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A mbientais
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02-5772 CDD-621.3678
A p re s e n ta ç ã o ...................................................................................................................................................... 5
1 IM A G E N S O B T ID A S P O R S E N S O R IA M E N T O R E M O T O ............................................. 9
1.1 Sensoriamento Rem oto......................................................................................................................... 9
1.2 Fontes de Energia Usadas em Sensoriamento R em o to .......................................................... 11
1.3 A Energia Refletida da Superfície Terrestre.................................................................................. 11
1.4 Sensores R em otos................................................................................................................................... 13
1.5 Resolução.................................................................................................................................................... 14
1.6 Fotografias C o lo rid as............................................................................................................................ 17
1.7 Imagens Coloridas.................................................................................................................................... 20
2 T E C N O L O G IA ES P A C IA L N O B R A S IL ............................................................................................ 23
2.1 Satélites Artificiais..................................................................................................................................... 23
2.2 Programa Espacial Brasileiro ............................................................................................................. 26
3 D A IM A G E M A O M A P A ........................................................................................................................... 33
3.1 Imagens em 3D e Estereoscopia....................................................................................................... 35
3.2 Escala.............................................................................................................................................................. 37
3.3 Distância dos Sensores à Superfície Terrestre............................................................................... 38
3.4 Legenda......................................................................................................................................................... 40
4 IN T E R P R E T A Ç Ã O D E IM A G E N S ....................................................................................................... 41
4.1 O que é Interpretação de Imagens?................................................................................................ 41
4.2 Elementos de Interpretação de Im agens...................................................................................... 42
4.3 Como Selecionar Imagens de Satelites?.......................................................................................... 52
5 O U S O D E IM A G E N S N O E S T U D O D E F E N Ô M E N O S A M B IE N T A IS ................ 55
5.1 Imagens de Satélites na Previsão do T e m p o ................................................................................ 55
5.2 Detecção e Monitoramento de Focos de Incêndio e Áreas Q ueim adas....................... 57
5.3 Desmatamento......................................................................................................................................... 60
5.4 Erosão e Escorregamento de Encostas............................................................................................ 62
5.5 Inundação................................................................................................................................................... 63
6 O U S O D E IM A G E N S N O E S T U D O D E A M B IE N T E S N A T U R A IS ........................... 65
6.1 Florestas Tropicais................................................................................................................................... 66
6.2 M angues...................................................................................................................................................... 68
6.3 Ambientes G e lad o s................................................................................................................................ 70
6.4 Ambientes Áridos..................................................................................................................................... 72
6.5 Recursos Minerais..................................................................................................................................... 73
6.6 Feições de Relevo e de Ambientes Aquáticos.............................................................................. 75
7 O U S O DE IM A G E N S N O E S T U D O D E A M B IE N T E S T R A N S F O R M A D O S ......... 81
7.1 Ambientes Aquáticos............................................................................................................................. 81
7.2 Ambientes R u ra is..................................................................................................................................... 87
7.3 Ambientes Urbanos................................................................................................................................. 87
8 S E N S O R IA M E N T O R E M O T O C O M O R E C U R S O D I D Á T I C O .................................. 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
ou mesmo na superfície ou próximo a ela como, por exemplo, uma fotografia da sua casa,
escola ou de uma paisagem qualquer, tirada com uma máquina fotográfica comum, são
todos dados obtidos por sensoriamento remoto. Por isto, inicialmente, vamos definir o que é
sensoriamento remoto.
emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-se à obtenção dos dados, e remoto,
que significa distante, é utilizado porque a obtenção é feita a distancia, ou seja, sem o
contato físico entre o sensor e a superfície terrestre, como ilustrado na Fig. 1.1.
Na Fig. 1.1 podemos observar que o sol ilumina a superfície terrestre. A energia
proveniente do sol, refletida pela superfície em direção ao sensor, é captada e registrada por
este. Como veremos mais adiante, dependendo do tipo de sensor, a energia emitida pela
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
superfície da Terra também pode ser captada e registrada. Observe que, na sua trajetória, a
energia atravessa a atmosfera, que interfere na energia final registrada pelo sensor. Quanto
mais distante o sensor estiver da superfície terrestre, como é o caso daquele a bordo de
atmosfera, por exemplo, pode impedir que a energia refletida pela superfície terrestre
chegue ao sensor a bordo de um satélite. Neste caso, o sensor registra apenas a energia
antenas parabólicas (Fig. 1.1). Os sinais enviados para essas estações são transformados em
obtidas por sensoriamento remoto você vai encontrar no Capítulo 4 deste livro.
Qualquer atividade requer o uso de energia, assim como para a obtenção de dados
por sensoriamento remoto. A energia com a qual operam os sensores remotos pode ser
proveniente de uma fonte natural, como a luz do sol e o calor emitido pela superfície da
Terra, e pode ser de uma fonte artificial como, por exemplo, a do flash utilizado em uma
unidades de metro). A freqüência de onda é o número de vezes que uma onda se repete por
unidade de tempo. Dessa maneira, como indicado pela Fig. 1.2, quanto maior for o número,
maior será a freqüência e, quanto menor, menor será a freqüência de onda. O comprimento
de onda é a distancia entre dois picos de ondas sucessivos: quanto mais distantes, maior é o
comprimento e, quanto menos distantes, menor será o comprimento de onda (Fig. 1.2). A
Observe que o espectro eletromagnético abrange desde curtos comprimentos de onda, como
os raios cósmicos e os raios gama (y), de alta freqüência, até longos comprimentos de onda
como as ondas de rádio e TV, de baixa freqüência. Na região do espectro visível, o olho
2
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1000^m).
C o m p rim e n to d e o n d a (m )
curta lo n g a
luz visível
b aixa
req ü ên cio (H z
Figura 1.2. O espectro eletromagnético.
da energia refletida pelos objetos pode ser representada através de curvas, como as
superfície terrestre nas imagens de sensores remotos. A representação dos objetos nessas
imagens vai variar do branco (quando refletem muita energia) ao preto (quando refletem
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
vegetação (verde e sadia) reflete mais energia na faixa correspondente ao verde. Esse fato
explica porque o olho humano enxerga a vegetação na cor verde. Entretanto, verifica-se que
dos demais objetos. A curva do solo indica um comportamento mais uniforme, ou seja, uma
limpa reflete pouca energia na região do visível e praticamente nenhuma energia na região
mata atlântica, que reflete muita energia nesta faixa (como indica a Figura 1.3), é
representada com tonalidades claras, enquanto a água, que absorve muita energia nessa
Desta forma, um determinado objeto ou superfície é azul, quando reflete a luz azul e
absorve as demais. O céu, por exemplo, é azul porque as moléculas de ar que compõem a
atmosfera refletem na faixa de luz azul. Os objetos são verdes, como a vegetação, quando
refletem na faixa da luz verde. Eles são vermelhos quando refletem na faixa de luz vermelha,
como a maçã, por exemplo, e assim por diante. A luz branca é a soma das cores do espectro
visível, portanto, um objeto é branco quanto reflete todas as cores. O preto é a ausência de
cores, por isto um objeto é preto quando absorve todas as cores desse espectro.
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Dependendo do tipo, o sensor capta dados de uma ou mais regiões do espectro. O olho
humano é um sensor natural que enxerga somente a luz ou energia visível. Sensores
artificiais nos permitem obter dados de regiões de energia invisível ao olho humano.
infravermelho próximo. Nas câmaras fotográficas, o filme funciona como o sensor que capta
TM, do satélite Landsat-5, por exemplo, é um sistema de varredura que capta dados em
Os sensores do tipo radar, por produzirem uma fonte de energia própria na região
de microondas, podem obter imagens tanto durante o dia como à noite e em qualquer
condição meteorológica (incluindo tempo nublado e com chuva). Essa é a principal vantagem
dos radares em relação aos sensores óticos que dependem da luz do sol, como as câmaras
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
como, por exemplo, o ETM+ do satélite Landsat-7, entre outros. Para esses sensores, a
morcego. O radar artificial, assim como o do morcego, emite um sinal de energia para um
Na verdade o morcego conta com a ajuda de um sonar que lhe permite captar o
canais, é possível obter imagens de uma mesma área, em diferentes faixas espectrais,
Na Figura 1.6, podemos observar imagens da mesma área obtidas pelo sensor
multiespectral ETM+ do satélite Landsat-7 em diferentes canais. Pela análise dessa figura,
verificamos que os objetos (água, vegetação, área urbana, etc.) não são representados com
a mesma tonalidade nas diferentes imagens, porque, como vimos anteriormente (Figura
eletromagnético e as variações foram captadas pelo sensor ETM+, que opera em diferentes
canais.
Figura 1.6. Imagens de Ubatuba, obtidas pelo ETM+ Landsat-7, 11/08/1999, nos canais 3
(da região do visível), 4 (do infravermelho próximo) e 5 (do infravermelho médio). Podemos
observar que a área urbana está mais destacada da imagem do canal 3, enquanto a
separação entre terra e água é mais nítida na imagem do canal 4. A vegetação está bem
escura na imagem do canal 3, escura na imagem do canal 5 e clara na imagem do canal 4,
que, como destacado anteriormente, corresponde à faixa espectral na qual a vegetação
reflete mais energia.
1.5 Resolução
da superfície terrestre. Mais especificamente, a resolução espacial pode ser definida como o
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
menor elemento ou superfície distinguível por um sensor. Dessa forma, um sensor como o
ETM+, cuja resolução espacial é de 30 metros, têm a capacidade de distinguir objetos que
medem, no terreno, 30 metros ou mais. Isto equivale dizer que 30 por 30 metros (900m2) é
mancha urbana correspondente á área ocupada pela cidade e apenas a pista do aeroporto,
missão, o IKONOS-1, não foi bem sucedida), é possível obter imagens pancromáticas (região
do visível) de alta resolução espacial, cerca de um metro, como a da Figura 1.7c, e de quatro
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
processo de formação das cores. Dessa maneira, com um filme preto e branco
pancromático, que é sensível à faixa do visível, é possível obter fotografias aéreas em preto
Com um filme colorido, sensível à faixa do visível, são obtidas fotografias coloridas,
mesmas cores vistas pelo olho humano (Figuras 1.8a e 1.9c). Com um filme infravermelho
Figura 1.8. Fotografia aérea colorida natural (a) e colorida infravermelho (b) da Universidade
de Wisconsin (EUA). Observando esta figura é possível constatar que o campo de futebol é
formado por uma grama sintética (f), pois se a grama fosse natural (n) seria representada
na cor vermelha na foto b, como ocorre com o campo ao lado, de grama natural, e o
restante da vegetação natural.
registrada por este tipo de filme, não é reproduzida nas suas cores verdadeiras, isto é, como
vistas pelo olho humano. Esses filmes foram desenvolvidos durante a II Guerra Mundial, com
Essa detecção é possível, porque a vegetação, como indica o gráfico da Figura 1.3, reflete
artificial geralmente aparecem em azul/verde, como pode ser observado na Figura 1.8b.
