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5.

Adam Smith
5.7. Teorias do Capital e da Distribuição
(salários, lucros e rendas)

Salários
● salário de subsistência:
- manutenção do trabalhador representa o limite
mínimo do salário; geralmente, é algo maior, para
permitir o sustento da família e a manutenção da
raça de trabalhadores

1
- não é apenas um dado fisiológico, pois há um
crescimento gradual e mudança nos bens
necessários à subsistência e reprodução
- taxa normal para o trabalho menos qualificado é
a mais baixa que se coaduna com o “mínimo
humanitário”

● dois mecanismos atuam para determinar que o


nível de subsistência seja o preço natural:
- relações de força entre proprietários de capital e
trabalhadores, com posição mais vantajosa para
os primeiros (ver item 5.3)

2
- movimento de crescimento demográfico em
resposta a aumentos de salário e declínio
demográfico com salários abaixo da subsistência
- não considera a diversidade de tempo envolvida
nos dois mecanismos, nem a ineficácia total do
movimento demográfico para superar divergências
de curto prazo entre salário de mercado e preço
natural

● negociação afeta salários:


- salários normais dependem de contratos

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- com crescimento econômico e maior demanda
por trabalho, aumenta poder de barganha dos
trabalhadores

● crescimento econômico tende a elevar os


salários, reduzindo os lucros
- provoca uma concorrência entre patrões, que
voluntariamente violam o natural conluio patronal
para que não se elevem os salários
- salários altos refletem o crescimento da demanda
por trabalho e não o nível dessa demanda (importa o
incremento da riqueza e não sua extensão efetiva)

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- demanda por trabalho (acumulação) associada a
utilização do excedente como fundo de salários
- fundo compõem-se de um excedente de renda e
de um excedente de capital
- fundo pode ser aumentado de um ano a outro;
dividido pelo número de trabalhadores determina a
média do salário anual
- aumento dos salários causa um aumento da
população
● erro de revisão em Brue (p. 76): “há um estoque
de capital de giro fora do qual os salários atuais
são pagos”

5
● como os salários são a renda da parte mais
numerosa da população, seu aumento (como
preço natural do trabalho) é um elemento
essencial (e desejável) da prosperidade pública
- melhoria das condições econômicas das classes
sociais mais pobres é uma vantagem para a
sociedade
- a melhora da condição econômica da maioria
nunca pode ser considerada uma inconveniência
para o todo

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- é uma questão de justiça: aqueles que
alimentam, vestem e abrigam a todas as pessoas,
deveriam ter uma cota da produção dos seus
próprios trabalhos para serem eles mesmos bem
alimentados, vestidos e abrigados
● efeitos do crescimento a curto e longo prazos:
- a curto prazo, salário eleva-se acima do preço
natural, o que estimula aumento da população até
reconstituir o mesmo nível natural
- efeito duradouro, ao longo de extenso período,
quando o acúmulo de riqueza na sociedade permite
um aumento permanente no nível natural do salário

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● remuneração generosa do trabalho é efeito
necessário e sintoma natural da riqueza nacional
em expansão
- manutenção deficiente dos trabalhadores pobres
é sintoma natural de uma situação estacionária
- condição de fome dos trabalhadores é sintoma
de que o país está regredindo
● salários mais altos aumentam a produtividade
do trabalho, sendo fator de progresso
- aumentam a saúde e a força dos trabalhadores;
estimulam-no a fazer melhor seu trabalho porque
dão esperanças de uma vida melhor

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- é errônea a tese de que preços baixos estimulam
a ociosidade
- precursor da teoria moderna (novo-keynesiana)
dos salários de eficiência
● na Grã-Bretanha de então, os salários eram
superiores ao mínimo necessário ao trabalhador e
sua família
● salários não podem elevar-se demasiado, pois a
mesma causa de sua elevação (acumulação =
aumento de capital) aumenta a produtividade e “faz
com que uma quantidade menor de mão-de-obra
produza uma quantidade maior de trabalho”
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● taxa natural inclui compensações por riscos e
condições particulares (insalubres, perigosas, que
requerem formação, etc.) de trabalho
- trabalhadores são livres para escolher e trocar
seu emprego; diferenças entre os tipos de
emprego são compensadas
● o valor do salário real para diferentes empregos
(estrutura salarial) varia de acordo com 5 fatores:
- agradabilidade do trabalho (árduo, sujo, perigoso)
- custo da aquisição do conhecimento e das
técnicas (ganhos devem pagar esse custo)
(noção da teoria moderna do capital humano)

