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MANUAL PARA OS TÉCNICOS

UMA ESCOLHA
DE FUTURO
EMPREENDEDORISMO
E CAPACITAÇÃO DOS JOVENS

Ferramenta Transversal ao Programa Escolhas para


Desenvolvimento de Competências Empreendedoras nos Jovens
MANUAL PARA OS TÉCNICOS

UMA ESCOLHA
DE FUTURO
EMPREENDEDORISMO
E CAPACITAÇÃO DOS JOVENS
Desenvolvido para o Programa Escolhas por

Ficha Técnica

EDIÇÃO
Programa Escolhas

COORDENAÇÃO DA EDIÇÃO
Pedro Calado, Tatiana Gomes

COORDENAÇÃO DE CONTEÚDOS
Dana T. Redford

AUTORES
Dana T. Redford, Paulo Osswald, Mariana Negrão, Lurdes Veríssimo

COLABORARAM NA REVISÃO
Ângela Lopes, Filipa Matos, Joana Castro, Júlia Santos

DESIGN E PAGINAÇÃO
www.formasdopossivel.com

ISBN
978-989-97102-1-4

2 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


PREFÁCIO
ROSÁRIO FARMHOUSE
Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural
e Coordenadora Nacional do Programa Escolhas

EMPREENDER PARA CHEGAR MAIS ALÉM

O empreendedorismo, a inovação e a criatividade são instrumentos fundamentais na criação de


riqueza, que deverão ser incentivados, principalmente nestes momentos difíceis, de profunda
crise económica e social que o mundo de hoje atravessa.
A criação de riqueza colectiva tanto pela produção de bens e serviços como pela melhoria da sua
qualidade são a condição chave para um combate sustentado à pobreza. A solidariedade social na
distribuição da riqueza produzida é a forma de combater a exclusão social.
Uma atitude enérgica e criativa, aproveitando todas as oportunidades para a formação, capacita-
ção e educação dos jovens, e assim valorizar os recursos humanos de que Portugal dispõe é, sem
qualquer dúvida, a Escolha certa face à crise que atingiu fortemente a economia internacional e
também o nosso país.
É neste combate que estamos envolvidos na 4ª geração do Programa Escolhas. É por isso que
surge o Manual de Empreendedorismo. Um projecto levado a cabo em parceria com a Universi-
dade Católica do Porto, através do Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada.
Esta ferramenta pedagógica que se constitui num manual de aprendizagem é simultaneamente
dirigido a técnicos e jovens e visa o desenvolvimento de competências empreendedoras a ní-
vel pessoal, social e profissional. O objectivo da construção desta ferramenta prende-se com a
tentativa de incentivar os jovens a estruturar e implementar um projecto de vida, visando a sua
autonomia e participação cívica. Tem assim, a dupla utilização, quer pelos técnicos como instru-
mento formativo, quer pelos jovens, enquanto motor de desenvolvimento das suas competências
empreendedoras.
É nos momentos de crise que a criatividade e a inovação podem crescer. Ter uma atitude empre-
endedora, transformando as dificuldades em oportunidades é o que queremos proporcionar aos
nossos jovens Escolhas, através das aprendizagens que este manual tem, com a ajuda preciosa
dos técnicos e técnicas que os irão acompanhar.
Caberá a cada jovem e também a cada técnico, investir o seu esforço pessoal evitando qualquer
desperdício das oportunidades criadas.

3
NOTAS PRÉVIAS
AOS TÉCNICOS E ANIMADORES

SOBRE O EMPREENDEDORISMO

1. O empreendedorismo recorre a características inerentes ao processo de capacitação pessoal


e social que se revelam essenciais para o desenvolvimento pessoal e integração social, para além
de potenciar a criatividade e inovação, a capacidade de intervenção e de adaptação à evolução e
portanto a capacidade de fazer uso mais eficiente dos recursos, com consequências importantes
a nível de cidadania, a nível social e económico. É por isso considerado pela Comissão da UE
como competência chave para o crescimento, emprego e realização pessoal2 e uma caracterís-
tica essencial a recuperar e fomentar na formação de jovens, conforme a agenda resultante da
Conferência de Oslo.

2. Embora frequentemente associado essencialmente à inovação económica e empresarial, o


empreendedorismo requer uma mentalidade comum e igualmente necessária à inovação social
e cívica. O âmbito de aplicação desta ferramenta, destinada a jovens entre os 14 e os 24 anos,
mantém esse espectro largo de aplicação.

3. Por vezes pensa-se que o empreendedorismo social pode ser menos rigoroso que o empre-
endedorismo empresarial; como se tivesse mais a ver com as pessoas sentirem-se bem do que
fazerem bem. No entanto, a necessidade de inovação é tão grande numa área como na outra e a
escassez de meios requer que sejam bem empregues, tanto num caso como no outro3.

SOBRE OS PÚBLICOS

4. Esta ferramenta foi pensada, no âmbito do Programa Escolhas, como uma ferramenta trans-
versal, para desenvolvimento de competências empreendedoras de jovens entre os 14 e os 24
anos. Os grupos de jovens existentes nas comunidades onde são promovidos os projectos, cons-
tituídos por indivíduos com maturidades, competências e apetências diferentes, e as próprias co-
munidades, com características próprias, potenciais e constrangimentos diferentes, são a razão
de ser desta ferramenta.

5. Como tal, a ferramenta pretende servir para aplicação a públicos muito diferentes e foi es-
truturada de modo flexível, para atender aos contextos e casos pessoais. Para os indivíduos e
grupos mais estruturados e/ou mais motivados, a ferramenta deverá servir até à preparação de
um projecto empresarial ou de auto-emprego ou ainda de empreendedorismo social. Para os
indivíduos e grupos com menos motivação empreendedora, a ferramenta servirá, no mínimo,
para desenvolver competências de integração social, comunicação, valorização pessoal e para
desenvolvimento de redes sociais.

2 Comunicação de 13.2.2006 da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões “Aplicar o
Programa Comunitário de Lisboa: Promover o espírito empreendedor através do ensino e da aprendizagem”

3 Importa aqui referir que empreendedorismo social é a introdução de princípios e ferramentas de gestão em organizações que têm fins sociais de forma a tornar
as mesmas mais sustentáveis, reinvestindo os “lucros” na organização para prossecução da sua missão de forma a não confundir o conceito com actividades
sociais ou só porque é realizado junto de contextos vulneráveis. O empreendedorismo social e colectivo, produz bens e serviços para a comunidade, tendo o seu
foco na procura de soluções para os problemas sociais e visa resgatar pessoas da situação de risco social e promovê-las, tendo como medida de desempenho
o impacto social. O empreendedorismo empresarial é individual e voltado à produção de bens e serviços para o mercado e visa satisfazer as necessidades dos
clientes e ampliar as potencialidades do negócio, tendo como medida de desempenho, o lucro.

4 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


6. Não são requeridas competências formais específicas ao público-alvo, embora competências
de comunicação, de escrita, de cálculo, de literacia informática possam ajudar bastante no seu
desenvolvimento.

7. Sugere-se que os técnicos não limitem à partida o âmbito e espectro da aplicação da ferramen-
ta em função de um julgamento de competências do seu público potencial: as competências em-
preendedoras são essencialmente pessoais e podem surgir onde menos se espera e onde menos
condições se julgava ter para isso. Recomenda-se que aproveitem a flexibilidade da ferramenta e
a apliquem como um jogo aberto.

8. Será um factor chave do sucesso da formação a promoção de um ambiente acolhedor, em que


os jovens se sintam integrados, aceites e respeitados.

9. Admite-se que a maior diferenciação nos resultados de aplicação da ferramenta possa advir da
maturidade do grupo e dos seus elementos. Para os mais novos, a capacitação pessoal nas pri-
meiras 4 unidades poderá constituir um objectivo em si, que preenche com sentido a sua partici-
pação na actividade; outros, mais velhos, poderão esperar obter algo de mais concreto com vista
à estruturação de um projecto com continuidade ou à criação de auto-emprego, com a unidade 5.

SOBRE ESTA FERRAMENTA

10. O objectivo geral desta ferramenta é a capacitação dos participantes para atitudes empreen-
dedoras, através de três vectores complementares:

• na área de capacitação pessoal, através do desenvolvimento das competências de autonomia,


de auto-confiança, responsabilidade e avaliação de risco, que permitam ao jovem o estabeleci-
mento de objectivos e a construção de um plano de vida

• na área da capacitação social, através do desenvolvimento de competências de comunicação


e de trabalho em equipa, que permitam maior interacção e integração do jovem na comunidade e
colaboração e participação activa com os seus pares

• na área da construção e planeamento de projectos , através do desenvolvimento da análise de


oportunidades, de estruturação de propostas, de avaliação, de decisão e de execução, que per-
mitam um melhor desempenho profissional, quer no desempenho das funções laborais e/ou na
criação de uma resposta profissional (auto-emprego).

11. As atitudes empreendedoras são úteis em todas as circunstâncias da vida e valorizam qual-
quer jovem. Isso não quer dizer que se espere que a maior parte dos participantes neste projecto
venham a desenvolver uma actividade por sua conta e risco. O êxito do projecto está na capaci-
tação pessoal.

12. Com o objectivo de incentivar o empenhamento dos jovens no desenvolvimento dos seus pro-
jectos, deve ser tornado claro, desde os primeiros contactos, que existe uma única oportunidade
de fazer o projecto no Programa Escolhas. O técnico deve ainda considerar se pode dispor de
outros meios eficazes para incentivar o compromisso dos alunos no prosseguimento dos seus
projectos. A ferramenta perde a eficácia se for entendida como um passatempo ou um meio de
adiar decisões.

5
SOBRE OS FORMADORES:

13. A ferramenta pressupõe a aplicação a grupos de participantes, orientada por técnicos e


animadores. Pressupõe-se que os próprios técnicos e animadores se sintam confortáveis com o
tema do empreendedorismo e que desenvolvam as competências empreendedoras referidas no
manual, de forma a se constituírem como modelo para os jovens.

14. O perfil do técnico é um aspecto essencial. O técnico deve ser sensível, auto-regulado, es-
tabelecer relações pedagógicas securizantes, comunicar de forma clara e entusiasta. É funda-
mental que possua competências de dinamização e motivação de grupos juvenis, bem como
competências de motivação e gestão necessárias ao trabalho em equipa.

15. O técnico deve ter em conta as especificidades de cada formando e cada grupo. Deve ter
cuidado com as relações previamente estabelecidas com os formandos, para que não surjam
enviesamentos na atenção e valorização dada a cada participante.

16. O técnico é responsável pelo planeamento antecipado da sessão, de forma a seleccionar as


actividades mais relevantes e produtivas, tendo em conta os objectivos e o grupo em questão.
Essa preparação inclui também a identificação e preparação de contactos externos. É desejável
que o técnico tenha formação prévia na aplicação desta ferramenta, nomeadamente experien-
ciando ele próprio as tipologias de actividades propostas com que não estava familiarizado. Com a
experiência pessoal de algumas actividades que implicam contactos poderá verificar que o tempo
de programação é mais longo mas que os contactos são muito mais frutíferos do que poderia
parecer.

17. Cada sessão proposta tem objectivos específicos e várias actividades que concorrem para o
seu cumprimento. Para ajudar a compreender o fio condutor e intencionalidade das actividades
e a integrar os objectivos da sessão, o técnico deve explicitar a relação das actividades com os
objectivos dos temas. No final de cada sessão, deve fazer uma súmula dos aspectos mais impor-
tantes trabalhados:

• As actividades que fizemos hoje foram….

• Essas actividades permitiram-nos compreender que…

• Isto é importante para o empreendedorismo porque…

Este aspecto é muito importante para a integração e deve ser reforçado por meios gráficos, no-
meadamente, se possível, pela projecção de uma ficha em que cada ponto é introduzido sequen-
cial e pausadamente.

6 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DESTA FERRAMENTA

18. Trabalho em grupo – Grande parte das propostas de actividades em sala e no exterior pres-
supõem o trabalho em grupo e a formação de equipas estáveis. O técnico deve ter em atenção,
ao longo de todas as sessões, o fomento do trabalho em equipa, a identificação de objectivos
comuns, a co-responsabilidade e complementaridade.

19. Aplicação das sessões propostas – O processo empreendedor contém uma fase de criati-
vidade, de estruturação de ideias e de teste de propostas, que tem características iterativas: são
propostas hipóteses, que são testadas e que conduzem a novas hipóteses. Esta fase é tratada nas
unidades 3 e 4. Uma vez validada a proposta, segue-se uma fase de estruturação do projecto e da
sua execução, que é desenvolvida na unidade 5. Quer isto dizer que a unidade 5 só se torna ne-
cessária depois de uma fase 4 com sucesso na validação da ideia. Na aplicação desta ferramenta
os técnicos deverão avaliar, no final da unidade 4, se cada grupo identificou já uma proposta
viável, que deva ser estruturada com vista à sua execução, e se o grupo demonstra capacidade e
motivação para o fazer; caso considere que a proposta não é viável ou o grupo não mostre a mo-
tivação necessária, deverá considerar se, para a formação e motivação dos elementos do grupo,
é mais construtivo retomar o processo iterativo das unidades 3 e 4, ou prosseguir para a unidade
5 apenas como objectivo formativo. A estrutura da ferramenta e esta alternativa são ilustradas
na figura da página seguinte.

20. Manuais – A ferramenta é explicitada neste Manual para os Técnicos e é complementada


com o Manual para os Jovens. O Manual para os Jovens foi pensado para ser distribuído aos
jovens na sessão de enquadramento e pretende ser simultaneamente um conjunto de fichas para
facilitar o desenvolvimento de actividades e uma agenda de que os alunos se apropriem para
registar as suas descobertas ao longo do processo. Poderá ser tomado como indicador do êxito
do projecto o número de jovens que fazem de facto essa apropriação e que trazem o Manual con-
sigo. Sempre que o técnico considerar mais adequado guardar os manuais dos alunos no local da
reunião, deve ter em atenção a necessidade de uma alternativa de lembretes para as actividades
a desenvolver entre sessões.

SOBRE AS ACTIVIDADES INTERMÉDIAS

21. Actividades intermédias – Este manual propõe um conjunto de actividades que desenvolvem
atitudes básicas de empreendedorismo, que se propõe introduzir e desenvolver continuadamente
ao longo das sessões, nomeadamente:

• (D)esenvolve competências - estabelece e alcança melhorias pessoais

• (I)nterliga - desenvolve e mantém uma rede de relacionamentos

• (C)ontrola a inovação - conhece, adopta e acrescenta à inovação

• (A)ctua e comunica eficazmente

Estas actividades devem ser desenvolvidas individualmente pelos participantes ao longo da se-
mana. Para mais fácil rememoração são referidas pelo acrónimo DICA (desenvolve/interliga/
controla/actua).

Para além das actividades DICA, de desenvolvimento individual, são também propostas activida-
des para os participantes desenvolverem em grupo durante a semana.

Todas estas actividades são centrais para a motivação dos alunos e para a aquisição e
consolidação de competências. Será fundamental que o técnico crie condições para que estas
actividades se realizem, monitorizando e reforçando de forma individualizada. Ao aluno que con-
siderar que não necessita de se envolver nestas actividades deve ser feito notar que está a perder
a aprendizagem fundamental do programa e a comprometer o êxito do grupo.

UNIDADE 01 | 7
O diagrama seguinte mostra o desenvolvimento do processo:

ACTIVIDADES
desenvolve: estabelece e alcança melhorias pessoais
interliga: desenvolve e mantém uma rede de relacionamentos
DICA controla e compreende a inovação
actua e comunica eficazmente

UNIDADE 01
(2 sessões)
COMO É QUE TE ENCAIXAS?

UNIDADE 02
(2 sessões)
CONHECE A TUA COMUNIDADE

UNIDADE 03
(2 sessões)
IDEIAS & PROJECTOS

UNIDADE 04
(2 sessões) Não
FAZ O TESTE À TUA IDEIA

VIABILIDADE DA IDEIA

Sim

UNIDADE 05
(5 sessões)
VAMOS LÁ PASSAR À PRÁTICA

8 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


22. Seguimento das actividades intermédias – As actividades DICA, sendo desenvolvidas in-
dividualmente, requerem um seguimento igualmente individual pelo técnico, especialmente nas
primeiras sessões, relativamente ao entendimento dos seus objectivos, à adequação às necessi-
dades de cada um e a um esforço de progressão. A actividade de desenvolvimento de competên-
cias pessoais é recorrente e deve evoluir de sessão para sessão em termos de objectivos.

As actividades em grupo requerem o seguimento com o grupo, relativamente à coordenação e


participação de todos os elementos do grupo, ao planeamento das acções, ao prosseguimento dos
objectivos, à análise dos resultados e às decisões seguintes.

Note-se que não foi previsto na programação das sessões um espaço para este seguimento, que
se pretende seja feito fora do horário das sessões.

23. Lembretes – É muito importante a aquisição de hábitos de autonomia na responsabilização


pelas tarefas a desenvolver. Para o efeito as actividades DICA e as actividades em grupo para
cada semana devem ser apontadas no caderno do aluno. Se o técnico considerar mais adequado
manter os cadernos dos alunos no local das reuniões durante a semana, deverá propor uma folha
adequada aos alunos no final de cada sessão para eles apontarem as tarefas a desenvolver e os
compromissos assumidos com o grupo, ou um meio alternativo (p.ex. lembretes recorrentes no
telemóvel).

24. Duração da formação – Esta ferramenta apresenta assim um conjunto de 13 sessões a


desenvolver com os jovens, necessárias para apreensão e desenvolvimento de competências
empreendedoras. As primeiras 8 sessões visam, conforme referido em cima, o estímulo e desen-
volvimento de competências pessoais e sociais que possibilitam a estruturação de ideias e dos
meios para a sua potencial concretização; as 5 sessões seguintes já pressupõem a criação de um
projecto mais estruturado, sendo os jovens responsáveis pelo seu desenvolvimento e avaliação.
Prevê-se que este processo de formação se realize em sessões semanais, com uma duração de
cerca de três meses e meio. Cada sessão deverá ter uma duração de 90 a 120 minutos, ajustável
em função do número de participantes.

25. Utilização de meios audiovisuais do projecto – Para a execução das actividades propostas,
são necessárias competências de comunicação e de pesquisa. Assume-se que essas competên-
cias são trabalhadas complementarmente pelos técnicos e que os meios para as por em pratica
estão disponibilizados nos locais de implementação dos projectos. Nomeadamente para a sessão
10, mas já antes, é muito útil que o formando possa visionar as suas intervenções (quando apre-
senta um projecto) para entender melhor o que corrigir na sua comunicação. Uma câmara de
computador será uma boa solução.

26. Adaptação das actividades ao grupo – As actividades têm de ser adaptadas pelo técnico
ao grupo especifico com que trabalha, em função das idades, das motivações e da capacidade de
resposta. O manual deve ser entendido como ferramenta flexível e as actividades poderão sofrer
alterações, adaptações ou inclusive ser desconsideradas ou substituídas por outras se o técnico
responsável entender que isso vai de encontro a um melhor alcance dos objectivos por parte do
grupo em questão. O manual pretende referenciar uma mentalidade e um conjunto de compe-
tências que são fundamentais no empreendedorismo e apresenta propostas para apropriação
das mesmas. Cabe ao técnico desenvolver as propostas para mais adequadamente comunicar as
ideias e estimular a sua experimentação e adopção.

Observação . Os casos reais apontados no texto têm intuitos meramente exemplificativos, no


contexto pedagógico da sessão em que são situados, e não implicam qualquer outra valorização
ou a subscrição dos mesmos ou dos seus promotores, podendo ser substituídos por outros. É
aliás útil em qualquer processo de aprendizagem, e neste caso para as competências empreen-
dedoras dos participantes, que se distinga, na análise de qualquer caso, as razões do seu sucesso
ou fracasso dos méritos e das simpatias que as ideias subjacentes possam suscitar.

9
SOBRE A ESTRUTURAÇÃO DESTA FERRAMENTA

27. Constituição dos Grupos – Pretende-se que a ideia empreendedora surgida no projecto seja
desenvolvida em grupo, por razões anímicas, de integração social e de complementaridade de
competências. Para o efeito deverão ser constituídos grupos de 3 a 4 elementos para todas as
actividades, sempre que não se indique especificamente que a actividade é individual ou envolve
todos.

28. Características dos grupos – É natural que nas primeiras sessões os grupos de trabalho dos
alunos se constituam espontaneamente, em função de uma percepção de “zona de conforto” dos
alunos relativamente aos outros elementos. O técnico terá em atenção a necessidade de ajustes
nessa constituição, em função de eventuais desistências ou divergências de objectivos pessoais,
e poderá incentivar a mudança de grupo em cada tarefa das primeiras sessões.

Pelas razões atrás apontadas, é desejável que a constituição do grupo evolua no sentido de os
elementos do grupo serem escolhidos não tanto pelas afinidades pessoais mas mais pela com-
plementaridade de competências que potencie o projecto empreendedor. Na sessão 2 propõe-
-se uma identificação dessas competências individuais e nas sessões seguintes o técnico deve
aproveitar a rotação dos elementos pelos grupos para propor ajustamentos em função dessa
complementaridade. Terá como objectivo ter equipas coesas quando se atingir a unidade 4. Os
grupos devem entrar na unidade 5 com uma constituição definitiva.

SOBRE AS ACTIVIDADES DE INTEGRAÇÃO NA COMUNIDADE

29. Ligação à comunidade - Estão previstas uma série de actividades que envolvem interacção
com a comunidade, desde entrevistas a pessoas, pedidos de informação e de colaboração a
observação de trabalhos. Sendo desejável que os formandos desenvolvam a capacidade de iden-
tificar as pessoas certas e estabelecer os contactos, deverá o formador antecipadamente ter
pensado numa lista de pessoas de quem possa esperar colaboração e atitudes construtivas,
sem paternalismos. A entidade que promove o projecto, enquanto ligação à comunidade,
deve estar activamente envolvida nesta tarefa.
30. Acompanhamento familiar – É desejável que o ambiente familiar dos alunos valorize e apoie
o esforço de participação neste projecto, em especial nas actividades DICA que são executadas
fora do contexto e horário das reuniões.
Os familiares ou outros significativos devem ser postos ao corrente dos objectivos do projecto,
da oportunidade que representa, das actividades que envolve e da valorização que se pretende.
Essa comunicação poderá ser formalizada através de uma carta em que se pede a autorização
para a participação dos menores nas actividades previstas para além das reuniões. Pode ainda
ser formalizada através do convite dos significativos para assistirem à sessão 0.
A valorização e apoio familiar pode ainda ser incentivada através do convite para assistirem à
apresentação de trabalhos, ou outras ocasiões que o técnico considere adequadas.
31. Neste projecto parte-se do princípio que a inovação pode surgir através da intersecção de
ideias, conceitos e culturas. Durante o projecto os participantes vão experimentar realizar en-
trevistas informativas, e tomar contacto com noções de marketing pessoal. Vai-lhes ser pedido
que entrevistem um empreendedor e comuniquem os resultados dessa entrevista. O projecto
inclui o treino de competências e experiências empreendedoras básicas, independentemente de
a sua aplicação ser empresarial ou não, e focará especialmente como um empreendedor constrói
capital social.
32. O objectivo deste projecto é demonstrar que o empreendedorismo é uma opção de vida e
capacitar os participantes de que podem vir a ser empreendedores e poderão até já sê-lo.

