Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
2014 - Em parceria com os Institutos Lactec, a FCV traz para Maringá o Mes-
trado Profissional em Desenvolvimento de Tecnologia.
2015 - Mais dois novos cursos passam a integrar a oferta de cursos superio-
res, os Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos e Tecnólogo em Marketing.
De lá pra cá, foram muitas as lutas para garantir a qualidade de ensino e inovação.
SUMÁRIO
Fluxo real........................................................................................................................................32
EQUILÍBRIO DE MERCADO.............................................................................................. 52
A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio ....................................................52
Exportações ......................................................................................................................... 81
Déficit público..............................................................................................................................100
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 139
Balanço de pagamentos...........................................................................................................151
CONCLUSÃO 158
REFERÊNCIAS 161
UNIDADE 1
Introdução à economia e à
microeconomia
Plano de Estudo
• Conceito de economia
• Os problemas econômicos fundamentais
• Sistemas econômicos
• Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e
monetários
• Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores
de produção
• Introdução à microeconomia
• Demanda de mercado
• Distinção entre demanda e quantidade demandada
• Oferta de mercado
• Estrutura de mercado
• Características das estruturas de mercado
UNIDADE I - Economia
INTRODUÇÃO
Para você que se pergunta o porquê de estudarmos economia, iniciaremos esta unidade
contando a história de um gestor de uma empresa brasileira, o Sr. Augusto, que em seu
frigorífico, exportador de carne bovina. Em seu dia a dia teve de aprender a tomar deci-
sões com base no comportamento da economia para, assim, alcançar sempre os melhores
resultados para a empresa. A história de Augusto nessa empresa não se iniciou agora, mas
há 31 anos, portanto ele já passou por quase todas as situações possíveis até o momento.
Vamos, então, analisar, passo a passo, tudo o que vive esse homem e sua empresa.
e/ou serviços e um consumidor procura por bens e/ou serviços. Portanto, no caso do mer-
próprio frigorífico, que é o responsável pela oferta. A interação entre esses dois agentes,
sobe, a demanda tende a diminuir. O frigorífico reage ao contrário, pois estará disposto
15
UNIDADE I - Economia
a ofertar mais quando o preço estiver mais alto. É claro que essas situações são simplifi-
cações do que realmente ocorre no mercado, pois existem outros diversos fatores que
Para a maioria dos produtos, inclusive carne bovina, a renda dos consumidores, o preço
que ocorra um aumento na demanda, ou seja, consumidor com mais dinheiro consome
mais. Mas o Augusto percebeu que quando a renda da população estava aumentando,
Ele percebeu que o consumo de carne “de segunda” diminuía enquanto o consumo da
carne “de primeira” aumentava quando a população estava com a renda mais elevada.
Nesse caso, estamos nos referindo aos bens normais (carne de primeira), que são mais
consumidos quando a renda se eleva, e aos bens inferiores (carne de segunda), que, nesse
caso, são menos consumidos. Augusto percebeu que diante de tal situação deveria dar um
tom de maior nobreza aos produtos que sofriam queda no consumo quando a população
16
UNIDADE I - Economia
estava ganhando mais. Por isso, hoje em dia é comum vermos embalagens mais valo-
rizadas, carnes com recheios, cortes que há alguns anos não eram comuns. Outro fator
bovina são todas as outras carnes, por exemplo, a carne de frango, de porco etc. Se acaso
houver uma redução, por qualquer que seja o motivo, no preço da carne de frango, haverá
provável redução na demanda por carne de vaca, isto é, com o preço do frango em baixa,
bovina por carne de frango. O contrário também pode ocorrer: se o frango, por algum
motivo, encarecer, os consumidores irão preferir o consumo da carne bovina. Vimos aqui
os fatores que influenciam na demanda, porém existem fatores que também influenciam
na oferta, ou seja, que fazem o frigorífico colocar muita ou pouca carne à disposição do
mercado.
17
UNIDADE I - Economia
produção em alta faz com que Augusto recue sua produção, pois sabe que com o custo
proporcional à oferta, já que, com dadas melhorias, a produtividade se eleva. E, por fim,
Augusto precisa se ater aos concorrentes, pois quanto mais empresas houver no mercado,
maior será a oferta de produtos, o que pode causar impacto em seus resultados.
A estrutura do mercado
Existe um fator importantíssimo na análise de mercado que não pode ser negligenciado:
vas empresas ao mercado. Mas, no que isso influencia na atuação da empresa? Quanto ao
número de empresas que compõem o mercado, quanto mais concorrentes existirem, me-
nor será a margem de manobra do empresário e maior será o poder do consumidor nas
terminando preços e quantidades ofertadas. Quanto a isso Augusto não pode reclamar,
18
UNIDADE I - Economia
pois existem cerca de 180 milhões de consumidores no Brasil, sem contar os do exterior,
produto, significa que existem produtos que se diferenciam pela marca, pela qualidade.
Pensem no melhor refrigerante que existe: com certeza, o consumo dele, muitas vezes,
independe do preço, pois sua marca está consolidada. Apesar de ser apenas refrigeran-
te, existem diferenças entre diferentes marcas, o que dá poder pra algumas empresas
ofertadas Neste caso, Augusto percebeu recentemente que pode fazer com que a carne
do frigorífico no qual que trabalha seja reconhecida pela marca. Isso é algo novo para
esse mercado, mas, segundo especialistas, em breve estará em vigor. Imaginem chegar ao
açougue e pedir três quilos de costela Bertin, duas picanhas Minerva ou uma maminha
Friboi. Daria um ótimo churrasco, mas tal situação ainda não é corriqueira, apesar de que
uma destas grandes empresas já saiu na frente, veja no SAIBA MAIS a seguir.
SAIBA MAIS
A Friboi saiu na frente e já faz uma excelente campanha!
http://www.youtube.com/watch?v=ttRSZNLI7O4
19
UNIDADE I - Economia
Uma empresa que impõe sua marca tem sempre mais autonomia no mercado. Se existem
ou capital, significa que o empresário tem pequena margem de manobra dentro desse
segmento, pois existem concorrentes em potencial. Vamos supor que fosse esse o caso
de nosso amigo Augusto, se ele subisse o preço da carne, poderia estar atraindo novos
concorrentes que se sentiriam tentados a iniciar tais empreendimentos movidos por altos
preços e possibilidades de lucros. Mas não é só do lado da venda que Augusto fica atento
à estruturação do mercado. Ao comprar fatores de produção (boi vivo, mão de obra etc.)
também existe influência das estruturas. Por exemplo, se há muita mão de obra disponível,
o preço será mais baixo – e o contrário é verdadeiro. Se há muitos bois para comprar, o
preço também tende a ser menor. Augusto enfrenta essa dificuldade quando quer abrir
novos frigoríficos pelo Brasil, pois existem regiões que têm muita mão de obra disponível,
mas pouca matéria-prima (boi vivo) e outras que apresentam a situação contrária, com
muita matéria-prima e pouca mão de obra. A escassez de mão de obra, às vezes, ocorre não
apenas pela falta de pessoas para trabalhar, mas também pela falta de especialização da
até aqui a parte que diz respeito à interação do consumidor com a empresa, chamada de
20
UNIDADE I - Economia
da por variáveis globais, como inflação, nível de desemprego, taxas de câmbio e taxas de
ou seja, é ele que busca equacionar os problemas inflacionários, determinar a taxa básica
de juros da economia, diminuir o desemprego etc. Para que o governo consiga cumprir
essas funções, ele utiliza diferentes políticas econômicas, que repercutem de diferentes
bial, a comercial e a de renda. Quando o governo executa a política fiscal, quer dizer que
ele está alterando a tributação ou os gastos. Ou seja, política fiscal diz respeito às receitas
governo opta por uma política fiscal restritiva (aumento dos tributos ou diminuição dos
gastos públicos), ele tem o objetivo principal de conter a inflação, pois essas políticas le-
manter constantes ou a reduzir. Esse tipo de política não afeta somente a empresa frigorí-
fica de Augusto e sim toda a economia, pois o consumo em queda causa problemas para
21
UNIDADE I - Economia
as empresas, que deixam de vender e, por isso, correm o risco até de falência. Quando
o governo opta por política fiscal expansionista (aumento nos gastos públicos ou dimi-
nuição dos tributos), ele visa, principalmente, fomentar a atividade econômica, expan-
dindo o emprego e a renda. Esse tipo de política faz com que haja um aquecimento na
economia, com isso, as empresas aproveitam o bom momento e expandem suas vendas.
renda gerada na economia. Imaginem uma determinada região onde o governo resolva
fazer uma obra e por isso contratar empreiteiras para executar o serviço e/ou até mesmo
trabalhadores locais. São postos de combustíveis vendendo mais, hotéis e pousadas com
prego e renda, seja de maneira direta ou indireta. A política monetária, bem como a fiscal,
pode ser restritiva ou expansionista. Quando o governo faz política monetária restritiva
espaço para inflação. A política expansionista (diminuição dos juros) é justamente a situ-
do emprego e da renda. Augusto espera sempre os momentos de baixa nas taxas de juros
22
UNIDADE I - Economia
Mais adiante veremos o motivo pelo qual essa tal inflação é a preocupação central do gover-
no e acaba por barrar a expansão da atividade econômica. Falando ainda de políticas econô-
micas, a que mais anda preocupando Augusto é a política cambial. Sabemos que o principal
foco dos grandes frigoríficos brasileiros nos últimos tempos tem sido o mercado externo,
A renda internacional é importante, pois é ela que determina a existência de recursos dis-
poníveis para a compra da carne brasileira e, como vimos recentemente, em tempo de crise
se o preço lá estiver em queda, o produtor vai preferir negociar seu produto internamente.
Falando em taxa de câmbio, tratamos do objeto da política cambial do governo, que pode
preço da moeda estrangeira em reais e determina quanto o exportador vai receber ao tro-
car os dólares originados da exportação por reais no mercado interno. Se a taxa de câmbio
estiver baixa (ou valorizada), significa que necessitamos de poucos reais para comprar
dólares, mas, se pelo contrário, estiver alta, necessitamos de mais reais por dólar. Para o
23
UNIDADE I - Economia
exportador, a última situação é a ideal, pois, ao vender para o exterior, ele recebe em dólar
e, ao trocar no banco, recebe uma quantia grande em reais. Entretanto, para o governo
essa situação é uma faca de dois gumes. Existe uma grande pressão por parte dos setores
importadores, que sofrem quando a taxa de câmbio está desvalorizada, pois as importa-
Por que a inflação é tão preocupante e acaba sendo determinante nas políticas do go-
verno? No próximo item veremos o que é a inflação, quais são suas causas e as formas de
combatê-la.
A inflação e o mercado
A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços da economia.
24
UNIDADE I - Economia
maior será o poder de barganha dos trabalhadores, que, com salários sempre reajustados,
forçarão aumento nos preços dos bens devido ao aumento nos custos de produção. A in-
flação de um país pode ser de três tipos diferentes e cada caso merece atenção e cuidados
diferentes: inflação de demanda (quando há excesso de procura por bens e/ou serviços),
inflação de custos (quando os custos se elevam, seja por problemas estruturais ou con-
junturais) e inflação inercial (causada por mecanismos de indexação de preços, como era
hoje é foco das políticas, pois o mede seu retorno ainda é muito grande. Mas por que ela
comprar a prazo na época de altas inflações dos anos 1980? As grandes redes varejistas,
que hoje possibilitam o consumo das classes baixa e média parcelando as compras em
até 24 meses ou mais, só emergiram após a estabilização econômica vinda com o Plano
Real, em 1994.
