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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR LITORAL
LICENCIATURA EM LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


PRÁTICA DOCENTE IV

1) DADOS DO CURSO
a) Curso: Licenciatura em Linguagem e Comunicação
b) Semestre: 2019-1
c) Orientador: Elisiani Tiepolo

2) DADOS DO ESTUDANTE
a) Nome: Guilherme Augusto de Araujo Gomes
b) GRR: 20163924
c) Turma: LC16

3) DADOS DA INSTITUIÇÃO
a) Nome: Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga
b) Endereço: Rua Julia da Costa, Campo Grande, 780
c) Telefone: (41) 3423-3819
d) Site:
e) E-mail: pngalbertogomes@seed.pr.gov.br
f) Diretor: Cristiane Maria Zanini
g) Diretor Auxiliar: Valdecir Alberto Pedroso
h) Secretária-Geral: 2
i) Equipe Técnica Pedagógica: 8
j) Agente I: 14
k) Agente II: 10
l) Número de professores: 76
QPM: 43
PSS: 33
m) Número de estudantes matriculados: 1342

4) RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Início: tudo tem um começo


No ponto em que nos encontramos em relação ao estágio e à graduação como um todo,
espera-se que o estagiário seja capaz de estabelecer diálogos com os três eixos que permeiam o
Projeto Político Pedagógico do setor Litoral da Universidade Federal do Paraná: os Fundamentos
Teórico-Práticos; as Interações Culturais Humanísticas; e os Projetos de Aprendizagem. Desse
modo, o presente relatório consiste na soma de todo o meu esforço em mostrar o resultado positivo
que o módulo Estágio Curricular em Prática Docente me possibilitou ao longo de meu percurso
acadêmico. Portanto, meu propósito não é só dialogar o Projeto Pedagógico do Curso de Linguagem
e Comunicação com o Projeto Político Pedagógico do Colégio Alberto Gomes Veiga, mas também
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estabelecer relações com os outros módulos a fim de tentar responder se o tipo de profissional que o
ambiente escolar exige é equivalente ao profissional que o curso forma e até que ponto a
universidade auxilia na formação desse indivíduo ou na aquisição do papel social de professor.

Meio: a ponte como um processo de transição entre conhecimentos


Em um certo momento do estágio, percebi que entrei em um piloto automático que estava
consumindo 50% da minha diversão. Eu pensei comigo: “é o último estágio supervisionado em
prática docente, isso não deveria ser chato”. Então, eu percebi que encontrei um dilema bastante
persistente: eu deveria se entregar para o comodismo e repetir as mesmas coisas que todo mundo
(inclusive eu mesmo nos relatórios anteriores); ou tentar buscar algo diferente dessa mesmice, algo
que poderia ser mais divertido? Para simplificar ainda mais, eu deveria repetir a fórmula e entregar
um relatório padrão ou ignorar a estrutura usada nos relatórios anteriores e formar algo novo?
Assim sendo, intercruzei as atividades propostas pelos professores com as atividades
obrigatórias do estágio, de modo que fosse possível unificar todas as coisas e deixar a última
experiência de formação docente ao longo do (penúltimo) semestre um pouco menos repetitiva e
muito mais divertida. Consequentemente, para estruturar o relatório de estágio, resolvi ressaltar
alguns pontos que achei interessante destacar, que talvez eu não tenha trabalhado anteriormente ou
tenha passado batido.
O primeiro ponto que chamou a minha atenção durante a observação é a relação do
professor com os alunos. Quando comparado dois professores em sala, percebo que tanto a boa
relação quanto a liberdade (no que se refere ao ato de mostrar-se aberto e receptivo) do professor
para com os alunos serve como um dos (senão o melhor) instrumento para a fruição da aula, porque
colabora para o estabelecimento do diálogo e, como veremos adiante, é só a partir deste que
poderemos, como docente, exercer nosso trabalho de formador de indivíduos. Portanto, em
sequência, trabalharei o modo como as relações dialógicas são essenciais para a formação do
indivíduo dentro do ambiente escolar.
O segundo ponto que gostaria de destacar veio a partir da reflexão a respeito do modo como
os professores buscam meios de contornar a constante necessidade dos alunos de manterem-se
“antenados”. Chegando ao ponto de criticar o pepel social da escola hoje em dia e renunciar a
autonomia com o objetivo de “punir” os alunos em sala por uma falta de comprometimento,
quando, na verdade, boa parte da culpa é do professor por não assumir uma postura ideal frente aos
avanços tecnológicos, sociais e políticos.
O terceiro ponto que gostaria de destacar, mas, por ser mais uma consequência (ou
ramificação) do segundo ponto, não pretendo me estender muito a respeito, é, de fato, a falta de
comprometimento dos alunos com as atividades propostas pelos professores. Talvez, seja fruto de
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uma posição de ambas as partes (discente e docente) frente a todas as barreiras que impedem o
avanço do ensino (não só de língua portuguesa), mas é mais que o suficiente para servir de reflexo
da sociedade em que estamos inseridos e apontar todos os “erros” que estamos cometendo.

