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JANAINA VEIGA

ANÁLISE DE PROBLEMAS TRIDIMENSIONAIS SOLO-


ESTRUTURA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
NO DOMÍNIO DE FOURIER

Dissertação apresentada ao Departamento de


Engenharia Civil da PUC-Rio como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil - Geotecnia

Orientador: Celso Romanel


Co-orientadora: Deane Roehl

Departamento de Engenharia Civil


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, abril de 2000
Aos meus pais, Agostinho e Ivone,

meu irmão José Augusto e meu

noivo Carlos Vitor.


AGRADECIMENTOS

Ao professor Celso Romanel pela sua orientação, dedicação e apoio durante a elaboração

deste trabalho.

À professora Deane Roehl pela orientação sempre atenciosa na execução deste trabalho.

Aos professores do Departamento de Engenharia Civil da Puc-Rio (geotecnia), pelos

conhecimentos transmitidos durante o curso de mestrado.

Aos meus pais, Agostinho e Ivone, pelo grande amor, dedicação e incentivo a atingir esta

etapa e principalmente pelo apoio nos momentos difíceis. Ao meu irmão José Augusto e ao meu

noivo Carlos Vitor pelo apoio.

Aos amigos do curso, Ana Carolina, Antônio Sérgio, Carlos Ataliba, Ciro, Francisco Júnior,

Raniere, Raquel, Rodrigo, Rômulo e Samuel com os quais tive o prazer de ter o convívio diário no

primeiro ano nas disciplinas que cursamos. E dos quais nunca esquecerei pelo companheirismo e

amizade demonstrado.

A Elaine, Evelyn, Giorgiana, Salete e Silvia pela amizade e pela ajuda em todos os

momentos que precisei.

Aos amigos paraenses e demais colegas da PUC- RIO pelos momentos de alegria.

E todos que colaboraram indiretamente pelo desenvolvimento deste trabalho.

À CAPES pelo auxílio financeiro.


RESUMO

Este trabalho estuda problemas geotécnicos e de interação solo-estrutura utilizando o

método dos elementos finitos acoplado com a transformada de Fourier.

Pela aplicação da transformada de Fourier, as equações diferenciais que governam o

problema elástico linear, com as correspondentes condições de contorno, são reescritas no plano de

Fourier, permitindo que um problema de natureza tridimensional possa ser numericamente analisado

por uma discretização bidimensional.

Esta técnica foi empregada neste trabalho para certos problemas de engenharia, como

dutovias, túneis e fundações tipo “radier”, onde a geometria e os parâmetros dos materiais mantêm-

se constantes ao longo do eixo longitudinal do corpo, porém admitindo-se variações espaciais no

carregamento imposto ao sistema, gerando , assim, um estado tridimensional de tensões.

Alguns elementos de interface, com formulação publicada na literatura, foram também

considerados na implementação computacional, visto que em problemas de interação solo-estrutura

o comportamento do sistema é bastante influenciado pelas propriedades e características mecânicas

do solo imediatamente vizinho à estrutura.

Os exemplos numéricos apresentados são comparados, sempre que possível, com os

resultados obtidos por outra solução analítica ou numérica, procurando discutir as vantagens e

limitações do acoplamento da transformada de Fourier com o método dos elementos finitos para a

análise de determinada classe de problemas geotécnicos tridimensionais.


ABSTRACT

In this work some geotechnical and soil-structure interaction problems are studied using the

finite element method coupled with a Fourier transform technique.

For linear elastic problems, Fourier transforms are applied to the governing field equations,

thus enabling that some specific tridimensional problems can be analyzed using a 2D finite element

mesh. In conventional finite element applications, a 3D discretization is usually required, but

difficulties associated with the preparation of the finite element mesh and the involved computational

efforts prevent, in general, the use of a true 3D model.

The integral transform method is used in this research for the analysis of some very common

problems in geotechnical engineering, such as piping systems, raft foundations and tunnels, where the

geometry and the soil profile may be considered constant along a coordinate direction. The applied

loading, however, can assume any possible surface distribution, which does not allow to treat the

problem under the plane strain assumptions.

Some special finite elements presented in the literature, called joint or interface elements, are

also incorporated into the finite element computational program written in this research, given that for

soil-structure interaction problems the material behavior at the common interface may greatly affect

the entire system results.

Some numerical examples are presented, and their numerical results are compared,

whenever possible, with other solutions obtained using analytical or other numerical technique.

Advantages and limitations of the integral transform method to solve tridimensional geomechanics

problems are also discussed in this work.


SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................v
LISTA DE SÍMBOLOS ..........................................................................................................IX
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
1.1 Organização da Dissertação.......................................................................................5
2. MÉTODOS PARA ANÁLISE DE DUTOS ENTERRADOS .................................6
2.1 Principais Características do Projeto de Duto Enterrado.............................................6
2.2 O Uso de Métodos Analíticos Simplificados na Análise de Dutos Enterrados..............7
2.3 O Uso dos Métodos dos Elementos Finitos na Análise de Dutos Enterrados.............11
3. ELEMENTOS FINITOS DE INTERFACE ...........................................................21
3.1 Elemento de Goodman, Taylor e Breekke (1967).....................................................21
3.2 Elemento de Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)...................................................25
3.3 Elemento de Pande e Sharma (1979) .......................................................................28
3.4 Elemento de Desai, Lightner e Siriwardane (1984)....................................................32
3.5 Elemento de Beer (1985).........................................................................................34
3.6 Elemento de Day e Potts (1994) ..............................................................................34
4. ANÁLISE BIDIMENSIONAL PELA TRANSFORMADA DE FOURIER ........36
4.1 O Uso da Transformada de Fourier em Problemas de Dutos Enterrados...................36
4.1.1 Transformada de Fourier .................................................................................37
4.1.2 Método dos Elementos Finitos no Domínio de Fourier......................................41
4.1.2.1 Elementos Finitos Planos para o Solo no Domínio de Fourier............................42
4.1.2.2 Elementos Finitos Unidimensionais para o Duto no Domínio de Fourier.............45
4.1.2.3 Solução no Domínio Real.................................................................................49
5. EXEMPLOS..............................................................................................................52
5.1 Exemplo 1 – Comportamento de elementos de interface...........................................52
5.2 Exemplo 2 – Duto enterrado com elementos de interface..........................................54
5.3 Exemplo 3 – O problema de Holl (1940) .................................................................60
5.4 Exemplo 4 – Recalque de fundação superficial retangular..........................................63
5.5 Exemplo 5 – Comportamento à flexão de uma placa isoloda.....................................65
5.6 Exemplo 6 – Fundação tipo “radier” sobre camada de solo ......................................68
5.7 Exemplo 7 – Túnel em solo solicitado por carregamento na superfície.......................72
5.8 Exemplo 8 – Análise de um sistema solo-duto. .........................................................76
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .............................................................................79
6.1 Sugestões para Trabalhos Futuros............................................................................81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................82
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Esquema de carregamento no duto ......................................................................... 07


Figura 2.2 – Definição do Problema ........................................................................................... 10
Figura 2.3 – Comparação da distribuição do momento fletor para dutos enterrados rasos
ou profundos com carregamento P vertical na superfície (ex = 0 e γ = 0) ............... 10
Figura 2.4 – Comparação da distribuição do momento fletor para carregamento P vertical ou
inclinado (ex = 0).................................................................................................. 11
Figura 2.5 – Características do duto........................................................................................... 13
Figura 2.6 – Modelo idealizado da interação solo-duto............................................................... 14
Figura 2.7 – (a) Geometria do sistema solo-duto e (b) Geometria do sistema solo-duto com
descontinuidade.................................................................................................... 15
Figura 2.8 – Distribuição do momento à flexão ao longo do duto ................................................ 16
Figura 2.9 – Distribuição de tensões axiais e momentos ao redor do duto enterrado
(profundidade h, diâmetro D, espessura t, carga superficial P = q ⋅ a2) ................. 19
Figura 2.10 – Distribuição de tensões axiais e momentos ao redor do duto enterrado
(profundidade h, diâmetro D, espessura t, carga superficial P = q ⋅ a2) ................. 20
Figura 3.1 – Elemento de junta, largura =0, sistema de coordenadas locais ξ η........................... 22
Figura 3.2(a) – Geometria do elemento de interface.................................................................... 25
Figura 3.2(b) – Detalhe do elemento de interface........................................................................ 26

Figura 3.3(a) – Elemento de interface com dois elementos contínuos adjacentes.......................... 29


Figura 3.3(b) – Elemento de interface isoparametrico parabólico................................................. 29
Figura 3.4 – Esquema dos modos de deformação na interface .................................................... 32
Figura 3.5 – Esquema do elemento de interface.......................................................................... 34
Figura 4.1(a) –Função par de carregamento retangular ............................................................... 38
Figura 4.1(b) –Transformação de Fourier da função de carga Fc(m)=(sen mw)/m........................ 39
Figura 4.1(c) – Inversa da transformada de Fourier, para obtenção da função de carregamento
original............................................................................................................. 39
Figura 4.2 – Modelo de elementos finitos utilizando a transformada de Fourier............................ 42
Figura 4.3 – Representação de um modelo típico do problema, com os elementos finitos
utilizados para solo e para duto............................................................................. 47
Figura 4.4 – Fluxograma utilizado na análise dos problemas tridimensionais solo-estrutura
pelo método dos elementos finitos no domínio de Fourier...................................... 51
Figura 5.1 - Modelo com atributos e informações geométricas.................................................... 53
Figura 5.2 – Resultados da distribuição da componente vertical de deslocamento ao longo do
topo do elemento.................................................................................................. 54
Figura 5.3 – Malha de elementos finitos no caso de análise de duto enterrado ............................. 56
Figura 5.4 – Distribuição dos deslocamentos horizontais na ausência do elemento de interface
(aderência completa) ............................................................................................ 56
Figura 5.5 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com o elementos de interface de
Goodman et. al. (1967) ........................................................................................ 57
Figura 5.6 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com o elementos de interface de
Desai et. al. (1984) ............................................................................................ 57
Figura 5.7 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com o elementos de interface de
Pande e Sharma (1979) ..................................................................................... 58
Figura 5.8 – Distribuição dos deslocamentos verticais na ausência do elemento de interface
(aderência completa).......................................................................................... 58
Figura 5.9 – Distribuição dos deslocamentos verticais com o elemento de interface de
Goodman et. al (1967)....................................................................................... 59
Figura 5.10 – Distribuição dos deslocamentos verticais com o elemento de interface de Desai
et. al. (1984)...................................................................................................... 59
Figura 5.11 – Distribuição dos deslocamentos verticais com o elemento de interface de Pande
e Sharma (1979) .................................................................................................. 60
Figura 5.12 –Geometria do Problema......................................................................................... 61
Figura 5.13 – Malha de elementos finitos utilizada na análise do problema de Hool (1940) .......... 62
Figura 5.14 – Comparação entre as soluções analítica e numérica sob o canto da área
retangular carregada........................................................................................... 62
Figura 5.15 – Comparação entre as soluções analítica e numérica sob o centro da área
retangular carregada........................................................................................... 63
Figura 5.16 – Variação do recalque da área retangular com a relação l/b .................................... 64
Figura 5.17 – Geometria do problema........................................................................................ 65
Figura 5.18 – Discretização adotada na análise pelo MEF no domínio de Fourier........................ 66
Figura 5.19 – Comparação dos deslocamentos verticais e rotações obtidos em ambas as
soluções numéricas............................................................................................. 66
Figura 5.20 – Comparação dos deslocamentos verticais obtidos em ambas as soluções
numéricas........................................................................................................... 67
Figura 5.21 – Comparação dos momentos fletores obtidos em ambas as soluções numéricas ...... 67
Figura 5.22 – Comparação dos momentos fletores em ambas as soluções numéricas................... 68
Figura 5.23 – Geometria do problema........................................................................................ 69
Figura 5.24 – Malha de elementos finitos adotada na análise bidimensional (144 elementos
quadráticos)....................................................................................................... 70
Figura 5.24a – Detalhe do canto superior esquerdo da Figura 5.24 ............................................ 70
Figura 5.25 – Comparação dos deslocamentos verticais e rotações obtidos em ambas as
soluções numéricas............................................................................................. 71
Figura 5.26 – Comparação dos deslocamentos verticais obtidos em ambas as soluções
numéricas........................................................................................................... 71
Figura 5.27 – Comparação dos momentos fletores obtidos em ambas as soluções numérica........ 72
Figura 5.28 – Esquema da geometria do problema considerado.................................................. 73
Figura 5.29 – Distribuição dos deslocamento verticais no plano z = 0 obtidos na análise 2D
(plano de Fourier) .............................................................................................. 74
Figura 5.30 – Distribuição dos deslocamento verticais no plano z = 0 obtidos na análise
tridimensinal (programa LUSAS)........................................................................ 74
Figura 5.31 – Distribuição dos deslocamento verticais no plano z = 1 obtidos na análise 2D
(plano de Fourier) .............................................................................................. 75
Figura 5.32 – Distribuição dos deslocamento verticais no plano z = 1 obtidos na análise
tridimensinal (programa LUSAS)........................................................................ 75
Figura 5.33 – Geometria do problema analisado......................................................................... 76
Figura 5.34 – Malha de elementos finitos utilizada no plano de Fourier........................................ 77
Figura 5.34a – Detalhe do duto de seção transversal quadrada ................................................... 77
Figura 5.35 – Comparação das componentes de deslocamento horizontal, vertical e rotações
calculados em ambas as soluções numéricas............................................................................... 78
LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos Romanos

