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COZINHA PAÍS A PAÍS

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COZINHA PAÍS A PAÍS

FOLHA DE S.PAULO
DIREÇÃO EDITORIAL

Carlos Tordesillas Colado

EDIÇÃO E COORDENAÇÃO

Marta Tordesilias

AUTOR

Ignacio Medina

SUPERVISÃO EDITORIAL DA EDIÇÃO ORIGINAL

Santillana Ediciones Generales, 51.

TRADUÇÃO E SUPERVISÃO EDITORIAL © DA PRESENTE EDIÇÃO:


DA EDIÇÃO BRASILEIRA 2006 Editora Moderna Ltda.
Quorum Editora ttda Rua Padre Adelino, 758
cep 03303-904 - São Paulo. Brasil
DESIGN E DIREÇÃO DE ARTE

Vinhos
E MO © DA EDIÇÃO ORIGINAL:

2005 MFG&Schmidt, S.L


PAGINAÇÃO
Cristo 22- 28020 Majadahonda (Madri)
Alfonso Lara

© DOS TEXTOS:
FOTOGRAFIAS DE INTERIORES Ignacio Medina
)avier Peias (8, S), Sobremesa: Andrés Ban-agén (, 42).
José Maria Castillo (Ii, 14, 21, 32), Antonio de Benito ISBN: 85-16-05267-2
(12, 30), Ángel Araugo (16), Pablo Neustadt (18), Shin
Vamazawa (19, 25, 38), l.arry Mangino (20), Germán Impresso no Uruguai por Pressur COrporaEion S.A.
Galkgo (22. 24. 36, 51), Jean Pierre Ledos (23, 44, 52),
Antonio Girbes (26. 29. 31), Margit Karin Raders (28, 34), leito urdido por MFG&SvhI,nidt para a peesente ookçAu Nenhuma parte deita
Rafael Chirbes (, 6, ,), Fernando Gómez (41, 48), Publicação. nrvlicndo o detenho da rapa, pode te, reprodorida, arquivada ova
José Pe8in (47, 50. 53) transmitida, dc qualquer furor., em qualquer midia, seja eletrônica, química,

medn,ca, ópera, de gravação ...M fulocópra. saro autorIzação, por isento, da


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Maria Fernénrkz qual não perde aSSuerIr qualquer responsabilidade em caso de erro ou omissão.
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Alvarinho - Albariho. Originária da região compreendida entre o norte de Portugal e o sul da Galicia. Trata-
Vinhos dos cinco continentes se de uma das variedades brancas ibéricas de maior qualidade e potência aromática.
Cabemet Franc. Sua origem está na região de Bordeaux (França). Produz vinhos menos potentes que sua
irmã, a Cabemet Sauvignon, mas com boa estrutura.
Cabernet Sauvignon. Originária do Médoc francês, converteu-se na variedade tinta mais cultivada do
mundo. Apresenta intensidade de cor, estrutura, aroma e suavidade.
Carinena. Variedade tinta da região média do rio Ebro, na Espanha. Produz vinhos muito tânicos e aptos
para envelhecimento controlado.
O segredo está na videira Cannenère. Variedade tinta, que teria origem na região de Bordeawç recuperada em vinhedos abandonados no
Todas as cepas do mundo possuem um tronco comum: a Chile e hoje em franca recuperação, e já produzindo vinhos de características próprias e de grande aceitação.
Vitis vinfers, uma das variedades de videira existentes no Chardonnay. Uva branca da Borgonha (França). Destaca-se pela excelente qualidade, a leveza e o toque aro-
planeta. Durante milênios, gerou centenas de variedades mático que confere a seus vinhos.
diferentes, evoluindo até se converter em uma planta her- Chenin Blanc. Variedade branca do vale do Loire (França). Utilizada para elaborar diferentes tipos de vinhos,
mafrodita. O grande número de genes de seus cromosso- de secos a espumantes. Produz vinhos intensos e ne'ivosos.
mos, a facilidade com que sofre mutações e a interminável Garnacha Tinta. É a variedade tinta mais cultivada na Espanha, por seu extraordinário rendimento. Produz
gama de combinações de tipos de solo, nutrientes e climas vinhos vigorosos e de cor intensa-Com o nome de Grcnadw é a principal uva da região de Côtes du
à qual está obrigada a se adaptar explicam a grande quanti- Rhone. na França, produzindo os vinhos de mesmo nome.
dade de variedades registradas no mundo. Gamacha Tintorera Única variedade tinta na Espanha vinícola com a polpa colorida.
GewÜrztmminer. Cultivada na Alsácia, Itália e na América do Sul. Oferece aromas potentes e pessoais com
Quem se interessa pelo mundo do vinho, a cada dia, ouve notas florais e frutadas.
mais a frase: "a qualidade do vinho começa na videira". Cradano. Variedade tinta de origem riojana, na Espanha, com boas características organolépticas. Produz
Entendamos videira neste caso como a vinícola que se vinhos de cor e aroma intenso, próprios à guarda.
propõe à produção de vinhos de qualidade. São muitos os Loureiro. Variedade complementar da uva Albarino. Produz vinhos aromáticos com predominância de frutas.
detalhes: a escolha da terra a ser cultivada, o equilíbrio de Macabeu ou V'iura. Uva branca abundante no norte da Espanha. Oferece vinhos de boa acidez, mas de aro-
nutrientes, o tempo de vida e o desenvolvimento da videira, mas limitados e de pouca persistência.
o nível de produção alcançado (ou as técnicas aplicadas Ma1bec Variedade procedente da França. Rica em taninos, produz vinhos de rendimento moderado e de
para controlar a referida produção), a seleção de dones. grande caráter. Aptos para o envelhecimento. É o grande destaque dos vinhos argentinos.
Todos esses aspectos contribuirão para o mais importante Malvasia. Uva branca originária do Mediterrâneo oriental Piurciona vinhos muito aromáticos, frescos e atraentea.
desta história: a qualidade final do fruto, que servirá de MerloL Vinda da França e disseminada pelo mundo, oferece vinhos aromáticos e de grande sutileza.
base para a elaboração do vinho. Predominam nos vinhos de Saint-Emilion.
Mencía. Variedade tinta de características muito semelhantes à francesa Cabernet Franc. Produz vinhos de
A seguir, você terá uma lista bastante abrangente das notável qualidade, ricos em cor e grande suavidade.
uvas viníferas mais utilizadas na indústria vitivinícola. O MonastreiL Variedade tinia mediten-ánca de levante e Munia, Espanha. Produz vinhos de elevada graduação alcoólica.
nome que recebem em cada região pode dar a uma mesma Moscatel de Alexandria. Variedade branca mediterrânea por excelência, com enorme riqueza e potência.
cepa mais de uma dezena de denominações. Até mesmo a Com ela são elaboradas mistelas, doces naturais e outros doces de misturas.
forma de seu cultivo origina variantes que reúnem caracte- Moscatel de grão pequeno. Variedade cultivada em toda a bacia mediterrânea. É a uva branca de maior
rísticas típicas de mais de uma vitivinícola. expressão aromática. Produz vinhos suaves e elegantes.
Nebbiolo Variedade originária do Piemonte (Itália), que produz vinhos como Barolo e Barbaresco, de exce-
lente acidez e com muito tanino.
Pedro Ximénez. Variedade branca implantada na Andaluzia. Gera suavidade. Com isso, são preparados
vinhos brancos, como base para obter os famosos vinhos de Jerez de Ia Frontera..
Palonsino. Uva vinífera branca implantada na Espanha Central por sua alta produtividade.
l'areHada. Variedade branca originária da Catalunha, Espanha. onde serve de base para a elaboração de espu-
mantes. Produz vinhos frescos e florais, embora de pouca cor.
Pinot Noir. Variedade tinta originária da Borgonha (França), de cultivo exigente e muito sensível às pragas.
Produz vinhos de cor menos intensa, ótimo paladar e de muita sutileza olfativa.
Prieto Picudo. Variedade tinta. Oferece vinhos aromáticos, com personalidade e agradáveis.
Riesling. Variedade originária da região do Reno (Alemanha). Produz excelentes vinhos com aromas florais
10 e frutados, evoluindo muito bem na garrafa.
Sangiovese. Variedade tinta italiana originária da Toscana (Itália). Misturada com a Cabernet Sauvignon,
gera vinhos interessantes, potentes e longevos.
Sauvignon Blanc. Uva branca de origem francesa. Têm aptidão peculiar para suportar algum envelhecimen-
to em barril.
Sémillon. A origem desta variedade está em Bordeaux (França). Com ela, são produzidos os extraordinários
vinhos de Sauternes, com alta concentração de açúcar. São vinhos suaves, com notas diricas, de damas-
co, muito equilibrados e não muito ácidos.
Syrah. A variedade tinta mediterrânea de maior qualidade e historicamente ligada à existência do vinho.
Produz vinhos com aromas muito especiais, dotados de corpo e estrutura, e aptos para o envelhecimen-
to controlado. Teve excelente adaptação na Austrália e Nova Zelândia.
Tannal Tinta originária do Sudoeste da França, é muito rica, como o próprio nome diz, em taninos e teve
excelente adaptação no Uruguai. Exige algum envelhecimento para revelar seus aromas e estrutura.
Tempranillo. Também conhecida na Espanha como Cencibel, "Tinta dei País", Tinto Fino ou "Uli de
Llebre" e 'Tinta de Toro". Variedade tinia que oferece vinhos de grande sutileza, bem estruturados e
notavelmente aromáticos. Variedade principal em uma dúzia de denominações de origem (DO).
Verdejo. Variedade branca predominante na DO de Rueda. Produz vinhos muito aromáticos, com corpo e,
graças à glicerina que contém, muito suaves.
Viognier. Originária da região setentrional do Ródano (Rhône). Produz vinhos dourados com aromas de
frutas exóticas, tabaco e violetas.
Xarel.lo. Variedade branca catalã (Penedés, na Espanha). Produz vinhos pouco aromáticos, mas com grande
consistência na boca, com sensações amargas. í muito encontrada em combinação (ussemblage) com a
Pareilada e a Macabeu.
Zinfandel. Variedade tinta, muito cultivada na Califrjrnia. Importada da Hungria, produz vinhos frescos e
concentrados.
Jerez
O paraíso dos vinhos generosos

A região de Jerez é famosa pela singularidade de seus


vinhos. Apesar da crise e dos ventos de mudança que fazem
balançar as estruturas dos vinhos andaluzes, em Jerez per-
manecem vivos os vinhos mais espetaculares do mundo:
produtos únicos, inigualáveis, que fazem parte da história.