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
Figura 1.9a. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Preto e Branco
pancromático.
Figura 1.9b. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Preto e Branco
Infravermelho (simulação).
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Figura 1.9c. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Colorido Natural.
Figura 1.9d. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Colorido Falsa-Cor, na
qual podemos observar a vegetação representada em vermelho.
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
objetivo e da disponibilidade de recursos, pois os filmes coloridos são mais caros que os em
preto e branco. As fotografias obtidas com filmes infravermelhos são as que fornecem mais
objetos vai determinar a sua representação nessas imagens em diferentes tons de cinza,
entre o branco (quando refletem toda a energia) e o preto (quando absorvem toda a
energia). Ao projetar e sobrepor essas imagens, através de filtros coloridos, azul, verde e
vermelho (cores primárias), é possível gerar imagens coloridas, conforme ilustrado nas
Figuras 1.11, 1.12 e 1.13. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto vai depender da
quantidade de energia por ele refletida, da mistura das cores (segundo o processo aditivo) e
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
área urbana serem representadas com cores diferentes nas imagens coloridas das Figuras
1.11 e 1.12, embora as imagens originais sejam as mesmas. O que mudou foi apenas a
nas três imagens em preto e branco, que dão origem á imagem colorida, nessa imagem
(colorida) ele também é representado em branco como, por exemplo, a areia da praia
(Figura 1.13). O mesmo processo ocorre quando um objeto é preto nas três imagens
originais. Por isso, ele é representado em preto também na imagem colorida como, por
colorida ele é representado pela cor que foi associada a essa imagem original, o que explica
a vegetação verde na imagem da Figura 1.11 e a vegetação vermelha na Figura 1.12. Essas
Se um objeto aparece claro em duas das imagens originais, sua cor na imagem
colorida vai ser o resultante da mistura entre as duas cores que forem associadas ás
imagens originais nas quais ele é branco. Tomemos como exemplo a área urbana que
aparece clara nas imagens dos canais 3 e 5. Na Figura 1.11, as imagens foram associadas às
cores azul e vermelho, respectivamente. Pelo processo aditivo das cores, o azul misturado
com o vermelho resulta no magenta (rosa), que é a cor que representa a área urbana na
imagem colorida. Na imagem colorida da Figura 1.12, a área urbana está representada em
ciano (azul turquesa) que é o resultado da mistura de azul com verde, cores associadas
Esses dois tipos de imagens coloridas (Figuras 1.11 e 1.12) são as mais utilizadas.
Nelas, a cor dos objetos, em geral, é falsa. Outras combinações podem ser obtidas e, dentre
elas, destacamos a imagem colorida natural (Figura 1.13), na qual as cores dos objetos são
verdadeiras.
A partir de imagens Landsat do visível, por exemplo, é possível gerar uma imagem
colorida natural, desde que elas sejam associadas às respectivas cores. Assim, no exemplo
da Figura 1.12, à imagem do canal 1, que corresponde à faixa da luz azul do espectro visível,
associamos a cor azul; à imagem do canal 2, que corresponde à faixa da luz verde do
espectro visível, associamos a cor verde e à imagem do canal 3, que corresponde à faixa da
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
Figura 1.11.
Imagem colorida
Canal 3
de Ubatuba,
obtida a partir
dos canais 3, 4 e
Canal 4
5, com as cores
azul, verde e
vermelha,
respectivamente.
Canal 5
Composição colorida TM 3 4 5
III
Figura 1.12.
obtida a partir
dos canais 3, 4 e
Canal 4
5, com as cores
azul, vermelha e
verde,
respectivamente.
Canal 5
Composição colorida TM 3 4 5
III
Figura 1.13.
Imagem colorida
Canal 1
de Ubatuba,
obtida a partir
dos canais 1, 2 e
Canal 2
3, com as cores
azul, verde e
vermelha,
respectivamente.
Canal 3
Composição colorida TM 1 2 3
III
13
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
Assim, a história do Sensoriamento Remoto pode ser dividida em dois períodos: um, de 1860
a 1960, baseado no uso de fotografias aéreas, e outro, de 1960 aos dias de hoje,
sensoriamento remoto e a sua aplicação envolvem um número cada vez maior de pessoas
dessa tecnologia. A primeira fotografia aérea data de 1856 e foi tirada de um balão. Em
inicia-se a fotografia tomada de aviões e na primeira Grande Guerra Mundial seu uso
Recentemente, com o fim da Guerra Fria, muitos dados considerados de segredo militar
superfície da Terra foram obtidas dos satélites tripulados Mercury, Gemini e Apolo. A
aquisição de imagens orbitais, o que incentivou a construção dos demais satélites de coleta
recursos terrestres, o ERTS-1, mais tarde denominado de Landsat-1. Atualmente, além dos
satélites americanos de recursos terrestres da serie Landsat, existem outros como, por
Landsat foram recebidas em 1973. Hoje, o Brasil recebe, entre outras, as imagens do satélite
14
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
processo de formação das cores, que pode ser aditivo ou subtrativo. O princípio da fotografia
apenas três cores primárias: azul, verde e vermelho. A mistura das cores primárias,
que são as cores secundárias ou subtrativas. Cada uma destas três cores resulta da
subtração de uma das cores da luz branca. No processo aditivo de formação das cores, como
mostra o diagrama, observa-se que a mistura da luz verde com a luz vermelha resulta na
produção da luz amarela. Da mistura do vermelho com o azul resulta a luz magenta, e da
mistura do verde com o azul, resulta a luz ciano. A combinação das três cores primárias, em
fotografias coloridas. Nesse processo, como mostra o diagrama, três filtros são colocados em
frente a uma fonte de luz branca. O filtro amarelo absorve a luz azul do feixe de luz branca e
transmite a luz verde e a vermelha. O filtro magenta absorve a luz verde e transmite a azul e
superposição dos filtros magenta e ciano, mostrada no diagrama, permite a passagem da luz
azul, pois o filtro magenta absorve o verde e o ciano absorve o vermelho. A superposição do
A superposição dos três filtros impede a passagem de luz, absorvendo as três cores
15
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto
RADAR
bem maiores do que aqueles da região espectral do visível e infravermelho. Eles operam na
1975/1976. O primeiro período cobriu a Amazônia Legal, parte leste dos Estados da Bahia e
Minas Gerais e norte do Espírito Santo; o segundo período cobriu o restante do Brasil. A
partir da análise dessas imagens foi feito um mapeamento dos recursos naturais de todo o
País pelo projeto RADAMBRASIL no período de 1971 a 1986. Os mapas resultantes desse
No nível orbital, ou seja, a bordo de satélites artificiais, as missões civis com radar
desenvolvido pelo Canadá, em parceria com a NASA e NOAA, dos EUA. A ESA já lançou três
altitude média de 780km, levam a bordo um radar que opera na banda C (comprimento de
(01/03/2002), leva a bordo dez sensores que visam monitorar o uso e a cobertura da terá,
de vista ambiental, como florestas tropicais, desertos em expansão, etc. e para estudos nas
outras. Deste programa foi lançado o RADARSAT-1 que está a uma altitude de 798km. O
radar, a bordo desse satélite, opera na banda C da região de microondas, com uma
16
Capítulo 2
TECNOLOGIA ESPACIAL
NO BRASIL
Fig. 2 .2 A s faces da Terra representadas nas imagens d os satélites m eteorológicos C O ES EA ST (a) e C O ES W EST (b),
am bos norte-am ericanos; M ET EO SA T (c), europeu; ELEK TRO (d ), russo; C M S (e), ja p o n ês e o FEN C YU N (f),
chinês, im agens com o estas com provam a form a esférica do nosso planeta. Fonte: FourmUab, 2000.
24
C apítulo 2 - Tecnologia Esoacia. no Brasil
l
25
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
26
C apítulo 2 - Tecnologia Espacial no Brasil
Satélites LANDSAT
O LANDSAT-l, lançado em julho Canais Faixa/Região Espectral R eso lu ção
de 1972 pela NASA, foi o primeiro satélite
de uma série de sete até o momento, 1 (TM e ETM +) 0,45-0,52 mm (azul) 30
desenvolvidos para a observação dos
2 (TM e ETM +) 0.52-0,60 mm (verde) 30
recursos terrestres. Nos três prim eiros
satélites da série LANDSAT, o principal 3 (TM e ETM +) 0,63-0,6 mm (vermelho) 30
a) Programa MECB
A finalidade principal dos satélites (5° N até próximo de 15° S), como ilustrado
brasileiros de sensoriam ento remoto (SSR) na Fig. 2.5. Eles possibilitarão ao sensor
é o m onitoram ento am biental da região im agear a mesma área a cada duas horas,
A m azônica. D esm atam ento, queim adas, com uma resolução esp acial que variará
enchentes, agricultura, m ineração, etc. são de 70 metros (canais da região do visível)
fenômenos e atividades que poderão ser e 300 m etros (can al do in frav erm elh o
monitorados através das imagens do SSR. próxim o) a 600 m etros (canal do in fra
E sses sa té lite s estarão a uma a ltitu d e v erm elh o te rm a l). O la n ç a m e n to do
aproxim ada de 900 km, com uma órbita p r im e ir o s a té lite b r a s ile i r o de
circular equatorial, que cobrirá uma faixa sensoriamento remoto (SSR-1) está previsto
(não a Terra toda) de mais de 2.000 km para esta década.
