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NORMAS JURÍDICAS.
O termo anomia, segundo Miranda Rosa (2004, p. 82) é utilizado em três sentidos:
3.Quando se constata falta de normas que vincule as pessoas num contexto social
EXEMPLO: Nos anos 60 eclodiu o movimento da contracultura hippie, explodindo
uma crise de valores que questionava a moral social, sexual, papel da mulher,
trabalho assalariado, e convenções sociais. (CONTRACULTURA- é um modo de vida
seguido por um grupo de pessoas que se opõem conscientemente e frontalmente ao
modo de vida dominante, rejeitando os seus valores e padrões de comportamento).
EXEMPLO- NO CASO DO MOVIMENTO DE MULHERES, que faziam parte do
movimento da contracultura, houve ma transformação com relação ao papel da mulher na
sociedade. Aqui a anomia significa ausência de referência na sociedade – perda de
referencial, quebra de organização do sistema social, que propicia a transgressão
de qualquer norma, explicita a falta de referências normativas que permitam a
integração social desses grupos.
1) A ANOMIA EM GUYAU
➢ Primeiro autor a se dedicar ao estudo do tema anomia foi Jean-Marie Guyau (1854-
1888);
➢ Define a anomia como “ausência de lei fixa” que passa aser imposta ao
indivíduo(1936);
➢ Defendia a tese de que a moral é individual questionando a existência de uma
moral universal, a qual todos estariam vinculados(KANT); defendia que qualquer
moral universal é uma forma de opressão;
➢ O conceito de anomia é introduzido para indicar a existência de uma moral
desvinculada das regras sociais;
➢ Com base nessa tese, define a anomia como ausencia de lei fixa e a considera
como um elemento positivo que liberta os indivíduos em contraposição a qualquer
lei que é considerada como universal e oprime a liberdade individual;
➢ Guyau entendia que a evolução histórica faz com que os homens se tornasse
sempre mais autonômos, de forma a prevalecer o individualismo, ou seja, as
escolhas morais pessoais contra qualquer imposição;
➢ Temos a anomia quando as pessoas rejeitam o dogmatismo e as autoridades,
especialmente as religiosas;
➢ Sua obra permanece relativamente ignorada.
2) A ANOMIA EM DURKHEIM
2.4.SUICÍDIO ANÔMICO- Neste caso, a pessoa vivência com uma falta de limites e
regras sociais. As “pertubações da ordem coletiva” desorientam os indivíduos,
criando-se um desequilíbrio entre desejos e suas possibilidades de satisfação. A
consequência é o sofrimento e o desespero que podem levar o indivíduo ao
suicídio por falta de regulamentação.
EXEMPLO- DEPRESSÃO ECONÔMICA OU PROSPERIDADE ECONÕMICA
ECONÔMICA – SITUAÇÕES APARENTEMENTE CONTRADITÓRIAS.
3 A ANOMIA EM MERTON
➢ Roberto King Merton (1910-2003) se situa na linha teórica do funcionalismo;
➢ Merton, afirma que em todo contexto sociocultural desenvolve-se metas culturais,
estas expressam os valores que orientam a vida dos indivíduos em sociedade;
➢ Cada sociedade estabelece determinados meios, que trata-se de recursos
institucionalizados ou legítimos que são socialmente prescritos;
➢ Existem também outros meios que permitem atingir essas mesmas metas, mas são
rejeitados pelo grupo social;
➢ EXEMPLO 1- um meio institucionalizado para atingir a riqueza é criar uma
empresa, tendo sucesso pode produzir lucro. Esse mesmo objetivo pode ser
atingido praticando assaltos a bancos. ANÁLISE: A diferença esta no fato de que a
sociedade aceita o primeiro e proscreve o segundo, punindo-o como crime;
➢ EXEMPLO 2 – Herdar o patrimônio de um parente milionário é um meio de
ascensão social legítimo; a “prostituição de luxo” pode levar ao mesmo resultado,
mas não deixa de ser uma conduta socialmente reprovável.
➢ Na sociedade norte-americana a meta cultural mais importante é o sucesso na
vida, abarcando riqueza e prestígio, embora haja a impossibilidade desta ser
atingida por grande parte da população;
➢ Disto resulta o desajuste entre fins e meios , onde os desajustes propicia o
aparecimento de condutas que vão desde a indiferença perante as metas
impostas até a tentativa de alcançar tais metas recorrendo a meios diversos
daqueles prescritos;
➢ O insucesso em atingir metas culturais devido a insuficiência de meios
institucionalizados pode produzir o que Merton denomina de ANOMIA –
manifestação de um comportamento na qual “regras do jogo social” são
abandonadas ou contornadas;
➢ O indivíduo não respeita as regras de comportamento que indicam os meios de
ação aceitos – surge o desvio, ou seja, o comportamento socialmente desviante.
