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MONOGRAFIA
PROPAGAÇÃO DE
SOLITÕES
EM FIBRAS ÓPTICAS
TURMA: 4EEC9(T)
Prefácio
Não se pretende com o presente trabalho desenvolver uma teoria ou aprofundar um novo
campo de investigação. Antes, procuramos dar a conhecer, apenas como uma introdução, uma
tecnologia actualmente em grande desenvolvimento – a utilização de fibras ópticas como suporte físico
de transmissão de informação e, dentro deste tema, a propagação de solitões como modo de codificação
dessa mesma informação.
Sendo um tema muito vasto, com uma variedade extensa de tópicos relacionados com este
assunto, procurar-se-á abordar primeiramente a origem e o desenvolvimento do conceito de solitão,
desde o primeiro fenómeno observado até à sua utilização nas telecomunicações; a descrição, sucinta
mas explicativa, da teoria subjacente ao conceito de solitão; os principais sistemas ópticos que utilizam
esta tecnologia e os desenvolvimentos que estão em curso e que ainda poderão surgir nesta área
tecnológica de relevante interesse na actual sociedade de informação.
Índice
2. Solitões ópticos...........................................................................................................................6
2.1 Equação não linear de Schrödinger................................................................................6
2.2 Solitões de primeira ordem e de ordem superior...........................................................7
2.3 Parâmetros dos solitões................................................................................................10
2.4 Uma importante análise tríplice(GVD,SPM,OKE)......................................................12
4. Conclusões.................................................................................................................................18
5. Glossário....................................................................................................................................19
Índice de refracção.............................................................................................................19
Chirp...................................................................................................................................19
Jitter....................................................................................................................................19
Dispersão da velocidade de Grupo(GVD – group velocity dispersion) ............................19
Efeito de Kerr óptico(OKE- optical Kerr effect) ...............................................................19
Auto-modulação de fase(SPM – self-phase modulation) ..................................................20
6. Bibliografia................................................................................................................................21
Recuando até meados do século passado, o primeiro fenómeno semelhante ao que hoje é
considerado como solitão, foi descrito em 1834 por um engenheiro escocês de nome John Scott Russel.
Observando o deslocamento de um barco puxado por uma parelha de cavalos, reparou na elevação de
água que continuou um movimento ao longo do canal sem alteração de forma ou diminuição de
velocidade, mesmo após a paragem súbita do barco. Com curiosidade científica, procurou seguir esta
estranha formação durante algum tempo mas reparando que, apesar da altura da onda ir diminuindo
gradualmente, mesmo após colisão com outras ondas, a sua forma permanecia inalterada. Chamou a
este fenómeno “belo e singular” de Grande onda de translação.
Apesar de para o observador comum este fenómeno ser algo meramente “curioso” ou
“interessante”, vinha de encontro às teorias existentes sobre ondas, naquela altura: qualquer onda não
sinusoidal apresentava fenómenos de dispersão, isto é, os seus modos fundamentais deslocam-se a
velocidades diferentes e como tal a onda expande-se e a amplitude decresce continuamente(uma
característica não-linear em que a amplitude depende da velocidade). Foi a ausência desta dispersão
que intrigou Russel.
Procurou então estudar este fenómeno, tentando encontrar modelos matemáticos que
pudessem descrever esta forma de onda.
No entanto este conceito revolucionário de uma onda cujas características não se alteravam ao
longo do tempo provocou uma acesa discussão e foi refutada pela sociedade científica de então até que
em 1895 dois holandeses, Kortweg e deVries obtiveram uma equação que descrevia o fenómeno
observado por Russel, baseados no pressuposto de que a profundidade da água era pequena
relativamente à largura da onda. A esta equação, que relacionava a amplitude da onda e as suas
alterações no espaço com as alterações da amplitude no tempo e que caracterizava uma onda de forma
permanente, sendo uma das soluções a onda de Russel foi dado o nome de KdV, em homenagem aos
seus autores.