Existem formas diferentes para combater cada um dos três tipos de inflação:
25
UNIDADE I - Economia
• Inflação de custos: o governo, primeiramente, deve saber quais os custos que estão
causando inflação. Por exemplo, a desvalorização cambial pode causar esse fenô-
enfrentará aumento nos custos de produção, o que fará com que o produto final
• Para resolver esse problema, o governo pode adotar a política de câmbio fixo, na
qual o dólar não varia de acordo com o mercado, ou tentar uma maior regulação
• Inflação inercial: nesse caso, o governo apenas deve deixar de utilizar mecanismos
de indexação para que haja uma quebra no ciclo inflacionário. Por que Augusto
deve se preocupar com a inflação? Pelos mesmos motivos que qualquer outro ges-
• O risco do retorno de altas taxas de inflação faz com que o governo penalize todos
desaquecer o mercado.
26
UNIDADE I - Economia
• Inflação causa distorção nos preços relativos do Brasil com o exterior, fazendo com
que nossos produtos percam atratividade aos olhos de nossos parceiros comer-
políticas do governo que podem beneficiar ou não sua atividade; e a inflação, que é um
tormento para todos os empresários. Todos esses assuntos serão retomados adiante nesta
REFLITA
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com
inúmeras questões econômicas, como:
27
UNIDADE I - Economia
• aumentos de preços;
• períodos de crise econômica ou de crescimento;
• desemprego;
• setores que crescem mais do que outros;
• diferenças salariais;
• crises no balanço de pagamentos;
• vulnerabilidade externa;
• valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
• dívida externa;
• ociosidade em alguns setores de atividade;
• diferenças de renda entre as várias regiões do país;
• comportamento das taxas de juros;
• déficit governamental;
• elevação de impostos e tarifas públicas.
Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos co-
muns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medi-
das que o Estado deve adotar. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra
área pode vir a ocupar um cargo de responsabilidade em uma empresa ou na pró-
pria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos
para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. O
objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e
formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida.
(VASCONCELOS, 2009)
28
UNIDADE I - Economia
CONCEITO DE ECONOMIA
De acordo com Vasconcelos (2009), a palavra economia deriva do grego oikonomía (de
óikos, casa; nómos, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e pode
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo
da Ciência Econômica:
• escolha;
• escassez;
• necessidades;
• recursos;
• produção;
• distribuição.
29
UNIDADE I - Economia
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico exis-
• para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros
vos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos be-
30
UNIDADE I - Economia
31
UNIDADE I - Economia
ços e também através de fluxos monetários, pois como sabemos é preciso pagar por bens
e serviços!
mercado que não tenha interferência do governo (por enquanto, para simplificarmos)
economia1.
1 Um fluxo é definido ao longo de um dado período de tempo (ano, mês etc.). Diferencia-se do con-
ceito de estoque, que é definido num dado momento do tempo, e não ao longo de um período. Em
Economia, essa diferenciação é particularmente importante: por exemplo, o conceito de déficit público
é um fluxo (mensal, trimestral, anual), enquanto a dívida pública é um estoque acumulado, até um
32 dado momento.
UNIDADE I - Economia
FLUXO REAL
Como pode ser observado na Figura acima, famílias e empresas INTERAGEM ENTRE SI.
As famílias são as donas dos fatores de produção (mão-de-obra, prédios, etc) enquanto as
empresas fazem uso destes fatores de produção para produzir os bens e serviços que as
de-obra pro açougue que beneficia carnes diversas pra outras famílias (além da minha,
33
UNIDADE I - Economia
REFLITA
No MERCADO DE BENS E SERVIÇOS, as famílias demandam bens e serviços,
enquanto as empresas os oferecem;
No MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO, as famílias oferecem os serviços
dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empre-
sas os demandam.
Vejamos agora que é necessário PAGAR PRA CONSUMIR! Seja consumir fator de produção
FLUXO MONETÁRIO
34
UNIDADE I - Economia
35
UNIDADE I - Economia
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e
empresas.
O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos
públicos ao fluxo anterior, bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mer-
36
UNIDADE I - Economia
Trabalho Salário
Capital Juro
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Você já se perguntou como os preços são formados nos mercados? Na indústria? No
comércio?
A Microeconomia, conhecida também como teoria dos preços, analisa a formação dos pre-
ços nos mais diversos mercados, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e deci-
37
UNIDADE I - Economia
DEMANDA DE MERCADO
Demanda quer dizer Procura e definimos como sendo a quantidade de certo bem
Isto vai depender de alguns fatores. Pense: quais fatores influenciam você a comprar
(demandar) algum bem ou serviço? Isto é, o que afeta sua decisão de compra?
3. A renda;
Para estudar-se a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris pa-
ribus (veja no FIQUE POR DENTRO a seguir), ou seja, considera-se cada uma dessas variá-
38
UNIDADE I - Economia
Essa relação quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por uma escala
39
UNIDADE I - Economia
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura (veja a
Figura a seguir). Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo verti-
Assim:
40
UNIDADE I - Economia
consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de sa-
tisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há toda uma teoria
A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita,
samente com relação a seu preço, coeteris paribus. Matematicamente, a relação entre a
quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço pode ser expressa pela chamada
Qd = ƒ(P)
em que:
tempo;
41
UNIDADE I - Economia
coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem Y), redu-
B. efeito renda: quando aumenta o preço de um bem X, tudo o mais constante (renda
poder aquisitivo, e a demanda por esse produto (X) diminui. Assim, embora seu sa-
lário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos
42
UNIDADE I - Economia
uma série de outras variáveis que também afetam a procura. Para a maioria dos produtos,
a procura será também afetada pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substi-
tutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou há-
também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados
bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda; por exemplo,
ou de luxo: se o consumidor fica mais rico, demandará mais produtos de maior qualidade.
Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda do bem não é in-
fluenciada pela renda dos consumidores (como arroz, farinha, sal). A demanda de um bem
ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando
há uma relação direta entre preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles
um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante.
Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são
43
UNIDADE I - Economia
um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumido-
de bens e serviços influenciando preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que
se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados
por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores
tes. Por demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a
ao preço P0 é Q0. Caso o preço do bem aumentasse para P1, haveria uma diminuição na
44
UNIDADE I - Economia
Suponhamos que agora a curva da procura inicial (veja a Figura a seguir) fosse a reta
indicada pela letra D0. Sendo o bem normal, caso houvesse um aumento na renda dos
que estaria indicando que, aos mesmos preços, por exemplo, P0, o consumidor estaria
disposto a adquirir maiores quantidades do bem, passando de Q0 para Q2. A nova curva
45
UNIDADE I - Economia
Alteração da Demanda
devido a mudanças no preço do bem. Quando a curva de procura se desloca (em virtude
de variações da renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos uma mu-
46
UNIDADE I - Economia
OFERTA DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam ofere-
a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta en-
tre quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da
oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X: dada uma série de preços, quais
47
UNIDADE I - Economia
Graficamente
Q0 = ƒ(P)
em que:
48
UNIDADE I - Economia
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversa-
mente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das matérias-pri-
dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fato-
res de produção e, portanto, aumento da oferta. Da mesma forma, há uma relação direta en-
49
UNIDADE I - Economia
ofertada de um bem. A oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade
to ao longo da curva — diagrama a), enquanto uma alteração nas outras variáveis (como
nos custos de produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de oferta).
Por exemplo, um aumento no custo das matérias-primas provoca uma queda na oferta:
mantido o mesmo preço P0 (isto é, coeteris paribus), as empresas são obrigadas a dimi-
50
UNIDADE I - Economia
Por outro lado, uma diminuição no preço dos insumos, ou uma melhoria tecnológica em
51
UNIDADE I - Economia
EQUILÍBRIO DE MERCADO
A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equi-
Como se observa na Tabela acima, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X
52
UNIDADE I - Economia
Graficamente:
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Na intersecção das curvas de oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a quantida-
daquela de equilíbrio E (A, por exemplo), teremos uma situação de escassez do produto.
53
UNIDADE I - Economia
maiores que as ofertadas. Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até
ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E (B, por exemplo), haverá um exces-
o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma redução dos
uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacio-
Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja, se o
como pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem
do governo nem de forças oligopólicas, que tem poder de afetar o preço de mercado.
54
UNIDADE I - Economia
ESTRUTURA DE MERCADO
A interação entre a oferta e a demanda, que vai resultar na determinação de preço, objeto
de estudo deste capítulo, é abordada sob diferentes estruturas de mercado. O termo es-
• vendedores no mercado;
• compradores no mercado;
• vendedores e compradores;
55
UNIDADE I - Economia
demanda mais inelástica, reduzindo assim o número de bens substitutos para este
produto. Costuma-se dizer que a empresa de sucesso é aquela que consegue pro-
• serviços especiais aos compradores (por exemplo, uma empresa que entrega o pro-
56
UNIDADE I - Economia
ferenciado é mais “em pé” do que a do produto homogêneo. E qual é o porquê disso?
não varia muito quando o preço se desloca. Por exemplo, se a coca-cola (produto diferen-
ciado) aumenta seu preço, ela continuará sendo vendida e a quantidade demandada cairá
57
UNIDADE I - Economia
Ao contrário ocorre com um produto que tem vários substitutos iguais (homogêneos). Por
porém todas com 12 ovos. Como você escolhe? Com certeza disse: - preço! Isso porquê
ovos são produtos homogêneos, então se uma granja sobe seus preços e os concorrentes
Concorrência Concorrência
Características Monopólio Oligopólio
Perfeita monopolística
58
UNIDADE I - Economia
Intensa, no que
4. Quanto à concor- Apenas campa-
diz respeito à em-
rência extrapreço nhas institu- Intensa, princi-
balagens, formas
(promoções, atendi- Não é possível cionais para palmente se há
físicas, serviços
mento, propaganda, salvaguardar sua diferenciação
complementares,
pós-venda, etc.) imagem
etc.
INDICAÇÃO DE LEITURA
Leiam o livro Fundamentos de Economia do Professor
esta obra.
59
UNIDADE I - Economia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesta unidade os conceitos econômicos fundamentais e de microeconomia que
são muito importantes para os gestores empresariais. Saber exatamente fatores que afe-
tam a oferta e a demanda dos produtos que produzem pode ser fundamental para o su-
ATIVIDADES
1) Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para quem
tário conjuntamente formam o fluxo circular da renda. Explique como esse sistema
funciona.
4) Quais fatores afetam a demanda por um produto? E quais fatores afetam sua oferta?
60
UNIDADE 2
Introdução à macroeconomia
INTRODUÇÃO
A palavra “economia” é muito antiga e significa basicamente “administração do lar”, ou seja,
organização de recursos. Mas a economia enquanto ciência, somente pode ser considera-
da a partir de 1776 com o lançamento da obra de Adam Smith denominada “A riqueza das
nações”. Sem dúvida é até hoje uma das mais importantes obras na área econômica. Smith
neste livro escreveu sobre as funções do Estado e como as empresas e os países deveriam
De acordo com Smith, o Estado deveria apenas fazer valer o direito sobre a propriedade
privada e garantir a segurança pública. Isto ficou denominado como “Estado Liberal”, isto
Mas esta ideia durou apenas até a década de 1930, pois com a grande depressão advinda
da crise de 1929, o Estado passou a intervir de forma veemente na economia para garantir
Em 1936, John Maynard Keynes, um dos mais notáveis economistas da história, escreveu
a obra “Teoria Geral dos Juros do Emprego e da Moeda”. Nesta obra, Keynes destaca-
alta. Como? Através de Investimentos públicos. Keynes acreditava que o Estado tinha
63
UNIDADE II - Economia
vada, o Estado deveria gerar emprego e renda. Ele pregava o poder multiplicador do
Investimento, isto é, por meio deste se gera emprego, que gera renda e enfim consumo.
O consumo aumenta sendo necessário mais investimentos que geram mais emprego,
Este Estado de bem estar Keynesiano durou até a década de 1970, pois a partir dos anos
ção (privatizações) que fora agravado na década de 1990. O setor privado passou a ditar
o novo liberal.