{∆u} = vetor de deslocamentos relativos

uη = deslocamento da junta na direção normal

uξ = deslocamento da junta na direção tangencial

uηi = deslocamento nodal da junta na direção normal no ponto i

uξi = deslocamento nodal da junta na direção tangencial no ponto i

uxi = componente de deslocamento na direção do eixo x no ponto nodal i

uyi = componente de deslocamento na direção do eixo y no ponto nodal i

[C] = matriz constitutiva

Cηη = rigidez da junta na direção normal

Cξξ = rigidez da junta na direção tangencial

Cηξ = rigidez de acoplamento entre o deslocamento normal e a força cisalhante

[N] = matriz das funções de interpolação

Ni = função de interpolação para o grau de liberdade i

[k] = matriz de rigidez do elemento

[k ηξ] = matriz de rigidez da junta no sistema de coordenadas locais da junta

[k’] = matriz de rigidez (Pande et. al. (1979))

[B’] = matriz que relaciona deslocamento relativo com deslocamento nodal

[B] = matriz que relaciona deformação com deslocamentos nodais

[T] = matriz de transformação

{F} = vetor de forças nodais


{f} = vetor de forças nodais do elemento

m = coordenada transformada no domínio Fourier


F(m) = força na direção transformada
F(z) = força na direção da coordenada z
Ux = deslocamento na direção x no domínio de Fourier

Uy = deslocamento na direção y no domínio de Fourier

Uz = deslocamento na direção z no domínio de Fourier

ux = deslocamento na direção x no domínio real

uy = deslocamento na direção y no domínio real

uz = deslocamento na direção z no domínio real

W = força no topo do duto

Wp = peso do duto e do seu conteúdo

Fy = componente do carregamento na direção y no domínio de Fourier

fy = componente do carregamento na direção y no domínio real

{T} = vetor de forças no domínio transformado

{t} = vetor de forças no domínio real

x, y = coordenadas Cartesianas

E = módulo de Young

G = módulo de cisalhamento

q = carga distribuída por unidade de área

P = carga concentrada

M = momento fletor

e = espessura
RS = parâmetro de rigidez relativo

D = diâmetro do duto

H = cobertura de solo sobre o duto

S = vão do duto

V = volume

A = área

I = momento de inércia

L = comprimento da junta

l = comprimento do carregamento distribuído na direção z

b = largura do carregamento distribuído na direção x

Símbolos Gregos

φ = energia potencial

α = ângulo entre o sistema de coordenadas local e global

γ = direção da ação do carregamento

{ε} = vetor dos componentes de deformação

ε = componente de deformação

εη = componente de deformação na direção normal à junta

εξ = componente de deformação na direção tangencial à junta

{σ} = vetor dos componentes de tensão

σ = componente de tensão

ση = componente de tensão na direção normal à junta

σξ = componente de tensão na direção tangencial à junta


τ = tensão de cisalhamento

ν = coeficiente de Poisson

αim, βgm, γstm = denota propriedades da interface, elementos geológicos e estruturais.

λ1, λ2 e λ3 = fatores de participação que variam de 0 a 1 (Desai et. al. (1984))

Θ = rotação no plano xy; no domínio de Fourier

θ = rotação no plano xy; no domínio real

{∆} = vetor com os graus de liberdade nodais

{δ} = vetor com graus de liberdade nodais , a nível de elemento

{δ’} = vetor com parâmetros nodais desconhecido (Pande et. al. (1979))

[Γ] = matriz Jacobiana inversa

χ = flexão

ρ = componente de deslocamento vertical (recalque)

Sobrescrito

topo = topo do elemento de junta

base = base do elemento de junta

T = transposta

Subscrito

η = direção normal à junta

ξ = direção tangencial à junta

s = solo

d = duto
1
INTRODUÇÃO

As dutovias estão presentes em várias obras de engenharia como no projeto de estradas e

ferrovias, em instalações industriais para escoamento de fluidos e sólidos e na indústria do petróleo,

entre outras aplicações. Tendo em vista o fato que a maior extensão das dutovias se encontra

geralmente enterrada, isto torna a análise da interação solo-duto um aspecto importante a ser

considerado no projeto destas obras.

No estudo de dutos enterrados há várias questões importantes a serem consideradas: a que

solicitações o sistema solo-duto está submetido, como tratar a interface entre materiais distintos,

como considerar a natureza tridimensional do problema, como obter os parâmetros necessários ao

estudo e quais as ferramentas computacionais que podem ser úteis na investigação do problema.

As solicitações às quais o sistema solo-duto esta submetido dependem da finalidade da obra

e do seu meio ambiente, podendo ser de natureza estática e/ou dinâmica. Estas solicitações podem

ser oriundas de cargas de serviço originadas pela aplicação de pressões internas, variação de

temperatura, carregamentos de origem geotécnica, como, por exemplo, recalque da superfície do

terreno, construções de aterros, variação do nível do lençol freático, ocorrência de sismos,

empolamento devido a congelamento, além de cargas devido ao tráfego ou o funcionamento de

máquinas. Ao projetar-se um duto enterrado, além destas solicitações, deve-se ainda considerar

cargas durante a fase de construção e as decorrentes do peso próprio do duto.

Na análise da interação do duto flexível com o solo ao seu redor, não se pode esperar que

estes materiais distintos comportem-se de maneira idêntica na interface, podendo-se esperar a

ocorrência de deslizamentos e/ou afastamentos entre o solo e a estrutura.


Introdução 2

O comportamento do sistema logo depende das características de comportamento

mecânico do solo imediatamente vizinho à estrutura, problema bastante comum na engenharia

geotécnica (estacas, muros de contenção, fundações, etc.) mas complexo de ser analisado tendo em

vista, principalmente, as dificuldades para obtenção experimental dos parâmetros de solos

profundamente perturbados durante o processo de construção da obra.

A modelagem de problemas de interação solo-estrutura pelo método dos elementos finitos

requer a formação de um elemento finito especial, chamado de elemento de interface. Vários foram

propostos na literatura técnica e aqueles desenvolvidos por Goodmam et al (1967), Pande e Sharma

(1979) e Desai et al (1984) foram implementados neste trabalho, com a finalidade de comparar seus

desempenhos em problemas de interação solo-estrutura.

Obras de engenharia geotécnica são inerentemente de natureza tridimensional. Em muitas

situações, no entanto, é possível recorrer-se a um modelo matemático mais simplificado (estado

plano de deformação, axissimetria) desde que o problema atenda a certas hipóteses que permitam a

análise da obra tridimensional através de um estudo bidimensional, baseado na análise do

comportamento de determinadas seções. Vários exemplos podem ser citados, envolvendo

barragens, aterros, túneis, muros e dutos enterrados, entre outros.

No caso de dutos enterrados sob a ação de carregamentos de natureza tridimensional (por

exemplo, carregamentos transmitidos por pneus de veículos ou equipamentos trafegando na

superfície do terreno) o comportamento da estrutura enterrada pode, em princípio, ser estudado das

seguintes maneiras:

a) através de uma análise bidimensional do problema, substituído-se o carregamento tridimensional,

real, por um carregamento bidimensional de intensidade equivalente, enquadrando-se o

problema no caso de estado plano de deformações. Este procedimento foi utilizado por vários
Introdução 3

pesquisadores como, por exemplo, Ducan (1979) na análise de dutos enterrados através do

método dos elementos finitos.

b) utilização de um método numérico (método dos elementos finitos) para completa simulação da

natureza tridimensional do problema. As maiores dificuldades neste tipo de abordagem é o

grande número de graus de liberdade da malha de elementos finitos, o tempo de processamento

decorrente para a solução do problema e o ainda difícil processo de geração de malhas

tridimensionais.

c) uma outra possibilidade, considerada neste trabalho, é a representação do problema em um

domínio bidimensional transformado (domínio de Fourier), aplicável para a análise de sistemas

solo-estrutura que mantêm suas propriedades geométricas e mecânicas constantes em uma ou

mais direções como no caso, por exemplo, de dutos retilíneos, de seção transversal constante,

enterrados em maciços de solo homogêneos ou estratificados.

Esta metodologia, também chamada de método das faixas finitas [Cheung (1976)], consiste

na subdivisão do sistema duto + solo vizinho em camadas ou faixas, determinando-se as incógnitas

do problema ao longo das faixas através de transformadas de Fourier e nos planos perpendiculares

às mesmas por uma análise bidimensional pelo método dos elementos finitos (MEF). O

carregamento tridimensional localizado na superfície, ou no interior do maciço, é também numérica

ou analiticamente transformado para o domínio de Fourier e depois convertido para forças nodais

equivalentes seguindo-se os procedimentos usuais do MEF.

Neste trabalho, o método dos elementos finitos é aplicado no domínio transformado de

Fourier para análise do comportamento mecânico de túneis, fundações e dutos enterrados

submetidos a carregamentos tridimensionais. A vantagem deste tipo de abordagem, e que motivou o

desenvolvimento desta dissertação, consiste na utilização de discretizações com número total de


Introdução 4

graus de liberdade significativamente menor do que aquele necessário para a resolução do problema

através da formulação tridimensional do MEF.

Os exemplos analisados nesta pesquisa envolvem não apenas problemas de dutos mas

outras aplicações bastante comuns da engenharia geotécnica como o comportamento superficiais

tipo “radier” e túneis em solo. Resultados numéricos obtidos neste trabalho foram sempre que

possíveis comparados com as soluções analíticas ou com os valores obtidos através de programas

computacionais comerciais para análises tridimensionais (ANSYS, LUSAS e SAP-90) visando o

controle dos erros na solução proposta via transformada de Fourier. A aferição da eficiência do

método em relação ao tempo de processamento não foi possível de ser feita em virtude dos

seguintes fatores: a) a implementação computacional deste trabalho foi feita para

microcomputadores enquanto que alguns resultados para efeitos de aferição foram obtidos em

pacotes comerciais (ANSYS) executados em estações de trabalho; b) os processos de solução do

sistema de equações lineares do MEF, etapa de maior custo computacional, diferem entre si nos

diversos programas computacionais considerados, tanto em metodologia quanto em técnicas de

programação.
Introdução 5

1.1 - Organização da Dissertação

Este trabalho está dividido em seis capítulos, assim organizados:

No capítulo I é apresentado o objetivo da dissertação e descrita sua organização de

capítulos.

No capítulo II faz-se uma revisão bibliográfica sobre dutos enterrados, principalmente em

relação à utilização do MEF na análise destas estruturas.

O capítulo III descreve em detalhes a formulação matemática de alguns elementos de

interface propostos na literatura.

No capítulo IV o acoplamento do método dos elementos finitos com a transformada de

Fourier é formulado, com base na metodologia proposta por Fernando, Small e Cater (1996),

considerada na implementação computacional deste trabalho para análise de problemas

tridimensionais.

O capítulo V mostra e compara os resultados numéricos obtidos no domínio de Fourier

com aqueles calculados utilizando-se diferentes técnicas e programas computacionais.

No capítulo VI são apresentados as principais conclusões deste trabalho e sugeridos alguns

tópicos relacionados com problemas de interação solo-estrutura para futuras pesquisas.


2
MÉTODOS PARA ANÁLISE DE DUTOS ENTERRADOS

2.1– Principais características do projeto de dutos enterrados.

O dimensionamento de dutos enterrados que transportam petróleo, líquidos ou gases ou que

suportam carregamentos rodoviários ou provocados por obras nas vizinhanças, como escavações e

fundações, é bastante diferente daquele adotado para dutos aéreos em plantas industriais.

De acordo com Llang-Chuan Peng (1978) fatores importantes como tensões admissíveis

elevadas, resistência ao escoamento alta e a interação solo-duto devem ser cuidadosamente

considerados no projeto da estrutura.

O fenômeno da interação solo-estrutura é muito importante em dutovias, já que o grande

percurso das mesmas é em geral subterrâneo. Para melhor compreender o mecanismo de interação

solo-duto, a decomposição do problema, possível quando se admite a linearidade das respostas, é

esquematizada na figura 2.1. A figura 2.1a mostra um duto enterrado em uma trincheira. Devido ao

reaterro e ao peso próprio do duto, o duto recebe um carregamento do solo que age em sua

superfície como mostra a figura 2.1b. Este carregamento cria tensões de flexão na parede do duto e

forças de atrito na interface solo-duto que impedem o deslocamento axial do duto. Para conhecer as

forças normais que atuam no duto (Figura 2.1b), afim de calcular-se a força de atrito axial, um

modelo simplificado de equilíbrio de forças é fornecido na figura 2.1c.

Devido à complexidade do problema, muitas vezes majorada quando se admitem leis

constitutivas não-lineares para o comportamento do solo e a possibilidade de carregamentos

dinâmicos, apenas soluções aproximadas podem geralmente ser obtidas através de métodos

numéricos, como o método dos elementos finitos (MEF).


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 7

W = força no topo do duto


W+Wp = força na base do duto
H Wp = peso do duto e do seu contéudo

D Wp

B
W+Wp

a) Duto na trincheira b) Tensões no solo c)Modelo idealizado

Figura 2.1 – Esquema de carregamento no duto [Llang-Chuan Peng (1978)]

2.2– O uso de métodos analíticos simplificados na análise de dutos enterrados.

Métodos analíticos podem ser interessantes na fase de anteprojeto de dutos por permitirem

estimativas rápidas dos esforços sobre a estrutura, ainda que não considerando nas etapas de

cálculo os efeitos de interação solo-duto. Um destes métodos, baseado na técnica de

subestruturação, foi proposto por Moore (1987) para verificar a resposta de dutos circulares ou

trincheiras com reaterro, submetidos a carregamentos aplicados na superfície do maciço de solo,

representado como um semi-espaço linearmente elástico e isotrópico. Esta proposta pode também

ser utilizada para o caso de carregamentos subsuperficiais considerando-se a solução analítica de

Mindlin (1936) na primeira etapa do procedimento de cálculo abaixo.

a) Cálculo da resposta do solo antes da inclusão do duto.