Pouca ou nenhuma atenção foi dada a esta descoberta até que na década de sessenta surgiu
novamente no estudo de um fenómeno físico que nada tinha a ver com as ondas aquáticas.
Em 1967, Zabusky e Kruskal, ao estudar a condução de calor nos sólidos, e ao desenvolver
um modelo matemático que permitisse a explicação do mesmo obtiveram uma equação igual à KdV.
Tentaram também resolver a equação KdV e conseguiram-no relacionando-a com uma outra equação já
conhecida da mecânica quântica- a equação de Schrödinger. Através de várias simulações em
computador, mostraram que uma condição sinusoidal inicial se dividia num trem de impulsos que
posteriormente se recombinavam para reproduzir integralmente a condição inicial, num fenómeno em
tudo semelhante à onda de Russel, e que mesmo que dois destes impulsos colidissem entre si,
continuavam o seu movimento inalterados. Dado que estes impulsos apresentavam um comportamento
semelhante a partículas, deram-lhe o nome “solitão”. Assim “solitão” é termo utilizado para descrever
o comportamento de uma onda que apresente os efeitos dispersivos (alargamento da largura de um
impulso e decrescimento da amplitude) equilibrados com os não lineares (“compressão” da largura e
aumento da amplitude) de tal forma que se propaga sem alteração de forma e imune a colisões.
Alguns anos mais tarde, em 1973, surgiu a ideia de utilizar os solitões em comunicações
ópticas, por Hasegawa e Tappert, pela demonstração de que os solitões se iriam propagar de acordo
com a equação não linear de Schrödinger. No entanto, na altura não havia a capacidade de fabricar
fibras com as características necessárias para a propagação de solitões e as propriedades dispersivas das
fibras ópticas não eram conhecidas. Além disso, o sistema necessitava de um laser capaz de emitir
comprimentos de onda muito pequenos, não estando concebido na altura nenhum aparelho capaz dessa
função.
Só passados sete anos, em 1980, foi demonstrado experimentalmente a propagação de solitões
por Molenauer, Stollen e Gordon nos laboratórios da AT&T. Em 1988, o mesmo grupo de trabalho,
conseguiu a propagação de solitões durante 6000 Km, sem necessidade de repetidores.
Actualmente, a investigação na área da propagação dos solitões continua com vista à redução
da dispersão destes impulsos, pois não são imunes às perdas nas fibras, e à aplicação de amplificadores
ópticos que permitem uma regeneração do sinal sem recorrer à conversão electro-óptica e ópto-
eléctrica durante a transmissão: dopada com Ébrium, um material raro na superfície terrestre, a sílica
transforma-se num amplificador óptico. Deste modo, alguns metros de fibra dopada com Ébrium
intercalados com a fibra “normal”, substituem os tradicionais amplificadores baseados em díodos-laser
e apenas é necessária uma conversão electro-óptica, no início da transmissão.
Na sociedade de informação em que vivemos, em que a aquisição, tratamento, transmissão e
distribuição de informação desempenha um papel fundamental na caracterização da sociedade, quer a
nível económico, quer a nível sócio-cultural, em que as necessidades de pessoas e empresas exigem
modos de transmitir informação de forma eficiente, segura e em quantidades cada vez mais elevadas e
débitos ainda mais elevados( atingindo-se já alguns Terabits por segundo...) mas sempre com o menor
custo possível a tecnologia de propagação de solitões através de fibras ópticas corresponde
inteiramente a estes requisitos.
Note-se porem que a propagação de solitões não se limita apenas ao meio óptico e à
hidrodinâmica. Existem actualmente investigações com vista ao estudo destes fenómenos em áreas tão
diferentes como plasmas, modelos de proteínas, relatividade geral, física de alta energia e física do
estado sólido.