Satélite de
coleta de dados
PCD Meteorológica
S. Gabriel da Cacheira (AM):
Estação de Controle
Cuiabá
Centro de Missão
Cachoeira Paulista
Centro
PCD Meteorológica de Dados PCD Meteoroiógical
Machado (M G ) Usuários Tabatinga (AM)
■M ÉM L
Usuários
Satélites SPOT
No dia 22 de fevereiro de 1985, foi uma área de 2.250 km de largura. Ele obtém
lançado o primeiro satélite francês da série uma imagem da mesma área a cada 24 horas. A
SPOT, o SPOT-1. Em janeiro de 1990 e em finalidade das imagens do VEGETATION é o
setembro de 1993, foram lançados, respecti monitoramento contínuo da cobertura vegetal
vamente, o SPOT-2 e o SPOT-3. O sensor a e das culturas em nível de globo terrestre.
bordo desses satélites é o HRV (Haute Recentemente, em 4 de maio de 2002,
Résolution Visible), que opera na região do o satélite SPOT-5 foi colocado em órbita. Ele
visível, no modo pancromático-PAN (0,51 a leva a bordo os sensores HRS (Haute résolution
0,73 |Im), com uma resolução espacial de 10 stéréoscopique), canal pancromático-PA (0,49
metros, e no modo multiespectral-XS em três a 0,69 |Im) com uma resolução de 10 metros,
faixas do espectro, dois canais no visível (XS1, que gera pares estereoscópicos, e o HRG
0,50 a 0,59pm e XS2, 0,61-,0,68 |Im) e um (Haute Résolution Géométrique), resolução
no infravermelho próximo (XS3, 0,79-,0,89
de 2,5 a 5 metros no canal pancromático-PA,
(im), com uma resolução espacial de 20
de 10 metros nos canais do visível (Bl, 0,49
m etros. Cada imagem obtida por esse
0,61 e B2) e infravermelho próximo (B3) e 20
sensor cobre uma área de 60 por 60km. Na
metros no canal infraverm elho m édio
visada nadir (vertical), a cada 26 dias é
(SWIR), cujas imagens cobrem uma área de
obtida uma imagem da mesma área da
superfície terrestre. Na visada lateral ele pode 60 x 60 km; além do VEGETATION-2, que
adquirir pares esteroscópicos e aumentar a tem as mesmas especificações do anterior.
freqüência de imageamento. A órbita dos satélites SPOT, da mesma
Em 24 de março de 1998, foi lançado forma que a dos satélites LANDSAT, ERS,
o SPOT-4, no qual opera o sensor imagecolor ENVISAT e RADARSAT, é circular, quase
HRVIR (Haute Résolution Visible et Infra polar e síncrona com o Sol. A altitude dos
Rouge), com os canais PAN (0,61 a 0,68 |im, satélites SPOT é de 830 km e o seu horário
região do vermelho), BI (0,50 a 0,59 (Im, aproximado de passagem sobre a superfície
região do verde), B2 (0,61 a 0,68 |im, terrestre é às 10h30.
região do vermelho), B3 (0,78 a 0,89 mm,
região do infravermelho próximo) e o canal
MIR (1,58 a 1,75 |Im, região do infra
verm elho m édio). Como nos satélites
anteriores, esse sensor obtém imagens da
mesma área (60 x 60km) a cada 26 dias. No
SPOT-4 opera também um novo sensor, o
VEGETATION (VGT), nos canais B0 (0,43
a 047 m|l, região do azul) e B2, B3 e MIR do
HRVIR, mas com uma resolução espacial de
lkm. Uma imagem do VEGETATION cobre
Satélite SPOT-4
30
C apítulo 2 - Tecnologia Espacial no Brasil
Fig. 2 .7 Satélite CBERS-1 (a) e o lançamento do satélite CBERS-1pelo foguete longa marcha (b)dabasede Tãiyanem 14/10/1999.
CBERS-1 (Fig. 2.7a). O lançam ento do imagem obtida pela câmara CCD é mostrada na
satélite CBERS-2 está previsto para setembro Fig. 2.8. O CBERS leva a bordo também um
de 2003. sistema de coleta de dados que retransmite, em
O satélite CBERS, com características tempo real, dados ambientais coletados na Terra
semelhantes ao LANDSAT e SPOT, leva a bordo através de pequenas estações autônomas. Com
três tipos de sensores: uma câmara CCD, um uma órbita circular, quase polar, síncrona com o
varredor multiespectral infravermelho (IR-MSS) Sol, ele está a uma altitude de 778 km e o horário
e um imageador de visada larga (WFI). Uma local médio de sua passagem é às 10h30.
32
■
Capítulo 3
DA IMAGEM
AO MAPA
/
A s imagens de sensores remotos, como
-4*.|fonte de dados da superfície terrestre,
são cada vez mais utilizadas para a elabora
ção de diferentes tipos de mapas. Um exem
plo de mapa elaborado a partir da interpreta
ção de uma imagem de satélite é mostrado
na Fig. 3.1. Nesse processo de interpretação,
dados contidos em uma imagem são trans
formados em informação e apresentados em
forma de mapa. Enquanto os mapas contêm
informação, as imagens obtidas de sensores
remotos contêm dados brutos, que só se tor
nam informação após a sua interpretação. O
processo de interpretação de imagens será
abordado no próximo capítulo.
BAÍA Df
L o c a liz a ç ã o da C a rta
A p iaí Eldorado S G .23-V
P a ra n á Paulista A -rv
5 4" 45 “
SG 2 2-X- S G 2 2 -X
D-V D-VI
■ Urbano ■ Cerrado
■ Mineração ■ Solo exposto
ILHA DAS ■ M anguesais □ Praia
PEÇAS
B Floresta - área plana ■ Água
H Floresta - área elevada
Enquanto as imagens de satélites e as dias sobre uma mesma área, o que permite
fotografias aéreas são retratos fiéis da superfície obter imagens de uma mesma área da superfí
terrestre, os mapas são representações, em uma cie terrestre, segundo um intervalo de tempo
superfície plana, do todo ou de uma parte da conhecido, chamado de resolução temporal.
superfície terrestre, de forma parcial e através Esse caráter multitemporal das imagens de saté
de símbolos. A realidade nos mapas é represen lites possibilita o monitoramento dos ambientes
tada de forma reduzida e selecionada. Nessas e a atualização de material cartográfico (cartas e
imagens, a paisagem está representada em todos mapas). Portanto, as imagens de satélites podem
os seus aspectos: geologia, relevo, solo, água, ser utilizadas tanto na elaboração de novos
vegetação e uso da terra. Nos mapas, esses mapas como na atualização daqueles já existentes.
aspectos estão representados separadamente Antes de interpretar uma imagem, é
como, por exemplo, mapa de solos, mapa de preciso entender alguns conceitos básicos
vegetação, etc. comuns às imagens obtidas de sensores remotos
A principal finalidade dos mapas é repre e à cartografia. A cartografia pode ser definida
sentar e localizar áreas, objetos e fenômenos. Eles como ciência^ arte e tecnologia de fazer mapas.
facilitam a orientação no espaço e aumentam nosso Como ocorre quando aprendemos a utilizar
conhecimento sobre ele. O mapa é uma das mapas, a interpretação ou uso de imagens requer
formas mais antigas de comunicação entre os inicialmente a definição dos seguintes conceitos
homens. Inicialmente, os mapas eram elaborados básicos: visão vertical, visão oblíqua, imagens em
manualmente, e a partir de observações feitas no 3D e estereoscopia, escala e legenda.
terreno. Com o tempo, o conhecimento sobre a Assim como as fotografias e as imagens,
Terra foi aumentando, graças às imagens de os mapas, geralmente originados delas, são repre
sensores remotos. A maneira de representar a sentações de espaços “vistos de cima”, de longas
Terra também foi aperfeiçoada. Com o desenvol distâncias. As imagens registradas por sensores,
vim ento tecnológico, principalm ente da a bordo de aeronaves ou satélites, são obtidas
informática, surge a cartografia digital e a elabo através de uma visão vertical ou oblíqua. Por
ração de mapas passa a ser uma tarefa cada vez isto, inicialmente, no processo de interpretação
mais automatizada. de imagens, deve ser desenvolvida a habilidade
Os sensores, a bordo de satélites de ou percepção de reconhecer objetos vistos de
sensoriamento remoto, coletam dados da super cima, uma vez que a forma de um objeto obser
fície terrestre, de forma sistemática e repetitiva. vado de uma perspectiva vertical é diferente em
O LANDSAT-7, por exemplo, passa a cada 16 relação à perspectiva horizontal.
34
C apítulo 3 - Da Imagem ao Mapa
v " '
10-20
10
Á re a u rb a n a
C a m p o a n tró p ico 2 0 -3 5
F lo re sta I > 35
F lo re s ta a lte ra d a
U rb. N ã o co n so lid .
■
Vulnerabilidade f Planta - chave
à expansão urbana
f J g _
Union 1 vulnerabilidade
0-6
6 - 16,5
10,5 - 36
3 6 -7 2
72 - 140 Parque Nacional
da Tijuca, RJ
36
C apítulo 3 - Da Imagem ac »
Fig. 3 .5 Im a g em TM -
LAN DSAT-5, 13/09/1997, da
região de Corum bá, fron teira
B ra sil-B o lívia , nas escalas de
1 :7 5 0 .0 0 0 (a ), na q u a l a área
co b erta é m a io r, e 1 :1 5 0 .0 0 0
(b ), na q u a l a área co b e rta
é menor, mas o nível de detalhe
é m a ior. N e la s, a veg eta çã o
m a is d e n s a a p a r e c e em
v e r m e lh o ; em v e rm e lh o
e s c u r o / r o x o , a s á re a s
a la g a d a s d o P a n ta n a l; em
verd e e a zu l d a ro as su p e rfí
cies e xp o sta s; em azul d aro, a
área u rb a n a ; e, em p re to e
a zu l-escu ro, o s rio s e lagos.
37
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
G r u z e i r o a o bui
resolução espacial como,
por exemplo, aquelas obti
das a partir do satélite IKONOS-2, a uma
altitude de 680 km, conforme Fig. 1.7c
(Capítulo 1).
No nível orbital, a partir do satélite
GOES, por exem plo, a 36.000 km de
a lt it u d e , é p o s s ív e l r e p r e s e n ta r em
uma ú n ica im agem uma face da Terra,
fornecendo dados em n ív el de c o n ti
nente, como podem os ob servar na Fig.
3 .7 a. Im agen s o b tid a s por se n so re s
in s ta la d o s nos s a té lite s de re c u rso s
te rre s tre s , com o o LA N D SA T-7, por
exem p lo , que está a uma a ltitu d e de
705 km, fornecem dados em nível regional,
e cada im agem cobre uma área de 185
por 185 km (3 2 .0 0 0 km 2) (F ig. 3.7b ).
Fotografias aéreas (nível aéreo) obtidas
por sensores instalados em aviões (entre
1.000 e 10.000 metros de altitude) (Fig.
3.7c), fornecem dados em nível m unicipal
e do bairro. F o to grafias, ou outros tipos
de dados esp ectrais, obtidos no terreno
(nível de cam po), ou próxim o a ele, fo r
necem dados p o n tu ais ou lo cais (Fig.
Fig. 3 .7 Im agem d e um a fa ce da Terra, o b tid a
3 .7 d ). D essa fo rm a, com as im ag en s
d o sa té lite m e te o ro ló g ic o C O E S (a ); im agem
obtidas por sensoriamento remoto podemos d o R io d e Ja n e iro , o b tid a p e io TM -LA N D SA T-5,
estudar desde o ponto de vista local até o 08/0 7 /1 9 9 8 (b ); fo to g ra fia aérea co lo rid a n a tu ra l
global, de maneira a integrar os diferentes d e Ip a n em a , o b tid a d e a e ro n a v e (c ); fo to g ra fia
contextos. da p ra ia d e Ip a n em a , o b tid a na su p e rfíc ie (d ).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Legenda
fü il Pastagem
( araguui
Oceano Atlântico
Sàn Sebasl
escala gráfica
Fig. 3 . 8 M osaico de duas im agens TM -LANDSA T-5. adquirida peia estação de rastreio d o IN PE, em Cuiabá, M T, do
Vaie d o Paraíba e Lito ra l N o rte d o Estado de São Pauio, nos dias 26/07/1997 e 20/08/1997, n o quai p odem os
ob servar um exem plo de legenda elaborada a p a rtir da interpretação d e imagens.