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- regularidade do emprego (relação inversa com
salário)
- grau de confiabilidade e responsabilidade
exigidas (médicos, joalheiros, advogados)
- probabilidade de sucesso (relação inversa com
salário)
● diferenças salariais também ocorrem por causas
políticas:
- limita a concorrência em alguns empregos,
outorgando privilégios a corporações que exigem
longo aprendizado e restringe o número de
aprendizes (normas são impertinentes e opressivas)

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- aumenta a concorrência em algumas profissões,
oferecendo subsídios para sua formação (clero,
letrados e professores)
- dificulta a circulação livre da mão-de-obra (e
consequentemente do capital)

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Lucros
● quando ocorrem antecipações de valores para
matérias-primas, instrumentos e subsistência dos
trabalhadores, uma parte do produto deve caber
ao capitalista, na forma de lucro
- o lucro é proporcional ao montante do capital

● o capital, reunindo um grande número de


trabalhadores, amplia a divisão do trabalho dos
empregados e proporciona a esses melhores
máquinas
- contribui para o aumento da produtividade

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- forma capitalista destinada a ser a forma
dominante
● a taxa de lucro de um negócio ou setor é difícil
de ser estimada; lucro flutua muito, pois depende
de preços, concorrência, sem-número de eventos
- mas ela pode ser inferida a partir da taxa de juros
● a taxa de juros é o melhor indicador para se
considerar o nível natural da taxa de lucro
- onde se obtém grandes lucros recorrendo-se ao
uso do dinheiro, pagar-se-á igualmente uma boa
quantia para utilizá-lo

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- o juro é uma dedução do lucro; seu valor é
geralmente mais baixo

● acumulação tem efeito de reduzir a taxa natural


de lucro a longo prazo (além de elevar a taxa
natural de salários)
- de mesmo modo que num setor específico a taxa
de lucro cai quando capitais afluem para ele,
também o aumento do capital em todos os setores
provoca uma queda da taxa geral de lucro

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- explicação de Smith não atenta para o fato de
que num setor o afluxo de capital rebaixa a taxa
de lucro provocando uma queda nos preços
relativos desse setor em relação ao resto do
sistema; para o conjunto do sistema, não faz
sentido a taxa de lucro cair desse modo
- reflexão de Smith coloca o problema da
tendência à queda da taxa de lucro e do estado
estacionário (tema que provém de Hume e está
presente em Ricardo, Marx e Mill)

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● em sociedades opulentas (em crescimento), a
taxa natural dos lucros tende a ser menor,
enquanto a taxa natural dos salários tende a ser
maior, ambas relativamente às sociedades mais
pobres
- os preços naturais têm assim composição
diferente, mas não serão necessariamente
diferentes, pois a baixa taxa de lucro compensa os
altos salários
- na realidade, taxas elevadas de lucro tendem a
elevar os preços mais do que salários altos o fazem

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● num país que alcançasse a máxima riqueza
possível, compatível com seu solo, clima e
localização, e não estivesse regredindo:
- lucros e salários seriam muito baixos
- juros seriam tão baixos que somente as pessoas
muito ricas poderiam viver deles
- mas tal país nunca existiu

● a taxa mínima de lucro deve ser o suficiente para


compensar os riscos de perda do investimento
- o lucro bruto inclui esse mínimo (compensação por
qualquer perda) e um excedente (lucro líquido)

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● os juros são proporcionais somente ao lucro
líquido
- analogamente ao lucro, a taxa mínima de juros
deve ser algo mais do que o suficiente para
compensar risco de perdas
- a proporção entre taxa de juros e taxa de lucro
aumenta com a taxa de lucro
● a taxa máxima de lucro pode ser tal que absorva
todo o excedente (produto não paga renda)
● na comparação entre setores, os lucros são
menos variáveis que os salários, pois somente

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duas circunstâncias que diferenciam os salários
provocam também diferenças nos lucros (caráter
da ocupação e risco ou segurança)
- numa mesma sociedade ou proximidades, as
taxas normais e médias de lucro devem estar mais
niveladas do que os salários em dinheiro dos
diversos tipos de trabalho

