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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

FONOAUDIOLOGIA NA
PARALISIA
FACIAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001

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CURSO DE

FONOAUDIOLOGIA NA
PARALISIA
FACIAL

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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Já vimos no Módulo I e II que as paralisias faciais podem ser divididas em
dois grandes grupos: paralisia facial central (PFC) ou supranucelares e paralisia
facial periférica (PFP) que apresentam lesões nucleares e infranucleares. Neste
módulo discutiremos sobre os sinais, sintomas e etiologia das PFC. Falaremos
também sobre as paralisias faciais congênitas.

6 PARALISIA FACIAL CENTRAL

6.1 CONCEITO

A PFC consiste em lesões dos neurônios motores piramidais do córtex


frontal que são responsáveis pelos movimentos voluntários que chegam aos núcleos
motores do facial na parte superior da face, ipsilateralmente e na parte superior e
inferior contralateralmente (Lazarini et al., 2002, Calais, Gomez, Bento e Comerlatti,
2005, Veiga, 2006, Busch, Sampaio, Lebre e Antunes, 2006). Com isso, podemos
observar na PFC que os movimentos involuntários ou emocionais podem estar
preservados.
Na PFC ocorre lesão supranuclear (trato corticonuclear) ou do neurônio
motor superior, antes de sua entrada no meato acústico interno, sendo que a causa

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da paralisia encontra-se no sistema nervoso central com alteração de mobilidade
apenas dos músculos do ⅓ inferior da hemiface contralateral à lesão nervosa, ou
seja, os movimentos da parte superior da face bilateralmente, a musculatura frontal
e do orbicular dos olhos estão conservados, principalmente devido a ação das vias
supranucleares ipsilaterais, geralmente os movimentos involuntários também se
encontram conservados, observa-se ausência do sinal de Bell (Busch, Sampaio,
Lebre e Antunes, 2006; Rondon, 2009, Santos, Ganda e Campo, 2009). As lesões
estão situadas na via exclusivamente motora do nervo facial, encontrada na área
motora cortical cerebral, que está situada na face lateral do giro frontal pré-central,
até o núcleo do nervo facial no tronco encefálico, na ponte (Veiga, 2006).
Para entender um pouco mais a PFC vamos relembrar o trajeto do nervo
facial. Segundo Veiga (2006, p.109) o núcleo motor do VII nervo está situado na
ponte, próximo ao bulbo, os axônios do núcleo motor, dirigem-se para o assoalho do
quarto ventrículo e circundam o núcleo do nervo abducente, segue em direção da
face ventral do tronco encefálico, saindo como nervo facial na fosseta supraolivar do
sulco bulboprotuberancial, próximo a origem do nervo intermédio de Wrisberg,
conforme podemos localizar na figura abaixo1. Quando ocorre lesão até este trajeto,
considera-se uma paralisia facial central.

1
FONTE: Veiga, JCE. Paralisia facial central. In LAZARINI, PR, FOUQUET, ML. Paralisia facial –
avaliação, tratamento, reabilitação. São Paulo: Lovise, 2006, p. 110.
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O núcleo facial divide-se em duas partes: a porção dorsal e a porção ventral.
A porção dorsal inerva a metade superior de um lado da face e recebe influxos
supranucleares constituídos por fibras corticais dos hemisférios ipsi e contralateral,
já a porção ventral que é responsável pela inervação da musculatura da mímica da
metade inferior da hemiface, recebe impulsos nervosos apenas do hemisfério
contralateral. Podemos observar isto na figura abaixo2, que mostra uma
representação esquemática ilustrando a terminação dos tratos corticonucleares no
núcleo motor do facial. A linha contínua representa a parte dorsal do núcleo facial,
inervando os músculos frontal, orbicular das pálpebras e superciliar, já a linha
descontínua representa a parte ventral que inerva os demais músculos da face
inferior. Com este desenho, podemos entender porque na PFC os músculos da parte
superior da face ficam mantidos, mantendo simétricas as linhas de expressão da
testa (Gomes, Vasconcelos e Bernardes, 2004, Veiga, 2006). Como a representação
cortical dos músculos da parte superior da face é bilateral, esta parte é poupada na
PFC. Porém, Veiga (2006, p. 112) salienta que “do ponto de vista semiológico
podemos constatar que, na paralisia facial central, às vezes, encontramos pequena
alteração parética3 também no território superior da face.”

