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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA MECÂNICA

FACULDADE DE ENGENHARIA
DE BAURU – UNESP
Prof. Dr. Santiago del Rio Oliveira

CONDUÇÃO 2ª VERSÃO (junho de 2017)

TÉRMICA
NOTAS DE AULA (PEM 00135)
“A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos
outros dez”. (George Bernard Shaw)
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO A CONDUÇÃO TÉRMICA

1 – ALGUMAS APLICAÇÕES DE CONDUÇÃO TÉRMICA 1


2 – LEI DE FOURIER 4
3 – LEI DE FOURIER PARA MATERIAIS ANISOTRÓPICOS 9
4 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA 12
5 – DIFUSIVIDADE TÉRMICA 16
6 – A EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR 17
6.1 – COORDENADAS RETANGULARES 17
6.2 – COORDENADAS CILÍNDRICAS 26
6.3 – COORDENADAS ESFÉRICAS 32
7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO E CONDIÇÃO INICIAL 38
7.1 – CONDIÇÃO DE CONTORNO DE PRIMEIRA ESPÉCIE 38
7.2 – CONDIÇÃO DE CONTORNO DE SEGUNDA ESPÉCIE 39
7.3 – CONDIÇÃO DE CONTORNO DE TERCEIRA ESPÉCIE 41
7.4 – SUPERFÍCIE COM RADIAÇÃO 42
7.5 – CONDIÇÃO INICIAL 43
7.6 – CONDIÇÕES DE CONTORNO HOMOGÊNEAS 44
7.7 – EXEMPLOS DE CONDIÇÃO DE CONTORNO 45
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47
9 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 48

CAPÍTULO 2 - CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME


PERMANENTE

1 – INTRODUÇÃO 53
2 – O PROBLEMA DA PAREDE PLANA 53
3 – O PROBLEMA DO DUTO CILÍNDRICO 63
4 – O PROBLEMA DA CASCA ESFÉRICA 71
5 – SEÇÕES CÔNICAS TRUNCADAS 80
6 – GEOMETRIAS COMPOSTAS 86
6.1 – PAREDE PLANA COMPOSTA 86
6.2 – SISTEMA CILÍNDRICO COMPOSTO 88
6.3 – SISTEMA ESFÉRICO COMPOSTO 90
7 – GERAÇÃO DE CALOR UNIFORME 92
7.1 – A PAREDE PLANA 93
7.2 – CASCA CILÍNDRICA COMPOSTA 95
7.3 – A ESFERA MACIÇA 96
8 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 102

CAPÍTULO 3 - PROBLEMAS AVANÇADOS DE CONDUÇÃO


UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE

1 – INTRODUÇÃO 110
2 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA VARIÁVEL 111
2.1 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA DEPENDENTE DA POSIÇÃO 111
2.2 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA DEPENDENTE DA TEMPERATURA 118
3 – GERAÇÃO DE ENERGIA NÃO-UNIFORME 124
3.1 – GERAÇÃO DE ENERGIA DEPENDENTE DA POSIÇÃO 124
3.2 – GERAÇÃO DE ENERGIA DEPENDENTE DA TEMPERATURA 131
4 – RESFRIAMENTO CONVECTIVO-RADIATIVO DE SÓLIDOS 145
5 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 150

CAPÍTULO 4 - ALETAS

1 – OBJETIVO DAS ALETAS 154


2 – HISTÓRICO 156
3 – TIPOS DE ALETAS 159
4 – EFICIÊNCIA DE UMA ALETA 161
5 – HIPÓTESES DE ANÁLISE 161
6 – ALETAS LONGITUDINAIS 163
6.1 – EQUAÇÃO DIFERENCIAL GENERALIZADA 163
6.2 – ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL RETANGULAR 166
6.3 – ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL TRIANGULAR 170
6.4 – ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL PARABÓLICO CÔNCAVO 173
6.5 – ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL PARABÓLICO CONVEXO 177
7 – ALETAS RADIAIS 183
7.1 – EQUAÇÃO DIFERECIAL GENERALIZADA 183
7.2 – ALETA RADIAL DE PERFIL RETANGULAR 186
7.3 – ALETA RADIAL DE PERFIL HIPERBÓLICO 193
8 – ALETAS PINIFORMES 198
8.1 – EQUAÇÃO DIFERENCIAL GENERALIZADA 198
8.2 – ALETA PINIFORME DE PERFIL CILÍNDRICO 202
8.3 – ALETA PINIFORME DE PERFIL RETANGULAR 206
8.4 – ALETA PINIFORME DE PERFIL ELÍPTICO 209
8.5 – ALETA PINIFORME DE PERFIL CÔNICO 212
8.6 – ALETA PINIFORME DE PERFIL PARABÓLICO CÔNCAVO 215
8.7 – ALETA PINIFORME DE PERFIL PARABÓLICO CONVEXO 219
9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 257
10 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 258

CAPÍTULO 5 – CONDUÇÃO MULTIDIMENSIONAL EM REGIME


PERMANENTE

1 – A EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR 261


2 – MÉTODO DE SOLUÇÃO E LIMITAÇÕES 262
3 – EQUAÇÃO DIFERENCIAL HOMOGÊNEA E CONDIÇÕES DE CONTORNO
HOMOGÊNEAS 263
4 – PROBLEMA DE VALOR DE CONTORNO DE STURM-LIOUVILLE:
ORTOGONALIDADE 264
5 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM COORDENADAS ESFÉRICAS 311
6 – CONDUÇÃO TRIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE 321
7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO NÃO-HOMOGÊNEAS O MÉTODO DA
SUPERPOSIÇÃO 326
8 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 349

CAPÍTULO 6 – CONDUÇÃO TRANSIENTE


1-MÉTODO SIMPLIFICADO: MÉTODO DA CAPACIDADE CONCENTRADA 353
1.1-CRITÉRIO PARA SE DESPREZAR A VARIAÇÃO ESPACIAL DE
TEMPERATURAS 353
1.2-ANÁLISE GERAL DA CAPACIDADE CONCENTRADA 355
1.2.1-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM h CONSTANTE 357
1.2.2-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM h VARIÁVEL 359
1.2.3-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM c VARIÁVEL 361
1.2.4-RESFRIAMENTO RADIATIVO 362
1.2.5-SEM RADIAÇÃO E CONVECÇÃO COM h CONSTANTE 364
2-EFEITOS ESPACIAIS 369
2.1-A PAREDE PLANA COM CONVECÇÃO 369
2.1.1-SOLUÇÃO EXATA 371
2.1.2-SOLUÇÃO APROXIMADA 375
2.1.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA 376
2.2-O CILINDRO LONGO COM CONVECÇÃO 378
2.2.1-SOLUÇÃO EXATA 380
2.2.2-SOLUÇÃO APROXIMADA 384
2.2.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA 385
2.3-A ESFERA COM CONVECÇÃO 387
2.3.1-SOLUÇÃO EXATA 389
2.3.2-SOLUÇÃO APROXIMADA 394
2.3.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA 394
3-CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL TRANSIENTE 397
4-O MÉTODO DA SIMILARIDADE 402
5-O MÉTODO INTEGRAL 408
6-EXERCÍCIOS PROPOSTOS 415

APÊNDICE – MATEMÁTICA APLICADA

1-EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE SEGUNDA ORDEM LINEARES


E HOMOGÊNEAS COM COEFICIENTES CONSTANTES 419
2-EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE SEGUNDA ORDEM LINEARES
E NÃO-HOMOGÊNEAS COM COEFICIENTES CONSTANTES 420
2.1-SOLUÇÃO GERAL PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES
INDETERMINADOS 420
2.2-SOLUÇÃO GERAL PELO MÉTODO DA VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS
422
3-EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE BESSEL E FUNÇÕES DE BESSEL 423
3.1-FORMA GERAL DAS EQUAÇÕES DE BESSEL 423
3.2-SOLUÇÕES: FUNÇÕES DE BESSEL 424
3.3-FORMAS DAS FUNÇÕES DE BESSEL 425
3.4-FORMAS ESPECIAIS FECHADAS DAS FUNÇÕES DE BESSEL 428
3.5-RELAÇÕES ESPECIAIS PARA n = 1,2,3,... 429
3.6-DERIVADAS E INTEGRAIS DE FUNÇÕES DE BESSEL 429
3.7-INTEGRAIS NORMALIZADAS DE BESSEL 430
4-ORTOGONALIDADE E FUNÇÕES ORTOGONAIS 431
5-FUNÇÃO ERRO E FUNÇÃO ERRO COMPLEMENTAR 435
6-FUNÇÃO GAMA 436
7-FUNÇÃO INTEGRAL EXPONENCIAL 438
8-EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE LEGENDRE 439
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1 – Experimento de condução térmica em regime permanente. 6


Figura 2 – A relação entre o sistema de coordenadas, o sentido do escoamento de calor e
o gradiente de temperaturas em uma dimensão. 7
Figura 3 – O vetor fluxo térmico normal a uma isoterma em um sistema de coordenadas
bidimensional. 8
Figura 4 – Faixa de condutividade térmica de vários estados da matéria à temperaturas e
pressões normais. 13
Figura 5 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de sólidos
selecionados. 13
Figura 6 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de gases
selecionados a pressões normais. 14
Figura 7 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de líquidos não-
metálicos selecionados sob condições saturadas. 15
Figura 8 – Volume de controle diferencial, dxdydz , para a análise da condução de calor
em coordenadas retangulares x, y, z. 18
Figura 9 – Volume de controle dxdy para a representação dos termos advectivos. 20
Figura 10 – Esquema utilizado para calcular o fluxo de calor na direção circunferencial
de um sistema de coordenadas cilíndricas. 26
Figura 11 – Volume de controle diferencial rdφdrdz, para a análise da condução de
calor em coordenadas cilíndricas r , φ , z. 27

Figura 12 – Volume de controle rdφdrdz para a representação dos termos advectivos. 28

Figura 13 – Volume de controle diferencial r 2senθdrdφdθ para a análise da condução


de calor em coordenadas esféricas r , φ ,θ . 32

Figura 14 – Volume de controle r 2senθdrdφdθ para a representação dos termos


advectivos. 34
Figura 15 – Condição de contorno de primeira espécie (Dirichlet). 38
Figura 16 – Condição de contorno de segunda espécie (Neumann). 40
Figura 17 – Condição de contorno de terceira espécie (Robin). 41
Figura 18 – Duas situações para a representação das condições de contorno. 45
Figura 19 – Interface com fonte de calor. 46

CAPÍTULO 2

Figura 1 – Parede plana com fluido em ambos os lados. 54


Figura 2 – Parede plana composta. 59
Figura 3 – Esquema de um circuito elétrico na qual é baseada a analogia entre a lei de
Ohm e a lei de Fourier. 61
Figura 4 – Seção transversal de um duto cilíndrico. 63
Figura 5 – Seção transversal de um duto cilíndrico revestido com camadas de diferentes
isolantes térmicos. 69
Figura 6 – Seção transversal de uma casca esférica. 71
Figura 7 – Seção transversal de uma casca esférica revestida com camadas de diferentes
isolantes térmicos. 78
Figura 8 – Exemplos de seções cônicas truncadas. 80
Figura 9 – Configuração plana composta, janela de parede dupla e parede tripla. 87
Figura 10 – Casca cilíndrica com aquecedor elétrico delgado. 89
Figura 11 – Casca esférica composta. 91
Figura 12 – Parede plana com geração de calor uniforme. 93
Figura 13 – Casca cilíndrica composta com geração de energia volumétrica uniforme. 95
Figura 14 – Geometrias com mesmo comprimento característico a. 96
Figura 15 – Distribuição adimensional de temperaturas. 101

CAPÍTULO 3

Figura 1 – Parede plana com condutividade térmica dependente da posição. 111


Figura 2 – Casca cilíndrica com condutividade térmica dependente da posição. 116
Figura 3 – Parede plana com condutividade térmica dependente da temperatura. 119
Figura 4 – Casca cilíndrica com condutividade térmica dependente da temperatura. 122
Figura 5 – Parede plana com taxa de geração de energia térmica dependente da posição.
125
Figura 6 – Parede plana com taxa de geração de energia térmica dependente da posição.
127
Figura 7 – Cilindro maciço com taxa de geração de energia térmica dependente da
posição. 129
Figura 8 – Parede plana com geração de energia térmica dependente da temperatura. 132
Figura 9 – Cilindro maciço longo com geração de energia térmica dependente da
temperatura. 135
Figura 10 – Esfera maciça com geração de energia térmica dependente da temperatura.
140
Figura 11 – Configurações para o estudo do resfriamento combinado convectivo-
radiativo (a) parede plana e (b) cilindro e esfera maciços. 146

CAPÍTULO 4

Figura 1 – Condução e convecção combinadas em um elemento estrutural. 154


Figura 2 – Uso de aletas para melhorar a transferência de calor em uma parede plana.
(a) Superfície sem aletas. (b) Superfície aletada. 155
Figura 3 – Alguns exemplos comuns de superfícies estendidas. 160
Figura 4 – Aplicações de conjuntos de aletas. 160
Figura 5 – Aplicações de conjuntos de aletas. 161
Figura 6 – Aleta longitudinal de perfil arbitrário: (a) sistema de coordenadas, (b) área de
perfil da aleta, e (c) área da seção transversal da aleta. 163
Figura 7 – Aleta longitudinal de perfil retangular. 167
Figura 8 - Aleta longitudinal de perfil triangular, 171
Figura 9 – Aleta longitudinal de perfil parabólico côncavo. 173
Figura 10 – Aleta longitudinal de perfil parabólico convexo. 178
Figura 11 – Gráfico de eficiências para aletas longitudinais. 182
Figura 12 – Aleta radial de perfil arbitrário. 183
Figura 13 – Aleta radial de perfil retangular. 187
Figura 14 – Eficiência de uma aleta radial de perfil hiperbólico. 194
Figura 15 – Gráfico de eficiências para aletas radiais. 199
Figura 16 – Aleta piniforme de perfil arbitrário. 199
Figura 17 – Aleta piniforme de perfil cilíndrico. 203
Figura 18 – Aleta piniforme de perfil retangular. 207
Figura 19 – Aleta piniforme de perfil elíptico. 209
Figura 20 – Aleta piniforme de perfil cônico. 213
Figura 21 – Aleta piniforme de perfil parabólico côncavo. 216
Figura 22 – Aleta piniforme de perfil parabólico convexo. 220
Figura 23 – Gráfico de eficiências para aletas piniformes. 225

CAPÍTULO 5

Figura 1 – Esquema do EXEMPLO 1. 267


Figura 2 – Esquema do EXEMPLO 2. 276
Figura 3 – Representação gráfica da Eq. (73). 281
Figura 4 – Esquema do EXEMPLO 3. 286
Figura 5 – Representação gráfica da Eq. (107). 292
Figura 6 – Esquema do EXEMPLO 4. 295
Figura 7 – Representação gráfica da Eq. (137). 299
Figura 8 – Esquema do EXEMPLO 5. 303
Figura 9 – Esquema do EXEMPLO 6. 312
Figura 7 – Esquema do EXEMPLO 7. 321
Figura 8 – Condução bidimensional com quatro condições de contorno não-
homogêneas. 326
Figura 9 – Divisão do problema original em quatro problemas mais simples. 328
Figura 10 – Esquema do EXEMPLO 8. 330
Figura 11 – Esquema do problema a ser resolvido por superposição. 332
Figura 12 – Esquema do EXEMPLO 9. 341
Figura 13 – Esquema do problema a ser resolvido por superposição. 343

CAPÍTULO 6

Figura 1 – Volume de controle para análise geral via capacidade concentrada. 356
Figura 2 – Variação de θ em função de τ . 358
Q
Figura 3 – Variação de em função de τ . 359
ρVc (Ti − T∞ )
Figura 4 – Variação de θ em função de τ para diferentes valores de n. 361
Figura 5 – Variação de θ em função de τ para diferentes valores de a. 362
Figura 6 – Parede plana unidimensional com temperatura inicial uniforme submetida
subitamente a condições convectivas. 370
Figura 7 – Representação gráfica da Eq. (60) para diferentes números de Biot. 373
Figura 8 – Cilindro longo unidimensional com temperatura inicial uniforme submetido
subitamente a condições convectivas. 379
Figura 9 – Representação gráfica da Eq. (119) para diferentes números de Biot. 382
Figura 10 – Esfera unidimensional com temperatura inicial uniforme submetida
subitamente a condições convectivas. 388
Figura 11 – Representação gráfica da Eq. (164) para diferentes números de Biot. 382
Figura 12 – Esquema do EXEMPLO 3. 398
Figura 13 – Esquema do EXEMPLO 4. 403
Figura 14 – Esquema do EXEMPLO 5. 408

APÊNDICE – MATEMÁTICA APLICADA

Figura 1 – Comportamento da função J n ( x). 426

Figura 2 – Comportamento da função Yn ( x ). 426

Figura 3 – Comportamento da função I n ( x ). 427

Figura 4 – Comportamento da função Kn (x). 427

Figura 5 – Comportamento das funções erf (x ) e erfc(x ). 437

Figura 6 – Comportamento da função Γ( x ). 437

Figura 7 – Comportamento da função Ei ( x ) . 439

Figura 8 – Comportamento do polinômio Pn (x). 441

Figura 9 – Comportamento do polinômio Qn (x). 441

Figura 10 – Comportamento dos polinômios Pn1 ( x). 443

Figura 11 – Comportamento dos polinômios Pn2 ( x). 443

Figura 12 – Comportamento dos polinômios Qn1 ( x). 444

Figura 13 – Comportamento dos polinômios Qn2 ( x). 444


LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 6

Tabela 1 – Quatro primeiras raízes da Eq. (75). 365


Tabela 2 – Quatro primeiras raízes da Eq. (104). 373
Tabela 3 – Quatro primeiras raízes da Eq. (149). 383

APÊNDICE – MATEMÁTICA APLICADA

Tabela 1 – Tentativas para soluções particulares. 421


Tabela 2 – Valores práticos das funções de Bessel. 428
Tabela 3 – Integrais normalizadas para cilindros sólidos. 431
1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO A CONDUÇÃO TÉRMICA

1-ALGUMAS APLICAÇÕES DE CONDUÇÃO TÉRMICA

Condução térmica consiste na propagação de calor no interior de um meio


estacionário (sólido, líquido ou gasoso), aquecido irregularmente ou entre meios
estacionários distintos em contato direto. Vamos tentar entender este processo. Imagine
que peguemos uma barra de ferro e aquecemos uma de suas extremidades de forma que
iremos segurar a outra extremidade com a mão. Após certo período iremos observar que
a barra irá esquentar da extremidade onde está a chama até a extremidade onde está a
mão. Esse efeito de transferência de calor de uma extremidade para a outra é o que nós
chamamos de condução térmica. Note que a condução térmica precisa de um
meio material para ocorrer, ou seja, a condução térmica não ocorre no vácuo. Em
termos microscópicos, a região próxima da chama tem o movimento vibratório de suas
moléculas aumentado, adquirindo assim maior energia cinética, que é transferida através
de choques às partículas vizinhas, que também aumentam seu movimento vibratório.
Através desse transporte de energia, toda a barra é aquecida.
A condução térmica ocorre com maior ou menor facilidade dependendo da
constituição atômica do material, a qual faz com que ele seja classificado como
condutor térmico ou isolante térmico. Os metais, por exemplo, são bons condutores de
calor devido ao fato de possuírem os elétrons mais externos “fracamente” ligados,
tornando-se livres para transportar energia por meio de colisões através do metal. Já o
vidro, borracha, isopor, lã, algodão, gelo, peles de alguns animais, gases, cortiça,
poliestireno, fibra cerâmica (composta de alumina e sílica), lã de vidro (um componente
fabricado em alto forno a partir de sílica e sódio, aglomerados por resinas sintéticas),
etc., são maus condutores de calor (isolantes térmicos) devido ao fato de possuírem os
elétrons mais externos de seus átomos firmemente ligados.
2

Os líquidos e gases, em geral, são maus condutores de calor. O ar, por exemplo,
é um ótimo isolante térmico. As roupas de lã, os pelos dos animais, o isopor, a
serragem, são ótimos isolantes térmicos pois retêm o ar entre suas fibras.
A neve é outro exemplo de um bom isolante térmico. Isto acontece porque os flocos de
neve são formados por cristais, que se acumulam formando camadas fofas aprisionando
o ar. No frio, as aves costumam eriçar suas penas para captar o ar entre elas e se
aquecerem. Nas construções, para melhor o isolamento térmico e acústico, aconselha-se
utilizar paredes duplas com tijolos cerâmicos, deixando um espaço de ar entre as
paredes. A propriedade dos materiais que indica a facilidade ou a dificuldade em se
conduzir calor é chamada de condutividade térmica, que será discutida posteriormente
com mais detalhes. Diversos exemplos diários ajudam a exemplificar situações onde o
fenômeno da transferência de calor por condução térmica é relevante:
1. Usualmente, as panelas têm cabo de plástico ou de madeira, pois o plástico e a
madeira têm sua condutividade térmica menor do que o ferro, e assim o calor
demora um tempo muito maior para se propagar na madeira ou no plástico,
fazendo com que consigamos pegar a panela do fogo sem que queimemos a
mão;
2. Desde a pré-história o ser humano observa a natureza e aprende com ela. Os
humanos primitivos perceberam que alguns animais que resistem bem ao frio
são revestidos de pelos. Essa observação pode ter inspirado o ser humano pré-
histórico a usar peles de animais para se proteger do frio. Atualmente usamos
roupas apropriadas para isso, os agasalhos. Os agasalhos que usamos, os pelos
dos animais e a camada de gordura de alguns deles têm sob a pele são
bons isolantes térmicos, que dificultam a perda de calor do organismo para o
ambiente mais frio;
3. As penas das aves também têm o papel de dificultar a perda de calor para o
ambiente. Entre as penas, fica retido um pouco de ar, que é um bom isolante
térmico e ajuda a reduzir a perda de calor;
4. O isopor, usado para fazer caixas térmicas isolantes, se vale exatamente desse
mesmo princípio. Ele nada mais é do que um tipo de plástico (chamado
poliestireno) fabricado de modo a conter diversas bolhas de ar minúsculas dentro
de si. Essas bolhas deixam o isopor fofo e o torna um bom isolante térmico;
3

5. O gelo também é, por incrível que possa parecer, um bom isolante térmico. Os
esquimós possivelmente perceberam que a camada de gelo que se forma na
superfície dos lagos impede o contato da água que fica abaixo dela com o ar frio,
ou seja, funciona como isolante térmico e, por isso, essa água não congela.
Possivelmente daí surgiu a inspiração para fazer os iglus, construções de gelo
cujo interior é mais quente que o ambiente externo;
6. Alumínio e aço inox são metais empregados em panelas, pois garantem rápida
transferência de calor da chama para o alimento;
7. Panelas e vasilhas de vidro ou de cerâmica exigem maior tempo para transferir o
calor ao ambiente. É por isso que, para mantermos a temperatura do alimento, o
ideal é servimos em vasilhas de cerâmica;
8. Um mergulhador utiliza uma roupa de neoprene que reduz a perda do calor do
corpo. O neoprene é formado por um tipo de borracha que contém milhares de
minúsculas bolhas em seu interior. Graças a essa característica, a água que entra
na roupa não sai, logo ela é aquecida pela temperatura corporal e cria uma
barreira isolante entre o mergulhador e o meio líquido no qual ele está envolto;
9. Os beduínos do deserto usam roupas grossas e de lã (isolante térmicos) para que
seu corpo, durante o dia, mantenha a temperatura interna em torno dos 36 oC e
não receba calor do meio exterior que pode chegar a até 45 oC e, durante a noite
quando as temperaturas são muito baixas, reduzam a perda de calor para o meio
externo;
10. Um conjunto de componentes eletrônicos usualmente é resfriado por convecção
natural e/ou forçada. Um sumidouro de calor consistindo em um conjunto de
aletas é recomendado para manter os componentes eletrônicos abaixo de uma
temperatura especificada. A determinação do número necessário de aletas,
configuração, dimensões e material é um problema de condução térmica;
11. No caso de uma falha em uma bomba responsável pela circulação de um fluido
refrigerante em um núcleo de um reator nuclear, a temperatura do elemento
nuclear começará a aumentar até sua fusão. O tempo necessário para o início do
processo de fusão é um problema de condução com mudança de fase;
12. Estruturas glaciares estão derretendo devido ao aquecimento global. A
estimativa da quantidade de gelo fundida até o ano de 2050, por exemplo, é um
problema de condução térmica com mudança de fase;
4

13. Um escudo de calor é utilizado para proteger um veículo espacial durante sua
reentrada na atmosfera. Ocorre o fenômeno chamado de ablação (perda de
material sofrida pela superfície de um veículo espacial, por fusão ou
vaporização, quando de seu regresso à Terra) do escudo de calor conforme ele
atravessa a atmosfera. A especificação do material e da espessura do escudo de
calor para proteger o veículo espacial durante sua reentrada é um problema de
condução térmica;
14. Crio cirurgias são utilizadas para o tratamento de certos cânceres de pele pelo
congelamento do tecido maligno. Entretanto, o contato prolongado com as
substâncias utilizadas na criogenia (nitrogênio líquido, mistura de gases, por
exemplo) pode provocar danos ao tecido saudável próximo da região afetada. A
determinação do histórico de temperaturas na vizinhança do tecido afetado pode
ajudar no controle de possíveis alterações do tecido saudável;
15. A condução de calor no processo de fundição é acompanhada por mudança de
fase. A determinação da distribuição de temperaturas transiente e do movimento
da interface da frente sólido-líquido é importante em uma análise de tensões
térmicas. Essas tensões podem prejudicar a integridade física do material;
16. Em operações de processamento de alimentos, correias transportadoras são
utilizadas para transportar produtos alimentícios através de espaços refrigerados.
Uma análise de condução transiente pode ser utilizada para determinar a
velocidade requerida da correia transportadora.

2-LEI DE FOURIER

Não é uma tarefa fácil medir diretamente a transferência de calor em um meio.


Em vez disso, a distribuição de temperaturas em um corpo pode ser medida com o
auxílio de dispositivos tais como termopares, termistores, termômetros ou dispositivos
óticos. O fluxo de calor (energia térmica transferida por unidade de tempo e por unidade
área) em um meio é então determinado pela utilização do campo de temperaturas
medido juntamente com a lei fundamental da condução de calor, comumente conhecida
como lei de Fourier.
Essa lei relaciona o fluxo de calor (W/m2) em uma posição específica no interior
de um meio de interesse ao gradiente de temperaturas na mesma posição. Embora essa
5

lei seja atribuída ao famoso físico e matemático francês Joseph Fourier, sua origem, e
também a origem da teoria matemática da condução de calor, é ainda controversa. Uma
descrição detalhada de eventos relevantes pode ser encontrada no trabalho de Herivel
(1975). Segue um breve resumo de eventos históricos.
A primeira base teórica para problemas de condução de calor foi publicada por
Fourier (1804). Nesse trabalho possivelmente equivocado, Fourier se refere a um
trabalho de J. B. Biot (1804) sobre a propagação de calor em um meio. Historiadores da
ciência (Herivel, 1975) especulam que o conteúdo do trabalho de Biot talvez tenha sido
mostrado a Fourier antes de sua publicação, levando Fourier a focar sua atenção no
problema da propagação de calor no contínuo. Talvez, então, o nome de Biot devesse
ser mencionado junto ao nome de Fourier no momento dos créditos da origem da teoria
matemática da condução de calor.
O trabalho original de Fourier foi expandido e publicado em sua autobiografia
em 1807 (Refs. 4 e 5). Uma teoria expandida e corrigida de propagação de calor no
contínuo foi apresentada por Fourier em 1811 em uma tese premiada (Refs. 6 e 7). Essa
tese foi submetida por Fourier para concorrer ao grande prêmio do Instituto de
Matemática em 1811. O comitê do prêmio que julgava os trabalhos apresentados era
composto de Lagrange, Laplace, Malus, Hauy e Legendre. Apesar das críticas severas
da tese de Fourier pelo comitê e em particular por Laplace a Lagrange, o grande prêmio
foi dado à Fourier. Entretanto, o Instituto de Matemática não publicou o trabalho
premiado de Fourier. Foi somente após Fourier tornar-se secretário da Academia
Francesa de Ciências vários anos mais tarde que seu trabalho foi publicado (Refs. 6 e 7).
Em 1822 Fourier publicou uma versão melhorada de seu trabalho prévio sobre a
propagação de calor na sua teoria analítica do calor (Fourier, 1822), que expandiu e
generalizou conceitos matemáticos prévios como a expansão de uma função em uma
série de funções trigonométricas (seno e cosseno). As Refs (6-8) são consideradas as
primeiras fontes bem documentadas sobre a teoria da condução de calor.
A lei de Fourier é fenomenológica, isto é, ela foi desenvolvida a partir de
fenômenos observados ao invés de ter sido derivada a partir de princípios fundamentais.
Por esse motivo, vemos essa equação de taxa como uma generalização baseada em uma
vasta evidência experimental. Por exemplo, considere o experimento de condução de
calor, em regime permanente, mostrado na Fig. (1):
6

Figura 1 – Experimento de condução térmica em regime permanente (Fonte: Bergman


et al. 2014).

Um bastão cilíndrico de material conhecido tem a sua superfície lateral isolada


termicamente, enquanto as duas faces restantes são mantidas a diferentes temperaturas,
com T1 > T2 . A diferença de temperaturas causa transferência de calor por condução no

sentido positivo do eixo x. Somos capazes de medir a taxa de transferência de calor q x

e buscamos determinar como q x depende das seguintes variáveis: ∆T , a diferença de

temperaturas; ∆ x , o comprimento do bastão; e A, a área da seção transversal do bastão.


Podemos imaginar que, inicialmente, os valores de ∆ T e ∆x sejam mantidos
constantes, enquanto o valor de A varia. Ao fazermos isso, verificamos que q x é

diretamente proporcional a A. Analogamente, mantendo ∆ T e A constantes,


observamos que q x varia inversamente com ∆x. Finalmente, mantendo A e ∆x

constantes, temos que q x é diretamente proporcional à ∆T . O efeito conjunto é, então:

∆T
qx α A (1)
∆x

Ao mudarmos o material (por exemplo, de um metal para um plástico),


observaríamos que a proporcionalidade anterior permanece válida. Contudo, também
constataríamos que para valores idênticos de A, ∆x e ∆T , o valor de q x seria menor
para o plástico do que para o metal. Isso sugere que a proporcionalidade pode ser
convertida em uma igualdade pela introdução de um coeficiente que é uma medida do
comportamento do material. Assim, reescrevemos a Eq. (1) na seguinte forma:
7

∆T
q x = kA (2)
∆x

onde k, a condutividade térmica (W/(m.K)), é uma importante propriedade do material.


Levando a expressão anterior ao limite quando ∆x → 0, pode-se reescrever a Eq. (2) na
seguinte forma:

dT
q x = − kA (3)
dx

ou para o fluxo de calor (fluxo térmico):

qx dT
q "x = = −k (4)
A dx

O sinal de menos é necessário porque o calor é sempre transferido no sentido da


diminuição das temperaturas. A lei de Fourier, como escrita na Eq. (4), implica que o
fluxo de calor é uma grandeza direcional. Em particular, a direção de q "x é normal a
área da seção transversal A. Ou, de uma forma mais geral, a direção do fluxo de calor
será sempre normal a uma superfície de temperatura constante, chamada de superfície
isotérmica, conforme a Fig. (2):

Figura 2 – Relação entre o sistema de coordenadas, o sentido do fluxo de calor e o


gradiente de temperaturas em uma dimensão (Fonte: Bergman et al. 2014).
8

"
A Fig. (2) ilustra o sentido do fluxo térmico q x em uma parede plana na qual o
"
gradiente de temperaturas dT dx é negativo. A partir da Eq. (4) conclui-se que q x é

positivo. Note que as superfícies isotérmicas são planos normais à direção do eixo x.
Reconhecendo que o fluxo térmico é uma grandeza vetorial, podemos escrever um
enunciado mais geral para a equação da taxa de condução (lei de Fourier) na forma:

 ∂T ∂T ∂T 
q" = − k∇T = −k  i +j +k  (5)
 ∂x ∂y ∂z 

onde ∇ é o operador gradiente tridimensional e T ( x, y , z ) é o campo escalar de


temperaturas. Está implícito na Eq. (5) que o vetor fluxo térmico encontra-se em uma
direção perpendicular às superfícies isotérmicas. Consequentemente, uma forma
alternativa da lei de Fourier pode ser escrita como:

dT
qn" = − k (6)
dn

onde qn" é o fluxo térmico em uma direção n, que é normal a uma isoterma, como
mostrado para o caso bidimensional da Fig. (3). A transferência de calor é mantida pelo
gradiente de temperaturas ao longo de n:

Figura 3 – Vetor fluxo térmico normal a uma isoterma em um sistema de coordenadas


bidimensional (Fonte: Bergman et al. 2014).
9

Deve ser observado que o vetor fluxo térmico pode ser decomposto em
componentes, de tal forma que, em coordenadas retangulares, a expressão geral para q"
é:

q" = iq"x + jq"y + kq"z (7)

onde, a partir da Eq. (5), tem-se que:

dT dT dT
q"x = −k q "y = − k q"z = −k (8)
dx dy dz

Cada uma dessas expressões relaciona o fluxo térmico através de uma superfície
ao gradiente de temperaturas em uma direção perpendicular à superfície. Também está
implícito na Eq. (5) que o meio do qual a condução ocorre é isotrópico. Em tal meio, o
valor da condutividade térmica é independente da direção da coordenada.
A lei de Fourier é a pedra fundamental da transferência de calor por condução e
suas características principais são resumidas a seguir. Ela não é uma expressão que
possa ser derivada a partir de princípios fundamentais; ao contrário, ela é uma
generalização baseada em evidências experimentais. Ela é uma expressão que define
uma importante propriedade dos materiais, a condutividade térmica. Além disso, a lei de
Fourier é uma expressão vetorial, indicando que o fluxo térmico é normal a uma
isoterma e no sentido da diminuição das temperaturas. Finalmente, deve ser notado que
a lei de Fourier se aplica a toda a matéria, independentemente de seu estado físico
(sólido, líquido ou gás).

3-LEI DE FOURIER PARA MATERIAIS ANISOTRÓPICOS

No item anterior foi considerado que a condução ocorre em materiais ditos


isotrópicos; ou seja, a condutividade térmica não depende da direção. Existem diversos
materiais naturais e sintéticos na qual a condutividade térmica varia com a direção; eles
são ditos materiais anisotrópicos. Por exemplo: cristais, madeira, rochas sedimentadas,
metais que tenham sido submetidos a processamento pesado, folhas laminadas, cabos,
materiais de blindagem térmica para veículos espaciais, fibras de reforço de estruturas
10

compostas, dentre outros. Na madeira, por exemplo, a condutividade térmica é diferente


ao longo do grão, através do grão e circunferencialmente. Em folhas laminadas a
condutividade térmica não é a mesma ao longo e através das laminações. Dessa forma,
fica claro que a condução de calor em materiais anisotrópicos tem numerosas aplicações
importantes em vários campos da ciência e da engenharia.
A grande maioria dos estudos recentes sobre esse assunto estão limitados à
transferência de calor por condução unidimensional em cristais. A equação diferencial
da condução de calor em materiais anisotrópicos envolve derivadas cruzadas das
variáveis espaciais; além disso, a análise geral da condução em materiais anisotrópicos é
bastante complexa. Quando as derivadas cruzadas estão ausentes na equação da
condução de calor, como no caso de sólidos ortotrópicos, a análise de transferência de
calor é significantemente simplificada e pode ser encontrada em diversas referências na
literatura. Trabalhos experimentais relacionadas à condução de calor em materiais
anisotrópicos são bastante restritos e são encontrados principalmente estudos de
condução unidimensional em materiais ortotrópicos.
No caso de materiais isotrópicos, a lei de Fourier, expressa pela Eq. (5),
relaciona o fluxo de calor ao gradiente de temperaturas em qualquer ponto no interior de
um material isotrópico, conforme discutido anteriormente. A condutividade térmica em
qualquer ponto de um material isotrópico, conforme a Eq. (5), é independente da
direção. No caso de materiais anisotrópicos, por outro lado, a condutividade térmica é
dependente da direção. Portanto, a lei de Fourier precisa ser generalizada para levar em
consideração a dependência direcional da condutividade térmica. A lei de Fourier
generalizada para condução de calor em materiais anisotrópicos em um sistema de
coordenadas retangulares pode ser escrita na seguinte forma:

∂T
qi" = − 
j = x, y ,z
kij
∂x j
i = x, y , z (9)

Aplicando a Eq. (9) em um sistema cartesiano retangular x, y, z obtém-se três


equações para o fluxo de calor, cada uma correspondendo a uma direção cartesiana:

 ∂T ∂T ∂T 
q "x = − k xx + k xy + k xz  (10)
 ∂x ∂y ∂z 
11

 ∂T ∂T ∂T 
q "y = − k yx + k yy + k yz  (11)
 ∂x ∂y ∂z 

 ∂T ∂T ∂T 
q "z = − k zx + k zy + k zz  (12)
 ∂x ∂y ∂z 

Consequentemente, a condutividade térmica, kij , de um material anisotrópico é

um tensor de segunda ordem. As Eqs. (10-12) podem ser reescritas na forma matricial
da seguinte forma:

 q "x  k xx k xy k xz  ∂T ∂x 
 "  
q y  = k yx k yy k yz  ∂T ∂y  (13)
 q"z   k zx k zy k zz  ∂T ∂z 
  

O significado dos coeficientes da condutividade térmica na matriz da Eq. (13) é


similar aos coeficientes de tensão na mecânica do contínuo. Por exemplo, kxx é a

condutividade térmica na direção x em um ponto localizado em um plano perpendicular


ao eixo x. De maneira similar, kxy é a condutividade térmica na direção y em um ponto

localizado em um plano perpendicular ao eixo x e kxz é a condutividade térmica na


direção z em um ponto localizado em um plano perpendicular ao eixo x.
Em geral o primeiro subscrito no coeficiente da condutividade térmica se refere
ao eixo perpendicular na qual está localizado um plano passando através de ponto de
interesse. O segundo subscrito se refere a direção da condutividade térmica. Os vários
coeficientes na matriz de condutividades térmicas não são independentes. Existem
diversas relações matemáticas entre os coeficientes, como por exemplo, kij = k ji ,

kii k jj − kij2 > 0 para i ≠ j.

Expressões similares para as Eqs. (9-13) podem ser obtidas para outros sistemas
de coordenadas. Como o estudo da condução de calor em materiais anisotrópicos está
fora do escopo desse curso, tais expressões não serão apresentadas. Os princípios de
condução de calor em meios anisotrópicos são utilizados em diversas classes de
materiais compósitos e constituem um tópico de pesquisa contemporâneo na área de
12

ciências térmicas. Tais princípios podem ser encontrados em trabalhos científicos e


livros especializados.

4-CONDUTIVIDADE TÉRMICA

Para se utilizar a lei de Fourier, a condutividade térmica do material deve ser


conhecida. Essa propriedade, que é classificada como uma propriedade de transporte,
fornece uma indicação da taxa na qual a energia é transferida pelo processo de difusão.
Ela depende da estrutura física da matéria, atômica e molecular, que está relacionada ao
estado da matéria. A partir da Eq. (8), as condutividades térmicas associadas à condução
nas direções x, y e z são definidas como:

q "x q "y q "z


kx = − ky = − kz = − (14)
(∂T ∂x ) (∂T ∂y ) (∂T ∂z )

Para um material isotrópico, no entanto, a condutividade térmica é independente


da direção de transferência de calor, ou seja, k x = k y = kz = k. Da Eq. (14) tem-se que,

para um dado gradiente de temperaturas, o fluxo térmico por condução aumenta com o
aumento da condutividade térmica. Em geral, a condutividade térmica de um sólido é
maior do que a de um líquido, que, por sua vez, é maior do que a de um gás. Conforme
ilustrado na Fig. (4), a condutividade térmica de um sólido pode ser mais do que quatro
ordens de grandeza superior à de um gás. Essa tendência se deve, em grande parte, à
diferença no espaçamento intermolecular nos dois estados.
Na visão moderna dos materiais, um sólido é composto de elétrons livres e
átomos ligados formando a estrutura do material. Consequentemente, o transporte de
energia térmica pode ser devido a dois efeitos: migração de elétrons livres e ondas
vibracionais da estrutura. Em metais puros, a contribuição dos elétrons para a
transferência de calor predomina, enquanto em não-condutores e semicondutores a
contribuição das ondas vibracionais é predominante.
13

Figura 4 – Faixa de condutividade térmica de vários estados da matéria à temperaturas e


pressões normais (Fonte: Bergman et al. 2014).

A dependência de k com a temperatura é mostrada na Fig. (5) para sólidos


metálicos e não-metálicos representativos:

Figura 5 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de sólidos


selecionados (Fonte: Bergman et al. 2014).
14

O estado fluido inclui tanto líquidos quanto gases. Como o espaçamento


intermolecular é muito maior e o movimento das moléculas é mais aleatório para o
estado fluido com relação ao estado sólido, o transporte de energia térmica é menos
efetivo. Consequentemente, a condutividade térmica de gases e líquidos é geralmente
menor do que a de sólidos. Usualmente, a hipótese de que k é independente da pressão
do gás á apropriada para a grande maioria das aplicações de engenharia, A
condutividade térmica de um gás aumenta com a elevação da temperatura e com a
diminuição da massa molecular, conforme a Fig. (5).
As condições moleculares associadas ao estado líquido são mais difíceis de
serem descritas e os mecanismos físicos envolvidos na explicação da condutividade
térmica não são ainda bem entendidos. A condutividade térmica de líquidos não-
metálicos geralmente diminui com o aumento da temperatura. Conforme a Fig. (6),
água, glicerina e óleo de motor são uma exceção. A condutividade térmica de líquidos
normalmente não varia com a pressão, exceto nas proximidades do ponto crítico.
Também é geralmente verdade que a condutividade térmica de líquidos diminui com o
aumento da massa molecular.

Figura 6 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de gases


selecionados a pressões normais (Fonte: Bergman et al. 2014).
15

Figura 7 – A dependência com a temperatura da condutividade térmica de líquidos não-


metálicos selecionados sob condições saturadas (Fonte: Bergman et al. 2014).

Valores numéricos para a condutividade térmica de diversos materiais para uma


ampla faixa de temperaturas podem ser encontrados na literatura. É importante notar
então que a condutividade térmica de um material, em geral, varia com a temperatura.
Entretanto, essa variação é pequena para muitos materiais utilizados na prática e pode
ser desprezada. Nesses casos, podemos usar um valor médio para a condutividade
térmica e a tratamos como uma constante. Essa prática é comum também para outras
propriedades dependentes da temperatura como a densidade e o calor específico.
Quando a variação da condutividade térmica com a temperatura em um intervalo
de temperaturas específico é muito grande, porém, pode ser necessário levar essa
variação em conta para reduzir o erro de cálculo. Considerar a variação da
condutividade térmica com a temperatura, em geral, complica a análise. Entretanto, em
casos simples unidimensionais, as relações de transferência de calor podem ser obtidas
de forma simples. Quando a variação da condutividade térmica com a temperatura k (T )
é conhecida, o valor médio da condutividade térmica em um intervalo de temperaturas
delimitado por T1 e T2 pode ser obtido da seguinte forma:
16

T2

k médio =

T1
k (T ) dT
(15)
T2 − T1

Essa relação é baseada na exigência de que a taxa de transferência de calor


através de um meio com condutividade térmica média constante k médio seja igual à taxa
de transferência de calor através do mesmo meio com condutividade térmica variável
k (T ). Deve ser notado que no caso de condutividade térmica constante k (T ) = k , e a

Eq. (15) é reduzida para k médio = k , como era de se esperar. A variação da


condutividade térmica de um material com a temperatura em um intervalo de
temperaturas de interesse geralmente pode ser aproximada como uma função linear e
expressa por:

k (T ) = k0 (1 + βT ) (16)

onde β [K-1] é o coeficiente de expansão térmica e k0 a condutividade térmica avaliada

em um valor de referência. O valor médio da condutividade térmica no intervalo de


temperaturas delimitado por T1 e T2 pode ser determinado da seguinte forma:

T2
 k 0 (1 + β T ) dT T +T 

k médio = = k 0 1 + β 2 1  = k (Tmédio )
T1
(17)
T2 − T1  2 

Deve ser observado nesse caso que a condutividade térmica média é igual à
condutividade térmica do material avaliada em uma temperatura média.

