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PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2019.0000495322
ACÓRDÃO
DINIZ FERNANDO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
1 1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
VOTO Nº 8565
que não escutou nenhum barulho durante a noite e ficou sabendo que seus
vizinhos P. e E. foram mortos (fls. 860/869 e DVD que acompanha os autos).
A testemunha Fernando Arrighi da Silva, na primeira
fase judicial, afirmou que mora no bairro onde ocorreram os fatos. Confirmou ser
usuário de drogas e já ter comprado entorpecentes do corréu José Ribamar e
também das vítimas P. e E., vulgo “Alemão”. Disse que, no dia dos fatos, José
Ribamar lhe disse que iria conversar com a vítima “Alemão” e caso ele fosse
arrogante ele iria “estourar a cabeça dele” (fls. 870/874).
A testemunha Maria Vânia de Jesus, na primeira fase
do Júri, confirmou que mora ao lado da casa das vítimas. Relatou que ouviu
comentários das pessoas que estavam na rua, logo após os fatos, de que os
acusados foram os autores dos crimes (DVD que acompanha os autos digitais).
Rosângela Aparecida Ferraz, mãe da vítima E., tanto
na fase administrativa quanto na primeira fase do Júri, disse que ouviu da vítima
P. a respeito de ameaças de que a vítima E. vinha recebendo por conta de
dívida de drogas no valor de R$ 1.800,00. Por fim, relatou que as ameaças
foram feitas por Eva, mãe de LUCAS, a qual costumava frequentar a casa das
vítimas (fls. 31 e DVD que acompanha os autos digitais).
Os policiais civis Luciana e Alexandre, ouvidos em
Juízo relataram que receberam denúncias anônimas de que os 03 réus seriam
os autores dos crimes narrados na denúncia e ratificaram a delação mútua
dos acusados Sueli e José Ribamar, os quais apontaram LUCAS também
como coautor dos crimes. Afirmaram que as investigações indicaram que no
local dos fatos e na casa vizinha havia o tráfico de drogas, que a motivação dos
homicídios foi dívida de drogas e que a arma de fogo pertencia a LUCAS.
Relataram que a informante Eva, mãe de LUCAS confirmou que houve uma festa
em sua casa no sábado e que Sueli, José Ribamar e LUCAS ingeriam bebidas
alcoólicas e usaram cocaína. Disseram que Eva relatou que foi dormir as 23h30 e
não ouviu barulho, o que chama a atenção, pois foram disparados 05 tiros de
arma de fogo, e que somente no dia seguinte, domingo, é que ficou sabendo que
houve o assassinato e que os autores eram seu filho, José Ribamar e Sueli
foi LUCAS.
Desse modo, a alegação da Defesa de que o apelante
é inocente e que os Jurados proferiam decisão manifestamente contrária à prova
dos autos não se sustenta diante do conjunto probatório.
Ora, o álibi apresentado por LUCAS de que não estaria
no local dos fatos, mas sim na cidade de Jaboticabal, não se sustenta diante dos
depoimentos de Eva, Cláudia e Genival, respectivamente mãe, irmã e cunhado
do apelante, bem como pelos depoimentos dos policiais civis responsáveis pelas
investigações e pelo interrogatório da corré Sueli, visto que todos confirmaram
que a festa de aniversário aconteceu no sábado dia 19/03/2016 e só terminou na
madrugada do domingo dia 20/03/2016 e não na quarta-feira dia 16/03/2016
conforme alegado por LUCAS.
Ademais, a testemunha Rosângela afirmou que seu
filho (o ofendido E.) foi ameaçado de morte pela mãe de LUCAS, bem como as
investigações apuraram que a motivação dos crimes foi dívida de drogas da
família do apelante e corréus com a família das vítimas, e, por fim, a testemunha
Fernando disse que o corréu José Ribamar lhe falou que iria conversar com a
vítima “Alemão” e caso ele fosse arrogante ele iria “estourar a cabeça dele”.