● com o progresso da riqueza, observa-se uma


relação inversa entre lucros e salários e de ambos
com a renda da terra

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Renda da Terra
● participa na composição do preço de um modo
distinto de salários e lucros:
- salários e lucros altos ou baixos são causa de
preços altos ou baixos; uma renda alta ou baixa é
sempre conseqüência de preços altos ou baixos
- assim, os preços da produção agrícola
determinam o valor da renda (resíduo)

- essa perspectiva é contraditória com a


proposição da renda como um custo primário que
constitui o valor do produto
21
● explicada, inicialmente, como uma renda de
monopólio (renda absoluta)
- é um nível máximo, pois o proprietário está em
condições de conseguir toda parte do valor do
produto da terra que excede a reconstituição do
capital com lucro (taxa natural)
- representa um custo de oportunidade para o
proprietário

● aceitação da renda da terra leva Smith a uma


justificativa peculiar, com uma tese de sabor
fisiocrático:

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- o trabalho empregado na agricultura é o mais
produtivo entre todos os trabalhos, pois é capaz
de reproduzir a subsistência, produzir um lucro e
ainda uma renda
- tese do monopólio fica prejudicada, pois a renda
fica atribuída a uma maior produtividade da
agricultura e não a um funcionamento insuficiente
do mecanismo competitivo
● os produtos da terra se dividem entre os que
sempre proporcionam renda (alimentos) e os que
às vezes proporcionam e às vezes não (materiais
para vestuário e moradia, minerais e metais)

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- a renda gerada na terra que produz alimentos
regula a renda da maioria das outras terras

● renda depende também da localização e da


fertilidade, natural ou artificial (renda diferencial)
- Smith contudo não adotou de modo generalizado
a noção de rendimentos decrescentes para a
agricultura (expressas por Petty e Turgot)
- advoga a noção de rendimentos crescentes
(maior fertilidade artificial, produtos mais
elaborados) em sentido histórico

24
5.8. Acumulação, Crescimento
e Prosperidade Social
● crescimento econômico havia preocupado:
- mercantilistas: depende de políticas estatais, não
se considera um processo de crescimento
econômico movido por forças autônomas
- fisiocratas: crescimento depende do tipo de despe-
sas que são feitas com o produto líquido; excedente
agrícola deve reverter para acumulação na agricul-
tura; estabelecimento pleno da agricultura capitalista
= estágio máximo de expansão da riqueza

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● Livro segundo de RN:

“A Natureza, o Acúmulo e o Emprego do Capital”

- Introdução
- Cap. III – A Acumulação de Capital, ou o
Trabalho Produtivo e o Improdutivo

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Esquema do desenvolvimento econômico
● a divisão do trabalho: (a) aumenta a
produtividade e (b) estimula a mecanização (que
aumenta a divisão do trabalho, etc.)
● o aumento da produtividade: aumenta a
produção nacional e o excedente (lucros e renda
da terra) disponível como poupança para o
acúmulo de capital
● toda a poupança (renda não consumida) se
transforma em investimento (acumulação)

27
● o aumento da produção nacional (salários +
lucros + rendas) amplia o mercado e permite
maior divisão do trabalho (que aumenta a
produtividade, etc.)
● todo capital acumulado se apresenta como
fundo de reserva para empregar novos
trabalhadores, o que: (a) aumenta o emprego e (b)
eleva os salários (que aumentam a produtividade,
etc.)
● a demanda de homens regula a produção de
homens

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● aumentos de capital e trabalho empregados
elevam continuamente a produção nacional (e a
acumulação) = prosperidade, riqueza da nação

● expressão algébrica do crescimento:

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Produtot1 . w/p = Kt1
Produtot1 . e/p . a/e = ∆Kt2
Kt2 = Kt1 + ∆Kt2 Kt2 . p/w = Produtot2
Produtot2 > Produtot1 Kt2 > Kt1
onde: K: estoque de capital a cada período t
- ∆K: variação do estoque de capital a cada período t
- p e w: preço do produto médio por trabalhador e
salário médio
- a e e: valores unitários médios de excedente
acumulado e total do excedente bruto (e = l + rt)
30
● características da teoria smithiana do
crescimento:
- identificação da acumulação com fundo de
salários e aumento do emprego
- ênfase na especialização e na relação desta com
o tamanho do mercado
- importância do setor manufatureiro (maior campo
para DT, mais oportunidades de acumulação,
demanda mais elástica)
- papel central da taxa de acumulação de capital:
determina o crescimento da produtividade, do
produto e da população