2
FONTE: Veiga, JCE. Paralisia facial central. In LAZARINI, PR, FOUQUET, ML. Paralisia facial –
avaliação, tratamento, reabilitação. São Paulo: Lovise, 2006, p. 111.
3
Que apresenta paresia, ou seja, perda discreta da força muscular. Disponível em:
<www.pdamed.com.br/diciomed>. Acesso em: 15 mar. 2010.

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Uma característica da PFC é o deficit da musculatura facial quando o sujeito
quer realizar movimentos voluntários da parte inferior da face – como, por exemplo,
sorrir, fazer bico, falar, entretanto, pode haver contração involuntária desta
musculatura como manifestação emocional. Assim, o sujeito pode contrair a
musculatura da expressão do lado paralisado quando ri ou chora, embora não possa
fazê-lo voluntariamente (Machado, 2000). Veja na figura ao lado4, a representação
esquemática do controle voluntário da expressão facial.
Vamos entender como acontece: as vias eferentes somáticas dividem-se em
dois grupos: o sistema piramidal e o extrapiramidal. O sistema piramidal que é
responsável pelos movimentos voluntários, compreende o trato corticoespinal e o
trato corticonuclear. O trajeto que ele percorre entre o córtex e o neurônio motor se
dá por meio das fibras corticoespinais ou corticonucleares. Quando este sistema
sofre alguma lesão, o controle voluntário da musculatura facial fica afetado. Já o
sistema extrapiramidal, é responsável pelos movimentos automáticos, compreende

4
FONTE: Disponível em: <www.sistemanervoso.com>. Acesso em: 3 mar. 2010.
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as áreas corticais extrapiramidais como o cerebelo, vários núcleos do telencéfalo e
diencéfalo, além de vários núcleos e áreas do tronco cerebral. O trajeto entre o
córtex e o neurônio motor envolve um ou mais reles intermediários, diferente do
sistema piramidal. Como o sistema extrapiramidal necessariamente não está lesado
na paralisia facial central, o paciente consegue fazer movimentos como rir, bocejar
automaticamente, mas quando solicitado, não consegue (Gomez, Vasconcelos e
Bernardes, 2004). Os autores consideram que existem dois tipos de paralisia facial
central:
 À paralisa volicional ou voluntária – que tem envolvimento do sistema
piramidal, em que se observam implicações na contração voluntária com
preservação da função espontânea (sorriso, choro);
 A paralisia emocional ou mimética, ou amimia – esta paralisia é
resultado de uma lesão profunda com envolvimento extrapiramidal de gânglios da
base, tálamo ou hipotálamo. Aqui se observam dificuldades nos movimentos
automáticos, como sorrir ou chorar, enquanto os movimentos voluntários de contrair
os lábios estão preservados.

6.2 ETILOGIA

A causa principal da PFC são doenças vasculares, como aneurismas e


acidentes vasculares cerebrais, porém podem ocorrer lesões em razão de tumores;
processos degenerativos; desmielinizantes, como a esclerose múltipla; infecções e
traumatismos cranioencefálicos. A PFC costuma vir acompanhada de outras
manifestações neurológicas como hemiplegia, disartria, hemiparesia do mesmo lado
que ocorreu a paralisia facial, também pode estar associada à deficit de linguagem
quando houver lesão da área de Wernicke (Bento et al., 1998; Testa e Antunes,
2000; Veiga, 2006).

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6.3 SINAIS E SINTOMAS

Geralmente, nas lesões supranucleares,


observa-se que não ocorre somente paralisia facial, mas
também o comprometimento motor de outras estruturas
– língua, membros superiores e inferiores, isso ocorre
devido à proximidade das regiões corticais de
representação motora e das fibras do trato corticonuclear
(Busch, Sampaio, Lebre e Antunes, 2006).
Para Veiga (2006), pode-se geralmente observar como características da
paralisia facial central (veja na figura abaixo5):
 Desvio da rima bucal para o lado não paralisado, adquirindo uma forma
oval;
 Apagamento do sulco nasolabial;
 Ausência da contração do platisma do lado paralisado;
 Queixas de dificuldade de ingestão de líquidos;
 Líquido escorre pela comissura labial do lado oposto, devido à
impossibilidade de fechamento completo da boca;
 Mastigação também pode estar prejudicada, devido à paralisia do
músculo bucinador;
 Impossibilidade/dificuldade em assoprar e assobiar – devido à
incapacidade de protrusão dos lábios e perfeito fechamento;
 Disartria – geralmente discreta, em consequência da paralisia do
músculo orbicular da boca, apresenta dificuldade em pronunciar as consoantes
bilabiais e labiodentais (p, b, m, f, v);