2. SOLITÕES ÓPTICOS
Muita da literatura que analisa as comunicações ópticas bem como também os aspectos
relacionados com a propagação em fibras ópticas faz referencia a uma equação conhecida como, a
equação da fibra. Pela sua complexidade e dificuldade de análise matemática não iremos fazer a
abordagem a esta na presente monografia. Contudo apresentamos de seguida a equação não linear de
Schrödinger*:
∂u 1 ∂ 2u 2 α
−j = − sign( β 2 ) + N 2 u u − j u (NLS)
∂z 2 ∂t 2
2
*Esta equação, que foi deduzida pelo senhor Schrödinger (para ser aplicada a fenómenos não ópticos) , pode também ser obtida através da equação da fibra
1 ∂ 2u
• − sign( β 2 ) Este termo representa o efeito GVD na fibra. Agindo por ela
2 ∂t 2
própria a dispersão tende para alargar os impulsos no tempo.
• [+ N 2 2
]
u u Este termo evidencia o facto do índice de refracção da fibra depender da
intensidade da luz. Através de um processo auto-modulado este fenómeno físico alarga
o espectro em frequência de um impulso.
α
• − j u Este ultimo termo representa as perdas de energia ou de ganho. Por
2
exemplo, devido á atenuação da fibra ou á amplificação óptica, respectivamente.
No decorrer desta esta monografia falamos sempre em solitões brilhantes, pois são aqueles
que apresentam maior interesse para os sistemas de comunicação ópticos.
u(z,t)
Solitão
fundamental
t
z
Definindo o período do solitão Lperiod, como sendo a distância que um solitão de ordem
superior a 1 tem que percorrer até recuperar a sua forma, temos que
π π To 2
Lperiod = Ldisp =
2 2 β2
O período do solitão Lperiod, e a ordem do solitão N assumem um papel relevante na teoria dos
solitões. Nas figuras seguintes podemos observar a propagação de um solitão de segunda e terceira
ordem durante um período de um solitão. O solitão ao propagar-se sofre inicialmente um contracção,
para depois se dividir em várias componentes que se voltam a juntar de modo a que o solitão recupere a
sua forma quando a distância é igual ao período do solitão. Um comportamento semelhante é
observado para solitões de todas as ordens, à excepção da primeira, para a qual o solitão se propaga,
conforme foi visto anteriormente, sem sofrer qualquer distorção.
u(z,t) u(z,t)
t
t z t z
Solitão de Solitão de
ordem 2 ordem 3
Muito embora, solitões de ordem superior à primeira possam ser usados para compressão de
impulsos na fibra óptica, do ponto de vista dos actuais sistemas de comunicação o solitão fundamental
é o mais interessante, devido a manter a sua forma inalterada. No âmbito desta monografia, ao
referirmo-nos a um impulso do tipo solitão fazemo-lo sempre, como sendo a um solitão fundamental.
A solução correspondente ao solitão fundamental, pode ser obtida da Equação não linear de
Schrödinger (NLS), procurando uma solução da forma
u( z ,t ) = V ( t ) ⋅ e − jφ
∂ 2V
= 2V ( k − V 2 )
∂t 2
Atendendo às condições fronteira para V(t) e para a primeira derivada de V(t) em ordem a t.
Ou seja:
• quando t tende para infinito V(t) anula-se
• quando t é igual a 0 V(t) assume o valor um e a sua primeira derivada em ordem a t é
nula, temos que uma função do tipo sech(t) é solução da equação e k assume o valor
1/2. Chegamos assim à expressão para o solitão fundamental
z
j
u( z ,t ) = sec h( t ) ⋅ e 2
A expressão anterior mostra que o solitão de primeira ordem mantém a sua amplitude
inalterada e adquire um aumento de fase de 0.5z durante a propagação. Notemos ainda que a fase do
solitão fundamental é independente do tempo t, ou seja a fase é uniforme para todo o
impulso(conforme confirmaremos á frente).
A forma da função secante hiperbólica usada nos impulsos de solitões encontra-se ilustrada
abaixo.
A escala temporal é dada em unidades normalizadas para 1/e do
tamanho do impulso.
jφ
Desde que o termo que representa a fase do solitão e não
tenha influencia na forma do impulso, o solitão é independente de z e
assim torna-se não dispersivo no domínio temporal.