Estas imagens foram geradas p eio IN P E em Cachoeira Paulista e São Jo sé dos Campos. O m osaico é uma com posição
colorida das bandas TM 3(azui), TM 4(verde) e TM 5(verm elho), d o sensor Thematic M apper (T M ) d o satélite Landsat
5, na escala originai 1:350.000. Cortesia: R om eu Sim iJr.
40
Capítulo 4
INTERPRETAÇÃO
DE IMAGENS
Fig. 4.1 Exem plo de interpretação de uma imagem digital TM-LANDSAT-5na tela d o com putador (a) e o resultado
desta interpretação (b). Em (a), podem os observar as classes delim itadas em p olíg on os am arelos com a ajuda de um
cursor. Em (b ), o resultado da interpretação, com as classes d e vegetação, em verde, e desm atam ento, em am arelo,
com o indica a legenda.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
No exemplo da Fig. 4.1, a delimitação dos desde a fase de interpretação da imagem. Mesmo
objetos é feita por meio de um cursor. Com o uso nesses casos, sempre existe uma interação do
de um SIG, os limites das classes são armazena homem com a máquina. Por isto, é preciso saber
dos em um plano de informação e, posteriormen interpretar uma imagem, até mesmo para poder
te, o mapa é gerado. Quando a interpretação é avaliar o resultado de uma classificação ou “in
feita na imagem impressa em papel, geralmente terpretação automática”.
fixa-se sobre ela um papel transparente, como o
vegetal, por exemplo, e os traços e contornos são
feitos nesse tipo de papel (como mostrado na Fig. 4.2 Elementos de Interpretação de
4.2), e não diretamente na imagem. Imagens
Existem programas computacionais de
classificação de imagens digitais, por meio dos As imagens obtidas por sensores remo
quais os mapas são gerados automaticamente tos, qualquer que seja o seu processo de forma
ção, registram a energia proveniente
dos objetos da superfície observada.
Independentemente da resolução e
escala, as imagens apresentam os
elementos básicos de análise e inter
pretação, a partir dos quais se
extraem informações de objetos,
áreas, ou fenômenos. Esses elemen
tos são: tonalidade/cor, textura,
tamanho, forma, sombra, altura,
padrão e localização. Tanto a in
terpretação de uma radiografia de rai-
os-x do corpo humano, como a in
terpretação de uma imagem de saté
lite da superfície terrestre são base
adas nesses elementos, o que muda
é o significado deles.
A tonalidade cinza é um
elemento utilizado para interpretar
fotografias ou imagens em preto e
branco (Fig. 4.3). Nesse tipo de ima
gem, as variações da cena fotogra
fada ou imageada são representadas
por diferentes tonalidades, ou tons
de cinza, que variam do branco ao
preto. Quanto mais luz ou energia
um objeto refletir, mais a sua repre
Fig. 4 .2 Exem plo de interpretação de imagem im pressa em p a p e i
sentação na fotografia ou imagem
fo to g rá fico . O bserve que o p a p e t tra n sp a ren te fo i p re so (com vai tender ao branco e, quanto me
um a fita a desiva) nas p o n ta s som en te na p a rte su p e rio r da im a nos energia refletir (absorver mais
gem , o que p erm ite leva n ta r o p a p e i e te r uma visão m elh o r da energia), mais a sua representação na
im agem . N o exem plo, o in térp rete traça os rio s em azui, as estra fotografia ou imagem vai tender ao
das em verm elh o e delim ita a área urbana e as áreas de vegetação
preto.
com lápis preto. Em seguida, essas áreas são pintadas de rosa (urbano),
verde escuro (cerrado, mata ciliar) e verde ciaro (soja), de acordo
A cor é um elemento usado
com a legenda p o r eie definida. na interpretação de fotografias ou
42
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens
imagens coloridas, nas quais as variações da cena imagem), da mistura entre as cores (processo
fotografada ou imageada são representadas por aditivo), e da cor que for associada às imagens
diferentes cores (Fig. 4.4). Conforme destacado originais em preto e branco. E mais fácil inter
anteriormente, em uma imagem colorida, a cor pretar imagens coloridas do que em preto e bran
do objeto vai depender da quantidade de ener co, porque o olho humano distingue cem vezes
gia que ele refletir (no canal correspondente à mais cores do que tons de cinza.
Com relação à cobertura vegetal, obser uma textura mais rugosa do que uma área de re
va-se que uma área de mata, que é mais fiorestamento, que é mais homogênea ou unifor
heterogênea, é representada em uma fotografia me, e esta é mais rugosa em relação a uma área
aérea, e até mesmo em imagens de satéites, por de cultura, como pode ser observado na Fig. 4.6.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
D IG 1T A LG LO B E
Fig. 4 .7 Imagem d o M aracanã Q uickB ird obtida em 14/05/2002, R io de Janeiro. N o com plexo esportivo do
M aracanã (Estádio M á rio Filho), é p o ssível distinguir, em função do tamanho, o estádio de fu teb ol d o ginásio
coberto, M aracanãzinho e suas piscinas. É p o ssível separar a avenida (av. M aracanã), das dem ais ruas circundantes e
o s ônibus, dos carros de passeio. Cortesia: Intersat.
O ta m a n h o , que é uma função da perfícies são identificados apenas com base nes
escala de uma fotografia ou imagem, e rela se elemento. Assim, estradas e rios são facilmen
tivo aos objetos na imagem, também é um te identificados pela sua forma linear (e
elemento importante na id en tificação de curvilínea), as construções como casas, prédios
objetos. A ssim , em função do tam anho, de apartamentos costumam ter formas regulares
pode-se distinguir uma residência de uma e bem definidas (quadrados e retângulos), campos
in d ú s tria , uma área in d u s tria l de uma de futebol (retangular), as área de cultivo carac
residencial, grandes avenidas de ruas de tráfego terizam-se pela sua forma geométrica, mais
local, um sulco de erosão de uma voçoroca, comumente retangular, ou em faixas, e as áreas
uma agricultura de subsistência de uma de culturas irrigadas por sistemas de pivô central
agricultura comercial, etc. (Fig. 4.7). apresentam formas circulares (Fig. 4.8). Um ou
A forma é um elemento de interpretação tro exemplo é a forma circular em espiral dos
tão importante, que alguns objetos, feições ou su furacões, redemoinhos gigantes formados por
46
Fig. 4 .8 Imagem CBERS-1 CCD (432) de 30/08/2000 de uma área agrícola em Barreiras, noroeste d o Estado da
Bahia. Podem os observar as form as geom étricas retangulares dos taihões e as form as circulares das áreas de culturas
irrigadas p e lo sistema de p iv ô centrai. Nesta com posição colorida, a co r verm elha representa as culturas, e a verde,
o so io exposto ou preparado para o cultivo. A s form as lineares que se destacam nesta imagem são canais de drena
gem , e a co r verm elha representa a mata ciliar ao longo deies. A fo to (a) representa uma área irrigada p o r p iv ô
centrai, com cultura (círculos verm elhos na imagem). A fo to (b ) é a mesma área, com solo exposto, antes d o plantio
(círculos verdes na im agem ). Foto s: Jo sé Carlos Epiphânio.
ventos que giram em tomo de um centro, um construídos pelo homem (indústrias, aeroportos,
“olho” chamado vórtice e pode medir cerca de áreas de reflorestamento, áreas agrícolas, etc.), como
500 km de diâmetro (Fig. 4.9). pode ser observado nas imagens deste livro.
De modo geral, formas irregulares são Como destacado anteriormente, é impor
indicadoras de objetos naturais (matas, lagos, fei tante considerar que a forma de um objeto ob
ções de relevo, pântanos, etc.), enquanto formas servado a partir de uma perspectiva vertical é di
regulares indicam objetos artificiais ou culturais, ferente em relação à observação horizontal. Desta
4i
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
CIM SS
maneira, as árvores de um pomar trans
formam-se em fotografias de grande es
cala em pequenos círculos, edifícios
transformam-se em retângulos, etc. Um
vulcão não é visto como um cone, mas
como um círculo menor (o cume do
vulcão) dentro de um círculo maior ( a
base do vulcão) (Fig. 4.10).
A disponibilidade de fotografi
as ou imagens em 3D facilita o proces
so de interpretação, permitindo obter
informações sobre a altura dos objetos.
Em imagens bidimensionais, a altura de
objetos como árvores, edifícios, relevo
(Fig. 4.11), etc. pode ser estimada atra
vés do elemento sombra. A partir da Fig. 4 .9 Imagem CO ES, 10/09/2001, d o furacão Erin que p o d e ser
sombra, outros elementos, como a for- facilm ente identificado peia sua form a circular do tipo “redem oinho ",
Fig. 4.10 im agem C BERS, 04/11/2000, d o n o rte d o C h ile. N ela p o d e m o s id e n tifica r, p e ia form a circu la r,
vá rio s vu lcõ es. A área em b ra n co rep resen ta um saiar, d e p ó sito d e sa i em a n tig o lag o salgado.
48
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens
Fig. 4.11 Imagem TM-LANDSAT-5', 25/06/1997. da região de Cruzeiro e Cachoeira Paulista no Vaie do Paraíba, São
Pauio. Ne/a, as áreas de m aior som bream ento, que indicam relevo mais aito. encontram -se na serra da M antiqueira;
as som bras interm ediárias encontram -se nas áreas de m orros, e as som bras m enores, nas áreas de colinas. Nas áreas de
relevo m uito piano, com o na planície d o rio Paraíba do Sui, não há sombras. Por outro iado, não ép o ssíve l identificar
os tipos de cobertura ou uso d o so io nas áreas com som bras, representadas em p reto .
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
CIMSS
maneira, as árvores de um pomar trans
formam-se em fotografias de grande es
cala em pequenos círculos, edifícios
transformam-se em retângulos, etc. Um
vulcão não é visto como um cone, mas
como um círculo menor (o cume do
vulcão) dentro de um círculo maior ( a
base do vulcão) (Fig. 4.10).
A disponibilidade de fotografi
as ou imagens em 3D facilita o proces
so de interpretação, permitindo obter
informações sobre a altura dos objetos.
Em imagens bidimensionais, a altura de
objetos como árvores, edifícios, relevo
(Fig. 4.11), etc. pode ser estimada atra
vés do elemento sombra. A partir da Fig. 4 .9 Imagem CO ES, 10/09/2001, d o furacão Erin que p o d e ser
sombra, outros elementos, como a for- facilm ente identificado peia sua form a circular d o tipo “redem oinho ”,
Fig. 4.10 im agem C BERS, 04/11/2000, d o n o rte d o C h ile. Ne/a p o d e m o s id e n tifica r, p e ia form a circu lar,
vá rio s vu lcõ es. A área em b ra n co rep resen ta um saiar, d e p ó sito d e sa i em a n tig o lag o salgado.
