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Vantagens
Perspectiva atual
Convenção da Deficiência
Um acordo foi celebrado em 25 de agosto de 2006 em Nova Iorque, por diversos
Estados em uma convenção preliminar das Nações Unidas sobre os direitos da pessoa com
deficiência, o qual realça, no artigo 24, a Educação inclusiva como um direito de todos. O artigo
foi substancialmente revisado e fortalecido durante as negociações que começaram há cinco
anos.
Em estágio avançado das negociações, a opção de educação especial (segregada do
ensino regular) foi removida da convenção, e entre 14 e 25 agosto de 2006, esforços
perduraram até os últimos dias para remover um outro texto que poderia justificar o segregação
de estudantes com deficiência.
Após longas negociações, o objetivo da inclusão plena foi finalmente alcançado e a nova
redação do parágrafo 2 do artigo 24 foi definida sem objeção. Cerca de sessenta delegações
de Estado e a Liga Internacional da Deficiência (International Disability Caucus), que
representa cerca de 70 organizações não governamentais (ONGs), apoiaram uma emenda
proposta pelo Panamá que obriga os governos a assegurar que: as medidas efetivas de apoio
individualizado sejam garantidas nos estabelecimentos que priorizam o desenvolvimento
acadêmico e social, em sintonia com o objetivo da inclusão plena. A Convenção preliminar
antecede a assembléia geral da ONU para sua adoção, que se realizará no final deste ano. A
convenção estará então aberta para assinatura e ratificação por todos os países membros,
necessitando de 20 ratificações para ser validada. A Convenção da Deficiência é o primeiro
tratado dos direitos humanos do Século XXI e é amplamente reconhecida como tendo uma
participação da sociedade civil sem precedentes na história, particularmente de organizações
de pessoas com deficiência.
Inclusão
Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação
requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam
atingir seu potencial máximo. Essas limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos,
mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis.
Principalmente a partir da década de 60, tem-se uma clara compreensão da
importância e significação dos anos pré-escolares no desenvolvimento de um padrão de
comportamento para toda a vida. Para as crianças com deficiências, a educação pré-escolar
torna-se ainda mais necessária, pois oportuniza que desfrutem ao máximo todas as
possibilidades de um ambiente educacional organizado, aproveitando ainda os benefícios do
convívio com outras crianças.
É a presença de necessidades educacionais especiais que irá indicar se um aluno
deve receber educação especial, e não apenas a presença de uma deficiência ou
superdotação, pois, a existência de uma deficiência, não torna obrigatório que seu portador não
possa ser bem atendido mediante os processos comuns de educação.
Após a realização de um diagnóstico educacional por uma equipe interdisciplinar, pode-se
recomendar, de acordo com cada caso, a educação especial.
As situações de ensino são especiais, quando utilizam recursos físicos e materiais
especiais, profissionais com preparo específico e alguns aspectos curriculares que não são
encontrados nas situações comuns.
Diagnóstico e Classificação
Os termos: diagnósticos, classificação, avaliação, testagem, são utilizados e
definidos de diferentes maneiras nas várias áreas: médica, psicológica, educacional etc.
O diagnóstico educacional consiste na utilização de recursos, meios e técnicas para
analisar e avaliar as situações educacionais, os problemas e as dificuldades dos alunos, bem
como, tomar conhecimento de suas causas para preveni-las e corrigi-las, quando possível.
1. Excepcionais Intelectuais
1.1- Superdotados
1.2- Deficientes mentais
a) educáveis
b) treináveis
c) dependentes
3. Excepcionais psicossociais
3.1- alunos com distúrbios emocionais
3.2- alunos com desajustes sociais
4. Excepcionalidade múltipla
4.1- alunos com mais de um tipo de desvio
2. - Sala de Recursos
É uma sala que conta com materiais e equipamentos especiais, na qual o professor
especializado, fixo na escola, auxilia os alunos nos aspectos específicos em que precisam de
ajuda para manterem-se na classe comum. Na maioria dos locais esse profissional também
presta atendimento aos professores das classes comuns, aos demais profissionais da escola e
à família dos alunos.
3. - Classe Especial
Instalada em escola comum, caracteriza-se pelo agrupamento de alunos
classificados como da mesma categoria de excepcionalidade, que estão sob a
responsabilidade de um professor especializado. Tem sido mais utilizada para alunos
deficientes mentais educáveis.