Atualmente, podemos dizer que o governo possui algumas funções econômicas, isto é,
A. Função alocativa, através do qual a ação do governo visa corrigir falhas da econo-
64
UNIDADE II - Economia
mais ricos ou das regiões mais desenvolvidas e transferi-los para os mais pobres e
C. Função estabilizadora, por meio do qual o governo procura atingir um de seus ob-
jetivos2, que é a estabilização econômica, ou seja, a estabilidade dos preços, uma das
ções econômicas.
2 Veremos adiante que o governo possui outros objetivos, como crescimento econômico, distribuição de
renda e diminuição do desemprego.
65
UNIDADE II - Economia
Portanto, nesta seção serão abordadas as principais variáveis: demanda agregada (Da),
renda (Y), consumo (C), investimento (I), taxa de juro (r), gastos de governo (G), exporta-
nível de atividade econômica no país, para que se possa estimar o produto interno
bruto, a renda gerada por esse produto e também o emprego, é fundamental excluir dos
gastos (ou dispêndios) globais o montante do valor gasto com as importações, pois elas
duto interno bruto e o nível de emprego no país. Agora que já sabemos que a demanda
em um país num determinado ano, é fundamental analisar cada uma das variáveis ou
fatores que influenciam a demanda agregada. Assim, vamos analisar os fatores deter-
influenciam o consumo privado, tais como renda, taxa de juros, crédito, número de pres-
tações, riqueza. É do consumo que se tira também a relação entre poupança com a renda
mento privado com a taxa de juro e com o risco; c) As exportações, este é o início para
66
UNIDADE II - Economia
da, representando, em média, dois terços ou mais da Despesa Interna Bruta da economia
brasileira, ou seja, do Produto Interno Bruto do país. Entre todos os fatores determinantes
agregado (C) é uma função da renda disponível (Yd), chamada função-consumo, cuja no-
tação geral é dada por: C = f (Yd). Isto significa dizer que: por renda disponível Yd entende-
se aquela renda (salários, juros, aluguéis, lucros) que está à disposição do consumidor, ou
me veremos no comentário sobre política fiscal, mais adiante. O consumo das famílias
depende da renda que elas têm. Essa relação é positiva, ou seja, à medida que a renda
aumenta o consumo também tende a elevar-se. Por outro lado, se reduz a renda, o nível
do consumo fatalmente cairá. Em outras palavras, quanto maior for a renda, maior
tende a ser o consumo. Admite-se que, para baixos níveis de renda, as despesas de
67
UNIDADE II - Economia
consumo tendem a ser elevadas. Todavia, à medida que a renda se eleva, as despesas de
consumo também se elevam em valor absoluto, embora passem a significar menor per-
Como o consumo aumenta menos proporcionalmente que a renda, quanto mais aumenta
a renda da sociedade, maior é a proporção dessa renda que é poupada. Em outras pala-
vras, pode-se dizer que o consumo cresce a taxas decrescentes com a renda, enquanto a
afetado por outras variáveis, como a taxa de juros, o valor das prestações mensais, o núme-
bens financiáveis, os juros têm uma direta influência sobre o valor das prestações. Assim,
quanto maior o juro, maior o valor das prestações, o que, em consequência, afeta ne-
gativamente a decisão do consumo. Ademais a taxa de juros tem uma influência direta
sobre a poupança, ou seja, as pessoas estarão tanto mais dispostas a aplicar recursos
financeiros em poupança quanto maior for a taxa de juros (que é a remuneração da sua
aplicação financeira).
68
UNIDADE II - Economia
Esta é a famosa Lei Psicológica Fundamental, conforme foi dita por Keynes, segundo a
qual os indivíduos consomem mais conforme a renda aumenta, mas não na mesma pro-
Ora, poupar mais significa consumir menos, pois poupança é uma renúncia ao consumo
hoje para consumir mais no futuro. Desse modo, quanto maior a taxa de juros, mais as
pessoas desejarão poupar hoje, ou seja, o consumo presente diminui. Pode-se, assim, con-
cluir o seguinte: Quanto maior a renda e menor a taxa de juros, maior o consumo.
A taxa de juros evidentemente tem muito a ver com a oferta monetária e, também, com a
consumo de bens duráveis, em especial. Além do seu efeito sobre o consumo, na verdade
situação desses agentes: se eles forem do setor privado (seja na situação de aplicadores,
Para os aplicadores privados, ou seja, aqueles que têm recursos financeiros aplicados em
juros), o aumento dos juros faz com que suas rendas aumentem (e, portanto, podem vir a
consumir mais depois). Para os devedores (ou seja, pessoas que têm dívidas), o aumento
69
UNIDADE II - Economia
dos juros faz com que suas rendas diminuam, pois elas terão que destinar mais gastos
Para o setor público, que, de um modo geral, tem déficit público (ou seja, gasta mais do
monetária, na maioria das vezes associada à Universidade de Chicago, defende que o au-
O aumento de juros tende a aumentar ainda mais os gastos públicos e a própria dívida públi-
ca. Com relação às prestações, tanto o valor como o número delas têm uma influência sobre o
consumo. Quanto maior o número de prestações (e, portanto, menor é o valor mensal delas),
maiores as possibilidades de consumo de bens duráveis (que são financiáveis), pois os consu-
mento parcelado, apesar de as prestações se alongarem por dois ou mais anos. Essa variável
(número de prestações) teve uma decisiva influência sobre o grande aumento de consumo
consumidores era o fato de poder assumir as prestações, apesar de estarem pagando, ao final,
duas ou mais vezes do que o valor a vista, dadas as elevadas taxas de juros. Em outras palavras,
70
UNIDADE II - Economia
que já têm ativos (como casa, automóvel, plano previdenciário e alguma poupança) esta-
rão mais propensas a gastar maior parte de suas rendas atuais em consumo do que aque-
las que ainda não tenham nenhum desses ativos, mesmo que o nível de renda de ambas
seja igual. Em outras palavras, dado o nível de renda das pessoas, tende a consumir mais
quem possui mais riquezas, pois elas têm menos preocupações com o futuro.
mais desenvolvido um sistema financeiro que tenha crédito abundante, maior é o potencial
crédito como variáveis que influenciam o consumo, estamos nos referindo às aplicações fi-
O estoque total de crédito concedido pelo sistema financeiro com recursos livres e dire-
ante expansões anuais de 15,2% em 2009 e de 31,1% em 2008, contribuindo para que a
relação crédito/PIB atingisse 46,4%, ante 44,4% em 2009 e 40,5% em 2008. A participa-
ção dos bancos públicos no crédito total situou-se em 41,8% ao final de 2010, enquan-
respectivamente.
71
UNIDADE II - Economia
sas tomam, mais recursos podem ser direcionados para consumo ou para investimentos,
esferas federal, estaduais e municipais e respectivas empresas estatais, também tem in-
fluência sobre o consumo final de bens e serviços. É claro que as variáveis mencionadas
(como renda, juros, prestações, riqueza e crédito) não são as que explicam o nível de con-
sumo do setor público. Cabe ressaltar que esse tipo de consumo representa uma parcela
muito significativa do Produto Interno Bruto brasileiro. Por exemplo, o consumo final das
administrações públicas está ao redor de 20% do PIB do país, ao passo que, conforme já
foi mencionado, o consumo agregado privado (das famílias) absorveu a parcela em torno
de 60%. Assim, pode-se dizer que, nesse período, o consumo agregado como muitos não
tinham reais condições para tanto, acabaram atrasando as prestações, e o resultado foi o
72
UNIDADE II - Economia
Esse elevado percentual do setor público no PIB decorre da forte intervenção do Estado na
Em 1984, havia no Brasil 317 empresas estatais, sendo que 62% delas estavam ligadas ao
de governo. Nessa época, nove enormes empresas controlavam mais de três quartos do
orçamento das estatais. A partir do final da década de 80, deu-se início a uma mudança
73
UNIDADE II - Economia
juros de mercado. O investimento pode ser definido como o acréscimo ao capital real da
sociedade. Assim, como a poupança, ele resulta de uma abstenção do consumo imediato
poupança (S), uma vez que eles são apenas aspectos diferentes de uma mesma realidade.
74
UNIDADE II - Economia
CAPITAL
Ou seja:
Y=C+I
S=Y–C
Y=C+S
I=S
qual Keynes deu a denominação de eficiência marginal do capital) é a base das deci-
sões empresariais. Quando a eficiência marginal do capital for maior do que a taxa de juro,
75
UNIDADE II - Economia
o novo investimento deve ser realizado. Caso contrário, o montante que seria aplicado na
inversão prevista renderá muito mais se for aplicado à taxa de juros corrente. Portanto, o
investimento privado (I) é uma função inversa (relação negativa) da taxa de juros (r), ou
seja: I = f (r). Em outras palavras, uma queda da taxa de juros estimula os empre-
sários a investir mais, e vice-versa. Assim, quanto mais baixa a taxa de juros, maior o
mercado monetário, que será objeto de análise mais adiante. Na realidade, o investimento
depende também de outros fatores dinâmicos, como o nível de risco (leiam-se expec-
76
UNIDADE II - Economia
REFLITA
Na prática, os bancos definem as taxas de juros com base na taxa básica (SELIC), acresci-
da de um Spread, que é a diferença entre a taxa básica e a taxa cobrada pelos produtos
como cheque especial, cartão de crédito, crédito pessoal. E você se pergunta, porque
o Spread é tão alto? Se a taxa básica está em torno de 10% ao ano e alguns produtos
bancários chegam a cobrar 200% ao ano.
A composição do Spread é altamente influenciado por um fator chamado
INADIMPLÊNCIA, ou seja, os bancos cobram nos juros o RISCO que ele tem de
emprestar ao público.
Os banqueiros dizem: “No Brasil os juros são altos, pois a inadimplência é alta”!
Porém eu prefiro dizer que: “No Brasil a inadimplência é alta, pois os juros são
absurdos!”
E você? Concorda comigo ou com os banqueiros?
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-spread-bancario--e-o-papel-
do-governo-,862852,0.htm
Entre esses fatores, cabe uma observação sobre o risco ou as expectativas sobre o futuro
desta igualdade que só ocorre em situação de equilíbrio. Ressalta-se que os recursos para
realizar o investimento provêm da poupança (do governo, das empresas, das famílias e
77
UNIDADE II - Economia
está acima dos recursos disponíveis. Neste caso ocorre o desequilíbrio, economia do país.
regras de jogo definidas), mais estimulados estarão os empresários a investir, pois o in-
zonte temporal de longo prazo. Neste caso, a redução de risco provoca um efeito positivo
nos investimentos, deslocando a curva de investimento para a direita. Desse modo, dada
a taxa de juros, quanto menor o risco, maior o investimento. Para o Brasil, é necessário e
importante que os dois fatores atuem na mesma direção, ou seja, menor risco e juros mais
formação bruta de capital fixo das empresas e famílias estão ao redor de 20% do Produto
Interno Bruto brasileiro. Essa taxa de investimento (relação entre a formação bruta de ca-
pital fixo e o produto interno bruto), no Brasil, já esteve bem acima deste patamar na
década de 70. Contudo, devido aos vários problemas da economia brasileira na década
investimentos se retraíram. Vale ressaltar, contudo, que para que a economia brasileira
78
UNIDADE II - Economia
crescimento do PIB deve se situar próximo a 7% ao ano, mas, para tanto, a taxa anual de
É importante lembrar que o investimento afeta o nível de produto, porque ele é um ele-
o produto da economia (o PIB), além de gerar mais empregos e, portanto, maior renda
para a coletividade.