Jerez Em Jerez de Ia Frontera, assim como em El Puerto de


safras, garantindo a uniformidade e o envelhecimento (o chamado sistema de "criadeiras e
Santa María ou Sanlúcar de Barrameda, os três eixos do soleiras»).
• Superfície de vinhedos: chamado "marco de Jerez", nascem e são criados os únicos
10.760 hectares
vinhos do mundo concebidos para manter suas característi-
• Produção vinícola: O fruto de todo este processo é uma gama de vinhos espetaculares que começa com os
cas, colheita após colheita, ano após ano, imunes aos capri- finos e as manzanillas, duas versões do mesmo produto que adquire um ou outro nome
87,3 milhões de litros chos da natureza ou excessos do clima.
• Viticultores: 2.836 conforme tenham sido preparados em Sanlúcar de Barrameda (manzanüla) ou em Jerez
• Vinícolas: 64 ou EI Puerto (fino). São vinhos límpidos, de uma atraente cor amarelo-claro, aromáticos,
Talvez por serem vinhos de outros tempos, esta seja uma elegantes e delicados.
• Variedades autorizadas: das razões que explique a crise que ameaça, cada vez mais,
Palomino, Pedro a vida de vinhos que estendem sua presença a outras regiões
Ximénez e Moscatel de junto a estes figuram os amo ntillados (a grande jóia das adegas jerezanas, nascidos da oxi-
andaluzas, como Montilla Moriles, Condado de Huelva dação de um fino e criados ao longo de um período de cerca de 15 anos, nos quais ganha
Chipiona ou Málaga. Tudo se deve à redução do vinhedo jerezano a
complexidade, sutileza e elegância), os olorosos (vinhos de cor âmbar, sedosos e plenos)
menos da metade, nos últimos ao anos, quando passou de ou o polo cortado, que representa o ápice dos vinhos jerezanos, um vinho marcado como
23.000 para Io.67o hectares cultivados.
excepcional desde seus primeiros passos.
A natureza dos vinhos de leres baseia-se nas características
Entre os doces, destacam-se os Pedro Ximénez, vinhos escuros como nenhum outro, de
de duas variedades de uva: a Palomino, cepa principal da
cor castanho-avermelhada, densos, untuosos e aveludados, que exibem toda a gama de
região de Jerez, e a Pedro Ximénez, origem dos singulares
sabores que oferece a natureza: doces, salgados, ácidos e amargos. Um prodígio vinícola
vinhos doces da terra. Importante destacar o sistema de que encontra boa companhia no cream, um oloroso doce, sutil, delicado e equilibrado.
vinificação exclusivo da região, baseado em uni método
de envelhecimento denominado envelhecimento biológico
ou em flor, e a um rigoroso processo de combinação de

As jóias da coroa, O
Conselho Regulador criou uma categoria específica para os vinhos mais velhos, que
incluem o lema VOS (Vinum Optimum Signatum) para vinhos com uma idade média superiora
20 OCOS
o VORS (Vinum Optimum Rare Signatum) para vinhos com uma idade média superior a
30 anos.
Rioja
Os bons vinhos de sempre

Há 150 anos, desde que se converteu no expoente da pri-


meira grande mudança vivida pelo setor vinícola espanhol,
Rioja mantém-se fiel a seus afamados vinhos. Hoje repre-
senta, melhor do que qualquer outra, a imagem do classicis-
mo, da solidez e da liderança das grandes regiões históricas.

Rioja Rioja é tudo isso e muito mais. Para começar, precisamos A Rioja oferece ao mundo vinhos delicados e elegantes, de médio corpo, sutis e aveluda-
entender que são três regiões vinícolas: Rioja Alta, a tra- dos, marcados pelos aromas do envelhecimento em barricas. São vinhos de qualidade, diri-
• Superfície de vinhedos: dicional, a de grandes produtores, de nomes sonoros, em gidos a um mercado fiel aos produtos da região. Os vinhos com a classificação Crianza ou
62.146 hectares torno das catedrais do vinho de Haro. Rioja Baja (Baixa), Reserva permanecem, obrigatoriamente, um ano e meio em barricas e mais um ano e dois
• Produção vinícola: dedicada principalmente à produção de Garnacha e que, anos, respectivamente, em garrafa, antes de serem comercializados. Um Gran Reserva
291 milhões de litros graças a isso e às novas tendências do mercado, está alcan- deve permanecer um mínimo de dois anos em barrica e mais três em garrafa.
• Viticultores: 19.399 çando grande sucesso. Finalmente, a Rioja Alavesa, um
• Vinícolas: 517 local privilegiado, onde as vinhas são cotadas a preço de Embora este não seja o caso em todo o setor, também existem produtores de Rioja que se
• Zonas vinícolas: ouro e a uva é valorizada como uma obra de arte. lançaram à modernização de seus vinhos, atendendo aos apelos de um mercado cada dia
Rioja Alta, Rioja Alavesa, mais exigente. O resultado é digno de atenção. Surgem vinhos de cor intensa, capazes de
e Rioja Baja Além disso, Rioja exerce uma posição de liderança no mer- conciliar potência e elegância, fragrantes, dotados de uma notável complexidade, sugesti-
• Variedades autorizadas: cado doméstico e internacional que, de alguma maneira, vos, estimulantes e muito sérios. Tanto ou mais que os tradicionais.
Ternpranillo, Graciano, justifica sua atitude perante as novas propostas. Por que
Garnacha e Mazuelo mudar algo que vende tanto e tão bem? O projeto é man- Estes produtores continuam, entretanto, presos a uru processo normativo cuja rigidez
ter os mesmos tipos de vinho - jovem, envelhecido (criem- acaba por produzir alguns desajustes, como o dos vinhos (crianza) envelhecidos serem
za), reserva e gran reserva -, continuar o trabalho com as Obrigados a entrar no mercado etiquetados de vinho jovem. Mas, ao mesmo tempo, ocorre
variedades de sempre - Tempranillo, Garnacha, Graciano um processo que trará beneficios à região: um progressivo desvio de parte da produção de
e Mazuelo - e promover longos períodos de envelhecimen- grandes reservas em favor dos chamados "vinhos de autor", que estão alinhados com as
to controlado em barricas de 55 anos de vida. Vinhos feitos novas tendências do mercado, instalando-se em zona intermediária, entre a modernidade
ao estilo clássico, em um mercado que avança a passos de 'a tradição.
gigante em direção à modernidade.

Os primeiros crianzas (vinhos envelhecidos). O despertar definitivo dos vinhos da Rioja foi no século XIX,
ruças aos csJi,rços do cônego de Laguardia, Manuel Quintuno Quinuoso, e do Msrqus de Riscal,fundador
lu vinícola que leva seu nome e introdutor do envelhecimento em burricos ao estilo de Bordeaux, as bordale.
JC 225 litros.
Ribera dei Duero
A força da mudança

Poucas regiões vinícolas avançaram com a velocidade de


Ribera dei Duero. Em menos de 25 anos, a região transfor-
mou-se, primeiro, em uma região elaboradora de rosados
em terras de vinhos tintos e, depois, os lançou ao estrelato
mundial em um processo que mudou a forma de entender
o vinho na Espanha.

Ribera dei Duero O reconhecimento dos especialistas em vinhos, especial- turbilhão que invadiu a região.Passaram-se alguns anos e os vinhos de Ribera del Duero
mente os ingleses, a partir do início da década de 1990, seguiram caminhos diferentes. O mesmo aconteceu com o número de produtores (64 em
• Superfície de vinhedos: colocou os novos tintos de Ribera dei Duero em pleno 1990 contra quase zoo atualmente). Verdadeiramente um abismo, obrigando muitos a
11.560 hectares processo de consolidação, em posição de destaque. Estes uma luta tenaz pela sobrevivência de suas vinícolas.
• Vinícolas: 178 vinhos revelavam-se diferentes, com muita cor, robustos,
• Zonas vinícolas: uma considerável carga de taninos e um atraente equilíbrio A oferta atual é ampla e variada. Ribera oferece praticamente de tudo, para todos os públi-
abrange 89 municípios dentre os aromas da fruta e os procedentes do envelheci- cos. Desde velhos reservas à moda antiga, excessivamente marcados pelo envelhecimento
de Burgos, Segôvia, Soria mento em barril. Mas, acima de tudo, eram vinhos com em barril, até propostas tão inovadoras como os vinhos jovens com dois meses de envelhe-
e Valladolid ares que lembravam as elaborações bordalesas, tão queri- cimento em madeira, artificio chamado joven roble, e utilizado, hoje em dia, em boa parte
• Variedades autorizadas: das pelos especialistas anglo-saxões. Vinhos como os gran- das regiões vinícolas do país.
Albillo (branca), Tinta des de sempre, mas com um certo frescor, um toque alegre
dei Pais, Garnacha Tinta, e vivaz que preenche a taça. Também existem locais paras os vinhos de novas formas de fabricação, sérios, pessoais,
Cabernet Sauvignon e intensos, que abreviam o período de envelhecimento em barril. Renunciam à parte deste
Meriot Sua nova posição no mercado abriu as portas a uma nova adicional de longevidade que o processo de envelhecimento assegura para que sejam
realidade para o setor vitivinícola espanhol. Outras regiões potencializados os aromas frutados do vinho, aqueles obtidos da uva que lhe deu vida. São
seguiram rapidamente o mesmo caminho e ganhou expres- vinhos sérios, esplendidamente estruturados, elegantes, potentes e, ao mesmo tempo, fres-
são um movimento renovador de conseqüências evidentes. cos, fragrantes e delicados.
Nada voltou a ser igual desde então.

O sucesso chegou a Ribera dei Duero quando ainda não


havia acabado de se consolidar esta nova realidade, e
alguns rótulos de referência acabaram arrastados pelo novo

O castelo de Peiafiel. O impressionante castelo de Peftafiel é uma visita obrigatória quando se passa pelo
região. Sede permanente do Museu Provincial do Vinho, é uma aposta na difusão e popularização do conhe-
cimento e da cultura do vinho por meio de visitas e cursos de degustação.
Priorato Toro
Do nada ao infinito A consagração de um coadjuvante

Situados no centro da província de Tarragona, os vinhedos Lá, onde há vinte anos reinava a precariedade, em uma
do Priorato sofreram a mais extraordinária mudança da his- região em que apenas um pequeno grupo de iluminados
tória do vinho espanhol. Em quinze anos, os vinhos simples acreditava, surgiram, da noite para o dia, vinhos singulares,
converteram-se em grandes estrelas do firmamento vinícola vinícolas dos sonhos, nomes que ecoam por todo o mundo,
espanhol. marcas e referências, monumentos erguidos à maior glória
do vinho.

Priorato Das mãos de um grupo de jovens enólogos que acredita- Toro Eis aqui, a Tinta de Toro, uva vinífera que acabou por acu-
ram nestas terras recobertas de ardósia, e onde cresciam mular extraordinárias contribuições. Solos pedregosos, sol-
• Superfície de vinhedos: antiqüíssimas cepas de Garnacha retorcidas pelo passar dos • Superfície de vinhedos: tos, com boa drenagem, fácil aeração e pobres em matéria
1.600 hectares anos (em uma época em que as vinhas eram arrancadas ao 5.329 hectares orgânica também apresentam algo de especial. Ou talvez
• Produção vitícola: completar 25 anos), e com a introdução de novas varieda- - Produção vinícola: seja o clima continental extremo, de verões cálidos e secos
2.100.000 kg de uva por des como a Cabernet Sauvignon, a Syrah e a Meriot, com- 7,5 milhões de litros e invernos muito frios e, também, bastante secos.
ano plementando o baixo rendimento da Garnacha, abriram-se • Viticultores: 1.171
• Viticultores: 500 as portas da modernidade. • Vinícolas: 3 O sucesso dos novos vinhos da DO Toro parte, precisamen-
• Vinícolas: 52 • Variedades autorizadas: te, do excelente comportamento da Tinta de Toro. Bastou
• Variedades autorizadas: Esses profissionais buscaram a qualidade e a personalidade Malvasía, Verdejo, Tinta um tratamento mais racional do vinhedo, buscando produ-
Garnacha, Cariíiena, onde outros haviam se tornado fortes apenas na vulgari- de Toro e Garnacha ções curtas, para que a Tinta de Toro oferecesse melhores
Cabernet Sauvignon, dade e na acomodação do que produziam. E conseguiram, contribuições, resultando em vinhos de cor intensa, encor-
Syrah e Merlot (todas em poucos anos, converter o Priorato em referência dos pados, muito aromáticos, potentes e elegantes, entre outras
tintas). novos vinhos espanhóis e colocaram seus produtos entre as características. Vinhos de guarda, feitos para prolongar sua
marcas mais bem cotadas do mercado internacional. vida enquanto ganham em sutileza e elegância.