10 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ENSINÁ-LOS A PESCAR:
Educação e Formação em Empreendedorismo
para a Inclusão Social 1

O empreendedorismo constitui um importante motor de crescimento económico, de geração de


riqueza e bem-estar social e portanto, de promoção da inclusão social. O empreendedorismo é
uma predisposição, uma atitude mental, que pode desenvolver-se no seio de toda a socie-
dade em geral, não devendo ser limitada a um contexto empresarial. O empreendedorismo
combina assunção do risco, criatividade e inovação, com uma boa gestão, numa empresa
“start-up” ou numa organização já existente. Isto pode ocorrer em qualquer sector e/ou tipo
de negócio.
Na quarta geração do Programa Escolhas, os projectos podem, e devem, na minha opinião, in-
corporar princípios de empreendedorismo no seu plano de trabalho global ou criar programas
específicos abordando o empreendedorismo. Há-que ter presente o velho provérbio chinês, “dê
um peixe a um homem, alimente-o por um dia; ensine o homem a pescar e ele ficará alimentado
para uma vida”. Aqueles que estão interessados em mudar a cultura portuguesa, para a tornar
mais empreendedora e criativa, devem compreender que a construção desse modelo societal tem
de envolver toda a gente. O sistema de ensino, os meios de comunicação e os modelos positivos da
comunidade são essenciais para promover atitudes positivas relativamente ao empreendedorismo.
Numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida, uma educação empreendedora deve envol-
ver os jovens, no sistema de ensino, em todos os seus níveis. Isto inclui aqueles que frequentam o
ensino primário, secundário e superior, bem como a formação profissional e a educação de adul-
tos. O Ensino de empreendedorismo deve ter em consideração o nível etário e respectiva missão
específica, visando desenvolver competências empreendedoras. Uma boa prática de ensino é
o desenvolvimento de iniciativas que incluam a aprendizagem pela realização - “aprender,
fazendo” - onde os jovens enfrentam o mundo real e experienciam actividades empreendedoras.
Isto pode ser feito através de visitas, estágios ou participando em diferentes organizações, com
o objectivo de expandir experiências pessoais e redes de contacto.
A Harvard Business School define empreendedorismo como, “a busca de oportunidades para
além dos recursos que actualmente se controlam”. Alcançar e aperfeiçoar o espírito empreende-
dor depende do desenvolvimento das seguintes competências:
- Intenção empreendedora;
- Auto-eficácia empreendedora (A ideia de que se pode controlar o ambiente em redor);
- Orientação empreendedora, que inclui:

- Inovação;
- Autonomia;
- Assunção do risco;
- Pró-actividade;
- Perseverança;
- Auto-confiança.

1 artigo publicado na revista Escolhas nº 13

11
O empreendedorismo é uma
predisposição, uma atitude mental,
que pode desenvolver-se no seio
de toda a sociedade em geral,
não devendo ser limitada a um
contexto empresarial.

O desenvolvimento da capacidade para assumir riscos ou de uma atitude mais pró-activa pode
ser um processo lento. Isto implica levar os jovens para fora do seu mundo e proporcionar-lhes
a possibilidade de falar com pessoas diferentes, sobre as suas ideias. Estes jovens precisam de
fazer um estudo de mercado, conhecer a forma como outras organizações já existentes na sua
área geográfica e/ou sector de actividade actuam para, de seguida, definir o modo como a sua or-
ganização se irá diferenciar positivamente, servindo melhor as necessidades da sua comunidade.
Ter alunos a vender algo feito por eles ou no seio da comunidade em que residem, pode ajudar a
desenvolver este tipo de competências.
Mobilizar os jovens para reflectirem sobre quem eles conhecem e sobre o que podem apren-
der com essas pessoas constitui uma óptima forma de desenvolver redes empreendedoras. Al-
guns precisam de apoio para conhecer ou seleccionar os modelos correctos ou simplesmente
identificar a pessoa certa com a informação que procuram. Encorajá-los a explorar conceitos
mais abrangentes relacionados com um determinado problema sob diferentes pontos de vista
irá certamente ajudá-los a desenvolver soluções inovadoras para o mesmo. E desenvolver redes
empreendedoras implica expandi-las para além da comunidade mais próxima. Com o recurso às
novas tecnologias e com o apoio de programas governamentais, os jovens podem construir redes
globais abrindo, dessa forma, as suas mentes para maiores possibilidades.
Finalmente, queremos também ensinar como se processa a tomada de decisão e a acção, a in-
centivar os jovens a pensar e a usar as suas próprias capacidades para gerar novas informações.
É necessário aconselhá-los relativamente à complexidade dos factos, adicionando-lhes subjec-
tividade, nomeadamente os seus sentimentos e intuições. É essencial dar-lhes a oportunidade
de aprender com o fracasso e ajudá-los a lidar com conflitos, tensão e incertezas. Isso significa
premiar comportamentos vinculados às atitudes e competências que queremos desenvolver. É
imperativo que nos certifiquemos de que estas recompensas estão relacionadas com compor-
tamentos positivo, mérito e trabalho árduo, e não com algo institucional e impessoal. Na minha
perspectiva, incentivar a motivação para a realização, através da formação de jovens assente em
valores como a persistência, a diligência, o trabalho árduo e a responsabilidade é essencial para
“ensiná-los a pescar”.

Dana T. Redford, Visiting Scholar, Universidade de Califórnia - Berkeley

12 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


DE QUE
TRATA
ESTE
PROJECTO?
SESSÃO 0
Acolhimento

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

13
Neste programa pretendemos despertar as tuas capacidades
empreendedoras para criares as tuas próprias oportunidades. Requer
criatividade e inovação, capacidade de trabalhar em grupo; requer
que acredites em ti; requer que olhes à tua volta com curiosidade,
entendas os problemas e penses em soluções.

Empreender está ao alcance de qualquer um e é fundamental para aproveitar novas oportuni-


dades. Neste programa pretendemos despertar as tuas capacidades empreendedoras para cria-
res as tuas próprias oportunidades. Requer criatividade e inovação, capacidade de trabalhar em
grupo; requer que acredites em ti; requer que olhes à tua volta com curiosidade, entendas os
problemas e penses em soluções.

A título de exemplo, Vinod Khosla4, um conhecido empreendedor, diz que se não houver proble-
mas, também não são necessárias soluções e que nesse caso não haveria razão para empresas.
Com isso quer dizer que a razão de ser de um empreendimento é solucionar uma necessidade
dos seus clientes. Isto aplica-se tanto à criação de uma empresa como à de uma instituição que
pretenda, p.ex., oferecer um plano de vacinação à população de uma região carenciada. Para ter
sucesso, o empreendedor tem de compreender o problema, tem de inventar a solução que serve
e agrada a essas pessoas e tem de ter capacidade de a executar.

Para ter sucesso como empreendedor é preciso satisfazer as necessidades dos outros, mais do
que satisfazer uma ambição pessoal. É necessário que os outros vejam valor na solução que
se lhes propõe. Através desse esforço, alguns (poucos) empreendedores de sucesso tornam-se
ricos, outros tornam-se famosos, outros tornam-se pessoas reconhecidas pelos seus contributos
e outros simplesmente satisfeitos por terem conseguido fazer aquilo que consideravam correcto.
Mas todos desenvolveram capacidades pessoais para além daquilo que é vulgar, mudaram o esta-
do das coisas à sua volta, criando novas oportunidades, e tornaram-se independentes em termos
do seu emprego e subsistência, tendo grande satisfação pessoal nisso.

Seres empreendedor significa também que desenvolves as tuas próprias capacidades para inova-
res, criares e tomares o teu destino nas mãos. Trabalhares para um objectivo e alcançares esse
objectivo é muito motivador e dá-te vontade e confiança para ir mais longe. Para além disso é
divertido. Por isso, uma boa medida para saberes se este projecto serve o teu futuro é verificares
de vez em quando se te sentes realizado e se te estás a divertir com ele.

4 Vinod Khosla, de origem indiana, fundou em 1980, com 3 outros colegas, a Sun Microsystems (marcas Sun, Java, Adobe), que se tornou uma das maiores em-
presas de software do mundo. Depois de vender a sua parte tem arriscado, com outros, fundar muitas novas empresas, algumas com grandes fracassos, outras
com grandes sucessos.

14 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SESSÃO

00 ACOLHIMENTO

OBJECTIVOS
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
> Acolher os participantes, com algum DA SESSÃO 0
formalismo e com a presença do res- Esta sessão deve ocorrer imediatamente antes da Sessão 1 e deve durar
ponsável máximo da instituição que menos de 30 minutos:
promove o projecto (e eventualmente
 Breve saudação do responsável da instituição numa tónica de es-
personalidades ligadas à vida política e
perança no trabalho dos jovens (5’)
social local) para os fazer compreender
que se trata de um projecto em que se  Explicação dos objectivos do projecto pelo técnico (eventualmente
põe confiança nas capacidades dos jo- já explicado na selecção dos jovens) e breve apontamento sobre o
vens e se espera algo deles. contexto de mudança e de inovação permanente (pode usar o apoio
da internet, em grupos à volta dos computadores disponíveis, para
verem as imagens dos exemplos referenciados no guião) (15’)
> Esta sessão procura também envolver
 Distribuição dos manuais dos jovens
no projecto as entidades locais pro-
motoras da iniciativa, de modo a que
Segue-se intervalo de 15’ (em que pode ser servido um lanche e serem
apoiem os jovens na construção de uma
feitos contactos pessoais entre os responsáveis da instituição e os jo-
rede social, intermediando o acesso às
vens); e o início da Sessão 1.
suas estruturas e aos empreendedores
locais, no desenvolvimento das activi-  1h30 – Súmula da reunião
dades propostas ao longo do manual.

GUIÃO GUIÃO PARA A ALOCUÇÃO


MÁX. 5 MINUTOS DO RESPONSÁVEL DA INSTITUIÇÃO PROMOTORA

Vivemos numa mudança permanente (exemplos de mudanças ocorridas nos últimos 5 anos no contexto da comuni-

dade, da zona e da vida dos jovens e das suas famílias)

Por vezes nem nos apercebemos delas, mas todas implicam aprendizagem (p.ex. como é que funciona o novo mo-

delo de telemóvel) e abrem oportunidades (p.ex. como se pode obter com ele informação sobre qualquer tema útil
no dia-a-dia)

Este projecto existe para que tirem partido das mudanças que vão continuar a surgir, que estejam preparados para

novas oportunidades e possam construir, a partir daquela experiência, projectos que dêem novas saídas profissio-
nais e tornem a comunidade/a zona melhor

A instituição acredita nas capacidades deles, dar-lhes-á todo o apoio que puder e souber e espera que eles aprovei-

tem a iniciativa para gerarem eles próprios iniciativas.

Esta iniciativa tem custos e tem de ser facultada a outros candidatos nas próximas edições; por isso só se pode par-

ticipar uma vez. A instituição espera que saibam aproveitar bem esta oportunidade única.

15
SESSÃO

00

GUIÃO GUIÃO PARA A EXPLICAÇÃO


MÁX. 15 MINUTOS DE CONTEXTO PELO TÉCNICO

Seguir tópicos da introdução do manual dos formandos, re- tradicionais no trânsito urbano e vender milhões para
forçando o contexto de mudança e novidade envolvente e as todo o mundo. Passados 9 anos tinha vendido apenas
oportunidades criadas 50.000 veículos e provavelmente causado um prejuízo
considerável. Pode ser que ainda venha a ter êxito, se
Tudo existe graças a inovação. Tudo o que existe à tua
aprenderem com o que correu mal.
volta e que tu usas (edifícios, luz eléctrica, motores, carros,
telemóveis, computadores, televisões, roupa, papel, esferográ- Falhar é parte do jogo: Toda a inovação se faz por tentativa
fica - o que quer que seja) deve-se à iniciativa das pessoas e erro. Só não erra quem nunca tentou, mas só se tem ideias,
que aperfeiçoaram o produto e asseguram que ele se man- serviços ou produtos inovadores depois de se ter tentado.
tém disponível. Algumas destas coisas são já muito antigas,
Desmontar preconceitos:
outras muito recentes. Todas elas são melhoradas todos os
dias. [Queres a prova? primeiros telemóveis em Portugal  Podes pensar que as pessoas que fizeram todas essas
há 20 anos custavam cerca de 2500¤, eram tão grandes e inovações eram especiais. E de facto eram: O que tinham
pesados que tinham de ser transportados numa pasta (ex: de especial é que tentaram. Melhoraram alguma coisa,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:DynaTAC8000X.jpg). viram o sucesso das suas ideias e os resultados disso fi-
Diferenças para os de hoje?] caram para todos os que usam aquela ideia. Talvez algum
deles tenha sido teu antepassado. E porque é que não
Não só os produtos. Também o modo como usamos as coi-
hás-de ser tu também um inovador e um empreendedor?
sas se deve a iniciativas.
 Podes pensar que as inovações só surgem através de
Há muito tempo que se procura compreender como surgem grandes empresas, marcas famosas, pessoas que apare-
as iniciativas e os empreendedores, qual a razão do seu su- cem nos telejornais. Sabes que uma parte substancial
cesso. Sabe-se que a competitividade de um país depende do desenvolvimento de processos é feito por pessoas
da capacidade de inovação, sabe-se que as sociedades mais anónimas, dia-a-dia? Que muitas empresas dão prémios
coesas e mais justas são aquelas em que o empenhamento aos colaboradores que apresentam ideias para tornar um
dos cidadãos e a iniciativa cívica estão mais desenvolvidos. processo de fabrico mais eficiente?
E sabe-se que a criatividade e o empreendedorismo são ca-  Podes pensar que as pessoas que têm iniciativas são
pazes de grandes impulsos de desenvolvimento. aquelas que já tinham os meios para isso. Mas a história
mostra que não é assim: Os que têm iniciativas são aque-
A melhor maneira de entender a inovação, a iniciativa e o
les que são capazes de convencer outros a disponibilizar
empreendedorismo é olhar para alguns exemplos concre-
os meios. E as boas iniciativas provam-se com poucos
tos (preparar casos diversos adequados). Exemplos:
meios.
 Há 25 anos, surgiu (ex: Quercus, www.quercus.pt),  Olha para ti, talvez tenhas em ti qualidades muito impor-
uma associação ambientalista, preocupada em defender tantes para inovar e empreender. Nós acreditamos em Ti.
o ambiente. Surgiu da iniciativa de um grupo de pessoas,
Para que neste projecto aprendam coisas que terão valor
preocupadas com a poluição e extinção de espécies. Hoje,
para toda a vossa vida só é necessária uma coisa: que quei-
muito do que defendiam naquela altura passou a ser as-
ram participar, nada mais!
sumido por grande parte da sociedade.
 Há 5 anos, por exemplo, surgiu (ex: PUMAP, http:// Vamos ter apenas x5 sessões para. Vamos falar de coisas
pumap.blogspot.com/), uma associação de voluntários do empreendedorismo nessas sessões. A única coisa que
universitários, para ajudar no desenvolvimento de uma se pede é que durante a semana vão pensando naquilo que
região pobre em Moçambique. viram e ouviram. Com seriedade. E vão ver como as coisas
 Em 1998, há 12 anos apenas, dois estudantes criaram vão surgir.
(ex: a Google http://www.google.pt/), hoje uma das maio-
No final, não saem daqui com um diploma6. Mas, se tiverem
res empresas do mundo e um dos nomes mais conheci-
participado mesmo, saem daqui com uma maneira de enca-
dos, com uma ferramenta de procura na internet usada
rar as mudanças e descobrir nelas oportunidades de melho-
em todo o mundo e que facilita imenso a vida das pessoas.
ria, e essa maneira de estar vai ser um trunfo muito sério na
 Pelo meio há muitas iniciativas que falham ou que
vossa vida profissional e pessoal. Para além disso pode um
se esgotam sem atingir os resultados esperados. A (ex:
grupo desenvolver um projecto que tenha pernas para andar
Segway http://pt.wikipedia.org/wiki/Segway) lançou em
e se torne mesmo realidade construída por esse grupo.
2001 um veículo com que pensavam substituir veículos

5
O número de sessões previstas na ferramenta é de 8 + 5. Cabe ao técnico, juntamente com a equipa do projecto e/ou a entidade promotora, avaliar se as 5 sessões finais devem ser anunciadas à
partida como parte do objectivo global, ou anunciadas mais tarde.
6
No entanto, o técnico, juntamente com a entidade promotora, pode no final distribuir um diploma de participação, se considerar que tem significado para os participantes e os incentiva a fixar as
competências adquiridas.

16 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


NOTAS
&
IDEIAS

17
NOTAS
&
IDEIAS

18 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


unidade

01

COMO É
QUE TE
ENCAIXAS?

SESSÃO 1
Conhece-te a ti próprio!

SESSÃO 2
Tu e os Outros

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

19
SESSÃO

01 CONHECE-TE A TI PRÓPRIO!

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Ajudar cada jovem a descobrir as suas capacidades para pensar em termos de inovação
> Aumentar auto-confiança do jovem para tomar iniciativas inovadoras
> Tornar o jovem consciente de que são as iniciativas que asseguram tudo o que está à sua volta
> Motivar o jovem para melhorias pessoais através de objectivos pessoais concretos

ENQUADRAMENTO COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR


informação p/o técnico

Num mundo em mudança permanente, é necessária > Iniciativa e pro-actividade


uma atitude pró-activa para tomar parte nas propos- > Empenho e persistência
tas, acompanhar a evolução e saber influenciá-la, tirar
> Flexibilidade e abertura à mudança
proveito de novas oportunidades…
> Assertividade
Os empreendedores com sucesso são aqueles que
sabem reconhecer novas oportunidades para ofere- > Organização pessoal e de trabalho
cer novos produtos ou serviços, ou novas maneiras
de oferecer esses produtos ou serviços, e que conse-
guem pôr em prática as suas ideias.
O empreendedorismo pode ser entendido como “the PROPOSTA DE
pursuit of opportunity beyond the ressources you curren- DESENVOLVIMENTO
tly control” segundo a definição adoptada pela Harvard DA SESSÃO 1
Business School:
0h00 – 0h15
... a prossecução de oportunidades para além dos re-
Dinâmica de apresentações dos jovens:
cursos actualmente controlados ...…
Qual o animal com que te identificas?
Isso implica uma atitude de permanente procura de no-
vas combinações de recursos (tecnológicos, materiais, 0h15 – 0h45
humanos, etc.) que possam satisfazer necessidades e Actividade: Cabeça, Coração & Mãos
resolver problemas.
As competências básicas necessárias ao empreende- 0h45 - 1h00
dorismo não são pois técnicas, mas humanas e pesso- Dinâmica: Muda de lugar quem tem
ais; implicam uma mentalidade empreendedora e um características de empreendedor
conjunto de competências.
Entre as competências pessoais começaremos pela 1h00 – 1h30
Actividade DICA: Estabelece e Alcança
auto-confiança e a assertividade. Um caminho para um
Objectivos Pessoais!
objectivo muito importante e promissor pode começar
por um jogo simples, desde que o entendamos como
1h30
um passo para esse outro objectivo e sejamos capazes Súmula da Reunião
de nele afirmar, de modo assertivo, as nossas capaci-
dades e o nosso empenhamento.

20 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


DINÂMICA QUAL O ANIMAL COM QUE TE IDENTIFICAS?

Os formandos estão sentados em círculo. O formador NOTAS


introduz a necessidade de se conhecerem todos os Podem ser dados exemplos (ter cuidado em não dar muitos
exemplos para não inibir a criatividade dos formandos):
elementos do grupo, uma vez que vão estar juntos du-
rante todo o projecto, que vão trabalhar em conjunto… Cão – fiel
Posteriormente, o formador convida cada formando a Pássaro – gosta de voar
Gato – carinhoso
pensar nos vários animais que conhece e a seleccio-
Leão – forte e líder
nar aquele com o qual mais se identifica, por apre- Macaco – brincalhão
sentarem uma característica comum. Depois de todos Urso – pachorrento
pensarem, cada formando deve dizer o seu nome, se- Formiga – trabalhadora…
guido do animal com o qual se identifica e a apresen- O formador pode optar por variantes da dinâmica, em fun-
tação da justificação. ção da maturidade dos formandos.

ACTIVIDADE
CABEÇA,
01 CORAÇÃO
E MÃOS! U1 (pág.6)

O formador introduz a necessidade dos jovens se conhecerem a si próprios,


de tomarem consciência das suas potencialidades e das suas limitações, para
posteriormente tirarem mais partido de todo o projecto, de rentabilizarem as suas
características positivas e “contornarem” as suas características menos positivas
numa ideia empreendedora!

Os formandos começam por desenhar, numa folha > Como me senti nesta actividade?
de papel branca, a silhueta de um corpo: cabeça, > Foi mais fácil identificar qualidades ou defeitos?
tronco e membros. Devem ainda desenhar o coração. > Que qualidades são mais importantes para mim?
Posteriormente, os formandos são convidados a > Quais as qualidades mais relacionadas com o
reflectir nas suas características positivas ou qua- empreendedor?
lidades e nas suas características negativas ou > O que posso fazer na prática para mudar nos
defeitos, e devem escrever essas características defeitos?
junto à parte do corpo com que mais se relacionam:

> Cabeça (pensar) O formador deve concluir, enfatizando que:


Por exemplo: Organizado (+); Preguiçoso (-)…
> Todos somos diferentes
> Coração (sentir)
> Devemos (re)conhecer-nos e aceitarmo-nos…
Por exemplo: Alegre (+); Irritável (-)…
ao longo do tempo
> Mãos (fazer)
> Todos podemos mudar e “crescer”
Por exemplo: Bom a fazer teatro (+);
> Deveremos “render” e usufruir das nossas
Não saber cozinhar (-)…
características positivas
> O bom empreendedor, mais do que dominar
competências técnicas, é uma pessoa com uma
Os formandos deverão ser estimulados a escrever
grande maturidade pessoal, um elevado nível de
o máximo de características que encontrarem.
auto-conhecimento
Posteriormente, os formandos são convidados a
partilhar:

UNIDADE 01 | 21
SESSÃO

01
DINÂMICA MUDA DE LUGAR QUEM …

Os participantes sentam-se em círculo, existindo uma cadeira a NOTAS


menos que o número total dos elementos do grupo. No inicio o O formador pode lançar características
do empreendedor, conforme enumeradas
formador está no centro do círculo, assumindo a função de dar
na sessão 4.
uma ordem para a mudança (ex: “Muda de lugar quem… bebeu
leite ao pequeno almoço! … gosta de praticar futebol! ... é um bom
comunicador! … é persistente! …”). Quem cumpre os requisitos
da ordem que o dinamizador deu deve levantar-se imediatamente
e mudar de lugar o mais rápido possível para não ficar de pé. O
dinamizador procura sentar-se também. Quem perde o lugar ocu-
pa o lugar do centro e dá nova ordem aos restantes participantes,
tentando ocupar o lugar de um deles.