INVESTIMENTO PÚBLICO
Além do setor privado, o governo também faz investimentos. As obras públicas, como
são bons exemplos de dispêndios do setor público na formação bruta de capital fixo do
ração apenas a Administração Federal direta não chega a 1%. As compras do governo, que
79
UNIDADE II - Economia
sobre o nível de renda. Os gastos do governo (G) são tratados como exógenos, isto é, como
uma variável que pode afetar, mas não é afetada por outras variáveis no modelo.
EXPORTAÇÕES
Um país exporta bens e serviços nacionais (E) e importa bens e serviços estrangeiros (M).
Conforme foi citado, as exportações fazem parte do Produto Interno Bruto, gerando inter-
a demanda externa líquida ou exportações líquidas. Desse modo, um aumento nas ex-
expansão da demanda agregada (ou seja, da produção interna). Numa economia aberta
(comércio com o exterior), as exportações fazem com que a demanda por produtos brasi-
gerando, em consequência, mais emprego e mais renda no território nacional. Por incrível
80
UNIDADE II - Economia
que pareça, muitas pessoas não percebem esse efeito multiplicador das exportações so-
Brasil exporte, quando há fome aqui dentro”. É fundamental que se tenha em mente que
quando o Brasil exporta alguma mercadoria, o efeito é semelhante a vender aqui dentro,
sob o ponto de vista de geração de renda e de emprego, sem contar que, ao exportar,
estamos trazendo divisas internacionais para o país, que delas necessita para pagar as
balança de serviços (isto é, pagar juros da dívida externa, remessa de lucros para o estran-
geiro, pagamentos de fretes internacionais, entre outros). Em 2011, o Brasil exportou mais
POLÍTICAS ECONÔMICAS
Como vimos, o principal objeto da macroeconomia é estudar os elementos que determi-
nam o nível de produção de bens e serviços (PIB), da renda nacional, do emprego e dos
variações na demanda agregada, a qual é a soma dos fluxos de dispêndios em bens e ser-
81
UNIDADE II - Economia
Quanto maior a demanda agregada por parte dos cerca de 200 milhões de brasileiros, das
administrações públicas (governo), das empresas (que investem) e dos estrangeiros que
maior o nível de emprego e maior o nível de renda nacional. Como para Keynes a demanda
mia é denominado política econômica, a qual é um ramo da economia dita normativa e que
brio nas contas externas. A prioridade do governo nesses objetivos se altera ao longo
dos anos, de acordo com cada governo. Por exemplo, no início dos anos 1980, o ajuste
82
UNIDADE II - Economia
Desde 1986, com o Plano Cruzado e os demais planos econômicos (Bresser, Verão, Collor
I e Collor II, até chegar ao Plano Real), a prioridade número 1 passou a ser a estabilização
nha em primeiríssimo lugar. É claro que a estabilidade continua sendo importante, mas
o governo atual deveria fazer um grande esforço para o país crescer mais e com melhor
prazo, uma vez que ele depende fundamentalmente da educação, a qual, infelizmente,
não tem recebido a devida atenção por parte das administrações públicas.
de vida das pessoas. Entre alguns dos problemas macroeconômicos que um país pode
enfrentar estão: inflação (ou seja, aumento generalizado dos preços de bens e serviços),
de renda, variação cambial (o real em relação ao dólar pode variar muito, num determina-
transações econômicas do Brasil, por exemplo, com o resto do mundo), em que o país tem
dificuldades em pagar suas contas externas, taxas de juros elevados no mercado interno,
entre outros.
83
UNIDADE II - Economia
Com o objetivo de resolver ou pelo menos minimizar esses tipos de problemas econômi-
cos, os governos fazem quase que diariamente intervenções na vida das pessoas e das em-
presas, via decisões políticas com interesse econômico. São basicamente quatro os objeti-
vos de políticas econômicas: estabilidade dos preços (leia-se: inflação baixa); crescimento
emprego); melhor repartição da riqueza (em particular da renda pessoal e regional); e equi-
líbrio nas contas externas (ou seja, que o país possa pagar seus compromissos financeiros
Estabilidade Econômica
Embora a estabilização econômica tenha um sentido mais abrangente, podemos enten-
dê-la como sinônimo de estabilidade de preços, isto é, a busca por manter a inflação em
nível baixo (em geral, abaixo de 6% ao ano, para um país como o Brasil, já pode ser con-
siderado um objetivo alcançado, enquanto para os EUA esse nível é em torno de 2,5% ao
ano). Taxas elevadas de inflação trazem distorções para a sociedade: piora a distribuição
de renda (porque os mais pobres não conseguem, com o mesmo sucesso dos mais ricos,
84
UNIDADE II - Economia
econômica, uma vez que significa maior quantidade de bens e serviços disponíveis para a
sociedade. Se a produção cresce a uma taxa superior à da população, diz-se que a produção
por pessoa (a renda per capita) está aumentando. Aliás, este é talvez o único caminho para
melhorar o nível de renda de um país. Como produção tem tudo a ver com emprego (inclui-
se aqui não só a mão de obra, mas também outros fatores, como o emprego de recursos
dos governos brasileiros. A péssima distribuição de renda no Brasil está, assim, a merecer
que, um dia, seja objeto de preocupação dos nossos governantes. O controle da inflação
no país, nos últimos anos (leia-se: Plano Real), até ajudou a melhorar esse problema (como
já foi citado, em 1993, os 10% mais pobres, que detinham apenas 0,7% da renda agregada,
viram sua participação aumentar para 1,1% em 2001), mas a solução para uma melhor
nos níveis de ensino fundamental e médio. Para tanto, os ensinos fundamental e médio
85
UNIDADE II - Economia
deveriam ser gratuitos, de qualidade, e oferecer escolas com tempo integral, como ocorre
de pagamentos (BP) são: a balança comercial (que registra a diferença entre exportações e
de renda, tais como pagamentos de juros, turismo, fretes, remessas de dividendos e de lucros,
financeiro), além das transferências unilaterais, que, na verdade, se constituem num quarto
componente do BP.
O equilíbrio nas contas externas, em especial nas transações correntes (que é o balanço
entre a conta comercial e a de serviços), para um país como o Brasil, é necessário princi-
palmente por duas razões: primeiramente porque a moeda nacional (o real, no caso do
Brasil) não é aceita mundialmente (e, portanto, não pode ser usada para pagamentos de
compromissos com os demais países) e, segundo, porque o Brasil não pode imprimir dó-
lares legalmente. Se um país tem déficit nas transações correntes, ele necessariamente
86
UNIDADE II - Economia
dependerá do ingresso de dólares no país, seja via investimentos diretos de outro país no
Brasil ou via capital especulativo. Caso contrário, essa necessidade de dólares para cobrir o
déficit (o que significa que estão saindo mais dólares do que entrando) só seria possível se
eles viessem das reservas em dólares que o país tem. Isso só é admissível no curto prazo,
Superávits permanentes podem também resultar em problemas para um país, porque o in-
gresso excessivo de dólares pode obrigar o Banco Central a ter que emitir moeda nacional
(reais, no caso do Brasil) para fazer a conversão dos dólares por reais, uma vez que os dólares
não têm livre circulação no país. Ocorre que quanto maior o volume de dinheiro (em reais)
Conflitos existentes
Cabe destacar a existência de conflitos entre esses quatro objetivos, ou seja, quando o go-
verno intervém na economia para resolver um determinado problema, pode trazer con-
sequências negativas sob o ponto de vista de outro objetivo. Por exemplo, se o governo
aumenta a taxa de juros para conter a inflação (isto é, atingir o objetivo de estabilidade
dos preços), essa elevação dos juros pode desestimular o consumo e o investimento pri-
vado, retraindo a demanda agregada e, assim, pode provocar até recessão e desemprego.
87
UNIDADE II - Economia
buição da riqueza e o equilíbrio nas contas externas. Sem nenhuma dúvida, a partir de 1986,
quando foi lançado o primeiro plano de estabilização econômica (o Plano Cruzado em feverei-
ro de 1986) até o final do governo Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 2002, a prio-
ridade foi o combate a inflação, em que principalmente a política monetária foi utilizada como
instrumento de estabilidade dos preços. Acreditava-se que nos governos posteriores o foco se
com estabilidade monetária e inclusão social (leia-se: preocupação com a repartição), mas in-
felizmente isso não ocorreu, pois a prioridade continuou sendo a estabilidade apesar de certo
os conflitos sociais sobre a divisão do bolo produtivo podem ser abrandados quando ele
aumenta. Nesse sentido, poder-se-ia aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos
ao fator educacional, com a maioria da mão de obra com baixa qualificação e, portanto,
88
UNIDADE II - Economia
Outro conflito gerado por políticas econômicas pode ser observado entre as metas de redução
pressões por aumentos de preços, principalmente nos setores fornecedores de insumos bási-
consumo pelas autoridades para não provocar inflação. Por outro lado, observa-se que, numa
situação recessiva (desemprego elevado), as taxas de inflação tendem a ceder, uma vez que as
empresas estarão mais voltadas a desovar seus estoques acumulados e os sindicatos de traba-
lhadores não estarão tão preocupados em obter salários mais elevados, mas sim com a manu-
tenção do emprego. Essa tendência a uma relação inversa entre inflação e desemprego.
go, que é um reflexo de uma tendência cíclica da economia, alternando períodos de maior
Outro exemplo bastante claro desses dilemas de política econômica ocorreu no Plano
Real, a partir de 1994: a meta de redução da inflação e de estabilização de preços foi ple-
namente atingida (de taxas de inflação de cerca de 50% mensais passou-se a taxas em
moeda nacional perante o dólar, o que promoveu um aumento das importações e da con-
89
UNIDADE II - Economia
preços internos. Entretanto, houve uma redução do ritmo das exportações (os produtos
brasileiros ficaram mais caros em relação ao dólar), a balança comercial tornou-se deficitá-
prioritário é tarefa que pertence mais ao âmbito do poder político. Cabe aos economistas
mitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflação, com distribui-
e, para tanto, dispõe de quatro instrumentos importantes: política fiscal (receita e gastos
(que afeta o setor externo: exportação, importação e transações financeiras, via câmbio,
tarifas e outros controles) e política de rendas (que inclui o controle de preços e salários).
particular os bancos.
90
UNIDADE II - Economia
Todas essas três políticas (fiscal, monetária e cambial) devem manter uma estreita ligação
com os objetivos que os governos perseguem, entre os quais, conforme acima citados,
estão: o crescimento do PIB, o pleno emprego, uma melhor distribuição de renda, taxa de
balanço de pagamentos (que trata das contas externas). Conseguir atingir mais um ob-
jetivo é o grande desafio que os governos enfrentam, porque, via de regra, há conflitos
Por exemplo, o objetivo de crescimento do PIB pode chocar com o de taxas de inflação
É fundamental entender que cada uma dessas políticas têm direta influência sobre as
go. É por isso que, a seguir, iremos analisar cada uma dessas políticas.