48
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
biiiríayaifittlacl
área agrícola
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•í ? jé /<•r
seus habitantes. Assim, por exemplo, áreas específico, formado por edificações, quadras
residenciais de alto padrão caracterizam-se e piscinas em meio a uma grande área co
por unidades habitacionais grandes, baixa berta por gramíneas e vegetação arbórea.
densidade dessas unidades e muita área ver Assim, em função do padrão e da densidade
de, enquanto áreas ocupadas com favelas de ocupação do terreno, diferentes classes
caracterizam-se pelo tamanho mínimo das residenciais podem ser distinguidas em fo
unidades habitacionais, sem espaçamento tografias e imagens.
entre si, nem organização espacial, estando Um outro exemplo desse elemento de
também ausente a estrutura viária, como é interpretação de imagem pode ser observado
possível verificar na Fig. 4.12. Um outro na Fig. 4.13. Nela podemos identificar, pela for
exemplo são as áreas ocupadas por clubes, ma circular do relevo e do padrão de drena
que também se caracterizam por um padrão gem (anelar), uma antiga caldeira vulcânica.
50
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens
Fig. 4.13 Imagem TM-LANDSA T-5, 04/05/1996, de uma caldeira vulcânica localizada entre o s m unicípios de Patro
cínio e Cuim arânia, no Estado de M inas Gerais. Pelo padrão (arranjo da drenagem e form a circular d o relevo ),
podem os identificar o tip o de relevo na imagem.
F ig . 4 . 1 4 M a p a d e
ó r b it a / p o n t o dos
s a t é lit e s L A N D S A T -5
54
55
e 7 p a ra a lo c a liz a ç ã o
56 d e u m a im a g e m .
•57 A s ó r b it a s tê m u m a
..5 8
d ir e ç ã o a p r o x im a d a
59
60 N -S e sã o n u m e ra d a s
61. n a U n h a p a r a le la à
62
63 d o E q u a d o r. A ó rb ita
é d iv id id a em s e g
<r i w v w S ' v <v’ *v Kr. ^ <$• ,ç- jíT
65 m e n to s n u m e r a d o s
66
67 (p o n t o s ) in d ic a d o s
68 a o lo n g o d a U n h a
69 p a r a le la a o s m e r i
70
71 d ia n o s . N o d e ta lh e ,
72 o c e n tro da im a g em
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63 63 latitude 67
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52
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens
Fig. 4.15 Imagens LA N D S A T d e um a re g iã o sem i-árida . M unicípio de A fogados d e ingazeira, Pernam buco,
tom adas p e io E T M + em época de seca (a) 2 8 /0 9 /2 0 0 ! e p e io TM na de chuva (b ) 9/05/Í987. Em (b), ép o ca de
ch uva, a vegetação de caatinga, re p re se n ta d a em verde, está tota/m ente verde, enquanto em (a), época seca,
a mesma vegetação, representada em verm elho escuro/m arron, está tota/m ente seca. A única exceçã o são as
áreas d e drenagem , em verd e, d e v id o à m ata cilia r, q u e m antém seu v ig o r m esm o nesta épo ca d o ano, e
tam bém ao uso d esta s áreas com cu ltu ra s a g ríco la s n o p e río d o seco .
Fig. 4 .16 Im agens TM -LA N D SA T-5 d e C am pos d o Jo rd ã o , São P au lo, tom ad a s n o ve rã o (a ) 06/01/1987
e n o in v e rn o (b ) 0 3 /0 7 /1 9 8 8 . Em fu n çã o d o m o v im e n to d e tra n sla çã o da Terra em to rn o d o S o l, as
c o n d iç õ e s d e ilu m in a çã o so ia r na su p e rfíc ie te rre stre variam ao lo n g o d o a n o . P o r isto , o tam anho e a
d ire çã o d o so m b rea m en to d ife rem d e uma im agem p a ra a o u tra , co m o p o d e m o s o b se rv a r co m p a ra n d o
(a ) e (b ). N a im agem d e in v e rn o , to m a d a co m â n g u lo d e e le v a ç ã o so ia r (â n g u lo fo rm a d o e n tre o
s o i e a Unha d o h o riz o n te ) b a ix o (3 0 ° ) as so m b ra s sã o m a io re s d o q u e na d e v e rã o , to m a d a com
â n g u lo d e e le v a ç ã o s o ia r a lto (5 7 ° ). N o ta r co m o o r e le v o ín g re m e e o so m b re a m e n to d e c o rre n te
d ific u lta m a d e lim ita ç ã o d a s cia sse s d e u so da te rra . A im agem to m a d a n o v e rã o é a m a is in d ica d a
p a ra esta in te rp re ta ç ã o .
54
Capítulo 5
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE FENÔMENOS AMBIENTAIS
s imagens de satélites, ao recobrirem su ção dos sucessivos estados de tempo por um
A cessivas vezes a superfície terrestre, pos
sibilitam o estudo e o monitoramento de fenô
longo período.
O estudo dos fenômenos atmosféricos,
menos naturais dinâmicos do meio ambiente como furacões, tempestades, geadas, etc., pode
como aqueles da atmosfera, do vulcanismo, da minimizar perdas de vidas humanas e prejuízos
erosão do solo, da inundação, etc., e aqueles materiais causados por esses fenômenos. Por isto,
antrópicos como o desmatamento, por exem em muitos países, grandes quantidades de re
plo. Esses fenômenos deixam marcas na pai cursos são aplicados à meteorologia, ciência que
sagem que são registradas em imagens de tem por objetivo o estudo do clima e a previsão
sensores remotos, como mostrado nas figuras do tempo. A partir dos satélites meteorológicos,
deste Capítulo. por sua vez, são obtidos dados que, em conjun
Muitos fenômenos naturais, como a to com informações provenientes de outras fon
erosão do solo e a inundação, são intensifica tes, são utilizados na previsão do tempo e no
dos ou agravados pela ação do homem. A der estudo do clima e de outros fenômenos da at
rubada da vegetação, por exemplo, acelera os mosfera que afetam o clima. Dessa maneira, va
processos erosivos. A pavimentação das ruas mos saber inicialmente qual a contribuição das
das áreas urbanas, impermeabilizando o solo, imagens dos satélites meteorológicos na previ
e o lixo despejado nos rios são fatores que agra são do tempo e na detecção de focos de incên
vam o fenômeno da inundação nas grandes ci dio e de áreas queimadas.
dades. As queimadas, embora muitas vezes
ocorram naturalmente, são uma prática comum
entre os agricultores. Com o uso de imagens
de satélites, é possível identificar, calcular e 5.1 Imagens de Satélites na Previsão
monitorar o crescimento de áreas desmaiadas, do Tempo
áreas atingidas pelo fogo (queimadas), áreas
impermeabilizadas, áreas submetidas a proces As im agens dos satélites
sos de erosão e áreas inundadas, como vere m eteorológicos contribuem bastante na
mos mais adiante neste capítulo. previsão do tempo, devido à grande cobertura
Os fenômenos da atmosfera podem ser esp acial. Elas cobrem extensas áreas,
estudados a partir dos conceitos de tempo e incluindo as oceânicas e as de difícil acesso,
clima. O tempo refere-se ao estado da atmos com alta cobertura temporal, isto é, com dis
fera de um determinado momento e lugar, en ponibilidade de imagens em curtos intervalos
quanto o clima refere-se às condições médias de tempo. A partir do satélite meteorológico
da atmosfera de um determinado lugar. Estas GOES, por exemplo, é possível obter imagens
condições médias são resultantes da observa de 30 em 30 minutos.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Duas im agens obtidas do satélite do mar, a qual, por sua vez, influencia a tem
meteorológico GOES, canal 4 do infravermelho, peratura da atmosfera, como se verifica com
são mostradas na Fig. 5.1. As cores e os limites o fenômeno El Nino.
dos países da América do Sul foram assinalados O fenômeno El Nino caracteriza-se pelo
com a ajuda de mapas e de program as aquecimento anormal das águas do Pacífico
computacionais. Nelas, as nuvens estão repre Equatorial Central e Oriental, entre o litoral
sentadas em branco. Analisando essas imagens do Peru e da Austrália, provocando mudanças
seqüenciais, é possível acompanhar o desloca na circulação da atmosfera, e conseqüentemente
mento das nuvens. Na região Sul do Brasil, as no clima de diferentes regiões da Terra. O aqueci
nuvens estão associadas à passagem de uma mento e o subseqüente resfriamento dessas
frente fria. A frente fria comprime o ar quente águas dura de 12 a 18 meses, atingindo sua
que está a sua frente, provocando um aumento intensidade máxima nos meses de dezembro e
de temperatura, e um aquecimento chamado de janeiro. O El Nino não tem um ciclo bem
pré-frontal. Após a sua passagem, que pode ser definido, ele ocorre, em geral, entre 2 e 7 anos. A
acompanhada de chuva, ocorre então um partir desses dados, em 1997/98, por exemplo,
resfriamento do ar, verificando-se uma conse- durante a ocorrência do El Nino verificaram-se
qüente queda de temperatura. temperaturas da superfície do mar até 5°C acima
A p artir da cob ertura de nuvens da média histórica.
identificadas nesse tipo de
imagens, os especialistas em
m eteorologia podem estimar
uma precipitação, delimitar as
áreas com ocorrência de preci
pitação e mapear as áreas com
chuvas intensas. Informações
sobre a direção e velocidade do
vento podem ser obtidas por
meio da observação do deslo
camento de nuvens em uma
seqüência de imagens de satéli
tes, em intervalos de 30 minutos.
As variações de tonalidade de
uma im agem ob tida no
infravermelho termal represen
tam variações de energia (calor)
emitida pela atmosfera e pela
superfície da Terra. Através da
análise desse tipo de imagem, é
possível estimar a temperatura
da superfície dos continentes e
Fig. 5 .1 Im a g e n s d o ca n a l 4,
infraverm elho, obtidas p e lo satélite
GO ES-8 em 19/08/2002 (a) e 2 0 /0 8 /
2 0 0 2 (b). Podem os ob servar que as
nuvens associadas à frente fria deslo
cam-se lentam ente.
56
C apítulo 5 - O Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais
in fraverm elh o . Nas im agens NOAA e Na Fig. 5.4 é mostrada a área queimada
LANDSAT-5 das Figs. 5.2 e 5.3, respectiva no Parque Nacional das Emas (sudoeste de
mente, podemos observar focos de incêndio. Goiás), registrada através da imagem TM-
Na Fig. 5.5, é mostrado o mapa dos totais de LANDSAT. A comparação entre as Figs. 5.2 e
focos de calor no Brasil, por Estado, no perí 5.4, evidencia a grande diferença de resolução
odo de junho a novembro de 1997, detecta espacial existente entre os dois tipos de imagens,
dos através de várias imagens do satélite 1,1 km do AVHRR do satélite NOAA e 30
NOAA-12. metros do sensor TM do satélite LANDSAT-5.
