primitivos e Derivados o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
de outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
derivado, pois se originou a partir da palavra limão. clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
4. Flexão dos substantivos
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
mes
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
- aluna.
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:  Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
meninão / Diminutivo: menininho ao masculino: freguês - freguesa
 Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
A) Flexão de Gênero no de três formas:
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. sultana
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-  Substantivos terminados em -or:
LÍNGUA PORTUGUESA

vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Veja estes títulos de filmes: troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
O velho e o mar  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Um Natal inesquecível cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
Os reis da praia tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
- profetisa
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que  Substantivos que formam o feminino trocando o
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: -e final por -a: elefante - elefanta

17
 Substantivos que têm radicais diferentes no mas- Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
 Substantivos que formam o feminino de maneira libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
anteriores: czar – czarina, réu - ré São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
formes telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Epicenos: coma, o hematoma.
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
forma para indicar o masculino e o feminino. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- gre. / Uma Londres imensa e triste.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se 10. Gênero e Significação
palavras macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro. Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
8. Sobrecomuns: indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
Entregue as crianças à natureza. que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi- cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
A criança chorona chamava-se João. a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
A criança chorona chamava-se Maria. (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Outros substantivos sobrecomuns: na administração da crisma e de outros sacramentos), a
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
boa criatura. cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
Marcela faleceu tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
9. Comuns de Dois Gêneros: cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; a voga (moda).
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
repórter francês - repórter francesa. B) Flexão de Número do Substantivo
A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se Em português, há dois números gramaticais: o singu-
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: rística do plural é o “s” final.
LÍNGUA PORTUGUESA

O problema está nas mulheres de mais idade, que não 11. Plural dos Substantivos Simples
aceitam a personagem.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
fotográfico Ana Belmonte. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o Exceção: cânon - cânones.
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
proclama, o pernoite, o púbis. em “ns”: homem - homens.

18
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raí- mens
zes. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

Atenção: B) Flexiona-se somente o segundo elemento,


O plural de caráter é caracteres. quando formados de:
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, alto-falantes
cônsul e cônsules. palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de -recos
duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. quando formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
Observação: -de-colônia e águas-de-colônia
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada). valo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como deter-
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
duas maneiras: tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses peixe-espada - peixes-espada.
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
de três maneiras. saca-rolhas
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães 13. Casos Especiais
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
o louva-a-deus e os louva-a-deus
Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam o bem-te-vi e os bem-te-vis
dois – e até três – plurais: o bem-me-quer e os bem-me-queres
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião –
anciões/anciães/anciãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.
charlatão – charlatões/charlatães cor-
rimão – corrimãos/corrimões 14. Plural das Palavras Substantivadas
guardião – guardiões/guardiães vilão
– vilãos/vilões/vilães As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
o látex - os látex. Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
12. Plural dos Substantivos Compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.

A formação do plural dos substantivos compostos Observação:


depende da forma como são grafados, do tipo de pa- Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
lavras que formam o composto e da relação que esta- não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen seis e alguns dez.
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
malmequer/malmequeres. 15. Plural dos Diminutivos
LÍNGUA PORTUGUESA

O plural dos substantivos compostos cujos elementos


são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
dos de: pãe(s) + zinhos = pãezinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
animai(s) + zinhos = animaizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
feitos botõe(s) + zinhos = botõezinhos

19
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos porto portos
farói(s) + zinhos = faroizinhos posto postos
tren(s) + zinhos = trenzinhos tijolo tijolos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
flore(s) + zinhas = florezinhas sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
mão(s) + zinhas = mãozinhas etc.
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
Observação:
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
funi(s) + zinhos = funizinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
pé(s) + zinhos = pezinhos as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
pé(s) + zitos = pezitos
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
sempre que a terminação preste-se à flexão. Aqui morreu muito negro.
Os Napoleões também são derrotados. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
As Raquéis e Esteres. improvisadas.

17. Plural dos Substantivos Estrangeiros C) Flexão de Grau do Substantivo

Substantivos ainda não aportuguesados devem ser Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
shorts, os jazz. rado normal. Por exemplo: casa
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- nho do ser. Classifica-se em:
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
os réquiens. jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Observe o exemplo: Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
18. Plural com Mudança de Timbre nho do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
Certos substantivos formam o plural com mudança vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.

Singular Plural REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


corpo (ô) corpos (ó) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
fogo fogos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
forno fornos Paulo: Saraiva, 2010.

fosso fossos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,


LÍNGUA PORTUGUESA

imposto impostos Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira


Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
olho olhos
São Paulo: Saraiva, 2002.
osso (ô) ossos (ó)
ovo ovos SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
poço poços
morf12.php

20
Pronome Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- flores.
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma Os pronomes retos apresentam flexão de número,
forma. gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
homem destrói a natureza... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é assim configurado:
superior à natureza, por isso ele a destrói... 1.ª pessoa do singular: eu
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- 2.ª pessoa do singular: tu
mos (homem e natureza). 3.ª pessoa do singular: ele, ela
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do plural: nós
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do plural: vós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do plural: eles, elas
referência exata daquilo que está sendo colocado por
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- Esses pronomes não costumam ser usados como
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- complementos verbais na língua-padrão. Frases como
mais pronomes têm por função principal apontar para as “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
ma específica para cada pessoa do discurso. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. -me até aqui”.
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se formas verbais marcam, através de suas desinências, as
fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. boa viagem. (Nós)
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
se fala] B) Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras sentença, exerce a função de complemento verbal
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência jeto indireto)
através do pronome seja coerente em termos de gênero
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, Observação:
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
nossa escola neste ano. diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
cia adequada] complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
[neste: pronome que determina “ano” = concordância variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
adequada] suem, podendo ser átonos ou tônicos.
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
cordância inadequada] 2. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. nica fraca: Ele me deu um presente.
Lista dos pronomes oblíquos átonos
1. Pronomes Pessoais 1.ª pessoa do singular (eu): me
2.ª pessoa do singular (tu): te
São aqueles que substituem os substantivos, indi- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se 2.ª pessoa do plural (vós): vos
LÍNGUA PORTUGUESA

os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.

A) Pronome Reto

21
A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
peciais depois de certas terminações verbais: frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o de companhia: Ele carregava o documento consigo.
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
mesmo tempo que a terminação verbal é su- Ela veio até mim, mas nada falou.
primida. Por exemplo: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
2. Quando o verbo termina em som nasal, o por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
pronome assume as formas no, nos, na, nas. soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
Por exemplo: próprios, todos, ambos ou algum numeral.
viram + o: viram-no Você terá de viajar com nós todos.
repõe + os = repõe-nos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
retém + a: retém-na notícias.
tem + as = tem-nas Ele disse que iria com nós três.

3. Pronome Reflexivo
B.2 Pronome Oblíquo Tônico São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a a ação expressa pelo verbo.
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
ção tônica forte. Lista dos pronomes reflexivos:
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco lherme já se preparou.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Ela deu a si um presente.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Antônio conversou consigo mesmo.

Observe que as únicas formas próprias do pronome 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do com esta conquista.
caso reto. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
As preposições essenciais introduzem sempre prono- conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da #FicaDica
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
forma: O pronome é reflexivo quando se refere à
Não há mais nada entre mim e ti. mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. to): Eu me arrumei e saí.
Não há nenhuma acusação contra mim. É pronome recíproco quando indica reci-
Não vá sem mim. procidade de ação: Nós nos amamos. / Olha-
mo-nos calados.
Há construções em que a preposição, apesar de sur- O “se” pode ser usado como palavra exple-
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma tiva ou partícula de realce, sem ser rigoro-
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- samente necessária e sem função sintática: Os
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
nome, deverá ser do caso reto. que eles se foram?
LÍNGUA PORTUGUESA

Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.


Não vá sem eu mandar.
C) Pronomes de Tratamento
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
para mim! pessoa. Alguns exemplos:

22
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral ou
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
professores de curso superior, ministros de Estado e de teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso) 4. Pronomes Possessivos
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer-
sidades São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- (coisa possuída).
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
nários de igual categoria singular)
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
de direito
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento NÚMERO PESSOA PRONOME
cerimonioso singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
singular segunda teu(s), tua(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- singular terceira seu(s), sua(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- plural primeira nosso(s), nossa(s)
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- plural segunda vosso(s), vossa(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a plural terceira seu(s), sua(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, Note que:
ultraformal ou literária. A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
Observações: objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de naquele momento difícil.
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es- Observações:
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
encontro.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
obrigado, seu José.
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
posse. Podem ter outros empregos, como:
ca, agiu com propriedade.
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- anos.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
excelência que esse deputado supostamente tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
para poder ocupar o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita celência trouxe sua mensagem?
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
possessivos e os pronomes oblíquos empregados vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhe- oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
cidos. seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
LÍNGUA PORTUGUESA

ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,


ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi- para que não ocorra redundância: Coloque tudo
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começa- nos respectivos lugares.
mos a chamar alguém de “você”, não poderemos 5. Pronomes Demonstrativos
usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
bo na terceira pessoa. São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
teus cabelos. (errado) pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

23
A) Em relação ao espaço:  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses-
te.)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
quem se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
relação à pessoa que fala:  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esta manhã farei a prova do concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
rém relativamente próximo à época em que se situa a fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
pessoa que fala: à mencionada em primeiro lugar.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
remoto: deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Naquele tempo, os professores eram valorizados. que estava vendo. (no = naquilo)

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 6. Pronomes Indefinidos


falará ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
lará: quantidade indeterminada.
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
ortografia, concordância. -plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- ser humano que seguramente existe, mas cuja identida-
mos! de é desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se
em:
Este e aquele são empregados quando se quer fazer
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
termo referido em primeiro lugar e este para o referido lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
por último: res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Algo o incomoda?
Paulo], aquele [Palmeiras]) Quem avisa amigo é.

ou B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um


ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São certa(s).
LÍNGUA PORTUGUESA

Paulo], aquele [Palmeiras]) Cada povo tem seus costumes.


Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Certas pessoas exercem várias profissões.
invariáveis, observe:
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), Note que:
aquela(s). Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. nomes indefinidos adjetivos:
Também aparecem como pronomes demonstrativos: algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-

24
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qual-
quer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.

Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e invariáveis. Observe:


 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pou-
ca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros,
quantos, algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, cada.

*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plural é
feito em seu interior).
Todo e toda no singular e junto de artigo significa inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.

7. Pronomes Relativos

São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).

O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.

Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
LÍNGUA PORTUGUESA

encantado: o sítio ou minha tia?).


Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.

25
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)

Ele fez tudo quanto havia falado.


(antecedente)
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.

É um professor a quem muito devemos.


(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.

8. Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
LÍNGUA PORTUGUESA

diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de preposição.


A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

26
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira ria. Veja: Não se realizará...
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
São Paulo: Saraiva, 2002. nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
SITE clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ nharia nessa viagem).
morf42.php
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
9. Colocação Pronominal A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos  Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
pronomes oblíquos átonos na frase. Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
#FicaDica Não era minha intenção machucá-la.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- se inicia período com pronome oblíquo).
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, Vou-me embora agora mesmo.
memorize: Levanto-me às 6h.
OBlíquo = OBjeto!  Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- proposta fazendo-se de desentendida.
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. 10. Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.  Após verbo no particípio = pronome depois do
A próclise é usada:
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura!
 Quando o verbo estiver precedido de palavras
Eu tenho me deliciado com a leitura!
que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
Eu me tenho deliciado com a leitura!
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
nas locuções verbais:
jamais, etc.: Não se desespere!
Vamos nos unir!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Iremos nos manifestar.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
 Quando há um fator para próclise nos tempos
quem tudo!
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
esforçou. do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu- vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo-
nidade. cupar”).
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
 Orações iniciadas por palavras interrogativas: 11. Emprego de o, a, os, as
Quem lhe disse isso?
 Orações iniciadas por palavras exclamativas:  Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
Quanto se ofendem! os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas): Chame-o agora.
Que Deus o ajude. Deixei-a mais tranquila.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o  Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
material amanhã. / Tu sabes cantar? tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
LÍNGUA PORTUGUESA

Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
verbo. A mesóclise é usada:
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-  Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: para no, na, nos, nas.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Chamem-no agora.
prol da paz no mundo. Põe-na sobre a mesa.

27
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
#FicaDica
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig- dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
nifica “antes”! Pronome antes do verbo! bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
depois do verbo! não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo radical): opinei, aprenderão, amaríamos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3. Classificação dos Verbos


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Classificam-se em:
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São cal inalterado durante a conjugação e desinências
Paulo: Saraiva, 2010. idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
SITE bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao- Modo Indicativo:
-pronominal-.html
canto falo
Observação: Não foram encontradas questões
cantas falas
abrangendo tal conteúdo.
canta falas
VERBO cantamos falamos
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número, cantais falais
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme- #FicaDica
no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
Observe que, retirando os radicais, as desi-
1. Estrutura das Formas Verbais nências modo-temporal e número-pessoal
mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar outro verbo e perceberá que se repetirá o
os seguintes elementos: fato (desde que o verbo seja da primeira
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi- conjugação e regular!). Faça com o verbo
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal- “andar”, por exemplo. Substitua o radical
-ava; fal-am. (radical fal-) “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que andar). Viu? Fácil!
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
exemplo: fala-r. São três as conjugações: B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). fizesse.
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: Observação:
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
número (singular ou plural): permanece inalterado.
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
(indica a 3.ª pessoa do plural.) jugação completa. Os principais são adequar, pre-
caver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO! e, normalmente, são usados na terceira pessoa do


O verbo pôr, assim como seus derivados singular. Os principais verbos impessoais são:
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conju-
gação, pois a forma arcaica do verbo pôr era 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
poer. A vogal “e”, apesar de haver desapareci- zar-se ou fazer (em orações temporais).
do do infinitivo, revela-se em algumas formas Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
do verbo: põe, pões, põem, etc. Existiam)

28
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.

3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal,
ou seja, terá conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência
a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como
hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
LÍNGUA PORTUGUESA

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento

29
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
LÍNGUA PORTUGUESA

és foste eras foras serás serias


é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

30
4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
LÍNGUA PORTUGUESA

estejas estivesses estiveres está estejas


esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

31
4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam
4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
LÍNGUA PORTUGUESA

tens tiveste tinhas tiveras terás terias


tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

32
4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.
5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Viver é lutar. (= vida é luta)


É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

33
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)
8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
A) Tempos do Modo Indicativo

Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.


Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Tempos do Modo Subjuntivo

Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

34
FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
LÍNGUA PORTUGUESA

cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS


cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

35
1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantES vendAS partAS E A S


cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

36
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais CantAI vós Que vós canteis


Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

37
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

38
1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
#FicaDica
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
Não confundir o emprego reflexivo do verbo substancialmente o sentido da frase.
com a noção de reciprocidade: O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Os lutadores feriram-se. (um ao outro) Sujeito da Ativa objeto Direto
Nós nos amamos. (um ama o outro)
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
(Voz Passiva)
1. Formação da Voz Passiva Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
A voz passiva pode ser formada por dois processos: o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
analítico e sintético. ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte tempo.
maneira: Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exem- nos.
plo: Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: los mestres.
os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
Observações:
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
da preposição por, mas pode ocorrer a construção
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle-
cada de soldados. xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente,
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar paciente ou agente paciente.
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
transformação das frases seguintes: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- Paulo: Saraiva, 2010.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ativa) ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) SITE


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
tivo) morf54.php

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
sume o mesmo tempo e modo do verbo principal 1. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
da voz ativa. Observe a transformação da frase se- TRATIVA – FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez
guinte: não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom-
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significa-
tiva para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
fora dela.
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa,
LÍNGUA PORTUGUESA

verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os


seguido do pronome apassivador “se”. Por exemplo: elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
Abriram-se as inscrições para o concurso. por:
Destruiu-se o velho prédio da escola. a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem
Observação: c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam
O agente não costuma vir expresso na voz passiva d) acrescentariam − trariam− contribuíram
sintética. e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram

39
Resposta: Letra E. 4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ-
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des- RIA – FCC – 2012)
taque): ...ela nunca alcançava a musa.
Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
riam verbal resultante será:
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam a) alcança-se.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri- b) foi alcançada.
buíram c) fora alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram d) seria alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri- e) era alcançada.
buíram = correta
Resposta: Letra E.
2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no
TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun-
do elemento sublinhado na seguinte frase: ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era =
que dispenso aos homens religiosos. imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de presente, seria = futuro do pretérito).
que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
mente virtuosos. 5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin- ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
dir os que se dizem homens de fé. TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui che-
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada gando à constatação de que todo perfil de rede social é um
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. retrato ideal de nós mesmos.
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al-
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
substituído por:
a) ademais.
Resposta: Letra C.
b) conquanto.
Corrigindo o inadequado:
c) porquanto.
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
d) entretanto.
milar ao que dispenso aos homens religiosos.
e) apesar.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens RESPOSTA: Letra D.
verdadeiramente virtuosos. Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo-
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) sição). A substituição deve utilizar outra de mesma
não podem prescindir os que se dizem homens de fé. classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito do. A correta é entretanto.
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei- 6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm. TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre pa-
rênteses deverá flexionar-se no singular para preencher
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO adequadamente a lacuna da frase:
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRABALHO – FCC – 2012) a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
bal obtida será: b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre
o peso de suas mais graves decisões.
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer)
a) seria despertada. tomar decisões sem medir suas consequências.
b) teria sido despertada. d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos-
c) despertar-se-á.
LÍNGUA PORTUGUESA

tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.


d) fora despertada. e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco-
e) teriam despertado. menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
humana.
Resposta: Letra A.
Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático Resposta: Letra C.
Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A Flexões em destaque e sublinhei os termos que esta-
ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus. belecem concordância:

40
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou-
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis-
sobre o peso de suas mais graves decisões. ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em
re tomar decisões sem medir suas consequências. = casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce de conservação de documentos”, disse Cavalcanti.
a função de sujeito (subjetiva) O termo sublinhado faz referência a
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos-
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. a) pessoas.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, b) acervo.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta c) Academia.
a dor humana. d) tempo.
e) casa.
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem Resposta: Letra B.
Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As- Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual)
sis... é muito difícil de ser guardado...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
frase acima está em: 10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... A forma verbal está corretamente transposta para a voz
passiva em:
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
paço...
a) estava organizando
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
b) tinha organizado
Charles Baudelaire.
c) organizando-se
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
d) foi organizado
ros na literatura...
e) está organizado
e) ... para depois casá-las...
Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A. Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou)
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati- e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao
vo. Procuremos nos itens: passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In- verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá
dicativo a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei- o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi
to do Indicativo organizado pelo marechal.
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo 11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
elas) a comer...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – sublinhado acima está também sublinhado em:
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his- as amas...
tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in-
período, o segmento destacado deverá ser antecedido dústria de consumo...
de vírgula e substituído por d) E, mesmo que se esforcem muito [...]
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
a) perante ao qual
b) de cujo RESPOSTA: Letra D.
c) o qual que nos ajude = presente do Subjuntivo
LÍNGUA PORTUGUESA

d) frente à quem Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo


e) de quem Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Resposta: Letra E. Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi-
Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves cativo
Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alter- Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo
nativa que substitui corretamente o trecho destacado é Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In-
“de quem ouvi oralmente”. dicativo

41
12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Resposta: Letra E.
FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
verbal resultante será: pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.

a) é privilegiado. 15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO


b) sendo privilegiadas. – SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP – 2017) Consi-
c) são privilegiados. dere as seguintes frases:
d) foi privilegiado. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
e) são privilegiadas. Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!
Resposta: Letra C. Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva empregados nessas frases está em destaque em:
(auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e
o mundo são privilegiados pelo modelo ainda domi- a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
nante. com que o cérebro humano não considere útil gravar
esses dados [...]
13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
– FCC – 2016) Empregam-se todas as formas verbais de -número de informações.
acordo com a norma culta na seguinte frase: c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele...
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em
não poderia receber qualquer tipo de retificação. que morou quando era criança?
b) Os documentos com assinatura digital disporam de e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu-
algoritmos de criptografia que os protegeram. zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...]
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
contar com a proteção de uma assinatura digital. Resposta: Letra D.
d) Quem se propor a alterar um documento criptogra- Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati-
fado deve saber que comprometerá sua integridade. vo (expressam ordem). Vamos aos itens:
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos
comprometer a integridade dos documentos. fazem = presente do Indicativo
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo
Resposta: Letra E.
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
= presente do Indicativo
ticidade, o documento não poderia receber qualquer
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo
tipo de retificação.
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre-
Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
sente do Indicativo
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
protegeram.
16. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos CIAL – VUNESP – 2014) Assinale a alternativa em que a
poderam (puderam) contar com a proteção de uma palavra em destaque na frase pertence à classe dos adje-
assinatura digital. tivos (palavra que qualifica um substantivo).
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
mento criptografado deve saber que comprometerá a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
sua integridade. tanásia...
Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie- b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
rem sem comprometer a integridade dos documentos c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
= correta a morte.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁRIO – e) E como seria a verdadeira boa morte?
FCC – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a
trajetória da utopia no país. Resposta: Letra E.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma Em “a”: Existe grande confusão = substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA

verbal resultante será: Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor-


te = pronome
a) foram marcados. Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando
b) foi marcado. distanciar a morte = substantivo
c) são marcados. Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
d) foi marcada. Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad-
e) é marcada. jetivo

42
17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – c) sejam ... mantivessem
2014) As formas verbais conjugadas no modo impera- d) seja ... mantivessem
tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão e) seja ... mantêm
destacadas em
Resposta: Letra C.
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- Completemos as lacunas e depois busquemos o item
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
incomuns. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pro estúdio e ponha a rádio no ar. pertences, conservando-os junto ao corpo.
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o 20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
locutor não chegava para os textos de abertura, pu- CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à
blicidade, chamadas. escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audio-
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual- visuais. – as palavras em destaque expressam, correta e
quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já respectivamente, circunstâncias de
suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
vras. a) dúvida e modo.
b) dúvida e tempo.
Resposta: Letra C. c) modo e afirmação.
Aos itens: d) negação e lugar.
Em “a”: há = presente / acabam = presente / são = e) negação e tempo.
presente
Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté- Resposta: Letra E.
rito perfeito “não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de
Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo tempo.
imperativo afirmativo (ordens)
Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretéri- 21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
to imperfeito / chegava = pretérito imperfeito 2013) Assinale a alternativa que completa respectiva-
Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa-
drão de conjugação verbal.
18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
Em – O destino me prestava esse pequeno favor: comple- quando __________ um diploma de mestrado, mas há
tava minha identificação com o resto da humanidade, que aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
tem sempre para contar uma história de objeto achado; cursos profissionalizantes.
– o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
expressão: a) obtiver … divirgem
b) obter … divergem
a) o resto da humanidade. c) obtesse … devirgem
b) esse pequeno favor. d) obter … divirgem
c) minha identificação. e) obtiver … divergem
d) O destino.
e) completava. Resposta: Letra E.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio-
Resposta: Letra A. nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há
Completava minha identificação com o resto da huma- aqueles que divergem de opinião e procuram investir
nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his- em cursos profissionalizantes.
tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
o resto da humanidade. 22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP –
2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que
19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) modifica o substantivo, com ele concordando em gênero
Considere o trecho a seguir. e número, assinale a alternativa em que a palavra desta-
LÍNGUA PORTUGUESA

É comum que objetos ____________ esquecidos em locais cada é um adjetivo.


públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per- a) ... um câncer de boca horroroso, ...
tences, conservando-os junto ao corpo. b) Ele tem dezesseis anos...
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- c) Eu queria que ele morresse logo, ...
mente, as lacunas do texto. d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
a) sejam ... mantesse mílias.
b) sejam ... mantém e) E o inferno não atinge só os terminais.

43
Resposta: Letra A.
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às famílias = substantivo
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = substantivo

ESTUDO, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: A SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS


NO TEXTO, CONCEITO, ENCONTROS VOCÁLICOS, DÍGRAFOS, ORTOÉPIA, DIVISÃO SILÁBI-
CA, PROSÓDIA-ACENTUAÇÃO; CONTEÚDO DO TEXTO: RELAÇÕES SEMÂNTICO-DISCURSI-
VAS ENTRE IDEIAS NO TEXTO E OS RECURSOS LINGUÍSTICOS USADOS EM FUNÇÃO DESSAS
RELAÇÕES; ESCRITA DO TEXTO; MODALIZAÇÕES NO TEXTO E OS RECURSOS LINGUÍSTICOS
USADOS EM FUNÇÃO DESSAS MODALIZAÇÕES; TEXTOS: PUBLICITÁRIOS, JORNALÍSTICOS,
INSTRUCIONAIS, NARRATIVOS, POÉTICOS, EPISTOLARES, HISTÓRIA EM QUADRINHOS;
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL.

Interpretação Textual

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de pro-
duzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma informação que se liga com a
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto
original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações.
Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.

Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir
daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argumentações (ou explicações), que levam ao esclare-
cimento das questões apresentadas na prova.

Normalmente, em uma prova, o candidato deve:


 Identificar os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade.
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
 Parafrasear = reescrever o texto com outras palavras.

Condições básicas para interpretar

Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese;
capacidade de raciocínio.

Interpretar/Compreender

Interpretar significa:
LÍNGUA PORTUGUESA

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.


Através do texto, infere-se que...
É possível deduzir que...
O autor permite concluir que...
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.

44
O texto diz que... Dicas para melhorar a interpretação de textos
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-  Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
ção... ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
O narrador afirma... muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
mais informação você absorver com a leitura, mais
Erros de interpretação chances terá de resolver as questões.
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-
 Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se rompa a leitura.
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
sai do contexto, acrescentando ideias que não
forem necessárias.
estão no texto, quer por conhecimento prévio  Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
do tema quer pela imaginação. conclusão).
 Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se  Volte ao texto quantas vezes precisar.
atenção apenas a um aspecto (esquecendo que  Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as
um texto é um conjunto de ideias), o que pode do autor.
ser insuficiente para o entendimento do tema  Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
desenvolvido. lhor compreensão.
 Contradição = às vezes o texto apresenta ideias  Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con- cada questão.
clusões equivocadas e, consequentemente, er-  O autor defende ideias e você deve percebê-las.
rar a questão.  Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação de
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em que muito bem essas relações.
uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-  Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
deração é o que o autor diz e nada mais. seja, a ideia mais importante.
 Nos enunciados, grife palavras como “correto”
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
Coesão e Coerência hora da resposta – o que vale não somente para
Interpretação de Texto, mas para todas as demais
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que questões!
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre  Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um clusão.
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o  Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
que se vai dizer e o que já foi dito. pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre tem a outros vocábulos do texto.
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; SITES
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam- Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor com/materiais/portugues/como-interpretar-textos>
semântico, por isso a necessidade de adequação ao an- Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
tecedente. 09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-
-provas>
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que html>
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân- Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi-
cia, a saber: nho/questoes/questao-117-portugues.htm>
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa) EXERCÍCIOS COMENTADOS
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
AOCP-2015)
LÍNGUA PORTUGUESA

como (modo)
onde (lugar)
quando (tempo) O verão em que aprendi a boiar
quanto (montante) Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
Exemplo: pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
Falou tudo QUANTO queria (correto) éramos
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
aparecer o demonstrativo O). IVAN MARTINS

45
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre- na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
gosto especial. afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor- po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci- se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada
Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos
as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada
a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
insuspeitada. relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare- ma relaxada e consciente um grande amor.
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que, Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in- pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
teiramente. eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi-
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des- sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
coberta temporã. emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra- águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con- A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se
segui boiar. aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos-
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito síveis.
anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
esqueceram de como tudo isso é bom. mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das pode tentar boiar.
montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar-
ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
isso, curiosamente, não é fácil. De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To-
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so- dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de
bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de apren- a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar
der ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal-
de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incor- ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos
porando novidades que nos transformam. Somos gene- medo.
ticamente elaborados para lidar com o novo, mas não b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona-
só. Também somos profundamente modificados por ele. mentos amorosos para que eles não se desfaçam.
A cada momento da vida, quando achamos que tudo já c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio-
aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam
uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz vividos intensamente.
de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras. d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in-
Suspeito que isso tenha importância também para os re- clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas.
lacionamentos. e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a acontecer.
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten-


conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen- mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia menos medo = correta.
do outro e de si mesmo, no mundo. Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci- cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
sam ser aprendidas. = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais

46
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com-
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco-
objetivo nos relacionamentos. nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis.
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo- 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
rosas = incorreta – ser mais emoção.
Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos, Lastro e o Sistema Bancário
porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando, [...]
não pensando em algo ruim. Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013) metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. se deram conta de que ninguém estava interessado em
Suas consequências sobre a economia das famílias e das trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela- serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
cionam-se em suas operações de compra, venda e troca que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô- como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
de consumo, corresponde à realização de ao menos uma deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
operação de natureza monetária junto a um intermediá- economias seguramente guardadas.
rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
um depósito, paga um cheque, desconta um título ou -ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e
antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida- principalmente de valores em contas bancárias, já não
de do sistema que intermedeia as operações monetárias, tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
portanto, é fundamental para a própria segurança e esta- do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o
bilidade das relações entre os agentes econômicos. banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em
A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de
contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os uma decisão administrativa, e assim entra na economia.
titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro Essa explicação permaneceu controversa e escondida
e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio, por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do
em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em Bank of England de 2014.
estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
credibilidade no sistema financeiro. A experiência bra- são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
sileira com o Plano Real é singular entre os países que
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
adotaram políticas de estabilização monetária, uma vez
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
que a reversão das taxas inflacionárias não resultou na
números em uma tabela com meu nome e pede que eu
fuga de capitais líquidos do sistema financeiro para os
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar
ativos reais.
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar,
Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o
ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di-
existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a
criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si- única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim,
multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa-
moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro. do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela dinheiro tomei.
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: < Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
www.bcb.gov.br > (com adaptações). moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibi- dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
lidade de se preverem as consequências de ambos os der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
LÍNGUA PORTUGUESA

fenômenos. 80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%


mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
( ) CERTO ( ) ERRADO [...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventan-
Resposta: Certo. Conclui-se da leitura do texto que do-dinheiro/
a comparação entre “crise bancária” e “vendaval” em- Acessado em 20/03/2018
basa-se na impossibilidade de se preverem as conse- De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-
quências de ambos os fenômenos. rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

47
a) tornar ilimitada a produção de dinheiro. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
b) proteger os bens dos clientes de bancos. pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
c) impedir que os bancos fossem à falência. seguinte informação:
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas. a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
metidos no Rio;
Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
banqueiros se deram conta de que ninguém estava -feita;
interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma- c) a linguagem do personagem mostra intimidade com
nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui- o interlocutor;
to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char-
nos cofres. ge;
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in- e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
correta sença do Exército.
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
correta
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência = Resposta: Letra D.
incorreta
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
correta
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
reta

4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)


A leitura do texto permite a compreensão de que

a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos. NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se-
b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi- guinte informação:
nário. Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri-
c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes. mes cometidos no Rio = inferência correta
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”. Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen-
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados. do bem-feita = inferência correta
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida-
Resposta: Letra A. de com o interlocutor = inferência correta
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local
bancos = correta da charge = incorreta
Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam
imaginário = nem todo a presença do Exército = inferência correta
Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou- 6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR –
tros clientes CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014)
Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
-mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre- As primeiras moedas, peças representando valores, ge-
-mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear. ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi- século VII a.C. As características que se desejava ressaltar
vidados = desde que não paguem a dívida eram transportadas para as peças por meio da panca-
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de neles empregados.
2018. Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
LÍNGUA PORTUGUESA

valor monetário das moedas, que quase sempre, na atua-


lidade, apresentam figuras representativas da história, da
cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança le-
vou ao surgimento dos bancos. Os negociantes de ouro
e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passa-
ram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de

48
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar- Oportunismo à Direita e à Esquerda
dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
como meio de pagamento por seus possuidores, por ser Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé- leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
instituições bancárias. conforme estabelecido na legislação.
Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
1694/1984. nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
Depreende-se do texto que duas características das se beneficiar do barateamento do combustível.
moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
de formas em sua superfície e a associação de seu valor para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
monetário a atributos como beleza.
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
( ) CERTO ( ) ERRADO
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
características das moedas se mantiveram ao longo do que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a Forças Armadas etc.
associação de seu valor monetário a atributos como A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
beleza = errado (é o inverso). suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex- do, do qual depende a sobrevivência física da população.
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re- autoridades desenvolvam planos de contingência.
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do O Globo, 31/05/2018.
poder das sociedades.
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca-
7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados
denota, além da agressão física, diversos tipos de impo- em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se-
sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer”
ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de é
determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento.
manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em b) garantir-se o direito de reunião e de greve.
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é: c) lastrear leis e regras na Constituição.
d) punirem-se os responsáveis por excessos.
a) Presa por mensagem racista na internet; e) concluírem-se as investigações sobre a greve.
b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
expressão do pensamento. = incorreto
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. =
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
incorreto
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor-
Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra- reto
cista na internet = como a repressão política, familiar Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
ou de gênero Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- = incorreto
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
nero devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
nico = não consta na Manchete acima acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na sos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Rússia = como a repressão política, familiar ou de gê-


nero 9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – CES-
Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do trabalho PE-2018)
escravo = o desgaste causado pelas condições de tra-
balho Texto CG1A1AAA

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-

49
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica- b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz. c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? d) etapas para a construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e) consequências da construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber-
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru-
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi- ção da cultura da paz. = incorreto
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da paz. = incorreto
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
em sentido negativo, quando se traduz em um estado Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade = incorreto
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a para construção da paz.
prática da não violência para resolver conflitos, a prática
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- 10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU-
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope- NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão
ração planejada e o movimento constante da instalação
de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
samento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos (https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)
exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo- Considerando a relação entre a fala do personagem e a
cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par- imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular
lamentos e centros de comunicação e associações. a onda é a necessidade de
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento a) demonstrar respeito às religiões.
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor- b) realizar um ritual místico.
çando as instituições democráticas, promovendo a liber- c) divertir-se com os amigos.
dade de expressão, preservando a diversidade cultural e d) preservar uma tradição familiar.
o ambiente.
e) esquivar-se da sujeira da água.
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re-
LÍNGUA PORTUGUESA

brar a educação para a paz.


ligiões. = incorreto
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas:
Em “b”: realizar um ritual místico. = incorreto
desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adap- Em “c”: divertir-se com os amigos. = incorreto
tações). Em “d”: preservar uma tradição familiar. = incorreto
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão Em “e”: esquivar-se da sujeira da água.
de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi- O personagem pula a onda para que não seja atingido
dos como pelo lixo que se encontra no mar.

50
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VUNESP-2015) Leia a tira.

(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)


Com sua fala, a personagem revela que

a) a violência era comum no passado.


b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

Resposta: Letra C. Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto


Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. = incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violência está banalizada, nem há mais “punições” para os agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTERIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)

É correto associar o humor da charge ao fato de que

a) os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de completo confi-
namento.
b) os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com a
aparência.
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro por eles
nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se encontram.

Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma
situação de completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de
criminosos. = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com
a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro
por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

51
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) expectativa, que é:

Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
as figurinhas da Copa b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
naleiros estão levando seus estoques para casa quando cionar figurinhas; = incorreto
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- esportivos;
dos por mensagens de celular. Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa reto
adequada é: Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
pelo filho; = incorreto
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
celular e da carteira nos roubos urbanos; trário. = incorreto
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car- O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
teira como alvo de desejo dos assaltantes; incomum: assuntos sociais.
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa; 15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser-
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa ve a charge abaixo.
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

Resposta: Letra B. Em “a”: as figurinhas da Copa


passaram a ocupar o lugar do celular e da carteira nos
roubos urbanos; = incorreto
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes;
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da
Copa nas bancas de jornais; = incorreto
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no
alvo principal dos ladrões. = incorreto No caso da charge, a crítica feita à internet é:
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva;
passaram a ser alvo dos assaltantes. b) a falta de exercícios físicos nas crianças;
c) o risco de contatos perigosos;
14. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- d) o abandono dos estudos regulares;
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) e) a falta de contato entre membros da família.

16. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-


2018) Observe a charge a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

52
A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking, 18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
destacando o fato de o cientista: ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)

a) ter alcançado o céu após sua morte;


b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
e) localizar seus interesses nos estudos de Física.

Resposta: Letra A. Em “a”: a criação de uma depen-


dência tecnológica excessiva;
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = in-
correto
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto A produção da obra acima, Os Retirantes (1944), foi rea-
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = lizada seis anos depois da publicação do romance Vidas
incorreto Secas. Nessa obra, ao abordar a miséria e a seca clara-
Através da fala do garoto chegamos à resposta: de- mente vistas através da representação de uma família de
pendência tecnológica - expressa em sua fala. retirantes, Cândido Portinari

Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
sua morte; = incorreto personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; b) permite visualizar a degradação da figura humana e
= incorreto o retrato da figura da morte afugentada pelos perso-
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- nagens.
reto c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. à desigualdade social.
= incorreto d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
távamos esperando”. tos da realidade observável.

17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI- Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática,
NISTRATIVA – IBFC-2017) assim como a descrição dos personagens e do am-
biente, de forma sutil e dinâmica.
Texto II Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu-
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos
personagens.
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co-
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela-
cionados à desigualdade social.
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe
aos fatos da realidade observável.
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi-
A observação dos elementos não verbais do texto é res- cos de uma família vítima da seca.
ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
de tais elementos, deve ser entendida como: Linguagem Verbal e Não Verbal

a) complementar. O que é linguagem? É o uso da língua como forma de


b) semelhante. expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
c) conflitante. não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
d) antitética. critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos
LÍNGUA PORTUGUESA

e) idealizada. comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?


Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
Resposta: Letra D. As imagens mostram um con- a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
traste entre o desenvolvimento do computador e do utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
homem; enquanto aquele vai se tornando mais “fino, ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
elegante”, este fica sedentário, engorda. A palavra verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando
“antitética” significa “oposta, oposição”. se escreve.

53
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que sa, resolveram...
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, descrevem características tanto físicas quanto psi-
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele- no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
um assunto ou uma determinada situação que se
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
não verbal! benefício.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao uma modalidade na qual as ações são prescritas de
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
anúncios publicitários. sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Alguns exemplos: Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. até criar uma massa homogênea.
Placas de trânsito. E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-
Imagem indicativa de “silêncio”. cam-se pelo predomínio de operadores argumen-
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
tituída de argumentos e contra-argumentos que
SITE justificam a posição assumida acerca de um deter-
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
cao/linguagem.htm> neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
2. Gêneros Textuais
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a pre- São os textos materializados que encontramos em
sença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência nosso cotidiano; tais textos apresentam características
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
daquilo que está sendo transmitido entre os interlocu-
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
tores. Estes interlocutores são as peças principais em um
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
diálogo ou em um texto escrito.
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
É de fundamental importância sabermos classificar os blog, etc.
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a A escolha de um determinado gênero discursivo de-
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais pende, em grande parte, da situação de produção, ou
e gêneros textuais. seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei-
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa cular o texto, etc.
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al- esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta-
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição gação científica são comuns gêneros como verbete de
e Dissertação. dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico,
1. As tipologias textuais se caracterizam pelos seminário, conferência.
aspectos de ordem linguística
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Os tipos textuais designam uma sequência definida Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
pela natureza linguística de sua composição. São obser- Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
LÍNGUA PORTUGUESA

vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela- São Paulo: Saraiva, 2010.
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, Português – Literatura, Produção de Textos & Gra-
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo. mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
como também de advérbios, como é o caso de an- tual.htm

54
LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”).
Significa literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os
sons da língua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação.
Cuida, também, de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de
pronunciar certas palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da
fala. Particularidades na pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de
estabelecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a
distinção entre os pares de palavras:

amor – ator / morro – corro / vento - cento


Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica
que você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este
forma os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.
O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:

A) o fonema /sê/: texto


B) o fonema /zê/: exibir
C) o fonema /che/: enxame
D) o grupo de sons /ks/: táxi

O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1234567 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


12 3 4 12345

As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta.
Nestas palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;
dança: o “n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

1 Classificação dos Fonemas

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1.1 Vogais

As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa
língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única
vogal.
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
LÍNGUA PORTUGUESA

Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.


/ã/: fã, canto, tampa
/ ẽ /: dente, tempero
/ ĩ/: lindo, mim
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum
Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.
Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.

55
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
Abertas: pé, lata, pó
Fechadas: mês, luta, amor
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”).

1.2 Semivogais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só
emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre
vogais e semivogais está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade,
história, série.

1.3 Consoantes

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca-
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: /b/,
/t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.

2. Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo
e o hiato.

A) Ditongo
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a = vogal, i = semivogal)
Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe

B) Tritongo
É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba. Pode
ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.

C) Hiato
É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).

3. Encontros Consonantais

O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
Existem basicamente dois tipos:
A) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
a-tle-ta, cri-se.
B) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-
-có-lo-go.

4. Dígrafos

De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
LÍNGUA PORTUGUESA

quatro letras.
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
letras.
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra).
Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: con-
sonantais e vocálicos.

56
A) Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

B) Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

Observação:
“gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aquilo.
Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um
fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há dí-
grafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo).

#FicaDica
Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /
agua/ pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em
guitarra = /gitara/ - não pronunciamos o “u”, então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”). Portan-
to: 8 letras e 6 fonemas.

5. Dífonos
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos!), existe letra que representa dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são
exemplos de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

57
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- construção. O sentido do discurso encontra-se sempre
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. em aberto para a possibilidade de interpretação do seu
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado
Paulo: Saraiva, 2010. através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.

SITE 1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto li-


http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1. vre
php
1.1. Vozes do Discurso

Análise e Tipo de Discurso Ao lermos um texto, observamos que há um narrador


- que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
A Análise do Discurso é uma prática da linguística no introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estru- Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a
tura de um texto e, a partir disto, compreender as cons- voz principal ou privilegiada - o narrador - usa o que cha-
truções ideológicas presentes no mesmo. mamos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do
O discurso em si é uma construção linguística atre- texto? É a forma como as falas são inseridas na narrativa.
lada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. Ele pode ser classificado em: direto, indireto e indireto
Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são livre.
diretamente determinadas pelo contexto político-social
em que vive o seu autor. Mais que uma análise textual, a A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo
análise do Discurso é uma análise contextual da estrutura dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto
discursiva em questão. são as citações ou transcrições exatas da declaração de
Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso alguém.
como uma construção de características sociais. A socie-  Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem fala,
dade que promove o contexto do discurso analisado é a usando aspas ou travessões para demarcar que
base de toda a estrutura do texto, atrelando, deste modo, está reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não
todo e qualquer elemento que possa fazer parte do sen- gosto disso” – disse a menina em tom zangado.
tido do discurso. O texto só pode assim ser chamado se
o seu receptor for capaz de compreender o seu sentido, e B) Discurso indireto: o narrador, usando suas pró-
isto cabe ao autor do texto e à atenção que o mesmo der prias palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Te-
ao contexto da construção de seu discurso. É a relação mos então uma mistura de vozes, pois as falas dos per-
básica para a existência da comunicação verbal: emissão sonagens passam pela elaboração da fala do narrador.
– recepção – compreensão.
As práticas discursivas geram também outros âmbitos  Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa
de análise do discurso, como o Universo de Concorrên- sua própria voz, o que foi dito pela personagem
cias, que consiste na competição entre vários emissores passa pela elaboração do narrador. Não há uma
para atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os pontuação específica que marque o discurso in-
emissores precisam inteirar-se do contexto da vida do direto: A menina disse em tom zangado, que não
seu receptor, para que deste modo possam interpelá-lo gostava daquilo.
segundo sua própria ideologia, fazendo com que sua
mensagem seja recebida e assimilada pelo receptor sem C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há
que o mesmo perceba que está sendo alvo de uma ten- uma maior liberdade, o narrador insere a fala do perso-
tativa de convencimento, por assim dizer. nagem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do dis-
Dentro da análise do Discurso há também o discurso curso direto. É necessário que se tenha atenção para não
estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o confundir a fala do narrador com a fala do personagem,
indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao pois esta surge de repente em meio à fala do narrador: A
seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo menina perambulava pela sala irritada e zangada. Eu não
se define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se gosto disso! E parecia que ninguém a ouvia.
importante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, pode-
mos analisar as artes produzidas em diferentes épocas 1.2. Níveis de Linguagem
da história em todo o mundo e perceber as diferentes
formas de interpelação e contextualidade presentes nas A língua é um código de que se serve o homem para
mesmas. O discurso estético tem a mesma capacidade elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
LÍNGUA PORTUGUESA

ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render funcionais:
muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado. A) a língua funcional de modalidade culta, lín-
A partir na análise de todos os aspectos do discurso gua culta ou língua-padrão, que compreende a língua
chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do literária, tem por base a norma culta, forma linguística
discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto, utilizada pelo segmento mais culto e influente de uma
pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos

58
veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio Eu te amo, sim, mas não abuses!
e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
função é a de serem aliados da escola, prestando serviço Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
à sociedade, colaborando na educação;
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta grada- culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
transgressões da norma culta na pena ou na boca de jor-
1.3. Norma culta nalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refle-
tir serviço à causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem- registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
plificação: uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Estou preocupado. (norma culta) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Tô preocupado. (língua popular) Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
dispersar e Não vamos dispersar-nos)
Não basta conhecer apenas uma modalidade de Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a de sair daqui bem depressa)
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. seu posto)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
normas da língua culta. As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
1.4. O conceito de erro em língua exemplos também de transgressões ou “erros” que se
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que
casos de ortografia. O que normalmente se comete são tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num para se arcaizarem as formas então legítimas impido, des-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele pido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escola-
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- rizada tem coragem de usar.
gride a norma culta. Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. da língua popular para a língua culta”.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- norma culta.
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
Eu não vi ela hoje. 1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin-
Ninguém deixou ele falar. guagem
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. falada.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
LÍNGUA PORTUGUESA

O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
se alteram: mações e a evoluções.
Eu não a vi hoje. Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Ninguém o deixou falar. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Deixe-me ver isso! a língua falada com base na língua escrita, considerada

59
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as Observação:
emendas, a que os professores sempre estão atentos. A contribuição greco-latina é responsável pela exis-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
trando as características e as vantagens de uma e outra, antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemici-
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- clo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diá-
de ou inferioridade, que em verdade inexiste. logo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação 2. Antônimos
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
São palavras que se opõem através de seu significa-
to entre uma modalidade e outra.
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen-
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que surar; mal - bem.
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- Observação:
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
isso mesmo, processam-se lentamente e em número e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia;
consideravelmente menor, quando cotejada com a mo- ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico-
dalidade falada. munista; simétrico e assimétrico.
Importante é fazer o educando perceber que o nível
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo 3. Homônimos e Parônimos
com a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-  Homônimos = palavras que possuem a mesma
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronún- grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di-
cia e até a entoação variam segundo esse nível. Um pa- ferentes. Podem ser
dre não fala com uma criança como se estivesse em uma
missa, assim como uma criança não fala como um adulto. A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um
rentes na pronúncia:
mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no
recesso do lar e na sala de aula. (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
tidiano, a que já fizemos referência. diferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
FENÔMENOS SEMÂNTICOS: SINONÍMIA, e passo (andar).
HOMONÍMIA, ANTONÍMIA, PARONÍMIA,
HIPONÍMIA, HIPERONÍMIA, AMBIGUIDADE. C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS  Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
porém de formas relativamente próximas. São pa-
Semântica é o estudo da significação das palavras e lavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
das suas mudanças de significação através do tempo ou
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
em determinada época. A maior importância está em dis-
sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
1. Sinônimos “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimen-
to (medida) e cumprimento (saudação), autuar
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e
LÍNGUA PORTUGUESA

beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver-
- abolir. gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de),
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- mento, trânsito), mandato (procuração) e manda-
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela do (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir
outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar). (mergulhar, afundar).

60
4. Hiperonímia e Hiponímia B) Conotação
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo interpretações, dependendo do contexto em que esteja
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
hiperônimo, mais abrangente. vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- significação mediante a circunstância em que a mesma
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re-
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. provação (tomei pau no concurso).
Veículos é um hiperônimo de carros. A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em tos no receptor da mensagem, através da expressividade
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- e afetividade que transmite. É utilizada principalmente
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita numa linguagem poética e na literatura, mas também
a repetição desnecessária de termos. ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Você é o meu sol!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Minha vida é um mar de tristezas.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você tem um coração de pedra!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
#FicaDica
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Procure associar Denotação com Dicionário:
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua trata-se de definição literal, quando o termo
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. é utilizado com o sentido que consta no di-
cionário.
SITE
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-
-antonimos,-homonimos-e-paronimos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Exemplos de variação no significado das palavras:
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
figurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos significados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. POLISSEMIA

A) Denotação Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir


Uma palavra é usada no sentido denotativo quando multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
apresenta seu significado original, independentemente um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa- mas que abarca um grande número de significados den-
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco- tro de seu próprio campo semântico.
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li- cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
teral da palavra. algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
A denotação tem como finalidade informar o recep- -se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
LÍNGUA PORTUGUESA

um caráter prático. É utilizada em textos informativos, ocorrência da polissemia:


como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- O rapaz é um tremendo gato.
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A O gato do vizinho é peralta.
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
O elefante é um mamífero. sobrevivência
As estrelas deixam o céu mais bonito! O passarinho foi atingido no bico.

61
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- mas duas seriam:
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de Corte e coloração capilar
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, ou
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” Faço corte e pintura capilar
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
é o formato quadriculado que têm. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
1. Polissemia e homonímia reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro
lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig- SITE
nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
uma homonímia. htm
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
é polissemia porque os diferentes significados para a
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma EXERCÍCIO COMENTADO
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um 1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi- FGV – 2014) “o país teve de recorrer a um programa de
cados estão interligados porque remetem para o mesmo racionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma
conceito, o da escrita. de reescrever esse segmento, que altera o seu sentido
original.
2. Polissemia e ambiguidade
a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto racionamento.
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado b) O país teve como recurso recorrer a um programa
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in- de racionamento.
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racio-
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um namento.
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: d) O país obrigou-se a recorrer a um programa de racio-
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre- namento.
quentemente são felizes. e) O Brasil optou por um programa de racionamento.
Neste caso podem existir duas interpretações dife-
rentes: Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um pro-
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são grama de racionamento”. Assinale a opção que apre-
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- senta a forma de reescrever esse segmento, QUE
librada. ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um progra-
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma ma de racionamento = mesmo sentido.
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro-
importante saber qual o contexto em que a frase é pro- grama de racionamento = mesmo sentido.
ferida. Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção racionamento = mesmo sentido.
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, Em “d”: O país obrigou-se a recorrer a um programa
comicidade. Repare na figura abaixo: de racionamento = mesmo sentido.
Em “e”: O Brasil optou por um programa de raciona-
mento = mudança de sentido (segundo o enunciado,
o país não teve outra opção a não ser recorrer. Na al-
ternativa, provavelmente havia outras opções, e o país
escolheu a de “recorrer”).
LÍNGUA PORTUGUESA

(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).

62
FIGURAS DE LINGUAGEM: (COMPARAÇÃO, METÁFORA, EUFEMISMO, PROSOPOPEIA, ONO-
MATOPEIA, ANTÍTESE, PARADOXO, HIPÉRBOLE, PERÍFRASE, SILEPSE, HIPÉRBATO, METONÍ-
MIA, IRONIA, SINESTESIA, ALITERAÇÃO); FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM.

FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr,


2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

1. Tipos de Figuras de Linguagem

1.1. Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.

Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

1.2. Figuras de Palavras ou de Pensamento

1.2.1. Metáfora
LÍNGUA PORTUGUESA

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.

Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.

63
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
através do emprego da palavra como. Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a guns astronautas foram à Lua).
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
qualidade do que é semelhante. para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. 1.2.3. Catacrese
Esta é a verdadeira metáfora.
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Outros exemplos: nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando por falta de um termo específico para designar um con-
Pessoa) ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba-
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). caxi”.

Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma tifique:
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade-Luz (=Paris)
Em sua mente povoa só inveja. O rei das selvas (=o leão)

1.2.2. Metonímia (ou sinédoque) Observação:


Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
É a substituição de um nome por outro, em virtude de nome de antonomásia. Exemplos:
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
pode acontecer dos seguintes modos: cando o bem.
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). jovem.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
As lâmpadas iluminam o mundo).
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da 1.2.4. Sinestesia
cruz. (= Não te afastes da religião).
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Havana. (= Fumei um saboroso charuto). sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra- cruzamento de sensações distintas.
tes tomou veneno). Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu auditivo; áspero = tátil)
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro- No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
duzo). cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones 1.2.5. Antítese
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
dos jogadores). Consiste no emprego de palavras que se opõem
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
LÍNGUA PORTUGUESA

mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse dos mesmos. Observe os exemplos:
mundo). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir O corpo é grande e a alma é pequena.
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram “Quando um muro separa, uma ponte une.”
chamadas, não apenas uma mulher). Não há gosto sem desgosto.

64
1.2.6. Paradoxo ou oximoro Moça, que fazes aí parada?
“Pai Nosso, que estais no céu”
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- Deus, ó Deus! Onde estás?
traditórias. Seria a antítese ao extremo.
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. 1.3.2. Gradação (ou clímax)
Ouvimos as vozes do silêncio.
1.2.7. Eufemismo Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
áspera, desagradável ou chocante. com seus olhos claros e brincalhões...
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
nhor. (= morreu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
Faltar à verdade. (= mentir)
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
1.2.8. Ironia “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- 1.3.3. Elipse
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal Consiste na omissão de um ou mais termos numa
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
desejada pelo emissor. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota quanto pelo contexto.
mínima. A catedral da Sé. (a igreja catedral)
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
que estão por perto. tádio)
O governador foi sutil como um elefante.
1.3.4. Zeugma
1.2.9. Hipérbole
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
É a expressão intencionalmente exagerada com o in- a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
tuito de realçar uma ideia. Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. português)
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
O concurseiro quase morre de tanto estudar! modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação
1.3.5. Silepse
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
A silepse é a concordância que se faz com o termo
mados a seres inanimados, ou características humanas a
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
seres não humanos. Observe os exemplos: É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
As pedras andam vagarosamente. com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
Chora, violão. minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:

1.3.1. Apóstrofe A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso.
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi- Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
LÍNGUA PORTUGUESA

sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele (a cidade de Porto Velho).
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim B) Vossa Excelência está preocupado.
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
vocativo. Exemplos: sa Excelência.

65
Silepse de Número - Os números são singular e Nesta oração, os termos “o problema da violência”
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade Outro exemplo:
de Salvador. Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o


Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei- nástico.
tos das orações (que se encontram no singular, procissão
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está Observação:
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
isso que os verbos estão no plural. mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonas-
mo vicioso:
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vi aquela cena com meus próprios olhos.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Vamos subir para cima.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há Ele desceu pra baixo.
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa 1.3.8. Anáfora
que está inscrita no sujeito. Exemplos:
É a repetição de uma ou mais palavras no início de
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
mos em aceitar essa situação.
coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dins públicos.” (Machado de Assis) dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
Observe que os verbos persistamos, temos e somos nhecia.
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira ba.” (Padre Vieira)
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
brasileiros, os agricultores e os cariocas). 1.3.9. Anacoluto

1.3.6. Polissíndeto / Assíndeto Consiste na mudança da construção sintática no meio


da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne-
introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre ligação sintática com as demais.
período composto. No período composto por coordena- Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A Morrer, todo haveremos de morrer.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti- Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é
assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
duas figuras de construção: deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e nin- bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
guém faz nada. a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au-
Observação:
sência, pela omissão das conjunções coordenati-
O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi-
vas, resultando no uso de orações coordenadas va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
assindéticas. Exemplos:
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. 1.3.10. Hipérbato / Inversão
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
LÍNGUA PORTUGUESA

É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da


1.3.7. Pleonasmo ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
sujeito venha depois do predicado:
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é amor venceu ao ódio)
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. Eu cuido dos meus problemas)

66
#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)


LÍNGUA PORTUGUESA

Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.


O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?

67
a) Eufemismo. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
b) Hipérbole. talinguagem, que é quando o emissor explica um códi-
c) Paradoxo. go usando o próprio código. Quando um poema fala da
d) Metonímia. própria ação de se fazer um poema, por exemplo:
e) Hipérbato. “Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de-
ve apenas para representar o calor excessivo que está seja dar a seu poema.
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para Recorte o artigo.”
atingir tal objetivo é a hipérbole. Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS próprio ato de fazer um poema.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Função fática: O objetivo dessa função é estabele-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- cer uma relação com o emissor, um contato para verificar
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a
São Paulo: Saraiva, 2010. conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira mos utilizando este tipo de função; ou quando atende-
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
São Paulo: Saraiva, 2002.
Função poética: O objetivo do emissor é expressar
SITES seus sentimentos através de textos que podem ser enfa-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade,
coes/estil/estil8.php> do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- binações dos signos linguísticos. É presente em textos
coes/estil/estil5.php> literários, publicitários e em letras de música.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
coes/estil/estil2.php> Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de
Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa
FUNÇÕES DA LINGUAGEM a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o
poeta.
Função referencial ou denotativa: transmite uma
informação objetiva, expõe dados da realidade de modo VÍCIOS DE LINGUAGEM
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmen-
te, o texto se apresenta na terceira pessoa do singular Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín-
denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra in- gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des-
terpretação além da que está exposta. Em alguns textos preparo linguístico de quem se expressa. Os principais
é mais predominante essa função, como nos científicos, vícios de linguagem são:
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências A) Barbarismo: todo desvio na grafia, na flexão ou
comerciais. na pronúncia de uma palavra constitui um barba-
rismo. Existem quatro tipos:
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis- A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra.
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é Exemplos: compania (em vez de companhia), gor
transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men- (em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço);
sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica
exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís- (em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero);
tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da A.3 Cacografia: é a má grafia ou má flexão de uma
mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou (em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio);
romântico. A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala
leviana (por mala leve), peixe com espinho (por
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in- peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa
LÍNGUA PORTUGUESA

fluenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio quantia).


de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou
apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam estar Comete Barbarismo ainda quem abusa do emprego
no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2.ª ou de palavras estrangeiras, grafando-as como na língua
3.ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai melhorar seu de- de origem. Por princípio, todo estrangeirismo que não
sempenho!). Esse tipo de função é muito comum em tex- possuir equivalente adequado em nossa língua deve ser
tos publicitários, em discursos políticos ou de autoridade. aportuguesado. Portanto, convém grafar: abajur, boate,

68
garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat- J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan-
-jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts. tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân-
Tão usadas entre nós são algumas grafias estrangei- cia: Sua saia sujou.
ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas
as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou
expressões de outras línguas: ACENTUAÇÃO.

Galicismo (do francês): Mise-en-scène em vez de en-


cenação, Parti pris em vez de opinião preconcebida. Acentuação.

Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de fim de Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
semana. lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole- Por isso, vamos às regras!
cismo. Existem três tipos:
1. de concordância: houveram eleições (por houve 1. Regras básicas
eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
gou); A acentuação tônica está relacionada à intensida-
2. de regência: assisti esse filme (por assisti a esse fil- de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
lhe conheço (por não o conheço); como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei com menos intensidade, são denominadas de átonas.
um abraço), tenho queixado-me bastante (por te- De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
nho me queixado bastante). cadas como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó- papel
fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc. Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
O cacófato só existe quando a união das sílabas ex- ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela, alma
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
minha e outras uniões semelhantes não constituem ca-
cófatos, mas simples cacofonias, de menor importância.
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
D) Ambiguidade ou Anfibologia: todo duplo sen-
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
tido, causado pela má construção da frase, é uma
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
- ré.
também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã
também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
2 Os acentos
ram o porco que era de meu tio).
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me- A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
diante palavras ou expressões diferentes provoca e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras
uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá representam as vogais tônicas de palavras como pá, caí,
em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicida-
pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue, de, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men- B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
tal, e tantas outras. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex- tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
pressões antigas que já caíram de uso: asinha em C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
vez de depressa, antanho em vez de no passado. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
G) Neologismo: Emprego de palavras novas que, D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
apesar de formadas de acordo com o sistema da mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma: em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
As mensagens telecomunicadas foram vistas por mülleriano (de Müller)
poucas pessoas.
LÍNGUA PORTUGUESA

E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam


H) Eco: Ocorre quando há palavras na frase com ter- vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
minações iguais ou semelhantes, provocando dis-
sonância: A divulgação da promoção não causou 2.1 Regras fundamentais
comoção na população.
I) Hiato: Ocorre quando há uma sequência de vogais, A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
provocando dissonância: Eu a amo; Ou eu ou a ou- terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
tra ganhará o concurso. ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.

69
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo Indicativo do mesmo verbo).
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
terminadas em: mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
i, is: táxi – lápis – júri para que saibamos se se trata de um verbo ou preposi-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum ção.
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – Os demais casos de acento diferencial não são mais
fórceps utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou ticais são definidos pelo contexto.
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória Polícia para o trânsito para que se realize a operação
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
junção (com relação de finalidade).

#FicaDica
#FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
esta palavra apresenta as terminações das Quando, na frase, der para substituir o
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U “por” por “colocar”, estaremos trabalhando
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
ficará mais fácil a memorização! mais casos, “por” é preposição: Faço isso
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
aqui?
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen- 2.4 Regra do Hiato
tuadas, independentemente de sua terminação: árvore,
paralelepípedo, cárcere. Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
2.2 Regras especiais acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
palavras paroxítonas. verem seguidas do dígrafo nh:
ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
FIQUE ATENTO! rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber- Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
tos estiverem em uma palavra oxítona (he- do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen- tonas):
tuados: dói, escarcéu.
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
Antes Agora
feiúra feiura
assembléia assembleia
Sauípe Sauipe
idéia ideia
geléia geleia O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido:
jibóia jiboia
LÍNGUA PORTUGUESA

apóia (verbo apoiar) apoia


Antes Agora
paranóico paranoico
crêem creem
2.3 Acento Diferencial lêem leem
vôo voo
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para enjôo enjoo

70
terminada em ditongo.
#FicaDica Observação: nestes casos, admitem-se as separações
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os tonas.
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
que não recebem mais acento como antes: 2. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
CRER, DAR, LER e VER. 2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do
acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os RESPOSTA: Errado. Análise = proparoxítona / mí-
garotos deem o recado! nimos = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! mesma regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm forte”).
à tarde!

As formas verbais que possuíam o acento tônico na


raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: 3. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE
– 2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
Antes Depois recebem acento gráfico com base na mesma regra de
acentuação gráfica.
apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue ( ) CERTO ( ) ERRADO
argúi (arguir) argui RESPOSTA: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton-
go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- três vocábulos são acentuados devido à mesma regra.
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos con- 4. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE
ter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele – 2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de
obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
– eles convêm.
( ) CERTO ( ) ERRADO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa RESPOSTA: Errado. Pó = monossílaba terminada em
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = monos-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- sílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

SITE MORFOLOGIA (FLEXÃO E EMPREGO):


http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
SUBSTANTIVO; ADJETIVO; PRONOME; AR-
htm
TIGO; PREPOSIÇÃO; NUMERAL; ADVÉRBIO;
INTERJEIÇÃO; VERBO-FLEXÃO.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FE- na íntegra em: Equivalência e transformação de estru-
DERAL – CESPE – 2014) Os termos “série” e “história” turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes
acentuam-se em conformidade com a mesma regra or- (gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor-
tográfica.
LÍNGUA PORTUGUESA

denação e subordinação. Colocação pronominal”.


( ) CERTO ( ) ERRADO

RESPOSTA: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona


terminada em ditongo / “história” - acentua-se a paro-
xítona terminada em ditongo
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona

71
SUBSTANTIVO: CLASSIFICAÇÃO, FLEXÃO, NÍVEIS DE LINGUAGEM: LINGUAGEM DE-
EMPREGO. NOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA.

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado “Prezado Candidato, o tópico acima foi aborda-
na íntegra em: Equivalência e transformação de estru- do na íntegra em: Fenômenos semânticos: sinonímia,
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes homonímia, antonímia, paronímia, hiponímia, hipe-
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor- ronímia, ambiguidade”.
denação e subordinação. Colocação pronominal”.

ORTOGRAFIA: CRASE/PONTUAÇÃO/ 16.OR-


ADJETIVO: CLASSIFICAÇÃO, FLEXÃO, EM- TOGRAFIA: DIFICULDADES ORTOGRÁFI-
PREGO. CAS; EMPREGO DO “S, Z, G, J, SS, Ç, X, CH”.

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado


na íntegra em: Equivalência e transformação de estru- Ortografia
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor- A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
denação e subordinação. Colocação pronominal”. reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
língua são grafados segundo acordos ortográficos.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
PRONOME: CLASSIFICAÇÃO, EMPREGO, der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES PESSOAIS familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
OBLÍQUOS ÁTONOS, FORMAS DE TRATA- é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
MENTO. e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
etimologia (origem da palavra).

“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado 1. Regras ortográficas


na íntegra em: Equivalência e transformação de estru-
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes A) O fonema S
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor- São escritas com S e não C/Ç
denação e subordinação. Colocação pronominal”.  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
VERBO: CONJUGAÇÃO, FLEXÃO, PROPRIE- submergir - submersão / divertir - diversão / im-
DADES, CLASSIFICAÇÃO, EMPREGO, COR- pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
RELAÇÃO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS, - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
VOZES. sentir - sensível / consentir – consensual.

São escritos com SS e não C e Ç


“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado  Nomes derivados dos verbos cujos radicais ter-
na íntegra em: Equivalência e transformação de estru- minem em gred, ced, prim ou com verbos ter-
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes minados por tir ou - meter: agredir - agressivo /
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor- imprimir - impressão / admitir - admissão / ceder
denação e subordinação. Colocação pronominal”. - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
regredir - regressão / oprimir - opressão / compro-
meter - compromisso / submeter – submissão.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta
ADVÉRBIO: CLASSIFICAÇÃO E EMPREGO. com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
LÍNGUA PORTUGUESA

 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.


Exemplos: ficasse, falasse.
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado São escritos com C ou Ç e não S e SS
na íntegra em: Equivalência e transformação de estru-  Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açú-
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes car.
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor-  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
denação e subordinação. Colocação pronominal”. cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.

72
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,  Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- jiboia, manjerona.
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.  Palavras terminadas com aje: ultraje.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. D) O fonema ch
 Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,  Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab- caxi, xucro.
sorto – absorção.  Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
B) O fonema z lagartixa.
São escritos com S e não Z  Depois de ditongo: frouxo, feixe.
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é  Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
princesa.
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
São escritas com CH e não X
tamorfose.
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,  Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
quis, quiseste. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
 Nomes derivados de verbos com radicais termi- sicha.
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
empreender - empresa / difundir – difusão. E) As letras “e” e “i”
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
– pesquisar. -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.

São escritos com Z e não S


 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de FIQUE ATENTO!
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – Há palavras que mudam de sentido quan-
beleza. do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- área (superfície), ária (melodia) / delatar
gem não termine com s): final - finalizar / concreto (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
– concretizar. (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
 Consoante de ligação se o radical não terminar estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Exceção: lápis + inho – lapisinho.

C) O fonema j
São escritas com G e não J #FicaDica
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
gesso.
à ortografia de uma palavra, há a possibili-
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
gim.
co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
pela Academia Brasileira de Letras. É uma
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
obra de referência até mesmo para a criação
bege, foge.
de dicionários, pois traz a grafia atualizada
Exceção: pajem.
das palavras (sem o significado). Na Internet,
o endereço é www.academia.org.br.
 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
litígio, relógio, refúgio.
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
2. Informações importantes
LÍNGUA PORTUGUESA

gir, mugir.
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
surgir. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
minado com j: ágil, agente. ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
São escritas com J e não G farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. lampejar/relampear/relampar/relampadar.

73
Os símbolos das unidades de medida são escritos Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar que expressam movimento = Aonde você vai?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. 3. MAU / MAL
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
Na indicação de horas, minutos e segundos, não como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, mau elemento.
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Mal = pode ser usado como
nutos e trinta e quatro segundos). 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
O símbolo do real antecede o número sem espaço: “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
ra vertical ($). mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
não compensa.
1. Por que / por quê / porquê / porque
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POR QUE (separado e sem acento) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
É usado em: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
gação) = Por que você não veio ontem?
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
que faltara à aula ontem.
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
Saraiva, 2002.
POR QUÊ (separado e com acento)
SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Usos: ortografia
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = 4. Hífen
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
quê? para ligar os elementos de palavras compostas (como
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
Usos: uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale compa-/nheiro).
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
final) = Compre agora, porque há poucas peças. Ortográfica:
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
que se antecipou. mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se unem para formam um novo significado:
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
Usos: arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
LÍNGUA PORTUGUESA

zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,


ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
discussão. É uma pessoa cheia de porquês. 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
2. ONDE / AONDE ro, recém-casado.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
Onde = empregado com verbos que não expressam gumas exceções continuam por já estarem con-
a ideia de movimento = Onde você está? sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,

74
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
queima-roupa, deus-dará. ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte paraquedista, etc.
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- feito, benquerer, benquerido, etc.
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
per- quando associados com outro termo que é dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
-racional, etc. do, pressuposto, propor.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, -humano, super-realista, alto-mar.
etc. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
semi-hospitalar, super-homem. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele- SITE
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au- http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
to-observação, etc. ortografia

O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

#FicaDica 1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE-


DERAL – CESPE – 2013 – ADAPTADA)
Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu-
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
dança de linha), caso a última palavra a ser
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos
escrita seja formada por hífen, repita-o na
de comunicação, os quais são indispensáveis para que
próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
que a lei lhes impõe.
mação, pode ser que a repetição do hífen na
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).
translineação não ocorra em meus conteú-
dos, mas saiba que a regra é esta!
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin-
tes.
B) Não se emprega o hífen: Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar
termina em vogal e o segundo termo inicia-se em o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de-
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon-
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez,
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. substituído por conheçam os atos havidos no transcurso
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre- do acontecimento.
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
LÍNGUA PORTUGUESA

co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. RESPOSTA: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando a necessidade de avaliar a segunda substituição.
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
ção, coexistir, etc.

75
Crase Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
rerá crase. Veja:
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos Irei à Salvador de Jorge Amado.
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, regente exigir complemento regido da preposição “a”.
à qual, às quais. Entregamos a encomenda àquela menina.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- (preposição + pronome demonstrativo)
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
Iremos àquela reunião.
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
(preposição + pronome demonstrativo)
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
(preposição + pronome demonstrativo)
contratada recentemente.
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
dos entre parênteses), temos: A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
da recentemente. grave:
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, pressas, à vontade...
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos  locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- cura de...
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
o pronome demonstrativo aquela (àquela). que.

Observações importantes: Cuidado: quando as expressões acima não exercerem


Alguns recursos servem de ajuda para que possamos a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: Eu adoro a noite!
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
crase está confirmada. objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Os dados foram solicitados à diretora. preposição.
Os dados foram solicitados ao diretor.
 No caso de nomes próprios geográficos, substi- Casos passíveis de nota:
tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re-
sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da  A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
crase. mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Faremos uma visita à Bahia.  Também é facultativa diante de pronomes posses-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma- sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
da) empresa.
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
Não me esqueço da viagem a Roma. ficará aberta até as (às) dezoito horas.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-  Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
mais vividos. sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:
Nas situações em que o nome geográfico se apresen- Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está moda de Luís XV)
confirmada.  Não se efetiva o uso da crase diante da locução
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
praias. observamos a queima de fogos a distância.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
LÍNGUA PORTUGUESA

#FicaDica uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-


tre foi arremessado à distância de cem metros.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou  De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a -, faz-se necessário o emprego da crase.
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra Ensino à distância.
quê?) Ensino a distância.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)  Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
petidas, não há ocorrência da crase.

76
Ela ficou frente a frente com o agressor. SITE
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase:

Antes de vocábulos masculinos.


As produções escritas a lápis não serão corrigidas. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Esta caneta pertence a Pedro.
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
Antes de verbos no infinitivo. RAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA) O acento indicativo
Ele estava a cantar. de crase em “à humanidade e à estabilidade” é de uso
Começou a chover. facultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria
a correção gramatical do texto.
Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Faremos uma visita a dez países.
RESPOSTA: Errado. Retomemos o contexto: (...) O
uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e
Observações:
persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
estruturas e valores políticos (...).
cionando como uma locução adverbial feminina –
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já
ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple-
horas. mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?”
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está = a regência nominal pede preposição.
confirmada, visto que estes não podem ser empre-
gados sem o artigo: As saudações foram direciona- 2. (TCE-PA – CONHECIMENTOS BÁSICOS – AUDI-
das à primeira aluna da classe. TOR DE CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL –
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando CESPE – 2016)
essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
dos exaustos a casa. Texto CB1A1BBB
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
exaustos à casa de Marcela. o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res-
ram a terra, já era noite. ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
Paulo viajou rumo à sua terra natal. responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
O astronauta voltou à Terra. talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
do mau uso por gestores irresponsáveis.
 Não ocorre crase antes de pronomes que reque- Examinando-se a situação financeira dos estados que
rem o uso do artigo. preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,
Os livros foram entregues a mim. fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
Dei a ela a merecida recompensa. quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
em torná-las ainda mais rigorosas?
de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
 Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza-
priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro-
do em sentido genérico ou indeterminado:
sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
Estamos sujeitos a críticas.
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na
Refiro-me a conversas paralelas.
LÍNGUA PORTUGUESA

lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais


rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
setor público de adaptar suas despesas às receitas em
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
queda por causa da crise.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-
Paulo: Saraiva, 2010.
ções).

77
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da Haverá eleições em outubro
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identificam o ano não utili-
( ) CERTO ( ) ERRADO zam ponto nem devem ter espaço a separá-los,
bem como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di- 17600-250.
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às
receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
B) Ponto e Vírgula (;)
adapta algo/alguém A algo/alguém.
 Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE-
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO- ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
NAIS – CESPE – 2012) O emprego do sinal indicativo de lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justi- generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
fica-se pela regência do verbo adequar, que exige com- rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
plemento regido pela preposição “a”, e pela presença de  Separa partes de frases que já estão separadas por
artigo definido feminino antes de “necessidades”. vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
tros, montanhas, frio e cobertor.
( ) CERTO ( ) ERRADO  Separa itens de uma enumeração, exposição de
RESPOSTA: Certo. Adequar o quê? – os objetivos motivos, decreto de lei, etc.
(objeto direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) Ir ao supermercado;
necessidades – objeto indireto. A explicação do enun- Pegar as crianças na escola;
ciado está correta. Caminhada na praia;
Reunião com amigos.
4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) No trecho “deu C) Dois pontos (:)
início à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento  Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
grave indicativo de crase é obrigatório.
Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
( ) CERTO ( ) ERRADO
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
RESPOSTA: Errado. “deu início à sua caminhada cós-  Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
mica” – o uso do acento indicativo de crase, neste tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
caso, é facultativo (antes de pronome possessivo). a rotina de sempre.
 Em frases de estilo direto
Maria perguntou:
Pontuação - Por que você não toma uma decisão?

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que D) Ponto de Exclamação (!)


servem para compor a coesão e a coerência textual, além  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cóle-
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. ra, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me
Um texto escrito adquire diferentes significados quando casar com você!
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação  Depois de interjeições ou vocativos
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Ai! Que susto!
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen- João! Há quanto tempo!
te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
E) Ponto de Interrogação (?)
1. Principais funções dos sinais de pontuação
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
A) Ponto (.)
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en- vedo)
cerrando o período.
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- F) Reticências (...)
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final  Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá-
LÍNGUA PORTUGUESA

de período, este não receberá outro ponto; neste pis, canetas, cadernos...
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim  Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
de período. Exemplo: Estudei português, matemári- dizer... é verdad... Ah!”
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)  Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do mal... pega doutor?
ponto, assim como após o nome do autor de uma  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
citação: xa, depois, o coração falar...

78
G) Vírgula (,)

Não se usa vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se diretamente entre si:

1. Entre sujeito e predicado:


Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

2. Entre o verbo e seus objetos:


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não que-
rem abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:


A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
das.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.

3. Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em enumeração):


Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispen-
sável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você falou
isso para ela?!

Temos, ainda, sinais distintivos:


 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separação de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção aos
parênteses, principalmente na matemática;
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um nome
que não se quer mencionar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA

Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm

79
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
EXERCÍCIOS COMENTADOS gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
GO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
Texto CB1A1CCC No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos social mais anônimo, menos supervisionado.
sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola- necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
tada, não me deixavam esquecê-las. risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de dividir as tarefas de controle com organizações locais e
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas com a comunidade.
mulheres, havia se transformado no pior dos mundos. Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi- ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. –
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. introduzem
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo b) resultados da “consolidação da cidadania”.
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
violência invisível. algo “amplo”.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das d) uma generalização do termo “direitos”.
quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações). e) objetivos do “processo de redemocratização”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
tido de “nós”. Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
( ) CERTO ( ) ERRADO encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che- sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
gavam à Justiça buscando uma força externa como se direitos; apresenta-os.
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os 3. (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem 2010) Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, da indústria com relação ao futuro próximo. Um deles
advogados). refere-se às exportações. “O comércio mundial já está
voltando a se abrir para as empresas”, diz o gerente exe-
cutivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indús-
2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN- tria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora
LÍNGUA PORTUGUESA

CIÁRIA – CESPE – 2017 – ADAPTADA) das expectativas dos industriais com relação ao mercado
externo.
Texto 1A1AAA Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
tadura militar, em meados da década de 80 do século pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
passado, era de se esperar que a democratização das registra grande otimismo da indústria com relação à de-

80
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. Não se concebe que um ato normativo de qualquer
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. impossibilite sua compreensão. A transparência do sen-
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta- tido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade,
ções). são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável
que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos.
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
por tratar-se de um vocativo. concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
( ) CERTO ( ) ERRADO dos atos normativos obedece a certa tradição. Há nor-
mas para sua elaboração que remontam ao período de
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de-
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos,
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar o número de anos transcorridos desde a Independência.
a melhora das expectativas. O termo em destaque não Essa prática foi mantida no período republicano. Esses
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti- mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformida-
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. de, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às
Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma
executivo da CNI. única interpretação e ser estritamente impessoais e uni-
formes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
4. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A correção cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cerve- sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
jas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria
Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a
a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
palavra “vinhos”.
tratados de forma homogênea (o público).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Outros procedimentos rotineiros na redação de co-
municações oficiais foram incorporados ao longo do
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
tempo, como as formas de tratamento e de cortesia,
sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes,
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
buscou fazer das características específicas da forma ofi-
cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que
se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
LÍNGUA PORTUGUESA APLICADA À REDA-
uma forma específica de linguagem administrativa, o que
ÇÃO DE DOCUMENTOS. coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês.
Este é antes uma distorção do que deve ser a redação
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
O que é Redação Oficial do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção
de frases.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a A redação oficial não é, portanto, necessariamente
maneira pela qual o Poder Público redige atos normati- árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali-
vos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima
vista do Poder Executivo. clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa- língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
lidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, con- jornalístico, da correspondência particular, etc.
cisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente Apresentadas essas características fundamentais da
esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
no artigo 37: “A administração pública direta, indireta
LÍNGUA PORTUGUESA

cada uma delas.


ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 1. A Impessoalidade
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a im- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala,
pessoalidade princípios fundamentais de toda adminis- quer pela escrita. Para que haja comunicação, são neces-
tração pública, claro está que devem igualmente nortear sários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comuni-
a elaboração dos atos e comunicações oficiais. cado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso

81
da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço de costumes, e pode eventualmente contar com outros
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Depar- elementos que auxiliem a sua compreensão, como os
tamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns
sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o escrita incorpora mais lentamente as transformações,
público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão públi- tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
co, do Executivo ou dos outros Poderes da União. de si mesma para comunicar.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que A língua escrita, como a falada, compreende diferen-
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
ções oficiais decorre: exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer
a) da ausência de impressões individuais de quem de determinado padrão de linguagem que incorpore ex-
comunica: embora se trate, por exemplo, de um pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
expediente assinado por Chefe de determinada parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
Seção, é sempre em nome do Serviço Público que vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há
é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma de- um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz
sejável padronização, que permite que comunica- da língua, a finalidade com que a empregamos.
ções elaboradas em diferentes setores da Adminis- O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca-
tração guardem entre si certa uniformidade; ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do
ção, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão
a um cidadão, sempre concebido como público, culto é aquele em que a) se observam as regras da gra-
ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum
um destinatário concebido de forma homogênea ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res-
e impessoal; saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: redação oficial decorre do fato de que ele está acima das
se o universo temático das comunicações oficiais
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
se restringe a questões que dizem respeito ao in-
dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti-
teresse público, é natural que não cabe qualquer
cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi-
tom particular ou pessoal. Desta forma, não há
da compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se de
lugar na redação oficial para impressões pessoais,
que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de
como as que, por exemplo, constam de uma carta
expressão, desde que não seja confundida com pobreza
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal,
ou mesmo de um texto literário. A redação oficial de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto
deve ser isenta da interferência da individualidade implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos con-
que a elabora. torcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade da língua literária.
de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
impessoalidade. padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
A necessidade de empregar determinado nível de lin- consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
lado, do próprio caráter público desses atos e comuni- evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
cações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
entendidos como atos de caráter normativo, ou estabe- situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
lecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcan- o vocabulário próprio à determinada área, são de difícil
çado se em sua elaboração for empregada a linguagem entendimento por quem não esteja com eles familiariza-
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, do. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em
cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e comunicações encaminhadas a outros órgãos da admi-
objetividade. As comunicações que partem dos órgãos nistração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
públicos federais devem ser compreendidas por todo e
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há 3. Formalidade e Padronização
LÍNGUA PORTUGUESA

que evitar o uso de uma linguagem restrita a determina-


dos grupos. Não há dúvida que um texto marcado por As comunicações oficiais devem ser sempre formais,
expressões de circulação restrita, como a gíria, os regio- isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já
nalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua com- mencionadas exigências de impessoalidade e uso do pa-
preensão dificultada. drão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa for-
Ressalte-se que há necessariamente uma distância malidade de tratamento. Não se trata somente da eterna
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração pronome de tratamento para uma autoridade de certo;

82
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à tos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual provém, principalmente, da falta da releitura que torna
cuida a comunicação. possível sua correção.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda,
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad- se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O
ministração federal é una, é natural que as comunicações que nos parece óbvio pode ser desconhecido por ter-
que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimen- ceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos
to desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que em decorrência de nossa experiência profissional muitas
se atente para todas as características da redação oficial e vezes faz com que os tomemos como de conhecimento
que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvol-
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes va, esclareça, precise os termos técnicos, o significado
para o texto definitivo e a correta diagramação do texto das siglas e abreviações e os conceitos específicos que
são indispensáveis para a padronização. não possam ser dispensados.
4. Concisão e Clareza A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A
pressa com que são elaboradas certas comunicações
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- quase sempre compromete sua clareza. Não se deve
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue proceder à redação de um texto que não seja seguida
transmitir um máximo de informações com um mínimo por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos
de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fun- atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
damental que se tenha, além de conhecimento do assun- indesejável repercussão no redigir.
to sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revi-
sar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas 5. As Comunicações Oficiais
vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições
desnecessárias de ideias. 5.1. Introdução
O esforço de sermos concisos atende, basicamente,
ao princípio de economia linguística, à mencionada fór- A redação das comunicações oficiais deve, antes de
mula de empregar o mínimo de palavras para informar o tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, As-
máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como pectos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há caracte-
economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar rísticas específicas de cada tipo de expediente, que serão
passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inú- à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase
teis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao todas as modalidades de comunicação oficial: o empre-
que já foi dito. go dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a
identificação do signatário.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe
em todo texto de alguma complexidade: ideias funda-
6. Pronomes de Tratamento
mentais e ideias secundárias. Estas últimas podem es-
clarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
mas existem também ideias secundárias que não acres-
centam informação alguma ao texto, nem têm maior re-
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra-
lação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dis- tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De
pensadas. acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
sibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a passou-se a empregar, como expediente linguístico de
clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende es- distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tritamente das demais características da redação oficial. tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
Para ela concorrem: o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter- em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qua-
pretações que poderia decorrer de um tratamento lidade eminente da pessoa de categoria superior, e não
personalista dado ao texto; a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí- rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
pio, de entendimento geral e por definição avesso assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
o jargão; vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
LÍNGUA PORTUGUESA

c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
imprescindível uniformidade dos textos; mento indireto já estava em voga também para os ocu-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os exces- pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu
sos linguísticos que nada lhe acrescentam. para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
É pela correta observação dessas características que que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em tex- civis, militares e eclesiásticas.

83
6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pes- Senhor Senador,
soa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto Senhor Juiz,
à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora Senhor Ministro,
se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com Senhor Governador,
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam No envelope, o endereçamento das comunicações di-
a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo con- rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá
corda com o substantivo que integra a locução como seu a seguinte forma:
núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; A Sua Excelência o Senhor
“Vossa Excelência conhece o assunto”. Fulano de Tal
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos Ministro de Estado da Justiça
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira 70064-900 – Brasília. DF
pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não
“Vossa ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a es- A Sua Excelência o Senhor
ses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o Senador Fulano de Tal
sexo da pessoa a que se refere, e não com o substanti- Senado Federal
vo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor 70165-900 – Brasília. DF
for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”,
“Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vos- A Sua Excelência o Senhor
sa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar Fulano de Tal
satisfeita”. Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Rua ABC, n.º 123
6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento 01010-000 – São Paulo. SP
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra-
obedece a secular tradição. São de uso consagrado:
tamento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se
a) do Poder Executivo;
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua
Presidente da República;
repetida evocação.
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Vossa Senhoria é empregado para as demais autori-
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
dades e para particulares. O vocativo adequado é:
Distrito Federal;
Senhor Fulano de Tal,
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores; (...)
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu- No envelope, deve constar do endereçamento:
pantes de cargos de natureza especial; Ao Senhor
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Fulano de Tal
Prefeitos Municipais. Rua ABC, n.º 123
12345-000 – Curitiba. PR
b) do Poder Legislativo:
Deputados Federais e Senadores; Como se depreende do exemplo acima, fica dispen-
Ministros do Tribunal de Contas da União; sado o emprego do superlativo ilustríssimo para as au-
Deputados Estaduais e Distritais; toridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen-
c) do Poder Judiciário: to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminada-
Ministros dos Tribunais Superiores; mente. Como regra geral, empregue-o apenas em co-
Membros de Tribunais; municações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por
Juízes; terem concluído curso universitário de doutorado. É cos-
Auditores da Justiça Militar. tume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos,
O vocativo a ser empregado em comunicações diri- o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às
LÍNGUA PORTUGUESA

gidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, se- comunicações.


guido do cargo respectivo: Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, empregada, por força da tradição, em comunicações di-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacio- rigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vo-
nal, cativo: Magnífico Reitor, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Os pronomes de tratamento para religiosos, de acor-
Federal. do com a hierarquia eclesiástica, são:

84
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao 10. Partes do documento no Padrão Ofício
Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre,
(...) O aviso, o ofício e o memorando devem conter as
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendís- seguintes partes:
sima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminen- órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso
tíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...) 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em co-
alinhamento à direita: Exemplo:
municações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
Brasília, 15 de março de 1991.
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reveren-
díssima para Monsenhores, Cônegos e superiores reli- c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos:
giosos. Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clé- Assunto: Necessidade de aquisição de novos compu-
rigos e demais religiosos. tadores.

7. Fechos para Comunicações d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem


é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser in-
O fecho das comunicações oficiais possui, além da cluído também o endereço.
finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o des- e) texto: nos casos em que não for de mero encami-
tinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo uti- nhamento de documentos, o expediente deve conter a
seguinte estrutura:
lizados foram regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com
– introdução, que se confunde com o parágrafo de
o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual es- abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
para todas as modalidades de comunicação oficial: “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empre-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente gue a forma direta;
da República: Respeitosamente, – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto,
rarquia inferior: Atenciosamente, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que
confere maior clareza à exposição;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di- – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente
rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
de Redação do Ministério das Relações Exteriores. nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encami-
nhamento de documentos a estrutura é a seguinte:
8. Identificação do Signatário – introdução: deve iniciar com referência ao expe-
diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presiden- documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a
te da República, todas as demais comunicações oficiais informação do motivo da comunicação, que é encami-
devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as nhar, indicando a seguir os dados completos do docu-
expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da mento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário,
identificação deve ser a seguinte: e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo
(espaço para assinatura) encaminhado, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta
NOME ao Aviso n.º 12, de 1.º de fevereiro de 1991, encaminho,
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República anexa, cópia do Ofício n.º 34, de 3 de abril de 1990, do
(espaço para assinatura) Departamento Geral de Administração, que trata da re-
NOME quisição do servidor Fulano de Tal.” Ou “Encaminho, para
exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no
Ministro de Estado da Justiça
12, de 1.º de fevereiro de 1991, do Presidente da Confe-
deração Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as- modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
sinatura em página isolada do expediente. Transfira para – desenvolvimento: se o autor da comunicação de-
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho. sejar fazer algum comentário a respeito do documento
LÍNGUA PORTUGUESA

que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de de-


9. O Padrão Ofício senvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminha-
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes mento.
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se ado- g) assinatura do autor da comunicação; e
tar uma diagramação única, que siga o que chamamos h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do
de padrão ofício. Signatário).

