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Imagens

A mbientais
© Copyright 2002 Oficina de Textos

Capa: Isabel M. Sipahi


Ilustração: Daniel Moreira
Imagens: Luigi C. M. Auücino
Diagramação: Daniel Moreira e Anselmo T. Avila
Revisão técnica: Evlyn M.L.M. Novo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Florenzano, Teresa Gallotti


Imagens de satélite para estudos ambientais /
Teresa Gallotti Florenzano. — São Paulo : Oficina de Textos, 2002.

1. Estudos ambientais 2. Satélites artificiais no sensoriamento


remoto 3. Sensoriamento remoto - Imagens I. Título.

02-5772 CDD-621.3678

índice para Catálogo Sistemático:


1. Imagens por sensoriamento remoto : Satélites artificiais : Utilização
em estudos ambientais : Tecnologia 621.3678

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ÍNDICE

A p re s e n ta ç ã o ...................................................................................................................................................... 5

1 IM A G E N S O B T ID A S P O R S E N S O R IA M E N T O R E M O T O ............................................. 9
1.1 Sensoriamento Rem oto......................................................................................................................... 9
1.2 Fontes de Energia Usadas em Sensoriamento R em o to .......................................................... 11
1.3 A Energia Refletida da Superfície Terrestre.................................................................................. 11
1.4 Sensores R em otos................................................................................................................................... 13
1.5 Resolução.................................................................................................................................................... 14
1.6 Fotografias C o lo rid as............................................................................................................................ 17
1.7 Imagens Coloridas.................................................................................................................................... 20

2 T E C N O L O G IA ES P A C IA L N O B R A S IL ............................................................................................ 23
2.1 Satélites Artificiais..................................................................................................................................... 23
2.2 Programa Espacial Brasileiro ............................................................................................................. 26

3 D A IM A G E M A O M A P A ........................................................................................................................... 33
3.1 Imagens em 3D e Estereoscopia....................................................................................................... 35
3.2 Escala.............................................................................................................................................................. 37
3.3 Distância dos Sensores à Superfície Terrestre............................................................................... 38
3.4 Legenda......................................................................................................................................................... 40

4 IN T E R P R E T A Ç Ã O D E IM A G E N S ....................................................................................................... 41
4.1 O que é Interpretação de Imagens?................................................................................................ 41
4.2 Elementos de Interpretação de Im agens...................................................................................... 42
4.3 Como Selecionar Imagens de Satelites?.......................................................................................... 52
5 O U S O D E IM A G E N S N O E S T U D O D E F E N Ô M E N O S A M B IE N T A IS ................ 55
5.1 Imagens de Satélites na Previsão do T e m p o ................................................................................ 55
5.2 Detecção e Monitoramento de Focos de Incêndio e Áreas Q ueim adas....................... 57
5.3 Desmatamento......................................................................................................................................... 60
5.4 Erosão e Escorregamento de Encostas............................................................................................ 62
5.5 Inundação................................................................................................................................................... 63
6 O U S O D E IM A G E N S N O E S T U D O D E A M B IE N T E S N A T U R A IS ........................... 65
6.1 Florestas Tropicais................................................................................................................................... 66
6.2 M angues...................................................................................................................................................... 68
6.3 Ambientes G e lad o s................................................................................................................................ 70
6.4 Ambientes Áridos..................................................................................................................................... 72
6.5 Recursos Minerais..................................................................................................................................... 73
6.6 Feições de Relevo e de Ambientes Aquáticos.............................................................................. 75
7 O U S O DE IM A G E N S N O E S T U D O D E A M B IE N T E S T R A N S F O R M A D O S ......... 81
7.1 Ambientes Aquáticos............................................................................................................................. 81
7.2 Ambientes R u ra is..................................................................................................................................... 87
7.3 Ambientes Urbanos................................................................................................................................. 87
8 S E N S O R IA M E N T O R E M O T O C O M O R E C U R S O D I D Á T I C O .................................. 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Livro: Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Autor: Teresa Gallotti Florenzano

Capítulo 1: IMAGENS OBTIDAS POR SENSORIAMENTO REMOTO

Os sensores instalados em satélites artificiais são o resultado da evolução da

ciência e tecnologia espacial. As imagens obtidas de satélites, de aviões (fotografias aéreas)

ou mesmo na superfície ou próximo a ela como, por exemplo, uma fotografia da sua casa,

escola ou de uma paisagem qualquer, tirada com uma máquina fotográfica comum, são

todos dados obtidos por sensoriamento remoto. Por isto, inicialmente, vamos definir o que é

sensoriamento remoto.

1.1 Sensoriamento Remoto

Sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de

dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro da energia refletida ou

emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-se à obtenção dos dados, e remoto,

que significa distante, é utilizado porque a obtenção é feita a distancia, ou seja, sem o

contato físico entre o sensor e a superfície terrestre, como ilustrado na Fig. 1.1.

Figura 1.1. Obtenção de imagens por sensoriamento remoto.

Na Fig. 1.1 podemos observar que o sol ilumina a superfície terrestre. A energia

proveniente do sol, refletida pela superfície em direção ao sensor, é captada e registrada por

este. Como veremos mais adiante, dependendo do tipo de sensor, a energia emitida pela

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

superfície da Terra também pode ser captada e registrada. Observe que, na sua trajetória, a

energia atravessa a atmosfera, que interfere na energia final registrada pelo sensor. Quanto

mais distante o sensor estiver da superfície terrestre, como é o caso daquele a bordo de

satélites artificiais, maior será a interferência da atmosfera. A presença de nuvens na

atmosfera, por exemplo, pode impedir que a energia refletida pela superfície terrestre

chegue ao sensor a bordo de um satélite. Neste caso, o sensor registra apenas a energia

proveniente da própria nuvem.

A energia refletida ou emitida pela superfície terrestre e captada por sensores

eletrônicos, instalados em satélites artificiais, é transformada em sinais elétricos, que são

registrados e transmitidos para estações de recepção na Terra, equipadas com enormes

antenas parabólicas (Fig. 1.1). Os sinais enviados para essas estações são transformados em

dados em forma de gráficos, tabelas ou imagens. A partir da interpretação desses dados,

é possível obter informações a respeito da superfície terrestre. Como interpretar imagens

obtidas por sensoriamento remoto você vai encontrar no Capítulo 4 deste livro.

1.2 Fontes de Energia Usadas em Sensoriamento Remoto

Qualquer atividade requer o uso de energia, assim como para a obtenção de dados

por sensoriamento remoto. A energia com a qual operam os sensores remotos pode ser

proveniente de uma fonte natural, como a luz do sol e o calor emitido pela superfície da

Terra, e pode ser de uma fonte artificial como, por exemplo, a do flash utilizado em uma

máquina fotográfica e o sinal produzido por um radar.

A energia utilizada em sensoriamento remoto é a radiação eletromagnética, que

propaga em forma de ondas eletromagnéticas com a velocidade da luz (300.000km/s). Ela

é medida em freqüência (em unidades de herts - Hz), e comprimento de onda (em

unidades de metro). A freqüência de onda é o número de vezes que uma onda se repete por

unidade de tempo. Dessa maneira, como indicado pela Fig. 1.2, quanto maior for o número,

maior será a freqüência e, quanto menor, menor será a freqüência de onda. O comprimento

de onda é a distancia entre dois picos de ondas sucessivos: quanto mais distantes, maior é o

comprimento e, quanto menos distantes, menor será o comprimento de onda (Fig. 1.2). A

freqüência de onda é diretamente proporcional à velocidade de propagação e inversamente

proporcional ao comprimento de onda.

O Espectro Eletromagnético representa a distribuição da radiação

eletromagnética, por regiões, segundo o comprimento de onda e a freqüência (Fig. 1.2).

Observe que o espectro eletromagnético abrange desde curtos comprimentos de onda, como

os raios cósmicos e os raios gama (y), de alta freqüência, até longos comprimentos de onda

como as ondas de rádio e TV, de baixa freqüência. Na região do espectro visível, o olho

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

humano enxerga a energia (luz) eletromagnética, sendo capaz de distinguir as cores do

violeta ao vermelho. A radiação do infravermelho (aquela do calor) é subdividida em três

regiões: infravermelho próximo (0,7-1,3^m), médio (1,3-6,0^m) e distante ou termal (6,0-

1000^m).
C o m p rim e n to d e o n d a (m )
curta lo n g a

raio s g a m a ra io X u ltra v io le ta in fra v e rm e lh o m ic ro o n d a o n d a s d e rá d io

luz visível

b aixa
req ü ên cio (H z
Figura 1.2. O espectro eletromagnético.

1.3 A Energia Refletida da Superfície Terrestre

Os objetos da superfície terrestre como a vegetação, a água e o solo refletem,

absorvem e transmitem radiação eletromagnética em proporções que variam com o

comprimento de onda, de acordo com as suas características bio-físico-químicas. A variação

da energia refletida pelos objetos pode ser representada através de curvas, como as

mostradas na Fig. 1.3. Devido a essas variações, é possível distinguir os objetos da

superfície terrestre nas imagens de sensores remotos. A representação dos objetos nessas

imagens vai variar do branco (quando refletem muita energia) ao preto (quando refletem

pouca energia (Fig. 1.4).

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Analisando as curvas da Fig. 1.3, observamos que na região da luz visível a

vegetação (verde e sadia) reflete mais energia na faixa correspondente ao verde. Esse fato

explica porque o olho humano enxerga a vegetação na cor verde. Entretanto, verifica-se que

é na faixa do infravermelho próximo que a vegetação reflete mais energia e se diferencia

dos demais objetos. A curva do solo indica um comportamento mais uniforme, ou seja, uma

variação menor, de energia refletida, em relação à vegetação, ao longo do espectro. A água

limpa reflete pouca energia na região do visível e praticamente nenhuma energia na região

do infravermelho, enquanto a água túrbida (com sedimentos em suspensão ou poluída)

reflete mais energia, porém somente na região do visível.

Figura 1.4. Imagem de Ubatuba obtida na faixa do infravermelho próximo, no canal 4 do


sensor ETM+ (satélite Landsat-7), 11/08/1999.

Na imagem da Figura 1.4 podemos observar, por exemplo, que a vegetação da

mata atlântica, que reflete muita energia nesta faixa (como indica a Figura 1.3), é

representada com tonalidades claras, enquanto a água, que absorve muita energia nessa

faixa (como indica a Figura 1.3) é representada com tonalidades escuras.

Na região do visível, as variações resultam em um efeito visual denominado cor.

Desta forma, um determinado objeto ou superfície é azul, quando reflete a luz azul e

absorve as demais. O céu, por exemplo, é azul porque as moléculas de ar que compõem a

atmosfera refletem na faixa de luz azul. Os objetos são verdes, como a vegetação, quando

refletem na faixa da luz verde. Eles são vermelhos quando refletem na faixa de luz vermelha,

como a maçã, por exemplo, e assim por diante. A luz branca é a soma das cores do espectro

visível, portanto, um objeto é branco quanto reflete todas as cores. O preto é a ausência de

cores, por isto um objeto é preto quando absorve todas as cores desse espectro.
4
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

1.4 Sensores Remotos

Os sensores remotos são equipamentos que captam e registram a energia refletida

ou emitida pelos elementos da superfície terrestre. Dependendo de suas características, eles

podem ser instalados em plataformas terrestres, aéreas (balões, helicópteros e aviões) e

orbitais (satélites artificiais). As câmaras fotográficas, as câmaras de vídeo, os radiômetros,

os sistemas de varredura (scanners) e os radares são exemplos de sensores.

Existem sensores operando em diferentes regiões do espectro eletromagnético.

Dependendo do tipo, o sensor capta dados de uma ou mais regiões do espectro. O olho

humano é um sensor natural que enxerga somente a luz ou energia visível. Sensores

artificiais nos permitem obter dados de regiões de energia invisível ao olho humano.

Figura 1.5. Aeronave BEM-110 BANDEIRANTE (do INPE)


e seus principais sensores remotos. No detalhe
está a câmara fotográfica instalada na parte
inferior do avião que voa em faixas, de um lado
para outro da área a ser fotografada, a intervalos
regulares, e dispara a câmara fotográfica
automaticamente. Fotos: Carlos Alberto Steffen.

As câmaras fotográficas e de vídeo captam energia na região do visível e do

infravermelho próximo. Nas câmaras fotográficas, o filme funciona como o sensor que capta

e registra a energia proveniente de um objeto ou área. O sensor eletrônico multiespectral

TM, do satélite Landsat-5, por exemplo, é um sistema de varredura que capta dados em

diferentes faixas espectrais (três da região do visível e quatro da região do infravermelho).

Os sensores do tipo radar, por produzirem uma fonte de energia própria na região

de microondas, podem obter imagens tanto durante o dia como à noite e em qualquer

condição meteorológica (incluindo tempo nublado e com chuva). Essa é a principal vantagem

dos radares em relação aos sensores óticos que dependem da luz do sol, como as câmaras
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

fotográficas (a menos que se utilize um flash), as câmaras de vídeo, scanners multiespectrais

como, por exemplo, o ETM+ do satélite Landsat-7, entre outros. Para esses sensores, a

cobertura de nuvens é uma limitação na obtenção de imagens. Quanto ao radar artificial,

construído pelo homem, o princípio de funcionamento é o mesmo do radar natural de um

morcego. O radar artificial, assim como o do morcego, emite um sinal de energia para um

objeto e registra o sinal que retorna desse objeto.

Na verdade o morcego conta com a ajuda de um sonar que lhe permite captar o

eco dos sons que emite para localizar objetos.

Da mesma forma que é possível transmitir um jogo de futebol em diferentes

emissoras de rádio e TV, que operam em diferentes freqüências de energia, denominadas

canais, é possível obter imagens de uma mesma área, em diferentes faixas espectrais,

também denominados canais ou bandas.

Na Figura 1.6, podemos observar imagens da mesma área obtidas pelo sensor

multiespectral ETM+ do satélite Landsat-7 em diferentes canais. Pela análise dessa figura,

verificamos que os objetos (água, vegetação, área urbana, etc.) não são representados com

a mesma tonalidade nas diferentes imagens, porque, como vimos anteriormente (Figura

1.3), a quantidade de energia refletida pelos objetos varia ao longo do espectro

eletromagnético e as variações foram captadas pelo sensor ETM+, que opera em diferentes

canais.

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Figura 1.6. Imagens de Ubatuba, obtidas pelo ETM+ Landsat-7, 11/08/1999, nos canais 3
(da região do visível), 4 (do infravermelho próximo) e 5 (do infravermelho médio). Podemos
observar que a área urbana está mais destacada da imagem do canal 3, enquanto a
separação entre terra e água é mais nítida na imagem do canal 4. A vegetação está bem
escura na imagem do canal 3, escura na imagem do canal 5 e clara na imagem do canal 4,
que, como destacado anteriormente, corresponde à faixa espectral na qual a vegetação
reflete mais energia.

1.5 Resolução

A resolução refere-se à capacidade de um sensor "enxergar" ou distinguir objetos

da superfície terrestre. Mais especificamente, a resolução espacial pode ser definida como o

6
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

menor elemento ou superfície distinguível por um sensor. Dessa forma, um sensor como o

ETM+, cuja resolução espacial é de 30 metros, têm a capacidade de distinguir objetos que

medem, no terreno, 30 metros ou mais. Isto equivale dizer que 30 por 30 metros (900m2) é

a menor área que o sensor TM consegue "ver ou enxergar".

Em uma fotografia aérea ou imagem de satélite, com uma resolução espacial em

torno de 1 metro, podem-se identificar as árvores de um pomar, as casa e edifícios de uma

cidade ou os aviões estacionados em um aeroporto, enquanto em uma imagem de satélite,

com uma resolução espacial de 30 metros, provavelmente será identificado o pomar, a

mancha urbana correspondente á área ocupada pela cidade e apenas a pista do aeroporto,

como pode ser observado na Figura 1.7.

Figura 1.7. Imagens do


aeroporto de San
Francisco (EUA),
tomadas com
resolução espacial de
30 metros (a), 5
metros (b) e 1 metro
(c) pelos sensores a
bordo dos satélites
Landsat-5, IRS-2 e
IKONOS-2,
respectivamente.
Cortesia: Mauricio B.
Meira.

A partir do satélite americano IKONOS-2, lançado em setembro de 1999 (a primeira

missão, o IKONOS-1, não foi bem sucedida), é possível obter imagens pancromáticas (região

do visível) de alta resolução espacial, cerca de um metro, como a da Figura 1.7c, e de quatro

metros para as imagens multiespectrais (região do visível e do infravermelho).

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

1.6 Fotografias Coloridas

A tonalidade ou a cor das fotografias obtidas por meio de um sensor fotográfico

(câmara fotográfica) vai depender da sensibilidade do filme e dos filtros utilizados no

processo de formação das cores. Dessa maneira, com um filme preto e branco

pancromático, que é sensível à faixa do visível, é possível obter fotografias aéreas em preto

e branco, também denominadas de pancromáticas (Figura 1.9a, p.18). com um filme

infravermelho preto e branco, são obtidas fotografias em preto e branco infravermelhas,

como simulado na Figura 1.9b.

Com um filme colorido, sensível à faixa do visível, são obtidas fotografias coloridas,

também denominadas normais ou naturais, nelas os objetos são representados com as

mesmas cores vistas pelo olho humano (Figuras 1.8a e 1.9c). Com um filme infravermelho

colorido, sensível à faixa do infravermelho próximo, são obtidas fotografias coloridas

infravermelhas, também denominadas falsa-cor (Figuras 1.8b e 1.9d).

Figura 1.8. Fotografia aérea colorida natural (a) e colorida infravermelho (b) da Universidade
de Wisconsin (EUA). Observando esta figura é possível constatar que o campo de futebol é
formado por uma grama sintética (f), pois se a grama fosse natural (n) seria representada
na cor vermelha na foto b, como ocorre com o campo ao lado, de grama natural, e o
restante da vegetação natural.

Os filmes infravermelhos coloridos forma denominados falsa-cor porque a cena,

registrada por este tipo de filme, não é reproduzida nas suas cores verdadeiras, isto é, como

vistas pelo olho humano. Esses filmes foram desenvolvidos durante a II Guerra Mundial, com

o objetivo de detectar camuflagens de alvos pintados de verde que imitavam vegetação.

Essa detecção é possível, porque a vegetação, como indica o gráfico da Figura 1.3, reflete

mais intensamente energia na região do infravermelho. Desta forma, enquanto nas

fotografias falsa-cor a vegetação aparece em vermelho, objetos verdes ou vegetação

artificial geralmente aparecem em azul/verde, como pode ser observado na Figura 1.8b.

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Figura 1.9a. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Preto e Branco
pancromático.

Figura 1.9b. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Preto e Branco
Infravermelho (simulação).

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Figura 1.9c. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Colorido Natural.

Figura 1.9d. Fotografias áreas de Florianópolis-SC (no centro as pontes Ercílio Luz e
Colombo, que ligam a ilha de Santa Catarina ao Continente) - Colorido Falsa-Cor, na
qual podemos observar a vegetação representada em vermelho.
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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Como a vegetação absorve muita energia no visível e reflete muita energia no

infravermelho próximo, aparece escura em (a) e clara em (b).

A escolha do tipo de filme para um determinado estudo vai depender do seu

objetivo e da disponibilidade de recursos, pois os filmes coloridos são mais caros que os em

preto e branco. As fotografias obtidas com filmes infravermelhos são as que fornecem mais

informações sobre vegetação, fitossanidade das culturas (permitem diferenciar plantas

sadias de plantas doentes) e umidade do solo, Figura 1.10.

Figura 1.10. Fotografia infravermelha falsa-cor de culturas de trigo no Município de Tapera -


RS. Observe que as parcelas com trigo sadio estão representadas em vermelho mais claro e
mais uniforme, enquanto aquela do trigo atacada pela doença "mal do pé" (Ophiobulus
graminis) aparece em vermelho mais escuro mesclado ao verde que representa o solo.
Cortesia:Maurício A. Moreira.

1.7 Imagens Coloridas

As imagens obtidas por sensores eletrônicos, em diferentes canais, são

individualmente produzidas em preto e branco. A quantidade de energia refletida pelos

objetos vai determinar a sua representação nessas imagens em diferentes tons de cinza,

entre o branco (quando refletem toda a energia) e o preto (quando absorvem toda a

energia). Ao projetar e sobrepor essas imagens, através de filtros coloridos, azul, verde e

vermelho (cores primárias), é possível gerar imagens coloridas, conforme ilustrado nas

Figuras 1.11, 1.12 e 1.13. Nas imagens coloridas, a cor de um objeto vai depender da

quantidade de energia por ele refletida, da mistura das cores (segundo o processo aditivo) e

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

da associação de cores com as imagens. Essa associação explica o fato de a vegetação e a

área urbana serem representadas com cores diferentes nas imagens coloridas das Figuras

1.11 e 1.12, embora as imagens originais sejam as mesmas. O que mudou foi apenas a

associação das cores com essas imagens.

Analisando as Figuras 1.11 a 1.13, podemos verificar que se um objeto é branco

nas três imagens em preto e branco, que dão origem á imagem colorida, nessa imagem

(colorida) ele também é representado em branco como, por exemplo, a areia da praia

(Figura 1.13). O mesmo processo ocorre quando um objeto é preto nas três imagens

originais. Por isso, ele é representado em preto também na imagem colorida como, por

exemplo, a sombra do relevo e a água mais limpa e profunda do oceano.

Se um objeto é claro (branco) somente em uma das imagens originais, na imagem

colorida ele é representado pela cor que foi associada a essa imagem original, o que explica

a vegetação verde na imagem da Figura 1.11 e a vegetação vermelha na Figura 1.12. Essas

foram as cores associadas às imagens do canal 4 do infravermelho próximo, região na qual a

vegetação reflete mais energia e aparece clara nessa imagens.

Se um objeto aparece claro em duas das imagens originais, sua cor na imagem

colorida vai ser o resultante da mistura entre as duas cores que forem associadas ás

imagens originais nas quais ele é branco. Tomemos como exemplo a área urbana que

aparece clara nas imagens dos canais 3 e 5. Na Figura 1.11, as imagens foram associadas às

cores azul e vermelho, respectivamente. Pelo processo aditivo das cores, o azul misturado

com o vermelho resulta no magenta (rosa), que é a cor que representa a área urbana na

imagem colorida. Na imagem colorida da Figura 1.12, a área urbana está representada em

ciano (azul turquesa) que é o resultado da mistura de azul com verde, cores associadas

respectivamente às imagens dos canais 3 e 5.

Esses dois tipos de imagens coloridas (Figuras 1.11 e 1.12) são as mais utilizadas.

Nelas, a cor dos objetos, em geral, é falsa. Outras combinações podem ser obtidas e, dentre

elas, destacamos a imagem colorida natural (Figura 1.13), na qual as cores dos objetos são

verdadeiras.