31
Trabalho produtivo, trabalho comandado e
acumulação

● conceito de trabalho comandado torna-se


importante no contexto da teoria do crescimento
- embora apresente problemas como determinante
do valor de troca, pode bem servir como medida
dos valores
- pode medir o produto líquido, apontando as
possibilidades de expansão do sistema

32
● trabalho produtivo: produz além do valor da
subsistência, um valor adicional (produto líquido
apropriado como lucro e renda da terra)
- pode ser definido como o trabalho que gera um
produto pelo qual o trabalho comandado é
superior ao trabalho contido
- o valor de uma mercadoria, medido pelo trabalho
comandado, indica contribuição possível que ela
pode dar para a ampliação do processo produtivo
através do aumento da ocupação

33
- para que essa contribuição se realize, é preciso
que as rendas recebidas por capitalistas e
proprietários fundiários sejam acumuladas
● acumulação depende de uma relação de troca
que existe no conjunto do sistema econômico:
entre a produção anual (trabalho contido) e o
trabalho que pode comandar
- se o trabalho social realizado foi produtivo e se o
excedente gerado for poupado (= novo capital),
então a troca entre produto social e trabalho
comporta um crescimento sistemático da quantidade
de trabalho lançada no sistema econômico

34
● para Smith, a acumulação do capital se
desdobra, totalmente, na antecipação de meios de
subsistência a trabalhadores produtivos adicionais
- todo valor poupado deixa de ser consumido por
uma classe (criados e hóspedes ociosos) para ser
consumido por trabalhadores, que reproduzem com
um lucro líquido o que anualmente consomem
- o valor dos meios de produção não é
considerado na teoria da acumulação como
parcela do capital acumulado

35
- ponto de vista semelhante ao desdobramento do
valor das mercadorias em três formas de renda
“em última análise”
- pode-se sustentar que os meios de produção
requerem emprego de trabalho para serem
produzidos e que seu valor desdobra-se também
em salários “em última análise”

● a transformação do excedente em fundo para


manutenção dos trabalhadores produtivos,
ampliando sistematicamente o valor da produção
social, é o meio pelo qual o aumento populacional

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se transforma em aumento do número de
trabalhadores assalariados, dotados de renda (ao
invés de indivíduos pobres)
- além de aumentar os salários de mercado e
possivelmente o preço natural do trabalho, isso
(acumulação) evitaria a crise típica da sociedade
senhorial estacionária; o consumo senhorial não
absorve o aumento populacional

37
Trabalho produtivo e trabalho improdutivo
● alocação do novo emprego (correspondente ao
acréscimo do fundo de salários – oriundo da renda
ou da poupança) entre trabalho produtivo e
improdutivo é crucial para a possibilidade e a
intensidade do crescimento econômico

● distinção entre os tipos de trabalho:


- acrescenta valor ao produto (gera rendimentos
para os proprietários) ou não o faz
- produtivo: produz coisas com valor de mercado,
mercadorias (artesãos, fabricantes e mercadores)

38
- improdutivo: produz serviços, especialmente para
os que vivem de renda (reis, soldados, sacerdotes,
advogados, médicos, escritores, jogadores,
palhaços, músicos, cantores, dançarinos, etc.)

● a questão principal em Smith é a capacidade do


trabalho de gerar excedente, pois é isso que
condiciona a acumulação e o crescimento
econômico
- quer distinguir os trabalhadores que contribuem
para o processo de acumulação daqueles que
vendem serviços para pessoas ricas ou ao governo

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- isso aparece relacionado à materialidade da
produção, pois os gastos de consumo da renda
pelas classes proprietárias geram empregos de
serviços
- esses serviços se esgotam na sua realização,
aumentando o conforto dessas classes
- não criam valor novo superior aos salários; estes
são receitas que correspondem ao mero dispêndio
de renda
- é discutível se, pelo critério de Smith, um
empresário que monta um circo e obtém lucros
está empregando trabalhadores produtivos

40
● problema na apresentação de Brue (p.83):
- distinção entre trabalho produtivo e improdutivo
citada como “um fator adicional” que poderia
impulsionar o crescimento
- embora defina como produtivo o trabalho que
acresce valor, o autor coloca em primeiro plano a
questão da materialidade da produção
- bens materiais: podem ser acumulados e assim são
meios potenciais do aumento da riqueza
- serviços: são apenas momentâneos, são úteis mas
não podem ser acumulados
- perde de vista a questão central da distinção entre
os tipos de trabalho