85
11. Forma de diagramação que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
seguinte forma de apresentação: no caso do ofício, também com particulares.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman
de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 12.2. Forma e Estrutura
10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
Wingdings; o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o de vírgula. Exemplos:
número da página; Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Senhora Ministra
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão Senhor Chefe de Gabinete
ser impressos em ambas as faces do papel. Neste
caso, as margens esquerda e direita terão as dis- Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício
tâncias invertidas nas páginas pares (“margem es- as seguintes informações do remetente:
pelho”); – nome do órgão ou setor;
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm – endereço postal;
de distância da margem esquerda; – telefone e endereço de correio eletrônico.
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura; 13. Memorando
g) o campo destinado à margem lateral direita terá
1,5 cm; 13.1. Definição e Finalidade
O constante neste item aplica-se também à exposição
de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Moti- O memorando é a modalidade de comunicação en-
vos e 5. Mensagem). tre unidades administrativas de um mesmo órgão, que
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em
níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de co-
linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o
municação eminentemente interna. Pode ter caráter me-
editor de texto utilizado não comportar tal recurso,
ramente administrativo, ou ser empregado para a expo-
de uma linha em branco;
sição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
por determinado setor do serviço público. Sua caracterís-
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra,
tica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
relevo, bordas ou qualquer outra forma de forma-
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
tação que afete a elegância e a sobriedade do do- simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar
cumento; desnecessário aumento do número de comunicações, os
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta despachos ao memorando devem ser dados no próprio
em papel branco. A impressão colorida deve ser documento e, no caso de falta de espaço, em folha de
usada apenas para gráficos e ilustrações; continuação. Esse procedimento permite formar uma
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício espécie de processo simplificado, assegurando maior
devem ser impressos em papel de tamanho A-4, transparência à tomada de decisões, e permitindo que se
ou seja, 29,7 x 21,0 cm; historie o andamento da matéria tratada no memorando.
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
arquivo Rich Text nos documentos de texto; 13.2. Forma e Estrutura
m) dentro do possível, todos os documentos elabora-
dos devem ter o arquivo de texto preservado para Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
consulta posterior ou aproveitamento de trechos do padrão ofício, com a diferença de que o seu destina-
para casos análogos; tário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exem-
n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos plos:
devem ser formados da seguinte maneira: tipo do Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
documento + número do documento + palavras- Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
-chaves do conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório pro-
dutividade ano 2002” 14. Exposição de Motivos

12. Aviso e Ofício


LÍNGUA PORTUGUESA

14.1. Definição e Finalidade

12.1. Definição e Finalidade Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Pre-


sidente da República ou ao Vice-Presidente para:
Aviso e ofício são modalidades de comunicação ofi- a) informá-lo de determinado assunto;
cial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é b) propor alguma medida; ou
que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de c) submeter a sua consideração projeto de ato nor-
Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo mativo.

86
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- ca; expor o plano de governo por ocasião da abertura
dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, matérias que dependem de deliberação de suas Casas;
a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e
interministerial. da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
14.2. Forma e Estrutura Ministérios à Presidência da República, a cujas assesso-
rias caberá a redação final.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresen- As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
tação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, com-
A exposição de motivos, de acordo com sua finalida- plementar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para complementar são enviados em regime normal (Consti-
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º
outra para a que proponha alguma medida ou submeta a 4.º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado
projeto de ato normativo. sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova
No primeiro caso, o da exposição de motivos que mensagem, com solicitação de urgência.
simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem-
Presidente da República, sua estrutura segue o mode- bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com
lo antes referido para o padrão ofício. Já a exposição de aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República
motivos que submeta à consideração do Presidente da ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
República a sugestão de alguma medida a ser adotada que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64,
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embo- caput).
ra sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
outros comentários julgados pertinentes por seu autor, dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
devem, obrigatoriamente, apontar: tos anuais e créditos adicionais), as mensagens de en-
a) na introdução: o problema que está a reclamar a caminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso
adoção da medida ou do ato normativo proposto; Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medi- Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o
da ou aquele ato normativo o ideal para se solucio- art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual
nar o problema, e eventuais alternativas existentes sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais preci-
para equacioná-lo; samente, “na forma do regimento comum”. E à frente da
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to- Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Sena-
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para do Federal (Constituição, art. 57, § 5.º), que comanda as
solucionar o problema. sessões conjuntas.
As mensagens aqui tratadas coroam o processo de-
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à senvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
exposição de motivos, devidamente preenchido, de acor- minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financei-
do Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º ro das matérias objeto das proposições por elas encami-
4.176, de 28 de março de 2002. nhadas.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha pre- Tais exames materializam-se em pareceres dos di-
sente que a atenção aos requisitos básicos da redação versos órgãos interessados no assunto das proposições,
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas, na ori-
padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve gem das propostas, as análises necessárias constam da
ser redobrada. exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1.
A exposição de motivos é a principal modalidade de Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por
comunicação dirigida ao Presidente da República pelos cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso.
Ministros.
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada b) encaminhamento de medida provisória.
cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons-
ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo tituição, o Presidente da República encaminha mensa-
ou em parte. gem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso
para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando
LÍNGUA PORTUGUESA

15. Mensagem cópia da medida provisória, autenticada pela Coordena-


ção de Documentação da Presidência da República.
15.1. Definição e Finalidade
c) indicação de autoridades.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Che- As mensagens que submetem ao Senado Federal a
fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens indicação de pessoas para ocuparem determinados car-
enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legis- gos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do
lativo para informar sobre fato da Administração Públi- TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central, Procura-

87
dor-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, i) comunicação de veto.
etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, in- Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constitui-
cisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional ção, art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão
competência privativa para aprovar a indicação. de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas,
e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra
O curriculum vitae do indicado, devidamente assina- no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao
do, acompanha a mensagem. contrário das demais mensagens, cuja publicação se res-
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vi- tringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
ce-Presidente da República se ausentar do País por mais
de 15 dias. j) outras mensagens.
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. Também são remetidas ao Legislativo com regular
49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa frequência mensagens com:
do Congresso Nacional. – encaminhamento de atos internacionais que acarre-
tam encargos ou compromissos gravosos (Consti-
tuição, art. 49, I);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
às operações e prestações interestaduais e de ex-
uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
portação (Constituição, art. 155, § 2.º, IV);
-lhes mensagens idênticas. – proposta de fixação de limites globais para o mon-
tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
e) encaminhamento de atos de concessão e renova- VI);
ção de concessão de emissoras de rádio e TV. – pedido de autorização para operações financeiras
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do externas (Constituição, art. 52, V); e outros.
Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Constituição. Somente produzirão efeitos legais a ou- – convocação extraordinária do Congresso Nacional
torga ou renovação da concessão após deliberação do (Constituição, art. 57, § 6.º);
Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Des- – pedido de autorização para exonerar o Procurador-
cabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64 -Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
da Constituição, porquanto o § 1.º do art. 223 já define o – pedido de autorização para declarar guerra e decre-
prazo da tramitação. tar mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha – pedido de autorização ou referendo para celebrar a
a mensagem o correspondente processo administrativo. paz (Constituição, art. 84, XX);
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício – justificativa para decretação do estado de defesa ou
anterior. de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º);
O Presidente da República tem o prazo de sessenta – pedido de autorização para decretar o estado de
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao sítio (Constituição, art. 137);
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an- – relato das medidas praticadas na vigência do estado
terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, pará-
da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, grafo único);
§ 1.º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a – proposta de modificação de projetos de leis finan-
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi- ceiras (Constituição, art. 166, § 5.º);
mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno. – pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
carem sem despesas correspondentes, em decor-
rência de veto, emenda ou rejeição do projeto de
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8.º);
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre
– pedido de autorização para alienar ou conceder ter-
a situação do País e solicitação de providências que jul-
ras públicas com área superior a 2.500 ha (Consti-
gar necessárias (Constituição, art. 84, XI). tuição, art. 188, § 1.º); etc.
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Presidência da República. Esta mensagem difere das de- 5.2. Forma e Estrutura
mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
Congressistas em forma de livro. As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
h) comunicação de sanção (com restituição de autó- horizontalmente, no início da margem esquerda:
grafos). Mensagem n.º
LÍNGUA PORTUGUESA

Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congres-


so Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secre- b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento
tário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da
informa o número que tomou a lei e se restituem dois margem esquerda;
exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
Presidente da República terá aposto o despacho de san-
ção. c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;

88
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do Remetente: ____________________________________
texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
a margem direita. No de páginas: ________No do documento:____________
A mensagem, como os demais atos assinados pelo
Presidente da República, não traz identificação de seu Observações:___________________________________
signatário.
18. Correio Eletrônico
16. Telegrama
18.1 Definição e finalidade
16.1. Definição e Finalidade
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar celeridade, transformou-se na principal forma de comu-
os procedimentos burocráticos, passa a receber o títu- nicação para transmissão de documentos.
lo de telegrama toda comunicação oficial expedida por
meio de telegrafia, telex, etc. 18.2. Forma e Estrutura

Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
aos cofres públicos e tecnologicamente superada, deve nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir for-
restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situa- ma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o
ções que não seja possível o uso de correio eletrônico ou uso de linguagem incompatível com uma comunicação
fax e que a urgência justifique sua utilização e, também oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Ofi-
em razão de seu custo elevado, esta forma de comuni- ciais).
cação deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e O campo assunto do formulário de correio eletrônico
Clareza). deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente.
16.2. Forma e Estrutura Para os arquivos anexados à mensagem deve ser uti-
lizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensa-
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e gem que encaminha algum arquivo deve trazer informa-
a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos ções mínimas sobre seu conteúdo.
Correios e em seu sítio na Internet. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de
confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve
17. Fax constar da mensagem pedido de confirmação de rece-
bimento.
17.1. Definição e Finalidade
18.3 Valor documental
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile)
é uma forma de comunicação que está sendo menos Nos termos da legislação em vigor, para que a men-
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utiliza- sagem de correio eletrônico tenha valor documental, e
do para a transmissão de mensagens urgentes e para o para que possa ser aceito como documento original, é
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimen- necessário existir certificação digital que ateste a identi-
to há premência, quando não há condições de envio do dade do remetente, na forma estabelecida em lei.
documento por meio eletrônico. Quando necessário o
original, ele segue posteriormente pela via e na forma Elementos de Ortografia e Gramática
de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com 1. Problemas de Construção de Frases
cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel,
em certos modelos, deteriora-se rapidamente. A clareza e a concisão na forma escrita são alcança-
das, principalmente, pela construção adequada da frase,
17.2. Forma e Estrutura “a menor unidade autônoma da comunicação”, na defini-
ção de Celso Pedro Luft.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a A função essencial da frase é desempenhada pelo
estrutura que lhes são inerentes. predicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser en-
É conveniente o envio, juntamente com o documento tendido como “a enunciação pura de um fato qualquer”.
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com Sempre que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe
LÍNGUA PORTUGUESA

os dados de identificação da mensagem a ser enviada, o nome de período, que terá tantas orações quantos fo-
conforme exemplo a seguir: rem os verbos não auxiliares que o constituem.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
[Órgão Expedidor] pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
[setor do órgão expedidor] de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substan-
[endereço do órgão expedidor] tivo. Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações
Destinatário:____________________________________ substantivos (nomes ou pronomes) que desempenham a
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ função de complementos (objetos direto e indireto, pre-

89
dicativo e complemento adverbial). Função acessória de- 2. Sujeito
sempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente
ao final da oração, mas que podem ser ou intercalados Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que
aos elementos que desempenham as outras funções, ou executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter com-
deslocados para o início da oração. plemento, mas não ser complemento. Devem ser evita-
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos das, portanto, construções como:
elementos que compõem uma oração (Observação: os
parênteses indicam os elementos que podem não ocor- Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.
rer): Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adver-
bial). Errado: Apesar das relações entre os países estarem
cortadas, (...).
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem
orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portu-
cortadas, (...).
guesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e
pode ocorrer em ordem diversa):
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
O Presidente - regressou - (ontem).
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
(adjunto adverbial)
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
manhã de terça-feira). (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo,
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto (...).
- (adjunto adverbial).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os 3. Frases Fragmentadas
setores).
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. di- oração subordinada ou uma simples locução como se
reto - obj. indireto - (adj. Adv.) fosse uma frase completa”. Decorre da pontuação errada
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações de uma frase simples. Embora seja usada como recurso
- ao Deputado - (no Congresso). estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser
evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento compreensão. Exemplo:
adverbial - (adjunto adverbial) Errado: O programa recebeu a aprovação do Congres-
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Bue- so Nacional. Depois de ser longamente debatido.
nos Aires - (na próxima semana). Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) Nacional, depois de ser longamente debatido.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Certo: Depois de ser longamente debatido, o progra-
verbial)
ma recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
O problema - será - resolvido - prontamente.
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou
submetido ao Presidente da República, que o aprovou.
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjuga-
Consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto
do. Na construção de períodos, as várias funções podem
ocorrer em ordem inversa à mencionada, misturando-se legal.
e confundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente
de todos os padrões existentes na língua portuguesa. submetido ao Presidente da República, que o aprovou,
O que importa é fixar a ordem normal dos elementos consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto
nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos legal.
mais complexos, compostos por duas ou mais orações,
em geral podem ser reduzidos aos padrões básicos (de 4. Erros de Paralelismo
que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
LÍNGUA PORTUGUESA

construção de frases dizem respeito à má pontuação, à crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. As-
paralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em sim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a
geral, do desconhecimento da ordem das palavras na elementos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Minis-
comuns e recorrentes na construção de frases, registra- térios economizar energia e que elaborassem planos de
dos em documentos oficiais. redução de despesas.

90
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”:
completam o sentido da principal, duas estruturas dife- Errado: Neste momento, não se devem adotar medi-
rentes para ideias equivalentes: a primeira oração (eco- das precipitadas, e que comprometam o andamento de
nomizar energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a se- todo o programa.
gunda (que elaborassem planos de redução de despesas)
é uma oração desenvolvida introduzida pela conjunção Da mesma forma com que corrigimos o exemplo an-
integrante que. Há mais de uma possibilidade de escre- terior, aqui podemos suprimir a conjunção:
vê-la com clareza e correção; uma seria a de apresentar Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas
as duas orações subordinadas como desenvolvidas, in- precipitadas, que comprometam o andamento de todo o
troduzidas pela conjunção integrante que: programa.

Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé- 5. Erros de Comparação


rios que economizassem energia e (que) elaborassem pla-
nos para redução de despesas. A omissão de certos termos ao fazermos uma compa-
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada
Outra possibilidade: as duas orações são apresenta- na língua escrita, pois compromete a clareza do texto:
das como reduzidas de infinitivo: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Minis- termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
térios economizar energia e elaborar planos para redução impossibilitar o entendimento do sentido que se quer
de despesas. dar a uma frase:

Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na Errado: O salário de um professor é mais baixo do que
coordenação de orações subordinadas. um médico.
A omissão de termos provocou uma comparação in-
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua es- devida: “o salário de um professor” com “um médico”.
crita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, o salário de um médico.
não ser inseguro, inteligência e ter ambição. Certo: O salário de um professor é mais baixo do que
O problema aqui decorre de coordenar palavras o de um médico.
(substantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.

Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou Novamente, a não repetição dos termos comparados
por transformá-la em frase simples, substituindo as ora- confunde. Alternativas para correção:
ções reduzidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, Portaria.
segurança, inteligência e ambição. Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso bas do que os Ministérios do Governo.
paralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equi-
valente) a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
apresentar, de forma paralela, estruturas sintáticas dis- “demais”) acarretou imprecisão:
tintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o bas do que os outros Ministérios do Governo.
Papa. Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
bas do que os demais Ministérios do Governo.
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
(Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibi- 6. Ambiguidade
lidade de correção é transformá-la em duas frases sim-
ples, com o cuidado de não repetir o verbo da primeira Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada
(visitar): em mais de um sentido. Como a clareza é requisito bási-
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta co de todo texto oficial, deve-se atentar para as constru-
última capital, encontrou-se com o Papa. ções que possam gerar equívocos de compreensão.
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado de identificar a qual palavra se refere um pronome que
LÍNGUA PORTUGUESA

pelo uso inadequado da expressão “e que” num período possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode
que não contém nenhum “que” anterior. ocorrer com:
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que
tem sólida formação acadêmica. A) pronomes pessoais:
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: que ele seria exonerado.
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu
sólida formação acadêmica. secretariado.

91
Ou então, caso o entendimento seja outro: ( ) CERTO ( ) ERRADO
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
neração deste. Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda
preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica
B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos: abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repú- para que tais cargos públicos sejam ocupados.
blica, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
Estado, mas isso não o surpreendeu. cial_publicacoes_ver.php?id=2
Observe a multiplicidade de ambiguidade no exem-
plo acima, a qual torna incompreensível o sentido da fra- 2. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
se. RIO – MÉDIO – CESPE – 2014) Em toda comunicação
oficial, exceto nas direcionadas a autoridades estrangei-
Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presiden- ras, deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou
te da República. No pronunciamento, solicitou a interven- Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do desti-
ção federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Pre- natário e do remetente.
sidente da República.
( ) CERTO ( ) ERRADO
C) pronome relativo:
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
costumava trabalhar. cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente
Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora- dois fechos diferentes para todas as modalidades de
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambi- comunicação oficial:
guidade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
de gênero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, da República: Respeitosamente,
os quais, as quais, que marcam gênero e número. B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu cos- rarquia inferior: Atenciosamente,
tumava trabalhar. Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
Se o entendimento é outro, então: das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu cos- tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
tumava trabalhar. nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da
3. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
OS CARGOS – CESPE – 2013) Na redação de uma ata,
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
devem-se relatar exaustivamente, com o máximo de de-
funcionário.
talhamento possível, incluindo-se os aspectos subjetivos,
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
as discussões, as propostas, as resoluções e as delibera-
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
ções ocorridas em reuniões e eventos que exigem regis-
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este
tro.
indisciplinado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma se-
nhora chamou o médico. Resposta: Errado. Ata é um documento administrativo
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi que tem a finalidade de registrar de modo sucinto a
chamado por uma senhora. sequência de eventos de uma reunião ou assembleia de
pessoas com um fim específico. É característica da Ata
SITE apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual- modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
redpr2aed.pdf (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)

4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-


EXERCÍCIOS COMENTADOS RIO – CESPE – 2014) Em toda comunicação oficial, exce-
to nas direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se
1. (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE fazer uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamen-
SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – SU- te, de acordo com as hierarquias do destinatário e do
PERIOR – CESPE – 2014) Considerando aspectos estru-
LÍNGUA PORTUGUESA

remetente.
turais e linguísticos das correspondências oficiais, julgue
os itens que se seguem, de acordo com o Manual de Re- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dação da Presidência da República.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de dois fechos diferentes para todas as modalidades de
cargos públicos. comunicação oficial:

92
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente 1.1.1. Casos Particulares
da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
quia inferior: Atenciosamente, partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma- no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
5. (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CES- ram proposta.
PE – 2014) Considerando aspectos estruturais e linguís-
ticos das correspondências oficiais, julgue os itens que se Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
seguem, de acordo com o Manual de Redação da Presi- dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dência da República. dalos destruiu / destruíram o monumento.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- Observação:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
cargos públicos. aos elementos que formam esse conjunto.

( ) CERTO ( ) ERRADO B) Quando o sujeito é formado por expressão que


Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
para que tais cargos públicos sejam ocupados. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi- Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida-
cial_publicacoes_ver.php?id=2 de.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.

REGRA PADRÃO DE CONCORDÂNCIA NO- Observação:


MINAL E VERBAL. Quando a expressão “mais de um” se associar a ver-
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende-
Concordância Verbal e Nominal ram um ao outro)

Os concurseiros estão apreensivos. C) Quando se trata de nomes que só existem no


Concurseiros apreensivos. plural, a concordância deve ser feita levando-se
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su- no plural, o verbo deve ficar o plural.
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino) Estados Unidos possui grandes universidades.
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con- Alagoas impressiona pela beleza das praias.
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, As Minas Gerais são inesquecíveis.
número e gênero se correspondem. A correspondência Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
ser verbal ou nominal. D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
1. Concordância Verbal indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
seu sujeito. pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
pronome pessoal.
1.1. Sujeito Simples - Regra Geral Quais de nós são / somos capazes?
LÍNGUA PORTUGUESA

O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
em número e pessoa. Veja os exemplos: Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
vadoras.
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-

93
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossas Excelências renunciarão?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- de acordo com o numeral.
ver no singular, o verbo ficará no singular. Deu uma hora no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Deram cinco horas no relógio da sala.
Algum de vós fez isso. Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
que indica porcentagem seguida de substantivo, o Observação:
verbo deve concordar com o substantivo. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
25% do orçamento do país será destinado à Educação. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
85% dos entrevistados não aprovam a administração O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
do prefeito. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
 Quando a expressão que indica porcentagem não sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
com o número. existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
25% querem a mudança. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
1% conhece o assunto. Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
 Se o número percentual estiver determinado por Chovia ontem à tarde.
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
-á com eles: 1.2. Sujeito Composto
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
bo, a concordância se faz no plural:
F) O pronome “que” não interfere na concordância; Pai e filho conversavam longamente.
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Sujeito
do singular.
Fui eu que paguei a conta. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fomos nós que pintamos o muro. Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Não serão eles quem será aprovado. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece
sumir a forma plural. sobre a terceira (eles). Veja:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
taram os poetas. Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram!
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum Segunda Pessoa do Plural (Vós)
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
Observação:
 Quando “um dos que” vem entremeada de subs- Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
tantivo, o verbo pode: mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves- (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio de “tomaríeis”.
que faça o mesmo).
LÍNGUA PORTUGUESA

C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,


2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- passa a existir uma nova possibilidade de concordância:
luídos (noção de que existem outros rios na mesma em vez de concordar no plural com a totalidade do sujei-
condição). to, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo
do sujeito mais próximo.
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Faltaram coragem e competência.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Faltou coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Compareceram todos os candidatos e o banca.

94
Compareceu o banca e todos os candidatos. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- vesse uma inversão da ordem. Veja:
dância é feita no plural. Observe:
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1.2.1. Casos Particulares “O professor questionou as regras com o aluno.”

 Quando o sujeito composto é formado por Casos em que se usa o verbo no singular:
núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no Café com leite é uma delícia!
singular. O frango com quiabo foi receita da vovó.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
A coragem e o destemor fez dele um herói.
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
 Quando o sujeito composto é formado por nú-
o verbo ficará no plural.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- Nordeste.
gundo me satisfaz. Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
 Quando os núcleos do sujeito composto são notícia.
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, Quando os elementos de um sujeito composto são
de acordo com o valor semântico das conjunções: resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
Drummond ou Bandeira representam a essência da é feita com esse termo resumidor.
poesia brasileira. Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. tia.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
“adição”. Já em: na vida das pessoas.
Juca ou Pedro será contratado.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- 1.2.2 Outros Casos
píada.
O Verbo e a Palavra “SE”
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
no singular. duas de particular interesse para a concordância verbal:

 Com as expressões “um ou outro” e “nem um A) quando é índice de indeterminação do sujeito;


nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular. B) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na
ou no singular: Um e outro farão/fará a prova. terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por
“com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi-
tem sentido muito próximo ao de “e”. retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse
O pai com o filho montaram o brinquedo. caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
O governador com o secretariado traçaram os planos Exemplos:
para o próximo semestre. Construiu-se um posto de saúde.
O professor com o aluno questionaram as regras. Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Alugam-se casas.
a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
LÍNGUA PORTUGUESA

O pai com o filho montou o brinquedo.


O governador com o secretariado traçou os planos
para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionou as regras.

Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito


composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-

95
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
se construída for “compreensível”, estaremos
concordará o verbo.
diante de uma partícula apassivadora; se não,
No meu setor, eu sou a única mulher.
o “se” será índice de indeterminação. Veja:
Aqui os adultos somos nós.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Observação:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
o pronome sujeito.
Agora:
Eu não sou ela.
Vendem-se casas.
Ela não é eu.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan- ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
ça? Agora é só memorizar!) A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.

O Verbo “Ser” O Verbo “Parecer”


O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- cias:
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo  Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
do sujeito. xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
desenho.
Quando o sujeito ou o predicativo for:  A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
tivo sofre flexão:
A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo As crianças parece gostarem do desenho.
SER concorda com a pessoa gramatical: (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
Ele é forte, mas não é dois. aas crianças)
Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos. FIQUE ATENTO!
Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
CER fica no singular. Por exemplo: As pare-
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
des parece que têm ouvidos. (Parece que as
mente, com o que estiver no plural:
paredes têm ouvidos = oração subordinada
Os livros são minha paixão!
substantiva subjetiva).
Minha paixão são os livros!

Quando o verbo SER indicar


Concordância Nominal
 horas e distâncias, concordará com a expressão
numérica: A concordância nominal se baseia na relação entre
É uma hora. nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
São quatro horas. ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô- adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
metros. normalmente, o substantivo funciona como núcleo de
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno-
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode minal.
estar expressa ou subentendida: A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
LÍNGUA PORTUGUESA

seguintes regras gerais:


Hoje é dia 26 de agosto. A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
Hoje são 26 de agosto. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
denunciavam o que sentia.
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
de e for seguido de palavras ou expressões como B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER a concordância pode variar. Podemos sistematizar
fica no singular: essa flexão nos seguintes casos:

96
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
O adjetivo concorda em gênero e número com o #FicaDica
substantivo mais próximo.
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
houver coerência com o segundo, função de
adjetivo, então varia:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Ele está só descansando. (apenas descansan-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
do) - advérbio
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
 Adjetivo posposto aos substantivos: jetivo:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
ou com todos eles (assumindo a forma masculina descansando)
plural se houver substantivo feminino e masculi-
no).
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece localização e atendimento perfei- dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
tos. das as construções:
A indústria oferece atendimento e localização perfei-  O substantivo permanece no singular e coloca-se
tos. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
Observação:  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- 1. Casos Particulares
do há substantivos de gêneros diferentes.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
jetivo fica no singular ou plural. mitido
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: referem possuir sentido genérico (não vier prece-
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- dido de artigo).
vo não for acompanhado de nenhum modificador: É proibido entrada de crianças.
Água é bom para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for No verão, melancia é bom.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- É preciso cidadania.
tivo: Esta água é boa para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

D) O adjetivo concorda em gênero e número com os  Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
trou-as muito felizes. o verbo como o adjetivo concordam com ele.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido É proibida a entrada de crianças.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição Esta salada é ótima.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no A educação é necessária.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis- São precisas várias medidas na educação.
terioso.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
função adjetiva e concorda normalmente com o Quite
nome a que se refere:
LÍNGUA PORTUGUESA

Cristina saiu só. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-


Cristina e Débora saíram sós. mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Observação: A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- Muito obrigadas, disseram as senhoras.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Seguem inclusos os papéis solicitados.
Eles só desejam ganhar presentes. Estamos quites com nossos credores.

97
Bastante - Caro - Barato - Longe concordar em gênero e número com a pessoa — e não
com o pronome — a que se refere.
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân-
tivos, ou numerais. cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem
(pronome adjetivo) se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
As casas estão caras. (adjetivo) homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
Achei barato este casaco. (advérbio) “Vossas Senhorias gostariam de um café?”.
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
2. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
Meio - Meia TOS BÁSICOS CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017)
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi Texto CB3A2BBB
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva- O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
riável: A candidata está meio nervosa. estão na base das Constituições democráticas modernas.
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
#FicaDica em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
tempo, o processo de democratização do sistema in-
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
saberei que se trata de um advérbio, não de
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
sa”.
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos
humanos, democracia e paz são três elementos funda-
Alerta - Menos mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra-
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
sempre invariáveis. para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
Os concurseiros estão sempre alerta. a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se
Não queira menos matéria! tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS não tenha a guerra como alternativa, somente quando
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Estado, mas do mundo.
Paulo: Saraiva, 2010. Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações).
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. 2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser
substituídos, respectivamente, por
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. a) não existe e não têm.
php b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C.
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE- Busquemos o contexto:
LÍNGUA PORTUGUESA

DERAL – CESPE – 2013) Formas de tratamento como - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
Vossa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que sejam em- há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
pregadas sempre na segunda pessoa do plural e no femi- te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
nino, exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, de “existir”)
o pronome possessivo que faz referência ao pronome - sem democracia, não existem as condições mínimas
de tratamento também deve ser o de terceira pessoa, e para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
o adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural,

98
já que devemos concordar com “as condições míni- 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
mas”. A única “troca” adequada seria o verbo “haver”
– que pode ser utilizado com o sentido de “existir”. A regência verbal estuda a relação que se estabele-
Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e prote- ce entre os verbos e os termos que os complementam
gidos, inexiste democracia; sem democracia, não há (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
as condições mínimas para a solução pacífica dos con- juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
flitos. regência, o que corresponde à diversidade de significa-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
3. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS- contexto em que forem empregados.
TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Em “Vossa Exce- contentar.
lência deve estar satisfeita com os resultados das nego- A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
ciações”, o adjetivo estará corretamente empregado se agrado ou prazer”, satisfazer.
dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois o Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
termo “satisfeita” deve concordar com a locução prono- “agradar a alguém”.
minal de tratamento “Vossa Excelência”.
O conhecimento do uso adequado das preposições
( ) CERTO ( ) ERRADO é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
verbal (e também nominal). As preposições são capazes
Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for de modificar completamente o sentido daquilo que está
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; sendo dito.
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle- Cheguei ao metrô.
xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento Cheguei no metrô.
é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
gendo as demais concordâncias. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.

4. (ABIN – AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – A voluntária distribuía leite às crianças.


A voluntária distribuía leite com as crianças.
CESPE – 2010 – ADAPTADA) (...) Da combinação entre
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega-
velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilida-
do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
de surge a noção contemporânea de agilidade, transfor-
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
mada em principal característica de nosso tempo.
vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun-
A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramati-
to adverbial).
cal para o texto, ser flexionada no plural, para concordar
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
com “velocidade, persistência, relevância, precisão e fle-
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
xibilidade” um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
rentes formas em frases distintas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Verbos Intransitivos
Resposta: Errado. O verbo está concordando com o Os verbos intransitivos não possuem complemento.
termo “combinação”, por isso deve ficar no singular. É importante, no entanto, destacar alguns detalhes re-
lativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompa-
5. (TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL- nhá-los.
-DF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – ANALISTA DE Chegar, Ir
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
CESPE – 2014 – ADAPTADA) (...) Há décadas, países verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
como China e Índia têm enviado estudantes para países para indicar destino ou direção são: a, para.
centrais, com resultados muito positivos.(...)
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída Fui ao teatro.
por Fazem. Adjunto Adverbial de Lugar

( ) CERTO ( ) ERRADO Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre-
gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão. Comparecer
LÍNGUA PORTUGUESA

Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas” O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL último jogo.

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação B) Verbos Transitivos Diretos


que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome Os verbos transitivos diretos são complementados
(regência nominal) e seus complementos. por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-

99
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao Observação:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, mente.
objetos indiretos.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- mentos introduzidos pela preposição “com”.
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, Antipatizo com aquela apresentadora.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, vernam para uma minoria privilegiada.
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
como o verbo amar: panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
Amo aquele rapaz. / Amo-o. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Amo aquela moça. / Amo-a. verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
Amam aquele rapaz. / Amam-no. sas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto
Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Paguei o débito ao cobrador.
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Objeto Direto Objeto Indireto
adnominais):
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
com particular cuidado:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
reira)
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
mor)
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
C) Verbos Transitivos Indiretos Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Os verbos transitivos indiretos são complementados
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Informar
gem uma preposição para o estabelecimento da relação Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos Informe os novos preços aos clientes.
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti- Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de vos preços)
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que Na utilização de pronomes como complementos, veja
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos as construções:
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
mes átonos lhe, lhes. ços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: sobre eles)
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di- Observação:
reitos iguais para todos. A mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”: Comparar
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
LÍNGUA PORTUGUESA

as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple-


mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
Responder - Tem complemento introduzido pela o) de uma criança.
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in-
dicar “a quem” ou “ao que” se responde. Pedir
Respondi ao meu patrão. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
Respondemos às perguntas. na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
Respondeu-lhe à altura. de pessoa.

100
Pedi-lhe favores. utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Objeto Indireto Objeto Direto Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Assistir
tantiva Objetiva Direta Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
tar assistência a, auxiliar.
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
palavra licença estiver subentendida. Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em ciar, estar presente, caber, pertencer.
casa. Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- Essa lei assiste ao inquilino.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Preferir transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
indireto introduzido pela preposição “a”: conturbada cidade.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
licitar a atenção ou a presença de.
Observação:
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
má-la.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
prefixo existente no próprio verbo (pre).
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
dicativo preposicionado ou não.
Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- A torcida chamou o jogador mercenário.
cado A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- A torcida chamou o jogador de mercenário.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe- A torcida chamou ao jogador de mercenário.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
curso linguístico muito importante, pois além de permitir Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den- Custar
tre os principais, estão: Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
Agradar bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
nhos, acariciar, fazer as vontades de. No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti-
Sempre agrada o filho quando. vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
Aquele comerciante agrada os clientes. reduzida de infinitivo.

Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Muito custa viver tão longe da família.
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Verbo Intransitivo Oração Subordinada
introduzido pela preposição “a”. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
to: O cantor desagradou à plateia.
A Gramática Normativa condena as construções que
LÍNGUA PORTUGUESA

Aspirar atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por


Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins- pessoa: Custei para entender o problema.
pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) = Forma correta: Custou-me entender o problema.
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As- Implicar
pirávamos a ele) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são implicavam um firme propósito.

101
B) ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.

Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econô-
micas.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segun-
da acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
LÍNGUA PORTUGUESA

Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

102
Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

2 Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Contíguo a Impróprio para Semelhante a


Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

103
Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2014 – ADAPTADA)


O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das
estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências
infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos,
independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos
adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente
de caráter transnacional — com a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a
estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico de drogas,
articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e
repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos.
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>.

Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do
vocábulo “conexos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é
a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de caráter transnacional — com a crimi-
nalidade e a violência.
O termo está se referindo à associação – associação do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalidade
(2) (associação daquilo [1] com isso [2])

SINTAXE: ELEMENTOS ESTRUTURAIS DAS PALAVRAS; FORMAÇÃO DAS PALAVRAS; FRASE-O-


RAÇÃO-PERÍODO; SUJEITO: CLASSIFICAÇÃO; PREDICADO: VERBAL, NOMINAL E VERBO-NO-
MINAL; COMPLEMENTOS VERBAIS, OBJETO DIRETO, OBJETO INDIRETO; ADJUNTOS ADNOMI-
NAIS E ADVERBIAIS; AGENTE DA PASSIVA; VOCATIVO E APOSTO; PERÍODO COMPOSTO POR
COORDENAÇÃO; PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO; COLOCAÇÃO PRONOMINAL,
PRONOMES ÁTONOS; FIGURAS DE SINTAXE; TERMOS DE ORAÇÃO/ PERÍODO COMPOSTO/
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES.
LÍNGUA PORTUGUESA

Frase, oração e período

1. Sintaxe da Oração e do Período

Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Normalmente é composta por dois
termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou muito
ontem à noite.

104
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
partir de seu sentido global: no singular: candidato = está).
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem A função do sujeito é basicamente desempenhada
formula uma pergunta: Que dia é hoje? por substantivos, o que a torna uma função substantiva
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
faz um pedido: Dê-me uma luz! quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- pria) também podem exercer a função de sujeito.
tado afetivo: Que dia abençoado! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A tantivo)
prova será amanhã. Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
sujeito e predicado.
do sujeito.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
Um sujeito é determinado quando é facilmente
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a nado pode ser simples ou composto.
parte da frase que contém “a informação nova para o ou- A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, possível identificar claramente a que se refere a concor-
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo Estão gritando seu nome lá fora.
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo Trabalha-se demais neste lugar.
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
de ligação): xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação Nós estudaremos juntos.
(predicado verbal) A humanidade é frágil.
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- Ninguém se move.
cleo é “fácil” (predicado nominal) O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- As crianças precisam de alimentos saudáveis.
tido completo. O período pode ser simples ou composto.
O sujeito composto é o sujeito determinado que
Período simples é aquele constituído por apenas apresenta mais de um núcleo.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. Alimentos e roupas custam caro.
Chove. Ela e eu sabemos o conteúdo.
A existência é frágil. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Período composto é aquele constituído por duas ou “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
mais orações: do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
Cantei, dancei e depois dormi. pela desinência verbal ou pelo contexto.
Quero que você estude mais. Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1. Termos da Oração Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
1.1.1 Termos essenciais gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
pronomes não estejam explícitos.
O sujeito e o predicado são considerados termos es- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
LÍNGUA PORTUGUESA

senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis to na desinência verbal “-mos”


para a formação das orações. No entanto, existem ora- Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que de- sinência verbal “-ais”
fine a oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo
que estabelece concordância com o verbo. Mas:
O candidato está preparado. Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Os candidatos estão preparados. Vós cantais bem! = sujeito simples: vós

105
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito = uma ideia estranha
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = passou-me pelo pensamento
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Para o estudo do predicado, é necessário verificar
nado de duas maneiras: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que siderar também se as palavras que formam o predicado
o sujeito não tenha sido identificado anteriormen- referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
te: oração.
Bateram à porta; Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi- de opinião.
nistro. Predicado

Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples O predicado acima apresenta apenas uma palavra
ou composto: que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
Os meninos bateram à porta. (simples) ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
ca dos verbos que não apresentam complemento sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
direto: predicativo do sujeito).
Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
Trata-se de casos delicados. significativo um verbo:
Sempre se está sujeito a erros. Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Compraste a apostila?
de indeterminação do sujeito.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
processos.
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com:
 os verbos que indicam fenômenos da natureza: O predicado nominal é aquele que tem como nú-
Amanheceu. cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
Está trovejando. ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao ligação).
tempo em geral: Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Está tarde. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Já são dez horas. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Faz frio nesta época do ano. do sujeito: Os dados parecem corretos.
Há muitos concursos com inscrições abertas. O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas relacionadas.
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado um adjetivo ou substantivo.
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Chove muito nesta época do ano. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
LÍNGUA PORTUGUESA

Houve problemas na reunião.

Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como nificativo, indicando processos. É também sempre por
objeto direto. intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
As questões estavam fáceis! o termo a que se refere.
Sujeito simples = as questões O dia amanheceu ensolarado;
Predicado = estavam fáceis As mulheres julgam os homens inconstantes.

106
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de vra “necessária”
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
um verbal e outro nominal.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado. 1.3 Termos acessórios da oração e vocativo

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona Os termos acessórios recebem este nome por serem
o complemento homens com o predicativo “inconstan- explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
tes”. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
1.2 Termos integrantes da oração oração.

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
complemento nominal são chamados termos integrantes ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
da oração. sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
Os complementos verbais integram o sentido dos exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- a pé àquela velha praça.
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
plementos diretamente, sem a presença de preposição, O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
ou indiretamente, por intermédio de preposição. termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
O objeto direto é o complemento que se liga direta- ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
mente ao verbo. que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
Houve muita confusão na partida final. Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
Queremos sua ajuda. numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
O objeto direto preposicionado ocorre principal- amigo de infância.
mente:
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
muns referentes a pessoas: tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
verbo.
na-se: objeto direto preposicionado)
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
adjunto adnominal)
cansar a Vossa Senhoria.
O poeta português deixou uma obra inacabada.
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
O poeta deixou-a inacabada.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
a crise) (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
LÍNGUA PORTUGUESA

valor na oração, em:


objeto pleonástico A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
Ao traidor, nada lhe devemos. com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
O termo que integra o sentido de um nome chama-se coisas: amor, arte, ação.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
pleta por intermédio de preposição: nho, tudo forma o carnaval.

107
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-  Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida. suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
bém, não só... como, assim... como.
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não Comprei o protetor solar e fui à praia.
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-  Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
tantivadas esse papel na linguagem. davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
João, venha comigo! senão.
Traga-me doces, minha menina! Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
1.4 Períodos Compostos
1.4.1 Período Composto por Coordenação  Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
O período composto se caracteriza por possuir mais quer...quer; seja...seja.
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração)  Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à suas principais conjunções são: logo, portanto, por
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
orações) posto ao verbo).
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um Passei no concurso, portanto comemorarei!
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- A situação é delicada; devemos, pois, agir.
ções).
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa-
entre as orações de um período composto: uma relação ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
de coordenação ou uma relação de subordinação. Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Duas orações são coordenadas quando estão juntas mingo.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
Quero que você seja aprovado!
(Período Composto)
Oração principal oração subordinada
Podemos dizer:
Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar.
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
2. Irei à praia.
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
Separando as duas, vemos que elas são independen- verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
tes. Tal período é classificado como Período Composto do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
por Coordenação. por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- explícitas.
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Sindéticas. Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
A) Coordenadas Assindéticas Oração Principal Oração Subordinada
São orações coordenadas entre si e que não são li-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
tapostas. ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
B) Coordenadas Sindéticas disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
LÍNGUA PORTUGUESA

surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou


coordenativa, que dará à oração uma classificação. As particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin- citas (como no exemplo acima).
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas. Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição.

108
A) Orações Subordinadas Substantivas Observação:
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
tegrante (que, se). do singular.

Não sei se sairemos hoje. 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
Oração Subordinada Substantiva do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Temos medo de que não sejamos aprovados. Objeto Direto
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam- querem isso)
bém introduzem as orações subordinadas substantivas, Oração Principal Oração Subordinada Substanti-
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, va Objetiva Direta
onde, como). As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
O garoto perguntou qual seu nome.  Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica)
Oração Subordinada Substantiva e “se”: A professora verificou se os alunos estavam
presentes.
Não sabemos quando ele virá.  Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
Oração Subordinada Substantiva vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas do carro importado.
Substantivas  Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
Conforme a função que exerce no período, a oração indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do 3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal: verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto
É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai
insiste nisso)
tiva Subjetiva
Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Indireta
Observação:
FIQUE ATENTO!
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
Observe que a oração subordinada subs- oração.
tantiva pode ser substituída pelo pronome Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
“isso”. Assim, temos um período simples: Oração Subordinada Subs-
É fundamental isso ou Isso é fun- tantiva Objetiva Indireta
damental.
Desta forma, a oração correspondente a 4. Completiva Nominal = completa um nome que
“isso” exercerá a função de sujeito. pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora- Complemento Nominal
ção principal:
 Verbos de ligação + predicativo, em constru- Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Pa- Sentimos orgulho disso.)
rece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado Oração Subordinada Substantiva
É bom que você compareça à minha festa. Completiva Nominal
LÍNGUA PORTUGUESA

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, As orações subordinadas substantivas objetivas in-
Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
anunciado, Ficou provado. orações subordinadas substantivas completivas nominais
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
 Verbos como: convir - cumprir - constar - admi- tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
rar - importar - ocorrer - acontecer plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
Convém que não se atrase na entrevista. segundo, um nome.

109
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su- Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
do verbo ser. Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Nosso desejo era sua desistência. apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Predicativo do Sujeito orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
era isso) relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
Oração Subordinada Substantiva sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
Predicativa gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
mo da oração principal.
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
Aposto
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
Oração subordinada bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo me relativo e seu verbo está no infinitivo.
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) 1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti-
vas
Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
Na relação que estabelecem com o termo que carac-
B) Orações Subordinadas Adjetivas terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos- de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva- ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente. pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
Esta foi uma redação bem-sucedida. vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno- amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon-
minal) tra suficientemente definido. Estas orações denominam-
-se subordinadas adjetivas explicativas.
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje- Exemplo 1:
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo passava naquele momento.
papel: Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada No período acima, observe que a oração em desta-
Adjetiva que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
Perceba que a conexão entre a oração subordinada
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
le momento.
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
Exemplo 2:
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa O homem, que se considera racional, muitas vezes
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede age animalescamente.
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
ciona como sujeito).
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
FIQUE ATENTO! explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”.
Vale lembrar um recurso didático para reco-
LÍNGUA PORTUGUESA

nhecer o pronome relativo “que”: ele sem- Saiba que:


pre pode ser substituído por: o qual - a qual A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
- os quais - as quais da da oração principal por uma pausa que, na escrita,
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a
oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
o qual estuda. orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

110
C) Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a introduz (assim como acontece com as coordenadas fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal.
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad- São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces- de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
sórios que indicam uma circunstância referente, via de estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
depende da exata compreensão da circunstância que ex- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
prime. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de concretizando-os.
minha vida. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de zida de Infinitivo)
minha vida.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- como necessário para a realização ou não de um
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- na oração principal.
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina- Principal conjunção subordinativa condicional: se.
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
possível reduzi-la, obtendo-se: sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi- Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
nha vida. certamente o melhor time será campeão.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma Caso você saia, convide-me.
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão
Observação: está diretamente ligada ao contraste, à quebra de
A classificação das orações subordinadas adverbiais expectativa. Principal conjunção subordinativa con-
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção:
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela conquanto e as locuções ainda que, ainda quando,
oração. mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.
Só irei se ele for.
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
biais ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Compare agora com:
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada Irei mesmo que ele não vá.
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
LÍNGUA PORTUGUESA

que se declara na oração principal. Principal conjunção A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu- irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
ções causais: como (sempre introduzido na oração ante- A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez concessiva.
que, visto que. Observe outros exemplos:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Embora fizesse calor, levei agasalho.
forte. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
Já que você não vai, eu também não vou. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

111
E) Comparativa= As orações subordinadas adver- Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
biais comparativas estabelecem uma comparação “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- É preciso estudar = oração subordinada substantiva
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- subjetiva reduzida de infinitivo
va: como. É preciso que se estude = oração subordinada subs-
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) tantiva subjetiva
Você age como criança. (age como uma criança age)
4. Orações Intercaladas
• geralmente há omissão do verbo.
São orações independentes encaixadas na sequência
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar-
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
para a execução do que se declara na oração prin- vessões.
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: sunto.
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
valor de conforme). REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Fiz o bolo conforme ensina a receita. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
direitos iguais. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
se declara na oração principal. Principal conjunção São Paulo: Saraiva, 2002.
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
finais: que, porque (= para que) e a locução con- SITE
juntiva para que. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. frase-periodo-e-oracao
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
principal. Principal locução conjuntiva subordinati- EXERCÍCIOS COMENTADOS
va proporcional: à proporção que. Outras locuções
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 –
que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan- traram em campo em prol do programa “Pai Presente”,
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha
menos...(menos). que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o
À proporção que estudávamos mais questões acertá- nome do pai em sua certidão de nascimento. (...)
vamos. A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
À medida que lia mais culto ficava. em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
gula porque tem natureza restritiva.
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir ( ) CERTO ( ) ERRADO
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
poral: quando. Outras conjunções subordinativas ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan-
depois que, sempre que, desde que, etc. do a informação, o que dará a entender que TODAS as
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. pessoas não têm o nome do pai na certidão.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) 2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CAR-
REIRA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTA-
3. Orações Reduzidas DA)
LÍNGUA PORTUGUESA

As orações subordinadas podem vir expressas como A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
tivo subordinativo que as introduza. e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- mo que a crônica é um gênero menor.
sença do conectivo) “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-

112
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da HORA DE PRATICAR!
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo 1. (MAPA – AUDITOR FISCAL FEDERAL AGROPE-
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que CUÁRIO – MÉDICO VETERINÁRIO – SUPERIOR –
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua ESAF – 2017) Assinale a opção que apresenta desvio de
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- grafia da palavra.
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chi-
mão certa profundidade de significado e certo acaba- nesa que favorece a regularização dos processos fisiológi-
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma cos do corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventiva-
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Paulo: mente (1) para evitar o desenvolvimento de doenças, como
Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adaptações). terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou
como método paliativo (2) em casos de doenças crônicas
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser- de difícil tratamento. Tem também uma ação importante
vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi- na medicina rejenerativa (3) e na reabilitação. O trata-
retos. mento de acupuntura consiste na introdução de agulhas
filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
( ) CERTO ( ) ERRADO cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é
dolorosa para os animais e é possível observar durante os
Resposta: Errado. tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras
imagina uma literatura = transitivo direto de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo (5) desejado.
(transitivo direto e indireto) Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fi-
pode servir de caminho = intransitivo toterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em 28/11/2017. (Com
adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ-


RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC –
2017) Respeitando-se as normas de redação do Manual
da Presidência da República, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilida-


de de implementação de projeto de treinamento de
pessoal para operar os novos equipamentos gráficos a
serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em
que Vossa Excelência pretende nomear vosso repre-
sentante na Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado,
informar, que será organizado seminário, sobre o uso
eficiente de recursos hídricos, em data ainda a ser de-
finida.
d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o de-
senvolvimento do setor em questão, informamos, por
meio deste Ofício, que será amplamente analisado por
especialistas.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vos-


sa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que
possam com- prometer vossa realização do projeto
mencionado.

113
3. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.

4. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em
que todas as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

5. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA – MÉDICO PSIQUIATRA – SUPERIOR – VUNESP – 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


b) anuncio ... À ... Iminente.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) anúncio ... À ... Iminente.


d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.

7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO – 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos.
Desde a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os homens tem demonstrado que querem pôr sua
marca no mundo porque se sentem superiores.

114
A palavra que NÃO está grafada corretamente é A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
(cumprimento/comprimento)
a) macro-história. Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
b) multicomunicações. vazia. (despensa/dispensa).
c) tem.
d) pôr. Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima
e) porque. os expostos na alternativa:

8. (LIQUIGÁS – PROFISSIONAL JÚNIOR – CIÊN- a) mas – cumprimento – despensa.


CIAS CONTÁBEIS – CEGRANRIO – 2014) O grupo b) más – comprimento – despensa.
em que todas as palavras estão grafadas de acordo com c) más – cumprimento – dispensa.
a norma-padrão da Língua Portuguesa é d) mas – comprimento – dispensa.
e) más – comprimento – dispensa.
a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem
b) pedágio, ultrage, pagem, angina 12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO -
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – 2014)
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste Está redigida com clareza e em consonância com as re-
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem gras da gramática normativa a seguinte frase:

9. (SIMAE – AGENTE ADMINISTRATIVO – ASS- a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa-
CON-PP – 2014) Assinale a alternativa que apresenta lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de
apenas palavras escritas de forma incorreta. passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun-
ciar.
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar; b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
b) Caixote, encher, análise, poetisa; atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; quanto a impossibilidade de rever sua posição.
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen-
tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua
Excelência, o Senhor Ministro da Educação?
10. (RECEITA FEDERAL – AUDITOR FISCAL – ESAF d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
– 2014) Assinale a opção que corresponde a erro gra- positiva para o público jovem que estava presente, de
matical ou de grafia de palavra inserido na transcrição que se desculparam os idealizadores do programa.
do texto. e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer
aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secre- de projetos, com que serão também autores.
taria da Receita Federal é apenas a mais recente denomi-
nação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco 13. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-
séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária -MS – 2014) A acentuação correta está na alternativa:
para modernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora,
bem como para promover uma maior integração entre o a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento ex- b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
pontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos c) ponei – geléia – heroico.
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa- d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O e) lingüiça – feiúra – idéia.
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou
um significativo avanço na facilitação do cumprimento 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – ADVOGADO –
das obrigações tributárias, contribuindo para o aumento AOCP – 2014) A palavra que está acentuada correta-
da arrecadação a partir (5) do final dos anos 60. mente é:
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/
historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) a) Históriar.
b) Memórial.
a) (1). c) Métodico.
b) (2). d) Própriedade.
c) (3). e) Artifício.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) (4).
e) (5). 15. (PRODAM-AM – ASSISTENTE – FUNCAB –
2014 – ADAPTADA) Assinale a opção em que o par de
11. (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO- palavras foi acentuado segundo a mesma regra.
-SP – ANALISTA FERROVIÁRIO – OFICINAS – ELÉ-
TRICA – IDERH – 2014) Leia as orações a seguir: a) saúde-países
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa- b) Etíope-juízes
nhias. (mas/más) c) olímpicas-automóvel

115
d) vocês-público d) terra, pontapé, murmúrio, aves
e) espetáculo-mensurável e) saúde, primogênito, computador, devêssemos

16. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO 22. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁ-


EM CONTABILIDADE – IDECAN – 2014) Os vocábu- RIO – TÉCNICO EM AGRIMENSURA – FUNCAB –
los “cinquentenário” e “império” são acentuados devido à 2014) A alternativa que apresenta palavra acentuada por
mesma justificativa. O mesmo ocorre com o par de pala- regra diferente das demais é:
vras apresentado em
a) dúvidas.
a) prêmio e órbita. b) muitíssimos.
b) rápida e tráfego c) fábrica.
c) satélite e ministério. d) mínimo.
d) pública e experiência. e) impossível.
e) sexagenário e próximo.
23. (PRODAM-AM – ASSISTENTE DE HARDWARE
17. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PRE- – FUNCAB – 2014) Assinale a alternativa em que todas
VIDÊNCIA SOCIAL – CEPERJ – 2014) A palavra “con- as palavras foram acentuadas segundo a mesma regra.
teúdo” recebe acentuação pela mesma razão de:
a) indivíduos - atraí(-las) - período
a) juízo b) saíram – veículo - construído
b) espírito c) análise – saudável - diálogo
c) jornalístico d) hotéis – critérios - através
d) mínimo e) econômica – após – propósitos
e) disponíveis
24. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO
18. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – ICMBIO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI – 2014) “O
– CESPE – 2014) A mesma regra de acentuação gráfica evento promove a saúde de modo integral.” A regra que
justifica o acento gráfico no termo destacado é a mesma
se aplica aos vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”.
que justifica o acento em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) “remédio”.
b) “cajú”.
19. (PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ-SC
c) “rúbrica”.
– GUARDA MUNICIPAL – FEPESE – 2014 – ADAP-
d) “fráude”.
TADA) Assinale a alternativa em que todas as palavras e) “baú”.
são oxítonas.
25. (TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
a) pé, lá, pasta NISTRATIVA – MÉDIO – FGV – 2015)
b) mesa, tábua, régua Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no
c) livro, prova, caderno signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito
d) parabéns, até, televisão à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos
e) óculos, parâmetros, título dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che-
20. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO garão rapidamente”.
EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN – 2014)
Assinale a alternativa em que a acentuação de todas as O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a”
palavras está de acordo com a mesma regra da palavra com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua
destacada: “Procuradorias comprovam necessidade de vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego do
rendimento satisfatório para renovação do FIES”. acento grave da crase é corretamente empregado é:

a) após / pó / paletó a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;


b) moído / juízes / caído b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
c) história / cárie / tênue c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
d) álibi / ínterim / político d) o leitor estava à procura de seu destino;
e) êxito / protótipo / ávido e) o astrólogo previa o futuro passo à passo
LÍNGUA PORTUGUESA

21. (PREFEITURA DE BRUSQUE-SC – EDUCADOR 26. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO-SP – FAR-


SOCIAL – FEPESE – 2014) Assinale a alternativa em MACÊUTICO – SUPERIOR – VUNESP – 2017) O si-
que só palavras paroxítonas estão apresentadas. nal indicativo de crase está empregado corretamente nas
duas ocorrências na alternativa:
a) facilitada, minha, canta, palmeiras
b) maná, papá, sinhá, canção a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
c) cá, pé, a, exílio damente, tristeza à depressão.

116
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
por isso almejam à pílula da felicidade. forto, ...
c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga, c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
pode-se, à primeira vista, pensar em depressão. forto, ...
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
às pessoas antes da realização de exames acurados. forto, ...
e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis- e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de- forto, ..
pressão.
31. (CONAB – CONTABILIDADE – SUPERIOR – IA-
27. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ- DES – 2014 – ADAPTADA) Considerando o trecho
RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – “atualizou os dados relativos à produção de grãos no Bra-
2017) É difícil planejar uma cidade e resistir à tentação sil.” e conforme a norma-padrão, assinale a alternativa
de formular um projeto de sociedade. correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
bo sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo
a) não acatar. de crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
c) controlar. sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
d) superar. d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
e) não sucumbir. tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser
facultativo.
28. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ- e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
2017) A frase em que há uso adequado do sinal indica- de crase seria facultativo.
tivo de crase encontra-se em:
32. (SABESP-SP – ATENDENTE A CLIENTES – MÉ-
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com DIO – FCC – 2014 – ADAPTADA) No trecho Refiro-me
maior força na Hollywood do século 21. aos livros que foram escritos e publicados, mas estão –
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- talvez para sempre – à espera de serem lidos, o uso do
gou à máxima. acento de crase obedece à mesma regra seguida em:
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
em histórias já testadas e aprovadas.
a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças
evitá-la.
de teatro.
b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos
efeito.
em alguns estúdios.
c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela.
29. (PREFEITURA DE MARÍLIA-SP – AUXILIAR DE
ESCRITA – MÉDIO – VUNESP – 2017) Assinale a al- d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
ternativa em que o sinal indicativo de crase está empre- fórmula.
gado corretamente. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
amor de infância. 33. (TRT-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – SUPE-
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta RIOR – FCC–2014) ... que acompanham as fronteiras
uma nova remessa de cartas. ocidentais chinesas...
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
lógico. plemento que o da frase acima está em:
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo
à diversas cartas. a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
novas amizades. Idade Média.
c) ... viajavam por cordilheiras...
LÍNGUA PORTUGUESA

30. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – TÉCNICO d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
EM SAÚDE – LABORATÓRIO – MÉDIO – VUNESP – e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
2014) Reescrevendo-se o segmento frasal – ... incitá-los
a reagir e a enfrentar o desconforto, ... –, de acordo com a 34. (CASAL-AL – ADMINISTRADOR DE REDE –
regência e o acento indicativo da crase, tem-se: COPEVE – UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Pa-
dre Vieira,
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon- “O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica-
forto, ... ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-

117
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática d) predicativo.
de, e) adjunto adnominal.

a) objeto direto/objeto direto. 39. (TRT-13ª REGIÃO-PB – TÉCNICO JUDICIÁRIO


b) sujeito/objeto direto. – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MÉDIO – FCC
c) objeto direto/sujeito. – 2014) Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às am-
d) objeto direto/objeto indireto. bições passadas...
e) sujeito/objeto indireto. O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
plemento que o grifado acima está empregado em:
35. (CASAL-AL – ADMINISTRADOR DE REDE –
COPEVE – UFAL – 2014) No texto, “Arranca o esta- a) Faltam-nos precedentes históricos para...
tuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...
informe; e, depois que desbastou o mais grosso, toma o c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si-
maço e cinzel na mão para começar a formar um homem, tuação...
primeiro membro a membro e depois feição por feição.” d) As redes sociais eram atividades de difícil
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Aca- implementação...
demia Brasileira de Letras e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...
A oração sublinhada exerce uma função de
40. (CIA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO DE
a) causalidade. GUARAPUAVA-PR – AGENTE DE TRÂNSITO
b) conclusão. – CONSULPLAM – 2014) Quanto à função que de-
c) oposição. sempenha na sintaxe da oração, o trecho em destaque
d) concessão. “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de lá pra cá”
e) finalidade. corresponde a:

36. (EBSERH – HUCAM-UFES – ADVOGADO – SU- a) Oração subordinada adjetiva restritiva.


PERIOR – AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
apenas uma pequena fração da sociedade teria acesso a c) Adjunto adnominal.
ela.”, a expressão em destaque funciona como: d) Oração subordinada adverbial espacial.

a) objeto direto. 41. (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO


b) adjunto adnominal. EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN – 2014)
c) complemento nominal. Acerca das relações sintáticas que ocorrem no interior do
d) sujeito paciente. período a seguir “Policiais de Los Angeles tomam facas de
e) objeto indireto. criminosos, perseguem bêbados na estrada e terminam o
dia na delegacia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar
37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – ANALISTA AD- que
MINISTRATIVO – JORNALISMO – SUPERIOR –
AOCP – 2014) a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu fi- b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
lho crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...” posto.
No período acima, a oração destacada: c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
sujeito.
a) estabelece uma relação temporal com a oração que d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêba-
lhe é subsequente. dos” e “relatório”.
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são ter-
antecede. mos que indicam circunstâncias que caracterizam a
c) estabelece uma relação condicional com a oração que ação verbal.
lhe é subsequente.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que 42. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO
a antecede. – MÉDIO – VUNESP – 2015) Leia o texto, para respon-
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração der às questões.
que lhe é subsequente. O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para
consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito
38. (PRODAM-AM – ASSISTENTE DE HARDWARE às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o
LÍNGUA PORTUGUESA

– FUNCAB – 2014) O termo destacado em: “As pessoas mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A
estão sempre muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte fun- vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das
ção sintática: classes sociais, dos indivíduos.
Todos os direitos da humanidade foram conquistados
a) objeto direto. pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de
b) objeto indireto. enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham;
c) adjunto adverbial. todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja

118
o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;
ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto na d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
outra segura a espada por meio da qual o defende. e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a
espada, a impotência do direito. Uma completa a outra, 44. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ-
e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC –
a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade 2017) Está plenamente adequada a pontuação do se-
com que manipula a balança. guinte período:
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi- -se, independente das outras artes há mais de meio
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa século.
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direi- b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
to participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
para a realização da ideia do direito. É verdade que nem cinema declarou-se independente das outras artes, há
todos enfrentam o mesmo desafio. mais de meio século.
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui- c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo pendente das outras artes, embora a produção cine-
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não matográfica tenha sempre considerado a literatura
nos compreenderiam, pois só veem nele um estado de como fonte de inspiração.
paz e de ordem. d) O cinema declarou-se independente, das outras ar-
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- literatura.
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como
e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força
nema, mas este, declarou-se independente das outras
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito.
artes há mais de meio século − como é sabido.
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí-
pios jurídicos manipulados pelo Estado.
45. (CORREIOS – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca
TRABALHO JÚNIOR – MÉDIO – IADES – 2017 –
chegaria ao fim.
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o
ADAPTADA) Quanto às regras de ortografia e de pon-
interesse pecuniário. tuação vigentes, considere o período “Enquanto lia a car-
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do ta, as lágrimas rolavam em seu rosto numa mistura de
direito está na ação. amor e saudade.” e assinale a alternativa correta.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das
faces, aos demais, a outra. a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam
43. (TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- em seu rosto por que sentia um misto de amor e sauda-
NISTRATIVA – MÉDIO – FGV – 2015) de.” poderia substituir a original.
c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo acrescentado ao vocábulo “lia”.
desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da
de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo prepa- vírgula entre elas poderia ser dispensado.
rada pela Nasa (agência espacial norte-americana). O pri- e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acen-
meiro passo para a concretização desse desafio será dado tuados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.
nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion,
da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos 46. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-
Estados Unidos. O lançamento estava previsto original- -MS – 2014) Verifique a pontuação nas frases abaixo e
mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas marque a assertiva correta:
técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário
de Brasília).” a) Céus: Que injustiça.
LÍNGUA PORTUGUESA

(Ciência, Internet Explorer). b) O resultado do placar, não o abateu.


c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava
“com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência em pleno atendimento.
em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.” d) Comam bastantes frutas crianças!
Os termos sublinhados se encarregam da localização do e) Comprei abacate, e mamão maduro.
lançamento da cápsula referida; o critério para essa loca-
lização também foi seguido no seguinte caso: Os protes-
tos contra as cotas raciais ocorreram:

119
47. (SAAE-SP – FISCAL LEITURISTA – VUNESP – 49. (PREFEITURA DE PAULISTA-PE – RECEPCIO-
2014) NISTA – UPENET – 2014 – ADAPTADA)
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de
dinheiro.”
(Millôr Fernandes)

Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar


que:

a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.

50. (POLÍCIA MILITAR-SP – OFICIAL ADMINIS-


TRATIVO – MÉDIO – VUNESP – 2014) A reescrita
da frase – Como sempre, a resposta depende de como de-
finimos os termos da pergunta. – está correta, quanto à
pontuação, em:

a) A resposta como sempre, depende de, como defini-


mos os termos da pergunta.
b) A resposta, como sempre, depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
c) A resposta como, sempre, depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pon- d) A resposta, como, sempre depende de como defini-
tuação está correta em: mos os termos da pergunta.
e) A resposta como sempre, depende de como, defini-
a) Hagar disse, que não iria. mos os termos da pergunta.
b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes
e lagostas, aos vizinhos. 51. (EMPLASA-SP – ANALISTA JURÍDICO – DI-
c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para REITO – VUNESP – 2014) Segundo a norma-padrão
Hagar e Helga da língua portuguesa, a pontuação está correta em:
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar
à Helga. a) Como há suspeita, por parte da família de que João
e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver-
Stevensens, para jantar bifes e lagostas. dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos.
48. (PREFEITURA DE PAULISTA-PE – RECEPCIO- b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o
NISTA – UPENET – 2014) Sobre os SINAIS DE PON- pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea-
TUAÇÃO, observe os itens abaixo: briu a investigação da morte deste, visto que, para a
viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado.
I. “Calma, gente”. c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta,
II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”? em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida” apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!” que, para a família, Jango pode ter sido assassinado.
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...” d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA. sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é
descartada, pela viúva e filhos.
a) No item I, a vírgula isola um aposto. e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou-
b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in-
LÍNGUA PORTUGUESA

lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado


terrompida. pediram a reabertura da investigação de sua morte,
c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em
antecedente. maio deste ano.
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação
e a exclamação, indicam surpresa. 52. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO
e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape- TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A cor-
nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”. reção gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas,

120
cervejas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após por até 20 minutos.
a palavra “vinhos”. Retemos mais informações quando nos sentamos em um
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
( ) CERTO ( ) ERRADO design de interiores.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
53. (PREFEITURA DE ARCOVERDE-PE – ADMINIS- dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w-
TRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS – ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
2014) Leia o texto a seguir: do)
“Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi-
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque: Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti- o termo Talvez, indicando condição, a sequência que
ca e uma conclusiva. apresenta correlação dos verbos destacados de acordo
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- com a norma-padrão será:
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está
subentendido. a) reteríamos ... sentarmos
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um b) retínhamos ... sentássemos
luxo, mas uma necessidade”. c) reteremos ... sentávamos
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados d) retivemos ... sentaríamos
por uma conjunção aditiva. e) retivéssemos ... sentássemos
e) isola o aposto na segunda oração.
55. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
54. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – VUNESP – 2017) Leia o texto para responder
MÉDIO – VUNESP – 2017) às questões.
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar-
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi-
e divisórias. ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto,
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele como um exemplo de alívio, promessa de alegria em
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris-
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi- te realismo: o problema de São Paulo é que você anda,
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati-
chefe. das e os Corcovados de concreto armado.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni-
paço, com portas e tudo. das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li-
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- patinadores, maracatus, big bands, corredores evangéli-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram cos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até artesanal.
15% da produtividade, desenvolver problemas graves Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
organização. e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir diferentes percursos.
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- da Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas
LÍNGUA PORTUGUESA

tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é encostas do Sumaré, até que, na última terça, sem que-
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. rer, descobri um insuspeito parque noturno com bastan-
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em te gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo atividades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
de Nagele e voltando aos espaços privados. (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo 13.04.2017. Adaptado)

121
Assinale a alternativa que dá nova redação à passagem 25 C
– O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois 26 C
metros quadrados de chão. – atendendo à norma-padrão 27 E
de concordância.
28 D
a) Cem por cento dos paulistanos não joga a toalha – 29 B
acha preferível estendê-la para que se deite sobre elas, 30 A
caso seja dado a eles dois metros quadrados de chão.
b) Os paulistanos não jogam a toalha – acham preferíveis 31 E
estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem dois 32 D
metros quadrados de chão.
c) Mais de um paulistano não são de jogar a toalha – 33 E
acham preferíveis estendê-la e se deitarem em cima, 34 C
caso se dê a eles dois metros de chão. 35 E
d) Para os paulistanos, não se joga a toalha – é preferível
que seja estendida, para que possam deitar-se sobre 36 C
ela, caso lhes sejam dados dois metros quadrados de 37 A
chão.
e) A maior parte dos paulistanos, contudo, não são de jo- 38 D
garem a toalha – acha preferível elas serem estendidas 39 A
e deitar-se em cima, caso lhe seja dado dois metros
40 A
de chão.
41 D
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B 55 D
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
LÍNGUA PORTUGUESA

20 C
21 A
22 E
23 E
24 E

122
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

123
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

124
ÍNDICE

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA


EDUCAÇÃO
Fundamentos legais da educação brasileira:
Lei Federal nº 9.394 de 20/12/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira............................................................... 01
Diretrizes Curriculares Nacionais: Parecer 04 CNE/SEB/98 e Resoluções 02 CNE/SEB/98 e 01 CNE/SEB/06....................... 20
Lei Federal nº 10.793, de 01/12/2003 – Altera a redação do art. 26, § 3º, e do art. 92 da Lei 9.394/96, que estabelece
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional................................................................................................................................................... 24
Lei Federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. 24
Lei Federal nº 10.639/03 – Altera a Lei no 9.394,de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências................................................................................................................................... 41
Lei Federal nº 11.645, de 10/03/08 – Altera a Lei 9.394/96, modificada pela Lei 10.639/03, que estabelece as Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.............................................................................................................................................. 43
Lei Federal nº 12.976, de 04/04/2013 - Altera a Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras
providências............................................................................................................................................................................................................... 43
Lei Federal nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de
fevereiro de 1967; revoga a Lei no11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação
de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral........................................................................................................................................... 44
Lei Federal nº 13.478, de 30 de agosto de 2017. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional), para estabelecer direito de acesso aos profissionais do magistério a cursos de
formação de professores, por meio de processo seletivo diferenciado............................................................................................. 46
Resolução nº 4/10 - Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.................................................. 47
Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 - Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum
Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação
Básica............................................................................................................................................................................................................................ 67

Fundamentos teóricos da educação:


Perspectiva Histórica da Educação. Aspectos filosóficos e sociológicos da Educação. Aspectos psicológicos do
desenvolvimento humano e teorias da aprendizagem. Teorias de Currículo, na perspectiva pós-crítica de currículo.
Concepções de aprendizagem na perspectiva histórico-cultural............................................................................................................. 70

Instrumentos pedagógicos do ensino e da aprendizagem:


Projeto Político Pedagógico. Planejamento. Avaliação: função, objetivos e modalidades. Projeto didático.
Metodologias de Ensino......................................................................................................................................................................................... 95

Letramento como processo de apropriação da leitura e da escrita presente em todas as áreas de ensino:
Conceitos de letramento. O letramento e as diversas áreas do conhecimento.............................................................................. 113
I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
cia na escola;
FUNDAMENTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
BRASILEIRA: LEI FEDERAL Nº 9.394 DE a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
20/12/1996 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
EDUCAÇÃO BRASILEIRA. IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
A lei estudada neste tópico “estabelece as diretrizes VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
e bases da educação nacional”. Data de 20 de dezem- tos oficiais;
bro de 1996, tendo sido promulgada pelo ex-presidente VII - valorização do profissional da educação escolar;
Fernando Henrique Cardoso, mas já passou por inúmeras VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
alterações desde então. Partamos para o comentário em desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
bloco de seus dispositivos: IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
TÍTULO I XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
DA EDUCAÇÃO as práticas sociais;
XII - consideração com a diversidade étnico-racial;
Art. 1º A educação abrange os processos formativos XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência ao longo da vida.
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pes-
quisa, nos movimentos sociais e organizações da socie- A educação escolar deve permitir a formação do cida-
dade civil e nas manifestações culturais. dão e do trabalhador: uma pessoa que consiga se inserir
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- no mercado de trabalho e ter noções adequadas de ci-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em dadania e solidariedade no convívio social. Entre os prin-
instituições próprias. cípios, trabalha-se com o direito de acesso à educação
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo de qualidade (gratuita nos estabelecimentos públicos), a
do trabalho e à prática social. liberdade nas atividades de ensino em geral (tanto para o
educador quanto para o educado), a valorização do pro-
O primeiro artigo da LDB estabelece que a educação fessor, o incentivo à educação informal e o respeito às
é um processo que não se dá exclusivamente nas escolas. diversidades de ideias, gêneros, raça e cor.
Trata-se da clássica distinção entre educação formal e não
formal ou informal: “A educação formal é aquela desen-
volvida nas escolas, com conteúdos previamente demar- #FicaDica

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


cados; a informal como aquela que os indivíduos apren-
dem durante seu processo de socialização - na família, A educação é dever da família e do Estado.
bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e cultura
própria, de pertencimento e sentimentos herdados; e a
educação não formal é aquela que se aprende ‘no mundo TÍTULO III
da vida’, via os processos de compartilhamento de ex- DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR
periências, principalmente em espaços e ações coletivas
cotidianas” . A LDB disciplina apenas a educação escolar, Art. 4º O dever do Estado com educação escolar públi-
ou seja, a educação formal, que não exclui o papel das ca será efetivado mediante a garantia de:
famílias e das comunidades na educação informal. I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da
seguinte forma:
#FicaDica
a) pré-escola;
Educação formal – escolar b) ensino fundamental;
Educação informal – comunitária, familiar, c) ensino médio;
religiosa. II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cin-
co) anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito
aos educandos com deficiência, transtornos globais do
TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi- preferencialmente na rede regular de ensino;
rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida- IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental
riedade humana, tem por finalidade o pleno desenvol- e médio para todos os que não os concluíram na idade
vimento do educando, seu preparo para o exercício da própria;
cidadania e sua qualificação para o trabalho. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin- quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
tes princípios: cada um;

1
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
condições do educando; as seguintes condições:
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e I - cumprimento das normas gerais da educação na-
adultos, com características e modalidades adequadas cional e do respectivo sistema de ensino;
às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se II - autorização de funcionamento e avaliação de qua-
aos que forem trabalhadores as condições de acesso e lidade pelo Poder Público;
permanência na escola; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas previsto no art. 213 da Constituição Federal.
da educação básica, por meio de programas suple-
mentares de material didático-escolar, transporte, ali- Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em
mentação e assistência à saúde; instituição de ensino pública ou privada, de qualquer
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, defi- nível, é assegurado, no exercício da liberdade de cons-
nidos como a variedade e quantidade mínimas, por ciência e de crença, o direito de, mediante prévio e
aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento motivado requerimento, ausentar-se de prova ou de
do processo de ensino-aprendizagem.
aula marcada para dia em que, segundo os preceitos
X - vaga na escola pública de educação infantil ou de
de sua religião, seja vedado o exercício de tais ativida-
ensino fundamental mais próxima de sua residência a
des, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e
toda criança a partir do dia em que completar 4 (qua-
sem custos para o aluno, uma das seguintes presta-
tro) anos de idade.
ções alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do
Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, du- art. 5º da Constituição Federal:
rante o período de internação, ao aluno da educação I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser rea-
básica internado para tratamento de saúde em regime lizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, con- ou em outro horário agendado com sua anuência expressa;
forme dispuser o Poder Público em regulamento, na II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade
esfera de sua competência federativa. de pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega de-
finidos pela instituição de ensino.
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direi- § 1º A prestação alternativa deverá observar os pa-
to público subjetivo, podendo qualquer cidadão, gru- râmetros curriculares e o plano de aula do dia da au-
po de cidadãos, associação comunitária, organização sência do aluno.
sindical, entidade de classe ou outra legalmente cons- § 2º O cumprimento das formas de prestação alter-
tituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder nativa de que trata este artigo substituirá a obrigação
público para exigi-lo. original para todos os efeitos, inclusive regularização
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência do registro de frequência.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

federativa, deverá: § 3º As instituições de ensino implementarão progres-


I - recensear anualmente as crianças e adolescentes sivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e
em idade escolar, bem como os jovens e adultos que adaptações necessárias à adequação de seu funciona-
não concluíram a educação básica; mento às medidas previstas neste artigo.
II - fazer-lhes a chamada pública; § 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequên- militar a que se refere o art. 83 desta Lei.
cia à escola.
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Pú- Conforme se percebe pelo artigo 4º, divide-se em eta-
blico assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino
pas a formação escolar, nos seguintes termos:
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando
- A educação básica é obrigatória e gratuita. Envolve a
em seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio.
conforme as prioridades constitucionais e legais.
A educação infantil deve ser garantida próxima à
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judi- residência. Com efeito, existe a garantia do direito
ciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição à creche gratuita. No mais, pessoas fora da idade
Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judi- escolar que queiram completar seus estudos têm di-
cial correspondente. reito ao ensino fundamental e médio.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade com- - A educação superior envolve os níveis mais elevados
petente para garantir o oferecimento do ensino obri- do ensino, da pesquisa e da criação artística, deven-
gatório, poderá ela ser imputada por crime de respon- do ser acessível conforme a capacidade de cada um.
sabilidade. - Neste contexto, devem ser assegurados programas
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade suplementares de material didático-escolar, trans-
de ensino, o Poder Público criará formas alternativas porte, alimentação e assistência à saúde.
de acesso aos diferentes níveis de ensino, independen-
temente da escolarização anterior. O artigo 5º reitera a gratuidade e obrigatoriedade do
ensino básico e assegura a possibilidade de se buscar ju-
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma- dicialmente a garantia deste direito em caso de negativa
trícula das crianças na educação básica a partir dos 4 pelo poder público. Será possível fazê-lo por meio de man-
(quatro) anos de idade. dado de segurança ou ação civil pública. Além da judiciali-

2
zação para fazer valer o direito na esfera cível, cabe em caso V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
de negligência o acionamento na esfera penal, buscando-se educação;
a punição por crime de responsabilidade.
Adiante, coloca-se o dever dos pais ou responsáveis VI - assegurar processo nacional de avaliação do
efetuar a matrícula da criança. rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
Por fim, o artigo 7º estabelece a possibilidade do ensi- superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
no particular, desde que sejam respeitadas as normas da objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
educação nacional, autorizado o funcionamento pelo po- qualidade do ensino;
der público e que tenha possibilidade de se manter inde- VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação
pendentemente de auxílio estatal, embora exista previsão e pós-graduação;
de tais auxílios em circunstâncias determinadas descritas VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
no artigo 213, CF. instituições de educação superior, com a cooperação
Já o artigo 7o-A, passando a valer em 03 de março de dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este
2019, disciplina o direito do aluno de, por motivo religioso, nível de ensino;
faltar à aula ou à prova, devendo ser aplicada atividade ou IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
aula substitutiva para eventual reposição. avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
educação superior e os estabelecimentos do seu siste-
#FicaDica ma de ensino.
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
A LDB amplia o conteúdo da própria CF, ao Nacional de Educação, com funções normativas e de
garantir não apenas o ensino fundamental, supervisão e atividade permanente, criado por lei.
mas todo o ensino básico (pré-escola, § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a
fundamental e médio) como obrigatório IX, a União terá acesso a todos os dados e informa-
e gratuito, também prevendo de forma ções necessários de todos os estabelecimentos e ór-
expressa a gratuidade do ensino infantil gãos educacionais.
(creches). § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
mantenham instituições de educação superior.
TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- tuições oficiais dos seus sistemas de ensino;
nicípios organizarão, em regime de colaboração, os res- II - definir, com os Municípios, formas de colaboração

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


pectivos sistemas de ensino.
na oferta do ensino fundamental, as quais devem as-
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional
segurar a distribuição proporcional das responsabili-
de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas
dades, de acordo com a população a ser atendida e os
e exercendo função normativa, redistributiva e supleti-
recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas
va em relação às demais instâncias educacionais.
esferas do Poder Público;
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organiza-
III - elaborar e executar políticas e planos educacio-
ção nos termos desta Lei.
nais, em consonância com as diretrizes e planos na-
cionais de educação, integrando e coordenando as
Art. 9º A União incumbir-se-á de:
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo- suas ações e as dos seus Municípios;
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e ins- avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
tituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos educação superior e os estabelecimentos do seu siste-
Territórios; ma de ensino;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, V - baixar normas complementares para o seu sistema
ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvol- de ensino;
vimento de seus sistemas de ensino e o atendimento VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua prioridade, o ensino médio a todos que o demanda-
função redistributiva e supletiva; rem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis- VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes estadual.
para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensi- Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
no médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos competências referentes aos Estados e aos Municípios.
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e proce- I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti-
dimentos para identificação, cadastramento e atendi- tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integran-
mento, na educação básica e na educação superior, de do-os às políticas e planos educacionais da União e
alunos com altas habilidades ou superdotação; dos Estados;

3
II - exercer ação redistributiva em relação às suas es- Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
colas; gestão democrática do ensino público na educação bá-
III - baixar normas complementares para o seu siste- sica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme
ma de ensino; os seguintes princípios:
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabele- I - participação dos profissionais da educação na elabo-
cimentos do seu sistema de ensino; ração do projeto pedagógico da escola;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-esco- II - participação das comunidades escolar e local em
las, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida conselhos escolares ou equivalentes.
a atuação em outros níveis de ensino somente quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades
área de competência e com recursos acima dos percen- escolares públicas de educação básica que os integram
tuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à progressivos graus de autonomia pedagógica e admi-
manutenção e desenvolvimento do ensino. nistrativa e de gestão financeira, observadas as normas
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
gerais de direito financeiro público.
municipal.
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda,
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
por se integrar ao sistema estadual de ensino ou com-
I - as instituições de ensino mantidas pela União;
por com ele um sistema único de educação básica.
II - as instituições de educação superior criadas e man-
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as tidas pela iniciativa privada;
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão III - os órgãos federais de educação.
a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais Federal compreendem:
e financeiros; I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas- pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
-aula estabelecidas; II - as instituições de educação superior mantidas pelo
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de Poder Público municipal;
cada docente; III - as instituições de ensino fundamental e médio cria-
V - prover meios para a recuperação dos alunos de das e mantidas pela iniciativa privada;
menor rendimento; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fede-
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, ral, respectivamente.
criando processos de integração da sociedade com a Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
escola; educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus privada, integram seu sistema de ensino.
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreen-
a execução da proposta pedagógica da escola; dem:
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a re- I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
lação dos alunos que apresentem quantidade de faltas educação infantil mantidas pelo Poder Público muni-
acima de 30% (trinta por cento) do percentual permi- cipal;
tido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803,
II - as instituições de educação infantil criadas e manti-
de 2019)
das pela iniciativa privada;
IX - promover medidas de conscientização, de preven-
III - os órgãos municipais de educação.
ção e de combate a todos os tipos de violência, es-
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
pecialmente a intimidação sistemática (bullying), no
âmbito das escolas; classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora-
de paz nas escolas. das, mantidas e administradas pelo Poder Público;
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
I - participar da elaboração da proposta pedagógica tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadra-
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; rão nas seguintes categorias:
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os que são instituídas e mantidas por uma ou mais pes-
alunos de menor rendimento; soas físicas ou jurídicas de direito privado que não apre-
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabeleci- sentem as características dos incisos abaixo;
dos, além de participar integralmente dos períodos II - comunitárias, assim entendidas as que são instituí-
dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desen- das por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
volvimento profissional; pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais,
VI - colaborar com as atividades de articulação da es- sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade man-
cola com as famílias e a comunidade. tenedora representantes da comunidade;

4
III - confessionais, assim entendidas as que são ins- Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em sé-
tituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou ries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância re-
mais pessoas jurídicas que atendem a orientação con- gular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com
fessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso base na idade, na competência e em outros critérios, ou
anterior; por forma diversa de organização, sempre que o inte-
IV - filantrópicas, na forma da lei. resse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
A LDB estabelece um regime de colaboração entre quando se tratar de transferências entre estabelecimen-
as entidades de ensino nas esferas federativas diversas, tos situados no País e no exterior, tendo como base as
no entanto, coloca competência à União de encabeçar e normas curriculares gerais.
coordenar os sistemas de ensino. Tal papel de liderança, § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às pecu-
descrito no artigo 9º, envolve poderes de regulação e de liaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a
controle, autorizando funcionamento ou suspendendo- critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso
-o, realizando avaliação constante de desempenho, entre reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.
outros deveres.
Uma nota interessante é reparar que o artigo 10 es- Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e
tabelece o dever dos Estados de garantir a educação no médio, será organizada de acordo com as seguintes re-
gras comuns:
ensino fundamental e priorizar a educação no ensino
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas ho-
médio, ao passo que o artigo 11 coloca o dever dos mu-
ras para o ensino fundamental e para o ensino médio,
nicípios de garantir a educação infantil e priorizar a edu-
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo
cação fundamental. É possível, ainda, integrar educação
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exa-
municipal e estadual em um sistema único.
mes finais, quando houver; ;
Quanto às questões pedagógicas e de gestão dos es-
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
tabelecimentos de ensino, incumbe a eles próprios, em
primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
integração com seus docentes. Este processo de intera- a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro-
ção entre instituição e docente, bem como destes com a veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
comunidade local, é conhecido como gestão democrá- b) por transferência, para candidatos procedentes de
tica. outras escolas;
c) independentemente de escolarização anterior, me-
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de
#FicaDica desenvolvimento e experiência do candidato e permita
sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme re-
O regime de colaboração impõe que a União,
gulamentação do respectivo sistema de ensino;
os Estados, o DF e os Municípios partilhem

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


III - nos estabelecimentos que adotam a progressão
do dever de fornecer educação à população,
regular por série, o regimento escolar pode admitir
cada um em sua esfera de competência,
formas de progressão parcial, desde que preservada a
mas de forma colaborativa, compartilhando
sequência do currículo, observadas as normas do res-
vivência e redistribuindo recursos humanos e
pectivo sistema de ensino;
materiais.
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com
alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de
adiantamento na matéria, para o ensino de línguas es-
TÍTULO V trangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;
DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO V - a verificação do rendimento escolar observará os
E ENSINO seguintes critérios:
CAPÍTULO I a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
os quantitativos e dos resultados ao longo do período
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: sobre os de eventuais provas finais;
I - educação básica, formada pela educação infantil, b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
ensino fundamental e ensino médio; com atraso escolar;
II - educação superior. c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me-
diante verificação do aprendizado;
CAPÍTULO II d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
DA EDUCAÇÃO BÁSICA e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre-
SEÇÃO I ferência paralelos ao período letivo, para os casos de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos;
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desen- VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
volver o educando, assegurar-lhe a formação comum conforme o disposto no seu regimento e nas normas
indispensável para o exercício da cidadania e forne- do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência
cer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos mínima de setenta e cinco por cento do total de horas
posteriores. letivas para aprovação;

5
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir his- § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são
tóricos escolares, declarações de conclusão de série e as linguagens que constituirão o componente curricu-
diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com lar de que trata o § 2o deste artigo.
as especificações cabíveis. § 7º A integralização curricular poderá incluir, a cri-
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o in- tério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas en-
ciso I do caput deverá ser ampliada de forma progres- volvendo os temas transversais de que trata o caput.
siva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, § 8º A exibição de filmes de produção nacional consti-
devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo má- tuirá componente curricular complementar integrado
ximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição
carga horária, a partir de 2 de março de 2017. obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
educação de jovens e adultos e de ensino noturno re- prevenção de todas as formas de violência contra a
gular, adequado às condições do educando, conforme criança e o adolescente serão incluídos, como temas
o inciso VI do art. 4º. transversais, nos currículos escolares de que trata o
caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069,
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res- de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
ponsáveis alcançar relação adequada entre o número lescente), observada a produção e distribuição de ma-
de alunos e o professor, a carga horária e as condições terial didático adequado.
materiais do estabelecimento. § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluí-
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de en- da entre os temas transversais de que trata o caput.
sino, à vista das condições disponíveis e das caracte- § 10. A inclusão de novos componentes curriculares
rísticas regionais e locais, estabelecer parâmetro para de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Cur-
atendimento do disposto neste artigo. ricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional
de Educação e de homologação pelo Ministro de Esta-
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino do da Educação.
fundamental e do ensino médio devem ter base nacio-
nal comum, a ser complementada, em cada sistema Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamen-
de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma tal e de ensino médio, públicos e privados, torna-se
parte diversificada, exigida pelas características regio- obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasi-
nais e locais da sociedade, da cultura, da economia e leira e indígena.
dos educandos. § 1o O conteúdo programático a que se refere este ar-
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura
abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portu- que caracterizam a formação da população brasileira,
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

guesa e da matemática, o conhecimento do mundo fí- a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo
sico e natural e da realidade social e política, especial- da história da África e dos africanos, a luta dos negros
mente da República Federativa do Brasil, observado, e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e in-
na educação infantil, o disposto no art. 31, no ensino dígena brasileira e o negro e o índio na formação da
fundamental, o disposto no art. 32, e no ensino médio, sociedade nacional, resgatando as suas contribuições
o disposto no art. 36. nas áreas social, econômica e política, pertinentes à
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expres- história do Brasil.
sões regionais, constituirá componente curricular obri- § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
gatório da educação básica. -brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão mi-
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagó- nistrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
gica da escola, é componente curricular obrigatório da especial nas áreas de educação artística e de literatura
educação infantil e do ensino fundamental, sendo sua e história brasileiras.
prática facultativa ao aluno:
I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica
a seis horas; observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
II - maior de trinta anos de idade; I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so-
III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao
em situação similar, estiver obrigado à prática da edu- bem comum e à ordem democrática;
cação física; II - consideração das condições de escolaridade dos
IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de alunos em cada estabelecimento;
outubro de 1969; III - orientação para o trabalho;
V - (VETADO); IV - promoção do desporto educacional e apoio às
VI - que tenha prole. práticas desportivas não-formais.
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as Art. 28. Na oferta de educação básica para a popula-
contribuições das diferentes culturas e etnias para a ção rural, os sistemas de ensino promoverão as adap-
formação do povo brasileiro, especialmente das ma- tações necessárias à sua adequação às peculiaridades
trizes indígena, africana e europeia. da vida rural e de cada região, especialmente:
§ 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
sexto ano, será ofertada a língua inglesa. reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;

6
II - organização escolar própria, incluindo adequação III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas
condições climáticas; para a jornada integral;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. IV - controle de frequência pela instituição de educa-
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, ção pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60%
indígenas e quilombolas será precedido de manifes- (sessenta por cento) do total de horas;
tação do órgão normativo do respectivo sistema de V - expedição de documentação que permita atestar
ensino, que considerará a justificativa apresentada os processos de desenvolvimento e aprendizagem da
pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico criança.
do impacto da ação e a manifestação da comunidade
escolar. A educação infantil é ministrada em creches até os
3 anos de idade e em pré-escolas dos 3 aos 5 anos de
A educação básica tem por papel a formação da base idade.
do educado.
Os critérios para mudança de série podem ser pro- SEÇÃO III
moção (aprovação em etapa anterior), transferência DO ENSINO FUNDAMENTAL
(candidatos de outras escolas) e avaliação (análise da
experiência e desenvolvimento do candidato). O ensino Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
poderá ser acelerado caso necessário. Nas situações de ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, ini-
alunos que não acompanhem seu ritmo, deverá ser ga- ciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo
rantida recuperação. a formação básica do cidadão, mediante:
Exige-se, além do desempenho, a frequência de 75%, I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, ten-
no mínimo, para aprovação. do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
O currículo da educação básica segue uma base na- escrita e do cálculo;
cional comum. Devem abranger língua portuguesa e da II - a compreensão do ambiente natural e social, do
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
e da realidade social e política. A educação física deve em que se fundamenta a sociedade;
ser oferecida obrigatoriamente, mas é facultativa ao alu- III - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
no em certas situações, como de trabalho, serviço mili- gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
tar, idade superior a 30 anos. Em respeito ao pluralismo, habilidades e a formação de atitudes e valores;
deve considerar as matrizes indígena, africana e europeia IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
como temas transversais. Ainda em tal condição, cabe de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
o aprendizado de Conteúdos relativos aos direitos hu- que se assenta a vida social.