As componentes de tensão de maior interesse, normais e cisalhantes, e os deslocamentos

radiais e tangenciais nos pontos de solo correspondentes ao perímetro do duto podem ser
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 8

calculados com base na solução clássica de Boussinesq (1885) e suas extensões para casos de

carregamentos distribuídos (Poulos e Davis,1974).

b) Campos de tensões e deslocamentos no maciço de solo gerados pela abertura da

cavidade.

Valores das componentes de tensões e deslocamentos no contorno da cavidade podem ser

obtidos por soluções da elasticidade linear, como a publicada por Terzaghi e Richart (1952) para o

caso de cavidades circulares.

c) Campos de tensões e deslocamentos no maciço de solo gerados pelo

carregamento superficial e abertura da cavidade.

Devido à hipótese de linearidade do comportamento tensão-deformação, estes resultados

podem ser facilmente obtidos pela superposição dos valores de tensão e deslocamentos calculados

nas etapas anteriores.

d) Resposta aproximada do duto enterrado.

A resposta do duto enterrado aos carregamentos aplicados na superfície do solo pode ser

determinada imaginando-se a inserção do tubo na cavidade deformada como a última etapa da

história de carregamento e considerando-se os deslocamentos u ∗r θ e u ∗rr como uma “falta de

ajuste” que inicialmente existe entre o solo e a estrutura .

Se os incrementos de deslocamentos radiais e circunferenciais da estrutura e do solo forem

representados por u r θ , u rr , u rθ e u rr , respectivamente, e as componentes de tensão normal e

cisalhante na interface solo-estrutura forem indicadas σ , τ , σ e τ (barra superior denotando

resposta do solo), então podemos escrever:

u rθ − u r θ = u ∗rθ (2.1)

u rr − u rr = u rr∗ (2.2)
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 9

σ+σ = 0 (2.3)

τ +τ = 0 (2.4)

para a condição de completa aderência entre o solo e o tubo, e

u rθ − u r θ = u ∗rθ (2.5)

σ+σ = 0 (2.6)

τ=0 (2.7)

τ=0 (2.8)

para a condição de interface perfeitamente lisa.

Para cálculo da resposta incremental, as componentes harmônicas de σ e τ como função

de u rθ e u rr (Moore, 1985) e a teoria das cascas de Herrmann e Armenakas (1962) pode ser

empregada para determinação das relações entre as componentes harmônicas σ , τ , u r θ , u rr .

A formulação matemática específica pode ser encontrada, pelo leitor interessado, em

detalhes, em Moore (1987).

Para aferir a eficiência do método o autor compara através de alguns exemplos a solução

semi-analítica com resultados obtidos pelo MEF. As figuras 2.3 e 2.4 mostram a comparação do

momento fletor obtido pelos dois métodos.

Na Figura 2.3 observa-se que a estimativa dos momentos não é precisa para H/D=1/4 onde

o momento máximo difere 20% do momento obtido pelo MEF. O autor sugere que para H/D>1 a

distribuição do momento obtida pelo método semi-analítico pode ser considerada satisfatória.

A Figura 2.4 trata de um exemplo onde o carregamento pontual P apresenta uma

excentricidade (ex=2D) e sua inclinação varia de 0º a 45º. Neste caso, observa-se que o

procedimento semi-analítico fornece resultados satisfatórios para os valores de momento.


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 10

P
γ
ex

H
D+H urθ θ
σrr
urr
σrθ D

Solo E, υ

Figura 2.2 – Definição do problema [Moore (1987)]

MEF H/D=1/4
H/D=4
Moore (1987) H/D=1/4
H/D=4

(Graus)

Figura 2.3 – Comparação da distribuição do momento fletor para dutos


enterrados rasos ou profundos com carregamento P vertical na superfície
(ex = 0 e γ = 0) [Moore (1987) ]
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 11

MEF γ =0º
γ =45º
Moore (1987) γ =0º
γ =45º

( Graus)
d)
Figura 2.4 – Comparação da distribuição do momento fletor para
carregamento P vertical ou inclinado (ex = 0) [Moore (1987) ]

2.3– O uso do método dos elementos finitos na análise de dutos enterrados.

Na geotecnia, o método dos elementos finitos tem sido uma importante ferramenta na análise

do adensamento de solos, obras de escavação ou aterros considerando a seqüência construtiva,

análise de tensões de depósitos de solo submetidos a carregamentos e na investigação da interação

solo-estrutura como, por exemplo, em estacas, barragens, muros de contenção e dutovias, entre

outros. No caso específico da interação solo-estrutura, elementos especiais foram desenvolvidos

para considerar a mudança abrupta das propriedades dos materiais, denominados elementos de

interface, e que mereceram um capítulo especial neste trabalho. Nesta seção a utilização do MEF na

análise do comportamento geomecânico de dutos é discutida por meio de uma revisão bibliográfica

de pesquisas anteriores que fizeram uso desta ferramenta numérica.


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 12

Ducan (1979) utiliza o MEF, para estudar a interação de dutos metálicos flexíveis de grande

vão sob condições de sem reaterro, com aterro raso e carregamento na superfície em linha (estado

plano de deformação) e com reaterro profundo, caso em que a resistência à flexão da estrutura não

é muito importante. São considerados diversos tipos de seções circulares, em arco e elípticas. O

problema foi modelado utilizando elementos de viga para o duto metálico e elementos planos para o

reaterro, considerando-se o comportamento não-linear do solo através do modelo hiperbólico para

os materiais de reaterro, bem como simulando-se a seqüência construtiva da obra discretizando-se a

malha de tal forma que os elementos do reaterro fossem agrupados em camadas. Nesta análise o

autor verifica as forças axiais, o momento à flexão e as deflexões, comparando-as com resultados

de campo. Da experiência deste projeto o autor sugeriu critérios de projeto.

Como conclusões mais relevantes podem ser citados:

a) a interação entre duto metálico e o reaterro ao redor envolve duas características de

comportamento: compressão e flexão do duto. Durante o reaterro , e sob a ação de um

carregamento em linha com aterro raso, a rigidez à flexão e o momento resistente são necessários

para prevenir o colapso da estrutura do duto. Já nas condições de aterro profundo, deformações

excessivas na estrutura do duto são evitadas se o aterro ao redor for de boa qualidade;

b) a transição entre “aterro raso” e “aterro profundo” pode ser entendida como H=0.25S,

onde H é a altura do aterro sobre o duto e S, o vão, como mostra a figura 2.5;

c) para aterro raso, os momentos devem ser avaliados de tal forma que a estrutura do duto

suporte as cargas impostas;

d) em condições de aterro profundo, somente a compressão do duto deve em geral ser

considerada.
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 13

Figura 2.5 – Características do duto [Ducan (1979)]

Nath (1983) utiliza o MEF para investigar a influência da escavação de trincheiras de dutos

enterrados situados nas proximidades pois, segundo Needham e Howe (1982), este fato é uma das

principais causas de ruptura verificada em dutos. Aquele autor considera o caso de trincheiras rasas

(profundidade máxima de 6 m) e estreitas (largura equivalente a 1/3 da profundidade da trincheira),

modelando o comportamento do problema com auxílio de uma malha de elementos finitos

tridimensionais e representando o duto por elementos de viga diretamente conectados aos elementos

3D de solo. Como resultado desta pesquisa , Nath (1983) conclui que para dutos de pequeno

diâmetro (rigidez à flexão longitudinal menor que a de um duto de ferro fundido de diâmetro igual a

15 cm) o movimento do duto acompanha o movimento do solo. Pode-se então considerar os

momentos que atuam no duto como diretamente proporcionais à rigidez a flexão e inversamente

proporcionais ao módulo de elasticidade do solo. Esta relação do momento com a rigidez à flexão e

com o módulo de elasticidade do solo não pode ser considerada para dutos de maior diâmetro,

porque estes são menos flexíveis, não permitindo portanto que o solo se movimente livremente.

Okeagu e Abdel-Sayed (1984) estudam os coeficientes de reação do solo kn, normal à

superfície do duto enterrado, e ks , tangencial à sua superfície, modelando a estrutura por elementos

de viga e o solo por elementos finitos planos, adotando uma relação constitutiva hiperbólica

dependente do estado de tensão para caracterização mecânica do solo. Adicionalmente, consideram


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 14

elementos de interface para permitir uma melhor representação dos movimentos relativos entre o

duto e o solo vizinho. Além dos coeficientes de reação do subsolo, foram também calculados as

deflexões, empuxos e momentos de pré-flambagem do duto analisado. Os resultados obtidos pelos

autores mostram que os coeficientes de reação do solo variam consideravelmente ao redor do duto

e que estes são dependentes do vão do duto, da profundidade de solo e da direção da linha de ação

da força P, conforme mostra a figura 2.6.

γ H

Figura 2.6 – Modelo idealizado de interação solo-duto [Okeagu e Abdel-Sayed (1984)]

Selvadurai e Pang (1988) pesquisam os efeitos da interação solo-estrutura de duto em zonas

de recalque do solo (figura 2.7). Segundo os autores, há alguns fatores que devem ser considerados

neste problema como a relação tensão-deformação do solo, do duto e do solo na interface; a

geometria ou orientação do duto em relação aos recalques e as características geotécnicas do

depósito de solo no qual o duto está localizado. Modelam a estrutura por elementos de casca e o

maciço de solo por elementos sólidos tridimensionais de 20 nós. O comportamento tensão-

deformação do material que constitui o duto é elasto-plástico, com critério de escoamento de

Drucker –Prager e lei de fluxo associada. Condensação estática é executada para os graus de

liberdade correspondentes a rotações nos elementos de placa, consequentemente diminuindo a

ordem da matriz de rigidez deste tipo de elemento. Atribui-se a alguns elementos sólidos valores
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 15

elevados de rigidez para simular a ocorrência de recalque diferencial abrupto do depósito. Os

autores deste estudo preocupam-se com o comportamento à flexão do duto. Como conclusões

preliminares, obtiveram que a medida que o solo apresenta recalques diferenciais pode haver

alteração nas tensões à flexão que são geradas no duto enterrado. Na figura 2.8 apresenta-se um

gráfico de momentos obtido pelos autores.

Solo Duto

Rocha

Geometria do sistema solo-duto

Duto
Solo
Deslocamento
Rocha Falha

Geometria do sistema solo-duto com descontinuidade

Figura 2.7 – (a) Geometria do sistema solo-duto e (b) Geometria do sistema solo-duto com
descontinuidade [Selvadurai e Pang (1988)]
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 16

Mi

Elástico
Coesivo

Distância ao longo do duto (z/D)

Mi

Elástico
Coesivo

Distância ao longo do duto (z/D)

Figura 2.8 – Distribuição do momento à flexão ao longo do duto [Selvadurai e Pang (1988)]
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 17

M ⋅ D2
Mi = (2.9)
Ed ⋅ I ⋅ ∆

Ed ⋅ I
RS = (2.10)
Es ⋅ D4

onde

Mi = momento à flexão

RS = parâmetro de rigidez relativo

Ed = módulo de elasticidade do duto

Es = módulo de elasticidade do solo

D = diâmetro médio do duto

I = momento de inércia da seção do duto

A investigação dos efeitos de recalques diferenciais na interação solo-duto, ocasionados por

descarregamentos laterais no maciço de solo, foi também estudada por Ng, Pyrag e Anderson

(1994). Modelos constitutivos elásticos não lineares e elasto-plásticos foram considerados neste

problema de estado plano de deformação, representando-se o solo por elementos quadráticos

planos de 8 nós. A metodologia adotada pelos autores é dividida em duas etapas: na primeira, uma

análise utilizando o MEF permite prever os efeitos no solo em função do deslocamento do duto e na

segunda etapa estes resultados são utilizados para simular provas de carga. Ng, Pyrag e Anderson

concluíram: que esta metodologia é válida para prever o comportamento de dutos enterrados

submetidos a cargas decorrentes de movimentos do solo, o modelo constitutivo elasto-plástico com

cutoff de tração foi o que melhor se adaptou aos resultados experimentais, sendo também

recomendado o emprego de elementos de interface entre o solo e o duto.


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 18

Fernando e Carter (1998) analisam o caso de dutos enterrados submetidos a cargas de

veículo na superfície, problema de natureza tridimensional, através de uma representação

bidimensional por elementos finitos no domínio transformado de Fourier. O duto é representado por

elementos de viga de 2 nós e o solo por elementos quadráticos de 8 nós da família Serendipity.

Ambos os materiais (solo e duto) são considerados elásticos lineares, tendo em vista que a

utilização da transformada de Fourier, proposta por Fernando et. al. (1996), é um operador

matemático linear. Esta hipótese é geralmente admitida como satisfatória pois o reaterro ao redor do

duto é normalmente bem compactado.

Um estudo paramétrico , ilustrado pelas figuras 2.9 a 2.10, foi executado por Fernando e

Carter (1988) com o objetivo de analisar a importância e a influência na interação solo-duto de

variáveis como o tipo de carregamento, propriedades dos materiais e geometria do problema.