Conceito de linguagem no âmbito escolar: relações entre projetos pedagógicos e a formação de


identidade
É partindo do pressuposto que o ensino de língua portuguesa sofre alterações ao longo do
tempo e indo em contraposição ao pensamento retrógrado de que “ensinar a gramática normativa,
algumas técnicas de leitura e redação e preparar dinâmicas que favorecessem a memorização de
conteúdos davam condições para a atuação docente” (UFPR, p. 9) e tendo em vista que “apenas
uma metodologia que promova a interação social para a prática da língua (materna ou estrangeira)
em situações reais de fala e escrita pode ir ao encontro do conhecimento científico sobre o que é e
como se adquire a linguagem” (UFPR, p. 10) que surge o curso de licenciatura em linguagem e
comunicação. Portanto, dado o momento em que voltamos um olhar crítico para a estrutura escolar,
levantamos uma série de perguntas, dentre as quais uma se destaca: qual é o foco que o ensino de
língua portuguesa deve tomar para atrair a atenção dos alunos, em vez de afastá-los? Ponto
esse que é bastante debatido nos corredores do colégio: “Pouco interesse dos alunos pelas atividades
pedagógicas propostas pelos professores” (Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, p. 37).
João Wanderley Geraldi (1991) propõe pensar a língua, sob a perspectiva da linguagem,
como um ponto de encontro em que relações dialógicas se estabelecem e formam os indivíduos
através das relações interlocutivas. Resultado de uma necessidade de abarcar a complexidade tanto
dos indivíduos presentes nesse contexto social quanto da realidade como um todo. A relação que
nós, humanos, temos no que se refere a realidade é bastante complexa, Geraldi parte de um
pressuposto bakhtiniano de que “[...] a linguagem é fundamental no desenvolvimento de todo e
qualquer homem…” (Geraldi, 1991, pg. 5) e tendo em vista que a linguagem é essa “[...]
sistematização aberta de recursos expressivos cuja concretude significativa se dá na singularidade
dos acontecimentos interativos…” (ibid. pg. 18), ou ainda “[...] de que ela é condição sine qua non
na apreensão de conceitos que permitem ao sujeito compreender o mundo e nele agir” (ibid. p. 5), é
só por meio da contrapalavra gerada dentro dessa interlocução, entendida como “[...] espaço de
produção de linguagem e constituição de sujeitos…” (ibid. pg. 5), que se estabelecem jogos de
poder responsáveis por moldar valores e ideias nesses indivíduos através do constante reiteramento
dentro do processo dialógico entre locutor e interlocutor.
Partindo desse pressuposto, Geraldi dialoga com diversos autores para fundamentar a sua
teoria de que, para “focalizar a interação verbal como um lugar de produção da linguagem e dos
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sujeitos que, neste processo, se constituem pela linguagem” (Geraldi, 1991, pg. 6), é necessário
pensar as falas no ensino sob a perspectiva de três eixos principais: a historicidade da linguagem, o
sujeito e suas atividades linguísticas e o contexto social das interações verbais.
Com o objetivo de dialogar com o projeto político pedagógico do colégio, destaco um trecho
que faz uso dos estudos de Vigotski (1991) para fundamentar a necessidade do homem em
estabelecer relações dialógicas, pois “o aprendizado […] somente ocorre através de seu contato
direto com a sociedade.” (PPP, p. 38). Ou ainda:
[…] “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem” (VIGOTSKI, 1991,
p. 235), pois é através dessa interação do homem modificando o ambiente, e o
ambiente modificando o homem que surge a sociedade, isto é; através de uma
relação dialética. Assim, os desenvolvimentos do homem e da sociedade estão
completamente ligados não sendo possível separá-los. Esta capacidade potencial de
interação gera o ser social. As relações do sujeito com o mundo através do ensino
escolar é primordial nesse processo de formação da sociedade.
(Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, p. 38)