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


manos e à prevenção de todas as formas de violência § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o
contra a criança e o adolescente. É obrigatório o estudo ensino fundamental em ciclos.
da história e cultura afro-brasileira e indígena. Ainda, a § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re-
educação deve considerar as peculiaridades da zona ru- gular por série podem adotar no ensino fundamental
ral quando nela for ministrada. o regime de progressão continuada, sem prejuízo da
avaliação do processo de ensino-aprendizagem, ob-
SEÇÃO II servadas as normas do respectivo sistema de ensino.
DA EDUCAÇÃO INFANTIL § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí-
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da edu- genas a utilização de suas línguas maternas e proces-
cação básica, tem como finalidade o desenvolvimento sos próprios de aprendizagem.
integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus as- § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o
pectos físico, psicológico, intelectual e social, comple- ensino a distância utilizado como complementação da
mentando a ação da família e da comunidade. aprendizagem ou em situações emergenciais.
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obri-
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: gatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei
de até três anos de idade; nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatu-
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cin- to da Criança e do Adolescente, observada a produção
co) anos de idade. e distribuição de material didático adequado.
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluí-
Art. 31. A educação infantil será organizada de acor- do como tema transversal nos currículos do ensino
do com as seguintes regras comuns: fundamental.
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa,
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de pro- é parte integrante da formação básica do cidadão e
moção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; constitui disciplina dos horários normais das escolas
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) públicas de ensino fundamental, assegurado o respei-
horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) to à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas
dias de trabalho educacional; quaisquer formas de proselitismo.

7
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os proce- § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática
dimentos para a definição dos conteúdos do ensino será obrigatório nos três anos do ensino médio, asse-
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e gurada às comunidades indígenas, também, a utiliza-
admissão dos professores. ção das respectivas línguas maternas.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, cons- § 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obriga-
tituída pelas diferentes denominações religiosas, para a toriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofer-
definição dos conteúdos do ensino religioso. tar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
preferencialmente o espanhol, de acordo com a dispo-
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental inclui- nibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
rá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala sistemas de ensino.
de aula, sendo progressivamente ampliado o período de § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da
permanência na escola. Base Nacional Comum Curricular não poderá ser su-
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das for- perior a mil e oitocentas horas do total da carga ho-
mas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. rária do ensino médio, de acordo com a definição dos
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressi- sistemas de ensino.
vamente em tempo integral, a critério dos sistemas de § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
ensino. esperados para o ensino médio, que serão referência
nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base
O ensino fundamental inicia-se aos 6 anos de idade e Nacional Comum Curricular.
tem duração de 9 anos. Além de objetivar a alfabetização, § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar
também incentiva a formação do cidadão, da pessoa em a formação integral do aluno, de maneira a adotar um
contato com o mundo que o cerca estabelecendo vínculos trabalho voltado para a construção de seu projeto de
de solidariedade e amizade. O ensino fundamental deve ser vida e para sua formação nos aspectos físicos, cogniti-
presencial, em regra. O ensino religioso é facultativo. A car- vos e socioemocionais.
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
ga horária diária é de no mínimo 4 horas.
avaliação processual e formativa serão organizados
nas redes de ensino por meio de atividades teóricas e
SEÇÃO IV
práticas, provas orais e escritas, seminários, projetos e
DO ENSINO MÉDIO
atividades on-line, de tal forma que ao final do ensino
médio o educando demonstre:
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica,
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos
com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
que presidem a produção moderna;
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen-
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin-
tos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

guagem.
prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania Art. 36. O currículo do ensino médio será composto
do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser pela Base Nacional Comum Curricular e por itine-
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições rários formativos, que deverão ser organizados por
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; meio da oferta de diferentes arranjos curriculares,
III - o aprimoramento do educando como pessoa huma- conforme a relevância para o contexto local e a pos-
na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da sibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
autonomia intelectual e do pensamento crítico; I - linguagens e suas tecnologias;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecno- II - matemática e suas tecnologias;
lógicos dos processos produtivos, relacionando a teoria III - ciências da natureza e suas tecnologias;
com a prática, no ensino de cada disciplina. IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
V - formação técnica e profissional.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá § 1º A organização das áreas de que trata o caput e
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, das respectivas competências e habilidades será feita
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, de acordo com critérios estabelecidos em cada siste-
nas seguintes áreas do conhecimento: ma de ensino.
I - linguagens e suas tecnologias; § 2º (Revogado)
II - matemática e suas tecnologias; § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
III - ciências da natureza e suas tecnologias; composto itinerário formativo integrado, que se tra-
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. duz na composição de componentes curriculares da
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata Base Nacional Comum Curricular - BNCC e dos iti-
o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensi- nerários formativos, considerando os incisos I a V do
no, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum caput.
Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, § 4º (Revogado)
econômico, social, ambiental e cultural. § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao en- de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte
sino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práti- do ensino médio cursar mais um itinerário formativo
cas de educação física, arte, sociologia e filosofia. de que trata o caput.

8
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- convertida na Lei nº 13.415, de 2017, que foi alvo de inú-
mação com ênfase técnica e profissional considerará: meras críticas, notadamente por estabelecer como facul-
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no se- tativos conhecimentos que antes eram tidos como obri-
tor produtivo ou em ambientes de simulação, esta- gatórios. Para entender melhor esta questão, percebe-se
belecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável, que na verdade a proposta é a especificação de matrizes
de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre ainda durante o ensino médio: o aluno poderá escolher
aprendizagem profissional; em quais áreas de conhecimento pretende se concentrar.
II - a possibilidade de concessão de certificados inter- Por exemplo, um aluno que não queira se especializar em
mediários de qualificação para o trabalho, quando ciências humanas, não teria a obrigação de cursar maté-
a formação for estruturada e organizada em etapas rias como história e geografia. Um aluno que não tenha
com terminalidade. interesse em ir para a universidade e já queira ingressar
§ 7º A oferta de formações experimentais relaciona- no mercado de trabalho, terá aulas concentradas em for-
das ao inciso V do caput, em áreas que não constem mação técnica e profissional, aprendendo marcenaria,
do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, depende- mecânica, administração, entre outras questões. As áreas
rá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo que podem ser optadas são as seguintes: linguagens e
respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências
de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e so-
Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da ciais aplicadas; formação técnica e profissional. As únicas
data de oferta inicial da formação. matérias estabelecidas como obrigatórias são: português,
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia –
se refere o inciso V do caput, realizada na própria ins- estas quatro últimas inicialmente seriam facultativas, mas
tituição ou em parceria com outras instituições, deve- devido a pressões sociais foram colocadas como obriga-
rá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual tórias. Ainda é cedo para dizer se realmente este será o
de Educação, homologada pelo Secretário Estadual de rumo conferido pela reforma, eis que a Base Nacional Co-
mum Curricular que detalhará estas questões ainda está
Educação e certificada pelos sistemas de ensino.
em discussão.
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensi-
SEÇÃO IV-A
no médio ao prosseguimento dos estudos em nível su-
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL
perior ou em outros cursos ou formações para os quais
MÉDIO
a conclusão do ensino médio seja etapa obrigatória.
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
23, o ensino médio poderá ser organizado em módu- Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do
los e adotar o sistema de créditos com terminalidade educando, poderá prepará-lo para o exercício de profis-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


específica. sões técnicas.
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur- Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e,
riculares do ensino médio, os sistemas de ensino po- facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
derão reconhecer competências e firmar convênios desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino
com instituições de educação a distância com notó- médio ou em cooperação com instituições especializa-
rio reconhecimento, mediante as seguintes formas de das em educação profissional.
comprovação:
I - demonstração prática; Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível mé-
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra dio será desenvolvida nas seguintes formas:
experiência adquirida fora do ambiente escolar; I - articulada com o ensino médio;
III - atividades de educação técnica oferecidas em ou- II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
tras instituições de ensino credenciadas; concluído o ensino médio.
IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu- Parágrafo único. A educação profissional técnica de ní-
pacionais; vel médio deverá observar:
V - estudos realizados em instituições de ensino nacio- I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curri-
nais ou estrangeiras; culares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
VI - cursos realizados por meio de educação a distân- de Educação;
cia ou educação presencial mediada por tecnologias. II - as normas complementares dos respectivos sistemas
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de ensino;
de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
mos de seu projeto pedagógico.
profissional previstas no caput.
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível mé-
A etapa final do ensino médio tem a duração de três
dio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B
anos e busca fornecer a consolidação e o aprofunda- desta Lei, será desenvolvida de forma:
mento dos conhecimentos transmitidos no ensino fun- I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con-
damental, com a devida atenção a conhecimentos que cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado
permitam o ingresso do aluno no ensino universitário e de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional
na carreira de trabalho. Neste ponto, a LDB sofreu al- técnica de nível médio, na mesma instituição de en-
terações recentes pela Medida Provisória nº 746/2016, sino, efetuando-se matrícula única para cada aluno;

9
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrícu- os maiores de quinze anos;
las distintas para cada curso, e podendo ocorrer: II - no nível de conclusão do ensino médio, para os
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as maiores de dezoito anos.
oportunidades educacionais disponíveis; § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pe-
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se los educandos por meios informais serão aferidos e
as oportunidades educacionais disponíveis; reconhecidos mediante exames.
c) em instituições de ensino distintas, mediante con-
vênios de intercomplementaridade, visando ao plane- A educação de jovens e adultos objetiva permitir a
jamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico conclusão do ensino fundamental e médio para aqueles
unificado. que já ultrapassaram a idade regular em que isso deveria
ter acontecido.
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação pro-
fissional técnica de nível médio, quando registrados,
terão validade nacional e habilitarão ao prossegui- #FicaDica
mento de estudos na educação superior.
Educação básica:
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
- Ensino infantil – creche e pré-escola;
técnica de nível médio, nas formas articulada conco-
- Ensino fundamental;
mitante e subsequente, quando estruturados e orga-
nizados em etapas com terminalidade, possibilitarão - Ensino médio (colegial) – pode também
a obtenção de certificados de qualificação para o abranger o ensino técnico.
trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de Educação básica tardia – EJA – educação de
cada etapa que caracterize uma qualificação para o jovens e adultos.
trabalho.
CAPÍTULO III
A educação profissional e técnica pode se dar durante
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
o Ensino Médio, notadamente se o estudante fizer a op-
ção por esta categoria de ensino (o ensino médio pode
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no
ser voltado à formação técnico-profissional, preparando
cumprimento dos objetivos da educação nacional,
o jovem para o ingresso no mercado de trabalho inde-
integra-se aos diferentes níveis e modalidades de
pendentemente de ensino universitário), quanto após o
educação e às dimensões do trabalho, da ciência e
Ensino Médio, em instituições próprias de ensino técni-
da tecnologia.
co-profissionalizante (neste sentido, há cursos técnicos-
-profissionais com menor duração que os cursos de ensi- § 1º Os cursos de educação profissional e tecnoló-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

no superior e que são equiparados a este). gica poderão ser organizados por eixos tecnológicos,
possibilitando a construção de diferentes itinerários
SEÇÃO V formativos, observadas as normas do respectivo sis-
DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS tema e nível de ensino.
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrange-
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada rá os seguintes cursos:
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de I – de formação inicial e continuada ou qualificação
estudos nos ensinos fundamental e médio na idade profissional;
própria e constituirá instrumento para a educação e a II – de educação profissional técnica de nível médio;
aprendizagem ao longo da vida. III – de educação profissional tecnológica de gradua-
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente ção e pós-graduação.
aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica
estudos na idade regular, oportunidades educacionais de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no
apropriadas, consideradas as características do aluna- que concerne a objetivos, características e duração,
do, seus interesses, condições de vida e de trabalho, de acordo com as diretrizes curriculares nacionais
mediante cursos e exames. estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
e a permanência do trabalhador na escola, mediante Art. 40. A educação profissional será desenvolvida
ações integradas e complementares entre si. em articulação com o ensino regular ou por diferen-
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular- tes estratégias de educação continuada, em institui-
-se, preferencialmente, com a educação profissional, ções especializadas ou no ambiente de trabalho.
na forma do regulamento.
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro-
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa- fissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá
mes supletivos, que compreenderão a base nacional ser objeto de avaliação, reconhecimento e certifica-
comum do currículo, habilitando ao prosseguimento ção para prosseguimento ou conclusão de estudos.
de estudos em caráter regular. Art. 42. As instituições de educação profissional e
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar- tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferece-
-se-ão: rão cursos especiais, abertos à comunidade, condicio-

10
nada a matrícula à capacidade de aproveitamento e III - de pós-graduação, compreendendo programas
não necessariamente ao nível de escolaridade. de mestrado e doutorado, cursos de especialização,
A educação profissional e tecnológica pode se dar aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos di-
não apenas no ensino médio, mas também em institui- plomados em cursos de graduação e que atendam às
ções próprias, que podem conferir inclusive diploma de exigências das instituições de ensino;
formação em nível superior. Exemplos: FATEC, SENAI, en- IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam
tre outros. O acesso a este tipo de ensino não necessaria- aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas insti-
mente exige conclusão dos níveis prévios de educação, tuições de ensino.
eis que seu principal objetivo não é o ensino de conteú- § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no in-
dos típicos, mas sim a capacitação profissional. ciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória
CAPÍTULO IV a divulgação da relação nominal dos classificados, a
respectiva ordem de classificação, bem como do cro-
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
nograma das chamadas para matrícula, de acordo
com os critérios para preenchimento das vagas cons-
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
tantes do respectivo edital.
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do § 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
espírito científico e do pensamento reflexivo; tituições públicas de ensino superior darão prioridade
II - formar diplomados nas diferentes áreas de co- de matrícula ao candidato que comprove ter renda fa-
nhecimento, aptos para a inserção em setores pro- miliar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor
fissionais e para a participação no desenvolvimento renda familiar, quando mais de um candidato preen-
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação cher o critério inicial.
contínua; § 3º O processo seletivo referido no inciso II considera-
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação rá as competências e as habilidades definidas na Base
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da Nacional Comum Curricular.
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse Art. 45. A educação superior será ministrada em insti-
modo, desenvolver o entendimento do homem e do tuições de ensino superior, públicas ou privadas, com
meio em que vive; variados graus de abrangência ou especialização.
IV - promover a divulgação de conhecimentos cultu-
rais, científicos e técnicos que constituem patrimônio Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
da humanidade e comunicar o saber através do en- bem como o credenciamento de instituições de educa-
sino, de publicações ou de outras formas de comuni- ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados,
cação; periodicamente, após processo regular de avaliação.
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


cultural e profissional e possibilitar a correspondente eventualmente identificadas pela avaliação a que se
concretização, integrando os conhecimentos que vão refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá re-
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistema- sultar, conforme o caso, em desativação de cursos e
tizadora do conhecimento de cada geração; habilitações, em intervenção na instituição, em sus-
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mun- pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou
do presente, em particular os nacionais e regionais, em descredenciamento.
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
prestar serviços especializados à comunidade e esta-
responsável por sua manutenção acompanhará o pro-
belecer com esta uma relação de reciprocidade;
cesso de saneamento e fornecerá recursos adicionais,
VII - promover a extensão, aberta à participação da
se necessários, para a superação das deficiências.
população, visando à difusão das conquistas e benefí- § 3o No caso de instituição privada, além das sanções pre-
cios resultantes da criação cultural e da pesquisa cien- vistas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação pode-
tífica e tecnológica geradas na instituição. rá resultar em redução de vagas autorizadas e em suspen-
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimo- são temporária de novos ingressos e de oferta de cursos.
ramento da educação básica, mediante a formação e § 4o É facultado ao Ministério da Educação, mediante
a capacitação de profissionais, a realização de pesqui- procedimento específico e com aquiescência da insti-
sas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de tuição de ensino, com vistas a resguardar os interesses
extensão que aproximem os dois níveis escolares. dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos
§§ 1o e 3o deste artigo por outras medidas, desde que
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes adequadas para superação das deficiências e irregula-
cursos e programas: ridades constatadas.
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferen- § 5o Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Fe-
tes níveis de abrangência, abertos a candidatos que deral deverão adotar os critérios definidos pela União
atendam aos requisitos estabelecidos pelas institui- para autorização de funcionamento de curso de gra-
ções de ensino, desde que tenham concluído o ensino duação em Medicina.
médio ou equivalente; Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular,
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo
sido classificados em processo seletivo; reservado aos exames finais, quando houver.

11
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhe-
de cada período letivo, os programas dos cursos e de- cidos, quando registrados, terão validade nacional
mais componentes curriculares, sua duração, requisi- como prova da formação recebida por seu titular.
tos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as res- por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por
pectivas condições, e a publicação deve ser feita, sen- instituições não-universitárias serão registrados em
do as 3 (três) primeiras formas concomitantemente: universidades indicadas pelo Conselho Nacional de
I - em página específica na internet no sítio eletrônico Educação.
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o § 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer-
seguinte: sidades estrangeiras serão revalidados por universida-
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter des públicas que tenham curso do mesmo nível e área
como título “Grade e Corpo Docente”; ou equivalente, respeitando-se os acordos internacio-
b) a página principal da instituição de ensino supe- nais de reciprocidade ou equiparação.
rior, bem como a página da oferta de seus cursos aos § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe-
ingressantes sob a forma de vestibulares, processo se- didos por universidades estrangeiras só poderão ser
letivo e outras com a mesma finalidade, deve conter
reconhecidos por universidades que possuam cursos
a ligação desta com a página específica prevista neste
de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mes-
inciso;
ma área de conhecimento e em nível equivalente ou
c) caso a instituição de ensino superior não possua sí-
tio eletrônico, deve criar página específica para divul- superior.
gação das informações de que trata esta Lei;
d) a página específica deve conter a data completa de Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão
sua última atualização; a transferência de alunos regulares, para cursos afins,
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de na hipótese de existência de vagas, e mediante pro-
ensino superior, por meio de ligação para a página cesso seletivo.
referida no inciso I; Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão
III - em local visível da instituição de ensino superior e na forma da lei.
de fácil acesso ao público;
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anual- Art. 50. As instituições de educação superior, quando
mente, de acordo com a duração das disciplinas de da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disci-
cada curso oferecido, observando o seguinte: plinas de seus cursos a alunos não regulares que de-
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração di- monstrarem capacidade de cursá-las com proveito,
ferenciada, a publicação deve ser semestral; mediante processo seletivo prévio.
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

início das aulas; Art. 51. As instituições de educação superior creden-


c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo ciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios
docente até o início das aulas, os alunos devem ser e normas de seleção e admissão de estudantes, leva-
comunicados sobre as alterações; rão em conta os efeitos desses critérios sobre a orien-
V - deve conter as seguintes informações: tação do ensino médio, articulando-se com os órgãos
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição normativos dos sistemas de ensino.
de ensino superior;
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curri- Art. 52. As universidades são instituições pluridiscipli-
cular de cada curso e as respectivas cargas horárias; nares de formação dos quadros profissionais de nível
c) a identificação dos docentes que ministrarão as
superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cul-
aulas em cada curso, as disciplinas que efetivamen-
tivo do saber humano, que se caracterizam por:
te ministrará naquele curso ou cursos, sua titulação,
I - produção intelectual institucionalizada mediante o
abrangendo a qualificação profissional do docente e
o tempo de casa do docente, de forma total, contínua estudo sistemático dos temas e problemas mais rele-
ou intermitente. vantes, tanto do ponto de vista científico e cultural,
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita- quanto regional e nacional;
mento nos estudos, demonstrado por meio de provas II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titula-
e outros instrumentos de avaliação específicos, apli- ção acadêmica de mestrado ou doutorado;
cados por banca examinadora especial, poderão ter III - um terço do corpo docente em regime de tempo
abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com integral.
as normas dos sistemas de ensino. Parágrafo único. É facultada a criação de universida-
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, des especializadas por campo do saber.
salvo nos programas de educação a distância. Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegu-
§ 4º As instituições de educação superior oferece- radas às universidades, sem prejuízo de outras, as se-
rão, no período noturno, cursos de graduação nos guintes atribuições:
mesmos padrões de qualidade mantidos no período I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas ins- programas de educação superior previstos nesta Lei,
tituições públicas, garantida a necessária previsão obedecendo às normas gerais da União e, quando for
orçamentária. o caso, do respectivo sistema de ensino;

12
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, VI - realizar operações de crédito ou de financiamen-
observadas as diretrizes gerais pertinentes; to, com aprovação do Poder competente, para aquisi-
III - estabelecer planos, programas e projetos de pes- ção de bens imóveis, instalações e equipamentos;
quisa científica, produção artística e atividades de ex- VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
tensão; providências de ordem orçamentária, financeira e pa-
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capaci- trimonial necessárias ao seu bom desempenho.
dade institucional e as exigências do seu meio; § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos ser estendidas a instituições que comprovem alta qua-
em consonância com as normas gerais atinentes; lificação para o ensino ou para a pesquisa, com base
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; em avaliação realizada pelo Poder Público.
VII - firmar contratos, acordos e convênios;
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em
seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manu-
de investimentos referentes a obras, serviços e aqui-
tenção e desenvolvimento das instituições de educa-
sições em geral, bem como administrar rendimentos
ção superior por ela mantidas.
conforme dispositivos institucionais;
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na for-
Art. 56. As instituições públicas de educação superior
ma prevista no ato de constituição, nas leis e nos res-
obedecerão ao princípio da gestão democrática, asse-
pectivos estatutos; gurada a existência de órgãos colegiados deliberati-
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e vos, de que participarão os segmentos da comunidade
cooperação financeira resultante de convênios com institucional, local e regional.
entidades públicas e privadas. Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocu-
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das parão setenta por cento dos assentos em cada órgão
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da
e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários elaboração e modificações estatutárias e regimentais,
disponíveis, sobre: bem como da escolha de dirigentes.
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
II - ampliação e diminuição de vagas; Art. 57. Nas instituições públicas de educação supe-
III - elaboração da programação dos cursos; rior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito
IV - programação das pesquisas e das atividades de horas semanais de aulas.
extensão;
V - contratação e dispensa de professores; A educação superior se funda no tripé: ensino, pesqui-
VI - planos de carreira docente. sa e extensão. No viés do ensino, objetiva-se propiciar o
§ 2o As doações, inclusive monetárias, podem ser diri- acesso ao conhecimento técnico e científico, tanto dentro

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


gidas a setores ou projetos específicos, conforme acor- do ambiente acadêmico quanto fora dele; no aspecto pes-
do entre doadores e universidades. quisa, busca-se desenvolver os conhecimentos já existen-
§ 3o No caso das universidades públicas, os recursos tes; no aspecto extensão, pretende-se atingir a comunidade
das doações devem ser dirigidos ao caixa único da por meio de atividades que possam ir além dos ambientes
instituição, com destinação garantida às unidades a acadêmicos, inserindo-se no cotidiano da vida social.
serem beneficiadas. Classicamente, a educação superior se dá nos níveis
de graduação, cujo acesso se dá por meio dos vestibu-
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público lares, e pós-graduação, cujo acesso também se dá por
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial processos seletivos próprios, funcionando como comple-
para atender às peculiaridades de sua estrutura, or- mentação ao ensino superior. Entretanto, o ensino su-
ganização e financiamento pelo Poder Público, assim perior também pode se dar em cursos sequenciais e em
como dos seus planos de carreira e do regime jurídico cursos de extensão, de menor duração e complexidade.
do seu pessoal. O ensino superior pode ser ministrado em institui-
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui- ções públicas ou privadas. Independentemente da natu-
ções asseguradas pelo artigo anterior, as universida- reza da instituição, é necessário respeitar as regras míni-
des públicas poderão: mas sobre duração do ano letivo, programas de curso,
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico componentes curriculares, etc.
e administrativo, assim como um plano de cargos e
salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os O diploma faz prova da formação
recursos disponíveis;
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em confor- É possível a transferência entre instituições. A trans-
midade com as normas gerais concernentes; ferência a pedido está condicionada a número de vagas
III - aprovar e executar planos, programas e projetos e a processo seletivo. As transferências de ofício se sujei-
de investimentos referentes a obras, serviços e aqui- tam a critérios próprios. Um exemplo de transferência de
sições em geral, de acordo com os recursos alocados ofício se dá no caso de remoção de servidor público de
pelo respectivo Poder mantenedor; ofício no interesse da Administração (caso o servidor ou
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; seu dependente estude em instituição pública na cidade
V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às onde estava lotado, tem o direito de ser transferido para a
suas peculiaridades de organização e funcionamento; instituição pública da nova lotação).

13
É possível que uma pessoa assista aulas nas institui- IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
ções públicas independentemente de vínculo com o cur- efetiva integração na vida em sociedade, inclusive con-
so, desde que haja vagas disponíveis. dições adequadas para os que não revelarem capacida-
Para propiciar o desenvolvimento institucional, exige- de de inserção no trabalho competitivo, mediante arti-
-se que pelo menos 1/3 do corpo docente da instituição culação com os órgãos oficiais afins, bem como para
possua mestrado ou doutorado, bem como que 1/3 do aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
corpo docente se dedique exclusivamente à docência. áreas artística, intelectual ou psicomotora;
Em que pesem as regras mínimas acerca do ensino su- V - acesso igualitário aos benefícios dos programas
perior, as instituições de ensino superior são dotadas de sociais suplementares disponíveis para o respectivo
autonomia para se organizarem. nível do ensino regular.
As universidades públicas gozam de estatuto jurídico
especial. Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
As instituições públicas devem obedecer ao princípio nacional de alunos com altas habilidades ou superdo-
da gestão democrática, assegurado pela existência de ór- tação matriculados na educação básica e na educação
gãos colegiados deliberativos que mesclem membros da superior, a fim de fomentar a execução de políticas
comunidade, do corpo docente e do corpo discente. públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das po-
tencialidades desse alunado.
Parágrafo único. A identificação precoce de alunos
#FicaDica com altas habilidades ou superdotação, os critérios
Educação superior – nível universitário – em e procedimentos para inclusão no cadastro referido
instituições públicas ou privadas – o ingresso no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo
deve se dar conforme mérito (vestibulares). cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados
do cadastro e as políticas de desenvolvimento das po-
tencialidades do alunado de que trata o caput serão
definidos em regulamento.
CAPÍTULO V
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
estabelecerão critérios de caracterização das institui-
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os
ções privadas sem fins lucrativos, especializadas e com
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
atuação exclusiva em educação especial, para fins de
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
para educandos com deficiência, transtornos globais do
Parágrafo único. O poder público adotará, como alter-
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe-


cializado, na escola regular, para atender às peculiari- educandos com deficiência, transtornos globais do de-
dades da clientela de educação especial. senvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, própria rede pública regular de ensino, independente-
escolas ou serviços especializados, sempre que, em fun- mente do apoio às instituições previstas neste artigo.
ção das condições específicas dos alunos, não for pos-
sível a sua integração nas classes comuns de ensino A educação especial volta-se a educandos com defi-
regular. ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput habilidades ou superdotação. Para que ela seja efetivada,
deste artigo, tem início na educação infantil e estende- exige-se a especialização das instituições de ensino e de
-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e seus profissionais.
o parágrafo único do art. 60 desta Lei.
TÍTULO VI
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu- DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
candos com deficiência, transtornos globais do desen-
volvimento e altas habilidades ou superdotação: Art. 61. Consideram-se profissionais da educação es-
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e colar básica os que, nela estando em efetivo exercício
organização específicos, para atender às suas necessi- e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
dades; I – professores habilitados em nível médio ou superior
II - terminalidade específica para aqueles que não para a docência na educação infantil e nos ensinos
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do fundamental e médio;
ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e II – trabalhadores em educação portadores de diplo-
aceleração para concluir em menor tempo o programa ma de pedagogia, com habilitação em administração,
escolar para os superdotados; planejamento, supervisão, inspeção e orientação edu-
III - professores com especialização adequada em ní- cacional, bem como com títulos de mestrado ou dou-
vel médio ou superior, para atendimento especializa- torado nas mesmas áreas;
do, bem como professores do ensino regular capaci- III - trabalhadores em educação, portadores de diplo-
tados para a integração desses educandos nas classes ma de curso técnico ou superior em área pedagógica
comuns; ou afim; e

14
IV - profissionais com notório saber reconhecido § 7º (VETADO).
pelos respectivos sistemas de ensino para ministrar § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
conteúdos de áreas afins à sua formação para aten- terão por referência a Base Nacional Comum Curri-
der o disposto no inciso V do caput do art. 36. cular.
Parágrafo único. A formação dos profissionais da
educação, de modo a atender às especificidades do Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se re-
exercício de suas atividades, bem como aos objeti- fere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos
vos das diferentes etapas e modalidades da educação de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou
básica, terá como fundamentos: superior, incluindo habilitações tecnológicas.
I – a presença de sólida formação básica, que pro- Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada
picie o conhecimento dos fundamentos científicos e para os profissionais a que se refere o caput, no local
sociais de suas competências de trabalho; de trabalho ou em instituições de educação básica e
II – a associação entre teorias e práticas, mediante superior, incluindo cursos de educação profissional,
estágios supervisionados e capacitação em serviço; cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos
III – o aproveitamento da formação e experiências e de pós-graduação.
anteriores, em instituições de ensino e em outras ati-
vidades. Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
IV - profissionais com notório saber reconhecido pe- de educação básica a cursos superiores de pedagogia
los respectivos sistemas de ensino, para ministrar e licenciatura será efetivado por meio de processo se-
conteúdos de áreas afins à sua formação ou expe- letivo diferenciado.
riência profissional, atestados por titulação específica § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no
ou prática de ensino em unidades educacionais da caput deste artigo os professores das redes públicas
rede pública ou privada ou das corporações privadas municipais, estaduais e federal que ingressaram por
em que tenham atuado, exclusivamente para aten- concurso público, tenham pelo menos três anos de
der ao inciso V do caput do art. 36; exercício da profissão e não sejam portadores de di-
V - profissionais graduados que tenham feito com- ploma de graduação.
plementação pedagógica, conforme disposto pelo § 2o As instituições de ensino responsáveis pela oferta
Conselho Nacional de Educação. de cursos de pedagogia e outras licenciaturas defini-
rão critérios adicionais de seleção sempre que acorre-
Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu- rem aos certames interessados em número superior
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de ao de vagas disponíveis para os respectivos cursos.
licenciatura plena, admitida, como formação mínima § 3o Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem
para o exercício do magistério na educação infantil definidos em regulamento pelas universidades, terão
e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, prioridade de ingresso os professores que optarem por

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


a oferecida em nível médio, na modalidade normal. cursos de licenciatura em matemática, física, química,
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
biologia e língua portuguesa.
nicípios, em regime de colaboração, deverão promo-
ver a formação inicial, a continuada e a capacitação
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
dos profissionais de magistério.
I - cursos formadores de profissionais para a educação
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
profissionais de magistério poderão utilizar recursos
formação de docentes para a educação infantil e para
e tecnologias de educação a distância.
as primeiras séries do ensino fundamental;
§ 3º A formação inicial de profissionais de magisté-
rio dará preferência ao ensino presencial, subsidia- II - programas de formação pedagógica para portado-
riamente fazendo uso de recursos e tecnologias de res de diplomas de educação superior que queiram se
educação a distância. dedicar à educação básica;
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni- III - programas de educação continuada para os pro-
cípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e fissionais de educação dos diversos níveis.
permanência em cursos de formação de docentes em
nível superior para atuar na educação básica pública. Art. 64. A formação de profissionais de educação para
§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- administração, planejamento, inspeção, supervisão e
nicípios incentivarão a formação de profissionais do orientação educacional para a educação básica, será
magistério para atuar na educação básica pública feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
mediante programa institucional de bolsa de inicia- nível de pós-graduação, a critério da instituição de
ção à docência a estudantes matriculados em cursos ensino, garantida, nesta formação, a base comum na-
de licenciatura, de graduação plena, nas instituições cional.
de educação superior. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, tre-
nota mínima em exame nacional aplicado aos con- zentas horas.
cluintes do ensino médio como pré-requisito para o
ingresso em cursos de graduação para formação de Art. 66. A preparação para o exercício do magistério su-
docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - perior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria-
CNE. mente em programas de mestrado e doutorado.

15
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni- Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos
versidade com curso de doutorado em área afim, poderá de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
suprir a exigência de título acadêmico. nicípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização resultante de impostos, compreendidas as transferên-
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclu- cias constitucionais, na manutenção e desenvolvimen-
sive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do to do ensino público.
magistério público: § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida
I - ingresso exclusivamente por concurso público de pro- pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
vas e títulos; nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios,
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive não será considerada, para efeito do cálculo previsto
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; neste artigo, receita do governo que a transferir.
III - piso salarial profissional; § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habi- impostos mencionadas neste artigo as operações de
litação, e na avaliação do desempenho; crédito por antecipação de receita orçamentária de
V - período reservado a estudos, planejamento e avalia- impostos.
ção, incluído na carga de trabalho; § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes
VI - condições adequadas de trabalho. aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada
§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercí- a receita estimada na lei do orçamento anual, ajusta-
cio profissional de quaisquer outras funções de magisté- da, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura
rio, nos termos das normas de cada sistema de ensino. de créditos adicionais, com base no eventual excesso
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no de arrecadação.
§ 8º do art. 201 da Constituição Federal, são considera- § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previs-
das funções de magistério as exercidas por professores e tas e as efetivamente realizadas, que resultem no não
especialistas em educação no desempenho de atividades atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios,
educativas, quando exercidas em estabelecimento de serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exer-
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, cício financeiro.
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
pedagógico. Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão respon-
§ 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, sável pela educação, observados os seguintes prazos:
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de
concursos públicos para provimento de cargos dos pro- cada mês, até o vigésimo dia;
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

fissionais da educação. II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigé-


simo dia de cada mês, até o trigésimo dia;
Os profissionais da educação devem possuir formação III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao fi-
específica, notadamente possuir habilitação para a docên- nal de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
cia, que pode se dar pelas licenciaturas e magistérios em § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor-
geral, bem como pela pedagogia, ou ainda por formação e reção monetária e à responsabilização civil e criminal
área afim que habilite para o ensino de matérias específicas das autoridades competentes.
(ex.: profissional do Direito pode lecionar português, filoso-
fia e sociologia). Além disso, devem possuir experiência em Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e de-
atividades de ensino. Quanto ao ensino superior, exige-se senvolvimento do ensino as despesas realizadas com
pós-graduação, que pode ser uma simples especialização, vistas à consecução dos objetivos básicos das institui-
embora deva preferencialmente se possuir mestrado ou ções educacionais de todos os níveis, compreendendo
doutorado. No âmbito do ensino público, exige-se valoriza- as que se destinam a:
ção do profissional, criando-se plano de carreira e aperfei- I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docen-
çoando-se as condições de trabalho. te e demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação
TÍTULO VII de instalações e equipamentos necessários ao ensino;
DOS RECURSOS FINANCEIROS III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados
ao ensino;
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas
os originários de: visando precipuamente ao aprimoramento da quali-
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, dade e à expansão do ensino;
do Distrito Federal e dos Municípios; V - realização de atividades-meio necessárias ao fun-
II - receita de transferências constitucionais e outras cionamento dos sistemas de ensino;
transferências; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
III - receita do salário-educação e de outras contribui- públicas e privadas;
ções sociais; VII - amortização e custeio de operações de crédito
IV - receita de incentivos fiscais; destinadas a atender ao disposto nos incisos deste ar-
V - outros recursos previstos em lei. tigo;

16
VIII - aquisição de material didático-escolar e manu- § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
tenção de programas de transporte escolar. exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensi-
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e no de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art.
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de à sua capacidade de atendimento.
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de en-
sino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no
de sua qualidade ou à sua expansão; artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumpri-
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de mento pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do
caráter assistencial, desportivo ou cultural; disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições
III - formação de quadros especiais para a adminis- legais.
tração pública, sejam militares ou civis, inclusive di-
plomáticos; Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
IV - programas suplementares de alimentação, assis- públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
tência médico-odontológica, farmacêutica e psicológi- confessionais ou filantrópicas que:
ca, e outras formas de assistência social; I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distri-
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
buam resultados, dividendos, bonificações, participa-
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
ções ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da edu-
ou pretexto;
cação, quando em desvio de função ou em atividade
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desen- escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao
volvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos Poder Público, no caso de encerramento de suas ativi-
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a dades;
que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal. IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos re-
cebidos.
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita- § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
riamente, na prestação de contas de recursos públicos, destinados a bolsas de estudo para a educação básica,
o cumprimento do disposto no art. 212 da Constitui- na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiên-
ção Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Consti- cia de recursos, quando houver falta de vagas e cursos
tucionais Transitórias e na legislação concernente. regulares da rede pública de domicílio do educando,
ficando o Poder Público obrigado a investir prioritaria-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o mente na expansão da sua rede local.
Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
mínimo de oportunidades educacionais para o ensino poderão receber apoio financeiro do Poder Público, in-
fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por clusive mediante bolsas de estudo.
aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este ar- No aspecto orçamentário, merece destaque a exi-
tigo será calculado pela União ao final de cada ano, gência de dedicação de parcela mínima dos impostos da
com validade para o ano subsequente, considerando União (18%) e dos Estados e Distrito Federal (25%) voltada
variações regionais no custo dos insumos e as diversas à educação. Ainda, coloca-se o papel de suplementação e
modalidades de ensino. redistribuição da União em relação aos Estados e Municí-
pios e dos Estados com relação aos Municípios, repassan-
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e
do-se verbas para permitir que estas unidades federativas
dos Estados será exercida de modo a corrigir, progres-
consigam lograr êxito em oferecer parâmetro mínimo de
sivamente, as disparidades de acesso e garantir o pa-
qualidade no ensino que é de sua incumbência.
drão mínimo de qualidade de ensino.
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a
fórmula de domínio público que inclua a capacidade TÍTULO VIII
de atendimento e a medida do esforço fiscal do res- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
pectivo Estado, do Distrito Federal ou do Município em
favor da manutenção e do desenvolvimento do ensino. Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colabo-
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo ração das agências federais de fomento à cultura e de
será definida pela razão entre os recursos de uso consti- assistência aos índios, desenvolverá programas inte-
tucionalmente obrigatório na manutenção e desenvol- grados de ensino e pesquisa, para oferta de educação
vimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas,
padrão mínimo de qualidade. com os seguintes objetivos:
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos,
a União poderá fazer a transferência direta de recursos a recuperação de suas memórias históricas; a reafir-
a cada estabelecimento de ensino, considerado o nú- mação de suas identidades étnicas; a valorização de
mero de alunos que efetivamente frequentam a escola. suas línguas e ciências;

17
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o Art. 81. É permitida a organização de cursos ou institui-
acesso às informações, conhecimentos técnicos e cien- ções de ensino experimentais, desde que obedecidas as
tíficos da sociedade nacional e demais sociedades in- disposições desta Lei.
dígenas e não-índias.
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente de realização de estágio em sua jurisdição, observada a
os sistemas de ensino no provimento da educação in- lei federal sobre a matéria.
tercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo
programas integrados de ensino e pesquisa. Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica,
§ 1º Os programas serão planejados com audiência admitida a equivalência de estudos, de acordo com as
das comunidades indígenas. normas fixadas pelos sistemas de ensino.
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluí-
dos nos Planos Nacionais de Educação, terão os se- Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
guintes objetivos: aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas res-
I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua ma- pectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de
terna de cada comunidade indígena; acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.
II - manter programas de formação de pessoal espe-
cializado, destinado à educação escolar nas comuni- Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação
dades indígenas; própria poderá exigir a abertura de concurso público de
III - desenvolver currículos e programas específicos, provas e títulos para cargo de docente de instituição pú-
neles incluindo os conteúdos culturais corresponden- blica de ensino que estiver sendo ocupado por professor
tes às respectivas comunidades; não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os di-
IV - elaborar e publicar sistematicamente material di- reitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal
dático específico e diferenciado. e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
§ 3º No que se refere à educação superior, sem pre-
juízo de outras ações, o atendimento aos povos indí- Art. 86. As instituições de educação superior constituídas
genas efetivar-se-á, nas universidades públicas e pri- como universidades integrar-se-ão, também, na sua con-
vadas, mediante a oferta de ensino e de assistência dição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de
estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e de- Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação específica.
senvolvimento de programas especiais.
TÍTULO IX
Art. 79-A. (VETADO). DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. um ano a partir da publicação desta Lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimen- desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano
to e a veiculação de programas de ensino a distância, Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os
em todos os níveis e modalidades de ensino, e de edu- dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mun-
cação continuada. dial sobre Educação para Todos.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura § 2º (Revogado).
e regime especiais, será oferecida por instituições es- § 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, suple-
pecificamente credenciadas pela União. tivamente, a União, devem:
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a rea- I - (Revogado).
lização de exames e registro de diploma relativos a II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
cursos de educação a distância. adultos insuficientemente escolarizados;
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação III - realizar programas de capacitação para todos os
de programas de educação a distância e a autoriza- professores em exercício, utilizando também, para isto,
ção para sua implementação, caberão aos respectivos os recursos da educação a distância;
sistemas de ensino, podendo haver cooperação e inte- IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino
gração entre os diferentes sistemas. fundamental do seu território ao sistema nacional de
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento di- avaliação do rendimento escolar.
ferenciado, que incluirá: § 4º (Revogado).
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros a progressão das redes escolares públicas urbanas de
meios de comunicação que sejam explorados mediante ensino fundamental para o regime de escolas de tem-
autorização, concessão ou permissão do poder público; po integral.
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
educativas; Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Esta-
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder dos aos seus Municípios, ficam condicionadas ao cum-
Público, pelos concessionários de canais comerciais. primento do art. 212 da Constituição Federal e dispositi-
vos legais pertinentes pelos governos beneficiados.

18
Art. 87-A. (VETADO). A, B, C, D. Incorretas, por exclusão, devido ao teor do
artigo 8o, Lei nº 9.394/1996.
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adaptarão sua legislação educacional e de 2. (CREF - 3ª Região - Assistente Administrativo - Qua-
ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de drix/2013 - adaptada) Assinale a alternativa contrária ao
um ano, a partir da data de sua publicação. disposto pela Lei Federal n° 9.394:
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus es-
tatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às a) A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade hu-
por estes estabelecidos. mana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. sua qualificação para o trabalho.
b) O acesso ao ensino fundamental é direito público sub-
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que ve- jetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos,
nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a associação comunitária, organização sindical, entidade
contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respec- de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o
tivo sistema de ensino. Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
c) Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regi- públicas de educação básica que os integram progres-
me anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas sivos graus de autonomia pedagógica e administrativa
pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante de- e de gestão financeira, observadas as normas gerais de
legação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de direito financeiro público.
ensino, preservada a autonomia universitária. d) A educação física, integrada à proposta pedagógica da
escola, é componente curricular da Educação Básica,
Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ajustando-se às faixas etárias e às condições da popula-
cação. ção escolar, sendo obrigatória nos cursos noturnos.
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, Resposta: Letra D. Eis o teor da Lei nº 9.394: “artigo 26, §
de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novem- 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da
bro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24
escola, é componente curricular obrigatório da educação
de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de
infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facul-
1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
tativa ao aluno: I - que cumpra jornada de trabalho igual
1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais
ou superior a seis horas; II - maior de trinta anos de idade;
leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer ou-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
tras disposições em contrário.
situação similar, estiver obrigado à prática da educação fí-
sica; IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de
outubro de 1969; V - (VETADO); VI - que tenha prole”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS A. Correta, conforme artigo 2o, LDB.
B. Correta, conforme artigo 5o, LDB.
1. (UFPA - Assistente de Aluno - CEPS-UFPA/2015) A C. Correta, conforme artigo 15, LDB.
Lei nº 9.394/1996 estabelece que:
3. (Prefeitura de Alto Piquiri - Cuidador Social -
a) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios KLC/2012) A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
organizarão, em regime de colaboração, os respecti- estabelece:
vos sistemas de esportes nacionais.
b) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios a) os parâmetros curriculares nacionais.
organizarão, em regime de colaboração, a merenda b) as diretrizes e bases da educação nacional.
escolar, o transporte escolar, os livros didáticos, a ma- c) exclusivamente as normas da educação básica.
nutenção de veículos públicos e particulares. d) as leis e diretrizes somente para a educação superior
c) os municípios devem garantir a todos os alunos o ensi- e) unicamente o funcionamento do sistema de avaliação.
no médio primeiramente e depois o ensino fundamental.
d) os Estados devem assegurar primeiramente o ensino Resposta: Letra B.Conforme consta na própria Lei nº
médio, a educação de jovens e adultos, a educação qui- 9.394, ela “estabelece as diretrizes e bases da educação
lombola e a educação especial. nacional”.
e) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios A, C, D e E. Incorretas, são abrangidas as diretrizes e
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos bases da educação nacional, em todos os níveis.
sistemas de ensino.

Resposta: Letra E. É o teor do artigo 8º da Lei nº


9.394/1996: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
respectivos sistemas de ensino”.

19
persistentes e capazes de protagonizar ações autôno-
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: mas e solidárias em relação a conhecimentos e valores
PARECER 04 CNE/SEB/98 E RESOLUÇÕES 02 indispensáveis à vida cidadã.
CNE/SEB/98 E 01 CNE/SEB/06. IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igual-
dade de acesso para alunos a uma base nacional co-
mum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade
da ação pedagógica na diversidade nacional. A base
RESOLUÇÃO CEB Nº 2, DE 7 DE ABRIL DE 1998 (1*) comum nacional e sua parte diversificada deverão in-
(**) tegrar-se em torno do paradigma curricular, que vise a
estabelecer a relação entre a educação fundamental e:
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o En- a) a vida cidadã através da articulação entre vários
sino Fundamental. dos seus aspectos como:
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- 1. a saúde
selho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto 2. a sexualidade
no Art. 9º § 1º, alínea “c” da Lei 9.131, de 25 de novembro 3. a vida familiar e social
de 1995 e o Parecer CEB 4/98, homologado pelo Senhor 4. o meio ambiente
Ministro da Educação e do Desporto em 27 de março de 5. o trabalho
1998, 6. a ciência e a tecnologia
7. a cultura
RESOLVE: 8. as linguagens.
b) as áreas de conhecimento:
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Cur- 1. Língua Portuguesa
riculares Nacionais para o Ensino 2. Língua Materna, para populações indígenas e mi-
Fundamental, a serem observadas na organização grantes
curricular das unidades escolares integrantes dos di- 3. Matemática
versos sistemas de ensino. 4. Ciências
5. Geografia
Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjun- 6. História
to de definições doutrinárias sobre 7. Língua Estrangeira
princípios, fundamentos e procedimento da educação 8. Educação Artística
básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do 9. Educação Física
Conselho Nacional de Educação, que orientarão as es- 10. Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei
colas brasileiras dos sistemas de ensino na organiza- 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

ção, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas V - As escolas deverão explicitar em suas propostas
propostas pedagógicas. curriculares processos de ensino voltados para as rela-
ções com sua comunidade local, regional e planetária,
Art. 3º. São as seguintes as Diretrizes Curriculares Na- visando à interação entre a educação fundamental e
cionais para o Ensino Fundamental: a vida cidadã; os alunos, ao aprenderem os conheci-
I - As escolas deverão estabelecer como norteadores mentos e valores da base nacional comum e da parte
de suas ações pedagógicas: diversificada, estarão também constituindo sua identi-
a) os princípios éticos da autonomia, da responsabili- dade como cidadãos, capazes de serem protagonistas
dade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; de ações responsáveis, solidárias e autônomas em re-
b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, lação a si próprios, às suas famílias e às comunidades.
do exercício da criticidade e do respeito à ordem de- VI - As escolas utilizarão a parte diversificada de suas
mocrática; propostas curriculares para enriquecer e complemen-
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criativi- tar a base nacional comum, propiciando, de maneira
dade e da diversidade de manifestações artísticas e específica, a introdução de projetos e atividades do in-
culturais. teresse de suas comunidades.
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, as esco- VII - As escolas devem trabalhar em clima de coopera-
las deverão explicitar o reconhecimento da identidade ção entre a direção e as equipes
pessoal de alunos, professores e outros profissionais e docentes, para que haja condições favoráveis à ado-
a identidade de cada unidade escolar e de seus respec- ção, execução, avaliação e aperfeiçoamento das estra-
tivos sistemas de ensino. tégias educacionais, em consequência do uso adequa-
III - As escolas deverão reconhecer que as aprendiza- do do espaço físico, do horário e calendário escolares,
gens são constituídas pela interação dos processos de na forma dos arts. 12 a 14 da Lei 9.394, de 20 de de-
conhecimento com os de linguagem e os afetivos, em zembro de 1996.
consequência das relações entre as distintas identida-
des dos vários participantes do contexto escolarizado; Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
as diversas experiências de vida de alunos, professores publicação.
e demais participantes do ambiente escolar, expressas
através de múltiplas formas de diálogo, devem con- ULYSSES DE OLIVEIRA PANISSET
tribuir para a constituição de identidade afirmativas, Presidente da Câmara de Educação Básica

20
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 31 DE JANEIRO DE 2006 Capítulo I
Disposições Gerais
Altera a alínea “b” do inciso IV do artigo 3º da Re-
solução CNE/CEB nº 2/98, que instituiu as Diretrizes A Base Nacional Comum Curricular – BNCC é um
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. “documento de caráter normativo que define o conjun-
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- to orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais
selho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto como direito das crianças, jovens e adultos no âmbito da
no art. 9º, §1º, alínea “c”, da Lei nº 4.024 de 20 de Educação Básica escolar, e orientam sua implementação
dezembro de 1961, pelos sistemas de ensino das diferentes instâncias fede-
com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de no- rativas, bem como pelas instituições ou redes escolares”
vembro de 1995 e tendo em vista o Parecer CNE/CEB (artigo 1o, caput).
nº 22/2005, homologado por despacho do Senhor Mi- O artigo 4o da Resolução define as competências da
nistro de Estado da Educação, publicado no DOU de BNCC:
23 de dezembro de 2005, resolve:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamen-
Art. 1º A alínea “b” do inciso IV do artigo 3º da Reso- te construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
lução CNE/CEB nº 2, de 7 de abril de 1998, passa a digital para entender e explicar a realidade, continuar
vigorar com a seguinte redação: aprendendo e colaborar para a construção de uma so-
Art. 3º (...) ciedade justa, democrática e inclusiva;
IV ... 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abor-
a… dagem própria das ciências, incluindo a investigação,
b. Artes. a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criativi-
dade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor da data de sua teses, formular e resolver problemas e criar soluções
publicação, revogadas as (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
disposições em contrário. das diferentes áreas;
3. Desenvolver o senso estético para reconhecer, va-
CESAR CALLEGARI lorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
Presidente da Câmara de Educação Básica culturais, das locais às mundiais, e também para par-
ticipar de práticas diversificadas da produção artísti-
co-cultural;
Prezado candidato, para melhor aproveitamento 4. Utilizar diferentes linguagens –verbal (oral ou vi-
do material referente ao Parecer CNE 04 de 1998 o sual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


disponibilizamos em nosso site para consulta na ínte- sonora e digital –, bem como conhecimentos das lin-
gra. Não deixe de conferir em: https://www.novacon- guagens artística, matemática e científica para se ex-
cursos.com.br/retificacoes, pressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos, em diferentes contextos, e produzir senti-
dos que levem ao entendimento mútuo;
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: RE- 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
SOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 22 DE DEZEM- informação e comunicação, de forma crítica, signifi-
BRO DE 2017. cativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos, re-
A Resolução do Conselho Pleno do Conselho Nacio- solver problemas e exercer protagonismo e autoria na
nal da Educação nº 2, de 22 de dezembro de 2017, ins- vida pessoal e coletiva;
titui e orienta a implantação da Base Nacional Comum 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências cul-
Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo turais e apropriar-se de conhecimentos e experiências
das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Edu- que lhe possibilitem entender as relações próprias
cação Básica. do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
Seu inteiro teor pode ser acessado em: exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_do- liberdade, autonomia, consciência crítica e responsa-
cman&view=download&alias=79631-rcp002-17-pdf&- bilidade.
category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192 7. Argumentar com base em fatos, dados e informa-
ções confiáveis, para formular, negociar e defender
Basicamente, a Resolução se divide em 6 capítulos, ideias, pontos de vista e decisões comuns, que respei-
contando com 26 dispositivos, além de um anexo. Nas tem e promovam os direitos humanos, a consciência
considerações que formam seu preâmbulo, antecedendo socioambiental e o consumo responsável, em âmbito
os referidos capítulos, remonta à Constituição Federal, à local, regional e global, com posicionamento ético em
LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – relação ao cuidado consigo mesmo, com os outros e
Lei nº 9.394/1996), ao Plano Nacional de Educação e às com o planeta.
competências do Conselho Nacional da Educação – CNE. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde fí-
sica e emocional, compreendendo-se na diversidade

21
humana e reconhecendo suas emoções e as dos ou- pedagógica das equipes escolares, de modo que se ado-
tros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. te estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborati-
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confli- vas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem;
tos, de forma harmônica, e a cooperação, fazendo-se III. Selecionar e aplicar metodologias e estratégias
respeitar, bem como promover o respeito ao outro e didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a rit-
aos direitos humanos, com acolhimento e valorização mos diferenciados e a conteúdos complementares, se
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus necessário, para trabalhar com as necessidades de di-
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem ferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de
preconceitos de qualquer natureza. origem, suas comunidades, seus grupos de socializa-
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, res- ção, entre outros fatores;
ponsabilidade, flexibilidade, resiliência e determina- IV. Conceber e pôr em prática situações e procedimen-
ção, tomando decisões, com base em princípios éticos, tos para motivar e engajar os estudantes nas apren-
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. dizagens;
V. Construir e aplicar procedimentos de avaliação for-
mativa de processo ou de resultado, que levem em
#FicaDica conta os contextos e as condições de aprendizagem,
tomando tais registros como referência para melhorar
Aprendizagens essenciais – conhecimentos o desempenho da instituição escolar, dos professores
+ habilidades + atitudes + valores + capaci- e dos alunos;
dade mobilizar, articular e integrar tais valo- VI. Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos di-
res – processo formativo ao longo de todas dáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensi-
etapas e modalidades da Educação Básica nar e aprender;
(artigo 2o). VII. Criar e disponibilizar materiais de orientação para
Competência da Base Nacional Comum Cur- os professores, bem como manter processos perma-
ricular = promover aprendizagens essenciais nentes de desenvolvimento docente, que possibili-
= mobilização de conhecimentos (conceitos tem contínuo aperfeiçoamento da gestão do ensino e
e procedimentos), habilidades (práticas cog- aprendizagem, em consonância com a proposta peda-
nitivas e socioemocionais), atitudes e valo- gógica da instituição ou rede de ensino;
res, para resolver demandas complexas da VIII. Manter processos contínuos de aprendizagem
vida cotidiana, do pleno exercício da cida- sobre gestão pedagógica e curricular para os demais
dania e do mundo do trabalho (artigo 3o). educadores, no âmbito das instituições ou redes de
Competências e habilidades = direitos e ob- ensino, em atenção às diretrizes curriculares nacio-
jetivos de aprendizagem (artigo 3o). nais, definidas pelo Conselho Nacional de Educação
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

e normas complementares, definidas pelos respectivos


Conselhos de Educação;
Capítulo II §1º Os currículos devem incluir a abordagem, de for-
Planejamento e organização ma transversal e integradora, de temas exigidos por
legislação e normas específicas, e temas contemporâ-
BNCC – referência nacional para os sistemas de en- neos relevantes para o desenvolvimento da cidadania,
sino e para as instituições ou redes escolares públicas e que afetam a vida humana em escala local, regional
privadas da Educação Básica, dos sistemas federal, esta- e global, observando-se a obrigatoriedade de temas
duais, distrital e municipais, para construírem ou revisa- tais como o processo de envelhecimento e o respei-
rem os seus currículos (artigo 5o). to e valorização do idoso; os direitos das crianças e
adolescentes; a educação para o trânsito; a educação
Capítulo III ambiental; a educação alimentar e nutricional; a edu-
Da BNCC, do currículo e da proposta pedagógica cação em direitos humanos; e a educação digital, bem
como o tratamento adequado da temática da diversi-
Elaboração e execução com a participação dos professores, dade cultural, étnica, linguística e epistêmica, na pers-
conforme definições de seus planos de trabalho (artigo 6o). pectiva do desenvolvimento de práticas educativas
BNCC = referência obrigatória, cabendo complemen- ancoradas no interculturalismo e no respeito ao ca-
tação por parte diversificada (artigo 7o). ráter pluriétnico e plurilíngue da sociedade brasileira.
Adequação da BNCC à realidade das escolas, nos ter- §2º As escolas indígenas e quilombolas terão no seu
mos do artigo 8o: núcleo comum curricular suas línguas, saberes e pe-
dagogias, além das áreas do conhecimento, das com-
I. Contextualizar os conteúdos curriculares, identifi- petências e habilidades correspondentes, de exigência
cando estratégias para apresentá-los, representá-los, nacional da BNCC.
exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos,
com base na realidade do lugar e do tempo nos quais
as aprendizagens se desenvolvem e são constituídas;
II. Decidir sobre formas de organização dos componen-
tes curriculares – disciplinar, interdisciplinar, transdisci-
plinar ou pluridisciplinar – e fortalecer a competência

22
de aprendizagens ao longo do Ensino Fundamental, pro-
#FicaDica movendo integração nos nove anos desta etapa da Edu-
cação Básica (artigo 13).
“As instituições ou redes de ensino devem
intensificar o processo de inclusão dos alu-
nos com deficiência, transtornos globais do
#FicaDica
desenvolvimento e altas habilidades nas
classes comuns do ensino regular, garantin- A BNCC é organizada em Áreas do Conhe-
do condições de acesso e de permanência cimento, que são: linguagens, matemática,
com aprendizagem, buscando prover aten- ciências da natureza ciências humanas e
dimento com qualidade” (artigo 9o). ensino religioso.

Capítulo IV
BNCC na educação infantil Capítulo V
Das disposições finais e transitórias
O artigo 10 fixa os direitos de aprendizagem e desen-
volvimento no âmbito da Educação Infantil: Instituições de ensino – Adequação dos currículos à
I. Conviver com outras crianças e adultos, em peque- BNCC deve ser efetivada preferencialmente até 2019 e
nos e grandes grupos, utilizando diferentes lingua- no máximo, até início do ano letivo de 2020 (artigo 15).
Adequação das matrizes da educação básica à BNCC
gens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o
– 1 ano (artigo 16).
respeito em relação à cultura e às diferenças entre as
Os currículos dos cursos e programas destinados à
pessoas;
formação continuada de professores devem adequar-se
II. Brincar cotidianamente de diversas formas, em di-
à BNCC (artigo 17).
ferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros PNLD – Programa Nacional do Livro Didático – deve
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu atender à BNCC (artigo 20).
acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua Revisão após 5 anos (artigo 21).
imaginação, sua criatividade, suas experiências emo- CNE elaborará normas específicas sobre computação,
cionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, orientação sexual e identidade de gênero (artigo 22).
sociais e relacionais;
III. Participar ativamente, com adultos e outras crian-
ças, tanto do planejamento da gestão da escola e das
atividades, propostas pelo educador quanto da reali- EXERCÍCIO COMENTADO
zação das atividades da vida cotidiana, tais como a

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambien- 1. (Câmara Legislativa do Distrito Federal - Con-
tes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando sultor Legislativo - Educação, Cultura e Desporto -
conhecimentos, decidindo e se posicionando em rela- FCC/2018) A Resolução CNE/CP nº 2, de 22/12/2017,
ção a eles; que institui a Base Nacional Comum Curricular esclarece
IV. Explorar movimentos, gestos, sons, formas, textu- que para seus efeitos, e com base na lei de Diretrizes e
ras, cores, palavras, emoções, transformações, relacio- Bases da Educação em vigor, a expressão “competências
namentos, histórias, objetos, elementos da natureza, e habilidades” deve ser considerada como:
na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre
a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a a) A mobilização de conhecimentos, atitudes e valores
escrita, a ciência e a tecnologia; para a cidadania.
V. Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, b) Equivalente à expressão “direitos e objetivos de aprendizagem”.
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hi- c) Diretriz para a organização das disciplinas em qualquer
póteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por modalidade de ensino.
d) Aplicadas à formação para o trabalho e à educação
meio de diferentes linguagens;
profissional técnica.
VI. Conhecer-se e construir sua identidade pessoal,
e) Não aplicáveis à educação infantil em creches e pré-escolas.
social e cultural, constituindo uma imagem positiva
de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas
Resposta: Letra B. Nos termos do artigo 3o, parágrafo
experiências de cuidados, interações, brincadeiras e único, Res. nº 2/2017, “para os efeitos desta Resolu-
linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu ção, com fundamento no caput do art. 35-A e no §
contexto familiar e comunitário. 1º do art. 36 da LDB, a expressão  ‘competências e
habilidades’ deve ser considerada como equivalen-
Capítulo IV te à expressão ‘direitos e objetivos de aprendizagem’
BNCC no ensino fundamental presente na Lei do Plano Nacional de Educação (PNE)”.
A, B, D e E. Competências e habilidades = direitos e
O objetivo da BNCC no ensino fundamental é a arti- objetivos de aprendizagem (artigo 3o).
culação com as experiências vividas na Educação Infan-
til (artigo 11). No primeiro ano, o foco é a alfabetização
(artigo 12). É importante assegurar o percurso contínuo

23
I - erradicação do analfabetismo;
LEI FEDERAL Nº 10.793, DE 01/12/2003 – AL- II - universalização do atendimento escolar;
TERA A REDAÇÃO DO ART. 26, § 3º, E DO III - superação das desigualdades educacionais, com
ART. 92 DA LEI 9.394/96, QUE ESTABELECE ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de
AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NA- todas as formas de discriminação;
CIONAL. IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com
ênfase nos valores morais e éticos em que se funda-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- menta a sociedade;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública;
Art. 1º O § 3º do art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de VII - promoção humanística, científica, cultural e tec-
dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte nológica do País;
redação: VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recur-
sos públicos em educação como proporção do Produto
“Art. 26 ........................................................................... Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às ne-
cessidades de expansão, com padrão de qualidade e
........................................................................... equidade;
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagó- IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
gica da escola, é componente curricular obrigatório X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
da educação básica, sendo sua prática facultativa ao humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioam-
aluno: biental.
Art. 3o  As metas previstas no Anexo desta Lei serão
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que
a seis horas; não haja prazo inferior definido para metas e estraté-
II – maior de trinta anos de idade; gias específicas.
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou
Art. 4o  As metas previstas no Anexo desta Lei deverão
que, em situação similar, estiver obrigado à prática da
ter como referência a Pesquisa Nacional por Amostra
educação física;
de Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os cen-
IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de
sos  nacionais da educação básica e superior mais atu-
outubro de 1969;
alizados, disponíveis na data da publicação desta Lei.
V – (VETADO)
Parágrafo único.  O poder público buscará ampliar o
VI – que tenha prole.
escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

...........................................................................” (NR) incluir informação detalhada sobre o perfil das popu-


lações de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com defi-
Art. 2º (VETADO) ciência.
Art. 5o  A execução do PNE e o cumprimento de suas
Art. 3º Esta Lei entra em vigor no ano letivo seguinte à metas serão objeto de monitoramento contínuo e de
data de sua publicação. avaliações periódicas, realizados pelas seguintes ins-
tâncias:
I - Ministério da Educação - MEC;
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
LEI FEDERAL Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO e Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado
DE 2014. APROVA O PLANO NACIONAL DE Federal;
EDUCAÇÃO - PNE E DÁ OUTRAS PROVIDÊN- III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
CIAS. IV - Fórum Nacional de Educação.
§ 1o  Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. avaliações nos respectivos sítios institucionais da in-
ternet;
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá II - analisar e propor políticas públicas para assegu-
outras providências. rar a implementação das estratégias e o cumprimento
das metas;
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o III - analisar e propor a revisão do percentual de inves-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: timento público em educação.
Art. 1o  É aprovado o Plano Nacional de Educação - § 2o  A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de
PNE, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da pu- vigência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e
blicação desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP publica-
cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição rá estudos para aferir a evolução  no cumprimento das
Federal. metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com informa-
Art. 2o  São diretrizes do PNE: ções organizadas por ente federado e consolidadas em

24
âmbito nacional, tendo como referência os estudos e § 3o  Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito
as pesquisas de que trata o art. 4o, sem prejuízo de Federal e dos Municípios criarão mecanismos para o
outras fontes e informações relevantes. acompanhamento local da consecução das metas des-
§ 3o  A meta progressiva do investimento público em te PNE e dos planos previstos no art. 8o.
educação será avaliada no quarto ano de vigência do § 4o  Haverá regime de colaboração específico para a
PNE e poderá ser ampliada por meio de lei para aten- implementação de modalidades de educação escolar
der às necessidades financeiras do cumprimento das que necessitem considerar territórios étnico-educacio-
demais metas. nais e a utilização de estratégias que levem em conta
§ 4o  O investimento público em educação a que se as identidades e especificidades socioculturais e lin-
referem o inciso VI do art. 214 da Constituição Fede- guísticas de cada comunidade envolvida, assegurada a
ral e a meta 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos consulta prévia e informada a essa comunidade.
aplicados na forma do art. 212 da Constituição Fede-
ral e do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais § 5o  Será criada uma instância permanente de nego-
Transitórias, bem como os recursos aplicados nos pro- ciação e cooperação entre a União, os Estados, o Dis-
gramas de expansão da educação profissional e supe- trito Federal e os Municípios.
rior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as § 6o  O fortalecimento do regime de colaboração entre
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os os Estados e respectivos Municípios incluirá a institui-
subsídios concedidos em programas de financiamento ção de instâncias permanentes de negociação, coope-
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e ração e pactuação em cada Estado.
de educação especial na forma do art. 213 da Consti- § 7o  O fortalecimento do regime de colaboração entre
tuição Federal. os Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção
§ 5o  Será destinada à manutenção e ao desenvolvi- de arranjos de desenvolvimento da educação.
mento do ensino, em acréscimo aos recursos vincu- Art. 8o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
lados nos termos do art. 212 da Constituição Federal, deverão elaborar seus correspondentes planos de edu-
além de outros recursos previstos em lei, a parcela da cação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em
participação no resultado ou da compensação finan- consonância com as diretrizes, metas e estratégias
ceira pela exploração de petróleo e de gás natural, na previstas neste PNE, no prazo de 1 (um) ano contado
forma de lei específica, com a finalidade de assegurar da publicação desta Lei.
o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. § 1o  Os entes federados estabelecerão nos respectivos
214 da Constituição Federal. planos de educação estratégias que:
Art. 6o  A União promoverá a realização de pelo me- I - assegurem a articulação das políticas educacionais
nos 2 (duas) conferências nacionais de educação até com as demais políticas sociais, particularmente as
o final do decênio, precedidas de conferências distri- culturais;

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


tal, municipais e estaduais, articuladas e coordenadas II - considerem as necessidades específicas das popu-
pelo Fórum Nacional de Educação, instituído nesta Lei, lações do campo e das comunidades indígenas e qui-
no âmbito do Ministério da Educação. lombolas, asseguradas a equidade educacional e a di-
§ 1o  O Fórum Nacional de Educação, além da atribui- versidade cultural;
ção referida no caput: III - garantam o atendimento das necessidades espe-
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento cíficas na educação especial, assegurado o sistema
de suas metas; educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e mo-
II - promoverá a articulação das conferências nacio- dalidades;
nais de educação com as conferências regionais, esta- IV - promovam a articulação interfederativa na imple-
duais e municipais que as precederem. mentação das políticas educacionais.
§ 2o  As conferências nacionais de educação realizar- § 2o  Os processos de elaboração e adequação dos pla-
-se-ão com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, nos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
com o objetivo de avaliar a execução deste PNE e sub- Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão re-
sidiar a elaboração do plano nacional de educação alizados com ampla participação de representantes da
para o decênio subsequente. comunidade educacional e da sociedade civil.
Art. 7o  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- Art. 9o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nicípios atuarão em regime de colaboração, visando deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas
ao alcance das metas e à implementação das estraté- de ensino, disciplinando a gestão democrática da edu-
gias objeto deste Plano. cação pública nos respectivos âmbitos de atuação, no
§ 1o  Caberá aos gestores federais, estaduais, munici- prazo de 2 (dois) anos contado da publicação desta Lei,
pais e do Distrito Federal a adoção das medidas go- adequando, quando for o caso, a legislação local já
vernamentais necessárias ao alcance das metas pre- adotada com essa finalidade.
vistas neste PNE. Art. 10.  O plano plurianual, as diretrizes orçamentá-
§ 2o  As estratégias definidas no Anexo desta Lei não rias e os orçamentos anuais da União, dos Estados, do
elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito Distrito Federal e dos Municípios serão formulados de
local ou de instrumentos jurídicos que formalizem maneira a assegurar a consignação de dotações or-
a cooperação entre os entes federados, podendo ser çamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e
complementadas por mecanismos nacionais e locais estratégias deste PNE e com os respectivos planos de
de coordenação e colaboração recíproca. educação, a fim de viabilizar sua plena execução.

25
Art. 11.  O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Brasília,  25  de  junho de 2014; 193o da Independên-
Básica, coordenado pela União, em colaboração com cia e 126o da República.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constitui- DILMA ROUSSEFF
rá fonte de informação para a avaliação da qualidade Guido Mantega
da educação básica e para a orientação das políticas José Henrique Paim Fernandes
públicas desse nível de ensino. Miriam Belchior
§ 1o  O sistema de avaliação a que se refere o ca-
put produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos: ANEXO
I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao METAS E ESTRATÉGIAS 
desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
nacionais de avaliação, com participação de pelo me- Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na
nos 80% (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos
cada ano escolar periodicamente avaliado em cada de idade e ampliar a oferta de educação infantil em cre-
escola, e aos dados pertinentes apurados pelo censo ches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por
escolar da educação básica; cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vi-
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a gência deste PNE.
características como o perfil do alunado e do corpo
dos (as) profissionais da educação, as relações entre Estratégias:
dimensão do corpo docente, do corpo técnico e do cor-
po discente, a infraestrutura das escolas, os recursos 1.1) definir, em regime de colaboração entre a União,
pedagógicos disponíveis e os processos da gestão, en- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas
tre outras relevantes. de expansão das respectivas redes públicas de edu-
§ 2o  A elaboração e a divulgação de índices para ava- cação infantil segundo padrão nacional de qualida-
liação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimen- de, considerando as peculiaridades locais;
to da Educação Básica - IDEB, que agreguem os indi- 1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja
cadores mencionados no inciso I do § 1o não elidem a inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as
obrigatoriedade de divulgação, em separado, de cada taxas de frequência à educação infantil das crianças
um deles. de até 3 (três) anos oriundas do quinto de renda
§ 3o  Os indicadores mencionados no § 1o serão es- familiar per capita mais elevado e as do quinto de
timados por etapa, estabelecimento de ensino, rede renda familiar per capita mais baixo;
escolar, unidade da Federação e em nível agregado 1.3) realizar, periodicamente, em regime de colabora-
nacional, sendo amplamente divulgados, ressalvada ção, levantamento da demanda por creche para a
a publicação de resultados individuais e indicadores população de até 3 (três) anos, como forma de pla-
por turma, que fica admitida exclusivamente para a nejar a oferta e verificar o atendimento da demanda
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

comunidade do respectivo estabelecimento e para o manifesta;


órgão gestor da respectiva rede. 1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE,
§ 4o  Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb normas, procedimentos e prazos para definição de
e dos indicadores referidos no § 1o. mecanismos de consulta pública da demanda das
§ 5o  A avaliação de desempenho dos (as) estudantes famílias por creches;
em exames, referida no inciso I do § 1o, poderá ser di- 1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
retamente realizada pela União ou, mediante acordo respeitadas as normas de acessibilidade, programa
de cooperação, pelos Estados e pelo Distrito Federal, nacional de construção e reestruturação de escolas,
nos respectivos sistemas de ensino e de seus Municí- bem como de aquisição de equipamentos, visando
pios, caso mantenham sistemas próprios de avaliação à expansão e à melhoria da rede física de escolas
do rendimento escolar, assegurada a compatibilidade públicas de educação infantil;
metodológica entre esses sistemas e o nacional, espe- 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste
cialmente no que se refere às escalas de proficiência e PNE, avaliação da educação infantil, a ser realizada
ao calendário de aplicação. a cada 2 (dois) anos, com base em parâmetros na-
Art. 12.  Até o final do primeiro semestre do nono ano cionais de qualidade, a fim de aferir a infraestrutura
de vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminha- física, o quadro de pessoal, as condições de gestão,
rá ao Congresso Nacional, sem prejuízo das prerroga- os recursos pedagógicos, a situação de acessibilida-
tivas deste Poder, o projeto de lei referente ao Plano de, entre outros indicadores relevantes;
Nacional de Educação a vigorar no período subse- 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em cre-
quente, que incluirá diagnóstico, diretrizes, metas e ches certificadas como entidades beneficentes de
estratégias para o próximo decênio. assistência social na área de educação com a expan-
Art. 13.  O poder público deverá instituir, em lei es- são da oferta na rede escolar pública;
pecífica, contados 2 (dois) anos da publicação desta 1.8) promover a formação inicial e continuada dos
Lei, o Sistema Nacional de Educação, responsável pela (as) profissionais da educação infantil, garantindo,
articulação entre os sistemas de ensino, em regime de progressivamente, o atendimento por profissionais
colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e com formação superior;
estratégias do Plano Nacional de Educação. 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, nú-
Art. 14.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- cleos de pesquisa e cursos de formação para pro-
cação. fissionais da educação, de modo a garantir a ela-

26
boração de currículos e propostas pedagógicas que Estratégias:
incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao
processo de ensino-aprendizagem e às teorias edu- 2.1) o Ministério da Educação, em articulação e co-
cacionais no atendimento da população de 0 (zero) laboração com os Estados, o Distrito Federal e os
a 5 (cinco) anos; Municípios, deverá, até o final do 2o  (segundo)
1.10) fomentar o atendimento das populações do cam- ano de vigência deste PNE, elaborar e encaminhar
po e das comunidades indígenas e quilombolas na ao Conselho Nacional de Educação, precedida de
educação infantil nas respectivas comunidades, por consulta pública nacional, proposta de direitos e
meio do redimensionamento da distribuição terri- objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
torial da oferta, limitando a nucleação de escolas para os (as) alunos (as) do ensino fundamental;
e o deslocamento de crianças, de forma a atender 2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
às especificidades dessas comunidades, garantido Municípios, no âmbito da instância permanente de
consulta prévia e informada; que trata o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação
1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar dos direitos e objetivos de aprendizagem e desen-
a oferta do atendimento educacional especializado volvimento que configurarão a base nacional co-
complementar e suplementar aos (às) alunos (as) mum curricular do ensino fundamental;
com deficiência, transtornos globais do desenvol- 2.3) criar mecanismos para o acompanhamento indi-
vimento e altas habilidades ou superdotação, asse- vidualizado dos (as) alunos (as) do ensino funda-
gurando a educação bilíngue para crianças surdas mental;
e a transversalidade da educação especial nessa 2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitora-
etapa da educação básica; mento do acesso, da permanência e do aproveita-
1.12) implementar, em caráter complementar, pro- mento escolar dos beneficiários de programas de
gramas de orientação e apoio às famílias, por meio transferência de renda, bem como das situações
da articulação das áreas de educação, saúde e as- de discriminação, preconceitos e violências na
sistência social, com foco no desenvolvimento in- escola, visando ao estabelecimento de condições
tegral das crianças de até 3 (três) anos de idade; adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos
1.13) preservar as especificidades da educação infan- (as), em colaboração com as famílias e com órgãos
til na organização das redes escolares, garantindo públicos de assistência social, saúde e proteção à
o atendimento da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) infância, adolescência e juventude;
anos em estabelecimentos que atendam a parâ- 2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescen-
metros nacionais de qualidade, e a articulação com tes fora da escola, em parceria com órgãos públi-
a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do cos de assistência social, saúde e proteção à infân-
(a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino cia, adolescência e juventude;

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


fundamental; 2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que com-
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitora- binem, de maneira articulada, a organização do
mento do acesso e da permanência das crianças tempo e das atividades didáticas entre a escola e o
na educação infantil, em especial dos beneficiários ambiente comunitário, considerando as especifici-
de programas de transferência de renda, em cola- dades da educação especial, das escolas do campo
boração com as famílias e com os órgãos públicos e das comunidades indígenas e quilombolas;
de assistência social, saúde e proteção à infância; 2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade organização flexível do trabalho pedagógico, in-
correspondente à educação infantil, em parceria cluindo adequação do calendário escolar de acor-
com órgãos públicos de assistência social, saúde e do com a realidade local, a identidade cultural e as
proteção à infância, preservando o direito de op- condições climáticas da região;
ção da família em relação às crianças de até 3 (três) 2.8) promover a relação das escolas com instituições
anos; e movimentos culturais, a fim de garantir a oferta
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a co- regular de atividades culturais para a livre fruição
laboração da União e dos Estados, realizarão e dos (as) alunos (as) dentro e fora dos espaços es-
publicarão, a cada ano, levantamento da deman- colares, assegurando ainda que as escolas se tor-
da manifesta por educação infantil em creches e nem polos de criação e difusão cultural;
pré-escolas, como forma de planejar e verificar o 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsá-
atendimento; veis no acompanhamento das atividades escolares
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tem- dos filhos por meio do estreitamento das relações
po integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 entre as escolas e as famílias;
(cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes 2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. especial dos anos iniciais, para as populações do
campo, indígenas e quilombolas, nas próprias co-
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 munidades;
(nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (qua- 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do
torze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e ensino fundamental, garantida a qualidade, para
cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na ida- atender aos filhos e filhas de profissionais que se
de recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. dedicam a atividades de caráter itinerante;

27
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incenti- tema Nacional de Avaliação da Educação Básica -
vo aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, SAEB, e promover sua utilização como instrumento
inclusive mediante certames e concursos nacionais; de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas pú-
2.13) promover atividades de desenvolvimento e es- blicas para a educação básica, de avaliação certifi-
tímulo a habilidades esportivas nas escolas, inter- cadora, possibilitando aferição de conhecimentos
ligadas a um plano de disseminação do desporto e habilidades adquiridos dentro e fora da escola, e
educacional e de desenvolvimento esportivo na- de avaliação classificatória, como critério de acesso
cional. à educação superior;
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar ensino médio integrado à educação profissional,
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) observando-se as peculiaridades das populações
anos e elevar, até o final do período de vigência deste do campo, das comunidades indígenas e quilom-
PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para bolas e das pessoas com deficiência;
85% (oitenta e cinco por cento). 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o
monitoramento do acesso e da permanência dos
Estratégias: e das jovens beneficiários (as) de programas de
transferência de renda, no ensino médio, quanto
3.1) institucionalizar programa nacional de renovação à frequência, ao aproveitamento escolar e à inte-
do ensino médio, a fim de incentivar práticas pe- ração com o coletivo, bem como das situações de
dagógicas com abordagens interdisciplinares es- discriminação, preconceitos e violências, práticas
truturadas pela relação entre teoria e prática, por irregulares de exploração do trabalho, consumo de
meio de currículos escolares que organizem, de drogas, gravidez precoce, em colaboração com as
maneira flexível e diversificada, conteúdos obriga- famílias e com órgãos públicos de assistência so-
tórios e eletivos articulados em dimensões como cial, saúde e proteção à adolescência e juventude;
ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e 3.9) promover a busca ativa da população de 15
esporte, garantindo-se a aquisição de equipamen- (quinze) a 17 (dezessete) anos fora da escola, em
tos e laboratórios, a produção de material didático articulação com os serviços de assistência social,
específico, a formação continuada de professores saúde e proteção à adolescência e à juventude;
e a articulação com instituições acadêmicas, espor- 3.10) fomentar programas de educação e de cultura
tivas e culturais; para a população urbana e do campo de jovens, na
3.2) o Ministério da Educação, em articulação e cola- faixa etária de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e
boração com os entes federados e ouvida a socie- de adultos, com qualificação social e profissional
dade mediante consulta pública nacional, elaborará para aqueles que estejam fora da escola e com de-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

e encaminhará ao Conselho Nacional de Educação fasagem no fluxo escolar;


- CNE, até o 2o  (segundo) ano de vigência deste 3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos
PNE, proposta de direitos e objetivos de aprendi- turnos diurno e noturno, bem como a distribuição
zagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) territorial das escolas de ensino médio, de forma a
de ensino médio, a serem atingidos nos tempos e atender a toda a demanda, de acordo com as ne-
etapas de organização deste nível de ensino, com cessidades específicas dos (as) alunos (as);
vistas a garantir formação básica comum; 3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do
3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e ensino médio, garantida a qualidade, para atender
Municípios, no âmbito da instância permanente aos filhos e filhas de profissionais que se dedicam
de que trata o § 5o do art. 7o desta Lei, a implan- a atividades de caráter itinerante;
tação dos direitos e objetivos de aprendizagem e 3.13) implementar políticas de prevenção à evasão
desenvolvimento que configurarão a base nacional motivada por preconceito ou quaisquer formas
comum curricular do ensino médio; de discriminação, criando rede de proteção contra
3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de formas associadas de exclusão;
forma regular, bem como a ampliação da prática 3.14) estimular a participação dos adolescentes nos
desportiva, integrada ao currículo escolar; cursos das áreas tecnológicas e científicas.
3.5) manter e ampliar programas e ações de corre-
ção de fluxo do ensino fundamental, por meio do Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a
acompanhamento individualizado do (a) aluno (a) 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais
com rendimento escolar defasado e pela adoção do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
de práticas como aulas de reforço no turno com- o acesso à educação básica e ao atendimento educacio-
plementar, estudos de recuperação e progressão nal especializado, preferencialmente na rede regular de
parcial, de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo,
de maneira compatível com sua idade; de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio serviços especializados, públicos ou conveniados.
- ENEM, fundamentado em matriz de referência do
conteúdo curricular do ensino médio e em técnicas
estatísticas e psicométricas que permitam compa-
rabilidade de resultados, articulando-o com o Sis-

28
Estratégias: como segunda língua, aos (às) alunos (as) surdos
e com deficiência auditiva de 0 (zero) a 17 (dezes-
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de sete) anos, em escolas e classes bilíngues e em es-
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bá- colas inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto
sica e de Valorização dos Profissionais da Educa- no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts.
ção - FUNDEB, as matrículas dos (as) estudantes 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pes-
da educação regular da rede pública que recebam soas com Deficiência, bem como a adoção do Sis-
atendimento educacional especializado comple- tema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos;
mentar e suplementar, sem prejuízo do cômputo 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
dessas matrículas na educação básica regular, e as exclusão do ensino regular sob alegação de defici-
matrículas efetivadas, conforme o censo escolar ência e promovida a articulação pedagógica entre
mais atualizado, na educação especial oferecida o ensino regular e o atendimento educacional es-
em instituições comunitárias, confessionais ou fi- pecializado;
lantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramen-
poder público e com atuação exclusiva na modali- to do acesso à escola e ao atendimento educa-
dade, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho cional especializado, bem como da permanência
de 2007; e do desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as)
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a uni- com deficiência, transtornos globais do desenvol-
versalização do atendimento escolar à demanda vimento e altas habilidades ou superdotação be-
manifesta pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 neficiários (as) de programas de transferência de
(três) anos com deficiência, transtornos globais do renda, juntamente com o combate às situações de
desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- discriminação, preconceito e violência, com vistas
ção, observado o que dispõe a Lei no 9.394, de 20 ao estabelecimento de condições adequadas para
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes o sucesso educacional, em colaboração com as
famílias e com os órgãos públicos de assistência
e bases da educação nacional;
social, saúde e proteção à infância, à adolescência
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos
e à juventude;
multifuncionais e fomentar a formação continuada
4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvol-
de professores e professoras para o atendimento
vimento de metodologias, materiais didáticos,
educacional especializado nas escolas urbanas, do
equipamentos e recursos de tecnologia assistiva,
campo, indígenas e de comunidades quilombolas;
com vistas à promoção do ensino e da aprendiza-
4.4) garantir atendimento educacional especializado
gem, bem como das condições de acessibilidade
em salas de recursos multifuncionais, classes, esco- dos (as) estudantes com deficiência, transtornos
las ou serviços especializados, públicos ou conve- globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


niados, nas formas complementar e suplementar, a superdotação;
todos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas in-
globais do desenvolvimento e altas habilidades terdisciplinares para subsidiar a formulação de
ou superdotação, matriculados na rede pública de políticas públicas intersetoriais que atendam as
educação básica, conforme necessidade identifi- especificidades educacionais de estudantes com
cada por meio de avaliação, ouvidos a família e o deficiência, transtornos globais do desenvolvimen-
aluno; to e altas habilidades ou superdotação que requei-
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares ram medidas de atendimento especializado;
de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com 4.12) promover a articulação intersetorial entre ór-
instituições acadêmicas e integrados por profissio- gãos e políticas públicas de saúde, assistência
nais das áreas de saúde, assistência social, peda- social e direitos humanos, em parceria com as fa-
gogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) mílias, com o fim de desenvolver modelos de aten-
professores da educação básica com os (as) alunos dimento voltados à continuidade do atendimen-
(as) com deficiência, transtornos globais do desen- to escolar, na educação de jovens e adultos, das
volvimento e altas habilidades ou superdotação; pessoas com deficiência e transtornos globais do
4.6) manter e ampliar programas suplementares desenvolvimento com idade superior à faixa etária
que promovam a acessibilidade nas instituições de escolarização obrigatória, de forma a assegurar
públicas, para garantir o acesso e a permanência a atenção integral ao longo da vida;
dos (as) alunos (as) com deficiência por meio da 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais
adequação arquitetônica, da oferta de transporte da educação para atender à demanda do proces-
acessível e da disponibilização de material didático so de escolarização dos (das) estudantes com de-
próprio e de recursos de tecnologia assistiva, asse- ficiência, transtornos globais do desenvolvimento
gurando, ainda, no contexto escolar, em todas as e altas habilidades ou superdotação, garantindo
etapas, níveis e modalidades de ensino, a identifi- a oferta de professores (as) do atendimento edu-
cação dos (as) alunos (as) com altas habilidades ou cacional especializado, profissionais de apoio ou
superdotação; auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras,
4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Lín- guias-intérpretes para surdos-cegos, professores
gua Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira lín- de Libras, prioritariamente surdos, e professores
gua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa bilíngues;

29
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, lar os sistemas de ensino e as escolas a criarem
indicadores de qualidade e política de avaliação e os respectivos instrumentos de avaliação e moni-
supervisão para o funcionamento de instituições toramento, implementando medidas pedagógicas
públicas e privadas que prestam atendimento a para alfabetizar todos os alunos e alunas até o final
alunos com deficiência, transtornos globais do do terceiro ano do ensino fundamental;
desenvolvimento e altas habilidades ou superdo- 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias edu-
tação; cacionais para a alfabetização de crianças, asse-
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Edu- gurada a diversidade de métodos e propostas
cação, nos órgãos de pesquisa, demografia e es- pedagógicas, bem como o acompanhamento dos
tatística competentes, a obtenção de informação resultados nos sistemas de ensino em que forem
detalhada sobre o perfil das pessoas com defici- aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferen-
ência, transtornos globais do desenvolvimento e cialmente, como recursos educacionais abertos;
altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias edu-
(dezessete) anos; cacionais e de práticas pedagógicas inovadoras
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e que assegurem a alfabetização e favoreçam a me-
nos demais cursos de formação para profissionais lhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos (as)
da educação, inclusive em nível de pós-graduação, alunos (as), consideradas as diversas abordagens
observado o disposto no caput  do art. 207 da metodológicas e sua efetividade;
Constituição Federal, dos referenciais teóricos, das 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, in-
teorias de aprendizagem e dos processos de en- dígenas, quilombolas e de populações itinerantes,
sino-aprendizagem relacionados ao atendimento com a produção de materiais didáticos específicos,
educacional de alunos com deficiência, transtornos e desenvolver instrumentos de acompanhamento
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou que considerem o uso da língua materna pelas co-
superdotação; munidades indígenas e a identidade cultural das
4.17) promover parcerias com instituições comunitá- comunidades quilombolas;
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucra- 5.6) promover e estimular a formação inicial e conti-
tivos, conveniadas com o poder público, visando nuada de professores (as) para a alfabetização de
a ampliar as condições de apoio ao atendimento crianças, com o conhecimento de novas tecnolo-
escolar integral das pessoas com deficiência, trans- gias educacionais e práticas pedagógicas inovado-
tornos globais do desenvolvimento e altas habili- ras, estimulando a articulação entre programas de
dades ou superdotação matriculadas nas redes pós-graduação stricto sensu e ações de formação
públicas de ensino;
continuada de professores (as) para a alfabetiza-
4.18) promover parcerias com instituições comunitá-
ção;
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrati-
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiên-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

vos, conveniadas com o poder público, visando a


cia, considerando as suas especificidades, inclusive
ampliar a oferta de formação continuada e a pro-
a alfabetização bilíngue de pessoas surdas, sem es-
dução de material didático acessível, assim como
tabelecimento de terminalidade temporal.
os serviços de acessibilidade necessários ao pleno
acesso, participação e aprendizagem dos estudan-
tes com deficiência, transtornos globais do desen- Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no
volvimento e altas habilidades ou superdotação mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas,
matriculados na rede pública de ensino; de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
4.19) promover parcerias com instituições comunitá- cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucra-
tivos, conveniadas com o poder público, a fim de Estratégias:
favorecer a participação das famílias e da socieda-
de na construção do sistema educacional inclusivo. 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de edu-
cação básica pública em tempo integral, por meio
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o de atividades de acompanhamento pedagógico e
final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental. multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de
forma que o tempo de permanência dos (as) alunos
Estratégias: (as) na escola, ou sob sua responsabilidade, pas-
se a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabe- durante todo o ano letivo, com a ampliação pro-
tização, nos anos iniciais do ensino fundamental, gressiva da jornada de professores em uma única
articulando-os com as estratégias desenvolvidas escola;
na pré-escola, com qualificação e valorização dos 6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
(as) professores (as) alfabetizadores e com apoio construção de escolas com padrão arquitetônico
pedagógico específico, a fim de garantir a alfabeti- e de mobiliário adequado para atendimento em
zação plena de todas as crianças; tempo integral, prioritariamente em comunidades
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional peri- pobres ou com crianças em situação de vulnerabi-
ódicos e específicos para aferir a alfabetização das lidade social;
crianças, aplicados a cada ano, bem como estimu-

30
6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das
escolas públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços
para atividades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem
como da produção de material didático e da formação de recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipa-
mentos públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetá-
rios;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas esco-
las da rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema
sindical, de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em ati-
vidades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma
concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
integral, com base em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento
educacional especializado complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da pró-
pria escola ou em instituições especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jor-
nada para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.

Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar
e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:

Estratégias:

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e
a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as)
alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local;
7.2) assegurar que:
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino funda-
mental e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível
desejável;
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimen-
to de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional
de indicadores de avaliação institucional com base no perfil do alunado e do corpo de profissionais da educação,
nas condições de infraestrutura das escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas características da gestão
e em outras dimensões relevantes, considerando as especificidades das modalidades de ensino;
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolas de educação básica, por meio da constituição de ins-
trumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a elaboração de plane-
jamento estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a formação continuada dos (as) profissionais
da educação e o aprimoramento da gestão democrática;
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas
para a educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e financeiro voltadas à melhoria da gestão
educacional, à formação de professores e professoras e profissionais de serviços e apoio escolares, à ampliação
e ao desenvolvimento de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da infraestrutura física da rede escolar;
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira à fixação de metas intermediárias, nos termos estabeleci-
dos conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da
média nacional;
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de for-
ma a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar
o Exame Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua universalização, ao sistema de avaliação da educação

31
básica, bem como apoiar o uso dos resultados das 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos
avaliações nacionais pelas escolas e redes de en- de atendimento escolar para a população do cam-
sino para a melhoria de seus processos e práticas po que considerem as especificidades locais e as
pedagógicas; boas práticas nacionais e internacionais;
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência des-
da qualidade da educação especial, bem como da te PNE, o acesso à rede mundial de computadores
qualidade da educação bilíngue para surdos; em banda larga de alta velocidade e triplicar, até
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de en- o final da década, a relação computador/aluno (a)
sino, de forma a buscar atingir as metas do Ideb, nas escolas da rede pública de educação básica,
diminuindo a diferença entre as escolas com os promovendo a utilização pedagógica das tecnolo-
menores índices e a média nacional, garantindo gias da informação e da comunicação;
equidade da aprendizagem e reduzindo pela me- 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão es-
tade, até o último ano de vigência deste PNE, as colar mediante transferência direta de recursos
diferenças entre as médias dos índices dos Esta- financeiros à escola, garantindo a participação da
dos, inclusive do Distrito Federal, e dos Municípios; comunidade escolar no planejamento e na aplica-
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os ção dos recursos, visando à ampliação da trans-
resultados pedagógicos dos indicadores do siste- parência e ao efetivo desenvolvimento da gestão
ma nacional de avaliação da educação básica e do democrática;
Ideb, relativos às escolas, às redes públicas de edu- 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de aten-
cação básica e aos sistemas de ensino da União, dimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, educação básica, por meio de programas suple-
assegurando a contextualização desses resultados, mentares de material didático-escolar, transporte,
com relação a indicadores sociais relevantes, como alimentação e assistência à saúde;
os de nível socioeconômico das famílias dos (as) 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de edu-
alunos (as), e a transparência e o acesso público às cação básica o acesso a energia elétrica, abaste-
informações técnicas de concepção e operação do cimento de água tratada, esgotamento sanitário e
sistema de avaliação; manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da edu- alunos a espaços para a prática esportiva, a bens
cação básica nas avaliações da aprendizagem no culturais e artísticos e a equipamentos e laborató-
Programa Internacional de Avaliação de Estudan- rios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir
tes - PISA, tomado como instrumento externo de a acessibilidade às pessoas com deficiência;
referência, internacionalmente reconhecido, de 7.19) institucionalizar e manter, em regime de cola-
acordo com as seguintes projeções: boração, programa nacional de reestruturação e
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

aquisição de equipamentos para escolas públicas,


visando à equalização regional das oportunidades
educacionais;
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos
digitais para a utilização pedagógica no ambien-
te escolar a todas as escolas públicas da educação
básica, criando, inclusive, mecanismos para imple-
7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, cer- mentação das condições necessárias para a univer-
tificar e divulgar tecnologias educacionais para a salização das bibliotecas nas instituições educacio-
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino nais, com acesso a redes digitais de computadores,
médio e incentivar práticas pedagógicas inovado- inclusive a internet;
ras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e 7.21) a União, em regime de colaboração com os en-
a aprendizagem, assegurada a diversidade de mé- tes federados subnacionais, estabelecerá, no prazo
todos e propostas pedagógicas, com preferência de 2 (dois) anos contados da publicação desta Lei,
para softwares livres e recursos educacionais aber- parâmetros mínimos de qualidade dos serviços da
tos, bem como o acompanhamento dos resultados educação básica, a serem utilizados como referên-
nos sistemas de ensino em que forem aplicadas; cia para infraestrutura das escolas, recursos pe-
7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os dagógicos, entre outros insumos relevantes, bem
(as) estudantes da educação do campo na faixa como instrumento para adoção de medidas para a
etária da educação escolar obrigatória, median- melhoria da qualidade do ensino;
te renovação e padronização integral da frota de 7.22) informatizar integralmente a gestão das esco-
veículos, de acordo com especificações definidas las públicas e das secretarias de educação dos Es-
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e tados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem
Tecnologia - INMETRO, e financiamento comparti- como manter programa nacional de formação ini-
lhado, com participação da União proporcional às cial e continuada para o pessoal técnico das secre-
necessidades dos entes federados, visando a redu- tarias de educação;
zir a evasão escolar e o tempo médio de desloca- 7.23) garantir políticas de combate à violência na
mento a partir de cada situação local; escola, inclusive pelo desenvolvimento de ações
destinadas à capacitação de educadores para de-

32
tecção dos sinais de suas causas, como a violência 7.30) universalizar, mediante articulação entre os ór-
doméstica e sexual, favorecendo a adoção das pro- gãos responsáveis pelas áreas da saúde e da edu-
vidências adequadas para promover a construção cação, o atendimento aos (às) estudantes da rede
da cultura de paz e um ambiente escolar dotado escolar pública de educação básica por meio de
de segurança para a comunidade; ações de prevenção, promoção e atenção à saúde;
7.24) implementar políticas de inclusão e perma- 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente
nência na escola para adolescentes e jovens que voltadas para a promoção, prevenção, atenção e
se encontram em regime de liberdade assistida e atendimento à saúde e à integridade física, mental
em situação de rua, assegurando os princípios da e emocional dos (das) profissionais da educação,
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da como condição para a melhoria da qualidade edu-
Criança e do Adolescente; cacional;
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos so- 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financei-
bre a história e as culturas afro-brasileira e indí- ra da União, em articulação com o sistema nacional
genas e implementar ações educacionais, nos ter- de avaliação, os sistemas estaduais de avaliação da
mos das Leis nos 10.639, de 9 de janeiro de 2003, educação básica, com participação, por adesão,
e 11.645, de 10 de março de 2008, assegurando-se das redes municipais de ensino, para orientar as
a implementação das respectivas diretrizes curri- políticas públicas e as práticas pedagógicas, com
culares nacionais, por meio de ações colaborativas o fornecimento das informações às escolas e à so-
com fóruns de educação para a diversidade étnico- ciedade;
-racial, conselhos escolares, equipes pedagógicas 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância
e a sociedade civil; com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da
7.26) consolidar a educação escolar no campo de po- Leitura, a formação de leitores e leitoras e a capaci-
pulações tradicionais, de populações itinerantes e tação de professores e professoras, bibliotecários e
de comunidades indígenas e quilombolas, respei- bibliotecárias e agentes da comunidade para atu-
tando a articulação entre os ambientes escolares ar como mediadores e mediadoras da leitura, de
e comunitários e garantindo: o desenvolvimento acordo com a especificidade das diferentes etapas
sustentável e preservação da identidade cultural; a do desenvolvimento e da aprendizagem;
participação da comunidade na definição do mo- 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Mu-
delo de organização pedagógica e de gestão das nicípios e o Distrito Federal, programa nacional de
instituições, consideradas as práticas socioculturais formação de professores e professoras e de alunos
e as formas particulares de organização do tempo; e alunas para promover e consolidar política de
preservação da memória nacional;
a oferta bilíngue na educação infantil e nos anos
7.35) promover a regulação da oferta da educação
iniciais do ensino fundamental, em língua materna

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


básica pela iniciativa privada, de forma a garantir
das comunidades indígenas e em língua portugue-
a qualidade e o cumprimento da função social da
sa; a reestruturação e a aquisição de equipamen-
educação;
tos; a oferta de programa para a formação inicial e
7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
continuada de profissionais da educação; e o aten-
melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a
dimento em educação especial;
valorizar o mérito do corpo docente, da direção e
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógi-
da comunidade escolar.
cas específicas para educação escolar para as es-
colas do campo e para as comunidades indígenas Meta 8: elevar a escolaridade média da população de
e quilombolas, incluindo os conteúdos culturais 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar,
correspondentes às respectivas comunidades e no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de
considerando o fortalecimento das práticas socio- vigência deste Plano, para as populações do campo, da
culturais e da língua materna de cada comunidade região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte
indígena, produzindo e disponibilizando materiais e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade
didáticos específicos, inclusive para os (as) alunos média entre negros e não negros declarados à Fundação
(as) com deficiência; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
articulando a educação formal com experiências Estratégias:
de educação popular e cidadã, com os propósitos
de que a educação seja assumida como respon- 8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecno-
sabilidade de todos e de ampliar o controle social logias para correção de fluxo, para acompanha-
sobre o cumprimento das políticas públicas edu- mento pedagógico individualizado e para recu-
cacionais; peração e progressão parcial, bem como priorizar
7.29) promover a articulação dos programas da área estudantes com rendimento escolar defasado,
da educação, de âmbito local e nacional, com os considerando as especificidades dos segmentos
de outras áreas, como saúde, trabalho e emprego, populacionais considerados;
assistência social, esporte e cultura, possibilitando a 8.2) implementar programas de educação de jovens
criação de rede de apoio integral às famílias, como e adultos para os segmentos populacionais con-
condição para a melhoria da qualidade educacional; siderados, que estejam fora da escola e com defa-

33
sagem idade-série, associados a outras estratégias 9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adul-
que garantam a continuidade da escolarização, tos, nas etapas de ensino fundamental e médio, às
após a alfabetização inicial; pessoas privadas de liberdade em todos os esta-
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação belecimentos penais, assegurando-se formação
da conclusão dos ensinos fundamental e médio; específica dos professores e das professoras e im-
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profis- plementação de diretrizes nacionais em regime de
sional técnica por parte das entidades privadas de colaboração;
serviço social e de formação profissional vincula- 9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inova-
das ao sistema sindical, de forma concomitante ao dores na educação de jovens e adultos que visem
ensino ofertado na rede escolar pública, para os ao desenvolvimento de modelos adequados às ne-
segmentos populacionais considerados; cessidades específicas desses (as) alunos (as);
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que in-
e assistência social, o acompanhamento e o mo- tegrem os segmentos empregadores, públicos e
nitoramento do acesso à escola específicos para privados, e os sistemas de ensino, para promover
os segmentos populacionais considerados, identi- a compatibilização da jornada de trabalho dos
ficar motivos de absenteísmo e colaborar com os empregados e das empregadas com a oferta das
Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a ações de alfabetização e de educação de jovens e
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de adultos;
maneira a estimular a ampliação do atendimento 9.11) implementar programas de capacitação tecno-
desses (as) estudantes na rede pública regular de lógica da população jovem e adulta, direcionados
ensino; para os segmentos com baixos níveis de escolari-
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola zação formal e para os (as) alunos (as) com defi-
pertencentes aos segmentos populacionais consi- ciência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
derados, em parceria com as áreas de assistência Federal de Educação Profissional, Científica e Tec-
social, saúde e proteção à juventude. nológica, as universidades, as cooperativas e as
associações, por meio de ações de extensão de-
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população senvolvidas em centros vocacionais tecnológicos,
com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três com tecnologias assistivas que favoreçam a efetiva
inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final inclusão social e produtiva dessa população;
da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo abso- 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e
luto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à
analfabetismo funcional. promoção de políticas de erradicação do analfa-
betismo, ao acesso a tecnologias educacionais e
Estratégias: atividades recreativas, culturais e esportivas, à im-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

plementação de programas de valorização e com-


9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens partilhamento dos conhecimentos e experiência
e adultos a todos os que não tiveram acesso à edu- dos idosos e à inclusão dos temas do envelheci-
cação básica na idade própria; mento e da velhice nas escolas.
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com en-
sino fundamental e médio incompletos, para iden- Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por
tificar a demanda ativa por vagas na educação de cento) das matrículas de educação de jovens e adultos,
jovens e adultos; nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e educação profissional.
adultos com garantia de continuidade da escolari-
zação básica; Estratégias:
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de
transferência de renda para jovens e adultos que 10.1) manter programa nacional de educação de
frequentarem cursos de alfabetização; jovens e adultos voltado à conclusão do ensino
9.5) realizar chamadas públicas regulares para edu- fundamental e à formação profissional inicial, de
cação de jovens e adultos, promovendo-se busca forma a estimular a conclusão da educação básica;
ativa em regime de colaboração entre entes fede- 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens
rados e em parceria com organizações da socie- e adultos, de modo a articular a formação inicial e
dade civil; continuada de trabalhadores com a educação pro-
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específi- fissional, objetivando a elevação do nível de esco-
cos, que permita aferir o grau de alfabetização de laridade do trabalhador e da trabalhadora;
jovens e adultos com mais de 15 (quinze) anos de 10.3) fomentar a integração da educação de jovens
idade; e adultos com a educação profissional, em cursos
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudan- planejados, de acordo com as características do
te da educação de jovens e adultos por meio de público da educação de jovens e adultos e consi-
programas suplementares de transporte, alimenta- derando as especificidades das populações itine-
ção e saúde, inclusive atendimento oftalmológico rantes e do campo e das comunidades indígenas e
e fornecimento gratuito de óculos, em articulação quilombolas, inclusive na modalidade de educação
com a área da saúde; a distância;

34
10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jo- em consideração a responsabilidade dos Institutos
vens e adultos com deficiência e baixo nível de na ordenação territorial, sua vinculação com arran-
escolaridade, por meio do acesso à educação de jos produtivos, sociais e culturais locais e regionais,
jovens e adultos articulada à educação profissional; bem como a interiorização da educação profissio-
10.5) implantar programa nacional de reestruturação nal;
e aquisição de equipamentos voltados à expansão 11.2) fomentar a expansão da oferta de educação
e à melhoria da rede física de escolas públicas que profissional técnica de nível médio nas redes pú-
atuam na educação de jovens e adultos integrada blicas estaduais de ensino;
à educação profissional, garantindo acessibilidade 11.3) fomentar a expansão da oferta de educação
à pessoa com deficiência; profissional técnica de nível médio na modalidade
10.6) estimular a diversificação curricular da educação de educação a distância, com a finalidade de am-
de jovens e adultos, articulando a formação básica pliar a oferta e democratizar o acesso à educação
e a preparação para o mundo do trabalho e esta- profissional pública e gratuita, assegurado padrão
belecendo inter-relações entre teoria e prática, nos de qualidade;
eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da 11.4) estimular a expansão do estágio na educação
cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo profissional técnica de nível médio e do ensino
e o espaço pedagógicos adequados às caracterís- médio regular, preservando-se seu caráter peda-
ticas desses alunos e alunas; gógico integrado ao itinerário formativo do aluno,
10.7) fomentar a produção de material didático, o visando à formação de qualificações próprias da
desenvolvimento de currículos e metodologias es- atividade profissional, à contextualização curricular
pecíficas, os instrumentos de avaliação, o acesso a e ao desenvolvimento da juventude;
equipamentos e laboratórios e a formação conti- 11.5) ampliar a oferta de programas de reconheci-
nuada de docentes das redes públicas que atuam mento de saberes para fins de certificação profis-
na educação de jovens e adultos articulada à edu- sional em nível técnico;
cação profissional;
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de edu-
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial
cação profissional técnica de nível médio pelas
e continuada para trabalhadores e trabalhadoras
entidades privadas de formação profissional vincu-
articulada à educação de jovens e adultos, em re-
ladas ao sistema sindical e entidades sem fins lu-
gime de colaboração e com apoio de entidades
crativos de atendimento à pessoa com deficiência,
privadas de formação profissional vinculadas ao
com atuação exclusiva na modalidade;
sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos
de atendimento à pessoa com deficiência, com 11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à
atuação exclusiva na modalidade; educação profissional técnica de nível médio ofe-
10.9) institucionalizar programa nacional de assis- recida em instituições privadas de educação supe-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


tência ao estudante, compreendendo ações de rior;
assistência social, financeira e de apoio psicopeda- 11.8) institucionalizar sistema de avaliação da quali-
gógico que  contribuam para garantir o acesso, a dade da educação profissional técnica de nível mé-
permanência, a aprendizagem e a conclusão com dio das redes escolares públicas e privadas;
êxito da educação de jovens e adultos articulada à 11.9) expandir o atendimento do ensino médio gra-
educação profissional; tuito integrado à formação profissional para as
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de populações do campo e para as comunidades in-
jovens e adultos articulada à educação profissional, dígenas e quilombolas, de acordo com os seus in-
de modo a atender às pessoas privadas de liberda- teresses e necessidades;
de nos estabelecimentos penais, assegurando-se 11.10) expandir a oferta de educação profissional téc-
formação específica dos professores e das profes- nica de nível médio para as pessoas com deficiên-
soras e implementação de diretrizes nacionais em cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas
regime de colaboração; habilidades ou superdotação;
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão mé-
de saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a dia dos cursos técnicos de nível médio na Rede
serem considerados na articulação curricular dos Federal de Educação Profissional, Científica e Tec-
cursos de formação inicial e continuada e dos cur- nológica para 90% (noventa por cento) e elevar,
sos técnicos de nível médio. nos cursos presenciais, a relação de alunos (as) por
professor para 20 (vinte);
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profis- 11.12) elevar gradualmente o investimento em pro-
sional técnica de nível médio, assegurando a qualidade gramas de assistência estudantil e mecanismos de
da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da mobilidade acadêmica, visando a garantir as con-
expansão no segmento público. dições necessárias à permanência dos (as) estu-
dantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível
Estratégias: médio;
11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regio-
11.1) expandir as matrículas de educação profissional nais no acesso e permanência na educação profis-
técnica de nível médio na Rede Federal de Educa- sional técnica de nível médio, inclusive mediante
ção Profissional, Científica e Tecnológica, levando a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei;

35
11.14) estruturar sistema nacional de informação pro- com a constituição de fundo garantidor do finan-
fissional, articulando a oferta de formação das ins- ciamento, de forma a dispensar progressivamente
tituições especializadas em educação profissional a exigência de fiador;
aos dados do mercado de trabalho e a consultas 12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do
promovidas em entidades empresariais e de tra- total de créditos curriculares exigidos para a gra-
balhadores  duação em programas e projetos de extensão uni-
versitária, orientando sua ação, prioritariamente,
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação para áreas de grande pertinência social;
superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida 12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da for-
para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 mação na educação superior;
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualida- 12.9) ampliar a participação proporcional de grupos
de da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta historicamente desfavorecidos na educação supe-
por cento) das novas matrículas, no segmento público. rior, inclusive mediante a adoção de políticas afir-
mativas, na forma da lei;
Estratégias: 12.10) assegurar condições de acessibilidade nas ins-
tituições de educação superior, na forma da legis-
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura físi- lação;
ca e de recursos humanos das instituições públicas 12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a
de educação superior, mediante ações planejadas necessidade de articulação entre formação, currí-
e coordenadas, de forma a ampliar e interiorizar o culo, pesquisa e mundo do trabalho, considerando
acesso à graduação; as necessidades econômicas, sociais e culturais do
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão País;
e interiorização da rede federal de educação su- 12.12) consolidar e ampliar programas e ações de
perior, da Rede Federal de Educação Profissional, incentivo à mobilidade estudantil e docente em
Científica e Tecnológica e do sistema Universidade cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito
Aberta do Brasil, considerando a densidade popu- nacional e internacional, tendo em vista o enrique-
lacional, a oferta de vagas públicas em relação à cimento da formação de nível superior;
população na idade de referência e observadas as 12.13) expandir atendimento específico a populações
características regionais das micro e mesorregiões do campo e comunidades indígenas e quilombo-
definidas pela Fundação Instituto Brasileiro de Ge- las, em relação a acesso, permanência, conclusão
ografia e Estatística - IBGE, uniformizando a expan- e formação de profissionais para atuação nessas
são no território nacional; populações;
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média 12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de
dos cursos de graduação presenciais nas univer- formação de pessoal de nível superior, destaca-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

sidades públicas para 90% (noventa por cento), damente a que se refere à formação nas áreas de
ofertar, no mínimo, um terço das vagas em cursos ciências e matemática, considerando as necessida-
noturnos e elevar a relação de estudantes por pro- des do desenvolvimento do País, a inovação tec-
fessor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias
nológica e a melhoria da qualidade da educação
de aproveitamento de créditos e inovações acadê-
básica;
micas que valorizem a aquisição de competências
12.15) institucionalizar programa de composição de
de nível superior;
acervo digital de referências bibliográficas e audio-
12.4) fomentar a oferta de educação superior públi-
visuais para os cursos de graduação, assegurada a
ca e gratuita prioritariamente para a formação de
acessibilidade às pessoas com deficiência; 
professores e professoras para a educação bási-
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e re-
ca, sobretudo nas áreas de ciências e matemática,
bem como para atender ao défice de profissionais gionais para acesso à educação superior como for-
em áreas específicas; ma de superar exames vestibulares isolados;
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência 12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas
estudantil dirigidas aos (às) estudantes de institui- ociosas em cada período letivo na educação su-
ções públicas, bolsistas de instituições privadas de perior pública;
educação superior e beneficiários do Fundo de Fi- 12.18) estimular a expansão e reestruturação das ins-
nanciamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei tituições de educação superior estaduais e munici-
no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação su- pais cujo ensino seja gratuito, por meio de apoio
perior, de modo a reduzir as desigualdades étnico- técnico e financeiro do Governo Federal, mediante
-raciais e ampliar as taxas de acesso e permanência termo de adesão a programa de reestruturação, na
na educação superior de estudantes egressos da forma de regulamento, que considere a sua con-
escola pública, afrodescendentes e indígenas e de tribuição para a ampliação de vagas, a capacidade
estudantes com deficiência, transtornos globais do fiscal e as necessidades dos sistemas de ensino dos
desenvolvimento e altas habilidades ou superdo- entes mantenedores na oferta e qualidade da edu-
tação, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico; cação básica;
12.6) expandir o financiamento estudantil por meio 12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos
do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de e qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos,
que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, os procedimentos adotados na área de avaliação,

36
regulação e supervisão, em relação aos processos 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de
de autorização de cursos e instituições, de reco- Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro
nhecimento ou renovação de reconhecimento de ano do curso de graduação pelo Exame Nacional
cursos superiores e de credenciamento ou recre- do Ensino Médio - ENEM, a fim de apurar o valor
denciamento de instituições, no âmbito do sistema agregado dos cursos de graduação;
federal de ensino; 13.7) fomentar a formação de consórcios entre insti-
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamen- tuições públicas de educação superior, com vistas
to ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de que a potencializar a atuação regional, inclusive por
trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, e do meio de plano de desenvolvimento institucional
Programa Universidade para Todos - PROUNI, de integrado, assegurando maior visibilidade nacional
que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, e internacional às atividades de ensino, pesquisa e
os benefícios destinados à concessão de financia- extensão;
mento a estudantes regularmente matriculados 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média
em cursos superiores presenciais ou a distância, dos cursos de graduação presenciais nas universi-
com avaliação positiva, de acordo com regulamen- dades públicas, de modo a atingir 90% (noventa
tação própria, nos processos conduzidos pelo Mi- por cento) e, nas instituições privadas, 75% (seten-
nistério da Educação; ta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a me-
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios mul- lhoria dos resultados de aprendizagem, de modo
tifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta
definidas pela política e estratégias nacionais de por cento) dos estudantes apresentem desem-
ciência, tecnologia e inovação.
penho positivo igual ou superior a 60% (sessenta
por cento) no Exame Nacional de Desempenho de
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e
Estudantes - ENADE e, no último ano de vigência,
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos
educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), estudantes obtenham desempenho positivo igual
sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) nes-
doutores. se exame, em cada área de formação profissional;
13.9) promover a formação inicial e continuada dos
Estratégias: (as) profissionais técnico-administrativos da edu-
cação superior.
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei Meta 14: elevar gradualmente o número de matrícu-
no 10.861, de 14 de abril de 2004, fortalecendo as las na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


ações de avaliação, regulação e supervisão; titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000
13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de De- (vinte e cinco mil) doutores.
sempenho de Estudantes - ENADE, de modo a
ampliar o quantitativo de estudantes e de áreas Estratégias:
avaliadas no que diz respeito à aprendizagem re-
sultante da graduação; 14.1) expandir o financiamento da pós-gradua-
13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das ins- ção stricto sensu por meio das agências oficiais de
tituições de educação superior, fortalecendo a partici- fomento;
pação das comissões próprias de avaliação, bem como 14.2) estimular a integração e a atuação articulada
a aplicação de instrumentos de avaliação que orientem entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a soal de Nível Superior - CAPES e as agências esta-
qualificação e a dedicação do corpo docente; duais de fomento à pesquisa;
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos 14.3) expandir o financiamento estudantil por meio
de pedagogia e licenciaturas, por meio da aplica- do Fies à pós-graduação stricto sensu;
ção de instrumento próprio de avaliação aprovado
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-gradua-
pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação
ção stricto sensu, utilizando inclusive metodolo-
Superior - CONAES, integrando-os às demandas
gias, recursos e tecnologias de educação a distân-
e necessidades das redes de educação básica, de
modo a permitir aos graduandos a aquisição das cia;
qualificações necessárias a conduzir o processo pe- 14.5) implementar ações para reduzir as desigual-
dagógico de seus futuros alunos (as), combinando dades étnico-raciais e regionais e para favorecer
formação geral e específica com a prática didática, o acesso das populações do campo e das comu-
além da educação para as relações étnico-raciais, nidades indígenas e quilombolas a programas de
a diversidade e as necessidades das pessoas com mestrado e doutorado;
deficiência; 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-gradua-
13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, ção stricto sensu, especialmente os de doutorado,
direcionando sua atividade, de modo que realizem, nos campi novos abertos em decorrência dos pro-
efetivamente, pesquisa institucionalizada, articula- gramas de expansão e interiorização das institui-
da a programas de pós-graduação stricto sensu; ções superiores públicas;

37
14.7) manter e expandir programa de acervo digital 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estu-
de referências bibliográficas para os cursos de pós- dantes matriculados em cursos de licenciatura com
-graduação, assegurada a acessibilidade às pesso- avaliação positiva pelo Sistema Nacional de Ava-
as com deficiência; liação da Educação Superior - SINAES, na forma
14.8) estimular a participação das mulheres nos cur- da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, inclusive a
sos de pós-graduação stricto sensu, em particular amortização do saldo devedor pela docência efeti-
aqueles ligados às áreas de Engenharia, Matemáti- va na rede pública de educação básica;
ca, Física, Química, Informática e outros no campo 15.3) ampliar programa permanente de iniciação
das ciências; à docência a estudantes matriculados em cursos
14.9) consolidar programas, projetos e ações que de licenciatura, a fim de aprimorar a formação de
objetivem a internacionalização da pesquisa e da profissionais para atuar no magistério da educação
pós-graduação brasileiras, incentivando a atuação básica;
em rede e o fortalecimento de grupos de pesquisa; 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológi- organizar a oferta e as matrículas em cursos de
co, nacional e internacional, entre as instituições de formação inicial e continuada de profissionais da
ensino, pesquisa e extensão; educação, bem como para divulgar e atualizar seus
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco currículos eletrônicos;
em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem 15.5) implementar programas específicos para forma-
como incrementar a formação de recursos huma- ção de profissionais da educação para as escolas
nos para a inovação, de modo a buscar o aumento do campo e de comunidades indígenas e quilom-
da competitividade das empresas de base tecno- bolas e para a educação especial;
lógica; 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de li-
14.12) ampliar o investimento na formação de dou- cenciatura e estimular a renovação pedagógica, de
tores de modo a atingir a proporção de 4 (quatro) forma a assegurar o foco no aprendizado do (a)
doutores por 1.000 (mil) habitantes; aluno (a), dividindo a carga horária em formação
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o geral, formação na área do saber e didática espe-
desempenho científico e tecnológico do País e a cífica e incorporando as modernas tecnologias de
competitividade internacional da pesquisa brasilei-
informação e comunicação, em articulação com a
ra, ampliando a cooperação científica com empre-
base nacional comum dos currículos da educação
sas, Instituições de Educação Superior - IES e de-
básica, de que tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e
mais Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs;
3.3 deste PNE;
14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação
15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, re-
e promover a formação de recursos humanos que
gulação e supervisão da educação superior, a ple-
valorize a diversidade regional e a biodiversidade
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

na implementação das respectivas diretrizes curri-


da região amazônica e do cerrado, bem como a
gestão de recursos hídricos no semiárido para mi- culares;
tigação dos efeitos da seca e geração de emprego 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
e renda na região; cursos de formação de nível médio e superior dos
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das profissionais da educação, visando ao trabalho sis-
IES e das ICTs, de modo a incrementar a inovação e temático de articulação entre a formação acadêmi-
a produção e registro de patentes. ca e as demandas da educação básica;
15.9) implementar cursos e programas especiais para
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre assegurar formação específica na educação supe-
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, rior, nas respectivas áreas de atuação, aos docen-
no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política tes com formação de nível médio na modalidade
nacional de formação dos profissionais da educação de normal, não licenciados ou licenciados em área di-
que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei versa da de atuação docente, em efetivo exercício;
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que 15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível
todos os professores e as professoras da educação bási- médio e tecnológicos de nível superior destinados
ca possuam formação específica de nível superior, obtida à formação, nas respectivas áreas de atuação, dos
em curso de licenciatura na área de conhecimento em (as) profissionais da educação de outros segmen-
que atuam. tos que não os do magistério;
15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência
Estratégias: desta Lei, política nacional de formação continua-
da para os (as) profissionais da educação de outros
15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano es- segmentos que não os do magistério, construída
tratégico que apresente diagnóstico das necessi- em regime de colaboração entre os entes federa-
dades de formação de profissionais da educação dos;
e da capacidade de atendimento, por parte de 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de
instituições públicas e comunitárias de educação estudos para que os professores de idiomas das
superior existentes nos Estados, Distrito Federal e escolas públicas de educação básica realizem estu-
Municípios, e defina obrigações recíprocas entre dos de imersão e aperfeiçoamento nos países que
os partícipes; tenham como idioma nativo as línguas que lecionem;

38
15.13) desenvolver modelos de formação docente Estratégias:
para a educação profissional que valorizem a ex-
periência prática, por meio da oferta, nas redes 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educa-
federal e estaduais de educação profissional, de ção, até o final do primeiro ano de vigência deste
cursos voltados à complementação e certificação PNE, fórum permanente, com representação da
didático-pedagógica de profissionais experientes. União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu-
nicípios e dos trabalhadores da educação, para
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% acompanhamento da atualização progressiva do
(cinquenta por cento) dos professores da educação bá- valor do piso salarial nacional para os profissionais
sica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir do magistério público da educação básica;
a todos (as) os (as) profissionais da educação básica for- 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o
mação continuada em sua área de atuação, consideran- acompanhamento da evolução salarial por meio
do as necessidades, demandas e contextualizações dos de indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra
sistemas de ensino. de Domicílios - PNAD, periodicamente divulgados
pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estratégias: Estatística - IBGE;
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados,
16.1) realizar, em regime de colaboração, o plane- do Distrito Federal e dos Municípios, planos de
jamento estratégico para dimensionamento da Carreira para os (as) profissionais do magistério
demanda por formação continuada e fomentar a das redes públicas de educação básica, observa-
respectiva oferta por parte das instituições públi- dos os critérios estabelecidos na Lei no 11.738, de
cas de educação superior, de forma orgânica e ar- 16 de julho de 2008, com implantação gradual do
ticulada às políticas de formação dos Estados, do cumprimento da jornada de trabalho em um único
Distrito Federal e dos Municípios; estabelecimento escolar;
16.2) consolidar política nacional de formação de 17.4) ampliar a assistência financeira específica da
professores e professoras da educação básica, de- União aos entes federados para implementação
finindo diretrizes nacionais, áreas prioritárias, insti- de políticas de valorização dos (as) profissionais do
tuições formadoras e processos de certificação  das magistério, em particular o piso salarial nacional
atividades formativas; profissional.
16.3) expandir programa de composição de acervo de
obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de di- Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a exis-
cionários, e programa específico de acesso a bens tência de planos de Carreira para os (as) profissionais da
culturais, incluindo obras e materiais produzidos em educação básica e superior pública de todos os sistemas de

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Libras e em Braille, sem prejuízo de outros, a serem ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da
disponibilizados para os professores e as professoras educação básica pública, tomar como referência o piso
da rede pública de educação básica, favorecendo a salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos
construção do conhecimento e a valorização da cul- termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
tura da investigação;
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsi- Estratégias:
diar a atuação dos professores e das professoras da
educação básica, disponibilizando gratuitamente ma- 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica
teriais didáticos e pedagógicos suplementares, inclu- de modo que, até o início do terceiro ano de vigên-
sive aqueles com formato acessível; cia deste PNE, 90% (noventa por cento), no mínimo,
16.5) ampliar a oferta de bolsas de  estudo  para pós- dos respectivos profissionais do magistério e 50%
-graduação dos professores e das professoras e de- (cinquenta por cento), no mínimo, dos respectivos
mais profissionais da educação básica; profissionais da educação não docentes sejam ocu-
16.6) fortalecer a formação dos professores e das pro- pantes de cargos de provimento efetivo e estejam
fessoras das escolas públicas de educação básica, em exercício nas redes escolares a que se encontrem
por meio da implementação das ações do Plano vinculados;
Nacional do Livro e Leitura e da instituição de pro- 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e
grama nacional de disponibilização de recursos superior, acompanhamento dos profissionais inician-
para acesso a bens culturais pelo magistério pú- tes, supervisionados por equipe de profissionais ex-
blico. perientes, a fim de fundamentar, com base em ava-
liação documentada, a decisão pela efetivação após
Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das o estágio probatório e oferecer, durante esse perío-
redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu do, curso de aprofundamento de estudos na área de
rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com es- atuação do (a) professor (a), com destaque para os
colaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência conteúdos a serem ensinados e as metodologias de
deste PNE. ensino de cada disciplina;
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação,
a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vi-
gência deste PNE, prova nacional para subsidiar os

39
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mediante rências municipais, estaduais e distrital bem como
adesão, na realização de concursos públicos de ad- efetuar o acompanhamento da execução deste
missão de profissionais do magistério da educação PNE e dos seus planos de educação;
básica pública; 19.4) estimular, em todas as redes de educação bá-
18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais sica, a constituição e o fortalecimento de grêmios
da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos estudantis e associações de pais, assegurando-se-
Municípios, licenças remuneradas e incentivos para -lhes, inclusive, espaços adequados e condições de
qualificação profissional, inclusive em nível de pós- funcionamento nas escolas e fomentando a sua ar-
-graduação stricto sensu; ticulação orgânica com os conselhos escolares, por
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de meio das respectivas representações;
vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de
Educação, em regime de colaboração, o censo dos conselhos escolares e conselhos municipais de
(as) profissionais da educação básica de outros seg- educação, como instrumentos de participação e
mentos que não os do magistério; fiscalização na gestão escolar e educacional, inclu-
18.6) considerar as especificidades socioculturais das sive por meio de programas de formação de con-
escolas do campo e das comunidades indígenas e selheiros, assegurando-se condições de funciona-
quilombolas no provimento de cargos efetivos para mento autônomo;
essas escolas; 19.6) estimular a participação e a consulta de profis-
18.7) priorizar o repasse de transferências federais volun- sionais da educação, alunos (as) e seus familiares
tárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito na formulação dos projetos político-pedagógicos,
Federal e os Municípios que tenham aprovado lei es- currículos escolares, planos de gestão escolar e
pecífica estabelecendo planos de Carreira para os (as) regimentos escolares, assegurando a participação
profissionais da educação; dos pais na avaliação de docentes e gestores es-
18.8) estimular a existência de comissões permanentes colares;
de profissionais da educação de todos os sistemas 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica,
de ensino, em todas as instâncias da Federação, para administrativa e de gestão financeira nos estabele-
subsidiar os órgãos competentes na elaboração, re- cimentos de ensino;
estruturação e implementação dos planos de Carrei- 19.8) desenvolver programas de formação de direto-
ra. res e gestores escolares, bem como aplicar prova
nacional específica, a fim de subsidiar a definição
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, de critérios objetivos para o provimento dos car-
para a efetivação da gestão democrática da educação, as- gos, cujos resultados possam ser utilizados por
sociada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à adesão.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das es-


colas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União Meta 20: ampliar o investimento público em educa-
para tanto. ção pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de
7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do
Estratégias: País no 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no míni-
mo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias do decênio.
da União na área da educação para os entes fede-
rados que tenham aprovado legislação específica Estratégias:
que regulamente a matéria na área de sua abran-
gência, respeitando-se a legislação nacional, e que 20.1) garantir fontes de financiamento permanen-
considere, conjuntamente, para a nomeação dos tes e sustentáveis para todos os níveis, etapas e
diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de modalidades da educação básica, observando-se
mérito e desempenho, bem como a participação as políticas de colaboração entre os entes federa-
da comunidade escolar; dos, em especial as decorrentes do art. 60 do Ato
19.2) ampliar os programas de apoio e formação das Disposições Constitucionais Transitórias e do §
aos (às) conselheiros (as) dos conselhos de acom- 1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro
panhamento e controle social do Fundeb, dos de 1996, que tratam da capacidade de atendimen-
conselhos de alimentação escolar, dos conselhos to e do esforço fiscal de cada ente federado, com
regionais e de outros e aos (às) representantes vistas a atender suas demandas educacionais à luz
educacionais em demais conselhos de acompa- do padrão de qualidade nacional;
nhamento de políticas públicas, garantindo a esses 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acom-
colegiados recursos financeiros, espaço físico ade- panhamento da arrecadação da contribuição social
quado, equipamentos e meios de transporte para do salário-educação;
visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempe- 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do
nho de suas funções; ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os termos do art. 212 da Constituição Federal, na
Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de forma da lei específica, a parcela da participação
Educação, com o intuito de coordenar as confe- no resultado ou da compensação financeira pela

40
exploração de petróleo e gás natural e outros re- 20.10) caberá à União, na forma da lei, a complemen-
cursos, com a finalidade de cumprimento da meta tação de recursos financeiros a todos os Estados,
prevista no inciso VI do caput do art. 214 da Cons- ao Distrito Federal e aos Municípios que não con-
tituição Federal; seguirem atingir o valor do CAQi e, posteriormen-
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que te, do CAQ;
assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Res-
48 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de ponsabilidade Educacional, assegurando padrão
2000, a transparência e o controle social na utiliza- de qualidade na educação básica, em cada sistema
ção dos recursos públicos aplicados em educação, e rede de ensino, aferida pelo processo de metas
especialmente a realização de audiências públicas, de qualidade aferidas por institutos oficiais de ava-
a criação de portais eletrônicos de transparência liação educacionais;
e a capacitação dos membros de conselhos de 20.12) definir critérios para distribuição dos recursos
acompanhamento e controle social do Fundeb, adicionais dirigidos à educação ao longo do de-
com a colaboração entre o Ministério da Educa- cênio, que considerem a equalização das oportu-
ção, as Secretarias de Educação dos Estados e dos nidades educacionais, a vulnerabilidade socioeco-
Municípios e os Tribunais de Contas da União, dos nômica e o compromisso técnico e de gestão do
Estados e dos Municípios; sistema de ensino, a serem pactuados na instância
20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de prevista no § 5o do art. 7  desta Lei.
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
- INEP, estudos e acompanhamento regular dos
investimentos e custos por aluno da educação bá-
sica e superior pública, em todas as suas etapas e LEI FEDERAL Nº 10.639/03 – ALTERA A
modalidades; LEI NO 9.394,DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996,
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, QUE ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES
será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial DA EDUCAÇÃO NACIONAL, PARA INCLUIR
- CAQi, referenciado no conjunto de padrões mí- NO CURRÍCULO OFICIAL DA REDE DE EN-
nimos estabelecidos na legislação educacional  e SINO A OBRIGATORIEDADE DA TEMÁTICA
cujo financiamento será  calculado com base nos “HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA”,
respectivos insumos indispensáveis ao processo E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
de ensino-aprendizagem e será progressivamente
reajustado até a implementação plena do Custo
Aluno Qualidade - CAQ;
LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ
como parâmetro para o financiamento da educa-
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


ção de todas etapas e modalidades da educação
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
básica, a partir do cálculo e do acompanhamen-
nal, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a
to regular dos indicadores de gastos educacionais
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Bra-
com investimentos em qualificação e remuneração
sileira”, e dá outras providências.
do pessoal docente e dos demais profissionais da
educação pública, em aquisição, manutenção, cons-
trução e conservação de instalações e equipamen- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
tos necessários ao ensino e em aquisição de material Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
didático-escolar, alimentação e transporte escolar;
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, pas-
e será continuamente ajustado, com base em me- sa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A
todologia formulada pelo Ministério da Educação e 79-B:
- MEC, e acompanhado pelo Fórum Nacional de «Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino funda-
Educação - FNE, pelo Conselho Nacional de Edu- mental e médio, oficiais e particulares, torna-se obri-
cação - CNE e pelas Comissões de Educação da gatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasi-
Câmara dos Deputados e de Educação, Cultura e leira.
Esportes do Senado Federal; § 1o O conteúdo programático a que se refere o ca-
20.9) regulamentar o parágrafo único do  art. 23 e put deste artigo incluirá o estudo da História da África
o art. 211 da Constituição Federal, no prazo de 2 e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
(dois) anos, por lei complementar, de forma a es- negra brasileira e o negro na formação da sociedade
tabelecer as normas de cooperação entre a União, nacional, resgatando a contribuição do povo negro
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em nas áreas social, econômica e política pertinentes à
matéria educacional, e a articulação do sistema História do Brasil.
nacional de educação em regime de colaboração, § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-
com equilíbrio na repartição das responsabilidades -Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o
e dos recursos e efetivo cumprimento das funções currículo escolar, em especial nas áreas de Educação
redistributiva e supletiva da União no combate às Artística e de Literatura e História Brasileiras.
desigualdades educacionais regionais, com espe- § 3o (VETADO)»
cial atenção às regiões Norte e Nordeste; «Art. 79-A. (VETADO)»

41
“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.” Tarso Genro
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- Álvaro Augusto Ribeiro Costa
cação. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência 17.5.2005
e 115o da República.

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/ LEI FEDERAL N° 11.274, DE 06/05/06 -


L10.639.htm> ALTERA A REDAÇÃO DOS ARTIGOS. 29,
30, 32 E 87 DA LEI Nº 9394, DE 20 DE
LEI FEDERAL Nº 11.114, DE 16/05/05 – AL- DEZEMBRO DE 1996, QUE ESTABELECE
TERA OS ARTIGOS 6º, 30, 32 E 87 DA LEI AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCA-
9394/96, COM O OBJETIVO DE TORNAR ÇÃO NACIONAL, DISPONDO SOBRE A
OBRIGATÓRIO O INÍCIO DO ENSINO FUN- DURAÇÃO DE 9 (NOVE) ANOS PARA O
DAMENTAL AOS SEIS ANOS DE IDADE. ENSINO FUNDAMENTAL, COM MATRÍ-
CULA OBRIGATÓRIA A PARTIR DOS 6
(SEIS) ANOS DE IDADE.
LEI Nº 11.114, DE 16 DE MAIO DE 2005.

Altera os arts. 6o, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
o início do ensino fundamental aos seis anos de idade.
Art. 1o (VETADO)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Art. 2o (VETADO)
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 3o O art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 1o Os arts. 6o, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de
“Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
dezembro de 1996, passam a vigorar com a seguinte
ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, ini-
redação:
ciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo
“Art. 6o. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma-
a formação básica do cidadão, mediante:
trícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no
...................................................................................” (NR)
ensino fundamental.” (NR)
Art. 4o O § 2o e o inciso I do § 3o do art. 87 da Lei nº
“Art. 30. ..........................................................................
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

9.394, de 20 de dezembro de 1996, passam a vigorar


.......................................................................................
com a seguinte redação:
II – (VETADO)”
“Art. 87 ...................................................................................
“Art. 32o. O ensino fundamental, com duração mínima
...................................................................................
de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública
§ 2o O poder público deverá recensear os educandos
a partir dos seis anos, terá por objetivo a formação
no ensino fundamental, com especial atenção para o
básica do cidadão mediante:
grupo de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos de idade e de 15
................................................................................” (NR)
(quinze) a 16 (dezesseis) anos de idade.
“Art. 87. ............................................................................
§ 3o ...................................................................................
.........................................................................................
I – matricular todos os educandos a partir dos 6 (seis)
§ 3o ..................................................................................
anos de idade no ensino fundamental;
I – matricular todos os educandos a partir dos seis
a) (Revogado)
anos de idade, no ensino fundamental, atendidas as
b) (Revogado)
seguintes condições no âmbito de cada sistema de en-
c) (Revogado)
sino:
...................................................................................” (NR)
a) plena observância das condições de oferta fixadas
Art. 5o Os Municípios, os Estados e o Distrito Federal
por esta Lei, no caso de todas as redes escolares;
terão prazo até 2010 para implementar a obrigato-
b) atingimento de taxa líquida de escolarização de
riedade para o ensino fundamental disposto no art.
pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) da faixa
3o desta Lei e a abrangência da pré-escola de que trata
etária de sete a catorze anos, no caso das redes esco-
o art. 2o desta Lei.
lares públicas; e
Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
c) não redução média de recursos por aluno do ensino
cação.
fundamental na respectiva rede pública, resultante da
incorporação dos alunos de seis anos de idade;
Brasília, 6 de fevereiro de 2006; 185o da Independên-
..................................................................................” (NR)
cia e 118o da República.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
ção, com eficácia a partir do início do ano letivo sub-
2006/2006/Lei/L11274.htm>
seqüente.
Brasília, 16 de maio de 2005; 184o da Independência e
117o da República.

42
LEI FEDERAL Nº 11.645, DE 10/03/08 – ALTERA A LEI 9.394/96, MODIFICADA PELA LEI
10.639/03, QUE ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, PARA IN-
CLUIR NO CURRÍCULO OFICIAL DA REDE DE ENSINO A OBRIGATORIEDADE DA TEMÁTICA
“HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA”.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório
o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história
da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o
negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.”
(NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de março de 2008; 187º da Independência e 120º da República.

LEI FEDERAL Nº 12.976, DE 04/04/2013 - ALTERA A LEI Nº 9394/96, DE 20 DE DEZEMBRO DE


1996, QUE ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, PARA DISPOR
SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Art. 1º O § 3º do art. 59 da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 , passa a vigorar com seguinte redação:

“Art. 59. ..................................................................................


..........................................................................................................

§ 3º A urna eletrônica exibirá para o eleitor os painéis na seguinte ordem:


I - para as eleições de que trata o inciso I do parágrafo único do art. 1º , Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Senador, Governador e Vice-Governador de Estado ou do Distrito Federal, Presidente e Vice-Presidente da
República;
II - para as eleições de que trata o inciso II do parágrafo único do art. 1º , Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito.

..............................................................................................” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de maio de 2014; 193º da Independência e 126º da República.

43
LEI FEDERAL Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017. ALTERA AS LEIS NOS 9.394, DE 20 DE
DEZEMBRO DE 1996, QUE ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL,
E 11.494, DE 20 DE JUNHO 2007, QUE REGULAMENTA O FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESEN-
VOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCA-
ÇÃO, A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO - CLT, APROVADA PELO DECRETO-LEI NO
5.452, DE 1 DE MAIO DE 1943, E O DECRETO-LEI NO 236, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967; REVO-
GA A LEI NO11.161, DE 5 DE AGOSTO DE 2005; E INSTITUI A POLÍTICA DE FOMENTO À IMPLE-
MENTAÇÃO DE ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL.

LEI Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017.

Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de
agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o  O art. 24 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:  

“Art. 24.  ........................................................... 


I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distri-
buídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
quando houver;
................................................................................. 
§ 1º  A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no
ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos,
pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017.  
§ 2o  Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, ade-
quado às condições do educando, conforme o inciso VI do art. 4o.” (NR)  
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

Art. 2o  O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:  
“Art. 26.  ...........................................................
................................................................................. 
§ 2o  O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
educação básica.
................................................................................. 
§ 5o  No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
................................................................................. 
§ 7o  A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
temas transversais de que trata o caput.
.................................................................................. 
§ 10.  A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular de-
penderá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.”
(NR) 
Art. 3o  A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 35-A:  
“Art. 35-A.  A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, con-
forme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: 
I - linguagens e suas tecnologias; 
II - matemática e suas tecnologias; 
III - ciências da natureza e suas tecnologias; 
IV - ciências humanas e sociais aplicadas.  
§ 1o  A parte diversificada  dos  currículos  de  que  trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deve-
rá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico,
social, ambiental e cultural. 
§ 2o  A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de
educação física, arte, sociologia e filosofia. 
§ 3o  O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas.   

44
§ 4o  Os currículos do ensino médio incluirão, obri- I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no se-
gatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão tor produtivo ou em ambientes de simulação, esta-
ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter opta- belecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável,
tivo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos aprendizagem profissional; 
pelos sistemas de ensino.   II - a possibilidade de concessão de certificados in-
§ 5o  A carga horária destinada ao cumprimento da termediários de qualificação para o trabalho, quando
Base Nacional Comum Curricular não poderá ser su- a formação for estruturada e organizada em etapas
perior a mil e oitocentas horas do total da carga ho- com terminalidade.  
rária do ensino médio, de acordo com a definição dos § 7o  A oferta de formações experimentais relaciona-
sistemas de ensino.   das ao inciso V do caput, em áreas que não constem
§ 6o  A União estabelecerá os padrões de desempenho do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, depende-
esperados para o ensino médio, que serão referência rá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo
nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo
Nacional Comum Curricular.  de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos
§ 7o  Os currículos do ensino médio deverão considerar Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da
a formação integral do aluno, de maneira a adotar um data de oferta inicial da formação.  
trabalho voltado para a construção de seu projeto de § 8o  A oferta de formação técnica e profissional a que
vida e para sua formação nos aspectos físicos, cogniti- se refere o inciso V do caput, realizada na própria ins-
vos e socioemocionais.   tituição ou em parceria com outras instituições, deve-
§ 8o  Os conteúdos, as metodologias e as formas de rá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual
avaliação processual e formativa serão organizados de Educação, homologada pelo Secretário Estadual
nas redes de ensino por meio de atividades teóricas e de Educação e certificada pelos sistemas de ensino.  
práticas, provas orais e escritas, seminários, projetos e § 9o  As instituições de ensino emitirão certificado com
atividades on-line, de tal forma que ao final do ensino validade nacional, que habilitará o concluinte do en-
médio o educando demonstre:  sino médio ao prosseguimento dos estudos em nível
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos superior ou em outros cursos ou formações para os
que presidem a produção moderna;  quais a conclusão do ensino médio seja etapa obri-
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin- gatória.  
guagem.”  § 10.  Além das formas de organização previstas no
Art. 4o  O art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em
de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:   módulos e adotar o sistema de créditos com termina-
“Art. 36.  O currículo do ensino médio será composto lidade específica. 

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerá- § 11.  Para efeito de cumprimento das exigências
rios formativos, que deverão ser organizados por meio curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino
da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme poderão reconhecer competências e firmar convênios
a relevância para o contexto local e a possibilidade com instituições de educação a distância com notó-
dos sistemas de ensino, a saber:   rio reconhecimento, mediante as seguintes formas de
I - linguagens e suas tecnologias;  comprovação:  
II - matemática e suas tecnologias;  I - demonstração prática; 
III - ciências da natureza e suas tecnologias;   II - experiência de trabalho supervisionado ou outra
IV - ciências humanas e sociais aplicadas;  experiência adquirida fora do ambiente escolar; 
V - formação técnica e profissional.   III - atividades de educação técnica oferecidas em ou-
§ 1º  A organização das áreas de que trata o caput e tras instituições de ensino credenciadas; 
das respectivas competências e habilidades será feita IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu-
de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema pacionais; 
de ensino.  V - estudos realizados em instituições de ensino na-
I - (revogado);  cionais ou estrangeiras; 
II - (revogado); VI - cursos realizados por meio de educação a distân-
.................................................................................  cia ou educação presencial mediada por tecnologias.  
§ 3º  A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com- § 12.  As escolas deverão orientar os alunos no pro-
posto itinerário formativo integrado, que se traduz na cesso de escolha das áreas de conhecimento ou de
composição de componentes curriculares da Base Na- atuação profissional previstas no caput.” (NR) 
cional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários for- Art. 5o  O art. 44 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro
mativos, considerando os incisos I a V do caput. de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3o:  
..................................................................................  “Art. 44.  ...........................................................
§ 5o  Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade .................................................................................. 
de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte § 3o  O processo seletivo referido no inciso II conside-
do ensino médio cursar mais um itinerário formativo rará as competências e as habilidades definidas na
de que trata o caput.   Base Nacional Comum Curricular.” (NR)  
§ 6o  A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- Art. 6o  O art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro
mação com ênfase técnica e profissional considerará:  de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:  

45
“Art. 61.  ...........................................................
.................................................................................  LEI FEDERAL Nº 13.478, DE 30 DE AGOSTO
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos DE 2017. ALTERA A LEI NO 9.394, DE 20 DE
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteú-
DEZEMBRO DE 1996 (LEI DE DIRETRIZES E
dos de áreas afins à sua formação ou experiência pro-
BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL), PARA
fissional, atestados por titulação específica ou prática
de ensino em unidades educacionais da rede pública ESTABELECER DIREITO DE ACESSO AOS
ou privada ou das corporações privadas em que te- PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO A CUR-
nham atuado, exclusivamente para atender ao inciso SOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, POR
V do caput do art. 36;  MEIO DE PROCESSO SELETIVO DIFEREN-
V - profissionais graduados que tenham feito comple- CIADO.
mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conse-
lho Nacional de Educação.
........................................................................” (NR)  O PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no
Art. 7o  O art. 62 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço
de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:   saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
“Art. 62.  A formação de docentes para atuar na edu- a seguinte Lei:
cação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura plena, admitida, como formação mínima Art. 1º Esta Lei estabelece o direito de ingresso de pro-
para o exercício do magistério na educação infantil fissionais do magistério a cursos de formação de pro-
e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a fessores, em nível de graduação, por meio de processo
oferecida em nível médio, na modalidade normal. seletivo especial.
.................................................................................. 
§ 8º  Os currículos dos cursos de formação de docentes Art. 2º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei
terão por referência a Base Nacional Comum Curri- de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) , passa a
cular.” (NR)  vigorar acrescida do seguinte art. 62-B:
Art. 8o  O art. 318 da Consolidação das Leis do Tra-
balho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de “ Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
1o de maio de 1943, passa a vigorar com a seguinte de educação básica a cursos superiores de pedagogia e
redação:  licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
“Art. 318.  O professor poderá lecionar em um mesmo diferenciado.
estabelecimento por mais de um turno, desde que não
ultrapasse a jornada de trabalho semanal estabeleci- § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

da legalmente, assegurado e não computado o inter- deste artigo os professores das redes públicas munici-
valo para refeição.” (NR)  pais, estaduais e federal que ingressaram por concurso
Art. 9o  O caput do art. 10 da Lei no 11.494, de 20 de público, tenham pelo menos três anos de exercício da
junho de 2007, passa a vigorar acrescido do seguinte profissão e não sejam portadores de diploma de gra-
inciso XVIII:   duação.
“Art. 10.  ...........................................................
.................................................................................  § 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta
XVIII - formação técnica e profissional prevista no in- de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão
ciso V do caput do art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem
dezembro de 1996. aos certames interessados em número superior ao de
........................................................................” (NR)  vagas disponíveis para os respectivos cursos.
Art. 10.  O art. 16 do Decreto-Lei no 236, de 28 de fe-
vereiro de 1967, passa a vigorar com as seguintes al- § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem defi-
terações:   nidos em regulamento pelas universidades, terão priori-
“Art. 16.  ........................................................... dade de ingresso os professores que optarem por cursos
.................................................................................  de licenciatura em matemática, física, química, biologia
§ 2o  Os programas educacionais obrigatórios deverão e língua portuguesa.”
ser transmitidos em horários compreendidos entre as
sete e as vinte e uma horas.  Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
§ 3o  O Ministério da Educação poderá celebrar con- ção.
vênios com entidades representativas do setor de ra-
diodifusão, que visem ao cumprimento do disposto Brasília, 30 de agosto de 2017; 196º da Independência
no caput, para a divulgação gratuita dos programas e 129º da República.
e ações educacionais do Ministério da Educação, bem
como à definição da forma de distribuição dos progra-
mas relativos à educação básica, profissional, tecno-
lógica e superior e a outras matérias de interesse da
educação.  

46
políticas, sociais, culturais, educacionais, e a função da
RESOLUÇÃO Nº 4/10 - DEFINE DIRETRIZES educação, na sua relação com um projeto de Nação,
CURRICULARES NACIONAIS GERAIS PARA tendo como referência os objetivos constitucionais,
A EDUCAÇÃO BÁSICA. fundamentando-se na cidadania e na dignidade da
pessoa, o que pressupõe igualdade, liberdade, plurali-
dade, diversidade, respeito, justiça social, solidarieda-
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 de e sustentabilidade.

Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a TÍTULO II


Educação Básica. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con-
Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto na-
selho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições
legais, e de conformidade com o disposto na alínea “c” cional de educação responsabilizam o poder público,
do § 1º do artigo 9º da Lei nº 4.024/1961, com a redação a família, a sociedade e a escola pela garantia a todos
dada pela Lei nº 9.131/1995, nos artigos 36, 36A, 36-B, os educandos de um ensino ministrado de acordo com
36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com os princípios de:
a redação dada pela Lei nº 11.741/2008, bem como no I - igualdade de condições para o acesso, inclusão,
Decreto nº 5.154/2004, e com fundamento no Parecer permanência e sucesso na escola;
CNE/CEB nº 7/2010, homologado por Despacho do Se- II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
nhor Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
de 9 de julho de 2010. III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e aos direitos;
RESOLVE: V - coexistência de instituições públicas e privadas de
ensino;
Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curri- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
culares Nacionais Gerais para o conjunto orgânico,
tos oficiais;
sequencial e articulado das etapas e modalidades da
VII - valorização do profissional da educação escolar;
Educação Básica, baseando-se no direito de toda pes-
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
soa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação para
da legislação e das normas dos respectivos sistemas
o exercício da cidadania e à qualificação para o traba-
de ensino;
lho, na vivência e convivência em ambiente educativo,
IX - garantia de padrão de qualidade;
e tendo como fundamento a responsabilidade que o
X - valorização da experiência extraescolar;
Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de ga-
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


rantir a democratização do acesso, a inclusão, a per-
manência e a conclusão com sucesso das crianças, dos as práticas sociais.
jovens e adultos na instituição educacional, a aprendi-
zagem para continuidade dos estudos e a extensão da Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce
obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. indispensável para o exercício da cidadania em pleni-
tude, da qual depende a possibilidade de conquistar
TÍTULO I todos os demais direitos, definidos na Constituição Fe-
OBJETIVOS deral, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
na legislação ordinária e nas demais disposições que
Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais consagram as prerrogativas do cidadão.
para a Educação Básica têm por objetivos: Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as
I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabi-
Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de lidade, buscando recuperar, para a função social desse
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e de- nível da educação, a sua centralidade, que é o edu-
mais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações cando, pessoa em formação na sua essência humana.
que contribuam para assegurar a formação básica co-
mum nacional, tendo como foco os sujeitos que dão
vida ao currículo e à escola;
TÍTULO III
II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do
projeto político-pedagógico da escola de Educação Art. 7º A concepção de educação deve orientar a insti-
Básica; tucionalização do regime de colaboração entre União,
III - orientar os cursos de formação inicial e continu- Estados, Distrito Federal e Municípios, no contexto da
ada de docentes e demais profissionais da Educação estrutura federativa brasileira, em que convivem sis-
Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes fe- temas educacionais autônomos, para assegurar efe-
derados e as escolas que os integram, indistintamente tividade ao projeto da educação nacional, vencer a
da rede a que pertençam. fragmentação das políticas públicas e superar a de-
Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específi- sarticulação institucional.
cas para as etapas e modalidades da Educação Básica § 1º Essa institucionalização é possibilitada por um
devem evidenciar o seu papel de indicador de opções Sistema Nacional de Educação, no qual cada ente fe-

47
derativo, com suas peculiares competências, é chama- Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mí-
do a colaborar para transformar a Educação Básica nimos de qualidade da educação traduz a necessidade
em um sistema orgânico, sequencial e articulado. de reconhecer que a sua avaliação associa-se à ação
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade in- planejada, coletivamente, pelos sujeitos da escola.
tencional e organicamente concebida, que se justifica § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela
pela realização de atividades voltadas para as mes- escola supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
mas finalidades ou para a concretização dos mesmos I - aos princípios e às finalidades da educação, além
objetivos. do reconhecimento e da análise dos dados indicados
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
pressupõe o estabelecimento de regras de equivalên- (IDEB) e/ou outros indicadores, que o complementem
cia entre as funções distributiva, supletiva, normati- ou substituam;
va, de supervisão e avaliação da educação nacional, II - à relevância de um projeto políticopedagógico con-
respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas as cebido e assumido colegiadamente pela comunidade
diferenças regionais. educacional, respeitadas as múltiplas diversidades e a
pluralidade cultural;
TÍTULO IV III - à riqueza da valorização das diferenças manifes-
ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A CONQUISTA DA tadas pelos sujeitos do processo educativo, em seus
QUALIDADE SOCIAL diversos segmentos, respeitados o tempo e o contexto
sociocultural;
Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com ple- IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Alu-
no acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das no-Qualidade Inicial – CAQi);
aprendizagens na escola e seu sucesso, com redução § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-
da evasão, da retenção e da distorção de idade/ano/ -se um padrão mínimo de insumos, que tem como
série, resulta na qualidade social da educação, que é base um investimento com valor calculado a partir
uma conquista coletiva de todos os sujeitos do proces- das despesas essenciais ao desenvolvimento dos pro-
so educativo. cessos e procedimentos formativos, que levem, gradu-
almente, a uma educação integral, dotada de quali-
Art. 9º A escola de qualidade social adota como cen- dade social:
tralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressu- I - creches e escolas que possuam condições de infra-
põe atendimento aos seguintes requisitos: estrutura e adequados equipamentos;
I - revisão das referências conceituais quanto aos di- II - professores qualificados com remuneração ade-
ferentes espaços e tempos educativos, abrangendo es- quada e compatível com a de outros profissionais com
paços sociais na escola e fora dela; igual nível de formação, em regime de trabalho de 40
II - consideração sobre a inclusão, a valorização das (quarenta) horas em tempo integral em uma mesma
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversi- escola;


dade cultural, resgatando e respeitando as várias ma- III - definição de uma relação adequada entre o nú-
nifestações de cada comunidade; mero de alunos por turma e por professor, que assegu-
III - foco no projeto políticopedagógico, no gosto pela re aprendizagens relevantes;
aprendizagem e na avaliação das aprendizagens IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que res-
como instrumento de contínua progressão dos estu- ponda às exigências do que se estabelece no projeto
dantes; políticopedagógico.
IV - interrelação entre organização do currículo, do
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do pro- TÍTULO V
fessor, tendo como objetivo a aprendizagem do estu- ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMI-
dante; TES, POSSIBILIDADES
V - preparação dos profissionais da educação, ges-
tores, professores, especialistas, técnicos, monitores e Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em
outros; que se ressignifica e se recria a cultura herdada, re-
VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a construindo-se as identidades culturais, em que se
infraestrutura entendida como espaço formativo do- aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes
tado de efetiva disponibilidade de tempos para a sua regiões do País.
utilização e acessibilidade; Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a su-
VII - integração dos profissionais da educação, dos peração do rito escolar, desde a construção do currí-
estudantes, das famílias, dos agentes da comunidade culo até os critérios que orientam a organização do
interessados na educação; trabalho escolar em sua multidimensionalidade, privi-
VIII - valorização dos profissionais da educação, com legia trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o
programa de formação continuada, critérios de acesso, bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e adultos,
permanência, remuneração compatível com a jornada no relacionamento entre todas as pessoas.
de trabalho definida no projeto políticopedagógico; Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral, de-
IX - realização de parceria com órgãos, tais como os finir o programa de escolas de tempo parcial diurno
de assistência social e desenvolvimento humano, cida- (matutino ou vespertino), tempo parcial noturno, e
dania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e tempo integral (turno e contra turno ou turno único
arte, saúde, meio ambiente. com jornada escolar de 7 horas, no mínimo, durante

48
todo o período letivo), tendo em vista a amplitude do com as demais autoridades que respondem pela ges-
papel socioeducativo atribuído ao conjunto orgânico tão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias
da Educação Básica, o que requer outra organização e possíveis e necessárias, até porque educar é responsa-
gestão do trabalho pedagógico. bilidade da família, do Estado e da sociedade;
§ 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou III - escolha da abordagem didático-pedagógica dis-
diferentes espaços educativos, nos quais a perma- ciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdis-
nência do estudante vincula-se tanto à quantidade e ciplinar pela escola, que oriente o projeto político-
qualidade do tempo diário de escolarização quanto à pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os
diversidade de atividades de aprendizagens. profissionais da escola, conselhos escolares e comu-
§ 2º A jornada em tempo integral com qualidade im- nidade, subsidiando a organização da matriz curricu-
plica a necessidade da incorporação efetiva e orgâni- lar, a definição de eixos temáticos e a constituição de
ca, no currículo, de atividades e estudos pedagogica- redes de aprendizagem;
mente planejados e acompanhados. IV - compreensão da matriz curricular entendida
§ 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem es- como propulsora de movimento, dinamismo curricular
tabelecer metodologia adequada às idades, à maturi- e educacional, de tal modo que os diferentes campos
dade e à experiência de aprendizagens, para atende- do conhecimento possam se coadunar com o conjunto
rem aos jovens e adultos em escolarização no tempo de atividades educativas;
regular ou na modalidade de Educação de Jovens e V - organização da matriz curricular entendida como
Adultos. alternativa operacional que embase a gestão do cur-
rículo escolar e represente subsídio para a gestão da
CAPÍTULO I escola (na organização do tempo e do espaço curri-
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR cular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos
docentes), passo para uma gestão centrada na abor-
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os dagem interdisciplinar, organizada por eixos temáti-
princípios educacionais garantidos à educação, as- cos, mediante interlocução entre os diferentes campos
segurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se do conhecimento;
como o conjunto de valores e práticas que proporcio- VI - entendimento de que eixos temáticos são uma
nam a produção, a socialização de significados no es- forma de organizar o trabalho pedagógico, limitando
paço social e contribuem intensamente para a cons- a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário
trução de identidades socioculturais dos educandos. no qual se constroem objetos de estudo, propiciando
§ 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais a concretização da proposta pedagógica centrada na
do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos,
visão interdisciplinar, superando o isolamento das pes-
do respeito ao bem comum e à ordem democrática,
soas e a compartimentalização de conteúdos rígidos;

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


considerando as condições de escolaridade dos estu-
VII - estímulo à criação de métodos didático-peda-
dantes em cada estabelecimento, a orientação para o
gógicos utilizando-se recursos tecnológicos de infor-
trabalho, a promoção de práticas educativas formais
mação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano
e não-formais.
escolar, a fim de superar a distância entre estudan-
§ 2º Na organização da proposta curricular, deve-
tes que aprendem a receber informação com rapidez
-se assegurar o entendimento de currículo como ex-
utilizando a linguagem digital e professores que dela
periências escolares que se desdobram em torno do
conhecimento, permeadas pelas relações sociais, ar- ainda não se apropriaram;
ticulando vivências e saberes dos estudantes com os VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendi-
conhecimentos historicamente acumulados e contri- da como um conjunto de ações didático-pedagógicas,
buindo para construir as identidades dos educandos. com foco na aprendizagem e no gosto de aprender,
§ 3º A organização do percurso formativo, aberto e subsidiada pela consciência de que o processo de co-
contextualizado, deve ser construída em função das municação entre estudantes e professores é efetivado
peculiaridades do meio e das características, interes- por meio de práticas e recursos diversos;
ses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como
componentes curriculares centrais obrigatórios, pre- ferramenta didático-pedagógica relevante nos progra-
vistos na legislação e nas normas educacionais, mas mas de formação inicial e continuada de profissionais
outros, também, de modo flexível e variável, conforme da educação, sendo que esta opção requer planeja-
cada projeto escolar, e assegurando: mento sistemático integrado estabelecido entre siste-
I - concepção e organização do espaço curricular e fí- mas educativos ou conjunto de unidades escolares;
sico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, § 4º A transversalidade é entendida como uma forma
ambientes e equipamentos que não apenas as salas de organizar o trabalho didático pedagógico em que
de aula da escola, mas, igualmente, os espaços de ou- temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas
tras escolas e os socioculturais e esportivo recreativos e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem
do entorno, da cidade e mesmo da região; presentes em todas elas.
II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços § 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade
curriculares que pressuponham profissionais da edu- e ambas complementam-se, rejeitando a concepção
cação dispostos a inventar e construir a escola de qua- de conhecimento que toma a realidade como algo es-
lidade social, com responsabilidade compartilhada tável, pronto e acabado.

49
§ 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático- das características locais, regionais, nacionais e trans-
-pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem nacionais, tendo em vista as demandas do mundo do
epistemológica dos objetos de conhecimento. trabalho e da internacionalização de toda ordem de
relações.
CAPÍTULO II § 3º A língua espanhola, por força da Lei nº
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE DIVERSIFI- 11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensi-
CADA no Médio, embora facultativa para o estudante, bem
como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica 9º ano.
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores pro-
duzidos culturalmente, expressos nas políticas públi- Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB,
cas e gerados nas instituições produtoras do conheci- determinam que sejam incluídos componentes não
mento científico e tecnológico; no mundo do trabalho; disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao
no desenvolvimento das linguagens; nas atividades meio ambiente e à condição e direitos do idoso.
desportivas e corporais; na produção artística; nas for-
mas diversas de exercício da cidadania; e nos movi- Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
mentos sociais. destinar-se-ão, pelo menos, 20% do total da carga
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: a) a horária anual ao conjunto de programas e projetos
Língua Portuguesa; interdisciplinares eletivos criados pela escola, previs-
b) a Matemática; to no projeto pedagógico, de modo que os estudantes
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da rea- do Ensino Fundamental e do Médio possam escolher
lidade social e política, especialmente do Brasil, in- aquele programa ou projeto com que se identifiquem
cluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro- e que lhes permitam melhor lidar com o conhecimen-
-Brasileira e Indígena, to e a experiência.
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, § 1º Tais programas e projetos devem ser desenvol-
incluindo-se a música; vidos de modo dinâmico, criativo e flexível, em arti-
e) a Educação Física; culação com a comunidade em que a escola esteja
f) o Ensino Religioso.
inserida.
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados
§ 2º A interdisciplinaridade e a contextualização de-
pelos sistemas educativos, em forma de áreas de co-
vem assegurar a transversalidade do conhecimento de
nhecimento, disciplinas, eixos temáticos, preservan-
diferentes disciplinas e eixos temáticos, perpassando
do-se a especificidade dos diferentes campos do co-
todo o currículo e propiciando a interlocução entre os
nhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as
saberes e os diferentes campos do conhecimento.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

habilidades indispensáveis ao exercício da cidadania,


em ritmo compatível com as etapas do desenvolvi-
mento integral do cidadão.
TÍTULO VI
§ 3º A base nacional comum e a parte diversificada ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
não podem se constituir em dois blocos distintos, com
disciplinas específicas para cada uma dessas partes, Art. 18. Na organização da Educação Básica, devem-
mas devem ser organicamente planejadas e geridas -se observar as Diretrizes Curriculares Nacionais co-
de tal modo que as tecnologias de informação e co- muns a todas as suas etapas, modalidades e orienta-
municação perpassem transversalmente a proposta ções temáticas, respeitadas as suas especificidades e
curricular, desde a Educação Infantil até o Ensino Mé- as dos sujeitos a que se destinam.
dio, imprimindo direção aos projetos políticopedagó- § 1º As etapas e as modalidades do processo de esco-
gico. larização estruturam-se de modo orgânico, sequencial
e articulado, de maneira complexa, embora permane-
Art. 15. A parte diversificada enriquece e complementa cendo individualizadas ao logo do percurso do estu-
a base nacional comum, prevendo o estudo das carac- dante, apesar das mudanças por que passam:
terísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, I - a dimensão orgânica é atendida quando são ob-
da economia e da comunidade escolar, perpassando servadas as especificidades e as diferenças de cada
todos os tempos e espaços curriculares constituintes sistema educativo, sem perder o que lhes é comum: as
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, indepen- semelhanças e as identidades que lhe são inerentes;
dentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos te- II - a dimensão sequencial compreende os processos
nham acesso à escola. educativos que acompanham as exigências de apren-
§ 1º A parte diversificada pode ser organizada em te- dizagens definidas em cada etapa do percurso forma-
mas gerais, na forma de eixos temáticos, seleciona- tivo, contínuo e progressivo, da Educação Básica até
dos colegiadamente pelos sistemas educativos ou pela a Educação Superior, constituindo-se em diferentes e
unidade escolar. insubstituíveis momentos da vida dos educandos;
§ 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua III - a articulação das dimensões orgânica e sequencial
estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo das etapas e das modalidades da Educação Básica, e
sua escolha à comunidade escolar, dentro das possibi- destas com a Educação Superior, implica ação coorde-
lidades da escola, que deve considerar o atendimento nada e integradora do seu conjunto.

50
§ 2º A transição entre as etapas da Educação Básica e respeitadas pela escola e pelos profissionais da edu-
suas fases requer formas de articulação das dimensões cação, com base nos princípios da individualidade,
orgânica e sequencial que assegurem aos educandos, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade.
sem tensões e rupturas, a continuidade de seus proces- § 2º Para as crianças, independentemente das dife-
sos peculiares de aprendizagem e desenvolvimento. rentes condições físicas, sensoriais, intelectuais, lin-
guísticas, étnico-raciais, socioeconômicas, de origem,
Art. 19. Cada etapa é delimitada por sua finalidade, de religião, entre outras, as relações sociais e intersub-
seus princípios, objetivos e diretrizes educacionais, jetivas no espaço escolar requerem a atenção intensi-
fundamentando-se na inseparabilidade dos conceitos va dos profissionais da educação, durante o tempo de
referenciais: cuidar e educar, pois esta é uma concep- desenvolvimento das atividades que lhes são peculia-
ção norteadora do projeto políticopedagógico elabo- res, pois este é o momento em que a curiosidade deve
rado e executado pela comunidade educacional. ser estimulada, a partir da brincadeira orientada pelos
profissionais da educação.
Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos § 3º Os vínculos de família, dos laços de solidarieda-
mentais, socioemocionais, culturais e identitários é um de humana e do respeito mútuo em que se assenta
princípio orientador de toda a ação educativa, sendo a vida social devem iniciar-se na Educação Infantil e
responsabilidade dos sistemas a criação de condições sua intensificação deve ocorrer ao longo da Educação
para que crianças, adolescentes, jovens e adultos, com Básica.
sua diversidade, tenham a oportunidade de receber a § 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços
formação que corresponda à idade própria de percur- promovendo ações a partir das quais as unidades de
so escolar. Educação Infantil sejam dotadas de condições para
acolher as crianças, em estreita relação com a famí-
CAPÍTULO I lia, com agentes sociais e com a sociedade, prevendo
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA programas e projetos em parceria, formalmente esta-
belecidos.
§ 5º A gestão da convivência e as situações em que
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes mo-
se torna necessária a solução de problemas individu-
mentos constitutivos do desenvolvimento educacional:
ais e coletivos pelas crianças devem ser previamente
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, en-
programadas, com foco nas motivações estimuladas e
globando as diferentes etapas do desenvolvimento da
orientadas pelos professores e demais profissionais da
criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-
educação e outros de áreas pertinentes, respeitados
-Escola, com duração de 2 (dois) anos;
os limites e as potencialidades de cada criança e os
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com vínculos desta com a família ou com o seu responsável
duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em direto.

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (qua-
tro) anos finais; III - o Ensino Médio, com duração mí- Seção II
nima de 3 (três) anos. Ensino Fundamental
Parágrafo único. Essas etapas e fases têm previsão
de idades próprias, as quais, no entanto, são diver- Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de
sas quando se atenta para sujeitos com características duração, de matrícula obrigatória para as crianças a
que fogem à norma, como é o caso, entre outros: partir dos 6 (seis) anos de idade, tem duas fases se-
I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar; quentes com características próprias, chamadas de
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra
abandonado os estudos; para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e
III - de portadores de deficiência limitadora; anos finais, com 4 (quatro) anos de duração, para os
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos.
incompleta; Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher sig-
V - de habitantes de zonas rurais; nifica também cuidar e educar, como forma de garan-
VI - de indígenas e quilombolas; tir a aprendizagem dos conteúdos curriculares, para
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades
internação, jovens e adultos em situação de privação que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponí-
de liberdade nos estabelecimentos penais. veis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade
em geral, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como
Seção I produtor valorizado desses bens.
Educação Infantil Art. 24. Os objetivos da formação básica das crian-
ças, definidos para a Educação Infantil, prolongam-
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desen- -se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental,
volvimento integral da criança, em seus aspectos físi- especialmente no primeiro, e completam-se nos anos
co, afetivo, psicológico, intelectual, social, complemen- finais, ampliando e intensificando, gradativamente, o
tando a ação da família e da comunidade. processo educativo, mediante:
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
contextos socioculturais, socioeconômicos e étnicos, como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
por isso devem ter a oportunidade de ser acolhidas e escrita e do cálculo;

51
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) CAPÍTULO II
primeiros anos; MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
III - compreensão do ambiente natural e social, do sis-
tema político, da economia, da tecnologia, das artes, Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode cor-
da cultura e dos valores em que se fundamenta a so- responder uma ou mais das modalidades de ensino:
ciedade; Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Edu-
IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza- cação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo,
gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e Educação Escolar Indígena e Educação a Distância.
habilidades e a formação de atitudes e valores;
V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços Seção I
de solidariedade humana e de respeito recíproco em Educação de Jovens e Adultos
que se assenta a vida social.
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-
Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem -se aos que se situam na faixa etária superior à consi-
estabelecer especial forma de colaboração visando derada própria, no nível de conclusão do Ensino Fun-
à oferta do Ensino Fundamental e à articulação se- damental e do Ensino Médio.
quente entre a primeira fase, no geral assumida pelo § 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta
Município, e a segunda, pelo Estado, para evitar obs- de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, propor-
táculos ao acesso de estudantes que se transfiram de cionando-lhes oportunidades educacionais apropria-
uma rede para outra para completar esta escolaridade das, consideradas as características do alunado, seus
obrigatória, garantindo a organicidade e a totalidade interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
do processo formativo do escolar. cursos, exames, ações integradas e complementares
entre si, estruturados em um projeto pedagógico pró-
Seção III prio.
Ensino Médio § 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Edu-
cação Profissional articulada com a Educação Básica,
Art. 26. O Ensino Médio, etapa final do processo for- devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo
mativo da Educação Básica, é orientado por princípios quanto de tempo e espaço, para que seja(m):
e finalidades que preveem: I - rompida a simetria com o ensino regular para
I - a consolidação e o aprofundamento dos conheci- crianças e adolescentes, de modo a permitir percursos
mentos adquiridos no Ensino individualizados e conteúdos significativos para os jo-
Fundamental, possibilitando o prosseguimento de es- vens e adultos;
tudos; II - providos o suporte e a atenção individuais às di-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

II - a preparação básica para a cidadania e o trabalho, ferentes necessidades dos estudantes no processo de
tomado este como princípio educativo, para continuar aprendizagem, mediante atividades diversificadas;
aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas III - valorizada a realização de atividades e vivências
condições de ocupação e aperfeiçoamento posteriores; socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, ge-
III - o desenvolvimento do educando como pessoa hu- radoras de enriquecimento do percurso formativo dos
mana, incluindo a formação ética e estética, o desen- estudantes;
volvimento da autonomia intelectual e do pensamen- IV - desenvolvida a agregação de competências para
to crítico; o trabalho;
IV - a compreensão dos fundamentos científicos e tec- V - promovida a motivação e a orientação permanen-
nológicos presentes na sociedade contemporânea, re- te dos estudantes, visando maior participação nas au-
lacionando a teoria com a prática. las e seu melhor aproveitamento e desempenho;
§ 1º O Ensino Médio deve ter uma base unitária so- VI - realizada, sistematicamente, a formação continu-
bre a qual podem se assentar possibilidades diversas ada, destinada, especificamente, aos educadores de
como preparação geral para o trabalho ou, faculta- jovens e adultos.
tivamente, para profissões técnicas; na ciência e na
tecnologia, como iniciação científica e tecnológica; na Seção II
cultura, como ampliação da formação cultural. Educação Especial
§ 2º A definição e a gestão do currículo inscrevem-se
em uma lógica que se dirige aos jovens, considerando Art. 29. A Educação Especial, como modalidade trans-
suas singularidades, que se situam em um tempo de- versal a todos os níveis, etapas e modalidades de en-
terminado. sino, é parte integrante da educação regular, devendo
§ 3º Os sistemas educativos devem prever currículos ser prevista no projeto políticopedagógico da unidade
flexíveis, com diferentes alternativas, para que os jo- escolar.
vens tenham a oportunidade de escolher o percurso § 1º Os sistemas de ensino devem matricular os es-
formativo que atenda seus interesses, necessidades e tudantes com deficiência, transtornos globais do de-
aspirações, para que se assegure a permanência dos senvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
jovens na escola, com proveito, até a conclusão da classes comuns do ensino regular e no Atendimento
Educação Básica. Educacional Especializado (AEE), complementar ou
suplementar à escolarização, ofertado em salas de re-

52
cursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede II - em instituições de ensino distintas, aproveitando-
pública ou de instituições comunitárias, confessionais -se as oportunidades educacionais disponíveis;
ou filantrópicas sem fins lucrativos. III - em instituições de ensino distintas, mediante con-
§ 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições vênios de intercomplementaridade, com planejamen-
para que o professor da classe comum possa explorar to e desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
as potencialidades de todos os estudantes, adotando § 3º São admitidas, nos cursos de Educação Profissio-
uma pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar nal Técnica de nível médio, a organização e a estrutu-
e inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve ração em etapas que possibilitem qualificação profis-
identificar habilidades e necessidades dos estudantes, sional intermediária.
organizar e orientar sobre os serviços e recursos pe- § 4º A Educação Profissional e Tecnológica pode ser
dagógicos e de acessibilidade para a participação e desenvolvida por diferentes estratégias de educação
aprendizagem dos estudantes. continuada, em instituições especializadas ou no am-
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de biente de trabalho, incluindo os programas e cursos de
ensino devem observar as seguintes orientações fun- aprendizagem, previstos na Consolidação das Leis do
damentais: Trabalho (CLT).
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudan-
tes no ensino regular; Art. 33. A organização curricular da Educação Profis-
II - a oferta do atendimento educacional especializa- sional e Tecnológica por eixo tecnológico fundamenta-
do; -se na identificação das tecnologias que se encontram
III - a formação de professores para o AEE e para o na base de uma dada formação profissional e dos ar-
desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas; ranjos lógicos por elas constituídos.
IV - a participação da comunidade escolar;
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades adquiri-
e informações, nos mobiliários e equipamentos e nos dos tanto nos cursos de Educação Profissional e Tec-
transportes; nológica, como os adquiridos na prática laboral pelos
VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais. trabalhadores, podem ser objeto de avaliação, reco-
nhecimento e certificação para prosseguimento ou
Seção III conclusão de estudos.
Educação Profissional e Tecnológica
Seção IV
Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no Educação Básica do Campo
cumprimento dos objetivos da educação nacional,
integra-se aos diferentes níveis e modalidades de Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Cam-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da po, a educação para a população rural está prevista
tecnologia, e articula-se com o ensino regular e com com adequações necessárias às peculiaridades da vida
outras modalidades educacionais: Educação de Jovens no campo e de cada região, definindo-se orientações
e Adultos, Educação Especial e Educação a Distância. para três aspectos essenciais à organização da ação
pedagógica:
Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a Edu- I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às re-
cação Profissional e Tecnológica ocorre na oferta de ais necessidades e interesses dos estudantes da zona rural;
cursos de formação inicial e continuada ou qualifica- II - organização escolar própria, incluindo adequação
ção profissional e nos de Educação Profissional Técni- do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às
ca de nível médio. condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível mé-
dio é desenvolvida nas seguintes formas: Art. 36. A identidade da escola do campo é definida
I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: a) pela vinculação com as questões inerentes à sua rea-
integrada, na mesma instituição; ou lidade, com propostas pedagógicas que contemplam
b) concomitante, na mesma ou em distintas institui- sua diversidade em todos os aspectos, tais como so-
ções; ciais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, ge-
II - subsequente, em cursos destinados a quem já te- ração e etnia.
nha concluído o Ensino Médio. Parágrafo único. Formas de organização e metodolo-
§ 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio, orga- gias pertinentes à realidade do campo devem ter aco-
nizados na forma integrada, são cursos de matrícula lhidas, como a pedagogia da terra, pela qual se busca
única, que conduzem os educandos à habilitação pro- um trabalho pedagógico fundamentado no princípio
fissional técnica de nível médio ao mesmo tempo em da sustentabilidade, para assegurar a preservação
que concluem a última etapa da Educação Básica. da vida das futuras gerações, e a pedagogia da al-
§ 2º Os cursos técnicos articulados com o Ensino Mé- ternância, na qual o estudante participa, concomitan-
dio, ofertados na forma concomitante, com dupla ma- te e alternadamente, de dois ambientes/situações de
trícula e dupla certificação, podem ocorrer: aprendizagem: o escolar e o laboral, supondo parceria
I - na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as educativa, em que ambas as partes são corresponsá-
oportunidades educacionais disponíveis; veis pelo aprendizado e pela formação do estudante.

