Sunteți pe pagina 1din 56

pentagrama

Lectorium Rosicrucianum

“Queremos pensar hermeticamente, mover-nos livre-


mente na esfera do pensamento abstrato, onde com-
preendemos que sete aspectos fazem parte do homem
espiritual:
a alma,
a imagem pura, Intuição – inteligência – sinais

o pensamento,
a elevação, Ussat 2012: um impulso como um toque de trombeta

a compreensão,
a atividade A unidade do trabalho

e a unidade.
É então que tomamos consciência de que a decadên- Ouve a música!

cia e o declínio são apenas a sombra dessa esfera e que O veio áureo oculto nas obras

teremos de suportá-la durante um tempo curto, com a de William Shakespeare

certeza eterna de que estamos trabalhando e seguindo


em frente, a passos largos, nos campos do que é verda- Resenha de livro:
deiro, do estado de ser do homem original. O jardim secreto das rosas
Queremos pensar e compreender, como pensadores
herméticos, que a vitória da Luz sobre a matéria e a
morte já está assegurada há muito tempo, em Cristo.
O pensamento hermético permite-nos saber que cada
esforço e cada ação têm sua própria fonte de luz.
Na verdade, Deus, o Único, tem seu centro em toda
parte e sua circunferência é ilimitada”.

Trecho da Conferência do Lectorium Rosicrucianum,


Ussat-les-Bains, França, setembro de 2012
R$ 16,00

2013 número 2
Editor responsável
A.H. v. d. Brul

Linha editorial
P. Huis

Imagem
W. v. d. Brul
Revista Bimestral da Escola
Redatores
K. Bode, W. v.d. Brul, A. Gerrits,
H. v. Hooreweeghe, H.P. Knevel, F.
Internacional da Rosacruz Áurea
Spakman, A. Stokman-Griever, G. Uljée
Lectorium Rosicrucianum
Redação
Pentagram
Maartensdijkseweg 1
NL-3723 MC Bilthoven, Países Baixos
e-mail: info@rozekruispers.com A revista Pentagrama dirige a atenção de seus lei-
tores para o desenvolvimento da humanidade nesta
Edição brasileira
Pentagrama Publicações nova era que se inicia.
www.pentagrama.org.br
O pentagrama tem sido, através dos tempos, o
Administração, assinaturas e vendas símbolo do homem renascido, do novo homem.
Pentagrama Publicações
C.Postal 39 13.240-000 Jarinu, SP Ele é também o símbolo do Universo e de seu
livros@pentagrama.org.br eterno devir, por meio do qual o plano de Deus
assinaturas@pentagrama.org.br
Assinatura anual: R$ 80,00 se manifesta. Entretanto, um símbolo somente
Número avulso: R$ 16,00
Números de anos anteriores R$ 8,00
tem valor quando se torna realidade. O homem
que realiza o pentagrama em seu microcosmo, em
Responsável pela Edição Brasileira seu próprio pequeno mundo, está no caminho da
M.D.E. de Oliveira transfiguração.
Coordenação, tradução e revisão A revista Pentagrama convida o leitor a operar
J.C. de Lima, N. Soliz, J.Jesus, S. P. Cachemaille,
M.M.R. Leite, L.M. Tuacek, M.B.P. Timóteo, M.V. Mesquita
essa revolução espiritual em seu próprio interior.
de Sousa, M.R.M.Moraes, M.L.B. da Mota, R.D. Luz, F.
Luz, R.J. Araújo

Diagramação, capa e interior


D.B. Santos Neves

Lectorium Rosicrucianum

Sede no Brasil
Rua Sebastião Carneiro, 215, São Paulo - SP
Tel. & fax : (11) 3208-8682
www.rosacruzaurea.org.br
info@rosacruzaurea.org.br

Sede em Portugal
Travessa das Pedras Negras, 1, 1º, Lisboa
www.rosacruzlectorium.org
escola@rosacruzaurea.org

© Stichting Rozekruis Pers


Proibida qualquer reprodução sem
autorização prévia por escrito
tijd voor leven 2
ISSN 1677-2253
pentagrama
ano 35 2013 número 2

Construir o templo interior e trabalhar para o mundo, na Inúmeras mãos içam o sino que ressoaria pela
sociedade, remete a dois princípios, duas orientações, que primeira vez durante a conferência em Ussat­
-les-Bains em 2012
são o reflexo de uma aplicação coerente. Esse duplo tema
precisa ser tratado com mais profundidade. Para nós, é
evidente que toda ação autêntica e sensata voltada para
o homem e a sociedade é impossível sem um trabalho
simultâneo e contínuo, dirigido para o ser interior. Trata-se
de um trabalho fundamentado em uma grandiosa mudança os três primeiros templos
interior: é preciso saber que estar a serviço dos outros é o da escola da rosacruz 2
melhor modo de realizar o próprio progresso. a corrente vertical:
As palavras-chaves são: o serviço ao próximo, a generosi­ intuição, inteligência, sinais
dade e o autorrespeito. Então, devemos começar en­ dia da fraternidade 10
contrando a fonte e abrindo o jardim secreto, o elevado convivência – paz 18
princípio eterno que existe no coração do ser humano. um impulso como um toque de
Então, o servir torna-se evidente, assim como a Terra nos trombeta
serve, oferecendo-nos de tudo; como o Sol nos serve reflexões sobre a conferência
mediante consciência, calor vital e glória irradiante, assim em Ussat em 2012 24
como a imensa beleza atestada em cada folha que cai, a unidade do trabalho 29
mas também no sorriso que nosso semelhante nos dirige, a linguagem do silêncio 34
ou no olhar travesso de uma criança. ouve a música! 42
Esta edição da revista Pentagrama apresenta inúme­ minha vida
ros aspectos dessa dupla atividade: uma exposição sobre reflexões de um jovem 49
a paz, realizada no Palácio da Paz, em Haia, na Holanda, resenha de livro
e uma reportagem fotográfica da exposição Convivência, o jardim secreto das rosas 51
em Tarascon-sur-Ariège e em Toulouse; uma dupla ima­
gem-pensamento expressa por um jovem; e um artigo
sobre Shakespeare, que, como bom conhecedor dessa
dupla atividade própria de um coração magnânimo,
escreveu: “A essência da misericórdia não se impõe: ela
cai do alto, gota a gota, como uma chuva suave, sobre a
terra abaixo. Ela abençoa duplamente: abençoa quem a
concede e quem a recebe. Dentre os mais poderosos,
ela é a mais poderosa”.

1
os três primeiros templos da

Em 2012, completaram-se 75 anos desde a consagração do primeiro templo em nome da Ordem


da Rosa-Cruz. Esse templo representa o primeiro raio chamador, envolvedor e consolador do
Espírito Sétuplo. Na tarde do sábado 4 de setembro de 1937, às 16 horas, J. van Rijckenborgh, que
então ainda se chamava Jan Leene, oficiou um memorável serviço de consagração. Desde então,
o endereço da Bakenessergracht 11, em Haarlem, tornou-se um lugar sagrado onde foi edificado
o primeiro templo de fogo consagrado à Fraternidade no continente europeu. Em 1957 as insta­
lações foram ampliadas, preservando o aspecto interior, e dedicadas a um trabalho mais extenso,
agora a serviço da Fraternidade Universal. Um ano depois, era construído o templo Noverosa
para a mocidade, conservando o simbolismo e aspectos do local.

A
construção, a realização de um templo, novo, bonito e adequado à sua finalidade. Também
é fruto e também sacrifício de uma não é um símbolo para o trabalho na Holanda, ou
vida. Em 31 de agosto de 1929 já havia um ponto central que todos os amigos, daqui ou do
sido edificado, no mesmo lugar em Haarlem, exterior, possam contemplar como o “seu” templo.
um pequeno templo com capacidade para 25 Embora esses pareceres estejam perfeitamente corre­
pessoas. Em 1935, a Sociedade Rosa-Cruz tos, não tangem, de forma alguma, o essencial.
seguindo um novo rumo espiritual, sob a dire­ Como já foi dito tantas vezes, como alunos da Ro­
ção de Z.W. Leene, Jan Leene e Cor Damme, sa-Cruz, não devemos olhar as coisas de fora, e sim
estabeleceu uma grande renovação, ainda ba­ de dentro. Vocês certamente devem saber ou supor a
seada na Astrologia, e os alunos e estudantes importância de Cristo e seus servidores possuírem
sentavam-se em bancos correspondentes aos focos, que os auxiliam a atuar em prol do mundo
seus signos. e da humanidade. O templo de Haarlem já era há
O templo de 1937 apresentou uma concepção alguns anos um desses focos, e o novo templo faz
completamente diferente. Além de ser um que as possibilidades inerentes a esse fato possam
templo de fogo, ele também é uma repro­ desenvolver-se melhor. Devido a informações falsas,
dução fiel do “pequeno mundo” (minutus alguns alunos estão enganados. Eles acham que tais
mundus) do ser humano como manifestação focos são locais abençoados por si e, quando as re­
espiritual. A rosa de ouro no centro da cruz servas se esgotarem, somente será possível trabalhar
dourada – a mesma que ainda hoje brilha, “de segunda mão”. Mas não é assim: foi preciso
sobressai na cruz do templo Noverosa – é o conquistá-los metro por metro no mundo.
centro, o espelho dos mistérios, do qual se A posse de centrais de força é de significado inesti­
desenvolve toda a criação espiritual, tanto em mável para a grande obra. Quando um centro está
termos de macrocosmo como de microcos­ estabelecido, a Fraternidade dispõe de um sólido e
mo. O irmão Z.W. Leene foi um dos grandes forte baluarte, que se torna cada vez mais podero­
exemplos, e podemos considerar esse templo, so, para trabalhar desde o interior. E vocês com­
em sentido espiritual, como fruto do trabalho preendem a imensa importância de se poder traba­
de sua vida. Ele não pôde comparecer à sua lhar com base em uma perspectiva interna. Uma
consagração por estar doente de cama. Mas, luz que pode dirigir milhares através das trevas,
na semana seguinte, escreveu, com o irmão, seja para se purificarem, elevarem, ou para quei­
para um grupo de alunos, sobre a importân­ marem as próprias asas. Além de ouvir a palavra
cia desse templo: falada, os frequentadores de um templo como esse
Para compreendê-lo corretamente, é preciso libertar­ também são banhados no ouro da alma e inquie­
-se de todos os pontos de vista exotéricos conscientes tados pelas forças espirituais sempre ali presentes.
ou inconscientes. Não se trata aqui de um edifício Tal templo é uma força constante; mesmo quando

2 pentagrama 2/2013
escola da rosacruz

TEMPLO PRINCIPAL: HAARLEM, 4 DE SETEMBRO DE 1937 - 4 DE SETEMBRO DE 2012


TEMPLO RENOVA: BILTHOVEN, 21 DE DEZEMBRO DE 1951 - 21 DE DEZEMBRO DE 2011
TEMPLO NOVEROSA: DOORNSPIJK, 28 DE JUNHO DE 1958 – 28 DE JUNHO DE 2013

Assim como o terebinto (pistacia palæstina) muitas vezes cresceu diante de templos, assim também
ele cresce diante da gruta de Belém. Segundo o livro dos Juízes, do Antigo Testamento, foi sob essa
árvore que um anjo do Altíssimo encontrou Gedeão

não são realizados serviços, ele é uma fortaleza em Com grande alegria observamos que essas
contínua atividade. Talvez agora vocês entendam palavras não perderam nada de sua força.
a nossa alegria quando tivemos a oportunidade de Nesse aspecto, o templo principal de Haar­
construir em Haarlem, não em outro lugar da cida- lem, assim como o templo Noverosa, são
de, mas no próprio solo do templo espiritual, um sinais luminosos e irradiantes da Gnosis.
local simples e digno para realizar um trabalho que Ambos os templos de fogo são consagrados a
envolva todos os mundos. Cristo e sua grande obra de libertação para

os três primeiros templos da escola da rosacruz 3


a humanidade que enveredou pelo caminho co, como o templo deveria ser construído e
errado. deu ao arquiteto Nol Bijker, em linhas gerais,
as instruções para o esboço. A ideia por trás
desse projeto especial refletia o vigoroso
ALOCUÇÃO PRONUNCIADA DURANTE A impulso que partira da Fraternidade Mundial,
CONFERÊNCIA DE NATAL DE 2011 EM RENOVA de modo que nosso trabalho como um todo
pudesse ser acolhido nesse campo de força
Nesta conferência de Natal, recordaremos um sétuplo.
momento muito especial no desenvolvimen­ Por essa razão, a filosofia e o conhecimen­
to da Escola Espiritual da Rosacruz Áurea: to da doutrina já não eram tão importantes,
a consagração do templo de Renova, em pois tratava-se de uma renovação espiritual.
21 de dezembro de 1951, há exatamente 60 Uma mudança radical era necessária, na
anos. Fazemos isso porque a Escola Espiritual qual o novo foco templário tivesse a função
entrou, naquele momento, em um período de novo ponto de irradiação. Por isso, esse
completamente novo, e queremos expor o templo recebeu o nome de Renova, um foco
que esse momento nos ensina. Os dois grão­ e local de trabalho onde poderia ser rea­
mestres, J. van Rijckenborgh e Catharose de lizado o trabalho espiritual de renovação.
Petri, tiveram a visão de que a Escola deve­ Com o estabelecimento e a consagração do
ria entrar em uma nova fase de desenvolvi­ templo de Renova, uma colossal torrente de
mento, o que estava relacionado ao campo novas energias fluiu do campo espiritual da
espiritual da Fraternidade Universal. Para Fraternidade para a obra, o que culminaria
isso, era necessário fundar um templo, um no amplo trabalho mundial transfigurístico
foco, que servisse de intermediário ao novo sétuplo, que hoje conhecemos. J. van Rijc­
e poderoso impulso espiritual. O senhor Van kenborgh disse aos alunos, naquela época:
Rijckenborgh também viu, no campo etéri­ Foi este o claro conhecimento que ficou gravado em