Analisando mais uma vez a Equação não linear de Schrödinger, podemos afirmar que os
efeitos de primeira ordem dos termos dispersivo e não linear representam na realidade duas diferenças
de fase complementares. Estas diferenças de fase encontram-se alistadas abaixo:
dφ nonlin 2
• Processo não linear = u( t ) = sec h 2 ( t )
dz
dφ disp 1 ∂ 2u 1
• Efeito não-dispersivo = = − sec h 2 ( t )
2
dz 2u ∂t 2
Na figura seguinte encontram-se desenhados os comportamentos destas duas funções bem
como também a sua soma (que conforme se verifica é constante).
São feitas referencias nas próximas páginas a alguns dos parâmetros mais relevantes na teoria
de propagação de solitões em fibra ópticas.
Começamos por analisar o parâmetro N, ao qual já foi feita referencia aquando da abordagem
á NLS. N representa a ordem de um solitão e é dado pela seguinte expressão:
γ ⋅ Ppeak ⋅ T0 2
N = γ ⋅ Ppeak ⋅ Ldisp
2
=
β2
Na expressão acima γ representa um coeficiente não linear, Ppeak a potência de pico do solitão,
e Ldisp o comprimento da dispersão (ou a distancia normalizada). Este comprimento de dispersão pode
2
ainda ser definido como To
Ldisp =
β2
onde T0 representa o tempo normalizado, e β2 pode ser dado por:
λ2
β2 = − D D – Dispersão da fibra
2πc
Definimos agora a máxima largura de um impulso ao seu máximo nível de potência média
como sendo o full-with half-maximum (FWHM) .
Para as soluções da NLS, a potência é dada pela função envolvente sech2(t). Assim o
TFWHM(período do impulso do solitão fundamental normalizado no tempo) é encontrado pela relação
T
sec h 2 ( τ ) = 1 sendo τ = FWHM , onde T0 é a, já referida anteriormente, unidade de tempo
2 2T0
normalizada, dada por:
TFWHM
T0 = ≈ 0567TFWHM
2 cosh−1( 2 )
Outro parâmetro relevante na teoria dos solitões é o da distancia normalizada, parâmetro este
ao qual também já fizemos referencia. Conforme descrito antes esta variável apresenta uma medida do
período de um solitão e pode ser dada também por:
2
2πc T0 2πc T
Ldisp = = 0.322 2 FWHM
λ D
2
λ D
Existe ainda outro fenómeno que não foi previamente analisado, o efeito óptico de Kerr.
Seguidamente é de forma sucinta explicada a sua relação com outros dois fenómenos importantíssimos
na teoria dos solitões a SPM e a GVD.
A dispersão velocidade de grupo e a não linearidade de Kerr, são conceitos cruciais na análise
da propagação dos solitões. Estes dois efeitos associados, são os responsáveis pelas características dos
solitões: Impulsos que não mudam a sua forma à medida que se propagam ao longo da fibra.
O ‘chirp’ produzido pela auto-modulação de fase (SPM) resultante do efeito de Kerr, é
caracterizado por ter baixas frequências na frente do impulso, e altas frequências na parte de trás.
Se a dispersão for positiva, produz um acelerar das baixas frequências na frente do impulso e
um atrasar das altas frequências na parte de trás do mesmo(conforme foi referido acima). Este efeito
não vai compensar o ‘chirp’ resultante da SPM, ocorrendo mesmo um espalhamento do impulso
(scattering). Não é portanto o efeito que se pretende obter, sendo mesmo prejudicial para comunicações
a longas distâncias.
Se pelo contrário a dispersão for negativa, o resultado será o oposto do descrito anteriormente,
isto é, as baixas frequências na frente do impulso serão retardadas e as altas frequências na parte de trás
do impulso são avançadas. Este ‘chirp’ será portanto o contrário do produzido por SPM do efeito de
Kerr. Como consequência, obtém-se o solitão que não varia a sua forma ou espectro conforme viaja ao
longo da fibra.