Além disso, embora não localizada, apreendida e
periciada a arma de fogo utilizada nos crimes contra a vida, tem-se que o
conjunto probatório leva à conclusão de que LUCAS tinha consigo referido
instrumento antes da execução dos delitos e o ocultou em local não apurado
após a prática dos crimes e sua evasão.
Vê-se, portanto que os jurados, ao proferirem a
decisão, agiram exercendo a soberania que a Constituição lhes assegura e
aceitaram uma das versões apresentadas, reconhecendo, portanto, a existência
de provas e elementos suficientes para a condenação.
Assim, a versão do apelante não encontrou nenhum
respaldo nas provas colhidas nos autos. Bem por isso e diante do contexto
material e testemunhal, o que ficou estreme de dúvidas foi que a decisão dos
Jurados, sem qualquer arbitrariedade, acolheu uma das opções probatórias
existentes.
Como ressaltado pelo Ministério Público em suas
contrarrazões: “Os próprios corréus Sueli e José Ribamar, quando de suas oitivas na
fase policial, apesar de negarem a autoria, afirmaram que, juntamente com Lucas,
mantiveram contato com as vítimas na noite dos fatos e confirmaram a ocorrência dos
crimes, inclusive informando que a motivação seria a existência de dívida de drogas,
fato este corroborado pelas testemunhas ouvidas em juízo e em plenário. Além disso, os
próprios familiares de Lucas (mãe, irmã e cunhado) afastam o álibi apresentado, eis que
foram uníssonos em afirmar que o réu estava na residência da genitora no dia dos fatos
(sábado à noite), onde realizaram um churrasco para comemorar seu aniversário,
conforme se depreende dos depoimentos de Eva Aparecida da Silva, Cláudia Regina
Steffen e Genival José do Nascimento, respectivamente. Em síntese, os coautores e os
próprios familiares afastam o álibi invocado, enquanto os primeiros são taxativos e
uníssonos quanto à efetiva concorrência de Lucas na execução dos homicídios.” g.n. (fls.
1.173).
Da mesma forma o Conselho de Sentença reconheceu
cada uma das qualificadoras.
O crime foi planejado e cometido por motivo torpe, em
razão de vingança por desentendimentos anteriores decorrentes de dívidas de
drogas, conforme depoimentos das testemunhas Luciana, Alexandre e
Rosângela.
Além disso, houve emprego de meio cruel consistente
em diversos golpes de facão e variadas agressões pelo corpo de ambos os
ofendidos, inclusive decepando a orelha esquerda de E., causando-lhes
desnecessário sofrimento físico, a demonstrar insensibilidade, conforme se infere
do laudo do local e, principalmente, dos exames necroscópicos, que
demonstraram a utilização de mais de um instrumento vulnerante.
O apelante e os demais corréus empregaram recurso
que dificultou a defesa das vítimas, consistente na superioridade numérica e
de armas por eles portadas, bem como em razão do ataque surpresa, com
invasão de sua residência em horário de repouso, além de alvejarem E. depois
de caído ao chão, com disparos a curta distância contra sua cabeça, inclusive na
região occipital (nuca), e P. pelas costas, quando tentava correr em fuga.
Vale repetir que não há que se falar em decisão
contrária à prova dos autos se os juízes leigos se convenceram de que foi
mesmo o apelante o autor das facadas e tiros contra as vítimas, que as levou a
óbito, sendo que LUCAS agiu assim, por motivo torpe, através de recurso que
dificultou a defesa dos ofendidos e por meio cruel, razão pela qual impossível a
renovação do julgado, em atenção ao princípio que assegura a soberania dos
vereditos.
Certa a condenação do apelante por duplo homicídio
triplamente qualificado em concurso de agentes e porte de arma de fogo de uso
permitido.
As penas foram justificadas pelo Douto Magistrado a
quo (fls. 1.128/1.151), conforme segue:
“Passo, então, à dosimetria das penas a serem impostas.