Métodos para Análise de Dutos Enterrados 19

(Graus)

0.025

0.015

-0.015

-0.025

(Graus)

Figura 2.9 – Distribuição de tensões axiais e momentos ao redor do duto enterrado


(profundidade h, diâmetro D, espessura t, carga superficial P = q ⋅ a 2 )
[Fernando e Carter (1988)]
Métodos para Análise de Dutos Enterrados 20

(Graus)

(Graus)

Figura 2.10 – Distribuição de tensões axiais e momentos ao redor do duto enterrado


(profundidade h, diâmetro D, espessura t, carga superficial )
[Fernando e Carter (1988)]
3
ELEMENTOS FINITOS DE INTERFACE

Em geotecnia, são muito freqüentes situações que envolvem o contato entre diferentes

materiais como, por exemplo, em problemas de interação solo-estrutura envolvendo estacas, muros,

dutos, entre outros. Como o comportamento mecânico do sistema solo-estrutura é bastante

influenciado pelas condições de interface, várias formulações de elementos finitos especiais,

chamadas de elementos de interface, foram propostas na literatura para modelar numericamente o

problema de forma mais próxima à realidade.

Dentre estes elementos, podem ser citados os propostos por Goodman et. al. (1967),

Ghaboussi et. al. (1973), Pande e Sharma (1979), Desai et. al. (1984), Beer (1985), Day e Potts

(1994), entre outros. As principais características, hipóteses e limitações destas diversas

formulações são examinadas nas seções seguintes.

3.1 – Elemento de Goodman, Taylor e Brekke (1967).

Foi o primeiro elemento de interface proposto na literatura, com espessura nula, idealizado

para representar o comportamento mecânico de falhas, dobras e descontinuidades em massas

rochosas.

Considere o elemento da figura 3.1, de comprimento L e contendo 6 pontos nodais.

Através do princípio dos trabalhos virtuais, é possível escrever-se a matriz de rigidez local

do elemento de interface por

+1

[k ] = ∫ [B'] ⋅ [C '] ⋅ [B '] ⋅ L2 dξ


ξη
T
(3.1)
−1

onde
Elementos Finitos de Interface 22

Cξ′ξ 0 
[C ' ] = 
 0 Cη′η  (3.2)

u y4

6 TOPO 5 y=0 4
u x4

ξ
y=0
1 BASE 2 3
L/2 L/2

Figura 3.1 – Elemento de junta, espessura nula =0, sistema de coordenadas locais ξ, η.

As quantidades Cξξ′ e Cηη


′ representam propriedades do material relacionadas com a

rigidez do elemento, por unidade de comprimento, nas direções tangencial e normal,

respectivamente.

Quando uma força é aplicada sobre uma amostra de rocha fraturada, de comprimento L e

largura unitária, ocorrerá um encurtamento nesta direção normal devido tanto à compressão elástica

da rocha sã quanto aos deslocamentos verificados na própria fratura, incluindo as deformações e

esmagamentos das asperezas existentes na superfície da junta. Subtraindo-se os deslocamentos

elásticos do encurtamento total da amostra, obtém-se uma curva relacionando a força normal, por

unidade de comprimento, com o deslocamento da interface. Na região de comportamento linear, a

′ . Raciocínio semelhante pode ser empregado para


curva é caracterizada pelo parâmetro Cηη

interpretação da quantidade Cξξ′ .

Os deslocamentos nodais relativos entre os nós do topo e da base da interface,


Elementos Finitos de Interface 23

u topo − u ξbase 


{∆u} =  ξtopo base 
(3.3)
uη − uη 

que são relacionados com os deslocamentos nodais {δ}

{δ }T = {u x1 u y1 u x 2 u y2 ⋅ ⋅ ⋅ u x6 u y6 } (3.4)

através da matriz [B’] assim definida

−a 0 −b 0 −c 0 c 0 b 0 a
[B'] = 
0
a
(3.5)
 0 − a 0 −b 0 −c 0 c 0 b 0

onde, considerando-se funções de interpolação quadráticas na direção local ξ.

1−ξ  1+ ξ
a = ξ⋅   , b =1 − ξ2 e c = ξ ⋅   (3.6)
 2   2 

A matriz de rigidez do elemento (equação 3.1) pode então ser facilmente integrada,

resultando na equação 3.9 (ver página seguinte).

A matriz de rigidez global do sistema pode então ser construída através dos procedimentos

convencionais do MEF, tendo-se o cuidado de transformar a matriz de rigidez do elemento de

interface [kξη] em relação às coordenadas globais x, y.

[k ] = [T ] T ⋅ [k ξη ] ⋅ [T ] (3.7)

 cos α senα
[T ] =   (3.8)
− senα cos α

sendo α o ângulo formado entre o eixo global x e o eixo local do elemento ξ.

Na resolução do problema , os parâmetros Cξξ′ e Cηη


′ são considerados nulos quando a

tensão normal no elemento de interface for de tração, sendo os cálculos repetidos para estes novos

valores. Caso a tensão cisalhante for detectada maior do que a resistência ao cisalhamento na

interface, o valor de Cξξ′ é alterado para este valor limite, ou um valor residual, com as

componentes de tensão novamente calculadas.


 1 1 
 2 ⋅ Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 −
2
⋅ Cξξ′ 0
2
⋅ Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0 − 2 ⋅ Cξξ′ 0 
 1 1 
 0 ′
2 ⋅ Cηη 0 ′
Cηη 0 − ⋅ C′ 0 ⋅ C′ 0 ′
− Cηη 0 − 2 ⋅ Cηη ′ 
 2 ηη 2 ηη 
 Cξξ′ 0 8 ⋅ Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0 − 8 ⋅ Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0 
 0 ′
Cηη 0 8 ⋅ Cηη
′ 0 ′
Cηη 0 − Cηη′ 0 − 8 ⋅ Cηη
′ 0 − Cηη ′ 
 
− 1 ⋅ C′ 0 Cξξ′ 0 2 ⋅ Cξξ′ 0 − 2 ⋅ Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0
1
⋅ C′ 0 
 2 ξξ 2 ξξ 
 1 1 
− ′
⋅ Cηη ′ ′
2 ⋅ Cηη ′
− 2 ⋅ Cηη ′
− Cηη ⋅ Cηη′ 
L 0 0 Cηη 0 0 0 0
[k ns ] =  1 2
1
2 
15  ⋅ C′ 0 − Cξξ′ 0 − 2 ⋅ Cξξ′ 0 2 ⋅ Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 − ⋅ C′ 0 
ξξ
 2 2 ξξ 
 0 1
′ ′ ′ ′ ′
1
′ 
 ⋅ Cηη 0 − Cηη 0 − 2 ⋅ Cηη 0 2 ⋅ Cηη 0 Cηη 0 − ⋅ Cηη
2 2
 − C′ 0 − 8 ⋅ Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 8 ⋅ Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 
 ξξ

 0 − Cηη′ 0 ′
− 8 ⋅ Cηη 0 ′
− Cηη 0 ′
Cηη 0 ′
8 ⋅ Cηη 0 Cηη′ 
 1 1 
 − 2 ⋅ Cξξ′ 0 − Cξξ′ 0 ⋅ Cξξ′ 0 − ⋅ Cξξ′ 0 Cξξ′ 0 2 ⋅ Cξξ′ 0 
 2 2 
 0 ′
− 2 ⋅ Cηη 0 ′
− Cηη 0
1
⋅ C′ 0 −
1
⋅ C′ 0 ′
Cηη 0 2 ⋅ Cηη ′ 
 2 ηη 2 ηη 

(3.9)
Elementos Finitos de Interface 25

3.2– Elemento de Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973).

Neste elemento de interface, de espessura não nula, os deslocamentos relativos entre o topo

e a base da interface são considerados como graus de liberdade independentes.

Na figura 3.2a observa-se que os graus de liberdade do elemento plano superior

correspondem aos deslocamentos relativos existentes entre o topo e a base do elemento de

interface.

Considerando-se um elemento de interface definido por apenas 2 pontos nodais (figura

3.2b, é possível escrever-se:

4 ∆uy2

∆ux2
2
Elemento plano superior ∆uy1 2
uy3
∆ ux1
1 ux3
3
Elemento de interface 1 uy4

4 ux4

Elemento plano inferior 2

y
1

x
(Coordenadas globais)

Figura 3.2a – Geometria do elemento de interface [Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)]


Elementos Finitos de Interface 26

∆ uη2
∆uy2 ∆uξ2

∆uη1 2 ∆ux2
∆ uy1 ∆ uξ1

1 ∆ ux1
e

Figura 3.2b – Detalhe do elemento de interface [Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)]

uxSuperior
1 = u xInferior
4 + ∆u xInterface
1 (3.10)

u Superior
y1 = u yInferior
4 + ∆u Interface
y1 (3.11)

uxSuperior
2 = u xInferior
3 + ∆u xInterface
2 (3.12)

u Superior
y2 = u yInferior
3 + ∆u Interface
y2 (3.13)

Os deslocamentos relativos nas direções normal ( ∆uη ) e tangencial ( ∆uξ ) variam

linearmente ao longo do elemento de interface, de acordo com

∆uη = N 1 ⋅ ∆uη1 + N 2 ⋅ ∆uη2 (3.14)

∆uξ = N 1 ⋅ ∆uξ1 + N 2 ⋅ ∆uξ2 (3.15)

1 1
Sendo N 1 = (1 − ξ) e N 2 = (1 + ξ) as funções de interpolação lineares utilizadas na
2 2

formulação deste elemento de interface.

As componentes de deformação normal (εη ) e tangencial (εξ ) podem então ser obtidas

como

∆uη
εη = (3.16)
e
Elementos Finitos de Interface 27

∆uξ
εξ = (3.17)
e

onde e é a espessura do elemento de interface (figura 3.2b).

As componentes de deformação podem então ser relacionadas com os deslocamentos

relativos nodais através de

 ∆uη1 
 
εη  1 (1 − ξ) 0 (1 + ξ) 0   ∆uξ 1 
ε  =  ⋅ 
 ξ  2e  0 (1 − ξ) 0 (1 + ξ) ∆uη 2  (3.18)

∆uξ 2 

ou, simbolicamente

{ε } = [ B] ⋅ {∆δ } (3.19)

Componentes de tensão podem ser facilmente calculadas através da relação constitutiva do

material na interface,

σ η  Cηη Cηξ  ε η 
 = ⋅  (3.20)
σ ξ   Cξη Cξξ  ε ξ 

ou, simbolicamente

{σ } = [ C] ⋅ {ε } (3.21)

A matriz de rigidez local do elemento de interface pode então ser determinada por

[k ] = ∫ [B] [C ]⋅ [B]⋅ dV
ξη
T
(3.22)
V

devendo esta novamente ser transformada pela relação (3.8) na etapa de formação da matriz de

rigidez global do sistema, referida aos eixos globais x, y. Obtém-se finalmente que,
Elementos Finitos de Interface 28

2( A1 − 2B1 ) 2( A3 + B2 ) ( A1 − 2B1 ) ( A1 + B2 ) 


 ( A2 +2B1 ) 
L  2( A3 + B2 ) 2( A2 + 2B1 ) ( A3 + B2 )
[k ] = 
6e ( A1 − 2B1 ) ( A3 + B2 ) 2( A1 − 2B1 ) 2( A3 + B2 )  (3.23)
 
 ( A1 + B2 ) ( A2 +2 B1 ) 2( A3 + B2 ) 2( A2 + 2B2 )

onde:

A1 = Cξξ a 2 + Cηηb 2 (3.24)

A2 = Cξξb 2 + Cηηa 2 (3.25)

A3 = (Cηη − Cξξ )ab (3.26)

B1 = Cηξ ab (3.27)

B2 = Cηξ ( a 2 − b2 ) (3.28)

a = ( 1 / L )( x1 − x4 ) (3.29)

b = ( 1 / L )( y1 − y4 ) (3.30)

3.3– Elemento de Pande e Sharma (1979).

Conceitualmente, é uma extensão do elemento de interface proposto por Ghaboussi et. al.

(1973), considerando-se os deslocamentos relativos nodais como graus de liberdade independentes,

mas adotando-se um elemento de interface parabólico formado por 8 pontos nodais (figura 3.3a).