Mas tudo tem seu preço. As novas estrelas do Priorato Ocasionalmente, a Garnacha é usada para complementar
pagam o preço por seu baixíssimo rendimento. Os custos da o trabalho da Tinta de Toro (o regulamento do Conselho
mão-de-obra são muito altos e as vindimas se desenvolvem Regulador autoriza estas duas variedades tintas além das
em condições extremamente exigentes. Mas o resultado vale duas uvas viníferas brancas, a Malvasía e a Verdejo), mas os
a pena: vinhos exultantes, muito concentrados, robustos, grandes vinhos da região são, sem exceção, monovarietais
densos e ramudos, com aromas de muita intensidade. (elaborados com uma só variedade de uva) de Tinta de Toro.

Denominação de Origem Qualificada. Os vinhos do Priorato estão na categoria DOCa (Denominação de Viajando com Colombo. Uma das caravelas que levava Cristóvão Colombo em uma de suas viagens foi
Origem Qualificada), o que aumenta os mecanismos de controle e as garantias do consumidor. A qualJlca- batizada pelo próprio almirante com o nome da vila toresana. Sabe-se que, em tal acontecimento, pesou a
çdo de safras ocorre sobre a qualidade média dos vinhos em vez de referir-se, como no caso da Denominação influência de Diego de Deza, confessor de Isabel, a Católica, e natural de Tora.
de Origens (DO), à qualidade média da uva.
Rías Baixas EI Bierzo
O caráter dos vinhos do Atlântico Um tesouro chamado Mencia

Os vinhos espanhóis destacam-se na costa atlântica pela A Menc(a estende-se pelos vinhedos de El Bierzo. Ali
Galícia, deixando, no paladar, um rastro de aromas e sen- estão localizadas 70% das plantações desta variedade na
sações. Dos tradicionais parreirais, que seguem a linha das Espanha. Um grupo de jovens enólogos converteu a Mencla
RIas baixas, terras tocadas pelo mar em marés cheias, ofere- em uma das variedades de referência, situando El Bierzo
ce-se um tributo vitivinícola tão generoso quanto singular. entre as regiões vitivinícolas com maior futuro.

El Bierzo Trata-se de uma região singular, marcada pelos pequenos


Rias Baixas Suas regiões vitivinícolas, tradicionalmente marcadas pelas vinhedos que salpicam a paisagem, surgindo nas encostas e
produções breves e as instalações precárias, deram um mostrando os troncos retorcidos de videiras que já viram pas-
• Superfície de vinhedos: passo gigantesco em apenas uma década. Rias Baixas ofe- • Superfície de vinhedos:
4.100 hectares sar inúmeros invernos. Os solos são administrados com par-
2.643 hectares rece hoje uma paisagem de vinhedos imaculados e adegas
Produção vinícola: cimônia e a região registra grandes oscilações térmicas entre o
• Produção vinícola: modernas, com os últimos avanços tecnológicos e critérios
5,1 milhões de litros dia e a noite. Existem muitos hectares de vinhedos que contam
10,7 milhões de litros de elaboração atuais. O investimento no setor e a inquieta-
• Viticultores: 5.067 com mais de 30 anos de idade e muitos, com mais de Go.
• Viticultores: 5.690 ção dos novos profissionais foram fatores de dinamização
• Vinícolas: 179 de um setor que avança dia após dia. Em Rias Baixas, • Vinícolas: 45
• Variedades brancas: Os novos vinhos de El Bierzo são muito diferentes dos que
• Denominação de origem manda a Albarifio, a variedade produtora dos vinhos bran-
Godello, Palomino, Doõa conhecemos, Nascidos de vindimas mais tardias, que buscam
desde 1988 cos mais destacados do país. São vinhos de caráter atlân-
Blanca e Malvasia. um bom grau de maturação da uva, submetidos a uns ajustado
• Variedades autorizadas: tico, untuosos, aromáticos, plenos, com acentuada acidez,
.Variedades tintas: processo de envelhecimento em barris novos (em geral, dentro
Albaripio Loureiro, sinal distintivo dos vinhos com aromas do mar. E conse-
Mencia, Garnacha do tempo estabelecido no regulamento da Denominação de
Treixadura CaiFo, guiram superar esta epidemia que enchia o mercado. Já
Tintorera, Merlot, Origem), eles oferecem resultados sedutores.
Torrontés e Godeilo não são vinhos que sofrem com o peso que, durante anos,
impôs uma relação impossível entre a Albarifio e a madei- Cabernet Sauvignon e
Tempranilio Os novos tintos de Mencia são atraentes, de cor intensa,
ra: vinhos fermentados em barril, envelhecidos em madeira nos quais predominam os aromas minerais, embora sem
durante períodos mais ou menos longos. ocultar os aromas da fruta. Na boca, são potentes, saboro-
sos e dotados de notável estrutura e, no entanto, isso não
Os melhores vinhos de Rias Baixas, definitivamente, têm os faz perder nenhum toque de sutileza, nenhum de seus
seu período de maturação em depósitos de vinhos antigos, matizes. Em poucas palavras: reúnem potência e elegância.
obtendo um resultado inigualável, que marcará o futuro da
região.

Cinco regiões. A superficie da DO Rias Baixas tformads por cinco comarcas vitivinícolas dfrrntcs: Rosal O que a Mencía tem? A resposta é dada por um dos . jovens enólogos da região: 'Não tem menos cor que a
Tem pranillo, não tem menos estrutura que a Cubernei Sauvignon, não tens menos fruta que a Merlot, mas
e Condado do Tea, no curso baixo do rio Minho, Soutomaior, o Ribeira do UUa e Vai do Sainés, onde se
admite a elaboração de um vinho com menor presença de Albariíto. tem algo que a distingue das demais: personalidade.
Mailorca \.1 u rcia

r,
O feitiço do vinho mediterrâneo esplendor da Monastrell
O vinhedo de Mailorca bate vigorosamente à porta do Entramos em cheio nos domínios da Monastrell, uma das
sucesso. A consolidação da nova geração de profissionais e grandes uvas dos vinhos mediterrâneos; protagonista indis-
a seriedade do trabalho realizado converteram os vinhos de cutível dos vinhos de uma terra que, com quase so.000
Binissalem e, em maior medida, de Pia i Lievant, em uma hectares de vinhedo, parece ter o olhar voltado para sua
das promessas mais sólidas do vinho espanhol. indústria vitivinícola.

Os vinhos de Mallorca Houve uma época em que os vinhos de Mailorca eram M u rcia Tudo começou em Jumilla, capital do vinho murciano,
ligeiros e passageiros. Depois tomaram-se grosseiros, tem- dominado pela Monastrell. £ a DO mais antiga da região e
Pia i Llevant peramentais e encorpados. Mudaram novamente com o des- Jumilia empenha-se, como Builas, na sua renovação. Tudo parece
• Superfície de vinhedos: cobrimento das eternas virtudes das uvas vinfferas da terra. Superfície de vinhedos: mudar: a atenção dada ao vinhedo, as dotações das adegas,
300 hectares Existem nomes próprios da região que convém conhecer: 33000 hectares os sistemas de elaboração, o tratamento de cada variedade.
• Produção vinícola: 973 Manto Negro, Fogoneu, Callet e Prensal Blanca e que abri- • Produção vinícola: Até o adiantamento da vindima (colheita), que proporciona
mil litros gam em suas sementes os sabores e aromas da ilha. 23,5 milhões de litros vinhos com menos álcool e abre as portas para os vinhos
• Vinícolas: g • Vinícolas: 37 de Jumilla no mercado exterior.
O panorama vinícola é encabeçado por duas comarcas de
Binissalem Mailorca: Binissalem, no centro da ilha, e PIa i Uevant, pró- Veda Jumilia obtém da Monastreil vinhos de muita cor, intensos,
• Superfície de vinhedos: xima a Manacor. Binissalem é uma região produtora mais - Superfície de vinhedos: bem-estruturados, com aromas de fruta madura, além de
508 hectares antiga e de maior importância. Produz tintos que sempre 4600 hectares tintos doces que criaram moda na Espanha Central. Não
• Produção vinícola: chamaram a atenção. A personalidade das uvas Manto • Produção vinícola: seria justo esquecer as altas qualidades conseguidas com
milhão de litros Negro e Caliet combinam há anos com a Tempranillo. milhões de litros variedades chegadas de longe, como a Syrah.
• Vinícolas: 12 a Syrah, a Cabernet Sauvignon e a Meriot. O resultado • Vinícolas: 7
aumenta o interesse pelos vinhos da região. Na outra extremidade do panorama, está Bullas, a região
Bulias mais 'ovem e promissora. A sutileza e a frutuosidade da
Tudo com permissão do dima que, como acontece nas • Superfície de vinhedos: Monastreli encontram aqui um local propicio às asscmbla-
regiões insulares, exerce uma importante influência 4.000 ha ges com Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Syrah e Meriot.
sobre as produções. A situação se repete em Pla i Llevant, Produção vinícola: Builas compartilha com Yecla a elaboração de rosados
embora seja possível que esta região encontre a chave para 1,5 milhão de litros expressivos e tintos jovens. Yecla se distingue pela busca
desenvolver-se e avançar com maior velocidade. • Vinícolas: io de alternativas. Veremos qual o resultado da integração da
Petit Verdot e da Moscatel de Grano Menudo.
Clones autóctones. Dois produtores de Pia i Llevaist buscam alternativas de produção para as variedades
autóctones, cm torno das quais se desenvolveu um projeto de seleção de clones que certamente marrarã ofiau-
ro dos vinhos da regido.
Os vinhos da Espanha
Um lugar na história

Talvez os vinhos espanhóis estejam vivendo seu momento


mais doce. A modernização das elaborações, a introdução
da tecnologia nas adegas, as novas gerações de enólogos
e, acima de tudo, a profunda transformação experimentada
pelo vinhedo são alguns dos fatores que impulsionaram a
mudança.

Os vinhos da Espanha Neste livro, apresentamos uma visão geral do panorama viní-
cola espanhol, com 12 denominações de origem em compara-
• Superfície de vinhedos: ção às 64 registradas no momento em que este texto foi redi-
1.329.000 hectares gido. É uma pequena amostra que dá uma idéia bastante justa
• Produção vinícola: do passado, do presente e do futuro dos vinhos espanhóis.
4,8 bilhões de litros
• Vinícolas: 64 Vale a pena mencionar o avanço de algumas regiões, como
• Consumo individual de o trabalho com a Godello em Valedorras e com a Treixadura
vinho: 34,64 litros/ano em Ribeiro, a consolidação dos vinhos brancos de Rueda,
o imenso potencial que demonstram os vinhos de Utiel
Requena, o futuro que aguarda os vinhos tintos surgidos,
como por mágica, em Sierra de Ronda ou o autêntico acon-
tecimento que constitui a consolidação dos vinhos de pago
(algo na Espanha como os Grczncrus franceses), por meio
das iniciativas desenvolvidas em Castilla-La Mancha.