91
UNIDADE II - Economia
impostos (as chamadas receitas públicas) e aos gastos públicos. De um lado, como sabe-
mos, o governo constrói e mantém escolas, estradas, hospitais, paga funcionários e juros
da dívida. De outro, atuando sobre o sistema tributário, pode aumentar ou diminuir a sua
orçamentárias. Essas políticas devem manter uma estreita ligação com os objetivos que os
governos perseguem, embora muitos desses objetivos sejam conflitantes entre si. Entre
esses objetivos, conforme já citados no capítulo anterior, estão: crescimento do PIB, ple-
no emprego, distribuição da renda, taxa de inflação baixa e estável, taxas de juros baixas,
Gastos do governo
Os gastos do governo compõem-se de despesas correntes e de investimento. Nas
92
UNIDADE II - Economia
Assistência e Previdência Social), juros (pagamento de juros tanto da dívida interna como
ram alguns bens e serviços por preços menores do que se daria pelo mercado normal, ou
que o produtor receba preços maiores, ou seja, o subsídio tanto pode ser para o consumi-
93
UNIDADE II - Economia
• Déficit da previdência anda ao redor de R$ 45 bilhões por ano. Este item refere-
Assim sendo, esses quatro itens juntos (juros, pessoal, custeio e previdência) “consumi-
ram”, somam algo em torno de R$ 540 bilhões. Em outras palavras, pode-se dizer que o
setor público brasileiro “gasta” com esses quatro itens o equivalente a quase R$ 1,5 bilhão
por dia. Quanto às despesas com investimentos, que dizem respeito aos gastos do go-
no país, tais como: construção de estradas, rodovias, escolas, hospitais, hidrelétricas etc.,
elas têm ficado abaixo de 1% do PIB, ou seja, algo em torno de um sexto do valor que o
governo “torra” com os juros, o que, mais uma vez, evidencia o erro na política econômica
brasileira.
despesas correntes, que se situavam ao redor de 20% do PIB na década de 70, passaram
a ser superiores a 30% na média dos anos 2000-2009, enquanto as despesas com investi-
mentos, que eram de 3,0%, caíram para apenas 0,5%. Cabe ressaltar que as despesas com
94
UNIDADE II - Economia
pessoal e com a previdência têm aumentado, mas o que mais cresceu foram os gastos
com juros das dívidas interna e externa que, de apenas 0,6% do PIB na década de 70, tem
entre as alíquotas (taxas) de impostos e o volume total arrecadado pelos governos. Essa
por ter iniciado estudos nesta área. A figura abaixo mostra uma clássica relação entre as
zero de alíquota, o governo não arrecada nada. À medida que a alíquota aumenta, a arre-
cadação também aumenta, mas há limites, ou seja, há uma determinada alíquota (tmax)
que garante uma arrecadação máxima. Para alíquotas superiores a tmax a arrecadação
passa a decrescer. Por exemplo, para a alíquota t0, o volume de recursos arrecadados pelo
governo seria menor (apenas A0). Acredita-se que a principal razão é o estímulo à sone-
excessivamente elevadas.
95
UNIDADE II - Economia
Nos períodos de elevada inflação, há outro efeito sobre as receitas públicas, conhecido
como Efeito Olivera-Tanzi, o qual ocorre como consequência do fato de que há uma
há um tempo (dias ou até meses), a inflação reduz o valor real (embora o valor nominal
do imposto seja o mesmo) a ser arrecadado pelo governo. Isso prejudica as finanças pú-
96
UNIDADE II - Economia
dos, principalmente os do Norte da Europa (50% nos países nórdicos), mas é rela-
tivamente alta em relação aos demais países da América Latina, cuja maioria tem
butos: seis deles contribuem com mais de 80% do valor total arrecadado.
• A incidência de tributos sobre bens e serviços é muito mais acentuada do que so-
terior. Em parte, isso explica porque exportamos tão pouco (apesar de ter sido re-
corde em 2011 chegando a mais de US$ 250 bilhões), apesar de estarmos fazendo
“festa” por atingir esse valor, mas a verdade é que ele ainda é baixo.
97
UNIDADE II - Economia
Déficit público
Normalmente, o conceito de déficit está associado à necessidade de financiamento
do setor público, ou seja, quanto das despesas realizadas não foi financiado com recur-
sos próprios. Diz-se que há déficit público (que é o que, via de regra, ocorre) quando os
gastos do governo superam a sua arrecadação. Na situação de superávit das contas pú-
blicas, a arrecadação supera o total dos gastos. Há dois conceitos de déficit (ou superávit):
• Conceito Primário
sobre as receitas não financeiras, ou seja, não se consideram nas despesas, nem o paga-
mento de juros nem as correções monetárias e cambiais. A sua utilidade é que ele mede o
que ocorreu no exercício, eliminando os efeitos das dívidas de exercícios anteriores. Mede,
No conceito primário, no Brasil não tem havido déficit, mas sim superávit, ou seja, sem
que arrecada. Esse superávit tem ficado ao redor de 4% do PIB nos últimos anos. O setor
98
UNIDADE II - Economia
Em relação a esse superávit primário, é comum fazermos duas perguntas: Qual a finali-
dade de o governo aumentar o superávit primário? E como isso pode ser feito? A fina-
relação ao PIB (é bom lembrar que ela representa um pouco menos da metade do PIB),
essa “economia” de receitas tem sido usada para pagar (parte) os juros da dívida pública,
de modo a impedir seu maior crescimento. A maneira de o governo obter maior superá-
com maiores cortes nos gastos previstos no orçamento federal. No governo FHC, como
gundo mandato, em que o superávit ficou em 3,6% e a dívida pública aumentou muito,
Nos primeiros seis anos do governo Lula (2003-2008), o governo brasileiro economizou
o valor equivalente a R$ 546 bilhões de superávit primário. O mais grave é que todo esse
esforço chegou a cobrir um pouco mais da metade do total de juros pagos nesse período
• Conceito Nominal
ção monetária e cambial das dívidas interna e externa. No Brasil, de cada R$ 100,00
99
UNIDADE II - Economia
gerados de PIB, cerca de R$ 5,00 foram destinados a pagar juros, razão pela qual os
lucros dos bancos instalados no Brasil têm sido elevadíssimos nos últimos anos.
100
UNIDADE II - Economia
Cabe registrar que, em 1994, apesar de a dívida pública ser menor (cerca de R$ 150 bi-
lhões), a taxa de juro elevada (ao redor de 45% ao ano) e a inflação ainda elevada con-
tribuíram para que o governo “gastasse” R$ 112,4 bilhões com juros naquele ano. A com-
binação da queda na taxa de juro com a redução na inflação possibilitou que o governo
despendesse menos com juros no triênio 1995-1997. Como a dívida cresceu muito ao
final do primeiro mandato do governo FHC, os gastos com juros se elevaram no segundo
mandato. O Governo FHC manteve superávit primário, no segundo mandato, mas apre-
por ano com juros. A tristeza é que no governo Lula a média também foi elevada, mais de
público com juros são os bancos, principalmente aqueles que “mais investem” em títulos
públicos. É por isso que nos meses de fevereiro dos últimos anos, várias manchetes de
jornais trataram desta questão, pois são quando os números são divulgados.
Selecionamos apenas duas delas: “Bancos brasileiros são os mais rentáveis do mundo” e
“bancos têm rentabilidade recorde”. De fato, a rentabilidade (lucro líquido sobre o patri-
mônio) média dos bancos tem superado 20%, o que significa que para cada R$ 100 de pa-
trimônio líquido, um banco brasileiro tem obtido mais de R$ 20 de lucro líquido, o que sig-
nifica que em cerca de seis anos é possível recuperar todo o patrimônio líquido. Os bancos
em países desenvolvidos levam mais do dobro desse tempo. Os juros altos obtidos com
101
UNIDADE II - Economia
os títulos públicos e o spread bancário (diferença entre a taxa de captação dos bancos e o
valor cobrado para emprestar os recursos aos clientes) são os principais fatores que fazem
ceito nominal está englobada qualquer demanda de recursos pelo setor público (inclu-
sive para fazer frente às despesas financeiras, como pagamento dos juros sobre a dívida
pública). Esse conceito, utilizado em outros países, não o é no Brasil, por causa da inflação
Desse modo, o conceito nominal de déficit inclui tanto a correção monetária como as des-
pesas financeiras. Concluindo, apesar dos superávits primários do setor brasileiro, o mes-
mo, levando em conta as três esferas, vem experimentando déficits nominais, por causa
dos superelevados gastos com os juros. Não é nenhum exagero afirmar que, nos últimos
Financiamento do Déficit
Vamos denominar de G os gastos públicos e T (de tributos) a receita tributária. Se a des-
102
UNIDADE II - Economia
a receita tributária (T), tem-se uma situação de déficit. Uma das medidas do governo é
utilizar a política fiscal, via aumento de impostos ou corte de gastos. Mas, se mesmo as-
sim, ainda continuar o déficit, o mesmo deverá ser financiado fundamentalmente por
duas vias de recursos extrafiscais que são: a) A emissão de moeda (M), onde o governo
o governo vende títulos da dívida pública ao setor privado (interno e externo). Cabe aqui
uma observação: a venda de títulos provoca uma elevação da dívida pública. Esse foi o
caminho adotado pelo governo FHC, fazendo com que a dívida (que era cerca de R$ 60
bilhões quando ele assumiu como Ministro da Fazenda, antes de ser presidente) subisse
para quase R$ 1,4 trilhão atualmente. Neste caso, diz-se que o setor privado financia (a
gastança do) o setor público. Pode-se representar uma situação de déficit orçamentário
do seguinte modo:
G - T = M + TÍTULOS
Essa “equação” mostra a ligação que existe entre a política fiscal (G >T) de déficit público
com a política monetária, que trata da emissão de moeda e da venda de títulos públicos
no open market (mercado aberto), como veremos no próximo capítulo. O ponto impor-
tante da política fiscal é determinar o efeito dela sobre o resto da economia, em particu-
lar o efeito dos gastos do governo sobre a demanda agregada e esta sobre a produção
103
UNIDADE II - Economia
(oferta) e os preços. Para tanto, necessitamos, antes, voltar a analisar o modelo keynesiano
ponível que os indivíduos poderão destinar para consumo e poupança. Dado um ní-
vel de renda, quanto maiores forem os impostos, menor será a renda disponível e,
agregada. Assim, quanto maior o gasto, maior será a demanda e maior será o produto.
governo pode estimulá-la, cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer o
A redução da carga tributária (T), à medida que aumenta a renda disponível (Yd) da popu-
- T), um aumento nos impostos deve diminuir o nível de consumo. Portanto, de forma es-
quemática, a política fiscal atual sobre a oferta agregada (Sa) e o emprego (E) pode se dar
104
UNIDADE II - Economia
por duas vias: a) Alterando o gasto do governo (G), que, por sua vez, afeta diretamente a
demanda agregada (Da); b) Alterando os impostos (T), os quais afetam a renda disponível
(Yd), que, por sua vez, altera o consumo (C). A política fiscal afeta o consumo, a produção,
o emprego e a renda.
sobre as taxas de juros. Ela pode ser definida como o controle da oferta da moeda e das
taxas de juros que garantam a liquidez ideal de cada momento econômico. Por controle
pode aumentar ou reduzir a capacidade dos bancos emprestarem por meio do de-
pósito compulsório (isto é, obrigar aos bancos a recolher maior ou menor volume
105
UNIDADE II - Economia
especial mediante a taxa de juros, a qual tem influência sobre diversas variáveis;
Pode-se dizer que a política monetária trata da moeda nacional, ou mais precisamente do
controle das condições de liquidez da economia. É importante perceber que ao atuar sobre
a quantidade de moeda na economia, o governo está afetando os níveis das taxas de juros.
mos na parte I), onde a mercadoria a ser negociada é a moeda, cujo valor a ser negociado é
A política monetária, no Brasil, é refém da política fiscal. A partir de junho de 1996, com
constituído o Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil. Sua cria-
da política monetária nacional. A taxa de juros é definida como a meta para a taxa Selic, a
vigorar no período entre as reuniões do Copom, que são, via de regra, mensais. O Copom
106
UNIDADE II - Economia
A moeda é o instrumento básico para que se possa operar o mercado, sem a qual o processo de
troca seria extremamente limitado. A moeda é o ativo utilizado para realizar as transações por-
que é o que possui maior liquidez, a saber, a capacidade de um ativo converter-se rapidamente
Demanda de Moeda
As pessoas e empresas demandam moeda por três razões básicas:
essa relação se pensarmos a taxa de juros como o custo de oportunidade de reter moeda,
ou seja, o que se perde pelo fato de guardar moeda. Assim, quanto maior a taxa de juros,
maior será o custo de oportunidade de reter moeda, e, portanto, menor será a demanda
por moeda. Na realidade, a demanda por moeda depende tanto da renda dos consumi-
dores como da taxa de juros nominal. Quanto maior for a renda, maior será a demanda
por moeda. Afinal, o aumento de renda do consumidor expande a demanda por bens e
107
UNIDADE II - Economia
taxa de juros nominal, menor será a quantidade demandada de moeda. Com taxas muito
ativos que rendem juros. A demanda por moeda é determinada pela sociedade, ou
seja, pela necessidade de dinheiro que as empresas, as pessoas e até o governo têm.