4 pentagrama 2/2013
nossa consciência: Começou. O auxílio sétuplo da mistério dos mistérios, o início e o fim de toda a
Fraternidade Mundial entrou em atividade. nova gênese.
Foi para isso que os grão-mestres permane­ Muitos serviços já haviam evocado esse mi­
ceram orientados interna e completamente. lagroso átomo-do-coração e as sete possibi­
A consagração do templo Renova concreti­ lidades nele ocultas, os sete passos que deve­
zou a ligação com os sete raios do Espírito riam ser dados para a ressurreição e os sete
Sétuplo. Toda a simbologia do templo assim raios que emanam do Espírito Sétuplo para
o expressa. A construção redonda, em for­ tornar possível essa nova vida. Por esse mo­
ma de círculo, como símbolo da eternidade, tivo, os grão-mestres tiveram a clara visão
é sustentada por 49 colunas que integram o de que o templo Renova também deveria
fundamento do templo. No entanto, o mais ref letir, numa linguagem simbólica, os sete
espetacular estava no coração do templo: uma vezes sete raios do Espírito Sétuplo. Eles
fonte com uma rosa no centro, da qual brota­ deixaram isso claro já por ocasião da colo­
vam três filetes de água. Assim, os alunos fo­ cação da pedra fundamental, e f izeram-no
ram confrontados, de maneira completamente de forma gnóstico-mágica, pedindo a sete
nova, com esse que é o símbolo mais impor­ colaboradores que tomassem lugar, como
tante e, ao mesmo tempo o ponto central colunas vivas, nos sete pontos de intersecção
do discipulado; e sua atenção foi dirigida ao das quarenta e nove colunas sobre as quais
princípio da eternidade que eles carregam no o templo seria fundamentado. Além disso,
microcosmo, como um tesouro maravilhoso. encontramos a mesma alusão aos 49 raios
A mensagem imutável que a Escola Espiritual da luz sétupla no meio do templo, acima da
transmite aos alunos que estão no caminho é: fonte. E na luz violeta, o símbolo do sétimo
Irmão, Irmã, preste atenção em tudo e, sobretudo raio do Espírito Sétuplo, sob o qual seria
ao proto-átomo, à maravilhosa rosa-do-coração, realizado o trabalho no templo a partir da­
pois ela é a chave para a verdadeira vida. Ela é o quele momento.

os três primeiros templos da escola da rosacruz 5


Na linguagem dos mistérios da sagrada caba­ jovem Fraternidade gnóstica. Também fazem
la, o número sete representa “o templo con­ parte dela os quatro volumes de A Gnosis
sumado, concluído”. Na sabedoria que nos foi original egípcia, nos quais o Corpus Hermeticum
legada por Pitágoras, o número sete indica “o serviu como base para a elaboração da nova
caminho para a vida”. Em outro tratado, re­ sabedoria transfigurística. Mas, na verdade,
ferente aos mistérios, o número sete é ligado podemos considerar como Biblioteca Renova
à “superação da matéria”. Isso seria compro­ toda a obra dos nossos grão-mestres, na qual
vado nas conferências de renovação, como J. eles expõem o tesouro áureo da sabedoria
van Rijckenborgh passou a chamá-las a partir transfigurística. Nessa obra todo buscador,
de então. Nessas conferências, os participan­ todo portador do átomo-centelha-do-espí­
tes seriam inseridos, isto é, mergulhariam rito pode encontrar hoje o que acreditamos
em uma corrente de ensinamentos universais, terem abrigado muitas bibliotecas gnósticas
tendo como ponto central o transfigurismo, do passado.
base da sabedoria gnóstica, que com força
dinâmica, mediante a Luz, se conectaria com O templo Renova foi o foco com base no
os alunos. A repercussão dessa mudança na qual uma nova etapa do trabalho espiritual
Escola Espiritual e em sua doutrina encontra­ mundial teve início. Pouco depois, grupos
se no livro O advento do novo homem, no qual de alunos fundaram focos de renovação em
o grão-mestre estabeleceu os parâmetros e outros campos de trabalho, de forma que
as diretrizes da nova Fraternidade gnóstica também ali passou a fluir a torrente de sabe­
como Gnosis moderna. Moderna porque, a doria e força-luz, que brotava no templo de
partir desse momento, o ensinamento uni­ Renova a cada conferência.
versal da Gnosis passou a ser transmitido de Uma frase marcou a consagração desse tem­
maneira totalmente nova. plo: Começou! O auxílio sétuplo da Fraternidade
Como possuidores da chave da sabedoria uni­ Mundial entrou em atividade. Essa declaração
versal, que está presente no campo espiritual ainda é a base da Escola Espiritual, com to-
da Fraternidade Universal, os grão-mestres dos os focos e templos que foram construídos
tornaram novamente acessível para os alunos nos últimos 60 anos. Desse modo, o corpo­
e pesquisadores muito da antiga sabedoria das -vivo, ao qual estamos ligados, constitui um
escolas transfigurísticas precedentes. Por isso, potente sistema de respiração, no qual forças­
eles denominaram a edição dos textos dessas -luzes puras descem e sobem continuamente,
conferências de Biblioteca Renova, da qual faz tal qual acontece com a inspiração e a expi­
parte A Gnose em sua atual manifestação, um ração. Uma corrente respiratória da qual po­
claro indício da nova atuação da moderna e dem participar todos os alunos que se orien­

6 pentagrama 2/2013
tarem para isso e estabelecerem a ligação. vimento do grupo que protege e anima os
Todos os focos da Escola Espiritual traba­ focos e é capaz de elevar-se, sempre de novo,
lham, de forma concentrada, com o fogo ao campo de luz. Nesse sentido, cada ida
interplanetário do Sol espiritual. E o todo, o consciente ao templo, cada vez que se aden­
corpo-vivo, é como UM grande templo que tra um local de trabalho da Fraternidade é
envolve tudo e todos – UM grande templo, uma confirmação do discipulado.
ao qual todos os alunos no campo mundial
podem ligar-se, do qual eles podem viver e Nos sessenta anos que se seguiram, surgiu
no qual podem trabalhar. Assim como o pla­ uma rede de templos e focos distribuídos por
neta Terra gira em torno do Sol, descrevendo muitos países, em quase todos os continentes,
sua órbita no sistema solar, o templo espi­ de forma que – falando-se de forma simbóli­
ritual da Escola Espiritual gira em torno do ca, mas nem por isso menos real – uma forte
Sol espiritual central do campo de radiação rede foi lançada no mar da vida. Ela consis­
da Fraternidade, recebendo nova força-luz te em todos os pontos de radiação dos sete
ininterruptamente. raios, que nos atingem provenientes do cam­
po de vida da Fraternidade Universal. Eles
Na construção sétupla da Escola Espiritual, formam UM cordão nervoso fulgurante que
essa simbologia representa a promessa de interliga todos os membros do corpo-vivo no
uma nova realidade. Em sentido espiritual, a planeta inteiro.
simbologia da Escola é uma realidade viva, Agora, trata-se de ampliar, com grande
um toque perceptível da luz, do Espírito, que dinamismo, entusiasmo e persistência, o
se aproxima de nós, vindo do mundo original que foi iniciado no passado, em termos de
do homem. O Espírito é infinito, mas sempre possibilidades espirituais, de forma que nós,
dá à alma uma nova respiração em interação como grupo de alunos, sejamos mundial­
harmoniosa, que acompanha o desenvol­ mente mestres do nosso futuro. Todas as

os três primeiros templos da escola da rosacruz 7


energias divinas e espirituais estão presentes mental. “E, por fim, a cruz é o sinal da sua
no princípio fundamental dos nossos templos vitória – a de Cristo –, na qual venceremos.”
e focos. Neles o caminho das estrelas pode Sua base está plantada firmemente no chão
abrir-se para quem assim o quiser. da realidade, e sua ponta alcança até as esfe­
ras do pensamento abstrato do puro mundo
da gênese. O homem que se esforça apren­
ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE O 55º derá, cada vez mais, a expressar de fato as
ANIVERSÁRIO DO TEMPLO NOVEROSA ideias abstratas da luz e do amor.
O vaso representa o coração aberto e a mais
O templo Noverosa foi o primeiro templo da pura receptividade; a mesa do altar, o anseio
Escola Espiritual a passar por uma recons­ puro do coração e da cabeça, e sobre ela en­
trução, em 1958. Ele é uma reprodução fiel contramos a Bíblia como o Verbo (re)criador
do minutus mundus, do microcosmo do ser – as energias atuais de Cristo. As sete velas
humano original. A rosa áurea, no meio da do candelabro sétuplo ligam-nos ao Espírito
cruz áurea, é o centro e constitui o espelho Sétuplo, ao Logos sétuplo que sustenta toda
dos mistérios, com base no qual toda a cria­ a criação, ligam-nos à corrente universal de
ção espiritual se desenvolve como mistério Fraternidades em Cristo.
maravilhoso da manifestação divina, na qual E os sete selos no teto indicam, como sete
criador e criatura se espelham e expressam portais, os caminhos que a nova alma percor­
mutualmente. A rosa é a representação do re. Eles são sustentados e apoiados pelas pare-
mistério mais profundo, em que o homem é des com doze janelas, os doze fiéis guardiães,
uno com a própria divindade. representantes dos doze irmãos mais antigos,
A cruz, símbolo da personalidade, é, ao mes­ que são as forças originais e formadoras da
mo tempo, a imagem da Terra onde ela vive criação e representam os doze portais do sis­
e faz suas experiências. A cruz é o número tema microcósmico µ
quatro: os quatro elementos, terra, ar, água e
fogo, dos quais tudo se fez; os quatro pontos
cardeais, que abrangem toda a Terra e estão
presentes simultaneamente em todos os pon­
tos do planeta. Além disso, a cruz é a expres­
são dos quatro corpos que hoje se manifes­
tam no homem: corpo físico; corpo etérico;
corpo astral, que pode ser nossa ligação com
o corpo solar de Cristo; e o incipiente corpo

8 pentagrama 2/2013
C O N S T R U Ç Ã O D O T E M P L O

Na Roma antiga, conhecia-se o Ædes Menti, o templo do homem ou do Espírito; em Atenas,

o Pártenon ainda mostra sua imponente silhueta (ver foto). As seções de colunas desse edifício

ajustam-se com tal precisão que parecem talhadas num único bloco.

Para construí-lo, Péricles, o mestre de obras, e Fídias, o mestre escultor, basearam-se nas leis

da numerologia, da geometria e da arquitetura. Foi em 477 a.C. que eles iniciaram a construção

desse que seria um dos monumentos mais belos e mais harmoniosos do mundo, e isso graças à

proporção harmônica 9/4.

construção do templo 9
a corrente vertical:
intuição, inteligência, sinais

No dia 7 de outubro de 2012, um grande número de alunos e membros do


mundo inteiro reuniu-se nos núcleos e locais consagrados do Lectorium
Rosicrucianum para refletir sobre sua união com a Fraternidade Universal sétupla.
Estamos felizes de poder incluir, nesta edição da revista Pentagrama, o texto
da alocução proferida nessa ocasião.

C
hegou a época em que se tornou ne­ correntes formam uma estrutura em forma

cessária uma renovação estrutural, a de cruz, em cujo ponto central encontra-se o

fim de que a Escola Espiritual possa princípio mediador.

continuar a realizar sua incumbência num


futuro próximo. Para podermos colaborar na Assim, em cada processo de criação podemos

consecução desse desenvolvimento, susten­ distinguir três princípios:

tá-lo e ajudar nessa travessia, os órgãos de - o afluxo vertical, o Espírito;

direção devem colaborar de maneira nova. Na - o núcleo mediador, central, a alma;

fase que hoje se inicia, é exigida de nós uma - o desenvolvimento horizontal, a forma, o

colaboração vertical entre os vários níveis corpo.


hierárquicos da direção.
Para compreender a incumbência atual, deve­ Cada um desses aspectos tem sua tarefa
mos fazer uma distinção clara entre renova­ própria. Dessa maneira, a corrente vertical
ção horizontal e renovação vertical. Sem essa impulsiona a manifestar-se o que ainda não
distinção existe o perigo de confundirmos se manifestou, o desconhecido, enquanto a
a importante renovação horizontal, que já corrente horizontal possibilita a manifestação
acontece na Escola, com a renovação vertical, e cuida para conservar o que foi chamado à
ainda por acontecer, e assim obstaculizarmos vida, mediante consolidação e reprodução. O
o desenvolvimento da Escola. mediador desse processo é a força central, que
Podemos reconhecer a essência dessas duas transforma a corrente vertical em horizontal,
renovações na estrutura imutável do plano e sempre atua de maneira equilibradora.
de Deus: cada nova criação é o resultado da
colaboração de um impulso espiritual vertical O QUE NÃO EXISTIA ANTES Cada um desses
com um estado material horizontal. aspectos tem suas próprias leis. Assim, tam­
bém há renovação na corrente horizontal,
Um novo desenvolvimento não começa com pois apenas mediante renovação é possível
um estado primordial de tempos remotos, manter a longo prazo um estado existente.
porém sempre surge de um resultado já No entanto, essa renovação horizontal não é
existente. A base para esse desenvolvimento estrutural. Em última instância, ela é apenas
sempre é a essência das experiências mate­ adaptação, reprodução, cópia do que já existe,
riais do passado. O impulso espiritual, como ou variação de um tema existente.
corrente vertical, introduz-se nessa essência; Dessa maneira, a corrente horizontal segue
e a reação a isso é seu desenvolvimento e leis reproduzíveis, que podem ser pesquisadas
sua propagação horizontais. Juntas, as duas e apoiadas cientificamente. Isso não é válido

10 pentagrama 2/2013
DIA DA FRATERNIDADE – 7 DE OUTUBRO DE 2012

a corrente vertical: intuição, inteligência, sinais 1


1
O Logos impulsiona a uma propagação contínua das manifes­
tações e da consciência. Isso significa que, mais cedo ou mais
tarde, toda forma é submetida a um salto evolucionário

para a corrente vertical, para a renovação ver­ festação. Para tanto, sabemos que nossos es­
tical. Em princípio, ela não pode ser plane­ forços apenas podem ser coroados de êxito se
jada nem realizada de maneira metódica. Ela os impulsos e energias necessários provierem
também não se apoia em pesquisas estatísticas da radiação nuclear da mônada, que libera a
nem em desenvolvimentos já existentes. força da nova alma no coração. Apenas quan­
A corrente vertical traz à manifestação o que do o trabalho está impregnado pelo Espírito é
nunca existiu, o inesperado. Por essa razão, que a corrente de água viva pode continuar a
ela não pode ser investigada nem guiada por fluir. Isso é reconhecido na alegria, no entu­
meio de pesquisa de tendências, pois a pes­ siasmo e na serviçabilidade com que o aluno
quisa se orienta por algo já existente e indica em autoesquecimento empreende seu traba­
tendências de mudança de estados conhe­ lho de propagação e renovação horizontais.
cidos, as quais podem ser descritas cientifi­ Assim, cada colaborador realiza seu trabalho
camente. É importante saber isso a fim de com base na vivência do discipulado.
distinguir entre renovação vertical e renova­ No entanto, chegamos agora ao critério decisi­
ção horizontal. vo. Não é plano do Logos manter viva indefi­
Durante longo tempo a renovação horizon­ nidamente uma forma de vida manifestada. O
tal é absolutamente necessária, tal como a Logos impulsiona a uma propagação contínua
natureza se renova a cada primavera, pois na das manifestações e da consciência. Isso signifi­
primeira fase da vida de cada novo organis­ ca que, mais cedo ou mais tarde, toda forma é
mo, qualquer que seja sua espécie, os órgãos submetida a um salto evolucionário. No en-
diretivos têm a tarefa de servir aos processos tanto, essa renovação estrutural levada a efeito
horizontais de manutenção e reprodução. pelo Logos pode ser realizada de duas maneiras
Se transpusermos isso para a Escola Espiritual, distintas, de acordo com o campo de força que
vemos que os órgãos diretivos têm de cui­ mantém o estado existente. A diferença essen­
dar para manter e renovar, por tanto tempo cial consiste no seguinte: na corrente da dialé­
quanto possível e na medida certa, o que foi tica santa superior, isso acontece mediante um
criado pelo impulso vertical dos grão-mestres: processo harmonioso de dissolução e reconsti­
o corpo-vivo e sua forma material de mani­ tuição. Contudo, em nossa conhecida dialética