Teríamos que falar, ainda, das cavas, grandes vinhos espu-


mantes, em melhoria constante de qualidade. Hoje em dia,
a Espanha é a primeira produtora mundial desse vinho e o
primeiro país exportador de espumantes. A incorporação
das uvas Chardonnay às novas elaborações trouxe caráter e
personalidade a estes apreciados vinhos.

Vinhos de pago. Todos os vinhos s4o de pago, mas o termo que aparece na nova legislaçao do vinho refrre.se
a uma figura que distingue os vinhos produzidos com uvas de um único vinhedo. É umfeni5nieno impulsio-
nado pela elite dos elaboradores da regido de Castiga-La Mancha.
Bordeaux
A tradição na forma de vinho

Os vinhos de Bordeaux encarnam a mais pura tradição viti


vinícola da França. Grandes e pequenos estão perfeitamente
qualificados e organizados desde 1852, quando se consagra,
de forma quase definitiva, a qualificação da maior parte do
vinhedo da região nas categorias de cru.

mais sensacionais que se conhece, como o mítico Château Petrus, originário de Pomerol,
Bordeaux O cru é uma classificação que define as características de
uma parcela de cultivo (do solo, não do vinhedo), sempre CIUe reserva seus melhores vinhedos para a variedade Merlot, recebendo em troca vinhos
que seja o próprio viticultor que transforme em vinho as sedutores e enigmáticos como poucos.
• Superfície de vinhedos:
115Ooo hectares uvas ali colhidas. De acordo com o tipo de solo e a orien-
tação das parcelas de terra, estas são qualificadas como Outras importantes referências míticas dos vinhedos bordaleses - entre as quais podemos
• Produção vinícola: destacar vinícolas históricas como Château Latour, Cháteau Laffite-Rothschild, Château
550 milhões de litros de maior ou menor qualidade, como "grand cru", pretnier
Margaux ou Château Mouton Rothschild - têm suas videiras centenárias cultivadas nos
• Zonas vinícolas: cru", 'dcuxiêrne cru", "troisidme cru" e assim sucessivamen-
te, de tal maneira que a presença de qualquer uma destas terrenos do Médoc.
Médoc. Graves,
Sauternes, Entre-deux- qualificações no rótulo não se refere à qualidade do vinho,
mas à aptidão do solo para produzir vinhos de máxima Os vinhos de Bordeaux carregam fundamentalmente as cepas Cabernet Sauvignon. a
Mers. St. Foy-Bordeaux.
Cabernet Franc, a Merlot, a Petit Verdot e a M atbec, além de duas variedades brancas:
Côte de Bordeaux. qualidade.
a Sémilion e a Sauvignon Blanc.
St. Érnilion, Pomerol,
Côte de Blaye. Côte de Os vinhos de Bordeaux representam as referências mais
tradicionais do mundo do vinho. Sustentam-se sobre prin- O resultado, quase sempre, são vinhos potentes, intensos e multo estruturados, que
Bourg, Bordeaux-Côte posuem uma extraordinária aptidão para o envelhecimento. De fato, muitos dos grandes
de Francs, Fronsac, Côte cípios imutáveis, que vêm sendo respeitados há séculos,
imunes às mudanças ocorridas à sua volta. vinhos produzidos na região podem chegar a envelhecer durante so, ao ou 30 anos ou
de Castillon, Graves de niais, embora uma parte importante das elaborações atuais comece a sacrificar a longevi-
Vayres dade em favor de um maior frescor e a potencialização dos aromas frutados.
• Variedades: Cabernet A região vinícola mais representativa da França abrange rG
Sauvignon, Merlot. denominações de origem (Appellation d'Origine Contrôlée:
Malbec, Chardonnay. AOC), entre as quais estão referências respeitadas em todo
Sémillon, Chenin Blanc mundo, como Médoc, Saint Émilion e Pomerol. Não é por
acaso que estas três AOC dão origem a alguns dos vinhos
O fungo que enobrece o vinho. A AOC Sauternes produz os vinhos bra,wos, doces, mais singulares do
planeta, a partir de uvas afetadas pela botrytis cinerea, ou "podridao nobre". A ação deste fungo desidrata
a uva, concentrando seus açúcares e permitindo a produção de elegantes vinhos docemente aveludados, densos
e, sobretudo, extraordinários e caros. O Château D'Yquem é o mais famoso deles.
Tintos da Borgonha Brancos da Borgonha
A terra da Pinot Noir Dx grandes brancos da França
A natureza demonstrou uma imensa sabedoria ao repartir Se falamos de vinhos brancos franceses, estamos falando
os papéis entre as regiões do vinhedo francês. Se Bordeaux da Borgonha e alguns de seus produtos mais fascinantes:
encarna a solidez, a potência e o caráter dos grandes vinhos, os brancos de Côte de Beaune, uma das sub-regiões de Côte
Borgonha representa a elegância, a sutileza e os matizes aro- d'Or e que, juntamente com Côte de Nuit, fecha o círculo
máticos de vinhos delicados e espetaculares. que marca a origem de alguns dos vinhos mais destacados
dos vinhedos franceses.

Borgonha Os vinhos da Borgonha definem sua natureza em torno da Borgonha A produção borgonhesa de vinhos brancos estende-se à
personalidade de uma das mais sensíveis variedades conhe- maior parte das regiões produtoras. Chablis produz interes-
• Superfície de vinhedos: cidas: a Pinot Noir, uva que oferece vinhos sutis, delicados • Superfície de vinhedos: santíssimos brancos frescos, ligeiros e muito pessoais, ela-
26.530 hectares e sensuais, que vão ganhando personalidade, estrutura e 26.530 hectares borados a partir de uvas Chardonnay. Outras regiões, como
• Produção vinícola: caráter com o passar do tempo. • Produção vinícola: Mãconnais, concentram sua atividade na produção de
35,7 milhões de litros 887 milhões de litros vinhos amáveis e ligeiros, graças às diferenças climáticas.
• Zonas vinícolas: Os vinhos mais conhecidos pelo grande público acabam • Zonas vinícolas:
Chablis y Yonne, Côte sendo aqueles que menos têm relação com o caráter da Chablis y Vonne. Côte Entretanto, todos ficam eclipsados pelas jóias vinícolas de
dOr, Hautes Côtes, Cõte região. São os Beaujokzis nouveaux, lançados ao estrelato dOr, Hautes Côtes, Côte duas localidades de Côte de Beaune: Pullgny-Montrachet e
Chalonnaise, Mâconnais, pelo fervor do markaing que preferiu a uva Gamay em Chalonnaise, Mâconnais, Meursault. Esta última é urna pequena cidade cercada de
Beaujoiais detrimento da respeitável Pinot Noir. Beaujolais terrenos calcários, particularmente apropriados para elabo-
• Variedade tinta: • Variedade branca: rar brancos de qualidade. O resultado são vinhos potentes,
Pinot Noir A Borgonha estende-se pelas terras de Mâconnais, Ia Cóte Chardonnay de notável intensidade aromática e longa vida. Puligny-
Chalonnaise, Chablis, Côte d'Or e Hautes Côtes. As três Montrachet oferece, por sua vez, aquele que certamente é o
últimas concentram a produção dos melhores vinhos tintos. maior vinho branco da Borgonha: o Montrachet. Um vinho
E, quando se trata de tintos, é preciso buscar entre os vinhe- que reúne elegância e potência, características reservadas
dos de uma pequena cidade situada no coração de Côte de apenas aos grandes vinhos.
Nuit, uma sub-região de Côte d'Or, Vosne-Romanée, com seis
áreas produtoras designadas com a qualificação de Grand Cru. A Côte Chalonnaise propicia a produção de vinhos cheios
Entre eles estão duas referências míticas: Domaine de de encanto e personalidade, prontos para serem bebidos a
Ia Romanée Conti e La Táche, duas vinícolas do mesmo partir do terceiro ano de vida. Nascem em terrenos próxi-
proprietário. mos a seus parentes de Côte de Beaune.
A batalha contra o gelo. As geadas primaveris impuseram o isso, a partir dos anos cinquenta, de aquecedores
Brancos com madeira. Alguns dos melhores vinhos brancos da Borgonha devem parte de sua personalidade
a óleo no vinhedo borgonhês. A técnica pensanece, atualmente acompanhada de sistemas alternativos. como ao contato com a madeira dos barris nos quais costumam fermentar. Até afrmentaçdo maloldtica, em
aspersores que regam o vinhedo quando cai a temperatura. alguns casos, chega a serfrita na mesma barrica.
Champanhe Os vinhos da França
O vinho símbolo da alegria O centro do mundo do vinho

Impossível encontrar outro vinho que tenha uma imagem Onde quer que você esteja ou com quem quer que você fale,
tão alegre e festiva quanto o champanhe. Disse Alexandre se o tema for vinho, a França será mencionada. Não foi o
Dumas: "O champanhe não faz parte da festa: ele é a festa". primeiro país a elaborar vinhos nem é o principal produtor,
Além de um vinho ritual(stico é, também, um ícone de luxo, nem sequer é o país com maior número de vinhedos, mas
cuja simples presença é suficiente para despertar paixões. é a referência universal do mercado do vinho. Assim foi e
assim será.