NOTA:
As dinâmicas das primeiras sessões são essencialmente dinâmicas de grupo, de reconhecimento e aceitação das diferenças, de so-
ciabilização e interacção; poderão ser dispensadas se esta ferramenta for utilizada em sobreposição com outra que assegure já esse
objectivo básico.

ACTIVIDADE

DICA ESTABELECE E ALCANÇA OBJECTIVOS PESSOAIS!

NO QUE CONSISTE?
A pro-actividade necessária ao empreendedorismo Definição
treina-se num “ciclo virtuoso”, em que os próprios Empreendedorismo de Objectivos
resultados obtidos estimulam a procurar e alcançar (Pessoais)
novos resultados. É um exercício que se pretende
continuado ao longo do programa e que os forman-
dos levem para a sua vida. Escolhas
Esforço Pessoal

Para se iniciar um ciclo destes deve-se começar por um objectivo simples (isto é, com uma ligação causa-efeito
óbvia), acessível (isto é, ao alcance do esforço do formando) e com resultados rapidamente mensuráveis. Um exem-
plo típico é um exercício físico (ex: elevações matinais, em que o formando pode em poucos dias aperceber-se que
consegue fazer um número mais elevado).

Ao longo do programa esta actividade é proposta várias vezes, com objectivos progressivamente mais indirectos,
mais exigentes e com resultados menos mensuráveis. Pretende-se que o formando tome consciência da sua ca-
pacidade de influenciar os resultados, que desenvolva persistência e a capacidade de escolher e de se orientar por
objectivos não apenas imediatos. A actividade visa a melhoria das atitudes pessoais do formando, mas constitui
também, em si mesma, um exercício de planeamento, necessário ao longo do projecto e de qualquer activi-
dade empreendedora.

22 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


QUANDO SE DEVE REALIZAR?
Tipicamente a actividade é proposta no final da sessão, para ser desenvolvida individualmente (em casa) durante
a semana. É importante que o técnico verifique, na semana seguinte, com cada um dos formandos, os resultados
obtidos (desde que os formandos tenham partilhado os objectivos) para verificar os progressos neste exercício.
No caso de o progresso não ter sido alcançado, o técnico deve sugerir para a sessão seguinte um objectivo
alternativo.
O primeiro exemplo da actividade é descrito em pormenor. Nas restantes sessões em que ela é de novo pro-
posta apenas se indica um exemplo de complexidade de objectivo, devendo retomar-se os detalhes em seguida
propostos.

COMO CONSTRUIR OBJECTIVOS/METAS


O quadro proposto pretende guiar através dos seguintes passos também para objectivos mais complexos (po-
dendo parecer por isso demasiado detalhado para um exercício de elevações matinais):

1. Pára, pensa e identifica um objectivo pessoal


Explicar a importância de um objectivo bem identificado. Quem não tiver o objectivo à vista deriva.
Atenção: não dizer de imediato que um objectivo é irrealista, que não pode ser atingido ou que é tolo.

2. Escreve o objectivo pessoal que definiste


Escrever obriga a pensar e a assumir melhor. Através deste exercício o formando vai verificar por si próprio se
o objectivo é irrealista e se é realmente importante para ele. Este passo é essencial!

3. Descreve o que esperas conseguir quando atingires o objectivo


O formando tem de compreender, de modo tangível, qual a vantagem que vai retirar deste esforço. É ela que o
vai incentivar durante a semana.

4. Escreve os passos necessários para atingir o teu objectivo


Subdivisão do objectivo em etapas: Cada passo tem de ser repartido por tarefas simples, de duração limitada e
fácil verificação.

5. Identifica quais os meios necessários e os obstáculos prováveis


Para cada tarefa o formando deve verificar se dispõe dos meios necessários e quais os obstáculos à execução
da tarefa. Eventualmente o formando vai verificar que precisa de intercalar uma tarefa adicional no passo an-
terior (p.ex. arranjar dinheiro para comprar um livro ou arranjar uma rotina para vencer a preguiça matinal que
lhe dê tempo para prosseguir outro fim).
Os principais obstáculos são o pessimismo próprio e dos outros, a pressão do grupo, a resistência à mudança;
as coisas pequenas fazem a diferença e as pequenas cedências arruínam o projecto todo.

6. Estabelece duração e datas


Estimar a duração de cada tarefa e definir uma data para atingir o objectivo final. É importante que se possam
verificar os resultados em tempo útil e que o formando compreenda a eficácia do processo para progredir nos
seus objectivos.

Por exemplo, a capacidade de compreender e comunicar pode ser exercitada através de leitura assídua de
notícias de jornal e da comunicação do seu conteúdo a outros. Não é a notícia em si que lhe interessará, mas
a capacidade de compreender e de se fazer compreender. Precisará de um jornal onde possa ler diariamente
uma notícia, e precisará de alguém que tenha paciência e interesse em ouvir o relato que fizer da notícia e com
quem ele possa verificar se um e outro compreenderam com suficiente exactidão a ocorrência. Possivelmente
um exercício deste tipo implicará pedir a colaboração de alguém de fora do círculo mais habitual do formando.
Para explicar a vantagem da participação nesta actividade o técnico pode referir o seguinte:

UNIDADE 01 | 23
SESSÃO

01

Muitas das características necessárias ao empreendedorismo são resultado de escolhas e esforço pessoal. Pas-
sam por atitudes que podem ser praticadas no dia-a-dia, do mesmo modo como um atleta se mantém em forma
através do treino diário e da dieta. Para teres êxito é necessário que os teus objectivos pessoais sejam práticos e
que te identifiques com eles: têm de corresponder àquilo que queres ser e à maneira como queres estar na vida.
Os objectivos pessoais devem abarcar todas as áreas do teu desenvolvimento:

Objectivos
Pessoais

FÍSICOS:
Servem para que tenhas um corpo e hábitos saudáveis.
> Exemplo: Comer uma peça de fruta por dia

INTELECTUAIS:
Servem para que exercites e estimules a mente, preparando-te para saberes tratar
situações novas com êxito.
> Exemplo: Ler 30 minutos por dia

EMOCIONAIS:
Pretendem que conheças e controles as tuas emoções, de modo a que controles os
teus comportamentos.
> Exemplo: Não fazer troça ou rebaixar os outros

DE AUTO-CONHECIMENTO:
Pretendem que definas melhor que tu queres ser e como queres que os outros
de vejam.
> Exemplo: Reservar 5 minutos para pensar no que fizeste

24 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Constrói um objectivo em 6 passos!

PASSOS: O QUE É PARA FAZER AGORA EU!

Pára, pensa e identifica Pensar…


1º um objectivo pessoal!

Escreve o objectivo pessoal Objectivo!


2º que definiste!

Descreve quais os resultados Resultados?


3º que conseguirás quando
atingires o objectivo!

Escreve os passos necessários Passos intermédios?


4º para atingir o teu objectivo

Identifica quais os meios Meios?


5º necessários e os obstáculos Obstáculos?
prováveis…

Estabelece duração e datas! Duração e datas!


Começa por um objectivo!


Agora concretiza-o!
E depois avalia-o!

Muitas vezes estes objectivos são potenciados por tarefas de grupo ou com sentido comunitário: podes assu-
mir por exemplo fazer a separação de lixo em tua casa e, enquanto fazes isso, rever os teus outros objectivos;
podes assumir com outros fazer uma acção de limpeza ambiental na tua comunidade (e deixar que os outros se
perguntem “que raio andam vocês a fazer”)

ATENÇÃO:
A execução dos objectivos é essencial (sem ela não vale a pena estabelecê-los). O técnico deve propor algum
tipo de “lembretes” criativos, p.ex. autocolantes no espelho da casa de banho ou na porta do quarto, num sítio
para onde os formandos olhem todos os dias.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


http://www.psychologytoday.com/blog/ulterior-motives/201005/how-do-you-talk-yourself-something
http://www.anje.pt/academia/default.asp?id=43&ACT=5&content=401&mnu=43

UNIDADE 01 | 25
SESSÃO

02 TU E OS OUTROS

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Percepcionar o eu relacional


> Aumentar a percepção de que os outros me vêem de maneira diferente do que eu me vejo; que o que é “normal”
para mim pode ser “diferente” para os outros;
> Promover a reflexão sobre: Onde fazes a diferença? O que é que tu tens de “único”? - Uma diferença que os
outros valorizem ou em que os possas complementar para juntos serem mais eficazes?
> Valorizar a equipa e o trabalho em equipa

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

> Tudo à nossa volta se desenvolveu graças a inovações fazer ouvir mas têm bom senso. Uma boa equipa tem
permanentes; apenas porque muitos tomaram a iniciati- de saber reflectir e, depois de tomar decisões, tem de
va de pôr na prática as ideias que tiveram. executar as ideias de forma bem coordenada. Precisa
de alguém que mande, mas que mande bem, e para isso
> Podes pensar que as inovações se devem todas a gé- saiba ouvir os outros.
nios e inventores. Mas a maior parte das inovações surge
de trabalho em equipa. As boas equipas são aquelas em > É importante conheceres as tuas qualidades, não ape-
que as pessoas se complementam e em que todos estão nas pelo que elas valem, mas sobretudo para conhece-
sintonizados num mesmo objectivo. Não há ninguém que res a melhor maneira de trabalhar com outros em equi-
tenha as qualidades todas para poder fazer tudo sozinho, pa. As boas equipas não são aquelas em que todos têm
mas a equipa pode reunir essas qualidades. É que todos o mesmo feitio e pensam todos da mesma maneira; as
temos qualidades diferentes, e todas elas são necessá- boas equipas são aquelas em que todos se completam
rias no processo de inovação. Por exemplo: e se equilibram uns aos outros.

 Algumas pessoas têm muitas ideias; mas ter ideias > Para isso tens de ouvir também o que os outros dizem
só não basta, é preciso distinguir as boas das más, e é de ti, para descobrires em que aspectos é que lhes fa-
preciso pô-las em prática. Assim, uma boa equipa tem de cilitas a vida e onde lhes complicas a vida.
ter alguém que tenha ideias, alguém que pese as ideias
e verifique que parte é que é aproveitável e alguém que > Descobre quais são os teus talentos e como podes
seja capaz de as pôr em prática. Muitas vezes as pessoas ser útil numa equipa; e como os outros, que são dife-
que têm espírito prático para resolver situações são as rentes de ti, são muito importantes para que a equipa
que sentem menos atracção por ideias. funcione. Para descobrires talentos e as competências
 Algumas pessoas são muito competitivas, gostam em que se podem tornar, ajuda observar modelos (role
de ganhar sempre, chegar sempre à frente dos outros; models). Um modelo pode ser qualquer pessoa que me-
outros preocupam-se mais com os que ficam para trás; reça a tua consideração por aquilo que conseguiu fazer.
uns são persistentes e não desistem, outros só alinham Um modelo pode tornar-se uma fonte de inspiração e
enquanto as coisas correm bem. Uma boa equipa tem de conselho. Todos nós temos modelos que gostamos
de querer vencer (as dificuldades) mas tem de ser co- de imitar, mas por vezes escolhemos ídolos (no fute-
esa e resistir aos contratempos. Precisa de pessoas bol, na música) que têm talentos que nós simplesmente
perseverantes que não desistem à primeira dificuldade. não temos. Procura agora modelos que mereçam o teu
 Uns têm jeito para mandar, mas não quer dizer que respeito e te podem inspirar, porque fizeram feito algo
saibam sempre o que é melhor; outros não se sabem numa área em que tu também podes fazer.

26 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> Pensamento sistémico


> Relacionamento interpessoal
> Trabalho em equipa
> Assertividade
> Persistência (plano de melhorias pessoais)

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 2

0h00 – 0h10 http://www.youtube.com/user/formacaoescolhas#p/


Warm-up: Dinâmica Puzzle do Grupo u/9/-SkJ0UlXeD4 apontar que Hélder Delgado faz uso
dos talentos de relacionamento e dos conhecimentos
0h10 – 0h20 adquiridos para ajudar os mais novos da sua comunidade
Partilha (voluntária): Quem atingiu os objectivos pessoais a controlarem melhor a sua própria vida)
da actividade DICA da sessão anterior? Os resultados
notam-se? Custou? 0h30 – 0h45
Dinâmica Os 12 Trabalhos de Hércules
0h20 – 0h30
Visionamento de role models a partir do site Escolhas 0h45 – 1h20
(escolher previamente modelos adequados; exemplos: Actividade de Identificação do perfil pessoal e do papel
http://www.youtube.com/user/formacaoescolhas#p/ no grupo
u/8/Z-yQJzF702Y apontar que Colman passou dos
graffiti (uma expressão artística mas que se centrava 1h20 – 1h30
essencialmente no gozo que lhe dava) para fazer Revisão do plano de melhorias pessoais: assumir e
aerografias em carros e motos (usando os mesmos desenvolver as competências do seu perfil pessoal (durante
talentos mas agora para satisfazer as necessidades de a semana treinar diante do espelho a comunicação aos
personalização de outras pessoas – que presumivelmente outros de qual é o seu perfil e qual o seu contributo para o
lhe pagam o serviço e lhe garantem um modo de vida grupo; assumir atitudes de acordo com o seu perfil)
autónomo)
1h30
Súmula da Reunião

DINÂMICA PUZZLE DO GRUPO

O formador imprime uma foto do grupo de forman- > Qual acham que é o objectivo desta dinâmica?
dos numa folha A4. Se não existir nenhuma foto > O que significa?
pode usar uma imagem simbólica para o grupo ou
> Qual é o vosso contributo único para esta equipa?
uma imagem metafórica do empreendedorismo ou
de alguma competência associada.
O Formador sintetiza, reforçando que:
Posteriormente, pede que cada elemento do grupo
assine essa folha. Depois, à vista dos formandos, > Todos são importantes, únicos e insubstituíveis.
rasga a folha no mesmo número de pedaços que o > Cada pessoa tem de conhecer o seu perfil pessoal
número de elementos do grupo, e entrega um peda- e perceber qual o seu papel no grupo.
ço a cada elemento do grupo. > Perceber que enquanto equipa cada pessoa tem
Solicita então que os formandos refaçam a folha. um contributo válido i indispensável para o sucesso.
Neste sentido, cada formando contribui com a “sua
> Reconhecer as qualidades pessoais e a sua utilida-
peça”. E o puzzle só está completo com todas as
de para a equipa.
peças, com todos os elementos do grupo.
Por fim, volta a pedir que cada formando guarde a > Reconhecer a importância do outro
sua peça e promove a partilha:

UNIDADE 01 | 27
SESSÃO

02
DINÂMICA OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES

O formador solicita que 4 formandos se voluntariem para fazer a dinâmica.


Posteriormente, entrega-lhes uma folha com o seguinte texto:

“Têm 3 minutos para realizar as seguintes tarefas:


1. Encontrar uma pessoa nascida no 1º trimestre do ano
2. Trazer um copo com água
3. Fazer 10 flexões
4. Descansar um minuto
5. Cantar os “Parabéns a você!”
6. Arranjar uma maçã
7. Mudar 10 cadeiras de lugar
8. Encontrar uma pessoa com calças de ganga
9. Escrever os números até 10 numa folha
10. Pedir a 2 pessoas que troquem uma peça de roupa
11. Ter uma caneta azul, vermelha e preta
12. Contar uma anedota a alguém”

O Formador deverá contar o tempo, e quando este findar, termina a dinâmica. Posteriormente, o formador
deverá verificar quais as tarefas que foram e não foram cumpridas e com que qualidade. Finalmente, é
promovida a discussão:
> O que correu bem e o que correu mal?
> Porque cumpriram ou não cumpriram as tarefas?
> Quais as competências essenciais para trabalhar bem em equipa?
> Quais as vantagens do trabalho em equipa?

O Formador sintetiza, reforçando que:


> O trabalho em equipa permite-nos atingir objectivos que sozinhos não conseguiríamos atingir;
> O trabalho em equipa exige articulação, coordenação, divisão de tarefas, responsabilidade de cada um;
> Importa desenvolver a capacidade de distribuir tarefas em conjunto com o grupo;
> O trabalho em equipa exige que haja confiança no outro;
>…

ACTIVIDADE
IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL
02 DE COMPETÊNCIAS PESSOAIS
E DO PAPEL NO GRUPO U1 (8)

O formador faz uma apresentação de vários tipos de perfis pessoais (ver abaixo), levando os jovens a re-
flectir com qual dos perfis se identificam mais.

Deve ressalvar logo de início:


> que se trata de identificar competências de cada um, a explorar;
> que a diversidade é boa, que nenhum perfil é melhor que outro e que todos são necessários;
> que a tipologia não é absoluta nem estanque, ou seja, que qualquer pessoa tem características que podem
ir de encontro aos diferentes perfis, mas que no entanto, todos temos também características mais predo-
minantes, expressivas e que é a essas que o Perfil Pessoal de cada um diz respeito;

28 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


> eventualmente desmontar que não há competências “femininas” e “masculinas”;
> que é importante que cada um conheça as suas competências específicas para as poder valorizar mais.

Para facilitar a identificação, o formador pode acompanhar a descrição de cada perfil com a afixação de um
símbolo alusivo no quadro.

Após a apresentação das diferentes tipologias, a actividade deve desenrolar-se com a auto-identificação de
um perfil pessoal ou a hetero-identificação do mesmo (caso o grupo tenha um razoável grau de conheci-
mento inter-pessoal).

A exploração e integração da actividade por parte do formador deve ir no sentido de valorizar as diferenças
individuais (como marca distintiva do funcionamento de cada um, como mais-valias pessoais de que cada
um pode tirar proveito) e simultaneamente no sentido da articulação e interdependência e complementari-
dade entre os vários perfis, logo, entre os vários elementos do grupo.

No final do exercício cada um deve descrever qual é o seu tipo e qual é o seu contributo único para um
grupo de trabalho.
(Exercitar esse contributo deve ser o objectivo individual de uma próxima actividade DICA “desenvolve e alcança objectivos
de melhoria pessoais”.)

TIPOS DE PERFIS

1. O Organizador
O Organizador é muito metódico: é capaz de organizar, planear, estrutu-
rar. Tem uma grande capacidade de estabelecer objectivos e consegue
um planeamento do quer atingir tanto a curto como a médio e longo pra-
zo. Além disso, tem a motivação e persistência suficientes para prosse-
guir esses objectivos. Por isso é um elemento muito produtivo e eficaz.

2. O Cuidador
É capaz de estabelecer relações interpessoais profundas e de grande
qualidade. Tem a capacidade de formar relações com pessoas de todas
as idades e mentalidades, e em diferentes níveis de intimidade, mas
sempre sendo agradável e conseguindo “chamar” os outros para perto
de si. O Cuidador é capaz de perceber os sentimentos dos outros, de
os fazer sentir compreendidos e acolhidos. É uma figura que transmite
tranquilidade mesmo nos momentos difíceis.

3. O Competitivo
O competitivo é aquele que gosta de competir, de medir forças com os
outros, que se sente desafiado a supera-los, que aprecia a adrenalina
de ter um adversário e fazer melhor que ele.
O competitivo tem uma tremenda energia e determinação, é aquele que
quer ser sucedido e que não se satisfaz com um segundo lugar.

UNIDADE 01 | 29
SESSÃO

02

4. O Optimista
O Optimista tem um elevado grau de auto-confiança: acredita em
si próprio, nos seus projectos, e por isso consegue projecta-los no
futuro e ter esperança no seu sucesso. Além disso, consegue ter a
persistência para lutar contra os obstáculos e acreditar que os vai
ultrapassar.

5. O Confiável
Aquele em quem se pode confiar, porque é correcto, honesto, ver-
dadeiro, cumpre a sua palavra, não deixa o grupo ficar mal e assume
fazer alguma coisa de que os outros se esqueceram, e transmite a
ideia da sua responsabilidade e competência.

6. O Curioso
O Curioso gosta de descobrir, de investigar, de perceber como as
coisas funcionam e porquê. Tem sempre uma pergunta na ponta da
língua. É atento e observador do mundo à sua volta.

7. O Futurista
O futurista tem uma grande capacidade de imaginar o futuro, o que
lhe confere uma grande criatividade e capacidade de resolução dos
problemas. O seu espírito imaginativo contagia e inspira os outros de
esperança e optimismo.

8. O Comunicador
Não se importa de estar no centro das atenções. É um bom comu-
nicador e prende a atenção dos outros quando está a contar alguma
história.

NOTA:
Não se referiu deliberadamente a liderança como uma competência importante para o
grupo, embora seja muito importante para a sua eficácia. As actividades propostas ao
longo do projecto oferecem muitas oportunidades para que se revele esta competência
e o grupo aceite uma liderança naturalmente.

ATENÇÃO:
Cada formando escreve no seu manual o seu perfil e as palavras-chave em termos
de competências associadas a esse perfil. Se não tiver a certeza do seu perfil pode
inscrever um segundo perfil e as respectivas competências. A actividade termina com
apresentação pessoal de cada formando ao grupo completo: chamo-me …, o meu perfil
é sobretudo … e a principal competência que posso trazer ao grupo é a …

30 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


NOTAS
&
IDEIAS

UNIDADE 01 | 31
NOTAS
&
IDEIAS

32 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


unidade

02

CONHECE
A TUA
COMUNIDADE
SESSÃO 3
Identifica as actividades, descobre as iniciativas…

SESSÃO 4
Quem é empreendedor?

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

33
SESSÃO

03 IDENTIFICA AS ACTIVIDADES,
DESCOBRE AS INICIATIVAS…

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Tomar consciência das mudanças permanentes (agora centradas na comunidade do jovem), e do facto de se
deverem a iniciativas de alguém: algumas bem e outras mal conseguidas;
> Conhecer e valorizar as actividades e procurar descobrir as iniciativas que as realizaram;
> Desenvolver a curiosidade pela inovação e a capacidade de observação;
> Desenvolver capacidade de relacionamento, de perguntar e de ouvir;
> Identificar aspectos essenciais para o sucesso de uma iniciativa.