12 pentagrama 2/2013
inferior isso acontece mediante um fim desar­ des e... sobretudo, a largura da escada deve
monioso da existência por aniquilação e por ser ampliada e ela deve ser colocada em uma
um começo completo a partir do zero. posição central da casa, a fim de permitir um
intercâmbio intenso entre os pavimentos de
A questão decisiva é: vivificamos, na Escola cima e de baixo. Em todos esses trabalhos
Espiritual, a corrente da dialética superior, na estrutura, os arquitetos devem considerar
ou apenas os processos de cristalização e quais são as paredes de sustentação e as colu­
transformação da dialética inferior? Qualquer nas principais da estrutura básica, pois a casa
forma que venha à existência pode ser man­ cairá se elas forem retiradas.
tida viva por determinado espaço de tem­
po mediante os processos de regeneração e A estrutura básica da Casa Sancti Spiritus é o
reprodução. plano divino, o plano do Logos, tal como é
No entanto, após um período de tempo, ela revelado, por exemplo, no Corpus Hermeticum.
degenera e é obrigada a passar por uma re­ Por isso, hoje, mais do que nunca, devemos
novação fundamental – isto é, mediante um passar da fase tipicamente maniqueísta da Es-
processo criativo –, sendo assim elevada a um cola – que separa e eleva para fora do abismo
nível evolucionário superior. Esse momento da matéria – para a fase tipicamente hermé­
chegou para a Escola Espiritual. tica, que une e constrói num movimento de
Todos os esforços de renovação que reali­ retorno à Unidade.
zamos até agora, com grande laboriosidade, O que significa isso para a Escola? Devemos
amor e muita competência, concernem à fase renovar estruturalmente desde o interior
horizontal, à fase da reprodução. Eles foram e muitos de nossos conceitos: uma vez que a
continuam sendo absolutamente necessários, e atividade do Espírito Santo no corpo-vivo
não queremos de modo algum questionar seu está plenamente desenvolvida e a espada da
valor. Essa fase é comparável à renovação de distinção entre luz e trevas está integrada no
uma casa, na qual o interior e a fachada são grupo nuclear, a separação e a delimitação já
modernizados. A pintura das paredes, o piso, não devem ser levadas ao exterior da mesma
a iluminação, os banheiros, a cozinha são re­ maneira que o foram na fase de construção
formados segundo o que há de mais moderno. da Escola. A separação enfática da fase inicial
Nesse processo, contudo, a estrutura da casa deve ser vencida, por assim dizer, coroada
continua a mesma. Agora, porém, trata-se de pela união, pela religação com o Espírito. A
uma renovação estrutural. O interior deve ser separação do exterior teve sentido na fase da
ampliado mediante a retirada de divisórias, construção, pois apenas assim os alunos e a
portas e janelas devem ser abertas em pare- Escola puderam ser purificados, acrisolados e

a corrente vertical: intuição, inteligência, sinais 13


protegidos das forças astrais inferiores e dos mental na estrutura da Escola Externa e na
éons da natureza. maneira como é feito o acompanhamento de
No entanto, hoje devemos levar em conta interessados, membros e alunos do primeiro e
o elevado nível de vibração do corpo-vivo, segundo aspectos. É necessário que um novo
e em sua força unimos tudo. Assim, deve­ tipo de comunicação surja. Ainda devemos
mos reconhecer claramente certos conceitos elaborar em detalhes que aparência ela terá.
dualistas e separatistas, que de modo algum Contudo, gostaríamos de tratar da essência
pertencem às influências de Aquário, e subs­ de nossa colaboração. Temos consciência de
tituí-los pelos respectivos conceitos herméti­ que a direção da Escola Espiritual está, como
cos. Isso, porém, é um assunto muito sutil e sempre, nas mãos da Direção Espiritual, isto
delicado, pois também se procura alcançar a é, dos grão-mestres J. van Rijckenborgh e Ca­
união e a unidade de todos em muitos con­ tharose de Petri, e da Fraternidade das almas
ceitos sociais novos de desenvolvimento da vivas. Unicamente a Loja do Alto pode dar o
personalidade, no esoterismo contemporâneo impulso para a forma de manifestação atual do
e na ciência. E não poderia ser de outra ma­ plano divino. Somente ela sabe como a Escola
neira, pois isso é uma reação a Aquário. Espiritual deve desenvolver-se desde o âmago
a fim de satisfazer as exigências da nova era.
Contudo, apenas fortalece a ilusão quem No entanto, a Fraternidade não nos dá um
junta sem antes ter separado no Espírito. manual concreto de construção. Sua men­
Somente quem realiza o solve alquímico, pode sagem é de natureza espiritual, por isso é
progredir para o coagula. Se, no início, não abstrata e apenas pode ser percebida como
está presente a espada separadora do Espírito, visão, como imagem que se projeta em nossa
a união não é libertadora, porque nela o anti- alma-espírito.
go e o novo estão mesclados. Jamais devemos Visões e imagens nunca são exatas. Elas são
esquecer esse fato! vagas, imprecisas e sujeitas a interpretações,
pois apenas desenvolvem a força para a reali­
Por conseguinte, não devemos desenvolver na zação. Se tivéssemos um plano concreto que
Escola novos conceitos de união, pois eles já detalhasse o que devemos fazer faltar-nos-ia a
existem, mas sim dar provas, de maneira nova força para realizá-lo. A força para a realização
e convincente, da realidade da reversão fun­ apenas é liberada quando juntos transforma­
damental, da ausência de forças eônicas e de mos a ideia abstrata recebida da Fraternida­
ilusões; e isso tanto por palavras quanto por de mediante um processo de concretização.
meio de nossa atitude de vida. Isso conduz Assim, os diversos níveis das direções e os as­
necessariamente a uma reformulação funda­ pectos do corpo-vivo têm a tarefa de receber

14 pentagrama 2/2013
Visões são como uma luz, como uma lâmpada diante
dos pés, e não um manual de instruções

o impulso abstrato da Fraternidade e juntos sentido de experiências concretas do passado,


transformá-lo, degrau por degrau, até que ele porém no sentido da inteligência, da essência
se concretize na matéria. Trata-se, portanto, que foi adquirida no passado. No entanto,
de processos de transformação do abstrato no isso também significa que as experiências
concreto, que são possibilitados por uma coo­ concretas do passado já não podem servir
peração vertical, por um intercâmbio vertical de base, mas devem ser dissolvidas alqui­
entre os níveis hierárquicos. micamente, por assim dizer, e sua essência
Nessa colaboração vertical, as medidas prá­ destilada. Dirigir, em novo sentido, significa
ticas da renovação devem ser desenvolvidas. abranger e integrar os diversos aspectos de
Essa colaboração vertical é um processo de um todo. Um órgão de direção é um aspecto
circulação, tal como é descrito na Tabula superior que cria as condições para a for­
Esmaragdina. O impulso da Fraternidade pode mação de um órgão de maneira análoga ao
introduzir-se nessa circulação hermética, envoltório e à proteção proporcionados pela
nessa destilação alquímica, que une o que está membrana de uma célula a todos os seus ele­
em cima com o que está embaixo, e condu­ mentos. Nessa nova forma de direção, trata­
zir-nos para as margens da nova vida. se de estímulo, apoio e orientação amorosa,
numa completa abertura para um resultado
A missão da Direção Espiritual Internacional, final ainda não conhecido e não identificado.
como o nível mais elevado de direção da Es- A direção, que representa o aspecto espiri­
cola na matéria, é receber os impulsos renova­ tual do todo, une os elementos contrários
dores da Fraternidade. Ela estabelece a orien­ dos graus que lhe estão subordinados hie­
tação e os objetivos espirituais, no entanto não rarquicamente e transforma-os em aspectos
os detalha concretamente. Então, mediante complementares. Dessa maneira, a direção
a colaboração com o Presidium e as várias cria espaço, embora não entre nele, pois um
direções, a orientação e os objetivos devem salto verdadeiramente evolucionário apenas é
tornar-se aplicáveis e utilizáveis na prática, possível por meio da integração de opiniões
convertendo-se em realidade na matéria. contrárias em elementos complementares.
Para tanto devem afluir, como essência, como Por outro lado, se apenas procuramos pessoas
destilado, as experiências do embaixo. Não no que pensem da mesma maneira, bloqueamos

a corrente vertical: intuição, inteligência, sinais 15


o desenvolvimento. A inteligência sagrada cia reconhece os sinais presentes na direção
e verdadeira apenas pode ser desenvolvida indicada pela intuição. E os sinais estão na
mediante a integração dos opostos nos grupos vida concreta, nos acontecimentos, no que é
de trabalho confiados a nós. Essa inteligência perceptível pelos sentidos.
verdadeira reconhece a liderança espiritual Possam os citados três atributos estar ativos
e a interpreta da maneira correta. A renova­ como uma unidade em nosso trabalho para o
ção espiritual é sempre inesperada e conduz mundo e a humanidade µ
a algo antes inimaginável. No surpreendente
ela contém o potencial para a manifestação
do plano do Logos. Assim, no futuro cada
vez mais seremos confrontados com as três
ferramentas mágicas do arquiteto: intuição,
inteligência e sinais.

A intuição é o aspecto espiritual. Ela mostra­

-nos a direção.

A inteligência é o aspecto anímico. Ela mostra­

-nos as ligações.

Os sinais constituem o aspecto físico. Eles

mostram-nos o tempo e o local de nossa ação.

Esses três constituem o encontro imediato

entre idealidade e realidade, o elo decisivo na

ligação vertical entre o Espírito e a matéria.

A intuição eleva-se do desconhecido. Ela não

é controlável e resulta da ligação interior com

o Espírito. A intuição guia o olhar, os pen­


samentos, para a direção correta. A intuição
é orientadora e direcionadora. A inteligên­

16 pentagrama 2/2013
C O N S T R U Ç Ã O D O T E M P L O

Procedente de Amon – o incognoscível, o invisível, a substância original sem forma – o

modelo arquitetural constante do templo egípcio com seus pilares, seus espaços interiores, suas

colunas ornadas com motivos de lótus e palmeiras, seus santuários no coração do templo, suas

decorações representando as divindades, os personagens reais, os rituais e os textos sagrados,

bem como sua localização em lugar sagrado e sanador, era uma projeção do Universo na Terra.

E o que estava no cosmo e era percebido pelo homem também se encontrava nele: o invisível, as

matérias primas e sua expressão: a trindade Deus-cosmo-homem.

Templo de Luxor, a avenida das esfinges, Egito

construção do templo 17
convivência - paz

18 pentagrama 2/2013
Em 22 de setembro de 2012, teve lugar no Palácio da Paz em Haia, sob
o patrocínio da AMORC, um congresso, no qual representantes de seis
organizações expuseram suas ideias e considerações sobre a paz. Além dos porta­
vozes do Movimento Sufi, da Associação Antroposófica, da Sociedade Teosófica
e de uma apresentação sobre o significado esotérico do Palácio da Paz, Theo van
Rooij, membro da Direção Espiritual Internacional do Lectorium Rosicrucianum,
falou sobre a paz interior. Uma personalidade da AMORC encerrou com uma
meditação sobre a paz com um fundo musical de Eric Satie.

“P
ara todos os que não nos conhe­
cem bem: somos uma comunidade
gnóstico-cristã de rosa-cruzes, com
foco no hermetismo, na Rosa-Cruz e na Gno­
sis. No fim de semana passado, tivemos uma
grande conferência internacional de quatro
dias no sul da França, com cerca de 2.500
participantes. Ainda estou tocado por essa
experiência maravilhosa. Depois voltarei a fa­
lar sobre isso. Todos nós queremos contribuir
para a paz, esse estado particular e elevado
que, de pleno direito, pode e deve ser chama­
do humano.
Todos vocês, prezados ouvintes, estão à pro­
cura da paz e exigem uma paz duradoura,
constante, não apenas como contrapeso à luta
ou – o que é pior ainda – à guerra, mas como
algo duradouro, como uma posição espiri­
tual contínua e um estado correspondente
da alma, que ajudam a tornar possível a paz
social. Essa paz é um estado elevado, uma
realização espiritual, é ser acolhido em um
novo estado de vida, isto é, em uma atmosfe­
ra astral e etérica que eleva a alma a um esta­
do de ser novo e puro, a um devir em harmo­
nia com tudo e com todos. É poder ligar-se à
realidade humana sublime, pura e verdadeira,
cuja essência divina está presente em cada ser
humano: Deus é amor, Deus é paz. Quem
quiser obter esse estado de paz deve trabalhar
em si mesmo, examinar-se profundamente e
esforçar-se por ter uma atitude de vida moral
e espiritual de alto nível.
Para a alma, a paz e o amor não são normas

convivência - paz 19
CONVIVÊNCIA em Tarascon e
Toulouse. Durante os dias
que precederam a Conferência do
Lectorium Rosicrucinum em Ussat
também foram realizados colóquios
no contexto do evento Convivência,
com porta-vozes de várias
associações espirituais e sociais.
As fotografias dão uma ideia
desse acontecimento.