Como a PFC geralmente vem associada com AVC, observa-se junto perda
de força do braço e perna opostos ao lado do desvio da boca, sendo essa uma
doença grave, considerada emergência médica. Calais, Gomez, Bento e Comerlatti,
5
FONTE: Disponível em: <www.2bp.blogspot.com>. Acesso em: 3 mar. 2010.
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(2005:219) salientam que “Classicamente o que se espera diante de uma PFC é a
preservação da movimentação da fronte e paralisia dos movimentos da musculatura
facial inferior contralateral à lesão, na solicitação da movimentação voluntária, e
preservação da movimentação da parte inferior na ação involuntária ou emocional.”
Os autores afirmam também a diferença da condição clínica da musculatura facial
entra a PFC e PFP, em que é observado que “normalmente, no momento posterior à
instalação da paralisia, os pacientes com PFP apresentam prejuízo parcial ou total
de todos os segmentos da face do lado paralisado, ipsilateralmente à lesão do
nervo, quer seja no repouso, na movimentação voluntária ou sob condição
involuntária. A semelhança ocorre apenas com relação ao desvio do filtro nasal, que
também dirige-se ao lado não afetado.”
Após pesquisa realizada com pacientes acometidos de AVC com PFC do
Serviço de Neurologia, Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, (2005) concluíram que na
avaliação funcional da musculatura facial destes pacientes, geralmente podia-se
observar:
 Preservação da movimentação voluntária da testa;
 Preservação da movimentação reflexa e voluntária dos olhos;
 Comprometimento funcional da movimentação e tônus da região nasal;
 Comprometimento da movimentação involuntária para o sorriso;
 Comprometimento funcional da movimentação voluntária da região dos
lábios em todos os casos.

6.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Também na pesquisa realizada, os autores acima observaram que alguns


aspectos podem ser utilizados como diagnóstico diferencial entre a paralisia facial
central e periférica.
 Presença de outros sintomas neurológicos;
 Lado afetado da face contralateral à lesão central;
 Na condição de repouso, simetria das linhas da testa e da pálpebra
inferior e assimetria do filtro nasal com desvio para o lado não afetado;
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 Na ação voluntária, preservação dos movimentos de testa (elevação e
contração) e de olhos com assimetria da retração labial do lado afetado.

Obs.: Os músculos, frontal, parte superior do orbicular dos olhos e superciliar


recebem inervação cortical bilateral que estão situados no núcleo superior do nervo
facial, no caso de paralisia facial central, estes músculos estão preservados.

O quadro abaixo sintetiza as diferenças entre a paralisia facial central e a


periférica:

Paralisia facial central Paralisia facial periférica


Lesão supranucleares - consistem Lesão nucleares apresenta etiologias
em lesões dos neurônios motores similares às supranucleares, mas o
piramidais do córtex frontal. local da lesão difere, sendo o núcleo
motor do facial (terço inferior da
protuberância). Lesão infranucleares
- o local da lesão se dá abaixo do
núcleo motor do facial e se
manifestam com quadros de paralisia
facial completa.

Parte superior da face poupada Toda hemiface está afetada.


(músculo orbicular dos olhos) e terço
inferior afetado.

A paralisia é contralateral. É homolateral, sendo do mesmo lado


da lesão.

Pode haver contração involuntária da A paralisia é total.


musculatura da mímica como
manifestação emocional, o paciente,
pode contrair a musculatura do lado
afetado quando ri ou chora, mas não
apresenta este movimento
voluntariamente.

Desvio do filtro nasal dirige-se ao Desvio do filtro nasal dirige-se ao


lado não afetado lado não afetado

Presença de outros sintomas Não apresenta outros sintomas


neurológicos. neurológicos.
FONTE: Machado (1993), Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, (2005).