Crime de homicídio: ofendido Elizandro Eduardo. Considerando-se os elementos
norteadores previstos no artigo 59 do Código Penal, em especial: a) que resultaram
configuradas três qualificadoras, a revelar dolo intenso por parte do infrator, bem assim
porque cometido o delito em concurso de pessoas, de modo a proporcionar maior
probabilidade de êxito na empreitada homicida, conduta reveladora, portanto, de
acentuada insensibilidade moral, perversidade além do normal e absoluto descaso para
com a vida alheia, a exigir maior reprovabilidade; b) que o acusado ostenta conduta
social reprovável, porquanto não trabalhava, dedicando-se, reiteradamente, ao nefasto
tráfico de drogas ilícitas (nesse sentido, depoimento prestado em plenário pela
testemunha Alexandre do Carmo Lopes Ferraz); c) que o réu ostenta personalidade
criminosa e maus antecedentes criminais, pois insiste em trilhar o caminho do ilícito,
cometendo crimes, reiteradamente (registra, a respeito, três condenações definitivas: fls.
1.098/1.099, feitos ns. 206/99, 284/99 e 141/2007); d) as gravíssimas consequências do
delito, causando aos familiares do ofendido, especialmente à sua genitora, dor e abalo
psicológico insuperáveis (confira-se, a respeito, o depoimento prestado em plenário pela
testemunha Rosângela Aparecida Ferraz Alves; no particular, aliás, a sua declaração em
plenário fala por si, expressando com maior intensidade, fidelidade e clareza o que se
tentou externar acima com palavras); fixo a pena-base em 28 (vinte e oito) anos de
reclusão. Tendo-se em conta que o acusado ostenta condenação hábil a gerar a
reincidência (fls. 1.099, feito n. 14050.71.2010, pois não decorrido o prazo depurador
previsto no artigo 64, I, do Código Penal), com fulcro no art. 61, I, do Estatuto
Repressivo, aumento a sanção imposta, resultando-a em 30 (trinta) anos de reclusão.
Torno definitiva a sanção acima estabelecida, por não ocorrer qualquer outra hipótese
que autorize a exasperação, ou o abrandamento. Delito de homicídio: vítima Priscila
Cristina. Considerando-se os elementos norteadores previstos no artigo 59 do Código
Penal, em especial que: a) resultaram configuradas três qualificadoras, a revelar dolo
intenso por parte do infrator, bem assim porque cometido o delito em concurso de
pessoas, de modo a proporcionar maior probabilidade de êxito na empreitada homicida,
conduta reveladora, portanto, de acentuada insensibilidade moral, perversidade além do
normal e absoluto descaso para com a vida alheia, a exigir maior reprovabilidade; b) o
acusado ostenta conduta social reprovável, porquanto não trabalhava, dedicando-se,
reiteradamente, ao nefasto tráfico de drogas ilícitas (nesse sentido, depoimento prestado
em plenário pela testemunha Alexandre do Carmo Lopes Ferraz); c) o réu ostenta
personalidade criminosa e maus antecedentes criminais, pois insiste em trilhar o
caminho do ilícito, cometendo crimes, reiteradamente (registra, a respeito, três
condenações definitivas: fls. 1.098/1.099, feitos ns. 206/99, 284/99 e 141/2007; fixo a
pena-base em 25 (vinte e cinco) anos de reclusão. Tendo-se em conta que o acusado
ostenta condenação hábil a gerar a reincidência (fls. 1.099, feito n. 14050.71.2010, pois
não decorrido o prazo depurador previsto no artigo 64, I, do Código Penal), com fulcro
no art. 61, I, do Estatuto Repressivo, aumento a sanção imposta, resultando-a em 27 (vinte
e sete) anos de reclusão. Torno definitiva a sanção acima estabelecida, por não ocorrer
qualquer outra hipótese que autorize a exasperação, ou o abrandamento. Infração penal
prevista no art. 14, caput, da Lei n. 10.826/2003. Considerando-se os elementos
norteadores previstos no artigo 59 do Código Penal, em especial que: a) o acusado
ostenta conduta social reprovável, porquanto não trabalhava, dedicando-se,
reiteradamente, ao nefasto tráfico de drogas ilícitas (nesse sentido, depoimento prestado
em plenário pela testemunha Alexandre do Carmo Lopes Ferraz); b) o réu ostenta