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Cultura, em sentido antropológico, engloba tudo aquilo que o ser humano produz para
garantir sua sobrevivência e desenvolvimento. Abrange desde atividades essencialmente
materiais, como a agricultura,xxix até obras de caráter mais intelectual, como a literatura e
as artes. A Constituição Federal adotou esse conceito ao definir patrimônio cultural
brasileiro como “os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira” (art. 216, caput). A transmissão da cultura se
faz por meio da educação, formal, não formal e mesmo informal.
Escolarização (ou educação escolar), por sua vez, refere-se a todos os processos de
caráter educacional controlados por uma instituição específica, a escola. Em termos
jurídicos, escolarização é sinônimo de submissão a padrões homogêneos definidos
nacionalmente; no caso do Brasil, esses padrões constam da Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional – também conhecida
como LDB), que delimita expressamente seu âmbito de aplicação: “Esta Lei disciplina a
educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias” (art. 1º, § 1º).xxx A escolarização não é apenas a educação
institucionalizada (isto é, conduzida por estruturas burocráticas altamente reguladas, as
escolas), mas também uma ideologia xxxi, um mito xxxii, uma religião xxxiii e um processo
educacional xxxiv.
Intelectual, em sentido lato, é todo aquele que, dotado de cultura consideravelmente maior
que a média da população, reflete sobre as realidades sociais e propõe soluções para os
problemas dessa sociedade. A classe dos intelectuais é tradicionalmente denominada de
intelligentsia. Na conhecida classificação das espécies de poder realizada por Max
Weber, o poder intelectual (ao lado do militar e do político) tem destacada importância,
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uma vez que determina a ação alheia sem a necessidade da utilização da força física ou
de meios financeiros.
(...)
Ser um educador intelectual transformador é compreender que as escolas não são espaços
neutros de mera instrução, mas carregados de pressupostos que representam as relações
de poder vigentes e convicções pessoais nem sempre explicitadas. Imaginar que a escola
seja um local apolítico, em que são transmitidos conhecimentos objetivos e apartados do