53
Seção V Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento
Educação Escolar Indígena das escolas quilombolas, bem com nas demais, deve
ser reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em unida-
des educacionais inscritas em suas terras e culturas, as TÍTULO VII
quais têm uma realidade singular, requerendo peda- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A ORGANIZA-
gogia própria em respeito à especificidade étnico-cul- ÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
tural de cada povo ou comunidade e formação espe- GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
cífica de seu quadro docente, observados os princípios
constitucionais, a base nacional comum e os princípios Art. 42. São elementos constitutivos para a operacio-
que orientam a Educação Básica brasileira. nalização destas Diretrizes o projeto políticopedagó-
Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento gico e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a
das escolas indígenas, é reconhecida a sua condição gestão democrática e a organização da escola; o pro-
de possuidores de normas e ordenamento jurídico pró- fessor e o programa de formação docente.
prios, com ensino intercultural e bilíngue, visando à
valorização plena das culturas dos povos indígenas e CAPÍTULO I
à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica. O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMEN-
TO ESCOLAR
Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser
considerada a participação da comunidade, na defini- Art. 43. O projeto políticopedagógico, interdependen-
ção do modelo de organização e gestão, bem como: temente da autonomia pedagógica, administrativa e
de gestão financeira da instituição educacional, re-
I - suas estruturas sociais;
presenta mais do que um documento, sendo um dos
II - suas práticas socioculturais e religiosas;
meios de viabilizar a escola democrática para todos e
III - suas formas de produção de conhecimento, pro-
de qualidade social.
cessos próprios e métodos de ensino-aprendizagem;
§ 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se
IV - suas atividades econômicas;
na busca de sua identidade, que se expressa na cons-
V - edificação de escolas que atendam aos interesses
trução de seu projeto pedagógico e do seu regimento
das comunidades indígenas;
escolar, enquanto manifestação de seu ideal de educa-
VI - uso de materiais didático-pedagógicos produzidos ção e que permite uma nova e democrática ordenação
de acordo com o contexto sociocultural de cada povo pedagógica das relações escolares.
indígena. § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a
de seus sujeitos, articular a formulação do projeto po-
Seção VI líticopedagógico com os planos de educação – nacio-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

Educação a Distância nal, estadual, municipal –, o contexto em que a escola


se situa e as necessidades locais e de seus estudantes.
Art. 39. A modalidade Educação a Distância caracte- § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioedu-
riza-se pela mediação didáticopedagógica nos pro- cativo, artístico, cultural, ambiental, as questões de
cessos de ensino e aprendizagem que ocorre com a gênero, etnia e diversidade cultural que compõem as
utilização de meios e tecnologias de informação e ações educativas, a organização e a gestão curricular
comunicação, com estudantes e professores desen- são componentes integrantes do projeto políticopeda-
volvendo atividades educativas em lugares ou tempos gógico, devendo ser previstas as prioridades institucio-
diversos. nais que a identificam, definindo o conjunto das ações
educativas próprias das etapas da Educação Básica
Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e assumidas, de acordo com as especificidades que lhes
programas de Educação de Jovens e Adultos, de Edu- correspondam, preservando a sua articulação sistêmi-
cação Especial e de Educação Profissional Técnica de ca.
nível médio e Tecnológica, na modalidade a distância,
compete aos sistemas estaduais de ensino, atendidas Art. 44. O projeto políticopedagógico, instância de
a regulamentação federal e as normas complementa- construção coletiva que respeita os sujeitos das apren-
res desses sistemas. dizagens, entendidos como cidadãos com direitos à
proteção e à participação social, deve contemplar:
Seção VII I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do
Educação Escolar Quilombola processo educativo, contextualizados no espaço e no
tempo;
Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvi- II - a concepção sobre educação, conhecimento, ava-
da em unidades educacionais inscritas em suas terras liação da aprendizagem e mobilidade escolar;
e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos
à especificidade étnico-cultural de cada comunidade e – que justificam e instituem a vida da e na escola, do
formação específica de seu quadro docente, observa- ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afetivo,
dos os princípios constitucionais, a base nacional co- socioeconômico, como base da reflexão sobre as rela-
mum e os princípios que orientam a Educação Básica ções vida-conhecimento-cultura professor-estudante e
brasileira. instituição escolar;

54
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho § 1º A validade da avaliação, na sua função diagnósti-
pedagógico; ca, liga-se à aprendizagem, possibilitando o aprendiz
V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por a recriar, refazer o que aprendeu, criar, propor e, nes-
consequência, da escola, no contexto das desigualda- se contexto, aponta para uma avaliação global, que
des que se refletem na escola; vai além do aspecto quantitativo, porque identifica o
VI - os fundamentos da gestão democrática, compar- desenvolvimento da autonomia do estudante, que é
tilhada e participativa (órgãos colegiados e de repre- indissociavelmente ético, social, intelectual.
sentação estudantil); § 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendi-
VII - o programa de acompanhamento de acesso, de zagem tem, como referência, o conjunto de conheci-
permanência dos estudantes e de superação da reten- mentos, habilidades, atitudes, valores e emoções que
ção escolar; os sujeitos do processo educativo projetam para si de
VIII - o programa de formação inicial e continuada dos modo integrado e articulado com aqueles princípios
profissionais da educação, regentes e não regentes; definidos para a Educação Básica, redimensionados
IX - as ações de acompanhamento sistemático dos para cada uma de suas etapas, bem assim no projeto
resultados do processo de avaliação interna e exter- políticopedagógico da escola.
na (Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, § 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada
Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas sobre os su- mediante acompanhamento e registro do desenvolvi-
jeitos da Educação Básica), incluindo dados referentes mento da criança, sem o objetivo de promoção, mes-
ao IDEB e/ou que complementem ou substituam os mo em se tratando de acesso ao Ensino Fundamental.
desenvolvidos pelas unidades da federação e outros; § 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino Funda-
X - a concepção da organização do espaço físico da mental e no Ensino Médio, de caráter formativo pre-
instituição escolar de tal modo que este seja compa- dominando sobre o quantitativo e classificatório, ado-
tível com as características de seus sujeitos, que aten- ta uma estratégia de progresso individual e contínuo
da as normas de acessibilidade, além da natureza e que favorece o crescimento do educando, preservando
das finalidades da educação, deliberadas e assumidas a qualidade necessária para a sua formação escolar,
pela comunidade educacional. sendo organizada de acordo com regras comuns a es-
sas duas etapas.
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela
comunidade escolar e conhecido por todos, constitui- Seção II
-se em um dos instrumentos de execução do projeto Promoção, aceleração de estudos e classificação
político pedagógico, com transparência e responsabi-
lidade. Art. 48. A promoção e a classificação no Ensino Fun-
Parágrafo único. O regimento escolar trata da nature- damental e no Ensino Médio podem ser utilizadas em

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


za e da finalidade da instituição, da relação da gestão qualquer ano, série, ciclo, módulo ou outra unidade
democrática com os órgãos colegiados, das atribui- de percurso adotada, exceto na primeira do Ensino
ções de seus órgãos e sujeitos, das suas normas pe- Fundamental, alicerçando-se na orientação de que a
dagógicas, incluindo os critérios de acesso, promoção, avaliação do rendimento escolar observará os seguin-
mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos tes critérios:
seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos e fun- I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho
cionários, gestores, famílias, representação estudantil do estudante, com prevalência dos aspectos qualita-
e função das suas instâncias colegiadas. tivos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo
do período sobre os de eventuais provas finais;
CAPÍTULO II II - possibilidade de aceleração de estudos para estu-
AVALIAÇÃO dantes com atraso escolar;
III - possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
Art. 46. A avaliação no ambiente educacional compre- mediante verificação do aprendizado;
ende 3 (três) dimensões básicas: IV - aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
I - avaliação da aprendizagem; V - oferta obrigatória de apoio pedagógico destinado
II - avaliação institucional interna e externa; à recuperação contínua e concomitante de aprendiza-
III - avaliação de redes de Educação Básica. gem de estudantes com déficit de rendimento escolar,
a ser previsto no regimento escolar.
Seção I Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a estudan-
Avaliação da aprendizagem tes com atraso escolar, àqueles que, por algum motivo,
encontram-se em descompasso de idade, por razões
Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na como ingresso tardio, retenção, dificuldades no pro-
concepção de educação que norteia a relação pro- cesso de ensino-aprendizagem ou outras.
fessor-estudante-conhecimento-vida em movimento,
devendo ser um ato reflexo de reconstrução da prática Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial, sen-
pedagógica avaliativa, premissa básica e fundamental do que esta deve preservar a sequência do currículo e
para se questionar o educar, transformando a mudan- observar as normas do respectivo sistema de ensino,
ça em ato, acima de tudo, político. requerendo o redesenho da organização das ações

55
pedagógicas, com previsão de horário de trabalho e ções de ensino, o que implica decisões coletivas que
espaço de atuação para professor e estudante, com pressupõem a participação da comunidade escolar na
conjunto próprio de recursos didático pedagógico. gestão da escola e a observância dos princípios e fina-
lidades da educação.
Art. 51. As escolas que utilizam organização por série § 3º No exercício da gestão democrática, a escola
podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo deve se empenhar para constituir-se em espaço das
da avaliação do processo ensino-aprendizagem, di- diferenças e da pluralidade, inscrita na diversidade do
versas formas de progressão, inclusive a de progres- processo tornado possível por meio de relações inter-
são continuada, jamais entendida como promoção subjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em prin-
automática, o que supõe tratar o conhecimento como cípio educativo emancipador, expresso na liberdade
processo e vivência que não se harmoniza com a ideia de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
de interrupção, mas sim de construção, em que o es- pensamento, a arte e o saber.
tudante, enquanto sujeito da ação, está em processo
contínuo de formação, construindo significados. Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instru-
mento de horizontalização das relações, de vivência e
Seção III convivência colegiada, superando o autoritarismo no
Avaliação institucional planejamento e na concepção e organização curricu-
lar, educando para a conquista da cidadania plena e
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser pre- fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar
vista no projeto político pedagógico e detalhada no o trabalho da e na escola mediante:
plano de gestão, realizada anualmente, levando em I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto
consideração as orientações contidas na regulamen- ser que aprende, que sonha e ousa, em busca de uma
tação vigente, para rever o conjunto de objetivos e me- convivência social libertadora fundamentada na ética
tas a serem concretizados, mediante ação dos diversos cidadã;
II - a superação dos processos e procedimentos buro-
segmentos da comunidade educativa, o que pressupõe
cráticos, assumindo com pertinência e relevância: os
delimitação de indicadores compatíveis com a missão
planos pedagógicos, os objetivos institucionais e edu-
da escola, além de clareza quanto ao que seja quali-
cacionais, e as atividades de avaliação contínua;
dade social da aprendizagem e da escola.
III - a prática em que os sujeitos constitutivos da co-
munidade educacional discutam a própria práxis pe-
Seção IV
dagógica impregnando-a de entusiasmo e de compro-
Avaliação de redes de Educação Básica misso com a sua própria comunidade, valorizando-a,
situando-a no contexto das relações sociais e buscan-
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica ocor- do soluções conjuntas;
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

re periodicamente, é realizada por órgãos externos à IV - a construção de relações interpessoais solidárias,


escola e engloba os resultados da avaliação institucio- geridas de tal modo que os professores se sintam esti-
nal, sendo que os resultados dessa avaliação sinali- mulados a conhecer melhor os seus pares (colegas de
zam para a sociedade se a escola apresenta qualidade trabalho, estudantes, famílias), a expor as suas ideias,
suficiente para continuar funcionando como está. a traduzir as suas dificuldades e expectativas pessoais
e profissionais;
CAPÍTULO III V - a instauração de relações entre os estudantes, pro-
GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO DA ES- porcionando-lhes espaços de convivência e situações
COLA de aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se
compreender e se organizar em equipes de estudos e
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pe- de práticas esportivas, artísticas e políticas;
dagógico e da gestão da escola conceber a organiza- VI - a presença articuladora e mobilizadora do ges-
ção e a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e tor no cotidiano da escola e nos espaços com os quais
procedimentos que viabilizam o trabalho expresso no a escola interage, em busca da qualidade social das
projeto políticopedagógico e em planos da escola, em aprendizagens que lhe caiba desenvolver, com trans-
que se conformam as condições de trabalho definidas parência e responsabilidade.
pelas instâncias colegiadas.
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as CAPÍTULO IV
do seu sistema de ensino, têm incumbências comple- O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTI-
xas e abrangentes, que exigem outra concepção de or- NUADA
ganização do trabalho pedagógico, como distribuição
da carga horária, remuneração, estratégias claramen- Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamen-
te definidas para a ação didático-pedagógica coletiva tação da ação docente e os programas de formação
que inclua a pesquisa, a criação de novas abordagens inicial e continuada dos profissionais da educação ins-
e práticas metodológicas, incluindo a produção de re- tauram, reflete-se na eleição de um ou outro método
cursos didáticos adequados às condições da escola e de aprendizagem, a partir do qual é determinado o
da comunidade em que esteja ela inserida. perfil de docente para a Educação Básica, em atendi-
§ 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino mento às dimensões técnicas, políticas, éticas e esté-
público e prevista, em geral, para todas as institui- ticas.

56
§ 1º Para a formação inicial e continuada, as esco- dos cursos de formação inicial e continuada de docen-
las de formação dos profissionais da educação, sejam tes, de modo que correspondam às exigências de um
gestores, professores ou especialistas, deverão incluir projeto de Nação.
em seus currículos e programas:
a) o conhecimento da escola como organização com- Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de
plexa que tem a função de promover a educação para sua publicação.
e na cidadania;
b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de A educação é um direito que está inscrito na Consti-
investigações de interesse da área educacional; tuição Federal do Brasil de 1988 e previsto por lei também
c) a participação na gestão de processos educativos e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual
na organização e funcionamento de sistemas e insti- permite o acesso a todos os cidadãos a uma educação de
tuições de ensino; qualidade oferecida pelo Estado como um dever garan-
d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à tido por ele em que todos tenham seu acesso, que seja
construção do projeto político pedagógico, mediante distribuída de maneira igualitária e que atenda a popula-
trabalho coletivo de que todos os que compõem a co- ção brasileira.
munidade escolar são responsáveis. Para que a educação aconteça de forma organizada
respeitando as particularidades de cada indivíduo, de
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação cada pessoa que compõem o ambiente escolar tem-se
nacional está a valorização do profissional da educa- diversas leis e regimentos que dão um direcionamento
ção, com a compreensão de que valorizá-lo é valorizar para que a aprendizagem e a educação ocorram de forma
a escola, com qualidade gestorial, educativa, social, sucinta.
cultural, ética, estética, ambiental. No cenário brasileiro essas leis surgiram em momen-
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar tos importantes da história do Brasil, foram frutos de re-
vincula-se à obrigatoriedade da garantia de qualida- invindicações de grupos da sociedade, por pensadores e
de e ambas se associam à exigência de programas de pesquisadores da área da educação e também da própria
formação inicial e continuada de docentes e não do- população que reivindicavam uma oferta maior de esco-
centes, no contexto do conjunto de múltiplas atribui- las e ensino de qualidade.
ções definidas para os sistemas educativos, em que se
Inicialmente o sistema de educação no Brasil se divi-
inscrevem as funções do professor.
de em Educação Básica e Educação Superior. A Educação
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada
Básica se subdivide em três grupos principais que depois
dos profissionais da educação, vinculados às orienta-
são compostos por outras modalidades.
ções destas Diretrizes, devem prepará-los para o de-
O primeiro grupo é o grupo da educação infantil. A
sempenho de suas atribuições, considerando necessá-
educação infantil tem como público crianças que estão na
rio:
faixa etária de 0 a 5 anos. É nesta fase que será trabalhado

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, sa-
ber pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, com os alunos vários aspectos sociais, psicológicos, men-
isto é, interpretar e reconstruir o conhecimento cole- tais para o seu completo desenvolvimento para toda sua
tivamente; vida. Podemos caracterizar a educação infantil como uma
b) trabalhar cooperativamente em equipe; base para tudo aquilo que será feito posteriormente, por
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os isso, a importância de se ofertar uma educação de qualida-
instrumentos produzidos ao longo da evolução tecno- de. As instituições que ofertam a educação infantil são as
lógica, econômica e organizativa; creches, escolas e outros locais que não sejam o convívio
d) desenvolver competências para integração com a doméstico que a criança tenha. Nessa fase a aprendizagem
comunidade e para relacionamento com as famílias. deve estar ligada ao cuidado com a criança e a interação
Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatu- entre o ambiente escolar, é imprescindível o envolvimento
ra, não esgota o desenvolvimento dos conhecimentos, da família também.
saberes e habilidades referidas, razão pela qual um O segundo grupo que compõem a educação básica
programa de formação continuada dos profissionais é o ensino fundamental. É uma modalidade da educação
da educação será contemplado no projeto políticope- básica que é obrigatória e gratuita na qual as crianças que
dagógico. possuem 6 anos de idade devem ser matriculadas em es-
colas de ensino regular para que seja realizado concluin-
Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orien- do-o com a idade de 14 anos. Hoje no Brasil o ensino
tações para que o projeto de formação dos profissio- fundamental possui nove anos de duração e essa durabi-
nais preveja: lidade se deve ao fato da criança estar e viver o ambiente
a) a consolidação da identidade dos profissionais da escolar desde cedo bem como de continuar nos níveis de
educação, nas suas relações com a escola e com o es- escolaridade.
tudante; Está dividido também em duas categorias: o funda-
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem mental de anos iniciais que possui a duração de 5 anos e
social do professor, assim como da autonomia docente atende as crianças de 6 anos de idade até os 10 anos de
tanto individual como coletiva; idade. Já o fundamental de séries finais atende as crianças
c) a definição de indicadores de qualidade social da de 11 anos de idade até os 14 anos de idade e tem quatro
educação escolar, a fim de que as agências formado- anos de duração. Neste grupo o aluno já deve possuir
ras de profissionais da educação revejam os projetos atribuições como as seguintes: capacidade de leitura, in-

57
terpretação de texto, senso crítico é neste nível de ensino A LDB/96 permitiu que o acesso e financiamento a
que o aluno irá compreender o seu lugar no mundo e educação fosse mais acessível, trouxe mudanças em re-
como sujeito participante da história que pode tomar de- lação ao acesso à educação básica que a partir da sua
cisões e opiniões sobre o mundo ao seu redor. Nesta fase promulgação passou a ser gratuita, foi também através
o aluno já deve saber valores morais, conceitos referentes dela que a educação infantil deixou de ser de cunho as-
a cultura, ética, cálculo e demais. sistencialista para ser compreendida como uma modali-
Por fim temos o Ensino Médio, etapa final do proces- dade de ensino da educação básica.
so da Educação Básica, atende aos jovens que concluí- Observamos que a LDB/96 foi um divisor de águas na
ram o Ensino Fundamental e possui a duração de 3 anos. educação, percebemos então que ela provocou diversas
Durante o Ensino Médio o jovem irá consolidar todos os mudanças tanto para o ensino como também para aque-
aprendizados adquiridos durante o longo da sua vida les que são os profissionais da educação.
escolar, principalmente os referentes ao Ensino Funda- Foi durante a criação da LDB/96 que temos também
mental. ainda a criação das Diretrizes Curriculares Para Educação
Será também o momento no qual ele irá se preparar Básica.
para a vida após a escola, para o mercado de trabalho e As Diretrizes podem ser definidas como um conjunto
também para a continuidade dos seus estudos no nível de leis que possibilitam aos estados, munícipios o de-
superior. Além disto, nesta etapa o jovem aprende valo- senvolvimento de currículos a serem seguidos, a elabora-
res que o constituem como pessoa humana, pessoa que ção de projetos políticos pedagógicos permitindo desta
vive no mundo e que saiba viver nele respeitando a si e forma formação comum para todos. Elas são formuladas
aos outros. pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
Estas são as etapas que compõem a Educação Básica A Educação Básica de qualidade é um direito assegu-
Brasileira, entretanto, temos as modalidades de ensino rado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança
que podemos pontuar como as seguintes: Educação Es- e do Adolescente. Um dos fundamentos do projeto de
colar Indígena, Educação Especial, Educação no Campo, Nação que estamos construindo, a formação escolar é o
Educação Escolar Quilombola, Educação de Jovens e alicerce indispensável e condição primeira para o exer-
Adultos (EJA) e a Educação Profissional. cício pleno da cidadania e o acesso aos direitos sociais,
Retomando ao início em que se falava que foram cria- econômicos, civis e políticos. A educação deve propor-
das leis para que houvesse o estabelecimento e organi- cionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em
zação da educação Brasil e para a Educação Básica te- condições de liberdade e dignidade, respeitando e valo-
mos hoje como norteadora para aqueles que vivenciam rizando as diferenças. Estão reunidas as novas Diretrizes
o espaço a Lei de Diretrizes e Bases para Educação e as Curriculares Nacionais para a Educação Básica, são estas
Diretrizes Curriculares para Educação Básica. diretrizes que estabelecem a base nacional comum, res-
Quando estudamos o processo e a institucionaliza- ponsável por orientar a organização, articulação, o de-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

ção da escola no Brasil através de uma linha cronoló- senvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas
gica constatamos que houve vários embates e desafios de todas as redes de ensino brasileiras.
a serem vencidos pela educação até chegarmos aonde Os estados brasileiros, munícipios e distritos possuem
estamos, no entanto, ainda existem desafios que a edu- autonomia referente as propostas de ensino a serem
cação brasileira deve vencer. O cenário da educação no aplicadas em seu território, contudo estes estados, cida-
Brasil sempre foi permeado por disputas e interesses de des e demais devem seguir os modelos que o governo
grupos que detinham um grande poder e aquisição para brasileiro colocam, o modelo aqui referido são as Diretri-
controlar o país fazendo com que as decisões educacio- zes para Educação.
nais fossem calçadas em seus interesses. Os níveis da Educação Básica também possuem dire-
Foi durante o período da ditadura militar que temos a trizes básicas para cada um. Os princípios almejados pe-
primeira Lei de Diretrizes e Base para a Educação criada, las diretrizes básicas de educação se definem da seguinte
ela foi criada durante o ano de 1961e colocava fim em maneira: o acesso ao aprendizado seja garantido a todos
várias formas de ensino que estavam em vigor naquela sem esquecer e respeitando a diversidade de cada um.
época. Logo após em um período de tempo teremos ou- Em relação aos seus objetivos eles se definem da se-
tra lei promulgada durante o ano de 1971 temos a cria- guinte maneira: sistematização das leis de diretrizes e
ção da lei nº 5.692 que também definiu outras propostas bases a todos que compõem o ambiente escolar, forma-
para a educação, uma dessas propostas foi a junção do ção de uma consciência crítica daqueles que compõem
ensino primário com o ensino fundamental que a partir o ambiente escolar como também aqueles que são res-
de então constituía-se em oito classes. A criação dessa lei ponsáveis pela execução do projeto político pedagógico,
durante o período da ditadura militar provocou grandes promoção de cursos e treinamentos de capacitação para
mudanças no cenário educacional, tanto que essas mu- aqueles que estão dentro da escola.
danças ainda possuem resquícios nos dias atuais. Vale ressaltar que as diretrizes da educação básica se
A partir do ano de 1985 o país passa por um período diferem dos parâmetros curriculares nacionais (os parâ-
de redemocratização, temos a partir daí no ano de 1988 metros curriculares nacionais, conhecidos como PCN’s:
a criação da Constituição que ficou conhecida como que se caracterizam por serem um conjunto de obras
“Constituição Cidadã” e neste período posteriormente referentes a cada disciplina e que possuem orientações
que temos a criação no ano de 1996 a Lei de Diretrizes sobre os conteúdos a serem abordados em sala de aula).
e Bases. As diretrizes, no entanto, são obrigatórias ao Estado
para serem cumpridas para que ocorra a promoção de

58
um ensino de qualidade e igualitário possibilitando ao as diferenças. Estão reunidas as novas Diretrizes Cur-
professor que seu trabalho seja feito de forma concreta riculares Nacionais para a Educação Básica, são estas
respeitando a sua autonomia. diretrizes que estabelecem a base nacional comum,
Podemos perceber que o caminho para constituir responsável por orientar a organização, articulação, o
uma educação de qualidade e igualitária nos quais to- desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagó-
dos participem é um processo que ocorre desde quando gicas de todas as redes de ensino brasileiras.
temos o Brasil denominado como uma nação, havendo
a participação de vários atores da sociedade brasileira.
Observando a criação da LDB em 1996 e a criação das RESOLUÇÃO Nº 7/10 FIXA DIRETRIZES CUR-
Diretrizes Curriculares juntamente com ela foi importante RICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO
para que a exclusão e a falta de acesso à educação fos- FUNDAMENTAL DE 9 (NOVE) ANOS.
sem amenizadas, como também o modelo educacional
fosse mudando atendendo as mudanças que ocorrem no
mundo e que de certa forma influenciam diretamente a Esta Resolução fixa as Diretrizes Curriculares Nacio-
educação. nais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos a se-
A educação no Brasil ainda tem um longo caminho a rem observadas na organização curricular dos sistemas
ser trilhado e que precisa ser pensado por todos. Atual- de ensino e de suas unidades escolares.
mente, temos a criação da Base Nacional Comum Curri- As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
cular que passa a ser obrigatória para todos os âmbitos Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Di-
educacionais em nosso país. Muito tem de ser feito pela retrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
educação no país, começando pela mudança de pen- Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimen-
samento sobre a educação, a visão que os governantes tos definidos pelo Conselho Nacional de Educação, para
possuem sobre ela e ainda a distribuição igualitária de orientar as políticas públicas educacionais e a elabora-
recursos promovendo assim mais avanços que já vemos ção, implementação e avaliação das orientações curricu-
em nosso cotidiano e que todos o acesso a ela. lares nacionais, das propostas curriculares dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos políti-
co pedagógicos das escolas.
Estas Diretrizes Curriculares Nacionais aplicam-se a
EXERCÍCIO COMENTADO todas as modalidades do Ensino Fundamental previstas
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, bem
1. (UNIRIO RJ – PEDAGOGO – NÍVEL SUPERIOR – como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indíge-
BANCA CESGRANRIO - 2016) As Diretrizes Curriculares na e à Educação Escolar Quilombola.
Nacionais, tal como o inscrito no documento Diretrizes O Ensino Fundamental se traduz como um direito pú-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Curriculares Nacionais da Educação Básica do Ministério blico subjetivo de cada um e como dever duplo, ou seja,
da Educação, são diretrizes que estabelecem a base na- do Estado e da família na sua oferta a todos.
cional comum da Educação, definindo orientações: É dever do Estado, portanto, garantir a oferta do
Ensino Fundamental público, gratuito e de qualidade, sem
a) organização, articulação, desenvolvimento e avaliação requisito de seleção. As escolas que ministram esse ensino
das propostas pedagógicas de todas as redes de en- deverão trabalhar considerando essa etapa da educação
sino brasileiras. como aquela capaz de assegurar a cada um e a todos
b) organização, articulação e avaliação dos programas o acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura
de expansão da escolarização das redes públicas de imprescindíveis para o seu desenvolvimento pessoal e
ensino brasileiras. para a vida em sociedade, assim como os benefícios de
c) organização, atualização, acompanhamento e a ava- uma formação comum, independentemente da grande
liação do desempenho docente de todas as redes de diversidade da população escolar e das demandas sociais.
ensino brasileiras. O direito à educação, entendido como um direito ina-
d) organização, atualização, reestruturação e a avaliação lienável do ser humano, constitui o fundamento maior
da rede privada de ensino brasileira. destas Diretrizes. A educação, ao proporcionar o desen-
e) organização, avaliação e acompanhamento do desem- volvimento do potencial humano, permite o exercício
penho acadêmico-profissional dos egressos das redes dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferen-
públicas de ensino. ça, sendo ela mesma também um direito social, e possi-
bilita a formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e
Resposta: Letra A. A Educação Básica de qualidade culturais.
é um direito assegurado pela Constituição Federal e O Ensino Fundamental deve comprometer-se com
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Um dos uma educação com qualidade social, igualmente enten-
fundamentos do projeto de Nação que estamos cons- dida como direito humano.
truindo, a formação escolar é o alicerce indispensável A educação de qualidade, como um direito fundamen-
e condição primeira para o exercício pleno da cidada- tal, é, antes de tudo, relevante, pertinente e equitativa.
nia e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis Relevante: a relevância reporta-se à promoção de
e políticos. A educação deve proporcionar o desen- aprendizagens significativas do ponto de vista das exi-
volvimento humano na sua plenitude, em condições gências sociais e de desenvolvimento pessoal.
de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando

59
Pertinente: a pertinência refere-se à possibilidade de • o desenvolvimento da capacidade de aprender,
atender às necessidades e às características dos estudan- tendo como meios básicos o pleno domínio da lei-
tes de diversos contextos sociais e culturais e com dife- tura, da escrita e do cálculo;
rentes capacidades e interesses. • a compreensão do ambiente natural e social, do
Equitativa: a equidade alude à importância de tratar sistema político, das artes, da tecnologia e dos va-
de forma diferenciada o que se apresenta como desigual lores em que se fundamenta a sociedade;
no ponto de partida, com vistas a obter desenvolvimen- • a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a
to e aprendizagens equiparáveis, assegurando a todos a formação de atitudes e valores como instrumentos
igualdade de direito à educação. para uma visão crítica do mundo;
Na perspectiva de contribuir para a erradicação da • o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
pobreza e das desigualdades, a equidade requer que de solidariedade humana e de tolerância recíproca
sejam oferecidos mais recursos e melhores condições em que se assenta a vida social.
às escolas menos providas e aos alunos que deles mais
necessitem. Ao lado das políticas universais, dirigidas a O Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove)
todos sem requisito de seleção, é preciso também sus- anos, abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos
tentar políticas reparadoras que assegurem maior apoio 14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a to-
aos diferentes grupos sociais em desvantagem. dos os que, na idade própria, não tiveram condições de
A educação escolar, comprometida com a igualdade frequentá-lo.
do acesso de todos ao conhecimento e especialmente É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de
empenhada em garantir esse acesso aos grupos da po- crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até
pulação em desvantagem na sociedade, será uma edu- o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula,
cação com qualidade social e contribuirá para dirimir as nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes.
desigualdades historicamente produzidas, assegurando, As crianças que completarem 6 (seis) anos após essa
assim, o ingresso, a permanência e o sucesso na escola, data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré-
com a consequente redução da evasão, da retenção e -Escola).
das distorções de idade, ano e série. A carga horária mínima anual do Ensino Fundamental
Sobre os princípios, observamos que os sistemas de regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas
ensino e as escolas adotarão, como norteadores das po- em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
líticas educativas e das ações pedagógicas, os seguintes escolar.
princípios: O currículo do Ensino Fundamental é entendido, nes-
• Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e auto- ta Resolução, como constituído pelas experiências es-
nomia; de respeito à dignidade da pessoa humana colares que se desdobram em torno do conhecimento,
e de compromisso com a promoção do bem de to- permeadas pelas relações sociais, buscando articular vi-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

dos, contribuindo para combater e eliminar quais- vências e saberes dos alunos com os conhecimentos his-
quer manifestações de preconceito de origem, toricamente acumulados e contribuindo para construir as
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de identidades dos estudantes.
discriminação. O foco nas experiências escolares significa que as
• Políticos: de reconhecimento dos direitos e deve- orientações e as propostas curriculares que provêm das
res de cidadania, de respeito ao bem comum e à diversas instâncias só terão concretude por meio das
preservação do regime democrático e dos recur- ações educativas que envolvem os alunos.
sos ambientais; da busca da equidade no acesso à As experiências escolares abrangem todos os aspec-
educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais tos do ambiente escolar, aqueles que compõem a parte
e outros benefícios; da exigência de diversidade de explícita do currículo, bem como os que também contri-
tratamento para assegurar a igualdade de direitos buem, de forma implícita, para a aquisição de conheci-
entre os alunos que apresentam diferentes neces- mentos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensi-
sidades; da redução da pobreza e das desigualda- bilidade e orientações de conduta são veiculados não só
des sociais e regionais. pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais,
• Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente normas de convívio social, festividades, pela distribuição
com o da racionalidade; do enriquecimento das do tempo e organização do espaço educativo, pelos ma-
formas de expressão e do exercício da criatividade; teriais utilizados na aprendizagem e pelo recreio, enfim,
da valorização das diferentes manifestações cultu- pelas vivências proporcionadas pela escola.
rais, especialmente a da cultura brasileira; da cons- Os conhecimentos escolares são aqueles que as dife-
trução de identidades plurais e solidárias. rentes instâncias que produzem orientações sobre o cur-
rículo, as escolas e os professores selecionam e transfor-
De acordo com esses princípios, e em conformidade mam a fim de que possam ser ensinados e aprendidos,
com a Lei nº 9.394/1996 (LDB – Lei de Diretrizes e Bases), ao mesmo tempo em que servem de elementos para a
as propostas curriculares do Ensino Fundamental visarão formação ética, estética e política do aluno.
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação co- O currículo do Ensino Fundamental tem uma base
mum indispensável para o exercício da cidadania e for- nacional comum, complementada em cada sistema de
necer-lhe os meios para progredir no trabalho e em es- ensino e em cada estabelecimento escolar por uma parte
tudos posteriores, mediante os objetivos previstos para diversificada.
esta etapa da escolarização, a saber:

60
A base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo integrado
e não podem ser consideradas como dois blocos distintos.
A articulação entre a base nacional comum e a parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a
sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos,
as características regionais da sociedade, da cultura e da economia e perpassa todo o currículo.
Voltados à divulgação de valores fundamentais ao interesse social e à preservação da ordem democrática, os conhe-
cimentos que fazem parte da base nacional comum a que todos devem ter acesso, independentemente da região e do
lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das orientações curriculares nacionais, das propostas curricula-
res dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos político pedagógicos das escolas.
Aqui é importante destacar a responsabilidade de definir os sistemas de ensino. A resolução diz que os conteúdos
curriculares que compõem a parte diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas,
de modo a complementar e enriquecer o currículo, assegurando a contextualização dos conhecimentos escolares em
face das diferentes realidades.
Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas,
no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas
atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes como os que advêm das formas di-
versas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da experiência docente, do cotidiano e
dos alunos.
Esses conteúdos acima citados são constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se articulam com
as áreas de conhecimento.
Quais são as áreas de conhecimento que se refere esta resolução?
• Linguagens
• Matemática
• Ciências da Natureza
• Ciências Humanas

As áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre diferentes conhecimentos sistematizados e entre estes e
outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de cada componente curricular sejam preservados.
O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger, Obrigatoriamente o estudo da Língua
Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente
a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso.
Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de
conhecimento:

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

61
O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua nacional de educação ambiental, Lei nº 9.795/1999, edu-
portuguesa, assegurada também às comunidades indí- cação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e
genas a utilização de suas línguas maternas e processos tecnologia, e diversidade cultural devem permear o desen-
próprios de aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da volvimento dos conteúdos da base nacional comum e da
Constituição Federal: parte diversificada do currículo.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o en- Outras leis específicas que complementam a Lei nº
sino fundamental, de maneira a assegurar formação 9.394/1996 (LDB) determinam que sejam ainda incluídos
básica comum e respeito aos valores culturais e artís- temas relativos à condição e aos direitos dos idosos e à
ticos, nacionais e regionais. educação para o trânsito.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado A transversalidade constitui uma das maneiras de tra-
em língua portuguesa, assegurada às comunidades balhar os componentes curriculares, as áreas de conheci-
indígenas também a utilização de suas línguas mento e os temas sociais em uma perspectiva integrada,
maternas e processos próprios de aprendizagem. conforme a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a Educação Básica.
O ensino de História do Brasil levará em conta as con- Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino com-
tribuições das diferentes culturas e etnias para a forma- pete a produção e a disseminação de materiais subsidiá-
ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indí- rios ao trabalho docente, que contribuam para a elimi-
gena, africana e europeia. nação de discriminações, racismo, sexismo, homofobia e
A história e as culturas indígena e afro-brasileira, pre- outros preconceitos e que conduzam à adoção de com-
sentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos portamentos responsáveis e solidários em relação aos
no âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no outros e ao meio ambiente.
ensino de Arte, Literatura e História do Brasil, assim como Aqui é importante destacar, e pode ser objeto de
a História da África, deverão assegurar o conhecimento questionamento, que na parte diversificada do currículo
e o reconhecimento desses povos para a constituição da do Ensino Fundamental será incluído, obrigatoriamente,
nação. Sua inclusão possibilita ampliar o leque de refe- a partir do 6º ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua
Estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da co-
rências culturais de toda a população escolar e contribui
munidade escolar.
para a mudança das suas concepções de mundo, trans-
Esta língua estrangeira moderna, na maioria das es-
formando os conhecimentos comuns veiculados pelo
colas é a Língua Inglesa, mas dentre essas línguas, a lín-
currículo e contribuindo para a construção de identida-
gua espanhola poderá ser a opção.
des mais plurais e solidárias.
O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove) anos
A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não
de duração exige a estruturação de um projeto educativo
exclusivo, do componente curricular Arte, o qual com-
coerente, articulado e integrado, de acordo com os mo-
preende também as artes visuais, o teatro e a dança. dos de ser e de se desenvolver das crianças e adolescen-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

A Educação Física, componente obrigatório do currí- tes nos diferentes contextos sociais.
culo do Ensino Fundamental, integra a proposta político- Ciclos, séries e outras formas de organização serão
-pedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas compreendidos como tempos e espaços interdependen-
nas seguintes circunstâncias: tes e articulados entre si, ao longo dos 9 (nove) anos de
• que cumpra jornada de trabalho igual ou superior duração do Ensino Fundamental.
a seis horas; As escolas deverão formular o projeto político-peda-
• maior de trinta anos de idade; gógico e elaborar o regimento escolar de acordo com a
• que estiver prestando serviço militar inicial ou que, proposta do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, por
em situação similar, estiver obrigado à prática da meio de processos participativos relacionados à gestão
educação física; democrática.
• amparado pelo; O projeto político-pedagógico da escola traduz a
• que tenha prole. proposta educativa construída pela comunidade escolar
no exercício de sua autonomia, com base nas caracterís-
O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao alu- ticas dos alunos, nos profissionais e recursos disponíveis,
no, é parte integrante da formação básica do cidadão tendo como referência as orientações curriculares nacio-
e constitui componente curricular dos horários normais nais e dos respectivos sistemas de ensino.
das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado Será assegurada ampla participação dos profissionais
o respeito à diversidade cultural e religiosa do Brasil e da escola, da família, dos alunos e da comunidade local
vedadas quaisquer formas de proselitismo. na definição das orientações imprimidas aos processos
Os componentes curriculares e as áreas de conheci- educativos e nas formas de implementá-las, tendo como
mento devem articular em seus conteúdos, a partir das apoio um processo contínuo de avaliação das ações, a
possibilidades abertas pelos seus referenciais, a aborda- fim de garantir a distribuição social do conhecimento e
gem de temas abrangentes e contemporâneos que afe- contribuir para a construção de uma sociedade democrá-
tam a vida humana em escala global, regional e local, tica e igualitária.
bem como na esfera individual. Temas como saúde, se- O regimento escolar deve assegurar as condições ins-
xualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os titucionais adequadas para a execução do projeto polí-
direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o tico-pedagógico e a oferta de uma educação inclusiva
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/1990, e com qualidade social, igualmente garantida a ampla
preservação do meio ambiente, nos termos da política participação da comunidade escolar na sua elaboração.

62
O projeto político-pedagógico e o regimento escolar, Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
em conformidade com a legislação e as normas vigentes, Básica e nos termos do Parecer que dá base à presente
conferirão espaço e tempo para que os profissionais da Resolução.
escola e, em especial, os professores, possam participar Os professores levarão em conta a diversidade socio-
de reuniões de trabalho coletivo, planejar e executar as cultural da população escolar, as desigualdades de aces-
ações educativas de modo articulado, avaliar os traba- so ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de
lhos dos alunos, tomar parte em ações de formação con- interesses e necessidades apresentadas pelos alunos no
tinuada e estabelecer contatos com a comunidade. desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas
Na implementação de seu projeto político-pedagó- que melhor respondam às diferenças de aprendizagem
gico, as escolas se articularão com as instituições forma- entre os estudantes e às suas demandas.
doras com vistas a assegurar a formação continuada de Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão ade-
seus profissionais. quadas condições de trabalho aos seus profissionais e o
No projeto político-pedagógico do Ensino Funda- provimento de outros insumos, de acordo com os pa-
mental e no regimento escolar, o aluno, centro do pla- drões mínimos de qualidade e em normas específicas
nejamento curricular, será considerado como sujeito que estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, com
atribui sentidos à natureza e à sociedade nas práticas so- vistas à criação de um ambiente propício à aprendiza-
ciais que vivencia, produzindo cultura e construindo sua gem, com base:
identidade pessoal e social.
• no trabalho compartilhado e no compromisso in-
Como sujeito de direitos, o aluno tomará parte ativa
dividual e coletivo dos professores e demais profis-
na discussão e na implementação das normas que regem
sionais da escola com a aprendizagem dos alunos;
as formas de relacionamento na escola, fornecerá indica-
• no atendimento às necessidades específicas de
ções relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no
aprendizagem de cada um mediante abordagens
currículo e será incentivado a participar das organizações
apropriadas;
estudantis.
O trabalho educativo no Ensino Fundamental deve
• na utilização dos recursos disponíveis na escola e
empenhar-se na promoção de uma cultura escolar aco- nos espaços sociais e culturais do entorno;
lhedora e respeitosa, que reconheça e valorize as ex- • na contextualização dos conteúdos, assegurando
periências dos alunos atendendo as suas diferenças e que a aprendizagem seja relevante e socialmente
necessidades específicas, de modo a contribuir para efe- significativa;
tivar a inclusão escolar e o direito de todos à educação. • no cultivo do diálogo e de relações de parceria
Na implementação do projeto político-pedagógico, o com as famílias.
cuidar e o educar, indissociáveis funções da escola, re-
sultarão em ações integradas que buscam articular se, Como protagonistas das ações pedagógicas, caberá
pedagogicamente, no interior da própria instituição, e aos docentes equilibrar a ênfase no reconhecimento e

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


também externamente, com os serviços de apoio aos valorização da experiência do aluno e da cultura local
sistemas educacionais e com as políticas de outras áreas, que contribui para construir identidades afirmativas, e
para assegurar a aprendizagem, o bem-estar e o desen- a necessidade de lhes fornecer instrumentos mais com-
volvimento do aluno em todas as suas dimensões. plexos de análise da realidade que possibilitem o acesso
A necessária integração dos conhecimentos escola- a níveis universais de explicação dos fenômenos, propi-
res no currículo favorece a sua contextualização e apro- ciando-lhes os meios para transitar entre a sua e outras
xima o processo educativo das experiências dos alunos. realidades e culturas e participar de diferentes esferas da
A oportunidade de conhecer e analisar experiências as- vida social, econômica e política.
sentadas em diversas concepções de currículo integrado Os sistemas de ensino, as escolas e os professores,
e interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para com o apoio das famílias e da comunidade, envidarão
desenvolver propostas pedagógicas que avancem na di- esforços para assegurar o progresso contínuo dos alunos
reção de um trabalho colaborativo, capaz de superar a no que se refere ao seu desenvolvimento pleno e à aqui-
fragmentação dos componentes curriculares. sição de aprendizagens significativas, lançando mão de
Constituem exemplos de possibilidades de integra- todos os recursos disponíveis e criando renovadas opor-
ção do currículo, entre outros, as propostas curriculares tunidades para evitar que a trajetória escolar discente
ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, pro- seja retardada ou indevidamente interrompida.
jetos interdisciplinares com base em temas geradores Devem, portanto, adotar as providências necessárias
formulados a partir de questões da comunidade e articu- para que a operacionalização do princípio da continuida-
lados aos componentes curriculares e às áreas de conheci- de não seja traduzida como “promoção automática” de
mento, currículos em rede, propostas ordenadas em torno alunos de um ano, série ou ciclo para o seguinte, e para
de conceitos-chave ou conceitos nucleares que permitam que o combate à repetência não se transforme em des-
trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais compromisso com o ensino e a aprendizagem.
numa perspectiva transversal, e projetos de trabalho com A organização do trabalho pedagógico incluirá a mo-
diversas acepções. bilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escola-
Os projetos propostos pela escola, comunidade, re- res, a diversidade nos agrupamentos de alunos, as diver-
des e sistemas de ensino serão articulados ao desen- sas linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os
volvimento dos componentes curriculares e às áreas de variados suportes literários, as atividades que mobilizem
conhecimento, observadas as disposições contidas nas o raciocínio, as atitudes investigativas, as abordagens

63
complementares e as atividades de reforço, a articulação Considerando as características de desenvolvimento
entre a escola e a comunidade, e o acesso aos espaços dos alunos, cabe aos professores adotar formas de tra-
de expressão cultural. balho que proporcionem maior mobilidade das crianças
A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos nas salas de aula e as levem a explorar mais intensa-
das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do mente as diversas linguagens artísticas, a começar pela
currículo contribui para o importante papel que tem a literatura, a utilizar materiais que ofereçam oportunida-
escola como ambiente de inclusão digital e de utiliza- des de raciocinar, manuseando-os e explorando as suas
ção crítica das tecnologias da informação e comunicação, características e propriedades.
requerendo o aporte dos sistemas de ensino no que se Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os compo-
refere à: nentes curriculares Educação Física e Arte poderão estar
• provisão de recursos midiáticos atualizados e em a cargo do professor de referência da turma, aquele com
número suficiente para o atendimento aos alunos; o qual os alunos permanecem a maior parte do período
• adequada formação do professor e demais profis- escolar, ou de professores licenciados nos respectivos
sionais da escola. componentes.
Nas escolas que optarem por incluir Língua Estrangei-
A necessidade de assegurar aos alunos um percurso ra nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o professor
contínuo de aprendizagens torna imperativa a articula- deverá ter licenciatura específica no componente curri-
ção de todas as etapas da educação, especialmente do cular.
Ensino Fundamental com a Educação Infantil, dos anos Nos casos em que esses componentes curriculares
iniciais e dos anos finais no interior do Ensino Fundamen- sejam desenvolvidos por professores com licenciatura es-
tal, bem como do Ensino Fundamental com o Ensino Mé- pecífica, deve ser assegurada a integração com os demais
dio, garantindo a qualidade da Educação Básica. componentes trabalhados pelo professor de referência
O reconhecimento do que os alunos já aprenderam da turma.
antes da sua entrada no Ensino Fundamental e a recu- A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos profes-
peração do caráter lúdico do ensino contribuirão para
sores e pela escola como parte integrante da proposta
melhor qualificar a ação pedagógica junto às crianças,
curricular e da implementação do currículo, é redimen-
sobretudo nos anos iniciais dessa etapa da escolarização.
sionadora da ação pedagógica e deve:
Na passagem dos anos iniciais para os anos finais do
• assumir um caráter processual, formativo e par-
Ensino Fundamental, especial atenção será dada:
ticipativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica,
• pelos sistemas de ensino, ao planejamento da
com vistas a:
oferta educativa dos alunos transferidos das redes
municipais para as estaduais;
a) identificar potencialidades e dificuldades de apren-
• pelas escolas, à coordenação das demandas espe-
dizagem e detectar problemas de ensino;
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

cíficas feitas pelos diferentes professores aos alu-


nos, a fim de que os estudantes possam melhor b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias
organizar as suas atividades diante das solicitações e abordagens de acordo com as necessidades dos
muito diversas que recebem. alunos, criar condições de intervir de modo ime-
diato e a mais longo prazo para sanar dificuldades
Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem e redirecionar o trabalho docente;
assegurar: c) manter a família informada sobre o desempenho
• a alfabetização e o letramento; dos alunos;
• o desenvolvimento das diversas formas de expres- d) reconhecer o direito do aluno e da família de discu-
são, incluindo o aprendizado da Língua Portugue- tir os resultados de avaliação, inclusive em instân-
sa, a Literatura, a Música e demais artes, a Educação cias superiores à escola, revendo procedimentos
Física, assim como o aprendizado da Matemática, sempre que as reivindicações forem procedentes.
da Ciência, da História e da Geografia; • utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais
• a continuidade da aprendizagem, tendo em conta como a observação, o registro descritivo e refle-
a complexidade do processo de alfabetização e os xivo, os trabalhos individuais e coletivos, os port-
prejuízos que a repetência pode causar no Ensino fólios, exercícios, provas, questionários, dentre
Fundamental como um todo e, particularmente, na outros, tendo em conta a sua adequação à faixa
passagem do primeiro para o segundo ano de es- etária e às características de desenvolvimento do
colaridade e deste para o terceiro. educando;
• fazer prevalecer os aspectos qualitativos da apren-
Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no dizagem do aluno sobre os quantitativos, bem
uso de sua autonomia, fizerem opção pelo regime se- como os resultados ao longo do período sobre os
riado, será necessário considerar os três anos iniciais do de eventuais provas finais;
Ensino Fundamental como um bloco pedagógico ou um • assegurar tempos e espaços diversos para que os
ciclo sequencial não passível de interrupção, voltado alunos com menor rendimento tenham condições
para ampliar a todos os alunos as oportunidades de sis- de ser devidamente atendidos ao longo do ano
tematização e aprofundamento das aprendizagens bási- letivo;
cas, imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos. • prover, obrigatoriamente, períodos de recupera-
ção, de preferência paralelos ao período letivo;

64
• assegurar tempos e espaços de reposição dos carga horária anual, com vistas à maior qualificação do
conteúdos curriculares, ao longo do ano letivo, processo de ensino aprendizagem, tendo como horizon-
aos alunos com frequência insuficiente, evitando, te o atendimento escolar em período integral.
sempre que possível, a retenção por faltas; A proposta educacional da escola de tempo integral
• possibilitar a aceleração de estudos para os alunos promoverá a ampliação de tempos, espaços e oportu-
com defasagem idade-série. nidades educativas e o compartilhamento da tarefa de
educar e cuidar entre os profissionais da escola e de
Os procedimentos de avaliação adotados pelos pro- outras áreas, as famílias e outros atores sociais, sob a
fessores e pela escola serão articulados às avaliações coordenação da escola e de seus professores, visando
realizadas em nível nacional e às congêneres nos dife- alcançar a melhoria da qualidade da aprendizagem e da
rentes Estados e Municípios, criadas com o objetivo de convivência social e diminuir as diferenças de acesso ao
subsidiar os sistemas de ensino e as escolas nos esforços conhecimento e aos bens culturais, em especial entre as
de melhoria da qualidade da educação e da aprendiza- populações socialmente mais vulneráveis.
gem dos alunos. O currículo da escola de tempo integral, concebido
A análise do rendimento dos alunos com base nos como um projeto educativo integrado, implica a amplia-
indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar ção da jornada escolar diária mediante o desenvolvimen-
os sistemas de ensino e a comunidade escolar a redi- to de atividades como o acompanhamento pedagógico,
mensionarem as práticas educativas com vistas ao alcan- o reforço e o aprofundamento da aprendizagem, a ex-
ce de melhores resultados. perimentação e a pesquisa científica, a cultura e as artes, o
A avaliação externa do rendimento dos alunos refe- esporte e o lazer, as tecnologias da comunicação e infor-
re-se apenas a uma parcela restrita do que é trabalhado mação, a afirmação da cultura dos direitos humanos, a pre-
servação do meio ambiente, a promoção da saúde, entre
nas escolas, de sorte que as referências para o currículo
outras, articuladas aos componentes curriculares e às áreas
devem continuar sendo as contidas nas propostas políti-
de conhecimento, a vivências e práticas socioculturais.
co-pedagógicas das escolas, articuladas às orientações e
As atividades serão desenvolvidas dentro do espaço
propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus
escolar conforme a disponibilidade da escola, ou fora
propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala.
dele, em espaços distintos da cidade ou do território em
Os sistemas, as redes de ensino e os projetos político-
que está situada a unidade escolar, mediante a utiliza-
-pedagógicos das escolas devem expressar com clareza
ção de equipamentos sociais e culturais aí existentes e o
o que é esperado dos alunos em relação à sua aprendi-
estabelecimento de parcerias com órgãos ou entidades
zagem. locais, sempre de acordo com o respectivo projeto polí-
Os resultados de aprendizagem dos alunos devem tico-pedagógico.
ser aliados à avaliação das escolas e de seus professores, Ao restituir a condição de ambiente de aprendizagem à
tendo em conta os parâmetros de referência dos insu-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


comunidade e à cidade, a escola estará contribuindo para a
mos básicos necessários à educação de qualidade para construção de redes sociais e de cidades educadoras.
todos nesta etapa da educação e respectivo custo aluno- Os órgãos executivos e normativos da União e dos
-qualidade inicial (CAQi), consideradas inclusive as suas sistemas estaduais e municipais de educação assegura-
modalidades e as formas diferenciadas de atendimento rão que o atendimento dos alunos na escola de tempo
como a Educação do Campo, a Educação Escolar Indíge- integral possua infraestrutura adequada e pessoal quali-
na, a Educação Escolar Quilombola e as escolas de tempo ficado, além do que, esse atendimento terá caráter obri-
integral. gatório e será passível de avaliação em cada escola.
A melhoria dos resultados de aprendizagem dos alu- A Educação do Campo, tratada como educação rural
nos e da qualidade da educação obriga: na legislação brasileira, incorpora os espaços da flores-
• os sistemas de ensino a incrementarem os disposi- ta, da pecuária, das minas e da agricultura e se estende,
tivos da carreira e de condições de exercício e va- também, aos espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e
lorização do magistério e dos demais profissionais extrativistas, conforme as Diretrizes para a Educação Bá-
da educação e a oferecerem os recursos e apoios sica do Campo.
que demandam as escolas e seus profissionais A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar
para melhorar a sua atuação; Quilombola são, respectivamente, oferecidas em uni-
• as escolas a uma apreciação mais ampla das opor- dades educacionais inscritas em suas terras e culturas
tunidades educativas por elas oferecidas aos edu- e, para essas populações, estão assegurados direitos
candos, reforçando a sua responsabilidade de pro- específicos na Constituição Federal que lhes permitem
piciar renovadas oportunidades e incentivos aos valorizar e preservar as suas culturas e reafirmar o seu
que delas mais necessitem. pertencimento étnico.
As escolas indígenas, atendendo a normas e ordena-
Considera-se como de período integral a jornada es- mentos jurídicos próprios e a Diretrizes Curriculares Na-
colar que se organiza em 7 (sete) horas diárias, no míni- cionais específicas, terão ensino intercultural e bilíngue,
mo, perfazendo uma carga horária anual de, pelo menos, com vistas à afirmação e à manutenção da diversidade
1.400 (mil e quatrocentas) horas. étnica e linguística, assegurarão a participação da co-
As escolas e, solidariamente, os sistemas de ensino, munidade no seu modelo de edificação, organização e
conjugarão esforços objetivando o progressivo aumento gestão, e deverão contar com materiais didáticos produ-
da carga horária mínima diária e, consequentemente, da zidos de acordo com o contexto cultural de cada povo.

65
O detalhamento da Educação Escolar Quilombola de- de materiais didáticos, dos espaços, mobiliários e equi-
verá ser definido pelo Conselho Nacional de Educação pamentos, dos sistemas de comunicação e informação,
por meio de Diretrizes Curriculares Nacionais específicas. dos transportes e outros serviços.
O atendimento escolar às populações do campo, O atendimento educacional especializado aos alu-
povos indígenas e quilombolas requer respeito às suas nos da Educação Especial será promovido e expandido
peculiares condições de vida e a utilização de pedago- com o apoio dos órgãos competentes. Ele não substitui
gias condizentes com as suas formas próprias de produ- a escolarização, mas contribui para ampliar o acesso ao
zir conhecimentos, observadas as Diretrizes Curriculares currículo, ao proporcionar independência aos educandos
Nacionais Gerais para a Educação Básica. para a realização de tarefas e favorecer a sua autonomia.
As escolas das populações do campo, dos povos in- O atendimento educacional especializado poderá ser
dígenas e dos quilombolas, ao contar com a participação oferecido no contraturno, em salas de recursos multifun-
ativa das comunidades locais nas decisões referentes ao cionais na própria escola, em outra escola ou em cen-
currículo, estarão ampliando as oportunidades de: tros especializados e será implementado por professores
• reconhecimento de seus modos próprios de vida, e profissionais com formação especializada, de acordo
suas culturas, tradições e memórias coletivas, com plano de atendimento aos alunos que identifique
como fundamentais para a constituição da identi- suas necessidades educacionais específicas, defina os re-
dade das crianças, adolescentes e adultos; cursos necessários e as atividades a serem desenvolvidas.
• valorização dos saberes e do papel dessas popula- Os sistemas de ensino assegurarão, gratuitamente,
ções na produção de conhecimentos sobre o mun- aos jovens e adultos que não puderam efetuar os estu-
do, seu ambiente natural e cultural, assim como as dos na idade própria, oportunidades educacionais ade-
práticas ambientalmente sustentáveis que utilizam; quadas às suas características, interesses, condições de
• reafirmação do pertencimento étnico, no caso das vida e de trabalho mediante cursos e exames.
comunidades quilombolas e dos povos indígenas, A Educação de Jovens e Adultos, voltada para a ga-
e do cultivo da língua materna na escola para estes rantia de formação integral, da alfabetização às diferen-
últimos, como elementos importantes de constru- tes etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive
ção da identidade; àqueles em situação de privação de liberdade, é pautada
• flexibilização, se necessário, do calendário escolar, pela inclusão e pela qualidade social e requer:
das rotinas e atividades, tendo em conta as dife- • um processo de gestão e financiamento que lhe
renças relativas às atividades econômicas e cultu- assegure isonomia em relação ao Ensino Funda-
rais, mantido o total de horas anuais obrigatórias mental regular;
no currículo; • um modelo pedagógico próprio que permita a
• superação das desigualdades sociais e escolares apropriação e a contextualização das Diretrizes
que afetam essas populações, tendo por garantia Curriculares Nacionais;
o direito à educação. • a implantação de um sistema de monitoramento
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

e avaliação;
Os projetos político-pedagógicos das escolas do • uma política de formação permanente de seus
campo, indígenas e quilombolas devem contemplar a di- professores;
versidade nos seus aspectos sociais, culturais, políticos, • maior alocação de recursos para que seja ministra-
econômicos, éticos e estéticos, de gênero, geração e et- da por docentes licenciados.
nia.
As escolas que atendem a essas populações deve- A idade mínima para o ingresso nos cursos de Edu-
rão ser devidamente providas pelos sistemas de ensino cação de Jovens e Adultos e para a realização de exames
de materiais didáticos e educacionais que subsidiem o de conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos completos.
trabalho com a diversidade, bem como de recursos que Considerada a prioridade de atendimento à escola-
assegurem aos alunos o acesso a outros bens culturais e rização obrigatória, para que haja oferta capaz de con-
lhes permitam estreitar o contato com outros modos de templar o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e
vida e outras formas de conhecimento. adultos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, com defa-
A participação das populações locais pode também sagem idade/série, tanto na sequência do ensino regular,
subsidiar as redes escolares e os sistemas de ensino quanto em Educação de Jovens e Adultos, assim como
quanto à produção e à oferta de materiais escolares e nos cursos destinados à formação profissional, torna-se
no que diz respeito a transporte e a equipamentos que necessário:
atendam as características ambientais e socioculturais • fazer a chamada ampliada dos estudantes em to-
das comunidades e as necessidades locais e regionais. das as modalidades do Ensino Fundamental;
O projeto político-pedagógico da escola e o regi- • apoiar as redes e os sistemas de ensino a estabele-
mento escolar, amparados na legislação vigente, deve- cerem política própria para o atendimento desses
rão contemplar a melhoria das condições de acesso e estudantes, que considere as suas potencialidades,
de permanência dos alunos com deficiência, transtornos necessidades, expectativas em relação à vida, às
globais do desenvolvimento e altas habilidades nas clas- culturas juvenis e ao mundo do trabalho, inclusive
ses comuns do ensino regular, intensificando o processo com programas de aceleração da aprendizagem,
de inclusão nas escolas públicas e privadas e buscando a quando necessário;
universalização do atendimento. • incentivar a oferta de Educação de Jovens e Adul-
Os recursos de acessibilidade são aqueles que asse- tos nos períodos diurno e noturno, com avaliação
guram condições de acesso ao currículo dos alunos com em processo.
deficiência e mobilidade reduzida, por meio da utilização

66
A oferta de cursos de Educação de Jovens e Adultos,
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, será presencial RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 22 DE DE-
e a sua duração ficará a critério de cada sistema de en- ZEMBRO DE 2017 - INSTITUI E ORIENTA
sino. A IMPLANTAÇÃO DA BASE NACIONAL
Nos anos finais, ou seja, do 6º ano ao 9º ano, os cur- COMUM CURRICULAR, A SER RESPEITA-
sos poderão ser presenciais ou a distância, devidamente DA OBRIGATORIAMENTE AO LONGO DAS
credenciados, e terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de
duração.
ETAPAS E RESPECTIVAS MODALIDADES NO
Tendo em conta as situações, os perfis e as faixas etá- ÂMBITO DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
rias dos adolescentes, jovens e adultos, o projeto político-
-pedagógico da escola e o regimento escolar viabilizarão A Resolução do Conselho Pleno do Conselho Nacio-
um modelo pedagógico próprio para essa modalidade nal da Educação nº 2, de 22 de dezembro de 2017, ins-
de ensino que permita a apropriação e a contextualiza- titui e orienta a implantação da Base Nacional Comum
ção das Diretrizes Curriculares Nacionais, assegurando: Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo
• a identificação e o reconhecimento das formas de das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Edu-
aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a cação Básica.
valorização de seus conhecimentos e experiências; Seu inteiro teor pode ser acessado em:
• a distribuição dos componentes curriculares de http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_do-
modo a proporcionar um patamar igualitário de cman&view=download&alias=79631-rcp002-17-pdf&-
formação, bem como a sua disposição adequada category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192
nos tempos e espaços educativos, em face das ne-
cessidades específicas dos estudantes. Basicamente, a Resolução se divide em 6 capítulos,
contando com 26 dispositivos, além de um anexo. Nas
A inserção de Educação de Jovens e Adultos no Siste- considerações que formam seu preâmbulo, antecedendo
ma Nacional de Avaliação da Educação Básica, incluindo, os referidos capítulos, remonta à Constituição Federal, à
além da avaliação do rendimento dos alunos, a aferição LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
de indicadores institucionais das redes públicas e priva- Lei nº 9.394/1996), ao Plano Nacional de Educação e às
das, concorrerá para a universalização e a melhoria da competências do Conselho Nacional da Educação – CNE.
qualidade do processo educativo.
Tendo em vista a implementação destas Diretrizes, Capítulo I
cabe aos sistemas e às redes de ensino prover: Disposições Gerais
• os recursos necessários à ampliação dos tempos e
espaços dedicados ao trabalho educativo nas es- A Base Nacional Comum Curricular – BNCC é um
colas e a distribuição de materiais didáticos e es- “documento de caráter normativo que define o conjun-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


to orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais
colares adequados;
como direito das crianças, jovens e adultos no âmbito da
• a formação continuada dos professores e demais
Educação Básica escolar, e orientam sua implementação
profissionais da escola em estreita articulação com
pelos sistemas de ensino das diferentes instâncias fede-
as instituições responsáveis pela formação inicial,
rativas, bem como pelas instituições ou redes escolares”
dispensando especiais esforços quanto à forma-
(artigo 1o, caput).
ção dos docentes das modalidades específicas do
O artigo 4o da Resolução define as competências da
Ensino Fundamental e àqueles que trabalham nas
BNCC:
escolas do campo, indígenas e quilombolas;
• a coordenação do processo de implementação do
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamen-
currículo, evitando a fragmentação dos projetos
te construídos sobre o mundo físico, social, cultural e
educativos no interior de uma mesma realidade
digital para entender e explicar a realidade, continuar
educacional;
aprendendo e colaborar para a construção de uma so-
• o acompanhamento e a avaliação dos programas e
ciedade justa, democrática e inclusiva;
ações educativas nas respectivas redes e escolas e
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abor-
o suprimento das necessidades detectadas.
dagem própria das ciências, incluindo a investigação,
a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criativi-
O Ministério da Educação, em articulação com os Es- dade, para investigar causas, elaborar e testar hipó-
tados, os Municípios e o Distrito Federal, deverá encami- teses, formular e resolver problemas e criar soluções
nhar ao Conselho Nacional de Educação, precedida de (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
consulta pública nacional, proposta de expectativas de das diferentes áreas;
aprendizagem dos conhecimentos escolares que devem 3. Desenvolver o senso estético para reconhecer, va-
ser atingidas pelos alunos em diferentes estágios do En- lorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
sino Fundamental. culturais, das locais às mundiais, e também para par-
Cabe, ainda, ao Ministério da Educação elaborar ticipar de práticas diversificadas da produção artísti-
orientações e oferecer outros subsídios para a imple- co-cultural;
mentação destas Diretrizes. 4. Utilizar diferentes linguagens –verbal (oral ou vi-
sual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual,
sonora e digital –, bem como conhecimentos das lin-
guagens artística, matemática e científica para se ex-

67
pressar e partilhar informações, experiências, ideias e Capítulo II
sentimentos, em diferentes contextos, e produzir senti- Planejamento e organização
dos que levem ao entendimento mútuo;
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de BNCC – referência nacional para os sistemas de en-
informação e comunicação, de forma crítica, signifi- sino e para as instituições ou redes escolares públicas e
cativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais privadas da Educação Básica, dos sistemas federal, esta-
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e duais, distrital e municipais, para construírem ou revisa-
disseminar informações, produzir conhecimentos, re- rem os seus currículos (artigo 5o).
solver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva; Capítulo III
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências cul- Da BNCC, do currículo e da proposta pedagógica
turais e apropriar-se de conhecimentos e experiências
que lhe possibilitem entender as relações próprias Elaboração e execução com a participação dos professores,
do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao conforme definições de seus planos de trabalho (artigo 6o).
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com BNCC = referência obrigatória, cabendo complemen-
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsa- tação por parte diversificada (artigo 7o).
bilidade. Adequação da BNCC à realidade das escolas, nos ter-
7. Argumentar com base em fatos, dados e informa- mos do artigo 8o:
ções confiáveis, para formular, negociar e defender
ideias, pontos de vista e decisões comuns, que respei- I. Contextualizar os conteúdos curriculares, identifi-
tem e promovam os direitos humanos, a consciência cando estratégias para apresentá-los, representá-los,
socioambiental e o consumo responsável, em âmbito exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos,
local, regional e global, com posicionamento ético em com base na realidade do lugar e do tempo nos quais
relação ao cuidado consigo mesmo, com os outros e as aprendizagens se desenvolvem e são constituídas;
com o planeta. II. Decidir sobre formas de organização dos componen-
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde fí- tes curriculares – disciplinar, interdisciplinar, transdisci-
sica e emocional, compreendendo-se na diversidade plinar ou pluridisciplinar – e fortalecer a competência
humana e reconhecendo suas emoções e as dos ou- pedagógica das equipes escolares, de modo que se ado-
tros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. te estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborati-
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confli- vas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem;
tos, de forma harmônica, e a cooperação, fazendo-se III. Selecionar e aplicar metodologias e estratégias
respeitar, bem como promover o respeito ao outro e didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a rit-
aos direitos humanos, com acolhimento e valorização mos diferenciados e a conteúdos complementares, se
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus necessário, para trabalhar com as necessidades de di-
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem ferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de
preconceitos de qualquer natureza. origem, suas comunidades, seus grupos de socializa-
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, res- ção, entre outros fatores;
ponsabilidade, flexibilidade, resiliência e determina- IV. Conceber e pôr em prática situações e procedimen-
ção, tomando decisões, com base em princípios éticos, tos para motivar e engajar os estudantes nas apren-
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. dizagens;
V. Construir e aplicar procedimentos de avaliação for-
mativa de processo ou de resultado, que levem em
#FicaDica conta os contextos e as condições de aprendizagem,
tomando tais registros como referência para melhorar
Aprendizagens essenciais – conhecimentos o desempenho da instituição escolar, dos professores
+ habilidades + atitudes + valores + capaci- e dos alunos;
dade mobilizar, articular e integrar tais valo- VI. Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos di-
res – processo formativo ao longo de todas dáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensi-
etapas e modalidades da Educação Básica nar e aprender;
(artigo 2o). VII. Criar e disponibilizar materiais de orientação para
Competência da Base Nacional Comum Cur- os professores, bem como manter processos perma-
ricular = promover aprendizagens essenciais nentes de desenvolvimento docente, que possibili-
= mobilização de conhecimentos (conceitos tem contínuo aperfeiçoamento da gestão do ensino e
e procedimentos), habilidades (práticas cog- aprendizagem, em consonância com a proposta peda-
nitivas e socioemocionais), atitudes e valo- gógica da instituição ou rede de ensino;
res, para resolver demandas complexas da VIII. Manter processos contínuos de aprendizagem
vida cotidiana, do pleno exercício da cida- sobre gestão pedagógica e curricular para os demais
dania e do mundo do trabalho (artigo 3o). educadores, no âmbito das instituições ou redes de
Competências e habilidades = direitos e ob- ensino, em atenção às diretrizes curriculares nacio-
jetivos de aprendizagem (artigo 3o). nais, definidas pelo Conselho Nacional de Educação
e normas complementares, definidas pelos respectivos
Conselhos de Educação;

68
§1º Os currículos devem incluir a abordagem, de for- na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre
ma transversal e integradora, de temas exigidos por a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a
legislação e normas específicas, e temas contemporâ- escrita, a ciência e a tecnologia;
neos relevantes para o desenvolvimento da cidadania, V. Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível,
que afetam a vida humana em escala local, regional suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hi-
e global, observando-se a obrigatoriedade de temas póteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por
tais como o processo de envelhecimento e o respei- meio de diferentes linguagens;
to e valorização do idoso; os direitos das crianças e VI. Conhecer-se e construir sua identidade pessoal,
adolescentes; a educação para o trânsito; a educação social e cultural, constituindo uma imagem positiva
ambiental; a educação alimentar e nutricional; a edu- de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas
cação em direitos humanos; e a educação digital, bem experiências de cuidados, interações, brincadeiras e
como o tratamento adequado da temática da diversi- linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu
dade cultural, étnica, linguística e epistêmica, na pers- contexto familiar e comunitário.
pectiva do desenvolvimento de práticas educativas
ancoradas no interculturalismo e no respeito ao ca- Capítulo IV
ráter pluriétnico e plurilíngue da sociedade brasileira. BNCC no ensino fundamental
§2º As escolas indígenas e quilombolas terão no seu
núcleo comum curricular suas línguas, saberes e pe- O objetivo da BNCC no ensino fundamental é a arti-
dagogias, além das áreas do conhecimento, das com- culação com as experiências vividas na Educação Infan-
petências e habilidades correspondentes, de exigência til (artigo 11). No primeiro ano, o foco é a alfabetização
nacional da BNCC. (artigo 12). É importante assegurar o percurso contínuo
de aprendizagens ao longo do Ensino Fundamental, pro-
movendo integração nos nove anos desta etapa da Edu-
#FicaDica cação Básica (artigo 13).
“As instituições ou redes de ensino devem
intensificar o processo de inclusão dos alu-
nos com deficiência, transtornos globais do #FicaDica
desenvolvimento e altas habilidades nas A BNCC é organizada em Áreas do Conhe-
classes comuns do ensino regular, garantin- cimento, que são: linguagens, matemática,
do condições de acesso e de permanência ciências da natureza ciências humanas e
com aprendizagem, buscando prover aten- ensino religioso.
dimento com qualidade” (artigo 9o).

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Capítulo IV Capítulo V
BNCC na educação infantil Das disposições finais e transitórias

O artigo 10 fixa os direitos de aprendizagem e desen- Instituições de ensino – Adequação dos currículos à
volvimento no âmbito da Educação Infantil: BNCC deve ser efetivada preferencialmente até 2019 e
I. Conviver com outras crianças e adultos, em peque- no máximo, até início do ano letivo de 2020 (artigo 15).
nos e grandes grupos, utilizando diferentes lingua- Adequação das matrizes da educação básica à BNCC
gens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o – 1 ano (artigo 16).
respeito em relação à cultura e às diferenças entre as Os currículos dos cursos e programas destinados à
pessoas; formação continuada de professores devem adequar-se
II. Brincar cotidianamente de diversas formas, em di- à BNCC (artigo 17).
ferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros PNLD – Programa Nacional do Livro Didático – deve
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu atender à BNCC (artigo 20).
acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua Revisão após 5 anos (artigo 21).
imaginação, sua criatividade, suas experiências emo- CNE elaborará normas específicas sobre computação,
cionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, orientação sexual e identidade de gênero (artigo 22).
sociais e relacionais;
III. Participar ativamente, com adultos e outras crian-
ças, tanto do planejamento da gestão da escola e das
atividades, propostas pelo educador quanto da reali- EXERCÍCIO COMENTADO
zação das atividades da vida cotidiana, tais como a
escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambien- 1. (Câmara Legislativa do Distrito Federal - Con-
tes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando sultor Legislativo - Educação, Cultura e Desporto -
conhecimentos, decidindo e se posicionando em rela- FCC/2018) A Resolução CNE/CP nº 2, de 22/12/2017,
ção a eles; que institui a Base Nacional Comum Curricular esclarece
IV. Explorar movimentos, gestos, sons, formas, textu- que para seus efeitos, e com base na lei de Diretrizes e
ras, cores, palavras, emoções, transformações, relacio- Bases da Educação em vigor, a expressão “competências
namentos, histórias, objetos, elementos da natureza, e habilidades” deve ser considerada como:

69
a) A mobilização de conhecimentos, atitudes e valores na arena política. Fruto da mesma matriz intelectual, po-
para a cidadania. rém em oposição ao pensamento sofista, o filósofo Só-
b) Equivalente à expressão “direitos e objetivos de aprendizagem”. crates propunha ensinar a pensar – mais do que ensinar
c) Diretriz para a organização das disciplinas em qualquer a falar - através de perguntas cujas respostas dependiam
modalidade de ensino. de uma análise lógica e não simplesmente da mera retó-
d) Aplicadas à formação para o trabalho e à educação rica. Apesar de concepções opostas, tanto o pensamento
profissional técnica. sofista como o pensamento socrático contribuíram para
e) Não aplicáveis à educação infantil em creches e pré-escolas. a educação contemporânea através da valorização da ex-
periência e do conhecimento prévio do aluno enquanto
Resposta: Letra B. Nos termos do artigo 3o, parágrafo estratégias que se tornaram muito relevantes para o su-
único, Res. nº 2/2017, “para os efeitos desta Resolu- cesso na aprendizagem do aluno na contemporaneidade.
ção, com fundamento no caput do art. 35-A e no §
1º do art. 36 da LDB, a expressão  ‘competências e
Educação na Idade Média
habilidades’ deve ser considerada como equivalen-
te à expressão ‘direitos e objetivos de aprendizagem’
Podemos reconhecer traços da tradição espartana
presente na Lei do Plano Nacional de Educação (PNE)”.
na educação medieval. Os estudantes eram formados
A, B, D e E. Competências e habilidades = direitos e
objetivos de aprendizagem (artigo 3o). de acordo com o pensamento conservador da época e
a educação desenvolvida em consonância com os rígi-
dos dogmas da Igreja Católica. Cabe ressaltar que até
o século XVII os valores morais e até mesmo os ofícios
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCA- responsáveis pela garantia da subsistência eram trans-
ÇÃO: PERSPECTIVA HISTÓRICA DA EDU- mitidos em grande parte dentro dos próprios círculos
CAÇÃO. ASPECTOS FILOSÓFICOS E SO- familiares, sendo que esses valores e códigos de conduta
CIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO. ASPECTOS eram profundamente influenciados pelo pensamento re-
PSICOLÓGICOS DO DESENVOLVIMENTO ligioso. Em contrapartida, com as Reformas Religiosas e
HUMANO E TEORIAS DA APRENDIZAGEM. o Renascimento inicia-se uma nova era para o Ocidente
TEORIAS DE CURRÍCULO, NA PERSPECTI- e é marcada pelo ressurgimento dos ideais atenienses
nos discursos sobre os objetivos da Educação. O conhe-
VA PÓS-CRÍTICA DE CURRÍCULO. 5. CON-
cimento era tipo como um corpo sagrado, essa matriz
CEPÇÕES DE APRENDIZAGEM NA PERS- de pensamento permaneceu dominante e foi grande res-
PECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL. ponsável pela concepção do papel da educação desde
o desaparecimento do Antigo Regime até a constituição
dos Estados Nacionais: o conhecimento passa a ser orga-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

O processo de educação do homem foi fundamen- nizado para ser transmitido pela escola, através da auto-
tal para o desenvolvimento dos grupos sociais e de suas ridade do professor enquanto sujeito detentor do saber
respectivas sociedades, razão pela qual o conhecimento e mantenedor da ordem e da disciplina.
de sua história e experiências passadas é essencial para
a compreensão dos rumos tomados pela educação no Educação moderna
presente.
Foi esse modelo de educação escolar centrado na fi-
Educação na antiguidade gura do professor como transmissor do conhecimento
que se expandiu ao longo dos séculos XVIII e XIX, impul-
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade sionado pela Revolução Industrial e a consequente urba-
como a fonte principal sobre a qual a civilização ociden- nização e aumento demográfico. Além disso, o fortaleci-
tal se ergueu, o legado deixado pelas principais cidades mento e expansão de regimes democráticos influenciou
estados da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui- a reivindicação pelo acesso a escola enquanto direito do
-se como princípio de organização social e educativa que cidadão e à educação passa a ser atribuída a tarefa de
serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer formar cidadãos, cientes de direitos e deveres e capazes
dos séculos. Reconhecida por seu poder militar e caráter de exercê-los perante a sociedade.
guerreiro, o modelo de educação espartano baseava-se A partir de meados do século XIX, portanto, o mo-
na disciplina rígida, no autoritarismo, no ensino de ar- delo hierarquizado e autoritário de educação que carac-
tes militares e códigos de conduta, no estímulo da com- terizou as instituições escolares até então passou a ser
petitividade entre os alunos e nas exigências extremas questionado por educadores como Maria Montessori,
de desempenho. Por outro lado, Atenas tinha no logos na Europa, e John Dewey, nos Estados Unidos. Impulsio-
(conhecimento) seu ideal educativo mais importante. O nados pelo desenvolvimento dos estudos de psicologia
exercício da palavra, assim como a retórica e a polêmica, sobre aprendizagem e desenvolvimento humano, e com
era valorizado em função da prática da democracia entre críticas a pedagogia tradicional e a forma como os con-
iguais. Como herança da educação ateniense surgiram teúdos curriculares eram impostos aos alunos, esses e
os sofistas, considerados mestres da retórica e da orató- outros educadores passaram a reivindicar a participação
ria, eles ensinavam a arte das palavras para que seus alu- ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Desta
nos fossem capazes de construir argumentos vitoriosos forma e como mencionado anteriormente, essas pro-

70
postas resgataram princípios atenienses de educação ao literalmente o suporte fundamental de um método pe-
valorizar a experiência anterior do aluno e seus conheci- dagógico responsável pela formação cultural e religiosa
mentos prévios à aprendizagem escolar. das gerações europeias que estavam constituindo a nova
Em função dessa trajetória histórica, cabe salientar civilização que nascia sobre os escombros do Império
que a Educação não atendeu sempre aos mesmos ti- Romano. Importante também ressaltar o Renascimento
pos de objetivos e toda a sua análise requer, antes de com seu projeto humanista de cultura, e da Modernida-
tudo, um intenso esforço de reflexão e contextualização. de, com seu projeto iluminista de civilização.
Através deste caminho pode-se melhor compreender Não foi senão nesta última metade do século vinte
métodos e teorias educacionais, pois observamos traços que essa relação tendeu a se esmaecer! Parece ser a pri-
presentes nas práticas educativas atuais que remetem a meira vez que uma forte tendência da filosofia conside-
herança deixada pelos modelos educativos analisados ra-se desvinculada de qualquer preocupação de natureza
até aqui. Se, de um lado, está o valor da disciplina e do pedagógica, vendo-se tão-somente como um exercício
conhecimento a ser transmitido pela escola; e, de outro puramente lógico. Essa tendência desprendeu-se de
lado, a ideia de que o conhecimento é construído e con- suas próprias raízes, que se encontravam no positivismo,
sequentemente ninguém ensina nada a ninguém de for- transformando-se numa concepção abrangente. Deno-
ma definitiva; é importante a constatação de que essas minada neopositivismo, que passa a considerar a filosofia
correntes de pensamento não se excluem, uma vez que como tarefa subsidiária da ciência, só podendo legitimar-
nos dias atuais é necessário conciliar o valor do conhe- -se em situação de dependência frente ao conhecimento
cimento ao valor do engajamento dos alunos como es- científico, o único conhecimento capaz de verdade e o
tratégia para sanar as exigências de um mundo em con- único plausível fundamento da ação. Desde então qual-
tínuo desenvolvimento e marcado pelo fluxo constante quer critério do agir humano só pode ser técnico, nunca
de informação disponível a uma ampla gama de pessoas mais ético ou político. Fica assim rompida a unidade do
situadas em diferentes regiões do mundo. saber.
Como salienta Moacir Gadotti, o conhecimento tem Mas, na verdade, esse enviesamento da tradição fi-
presença garantida em qualquer projeção que se faça losófica na contemporaneidade é ainda parcial, restando
sobre o futuro; contudo, os sistemas educacionais ainda válido para as outras tendências igualmente significativas
não conseguiram avaliar de maneira satisfatória o im- da filosofia atual que os esforços de reflexão filosófica
pacto das tecnologias da informação sobre a Educação. estão profunda e intimamente envolvidos com a tarefa
Logo, será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo do educacional. E este envolvimento decorre de uma tríplice
passado e o tempo do futuro. Fazendo de tudo para su- vinculação que delineia três frentes em que se faz pre-
perar as condições de atraso e, ao mesmo tempo, crian- sente a contribuição da filosofia para a educação.
do condições para aproveitar as novas possibilidades que
surgem através desses novos espaços de conhecimento. A Educação como Projeto, a Reflexão e a Práxis

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


ASPECTOS FILOSÓFICOS A cultura contemporânea, fruto dessa longa trajetó-
ria do espírito humano em busca de algum esclarecimen-
No contexto da história da cultura ocidental, é fácil to sobre o sentido do mundo, é particularmente sensí-
observar que educação e filosofia sempre estiveram jun- vel a sua significativa conquista, que é a forma científica
tas e próximas. Pode-se constatar, com efeito, que desde do conhecimento. Coroamento do projeto iluminista da
seu surgimento na Grécia clássica, a filosofia se constituiu modernidade, a ciência dominou todos os setores da
unida a uma intenção pedagógica, formativa do humano. existência humana nos dias atuais. impondo-se não só
Para não citar senão o exemplo de Platão, em momento pela sua fecundidade explicativa enquanto teoria, como
algum o esforço dialético de esclarecimento que propõe também pela sua operacionalidade técnica, possibilitan-
ao candidato a filósofo deixa de ser simultaneamente um do aos homens o domínio e a manipulação do próprio
esforço pedagógico de aprendizagem. Praticamente to- mundo. Assim, também no âmbito da educação, seu im-
dos os textos fundamentais da filosofia clássica implicam, pacto foi profundo.
na explicitação de seus conteúdos, uma preocupação Como qualquer outro setor da fenomenalidade
com a educação. humana, também a educação pode ser reequacionada
Além desse dado intrínseco do conteúdo de seu pen- pelas ciências, particularmente pelas ciências humanas
samento, a própria prática dos filósofos, de acordo com que, graças a seus recursos metodológicos, possibilitam
os registros históricos disponíveis, estava intimamente uma nova aproximação do fenômeno educacional. O de-
vinculada a uma tarefa educativa, fossem eles sofistas ou senvolvimento das ciências da educação, no rastro das
não, a uma convivência escolar já com características de ciências humanas, demonstra o quanto foi profunda a
institucionalização. contribuição das mesmas para a elucidação desse fenô-
A verdade é que, em que pese o ainda restrito alcan- meno, bem como para o planejamento da prática peda-
ce social da educação. a filosofia surge intrinsecamente gógica. É por isso mesmo que muitos se perguntam se
ligada a ela, autorizando-nos a considerar, sem nenhuma além daquilo que nos informam a Biologia, a Psicologia,
figuração, que o filósofo clássico sempre foi um grande a Economia, a Sociologia e a História, é cabível esperar
educador. contribuições de alguma outra fonte, de algum outro
Desde então, no desenvolvimento histórico-cultu- saber que se situe fora desse patamar científico, de um
ral da filosofia ocidental, essa relação foi se estreitando saber de natureza filosófica. Não estariam essas ciências,
cada vez mais. A filosofia escolástica na Idade Média foi

71
ao explicitar as leis que regem o fenômeno educacional, nessas condições reais de existência é que se pode legi-
viabilizando técnicas bastantes para a condução mais timar o esforço sistemático da filosofia em construir uma
eficaz da prática educacional? Já vimos a resposta que imagem consistente do humano.
fica implícita nas tendências epistemológicas inspiradas Podemos usar a própria imagem do tempo e do
numa perspectiva neopositivista. espaço em nossa percepção para um melhor esclareci-
No entanto, é preciso dar-se conta de que, por mais mento da questão. Assim como formalmente o espaço
imprescindível e valiosa que seja a contribuição da ciência e o tempo são as coordenadas da realidade do mundo
para o entendimento e para a condução da educação, ela natural, tal qual é dado em nossa percepção, pode-se
não dispensa a contribuição da filosofia. Alguns aspectos dizer, por analogia que o social e o histórico são as coor-
da problemática educacional exigem uma abordagem denadas da existência humana. Por sua vez. o educacio-
especificamente filosófica que condiciona inclusive o nal, como aliás o político, constitui uma tentativa de in-
adequado aproveitamento da própria contribuição cien- tencionalização do existir social no tempo histórico.
tífica. Esses aspectos se relacionam com a própria condi- A educação é, com efeito, instauração de um projeto, ou
ção da existência dos sujeitos concernidos pela educação seja, prática concreta com vista a uma finalidade que dá
com o caráter práxico do processo educacional e com a sentido à existência cultural da sociedade histórica. ‘,
própria produção do conhecimento em sua relação com Os homens envolvidos na esfera do educacional —
a educação. Daí as três frentes em que podemos iden- sujeitos que se educam e que buscam educar — não po-
tificar a presença marcante da contribuição da filosofia. dem ser reduzidos a modelos abstratamente concebidos
de uma natureza humana”, modelo universal idealizado.
1. O Sujeito da Educação como também não se reduzem a uma “máquina natural”,
prolongamento orgânico da natureza biológica. Seres de
Assim, de um ponto de vista mais fundante, pode-se carências múltiplas, como que se desdobram num proje-
dizer que cabe à filosofia da educação a construção de to, pré-definem-se como exigência de um dever em vista
uma imagem do homem, enquanto sujeito fundamental de um “ser-mais”, de uma intencionalidade a ser reali-
da educação. Trata-se do esforço com vista ao delinea- zada: não pela efetivação mecânica de determinismos
mento do sentido mais concreto da existência humana. objetivos nem pela atuação energética de finalidades
Como tal, a filosofia da educação constitui-se como an- impositivas. O projeto humano se dá nas coordenadas
tropologia filosófica, como tentativa de integração dos históricas, sendo obra dos sujeitos atuando socialmente,
conteúdos das ciências humanas, na busca de uma visão num processo em que sua encarnação se defronta, a cada
integrada do homem. instante, com uma exigência de superação. É só nesse
Nessa tarefa ela é, pois, reflexão eminentemente an- processo que se pode conceber uma ressignificação da
tropológica e como tal, põe-se como alicerce fundante “essência humana”, pois é nele também, na frustração
de todas as demais tarefas que lhe cabem. Mas não basta desse processo, que o homem perde sua essencialidade.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

enunciar as coisas desta maneira, reiteirando a fórmula A educação pode, pois, ser definida como esforço para
universal de que não se pode tratar da educação a não se conferir ao social, no desdobramento do histórico, um
ser a partir de uma imagem do homem e da sociedade. sentido intencionalizado, como esforço para a instaura-
A dificuldade está justamente no modo de elaboração ção de um projeto de efetiva humanização, feita através
dessa imagem. A tradição filosófica ocidental, tanto atra- da consolidação das mediações da existência real dos
vés de sua perspectiva essencialista como através de sua homens.
perspectiva naturalista, não conseguiu dar conta das es- Assim, só uma antropologia filosófica pode lastrear
pecificidades das condições do existir humano e acabou a filosofia da educação. Mas uma antropologia filosófica
por construir de um lado, uma antropologia metafísica capaz de apreender o homem existindo sob mediações
fundamentalmente idealista com uma imagem univer- histórico-sociais, sendo visto então como ser eminente-
sal e abstrata da natureza humana, incapaz de dar conta mente histórico e social. Tal antropologia tem de se de-
da imergência do homem no mundo natural e social: de senvolver, então, como uma reflexão sobre a história e
outro lado, uma antropologia de fundo cientificista que sobre a sociedade, sobre o sentido da existência humana
insere o homem no fluxo vital da natureza orgânica, fa- nessas coordenadas. Mas, caberia perguntar: a constru-
zendo dele um simples prolongamento da mesma, e que ção dessa imagem do homem não seria exatamente a
se revela incapaz de dar conta da especificidade humana tarefa das ciências humanas? Isto coloca a questão das
nesse universo de determinismos. relações da filosofia com as ciências humanas, cabendo
Nos dois casos, como retomaremos mais adiante, esclarecer então que, embora indispensáveis, os resul-
a filosofia da educação perde qualquer solidez de seus tados obtidos pelas diversas ciências humanas não são
pontos de apoio. Com efeito, tanto na perspectiva es- suficientes para assegurar uma visão da totalidade diale-
sencialista quanto na perspectiva naturalista, não fica ticamente articulada da imagem do homem que se im-
adequadamente sustentada a condição básica da exis- põe construir. As ciências humanas investigam e buscam
tencialidade humana que é a sua profunda e radical explicar mediante a aplicação de seu categorial teórico,
historicidade, a ser entendida como a intersecção da os diversos aspectos da fenomenalidade humana e, gra-
espacialidade com a temporalidade do existir real dos ças a isso, tornam-se aptas a concretizar as coordenadas
seres humanos, ou seja, a intersecção do social com histórico-sociais da existência real dos homens. Mas, em
o histórico. O que se quer dizer com isso é que o ser decorrência de sua própria metodologia, a visão teórica
dos homens só pode ser apreendido em suas mediações que elaboram é necessariamente aspectual. Justamente
históricas e sociais concretas de existência. Só com base em função de sua menor rigidez metodológica, é que a

72
filosofia pode elaborar hipóteses mais abrangentes, ca- tivos que assegurem ao homem sua melhor vida natural.
pazes de alcançar uma visão integrada do ser humano, Ora, como a ciência dá conta das condições naturais da
envolvendo nessa compreensão o conjunto desses as- existência humana, ao mesmo tempo que domina e ma-
pectos, constituindo uma totalidade que não se resume nipula o mundo, ela tende a fazer o mesmo com relação
na mera soma das partes, partes estas que se articulam ao homem. Tende não só a conhecê-lo, mas ainda a ma-
então dialeticamente entre si e com o todo, sem perde- nipulá-lo, a controlá-lo e a dominá-lo, transpondo para
rem sua especificidade, formando ao mesmo tempo, uma seu âmbito a técnica decorrente desses conhecimentos.
unidade. A perspectiva filosófica integra ao totalizar, ao A “naturalização” do homem acaba transformando-o
unir e ao relacionar. Não se trata, no entanto, de elaborar num objeto facilmente manipulável e a prática humana
como que uma teoria geral das ciências humanas, pois considerada adequada, acaba sendo aquela dirigida por
não se atendo aos requisitos da metodologia científica, a critérios puramente técnicos. Seja no plano individual,
filosofia pode colocar hipóteses em maior alcance epis- seja no plano social essa ética naturalista apoia-se ape-
temológico. Assim, o que se pode concluir deste pon- nas nos valores de uma funcionalidade técnica.
to de vista é que a filosofia da educação, em sua tarefa Em consequência desses rumos que a reflexão filosó-
antropológica, trabalha em íntima colaboração com as fica, enquanto reflexão axiológica, tomou na tradição da
ciências humanas no campo da teoria educacional, in- cultura ocidental, a filosofia da educação não se afastou
corporando subsídios produzidos mediante investigação da mesma orientação. De um lado, tendeu a ver, como
histórico-antropológica por elas desenvolvida. fim último da educação, a realização de uma perfeição
dos indivíduos enquanto plena atualização de uma es-
2. O Agir, os Fins e os Valores sência modelar; de outro, entendeu-se essa perfeição
como plenitude de expansão e desenvolvimento de sua
De um segundo ponto de vista e considerando que natureza biológica. Agora, a filosofia da educação busca
a educação é fundamentalmente uma prática social, a desenvolver sua reflexão levando em conta os funda-
filosofia vai ainda contribuir significativamente para sua mentos antropológicos da existência humana, tais como
efetivação mediante uma reflexão voltada para os fins se manifestam em mediações histórico-sociais, dimen-
que a norteiam. A reflexão filosófica se faz então reflexão são esta que qualifica e especifica a condição humana.
axiológica, perquirindo a dimensão valorativa da cons- Tal perspectiva nega, retoma e supera aqueles aspectos
ciência e a expressão do agir humano enquanto relacio- enfatizados pelas abordagens essencialista e naturalista,
nado com valores. buscando dar à filosofia da educação uma configuração
A questão diretriz desta perspectiva axiológica é mais assente às condições reais da existência dos sujeitos
aquela dos fins da educação, a questão do para quê edu- humanos.
car. Não há dúvida, entretanto, que, também nesse senti-
do, a tradição filosófica no campo educacional, na maio- 3. A Força e a Fraqueza da Consciência

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


ria das vezes, deixou-se levar pela tendência a estipular
valores, fins e normas, fundando-os apressadamente A filosofia da educação tem ainda uma terceira tarefa:
numa determinação arbitrária, quando não apriorística, a epistemológica. cabendo-lhe instaurar uma discussão
de uma natureza ideal do indivíduo ou da sociedade. Foi sobre questões envolvidas pelo processo de produção,
o que ocorreu com a orientação metafísica da filosofia de sistematização e de transmissão do conhecimento
ocidental que fazia decorrer, quase que por um procedi- presente no processo especifico da educação. Também
mento dedutivo, as normas do agir humano da essência deste ponto de vista é significativa a contribuição da filo-
do homem, concebida, como já vimos, como um mode- sofia para a educação.
lo ideal, delineado com base numa ontologia abstrata. Fundamentalmente, esta questão se coloca porque
Assim, os valores do agir humano se fundariam na pró- a educação também pressupõe mediações subjetivas,
pria essência humana, essência esta concebida de modo ou seja, ela pressupõe a intervenção da subjetividade
ideal, abstrato e universal. A ética se tornava então uma de todos aqueles que se encontram envolvidos por ela.
ética essencialista, desvinculada de qualquer referência Em cada um dos momentos da atividade educativa está
sócio-histórica. O agir deve assim, seguir critérios éticos necessariamente presente uma ineludível dimensão de
que se refeririam tão-somente à essência ontológica dos subjetividade, que impregna, assim, o conjunto do pro-
homens. E a ética se transformava num sistema de crité- cesso como um todo. Desta forma, tanto no plano de
rios e normas puramente deduzidos dessa essência. suas expressões teóricas como naquele de suas realiza-
ções práticas, a educação envolve a própria subjetividade
Mas, por outro lado, ao tentar superar essa visão es- e suas produções, impondo ao educador uma atenção
sencialista, a tradição científica ocidental vai ainda vincu- específica para tal situação. A atividade da consciência é,
lar o agir a valores agora relacionados apenas com a de- assim, mediação necessária das atividades da educação.
terminação natural do existir do homem. O homem é um É por isso que a reflexão sobre a existência histórica
prolongamento da natureza física, um organismo vivo, e social dos homens enquanto elaboração de uma antro-
cuja perfeição maior não é, obviamente, a realização de pologia filosófica fundante, só se torna possível, na sua
uma essência, mas sim o desenvolvimento pleno de sua radicalidade, em decorrência da própria condição de ser
vida. O objetivo maior da vida, por sinal, é sempre viver o homem capaz de experimentar a vivência subjetiva da
mais e viver bem! E esta finalidade fundamental passa a consciência. A questão do sentido de existir do homem
ser o critério básico na delimitação de Iodos os valores e do mundo só se coloca graças a essa experiência. A
que presidem o agir. Devem ser buscados aqueles obje- grande dificuldade que surge é que essa experiência da