Encontramos em Carlos Alberto Faraco (2009) mais um ponto de perspectiva para


pensarmos o processo de formação de identidade do indivíduo na relação interlocutiva. Pois, para
Faraco, resgatando conceitos trabalhados pelo Círculo de Bakhtin e tendo em mente que os signos
“[...] emergem e significam no interior de relações sociais...” (Faraco, 2009, pg. 49), as relações
dialógicas são “[...] relações entre índices sociais de valor…” (ibid. Pg. 66), sendo que enunciado é
entendido aqui como “[...] um complexo [sistema] de relações entre pessoas socialmente
organizadas.” (ibid. pg. 66).

É essa concepção sócio-interacionista de linguagem que serve de alicerce e fundamentação


teórica para o curso de linguagem e comunicação formar um profissional que “não apenas domine a
norma padrão formal e a gramática onde ela está normatizada, mas que seja leitor assíduo e crítico,
atento à dinâmica social, capaz de tecer diferentes relações intertextuais, compreender e valorizar a
diversidade cultural e linguística e tenha compreensão do mundo, da sociedade e do indivíduo.”
(UFPR, p. 10). Pois, só a partir de uma disponibilidade para a mudança (em relação ao ensino
tradicional, em que o professor é o centro do processo de aprendizagem, em contraposição com um
professor que tem em mente esse processo interacionista da linguagem no ensino de língua
portuguesa) e através do “deslocamento que uma concepção interacionista da linguagem produz”
(Geraldi, 1991, pg. 8) que podemos contribuir para a construção de uma sala de aula alternativa (no
sentido de contribuição de opções para essa transição de um método de ensino a outro). Ou ainda,
segundo o PPP do colégio:
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[…] As práticas sociais através de ações educativas compõem o cotidiano escolar


exercendo um papel expressivo na formação cognitiva, afetiva, social, política e
cultural dos alunos que passam parte de suas vidas nesse ambiente educativo. Para
construir essa diversidade ela deve envolver toda comunidade educativa para que se
construa a mudança e haja transformações, para isso se faz necessário que se
formem profissionais competentes para que saibam agir sobre essa nova proposta
educacional. (Colégio Estadual Alberto Gomes Veiga, p. 39)

É importante fazer esse trajeto para entender que há, por parte da Universidade, uma
necessidade de prover à comunidade o profissional que é exigido para a fluidez e o progresso não só
do ensino de língua portuguesa, mas para a formação de uma sociedade mais justa. Por mais que
possa parecer distante ou perdido, por um lado, é reconfortante ver que há todo esse embasamento
teórico por trás de algo tão “simples”, e, por outro, entristecedor ver que há pessoas que não
enxergam esse viés e tentam ridicularizar causas tão justas como a luta por uma educação melhor.
Dando sequência, é importante, ao mesmo tempo em que pensamos a construção de
identidade (principalmente nos adolescentes) por meio das relações de diálogo entre os indivíduos
dentro do ambiente escolar, fazer um paralelo e pensar o modo como as relações cotidianas
atualmente se dão, pois é a partir delas que vamos obter os resultados que queremos no que diz
respeito aos vínculos estabelecidos com a mídia e a tecnologia: esse muro que afasta os professores
dos alunos e que aterroriza a sala de aula.