Lombrives, a montanha da Catedral

morais desejáveis, porém constituem um esta­ – e que há muitos estágios diferentes de de­
do de ser. Então sua paz e também seu amor senvolvimento.
são uma propriedade, pois não poderia ser de
outro modo. Nesse caminho para o cume, que é o Espí­
Para nós, trata-se de alcançar aquele estado rito, sempre reconheceremos um ao outro
de ser em que o espiritual, o divino, é fonte e nos saudaremos amigavelmente, porque
e, ao mesmo tempo, atmosfera de vida, pois reconhecemos nos outros o divino, o aspec­
Deus é amor. Jesus Cristo também não foi to-alma.
chamado de Príncipe da Paz, no sentido de E, no entanto, para o homem e a humanida­
bálsamo para a alma, dignidade tranquila, de de, a realidade é tal, que devora os ideais, a
benevolência? paz não é estabelecida, e a disputa só culmi­
No nosso imo todos aspiramos a isso, porque na numa nova disputa. A paz é muito frágil.
surgimos desse elevado estado humano. Essa é
também a razão de não podermos agir de outro Cabe, portanto, perguntarmo-nos: Por que
modo, senão esforçarmo-nos constantemente sempre há luta novamente?
para reencontrar a ligação com essa atmosfera
de vida especial e, sobre esse fundamento, mol­ Em essência, podemos afirmar que a luta é
dar uma sociedade na qual a paz seja a base e o uma consequência da nossa realidade atual da
amor, por assim dizer, o fermento. separação, e também porque somos determi­
nados pela dualidade.
Uma convivência: A essência mais profunda de toda separação
– na qual não olhemos em primeiro lugar é que a nossa alma está apartada do Espírito
para nós mesmos, e sim para o todo e os inte­ divino, portanto já não existe uma ligação
resses do outro; ativa. O que costumamos chamar de espírito
– na qual respeitemos uns aos outros e tenha­ é o intelecto. Usamos o conceito de espírito
mos em grande estima todas as outras crenças para designar a atividade intelectual. Nos-
e correntes de pensamento; sa maneira de pensar e de falar é marcada,
– na qual consideremos a Terra como parte da em alto grau, por divergências de opinião e,
criação divina; portanto, disputa. Utilizamos nossa capacida­
– e na qual saibamos que todos, da maneira de de pensar principalmente para comprovar
que for e em que fase se encontrem, estão diferenças.
escalando a montanha do Espírito; Por isso, a briga sob a forma de pensamentos
– e que vários caminhos conduzem a esse e palavras é o pão-nosso de cada dia.
objetivo; Separados do divino e da unidade, estamos na

20 pentagrama 2/2013
Alain Sutra, prefeito de Tarascon Daniel Benlolo, Círculo Raymond Lulle, Toulouse

A tarefa especial das comunidades espirituais agora é sair


pelo mundo e, como fez Hermes, auxiliar nosso próximo e
transmitir uma mensagem clara
dualidade, no dualismo, como, por exemplo: de auxiliar o ser humano e a humanidade.
ter e não ter. Por essa razão, preocupamo­ Jesus e todos os outros grandes iniciados
nos com o amanhã. Separação e medo são as deixaram as escolas de iniciação, após deter­
molas propulsoras da luta. minado período de preparação, de aprendi­
Nossa consciência, nossa segurança, estão na zagem e iniciação, e, em seguida, levaram a
matéria, pelo menos é o que pensamos, mas a todos a alegre mensagem. Da mesma forma
única certeza na matéria e no nosso campo de nós, como comunidades espirituais na Era de
vida é que eles estão constantemente subme­ Aquário, deixando para trás a Era de Peixes,
tidos à mudança. A mudança é a escola de temos uma tarefa especial: sair pelo mundo
aprendizado para a alma. e, como Hermes, auxiliar nosso próximo e
A ligação viva com o divino, o Espírito – o transmitir-lhe uma mensagem clara.
único criador do Todo –, foi perdida, e o
nosso cosmo tornou-se, portanto, uma mani­ O princípio de vida hermético, um princípio
festação dialética, dual. Porém, a alma em nós puramente da alma, determina: tudo receber,
está procurando, e continuará procurando, a tudo entregar e, assim, tudo renovar.
sublime trindade Deus-cosmo-homem. As­ Vemos isso como um desenvolvimento con­
sim, somos os que anseiam, os que buscam a tínuo, que depende da medida em que nos
verdade e a paz. transformamos mediante a entrega. Trata-se
de abrirmo-nos às forças espirituais e permitir
O que podemos fazer? que elas nos mudem e também querer traba­
lhar para os outros com elas.
Subir a montanha, viver a vida do Sermão Muitas vezes pensamos no nosso próprio
da Montanha. Elevar nossa alma ao nível e desenvolvimento ou no do grupo ao qual
às esferas em que a alma encontra o Espírito pertencemos. Uma das afirmações mais co­
e é alimentada com as substâncias do amor e nhecidas na nossa Escola Espiritual é esta:
da paz, onde aprofundaremos cada vez mais a Serviço aos outros é o caminho mais curto e seguro
ligação com o Espírito, como em um processo até Deus.
sem fim, e então trabalhar com base em uma O símbolo do Espírito é a pomba, a pom­
perspectiva nova e impessoal de serviço, a fim ba da paz que, como luz e força, liga-se ao

convivência - paz 21
Imagem do espaço Convivência em Toulouse

O espírito do catarismo, porém, não morreu. Pelo contrário, ele


está brotando na nossa época, pois muitas pessoas sentem-se
atraídas por essa região e por esse espírito
coração anelante. O coração, onde a centelha Rosa-Cruz, uma Aliança cuja atuação espi­
de luz do único criador do Todo está oculta ritual conjunta surgiu em 1957. No vale do
como núcleo da nossa alma, está à espera de rio Ariège, aos pés dos Pirineus, entre Foix e
seu despertar, para assim reconhecer o Es­ Andorra, estavam situados os locais onde os
pírito, a pomba da paz. Então, a pomba da cátaros, após a queda de Montségur, recebiam
paz será reconhecida no pensamento, como seus ensinamentos e eram consagrados, nas
nova compreensão, como sabedoria. Se qui­ grutas da atual Montagne Sacrée (Montanha
sermos permitir que essas correntes de força Sagrada). A queda do castelo de Montségur,
nos preencham, se quisermos ser capazes de o último farol do catarismo, em 1244, repre­
seguir o amor e a sabedoria, então é preciso sentou o ponto final de uma cruzada impie­
agir em concordância. Essa é a maneira pela dosa de roubo, assassínio e pilhagem, além de
qual podemos fazer que a paz se torne uma significar o fim da Occitânia como sociedade
realidade em nós e ao nosso redor. elevada, onde o amor e a paz eram tidos em
conta de forma extraordinária. Todos os cáta­
Mas também gostaríamos de falar-lhes sobre ros ali presentes – cerca de 200 – perderam a
o ocorrido no último final de semana. Como vida na fogueira.
mencionamos, tivemos uma conferência inter­ E, no entanto, o espírito do catarismo não
nacional com aproximadamente 2.500 rosa­ morreu, pelo contrário, ele está brotando
-cruzes de mais de 40 países. na nossa época, pois não apenas pessoas da
Desde meados dos anos 1950, realizamos nossa comunidade, mas felizmente de muitas
regularmente conferências no sul da França, outras, sentem-se atraídas por essa região e
porque nos sentimos muito unidos aos cáta­ esse espírito. O interesse atual pela ideia do
ros, que foram banidos da matéria pela In­ catarismo é especialmente gratificante, pois
quisição, mas que ainda hoje atraem muitas os cátaros procuraram estabelecer um reino
pessoas, inclusive nós. Eles integraram um do amor e da paz.
grande movimento puramente gnóstico e cris­
tão nos séculos 12 e 13. Consideramos essas Devido aos cátaros, surgiu um pré-Renasci­
conferências como uma forma de vivificar a mento na Occitânia, como se chamava anti­
Tríplice Aliança da Luz: Graal – Cátaros – gamente o sul da França. No período inicial,

22 pentagrama 2/2013
Pilar Garrido, especialista em religião muçulmana Michel Cire, colaborador de Antonin Gadal

cristãos – tanto católicos como cátaros –, mundo, e só então tinha início o verdadeiro
judeus e muçulmanos viviam juntos, num cli­ trabalho de sua vida.
ma de grande respeito e liberdade quanto às Conosco também é assim. Tão logo passamos
possibilidades de desenvolvimento. Falava-se, a trilhar nosso caminho interior, podemos
na época, de convivência, isto é, a arte de viver trabalhar por outros e com outros. A alma
com os outros em harmonia. Ela foi pertur­ não pode guardar para si própria o que rece­
bada pela intervenção da Igreja romana que, beu. Cada um de nós deve superar o costume
com os soberanos da França, cobiçava as ri­ de colocar o próprio ser e o próprio desen­
quezas da Occitânia e queria chegar ao poder. volvimento no centro de tudo. É uma vitória
Daí resultaram a guerra e a Inquisição, que sobre si mesmo, e significa que colocamos
provocaram um atraso considerável no de­ no centro de nossa vida a vida pura da alma!
senvolvimento em muitas áreas, inclusive na Um ser-alma está em paz. A paz é um estado
social, fato que também foi e continua sendo muito especial de ser, que pode ser atingido
notório em outros países, onde governos into­ se subirmos a montanha do Espírito, a monta­
lerantes ou grupos terroristas proibiram cren­ nha na qual acontece uma transformação.
ças e correntes de pensamento diferentes das O que ocorre são processos de formação, re-
suas. A mencionada convivência poderia muito forma e transformação. É o Sermão da Mon­
bem ser a base para a nossa sociedade atual, tanha, a vida conforme o Sermão da Monta­
multicultural, porque nela, cada pessoa e cada nha, a vida da alma que poderá nos indicar
grupo, seja de crentes ou ateus, poderiam se­ o caminho para lá e nos auxiliar. A todos
guir seu próprio caminho em respeito mútuo, que buscam a paz, desejamos essa subida da
um cadinho, no qual o desenvolvimento com Montanha, até as alturas puras, onde a pomba
e por meio do Espírito do único criador do da paz – o Espírito – enfim percebida, pode
Todo, o criador do universo, é possível. unir-se à nossa alma µ

Quando se encontravam, os cátaros deseja­


vam uns aos outros as belas e profundas con­
solações de Belém. Belém era o nome de uma
gruta de iniciação na qual, após alguns anos
de reflexão e purificação, os cátaros recebiam
sua iniciação, o nascimento da alma-espírito
consciente de si mesma, da paz e do consolo
de Belém.
Após sua iniciação, o cátaro saía para o

convivência - paz 23
um impulso como um
toque de trombeta
REFLEXÕES SOBRE A CONFERÊNCIA EM USSAT EM 2012
Dois mil e quinhentos alunos de mais de 40 países voltaram para casa inspirados
pela conferência em Ussat-les-Bains. Todos levaram consigo um tesouro. O tesouro
de presenciar uma conferência com um chamado muito especial. A vivência desse
momento dificilmente pode ser expressa em palavras.

T
rata-se do milagre de uma comunidade os demais. Além disso, a editora Rozekruis
de almas que entra em contato com o Pers está preparando uma edição especial com
mundo do Espírito graças à orientação os temas das três últimas conferências de Ussat
e à enorme concentração de tantas pessoas. em 2001, 2006 e 2012. Esperamos que, a longo
Quando o fogo da alma é aceso no campo do prazo, essa sequência de publicações possa ter
mundo, o mundo do Espírito vem a seu en­ continuidade, pois cada vez mais percebemos
contro, e não poderia ser de outra forma. Isso como essas conferências internacionais são im­
é magia gnóstica. Dessa maneira, surge uma portantes e tão especiais para todos.
ligação “de baixo para cima” e “de cima para O elemento internacional é algo que confere
baixo”. Testemunhar esse fato proporciona uma forte impulso tanto ao Trabalho da Mocidade
alegria intensa, uma alegria que pôde ser sen­ como à obra voltada para os adultos. Talvez
tida durante semanas: antes, durante e após a porque o aspecto internacional expresse algo
conferência, como uma proteção a nos aquecer. da plenitude do universal. A multiplicidade das
Quem vivenciou essa festa teve suas baterias línguas e culturas transforma-se, na alma, em
carregadas e agora pode continuar a construir unidade. Graças a isso, pode-se experimentar
em seu lugar no mundo, na sociedade. concretamente que existe uma comunidade
Uma conferência como a de Ussat fez que de almas viventes no aqui e agora! Durante a
todos que lá estiveram, os obreiros dos mais última conferência internacional, dirigiu-se a
diversos campos de trabalho, pudessem retor­ atenção de todos os alunos para os três aspectos
nar com nova energia, novo ímpeto, entusias­ atuantes na Escola:
mo e dinamismo. É um enorme impulso no 1. o campo da Fraternidade, que se manifestou
sentido de revigorar o trabalho que deve ser no corpo-vivo da Escola Espiritual – a pirâ­
realizado de maneira renovada. E isso exige mide espiritual descendente;
continuidade... 2. o campo da alma, que pôde desenvolver-se
com base no grupo de alunos – a pirâmide
Nós também estamos empenhados em trans­ da alma ascendente;
mitir os impulsos da conferência internacio­ 3. ambos chegam à plenitude de sua manifesta­
nal. Fazemos isso nesta edição, recorrendo às ção na ligação com o campo mundial.
impressões de uma conferência com o propósito
de atingir um grande número de alunos. Embora o Espírito seja pura energia divina, sua
A revista Pentagrama é publicada em 16 idio­ força não pode manifestar-se sem um instru­
mas, possibilitando uma revivificação mun­ mento material. A Fraternidade da Vida existe
dial da conferência, não somente para os que nas regiões imateriais do nosso campo de vida.
estiveram presentes, como também para todos No entanto, somente pode manifestar sua força

24 pentagrama 2/2013
um impulso como um toque de trombeta 25
A 7ª Conferência Internacional em Ussat foi um chamado

para nos conscientizarmos diariamente da ligação vertical

libertadora no mundo quando dispõe de um


instrumento material. A Escola Espiritual da
Rosacruz Áurea é um desses focos. Por seu
intermédio, a Fraternidade pode ligar-se ao
mundo e, graças ao corpo-vivo da Escola, pode
colocar o mundo em movimento. O corpo-vivo
tem sete aspectos, e o sétimo aspecto é o ponto
de conexão. Ele é o guia, o indicador, o farol
para todos os aspectos da Escola. Ele constitui
o campo da ressurreição. O sétimo aspecto da
nossa Escola é o primeiro aspecto da Fraterni­
dade da Vida.
É o campo no qual as duas naturezas se in­ Acima: Um clímax foi o primeiro repicar do sino
tegram e se completam, o campo no qual a especialmente fundido para essa ocasião.
À direita: Participantes da conferência de 40 países,
pirâmide espiritual descendente e a pirâmide entre eles muitos jovens alunos e membros do
ascendente das almas se tocam e se fundem. Grupo D da Mocidade estiveram juntos em Ussat.
Ao mesmo tempo, esse é o ponto de partida, a Uma experiência única foi a subida em conjunto
base para o trabalho da Escola. Esse campo é a até a gruta de Lombrives, a Catedral
fonte da qual flui incansavelmente a força verti­
cal. E, para nós, constitui o objetivo dos nossos
esforços. Nessa força batizamos nossas crianças truímos em nosso imo e somos colocados em
e damos nossos últimos passos para entrar na condição de executar o trabalho. Tudo isso,
liberdade perfeita. porém, não acontece de forma automática, por
si próprio. É preciso, sempre de novo, que nos
A 7ª Conferência Internacional em Ussat foi esforcemos. Procuramos realizar esse esforço
um chamado para que nos conscientizemos sobre a base de um grande potencial de força­
diariamente dessa ligação vertical, a fim de -alma, com o seu auxílio. Trabalhamos porque
unir o de cima com o de dentro, e, do in­ sentimos, no imo, a necessidade de ajudar a
terior, realizar a obra no exterior: de cima humanidade da melhor maneira possível. De­
– para dentro – para fora. Vivenciamos dia a vido à riqueza de suas facetas, essa construção
dia como a matéria é recalcitrante, resistente, espiritual-material exige, a cada dia, toda a
opositora. Libertar algo neste mundo signi­ nossa atenção:
fica orar, agir e construir. Por meio de nossa 1. o desenvolvimento espiritual e o acompanha­
sintonia com o Espírito vivo (a oração), cons- mento de todos os aspectos da nossa Escola;