Estes dois fenómenos, dispersão velocidade de grupo negativa e o efeito não linear de Kerr,
compensam-se um ao outro, permitindo que os solitões se propaguem sem sofrer distorção, mesmo em
meios em que há dissipação de energia, como é o caso do vidro que é um meio dispersivo*.
*a velocidade da luz no vidro depende da frequência
Isto acontece apesar do GVD afectar o impulso no domínio dos tempos, e o efeito de Kerr no
domínio das frequências.
A figura da esquerda traduz a fase de um impulso em função do tempo e da sua frequência
instantânea. A figura da direita dá-nos a dispersão de uma fibra monomodo em função do comprimento
de onda.
Durante a sua propagação através de uma fibra óptica, um sinal degrada-se devido a três
factores : a atenuação, a dispersão e não linearidades. O problema da atenuação foi quase ultrapassado
com os sistemas que operam na janela dos 1550 nm, pois nesta janela a atenuação é mínima. A
dispersão também foi reduzida em grande parte, através técnicas que a limitam. Restam assim as não
linearidades como factor limitativo ao aumento da capacidade de transmissão dos sistemas.
Como já foi referido, o solitão propaga-se num meio dispersivo e não linear e mantém as suas
características inalteradas através do equilíbrio que existe entre estes dois factores. Deste modo, o
problema da dispersão e o problema da não linearidade são compensados simultaneamente. Existem
ainda outras propriedades importantes na transmissão por solitões:
- a transmissão de impulsos de curta duração é possível através de longas distâncias,
permitindo a comunicações ultra rápidas;
- não existe distorção da forma dos impulsos, propriedade muito útil nas transmissões à
distância;
- os solitões não apresentam dispersão, e daí não existe necessidade de regular o comprimento
de onda do impulso exactamente para a região de dispersão nula;
- podem ser gerados na janela de mínima atenuação.
As técnicas para implementar sistemas de transmissão ópticos de grande capacidade a longa
distância podem ser divididos em duas categorias: ou se realizam no domínio dos tempos ou no
domínio das frequências.
No domínio dos tempos temos as comunicações a grande velocidade que operam na região do
comprimento de onda de dispersão quase nula e as comunicações por solitões. Em ambos os casos, é
necessária a compensação da dispersão, com técnicas adequadas no primeiro caso e compensação por
SPM no segundo.
No domínio das frequências temos as técnicas de WDM (WaveLength Division Multiplexing).
No entanto, as aplicações dos solitões não se limitam, no domínio óptico, à transmissão de informação
mas também para o processamento de sinais ópticos e aplicações como interruptores ópticos em lógica
digital.
3.2 A emissão
semicondutores e a modulação directa do laser semicondutor. Todas estas técnicas apresentam elevadas
potencialidades relacionadas com os elevados ritmos de transmissão, com a facilidade de modulação e
com a estabilidade de funcionamento durante vários dias de operação.
Usualmente, em sistema de comunicação designados por IM-DD (Intensity Modulation-Direct
Detection), a informação é codificada fazendo corresponder o “1” lógico a um impulso de luz e o “0”
lógico à ausência de luz, podendo o impulso ocupar todo o período do bit (NRZ-Non Return to Zero)
ou ocupar apenas uma fracção do período do bit (RZ-Return to Zero).
Dadas as características de largura do impulso do tipo solitão, este não pode ser codificado em
NRZ, dado que estes impulsos interagem mutuamente com a presença de outros solitões. Deste modo, a
codificação RZ é utilizada, com os impulsos de luz a ocuparem no máximo até cerca de 20 % do
período do bit. Como curiosidade, se num sistema o débito é 10Gbit/s, o período de um bit é 100 ps, e
potanto o impulso de luz pode durar no máximo 20 ps, para não haver elevada interacção ente solitões.
