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RESENHA CRÍTICA

Scliar, M. (2005). Do mágico ao social: Trajetória da saúde pública. 2 ed. São


Paulo: SENAC São Paulo.

Marly Ponce

O autor Moacyr Scliar(2) em seu texto remete os seus leitores em uma viagem ao longo
da história da saúde pública. Partindo da pré-história até a modernidade, o que faz
compreendermos como chegamos ao sentido de Saúde que temos atualmente. O autor refere-
se a esta trajetória como “um voo do pássaro sobre os longos caminhos do tempo”.
Traz em seu discurso várias formas de olhar esta história: um olhar mágico um olhar
empírico, um olhar autoritário, as variantes de um olhar científico e um olhar social.
Primeiramente o olhar mágico. No início, os povos primitivos justificavam a doença
dentro de uma perspectiva mágica do mundo, ou seja, ligadas aos demônios ou espíritos
malignos que se apossavam das pessoas. Este fenômeno é percebido desde as civilizações
indígenas, gregas, romanas, até chegar a Idade Média atravessando o surgimento do
cristianismo no mundo. Novas formas de conhecimento passam a confrontar esta magia
deixando um espaço para se ter um outro olhar.
O olhar empírico passa a dominar na antiguidade clássica até a Idade Média. Na
civilização grega e romana que iremos nos deparar com o desenvolvimento científico. O ser
humano ideal para os gregos deveria ter o corpo e a mente vivendo em equilíbrio. Por outro
lado, temos os textos atribuídos a Hipócrates que transporta-nos a uma visão racional da
medicina, que aparece registrado em seus casos clínicos o que traz à tona a visão
epidemiológica do problema saúde-enfermidade.
Em Roma, grandes obras foram executadas. Desde a construção de esgotos para drenar
pântanos, aquedutos que traziam agua para a cidade e até os banheiros públicos. Tanto os
gregos quanto os romanos nesta época possuíam o conhecimento da influência do ambiente na
saúde.
Na idade Média, as cidades europeias possuíam insignificantes cuidados com a higiene
o que facilitava o alto índice de proliferação de epidemias. Esta época ficou conhecida por nós
como a Era das Trevas. Nos deparamos no século 14 com três grandes surtos de peste bubônica
(em seu segundo surto denominada de “peste negra” pode ter matado mais de 25 milhões de
pessoas).
De acordo com Araújo(1) houve um declínio das pandemias que corresponde ao período
que vai da Renascença até o início da Revolução Industrial, embora ainda tendo como principal
causa de morte as doenças infecciosas (1). Nesta época, houve poucos avanços científicos sobre
a medicina, trazendo para esta área as práticas supersticiosas devido ao declínio de Roma.
Surgem os primeiros hospitais de caridade, apesar dos cuidados aos doentes serem apenas
conforto espiritual. Para o cristianismo, a doença era vista como purificação e as epidemias
como castigo. A religião tornava-se um sentido para o sofrimento. Verifica-se uma melhora
gradual tanto no padrão quanto na expectativa de vida que alcançou 40 anos (1).
No final do século 15, o ocultismo que na Idade Média foi reprimido pela Igreja ressurge
na doutrina mágica da simpatia, na alquimia, na astrologia, na cabala e as seitas secretas. No
final a alquimia foi absorvida pela ciência. A partir disto, o nascimento da moderna saúde
público começa a ganhar forma.
O estudo da anatomia humana também é um marco para o olhar empírico. A
comparação do corpo humano como a sociedade da origem ao conceito de corpo social que
ganha força e tem expansão do século XVII e meados do século XIX. O olhar que a saúde
pública lança sobre o corpo social em acelerado processo de organização é marcado por um
viés autoritário.
O olhar autoritário irá retratar a história da intervenção do estado e que logo vira uma
questão econômica respaldada na questão de até que ponto é lícito, ou desejável, intervir no
corpo social? Os fisiocratas compreendiam que as sociedades humanas eram regidas por leis
naturais, iguais às que governam qualquer organismo, o mesmo no mundo físico.
Este olhar autoritário pode ser visto passando por Adam Smith (1723-1790) e John
Stuart Mill (1806-1873) que acreditam nas regras de distribuição da renda. Joham Frank (1745-
1821) lança na Alemanha o conceito de polícia médica (podia colher informações que julgasse
necessárias sobre as pessoas baseadas em leis regulamentadoras). Outras medidas referiam-se
à prevenção de doenças contagiosas, à higiene, aos cuidados com o parto, a qualidade do
alimento, entre outras.
Nas famílias burguesas os hábitos higiênicos era iniciado em idade muito precoce
diferentemente das famílias do proletariado onde as crianças começavam a trabalhar muito cedo
nas fabricas; mas já existiam tentativas para mudar essa situação. Vemos também no tratamento
dado aos doentes mentais da época que no século XVIII eram tratados como expressão do lado
animal do ser humano.
A saúde pública ainda possuía uma forma autoritária governamental (autoridade
sanitária) e o comprometimento estatal das atividades relacionadas aos serviços públicos varia