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6.5 TRATAMENTO

Saber o local da lesão é extremamente importante para o fonoaudiólogo,


isso permitirá a elaboração de estratégias terapêuticas direcionadas para cada caso,
como também, saber o prognóstico (Calais, Gomez, Bento e Comerlatti, 2005). Os
autores afirmam também que o tratamento das PFC está direcionado ao quadro de
sintomas que o paciente apresenta. O tratamento deve ser acompanhado por uma
equipe multiprofissional, sempre tendo em vista uma melhora da qualidade de vida
do paciente.
Busch, Sampaio, Lebre e Antunes (2006, p. 174) afirmam que a reabilitação
de pacientes com paralisia facial central, difere das propostas tradicionais, pois
muitas vezes o paciente não consegue compreender as ordens dadas, as sequelas
indicam lesões supranucleares o paciente tem dificuldade na movimentação
voluntária, portanto, aproveitar para trabalhar com o paciente durante a ação motora
automática pode trazer benefícios para a terapia. Por exemplo, o terapeuta pode
incitar uma situação espontânea, como o riso e realizar a massagem indutora no
lado paralisado.
Outro aspecto observado em pacientes com PFC é que a primeira vista, a
musculatura dá a impressão de hipotônica, podendo apresentar bochechas em saco
e assimetria da rima bucal, porém, ao tocar a região, observa-se espasmo de
contração, mostrando a existência de hipertonia. Este músculo hipertônico “é pouco
funcional, não sustenta o movimento e não faz contrações sinérgicas e coordenador
que possibilitem o funcionamento adequado da estrutura.” A fonoterapia, neste caso,
tem como objetivo reduzir estas ações reflexas hipertônicas, com massagens
específicas e do relaxamento da contração muscular (Busch, Sampaio, Lebre e
Antunes, 2006, p.176).
Os autores acima salientam que a atuação fonoaudiológica nas PFC tem
como objetivo minimizar as sequelas e manter a aferência dos estímulos. É
necessário adequar às funções estomatognáticas alteradas e adequar à
musculatura, por meio de exercícios miofuncionais, de força e sensibilidade.

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De acordo com Matos e Oliveira (s/d6,p.04) a fonoterapia consiste na
realização de exercícios isotônicos, isométricos e isocinéticos dos órgãos
fonoarticulatórios, além de massagem peri e intraoral. Os autores salientam que:

“Os exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos podem ser


utilizados especificamente para contorno, extensão, oclusão e
abertura dos lábios, protrusão, retração e elevação da língua, além da
protrusão, elevação e depressão mandibular. A quantidade e a
duração da resistência utilizada nestes exercícios são
sistematicamente aumentadas de acordo com a habilidade do
paciente. Na fase inicial da paralisia com pouco ou nenhum esboço
de movimento, o trabalho consiste na realização dos movimentos da
avaliação e outros feitos de forma isométrica e acompanhados por
massagens indutoras do movimento desejado na hemiface paralisada
(Altmann, 998) no sentido do movimento. Essas massagens podem
ser exclusivamente manuais, lentas, com pressão profunda ou com
utilização de massageador facial suave.”

As massagens proporcionam um efeito circulatório que eleva o metabolismo


circular e estimula o trofismo muscular. São importantes também para estimular os
receptores proprioceptivos. As massagens podem ser realizadas em ambos os lados
da face, pois a fonoterapia tem sempre a intenção de oferecer estímulos sensoriais
simétricos (Gomez, Vasconcelos e Bernardes, 2004).
O prognóstico sempre vai depender do grau da lesão, do local da lesão, das
áreas afetadas, das intervenções realizadas e muito, da cooperação do paciente.
Muitas vezes, um exercício realizado num paciente com PFP não tem resultados tão
positivos num paciente com PFC, isto se deve a condição clínica da musculatura
facial que é diferente de uma paralisia para a outra.

6
Artigo publicado na Revista Científica do Hospital Central do Exército, em que apresentam a terapia
fonoaudiológica para um paciente com PFC, internado no HCE do Rio de Janeiro.
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7 PARALISIA FACIAL CONGÊNITA

7.1 CONCEITO

A figura7 do bebê ao lado apresenta uma assimetria facial causada por uma
paralisia facial congênita, que não é frequente em
recém-nascidos e quando ocorre tem várias causas.
Sua incidência é de 1,4% dos nascimentos vivos e
pode ter causa adquirida ou de desenvolvimento
(Granato e Lazarini, 2006). Inicialmente, o incômodo,
a angústia, não é no bebê, mas sim em seus pais e
familiares. As primeiras relações afetivas estão
intimamente relacionadas com a mímica facial, pois é
por meio da expressão que a criança demonstra
alegria, dor, choro, desconforto (Gomez, Vasconcelos
e Bernardes, 2004). Nestes bebês, estas expressões
geralmente estão prejudicadas, principalmente
quando ocorre paralisia facial bilateral.
Existem dois tipos de paralisias faciais
congênitas:
 Não desenvolvimento dos núcleos celulares pontinos, que dariam
origem às fibras do nervo facial.
 Paralisia facial do tipo "Heller", que consiste na não formação do
pavilhão da orelha e outras estruturas circunvizinhas.