5-DIFUSIVIDADE TÉRMICA

Em uma análise de problemas de transferência de calor, é necessário o uso de


várias propriedades da matéria. Essas propriedades são geralmente conhecidas por
propriedades termofísicas e incluem duas categorias distintas: as propriedades de
transporte e as propriedades termodinâmicas. As propriedades de transporte incluem os
coeficientes das taxas de difusão, como k¸ a condutividade térmica (para a transferência
17

de calor), e ν , a viscosidade cinemática (para a transferência de momento). As


propriedades termodinâmicas, por outro lado, dizem respeito ao estado de equilíbrio de
um sistema. A massa específica ( ρ ) e o calor específico (c p ) são duas dessas

propriedades muito usadas em uma análise termodinâmica.


O produto ρc p (J/(m3.K)), comumente chamado de capacidade calorífica

volumétrica, mede a capacidade de um material de armazenar energia térmica. Uma vez


que substâncias que possuem massa específica elevada são tipicamente caracterizadas
por calores específicos com baixos valores, muitos sólidos e líquidos, que são
considerados bons meios para armazenamento de energia, possuem capacidades
caloríficas comparáveis ( ρc p > 1 MJ/(m3.K)). Entretanto, devido às suas massas

específicas muito baixas, os gases são muito pouco adequados para o armazenamento de
energia térmica ( ρc p ≈ 1 MJ/(m3.K)).

Em análises de transferência de calor, a razão entre a condutividade térmica e a


capacidade calorífica volumétrica é uma importante propriedade chamada de
difusividade térmica α , que possui unidades de (m2/s):

k
α= (18)
ρc p

A difusividade térmica tem grande importância na análise de problemas de


condução transiente, medindo a capacidade do material de conduzir energia térmica em
relação à sua capacidade de armazená-la. Materiais com elevado α responderão
rapidamente a mudanças nas condições térmicas a ele impostas, enquanto materiais com
reduzido α responderão mais lentamente, levando mais tempo para atingir uma nova
condição de equilíbrio.

6-A EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR

6.1-COORDENADAS RETANGULARES
18

O que determina a distribuição de temperaturas em uma região? Esse processo é


governado por uma lei fundamental ou apenas previsível? A resposta é que a
temperatura em cada ponto é ajustada de tal forma que o princípio da conservação da
energia seja satisfeito em todos os pontos. Consideremos agora a maneira na qual a
distribuição de temperaturas pode ser determinada. Essa distribuição de temperaturas
pode ser determinada pela aplicação da conservação da energia. Nesse caso, definimos
um volume de controle diferencial, identificamos os processos relevantes de
transferência de energia e introduzimos as equações das taxas de transferência de
energia apropriadas. O resultado é uma equação diferencial cuja solução, para condições
de contorno descritas, fornece a distribuição de temperaturas no meio.
Para generalizar a formulação, é assumido que o volume de controle diferencial
se move com uma velocidade que pode ser representada através de suas componentes

escalares na forma V = iU + jV + kW . Além disso, energia térmica pode estar sendo


gerada no interior do volume de controle a uma taxa qɺ por unidade de volume.
Considere um meio homogêneo na qual a distribuição de temperaturas pode ser
expressa em coordenadas retangulares por T ( x , y , z , t ). Inicialmente definimos um
pequeno volume de controle infinitesimal (diferencial), dxdydz , conforme mostrado na
Fig. (8), onde estão indicadas somente as transferências de energia por condução.
Usando a primeira lei da termodinâmica para formular o problema num dado instante de
tempo, a segunda etapa é considerar os processos de energia que são relevantes para
esse volume de controle.

Figura 8 – Volume de controle diferencial, dxdydz , para a análise da condução de calor


em coordenadas retangulares x, y, z (Fonte: Bergman et al. 2014).
19

Para simplificar a formulação, as seguintes hipóteses são feitas: (1) velocidade


uniforme, (2) pressão constante, (3) massa específica constante, (4) calor específico
constante e (5) variação de energia potencial desprezível. Na presença de um gradiente
de temperaturas, haverá transferência de calor por condução através de cada uma das
superfícies de controle. As taxas de calor por condução perpendiculares a cada uma das
superfícies de controle nos pontos com coordenadas x, y e z são indicadas pelos termos
qx , q y e qz , respectivamente. As taxas de transferência de calor por condução nas

superfícies opostas podem ser expressas por uma expansão em série de Taylor, onde,
desprezando os termos de segunda ordem, são expressas como:

∂q x
q x + dx = q x + dx (19)
∂x

∂q y
q y +dy = q y + dy (20)
∂y

∂q z
q z + dz = q z + dz (21)
∂z

A Eq. (19) afirma que a componente x da taxa de transferência de calor na


direção do eixo x, na posição x + dx , é igual ao valor dessa componente em x somado à
quantidade pela qual ela varia em relação a x multiplicado por dx. Raciocínio similar
pode ser feito a partir das Eqs. (20) e (21). No interior do meio pode haver um termo
para representar uma fonte de energia, que está associado à taxa volumétrica de geração
de energia térmica. Exemplos de geração volumétrica de energia térmica incluem
condução de calor em elementos nucleares, geração de energia metabólica em tecidos e
perda de energia em linhas de transmissão. Esse termo pode ser representado por

Eɺ g = qɺdxdydz (22)

em que qɺ é a taxa na qual a energia é gerada por unidade de volume do meio (W/m3).
Além disso, podem ocorrer variações na quantidade de energia térmica armazenada pelo
20

material no volume de controle. Se o material não sofrer mudança de fase, não há o


efeito de energia latente, e a taxa de energia armazenada pode ser escrita como:

∂U ∂ (udm ) ∂ (uρdxdydz ) ∂u
Eɺ acu = = = =ρ dxdydz (23)
∂t ∂t ∂t ∂t

em que ρ ∂u ∂t é a taxa de variação com o tempo da energia interna específica

(sensível) do meio por unidade de volume. É importante observar que os termos Eɺ g e

Eɺacu representam processos físicos diferentes. O termo referente à geração volumétrica

de energia Eɺ g é uma manifestação de algum processo de conversão de energia que

envolve de um lado energia térmica e do outro energia química, elétrica e/ou nuclear.
Esse termo é positivo (uma fonte) se a energia térmica está sendo gerada no material à
custa de uma outra forma de energia, e negativo (sumidouro) se a energia térmica
estiver sendo consumida. Por outro lado, o termo relativo ao armazenamento ou
acúmulo de energia Eɺacu refere-se à taxa de variação da energia térmica armazenada
pela matéria.
Energia também é transferida para o volume de controle diferencial por entrada
e saída de massa. A vazão mássica do meio que entra na direção x do volume de
controle da Fig. (9) pode ser expressa na forma ρUdydz , onde ρ é a massa específica
do meio e U é a componente de velocidade do meio na direção x. Nas direções y e z
(esta última não representada na Fig. (9)) as vazões mássicas podem ser representadas,
respectivamente por ρVdxdz e ρWdydz , conforme a figura abaixo:

Figura 9 – Volume de controle dxdy para a representação dos termos advectivos.


21

A taxa de energia transportada pela vazão mássica pode ser determinada pelo
produto entre a vazão mássica e a entalpia específica h da vazão mássica, ou seja:

Eɺ massa, x = ρUhdydz (24)

Eɺ massa, y = ρVhdxdz (25)

Eɺ massa, z = ρWhdxdy (26)

As taxas de energia transportadas pela vazão mássica nas superfícies opostas


podem ser expressas por uma expansão em séries de Taylor, onde, desprezando os
termos de segunda ordem, podem ser expressas como:

∂Eɺ
Eɺ massa, x + dx = Eɺ massa, x + massa, x dx (27)
∂x

∂Eɺ
Eɺ massa , y + dy = Eɺ massa , y + massa , y dy (28)
∂y

∂Eɺ
Eɺ massa, z + dz = Eɺ massa, z + massa, z dz (29)
∂z

A última etapa consiste em representar a conservação da energia utilizando as


equações de taxas previamente apresentadas. Com base nas taxas, a forma geral da
exigência de conservação de energia é

Eɺ e − Eɺ s + Eɺ g = Eɺ acu (30)

Essa forma da conservação da energia não é muito útil na solução de problemas


de condução. Especificamente, a temperatura, que é o foco principal em condução
térmica, não aparece explicitamente nessa equação. Deve-se então expressar a Eq. (30)
na forma da variável dependente T, o que pode ser feito substituindo as expressões
22

matemáticas das taxas de energia que entram, Eɺ e , das taxas de energia que saem, Eɺ s , e

da taxa de variação da energia acumulada Eɺacu. Assim, Eɺe pode ser expressa como:

Eɺ e = qx + q y + qz + Eɺ massa, x + Eɺ massa, y + Eɺ massa, z (31)

Já o termo Eɺ s pode ser escrito como:

 ∂q   ∂q   ∂q 
Eɺ s =  q x + x dx  +  q y + y dy  +  q z + z dz  +
 ∂x   ∂y   ∂z 

 ∂Eɺ   ∂Eɺ   ∂Eɺ 


 Eɺ massa, x + massa, x dx  +  Eɺ massa, y + massa, y dy  +  Eɺ massa, z + massa, z dz  (32)
 ∂x   ∂y   ∂z 
     

Substituindo as Eqs. (22-23) e (31-32) na Eq. (30) e simplificando, obtém-se:

∂q x ∂q ∂q ∂Eɺ ∂Eɺ ∂Eɺ


− dx − y dy − z dz − massa , x dx − massa , y dy − massa , z dz + qɺ dxdydz =
∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z

∂u
ρ dxdydz (33)
∂t

As taxas de calor por condução podem ser avaliadas a partir da lei de Fourier:

∂T
q x = − k (dydz ) (34)
∂x

∂T
q y = − k (dxdz ) (35)
∂y

∂T
q z = − k (dxdy ) (36)
∂z
23

onde cada componente do fluxo de calor foi multiplicado pela área da superfície
(diferencial) de controle apropriada, a fim de se obter a taxa de transferência de calor.
Substituindo as Eqs. (24-26) e as Eqs. (34-36) na Eq. (33) obtém-se:

∂  ∂T  ∂  ∂T  ∂  ∂T 
−  − kdydz  dx −  − kdxdz  dy −  − kdxdy dz
∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z 


− (ρUhdydz)dx − ∂ (ρVhdxdz)dy − ∂ (ρWhdxdy)dz + qɺdxdydz = ρ ∂u dxdydz (37)
∂x ∂y ∂z ∂t

Na Eq. (37), o volume diferencial dxdydz pode ser simplificado e utilizando as


hipóteses simplificadoras (1) e (3) obtém-se:

∂  ∂T  ∂  ∂T  ∂  ∂T   ∂u ∂h ∂h ∂h 
k  +  k  +  k  + qɺ = ρ  + U +V +W  (38)
∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z   ∂t ∂x ∂y ∂z 

Na Eq. (38), pode-se substituir a energia interna específica pela definição


termodinâmica de entalpia específica, ou seja:

P
u =h− (39)
ρ

de tal forma que ∂u = ∂h pelas hipóteses (2) e (3). Além disso, pode-se expressar a
variação de entalpia específica em termos do gradiente de temperaturas, que para massa
específica e calor específico constantes é expressa por:

dh = c p dT (40)

Substituindo as Eqs. (39-40) na Eq. (38) e rearranjando obtém-se:

∂  ∂T  ∂  ∂T  ∂  ∂T   ∂T ∂T ∂T ∂T 
k  +  k  +  k  + qɺ = ρc p  +U +V +W  (41)
∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z   ∂t ∂x ∂y ∂z 
24

A Eq. (41) é a forma geral da equação de condução de calor em coordenadas


retangulares. Essa equação, também conhecida como equação do calor ou equação de
difusão, é a ferramenta básica para a análise de problemas de condução de calor. A
partir de sua solução, obtemos a distribuição de temperaturas T ( x, y , z ) como uma
função do tempo. A aparente complexidade dessa expressão não deve obscurecer o fato
de que ela descreve uma condição física importante, ou seja, a conservação da energia.
Devemos ter um entendimento claro do significado físico de cada um dos termos
que aparecem nessa equação. Por exemplo, o termo ∂(k∂T ∂x) ∂x está relacionado ao
fluxo líquido de calor por condução para o interior do volume de controle na direção da
coordenada do eixo x. Dessa forma, multiplicando essa parcela por dx, tem-se que:

∂  ∂T 
dx = qx − qx +dx
" "
k (42)
∂x  ∂x 

com expressões similares aplicadas aos fluxos nas direções y e z. Já o termo


ρcpU (∂T ∂x) está relacionado ao fluxo líquido por advecção para o interior do volume
de controle na direção da coordenada x. Dessa forma, multiplicando essa parcela por dx,
tem-se:

∂T
ρc pU dx = Emassa
"
, x − Emassa, x + dx
"
(43)
∂x

com expressões similares aplicadas aos fluxos nas direções y e z. Portanto, em palavras,
a equação do calor, Eq. (41), estabelece que, em qualquer ponto do meio, a taxa de
energia líquida transferida por condução e por vazão em massa para o interior de um
volume somado à taxa volumétrica de geração de energia térmica deve ser igual à taxa
de variação da energia térmica armazenada no interior desse volume.
Com frequência, é possível trabalhar com versões simplificadas da Eq. (41). Por
exemplo, se a condutividade térmica for constante, a equação do calor é reescrita como:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T qɺ 1  ∂T ∂T ∂T ∂T 
+ 2 + 2 + =  +U +V +W  (44)
∂x 2
∂y ∂z k α  ∂t ∂x ∂y ∂z 
25

em que α = k ρc p é a difusividade térmica do meio. Simplificações adicionais da forma

geral da equação do calor são frequentemente possíveis. Por exemplo, sob condições de
regime estacionário (ou permanente), não há variação temporal da quantidade de
energia armazenada no volume de controle; então, a Eq. (44) se reduz a

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T qɺ 1  ∂T ∂T ∂T 
+ 2 + 2 + = U +V +W  (45)
∂x 2
∂y ∂z k α  ∂x ∂y ∂z 

Se o meio em análise estiver em repouso, ou seja, U = V = W = 0, a Eq. (45)


pode ser reescrita como:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T qɺ
+ + + =0 (46)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 k

Além disso, se a transferência de calor por condução for unidimensional em


regime estacionário (por exemplo, na direção do eixo x) e se não houver taxa
volumétrica de geração de energia térmica, a Eq. (46) se reduz a

d 2T
=0 (47)
dx 2

que é o problema mais simples existente em condução térmica. Em resumo, a equação


de condução térmica em coordenadas retangulares é descrita como:

∂  ∂T  ∂  ∂T  ∂  ∂T 
k + k  + k + qɺ =
∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂z  ∂z  taxa
taxa de energia taxa de energia volumétric a
taxa de energia de geração
líquida transferi da líquida transferida líquida transferi da
por condução na por condução na de energia
por condução na térmica
direção x direção y direção z
por unidade por unidade por unidade
de volume de volume de volume

∂T ∂T ∂T ∂T
ρc p + ρc pU + ρc pV + ρc pW
∂t ∂x ∂y ∂z
taxa de taxa de energia taxa de energia taxa de energia
variação com o tempo líquida transferi da líquida transferi da líquida transferi da
da energia por advecção na por advecção na por advecção na
térmica (sensível ) direção x direção y direção z
do meio por unidade por unidade por unidade
por unidade de volume de volume de volume
de volume
26

6.2-COORDENADAS CILÍNDRICAS

Quando o operador (∇ ) é representado em coordenadas cilíndricas, a forma


geral do vetor fluxo de calor, e, portanto, da lei de Fourier, é:

 ∂T 1 ∂T ∂T 
q" = −k∇T = − k  i +j +k  (48)
 ∂r r ∂φ ∂z 

em que

∂T k ∂T ∂T
qr" = − k qφ" = − q "z = −k (49)
∂r r ∂φ ∂z

são as componentes do fluxo de calor nas direções radial, circunferencial e axial,


respectivamente. É importante observar que o gradiente de temperatura na lei de Fourier
deve possuir unidades de K/m. Por esse motivo, ao avaliar o gradiente para uma
coordenada angular, ele deve estar expresso em termos de uma variação diferencial do
comprimento de arco. Por exemplo, a componente do fluxo de calor na direção
circunferencial no sistema de coordenadas cilíndricas é qφ = −(k r )(∂T ∂φ ) e não

qφ = −k (∂T ∂φ ). Isso pode ser visto mais facilmente pela Fig. (10):

Figura 10 – Esquema utilizado para calcular o fluxo de calor na direção circunferencial


de um sistema de coordenadas cilíndricas.

A Fig. (11), que representa um volume de controle infinitesimal, rdφdrdz pode


ser utilizada para um balanço de energia, onde estão indicadas somente as transferências
de energia por condução. Para generalizar a formulação, é assumido que o volume de
controle diferencial se move com uma velocidade que pode ser representada através de
suas componentes escalares na forma V = iVr + jVφ + kVz . Além disso, energia térmica
27

pode estar sendo gerada no interior do volume de controle a uma taxa qɺ por unidade de
volume.

Figura 11 – Volume de controle diferencial rdφdrdz, para a análise da condução de

calor em coordenadas cilíndricas r,φ , z (Fonte: Bergman et al. 2014).

Para simplificar a formulação, as seguintes hipóteses são feitas: (1) velocidade


uniforme, (2) pressão constante, (3) massa específica constante, (4) calor específico
constante e (5) variação de energia potencial desprezível. Na presença de gradientes de
temperaturas, haverá transferência de calor por condução através de cada uma das
superfícies de controle. As taxas de calor por condução perpendiculares a cada uma das
superfícies de controle nos pontos com coordenadas r, φ e z são indicadas pelos termos

qr , qφ e qz , respectivamente. As taxas de transferência de calor por condução nas


superfícies opostas podem ser expressas por uma expansão em séries de Taylor, onde,
desprezando os termos de segunda ordem, podem ser expressas como:

∂q r
qr + dr = qr + dr (50)
∂r

∂qφ
qφ + dφ = qφ + dφ (51)
∂φ

∂q z
q z + dz = q z + dz (52)
∂z
28

O termo de geração de energia térmica usualmente é representado por:

Eɺ g = qɺdV = qɺrdφdrdz (53)

em que qɺ é a taxa na qual a energia é gerada por unidade de volume do meio (W/m3).
Além disso, podem ocorrer variações na quantidade de energia térmica armazenada pelo
material no volume de controle. Se o meio não sofrer mudança de fase, não há o efeito
de energia latente, e a taxa de energia armazenada pode ser dada por:

∂U ∂ (udm ) ∂ (uρrdφdrdz ) ∂u
Eɺ acu = = = =ρ rdφdrdz (54)
∂t ∂t ∂t ∂t

em que ρ ∂u ∂t é a taxa de variação com o tempo da energia interna específica


(sensível) do meio por unidade de volume.
Energia também é transferida para o volume de controle diferencial por entrada
e saída de massa. A vazão mássica de material que entra na direção r do volume de
controle da Fig. (12) pode ser expressa na forma ρVr rdφdz, onde ρ é a massa
específica do meio e Vr é a componente de velocidade do meio na direção r. Nas
direções φ e z (esta última não representada na Fig. (12)) as vazões mássicas podem ser

representadas, respectivamente por ρVφ drdz e ρVz rdφdr.

 ∂h 
ρVφ  h + dφ drdz
 ∂φ 

 ∂h 
ρVr hrdφdz rdφ ρVr  h + dr rdφdz
 ∂r 
dr

ρVφ hdrdz

Figura 12 – Volume de controle rdφdrdz para a representação dos termos advectivos.


29

A taxa de energia transportada pela vazão mássica pode ser determinada pelo
produto entre a vazão mássica e a entalpia específica h da vazão mássica, ou seja:

Eɺ massa, r = ρVr hrdφdz (55)

Eɺ massa,φ = ρVφ hdrdz (56)

Eɺ massa, z = ρVz hrdφdr (57)

As taxas de energia transportadas pela vazão mássica nas superfícies opostas


podem ser expressas por uma expansão em séries de Taylor, onde, desprezando os
termos de segunda ordem, podem ser expressas como:

∂Eɺ
Eɺ massa, r + dr = Eɺ massa, r + massa, r dr (58)
∂r

∂Eɺ
Eɺ massa ,φ + dφ = Eɺ massa,φ + massa,φ dφ (59)
∂φ

∂Eɺ
Eɺ massa, z + dz = Eɺ massa, z + massa, z dz (60)
∂z

A última etapa consiste em representar a conservação da energia na forma da


variável dependente T utilizando as equações de taxas previamente apresentadas, o que
pode ser feito substituindo as taxas de energia que entram, Eɺ e , as taxas de energia que

saem, Eɺ s , e a taxa de variação da energia acumulada Eɺacu. Assim, Eɺe pode ser escrito
como:

Eɺ e = qr + qφ + qz + Eɺ massa, r + Eɺ massa,φ + Eɺ massa, z (61)

Já o termo Eɺ s pode ser escrito como:


30

 ∂q   ∂q   ∂q 
Eɺ s =  qr + r dr  +  qφ + φ dφ  +  qz + z dz  +
 ∂r   ∂φ   ∂z 

 ∂Eɺ   ∂Eɺ   ∂Eɺ 


 Eɺ massa, r + massa, r dr  +  Eɺ massa,φ + massa,φ dφ  +  Eɺ massa, z + massa, z dz  (62)
 ∂r   ∂φ   ∂z 
     

Substituindo as Eqs. (53-54) e as Eqs. (61-62) na Eq. (30) e rearranjando obtém-


se:

∂qr ∂q ∂q ∂Eɺ ∂Eɺ ∂Eɺ


− dr − φ dφ − z dz − massa , r dr − massa ,φ dφ − massa , z dz + qɺrdφdrdz =
∂r ∂φ ∂z ∂r ∂φ ∂z
∂u
ρ rdφdrdz (63)
∂t

As taxas de calor por condução podem ser avaliadas a partir da lei de Fourier:

∂T ∂T
qr = −kAr = −k (rdφdz ) (64)
∂r ∂r

∂T ∂T
qφ = −kAφ = −k (drdz ) (65)
r∂φ r∂φ

∂T ∂T
qz = −kAz = −k (rdφdr ) (66)
∂z ∂z

onde cada componente do fluxo de calor foi multiplicado pela área da superfície
(diferencial) de controle apropriada, a fim de se obter a taxa de transferência de calor.
Substituindo as Eqs. (55-57) e as Eqs. (64-66) na Eq. (63) obtém-se:

∂  ∂T  ∂  ∂T  ∂  ∂T 
−  − k (rdφdz )  dr − − k (drdz ) r∂φ  dφ − ∂z − k (rdφdr ) ∂z  dz
∂r  ∂r  ∂φ    

− (ρVr hrdφdz )dr − ∂ (ρVφ hdrdz )dφ − ∂ (ρVz hrdφdr )dz + qɺrdφdrdz = ρ ∂u rdφdrdz
∂r ∂φ ∂z ∂t
(67)
31

Na Eq. (67), pode-se dividir pelo volume diferencial rdφdrdz e utilizando as


hipóteses simplificadoras (1) e (3) obtém-se:

1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T  ∂  ∂T   ∂u ∂h Vφ ∂h ∂h 
 kr + 2  k  +  k  + qɺ = ρ  + Vr + + Vz  (68)
r ∂r  ∂r  r ∂φ  ∂φ  ∂z  ∂z   ∂t ∂r r ∂φ ∂z 

Na Eq. (68), pode-se substituir a energia interna específica pela definição


termodinâmica de entalpia específica, ou seja, u = h − P ρ de tal forma que ∂u = ∂h
pelas hipóteses (2) e (3). Além disso, pode-se expressar a variação da entalpia específica
em termos do gradiente de temperaturas, que para massa específica e calor específico
constantes é expressa por dh = c p dT . A Eq. (68) é então reescrita como:

1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T  ∂  ∂T   ∂T ∂T Vφ ∂T ∂T 
 kr + 2  k  +  k  + qɺ = ρc p  + Vr + + Vz  (69)
r ∂r  ∂r  r ∂φ  ∂φ  ∂z  ∂z   ∂t ∂r r ∂φ ∂z 

A Eq. (69) é a forma geral da equação de condução de calor em coordenadas


cilíndricas. A partir de sua solução, obtemos a distribuição de temperaturas T (r , φ , z )
como uma função do tempo. De maneira similar a coordenadas retangulares, com
frequência, é possível trabalhar com versões simplificadas da Eq. (69). Em resumo, a
equação de difusão em coordenadas cilíndricas é descrita como:

1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T  ∂  ∂T 
 kr + k  + k + qɺ =
r ∂r  ∂r  r 2 ∂φ  ∂φ  ∂z  ∂z  taxa
taxa de energia taxa de energia volumétric a
taxa de energia de geração
líquida transferida líquida transferida líquida transferida
por condução na por condução na de energia
por condução na térmica
direção r direção φ direção z
por unidade por unidade por unidade
de volume de volume de volume

∂T ∂T ρc pVφ ∂T ∂T
ρc p + ρc pVr + + ρc pVz
∂t ∂r r ∂φ ∂z
taxa de taxa de energia taxa de energia taxa de energia
variação com o tempo líquida transferida líquida transferida líquida transferida
da energia por advecção na por advecção na por advecção na
térmica (sensível ) direção r direção φ direção z
do meio por unidade por unidade por unidade
por unidade de volume de volume de volume
de volume
32

6.3-COORDENADAS ESFÉRICAS

Quando o operador (∇ ) é representado em coordenadas esféricas, a forma geral


do vetor fluxo de calor, e, portanto, a lei de Fourier, é:

 ∂T 1 ∂T 1 ∂T 
q" = − k∇T = − k  i +j +k  (70)
 ∂r rsenθ ∂φ r ∂θ 

em que

∂T k ∂T k ∂T
qr" = −k qφ" = − qθ" = − (71)
∂r rsenθ ∂φ r ∂θ

são as componentes do fluxo de calor nas direções radial, azimutal e polar,


respectivamente. Novamente é importante observar que o gradiente de temperaturas na
lei de Fourier deve possuir unidades de K/m. Por esse motivo, ao avaliar o gradiente
para uma coordenada angular, ele deve estar expresso em termos de uma variação
diferencial do comprimento de arco. Por exemplo, a componente do fluxo de calor na
direção polar de um sistema de coordenadas esféricas é qφ" = −(k rsenθ )(∂T ∂φ ) e não

qφ" = −k (∂T ∂φ ), assim como a componente do fluxo de calor na direção azimutal de

um sistema de coordenadas esféricas é qθ" = −(k r )(∂T ∂θ ) e não qθ" = −k (∂T ∂θ ).

Figura 13 – Volume de controle diferencial r 2senθdrdφdθ para a análise da condução


de calor em coordenadas esféricas r ,φ ,θ (Fonte: Bergman et al. 2014).
33

Isso pode ser visto mais facilmente pela Fig. (13), que representa um volume de
controle infinitesimal, r 2senθdrdφdθ , podendo ser utilizado para um balanço de
energia, onde estão indicadas somente as transferências de energia por condução. Para
generalizar a formulação, é assumido que o volume de controle diferencial se move com
uma velocidade que pode ser representada através de suas componentes escalares na
forma V = iVr + jVφ + kVθ . Além disso, energia térmica pode estar sendo gerada no

interior do volume de controle a uma taxa qɺ por unidade de volume.


Mais uma vez, para simplificar a formulação, as seguintes hipóteses são feitas:
(1) velocidade uniforme, (2) pressão constante, (3) massa específica constante, (4) calor
específico constante e (5) variação de energia potencial desprezível. Na presença de
gradientes de temperaturas, haverá transferência de calor por condução através de cada
uma das superfícies de controle. As taxas de calor por condução perpendiculares a cada
uma das superfícies de controle nos pontos com coordenadas r, φ e θ são indicadas

pelos termos qr , qφ e qθ , respectivamente. As taxas de transferência de calor por

condução nas superfícies opostas podem ser então expressas por uma expansão em
séries de Taylor, onde, desprezando os termos de segunda ordem, podem ser expressas
como:

∂q r
qr + dr = qr + dr (72)
∂r

∂qφ
qφ + dφ = qφ + dφ (73)
∂φ

∂qθ
qθ + dθ = qθ + dθ (74)
∂θ

O termo de geração de energia térmica usualmente é representado por:

Eɺ g = qɺdV = qɺr 2senθdrdφdθ (75)


34

em que qɺ é a taxa na qual a energia é gerada por unidade de volume do meio (W/m3).
Além disso, podem ocorrer variações na taxa de energia térmica armazenada pelo meio
no volume de controle. Se o meio não sofre mudança de fase, não há o efeito de energia
latente, e a taxa de energia armazenada pode ser expressa por:

Eɺ acu = = =
(
∂U ∂ (udm ) ∂ uρr 2senθdrdφdθ ∂u )
= ρ r 2senθdrdφdθ (76)
∂t ∂t ∂t ∂t

em que ρ ∂u ∂t é a taxa de variação com o tempo da energia interna específica


(sensível) do meio por unidade de volume.
Energia também é transferida para o volume de controle diferencial por entrada
e saída de massa. A vazão mássica de material que entra na direção r do volume de
controle da Fig. (14) pode ser expressa na forma ρVr r 2senθdφdθ onde ρ é a densidade
do meio e Vr é a componente de velocidade do meio na direção r. Nas direções φ e θ
(está última não representada na Fig. (13)) as vazões mássicas podem ser representadas,
respectivamente por ρVφ rdrdθ e ρVθ rsenθdrdφ .

 ∂h 
ρVφ  h + dφ  rdrd θ
 ∂φ 

 ∂h  2
ρVr hr 2senθdφdθ r 2 sin θdφdθ ρVr  h + dr  r sen θdφdθ
 ∂r 
rdrdθ

ρVφ hrdrdθ

Figura 14 – Volume de controle r 2senθdrdφdθ para a representação dos termos


advectivos.
35

A taxa de energia transportada pela vazão mássica pode ser determinada pelo
produto entre a vazão mássica e a entalpia específica h da vazão mássica, ou seja:

Eɺ massa,r = ρVr hr 2senθdφdθ (77)

Eɺ massa,φ = ρVφ hrdrdθ (78)

Eɺ massa, z = ρVz hrsenθdrdφ (79)

As taxas de energia transportadas pela vazão em massa nas superfícies opostas


podem ser então expressas por uma expansão em séries de Taylor, onde, desprezando os
termos de segunda ordem, podem ser expressas como:

∂Eɺ
Eɺ massa, r + dr = Eɺ massa, r + massa, r dr (80)
∂r

∂Eɺ
Eɺ massa ,φ + dφ = Eɺ massa,φ + massa,φ dφ (81)
∂φ

∂Eɺ
Eɺ massa,θ + dθ = Eɺ massa,θ + massa,θ dθ (82)
∂θ

A última etapa consiste em representar a conservação da energia na forma da


variável dependente T utilizando as equações de taxas previamente apresentadas, o que
pode ser feito substituindo as taxas de energia que entram, Eɺ e , as taxas de energia que

saem, Eɺ s , e a taxa de variação da energia acumulada Eɺacu. Assim, Eɺe pode ser escrito
como:

Eɺe = qr + qφ + qθ + Eɺ massa, r + Eɺ massa,φ + Eɺ massa,θ (83)

Já o termo Eɺ s pode ser escrito como:


36

 ∂q   ∂q   ∂q 
Eɺ s =  qr + r dr  +  qφ + φ dφ  +  qθ + θ dθ  +
 ∂r   ∂φ   ∂θ 

 ∂Eɺ   ∂Eɺ   ∂Eɺ 


 Eɺ massa, r + massa, r dr  +  Eɺ massa,φ + massa,φ dφ  +  Eɺ massa,θ + massa,θ dθ  (84)
 ∂r   ∂φ   ∂θ 
     

Substituindo as Eqs. (75-76) e as Eqs. (83-84) na Eq. (30), e simplificando


obtém-se:

∂qr ∂q ∂q ∂Eɺ ∂Eɺ ∂Eɺ


− dr − φ dφ − θ dθ − massa , r dr − massa ,φ dφ − massa ,θ dθ + qɺr 2senθdrdφdθ =
∂r ∂φ ∂θ ∂r ∂φ ∂θ
∂u 2
ρ r sen θdrd φdθ (85)
∂t

As taxas de calor por condução podem ser avaliadas a partir da lei de Fourier:

∂T ∂T
qr = −kAr
∂r
(
= −k r 2senθdφdθ
∂r
) (86)

∂T ∂T
qφ = − kAφ = − k (rdrdθ ) (87)
rsenθ∂φ rsenθ∂φ

∂T ∂T
qθ = −kAθ = −k (rsenθdrdφ ) (88)
r∂θ r∂θ

onde cada componente do fluxo de calor foi multiplicado pela área da superfície
(diferencial) de controle apropriada, a fim de se obter a taxa de transferência de calor.
Substituindo as Eqs. (77-79) e as Eqs. (84-88) na Eq. (85) obtém-se:

∂ ∂T  ∂ ∂T 

∂r

( )
− k r senθdφdθ ∂r  dr − ∂φ
2 
− k (rdrdθ ) rsenθ∂φ  dφ
   
∂ ∂T  ∂ ∂

∂θ

( 2
)
− k (rsenθdrdφ ) r∂θ  dθ − ∂r ρVr hr senθdφdθ dr − ∂φ (ρVφ hrdrdθ )dφ
37


− (ρVθ hrsenθdrdφ )dθ + qɺr 2senθdrdφdθ = ρ ∂u r 2senθdrdφdθ (89)
∂θ ∂t

Na Eq. (89), pode-se dividir pelo volume diferencial r 2senθdrdφdθ e utilizando


as hipóteses simplificadoras (1) e (3) obtém-se:

1 ∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T 
 kr + 2 2  k  + 2  k sin θ  + qɺ =
r ∂r 
2
∂r  r sin θ ∂φ  ∂φ  r sin θ ∂θ  ∂θ 

 ∂u ∂h Vφ ∂h Vθ ∂h 
ρ  + Vr + +  (90)
 ∂t ∂r r sin θ ∂φ r ∂θ 

Na Eq. (90), pode-se substituir a energia interna específica pela definição de


entalpia específica, ou seja, u = h − P ρ de tal forma que ∂u = ∂h pelas hipóteses (2) e
(3). Além disso, pode-se expressar a variação da entalpia específica em termos do
gradiente de temperatura, que para calor específico e massa específica constantes é dado
por dh = c p dT . A Eq. (90) é então reescrita como:

1 ∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T 
 kr + 2 2  k  + 2  k sin θ  + qɺ =
r ∂r 
2
∂r  r sin θ ∂φ  ∂φ  r sin θ ∂θ  ∂θ 

 ∂T ∂T V ∂T Vθ ∂T 
ρc p  + Vr + φ +  (91)
 ∂t ∂r r sin θ ∂φ r ∂θ 

A Eq. (91) é a forma geral da equação de condução de calor em coordenadas


esféricas. A partir de sua solução, obtemos a distribuição de temperaturas T (r , φ , θ )
como uma função do tempo. De maneira similar a coordenadas retangulares, com
frequência, é possível trabalhar com versões simplificadas da Eq. (91). Em resumo, a
equação de difusão em coordenadas esféricas é descrita como:

1 ∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T  1 ∂  ∂T 
 kr + 2 2  k  + 2  k sin θ + qɺ =
r ∂r 
2
∂r  r sin θ ∂φ  ∂φ  r sin θ ∂θ  ∂θ  taxa
taxa de energia taxa de energia volumétric a
taxa de energia de geração
líquida transferi da líquida transferi da líquida transferi da
por condução na por condução na de energia
por condução na térmica
direção r direção φ direção z
por unidade por unidade por unidade
de volume de volume de volume
38

∂T ∂T ρc pVφ ∂T ρc pVθ ∂T
ρc p + ρc pVr + +
∂t ∂r r sin θ ∂φ r ∂θ
taxa de taxa de energia taxa de energia taxa de energia
variação com o tempo líquida transferida líquida transferida líquida transferida
da energia por advecção na por advecção na por advecção na
térmica (sensível) direção r direção φ direção θ
do meio por unidade por unidade por unidade
por unidade de volume de volume de volume
de volume

7-CONDIÇÕES DE CONTORNO E CONDIÇÃO INICIAL

Para determinar a distribuição de temperaturas em um meio, é necessário


resolver a forma apropriada da equação do calor. No entanto, tal solução depende das
condições físicas existentes nas fronteiras do meio, e, se a situação variar com o tempo,
a solução também depende das condições existentes no meio em algum instante inicial.
Com relação às condições nas fronteiras, ou condições de contorno, há várias
possibilidades comuns que são expressas de maneira simples em forma matemática.
Como a equação de condução de calor é de segunda ordem em relação às
coordenadas espaciais, duas condições de contorno devem ser fornecidas para cada
coordenada espacial necessária para descrever o sistema. E como a equação de
condução de calor é de primeira ordem em relação ao tempo, apenas uma condição,
chamada de condição inicial, deve ser especificada. Segue abaixo uma breve descrição
das condições de contorno mais comuns encontradas no estudo da condução térmica.

7.1-CONDIÇÃO DE CONTORNO DE PRIMEIRA ESPÉCIE

rs Ts Ts
z

r
z y φ
x Ts R
L

Figura 15 – Condição de contorno de primeira espécie (Dirichlet).


39

Nesse caso a temperatura de fronteira ( Ts ) é conhecida. Por exemplo, de acordo


com a Fig. (15a):

T (rs , t ) = Ts (92)

Mais especificamente, se estivermos lidando com sistemas cartesianos


retangulares ou cilíndricos, Figs. (15b) e (15c), as condições de contorno de primeira
espécie em x = L e r = R, são, respectivamente:

T ( L, y, z , t ) = Ts (93)

T ( R, φ , z, t ) = Ts (94)

7.2-CONDIÇÃO DE CONTORNO DE SEGUNDA ESPÉCIE

Uma condição de contorno é dita de segunda espécie quando um fluxo de calor é


conhecido. De acordo com a Fig. (16a):

 ∂T 
qn" = −k   (95)
 ∂n  s

Na Eq. (95), n denota o vetor unitário normal saindo da parede. Se a


diferenciação é feita ao longo do vetor unitário normal saindo da parede, o sinal de
menos da Eq. (95) fica como está. Se a diferenciação é feita ao longo do vetor unitário
normal entrando na parede, o sinal de menos do lado direito da Eq. (95) deve ser
alterado para mais. Um fluxo de calor pode ser criado por, digamos, aquecimento
elétrico ou radiativo. O sinal de qn" é positivo (como mostrado na Eq. (95)) quando o

fluxo de calor está saindo da fronteira e negativo (oposto ao mostrado na Eq. (95))
quando o fluxo de calor está entrando na fronteira.
40

qn"

R
n q"x qr"
y
x r
L φ

Figura 16 – Condição de contorno de segunda espécie (Neumann).

No caso especial de um sistema de coordenadas retangulares conforme mostrado


na Fig. (16b), as condições de contorno de segunda espécie em x = L e x = 0, são,
respectivamente:

 ∂T 
q"x = −k   (96)
 ∂x  x = L

 ∂T 
q"x = k   (97)
 ∂x  x =0

Similarmente, para a geometria cilíndrica da Fig. (16c):

 ∂T 
− qr" = −k   (98)
 ∂r  r = R

Deve ser notado que para o caso especial de uma parede isolada termicamente
( q" = 0 ) o gradiente de temperatura que aparece no lado direito das Eqs. (95-98) é igual

a zero. Essa condição de contorno também é conhecida como condição de isolamento


41

térmico, podendo também ser utilizada no caso de problemas onde há simetria (ponto de
máximo ou de mínimo) da distribuição de temperaturas.

7.3-CONDIÇÃO DE CONTORNO DE TERCEIRA ESPÉCIE

h, T∞
n

h, T∞ h, T∞
Temperatura T∞ z
do sólido
y
x r
φ
Temperatura
do fluido
L
R
(a) (b) (c)

Figura 17 – Condição de contorno de terceira espécie (Robin).

Esse tipo de condição de contorno é usualmente conhecida como uma condição


de contorno convectiva. Ela simplesmente afirma que se um corpo está em contato com
um fluido em movimento convectivo, a condução de calor no corpo é igual à convecção
de calor do corpo para o fluido. Uma típica distribuição de temperatura na vizinhança de
uma fronteira entre um corpo sólido e um fluido está mostrada na Fig. (17a). Para a
configuração da Fig. (17a) tem-se que:

 ∂T 
− k   = h(Ts − T∞ ) (99)
 ∂n  s

Na Eq. (99), T∞ é a temperatura do fluido distante da fronteira e não afetado pela


mesma e h é o coeficiente de transferência de calor. O sinal de menos no lado esquerdo
da Eq. (99) denota diferenciação ao longo na normal saindo da superfície. Se a
diferenciação é ao longo da normal entrando na superfície, o sinal precisa ser alterado
de menos para mais. Para o sistema cartesiano da Fig. (17b), as condições de contorno
em x = 0 e x = L são, respectivamente:
42

 ∂T 
k   = h(T − T∞ )x=0 (100)
 ∂x  x=0

 ∂T 
− k   = h(T − T∞ )x = L (101)
 ∂x  x = L

Para o cilindro da Fig. (17c), a condição de contorno na superfície externa é:

 ∂T 
− k   = h(T − T∞ )r = R (102)
 ∂r  r = R

Além das três condições de contorno mais usuais discutidas anteriormente,


diferentes condições de contorno, mais complexas do que estas, podem ser encontradas
na solução de problemas de condução de calor. Por exemplo, aquecimento simultâneo
por convecção e radiação pode ocorrer em uma fronteira ou liberação de calor
(absorção) devido ao congelamento (fusão) em uma interface móvel com mudança de
fase.

7.4-SUPERFÍCIE COM RADIAÇÃO

Enquanto condução e convecção requerem um meio para transportar energia, a


radiação não precisa. Além disso, a energia de radiação é transmitida por ondas
eletromagnéticas, que viajam melhor no vácuo. O fluxo térmico por radiação é descrito
pela lei de Stefan-Boltzmann, que permite o cálculo da radiação superficial a partir de
um corpo ideal, chamado de corpo negro:

negro = σTs
" 4
qcorpo (103)

"
onde qcorpo negro é o fluxo de radiação do corpo negro, Ts é a temperatura absoluta da

superfície do corpo negro e σ = 5,67 × 10−8 W/(m2.K4) é a constante de Stefan-


Boltzmann. Para determinar o fluxo de radiação emitido por uma superfície real, define-
se uma propriedade chamada de emissividade, definida como:
43

"
qcorpo
ε = " real (104)
qcorpo negro

Combinando as Eqs. (103-104) obtém-se:

real = εσTs
" 4
qcorpo (105)

A partir da definição de ε , segue que seu máximo valor é igual a um (corpo


negro). A troca de radiação entre duas superfícies depende da geometria, forma, área,
orientação e emissividade das duas superfícies. Além disso, depende da absortividade
α de cada superfície. Absortividade é uma propriedade de superfície definida como a
fração da energia radiante incidente na superfície que é absorvida pela superfície.
Embora a determinação da troca de calor líquida por radiação entre duas
superfícies, qrad , seja complexa, a análise é simplificada por um modelo ideal na qual

ε = α . Tal superfície ideal é chamada de superfície cinza. Para o caso especial de uma
superfície cinza com temperatura Ts de pequenas dimensões quando comparada com

uma vizinhança com temperatura Tviz de grandes dimensões que a engloba, a taxa

líquida de radiação pode ser calculada como:

qrad = εσA(Ts4 − Tviz4 ) (106)

onde ε é a emissividade da superfície menor e A é a área superficial da superfície


menor.