Oferta de Moeda
Pelo lado da oferta de moeda, podemos considerar, em princípio, que o governo controla
a quantidade de moeda ofertada na economia. Assim, o governo atua tanto pelo lado
nacional, sendo que uma de suas principais funções é a de controlar a oferta monetária,
notas de papel emitidas pelo governo que não possuem lastro em qualquer mercadoria,
isto é, não existe uma garantia física sustentando o valor da moeda, e sua aceitação se
108
UNIDADE II - Economia
Ao observarmos como as transações são liquidadas, percebemos que apenas uma pe-
quena parte destas é feita com papel moeda e que a maior parte é liquidada por meio
de cheques (moeda bancária). Sendo assim, além do BACEN (que pode emitir moeda), os
bancos comerciais também podem afetar a oferta de moeda (por meio da multiplicação
dos depósitos à vista). É por isso que se diz que os bancos comerciais distinguem-se
dos demais intermediários financeiros, pois podem “criar moeda” com base nas reservas
constituídas sobre os depósitos à vista e, devido a isso, podem afetar a oferta monetária.
É justamente via empréstimo que eles criam moeda, e isto pode ser assim explicado: a con-
cessão do empréstimo pelo banco não é feita mediante entrega de dinheiro ao indivíduo,
mas mediante a abertura de um depósito à vista em seu nome. O indivíduo que recebeu
o empréstimo paga suas dívidas com cheque, que deve ser depositado na conta daquele
que recebeu. Este depósito terá novamente o mesmo destino: uma parcela será reservada
os recursos captados, menos o volume que deve ser destinado à constituição das reservas
de moeda pelos bancos comerciais a partir da moeda emitida pelo BACEN, definindo-se
109
UNIDADE II - Economia
O multiplicador bancário e a criação de moeda por parte dos bancos podem ser mais bem
explicados pelo seguinte exemplo: suponha um depósito inicial de R$ 100,00 num banco,
que deve manter 20% como reservas compulsórias. Destes R$ 100, o banco destina R$
dos. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100 iniciais de
64,00; R$ 51,20; R$ 40,96, ou seja, numa progressão geométrica decrescente de razão 0,8,
que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos
Para avaliarmos o total dos depósitos do banco a partir do depósito inicial, basta realizar a
soma dos termos da progressão geométrica (D) com razão menor que 1. Soma PG = D = d1/a-
-q, onde d1 = primeiro termo da PG e q = razão da PG. Assim, no exemplo acima, teríamos:
depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5. Como milhões de depósitos à
vista e se ele deve recolher compulsoriamente 20% junto ao Bacen, então o poder de criação
de moeda desse banco é de R$ 500 milhões (ou seja: R$ 100 milhões divididos por 0,2).
110
UNIDADE II - Economia
mede a capacidade dos bancos comerciais de, partindo do total de depósitos, gerarem
e depósitos.
É importante deixar claro o que segue: somente as autoridades monetárias, via o Bacen,
podem autorizar e emitir moeda, mas os bancos comerciais multiplicam esta moeda ou
Interno Bruto (PIB). Apesar de ter aumentado muito nos últimos dois anos, esse
Taxa de Juros
A taxa de juros é, na realidade, o preço do dinheiro ou da moeda. É aquilo que se ganha
111
UNIDADE II - Economia
determinado período de tempo. No Brasil, há uma série de taxas de juros que convivem
demanda por moeda e a oferta de moeda. Fazendo um paralelo com o que vimos no
capítulo 6 (mercado de bens e serviços), o dinheiro (ou moeda) é uma “mercadoria”, que é
negociada no mercado monetário, cujo preço é a taxa de juros. As taxas de juros definidas
pelo próprio governo devem funcionar como as taxas básicas do mercado, sobre as quais
se formam as demais taxas, de acordo com os riscos e os prazos das operações. No Brasil,
Títulos Privados) faz praticamente o mesmo tipo de operação para os títulos pri-
vados e públicos. Ela regula as operações diárias com os títulos públicos (ou seja,
Selic é a média ajustada dos financiamentos diários apurados no Selic), serve como
que é usada nos empréstimos que o Bacen faz a instituições financeiras. Por isso,
112
UNIDADE II - Economia
• TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), criada para vigorar trimestralmente, com
base nas rentabilidades médias anualizadas dos títulos da dívida externa com pra-
zo mínimo de dois anos e dos títulos da dívida interna com prazo mínimo de seis
meses, tem ponderação dos títulos das dívidas externa e interna de 75% e 25%,
Além dessas três taxas definidas pelo governo, as quais são referenciais, outra taxa tam-
113
UNIDADE II - Economia
de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip). Os CDBs são títulos que os bancos emitem
com o objetivo de captar dinheiro para suas operações de empréstimos para empre-
sas e pessoas físicas. Ao aplicar em um CDB, o investidor concentra o risco de seu in-
vestimento no banco que escolheu. Caso esse banco feche, o cliente perde tudo o que
quanto vai ganhar. De julho/96 a março/99, o Copom fixava a TBC (Taxa Básica do Banco
bém sinalizava o custo básico do dinheiro. Com a extinção da TBC, em março/99, o Copom
passou a divulgar a meta para a taxa Selic para fins de política monetária. Em agosto/96,
foi também criada a TBAN (Taxa de Assistência do Banco Central), que era uma taxa de
redesconto para bancos que tinham maior necessidade de recursos. Em março de 1999,
CDBs de vários prazos e indexadores. As taxas variam de acordo com a quantia aplicada.
seja, à grande discrepância que existe no spread bancário, que é a diferença entre a taxa
de captação (taxa de juro recebida pelo aplicador) e a taxa de aplicação das instituições
financeiras (taxa de juro cobrada pelos bancos para financiar o tomador, que pode ser
114
UNIDADE II - Economia
pagar até acima de 6% ao mês. Essa enorme diferença é explicada, em grande parte, pelos
seguintes fatores:
Renda na Fonte (20%) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), pelo menos
B. A chamada cunha fiscal, que são vários impostos e contribuições sobre as ope-
C. O elevado custo operacional dos bancos no Brasil, que é muito maior do que nos
países desenvolvidos;
D. Alta taxa de inadimplência, que faz com que haja repasse para as taxas de juros,
Outro ponto a ser destacado no que se refere à taxa de juros é a diferença entre taxa no-
minal e real de juros. A taxa nominal de juros (i) é o ganho monetário que se obtém
115
UNIDADE II - Economia
Isto significa que a taxa de juros nominal pode variar tanto por mudanças na taxa real de
Por outro lado, a taxa real de juros é a taxa nominal de juros (taxa Selic), desconta-
da a taxa de inflação (ou seja, deflacionada pelo IPCA). Matematicamente, a taxa real
ou seja, o banco que tem dinheiro sobrando empresta ao banco que não tem. Neste
mercado, o BACEN não tem acesso. Os CDI de um dia (a maioria das operações é por
Em 2011, por exemplo, como a inflação foi de 6,5% (medida pelo índice do IPCA do IBGE) e a
taxa nominal de juros foi, em média, de 12%, a taxa real de juros foi de 5,5%. Em outras palavras:
116
UNIDADE II - Economia
As taxas médias de juros, no Brasil, têm variado ao redor de 4% ao mês para capital de giro
das empresas a mais de 200% ao ano no cartão de crédito. Em termos de juros, pode-se,
em tom de brincadeira, dizer: “Pede o que quiser para ter o que pediu”. O Brasil tem uma
das maiores taxas de juros reais do mundo, enquanto a média dos países desenvolvidos
moeda (liquidez) na economia, vamos analisar, a seguir, como o governo utiliza os instru-
temente, o crédito para o setor privado. O executor dessas políticas é o Banco Central e os
o Bacen, pois, por meio dele, são permanentemente regulados a oferta monetária e o custo
primário do dinheiro na economia referenciada na troca de reservas bancárias por um dia, por
117
UNIDADE II - Economia
meio das operações de overnight. As operações de mercado aberto atuam tanto no sentido
ao livre funcionamento das forças de mercado, pois estabelece controles diretos sobre o
volume e o preço do crédito. Tal contingenciamento do crédito pode ser feito por controle
do volume e destino do crédito; controle das taxas de juros; fixação de limites e condições
dos créditos (ou de outros títulos da Dívida Pública), e através delas regula-se a liquidez
da economia. Quando há excesso de oferta monetária, o Banco Central, via leilões, vende
Por outro lado, quando há insuficiência de oferta monetária, o Banco Central entra no
pelas operações de venda. Em outras palavras, através do open market o Banco Central
118
UNIDADE II - Economia
Em suma, os dois principais tipos de operação são: compra líquida de títulos públicos
pelo BC, cujo resultado é o aumento de liquidez do mercado e queda da taxa de juros
primária (Resgate de Títulos); venda líquida de títulos públicos pelo BC, cuja
a adoção dos instrumentos acima descritos) tem consequências diretas sobre a taxa de
juros no mercado. Por exemplo, se o Banco Central vende títulos do governo, diminuindo
aumento das taxas de retorno dos títulos do governo faz com que eles sejam preferidos
em lugar de outros ativos. Para captar recursos, isto é, obter depósitos a prazo (CDBs e
RDBs), os bancos terão de aumentar as taxas de juros que estão dispostos a pagar.
Intimamente ligados à política monetária estão os déficits públicos, sejam eles financia-
dos pela emissão de moeda ou pelo aumento da dívida interna (via venda de títulos).
netária, de um lado, tem aspectos positivos porque não afeta os déficits futuros e diminui a
taxa de juros no curto prazo, mas, por outro lado, resulta num elevado tributo para a socie-
dade, que é a inflação. Para financiar o déficit, o governo emite dinheiro ou títulos públicos.
tor privado, dá-se pela venda de títulos públicos, resultando em aumento dos déficits
119
UNIDADE II - Economia
futuros por causa dos pagamentos dos juros (ou seja, aumento da dívida interna) e em
elevação das taxas de juros, conforme ilustrado acima. A elevação da taxa de juros, por
seu turno, desestimula o investimento, o consumo (e, por consequência, a demanda agre-
gada) e a renda, trazendo recessão e desemprego. Daí se conclui que a melhor maneira
de aumentar a poupança nacional (que inclui a poupança das famílias, das empresas via
lucro, e do governo) não é pela elevação da taxa de juro, mas pela redução do déficit
público. Aumentos da taxa de juro, numa situação de governo deficitário, somente con-
tribuem para aumentar ainda mais o déficit do governo porque geram um círculo vicioso.
Como o governo FHC adotou a venda de títulos como caminho para financiar o défi-
cit (que continuou porque as reformas tributária e previdenciária não foram realizadas,
federal (que inclui a dívida contratual externa e a mobiliária federal interna) fechou o ano
ao PIB, tem realmente caído, mas cabe registrar que em termos absolutos (é o fenômeno
que não para de crescer) em 2011 fechou em torno de R$ 1,8 trilhão. O financiamento
do déficit público, via emissão de moeda, gera inflação, mas, via emissão de títulos, cria
a dívida interna.