58
C apítulo 5 - O Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais
Um outro exemplo do
uso de imagens de satélites na
detecção e monitoramento de
áreas queimadas pode ser ob
servado através da análise da
Fig. 5.6. E possível observar, 1T otal d e fo c o s 6 0 .: 121
06/02/1985 14/06/1985
30/06/1985 02/09/1985
Fig. 5 .6 D etecção e m onitoram ento de queim adas d o Parque N acional de Brasília, n o ano de 1985, através de
im agens TM-LANDSAT-5. Cortesia: Flávio Ponzoni, 1985.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
5.3 Desmatamento
A e x p lo r a ç ã o de m a d e ir a e a imagens MSS-LANDSAT-1, de Rondônia,
su b stitu iç ã o da v eg etação n atu ral por o b tid as en tre junho e ju lh o de 1973,
d iferen tes tipos de uso da terra inten - en q u an to na Fig. 5.7b é m o strado um
iF fw íiv am o •ptoc^bí.o .
' b t v m ,A \ 'A w > c v i\ o tV n iW iX V ) t v A )V )\ 'iA v ) YtTV.\V,'cYi^
60
C apítulo 5 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais
Fig. 5 .8 Im a g e m E T M +-
LA N D SA T-7 (a ) 2 5 /0 3 /2 0 0 1 ;
fo to g r a fia a é re a pan-
crom ática (b ); fo to g ra fia s d e
ca m p o (c ) (d ). P o d e m o s
v e r if ic a r a s m a rc a s d e
e sco rre g a m en to d e e n co sta s
n o M u n ic íp io d e C aragua-
tatuba-SP. Tanto na im agem
q u a n to na fo to g ra fia a érea,
a s á re a s m a is c ia ra s q u e
co n tra sta m co m a vegeta çã o
da M a ta A tlâ n tica , na Serra
d o M ar, rep resen ta m , na sua
m a io r ia , c ic a t r iz e s de
e sco rre g a m en to .
62
Rosana Okida
perfícies impermeabilizadas das áreas urbanas
aceleram o escoamento das águas e, conse-
qüentemente, a vazão dos rios. No caso do
desmatamento, além do efeito semelhante ao
da urbanização, ele provoca um aumento na
erosão do solo e o assoreamento do leito dos
rios, o que eleva os seus níveis e contribui,
portanto, para aumentar a área inundada.
A água e as áreas de solo úmido são
m ais bem d estacad as em fo to g rafias e
imagens obtidas na faixa do infraverm elho
p ró xim o . Isto pode ser o b serv ad o na
5.5 Inundação imagem TM do canal 4 (infravermelho próximo)
do rio Parnaíba (Fig. 5.9b). Esta imagem
A inundação é um fenômeno natural foi tom ada após uma grande cheia que
que ocorre quando a vazão ultrapassa a ocorreu no ano de 1985 e inundou grande
capacidade dos canais de escoamento das parte da região Nordeste. Na Fig. 5.9a, mostramos
águas (rios e lagos). Como destacado ante uma imagem TM do canal 4 da época de vazante,
riormente, esse fenômeno pode ser intensifica período em que o leito do rio é mais baixo.
do pelo homem, através do desmatamento, Na imagem colorida (canais 3, 4 e 5 com as
do uso agrícola, da urbanização e de obras cores azul, verde e vermelha, respectivamente)
hidráulicas. A cobertura vegetal intercep da época da inundação (Fig. 5.9c), também
ta parte da precipitação e retarda o escoa é possível identificar as marcas resultantes
mento das águas da chuva, enquanto as su desse fenômeno.
62
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
A partir da interpretação de
imagens de sensores remotos, podemos Delia do Parnaíba
mapear a área atingida por uma determi
nada inundação, o tipo de uso da terra na
área, etc. Estas informações, juntamente
com as obtidas de outras fontes como, por
exemplo, dados de chuva e de vazão de rios,
podem ser integradas por meio de um SIG.
Desta forma, é possível elaborar um mapa
de áreas de risco de inundação, ou seja, um
mapa no qual estão destacadas as áreas
com maior probabilidade de serem atingi
das por inundações. Mapas deste tipo, bem
como os de risco de erosão, servem de sub
sídio ao planejamento do uso da terra de
ambientes urbanos e rurais.
Delta do Parnaíha
64
Capítulo 6
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE AMBIENTES NATURAIS
A s imagens de satélites proporcionam uma rem a áreas da superfície terrestre que ainda não
x J L visão sinóptica (de conjunto) e foram modificadas pelo trabalho do homem.
multitemporal (de dinâmica) de extensas áreas Atualmente, poucos são os ambientes ou paisa
da superfície terrestre. Elas mostram os ambi gens que se encontram nessas condições, desta
entes e a sua transformação, destacam os im cando-se as regiões cobertas permanentemente
pactos causados por fenômenos naturais e pela com gelo, as altas montanhas, as áreas de deserto
ação do homem através do uso e da ocupação e aquelas cobertas pelas florestas tropicais úmi
do espaço. Os elementos da paisagem mais visí das (Fig. 6.1).
veis em imagens de satélites e fotografias aére Para compor a imagem da Fig. 6.1, devido
as são o relevo, a vegetação, a água e o uso da ao problema de cobertura de nuvens, foi
terra. Neste capítulo, vamos mostrar exemplos necessário utilizar várias imagens de satélites
de ambientes naturais, a partir de imagens obti meteorológicos. Como a Fig. 6.1 representa a
das por sensores remotos, nos quais se desta Terra em uma superfície plana, ela pode ser
cam a estrutura geológica, os recursos mine considerada um planisfério, porque, como o
rais, o relevo, a vegetação e a água. O uso da próprio nome indica, é a representação da esfera
terra é destaque nos ambientes transformados, em uma superfície plana.
abordados no próximo capítulo. Na Fig. 6.1, podemos ver claramente as
Devido às diferentes combinações entre águas azuis dos oceanos, as áreas verdes dos con
os vários elementos da superfície terrestre (ro tinentes, as áreas desérticas (amarelo-claro) e as
chas, solos, relevo, vegetação e clima), existe uma neves das montanhas (em branco). Na repartição
diversidade de ambientes naturais, que se refe entre água e terra, destaca-se a área ocupada pelos
oceanos (73%), que é bem maior do que aquela ções acima de 2.000mm ao ano, uma extensa rede
ocupada pelos continentes e ilhas (terras emersas), hidrográfica (1 /5 de toda água doce da Terra corre
27%. Podemos identificar os continentes, pela sua nos rios que drenam a Bacia Amazônica), e por
forma e destacar os contornos da América do Sul uma rica biodiversidade, isto é, grande diversida
e do litoral do Brasil. de de espécies vegetais e animais. Este tipo de
ambiente ocorre em vários países da América do
Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,
6.1 Florestas Tropicais Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
Os elementos naturais da Amazônia são
O ambiente das florestas tropicais úmi interdependentes, formando um ecossistema in
das, como o da Amazônia (Fig. 6.2), caracteriza- tegrado, cuja vegetação exuberante desempenha
se por um clima quente e úmido, com a tempera um papel essencial. Ela protege e nutre o solo,
tura média anual em torno de 26°C e precipita além de contribuir para a umidade do ar que, por
66
r C a p ít u l o 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
...... ■ - ...........nv-.^r<£=*.■;
sua vez, contribui para o alto índice pluviométrico truição da floresta, que ocorre em ritmo acelera
e a rica rede hidrográfica deste ecossistema. Com do, contribui também para o aquecimento da at
a destruição da floresta, milhares de espécies ve mosfera, e rompe o equilíbrio do ecossistema. O
getais e animais são extintas; diminui a umidade rompimento deste equilíbrio tem implicações glo
e, conseqüentemente, os índices de precipitação, bais, portanto, a preservação da floresta é uma
além de provocar o empobrecimento dos solos necessidade ambiental do Planeta Terra.
que perdem a proteção e os nutrientes forneci Na Fig. 6.2, a planície do rio Amazonas
dos pela vegetação densa. Desta maneira, a des está representada em um mosaico elaborado
com imagens TM-LANDSAT-5. Com
a ajuda de um mapa do Brasil, pode
João Ramid, Abril Imagens
67
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
68
C apítulo 6 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
Fig. 6 .4 Imagem TM-LANDSAT-5, 14/06/1990, do litoral maranhense. Nela podem os separar a vegetação de mangue,
em verde-escuro, da vegetação de cerrado, em verde-daro, a água em azul escuro/preto, e as praias e dunas em
branco. A co r mais escura d o mangue na imagem deve-se à presença de água neste am biente com o mostra a vista (a)
e o detalhe (b).
muitos peixes e moluscos reproduzidos nos vastados do Brasil. O ambiente de mangue é tam
manguezais servem de alimentos para outros bém o hábitat de inúmeras espécies de animais
seres vivos que habitam os mares e oceanos, eles ameaçados de extinção, principalmente aves.
têm uma importância muito grande na cadeia Como podemos observar na Fig. 6.4, este tipo de
alimentar. A maioria dos peixes tem no mangue ambiente é facilmente destacado em imagens de
o estágio inicial de sua cadeia alimentar. satélites, pela sua forma irregular, cor mais escu
Sem os manguezais, a vida dos oceanos, ra que a dos demais tipos de vegetaçao, devido à
que a cada ano fornece ao homem duzentos mi influência da água existente nesses ambientes, e
lhões de toneladas de alim entos, estaria pela sua localização junto ao litoral. A partir da
ameaçada. Apesar de sua im portância, os interpretação dessas imagens, é possível mapear
manguezais estão entre os ecossistemas mais de e monitorar os manguezais.
69
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
<
CD
Tj
o Fig. 6 .5 M o sa ic o d e im a g en s
©
R A D A R SA T-1 d o C o n tin e n te
A n t á r t ic o ( a ) , d a A S F e
R A D A R S A T In t e r n a t io n a l,
p ro c e ssa d a p e la B y rd P o la r
R e se a rch C e n te r. Im agem da
Hha R e i G e o rg e , p ró x im a à
P e n ín su la A n tá rtic a (b ), o b
tid a d o s a té lite S P O T . N a
H h a, lo c a liz a - s e a E sta ç ã o
A n tá rtic a B ra sile ira C o m a n
d a n te F e r ra z ( c ) , q u e é a
b a se b ra s ile ira d e p e sq u isa
n e sse C o n tin e n te , (d ), (e ) e
(f) sã o a n im a is fo to g ra fa d o s
nas p ro x im id a d e s da Esta çã o .