A partir de imagens Landsat do visível, por exemplo, é possível gerar uma imagem

colorida natural, desde que elas sejam associadas às respectivas cores. Assim, no exemplo

da Figura 1.12, à imagem do canal 1, que corresponde à faixa da luz azul do espectro visível,

associamos a cor azul; à imagem do canal 2, que corresponde à faixa da luz verde do

espectro visível, associamos a cor verde e à imagem do canal 3, que corresponde à faixa da

luz vermelha do espectro visível, associamos a cor vermelha.

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

Figura 1.11.

Imagem colorida
Canal 3
de Ubatuba,

obtida a partir

dos canais 3, 4 e
Canal 4
5, com as cores

azul, verde e

vermelha,

respectivamente.
Canal 5
Composição colorida TM 3 4 5
III

Figura 1.12.

Imagem colorida Canal 3


de Ubatuba,

obtida a partir

dos canais 3, 4 e
Canal 4
5, com as cores

azul, vermelha e

verde,

respectivamente.
Canal 5
Composição colorida TM 3 4 5
III

Figura 1.13.

Imagem colorida
Canal 1
de Ubatuba,

obtida a partir

dos canais 1, 2 e
Canal 2
3, com as cores

azul, verde e

vermelha,

respectivamente.
Canal 3
Composição colorida TM 1 2 3
III

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044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

HISTÓRIA DO SENSORIAMENTO REMOTO

A origem do sensoriamento remoto vincula-se ao surgimento da fotografia aérea.

Assim, a história do Sensoriamento Remoto pode ser dividida em dois períodos: um, de 1860

a 1960, baseado no uso de fotografias aéreas, e outro, de 1960 aos dias de hoje,

caracterizado por uma variedade de tipos de fotografias e imagens. O Sensoriamento

Remoto é fruto de um esforço multidisciplinar que integra os avanços da Matemática, Física,

Química, Biologia e das Ciências da Terra e da Computação. A evolução das técnicas de

sensoriamento remoto e a sua aplicação envolvem um número cada vez maior de pessoas

de diferentes áreas do conhecimento.

A história do Sensoriamento Remoto está estreitamente vinculada ao uso militar

dessa tecnologia. A primeira fotografia aérea data de 1856 e foi tirada de um balão. Em

1862, durante a guerra civil americana, o corpo de balonistas de um exército fazia o

reconhecimento das tropas confederadas através de fotografias aéreas. A partir de 1909,

inicia-se a fotografia tomada de aviões e na primeira Grande Guerra Mundial seu uso

intensificou-se. Durante a II Guerra Mundial houve um grande desenvolvimento do

sensoriamento remoto. Nesse período, foi desenvolvido o filme infravermelho, com o

objetivo de detectar camuflagem (principalmente para diferencia vegetação de alvos

pintados de verde), e introduzidos novos sensores, como o radar, além de ocorrerem

avanços nos sistemas de comunicação. Posteriormente, durante o período de Guerra Fria,

vários sensores de alta resolução foram desenvolvidos para fins de espionagem.

Recentemente, com o fim da Guerra Fria, muitos dados considerados de segredo militar

foram liberados para o uso civil.

Na década de 1960, as primeiras fotografias orbitais (tiradas de satélites) da

superfície da Terra foram obtidas dos satélites tripulados Mercury, Gemini e Apolo. A

contribuição mais importante dessas missões foi demonstrar o potencial e as vantagens da

aquisição de imagens orbitais, o que incentivou a construção dos demais satélites de coleta

de dados meteorológicos e de recursos terrestres. Com o lançamento do primeiro satélite

meteorológico da série TIROS, em abril de 1960, começaram os primeiros registros

sistemáticos de imagens da Terra. Em julho de 1972, foi lançado o primeiro satélite de

recursos terrestres, o ERTS-1, mais tarde denominado de Landsat-1. Atualmente, além dos

satélites americanos de recursos terrestres da serie Landsat, existem outros como, por

exemplo, os da série SPOT, desenvolvidos pela França. No Brasil, as primeiras imagens do

Landsat foram recebidas em 1973. Hoje, o Brasil recebe, entre outras, as imagens do satélite

CBERS, produto de um programa de cooperação entre Brasil e China.

14
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

PROCESSO DE FORMAÇÃO DE CORES

Para entender como os filmes coloridos funcionam, é necessário entender o

processo de formação das cores, que pode ser aditivo ou subtrativo. O princípio da fotografia

colorida consiste na possibilidade de se reproduzir qualquer cor, a partir de uma mistura de

apenas três cores primárias: azul, verde e vermelho. A mistura das cores primárias,

denominada processo aditivo, forma as cores amarelo, ciano (verde-azulado) e magenta,

que são as cores secundárias ou subtrativas. Cada uma destas três cores resulta da

subtração de uma das cores da luz branca. No processo aditivo de formação das cores, como

mostra o diagrama, observa-se que a mistura da luz verde com a luz vermelha resulta na

produção da luz amarela. Da mistura do vermelho com o azul resulta a luz magenta, e da

mistura do verde com o azul, resulta a luz ciano. A combinação das três cores primárias, em

proporções iguais, gera o branco.

O processo subtrativo de formação de cores é o mais utilizado na geração de

fotografias coloridas. Nesse processo, como mostra o diagrama, três filtros são colocados em

frente a uma fonte de luz branca. O filtro amarelo absorve a luz azul do feixe de luz branca e

transmite a luz verde e a vermelha. O filtro magenta absorve a luz verde e transmite a azul e

vermelha. O filtro ciano absorve o componente vermelho e transmite o verde e o azul. A

superposição dos filtros magenta e ciano, mostrada no diagrama, permite a passagem da luz

azul, pois o filtro magenta absorve o verde e o ciano absorve o vermelho. A superposição do

amarelo e ciano e do amarelo e magenta gera as cores verde e vermelho, respectivamente.

A superposição dos três filtros impede a passagem de luz, absorvendo as três cores

primárias presentes na luz branca, e a ausência de cores resulta no preto.

15
044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

RADAR

O termo radar (radio detection and ranging) significa detecção de alvos e

avaliação de distâncias por ondas de rádio. Os radares operam em comprimentos de onda

bem maiores do que aqueles da região espectral do visível e infravermelho. Eles operam na

região de microondas entre as bandas K-alfa (10cm ou 40GHz) e P (1m ou 300MHz).

O território brasileiro foi imageado, na escala original de 1:400.000, pelo sistema de

radar da GEMS (Goodyear Environmental Monitoring System), transportado a bordo do avião

a 11.000m de altura. Este imageamento foi realizado em dois períodos: 1971/1972 e

1975/1976. O primeiro período cobriu a Amazônia Legal, parte leste dos Estados da Bahia e

Minas Gerais e norte do Espírito Santo; o segundo período cobriu o restante do Brasil. A

partir da análise dessas imagens foi feito um mapeamento dos recursos naturais de todo o

País pelo projeto RADAMBRASIL no período de 1971 a 1986. Os mapas resultantes desse

projeto encontram-se publicados a escala de 1:1.000.000.

No nível orbital, ou seja, a bordo de satélites artificiais, as missões civis com radar

iniciaram-se em 1978 com o programa SEASAT, desenvolvido pela NASA. Atualmente,

destacam-se o programa ERS da Agência Espacial Européia (ESA) e o RADARSAT,

desenvolvido pelo Canadá, em parceria com a NASA e NOAA, dos EUA. A ESA já lançou três

satélites de observação da Terra, o ERS-1, o ERS-2 e o ENVISAT. Os satélites ERS, a uma

altitude média de 780km, levam a bordo um radar que opera na banda C (comprimento de

onde de 5,7cm) da região do microondas. A resolução espacial desse sensor é de 25 metros

(tamanho do menor objeto distinguido pelo sensor). O ENVISAT, lançado recentemente

(01/03/2002), leva a bordo dez sensores que visam monitorar o uso e a cobertura da terá,

os oceanos, o gelo polar e a atmosfera. Um desses sensores é um sistema avançado de

radar, o ASAR (Advanced Syntetic Aperture Radar).

O programa RADARSAT visa fornecer dados de áreas sensíveis do planeta do ponto

de vista ambiental, como florestas tropicais, desertos em expansão, etc. e para estudos nas

áreas de geologia, geomorfologia, oceanografia, vegetação, uso da terra e agricultura, entre

outras. Deste programa foi lançado o RADARSAT-1 que está a uma altitude de 798km. O

radar, a bordo desse satélite, opera na banda C da região de microondas, com uma

resolução espacial que pode variar de 10 a 100m.

16
Capítulo 2
TECNOLOGIA ESPACIAL
NO BRASIL

2.1 Satélites Artificiais nados por serem construídos com o objetivo


de servir de plataforma para a coleta de dados
dos recursos da Terra. Neste capítulo são
m satélite é um objeto que se desloca destacados os satélites meteorológicos e de
U em círculos, em torno de um outro
objeto. Existem os satélites naturais como,
recursos terrestres, bem como os principais
sensores a bordo desses satélites.
por exemplo, a Lua, que gira em torno da
Terra e existem os satélites a rtific ia is ,
construídos pelo homem, que giram em torno a) Satélites Meteorológicos
da Terra.
Os satélites artificiais, cada vez mais, Existem dois tipos básicos de satélites
fazem parte do dia-a-dia da vida moderna. Por meteorológicos: os de órbita geoestacionária,
meio deles, que estão equipados com sensores como o GOES, por exemplo, a mais de 35.000
de alta tecnologia, recebemos imagens e km de altitude, e os de órbita polar, como o
notícias do mundo inteiro e nos comunicamos NOAA, a cerca de 800 km de altitude. A
através da Internet e de chamadas telefônicas órbita é o caminho que o satélite faz em
de longa distância. volta da Terra. A órbita geoestacionária tem
A maior parte dos satélites
artificiais é lançada em órbita atra­
vés de foguetes, também conhecidos
como veículos lançadores não recu­
peráveis, porque, após o lançamen­
to, eles não são recuperados pois ou
se desintegram ou ficam perdidos no
espaço.
Existem vários tipos de
satélites artificiais: os satélites de
comunicações, em maior número,
os satélites de televisão, os satélites
científicos, os satélites espiões ou
para fins m ilitares, os satélites
meteorológicos e de sensoriamento
remoto de recursos terrestres.
Fig -2 .1 Ó rbitas de satélites artificiais
Estes últimos são assim denomi­
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

(a) C O ES EA ST (b) C O ES W EST

(c) M E T E O S A T (d ) ELEK TRO

(e) C M S (f) FEN C YU N

Fig. 2 .2 A s faces da Terra representadas nas imagens d os satélites m eteorológicos C O ES EA ST (a) e C O ES W EST (b),
am bos norte-am ericanos; M ET EO SA T (c), europeu; ELEK TRO (d ), russo; C M S (e), ja p o n ês e o FEN C YU N (f),
chinês, im agens com o estas com provam a form a esférica do nosso planeta. Fonte: FourmUab, 2000.

24
C apítulo 2 - Tecnologia Esoacia. no Brasil
l

Satélites GOES e NOAA


Os satélites de órbita geoestacio- Os satélites de órbita polar, como os da
nária, como os da série GOES, estão a uma série TIROS-N, estão a uma altitude aproximada
altitude aproximada de 36.000 km da super­ de 850 km. O sensor AVHRR, a bordo desses
fície da Terra e fornecem imagens a cada 30 satélites, opera em cinco canais e fornece pelo
menos duas imagens por dia da mesma área, com
minutos. O sensor imageador a bordo desse
uma resolução espacial de 1,1 km. Atualmente,
satélite opera em um canal visível, com uma
os satélites NOAA-12,14 a 17, dessa série,
resolução espacial de 1 km e quatro canais fazem a cobertura do globo terrestre. O acesso
no infravermelho, com uma resolução espacial às imagens obtidas pelo AVHRR-NOAA é rápido,
de 4 e 8 km. em tempo real, irrestrito e sem custo. Essas
imagens cobrem uma área da superfície terrestre
de aproximadamente 2.500 por 4.000 km.

Satélite da série C O ES Satélite da série N O AA

uma inclinação de 0o e constitui-se de uma mesma velocidade de deslocamento da Terra


única órbita acima do Equador (Fig. 2.1). em relação ao Sol, o que garante as mesmas
Desta maneira, o satélite mantém a mesma condições de iluminação para a superfície
posição em relação a um ponto fixo na su­ terrestre e a passagem aproximadamente no
perfície, dando a impressão de que ele está mesmo horário local sobre os diferentes
estacionado no espaço, por isto o nome pontos da Terra.
geoestacionário. Como o campo de visada de E ntre os vário s saté lite s de
um satélite geostacionário é fixo, são obtidas sensoriamento remoto dos recursos terrestres
imagens sempre da mesma face da Terra (Fig. 2.2). existentes, destacam-se os americanos da
A órbita polar, de um pólo a outro, com uma série LANDSAT e os franceses da série
inclinação aproxim ada de 90°, tem uma SPOT. As im agens obtidas a p artir dos
direção circular norte-sul que permite observar satélites LANDSAT são as mais conhecidas,
toda a superfície da Terra (Fig. 2.1). acessíveis e utilizadas em nosso País. O Brasil
recebe im agens LANDSAT desde 1973,
através de uma antena da estação de recepção
(b) Satélites de Recursos Terrestres do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), localizada em Cuiabá-MT, local
Os satélites de recursos terrestres estratégico por estar no centro geodésico da
têm uma ó rbita circu lar, quase polar e América do Sul (Fig. 2.3). O Brasil recebe
síncrona com o Sol. Isto quer dizer que o também as imagens dos satélites SPOT-2 e
satélite se desloca em torno da Terra com a 4, RADARSAT-1 e CBERS-1.

25
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

e seus impactos no ambiente terrestre.


Ele incorpora dados obtidos do espa­
ço e os coletados em campo.
O programa EOS inclui nume­
rosos satélites e sensores. O primeiro
satélite deste programa é o TERRA,
in icialm en te denom inado de EOS-
AM-1. O nome Terra é resultado de
um concurso realizado nos Estados
Unidos, para estudantes do ensino
fundamental e médio, vencido por
uma aluna de 13 anos. O TERRA foi
lançado no dia 18 de dezembro de
1999, e está em uma órbita circular,
quase polar, heliossíncrona, a 705 km
de altitude.
Entre os cinco sensores a bordo do
satélite Terra, vam os d estacar o
A STER (A dvanced Spaceborne
Thermal Emission and Reflection
Fig. 2 .3 R ece p çã o (C u ia b á ), p ro ce ssa m e n to e d istrib u içã o d e Radiom eter, Radiôm etro Espacial
imagens de satélites (Cachoeira Paulista) epesquisa em Sensoriam ento A vançado de E m issão Term al e
R em oto (São Jo sé d os Cam pos) no Brasil, p e lo IN PE. Reflexão). Este sensor possui três
su b sistem as: um que op era em
Os dados d ig ita is, recebido s em trê s c a n a is na r e g iã o do v is ív e l e
Cuiabá, são enviados para o laboratório do infravermelho próximo, com uma resolução
INPE, em Cachoeira Paulista-SP, onde são e sp acia l de 15 m etros e perm ite gerar
corrigidos e transformados em imagens. O imagens em estéreo; outro, que opera com
INPE fornece aos usuários as imagens de seis canais na região do infravermelho médio,
satélites no formato digital, em CD-ROM, com uma resolução de 30 metros; um terceiro,
ou mesmo impressas em papel fotográfico que opera com cinco canais na região do
ou especial. Na sede do INPE, em São José infravermelho termal, com uma resolução
dos C am pos-SP, na D iv isão de espacial de 90 metros. Os três cobrem, na
Sensoriamento Remoto, são desenvolvidas visada nadir (vertical), uma área de 60. x 60 km.
pesquisas com o objetivo de explorar essas
imagens no estudo de fenômenos e ambientes 2.2 Programa Espacial Brasileiro
terrestres.
Além dos novos satélites, equipados
com sensores de alta resolução como o O desenvolvim ento da tecnologia
IKONOS e o QuickBird, ambos americanos, e espacial traz benefícios para várias áreas
o EROS, israelen se, um outro program a do c o n h e c im e n to : te le c o m u n ic a ç õ e s ,
espacial que merece ser m encionado é o previsão do tempo e clima, meio ambiente,
EOS (Earth O bserving System , Sistem a medicina, indústria, entre outras. Os programas
de Observação da Terra). Este programa espaciais servem de motor para a inovação
intern acio nal tem como m issão fornecer tecnológica. Eles desenvolvem inúm eros
informações sobre o planeta Terra, visando materiais, máquinas e produtos que beneficiam
o entendimento dos fenômenos naturais e a indústria e os consumidores. Alguns dos
daqueles induzidos pelas atividades humanas muitos exemplos que podem ser citados são:

26
C apítulo 2 - Tecnologia Espacial no Brasil

Satélites LANDSAT
O LANDSAT-l, lançado em julho Canais Faixa/Região Espectral R eso lu ção
de 1972 pela NASA, foi o primeiro satélite
de uma série de sete até o momento, 1 (TM e ETM +) 0,45-0,52 mm (azul) 30
desenvolvidos para a observação dos
2 (TM e ETM +) 0.52-0,60 mm (verde) 30
recursos terrestres. Nos três prim eiros
satélites da série LANDSAT, o principal 3 (TM e ETM +) 0,63-0,6 mm (vermelho) 30

sistem a sensor era o M u ltie sp e c tra l 4 (TM e ETM +) 0,76-0,90 mm (IVP) 30


Scanner System (MSS), que operava em
5 (TM e ETM +) 1,55-1.75 mm (IVM) 30
quatro canais (dois no visível e dois no
infravermelho próximo), com uma resolução 6 (TM ) 10,42-12,50 mm (IVT) 120

espacial de 80 metros. Os LANDSAT 6 (ETM +) 10,42-12,50 mm (IVT) 60


1, 2 e 3 passavam sobre a mesma área
7 (TM e ETM +) 2,08-2,35 mm (IVM) 30
da superfície terrestre a cada 18 dias.
8 PAN (ETM +) 0,50-0,90 mm (VIS/IVP) 15
A partir do LANDSAT-4, lançado
V IS = visível; !V P = infraverm elho p ró xim o ;
em 1982, além do MSS, foi colocado em IV M = infraverm elho m édio; !V T = infraverm elho termal.
operação um novo sistema sensor com
tecnologia mais avançada, o Thematic do visível e infravermelho próximo) com
Mapper (TM). Este sensor registra dados uma resolução espacial de 15 metros e
em sete canais ou bandas espectrais (três a resolução espacial do canal termal é
no visível, um no infravermelho próximo, de 60 m etro s. A tu alm en te, está em
dois no infravermelho médio e um no fun cio n am en to o LANDSAT-7. Ele
infravermelho termal) com uma resolução passa sobre a mesma área da superfície
espacial de 30 m etros (exceto para o terrestre a cada 16 dias. Cada imagem
canal term al, que é de 120 m etros). O obtida desse satélite cobre zuma área de
LANDSAT-5, com as mesmas caracte­ 185 por 185 km.
rísticas do seu antecessor, foi lançado
em 1984. O perou até recen tem en te, A órbita dos satélites LANDSAT
superando em muitos anos a vida útil é circular, quase polar, e síncrona com o
p rev ista. Sol. O LANDSAT-7 está a uma altitude
de 705 km (equivalente à distância em
O LANDSAT-6, que não conseguiu linha reta entre São Paulo e Florianópolis)
atingir a sua órbita, foi declarado perdido e o horário local médio de passagem é
após o seu lançamento em 5 de outubro às lOh.
de 1993. O LANDSAT-7 foi lançado
em 15 de abril de 1999, no qual o sensor
TM fo i s u b s titu íd o p elo ETM +
(Enhanced them atic mapper, plus) que
tem a configuração básica do TM e um
aperfeiçoamento do ETM, desenvolvido
para o LANDSAT-6. O ETM+ inclui,
ainda, um canal pancromático (da região LANDSAT-5 LANDSAT-7
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

a ecografia, utilizada na detecção de tumores, sucesso ocorreu com o SCD-2, segundo


que resulta do desenvolvimento da tecno­ satélite brasileiro de coleta de dados (Fig.
logia de obtenção de imagens de satélites; 2.4b), lançado no dia 22 de outubro de
o teflon, que recobre panelas, foi in icial­ 1998.
mente criado para proteger determinadas
peças dos satélites; o a i r b a g , equipamento
de segurança instalado em automóveis, tem
origem na tecnologia relativa à geração de
gás dentro do satélite, e os avanços da
indústria alim entícia, no armazenamento e
higiene de alimentos, se devem ao desen­
volvim ento de medidas para assegurar a
proteção dos astronautas contra intoxicação
Fig. 2 .4 O SCD-1 (a) e o SCD-2 (b)
alimentar.
Há mais de três décadas o B rasil
desenvolve pesquisas no campo da ciência O objetivo principal dos satélites de
e tecnologia espacial, o que justifica a sua co leta de dados é re tra n s m itir dados
participação no seleto grupo de países, cerca ambientais obtidos na Terra, através de pla­
de 18, que domina o conhecimento sobre o taformas autom áticas de coleta de dados
ciclo de desenvolvim ento de um satélite (PCDs) (Fig. 2.6). Uma grande variedade
artificial. Esses países cooperam e negociam de sensores pode ser conectada às PCDs,
entre si na área da ciência e tecnologia os quais registram dados para a previsão do
espaciais. Com esse conhecimento, o Brasil tempo (temperatura, umidade relativa do ar,
d eix a de ser um sim p les u su ário das direção e velocidade do vento, pressão atmosfé­
tecnologias espaciais, aumenta a sua soberania rica, chuva); o monitoramento de recursos
e independência e, conseqüentem ente, o hídricos (nível de rios, lagos e reservatórios); o
poder de barganha e condições de competir. monitoramento ambiental, por meio de da­
Ele é o único país em desenvolvim ento dos da qualidade da água (Ph, tem peratu­
convidado para participar do program a da ra, salinidade, etc.) e da atm osfera (con­
E stação E sp acial In tern acio n al. Vamos centração de C 0 2 , ozônio, monóxido de
conhecer a seguir, através dos programas carbono, etc.), entre outros campos de pes­
MECB e CBERS, um pouco a respeito das quisa.
pesquisas espaciais brasileiras.

a) Programa MECB

A Missão Espacial Completa Brasileira


(MECB) é um programa coordenado pela
Agência Espacial Brasileira (AEB), no qual
estão previstas a construção de três satélites
de coleta de dados (SCD-1, SCD-2 e SCD-3)
e dois satélites de sensoriam ento remoto
de observação da Terra (SSR1 e SSR2). O
SC D -1, p rim eiro sa té lite b ra sile iro de
coleta de dados (Fig. 2.4a), foi lançado
com sucesso no dia 9 de fevereiro de 1993 Fig. 2 .5 S a té lite b ra s ile ir o d e se n so ria m e n to
pelo foguete americano Pegasus. O mesmo re m o to , SSR-1
C apítulo 2 - Tecnologia Espacial no Brasil

A finalidade principal dos satélites (5° N até próximo de 15° S), como ilustrado
brasileiros de sensoriam ento remoto (SSR) na Fig. 2.5. Eles possibilitarão ao sensor
é o m onitoram ento am biental da região im agear a mesma área a cada duas horas,
A m azônica. D esm atam ento, queim adas, com uma resolução esp acial que variará
enchentes, agricultura, m ineração, etc. são de 70 metros (canais da região do visível)
fenômenos e atividades que poderão ser e 300 m etros (can al do in frav erm elh o
monitorados através das imagens do SSR. próxim o) a 600 m etros (canal do in fra ­
E sses sa té lite s estarão a uma a ltitu d e v erm elh o te rm a l). O la n ç a m e n to do
aproxim ada de 900 km, com uma órbita p r im e ir o s a té lite b r a s ile i r o de
circular equatorial, que cobrirá uma faixa sensoriamento remoto (SSR-1) está previsto
(não a Terra toda) de mais de 2.000 km para esta década.