7.5-CONDIÇÃO INICIAL

Na determinação da distribuição de temperaturas em um meio, se a situação


variar com o tempo, a solução da equação diferencial de condução de calor também
depende das condições existentes no meio em algum instante inicial. Como essa
equação diferencial é de primeira ordem em relação ao tempo, apenas uma condição,
chamada de condição inicial, deve ser especificada. De maneira geral, para os três
44

sistemas coordenados apresentados, e denotando a temperatura inicial de um meio de


interesse como sendo Ti em um instante t = 0, pode-se representar matematicamente a

condição inicial como:

T ( x, y, z,0) = Ti (107)

T (r ,φ , z,0) = Ti (108)

T (r ,φ ,θ ,0) = Ti (109)

7.6-CONDIÇÕES DE CONTORNO HOMOGÊNEAS

Para finalizar esse capítulo, vale à pena identificar uma categoria especial de
condições de contorno que são de particular interesse para a solução de problemas de
condução de calor utilizando o método da separação de variáveis (esse método será
discutido posteriormente no Cap. (5)). Essa categoria de condições de contorno consiste
em vários tipos de condições de contorno homogêneas, definidas como: uma condição
de contorno é dita homogênea se todos os seus termos além do zero por si só são de
primeiro grau na função desconhecida (temperatura) e nas suas derivadas.
Para clarear o sentido da terminologia primeiro grau na sua definição, vejamos
os seguintes exemplos. Termos do tipo T (∂T ∂x) ou T (∂ 2T ∂x 2 ) (o produto da
temperatura e uma de suas derivadas) são de segunda ordem. Termos do tipo T ou
∂T ∂x ou ∂ 2T ∂x 2 são de primeira ordem. Termos constantes do tipo T∞ , Ts ou qn" (se
essas quantias forem constantes) são de ordem zero.
De acordo com essa discussão, se Ts não for zero, as condições de contorno

descritas pelas Eqs. (88-90) não são homogêneas. Se Ts for zero, essas condições de
contorno são homogêneas. Similarmente, as condições de contorno descritas pelas Eqs.
(91-94) não são homogêneas. Elas se tornam homogêneas no caso especial de parede
isolada. Finalmente, as condições de contorno descritas pelas Eqs. (95-98) são
homogêneas somente no caso em que T∞ = 0. se T∞ ≠ 0, as condições de contorno
representadas pelas Eqs. (95-98) são não homogêneas.
45

Conforme mencionado anteriormente, o conceito de condições de contorno


homogêneas será utilizado posteriormente, onde será introduzido o método da separação
de variáveis. A presença de um número definido de condições de contorno homogêneas
nesse modelo de condução de calor é necessária para o método da separação de
variáveis funcionar.

7.7-EXEMPLOS DE CONDIÇÃO DE CONTORNO

Existem diversas condições físicas comuns que podem ocorrer nos contornos. A
Fig. (18a) mostra quatro condições de contorno comuns em condução bidimensional em
uma placa retangular. Já a Fig. (18b) mostra a interface entre dois materiais. Duas
condições de contorno estão associadas com esse caso.

(a) (b)
Figura 18 – Duas situações para a representação das condições de contorno.

Deve ser notado que o posicionamento da origem do sistema de coordenadas é


essencial na representação das condições de contorno. Para a Fig. (18a), as condições de
contorno são:

T (0, y ) = To (temperatura especificada) (110)

∂T ( L, y)
−k = qo" (fluxo de calor especificado) (111)
∂x
46

∂T ( x,0)
k = h[T ( x,0) − T∞ ] (convecção na superfície) (112)
∂y

∂T ( x, W )
= 0 (isolamento térmico) (113)
∂y

Para a Fig. (18b), as condições de contorno são:

T1 (0, y ) = T2 (0, y ) (igualdade de temperaturas na interface) (114)

∂T1 (0, y) ∂T (0, y)


k1 = k2 2 (balanço de energia na interface) (115)
∂x ∂x

Para o caso de uma interface com uma fonte de calor, que pode ser o caso de
aquecimento de um elemento delgado que está em contato com dois materiais não
condutores elétricos ou o aquecimento por atrito gerado pelo movimento relativo entre
duas superfícies, a condição de contorno é escrita utilizando um balanço de energia na
interface. Admitindo contato térmico perfeito entre dois materiais, conforme a Fig. (19),
um balanço de energia fornece que:

∂T1 (0, y) ∂T (0, y)


− k1 + qi" = −k2 2 (balanço de energia na interface) (116)
∂x ∂x

Figura 19 – Interface com fonte de calor.


47

Finalmente, para ilustrar como modelar uma condição de contorno por radiação,
considere novamente a Fig. (18a), na qual a face inferior troca calor por convecção e
também por radiação. Um balanço de energia nessa superfície fornece que:

"
qcond = qconv
"
+ qrad
"
(117)

Utilizando a lei de Fourier para a condução, a lei de Newton para a convecção e


a lei de Stefan-Boltzmann para a radiação, a Eq. (117) pode ser reescrita como:

∂T ( x,0)
k = h[T ( x,0) − T∞ ] + σε [T 4 ( x,0) − Tviz4 ] (118)
∂y

8-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. J. HERIVEL, Joseph Fourier, the Man and the Physicist, Clarendon Press, Oxford,
1975.
2. J. FOURIER, Draft paper, Bibliothéque nationale, BN ff.22525, pp. 107-149, 1804.
3. J. B. BIOT, Mémoire sur la propagation de la chaleur, Bibl. Br., Vol. 37, pp. 310-329,
1804.
4. J. FOURIER, Mémoire sur la propagation de la chaleur, MS. 1851, Ecole Nationale
des Ponts el Chaussee’s, Paris, 1807.
5. I. GRATTAN-GUINNESS e J. R. RAVETZ, Joseph Fourier 1768-1830, MIT Press,
Cambridge, MA, 1972.
6. J. FOURIER, Théorie du movement de la chauleur dans les corps solides, Men. Acad.
R. Sci., Vol. 4, pp. 185-555, 1819-20.
7. J. FOURIER, Théorie du movement de la chauleur dans les corps solides, Men, Acad.
R. Sci., Vol. 5, pp. 153-246, 1821-22.
8. J. FOURIER, Théorie analutique de la chaleur (Analytical Theory of Heat), Paris,
1822.
9. BERGMAN, T. L.; LAVINE, A. S.; INCROPERA, F. P. e DEWITT, W. P.,
Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, Editora LTC, 7a edição, 2014,
Rio de Janeiro.
48

9-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Escreva a equação de condução de calor para cada um dos seguintes casos:


(a) Uma parede, regime permanente, estacionária, unidimensional, incompressível e
sem geração de energia.
(b) Uma parede, transiente, estacionária, unidimensional, incompressível, k constante
sem geração de energia.
(c) Um cilindro, regime permanente, estacionário, bidimensional (radial e axial), k
constante, incompressível, sem geração de energia.
(d) Um cabo se movendo através de um forno com velocidade constante, regime
permanente, unidimensional (axial), incompressível, k constante e sem geração de
energia.
(e) Uma esfera, transiente, estacionária, unidimensional (radial), incompressível, k
constante com geração de energia.

2) Escreva a equação de condução e as condições de contorno para condução


bidimensional em regime permanente para a placa retangular mostrada abaixo.

3) Calor é gerado a uma taxa qɺ em uma casca esférica de raio interno ri e raio externo

re . Calor é adicionado na superfície externa através de um fluxo de calor uniforme qe".

A superfície interna é mantida a uma temperatura uniforme Ti . Escreva a equação de


condução de calor e as condições de contorno para condução em regime permanente.

4) Uma placa retangular de comprimento L e altura H desliza sobre uma superfície


inclinada com uma velocidade U. O atrito de deslizamento resulta em um fluxo de calor
49

qo" na superfície. A face frontal e as faces laterais trocam calor por convecção. O
coeficiente de transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ . Despreze a
perda de calor pela face traseira e assuma que não há calor sendo conduzido através da
superfície inclinada devido ao atrito. Escreva a equação de condução de calor em
regime permanente e as condições de contorno.

5) Considere uma seção semicircular de um tubo de raio interno Ri e raio externo Re .


Calor é trocado por convecção ao longo das superfícies cilíndricas interna e externa. A
temperatura e o coeficiente de transferência de calor interno são Ti e hi . A temperatura

e o coeficiente de transferência de calor externo são Te e he . As duas superfícies planas

são mantidas a uma temperatura uniforme Tb . Escreva a equação de condução de calor


em regime permanente e as condições de contorno.

6) Duas placas extensas com espessuras L1 e L2 estão inicialmente a temperaturas T1 e


T2 . Suas condutividades térmicas são k1 e k2 . As duas placas são pressionadas uma
contra a outra e isoladas ao longo de suas superfícies expostas. Escreva a equação de
condução de calor e as condições de contorno.
50

7) Radiação térmica é subitamente direcionada para a superfície de uma placa semi-


infinita de condutividade térmica k e difusividade térmica α . Devido às características
de absorção térmica do material a radiação térmica resulta em uma taxa de geração de
energia variável dada por
qɺ ( x ) = qɺoe−bx

onde qɺo e b são constantes e x é a distância ao longo da placa. A temperatura da

superfície em x = 0 é To . Inicialmente a placa está com uma temperatura uniforme Ti .


Escreva a equação de condução de calor e as condições de contorno.

8) Uma placa de espessura 2 L se move através de um forno com velocidade U e deixa


o forno a uma temperatura To . Fora do forno a placa é resfriada por convecção e por

radiação. O coeficiente de transferência de calor é h, a emissividade da placa é ε , a

temperatura ambiente é T∞ e a temperatura da vizinhança é Tviz . Escreva a equação de

condução de calor bidimensional em regime permanente e as condições de contorno.


Use o modelo de radiação simplificado e assuma que a placa é infinitamente longa.
51

9) Um cabo de raio ro se move com velocidade U através de um forno de comprimento

L, onde é aquecido através de um fluxo de calor uniforme qo" . Longe da entrada do

forno o cabo está a uma temperatura Ti . Assuma que não há troca de calor com o cabo
antes de sua entrada no forno e após a sua saída do forno. Escreva a equação de
condução de calor bidimensional em regime permanente e as condições de contorno.

10) Um cilindro oco com raio interno Ri e raio externo Re é aquecido com um fluxo de
"
calor uniforme qi em sua superfície interna. A metade inferior do cilindro está isolada e
a metade superior do cilindro troca calor por convecção e radiação. O coeficiente de
transferência de calor é h, a temperatura ambiente é T∞ , a temperatura da vizinhança é

Tviz e a emissividade da superfície externa do cilindro é ε . Desprezando condução axial


e utilizando o modelo simplificado de radiação, escreva a equação de condução de calor
e as condições de contorno.
52
53

CAPÍTULO 2

CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM
REGIME PERMANENTE

1-INTRODUÇÃO

Nesse capítulo um número básico de problemas representativos de condução


térmica serão revisados. Esses problemas são comumente utilizados na prática de
engenharia para a obtenção de estimativas de taxas de perdas de calor ou taxas de
ganhos de calor através de configurações como paredes simples ou compostas, dutos
isolados ou não-isolados e tanques esféricos isolados ou não-isolados. A simplicidade
do tratamento matemático da condução unidimensional em regime permanente nos
permite explorar uma grande variedade de aplicações práticas. O objetivo desse capítulo
é mostrar a solução da equação diferencial de condução de calor para as três geometrias
de interesse em transferência de calor utilizando condições de contorno variadas.
Diversos casos de interesse serão tratados analiticamente e também com o auxílio do
MAPLE.

2-O PROBLEMA DA PAREDE PLANA

Esse problema está mostrado esquematicamente na Fig. (1), que representa uma
parede plana de espessura L na qual cada lado está em contato com um fluido em
movimento. A condutividade térmica da parede, k, é assumida constante. Sem perda de
generalidade, podemos assumir que a temperatura do fluido no lado esquerdo da parede
e distante dela, T∞ ,1 , é maior que a temperatura do fluido no lado direito da parede e

distante dela, T∞ , 2 . Essa consideração assegura uma constância de temperatura fora das

camadas limites térmicas em cada lado da parede. O coeficiente médio de transferência


de calor no lado quente é denotado por h1 e no lado frio por h2 . A parede se estende
54

para o infinito em ambas direções y e z e não há geração volumétrica de energia térmica


no seu interior. Além disso, a parede está em repouso. Com essas hipóteses, a equação
de condução em coordenadas retangulares, Eq. (41) do Cap. (1), se reduz a:

d 2T
=0 (1)
dx 2

h1, T∞,1 z y h2 , T∞, 2


x
L

Figura 1 – Parede plana com fluido em ambos os lados.

As condições de contorno de terceira espécie correspondentes são:

h1 [T∞ ,1 − T ( x = 0)] = −k
dT
(2)
dx x =0

= h2 [T ( x = L ) − T∞ , 2 ]
dT
−k (3)
dx x=L

A Eq. (1) pode ser integrada duas vezes em x para se obter a primeira derivada
de T em relação a x e a solução geral para a distribuição de temperaturas em x, ou seja:
55

dT
= C1 (4)
dx

T ( x) = C1x + C2 (5)

onde C1 e C2 são constantes de integração, que devem ser obtidas a partir das duas
condições de contorno, Eqs. (2-3). Substituindo as Eqs. (4-5) nas Eqs. (2-3) obtém-se:

h1 (T∞ ,1 − C2 ) = − kC1 (6)

− kC1 = h2 (C1 L + C2 − T∞ , 2 ) (7)

As Eqs. (6-7) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas para a


determinação de C1 e C2 , podendo ser reescritas na forma matricial como:

 k − h1  C1   − h1T∞ ,1 
   =   (8)
 h2 L + k h2  C2   h2T∞ , 2 

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 h1h2 (T∞ , 2 − T∞ ,1 )
C1 = =
k − h1 h1h2 L + h1k + h2 k
h2 L + k h2

k − h1T∞ ,1
h2 L + k h2T∞ , 2 T∞ ,1h1h2 L + T∞ ,1h1k + T∞ , 2 h2 k
C2 = =
k − h1 h1h2 L + h1k + h2 k
h2 L + k h2
56

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (5), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

h1h2 (T∞, 2 − T∞ ,1 ) T h h L + T∞ ,1h1k + T∞, 2 h2 k


T ( x) = x + ∞ ,1 1 2 (9)
h1h2 L + h1k + h2 k h1h2 L + h1k + h2 k

A Eq. (9) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

− (T∞,1 − T∞, 2 )  h1 
T ( x) = 1 + x  + T (10)
(h1 h2 ) + (h1 k )L + 1  k  ∞,1

Como a distribuição de temperaturas é linear, conforme a Eq. (10), o fluxo de


calor é independente de x, podendo ser calculado pela lei de Fourier, ou seja:

dT d  − (T∞ ,1 − T∞ , 2 )  h1   h1 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )1
q" = −k = −k  1 + x  + T∞ ,1  = (11)
dx dx  (h1 h2 ) + (h1 k )L + 1  k   (h1 h2 ) + (h1 k )L + 1

O coeficiente de transferência de calor em ambos os lados da parede é uma


medida da imperfeição do contato térmico entre a parede e o fluido. Conforme os
coeficientes h1 e h2 aumentam e se aproximam do infinito, o contato térmico torna-se
perfeito e a temperatura da parede se aproxima da temperatura do fluido
(T∞ ,1 em x = 0 e T∞ , 2 em x = L, respectivamente). Nessa condição, a equação

diferencial governante ainda é representada pela Eq. (1), mas as condições de contorno
são agora escritas como:

T ( x = 0 ) = T∞ ,1 (12)

T (x = L ) = T∞ , 2 (13)

A solução do problema dado pela Eq. (1) e pelas Eqs. (12-13) fornece que:
57

T −T 
T ( x ) = − ∞,1 ∞, 2  x + T∞,1 (14)
 L 

T∞ ,1 − T∞ , 2
q" = k (15)
L

A análise anterior pode ser generalizada para o caso de uma parede plana com
condutividade térmica variável. A equação de condução para o caso de condutividade
térmica variável com x tem a seguinte forma:

d  dT 
 k (x )  = 0 (16)
dx  dx 

A Eq. (16) pode ser integrada duas vezes em x para se obter a primeira derivada
de T em relação a x e a solução geral para a distribuição de temperaturas em x, ou seja:

dT C
= 1 (17)
dx k ( x )

T ( x ) = C1  + C2 = C1 I ( x ) + C2
x dx
(18)
0 k (x )

onde I (x ) é uma integral definida representada como:

I (x ) = 
x dx
(19)
0 k (x )

As condições de contorno permanecem idênticas às Eqs. (2-3), podendo então


ser escritas como:

C1
h1[T∞ ,1 − C1I (0) − C2 ] = − k (0) (20)
k (0 )
58

C1
− k ( L) = h2 [C1I ( L) + C2 − T∞, 2 ] (21)
k (L )

As Eqs. (6-7) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas para a


determinação de C1 e C2 , podendo ser reescritas na forma matricial como:

 1 − h1I (0) − h1  C1   − h1T∞ ,1 


   =   (22)
1 + h2 I (L ) h2  C2   h2T∞ , 2 

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 − h1h2T∞ ,1 + h1h2T∞ , 2
C1 = =
1 − h1I (0) − h1 h1 + h2 − h1h2 I (0) + h1h2 I (L )
1 + h2 I (L ) h2

1 − h1I (0) − h1T∞ ,1


1 + h2 I (L ) h2T∞ , 2 h T + h T − h h T I (0) + h1h2T∞ ,1I (L )
C2 = = 1 ∞ ,1 2 ∞ , 2 1 2 ∞ , 2
1 − h1I (0) − h1 h1 + h2 − h1h2 I (0) + h1h2 I (L )
1 + h2 I (L ) h2

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (18), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

 − h1h2T∞ ,1 + h1h2T∞ , 2   h1T∞ ,1 + h2T∞ , 2 − h1h2T∞ , 2 I (0) + h1h2T∞ ,1 I (L ) 


T (x ) =   I (x ) +  
 h1 + h2 − h1h2 I (0) + h1h2 I (L )  h1 + h2 − h1h2 I (0) + h1h2 I (L ) 
(23)
A Eq. (23) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

(T∞ ,1 − T∞ , 2 )[h1I ( x ) − h1I (0) + 1]


T ( x ) = T∞ ,1 − (24)
h1[I (L ) − I (0)] + (h1 h2 ) + 1
59

Deve ser notado que I (0) = 0. O fluxo de calor pode ser calculado pela lei de
Fourier, ou seja:

− h1h2T∞ ,1 + h1h2T∞ , 2 h2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )


q" = − k ( x ) = −k (x ) 1 = −
dT C
=
dx k (x ) h1 + h2 − h1h2 I (0) + h1h2 I (L ) h2 [I (L ) − I (0)] + (h2 h1 ) + 1
(25)
No caso especial de uma parede composta (uma configuração comum em
transferência de calor) consistindo de n camadas com condutividades térmicas distintas
porém constantes, conforme mostrado na Fig. (2), a condutividade térmica da parede
composta é representada pela seguinte expressão:

L1 L2 Li Ln−1 Ln

h1, T∞ ,1 h2 , T∞, 2
k1 k2 ... ki ... kn−1 kn

x1
x2
...
xi
...
xn −1
xn

Figura 2 – Parede plana composta.


60

 k1 0 < x < x1
 k x1 < x < x2
 2
 .............................

k ( x ) =  ki xi −1 < x < xi (26)
 .............................

kn −1 xn − 2 < x < xn −1
 k xn −1 < x < xn
 n

Vamos considerar que a distribuição de temperatura na i-ésima camada da


parede composta (isto é, xi −1 < x < xi ) precise ser determinada. Combinando a Eq. (19)

e a Eq. (26) para calcular os valores de I (0), I (L) e I (x ) obtém-se:

I (0) = 
0 dx
=0 (27)
0 k (x )

n
I (L ) = 
dx L
= m
L
(28)
0 k (x ) m=1 k m

i −1
x − xi−1
I (x ) = 
dx L
= m +
x
xi−1 < x < xi (29)
0 k ( x ) m=1 k m ki

Substituindo as Eqs. (27-29) na Eq. (24) obtém-se uma expressão para a


distribuição de temperatura na i-ésima camada, ou seja:

  x − xi−1 i−1 Lm  
(T∞ ,1 − T∞ , 2 ) h1  +   + 1
  k m=1 k m  
T ( x ) = T∞ ,1 −
i
n (30)
Lm h1
h1  + +1
m=1 k m h2

O fluxo de calor através da parede composta é calculado de maneira direta


substituindo as Eqs. (27-28) na Eq. (25), ou seja:
61

q" =
(T − T∞ , 2 )
∞ ,1
(31)
n
Lm 1 1

m =1 k m
+ +
h1 h2

Deve ser notado no exemplo acima que, como a temperatura é uma função linear
da posição x, o fluxo de calor através da parede é uma constante. Antes de finalizar essa
seção, será introduzido o conceito de resistência térmica. Esse conceito tem origem na
analogia entre a expressão da taxa de transferência de calor através da parede e a lei de
Ohm da eletricidade para um fluxo unidimensional de corrente elétrica, representada
por:

∆V
I= (32)
Re

Conforme mostrado na Fig. (3), ∆V (volts) é a diferença de potencial através de


uma resistência elétrica Re (ohms), e I (amperes) é a intensidade da corrente passando

através da resistência, ou seja:


∆V

I
Re

Figura 3 – Esquema de um circuito elétrico na qual é baseada a analogia entre a lei de


Ohm e a lei de Fourier.

Se a taxa de transferência de calor através de uma parede composta for


representada por q = Aq" , onde A é a área da parede perpendicular ao fluxo de calor,
conforme a Fig. (2), podem ser obtidas conclusões comparando as Eqs. (31-32).
Primeiro, a diferença de temperaturas ∆T = T∞ ,1 − T∞ , 2 é análoga à diferença de

potencial. Segundo, a taxa de transferência de calor q = Aq" passando através da parede


62

é análoga à corrente elétrica passando através da resistência elétrica. Assim, a Eq. (31)
pode ser reescrita como:

q=
(T − T∞, 2 )
∞ ,1
(33)
n
Lm 1 1

m =1 Akm
+ +
Ah1 Ah2

Comparando a Eq. (32) com a Eq. (33), é fácil perceber que o denominador da
Eq. (33) desempenha papel análogo aquele da resistência elétrica da Eq. (32). É por esse
motivo que o conceito de resistência térmica à passagem de calor na configuração da
Fig. (2) é introduzido e definido como se segue:

n
Lm 1 1
Rt =  + + (34)
m =1 Akm Ah1 Ah2

Podem ser identificadas três contribuições para a resistência térmica na Eq. (34).
Primeiro, a resistência térmica oferecida pelo material das várias camadas da parede
(representada pelos vários termos no somatório). Segundo, a resistência térmica
oferecida pela presença do contato térmico imperfeito entre o lado direito da parede e o
fluido frio. E terceiro, a resistência térmica oferecida pela presença do contato térmico
imperfeito entre o lado esquerdo da parede e o fluido quente. No caso limite de contato
térmico perfeito entre os fluidos e a parede (h1 → ∞ e h2 → ∞) essa contribuição na
resistência térmica total desaparece.
Uma expressão mais geral para a resistência térmica pode ser obtida se a Eq.
(25) for utilizada ao invés da Eq. (33) para o fluxo de calor. Como I (0) = 0 a partir da
Eq. (19), pode ser mostrado que:

I (L ) 1 1
Rt = + + (35)
A Ah1 Ah2

A solução padrão para o problema da parede plana, Eqs. (1-3) pode ser obtida
com o auxílio do MAPLE, cuja rotina de cálculos está mostrada no arquivo
MAPLE1.mw.
63

3-O PROBLEMA DO DUTO CILÍNDRICO????

A análise apresentada anteriormente para a parede plana pode ser repetida para
estudar o problema da condução radial em regime permanente em um duto cilíndrico.
Essa geometria é de grande importância devido ao vasto uso de dutos em aplicações de
engenharia de transferência de calor. Um esquema de uma seção de um duto cilíndrico
está mostrado na Fig. (4):

R1
T∞ ,1 , h1 T∞ , 2 , h2

r R2

Figura 4 – Seção transversal de um duto cilíndrico.

Assumindo que há um escoamento fluido tanto internamente quanto


externamente ao duto, a transferência de calor do fluido interno para a parede interna do
duto é caracterizada por um coeficiente de transferência de calor h1 e temperatura T∞ ,1.

Já a transferência de calor da parede externa do duto para o fluido externo é


caracterizada por um coeficiente de transferência de calor h2 e temperatura T∞ , 2 . O

interesse aqui é a condução radial (isto é, a transferência de calor ao longo da periferia e


ao longo do comprimento do duto são desprezadas). A condutividade térmica do duto,
k, é assumida constante. O raio interno do duto é definido como R1 e o raio externo é

definido como R2 . Considerando que não há geração de energia térmica no interior do


duto e que o mesmo está estacionário, a equação de condução em coordenadas
cilíndricas, Eq. (65) do Cap. (1), se reduz a:
64

d  dT 
r =0 (36)
dr  dr 

As condições de contorno de terceira espécie correspondentes são:

h1[T∞,1 − T (r = R1 )] = −k
dT
(37)
dr r = R1

= h2 [T (r = R2 ) − T∞ , 2 ]
dT
−k (38)
dr r = R2

A Eq. (36) pode ser integrada duas vezes em r para se obter a primeira derivada
de T em relação a r e a solução geral para a distribuição de temperaturas em r, ou seja:

dT C1
= (39)
dr r

T (r ) = C1 ln r + C2 (40)

onde C1 e C2 são constantes de integração, que devem ser obtidas a partir das duas
condições de contorno, Eqs. (37-38). Substituindo as Eqs. (39-40) nas Eqs. (37-38)
obtém-se:

C1
h1 (T∞ ,1 − C1 ln R1 − C2 ) = − k (41)
R1

C1
−k = h2 (C1 ln R2 + C2 − T∞ , 2 ) (42)
R2

As Eqs. (41-42) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas para


a determinação de C1 e C2 , podendo ser reescritas na forma matricial como:
65

 k R1 − h1 ln R1 − h1  C1   − h1T∞ ,1 
   =   (43)
 k R2 + h2 ln R2 h2  C2   h2T∞ , 2 

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 h1h2 R1 R2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
C1 = =
k R1 − h1 ln R1 − h1 h1h2 R1 R2 ln R1 − kh1 R1 − h1h2 R1 R2 ln R2 − kh2 R2
k R2 + h2 ln R2 h2

k R1 − h1 ln R1 − h1T∞,1
k R2 + h2 ln R2 h2T∞ , 2 h1h2 R1 R2T∞ , 2 ln R1 − kh1 R1T∞,1 − h1h2 R1 R2T∞ ,1 ln R2 − kh2 R2T∞, 2
C2 = =
k R1 − h1 ln R1 − h1 h1h2 R1 R2 ln R1 − kh1 R1 − h1h2 R1 R2 ln R2 − kh2 R2
k R2 + h2 ln R2 h2

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (5), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

h1h2 R1 R2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
T (r ) = ln r
h1h2 R1 R2 ln R1 − kh1 R1 − h1h2 R1 R2 ln R2 − kh2 R2
h1h2 R1 R2T∞ , 2 ln R1 − kh1 R1T∞ ,1 − h1h2 R1 R2T∞ ,1 ln R2 − kh2 R2T∞ , 2
+ (44)
h1h2 R1 R2 ln R1 − kh1 R1 − h1h2 R1 R2 ln R2 − kh2 R2

A Eq. (44) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

− (T∞ ,1 − T∞ , 2 )  r k 
T (r ) =  ln +  + T∞ ,1 (45)
R k k  R R h
1 1 
ln 2 + + 1
R1 R2 h2 R1h1

A taxa de transferência de calor pode ser calculada pela lei de Fourier, ou seja:
66

 
d  − (T∞ ,1 − T∞ , 2 )  r k  
q = − k (2πrL ) = −k (2πrL ) 
dT
 ln +  + T∞ ,1  =
dr dr  ln R2 + k + k  R1 R1h1  
 R1 R2 h2 R1h1 

2πL(T∞ ,1 − T∞ , 2 )
(46)
1 ln(R2 R1 ) 1
+ +
R1h1 k R2 h2

onde L é o comprimento do duto perpendicular ao plano da Fig. (4). Deve ser notado
que a taxa de transferência de calor através da parede do duto é constante, conforme a
Eq. (46). Conforme os coeficientes h1 e h2 aumentam e se aproximam do infinito, o
contato térmico torna-se perfeito e a temperatura da parede se aproxima da temperatura
do fluido (T∞ ,1 em r = R1 e T∞ , 2 em r = R2 , respectivamente). Nessa condição, a

equação diferencial governante ainda é representada pela Eq. (36), mas as condições de
contorno são agora escritas como:

T (r = R1 ) = T∞ ,1 (47)

T (r = R2 ) = T∞ , 2 (48)

A solução do conjunto de Eqs. (36, 47-48) fornece que:

T (r ) = T∞ ,1 −
(T
∞ ,1 − T∞ , 2 )ln(r R1 )
(49)
ln(R2 R1 )

2πLk (T∞,1 − T∞ , 2 )
q= (50)
ln(R2 R1 )

A análise anterior pode ser generalizada para o caso de um duto cilíndrico com
condutividade térmica variável. A equação de condução para o caso de condutividade
térmica variável com r tem a seguinte forma:
67

d  dT 
 rk (r )  = 0 (51)
dr  dr 

A Eq. (51) pode ser integrada duas vezes em r para se obter a primeira derivada
de T em r e a solução geral para a distribuição de temperaturas em r, ou seja:

dT C
= 1 (52)
dr rk (r )

T (r ) = C1  + C2 = C1G (r ) + C2
r dr
(53)
R1 rk (r )

onde G(r ) é uma integral definida representada como:

G (r ) = 
r dr
(54)
R1 rk (r )

As condições de contorno permanecem idênticas às Eqs. (41-42), podendo então


ser escritas como:

h1 [T∞ ,1 − C1G (R1 ) − C2 ] = − k (R1 )


C1
(55)
R1k (R1 )

− k (R2 ) = h2 [C1G (R2 ) + C2 − T∞ , 2 ]


C1
(56)
R2 k (R2 )

As Eqs. (55-56) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas para


a determinação de C1 e C2 , podendo ser reescritas na forma matricial como:

 1 R1 − h1G(R1 ) − h1  C1   − h1T∞ ,1 
   =   (57)
1 R
 2 2 + h G ( R2 ) h C
2  2   h2T∞ , 2 
68

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 h1h2 R1 R2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
C1 = =
1 R1 − h1G (R1 ) − h1 h1h2 R1 R2G (R1 ) − h1 R1 − h1h2 R1 R2G (R2 ) − h2 R2
1 R2 + h2G (R2 ) h2

1 R1 − h1G (R1 ) − h1T∞ ,1


1 R2 + h2G (R2 ) h2T∞ , 2 h1h2 R1 R2T∞ , 2G (R1 ) − h1 R1T∞ ,1 − h1h2 R1 R2T∞ ,1G (R2 ) − h2 R2T∞ , 2
C2 = =
1 R1 − h1G (R1 ) − h1 h1h2 R1 R2G (R1 ) − h1 R1 − h1h2 R1 R2G (R2 ) − h2 R2
1 R2 + h2G (R2 ) h2

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (53), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

h1h2 R1 R2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
T (r ) = G (r )
h1h2 R1 R2G (R1 ) − h1 R1 − h1h2 R1 R2G (R2 ) − h2 R2
h1h2 R1 R2T∞ , 2G (R1 ) − h1 R1T∞ ,1 − h1h2 R1R2T∞ ,1G (R2 ) − h2 R2T∞ , 2
(58)
h1h2 R1 R2G (R1 ) − h1 R1 − h1h2 R1R2G (R2 ) − h2 R2

A Eq. (58) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

 1
(T
∞ ,1 − T∞ , 2 )h1 [G (r ) − G(R1 )] + 
 R1 
T (r ) = T∞ ,1 − (58)
1
h1 [G (R2 ) − G (R1 )] + 1 +
h
R2 h2 R1

Deve ser notado que G(R1 ) = 0. A taxa de transferência de calor pode ser
calculada pela lei de Fourier, ou seja:

2πLh1h2 R1R2 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )


q = −k (r )(2πrL ) = −k (r )(2πrL ) 1 = −
dT C
dr rk (r ) h1h2 R1R2G (R1 ) − h1R1 − h1h2 R1R2G (R2 ) − h2 R2
69

2πLh1 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
= (59)
1
h1[G (R2 ) − G (R1 )] + 1 +
h
R2h2 R1

No caso especial de um duto cilíndrico composto (uma configuração comum de


dutos com isolamento térmico) consistindo de n camadas com condutividades térmicas
distintas porém constantes como mostrado na Fig. (5), a condutividade térmica é
representada pela seguinte expressão:

Rn

Rn −1
r

R3
T∞ ,1 , h1 T∞ , 2 , h2
R2 R1
k1
k2

kn −1
Figura 5 – Seção transversal de um duto cilíndrico revestido com camadas de diferentes
isolantes térmicos.

 k1 R1 < r < R2
 k R2 < r < R3
 2
 .............................

k (r ) =  ki Ri < r < Ri +1 (60)
 .............................

k n − 2 Rn−2 < r < Rn−1
 k Rn−1 < r < Rn
 n−1
70

Vamos considerar que a distribuição de temperatura na i-ésima camada do duto


cilíndrico composto (isto é, Ri < r < Ri +1 ) precise ser determinada. Combinando as Eqs.

(54) e (60) para calcular os valores de G(R1 ), G(R2 ) e G(r ) obtém-se:

G (R1 ) = 
R1 dr
=0 (61)
R1 rk (r )

n −1
1
G (R2 ) = 
dr R
=  ln m+1
R2
(62)
R1 rk (r ) m=1 k m Rm

i −1
1 1
G (r ) = 
dr R r
=
r
ln m +1 + ln (63)
R1 rk (r )
m =1 k m Rm k i R1

Substituindo as Eqs. (61-63) na Eq. (58) obtém-se uma expressão para a


distribuição de temperatura na i-ésima camada (deve ser notado que R2 na Eq. (58) foi
substituído por Rn ) , ou seja:

 i −1 1 1 
(T − T )
∞,2  

R 1
ln m+1 + ln +
r

ki R1 R1h1 
∞ ,1

T (r ) = T∞ ,1 −  m=1 k m Rm
Ri < r < Ri +1 (64)
n −1
1 R h 1

m =1 k m
ln m+1 + 1 +
Rm Rn h2 R1h1

A taxa de transferência de calor através do duto cilíndrico é calculada de


maneira direta combinando as Eqs. (59-63) e substituindo R2 por Rn na Eq. (59)
obtendo-se:

2πL(T∞,1 − T∞, 2 )
q= n−1 (65)
1 R h 1

m =1 k m
ln m+1 + 1 +
Rm Rn h2 R1h1

No caso limite de uma única camada, as Eqs. (64-65) se reduzem as Eqs. (45-
46). De acordo com a discussão precedente sobre resistências térmicas, utilizando a
71

analogia entre a Eq. (65) e a lei de Ohm, Eq. (32), pode-se escrever uma expressão para
a resistência térmica de um duto cilíndrico composto, ou seja:

n −1
1 R h1 1
Rt =  ln m +1 + + (66)
m =1 2πLk m Rm 2πLRn h2 2πLR1h1

Uma expressão mais geral para a resistência térmica pode ser escrita
comparando a Eq. (59) com a lei de Ohm:

G (R2 ) 1 1
Rt = + + (67)
2πrL 2πrLR2 h2 2πrLR1h1

A solução padrão para o problema do duto cilíndrico, Eqs. (36-38) pode ser
obtida com o auxílio do MAPLE, cuja rotina de cálculos está mostrada no arquivo
MAPLE2.mw.

4-O PROBLEMA DA CASCA ESFÉRICA

A análise apresentada anteriormente para o duto cilíndrico pode ser repetida para
estudar o problema da condução radial em regime permanente em uma casca esférica.
Essa geometria é de grande importância devido à utilização em armazenamento de
fluidos. Um esquema de uma seção de uma casca esférica está mostrado na Fig. (6):

R1
T∞ ,1 , h1 T∞ , 2 , h2

r R2

Figura 6 – Seção transversal de uma casca esférica.


72

Assumindo que há o contato da casca esférica com um fluido tanto internamente


quanto externamente, a transferência de calor do fluido interno para a parede interna da
esfera é caracterizada por um coeficiente de transferência de calor h1 e temperatura T∞ ,1.

Já a transferência de calor da parede externa da casca esférica para o fluido externo é


caracterizada por um coeficiente de transferência de calor h2 e temperatura T∞ , 2 . O

interesse aqui é a condução radial. A condutividade térmica da esfera, k, é assumida


constante. O raio interno da casca esférica é definido como R1 e o raio externo é

definido como R2 . Considerando que não há geração de energia térmica no interior da


casca esférica e que a mesma está estacionária, a equação de condução em coordenadas
esféricas, Eq. (87) do Cap. (1), se reduz a:

d  2 dT 
r =0 (68)
dr  dr 

As condições de contorno de terceira espécie correspondentes são:

h1[T∞,1 − T (r = R1 )] = −k
dT
(69)
dr r = R1

= h2 [T (r = R2 ) − T∞ , 2 ]
dT
−k (70)
dr r = R2

A Eq. (68) pode ser integrada duas vezes em r para se obter a primeira derivada
de T em r e a solução geral para a distribuição de temperaturas em r:

dT C1
= (71)
dr r 2

T (r ) = −
C1
+ C2 (72)
r
73

onde C1 e C2 são constantes de integração, que devem ser obtidas a partir das duas
condições de contorno, Eqs. (69-70). Substituindo as Eqs. (71-72) nas Eqs. (69-70)
obtém-se:

 C  C
h1  T∞ ,1 + 1 − C2  = −k 12 (73)
 R1  R1

C1  C 
−k 2
= h2  − 1 + C2 − T∞ , 2  (74)
R2  R2 

As Eqs. (41-42) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas para


a determinação de C1 e C2 , podendo ser reescritas na forma matricial como:

 k R12 + h1 R1 − h1  C1   − h1T∞ ,1 
   =   (75)
 k R2 − h R
 2 2 2 h2  C2   h2T∞ , 2 

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 h1h2 R12 R22 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
C1 = =
k R12 + h1 R1 − h1 h1h2 R12 R2 − kh1R12 − h1h2 R1R22 − kh2 R22
k R22 − h2 R2 h2

k R12 + h1 R1 − h1T∞,1
k R22 − h2 R2 h2T∞ , 2 h1h2 R12 R2T∞ ,1 − kh1R12T∞,1 − h1h2 R1R22T∞ , 2 − kh2 R22T∞ , 2
C2 = =
k R12 + h1 R1 − h1 h1h2 R12 R2 − kh1R12 − h1h2 R1R22 − kh2 R22
k R22 − h2 R2 h2

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (72), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:
74

h1h2 R12 R22 (T∞,1 − T∞, 2 )


1
T (r ) = −
h h R R2 − kh R − h1h2 R1R − kh2 R r
1 2 1
2
1 1
2 2
2
2
2

h1 h2 R12 R2T∞ ,1 − kh1 R12T∞ ,1 − h1 h2 R1 R22T∞ , 2 − kh2 R22T∞ , 2


+ (76)
h1 h2 R12 R2 − kh1 R12 − h1 h2 R1 R22 − kh2 R22

A Eq. (76) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

1 1 k 
(T − T∞ , 2 ) − − 2 
∞ ,1

T (r ) =  r R1 R1 h1  + T (77)
∞ ,1
1 1 k k
− + 2 + 2
R1 R2 R1 h1 R2 h2

A taxa de transferência de calor pode ser calculada pela lei de Fourier, ou seja:

 1 1 k  
 (T∞ ,1 − T∞ , 2 ) − − 2  
q = −k 4πr (
2 dT

dr
)
= −k 4πr 2 d 
( )
dr  1 − 1 + k + k
 r R1 R1 h1 
+ T∞ ,1  =

 R R R 2h R 2 h 
 1 2 1 1 2 2 
(T ∞ ,1 − T∞ , 2 )
(78)
1  1 1 1 1 
 2 + 2 + − 
4π R h
 1 1 R h
2 2 kR 1 kR2 

Deve ser notado que a taxa de transferência de calor através da parede esférica é
constante, conforme a Eq. (78). Conforme os coeficientes h1 e h2 aumentam e se
aproximam do infinito, o contato térmico torna-se perfeito e a temperatura da parede se
aproxima da temperatura do fluido (T∞ ,1 em r = R1 e T∞ , 2 em r = R2 , respectivamente).

Nessa condição, a equação diferencial governante ainda é representada pela Eq. (68),
mas as condições de contorno são agora escritas como:

T (r = R1 ) = T∞ ,1 (79)

T (r = R2 ) = T∞ , 2 (80)
75

A solução do conjunto de Eqs. (68, 79-80) fornece que:

1 1 
(T ∞ ,1 − T∞ , 2 ) − 
T (r ) =  r R1  (81)
1 1

R1 R2

q=
(T ∞ ,1 − T∞ , 2 )
(82)
1 1 1 
 − 
4πk  R1 R2 

A análise anterior pode ser generalizada para o caso de uma casca esférica com
condutividade térmica variável. A equação de condução para o caso de condutividade
térmica variável com r tem a seguinte forma:

 2 dT 
r k (r ) dr  = 0
d
(83)
dr  

A Eq. (83) pode ser integrada duas vezes em r para se obter a primeira derivada
de T em r e a solução geral para a distribuição de temperaturas em r, ou seja:

dT C
= 2 1 (84)
dr r k (r )

T (r ) = C1  + C2 = C1F (r ) + C2
r dr
(85)
R1 r k (r )
2

onde F (r ) é uma integral definida representada como:

F (r ) = 
r dr
(86)
R1 r k (r )
2
76

As condições de contorno permanecem idênticas às Eqs. (69-70), podendo então


ser escritas como:

h1 [T∞,1 − C1F (R1 ) − C2 ] = −k (R1 )


C1
(87)
R k (R1 )
1
2

− k (R2 ) = h2 [C1F (R2 ) + C2 − T∞ , 2 ]


C1
(88)
R k (R2 )
2
2

As Eqs. (87) e (88) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas


para a determinação das constantes C1 e C2 , podendo então serem reescritas como:

 1 R12 − h1F (R1 ) − h1  C1   − h1T∞ ,1 


 
1 R 2 + h F (R ) h  C  =  h T 
  (89)
 2 2 2 2  2   2 ∞, 2 

A determinação das constantes C1 e C2 pode ser feita utilizando a regra de


Cramer, ou seja:

− h1T∞ ,1 − h1
h2T∞ , 2 h2 h1h2 R12 R22 (T∞ ,1 − T∞ , 2 )
C1 = =
1 R12 − h1F (R1 ) − h1 h1h2 R12 R22 F (R1 ) − h1R12 − h1h2 R12 R22 F (R2 ) − h2 R22
1 R22 + h2 F (R2 ) h2

1 R12 − h1F (R1 ) − h1T∞ ,1


1 R + h2 F (R2 )
2
2 h2T∞ , 2 h1h2 R12 R22T∞ , 2 F (R1 ) − h1R12T∞ ,1 + h1h2 R12 R22T∞ ,1F (R2 ) − h2 R22T∞ , 2
C2 = =
1 R12 − h1F (R1 ) − h1 h1h2 R12 R22 F (R1 ) − h1R12 − h1h2 R12 R22 F (R2 ) − h2 R22
1 R22 + h2 F (R2 ) h2

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (85), obtém-se a


solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:
77

h1h2 R12 R22 (T∞,1 − T∞, 2 )


T (r ) = F (r )
h1h2 R12 R22 F (R1 ) − h1R12 − h1h2 R12 R22 F (R2 ) − h2 R22

h1h2 R12 R22T∞ , 2 F (R1 ) − h1 R12T∞ ,1 + h1h2 R12 R22T∞ ,1 F (R2 ) − h2 R22T∞ , 2
(90)
h1h2 R12 R22 F (R1 ) − h1 R12 − h1h2 R12 R22 F (R2 ) − h2 R22

A Eq. (90) pode ser rearranjada em uma forma mais compacta como:

 1 
(T
∞ ,1 − T∞ , 2 ) F (r ) − F (R1 ) + 2 
 R1 h1 
T (r ) = T∞ ,1 − (91)
1 1
2
+ 2 − F (R1 ) + F (R2 )
R1 h1 R2 h2

Deve ser notado que F (R1 ) = 0. A taxa de transferência de calor pode ser
calculada pela lei de Fourier, ou seja:

4πh1h2 R12 R22 (T∞ ,1 − T∞, 2 )


q = −k (r )(4πr 2 ) = −k (r )(4πr 2 ) 2 1 = −
dT C
dr r k (r ) h1h2 R12 R22 F (R1 ) − h1R12 − h1h2 R12 R22 F (R2 ) − h2 R22

=
(T ∞ ,1 − T∞ , 2 )
(92)
1  1 1 
4π  R 2 h + R 2h − F (R1 ) + F (R2 )
 1 1 2 2 

No caso especial de uma casca esférica composta (uma configuração comum de


esferas com isolamento térmico) consistindo de n camadas com condutividades térmicas
distintas porém constantes como mostrado na Fig. (7), a condutividade térmica é
representada pela seguinte expressão:

 k1 R1 < r < R2
 k R2 < r < R3
 2
 .............................

k (r ) =  ki Ri < r < Ri +1 (93)
 .............................

k n − 2 Rn−2 < r < Rn−1
 k Rn−1 < r < Rn
 n−1
78

Vamos considerar que a distribuição de temperatura na i-ésima camada da casca


esférica composta (isto é, Ri < r < Ri +1 ) precise ser determinada. Combinando as Eqs.