Existem diversas técnicas para obter este tipo de impulsos estreitos( por exemplo a comutação
do ganho de uma cavidade óptica de um laser semicondutor, capaz de gerar os impulsos de 20 ps),
sendo esta também uma barreira a superar, pois com o sucessivo aumento do débito, diminui a duração
do impulso de luz.
Das técnicas mencionadas, aquela que melhor aproxima os solitões ideais é a da emissão por
lasers de fibra. Os solitões são de boa qualidade, mas apresentam problemas ao nível da estabilidade e
ao nível das dimensões físicas dos dispositivos, sendo mais apropriados para uso em laboratório.
A descoberta das propriedades das fibras dopadas com Érbio permitiu superar as barreiras
existentes até então, no que diz respeito à velocidade de transmissão, pois com a
amplificação/regeneração eléctrica velocidade dos sistemas estava limitada devido à pouca largura de
banda destes componentes (relativamente às fibras ópticas), funcionado estes como um autêntico funil.
Com as EDFA’s foi pela primeira vez ultrapassada a taxa dos 10 Gbit/s e a capacidade dos 10 000
Gbit.s/Km foi alcançada.
A filtragem óptica é utilizada para remover parte do chirp ( ver glossário) introduzido pelo
processo de modulação da luz e também como forma de remover parte do ruído de emissão espontânea
amplificado (ASE), introduzido pelos amplificadores ópticos, fora da banda de utilização. Baseia-se no
facto de a largura espectral de trabalho, a largura de banda ocupada pela sequência de solitões a
transmitir, ser muito pequena comparada com a largura de banda do ruído de emissão espontânea
amplificado. Deste modo é possível remover parte do ruído de emissão espontânea sem perturbar a
sequência de solitões.
Para além da redução do ruído de emissão espontânea, a filtragem óptica reduz também o
efeito de Gordon-Haus e os campos dispersivos bem como a interacção entre solitões ao induzir
pequenos desvios de fase entre solitões adjacentes.
4. Conclusões
Os solitões ópticos emergiram como uma solução para as limitações impostas pela auto-
modulação de fase e pela dispersão da velocidade de grupo em sistemas de comunicação ópticos. Para
além dos ganhos conseguidos, em termos de capacidade com os sistemas baseados em solitões, estes
permitiram ainda transferir conhecimento do domínio da óptica não linear, para o domínio da
engenharia das telecomunicações.
Embora o advento dos sistemas WDM tenha desviado alguma da atenção dos sistemas
baseados em solitões, estes apresentam potencialidades enormes para serem usados em sistemas de
comunicação de muito elevado ritmo de transmissão por comprimento de onda.
A estabilidade dos impulsos do tipo solitão tem permitido desenvolver um conjunto variado de
técnicas a operarem no domínio óptico. Esta característica faz dos solitões ópticos uma formatação
atractiva para o surgimento duma verdadeira camada óptica com capacidade de sincronização,
redireccionamento, conversão de frequências, adição e extracção de canais.
5. Glossário
Índice de refracção
Relação da velocidade na luz no vácuo, pela velocidade da luz na fibra.
Chirp
Termo usado na terminologia do radar, significa que a frente do impulso (para tempos mais baixos)
tem frequências baixas, e a parte de trás do impulso (para tempos mais elevados) tem frequências altas
ou vice-versa. Este efeito é resultado de flutuações na fase da onda que se propaga. De uma forma
geral chirp é variação da frequência instantânea da portadora óptica ao longo de um impulso óptico.
Jitter
Variação aleatória de um dado acontecimento, no caso do jitter temporal refere-se à variação aleatória
do instante de recepção dos impulsos ópticos, relativamente aos instantes ideias regularmente
espaçados no tempo
A dispersão positiva ou normal1 significa que comprimentos de onda mais elevados, viajam mais
depressa que os comprimentos de onda mais baixos. Quando se verifica o contrário temos a dispersão
negativa ou anómala.2
A dispersão velocidade de grupo negativa, pode ser melhor compreendida, se associarmos, ao lançar pedras para um pequeno lago coberto de gelo: O som
transmitido decai rapidamente, chegando ao ouvinte, primeiro as frequências mais elevadas que viajaram mais depressa, seguido das frequências mais
baixas.