73
consciência é também uma riquíssima experiência de ilu- cesso da educação, a sua verdade completa não decorre
sões. A consciência é o lugar privilegiado das ilusões, dos dos produtos de uma ciência isolada e nem dos produtos
erros e do falseamento da realidade, ameaçando cons- somados de várias ciências: ele só se constitui mediante
tantemente comprometer sua própria atividade. o esforço de uma concorrência solidária e qualitativa de
Diante de tal situação, cabe à filosofia da educação várias disciplinas.
desenvolver uma reflexão propriamente epistemológica Esta malha de interdisciplinaridade na construção do
sobre a natureza dessa experiência na sua manisfestação sentido do educacional é tecida fundamentalmente pela
na área do educacional. Cabe-lhe, tanto de uma perspec- reflexão filosófica. A filosofia da educação não substitui
tiva de totalidade como da perspectiva da particularida- os conteúdos significadores elaborados pelas ciências:
de das várias ciências, descrever e debater a construção, ela, por assim dizer, os articula, instaurando uma comu-
pelo sujeito humano, do objeto “educação”. É nesse mo- nidade construtiva de sentido, gerando uma atitude de
mento que a filosofia da educação, por assim dizer, tem abertura e de predisposição à intersubjetividade.
de se justificar, ao mesmo tempo que rearticula os esfor- Esta visão interdisciplinar que se dá enquanto arti-
ços da própria ciência, para também se justificar, avalian- culação integradora do sentido da educação no plano
do e legitimando a atividade do conhecimento enquanto teórico, é igualmente expressão autêntica da prática to-
processo tecido no texto/contexto da realidade históri- talizadora onde ocorre a educação. Enquanto ação social,
co-social da humanidade. Com efeito e coerentemente atravessada pela análise científica e pela reflexão filosó-
com o que já se viu acima, a análise do conhecimento fica, a educação se torna uma práxis e, portanto, implica
não pode ser separada da análise dos demais compo- as exigências de eficácia do agir tanto quanto aquelas de
nentes dessa realiade. elucidação do pensar.
No seu momento epistemológico, a filosofia da edu- Portanto, tanto no plano teórico como no plano prá-
cação investe, pois, no esclarecimento das relações entre tico, referindo-se, seja aos processos de conhecimento,
a produção do conhecimento e o processo da educação. seja aos critérios da ação, e seja ainda ao próprio modo
É assim que muitas questões vão se colocando à neces- de existir dos sujeitos envolvidos na educação, a filosofia
sária consideração por parte dos que se envolvem com está necessariamente presente, sendo mesmo indispen-
a educação, também nesse plano da produção do saber, sável. E neste primeiro momento, como contínua gestora
desde aquelas relacionadas com a natureza da própria da interdisciplinaridade.
subjetividade até aquelas que se encontram implicadas Mas não termina aqui a tarefa epistemológica da fi-
no mais modesto ato de ensino ou de aprendizagem, losofia da educação. Com efeito, vimos há pouco que a
passando pela questão da possibilidade e da efetivida- experiência da subjetividade é também o lugar privilegia-
de das ciências da educação. Com efeito, aqui estão em do da ilusão e do falseamento da realidade. Sem dúvida,
pauta os esforços que vêm sendo desenvolvidos com a consciência emergiu como equipamento mais refinado
vista à criação de um sistema de saber no campo da edu- que instrumentalizou o homem para prover, com maior
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

cação, de tal modo que se possa dispor de um corpo flexibilidade, os meios de sua existência material. Mas, ao
de conhecimentos fundados numa episteme, num saber se voltar para a realidade no desempenho concreto dessa
verdadeiro e consistente. Trata-se, sem dúvida, de um finalidade, ela pode projetar uma objetividade não-real.
projeto de cientificidade para a área educacional. E o processo de alienação que a espreita a cada instan-
No desenvolvimento desse projeto, logo se percebeu te na sua relação com o mundo objetivo. Este é o outro
que o campo educacional, do ponto de vista epistemo- lado da subjetividade, o reverso da medalha. Em sua ati-
lógico, é extremamente complexo. Não é possivel pro- vidade subjetiva, a consciência acaba criando uma obje-
ceder com ele da mesma maneira que se procedeu no tividade apenas projetada, imaginada, ideada e não-real.
âmbito das demais ciências humanas. Para se aproximar Ocorre que a consciência humana é extremamente frágil
do fenômeno educacional foi preciso uma abordagem e facilmente dominável pelo poder que atravessa as re-
multidisciplinar, já que não se dispunha de um único lações sociais. Eis então o funcionamento ideológico da
acervo categorial para a construção e apreensão desse atividade subjetiva: o próprio conhecimento passa a ser
objeto; além disso, a abordagem exigia ainda uma pers- mais um instrumento de dominação que alguns homens
pectiva transdisciplinar, na medida em que o conjunto exercem sobre outros. A consciência, alienada em relação
categorial de cada disciplina lançava esse objeto para à realidade objetiva, constrói conteúdos representativos
além de seus próprios limites, enganchando-o em outros e avaliativos que são apresentados como verdadeiros e
conjuntos, indo além de uma mera soma de elementos: válidos quando, de fato, são puramente ideológicos, ou
no final das contas, viu-se ainda que se trata de um tra- seja, estão escamoteando as condições reais com vista
balho necessariamente interdisciplinar, as categorias a fazer passar por verdadeira uma concepção falsa, mas
de todos os conjuntos entrando numa relação recíproca apta a sustentar determinadas relações de dominação
para a constituição desse corpo epistêmico. Esta situa- presentes na sociedade. Com efeito, é para legitimar de-
ção peculiar tem a ver com o caráter predominantemen- terminadas relações de poder que a consciência elabo-
te praxiológico da educação: a educação é fundamen- ra como objetivas, como universais e como necessárias,
talmente de natureza prática, uma totalidade de ação, algumas representações que. na realidade social efetiva,
não só se deixando reduzir e decompor como se fosse referem-se apenas a interesses particulares de determi-
um simples objeto. Assim, quer seja considerada sob um nados grupos sociais.
enfoque epistemológico, quer sob um enfoque praxioló- Ora, todas as atividades ligadas à educação, sejam
gico, enquanto práxis concreta, a educação implica esta elas teóricas ou práticas, podem se envolver, e historica-
interdisciplinaridade, ou seja, o sentido essencial do pro- mente se envolveram, nesse processo ideológico. De um

74
lado, enquanto derivadas da atuação da consciência, po- O desenvolvimento geral do indivíduo será resulta-
dem estar incorporando suas representações falseadas e do de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das
falseadoras; de outro lado, enquanto vinculadas à prática habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A
social, podem estar ocultando relações de dominação e aprendizagem está diretamente relacionada com o de-
situações de alienação. A educação não é mais vista hoje senvolvimento cognitivo.
como o lugar da neutralidade e da inocência: ao contrá- As passagens pelos estágios da vida são marcadas
rio, ela é um dos lugares mais privilegiados da ideologia por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”,
e da inculcação ideológica, refletindo sua íntima vincula- diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem
ção ao processo social em suas relações de dominação a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes
política e de exploração econômica. impõe. A aprendizagem permite ao sujeito compreender
Assim, qualquer tentativa de intencionalização do melhor as coisas que estão à sua volta, seus companhei-
social através da educação pressupõe necessariamente ros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se
um trabalho contínuo de denúncia, de crítica e de supe- ao seu ambiente físico e social.
ração do “discurso” ideológico que se incorpora ao “dis- A teoria da instrução de Jerome Bruner (1991), um
curso” pedagógico. É então tarefa da filosofia da edu- autêntico representante da abordagem cognitiva, traz
cação desvelar criticamente a “repercussão” ideológica contribuições significativas ao processo ensino-apren-
da educação: só assim a educação poderá se constituir dizagem, principalmente à aprendizagem desenvolvida
em projeto que esteja em condições de contribuir para a nas escolas. Sendo uma teoria cognitiva, apresenta a
transformação da sociedade. preocupação com os processos centrais do pensamento,
Deste ponto de vista, a consciência filosófica é a me- como organização do conhecimento, processamento de
diação para uma contínua e atenta vigilância contra as informação, raciocínio e tomada de decisão. Considera a
artimanhas do saber e do poder, montadas no íntimo do aprendizagem como um processo interno, mediado cog-
processo educacional. nitivamente, mais do que como um produto direto do
ambiente, de fatores externos ao aprendiz. Apresenta-se
Conclusão como o principal defensor do método de aprendizagem
por descoberta (insight).
A contribuição que a filosofia dá à educação se tra- A teoria de Bruner apresenta muitos pontos seme-
duz e se concretiza nessas três frentes que. na realidade, lhantes às teorias de Gestalt e de Piaget. Bruner consi-
se integram e se complementam Entendo que apesar dera a existência de estágios durante o desenvolvimento
dos desvios e tropeços pelos quais passou na história da
cognitivo e propõe explicações similares às de Piaget,
cultura ocidental, a filosofia, enquanto filosofia da edu-
quanto ao processo de aprendizagem. Atribui importân-
cação, sempre procurou efetivar essa contribuição, na
cia ao modo como o material a ser aprendido é disposto,
medida em que sempre se propôs como esforço de ex-
assim como Gestalt, valorizando o conceito de estrutura
ploração e de busca dos fundamentos. Mesmo quando

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


e arranjos de ideias. “Aproveitar o potencial que o indiví-
acreditou tê-los encontrados nas essências idealizadas
duo traz e valorizar a curiosidade natural da criança são
ou nas regularidades da natureza! E ela poderá continuar
princípios que devem ser observados pelo educador”.
contribuindo se entender que esses fundamentos têm a
ver com o sentido do existir do homem em sua totalida- A escola não deve perder de vista que a aprendiza-
de trançada na realidade histórico-social.1 gem de um novo conceito envolve a interação com o já
aprendido. Portanto, as experiências e vivências que o
APRENDIZAGEM aluno traz consigo favorecem novas aprendizagens. Bru-
ner chama a atenção para o fato de que as matérias ou
disciplinas tais como estão organizadas nos currículos,
FIQUE ATENTO!
constituem-se muitas vezes divisões artificiais do saber.
A aprendizagem é um processo contínuo Por isso, várias disciplinas possuem princípios comuns
que ocorre durante toda a vida do indiví- sem que os alunos – e algumas vezes os próprios profes-
duo, desde a mais tenra infância até a mais sores – analisem tal fato, tornando o ensino uma repeti-
avançada velhice. Normalmente uma criança ção sem sentido, em que apenas respondem a comandos
deve aprender a andar e a falar; depois a ler arbitrários, Bruner propõe o ensino pela descoberta. O
e escrever, aprendizagens básicas para atingir método da descoberta não só ensina a criança a resolver
a cidadania e a participação ativa na socieda- problemas da vida prática, como também garante a ela
de. Já os adultos precisam aprender habilida- uma compreensão da estrutura fundamental do conheci-
des ligadas a algum tipo de trabalho que lhes mento, possibilitando assim economia no uso da memó-
forneça a satisfação das suas necessidades ria, e a transferência da aprendizagem no sentido mais
básicas, algo que lhes garanta o sustento. amplo e total.
Segundo Bock (2001), a preocupação de Bruner é
As pessoas idosas embora nossa sociedade seja reti- que a criança aprenda a aprender corretamente, ainda
cente quanto às suas capacidades de aprendizagem po- que “corretamente” assuma, na prática, sentidos diferen-
dem continuar aprendendo coisas complexas como um tes para as diferentes faixas etárias. Para que se garanta
novo idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a uma aprendizagem correta, o ensino deverá assegurar a
exercer uma nova profissão. aquisição e permanência do aprendido (memorização),
de forma a facilitar a aprendizagem subsequente (trans-
1 Fonte: www.emaberto.inep.gov.br - Texto adaptado de Antônio Joa- ferência). Este é um método não estruturado, portanto o
quim Severino

75
professor deve estar preparado para lidar com perguntas De modo geral, no meio escolar, quando se faz refe-
e situações diversas. O professor deve conhecer a fundo rência a planejamento do ensino – aprendizagem, este se
os conteúdos a serem tratados. Deve estar apto a conhe- reduz ao processo através do qual são definidos os ob-
cer respostas corretas e reconhecer quando e porque as jetivos, o conteúdo programático, os procedimentos de
respostas alternativas estão erradas. Também necessita ensino, os recursos didáticos, a sistemática de avaliação
saber esperar que os alunos cheguem à descoberta, sem da aprendizagem, bem como a bibliografia básica a ser
apressa-los, mas garantindo a execução de um programa consultada no decorrer de um curso, série ou disciplina
mínimo. Deve também ter cuidado para não promover de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento
um clima competitivo que gere, ansiedade e impeça al- adotado pela maioria dos professores e que passou a ser
guns alunos de aprender. valorizado apenas em sua dimensão técnica.
O modelo de ensino e aprendizagem de David P. Em nosso entendimento a escola faz parte de um
Ausubel (1980) caracteriza-se como um modelo cogni- contexto que engloba a sociedade, sua organização,
tivo que apresenta peculiaridades bastante interessantes sua estrutura, sua cultura e sua história. Desse modo,
para os professores, pois centraliza-se, primordialmente, qualquer projeto de ensino – aprendizagem está ligado
no processo de aprendizagem tal como ocorre em sala a este contexto e ao modo de cultura que orienta um
de aula. Para Ausubel, aprendizagem significa organi- modelo de homem e de mulher que pretendemos for-
zação e integração do material aprendido na estrutura mar, para responder aos desafios desta sociedade. Por
cognitiva, estrutura esta na qual essa organização e inte- esta razão, pensamos que é de fundamental importância
gração se processam. que os professores saibam que tipo de ser humano pre-
Psicólogos e educadores têm demonstrado uma cres- tendem formar para esta sociedade, pois disto depende,
cente preocupação com o modo como o indivíduo apren- em grande parte, as escolhas que fazemos pelos con-
de e, desde Piaget, questões do tipo: “Como surge o co- teúdos que ensinamos, pela metodologia que optamos e
nhecer no ser humano? Como o ser humano aprende? O pelas atitudes que assumimos diante dos alunos. De certo
conhecimento na escola é diferente do conhecimento da modo esta visão limitada ou potencializada o processo en-
vida diária? O que é mais fácil esquecer?” atravessaram as sino-aprendizagem não depende das políticas públicas em
investigações científicas. Assim, deve interessar à escola curso, mas do projeto de formação cultural que possui o
saber como criança, adolescentes e adultos elaboram seu corpo docente e seu compromisso com objeto de estudo.
conhecer, haja vista que a aquisição do conhecimento é a Como o ato pedagógico de ensino-aprendizagem
questão fundamental da educação formal. constitui-se, ao longo prazo, num projeto de formação
A psicologia cognitiva preocupa responder estas humana, propomos que esta formação seja orientada
questões estudando o dinamismo da consciência. A por um processo de autonomia que ocorra pela produ-
aprendizagem é, portanto, a mudança que se preocupa ção autônoma do conhecimento, como forma de pro-
com o eu interior ao passar de um estado inicial a um es- mover a democratização dos saberes e como modo de
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

tado final. Implica normalmente uma interação do indi- elaborar a crítica da realidade existente.
víduo com o meio, captando e processando os estímulos Isto quer dizer que só há crítica se houver produção
selecionados. autônoma do conhecimento elaborado através de uma
O ato de ensinar envolve sempre uma compreensão prática efetiva da pesquisa. Entendemos que é pela prática
bem mais abrangente do que o espaço restrito do pro- da pesquisa que exercitamos a reflexão sobre a realidade
fessor na sala de aula ou às atividades desenvolvidas pe- como forma de sistematizar metodologicamente nosso
los alunos. Tanto o professor quanto o aluno e a escola olhar sobre o mundo para podermos agir sobre os proble-
encontram-se em contextos mais globais que interferem mas. Isto quer dizer que não pesquisamos por pesquisar e
no processo educativo e precisam ser levados em consi- nem refletimos por refletir. Tanto a reflexão quanto à pes-
quisa são meios pelos quais podemos agir como sujeitos
deração na elaboração e execução do ensino.
transformadores da realidade social. Isto indica que nos-
Ensinar algo a alguém requer, sempre, duas coisas:
so trabalho, como professores, é o de ensinar a aprender
uma visão de mundo (incluídos aqui os conteúdos da
para que o conhecimento construído pela aprendizagem
aprendizagem) e planejamento das ações (entendido
seja um poderoso instrumento de combate às formas de
como um processo de racionalização do ensino). A prá-
injustiças que se reproduzem no interior da sociedade.
tica de planejamento do ensino tem sido questionada
Piaget (1969), foi quem mais contribuiu para com-
quanto a sua validade como instrumento de melhoria
preendermos melhor o processo em que se vivencia a
qualitativa no processo de ensino como o trabalho do
construção do conhecimento no indivíduo.
professor: Apresentamos as ideias básicas de Piaget sobre o de-
[...] a vivência do cotidiano escolar nos tem eviden- senvolvimento mental e sobre o processo de construção
ciado situações bastante questionáveis neste sentido. do conhecimento, que são adaptação, assimilação e aco-
Percebe-se, de início, que os objetivos educacionais pro- modação.
postos nos currículos dos cursos apresentam confusos e Piaget diz que o indivíduo está constantemente inte-
desvinculados da realidade social. Os conteúdos a serem ragindo com o meio ambiente. Dessa interação resulta
trabalhados, por sua vez, são definidos de forma auto- uma mudança contínua, que chamamos de adaptação.
ritária, pois os professores, via re regra, não participam Com sentido análogo ao da Biologia, emprega a palavra
dessa tarefa. Nessas condições, tendem a mostrar-se adaptação para designar o processo que ocasiona uma
sem elos significativos com as experiências de vida dos mudança contínua no indivíduo, decorrente de sua cons-
alunos, seus interesses e necessidades. tante interação com o meio.

76
Esse ciclo adaptativo é constituído por dois subpro- Teorias de aprendizagem referem-se a:
cessos: assimilação e acomodação. A assimilação está 1. no sentido mais amplo: conjunto global de marcos,
relacionada à apropriação de conhecimentos e habi- enfoques e perspectivas teóricas que tentam oferecer ex-
lidade. O processo de assimilação é um dos conceitos plicações mais ou menos gerais dos elementos e fatores
fundamentais da teoria da instrução e do ensino. Per- implicados nos processos de mudança que as pessoas
mite-nos entender que o ato de aprender é um ato de experimentam como resultado de sua experiência e de
conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os sua relação com o meio;
fatos, fenômenos e relações do mundo, da natureza e 2. no sentido mais restrito: designa um subconjunto
da sociedade, através do estudo das matérias de ensi- específico desses marcos teóricos, que são caracteriza-
no. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem dos porque se inspiram, de maneira mais ou menos dire-
é uma relação cognitiva entre o sujeito e os objetos de ta, na tradição CONDUTISTA em psicologia.
conhecimento. Uma “teoria de aprendizagem” oferece uma explica-
A acomodação é que ajuda na reorganização e na ção sistemática, coerente e unitária de: como se aprende;
modificação dos esquemas assimilatórios anteriores do quais são os limites da aprendizagem e porque se esque-
indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência, aco- ce o que foi aprendido.
modando-as às estruturas mentais já existentes. Portan-
to, a adaptação é o equilíbrio entre assimilação e acomo- Teorias Conexionistas (Teorias Estímulo – Respos-
dação, e acarreta uma mudança no indivíduo. ta)
A inteligência desempenha uma função adaptativa,
pois é através dela que o indivíduo coleta as informa- As teorias conexionistas estabelecem que a aprendi-
ções do meio e as reorganiza, de forma a compreender zagem se deva a conexões entre estímulos e respostas.
melhor a realidade em que vive, nela agi, transformando. 1) algumas teorias conexionistas antigas:
Para Piaget (1969), a inteligência é adaptação na sua for- 1.1. Teoria de Ivan Pavlov que concebia a aprendiza-
ma mais elevada, isto é, o desenvolvimento mental, em gem como substituição de estímulo, ou seja, o estímulo
sua organização progressiva, é uma forma de adaptação condicionado, depois de ter sido emparelhado um nú-
sempre mais precisa à realidade. É preciso ter sempre em mero suficiente de vezes com o estímulo incondicionado,
mente que Piaget usa a palavra adaptação no sentido passa a elucidar a mesma resposta, podendo substituí-lo.
em que é usado pela Biologia, ou seja, uma modificação Pavlov criou a primeira teoria sobre aprendizagem,
que ocorre no indivíduo em decorrência de sua interação
que precedeu e inspirou a Pedagogia Tecnicista.
com o meio.
1.2. Teoria behaviorista (comportamental) de Wat-
Portanto, é no processo de construção do conheci-
son que afirmava que toda aprendizagem depende do
mento e na aquisição de saberes que devemos fazer com
meio externo, que toda atividade humana é condiciona-
que o aluno seja motivado a desenvolver sua aprendi-
da e condicionável em decorrência da variação na cons-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


zagem e ao mesmo tempo superar as dificuldades que
tituição genética e que não há necessidade alguma de
sentem em assimilar o conhecimento adquirido.
mencionar a vida psíquica ou a consciência.
Teorias da Aprendizagem para a Prática Pedagó-
gica Watson recebeu expressiva influência das pesquisas
de Pavlov a respeito do reflexo condicionado.
O tema que iremos tratar é o da aprendizagem, haja O principal pressuposto da teoria é que a aprendiza-
vista ser a aprendizagem, para mim, o fenômeno mais gem em geral é sinônimo de formação de hábitos e seus
significativo para a prática pedagógica. princípios são: (1) aprendizagem acontece através da re-
Embora esse assunto conduza a uma ampla discussão, petição a estímulos, (2) os reforços positivos e negativos
pois impõe o conhecimento dos fundamentos da própria têm influência fundamental para a formação dos hábitos
área de aprendizagem e da Psicologia, enquanto ciência, desejados, (3) a aprendizagem ocorre melhor se as ativi-
e considerando que esse é apenas um momento, temos dades forem graduadas.
como objetivo contextualizar as teorias da aprendizagem 1.3. O conexionismo (associacionismo) de Thorndi-
de forma que o estudo contribua para um entendimento ke que postula ser a aprendizagem resultante de cone-
mais específico das necessidades dessa temática para a xões nervosas estabelecidas entre impressões sensoriais
formação de professores. e impulsos para a ação. Também como aprendizagem
De acordo com Moreira (1999), “uma teoria é uma por ensaio e erro (trial and error learning). À forma mais
tentativa humana de sistematizar uma área de conheci- característica de aprendizagem, Thorndike chamou de
mento, uma maneira particular de ver as coisas, de expli- aprendizagem por seleção e conexão. Dessa maneira,
car e prever observações, de resolver problemas”. E nesse um comportamento que tem uma resposta positiva gera
sentido, o mesmo autor define uma teoria de aprendi- uma conexão firme em termos de aprendizagem. Isso é
zagem como: “uma construção humana para interpretar conhecido como a lei do reforço.
sistematicamente a área de conhecimento que chama-
mos aprendizagem. Representa o ponto de vista de um A Teoria Behaviorista de Skinner
autor/pesquisador sobre como interpretar o tema apren-
dizagem, quais as variáveis independentes, dependentes A abordagem de Skinner considera o comportamen-
e intervenientes. Tenta explicar o que é aprendizagem e to observável e não se preocupa com os processos inter-
porque funciona como funciona. mediários entre o estímulo (E) e a resposta (R).

77
A aprendizagem seria fruto de condicionamento ope- - Ensino = o processo por meio do qual se instauram
rante, ou seja, um comportamento é premiado, reforça- nos alunos as condutas descritas pelos que plane-
do, até que ele seja condicionado de tal forma que ao se jam o currículo.
retirar o reforço5 o comportamento continue a aconte-
cer. A aprendizagem é um comportamento observável, Algumas considerações sobre a abordagem com-
adquirido de forma mecânica e automática através de portamental
estímulos e respostas.
Skinner apresenta dois tipos de aprendizagem: Como essa abordagem focaliza comportamentos ex-
1º. Condicionamento Respondente - “reflexo” ou “in- teriorizados do indivíduo, comportamentos esses obser-
voluntário” que não é tão expressivo no comportamento váveis, convencionou-se operacionalizar a aprendizagem
do ser humano. É controlado por um estímulo preceden- em relação ao cumprimento de uma tarefa realizada com
te. êxito, confundindo-se, assim, resposta a uma determina-
2º. Condicionamento Operante que se relaciona com da ação como se ela fosse sinônimo de aprendizagem.
o comportamento operante e seria “voluntário”. Inclui Desconsidera-se, desse modo, que conhecimento
tudo o que fazemos e que tem efeito no mundo exterior aprendido não pode ser mensurado como fato pontual.
ou opera nele. É controlado por suas consequências - es- A crítica mais significativa à abordagem behaviorista
tímulos que se seguem à resposta. diz respeito à abstração que se faz do sujeito e da sua
Para Skinner o comportamento é aquilo que pode ser vida pessoal, centralizando o estudo no comportamento
objetivamente estudado e pode ser modelado através da exterior expresso. Muitas vezes, o trato com o fenôme-
administração de reforços positivos e negativos, o que no apresenta-se de forma superficial. Deixa de abordar
implica também numa relação causal entre reforço (cau- determinados aspectos da aprendizagem por não serem
sa) e comportamento (efeito). passíveis de investigação objetiva, como, por exemplo,
Pelo fato do comportamento ser controlado por suas angústia, alegria, tristeza, amor...
consequências, o programa de Skinner faz uso da utiliza- A ausência de manifestações exteriores não significa
ção sistemática de um reforço, privando ou não o sujeito que não houve aprendizagem, porque esta nem sempre
do mesmo conforme um comportamento rigorosamente é visível, como se lê em vários livros. O silêncio e a apa-
pretendido. A eficácia do reforço depende da proximi- tia são também manifestações exteriores, que podem ser
dade temporal e espacial em relação ao comportamento observadas pelo educador e, em si mesmas, não significam
que se que pretende modelar, sob pena de incidir sobre necessariamente uma não-aprendizagem, pois podem ter
outro que não esteja em questão. outras interpretações em determinados contextos.
A abordagem Skinneriana apresenta dois tipos de re- Devido a diversidade das teorias condutistas, fica
forço, a saber: difícil avaliar de uma maneira global os processos de
1º. o reforço positivo que fortalece a probabilidade mudanças educativas – isso contribui para limitar a com-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

do comportamento pretendido que segue; preensão do entendimento dos processos de aprendiza-


2º. o reforço negativo que enfraquece um determina- gem escolar. É uma abordagem importante no que diz
do comportamento em proveito de outro que faça cessar respeito a pesquisa de técnicas específicas para possíveis
o desprazer com uma situação. intervenções educativas.
Para Skinner a punição é diferente do reforço nega-
tivo. Em termos conceituais, a punição se refere a um Teoria das Hierarquias de Aprendizagem de Gagné
desprazer (estímulo) que se faz presente após um deter-
minado comportamento não pretendido por aquele que Em seu trabalho, Gagné aborda “condições de apren-
a aplica, enquanto que o reforço negativo se caracteriza dizagem”, “tipos de aprendizagem” e princípios de
aprendizagem”. Para Moreira (1999), “trata-se de uma
pela ausência (retirada) do desprazer após a ocorrência
teoria na medida em que procura relacionar e/ou unificar
de um comportamento pretendido por aquele que o
princípios de aprendizagem de modo a explicar fatos es-
promove. Skinner ilustra assim o aspecto antipedagógi-
pecíficos observados”.
co da punição.
Para Gagné a aprendizagem é um processo (interno)
A teoria da aprendizagem behaviorista forneceu os
visível de mudança nas capacidades do indivíduo e ocor-
fundamentos dos primeiros projetos de tecnologia ins-
re principalmente na interação do sujeito com seu meio
trucional baseada em computador.
(físico, social, psicológico). Se a aprendizagem ocorrer,
observa-se uma mudança comportamental persistente.
Aplicação à educação: Gagné identifica cinco categorias maiores de aprendiza-
gem:
A eficiência do modelo behaviorista na prática educa- - Informação verbal;
tiva = habilidade, com a qual o professor planeja suas ati- - Habilidades intelectuais;
vidades e a de seus alunos >> objetivos bem definidos e - Estratégias do cognitivo;
os planos eficientes para que as metas sejam alcançadas; - Habilidade motora;
- A aprendizagem = garantida pela sua programação - Atitudes.
cabendo ao professor estabelecer critérios, fixando
os comportamentos iniciais de seus alunos e aque- Não basta ver o comportamento do aprendiz e sim
les resultados que deverão apresentar durante e analisar o processo de aprendizagem (modelo de apren-
no final do processo. dizagem e memória).

78
Para Gagné uma habilidade intelectual pode ser ex- Princípios da Aprendizagem por Modelagem
plicada como habilidades mais simples e quando com-
binadas resultam em aprendizagem. As habilidades mais Para Bandura, a aprendizagem observacional é cons-
simples enquanto “pré-requisitos imediatos” possibilitam tituída por quatro etapas:
a identificação de outras habilidades muito mais simples 1ª. Atenção: processo que otimiza a aprendizagem;
das quais são formadas. É isso que Gagné denomina de 2ª. Retenção: um comportamento passa a ser apren-
“hierarquia de aprendizagem” e que significa um “mapa dido, quando for armazenado em nosso sistema cogni-
das habilidades subordinadas a alguma habilidade mais tivo;
complexa que deve ser aprendida”. Nesse sentido, pro- 3ª. Produção: o conhecimento precisa ser caracteri-
pôs oito fases ou tipos que constituem o ato de apren- zado em ação, diferentes capacidades e habilidades são
dizagem: necessárias para colocar um conhecimento em prática.
Tipo 1 - Aprendizagem de sinais: o aprendiz aprende 4ª. Motivação: uma necessidade ou desejo que impul-
a dar uma resposta geral e difusa a um sinal. Neste tipo siona um determinado tipo de comportamento e enca-
de aprendizagem o estímulo condicionado deve prece- minha para um objetivo.
der o incondicionado, num intervalo de tempo bastante Para Bandura, a ação humana resulta da interação
curto. recíproca entre três classes principais de determinantes:
Tipo 2 - Aprendizagem do tipo estímulo-resposta: o a) o comportamento;
indivíduo aprende uma resposta precisa a um estímulo b) os fatores pessoais internos = eventos cognitivos,
discriminado, ou seja, uma conexão - segundo Thorndi- afetivos e biológicos;
ke, ou uma operação discriminada - segundo Skinner. c) ambiente externo;
Tipo 3 - Aprendizagem em cadeias: consiste na aqui- - Aprendizagem por imitação e observação:
sição de duas ou mais conexões estímulo-resposta, e O aluno adquire e modifica pautas complexas de ação
pode começar tanto pelo fim da cadeia (pelo último elo) social, mecanismos cognitivos, regras abstratas, concei-
como pelo início (pelo primeiro elo da cadeia). As con- tos, estratégias de seleção e processamento de informa-
dições para este tipo de aprendizagem foram descritas ção, capacidade de elaborar predições ou expectativas,
principalmente por Skinner. sistemas de autorregularão, autoavaliação e auto recom-
Tipo 4 - Aprendizagem de associações verbais: seme- pensa.
lhante ao tipo 3, é uma aprendizagem de cadeias verbais.
Tipo 5 - Aprendizagem de discriminações múltiplas: Teoria do Desenvolvimento e Aprendizagem por
neste caso o aprendiz necessita dar respostas diferen- Descobrimento de Piaget
ciadas a diferentes estímulos, estabelecendo um deter-
minado número de cadeias que demonstrem a falta de Embora Piaget não enfatize o conceito de aprendi-
semelhança entre várias coisas. zagem em sua teoria cognitiva e sim faça uma teoria de

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


Tipo 6 - Aprendizagem de conceitos: este tipo de desenvolvimento mental, é possível entender que sua
aprendizagem torna possível ao indivíduo reagir a pes- contribuição à aprendizagem ocorra quando ele fala so-
soas ou fatos como um todo. O indivíduo adquire a capa- bre “aumento do conhecimento” e como isto ocorre: “só
cidade de dar respostas iguais a um grupo de estímulos, há aprendizagem (aumento de conhecimento) quando o
os quais podem diferir na sua forma física. esquema de assimilação sofre acomodação”.
Tipo 7 - Aprendizagem de princípios: um princípio é - Psicogênese do conhecimento = o conhecimento é
uma cadeia de dois ou mais conceitos e representa as resultado de interações entre o sujeito e o objeto e pela
relações existentes entre estes conceitos. assimilação dos objetos aos esquemas do indivíduo
Tipo 8 - Resolução de problemas: este tipo de apren- O conhecimento, além de ser construído pela asso-
dizagem requer operações mentais mais complexas, en- ciação entre objeto, é também dado pela assimilação dos
volvendo os outros tipos analisados. O indivíduo adquire objetos aos esquemas do indivíduo.
uma capacidade ou conhecimento. O sujeito (que conhece, cognoscente) é ativo.
Aprender = colocar em andamento um conjunto de A capacidade do sujeito de conhecer e compreender
condições de aprendizagem internas e externas. o mundo é decorrente de esquemas de ASSIMILAÇÃO e
ACOMODAÇÃO.
Teoria da Cognição Social de Bandura Na assimilação o sujeito, por exemplo, se agita, suga,
reúne, classifica, estabelece relações, e esses esquemas
Albert Bandura propõe uma abordagem de aprendi- se alteram como resultado da maturação biológica, de
zagem social e o papel das influências sociais na apren- experiências, trocas interpessoais e transmissões cultu-
dizagem. Se opõe a Skinner, principalmente por este não rais.
considerar os processos mentais e cognitivos na aprendi- A acomodação seria um mecanismo de ampliação
zagem humana. Nesse sentido, Bandura oferece uma ou- que o sujeito elabora a partir da assimilação.
tra versão do behaviorismo que chamou de sociobeha- Quando se estabelece a relação do sujeito conhece-
viorismo e que mais tarde seria chamada de abordagem dor e do objeto conhecido, articulando-se assimilações
cognitiva social. Para Bandura, a aprendizagem por ob- e acomodações, conclui-se o processo de adaptação e
servação é mais segura do que o comportamento ope- esse movimento todo é promovido pela equilibração.
rante de Skinner.

79
A equilibração é o conceito central na teoria cons- bre proposições em que não acredita, ou que ainda não
trutivista. acredita, que ainda considera puras hipóteses. É capaz
de inferir as conseqüências.Tem início os processos de
A teoria de Piaget analisa o desenvolvimento huma- pensamento hipotético-dedutivos.
no desde a sua gênese – e o desenvolvimento seria uma Para Piaget a aprendizagem depende do estágio de
passagem de um estágio de menor equilíbrio para outro. desenvolvimento do sujeito e a educação ocorre com
Para Piaget os estágios e períodos do desenvolvi- base nos pressupostos da equilibração constante.
mento caracterizam as diferentes maneiras do indivíduo As atividades principais seriam: jogos de pensamento
interagir com a realidade, ou seja, de organizar seus co- para o corpo e sentidos, jogos de pensamento lógico,
nhecimentos visando sua adaptação, constituindo-se na atividades sociais para o pensamento (teatro, excursões),
modificação progressiva dos esquemas de assimilação. ler e escrever, aritmética, ciência, arte e ofícios música e
Os estágios evoluem como uma espiral, de modo que educação física.
cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não No plano da informática = tem contribuído para mo-
define idades rígidas para os estágios, mas sim que estes delagens computacionais na área de IA em educação,
se apresentam em uma sequência constante. desenvolvimento de linguagens de programação e ou-
Estágio sensóriomotor, mais ou menos de 0 a 2 anos: tras modalidades de ensino auxiliado por computador
a atividade intelectual da criança é de natureza senso- com orientação construtivista.
rial e motora. A principal característica desse período é a Programa mais popular = LOGO caracterizado como
ausência da função semiótica, isto é, a criança não repre- ambiente informático embasado no construtivismo = o
senta mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre indivíduo constrói, ele próprio, os mecanismos do pen-
eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade samento e os conhecimentos a partir das interações que
intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na tem com seu ambiente psíquico e social.
passagem de um estágio para o outro. A escola deve propor atividades desafiadoras que
Estágio pré-operacional, mais ou menos de 4 a 6 provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas,
anos: (Biaggio destaca que em algumas obras Piaget en-
promovendo a descoberta e a construção do conheci-
globa o estágio pré-operacional como um subestágio do
mento. Conhecimento como resultado de uma intera-
estágio de operações concretas): a criança desenvolve a
ção, na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que
capacidade simbólica; “já não depende unicamente de
procura ativamente compreender o mundo que o cerca,
suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue
e que busca resolver as interrogações que esse mundo
um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo
provoca de forma autônoma.
que ele significa (o objeto ausente), o significado”. Para
Principais objetivos da educação: formação de ho-
a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do
mens “criativos, inventivos e descobridores”, de pessoas
pensamento simbólico (conferir em Leitura Complemen-
críticas e ativas, e na busca constante da construção da
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

tar). Este período caracteriza-se: pelo egocentrismo: isto


é, a criança ainda não se mostra capaz de colocar-se na autonomia.
perspectiva do outro, o pensamento pré-operacional é
estático e rígido, a criança capta estados momentâneos, Aprendizagem por Descoberta em Bruner
sem juntá-los em um todo; pelo desequilíbrio: há uma
predominância de acomodações e não das assimilações; Jerome Seymour Bruner enfatiza que a aprendizagem
pela irreversibilidade: a criança parece incapaz de com- é um processo que ocorre internamente, e não como um
preender a existência de fenômenos reversíveis, isto é, produto do ambiente, das pessoas ou dos fatores exter-
que se fizermos certas transformações, somos capazes nos àquele que aprende. Realça a motivação intrínseca
de restaurá-las, fazendo voltar ao estágio original, como (interesse na matéria), a transferência da aprendizagem
por exemplo, a água que se transforma em gelo e aque- e a importância do pensamento intuitivo e que privilegia
cendo-se volta à forma original. a curiosidade do aluno e o papel do professor como ins-
Estágio das operações concretas, mais ou menos dos tigador dessa curiosidade, daí ser chamada de teoria da
7 aos 11 anos: a criança já possui uma organização men- descoberta. O seu método prevê estruturação das maté-
tal integrada, os sistemas de ação reúnem-se em todos rias de ensino, sequência na apresentação dessas maté-
integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao rias, motivação e reforço. Para Bruner, o êxito do ensino
invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes disciplinar depende do modo como os alunos entendem,
ângulos. Conclui e consolida as conservações do núme- pois, crianças em diferentes etapas de desenvolvimento
ro, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar possuem formas características de ver e explicar o mun-
com objetos, agora representados, sua flexibilidade de do. Bruner destaca o processo da descoberta, através da
pensamento permite um sem número de aprendizagens. exploração de alternativas, e o currículo em espiral.
Estágio das operações formais, mais ou menos dos Para Bruner, a aprendizagem mais significativa é a
12 anos em diante: ocorre o desenvolvimento das ope- desenvolvida por métodos de descoberta orientada, que
rações de raciocínio abstrato. A criança se liberta intei- implicam proporcionar - aos estudantes - oportunidades
ramente do objeto, inclusive o representado, operan- de manipulação de objetos em forma ativa para transfor-
do agora com a forma (em contraposição a conteúdo), má-los pela ação direta, assim como por atividades que
situando o real em um conjunto de transformações. A os animem a procurar, explorar, analisar ou processar, de
grande novidade do nível das operações formais é que alguma outra maneira, a informação que recebem, em
o sujeito se torna capaz de raciocinar corretamente so- vez de somente respondê-la.

80
De acordo com Bruner, “é possível ensinar qualquer - O ambiente influenciaria a internalização das ati-
assunto, de uma maneira honesta, a qualquer criança em vidades cognitivas no indivíduo, de modo que, o
qualquer estágio do desenvolvimento” aprendizado gere o desenvolvimento. Portanto, o
A teoria de Bruner é mais uma teoria de ensino, cujas desenvolvimento mental só pode realizar-se por
características são: intermédio do aprendizado.
1º Predisposições: no apontamento das experiências
afetivas para implantar no sujeito a predisposição para a Vigotsky distingue duas formas de funcionamento
aprendizagem mental:
2º Estrutura e forma de conhecimento: na especifica- 1ª. os processos mentais elementares: Os processos
ção de como deve ser estruturado um conjunto de co- mentais elementares correspondem ao estágio de inte-
nhecimentos ligência sensóriomotora de Piaget e são resultantes do
3º Sequência e suas aplicações: na citação da sequên- capital genético da espécie, da maturação biológica e da
cia mais eficiente para apresentar as matérias a serem experiência da criança com seu ambiente físico.
estudadas 2ª. Os processos mentais superiores: são construí-
4º Forma e distribuição do reforço: na ênfase a natu- das ao longo da história social do homem. Como? Na
reza e na aplicação dos prêmios e punições nos proces- sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e
sos de aprendizagem e ensino. símbolos desenvolvidos culturalmente, fazendo com que
“A aprendizagem depende do conhecimento dos re- o homem se distinga dos outros animais nas suas formas
sultados, no momento e no local que ele pode ser utili- de agir no e com o mundo.
zado para correção” Sustenta a teoria do desenvolvimento dos processos
“O processo de aprendizagem deve levar o estudante mentais superiores:
a desenvolver seu autocontrole a fim de que a aprendi- 1º. Relação entre educação, aprendizagem e desen-
zagem seja reforço de si própria” volvimento;
“A descoberta de um princípio por uma criança, é es- 2º. O papel da mediação social nas relações entre o
indivíduo e seu ambiente (mediado pelas ferramentas) e
sencialmente idêntica - enquanto processo - à descober-
nas atividades psíquicas intraindividuais (mediadas pelos
ta que um cientista faz em seu laboratório”
signos):
Bruner defende a participação ativa do aprendiz no
3º. A passagem entre o interpsíquico e o intrapsíqui-
processo de aprendizagem.
co nas situações de comunicação social.
Teoria Sociocultural de Vigotsky
A escola é o lugar onde a intervenção pedagógica in-
tencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
Leon S. Vigotsky defende a ideia de que a aprendi- O professor tem o papel explícito de interferir no proces-
zagem é necessária para o desenvolvimento. De acordo so, diferentemente de situações informais nas quais a crian-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


com Moreira (1999:121): Sua teoria é construtivista, no ça aprende por imersão em um ambiente cultural. Portanto,
sentido de que os instrumentos, signos e sistemas de é papel do docente provocar avanços nos alunos e isso se
signos são construções sóciohistórica e culturais, e a torna possível com sua interferência na zona proximal.
internalização, no indivíduo, dos instrumentos e signos Educação: a importância da atuação dos outros mem-
socialmente construídos, é uma reconstrução interna em bros do grupo social na mediação entre a cultura e o
sua mente. indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses mem-
O enfoque dado por Vigotsky destaca a participação bros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no pro-
em atividades com pessoas mais experientes é o que per- cesso de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos
mite às crianças apropriarem-se dos conteúdos culturais pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o
e progredirem na elaboração interna das capacidades objeto dessa intervenção: construir conceitos.
humanas superiores questão central: aquisição de co- O aluno não é tão somente o sujeito da aprendiza-
nhecimentos pela interação do sujeito com o meio. gem, mas, aquele que aprende junto ao outro o que o
- A linguagem desempenha papel muito importante seu grupo social produz, tal como: valores, linguagem e
na construção do conhecimento e é a ferramenta o próprio conhecimento.
psicológica mais importante.
- A aprendizagem precede o desenvolvimento numa Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel
relação dialética (Base da teoria Histórico Cultural)
e é fundamental para o desenvolvimento. David Paul Ausubel:
- O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo pro- - É considerado um dos maiores estudiosos da apren-
cesso de internalização da interação social com dizagem e dos procedimentos e métodos de ins-
materiais fornecidos pela cultura, sendo que o pro- truções.
cesso se constrói de fora para dentro. - Foi influenciado fundamentalmente pela teoria do
- A aprendizagem implica apropriação de conheci- desenvolvimento de J. Piaget.
mento, com planejamento e reorganização das ex- - E bastante atuante na área da Psicologia Educacio-
periências para o aluno. nal dos anos 50 aos anos 70.
- A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimen- - Os estudos de Ausubel partem de clara crítica à
to dos processos internos na interação com outras aprendizagem por descoberta de Bruner, que em
pessoas. 68 descreve uma alternativa metodológica de ins-
- O ensino deve passar do grupo para o indivíduo. trução baseada na orientação da aprendizagem.

81
Para Ausubel, o principal objetivo no processo de en- ser vista como ações que deverão se desenvol-
sino é que a aprendizagem obtida seja significativa. ver com mentes vazias e que a aprendizagem dos
- O material a ser aprendido precisa fazer sentido para alunos começa do “zero”. Os educandos têm uma
o aluno. Isto acontece quando a nova informação série de experiências e conhecimentos que afetam
“ancora-se” nos conceitos relevantes já existentes suas aprendizagens e podem ser aproveitados a
na estrutura cognitiva do aprendiz. seu favor.
- Neste processo a nova informação interage com - Ausubel resume significativa parte de sua obra da
uma estrutura de conhecimento específica, que seguinte maneira: “Se tivesse que reduzir toda a
Ausubel chama de conceito “subsunçor”. psicologia educacional a um só princípio, este teria
- Quando o material a ser aprendido não consegue como enunciado que o fator maior importância na
ligar-se a algo já conhecido, tem-se o que Ausubel aprendizagem é o que o aluno já sabe. Verifique
chamou de aprendizagem mecânica. Ocorre quan- isto e depois ensine”.
do as novas informações são aprendidas sem, no
entanto, interagirem com conceitos relevantes já A aprendizagem significativa e a aprendizagem
existentes na estrutura cognitiva. Assim, a pessoa mecânica
“decora” fórmulas, leis, emprega “macetes” para
realizar as avaliações esquecendo-se logo após. Aprendizagem Significativa: quando os conteúdos
são relacionados de modo não arbitrário e sequenciado
Para haver aprendizagem significativa é preciso duas com aquilo que o aluno já sabe. Este processo deverá ob-
condições: ter melhores resultados se o aluno tiver em sua estrutura
(a) que o aluno tenha disposição para aprender; cognitiva conceitos, enquanto ideias ou problemas, de
(b) que o material a ser aprendido seja potencialmen- maneira estável e definida, com as quais a nova informa-
te significativo (logicamente e psicologicamente). ção pode interagir. Isto significa que na aprendizagem
significativa, cada nova informação é ligada a conceitos
Psicologia da Educação e os Conceitos de David P. na estrutura cognitiva do sujeito.
Ausubel Alguns estudos desenvolvidos em laboratórios indi-
cam que é fundamental a orientação da aprendizagem
O fenômeno da aprendizagem humana estudado na perspectiva da aprendizagem significativa pois “a in-
pela Psicologia da Educação do ponto de vista de Ausu- formação aprendida de maneira mecânica inibe a apren-
bel vai além da simples modificação de conduta como se dizagem subsequente de material adicional similar. E
vê na abordagem comportamental, pois a aprendizagem além disso, mesmo esquecida a informação aprendida
significativa possibilita uma mudança no significado da mecanicamente inibe a aprendizagem de nova informa-
experiência. ção similar”.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

Assim, o processo educativo tem, basicamente, três Outros estudos indicam que a maioria das informa-
dimensões: ções aprendidas mecanicamente nas escolas é perdida
(a) os professores e sua maneira de ensinar; em um período de seis (6) a oito (8) semanas. Enquanto
(b) a estrutura dos conhecimentos que configuram o isso, a aprendizagem significativa provoca a ocorrência
currículo e o modo como este se desenvolve e do desenvolvimento e da elaboração de conceitos “sub-
(c) o contexto das relações sociais no qual se desen- sunçores”.
volve o processo educativo.
Neste sentido, uma “teoria de aprendizagem” oferece Aprendizagem Mecânica: se dá quando não existem
uma explicação sistemática, coerente e unitária de: como ‘subsunçores” adequados, de tal forma que a nova infor-
se aprende; quais são os limites da aprendizagem e por- mação é armazenada arbitrariamente sem, no entanto,
que se esquece o que foi aprendido. interagir (ou integrar-se) com conhecimentos pré-exis-
tentes. Conhecimentos estes relevantes e necessários
Sobre a aprendizagem significativa para fazer com que a tarefa do aprendiz seja potencial-
mente significativa, independente da quantidade de sig-
- Ausubel defende que a aprendizagem do aluno de- nificado potencial que esta tarefa tenha.
pende da estrutura cognitiva previa que se relacio- Para Ausubel, não há uma distinção entre aprendiza-
na com a nova informação. gem significativa e mecânica enquanto uma dicotomia,
- na orientação da aprendizagem é de vital impor- mas como “continuum”.
tância conhecer a estrutura cognitiva do aluno, não
apenas para saber a quantidade de informação Requisitos para a Aprendizagem Significativa:
que o aluno possui, mas para saber quais são os Ausubel defende que o aluno manifeste uma certa
conceitos e proposições que consegue manipular predisposição para relacionar de forma sustentada e não
além de seu grau de estabilidade. arbitrariamente o novo material com sua estrutura cog-
- Os princípios da aprendizagem propostos por Ausu- nitiva como se o material empregado no seu ensino fosse
bel apresentam um marco para o desenvolvimen- potencialmente significativo, para que seja “relacionável”
to de ferramentas metacognitivas que permitam com sua estrutura de conhecimento sobre uma base não
conhecer a organização da estrutura cognitiva do arbitrária.
aluno, a qual permitirá uma melhor orientação das
ações educativas. Esta não é uma ação que deva

82
Tipos de aprendizagem significativa: Passos para a construção de um mapa conceitual:
Para Ausubel há três tipos de aprendizagem signifi- 1. Anotar os principais termos ou conceitos acerta do
cativa: de representações de conceitos e de problemas. tópico
1ª. Aprendizagem de representações 2. Identificar os conceitos mais gerais, os intermédios
- É a aprendizagem mais elementar, da qual depen- e os específicos
dem os demais tipos de aprendizagem. 3. Começar a construir o mapa de conceitos:
- Consiste na atribuição de significados a determi- - Os conceitos são contornados com um círculo (oval
nado símbolos. Diz Ausubel: este tipo de aprendi- ou outra forma)
zagem ocorre quando se igualam em significados - Localizar o conceito mais geral no topo
símbolos arbitrários com seus objetos de referên- - Colocar os conceitos intermédios abaixo do geral e
cias (objetos, eventos, conceitos etc) e significam os específicos abaixo dos intermédios
para o aluno qualquer significado alusivo aos ob- 4. Traçar as linhas de ligação entre os conceitos
jetos referenciais. 5. “Etiquetar” as linhas de ligação com as palavras de
- Este tipo de aprendizagem se apresenta, geral- ligação para indicar como os conceitos estão rela-
mente, em crianças. Por exemplo, quando a crian- cionados - proposições
ça aprende a palavra “bola” quando esta passa a 6. Fazer a revisão do mapa
representar-lhe a mesma coisa, o objeto “bola’ e
a palavra “bola”. Não se trata de uma simples as- Critérios de classificação dos mapas de conceitos
sociação entre o símbolo e o objeto que o ninho de acordo com Novack:
relaciona de maneira relativamente subjetiva e não Proposições: A relação de significado entre dois con-
arbitrária, como uma equivalência de representa- ceitos é indicada pela linha que os une e pela palavra de
ção com os conteúdos relevantes existentes em ligação correspondente. A relação é válida? Atribuir um
sua estrutura cognitiva. ponto por cada relação válida e significativa que apareça,
pode ser um critério.
2ª. Aprendizagem de Conceitos Hierarquia: O mapa revela uma hierarquia? Cada um
- Os conceitos se definem como “objetos, eventos, dos conceitos subordinados é mais específico e menos
situações ou propriedades que possuem atributos geral que o conceito escrito acima dele? Cada nível hie-
de critérios comuns e que são designados median- rárquico válido pode valer 5 pontos.
te algum símbolo ou signo. Daí podemos afirmar Ligações Cruzadas: O mapa revela ligações significati-
que, de certa forma, também é uma aprendizagem vas entre um segmento da hierarquia conceitual e outro
de representação. segmento? Essa ligação é significativa e válida? Cada li-
- Para Ausubel, o desenvolvimento do conceito é me- gação cruzada válida e significativa pode valer por exem-
lhor quando os seus elementos mais gerais são plo 10 pontos.

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


introduzidos em primeiro lugar e são, progressi- Exemplos: Os acontecimentos ou objetos concretos
vamente, diferenciados em termos de detalhes e que sejam exemplos válidos do que designam os termos
especificidades. Há conceitos gerais, ordenados e conceptuais podem valer 1 ponto cada um (estes exem-
os mais específicos e subordinados. plos não devem ser circundados pela linha curva fechada
- Para Ausubel, a principal função da escola é pro- - círculo ou outra - uma vez que não são conceitos).
piciar a aprendizagem de conceitos. Para tanto é Um mapa de conceitos é sempre pessoal. Mas alguns
preciso separar os conceitos mais abrangentes e aspectos devem ser tidos em conta para conseguir um
os subordinados. maior aperfeiçoamento, tais como:
Mapas Conceituais - Usar palavras simples ou frases simples para infor-
mação
- Criados por Joseph D. Novak em 1960 - Usar fontes (tipo de letra) facilmente legíveis
- Baseia-se na teoria construtivista e na aprendizagem - Usar cores para separar ideias diferentes
significativa de Ausubel - Usar símbolos e imagens sugestivas
- Representam relações significativas entre os concei- - Usar formas diferentes para diferentes grupos de
tos na forma de proposições informação
- É um recurso de representação esquemática, seme- - Usar setas para mostrar relações de causa e efeito
lhantes a diagramas, através de uma estrutura bi-
dimensional de proposições, de significados con- CURRÍCULO
ceptuais.
INDAGAÇÕES SOBRE CURRÍCULO: Currículo e De-
Para Novak o um mapa conceptual pode ser simulta- senvolvimento Humano
neamente:
- Um recurso de autoaprendizagem para os alunos O texto “Currículo e Desenvolvimento Humano”, de
(e não só) Elvira Souza Lima, apresenta reflexão sobre currículo e
- Um método para encontrar e explicitar significado desenvolvimento humano, tendo como referência co-
para os materiais de estudo nhecimentos de Psicologia, Neurociências, Antropologia
- Uma estratégia que estimula a organização dos ma- e Linguística. Conceitua a cultura como constitutiva dos
teriais de estudo processos de desenvolvimento e de aprendizagem. Abor-
da questões como função simbólica, capacidade imagi-

83
nativa da espécie humana e memória. Discute currículo sos de desenvolvimento das novas gerações apresentam
e aquisição do conhecimento, informação e atividades peculiaridades absolutamente novas, mesmo para edu-
de estudo e a capacidade do ser humano de constituir e cadores jovens.
ampliar conceitos. Considerando que o desenvolvimento humano é re-
O texto faz uma abordagem sobre a questão do tem- sultante, como veremos mais adiante, da dialética entre
po da aprendizagem, apontando que a construção e o biologia e cultura, mudanças na cultura levarão certa-
desenvolvimento dos conceitos se realizam progressiva- mente a novas formas de pensamento e de comporta-
mente e de forma recorrente mento. A relação da criança com o adulto na escola é
uma relação específica, porque o professor não é, sim-
CURRÍCULO E DESENVOLVIMENTO HUMANO plesmente, mais um adulto com quem a criança intera-
ge – ele é um adulto com a tarefa específica de utilizar
Seres humanos vão à escola com vários objetivos. o tempo de interação com o aluno para promover seu
Mas a existência da escola cumpre um objetivo antropo- processo de humanização. O que é processo de huma-
lógico muito importante: garantir a continuidade da es- nização? Na antropologia, humanizar é o processo pelo
pécie, socializando para as novas gerações as aquisições qual todo ser humano passa para se apropriar das for-
e invenções resultantes do desenvolvimento cultural da mas humanas de comunicação, para adquirir e desen-
humanidade. Em nossa espécie, o adulto detém um pa- volver os sistemas simbólicos, para aprender a utilizar
pel importante, culturalmente determinado, de garantir os instrumentos culturais necessários para as práticas
esta continuidade. A espécie humana subsiste, exata- mais comuns da vida cotidiana até para a invenção de
mente, pela transmissão que seus membros mais velhos novos instrumentos, para se apropriar do conhecimento
fazem aos bebês, às crianças pequenas e aos jovens das historicamente constituído e das técnicas para a criação
ações humanas, dos conhecimentos, dos valores, da cul- nas artes e criação nas ciências. Processo de humaniza-
tura. Na escola, esta ação do adulto se revela como a ção implica, igualmente, em desenvolver os movimentos
função pedagógica que o professor tem de possibilitar do corpo para a realização de ações complexas como as
a apropriação do conhecimento sistematizado (que co- necessárias para a preservação da saúde, para as práti-
mumente chamamos de conhecimento formal), que ca- cas culturais, para realizar os vários sistemas de registro,
racteriza as ciências e as artes. Em um dado momento da como o desenho e a escrita. A humanização se refere,
evolução cultural da humanidade, marcado pela inven- assim, ao desenvolvimento cultural da espécie. O desen-
ção de sistemas simbólicos registrados, foi necessário in- volvimento cultural é função do momento histórico pelo
troduzir novas formas de atividade humana para garantir qual passa a humanidade e do quanto cada país participa
a transmissão das novas formas de saberes que estavam do acervo de cultura, tecnologia, ciências e bens dispo-
sendo criadas. Percebeu-se a necessidade de criar um es- níveis a um momento dado. Dentro de um mesmo país,
paço e um tempo separado da vida cotidiana para que a participação é definida também em termos de classes
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

as gerações se encontrassem com este objetivo. A esco- sociais, etnias, gênero e diversidade biológica. Um currí-
la foi criada, assim, há cerca de 4.500 anos, no momen- culo que se pretende democrático deve visar à humani-
to histórico da invenção da escrita e da matemática, do zação de todos e ser desenhado a partir do que não está
desenvolvimento da geometria e da expansão de certas acessível às pessoas. Por exemplo, no caso brasileiro, é
práticas artísticas. Podemos dizer que ambas - a escrita clara a exclusão do acesso a bens culturais mais básicos
e a escola - são criações recentes da humanidade, prin- como a literatura, os livros, os livros técnicos, atualização
cipalmente se considerarmos que a fala surgiu há cerca científica, os Um currículo que se pretende democrático
de 200 mil anos e que os primeiros registros de imagens deve visar à humanização de todos e ser desenhado a
em suportes como parede das cavernas datam de 25 mil partir do que não está acessível às pessoas.
anos no continente europeu. Antes mesmo disto, há 32 Além disso, existe a exclusão do acesso aos equipa-
mil anos, na África surgiram registros, hoje chamados de mentos tais como o computador, aos instrumentos bási-
protolinguagem. cos das ciências (como da biologia, física e química), aos
A escrita é, assim, bem mais recente, tendo surgido instrumentos e materiais das artes. É função da escola
há aproximadamente cinco milênios. Depois da criação prover e facilitar este acesso. A vinda da criança para a
da escrita, o desenvolvimento cultural da humanidade instituição tem, entre outros, um objetivo claro e preci-
se acelera chegando à invenção da imprensa no século so: aprender determinados conhecimentos e dominar
XV. Daí para frente, há uma aceleração acentuada no de- instrumentos específicos que lhe possibilitem a apren-
senvolvimento das ciências e das técnicas artísticas, na dizagem. E aprender, sobretudo, a utilizar estas aquisi-
invenção de equipamentos, na produção literária e de- ções não só para o seu desenvolvimento pessoal, como
senvolvimento tecnológico. A aceleração é tal que hoje para o do coletivo. Ou seja, o conhecimento colocado
testemunhamos em uma mesma geração mudanças a serviço do bem comum. A relação da criança com o
enormes nas formas de comunicação dos seres huma- adulto, na escola, é mediada, então, pelo conhecimento
nos, no fluxo de informação entre países e na inovação formal. O professor já se apropriou do conhecimento for-
instrumental e tecnológica. Isto reflete na escola: educar mal que o educando deverá adquirir e a interação entre
crianças hoje exige dos professores saberes muito dis- ambos deve ser tal que permita e promova a aprendi-
tintos do que se exigia dos professores que os ensina- zagem deste conhecimento. A ação pedagógica implica,
ram, há 20 ou 30 anos. Testemunhamos nas últimas duas portanto, numa relação especial em que o conhecimento
décadas mudanças extraordinárias no desenvolvimento é apropriado. Para tanto, o educador necessita adequar
cultural da espécie humana. Como resultado, os proces- sua prática pedagógica às possibilidades de desenvolvi-

84
mento e de aprendizagem de seus educandos. O aluno, do conhecimento à realidade cotidiana vivida por cada
por sua vez, depende, também, de formar atividades que grupo social, mas entende que conhecimento formal traz
levem à formulação do conhecimento. Chamamos estas outras dimensões ao desenvolvimento humano, além do
atividades de Atividades de Estudo, que serão discutidas “uso prático”. Há, portanto, uma diferença entre partir ou
no item IV. utilizar metodologicamente a experiência cultural do alu-
A instituição escolar, como vimos, foi constituída na no como caminho para ampliação da experiência huma-
história da humanidade como o espaço de socialização na na escola e definir como currículo a experiência cul-
do conhecimento formal historicamente construído. O tural do aluno. Um currículo para a formação humana é
processo de educação formal possibilita novas formas de aquele orientado para a inclusão de todos ao acesso dos
pensamento e de comportamento: por meio das artes e bens culturais e ao conhecimento, Está, assim, a serviço
das ciências o ser humano transforma sua vida e de seus da diversidade. Entendemos diversidade na concepção
descendentes. A escola é um espaço de ampliação da ex- de que ela é a norma da espécie humana: seres humanos
periência humana, devendo, para tanto, não se limitar às são diversos em suas experiências culturais, são únicos
experiências cotidianas da criança e trazendo, necessa- em suas personalidades e são diversos em suas formas
riamente, conhecimentos novos, metodologias e as áreas de perceber o mundo. Seres humanos apresentam, tam-
de conhecimento contemporâneas. O currículo se torna, bém, diversidade biológica. Algumas delas provocam
assim, um instrumento de formação humana. impedimentos de natureza distinta no processo de de-
senvolvimento das pessoas, as comumente chamadas de
Currículo e formação humana “portadoras de necessidades especiais”. Como a diversi-
dade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia, por
Para refletir sobre currículo e desenvolvimento hu- um currículo que atenda a todo tipo de diversidade.
mano, é necessário recorrer a algumas áreas de conheci-
mento além da psicologia. Os conhecimentos oferecidos Breve história dos currículos
pelas neurociências, antropologia, linguística e pelas ar-
tes são imprescindíveis para responder aos desafios de Os currículos iniciais nas escolas do antigo Egito, da
uma escola que promova a formação humana de todos Suméria, da Grécia tinham como eixo central a escrita, a
os educandos e que também amplie a experiência huma- matemática e as artes. Da escrita ensinava-se a leitura a
na de seus educadores. todos, mas o ato de escrever, propriamente dito, ficava
A psicologia foi a área de conhecimento de maior reservado às classes sociais economicamente favoreci-
influência na educação durante grande parte do século das. Minorias que chegavam até a escola permaneciam
XX. Uma ideia bastante difundida nas últimas décadas é três anos para aprender somente a ler, enquanto as crian-
a da criança que constrói seu próprio conhecimento. A ças das classes dominantes continuavam para aprender a
criança desempenha, sim, um papel importante em seus escrever. Escravos que acompanhavam os filhos dos se-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


processos de aprendizagem, mas não os realiza sozinha: nhores à escola, aprendiam a ler para ajudá-los nos deve-
antropologicamente, estes processos se dão por meio da res de casa. Na Roma Antiga, estes escravos eram chama-
ação dos adultos. E um dos componentes deste papel dos de pedagogos. As artes fizeram parte dos currículos,
do adulto está na definição do conceito de currículo e em várias civilizações em momentos históricos distintos.
de elaboração de seus componentes. Subjacente à ela- Na verdade, a música sempre foi um componente curri-
boração do currículo, está a concepção de ser humano e cular importante, acompanhada pela literatura. As artes
o papel que se pretende que a escola tenha em seu pro- visuais, a geometria, o desenho foram componentes cur-
cesso de desenvolvi- mento. Não há, portanto, currículo riculares que atravessaram os milênios. Na antiga Grécia,
ingênuo: ele sempre implica em uma opção e esta opção por exemplo, a música era um componente curricular tão
poderá ou não ser favorável ao processo de humaniza- importante como a leitura e a literatura.
ção. Um currículo para a formação humana precisa ser Na Idade Média também se verifica esta presença.
situado historicamente, uma vez que os instrumentos Mesmo no século XX, desenho artístico, desenho geo-
culturais que são utilizados na mediação do desenvolvi- métrico, música, canto orfeônico, solfejo faziam parte
mento e na dinâmica das funções psicológicas superio- dos currículos de escolas públicas, inclusive no Brasil. Um
res se modificam com o avanço tecnológico e científico. estudo cuidadoso da história do currículo na escola ao
Esta perspectiva do tempo é importante: novas áreas do longo dos milênios revela que quando falamos em for-
conhecimento vão se formando, por desdobramento de mação humana, em incluir a cultura na escola não esta-
áreas tradicionais do currículo (por exemplo, a ecologia a mos falando em algo totalmente novo no processo de
partir da biologia), ou são criadas como resultado de no- escolarização. A diferença é que hoje dispomos de mui-
vas práticas culturais, internet e web, ou ainda pela com- to mais conhecimento sobre o desenvolvimento do ser
plexidade crescente do conhecimento e da tecnologia. humano, notadamente da criança. O avanço nas várias
Um currículo para a formação humana introduz sempre áreas de conhecimento que estudam o ser humano em
novos conhecimentos, não se limita aos conhecimentos toda sua complexidade, principalmente na área das neu-
relacionados às vivências do aluno, às realidades regio- rociências (sobre o funcionamento biológico- cultural do
nais, ou com base no assim chamado conhecimento do cérebro), é que nos traz hoje outra dimensão para o ensi-
cotidiano. no e a aprendizagem. O mais inovador é a revelação que
É importante alertar para a diferença entre um currí- ela traz de como os conhecimentos sistematizados - seja
culo que parte do cotidiano e aí se esgota e um currículo na área dos códigos simbólicos, das ciências ou das artes
que engloba em si mesmo não apenas a aplicabilidade - formam a pessoa, integrando-se à sua identidade cultu-

85
ral e à sua personalidade. O conhecimento torna-se não sistematizado, assim como todas as categorias de ciên-
somente uma aquisição individual, mas uma das possibi- cias. Não há dicotomia entre artes e ciências, elas têm
lidades de desenvolvimento da pessoa que terá reflexos entre si vários pontos que as aproximam e na formação
na vida em sociedade. Formar a pessoa para situar-se, escolar é importante que ambas sejam igualmente valo-
inclusive, como membro de um grupo passa a ser, tam- rizadas no currículo.
bém, um objetivo de uma educação escolar voltada para É necessário superar, também, a concepção de que o
a humanização. O conhecimento torna- se não somente conhecimento seja apenas informação. O conhecimen-
uma aquisição individual, mas uma das possibilidades de to resulta da “organização” de informações em redes
desenvolvimento da pessoa que terá reflexos na vida em de significados. Esta organização não é uma organiza-
sociedade. ção qualquer, pois deve ser passível de ser ampliada por
Este fato é da maior importância: as comunidades novos atos de conhecimento, por outras informações ou
humanas são afetadas de alguma forma pelo acervo de ainda ser reorganizada em função de atividades específi-
conhecimentos de todos os seus membros. Ou seja, o cas à apropriação do conhecimento.
conhecimento individual de cada um tem, também, uma Quando ao ser humano é ensinado algum conteúdo
dimensão coletiva. Ele pode, ou não, ser disponibilizado de alguma área de conhecimento formalmente organi-
para todos, dependendo da concepção pessoal de cada zado, ele estabelece formas de pensamento (conceitual)
um. O conhecimento é um bem comum, devendo, por- muito diversas das que constitui nas atividades da vida
tanto, ser socializado a todos os seres humanos. O cur- cotidiana.
rículo é o instrumento por excelência desta socialização. Uma das consequências mais notáveis do trabalho
intelectual é que ele “fornece” um modo de trabalho
A experiência pedagógica de uma Rede Pública categorial, estabelecendo padrões. Traça-se aqui uma
Municipal diferença fundamental no funcionamento da memória
de longa duração, pois ela não é feita somente de infor-
Uma Rede Municipal elaborou uma proposta de cur- mações, mas de padrões de integração, de classificação
rículo para formação humana, definindo além dos con- e de organizações das informações. São criados, assim,
teúdos, os pilares de ação pedagógica e os eixos para a internamente, padrões possíveis de serem utilizados em
formação humana dos alunos. Os pilares da ação peda- outras situações de aprendizagem e de exercício do pen-
gógica estabelecidos foram observação dirigida, descri- samento.
ção, registro e comunicação. Ao realizar seu planejamen-
to, o professor dispunha de quadros de referência para Desenvolvimento Humano
verificar se o trabalho a ser desenvolvido com o conteú-
do de qualquer área de conhecimento atendia aos princí-
O desenvolvimento humano se realiza em períodos
pios de formação humana pretendidos pela proposta pe-
que se distinguem entre si pelo predomínio de estra-
dagógica. Ou seja, os pilares orientavam o planejamento:
tégias e possibilidades específicas de ação, interação e
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

o professor podia - e devia - confirmar que o conteúdo e as


aprendizagem. Os períodos de desenvolvimento são,
atividades planejadas contemplavam cada um deles. Garan-
normalmente, referidos como infância, adolescência, ma-
tia-se, com estes pilares, que o aluno realizasse as atividades
turidade e velhice. É mais adequado, porém, pensarmos
humanas necessárias para aprender os conhecimentos es-
colares, sendo a observação e as várias formas de registro o processo de desenvolvimento humano em termos das
as práticas mais enfatizadas. Quanto aos eixos, eles foram transformações sucessivas que o caracterizam, transfor-
definidos de acordo com os processos de desenvolvimento mações que são marcadas pela evolução biológica (que
e aprendizagem. Por exemplo, para a educação no período é constante para todos os seres humanos) e pela vivên-
da infância foram adotados os seguintes eixos: cia cultural. Enquanto espécie, o ser humano apresenta,
• Constituição, a partir das práticas culturais da infân- desde o nascimento, uma plasticidade muito grande no
cia, de riquíssimas vivências de movimento corpo- cérebro, podendo desenvolver várias formas de compor-
ral, carregadas de ritmo e sentido. Desenvolvimen- tamento, aprender várias línguas, utilizar diferentes re-
to Conceitual cursos e estratégias para se inserir no meio, agir sobre
• Organização interna da informação que a consciên- ele, avaliar, tomar decisões, defender-se, criar condições
cia precisa para formar a ideia e ampliá-la. Sistema de sobrevivência ao longo de sua vida.
Simbólico
• Sistema de representação criado pelo homem, Plasticidade Cerebral
como recursos da linguagem e da memória, por
meio dos quais a humanidade pode se entender, O cérebro humano apresenta uma grande plastici-
comunicar e produzir cultura. Oralidade dade. Plasticidade é a possibilidade de formação de co-
• Ampliação do léxico da criança articulando o discur- nexões entre neurônios a partir das sinapses. A plastici-
so do cotidiano e o discurso escolar. dade se mantém pela vida toda, embora sua amplitude
varie segundo o período de formação humana. Assim é
A importância do conhecimento formal - as ciên- que, quanto mais novo o ser humano, maior plasticidade
cias e as artes apresenta. Certas conexões se fazem com uma rapidez
muito grande na criança pequena. É isto que possibilita
Conhecimento formal é todo conhecimento sistema- o desenvolvimento da linguagem oral, a aprendizagem
tizado, criado a partir do desenvolvimento cultural da de uma ou mais línguas maternas simultaneamente, o
humanidade. Todas as formas de arte são conhecimento domínio de um instrumento musical, o desenvolvimento

86
dos movimentos complexos e a perícia de alguns deles, Desenvolvimento cultural
como aqueles envolvidos no ato de desenhar, de correr,
de nadar... O desenvolvimento tecnológico e o processo de glo-
Consequentemente a infância é o período de maior balização da informação por meio da imagem modifica-
plasticidade e isto atende, naturalmente, ao processo in- ram os processos de desenvolvimento cultural por intro-
tenso de crescimento e desenvolvimento que ocorre nes- duzirem novas formas de mediação. As novas gerações
te período. Assim, a plasticidade atende às necessidades desenvolvem-se com diferenças importantes em relação
da espécie. às gerações precedentes, por meio, por exemplo, da inte-
Que possibilidades concretas são estas de formação ração com a informática, com as imagens pre- sentes por
de conexões? O cérebro humano dispõe de cerca de 100 meio urbano (várias formas de propaganda, como carta-
bilhões de neurônios, sendo que cada um pode chegar zes, outdoors móveis). O mesmo acontece com crianças
a estabelecer cerca de 1000 sinapses, em certas circuns- nas zonas rurais com o advento da eletricidade e da TV,
tâncias ainda mais. Desta forma, as possibilidades são de ou com crianças indígenas que passaram a experienciar
trilhões de conexões, o que significa que a capacidade o processo de escolarização e, também, em vários casos
de aprender de cada um de nós é absolutamente muito a presença de novos instrumentos culturais como o rá-
ampla. dio, a TV, câmeras de vídeo, fotografia, entre outros. O
A plasticidade cerebral também permite que áreas desenvolvimento do cérebro é função da cultura e dos
do cérebro destinadas a uma função específica possam objetos culturais existentes em um determinado perío-
assumir outras funções, como, por exemplo, o córtex vi- do histórico. Novos instrumentos culturais levam a novos
sual no caso das crianças que nascem cegas. Como esta caminhos de desenvolvimento. O computador é um bom
parte do cérebro não será “chamada a funcionar”, pois o exemplo: modificou as formas de lidar com informações,
aparelho da visão apresenta impedimentos (então não provocando mudanças nos caminhos da memória. A
manda informação a partir da percepção visual para o presença de novos elementos imagéticos e cinestésicos
cérebro), ela poderá assumir outras funções. repercute no desenvolvimento de funções psicológicas
como a atenção e a imaginação.
Plasticidade cerebral é, também, a possibilidade de
Considerando, então, que o cérebro se desenvolve do
realizar a “interdisciplinaridade” do cérebro: áreas desen-
diálogo entre a biologia da espécie e a cultura, temos
volvidas por meio de um tipo de atividade podem ser
que, na escola, o currículo é um fator que interfere no
“aproveitadas” para aprender outros conhecimentos ou
desenvolvimento da pessoa.
desenvolver áreas relativas a outro tipo de atividade. Por
Os “conteúdos” escolhidos para o currículo irão, sem
exemplo, áreas desenvolvidas pela música, como a de rit-
dúvida, ter um papel importante na formação. As ativi-
mo, são “aproveitadas” no ato da leitura da escrita ou a
dades para conduzirem às aprendizagens, precisam estar
de divisão do tempo na aprendizagem de matemática.
adequadas às estratégias de desenvolvimento próprias
A ação da criança depende da maturação orgânica e

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


de cada idade. Em outras palavras, a realização do cur-
das possibilidades que o meio lhe oferece: ela não po- rículo precisa mobilizar algumas funções centrais do de-
derá realizar uma ação para a qual não tenha o substra- senvolvimento humano, como a função simbólica, a per-
to orgânico, assim como não fará muitas delas, mesmo cepção, a memória, a atenção e a imaginação.
que biologicamente apta, se a organização do seu meio
físico e social não propiciar sua realização ou se os adul- Linguagem e Imagens Mentais: Percepção, Memó-
tos não a ensinarem. O ser humano aprende somente as ria e Imaginação
formas de ação que existirem em seu meio, assim como
ele aprende somente a língua ou as línguas que aí forem - Desenvolvimento da Função Simbólica
faladas. As estratégias de ação e os padrões de interação
entre as pessoas são definidos pelas práticas culturais. A partir da sua ação e interação com o mundo (a na-
Isto significa que a cultura é constitutiva dos processos tureza, as pessoas, os objetos) e das práticas culturais, a
de desenvolvimento e de aprendizagem. A criança se criança constitui o que chamamos de função simbólica,
constitui enquanto membro do grupo por meio da for- ou seja, a possibilidade de representar, mentalmente, por
mação de sua identidade cultural, que possibilita a con- símbolos o que ela experiencia, sensivelmente, no real.
vivência e sua permanência no grupo. Simultaneamente O desenvolvimento da função simbólica no ser humano
ela constitui sua personalidade que a caracterizará como é de extrema importância, uma vez que é por meio do
indivíduo único. Os comportamentos e ações privilegia- exercício desta função que o ser humano pode construir
dos em cada cultura são, então, determinantes no pro- significados e acumular conhecimentos. Todo ensino na
cesso de desenvolvimento da criança. A vida no coletivo escola, de qualquer área do conhecimento, implica na uti-
sempre envolve a cultura: as brincadeiras, o faz de conta, lização da função simbólica. As atividades que concorrem
as festas, os rituais, as celebrações são todas situações para a formação da função simbólica variam conforme o
em que a criança se constitui como ser de cultura. As período de desenvolvimento. Por exemplo, o desenho e
estratégias de ação e os padrões de interação entre as a brincadeira de faz-de-conta são atividades simbólicas
pessoas são definidos pelas práticas culturais. Isto signi- próprias da criança pequena, que antecedem a escrita:
fica que a cultura é constitutiva dos processos de desen- na verdade, elas criam as condições internas para que a
volvimento e de aprendizagem. criança aprenda a ler e a escrever. A linguagem escrita,
a matemática, a química, a física, o sistema de notação
da dança, da música são manifestações da função sim-

87
bólica. As aprendizagens escolares são apropriações de há fortes indicações de que estas regiões sejam as mes-
conhecimentos formais, ou seja, conhecimentos organi- mas ou estejam muito próximas daquelas que “guarda-
zados em sistemas. Sistematizar é estabelecer conceitos, riam” a memória dos objetos. Desta forma, percepção e
ordená-los em níveis de complexidade com regras inter- memória estão muito próximas nas aprendizagens esco-
nas que regulam a relação entre os elementos que os lares. ... Em sala de aula, não é somente o conteúdo que
compõem. Todo conhecimento formal é representado, motiva, mas, sobretudo, como o professor trabalha com
simbolicamente, pela linguagem de cada sistema. o conteúdo, seja ele da escrita, artes ou ciências.
Por exemplo: a) a2 = b2 + c2 b) 15 + 36 = 51 c) O
gato correu atrás do cachorro. O cachorro correu atrás - Memória
do gato.
Em b e c temos uma regra importante que é o valor Toda aprendizagem envolve a memória. Todo ser
posicional: a posição dos elementos simbólicos determi- humano tem memória e utiliza seus conteúdos a todo
na o significado (1 e 5) 15 é diferente de 51. O mesmo o momento. São três os movimentos da memória: o
se aplica ao gato que corre atrás do cachorro, em que de arquivar, o de evocar e o de esquecer. Ao entrar em
se explicita a ação inversa do cachorro que corre atrás contato com algo novo, o ser humano pode criar no-
do gato. A função simbólica é a atividade mais básica vas memórias, ou seja, arquiva este conhecimento, ex-
das ações que acontecem na escola, tanto do educador periência ou ideia em sua memória de longa duração.
como do educando. Quando os elementos do currículo As impressões gravadas na memória de longa duração,
não mobilizam adequadamente o exercício desta função, a partir das experiências vividas, podem ser “evocadas”,
a aprendizagem não se efetua. trazidas à consciência. Outras experiências, informações,
Todo ensino na escola, de qualquer área do conheci- vivências, imagens e ideias são esquecidas. Sabemos que
mento, implica na utilização da função simbólica. estes movimentos têm uma participação do sistema lím-
Nesta dimensão do simbólico, as artes destacam-se, bico no qual se originam nossas emoções. A memória é
pois são elas as formas mais complexas de atividade sim- modulada pela emoção. Isto quer dizer que os estados
emocionais podem “interferir”, facilitando ou reforçan-
bólica humana. Anteriores aos conhecimentos formais,
do a formação de novas memórias, assim como podem,
elas propiciaram a estruturação dos movimentos e das
também, enfraquecer ou dificultar a formação de uma
imagens de forma que eles pudessem evoluir cultural-
nova memória. Quanto ao tempo, os tipos de memória
mente para sistemas de registros.
são muito importantes para o educador, pois as aprendi-
zagens escolares dependem da formação de novas me-
- Percepção
mórias de longa duração.
Muitas vezes, no entanto, os conteúdos ficam no ní-
A percepção é realizada pelos cinco sentidos exter- vel da curta duração e desaparecem rapidamente. O de-
nos. O ser humano desenvolve estes sentidos desde que safio da pedagogia é formular metodologias de ensino
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

não haja impedimentos nos órgãos dos sentidos ou nas que transformem esta primeira ação da memória (curta
estruturas cerebrais que processam a percepção de cada duração) em memórias de longa duração. É importante
um deles. Quando isto acontece, um sentido “compensa” mencionar aqui que temos, também, a possibilidade de
o outro: a pessoa desenvolve mais o tato quando não en- formar uma memória ultra- rápida que desaparece após
xerga, desenvolve mais a visão quando não ouve. Nestes a sua utilização, como quando, por exemplo, gravamos
casos, também, o ser humano pode desenvolver os dois um número de telefone para discá-lo e, logo em segui-
subsentidos externos que são a vibração e o calor. Isso da, já o esquecemos. Quanto à natureza, temos vários
revela que os sentidos funcionam com interdependência, tipos de memória. Temos a memória implícita, a memória
o que tem uma relevância fundamental para os profes- explícita e a operacional. A memória explícita pode ser
sores, pois o ensino deve mobilizar várias dimensões da semântica ou episódica. Para as aprendizagens escolares,
percepção para que o aluno possa “guardar” conteúdos precisam ser mobilizadas a memória explicita semântica
na memória de longa duração. Há maior empenho em e a memória operacional. Para a formação de novas me-
perceber algo quando há algum interesse neste “algo”. mórias dos conteúdos escolares ao aluno precisa, des-
Por exemplo, quando alguém ouve uma música de de o início da escolarização, ser ensinado o que fazer e
um cantor de quem gosta muito, fica atento e evoca a como para aprender os conhecimentos envolvidos nas
melodia ou a letra. Se for uma canção nova e se reco- aprendizagens escolares. O aluno precisa ser capaz de
nhece a voz do cantor, mobiliza os processos mentais “refazer” o processo da aprendizagem. Refazer implica
da memória auditiva a partir da percepção auditiva, ou tanto em recapitular o conteúdo ensinado, como em re-
seja, seleciona a canção, destacando-a das outras infor- tomar as atividades (humanas) que o levaram a “guardar”
mações sonoras e/ou ruídos presentes no ambiente. Por o conteúdo na memória de longa duração. O desafio da
outro lado, a percepção pode criar um interesse novo. pedagogia é formular metodologias de ensino que trans-
Ao ser introduzida a um conhecimento novo, uma pes- formem esta primeira ação da memória (curta duração)
soa pode se interessar ou não por ele, dependendo das em memórias de longa duração.
estratégias utilizadas por quem o introduz. Assim, em
sala de aula, não é somente o conteúdo que motiva, mas, - Memória explícita semântica
sobretudo, como o professor trabalha com o conteúdo,
seja ele da escrita, artes ou ciências. A percepção visual é Também chamada de declarativa, a memória explícita
o processamento de atributos do objeto como cor, forma semântica inclui as memórias que podem ser explicitadas
e tamanho. Ela acontece em regiões do córtex cerebral e pela linguagem. Este tipo de memória engloba aquilo

88
que pode ser lembrado por meio das imagens, símbolos ganha a cada geração novos processos, novas tecnolo-
ou sistemas simbólicos. A capacidade da memória de- gias. O ser humano dedica grande parte de sua criativi-
clarativa está ligada à organização de informações em dade a ampliar e desenvolver meios de comunicação e
padrão. Pesquisas demonstram que o ser humano se meios de transporte que facilitem os processos comuni-
lembra “mais facilmente” daquilo que está organizado cativos e que tornem mais ágeis os deslocamentos das
segundo regras. Isto implica na existência de padrões in- pessoas. A possibilidade de criar depende, na nossa es-
ternos. Todas as linguagens são organizadas por padrões: pécie, da imaginação, função psicológica pela qual nós
a linguagem das ciências, das várias áreas do conheci- somos capazes de unir elementos percebidos e experiên-
mento, a linguagem escrita, a matemática, a cartográfica, cias em novas redes de conexão. O funcionamento da
a linguagem da dança, da música. Toda atividade artística imaginação e seu desenvolvimento, embora relacionados
também depende de utilização de elementos que se or- às outras funções psicológicas superiores, têm uma gran-
ganizam em padrões, que têm regras próprias em cada de autonomia e se manifestam tanto na ação como no
forma de arte. Na escrita, os padrões aparecem nas cinco ato de aprender. Desta forma, podemos dizer que para as
dimensões da linguagem, embora apareçam, mais forte- aprendizagens escolares a imaginação desempenha um
mente, na sintaxe. Por isto, a sintaxe é o elemento forte, papel central e deve ser considerada no planejamento,
o instrumentador da língua escrita. A palavra solta é um na alocação de tempo das atividades dentro e fora da
símbolo, a palavra na construção sintática surge como sala de aula, nas situações comuns do cotidiano escolar.
estrutura. Na linguagem oral humana, o eixo forte do Os alunos devem, também, ser acompanhados avaliati-
padrão é o verbo. Há maior resiliência no cérebro para vamente na evolução de sua imaginação.
os símbolos que representam a ação humana, uma vez
que o movimento é o grande recurso na espécie para - A ligação entre imaginação e memória
o desenvolvimento cultural e tecnológico, além de ser a
matéria bruta primeira da comunicação entre humanos Vygotsky (1990) trata da diferença entre reprodução
e de expressão das emoções. As pessoas tendem a me- e criação: ambas atividades têm apoio na memória, mas
morizar, mais facilmente, aquilo em que elas conseguem diferem pelo alcance temporal. Reproduzir algo, men-
aplicar padrões. Para as aprendizagens escolares isto é talmente, se apoia na experiência sensível anterior. Por
fundamental: o ensino bem sucedido é aquele que “ins- exemplo, construo uma imagem mental da casa onde
trumentaliza” a pessoa para construir, aplicar, reconhecer moravam meus avós, pelos ele- mentos gravados na me-
e “manipular” padrões. mória, mas crio uma imagem mental da casa dos avós
de uma personagem em um romance a partir dos ele-
- Memória operacional mentos oferecidos pelo autor. Ou seja, no segundo caso
uso a imaginação para criar este espaço utilizando, com
Como o próprio nome diz, a memória operacional se certeza, elementos percebidos, anteriormente, mas que
ocupa das operações, ou seja, um sistema de ações or-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


se combinam entre si, de acordo com a relação dialógica
ganizadas, segundo a natureza do comportamento. Por estabelecida com o texto no ato da leitura, diferentemen-
exemplo, está na memória operacional o comportamen- te, do primeiro caso em que busco a fidedignidade da
to de andar, de dirigir, de dançar. São comportamentos imagem mental, tendo a casa concreta como referencial
que se efetuam, muito rapidamente, para os quais não há (Vygotsky, 1990).
“tempo” para comandos do cérebro. São comportamen- Se considerarmos a evolução de nossa espécie, vere-
tos que têm uma ordem de movimentos a ser seguida mos que ela é pautada pela invenção, ou seja, pela cria-
e esta ordem já está “fixada” na memória. Na memória ção de objetos, de sistemas, de linguagens, tecnologia,
operacional estão as conjugações verbais, isto é, os tem- teorias, ciência, arte, códigos etc.
pos futuro, presente e passado do verbo. Assim, a orga- Vygotsky coloca que a primeira experiência se apoia
nização da ação no tempo se realiza com a participação na análise do passado. Ela é uma reprodução do que se
deste tipo de memória. Este fato tem implicações para as viveu, enquanto que no segundo é uma realização do
aprendizagens escolares. Com estas descobertas somos presente projetada no futuro. A criação literária dá esta
levados a rever o ensino da sintaxe em português: a gra- possibilidade de partilhamento na criação, pois possibili-
mática é necessária para o aluno, pois fornece estrutura ta ao leitor a superação do texto para a criação das ima-
para a apropriação e organização da linguagem escrita gens de cada personagem, que é constituída pelos dados
e a organização das informações em todas as matérias. oferecidos de sua personalidade, de suas ações, de suas
formas de pensamento, criação de imagens do contexto.
- Imaginação A imaginação na realidade não se “desprega” da memó-
ria, mas recria com os elementos da memória. Imaginar
A Capacidade Imaginativa na Espécie Humana implica, portanto, em se liberar das conexões que estão
feitas dos elementos percebidos, para “reutilizar” estes
Se considerarmos a evolução de nossa espécie, vere- elementos em outras configurações. Temos aí duas im-
mos que ela é pautada pela invenção, ou seja, pela cria- plicações importantes: primeiramente, que a imaginação
ção de objetos, de sistemas, de linguagens, tecnologia, não é dada na espécie, é construída. Segundo, que ela é
teorias, ciência, arte, códigos etc. Toda produção cultural parte integrante do processo de aprendizagem, porque
é resultante de um processo cumulativo de invenções, aprender significa, exatamente, ser capaz de estabelecer
pequenas e grandes, que dão base para as invenções conexões entre informações, construindo significado.
futuras. A comunicação, atividade primordial da espécie, Podemos ver que, neste segundo caso, a imaginação é