Satélite de
coleta de dados

PCD Meteorológica
S. Gabriel da Cacheira (AM):

Estação de Controle
Cuiabá

Centro de Missão
Cachoeira Paulista

Centro
PCD Meteorológica de Dados PCD Meteoroiógical
Machado (M G ) Usuários Tabatinga (AM)
■M ÉM L
Usuários

IEstação de Alcântara! Estação de Cuiabáj

Fig. 2. 6 Sistema de coleta de dados d os satélites brasileiros SCD-1 e SCD-2


Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Satélites SPOT

No dia 22 de fevereiro de 1985, foi uma área de 2.250 km de largura. Ele obtém
lançado o primeiro satélite francês da série uma imagem da mesma área a cada 24 horas. A
SPOT, o SPOT-1. Em janeiro de 1990 e em finalidade das imagens do VEGETATION é o
setembro de 1993, foram lançados, respecti­ monitoramento contínuo da cobertura vegetal
vamente, o SPOT-2 e o SPOT-3. O sensor a e das culturas em nível de globo terrestre.
bordo desses satélites é o HRV (Haute Recentemente, em 4 de maio de 2002,
Résolution Visible), que opera na região do o satélite SPOT-5 foi colocado em órbita. Ele
visível, no modo pancromático-PAN (0,51 a leva a bordo os sensores HRS (Haute résolution
0,73 |Im), com uma resolução espacial de 10 stéréoscopique), canal pancromático-PA (0,49
metros, e no modo multiespectral-XS em três a 0,69 |Im) com uma resolução de 10 metros,
faixas do espectro, dois canais no visível (XS1, que gera pares estereoscópicos, e o HRG
0,50 a 0,59pm e XS2, 0,61-,0,68 |Im) e um (Haute Résolution Géométrique), resolução
no infravermelho próximo (XS3, 0,79-,0,89
de 2,5 a 5 metros no canal pancromático-PA,
(im), com uma resolução espacial de 20
de 10 metros nos canais do visível (Bl, 0,49­
m etros. Cada imagem obtida por esse
0,61 e B2) e infravermelho próximo (B3) e 20
sensor cobre uma área de 60 por 60km. Na
metros no canal infraverm elho m édio
visada nadir (vertical), a cada 26 dias é
(SWIR), cujas imagens cobrem uma área de
obtida uma imagem da mesma área da
superfície terrestre. Na visada lateral ele pode 60 x 60 km; além do VEGETATION-2, que
adquirir pares esteroscópicos e aumentar a tem as mesmas especificações do anterior.
freqüência de imageamento. A órbita dos satélites SPOT, da mesma
Em 24 de março de 1998, foi lançado forma que a dos satélites LANDSAT, ERS,
o SPOT-4, no qual opera o sensor imagecolor ENVISAT e RADARSAT, é circular, quase
HRVIR (Haute Résolution Visible et Infra polar e síncrona com o Sol. A altitude dos
Rouge), com os canais PAN (0,61 a 0,68 |im, satélites SPOT é de 830 km e o seu horário
região do vermelho), BI (0,50 a 0,59 (Im, aproximado de passagem sobre a superfície
região do verde), B2 (0,61 a 0,68 |im, terrestre é às 10h30.
região do vermelho), B3 (0,78 a 0,89 mm,
região do infravermelho próximo) e o canal
MIR (1,58 a 1,75 |Im, região do infra­
verm elho m édio). Como nos satélites
anteriores, esse sensor obtém imagens da
mesma área (60 x 60km) a cada 26 dias. No
SPOT-4 opera também um novo sensor, o
VEGETATION (VGT), nos canais B0 (0,43
a 047 m|l, região do azul) e B2, B3 e MIR do
HRVIR, mas com uma resolução espacial de
lkm. Uma imagem do VEGETATION cobre
Satélite SPOT-4

b) Programa CBERS técnica entre o Brasil e a China para a construção


de satélites de sensoriamento remoto de recursos
O programa CBERS-China Brazil Earth terrestres. No dia 14 de outubro de 1999, foi lan­
Resources Satellite (Satélite sino-brasileiro de çado, por um foguete chinês da série Longa Marcha
Recursos Terrestres) é o resultado da cooperação (Fig. 2.7a), o primeiro satélite desse programa, o

30
C apítulo 2 - Tecnologia Espacial no Brasil

Fig. 2 .7 Satélite CBERS-1 (a) e o lançamento do satélite CBERS-1pelo foguete longa marcha (b)dabasede Tãiyanem 14/10/1999.

CBERS-1 (Fig. 2.7a). O lançam ento do imagem obtida pela câmara CCD é mostrada na
satélite CBERS-2 está previsto para setembro Fig. 2.8. O CBERS leva a bordo também um
de 2003. sistema de coleta de dados que retransmite, em
O satélite CBERS, com características tempo real, dados ambientais coletados na Terra
semelhantes ao LANDSAT e SPOT, leva a bordo através de pequenas estações autônomas. Com
três tipos de sensores: uma câmara CCD, um uma órbita circular, quase polar, síncrona com o
varredor multiespectral infravermelho (IR-MSS) Sol, ele está a uma altitude de 778 km e o horário
e um imageador de visada larga (WFI). Uma local médio de sua passagem é às 10h30.

Estação Espacial Internacional


A Estação Espacial Internacional será o relativamente reduzido, o uso de tecnologias de
maior laboratório já colocado em órbita. Orçada sensoriamento remoto. Outros experimentos
em U$50 bilhões, conta com a participação de poderão ser desenvolvidos a partir da Estação
16 países, entre eles o Brasil. E o maior projeto nas áreas de biotecnologia, nos processos de
espacial da humanidade. A 407 km de altitude, fabricação de drogas, fisiologia humana,
com um peso de 455 toneladas e com um combustão, na melhoria de processos de geração
conjunto de instalações a bordo, ela será um ponto de energia na Terra, e materiais na produção
de observação científica da Terra a partir do espaço. principalmente de semi-condutores, vidros,
Nas noites limpas, a Estação poderá ser vista a olho ligas metálicas e cerâmicas. Os experimentos
nu. A finalidade desse projeto é realizar pesquisas, serão selecionados pela Academia Brasileira
em ambiente de microgravidade (gravidade dentro de Ciências (ABC), em conjunto com a Agência
de um veículo espacial em órbita ao redor da Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional
Terra), nas áreas de Física, Química e Biologia, de Pesquisas Espaciais (INPE).
experimentos tecnológicos, além de pesquisas na
área de observação da Terra e em ciências espaciais.
O Brasil terá a oportunidade de colocar
a bordo um astronauta brasileiro, e será o
responsável pela construção de seis equipamentos,
constituídos, basicamente, de estruturas mecânicas,
com sistemas eletrônicos de diferentes níveis de
complexidade. Um dos equipamentos que o Brasil
fornecerá, o WORF-2, dará suporte ao funciona­
mento de sensores para a observação periódica e
seletiva da Terra. Ele disponibilizará, a um custo
Estação Espada! Internadona!
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Sensores a b o rd o d o sa télite CBERS


A câmara CCD, de alta resolução 1,10 (Im, região do visível e infravermelho
espacial (20 metros), coleta dados da mesma próximo) e dois infravermelhos, um médio
área a cada 26 dias, em cinco canais (B7-l,55 a 1,75 e B8-2,08 a 2,35 |Im), com
espectrais: três na região do visível (Bl-0,45 uma resolução espacial de 80 metros, e um
a 0,52 [Im, região do azul; B2-0,52 a 0,59 canal termal-B9 (10,04 a 12,05 |Im), com
|Im, região do verde e B3-0,63 a 0,69 (Im, uma resolução espacial de 160 metros. Cada
região do vermelho), um no infravermelho cena cobre uma área de 120 por 120 km.
próximo-B4 (0,77 a 0,89 (Im) e um pancro- O WFI, imageador de largo campo
mático-B5 (0,51 a 0,73 (Im, na região do de visada, coleta dados da mesma área
visível e infraverm elho próxim o). Cada a cad a 3 a 5 d ia s , em d o is c an ais
imagem cobre uma área de 113 por 113 km. espectrais, um visível-BlO (0,63 a 0,69,
O na região do vermelho) e um infravermelho
IR-MSS, varredor multiespectral
infravermelho, coleta dados de uma mesma próxim o-Bll, com uma resolução espacial
área a cada 26 dias, em quatro canais de 260 metros. Cada imagem cobre uma
espectrais: um pancromático-B6 (0,50 a área de 890 por 890 km.

Fig. 2 .8 Im agem da Ilh a


d e São S e b a stiã o , o b tid a
p ela câmara CCD, a b o rd o
d o s a t é lit e C B E R S - I,
çaràguatatuba 03/05/2000. Nela podem os
o b se rv a r em b ra n co , as
■'i -'ij n u v e n s ; em p r e t o , a s
\ 0 ? so m b ra s d a s n u v e n s, as
so m b ra s d o re le v o e a
água limpa e mais profunda;
em v e rd e , a água com se­
: ■ Sm
36V
c >t ' dim entos, pró xim a ao lito ­
ra l; em verde d a ro , as área
urbanas (Caraguatatuba, Ilha
Bela e São Sebastião) e, em
verm elho, a vegetação da
M ata Atlântica, (a) Vista da
S Ã tM S íB B ^ T IÃ O p lanície d e Caraguatatuba
j* » * com o relevo m ontanhoso
';jàr da Ilha de São Sebastião ao
fundo.
BELA

32

Capítulo 3
DA IMAGEM
AO MAPA

/
A s imagens de sensores remotos, como
-4*.|fonte de dados da superfície terrestre,
são cada vez mais utilizadas para a elabora­
ção de diferentes tipos de mapas. Um exem­
plo de mapa elaborado a partir da interpreta­
ção de uma imagem de satélite é mostrado
na Fig. 3.1. Nesse processo de interpretação,
dados contidos em uma imagem são trans­
formados em informação e apresentados em
forma de mapa. Enquanto os mapas contêm
informação, as imagens obtidas de sensores
remotos contêm dados brutos, que só se tor­
nam informação após a sua interpretação. O
processo de interpretação de imagens será
abordado no próximo capítulo.

W48°30' W48°20' P a ra n á - B ra sil


GUARAQUEÇABA
S25°15'!"ü Serra do U so e C o b e rtu ra do S o lo
Tromomô

BAÍA Df

L o c a liz a ç ã o da C a rta
A p iaí Eldorado S G .23-V
P a ra n á Paulista A -rv
5 4" 45 “

SG 2 2-X- Guara- S G .23-V


D- II quaçaba A-l
S25°20' 1 0

SG 2 2-X- S G 2 2 -X
D-V D-VI

■ Urbano ■ Cerrado
■ Mineração ■ Solo exposto
ILHA DAS ■ M anguesais □ Praia
PEÇAS
B Floresta - área plana ■ Água
H Floresta - área elevada

Carta Temática desenhada a partir de uma imagem


S25°25' Landsat 5-TM. 220/78 Data aquisiçSo: 184)7434.
Ângulo elevaçSo solar 27,81; Azimut: 44,81
Bancos utiliz.: ],2,2,A,5,7. Compos. Cdoridas
(R G B): 5-4-3; 4-7-5; 7-3-1
Interpretação e desenho:
Slvio Gradani - Javier PoÉillo
Carta Temática eleborada em julho de 2002
Fig. 3.1 Im agem TM-
P R O J E Ç Ã O U N IV E R S A L T R A N S V E R S A D E M ER C A T O R
LA N D SA T-5, 0 5 / 0 4 /
D atum H orizontal: C íir a g c A lajp a - M inas G a rn s
M aridano C antral 5 ' W 1997(a) e mapa gerado
1,5 0 1,5 3,0 4,5 6.0 km a p a rtir da interpretação
Escala gráfica da imagem (b)
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Enquanto as imagens de satélites e as dias sobre uma mesma área, o que permite
fotografias aéreas são retratos fiéis da superfície obter imagens de uma mesma área da superfí­
terrestre, os mapas são representações, em uma cie terrestre, segundo um intervalo de tempo
superfície plana, do todo ou de uma parte da conhecido, chamado de resolução temporal.
superfície terrestre, de forma parcial e através Esse caráter multitemporal das imagens de saté­
de símbolos. A realidade nos mapas é represen­ lites possibilita o monitoramento dos ambientes
tada de forma reduzida e selecionada. Nessas e a atualização de material cartográfico (cartas e
imagens, a paisagem está representada em todos mapas). Portanto, as imagens de satélites podem
os seus aspectos: geologia, relevo, solo, água, ser utilizadas tanto na elaboração de novos
vegetação e uso da terra. Nos mapas, esses mapas como na atualização daqueles já existentes.
aspectos estão representados separadamente Antes de interpretar uma imagem, é
como, por exemplo, mapa de solos, mapa de preciso entender alguns conceitos básicos
vegetação, etc. comuns às imagens obtidas de sensores remotos
A principal finalidade dos mapas é repre­ e à cartografia. A cartografia pode ser definida
sentar e localizar áreas, objetos e fenômenos. Eles como ciência^ arte e tecnologia de fazer mapas.
facilitam a orientação no espaço e aumentam nosso Como ocorre quando aprendemos a utilizar
conhecimento sobre ele. O mapa é uma das mapas, a interpretação ou uso de imagens requer
formas mais antigas de comunicação entre os inicialmente a definição dos seguintes conceitos
homens. Inicialmente, os mapas eram elaborados básicos: visão vertical, visão oblíqua, imagens em
manualmente, e a partir de observações feitas no 3D e estereoscopia, escala e legenda.
terreno. Com o tempo, o conhecimento sobre a Assim como as fotografias e as imagens,
Terra foi aumentando, graças às imagens de os mapas, geralmente originados delas, são repre­
sensores remotos. A maneira de representar a sentações de espaços “vistos de cima”, de longas
Terra também foi aperfeiçoada. Com o desenvol­ distâncias. As imagens registradas por sensores,
vim ento tecnológico, principalm ente da a bordo de aeronaves ou satélites, são obtidas
informática, surge a cartografia digital e a elabo­ através de uma visão vertical ou oblíqua. Por
ração de mapas passa a ser uma tarefa cada vez isto, inicialmente, no processo de interpretação
mais automatizada. de imagens, deve ser desenvolvida a habilidade
Os sensores, a bordo de satélites de ou percepção de reconhecer objetos vistos de
sensoriamento remoto, coletam dados da super­ cima, uma vez que a forma de um objeto obser­
fície terrestre, de forma sistemática e repetitiva. vado de uma perspectiva vertical é diferente em
O LANDSAT-7, por exemplo, passa a cada 16 relação à perspectiva horizontal.

Fig . 3 .2 Exem plos de visão horizontal (a), vertical (b ) e oblíqua (c)

34
C apítulo 3 - Da Imagem ao Mapa

Quando estamos no chão, com o olhar Antigamente, o recurso da estereoscopia


scsrao nível de um objeto ou lugar, nossa era disponível somente com pares de fotografias
: i horizontal ou lateral, como mostra­ aéreas (tomadas com uma superposição lateral
ra F:g. 3.2a. A visão vertical (Fig. 3.2b) é de 60%). A partir do desenvolvimento do
cia que temos de um objeto ou lugar visto sensor F1RV, instalado no satélite SPOT-1,
alto, de cima para baixo. A visão oblíqua dispõe-se deste recurso também com as ima­
F v 3.2cJ é aquela que temos de um objeto ou gens de satélites. Em fotografias ou imagens
jurrr visto de cima e um pouco de lado como, sem o recurso da estereoscopia, assim como
r> r exemplo, da janela de um avião. nos m apas, a realidade tridim ensional é
representada de forma bidim ensional, ou
seja, apenas em duas dimensões (com pri­
3.1 Imagens em 3D e Estereoscopia mento e largura) (Fig. 3.4a). Nesse caso,
uma alternativa para representar uma área
1 ma imagem tridimensional ou em três em três dimensões, como aquela mostrada
mmensões (3D) é aquela que permite perceber na Fig. 3.4b, é através da integração de uma
que cada objeto tem altura, comprimento e imagem de satélite com dados de altitude
. ''^ura. Ela proporciona a sensação de volume e (modelo digital do terreno). Isto é possível
profundidade. Toda pessoa que possui visão utilizando um SIG, que permite integrar dados
□ >rmal têm visão binocular, o que significa que geográficos obtidos de diferentes fontes.

Fig. 3 .3 Exem plo de um estereoscópio

ela enxerga a realidade como ela é, ou seja, em


3D. Imagens ou fotografias aéreas da mesma
área, porém, obtidas de uma posição diferente,
nos permitem uma visão tridimensional da
paisagem. A estereoscopia refere-se ao uso
da visão binocular na observação de um par
de fotografias ou imagens desse tipo. Ela é
um recurso que proporciona, mantendo a
perspectiva vertical, uma visão de imagens
ou fotografias em 3D. O estereoscópio (Fig. 3.3)
é o equipamento utilizado para observarmos
pares estereoscópicos de fotos e imagens em
Fig. 3 .4 Im a g e m TMLANDSAT-5, 03/07/1988, d e
3D. Outros equipamentos, como mesa de luz e S ã o J o s é d o s C a m p o s em d u a s (a ) e tr ê s d i­
lupas, auxiliam na interpretação de fotografias m e n sõ e s ( b ) . Em ( b ) , o c é u f o i s im u la d o
e imagens em geral. a tr a v é s d e p ro g ra m a d e c o m p u ta d o r.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

SIG - Sistema de Informações Geográficas

O SIG é a ferramenta computacional tem áticas são in te g rad a s, são gerad as


do G eo p ro cessam en to , d isc ip lin a que novas informações ou mapas derivados das
u t iliz a té c n ic a s m a te m á tic a s e originais.
co m p u tacio n ais para o tratam en to da O SIG tem uma utilidade muito grande
inform ação geográfica. A ntigam ente, os no estudo e monitoramento do meio ambiente
mapas e a integração de informações contidas e no planejamento de cidades, regiões, países
nos mapas e em outros documentos eram e de diferentes tipos de atividades e serviços.
feitos manualmente. Hoje, com a dispo­ Na figura, é mostrado um exemplo simples do
nibilidade dos sistem as de informações uso de um SIG para o planejamento urbano.
geográficas, tanto a produção de cartas e Neste exemplo, verificamos que a partir do
mapas como a integração de informações cruzamento de dois tipos de planos de infor­
são autom atizadas. O SIG é um sistema mação, inclinação do relevo (obtida de uma
com putacional que perm ite armazenar e carta topográfica) e uso e cobertura vegetal
in te g r a r in fo rm a ç õ e s g e o g rá fic a s de da Terra (obtida de uma imagem de satélite),
diferentes fontes e escalas. As informações é gerada uma nova informação, ou seja, uma
no SIG devem ser georeferenciadas, ou carta que indica as áreas vulneráveis à
seja, com localização geográfica definida expansão urbana. Pelo exemplo, verifica­
através de coordenadas. As coordenadas mos que as áreas críticas à expansão urbana
resultam de um sistema de projeção que caracterizam-se por relevo de baixa inclinação
permite representar a superfície curva da e próximas a áreas já ocupadas, enquanto as
Terra sobre um plano. Os três principais áreas de relevo com grande inclinação e
tipos de projeção são a cilíndrica, a cônica cobertas por vegetação de mata natural
e a plana. À m edida que inform ações não são ocupadas, mas preservadas.

Uso do Solo Declinidade

v " '

A flo ra m e n to ro ch o so ■' r ) '■ " ' 0 -

10-20
10
Á re a u rb a n a
C a m p o a n tró p ico 2 0 -3 5
F lo re sta I > 35
F lo re s ta a lte ra d a
U rb. N ã o co n so lid .


Vulnerabilidade f Planta - chave
à expansão urbana

f J g _
Union 1 vulnerabilidade

0-6
6 - 16,5
10,5 - 36
3 6 -7 2
72 - 140 Parque Nacional
da Tijuca, RJ

Cortesia: Fernanda Miranda e Paula Cardoso, 2002.

36
C apítulo 3 - Da Imagem ac »

3.2 Escala toda a cidade de Corumbá, parte do Par.:, ji


e a região de fronteira B rasil-B o lív ii lá
A escala é a razão ou proporção existente na im agem de escala m aior (1:150.'"
entre um objeto real ou área e a sua representação observamos pouco além da área urbana d ;
em uma fotografia, imagem ou mapa. Portanto, a Corumbá, porém com mais detalhes. Ncf-
escala indica quantas vezes o tamanho real de escala, por exemplo, é possível identifica:
um objeto ou área foi reduzido na sua represen­ a pista do aeroporto e o arruam ento da
tação em uma fotografia, imagem ou mapa. cidade.
Na Fig. 3.5, por exemplo,
a escala de 1:150.000 ou
1/150.000 (um por cento
e cinqüenta mil) quer dizer
que 1 cm na imagem equi­
vale a 150.000 cm no ter­
reno, que é igual a 1.500
metros ou, ainda, 1,5 km.
Como podemos ob­
servar na Fig. 3.5, à medida
que a escala diminui (o de­
nominador da razão aumen­
ta), aumenta a área repre­
sentada, porém diminui o
nível de informação. Ao
contrário, quando a escala
aumenta (o número do de­
nominador da razão dimi­
nui), a área representada
também diminui, mas o ní­
vel de informação ou de de­
talhe aumenta. Assim, na
imagem de escala menor
(1:750.000) podemos ver

Fig. 3 .5 Im a g em TM -
LAN DSAT-5, 13/09/1997, da
região de Corum bá, fron teira
B ra sil-B o lívia , nas escalas de
1 :7 5 0 .0 0 0 (a ), na q u a l a área
co b erta é m a io r, e 1 :1 5 0 .0 0 0
(b ), na q u a l a área co b e rta
é menor, mas o nível de detalhe
é m a ior. N e la s, a veg eta çã o
m a is d e n s a a p a r e c e em
v e r m e lh o ; em v e rm e lh o
e s c u r o / r o x o , a s á re a s
a la g a d a s d o P a n ta n a l; em
verd e e a zu l d a ro as su p e rfí­
cies e xp o sta s; em azul d aro, a
área u rb a n a ; e, em p re to e
a zu l-escu ro, o s rio s e lagos.