Da figura 3.3b percebe-se que os graus de liberdade nodais são expressos por

{δ '} = {u x1 ,u y1 , u x2 ,u y 2 , u x3 , u y 3 , ∆u x4 , ∆u y 4 , ∆u x5 , ∆u y5 , ∆u x6 , ∆u y6 , ∆u x 7 , ∆u y 7 , ∆u x8 , ∆u y8 }T
(3.31)

Os deslocamentos nodais {δ} podem ser obtidos através do vetor {δ’} aplicando-se as

condições
Elementos Finitos de Interface 29

ELEMENTO PLANO ELEMENTO DE INTERFACE


SUPERIOR PARABÓLICO

ELEMENTO PLANO uy
INFERIOR ux

x
(COORDENADAS GLOBAIS)

Figura 3.3a – Elemento de interface com dois elementos planos adjacentes [Pande e Sharma
(1979)]

uy3 + ∆ uy5
u y2+ ∆ uy6 5 u x3+ ∆ u x5
u x2+ ∆ ux6 uy3 + ∆ uy4
6

uy1 + ∆ uy7 u x3+ ∆ u x4


4

u x1+ ∆ u x7 uy3
7

u y1+ ∆ uy8 uy2 3


u x3

8
u x1+ ∆ u x8 2 ux2
y
uy1
u x1
1

x
(COORDENADAS GLOBAIS)

Figura 3.3b – Elemento de interface isoparamétrico parabólico [Pande e Sharma (1979)]


Elementos Finitos de Interface 30

u x 4  u x 3 + ∆ux 4 
u  u + ∆u 
 y 4   y3 y4 

 u x 5   u x 3 + ∆u x 5 
   
u
  y 5 u y 3 + ∆ u y 5 
ux 6  u x 2 + ∆u x 6 
 = 
u
  
y 6 u y 2 + ∆ u y 6 
u x 7   u x1 + ∆u x 7  (3.32)
   
u
 y 7   y1 u + ∆ u y7 
u x 8   ux 1 + ∆u x 8 
   
u y 8   u y 1 + ∆u y 8 

ou, simbolicamente,

{δ} = [T ]⋅ {δ '} (3.33)

com a matriz de transformação [T] expressa por

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 

0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 
0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 
0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
 
[T ] = 
0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
 
0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
 
0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
 
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
 
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 
(3.34)

A equação do elemento finito de interface pode então ser escrita como


Elementos Finitos de Interface 31

[ k ] ⋅ {δ } = { f } (3.35)

onde {f} representa as componentes das forças nodais aplicadas no elemento

Rescrevendo esta equação em termos dos graus de liberdade expressos por (3.33), tem-se:

[k ] ⋅ [T ] ⋅ {δ'} = [T ] ⋅ { f '} (3.36)

onde

{ f '} = { f x1, f y1 , f x2 , f y 2 , f x 3 , f y3 , ∆f x4 , ∆f y4 , ∆f x5 , ∆f y5 , ∆f x6 , ∆f y 6 , ∆f x7 , ∆f y 7 , ∆f x8 , ∆f y8 }T

(3.37)

De onde resulta,

[T ] T ⋅ [k ] ⋅ [T ] ⋅ {δ '} = { f '} (3.38)

ou

[k '] ⋅ {δ '} = { f '} (3.39)

A matriz de rigidez do elemento plano inferior permanece inalterada (formulada com base

nos deslocamentos nodais como graus de liberdade), enquanto que a matriz de rigidez do elemento

superior deve ser transformada tendo em vista a interface comum formada pelos nós 5, 6 e 7 com

graus de liberdade expressos sob forma de deslocamentos relativos.

Neste processo, é empregada uma nova matriz de transformação [T], da ordem 16x22,

resultando numa matriz de rigidez transformada [k’] para o elemento plano superior com dimensão

(22x22).

A solução do problema, a partir deste ponto, segue os procedimentos usuais do método dos

elementos finitos.
Elementos Finitos de Interface 32

3.4– Elemento de Desai, Lightner e Siriwardane (1984).

O elemento de interface proposto por Desai, Lightner e Siriwardane (1984) é um elemento

delgado (“thin-layer element”) que pode representar problemas de interação solo-estrutura sob

vários modos de deformação, como indicado na figura 3.4. A principal vantagem deste elemento é

que sua formulação é a mesma dos elementos quadrilaterais planos o que torna sua implementação

computacional bastante fácil na grande maioria dos casos.

σn σn

τ τ

a) contato aderente b) contato liso

A-Ac σn A- Ac σn
Ac Ac

τ τ

c) modo de abertura d) modo de fechamento

Figura 3.4 – Esquema dos modos de deformação na interface [Desai, Lightner e Siriwardane
(1984)]

A matriz constitutiva [C] do elemento de interface é dada por


[ ] [C ]
C
[C ]i = [Cηη] [Cηξ ] (3.40)
 ξη ξξ 

onde [C ηη] relaciona-se com as tensões normais, [C ξξ] com as tensões cisalhantes e [C ηξ], [C ξη]

introduzem o efeito de acoplamento na relação constitutiva. A determinação experimental destes

últimos coeficientes é complicada, sendo as componentes de acoplamento geralmente ignorados.


Elementos Finitos de Interface 33

A componente [C ηη] é função das características do solo, da estrutura e do material na zona

de interface.

[C ] = λ [C ]+ λ [C ]+ λ [C ]
ηη 1
i
ηη 2
s
ηη 3
est
ηη (3.41)

onde λ1, λ2 e λ3 são fatores de participação (variando entre 0 e 1) das leis constitutivas do solo na

[ ]
i
interface Cηη , do solo no depósito [C ] e do elemento estrutural [C ].
s
ηη
est
ηη

A componente de cisalhamento [C ]
ξξ é assumida como o valor do módulo de

cisalhamento do material da interface, sendo obtido através da execução do ensaio de cisalhamento

direto em laboratório.

δ [τ (σ r , ur ]
[C ] = G (σ
ξξ i n ,τ , u r ) =
δur
× e σn (3.42)

onde

G i = módulo de cisalhamento do material da interface

σ n = tensão normal

τ = tensão cisalhante

u r = deslocamento relativo

e = espessura do elemento.

A implementação deste elemento de interface segue, daqui por diante, os procedimentos

usuais do MEF. Na prática, de acordo com estudos realizados por Desai et. al. (1984) , a

espessura do elemento de interface deve estar situada no intervalo 0,01L≤e≤0.1L, sendo L o

comprimento do elemento de interface (figura 3.5).


Elementos Finitos de Interface 34

INTERFACE

uy4
uy5
ux4
PLANO
ux5
L uy6 uy3
e
ux6 uy2 ux3
ux2
PLANO
uy1
ux1

(COORDENADAS GLOBAIS) L = COMPRIMENTO DE ELEMENTO DE INTERFACE


x

Figura 3.5 – Esquema do elemento de interface [Desai, Lightner e Siriwardane (1984)]

3.5– Elemento de Beer (1985).

O elemento de interface proposto é baseado na formulação apresentada por Ghaboussi et al.

(1973), apresentando as seguintes características específicas:

a) elemento desenvolvido para simulação bi e tridimensional de problemas de interação envolvendo

interfaces entre sólido – sólido, sólido – casca e casca – casca.

b) hipótese de espessura nula, que o torna mais adequado para análise de juntas diretamente em

contato, como na análise do comportamento de maciços de rochas fraturadas.

Para mais detalhes da formulação matemática, o leitor interessado deve consultar Beer (1985).

3.6– Elemento de Day e Potts (1994).

Elemento também de espessura nula, indicado para modelagem de problemas da mecânica

das rochas. Baseado no elemento originalmente proposto por Goodman et al. (1967), os autores

apresentam modificações considerando a formulação isoparamétrica para elementos de 4 e 6


Elementos Finitos de Interface 35

pontos nodais, com o objetivo de tornar o elemento de interface consistente com a maioria dos

elementos quadrilaterais planos normalmente utilizados em aplicações bidimensionais do MEF.

Os autores também discutem problemas numéricos reportados anteriormente na literatura,

quando elementos de interface com espessura nula são utilizados: mal condicionamento da matriz de

rigidez, especialmente no caso quando a rigidez o elemento de interface é grande comparada à

rigidez do elemento plano vizinho, e desenvolvimento de altos gradientes de tensão com oscilação

dos valores numéricos de tensão avaliados na interface.

Em um estudo interessante e bastante detalhado, Day e Potts (1994) mostram que tais

dificuldades numéricas podem ser bastante atenuadas com uma escolha cuidadosa do tamanho dos

elementos planos adjacentes e por um adequado padrão de discretização do problema.


4
ANÁLISE BIDIMENSIONAL PELA TRANSFORMADA DE
FOURIER

4.1– O uso da transformada de Fourier em problemas de dutos enterrados.

A grande maioria das obras de engenharia são de natureza tridimensional, mas uma boa

parcela destas pode ser estudada através de uma análise bidimensional. Dutos enterrados são

estruturas de grande extensão e, caso as propriedades mecânicas dos solos e características do

carregamento não variem em uma ou mais direções, a análise do comportamento pode ser baseada

em hipóteses do estado plano de deformação.

No caso de dutos sob carregamento tridimensional, como carregamentos rodoviários ou

transmitidos por estruturas ou obras situados nas proximidades, uma forma simplificada de análise,

adotada por Ducan (1979), é executar-se uma análise bidimensional pelo método dos elementos

finitos aproximando-se o carregamento tridimensional por um carregamento plano de intensidade

equivalente.

Alternativamente, o método dos elementos finitos pode ser empregado para obtenção de

melhores resultados através de uma análise direta tridimensional, como a executada por Zienkiewicz

(1979) . As maiores dificuldades em aplicações tridimensionais do MEF ainda são o grande número

de equações envolvidas, o tempo de processamento e a geração de malhas de elementos finitos

tridimensionais.

A utilização da transformada de Fourier para análise de problemas tridimensionais através

de malhas de elementos finitos a duas dimensões, como proposta por Small e Wong (1988), pode

constituir-se em boa opção nos casos em que as propriedades do solo não variam ao longo do eixo

do duto, de grande comprimento, e o comportamento tensão-deformação dos materiais envolvidos

possa ser descrito pela teoria de elasticidade linear.


Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 37

Esta técnica para análise de dutos enterrados foi empregada na literatura por Moore e

Brachman (1994), para análise do comportamento da seção transversal de dutos submetidos a

carregamentos rodoviários na superfície, e Fernando, Small e Carter (1996) para análise do

comportamento transversal e longitudinal de dutos flexíveis enterrados em profundidade rasas.

Antes de prosseguir na descrição do método baseado em análise numérica pelo MEF no

plano de Fourier, a próxima seção faz uma rápida revisão da transformada de Fourier e de suas

principais propriedades.

4.1.1– Transformada de Fourier.

Em matemática, uma transformada é um operador que muda uma equação de um espaço

matemático para outro. A transformada de Fourier, neste contexto, é definida pela integral de

Fourier, originada das conhecidas séries de Fourier.

A transformada de Fourier pode ser expressa em termos da função trigonométrica seno, do

coseno ou simultaneamente por ambas. Se a função f(z) for definida no intervalo [0,∞), então sua

transformada de Fourier pode ser escrita como:

F ( m) = ∫ f ( z ) ⋅ sen( mz) dz ou (4.1)


0

F ( m) = ∫ f ( z ) ⋅ cos( mz) dz (4.2)


0

com as correspondentes inversas definidas por,

2∞
f ( z ) = ∫ F ( m) ⋅ sen ( mz) dm ou (4.3)
π0

2∞
π ∫0
f (z) = F ( m) ⋅ cos( mz) dm (4.4)
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 38

Como ilustração, considere os esquemas da Figura 4.1 onde a função par de carregamento

f(z) de forma retangular (figura 4.1a), com intensidade unitária ao longo do eixo z do duto entre as

coordenadas w e -w e intensidade nula fora deste intervalo, é transformada pela equação 4.2 na

correspondente função F(m) da figura 4.1b, com a mudança da variável espacial z na variável de

transformação m, e novamente recuperada na figura 4.1c com a aplicação da transformada inversa

de Fourier (equação 4.4).

2.00

f(z)
1.50

w=1
f(z)

1.00

0.50

0.00

-2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00


z

Figura 4.1(a) – Função par de carregamento retangular [Moore e Brachman (1994)].

Para o caso de carregamentos verticais distribuídos simetricamente em relação ao plano z=0

(figura 4.2), as funções de deslocamento ux(x,y), uy(x,y), uz(x,y) e de rotação θ(x,y) ao redor do

eixo z podem ser escritas no domínio de Fourier como:

2∞
π ∫0 x
Ux = u cos( mz) dz (4.5)
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 39

1.00

0.50

Fc(m)
Fc(m)

0.00

(b)

-0.50

-40.00 -20.00 0.00 20.00 40.00


m

Figura 4.1(b) –Transformada de Fourier da função de carregamento Fc(m)=(sen mw)/m; [Moore e


Brachman (1994)].

2.00

1.50

w=1
f(z)

1.00

0.50

(c)

0.00

-3.00 -2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00 3.00


z
Figura 4.1(c) –Inversa da transformada de Fourier, para obtenção da função de carregamento
original [Moore e Brachman (1994)].
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 40

2∞
π ∫0 y
Uy = u cos( mz) dz (4.6)

2∞
U z = ∫ u z sen( mz )dz (4.7)
π0

2∞
π ∫0
Θ= θ cos( mz)dz (4.8)

e as correspondentes inversas por:

u x = ∫ U x cos( mz )dm (4.9)


0

u y = ∫ U y cos( mz )dm (4.10)


0

u z = ∫ U z sen( mz) dm (4.11)


0

θ = ∫ Θ cos( mz) dm (4.12)


0

As equações 4.9, 4.10 e 4.12 foram escritas em função do coseno devido à simetria destas

componentes em relação ao plano z=0 (funções pares), enquanto que a componente uz , por ser

antissimétrica em relação ao mesmo plano (função impar), teve a correspondente transformada de

Fourier expressa em termos da função seno.

O carregamento vertical transformado é da forma

2∞
Fy = ∫ f y cos( mz )dz (4.13)
π0

e sua inversa escrita como

f y = ∫ Fy cos( mz ) dm (4.14)
0
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 41

As componentes de tensão podem ser obtidas das expressões transformadas dos

deslocamentos considerando-se as relações fornecidas pela teoria da elasticidade linear.

Observa-se das equações anteriores que o problema de natureza tridimensional pode então

ser representado no domínio de Fourier em termos de uma descrição espacial bidimensional, função

das variáveis x, y.

Utilizando-se o método dos elementos finitos torna-se então possível o cálculo das

componentes de deslocamento e de rotação gerados pelo carregamento tridimensional ty(x,y,z) para

determinado valor da variável de transformação m.

Os resultados assim calculados, bem como as correspondentes quantidades secundárias em

termos de tensões, deformações e momentos fletores no duto, não têm entretanto significado físico

real, necessitando a execução de uma transformada inversa de Fourier para transportá-los ao

domínio espacial tridimensional real (figura 4.2).

Nesta fase da transformada inversa, é feita uma análise bidimensional do problema por

elementos finitos para cada valor de m necessário para garantir a convergência da solução

(equações 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12) no intervalo [0,∞) com determinada precisão numérica nos

resultados finais.