41
Limites ao crescimento econômico
● acumulação poderia prosseguir até um estágio
de prosperidade máxima possível, dadas as
condições naturais e recursos da nação
- acúmulo de grande riqueza reduz lucros e juros
- situação estacionária reduz salários

● limites a longo prazo: recursos naturais limitam


crescimento demográfico

● limites a curto prazo: decorrem de fatores


políticos (institucionais)

42
Prosperidade e harmonia social

● bem-estar humano:
- identificado com a quantidade do produto anual,
em relação com a população
- composição do produto que melhor corresponde
às necessidades e aos desejos dos que compram
- realizado pelas forças econômicas que provém da
motivação espontânea de enriquecimento pessoal

● harmonia social

43
- uma ordem natural é subjacente ao aparente
caos da economia mercantil: a busca do interesse
próprio dos capitalistas e negociantes, dos
consumidores e dos trabalhadores – restrita
unicamente pela concorrência – conduz a
finalidades não intencionais, que são a maior
provisão de bens aos melhores preços para toda a
sociedade
- livre concorrência elimina lucros excessivos,
encaminha os recursos para as melhores
aplicações, que refletem a demanda efetiva, e
levam a produção e crescimento máximos

44
● em vários momentos Smith reconhece
interesses contraditórios:
- divisão do produto do trabalhador, pela condição
de propriedade do capital e da terra (colher onde
não plantaram)
- governo civil presta-se a defesa do rico contra o
pobre
- nível efetivo dos salários depende de luta e
negociação, num conflito em que os capitalistas
têm ampla vantagem
- torpor mental e idiotia dos trabalhadores
submetidos à divisão do trabalho

45
● contradição de interesses revela-se secundária
ou superficial no contexto de uma economia
concorrencial que oferece a todos oportunidades
de melhoria

● Smith concilia uma teoria do salário de


subsistência (taxa natural) com benefícios aos
trabalhadores pelo crescimento, diferente dos
outros economistas clássicos

46
● imaginou um cenário otimista para o
crescimento econômico e o progresso humano
- a “sociedade comercial” correspondia ao estágio
mais avançado da evolução humana
- os limites finais estavam longe de opor
verdadeiros obstáculos ao crescimento
- a trajetória de expansão é vislumbrada sem
crises e ciclos econômicos, sem superprodução,
desemprego ou excesso de capital
● tarefa da Economia Política: indicar os meios
para alcançar dois objetivos – enriquecer o povo e
o soberano
47
5.9. Estado e Liberalismo
● grande parte da RN é dedicada à argumentação
contrária ao mercantilismo (27%) e ao tratamento
das receitas e despesas públicas (30%)
- outros temas: produção e distribuição, 29%;
acumulação, 10%; diversidades nacionais e
históricas, 4%
● isso indica o sentido normativo da teoria
econômica de Smith: identificação das forças que
mais promovem o bem-estar para recomendar
políticas conformes
48
● análise crítica do mercantilismo e da fisiocracia,
conclui com a postulação do melhor sistema econômico
“tendo sido completamente afastados todos os sistemas
de preferência ou de restrição, o sistema óbvio e simples
da liberdade natural se estabelece por si mesmo. Todo
homem... fica perfeitamente livre para buscar seus
próprios interesses, à sua própria maneira, e para
concorrer, com sua capacidade e com seu capital, com a
capacidade e o capital de outros homens ou tipos de
homem. O soberano fica completamente livre do... dever
de supervisionar a capacidade particular das pessoas e
de dirigi-la para as finalidades mais adaptadas ao
interesse da sociedade”.

49
● o sistema da liberdade natural promove o maior
valor possível de todas as rendas, o que
representa o maior valor possível da produção
nacional

● a intromissão do governo na economia é


geralmente desnecessária e indesejável, em vista
dos melhores resultados econômicos e da
harmonia natural que se estabelecem com a livre
concorrência
- indivíduos julgam melhor seu próprio interesse
na realização de despesas e emprego de capital

50
- autoridade pública não é confiável
- governos são esbanjadores, corruptos, ineficientes
- os privilégios (protecionismo externo,
monopólios) concedidos prejudicam a sociedade
- ações econômicas do governo são ilegítimas
frente à ordem natural

● papel do Estado é significativo, embora limitado


a três funções (três categorias do gasto público):