89
base para o estabelecimento destas novas redes, uma vez À medida que a criança cresce, desenvolve a aten-
que ela é a função psicológica que estabelece relações ção voluntária que possibilita a ação prolongada, orga-
significativas entre elementos que não estavam conec- nizada a partir de regras que são colocadas por fontes
tados entre si. A imaginação cria condições de aprendi- externas. A atenção voluntária, ou seja, a possibilidade
zagem. Temos assim que a relação entre imaginação e de organizar sua ação, seus comportamentos de acordo
memória tem sentido duplo: a base para o funcionamen- com ordens e regras ditadas por outras pessoas, como o
to da imaginação são os elementos que estão contidos adulto, por exemplo, é que possibilita à criança executar
na memória e o próprio funcionamento da imaginação as tarefas que lhe são solicitadas em sala de aula.
desenvolve a memória (por meio do processo imaginati- A fala organiza a ação, por isso é importante para a
vo, novas mediações semióticas são realizadas, dando à criança murmurar para si os passos do que está fazendo.
pessoa uma maior complexidade aos sistemas contidos Este murmúrio, chamado de verbalização cognitiva, é es-
na memória de longa duração). sencial para a compreensão da ação e ocorre com muita
frequência nos anos iniciais que coincidem com o início
Porque a imaginação é importante na aprendiza- da escolarização do ensino fundamental.
gem? Neste período, também, a criança se interessa muito
pelos colegas, constituindo grupinhos da amizade que
1. Ela está na origem da construção do conhecimento passam a ter papel relevante em suas ações. Surge, assim,
que vamos ensinar. O conhecimento científico e o a importância do grupo.
conhecimento estético foram produzidos a partir
do exercício da imaginação humana nos vários pe- Currículo e Desenvolvimento Humano – A Criança
ríodos históricos. na Escola
2. Ela está na origem do conhecimento que será cons-
truído pelo aluno. Quando a criança entra na instituição educativa, sua
experiência ali, o que lhe é ensinado tornam-se cons-
A imaginação motiva. Muitos educadores concorda- titutivo de sua pessoa, modificando- a continuamente.
rão que a motivação é um fator importante para o edu- Isto significa que todo e qualquer processo de ensino-
cando aprender. Motivar implica em mobilização para, aprendizagem se insere em um contexto mais amplo de
interesse em, envolvimento com o objeto de aprendi- constituição da pessoa, porque a aprendizagem na esco-
zagem. Esta disponibilidade para aprender envolve, do la não se efetua como um processo paralelo e dissociado
ponto de vista psicológico, a imaginação. de outras vivências e de outras instâncias de apreensão e
Motivar implica em mobilização para, interesse em, compreensão da realidade. As vivências na escola e fora
envolvimento com o objeto de aprendizagem. Esta dis- dela são constituídas por ações e interações que configu-
ponibilidade para aprender envolve, do ponto de vista ram, todas elas, o desenvolvimento da criança. Não cabe,
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

psicológico, a imaginação. assim, falar da experiência extra- escolar e da experiên-


Por exemplo, podemos motivar o aluno para um fe- cia escolar como antagônicas na formação da pessoa. É
nômeno científico que será estudado com o concurso equivocada, pois, a posição que supõe que o educando
da mobilização da imaginação: como será que a energia – que é aluno na instituição e criança fora dela (em casa,
elétrica surge na represa? Como será que a luz chega à na turma da rua ou da igreja, na família) – desenvolva
lâmpada? Que será que acontece com a semente debai- processos independentes em cada uma das situações. A
xo da terra? Como será que o computador guarda tanta questão relevante que se coloca é compreender como
informação? Porque o rio muda de cor? Levantar hipóte- estas experiências se organizam no desenvolvimento da
ses para qualquer destas questões implica em ter liber- personalidade e da identidade na constituição do novo
dade de pensamento. Isto é, a capacidade imaginativa no conhecimento. As aprendizagens escolares são a efeti-
ser humano tem como base a liberação da experiência vação das potencialidades da espécie. Resultam da arti-
sensível imediata, desta forma a pessoa pode lidar, livre- culação entre as possibilidades do desenvolvimento e as
mente, com o acervo mental que detém de imagens, in- atividades que as efetivam, atividades que são ensinadas
formações, sensações colhidas nas várias experiências de pelo professor.
vida, juntamente com as emoções e sentimentos que as Quando acontece uma aprendizagem, ela interfere na
acompanharam. O desenvolvimento humano e a apren- direção do desenvolvimento. O aluno constitui conheci-
dizagem, na escola, envolvem, precisamente, esta dialé- mentos por meio de estratégias específicas que se mo-
tica de receber informações por meio dos sentidos e ter dificam, inclusive, em função dos conteúdos aprendidos.
a possibilidade de ir além delas pelas funções mentais. Para que o conhecimento seja formado, há duas condi-
ções necessárias. Primeiramente, que a nova informação
- Alguns aspectos do desenvolvimento na Educa- seja passível de ser compreendida pela criança, ou seja,
ção Fundamental precisa haver uma ligação possível entre aquilo que a
criança já tem na memória e o que ela vai aprender. Em
No período de desenvolvimento que coincide com a segundo lugar, que se estabeleça uma relação ativa da
entrada da criança no ensino fundamental (por volta do criança com o conteúdo a ser aprendido, de forma que
7º ao 8º ano de vida, ou seja, após completar, respecti- os conteúdos sejam organizados e integrados ao acervo
vamente 6 e 7 anos) ocorrem algumas mudanças impor- de conhecimentos de que ela dispõe em sua memória. A
tantes em seu cérebro, que vão afetar, diretamente, sua aprendizagem é um processo múltiplo, isto é, a criança
atuação na escola. utiliza estratégias diversas para aprender, com variações

90
de acordo com o período de desenvolvimento. Desta for- e se encontrar em uma situação de não aprendizagem.
ma, todas as estratégias são importantes e não A apren- Assim, a memória infantil, a função simbólica, a percep-
dizagem é um processo múltiplo, isto é, a criança utili- ção vão se desenvolver segundo o caminho dado pela
za estratégias diversas para aprender, com variações de genética da espécie. Certas aprendizagens são da alçada
acordo com o período de desenvolvimento. Desta forma, do desenvolvimento da espécie. Por exemplo, a aprendi-
todas as estratégias são importantes e não são mutua- zagem das figuras geométricas, no nível da percepção, é
mente exclusivas. resultado da genética da espécie. Toda criança vai desen-
Registrar, levantar hipóteses sobre os fatos e as coi- volver do 4° ao 7° ano de vida, a representação gráfica
sas, testá-las são atividades que a escola pode desen- das figuras geométricas começando do círculo passando
volver na criança a partir dessas estratégias. Somente as para o quadrado e triângulo até chegar às figuras mais
situações que, de modo específico, problematizam o co- complexas (por exemplo, um quadrado dividido em qua-
nhecimento levam à aprendizagem. Não é qualquer pro- tro quadrados menores). Da mesma forma, a capacida-
posta ou qualquer interação em sala de aula, portanto, de de desenhar (em um suporte qualquer como o pa-
que promove a aprendizagem. Toda a atividade que aí se pel, casca de árvore, computador, areia etc.) as imagens
dê à criança precisa ter uma intenção clara, isto é, o objeti- mentais formadas a partir da percepção (com os cinco
vo precisa estar explicitado para o professor e para o aluno. sentidos) e do movimento é uma possibilidade dada pelo
Para que ocorra a aprendizagem é necessário retomar-se desenvolvimento e não depende do ensino escolar. O ser
o conteúdo em momentos diferentes, pois o domínio de humano aprende a distinguir as cores que estão em seu
um conteúdo dá-se ao longo do tempo. Trabalhar muitas meio, nomeá-las e utilizá-las na vida cotidiana indepen-
vezes o mesmo conteúdo, de formas diferentes, promove dentemente de ir à escola. O que não é do domínio do
a ampliação progressiva dos conceitos. O conhecimento desenvolvimento, precisa ser ensinado. Apropriar-se da
atual sobre o desenvolvimento da criança e do jovem nos língua escrita, ler e escrever, formar conceitos de história,
leva a ampliar a concepção de currículo vigente: currículos geografia, ecologia e de outras matérias, desenvolver o
são os conteúdos, as informações e as atividades humanas pensamento matemático, aprender a escrever matema-
necessárias para formar novas memórias que servirão de ticamente uma operação, tudo isto depende de ensino.
suporte para aquisição de conhecimentos posteriores, as- Portanto, na elaboração do currículo deve-se considerar
sim como para tomada de decisão e solução de problemas o que é do desenvolvimento da espécie. Para promover
na vida cotidiana. Sabemos também que determinados o desenvolvimento humano, a escola deveria partir do
conteúdos promovem a formação de redes neuronais que que a criança desenvolve por si mesma e propor novas
dão suporte ao pensamento e que são base para outras aprendizagens que façam uso destas manifestações da
aprendizagens escolares. Mais ainda, tais redes neuronais função simbólica que são próprias da espécie.
podem ser utilizadas no futuro em situações de vida coti- Toda criança se desenvolve indo ou não à escola. O
diana em sociedade, no trabalho, em família. que é do domínio do desenvolvimento humano não dei-
Assim, um conhecimento escolar pode gerar compor- xa de acontecer se a criança não for à escola, ou se ela for

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


tamentos não ligados à “matéria” ou “disciplina” (conhe- e se encontrar em uma situação de não aprendizagem.
cimento formal). Por exemplo, aprender álgebra leva à
formação de redes neuronais, no cérebro, relacionadas
Se essas aprendizagens – cores, figuras geométricas,
ao pensamento crítico. Como? Nos números naturais, 1 é
desenhos – são do desenvolvimento humano, o que ca-
um símbolo para uma unidade de qualquer coisa (objeto,
beria à escola? Utilizar estas aquisições para se apropriar
ser animado, elementos da natureza). Aqui se estabelece
dos conhecimentos escolares: utilizar as figuras geomé-
uma relação unívoca entre 1 (símbolo) e a quantidade
tricas para medir, para contar, para calcular área, para or-
que ele representa, que é sempre a mesma. Já na álgebra,
ganizar espaços, para aprender álgebra, para desenvolver
o símbolo pode ter qualquer valor dependendo das rela-
o pensamento espacial. Trabalhar as cores em suas textu-
ções entre os outros elementos que compõem a senten-
ça matemática. Em x = 4a + 2b, o valor de x poderá variar, ras, em suas nuances possíveis, aprender sobre a compo-
infinitamente, de acordo com os valores que forem atri- sição das cores: como se forma o marrom? O laranja? O
buídos a a e a b. Poderá, também, ser um número inteiro, cinza? Usar o desenho para o registro, para desenvolver
positivo ou negativo, fração, decimal etc. A rede neuronal a percepção visual e tátil; para desenvolver outros ins-
que se estabelece, então, é múltipla e é base para o des- trumentos mentais como mapas, esquemas; para criar
locamento do pensamento. Assim, quem estuda álgebra situações de escrita como história em quadrinhos. Todas
terá um componente em seu pensamento, que lhe possi- estas atividades dependem de ensino. Elas desenvolvem
bilitará desenvolver o pensamento crítico. Ser crítico em o pensamento espacial, formam a base para conceitos
algo é Somente as situações que, de modo específico, científicos, criam memórias que podem ser utilizadas no
problematizam o conhecimento levam à aprendizagem. desenvolvimento do pensamento científico e do conhe-
Não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala cimento estético, criam possibilidades para o exercício da
de aula, portanto, que promove a aprendizagem. imaginação.
Toda criança desenha. O desenho é manifestação da
A Distinção entre Desenvolvimento e Aprendiza- função simbólica. O desenho é o registro do movimento
gens Escolares em um suporte. O traçado se constitui, gradativamente,
na criança pequena, envolvendo vários elementos como
Toda criança se desenvolve indo ou não à escola. O esquema corporal, movimento, ao mesmo tempo em
que é do domínio do desenvolvimento humano não dei- que a criança cria significados. O traçado no papel “guia”
xa de acontecer se a criança não for à escola, ou se ela for a construção do desenho ao mesmo tempo em que a

91
“ideia” dirige o movimento. A “ideia” é constituída por o processo de aprendizagem do conhecimento formal,
imagens, percepções, movimentos vividos que a criança pois este exige uma sistematização que não brota da
quer expressar no papel. própria atividade da criança. Para ele existe, entre a he-
Em seu processo de desenvolvimento, a criança pe- rança social que a criança levará pela vida e suas capa-
quena desenha muito, o domínio do traçado é progressi- cidades espontâneas, uma distância que considera des-
vo. A perícia que a criança desenvolve, ao desenhar, será proporcional. Essa herança é o conhecimento acumulado
utilizada na escolarização para escrever, para apropriar- e o desenvolvimento cultural da espécie. Há, entre o que
-se dos elementos simbólicos das linguagens das várias a criança faz sozinha, partindo da sua própria intenção,
áreas de conhecimento, para aprender a utilizar-se da e o conhecimento a ser adquirido, formalmente organi-
geometria, fazer mapas, diagramas, esquemas que são zado, um percurso que só poderá ser feito com a inter-
instrumentos do pensamento. venção dos indivíduos mais experimentados da espécie.
No desenho está implícita uma ação, ou seja, há uma Inclui-se, entre eles, evidentemente, o professor. Com o
história para a criança no desenho que ela realizou. Ele papel historicamente definido de socializador do conhe-
inclui, portanto, a narrativa: mesmo que para o adulto cimento formal, o professor deve ser incluído, juntamen-
ele pareça algo estático, unidimensional no papel, para te com o aluno, no centro da discussão sobre o currículo.
a criança é ativo, dinâmico, tridimensional e sequencial. Cabem a ele tarefas específicas, no sentido de constituir
Ao desenhar, a criança organiza sua experiência para no educando uma relação de curiosidade e indagação
compreendê-la. O ato de desenhar não é, simplesmen- com o saber, bem como consolidar as formas de ativi-
te, uma atividade lúdica, ele é ação do conhecimento. O dade que levam à aprendizagem. Desenvolver no aluno
desenho é, pois, parte constitutiva do processo de de- a atividade de estudo é parte integrante e fundamental
senvolvimento da criança. Por ser importante no desen- do processo de ensino. O ensino deve fornecer situações
volvimento infantil, o desenho não deve ser entendido em que se possibilite a formação de novas categorias de
na escola como uma atividade complementar, mas como pensamento e de novos conceitos, a partir das informa-
atividade funcional, tanto na Educação Infantil como nas ções e experiências novas trazidas pelo professor. Se este
séries iniciais do Ensino Fundamental. processo for bem orientado, o aluno constituirá novos
conceitos que foram instigados pelo novo conhecimento
Aprender: Conhecimento, informação e atividades e pela forma como foi conduzida a sua relação com ele.
de estudo É exatamente nesta forma de entrar em relação com o
conhecimento que se insere a atividade de estudo. É por
A aquisição do conhecimento não é fruto de discur- meio do procedimento proposto ao educando para agir
sos e intenções, mas sim de um trabalho sistemático, e interagir com o conteúdo que se cria esta relação. Este
adequado à natureza biológica e cultural do desenvol- procedimento não se constitui espontaneamente, no
vimento humano. Currículo envolve o conteúdo da área ser humano, a partir de sua própria condição biológica.
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

de conheci- mento e as atividades necessárias para que o Quais atividades são fundamentais para a aprendizagem
aluno se aproprie desse conheci- mento. Aprender é uma dos conhecimentos escolares? A atividade de estudo
atividade complexa que exige do ser humano procedi- mais essencial à espécie é a leitura. Além da leitura, são
mentos diferenciados segundo a natureza do conheci- atividades que envolvam:
mento. Para adquirir o conhecimento formal, que é mais • Observação
elaborado do que os outros tipos de conhecimento ao • Registro
nível das relações e mais abrangente ao nível dos con- • Organização
ceitos constituídos, o ser humano precisa realizar formas • Relato
de atividades específicas, próprias do funcionamento ce- • Comunicação
rebral (principalmente a memória) e do desenvolvimento
cultural. Elas desenvolvem comportamentos relacionados a
O ensino destas atividades é função da instituição perceber, refletir, compreender e expor. Desenvolvem
escolar. Atividades são produtos do desenvolvimento redes neuronais que são base para a formação de con-
cultural da espécie e precisam ser passadas de geração ceitos, apropriação de método, criação de categorias de
para geração. Um pressuposto básico da teoria histórico- pensamento.
-cultural do desenvolvimento humano é que a pessoa, ao
se apropriar do conhecimento formal, assimila as formas 1- Observação
de atividade historicamente constituídas que levaram à
formulação do conhecimento. Para utilizá-las, o aluno A observação é realizada pelos sentidos humanos e
precisa ter consciência delas, ou seja, saber qual é a me- ampliada pelo movimento. Basicamente, a observação é
todologia. São assim integrantes do processo educativo o exercício de um dos sentidos ou da integração de dois
as atividades que desenvolvem as funções psíquicas ele- ou mais sentidos, com o objetivo de “perceber” o que
mentares, como percepção, memória, pensamento, que existe, o que se passa no contexto, os movimentos dos
têm, cada uma, sua lógica de desenvolvimento. Por meio elementos da natureza, os componentes de um fato ou
da prática pedagógica, essas funções psíquicas elemen- situação, a ordem de eventos, a comunicação entre as
tares transformam-se em funções psíquicas superiores: a pessoas.
memória lógica, a percepção categorial, o pensamento A observação é um comportamento já utilizado pelo
verbal (Davidov, 1988). De fato, segundo Wallon (1990), bebê. A criança, em seus primeiros anos de vida, observa
a atividade espontânea da criança não é suficiente para as pessoas para imitá-las aprendendo, assim, as formas

92
humanas de comunicação; observa os objetos e animais formular perguntas. O caderno pode ser um local de re-
para conhecê-los e usá-los em suas brincadeiras, desen- gistro de possíveis soluções para os problemas ou de-
volvendo a função simbólica. safios colocados para toda classe. Pode ser, ainda, um
espaço para o registro de relatos, como veremos adiante.
- A observação como atividade de estudo O professor pode estabelecer, para este caderno, o uso
A observação como atividade de estudo precisa ser de sistemas simbólicos, como a escrita e desenhos, pro-
dirigida e abordará elementos e objetos distintos confor- por outros como sinopses, narrativas visuais (como, por
me a disciplina. Ela pode ser potencializada, se o aluno exemplo, história em quadrinhos) e assim por diante.
souber que será convidado a expor, posteriormente, suas
ideias ou os fatos observados. Ou que será solicitado, de - Caderno de Evocações
alguma forma, a selecionar, organizar, avaliar ou comu- Caderno em que a criança relata, diariamente, o que
nicar suas observações. Essa potencialização vai ocorrer, foi feito no dia anterior. É um excelente exercício de
porque haverá a integração necessária de planejamento evocação da memória. Reforça as conexões neuronais
das várias etapas desde a observação até a apresenta- realizadas e pode servir como base para planejamen-
ção. Ter um objetivo para a observação, envolvendo a tos futuros. Serve de apoio externo para a memória. Em
comunicação com o outro, leva o aluno a mobilizar mais pesquisa – intervenção de cunho etnográfico - realizada
a atenção. pela autora, em Chicago, o uso de um caderno de ano-
tações para os alunos escreverem o que fizeram no dia
2- Registro e o que aprenderam, e de recordar, no início da aula do
dia seguinte, suas aprendizagens, provou ser uma medi-
Para que os elementos coletados pela observação da eficaz na aprendizagem de conceitos. Uma professora
não se percam, é importante que ela seja acompanhada da rede pública de ensino desenvolveu esta ideia com
pelo registro. O registro é um suporte externo para a me- um caderno em uma atividade que ela chamou de Re-
mória. O registro pode ser feito com desenhos e escrita. cordando. Todo início de aula, as crianças escreviam o
Câmera fotográfica, gravador, vídeo podem ser utilizados que haviam feito no dia anterior. A professora transfor-
como apoio para registro. Ele pode ser in loco ou “de mou o caderno, também, em oportunidade de diálogo
memória”. Registro in loco é quando ele é feito, conco- ao comentar, pessoalmente, cada entrada que os alunos
mitantemente, com a observação, que leva ao desenvol- faziam no caderno, “conversando” com o aluno por meio
vimento da percepção e facilita os processos de atenção. da escrita.
“De memória” quando é feito após a observação. O Recordando na prática da sala de aula é o direito do
O registro tem duas funções em relação à atividade aluno e da aluna serem personagens das suas produções.
cerebral: de estabelecimento de redes neuronais e de O educador precisa ser inquieto nesta rotina de traba-
fortalecimento de redes já existentes. Quando escreve- lhador da educação. Todos os dias estão à nossa frente

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


mos algo, mobilizamos várias áreas do cérebro e toma- seres que esperam de nós algo que vai fazê-los serem
mos consciência de coisas das quais somente o pensa- melhores amanhã e aí está o desafio. Sou professora de
mento (linguagem interna) não dá conta. Ou seja, várias alunos e alunas da Fase IV, 10 anos, no Ciclo de Formação
coisas se organizam entre si no ato de escrever: a própria Humana na rede estadual.
ação (movimento) leva à estimulação de redes neuronais
já existentes e à formação de novas conexões entre os Na inquietude do trabalho e nos encontros frequen-
neurônios. Pode haver um reforço ou aumento da rede, tes com a Elvira Lima no período de 2002 a 2004, sempre
com fortalecimento da memória. É importante que o dialogamos sobre o cotidiano e ela sempre me sugeria
professor, em seu planejamento, estabeleça tempos de- dinâmicas no trabalho que poderiam trazer resultados
terminados para ensinar aos alunos registrar e fazer do positivos para o educando. Um dia ela disse: - Por que
registro hábito de estudo. É interessante selecionar al- você não pede aos alunos para registrarem a aula an-
gumas formas de registro e ensiná-las aos alunos, pois terior? Achei meio complicado no primeiro momento.
registrar é um comportamento escolar que se aprende e Assimilei a proposta: uma semana depois comecei. O
depende de ensino. Por exemplo, o professor pode ele- 1º passo foi escolher com a turma como chamaria este
ger, inicialmente, uma ou duas práticas utilizando formas momento e no consenso com os alunos e alunas ficou
de registro, com desenho e escrita e trabalhar com elas o nome RECORDANDO. Tornou-se uma dinâmica natural
em vários momentos. nas minhas turmas seguintes, já incorporada, também,
Observação e registro podem vir juntos e ser utiliza- pela família. Hoje outra turma da escola também produz
dos em situações diferentes para cada área de conheci- o Recordando. O QUE MUDA COM O RECORDANDO?
mento, pois contribuem para a formação de conceitos. Tudo. Nos dois primeiros meses o resultado é um pouco
Abaixo temos três exemplos de registro que podem ser frustrante: os alunos não estão acostumados a relembrar
propostos aos alunos. o dia anterior, demonstram uma certa limitação. Mas dois
meses após, o texto que, no início, tinha uma ou duas
- Caderno de Ideias frases, passa a ter dois ou mais parágrafos.
Neste caderno, o aluno realiza anotações de todo A organização de pensamento surge, o vocabulário
tipo, sempre datadas. Pode-se orientá-lo a observar e a enriquece muito e os alunos são capazes de manifestar o
registrar o contexto (onde), a ação / atividade (como), que na aula anterior não foi bom para ele, como até “pro-
o tempo (quando). Pode-se incluir o planejamento de fessora, queria você explicasse mais as continhas de 2
ações e ideias “soltas” que ocorram. Pode-se, também, números”, e é uma oportunidade de me avaliar também.

93
Sempre estimulo a leitura do Recordando, para o coleti- foi observado e registrado. Esta organização pode servir
vo da sala de aula. Como o RECORDANDO permite uma somente a quem o faz, como uma “atividade de pensa-
liberdade de construção e é um incentivo à escrita, por- mento externalizada”. Ou pode, também, visar a uma co-
que não é uma produção com um eixo determinado pelo municação ao outro. É interessante desenvolver ambas
professor, os alunos manifestam mais prazer para a pro- as formas, pois elas desenvolvem aspectos distintos do
dução do texto. No ano de 2005, a Turma Prateada pas- pensamento e mobilizam funções diferenciadas no cére-
sou a incluir o relato de todo o seu dia no Recordando. bro. Todas estas atividades de organização formam redes
Acontecia muito raramente, mas acontecia do aluno ter neuronais de suporte ao pensamento e de estruturas na
ido à aula e na hora de escrever o Recordando o tempo memória. Fazer mapas, por exemplo, já foi uma atividade
vivido na escola não aparecer. Isto me preocupa muito, comum no ensino fundamental décadas atrás. Aos pou-
pois foi um dia em que a escola não significou nada, não cos essa atividade foi sendo substituída pelos desenhos
existe em sua memória, a sua vida após a aula foi muito com moldes de plástico, pelo modelo mimeografado ou
mais importante. Normalmente estabeleço um momento xerocopiado e, mais recentemente, pelas imagens tira-
para comentar os Recordandos lidos em voz alta para o das da Internet. Desta forma, modificou-se o significa-
coletivo da sala, sempre respeitando a individualidade de do de se fazer mapas do ponto de vista das formações
cada um e, também, acrescentando fatos acontecidos em mentais no pensamento do aluno. O que a realização de
sala que não foram lembrados. Procuro também utilizar um mapa mobiliza? A imaginação – pela evocação das
textos do Recordando para atividades em sala, sem iden- imagens da memória e a reorganização necessária para
tificar o autor. “montar” as relações espaciais.
Este é um momento muito rico, levando à melhoria O exercício da memória – pela evocação de coisas
significativa na escrita e à inclusão de palavras novas em percebidas e guardadas pela memória de longa dura-
seu vocabulário. Tenho ficado muito atenta para não se ção. Por meio da atividade de desenho ou maquete, há
tornar uma atividade mecânica, porque não é este o ob- reforço das conexões neuronais e desenvolvimento do
jetivo. Este ano a turma já deu início ao Recordando. O pensamento espacial. Desenvolvimento da percepção
que mais tem me surpreendido é o registro do momento visual –por meio da observação e registro simultâneo,
coletivo vivido com todos os alunos da escola. Tivemos modelos perceptivos são formados e ampliados. Isto vai
três aulões de Capoeira Angola (com a participação de ajudar muito a aprendizagem de conceitos científicos em
todos os alunos), e no outro dia relatam com tanta pre- outras áreas do conhecimento. Proporção – o trabalho
cisão e detalhes. Mesmo aqueles que não jogam a ca- com mapas permite desenvolver, no aluno, o conceito de
poeira, conseguem expressar com muita clareza o que proporção, o que se faz com escala. “Pensar” em escala
observam. O Recordando para mim é um achado, pois é bastante importante nos cálculos mentais, em vários
a partir dele o processo ensino - aprendizagem na sala tipos de profissão e, também, para resolver problemas da
tem um outro olhar. É entender as diferenças, é construir vida cotidiana: quanto comprar de pano para fazer uma
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

junto e é, também, reelaborar toda uma prática acomo- cortina? Quanto precisa de tinta para pintar um quarto?
dada pelo tempo. O que dá para colocar em um quarto de 3m x 4m (ou
12m2)? E assim por diante.
- Dicionário
Dicionário feito pelo aluno, geralmente, com folhas 4 – Relato
de fichário que podem ser reorganizadas à medida que
vão entrando novos verbetes. Nele, o aluno dá entrada às O relato é uma atividade que se apoia na organiza-
palavras (verbetes) que vão surgindo nas aulas. O aluno ção das informações ou dados, porém, vai além, ao exi-
pesquisa a informação e escreve no dicionário, podendo gir uma narrativa com consistência interna, coerência e
ilustrá-lo. O professor pode determinar cinco verbetes sequência lógica. Ele pode assumir várias formas, com
iniciais do assunto para estabelecer um padrão orienta- ou sem o uso de imagens em suportes variados (papel,
dor. Esta foi uma prática adotada com grande sucesso lousa, computador, datashow, painéis). Habituar o aluno
em um projeto de alfabetização de adolescentes que não a fazer relatos escritos é de grande funcionalidade para
haviam aprendido a ler e a escrever, ao longo de anos de o desenvolvimento humano, pois a escrita provoca a for-
escolarização, em uma escola pública municipal. Novas mação de redes neuronais estáveis, o que contribui mui-
situ- ações de escrita como esta possibilitam aos alunos, to para o armazenamento de informações na memória
que não estão aprendendo, criar uma “relação nova” e de longa duração e para a formação de conceitos.
positiva com o ato de escrever, que é fundamental para
que eles se sintam capazes de aprender e, efetivamente, 5 – Comunicação
aprendam.
A comunicação pode ser oral, escrita, imagética (com
3 – Organização imagens paradas ou imagens em movimento), com cons-
truções tridimensionais. Pode ter como suporte cartaz,
Para a organização, a pessoa dispõe de inúmeras livro, folheto, propaganda, website etc. Ou pode ser feita
possibilidades desenvolvidas ao longo da evolução da por meio de animação, filme, vídeo, sequência de fotos,
espécie. Mapas, diagramas, esquemas, sinopses, redes datashow. Temos inúmeras formas de comunicar ao ou-
conceituais, listas, desenhos, representações tridimensio- tro, de comunicar ideias ou informações. Por exemplo,
nais (maquete, modelagem, escultura, montagem etc.) pela linguagem oral, pela linguagem escrita, por dese-
são algumas das possibilidades de organização do que nho (várias técnicas), colagem, escultura (papel machê,

94
sucata), história em quadrinhos, charge, foto (feita com
máquina comum ou máquina de lata), vídeo, CD rom, INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS DO ENSI-
música, teatro – mudo, de bonecos feitos com palito de NO E DA APRENDIZAGEM:
sorvete, marionetes de dedo, de sombras –, dramatiza- PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. PLANE-
ção, comédia, animação (desde cinema com caixa de sa- JAMENTO. AVALIAÇÃO: FUNÇÃO, OBJETI-
patos, com imagens passadas em rolo até a realização VOS E MODALIDADES. PROJETO DIDÁTICO.
de animação possibilitada, hoje, por vários softwares de METODOLOGIAS DE ENSINO.
computador). Todas estas formas de comunicação são
exercícios da função simbólica, portanto, sempre im-
portantes para os alunos nas várias idades. Segundo o
Para Veiga e colegas, o projeto político pedagógico tem
período de desenvolvimento, algumas formas coincidem
sido objeto de estudos para professores, pesquisadores e
com estratégias de desenvolvimento próprias da idade:
instituições educacionais em níveis nacional, estadual e mu-
do 4° ao 7° ano de vida, o desenho e a dramatização nicipal, em busca da melhoria da qualidade do ensino.
(faz-de-conta); na adolescência, o teatro e a música são O presente estudo tem a intenção de refletir acerca
atividades fortemente motivadoras. da construção do projeto político pedagógico, entendi-
A atividade de comunicação permite agrupar alunos do como a própria organização do trabalho pedagógico
do mesmo ciclo numa mesma atividade (no caso de re- de toda a escola.
des de ensino onde exista o sistema de reorganização de
turmas) ou em atividades coletivas programadas pelo co-
letivo da escola, envolvendo séries distintas, no caso de #FicaDica
seriação. Pode ser utilizado o procedimento de monitor:
alunos mais velhos são encarregados de orientar crianças A escola é o lugar de concepção, realização
menores em várias das atividades, orientar ou de ensinar e avaliação de seu projeto educativo, uma
pequenos grupos ou duplas de outros alunos. Na ação vez que necessita organizar seu trabalho pe-
de explicar como se faz e na ação de monitorar passo dagógico com base em seus alunos. Nessa
a passo a realização da ação, o “monitor” é solicitado a perspectiva, é fundamental que ela assuma
trabalhar com os conceitos envolvidos, o que ajuda o de- suas responsabilidades, sem esperar que as
senvolvimento do seu próprio pensamento. esferas administrativas superiores tomem
essa iniciativa, mas que lhe deem as condi-
O educador e as práticas de observação e registro ções necessárias para levá-la adiante. Para
tanto, é importante que se fortaleçam as re-
O educador deve fazer uso, também, da prática de lações entre escola e sistema de ensino.
observação e registro em seu processo de ensino e de

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


avaliação. É a partir de uma observação planejada e in-
tencional que o professor poderá ir ajustando sua meto- Para isso, começaremos conceituando projeto políti-
dologia de ensino. É a partir desta observação, também, co pedagógico. Em seguida, trataremos de trazer nossas
que o professor poderá verificar os níveis de motivação reflexões para a análise dos princípios norteadores. Fi-
de seus alunos. Identificar quando o aluno presta aten- nalizaremos discutindo os elementos básicos da organi-
ção e quando se distrai faz parte da avaliação da própria zação do trabalho pedagógico, necessários à construção
prática pedagógica do professor. do projeto político pedagógico.

O QUE É PROJETO POLÍTICOPEDAGÓGICO?

No sentido etimológico, o termo projeto vem do la-


tim projectu, participio passado do verbo projicere, que
significa lançar para diante. Plano, intento, designio. Em-
presa, empreendimento. Redação provisoria de lei. Plano
geral de edificação.
Ao construirmos os projetos de nossas escolas, plane-
jamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lança-
mo-nos para diante, com base no que temos, buscando
o possível. É antever um futuro diferente do presente.
Nas palavras de Gadotti: Todo projeto supõe rupturas
com o presente e promessas para o futuro. Projetar sig-
nifica tentar quebrar um estado confortável para arris-
car-se, atravessar um período de instabilidade e buscar
uma nova estabilidade em função da promessa que cada
projeto contém de estado melhor do que o presente. Um
projeto educativo pode ser tomado como promessa frente
a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação possível, comprometendo seus atores e
autores.

95
Nessa perspectiva, o projeto político pedagógico vai à organização do trabalho pedagógico que inclui o tra-
além de um simples agrupamento de planos de ensi- balho do professor na dinâmica interna da sala de aula,
no e de atividades diversas. O projeto não é algo que é ressaltado anteriormente.
construído e em seguida arquivado ou encaminhado às Buscar uma nova organização para a escola constitui
autoridades educacionais como prova do cumprimento uma ousadia para educadores, pais, alunos e funcioná-
de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em rios. Para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de
todos os momentos, por todos os envolvidos com o pro- um referencial que fundamente a construção do projeto
cesso educativo da escola. político pedagógico. A questão é, pois, saber a qual refe-
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação rencial temos que recorrer para a compreensão de nossa
intencional, com um sentido explícito, com um compro- prática pedagógica. Nesse sentido, temos que nos alicer-
misso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pe- çar nos pressupostos de uma teoria pedagógica crítica
dagógico da escola é, também, um projeto político por viável, que parta da prática social e esteja compromissa-
estar intimamente articulado ao compromisso sociopo- da em solucionar os problemas da educação e do ensino
lítico com os interesses reais e coletivos da população de nossa escola; uma teoria que subsidie o projeto políti-
majoritária. E político no sentido de compromisso com co pedagógico. Por sua vez, a prática pedagógica que ali
a formação do cidadão para um tipo de sociedade. “A se processa deve estar ligada aos interesses da maioria
dimensão política se cumpre na medida em que ela se da população. Faz-se necessário, também, o domínio das
realiza enquanto prática especificamente pedagógica”. bases teóricometodológicas indispensáveis à concretiza-
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efe- ção das concepções assumidas coletivamente. Mais do
tivação da intencionalidade da escola, que é a formação que isso, afirma Freitas, (...) as novas formas têm que ser
do cidadão participativo, responsável, compromissado, pensadas em um contexto de luta, de correlações de for-
crítico e criativo. É pedagógico no sentido de definir as ça - às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que
ações educativas e as características necessárias às esco- nascer no próprio “chão da escola”, com apoio dos pro-
las para cumprir seus propósitos e sua intencionalidade. fessores e pesquisadores. Não poderão ser inventadas
Político e pedagógico têm, assim, uma significação por alguém, longe da escola e da luta da escola.
indissociável. Nesse sentido é que se deve considerar o Isso significa uma enorme mudança na concepção
projeto político pedagógico como um processo perma- do projeto político pedagógico e na própria postura da
nente de reflexão e discussão dos problemas da esco- administração central. Se a escola se nutre da vivência
la, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua cotidiana de cada um de seus membros, coparticipantes
de sua organização do trabalho pedagógico à adminis-
intencionalidade, que “não é descritiva ou constatativa,
tração central, seja o Ministério da Educação, a Secretaria
mas é constitutiva”. Por outro lado, propicia a vivência
de Educação Estadual ou Municipal, não compete a eles
democrática necessária para a participação de todos os
definir um modelo pronto e acabado, mas sim estimular
membros da comunidade escolar e o exercício da cida-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

inovações e coordenar as ações pedagógicas planejadas


dania. Pode parecer complicado, mas se trata de uma re-
e organizadas pela própria escola. Em outras palavras, as
lação recíproca entre a dimensão política e a dimensão
escolas necessitam receber assistência técnica e financei-
pedagógica da escola.
ra decidida em conjunto com as instâncias superiores do
O projeto político pedagógico, ao se constituir em
sistema de ensino.
processo democrático de decisões, preocupa-se em ins- Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógi-
taurar uma forma de organização do trabalho pedagógi- ca de organização das instâncias superiores, implicando
co que supere os conflitos, buscando eliminar as relações uma mudança substancial na sua prática.
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com Para que a construção do projeto político pedagógico
a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocra- seja possível não é necessário convencer os professores,
cia que permeia as relações no interior da escola, dimi- a equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, ou
nuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situa-
que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de ções que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o
decisão. fazer pedagógico de forma coerente.
Desse modo, o projeto político pedagógico tem a O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não
ver com a organização do trabalho pedagógico em dois tem mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo
níveis: como organização de toda a escola e como or- e na ótica do poder centralizador que dita as normas e
ganização da sala de aula, incluindo sua relação com o exerce o controle técnico burocrático. A luta da escola é
contexto social imediato, procurando preservar a visão para a descentralização em busca de sua autonomia e
de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar qualidade.
que o projeto político pedagógico busca a organização Do exposto, o projeto político pedagógico não visa
do trabalho pedagógico da escola na sua globalidade. simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a
A principal possibilidade de construção do projeto uma qualidade em todo o processo vivido. Vale acres-
político pedagógico passa pela relativa autonomia da es- centar, ainda, que a organização do trabalho pedagógi-
cola, de sua capacidade de delinear sua própria identida- co da escola tem a ver com a organização da sociedade.
de. Isso significa resgatar a escola como espaço público, A escola nessa perspectiva é vista como uma instituição
como lugar de debate, do diálogo fundado na reflexão social, inserida na sociedade capitalista, que reflete no
coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto po- seu interior as determinações e contradições dessa so-
lítico pedagógico da escola dará indicações necessárias ciedade.

96
1. Princípios norteadores do projeto político pe- c) Gestão democrática é um princípio consagrado
dagógico pela Constituição vigente e abrange as dimensões
pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige
A abordagem do projeto político pedagógico, como uma ruptura histórica na prática administrativa
organização do trabalho de toda a escola, está fundada da escola, com o enfrentamento das questões de
nos princípios que deverão nortear a escola democrática, exclusão e reprovação e da não-permanência do
pública e gratuita: aluno na sala de aula, o que vem provocando a
a) Igualdade de condições para acesso e permanên- marginalização das classes populares. Esse com-
cia na escola. Saviani alerta-nos para o fato de que promisso implica a construção coletiva de um pro-
há uma desigualdade no ponto de partida, mas a jeto político pedagógico ligado à educação das
igualdade no ponto de chegada deve ser garantida classes populares.
pela mediação da escola. O autor destaca que “só A gestão democrática exige a compreensão em pro-
é possível considerar o processo educativo em seu fundidade dos problemas postos pela prática pedagógi-
conjunto sob a condição de se distinguir a demo- ca. Ela visa romper com a separação entre concepção e
cracia como possibilidade no ponto de partida e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática.
democracia como realidade no ponto de chegada”. Busca resgatar o controle do processo e do produto do
Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais trabalho pelos educadores.
que a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação A gestão democrática implica principalmente o re-
do atendimento com simultânea manutenção de quali- pensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista
dade. sua socialização. A socialização do poder propicia a práti-
ca da participação coletiva, que atenua o individualismo;
b) Qualidade que não pode ser privilégio de minorias da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidarie-
econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao dade, que supera a opressão; da autonomia, que anula a
projeto político pedagógico da escola é o de pro- dependência de órgãos intermediários que elaboram po-
piciar uma qualidade para todos. líticas educacionais das quais a escola é mera executora.
A qualidade que se busca implica duas dimensões in- A busca da gestão democrática inclui, necessariamen-
dissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não te, a ampla participação dos representantes dos diferen-
está subordinada à outra; cada uma delas tem perspec- tes segmentos da escola nas decisões/ações adminis-
tivas próprias. trativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de
A primeira enfatiza os instrumentos e os métodos, Marques: “A participação ampla assegura a transparência
a técnica. A qualidade formal não está afeita, necessa- das decisões, fortalece as pressões para que sejam elas
riamente, a conteúdos determinados. Demo afirma que legítimas, garante o controle sobre os acordos estabe-
a qualidade formal “significa a habilidade de manejar lecidos e, sobretudo, contribui para que sejam contem-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos pladas questões que de outra forma não entrariam em
diante dos desafios do desenvolvimento”. cogitação”.
A qualidade política é condição imprescindível da Nesse sentido, fica claro entender que a gestão de-
participação. Está voltada para os fins, valores e conteú- mocrática, no interior da escola, não é um princípio fácil
dos. Quer dizer “a competência humana do sujeito em de ser consolidado, pois se trata da participação crítica
termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins his- na construção do projeto político pedagógico e na sua
tóricos da sociedade humana”. gestão.
Nessa perspectiva, o autor chama atenção para o fato d) Liberdade é outro princípio constitucional. O prin-
de que a qualidade se centra no desafio de manejar os cípio da liberdade está sempre associado à ideia
instrumentos adequados para fazer a história humana. A de autonomia. O que é necessário, portanto, como
qualidade formal está relacionada com a qualidade polí- ponto de partida, é o resgate do sentido dos con-
tica e esta depende da competência dos meios. ceitos de autonomia e liberdade. A autonomia e a
A escola de qualidade tem obrigação de evitar de to- liberdade fazem parte da própria natureza do ato
das as maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem pedagógico. O significado de autonomia remete-
que garantir a meta qualitativa do desempenho satisfa- -nos para regras e orientações criadas pelos pró-
tório de todos. Qualidade para todos, portanto, vai além prios sujeitos da ação educativa, sem imposições
da meta quantitativa de acesso global, no sentido de que externas.
as crianças em idade escolar entrem na escola. É preci- Para Rios, a escola tem uma autonomia relativa e a
so garantir a permanência dos que nela ingressarem. Em liberdade é algo que se experimenta em situação e esta
síntese, qualidade “implica consciência crítica e capacida- é uma articulação de limites e possibilidades. Para a
de de ação, saber e mudar”. autora, a liberdade é uma experiência de educadores e
O projeto político pedagógico, ao mesmo tempo em constrói-se na vivência coletiva, interpessoal. Portanto,
que exige de educadores, funcionários, alunos e pais a “somos livres com os outros, não apesar dos outros”. Se
definição clara do tipo de escola que intentam, requer a pensamos na liberdade na escola, devemos pensá-la na
definição de fins. Assim, todos deverão definir o tipo de relação entre administradores, professores, funcionários
sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As e alunos que aí assumem sua parte de responsabilidade
ações específicas para a obtenção desses fins são meios. na construção do projeto político pedagógico e na rela-
Essa distinção clara entre fins e meios é essencial para a ção destes com o contexto social mais amplo.
construção do projeto político pedagógico.

97
Heller afirma que: tinuada questões como cidadania, gestão democrática,
avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas tec-
A liberdade é sempre liberdade para algo e não apenas nologias de ensino, entre outras.
liberdade de algo. Se interpretarmos a liberdade apenas Veiga e Carvalho afirmam que “o grande desafio da
como o fato de sermos livres de alguma coisa, encontra- escola, ao construir sua autonomia, deixando de lado seu
mo-nos no estado de arbítrio, definimo-nos de modo ne- papel de mera ‘repetidora’ de programas de ‘treinamen-
gativo. A liberdade é uma relação e, como tal, deve ser to’, é ousar assumir o papel predominante na formação
continuamente ampliada. O próprio conceito de liberdade dos profissionais”.
contém o conceito de regra, de reconhecimento, de inter- Inicialmente, convém alertar para o fato de que essa
venção recíproca. Com efeito, ninguém pode ser livre se, tomada de consciência dos princípios norteadores do
em volta dele, há outros que não o são! projeto político pedagógico não pode ter o sentido es-
pontaneísta de cruzar os braços diante da atual organiza-
Por isso, a liberdade deve ser considerada, também, ção da escola, inibidora da participação de educadores,
como liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e di- funcionários e alunos no processo de gestão.
vulgar a arte e o saber direcionados para uma intencio- É preciso ter consciência de que a dominação no
nalidade definida coletivamente. interior da escola efetiva-se por meio das relações de
poder que se expressam nas práticas autoritárias e con-
e) Valorização do magistério é um princípio central na servadoras dos diferentes profissionais, distribuídos
discussão do projeto político pedagógico. hierarquicamente, bem como por meio das formas de
A qualidade do ensino ministrado na escola e seu su- controle existentes no interior da organização escolar.
cesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar Como resultante dessa organização, a escola pode ser
da vida socioeconómica, política e cultural do país rela- descaracterizada como instituição histórica e socialmen-
cionam-se estreitamente a formação (inicial e continua- te determinada, instância privilegiada da produção e da
da), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos apropriação do saber. As instituições escolares represen-
físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução tam «armas de contestação e luta entre grupos culturais
do número de alunos na sala de aula etc), remuneração, e econômicos que têm diferentes graus de poder». Por
elementos esses indispensáveis à profissionalização do outro lado, a escola é local de desenvolvimento da cons-
magistério. ciência crítica da realidade.
A melhoria da qualidade da formação profissional e a Acreditamos que os princípios analisados e o apro-
valorização do trabalho pedagógico requerem a articu- fundamento dos estudos sobre a organização do traba-
lação entre instituições formadoras, no caso as institui- lho pedagógico trarão contribuições relevantes para a
ções de ensino superior e a Escola Normal, e as agências compreensão dos limites e das possibilidades dos proje-
tos político pedagógicos voltados para os interesses das
empregadoras, ou seja, a própria rede de ensino. A for-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

camadas menos favorecidas.


mação profissional implica, também, a indissociabilidade
Veiga acrescenta, ainda, que “a importância desses
entre a formação inicial e a formação continuada.
princípios está em garantir sua operacionalização nas
O reforço à valorização dos profissionais da educa-
estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel,
ção, garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento pro-
na legislação, na proposta, no currículo, e outra é estar
fissional permanente, significa “valorizar a experiência e
ocorrendo na dinâmica interna da escola, no real, no con-
o conhecimento que os professores têm a partir de sua
creto”.
prática pedagógica”.
A formação continuada é um direito de todos os pro- 2. Construindo o projeto político pedagógico
fissionais que trabalham na escola, uma vez que ela não
só possibilita a progressão funcional baseada na titula- O projeto político pedagógico é entendido, neste
ção, na qualificação e na competência dos profissionais, estudo, como a própria organização do trabalho peda-
mas também propicia, fundamentalmente, o desenvol- gógico da escola. A construção do projeto político pe-
vimento profissional dos professores articulado com as dagógico parte dos princípios de igualdade, qualidade,
escolas e seus projetos. liberdade, gestão democrática e valorização do magis-
A formação continuada deve estar centrada na esco- tério. A escola é concebida como espaço social marcado
la e fazer parte do projeto político pedagógico. Assim, pela manifestação de práticas contraditórias, que apon-
compete à escola: a) proceder ao levantamento de ne- tam para a luta e/ou acomodação de todos os envolvidos
cessidades de formação continuada de seus profissionais; na organização do trabalho pedagógico.
b) elaborar seu programa de formação, contando com a O que pretendemos enfatizar é que devemos analisar
participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido e compreender a organização do trabalho pedagógico,
de fortalecer seu papel na concepção, na execução e na no sentido de gestar uma nova organização que reduza
avaliação do referido programa. os efeitos de sua divisão do trabalho, de sua fragmenta-
Assim, a formação continuada dos profissionais da ção e do controle hierárquico. Nessa perspectiva, a cons-
escola compromissada com a construção do projeto trução do projeto político pedagógico é um instrumento
político pedagógico não deve se limitar aos conteúdos de luta, é uma forma de contrapor-se à fragmentação do
curriculares, mas se estender à discussão da escola de trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência e
maneira geral e de suas relações com a sociedade. Daí, aos efeitos negativos do poder autoritário e centralizador
passarem a fazer parte dos programas de formação con- dos órgãos da administração central.

98
A construção do projeto político pedagógico, para tante para “a criação de uma identidade da escola, de um
gestar uma nova organização do trabalho pedagógico, ethos científico e diferenciador, que facilite a adesão dos
passa pela reflexão anteriormente feita sobre os princí- diversos atores e a elaboração de um projeto próprio”
pios. Acreditamos que a análise dos elementos constitu- (1992, p. 26).
tivos da organização trará contribuições relevantes para A ideia de autonomia está ligada à concepção eman-
a construção do projeto político pedagógico. cipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não
Pelo menos sete elementos básicos podem ser apon- pode depender dos órgãos centrais e intermediários que
tados: a) as finalidades da escola; b) a estrutura organiza- definem a política da qual ela não passa de executora.
cional; c) o currículo; d) o tempo escolar; e) o processo de Ela concebe seu projeto político pedagógico e tem auto-
decisão; f) as relações de trabalho; g) a avaliação. nomia para executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova
atitude de liderança, no sentido de refletir sobre suas fi-
a) As finalidades da escola nalidades sociopolíticas e culturais.
A escola persegue finalidades. É importante ressaltar
que os educadores precisam ter clareza das finalidades b) A estrutura organizacional
de sua escola. Para tanto, há necessidade de refletir sobre A escola, de forma geral, dispõe basicamente de duas
a ação educativa que a escola desenvolve com base nas estruturas: as administrativas e as pedagógicas. As pri-
finalidades e nos objetivos que ela define. As finalidades meiras asseguram, praticamente, a locação e a gestão
da escola referem-se aos efeitos intencionalmente pre- de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem parte,
tendidos e almejados. ainda, das estruturas administrativas todos os elemen-
- Das finalidades estabelecidas na legislação em vi- tos que têm uma forma material, como, por exemplo, a
gor, o que a escola persegue, com maior ou menor arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se
ênfase? apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipamen-
- Como é perseguida sua finalidade cultural, ou seja, a tos e materiais didáticos, mobiliário, distribuição das de-
de preparar culturalmente os indivíduos para uma pendências escolares e espaços livres, cores, limpeza e
melhor compreensão da sociedade em que vivem? saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica).
- Como a escola procura atingir sua finalidade política As pedagógicas, que, teoricamente, determinam a
e social, ao formar o indivíduo para a participação ação das administrativas, “organizam as funções educa-
política que implica direitos e deveres da cidada- tivas para que a escola atinja de forma eficiente e eficaz
nia? as suas finalidades”.
- Como a escola atinge sua finalidade de formação As estruturas pedagógicas referem-se, fundamental-
profissional, ou melhor, como ela possibilita a com- mente, às interações políticas, às questões de ensino e
preensão do papel do trabalho na formação profis- aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas pedagó-
sional do aluno? gicas incluem-se todos os setores necessários ao desen-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


- Como a escola analisa sua finalidade humanística, volvimento do trabalho pedagógico.
ao procurar promover o desenvolvimento integral A análise da estrutura organizacional da escola visa
da pessoa? identificar quais estruturas são valorizadas e por quem,
verificando as relações funcionais entre elas. É preciso fi-
As questões levantadas geram respostas e novas in- car claro que a escola é uma organização orientada por
dagações por parte da direção, de professores, funcio- finalidades, controlada e permeada pelas questões do
nários, alunos e pais. O esforço analítico de todos pos- poder.
sibilitará a identificação de quais finalidades precisam
ser reforçadas, quais as que estão relegadas e como elas A análise e a compreensão da estrutura organizacio-
poderão ser detalhadas de acordo com as áreas do co- nal da escola significam indagar sobre suas característi-
nhecimento, das diferentes disciplinas curriculares, do cas, seus polos de poder, seus conflitos - O que sabemos
conteúdo programático. da estrutura pedagógica? Que tipo de gestão está sen-
É necessário decidir, coletivamente, o que se quer re- do praticada? O que queremos e precisamos mudar na
forçar dentro da escola e como detalhar as finalidades nossa escola? Qual é o organograma previsto? Quem o
para atingir a almejada cidadania. constitui e qual é a lógica interna? Quais as funções edu-
Alves afirma que é preciso saber se a escola dispõe cativas predominantes? Como são vistas a constituição e
de alguma autonomia na determinação das finalidades a distribuição do poder? Quais os fundamentos regimen-
e dos objetivos específicos. O autor enfatiza: “Interessará tais? -, enfim, caracterizar do modo mais preciso possível
reter se as finalidades são impostas por entidades exte- a estrutura organizacional da escola e os problemas que
riores ou se são definidas no interior do ‘território social’ afetam o processo de ensino e aprendizagem, de modo
e se são definidas por consenso ou por conflito ou até a favorecer a tomada de decisões realistas e exequíveis.
se são matéria ambígua, imprecisa ou marginal” (p. 19). Avaliar a estrutura organizacional significa questionar
Essa colocação está sustentada na ideia de que a es- os pressupostos que embasam a estrutura burocrática
cola deve assumir, como uma de suas principais tarefas, o da escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos
trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa. a criar ou a modificar a realidade social. Para poderem
Nesse sentido, ela procura alicerçar o conceito de auto- realizar um ensino de qualidade e cumprir suas finalida-
nomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem des, as escolas têm que romper com a atual forma de
deixar de lado os outros níveis da esfera administrativa organização burocrática que regula o trabalho pedagó-
educacional. Nóvoa nos diz que a autonomia é impor- gico - pela conformidade às regras fixadas, pela obediên-

99
cia a leis e diretrizes emanadas do poder central e pela beleça uma relação aberta e inter-relacione-se em tor-
cisão entre os que pensam e executam -, que conduz no de uma ideia integradora. Esse tipo de organização
à fragmentação e ao consequente controle hierárquico curricular, o autor denomina de currículo-integração. O
que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a currículo integração, portanto, visa reduzir o isolamento
ordem e a disciplina. entre as diferentes disciplinas curriculares, procurando
Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacio- agrupá-las num todo mais amplo.
nal, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obs- Como alertaram Domingos et al., “cada conteúdo dei-
táculos e vislumbrar as possibilidades, os educadores vão xa de ter significado por si só, para assumir uma impor-
desvelando a realidade escolar, estabelecendo relações, tância relativa e passar a ter uma função bem determina-
definindo finalidades comuns e configurando novas for- da e explícita dentro do todo de que faz parte”.
mas de organizar as estruturas administrativas e peda- O quarto ponto refere-se à questão do controle so-
gógicas para a melhoria do trabalho de toda a escola na cial, já que o currículo formal (conteúdos curriculares,
direção do que se pretende. Assim, considerando o con- metodologia e recursos de ensino, avaliação e relação
texto, os limites, os recursos disponíveis (humanos, ma- pedagógica) implica controle. Por outro lado, o controle
teriais e financeiros) e a realidade escolar, cada instituição social é instrumentalizado pelo currículo oculto, enten-
educativa assume sua marca, tecendo, no coletivo, seu dido este como as “mensagens transmitidas pela sala de
projeto político pedagógico, propiciando consequente- aula e pelo ambiente escolar”. Assim, toda a gama de
mente a construção de uma nova forma de organização. visões do mundo, as normas e os valores dominantes são
passados aos alunos no ambiente escolar, no material di-
c) O currículo dático e mais especificamente por intermédio dos livros
Currículo é um importante elemento constitutivo da didáticos, na relação pedagógica, nas rotinas escolares.
organização escolar. Currículo implica, necessariamente, Os resultados do currículo oculto “estimulam a conformi-
a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e dade a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo
a opção por um referencial teórico que o sustente. tempo que mantêm desigualdades socioeconómicas e
Currículo é uma construção social do conhecimento, culturais”.
pressupondo a sistematização dos meios para que essa Moreira (1992), ao examinar as teorias de controle so-
construção se efetive; é a transmissão dos conhecimen- cial que têm permeado as principais tendências do pen-
tos historicamente produzidos e as formas de assimilá- samento curricular, procurou defender o ponto de vista
-los; portanto, produção, transmissão e assimilação são de que controle social não envolve, necessariamente,
processos que compõem uma metodologia de constru- orientações conservadoras, coercitivas e de conformida-
ção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo de comportamental. De acordo com o autor, subjacente
propriamente dito. Nesse sentido, o currículo refere-se à ao discurso curricular crítico, encontra-se uma noção de
organização do conhecimento escolar. controle social orientada para a emancipação. Faz senti-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

O conhecimento escolar é dinâmico e não uma mera do, então, falar em controle social comprometido com
simplificação do conhecimento científico, que se ade- fins de liberdade que deem ao estudante uma voz ativa
quaria à faixa etária e aos interesses dos alunos. Daí a ne- e crítica.
cessidade de promover, na escola, uma reflexão aprofun- Com base em Aronowitz e Giroux (1985), o autor
dada sobre o processo de produção do conhecimento chama a atenção para o fato de que a noção crítica de
escolar, uma vez que ele é, ao mesmo tempo, processo e controle social não pode deixar de discutir “o contexto
produto. A análise e a compreensão do processo de pro- apropriado ao desenvolvimento de práticas curriculares
dução do conhecimento escolar ampliam a compreensão que favoreçam o bom rendimento e a autonomia dos
sobre as questões curriculares. estudantes e, em particular, que reduzam os elevados ín-
Na organização curricular é preciso considerar alguns dices de evasão e repetência de nossa escola de primeiro
pontos básicos. O primeiro é o de que o currículo não grau”.
é um instrumento neutro. O currículo passa ideologia, e A noção de controle social na teoria curricular críti-
a escola precisa identificar e desvelar os componentes ca é mais um instrumento de contestação e resistência à
ideológicos do conhecimento escolar que a classe do- ideologia veiculada por intermédio dos currículos, tanto
minante utiliza para a manutenção de privilégios. A de- do formal quanto do oculto.
terminação do conhecimento escolar, portanto, implica Orientar a organização curricular para fins emancipa-
uma análise interpretativa e crítica, tanto da cultura do- tórios implica, inicialmente, desvelar as visões simplifica-
minante, quanto da cultura popular. O currículo expressa das de sociedade, concebida como um todo homogê-
uma cultura. neo, e de ser humano, como alguém que tende a aceitar
O segundo ponto é o de que o currículo não pode ser papéis necessários à sua adaptação ao contexto em que
separado do contexto social, uma vez que ele é historica- vive. Controle social, na visão crítica, é uma contribuição
mente situado e culturalmente determinado. e uma ajuda para a contestação e a resistência à ideo-
O terceiro ponto diz respeito ao tipo de organização logia veiculada por intermédio dos currículos escolares.
curricular que a escola deve adotar. Em geral, nossas ins-
tituições têm sido orientadas para a organização hierár- d) O tempo escolar
quica e fragmentada do conhecimento escolar. Com base O tempo é um dos elementos constitutivos da orga-
em Bernstein (1989), chamo a atenção para o fato de que nização do trabalho pedagógico. O calendário escolar
a escola deve buscar novas formas de organização cur- ordena o tempo: determina o início e o fim do ano, pre-
ricular, em que o conhecimento escolar (conteúdo) esta- vendo os dias letivos, as férias, os períodos escolares em

100
que o ano se divide, os feriados cívicos e religiosos, as seja possível é necessário que se instalem mecanismos
datas reservadas à avaliação, os períodos para reuniões institucionais visando à participação política de todos
técnicas, cursos etc. os envolvidos com o processo educativo da escola. Paro
O horário escolar, que fixa o número de horas por se- (1993, p. 34) sugere a instalação de processos eletivos
mana e que varia em razão das disciplinas constantes na de escolha de dirigentes, colegiados com representação
grade curricular, estipula também o número de aulas por de alunos, pais, associação de pais e professores, grêmio
professor. Tal como afirma Enguita: “Às matérias tornam- estudantil, processos coletivos de avaliação continuada
-se equivalentes porque ocupam o mesmo número de dos serviços escolares etc.
horas por semana, e são vistas como tendo menor pres-
tígio se ocupam menos tempo que as demais”. f) As relações de trabalho
A organização do tempo do conhecimento escolar E importante reiterar que, quando se busca uma nova
é marcada pela segmentação do dia letivo, e o currícu- organização do trabalho pedagógico, está se conside-
lo é, consequentemente, organizado em períodos fixos rando que as relações de trabalho, no interior da escola,
de tempo para disciplinas supostamente separadas. O deverão estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de
controle hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes reciprocidade e de participação coletiva, em contraposi-
é desperdiçado e controlado pela administração e pelo ção à organização regida pelos princípios da divisão do
professor. trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico. É
Em resumo, quanto mais compartimentado for o nesse movimento que se verifica o confronto de interes-
tempo, mais hierarquizadas e ritualizadas serão as rela- ses no interior da escola. Por isso, todo esforço de gestar
ções sociais, reduzindo, também, as possibilidades de se uma nova organização deve levar em conta as condições
institucionalizar o currículo-integração que conduz a um concretas presentes na escola. Há uma correlação de for-
ensino em extensão. ças e é nesse embate que se originam os conflitos, as
Enguita, ao discutir a questão de como a escola con- tensões, as rupturas, propiciando a construção de novas
tribui para a inculcação da precisão temporal nas ativida- formas de relações de trabalho, com espaços abertos à
des escolares, assim se expressa:
reflexão coletiva que favoreçam o diálogo, a comunica-
A sucessão de períodos muito breves - sempre de
ção horizontal entre os diferentes segmentos envolvidos
menos de uma hora -dedicados a matérias muito dife-
com o processo educativo, a descentralização do poder.
rentes entre si, sem necessidade de sequência lógica en-
A esse respeito, Machado assume a seguinte posição: “O
tre elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de
processo de luta é visto como uma forma de contrapor-
seu conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e
-se à dominação, o que pode contribuir para a articula-
sem prestar nenhuma atenção à cadência do interesse
ção de práticas emancipatórias”.
e do trabalho dos estudantes; em suma, a organização
A partir disso, novas relações de poder poderão ser
habitual do horário escolar ensina ao estudante que o
construídas na dinâmica interna da sala de aula e da es-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


importante não é a qualidade precisa de seu trabalho,
a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro cola.
cenário em que a criança e o jovem presenciam, aceitam
e sofrem a redução de seu trabalho a trabalho abstrato. g) A avaliação
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico tor- Acompanhar e avaliar as atividades leva-nos à refle-
na-se necessário que a escola reformule seu tempo, es- xão, com base em dados concretos sobre como a esco-
tabelecendo períodos de estudo e reflexão de equipes la se organiza para colocar em ação seu projeto polític
de educadores, fortalecendo a escola como instância de pedagógico. A avaliação do projeto político pedagógico,
educação continuada. numa visão crítica, parte da necessidade de conhecer a
É preciso tempo para que os educadores aprofundem realidade escolar, busca explicar e compreender critica-
seu conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão mente as causas da existência de problemas, bem como
aprendendo. E preciso tempo para acompanhar e avaliar suas relações, suas mudanças e se esforça para propor
o projeto político pedagógico em ação. É preciso tempo ações alternativas (criação coletiva). Esse caráter criador
para os estudantes se organizarem e criarem seus espa- é conferido pela autocrítica.
ços para além da sala de aula. Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão
global analisam o projeto políticopedagógico não como
e) O processo de decisão algo estanque, desvinculado dos aspectos políticos e
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das sociais; não rejeitam as contradições e os conflitos. A
tarefas, das ações e principalmente das decisões é orien- avaliação tem um compromisso mais amplo do que a
tado por procedimentos formalizados, prevalecendo as mera eficiência e eficácia das propostas conservadoras.
relações hierárquicas de mando e submissão, de poder Portanto, acompanhar e avaliar o projeto políticopeda-
autoritário e centralizador. gógico é avaliar os resultados da própria organização do
Uma estrutura administrativa da escola, adequada à trabalho pedagógico.
realização de objetivos educacionais, de acordo com os Considerando a avaliação dessa forma, é possível
interesses da população, deve prever mecanismos que salientar dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação
estimulem a participação de todos no processo de de- é um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao
cisão. Isso requer uma revisão das atribuições específi- projeto políticopedagógico. Segundo, ela imprime uma
cas e gerais, bem como da distribuição do poder e da direção às ações dos educadores e dos educandos.
descentralização do processo de decisão. Para que isso

101
O processo de avaliação envolve três momentos: a O termo “didático” aparece somente quando há a
descrição e a problematização da realidade escolar, a intervenção intencional e planejada no processo de en-
compreensão crítica da realidade descrita e problema- sino-aprendizagem, deixando de ser assim um ato es-
tizada e a proposição de alternativas de ação, momento pontâneo.
de criação coletiva. A escola se torna assim, um local onde o processo de
A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser ensino passa a ser sistematizado, estruturando o ensino
instrumento de exclusão dos alunos provenientes das de acordo com a idade e capacidade de cada criança. O
classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, responsável pela “teorização” da didática será Comênio:
deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do alu- A formação da teoria da didática para investigar as
no de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais ligações entre ensino aprendizagem e suas leis ocorre no
e tecnológicos produzidos historicamente e deve ser re- século XVII, quando João Amós Comênio (1592-1670),
sultante de um processo coletivo de avaliação diagnos- um pastor protestante, escreve a primeira obra clássica
tica. sobre didática, a Didática Magna (LIBÂNEO, 1994).
Foi o primeiro educador a formular a ideia da difu-
3. Gestão educacional decorrente da concepção são dos conhecimentos educativos a todos, criou regras
do projeto político pedagógico e princípios de ensino, desenvolvendo um estudo sobre
a didática. Suas ideias eram calcadas na visão ética re-
A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho, ligiosa, mesmo assim eram inovadoras para a época e
de sua fragmentação e do controle hierárquico, precisa se contrapunham ás ideias conservadoras da nobreza e
criar condições para gerar uma outra forma de organiza- do clero, que exerciam uma grande influência naquele
ção do trabalho pedagógico. período. Algumas das principais características da didá-
A reorganização da escola deverá ser buscada de tica de Comênio, segundo Libâneo (1994) eram de que
dentro para fora. O fulcro para a realização dessa tarefa a educação era um elo que conduzia a felicidade eterna
será o empenho coletivo na construção de um projeto com Deus, portanto, a educação é um direito natural de
político pedagógico, e isso implica fazer rupturas com o todos, a didática deveria estudar características e méto-
existente para avançar. dos de ensino que respeitem o desenvolvimento natural
É preciso entender o projeto político pedagógico da do homem, a idade, as percepções, observações; deveria
escola como uma reflexão de seu cotidiano. Para tanto, também ensinar uma coisa de cada vez, respeitando a
ela precisa de um tempo razoável de reflexão e ação ne- compreensão da criança, partindo do conhecido para o
cessário à consolidação de sua proposta. desconhecido.
A construção do projeto político pedagógico requer As ideias de Comênio, infelizmente não obtiveram
continuidade das ações, descentralização, democratiza- repercussão imediata naquela época (século XVII), o
ção do processo de tomada de decisões e instalação de modelo de educação que prevalecia era o ensino inte-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

um processo coletivo de avaliação de cunho emancipa- lectualista, verbalista e dogmático, os ensinamentos do


tório. professor (centro do ensino) eram baseados na repetição
Finalmente, é importante destacar que o movimento mecânica e memorização dos conteúdos, o aluno não
de luta e resistência dos educadores é indispensável para deveria participar do processo, o ensino separava a vida
ampliar as possibilidades e apressar as mudanças que se da realidade.
fazem necessárias dentro e fora dos muros da escola. Com o passar dos anos e o desenvolvimento da so-
ciedade, da ciência e dos meios de produção, o clero e
Conceituando Didática a nobreza foram perdendo aos poucos seus “poderes”,
enquanto crescia o da burguesia. Essas transformações
A palavra didática vem do grego (techné didaktiké), fizeram crescer a necessidade de um ensino ligado ás
que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A exigências do mundo atual, que contemplasse o livre de-
didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos méto- senvolvimento das capacidades e dos interesses indivi-
dos e técnicas de ensino, destinados a colocar em prática duais de cada um.
as diretrizes da teoria pedagógica. A didática estuda os Jean Jacques Rousseau (1712–1778) foi um pensador
diferentes processos de ensino e aprendizagem. O edu- que percebeu essas novas necessidades e propôs uma
cador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Come- nova concepção de ensino, baseada nos interesses e ne-
nius, é reconhecido como o pai da didática moderna, e cessidades imediatas da criança, sendo esse o centro de
um dos maiores educadores do século XVII. suas ideias.
A palavra “didática” se encontra inserida a uma ex- Enquanto Comênio, ao seguir as “pegadas da nature-
pressão grega que se traduz por técnica de ensinar. É za”, pensava em “domar as paixões das crianças”, Rous-
interessante conhecer que desde uma perspectiva eti- seau parte da ideia da bondade natural do homem, cor-
mológica a palavra “didática” na sua língua de origem, rompido pela sociedade.
destacava a realização lenta de um acionar através do Veiga diz que “[...] dessa forma não se poderia pen-
tempo, própria do processo de instruir. O vocábulo di- sar em uma prática pedagógica, e muito menos em uma
dático aparece quando os adultos começam a intervir na perspectiva transformadora na educação”. A metodolo-
atividade de aprendizagem das crianças e jovens através gia de ensino (didática) era entendida somente como
da direção deliberada e planejada do ensino – aprendi- um conjunto de regras e normas prescritivas que visam a
zagem. orientação do ensino e do estudo.

102
Após os jesuítas não ocorreram no país grandes mo- A didática como fator de qualidade no processo
vimentos pedagógicos, a nova organização instituída por de ensino e aprendizagem
Pombal representou pedagogicamente, um retrocesso
no sistema educativo, pois professores leigos começa- O processo de ensino deve ter como ponto de partida
ram a ser admitidos para ministrar “aulas-régias”, intro- o nível de conhecimento, as experiências que proporcio-
duzidas pela reforma pombalina. nam uma transmissão progressiva das capacidades cog-
Para Veiga dada a predominância da influência da pe- nitivas como intelectuais; o que liga o ensino à aprendi-
dagogia nova na legislação educacional e nos cursos de zagem. Nesse contexto a história da Didática e a prática
formação para o magistério, o professor absorveu seu escolar presente tende a separar os conteúdos de ensino
ideário. do desenvolvimento de capacidades e habilidades; con-
Segundo Libâneo (1994) “um entendimento crítico da figuradas também como aspecto material e formal do
realidade através do estudo das matérias escolares...”, e ensino. Desta forma percebemos que o ensino une dois
assim os alunos podem expressar de forma elaborada os aspectos pelo fato de que a assimilação de conteúdos
conhecimentos que correspondem aos interesses prio- requer desenvolvimento de capacidades e habilidades
ritários da sociedade e inserir-se ativamente nas lutas cognoscitivas.
sociais, ou seja, defender seus ideais de acordo com sua É importante ressaltar que o processo de ensino faz
realidade. a interação entre dois momentos fundamentais: a trans-
Comênio acreditava poder definir um método capaz missão e assimilação ativa tanto de conhecimentos quan-
de ensinar tudo a todos, ou como ele cita em sua obra “a to de habilidades. Com isso cabe ao professor a tarefa de
arte de ensinar tudo a todos” e esclarece: ensinar de modo que se tenha organização didática dos
A proa e a popa de nossa Didática será investigar e conteúdos que venha a promover condições assimiláveis
descobrir o método segundo o qual os professores ensi- de aprendizagem; de forma que ele controle e avalie as
nem menos e os estudantes aprendam mais: nas escolas atividades. Nesse sentido, Planejamento de ensino é o
haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inú- processo de decisão sobre atuação concreta dos pro-
til, e, ao contrário, haja mais recolhimentos, mais atrati- fessores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, en-
vo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos volvendo as ações e situações, em constantes interações
trevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais entre professor e alunos e entre os próprios alunos.
ordem, mais paz, mais tranquilidade. O professor, portanto, planeja, controla, facilita e
De certo modo podemos dizer que a Didática é uma orienta o processo de ensino; de maneira que estimula o
ciência cujo objetivo fundamental é ocupar-se das estra- desenvolvimento de atividades próprias dos alunos para
tégias de ensino, das questões práticas relativas à meto- a aprendizagem.
dologia e das estratégias de aprendizagem. Essa interação de acordo com o autor é que promove
Ao longo do estudo sobre o processo de ensino na a situação de ensino aprendizagem; ela é denominada

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


escola podemos observar a relação entre o ensino e a de “aprendizagem organizada” por ter uma finalidade
aprendizagem através da atividade do professor em re- especifica onde as atividades são organizadas intencio-
lação a do aluno. Desta forma a didática se manifesta no nalmente, com planejamento e de forma sistemática. Po-
contexto de se organizar o ensino; de maneira que se rém há por outro lado a “aprendizagem casual” definida
tracem os objetivos, estipulando os métodos a serem se- como uma forma espontânea que surge naturalmente
guidos e planejando as ações conjuntas dentro da escola. da interação entre pessoas com o meio; isto é ressaltado
Dentro dessa perspectiva percebemos que “a ativida- pelo fato de que a observação, experiência e aconteci-
de de ensinar é vista, comumente, como transmissão de mentos do cotidiano proporcionam também aprendiza-
matéria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, gem e que isto deve ser observado pelo professor de
memorização de definições e fórmulas”. Essa caracteriza- forma que se possa utilizar didaticamente.
ção de ensino é vista em muitas escolas em que o pro- A aprendizagem escolar também está vinculada com
fessor é o elemento ativo que fala, interpreta e transmite a motivação dos alunos tanto para atender necessidades
o conteúdo; levando ao aluno à tarefa de reproduzir me- orgânicas ou sócias; quanto para atender exigências da
canicamente o que absorveu; o que na visão de Libâneo escola, da família e até mesmo dos colegas. Essa aprendi-
é chamado de “ensino tradicional”. zagem resulta da reflexão proporcionada pela percepção
Concordamos com o autor quando diz que o pro- prático-sensorial e pelas ações mentais que caracterizam
fessor não proporcionar através desse método o desen- o pensamento, estes vão sendo formados de acordo com
volvimento individual de conhecimento; com isso é ob- a organização lógica e psicológica das matérias de ensi-
servável que o livro didático é feito para ser vencido, o no, sendo que nos remete a ideia de que o desenvolvi-
trabalho do professor fica restrito às paredes de sala de mento escolar é progressivo, ou seja, a aprendizagem é
aula, a realidade; assim como o nível e condições que o um processo contínuo de desenvolvimento.
aluno é submetido para chegar até o conhecimento não Segundo Libâneo: A didática, assim, oferece uma
são levados em conta. contribuição indispensável à formação dos professores,
Nesse contexto a Didática é de extrema importância sintetizando no seu conteúdo a contribuição de conheci-
para um bom funcionamento e desenvolvimento do tra- mentos de outras disciplinas que convergem para o escla-
balho na escola de forma que ela organiza e planeja as recimento dos fatores condicionantes do processo de ins-
atividades do professor em relação aos alunos visando trução e ensino, intimamente vinculado com a educação
alcançar seus objetivos, desenvolvimento de habilidades; e, ao mesmo tempo, provendo os conhecimentos espe-
como também hábitos e o conhecimento intelectual. cíficos necessários para o exercício das tarefas docentes.

103
Castro, afirma a importância da didática dizendo: a todos, no entanto, escondia essas determinações polí-
Pois é certo que a didática tem uma determinada tico-econômicas mais abrangentes e decididas em restri-
contribuição ao campo educacional, que nenhuma ou- tos centros de poder. ”
tra disciplina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a O regime autoritário fez com que muitos educadores
econômica, nem a cibernética ou a tecnologia do ensino, criassem uma resistência com relação à elaboração de
nem a psicologia aplicada à educação atingem o seu nú- planos, uma vez que esses planos eram supervisionados
cleo central: o Ensino. ou elaborados por técnicos que delimitavam o que pro-
A didática é uma disciplina que complementa todas fessor deveria ensinar, priorizando as necessidades do
as outras, sendo interdisciplinar, pois será a “a essência” regime político. “Num regime político de contenção, o
para que o professor procure a melhor forma de desen- planejamento passa a ser bandeira altamente eficaz para
volver seu método de ensino. Podemos perceber que é o controle e ordenamento de todo o sistema educativo”.
clara a importância da didática na formação docente, no Apesar de se ter claro a importância do planejamento
entanto, notamos que no desenvolver histórico desta na formação, Fusari (2008) explica que:
profissão, a didática não obteve (e ainda não têm) esta “Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já im-
mesma relevância, e quando ministrada só alteava sua plantava a repressão, impedindo rapidamente que um
distorção e visão técnica, acentuando a distância entre trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre
teoria e prática. educação e sociedade pudessem ser problematizadas,
A didática é uma disciplina fundamental na formação fosse vivenciadas pelos educadores, criando, assim, um
do educador, pois, prepararão o futuro professor a estar “terreno” propício para o avanço daquela que foi deno-
capacitado a trabalhar na sala de aula, uma vez que ele minada “tendência tecnicista” da educação escolar. ”
dominará os conteúdos científicos e práticos, e principal- Mas não se pode pensar que o regime político era o
mente já estará diante da realidade de sala de aula para único fator que influenciava no pensamento com relação
poder perceber se o que aprende é realmente válido ou à elaboração dos planos de aulas; as teorias da adminis-
não, e poder questionar e cobrar seus aprendizados em tração também refletiam no ato de planejar do professor,
sala de aula. uma vez que essas teorias traziam conceitos que iriam
auxiliar na definição do tipo de organização educacional
AVALIAÇÃO E METODOLOGIA que seria adotado por uma determinada instituição.
No início da história da humanidade, o planejamen-
“O planejar é uma realidade que acompanhou a tra- to era utilizado sem que as pessoas percebessem sua
jetória histórica da humanidade. O homem sempre so- importância, porém com a evolução da vida humana,
nhou, pensou e imaginou algo na sua vida”. principalmente no setor industrial e comercial, houve a
Segundo Moretto, percebe-se que o planejamento necessidade adaptá-lo para os diversos setores. Nas es-
é fundamental na vida do homem, porém no contexto colas ele também era muito utilizado; a princípio, o pla-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

escolar ele não tem tanta importância assim: “o planeja- nejamento era uma maneira de controlar a ação dos pro-
mento no contexto escolar não parece ter a importância fessores de modo a não interferir no regime político da
que deveria ter”. Este fato acontece porque o planeja- época. Hoje o planejamento já não tem a função regula-
mento só passou a ser bem definido a partir do sécu- dora dentro das escolas, ele serve como uma ferramenta
lo passado, com a revolução comunista que construiu a importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do
União Soviética. professor, assunto este que será abordado mais detalha-
No mundo capitalista, segundo Gandin (2008), o pla- damente nos próximos capítulos desta pesquisa.
nejamento passa a ser utilizado pelo governo, após a
segunda guerra mundial, para a resolução de questões Planejamento, Plano (s), Projeto (s) – Compreen-
mais complexas. A adoção do planejamento pelo gover- são Necessária
no teve uma adesão tão grande que as outras institui-
ções se sentiram motivadas e passaram a se preocupar “Hoje vivemos a segunda grande onda do planeja-
com a importância do planejamento, uma vez que ele vi- mento. A primeira entra em crise na década de 70. A dé-
sava a suprir as necessidades de um comércio em ascen- cada de 80, embora, na prática, se apresente como uma
são que exigia uma nova organização. Com isso pode-se grande resistência ao planejamento, contém os mais efe-
dizer que foi a partir desta época que o planejamento se tivos anos em termos da compreensão da necessidade,
universalizou. do estudo, do esclarecimento e da confirmação desta
Na educação esta realidade também não poderia ter ferramenta. ”.
sido diferente, uma vez que, segundo Kuenzer “o plane- A citação demonstra a dimensão da necessidade de
jamento de educação também é estabelecido a partir das se compreender a importância do ato de planejar, não
regras e relações da produção capitalista, herdando, por- apenas no nosso dia-a-dia, mas principalmente, no dia-
tanto, as formas, os fins, as capacidades e os domínios do -a-dia de sala de aula.
capitalismo monopolista do Estado. ” Para Moretto (2007), planejar é organizar ações. Essa
Aqui no Brasil, Padilha explica que “Durante o regime é uma definição simples, mas que mostra uma dimensão
autoritário (1964-1985), eles foram utilizados com um da importância do ato de planejar, uma vez que o pla-
sentido autocrático. Toda decisão política era centraliza- nejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto do
da e justificada tecnicamente por tecnocratas à sombra professor como do aluno.
do poder. ” Kuenzer complementa a citação acima expli- O planejamento deve ser uma organização das ideias
cando que “A ideologia do Planejamento então oferecida e informações.

104
Gandin (2008) sugere que se pense no planejamento fique claro o que se entende por cada um desses planos
como uma ferramenta para dar eficiência à ação humana, e como se caracterizam. ” O que se faz necessário é estar
ou seja, deve ser utilizado para a organização na tomada consciente que:
de decisões e para melhor entender isto precisa-se com- “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser
preender alguns conceitos, tais como: planejar, planeja- planejada. O planejamento é uma espécie de garantia
mento e planos que segundo Menegolla & Sant’Anna dos resultados. E sendo a educação, especialmente a
(2001) “são palavras sofisticadamente pedagógicas e que educação escolar, uma atividade sistemática, uma orga-
“rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar. ” nização da situação de aprendizagem, ela necessita evi-
Porém, para Padilha (2003, p. 29), estes termos têm sido dentemente de planejamento muito sério. Não se pode
compreendidos de muitas maneiras. Dentre elas desta- improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível. ”
ca-se:
Professor x Plano de Aula: Inimigos Ou Aliados?
- Planejamento:
“É um instrumento direcional de todo o processo edu- “A educação, a escola e o ensino são os grandes
cacional, pois estabelece e determina as grandes urgên- meios que o homem busca para poder realizar o seu pro-
cias, indica as prioridades básicas, ordena e determina jeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores o
todos os recursos e meios necessários para a consecução dever de planejar a sua ação educativa para construir o
de grandes finalidades, metas e objetivos da educação. ” seu bem viver.
A citação acima deixa clara a importância tanto da
- Plano Nacional de Educação: escola como dos professores na formação humana; por
“Nele se reflete a política educacional de um povo, este motivo todas as ações educativas devem ter como
num determinado momento histórico do país. É o de perspectiva a construção de uma sociedade consciente
maior abrangência porque interfere nos planejamentos de seus direitos e obrigações, sejam eles individuais ou
feitos no nível nacional, estadual e municipal. ” coletivos.
Infelizmente, apesar do planejamento da ação edu-
- Plano de Curso: cativa ser de suma importância, existem professores que
“O plano de curso é a sistematização da proposta ge- são negligentes na sua prática educativa, improvisando
ral de trabalho do professor naquela determinada disci- suas atividades. Em consequência, não conseguem al-
plina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser cançar os objetivos quanto à formação do cidadão.
anual ou semestral, dependendo da modalidade em que “A ausência de um processo de planejamento de ensi-
a disciplina é oferecida. ” no nas escolas, aliado às demais dificuldades enfrentadas
pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma con-
tínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras pa-
- Plano de Aula:

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


lavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba
“É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido
sendo uma “regra”, prejudicando, assim, a aprendizagem
em um dia letivo. (...) é a sistematização de todas as ati-
dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo. ”
vidades que se desenvolvem no período de tempo em
Para Moretto (2007) “Há, ainda, quem pense que sua
que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de
experiência como professor seja suficiente para ministrar
ensinoaprendizagem. ”
suas aulas com competência. ” Professores com este tipo
de pensamento desconhecem a função do planejamento
- Plano de Ensino: bem como sua importância. Simplesmente estão preocu-
“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho do- pados em ministrar conteúdos, desconsiderando a reali-
cente para um ano ou um semestre; é um documento dade e a herança cultural existente em cada comunidade
mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, escolar bem como suas necessidades.
conteúdos e desenvolvimento metodológico. ” Outro aspecto que vem influenciando o ato de pla-
nejar dos professores são os materiais didáticos ou as
- Projeto Político Pedagógico: instruções metodológicas para os professores que acom-
“É o planejamento geral que envolve o processo de panham estes materiais. Na presente pesquisa não se
reflexão, de decisões sobre a organização, o funciona- pretende discutir se eles são bons ou ruins e sim a forma
mento e a proposta pedagógica da instituição. É um com a qual estão sendo utilizados pelos professores. O
processo de organização e coordenação da ação dos que acontece é que o professor faz um apanhado geral
professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto dos conteúdos dispostos no material e confronta com o
social da escola. É o planejamento que define os fins do tempo que tem disponível para ensinar esses conteúdos
trabalho pedagógico. ” aos alunos e a partir desses dados divide-os atribuindo a
Os conceitos apresentados têm por objetivo mos- este ato erroneamente o nome de plano de aula.
trar para o professor a importância, a funcionalidade e “Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu
principalmente a relação íntima existente entre essas ti- planejamento pela escolha de um livro didático. Infeliz-
pologias. Segundo Fusari (2008), “Apesar de os educa- mente, quando isso acontece, na maioria das vezes, esses
dores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os professores acabam se tornando simples administrado-
termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes res do livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho
não o são. ” Outro aspecto importante, segundo Schmitz a partir da realidade de seus alunos para seguir o que o
(2000) é que “as denominações variam muito. Basta que autor do livro considerou como mais indicado”.

105
Outra situação muito comum em relação à elabora- “Todo mestre precisa entender que esse conjunto de
ção do plano de aula é que “em muitos casos, os profes- regras, embora pareça muito burocrático e teórico para
sores copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior uns, ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tenta-
e o entregam a secretaria da escola, com a sensação de tiva clara para que os alunos aprendam e apreendam o
mais uma atividade burocrática”. que for necessário durante o período escolar. ”
Luckesi (2001) afirma que o ato de planejar, em nosso Partindo do princípio de que o professor deve ensinar
país, principalmente na educação, tem sido considerada os conteúdos e também formar o aluno para que ele se
como uma atividade sem significado, ou seja, os profes- torne atuante na sociedade, ele deve organizar seu plano
sores estão muito preocupados com os roteiros bem ela- de aula de modo que o aluno possa perceber a impor-
borados e esquecem do aperfeiçoamento do ato político tância do que está sendo ensinado, seja num contexto
do planejamento. histórico, para o seu dia-a-dia ou para seu futuro.
Os professores precisam quebrar o paradigma de É claro que integrar estes dois aspectos, senso co-
que o planejamento é um ato simplesmente técnico e mum e consciência filosófica, nem sempre é tão fácil.
passar a se questionarem sobre o tipo de cidadão que Para que isso aconteça faz-se necessário muito empenho
pretendem formar, analisando a sociedade na qual ele por parte do professor.
está inserido, bem como suas necessidades para se tor- “(...) um mínimo de intimidade com a realidade con-
nar atuante nesta sociedade. Para Luckesi (2001): creta das escolas é necessário à formação do educador.
“O planejamento não será nem exclusivamente um Sem isso, abre-se a possibilidade de improvisação ou, o
ato político-filosófico, nem exclusivamente um ato téc- que é pior, de experimentação para ver se “dá certo” em
nico; será sim um ato ao mesmo tempo político-social, termos do encaminhamento do ensino. Até que o pro-
científico e técnico: político-social, na medida em que fessor se situe criticamente no contexto de sala de aula,
está comprometido com as finalidades sociais e políticas; os alunos passam a ser cobaias desse profissional. ”
científicas na medida em que não pode planejar sem um Menegolla & Sant’Anna (2001) explicam que o plane-
conhecimento da realidade; técnico, na medida em que jamento também serve para desenvolver tanto nos pro-
o planejamento exige uma definição de meios eficientes
fessores como nos alunos uma ação eficaz de ensino e
para se obter resultados. ”
aprendizagem, uma vez que ambos são atuantes em sala
O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico
de aula. Porém é de responsabilidade do professor ela-
em detrimento do lado político-social ou vice-versa, am-
borar o plano de aula, pois é ele quem conhece as reais
bos são importantes. Por este motivo, devem ser muito
aspirações de cada turma.
bem pensados ao serem formulados visando à transfor-
“O preparo das aulas é uma das atividades mais im-
mação da sociedade.
portantes do trabalho do profissional de educação esco-
lar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si.
Plano de Aula: do senso comum à consciência fi-
(...) faz parte da competência teórica do professor, e dos
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

losófica
compromissos com a democratização do ensino, a tarefa
Considerando que o planejamento deve ser pensa- cotidiana de preparar suas aulas (...)”
do como um ato político- -social, não se pode conceber Moretto (2007) acredita que o professor, ao elaborar
que o professor não realize o mínimo de planejamento o plano de aula, deve considerar alguns componentes
necessário para seus alunos, afinal, o planejamento, no fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade
processo educativo, segundo Menegolla & Sant’Anna enquanto professor, conhecer seus alunos (característi-
(2001), não deve ser visto como regulador das ações hu- cas psicossociais e cognitivas), conhecer a epistemologia
manas, ou seja, um limitador das ações tanto pessoais e a metodologia mais adequada às características das
como sociais, e sim ser visto e planejado no intuito de disciplinas, conhecer o contexto social de seus alunos.
nortear o ser humano na busca da autonomia, na tomada Conhecer todos os componentes acima possibilita ao
de decisões, na resolução de problemas e principalmente professor escolher as estratégias que melhor se encai-
na capacidade de escolher seus caminhos. xam nas características citadas aumentando as chances
“Essencialmente, educar/ensinar é um ato político. de se obter sucesso nas aulas.
Entendamos bem essa proposição: a essência política Outro grupo que deve estar atento à importância de
do ato pedagógico orienta a práxis do educador quanto se elaborar planos de aula são os professores em início
aos objetivos a serem atingidos, aos conteúdos a serem de carreira, pois, para Schmitz (2000), esses profissionais
transmitidos e aos procedimentos a serem utilizados, iniciando sua carreira no magistério adquirem confiança
quando do trabalho junto a um determinado grupo de para dar aula, uma vez que, no plano de aula, é possível
alunos. ”. esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar as ativida-
Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam ar- des e facilitar seu acompanhamento.
gumentando que o plano das aulas visa à liberdade de Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não
ação e não pode ser planejado somente pelo bom senso, se discute a necessidade e a importância de se elabo-
sem bases científicas que norteiem o professor. Segundo rar o plano de aula, porém, segundo Schmitz (2000), ele
Gutenberg (2008) essa base científica utilizada para orga- não precisa ser descrito minuciosamente, mas deve ser
nizar o trabalho pedagógico são os pilares e princípios da estruturado, escrito ou mentalmente. “Trata-se de fazer
Educação, anunciados e exigidos pela Lei de Diretrizes e uma organização mental e uma tomada de consciência
Bases da Educação (Lei 9.394/96); por este motivo faz-se do que o professor de fato pretende fazer e alcançar. Se
necessário conhecê-los e compreendê-los muito bem. tiver esse planejamento presente, evitará ser colhido de

106
surpresa por acontecimentos imprevistos. A sua criativi- primórdios, até os dias atuais no qual o planejamento é
dade, a sua intuição, torna-se mais aguçada e com mais utilizado para nortear um caminho a ser percorrido para
facilidade percebe novas oportunidades. ” se atingir objetivos traçados ou resolver alguma situação.
Alguns autores sugerem que o planejamento tenha Foi possível também compreender que as tipologias
algumas etapas principais, pois serão estas etapas que utilizadas têm suas diferenças e devem ser usadas de
darão uma visão do que é necessário e conveniente ao acordo com a necessidade de delimitar o tipo de plano e
professor e aos alunos. São elas: a que ele se destina.
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo ou
- Objetivos: aliado do professor, pode-se observar que ele é um alia-
“Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser do, uma vez que é por intermédio do planejamento que
capaz como consequência de seu desempenho em ati- o professor vai delinear suas ações para alcançar seus ob-
vidades de uma determinada escola, série, disciplina ou jetivos ao longo de um período.
mesmo uma aula. ” Outro aspecto importante abordado foi com relação
ao fato de que o planejamento não deve ser usado como
- Conteúdo: um regulador das ações humanas e sim um norteador na
“É um conjunto de assuntos que serão estudados busca da autonomia, na tomada de decisões, nas resolu-
durante o curso em cada disciplina. Assuntos que fazem ções de problemas e nas escolhas dos caminhos a serem
parte do acervo cultural da humanidade traduzida em lin- percorridos partindo de o senso comum até atingir as
guagem escolar para facilitar sua apropriação pelos estu- bases científicas.
dantes. Estes assuntos são selecionados e organizados a Conhecer as principais etapas do planejamento tam-
partir da definição dos objetivos, sendo assim meios para bém foi de suma importância, pois através do conheci-
mento dessas etapas o professor poderá descrever com
que os alunos atinjam os objetivos de ensino”.
maior clareza seus objetivos, a forma com que irá aplicar
o conteúdo, os conteúdos que serão ministrados e como
- Metodologia:
fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do
“Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos,
processo.
técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o
Com esta pesquisa foi possível perceber que o plano
propósito de facilitar a aprendizagem. São, propriamen-
de aula é realmente importante na prática pedagógica
te, os diversos modos de organizar as condições externas
do professor como organizador e norteador do seu tra-
mais adequadas à promoção da aprendizagem. ”
balho. É o plano de aula que dá ao professor a dimensão
da importância de sua aula e os objetivos a que ela se
- Avaliação: destina, bem como o tipo de cidadão que pretende for-
“Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo mar. Por este motivo, pensar que a experiência de anos
de aprendizagem e não só um momento privilegiado (o

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


de docência é suficiente para a realização de um bom
de prova ou teste) pois é um instrumento de feedback trabalho é um dos principais motivos que levam um pro-
contínuo para o educando e para todos os participantes. fessor a não obter sucesso em suas aulas.
Nesse sentido, fala da consecução ou não dos objetivos
da aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca Libâneo traz contribuição tratando de uma questão
como uma situação frequentemente carregada de amea- mais específica: as implicações da relação conteúdo-for-
ça, pressão ou terror. ” ma nos métodos de ensino, dentro da questão central da
A partir das definições das principais etapas que de- Didática que e a relação entre objetivos-conteúdos-mé-
vem conter um planejamento, o professor já tem con- todos. As investigações no campo técnicas da Didática
dições necessárias para fazê-lo e utilizá-lo adequada- têm se desenvolvido bastante nos últimos anos, espe-
mente. Vale lembrar, porém, que segundo Menegolla & cialmente na busca de uma estruturação mais explícita
Sant’anna (2001, p. 46), não existe um modelo único de de categorias e conceitos e de métodos de pesquisa. Este
planejamento e sim vários esquemas e modelos. Tam- texto ingere-se nessa busca, de modo que as questões
bém não existe um modelo melhor do que o outro, cabe trazidas aqui são matéria de discussão e de mais investi-
ao professor escolher aquele que melhor atenda suas gações pelos estudiosos da área.
necessidades bem como as de seus alunos, que seja fun- Para discutir a questão dos métodos de ensino frente
cional e de bons resultados. a relação conteúdo-forma, pretendo ter como interlocu-
tores os professores de Didática e prática de ensino das
Considerações finais disciplinas específicas dos cursos de licenciatura. Entre
esses professores vigoram algumas posições bem conhe-
O objetivo principal ao estudar o tema “A importância cidas sobre a Didática e os métodos de ensino, a saber:
do planejamento para a organização do trabalho do pro- - Ensinar é transmitir o conteúdo da matéria, cabendo
fessor em sua prática pedagógica” era analisar se o plano à Didática proporcionar os elementos do planeja-
de aula é realmente importante ou apenas uma questão mento de ensino e os métodos e técnicas neces-
burocrática exigida pelas escolas para aumentar o traba- sários.
lho do professor. Para tanto foi preciso compreender o - Para ensinar, basta conhecer bem a ciência que dá
contexto histórico do planejamento na vida das pessoas, a base da matéria, ou seja, o método de ensino
sua influência e importância ao longo da evolução hu- decorre do conteúdo e do método de investigação
mana, desde a sua utilização de forma inconsciente nos da ciência que é ensinada.