4.1.2– Método dos Elementos Finitos no Domínio de Fourier.

A formulação que se segue é baseada na proposta de Fernando, Small e Carter (1996) para

análise do comportamento de dutos enterrados submetidos a carregamentos de superfície.

Devido ao fato da transformada de Fourier ser um operador matemático linear, é implícita a

hipótese de comportamento elástico linear dos materiais que constituem o solo e o duto.
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 42

Deslizamentos relativos na interface solo-duto podem ser modelados, desde que o comportamento

do solo na interface seja também admitido como linear.

Carga Aplicada y Carga Aplicada


y
f y(z) Fy (m)
Transformada

de Fourier

x x

z m
Análise pelo MEF para um
valor de m específico
y (linear elástico)
f y(z) y

Inversa

x
x
−∞

∫ F ( m) e
imz
dm
Determina u x (z), uy (z), uz (z) +∞ Determina u x (m), uy(m), uz (m)
σxx (z), σyy (z),... Sxx (m),Syy (m),...

Figura 4.2 – Modelo de elementos finitos utilizando a transformada de Fourier [Moore e Brachman
(1994)].

4.1.2.1– Elementos finitos planos para o solo no plano de Fourier.

Na formulação em deslocamentos, as equações de equilíbrio do MEF podem ser expressas

a partir do princípio dos trabalhos virtuais como:

∫ {dε} ⋅ {σ} ⋅ dV = ∫ {u}T ⋅ {t} ⋅ dS


T
(4.15)
V S

onde

{dε}T = {dε xx dε yy dεzz dγ xy dγ yz dγ xz } (4.16)

{σ}T = {σ xx σ yy σ zz τ xy τ yz τ xz } (4.17)
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 43

{u}T = {u x uy uz} (4.18)

{t}T = {t x ty tz } (4.19)

Considerando-se que o campo dos deslocamentos pode ser adequadamente representado a

partir dos graus de liberdade nodais {∆} por um conjunto de funções de interpolação [N], com a

equação (4.20).

{u} = [ N ] ⋅ {δ} (4.20)

e levando-se em conta as relações tensão-deformação e deformação-deslocamento fornecidas pela

teoria da elasticidade linear, a seguinte equação de equilíbrio pode ser escrita para o problema

analisado:

[ K ] ⋅ {∆} = {F} (4.21)

onde [K] representa a matriz de rigidez global e {F} o vetor que contém as componentes das

forças atuantes nos pontos nodais.

Como a discretização é feita no plano transformado de Fourier, as equações (4.15)

necessitam ser re-escritas, transformando-se as variáveis envolvidas.

Assim, para os deslocamentos tem-se,

∞ 
 ∫ U x ⋅ cos( mz) dm
u x  ∞0 
   
{u} = u y  = ∫ U y ⋅ cos( mz) dm (4.22)
u   0 
 z  ∞ 
∫ U z ⋅ sen( mz) dm
0 

ou simplesmente, podendo-se considerar apenas os respectivos integrandos.

U x ⋅ cos( mz) 
 
{u} = U y ⋅ cos( mz)  (4.23)
U ⋅ sen( mz) 
 z 
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 44

desde que todas as outras variáveis da equação (4.15) sejam também substituídas apenas pelos

integrandos correspondentes.

Para os elementos finitos planos utilizados na discretização do maciço de solo tem-se, a nível

de elemento:

[ k s ] ⋅ {δs } = { f s } (4.24)

onde o subscrito “s” indica elemento de solo.

{δ s }T = {U x1 U y1 U z 1 U x 2 U y 2 U z2 .... U xn U yn U zn } (4.25)

sendo n o número de pontos nodais do elemento finito selecionado.

As forças nodais no elemento de solo são obtidas de (4.26),

{ f s } = ∫ [ N s ] T ⋅ {Ts } ⋅ dS (4.26)
s

onde {Ts }T = {T x Ty Tz } (4.27)

e a matriz de função de interpolação [N s] de ordem (3x 3n) é escrita como:

 N1 ⋅ c 0 0 N2 ⋅ c 0 0 .... N n ⋅ c 0 0 

[Ns ] =  0 N1 ⋅ c 0 0 N2 ⋅c 0 .... 0 Nn ⋅ c 0  (4.28)
 0 0 N1 ⋅ s 0 0 N 2 ⋅ s .... 0 0 N n ⋅ s 

denotando-se

c = cos(mz) (4.29)

s = sen(mz) (4.30)

As funções polinomiais N1, N2, N3,... Nn podem ser facilmente obtidas em textos sobre

elementos isoparamétricos planos, como em Desai (1979) e Zienkiewicz (1979), entre outros.

A matriz de rigidez do elemento, no plano de Fourier, é então definida por:

[ k s ] = ∫ [ Bs ] T ⋅ [ C s ] ⋅ [ Bs ] ⋅ dA (4.31)
A
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 45

onde A é a área do elemento no plano xy e [C s] a matriz constitutiva de ordem (6x6) expressa por,

considerando comportamento elástico linear,

1 − ν ν ν 0 0 0 
 ν 1 −ν ν 0 0 0 
 
 ν ν 1−ν 0 0 0 
E  1 − 2ν 
[C s ] =  0 0 0 0 0  (4.32)
(1 + ν ) ⋅ (1 − 2ν )  2 
1 − 2ν
 0 0 0 0 0 
 2 
 1 − 2ν 
 0 0 0 0 0
2 

As relações deformação-deslocamento são obtidos a nível de elemento através de

{εs } = [ B s ] ⋅ {δs } (4.33)

com

{
{ε s }T = ε xx ε yy εzz γ xy γ yz γ xz } (4.34)

sendo a matriz [Bs], de ordem (6x3n), definida pela equação 4.37 (ver página seguinte).

As relações tensão-deformação podem então facilmente ser computadas como

{σs } = [C s ] ⋅ {εs } (4.35)

para

{σ s }T = {σ xx σ yy σ zz τ xy τ yz τ xz } (4.36)

4.1.2.2– Elementos finitos unidimensionais para o duto no plano de Fourier.

Para discretização do duto por elemento finitos no domínio de Fourier foram considerados

elementos de viga com 2 nós, conforme mostra a figura 4.3.

Para este tipo de elemento, a rotação θ em torno do eixo z deve também ser considerada

como grau de liberdade adicional em cada nó do elemento.


 ∂N1 ∂N1 ∂N n ∂N n 
 Γ11 ∂ξ
c + Γ12
∂η
c 0 0 .... Γ11
∂ξ
c + Γ12
∂η
c 0 0 
 
 ∂N1 ∂N1 ∂N n ∂N n 
0 Γ21 c + Γ 22 c 0 .... 0 Γ 21
c + Γ 22 c 0
 ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η 
 0 0 mN1 c .... 0 0 mN n c 
  4.37
[ Bs ] =  ∂N1 ∂N1 ∂N ∂N1 ∂N n ∂N n ∂N ∂N n 
Γ c + Γ22 c Γ11 1 c + Γ12 c 0 .... Γ21 c + Γ 22 c Γ11 n c + Γ12 c 0
 21 ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η 
 ∂N1 ∂N1 ∂N n ∂N n 
 0 − mN1 s Γ 21 s + Γ22 s .... 0 − mN n s Γ 21 s + Γ 22 s
 ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η 
 ∂N ∂N1 ∂N n ∂N n 
 − mN 1s 0 Γ11 1 s + Γ12 s .... − mN n s 0 Γ11 s + Γ12 s
 ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η 

onde

 n n

Γ12  1  ∑
N i ,η y i − ∑ N i ,ξ y i 
Γ
[ Γ ] =  11 =  i =1 i =1

Γ22  J  − n N x
(4.38)
 Γ21
n
N i ,ξ xi 
 ∑ i =1
i ,η i ∑
i =1


n n n n
J = ∑ N i ,ξ x i ⋅ ∑ N i ,η y i − ∑ N i ,η x i ⋅ ∑ N i ,ξ y i (4.39)
i =1 i =1 i =1 i =1
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 47

Elemento quadrático Elementos de viga


com dois nós

Figura 4.3 – Representação de um modelo típico do problema, com os elementos finitos utilizados
para o solo e para o duto [Fernando, Small e Carter (1996)].

Equações similares às anteriormente descritas para os elementos finitos planos de solo

podem ser escritas sem grandes dificuldades.

[ k d ] ⋅ {δ d } = { f d } (4.40)

onde o subscrito “d” indica elemento de duto.

{δd }T = {U x1 U y1 U z 1 Θ1 U x 2 U y 2 U z 2 Θ2 } (4.41)

Para os elementos de duto as forças nodais são computadas como,

{ f d } = ∫ [ N d ]T ⋅ {Td }⋅ dl (4.42)
L

onde {Td }T = {T x Ty Tz } (4.43)

e a matriz das funções de interpolação [N d], de ordem (3x8), é definida por:

 N1 ⋅ c 0 0 0 N2 ⋅ c 0 0 0 

[Nd ] =  0 N3 ⋅ c 0 N4 ⋅ c 0 N5 ⋅c 0 N 6 ⋅ c (4.44)
 0 0 N1 ⋅ s 0 0 0 N2 ⋅s 0 
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 48

considerando-se − 1 ≤ ξ ≤ 1 , tem-se

1−ξ
N1 = (4.45)
2

1+ξ
N2 = (4.46)
2

1 3ξ ξ 3
N3 = − + (4.47)
2 4 4

⋅ (1 + ξ) ⋅ (1 − 2ξ + ξ 2 )
L
N4 = (4.48)
8

1 3ξ ξ 3
N5 = + − (4.49)
2 4 4

⋅ (1 + ξ) ⋅ (ξ 2 − 1)
L
N6 = (4.50)
8

A matriz de rigidez do elemento, no plano de Fourier, é então definida por

[ k d ] = ∫ [ Bd ]T ⋅ [C d ] ⋅ [ Bd ] ⋅ dl (4.51)
L

onde L é o comprimento do elemento de viga unidimensional e [Cd] a matriz constitutiva linear

elástica de ordem (6x6):

1 ν 0 0 0 0 
ν 
1 0 0 0 0
 1 −ν 
0 0 0 0 0 
 2 
E  e3 e 3ν 
[Cd ] = (4.52)
(1 − ν 2 )  
0 0 0 0
12 12
 
0 e3ν e3 
0 0 0
 12 12 
 (1 − ν )e 3 
 0 24 
0 0 0 0

As relações deformação-deslocamento são obtidos como, a nível de elemento

{εd } = [ Bd ] ⋅ {δ d } (4.53)

onde {ε d }T = {εxx ε zz γ xz − χx − χz − 2 χxz } (4.54)


Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 49

e a matriz [Bd],de ordem (6x8):

 2 ∂N 1 2 ∂N 2 
 L ∂ξ c 0 0 0
L ∂ξ
c 0 0 0 
 
 0 0 0 mN 1 c 0 0 mN 2 c 0 
 − mN s 2 ∂N 1 2 ∂N 2 
 0 s 0 − mN 2 s 0 s 0 
L ∂ξ L ∂ξ
1

[B d ] =  
 0 4 ∂2 N 3 4 ∂2N4 4 ∂2N5 4 ∂ 2 N4
− 2 c 0 − c − c 0 − c
 L ∂ξ 2 L 2 ∂ξ 2 L2 ∂ξ 2 L2 ∂ξ 2 
 
 0 m 2 N3 c 0 m2 N 4c 0 m2 N 5c 0 m 2 N 6c 
 0 4 ∂N 4 ∂N 4 ∂N 4 ∂N
 − m 3 s 0 − m 4 s 0 − m 5 s 0 − m 6 s 
 L ∂ξ L ∂ξ L ∂ξ L ∂ξ 
(4.55)

As relações tensão-deformação podem então ser facilmente computadas por

{σ d } = [C d ] ⋅ {εd } (4.56)

para {σd }T = {σxx σ zz τ xz Mx Mz M xz } (4.57)

4.1.2.3– Solução no domínio real.

Os valores calculados pelo MEF no plano de Fourier devem ser finalmente transformados

para o domínio real, tridimensional, através de transformadas inversas de Fourier.

Considerando-se as componentes de deslocamento,

u x = ∫ U x cos( mz )dm (4.58)


0

u y = ∫ U y cos( mz )dm (4.59)


0

u z = ∫ U z sen( mz) dm (4.60)


0

as integrações serão aproximadas por quadratura numérica baseada no esquema de Gauss-

Legendre,
Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 50

N
u x ≈ ∑ w j ⋅ U x ( m j ) ⋅ cos( m j z ) (4.61)
j =1

N
u y ≈ ∑ w j ⋅ U y ( m j ) ⋅ cos( m j z ) (4.62)
j =1

N
u z ≈ ∑ w j ⋅ U z ( m j ) ⋅ sen( m j z ) (4.63)
j =1

o que permite então obter-se os resultados para qualquer valor de z selecionado.

Neste trabalho, as transformadas inversas foram executadas comparando-se

simultaneamente os resultados obtidos em dois esquemas de quadraturas adaptativos,

considerando-se 8 e 12 pontos de integração por subintervalo. Com esta técnica, foi possível

controlar-se os erros absolutos e relativos da solução transformada inversa de Fourier.

A figura 4.4 apresenta um diagrama de blocos esquemático onde são indicadas as principais

etapas de cálculo da implementação computacional realizada neste trabalho para análise de

problema bidimensionais utilizando-se o método dos elementos finitos no domínio de Fourier.