30 Champanhe A natureza do champanhe está marcada em sua origem: os Os vinhos da França A França reúne parte dos vinhos mais prestigiados do
solos (sujeitos ao sistema francês, que valoriza a qualidade mundo. No entanto, as mudanças no mercado mundial abri-
• Superfície de vinhedos: do terreno, dassificando-o, do maior para o menor, desde • Superfície de vinhedos: ram as portas para novas elaborações e estão condenando,
31.000 hectares grand cru a cinquiëme cru), o dima e as três uvas viníferas 900.000 hectares pouco a pouco, os grandes clássicos a um futuro incerto.
• Produção vinícola: que intervêm na sua elaboração. Duas variedades tintas • Produção vinícola:
223,000.000 garrafas - a Pinot Noir, que confere corpo e longevidade, e a Pinot 5,9 bilhões de litros Seguramente, esta é uma das razões do processo de mudan-
• Viticultores: 15.000 Meunier, responsável pela sutileza aromática - e uma bran- • Zonas vinícolas: ça vivido na grande potência vinícola européia. Com custos
• Casas elaboradoras: ioo ca, a Chardonnay, artífice da elegância e caráter do vinho. Alsácia, Bordeaux, mais elevados de produção, aumentam as dificuldades para
• Zonas vinícolas: Borgonha, Champagne, a venda de seus vinhos, em virtude do seu preço final. O
Montagrie de Reims, São apenas 35.000 hectares de vinhedo em cinco comarcas, Languedoc-Roussillon, aumento das produções de qualidade no resto do mundo
ValIe dei Mame, Côte des encabeçadas por Montagne de Reims, a região com maior Provence, Ródano, vem reduzindo, e muito, a oferta dos vinhos franceses no
Blancs, Aube, Côte de número de terras qualificadas como grand cru: proporciona Sudeste e Vale do Loire mercado. A concorrência é acirrada e os produtores não
Sézanne a melhor Pinot Noir. Em seguida, estão o vale do Mame, Consumo individual de encontram caminhos para enfrentá-la.
• Variedades tintas: Pinot região produtora de Pinot Noir e Pinot Meunier; o feudo da vinho: 57.07 1/ano
Noir, Pinot Meunier Chardonnay, que é Côte des Blancs; os vinhedos de Aube, É preciso prestar atenção a regiões como Sancerre, berço de extraor-
• Variedades brancas: onde cresce 8o% da Pinot Noir do champanhe e a última, dinários vinhos brancos, que aproveitam ao máximo a Sauvignon
Chardonnay Côte de Sézanne, produtora exclusiva de Chardonnay. Blanc; os vinhedos à margem do Ródano, berço dos tintos de
Gamache de Cõte du Rhône;o vale do mire, com seus brancos e,
O champanhe é obtido por dupla destilação. A primeira cos- sobretudo, seus tintos profundos e intensos; ou a Alsácia a única
tuma ser feita em depósitos de aço inoxidável ou de madeira produtora de brancos capaz de competir com os alemães, E a nova
e a segunda ocorre na garrafa, com o acréscimo de licor de estrela: o [anguedoc-Roiiuillon, onde brilham vinhos de Cariitena
expedição", uma mistura de açúcar e leveduras. e Syrah, como os feitos em Côte de Languedoc.
O cometa. A imagem do cometa foi incorporada a muitas rolhas e rótulos a partir da vindima de .8zi, que Uma saída, Acabarão se recuperando do contratempo, embora na França se multipliquem vozes anunciando
chegou precedida pela aparição de um cometa no céu de Reims e Epernay, considerado pelo povo da terra aLiesastre. Existem frtoresfavoraveis, desde a extraordinária variedade de climas e solos até sua extraordiná-
como o responsável pela extraordinária qualidade da colheita. ria variedade de vinhos.
Itália
Uma bota cheia de vinho

Os mapas não enganam: o mapa da Itália tem a forma


de uma bota. Mas, não seria estranho se tivesse forma de
garrafa de vinho ou, pelo menos, era isso que pensavam os
gregos que a chamaram de Enotria (terra do vinho). Hoje
em dia, de fato, não nos admiramos quando vemos que
estamos diante do primeiro produtor de vinho do mundo.

Itália Existem outros dados que conferem um quadro bastante mais uma vez para as viníf'eras tradicionais. Entre elas, as mais significativas: a Nebbiolo,
real do imenso potencial vinícola que a Itália encerra. a Sangiovese, a Barbera ou a Trebbiano. Estas quatro variedades não são mais do que uma
• Superfície de vinhedos: Nenhum outro país do mundo dispõe de tantos vinhedos gota em meio a esse espetacular oceano que constitui o vinhedo italiano: cerca de i000
viníferas autóctones, embora a legislação que regule a produção vinícola só registre 400.
914.000 hectares nem de tamanha quantidade de elaborações vinícolas dife-
• Produção vinícola: rentes. Alguns números adicionais: o país tem mais de
5,5oo bilhões e 500 200 denominações de origem e mais de dois milhões de O Piemonte, região situada a noroeste do país, concentra algumas zonas vinícolas de refe-
milhões de litros viticultores. De fato, a vinha estende seus domínios por rência do renome de Barolo (tintos com três anos de envelhecimento em barril, obtidos a
• Viticultores: 2.000.000 praticamente toda a península italiana e pelas duas ilhas partir da uva Nebbiolo, densos e aveludados, que se destacam por sua intensidade aromá-
• Denominações de origem: que a compõem. Sicília e Sardenha. tica) e Barbaresco (fruto da mesma variedade, Nebbiolo, mas cultivada em um clima mais
mais de 200 seco e com dois anos menos de envelhecimento em barril). Da mesma forma, vale a pena
• Consumo individual de A abundância foi uma constante ao longo de sua história, mencionar os vinhos espumantes e os moscatéis de Asti, na mesma região do Piemonte.
vinho: 5304 1/ ano embora a batalha pela qualidade seja um tema muito mais
recente, tanto que esta não se concretiza, de forma gene- Dois eleitos entre as jóias vinícolas da Toscana: Bruneilo di Montalcino (vinhos nascidos
ralizada, até bem depois da segunda metade do século XX. da Bruneilo, done da Sangiovese, que demonstram estrutura, corpo e potência) e Chianti,
Neste momento, o envelhecimento em barris de carvalho um clássico entre os clássicos, um vinho potente, muito frutado, com caráter seco e acen-
se generaliza e chegam as grandes uvas viníferas francesas: tuada acidez.
a Cabernet Sauvignon, a Merlot, a Syrah e a Chardonnay.
estendendo, rapidamente, sua presença por boa parte do
vinhedo italiano.

Após alguns anos de testes, com resultados mais do que


irregulares, a maior parte dos produtos italianos volta-se
A referência siciliana. A co,wiveinciu entre a Trcbbiano e a Catarrato, as duas grandes variedades brancas
ila Skilia, dá origem a novos vinhos, que refletem o caráter desta terra e a cálida presença do Mediterrâneo.
.S,us brancos vêm sendo a grande revelação dos últimos anos.
Alemanha
A terra dos grandes brancos europeus

Atenção, porque ao contrário do que muitas pessoas acre-


ditam, estamos abrindo a porta dos vinhedos mais cuida-
dos, estudados e bem-tratados que existem. Vale a pena
acompanhá-los, pois ali são dados os primeiros passos para
aqueles que. sem dúvida alguma, são os melhores vinhos
brancos do momento.

Alemanha Estamos em uma terra pouco favorecida pelo clima: poucas Mosela-Sarre-Ruwer (com quatro sub-regiões: Baixo Mosela, Médio Mosela, Alto Mosela
horas de sol, temperaturas muito baixas, invernos longos e Sarre Ruwer) e Rheingau, berço de um dos melhores vinhos brancos do continente, são
• Superflcie de vinhedos: e verões curtos, entre outros motivos. Obstáculos que difi- regiões de grande prestígio do vinhedo alemão. Elaborados a partir da uva Riesling, os
102.000 hectares cultam a produção e cuja superação exigiu um considerável brancos de Mosela destacam-se, recém-engarrafados, por sua juventude, ligeireza e frescor
• Produção vinícola: esforço. Em primeiro lugar, buscaram-se os locais mais e por sua extraordinária aptidão para se transformar com a passagem do tempo em vinhos
1,o6 bilhão de litros ensolarados. A escolha recaiu sobre as encostas situadas fascinantes, complexos e inspiradores.
• Variedades: Riesling, ao longo dos meandros dos leitos dos rios que percorrem o
Müller-Thurgau, sul e o oeste do país. Outro tanto se pode afirmar dos brancos de Rheingau, que alguns classificam como supe-
Rulânder, Pinot Blanc, riores aos de Mosela. Elegantes e aromáticos em sua juventude, tornam-se majestosos,
Gewürztraminer, Silvaner, São terrenos que gozam de alto nível de exposição ao sol e complexos e equilibrados com o passar dos anos.
Spãtburgurider (Pinot que, graças à proximidade com os rios, são favorecidos por
Noir), Dornfelder microclimas que propiciam um bom nível de maturação Alemanha e Áustria produzem cerca de 500 milhões de garrafas anualmente de um vinho
• Consumo individual de da uva. Desde que tudo corra bem, claro, porque algumas espumante chamado seki, muito popular nos dois países (calcula-se que cada alemão con-
vinho: 24.44 1 1 ano horas de frio intenso podem acabar com o trabalho de um suma 5 litros por ano).
ano inteiro.
Em Nahe, são produzidos vinhos mais vigorosos, o que explica de alguma maneira o cres-
Em todas as regiões vinícolas alemãs, o trabalho é árduo. cimento das plantações de variedades tintas (ainda assim apenas 10% do total), enquanto
Desde Ahr, onde em apenas 522 hectares de vinhedo no que, em Hesse Renania, destacam-se os vinhos de vindima tardia, muitas vezes ligeira-
Reno Central, são produzidos brancos, tintos e, sobretudo, mente doces. O mapa vinícola alemão se completa com o Palatinado, Bergstrasse (Hesse),
um rosado peculiar, frutado, alegre e refrescante, até os Francoma, Baden e Wü.rttemberg, produtores de vinhos de consumo local.
390 hectares de Saale-Unstrut e Saxônia, onde o rendimen-
to médio apenas alcança os 34 hectolitros por hectare.

O curso do Reno. Desde a Idade Média até os anos sessenta do século passado, e saída natural dos vinhos
alem&s eram os nservados do norte da Europa. A topografia convertia o leito do Rena na única via de escoa-
nientO da produç8o, um caminho que sempre levava para o Norte.
Portugal
De surpresa em surpresa

Os aficionadas por vinho têm em Portugal urna fonte ines-


gotável de surpresas. A última delas foi a revelação de seus
vinhos tintos, protagonistas de um movimento que levará
os vinhos portugueses a ocupar o lugar que lhes cabe den-
tre os membros mais destacados do mercado vinícola.

A geografia vinícola de Portugal se divide nas Ires latitudes novas técnicas de elaboração. O Alentejo destaca-se por apresentar vinhos tintos que vivem
Portugal
possíveis em um país que vive na vertical: Norte, Centro tempos de mudança.
• Superfície de vinhedos: e Sul. Os vinhos do norte se desenvolvem nos leitos do
Minho e do Douro e reúnem, ao longo de duas regiões cla- O número de viniferas dos vinhos do Porto foi reduzido a praticamente sete. Mas a região
400.000 hectares
ramente diferenciadas, algumas das propostas mais suges- não perdeu em nada do prestigio secular de vinhos de características tão singulares, que os
• Produção vinícola:
tivas do mercado. A região vinícola situada mais ao norte se tornam únicos. Vinhos generosos, criados para envelhecer lentamente. que aumentam sua
755 milhões de litros
chama Vinho Verde e reúne o trabalho de mais de 80.000 lenda com o passar do tempo até converter cada taça em um sugestivo encontro de aromas
• Zonas vinícolas: Vinho
viticultores, uma estrutura minifundiária destinada à pro- e sabores espetaculares. Nascem da combinação de variedades centenárias, desenvolvidas
Verde, Porto Douro,
dução de vinhos brancos jovens e frutados, entre os quais em encostas escarpadas que seguem o leito alto do Douro (cepas de dificil cultivo e baixo
Dão, Bairrada, Bucelas,
se destacam os elaborados com as variedades Albarifto e rendimento). Alcançam níveis deslumbrantes com os Vintage, vinhos procedentes de uma
Colares, Carcavelos,
única colheita, declarada excepcional quando, dois anos depois da vindima, o resultado
Setúbal, Lagos, Lagoa. Loureiro.
demonstra a qualidade de suas elaborações e a aptidão para envelhecer. Com o passar dos
Portimão, Tavira,
Bem próxima, a região do Douro oferece tintos plenos de anos, esses vinhos ganharão contribuições aromáticas, proporcionarão surpresas ao paladar
Madeira
cor e caráter, equilibrados, pujantes e completos, rompendo e, como não poderia deixar de ser, obterão maior valorização.
• Variedades: Albarilo,
Arinto, Loureiro, Maria idéias conservadoras de portugueses e estrangeiros e se
convertendo em estrelas indiscutíveis do panorama vinícola Outra contribuição ao vinhos fortificados chega da Madeira, produtora de vinhos licorosos
Comes, Baga, Castelão
do país. que fazem parte da história. Chegam ao mercado com uma tipologia que usa como referên-
Francês, Ramisco, Tinta
cia os tempos de envelhecimento: 3 anos, 5 anos reserva, io anos reserva velha, 55 anos e
Roriz, Touriga Nacional
O Centro proporciona tintos robustos, duros e austeros no frcsqueira vil'ttage 20 anos.
• Consumo individual de
vinho: 46,8211 ano Dão, e espumantes e tintos estruturados, oriundos da uva
Baga, em Bairrada. No Sul, a península de Setúbal conver-
teu-se em uma bancada de testes, com novas variedades e

As uvas portuguesas. Os nomes das uvas viniferas portuguesas são uma história t parte: Trincadeira, Tinta
Barroca, Mourela. Tinto Cão, Maria Gomes, Ramisco, Arinto ou Tinta Roriz, para mencionar apenas
ügumas. Referincias que até os anos setenta se multiplicavam, quando eram empregadas 48 variedades na
elaboração do Porto.
Grécia e Hungria
Em busca da diferença

A Europa dos vinhos cobre a maior parte do continente.