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens U2 (2,3)

Toma consciência da evolução à tua volta... > Em que consistiu a mudança? O que é que fez a
Pergunta aos mais velhos como é que era a tua comu- diferença?
nidade há 10 anos atrás: > Quais as mudanças de que as pessoas gostam mais?
Ou as que dão mais jeito?
> O que é que existe agora que não havia naquela altura? > Se essa novidade ainda cá está é porque teve suces-
> O que é que deixou de existir? Porquê? so. A que é que se deve esse sucesso? Qual é o inte-
> Se a Google foi criada em 1998 (há 12 anos apenas!), resse que as pessoas vêem naquilo? É melhor? É mais
como é que se procuravam antes disso coisas de inte- barato? É diferente? Faz as pessoas sentirem-se bem?
resse na internet? Havia acesso à internet? Pergunta Facilita-lhes a vida? Porquê?
aos mais velhos se aproveitaram alguma coisa da inter- > Como é que surgiu? Quem é que teve a iniciativa?
net. Já agora: qual é o proveito que tu tiras da internet? Alguém ajudou essa pessoa?
> Qual era o tipo de música que se ouvia há 10 anos? > Como é que a pessoa que fez a inovação se aper-
E agora? Quantos grupos novos surgiram entretanto? cebeu disso? Se calhar nem pensou nisso e só se foi
adaptando ao que as pessoas queriam? Aconteceu por
Identifica um caso de inovação… acaso ou houve uma procura de corresponder ao que
Tenta identificar no mundo à tua volta um produto/ser- as pessoas precisavam?
viço (??...) inovador, que tenha marcado a diferença. A > Que dificuldades e que dúvidas é que teve para seguir
partir daqui vamos tentar perceber porque é que ele foi em frente?
inovador e qual a sua história…
Não sabes?!
Questiona! Então que tal ires perguntar essas coisas?
(depois de identificado um caso de inovação) Não imagines as respostas; pergunta e ouve com
As mudanças não aconteceram por acaso. Se conse- atenção….
guires perceber quem teve as iniciativas, como é que o
fez, porque é que o fez assim, começas a descobrir a Escuta!
essência do empreendedorismo. Ao pensar nas mudan- Saber ouvir é muito importante. As boas ideias vêm de
ças, tenta perceber: saberes dos outros.

34 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Ouvir com atenção quer dizer ter a certeza que compre- > escrever (ou registar em vídeo) os pontos mais im-
endeste bem o que o outro queria dizer. Às vezes, em portantes
conversa, dizemos apenas uma parte, pensando que os
outros já sabem o resto. As boas ideias não valem por si. Valem pela utilidade às
outras pessoas. Uma ideia é tanto melhor quanto mais
Uma boa entrevista não acontece por acaso, prepara-se. pessoas ela servir e quanto mais diferença fizer para
Há vários ingredientes que deves ter em conta: essas pessoas.
> esperar pela ocasião apropriada para a pessoa a quem
queremos entrevistar, para que esteja disponível; Um bom ouvinte pode juntar muitas boas ideias de coi-
> ser bem-educado; sas que as pessoas gostariam de ter. No grupo é impor-
> procurar conhecer previamente o assunto e levar já tante ter bons ouvintes, e depois entender as necessida-
algumas questões preparadas; des que eles identificaram, as oportunidades que estão à
> explorar outras questões levantadas em conversa; mão de quem souber dar uma boa solução.
> apontar as respostas;
> juntar-se em grupo, discutir o que se ouviu, identificar Ficarás espantado com a quantidade de coisas que um
a informação importante para o iniciativa e para o em- grupo com curiosidade consegue descobrir…
preendedorismo

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso)


> relacionamento interpessoal
> trabalho em equipa
> perseverança
> curiosidade
> estruturação do pensamento
> comunicação

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 3

0h00 – 0h15 Introduzir aqui que os heróis não têm todas as compe-
Warm-up: Dinâmica do Desafio tências, desmontar a ideia que um modelo seja brilhante
em tudo.
0h15 – 0h45
Actividade Perfil do empreendedor 1h00 – 1h15
(em grupos de 2 ou 3) Construção de um guião de entrevista aos empreen-
dedores.
Expor ideias do enquadramento; constituição dos grupos;
brainstorming para identificação de empreendedores da 1h15 – 1h30
comunidade; preenchimento de ficha com identificação de Actividade: Atenção à comunicação! Role Play
pessoas conhecidas com determinados perfis empreen- (entrevistador/entrevistado)
dedores; escolher um caso a estudar por cada grupo.
1h30
0h45 – 1h00 Súmula da Reunião
Visionamento de testemunhos de empreendedores (va-
riedade de idades, actividades, nível de proximidade ao
sujeito)

UNIDADE 02 | 35
SESSÃO

03

ACTIVIDADE
WARM UP
03 DINÂMICA
DO DESAFIO

Material Procedimento
Caixa de sapatos Colocar os participantes num circulo, de costas voltadas uns para os ou-
com chocolates lá dentro tros e colocar uma música animada. Explicar aos participantes que dentro
e um papel contendo da caixa está uma ordem a ser feita, e que a caixa deve seguir de uns para
a ordem para comer os outros ao ritmo da música, até que, quando a música parar, quem ficar
um chocolate com a caixa na mão deve abri-la e executar a ordem.
O dinamizador vai criando algum suspense, assustando o grupo, fazendo-os
crer que a tarefa é repulsiva. Podem fazer-se perguntas como: estás pre-
parado? Vais ter que obedecer à ordem… seja lá ela qual for! Pode inclusive
parar a música questionando o jovem: queres abrir? Ou vamos continuar?
Caso este decida não abrir, inicia-se a música novamente e passa-se nova-
mente a caixa.

Quando a música parar definitivamente o felizardo terá a surpresa e en-


contrará um chocolate e a ordem ‘coma o chocolate’.

A integração da dinâmica deve ser feita no sentido de percebermos o


quanto temos medo de desafios, pois observamos como as pessoas têm
pressa de passar a caixa para o outro, mas que devemos ter coragem e
enfrentar os desafios da vida, pois por mais difícil que seja o desafio, no
final podemos ter uma feliz surpresa/vitória.

ACTIVIDADE
PERFIL DO
04 EMPREENDEDOR U2 (pág.5)

Para facilitar a actividade pode ser distribuída uma ficha com a seguinte estrutura:

Identificar (nomes):
> 3 pessoas com quem gostaríamos de fazer um projecto;
> 3 pessoas mais influentes na comunidade;
> 3 pessoas com mais sucesso na comunidade;
> 3 mudanças com mais impacto na comunidade nos últimos 3 anos;
> 3 pessoas que tenham mais iniciativas

Entre estes nomes o grupo escolhe um empreendedor, a quem entrevistar durante a semana,
para ficar a conhecer melhor o perfil de um empreendedor.

36 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE
ENTREVISTAS A EMPREENDEDORES
DICA a fazer em grupos de 2 ou 3, segundo guião estabelecido, durante a semana

1. Durante a semana o grupo tem de tentar entrevistar o empreendedor, fazer-lhe as perguntas, recolher também
informação dos clientes ou utilizadores (o que é que eles pensam sobre o caso, usam, não usam, porquê).

2. A seguir à entrevista reúnem para discutir o caso: o que é que cada um percebeu da história, o que é que im-
pressionou mais a cada um (3 a 5 aspectos). Se tiverem dúvidas ou verificarem que esqueceram alguma questão
importante, devem passar por lá de novo a pedir um esclarecimento.

3. Finalmente, na sessão seguinte, o grupo tem de registar e comunicar o que aprendeu: por escrito, apresentação
no computador ou num vídeo, de preferência com fotografias.

ATENÇÃO:
Contar o caso é como contar uma história que as pessoas gostem de ouvir, com princípio, meio e fim; como se o
empreendedor tivesse feito uma viagem e vocês contassem onde começou, por onde seguiu, que obstáculos encon-
trou, que ajudas teve, quando é que se sentiu em baixo e quando é que se sentiu satisfeito, até onde chegou e onde
quer ainda chegar; porque é que os clientes ou utilizadores vão lá, o que faz para os manter.

4. Os melhores trabalhos (os que encontraram casos mais interessantes ou os que fizeram um trabalho mais com-
pleto) serão publicados na revista Escolhas, com uma fotografia do grupo!

ACTIVIDADE
CONSTRUÇÃO
05 DE UM GUIÃO
DE ENTREVISTA

Em grande grupo o formador deve solicitar que os jovens façam um brainstorming de questões que gosta-
riam de colocar ao empreendedor que vão entrevistar. Pode ser útil ajudar a organizar o pensamento dos
jovens fornecendo categorias acerca das quais estas perguntas devem surgir, por exemplo:

> Como é que se lembrou de arriscar num projecto próprio? Antes de pensar naquele projecto já tinha
pensado em trabalhar por conta própria? Alguém na família (ou amigos) já tinha começado um projecto,
por conta própria? Já tinha experiência de trabalho prévia na área do projecto?
> O que é que o fez pensar que iria ter êxito? Conhecia clientes, tinha falado antes com as pessoas para
saber o que elas precisavam?
> Começou sozinho ou com mais alguém? Pediu apoios a alguém? Teve alguém que o ajudasse, que lhe
desse informações importantes? Teve medo de não ter sucesso?
> Quais as questões mais difíceis de resolver no início?
> Qual a maior gratificação depois de tudo isto?
> Se tivesse de dar um conselho a alguém que quisesse começar um projecto por conta própria agora,
que conselho daria?

UNIDADE 02 | 37
SESSÃO

03

ACTIVIDADE ATENÇÃO À COMUNICAÇÃO!


06 ROLE PLAY

Pretende-se que o técnico faça de entrevistado e caricature possíveis reacções do entrevistado


às atitudes do grupo (Exemplos de situações: Ser menos bem recebido; pedir que se despachem
com a entrevista porque o entrevistado tem a vida muito ocupada; receber uma “resposta torta”
a uma questão).

Para o papel de entrevistadores devem convidar-se os formandos com mais dificuldades nas
competências comunicacionais.

Aspectos importantes a evidenciar:


> Atenção à postura e aos aspectos básicos da comunicação: vão assaltar o empreendedor ou
vão entrevistá-lo?

> Ter a consciência de que vão ocupar o tempo do empreendedor, de que ele está a fazer um
favor e por isso merece ser tratado com respeito e boa educação: Explicar que estão a fazer um
trabalho para o Escolhas e que gostavam de aprender com a experiência dele. A maior parte das
pessoas tem prazer em ser útil e colaborar.

> Perguntar qual a melhor altura para fazer as perguntas.

> À hora marcada e com paciência, levar as perguntas pensadas, mas saber ouvir e perguntar
mais coisas. Se querem informação interessante têm de ter curiosidade e flexibilidade na entre-
vista, além de saber ser bem-educados.

> Registar as respostas, ou eventualmente pedir para gravar a entrevista, senão depois não se
lembram; o que escreve melhor que aponte as respostas, é muito importante.

> Na próxima sessão cada grupo vai relatar o caso do seu entrevistado. Têm de preparar a his-
tória que vão contar. Podem usar imagens, uma apresentação de computador, podem intervir
vários (controlo do tempo).

ATENÇÃO:
Entre as duas sessões o técnico deverá fazer o seguimento do trabalho: facilitar/agendar as entrevistas se necessário, e convocar os
grupos isoladamente para verificar se fizeram a apresentação adequadamente aproveitando para treinar competências de comunicação.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


http://www.prof2000.pt/users/folhalcino/ideias/comunica/entrevista.htm

38 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SESSÃO

04 QUEM É EMPREENDEDOR?

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> identificar características do empreendedor;


> adquirir modelos de referência (“se ele conseguiu, eu também consigo”)
> ser capaz de assimilar e comunicar um caso de empreendedorismo

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Identificamos e conversamos com pessoas que são empreendedoras, que tiveram iniciativa, criaram algo de novo.
Que é que eles têm de especial?

Há muito que se observam as pessoas empreendedoras e se procura entender porque é que são assim, o que é
que leva uns ao sucesso de criar novas associações, empresas, criarem coisas úteis, criarem postos de trabalho…

Há quem tenha feito uma lista enorme de características do empreendedor, tais como:

> persistente > capaz de resolver problemas


> impaciente por saber respostas às questões que coloca > tolerante perante a ambiguidade
> inquisitivo (capaz de trabalhar mesmo sem ter a informação toda)
> com grande vontade de atingir objectivos > com forte integridade
> cheio de energia > muito resiliente (não “quebra” facilmente)
> orientado por objectivos > capaz de iniciativa
> independente > capaz de coordenar meios, de organização e gestão
> exigente > competitivo
> auto-confiante > agente de mudança
> capaz de optar > trabalhador
> capaz de assumir riscos calculados > e até… pessoa com sorte!
> criativo > Comunicador
> adaptável > Capaz de liderar
> inovador
> visionário
> comprometido

Claro que tudo isto ajuda para que uma pessoa empreenda com sucesso. Mas ninguém tem todas estas qualida-
des. Os empreendedores não são super-homens. Então o que é que faz um empreendedor?

UNIDADE 02 | 39
SESSÃO

04
Há 3 tipos de qualidade que são importantes (e que englobam as acima listadas):
> Combatividade e vontade de fazer
> Criatividade e adaptação
> Capacidade de organizar e de trabalhar com outros

Por vezes não é uma pessoa só que consegue tudo isto, mas um grupo em que cada um é bom numa ou mais coisas
(exemplificar adequadamente):
> É preciso um que acredite e que seja capaz de lutar e não desistir perante os obstáculos. É preciso um que seja
capaz de pensar de novo: “ok, assim não deu, vamos ver as coisas de outro modo, mas havemos de conseguir!”. É
preciso um que seja capaz de organizar as coisas: “como é que as coisas vão acontecer, quem é que faz o quê, de
que é que precisamos?”. É preciso um que seja capaz de manter uma equipa a trabalhar, apesar de se saber que
um dia não apetece a um e outro dia há outro que não pode.
> Já viste (na sessão 2) onde é que te encaixavas melhor. Qual é o papel que fazes melhor?

Dos vídeos que viste, dos casos de que falamos, achas que ser empreendedor é uma coisa do outro mundo ou que
está ao teu alcance?

Por vezes, ao pensar nisto, reparamos que nos fazem falta algumas coisas. Era bom se soubéssemos mais, sobre
as pessoas, sobre como funcionam as coisas, sobre os sistemas… Óptimo! Parabéns! É precisamente isso que
sente um empreendedor; que lhe falta ainda informação. E também percebe que nunca vai conseguir saber tudo,
mas que há-de obter algumas respostas à medida que as for procurando. E que as coisas se vão fazendo à medida
que se avança.

Lembra-te: um inovador está a abrir caminhos novos, não está a andar nas estradas que os outros já
percorreram. Não se limita a imitar, mas a inovar, com um toque pessoal, que faça a diferença para as
outras pessoas.

Por isso mesmo é que tem a possibilidade de chegar a sítios onde ainda nenhum outro tinha chegado. Um empreen-
dedor terá sempre um monte de perguntas “em carteira”, mas contenta-se em ir obtendo as respostas uma a uma,
à medida que vai abrindo caminho.

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> pensamento sistémico


> trabalho em equipa
> perseverança
> aquisição de role models viáveis
> comunicação

40 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 4

0h00 – 0h15 1h20 – 1h30


warm-up: De quem sou igual ou diferente actividade DICA: Estabelece e Alcança Objectivos
Pessoais (na sua área de competências e na
0h15 – 0h30 comunicação oral: durante a semana cada formando
vídeos Escolhas (Cova de Moura; quanto mais treinará diante do espelho (e depois diante de outras
diversificados melhor) pessoas se tiver uma audiência da sua confiança
para o efeito) uma explicação de qual o seu “valor
0h30 – 1h00 acrescentado” para o grupo; a nível de melhorias
actividade: apresentação dos casos estudados pelos pessoais procurará desenvolver atitudes de acordo com
grupos; os formandos podem utilizar todos os meios a sua principal competência
disponíveis; atenção para cumprirem um tempo máximo
por grupo, introduzido como necessário para que todos Se houver tempo, o formador pode anunciar que
tenham igual oportunidade no tempo disponível na sessão seguinte se vai pensar em ideias para
empreender algo de novo: os formandos podem ir
1h00 – 1h20 pensando em várias…
actividade: perfil do empreendedor, transpondo
atitudes a cultivar por cada um, de acordo com o seu 1h30
perfil de competências Súmula da Reunião

ACTIVIDADE
WARM UP
07 DE QUEM SOU IGUAL
E DIFERENTE

> Pedimos aos participantes para se moverem pelo espaço e que, a um sinal, se coloquem junto à
pessoa que a se consideram mais igual. Quando estiverem juntos, dizemos que têm um minuto para
explicar um ao outro as razões porque se escolheram.

> Pedimos novamente que se desloquem pelo espaço e, a outro sinal, pedimos que se coloquem
junto à pessoa que consideram mais diferente. Voltamos a dar um minuto para explicarem o motivo
da escolha.

> Em grande grupo instiga-se a partilha da experiência, fazendo a integração da actividade no


sentido de valorizar a importância de identificarmos os que são parecidos connosco (porque
isso nos faz sentir seguros dentro do grupo, nos faz sentir a pertença a alguém…) mas também no
sentido de valorizar a importância de identificar os que são diferentes de nós (a mais-valia que
é estar num grupo em que outros têm outras características e outras competências que nos podem
complementar).

Competências trabalhadas nesta actividade:


relação de confiança; complementaridade…

UNIDADE 02 | 41
SESSÃO

04

ACTIVIDADE
PERFIL DO
08 EMPREENDEDOR U2 (5)

O formador expõe o enquadramento. Pode afixar os 3 tipos de qualidades dos empreende-


dores, visualizando-os com imagens adequadas (os exemplos abaixo poderão ser imagens
da internet):

Combatividade e vontade de fazer


ir à luta

Criatividade e adaptação
fazer o novo com o que parecia banal

Capacidade de organizar
e de trabalhar com outros
locomotiva que puxa a composição

Ainda no mesmo grupo que fez a entrevista e o relatório, os formandos tentam identificar
quais as características que mais notaram no seu entrevistado; podem descer ao pormenor
do quadro do enquadramento que enumera as diferentes qualidades apontadas aos em-
preendedores (o formador pode facultar uma fotocópia a cada grupo sem ter descrito em
pormenor cada uma).

Cada formando, individualmente, procura identificar de entre essas qualidades todas, aquela
para que pensa ter mais capacidade e aquela para que pensa ter menos capacidade.

Cada formando partilha no grupo completo a sua reflexão. O formador pode construtivamen-
te acentuar mais uma ou outra.

Cada formando escreve no seu manual a qualidade empreendedora para que pensa ter mais
capacidade; sugere-se que o formador tenha disponíveis as 3 imagens acima referidas para
distribuir a cada um a que corresponde à qualidade identificada, para colar no manual.

42 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE
ESTABELECE E ALCANÇA
DICA OBJECTIVOS PESSOAIS! U2 (pág. 8)

Durante a semana treina em frente ao espelho a explicação que vais dar às outras pessoas sobre o valor que podes
trazer ao grupo.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


http://www.professorcezar.adm.br/Textos/O%20perfil%20do%20empreendedor.pdf
http://aeiou.expressoemprego.pt/Carreiras.aspx?Id=97

NOTAS
&
IDEIAS

UNIDADE 02 | 43
NOTAS
&
IDEIAS

44 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


unidade

03

IDEIAS
&
PROJECTOS
SESSÃO 5
Ideias para inovar

SESSÃO 6
Desenvolve a ideia

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

45
SESSÃO

05 IDEIAS PARA INOVAR

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Gerar ideias em grupo


> Escutar os outros
> Estar aberto à inovação
> Reconhecer preconceitos próprios
> Aceitar o fracasso
> Validar as ideias pela utilidade para os outros

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Muitas pessoas pensam que os empreendedores são > as pessoas ficariam mais bem servidas com um
uma espécie de génios; na realidade, o que os torna produto mais conveniente, ou mais simples e mais
empreendedores de sucesso foi terem posto em prá- barato – por exemplo se as pessoas procuram um
tica novas maneiras de responder a necessidades das serviço de lavagem de roupa e não se importam de
pessoas. Fizeram-no: ter que a ir buscar e entregar, desde que fosse mais
barato?
a. Abrindo novos “mercados” (ou servindo melhor
mercados mal servidos; “mercado” aqui quer dizer as > não há outros que já estejam a tentar resolver o
necessidades de uma certa população) mesmo problema pela mesma via ou à mesma escala
b. Propondo novos produtos ou serviços, ou – já há outros a tentar fazê-lo na comunidade?
c. Propondo melhor tecnologia ou tecnologia de maior
b. Também quem começa com um novo serviço ou pro-
qualidade
duto tem boas hipóteses de ter sucesso, desde que o
produto ou serviço não possa ser copiado facilmente
Olhando em detalhe para cada uma das hipóteses:
(p.ex. quando se trata do talento individual de um pintor
a. Muitas pessoas pensam que só as grandes empresas ou de um músico, ou de uma característica local).
que já dominam o mercado têm capacidade de inovar
c. A introdução de melhor tecnologia ou maior qualida-
com êxito; um especialista7 afirma que, sempre que as
de da mesma tecnologia (desenvolvimento de produto)
inovações foram disruptivas, as novas empresas tive-
é a única destas vias de inovação onde, de facto, os
ram mais sucesso que as antigas. Isso sucede quando:
que já estão no mercado têm sempre mais hipóteses de
> há muitas pessoas mal servidas ou que não es- sucesso (ou seja, é difícil bater um grande fabricante de
tão sequer servidas – por exemplo se as pessoas da telemóveis ou computadores…)
comunidade, para conseguirem arranjar a bicicleta,
têm de ir longe e perder muito tempo.

7 Clayton Christensen, Harvard Business School, The Innovator’s Dilemma

46 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


NOTA:
Se necessário para ajudar os grupos a trabalhar o técnico pode dar alguns exemplos de vias de inovação e introdu-
zir mais detalhadamente as técnicas de brainstorming e analogia:

A nível individual pode-se inovar com êxito:


> Fornecendo produtos ou serviços criativos (por exemplo pintura ou música; artesanato), mas também
> Fornecendo uma série de serviços que podem ir desde cuidados pessoais (massagista, cabeleireira, acompanha-
mento de doentes) a serviços especializados (tratar de animais, tratar de jardins, etc.);
> Desde que haja inovação e diferenciação: porque se vai aonde os outros não foram, ou em horários diferentes,
porque se tem maior simpatia, porque se é de confiança e não falha, por um sem número de razões que nos distin-
guem da concorrência…
Portanto, o que é importante é pensar em termos de valor para as pessoas a quem se destina a ideia.