Análise Bidimensional pela Transformada de Fourier 51

ENTRADA DOS
DADOS

DETERMINAÇÃO DO m
PASSO 1

DETERMINAÇÃO DA FORÇA
(função de m)

RESOLUÇÃO PELO M.E.F


OBTENDO DESLOCAMENTOS E TENSÕES TRANSFORMADOS

PREPARAR A FUNÇÃO
INVERSA

INTEGRAR COM 8 E 12 PONTOS


DE INTEGRAÇÃO POR SUBINTERVALO

ENQUANTO NÃO SE OBTER OS ERROS ABSOLUTOS E RELATIVOS


MENOR QUE O DETERMINADO IR SUBDIVIDINDO O INTERVALO EM MAIS SUBINTERVALO

FIM

Figura 4.4 – Fluxograma utilizado na análise dos problemas tridimensionais


solo-estrutura pelo método dos elementos finitos no domínio de Fourier.
5
EXEMPLOS

Neste capítulo serão apresentados alguns exemplos da utilização dos elementos de

junta e da aplicação da transformada de Fourier na análise de problemas tridimensionais. Os

resultados numéricos obtidos são comparados, sempre que possível, com aqueles calculados

através de programas comerciais como o LUSAS, SAP-90 e ANSYS. Para visualização dos

resultados foi também empregado o programa MTOOL (1998).

Esta comparação de resultados é essencial para aferir a confiabilidade da

implementação computacional, principalmente na etapa referente à quadratura numérica

durante a execução da transformada inversa de Fourier.

A transformada inversa de Fourier foi feita utilizando-se um algoritmo adaptativo

(subintervalos de integração variáveis) baseado no esquema de Gauss-Legendre utilizando 8 e

12 pontos de integração. O erro relativo entre os valores numéricos calculados com ambos os

esquemas, necessariamente menor do que determinada tolerância especificada na entrada de

dados do programa, controla a precisão da transformada inversa de Fourier. O erro relativo e o

intervalo de integração utilizados em todos os exemplos forma 0.01 e [0,10) respectivamente.

Em alguns problemas, resultados numéricos com precisão de mesma ordem, puderam

ser mais rapidamente obtidos com apenas um esquema de quadratura de Gauss-Legendre (12

pontos de integração) usando-se subintervalos de integração fixos porém pequenos.

5.1 - Exemplo 1 – Comportamento de elementos de interface

O primeiro exemplo vem do artigo de Desai, Lightner e Siriwardane (1984),

consistindo em dois elementos planos quadráticos (estado plano de deformação) submetidos a

diferentes carregamentos de superfície, conforme figura 5.1. Resultados da variação do

deslocamento vertical ao longo do topo dos elementos estão mostrados na figura 5.2, obtidos
Exemplos 53

considerando-se os elementos de interface propostos por Goodman et. al. (1967), Pande e

Sharma (1979) e Desai et. al. (1984).

13800 kPa
6900 kPa
Solo
E=69000 kPa
Elemento Elemento υ=0.3
Plano Plano Interface
L=25.4 cm E=6900 kPa
Elemento
de interface υ=0.3
G=138 kPa
e=0.254 cm (0.01L)

0.0 cm 25.4 cm 50.8 cm

Figura 5.1 - Modelo com atributos e informações geométricas (Desai et. al., 1984).

Conforme pode ser observado, os valores obtidos utilizando-se o elemento de interface

proposto por Desai et.al (1984) são idênticos aos calculados pela formulação de Pande e

Sharma (1979), enquanto que os resultados computados com o elemento de Goodman et. al.

(1967) mostram-se um pouco maiores.

No elemento de interface de Desai et. al. (1984) foi utilizada a espessura recomendada

por aqueles autores e equivalente a um centésimo do comprimento do elemento (e=0.01L).

Esta mesma espessura foi mantida, para efeitos comparativos, na obtenção dos deslocamentos

através do elemento de Pande e Sharma (1979).

No elemento de Goodman et. al. (1967) os valores das constantes do material Cξξ e

Cηη foram feitas iguais ao valor do módulo de elasticidade do material da interface.

Da figura 5.2, conclui-se ser significativa a melhoria dos resultados com a introdução

do elemento de interface em relação aos valores computados na ausência deste (curva

contínua).
Exemplos 54

Distância horizontal (cm)


0.00 20.00 40.00 60.00
-2.00
Compone nte vertical de deslo camento (cm)

-3.00

curva contínua

Goodman et. al. (1967)

Desai et. al. (1984)

Pande e Sharma (1979)

-4.00

-5.00

Figura 5.2 – Resultados da distribuição da componente vertical de deslocamento


ao longo do topo do elemento.

5.2 - Exemplo 2 – Duto enterrado com elementos de interface

Este exemplo analisa as variações observadas nos campos de deslocamentos em um

maciço de solo quando o comportamento na interface solo-duto é admitido completamente

aderente ou simulada através de elementos de interface (Desai et. al., 1984; Pande e Sharma,

1979; Goodman et. al., 1967), descritos no capítulo 3, que permitem deslocamentos relativos

entre elementos planos.


Exemplos 55

Um duto (E=15.2 GPa, ν=0.25, diâmetro D=2 m) encontra-se enterrado à

profundidade y=1 m na camada de solo homogêneo (E=20.6 MPa, ν=0.33, espessura H=8 m),

esquematizada na malha de elementos finitos (126 elementos quadráticos) da figura 5.3.

As características dos elementos de interface utilizados são as seguintes:

a) Elementos propostos por Desai et. al. (1984) e Pande e Sharma (1979)

ν=0.33

G=106.8 MPa

e=0.03 m

b) Elemento proposto por Goodman et. al. (1967)

e=0.00 m

Cξξ= Cηη= 20.6 MPa

O sistema solo-duto é solicitado por um carregamento uniformemente distribuído

(q=200 kN/m) na superfície do terreno, simétrico em relação ao eixo longitudinal do duto,

com largura b=2 m e de grande comprimento (estado plano de deformação).

Da observação da distribuição dos campos de deslocamentos ilustrados nas figuras 5.4

a 5.11 verifica-se facilmente que:

a) A configuração dos campos de deslocamentos, e seus respectivos valores, não parecem

ser afetados quando se passa da condição de completa aderência (ausência de

elementos de interface) para aquela em que deslocamentos relativos entre o solo e o

duto são permitidos na formulação.

b) Os resultados obtidos considerando-se os elementos de interface propostos por Desai

et. al. (1984) e Pande e Sharma (1979) são idênticos, enquanto que os calculados com

o elemento de interface de Goodman et. al. (1967) são levemente superiores.


Exemplos 56

Figura 5.3 – Malha de elementos finitos no caso da análise de duto enterrado.

Figura 5.4 – Distribuição dos deslocamentos horizontais na ausência do


elemento de interface (aderência completa).
Exemplos 57

Figura 5.5 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com o


elemento de interface de Goodman et. al. (1967).

Figura 5.6 - Distribuição dos deslocamentos horizontais com o


elemento de interface de Desai et. al. (1984).
Exemplos 58

Figura 5.7 – Distribuição dos deslocamentos horizontais com o


elemento de interface de Pande e Sharma (1979).

Figura 5.8 – Distribuição dos deslocamentos verticais na ausência do


elemento de interface (aderência completa).
Exemplos 59

Figura 5.9 – Distribuição dos deslocamentos verticais com o elemento de interface de


Goodman et. al. (1967).

Figura 5.10- Distribuição dos deslocamentos verticais com o


elemento de interface de Desai et. a.l. (1984).
Exemplos 60

Figura 5.11- Distribuição dos deslocamentos verticais com o


elemento de interface de Pande e Sharma (1979).

5.3 - Exemplo 3 – O problema de Holl (1940)

O terceiro problema analisa a distribuição das tensões verticais geradas por um

carregamento uniformemente distribuído sobre uma área retangular (Figura 5.12) na

superfície de uma camada de solo homogêneo.

A configuração retangular do carregamento torna a análise do problema

tridimensional, requerendo nas aplicações convencionais do MEF, uma discretização também

tridimensional.

Este problema foi resolvido analiticamente por Holl (1940), sendo esta solução

analítica aqui utilizada para efeitos de comparação com os resultados obtidos na aplicação do

MEF no plano de Fourier, utilizando a discretização 2D mostrada na figura 5.13 formada por

96 elementos isoparamétricos quadráticos. Gráficos e valores tabelados da solução de Holl

podem também ser encontrados em Poulos e Davis (1974) e Giroud (1972).


Exemplos 61

A figura 5.14 mostra a distribuição da tensão vertical ao longo da profundidade sob

um dos cantos da área retangular carregada. A diferença observada com a solução analítica

(em termos relativos inferiores a 10%), deve-se possivelmente aos fatos:

a) os valores são aproximados pela média aritmética entre os resultados obtidos nos pontos

de Gauss dos elementos vizinhos à projeção vertical do canto da área retangular, em cada

profundidade considerada;

b) o aumento da diferença da distribuição de tensão a partir da profundidade de 8 m deve-se

provavelmente à influência da base rígida representada pelo contorno inferior da malha de

elementos finitos;

c) o coeficiente de Poisson para a solução analítica de Holl (ν Holl= 0.5) é diferente do

adotado na presente análise feita pelo MEF (ν MEF = 0.2).

A figura 5.15 mostra a variação com a profundidade da tensão vertical sob o centro da

área retangular carregada. A comparação dos resultados numéricos com a solução analítica é

bastante satisfatória neste caso.

y 100 kPa
2m

x
2m
z

Camada de Solo
10 m E=10 MPa
υ=0.3

Figura 5.12 – Geometria do problema.


Exemplos 62

Figura 5.13 – Malha de elementos finitos utilizada na análise do problema de Holl (1940).

30.00

20.00
Tensão Vertical (kPa)

Solução de Holl (1940)

Presente trabalho

10.00

0.00

0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00


Profundidade (m)

Figura 5.14 – Comparação entre as soluções analítica e numérica sob o


canto da área retangular carregada.
Exemplos 63

120.00

80.00
Tensão Vertical (kPa)

Solução de Holl (1940)

40.00 Presente trabalho

0.00

0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00


Profundidade (m)

Figura 5.15 – Comparação entre as soluções analítica e numérica sob o


centro da área retangular carregada.

5.4 - Exemplo 4 – Recalque de fundação superficial retangular

O quarto exemplo estuda o comportamento do recalque da área retangular

uniformemente carregada estudada no exemplo anterior, à medida que a relação comprimento

(l)/ largura (b) da área carregada aumenta. O propósito, além de aferir os resultados do

programa computacional, é verificar para qual relação l/b o comportamento da fundação

superficial pode ser enquadrado no estado plano de deformação, logo permitindo a análise do

problema através de uma análise bidimensional executada diretamente no domínio real.

A figura 5.16 apresenta a variação com a relação l/b do recalque da fundação

perfeitamente flexível em termos do fator de forma I assim definido:

ρ⋅ E
I= (5.1)
q⋅b

onde
Exemplos 64

ρ = recalque (deslocamento vertical) do ponto analisado

E = módulo de elasticidade

q = carregamento uniforme distribuído

b = largura da fundação

Da figura 5.16, examinando-se o comportamento dos fatores de influência para o

centro (Icentro ) e borda da fundação (Iborda ), no ponto médio do comprimento, verifica-se que a

análise por estado plano do deformação pode ser considerada.

Justificado, neste exemplo específico, para casos de fundação retangular com razão

l/b >= 8.

Neste exemplo, numericamente também se constatou a necessidade de bem controlar-

se os resultados da quadratura (transformada inversa de Fourier), comparando-se os resultados

obtidos com dois esquemas adaptativos de 8 a 12 pontos de integração por subintervalo. Esta

necessidade é tanto maior quanto maior for a extensão do carregamento na direção do eixo z

(eixo de transformação).
2.00

1.60
Icentro ou Iborda

1.20

Icentro (presente trabalho)

0.80 Iborda (presente trabalho)

Icentro (Giroud (1972))

Iborda (Giroud (1972))

0.40

0.00 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00


I/b

Figura 5.16 – Variação do recalque da área retangular com a relação l/b.


Exemplos 65

5.5 – Exemplo 5 – Comportamento à flexão de uma placa isolada

Neste exemplo é aferido o comportamento dos elementos de placa, implementados

com base na formulação descrita no capítulo 4.

O problema consiste em uma placa (E=1000 kPa , ν=0.3) de comprimento L=22 m ,

largura B=4 m, espessura t=1m submetida a um carregamento q=100 kPa uniformemente

distribuído em uma área retangular de 2mx2m, conforme mostra a figura 5.17. As

propriedades da placa foram obtidas em Fernando et. al. (1996).

Resultados numéricos obtidos com a discretização no plano de Fourier (comprimento

da placa implicitamente infinito) foram comparados com uma análise tridimensional por

elementos finitos executados com o programa comercial SAP-90 (comprimento da placa

L=22 m). No domínio de Fourier foram utilizados apenas 8 elementos de 2 nós (figura 5.18),

enquanto que na discretização adotada para o SAP-90, levando-se em conta a simetria do

problema em relação ao plano x=0, foram considerados 107 elementos sólidos de 8 nós.

A comparação entre ambos os conjuntos de resultados numéricos foi bastante

satisfatória, conforme ilustram as figuras 5.19 a 5.22.

Também neste exemplo o controle dos erros de quadratura foi essencial para a

obtenção de valores numéricos aceitáveis.

z 100 kPa
m
2

2m

4m

Figura 5.17 – Geometria do Problema.


Exemplos 66

100 kPa

Figura 5.18 – Discretização adotada na análise pelo MEF no domínio de Fourier.