O papel social do professor no mundo tecnológico da geração z


O boom tecnológico nos possibilitou inúmeras oportunidades, principalmente com o
surgimento da internet e da web mundial, essas “[...] ‘autoestradas de informação’ que nos
conectam de imediato, ‘em tempo real’, a todo e qualquer canto remoto do planeta, e tudo isso
dentro de pequenos celulares ou iPods que carregamos conosco no bolso, dia e noite...” (Bauman,
2011, pg. 6), mas, também, trouxe consigo algumas características negativas a respeito do modo
como nos relacionamos com as pessoas. Pois, a partir do momento em que “[...] fazer contato com o
olhar, reconhecendo a proximidade física de outro ser humano, parece perda de tempo…” (Bauman,
2011, 15) e os jovens preferem, em contraposição a facilidade com a qual o mundo online
possibilita-os para criar “[...] uma multiplicação infinita de possibilidades de contatos plausíveis e
factíveis” (ibid. pp.15-16), “[...] a ausência de contradições e objetivos conflitantes que rondam a
vida offline” (ibid., pg. 15), fragilizam os vínculos sociais ao nosso redor. Bauman argumenta que
essa fragilidade entre os relacionamentos é uma característica da sociedade na qual estamos
inseridos hoje em dia: um mundo em que “[...] jamais se imobiliza ou conserva sua forma por muito
tempo.” (ibid. pg.6) e privilegia a rapidez nas coisas em que entra em contato.
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De modo que possamos estabelecer esses vínculos, é necessário levantar a seguinte


pergunta: o que o projeto político pedagógico do colégio pensa a respeito do avanço
tecnológico?
Segundo o PPP:
A evolução tecnológica se impõe e transforma o comportamento individual e social.
A economia, a política, a divisão social do trabalho em diferentes épocas, refletem
nas maneiras de pensar, sentir e agir do homem. Mudam também suas formas de se
comunicar e de adquirir conhecimentos
A democratização de acesso ao saber é o desafio para a sociedade atual e demanda
esforços nas esferas sociais, econômicas e educacionais. Para que todos possam
receber informações e utilizar de modo confortável os novos conhecimentos, é
preciso um grande esforço educacional.
Adaptar-se ao ritmo e às exigências educacionais dos novos tempos, requer da
escola mudanças de paradigmas, pois vivemos em um mundo onde tudo está se
modificando cada vez mais rapidamente. p. 38

Hoje em dia, com a facilidade de acesso e com a” [...] enxurrada de informações que
ameaçam nos afogar, [e que] nos impede de nadar ou mergulhar…” (ibid. pg. 6), “[...] parece que
nos falta uma máquina de debulhar para separar o joio do trigo na montanha de mentiras, ilusões,
refuga e lixo.” (ibid. pg.7). Quando não é possível haver essa autoidentificação do indivíduo por
meio de interações sociais do “mundo real”, não só o adolescente como, também, todo e qualquer
indivíduo entra em contato com uma persona criada para o mundo offline, e é a partir desse
pressuposto que podemos pensar o papel da mídia no processo de aquisição de identidade (ou
autoidentificação) do indivíduo pela mídia e com a mídia.