26 pentagrama 2/2013
um impulso como um toque de trombeta 27
No vale de Vicdessos encontra-se o dólmen de Sem, bem próximo ao local onde se supõe haver existido o
castelo do Santo Graal em Montréal-de-Sos

2. o acompanhamento e o estímulo dos diferen­ dinâmica do Universo. Mas isso não importa.
tes campos de trabalho, a direção de grupos Trabalhamos para que nossa construção possa
de trabalho; crescer até o céu e os que estão prontos possam
3. a manutenção, em todos os aspectos, dos subir a escada. Somos seres temporais e desco­
nossos locais consagrados de trabalho. nhecemos quando nosso tempo chegará ao fim.
Nossa existência não escapa às garras do tempo.
Procuramos manter, consolidar e ampliar essa Porém, também dispomos do conhecimen­
construção mediante o caminho que nos foi in­ to de que, ainda nesta vida, é possível lutar e
dicado pelos grão-mestres, pois se toda a nossa abrir caminho para fora do tempo. Que sempre
atenção não estiver voltada para isso nos tem­ possamos orar, agir e construir até chegar nossa
pos atuais, a construção poderá ser sufocada, última hora, livres de qualquer expectativa e
invadida e rapidamente paralisada. No entanto, julgamento, em alegria e verdade, recordando
estamos inteiramente conscientes de que, por as palavras: “quem ora, age, constrói e segue
mais que trabalhemos duro, por mais mágico com coragem, na força de Deus” µ
que seja nosso trabalho, no melhor dos casos te­
remos um progresso muito pequeno, ínfimo, na

28 pentagrama 2/2013
a unidade do trabalho

Os tempos mudam e mudamos com eles. Esse antigo ditado ainda continua atual. Mas, na reali­
dade, os tempos mudam por causa dos homens. É o homem que atrai e cria a mudança, pois
ele é o mundo. Ele é capaz de provocar catástrofes, mas também de tornar operante a mais
elevada luz por meio de sua aspiração. Hoje, quando a banalização do que é espiritual chegou
a tal ponto em que é possível, por assim dizer, encontrá-la no supermercado, o conceito de
luz, a capacidade de maravilhar-se e a disposição para a verdadeira alegria estão diminuindo.
Com isso, a condição de verdadeiro ser humano – no sentido hermético e rosa-cruz de que “o
homem é um microcosmo” – está sendo cada vez mais relegada a segundo plano.

A
riqueza da Escola, em termos de en­ consciência da alma. Momentos maravilhosos
sinamentos, valores e homens, precisa têm início então.
ser colocada em prática na sociedade. A
Fundação Rosa-Cruz, que é o tema deste arti­ Graças ao novo “ânimo”, o ser respira inteira­
go, foi criada com essa finalidade e já está ativa mente na nova atmosfera de vida da Alma do
em alguns países. Ela pode desempenhar um Mundo, da qual fala Hermes.
novo papel, não como proclamadora dos ensi­ Do interior do microcosmo jorra imensa
namentos, mas oferecendo-se como plataforma compreensão – que já não desaparecerá – sem­
para que o belo, o bom e o verdadeiro possam pre repleta da energia do Espírito. É a alegria
florescer no ser humano, ensinando que esses do campo da ressurreição, que se oferece ao
três conceitos, esses três valores em princípio homem que “conhece” a Deus novamente e
herméticos, somente podem se desenvolver vivencia o fato de ser conhecido por ele; a ale­
com base na alma. gria de existir, de ver o grande milagre que é o
ser humano.
A primeira propriedade da alma que desperta
pode ser comparada à alegria. É com essa carac­ A nova Fundação quer atuar, num relaciona­
terística que o homem pode reconhecê-la: a ale­ mento consciente, com os impulsos da Alma do
gria de identificar que encontrou o que buscava Mundo. Ela tem a esperança de poder sustentar
e a de aprender a compreender, passo a passo, o fortemente a reversão positiva que está aconte­
segredo da vida. cendo na consciência dos homens. Ao mesmo
No entanto, participar da alegria ainda não é tempo, ela quer estimular a busca e, com sua
“saber”. Nessa fase, o homem pensa em termos presença, orientá-la e vivificá-la.
de beleza, de música ou poesia. Esse aspecto é Dessa forma, planejamos um encontro na
visível nos seres humanos que se abrem para a Universidade de Utrecht (Países Baixos), com
senda interior. Eles se ligam exclusivamente aos estudantes e simpatizantes do trabalho da Fun­
aspectos mais belos. No início do processo é difí­ dação, no qual, além de serem passadas infor­
cil distinguir entre a manifestação da nova alma mações sobre a Escola, falaremos do Trabalho
e a força que dá vida à personalidade. da Mocidade e do Grupo de Jovens Rosa-Cru­
Mas, a partir do momento em que a alegria zes no mundo, apresentaremos nosso site na
começa a se manifestar de modo mais preciso Internet, assim como os projetos da Fundação
e que o ser humano toma consciência de que a Rosa-Cruz.
alma é um ser autônomo e pertence a um campo Esperamos estabelecer contato com outras uni­
de consciência totalmente diferente, então já se versidades, pois estarão presentes grupos, associa­
pode falar da aurora da renovação, a aurora da ções e outros estudantes interessados.

a unidade do trabalho 29
Graças ao novo “ânimo”, o ser respira inteiramente na nova
atmosfera de vida da Alma do Mundo, da qual fala Hermes.
Do interior do microcosmo jorra imensa compreensão

30 pentagrama 2/2013
Como se tivesse asas, o corpo magnético da
Escola Espiritual eleva-se poderosamente das
dimensões etéricas sob os olhos do Espírito, e
vemos que alunos participam dessa elevação.
Na Loja do Alto, a ligação com o campo da
ressurreição é uma grande e alegre certeza.

Desse modo, estamos abrindo um novo cam­ -alma consciente, preparado para ligar-se de
po de trabalho. Sabemos que nosso trabalho na forma autônoma com a Luz, o Cristo.
Escola é urgente. No entanto, precisamos tam­ As atividades de orientação formam o ponto
bém estar ativos na sociedade fundamentados pelo qual o buscador se aproxima da Escola.
na Escola, aplicando tudo o que dela recebemos. Os alunos do preparatório, do probatório e do
Afinal, não foi com essa finalidade que aprende­ professo assim como os membros e simpatizantes
mos, vivemos e recebemos tudo? e os jovens da Mocidade formam os dois primei­
A Fundação percebe que sua tarefa pode ser ros campos de trabalho no qual o buscador pode
executada de forma diferente da que foi prevista. chegar à exata compreensão da relação entre as
Não se trata de fazer algo ou de ser alguém, mas duas vozes que convivem dentro dele. Ele apren­
muito mais de favorecer, de tornar possível alguns de a assimilar o campo de força e a colaborar
eventos, da mesma maneira que o Tao é útil ao conscientemente com as vibrações específicas do
atingir todos os pontos e que a água sempre está interior dos dois primeiros campos de trabalho.
buscando o ponto mais baixo, e, dessa forma,
é útil em toda parte. A água é útil quando está A Fundação Rosa-Cruz é o foco do qual a luz
correndo, pois é assim que todos podem utilizá-la. da Escola Espiritual, como Espírito e força ativa,
Do mesmo modo, temos a esperança de poder irradia para o exterior.
criar possibilidades nas quais o espírito, que já está Atualmente, já existem inúmeros eventos
operando no interior dos seres humanos e por acontecendo sob a égide da Fundação. Em
meio deles, possa se manifestar. A Fundação está muitos lugares da Europa, sua bandeira, que
em busca da alma que, de acordo com as palavras traz um logotipo e um emblema, já é conhe­
da Rosa-Cruz clássica, está em tudo e em todos. Mas cida. Algumas atividades preparadas antes de
já não está fundamentada em uma personalidade sua criação hoje se encontram sob esse novo
aprisionada, desesperada, e sim no espírito que tudo denominador comum.
sonda, até mesmo as profundezas de Deus. Durante a semana de trabalho em Uny, na Hun­
gria, os jovens lançaram o projeto de um filme
Ao mesmo tempo, no campo do mundo, a internacional, de qualidade profissional, que a
Escola Espiritual sempre continuará a apre­ Fundação espera distribuir mundialmente. O
sentar a porta da libertação, solidamente centro desse filme não será nossa Organização,
ancorada na hierarquia da Gnosis sétupla. Os mas lá estará seu pensamento, seu chamado e a
sete campos de trabalho oferecem uma estru­ apresentação da busca, com base em temas da
tura segura e confiável. Rosacruz Áurea.
A partir do terceiro campo de trabalho, a Escola Também há, em vias de realização, um projeto
ajuda o aluno professo a tornar-se um homem- internacional sobre Shakespeare. Esse projeto

a unidade do trabalho 31
será realizado em colaboração com Peter Lief­ sobre “o corpo, esse desconhecido” (a anatomia
hebber, organizador de uma conferência na do conhecimento). Em Flandres, os destaques
livraria Pentagram na Holanda. Liefhebber é autor serão C.G. Jung, G. Gezelle e Ruusbroec. Na
de um livro bilíngue (inglês e holandês) que ain­ Holanda, estão sendo preparados dois dias
da está sendo escrito, a ser editado pela editora especialmente interessantes destinados a tocar
Rozekruis Pers, e trata dos bastidores espirituais os corações. O primeiro dia terá como assunto
da maravilhosa obra desse bardo inglês. principal “Como o mistério desaparece”, com
A Fundação também organizou alguns simpósios. temas como “Google Earth ou sabedoria inte­
Em 21 de dezembro, houve uma conferên­ rior?” e “Realmente conseguiríamos viver sem
cia sobre os maias, em Enschede, na Holanda. o mistério, o indemonstrável, o invisível?”
Atualmente, Renova está preparando um dia O segundo dia terá como tema “O reino in­
de conferência sobre o Tao e também um livro terior”, tendo como base central as palavras
sobre a sintonia do Tao com a condição de aluno de Espinosa: “Quem compreende a Deus e a
e os ensinamentos de J. van Rijckenborgh. si mesmo sabe que precisa levar em considera­
ção o bem-estar de todos. E quem está doente
No plano internacional, a Holanda e a Suíça segundo a mente poderá curar-se por meio do
estão trabalhando juntas em um projeto que vai espírito da mansidão e da tolerância, com base
gerar um livro sobre a renovação: Die Freude der no exemplo de Cristo”.
Erneuerung (A alegria da renovação). Haverá temas abordando a simplicidade do cora­
Os simpósios de Berna e Utrecht vão tratar da ção, a mansidão e questões essenciais, como: “O
mudança do campo magnético terrestre. Na que é a verdadeira vida?”, “O que é viver bem?”,
Alemanha, há tantos projetos sendo preparados “Existe realmente uma vida espiritual?”, “O que
que seria impossível citar todos. Menciona­ é uma boa sociedade?”, “O que é a natureza e
remos apenas: Stufen der Wandlung (As etapas até onde ela vai?”
da transformação) – As núpcias alquímicas de
Christian Rosenkreuz (organizado em conjunto Por meio da Fundação, a Escola trabalha, no plano
com a Casa de Rudolf Steiner em Hamburgo internacional, com uma plataforma favorável a in­
e em Calw). Na França, houve uma tarde de tercâmbios que propiciem a apresentação de ideias
diálogo entre três escritores e o público. Estão gnósticas e herméticas relativas a temas atuais da
sendo preparados, também: um dia internacio­ sociedade, da ciência, da arte e da religião.
nal sobre a Fama Fraternitatis (em 2014), com Este é o nosso jeito de dar forma à missão que
a colaboração do prefeito de Estrasburgo e a Cristo nos ordenou:
presença de diferentes associações. Em Bru­ “Ide e pregai o Evangelho a todos os povos e a
xelas, na Bélgica, está previsto um dia inteiro todas as nações” µ

32 pentagrama 2/2013
C O N S T R U Ç Ã O D O T E M P L O

Numerosos são os que buscam lugares onde possam ligar-se ao que é diferente, ao que é

superior. Lugares de elevação, onde sua aspiração ao bem, ao belo e à verdade possa chegar

até o supra-humano. O templo oferece um ponto de onde o indivíduo pode permanecer

a salvo da violência, fruto das projeções invasoras da sociedade, bem como diante da

imensidão opressiva do cosmo.

No templo, ele pode encontrar lucidez para a cabeça, consolação para o coração e repouso

para o corpo.

Fotografia do templo Bahá’í nas proximidades de Santiago do Chile.

construção do templo 33
a linguagem do silêncio

Escrever sobre a linguagem do silêncio parece impossível! Jamais as pala­


vras, escritas ou pronunciadas, poderão conter o silêncio e sua linguagem
ou transmiti-los. Queremos, neste artigo, somente utilizar as palavras que
sugiram algo dessa língua secreta, e caso o consigamos, fazer o leitor experi­
mentar algo dela no coração.

