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Sentença, definida no art. 203 é o pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim à
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Assim, o que
classifica uma sentença não é seu conteúdo, mas sua aptidão de colocar fim ao processo, ou
uma de suas partes. Pronunciamento judicial decisório que não coloca fim a, ao menos, uma
fase do processo é decisão interlocutória. E os pronunciamentos judiciais que visam dar
marcha ao processo são despachos.
Espécies de sentença:
1) Terminativas: extinguem o processo sem resolver o mérito, assim, depois da
sentença, o direito de ação continua existente. São os casos previstos no art. 485:
a) Indeferimento da inicial, que acontece nos casos previstos no art 220.
b) Abandono da causa, presumida a partir da inércia das partes diante dos deveres e
ônus processuais que acarretam paralisação do processo. Essa presunção se dá quando ambas
as partes, por negligência, deixam o processo parado por mais de 1 ano, ou quando o autor
não promove os atos que lhe competem por mais de 30 dias. Passados esses prazos, o juiz
intima as partes para suprirem as faltas em 5 dias. Depois dessa diligência, permanecendo a
inércia, acontece a extinção do processo por sentença terminativa.
c) Desistência da ação: o autor abre mão do direito material que tem perante o réu.
Não impede que, futuramente, o autor proponha a mesma ação. Se a desistência for antes da
resposta do réu, é um ato unilateral do autor, mas se o réu já tiver apresentado sua defesa, o
autor precisa de seu assentimento. Nesse caso, a desistência passa a ser ato bilateral. O limite
temporal da desistência é a sentença, pois não existe desistência em grau recursal. Após a
sentença, só é cabível a renúncia à pretensão formulada na ação, que provoca uma sentença
contrária ao pedido do autor e com força de coisa julgada material.
d) Ausência de pressupostos processuais, são pressupostos subjetivos a competência
do juiz, a ausência de impedimento ou suspeição, e, por parte dos litigantes, a capacidade civil
e postulatória. Já os pressupostos objetivos são os que dizem respeito à regularidade dos atos
processuais. Quaisquer dos pressupostos processuais podem ser objeto de exame a qualquer
tempo e fase do processo, desde que não haja trânsito em julgado.
e) Perempção, abandono da causa por 3 vezes causa a perda do direito de renovar a
propositura da mesma ação.
f) Litispendência e coisa julgada: a primeira diz respeito à impossibilidade de uma
mesma lide ser objeto de mais de um processo simultaneamente, a segunda diz respeito à
regra de que após o trânsito em julgado, que forma coisa julgada, a mesma lide não pode ser
rediscutida. Assim, havendo coisa julgada sobre a matéria em questão, o processo deve ser
extinto sem julgamento de mérito (sentença terminativa), mas seu efeito será o mesmo da
sentença definitiva, pois o autor não poderá propor novamente a mesma ação.
g) Condições da ação, estão relacionadas a possibilidade de obter ou não sentença de
mérito, são elas a legitimidade das partes e o interesse de agir. Diferentemente dos
pressupostos processuais, que visam dar validade à relação processual. A falta de condições da
ação pode ser reconhecida pelas partes ou pelo juiz, podendo ser determinada a qualquer
tempo, desde que não haja sentença.
h) Perda do objeto, quando se perde o interesse de agir devido a evento ulterior que
prejudique a resolução da lide, ou tire sua relevância atual.
i) Convenção de arbitragem: é possível fazer uma cláusula compromissória, que
funciona como um impedimento ao exercício do direito de ação, retirando da parte o interesse
de agir.
j) Intransmissibilidade da ação, é a consequência da natureza personalíssima do direito
de ação. Assim, morto o titular do direito intransmissível, extingue-se a ação.
k) Confusão entre autor e réu: se, por sucessão, as duas partes processuais se
confundem em uma só, não há lide, logo há perda do interesse de agir e o processo deve ser
extinto.
Em todos os casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, o efeito é a
coisa julgada formal, que não impede a parte de propor nova ação, desde que sane os vícios
que fizeram extinguir o processo primitivo. Existem apenas 3 casos em que a sentença
terminativa impede a reproposição da ação: havendo litispendência, coisa julgada ou
perempção.
À esse tipo de sentença cabe apelação. O juiz tem 5 dias para retratar-se, não o
fazendo, deve remeter os autos ao tribunal competente para julgamento do recurso.