120
UNIDADE II - Economia
Recolhimentos Compulsórios
Trata-se de depósitos que os bancos devem fazer no Banco Central e que correspondem a
uma parcela dos depósitos que recebem. Em outras palavras, do volume de recursos apli-
cados nos depósitos à vista, nos bancos, uma parte fica nos bancos para fazer frente aos
no Banco Central (recolhimentos compulsórios) e somente uma parte fica para ser em-
prestada. Quanto maior a parcela dos depósitos que deve ser deixada no Banco Central,
isto é, quanto maior o compulsório, tanto menor a quantidade dos recursos que os bancos
A título de exemplo, no início do Plano Real o governo utilizou-se muito dos recolhimen-
tos compulsórios (100% sobre o crescimento dos depósitos em contas correntes; 30%
sobre os depósitos a prazo - CDBs e RDBs; 30% sobre a caderneta de poupança; 15% sobre
provoca uma elevação nas taxas de juros, porque a oferta monetária (volume de dinheiro
para empréstimos) se reduz, e vice-versa. Por causa da crise financeira mundial, o governo
121
UNIDADE II - Economia
(a curtíssimo prazo) dos bancos comerciais. É a última linha de atendimento aos furos de
As taxas de redesconto são as taxas cobradas pelo Banco Central aos bancos comer-
ciais para lhes fazer empréstimo em caso de emergência. Se as taxas de redesconto são
altas, os bancos vão tomar cuidado para não correr o risco de ficar sem reservas em
mento de controle da liquidez dos bancos. Este instrumento atua como empréstimo
conto dos bancos para tentar eliminar o estigma de socorro terminal que possui esse
o redesconto passe a ser visto como mais uma opção de negócios para os bancos, que
122
UNIDADE II - Economia
Até março de 1999, o custo do redesconto era corrigido pela Taxa Básica do Banco Central
(TBC), mas, com a extinção da TBC, passou a ser a taxa Selic. Em janeiro de 2000, o CMN
(Conselho Monetário Nacional) criou um novo sistema de socorro aos bancos que retira
do Banco Central parte dos riscos de prejuízos em caso de quebras de instituições finan-
liquidez. Por esse sistema, o BC concedia empréstimos aos bancos e tomava títulos ou cré-
ditos com garantia. Agora, o BC passa a comprar ativos do banco com dificuldades, como
timos. A lei determina que, em caso de quebra de bancos, as garantias sejam incorpo-
radas à massa falida. O BC era obrigado a se habilitar à massa falida e obedecer à lista,
seguida pelas dívidas com o fisco. Agora, o BC será proprietário dos ativos, que deixarão
de ser incorporados à massa falida. Assim, haverá menos recursos para pagar débitos tra-
alteração da base monetária, ou seja, estes instrumentos atuam sobre a liquidez do sis-
compulsórios e redesconto.
123
UNIDADE II - Economia
dispõe para alterar os níveis da demanda global na desejada direção da oferta global de
pleno emprego. Esta política exerce efeitos sobre os vários componentes da demanda
agregada por meio da alteração na disponibilidade monetária (ou seja, oferta de mo-
eda, que atua sobre a liquidez do sistema financeiro) e nas taxas de juros. A princípio,
pretende-se analisar e/ou explicar os efeitos das taxas de juros sobre o consumo, o inves-
timento, o preço das ações (ou seja, a ligação entre o mercado acionário e o monetário), o
das atividades básicas de demanda e oferta globais. Uma oferta monetária insuficiente
124
UNIDADE II - Economia
menor renda, porque elas compram relativamente mais a prazo do que os consumidores
de alto poder aquisitivo, que compram mais à vista. Em outras palavras, juro alto penaliza
proporcionalmente mais os pobres do que os ricos. Além disso, a elevação de juro reduz
bens alimentícios, que, via de regra, são adquiridos à vista. Os bens financiáveis, por terem
anterior, que há uma relação inversa entre essas duas variáveis, ou seja, quanto mais
experimentando ao longo dos últimos oito anos) contraem a demanda agregada, com
oferta e do emprego. Por outro lado, um exagerado suprimento monetário pode pro-
vocar a inflação ao elevar a demanda agregada (via queda na taxa de juro, que por sua
vez aumenta o investimento, e via aumento do consumo, devido à elevação dos níveis
125
UNIDADE II - Economia
governo utiliza a política monetária, via oferta de crédito, para estimular ou restringir a
estimular o consumo e o investimento do setor privado, por meio da queda da taxa real
fase de demanda aquecida (Da > Sa), período em que ocorre um processo inflacionário,
liquidez da economia.
Embora a taxa de juros desempenhe algum papel na determinação dos volumes da pou-
pança e do investimento, nada garante que ela conduza a permanente igualdade entre
• Pela taxa de juros (r), que, por sua vez, altera o investimento (I);
• Pela alteração do nível nominal do poder aquisitivo, que, por sua vez, altera o con-
sumo (C).
126
UNIDADE II - Economia
Ambos os caminhos, ao alterarem a demanda agregada (Da), afetam o nível da renda (Y),
juros. Sabe-se que vale a pena tomar emprestado no exterior, desde que a taxa de juros
aumentam com uma política monetária apertada e com o aumento da correção mo-
netária. Por outro lado, uma redução do ritmo das minidesvalorizações reduz o custo
dos empréstimos externos. A taxa interna de juros (ii), em termos nominais (isto é, sem
tirar a inflação), deve estar relacionada com a taxa externa de juros (ie), com a taxa de
risco do país (r) ou spread - que é a diferença entre a taxa de juros paga pelo país e a
taxa básica de juros externa como a prime (de Nova Iorque), a libor (de Londres) ou a
dos títulos do Tesouro americano - e com a diferença de inflação interna (pi) e externa
127
UNIDADE II - Economia
Aliás, relacionadas a isto, a queda dos juros internacionais ao menor nível atual (em torno
de 2% ao ano) em quase três décadas, devido à sobra de capital (alta liquidez) nos países
desenvolvidos, e a manutenção de taxas internas de juros reais (em torno de 19% ao ano)
tos em ações.
grau menor, da taxa de juros. Assim, dado o nível de renda de uma pessoa, ela estará
disposta a poupar um pouco mais se a taxa de juro for maior. Lembre-se que a poupan-
A relação entre a taxa de juro e a poupança pode ser observada pelas decisões das pesso-
as: quando a poupança está rendendo muito pouco, os consumidores consomem mais e
128
UNIDADE II - Economia
chegam a sacar parte da poupança, ou seja, os saques são maiores que os depósitos. É por
isso que quando o governo deseja estimular a poupança, ele altera o chamado redutor para
que a poupança tenha um melhor rendimento. Neste caso, os depósitos tendem a superar
empréstimos externos são menores do que os custos dos empréstimos domésticos desde que
(1 + taxa de juros externa) vezes (1 + taxa de desvalorização do real) seja menor do que (1 +
taxa de juros interna). O coração da poupança é a renda do consumidor, mas a taxa de juro
mente os jornais estampam manchetes do tipo: “Governo sobe juros para conter infla-
ção”. A pergunta é: Qual a influência da taxa de juros sobre os preços? Sabemos que a
inflação nada mais representa do que o aumento generalizado dos preços dos bens e
ciáveis, porque o juro incide sobre as prestações, conforme já vimos). Reduzindo o con-
sumo (os economistas diriam: diminuindo a demanda agregada) haverá menor pressão
129
UNIDADE II - Economia
REFLITA
“Dada a incerteza sobre os efeitos reais das políticas macroeconômicas, não se-
ria melhor não utilizar nenhuma? E, mesmo se a política puder, em princípio, ser
útil, podemos confiar nos formuladores de política econômica para implementar
a política correta? A conclusão: a incerteza limita o papel da política econômi-
ca. Os formuladores de política econômica nem sempre fazem a coisa certa. Mas,
com instituições corretas, a política econômica pode ajudar e deve ser utilizada”.
(Blanchard, 2011)
INDICAÇÕES DE LEITURA
Para mais conhecimentos sobre este assunto, indico dois excelentes títulos a você:
130
UNIDADE II - Economia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas macroeconômicas são muito importante para o país, pois é ela que leva o bem
estar a população. O governo deve utilizar corretamente as instituições que possui para
Com a aplicação correta das políticas, a distribuição de renda melhora, os preços se estabilizam
e, portanto, garantem o poder de compra da moeda brasileira o que é muito importante prin-
cipalmente para as famílias que não tem como se proteger da inflação, pois não tem acesso ao
Para as empresas, é fundamental uma política consistente de juros, onde o mesmo não
tributação aos gastos, é necessário que haja um equilíbrio, onde os gastos públicos sejam
131
UNIDADE II - Economia
ATIVIDADES
1) Quais são os objetivos da política macroeconômica?
2) Como o governo pode alcançar cada objetivo por meio das políticas?
132
UNIDADE 3
Economia internacional
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
INTRODUÇÃO
A política cambial fundamenta-se, via de regra, na administração da taxa de câmbio e no
controle das operações cambiais. Apesar do forte vínculo que ela mantém com a política
nanceiras do país com o resto do mundo. Ela tem impacto direto sobre a política mone-
tária, razão pela qual deve ser administrada com muito cuidado. Um aspecto interessante
do comércio internacional têm superado às dos PIBs ou PNBs dos países. Por
exemplo, nos anos de 1990, enquanto o PIB mundial cresceu a uma taxa anual de 3,1%,
o comércio internacional expandiu-se em 6,2% ao ano, ou seja, o dobro. É por isso que
a renda nacional. O Japão e a Alemanha foram países que se beneficiaram muito do co-
mércio exterior, pois são grandes exportadores líquidos, isto é, exportam muito mais do
de vinte trilhões de dólares, tendo crescido a uma média anual de 7%, nos últimos
135
UNIDADE III - Economia
ao ano. Um dado interessante é que apenas quinze países (os desenvolvidos + os tigres
O Brasil, infelizmente, ainda tem uma participação pouco expressiva no comércio inter-
nacional, contribuindo com algo em torno de 1,5% dos negócios mundiais. Durante
onze anos (1983-1994), o Brasil gerou superávits comerciais (as exportações supera-
ram muito as importações) anuais médio com cerca de US$ 13 bilhões, totalizando US$
145 bilhões no período. A partir de 1995, contudo, com o efetivo processo de abertura da
até 2000. Após o superávit comercial de US$ 10,3 bilhões em 1994, a conta de mercado-
rias passou a assinalar déficits nos seis anos seguintes: US$ 3,1 bilhões em 1995, US$ 5,5
bilhões em 1996, US$ 8,3 bilhões em 1997, US$ 6,6 bilhões em 1998, US$ 1,2 bilhão de
dólares em 1999, e de US$ 740 milhões em 2000, totalizando US$ 25,3 bilhões no período.
