Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
1. Conceito
A doutrina acerca do Poder Constituinte foi elaborada, de forma explícita, pela
primeira vez, em plena Revolução Francesa (final do séc. XVIII) por Emmanuél
Joseph Sieyes. Sua obra denominou-se "A Constituinte Burguesa qu'est-ce que I e
Tiers État?" (o que é o terceiro Estado?).
2. Formas de exercício.
Segundo Pedro Lenza, duas são as formas de expressão do poder constituinte
originário: outorga (caracteriza-se pela declaração unilateral do agente
revolucionário) e assembleia nacional constituinte ou convenção (nasce da
deliberação da representação popular).
3. Espécies
O poder constituinte originário é inicial, autônomo e incondicionado, visto que
não se submete a procedimento formal preestabelecido.
Segundo a doutrina, o poder constituinte originário pode ser subdividido em
histórico (verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira
vez, o Estado) e revolucionário (todos os posteriores ao histórico, rompendo por
completo com a antiga ordem e instaurando uma nova, um novo Estado).
O entendimento doutrinário é de que o poder constituinte originário, além de
autônomo, é permanente e não se esgota com a edição de uma nova constituição.
O poder constituinte derivado decorrente é aquele exercido pelos estados e pelo
DF na criação de suas constituições ou lei orgânica, com obediência aos princípios
trazidos pela Constituição Federal. Segundo Celso Bastos, o poder constituinte
originário é soberano, enquanto o poder constituinte estadual é autônomo.
O poder constituinte de reforma pode ser dividido em poder de revisão e poder
de emenda.
O Poder Constituinte de Reforma pode ampliar o catálogo dos direitos
fundamentais, mas não pode criar novas espécies de cláusulas pétreas (ver art.
60, § 4°, da CF).
Segundo Marcelo Novelinho, as limitações formais do poder constituinte derivado
de reforma, classificadas por parte da doutrina como limitações implícitas,
referem-se aos órgãos e aos procedimentos a serem observados na alteração do
texto constitucional.
Não há superioridade hierárquica entre leis ordinárias e leis complementares.
O poder constituinte originário é inicial, ilimitado e incondicionado, além de
autônomo e permanente.
O poder constituinte derivado é limitado e condicionado aos procedimentos
previstos na Constituição.
Segundo Pedro Lenza, mutação constitucional ocorre quando há alterações no
significado e sentido interpretativo de um texto constitucional, ou seja, a
transformação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra
enunciada. A mutação constitucional pode ser realizada pelo STF.
4. Emenda à Constituição
Não há previsão constitucional para a emenda da CF por meio de iniciativa
popular.
Segundo Michel Temer, a emenda constitucional é, enquanto projeto, um ato
infraconstitucional.
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio (art. 60, § 1°, da CF).
As limitações materiais ao poder constituinte de reforma "não estão previstas
somente no bojo da CF propriamente dita, mas estão dispostas no denominado
bloco de constitucionalidade.
O sistema constitucional brasileiro admite as cláusulas pétreas implícitas, as
quais, apesar de não estarem enumeradas no art. 60, § 4°, da CF, também não
podem ser abolidas por emenda constitucional.
O poder constituinte reformador está sujeito a limitações formais, materiais,
temporais e circunstanciais. O poder constituinte originário é que· não sofre
limitações.
É possível a concessão de um mandado de segurança contra ato de Presidente de
uma Casa Legislativa que admita a tramitação de uma proposta de emenda
constitucional que pretenda a supressão de uma cláusula pétrea (RTJ 99:1.031 e
Informativo STF 239)
Além das limitações expressas ou explícitas, a doutrina identifica também as
limitações implícitas (como impossibilidade de se alterar o titular do poder
constituinte originário e o titular do poder constituinte derivado reformador, bem
como a proibição de se violar as limitações expressas), não tendo sido adotada,
no Brasil, portanto, a teoria da dupla revisão (uma primeira revisão acabando
com a limitação expressa e a segunda, reformando aquilo que era proibido).
Controle de Constitucionalidade
Página 124