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A dimensão simbólica – Monique Augras

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Henri Piéron dá a seguinte definição do símbolo: “signo destinado a representar um
objeto, um ato, uma situação, um conceito, podendo substitui-lo quando necessário for.
Piéron distingue dois aspectos: em primeiro lugar o símbolo arbitrário, como por exemplo
um símbolo matemático, tão sancionado pelo uso que chega a confundir-se com o objeto
que representa e, em segundo lugar, aquilo que chamaríamos de “símbolo verdadeiro”,
isto é, um signo relacionado com o símbolo que representa.
Em outros termos, um símbolo é uma coisa que representa outra coisa.
O símbolo aparece como substituto do seu objeto.
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A maioria dos autores destaca o fenômeno da substituição da coisa significada pelo
símbolo
Delimitar as modalidades da substituição do objeto pelo símbolo.
A relação entre o objeto e o seu símbolo é ... uma relação abstrata, uma relação
estabelecida em termos de irrealidade.
É através da construção de um sistema de símbolos que o homem apreende o mundo.
O mundo exterior, a fim de existir – para o sujeito, sofre uma transformação. Desaparece
na sua naturalidade bruta para renascer sob forma de universo simbólico. O universo
simbólico, porem, não é um ersatz do universo real: é o mesmo universo transfigurado na
elaboração que sofreu, mas real.
4–5
Vemos destacar-se o caráter paradoxal da função simbólica: consiste em estabelecer
relações irreais para permitir a adaptação do homem à realidade.
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Os animais dispõem de sistemas de sinalização as vezes bem complexos.
Uma qualidade que não se acha entre os animais
As regulações necessárias para responder aos estímulos do meio e integrá-los, isto é, as
modalidades do ajustamento do organismo às necessidades do meio interior e exterior
fazem-se então um plano simbólico e não mais instintivo ou mecânico.
Poderíamos falar, não de “acesso simbólico ao universo”, mas de construção simbólica
do universo, pois desta maneira, o homem cria o mundo.
5–6
Ele constrói o universo, através função que lhe pertence exclusivamente, hoje chamada
de “função simbólica”: a linguagem.
O aparelho fonador dos chimpanzés é praticamente igual ao dos homens.
A aquisição da linguagem na criança evidencia esse caráter repentino, quase milagroso,
da parição da função simbólica. Não há determinação fisiológica, pelo contrário.
O grande linguista E. SAPIR chega a escrever: “A palavra é uma superestrutura. Os
órgãos fonadores são tais apenas por conquista e instituição. Foram desviados da sua
função biológica pela linguagem.
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Criar um universo simbólico é conceder a realidade imediata um caráter de ausência, mas
é também integrar a realidade dentro do sujeito.
O ato da percepção, por exemplo, não é uma interiorização passiva das qualidades dos
objetos. Vai também de dentro para fora.
A patologia clínica, quando estuda os fenômenos de alucinação evidencia essa função
estruturante da percepção.
O fenômeno patológico serve aqui para pôr em relevo as características da percepção do
mundo exterior.
A estruturação perceptiva é intuitiva.
Todo sistema de explicação do mundo representa uma nova “forma” do mundo.
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A capacidade de elaborar abstrações deixa portanto de ser uma fuga do mundo real para
tornar-se a maneira mais adequada do homem adaptar-se ao mundo real. É essa a posição
de ERNST CASSIRER.
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Se o homem é animal symbolicum, se toda a sua atividade consiste em criar símbolos, é
preciso contudo que tentemos aqui delimitar o conceito. A definição de CASSIRER,
embora satisfatória, é muito ampla.
O pensamento substituiria a realidade por uma imagem anímica. O mito seria então ...
Um estado primitivo da linguagem, quando o símbolo e o simbolizado se confundem
magicamente.
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USENER
A palavra, em si, já é ação. Basta Ali-Babá dizer “Sésamo” e a porta abre-se. No
pensamento lógico palavras servem apenas de intermediário. No pensamento mítico as
palavras são a coisa.
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Cassirer parte do mesmo princípio que USENER. Linguagem e mito seriam duas
manifestações oriundas da mesma base. Mas CASSIRER julga que vão em direções
opostas. A linguagem tende para a lógica, estendendo seus conceitos. Os mitos tendem a
mágica.
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A “imagem” ou metáfora é, diz G. B. VICO, “um mito em pequeno”.