Estrutura da Sentença
A sentença é divida em 3 partes:
1) Relatório: segundo o artigo 489, I, é a parte da sentença que contém os nomes das
partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
principais ocorrências havidas no andamento do processo. Ou seja, traz o resumo do que se
passou no processo, demonstrando que o juiz tomou conhecimento das alegações.
2) Motivação: segundo o art 489, II, é onde o juiz analisará as questões de fato e de
direito, ou seja, é a exposição dos fatos e fundamentos que formaram sua convicção. A falta de
motivação anula o ato decisório. Não será considerada fundamentada a sentença que:
I - Se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar
sua relação com a causa ou a questão decidida. Assim, não basta a indicação da lei, o juiz
precisa explicar o motivo de escolha da norma.
II - Empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de
sua incidência no caso, afinal conceitos vagos são muito abrangentes.
III - Invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão, ou seja, não
pode proferir uma decisão padrão.
IV - Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - Se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
VI - Deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento. E no caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar os critérios de sua
ponderação.
Princípios Reitores
O princípio da demanda impõe que o juiz não pode prestar tutela jurisdicional senão
quando requerida pela parte. Isso contribui com a imparcialidade do juiz, que não pode prestar
tutela não requerida. Já o princípio da congruência impõe a coerência entre o pedido e a
sentença, pois a decisão deve versar sobre o que foi pleiteado apenas, garantindo o
contraditório e a ampla defesa.
Efeitos da Sentença
O efeito formal da sentença é colocar fim à função do julgador na fase cognitiva do
processo. Fora isso, o efeito da sentença dependerá de ela ser terminativa ou definitiva. No
primeiro caso, só se forma coisa julgada formal, no segundo caso, forma-se coisa julgada
material. Pode-se considerar que os efeitos principais são condenação, declaração ou
constituição de direito ou relação jurídica, e que a coisa julgada é uma qualidade desses
efeitos.
Existem sentenças de efeito imediato, que por si só produzem os efeitos para os quais
foi pronunciada (constitutivas e declaratórias). E existem as de efeito mediato, que tem a
concretização condicionada a outras providências judiciais de caráter coercitivo sobre o
devedor (condenatórias).
OBS. Remessa Necessária: só após a confirmação pelo tribunal é que produzirá efeito a
sentença proferida contra a União, Estados, DF e municípios, e que julgar procedente os
embargos à execução fiscal.
Coisa Julgada
Segundo o art 502, denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Com a publicação, a
sentença se torna irretratável para o julgador, mas o vencido pode impugna-la, pedindo, por
meio de recurso, que o órgão superior reexamine o julgado. Passado o prazo preclusivo, o
vencido não tendo se manifestado, ou depois de decididos os recursos interpostos, ocorre o
trânsito em julgado e a sentença torna-se definitiva e imutável. Assim, a coisa julgada não é
um efeito da sentença, mas a qualidade de tornar imutável os efeitos da sentença, impedindo
novo recurso, que o ato judicial e seus efeitos assumem.
A sentença pode ser dividida em capítulos, que podem ser homogêneos ou
heterogêneos, a depender se versam sobre questões de mesma natureza ou não. O STJ não
entende que o trânsito em julgado dos capítulos da sentença pode se dar em momentos
distintos, definindo na Súmula 401 que o prazo decadencial para a ação rescisória (que se
presta a desconstruir uma decisão de mérito transitada em julgado)só se inicia quando não for
cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.
É importante lembrar que das partes da sentença, relatório, fundamentos e
dispositivo, só esse é abrangido pela coisa julgada.
Cumprimento de Sentença
O cumprimento de sentença corre às expensas do devedor, que deverá suportar custas
e despesas processuais, inclusive honorários do advoga do credor. Para o cumprimento de
sentença condenatória as regras são as de execução de título extrajudicial e é indispensável
que a condenação corresponda a uma obrigação certa, líquida e exigível. Se a relação jurídica
for sujeita a termo ou condição, o cumprimento da sentença depende de comprovação que a
condição se realizou ou que ocorreu o termo.
Recursos
Em sentido lato, recurso é todo meio empregado pela parte litigante a fim de defender
seu direito. Em sentido estrito, é o meio impugnativo apto a provocar, dentro da relação
processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma autoridade, ou por
outra hierarquicamente superior, visando obter a reforma, invalidação, integração ou
esclarecimento.
É também instrumento usado para atacar a decisão judicial a ação autônoma de
impugnação, que representa a instauração de uma nova relação processual. E existem ainda os
sucedâneos recursais (antigos embargos infringentes), que são meios de impugnação de
decisão judicial que não são recursos, nem ação de impugnação. Trata-se de categoria que
engloba todas as outras formas de impugnação da decisão, por exemplo: pedido de
reconsideração, pedido de suspensão da segurança.