Para explorar ideias novas podem usar o brainstorming (tempestade de ideias) ou a analogia: para resolver um
problema identificado, pode-se inovar copiando soluções que tiveram êxito noutras aplicações (há sectores em Por-
tugal que são reconhecidos como muito desenvolvidos e que podem ser observados por qualquer pessoa; sistemas
e organizações como a Via Verde, o multibanco, os hipermercados introduziram uma série de inovações que podem
ser replicados noutras áreas…). Mais uma vez pode ser usado o brainstorming para propor analogias. Embora a
analogia estruturada use um nível de abstracção elevado, pode acontecer também intuitivamente…

SISTEMATIZAÇÃO PARA BRAINSTORMING SISTEMATIZAÇÃO PARA ANALOGIA

> Escolhe-se um tema (p.ex. que novidade é que falta à > Pensa em outras situações que têm o mesmo tipo de
comunidade) clientes (ou de fornecedores, ou qualquer outra restrição
> Durante 5 minutos, todos à vez lançam ideias, com semelhante à que te parece ser mais importante no teu
total liberdade, sem preocupação de serem boas ou projecto)
más; ninguém critica > Vê como é que eles resolveram o assunto
> Simultaneamente alguém aponta todas as ideias num > Vê se podes aplicar a mesma solução ao teu caso
quadro ou papel;
> Todos ajudam a agrupar as ideias, juntando as que
forem semelhantes ou tratarem da mesma coisa
> Todos pensam quais são os grupos de ideias que
propõem maior inovação e que são realizáveis, p.ex.
sublinhando-os
> Ordena-se (1,2,3…) por prioridade para seguimento

Questões para desenvolver a sessão:


Olha para a tua comunidade: o projecto Sabura: http://moinhodajuventude.blogspot.
com/ ; http://www.covadamoura.pt/index.php/historia/
> De tudo aquilo de que as pessoas se queixam, o que é culturamenu/259-culturacategory/120-sabura)
que poderias resolver?
> De todas as coisas de que as pessoas gostam, o que é U3 (3)
que poderias ajudar a que acontecesse mais vezes? A criatividade surge a maior parte das vezes de fazer
> Quais são as lojas/serviços mais apreciados? associações inesperadas, de questionar a prática cor-
> Onde é que as pessoas perdem mais tempo? Porque rente, observar a realidade circundante, experimentar e
gostam ou porque são obrigados? relacionar-se com pessoas diferentes8.
> Todas as zonas têm algo de diferente. Porque é ‘Porquê?’, ‘Por que não?’ e ‘E se?’ são as três questões
que essa diferença não há-de ser tornada em algo fundamentais para inovar, sobretudo se combinadas com
positivo? Consultar o exemplo da Cova da Moura com a observação, a experiência e uma boa rede de relações.

8 Hal Gregersen, INSEAD (colocar fonte)

UNIDADE 03 | 47
SESSÃO

05
PARA AJUDAR A VENCER O MEDO DE FALHAR: SE NUNCA FALHASTE É PORQUE NUNCA VIVESTE

É necessário levar os jovens a pensar de modo diferen- objectivo. Se tivesse considerado o empreendimento um
te sobre falhar e estimular a coragem de perseverar. fracasso, teria desistido e poderíamos hoje estar todos
Há dois benefícios que se retiram do falhar. Primeiro, ainda a ler à noite com lâmpadas de azeite.
fica-se a saber o que não funciona; segundo, tem-se a
Este exemplo não trata apenas de ter uma atitude positiva,
oportunidade de tentar de modo diferente. Entender a
mas sim de aprender com os erros. Se considerarmos o
falha e conseguir guiar-se a si próprio e a outros através
fracasso como uma experiência de aprendizagem, dei-
do “falhanço” é parte da mentalidade e competências do
xará de ter poder sobre nós e se aprendermos com ela,
empreendedor.
conduz-nos para o sucesso.
Um exemplo conhecido é o do inventor Edison. Falhou
Na realidade, os empreendedores aprendem mais com
milhares de vezes até conseguir obter uma lâmpada
fracassos do que com sucessos. Frequentemente só
eléctrica funcional. Qualquer outro teria visto em cada
aprendemos o que funciona quando verificamos o que
insucesso um fracasso, mas ele via um sucesso, porque
não funciona. Um velho provérbio chinês diz que “fracas-
de cada vez eliminava uma possibilidade, redesenhava
sar não é cair mas recusar levantar-se de novo”.
a peça, fazia ajustamentos e isso o aproximava mais do

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> Criatividade
> Relacionamento interpessoal
> Resistir a preconceitos acerca do que as outras pessoas pensam ou gostam
> Articular e apresentar uma ideia

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 5

0h00 – 0h15 ATENÇÃO:


Actividades: “Isso, e também…” a. Constituição dos grupos - os grupos de 3 ou 4 elementos devem ser for-
(baseado em produto de catálogo de Do-It-Yourself mados neste momento, (um por cada ideia que vai ser prosseguida) e a partir
ou “História em uma palavra…”) de uma proposta do técnico baseada numa equilibrada distribuição dos jovens,
em função das suas competências e apetências individuais.
Para o efeito os formandos devem reapresentar (agora já como resultado do
0h15 – 0h30
seu treino durante a semana) as suas competências e o seu contributo para
Actividade: aceitar o fracasso (DR)
um grupo. O formador procurará que haja poucas competências duplicadas
e grupos em que falte um dos 3 tipos de competências. Pode utilizar para o
0h30 – 1h00 efeito novamente as 3 imagens distribuídas.Após a constituição dos grupos
Brainstorming: ideias novas (a partir do faz-se a distribuição de ideias através da negociação e/ou leilão, em que cada
enquadramento da sessão) grupo “licita” uma ideia em função do interesse que as várias ideias suscitam,
tendo que justificar o porquê do seu interesse/licitação.
1h00 – 1h30
b. Gestão da frustração e promoção da assertividade, porque nem todas
Sistematização: Selecção da(s) ideia(s) e dos as ideias serão escolhidas/terão potencial para avançar; essas ideias devem
grupos que as vão prosseguir manter-se em stand-by; sintetizar para o grupo a razão de uma ideia ter sido
escolhida em relação a outras
1h30
Actividade DICA:
Súmula da Reunião
Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos Pessoais (continuar a desenvolver
as competências pessoais, reunindo em grupo para articular qual a proposta
inovadora que vão trazer às pessoas; na sessão seguinte vão apresentá-la)

48 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE

09 “ISSO, E TAMBÉM…”

A actividade pode realizar-se no grande grupo ou dividir em grupos de 3 a 4 elementos. O


grupo utiliza um folheto de promoção de uma cadeia de lojas de artigos de “faça você mes-
mo” e escolhe a promoção central. Tenta perceber qual a utilidade daquele produto: o que
é que as pessoas vêem nele, para que é que o iriam comprar, como é que o iriam utilizar.
Depois informa-se os elementos do grupo de que eles constituem uma equipa publicitária e
que o seu objectivo é procurar criar a partir daquele produto um melhor, que corresponda a
tudo o que as pessoas poderiam desejar:
Os elementos do grupo devem construir as suas ideias a partir das anteriormente veiculadas
pelos colegas que os antecederam, começando a sua frase por “Isso, e também…”. Nenhuma
ideia é rejeitada ou criticada, pelo contrário, a improvisação deve ser valorizada.

EXEMPLO:

Elemento 1
Esta nova máquina de furar é extraordinária porque serve para furar madeira, ferro e reboco.

Elemento 2
“Isso, e também … porque vem numa caixa em que as brocas para madeira estão identificadas
com uma cor diferente das de metal e não se perde tempo a procurar a broca certa.

Elemento3
“Isso, e também … é fantástica porque vem com um cabo eléctrico extensível e chega a qualquer
lado sem ser necessário andar a mudar sempre de tomada eléctrica”;

Elemento 4
“Isso, e também porque tem um aspirador na ponta para o pó do reboco não cair ao chão…”

Elemento 5
“Isso, e também porque tem uma pega almofadada para não transmitir as vibrações ao
utilizador…”

NOTA:
Para o exercício ser realmente construtivo, devem ser feitas propostas de acréscimos que
resolvam alguma necessidade ou problema dos utilizadores habituais, sem recorrer a “tec-
nologias mágicas” que fazem tudo melhor que os outros (por exemplo: vir com uma pilha
recarregável é uma possibilidade real; não consumir energia seria “mágico”).

No final do exercício o formador deve integrar esta actividade apelando à necessidade de


sermos auto-confiantes e ousados na proposta de novas ideias, de, numa primeira fase,
valorizar a geração de ideias sem crítica sobre elas, bem como a necessidade de sermos
criativos para a resolução de problemas.

(in McKnight & Scruggs, 2008)

UNIDADE 03 | 49
SESSÃO

05

ACTIVIDADE
HISTÓRIA
10 DE UMA PALAVRA

O formador deve dispor o grupo em roda e escolher um tema para a criação de uma história. Após a
comunicação desse tema ao grupo um dos elementos começa a contar a história, que os outros devem
continuar, um a um, seguindo a ordem do círculo. A particularidade no relato da história é que cada ele-
mento apenas pode dizer uma palavra. O formador deve instigar o grupo a manter um ritmo rápido.
EXEMPLO:
Elemento 1: “Era” Elemento 3: “vez” Elemento 5: “pessoa” Elemento 7: “necessitava”
Elemento 2: “uma” Elemento 4: “uma” Elemento 6: “que” …

O formador deve integrar esta experiência realçando a importância de se trabalhar em conjunto para
um objectivo comum, de estar aberto à novidade e conseguir abstrair-se de eventuais ideias que se
tinha construído no início sobre a história e de usar a criatividade para construir sobre uma evolução
inesperada. (in Bedore, 2004)

DINÂMICA SIM, FALHEI! U3 (2)

O formador começa por treinar com o grupo, numa O final da história será “e a moral da história é…”.
roda, a dar saltos, gritando com toda a energia: “sim, Inevitavelmente alguém não vai conseguir pensar
falhei!”. Quanto mais alto e com mais entusiasmo se suficientemente depressa para continuar com nexo
fizer isso, mais o grupo participa e mais sucesso tem o que os anteriores sugeriram e há-de surgir um
o exercício. O objectivo é que os participantes cele- “hmm, ahhnn…”. É nesse momento que deve saltar e
brem o fracasso e possam no futuro pensar de outro gritar: “sim, falhei!”
modo nestas situações. Havendo tempo, o exercício pode ser continuado em
A dinâmica é construída sobre o embaraço de falar pares, passando a deixa um ao outro.
em público e pode ser integrada na dinâmica ante- Finalmente, o formador junta de novo o grupo todo e
rior. Os participantes contam uma história, com uma procura com eles analisar o que sentiram ao falhar,
palavra de cada vez. Todas as histórias começam por porque é que o sentiram, como é que é visto o fra-
“era uma vez…” (as palavras que os 3 primeiros têm casso na sociedade, que significado é que teve e o
de dizer) e depois cada um continua como entender. que é que aprenderam.

ACTIVIDADE
REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA
DICA OBJECTIVOS PESSOAIS! U3 (pág. 3)

Continua a desenvolver as tuas competências pessoais, reunindo em grupo para decidir qual a proposta inovadora
que vão trazer às pessoas; na sessão seguinte vão apresentá-la.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


Making it better (Marketing Mgt-Product_Service Creation-Making it Better-ENMvIII.1)
Ent Processes-Actualization-Gazing into the Future-ENMvII. Ent%20Processes-Concept%20Development-It’s%20All%20About%20Dreams-ENMvIII.2
http://www.psychologytoday.com/blog/ulterior-motives/200907/tools-innovation-ii-analogy-is-the-essence-innovation
(exemplo de inovação de halteres transportáveis)

50 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SESSÃO

06 DESENVOLVE A IDEIA

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

Exercitar a capacidade de comunicação acerca do seu projecto, dos benefícios que ele oferece e da
diferenciação que o caracteriza, face a outros similares.

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens
PROPOSTA DE
O grupo teve uma ideia - propõe-se que descubra ago- DESENVOLVIMENTO
ra como consegue inovar, diferenciando essa ideia de DA SESSÃO 6
outras soluções que já existam para objectivos seme-
lhantes. 0h00 – 0h15
actividade: faz sanduíches inovadoras
Começa a estudar o que é que é necessário para a tua
ideia funcionar: 0h15 – 0h30
Vê em detalhe como é que funcionam outros que fazem actividade: expõe a tua ideia aos outros
o mesmo. Por exemplo, se queres fazer um ginásio: (enquanto comes as sanduíches)
vai à internet ou vai a outros ginásios, como se fosses
0h30 – 0h45
um cliente qualquer, e procura saber condições, o que
Pesquisa na internet: o que é que outros já
é que eles oferecem, o que é que as pessoas procuram fazem, o que é possível acrescentar, por
e o que é que gostavam de ter. analogia com outros produtos

0h45 – 1h15
Brainstorming: como é que podes fazer melhor?

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR 1h15 – 1h30


Actividade DICA:
revisão do Estabelece e Alcança Objectivos
> criatividade
Pessoais: treinar a apresentação e explicação
> relacionamento interpessoal do projecto a outras pessoas para a entrevista
> resistir a preconceitos acerca do que as outras pes- (transmitir com entusiasmo e clareza os
soas pensam ou gostam objectivos, em pouco tempo, e passar a ouvir).

> articular e apresentar uma ideia


1h30
Súmula da Reunião

UNIDADE 03 | 51
SESSÃO

06

ACTIVIDADE
FAZ SANDUÍCHES
11 INOVADORAS

Para celebrar o final da unidade 3 o grupo pode fazer um lanche com sanduíches inovadoras:
a partir de ingredientes iguais (pão de forma, tomate, alface, pasta de atum, queijo) em grupos
de 2 elementos (um pode tratar das ideias e outro da execução – usando luvas descartáveis
por causa da ASAE!!; não são necessariamente elementos do mesmo grupo de projecto de-
finidos na sessão anterior). Os participantes fazem uma sanduíche o mais original possível
com atenção aos ingredientes, ao aspecto, ao nome, à finalidade (pode ser comida de pé ou
precisa de faca e garfo?). Pode haver votação para a sanduíche mais apetecível e a sanduíche
menos apetecível (se estiverem ultrapassadas as susceptibilidades)

ACTIVIDADE
EXPÕE A TUA IDEIA AOS OUTROS
12
U3 (4)
(enquanto comes as sanduíches)

Cada sub-grupo deve apresentar aos restantes elementos o seu projecto/ideia.


Para isso sugere-se um formato próprio:

1. Começa por dizer quem são as pessoas que têm o problema


(p.ex. pessoas da comunidade que chegam cansados a casa, já tarde);

2. Qual o problema
(e que não têm tempo nem dinheiro para irem a um ginásio noutro lado, mas
querem fazer exercício, porque estão com peso a mais);

3. Qual a solução
(o grupo propõe-se explorar um ginásio que oferece isto e aquilo, fica aqui ao
lado e só custa x por mês)

A vantagem de seguir esta estrutura é que ajuda a clarificar o problema e te


vai ajudar a listar o que ainda não sabes e precisas de saber para perceber
se a ideia é de facto boa. O formador pode dar algum tempo e uma ficha com
os 3 pontos acima, para que possam alinhar as ideias e tomar notas. Cada
elemento do grupo deve copiar para o seu manual (ou colar) a ficha.

52 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE
BRAINSTORMING:
13 COMO É QUE PODES FAZER MELHOR?

Acabar com uma ficha de diferenciação: Quais são as soluções que estas pessoas têm?
O que é que os outros oferecem a quem tem este problema? Em que é que a nossa
solução vai ser melhor?

Faz uma ficha ou um desenho para explicar as diferenças. Acrescenta à listagem da


actividade anterior um ponto

4. Em que é que a nossa solução é diferente e melhor?

Nesta reunião de grupo devem ficar definidas e começar a ser praticadas funções em cada
grupo, de acordo com as competências pessoais: pelo menos um tem de ser responsável
por registar e distribuir aos outros as observações e as tarefas; outro tem de lembrar as
tarefas e manter os contactos; outro pode fazer pesquisas…

ACTIVIDADE
ENTREVISTA PESSOAS INFLUENTES
DICA para desenvolver durante a semana U3 (pág. 6)

Retoma também a lista de pessoas influentes na comunidade (sessão 1) e junta-lhe as 3 pessoas com mais
experiência em trabalhar a atender outras pessoas. Vê de entre essas pessoas a quem podes perguntar
coisas sobre a tua ideia.

Repara que as pessoas desta lista te podem responder a muitas questões sobre muitas outras ideias; e
podem-te indicar nomes de outras pessoas que te podem responder a mais questões. Lembra-te disso: uma
rede de conhecimento de pessoas que te possam responder a questões (ou que saibam quem pode) tem um
valor enorme; muitas oportunidades perdem-se por falta de informação; essas pessoas podem lembrar-se
de ti para um trabalho, podem-te indicar o teu nome a alguém que precise de ti.
Marca um encontro com elas, explica-lhes que estás a fazer este trabalho no Escolhas e pergunta-lhes a
opinião sobre a ideia que o teu grupo teve.

Não precisas de contar tudo se tens medo que copiem a ideia!

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


Making it better (Marketing Mgt-Product_Service Creation-Making it Better-ENMvIII.1)
Ent Processes-Actualization-Gazing into the Future-ENMvII. Ent%20Processes-Concept%20Development-It’s%20All%20About%20
Dreams-ENMvIII.2

UNIDADE 03 | 53
NOTAS
&
IDEIAS

54 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


unidade

04

FAZ
O TESTE
À TUA IDEIA!
SESSÃO 7
Experiência de mãos à obra

SESSÃO 8
É esta a ideia que vai revolucionar a comunidade?!

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

55
SESSÃO

07 EXPERIÊNCIA DE MÃOS À OBRA

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Identificar processos-chave da concretização de uma ideia


> Ganhar experiência prática por observação e realização

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

De boas ideias está o mundo cheio!


Só se sabe se são boas ou más ideias aquelas que se procura pôr na prática… Algumas ideias nem são realizáveis!
Vamos ver se a tua/vossa ideia pode ser posta na prática ou não…Para isso precisamos de analisar qual a activi-
dade central no projecto:

EXEMPLO 1:
Um grupo teve a ideia de enviar roupas e livros para uma população carenciada numa região pobre.

Aparentemente, o problema maior do projecto é recolher os livros e as roupas e conseguir um transporte para essa
região. Mas o problema mais difícil é o que acontece depois: Para que o projecto tenha os resultados que se pretendia,
é preciso que os livros sejam distribuídos a quem os queira ler, as roupas a quem elas possam servir. Quem é que
conhece as pessoas lá, quem é que consegue saber que tipos de livros e que tamanhos de roupas enviar?

EXEMPLO 2:
Um grupo teve a ideia de abrir um ginásio na comunidade, para os moradores poderem comodamente desfrutar de um
serviço que só existia fora da zona e demasiado caro.

Aparentemente, o problema maior do projecto é conseguir um espaço com a área adequada e arranjar forma de pagar
o preço dos equipamentos. Mas só aparentemente! Parece o mais difícil porque é aquilo que requer… dinheiro. Mas na
realidade esse não é um problema, porque se resolve facilmente se houver dinheiro. O problema é o que vem depois, e
que o dinheiro não pode resolver: os clientes. Se os utilizadores não vierem, foi dinheiro deitado fora, tempo e energia
gastos a fazer uma coisa que não serviu!
A questão mais sensível é portanto como é que se arranjam e mantêm os clientes, como é que a equipa do ginásio
se relaciona com os seus clientes: é saber que tipo de equipamento eles querem utilizar, em que horários, em que
condições, com que tipo de contratualização (mensal? com pacotes de senhas? …)

Isto levanta muitas questões. Por exemplo:


> Onde deve ficar localizado o ginásio?
> Que máquinas deve ter?
> Que outros serviços deve proporcionar?
> O que é que se fornece mais às pessoas? Balneários? Toalhas? Vestiários?
> Em que horários deve funcionar? Se tiver que ficar aberto à noite, quem é que fica lá a atender os clientes?
> Quais os preços que as pessoas estão dispostas a pagar? Adiantado ou no final do mês? Leva-se dinheiro por cada
coisa a mais?

56 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


> Utiliza-se senhas ou cartão de sócio? Como é que se regista o cartão de sócio? Como é que se tratam as pessoas que
perderam o cartão e insistem que tu sabes muito bem que são sócios e têm a mensalidade em dia?
> E os fornecedores? Quem faz a manutenção das máquinas? Quem limpa, quantas vezes ao dia?

COMO OBTER AS RESPOSTAS A ESTAS PERGUNTAS?

1. Perguntar aos futuros utilizadores o que é que eles gostariam de ter!


Bem, se o problema é saber o que as pessoas querem, o remédio é ir perguntar-lhes pessoalmente. Onde, como e
quando querem o ginásio. Mas é preciso fazer perguntas bem pensadas e ouvir tudo - e não apenas o que queremos
ouvir (falaremos sobre isso para a próxima sessão).

2. Observar o que outros fazem (para fazer ainda melhor)!


Ajudava muito que tivesses trabalhado noutro ginásio, para saberes o tipo de problemas que surgem. Dizem os espe-
cialistas que os empreendedores que tiveram já experiência pessoal na mesma actividade têm maior probabilidade de
sucesso.

A melhor maneira é ver como outras lojas com serviços semelhantes tratam os clientes. Se não conheces um ginásio,
talvez haja outra loja da zona onde as mesmas pessoas vão e onde há o mesmo tipo de problemas…mesmo num restau-
rante ou uma mercearia, podes observar os problemas que as pessoas põem…
O ideal era que o dono desse restaurante ou mercearia te desse licença para estares lá durante uma manhã a aprender
como ele trata os clientes. E também podias ajudar em alguma coisa, só para o dono não se importar de estares lá….
Se num grupo um de vós ganhar uma manhã de experiência no restaurante, outro na lavandaria, outro na mercearia,
podem crer que nessa mesma manhã juntaram um monte de informação nova sobre o que as pessoas querem quando
lá vão, que tipo se situações surgem, como é que são bem resolvidas e como é que são mal resolvidas…

CONCLUINDO…

IDEIA!
É uma boa ou má ideia?

PERGUNTA!
(aos futuros utilizadores o que é que eles precisam)

OUVE!
(tudo)

OBSERVA…
(o que os outros fazem)

…PARA VER SE CONSEGUES


PÔR A IDEIA EM PRÁTICA E FAZER MELHOR!