O que chamamos de “intuições poéticas” não é outra coisa senão essa capacidade de
exprimir os símbolos latentes no grande corpo social.
A metáfora é algo intuitivo
A parábola é mais deliberada na sua construção. É didática. Trata-se de um mito
elaborado de maneira intencional, para ilustrar uma proposição abstrata.
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Didática também é a alegoria. Representa um processo ou uma abstração por meio de
imagens geralmente plásticas.
Numerosos sistemas de interpretação dos símbolos tratam os mitos como alegorias que
teriam por função trazer para a consciência conteúdos inconscientes.
A estética realizaria portanto uma libertação, pois teria por função sublimar os conteúdos
inconscientes. Tal libertação não representaria uma fuga das raízes míticas, como quer
CASSIRER, mas sim a integração dessas bases magicas.
14 - 15
Admiramos hoje mosaicos e ícones de um ponto de vista estético, mas a intenção dessa
obra de arte é religiosa.
A nosso ver, não há como opor símbolos intencionais e símbolos intuitivos.
Achamos uma obra “estética” quando perdemos a chave de acesso ao contexto simbólico
mítico.
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Mas toda arte é, ainda, invocação.
O mundo simbólico do indivíduo implica: em primeiro lugar, o contexto do esquema
simbólico do grupo social (língua, religião, instituição, etc.) e do subgrupo ao qual
pertence (grupo de idade, de sexo, profissão, etc.), em segundo lugar o sistema simbólico
particular, construído a partir das experiencias individuais, isto é, a sua weltangschaung.
No individuo razoavelmente bem ajustado, não há discordância entre o seu mundo
simbólico e as significações socialmente admitidas. No caso do “gênio” porem, o
indivíduo muitas vezes antecipa a semântica dos símbolos sociais, trazendo à tona
conteúdos ainda latentes no grupo, por isso é facilmente considerado desajustado.
15 - 16
O caso patológico, por seu turno, apresenta uma distorção: não há mais coincidência entre
as significações sociais e os símbolos escolhidos pelo delírio.
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A elaboração delirante, no entanto, faz-se em relação a um sistema cultural geral. Como
veremos adiante, há também uma linguagem simbólica universal, que muitas vezes
permanece como a única via de acesso ao mundo mórbido. A nossa compreensão do
delírio baseia-se, pois, na interpretação.
O homem se ajusta ao mundo através – e exclusivamente através – da função simbólica
[...] então tudo é símbolo. Qualquer conteúdo, qualquer elaboração podem ser
considerados como simbólicos. Toda compreensão é logo interpretação.
Não necessito recorrer a dicionários de símbolos para entender o comportamento do
vizinho, que se move num universo simbólico com referências sociais e culturais
idênticas as referências do meu próprio universo.
Interpretar é buscar as chaves perdidas ou ignoradas [...] o Ocidente perdeu as chaves,
adotou o racionalismo; a atitude interpretativa permaneceu em formas degeneradas do
misticismo (superstição, videntes, etc.) O Oriente, pelo contrário, mantém até hoje
sistemas baseados na manipulação de símbolos.
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Pensamos junto com o poeta que “As coisas não têm significação: tem existência. As
coisas são o único sentido oculto das coisas. ”
Na sua definição, o símbolo implica uma relação entre o concreto e o abstrato, entre o
visível e o invisível.
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O sistema animista supõe, logo, uma identidade entre o símbolo e a entidade que
representa – e não mais uma analogia.
O mundo físico é símbolo de um mundo supranatural, e cada objeto é símbolo de uma
coisa irreal.
Quando não possamos encontrar uma causalidade física para determinado fenômeno,
consideramos esse fenômeno como provocado por uma causa sobrenatural. Desta
maneira não há lugar para a dúvida nem a insegurança, no mundo animista. Por isso
FREUD opina: “De todos os sistemas religiosos, talvez seja o animismo o mais lógico e
o mais completo. ”
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Em português, costumamos dizer, ao descobrir um objeto roído por ratos: “o rato comeu”.
Não se faz referência a um rato qualquer, e provável, mas ao rato, atitude que ao nosso
ver, cheira bem a pensamento mágico.
Do ponto de vista do simbolismo, a religião restringe. No animismo, todo o mundo real
é símbolo do mundo irreal. A religião seleciona os símbolos, conservando apenas alguns,
e geralmente condena como heréticos os adeptos de outros sistemas simbólicos que não
o seu.