U
Silenciosamente, a noite apodera-se do dia,
m livrinho editado pela Rozekruis Pers
em silêncio ela o deixa.
começa assim: Milhares de escritos apare­
A coruja vai sair, dizem.
ceram no decorrer da história humana a fim
A aspiração permanece insaciada,
de tentar dar forma à Verdade. Isso é impossível! O
ela prepara para si um dia ainda igual aos precedentes.
indizível não pode ser enunciado. Muito menos pode­
se captar e considerar parcialmente um único raio da
Ali onde o silêncio deveria, poderia
Luz universal.
se prolongar por um momento,

o homem aplaude com ambas as mãos. Para começar, consideremos o ex-centro minei­
ro do Grande Hornu, na Bélgica. Situado não
Que som produziria então um aplauso silencioso?
muito distante da cidade de Mons, na região
E uma palavra de elogio não exprimida?
de Borinage, o Grande Hornu foi edificado em
Como elogiar e agradecer em silêncio?
1820 pelo empresário francês Henri De Gorge,
segundo a ideia utópica da “cidade operária
Silencioso, um olhar pode ser uma testemunha atenta.
ideal”. O projeto compreendia um complexo
industrial, uma mina de carvão, uma cidade
operária e uma residência para os administra­
dores. O conjunto foi descrito como uma das
mais impressionantes demonstrações de organi­
zação do trabalho por meio da arquitetura.
Com um pouco de imaginação, podemos
visualizar a enorme e pesada indústria minei­
ra antes em atividade. Na poeira do carvão,
ouve-se o ferro bater contra o ferro, o trabalho
com o aço, os ruídos e o estrondo das pedras
de carvão derramadas e trituradas, o assobio
do vapor, as rodas de ferro dos vagões sobre os
trilhos de aço... e as gaiolas do elevador subin­
do e descendo, as ordens dadas aos gritos, as
perfurações e o trabalho dos homens a grande
profundidade.
Há algumas dezenas de anos tudo isso foi
interrompido. As minas foram fechadas, e
um pesado silêncio caiu sobre a região. Os

34 pentagrama 2/2013
a linguagem do silêncio 35
Criar o vazio não leva ao vazio

prédios administrativos ainda se encontram e de sonhos tenazes. Essa dinâmica prossegue


lá, bem como duas ruas de casas de operários por algum tempo, porém acaba sempre trans­
nas proximidades de um entulho, uma enorme formando-se em seu contrário. A despeito
montanha negra reconquistada a seu modo desse ciclo sempiterno, o homem não cessa
pela natureza. O que ali subsiste faz parte da de buscar e de se projetar, impulsionado por
arqueologia industrial, sendo objeto de estudo “alguma outra coisa”, uma aspiração por “outra
e curiosidade. A construção em forma de coisa”, inacessível até mesmo ao artista mais
anfiteatro, que constituía o antigo centro da bem dotado. Como diz Anish Kapoor, “criar
região mineira do Grande Hornu, recebeu nova o vazio não leva ao vazio”. Quando nós, seres
função. O lugar é hoje ocupado pelo MAC’s, o humanos, nos esforçamos por criar o silêncio,
Museu de Artes Contemporâneas. não o conseguimos. Portanto, parece-nos que
Até 6 de março de 2012, o MAC’s era a área enquanto nos mantivermos no movimento não
utilizada para a exposição do artista plástico alcançaremos o silêncio. Não é, pois, evidente
anglo-indiano Anish Kapoor. Na entrada da que devemos aquietar-nos no silêncio?
exposição, uma citação do artista explicava:
Todo meu trabalho se baseia em uma única desco­ A linguagem do silêncio não pode ser falada
berta: criar o vazio não leva ao vazio. O processo pela boca de uma autoridade; muito menos por
que me interessa é a ressonância que decorre do um trovoar de ordens, nem mesmo pela doçura
vazio. Desse local, do testemunho de suas edi­ bem intencionada de palavras amáveis.
ficações, sucesso e declínio que encontram um Devemos aprender e descobrir essa linguagem
novo impulso, esse artista e buscador escreve por nós e em nós mesmos, e não por meio de
as palavras que ressoam: Quanto mais faço uma outra pessoa. Muito menos ainda por tê-la
coisa, mais chego a outra. Quanto a essa só e única aprendido ou lido em algum lugar. Trata-se de
coisa, esse vazio, não há meios para alcançá-la; retirar tudo o que a encobre e descobrir, em
contudo, eu a sinto, eu a conheço e ouço o som: a nós mesmos, todos esses ruídos que se apresen­
ressonância do vazio. tam, por exemplo, por meio de nossos medos
Quando se olha para baixo do alto dessa mon­ e preocupações, que são a causa do barulho
tanha negra, o entulho do Grande Hornu, a interior, e se agarram a nós, afastando-nos cada
prodigiosa ambição humana salta aos olhos: a vez mais de nosso ser mais profundo.
ambição acompanhada do alarido e da agitação; Contudo, chega o momento em que consegui­
uma busca secular, decifrada nas ruínas, nos mos desvendar esse mecanismo e descobrimos
monumentos e museus, sob o sol, ao rés-do- que o objeto de nosso desejo mais profundo
-chão e nos ares, na atmosfera poluída e nas é “esse outro”, o mundo do silêncio, e então
esferas sutis cheias de imagens-pensamentos desejamos entregar-nos a esse silêncio.

36 pentagrama 2/2013
Esse desejo de silêncio e a linguagem uti­ uma perturbação apodera-se de nós, em nosso
lizada pelo “totalmente outro” procedem sentir, em nossa alma. Uma perturbação que
em realidade de um princípio da eternidade logo associamos à melancolia, ao sofrimento, à
profundamente oculto em nós. Para ouvirmos morte, ao transitório ou ao romantismo.
a linguagem do silêncio, precisamos aquietar Isso poderia levar-nos a pensar que somente é
o coração e remeter-nos a esse outro e, no possível nos aproximar do silêncio quando existe
silêncio, deixar vir a nós esse outro, que está sofrimento: por ocasião de uma morte, por
em nosso coração, deixar-nos inspirar por efeito de uma emoção, quando estamos transtor­
ele. Então, mesmo o maior alarido já não po­ nados ou angustiados e, muitas vezes, apaixo­
derá nos afastar dele. Essa atitude pode evo­ nados. Não é precisamente nos momentos em
luir para uma nova conduta e fazer renascer, que é tocada e necessita ser nutrida ou consolada
renovada e realizada, a antiquíssima alma, que a alma encontra o objeto de sua busca, nesse
que então ouve e reconhece essa linguagem silêncio que tentam traduzir para nós as sono­
do silêncio. Essa nova alma, realizada, está ridades de uma peça musical ou de um poema?
apta a ligar-se ao Espírito; ela pode tornar-se Essas obras são como pontos que ligam o caos
plena do Espírito. Então, deixando livremen­ deste mundo ao silêncio do outro mundo.
te para trás sua antiga veste material, o novo Os grandes músicos testemunharam ter sido
homem em nós poderá encontrar o caminho inspirados por essa experiência que vincula
de retorno. esses dois mundos.
Inspiração remete-nos a respiração, animação,
O que precede é um esboço da senda quín­ alento, ordem. Inspiração remete-nos ao espiri­
tupla que o homem pode percorrer, e é isso tual. Na inspiração, a voz do silêncio fala a sua
que justifica a função da Escola Espiritual da linguagem.
Rosacruz Áurea. O aluno estuda, ele percorre Por ocasião da transmutação dos impulsos espi­
o caminho. A Escola o acompanha com todos rituais, o músico, o artista, utiliza os tesouros
os meios colocados à sua disposição pela Frater­ armazenados em sua esfera aural. A natureza
nidade Universal. e a qualidade desse tesouro determinam a que
Quando, por iniciativa própria, tentamos nos esferas – de cores, de formas ou de sonoridades
deter, é como se devêssemos começar por nos – o artista tem acesso. A pressão que o aflige
desembaraçar de um mal-estar. A Física nos e o impulsiona à atividade criadora provém de
ensina que um corpo em movimento tende a seu coração. Não se sabe quais são as possibi­
manter-se em movimento se não houver forças lidades que seu ser aural lhe concede para dar
que se oponham a esse movimento. Quan­ expressão às forças de sua alma. Passemos a
do tentamos nos deter, no mesmo instante palavra a dois compositores:

a linguagem do silêncio 37
O ruído possui essa particularidade: nós ouvimos apenas
o barulho mais forte. Então, enquanto houver ruído não
perceberemos o silêncio

“Não é o artista sempre um estrangeiro entre a corrente vivente é aniquilada, mas em nossas
os homens?”, Franz Liszt se perguntava. “Seja próprias palavras, nas palavras humanas, na
qual for a força a impulsioná-lo e aonde quer tagarelice. Essa advertência remete-nos ao hino
que vá, em todo lugar ele tem a impressão de paulino, à sublime Ode ao Amor:
ser um exilado. Parece-lhe ter conhecido um
céu mais puro, um sol mais quente e homens Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,

melhores”, escreveu Ludwig von Beethoven, se não tiver amor,

quando trabalhava em sua Nona Sinfonia. E serei como o bronze que soa ou como

acrescentou: “Quando, pleno de admiração, o címbalo que retine.


olho para o céu e o exército de luzes chamadas
de sóis ou planetas move-se eternamente no in­ A linguagem do silêncio dirige-se aos pobres
terior de suas fronteiras, meu espírito se dirige em espírito, aos mansos, aos que choram, aos
para essas estrelas a milhares de léguas distan­ que aspiram à justiça, aos caridosos, aos que
tes, para a fonte primordial de onde procedem, têm o coração puro, aos pacíficos e aos perse­
eternamente, novas criaturas. guidos.
Se tento, então, por meio de notas, dar forma à Ocupar-se e falar dão segurança ao ser huma­
minha enorme agitação, ah!, fico terrivelmente no; percebemos isso melhor quando estamos
decepcionado! Jamais pessoa alguma nascida em grupo. Manter-se tranquilo e silencioso
nesta terra – disso estou firmemente conven­ em um grupo exige confiança e entrega. Falar
cido – poderá representar essas imagens celes­ é proteger-se. Quem deseja a paz, prepara a
tes por meio de notas, de palavras, de cores guerra. Palavras são armas. Sempre acontece de
ou golpes de cinzel. Sim, tudo o que toca o ficarmos pasmos diante daquilo que dizemos; e
coração deve vir do alto, do contrário tudo não um mundo totalmente diferente abre-se quan­
passa de corpos sonoros sem espírito. O que é do conseguimos permanecer juntos em silêncio;
um corpo sem espírito? O espírito deve alçar- não imobilizados como estátuas, com o maxilar
-se acima da terra, elevar-se, buscar a fonte de rígido, porém como seres de coração aberto.
onde procede.”
O SILÊNCIO SE COMUNICA PELA ALMA. O si­
Isso nos aproxima muito de todas as formas lêncio verdadeiro apenas surge quando dele nos
de ilusão; ilusão por obstinação, própria des­ afastamos e retiramos, quando deixamos que ele
te mundo. Jacob Boehme adverte seriamente: se faça. Então, como elemento ativo, o silêncio
“A corrente vivente de Deus é assassinada nas se faz.
palavras”. Entendamos bem isso. Não é na pa­ Precisamos entregar-nos a esse silêncio ver­
lavra que pertence à linguagem do silêncio que dadeiro, e nosso ser não é silencioso. Nosso

38 pentagrama 2/2013
coração bate, nossos sentidos nos retêm em alcança assim tão longe. Tomar, de súbito,
nossas cobiças, enquanto milhares de flashes consciência desse infinito é uma experiên­
metralham nosso cérebro. cia estética, uma experiência de beleza, uma
O ruído possui essa particularidade: nós ou­ comoção.
vimos apenas o barulho mais forte. Então, Nesse sentido, temos a impressão de que o
enquanto houver ruído, enquanto o caminho silêncio responde a certas leis e possui sua
permanecer impedido, não perceberemos o própria gramática, assim como acontece com
silêncio como pura luz, como puro amor. Nós uma língua. No silêncio vibra a harmonia das
mesmos somos o maior obstáculo. E se, em ra­ esferas, a grandiosa e imperturbável ordem
ros momentos, paramos por um instante e nos do macrocosmo, do cosmo e do microcosmo.
distanciamos porque algo nos tocou – quem Essas leis, essa ordem e essa harmonia são sua
sabe, talvez o silêncio! – sentimo-nos então linguagem, a linguagem do silêncio.
subjugados. Porque quando o silêncio, a ple­ Ficar em silêncio não significa permanecer
nitude do vazio, de repente se apresenta, sua imóvel. O silêncio não é morte. Não há mor­
vastidão apodera-se de nós. te no sentido de vazio, de imobilidade, de
Um silêncio profundo incita cada um de ausência de vida ou de alma. Há apenas algo
nós à humildade. Diante do silêncio não nos que vivenciamos com “silêncio”, o silêncio
posicionamos como diante de um tufo de vivo com uma voz, a voz do silêncio, a pa­
ervas ou de um inseto, mas como um bebê lavra vivente que exerce sua força continua-
que, quando ouve sua mãe, enche-se de sua mente, aqui e agora.
presença. No princípio dessa linguagem do silêncio
O silêncio pleno nos cerca muito além do estava o Verbo. Um Verbo silencioso. Assim
que podemos ver ou ouvir. Som algum começa o evangelho de João.

a linguagem do silêncio 39
Para além de toda treva se encontra, ainda e sempre, a origem.
Aqui, a noite sucede a manhã, e a manhã seguinte sucede a
noite. Além deste mundo, encontra-se sempre “o princípio”

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com pre, a origem. Aqui, a noite sucede a manhã,
Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio e a manhã seguinte sucede a noite. Além deste
com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e mundo, encontra-se sempre “o princípio”.
sem ele nada do que foi feito se fez. João 1:1-4 Assim, a Gnosis, que é outra palavra para
designar o silêncio e sua linguagem, intro­
Para além do tumulto das trevas se encontra duz-se no sistema humano e concede-lhe um
o silêncio. Uma luz tranquila, uma palavra novo poder. Inicialmente, apenas sob a forma
pacífica. Para além do tumulto se encontra, de um raio de pensamento dirigido à pessoa,
ainda e sempre, o Verbo do princípio. Para provocando uma resposta imediata da vonta­
além de toda treva se encontra, ainda e sem­ de, um impulso do desejo que permite agarrar

40 pentagrama 2/2013
a salvação encerrada na Gnosis. Quando a homem. E esse morto somente poderá res­
Gnosis irrompe assim no homem, ela desper­ suscitar quando a personalidade terrena se
ta pensamentos que não se originam nem do apagar, quando ela entrar no silêncio.
carma, nem da lípica1, nem da esfera astral, Em seguida, o átomo primordial, o núcleo
nem tampouco do sangue da natureza. Esses da alma original, o “morto-vivo”, dirigir­
pensamentos nascidos de Deus permitem-nos se-á à pessoa disposta a escutá-lo. Tudo irá
escutar a voz da alma ou, falando misticamen­ então depender de ela aceitar o processo de
te, escutar a voz de Deus. neutralização e entrar no silêncio interior.
Nesse silêncio, ela é como a figura de João
Essa linguagem é universal. Em total consonân­ em Patmos. Os antigos focos de força do
cia com isso, podemos ler em A Gnosis chinesa: firmamento aural extinguem-se. Surge um
novo céu e uma nova terra em seu micro­
Então, no devido momento, todas essas especula­ cosmo. O sol aural e a personalidade celeste
ções chegam ao fim, pois, subitamente, no decorrer original renascem.
do processo, a luz do outro reino penetra até as E vi um novo céu e uma nova terra...
profundezas do ser. Pela graça e pela verdade, o
Verbo atravessa as trevas, e a filosofia especulati­ Talvez consigamos agora pressentir algo da
va é substituída pela ação de graça e verdade, pela grandiosa realidade oculta por detrás da pro­
grande realidade mesma, pela força e pela sabedo­ messa das escrituras sagradas, a linguagem do
ria únicas e perfeitas que pertencem ao Tao. silêncio. Não sabemos o dia nem a hora, pois
cabe a nós a tarefa de realizar “a hora do Se­
Conforme é dito no Brihadaranyaka Upani­ nhor” em nosso próprio microcosmo. Mediante
xade: a ressurreição do “morto-vivo”, o microcosmo
Assim, o sol se pôs, bem como a lua, o fogo se ímpio e suas criações são vencidos. E, simul­
extinguiu e a linguagem emudeceu; e o homem taneamente, o renascido escapa igualmente do
pôde fazer sua ronda, realizar sua obra e regressar macrocosmo. O filho da palavra do silêncio
à luz de Atman. encontra-se livre novamente! µ

Em nosso ser mais íntimo há um morto que


deve despertar de uma morte que já dura
muitos éons: o veículo celeste do verdadeiro

1 O firmamento aural, conjunto dos centros sensoriais, centros de


força e focos nos quais todo o carma da humanidade está gravado

a linguagem do silêncio 41
ouve a música!