0.00
Deslocamento vertical (MEF-SAP 90)

Rotação no plano (presente trabalho)


Componente vertical de deslocamento (m) ou Rotações

Rotação no plano (MEF-SAP 90)

-0.20 Deslocamento vertical (presente trabalho)

-0.40

-0.60

-0.80

-1.00

0.00 0.40 0.80 1.20 1.60 2.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo x

Figura 5.19 – Comparação dos deslocamentos verticais e rotações obtidos em ambas as


soluções numéricas.
Exemplos 67

0.00

Componente vertical de deslocamento (m)


-0.20

-0.40
Presente trabalho

MEF-SAP 90

-0.60

-0.80

-1.00

0.00 2.00 4.00 6.00 8.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo z

Figura 5.20 – Comparação dos deslocamentos verticais obtidos em ambas as


soluções numéricas.
70.00

60.00

·
50.00
Momento (kN·m)

40.00

30.00

20.00
Mx (presente trabalho)

Mz (presente trabalho)
10.00
Mx (MEF-SAP 90)

Mz (MEF-SAP 90)
0.00

-2.00 -1.00 0.00 1.00 2.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo x

Figura 5.21 – Comparação dos momentos fletores obtidos em ambas


as soluções numéricas.
Exemplos 68

70.00

60.00

Mx (presente trabalho)
50.00
Mz (presente trabalho)
Momento (kN·m)

Mx (MEF-SAP 90)
40.00
Mz (MEF-SAP 90)

30.00

20.00

10.00

0.00

0.00 2.00 4.00 6.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo z

Figura 5.22 – Comparação dos momentos fletores obtidos em ambas


as soluções numéricas.

5.6 - Exemplo 6 – Fundação tipo “radier” sobre camada de solo.

Os exemplos 3, 4 e 5 tiveram como objetivo verificar, isoladamente, a formulação e

implementação computacional dos elementos planos e de viga no domínio de Fourier, através

da análise de problemas simples.

Neste exemplo, o comportamento de um sistema solo-estrutura é investigado,

analisando-se o caso de uma fundação tipo “radier” (E=600 MPa, ν=0.2, largura B=4 m,

espessura t=0.5 m) uniformemente carregada (q=100 kPa em área retangular 2m x 2m) sobre

camada de solo homogêneo (E=10 MPa, ν=0.3, espessura H=10 m), conforme figura 5.23.

A malha bidimensional de elementos finitos utilizada está apresentada na figura 5.24,

considerando-se apenas a metade do domínio do problema tendo em vista as propriedades de

simetria do carregamento, do solo e da fundação.


Exemplos 69

As figuras 5.25 a 5.27 comparam os resultados obtidos no presente trabalho com

aqueles calculados através do programa comercial de elementos finitos ANSYS,

considerando-se uma discretização tridimensional formada por 2040 elementos sólidos e de

casca.

Na figura 5.27 é importante observar que os momentos se referem a pontos

pertencentes ao plano paralelo ao plano x=0 e situado à distância de 0.5 m do centro da área

carregada. O plano foi selecionado para comparação dos resultados numéricos pois o

programa ANSYS fornece os valores de momento fletor em relação aos centróides dos

elementos de casca.

As comparações dos resultados numéricos obtidos pelas duas implementações do MEF

é bastante satisfatória.

Radier
y
100 kPa
2m

x
2m

4m

Camada de Solo
10 m
E=10 MPa
υ=0.3

Figura 5.23 – Geometria do problema.


Exemplos 70

Figura 5.24 – Malha de elementos finitos adotada na análise bidimensional


(114 elementos quadráticos).

Elemento viga com dois nós

Elemento Plano

Figura 5.24a – Detalhe do canto superior esquerdo da Figura 5.24.


Exemplos 71

Componente vertical do deslocamento (mm) ou rotações no plano (x10-3)


0.00

-2.00

Rotação no plano (presente trabalho)


-4.00
Deslocamento vertical (presente trabalho)

Deslocamento vertical (MEF-ANSYS)

Rotação no plano (MEF-ANSYS)


-6.00

-8.00

-10.00

0.00 0.40 0.80 1.20 1.60 2.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo x

Figura 5.25 – Comparação dos deslocamentos verticais e rotações obtidos em ambas as


soluções numéricas.
0.00
Componente vertical do deslocamento (mm)

-2.00

-4.00

-6.00

Presente trabalho

-8.00 MEF-ANSYS

-10.00

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00


Distância (m) do centro da área carregada na direção paralela ao eixo z

Figura 5.26 – Comparação dos deslocamentos verticais obtidos em ambas as


soluções numéricas.
Exemplos 72

25.00

20.00

15.00
Momento (kN·m)

Mx (presente trabalho)

Mz (presente trabalho)
10.00
Mx (MEF-ANSYS)

Mz (MEF-ANSYS)
5.00

0.00

-5.00

0.00 2.00 4.00 6.00


Distância (m) à 0.5 m do centro da área carregada na direção paralela ao eixo z

Figura 5.27 – Comparação dos momentos fletores obtidos em


ambas as soluções numéricas.

5.7 - Exemplo 7 – Túnel em solo solicitado por carregamento na superfície

O exemplo analisa o comportamento de um túnel circular em solo (D=2 m),

construído na profundidade y=1 m em camada de solo homogêneo (E=20.6 MPa, ν=0.33,

espessura H=8 m), conforme figura 5.28. O carregamento uniformemente distribuído (q=100

kPa) em área retangular (2 m x 2 m) na superfície do terreno é simétrico em relação ao eixo

longitudinal do túnel.
Exemplos 73

A discretização do problema no plano de Fourier é semelhante à mostrada na figura

5.3 do exemplo 2, e também reproduzida nas figuras 5.29 e 5.31, constituída por 126

elementos isoparamétricos quadráticos.

Para comparação dos resultados obtidos na discretização 2D, o problema foi também

estudado utilizando-se um programa comercial de elementos finitos (LUSAS) com uma malha

de 756 elementos tridimensionais. Em ambos os casos, a discretização é feita somente na

metade do domínio tendo em vista características de simetria do problema.

As figuras 5.29 a 5.32 ilustram as distribuições dos campos de deslocamento vertical

obtidos por ambas as soluções numéricas nos planos verticais situados em z=0 (centro do

carregamento) e z=1 (borda do carregamento). A concordância entre os resultados é,

novamente, bastante satisfatória.

100 kPa

x
2m

2m

z
1m
2m

8m
Túnel
Camada de Solo
E=20.6 MPa
υ=0.33

Figura 5.28 – Esquema da geometria do problema considerado.


Exemplos 74

Figura 5.29 – Distribuição dos deslocamentos verticais no plano z=0


obtidos na análise 2D (plano de Fourier).

Figura 5.30 – Distribuição dos deslocamentos verticais no plano z=0


obtidos na análise tridimensional (programa LUSAS).
Exemplos 75

Figura 5.31 – Distribuição dos deslocamentos verticais no plano z=1


obtidos na análise 2D (plano de Fourier).

Figura 5.32 – Distribuição dos deslocamentos verticais no plano z=1


obtidos na análise tridimensional (programa LUSAS).
Exemplos 76

5.8 - Exemplo 8 – Análise de um sistema solo-duto.

Este exemplo investiga o comportamento de um sistema solo-duto apresentado na

figura 5.33, consistindo de um duto de seção quadrada (Ec = 200 GPa, ν c = 0.2, aresta a = 2m,

espessura da parede e = 0,02m) enterrado na profundidade y = 1m em uma camada de solo

homogêneo (Es = 20MPa, ν s = 0.3) de espessura H = 8m. O sistema é solicitado por um

carregamento uniformemente distribuído (q = 100 kPa) na superfície do depósito de solo com

largura (b = 2 m) e comprimento suficientemente grande para simular o estado de deformação

plana (l = 25 m).

A malha de elementos finitos com 92 elementos quadrilaterais quadráticos é

apresentada na figura 5.34.

Resultados numéricos relativos ao comportamento estrutural do duto, obtidos com o

método dos elementos finitos no plano de Fourier, sem consideração de elementos especiais

de interface, estão mostrados nas figura 5.35 (distribuição das componentes de deslocamento

horizontal, vertical e rotação ao longo do perímetro do duto). A aproximação entre ambos os

resultados numéricos pode ser considerada satisfatória.

y
2m

100 kPa
x

1m z

2m
8m
Duto
Camada de Solo
E=20 MPa
υ=0.2

Figura 5.33 – Geometria do problema analisado.


Exemplos 77

100 kPa

1m

2m

5m

12 m

Figura 5.34 – Malha de elementos finitos utilizada no plano de Fourier.

7 6 5

1m
8 4

1 2 3

Figura 5.34a – Detalhe do duto de seção transversal quadrada.


Exemplos 78

Deslocamento horizontal (MEF - SAP2000)

Deslocamento vertical (MEF - SAP2000)

Rotação no plano (MEF - SAP2000)

Deslocamento horizontal (presente trabalho)

Deslocamento vertical (presente trabalho)

Rotação no plano (presente trabalho)


10.00
Componente de deslocamento (mm) / rotação no plano (x10-3)

0.00

-10.00

-20.00

1 2 3 4 5 6 7 8
número do nó (apresentado na figura 5.34a)

Figura 5.35 – Comparação das componentes de deslocamento horizontal, vertical e rotações


calculados em ambas as soluções numéricas
6
CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Neste trabalho, implementações computacionais baseadas no método dos elementos finitos

foram feitas para investigar o comportamento de alguns problemas geotécnicos e de interação solo-

estrutura, como fundações e dutos.

Neste sentido, dois aspectos principais foram enfatizados na pesquisa: a consideração de

elementos de interface para problemas de interação solo-estrutura e a análise de certa classe de

problemas de natureza tridimensional através de uma discretização 2D associada com a

transformada de Fourier.

Quanto ao comportamento dos elementos de interface implementados neste trabalho, os

resultados numéricos obtidos nos poucos exemplos analisados parecem indicar que a proposição de

Desai et al. (1984) e Pande e Sharma (1979) simulam identicamente os efeitos da interação solo-

estrutura. O elementos de interface de Pande e Sharma (op. cit.) é formulado com base na

consideração de graus de liberdade adicionais (deslocamentos relativos na interface) enquanto que

aquele apresentado por Desai et al. (1984) segue o desenvolvimento convencional de elementos

finitos isoparamétricos planos, com a restrição de que a espessura do elemento não deve ultrapassar

1/100 do seu comprimento. Assim, em relação à implementação computacional, é evidente que este

último elemento de interface é especialmente vantajoso pois pode ser diretamente considerado na

grande maioria dos programas computacionais preparados para análise de problemas planos, desde

que as propriedades mecânicas do material da interface sejam adequadamente conhecidas através

de avaliações experimentais em campo e/ou laboratório.


Conclusões e Sugestões 80

O elemento de interface sugerido por Goodman et al. (1967) resultou em valores levemente

superiores, mas com configuração similar na distribuição dos campos de tensão e de deslocamentos

no sistema solo-estrutura. Este tipo de elemento, por admitir espessura nula, apresenta algumas

dificuldades para a simulação do comportamento de diversos problemas de interação (túneis,

muros, estacas, dutos, etc.) onde conhece-se que a espessura da zona do material de interface,

embora pequena, é não nula. Vale aqui lembrar, no entanto, que a proposição de Goodman et al. foi

originalmente feita para problemas específicos de mecânica das rochas.

Para determinada classe de problemas onde a geometria se mantém constante em uma ou

mais direções, por grandes extensões, solicitados por carregamentos localizados que tornam

tridimensional a análise do campo de tensões, é também verificado, neste trabalho, o desempenho

da formulação do MEF no plano de Fourier, técnica sugerida por Fernando et al. (1996), em

relação à análise numérica convencional utilizando elementos finitos tridimensionais.

Nos problemas investigados nesta pesquisa, constatou-se que o MEF desenvolvido no

plano de Fourier produz resultados numéricos com precisão semelhante à análise numérica 3D e

próximos aos valores das soluções analíticas, quando disponíveis. Com a grande vantagem, nestes

casos, de envolver discretizações com um número de elementos significativamente menor e,

consequentemente, sistemas com menos equações algébricas e maior facilidade na preparação de

malhas e interpretação dos resultados.

Esta vantagem aparente, no entanto, não significa um menor esforço computacional, visto

que tantas soluções no plano de Fourier são executadas quanto necessárias para assegurar a

obtenção da transformada inversa de Fourier no espaço tridimensional com uma precisão razoável

nos resultados finais.


Conclusões e Sugestões 81

Neste trabalho, estatísticas comparando os tempos de processamento envolvendo

discretizações bi e tridimensionais não são infelizmente apresentadas porque os programas

computacionais utilizados (o desenvolvido nesta pesquisa, ANSYS, LUSAS, SAP-90, SAP2000)

foram executados em diferentes plataformas (microcomputadores e estações de trabalho) e por

também incorporarem diferentes métodos e técnicas de programação na solução do sistemas de

equações algébricas, etapa de maior esforço computacional na maioria das aplicações do MEF.

6.1 - Sugestões para Trabalhos Futuros

Com base nos resultados e experiência particular adquirida no desenvolvimento desta pesquisa,

são apresentadas as seguintes sugestões como temas de trabalhos futuros:

a) Análise de problemas de interação solo-estrutura no plano de Fourier envolvendo a

possibilidade de variação dos parâmetros mecânicos dos materiais ao longo do eixo de

transformação.

b) Análise de problemas de interação solo-estrutura no plano de Fourier considerando um

comportamento elasto-plástico do solo e do material da interface.

c) Um estudo comparativo detalhado do esforço computacional envolvido, em termos de tempos

de processamento, nas discretizações tri e bidimensionais do MEF abordadas neste trabalho.


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