Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Com estas palavras, o Dr. Craig quis dizer que estudar a refutação para
cada heresia dentro e fora da Igreja Cristã não é nossa preocupação principal,
embora acabaremos por fazer isso na prática quando buscamos responder a
uma pergunta mais abrangente: Que defesa racional se pode fazer da fé cristã.
Eu acrescento que essa defesa racional deve partir do pressuposto de que
Deus existe.
Para ilustrar isso, pense que boas respostas, bem elaboradas, que
deixam a pessoa pensando, não provam em si que a nossa fé é a verdade. Por
exemplo, lembra-se da estória da Chapeuzinho Vermelho? Para as crianças
que defendessem a crença de que não adianta obedecer aos pais, daria para
extrair dessa estória argumentos fabulosos. Veja:
Com essas palavras, o Dr. Craig quer dizer que a os apologistas devem
procurar ter um quadro mais amplo da situação em que vivem e mostrar
racionalmente que o evangelho e o corpo de doutrinas cristãs faz sentido. Por
exemplo, numa sociedade que não valoriza tanto o casamento e a família, o
apologista cristão buscará meios de conscientizar a sociedade de que a Bíblia
tem razão quando valoriza imensamente o papel de cada membro na vida
familiar. (Efésios 5:22-6:4) Ou num mundo em que a descrença em Deus anda
de mãos dadas com teorias ateístas sobre a origem da vida, por que faz
sentido crer que tudo o que existe teve uma causa primária inteligente? Num
país como o Brasil, místico e supersticioso, repleto de seitas, por que o
cristianismo contém a única fé sustentável e coerente? Com uma visão mais
ampla, que parte do pressuposto que a Bíblia é a verdade de Deus, é que o
apologista cristão está preocupado, a fim de dar respostas racionais.
Todavia, o Dr. Craig chama de opção crível. Quanto a mim, prefiro partir
do pressuposto de que o evangelho é a única opção porque Deus existe e, por
existir, comunica-se com o homem e o salva através de Jesus Cristo.
Imagine um ateu que nos pergunta: "Deus não existe porque se existisse
não deixaria o mal acontecer." Então, ele está questionando a nossa fé em
Deus. Alguns cristãos raciocinam que raciocinar com ateu sobre a nossa fé é
perda de tempo porque o ateu não tem os mesmos pressupostos. Todavia, a
apologista procurará ouvir os pressupostos do ateu. Não raro os ateus são
decepcionados com as igrejas, e se for um ateu militante dessa "crença" de
não haver Deus, ele usará muitos argumentos para provar que Deus não
existe. Então, o apologista desejoso de evangelizar levantará dentro dos
argumentos do opositor verdades que servirão de base para acordo mútuo. Por
exemplo:
1. "Como Deus iria gostar de pastores que usam a TV para explorar
pessoas?" Responderíamos que concordamos com o opositor. "Você está
certo! Deus não nos ensina isso na Bíblia, pelo contrário, condena quem faz
isso." - 1 Timóteo 6:9, 17.
2. "Existem milhões de deuses em milhares de povos ao redor da terra. Isto prova
que não nenhum é verdadeiro, mas todos eles não passam de
invenções." Responderíamos que a Bíblia há dois mil anos já dizia que há os
que se chamem deuses no céu e na terra. "Você está certo! Realmente há
muitos deuses adorados! Mas já se perguntou por que em todas as
civilizações, não importa o lugar e o tempo, as pessoas nelas nascem com a
ideia de divindade e de eternidade?" (Eclesiastes 3:11) Não prova isso que
Deus existe e dá o primeiro passo para se aproximar do homem?
3. Tudo tem que ter uma origem e tudo veio do acaso. Responderíamos que ele
tem razão em crer que tudo tem uma origem: "Você está certo! Tudo tem uma
origem, inclusive o acaso em que você crê. Mas o problema é que o acaso não
pode criar nada, pelo contrário, ele é resultado de uma ação anterior. Se por
acaso você encontrar uma carteira no chão, não concluiria que alguém a
deixou cair ali? Assim, o acaso foi criação de alguém, então, ele não cria nada.