William Shakespeare, às vezes chamado de o último grande bardo, desafia-


-nos de várias formas. Às vezes ele nos arranca bruscamente de um sonho,
outras nos conforta e outras ainda reabre em nós uma velha ferida.

T
odavia, sua preferência pela defesa inte­ gócios. Isso nos incita a refletir. Esse veio áureo
gral da virtude é bastante conhecida. Na escondido somente pode aflorar e sua unidade
Barlett’s Familiar Quotations, uma cole­ ressurgir durante o espetáculo da apresentação
tânea de citações do século XIX, os extratos da própria obra de Shakespeare. Shakespeare
das obras de Shakespeare ocupam 122 páginas, deve ser vivenciado. É como se nos transfor­
contra apenas 37 citações da Bíblia. Portan­ mássemos em atores de suas peças.
to, não surpreende que sua obra seja definida
como a “bíblia leiga”, e também como a “más­ William Shakespeare abasteceu-se no rico cá­
cara do rosa-cruz”. lice da Renascença Inglesa, período do século
J. van Rijckenborgh, fundador da moderna XVI que antecedeu o Iluminismo do século
escola da Rosacruz, declara a respeito da força XVII. Essa riqueza habilitava o escritor a pra­
diligente dos grandes autores literários: “A ver­ ticamente colher do céu todos os elementos da
dadeira arte somente pode ser criada e sentida cultura, da ciência, do hermetismo, da alqui­
se os homens são tocados pelas forças do reino mia, da sabedoria hebraica, mística e grega.
celestial. Quando um autor começa a escrever, Tanto em suas comédias como nas tragédias,
uma força mágica se manifesta. Embora seja ele concilia brilhantemente esses elementos a
impossível definir sua origem, essa força irra­ traços como a inveja, a ambição e o ciúme.
dia de toda a sua obra. Em todos aqueles que Shakespeare quis mostrar que os homens são
compreendem a obra e a penetram, um parecer os próprios responsáveis pelas emoções negati­
único predomina. Eles a reconhecem como a vas. No entanto, em sua obra, a esperança está
arte da transposição”. sempre presente. Certa compreensão inteligente
No que diz respeito à sua vitalidade artística, é sempre expressa no final da história. Assim,
a base da obra de Shakespeare continua atual, ele concede ao próprio Macbeth ideias claras de
porque as relações humanas não mudaram qualidade superior provenientes de uma mente
fundamentalmente em seus aspectos social, humana consciente.
psicológico e espiritual. Além disso, a forma e Todavia, sobretudo nas comédias, ele também
o conteúdo de seu trabalho criativo não re­ soube desenvolver emoções positivas, especial-
duzem a vida, mas deixam-na fluir como um mente emoções relativas ao amor, em todos
rio áureo. Sabedoria acompanhada de trans­ os seus aspectos. Sendo assim, o personagem
formação; beleza acompanhada de força. Para principal, muitas vezes uma mulher, personi­
muitos estudantes americanos, a linguagem de fica o amor altruísta, um amor absoluto que,
Shakespeare parece estar mais “na moda” do na verdade, não é deste mundo. Assim é, por
que as proposições dos filósofos considerados exemplo, Rosalinda em As you like it (Como
“esclarecidos” ou dos gurus do mundo dos ne­ vos aprouver). Quem quiser esposar Rosalinda

42 pentagrama 2/2013
O VEIO ÁUREO OCULTO NAS OBRAS
DE WILLIAM SHAKESPEARE

ouve a música!! 43

Alguns estudiosos
consideram o
retrato da Coleção
Cobbe (1610) como
a representação
mais autêntica de
Shakespeare

deverá empreender com sucesso um percurso


que pode ser qualificado de iniciático.
Esse aspecto iniciático é marcante em O mer­
cador de Veneza. Os três casamentos que ocor­
rem no final podem ser entendidos como uma
nova coexistência nos três planos do espírito
e da alma até a perfeição. Esse aspecto iniciá­
tico aparece em As núpcias alquímicas de Chris­
tian Rosenkreuz, e muito provavelmente em O
casamento espiritual de Jan van Ruusbroec, nas
núpcias alquímicas como lições iniciáticas de
As influências esclarecedoras de Marsílio Ficino e
sabedoria e amor, expressos por meio de cantos Giordano Bruno, com sua sabedoria hermética e
em A flauta mágica de Mozart. neoplatônica, encontraram terreno fértil no Albion
De modo admirável, Shakespeare prefere trazer do século XVII
facilidade e vivacidade para as suas comédias,
introduzindo observações sagazes e detentoras italiana e flamenga. Por meio das influências
de um duplo sentido, quase ambíguas. O epílo­ iluminadoras de Marsílio Ficino e Giordano
go de Rosalinda é um exemplo. Essa comédia, Bruno, a sabedoria hermética e neoplatônica
assim como As núpcias alquímicas de Christian encontrou um campo fértil. Enquanto Bruno
Rosenkreuz, é repleta de jogos de cena, repre­ tentava ensinar os professores de Oxford, John
sentações teatrais, dramas sempre a serviço da Dee e Francis Bacon, outras figuras-chaves da
compreensão, da sabedoria e da transforma­ época, frequentavam a corte de Elizabeth I.
ção. Do mesmo modo que Jacob Boehme, um
contemporâneo de William Shakespeare, os John Dee havia publicado sua obra Monas
sete espíritos do Espírito Santo fazem dançar e Hieroglyphica em 1564, na Antuérpia, livro de
“explodir de alegria”. Esse é o cenário, o palco grande importância para a Inglaterra e para o
para a aventura da Renascença Inglesa. Acredi­ restante da Europa durante quase todo o século
tamos que o grande bardo inglês queria que o XVII. Nele pode ser encontrada a sabedoria
povo se divertisse e ao mesmo tempo captasse grega de Pitágoras, a sabedoria cósmica egípcia,
um pouco do ouro espiritual oculto, da sabedo­ a arte da transformação alquímica, bem como
ria universal. as universalidades reunidas sob o signo de Mer­
A flauta mágica expressa esse mesmo anseio. cúrio, o signo de Hermes Trismegisto: simultâ­
Esse período inglês, de grande riqueza cultural, nea interpretação mágica do tetraktys (triângulo
foi profundamente inspirado pelas Renascenças perfeito) de Pitagóras e da década, que por sua

44 pentagrama 2/2013
No provérbio “Homens maus não têm can­
ções”, os alemães expressam a mesma ideia.
Shakespeare nos diz que nossa vestimenta pe­
recível nos sufoca, degrada-se lentamente e nos
impede de ouvir a harmonia perfeita da músi­
ca das esferas. No entanto, Jéssica e Lorenzo,
noiva e noivo, tal como Tamina e Pamino em
A flauta mágica conseguiram tornar transparente
sua vestimenta perecível. Suas roupas já não os
sufocam, e sua consciência tornou-os capazes
de se abrirem à harmonia cósmica.
Trata-se realmente do firmamento celeste,
composto de reluzentes camadas de ouro. É a
veste áurea nupcial, que não envolve nem su­
vez refere-se, às sefirotes da tradição judaica. foca, pois é formada e alimentada pelo amor:
Para Pitágoras, o tetraktys representava a perfei­ um manto luminoso e radiante, o soma psychi­
ção, em absoluta concordância com a harmonia kon (o corpo da alma) mencionado nas Núpcias
das esferas, a música cósmica secreta, sempre alquímicas e talvez também em Die brulocht (O
presente e audível. casamento espiritual).
Mas, talvez surja a pergunta: o que tudo isso
tem a ver com William Shakespeare? Para res­ Mais adiante na peça teatral O mercador de Ve­
ponder a essa questão, é necessário compreender neza, Portia e sua servidora Nerissa – nome de
o comportamento de Jéssica em O mercador de uma nereida – realizam uma última aparição
Veneza. Jéssica representa a alma que realiza a em uma cena divertida e rica de significado.
transformação mística rumo ao mundo da luz. As núpcias alquímicas de Christian Rosenkreuz
Durante uma noite sagrada, num magnífico dis­ anno 1459 também mencionam as nereidas,
curso, seu marido Lorenzo compartilha com ela no quinto dia. Inúmeras lendas mencionaram
a harmonia das esferas, da qual falava Pitágoras. seu sétuplo cântico de amor que evoca o novo
“Como dorme tranquilo o luar no banco! Sen­ estado de vida.
temo-nos aqui e consintamos que penetre a mú­ O que conquista tudo? O amor. Como encontrar o

sica em nossos ouvidos. O tranquilo silêncio e a amor? Mediante o amor.

noite servem para realçar uma harmonia amena. Onde resplandecem as boas ações? No amor.

Senta-te aqui, Jéssica, e observa como se acha o Quem pode unir os dois? O amor.

soalho do céu todo incrustado de pedacinhos de Retornemos a John Dee, que na época de
ouro cintilante. Não há estrela, por menor que Shakespeare, serviu na corte de Elizabeth I.
seja, de quantas aí contemplas, que em seu curso Muitas vezes chamado de magus na era elisabe­
não cante como um anjo, em consonância com tana, foi a ele que Gustav Meyrink dedicou o
os querubins dotados de olhos moços. Na alma romance O anjo da janela do ocidente. Matemático
imortal essa harmonia existe. e mago, sua personalidade bastante esotérica e
Mas enquanto estas vestes transitórias de argila mística influenciou profundamente o movimento
a envolvem muito intimamente, não podemos poético criado pela rainha. Tal influência foi de­
ouvi-la (...). O homem que não traz música em terminante para o clima espiritual da Inglaterra
si mesmo, nem se comove ante a harmonia de e da Alemanha (Boêmia) no século XVI.
agradável toada, é inclinado a traições, tão- Os rosa-cruzes alemães do círculo de Tübingen
-só, a roubos e a todo estratagema, de sentido foram particularmente inspirados pelo signo da
obtuso como a noite e sentimentos tão escuros Monas Hieroglyphica de John Dee, o signo de
quanto o Érebo. De um homem assim descon­ Mercúrio, que consideravam o ponto culminan­
fia sempre. Ouve a música!” te de todos os signos do zodíaco. Metal asso­

ouve a música!! 45
A qualidade da misericórdia não se impõe, cai como a suave
chuva do céu sobre a terra embaixo...

ciado ao planeta do mesmo nome e matriz de Após a Reforma e a Contra-Reforma, A grande

todos os metais, Mercúrio torna a compreensão instauração de Francis Bacon não poderia ser

realista, purifica a inteligência e a consciência, considerada uma terceira tentativa de engaja­

refresca o pensamento. Ele representa o número mento em uma luta religiosa. A publicação des-

cinco, a diligência da alma imortal. Diz-se que sa obra visava à renovação das artes e das ciên­

Mercúrio conduz à iluminação pela razão e rea­ cias. Qual o seu objetivo? Alcançar o estado de

liza a renovação do microcosmo e do macrocos­ iluminação por meio de um método. Essa é a

mo. John Dee já havia fornecido outras informa­ razão pela qual os próprios leitores são convi­

ções a respeito da imagem aqui representada. dados a preencher o último capítulo (o sétimo).

No frontispício, figuram gotas de orvalho Aqui o amor impõe limites à ação da verdade,

acompanhadas de alusões complexas à cruz, ao sendo quase uma arma, enquanto o amor, na

simbolismo da Monas. Uma tradição mais an­ compreensão de Shakespeare, desarma e faz a

tiga, que interpreta o conceito rosa-cruz como misericórdia prevalecer sobre o direito (a lei),

uma expressão de origem alquímica derivada pois, no mundo, sempre argumentamos com

das palavras latinas ros (orvalho) e crux (cruz), o objetivo de defender o nosso direito mesmo

encontra na Monas Hieroglyphica de John Dee se, na lógica e na consciência humana, ressoe

um suporte considerável. Em um contexto outro sinal.

cultural mais amplo, Mercúrio, ou a razão pura


e simples da alma imortal, moderniza a ciência “A qualidade da misericórdia não se impõe,

e as artes, tal como Francis Bacon revelou em cai como a suave chuva do céu

seu principal trabalho A grande instauração. O sobre a terra abaixo. É duplamente abençoada:

subtítulo da obra é: A transformação universal abençoa quem a concede e quem a recebe;

e geral do mundo inteiro através da renovação é a mais poderosa entre os poderosos: fica melhor

de todas as artes e das ciências. ao monarca do que a sua coroa;

Jaap Ruseler, durante uma conferência sobre os o cetro mostra a força do poder temporal,

aspectos ocultos da obra do famoso autor, afir­ um atributo da reverência e da majestade,

ma que esse impulso de renovação completa faz onde deve residir o temor e o medo aos reis;

justiça ao “agitador da lança”. O nome de famí­ a misericórdia está acima da instabilidade do cetro.

lia de Shakespeare refere-se à deusa Palas Atena, Está entronizada nos corações dos reis,

personificação da sabedoria e da inteligência é um atributo do próprio Deus.

divinas. Portanto, seu nome significa shaker of E o poder terreno mostra-se semelhante ao divino

the spear (literalmente: aquele que agita a lança). quando a misericórdia tempera a justiça (...)”