1
A dispersão designa-se por normal, porque ocorre na maioria dos meios.
2
A dispersão designa-se por anómala, porque é menos frequente de ocorrer.
Atendendo a que o pico de cada impulso acumula fase mais rapidamente do que as caudas dos
impulsos, conforme pode ser observado na figura seguinte.
A variação do comprimento de onda ao longo do impulso, introduzido pelo SPM, faz com que no
regime de dispersão normal, D negativo, a parte da frente do impulso, correspondente ao comprimento
de onda mais elevado, se propague mais rapidamente que a parte de trás, correspondente ao
comprimento de onda mais baixo, originando um alargamento dos impulsos.
No regime de dispersão anómala, D positivo, a parte de trás do impulso propaga-se mais rapidamente
originando uma compressão inicial do impulso.
Como vimos, é possível no regime de dispersão anómala atingir uma situação de equilíbrio, em que o
impulso propaga-se mantendo inalterada a sua forma. Esta situação é atingida com impulsos da forma
secante hiperbólica, para um dado nível de potência de pico. É a estes impulsos que se dá o nome de
solitões.
6. Bibliografia
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Butcher, P.N; Cotter, D., The Elements of Nonlinear Optics-Cambridge Studies in Modern Optics 9. Cambridge University Press (1990)
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Andrekson, Peter. ‘Soliton tests show promise for dense WDM systems’, WDM solutions, March 2001
Haus, Hermann A., ‘Molding light into solitons’, IEEE Spectrum, March 1993
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http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/
-Dispersion management for solitons in a Korteweg-de Vries system, Cuspon and regular gap solitons between three dispersion curves
http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/00.html
-The two-parameter soliton family for the interaction of a fundamental and its second harmonic
http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/99.html
-Soliton Solutions with Real Poles in the Alekseev Formulation of the Inverse Scattering method
http://www.ma.hw.ac.uk/pg/yzolo/disorder1.html
-Soliton propagation through the thermalized area of a dipole-dipole chain.
http://www.amsta.leeds.ac.uk/Pure/staff/wood/FordyWood/contents.html
-Integrable systems, harmonic maps and the classical theory of solitons
http://www.bbc.co.uk/h2g2/guide/A330779
-Solitons
http://www.irishscientist.ie/DCUJB123.htm
-Solitons in field theory
http://www.itd.clrc.ac.uk/Activity/Solitons+425
-Solitons
http://dutch.phys.strath.ac.uk/OCC/occ5.html
-5.4 Optical Solitons
http://www.sst.ph.ic.ac.uk/angus/Lectures/compphys/node50.html
-Project -- Solitons: Introduction, Discretisation, Physics
http://www.math.h.kyoto-u.ac.jp/~takasaki/soliton-lab/gallery/solitons/index-e.html
-site japonês com informação introdutória aos solitões,contem gifs animados
http://www.ma.hw.ac.uk/solitons/index.html
-página de universidade escocesa com vários links
http://www.att.com/press/0292/920206.blb.html
-notícia acerca da transmissão de 5 Gb/s com solitões
http://www.ma.hw.ac.uk/solitons/Snibston/index.html
-imagens(reais) de ondas solitarias
http://www.corvis.com/
-empresa ligada as comunicações por fibra óptica
http://www.photonics.com/Spectra/
-publicações sobre tecnologias ópticas
http://www.laurin.com/content/aug97/techfrench.html
-aplicações dos solitões nas fibras ópticas
http://homepages.tversu.ru/~s000154/collision/main.html
-teoria de base dos solitões
http://physics.usc.edu/~vongehr/solitons_html/solitons.html
-teoria dos solitoes(geral)
http://www.lightlink.com/sergey/java/java/toda/
-applet de java com demonstração dos solitões
http://www.cs.princeton.edu/~ken/solitons.html
-bibliografia de solitões