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O documento discute como os direitos humanos estão entre a violência estrutural e penal. A violência estrutural é a forma geral de violência que reprime as necessidades humanas básicas e viola os direitos humanos. Embora o sistema de justiça criminal afirme proteger os direitos humanos, na verdade ele reproduz a violência estrutural e as desigualdades sociais através do encarceramento em massa. Uma abordagem alternativa baseada na justiça social é necessária para prevenir todas as formas de violência e melhor proteger os direitos
Descriere originală:
ALESSANDRO BARATTA, Derechos Humanos_ Entre Violencia Estructural y Violencia Penal FICHAMENTO
Titlu original
ALESSANDRO BARATTA, Derechos Humanos_ Entre Violencia Estructural y Violencia Penal FICHAMENTO
O documento discute como os direitos humanos estão entre a violência estrutural e penal. A violência estrutural é a forma geral de violência que reprime as necessidades humanas básicas e viola os direitos humanos. Embora o sistema de justiça criminal afirme proteger os direitos humanos, na verdade ele reproduz a violência estrutural e as desigualdades sociais através do encarceramento em massa. Uma abordagem alternativa baseada na justiça social é necessária para prevenir todas as formas de violência e melhor proteger os direitos
O documento discute como os direitos humanos estão entre a violência estrutural e penal. A violência estrutural é a forma geral de violência que reprime as necessidades humanas básicas e viola os direitos humanos. Embora o sistema de justiça criminal afirme proteger os direitos humanos, na verdade ele reproduz a violência estrutural e as desigualdades sociais através do encarceramento em massa. Uma abordagem alternativa baseada na justiça social é necessária para prevenir todas as formas de violência e melhor proteger os direitos
ALESSANDRO BARATTA - Derechos Humanos: entre violencia estructural y violencia
penal, p. 334-356.
I. DIREITOS HUMANOS E NECESSIDADES REAIS
● Conceito de homem definido em relação à esfera de liberdade, e dos
recursos que são reconhecidos como direitos; a idéia de direito se desenvolve em relação às liberdades e recursos que devem ser reconhecidos ao homem para satisfação das necessidades reais, e para a satisfação da potencialidade destas;
● Há sempre tensão entre as normas e os fatos - valor contrafático das
normas, porque são válidas e acionáveis apenas porque os fatos as violam;
● As necessidades reais são as potencialidades de existência e qualidade de
vida das pessoas, correspondentes a determinado grau de desenvolvimento do seu modo de produção;
II. VIOLÊNCIA COMO REPRESSÃO DAS NECESSIDADES REAIS E DOS DIREITOS
HUMANOS
● Direitos humanos são a projeção normativa das necessidades reais para o
alcance de sua potencialidade;
● Marx e Galtung trazem a questão da discrepância entre as condições
potenciais e condições reais, centrada na desigualdade social que, para Marx, dependem da contradição entre o grau de desenvolvimento de cada sociedade e as relações de propriedade e poder dominante - a maneira humana (com o alcance da potencialidade) sendo sobreposta pela maneira inumana de organização social (na qual a satisfação das necessidades de uns dependem da supressão das necesidades de outros);
● Galtung diz que injustiça social é sinônimo de violência estrutural,
compreendida enquanto repressão das necessidades reais, e, portanto, dos direitos humanos no seu conteúdo histórico-social;
● A violência estrutural é a forma geral de violência que origina todas as outras;
violência sempre está ligada à idéia de repressão de necessidades e, portanto, violação de direitos humanos; ● Direitos humanos compreendidos sob dois aspectos - o primeiro, direito à vida, integridade, liberdade de expressão, direitos políticos, etc; e o segundo, direito econômicos-sociais - trabalho, educação, etc; ● Sob a fenomenologia global da violência, enquanto repressão de necessidades e violação de dh, quatro aspectos são relevantes para criminologia crítica: ○ limites do sistema de justiça criminal como reação à violência e defesa dos dh; ○ sistema punitivo como sistema de violência institucional; ○ controle social alternativo da violência; ○ concepção da violência e da defesa dos dh no contexto dos conflitos sociais. ●
III. “CONSTRUÇÃO” E CONTROLE DO PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO SISTEMA
DE JUSTIÇA CRIMINAL
● O sistema penal é parcial, e só se ocupa de violências individuais - violências
de grupo e institucional são consideradas pela ótica da ação individual, separadas do contexto do conflito social em que se inserem, e as violências estrutural e internacional não são consideradas. Só incide sobre uma parcela ínfima de violência;
● A intervenção da justiça criminal é estruturalmente seletiva - a imunidade é a
regra, e a criminalização é construída e selecionada segundo a lógica das desigualdades reais das relações sociais e os sistemas de produção em que se inserem;
● A resposta penal é simbólica (Hassemer) e não instrumental - as teorias