1) proteger a sociedade da violência e invasão


externas

51
2) oferecer uma perfeita administração da Justiça
(proteger, na medida do possível, todo membro da
sociedade da injustiça e da opressão de qualquer
de seus membros)

3) fazer e conservar certas obras públicas, cuja


criação e manutenção nunca despertariam o
interesse de qualquer indivíduo ou grupo de
indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as
despesas que teriam, embora tais despesas
pudessem beneficiar e reembolsar a sociedade
como um todo

52
● erro (tradução?) em Brue (p.72):
- há uma confusão no enunciado da terceira
função do governo: “elevar e manter os trabalhos
e as instituições públicas a fim de que os
empresários privados não possam tentar obter
lucros excessivos”

● gastos com obras e instituições públicas dividem-


se em três tipos: (1) obras destinadas a facilitar o
comércio (ruas, portos, canais, pontes, correios,
cunhagem, etc., mas não a proteção de entrepostos
comerciais); (2) gastos para educação da juventude

53
e instrução religiosa dos homens; (3) gastos com a
sustentação do soberano

● aspectos da ação do Estado:


- lei deve fazer cumprir os contratos
- controle da emissão de papel-moeda pelos
banqueiros (mesmo que pudesse ser considerada
violação da liberdade natural)
- controle legal sobre a taxa de juros é aceitável,
desde que fixada um pouco acima das taxas mais
baixas do mercado, para promover apenas os
projetos benéficos

54
- garantia da segurança do locatário agrícola, que
promove melhoramentos e investimentos na terra
- patentes e direitos autorais aceitáveis, com
duração limitada

● gastos com educação pública são necessários


para neutralizar os efeitos negativos da divisão do
trabalho

● financiamento dos gastos públicos é diferenciado


(toda coletividade X diretamente beneficiados)
conforme o alcance dos benefícios que propicia

55
● somente as receitas de impostos têm vulto para
fazer face aos gastos de “um Estado grande e
civil” (receitas patrimoniais são insuficientes e
inadequadas); as três máximas de Smith sobre os
impostos:

1) súditos devem contribuir na proporção de sua


capacidade contributiva, isto é, na proporção da
renda de que cada um goza sob a proteção do
Estado

56
2) impostos devem ser definidos e não arbitrários
com relação ao valor, ao tempo de pagamento,
modo de pagamento, na forma mais cômoda para
o contribuinte

3) menor custo possível para a arrecadação

● os impostos são sempre pagos a partir de uma


das três formas últimas de rendimento (salário,
lucro e renda da terra)
- Smith discute qual a melhor incidência,
classificando os impostos em quatro tipos:

57
- os três que incidem especificamente sobre cada
forma de rendimento e um quarto tipo que incide
indistintamente sobre as três
- imposto sobre a renda da terra é sempre
preferível por ser o que menos perturba o
processo de formação da riqueza; não há prejuízo
algum para atividade econômica

● com salários no nível “natural” e os lucros


destinados à formação do capital, a posição mais
racional é tributar essencialmente a renda
fundiária

58
● condenação do crescimento da dívida pública e
seu serviço

● tamanho excessivo do Estado pode levar ao


declínio da riqueza da nação
- pode consumir uma parcela tão grande da
produção anual, a ponto de não deixar o suficiente
para manter os trabalhadores produtivos
- porém, na maioria dos casos, o esforço pessoal
no sentido de melhorar sua condição é
suficientemente poderoso para manter “o curso
natural das coisas em direção à melhoria”

59
● características do liberalismo de Smith:
- resulta de filosofia moral pela qual o egoísmo
está subordinado à simpatia; implica um respeito
ao sentimento dos outros
- não há dogmatismo: não há uma “liberdade
natural” anterior ou acima do convívio social
(critério geral de benefício da sociedade)
- reconhece o papel do Estado (garantia da
riqueza acumulada pelo trabalho – Locke)
- somente em sociedade as pessoas podem existir
- o Estado é a garantia da Justiça e da liberdade
no convívio social; é socialmente útil

60
- o liberalismo tem um objetivo e está
condicionado a ele (favorecer o crescimento da
riqueza nacional)

● mas o que diria Adam Smith sobre a regulação


financeira nacional e internacional na atualidade?
- como Smith poderia explicar a atual (2009) crise
financeira?
- podemos extrair algumas idéias da análise feita
pelo autor sobre as crises bancárias na Escócia,
durante meados do século XVIII