37
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Conhecendo a escala de uma fotografia, ser suficiente. As características da área e a sua


imagem ou mapa, é possível calcular áreas e extensão também são determinantes na escolha
distâncias entre lugares. A escala pode ser da escala de trabalho. Assim, por exemplo, para
indicada de forma numérica ou de forma gráfica. o monitoramento do desflorestamento da região
Esta tem a vantagem de manter a proporção Amazônica brasileira, uma área de grande
quando se amplia ou reduz uma figura ou um extensão, coberta por 229 imagens LANDSAT,
mapa. Para a escala numérica de 1:100.000, por a escala de 1:250.000 é utilizada com sucesso.
exemplo, a escala gráfica correspondente é
indicada da seguinte forma:
3.3 Distância dos Sensores à
1 ■0 0 1,0 2,0 3,0 4,0 km Superfície Terrestre
Escala 1 100.000
Os dados de sensoriamento remoto
representação gráfica
podem ser obtidos em diferentes níveis de
altitude, isto é, a diferentes distâncias do
Existe uma relação entre escala e resolução, sensor em relação à superfície observada.
embora sejam conceitualmente distintas. Em De acordo com a Fig. 3.6, podemos destacar
função de sua resolução espacial, existe uma três níveis de coleta de dados: o or b ita l
escala ótima (ideal), que permite extrair toda a (sensores a bordo de satélites artificiais),
informação possível de uma determinada imagem. o a é re o (sensores a bordo de aviões) e o
Assim, por exemplo, para imagens com uma de cam po/laboratório.
resolução espacial de 30 metros, como as do Pelas Figs. 3.6 e 3.7, podemos observar
TM, da Fig. 3.5, a escala que permite extrair a que, conform e o n ív el de obtenção de
maior quantidade de informação é aquela em imagens por sensoriamento remoto, existem
torno de 1:100.000. Com escalas menores, ocorre diferenças, principalmente com relação ao
uma compressão dos dados e, com escalas tamanho da área observada, à escala e à
maiores, uma degradação da imagem. Portanto, resolução das imagens. Assim sendo, quanto
em ambos os casos estarem os perdendo maior for a altitude do sensor, maior será a
informação. E claro que a escolha da escala da distância em relação à superfície da Terra
imagem depende também do objetivo do estudo. e maior será a dimensão da área observada
Muitas vezes, para o nível de informação e vice-versa. Quanto maior a área obser­
necessário, uma escala menor que a ideal pode vada maior é a resolução temporal, ou seja,
aum enta a fre-
qüência de imagea-
mento sobre a super­
fície terrestre. Por
outro lado, quanto
menor a distância do
sensor ao objeto,
maior é a resolução
espacial e a escala e,
conseqüentem ente,
maior é o nível de in­
formação que pode
ser obtido da inter­
pretação das im a ­
Fig. 3 .6 N ív e is d e o b te n çã o d e im agens p o r se n so ria m en to re m o to gen s. Vale lembrar
C apítulo 3 - Da Imagem ao Mapa

que o avanço tecnológico


dos novos sensores permite
o b ter, mesmo a grandes
distâncias, imagens de alta

G r u z e i r o a o bui
resolução espacial como,
por exemplo, aquelas obti­
das a partir do satélite IKONOS-2, a uma
altitude de 680 km, conforme Fig. 1.7c
(Capítulo 1).
No nível orbital, a partir do satélite
GOES, por exem plo, a 36.000 km de
a lt it u d e , é p o s s ív e l r e p r e s e n ta r em
uma ú n ica im agem uma face da Terra,
fornecendo dados em n ív el de c o n ti­
nente, como podem os ob servar na Fig.
3 .7 a. Im agen s o b tid a s por se n so re s
in s ta la d o s nos s a té lite s de re c u rso s
te rre s tre s , com o o LA N D SA T-7, por
exem p lo , que está a uma a ltitu d e de
705 km, fornecem dados em nível regional,
e cada im agem cobre uma área de 185
por 185 km (3 2 .0 0 0 km 2) (F ig. 3.7b ).
Fotografias aéreas (nível aéreo) obtidas
por sensores instalados em aviões (entre
1.000 e 10.000 metros de altitude) (Fig.
3.7c), fornecem dados em nível m unicipal
e do bairro. F o to grafias, ou outros tipos
de dados esp ectrais, obtidos no terreno
(nível de cam po), ou próxim o a ele, fo r­
necem dados p o n tu ais ou lo cais (Fig.
Fig. 3 .7 Im agem d e um a fa ce da Terra, o b tid a
3 .7 d ). D essa fo rm a, com as im ag en s
d o sa té lite m e te o ro ló g ic o C O E S (a ); im agem
obtidas por sensoriamento remoto podemos d o R io d e Ja n e iro , o b tid a p e io TM -LA N D SA T-5,
estudar desde o ponto de vista local até o 08/0 7 /1 9 9 8 (b ); fo to g ra fia aérea co lo rid a n a tu ra l
global, de maneira a integrar os diferentes d e Ip a n em a , o b tid a d e a e ro n a v e (c ); fo to g ra fia
contextos. da p ra ia d e Ip a n em a , o b tid a na su p e rfíc ie (d ).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

3.4 Legenda pode ser apresentado em forma de um mapa,


como vimos no exemplo da Fig. 3.1 deste
Capítulo. Entretanto, informações podem
A legenda explica o significado dos ser acrescentadas sobre a imagem que passa
símbolos e das cores de um mapa.Os símbolos a ser utilizada como um mapa (Fig. 3.8). Na
são elementos gráficos utilizados para repre­ Fig. 3.8 é mostrado um mosaico da região
sentar objetos, pessoas, ambientes e fenôme­ do Vale do Paraíba e Litoral Norte do Estado
nos, de forma simplificada. Todo mapa vem de São Paulo, elaborado com duas imagens
acompanhado de uma legenda, ou seja, de TM-LANDSAT-5. A legenda foi construída
uma explicação. Quando interpretamos uma a p artir da interp retação das im agens e
imagem, elaboramos uma legenda para in­ utilizando os padrões fotográficos da própria
dicar o resultado da interpretação, o que imagem.

Legenda

fü il Pastagem

Área urbana e solo exposto

( araguui
Oceano Atlântico

Sàn Sebasl

escala gráfica

Fig. 3 . 8 M osaico de duas im agens TM -LANDSA T-5. adquirida peia estação de rastreio d o IN PE, em Cuiabá, M T, do
Vaie d o Paraíba e Lito ra l N o rte d o Estado de São Pauio, nos dias 26/07/1997 e 20/08/1997, n o quai p odem os
ob servar um exem plo de legenda elaborada a p a rtir da interpretação d e imagens.
Estas imagens foram geradas p eio IN P E em Cachoeira Paulista e São Jo sé dos Campos. O m osaico é uma com posição
colorida das bandas TM 3(azui), TM 4(verde) e TM 5(verm elho), d o sensor Thematic M apper (T M ) d o satélite Landsat
5, na escala originai 1:350.000. Cortesia: R om eu Sim iJr.

40
Capítulo 4
INTERPRETAÇÃO
DE IMAGENS

Quanto maior a resolução, e mais adequada a


P odemos considerar as imagens obtidas
por sensores remotos como dados brutos escala, mais direta e fácil é a identificação dos
que, para serem transformados em informação, objetos em uma imagem.
necessitam ser analisados e interpretados. Na maioria das vezes, o resultado da
Vamos inicialmente definir o que é interpretação interpretação de uma imagem obtida por
de imagens. sensor remoto é apresentado em forma de um
mapa. Muitas vezes, a própria imagem é utilizada
4.1 O que é Interpretação de Imagens? como um mapa (uma base), na qual assinalamos
limites, estradas, drenagem e o nome dos objetos
Interpretar fotografias ou imagens é identificados. Esse procedimento é muito comum
identificar objetos nelas representados e dar um quando os dados são utilizados em formato digital
significado a esses objetos. Assim, quando iden­ e analisados diretamente na tela de um computa­
tificamos e traçamos rios e estradas, ou delimita­ dor, através do uso de um software de
mos uma represa, a área ou mancha urbana processamento de imagens e de um SIG (Fig. 4.1a).
correspondente a uma cidade, uma área de Desta maneira, a informação obtida pode ser
cultivos, etc., a partir da análise de uma imagem armazenada no formato digital e o mapa gerado
ou fotografia, estamos fazendo a sua interpretação. automaticamente, como mostrado na Fig. 4.1b.

Fig. 4.1 Exem plo de interpretação de uma imagem digital TM-LANDSAT-5na tela d o com putador (a) e o resultado
desta interpretação (b). Em (a), podem os observar as classes delim itadas em p olíg on os am arelos com a ajuda de um
cursor. Em (b ), o resultado da interpretação, com as classes d e vegetação, em verde, e desm atam ento, em am arelo,
com o indica a legenda.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

No exemplo da Fig. 4.1, a delimitação dos desde a fase de interpretação da imagem. Mesmo
objetos é feita por meio de um cursor. Com o uso nesses casos, sempre existe uma interação do
de um SIG, os limites das classes são armazena­ homem com a máquina. Por isto, é preciso saber
dos em um plano de informação e, posteriormen­ interpretar uma imagem, até mesmo para poder
te, o mapa é gerado. Quando a interpretação é avaliar o resultado de uma classificação ou “in­
feita na imagem impressa em papel, geralmente terpretação automática”.
fixa-se sobre ela um papel transparente, como o
vegetal, por exemplo, e os traços e contornos são
feitos nesse tipo de papel (como mostrado na Fig. 4.2 Elementos de Interpretação de
4.2), e não diretamente na imagem. Imagens
Existem programas computacionais de
classificação de imagens digitais, por meio dos As imagens obtidas por sensores remo­
quais os mapas são gerados automaticamente tos, qualquer que seja o seu processo de forma­
ção, registram a energia proveniente
dos objetos da superfície observada.
Independentemente da resolução e
escala, as imagens apresentam os
elementos básicos de análise e inter­
pretação, a partir dos quais se
extraem informações de objetos,
áreas, ou fenômenos. Esses elemen­
tos são: tonalidade/cor, textura,
tamanho, forma, sombra, altura,
padrão e localização. Tanto a in­
terpretação de uma radiografia de rai-
os-x do corpo humano, como a in­
terpretação de uma imagem de saté­
lite da superfície terrestre são base­
adas nesses elementos, o que muda
é o significado deles.
A tonalidade cinza é um
elemento utilizado para interpretar
fotografias ou imagens em preto e
branco (Fig. 4.3). Nesse tipo de ima­
gem, as variações da cena fotogra­
fada ou imageada são representadas
por diferentes tonalidades, ou tons
de cinza, que variam do branco ao
preto. Quanto mais luz ou energia
um objeto refletir, mais a sua repre­
Fig. 4 .2 Exem plo de interpretação de imagem im pressa em p a p e i
sentação na fotografia ou imagem
fo to g rá fico . O bserve que o p a p e t tra n sp a ren te fo i p re so (com vai tender ao branco e, quanto me­
um a fita a desiva) nas p o n ta s som en te na p a rte su p e rio r da im a­ nos energia refletir (absorver mais
gem , o que p erm ite leva n ta r o p a p e i e te r uma visão m elh o r da energia), mais a sua representação na
im agem . N o exem plo, o in térp rete traça os rio s em azui, as estra­ fotografia ou imagem vai tender ao
das em verm elh o e delim ita a área urbana e as áreas de vegetação
preto.
com lápis preto. Em seguida, essas áreas são pintadas de rosa (urbano),
verde escuro (cerrado, mata ciliar) e verde ciaro (soja), de acordo
A cor é um elemento usado
com a legenda p o r eie definida. na interpretação de fotografias ou

42
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens

imagens coloridas, nas quais as variações da cena imagem), da mistura entre as cores (processo
fotografada ou imageada são representadas por aditivo), e da cor que for associada às imagens
diferentes cores (Fig. 4.4). Conforme destacado originais em preto e branco. E mais fácil inter­
anteriormente, em uma imagem colorida, a cor pretar imagens coloridas do que em preto e bran­
do objeto vai depender da quantidade de ener­ co, porque o olho humano distingue cem vezes
gia que ele refletir (no canal correspondente à mais cores do que tons de cinza.

Fig. 4 .3 Im agem de U batuba,


o b t id a n o c a n a l 3 p e lo
E T M + -LA N D S A T -7 , 1 1 /0 8 /
1999. N esta im agem , p o d e m o s
o b se rv a r q u e a área u rb a n a ,
q ue re fle te m uita energia n este
c a n a l, é re p re s e n ta d a co m
to n a lid a d e s d a ra s, e n q u a n to
q u e a água lim p a e a m ata
v e rd e e d en sa , q u e a b so rv e m
m u ita en erg ia n e ste ca n a l, são
rep resen ta d a s com to n a lid a d es
escuras.

Fig. 4 .4 Im agem co lo rid a de


U batu ba, g era d a a p a rtir das
im agens E T M +-LA NDSA T-7, 11/
08/1999, d o s canais 3, 4 e 5,
com as co res azui, verm elha e
verd e, resp ectiva m en te. C om o
p o d e m o s ob servar, a vegetação
é representada peia co r vermelha,
p o rq u e esta co r fo i associada ao
canai 4, onde a vegetação reflete
m uito m ais energia d o que nos
dem ais canais u tiliza d o s nesta
com posição co lo rid a.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

F ig .4.5 Im agem TM -LAN D SAT-5 ,


26/06/1997, região d e A p a recid a /
G u a ra tin g u e tá - S P . P o d e m o s
id e n tific a r a tra vé s da textu ra Usa,
uma área plana, co rresp o n d en te à
p la n ície d o rio Paraíba d o Su i (a );
da te x tu ra m éd ia , um a área d e
re le v o su a ve o n d u la d o , c o rre s­
p o n d e n te às co lin a s terciárias (b );
da te x tu ra ru g o sa , um a área d e
re le v o on d u la d o , co rresp o n d en te
a o s m o rro s crista lin o s, tam bém
d en o m in a d o s m ares d e m o rro s
( c ) ; e re le v o m o n ta n h o so (d ).
F o to s: C lá u d io J . S. Souza.

A te xtu ra refere-se ao aspecto liso identificação de unidades de relevo: a tex­


(e uniforme) ou rugoso dos objetos em uma tura lisa corresponde a áreas de relevo pla­
imagem. Ela contém informações quanto às no, en q u an to que a te x tu ra ru go sa
variações (freqüência de mudanças) de tons corresponde a áreas de relevo acidentado e
ou níveis de cinza/cor de uma imagem. A dissecado pela drenagem, como pode ser ob­
textura é um elemento muito importante na servado na Fig. 4.5.
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens

Fig. 4 .6 Fotografia aérea


in fra ve rm e lh a co lo rid a
na escala 1 :2 0 .0 0 0 d o
m u n icípio d e Tapera-RS,
que representa d iferen tes
tipos de cobertura vegetai
e u so da te rra . N esta
fo t o g r a fia , p o d e m o s
o b s e r v a r q u e o s o io
e x p o s to , em v e rd e , d i­
fe ren cia -se p e ia c o r das
á rea s co m c u ltiv o s d e
tr ig o , em v e r m e lh o ,
e n q u a n to as á re a s d e
m ata e re fio re sta m e n to , am bas em v e rm e lh o , d ife re n cia m -se d as d em a is cia sses, p rin c ip a lm e n te p e ia
te x tu ra , a da m ata é m a is ru g o sa q u e a d o re fio re sta m e n to q u e , p o r sua v e z , é m a is ru g o sa q u e a
d a s c u ltu ra s d e trig o , a ) n o p rim e iro p ia n o s o io e x p o s to e a o fu n d o , re fio re sta m e n to d e e u c a lip to ;
b ) c u ltu ra d e trig o . Cortesia: M aurício A . M oreira.

Com relação à cobertura vegetal, obser­ uma textura mais rugosa do que uma área de re­
va-se que uma área de mata, que é mais fiorestamento, que é mais homogênea ou unifor­
heterogênea, é representada em uma fotografia me, e esta é mais rugosa em relação a uma área
aérea, e até mesmo em imagens de satéites, por de cultura, como pode ser observado na Fig. 4.6.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

D IG 1T A LG LO B E
Fig. 4 .7 Imagem d o M aracanã Q uickB ird obtida em 14/05/2002, R io de Janeiro. N o com plexo esportivo do
M aracanã (Estádio M á rio Filho), é p o ssível distinguir, em função do tamanho, o estádio de fu teb ol d o ginásio
coberto, M aracanãzinho e suas piscinas. É p o ssível separar a avenida (av. M aracanã), das dem ais ruas circundantes e
o s ônibus, dos carros de passeio. Cortesia: Intersat.

O ta m a n h o , que é uma função da perfícies são identificados apenas com base nes­
escala de uma fotografia ou imagem, e rela­ se elemento. Assim, estradas e rios são facilmen­
tivo aos objetos na imagem, também é um te identificados pela sua forma linear (e
elemento importante na id en tificação de curvilínea), as construções como casas, prédios
objetos. A ssim , em função do tam anho, de apartamentos costumam ter formas regulares
pode-se distinguir uma residência de uma e bem definidas (quadrados e retângulos), campos
in d ú s tria , uma área in d u s tria l de uma de futebol (retangular), as área de cultivo carac­
residencial, grandes avenidas de ruas de tráfego terizam-se pela sua forma geométrica, mais
local, um sulco de erosão de uma voçoroca, comumente retangular, ou em faixas, e as áreas
uma agricultura de subsistência de uma de culturas irrigadas por sistemas de pivô central
agricultura comercial, etc. (Fig. 4.7). apresentam formas circulares (Fig. 4.8). Um ou­
A forma é um elemento de interpretação tro exemplo é a forma circular em espiral dos
tão importante, que alguns objetos, feições ou su­ furacões, redemoinhos gigantes formados por

46
Fig. 4 .8 Imagem CBERS-1 CCD (432) de 30/08/2000 de uma área agrícola em Barreiras, noroeste d o Estado da
Bahia. Podem os observar as form as geom étricas retangulares dos taihões e as form as circulares das áreas de culturas
irrigadas p e lo sistema de p iv ô centrai. Nesta com posição colorida, a co r verm elha representa as culturas, e a verde,
o so io exposto ou preparado para o cultivo. A s form as lineares que se destacam nesta imagem são canais de drena­
gem , e a co r verm elha representa a mata ciliar ao longo deies. A fo to (a) representa uma área irrigada p o r p iv ô
centrai, com cultura (círculos verm elhos na imagem). A fo to (b ) é a mesma área, com solo exposto, antes d o plantio
(círculos verdes na im agem ). Foto s: Jo sé Carlos Epiphânio.

ventos que giram em tomo de um centro, um construídos pelo homem (indústrias, aeroportos,
“olho” chamado vórtice e pode medir cerca de áreas de reflorestamento, áreas agrícolas, etc.), como
500 km de diâmetro (Fig. 4.9). pode ser observado nas imagens deste livro.
De modo geral, formas irregulares são Como destacado anteriormente, é impor­
indicadoras de objetos naturais (matas, lagos, fei­ tante considerar que a forma de um objeto ob­
ções de relevo, pântanos, etc.), enquanto formas servado a partir de uma perspectiva vertical é di­
regulares indicam objetos artificiais ou culturais, ferente em relação à observação horizontal. Desta

4i
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

CIM SS
maneira, as árvores de um pomar trans­
formam-se em fotografias de grande es­
cala em pequenos círculos, edifícios
transformam-se em retângulos, etc. Um
vulcão não é visto como um cone, mas
como um círculo menor (o cume do
vulcão) dentro de um círculo maior ( a
base do vulcão) (Fig. 4.10).
A disponibilidade de fotografi­
as ou imagens em 3D facilita o proces­
so de interpretação, permitindo obter
informações sobre a altura dos objetos.
Em imagens bidimensionais, a altura de
objetos como árvores, edifícios, relevo
(Fig. 4.11), etc. pode ser estimada atra­
vés do elemento sombra. A partir da Fig. 4 .9 Imagem CO ES, 10/09/2001, d o furacão Erin que p o d e ser
sombra, outros elementos, como a for- facilm ente identificado peia sua form a circular do tipo “redem oinho ",

Fig. 4.10 im agem C BERS, 04/11/2000, d o n o rte d o C h ile. N ela p o d e m o s id e n tifica r, p e ia form a circu la r,
vá rio s vu lcõ es. A área em b ra n co rep resen ta um saiar, d e p ó sito d e sa i em a n tig o lag o salgado.

48
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens

ma e o tamanho, também podem ser inferidos.


Por outro lado, a sombra representada em uma
imagem, assim como pode ajudar na identifica­
ção de alguns objetos como pontes, chaminés,
postes, árvores e feições de relevo, pode ocultar
a visualização dos objetos por ela encobertos (Fig.
4.11).
O padrão pode ajudar na identificação
de objetos, uma vez que ele se refere ao arranjo
espacial ou à organização desses objetos em uma
superfície. Em fotografias aéreas e em imagens
de alta resolução espacial, podemos associar um
padrão de ünhas sucessivas a culturas plantadas
em fileiras. Os padrões espaciais das unidades
habitacionais e do armamento de uma cidade po­
dem ser indicadores do nível sócio-econômico de

Fig. 4.11 Imagem TM-LANDSAT-5', 25/06/1997. da região de Cruzeiro e Cachoeira Paulista no Vaie do Paraíba, São
Pauio. Ne/a, as áreas de m aior som bream ento, que indicam relevo mais aito. encontram -se na serra da M antiqueira;
as som bras interm ediárias encontram -se nas áreas de m orros, e as som bras m enores, nas áreas de colinas. Nas áreas de
relevo m uito piano, com o na planície d o rio Paraíba do Sui, não há sombras. Por outro iado, não ép o ssíve l identificar
os tipos de cobertura ou uso d o so io nas áreas com som bras, representadas em p reto .
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

CIMSS
maneira, as árvores de um pomar trans­
formam-se em fotografias de grande es­
cala em pequenos círculos, edifícios
transformam-se em retângulos, etc. Um
vulcão não é visto como um cone, mas
como um círculo menor (o cume do
vulcão) dentro de um círculo maior ( a
base do vulcão) (Fig. 4.10).
A disponibilidade de fotografi­
as ou imagens em 3D facilita o proces­
so de interpretação, permitindo obter
informações sobre a altura dos objetos.
Em imagens bidimensionais, a altura de
objetos como árvores, edifícios, relevo
(Fig. 4.11), etc. pode ser estimada atra­
vés do elemento sombra. A partir da Fig. 4 .9 Imagem CO ES, 10/09/2001, d o furacão Erin que p o d e ser
sombra, outros elementos, como a for- facilm ente identificado peia sua form a circular d o tipo “redem oinho ”,

Fig. 4.10 im agem C BERS, 04/11/2000, d o n o rte d o C h ile. Ne/a p o d e m o s id e n tifica r, p e ia form a circu lar,
vá rio s vu lcõ es. A área em b ra n co rep resen ta um saiar, d e p ó sito d e sa i em a n tig o lag o salgado.