Os recursos são classificados:
1) Quanto ao fim colimado pelo recorrente:
a) De reforma: visando a modificação na solução do decisório impugnado.
b) De invalidação: visa anulação da sentença anterior e os atos processuais
repraticados na 1ªinstância . É dada em casos, por exemplo, de decisões citra, ultra ou extra
petita.
c) De esclarecimento ou integração: visando o aperfeiçoamento da decisão.
5) Da dialeticidade: todo recurso deve ser formulado por petição na qual a parte, não
apenas manifeste sua inconformidade com o ato judicial impugnado, mas também indique os
motivos de fato e de direito pelos quais requer o novo julgamento da questão nele cogitada,
sujeitando-as ao debate com a parte contrária. As decisões devem ser fundamentadas e
nenhuma das razões pode ser adotada sem prévio debate com as partes.
Tempestividade do Recurso
Em geral, para a interposição de qualquer recurso, o prazo é de 15 dias a contar da
intimação da decisão, exceto embargos de declaração que tem prazo de 5 dias. Para Fazenda
Pública, MP, DP e litisconsortes não representados pelo mesmo advogado, o prazo é em
dobro. Para recurso remetido pelo correio, será considerado interposto na data de postagem.
É direito das partes a vista dos autos para preparar seu recurso, eles só não podem ser
retirados do cartório se ambas as partes forem sucumbentes. É aceito o recurso interposto
antes mesmo da intimação da decisão, ou seja, antes mesmo do prazo começar a correr. Nesse
sentido, uma situação comum é a interposição de recurso paralelamente aos embargos de
declaração, ou seja, antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, é interposto
recurso especial. É uma situação aceitável, porém, é necessária a posterior ratificação, em até
15 dias, completando ou alterando as razões do recurso, com base, também, da decisão dos
embargos.
Haverá suspensão do prazo recursal no recesso entre 20/12 e 30/01, e quando houver
obstáculo criado em detrimento da parte, como caso de greves ou incêndio do fórum, sendo
que superado o obstáculo, o prazo será reestabelecido, contando apenas o saldo
remanescente. O prazo também será suspenso nos casos previstos no art 313.
Tem legitimidade para recorrer: as partes, o MP e o terceiro interessado, sendo que,
em regra, só o vencido tem interesse para interpor recurso. Porém, o vencedor,
excepcionalmente, pode ter interesse na revisão da decisão que o favoreceu a fim de uma
situação ainda melhor. No caso particular de embargos de declaração, a lei dispensa a
sucumbência para definir o interesse em recorrer, pois não se trata de um recurso de reforma
ou invalidação, mas de aperfeiçoamento do julgado. No caso de litisconsórcio, qualquer
litisconsorte poderá interpor recurso separadamente. O recurso de um aproveita aos demais,
se o litisconsórcio for unitário.
Quanto à possibilidade de terceiro interessado interpor recurso, ele precisa assistir
uma das partes na relação jurídica litigiosa, pois sua situação está dependente da vitória de um
dos litigantes. Ou seu recurso pode demonstrar um prejuízo direito, e apresentar uma defesa
própria e não de uma das partes litigiosas. Mas, mesmo nesse caso, não é possível julgamento
de mérito em face do terceiro recorrente, pois seu direito material não é parte do objeto
litigioso fixado anteriormente em sentença. Podem recorrer apenas os terceiros que teriam
legitimidade para intervir como assistentes.
Preparo
Consiste no pagamento, na época certa, das despesas processuais correspondentes ao
processamento do recurso interposto, que compreende, além das custas, gastos do porte de
remessa e de retorno, se for necessário o deslocamento dos autos (o que será dispensado se o
processo for eletrônico, visto que não terá deslocamento físico). A falta de preparo gera a
deserção, que importa em trancamento do recurso, pois presume-se que o recorrente tenha
desistido. Se o preparo for feito parcialmente, o recorrente será intimado e terá 5 dias para
completar o pagamento, e somente não o fazendo, o recurso será trancado.
São dispensados de preparo: embargos de declaração, recursos interpostos pelo MP,
União, DF, Estados, Municípios e os que estão sob amparo da assistência judiciária.