Rosa Maria Bueno Fischer, em seu artigo sobre o estatuto pedagógico da mídia, argumenta
que

[...] as diversas modalidades enunciativas [...] dos diferentes meios de comunicação


e informação [...] parecem afirmar em nosso tempo o estatuto da mídia não só como
veiculadora mas também como produtora de saberes e formas especializadas de
comunicar e de produzir sujeitos, assumindo nesse sentido uma função nitidamente
pedagógica. [de modo que] [...] cada produto - um vídeo, um capítulo de telenovela,
um filme, um desenho animado, uma entrevista ou uma reportagem de TV, um
documentário, um comercial - é visto nesta análise como materialidade discursiva,
como gerador e veiculador de discursos, como tecnologia de comunicação e
informação. E, como tal, na sua condição de constituidor de sujeitos sociais…”
(Fischer, 1997, pg. 61).
Considerando que a mídia, hoje em dia, é um reflexo do rápido fluxo de pensamento que
temos e que, em contrapartida, o rápido e constante acesso aos conteúdos midiáticos refletem o
ritmo frenético da sociedade na qual estamos inseridos, Fischer propõe um “debruçar-se” a respeito
desse caráter pedagógico da mídia: entendida aqui como um meio no qual esses dispositivos se
constroem através da linguagem e de que “[...] há uma lógica discursiva nesses materiais, que opera
em direção à produção de sentidos e de sujeitos sociais; e de que há uma mediação, na relação
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complexa entre os produtores, criadores e emissores de um lado, e os receptores e consumidores, de


outro, a qual é dada particularmente pelo modo como se estruturam os ‘textos midiáticos’. (ibid.
pg.63)” com o objetivo de evidenciar a importância de enxergar o mundo com essas lentes
midiáticas.

Para Foucault, segundo Fischer (1997), o discurso poderia ser definido como um conjunto
de enunciados apoiados numa formação discursiva, num sistema de relações que funcionam como
regra, prescrevendo o que deve ser dito numa determinada prática discursiva, ou seja, “[...] para o
autor o discurso não tem apenas um sentido ou uma verdade, mas uma história. Como tal, pode-se
dizer que não haveria discursos, propriamente seus, em sintonia ou não com outros discursos e
outras instâncias de poder.” (Fischer, 1997, p. 65).

Ao passo que uma das alternativas para o ensino, segundo Geraldi (1991), seria pensar a
língua, sob a perspectiva da linguagem, como um ponto de encontro em que relações dialógicas se
estabelecem e formam indivíduos através das relações interlocutivas, Fischer propõe a mesma
metodologia para analisar o impacto do discurso midiático na formação do indivíduo: (ou seja) usar
como foco a linguagem e essa relação interlocutiva para pensar as estratégias que a mídia utiliza na
pedagogização, no sentido de formatação ou constituição de valores e crenças.