136
UNIDADE III - Economia
de comércio entre um país e os demais, mas não é o único, como parece para a grande
maioria das pessoas. Há também outros importantes instrumentos que têm uma direta
cambiais;
137
UNIDADE III - Economia
Balança comercial é a diferença entre o valor total exportado (isto é, as exportações) e o valor
terior passa a ser uma alternativa efetiva para o processo de desenvolvimento eco-
restrições tarifárias, fazendo com que o Brasil se tornasse uma das economias mais
fechadas do mundo. Como média dos anos de 1980, as importações brasileiras re-
20% para países como: Chile, Canadá, Alemanha, Coréia do Sul, França, Indonésia,
Itália, Inglaterra e Tailândia, entre outros; - a partir de 1988 tem início um novo pe-
Para fins de comparação, a tarifa média de importação, em 1988, era de 45%, cain-
138
UNIDADE III - Economia
A abertura da economia brasileira tem sido a condição básica para a estabilidade dos
preços, uma vez que forçou a indústria nacional a aumentar a competitividade, ao introdu-
zir novas tecnologias que possibilitaram elevação da produtividade e redução dos custos
unitários de produção. Isso ajudou a transferir renda para os consumidores, via redução
dos preços e dos lucros das empresas. A abertura do mercado brasileiro estimulou fusões
Taxa de câmbio
A taxa de câmbio é o preço, em moeda corrente nacional, de uma unidade de moeda
estrangeira. Assim, quando se diz que o câmbio está em 1,80, quer dizer que é necessário
um real e oitenta centavos para trocar (ou comprar) um dólar, por exemplo. Por meio da
taxa de câmbio, que indica quantos reais são necessários para comprar um dólar ou outra
sa. Por exemplo, a desvalorização ou depreciação cambial é um aumento do preço das di-
visas estrangeiras em moeda nacional. Quando o real se deprecia, paga-se maior número
de reais por dólar. Isso significa que os preços dos produtos estrangeiros em reais ficam
mais caros e que os preços dos nossos produtos ficam mais baratos, ou seja, nossas expor-
139
UNIDADE III - Economia
Assim, a expansão líquida das exportações (E-M) aumenta a demanda agregada (Da) e
gera mais emprego. Em 2007 e até meado de 2008 houve uma forte apreciação do real,
chegando a ficar próximo de R$ 1,50 por dólar. A partir do segundo semestre de 2008 foi
o real que se depreciou frente ao dólar, ficando em fevereiro de 2009 ao redor de R$ 2,30
devido a crise mundial. Essa apreciação do dólar foi resultado da grande demanda por
dólar por parte dos investidores, para cobrir perdas acumuladas em seu país de origem,
Uma valorização do real significa menos reais por dólar. A determinação da taxa de câm-
bio pode ocorrer por interferência direta das autoridades econômicas ou não. Com a
interferência governamental o Brasil experimentou, nos últimos quinze anos, dois tipos
diferentes de condução da política cambial. Até o início de 1990 o Banco Central exerceu
um poder absoluto ao fixar a taxa de câmbio, sem qualquer consulta ao mercado. Nesse
período, a taxa de câmbio era determinada diretamente pelo BACEN. No segundo caso, a
partir de 1990, houve uma interferência relativa, ao permitir a flutuação da taxa, mas den-
tro de certos limites determinados por essas autoridades, como foi o caso do sistema de
bandas, que funcionou no período de 1995 até meados de janeiro de 1999. A partir dessa
data, a política cambial brasileira passa a ser praticamente sem qualquer interferência go-
vernamental, em que o câmbio flutua livremente. Assim, de um modo geral, pode-se dizer
140
UNIDADE III - Economia
tes) e
Como se afirmou, o governo brasileiro adotou, de 1995 até janeiro de 1999, o re-
gime de bandas cambiais, por meio das quais o Banco Central fixava os limites
superior e inferior (que são as bandas), dentro das quais a taxa de câmbio podia
Banco Central entrava vendendo dólar no mercado, impedindo, assim, que a taxa
subisse. Quando a taxa de câmbio estava muito próxima da banda inferior, o Banco
Central atuava comprando dólar, forçando a subida da taxa para níveis desejados
US$ 70 bilhões), o que permitiu e facilitou a atuação do Banco Central nesse regime
141
UNIDADE III - Economia
bial (ou seja, de que o real estava muito apreciado perante o dólar) tomou a decisão de
tornar mais flexível o regime cambial no sentido de permitir, a longo prazo, maior flutua-
ou seja, a diferença entre o teto e o piso iria aumentando. Como o intervalo entre o limite
zações menores para o piso da banda cambial e maiores para o teto. Além disso, o alar-
espaço para a flutuação do câmbio e o BC não teria de fazer muitas intervenções para
manter a cotação. Ao que parece, o governo deu sinais de que iria desvalorizar menos o
real e manter a política de redução de juros. Além disso, a medida tenderia a desestimular
Na verdade, pela primeira vez, desde julho de 1995, o governo brasileiro sinalizava
maior flutuação. Esse alargamento das bandas iria ocorrer de forma gradual, de modo
abandonar também essa política de bandas e passou a permitir uma livre flutuação
142
UNIDADE III - Economia
do dólar, podendo evidentemente vir a intervir (vendendo dólar), sem, contudo, dei-
xar claro para o mercado quando intervirá. Uma desvalorização do real estimula as
câmbio fixa (como ocorreu até 1990), os outros dois casos se enquadram em situações
A oferta de divisas estrangeiras (ou seja, os ofertantes de dólar no Brasil, por exem-
plo) origina-se:
• Nas exportações brasileiras, uma vez que quando uma mercadoria nacional é ven-
dida para o exterior, o importador estrangeiro envia para o Brasil os dólares re-
143
UNIDADE III - Economia
A partir de 2009, parece haver uma tendência de retorno de dekasseguis para o Brasil,
complicada.
Considerando-se apenas as exportações, é fácil perceber que há uma relação positiva en-
tre a taxa de câmbio e as exportações, isto é, quanto maior a taxa de câmbio, ou seja,
quanto maior a quantidade de reais por dólar, maior deve ser o volume exportado pelo
país. Tendo em vista que as exportações geram dólares para o país, a oferta de dólares
cresce com a taxa de câmbio. Em outras palavras, a taxa de câmbio e a oferta de dólares
mantêm uma relação direta. Por outro lado, a demanda ou procura por divisas es-
• As importações brasileiras;
144
UNIDADE III - Economia
câmbio mantém uma relação negativa (inversa) com o volume importado, ou seja, quanto
maior a taxa de câmbio, menor a importação porque fica mais caro para o país adquirir
bens e serviços do exterior. Tendo em vista que para comprar do exterior os importadores
têm que pagar em dólares, a demanda por dólar cai com o aumento da taxa de câmbio.
Assim, a taxa de câmbio, num sistema de livre mercado como o que temos atualmente,
depende das forças acima, ligadas à demanda e à oferta de dólares. É possível afirmar que,
jarão exportar mais, o que significa que a curva de oferta de dólar é crescente com
a taxa de câmbio;
145
UNIDADE III - Economia
portar menos, uma vez que os produtos importados ficam mais caros. Desse modo,
taxa de câmbio.
Uma pressão de demanda por dólares (produzida pelo aumento de importação, por
exemplo) pode resultar na elevação da taxa de câmbio. Neste caso, a curva de demanda
por dólar desloca-se para a direita. Do mesmo modo, um aumento nas exportações bra-
sileiras pode pressionar a cotação do dólar para baixo, uma vez que a oferta de divisas é
Balanço de pagamentos
O Balanço de Pagamentos de um país é um resumo contábil das transações econômicas
que este país faz com o resto do mundo, durante certo período de tempo. A partir deste
146
UNIDADE III - Economia
conforme já comentado);
positivo (em torno de US$ 13 bilhões por ano) na Balança Comercial. A partir de então,
por conta da maior abertura da economia brasileira, a balança comercial do país apresentou
No tocante à balança de serviços, pode-se dizer que, historicamente, nosso país tem
déficit nessas transações com o exterior. De 1980 a 1994, esse déficit girou em torno de
US$ 15 bilhões por ano, mas a partir de 1995 cresceu a um patamar médio de US$ 25 bi-
lhões por ano. Nos últimos anos, esse déficit tem sido crescente, devido à deficiência do
147
UNIDADE III - Economia
venientes de pessoas trabalhando fora do país, como é o caso dos dekasseguis, brasileiros
país. A taxa de câmbio pode estimular ou desestimular as exportações (X), o mesmo ocor-
rendo com as importações (M). Uma depreciação do real em relação ao dólar (isto é, mais
reais por dólar) deve estimular as exportações. Quando o real se deprecia (como acon-
teceu em janeiro e fevereiro de 1999), paga-se maior número de reais por dólar, o que
implica que os preços dos produtos estrangeiros em reais ficam mais caros e os preços
dos nossos produtos ficam mais baratos, ou seja, nossas exportações aumentam e nossas
Exportar faz aumentar a produção e gerar emprego e renda. Um aumento significativo nas
exportações, por exemplo, pode ter grande impacto monetário, uma vez que o ingresso de
divisas (leiam-se dólares, por exemplo) precisa ser convertido para reais, o que vai provocar
148
UNIDADE III - Economia
por meio do câmbio comercial. Do mesmo modo, recursos captados pela emissão de títu-
los no exterior, seja através de bônus ou commercial papers, seja pela entrada de recursos
para aplicação em bolsas de valores, também podem forçar o governo a fazer emissão de
reais para atender a essa conversão. É o fechamento de câmbio para atender às chamadas
compras financeiras.
que é obrigado a aumentar a dívida pública para enxugar a moeda que entra em circula-
ção pela troca de dólares por reais. O aumento nas exportações aumenta a deman-
produzir aqui dentro, gerar renda e empregos interno. Assim, a expansão das exportações
representa uma poderosa alavanca para a expansão do mercado, tendo efeito positivo
Por meio das exportações é possível fazer um país crescer, gerar emprego e aumentar a
renda interna. Foi o que fez o Japão, um exemplo para o Brasil, o qual, infelizmente, ainda
exporta muito pouco, considerando-se o potencial que tem. É inaceitável que alguém
afirme que o Brasil não deve exportar enquanto houver brasileiros passando fome aqui.
Ora, se passam fome não é por falta de alimentos, mas porque não têm renda suficiente
149
UNIDADE III - Economia
para adquirir os alimentos. Uma das maneiras de aumentar a renda interna dos brasileiros
é via exportação. Afinal, para exportar é preciso produzir internamente, e ao produzir in-
REFLITA
Câmbio valorizado prejudica as exportações e a competividade da indústria na-
cional, visto que os importados ficam baratos.
Câmbio desvalorizado prejudica as importações e, portanto, encarecem pro-
dutos cotados em dólares e matérias-primas importadas, prejudicando assim o
consumidor.
150
UNIDADE III - Economia
INDICAÇÃO DE LEITURA
Dois ótimos livros, que posso indicar pra você são este do Prof. Krugman, que foi prêmio
Nobel de economia e “A China sacode o mundo”, livro excelente sobre as façanhas econô-
micas chinesas.
151
UNIDADE III - Economia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A economia internacional tem sido cada vez mais importante para a economia brasileira
que nos permitiu ingressar de vez no comércio mundial, com uma participação crescente,
apesar de ainda pequena em comparação com outros países como EUA, China e Japão.
relação ao resto do mundo, pois com as exportações em alta, podemos gerar mais empre-
A grande preocupação do governo é manter uma taxa de câmbio flexível que não penali-
Câmbio valorizado é bom pra quem importa e ruim pra quem exporta, e vice-versa.
Este tipo de discussão sempre irá existir: qual patamar é o ideal para o câmbio?
seja, sem atuações fortes do governo para definir o patamar de preços da moeda estrangeira.
O governo deve se preocupar com a competitividade da indústria nacional sim, mas não
somente em aspectos cambiais, mas sim em aspectos fiscais (tributação), logísticos (me-
152
UNIDADE III - Economia
ATIVIDADES
1) Explique os principais regimes cambiais.
153
CONCLUSÃO
Vimos neste material de Fundamentos de Economia que esta ciência nos cerca! Seja em
na área de gestão vai estar a todo momento lidando com assuntos ligados à economia
de um país.
O profissional da área financeira deverá entender sobre câmbio, oferta e demanda por
Quem trabalha na logística deve estar atento à atividade econômica para calcular estoque; inflação
que impacta preço de combustíveis que, por sua vez, impacta o custo dos transportes.
Aquele que atua no setor produtivo está preocupado com as políticas monetárias do go-
Viram???
Caro acadêmico, espero que este estudo possa ser importante em sua vida profissional
diegofigueiredo@yahoo.com.br
Um Grande Abraço,
154
Referências
1. BACEN. Relatórios Anuais. Disponível em <http://www.bcb.gov.br/?BOLETIM>,
com acesso em 31 de Março de 2012.
3. GREMAUD, A. P.; LUQUE, C. A.; PINHO, C. M.; PINHO, D. B.; GARÓFALO, G. L.; CARVALHO,
L. C. P.; BRAGA, M. B.; VASCONCELLOS, M. A. S.; Manual de introdução à econo-
mia. São Paulo: Saraiva, 2008.