Por isso creio que a única explicação óbvia é que um Ser inteligente criou
todas as coisas. Isto é ciência, pois estamos cansados de ver que esta
experiência ser reproduzida na vida real: "Porque toda casa é construída por
alguém, mas quem edifica todas as coisas é Deus." - Hebreus 3:4. Quando
uma pessoa que afirma crer em Deus, mas deseja promover sua fé como a
única verdade, tenta usa o texto de Efésios 4:5 para provar que há uma só fé,
portanto, não pode haver duas religiões corretas, podemos concordar com ela.
Veja:
4. "A Bíblia diz que há uma só fé. Como duas religiões diferentes podem
representar essa fé se elas estão em desacordo uma com a outra? Então, eu
creio que apenas a minha é a verdadeira." Responderíamos que ela está certa!
Realmente não existem duas religiões verdadeiras. Não? Não! A apologista
experiente já sabe que as pessoas confundem religião com igreja
"denominação" e até com igreja local da denominação. Então, diríamos: "Você
está certo! Também não creio que haja duas religiões verdadeiras. Só tem
uma! É o cristianismo, cuja fé é centrada na pessoa de Jesus Cristo. Como
ninguém consegue interpretar a Bíblia assim como o Autor dela, Deus, a
interpreta, então há divergências de interpretação. Assim, toda denominação
religiosa - Batista, Presbiteriana, Metodista e outras - com respectivamente
suas igrejas locais que creem em Jesus como Deus (João 1:1), Senhor (João
20:28) e único Salvador (Atos 4:12) são igrejas da única religião verdadeira.
Assim, o cristianismo é um modo de vida que aceita Cristo como Deus, Senhor
e Salvador."
Observe que a preocupação do apologista aqui foi evangelizar e dar
uma resposta. Isto não contradiz o que dissemos no início sobre a apologética
não se preocupar primariamente com dar respostas para todo o tipo de
questionamento, mas sim em defender a fé cristã de forma racional, daí ser ela
uma ciência. A questão é: Ser apologista também envolve evangelizar e dar
respostas, mas essa não é nossa preocupação primária. Mas é óbvio que o
faremos quando for necessário.
Tudo que fazemos como cristãos deve ser para a glória de Deus. (1
Coríntios 10:31) Não é diferente com a apologética cristã. Ela deve ser um
modo de adorarmos a Deus. Mas especialmente quando temos a oportunidade
de defendermos a fé cristã perante outros, ou quando escrevemos textos para
livros, sites ou folhetos, faremos muito bem em viver as palavras de Paulo:
Outras visões:
(1) A primeira, a qual pode talvez ser chamada apologética filosófica, toma
sobre si o estabelecimento do ser de Deus, como um espírito pessoal, o
criador, preservador e governador de todas as coisas. A ela pertence o grande
problema do teísmo, envolvido em discussões sobre as teorias antiteistas.
(2) O segundo, o qual pode talvez ser chamado de apologética psicológica,
que toma para si o estabelecimento da natureza religiosa do homem e a
validade de seu senso religioso. Ele envolve a discussão parecida com a
psicologia, filosofia e a pneumatologia da religião, e inclui então aquilo que é
chamado de “religião comparativa” ou de “história das religiões”.
(5) O quinto ponto, que pode ser chamado de apologética bibliológica, está
encarregado de estabelecer a veracidade das Escrituras Sagradas como a
documentação da revelação de Deus para a redenção dos pecadores. Ele
está engajado especialmente com tópicos tais como a divina origem das
Escrituras, os métodos da divina operação em sua organização, seu lugar na
série de atos redentivos de Deus, e o processo da sua revelação, a natureza,
modo e efeito da inspiração. [11]
Conclusão
Aprendemos até aqui sobre o que é apologética. Vimos que é uma
ciência cuja preocupação primária não é responder aos questionamentos dos
sectários, embora possa ser usada para este fim, mas sim tornar crível, com
evidências racionais, o evangelho de Cristo e a Palavra de Deus como um
todo. Depois aprendemos sobre como praticar a apologética no evangelismo,
com palavras temperadas com sal.
Pelo que compreendemos juntos, todos nós podemos defender a fé,
mas é verdade que aqueles com maior envergadura espiritual podem ser
considerados apologistas de fato, ou liderar um ministério dessa grande
importância. - Fernando Galli.
REFERÊNCIAS
____________________