107
- A metodologia de ensino de uma matéria e menos A segunda referência para se falar de métodos de
uma questão de métodos e mais de inserção do ensino é saber como estão implicados na relação con-
professor na prática escolar, mediante a pesquisa- teúdo-forma. A constatação mais evidente dessa relação
-ação. é de que não há conteúdo sem forma nem forma sem
conteúdo, ainda que se possa falar de certa autonomiza-
A primeira posição mostra um reducionismo do cam- ção da forma. O conteúdo é o conjunto dos elementos,
po de estudos da Didática, tomando-a como disciplina propriedades, características próprias de um objeto, de
prescritiva de métodos e técnicas. A segunda não distin- um processo, de um problema e que interagem entre si;
gue a matéria de ensino e a ciência que lhe serve de base, a forma é a estrutura das relações internas e externas
como não distingue método da ciência e método de en- desse objeto, processo, ou seja, a forma revela o movi-
sino. No ponto de vista do autor é o de que o conteúdo mento próprio do conteúdo, as coisas e suas relações.
da matéria de ensino decorre da ciência que lhe serve A relação conteúdo-forma está presente na atividade
de base, mas a matéria de ensino implica uma seleção escolar em vários níveis interligados. Há uma relação con-
de conhecimentos pautada por critérios pedagógicos e teúdo-forma na instituição escolar, que é a escola como
didáticos; do mesmo modo, método da ciência e méto- organização social que tem suas características próprias,
do de ensino são conexos mas não idênticos, porque a processos próprios, e cuja articulação e cujo movimento
atividade de ensino implica uma relação pedagógica que interno é revelado pela forma, isto é, a estrutura e a dinâ-
lhe é peculiar, distinguindo-se daquela que ocorre na ati- mica desse conteúdo designado escola.
vidade científica. A terceira posição também é insatisfa- Um segundo nível, interligado ao primeiro, é a rela-
tória porque a questão dos métodos de ensino não pode ção conteúdo-forma na atividade ensino, o ensino como
ser resolvida apenas no âmbito da prática. O processo de objeto de estudo da Didática. Nesse caso, qual é o con-
ensino guarda semelhanças com o processo de investi- teúdo desse objeto chamado ensino? Ao ver do autor,
gação, mas se distingue deste. A prática por si se não é o conteúdo do processo de ensino a relação professor-
geradora de conhecimentos, requerendo uma teoria que -aluno-matéria, ou seja, a atividade que define a situação
oriente sua apreensão e explicação. didática e que se configura como a mediação exercida pelo
Estas considerações iniciais já indicam o entendimen- professor em função do encontro cognitivo do aluno com
to da questão. A Didática é teoria e prática do processo de a matéria. Temos aí que o conteúdo do fenômeno ensi-
ensino, incluindo a unidade entro objetivos, conteúdos, no não é o conteúdo das matérias de ensino, mas a rela-
métodos e formas organizativas do ensino, bem como as ção professor-aluno-matéria. A forma dessa atividade ou
regularidades e princípios decorrentes das conexões en- fenômeno é a estrutura das relações internas e externas
tre ensino e aprendizagem em condições específicas das desse fenômeno, a articulação, o movimento desses três
situações didáticas. Os métodos de ensino constituem, elementos constitutivos do conteúdo ensino. A forma do
assim, uma categoria da Didática, tendo uma magnitude fenômeno ensino não se identifica com método de ensino.
própria em relação a outros tipos de métodos, tais como
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

o método do processo do conhecimento (fundamentado O terceiro nível diz respeito à relação conteúdo-for-
numa concepção do processo de conhecimento), os mé- ma no tratamento didático de uma matéria de ensino
todos da cognição científica e os métodos particulares determinada. Um objeto de conhecimento (fenômeno,
das ciências. Entretanto, para falarmos de métodos de teoria, problema) tem como conteúdo o conjunto dos
ensino, são necessárias duas referências: a relação ob- elementos, propriedades, características, internos e ex-
jetivos-conteúdo-métodos e a relação conteúdo-forma. ternos, que lhe são próprios. Sua forma é o movimento
O entendimento da unidade objetivos-conteúdos- que indica sua lógica e suas relações, isto é, a ligação
-métodos parte da premissa de que a finalidade da es- entre os elementos e propriedades, de seus processos
cola, a finalidade imediata, é a instrução e a formação internos e externos.
intelectual, mediante a transmissão e assimilação de co- Conforme já mencionado por Libâneo, estes três
nhecimentos científicos e o desenvolvimento de habili- níveis encontram-se interligados, penetram-se mutua-
dades, hábitos, capacidades, tendo em vista a compreen- mente. Por exemplo, a relação conteúdo-forma na orga-
são ampliada da realidade e a atuação prática nela. Nesse nização escolar impregna a relação conteúdo-forma no
sentido, os conteúdos formam a base material da ativi- ensino e a relação conteúdo-forma no tratamento didá-
dade escolar. Como se sabe, os conteúdos consistem de tico de uma matéria de ensino.
conhecimento, hábitos, habilidades e métodos de estudo Este modo de entender a relação conteúdo-forma
e trabalho, atitudes e convicções, conexos às matérias de tem uma série de consequências para a concepção de
ensino. Os conteúdos das matérias não restringem à ma- Didática enquanto teoria do processo de ensino. Esta
téria em si, mas a matéria preparada pedagogicamente, questão está no centro da problemática da Didática, uma
ou seja, ela remete-se a objetivos mais amplos da edu- vez que possibilita delinear o campo de investigação e
cação. Além disso, todas as matérias requerem métodos de ação da Didática. O autor menciona apenas algumas
de transmissão e assimilação ativa. Temos, assim, que os dessas consequências, para depois detalhar mais a ques-
conteúdos-métodos têm como referência os objetivos, tão de como os métodos de ensino estão implicados na
pela simples razão de que os conteúdos-métodos são relação conteúdo-forma do ensino das matérias.
um assunto pedagógico, isto é, subordinam-se a fina- As derivações são as seguintes:
lidades e processos que são de natureza sócio-política, - a atividade de ensinar não se reduz aos conteúdos
ideológica, filosófica. Resumindo: é impossível falar em das matérias escolares e não pode ser concebida
métodos de ensino fora da unidade objetivos-conteú- como transmissão-assimilação da ciência que ser-
dos-métodos. ve de base à matéria;

108
- a forma de ensino não se equivale ao método de vidade, isto é, uma sequência de ações, meios e procedi-
ensino e muito menos ao método de investigação mentos materiais e intelectuais, e implica, evidentemen-
da matéria; te, um objeto. Estas características, quando referidas aos
- a atividade de ensino não se confunde com a orga- métodos de ensino, tomam feições próprias à natureza
nização do trabalho escolar, ela tem sua especifici- do processo de ensino.
dade no conjunto das demais práticas educativas. Ora, a natureza do processo de ensino é que ele é
um processo de conhecimento da matéria pelo aluno
O autor também estende ao terceiro nível da relação sob a direção do professor. Ou seja, o método de en-
forma-conteúdo, porque nesta relação estão implicados sino propicia a mediação entre o aluno e o objeto de
os demais níveis. conhecimento. Isso implica levar em conta as seguintes
A abordagem crítico-social dos conteúdos refere-se considerações:
a uma abordagem metodológica mediante a qual trata- 1a) O método de ensino se determina pela relação
-se de descobrir, de ir em busca da lógica e das rela- conteúdo-forma no objeto de conhecimento, ou
ções internas de um objeto do conhecimento, ou seja, seja, a utilização do um determinado método de
desvendar a forma de conteúdo. Lidar metodicamente ensino depende da matéria e do assunto a tratar,
com os conteúdos de ensino, isto é, cientificamente, cri- de modo que o método de ensino reflete, a lógica
ticamente, é apreender, apanhar o objeto de estudo em da ciência que serve de base à matéria de ensino.
suas propriedades e processos e em suas múltiplas re- Podemos dizer, assim, que o conteúdo determina
lações com outros objetos e fenômenos com os quais o método.
interagem. É tomar as coisas, os fenômenos, os objetos 2ª) O núcleo do ensino é a relação cognitiva entre
do conhecimento nas suas relações internas e externas o aluno e a matéria, ou seja, a função primordial
para apanhar os nexos sociais, a prática social, as rela- dos métodos é a de promover os meios e procedi-
ções sociais que constituem as coisas, os fenômenos, os mentos de mobilizar a atividade cognoscitiva dos
objetos de conhecimento. A dimensão crítico-social dos alunos em relação da matéria, de modo a assegu-
conteúdos implica, pois, a ideia de totalidade, da contra- rar a assimilação consciente, sólida e duradoura
dição, da historicidade. dessa matéria. Isso significa que a referência para
Nesse modo do entender a relação conteúdo-forma a escolha dos métodos ao ensino é o processo de
no processo de assimilação ativa e consciente da matéria assimilação consciente do conhecimento pelo alu-
está implicada a relação fundamental da Didática, que no. Nesse sentido, os métodos de ensino se deter-
é a relação objetivos-conteúdos-métodos. O autor não minam pela lógica do processo de conhecimento,
detalha cada um deles, elementos e sua articulação, de- mas o processo de conhecimento tal como se dá
têm-se mais na questão dos métodos de ensino. ou deve se dar com situações didáticas específicas.
3ª) O processo de ensino é um assunto pedagógico,
Já relatado antes que método é a via, o caminho, implicando finalidades e meios de formação huma-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


para descobrir a forma, isto é, o movimento interno do na conforme objetivos sócio-políticos que expres-
conteúdo. O autor pontua que no tratamento didático sem interesses sociais de classes e grupos. Os mé-
de uma matéria, de um conhecimento científico, os mé- todos de ensino, enquanto categoria do processo
de ensino, remetendo-se a objetivos sociais, políti-
todos de ensino incorporam outros tipos de métodos. A
cos, ideológicos do processo educativo. Se, por um
apreensão científica de um objeto de conhecimento im-
lado, o método é determinado pelo conteúdo, por
plica um método científico, um método geral do proces-
outro, a categoria objetiva é também determinante
so de conhecimento (positivista, fenomenológico, dialéti-
da relação conteúdo-método. Daí podemos dizer
co, estruturalista...). Implica, ao mesmo tempo, métodos da
que os objetivos gerais e específicos referentes ao
cognição que correspondem às formas de aprendizagem
desenvolvimento e transformação dos educandos
do aluno, tais como a observação, a análise, a síntese, a
orientam a seleção dos conteúdos, o tratamento
abstração e, ainda, os métodos particulares das ciências didático dos conteúdos, bem como a escolha dos
que servem de base à investigação e constituição do cam- métodos que conduzem aos objetivos.
po científico. Somente a partir da consideração destes três 4ª) Na relação objetivo-conteúdo-método há uma
tipos de métodos se pode falar em métodos de ensino. outra relação fundamental: o processo do ensino
Mas quero diz, também, que os métodos de ensi- ocorre sob determinadas condições do ensino e
no, ao incorporar outros métodos em situações didáticas da aprendizagem. Umas são já existentes, outras
concretas, adquirem especificidade própria. Com efeito, são transformadas ou criadas pelo professor. Po-
a função dos métodos de ensino é a de ser um caminho demos mencionar entre essas condições: o plano
utilizado pelo professor e pelos alunos para atingir obje- da escola, o projeto pedagógico-curricular, a orga-
tivos de ensino, para transmissão e assimilação de con- nização escolar, as práticas escalares, os conselhos
teúdos referentes a esses objetivos. Isso significa que os de classe, o conselho de escola, as organizações
métodos de ensino não se identificam com os métodos dos alunos, os meios de ensino e demais recursos
do processo de investigação cientifica, nem com os mé- físicos e materiais, o plano de ensino, o manejo
todos da cognição e nem com os métodos particulares de classe pelos professores, as relações professor-
da ciência, embora os pressuponham. -aluno, a ativação das condições de aprendizagem
Vejamos isto mais de perto. Em qualquer desses tipos dos alunos. Incluem-se, pois, tudo o que o trabalho
de métodos, encontramos as características do método: pedagógico-docente pode criar para suprir as con-
são meios para atingir um objetivo, implicando uma ati- dições ótimas para atingir os objetivos do ensino.

109
Essas considerações convergem para a afirmação de A avaliação é uma tarefa didática necessária e perma-
que a linha fundamental do processo didático é a uni- nente do trabalho docente, que deve acompanhar passo
dade a relação entre objetivos-conteúdos-métodos con- a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através
dições. Cumpre destacar que desta relação fundamental dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do
surgem relações derivadas. É o caso, por exemplo, da trabalho conjunto do professor e dos alunos são com-
relação objetivos-organização do trabalho escolar, ou parados com os objetivos propostos a fim de constatar
seja, entre os objetivos educacionais e as práticas de or- progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as
ganização e gestão da escola. Para o autor, é o de que correções necessárias.
os determinantes primeiros das formas de organização Conceber que a avaliação deve fazer parte de todo
escolar são os objetivos-conteúdos-métodos, em relação o processo educativo significa compreende-la como ele-
aos quais se organiza e se gere a escola. Entretanto, não mento de fundamental importância no desenvolvimento
significa minimizar a organização escolar. A organização da aprendizagem do educando.
do processo de trabalho na escola, na sala de aula, o sis- Mesmo que se diferenciem as intenções e as palavras,
tema de gestão escolar atuam sobre os objetivos-con- por um lado na observação, no feedback, na regulação
teúdos-métodos, pois referir-se a formas que assuma o e, por outro, na medida imparcial dos conhecimentos e
conteúdo ensino (relação professor-aluno-matéria) que, das competências adquiridas, não se impedirá essas duas
por sua vez, impregnam o processo de transmissão e as- lógicas de coexistirem, praticamente, na escola e na aula,
similação das matérias. as vezes em harmonia, com mais frequência se opondo
mutuamente.
Breves conclusões do autor: Nessa concepção, percebe-se que não é possível
dissociar o ato de acompanhar e retomar o processo de
1) Minhas considerações levam ao reconhecimento construção dos saberes com a intenção de constatar o
da relevância da Didática como disciplina teórica nível de conhecimento que o educando adquire. Tendo
(cujo objeto é o processo do ensino na sua globa- em vista que ambos estão interligados, a prática ava-
lidade) e, ao mesmo tempo, uma disciplina práti- liativa e educativa vai se constituir em um conjunto de
ca, como instrumento de trabalho do professor de ações que se completam ao final do processo ensino e
qualquer grau de ensino. aprendizagem. Dessa forma, o autor admite que o as-
2) O ensino é um assunto pedagógico, isto é, todo pecto da observação, do feedback não exclui o de me-
trabalho docente está orientado para finalidades dir parcialmente os conhecimentos adquiridos, embora
educativas e a meios de ação do cunho genuina-
reconheça também, que no processo avaliativo é muito
mente educativos.
mais frequente o distanciamento que a aproximação en-
3) O professor de qualquer disciplina, sendo um pro-
tre as duas lógicas explicitadas.
fissional do ensino, precisa conhecer e dominar
Essa ideia nos remete a compreender que a avaliação
conhecimentos e técnicas especificas da ação de
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

escolar, assume dois objetivos fundamentais:


ensinar. Se todo profissional do ensino necessita
Um que atende a exigência da própria formação do
formação pedagógico-didática, com muito mais
razão necessita dessa formação aquele professor educando no seu sentido mais amplo, comprometido
de prática de ensino que forma outros professores. aí com a uma educação emancipatória e cidadã. Assim
4) Os métodos do ensino se distinguem do método LUCKESI (1997) admite que:
universal do processo de conhecimento, dos mé- A avaliação, aqui, apresenta-se como meio constan-
todos específicos da cognição, dos métodos par- te de fornecer suporte ao educando no seu processo de
ticulares das ciências, embora os incorporem. Os assimilação dos conteúdos e no seu processo de consti-
objetivos do ensino se distinguem dos objetivos tuição de si mesma como sujeito existencial e como ci-
da investigação científica, a sequência de ativida- dadão.
des envolve não só o trabalho do professor, mas o A avaliação na mira desse objetivo se constitui en-
trabalho dos alunos, em vista do desenvolvimento quanto aspecto qualitativo e se desenvolve no decorrer
da sua própria atividade cognoscitiva; o objeto da de todo o processo ensino e aprendizagem. Nessa di-
ação escolar é o aluno, mas que é, também, sujeito mensão ela exige um maior comprometimento por parte
ativo, com características próprias, fato esse que do professor e maior envolvimento por parte do edu-
influi na determinação e escolha dos métodos de cando, consequentemente contribui para a construção e
ensino. maior compreensão do conhecimento proposto.

AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZA- Ainda dentro desse aspecto LUCKESI (1997) con-
GEM sidera:
A avaliação da aprendizagem nesse contexto é um
Falar de avaliação nos remete ao entendimento e re- ato amoroso, na medida em que inclui o educando no
flexão da amplitude da educação. Nesse sentido, a ideia seu curso de aprendizagem, cada vez com qualidade
que cada um traz sobre a avaliação está diretamente re- mais satisfatória, assim como na medida em que o inclui
lacionada à sua própria concepção de educação. entre os bem-sucedidos, devido ao fato de que esse su-
Nessa perspectiva, faz-se necessário primeiramente cesso foi construído ao longo do processo de ensino e
apresentar alguns conceitos de avaliação, para melhor aprendizagem (o sucesso não vem de graça). A constru-
compreensão de sua dimensão e suas implicações na ção, para efetivamente ser construção, necessita incluir,
prática educativa. seja do ponto de vista individual, integrando a aprendi-

110
zagem e o desenvolvimento do educando, seja do ponto remuneração baixa desse profissional, levando-o a assu-
de vista coletivo, integrando o educando num grupo de mir jornada dupla ou até tripla. Essa questão também é
iguais, o todo da sociedade. influenciada pela exigência da direção da escola no cum-
Percebe-se aí que a avaliação assume um caráter que primento do conteúdo programático em tempo hábil, li-
vai além do simples dever de avaliar no que tange as mitando o docente em sua autonomia de desenvolver a
funções do professor. Nesse sentido, o compromisso do ação pedagógica na perspectiva da avaliação qualitativa.
educador envolve tanto a questão do respeito, quanto ao Enquanto objeto com possibilidades diagnósticas,
querer bem ao educando. Com essa postura o profissio- vinculada ao processo de ensino e de aprendizagem
nal possibilitará ao aluno a apreensão e a construção de precisamos elaborar um projeto de avaliação que em
saberes necessários para a formação humana. primeira instancia, e através dos instrumentos nele ins-
Por outro lado, a avaliação presente no espaço es- tituído, possa servir a todo instante como feedback para
colar também assume outra finalidade que vai ao en- avaliar não só o aluno, seu conhecimento, mas também
contro das exigências burocrática sociais. No âmbito da toda uma proposta da escola, possibilitando, assim, vali-
educação formal é exigida do professor a verificação e dar e/ ou rever o trabalho pedagógico a cada momento
mensuração do aprendizado do aluno, apresentando em que isto se fizer necessário.
quantitativamente os resultados da aprendizagem. E es- Nessa ótica a avaliação é concebida como um instru-
ses, por sua vez, são obtidos através de provas e testes, mento que vai intervir no planejamento não só do pro-
que na maioria das vezes não contribui para a construção fessor, mas de toda equipe, culminando nas definições
do conhecimento do aluno. Desse modo, o aluno acaba que nortearão as diretrizes do Projeto Político Pedagó-
memorizando o conteúdo a ser avaliado, deixando de gico da Escola.
desenvolver a aprendizagem que é fundamental em seu Tendo em vista um Projeto Político Pedagógico com-
processo de formação. prometido com uma concepção emancipatória é neces-
Avaliar a aprendizagem tem um sentido amplo. A sário admitir que o aspecto quantitativo da avaliação
avaliação é feita de formas diversas, com instrumentos deva complementar o qualitativo, entendendo que am-
variados, sendo o mais comum deles, em nossa cultura, a bos são necessários e integram o processo de escolariza-
prova escrita. Por esse motivo, em lugar de apregoarmos ção e formação do aluno.
os malefícios da prova e levantarmos a bandeira de uma A exigência da avaliação quantitativa visa em primeira
avaliação sem provas, procuramos seguir o princípio: se instância à promoção do aluno para o prosseguimento
tivermos que elaborar provas que sejam bem-feitas, atin- de sua jornada acadêmica, em consonância com as pres-
gindo seu real objetivo, que é verificar se houve aprendi- crições da legislação educacional. Então, em que sentido
zagem significativa de conteúdos relevantes. a avaliação quantitativa complementa o aspecto quali-
tativo?
MORETTO, (2003) elucida ainda, a questão da memo- A avaliação quantitativa desenvolvida pelos professo-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


rização presente nos requisitos que o aluno precisa saber res deve levar em conta que a verificação da aprendi-
para fazer a prova e para isso ele recorre muitas vezes a zagem através das provas não poderá continuar sendo
famosa “cola”. Isso comprova que o professor ao elaborar usada para classificar e selecionar os alunos, constatadas
as provas, preocupa-se mais em formular questões que em muitas práticas pedagógicas. Ao contrário disso, a
exigem a memorização em detrimento das habilidades avaliação quantitativa complementará o aspecto quali-
que necessitam de raciocínio e reflexão. Dessa forma a tativo à medida que os resultados obtidos nas provas e
avaliação não propõe uma aprendizagem significativa testes realizados pelos alunos propiciar ao educador o
para o estudante, uma vez que o aluno apenas se preo- ‘feedback’ e a reflexão da sua prática pedagógica. Assim,
cupa em decorar ou colar para responder as questões da esse exercício a ser praticado pelo docente subsidiará o
prova. seu planejamento para que ele possa detectar e superar
Acabamos concluindo que a “cola” é uma das conse- as dificuldades dos alunos, recorrendo assim, ás novas
quências do processo de ensino inspirado na visão tra- estratégias de ensino e possibilitando a aprendizagem
dicional da relação professor, aluno e conhecimento, em dos mesmos. Lembrando ainda que, a legislação (LDB
que ela era o momento destinado a verificar se o que - Lei 9394/96) preconiza em seu art. 24, inciso V, alínea
havia sido transmitido lá estava, gravado “de cor”. Por a: “avaliação continua e cumulativa do desempenho do
isso era proibida qualquer consulta na hora da avaliação. aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
Ao aluno cabia o ônus de “provar” que sabia (entenda-se os quantitativos e dos resultados ao longo do período
havia memorizado) os dados e informações transmitidos sobre os de eventuais provas finais;”
pelo professor. Percebe-se, que a lei ao assegurar a avaliação na
Percebe-se que os educadores, normalmente tendem perspectiva qualitativa, consequentemente está preven-
a direcionar seus esforços ao aspecto quantitativo da ava- do a necessidade de uma ação diagnóstica no processo
liação, valorizando e investindo menos no aspecto quali- avaliativo. Essa medida implicará em resultados positivos,
tativo, diagnóstico do desenvolvimento dos alunos. Isso considerando que durante o processo é possível identi-
ocorre, talvez porque a tarefa de avaliar qualitativamente ficar as dificuldades e propiciar as intervenções necessá-
exige muito mais tempo do educador, o que desencadeia rias para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno.
maior dedicação por parte dos mesmos. No entanto, a A prática docente deve-se direcionar na busca cons-
realidade vivenciada por esse profissional o impossibilita tante da efetivação da aprendizagem do educando. O
de fundamentar, organizar e planejar melhor a sua ação professor não pode ter a incumbência simplesmente
educativa. Isso normalmente ocorre, em detrimento da de transmitir os conteúdos culturalmente acumulados

111
e sistematizados. Essa ação favorece a formação de um AMANDA, ALESSANDRA. A Didática como Fator de
tipo de ser humano descontextualizado com a realidade Qualidade no Processo de Ensino Aprendizagem. Texto
atual. No entanto, é fundamental que haja a articulação disponível em:
do conhecimento com a vida. http://www.editorarealize.com.br/revistas/fi-
O fenômeno educativo é único em cada momento ped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscri-
histórico e para cada indivíduo. Ele é pluridimensional, to_1527_6e4e9ed0364cf72866c1c7293edfca21.pdf
pois assume uma dimensão para cada contexto. Por isso, VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (Org.) Projeto político-
é preciso construir e reconstruir esse processo a todo pedagógico da escola: uma construção possível. Papirus,
tempo. 2002.
Logo a formação acadêmica do professor apesar de CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M.
não ser o único fator preponderante tem papel funda- MÉTODOS DE ENSINO
mental na atuação desse profissional, uma vez que essa LIBÂNEO, José Carlos. Didática: Velhos e novos te-
formação contribui na sua fundamentação. E é a partir mas. Edição do Autor, 2002. Texto apresentado no Painel
dessa fundamentação que vai desencadear as reflexões “A relação conteúdo – forma e a Didática”, no VI ENCON-
de sua prática pedagógica. A reflexão da prática pedagó- TRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO,
gica provocará uma mudança na ação educativa e pode realizado em Porto Alegre.
melhorar as condições do processo ensino e aprendiza-
gem, uma vez que o educador se comprometer com o
aprendizado do educando.
Outros fatores também são apontados pelos profes- EXERCÍCIO COMENTADO
sores como entraves na aprendizagem dos estudantes. 1. (Pref. Gramado/RS - Supervisor Pedagógico – Su-
Um deles, por exemplo, é o acompanhamento dos pais perior – FUNDATEC/2015) Sobre o Projeto Político Pe-
nas atividades escolares de seus filhos. E muitos profes- dagógico, de acordo com Veiga, analise as seguintes as-
sores criam uma expectativa em relação ao acompanha- sertivas:
mento dos responsáveis pelas crianças, contando com
esse empenho dos mesmos. I. É preciso entendê-lo como uma reflexão sobre o coti-
É justamente aí que se encontra o ponto de estran- diano da escola.
gulamento, pois é comum deparar-se com a falta de II. O que ele visa é simplesmente um rearranjo da escola.
comprometimento dos pais em relação às atividades es- III. A sua construção, entre outras coisas, requer continui-
colares dos seus filhos. Mas deve-se levar em conta que dade das ações, descentralização e democratização do
atualmente, tanto o pai quanto a mãe trabalham fora de processo de tomada de decisões.
casa. Além disso, é preciso levar em conta a falta de re-
cursos materiais e financeiros, omissão de políticas pú- Quais estão corretas?
blicas dentre outros fatores que interferem no processo
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

ensino e aprendizagem.
a) Apenas I.
Por outro lado, os educadores, não podem se inti-
b) Apenas I e II.
midar com tudo isso, mas sim, encarar esses problemas
c) Apenas I e III.
como um desafio cada vez maior. Esse desafio signifi-
d) Apenas II e III.
ca que o professor precisa continuar reivindicando: pri-
e) I, II e III.
meiramente por uma sólida formação acadêmica; por
melhores salários; condições adequadas de trabalho e;
sobretudo por um ensino que propicie a produção de Resposta: Letra C. Em “c”: Certo – Na Assertiva I con-
conhecimento. forme Veiga “não é possível que o projeto político pe-
Assim, é preciso ter comprometimento e envolvimen- dagógico seja aceito pela comunidade escolar como
to com o ato de educar, para que se possa obter à apren- um simples documento, como ampliação da burocra-
dizagem dos alunos com os recursos que se tem, e não cia escolar ou como se estivesse desligado do cotidia-
cruzar os braços em detrimento das faltas e falhas que o no escolar e tampouco é aceitável que os gestores ig-
educador se depara no cotidiano escolar. Ocorre que às norem a importância e a relevância do projeto político
vezes o educador fica se justificando das ações que não pedagógico para a organização e democratização da
desenvolvem pelo fato de não se disponibilizar dos ma- escola.” Na assertiva III - conforme afirma Veiga (2003,
teriais que supostamente lhe auxiliaria em seu processo p. 277), “a legitimidade de um projeto político-peda-
pedagógico. Quando se leva em conta o compromisso e gógico está estreitamente ligada ao grau e ao tipo de
responsabilidade do professor com a aprendizagem dos participação de todos os envolvidos com o processo
alunos ele normalmente trabalha com os poucos recur- educativo, o que requer continuidade de ações”.
sos que lhe são disponibilizados. Pois o mais importante
é que o aluno possa obter os saberes que necessitam
para a sua formação humana e o exercício de sua cida-
dania.

Referência:
BARBOSA, M. R. L. S.; MARTINS, A. P. R. Avaliação:
Uma prática constante no processo de ensino e apren-
dizagem.

112
A opção por um ensino baseado na gramática tradi-
LETRAMENTO COMO PROCESSO DE APRO- cional, por exemplo, só daria conta da primeira dessas di-
PRIAÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA PRE- mensões e não serviria para levar o aluno à competência
SENTE EM TODAS AS ÁREAS DE ENSINO: 1. no uso da língua. Ora, o uso da língua começa muito an-
CONCEITOS DE LETRAMENTO. 2. O LETRA- tes da vida escolar, e vale considerar que a maneira como
a criança capta a linguagem, no seu convívio, influencia
MENTO E AS DIVERSAS ÁREAS DO CONHE-
fortemente a aprendizagem.
CIMENTO. Nesse entendimento, afirma Richter (2000), a lingua-
gem se desdobra em três dimensões indissociáveis: for-
ma, função e estratégia. A opção por um ensino baseado
A ALFABETIZAÇÃO NA CONCEPÇÃO INTERACIO- na gramática tradicional, por exemplo, só daria conta
NISTA DE LINGUAGEM OU SOB A PERSPECTIVA DO da primeira dessas dimensões e não serviria para levar
LETRAMENTO o aluno à competência no uso da língua. Ora, o uso da
língua começa muito antes da vida escolar, e vale consi-
O processo de construção da língua escrita, pela sua derar que a maneira como a criança capta a linguagem,
complexidade, exige muito mais do que algumas técni- no seu convívio, influencia fortemente a aprendizagem.
cas e/ou treinos mecânicos, e que a capacidade de ler e
escrever depende da compreensão de como funciona a Fonte
estrutura da língua e do modo como ela é usada no meio JOSEFI, A. H. B. Alfabetização: concepções e contextos
social. Dentre outras, as teorias construtivista e históri- de ensino. Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização
co-cultural (também conhecida, no Brasil, como socioin- nos Países de Língua Portuguesa.
teracionista), elaboradas, respectivamente, por Piaget
(1987) e Vygotsky (1988), iluminam a reflexão sobre o SOCIOINTERACIONISMO
processo de alfabetização, na perspectiva a que estamos
nos referindo. Não desconhecemos as diferenças nas O sociointeracionismo é uma teoria de aprendizagem
posturas teóricas de ambos os teóricos e dos seus res- com o foco na interação. Segundo ela, a aprendizagem
pectivos contextos sócio-históricos em que produziram acontece em contextos históricos, sociais e culturais. As-
suas teorias. Pretendemos indicar os pontos de concor- sim, o conhecimento real da criança é o ponto de partida
dância mais gerais dessas duas teorias que contribuem para o conhecimento potencial.
para a compreensão do processo de aprendizagem, nes- No início do século XX, um psicólogo russo chamado
te caso, da escrita e da leitura. Lev Vygotsky, buscava reformular a psicologia por meio
Para Piaget (1987), a criança é vista como sujeito ati- de uma abordagem que permitisse entender as relações
vo no processo de aprendizagem, que interage com os entre os indivíduos, as suas funções psicológicas e seu
outros e com os objetos de conhecimento, num processo contexto social. Suas pesquisas revolucionárias, propõem

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


permanente de estruturação/reestruturação de esque- uma situação de ensino/aprendizagem em que o apren-
mas mentais. diz, por meio do seu convívio social e da interação com
Para Vygotsky (1988), o homem constitui-se na sua outras pessoas é capaz de construir o seu conhecimento.
relação com os outros, o que implica entender que ele A metodologia sociointeracionista acredita que a vi-
vência em sociedade é essencial para a transformação da
(o homem) não possui nada pronto. Nesse sentido, o co-
criança. Assim, o conhecimento é construído e concre-
nhecimento se dá pelas relações entre o indivíduo e o
tizado progressivamente. Nessa esfera o professor age
mundo exterior e desenvolve-se num processo histórico,
como alguém que conduz a criança ao aprendizado. Seu
sendo que a aprendizagem ocorre por uma mediação
papel é ativo em sala de aula – não como o detentor e
social, em que a linguagem assume papel predominante.
o transmissor de conhecimentos, mas como mediador e
Segundo Benveniste (1982), pela linguagem, ocorre
estimulador da aprendizagem. Incentivar a curiosidade e
a ação de um indivíduo sobre o outro, o que promove a a vontade de aprender são os principais desafios de uma
interação. Daí, a importância da fala nesse processo. Na escola sociointeracionista.
visão interacionista, a aquisição da linguagem resulta da Portanto, a criança aprende identificando-se, imitan-
interação entre o programa mental inato do aprendiz e a do, brincando, fazendo analogias, opondo-se, codifican-
linguagem produzida por ele em conjunto com um inter- do e decodificando símbolos e seus significados, sempre
locutor que possui o domínio da língua. Nesse processo, num ambiente social que preza a construção do conheci-
a criança vai testando suas “iniciativas verbais” através mento e que valoriza o seu próprio saber.
do seu relacionamento com os outros. Podemos dizer,
então, que as crianças elaboram hipóteses a respeito da DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM.
linguagem e, na medida do seu uso, vão conferindo as
representações que vão “dando certo” e construindo a Concepção sobre os processos de desenvolvimen-
própria competência interlocutiva. to e aprendizagem
No caso da educação formal, é fundamental a ação
intencional do professor, planejada para interferir nesse Piaget escreveu sobre a interação entre indivíduo e
processo com a finalidade de levar o aluno a aprender meio constituída através de dois processos: organização
usar adequadamente a linguagem nas suas diversas mo- interna das experiências e adaptação ao meio. Piaget não
dalidades. deu ênfase aos valores sociais e culturais no desenvolvi-
mento da inteligência, pressupostos escritos por Vygotsky

113
Lev Semenovich Vygotsky estudou sistematicamente 1994), ou seja, com a modelação do conhecimento e a
a psicologia e seu projeto principal foram os processos interação social, os estudantes podem aprender coisas
de transformação do desenvolvimento na dimensão filo- que não aprendiam sozinhos. Piaget coloca que a nova
genética, histórico social e ontogenético. construção é sempre realizada sobre uma construção
As diferenças entre os dois autores parecem ser mui- anterior e que, com a desiquilibração, é sempre possível
tas, mas eles partilham de pontos de vista semelhantes. o avanço das construções anteriores. Os fatores sociais,
Ambos entenderam o conhecimento como adaptação e para Vygotsky desempenham um papel fundamental no
como construção individual e compreenderam a apren- desenvolvimento intelectual. A cultura estabelece um co-
dizagem e o desenvolvimento como autorregulados. nhecimento que é internalizado e construído pelas crian-
Discordaram quanto ao processo de construção des- ças. As crianças por sua vez vão tornando-se indivíduos
se conhecimento, ambos viram o desenvolvimento e a com funções e habilidades intelectuais. Piaget, por sua
aprendizagem da criança como participativa, não ocor- vez, reconheceu infinitamente o papel dos fatores sociais
rendo de maneira automática. no desenvolvimento intelectual. As interações sociais fo-
A criança transforma aquilo que aprende de acordo ram consideradas como uma fonte do conflito cogniti-
com sua capacidade interna e nata, tornando-se trans- vo, portanto, de desequilibração e, consequentemente,
formadora da aprendizagem, criadora, se essa capacida- de desenvolvimento. Ou seja, também desta forma, são
de de aprendizagem e oportunidade lhe for oferecida. consideradas para a construção do conhecimento social.
Vygotsky e Piaget estavam preocupados com o de-
senvolvimento intelectual, porém cada um começou e O papel da linguagem no desenvolvimento inte-
perseguiu por diferentes questões e problemas. Piaget lectual para Vygotsky e Piaget
estava interessado em como o conhecimento é adqui-
rido ou construído, onde a teoria é um acontecimen- A diferença mais nítida entre os dois teóricos, é refe-
to da invenção ou construção que ocorre na mente do rente ao papel da linguagem no desenvolvimento inte-
indivíduo, Vygotsky estava preocupado com a questão lectual. Vygotsky trata a aquisição da linguagem do meio
de como os fatores sociais e culturais influenciam o de- social como o resultado entre raciocínio e pensamento
senvolvimento intelectual. A teoria de Vygotsky é uma em nível intelectual. Piaget considerou a linguagem fa-
teoria de transmissão do conhecimento da cultura para lada como manifestação da função simbólica, quando o
a criança, os indivíduos interagem com agentes sociais indivíduo emprega a capacidade de empregar símbolos
mais lecionados, como professores e colegas. As crianças para representar, o que reflete o desenvolvimento in-
constroem e internalizam o conhecimento que esses se- telectual, mas não o produz (Fowler 1994). Piaget con-
res instruídos possuem. Enquanto que Piaget, não acre- siderou a linguagem como facilitadora, mas não como
ditava que a transmissão direta desse tipo fosse viável. necessária ao desenvolvimento intelectual. Para Piaget,
Para ele as crianças adquirem uma forma própria de se a linguagem reflete, mas não produz inteligência. A úni-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

desenvolver no social, mediante a construção pessoal ca maneira de avançar a um nível intelectual mais eleva-
desse conhecimento. Piaget aprovou a construção in- do não é na linguagem com suas representações, e sim,
dividual como singular e diferente, embora comumente através da ação. (Fowler 1994).
ligada e próxima daquela da cultura, com isso a criança Vygotsky (1987), faz uma diferenciação entre proces-
tem a chance de errar e construir. Vai ocorrendo períodos sos psicológicos, superiores rudimentares e processos
de desequilibração para uma nova sustentação de bases. psicológicos avançados. Nos primeiros, ele colocaria a
Sabemos que muitos indivíduos estão estacionados em linguagem oral, como processo psicológico superior ad-
algumas etapas de desenvolvimento e isso é refletido no quirido na vida social mais extensa e por toda a espécie,
dia-a-dia, com um jeito particular de pensar. e sendo produzido pela internalização de atividades so-
ciais, através da fala. A interação e a linguagem têm um
Em relação à aprendizagem e desenvolvimento, as- importante destaque no pensamento de Vygotsky, uma
sunto deste estudo, tanto Vygotsky como Piaget, acre- vez que irão contribuir no desenvolvimento dos proces-
ditavam no desenvolvimento e aprendizagem, embora, sos psicológicos, através da ação. Vygotsky substituiu os
seus pontos de vista sobre o relacionamento sejam di- instrumentos de trabalho por instrumentos psicológicos,
ferentes. Vygotsky tinha a ideia de que a aprendizagem explicando desta forma, a evolução dos processos na-
é a força propulsora do desenvolvimento intelectual, en- turais até alcançar os processos mentais superiores, por
quanto que para Piaget o próprio desenvolvimento é a isso, a linguagem, instrumento de imenso poder, assegu-
força propulsora. Piaget tinha a concepção de que o nível ra que significados linguisticamente criados sejam signi-
de desenvolvimento colocava limites sobre o que podia ficados sociais e compartilhados.
ser aprendido e sobre o nível da compreensão possível Vygotsky atribui importância a linguagem, pois além
daquela aprendizagem, onde cada pessoa tem um ritmo, da função comunicativa, ela é essencial no processo de
não podendo ir além daquele estádio adquirido. transição do interpessoal em intramental; na formação
Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento po- do pensamento e da consciência; na organização e pla-
tencial e zona de desenvolvimento proximal. A zona de nejamento da ação; na regulação do comportamento e,
desenvolvimento potencial é o nível de desenvolvimento em todas as demais funções psíquicas superiores do su-
em que os estudantes são capazes de solucionar pro- jeito, como vontade, memória e atenção.
blemas de forma independente, enquanto que a zona
de desenvolvimento proximal é o nível em que os estu-
dantes podem resolver problemas com “apoio” (Lester

114
As implicações do desenvolvimento para Piaget Vygotsky coloca que no cotidiano das crianças, elas
e Vygotsky observam o que os outros dizem, porque dizem, o que
falam, porque falam, internalizando tudo o que é ob-
Tomando o ponto de vista educacional, as duas teo- servado e se apropriando do que viu e ouviu. Recriam
rias divertem. Embora Vygotsky e Piaget considerassem e conservam o que se passa ao redor. Em função des-
o conhecimento como uma construção individual, para ta constatação, Vygotky afirma que a aprendizagem da
Vygotsky toda construção era mediada pelos fatores ex- criança se dá pelas interações com outras crianças de seu
ternos sociais. Isto é, o professor e o programa institucio- ambiente, que determina o que por ela é internalizado. A
nal devem modelar ou explicar o conhecimento. Dessa criança vai adquirindo estruturas linguísticas e cognitivas,
forma, a criança constrói o seu próprio conhecimento mediado pelo grupo.
interno a partir do que é oferecido. A criança não inven-
ta, mas rememora, copia o que está socialmente exposto O desenvolvimento cognitivo para Vygotsky e
e a disposição. A sociedade atribui a isto, um processo Piaget
de transmissão de cultura, e com isso o facilitador ou
professor é o instrutor da criança. Assim, o trabalho do Segundo Piaget (1987), a origem do desenvolvimen-
agente é, entre outras coisas, modelar cuidadosamente to cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo
o conhecimento. em função da maturidade da pessoa. O autor considera
Piaget considerou a construção do conhecimento que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento
como um ato individual da criança. Os fatores sociais in- cognitivo, porém sua ênfase recai no papel do ambiente
fluenciam a desequilibração individual através do confli- para o desenvolvimento biológico, ressaltando a maturi-
to cognitivo e apontam que há construção a ser feita. A dade do desenvolvimento.
verdadeira construção do conhecimento não é medida, A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget,
no sentido vygotskiano, pelo fator social e ambiente; ele o desenvolvimento é de fora para dentro, através da in-
não é copiado de um referencial e modelo. O conheci- ternalização. Vygotsky afirma que o conhecimento se dá
mento anterior é reconstruído diante da desiquilibração
dentro de um contexto, afirmando serem as influências
socialmente provocada e estimulada. O papel do profes-
sociais mais importantes que o contexto biológico.
sor é visto basicamente como o de encorajar, estimular e
Resumindo, para a teoria vygotskiana, o desenvolvi-
apoiar a exploração, a construção e invenção.
mento ocorre em função da aprendizagem, ao contrário
“É óbvio que o professor enquanto organizador per-
do pensamento de Piaget que assegura ser a aprendi-
manece indispensável no sentido de criar as situações
zagem uma consequência do desenvolvimento. Ex: in-
e de arquitetar os projetos iniciais que introduzam os
teração e troca com outras crianças e do adulto como
problemas significativos à criança. Em segundo lugar,
modelo.
ele é necessário para proporcionar contraexemplos que
O desenvolvimento cognitivo para Piaget, é o de

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


forcem a reflexão e a reconsideração das soluções rápi-
das. O que é desejado é que o professor deixe de ser um equilibração, existiria uma interação entre o indivíduo e
expositor satisfeito em transmitir soluções prontas; o seu o meio, ligados com outros fatores como experiências,
papel deveria ser aquele de um mentor, estimulando a genética, maturação biológica, formando os esquemas, a
iniciativa e a pesquisa”. Piaget. (1973). assimilação, a acomodação, a adaptação e a assimilação.
Nas obras de Piaget, a criança pode utilizar as fontes
e formas de informação no processo de construção. A Desenvolvimento proximal e desenvolvimento
criança pode ativamente ouvir uma exposição ou ler um real para Vygotsky
livro e empregar a informação recebida na construção.
O processo não é o de recriar um modelo, mas o de in- Para Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento
ventá-lo. proximal representa o espaço entre o nível de desenvol-
vimento real, ou seja, aquele momento, onde a criança
A interação social no desenvolvimento e aprendi- era apta a resolver um problema sozinha, e o nível de
zagem escolar para Piaget e Vygotsky desenvolvimento potencial, a criança o fazia com cola-
boração de um adulto ou um companheiro. A referência
Para Vygotsky (1998), a aprendizagem não começa da zona de desenvolvimento proximal implica na com-
na escola, que toda situação de aprendizagem escolar se preensão de outras ideias que completa a ideia central,
depara sempre com uma história de aprendizagem pré- tais como:
via. Vygotsky retoma o tema da zona de desenvolvimen- a) O que a criança consegue hoje com a colaboração
to proximal e sua relação com a aprendizagem. de uma pessoa mais especializada, mais tarde po-
Tanto para Piaget como para Vygotsky, o ambiente derá realizar sozinha.
da sala de aula requer interação social, embora por cir- b) A criança consegue autonomia na resolução do
cunstâncias distintas. Para Vygotsky, o ambiente social é problema, através da assistência e auxílio do adul-
a fonte de modelos dos quais as construções devem se to, ou por outra criança mais velha, formando des-
aproximar. É a fonte do conhecimento socialmente cons- ta forma uma construção dinâmica entre aprendi-
truído que serve de modelo e media as construções do zagem e desenvolvimento.
indivíduo. A aprendizagem, e o desenvolvimento são ad- c) Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera
quiridos por modelos e, claro, pela motivação da criança. processos superiores internos que são capazes de
Para Piaget, a interação com os colegas e adultos. atuar quando a criança encontra interagida com o

115
meio ambiente e com outras pessoas. O autor res- ficado e disponível para que a pessoa realize novas aco-
salta a importância de que esses processos sejam modações. O que promove este movimento é o processo
internalizados pela criança. de equilibração, conceito central na teoria construtivista.

Vygotsky colocou que “as funções mentais superiores Diante de um estímulo, o indivíduo pode olhar como
são produto do desenvolvimento sócio histórico da es- desafio, uma suposta falta no conhecimento, faz com que
pécie, sendo que a linguagem funciona como mediador. a pessoa se “desequilibra” intelectualmente, fica curioso,
Lima (1990), por isso que a sua teoria ficou conhecida instigado, motivado e, através de assimilações e acomo-
como sociointeracionista. dações, procura restabelecer o equilíbrio que é sempre
Não se pode ignorar o papel desempenhado pelas dinâmico, pois é alcançado por meio de ações físicas e
crianças ao se relacionarem e interagirem com outras também mentais.
pessoas, que sejam professores, pais e outras crianças O pensamento vai se tornando cada vez mais com-
mais velhas e mais experientes. A mediação é a forma plexo e abrangente, interagindo com objetos do conhe-
de conceber o percurso transcorrido pela pessoa no seu cimento cada vez mais diferentes e abstratos.
processo de aprender. Quando o professor, se utilizan- A educação é um processo necessário, é importante
do a mediação, consegue chegar a zona de desenvolvi- considerar o principal objetivo da educação que é auto-
mento proximal, através dos “porquês” e dos “como”, ele nomia, tanto intelectual como moral.
pode atingir maneiras através das quais a instrução será A criança vai usando o sistema, pela sua própria es-
mais útil para a criança. Desta forma, o professor terá trutura mental, que Piaget destaca, a lógica, a moral, a
condições de não só utilizar meios concretos, visuais e linguagem e a compreensão de regras sociais que não
reais, mas, com maior propriedade, fazer uso de recursos são inatas, que não são impostas de dentro para fora e
que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando à sim construídas pelo sujeito ao longo do desenvolvimen-
criança a superar suas capacidades. to, através de estágios diferentes um do outro.
A afetividade está correlacionada a esta inteligência e
Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget desempenha papel de uma fonte energética da qual de-
penderia o funcionamento da inteligência. “A afetividade
Ao elaborar a teoria psicogenética, Piaget procurou pode ser a causa de acelerações ou retardos no desen-
mostrar quais as mudanças qualitativas por que passa a volvimento intelectual e que ela própria não engendra
criança, desde o estágio inicial de uma inteligência prá- estruturas cognitivas, nem modifica as estruturas do fun-
tica (período sensóriomotor), até o pensamento formal, cionamento nas quais intervém” Dolle (1993),
lógico-dedutivo, a partir da adolescência. A adaptação Tanto Piaget como Vygotsky estavam preocupados
do sujeito vai ocorrendo, de maneira que é necessário com a questão do desenvolvimento e cada um buscou
investigar. Para que esta adaptação se torne abrangente, formas diferentes e complementares para elaboração
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

é necessário investigar como esses conhecimentos são das estruturas mentais e formação de esquemas.
adquiridos. Este questionamento é o interesse principal Para Piaget o conhecimento é construído, como for-
da epistemologia genética. Dolle (1993). ma de constituição individual, enquanto que Vygotsky
Segundo Piaget, o conhecimento não pode ser aceito comentou os fatores sociais, históricos e culturais in-
como algo predeterminado desde o nascimento ou de fluenciáveis no desenvolvimento.
acordo com a teoria inatista, nem resultado do simples A teoria de Vygotsky trata o indivíduo como um
registro de percepções e informações como comenta o agente e o meio, é externo, com isso, os indivíduos inte-
empirismo. Resulta das ações e interações do sujeito com ragem com o social, com colegas e mediadores. Através
o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é uma cons- disso, as crianças internalizam e constroem o conheci-
trução que vai sendo elaborada desde a infância, através mento, sob influência desse meio e como são passados
da interação sujeito com os objetos que procura conhe- os conhecimentos.
cer, sejam eles do mundo físico ou cultural. Piaget não desconsiderava que o conhecimento é in-
Os objetos do conhecimento têm propriedades e par- fluenciado pelo externo, como muitos pensam, apenas
ticularidades que nem sempre são assimiladas pela pes- acreditava que a criança adquire esses modelos externos,
soa. Por isso, uma criança que já construiu o esquema através da cultura, história e modelo social, mas ao mes-
de sugar, com maior facilidade utiliza a mamadeira, mas mo tempo tem uma influência constitucional única que a
terá que modificar o esquema para chupeta, comer com ajuda ou dificulta a construir seu conhecimento.
colher, etc. Também será mais fácil para essa criança, ela
já tem esquemas assimilados. Para Piaget a construção do conhecimento individual
A este processo de ampliação ou modificação de é única, a criança tem chance de errar e construir, para
um esquema de assimilação. Piaget chamou de acomo- haver desequilíbrio necessário para novas aquisições.
dação, embora seja estimulado pelo objeto, é também O facilitador deve investigar, reforçando, para que
possível graças à atividade do sujeito, pois é este que se não ocorra falhas no processo de conhecimento e tam-
transforma para a elaboração de novos conhecimentos. bém pra que não ocorra desgaste demasiado, sem me-
Com sucessivas aproximações, construindo acomo- dição. Quando a criança estiver “congelada” no desen-
dações e assimilações, completa-se o processo a que volvimento, cabe ao facilitador, mostrar o caminho para
Piaget chamou de adaptação. A cada adaptação consti- a aprendizagem. Muitas vezes, a criança sozinha “não dá
tuída e realizada, o esquema assimilador se torna solidi- conta” de suas próprias experimentações.

116
Para Vygotsky, a aprendizagem é a força propulsora Enquanto para Piaget a aprendizagem depende do
do desenvolvimento intelectual, enquanto que para Pia- estágio de desenvolvimento atingido pelo sujeito, para
get, o próprio desenvolvimento é a força propulsora. Vygotsky, a aprendizagem favorece o desenvolvimento
As duas concepções sobre aprendizagem devem ser das funções mentais.
complementares, não adianta acreditar unicamente na Os estágios de desenvolvimento são importantes na a
constituição do próprio sujeito, e nem contar com meios avaliação profissional, para saber onde o indivíduo se en-
externos. Deve haver senso de percepção para perceber contra para fornecer subsídios para novas aquisições. Os
o que a criança necessita no momento, a utilização ine- educadores não devem deixar de perceber o sujeito em
rente de construção ou uma espera do meio, por isso a relação ao tempo e a cultura. A criança transforma aqui-
utilização dos dois processos deve ser considerada. lo que aprende de acordo com sua capacidade interna,
Para Piaget o nível de desenvolvimento colocava li- tornando-se transformadora da aprendizagem, criadora,
mites sobre o que podia ser aprendido e sobre o nível se essa capacidade de aprendizagem e oportunidade lhe
de compreensão possível daquela aprendizagem, não for oferecida.
podendo, a pessoa ir além do seu ritmo. Não adiantaria Sabemos que muitos indivíduos estão estacionados
irem além do ritmo da criança, de maneira tradicional ou em algumas etapas de desenvolvimento e isso é refletido
simplista. O que resultaria num bloqueio na aprendiza- no dia-a-dia, com um jeito particular de pensar.
gem. Se a criança não consegue ir além do que lhe é
permitido mentalmente, cabe observar e usar técnicas Fonte
para que esse desenvolvimento ocorra, com ajuda exter- SAYEGH, F.
na, e colocações de questões para a própria criança per-
ceber onde está, dentro do que lhe é cobrado, exigido. LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
Seria uma troca de meios para que esse desenvolvimento
ocorra, fatores internos e externos intercalando-se. Po- Alfabetização
rém, dependendo do nível intelectual da constituição
mental, pode não haver um potencial para as novas aco- Historicamente, o conceito de alfabetização se iden-
modações. tificou ao ensino-aprendizado da “tecnologia da escrita”,
quer dizer, do sistema alfabético de escrita, o que, em
Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento po- linhas gerais, significa, na leitura, a capacidade de deco-
tencial e zona de desenvolvimento proximal, uma forma dificar os sinais gráficos, transformando-os em “sons”,
seria sem apoio na resolução de problemas e a outra e, na escrita, a capacidade de codificar os sons da fala,
forma, é a forma em que os indivíduos podem resolver transformando-os em sinais gráficos.
os problemas com apoio, ou seja, com a modelação de A partir dos anos 1980, o conceito de alfabetização foi
conhecimento e a interação do meio social, os indivíduos ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psi-
podem adquirir conhecimentos que antes não podiam.

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


cogênese da aquisição da língua escrita, particularmente
A desequilibração é sempre possível para as construções
com os trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. De
anteriores. É necessário errar, para ocorrer o conheci-
acordo com esses estudos, o aprendizado do sistema de
mento.
escrita não se reduziria ao domínio de correspondências
Não são somente as desequilibrações anteriores que
entre grafemas e fonemas (a decodificação e a codifica-
podem ser desenvolvidas, mas as “superiores”, se exis-
ção), mas se caracterizaria como um processo ativo por
te a pessoa que oferece orientação para o indivíduo, ele
meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos
acaba por superar, para poder ir aonde quer chegar. Na
medida em que o indivíduo recebe uma orientação, ele com a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre
começa a formular hipóteses, antes desconhecidas por a natureza e o funcionamento da língua escrita, com-
ele mesmo. preendida como um sistema de representação.
Os fatores sociais para Vygotsky desempenham um Os termos “grafemas” e “fonemas” correspondem,
papel fundamental no desenvolvimento intelectual. A aproximadamente, a “letras” e “sons”, usados na lingua-
cultura estabelece um conhecimento que é internalizado gem corrente. A conceituação de fonema e grafema é
e construído pelas crianças. Piaget reconheceu os fatores apresentada mais à frente.
sociais no desenvolvimento intelectual que provoca desi- Progressivamente, o termo passou a designar o pro-
quilibração e construção desse conhecimento. cesso não apenas de ensinar e aprender as habilidades
É necessário um modelo para orientar e fazer a crian- de codificação e decodificação, mas também o domínio
ça pensar sobre como está para desenvolver-se. Nas tro- dos conhecimentos que permitem o uso dessas habili-
cas de valores entre o meio, o indivíduo vai aprendendo dades nas práticas sociais de leitura e escrita. É diante
a pensar por si mesmo. dessas novas exigências que surge uma nova adjetivação
Enquanto no referencial construtivista o conheci- para o termo – alfabetização funcional – criada com a
mento se dá a partir da ação do sujeito sobre a realidade, finalidade de incorporar as habilidades de uso da leitura
onde o ser é visto como ativo, para Vygotsky o sujeito e da escrita em situações sociais e, posteriormente, a pa-
não é apenas ativo, mas interativo, porque constitui co- lavra letramento.
nhecimento através de relações intra e interpessoais. É Com o surgimento dos termos letramento e alfabeti-
na troca com outros sujeitos e consigo próprio que há zação (ou alfabetismo) funcional, muitos pesquisadores
internalização de conhecimentos, papéis e funções so- passaram a preferir distinguir alfabetização e letramento.
ciais, o que permite a constituição de conhecimentos e Passaram a utilizar o termo alfabetização em seu sentido
da consciência. restrito, para designar o aprendizado inicial da leitura e

117
da escrita, da natureza e do funcionamento do sistema fabetizadores, perplexidade do poder público e da po-
de escrita. Passaram, correspondentemente, a reservar os pulação diante da persistência do fracasso da escola em
termos letramento ou, em alguns casos, alfabetismo fun- alfabetizar, evidenciada por avaliações nacionais e esta-
cional para designar os usos (e as competências de uso) duais, vêm provocando críticas e motivando propostas
da língua escrita. Outros pesquisadores tendem a preferir de reexame das teorias e práticas atuais de alfabetiza-
utilizar apenas o termo alfabetização para significar tanto ção. Um momento como este é, sem dúvida, desafiador,
o domínio do sistema de escrita quanto os usos da língua porque estimula a revisão dos caminhos já trilhados e
escrita em práticas sociais. Nesse caso, quando sentem a busca de novos caminhos, mas é também ameaçador,
a necessidade de estabelecer distinções, tendem a utili- porque pode conduzir a uma rejeição simplista dos cami-
zar as expressões “aprendizado do sistema de escrita” e nhos trilhados e a propostas de solução que representem
“aprendizado da linguagem escrita”. desvios para indesejáveis descaminhos. Este artigo pre-
tende discutir esses caminhos e descaminhos, de que se
Letramento falará mais explicitamente no tópico final; a esse tópico
final se chegará por dois outros que o fundamentam e
É na segunda metade dos anos 1980 que essa palavra justificam: um primeiro que busca esclarecer e relacionar
surge no discurso de especialistas das Ciências Linguís- os conceitos de alfabetização e letramento, e um segun-
ticas e da Educação, como uma tradução da palavra da do que pretende encontrar, nas relações entre esses dois
língua inglesa literacy. Sua tradução se faz na busca de processos, explicações para os caminhos e descaminhos
ampliar o conceito de alfabetização, chamando a aten- que vimos percorrendo, nas últimas décadas, na área da
ção não apenas para o domínio da tecnologia do ler e alfabetização.
do escrever (codificar e decodificar), mas também para
os usos dessas habilidades em práticas sociais em que Alfabetização, letramento: conceitos
escrever e ler são necessários.
Implícita nesse conceito está a idéia de que o domínio Letramento é palavra e conceito recentes, introduzi-
e o uso da língua escrita trazem consequências sociais, dos na linguagem da educação e das ciências linguísticas
culturais, políticas, econômicas, cognitivas, linguísticas, há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode
quer para o grupo social em que seja introduzida, quer ser interpretado como decorrência da necessidade de
para o indivíduo que aprenda a usá-la. configurar e nomear comportamentos e práticas sociais
Letramento é pois, o resultado da ação de ensinar ou na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domí-
de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da nio do sistema alfabético e ortográfico, nível de apren-
ação de usar essas habilidades em práticas sociais, é o dizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente,
estado ou condição que adquire um grupo social ou um pelo processo de alfabetização. Esses comportamentos
indivíduo como consequência de ter-se apropriado da e práticas sociais de leitura e de escrita foram adquirin-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

língua escrita e de ter-se inserido num mundo organi- do visibilidade e importância à medida que a vida social
zado diferentemente: a cultura escrita. Como são muito e as atividades profissionais tornaram-se cada vez mais
variados os usos sociais da escrita e as competências a centradas na e dependentes da língua escrita, revelando
eles associadas (de ler um bilhete simples a escrever um a insuficiência de apenas alfabetizar – no sentido tradi-
romance), é frequente levar em consideração níveis de cional – a criança ou o adulto. Em um primeiro momento,
letramento (dos mais elementares aos mais complexos). essa visibilidade traduziu-se ou em uma adjetivação da
Tendo em vista as diferentes funções (para se distrair, palavra alfabetização – alfabetização funcional tornou-se
para se informar e se posicionar, por exemplo) e as for- expressão bastante difundida – ou em tentativas de am-
mas pelas quais as pessoas têm acesso à língua escrita pliação do significado de alfabetização/alfabetizar por
– com ampla autonomia, com ajuda do professor ou da meio de afirmações como “alfabetização não é apenas
professora, ou mesmo por meio de alguém que escreve, aprender a ler e escrever”, “alfabetizar é muito mais que
por exemplo, cartas ditadas por analfabetos –, a literatura apenas ensinar a codificar e decodificar”, e outras seme-
a respeito de tipos de letramento ou de letramentos, no lhantes. A insuficiência desses recursos para criar objeti-
plural. vos e procedimentos de ensino e de aprendizagem que
efetivamente ampliassem o significado de alfabetização,
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CAMINHOS E alfabetizar, alfabetizado, é que pode justificar o surgi-
DESCAMINHOS mento da palavra letramento, consequência da necessi-
dade de destacar e claramente configurar, nomeando-os,
Um olhar histórico sobre a alfabetização escolar comportamentos e práticas de uso do sistema de escri-
no Brasil revela uma trajetória de sucessivas mudan- ta, em situações sociais em que a leitura e/ ou a escrita
ças conceituais e, consequentemente, metodológicas. estejam envolvidas. Entretanto, provavelmente devido
Atualmente, parece que de novo estamos enfrentando ao fato de o conceito de letramento ter sua origem em
um desses momentos de mudança – é o que prenun- uma ampliação do conceito de alfabetização, esses dois
cia o questionamento a que vêm sendo submetidos os processos têm sido frequentemente confundidos e até
quadros conceituais e as práticas deles decorrentes que mesmo fundidos. Pode-se admitir que, no plano concei-
prevaleceram na área da alfabetização nas últimas três tual, talvez a distinção entre alfabetização e letramento
décadas: pesquisas que têm identificado problemas nos não fosse necessária, bastando que se ressignificasse o
processos e resultados da alfabetização de crianças no conceito de alfabetização; no plano pedagógico, porém,
contexto escolar, insatisfações e inseguranças entre al- a distinção torna-se conveniente, embora também seja

118
imperativamente conveniente que, ainda que distintos, pre com o mesmo pressuposto – o de que a criança, para
os dois processos sejam reconhecidos como indissociá- aprender o sistema de escrita, dependeria de estímulos
veis e interdependentes. externos cuidadosamente selecionados ou artificialmen-
Assim, por um lado, é necessário reconhecer que alfa- te construídos – e sempre com o mesmo objetivo – o
betização – entendida como a aquisição do sistema con- domínio desse sistema, considerado condição e pré-re-
vencional de escrita – distingue-se de letramento – en- quisito para que a criança desenvolvesse habilidades
tendido como o desenvolvimento de comportamentos de uso da leitura e da escrita, isto é, primeiro, aprender
e habilidades de uso competente da leitura e da escrita a ler e a escrever, verbos nesta etapa considerados in-
em práticas sociais: distinguem-se tanto em relação aos transitivos, para só depois de vencida essa etapa atribuir
objetos de conhecimento quanto em relação aos proces- complementos a esses verbos: ler textos, livros, escrever
sos cognitivos e linguísticos de aprendizagem e, portan- histórias, cartas, etc.
to, também de ensino desses diferentes objetos. Tal fato Nos anos 80, a perspectiva psicogenética da aprendi-
explica por que é conveniente a distinção entre os dois zagem da língua escrita, divulgada entre nós, sobretudo
processos. Por outro lado, também é necessário reconhe- pela obra e pela atuação formativa de Emília Ferreiro, sob
cer que, embora distintos, alfabetização e letramento são a denominação de “construtivismo”, trouxe uma signifi-
interdependentes e indissociáveis: a alfabetização só tem cativa mudança de pressupostos e objetivos na área da
sentido quando desenvolvida no contexto de práticas alfabetização, porque alterou fundamentalmente a con-
sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práti- cepção do processo de aprendizagem e apagou a distin-
cas, ou seja, em um contexto de letramento e por meio ção entre aprendizagem do sistema de escrita e práticas
de atividades de letramento; este, por sua vez, só pode efetivas de leitura e de escrita. Essa mudança paradigmá-
desenvolver-se na dependência da e por meio da apren- tica permitiu identificar e explicar o processo através do
dizagem do sistema de escrita. qual a criança constrói o conceito de língua escrita como
Distinção, mas indissociabilidade e interdependência: um sistema de representação dos sons da fala por sinais
quais as consequências disso para a aprendizagem da gráficos, ou seja, o processo através do qual a criança
língua escrita na escola?
torna-se alfabética; por outro lado, e como consequên-
cia disso, sugeriu as condições em que mais adequada-
Aprendizagem da língua escrita: alfabetização e/
mente se desenvolve esse processo, revelando o papel
ou letramento?
fundamental de uma interação intensa e diversificada da
criança com práticas e materiais reais de leitura e escrita
Uma análise das mudanças conceituais e metodoló-
a fim de que ocorra o processo de conceitualização da
gicas ocorridas ao longo da história do ensino da língua
língua escrita.
escrita no início da escolarização revela que, até os anos
No entanto, o foco no processo de conceitualização
80, o objetivo maior era a alfabetização (tal como aci-
da língua escrita pela criança e a ênfase na importân-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


ma definida), isto é, enfatizava-se fundamentalmente a
aprendizagem do sistema convencional da escrita. Em cia de sua interação com práticas de leitura e de escrita
torno desse objetivo principal, métodos de alfabetização como meio para provocar e motivar esse processo têm
alternaram-se em um movimento pendular: ora a opção subestimado, na prática escolar da aprendizagem inicial
pelo princípio da síntese, segundo o qual a alfabetização da língua escrita, o ensino sistemático das relações entre
deve partir das unidades menores da língua – os fone- a fala e a escrita, de que se ocupa a alfabetização, tal
mas, as sílabas – em direção às unidades maiores – a pa- como anteriormente definida. Como consequência de o
lavra, a frase, o texto (método fônico, método silábico); construtivismo ter evidenciado processos espontâneos
ora a opção pelo princípio da análise, segundo o qual de compreensão da escrita pela criança, ter condenado
a alfabetização deve, ao contrário, partir das unidades os métodos que enfatizavam o ensino direto e explícito
maiores e portadoras de sentido – a palavra, a frase, o do sistema de escrita e, sendo fundamentalmente uma
texto – em direção às unidades menores (método da pa- teoria psicológica, e não pedagógica, não ter proposto
lavração, método da sentenciação, método global). Em uma metodologia de ensino, os professores foram leva-
ambas as opções, porém, a meta sempre foi a aprendiza- dos a supor que, apesar de sua natureza convencional
gem do sistema alfabético e ortográfico da escrita; em- e com frequência arbitrária, as relações entre a fala e a
bora se possa identificar, na segunda opção, uma preo- escrita seriam construídas pela criança de forma inci-
cupação também com o sentido veiculado pelo código, dental e assistemática, como decorrência natural de sua
seja no nível do texto (método global), seja no nível da interação com inúmeras e variadas práticas de leitura e
palavra ou da sentença (método da palavração, método de escrita, ou seja, através de atividades de letramento,
da sentenciação), estes – textos, palavras, sentenças – são prevalecendo, pois, estas sobre as atividades de alfabe-
postos a serviço da aprendizagem do sistema de escrita: tização. É, sobretudo essa ausência de ensino direto, ex-
palavras são intencionalmente selecionadas para servir plícito e sistemático da transferência da cadeia sonora da
à sua decomposição em sílabas e fonemas, sentenças e fala para a forma gráfica da escrita que tem motivado as
textos são artificialmente construídos, com rígido contro- críticas que atualmente vêm sendo feitas ao construtivis-
le léxico e morfossintático, para servir à sua decomposi- mo. Além disso, é ela que explica por que vêm surgindo,
ção em palavras, sílabas, fonemas. surpreendentemente, propostas de retorno a um méto-
Assim, pode-se dizer que até os anos 80 a alfabetiza- do fônico como solução para os problemas que estamos
ção escolar no Brasil caracterizou-se por uma alternância enfrentando na aprendizagem inicial da língua escrita
entre métodos sintéticos e métodos analíticos, mas sem- pelas crianças.

119
Cabe salientar, porém, que não é retornando a um da língua escrita, mesmo em sua etapa inicial. Talvez por
passado já superado e negando avanços teóricos incon- isso temos sempre fracassado nesse ensino e aprendi-
testáveis que esses problemas serão esclarecidos e re- zagem; o caminho para esse ensino e aprendizagem é
solvidos. Por outro lado, ignorar ou recusar a crítica aos a articulação de conhecimentos e metodologias funda-
atuais pressupostos teóricos e a insuficiência das práticas mentados em diferentes ciências e sua tradução em uma
que deles têm decorrido resultará certamente em mantê- prática docente que integre as várias facetas, articulando
-los inalterados e persistentes. Em outras palavras: o mo- a aquisição do sistema de escrita, que é favorecida por
mento é de procurar caminhos e recusar descaminhos. ensino direto, explícito e ordenado, aqui compreendido
como sendo o processo de alfabetização, com o desen-
Caminhos e descaminhos volvimento de habilidades e comportamentos de uso
competente da língua escrita nas práticas sociais de lei-
A aprendizagem da língua escrita tem sido objeto de tura e de escrita, aqui compreendido como sendo o pro-
pesquisa e estudo de várias ciências nas últimas déca- cesso de letramento.
das, cada uma delas privilegiando uma das facetas des-
sa aprendizagem. Para citar as mais salientes: a faceta O emprego dos verbos integrar e articular retoma a
fônica, que envolve o desenvolvimento da consciência afirmação anterior de que os dois processos – alfabetiza-
fonológica, imprescindível para que a criança tome cons- ção e letramento – são, no estado atual do conhecimento
ciência da fala como um sistema de sons e compreenda sobre a aprendizagem inicial da língua escrita, indissociá-
o sistema de escrita como um sistema de representação veis, simultâneos e interdependentes: a criança alfabeti-
desses sons, e a aprendizagem das relações fonemagra- za-se, constrói seu conhecimento do sistema alfabético e
fema e demais convenções de transferência da forma so- ortográfico da língua escrita, em situações de letramen-
nora da fala para a forma gráfica da escrita; a faceta da to, isto é, no contexto de e por meio de interação com
leitura fluente, que exige o reconhecimento holístico de material escrito real, e não artificialmente construído, e
palavras e sentenças; a faceta da leitura compreensiva, de sua participação em práticas sociais de leitura e de
que supõe ampliação de vocabulário e desenvolvimento
escrita; por outro lado, a criança desenvolve habilidades
de habilidades como interpretação, avaliação, inferên-
e comportamentos de uso competente da língua escri-
cia, entre outras; a faceta da identificação e do uso ade-
ta nas práticas sociais que a envolvem no contexto do,
quado das diferentes funções da escrita, dos diferentes
por meio do e em dependência do processo de aquisi-
portadores de texto, dos diferentes tipos e gêneros de
ção do sistema alfabético e ortográfico da escrita. Esse
texto, etc. Cada uma dessas facetas é fundamentada por
alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, pela inte-
teorias de aprendizagem, princípios fonéticos e fonoló-
gração e pela articulação das várias facetas do processo
gicos, princípios linguísticos, psicolinguísticos e sociolin-
de aprendizagem inicial da língua escrita, é, sem dúvida,
guísticos, teorias da leitura, teorias da produção textual,
o caminho para a superação dos problemas que vimos
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

teorias do texto e do discurso, entre outras. Consequen-


temente, cada uma dessas facetas exige metodologia de enfrentando nesta etapa da escolarização; descaminhos
ensino específica, de acordo com sua natureza, algumas serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela fa-
dessas metodologias caracterizadas por ensino direto e ceta, como se fez no passado, como se faz hoje, sempre
explícito, como é o caso da faceta para a qual se volta resultando em fracasso, esse reiterado fracasso da escola
a alfabetização, outras caracterizadas por ensino mui- brasileira em dar às crianças acesso efetivo e competente
tas vezes incidental e indireto, porque dependente das ao mundo da escrita.
possibilidades e motivações das crianças, bem como das
circunstâncias e do contexto em que se realize a apren- Referência:
dizagem, como é caso das facetas que se caracterizam Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada
como de letramento. de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Funda-
A tendência, porém, tem sido privilegiar na aprendi- mental: alfabetização e linguagem. – ed. rev. e ampl. in-
zagem inicial da língua escrita apenas uma de suas várias cluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secreta-
facetas e, por conseguinte, apenas uma metodologia: ria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação,
assim fazem os métodos hoje considerados como “tra- Secretaria de Educação Básica, 2008.
dicionais”, que, como já foi dito, voltam-se predominan- SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: Cami-
temente para a faceta fônica, isto é, para o ensino e a nhos e Descaminhos. Artigo publicado pela revista Pátio
aprendizagem do sistema de escrita; por outro lado, as- – Revista Pedagógica de 29 de fevereiro de 2004, pela
sim também tem feito o chamado “construtivismo”, que Artmed Editora.
se volta predominantemente para as facetas referentes BRASIL: Ministério da Educação. Indagações sobre
ao letramento, privilegiando o envolvimento da criança currículo: currículo e desenvolvimento humano / [Elvira
com a escrita em suas diferentes funções, seus diferentes Souza Lima]; organização do documento Jeanete Beau-
portadores, com os muitos tipos e gêneros de texto. No champ, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nasci-
entanto, os conhecimentos que atualmente esclarecem mento. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
tanto os processos de aprendizagem quanto os objetos Educação Básica, 2007.
da aprendizagem da língua escrita, e as relações entre ALMEIDA: A. M. F. P. M. Teorias da Aprendizagem para
aqueles e estes, evidenciam que privilegiar uma ou algu- a Prática Pedagógica. Professora Livre Docente do De-
mas facetas, subestimando ou ignorando outras, é um partamento de Educação – UNESP – Bauru/SP.
equívoco, um descaminho no ensino e na aprendizagem

120
MOTA, M. S. G.; PEREIRA, F. E. L. Desenvolvimento e
Aprendizagem: Processo de construção do conhecimen-
to e desenvolvimento mental do indivíduo. Disponível HORA DE PRATICAR!
em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/tcc_
desenvolvimento.pdf 1. (Secretaria do Estado de Educação – SC – Supervi-
< https://www.infoescola.com/pedagogia/historia- sora - Nível Superior - ACAFE - 2017) “A ação peda-
-da-educacao/> gógica da escola, ancorada na perspectiva de percurso
formativo como unidade, consiste em condição concreta
de repensar tempos, espaços e formas de aprendizagem
na relação com desenvolvimento humano, como alterna-
EXERCÍCIO COMENTADO tiva que busca superar os atuais limites impostos pelos
1. (SEE-DF – Professor de Educação Básica – Superior componentes curriculares no ambiente escolar”. Nesse
– CESPE/2017) O objetivo geral expressa de forma ex- sentido, analise as afirmações a seguir, marque  V  para
clusiva as expectativas do professor sobre o que ele de- as Verdadeiras e F para as Falsas, e assinale a alternativa
seja obter dos alunos no processo de ensino. Ao iniciar com a sequência correta.
o planejamento, o professor deve analisar e prever quais Fonte: Proposta Curricular de Santa Catarina: formação integral na
resultados ele pretende obter com relação à aprendiza- educação básica. Florianópolis: SED, 2014.
gem dos alunos.
( )  Cabe pensar o currículo escolar como um contexto
( ) CERTO ( ) ERRADO em permanente (re)elaboração, em constante disputa e
reordenamento.
( ) É preciso reconhecer a fonte das questões de análise
Resposta: Errado. Os objetivos gerais não expressam na realidade vivenciada pela comunidade como aquela
exclusivamente as expectativas do professor, pois en- que oferece os problemas, os objetos de análise e síntese
globam as expectativas de outros sujeitos da educa- à luz dos conhecimentos sistematizados.
ção. ( ) Importa compreender como se produz e se reproduz
o conhecimento na escola (áreas, disciplinas, temáticas
etc.) e como crianças, jovens, adultos e idosos apro-
priam-se ou não desses conhecimentos.
( )  Demanda fazer escolhas quanto à forma mais apro-
priada de organização escolar (série, ciclo, módulos,
dentre outros modos), considerando os sujeitos dentro
de seus espaços de vida, sejam eles urbanos, rurais, das
periferias urbanas, quilombos, aldeias indígenas, dentre

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


outros. 

a) V - V - F – F
b) V - V - V – V
c) F - F - V - V 
d) F - V - F - V 

2. (Secretaria do Estado de Educação – SC – Super-


visora - Nível Superior - ACAFE - 2017) “A educação
das relações étnico-raciais/ERER tem por alvo a formação
de cidadãos, mulheres e homens empenhados em pro-
mover condições de igualdade no exercício de direitos
sociais, políticos, econômicos, dos direitos de ser, viver,
pensar, próprios aos diferentes pertencimentos étnico-
-raciais e sociais.” Nesse sentido, todas as alternativas
estão corretas, exceto a:
Fonte: Proposta Curricular de Santa Catarina – 2014 p.66/67. 

a) A abertura proposta pela ERER para os currículos en-


caminha novos saberes, novas formas de ensinar e
novos comportamentos para aqueles a quem se dará
essa oportunidade de aprender.
b) A ERER se aloja na ideia da desconstrução dos mode-
los e instituições escolares assumidos como únicos e
propõe a construção de possibilidades educativas que
levem em conta a pluralidade étnica.
c) A ERER reconhece a presença de sujeitos étnicos de ma-
triz africana e indígena no território do conhecimento
(currículos oficiais).

121
d) A ERER fomenta ações educativas de combate ao racis- b) Avaliação de viabilidade do plano de carreira dos pro-
mo e às discriminações. Esse princípio encaminha para fessores, da estratégia de reforma arquitetônica das
que se estabeleça conexão entre os objetivos da esco- escolas, bem como da relação entre as unidades es-
la e os dos sujeitos negros e indígenas, na busca por colares e a Secretaria de Educação.
igualdade e equidade. c) Aprofundamento do diagnóstico psicológico das
crianças pequenas e de suas famílias, objetivando
3. (Secretaria do Estado de Educação – MG – Especialis- compreender as dificuldades de adaptação da criança
ta em Educação - Nível Superior - FCC - 2012). Os pres- ao meio escolar.
supostos de uma gestão participativa fundamentam-se d) Envolvimento da comunidade de educadores em um
em valores inquestionáveis subjacentes a todos os desdo- estudo que investigue se a evasão e o fracasso no
bramentos da gestão. É um desses pressupostos: ensino fundamental são consequências de repetên-
cias consecutivas por conta da idade inapropriada da
a) A realidade e o conhecimento são construídos indivi- criança pequena matriculada no 1º ano.
dualmente conforme as habilidades de cada membro
do grupo. 6. (Secretaria de Estado as Educação – SC - Especia-
b) O reconhecimento de que os grupos sociais são plu- lista em Educação - Nível Superior - ACAFE – 2017).
ralistas, e que eles constituem sistemas de pessoas e “A escola de qualidade social adota como centralidade
grupos heterogêneos. o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendi-
c) O poder de influência de um indivíduo é vinculado ape- mento aos seguintes requisitos  (...)”. Os requisitos que
nas ao papel que ele desempenha na gestão escolar. completam o enunciado são, exceto:
d) O condicionamento de todos a uma participação em Fonte: Resolução 4 de 2010, Art. 9º. 
atividades promovidas pelos gestores da unidade es-
colar. a) foco no projeto político pedagógico, no gosto pela
aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como
4. (Secretaria do Estado de Educação – MG – Especia- instrumento de contínua progressão dos estudantes.
lista em Educação - Nível Superior - FCC - 2012). Na b) preparação dos profissionais da educação, gestores,
atualidade, um dos assuntos mais discutidos no mundo professores, especialistas, técnicos, monitores e ou-
da educação são as COMPETÊNCIAS. Para Philippe Perre- tros.
noud, sociólogo suíço, especialista em práticas pedagógi- c) inter-relação entre organização do currículo, do traba-
cas e instituições de ensino, COMPETÊNCIA em educação lho pedagógico e da jornada de trabalho do professor,
é tendo como objetivo a aprendizagem do estudante.
d) compatibilidade entre a proposta curricular e a infra-
a) o currículo que defende o agrupamento de assuntos para estrutura, entendida como espaço informativo inde-
serem memorizados e uma sequência de exercícios a se- pendente da disponibilidade de tempos para sua utili-
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

rem praticados até serem dominados pelos alunos. zação e acessibilidade.


b) o referencial de conteúdos curriculares que os alunos
precisam aprender para se assumirem como cidadãos 7. (Secretaria de Estado as Educação – SC - Pedagoga
capazes de desenvolver e expressar opiniões, analisar e - Nível Superior - ACAFE – 2017). Todos os profissio-
julgar comportamentos e fatos do cotidiano. nais devem atuar na escola para relação professor-alu-
c) a faculdade de mobilizar simultaneamente um conjunto no. Nesse sentido, compete ao Supervisor Escolar uma
atuação progressista, que se verifica nas assertivas abai-
de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e
xo, exceto na:
informações - para se posicionar com clareza e solu-
Fonte: Proposta Curricular de Santa Catarina 1991, p.71. 
cionar com pertinência e eficácia variadas situações de
aprendizagem.
a) Promover avaliação permanente do currículo visando
d) a capacidade indispensável da escola de constituir-se
o replanejamento.
em um lugar no qual as gerações transmitam umas
b) Garantir que a escola cumpra sua função social de
às outras o acervo dos conhecimentos historicamente
construção e socialização do conhecimento.
construídos. c) Coordenar a elaboração do planejamento curricular.
d) Controlar a produtividade do ensino e o aperfeiçoa-
5. (Secretaria do Estado de Educação – MG – Especialis- mento da técnica docente.
ta em Educação - Nível Superior - FCC - 2012). O Fórum
Mineiro de Educação Infantil - FMEI vem discutindo, apro- 8. (Secretaria de Estado da Educação – SC – Pedagogo
fundando concepções, intervindo na mobilização de ges- – nível superior – ACAFE – 2017). Promover a constru-
tores, conselheiros, técnicos e educadores para a constru- ção de estratégias pedagógicas que visam a superação,
ção de consensos e práticas que efetivem os direitos das rotulação e discriminação das classes trabalhadoras
crianças pequenas. Para avaliar os principais aspectos que está descrita na Proposta Curricular de Santa Catarina
integram esta política, o FMEI faz uma leitura do cenário 1991, p.72, como função da supervisão escolar. Nesse
do Estado seguindo alguns passos para serem analisados: sentido é correto afirmar, exceto: 

a) Diagnóstico, Planejamento, Regulamentação, Gestão, a) O acolhimento aos conhecimentos que os estudan-


Financiamento, Formação de Profissionais, Proposta tes trazem de seus contextos é ponto de partida para
Pedagógica. ampliação do repertório cultural.

122
b) Educar para democracia implica numa concepção de d) intervir sempre que o grupo de crianças apresentar
humano crítico, reflexivo, criativo, consciente, com- perguntas do tipo: “Por que chove? O que tem dentro
prometido socialmente e adaptado à sociedade. do nosso corpo? Por que os homens fazem guerra?”,
c) Educar para democracia implica numa concepção de informando que haverá um momento propício para
ensino e aprendizagem que entenda as diversidades responder às indagações.
como riqueza cultural e social.
d) Entender o currículo como um fazer coletivo e ine-
vitavelmente político, o que obriga ao compromisso
com a qualidade da aprendizagem de todos os estu-
dantes, independente de suas origens.  GABARITO

9 (Secretaria do Estado de Educação – MG – Pedago-


1. B
go - Nível Superior - FCC - 2012). A escola inclusiva
baseia-se na defesa de princípios e valores éticos, nos 2. C
ideais de cidadania, justiça e igualdade para todos. Para 3. B
que se torne realidade, a escola precisa responder às
4. C
necessidades dos alunos. Nesse sentido, é fundamental
5. A
a) uma transformação e democratização da educação 6. D
que envolva o compromisso de pais, professores,
especialistas, agentes do poder público e de outros 7. B
atores sociais. 8. A
b) que a escola seja um espaço que receba todas as 9. C
crianças indistintamente e possa se adaptar de tal
forma que não precise de aparelhamento específico, 10. D
professores especializados e nem reformas do espa-
ço físico.
c) evitar discussões na sala de aula que possam eviden-
ciar posicionamentos diferenciados, pois cada grupo
deve garantir sua identidade podendo se defender da
perda de suas características, mantendo-as intactas.
d) um currículo diferenciado para cada segmento da
sociedade, adaptando os conteúdos escolares às es-

FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO


pecificidades dos alunos, sejam elas de fundo social,
econômico, cultural, étnico, religioso, político, físico
ou intelectual.

10. (Secretaria do Estado de Educação – MG – Peda-


gogo - Nível Superior - FCC - 2012). Sabe-se que o
que dá sentido aos processos de aprendizagem é o grau
de comprometimento emocional que o grupo de alunos
e professores atribui aos atos de ensinar e aprender.
Sabe-se ainda que a emoção tem papel fundamental
nas relações que se estabelecem dentro da sala de aula
e na construção de vínculos entre as pessoas do grupo,
o que favorece o desabrochar do interesse pelo conhe-
cimento. Partindo dessa premissa, cabe ao professor

a) solicitar que os alunos se coloquem de maneira pas-


siva diante da aprendizagem e que aguardem que o
professor os oriente sobre o que devem fazer para
garantir altos níveis de concentração.
b) explicar para os alunos, no início do ano escolar, as
diferentes aprendizagens e conhecimentos que terão
no espaço escolar, despertando seu interesse em di-
versificar os aprendizados, alternando aqueles obti-
dos no cotidiano com os construídos na escola.
c) colocar-se disponível para os alunos, saber escutar o
grupo e compreender as demandas de conhecimen-
to que surgem entre eles, através da observação, das
conversas, da investigação das expressões corporais e
das brincadeiras.

123
ANOTAÇÕES

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
FUNDAMENTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS E POLÍTICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

124

S-ar putea să vă placă și