UNIDADE 04 | 57
SESSÃO

07
COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> Pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso, analogia)


> Relacionamento interpessoal

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 7

0h00 – 0h15 1h00 – 1h15


Feedback e integração da entrevista a pessoas Actividade: Brainstorming sobre actividades
influentes sobre as ideias geradas semelhantes – 2ª parte

0h15 – 0h45 1h15 – 1h30


Actividade: revisão da actividade DICA Estabelece e Alcança
Brainstorming sobre actividades semelhantes Objectivos Pessoais (se houver tempo)

0h45 – 1h00 1h30


Dinâmica do Emaranhado Súmula da Reunião

ACTIVIDADE
FEEDBACK E INTEGRAÇÃO
14 DA ENTREVISTA A PESSOAS INFLUENTES
SOBRE AS IDEIAS GERADAS

Podem ser dadas algumas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback.
Por exemplo:

> Como te sentiste enquanto entrevistador?


> O que te surpreendeu mais?
> Alguma coisa te desiludiu?
> Ficaste convencido com as razões que te deram para achar boa ou má a ideia?
> O que te arrependes de não ter perguntado?

58 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE
BRAINSTORMING
15 SOBRE ACTIVIDADES SEMELHANTES U4 (3)

Os formandos serão orientados a….

> Pensar na sua ideia

> Tentar perceber o que é realmente o maior problema da ideia do grupo, conforme os
exemplos acima: quem é que conhece as populações carenciadas (exemplo 1) ou o que é
que os clientes de um ginásio procuram realmente (exemplo 2)

> Escrever quais são, por ordem de dificuldade, os problemas maiores para pôr em
prática a ideia do grupo

> Descobrir situações (preferencialmente da sua zona) em que haja problemas semelhantes:
seguindo ainda os exemplos acima, poderiam perguntar-se quem é que conhece as pessoas
carenciadas na sua zona (exemplo 1) ou onde é que há uma loja que tenha clientes como os
de um ginásio (exemplo 2)

> Identificar as instituições/estabelecimentos onde existem problemas/experiências


semelhantes
o formador pode ter já feito uma listagem de instituições/estabelecimentos na zona em que
considere ser possível fazer a experiência de observação do trabalho

> Avaliar se podem ir lá falar com as pessoas que lidam com esse tipo de problemas e
observar como é que fazem

A partir das actividades listadas, os formandos deverão:

> Identificar a pessoa a quem se devem dirigir na instituição que querem observar
(se não conhecem ninguém pedem ajuda ao técnico e tentam identificar alguém que
conheça lá alguém)

> Escolhem entre si quem vai pedir autorização para ficar uma manhã/tarde nesse sítio
(se preciso o técnico vai também explicar o objectivo do trabalho)

> Listar quais os aspectos a observar

> Escrever quais as questões a perguntar ao dono ou encarregado dessa actividade, se


no período de observação houver pouco movimento

> Preparar uma ficha para registar as observações; quem regista?


Combinar uma reunião com o técnico para partilhar observações

UNIDADE 04 | 59
SESSÃO

07
DINÂMICA EMARANHADO

> Faz-se um círculo de mãos dadas com todos os participantes. NOTAS:


No final, pode ser que alguém fique de
> O formador pede que cada formando memorize a pessoa a quem costas (o que não tem problema).
deu a mão direita e a mão esquerda.
Esta dinâmica procura desenvolver a
> Em seguida pede que todos larguem as mãos e caminhem aleato- capacidade de improviso, dinamismo,
riamente, passando uns pelos outros olhando nos olhos (para que se paciência e liderança dos integrantes
do grupo.
despreocupem com a posição original em que se encontravam).

> Ao sinal, o formador pede que todos se juntem no centro do cír-


culo, “bem apertadinhos”, e que se mantenham nesta posição como
estátuas.

> Em seguida, pede que dêem as mãos às respectivas pessoas que


estavam de mãos dadas anteriormente (sem sair do lugar).

> Posteriormente, o formador pede para que todos, juntos, tentem


abrir a roda. Podem pular, passar por baixo, girar…

> O efeito é que todos, juntos, vão tentar fazer o melhor para que esta
roda fique totalmente aberta.

ACTIVIDADE

DICA EXPERIÊNCIA DE MÃOS À OBRA

Em inglês chama-se a isto job shadowing, literalmente fazer sombra do trabalho: ou seja, acompanhas
como uma sombra o que faz a pessoa que estás a observar… procuras entender com que situações é que
se depara, porque é que ela faz as coisas… tomas nota como faz… o que diz…

Lembra-te: ninguém gosta de se sentir observado. Tens de explicar que não estás ali para julgar ou enganar
aquela pessoa (muito menos para lhe tirar alguma coisa!). Estás ali apenas para aprender com ela. Pede-lhe
explicações se e quando ela tiver paciência para tas dar; e se puderes ser prestável, ajuda.

Não tenhas medo de ajudar e meter mãos à obra: não há nada como boa vontade da tua parte para gerar
boa vontade da pessoa com quem estás a aprender. Não há nada como fazeres uma tarefa para perceberes
se é difícil ou fácil, se demora muito ou pouco tempo, se a consegues fazer ou até melhorar! Se não houver
riscos pessoais ou de danificar alguma coisa, pede autorização para executares uma tarefa de cada tipo,
sob supervisão de quem as executa normalmente. Pede que te corrijam se não tiveres feito bem. É a melhor
maneira de aprenderes!

60 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SESSÃO

08 É ESTA A IDEIA QUE VAI


REVOLUCIONAR A COMUNIDADE?!

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Rever o valor da ideia em função da experiência de observação


> Avaliar a exequibilidade e capacidade de execução
> Estimular a capacidade de análise do risco

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Agora tens uma ideia, propões-te fazer a diferença num aspecto que achas importante, e já sabes o que precisas
para a pôr em prática!
Então chegou a altura de ires perguntar às pessoas se de facto o que pretendes oferecer tem valor para elas!
Não custa nada, e podes crer que é a informação mais valiosa para um empreendedor.

Mas é muito importante que prepares esse momento!

1. Lembra-te:
queres uma informação que te ajude a validar a ideia; não basta uma opinião qualquer!
O que pretendes não é que te digam se gostam da tua ideia ou não, mas sim se a vão utilizar e quantas vezes.
Por isso, tens de colocar as questões a pessoas que estejam em situação de poder utilizar o que propões, que
possam realmente beneficiar do que tu propões.
Tens de perguntar também a quem vai tomar a decisão de usar ou não o que tu propões (exemplo: se fores
propor uma actividade para crianças pequenas, tens de perguntar também as opiniões dos pais).
Começa por fazer uma lista das pessoas que poderiam estar interessadas em utilizar o que propões. Pensa em
nomes… depois pensa porque razão é que essas pessoas poderiam utilizar o que propões… e hás-de lembrar-te
de muitas mais pessoas na mesma situação!
Conclusão: Se um grupo tiver 3 elementos e cada elemento do grupo interrogar durante a semana 10 pessoas
diferentes, ao fim da semana têm 30 respostas, o que é muito bom!

2. Escolhe um bom momento! Aproveita o momento!


Se queres que as pessoas te dêem 2 ou 3 minutos do seu tempo para responder a questões que para ti são muito
importantes, tens de:

> Ser bem-educado

> Aproveitar uma ocasião em que estejam disponíveis (e não quando vão a correr para apanhar o autocarro).

UNIDADE 04 | 61
SESSÃO

08
E não lhes tomar muito tempo!

> Explicar para que é que queres fazer aquelas perguntas


(podes explicar que estás a fazer um projecto no Escolhas)

> Ser persistente! Como em tudo no empreendedorismo, é preciso persistência. Pode ser que te digam que naquela
altura não têm tempo. Explica que é muito importante saber a opinião delas e pergunta se podes vir noutra altura.

3. Tens de levar as questões preparadas!

Quando estiveres com um potencial cliente (utilizador):

a. Numa frase ou duas explica do que trata a ideia.


ATENÇÃO:
Não vais falar com eles para “vender” a tua ideia. Se fores demasiado persuasivo, insistente, as pessoas podem dizer
que sim só para se verem livres de ti, ou porque lhes estás a prometer demasiado.
O que tu queres é uma informação real da utilidade que os teus potenciais clientes vêem na tua ideia: tens de a apresentar
claramente, dizer o que faz e o que não faz, e tentar perceber em que condições é que as pessoas utilizariam a tua ideia.

b. A seguir, coloca 3 ou 4 questões que te permitam chegar ao que te importa mesmo saber.
Escreve as questões de modo a que as pessoas possam responder quase só com sim ou não, ou com um número
(por exemplo: quantas vezes por semana é que iria ao ginásio, a que horas, fazer que tipo de exercícios).

c. Aponta as respostas, sempre.


No final do dia já não te vais lembrar do que as pessoas disseram; já só terás uma impressão. Por isso, escreve
mesmo tudo. E se não perceberes bem a resposta, pergunta o que é que as pessoas querem dizer.
A melhor maneira é levar a folha das questões preparada com quadradinhos diante de cada pergunta, para apon-
tares ali os sim, os não, os números ou ainda alguma resposta mais complexa mas que te pareceu importante.

EXEMPLO…

QUANTAS VEZES POR SEMANA OUTRA


NUNCA 1 2 3
É QUE IRIA AO NOSSO GINÁSIO? RESPOSTA

Se as pessoas te responderem com interesse, tenta saber mais, por exemplo:


> O que é que elas fazem actualmente para satisfazer as mesmas necessidades?
> O que é que não as satisfaz (não é só o dinheiro que custa; o tempo e o incómodo também!)?
> A que diferença é que elas dariam mais valor?

NOTA:
Procura registar se as pessoas perceberam o que é que lhes propunhas, se a resposta foi quente, morna ou fria ou se não
conseguiste sequer expor a ideia.
Se depois de 2 ou 3 entrevistas achas que as pessoas não estão a entender a ideia, junta-te com o grupo de novo e pensa se
é necessário explicar a ideia de outro modo.

62 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


4. Agradece e abre caminhos!

No fim agradece e não te esqueças de perguntar duas coisas:

> 1. Se gostariam que lhes desses mais informação se o projecto sempre for para a frente;
> 2. Se conhecem mais alguém que pudesse estar interessado no que propões, e se te dão o contacto para lhes
ires colocar as mesmas questões. Caso não se sintam confortáveis em dar o contacto agradece na mesma.

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> Pensamento sistémico (observação do caso, análise do caso)


> Relacionamento interpessoal

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 8

0h00 – 0h30 1h00 – 1h20


Feedback e integração do Job Shadowing Escreve as questões e prepara a folha!

0h30 – 0h45 1h20 – 1h30


descreve o tipo de pessoas que poderiam ser revisão do Estabelece e Alcança Objectivos
“clientes” da ideia do grupo Pessoais (se houver tempo)
(cada um escreve alguns nomes, em grupo tentam
lembrar-se de mais pessoas) 1h30
Súmula da Reunião
0h45 – 1h00
Actividade de “descontracção”

ACTIVIDADE
FEEDBACK E INTEGRAÇÃO
16 DO JOB SHADOWING

Mais uma vez, devem ser dadas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback.
Por exemplo:

> Conseguiste ser sombra?


> O que te surpreendeu mais?
> O que te desiludiu mais?
> O que foi mais difícil?
> Imaginas-te a realizar aquele tipo de trabalho? Porquê?
> Colaboraste activamente em alguma actividade?
> Como te sentiste a lidar com clientes?
> O que aprendeste?
>…

UNIDADE 04 | 63
SESSÃO

08

ACTIVIDADE

17 DESCONTRACÇÃO

Pede-se a três voluntários que saiam da sala.


Chama-se um voluntário, dá-se-lhe um marcador e pede-se-lhe para que comece a desenhar
qualquer coisa numa cartolina, indicando-lhe uma parte: em baixo, em cima, ao meio.
Quando este acabar tapa-se o desenho com papel de jornal deixando apenas descobertas
algumas linhas.
Entra a segunda pessoa que continua a partir dali o seu desenho, seguindo-se a terceira que
repete o procedimento anterior.
Descobre-se o desenho resultante dos três.
A discussão parte de não ter existido qualquer comunicação para realizar o desenho co-
lectivo, reconhecendo a importância de trabalhar em conjunto tendo um acordo prévio para
alcançar objectivos comuns.
Com esta actividade o jovem irá compreender a importância de comunicar com os elementos
da sua equipa e traçar objectivos comuns a cumprir de forma a garantir a mesma orientação
das acções de todos os elementos.

ACTIVIDADE
ESTABELECE E CULTIVA CONTACTOS
DICA COM POTENCIAIS CLIENTES

Durante a semana, ao fazer as entrevistas conforme o questionário desenvolvido, os formandos devem


lembrar-se que estão a conhecer pessoas que alargam a sua “rede social” de conhecimentos. Para além de
estarem atentos às respostas, devem procurar conhecer outras necessidades das pessoas que entrevistam
(talvez retirem ideias para outros projectos!) e tomar atenção às redes sociais dessas pessoas: uma pode
conhecer alguém que trabalha em determinado sector, outra pode conhecer alguém que estivesse interes-
sado em alguma coisa parecida, outra ainda pode estar interessada em participar num projecto desse tipo e
pode trazer experiência ou alguma competência importante.

Devem ter em atenção os passos ensaiados na actividade da semana anterior: cortesia, explicação clara do
objectivo do contacto, disponibilidade para voltar a falar em altura oportuna, capacidade de ouvir e não de
“impingir” a ideia.

64 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


NOTAS
&
IDEIAS

UNIDADE 04 | 65
NOTAS
&
IDEIAS

66 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


unidade

05

VAMOS LÁ
PASSAR
À PRÁTICA
SESSÃO 9
Faz um mapa de viagem para o teu projecto

SESSÃO 10
Comunica o teu projecto

SESSÃO 11
Equipa, Parcerias & Negociação

SESSÃO 12
Financiamento & coisas legais

SESSÃO 13
Credibilidade

MANUAL PARA OS TÉCNICOS

67
SESSÃO

09 FAZ UM MAPA DE VIAGEM


PARA O TEU PROJECTO

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Desenvolver capacidade de planeamento, de previsão e prevenção de problemas


> Identificação do que são riscos e do que é apenas falta de informação disponível
> Detectar necessidades de informação e de competências complementares.

NOTA AO TÉCNICO:
Pressupõe-se que a unidade 5 só é iniciada se houver algumas ideias exequíveis e grupos com motivação para as executar (mesmo
que mais à frente verifiquem que não é possível). O técnico deverá ter verificado previamente se os grupos fizeram a actividade DICA
de recolha de informação dos potenciais clientes com resultados encorajadores.

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Já se disse que inovar é como descobrir um novo caminho, por exemplo como fazer uma escalada para
atingir o cimo de um monte.

À primeira vista pode-te parecer que, para chegar ao cimo, basta ir a direito (seta a cheio). Mas se amplia-
res um pouco a imagem, começas a perceber que há obstáculos impraticáveis. E, se tiveres experiência
ou tiveres mostrado a imagem a outro que tenha experiência de alpinismo, de certeza que reconhece os
obstáculos e te dá dicas sobre como proceder (percurso tracejado).

68 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Podes pensar: oh, assim é muito complicado, demora muito mais. Claro! Ser empreendedor não é para
qualquer um. Se fosse fácil, qualquer um era. Mas tu já tens muita informação: durante este projecto
escolheste o objectivo e já identificaste e pediste a opinião de gente experiente. Agora vamos preparar
ao detalhe a subida, para que tenha êxito, para teres a certeza que levas tudo o que precisas para chegar
lá a cima.

U5 (3)
> Primeiro faz uma listagem do que precisas para pôr a ideia a funcionar (instalações, equipamento,
pessoas, etc.);

por exemplo, se o teu projecto é oferecer um serviço de tomar conta de cães, poderás até não necessitar de instalações,
mas há com certeza outras necessidades:
> equipamentos (trelas ou açaimes? se chover, como é que fazes?)
> outros serviços complementares (será que as pessoas querem que dês banho aos animais? tens lugar para isso? e
se quiserem que tu leves os cães à vacina? conheces algum veterinário? onde levas os boletins de vacinas, de modo
a que não se estraguem nem se percam?)
>…
> quem é que se vai ocupar disto?

> Noutra folha lista o que é necessário para comunicares a tua ideia/serviço às outras pessoas (vais falar
numa reunião, vais falar porta a porta, vais ter de falar por telefone, vais ter de enfiar um folheto pela
caixa do correio?);

Retomando o exemplo do serviço de tomar conta de animais domésticos, como é que informas as pessoas que
ofereces esse serviço?
> cartões de visita nas caixas de correio? conversa porta a porta? conversa com as pessoas que estão a passear os
cães?
> …
> tudo isso é simples, mas vai-te ocupar tempo; quem é que se vai ocupar disto?

> Noutra folha lista o que vais consumir de cada vez que fazes um serviço/entregas um produto (quanto
é que custa o que tu entregas); (aproveita o desenho do produto/serviço que fizeste na sessão 6, pensa
em embalagem e instruções:

> onde compras os champôs? quanto tens de levar por um banho? quanto custam as vacinas e quanto é que podes
cobrar pelo serviço? e as pessoas pagam adiantado ou quando lhes entregas os boletins carimbados?
> se tiveres de fazer um transporte ou uma chamada, quanto é que isso custa?
>…
> já agora, acrescenta quanto tempo é que leva o serviço e quantas pessoas ocupa…
> és capaz de fazer uma tabela com os custos dos diferentes serviços? quem é que se vai ocupar disto?

Em cada uma das 3 folhas, acrescenta para cada ponto quem te pode fornecer as informações necessá-
rias sobre onde e como arranjar tudo o que precisas (catálogos, internet, lojas, pessoas).

Tenta perceber quanto custa cada uma das coisas que precisas. Os custos são importantes. Quanto é que
custa a tua ideia? Quanto é que alguém tem de pagar para que possas fornecer esse serviço/produto? E
para o melhorar? E para tornares isso a tua profissão e tirares um ordenado?

Tenta perceber quanto tempo é necessário até que esteja tudo disponível e a funcionar (imagina que ti-
nhas começado a escalada e depois tinhas de passar uma noite encavalitado nuns penedos ao frio, porque
te faltava uma corda que só chegava no dia seguinte…)

UNIDADE 05 | 69
SESSÃO

09
COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> criatividade
> relacionamento interpessoal
> controlo do riscos
> articular e apresentar uma ideia

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 9

0h00 – 0h30 0h55 – 1h20


Integração entrevistas aos clientes (em conjunto) Actividade: listagens, pesquisa na internet

0h30 – 0h45 1h20 – 1h30


Dinâmica da ilha deserta Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos
Pessoais (se houver tempo)
0h45 – 0h55
Metáfora da escalada; imagens da montanha e dos 1h30
materiais Súmula da Reunião

ACTIVIDADE
INTEGRAÇÃO
18 DAS ENTREVISTAS AOS CLIENTES

Podem ser dadas algumas pistas para estruturar, sistematizar e sintetizar este feedback.
Por exemplo:

> Como te sentiste enquanto entrevistador?


> O que te surpreendeu mais?
> Alguma coisa te desiludiu?
> O que ficaste a perceber sobre o que os clientes querem/valorizam num produto como o teu?
> O que ficaste a perceber relativamente às principais dificuldades/obstáculos com que o teu
produto se vai confrontar?
> O que te arrependes de não ter perguntado?
>…

70 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


DINÂMICA ILHA DESERTA

O formador distribui uma folha de papel e um lápis a cada participante, e dá a seguinte


instrução:
“Cada um de vocês foi escolhido para um programa de exploração espacial. Como primeiro teste
do programa, deverão ficar numa ILHA DESERTA, e poderão levar APENAS 5 coisas. Enumera-
as por ordem de importância. Tens só 3 minutos para escolheres o que levar.”

Após 3 minutos solicita-se ao grupo que se organize em subgrupos no mínimo 3 pessoas, e


o formador dá a seguinte instrução:
“Agora deverão preparar-se para uma nova viagem. Ficarão 6 meses aproximadamente, numa
outra ilha também deserta. Cada grupo só pode levar 5 coisas. Procurem trabalhar em consenso
para escolher essas coisas e enumerem-nas em ordem de importância para o grupo. Terão 5
minutos para isso”.

Após 5 minutos será feito novamente um grupo único e agora TODOS deverão chegar a um
consenso escolhendo os 5 objectos a serem levados, baseando-se ou não nas duas listas
anteriores. O formador dará 5 minutos para a realização dessa etapa.

O formador deve promover a integração desta actividade reflectindo com os jovens:


> A necessidade de fazer escolhas
> A dificuldade em fazer escolhas – porque cada escolha implica abdicar de uma alternativa
> A importância de fazer escolhas que correspondam a um projecto de vida
> A dificuldade em fazer cedências às ideias dos outros e o enriquecimento/melhoria po-
tencial que essas cedências também podem representar para um projecto comum
> As pontes com os projectos de empreendedorismo: a necessidade de fazermos esco-
lhas das ideias a perseguir, a necessidade de abdicar de outras coisas para termos tempo
para estas, dar prioridade a levarmos connosco o que realmente é importante para que
tenhamos êxito, e não aquilo a que estamos habituados…

Um par de sapatos e uma corda podem ser mais importantes na escalada do que uns óculos de
sol e um MP3; estes são agradáveis, mas se não houver lugar/tempo para tudo, como é que
optamos…

UNIDADE 05 | 71
SESSÃO

10 COMUNICA O TEU PROJECTO

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Desenvolver a capacidade de comunicação de uma ideia


> Apresentar propostas com entusiasmo e persuasão
> Valorizar as redes sociais

NOTA PRÉVIA:
Nesta sessão, depois de preparada e comentada a comunicação do projecto (elevator pitch), o formador anuncia que os
grupos farão essa apresentação às pessoas influentes da comunidade (instituições, Junta de Freguesia, etc.). Deve ser
entendido como uma oportunidade única.
Para o efeito o formador deverá ter previamente procurado verificar essa disponibilidade e agendar as apresentações.