Eslováquia, Dalmãcia, Macedónia Suíça e Áustria também a
fazem parte desta particular comunidade vitivinícola. No
entanto, entre estes, dois países se distinguem com elabora-
ções absolutamente singulares: Grécia e Hungria.
Américas
Grécia Os atuais vinhos gregos são filhos da revolução da década de
1960. A chegada ao pais de enólogos formados na França.
• Superfície de vinhedos: Itália e Alemanha converteu-se no germe da mudança que
to.000 hectares deu origem a um movimento de modernização.
• Produção vinícola:
420 milhões de litros Ainda resta um longo caminho a percorrer. A Grécia conta
• Variedades brancas: com mais de 300 variedades de uva, divididas ao longo de
Assyrtico, Rhoditis, 150.000 hectares de vinhedos que produzem por ano Goo
Savatiano e Chardonriay milhões de garrafas de vinho. Entre eles, vale destacar o
• Variedades tintas: retsina (vinho resinado), diretamente relacionado com as
Agiorgitiko. Limnio, elaborações tradicionais da Grécia clássica. Trata-se de um
Xynomavro, Cabernet vinho elaborado com uva Savatiano, ao qual se acrescenta
Sauvignon, Garnacha e resina de pinheiro de Alepo.
Shtraz
• Consumo individual de A Hungria é a terra natal do Tokay, uma das grandes rari-
vinho: 26,69 1/ ano dades do panorama vinícola europeu. São vinhos obtidos
de duas viníferas, a Furmint e a Harslevelu que, da mesma
Hungria / Tokay forma como acontece em Sauternes, sofrem o ataque fún-
gico da chamada podridão nobre. O resultado são vinhos
Superfície de vinhedo: densos, doces, de aromas bastante marcados e muito
7.000 hectares atraentes. A qualidade dos Tokay é medida em puttonyos.
Dependendo de suas características, podem ter entre três e
s-onyos-
Esplendor e decadência. Os vimhos gregos viveram seus dias de máxinw esplendor nos tempos da Grécia
clássica, quando os gregos, junto com Qsfcrl(cios, diJlndians a cultura do vinho pelo Mediterrâneo. O domi-
nio do império Otomano reduzi u a nada a produção vinícola, que demorou muito a se recuperar.
Estados Unidos
O emblema do Novo Mundo

Noventa por cento da produção vinícola norte-americana


concentra-se na Califórnia e, nela, em dois vales emblemáti-
cos para os aficionados do vinho: Sonoma e Napa. Situados
a alguns quilômetros ao norte de São Francisco, são uma
das referências obrigatórias da moderna história do vinho.

Estados Unidos A vida dos vinhos norte-americanos, que também são pro- de solos de origem vulcânica, nos quais se desenvolvem vinhas da variedade Chardonnay e
duzidos em estados como Washington. Oregon, Nova York, Cabernet Sauvignon, de baixo rendimento.
• Superfície de vinhedos: Connecticut, Pensilvânia, Ohio ou Maryland, entre outros,
415.000 hectares foi incerta até muito recentemente. Pode-se situar em Além disso, é preciso ressaltar a maturação e a plenitude aromática dos vinhos de
• Produção vinícola: 1966 o início da história dos atuais vinhos californianos. Diamond Mountain, a concentração de aromas e sabores dos Zinfandel de Howell
1,9 milhão de litros Foi nesta época que, ao final da recessão dos anos 6o, com Mountain ou a notável personalidade dos Cabernet Sauvignon de Oakvifle.
• Variedades brancas: apenas 25 vinícolas, das 140 que chegaram a existir em
Chardonnay, Chenin Napa, Robert Mondavi converteu sua vinícola em um dos O esplendor de Napa Valley se transforma em praticidade quando chega a Sonoma.
Blaric, Sauvignon Blaric, emblemas da região. Seu trabalho marcou o caminho que Aqui tudo é mais simples, a começar pela arquitetura das adegas. A região se divide em
Riesling iluminaria o nascimento dos novos vinhos californianos. diferentes extensões assentadas sobre diversos vales, como o vale do rio Russian, a oeste
• Variedades tintas:
de Santa Rosa, onde crescem a Pinot Noir, a Chardonnay, a Sauvignon Blanc, a Syrah
Garnacha, Pinot Noir, Quarenta anos depois, Napa Valley é urna das regiões mais OU a Zinfandel; o vale de Dry Creek, o vale de Knights, o menor terreno propício para a

Zinfandel, Cabernet prósperas do mundo do vinho. Dividida em nove regiões Cabernet Sauvignon, ou o vale Alexander, o mais fértil e quente de todos.
Sauvignon diferentes, tem mais de ioo vinícolas, metade das quais
ocupa posições de destaque. Tanto Napa como Sonoma desfrutam da presença benéfica do Oceano Pacífico, que pro-
Sonoma
voca o aparecimento de névoa densa nas épocas mais quentes do ano, retardando a passa-
Superfície de vinhedos: A área de maior prestígio internacional é Rutherford, pro- ein das radiações solares matinais e, conseqüentemente, atrasando a maturação da uva. Ê
15.000 hectares dutora de vinhos Cabernet Sauvignon densos, equilibrados uni fator decisivo para explicar o caráter e a personalidade dos vinhos da região.
e elegantes. Seguem de perto os vinhos de Stag's Leap.
Napa Valley região que desfruta de um clima muito parecido, ou Mount
Superficie de vinhedos: Veeder, uma montanha situada entre Napa e Sonoma,
30.000 hectares cujos vinhedos, a mais de 800 metros de altura, desfrutam
copies de ida e volta. As primeiras vinhas chegaram a ratas terras com os missionários que acompanhavam
oloeizadores espanhóis. Séculos depois, estas vinhas repovoaram os vinhedos europeus, assolados pela
rpidrmia da filoxera do século XIX. As cepos americanas, imunes ao inseto, propiciaram a rrcuperaç4o das
iiàiiitiifrras a partir de suas mudas.
Argentina
O anúncio de uma grande onda

Dizem os especialistas que os vinhos argentinos estão a


ponto de dar um salto ao estrelato e alcançar a consagração
nos mercados da Europa e do resto do mundo, um sonho
que seus produtores perseguem há multo tempo. A compe-
titividade de seus produtos e a obtenção de um considerável
nível de qualidade são argumentos decisivos nesta 'ornada.

Argentina Como acontece na maior parte dos países americanos, a são obtidos os melhores vinhos gran reserva do país, nascidos da qualidade da Cabernet
vinha chegou à Argentina pelas mãos dos colonizadores Sauvignon e a Malbec, cultivadas em suas terras. San Juan, com seus 40.000 hectares de
• Superfície de vinhedos: espanhóis, mas são as correntes migratórias dos séculos vinhedo, representa mais quantidade do que qualidade.
210000 hectares XIX e XX que marcam o panorama atual. Alemães, france-
• Produção vinícola: ses, espanhóis e italianos chegaram com suas uvas vinífe- l.a Rioja, a região mais antiga e de menor tamanho - apenas 7.000 hectares - está locali-
158 milhão de litros ras mais características e suas técnicas de elaboração, crian- zada na chamada zona andina norte, junto a Catamarca, Tucurnán ou Salta, regiões con-
• Variedades: do uma paisagem marcada pela extraordinária variedade de centradas na produção de brancos finos e brancos doces.
Trempanilio, Malbec, uvas do país.
Cabernet Sauvignon, Rio Negro, na zona andina patagônica, oferece uvas de grande qualidade, destinadas à pro-
Criolia, Barbera, A estrutura da indústria vinícola argentina não segue o dução dos espumantes argentinos, embora a maior parte da produção seja repartida entre
Meriot, Pinot Noir, planejamento tradicional de outras regiões vitivinícolas, algumas das grandes uvas presentes no champanhe.
Chardorinay, Sauvignon estruturadas em torno de fórmulas similares às denomina-
Blanc,Torrontés, Sémillon ções de origem européias. São estabelecidas três categorias Províncias mais distantes, como Ayacucho ou Córdoba, oferecem novas vias para um tra-
• Consumo individual de diferentes para as elaborações: a granel, reservas (vinhos de balho que busca, a cada dia, de forma mais decidida, o caminho da qualidade.
vinho: 32,11 1 / ano maior qualidade que os anteriores) e vinhos gran reserva.
A redução do rendimento das plantações e a seleção de variedades oferecem seus primei-
A imensa maioria da produção vinícola argentina (cerca ros frutos na forma de tintos de aromas profundos, mais concentrados e estruturados,
de 91%) se concentra nas províncias de Mendoza e San nascidos especialmente da Malbec, às vezes combinada com a Cabernet Sauvignon, e da
Juan, situadas ao abrigo da impressionante cordilheira dos Criolia, a variedade autóctone mais difundida. Os brancos continuam girando em torno de
Andes, correspondendo a liderança absoluta a Mendoza. uma variedade originária da Galícia, na Espanha: a Torrontés.
Esta região, vinícola por excelência, oferece algumas refe-
rências importantes, como Maipú e Luján de Cuyo, onde

Uruguai e a T.nnat. A Tannat, uma variedade francesa pouco apreciada na Europa, é a protagonista da
J.ilumhrunse apresentação em assembiage dos vinhos uruguaios, que conseguiram transformar em virtudes
ai iarui'frrlstucas mais agressivas da variedade.
Chile
A grande realidade das Américas

A indústria vitivinícola chilena vive um contínuo processo


de crescimento e desenvolvimento desde que, a partir
da década de 1980, optou pela modernização do setor e
seguiu, de forma decidida, o único caminho que torna pos-
sível o sucesso: o sacrifício da quantidade em beneficio
da qualidade.