61
Adam Smith e a
crise financeira
● Smith quer limitar a emissão de moedas
privadas pelos bancos e restringir sua
circulação
● o pai da economia admite:
“é preciso violar a liberdade natural para
impedir a propagação do incêndio”

62
● Smith analisou uma crise bancária na Escócia
- houve a falência um grande banco emissor, que
descontava quaisquer letras-de-câmbio do
comércio e notas bancárias (L.II, cap.2)
- a carteira ruim do banco concentrou os créditos
insolventes, o que permitiu a sobrevivência dos
outros bancos importantes
- “as falências freqüentes, às quais devem estar
sujeitos os banqueiros em situação precária,
podem gerar um inconveniente muito grande, e às
vezes até uma calamidade imensa para muitas

63
pessoas pobres que tivessem recebido suas notas
promissórias em pagamento.”

● propôs a limitação da emissão de papel-moeda


pelos bancos restringindo-a às cédulas de valor
maior que 5 libras
- também limitar a circulação das moedas privadas
(letras, papel-moeda bancário, notas promissórias),
restringindo-a entre os comerciantes, bancos e
banqueiros

64
- com isso seria possível poupar numerário sem
incorrer em riscos e práticas de multiplicação
fictícia de valores denominados em dinheiro

● Smith propõe um regulamento bancário e admite


que isso é uma violação da liberdade natural:

65
“Poder-se-á alegar que impedir particulares de
receber em pagamento as notas promissórias de
um banqueiro, qualquer soma que fosse, grande
ou pequena, quando estão dispostos a aceitá-las
ou impedir um banqueiro de emitir tais notas
quando todos os seus vizinhos desejam aceitá-las,
é uma violação manifesta da liberdade natural,
que constitui o próprio objetivo da lei, não infringir,
mas apoiar.

66
Sem dúvida, tais regulamentos podem ser
considerados sob certo aspecto uma violação da
liberdade natural. Todavia, tais atos de liberdade
natural de alguns poucos indivíduos, pelo fato de
poderem representar um risco para a segurança de
toda a sociedade, são e devem ser restringidos pelas
leis de todos os governos; tanto dos países mais
livres como dos mais despóticos. A obrigação de
erguer muros refratários, visando a impedir a
propagação de um incêndio, constitui uma violação
da liberdade natural, exatamente do mesmo tipo dos
regulamentos do comércio bancário aqui propostos.”
(p.280)

67
5.10. Teoria das Vantagens Absolutas
no Comércio Internacional
● harmonia de interesses também se estabelece
no comércio internacional
- deve-se deixar a concorrência livre de restrições
- riqueza das nações vizinhas é vantajosa no
comércio, embora possa ser perigosa na guerra
- em tempo de paz, trocam maiores valores pela
produção nacional e ampliam seu mercado

68
- mercado externo permite ampliar a divisão do
trabalho e escoar a produção excedente, trazendo
de volta produtos pelos quais há demanda

● nações devem especializar-se nos bens em que


produzem com vantagens de custos, para trocar
por mais bens produzidos com vantagem por
outras nações
- é sempre preferível importar mercadorias com
menores preços do que seriam obtidos com
produção interna

69
● conceder o monopólio do mercado interno à
indústria nacional (restrição às importações) é
inútil ou prejudicial
- inútil, se produção nacional for tão barata quanto
a importada
- prejudicial, se obrigar compra de mercadorias
mais caras

● argumento teórico contra a concessão de monopólio:


- vantagem dos produtores nacionais reflete-se em
maior volume de capital e trabalho empregados no
setor protegido

70
- mas a mudança na composição da atividade
econômica aí implicada não pode ser julgada
vantajosa para a nação em seu conjunto; porque:
- a disposição legal não tem a capacidade de
ampliar a ocupação total além da atividade
compatível com o tamanho do capital da
sociedade
- somente a liberdade individual conduz os
capitais às aplicações com lucro máximo e
portanto com máxima formação da renda nacional

71
- qualquer disposição legal que conduza a uma
aplicação de capital distinta diminui a renda
nacional

● objeção ao argumento (aventada por Smith):


- restrição pode ser útil porque, decorrido certo
tempo, a mercadoria pode ser produzida
internamente em condições iguais ou mais
vantajosas que as atuais
- corresponde ao argumento da indústria
nascente, de List – escola histórica alemã; réplica
de Smith é simples e dogmática