7
FONTE: Disponível em: <3.bp.blogspot.com/.../s320/paralisia-facial.gif>. Acesso em: 1 mar. 2010.
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7.2 ETIOLOGIA

As causas que geram a paralisia do VII par craniano no recém-nascido


podem ser devido a erros de embriogênese ou adquiridos durante a gestação, ou
aqueles ocasionados durante o parto (Gomez, Vasconcelos e Bernardes, 2004).
Entre as causas adquiridas Granato e Lazarini (2006) citam pressão na face
provocada pela proeminência sacral durante o trabalho de parto ou a utilização do
fórceps. Nos casos de trauma de parto, geralmente a paralisia associa-se a outros
sinais, como edema facial, equimoses
e hemotímpano. Traumatismos de
parto são responsáveis por 78% dos
casos de paralisia facial.
Entre as etiologias congênitas,
a sequência de Moebius é a mais
estudada. Na síndrome ou sequência
de Moebius (figura ao lado8) observa-
se uma fraqueza ou paralisia dos
músculos faciais o que dificulta a expressão das emoções por meio da face. O sexto
(nervo abducente) e o sétimo (nervo facial) pares cranianos estão envolvidos nesta
doença. Ocorre paralisia facial uni ou bilateral, estrabismo convergente. Pode
ocorrer também paralisia de outros nervos cranianos, malformações dos membros
(pés tortos congênitos, artrogripose9 e sindactilia10) e malformações de estruturas
faciais (Altmann e Vaz, 2004; Guedes, 2008).
Altmann e Vaz (2004) salientam que outras síndromes podem apresentar
paralisia facial como consequência: a síndrome de Poland, complexo de Charge,

8
FONTE: Disponível em: <www.fm.unt.edu.ar/.../oftalmologia/moebius1.JPG>. Acesso em: 16 mar.
2010.
9
Múltiplas deformidades rígidas nas articulações. FONTE: Disponível em:
<www.wgate.com.br/conteudo/.../artrogripose.htm>. Acesso em: 16 mar. 2010.
10
É uma anormalidade embriológica que resulta na visível união entre dois ou mais dedos das mãos
ou dos pés. FONTE: Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Sindactilia>. Acesso em: 16 mar. 2010.

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síndrome de distrofia miotônica de Steinert e espectro fascioauriculovertebral ou
síndrome de Goldenhaar.
De acordo com Lazarini e Almeida (2006) além da sequência de Moebius
outras alterações podem levar a paralisia facial, entre elas
 Agenesia do nervo facial – ocorrendo ausência de inervação muscular
da face, é uma condição rara, pode ser isolada ou associada a outras alterações.
 Paralisia do lábio inferior – doença que ocorre no desenvolvimento do
nervo facial, ocorrendo o comprometimento da inervação da musculatura do lábio
inferior, a mobilidade do restante da hemiface está preservada. Os músculos
afetados são os inervados pelo ramo mandibular do facial – orbicular da boca,
depressor do ângulo da boca, depressor do lábio inferior e o mentoniano.

7.3 QUADRO CLÍNICO

Casos de paralisia facial congênita, seja central ou periférica, não apresenta


um aspecto típico, as alterações faciais vão ocorrer de acordo com o que foi lesado,
e, quando associado à síndrome, seu quadro clínico pode envolver outras
alterações.