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O fundamento da magia é que o homem é homólogo do universo. O microcosmo contém
o macrocosmo.
TAROT
As combinações que aparecem após serem manipuladas (não ao acaso, pois no
pensamento animista, não pode haver acaso.
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O homem das cavernas desenha a caça correndo, ferida, e logo morta, para propiciar o
êxito do caçador. Certos africanos jogam agua no chão para fazer chover. Em ambos os
casos, trata-se de imitar, de reproduzir através de símbolos a ação desejada.
O símbolo, como substituto do verdadeiro objeto, é mais fácil de manejar. Sendo
homólogo do objeto, contudo, as suas modificações estendem-se a ele.
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O princípio animista: o mundo físico é apenas símbolo do mundo maior.
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Há superstição, em resumo, quando perdemos a chave do sistema simbólico de base
animista.
Os costumes folclóricos são o aspecto “amável” e turístico das práticas animistas.
Em termos do simbolismo animista, podemos dizer que o folclore fixou a linguagem
simbólica, mas não o significado.
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As lendas guardaram também a linguagem, com prejuízo do significado profundo. São os
mitos, porem cortados do contexto religiosos e filosófico profundo.
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Os povos “primitivos” mantem o contato com os grandes fundos. No mundo ocidental, o
animismo sobrevive sob as formas sistematizadas da religião e degradadas da superstição
e do folclore.
Até o século XVIII, a interpretação dos símbolos, no ocidente, era ou mística ou poética.
O século XVIII é o século dos curiosos.
É o século do exotismo, quer dizer, da evasão no exótico.
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Eis um acumulo de muitos, de contos, de costumes esquisitos que pede para ser
investigado.
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TYLOR [...] utiliza o princípio da correspondência entre microcosmo e macrocosmo.
Toda lenda representaria um processo das forças da natureza: o ciclo das vegetações, um
mito solar, etc...
Defeito dessas teorias [...] classificam fatos históricos e lendas sob o mesmo rótulo.
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Do ponto de vista do estudo do simbolismo, a teoria psicanalítica traz fundamentos novos.
Nessa perspectiva, como para o animista, tudo tem significado, nada acontece ao acaso.
“Para Freud”, dizia JONES, “tudo era símbolo de alguma coisa”.
Mas no sistema animista, os objetos, o mundo, são símbolos místicos, que participam de
entidades supranaturais. Para a psicanálise, o significado não está no objeto, mas no
sujeito [...] a relação não é pré-existente.
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SHOPENHAUER. Desse último, FREUD tirou o conceito de “vontade”, que, traduzido
em termos biológicos será a libido, desejo de viver, de permanecer, de prolongar-se e
multiplicar-se nos descendentes.
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O sintoma, já nessa primeira obra de FREUD, é considerado como uma espécie de
símbolo somático do conflito psíquico.
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Um elemento pode ter um significado simbólico para o paciente, e para ele só.
Cada elemento do sonho possui no mínimo, uma dupla determinação, social e individual.
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Rank
“Os mitos são os sonhos da humanidade”. Em outros termos, tanto mito como sonho
refletem, através da mesma linguagem simbólica, os acontecimentos marcantes da vida
do homem e da humanidade.
O acontecimento maior é para RANK o principal traumatismo, a saber: a separação do
ventre materno, e todas as lendas reproduzem o mesmo tema do nascimento.
RANK chega a definir, no livro Os mitos do nascimento do herói (1909), uma “lenda-
tipo”, que nos interessa particularmente, pois encontramos frequentemente, nas provas
projetivas fantasias individuais que a reproduzem.
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Com efeito, é a interpretação dos temas simbólicos coletivos que pode levar, por
analogia, a entender o simbolismo individual.
É necessário, portanto, para JUNG, estudar os mitos, as lendas, o folclore em geral, para
esquematizar a partir desse material, os grandes temas que, através de simbolismos
paralelos, expressam ao mesmo tempo a história dos povos, e a história do indivíduo.
JUNG cria um método terapêutico sui generis: para analisar o sonho de um paciente, por
exemplo, basta relacionar o conteúdo deste sonho com temas míticos conhecidos.
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Se tanto a produção individual, como a produção coletiva, exprimem os mesmos temas,
é que as duas tem a mesma origem. Com nítida influência das filosofias orientais, em
particular do Brahmanismo, JUNG reduz então o indivíduo a um mero canal pelo qual se
exprime o pensamento coletivo.