(86) e (93) para calcular os valores de F (R1 ), F (R2 ) e F (r ) obtém-se:

F (R1 ) = 
R1 dr
=0 (94)
R1 r k (r )
2

n −1
1  1 1 
F (R2 ) = 
dr

R2
=  −  (95)
R1 r k (r ) m =1 k m
2
 Rm Rm +1 

i −1
1  1 1  1  1 1
F (r ) = 
dr

r
=  − +  −  (96)
R1 r k (r )
2
Rm +1  ki
m =1 k m  Rm  Ri r 

Rn

Rn−1
r

R3
T∞ ,1 , h1 T∞ , 2 , h 2
R2 R1
k1
k2

kn−1
Figura 7 – Seção transversal de uma casca esférica revestida com camadas de diferentes
isolantes térmicos.
79

Substituindo as Eqs. (94-96) na Eq. (91) obtém-se uma expressão para a


distribuição de temperatura na i-ésima camada (deve ser notado que R2 na Eq. (91) foi
substituído por Rn ) , ou seja:

 i −1 1  1 1  1  1 1 1 
(T
∞ ,1 − T )
∞ , 2 
 −  +  −  + 2 
T (r ) = T∞ ,1 −  m =1 k m  Rm Rm +1  ki  Ri r  R1 h1  Ri < r < Ri +1 (97)
1 1 n −1
1  1 1 
+ +   −
R1 h1 Rn h2 m =1 km  Rm Rm +1 
2 2

A taxa de transferência de calor através da casca esférica é calculada de maneira


direta combinando as Eqs. (92-96) e substituindo R2 por Rn na Eq. (92) obtém-se:

q=
(T∞ ,1 − T∞ , 2 )
(98)
1  1 1 n −1
1  1 1 
 2 + 2 +   − 
4π R h
 1 1 R h
2 2 m =1 k R
m  m Rm +1 

No caso limite de uma única camada, as Eqs. (97-98) se reduzem as Eqs. (77-
78). De acordo com a discussão precedente sobre resistências térmicas, utilizando a
analogia entre a Eq. (98) e a lei de Ohm, Eq. (32), pode-se escrever uma expressão para
a resistência térmica de uma casca esférica composta, ou seja:

1  1 1 n −1
1  1 1 
Rt =

 2 + 2
+   − 
 R1 h1 R2 h2 m =1 km  Rm Rm +1 
(99)

Uma expressão mais geral para a resistência térmica pode ser escrita
comparando a Eq. (92) com a lei de Ohm:

1  1 1 
Rt =  2 + 2 − F (R1 ) + F (R2 ) (100)
4π  R1 h1 R2 h2 
80

A solução padrão para o problema da casca esférica, Eqs. (68-70) pode ser
obtida com o auxílio do MAPLE, cuja rotina de cálculos está mostrada no arquivo
MAPLE3.mw.

5-SEÇÕES CÔNICAS TRUNCADAS

Nas Figs. (8a-8b) a área da seção transversal, A( x ), é uma função de x, podendo


ser escrita como:

π
A( x ) = d (x)
2
(101)
4

onde o diâmetro d ( x ) = ax1 2 se aplica a configuração da Fig. (8a) e d ( x ) = ax 3 2 se


aplica a configuração da Fig. (8b), com a sendo uma constante numérica.

(a) (b)
Figura 8 – Exemplos de seções cônicas truncadas.

Para condução unidimensional em regime permanente sem geração de energia,


um balanço de energia diferencial em um elemento de comprimento dx para as seções
cônicas mostradas na Fig. (8) tem a seguinte forma:

Eɺ e = Eɺ s  qx = q x + dx (102)

onde q x e q x + dx indicam taxas de transferência de calor por condução nas posições x e

x + dx , respectivamente. A taxa de condução na posição x + dx pode ser expressa em


81

função da taxa de condução na posição x utilizando uma expansão em série de Taylor,


ou seja:

dqx
qx + dx = qx + dx (103)
dx

onde os termos de segunda em diante foram desprezados. Dessa forma, substituindo a


Eq. (103) na Eq. (102), obtém-se:

dqx
=0 (104)
dx

Substituindo a lei de Fourier na Eq. (104) obtém-se:

d  dT 
 − kA( x )  = 0 (105)
dx  dx 

Para condutividade térmica constante pode-se reescrever a Eq. (105) na forma:

d  dT 
 A( x )  = 0 (106)
dx  dx 

De acordo com a Fig. (8), embora as condições de contorno nas fronteiras em


x = x1 e x = x2 possam assumir diversas formas, por simplicidade, serão consideradas
condições de contorno de primeira espécie, sendo representadas como:

T ( x = x1 ) = T1 (107)

T ( x = x2 ) = T2 (108)

Para a Fig. (8a), a Eq. (106) é reescrita como:


82

d π d π πa 2 d  dT 
dx  4
d ( x )2 dT 
=
dx  dx  4
(
ax )
1 2 2 dT 

dx 
= x
4 dx  dx 
=0 (109)

A Eq. (109) pode ser simplificada para a forma final da equação diferencial
ordinária que representa o problema em análise, escrita na forma:

d  dT 
x =0 (110)
dx  dx 

A Eq. (110) pode ser integrada duas vezes em x para se obter a primeira derivada
de T em x e a solução geral para a distribuição de temperaturas em x:

dT C1
= (111)
dx x

T (x ) = C1 ln x + C2 (112)

onde C1 e C2 são constantes de integração, que podem ser obtidas a partir das duas
condições de contorno, Eqs. (107-108). Substituindo a Eq. (112) nas Eqs. (107-108)
obtém-se:

T ( x = x1 ) = C1 ln x1 + C 2 = T1 (113)

T ( x = x2 ) = C1 ln x2 + C 2 = T2 (114)

As Eqs. (113-114) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas


para a determinação das constantes C1 e C2 , cujas expressões, após solução do sistema
de equações, são:

C1 =
(T2 − T1 ) (115)
ln x2 − ln x1
83

T1 ln x2 − T2 ln x1
C2 = (116)
ln x2 − ln x1

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (112), e


rearranjando, obtém-se a solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

T (x ) =
(T2 − T1 ) ln x +
T1 ln x2 − T2 ln x1
(117)
ln x2 − ln x1 ln x2 − ln x1

A primeira derivada em relação a x da Eq. (117) tem a seguinte forma:

dT  (T2 − T1 )  1
=  (118)
dx  ln x2 − ln x1  x

A taxa de transferência de calor pode ser calculada pela lei de Fourier e a partir
do resultado da Eq. (118), ou seja:

πa 2 x  (T2 − T1 )  1 1 kπa 2 (T1 − T2 )


q = −kA(x )
dT
= −k   = (119)
dx 4  ln x2 − ln x1  x 4 ln x2 − ln x1

Como um exemplo numérico, vamos considerar uma seção cônica fabricada de


alumínio puro ( k = 236 W/(m.K)), com sua face menor localizada em x1 = 25 mm e sua

face maior localizada em x2 = 125 mm. Sejam T1 = 600 K e T2 = 400 K. Assuma que a
variação do diâmetro com x seja caracterizada pelo parâmetro a = 0,5 m. Utilizando as
Eqs (115-119) obtém-se:

C1 =
(400 − 600) = −124,27 K/m
ln 0,125 − ln 0,025

600. ln 0,125 − 400. ln 0,025


C2 = = 141,59 K
ln 0,125 − ln 0,025
84

T ( x) = −124,27 ln x + 141,59

1 236π 0,52 (600 − 400)


q= = 5758,34 W
4 ln 0,125 − ln 0,025

Esses cálculos também podem ser feitos utilizando o MAPLE, cuja rotina de
cálculos está mostrada no arquivo MAPLE4.mw. Para a Fig. (8b), a Eq. (106) é
reescrita como:

d π d π πa 2 d  3 dT 
dx  4
d (x )
2 dT 
=
dx  dx  4
ax ( )
3 2 2 dT 

dx 
= x
4 dx  dx 
=0 (120)

A Eq. (119) pode ser simplificada para a forma final da equação diferencial
ordinária que representa o problema em análise, escrita na forma:

d  3 dT 
x =0 (121)
dx  dx 

A Eq. (121) pode ser integrada duas vezes em x para se obter a primeira derivada
de T em x e a solução geral para a distribuição de temperaturas em x:

dT C1
= (122)
dx x3

T (x ) = −
C1
+ C2 (123)
2x2

onde C1 e C2 são constantes de integração, que devem ser obtidas a partir das duas
condições de contorno, Eqs. (107-108). Substituindo a Eq. (123) nas Eqs. (107-108)
obtém-se:

T ( x = x1 ) = −
C1
+ C2 = T1 (124)
2 x12
85

T ( x = x2 ) = −
C1
+ C 2 = T2 (125)
2 x22

As Eqs. (124-125) constituem um sistema de duas equações e duas incógnitas


para a determinação das constantes C1 e C2 , cujas expressões, após solução do sistema
de equações, são:

2 x12 x22 (T1 − T2 )


C1 = (126)
x12 − x22

T1 x12 − T2 x22
C2 = (127)
x12 − x22

Substituindo as expressões de C1 e C2 na solução geral, Eq. (123), e


rearranjando, obtém-se a solução particular para a distribuição de temperaturas, ou seja:

x12 x22 (T1 − T2 ) 1 T1 x12 − T2 x22


T (x ) = − + 2 (128)
x12 − x22 x 2 x1 − x22

A primeira derivada em relação a x da Eq. (128) tem a seguinte forma:

dT  2 x12 x22 (T1 − T2 ) 1


=  (129)
dx  x12 − x22  x3

A taxa de transferência de calor pode ser calculada pela lei de Fourier e a partir
do resultado da Eq. (129), ou seja:

πa 2 x3  2 x12 x22 (T1 − T2 ) 1 1 kπa 2 x12 x22 (T2 − T1 )


q = −kA( x )
dT
= −k   = (130)
dx 4  x12 − x22  x3 2 x12 − x22

Como um exemplo numérico, vamos considerar uma seção cônica fabricada de


alumínio puro ( k = 238 W/(m.K)), com sua face menor localizada em x1 = 75 mm e sua
86

face maior localizada em x2 = 225 mm. Sejam T1 = 100 K e T2 = 20 K. Assuma que a


variação do diâmetro com x seja caracterizada pelo parâmetro a = 1,0 m. Utilizando as
Eqs (126-130) obtém-se:

2.0,0752.0,2252 (100 − 20)


C1 = = −1,0125 K.m2
0,075 − 0,225
2 2

T1 x12 − T2 x22 100.0,0752 − 20.0,2252


C2 = = = 10 K
x12 − x22 0,0752 − 0,2252

0,50625
T (x) = + 10
x2

1 238π 1,020,0752.0,2252 (20 − 100)


q= = 189,26 W
2 0,0752 − 0,2252

Esses cálculos também podem ser feitos utilizando o MAPLE, cuja rotina de
cálculos está mostrada no arquivo MAPLE5.mw.

6-GEOMETRIAS COMPOSTAS

Transferência de calor por condução através de geometrias compostas (planas,


cilíndricas e esféricas) é mais facilmente analisada utilizando o conceito de resistências
térmicas. Três exemplos, um para cada geometria, são apresentados e formulados nesse
tópico. As soluções são obtidas com o auxílio do MAPLE.

6.1-PAREDE PLANA COMPOSTA

Uma janela de painel duplo, conforme a Fig. (9a), consiste em duas placas de
vidro com espessura de 6 mm cada separadas por um espaço de ar com 3 mm de
espessura. Já uma janela de painel triplo, conforme a Fig. (9b), consiste em três placas
de vidro com espessura de 6 mm cada separadas por dois espaços de ar com 3 mm de
espessura cada. Ambos os sistemas devem ser avaliados para instalação em uma sala
87

que está a uma temperatura de 20 oC e um ambiente externo que está a uma temperatura
de -10 oC. O coeficiente de transferência de calor por convecção natural na superfície
interna de ambos os modelos de janela é estimado como sendo 12 W/(m2.K). O
coeficiente de transferência de calor por convecção associado com o ambiente externo
varia com a velocidade do vento, sendo estimado como variando entre 10 a 100
W/(m2.K). Compare a taxa de perda de calor para cada tipo de janela como uma função
do coeficiente de transferência de calor externo para uma área superficial de 0,4 m2. A
condutividade térmica do espaço de ar é igual a 0,0245 W/(m.K) e a condutividade
térmica do vidro é igual a 1,4 W/(m.K).
Denotando a resistência térmica do arranjo com parede dupla por Rt , 2 e a

resistência térmica do arranjo com parede tripla por Rt ,3 , pode-se escrever que:

1 L L L 1 1 2L L 1
Rt , 2 = + v + ar + v + = + v + ar + (131)
hi A kv A k ar A kv A he A hi A kv A k ar A he A

1 L L L L L 1 1 3L 2 L 1
Rt ,3 = + v + ar + v + ar + v + = + v + ar + (132)
hi A kv A k ar A kv A k ar A kv A he A hi A kv A k ar A he A

1 2 3

6 mm 3 mm 6 mm

(a) (b)
Figura 9 – Configuração plana composta, janela de parede dupla e parede tripla.

Denotando a taxa de transferência de calor através da janela dupla por q2 e a

taxa de transferência de calor através da janela tripla por q3 , e utilizando a analogia

entre a lei de Fourier e a lei de Ohm, pode-se escrever que:


88

T∞ ,i − T∞ , e
q2 = (133)
1 2 Lv Lar 1
+ + +
hi A kv A kar A he A

T∞ ,i − T∞, e
q3 = (134)
1 3Lv 2 Lar 1
+ + +
hi A kv A kar A he A

O comportamento da taxa de transferência de calor para os dois arranjos de


janela em função da variação do coeficiente de transferência de calor externo pode ser
facilmente determinado utilizando o MAPLE, cuja rotina de cálculos está mostrada no
arquivo MAPLE6.mw. Os resultados mostrados do MAPLE6.mw indicam que a janela
de painel triplo é mais efetiva na redução da taxa de transferência de calor quando
comparada com a janela de painel duplo. Isso é devido ao aumento da resistência
térmica total pelo terceiro painel e pelo segundo espaço de ar. Para he = 10 W/(m2.K), a
redução na taxa de calor pela janela tripla quando comparada com a janela dupla é de
28,7%. Esse valor aumenta para 36,1% quando he = 100 W/(m2.K).

Entretanto, conforme he aumenta, ou seja, com o aumento do coeficiente de

transferência de calor externo, as curvas de taxa de perda de calor tendem a se


estabilizar, indicando que a influência de he na taxa de perda de calor é

consideravelmente reduzida para altos valores de he . Isso é particularmente verdade


para a janela de painel triplo.

6.2-SISTEMA CILÍNDRICO COMPOSTO

Um duto metálico, conforme mostrado na Fig. (10), é aquecido pelo


envelopamento de um aquecedor elétrico delgado em torno de sua superfície externa. O
duto tem 1 m de comprimento, 20 mm de raio interno e 30 mm de raio externo. A
superfície interna do duto está mantida a uma temperatura de 15 oC, enquanto a
superfície externa do duto está exposta ao ar ambiente a 10 oC com um coeficiente de
transferência de calor de 80 W/(m2.K). A potência elétrica requerida para manter o
aquecedor a 30 oC depende da condutividade térmica do duto, k, e da resistência térmica
89

de contato entre o aquecedor elétrico delgado e a superfície externa do duto, Rt ,c . O

objetivo desse problema é estudar como a variação da condutividade térmica do duto e


da resistência térmica de contato afetam a taxa de calor para o duto e a potência elétrica
requerida. Assuma que 25 ≤ k ≤ 200 W/(m.K) e que 0,01 ≤ Rt , c ≤ 0,05 K/W.

A resistência térmica Rt ,i para o lado do duto é composta pela resistência

térmica de contato e pela resistência térmica de condução da parede cilíndrica, ou seja:

ln(Re Ri )
Rt ,i = Rt , c + (135)
2πLk

Figura 10 – Casca cilíndrica com aquecedor elétrico delgado.

Já no lado externo do duto a resistência térmica Rt ,e é a de convecção da

superfície exposta do duto para o ar ambiente, ou seja:

1
Rt ,e = (136)
2πre Lh

A taxa de transferência de calor para o duto é então calculada como:

Taquecedor − Ti Taquecedor − Ti
qi = = (137)
Rt ,i ln( Re Ri )
Rt ,c +
2πLk

Já a taxa de transferência de calor do duto para o meio externo é calculada como:


90

Taquecedor − T∞ Taquecedor − T∞
qe = = (138)
Rt ,e 1
2πre Lh

A potência elétrica requerida é calculada como sendo:

Taquecedor − Ti T −T
Pelétrica = qi + qe = + aquecedor ∞ (139)
ln( Re Ri ) 1
Rt ,c +
2πLk 2πre Lh

O comportamento da taxa de transferência de calor para o duto cilíndrico em


função da variação da condutividade térmica do duto para várias resistências térmicas
de contato pode ser determinado utilizando o MAPLE, cuja rotina de cálculos está
mostrada no arquivo MAPLE7.mw. De acordo com os resultados mostrados no
MAPLE7.mw, a taxa de transferência de calor aumenta com o aumento da
condutividade térmica do duto e diminui com o aumento da resistência térmica de
contato. Além disso, a potência elétrica requerida aumenta com o aumento da
condutividade térmica do duto e diminui com o aumento da resistência térmica de
contato. Mais ainda, a potência elétrica requerida é maior que a taxa de calor fornecida
ao duto devido à taxa de calor perdida para o meio externo por convecção.

6.3-SISTEMA ESFÉRICO COMPOSTO

Um tanque esférico composto consiste em uma casca interna de chumbo e uma


casca externa de aço inoxidável, conforme mostrado na Fig. (11), que deve ser projetado
para armazenar material radioativo com uma capacidade de remover calor a uma taxa de
32.725 W. A superfície externa do tanque é resfriada por uma corrente de água a 10 oC.
O controle da vazão de água permite que o coeficiente de transferência de calor externo
fique na faixa de 100 a 1000 W/(m2.K). O raio interno e o raio externo da casca de
chumbo são 0,25 m e 0,30 m, respectivamente. O raio externo da casca de aço
inoxidável pode variar entre 0,30 m e 0,50 m. Deseja-se investigar como a máxima
temperatura do chumbo, que ocorre na superfície interna de sua casca, é afetada por
91

variações no coeficiente convectivo externo e pelo raio externo da casca de aço


inoxidável.
Deseja-se conhecer também qual o mínimo valor de h que deve ser mantido na
superfície externa da casca de aço inoxidável com espessura 0,05 m para garantir que a
máxima temperatura na casca de chumbo não ultrapasse 220 oC. Considere que as
condutividades térmicas do chumbo e do aço inoxidável são 35 e 15 W/(m.K),
respectivamente. A resistência térmica para esse problema consiste na resistência
térmica de condução nas duas cascas esféricas e a de convecção da superfície externa da
casca de aço inoxidável para a água, ou seja:

1 1 1 1 1 1 1
Rt =  −  +  −  + (140)
4πk1  r1 r2  4πk2  r2 r3  4πr32 h

Água a 10o C
r2
r1

r3

Figura 11 – Casca esférica composta.

A taxa de transferência de calor da casca de chumbo (superfície interna a Ti )


para o escoamento de água é então calculada como:

Ti − T∞ Ti − T∞
q= = (141)
Rt 1 1 1 1 1 1 1
 −  +  −  +
4πk1  r1 r2  4πk2  r2 r3  4πr32 h
92

Para estudar o comportamento da máxima temperatura do chumbo, que ocorre


na superfície interna de sua casca, ou seja, quando Ti = Tmax , pode-se reescrever a Eq.

(141) na seguinte forma:

 1 1 1 1 1 1 1 
Tmax = T∞ + q   −  +  −  + 2 
(142)
 4πk1  r1 r2  4πk2  r2 r3  4πr3 h 

O MAPLE pode então ser utilizado para analisar o comportamento de Tmax em

função das variações de h e r3 , cuja rotina de cálculos está mostrada no arquivo

MAPLE8.mw. De acordo com os resultados do MAPLE8.mw, para um raio r3

especificado, Tmax diminui com o aumento do coeficiente de transferência de calor (a

taxa de calor por convecção aumenta). O menor valor de Tmax ocorre quando a casca de

aço inoxidável é totalmente removida ( r3 = r2 = 0,3 m). Entretanto, para o sistema operar

com segurança, uma mínima espessura de aço inoxidável é desejável. Para uma casca de
aço inoxidável de 0,05 m de espessura, r3 = 0,35 m, pode-se utilizar o MAPLE para
determinar qual o mínimo valor de h para que a máxima temperatura no chumbo não
ultrapasse os 220 oC, obtendo-se o valor de 273,5 W/(m2.K).

7-GERAÇÃO DE CALOR UNIFORME

Nos tópicos anteriores, analisamos problemas de condução nos quais a


distribuição de temperaturas em um meio foi determinada somente pelas condições nas
suas fronteiras. Agora queremos considerar o efeito adicional na distribuição de
temperaturas de processos que podem ocorrer no interior do meio. Em particular,
desejamos analisar situações nas quais energia térmica está sendo gerada devido à
conversão de outra forma de energia.
Um processo comum de geração de energia térmica envolve a conversão de
energia elétrica em energia térmica em um meio que conduz corrente elétrica
(aquecimento ôhmico, resistivo ou de Joule). A taxa na qual energia é gerada em função
da passagem de uma corrente I através de um meio com resistência elétrica Re é:
93

Eɺ g = I 2 Re (143)

Se esta taxa de geração de energia (W) ocorrer uniformemente ao longo de todo


o meio com volume V, a taxa volumétrica de geração de energia (W/m3) é, então:

Eɺ g I 2 Re
qɺ = = (144)
V V

A geração de energia também pode ocorrer como um resultado da desaceleração


e absorção de nêutrons no elemento combustível de um reator nuclear ou de reações
químicas exotérmicas que ocorrem em um meio. Reações endotérmicas apresentam,
obviamente, o efeito inverso (um sumidouro de energia térmica), convertendo energia
térmica em energia de ligações químicas. Finalmente, uma conversão de energia
eletromagnética em energia térmica pode ocorrer devido à absorção de radiação no
interior do meio. Esse processo ocorre, por exemplo, quando raios gama são absorvidos
em componentes externos de reatores nucleares (revestimento, blindagens térmicas,
vasos de pressão, etc.), ou quando radiação visível é absorvida em um meio
semitransparente.

7.1-A PAREDE PLANA

Considere a parede plana da Fig. (12) na qual há geração de calor uniforme


denotada por qɺ. A parede tem espessura L e condutividade térmica constante k. A face
esquerda da parede em x = 0 é resfriada por um fluido com temperatura T∞ ,1 e

coeficiente de transferência de calor h1. A face direita da parede em x = L é resfriada


por um fluido com temperatura T∞ , 2 e coeficiente de transferência de calor h2 . Nas

superfícies em x = 0 e x = L as temperaturas, desconhecidas, são denotadas


respectivamente por Ts ,1 e Ts , 2 .
94

T∞,1 , h1 k , qɺ T∞, 2 , h2

x=0 x=L
Figura 12 – Parede plana com geração de calor uniforme.

A equação diferencial para esse problema é escrita como:

d 2T qɺ
+ =0 (145)
dx 2 k

As condições de contorno são escritas como:

= h1 [T (x = 0 ) − T∞ ,1 ]
dT
k (146)
dx x=0

= h1[T ( x = L ) − T∞ , 2 ]
dT
−k (147)
dx x=L

Expressões para a distribuição de temperaturas, fluxo de calor em ambas as faces


e fluxo de calor total podem ser obtidas analiticamente através da solução da Eq. (145)
por dupla integração em x e obtenção das constantes de integração pelas Eqs. (146-147).
Nesse exemplo a solução completa será feita utilizando o MAPLE, cuja rotina de
cálculos está mostrada no arquivo MAPLE9.mw. Após isso, como um exemplo
numérico, é plotada a distribuição de temperatura na placa, são calculadas as
temperaturas superficiais, é calculada a posição de máxima temperatura e o valor desta
temperatura. Os seguintes dados foram assumidos: qɺ = 3 × 10 6 W/m3, L = 0,1 m,
h1 = 400 W/(m2.K), T∞ ,1 = 20 oC, h2 = 200 W/(m2.K) e T∞ , 2 = 15 oC.
95

7.2-CASCA CILÍNDRICA COMPOSTA

Uma casca cilíndrica com duas camadas é composta por dois materiais conforme
mostrado na Fig. (13). A casca interna tem condutividade térmica k1 e possui geração
de energia volumétrica a uma taxa qɺ1. A casca externa tem condutividade térmica k2 e
possui geração de energia volumétrica a uma taxa qɺ2 . A superfície em r1 é resfriada por
um refrigerante com temperatura T∞ e coeficiente de transferência de calor h. A
superfície externa em r3 está isolada. As equações diferenciais para esse problema são

escritas como:

1 d  dT1  qɺ1
r + =0 (148)
r dr  dr  k1

1 d  dT2  qɺ 2
r + = 0 (149)
r dr  dr  k2

r2
k 2 k1 r1
qɺ 2 qɺ1
r3
T∞ , h

Figura 13 – Casca cilíndrica composta com geração de energia volumétrica uniforme.

As condições de contorno são escritas como:

= h[T1 (r = r1 ) − T∞ ]
dT1
k1 (150)
dr r = r1
96

T1 (r = r2 ) = T2 (r = r2 ) (151)

dT1 dT
k1 = k2 2 (152)
dr r = r2 dr r = r2

dT2
=0 (153)
dr r =r3

Expressões para a distribuição de temperaturas em ambas as cascas cilíndricas


podem ser obtidas analiticamente através da solução das Eqs. (148-149) por dupla
integração em r e obtenção das constantes de integração pelas Eqs. (150-153). Nesse
exemplo a solução completa será feita utilizando o MAPLE, cuja rotina de cálculos está
mostrada no arquivo MAPLE10.mw. Após isso, como um exemplo numérico, são
calculadas as temperaturas na superfície interna, na interface e na superfície externa. Os
seguintes dados foram assumidos: r1 = 0,02 m, r2 = 0,04 m, r3 = 0,06 m, qɺ1 = 5 × 10 4

W/m3, qɺ2 = 2 × 105 W/m3, L = 1,0 m, h = 400 W/(m2.K), T∞ = 20 oC, k1 = 20 (W/m.K)


e k 2 = 10 W/(m.K).

7.3-A ESFERA MACIÇA

Considere a parede plana, o cilindro longo e a esfera mostrados


esquematicamente, todos com o mesmo comprimento característico a, mesma
condutividade térmica k e mesma taxa volumétrica de geração de energia uniforme qɺ ,
conforme a Fig. (14). É de interesse prático selecionar a geometria preferível para uso
como um elemento combustível nuclear em função da diferença de temperaturas entre o
centro e a superfície da geometria de interesse. Para isso, pode-se representar a
temperatura adimensional em regime estacionário em função do comprimento
característico adimensional para cada geometria. Nas hipóteses de condução
unidimensional em regime permanente, condutividade térmica constante, taxa
volumétrica de geração de energia uniforme e parede plana estacionária, a equação de
condução em coordenadas retangulares é escrita na seguinte forma:
97

d 2T qɺ
+ =0 (154)
dx 2 k

Figura 14 – Geometrias com mesmo comprimento característico a.

Admitindo que a temperatura na superfície na parede plana seja conhecida, as


condições de contorno são escritas como:

dT
=0 (155)
dx x=0

T ( x = a ) = Ts (156)

A solução da Eq. (154) é obtida por dupla integração em x, cujos resultados são:

dT qɺx
= − + C1 (157)
dx k

qɺx 2
T (x ) = − + C1 x + C2 (158)
2k

Utilizando as condições de contorno e a solução da equação diferencial, obtém-


se as constantes de integração C1 e C2 , ou seja:

C1 = 0 (159)
98

qɺa 2
C2 = Ts + (160)
2k

Substituindo as constantes de integração na solução da equação diferencial e


rearranjando, obtém-se a distribuição de temperaturas na parede plana:

qɺx 2 qɺa 2
T ( x ) = Ts − + (161)
2k 2k

A Eq. (161) pode ser rearranjada na forma adimensional como:

T ( x ) − Ts
2
x
2
= 1−   (162)
qɺa 2k a

Mantendo as hipóteses simplificadores, a equação de condução em coordenadas


cilíndricas é escrita na seguinte forma:

1 d  dT  qɺ
r + =0 (163)
r dr  dr  k

Admitindo que a temperatura na superfície do cilindro longo seja conhecida, as


condições de contorno são escritas como:

dT
=0 (164)
dr r =0

T (r = a ) = Ts (165)

A solução da Eq. (163) é obtida por dupla integração r, cujos resultados são:

dT qɺr C
=− + 1 (166)
dr 2k r
99

qɺr 2
T (r ) = − + C1 ln r + C2 (167)
4k

Utilizando as condições de contorno e a solução da equação diferencial, obtém-


se as constantes de integração C1 e C2 , ou seja:

C1 = 0 (168)

qɺa 2
C2 = Ts + (169)
4k

Substituindo as constantes de integração na solução da equação diferencial e


rearranjando, obtém-se a distribuição de temperaturas no cilindro longo:

qɺr 2 qɺa 2
T (r ) = Ts − + (170)
4k 4k

A Eq. (170) pode ser rearranjada na forma adimensional como:

T (r ) − Ts 1   r  
2

= 1 −    (171)
qɺa 2 2k 2   a  

Mantendo as hipóteses simplificadores, a equação de condução em coordenadas


esféricas é escrita na seguinte forma:

1 d  2 dT  qɺ
r + =0 (172)
r 2 dr  dr  k

Admitindo que a temperatura na superfície da esfera seja conhecida, as


condições de contorno são escritas como:

dT
=0 (173)
dr r =0
100

T (r = a ) = Ts (174)

A solução da Eq. (172) é obtida por dupla integração em r, cujos resultados são:

dT qɺr
= − + C1r − 2 (175)
dr 3k

qɺr 2 C1
T (r ) = − − + C2 (176)
6k r

Utilizando as condições de contorno e a solução da equação diferencial, obtém-


se as constantes de integração C1 e C2 , ou seja:

C1 = 0 (177)

qɺa 2
C2 = Ts + (178)
6k

Substituindo as constantes de integração na solução da equação diferencial e


rearranjando, obtém-se a distribuição de temperaturas na esfera:

qɺr 2 qɺa 2
T (r ) = Ts − + (179)
6k 6k

A Eq. (179) pode ser rearranjada na forma adimensional como:

T (r ) − Ts 1   r  
2

= 1 −    (180)
qɺa 2 2k 3   a  

As Eqs. (162, 171 e 180) podem ser plotadas em um mesmo gráfico em função
de um comprimento adimensional para x ou r variando de 0 a a. Os resultados podem
ser visualizados na Fig. (15). Conforme a Fig. (15), a esfera tem a menor diferença de
101

temperaturas entre o centro e a superfície, ou seja, T (0 ) − T (a ). Um parâmetro de


controle para essa análise é a relação volume/área superficial da geometria, ou seja,
V / As , que serve como controle da taxa de geração e da taxa de calor. Para cada

geometria tem-se que:

V a (1 × 1)
PAREDE PLANA: = =a
As (1 × 1)

V πa 2 × 1 a
CILINDRO: = =
As 2πa × 1 2

V 4πa3 3 a
ESFERA: = =
As 4πa 2 3

Nota-se que quanto menor a relação V / As , menor a diferença de temperaturas

T (0 ) − T (a ). Para a utilização como elemento combustível nuclear, a geometria esférica


é preferida, pois a esfera irá operar com uma menor temperatura.

Figura 15 – Distribuição adimensional de temperaturas.


102

8-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Considere condução de calor unidimensional, em regime permanente, através da


geometria simétrica mostrada na figura abaixo. Supondo que não há geração interna de
calor, desenvolva uma expressão para a condutividade térmica k ( x ) para as seguintes

( )
condições: A( x ) = (1 − x ), T ( x ) = 300 1 − 2 x − x 3 , e q = 6000 W, onde A está em metros
quadrados, T em Kelvins e x em metros.

2) Condução de calor unidimensional, em regime permanente, ocorre em uma barra de


condutividade térmica constante k e cuja área da seção transversal varia conforme a
relação Ax ( x ) = A0e ax , na qual A0 e a são constantes. A superfície lateral da barra
encontra-se isolada termicamente.
a) Escreva uma expressão para a taxa de condução de calor, q x ( x ). Use esta expressão

para determinar a distribuição de temperaturas T (x ) e esboce, qualitativamente, a


distribuição para T (0 ) > T (L ).
b) Agora, considere condições nas quais há geração de energia térmica no interior da
barra, a uma taxa volumétrica qɺ = qɺ0 exp(− ax ), na qual qɺ0 é uma constante. Obtenha

uma expressão para q x ( x ), quando a face esquerda da barra ( x = 0) se encontra isolada


termicamente.
103

3) Em uma parede plana com espessura 2 L = 40 mm e condutividade térmica


k = 5 W/(m.K) há geração de calor uniforme a uma taxa qɺ , enquanto transferência de
calor por convecção ocorre em suas duas superfícies ( x = − L,+ L ), cada uma exposta a
um fluido com temperatura T∞ = 20 oC. Em condições de regime permanente, a

distribuição de temperaturas no interior da parede tem a forma T (x ) = a + bx + cx 2 , onde

a = 82,0 oC, b = −210 oC/m, c = −2 × 10 4 o


C/m2 e x está em metros. A origem da
coordenada x encontra-se no plano central da parede.
a) Esboce a distribuição de temperaturas e identifique características físicas
significativas.
b) Qual é a taxa volumétrica de geração de calor qɺ no interior da parede?

c) Determine os fluxos térmicos nas superfícies, q"x (− L) e q "x ( + L ). Como esses fluxos

estão relacionados coma a taxa de geração de calor?


d) Quais são os coeficientes de transferência de calor por convecção nas superfícies
x = −L e x = +L?
e) Obtenha uma expressão para a distribuição de fluxos térmicos, q"x ( x ). O fluxo

térmico é nulo em algum local? Explique as características significativa desta


distribuição.
f) Se a fonte de geração térmica for subitamente desativada ( qɺ = 0), qual é a taxa de
variação da energia acumulada na parede neste instante?
g) Com qɺ = 0, qual temperatura de parede será atingida após um longo período de
tempo? Que quantidade de energia tem que ser removida da parede pelo fluido, por
unidade de área da parede (J/m2), para ela atingir esse estado? A densidade e o calor
específico do material da parede são 2600 kg/m3 e 800 J/(kg.K), respectivamente.

4) A distribuição de temperaturas, em regime permanente, em um material


semitransparente, com condutividade térmica k e espessura L, exposto à irradiação laser
é descrita como:

T (x ) = −
A − ax
e + Bx + C
ka 2
104

onde A, B, C e a são constantes conhecidas. Nessa situação, a absorção de radiação no


material é manifestada por um termo de geração de calor distribuída, qɺ ( x ).

a) Obtenha expressões para os fluxos de calor por condução nas superfícies superior e
inferior.
b) Deduza uma expressão para qɺ ( x ).
c). Desenvolva uma expressão para a taxa na qual a radiação é absorvida em todo
material, por unidade de área superficial. Expresse o seu resultado em termos das
constantes conhecidas para a distribuição de temperaturas, da condutividade térmica do
material e de sua espessura.

5) Um cabo elétrico, de raio r1 e condutividade térmica kc , encontra-se coberto por

uma camada isolante cuja superfície externa possui raio r2 e troca calor por convecção e
radiação com o ar circundante e a vizinhança, respectivamente. Quando uma corrente
elétrica passa pelo cabo, há geração de energia térmica em seu interior a uma taxa
volumétrica qɺ.
105

a) Escreva as formas da equação de condução térmica, em regime permanente, para o


isolamento e para o cabo. Verifique se essas equações são satisfeitas pelas seguintes
distribuições de temperaturas:

ln (r r2 )
Isolamento térmico: T (r ) = Ts , 2 + (Ts ,1 − Ts , 2 )
ln (r1 r2 )

qɺr12  r 2 
Cabo: T (r ) = Ts ,1 + 1 − 
4kc  r12 

Esboce a distribuição de temperaturas, T (r ), no cabo e no isolante, identificando as


principais características.
b) Utilizando a lei de Fourier, mostre que a taxa de transferência de calor por condução,
por unidade de comprimento, através do isolamento pode ser representada por

2πki (Ts ,1 − Ts , 2 )
qr' =
ln (r2 r1 )

Usando um balanço de energia em uma superfície de controle envolvendo o cabo,


obtenha uma expressão alternativa para qr' , escrevendo seu resultado em termos de qɺ e
r1.
c) Fazendo um balanço de energia em uma superfície de controle colocada ao redor da
superfície externa da camada isolante, obtenha uma expressão na qual Ts , 2 possa ser

determinada como uma função de qɺ , r1 , h, T∞ , ε e Tviz .

d) Considere condições nas quais uma corrente elétrica de 250 A atravessa um cabo
cuja resistência elétrica por unidade de comprimento é de Re' = 0,005 Ω / m, com um

raio r1 = 15 mm e condutividade térmica k c = 200 W/(m.K). Para ki = 0,15 W/(m.K),

r2 = 15,5 mm, h = 25 W/m2.K, ε = 0,9, T∞ = 25 oC e Tviz = 35 oC, calcule as temperaturas

superficiais, Ts ,1 e Ts , 2 , bem como a temperatura T0 na linha de centro do cabo.

e) Mantendo todas as demais condições, calcule e represente graficamente T0 , Ts ,1 e Ts , 2

como uma função de r2 , para 15,5 ≤ r2 ≤ 20,0 mm.


106

6) Uma mistura quimicamente reativa é armazenada em um recipiente esférico com


paredes finas, de raio r1 = 200 mm. Uma reação exotérmica gera calor a uma taxa
volumétrica uniforme e dependente da temperatura na forma qɺ = qɺ0 exp(− A T0 ), onde

qɺ0 = 5000 W/m3, A = 75 K e T0 é a temperatura em Kelvins. O recipiente é envolto por

uma camada de material isolante que possui raio externo r2 , condutividade térmica k e
emissividade ε . A superfície externa do isolamento troca calor por convecção e
radiação com o ar adjacente e uma grande vizinhança, respectivamente.

a) Escreva a forma do estado permanente da equação de condução térmica para o


isolante. Verifique se essa equação é satisfeita pela seguinte distribuição de
temperaturas:

 1 − (r1 r ) 
T (r ) = Ts ,1 − (Ts ,1 − Ts , 2 ) 
1 − (r2 r1 ) 

Esboce a distribuição de temperaturas, T (r ), identificando as suas principais


características.
b) Utilizando a lei de Fourier, mostre que a taxa de transferência de calor por condução
através do isolamento pode ser representada por:

4πk (Ts ,1 − Ts , 2 )
qr =
(1 r1 ) − (1 r2 )
107

Fazendo um balanço de energia em uma superfície de controle envolvendo o recipiente,


obtenha uma expressão alternativa para qr expressando o seu resultado em termos de qɺ
e r1.
c) Fazendo um balanço de energia em uma superfície de controle coincidente com a
superfície externa da camada de isolamento, obtenha uma expressão na qual Ts , 2 possa

ser determinada em função de qɺ , r1 , h, T∞ , ε e Tviz .

d) O engenheiro de processos deseja manter a temperatura no reator em


T (0 ) = T (r1 ) = 95 oC em condições nas quais k = 0,05 W/(m.K), r2 = 208 mm,

h = 5 W/(m2.K), ε = 0,9, T∞ = 25 oC e Tviz = 35 oC. Qual é a temperaturas real do reator

e a temperatura da superfície externa do isolamento térmico, Ts , 2 ?

e) Calcule e represente graficamente a variação de Ts , 2 em função de r2 para

201 ≤ r ≤ 2 210 mm. O engenheiro está preocupado com eventuais acidentes por
queimadura que possam ocorrer com o pessoal que entrar em contato com a superfície
exposta do isolamento térmico. O aumento da espessura da camada de isolante térmico
é uma solução prática para manter Ts , 2 ≤ 45 oC? Que outro parâmetro poderia ser

alterado para reduzir o valor de Ts , 2 ?

7) Uma parede plana, que tem um de seus lados ( x = 0) termicamente isolado, está
inicialmente a uma temperatura uniforme Ti , quando sua superfície exposta em x = L

tem a sua temperatura subitamente elevada para Ts .

a) Verifique se a equação a seguir satisfaz à equação de condução e às condições de


contorno:

T ( x, t ) − Ts  π 2 αt   π x 
= C1 exp −  cos
2  
Ti − Ts  4 L   2 L

na qual C1 é uma constante e α é a difusividade térmica.


b) Esboce a distribuição de temperaturas T (x ) em t = 0, em t → ∞ e em um instante de

tempo intermediário. Esboce a variação com o tempo do fluxo térmico em x = L, qL" (t ).


c) Qual o efeito de α na resposta térmica do material a uma mudança na temperatura da
superfície?
108

8) Um elemento de combustível nuclear, com espessura 2L, é coberto com um


revestimento de aço com espessura b. O calor gerado no interior do combustível
nuclear, a uma taxa qɺ , é removido por um fluido a T∞ , que se encontra em contato com
uma das superfícies e é caracterizado por um coeficiente convectivo h. A outra
superfície encontra-se isolada termicamente. O combustível e o aço possuem
condutividades térmicas kc e ka , respectivamente.

a) Obtenha uma equação para a distribuição de temperaturas T (x ) no combustível


nuclear. Expresse seus resultados em termos de qɺ , kc , L, b, ka , h e T∞ .

b) Esboce a distribuição de temperaturas para o sistema inteiro.

9) A superfície exposta ( x = 0) de uma parede plana, com condutividade térmica k, está


sujeita à radiação de micro-ondas, que causa um aquecimento volumétrico que varia
conforme a seguinte expressão:
 x
qɺ ( x ) = qɺ0 1 − 
 L

onde qɺ0 (W/m3) é uma constante. A fronteira em x = L está perfeitamente isolada,

enquanto a superfície exposta é mantida a uma temperatura constante T0 . Determine a

distribuição de temperaturas T (x ) em termos de x, L, k , qɺ0 e T0 .

10) Uma janela de quartzo com espessura L serve como visor em um forno usado para
temperar aço. A superfície interna ( x = 0) da janela é irradiada com um fluxo de calor

uniforme q0" devido à emissão dos gases quentes no interior do forno. Pode-se supor que

uma fração, β , dessa radiação é absorvida na superfície interna, enquanto a radiação


109

restante é parcialmente absorvida ao atravessar o quartzo. A geração volumétrica de


calor devido à essa absorção pode ser descrita por uma expressão com a forma:

qɺ ( x ) = (1 − β )q0" e −αx

onde α é o coeficiente de absorção do quartzo. Há transferência de calor por convecção


na superfície externa da janela ( x = L ) para o ar ambiente, a T∞ , e ela é caracterizada
por um coeficiente convectivo h. A convecção e a emissão de radiação na superfície
interna podem ser desprezadas, assim como a emissão de radiação da superfície externa.
Determine a distribuição de temperaturas no quartzo, representando o seu resultado em
termos dos parâmetros definidos anteriormente.

11) Rejeitos radiativos são colocados em um recipiente esférico de parede delgada. Os


rejeitos geram energia térmica de forma não uniforme de acordo com a relação
qɺ = qɺ0 [1 − ( r r0 ) 2 ], onde qɺ é a taxa local de geração de energia por unidade de volume,

qɺ0 é uma constante e r0 é o raio do recipiente. Condições de regime permanente são

mantidas pela imersão do recipiente em um líquido que se encontra a T∞ e fornece um


coeficiente convectivo h uniforme.

