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Aberta e a Distância
HISTÓRIA DA ÁFRICA
E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA
Heloísa Maria Teixeira
Universidade
Federal
de Viçosa
Coordenadoria de Educação
Aberta e a Distância
Reitora
Nilda de Fátima Ferreira Soares
Vice-Reitor
Demetrius David da Silva
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CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Diretor
Frederico Vieira Passos
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3 Capítulo HISTÓRIA DA ÁFRICA
A Escravidão na África
1. O parente e o estranho
A comunidade doméstica tinha dois elementos identificadores: de um lado
o parente; de outro o estranho. Os parentes eram homens livres que nasceram e
se desenvolveram conjuntamente, e que estavam inseridos na sociedade tanto
como produtores da sobrevivência do grupo como reprodutores da linhagem.
Isso significa dizer que suas relações de filiação se estabelecem quando ocorre
uma transferência do subproduto de um indivíduo para os mais velhos ou seus
descendentes. Assim, a produtividade determina o parentesco, pois é ela quem
vai garantir a existência física e renovação das gerações (Meillassoux, 1995, p 19-
20). Essa relação é tão forte dentro da comunidade doméstica que, em algumas
regiões, quem não se enquadrar nessa relação dupla de produção e reprodução
pode ser vendido como escravo.
Já os estranhos da comunidade doméstica são aqueles sem nenhuma relação
de parentesco: eles não se desenvolveram no meio social em que se encontram,
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2. Sexualidade e reprodução
Outra característica inerente ao estado de escravo é a sua incapacidade de
reprodução, não apenas social como também natural. Não havia a preocupação
por parte dos senhores em promover casamento entre seus escravos visando
à sua procriação, pois a perpetuação das incursões escravistas se incumbia
de tal reprodução, além de serem muito mais vantajosas economicamente.
O escravo era uma espécie de “potencial-trabalho, que ao ser alimentado se
transformava em energia-trabalho” (Meillassoux, 1986). Dessa forma, era muito
mais interessante para o senhor se aproveitar ao máximo da potencialidade
transformada em energia de trabalho do seu escravo – o que presumia a sua
máxima exploração – impossibilitando, assim, a sua procriação. Dessa forma, a
manutenção da instituição aconteceria pela apreensão de novos elementos por
meio do tráfico.
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o homem).
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SAIBA MAIS: Claude Meillassoux afirma que, em alguns casos, o escravo, estra-
nho, poderia se inserir nessa “nova sociedade”. Nesse caso, a mulher estranha ti-
nha vantagem em relação ao homem, graças ao fato de possibilitar um aumento
na capacidade reprodutora da sociedade em que é inserida; o homem estranho
normalmente era aceito quando se observava algum desequilíbrio de sexos na
comunidade. No entanto, mesmo sendo aceito em determinadas situações, a
progenitura de uma união com um estranho era enfraquecida, pois pertencia
apenas a uma linhagem, ao passo que somente as duas linhagens se tornavam
o elemento essencial de civilização (Meillassoux, 1995 p.25).
3. Origens e punições
A escravidão quase sempre tinha início por meio de violência, que reduzia
a posição de uma pessoa de uma condição de liberdade para a condição de
escravo. O tipo mais comum de violência era a guerra, na qual os prisioneiros
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Na África escravista, existiam os mais diferentes “tipos” de escravos.
Em primeiro lugar, havia o escravo braçal, que constituía a casta mais
baixa deles. Havia também os escravos feudatários, que produziam seu
próprio alimento e de seu senhor nas terras deste, numa espécie de
“escravidão servil”. Aquele que fornecia uma renda em produto, e não
mais em trabalho, constituindo uma aparente família que, no entanto,
sempre dependia da vontade do senhor, era o escravo meeiro.
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surgindo seriam livres. Mas tal tradição poucas vezes saía do campo da teoria;
as gerações oriundas de escravos tinham como herança a escravidão, mesmo
quando libertos a sua descendência escrava falava mais alto.
Com as armas de fogo e cavalos mais rápidos, a presa de escravos era muito
mais fácil, já que ele não tinha como se defender de um fuzil ou correr mais do
que um cavalo. A eficiência e a rapidez com que as guerras passaram a ser feitas
aumentaram demais o número de escravos disponíveis para o comércio, o que
resultou numa baixa de seu preço e de um maior controle dos europeus em
torno do comércio escravista.
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onde vinham os escravos (“interação entre as forças locais e globais”).
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