Fim: últimos minutos da docência como estagiário


Desde 1991, a Secretaria Estadual do Paraná obriga a presença de conteúdos como “a
oralidade, a leitura, a escrita e o deslocamento do estudo fragmentado e descontextualizado da
gramática normativa para o trabalho com a análise linguística e a reestruturação de textos. (p. 10)”,
de modo que, hoje em dia, “essa concepção social da linguagem e sua aquisição estão presentes nos
mais recentes currículos escolares, revistos em todo o país a partir dos Parâmetros Curriculares
Nacionais. (UFPR, p.10)”. Desse modo, o plano de trabalho docente para a regência das aulas gira
em torno de três eixos principais: oralidade, leitura e escrita. Diferentemente dos colégios
estagiados anteriormente, o foco das aulas precisava mudar de acordo com a necessidade da turma,
tendo em vista que fiquei encarregado de auxiliar três turmas de primeiro ano: ensino médio,
técnico em portos e comércio exterior. Na turma de ensino médio normal, a aula deveria ser focada
nos exames como vestibular e ENEM; no primeiro ano de técnico em portos, a aula deveria
enveredar para o uso do conteúdo no contexto de trabalho portuário; enquanto que, na turma de
comércio exterior, por mais semelhante que seja, o professor pediu para enfatizar a importância do
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conteúdo nas comunicações diárias estabelecidas na troca de informações dentro e fora do ambiente
de trabalho.
Os conteúdos trabalhados com os estudantes foram, em um primeiro momento, um breve
panorama sobre questões da Prova Paraná, dando ênfase na importância da construção textual na
transmissão de informações. Em um segundo momento, foi trabalhado figuras de linguagem de
modo contextualizado. Meu objetivo era fazer com que o maior número de estudantes participassem
da aula e, durante a observação, levantei aspectos que pudessem contribuir para uma aproximação
com a turma. Assim sendo, ao explicar as figuras de linguagem principais, usei como exemplos
letras de músicas que escutei os estudantes falaram sobre, falas de personagens em filmes que estão
em voga ou de jogos que ouvi comentarem a respeito. Com toda a certeza, esse tipo de aproximação
foi um sucesso e os alunos contribuíram muito com a aula, se mostrei aberto e receptivo para toda e
qualquer sugestão, seja do professor ou dos alunos, e não deixei nenhum comentário em sala
morrer, sempre costurando um exemplo com algo a dizer a respeito.
Minha metodologia para o ensino do conteúdo foi utilizar não só o material didático
oferecido pelo professor, como, também, vários outros materiais didáticos diferentes, a fim de
mostrar aos estudantes diferentes perspectivas a respeito de um determinado conceito que pode ser
abstrato demais para eles. Em todas as figuras de linguagem fiz o mesmo esquema: li, junto dos
estudantes, o conceito apresentado pelo livro didático do colégio para, em seguida, destrinchar esse
conceito em várias ramificações a fim de simplificar o máximo possível; eu me limitava a um
exemplo por figura de linguagem, o resto ficava por conta deles (o que contribuiu muito para o
enriquecimento da aula). Preparei a aula de diversos modos possíveis: sabia o que falar, o que
escrever no quadro, preparei slides com os conceitos e os exemplos, levei a música, os livros, o som
da voz dos personagens e tudo que fosse possível para enriquecer a aula.
Em relação às atividades propostas em sala de aula, segui o mesmo raciocínio que a escrita
do relatório: tentei estabelecer diálogo com os FTPs do corrente semestre. Desse modo, a atividade
tinha como objetivo ler alguns trechos de Senhora, de José de Alencar, e pensar os elementos
utilizados para a construção da narrativa, além de identificar a função das figuras de linguagem ao
longo do texto. A segunda atividade proposta em sala foi uma sugestão do professor, que era extrair
do livro didático umas questões em específico e trabalhar, dentro de sala, em cima delas.

Fim ou começo?: o fim de uma etapa, mas o começo de uma jornada


A aquisição do papel social de professor foi e continua(rá) sendo um processo. Comecei o
estágio cheio de dúvidas e curiosidades, senti, ao longo desse percurso, um amadurecimento
psicológico que me permitiu responder esses questionamentos, Sem mais questionamentos, porém,
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com um caminho cheio de perguntas sem respostas pela frente, mas é isso que eu quero e é isso que
eu escolhi para mim. Se eu tinha dúvidas a respeito da minha escolha, saio do último estágio tendo a
certeza de que a luta não acaba e vou ser o porta-bandeira de um ensino que privilegia o estudante e
a sua contribuição para a construção de conhecimento por meio dessas relações estabelecidas dentro
do ambiente escolar. Saio pleno e satisfeito comigo mesmo, que é o principal disso tudo.

Referências

BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido moderno. Tradução de Vera


Pereira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 228p.

COLÉGIO ESTADUAL ALBERTO GOMES VEIGA. Projeto Político Pedagógico. Paranaguá,


2017.

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & diálogo: as ideias linguísticas do círculo de


Bakhtin/ Carlos Alberto Faraco.- São Paulo: Parábola Editorial, 2009. 168p.
(Lingua[gem]; 33)

FISCHER, Rosa Maria Bueno. O estatuto pedagógico da mídia: uma questão de


análise. In: Educação & Realidade - v.22, n.2 (mês, ano). Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, pp. 59-79.

GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. Livraria Martins Fontes Editora


Ltda. São Paulo, 1991.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Projeto Pedagógico de Curso Licenciatura em


Linguagem e Comunicação. Matinhos, 2014.

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