Chile O processo iniciado há apenas 26 anos teve rápidos resulta- variedades tintas, que proporcionam vinhos alegres, frescos e descansados e que evoluem
dos. O mais importante é que o Chile converteu-se no pri- conforme avança o domínio sobre o envelhecimento em barril.
• Superfície de vinhedos: meiro produtor sul-americano de vinhos. Não foi totalmente
183.000 hectares surpresa, porque um elaborador espanhol de primeira linha Desde 1995, a produção vitivinícola chilena estabelece cinco regiões de produção claramen-
• Produção vinícola: havia anunciado com uma década de antecedência: "O Chile te diferenciadas. A mais antiga delas está ao redor do vale de Maipo, próximo à capital,
565,8 mil litros é um paraíso para a viticultura." Santiago, onde está localizada a maior concentração de vinhedos do país. É o ponto de parti-
• Variedades brancas: cia de boa parte dos vinhos Merlot e Cabernet Sauvignon chilenos.
Chardonnay, Sémillon, A posição dos proprietários de vinícolas, empenhados na
Sauvignon blanc luta pela qualidade, consolidou-se, ao longo da década de De importância considerável, surge o vale do Maule, cuja consolidação como região vinícola
• Variedades tintas: 1980, coincidindo com uma das conjunturas mais desfavo- só ocorreu na década de 8o, com o desenvolvimento de uma viticultura mais moderna. O
Cabernet Sauvignon, ráveis enfrentadas pelo setor, que viu diminuir a produção clima ligeiramente mais fresco do que o de outras regiões favorece produções de qualidade
Carmenére, Merlot. Pinot de vinhos em 50%. O retrocesso afetou, fundamentalmente. a partir da Cabernet Sauvignon e da Merlot. Mais recente ainda, está o destaque dos produ-
Noir os produzidos a granel e os vinhos de baixa qualidade, mas los vindos de Casablanca, na região do Aconcágua, berço de bons brancos vinificados a par-
• Consumo individual de as produções de qualidade, medidas pelo nível de aceitação tir da Chardonnay e da Sauvignon Blanc, variedades que multiplicam seus aromas graças à
vinho: 14,61 1 / ano no mercado exterior, saíram fortalecidas: as exportações lenta maturação da uva.
aumentaram oito vezes e alcançaram a quarta parte da pro-
dução total. A chegada de investidores estrangeiros, o rigoroso controle da produção por meio de
modernos processos de vinificação, a recuperação da casta Carmenére, que teria sido a cepa
Estamos em vinhedos dominados por três variedades: a predominante de Bordeaux antes da filoxera, e o reconhecimento internacional aos vinhos
Merlot, a Cabernet Sauvignon e a Chardonnay, embora de qualidade produzidos no Chile confirmam ser este pais muito mais que uma promessa.
encontremos outras variedades como as brancas Sémifion A opinião de renomados críticos e a crescente valorização de seus vinhos já é sentida por
e Sauvignon Blanc. No entanto, a pauta está nas mãos das todos que aprenderam a admirar os vinhos da terra de Pablo Neruda.

A cdvo da filoxera. O Chile pode-se considerar um dos poucos países do mundo que ndofoi visitado pela
Ioccc da filoxera. Seu isolamento geográfico manteve suas videiras a salvo, oferecendo o singular espetáculo
Jr ('.1 000 hectares de vinhedos pré-filoxéricos.
Brasil
A busca pela qualidade

Há três décadas, os vinhos brasileiros passam por transfor


mações significativas. Os varietais consolidaram-se a partir
da década de 70, com o aumento do cultivo das vitis virifera,
como a Meriot, Cabernet Franc e Chardonnay. A moderniza-
ção das técnicas de cultivo e de vinificação e o crescimento
do grau de exigência do consumidor nacional contribuíram
para o continuado ganho de qualidade do vinho brasileiro.

O brasileiro bebe cerca de 2 litros de vinho por ano. Um con-


Brasil sumo baixo se comparado aos 40 1 /ano do europeu e aos to
1/ano dos argentinos. Num mercado de So milhões de garra-
• Superfície de vinhedos: fas, o vinho importado responde por pouco mais de 50% dos
48000 hectares vinhos finos consumidos no Pais. Nada mal, considerando os
• Produção vinícola: problemas de variação dimática o elevado custo de produção e
250.000 litros alguma 'resistência" de boa parcela dos consumidores.
• Variedades brancas:
Chardonnay, Sauvgnon O aperfeiçoamento planejado da produção vinícola brasileira
Blanc, Riesling passa pela contratação de enólogos experimentados e surgi-
• Variedades tintas: mento de áreas geográficas demarcadas: Vale dos Vinhedos,
Cabernet Sauvignon, no Rio Grande do Sul, e Vale do Submédio São Francisco, nos
Meriot, Syrah estados de Bahia e Pernambuco. Na região do São Francisco,
os vinhedos permitem até duas colheitas anuais e uvas como a
Syrah e Pinot Noir adequaram-se magnificamente às caracte-
rísticas de clima e solo da região.

Vocação para os espumantes


A produção brasileira de espumantes mais do que dobrou nos
últimos três anos Vários destes vinhos vêm recebendo prêmios
importantes em concursos internacionais, dando visibilidade a
produtores como Aurora, Dai Pizzol, Miolo, Chandon, Salton,
Casa Valduga dentre outros. Utilizando os métodos tradicional e
Channat (para produção em maior escala), o espumante nacional
tem extraordinária relação qualidade/preço. Mas ainda há muito
que tlizer, já que a falta de informação é enorme e os consumido-
res ainda são atraídos por importados de qualidade inferior.
Os vinhos do Oriente Austrália
Líbano, China e Japão O vinho nas antípodas

É possível que o vinho seja o único traço de união entre Entre Nova Gales do Sul, o estado vinícola mais antigo
as culturas asiáticas do Mediterrâneo e as do sul do do país, ao norte de Sydney e berço do famoso Hunter
Pacífico, a milhares de quilômetros de distância. Um Valley, e a última comarca vinícola, Austrália Ocidental,
fenômeno que ocorre em um continente pouco afeito à que reúne vinhedos recentemente agrupados em torno
produção vinícola, que tem no Líbano, China e Japão suas de Perth, a Austrália apresenta a pujança de uma sólida
principais referências. indústria vitivinícola.

Os vinhos do Oriente Os conhecedores consideram que a China será uma das Austrâlia Em menos de 40 anos, a Austrália sofreu uma transfor-
grandes potências vitivinícolas do mundo. A magnitude do mação espetacular, passando da produção majoritária de
China mercado chinês, as condições climáticas da península de • Superfície de vinhedos: vinhos generosos, licorosos, ao estilo de Jerez, Porto ou
• Superfície de vinhedos: Shandong - ao sul de Pequim, onde foram plantados os pri- 158.000 hectares Madeira, e vinhos de mesa, de qualidade bem inferior, para
30.000 hectares meiros vinhedos, no início do século XX, e onde está concen- • Produção vinícola: converter-se em uma região vinícola de referência mun-
• Produção vinícola: trada a maior parte do vinhedo - e o interesse das grandes 800 milhões de litros dial. A transformação do setor ocorreu com a chegada da
i,o8 milhão de litros empresas, que passaram a olhar para este mercado - e inves- • Viticultores: Soo Cabernet Sauvignon em 1960, e a rápida implantação da
• Explorações vinícolas: 90 tir nele -, são fatores que sustentam esta idéia. A produção • Variedades brancas: Chardonnay nos vinhedos australianos a partir de 1970.
• Variedades: Niunai (teta está concentrada em torno de brancos ligeiramente doces. Chardonnay, Sémillon,
de vaca"), Muscat Noir, Riesling, Moscatel Os viticultores do país fizeram um trabalho espetacular,
Gewü rztra mine Para surpresa dos locais e dos estrangeiros, o Japão tem • Regiões vinícolas: Nova mostrando um estilo claramente diferenciado para estes
uma longa tradição vinícola que remonta ao ano iiSG, data Gales do Sul, Victoria, vinhos. Alguns de seus emblemas mais destacados são seu
Japão em que é obtida a primeira referência das plantações da Austrália Meridional e brilho especial, seu frescor e uma notável exibição aromáti-
• Produção vinícola: uva Koshu nas encostas do Fujiyama, onde ainda se con- Austrália Ocidental ca de caráter frutado.
86.640.000 garrafas centra a maior parte do vinhedo japonês. Assentado sobre - Variedades tintas:
• Variedades: Campbell solos vulcânicos, proporciona vinhos brancos honestos, Cabernet Sauvignon, No total, existem cinco regiões vinícolas: Nova Gales do
Early, Delaware, Muscat embora ainda careçam de um certo caráter. Syrah, Pinot Noir Sul. Victoria, região mais ao Sul, com uma produção bas-
Bailey, Sémillon, Riesling, tante desigual, a já mencionada Austrália Ocidental e a
Chardonnay O Líbano, considerado o berço da cultura do vinho, luta Austrália Meridional, que concentram a produção a granel
pela recuperação de um passado vitivinícola. Seus vinhedos em tomo de Riverland (Adelaide), e a produção de alguns
situam-se em regiões de conflitos nos últimos tempos: o dos melhores vinhos do país em regiões como Barossa
vale de Becaa e a região de Monte Líbano. Valley.

Uvas exóticas. Os vinhos orientais crescem com os olhos postos no extraordinário mercado potencial que A jóia da coroa. Os vinhos australianos destacam-se por sua notável capacidade de envelhecer: brancos que
oferecem os restaurantes chineses e japoneses, instalados em todo o mundo. Ouvi remos falar de seus salões dos ailionçam a maioridade aos 20 anos e tintos que chegam a seu esplendor aos 30 OU, mesmo, aos 40, como o
vinhos elaborados com uvas como a "Olho de Dragao" ou a 'Teta de Vaca. Grwigr i-hrmitage de Penfolds, uma das grandes jóias vinícolas do país.
Nova Zelândia
Duas ilhas e um destino

A Igreja foi a responsável pela chegada das videiras nas ter-


ras da Nova Zelândia, em iSlg, por iniciativa do missionário
Samuel Marsden. Foram plantadas em Kerikeri, na região de
Northland, embora o primeiro vinho tenha sido produzido
em 1836 na adega levantada por )ames Busby, em Waitangi.

Nova Zelàndia A Nova Zelândia baseia sua imagem vitivinícola em vinhos


brancos vivos e frutados, elegantes, equilibrados sobre
• Superfície de vinhedos: sua acidez e com urna grande concentração aromática.
18.000 hectares Apresentados como "os vinhos de clima fresco", propõem
• Produção vinícola: duas linhas de trabalho que se beneficiam da potência aro-
55 milhões de litros mática da Sauvignon Blanc e da Chardonnay.
• Variedades brancas:
Chardonnay. Müller- A produção vinícola da Nova Zelândia se divide pelas duas
Thurgau, Sauvignon grandes ilhas que formam o país. As referências mais inte-
Blanc, Riesling ressantes estão concentradas nas regiões vinícolas da Ilha
• Variedades tintas: do Norte, encabeçadas por Gisborne, a maior produtora de
Cabernet Sauvignon e brancos, sobretudo de Müller-Thurgau; Hawkes Bay, região
Pinot Noir pioneira, particularmente apta para a videira, produtora de
• Consumo individual de brancos e tintos de Cabernet Sauvignon; e Wairarapa, cujos
vinho: 15,9 1 / ano Pinot Noir têm prestígio em todo o mundo.

Citemos também Waikato e Auckland, na Ilha do Norte, e


Marlborough, referência destacada da Ilha do Sul. Trata-se
da região vinícola mais extensa do país, berço de tintos de
Cabernet Sauvignon, às vezes, combinados com Merlot par.i
obter vinhos mais equilibrados.