O recorrente deve juntar o comprovante à petição recursal. Atenção para a
possibilidade da parte pagar o preparo depois da interposição do recurso, mas pagando em
dobro. É assegurado ao recorrente o direito de comprovar um justo impedimento para o não
recolhimento do preparo. E não é aplicada pena para quem preenche a guia de custas
incorretamente, nesse caso, caberá ao relator intimar o recorrente para sanar o vício em 5
dias.
Renúncia e Desistência
A renúncia é um fato impeditivo do recurso, ocorre antes da interposição do mesmo. A
desistência é um fato extintivo do recurso, ocorre durante seu processamento.
A desistência se dá quando, já interposto o recurso, a parte manifesta vontade de que
ele não seja submetido a julgamento. Deve ser pedida em petição. Porém, nos casos de
recursos extraordinários de repercussão geral e recursos especiais ou extraordinários objeto
de recurso repetitivo, o STJ e STF podem prosseguir no julgamento do recurso mesmo após a
desistência. Isso se dá não em benefício da parte que recorreu, mas pelo interesse da
coletividade na fixação de uma tese de direito a prevalecer.
Já a renúncia se dá quando a parte vencida abre mão do seu direito de recorrer. Pode
se dar de forma expressa ou tácita. A renúncia tácita se dá pela decorrência do prazo recursal e
a expressa pela manifestação de vontade da parte, seja essa oralmente em audiência ou por
petição. Seja da desistência ou da renúncia, decorre o trânsito em julgado da sentença.
A aceitação da sentença é a renúncia ao direito de recorrer, e também pode ser
expressa ou tácita. Será expressa quando for manifestada diretamente ao juiz ou a parte
contrária, e será tácita quando for praticado ato incompatível com a vontade de recorrer. É um
ato unilateral que independe do assentimento da parte contrária. Com a aceitação, extingue-
se o direito de recorrer e tem-se o trânsito em julgado.
Recurso Adesivo
É facultado à parte que não recorreu no devido tempo, um remédio processual que
restaura o direito de recorrer, mas exclusivamente no caso de sucumbência recíproca. Na
verdade, não é um tipo de recurso, mas uma forma de interposição. O prazo para a
interposição do recurso adesivo é o mesmo que a parte tem para responder o recurso
principal. Só tem cabimento na apelação, recurso especial e extraordinário. Havendo
sucumbência recíproca e subindo os autos apenas para a realização do duplo grau de
jurisdição, não se pode admitir o recurso adesivo. Nesse caso, a subida dos autos não se dá por
força de recurso, mas é uma medida de caráter administrativo.
Aplicam-se aos recursos adesivos as mesmas regras do recurso independente quanto
às condições de admissibilidade e julgamento no tribunal. Terceiros interessados e MP não
tem legitimidade para interpor recurso adesivo. Após o recebimento, abre-se vista por 15 dias
ao recorrido para apresentar contrarrazões. Se o recurso for interposto por um dos
litisconsortes, o recorrido somente poderá aderir ao recurso em relação a este litisconsorte
que recorreu.
Apelação
É o recurso que se interpõe das sentenças (ou para decisão interlocutória não
impugnada por agravo de instrumento) dos juízes de primeiro grau para levar a causa ao
reexame dos tribunais de segundo grau, visando obter um reforma total ou parcial da decisão
impugnada, ou mesmo sua invalidação. É composta por 2 peças, 1 de interposição, para o juiz,
e 1 que apresenta as razões, para o tribunal. São apeláveis sentenças proferidas em
procedimentos contenciosos e também de jurisdição voluntária.
Não são impugnáveis por apelação sentenças de juizado especial, sentenças proferidas
na justiça federal no julgamento de causa internacional, e em sentença que julga embargos do
devedor em execução fiscal, cujo valor seja de até 50 otn.
Geralmente, contra decisão interlocutória cabe agravo de instrumento, nas situações
previstas no art 1015. Mas se a matéria da decisão interlocutória não constar do rol taxativo
do art 1015, a parte prejudicada deverá aguardar a prolação de sentença para requerer sua
reforma em apelação. Se a parte prejudicada pela decisão interlocutória for vencida na ação,
deverá arguir a matéria em preliminar de apelação, sendo a parte contrária intimada em 15
dias para contrarrazoar. Mas se a parte foi prejudicada por decisão interlocutória, mas
vencedora na sentença, em regra, não tem razões para recorrer. Assim, se a parte contrária
recorrer, a vencedora poderá impugnar em sede de contrarrazões na apelação do vencido.
Nesse caso, a impugnação do apelado teria o papel de condicionar o julgamento da pretensão
do apelante, pois suas alegações nas contrarrazões são preliminarmente suscitadas.