48
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

biiiríayaifittlacl

área agrícola

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V i ' . % -I * .
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-■*.*' .alio pâilvão ?« '
•í ? jé /<•r

f/jf. 72 Im agem iK O N O S-2, 13/10/2000, d e um se to r d e São Jo s é d o s Cam pos, na q u a l estã o re p re se n ta ­


d o s, a tra v é s d e d ife re n te s p a d rõ e s fo to g rá fic o s, d ife re n te s p a d rõ e s d e o cu p a çã o co m o , p o r e x e m p lo ,
um b a irro d e cia sse m éd ia a lta ; um b a irro p op u la r; um a fa v e ia ; e um a á re a , d e fo rm a s g e o m é tric a s
d e fin id a s, utilizad a para cu ltivo s.

seus habitantes. Assim, por exemplo, áreas específico, formado por edificações, quadras
residenciais de alto padrão caracterizam-se e piscinas em meio a uma grande área co­
por unidades habitacionais grandes, baixa berta por gramíneas e vegetação arbórea.
densidade dessas unidades e muita área ver­ Assim, em função do padrão e da densidade
de, enquanto áreas ocupadas com favelas de ocupação do terreno, diferentes classes
caracterizam-se pelo tamanho mínimo das residenciais podem ser distinguidas em fo­
unidades habitacionais, sem espaçamento tografias e imagens.
entre si, nem organização espacial, estando Um outro exemplo desse elemento de
também ausente a estrutura viária, como é interpretação de imagem pode ser observado
possível verificar na Fig. 4.12. Um outro na Fig. 4.13. Nela podemos identificar, pela for­
exemplo são as áreas ocupadas por clubes, ma circular do relevo e do padrão de drena­
que também se caracterizam por um padrão gem (anelar), uma antiga caldeira vulcânica.

50
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens

Fig. 4.13 Imagem TM-LANDSA T-5, 04/05/1996, de uma caldeira vulcânica localizada entre o s m unicípios de Patro­
cínio e Cuim arânia, no Estado de M inas Gerais. Pelo padrão (arranjo da drenagem e form a circular d o relevo ),
podem os identificar o tip o de relevo na imagem.

A localização geográfica de um do conhecimento da área de estudo na inter­


objeto pode ajudar muito na sua identificação pretação de dados de sensoriamento remoto,
em uma imagem. As áreas urbanas, por exemplo, são os mapas elaborados por populações
podem ser identificadas por sua proximidade de tradicionais, usando imagens de satélites,
rodovias, rios e litorais. O conhecimento exis­ como os dos seringueiros do Estado do Acre
tente sobre o tipo de clima, a geologia, o re­ (Alexandre et al., 1998). Isto é possível por­
levo, a vegetação e o tipo de ocupação de que, embora essas populações geralmente te­
uma região é utilizado no processo de inter­ nham pouca ou nenhuma escolaridade, têm
pretação de uma imagem. Esse conhecimen­ um grande conhecim ento de campo, em
to evita confundir, por exemplo, uma vege­ outras palavras, conhecem a área em que vi­
tação de cerrado, típica dos chapadões do Brasil vem como “a palma da mão”. Assim, a partir
central com uma vegetação de caatinga, de um ponto de referência, que é um lugar
típica da região semi-árida do Nordeste bra­ conhecido e identificado com facilidade na
sileiro. imagem, os demais elementos do ambiente
Na verdade, quanto maior é o conhe­ também são identificados ou reconhecidos.
cimento sobre a área de estudo, maior é a Dessa maneira, para os inexperientes em
quantidade de inform ação que podemos interpretação de imagens, recomendamos que
obter, a partir da interpretação de fotografias iniciem por uma imagem de área conhecida.
ou imagens desta área. A associação e com­ Levantar em livros, mapas e no cam po,
paração de alvos conhecidos no terreno informações sobre a área de estudo, também
(lagos, rios, cidades, áreas de reflorestamento, facilita a interpretação de imagens. O trabalho
áreas de cultivos, etc.), com a sua representação de campo é praticamente indispensável ao
(correspondência) em uma imagem, facilita estudo e mapeamento do meio ambiente por
a identificação dos componentes da paisa­ meio de imagens de sensores remotos. Ele
gem, familiarizando-nos com essa forma de faz parte do processo de in terp retação
representação do espaço. de imagens. Por meio dele, o resultado da
Um exemplo, que mostra a importância interpretação torna-se mais confiável.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

F ig . 4 . 1 4 M a p a d e
ó r b it a / p o n t o dos
s a t é lit e s L A N D S A T -5
54
55
e 7 p a ra a lo c a liz a ç ã o
56 d e u m a im a g e m .
•57 A s ó r b it a s tê m u m a
..5 8
d ir e ç ã o a p r o x im a d a
59
60 N -S e sã o n u m e ra d a s
61. n a U n h a p a r a le la à
62
63 d o E q u a d o r. A ó rb ita
é d iv id id a em s e g ­
<r i w v w S ' v <v’ *v Kr. ^ <$• ,ç- jíT
65 m e n to s n u m e r a d o s
66
67 (p o n t o s ) in d ic a d o s
68 a o lo n g o d a U n h a
69 p a r a le la a o s m e r i­
70
71 d ia n o s . N o d e ta lh e ,
72 o c e n tro da im a g em
73- 2 3 1 /6 2 é o m a is p r ó ­
>74
□75 x im o p a ra M a n a u s.
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77
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87 62 Manaus 62 latitude 62
• -*' •
• •
#•
63 63 latitude 67

• -

4.3 Como selecionar imagens de círculos no mapa de órbita/ponto indicam a


satélites? área central de cada imagem.
Consultando este mapa, constata-se
Para selecionar imagens dos satélites que a cidade de Manaus é coberta pela imagem
LANDSAT 5 e 7, de uma determ inada área de órbita 231, ponto 62. Procedim ento
de estudo, consultam os um m apa-índice semelhante é utilizado com relação às imagens
(mapa de órbita/ponto) (Fig. 4.14). Nele obtidas de outros satélites, consultando-se os
estão indicadas, por um sistema de coor­ respectivos mapas-índices. Conhecendo as
denadas (Sistem a M undial de Referência), coordenadas geográficas da área de interesse,
as órbitas percorridas por este satélite e e u tilizan d o program as de com putador
latitudes. A área coberta por cada imagem específicos, também é possível identificar
LANDSAT é de 185 por 185 km, os pequenos a imagem de satélite a ela correspondente.

52
C apítulo 4 - Interpretação de Imagens

Fig. 4.15 Imagens LA N D S A T d e um a re g iã o sem i-árida . M unicípio de A fogados d e ingazeira, Pernam buco,
tom adas p e io E T M + em época de seca (a) 2 8 /0 9 /2 0 0 ! e p e io TM na de chuva (b ) 9/05/Í987. Em (b), ép o ca de
ch uva, a vegetação de caatinga, re p re se n ta d a em verde, está tota/m ente verde, enquanto em (a), época seca,
a mesma vegetação, representada em verm elho escuro/m arron, está tota/m ente seca. A única exceçã o são as
áreas d e drenagem , em verd e, d e v id o à m ata cilia r, q u e m antém seu v ig o r m esm o nesta épo ca d o ano, e
tam bém ao uso d esta s áreas com cu ltu ra s a g ríco la s n o p e río d o seco .

Como os am bientes da superfície ou de chuva (Fig 4.15), no inverno ou verão


terrestre sofrem mudanças, a data da imagem (Fig. 4.16), antes ou depois da ocorrência de
é uma informação extremamente importante, um fenômeno como desmatamento, incêndio,
pois a imagem é uma representação de uma deslizamento de encostas (terra), inundação,
parte da superfície da Terra no momento etc. Por isto, ao selecionar e interpretar uma
da passagem do satélite. A data nos indica, im agem de sensor rem oto, é necessário
por exemplo, se é uma imagem antiga ou considerar inicialm ente a data em que ela
recente, se foi tomada em época de seca foi tomada.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Fig. 4 .16 Im agens TM -LA N D SA T-5 d e C am pos d o Jo rd ã o , São P au lo, tom ad a s n o ve rã o (a ) 06/01/1987
e n o in v e rn o (b ) 0 3 /0 7 /1 9 8 8 . Em fu n çã o d o m o v im e n to d e tra n sla çã o da Terra em to rn o d o S o l, as
c o n d iç õ e s d e ilu m in a çã o so ia r na su p e rfíc ie te rre stre variam ao lo n g o d o a n o . P o r isto , o tam anho e a
d ire çã o d o so m b rea m en to d ife rem d e uma im agem p a ra a o u tra , co m o p o d e m o s o b se rv a r co m p a ra n d o
(a ) e (b ). N a im agem d e in v e rn o , to m a d a co m â n g u lo d e e le v a ç ã o so ia r (â n g u lo fo rm a d o e n tre o
s o i e a Unha d o h o riz o n te ) b a ix o (3 0 ° ) as so m b ra s sã o m a io re s d o q u e na d e v e rã o , to m a d a com
â n g u lo d e e le v a ç ã o s o ia r a lto (5 7 ° ). N o ta r co m o o r e le v o ín g re m e e o so m b re a m e n to d e c o rre n te
d ific u lta m a d e lim ita ç ã o d a s cia sse s d e u so da te rra . A im agem to m a d a n o v e rã o é a m a is in d ica d a
p a ra esta in te rp re ta ç ã o .

54
Capítulo 5
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE FENÔMENOS AMBIENTAIS

s imagens de satélites, ao recobrirem su­ ção dos sucessivos estados de tempo por um
A cessivas vezes a superfície terrestre, pos­
sibilitam o estudo e o monitoramento de fenô­
longo período.
O estudo dos fenômenos atmosféricos,
menos naturais dinâmicos do meio ambiente como furacões, tempestades, geadas, etc., pode
como aqueles da atmosfera, do vulcanismo, da minimizar perdas de vidas humanas e prejuízos
erosão do solo, da inundação, etc., e aqueles materiais causados por esses fenômenos. Por isto,
antrópicos como o desmatamento, por exem­ em muitos países, grandes quantidades de re­
plo. Esses fenômenos deixam marcas na pai­ cursos são aplicados à meteorologia, ciência que
sagem que são registradas em imagens de tem por objetivo o estudo do clima e a previsão
sensores remotos, como mostrado nas figuras do tempo. A partir dos satélites meteorológicos,
deste Capítulo. por sua vez, são obtidos dados que, em conjun­
Muitos fenômenos naturais, como a to com informações provenientes de outras fon­
erosão do solo e a inundação, são intensifica­ tes, são utilizados na previsão do tempo e no
dos ou agravados pela ação do homem. A der­ estudo do clima e de outros fenômenos da at­
rubada da vegetação, por exemplo, acelera os mosfera que afetam o clima. Dessa maneira, va­
processos erosivos. A pavimentação das ruas mos saber inicialmente qual a contribuição das
das áreas urbanas, impermeabilizando o solo, imagens dos satélites meteorológicos na previ­
e o lixo despejado nos rios são fatores que agra­ são do tempo e na detecção de focos de incên­
vam o fenômeno da inundação nas grandes ci­ dio e de áreas queimadas.
dades. As queimadas, embora muitas vezes
ocorram naturalmente, são uma prática comum
entre os agricultores. Com o uso de imagens
de satélites, é possível identificar, calcular e 5.1 Imagens de Satélites na Previsão
monitorar o crescimento de áreas desmaiadas, do Tempo
áreas atingidas pelo fogo (queimadas), áreas
impermeabilizadas, áreas submetidas a proces­ As im agens dos satélites
sos de erosão e áreas inundadas, como vere­ m eteorológicos contribuem bastante na
mos mais adiante neste capítulo. previsão do tempo, devido à grande cobertura
Os fenômenos da atmosfera podem ser esp acial. Elas cobrem extensas áreas,
estudados a partir dos conceitos de tempo e incluindo as oceânicas e as de difícil acesso,
clima. O tempo refere-se ao estado da atmos­ com alta cobertura temporal, isto é, com dis­
fera de um determinado momento e lugar, en­ ponibilidade de imagens em curtos intervalos
quanto o clima refere-se às condições médias de tempo. A partir do satélite meteorológico
da atmosfera de um determinado lugar. Estas GOES, por exemplo, é possível obter imagens
condições médias são resultantes da observa­ de 30 em 30 minutos.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Duas im agens obtidas do satélite do mar, a qual, por sua vez, influencia a tem­
meteorológico GOES, canal 4 do infravermelho, peratura da atmosfera, como se verifica com
são mostradas na Fig. 5.1. As cores e os limites o fenômeno El Nino.
dos países da América do Sul foram assinalados O fenômeno El Nino caracteriza-se pelo
com a ajuda de mapas e de program as aquecimento anormal das águas do Pacífico
computacionais. Nelas, as nuvens estão repre­ Equatorial Central e Oriental, entre o litoral
sentadas em branco. Analisando essas imagens do Peru e da Austrália, provocando mudanças
seqüenciais, é possível acompanhar o desloca­ na circulação da atmosfera, e conseqüentemente
mento das nuvens. Na região Sul do Brasil, as no clima de diferentes regiões da Terra. O aqueci­
nuvens estão associadas à passagem de uma mento e o subseqüente resfriamento dessas
frente fria. A frente fria comprime o ar quente águas dura de 12 a 18 meses, atingindo sua
que está a sua frente, provocando um aumento intensidade máxima nos meses de dezembro e
de temperatura, e um aquecimento chamado de janeiro. O El Nino não tem um ciclo bem
pré-frontal. Após a sua passagem, que pode ser definido, ele ocorre, em geral, entre 2 e 7 anos. A
acompanhada de chuva, ocorre então um partir desses dados, em 1997/98, por exemplo,
resfriamento do ar, verificando-se uma conse- durante a ocorrência do El Nino verificaram-se
qüente queda de temperatura. temperaturas da superfície do mar até 5°C acima
A p artir da cob ertura de nuvens da média histórica.
identificadas nesse tipo de
imagens, os especialistas em
m eteorologia podem estimar
uma precipitação, delimitar as
áreas com ocorrência de preci­
pitação e mapear as áreas com
chuvas intensas. Informações
sobre a direção e velocidade do
vento podem ser obtidas por
meio da observação do deslo­
camento de nuvens em uma
seqüência de imagens de satéli­
tes, em intervalos de 30 minutos.
As variações de tonalidade de
uma im agem ob tida no
infravermelho termal represen­
tam variações de energia (calor)
emitida pela atmosfera e pela
superfície da Terra. Através da
análise desse tipo de imagem, é
possível estimar a temperatura
da superfície dos continentes e

Fig. 5 .1 Im a g e n s d o ca n a l 4,
infraverm elho, obtidas p e lo satélite
GO ES-8 em 19/08/2002 (a) e 2 0 /0 8 /
2 0 0 2 (b). Podem os ob servar que as
nuvens associadas à frente fria deslo­
cam-se lentam ente.

56
C apítulo 5 - O Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais

Os principais efeitos do fenômeno El variação de temperatura, pode ser detectado atra­


Nino no Brasil são: secas de diferentes intensidades vés de imagens do infravermelho termal, obtidas
nas regiões Norte e Nordeste, aumento da tem­ pelo satélite NOAA. As im agens do
peratura média na Região Sudeste, tendência de infraverm elho term al perm item ainda
chuvas acima da média na Região Centro-Oeste monitorar a ocorrência de geadas.
e altos índices de precipitação na Região Sul.
Nos grandes centros urbanos, observam- 5.2 Detecção e Monitoramento de
se diferenças representativas de temperatura Focos de Incêndio e Áreas Queimadas
entre as áreas centrais (temperaturas mais altas)
e a periferia desses centros (temperaturas mais Nas últimas décadas, aumentou muito a
baixas). As temperaturas mais altas das áreas freqüência das queimadas no Brasil, em decor­
centrais formam as chamadas ilhas de calor, de­ rência do aumento da ocupação do seu territó­
correntes da grande concentração de edifícios e rio. O emprego do fogo está associado, princi­
outras construções, de ruas asfaltadas, população palmente, à expansão das fronteiras agrícolas,
e veículos, elementos que absorvem mais calor que é o limite entre áreas agropecuárias e um
e dificultam a circulação do ar. Na região me­ ambiente natural, ou seja, é usado na substituição
tropolitana de São Paulo, essa diferença pode de florestas e savanas por pastagens e culturas,
chegar a até 10°. Esse fenômeno, ou seja, essa na remoção de material seco acumulado e na
renovação de áreas de pastagem
e de cultivos agrícolas.
A importância da detecção
e do monitoramento de queima­
das transcende ao problema do
desmatamento em si, trazendo
contribuições também aos estu­
dos de modificação do clima in­
cluindo: efeito estufa, chuva áci­
da, influência do aerossóis na
visibilidade, balanço de energia,
formação de nuvens e precipita­
ção. Fica evidente, portanto, que
o excesso de áreas queimadas tem
implicações ecológicas, climáticas
e ambientais diversas.
As imagens de satélites
são muito utilizadas para detec­
tar focos de incêndios. As ima­
gens AVHRR dos saté lite s
NOAA, por exemplo, permitem
detectar e localizar, em tempo
real, focos de fogo ativo em
todo o territó rio nacional.
Informações adicionais sobre
a temperatura e a área queimada
também podem ser obtidas
quando utilizadas imagens dos
canais das regiões do visível e
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

in fraverm elh o . Nas im agens NOAA e Na Fig. 5.4 é mostrada a área queimada
LANDSAT-5 das Figs. 5.2 e 5.3, respectiva­ no Parque Nacional das Emas (sudoeste de
mente, podemos observar focos de incêndio. Goiás), registrada através da imagem TM-
Na Fig. 5.5, é mostrado o mapa dos totais de LANDSAT. A comparação entre as Figs. 5.2 e
focos de calor no Brasil, por Estado, no perí­ 5.4, evidencia a grande diferença de resolução
odo de junho a novembro de 1997, detecta­ espacial existente entre os dois tipos de imagens,
dos através de várias imagens do satélite 1,1 km do AVHRR do satélite NOAA e 30
NOAA-12. metros do sensor TM do satélite LANDSAT-5.

Fig. 5 .2 Imagem term alAVHRR-N O AA d e 21/09/1997, Fig. 5 .4 im a g em T M -LA N D S A T -5 d o P a rq u e


canal 3. Podem os observar a ocorrência de queim ada N acional das Em as obtida em 25/08/1992. Podem os
no in te rio r e nas proxim idades d o Parque N acional o b se rva r uma área queim ada d e 3 0 0 km2 n o seu
das Emas (PN E). A s áreas escuras indicam a presença in terio r, destacada em p re to ; a vegetação natural
de fog o ativo. Cortesia H elena França. está em verd e. A área queim ada co rresp o n d e a
2 2 ,5 6 % da área to ta i do parque, que
é d e 1.330 km 2.

Fig. 5 .3 im agem TM -LA N D SA T-5


d e um a re g iã o d o M a to G ro sso ,
o b tid a em 0 7 /0 8 /1 9 9 7 , na q u a i
p o d e m o s o b se rv a r p o r m e io d e
um a p lu m a d e fu m a ça , em a zui-
c ia ro , um fo c o d e in c ê n d io . A s
á re a s co m c o b e r tu r a v e g e ta i
a p a re c e m em v e rd e e a s á re a s
d e s m a ta d a s , em r o s a - c ia r o
(m a g e n ta ).

58
C apítulo 5 - O Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais

Fig. 5 .5 Totais de focos de calor no


Brasil, no p erío d o de ju n h o a novem ­
b ro de 1997. Analisando este mapa
podem os verificar que os Estados bra­
s ile iro s d e Pará, M a to G ro sso e
M aranhão têm o m aior percentual de
incidência de focos de calor no p e río ­
d o de ju n h o a novem bro de 1997.
Fonte d e d ad os: DSA/ÍN PE. Fo n te:
Krug, 1997.

Um outro exemplo do
uso de imagens de satélites na
detecção e monitoramento de
áreas queimadas pode ser ob­
servado através da análise da
Fig. 5.6. E possível observar, 1T otal d e fo c o s 6 0 .: 121

em im agens LANDSAT-5 Total de quadrículas com focos 1 2 .; 9 1


N ú m e ro m ín im o d e fo c o s 0
s e q ü e n c ia is , um a á re a do Tamanho médio das quadrículas N ú m e ro m á x im o d e fo c o s j :3 4
30 N ú m e ro m é d io d e fo c o s 4 ,9 6
Parque N acional de B rasília com focos: 27,765 km x 27,76 km D e s v io p a d rã o d e fo c o s ] 2 ,9
antes de ser queim ada; após
75 * 70 ° 65 ° 60 ° 55 ° 45° 40° 35°
sofrer os efeitos de um incêndio;
Número de focos
e em fase de regeneração da T
vegetação. 10 15 20 50 100 200

06/02/1985 14/06/1985

30/06/1985 02/09/1985
Fig. 5 .6 D etecção e m onitoram ento de queim adas d o Parque N acional de Brasília, n o ano de 1985, através de
im agens TM-LANDSAT-5. Cortesia: Flávio Ponzoni, 1985.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

da in terp retação de im agens de satélites,


p o d em se r g e ra d o s m ap as de á re a s
desm aiadas de diferentes datas. Com o
uso de um SIG, é possível integrar essas
in f o r m a ç õ e s e c a lc u la r as ta x a s de
desm atam ento. Na Fig. 5.7a, é m ostrado
um m osaico elaborado a p artir de seis

5.3 Desmatamento
A e x p lo r a ç ã o de m a d e ir a e a imagens MSS-LANDSAT-1, de Rondônia,
su b stitu iç ã o da v eg etação n atu ral por o b tid as en tre junho e ju lh o de 1973,
d iferen tes tipos de uso da terra inten - en q u an to na Fig. 5.7b é m o strado um
iF fw íiv am o •ptoc^bí.o .
' b t v m ,A \ 'A w > c v i\ o tV n iW iX V ) t v A )V )\ 'iA v ) YtTV.\V,'cYi^

E, como vimos anteriorm ente, o emprego TM-LANDSAT-5, de R ondônia, obtidas


do fogo está bastante associado a esse entre junho e julho de 1987. Em uma
processo. O aspecto m ultítem poral das imagem mais recente (agosto de 2000) da
im agens de saté lite s perm ite a v a lia r e região de ji-P a ra n á , podem os observar
m o n ito rar as áreas d esm aia d as, como que o processo de desmatamento continua
podem os observar na Fig. 5.7. A partir (Fig. 5.7c).