A pessoa está aqui reduzida ao seu sentido etimológico (“Pessoa” vem do verbo latino
“per sonare” = ressoar através de...)
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O inconsciente pessoal é apenas um aspecto do inconsciente coletivo que representa.
JUNG tirou de PLOTINO, através de Sto. AGOSTINHO, o termo de “arquétipos” que
lhe serve para designar estes esquemas.
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Assim definidos: “disposição funcional a produzir representações iguais ou análogas”.
Mesmo simbolismo para exprimir os desejos comuns da humanidade.
Esquemas fundamentais, uns pré-simbólicos, por assim dizer, que pautam a
conceitualização, e até a vivencia, do grupo.
O pensamento lógico perdeu, entretanto, a vivencia dos arquétipos como entidades, eles
então se reduzem a “formas”, “moldes” que determinam os temas pelos quais se
expressará o inconsciente coletivo.
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O processo de individuação é exatamente um processo de integração do inconsciente ao
consciente. Em outros termos, em vez de reprimir ou abandonar-se à libido, o homem
deve identifica-la, utiliza-la para realizar o seu ajustamento ao mundo. Nessa tentativa,
ele terá de enfrentar o seu inconsciente, para dominá-lo.
Essa descida aos infernos encerra um grave perigo: ao enfrentar o inconsciente, o ego
arrisca-se a deixar-se dominar por ele, isto é, desagregar-se.
JUNG vai encontrar nos mitos, na magia, na poesia, nos sonhos individuais, esta procura
constante de si, através do mergulho no inconsciente.
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JUNG
A libido é exatamente idêntica à “vontade” de SHOPENHAUER.
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Todo o material é significativo, toda lenda, toda obra é, desse ponto de vista, válida.
“Magico não é nada mais que um sinônimo de psíquico. ”
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MEAD apresenta fotografias de mãos de balineses descansando, que mostram uma
flexibilidade notável: enquanto o ocidental até mesmo no descanso mantém um certo
tônus muscular, as mãos dos Balineses permanecem pousadas frouxamente, quase
abandonadas, em atitude que encontramos nos catatônicos.
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MEAD
A investigação foi de dois tipos: observação de indivíduos e analise de conteúdos.
Primeiro, encontrar representantes da cultura em pauta. Digamos, por exemplo, chineses.
Em seguida, fazer entrevistas individuais, levantando as atitudes, os sistemas de valores,
as biografias, etc... Aplicar testes de personalidade nos indivíduos.
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A análise de conteúdos visava livros, jornais, filmes, etc..., enfim produções da cultura
considerada. Desta maneira, MEAD podia alcançar as “características nacionais”, através
do sistema de referencias simbólicas.
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O conceito de modelo é implícito nesses estudos. Supõe-se que o comportamento
simbólico observado numa faixa de conduta aparecerá também em outras atitudes. A
equipe de MEAD, por exemplo, procede à brilhante descrição das estratégias usadas no
jogo de xadrez pelos russos, vendo nelas um reflexo das estratégias usadas em política
internacional (ou vice-versa).
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Todas as classificações pecam por ser dogmáticas demais, ou esquemáticas demais.
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A projeção é antes de tudo um mecanismo de defesa.
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A projeção no seu aspecto psicológico, consiste sobretudo para o sujeito em atribuir
características suas aos objetos do mundo exterior.
Ex. 1: a chuva parece lagrimas
Ex. 2: estou triste porque chove.
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A projeção tem portanto de ser inconsciente pois o seu objetivo é precisamente escapar
da conscientização de determinada problemática.
Tanto FREUD como seus seguidores não chegaram a construir uma teoria completa sobre
a elaboração simbólica. Sabemos apenas que o simbolismo é a própria linguagem do
inconsciente.
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Toda linguagem é interpretação, toda visão do mundo é simbólica.
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Certos sistemas são mais “práticos” que outros, prestam-se melhor a manipulação
matemática; alguns, pelo contrário, levam a uma atitude de pura contemplação.
Reconhecer no céu figuras fantásticas é subjetivo, isto é, exprime a atividade mental do
indivíduo que as identifica. Mas, aqui, subjetivo não significa o contrário do verdadeiro
[...] não como entidades, mas como expressão de um fenômeno objetivo: a projeção no
mundo exterior do mundo interior.
270
O conceito de projeção, em particular, permite explicar como o homem estrutura o mundo
conforme a sua própria imagem interior

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