sociológicas da pena, inclusive, reconhecem a ineficácia do sistema de justiça criminal enquanto instrumento de defesa social e diminuição da violência, mas a sua função simbólica e a própria criminalidade são funcionais enquanto instrumentos de validação e reafirmação da norma, porquanto a reação social reforça os valores de determinada sociedade (Durkheim);
● Características do sistema de justiça criminal:
○ age sobre os efeitos e não sobre as causas da violência ○ incide sobre pessoas e não situações - autor é considerado uma variável independente ○ reativo e não preventivo - forma institucional do ritual da vingaça ○ extemporâneo - a demora da intervenção revela a ficção da identidade do sujeito ○ farsa das teorias da pena e da defesa social - serve como instrumento de reafirmação simbólica da norma após a sua violação;
IV. O SISTEMA DE PUNIÇÃO COMO SISTEMA DE VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL
● Ainda que se rechace a instrumentalidade e eficácia da pena para atender os
seus objetivos alegóricos/ideológicos, de defesa social e tutela de dh, não se pode negar que ela possui caráter instrumental para atender objetivos reais, alinhados aos interesses estruturais, enquanto mecanismo de reprodução de violência estrutural; Função latente; ● Pena enquanto violência estrutural e repressão das necessidades reais daqueles submetidos ao sistema de justiça criminal, porquanto os dh são suspensos em nome do ius puniendi;
● Prisão também é um locus de concentração e reprodução de outras formas
de violência, como a de grupo e a individual; as garantias do direito penal liberal não entram na porta da cadeia;
● Função latente e material de reprodução e institucionalização da
desigualdade social, enquanto forma de disciplina de grupos marginalizados das relações funcionais de produção;
● Funções simbólicas latentes - produzir o estereótipo do criminoso
marginalizado, com dupla função de legitimação: a legitimação da seletividade das instâncias de aplicação de justiça criminal (seletividade da criminalização secundária); e legitimação da política criminal que perpetua a lógica das relações sociais de desigualdade. Dieter -> função tautológica da criminalidade oficial; Cirino -> inversão ideológica: a criminalidade aparece como causa dos problemas sociais do capitalismo, enquanto é, verdadeiramente, efeito das falhas inatas às desigualdades sociais funcionais ao capitalismo e à manutenção do sistema de produção; Histeria, medo da violência da criminalidade como instrumento para promover o consenso social;
● Em crises do capitalismo, o apelo ao recurso da criminalidade violenta
enquanto narrativa de terror produz o consenso frente às relações de poder que produzem a criminalidade, instrumento de manutenção das relações sociais; Lei e Ordem, Segurança Nacional, Antiterrorismo; a construção do inimigo interno como legitimante da repressão e produtor do consenso e moralização útil da maioria não-criminalizada;
V. DIREITOS HUMANOS ENTRE VIOLENCIA INSTITUCIONAL E VIOLÊNCIA
ESTRUTURAL
● O Direito Penal como instrumento ineficaz na proteção dos dh, e a violência
contra os dh concebida em duas frentes: violência estrutural e institucional/penal;
● Direito penal mínimo como proposta de política criminal alternativa, com o
programa de contenção das violências institucionais pela via da reafirmação das garantias, com políticas de descriminalização para, ao final, superar o atual sistema de justiça penal; ● Embora a função simbólica seja inútil para as funções alegóricas e como proteção de dh, ela tem importância enquanto momento de ação civil e política para reafirmação dos dh (feminicídio, criminologia verde, movimento pela responsabilização dos crimes da ditadura, etc. ~viés punitivo, idealista.) VI. O CONTROLE ALTERNATIVO DA VIOLÊNCIA E A DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
● Colocar em prática formas mais justas e eficazes de controle social; controle
social alternativo com características opostas ao atual; ● Deve amparar-se em uma estratégia global que analise todas as violências, inclusive as que extrapolam a esfera individual, para por fim ao caráter parcial da justiça criminal; ● Fundar-se sobre princípios de igualdade e legalidade, não apenas em suas concepções ilusórias burguesas; ● Ser instrumento de controle eficaz, não simbólico. Consequências: ○ às causas, e não somente às manifestações dos conflitos e da violência; ○ situações, e não apenas comportamentos dos atores; ○ considerar o infrator em sua identidade atual; ○ sem negar meios de compensação à vítima, se possíveis, deve ser consistente com o contexto da agressão - um princípio geral de prevenção;
VII. CONFLITOS SOCIAIS E NEGATIVIDADE SOCIAL
● O princípio geral de prevenção da violência enquanto forma de contenção da
violência, considerada em sua forma geral; uma estratégia, portanto, de justiça social; ● A prevenção da violência estrutural é parte do conflito social e da ação política de seu interior; ● Restituição da dimensão política da análise do conflito, ao invés da neutralidade estéril da criminologia tradicional; ● Princípio geral de prevenção da violência corresponde à estratégia de controle democrático da violência; ●