60
C apítulo 5 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Fenômenos Ambientais

Fig. 5 .7 M o sa ic o d e im a g en s d o s s a té lite s LA N D SA T, M S S d e 1973 (a ) e T M d e 1987 (b ) d e um a


re g iã o d e R o n d ô n ia : (a ) a e stra d a B R 3 6 4 (em b ra n co ) co rta q u a se q u e so litá ria a m ata n a tiv a (em
ve rm e lh o ) , e n q u a n to (b ) 14 a n o s d e p o is, é v is ív e l o d esm a ta m e n to (em c ia n o ), a o lo n g o da ro d o v ia
e num p a d rã o ra d ia l d e o cu p a çã o c o n h e c id o co m o "e sp in h a d e p e ix e " . Em um a im agem re c e n te ,
E T M +LA N D SA T-7 d e 1 5 /0 7 /2 0 0 0 , da re g iã o d e Ji-P a ra n á (c ), é p o s s ív e l o b se rv a r a e v o lu ç ã o d esse
p ro c e s s o , p rin c ip a lm e n te na p a rte su d o e ste , o n d e p o d e -se id e n tific a r a lg u m a s á re a s em v e rm e lh o ,
d e n tro d a q u e la s d e fo rm a s g e o m é tric a s. E la s re p re se n ta m v e g e ta çã o em fa se d e re g e n e ra çã o o u
algum a c u ltu ra p e re n e co m o se rin g u e ira , c a fé e tc .
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

5.4 Erosão e Escorregamento turas e outros usos, aumenta a inten sida­


de Encostas de dos processos de erosão, que podem ser
estudados e m onitorados com a ajuda de
A erosão da superfície terrestre é imagens de sensores remotos.
um fenômeno natural que consiste na de­ Na Fig. 5.8, podemos verificar as
sagregação ou decom posição das rochas, marcas de deslizam ento de encostas (ter­
no transporte do m aterial desagregado e ra) no M unicípio de Caraguatatuba-SP em
im agens de sensores rem otos. O bserve
na deposição desse m aterial nas partes
que, muitas vezes, esse tipo de processo
mais baixas do relevo. Os agentes natu­
atinge dimensões tão grandes, que é pos­
rais da erosão são: a água (superficial e
sível identificar as áreas por ele afetadas
subsuperficial), ondas, correntes e marés, não só em fotografias aéreas (Fig. 5.8b),
o vento, as geleiras e a ação da gravidade. como também em imagens de satélites, do
O tipo e a intensidade da erosão variam tipo ETM +-LANDSAT-7 (Fig. 5.8a) com
de acordo com a resistência das rochas, uma resolução espacial de 30 metros. A
as propriedades dos solos (profundidade, p a rtir da in te rp re taç ã o de im agens de
textura, etc.), as características do relevo sensores remotos, podemos mapear as áre­
(principalm ente altura, ou com prim ento, as subm etidas aos processos de erosão.
e inclinação das encostas), a intensidade Com o uso de um SIG podemos integrar
e distribuição espacial das chuvas e a den­ esta inform ação com outras com o, por
sidade de cobertura vegetal. Além desses exem plo, índice de chuva, inclinação de
fatores, o uso do solo pelo homem exerce encostas, e gerar um mapa de áreas de ris­
uma influência direta no processo de ero­ co de erosão. Nesse tipo de mapa, são des­
são. À medida que a cobertura vegetal é ta c a d a s as áreas s u s c e tív e is aos
retirada e substituída por pastagens, cul­ deslizam entos de encostas.

Fig. 5 .8 Im a g e m E T M +-
LA N D SA T-7 (a ) 2 5 /0 3 /2 0 0 1 ;
fo to g r a fia a é re a pan-
crom ática (b ); fo to g ra fia s d e
ca m p o (c ) (d ). P o d e m o s
v e r if ic a r a s m a rc a s d e
e sco rre g a m en to d e e n co sta s
n o M u n ic íp io d e C aragua-
tatuba-SP. Tanto na im agem
q u a n to na fo to g ra fia a érea,
a s á re a s m a is c ia ra s q u e
co n tra sta m co m a vegeta çã o
da M a ta A tlâ n tica , na Serra
d o M ar, rep resen ta m , na sua
m a io r ia , c ic a t r iz e s de
e sco rre g a m en to .

62
Rosana Okida
perfícies impermeabilizadas das áreas urbanas
aceleram o escoamento das águas e, conse-
qüentemente, a vazão dos rios. No caso do
desmatamento, além do efeito semelhante ao
da urbanização, ele provoca um aumento na
erosão do solo e o assoreamento do leito dos
rios, o que eleva os seus níveis e contribui,
portanto, para aumentar a área inundada.
A água e as áreas de solo úmido são
m ais bem d estacad as em fo to g rafias e
imagens obtidas na faixa do infraverm elho
p ró xim o . Isto pode ser o b serv ad o na
5.5 Inundação imagem TM do canal 4 (infravermelho próximo)
do rio Parnaíba (Fig. 5.9b). Esta imagem
A inundação é um fenômeno natural foi tom ada após uma grande cheia que
que ocorre quando a vazão ultrapassa a ocorreu no ano de 1985 e inundou grande
capacidade dos canais de escoamento das parte da região Nordeste. Na Fig. 5.9a, mostramos
águas (rios e lagos). Como destacado ante­ uma imagem TM do canal 4 da época de vazante,
riormente, esse fenômeno pode ser intensifica­ período em que o leito do rio é mais baixo.
do pelo homem, através do desmatamento, Na imagem colorida (canais 3, 4 e 5 com as
do uso agrícola, da urbanização e de obras cores azul, verde e vermelha, respectivamente)
hidráulicas. A cobertura vegetal intercep­ da época da inundação (Fig. 5.9c), também
ta parte da precipitação e retarda o escoa­ é possível identificar as marcas resultantes
mento das águas da chuva, enquanto as su­ desse fenômeno.

62
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

A partir da interpretação de
imagens de sensores remotos, podemos Delia do Parnaíba
mapear a área atingida por uma determi­
nada inundação, o tipo de uso da terra na
área, etc. Estas informações, juntamente
com as obtidas de outras fontes como, por
exemplo, dados de chuva e de vazão de rios,
podem ser integradas por meio de um SIG.
Desta forma, é possível elaborar um mapa
de áreas de risco de inundação, ou seja, um
mapa no qual estão destacadas as áreas
com maior probabilidade de serem atingi­
das por inundações. Mapas deste tipo, bem
como os de risco de erosão, servem de sub­
sídio ao planejamento do uso da terra de
ambientes urbanos e rurais.
Delta do Parnaíha

Fig. 5 .9 Im agem T M -LA N D SA T-5 d o rio


Parnaíba no p erío d o de vazante (a) 14/06/1990;
d o p e río d o de cheia (b ) 31/05/1985; e imagem
co lo rid a na m esm a data (c). Na im agem em
p re to e bra n co d o canai 4, a área inundada é
representada p o r tons de cinza-escuro, enquanto
na imagem colorida ela é representada em azul.
A água d o rio Parnaíba, em azul, indica grande
q u a n tid a d e d e sed im en to s em su spensão. É
p o ssív e l acom panhar a plum a d e sedim en to s
n o o c e a n o A tlâ n tic o e d e d e te rm in a r a
d ire çã o d o s v e n to s na re g iã o . N a im agem
co lo rid a , é p o s s ív e l ainda sep a ra r as n u ven s
(em b ra n co ) e suas re sp e ctiv a s so m b ra s (em
p re to ) q u e, na im agem em p re to e b ra n co
se co n fu n d e m co m a água (em p r e to ); a
ve g e ta çã o d e m angue, em v e rd e -e scu ro ; o
c e rra d o , em v e rd e - d a ro ; e a área urbana e
a q u e la s d e sm a ta d a s/o cu p a d a s, em ro sa
(m agenta). A s g ra n d es e xten sõ e s d e p ra ia s e
dunas aparecem em b ra n co.

64
Capítulo 6
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE AMBIENTES NATURAIS

A s imagens de satélites proporcionam uma rem a áreas da superfície terrestre que ainda não
x J L visão sinóptica (de conjunto) e foram modificadas pelo trabalho do homem.
multitemporal (de dinâmica) de extensas áreas Atualmente, poucos são os ambientes ou paisa­
da superfície terrestre. Elas mostram os ambi­ gens que se encontram nessas condições, desta­
entes e a sua transformação, destacam os im­ cando-se as regiões cobertas permanentemente
pactos causados por fenômenos naturais e pela com gelo, as altas montanhas, as áreas de deserto
ação do homem através do uso e da ocupação e aquelas cobertas pelas florestas tropicais úmi­
do espaço. Os elementos da paisagem mais visí­ das (Fig. 6.1).
veis em imagens de satélites e fotografias aére­ Para compor a imagem da Fig. 6.1, devido
as são o relevo, a vegetação, a água e o uso da ao problema de cobertura de nuvens, foi
terra. Neste capítulo, vamos mostrar exemplos necessário utilizar várias imagens de satélites
de ambientes naturais, a partir de imagens obti­ meteorológicos. Como a Fig. 6.1 representa a
das por sensores remotos, nos quais se desta­ Terra em uma superfície plana, ela pode ser
cam a estrutura geológica, os recursos mine­ considerada um planisfério, porque, como o
rais, o relevo, a vegetação e a água. O uso da próprio nome indica, é a representação da esfera
terra é destaque nos ambientes transformados, em uma superfície plana.
abordados no próximo capítulo. Na Fig. 6.1, podemos ver claramente as
Devido às diferentes combinações entre águas azuis dos oceanos, as áreas verdes dos con­
os vários elementos da superfície terrestre (ro­ tinentes, as áreas desérticas (amarelo-claro) e as
chas, solos, relevo, vegetação e clima), existe uma neves das montanhas (em branco). Na repartição
diversidade de ambientes naturais, que se refe­ entre água e terra, destaca-se a área ocupada pelos

Fig. 6.1 P la n isfério ela bo rad o


co m im a g en s d e sa té lite s
m e te o ro ló g ic o s. A s im agens
foram co lo rid a s p o r m eio de
program as de processam ento de
imagens digitais.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

oceanos (73%), que é bem maior do que aquela ções acima de 2.000mm ao ano, uma extensa rede
ocupada pelos continentes e ilhas (terras emersas), hidrográfica (1 /5 de toda água doce da Terra corre
27%. Podemos identificar os continentes, pela sua nos rios que drenam a Bacia Amazônica), e por
forma e destacar os contornos da América do Sul uma rica biodiversidade, isto é, grande diversida­
e do litoral do Brasil. de de espécies vegetais e animais. Este tipo de
ambiente ocorre em vários países da América do
Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,
6.1 Florestas Tropicais Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
Os elementos naturais da Amazônia são
O ambiente das florestas tropicais úmi­ interdependentes, formando um ecossistema in­
das, como o da Amazônia (Fig. 6.2), caracteriza- tegrado, cuja vegetação exuberante desempenha
se por um clima quente e úmido, com a tempera­ um papel essencial. Ela protege e nutre o solo,
tura média anual em torno de 26°C e precipita­ além de contribuir para a umidade do ar que, por

Fig. 6 .2 M osaico de imagens TM-LANDSAT-


5 da planície am azônica. Ne/e podem os ob ­
servar o s elem entos naturais, com o o relevo
plano da planície amazônica (textura lisa), rios
de água lim pa (azul escuro/preto) rio s com
sedim entos em suspensão na água (em azul) e
a vegetação da floresta equatorial (em verde).
A s cidades, os cerrados e os cam pos nativos
(Ilha de M arajó) variam em tonalidades de
rosa. N o te também as nuvens em branco.
Detalhe (a) d o arquipélago das Anavilhanas,
TM-LANDSAT-5, 11/08/1999, e vista aérea (b)
da área que é uma estação ecológica. A s Hhas
deste arquipélago são faixas de terras estreitas
e longas, cobertas de densa mata form ando
d esen h o s num a co n fig u ra çã o única n o
m undo. Fonte: Shim abukuro, 2002.

66
r C a p ít u l o 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais
...... ■ - ...........nv-.^r<£=*.■;

sua vez, contribui para o alto índice pluviométrico truição da floresta, que ocorre em ritmo acelera­
e a rica rede hidrográfica deste ecossistema. Com do, contribui também para o aquecimento da at­
a destruição da floresta, milhares de espécies ve­ mosfera, e rompe o equilíbrio do ecossistema. O
getais e animais são extintas; diminui a umidade rompimento deste equilíbrio tem implicações glo­
e, conseqüentemente, os índices de precipitação, bais, portanto, a preservação da floresta é uma
além de provocar o empobrecimento dos solos necessidade ambiental do Planeta Terra.
que perdem a proteção e os nutrientes forneci­ Na Fig. 6.2, a planície do rio Amazonas
dos pela vegetação densa. Desta maneira, a des­ está representada em um mosaico elaborado
com imagens TM-LANDSAT-5. Com
a ajuda de um mapa do Brasil, pode­
João Ramid, Abril Imagens

mos localizar e identificar os rios for­


madores do rio Amazonas e seus prin­
cipais afluentes (margem esquerda e
margem direita), as principais cidades
(Manaus, Santarém, Macapá e Belém),
a foz do rio Amazonas e a ilha de
Marajó, situada junto à foz.
A Mata Atlântica é um outro
exemplo de um ambiente de floresta tro­
pical (Fig. 6.3), semelhante ao que ocor­
re com a Floresta Amazônica, pois reú­
ne formações vegetais diversificadas e

67
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Fig. 6 .3 Imagem TM-LANDSAT-5,18/07/1994. de um setor da Serra


d o M a r no Estado do Paraná. O relevo é destacado através dos
elem entos de textura e som bra: a textura Usa representa a planície
costeira e a textura rugosa a Serra d o M ar. Pela co r verde, iden tifi­
cam os a vegetação da M ata A tlântica; as áreas de mangue, em
verde-escuro; e a cidade de Paranaguá, em rosa. A fo to (a) m ostra
o aspecto da vegetação de M ata Atlântica.

do, sendo mais preservado em parques nacionais


e na Serra do Mar, onde o relevo montanhoso
dificulta a exploração florestal e a ocupação hu­
mana em geral.
heterogêneas. Além de três tipos de florestas (flo­
restas ombrófilas densas, ao longo da costa; flo­
restas semidecíduas e decíduas, pelo interior do 6.2 Mangues
Nordeste, Sudeste, Sul e partes do Centro-Oes-
te; florestas ombrófilas mistas - floresta de A vegetação dos ambientes de mangue é
Araucária - no Sul do Brasil), ela inclui restingas característica de áreas litorâneas, periodicamente
e mangues do litoral, bem como enclaves de alagadas pelas águas de rios e marés, e adaptada
cerrado, campos e campos de altitude. O às condições de salinidade. Os manguezais são
ecossistema da Mata Atlântica estende-se do Rio áreas de criação, refúgio permanente ou tempo­
Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Ele é rário para muitas espécies de peixes, crustáceos
considerado um dos mais im portantes ou moluscos capturados pela pesca. Diversas
ecossistemas do Planeta e é um dos mais amea­ espécies desovam nas regiões de mangue, onde
çados. Este ambiente foi intensamente devasta- larvas e filhotes vivem sua fase inicial. Como

68
C apítulo 6 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais

Fig. 6 .4 Imagem TM-LANDSAT-5, 14/06/1990, do litoral maranhense. Nela podem os separar a vegetação de mangue,
em verde-escuro, da vegetação de cerrado, em verde-daro, a água em azul escuro/preto, e as praias e dunas em
branco. A co r mais escura d o mangue na imagem deve-se à presença de água neste am biente com o mostra a vista (a)
e o detalhe (b).

muitos peixes e moluscos reproduzidos nos vastados do Brasil. O ambiente de mangue é tam­
manguezais servem de alimentos para outros bém o hábitat de inúmeras espécies de animais
seres vivos que habitam os mares e oceanos, eles ameaçados de extinção, principalmente aves.
têm uma importância muito grande na cadeia Como podemos observar na Fig. 6.4, este tipo de
alimentar. A maioria dos peixes tem no mangue ambiente é facilmente destacado em imagens de
o estágio inicial de sua cadeia alimentar. satélites, pela sua forma irregular, cor mais escu­
Sem os manguezais, a vida dos oceanos, ra que a dos demais tipos de vegetaçao, devido à
que a cada ano fornece ao homem duzentos mi­ influência da água existente nesses ambientes, e
lhões de toneladas de alim entos, estaria pela sua localização junto ao litoral. A partir da
ameaçada. Apesar de sua im portância, os interpretação dessas imagens, é possível mapear
manguezais estão entre os ecossistemas mais de­ e monitorar os manguezais.

69
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

6.3 Ambientes Gelados lise de amostras de gelo, que conservam a his­


tória das mudanças climáticas sofridas pelo con­
Os denominados desertos gelados locali­ tinente Antártico, pesquisadores estudam a me­
zam-se nas regiões polares formadas pelos conti­ mória do planeta.
nentes ártico e antártico. O Ártico é, na sua mai­ A Estação Antártica Brasileira Coman­
or parte, formado por um oceano congelado, en­ dante Ferraz foi instalada em 1984. Hoje possui
quanto a Antártica é um grande continente (duas 63 módulos, sendo 10 laboratórios científicos
vezes maior que o Brasil) recoberto por uma es­ atendendo às áreas de Ciências da Vida e Ciênci­
pessa camada de gelo. São ambientes bastante as da Terra. No verão, pode alojar até 50 pessoas
inóspitos à ocupação humana e, por isto, sofrem e, no inverno, 30. Os laboratórios são construídos
pouca interferência do homem. Na Antártica, as em metal e recebem tratamento especial para re­
condições climáticas são mais severas, as tempe­ sistir à corrosão e aos ventos. Ela utiliza a comu­
raturas podem descer até -90° e os ventos atingir nicação via satélite para superar os problemas de
mais de 300 km/h, o que impede a subsistência isolamento enfrentados pelos pesquisadores da
de grupos humanos. base.
O continente antártico está representa­ Um dos principais interesses científicos
do na Fig. 6.5a por meio de um mosaico elabo­ na Antártica é monitorar o comportamento de um
rado com imagens do RADARSAT-1. Essas ima­ fenômeno natural da região, que ocorre na pri­
gens contribuem para compreender melhor o im­ mavera, entre setembro e novembro, conhecido
pacto das mudanças climáticas sobre o nosso como “Buraco na Camada de Ozônio”. Este
planeta e na revelação de fenômenos geológi­ fenômeno natural, no entanto, vem sendo inten­
cos até então desconhecidos. Várias bases cien­ sificado em conseqüência de gases (CFCs e
tíficas estão instaladas na Antártica, inclusive halons) produzidos pelo homem. Sua extensão,
uma do Brasil, situada na ilha Rei George, pró­ monitorada através de dados de satélite (EP/
xima à Península Antártica (Figs. 6.5b e 6.5c). TOMS), já é três vezes a área do Brasil e, em
Esse continente está se transformando em um algumas situações, chega ao sul do Continente
laboratório para a humanidade. Através da aná­ Americano.

<
CD

Tj

o Fig. 6 .5 M o sa ic o d e im a g en s
©
R A D A R SA T-1 d o C o n tin e n te
A n t á r t ic o ( a ) , d a A S F e
R A D A R S A T In t e r n a t io n a l,
p ro c e ssa d a p e la B y rd P o la r
R e se a rch C e n te r. Im agem da
Hha R e i G e o rg e , p ró x im a à
P e n ín su la A n tá rtic a (b ), o b ­
tid a d o s a té lite S P O T . N a
H h a, lo c a liz a - s e a E sta ç ã o
A n tá rtic a B ra sile ira C o m a n ­
d a n te F e r ra z ( c ) , q u e é a
b a se b ra s ile ira d e p e sq u isa
n e sse C o n tin e n te , (d ), (e ) e
(f) sã o a n im a is fo to g ra fa d o s
nas p ro x im id a d e s da Esta çã o .
F o to s : L u iz S. M a n g u e ira .

70
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais

W0 5 8 —4 0 + W058-30+ W0 5 8 - 1 0 + W0 5 8 - 0 0 + W057-50+

Estaçãg brasileira

» í,f

71
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

6.4 Ambientes Áridos vários anos sem chuvas. Os fortes ventos


que so p ram nas áreas d e s é r tic a s são
Os ambientes áridos localizam-se no resp o n sáveis pela formação das paisagens
interior dos continentes, tanto em baixas de dunas (Fig. 6.6). Nesse tipo de ambiente,
como em médias latitudes. São formados de escassez de chuva, a ocupação humana
por desertos arenosos, caracterizam-se por é pequen a e depende da ex istê n c ia de
precipitações anuais inferiores a 200 mm fontes de água, aquíferos subterrâneos,
e, conseqüentemente, a cobertura vegetal para as ativ id ad es agríco las p raticad as
é muito escassa. Em algumas áreas, observam-se através de sistemas de irrigação.

F ig .6 .6 M o sa ico de imagens TM-LANDSAT-5, 04/08/1991 e 11/08/1991, de uma área d o deserto da M ongólia. Com o
a vegetação está representada em verm elho, ép o ssíve l identificar, em am arelo e verde-daro, a área desértica e avaliar
a sua extensão. Fonte: Shim abukuro, 1993.
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais

6.5 Recursos Minerais que responde por mais de 70% da produção bra­
sileira de minério de ferro. Na imagem TM-
A visão sinóptica (de conjunto) de LANDSAT-5 da Fig. 6.8, podemos observar uma
extensas áreas proporcionada pelas imagens de parte da Serra dos Carajás. Através de prospeções
satélites constitui um grande potencial para geológicas, realizadas em 1966, foram inicialmen­
estudos geológicos regionais. Através de feições te descobertas jazidas de minério de manganês
e determinados padrões representados nas nessa área. Posteriormente, foi descoberta a mai­
or reserva de minério, com alto teor de ferro, do
imagens, os intérpretes especializados em geologia
mundo, além de grandes jazidas de ouro e de mi­
identificam áreas com potencial de recursos
nérios de cobre, de manganês, de alumínio, de
minerais. A delimitação por meio de imagens de
níquel e de estanho.
áreas com provável ocorrência de minerais
Não podemos esquecer, no entanto, que
diminui a quantidade de locais pesquisados
a exploração de recursos minerais causa impac­
em campo, o que permite uma economia de
tos negativos ao meio ambiente. Várias regiões
tempo e custo com esse tipo de trabalho, que brasileiras sofrem com a destruição da vegeta­
envolve a prospecção mineral. ção, do relevo, solo e poluição dos recursos
Exemplos de áreas de ocorrência de mi­ hídricos, em conseqüência das atividades de mi­
nerais, que podem ser identificadas através de neração. No garimpo de Serra Pelada, localizado
distintos padrões representados nas imagens de no Município de Curionópolis, a 140 km de
satélites são mostrados nas Figs. 6.7 e 6.8. A ima­ Marabá, no sul do Estado do Pará, morros intei­
gem TM-LANDSAT-5 (Fig. 6.7) representa a re­ ros foram arrasados e verdadeiras crateras foram
gião do quadrilátero ferrífero em Minas Gerais abertas no terreno. Nesse garimpo, mais de 40
toneladas de ouro foram
retiradas na década de
1980. O mercúrio, utili­
zado na separação do
ouro em pó, retirado no
leito dos rios, é uma das
principais fontes de po­
luição das águas dos rios
onde ocorre a exploração
do ouro. Esses impactos
ambientais podem ser es­
tudados e monitorados
com ajuda de imagens de
satélites.