72
- nenhuma restrição que tem por efeito imediato a
redução dos lucros pode dar origem a um
aumento de capital superior ao que seria obtido
sem a restrição
- a atividade econômica da nação (o novo setor
que se pretenderia estimular) pode aumentar
unicamente em proporção ao aumento de seu
capital; que se amplia exclusivamente em função
da poupança; que aumenta unicamente em função
do aumento do lucro

73
● duas situações em que as restrições às
importações são admissíveis:
- proteger indústria essencial para a defesa
nacional (defesa dos Atos de Navegação, ainda
que desfavoráveis ao comércio exterior e ao
desenvolvimento da riqueza que dele possa
derivar)
- restabelecer condições de paridade, quando há
imposto sobre produção interna, com tarifa sobre
importado

74
● duas situações em que as restrições às
importações são passíveis de discussão: (a)
conflitos com protecionismo estrangeiro e (b)
restabelecimento de livre comércio externo após
período de restrições

● subsídio às exportações traz desvantagens, por


estimular saída de mercadorias que atenderiam ao
consumo interno
- preços internos se elevam
- sociedade paga duas vezes: custo do subsídio e
alto preço no mercado interno

75
● tese da liberdade comercial de Smith tinha em
vista especialmente as relações da Grã-Bretanha
com França e Países Baixos
- representava uma proposição científica para a
promoção da riqueza
- Smith não acreditava em sua aceitação pacífica,
devido aos interesses de capitalistas e operários
dos setores beneficiados com as restrições (forte
pressão sobre o parlamento)

76
Impasses da abordagem smithiana do comércio
exterior
● conveniência de importar sempre que se
produza internamente a um custo superior
- pode conduzir a situação de um país que nada
devesse produzir
- Ricardo supera a dificuldade do argumento
smithiano, estabelecendo que, mesmo no país em
que qualquer tipo de produção tivesse custos
superiores, haveria ganhos no comércio exterior,
via a especialização desse país nas linhas de
produção em que a desvantagem fosse menor

77
● proteção comercial para indústria nascente:
- argumentação de Smith não é conclusiva: a
redução dos lucros a curto prazo não exclui a
possibilidade de ganhos futuros que compensem
amplamente as perdas iniciais
- discussão teórica posterior aponta uma estrutura
internacional dos custos de produção como
dependente de condições naturais (dotações de
recursos) e também históricas (quantidade e
qualidade dos recursos já acumulados)

78
- comércio internacional completamente livre
tende a perpetuar a situação dada, podendo
desestimular o desenvolvimento de determinados
países
- é perfeitamente questionável a legitimidade da
divisão internacional do trabalho

79
5.11. Observações finais sobre Smith
● uma reflexão sobre o pensamento de Smith em
seu conjunto passa a impressão de que nenhuma
problema foi resolvido satisfatoriamente pelo
economista escocês:
- dificuldades lógicas na teoria do valor
- determinação conceitual da renda nacional
(identificada com o valor da produção)
- mecanismo do desenvolvimento capitalista, pois
formação de capital identificada com antecipações
salariais

80
- queda da taxa de lucro, devida à condições que
fazem sentido apenas para indústrias particulares
- origem da renda absoluta
- fundação do liberalismo econômico na simples
identificação do interesse privado com o coletivo
(Napoleoni)

● entretanto, o fundamental em Smith é:


- organização de quase todos os problemas
econômicos, objetos da reflexão científica anterior
e subseqüente, em um único corpo teórico

81
- aproximação impressionante da natureza da
nova economia nascente, movida pela classe
capitalista, identificada como cidadã do mundo,
que unifica as diversas nações na busca da
ampliação da produção
- é o verdadeiro pai da Economia: dele partem
todas as linhas de pesquisa subseqüentes; todos
deveriam fazer face às questões por ele colocadas
e não resolvidas

● diferença entre Smith e teoria neoclássica


(individualismo, egoísmo e natureza humana)

82
- em Smith, predomina na natureza humana o
sentimento de simpatia, que favorece o convívio
social; o egoísmo é um dos traços morais do
homem, encontrando na esfera econômica seu
campo adequado, com o melhor benefício para a
sociedade
- perspectiva neoclássica: desprovida de
considerações morais efetivas e amplas, toma o
comportamento egoísta (homo economicus) como
uma aproximação válida do comportamento real
em questões econômicas

83
- teoria neoclássica buscou explicar outras questões,
a partir do mesmo padrão de comportamento
“econômico” (casamento e eleições)

84

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