Determine a distribuição de temperaturas, T (r ), no interior do recipiente. Expresse o


seu resultado em termos de qɺ0 , r0 , T∞ , h e da condutividade térmica k dos rejeitos

radioativos.
110

CAPÍTULO 3

PROBLEMAS AVANÇADOS DE CONDUÇÃO


UNIDIMENSIONAL EM REGIME
PERMANENTE

1-INTRODUÇÃO

No Cap. (2), o assunto tratado foi a análise teórica de problemas elementares de


condução unidimensional em regime permanente. A análise apresentada foi baseada em
hipóteses tais como condutividade térmica do meio constante, geração volumétrica de
energia uniforme e aquecimento ou resfriamento de superfícies somente por convecção.
Em diversas situações de engenharia, entretanto, essas hipóteses não são válidas ou
introduzem erros significativos na previsão do desempenho de sistemas térmicos.
Por exemplo, a região de condução pode ser não-homogênea e,
consequentemente, a condutividade térmica pode ser dependente da posição.
Similarmente, a diferença de temperaturas em uma região de condução pode ser
significativa de maneira a invalidar a hipótese de condutividade térmica constante.
Já a hipótese de geração de energia volumétrica uniforme também pode ser
restritiva em diversos casos. Por exemplo, quando a barreira de proteção de um reator
nuclear é irradiada com raios gama, a geração de energia no interior da barreira decai
exponencialmente com a distância a partir da superfície recebendo a radiação, e um
modelo de condução de calor mais apropriado deve permitir a inclusão de geração de
energia dependente da posição. Nos casos onde a geração de energia é devido à energia
elétrica ou reação química interna, a geração de energia torna-se dependente da
temperatura.
Em algumas situações de condução unidimensional, pode ser necessário
considerar o efeito da radiação térmica aquecendo ou resfriando uma superfície além do
efeito da convecção. Isso é particularmente verdade para sistemas operando em
111

temperaturas elevadas ou quando a fronteira do sistema é resfriada por convecção


natural, tornando a contribuição da radiação térmica comparável com a contribuição da
convecção natural. O objetivo desse capítulo é analisar os problemas mencionados nos
parágrafos anteriores. Serão obtidas a distribuição de temperaturas e também a taxa de
calor no meio em análise utilizando técnicas analíticas e também o MAPLE.

2-CONDUTIVIDADE TÉRMICA VARIÁVEL

A condutividade térmica de um meio com condução pode ser dependente da


posição, da temperatura ou de ambos. Cada um desses casos será discutido a seguir
através de exemplos resolvidos, tanto para uma parede plana quando para uma casca
cilíndrica. Os procedimentos de solução para uma casca esférica são similares e detalhes
de solução não serão mostrados.

2.1-CONDUTIVIDADE TÉRMICA DEPENDENTE DA POSIÇÃO

Considere uma parede plana de espessura L conforme a Fig. (1), feita de um


material cuja condutividade térmica é dependente da posição de acordo com a seguinte
expressão:

k = k 0 (1 + ax 2 ) (1)

T1
(
k = k0 1 + ax 2 ) T2

x=0 x=L
Figura 1 – Parede plana com condutividade térmica dependente da posição.
112

onde a é uma constante e k0 é a condutividade térmica avaliada em x = 0. De acordo


com a Fig. (1), não há geração interna de energia e ambas as faces são mantidas à
temperaturas conhecidas. Considera-se também que a parede está em regime
permanente, está estacionária e que a condução térmica é unidimensional em x. Assim, a
equação de condução de calor e as condições de contorno para esse problema são
escritas como:

d  dT  d  dT 
 k  =  k0 (1 + ax 2 ) =0 (2)
dx  dx  dx  dx 

T ( x = 0) = T1 (3)

T (x = L) = T2 (4)

A Eq. (2) pode ser integrada duas vezes em x para a obtenção da distribuição de
temperaturas em x. A primeira integração em x fornece que:

dT C1
= (5)
dx k0 (1 + ax 2 )

Já a segunda integração em x fornece que:

T (x ) =
C1 dx C dx

k0 (1 + ax )
2
+ C2 = 1 
k0 a  1  2
+ C2 (6)
  + x2
 a

A solução da integral da Eq. (6) pode ser obtida com o auxílio de tabelas de
integrais, que, utilizando uma notação geral, tem a seguinte forma:

dx 1  x
u 2
+x 2
= arctan 
u u
(7)
113

onde u é uma constante. A constante de integração na Eq. (7) foi suprimida pelo fato de
já ter sido incluída na Eq. (6). Comparando a integral da Eq. (6) com a Eq. (7) obtém-se:


dx
2 = a arctan a x ( ) (8)
1 
  + x2
 a

Substituindo a Eq. (8) na Eq. (6) e rearranjando obtém-se:

T (x ) =
C1 a
k0 a
( )
arctan a x + C2 (9)

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (3) e sabendo que


arctan(0) = 0 obtém-se:

T (x = 0) =
C1 a
k0 a
arctan ( a 0) + C 2 = T1  C2 = T1 (10)

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (4) e utilizando o resultado


indicado pela Eq. (10) obtém-se:

T (x = L ) =
C1 a
k0 a
( )
arctan a L + T1 = T2  C1 =
(T2 − T1 )k0 a
a arctan( a L)
(11)

Substituindo as Eqs. (10-11) na Eq. (9) e rearranjando obtém-se:

arctan( a x)(T1 − T2 )
T ( x ) = T1 − (12)
arctan( a L)

A taxa de calor é então calculada pela lei de Fourier em conjunto com as Eqs. (5)
e (11):
114

dT C1 A(T1 − T2 )k0 a
q x = −kA = − k0 (1 + ax 2 ) A = − AC1 = (13)
dx k0 (1 + ax )
2
arctan( a L)

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE1.mw. Deve ser
notado que para a = 0, tem-se que k = k0 e as Eqs. (12-13) se reduzem às expressões
padrões para a distribuição de temperaturas e taxa de calor para uma parede plana com
condutividade térmica constante e as mesma hipóteses mostradas na Fig. (1).
Entretanto, a simples substituição a = 0 nas Eqs. (12-13) implica em indeterminações
do tipo 0/0, que podem ser contornadas utilizando a regra de L’Hospital, escrita abaixo
para duas funções genéricas f (a) e g(a) :

f (a ) d [ f (a )] da
lim = lim (14)
a→0 g (a ) a → 0 d [g (a )] da

Utilizando a Eq. (14) na Eq. (12) obtém-se:

f (a ) d [arctan( a x )] da
lim = lim (15)
a→0 g (a ) a → 0 d [arctan( a L )] da

Com o auxílio de tabelas de derivadas e utilizando uma notação geral, pode-se


calcular as derivadas da Eq. (15) pela seguinte expressão:

1
y = arctan(u )  y ' = (16)
1+ u2

Aplicando a Eq. (16) nas derivadas da Eq. (15) obtém-se:

1 a −1 2 x
arctan( a x )' = (17)
2 (1 + ax 2 )
115

1 a −1 2 L
arctan( a L ) ' = (18)
2 (1 + aL2 )

Substituindo as Eqs. (17-18) na Eq. (15) obtém-se:

1 a −1 2 x
d [arctan( a x)] da 2 (1 + ax 2 ) x(1 + aL2 ) x
lim = lim = lim = (19)
a → 0 d [arctan( a L )] da a → 0 1 a −1 2 L a → 0 L (1 + ax 2 ) L
2 (1 + aL )
2

Finalmente, substituindo a Eq. (19) na Eq. (12) obtém-se:

T (x ) = T1 − (T1 − T2 )
x
(20)
L

O mesmo raciocínio pode ser aplicado para a taxa de calor. Utilizando a Eq. (14)
na Eq. (13) obtém-se:

1 −1 2
f (a )
a
d [ a ] da 1 + aL2 1
lim = lim = lim 2 −1 2 = lim = (21)
a → 0 g (a ) a → 0 d [arctan( a L )] da a→0 1 a L a →0 L L
2 (1 + aL )
2

Finalmente, substituindo a Eq. (21) na Eq. (13) obtém-se:

k0 A(T1 − T2 )
qx = (22)
L

Outro exemplo é o caso de uma casca cilíndrica com raios interno e externo
iguais a r1 e r2 , respectivamente, conforme a Fig. (2), feita de um material cuja
condutividade térmica é dependente da posição de acordo com a seguinte expressão:

k = a(1 + br) (23)


116

onde a e b são constantes. De acordo com a Fig. (2), não há geração interna de energia
e ambas as superfícies interna e externa são mantidas a temperaturas conhecidas.
Considera-se também que a casca cilíndrica está em regime permanente, está
estacionária e que a condução térmica é unidimensional em r. Assim, a equação de
condução e as condições de contorno para esse problema são escritas como:

T2 r2
r1

T1

Figura 2 – Casca cilíndrica com condutividade térmica dependente da posição.

d  dT  d  dT 
 kr  =  a (1 + br ) r =0 (24)
dr  dr  dr  dr 

T (r = r1 ) = T1 (25)

T (r = r2 ) = T2 (26)

A Eq. (24) pode ser integrada duas vezes em r para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em r fornece que:

dT C1
= (27)
dr a (1 + br ) r

Já a segunda integração em r fornece que:


117

T (r ) =
C1 dr

a r + br 2
+ C2 (28)

A solução da integral da Eq. (28) pode ser obtida com o auxílio de tabelas de
integrais, que, utilizando uma notação geral, tem a seguinte forma:

= ln x − ln(ux + 1)
dx
 x + ux 2 (29)

onde u é uma constante. A constante de integração na Eq. (29) foi suprimida pelo fato
de já ter sido incluída na Eq. (28). Comparando a integral da Eq. (28) com a Eq. (29)
obtém-se:

= ln r − ln(br + 1)
dr
 r + br 2 (30)

Substituindo a Eq. (30) na Eq. (28) e rearranjando obtém-se:

T (r ) =
C1
[ln r − ln(br + 1)] + C2 (31)
a

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (25) obtém-se:

T (r = r1 ) =
C1
[ln r1 − ln(br1 + 1)] + C2 = T1 (32)
a

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (26) obtém-se:

T (r = r2 ) =
C1
[ln r2 − ln(br2 + 1)] + C2 = T2 (33)
a

Resolvendo o sistema de duas equações e duas incógnitas representado pelas


Eqs. (32-33) obtêm-se expressões para C1 e C2 , escritas como:
118

a (T2 − T1 )
C1 = (34)
ln r2 − ln r1 − ln (br2 + 1) + ln(br1 + 1)

T1 ln r2 − T1 ln (br2 + 1) − T2 ln r1 + T2 ln (br1 + 1)
C2 = (35)
ln r2 − ln r1 − ln (br2 + 1) + ln (br1 + 1)

Substituindo as Eqs. (34-35) na Eq. (31) e rearranjando obtém-se:

T (r ) =
(T2 − T1 )[ln r − ln(br + 1)] T ln r − T ln (br2 + 1) − T2 ln r1 + T2 ln (br1 + 1)
+ 1 2 1
ln r2 − ln r1 − ln (br2 + 1) + ln (br1 + 1) ln r2 − ln r1 − ln (br2 + 1) + ln (br1 + 1)
(36)
A taxa de calor é então calculada pela lei de Fourier em conjunto com as Eqs.
(23) e (27):

dT C1 2πLa (T1 − T2 )
qr = − kAr = − a (1 + br )( 2πrL ) = −2πLC1 =
dr a (1 + br ) r ln r2 − ln r1 − ln (br2 + 1) + ln (br1 + 1)

(37)
O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo
numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE2.mw. Deve ser
notado que para b = 0, tem-se que k = a e as Eqs. (36-37) se reduzem às expressões
padrões para a distribuição de temperaturas e a taxa de calor para uma casca cilíndrica
com condutividade térmica constante e as mesma hipóteses mostradas na Fig. (2), ou
seja:

T1 ln r2 − T2 ln r1 + (T2 − T1 ) ln r
T (r ) = (38)
ln(r2 r1 )

2πLa (T1 − T2 )
qr = (39)
ln( r2 r1 )
119

2.2-CONDUTIVIDADE TÉRMICA DEPENDENTE DA TEMPERATURA

Considera-se uma parede plana de espessura L conforme Fig. (3), feita de um


material cuja condutividade térmica é dependente da temperatura de acordo com a
seguinte expressão:

k = k0 (1 + βT ) (40)

k = k0 (1 + β T )
T1 T2

x=0 x=L
Figura 3 – Parede plana com condutividade térmica dependente da temperatura.

onde β é uma constante e k0 é a condutividade térmica avaliada em uma temperatura


de referência. De acordo com a Fig. (3), não há geração interna de energia e ambas as
faces são mantidas a temperaturas conhecidas. Considera-se também que a parede está
em regime permanente, está estacionária e que a condução térmica é unidimensional em
x. Assim, a equação de condução e as condições de contorno para esse problema são
escritas como:

d  dT  d  dT 
 k  =  k 0 (1 + β T ) =0 (41)
dx  dx  dx  dx 

T ( x = 0) = T1 (42)

T (x = L) = T2 (43)
120

A Eq. (41) pode ser integrada duas vezes em x para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em x fornece que:

dT C1
= (44)
dx k0 (1 + βT )

A Eq. (44) é de variáveis separáveis e a segunda integração em x fornece que:

k0 β T 2
k 0T + = C1 x + C2 (45)
2

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (42) obtém-se:

k0 β T12
k0T1 + = C2 (46)
2

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (43) e utilizando o resultado


indicado pela Eq. (46) obtém-se

k0 β T22 k βT 2
k0T2 + = C1L + k0T1 + 0 1 (47)
2 2

donde obtém-se uma expressão para a constante C1 :

2 k0T2 + k 0 β T22 − 2 k 0T1 − k 0 β T12


C1 = (48)
2L

Substituindo as Eqs. (46) e (48) na Eq. (45) obtém-se:

k0 β T 2 x k βT 2
k0T + = (2 k0T2 + k0 β T22 − 2k0T1 − k0 β T12 ) + k0T1 + 0 1 (49)
2 2L 2

Multiplicando a Eq. (49) por (2 / k0 ) e rearranjando obtém-se:


121

x 
βT 2 + 2T −  (2T2 + β T22 − 2T1 − βT12 ) + 2T1 + β T12  = 0 (50)
L 

A Eq. (50) é uma equação do segundo grau que pode ser resolvida utilizando a
fórmula de Bhaskara, ou seja:

x 
− 2 ± 4 + 4β  (2T2 + βT22 − 2T1 − βT12 ) + 2T1 + βT12 
L 
T (x ) = (51)

Das duas soluções da Eq. (51) deve-se escolher aquela que fornece um valor
positivo para T ( x ). Rearranjando a Eq. (51) obtém-se então:

β (2T1 + βT12 − 2T2 − βT22 ) x  βT 


− 2 ± 2 1− + 2 β  T1 + 1 
1  2 
T (x ) =
L
(52)
2 β

A taxa de calor é obtida pela aplicação da lei de Fourier em conjunto com as


Eqs. (44) e (48), ou seja:

dT C1 Ak
q x = − kA = − k0 (1 + β T ) A = − AC1 = 0 ( β T12 + 2T1 − β T22 − 2T2 ) (53)
dx k0 (1 + β T ) 2L

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE3.mw. Outro exemplo
é o caso de uma casca cilíndrica com raios interno e externo iguais a r1 e r2 ,
respectivamente, conforme a Fig. (4), feita de um material cuja condutividade térmica é
dependente da temperatura de acordo com a seguinte expressão:

k = k0 (1 + βT ) (54)
122

onde β é uma constante e k0 é a condutividade térmica avaliada em uma temperatura


de referência. De acordo com a Fig. (4), não há geração interna de energia e ambas as
superfícies interna e externa são mantidas a temperaturas conhecidas. Considera-se
também que a casca cilíndrica está em regime permanente, está estacionária e que a
condução térmica é unidimensional em r. Assim, a equação de condução e as condições
de contorno para esse problema são escritas como:

d  dT  d  dT 
 kr  = k0 (1 + βT )r =0 (55)
dr  dr  dr  dr 

T (r = r1 ) = T1 (56)

T (r = r2 ) = T2 (57)

T2 r2
r1

T1

Figura 4 – Casca cilíndrica com condutividade térmica dependente da temperatura.

A Eq. (55) pode ser integrada duas vezes em r para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em r fornece que:

dT C1
= (58)
dr k 0 (1 + β T )r

A Eq. (58) é de variáveis separáveis e a segunda integração em r fornece que:


123

k0 β T 2
k0T + = C1 ln r + C2 (59)
2

Substituindo a Eq. (56) na Eq. (59) obtém-se:

k0 β T12
k0T1 + = C1 ln r1 + C2 (60)
2

Substituindo a Eq. (57) na Eq. (59) obtém-se:

k0 β T22
k0T2 + = C1 ln r2 + C2 (61)
2

Resolvendo o sistema de duas equações e duas incógnitas representado pelas


Eqs. (60-61) obtêm-se expressões para C1 e C2 , escritas como:

C1 =
(
k0 (T2 − T1 ) + (k0 β 2) T22 − T12 ) (62)
ln(r2 r1 )

C2 = k0T2 + −
(
k0 βT22  k0 (T2 − T1 ) + (k0 β 2) T22 − T12 ) ln r (63)
2 ln(r2 r1 )  2
 

Substituindo as Eqs. (62-63) na Eq. (59) e rearranjando obtém-se:

k0T +
(
k0 βT 2  k0 (T2 − T1 ) + (k0 β 2) T22 − T12
=
) ln r

2  ln(r2 r1 ) 

+ k0T2 +
(
k0 βT22  k0 (T2 − T1 ) + (k0 β 2) T22 − T12
−
) ln r (64)

ln(r2 r1 )
2
2  

Multiplicando a Eq. (64) por (2 / k0 ) e rearranjando obtém-se:


124

β T 2 + 2T − 2 
(
  (T2 − T1 ) + ( β 2) T22 − T12 ) ln(r r ) + 2T 
+ βT22  = 0 (65)
ln (r2 r1 )  2 2
   

A Eq. (65) é uma equação do segundo grau que pode ser resolvida utilizando a
fórmula de Bhaskara, ou seja:

  (T − T ) + ( β 2) T22 − T12
− 2 ± 4 + 4 β 2  2 1
( ) ln(r r ) + 2T 
+ βT22 
ln(r2 r1 )  2 2
   
T (r ) = (66)

Das duas soluções da Eq. (66) deve-se escolher aquela que fornece um valor
positivo para T (r ). Rearranjando a Eq. (66) obtém-se então:

 (T − T ) + ( β 2) T22 − T12
− 2 ± 2 1 + 2β  2 1
( ) ln(r r ) + 2β  T +
βT22 

ln (r2 r1 )  2  2
2 
1   
T (r ) = (67)
2 β

A taxa de calor é obtida pela aplicação da lei de Fourier em conjunto com as


Eqs. (54) e (58), ou seja:

qr = − kAr
dT
= − k0 (1 + β T )( 2πrL )
C1
= −2πLC1 = 2πL  0 2 1
(
 k (T − T ) + ( k 0 β 2) T22 − T12  )
dr k 0 (1 + β T )r ln (r2 r1 ) 
 
(68)
O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo
numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE4.mw.

3-GERAÇÃO DE ENERGIA NÃO UNIFORME

Conforme citado na introdução, a geração de energia volumétrica em um meio


com condução pode depender da posição, da temperatura ou de ambos. Primeiro, será
considerado o caso de geração de energia dependente da posição. Em seguida, será
considerado o caso de geração de energia dependente da temperatura.
125

3.1-GERAÇÃO DE ENERGIA DEPENDENTE DA POSIÇÃO

Considera-se uma parede plana de espessura L conforme a Fig. (5), feita de um


material cuja condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de
energia dependente da posição de acordo com a seguinte expressão:

 x
qɺ ( x ) = qɺ0 1 −  (69)
 L

 x
qɺ ( x ) = qɺ0 1 −  dT
T1  L =0
dx

x=0 x=L
Figura 5 – Parede plana com taxa de geração de energia térmica dependente da posição.

onde qɺ0 é a taxa de geração de energia avaliada em x = 0. De acordo com a Fig. (5), a

condutividade térmica é constante, a face a esquerda é mantida à temperatura conhecida


e a face direita está isolada termicamente. Considera-se também que a parede está em
regime permanente, está estacionária e que a condução térmica é unidimensional em x.
Assim, a equação de condução e as condições de contorno para esse problema são
escritas como:

d 2T qɺ (x )
+ =0 (70)
dx 2 k

T ( x = 0) = T1 (71)

dT
=0 (72)
dx x=L
126

A Eq. (70) pode ser integrada duas vezes em x para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em x fornece que:

dT qɺ x qɺ x 2
= − 0 + 0 + C1 (73)
dx k 2kL

Já a segunda integração em x fornece que:


qɺ0 x 2 qɺ0 x3
T (x) = − + + C1 x + C2 (74)
2k 6kL

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (71) obtém-se:

qɺ0 02 qɺ0 03
T ( x = 0) = − + + C1 0 + C2 = T1  C2 = T1 (75)
2k 6kL

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (72) e utilizando o resultado


indicado pela Eq. (75) obtém-se:

dT qɺ0 L qɺ0 L2 qɺ L
=− + + C1 = 0  C1 = 0 (76)
dx x=L k 2kL 2k

Substituindo as Eqs. (75-76) na Eq. (74) e rearranjando obtém-se:

qɺ0  x 3 x 2 L xL2 
T (x ) =  − +  + T1 (77)
kL  6 2 2 

A taxa de calor é então calculada pela lei de Fourier em conjunto com as Eqs.
(73) e (76), ou seja:

dT  qɺ x qɺ x 2   qɺ x qɺ x 2 qɺ L   x2 L 
qx = −kA = −kA − 0 + 0 + C1  = −kA − 0 + 0 + 0  = Aqɺ0  x − − 
dx  k 2kL   k 2kL 2k   2 L 2 

(78)
127

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE.mw. Outro exemplo é
o caso de uma parede plana de espessura L conforme a Fig. (6), feita de um material
cuja condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de energia
dependente da posição de acordo com a seguinte expressão:

qɺ ( x ) = qɺ0 a (1 − b )e − ax (79)

T1 T2
qɺ ( x ) = qɺ0 a(1 − b )e − ax

x=0 x=L
Figura 6 – Parede plana com taxa de geração de energia térmica dependente da posição.

onde qɺ0 é a taxa de geração de energia avaliada em x = 0 e a e b são constantes. De

acordo com a Fig. (6), a condutividade térmica é constante e ambas as faces esquerda e
direita são mantidas a temperaturas conhecidas. Considera-se também que a parede está
em regime permanente, está estacionária e que a condução térmica é unidimensional em
x. Assim, a equação de condução e as condições de contorno para esse problema são
escritas como:

d 2T qɺ (x )
+ =0 (80)
dx 2 k

T ( x = 0) = T1 (81)

T ( x = L ) = T2 (82)
128

A Eq. (80) pode ser integrada duas vezes em x para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em x fornece que:

dT qɺ0 (1 − b )e − ax
= + C1 (83)
dx k

Já a segunda integração em x fornece que:

qɺ0 (1 − b)e− ax
T (x ) = − + C1 x + C2 (84)
ak

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (81) obtém-se:

akT1 + qɺ0 (1 − b)
C2 = (85)
ak

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (82) e utilizando o resultado


indicado pela Eq. (85) obtém-se:

ak (T2 − T1 ) + qɺ0 (1 − b)(e− aL − 1)


C1 = (86)
akL

Substituindo as Eqs. (85-86) na Eq. (84) e rearranjando obtém-se:

 ak (T2 − T1 ) + qɺ0 (1 − b )(e − aL − 1) 


T (x ) =  x +
( )
akT1 − qɺ0 (1 − b) e − ax − 1
(87)
akL  ak
 

A taxa de calor é então calculada pela lei de Fourier em conjunto com as Eqs.
(83) e (86), ou seja:

 qɺ0 (1 − b )e − ax   ak (T2 − T1 ) + qɺ0 (1 − b )(e − aL − 1) 


+ C1  = − Aq0 (1 − b )e +
dT −ax
q x = −kA = −kA ɺ 
dx  k   aL 
(88)
129

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE6.mw. Outro exemplo
é o caso de um cilindro longo maciço de raio R conforme a Fig. (7), feito de um material
cuja condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de energia
dependente da posição de acordo com a seguinte expressão:

qɺ (r ) = qɺ0r (89)

R T∞ , h

qɺ (r ) = qɺ0 r

Figura 7 – Cilindro maciço com taxa de geração de energia térmica dependente da


posição.

onde qɺ0 é a taxa de geração de energia avaliada em uma temperatura de referência. De

acordo com a Fig. (7), a condutividade térmica é constante e o cilindro maciço está
sendo resfriado por um fluido com temperatura e coeficiente de transferência de calor
conhecidos. Considera-se também que o cilindro maciço está em regime permanente,
estacionário e que a condução térmica é unidimensional em r. Assim, a equação de
condução e as condições de contorno para esse problema são escritas como:

1 d  dT  qɺ (r )
r + =0 (90)
r dr  dr  k

dT
=0 (91)
dr r =0
130

= h[T (r = R ) − T∞ ]
dT
−k (92)
dr r=R

A Eq. (90) pode ser integrada duas vezes em r para a obtenção da distribuição de
temperaturas. A primeira integração em r fornece que:

dT qɺ r 2 C
=− 0 + 1 (93)
dr 3k r
Já a segunda integração em r fornece que:

qɺ0 r 3
T (r ) = − + C1 ln r + C2 (94)
9k

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (91) obtém-se:

dT qɺ0 02 C1
=− + = 0  C1 = 0 (95)
dr r =0 3k 0

Aplicando a condição de contorno indicada pela Eq. (92) e utilizando o resultado


indicado pela Eq. (95) obtém-se:

3qɺ0 kR2 + qɺ0 hR3 + 9khT∞


C2 = (96)
9kh

Substituindo as Eqs. (95-96) na Eq. (94) e rearranjando obtém-se:

qɺ0 r 3 3qɺ0 kR2 + qɺ0 hR3 + 9khT∞


T (r ) = − + (97)
9k 9kh

A temperatura na linha de centro do cilindro maciço pode ser calculada


substituindo r = 0 na Eq. (97), ou seja:
131

3qɺ0 kR 2 + qɺ0 hR3 + 9khT∞


T (r = 0) = (98)
9kh

Já a temperatura na superfície do cilindro maciço pode ser calculada substituindo


r = R na Eq. (97), ou seja:

qɺ0 R3 3qɺ0 kR2 + qɺ0 hR3 + 9khT∞


T (r = R ) = − + (99)
9k 9kh

A taxa de calor é então calculada pela lei de Fourier em conjunto com as Eqs.
(93) e (95), ou seja:

dT  qɺ r 2 C  2πLqɺ0 r 3
qr = −kAr = −k (2πrL) − 0 + 1  = (100)
dr  3k r  3

A taxa de calor na superfície do cilindro maciço pode ser calculada substituindo


r = 0 na Eq. (100), ou seja:

2πLqɺ0 R 3
qr (r = R ) = (101)
3

Já a taxa de convecção a partir da superfície do cilindro maciço para o fluido


pode ser calculada utilizando a lei do resfriamento de Newton e o resultado da Eq. (99),
ou seja:

 qɺ0 R 3 3qɺ0 kR 2 + qɺ0 hR3 + 9khT∞ 


qconv = hAsup [T (r = R ) − T∞ ] = h(2πRL) − + − T∞  (102)
 9k 9kh 

Rearranjando a Eq. (102) obtém-se:

2πLqɺ0 R 3
qconv = (103)
3
132

Deve ser notado que, conforme esperado, as taxas de condução em r = R e a


taxa de convecção da superfície do cilindro maciço para o fluido são iguais, conforme
as Eqs. (101) e (103). O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com
um exemplo numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE7.mw.

3.2-GERAÇÃO DE ENERGIA DEPENDENTE DA TEMPERATURA

Considera-se uma parede plana de espessura 2 L conforme a Fig. (8), feita de


um material cuja condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de
energia dependente da temperatura de acordo com a seguinte expressão:

qɺ = a[1 + b(T − Ts )] (104)

Ts Ts

qɺ = a [1 + b (T − T s )]
x

x = −L x = +L
Figura 8 – Parede plana com geração de energia térmica dependente da temperatura.

onde a e b são constantes. De acordo com a Fig. (8), ambas as faces são mantidas à
mesma temperatura conhecida Ts , o que indica simetria com relação a x = 0.

Considera-se também que a parede está em regime permanente, está estacionária e que a
condução térmica é unidimensional em x. Assim, a equação de condução e as condições
de contorno para esse problema são escritas como:

d 2T qɺ (T )
+ =0 (105)
dx 2 k
133

dT
=0 (106)
dx x =0

T ( x = L ) = Ts (107)

As Eqs. (105-107) podem ser reescritas de maneira mais simplificada através da


introdução da variável θ ( x) = T ( x ) − Ts de tal forma que dT dx = dθ dx e

d 2T dx 2 = d 2θ dx 2 . Substituindo esses resultados juntamente com a Eq. (104) nas Eqs.


(105-107) e rearranjando obtém-se:

d 2θ ab a
2
+ θ =− (108)
dx k k


=0 (109)
dx x =0

θ (x = L) = 0 (110)

A Eq. (108) é uma equação diferencial ordinária de 2a ordem, linear, com


coeficientes constantes e não-homogênea, cuja solução é composta pela solução
homogênea e pela solução particular, conforme mostrado no Apêndice, ou seja:

θ ( x ) = θ H (x ) + θ P ( x ) (111)

A solução homogênea é função das raízes da equação característica, ou seja:

ab ab
m2 + = 0  m = ±i (112)
k k

As raízes da equação característica são conjugados complexos na forma s ± it de

tal forma que s = 0 e t = ab k . Assim, de acordo com o Apêndice, a solução

homogênea é escrita na seguinte forma:


134

 ab   ab 
θ H ( x ) = C1 cos x  + C2 sin  x  (113)
 k   k 

Já a solução particular da Eq. (108) é dependente do tipo de função mostrada no


lado direito dessa equação diferencial, que nesse caso é uma constante. Conforme o
Apêndice, pelo método dos coeficientes indeterminados, caso o lado direito da equação
diferencial seja uma constante, espera-se que a solução particular dessa equação
diferencial também seja uma constante, ou seja:

θ P ( x ) = C3 (114)

Como a Eq. (114) é solução, ela deve satisfazer a Eq. (108), ou seja:

d 2θ P ab a ab a 1
2
+ θ P = −  C3 = −  C3 = − (115)
dx k k k k b

Agrupando as Eqs. (113-114) tem-se então a solução geral da Eq. (108), ou seja:

 ab   ab  1
θ ( x ) = C1 cos x  + C2 sin  x  − (116)
 k   k  b

A derivada da Eq. (116) com relação a x tem a seguinte forma:

dθ ab  ab  ab  ab 
= −C1 sin  x  + C2 cos x  (117)
dx k  k  k  k 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (109) obtém-se:

dθ ab  ab  ab  ab 
= −C1 sin  0  + C2 cos 0  = 0  C2 = 0 (118)
dx x =0 k  k  k  k 
135

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (110) e utilizando o resultado


da Eq. (118) obtém-se:

 ab  1 1
θ (x = L ) = C1 cos L  − = 0  C1 = (119)
 k  b  ab 
b cos L 
 k 

Substituindo as Eqs. (118-119) na Eq. (116) e retornando a variável original


T (x ) obtém-se:

 ab 
cos x 
T ( x ) = Ts +  k  −1 (120)
 ab  b
b cos L 
 k 

A taxa de calor pode ser calculada utilizando a lei de Fourier em conjunto com
as Eqs. (117-119), ou seja:

 ab 
sin x 
dT dθ  ab  ab   ak  k 
qx = −kA = −kA = −kA− C1 sin x  = A (121)
dx dx  k  k  b  ab 
cos L 
 k 

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE8.mw. Outro caso é
um cilindro longo maciço de raio R e comprimento L conforme a Fig. (9), feito de um
material cuja condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de
energia dependente da temperatura de acordo com a seguinte expressão:

qɺ = a[1 + b(T − Ts )] (122)


136

R Ts

Figura 9 – Cilindro maciço longo com geração de energia térmica dependente da


temperatura.
onde a e b são constantes. De acordo com a Fig. (9), a superfície externa do cilindro é
mantida à temperatura conhecida Ts . Considera-se também que o cilindro está em

regime permanente, está estacionário e que a condução térmica é unidimensional em r.


Assim, a equação de condução e as condições de contorno para esse problema são
escritas como:

1 d  dT  qɺ (T )
r + =0 (123)
r dr  dr  k

dT
=0 (124)
dr r =0

T (r = R ) = Ts (125)

As Eqs. (123-125) podem ser reescritas de maneira mais simplificada através da


introdução da variável θ ( r ) = T ( r ) − Ts de tal forma que dT dr = dθ dr e

d 2T dr 2 = d 2θ dr 2 . Substituindo esses resultados juntamente com a Eq. (122) nas Eqs.


(123-125), fazendo a derivada do produto na Eq. (123) e rearranjando obtém-se:

d 2θ 1 dθ ab a
2
+ + θ =− (126)
dr r dr k k
137


=0 (127)
dr r =0

θ (r = R ) = 0 (128)

A Eq. (126) é uma equação diferencial ordinária de 2a ordem, linear, com


coeficientes não-constantes e não-homogênea, cuja solução é composta pela solução
homogênea e pela solução particular, conforme mostrado no Apêndice, ou seja:

θ (r ) = θ H (r ) + θ P (r ) (129)
A solução homogênea é obtida a partir da equação geral de Bessel, Eq. (A15)
conforme procedimento mostrado Apêndice, ou seja, deve-se inicialmente multiplicar a
Eq. (126) na forma homogênea por r 2 e comparar a expressão resultante com a Eq. (15)
do Apêndice, convenientemente alterada para as variáveis dependente r e θ , ou seja:

d 2θ dθ ab
r2 2
+r + r2 θ = 0 (130)
dr dr k

r2
d 2θ
dr 2
[
+ (1 − 2 A )r − 2 Br 2]dθ
dr
[ ]
+ C 2 D 2 r 2 C + B 2 r 2 − B (1 − 2 A )r + A2 − C 2 n 2 θ = 0 (131)

Comparando os coeficientes das Eqs. (130-131) obtém-se:

(1 − 2 A)r − 2 Br 2 = r (132)

C 2 D 2 r 2C + B 2 r 2 − B (1 − 2 A)r + A2 − C 2 n 2 = r 2
ab
(133)
k

Das Eqs. (132-133) obtém-se:

1 − 2A = 1  A = 0

− 2B = 0  B = 0
138

C =1

2 2 ab ab
C D2 + B = D=
=1 =0 k k

2 2
A − C n2 = 0  n = 0
=0 =1

o que se encaixa no CASO 1 do item 3.2 do Apêndice. Dessa forma, a solução


homogênea tem a seguinte forma:

 ab   ab 
θ H (r ) = C1 J 0  r  + C2Y0  r  (134)
 k   k 

Já a solução particular da Eq. (126) é fortemente dependente do tipo de função


mostrada no lado direito dessa equação diferencial, que nesse caso é uma constante.
Conforme o Apêndice, pelo método dos coeficientes indeterminados, caso o lado direito
da equação diferencial seja uma constante, espera-se que a solução particular dessa
equação diferencial também seja uma constante, ou seja:

θ P (r ) = C3 (135)

Como a Eq. (135) é solução, ela deve satisfazer a Eq. (126), ou seja:

d 2θ P 1 dθ P ab a ab a 1
2
+ + θ P = −  C3 = −  C3 = − (136)
dr r dr k k k k b

Agrupando as Eqs. (134-135) tem-se então a solução geral da Eq. (126), ou seja:

 ab   ab  1
θ (r ) = C1 J 0  r  + C2Y0  r  − (137)
 k   k  b
139

A derivada da Eq. (137) com relação a r pode ser obtida com o auxílio da Eq.
(A38) e com n = 0, ou seja:

dθ ab  ab  ab  ab 
= −C1 J1  r  − C2 Y1  r (138)
dr k  k  k  k 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (127) em conjunto com os


resultados da Tab. (A.1) obtém-se:

dθ ab  ab  ab  ab 
= −C1 J1  0  − C2 Y1  0  = 0  C2 = 0 (139)
dr r =0 k  k  k  k 
=0 −∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (128) e utilizando o resultado


da Eq. (139) obtém-se:

 ab  1 1
θ (r = R ) = C1 J 0  R  − = 0  C1 = (140)
 k  b  ab 
bJ 0  R 
 k 

Substituindo as Eqs. (139-140) na Eq. (137) e retornando a variável original


T (r ) obtém-se:

 ab 
J 0  r 
T (r ) = Ts +  k  −1 (141)
 ab  b
bJ 0  R 
 k 

A taxa de calor pode ser calculada utilizando a lei de Fourier em conjunto com
as Eqs. (138-140), ou seja:
140

 ab 
J1  r
dθ ak  k 
= −k (2πrL ) = (2πrL )
dT
qr = −kAr (142)
dr dr b  ab 
J 0  R 
 k 

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE9.mw. Um terceiro
caso é uma esfera maciça de raio R conforme a Fig. (10), feita de um material cuja
condutividade térmica é constante, mas possuindo taxa de geração de energia
dependente da temperatura de acordo com a seguinte expressão:

qɺ = a[1 + b(T − Ts )] (143)

R Ts

Figura 10 – Esfera maciça com geração de energia térmica dependente da temperatura.

onde a e b são constantes. De acordo com a Fig. (10), a superfície externa da esfera é
mantida à temperatura conhecida Ts . Considera-se também que a esfera está em regime

permanente, está estacionária e que a condução térmica é unidimensional em r. Assim, a


equação de condução e as condições de contorno para esse problema são escritas como:

1 d  2 dT  qɺ (T )
r + =0 (144)
r 2 dr  dr  k

dT
=0 (145)
dr r =0
141

T (r = R ) = Ts (146)

As Eqs. (144-146) podem ser reescritas de maneira mais simplificada através da


introdução da variável θ (r ) = T ( r ) − Ts de tal forma que dT dr = dθ dr e

d 2T dr 2 = d 2θ dr 2 . Substituindo esses resultados juntamente com a Eq. (143) nas Eqs.


(144-146), fazendo a derivada do produto na Eq. (144) e rearranjando obtém-se:

d 2θ 2 dθ ab a
2
+ + θ =− (147)
dr r dr k k

=0 (148)
dr r =0

θ (r = R ) = 0 (149)

A Eq. (147) é uma equação diferencial ordinária de 2a ordem, linear, com


coeficientes não-constantes e não-homogênea, cuja solução é composta pela solução
homogênea e pela solução particular, conforme mostrado no Apêndice, ou seja:

θ (r ) = θ H (r ) + θ P (r ) (150)

A solução homogênea é obtida a partir da equação geral de Bessel, Eq. (15) do


Apêndice, ou seja, deve-se inicialmente multiplicar a Eq. (147) na forma homogênea
por r 2 e comparar a expressão resultante com a Eq. (15), convenientemente alterada
para as variáveis dependente r e θ , ou seja:

d 2θ dθ ab
r2 2
+ 2r + r2 θ = 0 (151)
dr dr k

r2
d 2θ
dr 2
[
+ (1 − 2 A )r − 2 Br 2]dθ
dr
[ ]
+ C 2 D 2 r 2 C + B 2 r 2 − B (1 − 2 A )r + A2 − C 2 n 2 θ = 0 (152)

Comparando os coeficientes das Eqs. (151-152) obtém-se:


142

(1 − 2 A)r − 2 Br 2 = 2r (153)

C 2 D 2 r 2C + B 2 r 2 − B (1 − 2 A)r + A2 − C 2 n 2 = r 2
ab
(154)
k

Das Eqs. (153-154) obtém-se:

1 − 2 A = 2  A = −1 2

− 2B = 0  B = 0

C =1

2 2 ab ab
C D2 + B = D=
=1 =0 k k

2 2
A − C n2 = 0  n = 1 2
= −1 2 =1

o que se encaixa no CASO 2 do item A.3.2. Dessa forma, a solução homogênea tem a
seguinte forma:

  ab   ab 
θ H (r ) = r −1 2 C1 J1 2  r  + C2 J −1 2  r  (155)
  k   k 

Já a solução particular da Eq. (147) é fortemente dependente do tipo de função


mostrada no lado direito dessa equação diferencial, que nesse caso é uma constante.
Conforme o Apêndice, pelo método dos coeficientes indeterminados, caso o lado direito
da equação diferencial seja uma constante, espera-se que a solução particular dessa
equação diferencial também seja uma constante, ou seja:
143

θ P (r ) = C3 (156)

Como a Eq. (156) é solução, ela deve satisfazer a Eq. (147), ou seja:

d 2θ P 2 dθ P ab a ab a 1
2
+ + θ P = −  C3 = −  C3 = − (157)
dr r dr k k k k b

Agrupando as Eqs. (155-156) tem-se então a solução geral da Eq. (147), ou seja:

  ab   ab  1
θ (r ) = r −1 2 C1 J1 2  r  + C2 J −1 2  r  − (158)
  k   k  b

 ab   ab 
As funções J1 2  r  e J −1 2  r  podem ser reescritas utilizando as Eqs.
 k   k 
(25-26) do Apêndice, ou seja:

 ab  2  ab 
J1 2  r  = sin  r (159)
 k  ab  k 
π r
k

 ab  2  ab 
J −1 2  r  = cos r  (160)
 k  ab  k 
π r
k

Substituindo as Eqs. (159-160) na Eq. (158) obtém-se:

 
 2  ab  2  ab  1
θ (r ) = r −1 2 C1 sin  r  + C2 cos r  − (161)
 ab  k  ab  k  b
 π r π r 
 k k 

Rearranjando a Eq. (161) obtém-se:


144

 ab   ab 
sin  r  cos r 
2  k  +C 2  k −1
θ (r ) = C1 2 (162)
ab r ab r b
π π
k k

A derivada da Eq. (162) com relação a r pode ser obtida na seguinte forma:

 ab  ab   ab  
 cos r  sin  r  
dθ 2  k  k −  k 
= C1
dr ab  r r 2 
π  
k  

 ab  ab   ab  
 sin r  cos r  
2  k  k −  k   (163)
+ C2 −
ab  r r2 
π  
k  

A aplicação direta da condição de contorno dada pela Eq. (148) não é possível
devido ao surgimento de uma indeterminação do tipo 0 0. Para contornar esse
problema aplica-se a regra de L’Hospital duas vezes na Eq. (163), fornecendo:

dθ 2  ab  ab  ab  ab 
= C1 − sin  r  + sin  r 
dr ab  k  k  2 k  k 
π
k

2  ab  ab  ab  ab 
+ C2 − cos r  + cos r  (164)
ab  k  k  2 k  k 
π
k

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (148) obtém-se:

dθ 2  ab  ab  ab  ab 
= C1 − sin  0  + sin  0 
dr ab  k  k  2 k  k 
r =0
π
k
145

2  ab  ab  ab  ab 
+ C2 − cos 0  + cos 0  = 0  C2 = 0 (165)
ab  k  k  2 k  k 
π
k

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e utilizando o resultado


da Eq. (165) obtém-se:

 ab 
sin  R 
2  k  − 1 =0C = 1
θ (r = R ) = C1 1 (166)
ab R b  ab 
π sin  R 
k 2  k 
b
ab R
π
k

Substituindo as Eqs. (165-166) na Eq. (162) e retornando a variável original


T (r ) obtém-se:

 ab 
sin r
 k  1
T (r ) = Ts +
R
− (167)
b  ab  b
r sin R 
 k 

A taxa de calor pode ser calculada utilizando a lei de Fourier em conjunto com
as Eqs. (164-166), ou seja:

 ab 
sin  r 
θ
qr = −kAr
dT
dr
(
= −k 4πr 2
d
dr
)
= 2πr 2 aR 
k
 ab 
 (168)
sin  R 
 k 

O modelo anterior foi implementado no MAPLE juntamente com um exemplo


numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE10.mw.
146

4-RESFRIAMENTO CONVECTIVO-RADIATIVO DE SÓLIDOS

Considere condução unidimensional em regime permanente em uma parede de


espessura 2L, em um cilindro de raio r0 e em uma esfera de raio r0 . Existe geração de

energia uniforme qɺ conforme mostrado na Fig. (11). A condutividade térmica k é


assumida constante. A superfície externa é resfriada tanto por convecção por um meio a
T∞ quanto por radiação por uma vizinhança a Tviz de tal maneira que T∞ = Tviz . Para as

três geometrias, a temperatura da superfície é definida como sendo Ts .