de país para país. No Brasil, praticamente essas atividades são de atribuição do Estado: a
vacinação, controle de doenças e endemias.
Segundo Araujo(1) , nos países desenvolvidos, a “Era das doenças degenerativas e das
causadas pelo homem” irá se estender da Revolução Industrial aos tempos modernos. Verifica-
se um declínio das doenças infecciosas (várias décadas antes do aparecimento das sulfas e dos
antibióticos) e aumento da expectativa de vida que agora chega aos 70 anos(1).
O modelo autoritário do século 18, acabou sendo ultrapassado pela exigência da Ciência
de se ter um novo olhar para este corpo social. A partir daí a visão científica é gradativamente
introduzida na saúde pública. Esta visão cientifica passará por três momentos: o olhar contábil,
o olhar epidemiológico e o olhar armado.
O olhar contábil, século XIX, tendo os números funcionando como indicadores de
saúde do corpo social como os sinais vitais para o corpo individual. A saúde pública adquiriu
características definitivamente científicas. A psicometria desenvolveu-se muito com os testes
de medida do Quociente de Inteligência (QI). Mas este olhar contábil da saúde pública
precisava ser completado por outro olhar, mas dinâmico: o olhar epidemiológico.
O Olhar Epidemiológico, até o século XIX, as teorias predominantes sobre as causas
das doenças tinham escassa fundamentação científica. Esta situação acabou se revertendo em
função da mudança na metodologia das enfermidades. Surgem os epidemiologistas, tais como
John Snow que irá basear os seus trabalhos na organização lógica de suas observações e na
abordagem quantitativa do surto.
Enquanto na idade média a morte era vista como fatalismo, na idade moderna passa a
ser sentida como intolerável a separação do outro. Existia uma diferença das famílias burguesas,
(em relação a hábitos de higiene, a aprendizagem passou a se na escola) e as famílias proletárias,
(onde as mães desnutridas amamentavam seus filhos, negligencias em seus hábitos de higienes
e a ida precoce das crianças para um trabalho nas fábricas).
Vale ressaltar que uma nova disciplina que em 1865, a puericultura, ao lado da instrução
obrigatória, passam a ter um entrosamento próprio do sistema de ensino aumentando o nível
dos médicos. Deste modo, o tratamento das doenças da infância acaba desenvolvendo-se.
Notamos que este progresso apresentado neste período, irá depender da metodologia e
não da tecnologia. No final do século XVIII passamos para um outro olhar que examina o corpo
social, que já não está nu, mas armado,
O Olhar Armado que observamos é o de Louis Pasteur tendo como arma o microscópio
inventado no início do século 17 (mas a microbiologia só começou a se desenvolver no século
XIX). A partir da Revolução Industrial, cidades industriais cresceram rapidamente e sem
planejamento; a carência do mais elementar equipamento sanitário em termos de abastecimento
de água, de esgoto, de coleta de lixo e de higiene de habitação. Com medidas de saúde pública
insuficientes, ou seja, não atingiam a dimensão social do problema. Um conjunto de medidas
progressivas irão culminar com a implantação do Welfare State, do Estado de bem-estar social.
Um olhar tido como crítico, mas que andava em busca de soluções.
O Olhar Social, surge como efeito da evolução Industrial. As epidemias ressurgem; o
cólera na Europa em 1831. A tuberculose foi tida como espectro do século XIX. A emergência
da saúde pública é facilitada pelo desenvolvimento da enfermagem nesta área.
O desenvolvimento social já não pode ser autônomo, mas sim tendo a intervenção do
Estado como forma de polícia. Cria-se o seguro social como forma de suprir a necessidade de
uma tecnologia da intervenção social. O seguro social, trouxe grandes benefícios à população
e a Assistência médica agora não era uma questão de caridade, mas um direito adquirido através
do trabalho.
No Brasil, o seguro social surge com Getúlio Vargas na fase de industrialização e
urbanização dos anos 30-40. É quando começa a se falar "povo"; até então, tal categoria
praticamente não existia.
Scliar irá destacar os riscos do uso da metáfora do corpo para explicar a sociedade e
muito menos achar que serve de modelo de ação da saúde pública. A sua trajetória está muito
longe de ser encerrada. O autor entende que avanços têm sido registrados e o que o século 20,
sem dúvida, foi um século de grandes acontecimentos nesta área. Mas destaca que as conquistas
do passado nunca irão eliminar as controvérsias do presente.
A saúde pública volta o seu olhar para o futuro, busca e transcende a metáfora que a
acompanhou desde o seu nascimento e tenta encontrar uma solução dos grandes problemas que
ainda enfrenta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Araújo, J.D. Polarização epidemiológica no Brasil. Inf. Epidemiol. SUS, n.2, p.5-16,
1992.
(2) Scliar, M. (2005). Do mágico ao social: A trajetória da saúde pública. 2 ed. São Paulo:
SENAC São Paulo.

SP, Agosto de 2018.

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