➢ EXEMPLO – CRIMINALIDADE – comportamento não convencional que demonstra
desinteresse pelas metas culturais, detectando-se inobservância das regras da
conduta social.
➢ Merton (1970) examinou a situação conflituosa que pode ser estabelecida entre as
aspirações culturalmente prescritas (metas culturais) e o caminho socialmente
indicado para atingí-los(meios institucionalizados). Merton fez uma classificação
em dois tipos de comportamento. O autor denominou de modos de adaptação
classificados em símbolos positivo ou negativo para indicar se os indivíduos
aceitam ou não as metas e os meios socialmente estabelecidos.
➢ MODOS DE ADAPTAÇÃO:
1) CONFORMIDADE- O indivíduo busca atingir as metas culturais empregando os meios
estabelecidos pela sociedade, adere plenamente as normas sociais, não existindo
comportamento desviante – denomina-se comportamento modal. O comportamento
modal é o ponto de referência para análise dos comportamentos não-modal- que indica a
anomia, ou seja, contrários às metas culturais e/ou aos meios institucionalizados para
atingí-los;
4) EVASÃO – Caracteriza -se pelo abandono das metas e dos meios institucionalizados, o
que indica a falta de identificação com os valores e as regras sociais, o indivíduo vive em
um determinado meio social, mas não adere ao mesmo. É uma conduta individual e
minoritária – Mendigos que vivem como um corpo estranho à sociedade. A conduta mais
extrema da evasão é o suicídio.
CONSIDERAÇÕES:
➢ Merton indica a cilada na qual se encontra a sociedade moderna que
prescrevem aos indivíduos um, determinado projeto de vida e ao mesmo
tempo impossibilitou a caracterização desse projeto. Em tal situação os
conflitos e as violações de regras são inevitáveis;
➢ A teoria da anomia de Merton é conhecida como teoria da tensão (strain
theorias) – o desvio é uma situação de tensão, de conflito e até de choque
no seio da sociedade que estabelece meios e metas.
➢ A teoria de Merton explica porque os membros das classes desfavorecidas
cometem o maior número de infrações penais, excluídos dos meios
institucionalizados para atingir riqueza, recorrem a delinquência por motivo
econômico. Os crimes de motivação política – terrorismo, manifestações
violentas, ocupações, saques, conduta - rebelião e finalmente o modelo de
evasão, que explica os modelos de comportamentos desviantes
autodestrutivos – alcoolismo e toxidependência.
CRÍTICA:
➢ A teoria de Merton naõ consegue explicar todos os desvios e diferenças de
comportamento – mulheres de classes pobres inferioresX baixos indíces de
criminalidade feminino. Outros desvios – Crime passional; estupro,
crueldade contra animais.
➢ As condutas apresentadas são manifestações de uma disfunção dentro do
sistema social, portanto, funcionalista, parte da tese da existência de um
equilíbrio social e considera o desvio social como patológico, apesar de
reconhecer a contribuição do sitema para a produção do comportamento
anômico.
➢ Validade da teoria da anomia – os indivíduos encontram-se em perpetua
competição para atingir as metas sociais do sucesso individual como
finalidade suprema da vida – ideologia da classe média das sociedades
capitalistas;
➢ Limitação da ótica de análise – o protagonista da desordem anômica é o
indivíduo (Marra, 1991) não se orientam da complexidade das orientações
culturais na sociedade, que criam conflitos às normas e aos valores sociais
– o desvio aqui é uma escolha pessoal não examina a dimensão social;
➢ Sustenta a tese de que a anomia anuncia a mudança social (rebelde ou
inovador), onde a sociedade possui uma clara orientação em relação aos
seus valores e regas, o adequado seria pesquisar a falta de orientação da
própria sociedade, a anomi aseria considerada como a ausência de normas
e valores e não como problema de adaptação do indivíduo. A anomia
significa um conflito entre vários sistemas normativos no interior da
sociedade.
➢ ATUALIDADE E ANOMIA
➢ A anomia leva muitas vezes ao descumprimento da norma jurídica,
causando a ineficácia do preceito legal.
1) INEFICÁCIA NÃO ANÔMICA – Descumprimento da norma apesar da sua
aceitação.
EXEMPLO: Homicida plenamente de acordo com a proibição do homicídio, violou a
norma em situação excepcional (medo, desespero) e se arrependem – a opção do
indivíduo era aderir o conteúdo da norma.