Ts Ts Ts
r0
q,
ɺk
x q,
ɺk

x = −L x = +L

(a) (b)

Figura 11 – Configurações para o estudo do resfriamento combinado convectivo-


radiativo (a) parede plana e (b) cilindro e esfera maciços.

A equação diferencial e as condições de contorno para a parede plana tem a


seguinte forma:

d 2T qɺ
+ =0 (169)
dx 2 k

dT
=0 (170)
dx x=0

T ( x = L ) = Ts (171)
147

A equação diferencial e as condições de contorno para o cilindro maciço tem a


seguinte forma:

d 2T 1 dT qɺ
+ + =0 (172)
dr 2 r dr k
dT
=0 (173)
dr r =0

T (r = r0 ) = Ts (174)

A equação diferencial e as condições de contorno para a esfera maciça tem a


seguinte forma:

d 2T 2 dT qɺ
+ + =0 (175)
dr 2 r dr k

dT
=0 (176)
dr r =0

T (r = r0 ) = Ts (177)

Um balanço de energia para a parede plana em x = L fornece que:

−k
dT
dx
[
= h[T ( x = L ) − T∞ ] + εσ T ( x = L ) − Tviz4
4
] (178)
x=L

Já um balanço de energia para o cilindro e para a esfera maciços em r = r0

fornece que:

−k
dT
dr
[
= h[T (r = r0 ) − T∞ ] + εσ T (r = r0 ) − Tviz4
4
] (179)
r = r0
148

Definindo as seguintes variáveis adimensionais para o problema da parede


plana:

x T qɺL2 εσTviz3 L hL
X= ,θ= , Q= , N1 = , N2 = (180)
L Tviz kTviz k k

Pode então reescrever as Eqs. (169-171) na seguinte forma:

d 2θ
+Q =0 (181)
dX 2


=0 (182)
dX X =0

θ ( X = 1) = θ s =
Ts
(183)
Tviz

Definindo as seguintes variáveis adimensionais para o problema do cilindro e


esfera maciços:

r T qɺr 2 εσTviz3 r0 hr
R= ,θ= , Q = 0 , N1 = , N2 = 0 (184)
r0 Tviz kTviz k k

Pode então reescrever as Eqs. (172-177) na seguinte forma:

d 2θ 1 dθ
+ +Q =0 (185)
dR 2 R dR


=0 (186)
dR R=0

θ (R = 1) = θ s =
Ts
(187)
Tviz
149

d 2θ 2 dθ
+ +Q =0 (188)
dR 2 R dR


=0 (189)
dR R=0

θ (R = 1) = θ s =
Ts
(190)
Tviz

Já os balanços de energia nas superfícies da parede plana, cilindro e esfera


maciços, Eqs. (178-179) podem ser reescritos utilizando as variáveis adimensionais na
seguinte forma:



dX
(
= N 2 (θ − 1) + N1 θ 4 − 1 ) (191)



dR
( )
= N 2 (θ − 1) + N1 θ 4 − 1 (192)
150

5-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Radiação é utilizada para aquecer uma placa de espessura L e condutividade térmica


k. A radiação tem o efeito de geração de energia volumétrica com taxa variável dada por
qɺ (x ) = qɺo e − bx onde qɺo e b são constantes e x é a distância medida ao longo da placa. A

superfície aquecida em x = 0 é mantida a uma temperatura uniforme To enquanto a

superfície exposta está isolada. Determine a temperatura da superfície isolada.

2) Um lado de uma placa é aquecido com um fluxo de calor uniforme qo" enquanto o

outro lado troca calor por convecção e radiação. A emissividade da superfície é ε , o


coeficiente de transferência de calor é h, a temperatura ambiente é T∞ , a temperatura da

vizinhança é Tviz , a espessura da placa é L e a condutividade térmica da placa é k.

Assumindo condução unidimensional em regime permanente e utilizando um modelo


simplificado de radiação, determine:
a) A distribuição de temperaturas na placa.
b) A temperatura das duas superfícies para h = 27 W/m2.K, k = 15 W/m.K, L = 0,08 m,

qo" = 19.500 W/m2, Tviz = 18 oC, T∞ = 22 oC e ε = 0,95.


151

3) Uma casca cilíndrica de raio interno ri e raio externo ro é aquecida com um fluxo de

calor qi" na sua superfície interna. A superfície externa troca calor com o ambiente e

com as vizinhanças por convecção e radiação. O coeficiente de transferência de calor é


h, a temperatura ambiente é T∞ , a temperatura das vizinhanças é Tviz e a emissividade

da superfície é ε . Assuma condução unidimensional em regime permanente e utilizando


um modelo simplificado de radiação, determine:
a) A distribuição de temperaturas.
b) A temperatura em ri e ro para qi" = 35.500 W/m2, T∞ = 24 oC, Tviz = 14 oC,

k = 3,8 W/m.K, ri = 5,5 cm, ro = 12 cm, ε = 0,92 e h = 31,4 W/m2.K.

4) Radiação é utilizada para aquecer uma casca esférica de raio interno ri , raio externo

ro e condutividade térmica k. Devido as características de absorção térmica do material

da esfera a radiação resulta em uma geração de energia variável na forma


(
qɺ (r ) = qɺ o r 2 ro2 ) onde qɺ o é uma constante e r é a coordenada radial. A superfície

interna está isolada e a superfície externa está mantida a uma temperatura To .

Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente para condução


unidimensional radial.
152

5) No laminador a quente mostrado na figura o calor é transferido do arame quente para


o ambiente a T∞ com coeficiente de transferência de calor h. Em uma posição L a

temperatura do arame deve ser TL para fins de um tratamento químico. A temperatura

do arame na entrada do laminador é T0 .

a) Obter a equação diferencial do problema.


b) Calcular a velocidade angular dos rolos laminadores para o caso particular de
Pe = 100, quando a condução axial de calor pode ser desprezada. Pe = VD α é o

número de Peclet onde D = A P (área da seção transversal/perímetro da seção


transversal) é a dimensão característica do arame e V é sua velocidade linear.

ω R h, T∞

T0 TL
k , P, A
R
ω h, T∞
L

6) Desprezando os efeitos de curvatura, admita que o sistema de freio de um veículo


possa ser simulado por uma placa plana (tambor) movendo-se sobre uma placa
composta (sapata) com velocidade constante V. A pressão P de contato na interface é
constante e uniforme, o coeficiente de atrito seco é µ , a temperatura ambiente é T∞ e

os coeficientes de transferência de calor por convecção são h1 e h2 . As condutividades

térmicas e as espessuras das placas são k1 , k 2 e k3 e L1 , L2 e L3 .


a) Desenhar o circuito térmico para o sistema.
b) Calcular o calor transferido para o tambor e a sapata.
c) Calcular a temperatura máxima do sistema.
153

µ, P

k1 k2 k3
h1 , T∞ h2 , T∞

L1 L2 L3
154

CAPÍTULO 4

ALETAS

1-OBJETIVO DAS ALETAS

O termo superfície estendida é comumente utilizado para descrever um caso


especial importante envolvendo a transferência de calor por condução no interior de um
sólido e a transferência de calor por convecção (e/ou radiação) nas fronteiras do sólido.
Até agora, consideramos transferência de calor nas fronteiras de um sólido na mesma
direção da transferência de calor por condução em seu interior. De forma distinta, em
uma superfície estendida, a direção da transferência de calor nas fronteiras é
perpendicular à direção principal da transferência de calor no interior do sólido.
Seja um suporte que une duas paredes a diferentes temperaturas, sobre o qual há
um escoamento cruzado de um fluido, conforme Fig. (1). Com T1 > T2 , gradientes de
temperatura na direção x mantém a transferência de calor por condução no suporte.
Contudo, se T1 > T2 > T∞ , há ao mesmo tempo transferência de calor por convecção para
o fluido, causando a diminuição, com o aumento de x, do gradiente de temperaturas
dT dx .

Figura 1 – Condução e convecção combinadas em um elemento estrutural (Fonte:


Bergman et al. 2014).
155

Embora existam muitas situações diferentes que envolvam tais efeitos


combinados de condução/convecção, a aplicação mais frequente é aquela na qual uma
superfície estendida é usada especificamente para aumentar a taxa de transferência de
calor entre um sólido e um fluido adjacente. Tal superfície estendida é chamada de
aleta. Considere a parede plana da Fig. (2a). Se Ts é fixa, há duas formas nas quais a

taxa de transferência de calor pode ser aumentada. O coeficiente convectivo h poderia


ser aumentado através do aumento da velocidade do fluido e/ou a temperatura do fluido
T∞ poderia ser reduzida. No entanto, há muitas situações nas quais o aumento de h até o
valor máximo possível é insuficiente para obter a taxa de transferência de calor desejada
ou os custos associados são proibitivos. Tais custos estão relacionados à exigência de
potência nos sopradores e nas bombas necessária para elevar o h através do aumento da
movimentação do fluido. Além disso, a segunda opção de redução de T∞ é
frequentemente impraticável.

Figura 2 – Uso de aletas para melhorar a transferência de calor em uma parede plana.
(a) Superfície sem aletas. (b) Superfície aletada (Fonte: Bergman et al. 2014).

Contudo, examinando a Fig. (2b), verificamos que há uma terceira opção, ou


seja, a taxa de transferência de calor pode ser elevada pelo aumento da área superficial
através da qual ocorre a convecção. Isso pode ser efetuado pelo emprego de aletas que
se estendem da parede para o interior do fluido adjacente. A condutividade térmica do
material da aleta tem grande efeito na distribuição de temperaturas ao longo da aleta e,
consequentemente, influencia o nível de melhora da taxa de transferência de calor.
156

Idealmente, o material da aleta deveria ter uma condutividade térmica elevada


para minimizar variações de temperatura desde a sua base até a sua extremidade. No
limite de condutividade térmica infinita, toda a aleta estaria à mesma temperatura da
superfície de sua base, fornecendo assim o máximo possível de melhora da transferência
de calor.

2-HISTÓRICO

Três quartos de séculos atrás, um artigo de Harper e Brown (1922) foi enviado
para análise da NACA (National Advisory Committee for Aeronautics). Era um
trabalho matematicamente elegante e parece ser o primeiro esforço significante para
fornecer uma base matemática para o problema combinado condução-convecção sobre
uma única superfície estendida. Harper e Brown chamaram essa superfície estendida de
aleta de resfriamento, o que mais tarde seria chamada simplesmente de aleta. É bastante
provável que Harper e Brown tenham sido os pioneiros nesse assunto embora Jakob
(1949) mencione que publicações relacionadas à análise matemática de superfícies
estendidas podem ser encontradas desde 1789. Jakob também cita que Fourier (1822) e
Despretz (1822, 1828 a,b) publicaram análises matemáticas relacionadas a variação de
temperaturas ao longo de barras e eixos de metal. Embora esses trabalhos mais antigos
possam ter significância na época em que foram publicados, o histórico sugere que a
trabalho de Harper e Brown pode ser considerado como o precursor do que se tornou
uma literatura crescente sobre um tópico de grande importância na área de transferência
de calor.
O trabalho de Harper e Brown enviado a NACA foi desenvolvido a partir de
uma solicitação da Divisão de Engenharia do Exército dos Estados Unidos juntamente
com o Escritório de Padronizações dos Estados Unidos do estudo das características de
dissipação de calor de motores de aeronaves refrigerados a ar. O trabalho considerou
aletas longitudinais de perfil retangular e perfil trapezoidal e aletas radiais de perfil
retangular. Foram também introduzidos os conceitos de eficiência da aleta, embora a
expressão empregada por Harper e Brown tenha sido chamada de efetividade da aleta. A
partir desse começo modesto, mas brilhante, a análise e avaliação do desempenho de
aletas individuais bem como de conjuntos de aletas tornou-se uma arte.
157

Harper e Brown (1922) desenvolveram soluções analíticas bidimensionais tanto


para aletas longitudinais retangulares e trapezoidais como para aletas radiais com
espessura uniforme. Essas soluções forneceram expressões para a eficiência da aleta
(chamada de efetividade) e fatores de correção para ajustar a eficiência de aletas
longitudinais de perfil retangular. Os autores concluíram que a utilização de modelos
unidimensionais eram suficientes e propuseram que a perda de calor pela extremidade
da aleta fosse levada em consideração através de um comprimento corrigido, que
virtualmente aumentaria o comprimento da aleta de um valor igual à metade da
espessura da aleta.
Schmidt (1926) analisou os três perfis considerados por Harper e Brown do
ponto de vista de economia de material. O autor afirmou que menos material é
requerido para uma dada condição se o gradiente de temperaturas na aleta (da base para
a extremidade) é linear, mostrando também que a espessura de cada tipo de aleta deve
ser variável para produzir esse resultado. Os resultados obtidos, em geral, eram
impraticáveis para manufatura. Dessa forma, o autor finalizou seu trabalho sugerindo
expressões para as dimensões ótimas de aletas longitudinais e radiais com espessura
constante (perfil retangular) e para aletas longitudinais de perfil trapezoidal. O autor
também considerou uma aleta longitudinal de perfil triangular como um caso particular
de uma aleta longitudinal de perfil trapezoidal com espessura de extremidade nula.
Aletas piniformes de diferentes perfis foram analisadas por Bueche e Schau
(1936). Os autores analisaram a dissipação de calor em aletas cônicas em função do
número de Biot baseando-se no raio da base a na relação de aspecto comprimento da
aleta/raio da base. Foi também mostrada uma otimização relacionada ao peso das aletas.
Murray (1938) analisou o problema de uma aleta radial de espessura uniforme
(uma aleta radial de perfil retangular) apresentando equações para o gradiente de
temperaturas e efetividade sob condições de distribuição de temperaturas simétrica em
torno da base da aleta. O autor também propôs que a análise de superfícies estendidas
pode ser baseada em um conjunto de considerações que ficaram conhecidas desde 1945
como hipóteses de Murray-Gardner. Historicamente essas considerações foram de
grande importância no desenvolvimento e análise das superfícies estendidas pois
forneceram um caminho de análise a ser seguido, sugerindo uma série de simplificações
e alternativas de modelagem matemática.
158

Um procedimento para o cálculo do gradiente de temperaturas e eficiência de


aletas com espessura variável foi apresentado por Hausen (1940). O gradiente de
temperaturas em aletas piniformes cilíndricas e cônicas foi determinado por Focke
(1942) que, assim como Shmidt (1926), mostrou que a espessura das aletas piniformes
deve ser variável para um mínimo de material. Avrami e Little (1942) desenvolveram
equações para o gradiente de temperaturas em aletas espessas e mostraram sob quais
condições as aletas podem ser consideradas como isoladas em sua extremidade. Carrier
e Anderson (1944) analisaram aletas retangulares e aletas radiais com espessura
constante, apresentando expressões para a eficiência na forma de séries infinitas.
Gardner (1945) deu um grande salto no desenvolvimento do conhecimento sobre
aletas, fornecendo expressões gerais para a distribuição de temperaturas e eficiência
para qualquer forma de superfície estendida na qual as considerações de Murray-
Gardner fossem aplicáveis e cuja espessura variasse na forma de potência com relação à
distância medida ao longo de um eixo normal a base da superfície primária
(comprimento da aleta). O autor propôs funções de perfil para geometrias longitudinais,
radiais e piniformes e a partir das funções de perfil e de uma equação diferencial
generalizada, Gardner forneceu diversas soluções analíticas para a distribuição de
temperaturas e eficiência, além de gráficos de eficiência. O autor também mencionou
que os conceitos de eficiência da aleta e efetividade da aleta não estavam sendo
utilizados de maneira consistente na literatura, redefinindo ambos os termos e
fornecendo uma relação matemática para permitir a conversão entre esses conceitos.
Considera-se que o trabalho de Gardner é notável por diversas razões. Primeiro e
provavelmente mais importante é o fato de que o autor reenfatizou o conceito de
eficiência da aleta, gerando ansiedade em centenas de projetistas de equipamentos até
aquele momento. Além disso, parece que Gardner foi um dos primeiros a demonstrar a
utilização de matemática aplicada como base para conceitos que engenheiros pudessem
utilizar. Deve ser observado que em 1945, ano do trabalho de Gardner, a tecnologia das
superfícies estendidas foi praticamente consolidada. O que se iniciou com Harper e
Brown e que se concluiu com o trabalho de Gardner estabeleceu equações de projeto
úteis e praticamente definitivas para a análise de aletas. Atualmente, a principal
referência bibliográfica sobre aletas é o livro chamado “Extended Surface Heat
Transfer”, dos autores Allan D. Kraus, Abdul Aziz e James Welty, da editora John
Wiley e Sons, lançado no ano de 2001.
159

3-TIPOS DE ALETAS

Um número crescente de áreas de engenharia estão relacionadas com transições


de energia necessitando de rápido deslocamento do calor. Existe uma demanda em
expansão por componentes de transferência de calor de alto desempenho com
progressivamente menores pesos, volumes, custos e melhores formas de instalação.
Transferência de calor em superfícies estendidas é o estudo desses componentes de
transferência de calor de alto desempenho com relação ao peso, volume, custos e
instalação em uma variedade de ambientes térmicos. Componentes comuns são
encontrados em diversas aplicações tais como veículos terrestres, aéreos e espaciais e
suas fontes de potência, em processos químicos, de refrigeração e criogênicos, em
equipamentos elétricos e eletrônicos, em fornos convencionais e turbinas a gás, em
dissipadores de calor e dutos para aproveitamento de rejeitos térmicos, em módulos de
combustíveis nucleares, dentro outros.
No projeto e construção dos vários tipos de equipamentos de transferência de
calor, formas simples tais como cilindros, barras e placas são utilizadas para
implementar o fluxo de calor entre a fonte e o sumidouro. Essas formas fornecem
superfícies de absorção ou de rejeição de calor e cada uma delas é conhecida como
superfície primária. Quando uma superfície primária é estendida por apêndices
intimamente conectados a ela, tais como fitas metálicas ou pinos em dutos conforme a
Fig. (3), a superfície adicional é conhecida como superfície estendida. Em algumas
áreas de engenharia, superfícies primárias e suas superfícies estendidas são conhecidas
coletivamente como superfícies estendidas para diferenciá-las das superfícies primárias
utilizadas isoladamente. Os elementos utilizados para estender as superfícies primárias
são conhecidos como aletas. Quando as aletas são cônicas ou cilíndricas, elas podem ser
chamadas de piniformes. Na Fig. (3) pode-se utilizar a seguinte nomenclatura:
- Fig. (3a): aleta longitudinal de perfil retangular;
- Fig. (3b): duto cilíndrico equipado com aletas de perfil retangular;
- Fig. (3c): aleta longitudinal de perfil trapezoidal;
- Fig. (3d): aleta longitudinal de perfil parabólico;
- Fig. (3e): duto cilíndrico equipado com aleta radial de perfil retangular;
- Fig. (3f): duto cilíndrico equipado com aleta radial de perfil trapezoidal;
- Fig. (3g): aleta piniforme cilíndrica;
160

- Fig. (3h): aleta piniforme cônica truncada;


- Fig. (3i): aleta piniforme parabólica truncada.

Figura 3 – Alguns exemplos comuns de superfícies estendidas (Fonte: Kraus et al.,


2001).

Qualquer que seja a aplicação, a seleção de um determinado tipo de


configuração de aletas depende do espaço disponível, peso do conjunto aletado,
viabilidade de manufatura e custos de fabricação. Deve ser verificada também a
extensão na qual as aletas reduzem o coeficiente convectivo e o aumento da queda de
pressão associado ao escoamento sobre a aleta ou ao conjunto de aletas. Nas Figs. (4) e
(5) podem ser vistas aplicações comuns de conjuntos de aletas:

(a) Resfriamento de processadores (b) Dissipadores de calor


Figura 4 – Aplicações de conjuntos de aletas.
161

(a) Dutos aletados (b) Cabeçote de automóveis


Figura 5 – Aplicações de conjuntos de aletas.

4-EFICIÊNCIA DE UMA ALETA

Uma medida do desempenho térmico de uma aleta é determinada pela eficiência


da aleta. O potencial máximo para convecção é a diferença de temperaturas entre a base
da aleta e o fluido, θb = Tb − T∞ (excesso de temperaturas). Consequentemente, a taxa

máxima na qual uma aleta poderia dissipar energia é a taxa que existiria se toda a
superfície da aleta estivesse na temperatura da base. Entretanto, como qualquer aleta é
caracterizada por uma resistência de condução finita, existe um gradiente de
temperaturas finito ao longo da aleta e a condição anterior é uma idealização. Uma
definição lógica para a definição de eficiência da aleta η é então escrita como:

qb qb qb
η= = = (1)
qmáximo, aleta hAsuperfície, aleta (Tb − T∞ ) hAsuperfície, aletaθ b

onde qb é a taxa real de transferência de calor da aleta e Asuperfície,aleta é a área superficial

total da aleta.

5-HIPÓTESES DE ANÁLISE
162

Uma análise matemática pode ser realizada para superfícies estendidas


compreendendo vários tipos de superfícies primárias e diversos tipos de aletas. Muitos
dos resultados para a taxa de calor, distribuição de temperaturas, eficiências e
otimizações podem ser obtidos a partir da análise das três geometrias fundamentais
mostradas na Fig. (3): aletas longitudinais, aletas radiais e aletas piniformes. Aletas de
diferentes geometrias e condutividades térmicas respondem diferentemente a fontes de
calor e sumidouros idênticos. Similarmente, existem diversas maneiras nas quais as
temperaturas e os coeficientes de transferência de calor das fontes e sumidouro podem
variar. É de grande importância na análise de geometrias aletadas as condições de
contorno e considerações de análise que são empregadas para definir e limitar o
problema e usualmente simplificar a solução. A análise das três geometrias
fundamentais analisadas nesse capítulo emprega as considerações propostas por Murray
(1938) e Gardner (1945). Essas considerações limitantes quase sempre são referidas
como considerações de Murray-Gardner, que são:
1. A taxa de calor na aleta e sua distribuição de temperaturas são constantes no
tempo, ou seja, admite-se regime permanente de operação;
2. O material da aleta é homogêneo, sua condutividade térmica é a mesma em
todas as direções e é uma constante;
3. O coeficiente de transferência de calor nas faces da aleta é constante e
uniforme sobre toda a superfície da aleta;
4. A temperatura do meio circundante é uniforme;
5. A espessura da aleta é pequena quando comparada com seu comprimento e
profundidade de tal maneira que os gradientes de temperaturas através da
espessura da aleta e a transferência de calor a partir das bordas da aleta
podem ser desprezados;
6. A temperatura na base da aleta é uniforme;
7. Não há resistência de contato entre a base da aleta e a superfície primária;
8. Não existe geração de energia volumétrica no interior da aleta;
9. O calor transferido através da extremidade da aleta é desprezível quando
comparado com o calor transferido através de sua superfície lateral;
10. A transferência de calor da aleta ou para a aleta é proporcional ao excesso de
temperaturas entre a aleta e o meio circundante.
163

6-ALETAS LONGITUDINAIS

6.1-EQUAÇÃO DIFERENCIAL GENERALIZADA

Gardner (1945) propôs uma equação diferencial generalizada para a análise de


aletas longitudinais. Para isso considere uma aleta longitudinal de perfil arbitrário
conforme mostrado na Fig. (6a) e assuma que a aleta está dissipando calor para o meio
circundante somente por convecção. Note que o eixo x está relacionado ao comprimento
da aleta, tendo sua origem na extremidade da aleta com orientação positiva da
extremidade para a base da aleta. O perfil da aleta mostrado na Fig. (6b) está confinado
por duas curvas que são quase sempre simétricas, y = f 2 ( x ) e y = − f 2 ( x), de tal
maneira que a espessura da aleta é δ ( x ) = 2 f 2 ( x ). A seção transversal da aleta conforme
Fig. (6c) é A( x ) = f1 ( x ) = 2 Lf 2 ( x ), onde L é a profundidade da aleta. Os limites da aleta
são delimitados pelas curvas de perfil da aleta, ± f 2 ( x). A base da aleta é mostrada na
área hachurada da Fig. (6c).

Figura 6 – Aleta longitudinal de perfil arbitrário: (a) sistema de coordenadas, (b) área de
perfil da aleta, e (c) área da seção transversal da aleta (Fonte: Kraus et al., 2001).
164

Características na base da aleta, localizada em x = b, são designadas pela


subscrito b. Por exemplo, θb , qb e Tb representam o excesso de temperaturas, taxa de
transferência de calor e temperatura da base da aleta, respectivamente. Características
na extremidade da aleta, localizada em x = a, são designadas pelo subscrito a
(θ a , qa e Ta ). Em geral, a extremidade da aleta está localizada em x = a, mas para as

aletas longitudinais e aletas piniformes discutidas nesse capítulo, a extremidade e a


origem da coordenada de comprimento está especificamente localizada em x = a = 0.
Na análise de superfícies estendidas é comum trabalhar com a variável excesso
de temperaturas θ (x ), uma função da coordenada de comprimento x definida como a
diferença de temperaturas ou excesso entre um ponto na superfície da aleta e o
ambiente, ou seja:

θ ( x ) = T ( x ) − T∞ (2)

A equação diferencial para a distribuição de temperaturas na aleta longitudinal é


formulada através de um balanço de energia em um volume de controle diferencial de
comprimento dx conforme mostrado na Fig. (6a). Esse elemento diferencial está
limitado por plano paralelos a base da aleta em x e x + dx e pelas curvas de perfil,
y ± f 2 ( x). Se a temperatura da superfície da aleta é T (x), de tal maneira que em dx a
temperatura é T e a condutividade térmica da aleta é k, a diferença entre as taxas de
condução entrando na aleta em x + dx e saindo da aleta em x é escrita como:

 dT   dT 
qcondução = q x + dx − q x = kA( x )  − kA( x )  (3)
 dx  x + dx  dx  x

A taxa de condução saindo da aleta em x pode ser calculada em termos da taxa


de condução entrando na aleta em x + dx utilizando série de Taylor, ou seja:

 dT   dT  d  dT 
kA( x ) dx  =  kA( x ) dx  −  kA( x )  dx
dx  dx  x + dx
(4)
x x + dx

Substituindo a Eq. (4) na Eq. (3) e rearranjando obtém-se:


165

 dT   dT  d  dT  d  dT 
qcondução = kA( x )  − kA( x )  +  kA(x )  dx = k  f1 ( x ) dx (5)
 dx  x + dx  dx  x + dx dx  dx  x + dx dx  dx 

Com a consideração de regime permanente, a diferença entre as taxas de


condução entrando e saindo do elemento dx, conforme resultado da Eq. (5), deve ser
equalizada por algum modo de dissipação de calor a partir da superfície lateral exposta
da aleta. Se o calor é dissipado por convecção para o meio circundante e h é o
coeficiente de transferência de calor, da lei do resfriamento de Newton obtém-se:

dqconvecção = hdAsuperfície,aleta ( x)(T − T∞ ) (6)

Uma expressão para a área superficial de transferência de calor por convecção


pode ser escrita como:

dAsuperfície,aleta ( x) = 2Ldx + 4 f 2 ( x)dx = 2[L + 2 f 2 ( x)]dx ≈ 2 Ldx (7)

onde L + 2 f 2 ( x) ≈ L pela hipótese 5 de Murray-Gardner. Substituindo a Eq. (7) na Eq.


(6), igualando o resultado com a Eq. (5) e utilizando a definição da Eq. (2) obtém-se:

d  dθ 
k  f1 ( x)  dx = h(2 Ldx)θ (8)
dx  dx 

Fazendo a derivada do produto na Eq. (8) e rearranjando obtém-se

d 2θ df1 ( x) dθ 2hL
f1 ( x) 2 + − θ =0 (9)
dx dx dx k

Com f1 ( x ) = 2 Lf 2 ( x ) a Eq. (9) pode ser reescrita como:

d 2θ df 2 ( x) dθ h
f 2 ( x) + − θ =0 (10)
dx 2 dx dx k
166

A Eq. (10) é a equação diferencial generalizada para aletas longitudinais.


Conforme Gardner (1945), a função de perfil f 2 ( x ) para aletas longitudinais
usualmente tem a seguinte forma:

(1− 2 n ) (1− n )
δb  x 
f 2 ( x) =   (11)
2 b

onde δ b é a espesura da aleta na base e n é um número real que define o perfil da aleta
longitudinal. A Eq. (10) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com
coeficientes constantes ou variáveis, linear e homogênea. Para sua solução geral são
necessárias duas condições de contorno, ou seja:

dT dθ
=0 =0 ou θ ( x = 0) = finito (12)
dx x =0 dx x =0

T ( x = b) = Tb  θ ( x = b) = Tb − T∞ = θb (13)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da


solução da Eq. (10) para um perfil especificado juntamente com as Eqs. (12-13) e
posterior aplicação da lei de Fourier na base da aleta, ou seja:

dT dθ
qb = kAbase,aleta = kAbase,aleta (14)
dx x =b dx x =b

A eficiência da aleta pode então ser calculada pela Eq. (1) juntamente com o
resultado da Eq. (14).

6.2-ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL RETANGULAR

Para a aleta longitudinal de perfil retangular mostrada na Fig. (7), a equação do


perfil é obtida substituindo n = 1 2 na Eq. (11), ou seja:
167

 1
 1− 2 
 2
δb  x   1 δb
f 2 ( x) =    1
 2
− 
= (15)
2 b 2

de tal forma que df 2 ( x ) dx = 0. Substituindo esses resultados na Eq. (10), multiplicando


por (2 δ b ) e rearranjando obtém-se:

d 2θ 2h
− θ =0 (16)
dx2 kδ b

Figura 7 – Aleta longitudinal de perfil retangular (Fonte: Kraus et al., 2001).

A Eq. (16) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes constantes, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
técnica da equação característica. A Eq. (16) pode ser simplificada definindo o chamado
parâmetro de desempenho da aleta, escrito da seguinte forma:

12
 2h 
m =   (17)
 kδ b 

A equação característica é escrita como t 2 − m2 = 0 de forma que t = ±m. Para


duas raízes reais e distintas, a solução da Eq. (16) tem a seguinte forma:
168

θ ( x) = C1e mx + C2e − mx (18)

A derivada da Eq. (18) com relação a x tem a seguinte forma:


= mC1e mx − mC 2 e − mx (19)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (12) obtém-se:


= mC1e m 0 − mC 2e − m 0 = 0  C1 = C2 (20)
dx x =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (13) e utilizando o resultado da


Eq. (20) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = C1e mb + C1e − mb = θ b  C1 = (21)
e mb
+ e − mb

Substituindo os resultados das Eqs. (20-21) na Eq. (18) obtém-se:

e mx + e − mx
θ ( x) = θb (22)
e mb + e −mb

Sabendo que e mx + e − mx = 2 cosh(mx) e e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) pode-se


reescrever a Eq (22) na seguinte forma:

cosh(mx)
θ ( x) = θ b (23)
cosh(mb)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(14), ou seja:
169

dθ e mb − e − mb
qb = kAbase,aleta = k (δ b L)mC1 (e mb − e−mb ) = k (δ b L)mθ b (24)
dx x=b e mb + e−mb

Sabendo que e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) e e mb − e − mb = 2 sinh( mb ) pode-se


reescrever a Eq. (24) na seguinte forma:

qb = k (δ b L)mθ b tanh( mb) (25)

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) = hθb  2Ldx = h(2Lb)θb (26)
0 0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(25-26), ou seja:

qb k (δ b L)mθ b tanh(mb) kδ b m tanh(mb) tanh(mb)


η= = = = (27)
qmáximo,aleta h(2 Lb)θ b 2h b mb
m2

EXEMPLO 1: Uma aleta longitudinal de perfil retangular está exposta a um meio com
temperatura de 50 oC e um coeficiente de transferência de calor de 50,2 W/(m2.K). A
temperatura da base da aleta é 90 oC e a aleta é feita de aço com k = 33,5 W/(m.K). A
aleta tem um comprimento de 101,6 mm e uma espessura 9,525 mm. Determine (a) a
eficiência da aleta, (b) a temperatura da extremidade da aleta e (c) a taxa de
transferência de calor da aleta se ela tem 250 mm de profundidade.

θb = Tb − T∞ = 90 − 50 = 40 oC
b = 101,6 1000 = 0,1016 m

δ b = 9,525 1000 = 9,525 × 10−3 m


L = 250 1000 = 0,250 m
170

12 12
 2h   2.50,2 
m =   = −3 
= 17,738 m-1
 kδ b   33,5.9,525 × 10 
tanh(mb) tanh(17,738.0,1016)
η= = = 0,526
mb 17,738.0,1016
cosh(m0) cosh(17,738.0)
θ a = θb = 40 = 12,8 oC
cosh(mb) cosh(17,738.0,1016)
Ta = θ a + T∞ = 12,8 + 50 = 62,8 oC

qb = k (δ b L)mθb tanh(mb) = 33,5.(9,525 × 10−3.0,250).17,738.40 tanh(17,738.0,1016) =


53,6 W
ou,
qmáximo,aleta = h(2 Lb)θb = 50,2.(2.0,250.0,1016).40 = 102,0 W

qb = ηqmáximo,aleta = 0,526.102,0 = 53,6 W

6.3-ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL TRIANGULAR

Para a aleta longitudinal de perfil triangular mostrada na Fig. (8), a equação do


perfil é obtida substituindo n = 0 na Eq. (11), ou seja:

(1−2.0 )
δ b  x  (1−0 ) δb x
f 2 ( x) =   = (28)
2 b 2b

de tal forma que df 2 ( x) dx = δ b 2b . Substituindo esses resultados na Eq. (10),

multiplicando por (2bx δ b ) e rearranjando obtém-se:

d 2θ dθ 2h
x2
+x −x bθ = 0 (29)
dx 2
dx kδ b

A Eq. (29) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. A Eq. (29) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na mesma forma da Eq. (17).
171

Comparando a Eq. (29) com a Eq. (15) do Apêndice, obtém-se os seguintes

coeficientes: A = 0, B = 0, C = 1 2, D = i 2m b , p = 2m b e n = 0. Esses resultados


indicam o CASO 3 do Apêndice, cuja solução geral é dada pela Eq. (A18), ou seja:

θ ( x) = C1I 0 (2m bx ) + C2 K 0 (2m bx ) (30)

Figura 8 - Aleta longitudinal de perfil triangular (Fonte: Kraus et al., 2001).

A temperatura na extremidade da aleta deve ser finita, ou seja, substituindo


x = 0 na Eq. (30), obtém-se:

θ ( x = 0) = C1 I 0 ( 2m b 0 ) + C 2 K 0 ( 2 m b 0 ) = finito  C 2 = 0 (31)
=1 =∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (13) e utilizando o resultado da


Eq. (31) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = C1I 0 (2m bb ) = θb  C1 = (32)
I 0 (2mb)

Substituindo os resultados das Eqs. (31-32) na Eq. (30) obtém-se:


172

I 0 (2m bx )
θ ( x) = θb (33)
I 0 (2mb)

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(14), ou seja:

dθ d  I 0 (2m bx )  k (δ b L)θ b d
qb = kAbase,aleta = k (δ b L) θ b  = [ I 0 (2m bx )]x=b (34)
dx x=b dx  I 0 (2mb)  x=b I 0 (2mb) dx

A derivada em com relação a x da Eq. (34) tem a seguinte forma:

d mbI1 (2m bx ) d
[ I 0 (2m bx )] =  [ I 0 (2m bx )]x=b = mI1 (2mb) (35)
dx bx dx

Substituindo a Eq. (35) na Eq. (34) e rearranjando obtém-se:

k (δ b L)θ b mI1 (2mb) kδ b 2hLθ b mI1 (2mb) 2hLθ b I1 (2mb)


qb = = = (36)
I 0 (2mb) 2h I 0 (2mb) m I 0 (2mb)
=m2

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) = hθb  2Ldx = h(2Lb)θb (37)
0 0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(36-37), ou seja:

2hLθ b I1 (2mb)
qb m I 0 (2mb) I1 (2mb)
η= = = (38)
qmáximo,aleta h(2 Lb)θ b (mb) I 0 (2mb)
173

6.4-ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL PARABÓLICO CÔNCAVO

Para a aleta longitudinal de perfil parabólico côncavo mostrada na Fig. (9), a


equação do perfil é obtida substituindo n = ∞ na Eq. (11), ou seja:

(1−2.∞ ) ∞
δ b  x  (1−∞ ) δb  x  ∞
f 2 ( x) =   =   (39)
2 b 2 b

Nota-se uma indeterminação do tipo ∞ ∞ na Eq. (39) que pode ser contornada

utilizando a regra de L’Hospital, ou seja, (1 − 2n ) (1 − n) = 2, fornecendo então:


' '

2
δb  x 
f 2 ( x) =   (40)
2 b

de tal forma que df 2 ( x) dx = δ b x b 2 . Substituindo esses resultados na Eq. (10),

( )
multiplicando por 2b2 δ b e rearranjando obtém-se:

d 2θ dθ 2h 2
x2 + 2x − bθ =0 (41)
dx 2
dx kδ b

Figura 9 – Aleta longitudinal de perfil parabólico côncavo (Fonte: Kraus et al., 2001).
174

A Eq. (41) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, conhecida por equação de Euler. A Eq. (41)
pode ser simplificada definindo o parâmetro de desempenho da aleta na mesma forma
da Eq. (17). A solução geral da equação de Euler é obtida fazendo a transformação
v = ln x de tal forma que as derivadas da Eq. (41) possam ser reescritas como:

dθ dθ dv dθ d
= = (ln x ) = 1 dθ (42)
dx dv dx dv dx x dv

d 2θ d  dθ  d  1 dθ  d  1  dθ 1 d  dθ  1 dθ 1 d (dθ dv )
2
=  =  =   +  =− 2 + (43)
dx dx  dx  dx  x dv  dx  x  dv x dx  dv  x dv x dx

O segundo termo do lado direito da Eq. (43) pode ser avaliado de maneira
similar à Eq. (42), ou seja:

d (dθ dv ) d (dθ dv ) dv d 2θ d 1 d 2θ
= = ( )
ln x = (44)
dx dv dx dv 2 dx x dv2

Substituindo a Eq. (44) na Eq. (43) obtém-se:

d 2θ 1 dθ 1 d 2θ
= − + (45)
dx 2 x 2 dv x 2 dv2

Substituindo as Eqs. (42) e (45) na Eq. (41) obtém-se:

 1 dθ 1 d 2θ   1 dθ 
x 2  − 2 + 2 2  + 2 x −m b θ =0
2 2
(46)
 x dv x dv   x dv 

Rearranjando a Eq. (46) obtém-se:

d 2θ dθ
2
+ − m2b2θ = 0 (47)
dv dv
175

Com a transformação v = ln x, a Eq. (41) foi transformada em uma equação


diferencial de segunda ordem com coeficientes constantes, cuja solução é obtida pela
equação característica. A equação característica tem a forma t 2 + t − m 2b 2 = 0, cuja
solução é obtida pela fórmula de Bhaskara, ou seja:

t=−
1 1
(
± 1 + 4 m 2b 2
2 2
)
12
(48)

Para duas raízes reais e distintas (t1 e t2 ), a solução geral da Eq. (47) tem a
seguinte forma:

θ (v) = C1et v + C2et v


1 2
(49)

Voltando a Eq. (49) à variável original x e sabendo que eln x = x obtém-se:

C2
θ ( x ) = C1e t 1 ln x
+ C 2 e t 2 ln x = C1 x t1 + C 2 x t 2 = C1 x t1 + (50)
x −t 2

A temperatura na extremidade da aleta deve ser finita, ou seja, substituindo


x = 0 na Eq. (50), obtém-se:

C2
θ ( x = 0) = C1 0t + 1
= finito  C2 = 0 (51)
0− t 2

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (13) e utilizando o resultado da


Eq. (51) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = C1b t = θ b  C1 =
1
(52)
b t1

Substituindo os resultados das Eqs. (51-52) na Eq. (50) obtém-se:


176

t1
x
θ ( x) = θ b   (53)
b

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(14), ou seja:

dθ d   x 1 kδ b Lθ b t1 −1 k (δ b L)θ b
t

qb = kAbase,aleta = k (δ b L) θ b    = t1
t1 x = t1 (54)
dx dx   b   b x =b b
x =b x =b

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) = hθb  2Ldx = h(2Lb)θb (55)
0 0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) e com os resultados das Eqs.
(54-55), ou seja:

k (δ b L)θ b
t1
kδ 1  1 1  [−1 + 1 + (2mb) ]
2
η=
qb
qmáximo,aleta
= b
h(2 Lb)θ b
= b 2  − + 1 + 4m 2b 2
2h b  2 2
( )12
 = 2h 2
(56)
2b
kδ b
=m2

Multiplicando e dividindo a Eq. (56) por − 1 − 1 + (2mb) 2 obtém-se:

[−1 + 1 + (2mb) 2 ] [−1 − 1 + (2mb) 2 ]


η= × (57)
2(mb) 2 [−1 − 1 + (2mb) 2 ]

Rearranjando a Eq. (57) obtém-se:

1 + 1 + (2mb) 2 − 1 + (2mb) 2 − ( 1 + (2mb) 2 ) 2 2


η= = (58)
2(mb) [−1 − 1 + (2mb) ]
2 2
1 + 1 + (2mb) 2
177

6.5-ALETA LONGITUDINAL DE PERFIL PARABÓLICO CONVEXO

Para a aleta longitudinal de perfil parabólico côncavo mostrada na Fig. (10), a


equação do perfil é obtida substituindo n = 1 3 na Eq. (11), ou seja:

 1
 1− 2. 
 3
δb  x   1 δb x
f 2 ( x) =    1− 
 3 = (59)
2 b 2 b

de tal forma que df 2 ( x) dx = δ b 4 bx . Substituindo esses resultados na Eq. (10),

( )
multiplicando por 2 b x 3 2 δ b e rearranjando obtém-se:

d 2θ x dθ 2h 3 2
x2
+ − x bθ = 0 (60)
dx 2 2 dx kδ b

A Eq. (60) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. A Eq. (60) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na mesma forma da Eq. (17).
Comparando a Eq. (60) com a Eq. (15) do Apêndice, obtém-se os seguintes
coeficientes: A = 1 4 , B = 0, C = 3 4 , D = i (4 3) mb1 4 , p = (4 3) mb1 4 e n = 1 3 .
Esses resultados indicam o CASO 4, cuja solução é dada pela Eq. (19) do Apêndice, ou
seja:

 4  4 
θ ( x) = x1 4 C1I1 3  mb1 4 x3 4  + C2 I −1 3  mb1 4 x3 4  (61)
 3  3 

Para essa aleta, por questão somente de exemplificação, será utilizada a condição
de contorno de derivada dada pela Eq. (12). A derivada da Eq. (61) com relação a x
pode ser determinada com o auxílio do MAPLE, fornecendo o seguinte resultado:
178

dθ  4  4 
= mb1 4 C1I − 2 3  mb1 4 x3 4  + C2 I 2 3  mb1 4 x3 4  (62)
dx  3  3 

Figura 10 – Aleta longitudinal de perfil parabólico convexo (Fonte: Kraus et al., 2001).