F o to s : L u iz S. M a n g u e ira .
70
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
W0 5 8 —4 0 + W058-30+ W0 5 8 - 1 0 + W0 5 8 - 0 0 + W057-50+
Estaçãg brasileira
» í,f
71
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
F ig .6 .6 M o sa ico de imagens TM-LANDSAT-5, 04/08/1991 e 11/08/1991, de uma área d o deserto da M ongólia. Com o
a vegetação está representada em verm elho, ép o ssíve l identificar, em am arelo e verde-daro, a área desértica e avaliar
a sua extensão. Fonte: Shim abukuro, 1993.
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
6.5 Recursos Minerais que responde por mais de 70% da produção bra
sileira de minério de ferro. Na imagem TM-
A visão sinóptica (de conjunto) de LANDSAT-5 da Fig. 6.8, podemos observar uma
extensas áreas proporcionada pelas imagens de parte da Serra dos Carajás. Através de prospeções
satélites constitui um grande potencial para geológicas, realizadas em 1966, foram inicialmen
estudos geológicos regionais. Através de feições te descobertas jazidas de minério de manganês
e determinados padrões representados nas nessa área. Posteriormente, foi descoberta a mai
or reserva de minério, com alto teor de ferro, do
imagens, os intérpretes especializados em geologia
mundo, além de grandes jazidas de ouro e de mi
identificam áreas com potencial de recursos
nérios de cobre, de manganês, de alumínio, de
minerais. A delimitação por meio de imagens de
níquel e de estanho.
áreas com provável ocorrência de minerais
Não podemos esquecer, no entanto, que
diminui a quantidade de locais pesquisados
a exploração de recursos minerais causa impac
em campo, o que permite uma economia de
tos negativos ao meio ambiente. Várias regiões
tempo e custo com esse tipo de trabalho, que brasileiras sofrem com a destruição da vegeta
envolve a prospecção mineral. ção, do relevo, solo e poluição dos recursos
Exemplos de áreas de ocorrência de mi hídricos, em conseqüência das atividades de mi
nerais, que podem ser identificadas através de neração. No garimpo de Serra Pelada, localizado
distintos padrões representados nas imagens de no Município de Curionópolis, a 140 km de
satélites são mostrados nas Figs. 6.7 e 6.8. A ima Marabá, no sul do Estado do Pará, morros intei
gem TM-LANDSAT-5 (Fig. 6.7) representa a re ros foram arrasados e verdadeiras crateras foram
gião do quadrilátero ferrífero em Minas Gerais abertas no terreno. Nesse garimpo, mais de 40
toneladas de ouro foram
retiradas na década de
1980. O mercúrio, utili
zado na separação do
ouro em pó, retirado no
leito dos rios, é uma das
principais fontes de po
luição das águas dos rios
onde ocorre a exploração
do ouro. Esses impactos
ambientais podem ser es
tudados e monitorados
com ajuda de imagens de
satélites.
Fig. 6 .7 Im agem TM -
LAN DSAT-5, 16/08/1998,
representando uma parte da
re g iã o d o q u a d rilá te ro
fe rrífe ro em M in a s G erais.
N as serras, que integram o
c o m p le x o da S e rra d o
Espin h aço, ao su i d e B e io
H o riz o n te (em ro x o ), e
que se destacam peias formas
lineares e peia co r magenta
escura, concentram -se o s
dep ósitos d e ferro.
73
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Fig. 6 .8 Imagem TM-LANDSAT-5, 22/06/1992, da Serra dos Carajás, representada pela textura rugosa. Podem os
observar, em verm elho, as áreas com cobertura vegetal densa; em verde, as áreas desm atadas/ocupadas; e, em azul,
as áreas de concentração de m inérios. Em (a), vista da Serra dos Carajás. O solo enriquecido p o r ferro p o d e ser
observado pela co r verm elha em (b) onde também vê-se a exuberante floresta am azônica. A jazida próxim a ao
núdeo urbano no alto da imagem está em exploração à céu aberto, através de escavação d o so lo em bancadas,
com o ilustrado p elo talude da fo to (c). Fotos (a) e (c ): Edson R. S. P. Cunha; (b ): A thos R. Santos.
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de A m oíentes í*a~
Fig. 6 .9 Imagem da Hha de Santa Catarina, obtida p eio TM-LANDSAT-5, 30/06/1999. Ne/a. podem os identificara
M ata Atlântica em verde, que dom ina nas áreas de relevo mais acentuado (textura rugosa e som bream entoj; as praias
e dunas em branco; a água mais lim pa e mais profunda em p re to ; a água com p ou cos sedim entos em suspensão em
azui-escuro; e a área urbana em rosa.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Fig. 6.10 Imagem do Rio de Janeiro, obtida p eio TM-LANDSAT-5, 08/07/1998. Podemos identificar, peia textura rugosa e
p eio sombreamento, a Serra do M ar que está coberta peia Mata Atlântica, em verde; as áreas de vegetação menos densa, em
verde<iaro; as áreas de soio exposto (sem vegetação) em rosa-daro e textura lisa (a); as áreas urbanas, do Rio de Janeiro e de
Niterói, em rosa mais escuro/vioieta e textura mais rugosa. A s águas mais limpas e profundas aparecem em preto e as mais rasas
com sedimentos em suspensão e poluídas da baía de Guanabara, em azul escuro. N o detalhe (b) é possível identificar a Ilha do
Fundão onde se localiza a UFRJ, a ponte Rio-N iterói e os aeroportos Galeão e Santos Dumont.
C apítulo 6 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
Fig. 6.11 Im agens TM -LAN D SAT5, 01/11/1997. d e um seto r d o curso anastom osado d o rio São Francisco, ju n to à
represa de Sobradinho (a), dos m eandros d o rio Verde, seu afluente da margem direita (detalhe b ) e leitos sem água
de pequenos afluentes da sua margem esquerda (detalhe c). Na fo to de cam po (d ) pode-se observar o leito raso
anastom osado de um afluente do São Francisco com pouca água. Em (e) é o m esm o afluente tota/m ente seco. Cabe
destacar que essa imagem é d o p erío d o de chuvas. Na seca, to dos os afluentes, exceto o rio São Francisco, ficam sem
água (e).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
78
«-»
-----
-
-
-----—
Fig. 6.13 Imagens TM-LANDSA T-5, 09/02/1999, d o rio da Prata na Argentina (a) e d o rio Parnaíba, 31/05/1985, no
Brasil (b). N e/aspodem os observar dois exem plos de fo z em deita. Destaca-se na imagem (a) a coloração amarelada
d o rio da Prata d evido às altas concentrações de sedim entos e poluentes. Na imagem (b ) podem os observar dunas
»MJU MMSt ""«■
antigas fixadas peia vegetação (em verde) form ando um padrão de Unhas paralelas. A s dunas recentes (em branco)
form am um padrão ondulado e direção perpendicular às antigas. Uma vista de cam po das dunas recentes é mostrada
na fo to (c). A co r azui das águas d o rio Parnaíba, inclusive adentrando o oceano, indica grande densidade de
sedim entos, típica da época de cheias. Uma vista d o re le vo da pla n ície flu via l p o d e ser apreciada na fo to (d ).
Fo to s: Herm ann Kux.
7
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Space Imaging
CN ES 86/Dist. SPO T IM A G E
80
Capítulo 7
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE AMBIENTES TRANSFORMADOS
82
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados
Um outro aspecto,
que pode ser estudado e
monitorado através de ima
gens de sensores remotos,
é a poluição dos ambien
tes aquáticos, naturais ou
artificiais, provocada pela
descarga de fertilizantes,
utilizados na agricultura, e
de esgotos domésticos e
industriais, nesses ambien
tes. Como destacado no
Capítulo 1 (Fig. 1.3), a
água limpa absorve a ener
gia, sendo representada em
preto, nas imagens obtidas
nas regiões do visível e
infraverm elho. A água
túrbida, com poluentes ou
sedimentos em suspensão
(água barrenta), é represen
tada em tons de cinza-cla-
ro, nas imagens obtidas no
visível, ou em cores, de
pendendo da associação de
cores às imagens originais
(do visível) (Figs. 7.2 e Campo Belo
7.3).
Deve-se ressaltar
que o que ocorre no ambi
ente aquático é, em grande
parte, reflexo do que ocorre
no seu entorno. E possível,
por exemplo, identificar,
mapear e monitorar, por
meio de imagens de
sensores remotos, o uso da
terra da área (bacia
hidrográfica), onde o ambi
ente aquático se localiza.
Isto facilita detectar as
fontes de p o luição do
ambiente aquático. Para
obter mais inform ação
Fig. 7 .2 Im agem TM -LANDSAT-5 de um se to r da represa de Furnas, no rio
sobre a qualidade da água, Grande, M G , obtida em 23/10/1997 (a) e Im agem E T M +-LANDSAT-7da mesma
é necessário que dados de área, obtida em 28/09/2001 (b). C om parando as duas im agens, é p o ssív e l
an álises quím icas de ob servar a diferença na largura da lâm ina d ’água, em azui, entre as duas datas.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
A partir da interpretação de
imagens de sensores remotos, também
podem ser avaliados os im pactos
ambientais decorrentes da exploração
SM mineral. Como destacamos anterior
mente, o mercúrio utilizado na separação
do ouro em pó, retirado no leito dos
rios, é uma das principais fontes de
GRTC A L S £ R £ poluição das águas dos rios onde ocorre
a exploração do ouro.
Um exemplo de degradação
am biental v isível nas im agens de
satélites decorre da atividade de
extração m ineral de areia no rio
Paraíba do Sul, principalm ente nos
M unicípios de Jacareí, Taubaté e
Caçapava (Fig. 7.5). No município
de São José dos Campos, embora
ms
essa atividade esteja proibida pela
Lagoa
legislação, é possível detectar áreas
mm ne* dos Patos
de exploração, particularmente nos
seus lim ites com Caçapava, como
podemos observar na Fig. 7.5. Estas
lagoas são o rig in ad as das cavas
abertas para a extração de areia e
a coloração da água representa os
sedimentos (areia fina) em suspensão
Fig. 7.3 Imagem TM-LANDSA T-5,25/09/1999 da Lagoa
nas lagoas.
dos Patos, R io Grande do Sul. Nela podem os identificar
a água Hmpa (em p reto ) e água túrbida (em azul). A s
áreas de vegetação mais densa aparecem em verde, as
áreas de uso agrícola com form as geom étricas e em
diferentes cores e a área urbana, em rosa escuro.
84
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados
À medida que, por meio de imagens de longo deste livro, a partir da interpretação de
sensores remotos de diferentes épocas, é im agens é p o ssível id e n tific a r áreas
possível identificar o uso e a ocupação da terra desmatadas, queimadas, invadidas e ocupadas
e a sua transformação ao longo do tempo, elas ilegalmente ou exploradas de forma irregular.
são um recurso essencial na fiscalização do Desta maneira, tanto a sociedade quanto o poder
cumprimento da legislação. Como pudemos público podem usar esse recurso para denunciar
verificar no exemplo anterior, e em outros ao e impedir as agressões ao meio ambiente.