2) INEFICÁCIA ANÔMICA – Desumprimento da norma que o indivíduo
considera inadequada ou injusta, a pessoa viola a norma por convicção –
grupo terrorista acredita que age por interesse da humanidade. Quadrilha
profissional (asslato, tráfico de drogas, sequestro) assumem a prática
delitiva como opção de vida que lhe sustenta (inovação).
ANOMIA E PODER
POSIÇÃO I
Entende que o direito como manifestação social determinado pelo contexto sociocultural na
sociedade produz o direito que lhe convém.
Os autores mais críticos sustentam que existe apenas uma imposição de interesse por parte
dos grupos que exercem o poder, estes impõem aos sujeitos mais fracos as regras de conduta
que permitem reproduzir em nível normativo a dominação social.
POSIÇÃO II
Entende que o direito é um fator determinante dos processos sociais – o direito possui uma
capacidade de determinar o contexto social, de atuar sobre a realidade e de muda-la.
EXEMPLO - Lei de obrigatoriedade do cinto de segurança – impõe a sociedade novo tipo
de comportamento.
POSIÇÃO III
O direito é em geral configurado por interesses e necessidades sociais, ou seja, é produto de
um controle sociocultural, o que não impede de influir sobre a situação social, assumindo
um papel dinâmico, ou seja, o direito tem um duplo papel na sociedade – ativo e passivo
As mudanças sociais são causadoras das reformas legislativas impostas nas últimas décadas
- são mudanças tecnológicas; sociais, políticas, demográficas, necessitando em cada
situação de mudança social, uma análise da eficácia de cada intervenção legislativa- o papel
ativo do direito na mudança social.
TESE DO CONSTRUTIVISMO JURÍDICO – O direito pode influenciar no
comportamento das pessoas na sociedade- Hunt. Defende que o direito é um instrumento de
governo, permite proteger determinados interesses, e impor padrões de comportamento,
mudando a sociedade.
ANÁLISE:
Para a PRIMEIRA CORRENTE o direito impede a mudança e sustenta um sistema
jurídico lento ao detectar as necessidades sociais, muitas vezes impedindo mudanças
– o direito funciona como fator negativo – papel conservador do direito.
Os marxistas consideram que o sistema jurídico é um instrumento que permite a
manutenção do poder da classe dominante e reproduz as relações sociais de
exploração;
Os moderados defendem que o direito desenvolve uma espécie de resistência diante
de determinadas mudanças sociais – defasagem entre a lei e a realidade social –
Código Penal – “mulher honesta” e “honra social”.
Para a SEGUNDA CORRENTE o direito é um instrumento eficaz para a consecução
de grandes mudanças sociais – o direito desempenha uma função educadora – papel
progressista do direito. Socialismo Jurídico – propõe adoção de medidas preventivas,
confiando no papel transformador do direito – a reforma jurídica possibilita a justiça
social, sem submeter a sociedade a experiência violenta da revolução.
EXEMPLO: Reforma do Direito Penal – descriminalização de determinados delitos,
introdução de penas alternativas;
Adoção de uma política criminal minimalista –Baratta- adequada a reforma jurídica
contribui para a mudança nas estruturas sociais, geradora do circulo viciosos da
violência, permitindo exercer o controle social de forma mais humana e civilizada;
A história nos oferece exemplos de que a tentativa de mudar o comportamento das
pessoas por meio do direito foi um completo fracasso. EXEMPLO: Lei Seca –
Consumo e comercialização de bebidas alcoólicas.
A influencia do direito na mudança social pode ser do tipo direto e indireto –Soriano-
DIRETO - Limitação da velocidade, uso obrigatório do cinto;
INDIRETO - Reformas no Programa de Educação – matéria e métodos de ensino
que mudam o comportamento.
I – RECONHECIMENTO - O direito reconhece por meio de suas normas a nova realidade social
declarando a sua legitimidade as vezes criando instrumentos jurídicos que consolidam mudanças;
II- ANULAÇÃO - O sistema jurídico opõe a mudança, ignorando ou até mesmo aplicando sanções
contra determinadas inovações.
III – CANALIZAÇÃO – O direito tenta limitar o impacto de uma mudança, ou alterar os seus
efeitos, por intermédio de reformas que satisfazem parcialmente as reivindicações sociais;
IV- TRANSFORMAÇÃO – O direito assume um papel particularmente ativo, tenta provocar uma
mudança na realidade social por meio de reformas e lentas – transição ou mesmo radicais e
rápidas- revolução.