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O TRATADO DE VERSALHES E A LIGA DAS NAÇÕES

Por Felipe Estre*

Em 28 de junho de 1919, há exatos cem anos, um dos mais importantes documentos


da história era assinado: o Tratado de Versalhes encerrava oficialmente a Primeira Guerra
Mundial, o mais brutal conflito que já havia assolado a humanidade. Ainda que as pesadas
reparações de guerra impostas à Alemanha sejam normalmente o motivo pelo qual o tratado
é lembrado, esse texto é dedicado à mais relevante inovação introduzida em Versalhes: a
criação da Liga das Nações. Em 1939, porém, apenas vinte anos após a assinatura do
documento, eclodiria a II Guerra Mundial. Teria a Liga, assim, fracassado?
O desenvolvimento tecnológico colocado a serviço da guerra havia causado perdas até
então inimagináveis e feridas que demorariam décadas para cicatrizar. Foi com o objetivo de
afastar o perigo de um novo conflito que uma organização internacional foi criada. Já em seu
preâmbulo, a Liga das Nações institui importantes princípios orientadores: (1) cooperação
para a garantia da paz e da segurança internacionais; (2) repúdio à guerra; (3) manutenção
de relações internacionais fundadas sobre a justiça e a honra; (4) respeito ao Direitos
Internacional. Os articuladores do documento buscavam refundar as relações internacionais
com base em princípios diferentes dos que vigoravam até então: rejeitavam a força como
instrumento legítimo de ação externa, primavam pela cooperação e pela justiça, destacavam
a importância do Direito Internacional.
A inspiração liberal na criação da Liga das Nações era clara. O seu texto fundacional
ressaltava a importância do comércio equitativo entre as nações, reiterava a necessidade de
condições dignas de trabalho, impunha a primazia da solução pacífica de controvérsias. As
ideias de Kant, Rousseau, Montesquieu, Grotius, que tão relevantes foram para a constituição
da sociedade europeia, permaneciam presentes. A maior inovação da organização, contudo,
consistiu no objetivo de reunir os Estados para discutir os principais temas da política mundial
em um fórum institucionalizado e permanente.
Instituições internacionais são capazes de alterar o ambiente de interação estratégica
entre os Estados. Ao promoverem um arcabouço normativo bem definido e procedimentos
claros, instituições promovem estabilidade, sendo capazes de diminuir tensões entre seus
membros, de forma que controvérsias possam ser resolvidas por meio do diálogo, e não da

* Doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo, professor


de Política Internacional do Curso IDEG.
força. Ao criar constrangimentos normativos, ações inconsequentes ou ameaçadoras são
desestimuladas, favorecendo a construção de confiança entre os Estados. Ao criar canais de
comunicação perenes, instituições promovem uma ordem internacional pautada no diálogo
e na paz.
Se instituições têm efeito claramente positivo nas relações internacionais, por que os
Estados a abandonaram e novamente entraram em conflito em 1939? A resposta bastante
conhecida é que interesses egoístas e a política de poder se sobrepuseram à busca de paz e
de estabilidade, relegando a organização à inação. Mesmo quando da invasão de Mussolini à
Abissínia em 1935, em clara violação do Pacto, nada foi feito.
Ainda hoje, porém, Estados possuem interesses egoístas e a política de poder é
presente, mas as Nações Unidas existem há mais de 70 anos sem que haja um conflito global.
O “fracasso” da Liga das Nações mostrou que o preço de ignorar as regras que garantem a
convivência entre as nações pode ser demasiado caro: a II Guerra Mundial ceifou dezenas de
milhões de vidas. A Liga foi importante experimento institucional, sem o qual o sucesso da
Organização das Nações Unidas dificilmente seria alcançado. Ainda que a arquitetura
institucional da ONU seja mais atenta à política de poder, a confiança de que instituições são
necessárias para “livrar a humanidade do flagelo da guerra”, característica da ordem mundial
pós-1945, é herança direta da Liga das Nações.

* Doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo, professor


de Política Internacional do Curso IDEG.

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