O apelante deve manifestar seu recurso por meio de petição, dirigida ao juiz de
primeiro grau, que conterá: nomes e qualificação das partes, exposição do fato e do direito,
razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade e o pedido de nova decisão. Não
basta que o despacho da petição esteja dentro do prazo legal, é preciso que o recurso seja
protocolado em Cartório dentro do prazo. Em regra, documentos só podem acompanhar a
petição de apelação ou as contrarrazões quando disserem respeito a fatos novos, fatos que a
parte não sabia ou não tinha como provar. Já o terceiro prejudicado que apela, pode sempre
instruir o recurso com os documentos que disponha, afinal como não era parte, não teve
qualquer oportunidade anterior de produzir prova.
Agravo Interno
Contra decisão singular proferida pelo relator, cabe agravo interno para o respectivo
órgão colegiado. Isso garante que as decisões singulares sejam revistas pelo órgão colegiado.
Ao interpor o recurso, o recorrente deverá impugnar especificamente os fundamentos
da decisão agravada. O agravo será dirigido ao relator que, assim que receber a petição,
intimará o agravado para manifestar-se em 15 dias. Após a resposta do recorrido, é possível
que o relator retrate-se. Mas não havendo retratação, o julgamento é levado ao órgão
colegiado. Esse julgamento depende de prévia inclusão do recurso em pauta, com intimação
das partes com antecedência mínima de 5 dias úteis.
Quando em decisão unânime o órgão colegiado declarar o agravo interno inadmissível
ou improcedente, o agravante será condenado a pagar multa entre 1 e 5% do valor da causa. E
a interposição pela parte de qualquer outro recurso fica condicionada ao pagamento dessa
multa.
Devido ao princípio da fungibilidade, o órgão julgador que entender que os embargos
de declaração não são o meio impugnativo adequado, pode conhecê-lo como agravo interno.
Nesse caso, o recorrente deve ser intimado para, em 5 dias, complementar suas razões
recursais, visto que a matéria arguida em embargos de declaração é discutida de maneira
muito mais restrita que o agravo interno.
Embargos de Declaração
É o recurso destinado a pedir ao tribunal ou ao juiz que afaste obscuridade, supra
omissão, elimine contradição ou corrija erro material. Cabem contra qualquer decisão judicial.
É um recurso de fundamentação vinculada, portanto, somente os vícios elencados no art 1022
são passíveis de interposição de embargos.
O objetivo dos embargos é apenas aclarar a decisão, não modifica-la, por isso,
qualquer das partes tem interesse em utilizá-los, sendo vencedor ou vencido. São
pressupostos de admissibilidade desse recurso: existência de obscuridade, ou seja, falta de
clareza, seja no dispositivo da sentença, na motivação ou no dispositivo; contradição, omissão
de matéria sobre a qual deveria ter manifestação (hipóteses do art 1022) ou erro material, que
é uma declaração que, de fato, não corresponde a vontade real do declarante.
Os embargos de declaração devem ser propostos em 5 dias, tanto para decisões de 1º
quanto de 2º grau. A petição será endereçada ao juiz ou relator, com precisa indicação do
vício. Em regra, não se tem audiência da parte contrária, e o juiz decide em 5 dias. Apenas em
casos em que o suprimento do vício puder implicar em modificação da decisão embargada é
que o juiz deve intimar a outra parte para manifestar-se em 5 dias. O recurso será sempre
decidido pelo mesmo órgão que proferiu a decisão impugnada, sendo assim, se foi proferida
singularmente por relator, ele irá decidir monocraticamente a respeito dos embargos, sem
possibilidade de julgamento pelo órgão colegiado.
Os embargos não tem efeito suspensivo, mas interruptivo. Logo, interrompem o prazo
de demais recursos, quer recomeçam a correr por inteiro após o julgamento dos embargos.
Se o objeto dos embargos incide sobre questões do recurso principal, será necessária
reiteração, uma vez que julgados os embargos, as decisão recorrida não será a mesma que o
recurso principal antes atacou. O recurso principal só pode ser conhecido após decididos os
embargos de declaração, sob pena de nulidade.
Não são admitidos novos embargos de declaração se os 2 anteriores houverem sido
considerados protelatórios. Sendo protelatório, o embargante também pagará multa não
superior a 2% do valor da causa. Mas se reincidir no embargo protelatório, a multa será de até
10% do valor da causa e a interposição de outro recurso fica sujeita ao pagamento da multa.