Palas Atena brande a lança contra o dragão da Este belo fragmento de O mercador de Veneza

ignorância quanto à origem divina do homem. ilustra a natureza da renovação ligada ao amor

46 pentagrama 2/2013
segundo a fórmula tudo receber, tudo abandonar e Poderíamos dizer “inclinados a fazer o mal”
assim tudo renovar. Essa nova atitude do homem conforme era dito no tempo de Shakespeare,
hermético é duplamente abençoada: é a arte de quando a Bíblia oficial dos Países Baixos foi
vida da fonte do coração de um rei - do rei escrita. No Gênesis dessa Bíblia é mencionada a
e da rainha. Ele simboliza o próprio Deus. O natureza da “maldade” de tais homens, total-
veio áureo oculto nas obras de William Shake­ mente corrompidos por “fantasias que gover­
speare é inexprimível. Todavia, ele ainda está nam os pensamentos de seus corações”.
presente quando essas peças são interpretadas Face à traição e à desconfiança, apresentam-se
com inspiração, e quando, assim como o un­ a lealdade e o amor. Assim, não é nada sur­
grund (sem fundo) de Jacob Boehme, a profun­ preendente o fato de que várias peças de teatro,
didade da realidade subjacente pode ser experi­ incluindo comédias, terminem em casamento.
mentada tanto pelos espectadores quanto pelos A nosso ver, Shakespeare não tinha em mente
atores. Vivenciada como uma energia transfor­ núpcias comuns, porém matrimônios de grande
madora da consciência, ela nos faz reconhecer valor. O resultado de um processo.
nosso próximo, o ser humano, praticamente Isso nos conduz à alquimia entre o homem e a
como um deus. mulher, à veste áurea nupcial, também presen­
“Ouve a música!” te na mitologia viking norueguesa: em Lofoten
Isso exige de nós determinada arte de vida: pode-se ver uma finíssima miniatura de ouro
não se trata de possuir o ouro que brilha, mas puro de um casal divino. É preciso usar uma
de tornar-se o próprio ouro. Nessa arte real, lente de aumento, pois ela é muito pequena.
o amor brilha como um sol que jamais se põe: Com tudo isso, o caminho áureo ainda não
sem Terra nem Lua que o possa ocultar. E o pode ser expresso. No entanto, “ouve a mú­
Sol faz evaporar as nuvens e faz a chuva cair sica” – ouve realmente a música! A riqueza
suave como a misericórdia. Se houve alguém dessa obra, a ser ouvida e percebida, perdura
que através de suas obras tenha realmente após tantos séculos, que mesmo o estudan­
renovado a arte e a linguagem de modo indelé­ te americano de hoje prefere a linguagem de
vel, esse foi Shakespeare. Sua influência sobre o Shakespeare às frases da moda e às expressões
idioma inglês é incontestável. Durável, como se afetadas.
diz hoje em dia. Ouçamos, pois, a música, a música das esfe­
Como um pré-Mozart de A flauta mágica, ele ras, desde que ela ainda consiga atravessar o
revelou em suas obras o caminho alquímico nevoeiro dos sinais de satélite e dos ruídos do
e maçônico. O segredo está na experiência espaço! Ouçamos também o nosso ser profun­
consciente e profunda da natureza das opo­ do, se ainda fomos capazes de percebê-lo µ
sições, da coincidência dos opostos, que só a
alma pode experimentar. Jéssica e Lorenzo Shakespeare, W. O mercador de Veneza, Rio de Janeiro: Ediouro, 2009.
não sentem essa conjunção de um esplêndido
céu transparente e de sua música? Percebemos
as condições que Shakespeare impôs a essas al-
mas e as qualidades que lhes atribuiu. Não se
trata aqui de almas que se deixaram aprisionar
e confinar em suas muddy vesture of decay (en­
lameadas vestes da corrupção), mas de almas
imortais “tocadas por suaves sons”, capazes
de ouvir e ver. Shakespeare nos adverte para
estarmos atentos contra os portadores infe­
riores de vestimentas de alma, pois são seres
predispostos à traição, à astúcia e ao saque. É
preciso estar atento sempre.

ouve a música!! 47
minha vida

48 pentagrama 2/2013
reflexões de um jovem

Estou a caminho.
Meu coração está a caminho, em uma viagem.

Sentado num veículo que conheço muito bem,


Ele está sentado num veículo que conheço muito bem.

e ainda ocupado com algo,


Meu coração, que ainda se ocupa com algo,

ouvi uma nova canção.


ouviu uma nova canção.

Felizmente estou ligado a tudo.


Felizmente este coração sabe conectar-se a tudo.

Com meu notebook eu me conecto à Internet.


Através de mim, meu coração se conecta à rede

A todo o momento estou ligado,


e está ligado a todo momento

não importa com quem nem onde.


com todos os acontecimentos.

A conexão vem se tornando cada vez mais rápida


A conexão está se tornando cada vez mais rápida

nestes últimos tempos,


nestes últimos tempos.

as possibilidades tornam-se cada vez maiores.


As possibilidades tornam-se cada vez maiores.

Estou precisando fazer um update,


Meu coração está precisando de um update,

sei que aí existe uma fonte de verdade.


Ele sente que aí existe uma fonte de verdade.

Agora estou à procura de um link.


Meu coração busca neste momento por um link.

A net oferece todo tipo de opções;


A rede oferece “informações”.

também quero encontrar aquela canção.


Meu coração quer buscar aquela canção.

A conexão cai.
A conexão é interrompida.

Conecto-me novamente
Meu coração se conecta novamente

e continuo a buscar aquela música,


e retoma a busca por aquela música,

disposto a me empenhar ao máximo.


pronto para se empenhar ainda mais.

Minha navegação é interrompida por uma mensagem


Minha busca é interrompida por uma mensagem,

que me leva de modo rápido e inesperado


que me leva ao fim do meu esforço,

à solução daquilo com que eu estava ocupado.


de modo rápido e inesperado.

Será a canção que ouvi?


Será a canção que meu coração ouviu?

Sim, eu a reconheço.
Sim, eu a reconheço µ

minha vida 49
C O N S T R U Ç Ã O D O T E M P L O

“O Templo Branco é construído com a argamassa do amor. Suas pedras são material

vivente, formadas mediante auto-oferenda e abnegação por mãos, cabeças e corações

humanos que descobriram que tudo lhes é possível ‘através de Cristo que lhes dá a força’.

A Fraternidade afirma que a intensidade e o poder dessa força do templo são tais que os

dias de tribulação serão encurtados por causa dos eleitos, pois ali onde surge a luz, as trevas

devem desaparecer. Tal é o principal objetivo da magia da Rosa-Cruz, para a qual sois

agora cordialmente convidados por estas palavras.”

Local de Serviço da tenda-templo da conferência internacional em Ussat-les-Bains, setembro de 2012

50 pentagrama 2/2013
MAHMUD SHABISTARI

o jardim secreto das rosas

Por que esta edição, magnificamente executada, com textos de um poeta


persa de setecentos anos atrás, apareceu recentemente nas edições da
Rozekruis Pers? Deve haver uma razão especial para isso.

D
eterminada prosa, textos rituais ou poe­ rosas de amor, de aspiração, de razão e ilu­
mas nascidos de uma inspiração elevada minação. Desde então, numerosos são os que
são apropriados para evocar no leitor admiram seu jardim, exploram seus caminhos
ou ouvinte essa mesma elevação, assim como a secretos, aspiram seus perfumes que elevam e
música pode provocar uma emoção sempre re­ iluminam o coração. Eles colherão as rosas per­
novada. O som, a vibração e a cor da linguagem fumadas e as levarão ao mundo das sombras e
são tão puros, tão poderosos, que ocorre uma da ilusão”.
ligação íntima e pessoal com o poeta. De onde provêm as cores dessas rosas impe­
Na versão em inglês o tradutor escreve: “Há recíveis? Como elas chegaram à sua forma tão
setecentos anos Mahmud Shabistari plantou suas graciosa e durável? E como sua essência perfu­
rosas dos mistérios no jardim secreto, buquê de mada pôde atravessar os séculos?

Quem era Mahmud Shabistari? desejo mais profundo: “Apesar Pode-se assim pensar que o hino
Contado entre os “grandes”, da minha insignificância, poderei gnóstico, como veste nupcial da
esse sufi persa prodigalizou a dissolver-me em ti?” A intensidade sabedoria (em Cântico de louvor de
doutrina universal da liber tação do clamor do coração desse sufi Hermes, tomo 2, Rozekruis Pers,
do Espírito por meio de seus de outrora não é idêntica à do 2013) inspirou seu Jardim Secreto
poemas. Não sabemos quase aluno da Rosa-Cruz moderna? das Rosas, que também celebra
nada sobre ele. Assim como Lao Essa aspiração da alma é um dos o Amor. Ainda encontramos, nos
Tsé ou o autor do Cântico dos temas favoritos, muito apreciado ritos nupciais das regiões onde
Cânticos, ou ainda os autores na literatura oriental, como era esse texto surgiu, vestígios da
dos evangelhos apócrifos de Nag o antigo Cântico de Salomão. antiquíssima tradição espiritual de
Hammadi, ele desapareceu no Mahmud Shabistari teve por Zoroastro. A introdução dessa
passado. Assim aconteceu com mestre Ibn ‘Arabi. O historiador compilação revela esse aspecto
os grandes poetas, cantores do francês Henry Corbin demonstrou bem como a fascinante viagem
universal: suas vidas deram frutos, que o sufismo de Ibn ‘Arabi tem que esses textos fizeram durante
e suas almas fundiram-se com seu suas raízes na gnosis de Mani. setecentos anos.

o jardim secreto das rosas 51


A casa está vazia,
exceto da verdade,
porque, em um instante,
o mundo passou.

Depois tu te elevas, liberto do eu,

unido ao bem-amado.

Quando morre este mundo de

sonhos,

a unidade torna-se a tua parte.

Tomo 5: O tempo e o mundo dos sonhos

Nessa obra, o leitor é convidado a buscar a


resposta a essas questões nos textos poéticos, tão
ricos e plenos de símbolos, para os quais a intro­
dução apresenta uma abordagem esclarecedora.
Cada página atesta o cuidado com a realização
dessa obra. Cada ilustração contribui para elevar
a atmosfera inspirada do texto µ

Mahmud Shabistari, O jardim secreto das rosas.

Título original: Gulshan i-raz (1318)

Tradução de Jan Brinkert. Introdução de Peter Huijs

ISBN 97890673244090

O final da Introdução
A introdução termina com um É essa roseira que Mahmud hon­
resumo de quanto e como os textos rará com toda a aspiração de seu
de Shabistari podem animar o leitor. coração – a descrição do semblante
“Mahmud plantou em todos os perfeito do Amado. Nesse lugar
recantos de seu jardim as rosas da somos tomados pelo êxtase, en­
razão, da beleza, da fé e de conhe- quanto no silêncio místico ouvimos
cimento na Gnosis. Por toda parte a voz daquele que, outrora, plantou
elas florescem, cintilantes com a essa roseira: “Vê apenas o Um,
beleza de suas cores vibrantes de pronuncia apenas o Um, conhece
verdade e pureza. Mas é no meio do apenas o Um”.
jardim que se encontra o roseiral de
incomparável beleza. Resplandecen­
te, ele acalenta suas flores juvenis de
devotamento e de amor.”

52 pentagrama 2/2013
Editor responsável
A.H. v. d. Brul

Linha editorial
P. Huis

Imagem
W. v. d. Brul
Revista Bimestral da Escola
Redatores
K. Bode, W. v.d. Brul, A. Gerrits,
H. v. Hooreweeghe, H.P. Knevel, F.
Internacional da Rosacruz Áurea
Spakman, A. Stokman-Griever, G. Uljée
Lectorium Rosicrucianum
Redação
Pentagram
Maartensdijkseweg 1
NL-3723 MC Bilthoven, Países Baixos
e-mail: info@rozekruispers.com A revista Pentagrama dirige a atenção de seus lei-
tores para o desenvolvimento da humanidade nesta
Edição brasileira
Pentagrama Publicações nova era que se inicia.
www.pentagrama.org.br
O pentagrama tem sido, através dos tempos, o
Administração, assinaturas e vendas símbolo do homem renascido, do novo homem.
Pentagrama Publicações
C.Postal 39 13.240-000 Jarinu, SP Ele é também o símbolo do Universo e de seu
livros@pentagrama.org.br eterno devir, por meio do qual o plano de Deus
assinaturas@pentagrama.org.br
Assinatura anual: R$ 80,00 se manifesta. Entretanto, um símbolo somente
Número avulso: R$ 16,00
Números de anos anteriores R$ 8,00
tem valor quando se torna realidade. O homem
que realiza o pentagrama em seu microcosmo, em
Responsável pela Edição Brasileira seu próprio pequeno mundo, está no caminho da
M.D.E. de Oliveira transfiguração.
Coordenação, tradução e revisão A revista Pentagrama convida o leitor a operar
J.C. de Lima, N. Soliz, J.Jesus, S. P. Cachemaille,
M.M.R. Leite, L.M. Tuacek, M.B.P. Timóteo, M.V. Mesquita
essa revolução espiritual em seu próprio interior.
de Sousa, M.R.M.Moraes, M.L.B. da Mota, R.D. Luz, F.
Luz, R.J. Araújo

Diagramação, capa e interior


D.B. Santos Neves

Lectorium Rosicrucianum

Sede no Brasil
Rua Sebastião Carneiro, 215, São Paulo - SP
Tel. & fax : (11) 3208-8682
www.rosacruzaurea.org.br
info@rosacruzaurea.org.br

Sede em Portugal
Travessa das Pedras Negras, 1, 1º, Lisboa
www.rosacruzlectorium.org
escola@rosacruzaurea.org

© Stichting Rozekruis Pers


Proibida qualquer reprodução sem
autorização prévia por escrito
tijd voor leven 2
ISSN 1677-2253
pentagrama Lectorium Rosicrucianum

“Queremos pensar hermeticamente, mover-nos livre-


mente na esfera do pensamento abstrato, onde com-
preendemos que sete aspectos fazem parte do homem
espiritual:
a alma,
a imagem pura, Intuição – inteligência – sinais
o pensamento,
a elevação, Ussat 2012: um impulso como um toque de trombeta
a compreensão,
a atividade A unidade do trabalho
e a unidade.
É então que tomamos consciência de que a decadên- Ouve a música!
cia e o declínio são apenas a sombra dessa esfera e que O veio áureo oculto nas obras
teremos de suportá-la durante um tempo curto, com a de William Shakespeare
certeza eterna de que estamos trabalhando e seguindo
em frente, a passos largos, nos campos do que é verda- Resenha de livro:
deiro, do estado de ser do homem original. O jardim secreto das rosas
Queremos pensar e compreender, como pensadores
herméticos, que a vitória da Luz sobre a matéria e a
morte já está assegurada há muito tempo, em Cristo.
O pensamento hermético permite-nos saber que cada
esforço e cada ação têm sua própria fonte de luz.
Na verdade, Deus, o Único, tem seu centro em toda
parte e sua circunferência é ilimitada”.

Trecho da Conferência do Lectorium Rosicrucianum,


Ussat-les-Bains, França, setembro de 2012
R$ 16,00

2013 número 2

S-ar putea să vă placă și