Fig. 6 .7 Im agem TM -
LAN DSAT-5, 16/08/1998,
representando uma parte da
re g iã o d o q u a d rilá te ro
fe rrífe ro em M in a s G erais.
N as serras, que integram o
c o m p le x o da S e rra d o
Espin h aço, ao su i d e B e io
H o riz o n te (em ro x o ), e
que se destacam peias formas
lineares e peia co r magenta
escura, concentram -se o s
dep ósitos d e ferro.

73
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Fig. 6 .8 Imagem TM-LANDSAT-5, 22/06/1992, da Serra dos Carajás, representada pela textura rugosa. Podem os
observar, em verm elho, as áreas com cobertura vegetal densa; em verde, as áreas desm atadas/ocupadas; e, em azul,
as áreas de concentração de m inérios. Em (a), vista da Serra dos Carajás. O solo enriquecido p o r ferro p o d e ser
observado pela co r verm elha em (b) onde também vê-se a exuberante floresta am azônica. A jazida próxim a ao
núdeo urbano no alto da imagem está em exploração à céu aberto, através de escavação d o so lo em bancadas,
com o ilustrado p elo talude da fo to (c). Fotos (a) e (c ): Edson R. S. P. Cunha; (b ): A thos R. Santos.
C apítulo 6 - O Uso de Imagens no Estudo de A m oíentes í*a~

6.6 Feições de Relevo e de Ambientes sar na imagem TM-LANDSAT-5 d* üg. . -


Aquáticos ilha de Santa Catarina, onde localiza-se a cidad?
de Florianópolis. Comparando essas duas ima­
Feições de relevo e de ambientes aquáti­ gens, podemos observar que a ilha de São Sebas­
cos, interiores e litorâneos, como ilhas, lagos, gol- tião, a maior ilha oceânica do Brasil, caracteriza-
fos, baías, restingas, meandros e foz de rios, se pelo predomínio de costas altas (falésias) da
construídos pela natureza, podem ser facilmente vegetação da Mata Atlântica, enquanto na ilha
identificados em imagens de sensores remotos. de Santa Catarina predominam as costas baixas
Através de alguns exemplos, você vai perceber (praias) e embora tenha também a presença des­
que ao interpretar imagens dessas feições, o seu ta mata, ela se encontra mais alterada pela ocu­
significado vai se tornar mais claro. pação humana. Na imagem TM-LANDSAT-5 da
Na Fig. 2.8, do Capítulo 2, observamos a Fig. 6.10, podemos identificar, além da Baía de
ilha de São Sebastião, representada em uma ima­ Guanabara, localizada no litoral do Estado do Rio
gem do CBERS. Neste capítulo, é possível anali­ de Janeiro, a ilha do Governador, as lagoas de

Fig. 6 .9 Imagem da Hha de Santa Catarina, obtida p eio TM-LANDSAT-5, 30/06/1999. Ne/a. podem os identificara
M ata Atlântica em verde, que dom ina nas áreas de relevo mais acentuado (textura rugosa e som bream entoj; as praias
e dunas em branco; a água mais lim pa e mais profunda em p re to ; a água com p ou cos sedim entos em suspensão em
azui-escuro; e a área urbana em rosa.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

Fig. 6.10 Imagem do Rio de Janeiro, obtida p eio TM-LANDSAT-5, 08/07/1998. Podemos identificar, peia textura rugosa e
p eio sombreamento, a Serra do M ar que está coberta peia Mata Atlântica, em verde; as áreas de vegetação menos densa, em
verde<iaro; as áreas de soio exposto (sem vegetação) em rosa-daro e textura lisa (a); as áreas urbanas, do Rio de Janeiro e de
Niterói, em rosa mais escuro/vioieta e textura mais rugosa. A s águas mais limpas e profundas aparecem em preto e as mais rasas
com sedimentos em suspensão e poluídas da baía de Guanabara, em azul escuro. N o detalhe (b) é possível identificar a Ilha do
Fundão onde se localiza a UFRJ, a ponte Rio-N iterói e os aeroportos Galeão e Santos Dumont.
C apítulo 6 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Naturais

Rodrigo de Freitas, Maricá e Guarapina, a restinga


de Marambaia, entre outras feições.
A forma e o tipo de foz dos rios é um
outro aspecto bem destacado em imagens de
sensores remotos, como podemos observar nas
imagens das Figs. 6.11, 6.12 e 6.13.
Um setor anastomosado (curso d’água ra­
mificado em múltiplos canais pequenos e rasos)
do rio São Francisco, a montante da represa de
Sobradinho, que corta a região semi-árida do norte
da Bahia, pode ser claramente observado na Fig.
6.11a. Em 6.11b, é possível observar os mean­
dros (curvas formadas pelos rios em áreas de re­
levo plano) do rio Verde, afluente do rio São Fran-

Fig. 6.11 Im agens TM -LAN D SAT5, 01/11/1997. d e um seto r d o curso anastom osado d o rio São Francisco, ju n to à
represa de Sobradinho (a), dos m eandros d o rio Verde, seu afluente da margem direita (detalhe b ) e leitos sem água
de pequenos afluentes da sua margem esquerda (detalhe c). Na fo to de cam po (d ) pode-se observar o leito raso
anastom osado de um afluente do São Francisco com pouca água. Em (e) é o m esm o afluente tota/m ente seco. Cabe
destacar que essa imagem é d o p erío d o de chuvas. Na seca, to dos os afluentes, exceto o rio São Francisco, ficam sem
água (e).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

cisco. Na Fig. 6.11c, é possível verifi­


car, pela cor clara do leito arenoso, cur­
sos de água intermitentes, comuns de I
região semi-árida. I
Os rios deságuam em outros
rios, lagos, mares e oceanos. A foz de
um rio, que se refere ao lugar e à forma
dele desaguar, pode ser do tipo estuário
ou em delta. A foz é em estuário quan­
do as águas fluviais desembocam na for­
ma de um único canal, sem encontrar
obstáculos como, por exemplo, a do rio
Itajaí, em Santa Catarina (Fig. 6.12). A
foz em delta abre-se em leque e o rio
desemboca por dois ou mais canais, que
Fig. 6.12 Imagem TM-LANDSAT-5, 30/06/1999, do rio Itajaí, em Santa
contornam as ilhas resultantes da sedi­ Catarina. Podem os observar a fo z em estuário, e identificar a água em
mentação do próprio rio como, por exem­ preto, a área urbana em rosa, as áreas agrícolas peias formasgeométricas
plo, a do rio da Prata na Argentina e a em diferentes cores (depende do tipo de cu ltivo e do seu estágio) e a
do Parnaíba, que divide os Estados do vegetação da M ata Atlântica em verde sobre a Serra do Mar, destacada
Maranhão e Piauí (Fig. 6.13). Um exem­ peia textura rugosa e p eio som bream ento.
plo clássico desse tipo de foz é o delta
do rio Nilo, no Egito que, devido à sua forma Fig. 6.14, podemos distinguir claramente o rio
(semelhante à letra delta Á), deu origem ao nome Paraná, que divide três países da América do Sul:
da foz em delta. Argentina, Brasil e Paraguai; o rio Iguaçu, aflu­
Elementos naturais como rios e serras, que ente do Paraná, com seus meandros e suas cata­
servem de limites políticos ou fronteiras entre ratas; podemos observar ainda o avanço das áre­
municípios, Estados e países, podem ser demar­ as agrícolas sobre a mata, principalmente no ter­
cados a partir da interpretação de imagens de sa­ ritório brasileiro, além das áreas urbanas de Foz
télites e com a ajuda de mapas. Na imagem da do Iguaçu (Brasil) e Porto Stroessner (Paraguai).

78
«-»
-----
-
-
-----—

Fig. 6.13 Imagens TM-LANDSA T-5, 09/02/1999, d o rio da Prata na Argentina (a) e d o rio Parnaíba, 31/05/1985, no
Brasil (b). N e/aspodem os observar dois exem plos de fo z em deita. Destaca-se na imagem (a) a coloração amarelada
d o rio da Prata d evido às altas concentrações de sedim entos e poluentes. Na imagem (b ) podem os observar dunas
»MJU MMSt ""«■

antigas fixadas peia vegetação (em verde) form ando um padrão de Unhas paralelas. A s dunas recentes (em branco)
form am um padrão ondulado e direção perpendicular às antigas. Uma vista de cam po das dunas recentes é mostrada
na fo to (c). A co r azui das águas d o rio Parnaíba, inclusive adentrando o oceano, indica grande densidade de
sedim entos, típica da época de cheias. Uma vista d o re le vo da pla n ície flu via l p o d e ser apreciada na fo to (d ).
Fo to s: Herm ann Kux.

7
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais
Space Imaging

CN ES 86/Dist. SPO T IM A G E

Fig. 6.14 Im agem TM -LAN D SA T-5, 2 5 /0 1 /


1996, da região d e fro n teira d e três p a íses
sul-am ericanos e da represa d e itaipu . Ne/a
p o d e m o s d esta ca r em ve rm e lh o a M a ta
A tlâ n tica , em verd e d a ro as áreas urbanas,
tam bém em ve rd e e ve rm e lh o , m as com
te xtu ra m ais lisa e fo rm a s g e o m é trica s, as
á rea s a g ríco la s: a água lim pa em p re to e
a qu ela com se d im e n to em su spen sã o em
ve rd e d a ro . N o d eta lh e (a ) a barragem
está re p re sen ta d a p e la im agem IK O N O S,
2 0 /0 8 /2 0 0 0 (C o rte sia IN T E R S A T ). O d e ­
ta lh e (b ) im agem S P O T 1, 19/06/1986,
S P O T IM A G E , m o stra a área d a s ca ta ra ­
ta s (em b ra n c o ) cu ja vista p a n o râ m ica é
apresentada na fo to (c).

80
Capítulo 7
O USO DE IMAGENS NO ESTUDO
DE AMBIENTES TRANSFORMADOS

s ambientes construídos ou transformados Fig. 7.1a é m ostrada a mesma área, mas


O pela ação do homem ocupam a maior
parte dos continentes. O homem transforma
anteriorm ente à construção desse grande
lago artificial. E uma obra de engenharia
os espaços através da derrubada das matas, que afeta tanto os am bientes n atu rais,
da implantação de pastagens e cultivos, da quanto os rurais e os urbanos. As represas
construção de estradas, portos, aeroportos, ou rese rv a tó rio s são lago s a rtific ia is
represas, da retificação e canalização de construídos principalmente para a geração de
cursos d’água, da implantação de indústrias energia elétrica. O maior em extensão é o de
e áreas urbanas. As imagens obtidas por Sobradinho, no rio São Francisco, entre os
sensores remotos contribuem na identificação Estados de Pernambuco e Bahia.
desses diferentes usos do espaço terrestre, A construção desses lagos inunda áreas
o qual podemos dividir em urbano e rural. muito extensas, provocando grandes impactos
O aspecto m ultitem poral dessas imagens am bientais, como a submersão de matas,
permite acompanhar as transformações do extinção e modificação na fauna e flora, a
espaço ao longo do tempo. Antes de abordar perda de solos para a agricultura e alterações
os ambientes tipicamente rurais e urbanos, no clima. A população é diretamente atingida
vamos destacar os ambientes aquáticos, que uma vez que povoados e cidades são intei­
fazem parte das paisagens rurais e urbanas. ramente cobertos pela água e submersos na
represa. Além disto, é comum a prática do
d esm atam en to na o cu p ação das áreas
7.1 Ambientes Aquáticos próximas às represas. Muitos desses impactos
podem ser avaliados por meio da análise de
imagens de sensores remotos.
Os ambientes aquáticos podem ser A característica m ultitem poral das
n aturais, rios, lagos, mares e oceanos e imagens de satélites perm ite m onitorar a
podem ser construídos ou transformados variação da lâm ina d’água de lagos, rios e
pelo homem, lagos artificiais, represas e rios rep resa s, como m o strado nas im agens
retificados. Comparando as imagens das Figs. LANDSAT da Fig. 7.2, na qual podemos
7.1a e 7.1b, podemos observar as transformações observar um setor da represa de Furnas, no
sofridas pela área representada nessas imagens, Estado de M inas G erais em um ano de
decorrentes da construção da represa de precipitação normal (7.2a) e em um ano de
Tucuruí, no rio Tocantins, Estado do Pará. Na estiagem acentuada como foi o de 2001 (o
Fig. 7.1b, é mostrado o reservatório de Tucuruí, ano do “apagão”) que agravou o problema
que é o segundo maior do Brasil, enquanto na enérgetico já existente no Brasil.
Fig. 7.1 Imagem MSS-LANDSA T-2 m acrófitas aquáticas, representadas
de 1979 d o rio Tocantins (a) e em d ife re n te s co re s de rosa e
TM -LAN D SAT-5 d e 1988 da ro x o , d ep en den do da densida­
mesma região após a construção d e e d ive rsid a d e d e espécies
da represa de Tucuruí (b). Nas (c ). Na fo to (d ) é p o s s ív e l
duas im agens, a vegetação identificar p eio m enos 4 espécies
densa da floresta está represen­ de m acrófitas, reco b rin d o de
tada em verm elho e a água em form a contínua a água (padrão
preto e azui-escuro, dependendo rosa), enquanto na fo to (e) a
da quantidade de sedim entos. cobertura vegetai e descontínua
Na imagem (b ) é p o ssível obser­ co m a p e n a s 2 e s p é c ie s d e
var, além da represa, em azui- m acrófitas (padrão ro xo ). Destaca-
escuro, uma grande área desmatada se a freqüência da Eichhornia crassipes
e ocupada em to rn o deia. Podem os (aguapé), flo rid a na fo to (e ). F o to s:
id e n tifica r tam bém a vegetação aquática Jo sé Eduardo M antovani.

82
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados

Um outro aspecto,
que pode ser estudado e
monitorado através de ima­
gens de sensores remotos,
é a poluição dos ambien­
tes aquáticos, naturais ou
artificiais, provocada pela
descarga de fertilizantes,
utilizados na agricultura, e
de esgotos domésticos e
industriais, nesses ambien­
tes. Como destacado no
Capítulo 1 (Fig. 1.3), a
água limpa absorve a ener­
gia, sendo representada em
preto, nas imagens obtidas
nas regiões do visível e
infraverm elho. A água
túrbida, com poluentes ou
sedimentos em suspensão
(água barrenta), é represen­
tada em tons de cinza-cla-
ro, nas imagens obtidas no
visível, ou em cores, de­
pendendo da associação de
cores às imagens originais
(do visível) (Figs. 7.2 e Campo Belo
7.3).
Deve-se ressaltar
que o que ocorre no ambi­
ente aquático é, em grande
parte, reflexo do que ocorre
no seu entorno. E possível,
por exemplo, identificar,
mapear e monitorar, por
meio de imagens de
sensores remotos, o uso da
terra da área (bacia
hidrográfica), onde o ambi­
ente aquático se localiza.
Isto facilita detectar as
fontes de p o luição do
ambiente aquático. Para
obter mais inform ação
Fig. 7 .2 Im agem TM -LANDSAT-5 de um se to r da represa de Furnas, no rio
sobre a qualidade da água, Grande, M G , obtida em 23/10/1997 (a) e Im agem E T M +-LANDSAT-7da mesma
é necessário que dados de área, obtida em 28/09/2001 (b). C om parando as duas im agens, é p o ssív e l
an álises quím icas de ob servar a diferença na largura da lâm ina d ’água, em azui, entre as duas datas.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

A partir da interpretação de
imagens de sensores remotos, também
podem ser avaliados os im pactos
ambientais decorrentes da exploração
SM mineral. Como destacamos anterior­
mente, o mercúrio utilizado na separação
do ouro em pó, retirado no leito dos
rios, é uma das principais fontes de
GRTC A L S £ R £ poluição das águas dos rios onde ocorre
a exploração do ouro.
Um exemplo de degradação
am biental v isível nas im agens de
satélites decorre da atividade de
extração m ineral de areia no rio
Paraíba do Sul, principalm ente nos
M unicípios de Jacareí, Taubaté e
Caçapava (Fig. 7.5). No município
de São José dos Campos, embora
ms
essa atividade esteja proibida pela
Lagoa
legislação, é possível detectar áreas
mm ne* dos Patos
de exploração, particularmente nos
seus lim ites com Caçapava, como
podemos observar na Fig. 7.5. Estas
lagoas são o rig in ad as das cavas
abertas para a extração de areia e
a coloração da água representa os
sedimentos (areia fina) em suspensão
Fig. 7.3 Imagem TM-LANDSA T-5,25/09/1999 da Lagoa
nas lagoas.
dos Patos, R io Grande do Sul. Nela podem os identificar
a água Hmpa (em p reto ) e água túrbida (em azul). A s
áreas de vegetação mais densa aparecem em verde, as
áreas de uso agrícola com form as geom étricas e em
diferentes cores e a área urbana, em rosa escuro.

amostras de água dos ambientes aquáticos,


realizadas em laboratório, sejam correlacionados
com dados de sensores remotos coletados na
mesma data. Por outro lado, a análise prévia de
imagens de datas anteriores pode ajudar na
seleção e redução dos pontos de coleta e, conse-
qüentemente, diminuir o custo das análises.
A poluição da água do mar, oceanos
e rios, por vazamentos ou derramamentos de
óleo, como tem ocorrido com freqüência no
Fig. 7 .4 im agem SAR-RADARSAT-1, 06/09/1996, da
B rasil, também pode ser detectada com
bacia de Cam pos, n o lito ra l d o R io de Ja n eiro . N ela
imagens de sensores remotos, particularmente p o d e m o s o b serva r, em p re to , m anchas d e ó le o na
aquelas obtidas por radares, que operam na su p e rfície oceânica represen tad a em to n s de cinza
região das microondas (Fig. 7.4). m éd io . F o n te : Soier, 2000

84
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados

À medida que, por meio de imagens de longo deste livro, a partir da interpretação de
sensores remotos de diferentes épocas, é im agens é p o ssível id e n tific a r áreas
possível identificar o uso e a ocupação da terra desmatadas, queimadas, invadidas e ocupadas
e a sua transformação ao longo do tempo, elas ilegalmente ou exploradas de forma irregular.
são um recurso essencial na fiscalização do Desta maneira, tanto a sociedade quanto o poder
cumprimento da legislação. Como pudemos público podem usar esse recurso para denunciar
verificar no exemplo anterior, e em outros ao e impedir as agressões ao meio ambiente.

Fig. 7 .5 Im agem E T M +-L A NDSA T-7, 0 7 /0 6 /2 0 0 2 , d e um se to r d o rio Paraíba d o Su l n o s m u n icíp io s d e São


Jo sé d o s Cam pos e Caçapava, n o Esta do d e São Paulo. P odem os o b se rva r em a zu l m ais d a ro , d aquele que
representa as águas d o rio , as lagoas m arginais form adas em decorrên cia da a tivid a d e d e extração de areia. A s
fo to s (a) e (b ) m ostram aspectos destas lagoas, nas quais a coloração das águas denota a presença de sedim entos.
Fo to s: Pauio R. M a rtin i.
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

área, p o d e s e r id e n tific a d a p e ia p re se n ça d o s
carreadores (form as lineares ciaras que lim itam os
taihões). Peias form as lineares e em verm elho, é
p o ssív e l iden tificar os “q u ebra -ven tos” (m ostrados
n o detalhe (c)), que são fileiras de árvores, cham a­
Fig. 7 .6 Im agem da região d e C o rn é lio P ro có p io das p opu ia rm en te d e gravíieas, utilizadas para a
e Santa M ariana, n o Estado d o Paraná, ob tida em quebra d o vento e assim p ro te g e r a cultura d o café,
05-08-2001 p e io sen so r A S T E R d o satélite TERRA . a q uai p o d e ser discriminada das dem ais p o r estar
A paisagem é dom ina ntem ente rurai, com vegeta­ associada a essas feições. Uma vista das gravíieas está
çã o d e mata e re fio resta m en to em ve rm e lh o ; as na fo to (d). Na fo to (a), em prim eiro p ia n o aparece
áreas d e so io e x p o sto aparecem em a zui cia ro ; as cultura de feijã o; em segundo piano, trigo que na
á rea s a g ríco la s, com c u ltiv o s d e trig o , m ilh o imagem aparece em verm elho e ao fundo, m ilho
safrinha, cana-de-açúcar e café estão representadas (palha) e pastagem que na imagem estão em tons de
p e ia s fo rm a s g e o m é tric a s e em c o re s va ria da s, verde. O café da fo to (b) ao fundo, p o r ser mais
d e v id o , p rin c ip a lm e n te , a o s d ife re n te s está g io s alto aparece na imagem em tons de verm elho mais
em q ue se encontram essas culturas, p o r exem plo, escuro. N o prim eiro piano aparece cultura de feijão e
fo to (a). A cultura d e cana-de-açúcar, a n o rte da no segundo, trigo. Fotos: M arcos Adami.