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (12) obtém-se:

 
dθ  4 14 34  4 1 4 3 4 
= mb C1 I −2 3  mb 0  + C2 I 2 3  mb 0  = 0  C1 = 0
14
(63)
dx x =0  3  3 
 =∞ =0 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (13) e substituindo o resultado


da Eq. (63) na Eq. (61) obtém-se:

4  θb
θ ( x = b) = b1 4C2 I −1 3  mb1 4b3 4  = θ b  C2 = (64)
3  14 4 
b I −1 3  mb 
3 

Substituindo as Eqs. (63-64) na Eq. (61) e rearranjando obtém-se:


179

4 
14 I −1 3  mb1 4 x 3 4 
x 3 
θ ( x) = θ b   (65)
b 4 
I −1 3  mb 
3 

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(14), ou seja:

  4 1 4 3 4 
 1 4 I −1 3  mb x  
dθ d x  3  =
qb = kAbase,aleta = k (δ b L)  θb  
dx   b  4 
I −1 3  mb  
dx x =b
 3   x=b

k (δ b L)θ b d  x  
14
4
  I −1 3  mb1 4 x 3 4  (66)
4  dx b 3
I −1 3  mb     x =b
3 

A derivada com relação a x do lado direito da Eq. (66) pode ser determinada
com o auxílio do MAPLE, fornecendo o seguinte resultado:

d  x  
14
4
  I −1 3  mb1 4 x 3 4  =
dx  b  3 

 4 
 14 I −1 3  mb1 4 x 3 4  
 x  4 14 34 1 3   mb1 4
  I 2 3  mb x  − 14 34
4  b  3  4 mb x 
I −1 3  mb1 4 x 3 4   
1 3 + 
34
(67)
4  x x1 4
  b
b

Substituindo x = b na Eq. (67) e simplificando obtém-se:

d  x  
14
4 4 
  I −1 3  mb1 4 x 3 4  = mI 2 3  mb  (68)
dx  b  3  x =b
3 

Substituindo a Eq. (68) na Eq. (66) obtém-se:


180

4 
I 2 3  mb 
qb = k (δ b L ) mθ b 3  (69)
4 
I −1 3  mb 
3 
A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),
ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) = hθb  2Ldx = h(2Lb)θb (70)
0 0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(69-70), ou seja:

4  4 
I 2 3  mb  I 2 3  mb 
k (δ b L)mθ b 3  m 3 
4  4  4 
I −1 3  mb  I −1 3  mb  I 2 3  mb 
η=
qb
= 3 = 3 = 1 3  (71)
qmáximo,ale ta h(2 Lb)θ b 2 h mb 4 
b I −1 3  mb 
kδ b 3 
m2

EXEMPLO 2: Aletas longitudinais de diferentes perfis estão expostas a um ambiente


o
com temperatura de 20 C com um coeficiente de transferência de calor
h = 40 W/(m2.K). Em todos os casos, a temperatura da base da aleta é 90 oC e as aletas
são feitas de aço com k = 30 W/(m.K). Todas as aletas têm um comprimento de 10 cm
com 0,80 cm de espessura na base. Compare as eficiências das aletas, a dissipação de
calor por unidade de profundidade e as temperaturas nas extremidades se os perfis são
(a) retangular, (b) triangular, (c) parabólico côncavo e (d) parabólico convexo.

Para todas as aletas:


θb = Tb − T∞ = 90 − 20 = 70 oC
b = 10 100 = 0,100 m

δ b = 0,80 100 = 0,008 m


L = 1m
181

12 12
 2h   2.40 
m =   =  = 18,257 m-1
 kδ b   30.0,008 
mb = 18,257.0,100 = 1,8257
(a) aleta longitudinal de perfil retangular:
tanh(mb) tanh(1,8257)
η= = = 0,520
mb 1,8257
qb = k (δ b L)mθ b tanh(mb) = 30.(0,008.1).18,257.70. tanh(1,8257) = 291,1 W

cosh(m0) cosh(18,257.0)
θ ( x = 0) = θ a = θ b = 70 = 22,0 oC
cosh(mb) cosh(1,8257)
Assim, Ta = θ a + T∞ = 22,0 + 20 = 44 oC

(b) aleta longitudinal de perfil triangular:


2mb = 2.18,257.0,100 = 3,6514
I1 (3,6514) 7,1159
η= = = 0,465
1,8257.I 0 (3,6514) 1,8257.8,3851
2hLθ b I1 (2mb) 2.40.1.70 I1 (3,6514)
qb = = = 260,3 W
m I 0 (2mb) 18,257 I 0 (3,6514)

I 0 (2.18,257 0,100.0 ) 70.1


θ ( x = 0) = θ a = 70 = = 8,3 oC
I 0 (3,6514) 8,3851

Assim, Ta = θ a + T∞ = 8,3 + 20 = 28,3 oC

(c) aleta longitudinal de perfil parabólico côncavo:


2 2
η= = = 0,418
1 + 1 + (2mb) 2
1 + 1 + (3,6514) 2

Das Eqs. (53) e (47):


kδ b Lθb 30.0,008.1.70
qb = [−1 + 1 + (2mb)2 ] = [−1 + 1 + (3,6514)2 ] = 234,0 W
2b 2.0,100
1 1
− + 1+ ( 3, 6514 ) 2
 0  2 2
θ ( x = a ) = θ a = 70  =0
 0,100 
Assim, Ta = θ a + T∞ = 0 + 20 = 20 oC

(d) aleta longitudinal de perfil parabólico convexo:


182

4 
I 2 3  .1,8257 
1 3  = 1 . 2,7425 = 0,492
η=
1,8257 4  1,8257 3,0519
I −1 3  .1,8257 
3 
4  4 
I 2 3  mb  I 2 3  .1,8257 
qb = k (δ b L ) mθ b 3  = 30.0,008.1.18,257.70 3  = 275,6 W
4  4 
I −1 3  mb  I −1 3  .1,8257 
3  3 
4 
14 I −1 3  .18,257.0,11 4.03 4 
 0  3  =0
θ ( x = a ) = θ a = 70 
 0,100  4 
I −1 3  .1,8257 
3 
Assim, Ta = θ a + T∞ = 0 + 20 = 20 oC

Segue abaixo um resumo do desempenho das quatro aletas:


Perfil da aleta η q b (W) Ta (oC)

Retangular 0,520 291,1 44,0


Triangular 0,465 260,3 28,3
Parabólico concavo 0,418 234,0 20,0
Parabólico convexo 0,492 275,6 20,0

Na Fig. (11) podem ser vistas as curvas de eficiência para os quatro tipos de
aletas longitudinais mostradas anteriormente. Essas curvas são representações das Eqs.
(27), (38), (58) e (71), sendo todas funções do produto mb. É interessante notar que a
aleta retangular é usualmente vantajosa pois tem geometria mais simples e maior
eficiência que as outras aletas longitudinais para o mesmo produto mb.
183

1
Retangular
Triangular
0.9
Parabólico Côncavo
Parabólico Convexo
0.8
η (adimensional)

0.7

0.6

0.5

0.4

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2


mb (adimensional)

Figura 11 – Gráfico de eficiências para aletas longitudinais.


7-ALETAS RADIAIS

7.1-EQUAÇÃO DIFERENCIAL GENERALIZADA

Gardner (1945) propôs uma equação diferencial generalizada para a análise de


aletas radiais. Para isso considere uma aleta radial de perfil arbitrário conforme
mostrado na Fig. (12) e assuma que a aleta está dissipando calor para o meio
circundante. Note que o eixo r está relacionado ao comprimento da aleta e tem a sua
origem no centro do duto cilíndrico, tendo sua orientação positiva da base para a
extremidade da aleta. O perfil da aleta mostrado na Fig. (12) está confinado por duas
curvas que são quase sempre simétricas, y = f 2 ( r ) e y = − f 2 (r ), de tal maneira que a
espessura da aleta é δ ( r ) = 2 f 2 ( r ). A seção transversal da aleta conforme Fig. (12) é
A(r ) = f1 ( r ) = ( 2πr ) 2 f 2 (r ). Os limites da aleta são limitados pelas curvas de perfil da
aleta, ± f 2 (r ).
184

Figura 12 – Aleta radial de perfil arbitrário (Fonte: Kraus et al., 2001).

Características na base da aleta, localizada em r = rb , são designadas pela

subscrito b. Por exemplo, θb , qb e Tb representam o excesso de temperaturas, taxa de

transferência de calor e temperatura da base da aleta, respectivamente. Características


na extremidade da aleta, localizada em r = ra , são designadas pelo subscrito a

(θ a , qa e Ta ). Mantendo a idéia de trabalhar com a variável excesso de temperaturas,

define-se θ (r ), uma função da coordenada de comprimento r, como sendo a diferença


de temperaturas ou excesso entre um ponto na superfície da aleta e o ambiente. Assim:

θ ( r ) = T (r ) − T∞ (72)

A equação diferencial para a distribuição de temperaturas na aleta radial é


formulada através de um balanço de energia em um volume de controle diferencial de
comprimento dr conforme mostrado na Fig. (12). Esse elemento diferencial está
limitado por plano paralelos a base da aleta em r e r + dr e pelas curvas de perfil,
y ± f 2 ( r ). Se a temperatura da superfície da aleta é T (r ), de tal maneira que em dr a
temperatura é T e a condutividade térmica da aleta é k, a diferença entre as taxas de
condução entrando na aleta em r e saindo da aleta em r + dr é escrita como:
185

 dT   dT 
qcondução = qr − qr + dr =  − kA(r )  − − kA(r )  (73)
 dr  r  dr  r + dr

A taxa de condução saindo da aleta em r + dr pode ser calculada em termos da


taxa de condução entrando na aleta em r utilizando série de Taylor, ou seja:

 dT   dT  d  dT 
− kA(r ) dr  =  − kA(r )  + − kA(r )  dr
 dr  r dr  dr  r
(74)
r + dr

Substituindo a Eq. (74) na Eq. (73) e rearranjando obtém-se:

 dT   dT  d  dT  d  dT 
qcondução =  − kA(r )  + kA(r )  +  kA(r )  dr =  kf1 (r )  dr (75)
 dr  r  dr  r dr  dr  r dr  dr 

Com a consideração de regime permanente, a diferença entre as taxas de


condução entrando e saindo do elemento dr, conforme resultado da Eq. (75), deve ser
equalizada por algum modo de dissipação de calor a partir da superfície lateral exposta
da aleta. Se o calor é dissipado por convecção para o meio circundante e h é o
coeficiente de transferência de calor, da lei do resfriamento de Newton obtém-se:

dqconvecção = hdAsuperfície,aleta (r )(T − T∞ ) (76)

Uma expressão para a área superficial de transferência de calor por convecção


(lados superior e inferior da aleta radial) pode ser escrita como:

dAsuperfície,aleta (r ) = 2π (r + dr) 2 − 2πr 2 = 2πr 2 + 2π 2rdr + 2πdr 2 − 2πr 2 = 4πrdr (77)


≈0

A área superficial total pode ser obtida pela integração da Eq. (77) em r, ou seja:

ra
Asuperfície,aleta =  4πrdr = 2π (ra2 − rb2 ) (78)
rb
186

Substituindo a Eq. (77) na Eq. (76), igualando o resultado com a Eq. (75) e
utilizando a definição da Eq. (72) obtém-se:

d  dθ 
 kf1 (r )  dr = h( 4πrdr )θ (79)
dr  dr 

Fazendo a derivada do produto na Eq. (79) e rearranjando obtém-se

f1 (r ) d 2θ 1 df1 (r ) dθ h
+ − θ =0 (80)
4πr dr 2
4πr dr dr k

Com f1 ( r ) = 4πrf 2 ( r ) a Eq. (80) pode ser reescrita como:

d 2θ f 2 (r ) dθ df 2 (r ) dθ h
f 2 (r ) 2 + + − θ =0 (81)
dr r dr dr dr k

A Eq. (81) é a equação diferencial generalizada para aletas radiais. A Eq. (80) é
uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com coeficientes variáveis, linear
e homogênea. Para sua solução geral são necessárias duas condições de contorno, ou
seja:
dT dθ
=0 =0 ou θ (r = ra ) = finito (82)
dr r =ra dr r =ra

T (r = rb ) = Tb  θ (r = rb ) = Tb − T∞ = θb (83)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da


solução da Eq. (81) juntamente com as Eqs. (82-83) e posterior aplicação da lei de
Fourier na base da aleta, ou seja:

dT dθ
qb = −kAbase,aleta = −kAbase,aleta (84)
dr r =rb dr r =rb
187

A eficiência da aleta pode então ser calculada pela Eq. (1) juntamente com o
resultado da Eq. (84).

7.2-ALETA RADIAL DE PERFIL RETANGULAR

Para a aleta radial de perfil retangular mostrada na Fig. (13), a equação do perfil
tem a seguinte forma:

δb
f 2 (r ) = (85)
2

de tal forma que df 2 ( r ) dr = 0. Substituindo esses resultados na Eq. (81), multiplicando

por (2r 2 δ b ) e rearranjando obtém-se:

d 2θ dθ 2h
r2 +r − r2 θ =0 (86)
dr 2
dr kδ b

A Eq. (86) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. A Eq. (86) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na mesma forma da Eq. (17).
Comparando a Eq. (86) com a Eq. (A15) obtém-se os seguintes coeficientes: A = 0,
B = 0, C = 1, D = im, n = 0 e p = m. Esses resultados indicam o CASO 3, cuja
solução é dada pela Eq. (18) do Apêndice, ou seja:

θ (r ) = C1I 0 (mr ) + C2 K 0 (mr ) (87)

A derivada da Eq. (87) com relação a r é escrita da seguinte forma:


= mC1 I1 ( mr ) − mC 2 K1 ( mr ) (88)
dr
188

Figura 13 – Aleta radial de perfil retangular (Fonte: Kraus et al., 2001).

A aplicação da condição de contorno dada pela Eq. (82) fornece que:


= mC1I1 (mra ) − mC2 K1 (mra ) = 0 (89)
dr r = ra

A aplicação da condição de contorno dada pela Eq. (83) fornece que:

θ (r = rb ) = C1I 0 (mrb ) + C2 K 0 (mrb ) = θb (90)

As Eqs. (89-90) formam um sistema de duas equações e duas incógnitas para a


obtenção de C1 e C 2 , que após manipulação algébrica tem a seguinte forma:

K1 (mra )
C1 = θ b (91)
I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )

I1 (mra )
C2 = θ b (92)
I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )

Substituindo as Eqs. (91-92) na Eq. (87) e rearranjando obtém-se:

I 0 (mr) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mr)


θ (r ) = θb (93)
I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )
189

Deve ser notado na Eq. (92) que quando r = rb , θ = θ b , conforme esperado. A

taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq. (84), ou
seja:


qb = kAbase,aleta = k (2πrbδ b )m[C1I1 (mr) − C2 K1 (mr)]r =rb (94)
dr r =rb

O termo entre colchetes do lado direito da Eq. (94) pode ser determinado
utilizando as Eqs. (91-92), ou seja:

I1 (mrb ) K1 (mra ) − I1 (mra ) K1 (mrb )


[C1I1 (mr ) − C2 K1 (mr )]r =rb = θb (95)
I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )

Substituindo a Eq. (95) na Eq. (94) e rearranjando obtém-se:

dθ I1 (mra ) K1 (mrb ) − I1 (mrb ) K1 (mra )


qb = −kAbase,aleta = k (2πrbδ b )mθ b (96)
dr r =rb I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )

A taxa máxima de transferência de calor obtida pelo denominador da Eq. (1) e o


resultado da Eq. (78), ou seja:

ra ra
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície(r ) = h 4πrθb dr = h[2π (ra2 − rb2 )]θb (97)
rb rb

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(96-97), ou seja:

I1 (mra ) K1 (mrb ) − I1 (mrb ) K1 (mra )


k (2πrbδ b )mθ b
qb I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )
η= = =
qmáximo,aleta h[2π (ra2 − rb2 )]θ b
190

I1 (mra ) K1 (mrb ) − I1 (mrb ) K1 (mra )


2rb m
I 0 ( mrb ) K1 ( mra ) + I1 ( mra ) K 0 (mrb ) 2rb I1 (mra ) K1 ( mrb ) − I1 ( mrb ) K1 (mra ) (98)
=
2h 2 2 m(ra − rb ) I 0 (mrb ) K1 (mra ) + I1 (mra ) K 0 (mrb )
2 2
(ra − rb )
kδ b
m2

A eficiência dada pela Eq. (98) não é adequada para comparação com eficiências
de aletas radiais com outros perfis. Para isso, a Eq. (98) pode ser reescrita em termos da
relação entre os raios interno e externo da seguinte forma:

rb
ρ= (99)
ra

e pelo parâmetro φ definido por:

12
 2h 
φ = (ra − rb ) 
32 

(100)
kA
 p

onde Ap é a área projetada de perfil, que pode ser calculada pela função f 2 ( r ), ou seja:

rb rb  δ 
Ap =  2 f 2 (r )dr =  2 b dr =δ b (ra − rb ) (101)
ra ra
2

Os argumentos mra e mrb das funções de Bessel na Eq. (98) podem ser

reescritos em termos da área projetada de perfil utilizando o resultado da Eq. (101):

12 12 12
 2h   2h(ra − rb )   2h 
mra =   ra =   ra =   (ra − rb )1 2 ra

(102)
 kδ b   kAp   kAp 

12 12 12
 2h   2h(ra − rb )   2h 
mrb =   rb =   rb =   (ra − rb )1 2 rb

(103)
 kδ b   kAp   kAp 
191

Multiplicando e dividindo as Eqs. (102-103) por ( ra − rb ) e substituindo o

parâmetro φ definido pela Eq. (100) obtém-se:

12 12
 2h    φra
 (ra − rb )1 2 ra ×  ra − rb  = (ra − rb )3 2  2h 
  ra
mra =    = (104)
 kA   kA 
 p  ra − rb   p ra − rb ra − rb

12 12
 2h    φrb
 (ra − rb )1 2 rb ×  ra − rb  = (ra − rb )3 2  2h 
  rb
mrb =  r −r  = (105)
 kA   kA  ra − rb ra − rb
 p  a b  p

Define-se duas funções adimensionais relacionadas aos raios na seguinte forma:

1 1
Ra = = (106)
1 − rb ra 1 − ρ

ρ
Rb = ρRa = (107)
1− ρ

Reescrevendo as Eqs. (104) e (105) e substituindo as Eqs. (106-107) obtém-se:


φra φ φ 1
mra = = = =φ = φRa (108)
ra − rb 1
(ra − rb )
r
1− b 1− ρ
ra ra

φrb φ φ φ ρ
mrb = = = = =φ = φRb (109)
ra − rb 1
(ra − rb )
ra
−1
1
−1 1− ρ
rb rb ρ

O termo [2rb m(ra2 − rb2 )] da Eq. (98) pode ser reescrito utilizando as grandezas

ρ e φ da seguinte forma:
192

2rb 2rb 2rb 2rb ( ra − rb )


= = =
m(ra − rb )  2h 
2 2 12
 2h( ra − rb ) 
12
 2h(ra − rb ) 
12

  ( ra − rb ) 
2 2
 ( ra − rb ) 
2 2
 ( ra − rb )(ra − rb )
2 2

 b  kA p   kA p 

2rb ( ra − rb ) 2rb ( ra − rb ) 2rb 2 2 ρ (110)


= = = = =
 2h 
12
φ ( ra − rb )(ra + rb ) φ (ra + rb )  1  φ (1 + ρ )
  (ra − rb ) 3 2 ( ra2 − rb2 ) φ  + 1
 kA  ρ 
 p

Substituindo as Eqs. (108-110) na Eq. (98) obtém-se:

2ρ I1 (φRa ) K1 (φRb ) − I1 (φRb ) K1 (φRa )


η= (111)
φ (1 + ρ ) I 0 (φRb ) K1 (φRa ) + I1 (φRa )K0 (φRb )

EXEMPLO 3: Uma aleta radial de perfil retangular está exposta a um ambiente a uma
temperatura de 35 oC e um coeficiente de transferência de calor h = 40 W/(m2.K). A
temperatura na base da aleta é 110 oC e a aleta é feita de aço com k = 40 W/(m.K). O
diâmetro externo é 25 cm e o diâmetro interno é 10 cm. A espessura é 0,25 cm.
Determine (a) a eficiência da aleta, (b) a temperatura na extremidade da aleta e (c) a
taxa de dissipação de calor pela aleta.

θb = Tb − T∞ = 110 − 35 = 75 oC
δ b = 0,25 100 = 0,0025 m
ra = 25 200 = 0,125 m

rb = 10 200 = 0,050 m

rb 10
ρ= = = 0,400
ra 25
12 12
 2h   2.40 
m =   =  = 28,284 m-1

 b  40.0,0025 

Ap = δ b (ra − rb ) = 0,0025(0,125 − 0,050) = 1,875 × 10−4 m2


12 12
 2h   2.40 
φ = (ra − rb ) 
32 

= (0,125 − 0,050)  32
−4 
= 2,121
kA
 p  40.1,875 × 10 
193

φ 2,121
φRa = = = 3,536
1− ρ 1 − 0,400
ρφ 0,400.2,121
φRb = = = 1,414
1− ρ 1 − 0,400
2ρ I1 (φRa ) K1 (φRb ) − I1 (φRb ) K1 (φRa )
(a) η = =
φ (1 + ρ ) I 0 (φRb ) K1 (φRa ) + I1 (φRa ) K0 (φRb )
2.0,400 I1 (3,536) K1 (1,414) − I1 (1,414) K1 (3,536)
2,121(1 + 0,400) I 0 (1,414) K1 (3,536) + I1 (3,536) K 0 (1,414)
Na equação anterior é necessária a avaliação de seis funções de Bessel, ou seja:
I1 (3,536) = 6,4110; K1 (1,414) = 0,3143; I1 (1,414) = 0,8990
K1 (3,536) = 0,0213; I 0 (1,414) = 1,5659; K 0 (1,414) = 0,2392

2.0,400 6,4110.0,3143 − 0,8990.0,0213


η= = 0,343
2,121(1 + 0,400) 1,5659.0,0213 + 6,4110.0,2392
I 0 (φRa ) K1 (φRa ) + I1 (φRa ) K0 (φRa )
(b) θ (r = ra ) = θ a = θb =
I 0 (φRb ) K1 (φRa ) + I1 (φRa ) K0 (φRb )
I 0 (3,536) K1 (3,536) + I1 (3,536) K0 (3,536)
75
I 0 (1,414) K1 (3,536) + I1 (3,536) K0 (1,414)
Devem ser avaliadas mais duas funções de Bessel, ou seja:
I 0 (3,536) = 7,6053; K 0 (3,536) = 0,0188

7,6053.0,0213 + 6,4110.0,0188
θ a = 75 = 13,5 oC
1,5659.0,0213 + 6,4110.0,2392
Assim, Ta = θ a + T∞ = 13,5 + 35 = 48,5 oC

(c) qb = ηqmáximo,aleta = ηh[2π (ra2 − rb2 )]θ b = 0,343.40.[2.π .(0,1252 − 0,0502 )].75 = 84,9 W

7.3-ALETA RADIAL DE PERFIL HIPERBÓLICO

Para a aleta radial de perfil hiperbólico mostrada na Fig. (14), a equação do


perfil tem a seguinte forma:

δ b rb
f 2 (r ) = (112)
2r
194

de tal forma que df 2 (r ) dr = − δ b rb 2r 2 . Substituindo esses resultados na Eq. (81),

multiplicando por (2r 3 δ b rb ) e rearranjando obtém-se:

d 2θ 2h 3
r2 − r θ =0 (113)
dr 2
kδ b rb

A Eq. (113) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. A Eq. (113) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na mesma forma da Eq. (17) e definindo
um parâmetro M escrito da seguinte forma:

m2
M = 2
(114)
rb

Assim, a Eq. (113) pode ser reescrita como:

d 2θ
r2 − M 2 r 3θ = 0 (115)
dr 2

Comparando a Eq. (115) com a Eq. (A15) obtém-se os seguintes coeficientes:


2 2
A = 1 2 , B = 0, C = 3 2 , D = i M , p = M e n = 1 3 . Esses resultados indicam o
3 3
CASO 4, cuja solução geral é dada pela Eq. (A19), ou seja:

 2  2 
θ (r ) = r1 2 C1I1 3  Mr 3 2  + C2 I −1 3  Mr 3 2  (116)
 3  3 
195

Figura 14 – Eficiência de uma aleta radial de perfil hiperbólico (Fonte: Kraus et al.,
2001).

A derivada da Eq. (116) com relação a r pode ser determinada com o auxílio do
MAPLE, fornecendo o seguinte resultado:

dθ  2  2 
= Mr C1I − 2 3  Mr 3 2  + C2 I 2 3  Mr 3 2  (117)
dr  3  3 

A aplicação da condição de contorno dada pela Eq. (82) fornece que:

dθ  2 32  2 3 2 
= Mra C1I − 2 3  Mra  + C2 I 2 3  Mra  = 0 (118)
dr r = ra  3  3 

A aplicação da condição de contorno dada pela Eq. (83) fornece que:

 2  2 
θ (r = rb ) = rb1 2 C1I1 3  Mrb3 2  + C2 I −1 3  Mrb3 2  = θb (119)
 3  3 

As Eqs. (118-119) formam um sistema de duas equações e duas incógnitas para


a obtenção de C1 e C 2 , que após manipulação algébrica tem a seguinte forma:
196

2 
I 2 3  Mra3 2 
θ 3 
C1 = 1b2 (120)
rb 2  2  2  2 
I 2 3  Mra3 2  I1 3  Mrb3 2  − I −2 3  Mra3 2  I −1 3  Mrb3 2 
3  3  3  3 

2 
I −2 3  Mra3 2 
θ 3 
C2 = − 1b2 (121)
rb 2  2  2  2 
I 2 3  Mra3 2  I1 3  Mrb3 2  − I −2 3  Mra3 2  I −1 3  Mrb3 2 
3  3  3  3 

Substituindo as Eqs. (120-121) na Eq. (116) e rearranjando obtém-se:

12
r
θ (r ) = θb Λ  (122)
 rb 

onde:

 2 32 2 32 2 32 2 3 2 


 I 2 3  3 Mra  I1 3  3 Mr  − I − 2 3  3 Mra  I −1 3  3 Mr  
Λ=        
2 2 2 2
 I  Mr 3 2  I  Mr 3 2  − I  Mr 3 2  I  Mr 3 2  
 2 3  3 a  1 3  3 b  − 2 3  3 a  −1 3  3 b  

Deve ser notado na Eq. (122) que quando r = rb , θ = θ b , conforme esperado. A

taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq. (84), ou
seja:

dθ   2  2  
qb = −kAaleta,base = −k (2πrbδ b )Mr C1I − 2 3  Mr3 2  + C2 I 2 3  Mr3 2   (123)
dr r = rb   3  3  r = rb

Substituindo as Eqs. (120-121) na Eq. (123) e rearranjando obtém-se:

qb = k (2πδ b rb3 2 )θb Mψ (124)


197

onde:

 2 32 2 32  2 3 2   2 3 2 
 I 2 3  3 Mra  I − 2 3  3 Mrb  − I − 2 3  3 Mra  I 2 3  3 Mrb  
ψ =        
2 2 2 2
 I  Mr 3 2  I  Mr 3 2  − I  Mr 3 2  I  Mr 3 2  
 − 2 3  3 a  −1 3  3 b  2 3  3 a  1 3  3 b  

A taxa máxima de transferência de calor obtida pelo denominador da Eq. (1) e o


resultado da Eq. (78), ou seja:

ra ra
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície(r ) = h 4πrθb dr = h[2π (ra2 − rb2 )]θb (125)
rb rb

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) e os resultados das Eqs. (124-
125), ou seja:

qb k (2πδ b rb3 2 )θb Mψ 2Mψrb3 2 2mψ rb3 2 2rbψ


η= = = = = (126)
qmáximo,aleta h[2π (ra − rb )]θ b
2 2
2h 2 2
(ra − rb ) m (ra − rb ) rb
2 2 2 12
m(ra2 − rb2 )
kδ b
m2

A eficiência dada pela Eq. (126) não é adequada para comparação com
eficiências de aletas radiais com outros perfis. Entretanto, a Eq. (126) pode ser reescrita
em termos da relação entre raios ρ = rb ra . Calcula-se inicialmente uma expressão para

a área de perfil da aleta em função de f 2 ( r ), ou seja:

rb rb  δ r  r 1
Ap =  2 f 2 ( r )dr =  2 b b dr =δ b rb ln a = δ b rb ln (127)
ra ra
 2r  rb ρ

Da Eq. (127) pode-se explicitar a espessura da aleta na base, ou seja:

Ap
δb = (128)
rb ln(1 ρ )

Substituindo a Eq. (128) na Eq. (17) obtém-se:


198

12 12
 2h   2hr ln(1 ρ ) 
m =   = b  (129)
 kδ b   kAp 

12 12
m 1  2hr ln(1 ρ )   2h ln(1 ρ ) 
M = 12 = 12  b  =  (130)
rb rb  kAp   kAp 

Da Eq. (126), excluindo ψ e substituindo a Eq. (129), o termo restante do lado


direito da expressão da eficiência pode ser reescrito como:

2rb 2rb1 2 2rb1 2 (ra − rb )1 2 (131)


= =
m(ra2 − rb2 )  2h 1 2   1 1 2  2 h 
12
  1  
12

  ln  (ra − rb )(ra + rb ) (ra − rb )3 2   ln  (ra + rb )


 kA    ρ   kA    ρ 
 p     p   

Substituindo a Eq. (100) na Eq. (131) e rearranjando obtém-se:

12
2rb 2rb1 2 (ra − rb )1 2 2rb1 2 ra1 2 (1 − rb ra )1 2 1  4 ρ (1 − ρ ) 
= = =  (132)
m(ra − rb ) φ [ln(1 ρ )] (ra + rb ) φ [ln(1 ρ )] ra (1 + rb ra ) φ  (1 + ρ ) 2 ln(1 ρ ) 
2 2 12 12

Define-se duas funções adimensionais relacionadas aos raios:

2
Rb = Mrb3 2 (133)
3

2
Ra = Mra3 2 (134)
3

podendo-se expressar Rb e Ra em termos de φ e ρ da seguinte forma:


199

12 12 12 32
2 2  2h   1  32 2  1   ρ 
Rb = Mrb3 2 =    ln  rb = φ  ln    (135)
3 3  kAp 
  ρ 3  ρ 1− ρ 

12 12 12 32
2 2  2h   1 32 2  1  1 
Ra = Mra3 2 =   ln  ra = φ  ln    (136)
3 3  kAp   ρ 3  ρ 1− ρ 

Substituindo as Eqs (132, 135-136) na Eq. (126) obtém-se:

12
1  4 ρ (1 − ρ ) 
η= ζ (137)
φ  (1 + ρ ) 2 ln(1 ρ ) 

onde

 I 2 3 (Ra )I −2 3 (Rb ) − I −2 3 (Ra )I 2 3 (Rb ) 


ζ = 
 I −2 3 (Ra )I −1 3 (Rb ) − I 2 3 (Ra )I1 3 (Rb ) 

Na Fig. (15) podem ser vistas as curvas de eficiência para os dois tipos de aletas
radiais mostradas anteriormente. Essas curvas são representações das Eqs. (111) e (137),
sendo todas funções de φ e plotadas para ρ = 0,8 e ρ = 0,4.

8-ALETAS PINIFORMES

8.1-EQUAÇÃO DIFERENCIAL GENERALIZADA

Gardner (1945) propôs uma equação diferencial generalizada para a análise de aletas
piniformes. Para isso considere uma aleta piniforme de perfil arbitrário conforme
mostrado na Fig. (16) e assuma que a aleta está dissipando calor para o meio
circundante. Note que o eixo x está relacionado ao comprimento da aleta e tem a sua
origem na extremidade da aleta, tendo sua orientação positiva da extremidade para a
base da aleta. O perfil da aleta mostrado na Fig. (16) está confinado por duas curvas que
são quase sempre simétricas, y = f 2 ( x ) e y = − f 2 ( x ). A seção transversal da aleta
200

conforme a Fig. (16) é A( x) = f1 ( x) = π [ f 2 ( x)] e o perímetro da seção transversal é


2

P ( x) = f 3 ( x ) = 2πf 2 ( x). Os limites da aleta são limitados pelas curvas de perfil da aleta,

± f 2 ( x).

1
Retangular, r /r =0,4
b a

0.9 Retangular, r /r =0,8


b a
Hiperbólico, r /r =0,4
b a
Hiperbólico, r /r =0,8
0.8 b a

0.7

0.6

0.5

0.4

0.3
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
(adimensional)
Figura 15 – Gráfico de eficiências para aletas radiais.

Figura 16 – Aleta piniforme de perfil arbitrário (Fonte: Kraus et al., 2001).


201

Características na base da aleta, localizada em x = b, são designadas pela


subscrito b. Por exemplo, θb , qb e Tb representam o excesso de temperaturas, taxa de
transferência de calor e temperatura da base da aleta, respectivamente. Características
na extremidade da aleta, localizada em x = 0, são designadas pelo subscrito a
(θ a , qa e Ta ). Mantendo a idéia de trabalhar com a variável excesso de temperaturas,

define-se T (x), uma função da coordenada de comprimento x, como sendo a diferença


de temperaturas ou excesso entre um ponto na superfície da aleta e o ambiente. Assim:

θ ( x ) = T ( x ) − T∞ (138)

A equação diferencial para a distribuição de temperaturas na aleta piniforme é


formulada através de um balanço de energia em um volume de controle diferencial de
comprimento dx conforme mostrado na Fig. (16). Esse elemento diferencial está
limitado por plano paralelos a base da aleta em x e x + dx e pelas curvas de perfil,
y ± f 2 ( x ). Se a temperatura da superfície da aleta é T (x), de tal maneira que em dx a
temperatura é T e a condutividade térmica da aleta é k, a diferença entre as taxas de
condução entrando na aleta em x + dx e saindo da aleta em x é escrita como:

 dT   dT 
qcondução = q x + dx − q x = kA( x )  − kA( x )  (139)
 dx  x + dx  dx  x

A taxa de condução saindo da aleta em x pode ser calculada em termos da taxa


de condução entrando na aleta em x + dx utilizando série de Taylor, ou seja:

 dT   dT  d  dT 
kA( x ) dx  =  kA( x ) dx  −  kA( x )  dx
dx  dx  x + dx
(140)
x x + dx

Substituindo a Eq. (140) na Eq. (139) e rearranjando obtém-se:

 dT   dT  d  dT  d  dT 
qcondução = kA( x )  −  kA( x )  +  kA(x )  dx = k  f1 ( x)  dx (141)
 dx  x + dx  dx  x + dx dx  dx  x + dx dx  dx 
202

Na hipótese de regime permanente, a diferença entre as taxas de condução


entrando e saindo do elemento dx, conforme resultado da Eq. (141), deve ser equalizada
por algum modo de dissipação de calor a partir da superfície lateral exposta da aleta. Se
o calor é dissipado por convecção para o meio circundante e h é o coeficiente de
transferência de calor, da lei do resfriamento de Newton obtém-se:

dqconvecção = hdAsuperfície,aleta ( x)(T − T∞ ) (142)

Uma expressão para a área superficial de transferência de calor por convecção


pode ser escrita como:

dAsuperfície,aleta ( x) = P( x)dx = f 3 ( x)dx (143)

Substituindo a Eq. (143) na Eq. (142), igualando o resultado com a Eq. (141) e
utilizando a definição da Eq. (138) obtém-se:

d  dθ 
k  f1 ( x)  dx = hf3 ( x)θdx (144)
dx  dx 

Fazendo a derivada do produto na Eq. (144) e rearranjando obtém-se

d 2θ df1 ( x) dθ hf 3 ( x)
f1 ( x) + − θ =0 (145)
dx 2 dx dx k

Com f1 ( x) = π [ f 2 ( x)] e f 3 ( x) = 2πf 2 ( x), válidas para pinos circulares, a Eq.


2

(145) pode ser reescrita como:

[ f 2 ( x)]2 d θ2 + [ f 2 ( x)]2 dθ − 2hf 2 ( x) θ = 0


2
d
(146)
dx dx dx k

A Eq. (146) é a equação diferencial generalizada para aletas piniformes.


Entretanto, a Eq. (146) é adequada para pinos de áreas circulares conforme as definições
203

utilizadas para f1 ( x ) e f 3 ( x). Para áreas de seção transversal mais gerais, recomenda-se

a utilização da Eq. (145) utilizando a definição adequada das funções f1 ( x ) e f 3 ( x).

Conforme Gardner (1945), a função de perfil f 2 ( x ) para aletas piniformes usualmente


tem a seguinte forma:

(1− 2 n ) ( 2 − n )
δb  x 
f 2 ( x) =   (147)
2 b

onde δ b é a espesura da aleta na base (que pode ser substituída pelo diâmetro da aleta

na base) e n é um número real que define o perfil da aleta piniforme. A Eq. (146) é uma
equação diferencial ordinária de segunda ordem com coeficientes constantes ou
variáveis, linear e homogênea. Para sua solução geral são necessárias duas condições de
contorno, ou seja:

dT dθ
=0 =0 ou θ ( x = a ) = finito (148)
dx x =0 dx x =0

T ( x = b) = Tb  θ ( x = b) = Tb − T∞ = θb (149)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da


solução da Eq. (146) juntamente com as Eqs. (148-149) e posterior aplicação da lei de
Fourier na base da aleta, ou seja:

dT dθ
qb = kAbase,aleta = kAbase,aleta (150)
dx x =b dx x =b

A eficiência da aleta pode então ser calculada pela Eq. (1) juntamente com o
resultado da Eq. (150).

8.2-ALETA PINIFORME DE PERFIL CILÍNDRICO


204

Para a aleta piniforme cilíndrica mostrada na Fig. (17), a equação do perfil é


obtida substituindo n = 1 2 na Eq. (147) e fazendo δ b = d , ou seja:

 1
 1− 2. 
 2
δb  x   1
 2−  δb d
f 2 ( x) =    2 = = (151)
2 b 2 2

de tal forma que df 2 ( x ) dx = 0, [ f2 ( x)]2 = d 2 4 e d [ f 2 ( x)] dx = 0. Substituindo esses


2

resultados na Eq. (146), multiplicando todos os termos por ( 4 d 2 ) e rearranjando


obtém-se:

d 2θ 4h
− θ =0 (152)
dx2 kd

A Eq. (152) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes constantes, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
técnica da equação característica. A Eq. (152) pode ser simplificada definindo o
parâmetro de desempenho da aleta na forma:

12
 4h 
m=  (153)
 kd 

Figura 17 – Aleta piniforme de perfil cilíndrico (Fonte: Kraus et al., 2001).


205

A equação característica é escrita como t 2 − m2 = 0 de forma que t = ±m. Para


duas raízes reais e distintas, a solução da Eq. (153) tem a seguinte forma:

θ ( x) = C1e mx + C2e − mx (154)

A derivada da Eq. (154) com relação a x tem a seguinte forma:


= mC1e mx − mC 2 e − mx (155)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (148) obtém-se:


= mC1e m 0 − mC 2e − m 0 = 0  C1 = C2 (156)
dx x =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e utilizando o resultado


da Eq. (156) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = C1e mb + C1e − mb = θ b  C1 = (157)
e mb
+ e − mb

Substituindo os resultados das Eqs. (156-157) na Eq. (154) obtém-se:

e mx + e − mx
θ ( x) = θb (158)
e mb + e −mb

Sabendo que e mx + e − mx = 2 cosh(mx) e e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) pode-se


reescrever a Eq (158) na seguinte forma:

cosh(mx)
θ ( x) = θ b (159)
cosh(mb)
206

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

dθ  πd 2   πd 2  e mb − e − mb
qb = kAbase,aleta = k  mC1 (e mb − e −mb ) = k  mθ b mb (160)
dx x =b  4   4  e + e −mb

Sabendo que e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) e e mb − e − mb = 2 sinh( mb ) pode-se


reescrever a Eq. (160) na seguinte forma:

 πd 2 
qb = k  mθ b tanh(mb) (161)
 4 

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície( x) = hθb  (πd )dx = h(πdb)θb (162)
0 0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(161-162), ou seja:

 πd 2 
k   mθ b tanh( mb )
qb  4  m tanh( mb ) tanh( mb)
η= = = = (163)
qmáximo,ale ta h(πdb)θ b 4h
b mb
kd
=m 2

EXEMPLO 4: Uma barra cilíndrica é utilizada como uma aleta na forma de pino. Seu
diâmetro é 0,875 cm e seu comprimento é 8 cm. A barra é fabricada de aço com
k = 32 W/(m.K) e exposta a um meio com temperatura de 30 oC com coeficiente de
transferência de calor h = 50 W/(m2.K). A temperatura da base da aleta piniforme é 85
o
C. Determine: (a) a eficiência da aleta, (b) a temperatura da extremidade e (c) a taxa de
transferência de calor da aleta para o meio.
207

θb = Tb − T∞ = 85 − 30 = 55 oC

d = 0,875 100 = 8,75 × 10−3 m


b = 8 100 = 0,08 m
12 12
 4h   4.50 
m=  = −3 
= 26,726 m-1
 kd   32.8,75 × 10 
tanh(mb) tanh(26,726.0,08)
η= = = 0,455
mb (26,726.0,08)
cosh(m0) cosh(26,726.0)
θ a = θb = 55 = 12,8 oC
cosh(mb) cosh(26,726.0,08)
Ta = θ a + T∞ = 12,8 + 30 = 42,8 oC

 πd 2 
qb = k   mθ b tanh( mb ) = 32.
(
π 8,75 × 10 −3 )
2

.26,726 .55 . tanh( 26,726 .0,08) = 2,75 W


 4  4

ou,
qmáximo,aleta = h(πdb)θ b = 50.(π .8,75 × 10−3.0,08).55 = 6,05 W

qb = ηqmáximo,aleta = 0,455.6,05 = 2,75 W

8.3-ALETA PINIFORME DE PERFIL RETANGULAR

Para a aleta piniforme retangular mostrada na Fig. (18), a solução mais adequada
é utilizar a Eq. (145) definindo as funções f1 ( x ) e f 3 ( x) na seguinte forma:

df1 ( x )
f1 ( x ) = δ 1δ 2 e =0 (164)
dx

f 3 ( x) = 2(δ1 + δ 2 ) (165)

Substituindo as Eqs. (164-165) na Eq. (145), multiplicando por (1 δ 1δ 2 ) e


rearranjando obtém-se:

d 2θ 2h(δ1 + δ 2 )
− θ =0 (166)
dx 2 kδ1δ 2
208

Figura 18 – Aleta piniforme de perfil retangular (Fonte: Kraus et al., 2001).

A Eq. (166) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes constantes, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
técnica da equação característica. A Eq. (166) pode ser simplificada definindo o
parâmetro de desempenho da aleta na forma:

12
 2h(δ1 + δ 2 ) 
m=  (167)
 kδ1δ 2 

A equação característica é escrita como t 2 − m2 = 0 de forma que t = ±m. Para


duas raízes reais e distintas, a solução da Eq. (166) tem a seguinte forma:

θ ( x) = C1e mx + C2e − mx (168)

A derivada da Eq. (168) com relação a x tem a seguinte forma:


= mC1e mx − mC 2 e − mx (169)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (148) obtém-se:


209


= mC1e m 0 − mC 2e − m 0 = 0  C1 = C2 (170)
dx x =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e utilizando o resultado


da Eq. (170) obtém-se:

θb
θ ( x = b ) = C1e mb + C1e −mb = θ b  C1 = (171)
e mb
+ e − mb

Substituindo os resultados das Eqs. (170-171) na Eq. (168) obtém-se:

e mx + e − mx
θ ( x) = θb mb −mb (172)
e +e

Sabendo que e mx + e − mx = 2 cosh(mx) e e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) pode-se


reescrever a Eq (172) na seguinte forma:

cosh(mx)
θ ( x) = θ b (173)
cosh(mb)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

dθ e mb − e − mb
qb = kAbase,aleta = k (δ1δ 2 )mC1 (e mb − e −mb ) = k (δ1δ 2 )mθ b (174)
dx x=b e mb + e −mb

Sabendo que e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) e e mb − e − mb = 2 sinh( mb ) pode-se


reescrever a Eq. (174) na seguinte forma:

qb = k (δ1δ 2 )mθ b tanh(mb) (175)

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:
210

b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) =
0

b
hθ b  2(δ 1 + δ 2 ) dx = h[ 2(δ 1 + δ 2 )b]θ b (176)
0

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(175-176), ou seja:

qb k (δ1δ 2 )mθ b tanh( mb) m tanh(mb) tanh(mb)


η= = = = (177)
qmáximo,ale ta h[ 2(δ1 + δ 2 )b]θ b 2h(δ1 + δ 2 ) ( mb)
b
kδ1δ 2
=m2

8.4-ALETA PINIFORME DE PERFIL ELÍPTICO

Para a aleta piniforme elíptica mostrada na Fig. (19), a solução mais adequada é
utilizar a Eq. (145) definindo as funções f1 ( x ) e f 3 ( x) na seguinte forma:

df1 ( x )
f1 ( x ) = πδ1δ 2 e =0 (178)
dx

 p2 p4 p6 
f 3 ( x ) = π (δ1 + δ 2 )1 + + + + ...  (179)
 4 64 256 

onde:

δ1 − δ 2
p= (180)
δ1 + δ 2

Figura 19 – Aleta piniforme de perfil elíptico (Fonte: Kraus et al., 2001).