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Os grupos tiveram uma ideia, validaram junto de po- Outra razão importante é o potencial das “redes so-
tenciais utilizadores que a ideia era útil e planearam o ciais”, a rede de conhecimentos das pessoas. Muitas
que era necessário fazer para pôr a ideia em prática. vezes basta que possas dizer que vais da parte de uma
Provavelmente não disporão de tudo o que é necessá- pessoa conhecida para que atendam com muito mais
rio para isso: faltam-lhes materiais, dinheiro, compe- disponibilidade e boa vontade. Durante este projecto
tências e, sobretudo, informação. fizeste já entrevistas a pessoas que têm experiências
diversas. Ganhaste tu próprio uma rede de contactos,
Com isso estão exactamente na mesma situação que pessoas que tu conheces e que já te conhecem. Mesmo
qualquer outro empreendedor. Têm de começar a pen- que elas não te possam fornecer as informações todas
sar em quem é que pode ajudá-los a obter o que lhes que precisas para este projecto, é natural que conhe-
falta, em quê que os pode ajudar e porque razão é que çam outras pessoas que tenham essas informações.
os há-de ajudar.
Como funciona a rede social?
Há várias razões porque alguém pode querer ajudar. A Tu pedes a essas pessoas que te indiquem outras que
primeira é que as pessoas, de um modo geral, gostam eles pensam que sabe alguma coisa acerca do assunto
de ajudar, desde que não estejam sob pressão para fa- que te interessa; perguntas sempre se podes dizer que
zer outra coisa. A maior parte das pessoas gostaria vais da parte delas. E as pessoas indicam-te sempre
de ajudar jovens empreendedores, que se apresen- nomes, desde que saibam que és de confiança.
tem bem-educados e que querem por de pé um projec-
to construtivo, algo de útil. A maior parte das pessoas Também na instituição que promove o projecto te po-
gosta de partilhar a sua experiência e sente-se com- dem indicar alguém na Junta de Freguesia, nas Finan-
pensada com um ouvinte interessado e um “obrigado”. ças, numa Associação, na ASAE ou ACT (Autoridade

72 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


para as Condições de Trabalho). Quando chegares junto DUAS NOTAS:
desses e disseres o nome de quem te enviou lá, mes- Se a única coisa que não podes pedir é dinheiro, onde é que vais
arranjá-lo? Veremos isso noutra sessão, porque há sítios adequados
mo que seja apenas um conhecimento de ocasião e não
para isso. Também aí vais ter de contar a tua ideia de forma clara,
uma grande amizade, as pessoas ficam mais disponíveis para as pessoas compreenderem que faz sentido e que merece ser
para te ouvir. Podes e deves referenciar o Escolhas. apoiada.
Mais uma vez, não interessam palpites nem “conversa fiada”, mas
As pessoas só não te atendem se lhes fizeres pen- informações válidas e que te façam progredir no teu projecto. O
sar que as estás a fazer perder tempo ou a enganar. grupo tem de pensar primeiro em quem pode dar informações.
Seguidamente tem de pensar que informações quer obter e não
Tu próprio terás experiência disso, quando te abordam
esperar que as pessoas façam o projecto pelo grupo. É em função
com histórias muito complicadas, que não levam a lado disso que prepara a comunicação do projecto, de modo a dizer cla-
nenhum. Portanto, a tua história tem de ser facilmente ramente o que pretende e porque razão é que essa pessoa o há-de
compreensível e as pessoas têm de compreender que a ajudar. Depois tem de arranjar uma ocasião adequada, ter preparado
ajuda que estás a pedir não passa por “uma moedinha”. a entrevista e aproveitar a ocasião.

O teu objectivo é pois saber contar a história do teu


projecto com os detalhes necessários, com verdade e
com entusiasmo.

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> criatividade
> relacionamento interpessoal
> assertividade
> articulação e apresentação de uma ideia

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 10

0h00 – 0h30 1h15 – 1h20


Introdução da importância da comunicação Marcação da apresentação dos projectos às forças
do projecto (enquadramento) e preparação locais
do elevator pitch
1h15 – 1h30
0h30 – 0h45 Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos
Apresentação: filmagem no computador; todos os Pessoais (se houver tempo)
elementos do grupo devem fazer esta experiência
1h30
0h45 – 1h15 Súmula da Reunião
Visualização no computador e feedback a cada
elevator pitch

UNIDADE 05 | 73
SESSÃO

10

ACTIVIDADE
PREPARAR
19 O ELEVATOR PITCH U5 (9)

O elevator pitch é a comunicação eficaz de um projecto num tempo muito curto.


Parte de princípio que os ouvintes, sendo influentes mas atarefados, têm frequentemente pouca
disponibilidade, porque são abordados muitas vezes para coisas que não lhes interessam ou que
não está ao seu alcance resolver. Procura captar a atenção desse ouvinte para que o consigas
fazer interessar-se o suficiente para querer saber os detalhes do projecto ou referenciar alguém
que possa dar as respostas pretendidas. Frequentemente o elevator pitch é a primeira aborda-
gem a um potencial financiador.

O elevator pitch é:
> curto (dois a três minutos no máximo)

> apresentado por uma só pessoa

> começa por rapidamente identificar a pessoa, o objectivo e área de que trata o projecto
(ex: sou fulano, estou/estamos a trabalhar num projecto de um ginásio comunitário e gostaria de
pedir o seu parecer sobre a melhor maneira de financiar este projecto; ou: sou fulano, estou/estamos
a trabalhar num projecto de prestação de cuidados de animais domésticos e gostava de saber se está
interessado numa colaboração para vacinação e outros cuidados veterinários aos cães dos nossos
clientes…)

> o que o projecto pretende fazer (porque razão é que é bom? resolve que grande problema? Aqui
é que tem de levar o interlocutor a pensar que vale a pena ouvir este: “ah, isto foi bem pensado, de
facto esse problema existe e a solução que eles dão faz sentido”; “é capaz de ter pernas para andar,
esta gente é dinâmica”…); para esta apresentação recorre-se de novo aos 4 pontos já ensaiados
na sessão 6:

> Quem são as pessoas que têm o problema


> Qual o problema
> Qual a solução
> Em que é que a nossa solução é diferente e melhor?

Propõe-se que todos treinem o elevator pitch, para aprendizagem e entreajuda. Quando estiver
pronto, e for apresentado às pessoas que de facto podem/devem ajudar o projecto, só um (pre-
viamente designado) é que fala.

74 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Que é que eles querem de mim, afinal?

Ah, sabem que tenho experiência nesta área e Mas que é que tenho a ver com isto?
querem que eu os ajude a falar com…

O problema é sério?

Interessa a muita gente Só interessa a poucos

O problema é para durar?

Precisa mesmo de ser resolvido É pontual

O problema dói mesmo a quem o tem?

Está toda a gente ansiosa por uma solução As pessoas passam bem se continuar
tudo na mesma

E a solução, é séria?

Resolve tudo Não resolve o essencial

E a solução, é única?

De facto, é uma ideia engraçada, é diferente Ora, já há imensa gente a fazer isto

E este grupo, é capaz de a por a funcionar?

Viram bem a coisa, têm informação interessante, Fizeram isto só para se entreter, não trazem
estão entusiasmados e são dinâmicos nada de novo, não sabem o que fazer

Se no final a balança pesar a nosso favor, é natural que o interlocutor esteja disposto a saber mais e a fazer mais.

ACTIVIDADE
FEEDBACK
20 AO ELEVATOR PITCH

O formador deve comentar aspectos positivos e negativos da prestação de cada um dos jovens
relativamente a:
> Eficácia na transmissão da sua mensagem (o projecto ficou claro para alguém que nunca tivesse
ouvido falar dele? foi claro o que se pretendia do interlocutor? disse o essencial do projecto?)
> Adequação da linguagem verbal utilizada
> Adequação da linguagem não-verbal utilizada (tom de voz, postura)
> Impacto imaginado no receptor da mensagem (entusiasmo pelo ideia, adesão ao que lhe foi pedido)

O feedback do formador deve ser antecedido pela apreciação crítica do próprio jovem em questão
(aprofundando a capacidade de auto-consciência e auto-avaliação) e pode ainda ser complementado
pelos comentários dos restantes elementos do grupo (no sentido do envolvimento activo de todos os
jovens na hetero-avaliação e desenvolvimento dos elementos do grupo).

UNIDADE 05 | 75
SESSÃO

11
EQUIPA, PARCERIAS
& NEGOCIAÇÃO

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Identificar competências, distribuição de funções


> Negociar o alinhamento de objectivos
> Desenvolver propostas de parcerias
> Desenvolver estratégias de partilha e ganhos mútuos

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

É frequente ouvir dizer que um aspecto fundamental Mas se esta competência é essencial ao teu projecto
num projecto é a qualidade da equipa que o vai pôr em e é importante reforçá-la com alguém que saiba mais,
prática. Nas sessões iniciais já se falou do contributo o grupo tem duas hipóteses: ou convida essa pessoa
de cada um para a equipa. É importante que cada um para fazer parte do grupo (para ser “sócio” do projecto)
assuma, cada vez mais, as funções necessárias para ou procura fazer uma parceria com essa pessoa.
por o projecto em prática e verificar se a equipa tem as Uma parceria é um acordo prévio, relativo a uma cola-
competências todas ou precisa de mais alguma. boração, e que te permite melhorar o produto/serviço
que ofereces aos teus clientes.
Competências Por exemplo, no projecto de serviços de cuidados a
1. É muito frequente que a equipa não tenha as com-
animais domésticos foi referido um veterinário, como
petências todas. Algumas dessas competências são
uma hipótese de acrescentar valor e diferenciação. Neste
comuns a qualquer projecto e podes subcontratá-las.
caso poderás recorrer simplesmente a um qualquer, mas
Por exemplo, é provável que no grupo ninguém saiba arriscas-te a que naquele dia não possa atender e pagas
nada de contabilidade. Como isso é uma função que é os preços de tabela. Se for importante para a novidade e
comum a todas as instituições ou empresas, pode ser diferenciação que propões garantir que o veterinário te
assegurada por um gabinete de contabilidade, ao qual se atende sempre e que tenhas bons preços, podes tentar
terá de pagar o serviço. fazer uma parceria com um veterinário que te garanta
essas condições.
Todas as competências que não são diferenciadoras
(que não contribuem para aquilo de novo e único que o
2. Ao verificares as competências que o projecto tem
projecto oferece) podem e devem ser subcontratadas.
de ter e comparares com aquelas que o grupo assegu-
Pensa antes nas funções chave do teu projecto, aque-
ra, podes chegar à conclusão que no grupo há duplica-
las que são essenciais ao projecto. Quais das funções
ção de competências; ou seja, faltam algumas e há a
é que o grupo pode assegurar e quais é que não pode?
mais de outras (dois ou mais elementos só iriam fazer
Por exemplo, se queres abrir uma oficina de reparação a mesma). Nestes casos o grupo tem de pensar muito
de electrodomésticos, é essencial que alguém saiba se um bem se vai haver trabalho para todos (por exemplo tra-
aparelho tem conserto ou não. (Provavelmente também balhando por turnos, ou um numa cidade/zona e outro
não tinhas tido essa ideia se já não tivesses conhecimentos noutra) ou se o que vai acontecer é que uns vão acabar
de reparações, ou não conhecesses alguém que tem.) por fazer nada e os outros tudo, ou ainda se vão desen-

76 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


tender-se porque começam dois a fazer a mesma coisa. Para negociar:
Se o grupo verificar que há pessoas a mais a fazer o
mesmo, deve pensar seriamente em seguir vias separa- > Pensa primeiro nos objectivos da negociação: escreve o que
das. Nada impede que um grupo de amigos se continue é realmente importante para ti.
a encontrar, mas seria um mau serviço, uns aos outros,
> Prepara-te, reunindo toda a informação que possas sobre o
se insistissem em fazer uma coisa que vai gerar desen-
assunto, e deixando que o outro se prepare também.
tendimentos e inviabilizar o projecto.
> Põe-te primeiro na pele do outro e tenta perceber o que é
Negociação importante para ele. Ouve com atenção como é que ele fun-
Sempre que é necessário tomar opções que envolvem ciona e em que é que lhe podes facilitar ou complicar a vida.
outras pessoas é importante saber negociar. > Diz-lhe também claramente o que é que te facilita e complica
Algumas pessoas pensam que a negociação é a arte de a ti a vida.
enganar o outro. Na realidade, a negociação é a arte > Explora outras possibilidades, e ouve as alternativas que a
de acordar uma solução que interesse às duas partes. outra parte ponha (e se fizermos antes assim…)
Chama-se a isso uma solução win-win, ou de ganhos
> Confirma com a outra parte tudo o que vais entendendo.
mútuos. Quando as duas partes têm a ganhar, vão as
duas dar o seu melhor para que o acordo funcione. > Ao longo de todo o processo procura não ter preconceitos
Para isso é necessário compreender os interesses das (sobre o que o outro quer, sobre o que lhe interessa, sobre as
duas partes e discutir francamente, com assertividade e intenções dele) respeitar a outra parte e manter um clima de
imaginação, todas as hipóteses que possam interessar, cordialidade, mesmo quando estão a sublinhar diferenças que
até encontrar a que melhor serve as duas partes. parecem insolúveis. Não se trata de satisfazer o teu ego, mas
de encontrar uma boa solução.
Retomando o exemplo do veterinário:
> Só depois de exploradas as possibilidade é que se procura
Podes explicar o teu projecto e o que é importante para
chegar a um acordo. Podes começar pelo “encontro a meio
ti (um veterinário certificado, preços abaixo da tabela, caminho”, sublinhando bem as vantagens que estás a ofere-
serviço garantido no horário) e o que lhe podes oferecer cer.
em troca (trazes-lhe x animais por mês, que de outro modo
> Não te esqueças de escrever os detalhes (como é que se
não seriam provavelmente clientes dele). Mas deixa que
põe na prática o acordo) e de os mostrar à outra parte, para
ele te diga o que é que ele te pode oferecer (pode ser que te
ver se confirma.
dê mais ideias do que possa interessar aos teus clientes).
Tenta perceber em que é que lhe podes ser útil e ele a ti.

Para diferenciar e explicar a vantagem de uma comunicação assertiva:

AGRESSIVO
O comunicador defende os seus direitos à custa dos direitos dos outros. Usualmente envolve exigências, culpabilização do
outro e punição, através do uso de agressividade verbal, ameaças e até contacto físico.

PASSIVO
O comunicador evita expressar as suas opiniões, vontades e sentimentos, submetendo-se facilmente aos dos outros. Evita
a luta e a discussão mantendo-se afastado.

MANIPULADOR
O comunicador utiliza a linguagem como disfarce, ao serviço dos seus próprios interesses e em detrimento dos interesses
dos outros. Sem se fazer notar leva os outros a fazer o que deseja sem olhar aos direitos dos outros.

ASSERTIVO
O comunicador afirma honestamente as suas opiniões, vontades e sentimentos e simultaneamente respeita e promove as
opiniões, vontades e sentimentos dos interlocutores
O comunicador é assertivo quando não tem medo de falar sobre o que pensa e o que sente, mas comunica de maneira a
respeitar as fronteiras do outro. Aceita que as necessidades dos outros são tão importantes como as nossas, mas expressa
os seus direitos e necessidades e tende a enfrentar os os problemas directamente e a focar-se nas soluções.

UNIDADE 05 | 77
SESSÃO

11
COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> capacidade de análise e planeamento


> capacidade de negociação para ganhos mútuos

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 11

0h00 – 0h40 1h00 – 1h15


Enquadramento das Competências e Actividade Dinâmica Negociação com o cliente
puzzle das competências
1h15 – 1h30
0h40 – 1h00 Revisão do Estabelece e Alcança Objectivos
Enquadramento dos tipos de postura (manipulador, Pessoais (desenvolve um perfil no linkedIn ou outra
passivo, agressivo, assertivo) e Dinâmica de rede social e atreve-te a por no ar o teu perfil)
Aplicação da Técnica dos 5 Eu’s
1h30
Súmula da Reunião

ACTIVIDADE
PUZZLE
21 DAS COMPETÊNCIAS U5 (11)

Numa folha de papel escreve todas as funções necessárias ao projecto e os nomes de quem as vai
desempenhar.
Por exemplo:

PESSOAS
FUNÇÕES
A B C

Clientes (comunicar com novos clientes,


certificar qual o serviço pretendido, verificar
se ficaram satisfeitos, etc…)

Serviços (como é que se procede, quem é


que executa)

Fornecedores (identificar os mais adequados,


fazer compras, verificar stocks…)

Inovação (o que é que podemos trazer de


novo que resolva problemas às pessoas…)

Dinheiro (quanto é que custa cada


coisa, quanto é que gasta cada função,
quem é que paga…)

78 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Depois de observares a grelha que preencheste, PENSA:
> Todas as funções importantes estão cobertas por alguém que as sabe desempenhar muito bem? (afinal
queremos ser melhor do que os outros!)
> Se falta alguma, quem é que a pode desempenhar? Como é que asseguramos que essa pessoa a de-
sempenha tão bem como gostaríamos? (o que é que lhe damos em troca?)
> E entre nós (do grupo) as funções estão distribuídas de modo equilibrado, de modo que todos têm de
fazer? Ou alguns ficam com pouco ou nada que fazer?
> Vamo-nos entender?
> Precisamos de mais alguém que nos ajude a complementar a equipa?
> Precisamos de mais alguém que saiba o que nós não sabemos?

ACTIVIDADE

22
9
TÉCNICA DOS 5 EU’S U5 (13)

Esta técnica propõe 5 passos que têm como objectivo tornar a comunicação mais clara e assertiva.

1. Eu Vejo
Descrevo a situação, sem dar opiniões, da maneira mais objectiva e neutra possível. Refiro o que os
meus sentidos vêem, ouvem, ...
Ex.: “Vejo que chegaste 30 min. atrasada ao nosso almoço e que não telefonaste a avisar.”

2. Eu Penso/Suponho que/Imagino que/Creio que


Apresento a minha interpretação da situação. Para que o outro tome a afirmação como opinião e não
como verdade absoluta e definitiva, devo utilizar o “Eu”. Posso também transformar o “Eu penso” em
pergunta.
Ex.: “Imagino que tenha acontecido algum imprevisto para teres chegado só agora.” Ou “Aconteceu alguma
coisa?”

3. Eu Sinto
Exprimo o que realmente estou a sentir; de forma verdadeira comunico os sentimentos que a situação
desperta em mim. Mais uma vez centro a mensagem em mim e não no interlocutor.
Ex.: “Porque o facto de não teres avisado do atraso feito faz-me sentir um bocadinho “esquecido” e durante
esta meia hora de espera podia ter concluído uma tarefa que deixei pendente no trabalho, e isso faz-me
sentir um pouco irritado.”

9 Adaptado a partir de: Azevedo, L. (1996). Comunicar com Assertividade. Lisboa: IEFP

UNIDADE 05 | 79
SESSÃO

11
4. Eu Quero/Gostaria
Quem fala quer sempre algo, no mínimo mostrar satisfação ou desagrado por algo que o afecta. Digo
o que pretendo mudar, como gostaria que a situação se resolvesse…
Ex.: “Da próxima vez gostava que me avisasses, logo que possível, que te vais atrasar porque assim
consigo gerir melhor os meus compromissos.”

5 - Eu Pretendo
Exprimo a finalidade dos actos e dos sentimentos, o objectivo último da conversa.
Ex.: “Digo-te isto porque o que eu pretendo é que continuemos a conseguir marcar estes nossos almoços
que são muito bons e que continuemos a ser bons amigos.”

Agora aplica a Técnica dos 5 EU’s!


Imagina que já emprestaste dinheiro três vezes a um amigo e ele ainda não to devolveu.
Hoje, ele voltou a pedir-te e diz que precisa desse dinheiro para ir ao cinema. Tu não queres emprestar
porque sabes que tão cedo não terás esse dinheiro.

EU VEJO…
EU PENSO/SUPONHO QUE/IMAGINO QUE/CREIO QUE…
EU SINTO…
EU QUERO/GOSTARIA…
EU PRETENDO…

DINÂMICA NEGOCIAÇÃO COM O CLIENTE

Um formando faz de cliente num café, outro faz de empregado. O cliente pediu uma coisa e o empregado
trouxe-lhe outra. O cliente chama a atenção. Como é que se desenvolve a situação se adoptarem estilos
agressivos, passivos, manipuladores ou assertivos?
Conforme o tempo disponível o formador sugerir a formandos diferentes, conforme o seu tempera-
mento, que assumam os três primeiros estilos enquanto clientes (ou enquanto empregados) mantendo
o outro papel um estilo assertivo; pode fazer de comentador para os restantes.
Finalmente repete a cena com negociadores assertivos nos dois papéis e deixa-os negociar uma saída
win-win para os dois. Para que não se caia facilmente numa análise simplista, o formador pode intro-
duzir que a razão não está só de um lado (ex: o cliente tinha pedido uma cerveja de uma marca, que o
empregado trouxe outra mas que o cliente só reclamou depois de ter bebido a cerveja).

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


Um exemplo conhecido de negociação win-win imaginativa é o de Richard Branson para a primeira loja Virgin (ver em http://johnshepler.
com/articles/branson.html). Nos anos 70 Branson tinha descoberto que vender discos (vinil) com desconto era um bom negócio e queria
abrir a primeira loja em Londres. Não tinha dinheiro para pagar rendas. Encontrou um espaço livre por cima de uma loja de sapatos numa
rua central. Branson convenceu o dono da loja a deixá-lo ocupar o espaço de cima sem pagar renda, argumentando que a sua loja de
discos iria trazer à loja de sapatos um enorme número de potenciais clientes.

80 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


SESSÃO

12 FINANCIAMENTO & COISAS LEGAIS

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Adquirir noções elementares sobre enquadramento legal de actividades


> Adquirir noções elementares sobre custos e proveitos
> Adquirir noções elementares sobre financiamento
> Adquirir noções elementares sobre entidades que podem prestar apoios nestas questões

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

Se o projecto tiver de funcionar autonomamente e de modo continuado tem de ter forma legal própria. Se for
uma acção pontual, sem fins lucrativos, ou que possa ser enquadrada numa outra instituição, pode dispensar essa
formalidade.

1. Enquadramento legal e social


Para poder fechar contratos (por exemplo um aluguer), Poderás também contactar a Associação Nacional de
uma empresa tem de ter uma forma legal adequada: Direito ao Crédito (ANDC) para solicitares microcrédito
sociedade unipessoal, por quotas ou anónima, coope- - http://www.microcredito.com.pt/
rativa, associação, etc.
Para uma instituição sem fins lucrativos consulta o
Em função do que é o projecto, quanto tempo vai durar,
Instituto da Segurança Social, que tutela as instituições
quantas pessoas vai envolver, é necessário escolher a
sem fins lucrativos.
forma da instituição e organizá-la. Conforme o tipo de
instituição, os corpos gerentes podem ter designações Para a constituição de uma associação poderão re-
diversas e responsabilidade diversas. correr à Associação na Hora (http://www.associaca-
Estas decisões têm de ser tomadas antes de consti- onahora.mj.pt/)
tuir a instituição. É ainda preciso ter um nome para a Para a constituição de uma cooperativa - http://www.
instituição que não permita confusões com outras. E é inscoop.pt/index.asp?lang=Ingles
necessário ter estatutos que definem o que a instituição
pretende fazer, como se vai organizar e quem vai ter O processo de constituição está muito simplificado.
que responsabilidades. Hoje é fácil fazer uma empresa “na hora” e tratar estas
questões (e outras, como Finanças e Segurança Social)
Para um projecto de empresa consulta o IAPMEI (Ins- no mesmo sítio. Para grande parte das situações ser-
tituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à vem perfeitamente uma firma (o nome da empresa) e
Inovação), que é o principal instrumento para as micro, um pacto social (estatutos) pré-aprovados e disponíveis
pequenas e médias empresas dos sectores industrial, nos postos de atendimento ou on-line.
comercial, de serviços e construção.