86
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados

7.2 Ambientes Rurais pelas culturas muda quando elas são submetidas
a estresse hídrico decorrente de seca, ou ainda
Os ambientes rurais caracterizam-se por quando sofrem agressões por geada, granizo,
áreas cobertas por matas secundárias, pastagens, ataques de pragas, etc. O aspecto multitemporal
associadas à criação de gado, por reflorestamentos das imagens de satélites nos permite monitorar
e por cultivos (Fig. 7.6). Caracterizam-se também as mudanças que ocorrem como, por exemplo,
por construções esparsas e baixa densidade a substituição de mata por pastagem, de cultura
demográfica. As imagens de sensores remotos têm por pastagem etc. Assim, podemos acompanhar
um grande potencial no estudo do uso da terra de as transformações dos ambientes ao longo do
ambientes rurais. A partir da interpretação dessas tempo e registrá-las em mapas, de forma manual
imagens, podemos identificar o tipo de uso, calcular ou automática, utilizando um SIG.
a área ocupada com cada tipo de uso, obter uma
estimativa de área plantada e da produção 7.3 Ambientes Urbanos
agrícola, além de informações sobre o vigor
vegetativo das culturas, porque a energia refletida
Os espaços formados pelas ci­
dades constituem os ambientes ur­
banos. Aspectos ligados à urbaniza­
ção, como a localização do sítio ur­
bano, limite da área urbana, expan­
são urbana e o processo de conurbação
são facilmente identificados em ima­
gens de satélites, como podemos ob­
servar nas Figs. 7.7 a 7.11. O sítio ur­
bano refere-se ao terreno sobre o qual
se constrói uma cidade. O tipo de
sítio influencia nas características e
na expansão de uma cidade. Por meio
de imagens de satélites, é possível dis­
tinguir cidades planejadas como Brasília
(Fig. 7.9), onde o armamento e as for­
mas são bem definidas, de uma cidade
que nasceu e se desenvolveu espon­
Fig. 7 .7 Imagem TM-LANDSAT-5, 14/08/1994, da cid ad e de taneamente, sem um projeto estabe­
Fortaleza, um e xem p lo d e sítio d e p la n ície litorânea. Podem os
d e sta c a r ju n t o a o lito r a l, p e lo p a d r ã o d e a rru a m e n to , a
lecido previamente como, por exem­
convergência d e estradas e, em violeta, a área urbana; as praias plo, Fortaleza (Fig. 7.7), Manaus (Fig.
e dunas, em b ra n co ; a água, em p re to e azul-escuro. 7.8), e São Paulo (Fig. 7.10).
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

A expansão da mancha ur­


bana de uma cidade, ou seja, o
crescimento da área ocupada por
esta cidade, bem como a direção
do crescimento (norte, sul, leste
e oeste), podem ser facilmente de­
tectadas através de imagens de sa­
télites. Na Fig. 7.8a é mostrada
uma imagem de Manaus, obtida
pelo MSS-LANDSAT-1 em 1973,
enquanto na Fig. 7.8b é mostrada
uma imagem de Manaus, obtida
pelo ETM+-LANDSAT-7 em
2001. Comparando as duas ima­
gens, é possível verificar o gran­
de crescimento urbano dessa ci­
dade no período de 28 anos.
A partir da interpretação
das imagens, a mancha urbana,
referente às duas datas, pode ser
delim itada e calculada a sua
área, manualmente ou por meio
do uso de um SIG, e definida a
taxa de expansão da cidade de
Manaus no período.

Fig. 7 .8 Imagens de Manaus ob tida s


em 0 7 / 0 7 / 1 9 7 3 , p e l o M S S -
LANDSAT-1 (a) e em 11/08/2001
p e lo ETM +-LANDSAT-7 (b ). N eta s
a v e g e ta çã o da floresta está em
verm elho. O bserve a grande expan­
são urbana, em dano, ocorrida neste
p erío d o , principalm ente nos setores
n orte e nordeste, assim co m o o fe­
nôm eno d o encontro das águas dos
rio s N egro, em p re to , e Soiim ões,
em azui, que a p a rtir da sua ju n çã o
form am o rio Amazonas.

88
C apítulo 7 - 0 Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados

Fig. 7 .9 Imagem CBERS-


1 de Brasília, 31/07/2000,
ddade planejada, localiza­
da n o Planalto Central.
Nela podem os observar o
plano p ilo to (no canto e
à direita encontra-se a
esplanada dos Ministérios);
o Lago Paranoá (em p re ­
to ); na p a rte inferior, à
esquerda, o a e ro p o rto
internacional; n o canto
superior esquerdo, o Par­
que Nacional d e Brasília;
as áreas vermelhas com
fo rm a s g e o m é tric a s re­
presentam áreas de refío-
restam ento. A s áreas de
form as irregulares e te x­
tura rugosa representam
áreas d e re le v o disseca­
d o pela drenagem ju n to
à qual predom ina a mata
ciliar (em verm elho).

O fen ô m en o da
conurbação refere-se ao pro­
cesso de cidades em expansão
que se unem às vizinhas, for­
mando um espaço urbano qua­
se contínuo, como ocorre, por
exemplo, com as cidades que
formam a grande São Paulo
(Fig. 7.10).
A partir da interpretação
de imagens de satélites, é pos­
sível, ainda, identificar e delimi­
tar as áreas verdes de uma cida­
de. Posteriormente de forma ma­
nual ou mesmo automática, com
o uso de um SIG, podemos
quantificar essas áreas e calcular
o índice de área verde de uma ci­
dade.

Fig. 7 .1 0 Im a gem T M -LA N D S A T -5 , 2 0 / 0 8 / 1 9 9 7 , da á rea m e tr o p o lita n a d e Sã o P a u lo, na q u a l o


fe n ô m e n o da co n u rb a ç ã o de 3 9 municípios p o d e s e r o b s e rv a d o . A s á rea s u rb a n a s e stã o re p re se n ta d a s
na c o r c ia n o (a z u l/ v e r d e ) e a q u e la s o n d e p re d o m in a a c o b e rtu ra v e g e ta l, em v e rm e lh o . C o m o
p o d e m o s o b s e r v a r n esta im a gem , co m e x ce çã o d o P a rq u e d o E sta d o , a m a io r á rea v e rd e d e Sã o
P a u lo , as d e m a is so m a m m u ito p o u c o v e r d e em c o m p a ra ç ã o à e x te n s ã o da á rea c o n stru íd a .
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

A quantidade de área
verde existente dentro de uma
cidade é um dos indicadores da
qualidade de vida de seus habi­
tantes. Quanto maior é o índi­
ce de área verde de uma cida­
de, maior é a qualidade de vida
da sua população, com relação
a este aspecto.
Em geral, cidades de
países desenvolvidos como
Londres (capital da Inglaterra),
Paris (capital da França) e
Nova Iorque (EUA), entre
outras, têm um índice de área
verde maior do que o de ci­
dades de países em desen­
volvimento como São Pau­
lo e Santiago do Chile, por
exemplo. Isto pode ser ob­
serv ad o co m p aran d o as
imagens de São Paulo e de
Paris (Figs. 7.11 (a) e (b),
resp ectiv am en te). E n tre­
tanto, nos centros antigos
Fig. 7.11 (a ) Im a gem SPOT-1 d e Paris, na q u a l a á rea u rb a n a é de ambas as cidades obser­
re p re sen ta d a na c o r cia n o e as áreas com vegeta çã o, em ve rm e lh o . va-se a ausência de vegeta­
Em com paração a São Paulo, imagem ETM + LA N D SA T-7, 0 7 /0 6 /2 0 0 2 ção. As áreas mais escuras
(b ), as á re a s v e rd e s d e P aris o c u p a m um a e x te n s ã o m a ior.
no centro da imagem de São
Paulo devem-se às
sombras que os
elevados edifícios
projetam. Esse pa­
drão permite iden­
tificar os setores
mais verticaüzados
da cidade (Figs.
7.11b e 7.12a).
Esse padrão não
pode ser observado
em Paris devido à
inexistência de edi­
fícios elevados
(construção com 6
pavimentos no má­
ximo).

90
C apítulo 7 - O Uso de Imagens no Estudo de Ambientes Transformados

Fig. 7.12 Imagem TM-


LA N D SA T-5 , 2 0 / 0 8 /
1997, (a) de um setor da
d da de de São Paulo, na
escala aproxim a da de
1:60.000, que p erm ite
id e n t ific a r o J ó q u e i
C lu b e , o P a rq u e d o
ibirapuera, o aeroporto
de Congonhas e o Parque
d o Estado. Em (b) p o d e ­
m os observar o Parque
do ibirapuera em detalhe
na imagem d o satélite
Q u ickB ird , 0 3 /0 3 /
2002, resultante de um
p ro ce ssa m e n to d ig ita i
que possibilitou integrar
os dados d o cana! pan-
cro m á tic o (re so lu çã o
de 0 ,7 m ) com os dados
m uitiespectrais d o s ca­
nais d o v isív e l (reso lu ­
ção d e 2 ,8 m ) e g era r
uma co m p osiçã o c o lo ­
rida natural.

Cabe destacar, finalmente, que a alta áreas verdes da cidade de São Paulo (Figs.
resolução dos novos sensores permite realizar 7.12a e 7.12b). Comparando as Figs. 7.12a e
estudos de detalhe dos ambientes urbanos, 7.12b, podemos verificar a diferença de re­
como podemos verificar pela imagem do solução das duas imagens e, conseqüente-
satélite QuickBird da região do Parque do mente, do nível de informação que é possí­
Ibirapuera, uma das poucas e principais vel extrair de cada uma delas.
Capítulo 8
SENSORIAMENTO REMOTO COMO
RECURSO DIDÁTICO

stou voando p o r aí... O Vento é m eu a m ig o e na dade. Quanto aos aspectos físicos, pode-se ob­
ca cu n d a d ele ten h o visto co isa s lindas. V i p r a ia s servar a repartição entre terras e oceanos, a dis­
enorm es, sem J im ! E n u ven s e n u ven s e m a is nuvens. V i tribuição de grandes unidades estruturais, como
bichos, cid a d es e terra s seca s. Vi tu d o verd in h o e f l o r i ­ cadeias de montanhas, localização de cursos
do...j á aprendi tudo. A s coisa s m o stra d a s a g e n t e a p ren ­ d’água e feições relacionadas a estes (meandros,
d e m a is depressa e m a is bonito. A té a ch o q u e am o m es­ deltas, etc.), ao relevo continental (escarpas, cris­
m o o n osso b r a sil. A s co isa s lon ge fic a m p erto ... tas, morros, colinas, etc.) e litorâneo (falésias,
dunas, praias, ilhas, golfos, baías, etc.), evolução
Maria Clara Machado da cobertura vegetal; a configuração, organiza­
ção e expansão das grandes cidades, o fenômeno
da conurbação, bem como as características e a
Embora cada vez mais freqüentes nos evolução das áreas agropecuárias.
meios de comunicação visual, em livros, adas e Como tempo e espaço são dimensões es­
em eventos relacionados à educação e ao meio senciais para a compreensão dos problemas
ambiente, e apesar do seu grande potencial como ambientais, a contribuição da Geografia e da His­
recurso didático, as imagens de satélites são ain­ tória é indispensável ao estudo do processo de
da pouco exploradas para essa finalidade, tanto ocupação e transformação do espaço, das mudan­
no ensino fundamental e médio, como no ensino ças e inovações tecnológicas ocorridas ao longo
superior. do tempo e do modelo de desenvolvimento
Os novos parâmetros curriculares refor­ adotado. Imagens de diferentes períodos são um
çam a importância do uso de novas tecnologias, recurso que auxiliam na compreensão do proces­
como a do sensoriamento remoto que se destaca so de organização e transformação do espaço.
da maioria dos recursos educacionais, pela possi­ Dessa maneira, a partir da interpretação de ima­
bilidade de se extrairem informações gens de diferentes datas, referentes a uma mes­
multidisciplinares, uma vez que dados contidos ma região, é possível, em conjunto com dados
em uma única imagem podem ser utilizados para provenientes de outras fontes, fazer uma
multifinalidades. reconstituição do processo de ocupação e desen­
A partir da análise e interpretação de ima­ volvimento de uma região.
gens de sensores remotos, os conceitos geográfi­ Em estudos multitemporais, na falta de
cos de lugar, localização, interação homem/meio, imagens e fotografias aéreas mais antigas, podem
região e movimento (dinâmica) podem ser arti­ ser utilizados mapas antigos, cartões postais (que
culados. As imagens são um recurso que permite geralmente são fotografias tiradas do terreno, ou
determinar configurações que vão da visão do mesmo fotografias aéreas), bem como, através de
Planeta Terra, a de um Estado, região ou locali­ pesquisa bibliográfica em livros, revistas, jornais
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

e documentos e de pesquisa de campo, podem orgânicos dessa água, determinados através de


ser construídos mapas mentais que permitam re­ análises químicas de laboratório.
tratar uma outra época e reconstruir a paisagem Com a ajuda da Matemática, é possível
de um determinado período, a qual pode ser com­ calcular em imagens de sensores remotos ângu­
parada com a atual através de imagens de sensores los, distâncias, proporções (escalas), áreas (urba­
remotos recentes. nas, agrícolas, inundadas, queimadas, etc.), taxas
A História pode explorar o estudo da evo­ ou índices (o índice de área verde de uma cidade,
lução da tecnologia do sensoriamento remoto e taxas de crescimento urbano, de desmatamento,
de como o homem vem se apropriando dela ao etc.). Um índice de área verde, por exemplo, pode
longo do tempo. A primeira fotografia aérea foi ser facilmente determinado a partir do conheci­
tirada de um balão em 1855, mas a aquisição de mento da escala da imagem utilizada, da identifi­
fotografias obtidas de aeronaves tiveram um cação, delimitação e cálculo das áreas verdes e
grande desenvolvimento somente a partir da Pri­ da área total de interesse do estudo.
meira Guerra Mundial. Por outro lado, embora A Educação Artística contribui para a ela­
essa tecnologia foi inicialmente desenvolvida boração de mapas, maquetes, e outros produtos
para fins militares, atualmente a sua utilização cartográficos de expressão artística, a partir da
para fins civis traz grandes benefícios para o interpretação de fotografias aéreas e imagens de
homem no estudo e monitoramento do meio satélites, destacando elementos geográficos como
ambiente. ilhas, lagos, rios, represas, serras e planícies e as
As Ciências de modo geral, e mais espe­ formas de ocupação e uso da terra, além de pos­
cificamente a Física, podem explorar os princípi­ sibilitar outros tipos de expressão propiciados
os físicos do sensoriamento remoto, que envol­ pela leitura das imagens de um determinado am­
vem o estudo da energia eletromagnética, biente.
interação dessa energia com as propriedades físi- Na interpretação e produção de textos
co-químicas dos componentes da superfície ter­ relacionados tanto com a técnica do
restre; de como são obtidas as imagens e o pro­ sensoriamento remoto como com os temas
cesso de formação das cores. Dessa forma, ao ambientais, é fundamental a contribuição da Lín­
mesmo tempo que o aluno está apreendendo con­ gua Portuguesa, e pode ser explorado também o
ceitos de Física, ele se torna mais capacitado para interesse dos alunos pelas Línguas Estrangeiras,
explorar os dados de sensores remotos. como o inglês, francês, espanhol, etc., no apren­
Imagens de satélite podem contribuir para dizado de termos técnicos relacionados tanto com
o estudo dos problemas de saúde pública, relaci­ o sensoriamento remoto, como com o meio am­
onados com a contaminação das águas, como a biente.
cólera e a leptospirose, e a poluição atmosférica, Com relação ao tema transversal Meio
como as doenças respiratórias. A partir da inter­ Ambiente e aos projetos de Educação Ambiental,
pretação desses dados e com o auxílio da Biolo­ geralmente abordados de forma interdisciplinar,
gia, Química, Geografia e História, é possível re­ é óbvia a utilidade das imagens de sensores re­
lacionar a distribuição dessas doenças e das con­ motos nesse tipo de estudo, uma vez que elas
dições que as favorecem com as características constituem uma fonte de dados a respeito do meio
ambientais, econômicas e sociais da área em es­ ambiente.
tudo. As pesquisas de temas ambientais e os
Com conhecimentos da Química e dos estudos do meio favorecem as práticas pedagógi­
dados de sensores remotos, pode-se explorar, por cas e interdisciplinares. As imagens de sensores
exemplo, a correlação existente entre a qualidade remotos, como fonte de dados sobre o meio am­
da água (de um rio, lago, represa e oceano), re­ biente, são um recurso que facilita tanto o estu­
presentada em uma imagem por diferentes tona­ do do meio ambiente como a prática da
lidades ou cores, e os componentes químicos e interdisciplinaridade.

94
C apítulo 8 - Sensoriamento Remoto Como Recurso Didático

Se o estudo do meio ambiente, que en­


Conclusão
volve todas as áreas do conhecimento, for reali­
zado de forma integrada, isto é, interdisciplinar,
resultados muito mais consistentes serão obtidos. O sensoriamento remoto pode ser usado
Por outro lado, os dados de sensores remotos, se como recurso didático não só com relação aos
analisados de forma integrada, serão mais explo­ conteúdos curriculares das diferentes disciplinas,
rados. uso multidisciplinar, como também nos estudos
Uma outra forma de integração refere-se interdisciplinares, que integram todas as discipli­
à utilização conjunta de dados de sensores remo­ nas em torno da análise do meio ambiente, como
tos adquiridos em diferentes níveis. Assim, em nos estudos do meio e em projetos de educação
um projeto de Educação Ambiental, no qual o ambiental.
tema central é a água, por exemplo, podem ser No estudo do meio, que visa conhecer de
usadas fotografias de campo que mostrem a qua­ perto a realidade e os problemas da área de inte­
lidade da água local de um rio; um mapa de uso resse, geralmente seleciona-se um tema, por exem­
da terra, gerado a partir da interpretação de foto­ plo, a água (recursos hídricos) ou a urbanização,
grafias aéreas pode mostrar que o problema não como eixo prioritário, ou fio condutor da pesqui­
é pontual, mas relaciona-se ao processo de uso e sa ou projeto. Os recursos hídricos, a urbaniza­
ocupação dessa área, e imagens de satélites per­ ção e o uso do solo, em geral, são temas bastante
mitem obter uma visão regional do problema e propícios para a utilização de imagens de sensores
avaliar a sua extensão. remotos no estudo do meio, porque, ao lado do
Dessa maneira, imagens de sensores re­ relevo e da cobertura vegetal, as áreas construídas
motos, obtidas em diferentes níveis de altitude, ou ocupadas pelo homem e a água (rios, lagos,
com diferentes resolução e abrangência, favore­ represas, mares e oceanos) são os componentes
cem a leitura das implicações regionais com a da paisagem mais visíveis em fotografias e ima­
qualidade de vida local e vice-versa. Elas permi­ gens.
tem confirmar que, de maneira geral, os proble­ A maior ou menor contribuição do
mas ambientais não são pontuais ou locais. Como sensoriamento remoto no ensino das disciplinas
salienta Santos (2002), o sensoriamento remoto específicas, dos temas transversais, como Meio
torna-se um instrumento para a compreensão, Ambiente, ou em atividades e projetos
conscientização e busca de soluções para os pro­ interdisciplinares, vai depender da motivação e
blemas da realidade socioambiental e, conseqüen- criatividade dos professores e alunos envolvidos,
temente, para o exercício da cidadania. das características da área de estudo, da disponi­
Um outro aspecto que merece ser ressal­ bilidade de dados e do tema utilizado como fio
tado é que tanto os alunos como os professores condutor do estudo. Certamente, a partir dos
sem familiaridade com o sensoriamento remoto exemplos mostrados neste livro, tanto professo­
têm uma facilidade maior com relação às foto­ res quanto alunos descobrirão outros usos do
grafias aéreas, que retratam uma realidade mais sensoriamento remoto.
próxima, com uma resolução e escala mais favo­ A disponibilidade das imagens obtidas
ráveis do que as imagens de satélites, que repre­ por sensoriamento remoto é cada vez maior.
sentam uma realidade de forma mais distante e Atualmente, elas podem ser encontradas em
abstrata. Nesse aspecto, as imagens de alta reso­ liv ro s, atlas, rev istas, jo rn ais, cds e na
lução dos novos sensores a bordo de satélites Internet. Pode ser adquirido, por exemplo, o
como o SPOT-5, IKONOS-2 e o QuickBird, en­ cd com imagens Landsat-5 das capitais brasi­
tre outros, mais próximas àquelas das fotografias leiras do projeto EducaSerelI do INPE e os
aéreas, deverão contribuir sensivelmente para a cds da coleção O B r a s i l v i s t o d o E s p a ç o , da
difusão do uso do sensoriamento remoto como EMBRAPA (wwwcdbrasil.cnpm.embrapa.br).
recurso didático. As universidades, os institutos de pesquisa,
%n
Imagens de Satélite para Estudos Ambientais

órgãos governamentais de planejamento e 4 - Analisar as imagens das Figuras 9 a 11 (Capí­


Prefeituras municipais dispõem de imagens tulo 6) e definir os conceitos de ilha, lago, cabo,
de sensores remotos que podem ser obtidos restinga, baía e meandros.
por empréstimo para cópias. Praticamente
todas as prefeituras dispõem de pelo menos 5 - Com exceção das áreas urbanas dos municípi­
um vôo aerofotogramétrico de seu Município os de Arujá, Biritiba Mirim, Salesópolis e Santa
e, mais recentemente, muitas vêm adqui­ Isabel, as demais cidades dos municípios que for­
rindo imagens de satélites de alta resolução. mam a Grande São Paulo estão conurbadas. Com
Fotografias aéreas e imagens de satélites a ajuda de um mapa de São Paulo, identificar na
podem ser consultadas e copiadas no Institu­ imagem da Figura 9 (Capítulo 7) as cidades
to de Aerofotogeografia do Departamento de conurbadas.
Geografia da USP, em São Paulo. O INPE
também disponibiliza imagens para o desen­ 6 - A partir de fotografias ou imagens de seu mu­
volvimento de projetos escolares. nicípio, de diferentes períodos, analisar e desta­
Portanto, a dificuldade de acesso aos car as principais transformações ocorridas nos
dados de sensores remotos não serve mais ambientes urbano e rural.
como justificativa para a sua não utilização pelo
professor em sala de aula. Esperamos, com 7 - A partir da análise de uma imagem recente do
este livro, contribuir para que o como utilizar seu município, projetar (simular) uma imagem
esses dados não seja um outro obstáculo. futura que retrate a situação considerada ideal para
ele.

8 - Identificar outros usos das imagens de sensores


Sugestões de Atividades
remotos, além daqueles destacados neste livro.
1 - Para explorar mais as imagens deste livro, pro­
curar mapas, imagens de outras datas e satélites,
fotos aéreas e de campo dos ambientes nelas re­
presentados. Realizar um trabalho de campo com
os alunos para a identificação dos objetos na
imagem de sua região.

2 - Assim como a fotografia do próprio aluno, as


fotografias aéreas e as imagens de satélites são
muito úteis para ensinar o conceito de escala, que
é fundamental para o uso de dados de sensores
remotos e de mapas. Utilizar imagens do livro
para ensinar o conceito de escala.

3 - Procurar exemplos de imagens de sensores


remotos e destacar objetos que podem ser discri­
minados, principalmente, por meio:
a) da forma;
b) do tamanho;
c) da textura;
d) da sombra;
e) do padrão;
f) da localização.

96
C apítulo 8 - Sensoriamento Remoto Como Recurso Didático

MOREIRA, M. A. F u n d a m e n to s d e S e n s o r ia m e n to
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