Da resina da araucária ao vinho. O impulso definitivo chega cm pl eno século XX graças em parte à deman-
da gerada pelos imigrantes franceses, aiemdes e dálmatas que vieram para explorar a resina e a madeira das
araucárias e acabaram envolvendo-se em uma indústria vitívias(cola, que lhes crcsfarniliar.
Norte da África Africa do Sul
Marrocos, Tunísia, Argélia e Egito Ds vinhos que surpreendem

Este pode ser o local do encontro entre o homem e o vinho. Passaram-se mais de 350 anos desde que o comerciante
Ao menos é isso que nos conta a História, que confere aos (an Van Riebeeck introduziu o cultivo da videira ria África
fenícios (povo que habitou as atuais terras do Líbano) a do Sul. Na época, ele só buscava um remédio para os casos
difusão, pelo Mediterrâneo, do cultivo da videira e a elabora- de escorbuto entre os marinheiros, mas a videira encontrou
ção dos primeiros vinhos. um ambiente muito favorável nas regiões mais ao sul do
continente, as mais distantes da linha do trópico.

Os vinhos do Norte A indústria vitivinícola do Magreb viveu tempos melhores, 4frka do Sul Os vinhedos se instalaram sobre solos pedregosos, que des-
da África coincidindo com o período colonial francês. A tal ponto que, frutam de um clima semelhante ao da área mediterrânea:
em meados do século XX, a produção chegava a dois terços - Superfície de vinhedos: verões quentes e luminosos, invernos suaves e úmidos. A
Marrocos do comércio mundial de vinho; momentos de esplendor 92.500 hectares África do Sul é o oitavo produtor de vinhos do mundo, con-
• Superfície de vinhedos: que levaram 8o% da população ativa da Argélia à produção - Produção vinícola: centrando pouco mais de 3% da produção.
12.000 hectares a granel, dedicada a complementar os vinhos franceses. 647,1 milhões de litros
• Zonas vinícolas: Berkane - Explorações vinícolas: Desde 1659, data de surgimento do primeiro vinho sul-afri-
e Angad, Mequinez- Os mercados do norte e do leste da Europa têm sua 9Oo cano, a produção ficou concentrada nas regiões próximas à
Fez, Gharh, Rabat e referência nos brancos da Argélia, obtidos da variedade - Vinícolas: 375 Cidade do Cabo. A mais importante é Coastal Region, que
Casablanca Chenin, embora a maior parte do vinhedo seja ocupada - Variedades brancas: Steen inclui seis distritos do Cabo: Constantia, Durbanville, Paarl,
pelas variedades tintas destinadas à produção a granel. A Chenin Blanc), I-lanepoot Stellenbosch, Swartland e Tulbagh. Em um plano secundá-
Túnez Tunísia, com a metade dos vinhedos da Argélia, consegue (Moscatel de Alexandria), rio, aparece Breede River Valley Region.
• Superfície de vinhedos: uma produção oito vezes maior. Colombard
17.500 hectares • Variedades tintas: Os vinhos mais destacados são os brancos da Coastal
• Produção vinícola: O Marrocos conta com a maior parte das vantagens do Cinsaut, Cabernet Region, elaborados, sobretudo, a partir da variedade Steen
32,1 milhões de litros clima. As brisas do Atlântico favorecem as regiões de cultivo Sauvignon, Meriot, Syrah (versão local da Chenin Blanc). Podem ser secos, de caráter
mais destacadas: a primeira ocupa as colinas do Atlas, entre vivaz, frescos e com boa acidez, ou meio-secos, ligeiramen-
Argélia Meknes e Fez. A segunda é a região entre Rabat e Casablanca, te adocicados e sutis. Os tintos se concentram em tomo da
• Superfície de vinhedos: junto à costa atlântica. O retomo de vinícolas francesas melho- crescente presença de variedades como a Syrah, a Meriot. a
61.000 hectares rou o produto final e os vinhos ganharam firmeza: ficaram Cabernet Franc e a Pinot Noir.
• Produção vinícola: famosos os rosados do Atlas e aumentou a procura pelos tin-
i milhões de litros tos robustos e estruturados dos vinhedos atlânticos.

Os vinhos dos faraós. O Egito se esforça por reproduzir os vinhos elaborados nos tempos dos fura.ós, anun- vinho de Napoldo. Os vinhos da Cidade do Cabo alcançaram um certo renome ao longo do século XIX,
ciados com nomes sonoros como Rainha Citópatra, Cru des Ptolomeu e Ornar Khayyam (curioso tinto com base, sobretudo, no moscatel de Constancia, um vinho doce muito apreciado por Napoleão e pelos tsares
aromas de tâmara).
Aveludado. Sensação suave, de textura sedosa ao paladar.
Glossário
Buquê. Conjunto de aromas terciários, desenvolvidos durante o envelhecimento de um vinho.

Carnudo. Vinho corri estrutura, potente, que enche a boca.

Fechado. Vinho que não mostra seus aromas claramente.

Clarificar. Eliminar o aspecto turvo do vinho.

Curto. Vinho com sabores e aromas de baixa intensidade e escassamente persistentes.

54 Aberto. Vinho que mostra seus aromas claramente.


Corte. Mistura de diferentes vinhos, de cepas distintas, para conseguir o produto desejado.
Doce. Vinho moderadamente doce que conserva açúcares residuais.
Coberto. Escuro, pouco transparente.
Acidez. Quantidade de ácido livre do vinho. A acidez controlada colabora no equilíbrio do
vinho e contribui para a sensação de frescor. Delicado. Vinho elegante, pouco robusto.

Frutado. Vinho cujos aromas e sabor recordam frutas. Denso. Vinho grosso, com muito corpo.

Agressivo. Vinho penetrante e pouco agradável. Depósito. Partículas depositadas no fundo da garrafa.

Agulha. Ligeira presença de gás carbônico natural, própria dos vinhos jovens. Duro. Vinho agressivo, geralmente com acidez muito elevada.

Âmbar. Cor de ouro-velho, âmbar, produzido pela oxidação em vinhos brancos. Fortificado. Adição de aguardente vínica ao mosto para deter a fermentação e aumentar o
teor de álcool dos vinhos.
Amplo. Vinho completo que faz ressaltar as características de cada um de seus
Equilibrado. Vinho harmonioso, no qual não se encontram defeitos.
componentes.

Aromático. Vinho com bons aromas primários. Especiarias. Vinhos com aromas que nos lembram especiarias.

Aromatizado. Vinho com aromas artificiais. Espesso. Vinho de alta densidade. Corresponde aos vinhos mais comuns.

Adstringente. Sensação de aspereza na língua, provocada por vinhos com taninos elevados. Expressivo. Vinho que mostra suas características com clareza.
Fermentação. Processo que transforma o açúcar em álcool para a intervenção das Oxidado. Vinho alterado por urri.i ('xc:(,',iv, r'XIiO*iI; li 1,1(1
leveduras, exceto na fermentação malolática, em que se transforma o ácido málico em
lático mediante a ação de bactérias. Avinagrado. Vinho que começa a avinagiir

Floral. Aroma do vinho que faz lembrar certas flores. Passificação. Amadurecimento excessivo de um cacho de uva que leva à concentração
do teor de açúcar: pode ser natural ou artificial.
Franco. Vinho que exibe claramente sua qualidade. Não possui nenhum tipo de defeito.
Engaço. Parte lenhosa do cacho de uva.
Frescor. Sensação produzida na boca por um vinho jovem, geralmente por sua acidez.
Redondo. Vinho harmônico, equilibrado.
Generoso. Vinho de alta graduação alcoólica.
Retrogosto. Sensações deixadas por um vinho após a degustação.
Gordo. Vinho untuoso, sedoso, com alto grau alcoólico.
Seco. Vinho com pouca ou nenhuma presença de açúcar.
Herbáceo. Sabores e aromas que aparecem quando a uva não amadureceu o suficiente.
Também aromas e sabores deixados pela parte lenhosa do cacho de uva (os engaços). Sedoso. Suavidade do vinho na boca.

Incisivo. Vinho com excesso de acidez. Suave. Vinho sedoso, de sabor muito agradável, que se sente no palato.

Lágrimas. Traços deixados pelo vinho na taça. Dependem da intensidade de álcool e da Tánico. Vinho adstringente, conseqüência da excessiva presença de taninos.
glicerina contida no vinho.
Varietal. Vinho elaborado com um só tipo de uva. Admitem-se os que contêm mais de
Levedura. Microorganismo com capacidade de fermentar o mosto. HÇY0 da variedade principal.

Borra. Restos de leveduras mortas que se decantam com o tempo em depósitos e barris. Verde. Vinho jovem, elaborado com uvas pouco maduras.

Ligeiro. Vinho com pouco álcool e estrutura. Vinhos de guarda. Vinhos que precisam ser conservados na adega: nielhor,ii,i nu ts'sIIIPu
precisam de alguns anos para estar em condições de consumo.
Límpido. Vinho transparente, sem matérias em suspensão.

Macerar. Deixar as cascas de uvas em contato com o mosto para que este obtenha cor.

Nobre. Vinho de qualidade. Aplica-se ao vinho produzido com especial cuidado a partir de
uvas selecionadas.
Índice 8 Vinhos dos cinco Vinhos das Américas
continentes
40 Estados Unidos
42 Argentina
Vinhos espanhóis 44 Chile
46 Brasil
12 Jerez
14 Rioja
16 Ribera dei Duero Vinhos da Ásia e da
18 Priorato Oceania
19 Taro
58 20 Rias Baixas 48 Os vinhos do Oriente
21 El Bierzo 49 Austrália
22 Mallorca So Nova Zelândia
23 Murcia
24 Os vinhos da Espanha
Vinhos da África

Vinhos da Europa 52 Norte da África


3 Africa do Sul
26 Bordeaux
28 Tintos da Borgonha 54 Glossário
29 Brancos da Borgonha
30 Champanhe
31 Os vinhos da França
32 Itália
34 Alemanha
36 Portugal
38 Grécia e Hungria
COZINHA PAÍS A PAÍS

2 0 Vinhos
Urna grande taça de vinho
Durante séculos, o vinho marcou a identidade da cultura ocidental e, de forma muito
especial, das sociedades que se desenvolve:k-am no Mediterrâneo. O descobrimento do
continente americano, a propagação do Cristianismo e a expansão dos impérios coloniais
nos séculos XVIII e XIX acabaram estendendo o cultivo da Vitis vinifera e a indústria
vitivinícola aos cinco continentes, de mane ira que países como Argentina, Austrália,
Chile, Estados Unidos, Nova Zelândia ou África do Sul converteram-se em autênticas
potências vinícolas. A globalização cultural e o desenvolvimento tecnológico, vivido nos
últimos anos do século XX e os primeiros do XXI, abriram novas perspectivas, inclusive
para os vinhos brasileiros. Países como China e Japão foram incorporados ao mercado,
que chegou a conhecer vinhos elaborados Çom uvas cultivadas diretamente sobre a água
dos rios. Neste início do século XXI, o mundo é, de forma praticamente definitiva, uma
gigantesca e deliciosa taça de vinho.

ISBN 85-16-05267-2

111111 1111
9 788516 052676 FoLHA DE S.JMuL0

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