UNIDADE 05 | 81
SESSÃO

12
Finanças e Segurança Social:
Qualquer instituição tem de estar registada nas Finan- Conforme o objectivo da instituição aplicam-se normas
ças (número de identificação fiscal ou de contribuinte) e diferentes. Essencial é saber que de um modo geral
na Segurança Social (número de identificação da Segu- (excepto casos especiais) as transacções estão sujei-
rança Social). Estes registos têm a ver com a obrigação tas ao IVA – o que quer dizer que em tudo o que se
de toda a gente e todas as instituições contribuírem: recebe ou paga, uma parte tem de ser posta de lado e
entregue ao Estado (é importante pensar nisso ao de-
> através do pagamento de impostos, para a despe- finir um preço!).
sa do Estado na organização do país (infra-estruturas
como ruas e saneamentos, serviços como hospitais e É importante entender que, quando empreendemos,
tribunais, etc.) empreendemos por nós e pelas nossas ideias, conta-
> através dos descontos e contribuições para a Se- mos com apoios às nossas iniciativas mas contribuí-
gurança Social, para a despesa que esta tem com a mos também para o bem-estar da comunidade.
protecção social das pessoas (doença, desemprego,
reforma, etc.).

2. Custos e Proveitos
É importante distinguir entre: Já os custos do dia-a-dia têm de ser pago no dia-a-dia,
> custos de investimento (que se faz uma vez para por senão o projecto é interrompido e morre: deixas de po-
as coisas a funcionar e que se gasta em coisas que der comprar o que gastas; tens de pagar no fim do mês
duram bastante tempo, p.ex. uma máquina, computa- às pessoas que colaboram no projecto (a não ser que
dor,…); e sejam voluntárias), tens de pagar rendas e contas, etc.
> custos operacionais (que se tem todos os dias e de
Para se manterem, os projectos têm de gerar receitas
todas as vezes que se vende um produto – a renda de
e estas têm de ser superiores aos custos. Ao planear o
um espaço, um salário, os materiais que se gastam
projecto é preciso calcular custos e receitas para per-
para fornecer o serviço ou o produto).
ceber se e como é que ele se vai manter.
Como o investimento é feito para durar muito tempo,
pode ser pago ao longo de muito tempo (tal como o Depois terás de contabilizar todos estes valores: o que
empréstimo para uma casa: como a casa não se gasta, devem os clientes, o que é preciso pagar aos colabora-
o banco pode esperar 20 anos para que seja paga); se dores, o que é preciso pagar aos fornecedores, o que é
investires numa máquina, enquanto ela fizer aquilo para preciso pagar ao Estado e à segurança social, e o que
que foi pensada, podes por de lado um bocadinho do que sobra para a empresa ou instituição… Se a actividade
ela rende para a pagar: calcula-se quantas peças é que for simples, a própria “entidade patronal” pode tratar
ela faz e divide-se o custo dela pelo número de peças directamente destas contas num regime simplificado.
(ex: um computador custa 500¤ e vai-te servir durante 4 Quando os movimentos são muitos e envolvem várias
anos; deves por de lado 500¤ / 4 anos = 125¤ / ano para entidades ou atingem valores elevados, a contabilidade
que possas comprar um novo quando este se estragar; tem de estar organizada e ser feita por um técnico ofi-
chama-se a isso amortização) cial de contas.

3. Financiamento
Para iniciar o projecto, pagar as despesas de consti- comunidade, através do IAPMEI ou IEFP (para empre-
tuição, arranjar materiais, espaços, fazer contratos, sas) ou ainda da Segurança Social (para IPSS);
eventualmente comprar uma máquina, é necessário
> Instituições financeiras, porque é essa a sua função,
um financiamento inicial. A maior parte das vezes os
verificando se os projectos têm condições de pagar o
promotores não têm todo o dinheiro necessário para
financiamento e cobrando juros por isso;
isso e têm de recorrer a outros. Para isso têm de co-
municar eficazmente o seu projecto e dar provas de > Uma instituição ou particular que acredite no pro-
que tem boas hipóteses de êxito e que os promotores jecto e queira fazer parte dele como sócio, entrando
se empenharão para que o tenha. com dinheiro no capital social;
> Os próprios empreendedores, por muito pouco que
Podem ajudar a realizar este financiamento: tenham, porque ao por o que têm no projecto dão um
> O Estado, porque acredita que o empreendedorismo sinal importante a todos os outros que acreditam no
é importante para o desenvolvimento e bem-estar da projecto e que se vão esforçar por que dê certo.

82 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> pensamento sistémico


> integração das regras de impostos e contribuições
> cálculo simplificado de custos e proveitos

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 12

0h00 – 0h20 1h20 – 1h30


Dinâmica: Corte do euro (incluindo as noções Actividade Dica: revisão do Estabelece e Alcança
referidas no enquadramento) Objectivos Pessoais (controla o teu orçamento:
faz primeiro um orçamento para a tua semana,
0h20 – 0h40 depois aponta em cada dia tudo o que gastas e vai
Actividade: Pesquisa na internet sobre a forma comparando os gastos com o orçamento; verifica
mais adequada e os requisitos legais necessários se o que gastaste foi inesperado e se tinhas mesmo
para o projecto específico de o gastar)

0h40 – 0h50 1h30


Dinâmica de descontracção Súmula da Reunião

0h50 – 1h20
Actividade Custos & Proveitos

DINÂMICA CORTE DO EURO

Para explicar as questões levantadas no enqua- do IVA correspondem a 21 cm). Por cada questão
dramento o formador aproveita a dinâmica do cor- que introduz, o formador corta e faz desaparecer
te do euro. O objectivo é uma demonstração visual um pedaço da nota.
do efeito do pagamento de impostos e segurança Depois de tratada a questão do IVA e da Segu-
social, bem como do pagamento dos custos direc- rança Social (esta necessariamente com uma
tos e indirectos, etc., tendo de sobrar alguma coi- “fatia” imaginária, uma vez que não se sabe que
sa. Antes e depois acrescentará as noções relati- percentagem dos proveitos podem representar,
vas à forma legal da empresa e ao financiamento. o formador pode introduzir os custos de salários
e materiais consumidos, e seguidamente outros
A dinâmica pode ser feita em apresentação de pagamentos (rendas, contas de telefone, trans-
computador, animada, ou com um modelo au- portes, etc.), deixando que os elementos do grupo
mentado de uma nota de 10¤, uma régua e uma vão sugerindo os vários custos a partir de um dos
tesoura. Mesmo que não haja qualquer projecto seus casos.
empresarial nos grupos, pode ser útil referir as
questões aplicáveis a essas actividades, nomea- Pode ser inicialmente generoso nos cortes e co-
damente o IVA. meçar depois a aparar cada vez menos, porque
tem de chegar ao fim com alguma coisa.
A nota representa um proveito (um pagamento Explicará que aquilo é o que sobra para investir
acabado de receber de um cliente). A régua servi- em novas ideias, acrescentar novos produtos ou
rá para dar um aspecto mais rigoroso ao cálculo serviços, melhorar o projecto. Se faltar no fim, o
das contribuições e impostos (se a nota estiver projecto ficou a dever a alguém…
ampliada para ter 121 cm de comprimento, os 21%

UNIDADE 05 | 83
SESSÃO

12

ACTIVIDADE

23 PESQUISA NA INTERNET

Os formandos deverão recolher informação para verificar:


> qual a forma legal (se necessária) mais adequada ao seu projecto
(ver portais do IAPMEI, Associação na Hora e da Segurança Social);
> quais os passos necessários para a constituição dessa instituição ou empresa
(ver portal da empresa e associação na hora);
> quais os custos e prazos associados;
> na Segurança Social poderão ainda ver quais as taxas aplicáveis ao seu projecto e fazer a si-
mulação de um recibo de vencimento
(Entidade Empregadora Contribuições Taxas Contributivas/Trabalhadores por conta de outrem)

O técnico deve ter feito uma análise prévia do enquadramento para os ajudar na pesquisa.
É importante que estas questões não sejam decididas apenas com base numa análise pessoal
de informação colhida na internet: a pesquisa serve sobretudo para identificar as questões e as
entidades que podem ajudar. O técnico deve encaminhar os jovens para essas entidades (e se
necessário intermediar), para que se aconselhem sobre as soluções adequadas.

DINÂMICA DESCONTRACÇÃO

Os participantes sentam-se em círculo e o mediador mantém-se de pé no centro.

Cada pessoa tem dois vizinhos: O da esquerda é seu abacaxi e o da direita a sua maçã. Quando o me-
diador pergunta a alguém “Como se chama o seu abacaxi?”, a pessoa tem que responder o verdadeiro
nome do seu vizinho da esquerda; e o nome do da direita, quando o mediador pergunta “Como se chama
a sua maçã?”.

Se a pessoa se enganar no nome, troca de lugar com quem está em pé no centro do círculo e passa a
desempenhar o papel de mediador. Quando o mediador se cansa de fazer as perguntas, por ninguém se
enganar nos nomes, diz “limão”, e todos mudam de lugar. O mediador procura ocupar um lugar e quem
ficar de pé será o novo mediador.

84 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE

24 CUSTOS & PROVEITOS U5 (18)

Faz as contas às receitas que esperas ter com o teu projecto.


Que fontes de receitas há?
Vendes produtos ou serviços?
Recebes um subsídio?
Se é uma actividade única, onde vais procurar financiamento?
Quanto é necessário?

Volta ao mapa de viagem da sessão 9 e vê, para cada um dos passos, se sabes quanto é que vai custar.
Verifica se a listagem inclui todas as despesas que tens para por as coisas a funcionar. Inclui agora tam-
bém as rendas e alugueres e as amortizações. Se o teu produto ou serviço consome materiais, faz bem
as contas a quanto consome.
Agora verifica se as receitas cobrem os custos.
Se fizeres estes exercícios numa folha de cálculo, podes verificar facilmente quantos produtos ou servi-
ços tens de vender para que as receitas cubram os custos.

ACTIVIDADE
REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA
DICA OBJECTIVOS PESSOAIS! U5 (pág. 20)

Controla o teu orçamento: faz primeiro um orçamento para a tua semana, depois aponta em cada dia tudo o que
gastas e vai comparando os gastos com o orçamento; verifica se o que gastaste foi inesperado e se tinhas mesmo
de o gastar.

FONTES E RECURSOS COMPLEMENTARES:


Para escolher a forma jurídica de uma empresa consulta: http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=159&temaid=17)
Para a constituição de uma empresa consulta:
http://www.iapmei.pt/iapmei-art-02.php?id=158&temaid=17 >> “INÍCIO Temas A-Z Criar 10 passos para criar a sua empresa”.
Para a constituição de uma IPSS consulta:
http://www2.seg-social.pt/left.asp?01.03.01) >> IPSS/Iniciativas dos Particulares - O que é uma IPSS e como se constitui?
Para constituição de uma empresa consulta: http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicio
ou http://www.portaldaempresa.pt/CVE/pt/LojaEmpresa/
Para financiamento consulta: o programa Finicia Jovem em http://juventude.gov.pt/Emprego/FINICIAJOVEM/Paginas/FINICIAJO-
VEM.aspx ou o IAPMEI em http://www.iapmei.pt/iapmei-not-02.php?noticia_id=681 >> INÍCIO Notícias Programa FINICIA - Finan-
ciamento no arranque de empresas, ou ainda o IEFP em http://www.iefp.pt/apoios/candidatos/CriacaoEmpregoEmpresa/Paginas/
Pr%C3%B3prioEmpregoEmpresa.aspx
podes ainda identificar em http://www.fnaba.org/ uma associação regional ou local de business angels (são pessoas que investem em
negócios numa fase inicial) e saber se estão interessados em ouvir o teu projecto
para mais questões, podes consultar a Associação Nacional de Jovens Empresários em www.anje.pt e a Associação Nacional de Direito
ao Crédito em http://www.microcredito.com.pt/

o INCOOP em http://www.inscoop.pt/indexajuda.html informa sobre todas as questões relacionadas com o cooperativismo

UNIDADE 05 | 85
SESSÃO

13 CREDIBILIDADE

OBJECTIVOS
informação p/o técnico

> Tomar consciência de que a credibilidade é necessária para construir uma rede social
> Tomar consciência de que um projecto e os seus promotores têm de ter credibilidade
para merecer os apoios necessários
> Tomar consciência de que ter a credibilidade depende de cada um

ENQUADRAMENTO
sugestão de discurso para os jovens

No final de todo este percurso fomos descobrindo uma para quem o recebe. Se vieste de facto resolver um
coisa: o que faz falta é quem tenha “boas” ideias e as problema a alguém, essa pessoa só pode estar inte-
ponha em prática. “Boas” ideias são aquelas que têm ressada em que tenhas sucesso. Mas se o teu produto
utilidade, que melhoram a vida das pessoas, lhes facili- ou serviço não presta, se não tem qualidade, se não
tam a vida, melhoram a qualidade de vida. corresponde ao que as pessoas esperavam, sentem-se
enganadas e não prestarão qualquer apoio.
Se conseguires demonstrar que as ideias são “boas”
e que tens as condições para as por em prática, não Escreve um “código de conduta”. Tenta resumir numa
faltarão os apoios. As motivações tornam-se aparen- folha aquilo que tu pretendes ser: o produto ou serviço
tes rapidamente. Numa perspectiva de ganho mútuo, que pretendes fornecer e o modo como te relacionas
as motivações do grupo estão alinhadas com as dos com todas as pessoas envolvidas. Se o puderes mos-
“clientes” e todos têm a ganhar com o teu projecto. trar a toda a gente e se o conseguires cumprir, o teu
“código de conduta” torna-se um instrumento muito
Ganhos mútuos acontecem sempre que o produto ou importante de motivação para todos os colaboradores
serviço que fornecemos, para além de assegurar o e de credibilidade perante todas as outras pessoas com
sucesso do nosso projecto, representa um valor real quem te relacionas.

COMPETÊNCIAS A ALCANÇAR

> pensamento sistémico


> assertividade
> relacionamento interpessoal
> integridade e ética

86 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
DA SESSÃO 13

0h00 – 0h10
Dinâmica de Confiança 1 1h20 – 1h30
Actividade DICA Estabelece e Alcança Objectivos
0h10 – 0h40 Pessoais (auto-conhecimento: reserva um espaço
Integração das experiências de comunicar o diário, preferencialmente no início ou no final do
projecto a outras pessoas; o formador faz um dia, para repensar a razão de ser das atitudes que
ponto de situação das intenções de prosseguir o tiveste (as do dia anterior ou do próprio dia) e as
projecto e sintetiza a experiência da ferramenta consequências delas no teu relacionamento com
com as questões da “nota final”, sublinhando as as outras pessoas; regista num calendário uma
competências pessoais adquiridas pontuação que te atribuis conforme achas que as
pessoas ganharam mais confiança em ti ou não)
0h40 – 0h50
Dinâmica de Confiança 2 1h30
Súmula da Reunião
0h50 – 1h20
Actividade de Análise de um Projecto

DINÂMICA CONFIANÇA 1

Os participantes colocam-se a uma certa distância, um atrás do outro, virados para o mesmo lado. O exer-
cício é explicado com cuidado e pergunta-se à pessoa de trás se assegura que não deixa cair o da frente.
Só se ele assegurar é que se inicia o exercício. A pessoa que estiver à frente deixa-se cair para trás e é
agarrada pela que está atrás de si.

DINÂMICA CONFIANÇA 2

Um participante com os olhos vendados é convidado a circular vendado por um espaço físico com alguns
obstáculos (cadeiras, mesas, degraus, etc). O exercício é explicado com cuidado e pergunta-se ao outro
participante, que não está vendado, se assegura que não deixa o primeiro chocar contra um obstáculo.
Para ajudar o primeiro, o segundo deverá ficar perto do que tem os olhos vendados e ir dando pistas
(“desvia-te cerca de um metro para a direita, baixa a cabeça, cuidado: um degrau…).

NOTAS:
> Todos os participantes deverão encarar as dinâmicas com seriedade, mas estar relaxados
> Deve existir sempre troca de papéis: guiar e ser guiado; cair e amparar…
> Cada um deve relatar como se sentiu e qual a razão de ter confiado (muito ou pouco) no outro
> As dinâmicas estão a ser propostas neste momento, assumindo que já há um grau elevado de conheci-
mento entre todos os elementos

Pretende-se que os participantes percebam que sem confiança não há cooperação, nem entrega
nem investimento.

UNIDADE 05 | 87
SESSÃO

13

ACTIVIDADE

25 ANÁLISE DE UM PROJECTO

Dois ou três “analistas” sentam-se com ar circunspecto e um voluntário entra em cena


para fazer, o melhor que puder, o elevator pitch do seu projecto e pede financiamento para
o mesmo. Seguidamente entra um voluntário de um segundo projecto e faz o seu elevator
pitch e pede igualmente financiamento para o projecto.

O formador explica agora que já só há dinheiro para um projecto e pede ao painel de ana-
listas que decida qual é que financia (ou se não financia nenhum). Os “analistas” deverão
reflectir em voz alta e podem pedir o parecer de um painel de especialistas (os restantes
membros do grupo). Podem voltar a por questões sobre os projectos aos dois empreen-
dedores.

O formador explicará que não estão ali para beneficiar ou julgar a prestação de um colega,
nem para premiar o projecto que tem um objectivo com que simpatizam mais. Não conhe-
cem os promotores nem têm razão para ter mais confiança num ou noutro, a não ser pela
história que contaram e os argumentos que usaram. Preocupa-os que o empréstimo seja
pago para terem disponibilidades para futuros projectos.

Devem analisar qual o fundamento dos dois projectos e qual a credibilidade dos argumen-
tos apresentados para o problema, a solução e a capacidade de fornecer essa solução.
Para isso, pode perguntar com quem é que os promotores falaram para “medir” o proble-
ma, como é que sabem que a solução deles tem algum valor para as pessoas que têm o
problema e com quem é que contam para executar o projecto.

Depois cada um diz quais os aspectos que conferem credibilidade a cada um dos projectos
e explica porquê. Não há classificação final dos projectos.

NOTA:
se não houver projectos de negócio o painel é constituído por um júri que dá um prémio ao projecto que prove
ser mais eficaz a resolver a questão social mais relevante; os dois projectos concorrentes precisam do prémio
para serem postos em prática e também só há lugar para um prémio. A preocupação do júri é aplicar bem o
dinheiro disponível. Não se trata, mais uma vez, de simpatias por causas ou pessoas, mas de credibilidade de
uma solução eficaz.

O formador procura evidenciar que a credibilidade não é uma questão de familiaridade com
os promotores, mas
> de integridade na maneira como abordaram as questões (se estavam apenas a seguir os
seus caprichos ou interesses, ou se estavam de facto a procurar oferecer soluções para
problemas das outras pessoas)
> de credibilidade das redes sociais que foram construindo e das referências que trazem
para reforçar os seus argumentos

88 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


ACTIVIDADE
REVISÃO DO ESTABELECE E ALCANÇA
DICA OBJECTIVOS PESSOAIS! U5 (pág. 23)

Reserva um espaço diário, preferencialmente no início ou no final do dia, para repensar a razão de ser das atitudes
que tiveste (as do dia anterior ou do próprio dia) e as consequências delas no teu relacionamento com as outras
pessoas; regista num calendário uma pontuação que te atribuis conforme achas que as pessoas ganharam mais
confiança em ti ou não.

NOTAS
&
IDEIAS

UNIDADE 05 | 89
NOTAS
&
IDEIAS

90 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


NOTA FINAL

Desenvolver atitudes empreendedoras é positivo para qualquer pessoa.


Independentemente de qual for o teu futuro pessoal e profissional, terás
vantagens por praticares essas atitudes, em qualquer idade e fase da vida.

Por isso não deixes que o treino que fizeste ao longo deste tempo acabe aqui. Continua a
observar o que te rodeia, a procurar compreender o que move as pessoas e a estabelecer
objectivos pessoais de melhoria.

Decidir ser empreendedor não é suficiente para ter sucesso. Não há garantias que todas as
pessoas venham a ter sucesso como empreendedores. Muitas pessoas são mais felizes e
realizadas a trabalhar e a criar por conta de outrem. Qualquer tentativa de empreendedo-
rismo gasta do teu tempo e dos teus meios, por isso deves avaliar bem se a tua ideia tem
potencial e se tens as condições para a fazer funcionar. Não te esqueças que lançar um
projecto é um investimento do teu tempo, das tuas capacidades e do teu entusiasmo. Deves
avaliar bem se as possibilidades de sucesso valem esse investimento.

A maior parte das iniciativas de empreendedorismo, mesmo nas economias mais avança-
das, visa o auto-emprego através de um negócio próprio (mesmo que pretenda fornecer
serviços ou produtos para todos o mundo, por exemplo pela internet). Apenas uma muito
pequena parte das iniciativas visa negócios mais complexos, que necessitem de colabora-
dores especializados, instalações e equipamentos.

A maior parte das iniciativas pode ser “testada” sem grandes meios. À medida que os tes-
tes que fizeres derem resultados positivos, mais certezas tens de que a ideia tem potencial
e melhor te apercebes do que te falta para a pôr em prática. Esses mesmos resultados
convencerão outros a apostar contigo na tua ideia.

Uma grande parte dos empreendedores falha a primeira tentativa (ou não consegue resul-
tados muito bons à primeira tentativa). Só não falham aqueles que nunca tentaram nada.
Entre as características fundamentais do empreendedor estão o entusiasmo, a capacida-
de de adaptação e a perseverança. Por isso, se não percebeste porque é que a ideia não
resultou e se ainda acreditas nela, aconselha-te com outras pessoas: Pode ser que numa
segunda tentativa, apenas com ligeiras modificações, se prove que afinal a ideia era boa.

91
ÍCONES

Organizador Cuidador Competitivo Optimista

Curioso Confiável Futurista Comunicador

Capacidade de organizar
Persistente Criativo e de trabalhar com os outros

Entreajuda Ter uma ideia Descobre e traça o teu percurso

92 | Uma Escolha de Futuro - Manual para os Técnicos


Recursos necessários Fala com um empreendedor Comunica a tua ideia!

Conhece a tua
Como te identificas! Ideias e projectos comunidade

Actividade Dica
Faz o teste à tua ideia! Concretiza as tuas ideias Desenvolve

Esta actividade
consta no manual
Actividade Dica Actividade Dica Actividade Dica dos formadores e do
Interliga-te actua controla jovens

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