área, p o d e s e r id e n tific a d a p e ia p re se n ça d o s
carreadores (form as lineares ciaras que lim itam os
taihões). Peias form as lineares e em verm elho, é
p o ssív e l iden tificar os “q u ebra -ven tos” (m ostrados
n o detalhe (c)), que são fileiras de árvores, cham a
Fig. 7 .6 Im agem da região d e C o rn é lio P ro có p io das p opu ia rm en te d e gravíieas, utilizadas para a
e Santa M ariana, n o Estado d o Paraná, ob tida em quebra d o vento e assim p ro te g e r a cultura d o café,
05-08-2001 p e io sen so r A S T E R d o satélite TERRA . a q uai p o d e ser discriminada das dem ais p o r estar
A paisagem é dom ina ntem ente rurai, com vegeta associada a essas feições. Uma vista das gravíieas está
çã o d e mata e re fio resta m en to em ve rm e lh o ; as na fo to (d). Na fo to (a), em prim eiro p ia n o aparece
áreas d e so io e x p o sto aparecem em a zui cia ro ; as cultura de feijã o; em segundo piano, trigo que na
á rea s a g ríco la s, com c u ltiv o s d e trig o , m ilh o imagem aparece em verm elho e ao fundo, m ilho
safrinha, cana-de-açúcar e café estão representadas (palha) e pastagem que na imagem estão em tons de
p e ia s fo rm a s g e o m é tric a s e em c o re s va ria da s, verde. O café da fo to (b) ao fundo, p o r ser mais
d e v id o , p rin c ip a lm e n te , a o s d ife re n te s está g io s alto aparece na imagem em tons de verm elho mais
em q ue se encontram essas culturas, p o r exem plo, escuro. N o prim eiro piano aparece cultura de feijão e
fo to (a). A cultura d e cana-de-açúcar, a n o rte da no segundo, trigo. Fotos: M arcos Adami.
86
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados
7.2 Ambientes Rurais pelas culturas muda quando elas são submetidas
a estresse hídrico decorrente de seca, ou ainda
Os ambientes rurais caracterizam-se por quando sofrem agressões por geada, granizo,
áreas cobertas por matas secundárias, pastagens, ataques de pragas, etc. O aspecto multitemporal
associadas à criação de gado, por reflorestamentos das imagens de satélites nos permite monitorar
e por cultivos (Fig. 7.6). Caracterizam-se também as mudanças que ocorrem como, por exemplo,
por construções esparsas e baixa densidade a substituição de mata por pastagem, de cultura
demográfica. As imagens de sensores remotos têm por pastagem etc. Assim, podemos acompanhar
um grande potencial no estudo do uso da terra de as transformações dos ambientes ao longo do
ambientes rurais. A partir da interpretação dessas tempo e registrá-las em mapas, de forma manual
imagens, podemos identificar o tipo de uso, calcular ou automática, utilizando um SIG.
a área ocupada com cada tipo de uso, obter uma
estimativa de área plantada e da produção 7.3 Ambientes Urbanos
agrícola, além de informações sobre o vigor
vegetativo das culturas, porque a energia refletida
Os espaços formados pelas ci
dades constituem os ambientes ur
banos. Aspectos ligados à urbaniza
ção, como a localização do sítio ur
bano, limite da área urbana, expan
são urbana e o processo de conurbação
são facilmente identificados em ima
gens de satélites, como podemos ob
servar nas Figs. 7.7 a 7.11. O sítio ur
bano refere-se ao terreno sobre o qual
se constrói uma cidade. O tipo de
sítio influencia nas características e
na expansão de uma cidade. Por meio
de imagens de satélites, é possível dis
tinguir cidades planejadas como Brasília
(Fig. 7.9), onde o armamento e as for
mas são bem definidas, de uma cidade
que nasceu e se desenvolveu espon
Fig. 7 .7 Imagem TM-LANDSAT-5, 14/08/1994, da cid ad e de taneamente, sem um projeto estabe
Fortaleza, um e xem p lo d e sítio d e p la n ície litorânea. Podem os
d e sta c a r ju n t o a o lito r a l, p e lo p a d r ã o d e a rru a m e n to , a
lecido previamente como, por exem
convergência d e estradas e, em violeta, a área urbana; as praias plo, Fortaleza (Fig. 7.7), Manaus (Fig.
e dunas, em b ra n co ; a água, em p re to e azul-escuro. 7.8), e São Paulo (Fig. 7.10).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
88
C apítulo 7 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados
O fen ô m en o da
conurbação refere-se ao pro
cesso de cidades em expansão
que se unem às vizinhas, for
mando um espaço urbano qua
se contínuo, como ocorre, por
exemplo, com as cidades que
formam a grande São Paulo
(Fig. 7.10).
A partir da interpretação
de imagens de satélites, é pos
sível, ainda, identificar e delimi
tar as áreas verdes de uma cida
de. Posteriormente de forma ma
nual ou mesmo automática, com
o uso de um SIG, podemos
quantificar essas áreas e calcular
o índice de área verde de uma ci
dade.
A quantidade de área
verde existente dentro de uma
cidade é um dos indicadores da
qualidade de vida de seus habi
tantes. Quanto maior é o índi
ce de área verde de uma cida
de, maior é a qualidade de vida
da sua população, com relação
a este aspecto.
Em geral, cidades de
países desenvolvidos como
Londres (capital da Inglaterra),
Paris (capital da França) e
Nova Iorque (EUA), entre
outras, têm um índice de área
verde maior do que o de ci
dades de países em desen
volvimento como São Pau
lo e Santiago do Chile, por
exemplo. Isto pode ser ob
serv ad o co m p aran d o as
imagens de São Paulo e de
Paris (Figs. 7.11 (a) e (b),
resp ectiv am en te). E n tre
tanto, nos centros antigos
Fig. 7.11 (a ) Im a gem SPOT-1 d e Paris, na q u a l a á rea u rb a n a é de ambas as cidades obser
re p re sen ta d a na c o r cia n o e as áreas com vegeta çã o, em ve rm e lh o . va-se a ausência de vegeta
Em com paração a São Paulo, imagem ETM + LA N D SA T-7, 0 7 /0 6 /2 0 0 2 ção. As áreas mais escuras
(b ), as á re a s v e rd e s d e P aris o c u p a m um a e x te n s ã o m a ior.
no centro da imagem de São
Paulo devem-se às
sombras que os
elevados edifícios
projetam. Esse pa
drão permite iden
tificar os setores
mais verticaüzados
da cidade (Figs.
7.11b e 7.12a).
Esse padrão não
pode ser observado
em Paris devido à
inexistência de edi
fícios elevados
(construção com 6
pavimentos no má
ximo).
90
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados
Cabe destacar, finalmente, que a alta áreas verdes da cidade de São Paulo (Figs.
resolução dos novos sensores permite realizar 7.12a e 7.12b). Comparando as Figs. 7.12a e
estudos de detalhe dos ambientes urbanos, 7.12b, podemos verificar a diferença de re
como podemos verificar pela imagem do solução das duas imagens e, conseqüente-
satélite QuickBird da região do Parque do mente, do nível de informação que é possí
Ibirapuera, uma das poucas e principais vel extrair de cada uma delas.
Capítulo 8
SENSORIAMENTO REMOTO COMO
RECURSO DIDÁTICO
stou voando p o r aí... O Vento é m eu a m ig o e na dade. Quanto aos aspectos físicos, pode-se ob
ca cu n d a d ele ten h o visto co isa s lindas. V i p r a ia s servar a repartição entre terras e oceanos, a dis
enorm es, sem J im ! E n u ven s e n u ven s e m a is nuvens. V i tribuição de grandes unidades estruturais, como
bichos, cid a d es e terra s seca s. Vi tu d o verd in h o e f l o r i cadeias de montanhas, localização de cursos
do...j á aprendi tudo. A s coisa s m o stra d a s a g e n t e a p ren d’água e feições relacionadas a estes (meandros,
d e m a is depressa e m a is bonito. A té a ch o q u e am o m es deltas, etc.), ao relevo continental (escarpas, cris
m o o n osso b r a sil. A s co isa s lon ge fic a m p erto ... tas, morros, colinas, etc.) e litorâneo (falésias,
dunas, praias, ilhas, golfos, baías, etc.), evolução
Maria Clara Machado da cobertura vegetal; a configuração, organiza
ção e expansão das grandes cidades, o fenômeno
da conurbação, bem como as características e a
Embora cada vez mais freqüentes nos evolução das áreas agropecuárias.
meios de comunicação visual, em livros, adas e Como tempo e espaço são dimensões es
em eventos relacionados à educação e ao meio senciais para a compreensão dos problemas
ambiente, e apesar do seu grande potencial como ambientais, a contribuição da Geografia e da His
recurso didático, as imagens de satélites são ain tória é indispensável ao estudo do processo de
da pouco exploradas para essa finalidade, tanto ocupação e transformação do espaço, das mudan
no ensino fundamental e médio, como no ensino ças e inovações tecnológicas ocorridas ao longo
superior. do tempo e do modelo de desenvolvimento
Os novos parâmetros curriculares refor adotado. Imagens de diferentes períodos são um
çam a importância do uso de novas tecnologias, recurso que auxiliam na compreensão do proces
como a do sensoriamento remoto que se destaca so de organização e transformação do espaço.
da maioria dos recursos educacionais, pela possi Dessa maneira, a partir da interpretação de ima
bilidade de se extrairem informações gens de diferentes datas, referentes a uma mes
multidisciplinares, uma vez que dados contidos ma região, é possível, em conjunto com dados
em uma única imagem podem ser utilizados para provenientes de outras fontes, fazer uma
multifinalidades. reconstituição do processo de ocupação e desen
A partir da análise e interpretação de ima volvimento de uma região.
gens de sensores remotos, os conceitos geográfi Em estudos multitemporais, na falta de
cos de lugar, localização, interação homem/meio, imagens e fotografias aéreas mais antigas, podem
região e movimento (dinâmica) podem ser arti ser utilizados mapas antigos, cartões postais (que
culados. As imagens são um recurso que permite geralmente são fotografias tiradas do terreno, ou
determinar configurações que vão da visão do mesmo fotografias aéreas), bem como, através de
Planeta Terra, a de um Estado, região ou locali pesquisa bibliográfica em livros, revistas, jornais
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
94
C apítulo 8 - Sensoriamento Remoto Como Recurso Didático
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C apítulo 8 - Sensoriamento Remoto Como Recurso Didático
MOREIRA, M. A. F u n d a m e n to s d e S e n s o r ia m e n to
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Bibliografia Complementar