7.4 TRATAMENTO

Granato e Lazarini (2006) salientam que o tratamento geralmente é cirúrgico,


podendo ser complementado com estímulos elétricos. O resultado da cirurgia
depende da época da indicação, sabendo-se que quanto mais cedo for operado,
melhor será o resultado.
Guedes (2008) afirma que em virtude da ausência da mímica facial e do
quanto tal característica tem sido considerada importante na comunicação oral,
estes pacientes necessitam de um trabalho multidisciplinar para minimizar os graves
transtornos psicossociais que acarretam dificuldades de comunicação para esses

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pacientes. A equipe multidisciplinar é composta por: neurologista, geneticista,
fonoaudiólogo, psicólogo, oftalmologista, otorrinolaringologista, ortopedista, cirurgião
plástico. O trabalho fonoaudiológico visa à melhora na comunicação, melhora no
desempenho das funções estomatognáticas por meio de exercícios.
Quando a etiologia da paralisia é um erro de embriogênese, Gomez,
Vasconcelos e Bernardes (2004) afirmam que o tratamento deve ser diferenciado,
devido a outras sequelas que ocorrem. O objetivo principal da terapia deve ser
adequar às funções estomatognáticas – sucção, deglutição, mastigação, respiração
e articulação. É necessária a realização de exercícios miofuncionais para adequação
do tônus e mobilidade da musculatura facial. O trabalho de propriocepção,
sensibilidade gustativa e a estimulação da linguagem, também devem ser
realizados.
Os pacientes com síndrome de Moebius, geralmente costumam apresentar
dificuldades para mamar e consequentemente ganhar peso, pois apresentam
pequena abertura de boca, mobilidade palatal pobre e sucção e deglutição
ineficientes, restrição de movimentos mastigatórios laterais ou ausência de
mastigação, levando muitas vezes a um grau de desnutrição preocupante ou ganho
de peso muito lento (Canonaco, 1998, Carneiro e Gomes, 2005). Estes pacientes
necessitam de um acompanhamento fonoaudiológico para adequação das funções
estomatognáticas e da musculatura facial. A orientação à família deve ser feita
desde o nascimento, principalmente devido aos problemas relacionados com a
alimentação.
De acordo com Guedes (2006) o processo terapêutico nos casos de
paralisia facial congênita, deve iniciar com relaxamento do rosto, pescoço e ombros,
em seguida vem o trabalho individual da musculatura:
 Na testa, os movimentos são ascendentes;
 Nas pálpebras superiores e inferiores, são em direção lateral;
 Na porção lateral do nariz, movimentos descendentes;
 Na região das comissuras labiais, movimentos para fora e para cima,
para os lados e para baixo;
 No pescoço, movimentos descendentes.

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A direção dos movimentos é apresentada na figura11 abaixo:

Outros exercícios devem ser realizados por meio de movimentação


complementar com mímica, em que a autora insiste na importância de relacionar a
mímica com o sentimento emocional que deve ser expresso. Por exemplo, ao pedir
que o paciente realize o exercício com “cara de nojo”, solicitar ao paciente que
pense em algo que o enoje enquanto realiza a mímica. Devem ser trabalhados
também exercícios de sucção, mastigação, deglutição e articulação, de acordo com
a necessidade de cada paciente. Exercícios de abertura de boca, mordida e
relaxamento para um bom resultado nas paralisias. A autora utiliza também
exercício de mastigação seguida de sorriso e lateralização de mandíbula seguida de
sorriso. As massagens devem se lentas e sem força. Como produzem o
aquecimento das fibras musculares devem ser realizadas no início da terapia e
seguidas de relaxamento.

11
FONTE: Guedes, 2006, p. 170.
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O trabalho com pacientes com paralisia facial congênita, principalmente com
a etiologia de síndrome de Moebius, é um trabalho bastante árduo. Guedes (2006, p.
172) citando Cole (1999) afirma que o fonoaudiólogo deve fazer “de tudo para que
essas crianças possam ter o prazer de expressar seus sentimentos por meio de
alguma parte de seu corpo, mesmo que seja ‘sem face’”.

7.5 PROGNÓSTICO

Em primeiro lugar, deve-se levar em consideração que a evolução da PF


congênita é diferente da PFP. Os resultados vão depender da quantidade de fibras
do nervo facial que estão saudáveis e, em alguns casos, dos resultados do
tratamento cirúrgico. Deve-se também levar em consideração outras alterações que
podem estar relacionadas à paralisia facial, que muitas vezes vão dificultar o
tratamento.

7.6 QUESTÕES PARA ESTUDO

1- A PFC, é considerada uma lesão supranuclear, explique.


2- Explique porque na PFC os movimentos automáticos estão presentes.
3- Quais sinais e sintomas que diferenciam a PFP da PFC.
4- Como é a atuação fonoaudiológica na PFC?
5- Qual a importância da atuação fonoaudiológica ao recém-nascido com
diagnóstico de paralisia facial congênita?

FIM DO MÓDULO III

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