Declaração de Salamanca
Uma das noções mais difundidas na realidade brasileira é a de que a rede pública não
está capacitada para receber crianças com necessidades educacionais especiais, seja por
deficiência física, sensorial ou mental. Por isto, a educação especial tem-se mostrado como
uma espécie de limbo, para onde são encaminhados os educandos considerados ineptos ou
incapazes de aprender, espelhando as mazelas do sistema educacional. Ora, tais educandos
mostram-se ineptos do ponto de vista de que e de quem? Parecem incapazes de aprender o
quê? Por quê? para quê? Estas e outras questões suscitam uma reflexão sobre a ação
pedagógica, a problemática da função social da escola e os mecanismos de inclusão/exclusão
social.
A deficiência tem sido concebida como condição incapacitante e impeditiva, inspirando
atos de caridade, proteção e filantropia. O enfoque assistencial e o terapêutico, predominantes
nas tentativas de escolarização de crianças com necessidades educacionais especiais, têm
evoluído da negação ao reconhecimento do direito sob condições, ou seja: tais alunos devem
aprender em ambientes os menos restritivos possíveis, mediante adaptações física, funcional e
curricular. Nesta perspectiva, a contemporaneidade produz o confronto entre dois eixos
paradigmáticos e emergentes: o da integração e o da inclusão escolares. No primeiro caso, o
aluno é o foco central, tendo como referência sua capacidade ou não de adaptar-se à escola.
Para isto, devem ser viabilizadas modalidades educacionais como suporte pedagógico,
indispensáveis às exigências do desempenho escolar esperado. O aluno deve freqüentar a
escola regular, se houver um aparato de condições disponíveis, como recursos materiais e
humanos, atendimentos terapêutico e reabilitatório. Em decorrência, poucos conseguem
permanecer na escola, interrompendo o percurso escolar ou fortalecendo um vínculo de
dependência com a Instituição especializada.
Práticas seletivas e excludentes contribuem para ampliar a casuística de insucesso nas
escolas, servindo como justificativa da resistência por parte de pais e educadores à idéia da
inclusão escolar. Não raro, são evocados exemplos de situações traumáticas e mal sucedidas
em relação às tentativas frustradas de integração, que acabam por deixar o aluno relegado à
própria sorte no ambiente escolar. Os pais costumam exprimir, em depoimentos impregnados
de exaltação e angústia, a intenção de evitar que seus filhos sejam tratados como "cobaias" de
pretensas tentativas de integração nas escolas regulares. Ao mesmo tempo, experiências bem
sucedidas costumam ser ignoradas ou atribuídas ao esforço pessoal, à persistência do aluno
e/ou da família, aliados à boa vontade, à dedicação e ao dinamismo da professora.
Dificilmente, são apontadas como responsabilidade do coletivo da escola.
O paradigma da inclusão escolar desloca a centralidade do processo para a escola,
tendo por prinçípio o direito incondicional à escolarização de todos os alunos nos mesmos
espaços educativos. Produz uma inversão de perspectiva no sentido de transformar a escola
para receber todos os educandos com suas diferenças e características individuais. A
concretização desta possibilidade não dispensa o adequado aparelhamento da escola e a
capacitação docente. Reconstruir uma escola exige a revisão de posturas e concepções, o
reordenamento do trabalho pedagógico e o investimento vultoso em estruturas includentes.
O ideário da inclusão deve ser concebido como intervenção no real, isto é, não se deve
admitir que o alunado permaneça do lado de fora, esperando a escola ficar pronta para recebê-
lo. Trata-se de mantê-la completamente aberta para aprender com a diversidade e a partir dela.
Para isto, será necessário quebrar resistências, remover barreiras físicas e atitudinais,
enfrentando conflitos e contradições, revendo estratégias de aprendizagem, com ênfase na
construção coletiva.
Os eixos da Escola Plural traduzem princípios fundamentais de uma educação inclusiva.
Visam assegurar o acesso e o percurso escolares bem sucedidos a todos os educandos em
uma escola qualitativamente capaz de responder aos desafios da heterogeneidade. Para isto, a
noção de educação, como direito, deve ser concebida e interpretada em sua plenitude, como
legado inegociável na construção da cidadania. Uma escola plural e inclusiva exige um
movimento de renovação pedagógica, promovendo a ruptura com velhos paradigmas e
práticas maniqueístas, tornando-se necessário desfazer crenças e construtos internalizados
dogmaticamente.
A Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte vem enfrentando o desafio da
inclusão escolar, procurando reverter o percurso da exclusão, ao investir na transformação
global da escola e no redimensionamento da organização do trabalho pedagógico. A Escola
Plural vem sendo construída a partir de experiências inovadoras e da ação pedagógica
comprometida com o direito à educação na perspectiva da diversidade. Trata-se, portanto, de
fortalecer o princípio de uma educação inclusiva, tendo como referência o educando no centro
do processo e a escola como espaço privilegiado de formação e construção de conhecimento.
Neste sentido, a escola construirá competências e estratégias de aprendizagem, a partir das
necessidades reais do alunado.
A presença de alunos com necessidades educacionais especiais na sala de aula é um
fenômeno educativo que produz conhecimento e transformação. Experiências dispersas de
inclusão escolar de educandos com paralisia cerebral, Síndrome de Down, deficiências visual e
auditiva, microcefalia, entre outras, constituem-se como iniciativas exemplares da possibilidade
de concretização e legitimação de uma escola inclusiva. O recorte de uma destas experiências
contribui para ilustrar o dinamismo da Escola Plural.
Dilemas e controvérsias.
A expressão necessidades educacionais especiais e correlatas obteve franca adesão
por parte do sistema escolar e despontou como um verdadeiro achado no sentido de alargar os
horizontes da educação especial. Isso porque, além de ser considerada um eufemismo capaz
de esvaziar a suposta negatividade do termo portadores de deficiências, legitima e amplia o
contingente de educandos a serem contemplados pelos serviços de apoio especializado. Trata-
se, pois, de um postulado atraente pela abrangência e pela pretensão de ressignificar o
desgastado jargão de diversos segmentos organizados por áreas de deficiência. De acordo
com os Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação especial (SEESP/MEC/01), essa
expressão pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem
de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a
dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s). Trata-se de um
leque de manifestações, de natureza orgânica ou não, de caráter temporário ou permanente
cujas conseqüências incidem no processo educacional.
Ao mesmo tempo, as necessidades especiais são caracterizadas como manifestações
decorrentes de dificuldades de aprendizagem, de limitações no processo de desenvolvimento
com comprometimento do desempenho escolar, de dificuldades de comunicação e sinalização,
de altas habilidades ou superdotação. A extensão do termo é tão ampla que se torna difícil
perceber quem não apresenta necessidades educacionais especiais. Ao analisar os meandros
dessa questão, MAZZOTTA (2001) nos alerta: "Alunos e escolas são adjetivados de comuns ou
especiais e em referência a uns e outras são definidas necessidades comuns ou especiais a
partir de critérios arbitrariamente construídos por abstração, atendendo, muitas vezes, a
deleites pessoais de "experts" ou, até mesmo, de espertos. Alertemo-nos, também, para os
grandes equívocos que cometemos quando generalizamos nosso entendimento sobre uma
situação particular (...). Hoje, e provavelmente ainda por muitos anos do século XXI, as
expressões Alunos Especiais e Escolas Especiais são empregadas com sentido genérico, via
de regra, equivocado. Ignora-se, nestes casos, que todo aluno é especial e toda escola é
especial em sua singularidade, em sua configuração natural ou física e histórico-social. Por
outro lado, apresentam necessidades e respostas comuns e especiais ou diferenciadas na
defrontação dessas duas dimensões, no meio físico e social."
Considerem-se também os ecos provenientes do movimento de pessoas com
deficiência, especialmente marcado pela década de 80 do século passado, quando a grita geral
pela afirmação de direitos ecoou em contraposição ao enfoque assistencial e terapêutico da
nomenclatura preponderante. Nesse contexto, termos como deficientes, incapazes, retardados,
excepcionais e correlatos foram descartados, consagrando-se a expressão portadores de
deficiência para referir-se a pessoas com limitações física, sensorial, mental ou múltipla.
Posteriormente, a classificação genérica portadores de necessidades especiais passou a
englobar essas e outras categorias. As incessantes indagações inspiram novas proposições
como é o caso, por exemplo, da denominação Portadores de Direitos Especiais - PODE -
proposta por Frei Beto. Mas as ressalvas e sutilezas continuam, pois o termo portadores de
caiu na armadilha do léxico que aprisiona o sujeito ao desconforto de portar ou carregar
deficiências, necessidades ou direitos.