211

Substituindo as Eqs. (178-179) na Eq. (145), multiplicando por (1 πδ 1δ 2 ) e


rearranjando obtém-se:

d 2θ h(δ1 + δ 2 )  p2 p4 p6 
− 
 1 + + + + ... θ = 0 (181)
dx 2
kδ1δ 2  4 64 256 

A Eq. (181) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes constantes, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
técnica da equação característica. A Eq. (181) pode ser simplificada definindo o
parâmetro de desempenho da aleta na forma:

12
 h(δ + δ 2 )  p2 p4 p6 
m= 1 1 + + + + ...  (182)
 kδ1δ 2  4 64 256 

A equação característica é escrita como t 2 − m2 = 0 de forma que t = ±m. Para


duas raízes reais e distintas, a solução da Eq. (181) tem a seguinte forma:

θ ( x) = C1e mx + C2e − mx (183)

A derivada da Eq. (183) com relação a x tem a seguinte forma:


= mC1e mx − mC 2 e − mx (184)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (148) obtém-se:


= mC1e m 0 − mC 2e − m 0 = 0  C1 = C2 (185)
dx x =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e utilizando o resultado


da Eq. (185) obtém-se:
212

θb
θ ( x = b) = C1e mb + C1e − mb = θ b  C1 = (186)
e mb
+ e − mb

Substituindo os resultados das Eqs. (185-186) na Eq. (183) obtém-se:

e mx + e − mx
θ ( x) = θb mb −mb (187)
e +e

Sabendo que e mx + e − mx = 2 cosh(mx) e e mb + e − mb = 2 cosh( mb ) pode-se


reescrever a Eq (187) na seguinte forma:

cosh(mx)
θ ( x) = θ b (188)
cosh(mb)

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

dθ θb
qb = kAbase,aleta = kπδ 1δ 2 mC1 (e mb − e −mb ) = kπδ 1δ 2 m (e mb − e −mb ) (189)
dx x =b e mb
+ e −mb

Substituindo a definição de cosh x, sabendo que sinh x = (1 2)(e x − e − x ),


substituindo esse resultado na Eq. (188) e rearranjando obtém-se:

qb = k (πδ 1δ 2 )mθ b tanh( mb) (190)

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  dAsuperfície,aleta ( x) =
0

b  p2 p4 p6    p2 p4 p6 
hθ b  π (δ1 + δ 2 )1 + + + + ... dx = h bπ (δ1 + δ 2 )1 + + + + ...θ b (191)
0
 4 64 256    4 64 256 
213

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(190-191), ou seja:

qb k (πδ1δ 2 )mθ b tanh(mb)


η= =
qmáximo,ale ta   p2 p4 p6 
h π (δ1 + δ 2 )1 + + + + ... bθ b
  4 64 256 
m tanh(mb) tanh( mb)
= (192)
h(δ1 + δ 2 )  p 2
p 4
p 6
 mb
1 + + + + ... b
kδ 1δ 2  4 64 256 
=m2

8.5-ALETA PINIFORME DE PERFIL CÔNICO

Para a aleta piniforme cônica mostrada na Fig. (20), a equação do perfil é obtida
substituindo n = −1 na Eq. (147), ou seja:

[1− 2.( −1)]


δ b  x  [ 2− ( −1)] δb  x 
f 2 ( x) =   =   (193)
2 b 2 b

[ f 2 ( x)] =  δ b x  e d [ f 2 ( x)] = x  δ b  . Substituindo


2 2 2
df ( x) δ b 2
de tal forma que 2 = ,
dx 2b  2b  dx 2 b 

esses resultados na Eq. (146), multiplicando por (4b2 δ b2 ) e rearranjando obtém-se:

d 2θ dθ 2h
x2 + 2x −2 bxθ = 0 (194)
dx 2
dx kδ b

A Eq. (194) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme o Apêndice. A Eq. (194) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na forma m2 = (2h kδ b ) e definindo um

parâmetro M escrito da seguinte forma:


214

M 2 = 2m2b (195)

Figura 20 – Aleta piniforme de perfil cônico (Fonte: Kraus et al., 2001).

Assim, a Eq. (194) pode ser reescrita como:

d 2θ dθ
x2 2
+ 2x − M 2 xθ = 0 (196)
dx dx

Comparando a Eq. (196) com a Eq. (A15) obtém-se os seguintes coeficientes:


A = − 1 2 , B = 0, C = 1 2 , D = i 2M , p = 2M e n = 1. Esses resultados indicam o
CASO 3, cuja solução geral é dada pela Eq. (A18), ou seja:

θ ( x) = x −1 2[C1I1 (2M x ) + C2 K1 (2M x )] (197)

Na Eq. (197), para que existe um excesso de temperaturas finito em x = 0, C 2

deve ser nulo pois o termo K1 (2M x ) x tendo ao infinito. Aplicando a condição de
contorno dada pela Eq. (149) e substituindo C 2 = 0 na Eq. (197) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = b−1 2C1I1 (2M b ) = θb  C1 = (198)
b −1 2 I1 (2M b )

Substituindo a Eq. (198) na Eq. (197) e rearranjando obtém-se:


215

12
b I1 ( 2M x )
θ ( x) = θ b   (199)
 x I1 ( 2 M b )

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

 πδ 2  d   b  I (2M x ) 
12

qb = kAbase,aleta = k  b  θ b   1  =
dx x =b  4  dx   x  I1 (2 M b )  x=b

d  b  
12
 πδ b2  θb

k 
   I 1 ( 2 M x )  (200)
 4  I1 (2 M b ) dx  x   x =b

A derivada com relação a x do lado direito da Eq. (200) pode ser determinada
com o auxílio do MAPLE, fornecendo o seguinte resultado:

d  b   b[− I1 (2 M x ) + M x I 0 (2 M x )
12

  I1 (2 M x ) = (201)
dx  x   x2 b x

Substituindo x = b na Eq. (201) e simplificando obtém-se:

d  b  
12
M  I1 ( 2 M b ) 
  I1 (2 M x ) =  I 0 (2M b ) −  (202)
dx  x   x =b b M b 

Substituindo a Eq. (202) na Eq. (200), utilizando a relação de recorrência


2
I 2 ( x) = I 0 ( x) −   I1 ( x) com x = 2M b e rearranjando obtém-se:
x

 πδ 2  θb M  πδ 2  M I (2M b )
qb = k  b  I 2 ( 2 M b ) = k  b  θb 2 (203)
 4  I1 ( 2 M b ) b  4  b I1 ( 2 M b )

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:
216

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  f3 ( x)d ( x) = hθb  2πf 2 ( x)d ( x) =
0 0

b δb  x  π 
hθb  2π  d ( x) =h δ bb θ b (204)
0 2 b 2 

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(203-204) e pela definição de M da Eq. (195), ou seja:

 πδ b2  M I ( 2M b )
k   θb 2
4  b I1 (2M b ) m 2 I 2 (2 2mb) 2 I 2 (2 2mb)
= 
qb
η= = = (205)
qmáximo,aleta π  2h
bI1 (2 2mb) (mb) I1 (2 2mb)
h δ bb θ b
2  kδ b
=m2

8.6-ALETA PINIFORME DE PERFIL PARABÓLICO CÔNCAVO

Para a aleta piniforme de perfil parabólico côncavo mostrada na Fig. (21), a


equação do perfil é obtida substituindo n = ∞ na Eq. (147), ou seja:

(1− 2.∞ ) ∞
δ b  x  (2 −∞ ) δb  x ∞
f 2 ( x) =   =   (206)
2 b 2 b

Nota-se uma indeterminação do tipo ∞ ∞ que pode ser contornada utilizando a

regra de L’Hospital, ou seja, (1 − 2n ) (2 − n ) = 2, fornecendo que:


' '

2
δb  x 
f 2 ( x) =   (207)
2 b

d [ f 2 ( x )]  δ b  4 x 3
2 4 2

[ f 2 ( x)] =  δ b 
2
df 2 ( x ) δ b x 2  x
de tal forma que = 2 ,   e =  4 .
dx b 2 b dx 2 b
Substituindo esses resultados na Eq. (145), multiplicando por b 2 δ b e rearranjando ( )
obtém-se:
217

d 2θ dθ 2h 2
x2 + 4x −2 bθ =0 (208)
dx 2
dx kδ b

A Eq. (208) pode ser simplificada definindo o parâmetro de desempenho da aleta


na forma m2 = (2h kδ b ) e definindo um parâmetro M escrito da seguinte forma:

M 2 = 2m2b 2 (209)

Assim, a Eq. (208) pode ser reescrita como:

d 2θ dθ
x2 2
+ 4x − M 2θ = 0 (210)
dx dx

A Eq. (210) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, conhecida por equação de Euler. A solução
geral da equação de Euler é obtida fazendo a transformação v = ln x de tal forma que as
derivadas da Eq. (210) possam ser reescritas como:

dθ dθ dv dθ d
= = (ln x ) = 1 dθ (211)
dx dv dx dv dx x dv

Figura 21 – Aleta piniforme de perfil parabólico côncavo (Fonte: Kraus et al., 2001).
218

d 2θ d  dθ  d  1 dθ  d  1  dθ 1 d  dθ  1 dθ 1 d (dθ dv )
2
=  =  =   +  =− 2 + (212)
dx dx  dx  dx  x dv  dx  x  dv x dx  dv  x dv x dx

O segundo termo do lado direito da Eq. (212) pode ser avaliado de maneira
similar à Eq. (211), ou seja:

d (dθ dv ) d (dθ dv ) dv d 2θ d
(ln x ) = 1 d θ2
2
= = 2 (213)
dx dv dx dv dx x dv

Substituindo a Eq. (213) na Eq. (212) obtém-se:

d 2θ 1 dθ 1 d 2θ
=− 2 + (214)
dx 2 x dv x 2 dv2

Substituindo as Eqs. (210) e (214) na Eq. (210) obtém-se:

 1 dθ 1 d 2θ   1 dθ 
x 2  − 2 + 2 2  + 4 x −M θ =0
2
(215)
 x dv x dv   x dv 

Rearranjando a Eq. (215) obtém-se:

d 2θ dθ
2
+3 − M 2θ = 0 (216)
dv dv

Com a transformação v = ln x, a Eq. (210) foi transformada em uma equação


diferencial de segunda ordem com coeficientes constantes, cuja solução é obtida pela
equação característica. A equação característica é escrita como t 2 + 3t − M 2 = 0, cuja
solução é obtida pela fórmula de Bhaskara:

3 1
t=− ± (9 + 4 M 2 )1 2 (217)
2 2
219

Para duas raízes reais e distintas (t1 e t2 ), a solução geral da Eq. (216) tem a
seguinte forma:

θ (v) = C1et v + C2et v


1 2
(218)

Voltando a Eq. (218) à variável original x e sabendo que eln x = x obtém-se:

C2
θ ( x ) = C1e t 1 ln x
+ C 2 e t 2 ln x = C1 x t1 + C 2 x t 2 = C1 x t1 + (219)
x −t 2

A temperatura na extremidade da aleta deve ser finita e da Eq. (219) tem-se


então:

C2
θ ( x = 0) = C1 0t + 1
= finito  C2 = 0 (220)
0− t 2

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e utilizando o resultado


da Eq. (220) obtém-se:

θb
θ ( x = b) = C1b t = θ b  C1 =
1
(221)
b t1

Substituindo os resultados das Eqs. (220-221) na Eq. (219) obtém-se:

t1
x
θ ( x) = θ b   (222)
b

A taxa real de transferência de calor da aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

dθ  πδ b2  d   x  1  πkδ b2θ b
t

qb = kAbase,aleta = k
 
 θ b    = [−3 + (9 + 4 M 2 )1 2 ] (223)
dx x =b  4  dx   b   x=b 8b
220

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  f 3 ( x)d ( x) = hθb  2πf 2 ( x)d ( x) =
0 0

2
b δb  x  π 
hθ b  2π   d ( x) =h δ bb θ b (224)
0 2 b 3 

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(223-224), ou seja:

πkδ b2θ b
[ −3 + (9 + 4 M 2 )1 2 ]
qb 8b 3kδ b
η= = = [ −3 + (9 + 4 M 2 )1 2 ] =
qmáximo,ale ta π  8hb 2
h δ b b θ b
3 
3 3
[−3 + 9 + 8(mb) 2 ] = [−3 + 9 + 8(mb) 2 ] (225)
2h 2 4( mb ) 2
4 b
kδ b
=m2

Multiplicando e dividindo a Eq. (225) por [−3 − 9 + 8(mb) 2 ] obtém-se:

3[ −3 + 9 + 8( mb) 2 ] [ −3 − 9 + 8( mb ) 2 ]
η= × (226)
4( mb ) 2 [ −3 − 9 + 8( mb ) 2 ]

Rearranjando a Eq. (226) obtém-se:

9 + 3 9 + 8(mb) 2 − 3 9 + 8(mb) 2 − ( 9 + 8(mb) 2 ) 2 2


η= = (227)
4 8
(mb) 2 1 + 1 + (mb) 2
3 9

8.7-ALETA PINIFORME DE PERFIL PARABÓLICO CONVEXO


221

Para a aleta piniforme de perfil parabólico côncavo mostrada na Fig. (22), a


equação do perfil é obtida substituindo n = 0 na Eq. (147), ou seja:

1−2.0
12
δ b  x  2− 0 δb  x 
f 2 ( x) =   =   (228)
2 b 2 b

d [ f 2 ( x)] 1  δ b 
12 2 2
df 2 ( x) δ b  1 
[ f 2 ( x)]2 =  δ b 
2
 x
de tal forma que =   ,   e =  .
dx 4  bx   2  b dx b 2 

Substituindo esses resultados na Eq. (146), multiplicando por (4bx δ b2 ) e rearranjando

obtém-se:

d 2θ dθ 2h 1 2 3 2
x2 +x −2 b x θ =0 (229)
dx 2
dx kδ b

Figura 22 – Aleta piniforme de perfil parabólico convexo (Fonte: Kraus et al., 2001).

A Eq. (229) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme o Apêndice. A Eq. (229) pode ser simplificada
definindo o parâmetro de desempenho da aleta na forma m2 = (2h kδ b ) e definindo um

parâmetro M escrito da seguinte forma:


222

M 2 = 2m 2b1 2 (230)

Assim, a Eq. (229) pode ser reescrita como:

d 2θ dθ
x2 2
+x − M 2 x3 2θ = 0 (231)
dx dx

Comparando a Eq. (231) com a Eq. (A15) obtém-se os seguintes coeficientes:


4 4
A = 0, B = 0, C = 3 4 , D = i M , p = M e n = 0. e Esses resultados indicam o
3 3
CASO 3, cuja solução geral é dada pela Eq. (A18), ou seja:

4  4 
θ ( x) = C1 I 0  Mx3 4  + C2 K 0  Mx3 4  (232)
3  3 

A temperatura na extremidade da aleta deve ser finita, ou seja, substituindo


x = 0 na Eq. (232), obtém-se:

4  4 
θ ( x = 0) = C1 I 0  M 03 4  + C2 K0  M 03 4  = finito  C2 = 0 (233)
3  3 
=1 =∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (149) e substituindo o resultado


da Eq. (233) na Eq. (232) obtém-se:

4  θb
θ ( x = b) = C1 I 0  Mb3 4  = θ b  C1 = (234)
3  4 
I 0  Mb3 4 
3 

Substituindo as Eqs. (233-234) na Eq. (232) e rearranjando obtém-se:


223

4 
I 0  Mx3 4 
3
θ ( x) = θ b   (235)
4 
I 0  Mb3 4 
3 

A taxa real de transferência de calor na aleta pode ser calculada a partir da Eq.
(150), ou seja:

 4 
 I 0  Mx 3 4  
dθ  πδ  d
2
3
qb = kAbase,aleta = k  b
 θ b   =
dx x =b  4 dx  4
  I  Mb 3 4  
 0
3   x =b

 πδ 2  θb d  4 
k  b   I 0  Mx3 4  (236)
 4  I  4 Mb3 4  dx   3  x=b
0
3 

A derivada com relação a x do lado direito da Eq. (236) pode ser determinada
com o auxílio do MAPLE, fornecendo o seguinte resultado:

4 
I1  Mx 3 4 
d  4   3
 I 0  Mx 3 4   = M  1 4  (237)
dx   3  x

Substituindo x = b na Eq. (237) e simplificando obtém-se:

4 
I1  Mb3 4 
d  4  3
 I 0  Mx 3 4  = M  14  (238)
dx   3  x=b b

Substituindo a Eq. (238) na Eq. (236) obtém-se:

4 
I1  Mb 3 4 
 πδ  M
2
3
qb = k   1 4 θ b 
b  (239)
 4 b 4 
I 0  Mb 3 4 
3 
224

A taxa máxima de transferência de calor é obtida pelo denominador da Eq. (1),


ou seja:

b b
qmáximo,aleta = hAsuperfície,aletaθb = hθb  f3 ( x)d ( x) = hθb  2πf 2 ( x)d ( x) =
0 0

12
b δb  x  2 
hθ b  2π   d ( x) =h πδ bb θ b (240)
0 2 b 3 

A eficiência da aleta é então calculada pela Eq. (1) com os resultados das Eqs.
(239-240) e pela definição de M da Eq. (230), ou seja:

4 
I1  Mb 3 4 
 πδ  M
2
3
k  b
 1 4 θ b  
 4 b 4  4 2 1 2 1 2 3 4
I 0  Mb 3 4  2 1 2 1 2 I1  ( 2 m b ) b 
η=
qb
= 3  = 3 ( 2m b ) 3 =
qmáximo,ale ta 2  4 2h bb1 4 4 2 1 2 1 2 3 4
h πδ bb θ b I 0  ( 2m b ) b 
3  kδ b 3 
=m 2

4 
I1  2mb 
3 2 3  (241)
4 4 
( mb) I 0  2mb 
3 

Na Fig. (23) podem ser vistas as curvas de eficiência para os seis tipos de aletas
piniformes mostradas anteriormente. Essas curvas são representações das Eqs. (163),
(177), (192), (205), (227) e (241), sendo todas funções do produto mb.

EXEMPLO 5: Aletas piniformes de perfil cilíndrico, cônico, parabólico côncavo e


parabólico convexo estão expostas a um meio com temperatura de 25 oC com
coeficiente de transferência de calor h = 40 W/(m2.K). Em todos os casos, a temperatura
da base das aletas é 100 oC e o material das aletas possui condutividade térmica
k = 100 W/(m.K). O diâmetro da base das aletas é 0,92 cm e o comprimento das aletas é
10 cm. Compare as eficiências e as taxas de dissipação de calor de cada aleta.

Para todas as aletas:


225

θ b = Tb − T∞ = 100 − 25 = 75 oC
b = 10 100 = 0,100 m

δ b = 0,92 100 = 0,0092 m


(a) para aleta piniforme cilíndrica com δ b = d :
12 12
 4h   4.40 
m=  =  = 13,188 m-1
 kd   100.0,0092 
mb = 13,188.0,100 = 1,319
tanh(mb) tanh(1,319)
η= = = 0,657
mb 1,319

 πd 2   π .0,00922 
qb = k  mθ b tanh(mb) = 100. .13,188.75. tanh(1,319) = 5,70 W
 4   4 
(b) para aleta piniforme de perfil cônico:
12 12
 2h   2.40 
m =   =  = 9,325 m-1
 kδ b   100.0,0092 
mb = 9,325.0,100 = 0,9325

2 I 2 ( 2 2mb) 2 I 2 ( 2 2 .0,9325) 2 .1,4977


η= = = = 0,797
( mb) I1 ( 2 2mb) (0,9325) I1 ( 2 2 .0,9325) 0,9325.2,8517

M = (2m 2b)1 2 = ( 2.9,325 2.0,100)1 2 = 4,170

 πδ 2  M I (2M b )  π .0,0092 2  4,170 I ( 2.4,170. 0,100 )


qb = k  b  θb 2 = 100.  .75. 2 =
 4  b I1 ( 2 M b )  4  0,100 I1 ( 2.4,170. 0,100 )

 π .0,0092 2  4,170 1,4960


100.  .75. = 3,45 W
 4  0,100 2,8492

(c) para aleta piniforme de perfil parabólico côncavo:


2 2
η= = = 0,858
8 8
1 + 1 + (mb) 2
1 + 1 + (0,9325) 2

9 9
M = [2(mb) 2 ]1 2 = [2(0,9325) 2 ]1 2 = 1,319

πkδ b2θ b π .100.0,0092 2.75


qb =
8b
[ −3 + (9 + 4 M 2 )1 2 ] =
8.0,100
[− 3 + (9 + 4.1,319 ) ] = 2.480 W
2 12

(d) para aleta piniforme de perfil parabólico convexo:


226

4  4 
I1  2mb  I1  2 .0,9325 
3 2 3  = 3 2 3  3 2 1,2652
η= = = 0,744
4 4  4 4  4 0,9325.1,9353
(mb) I 0  2mb  (0,9325) I 0  2 .0,9325 
3  3 
M = [2m 2b1 2 ]1 2 = [2.9,325 2.0,1001 2 ]1 2 = 7,416

4  4 
I1  Mb3 4  I1  .7,416.0,1003 4 
 πδ b2  M 3  = 100. π .0,0092 . 7,416 .75.  3
 2

qb = k   1 4 θ b    14
=
4 4
b
 4 b   4  0,100 
I 0  Mb3 4  I 0  .7,416.0,1003 4 
3  3 
 π .0,0092 2  7,416 1,2652
= 100. . 14
.75. = 4,30 W
 4  0,100 1,9353

Segue abaixo um resumo do desempenho das quatro aletas:


Perfil da aleta η q b (W)

Cilíndrico 0,657 5,70


Cônico 0,796 3,45
Parabólico côncavo 0,858 2,48
Parabólico convexo 0,744 4,30

1
Cilíndrica, Retangular, Elíptica
Cônica
0.9 Côncava
Convexa

0.8
η (adimensional)

0.7

0.6

0.5

0.4
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
mb (adimensional)

Figura 23 – Gráfico de eficiências para aletas piniformes.


227

EXEMPLO 6: Tubos de cobre estão fixados a uma placa de um coletor solar, com
espessura t, e o fluido de trabalho mantém a temperatura da placa acima dos tubos em
"
T0 . Há um fluxo térmico radiante líquido uniforme qrad na superfície superior da placa,
enquanto a superficie inferior encontra-se isolada termicamente. A superfície superior
também está exposta a um fluido a T∞ , que fornece um coeficiente convectivo uniforme
h.
a) deduza a equação diferencial que governa a distribuição de temperaturas T ( x) em
regime permanente na placa e
b) obtenha uma solução para a equação diferencial usando condições de contorno
apropriadas.

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) superfície inferior da placa isolada, (4) fluxo de radiação
e coeficiente de transferência de calor uniformes, (5) temperatura da placa em x = 0
corresponde a temperatura do fluido de trabalho T0 , (6) sem geração interna de energia

e (7) devido à simetria, somente metade da placa pode ser analisada. É utilizado um
volume de controle diferencial sobre a placa, conforme a figura abaixo, onde é feito um
balanço de energia, ou seja:

Eɺe − Eɺ s = 0  Eɺe = Eɺ s  qx + dqrad = qx + dx + dqconv (242)


228

As taxas de energia dqrad , q x + dx e dqconv podem ser escritas como:

dq rad = q rad
"
(dx ×1) q x + dx = q x +
dq x
dx dq conv = h(dx × 1)(T − T∞ ) (243)
dx

Substituindo a Eq. (243) na Eq. (242) e rearranjando obtém-se:

+ h(T − T∞ )
dq x
"
qrad = (244)
dx

A taxa de calor q x da Eq. (244) e sua derivada em relação a x podem ser

calculadas pela lei de Fourier, ou seja:

d 2T
qx = −k (t × 1)
dT dq
 x = −kt 2 (245)
dx dx dx

Substituindo a Eq. (245) na Eq. (244) e rearranjando obtém-se:

d 2T
kt − h(T − T∞ ) = −qrad
"
(246)
dx 2

Dividindo a Eq. (246) por kt e introduzindo a variável θ ( x ) = T ( x ) − T∞ com o


objetivo de eliminar uma das não homogeneidades obtém-se:

d 2θ h "
qrad
− θ = − (247)
dx2 kt kt

Definindo as variáveis m 2 = ( h kt ) e S = −(qrad


"
kt ) na Eq. (247) obtém-se:

d 2θ
2
− m2θ = S (248)
dx

As condições de contorno para a solução da Eq. (248) são:


229

dT dθ
=0 =0 (249)
dx x=L dx x=L

T ( x = 0) = To  θ ( x = 0) = To − Tb = θ o (250)

A Eq. (248) é uma equação diferencial de segunda ordem com coeficientes


constantes e não-homogênea, cuja solução geral é obtida pelas soluções homogênea e
particular, ou seja:

θ ( x) = θ H ( x) + θ P ( x) (251)

A solução homogênea é obtida pela solução da equação característica que tem a


seguinte forma:

t 2 − m2 = 0  t = ±m (252)

Como as duas soluções da equação característica são reais e distintas, a solução


homogênea é escrita da seguinte forma:

θ H ( x) = C1e mx + C2e − mx (253)

Já a solução particular pode ser determinada pelo método dos coeficientes


indeterminados, ou seja:

θ P ( x ) = C  − m 2C = S  C = − S m 2  θ P ( x ) = − S m 2 (254)

Assim, a solução geral da Eq. (248) é escrita como:

θ ( x) = C1e mx + C2e − mx − S m 2 (255)

A derivada da Eq. (255) com relação a x é escrita como:


230


= mC1e mx − mC 2e − mx (256)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (249) obtém-se:


= mC1e mL − mC2e − mL = 0  C1 = C2e − 2 mL (257)
dx x= L

Aplicando a condição de contorno da Eq. (250) e utilizando o resultado da Eq.


(257) obtém-se:

θ o + S m2
θ ( x = 0) = C2e − 2 mL m 0
e + C2e − m0
− S m = θo  C2 =
2
(258)
e− 2 mL + 1

Substituindo a Eq. (258) na Eq. (257) obtém-se:

θo + S m2 θo + S m2
C1 = C2e− 2 mL  C1 = e− 2 mL  C1 = (259)
e− 2 mL + 1 e2 mL + 1

Substituindo as Eqs. (258-259) na Eq. (255) obtém-se:

θo + S m2 θo + S m2
θ ( x) = emx + e− mx − S m2 (260)
e2 mL + 1 e− 2 mL + 1

Rearranjando a Eq. (260) obtém-se:

e − mx
θ ( x ) = (θ o + S m 2 ) 2 mL
 e mx 
+ − 2 mL  − S m 2 (261)
 e +1 e +1

Voltando as variáveis originais com exceção de m e rearranjando obtém-se:

T ( x ) − T∞ − qrad
"
h  e mx e − mx 
=  +
 e 2 mL + 1 e − 2 mL + 1  (262)
To − T∞ − qrad"
h  
231

EXEMPLO 7: Uma frigideira vazia é esquecida sobre uma chapa quente. Pode ser
assumido que a base da frigideira está sujeita a um fluxo de calor uniforme q " . A
temperatura ambiente é T∞ e os coeficientes de transferência de calor são h1 e h2 . A
condutividade térmica, espessura, raio e altura da frigideira são k , δ , R e L,
respectivamente. Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente na
frigideira.

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) coeficientes de transferência de calor uniformes, (4) sem
geração interna de energia e (5) sem efeito de radiação térmica. Desprezando a variação
de temperaturas ao longo da espessura, pode-se assumir que a distribuição de
temperaturas na frigideira é unidimensional, sendo radial na base e axial nas paredes
laterais. Isso sugere que o problema pode ser analisado em termos de dois domínios por
conveniência matemática. O primeiro domínio engloba as paredes laterais da frigideira
conforme a figura abaixo:
232

Um balanço de energia em um volume de controle diferencial na parede lateral


fornece que

dq
Eɺ e = Eɺ s  q x = qx + dx + dqconv1 + dqconv 2  q x = q x + x dx + dqconv1 + dqconv 2 (263)
dx

A lei de Fourier e a lei do resfriamento de Newton são escritas como:

dT1
q x = − kAtr (264)
dx

dqconv1 = h1dAs1 (T1 − T∞ ) (265)

dqconv 2 = h1dAs 2 (T1 − T∞ ) (266)

A área da seção transversal é a área de uma coroa circular limitada por duas
circunferências de raios externo e interno R e R − δ , respectivamente, ou seja:

Atr = πR2 − π (R − δ ) = πR2 − πR2 + 2πRδ − πδ 2 = 2πRδ


2
(267)
→0

As áreas superficiais para a convecção podem ser calculadas como:

dAs1 = 2π (R − δ )dx = 2πRdx − 2πδdx = 2πRdx (268)


→0

dAs 2 = 2πRdx ( δ << R, dAs1 ≈ dAs 2 ) (269)

Substituindo as Eqs. (264-269) na Eq. (263) e rearranjando obtém-se:

d 2T1 2h1
− (T1 − T∞ ) = 0 (270)
dx 2 kδ
233

2h1
Definindo θ1 ( x) = T1 ( x) − T∞ e m12 = e substituindo na Eq. (270) obtém-se:

d 2θ1
2
− m12θ1 = 0 (271)
dx

A solução da Eq. (271) é obtida pela equação característica, cujas raízes são
± m1 , e a solução geral é escrita como:

θ1 ( x ) = C1 sinh( m1 x ) + C2 cosh( m1 x ) (272)

O segundo domínio engloba a base da frigideira conforme a figura abaixo:

Um balanço de energia em um volume de controle diferencial na base fornece


que:

dq
Eɺ e = Eɺ s  qr + q "dAs = qr +dr + dqconv  qr + q "dAs = qr + r dr + dqconv (273)
dr

A lei de Fourier e a lei do resfriamento de Newton são escritas como:

dT2
qr = −kAtr (274)
dr

dqconv = h2dAs (T2 − T∞ ) (275)


234

A área da seção transversal e a área superficial de convecção podem ser


calculadas como:

Atr = 2πrδ (276)

dAs = π (r + dr ) − πr 2 = πr 2 + 2πrdr + πdr 2 − πr 2 = 2πrdr


2
(277)
→0

Substituindo as Eqs. (274-277) na Eq. (273) e rearranjando obtém-se:

d 2T2 dT2 q"


r + − r
h2
(T − T∞ ) = − r (278)
kδ kδ
2
dr 2 dr

h2 q"
Definindo θ 2 ( x ) = T2 ( x ) − T∞ , m =
2
e n= , substituindo na Eq. (279),
kδ kδ
2

multiplicando por r e rearranjando obtém-se:

d 2θ 2 dθ  n 
r2 2
+ r 2 − r 2 m22  θ 2 − 2  = 0 (279)
dr dr  m2 

De maneira a simplificar o trabalho algébrico, pode-se definir uma variável


auxiliar θ 2' = θ 2 − n m22 de tal forma que dθ 2' dr = dθ 2 dr e d 2θ 2' dr 2 = d 2θ 2 dr 2 .
Substituindo esses resultados na Eq. (279) e rearranjando obtém-se:

d 2θ2' dθ2'
r2 2
+ r − r 2 m22θ2' = 0 (280)
dr dr

A Eq. (280) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme o Apêndice. Comparando a Eq. (280) com a Eq. (15)
do Apêndice, obtém-se os seguintes coeficientes: A = 0, B = 0, C = 1, D = im2 ,
235

p = m2 e n = 0. Esses resultados indicam o CASO 3, cuja solução geral é dada pela Eq.
(18) do Apêndice. Em termos da variável original θ 2 , obtém-se:

θ 2 (r ) = C3 I 0 (m2 r ) + C4 K 0 (m2 r ) +
n
(281)
m22

Desprezando a transferência de calor pela superfície superior das laterais, pode-


se escrever as condições de contorno na seguinte forma:

dθ1
=0 (282)
dx x =0

θ1 ( L ) = θ 2 ( R ) (283)

dθ 2 dθ1
−k =k (284)
dr r =R dx x= L

dθ 2
=0 ou θ 2 ( r = 0) = finito (285)
dr r =0

A derivada das Eqs. (272) e (281) tem a seguinte forma:

dθ1
= m1C1 cosh( m1 x ) + m2C2 sinh( m1 x ) (286)
dx

dθ 2
= m2C3 I1 (m2 r ) − m2C 4 K1 (m2 r ) (287)
dr

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (282) obtém-se:

dθ1
= m1C1 cosh( m1 0) + m2C2 sinh( m1 0) = 0  C1 = 0 (288)
dx x =0
236

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (285) obtém-se:

dθ 2
= m2C3 I1 (m2 0 ) − m2C4 K1 (m2 0) = 0  C4 = 0 (289)
dr r =0 =0 =∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (283) e utilizando os resultados


obtidos nas Eqs. (288-289) obtém-se:

C2 cosh(m1L) = C3 I 0 (m2 R ) +
n
(290)
m22

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (284) e utilizando os resultados


obtidos nas Eqs. (288-289) obtém-se:

C2m2 sinh(m1L) + C3m2 I1 (m2 R ) = 0 (291)

As Eqs. (290-291) formam um sistema de duas equações e duas incógnitas para


a determinação de C 2 e C3 , que após manipulação algébrica tem a seguinte forma:

nI1 (m2 R)
C2 = (292)
m2 [m2 I1 (m2 R) cosh(m1L) + m1I 0 (m2 R) sinh(m1L)]

m1n sinh(m1L)
C3 = − (293)
m [m2 I1 (m2 R) cosh(m1L) + m1I 0 (m2 R) sinh(m1L)]
2
2

Substituindo as Eqs. (288) e (292) na Eq. (272) obtém-se:

nI1 (m2 R) cosh(m1 x)


θ1 ( x) = (294)
m2 [m2 I1 (m2 R) cosh(m1L) + m1I 0 ( m2 R) sinh(m1L)]
237

Pode-se rearranjar a Eq. (294) colocando o termo m2 cosh(m1L) em evidência no

denominador, passando o termo n m22 = q" h2 para a esquerda e passando o termo


I1 ( m2 R ) do numerador para o denominador, ou seja:

θ1 ( x) cosh(m1 x) cosh(m1L)
= (295)
"
q h2 1 + (m1 m2 ) [I 0 (m2 R) I1 (m2 R)]tanh(m1L)

Substituindo as Eqs. (289) e (293) na Eq. (281) obtém-se:

nm1 sinh(m1L) I 0 (m2 r ) n


θ 2 (r ) = − + 2 (296)
m [m2 I1 (m2 R) cosh(m1L) + m1I 0 ( m2 R) sinh(m1L)] m2
2
2

Pode-se rearranjar a Eq. (296) colocando o termo n m22 = q" h2 em evidência e


passando-o para a esquerda, passando o termo m1 sinh( m1 L ) do numerador para o
denominador e colocando o termo I 0 (m2 R) em evidência no denominador, ou seja:

θ 2 (r ) I 0 (m2 r ) I 0 (m2 R)
=1− (297)
"
q h2 1 + (m2 m1 ) [I1 (m2 R) I 0 (m2 R)]coth(m1L)

EXEMPLO 8: Uma aleta de seção transversal constante A e comprimento 2L possui


uma taxa volumétrica de geração de energia uniforme qɺ. Metade da aleta está isolada e
a outra metade troca calor por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a
temperatura ambiente é T∞ . Determine a distribuição de temperaturas em regime
permanente ao longo da aleta.

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) coeficiente de transferência de calor uniforme, (4) com
geração interna de energia uniforme (5) condutividade térmica constante e (6) radiação
238

térmica desprezível. Como metade da aleta está isolada enquanto a outra metade troca
calor por convecção, duas equações diferenciais são necessárias. Para a metade isolada,
0 ≤ x ≤ L, a equação diferencial é obtida por um balanço de energia diferencial:

dq dq
Eɺ e − Eɺ s + Eɺ g = 0  q x − q x + dx + qɺ dV = 0  q x − q x − x dx + qɺ ( Adx ) = 0  x = qɺA (298)
dx dx

Utilizando a lei de Fourier na Eq. (298) obtém-se:

d  dT1  d  dT1  d 2T1 qɺ


 − kA  = qɺ A   − k  = qɺ  2 + = 0 (299)
dx  dx  dx  dx  dx k

Para a segunda metade da aleta, L ≤ x ≤ 2L, a equação diferencial também é


obtida por um balanço de energia diferencial:

dq
Eɺ e − Eɺ s + Eɺ g = 0  q x − q x + dx − dqconv + qɺ dV = 0  q x − q x − x dx − dqconv + qɺdV = 0 (300)
dx

Utilizando a lei de Fourier e a lei do resfriamento de Newton na Eq. (300) e


dividindo o resultado por Adx obtém-se:

d 2T2 h dAs
2
− (T2 − T∞ ) + qɺ = 0 (301)
dx kA dx k

A área da seção transversal da aleta pode ser escrita em termos do perímetro da


seção da aleta como sendo dAs = Pdx. Substituindo esse resultado na Eq. (301) e

definindo m2 = hP kA obtém-se:

d 2T2 d 2T2
− m (T2 − T∞ ) + = 0  2 − m2T2 = − − m2T∞
2 qɺ qɺ
2
(302)
dx k dx k

Para as Eqs. (299) e (302) são necessárias quatro condições de contorno, ou seja:
239

dT1
=0 (303)
dx x=0

T1 ( x = L ) = T2 ( x = L ) (304)

dT1 dT2
= (305)
dx x= L dx x= L

dT2
=0 (306)
dx x=2L

A solução da Eq. (299) é obtida por dupla integração, ou seja:

d 2T1 qɺ dT1 qɺx qɺx 2


+ = 0  = − + C1  T1 ( x ) = − + C1 x + C2 (307)
dx 2 k dx k 2k

A solução homogênea da Eq. (302) é obtida pela técnica da equação


característica, ou seja:

d 2TH 2
2
− m2TH 2 = 0  t 2 − m2 = 0  t = ±m  TH 2 ( x) = C3 sinh(mx) + C4 cosh(mx) (308)
dx

Já a solução particular da Eq. (302) é obtida como:

qɺ qɺ qɺ
TP 2 ( x ) = C  − m 2C = − − m 2T∞  C = 2
+ T∞  TP 2 ( x ) = + T∞ (309)
k km km 2

A solução geral da Eq. (302) é a composição das Eqs. (308-309), ou seja:


T2 ( x ) = C3 sinh( mx ) + C 4 cosh( mx ) + + T∞ (310)
km 2

A derivada da Eq. (310) com relação a x é escrita como:


240

dT2
= mC3 cosh( mx ) + mC 4 sinh( mx ) (311)
dx

Aplicando a condição de contorno da Eq. (303) juntamente com o resultado da


Eq. (307) obtém-se:

dT1 qɺ 0
=− + C1 = 0  C1 = 0 (312)
dx x=0 k

Aplicando condição de contorno da Eq. (304) juntamente com os resultados das


Eqs. (307) e (310) e utilizando o resultado da Eq. (312) obtém-se:

qɺL2 qɺ
− + C2 = C3 sinh(mL) + C4 cosh(mL) + 2 + T∞ 
2k km
qɺL2 qɺ
C2 = T∞ + + 2 + C3 sinh(mL) + C4 cosh(mL) (313)
2k km

Aplicando a condição de contorno da Eq. (305) juntamente com os resultados


das Eqs. (307) e (311) e utilizando o resultado da Eq. (312) obtém-se:

qɺ L
− = mC3 cosh( mL ) + mC4 sinh( mL ) (314)
k

Aplicando a condição de contorno da Eq. (306) juntamente com o resultado da


Eq. (312) obtém-se:

mC3 cosh( 2mL) + mC4 sinh( 2mL) = 0  C3 = −C4 tanh( 2mL) (315)

Substituindo a Eq. (315) na Eq. (314) e rearranjando obtém-se:

qɺL 1
C4 = (316)
km tanh(2mL) cosh(mL) − sinh(mL)
241

Substituindo a Eq. (316) na Eq. (315) e rearranjando obtém-se:

qɺL tanh(2mL)
C3 = (317)
km sinh(mL) − tanh(2mL) cosh(mL)

Substituindo as Eqs. (316-317) na Eq. (313) e rearranjando obtém-se:

qɺL2 qɺ qɺL tanh(2mL) sinh(mL) − cosh(mL)


C2 = T∞ + + 2− (318)
2k km km tanh(2mL) cosh(mL) − sinh(mL)

Substituindo as Eqs. (305) e (318) na Eq. (307) e rearranjando obtém-se:

2
T1 ( x) − T∞ 1 1 1 tanh(2mL ) sinh( mL ) − cosh( mL ) 1  x 
= + − −   (319)
qɺ L2
2 ( mL ) 2
( mL ) tanh(2mL ) cosh(mL ) − sinh( mL ) 2  L 
k

Substituindo as Eqs. (316-317) na Eq. (310) e rearranjando obtém-se:

T2 ( x ) − T∞ 1 1 cosh( mx ) − tanh(2mL ) sinh( mx )


= + (320)
qɺ L2
( mL ) 2
( mL ) tanh( 2mL ) cosh( mL ) − sinh( mL )
k

EXEMPLO 9: Uma barra delgada com área de seção transversal A e comprimento 2L é


aquecida eletricamente por uma corrente elétrica I. A resistência elétrica da barra por
unidade de comprimento é Re' . A superfície da barra é resfriada por convecção por um

fluido com temperatura T∞ e coeficiente de transferência de calor h. As extremidades da


barra também estão à temperatura T∞ .
a) obtenha a equação diferencial para a distribuição de temperaturas ao longo da barra e
estabeleça as condições de contorno para o problema,
b) resolva a equação diferencial do item anterior,
c) determine a posição na barra onde ocorre a menor temperatura e
d) calcule o valor dessa temperatura.
242

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) coeficiente de transferência de calor uniforme, (4)
geração interna de energia uniforme e (5) sem efeito de radiação térmica. É utilizado um
volume de controle diferencial sobre a barra, onde é feito um balanço de energia, ou
seja:

dq
Eɺ e − Eɺ s + Eɺ g = 0  q x + qɺ dV = q x + dx + dqconv  q x + qɺdV = q x + x dx + dqconv (321)
dx

Substituindo a Lei de Fourier, a lei do resfriamento de Newton e sabendo que a


geração uniforme de energia é devido à conversão de energia elétrica em energia
térmica, (qɺ = Re' I 2 A), a Eq. (321) pode ser reescrita como:

Re' I 2 d  
dx + hdAs (T − T∞ )
dT
Adx =  − kA (322)
A dx  dx 

Dividindo a Eq. (322) por kAdx, sabendo que dAs dx = P e fazendo

m2 = hP kA obtém-se:

d 2T Re' I 2
− m (T − T∞ ) = −
2
(323)
dx2 kA

As condições de contorno da Eq. (323) são escritas como:

T (x = 0 ) = T∞ (324)

dT
=0 (325)
dx x=L

Definindo a variável excesso de temperaturas θ ( x ) = T ( x ) − T∞ , pode-se


reescrever as Eqs. (323-325) na seguinte forma:
243

d 2θ Re' I 2
− m 2
θ = − (326)
dx 2 kA

θ (x = 0) = 0 (327)


=0 (328)
dx x=L

A Eq. (326) é uma equação diferencial de segunda ordem com coeficientes


constantes e não-homogênea, cuja solução é obtida pelas soluções homogênea e
particular, ou seja:

θ ( x) = θ H ( x) + θ P ( x) (329)

A solução homogênea é obtida pelas soluções da equação característica que tem


a seguinte forma:

t 2 − m2 = 0  t = ±m (330)

Como as duas soluções são reais e distintas, a solução homogênea é escrita da


seguinte forma:

θ H ( x ) = C1 sinh( mx ) + C2 cosh( mx ) (331)

Já a solução particular pode ser determinada pelo método dos coeficientes


indeterminados, ou seja:

Re' I 2 R' I 2 R' I 2


θ P ( x) = C  −m2C = −  C = e2  θ P ( x) = e (332)
kA m kA hP

Assim, a solução da Eq. (326) é escrita como:


244

Re' I 2
θ ( x) = C1 sinh(mx) + C2 cosh(mx) + (333)
hP

A derivada da Eq. (333) com relação a x é escrita como:


= mC1 cosh( mx ) + mC 2 sinh( mx ) (334)
dx

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (328) obtém-se:


= mC1 cosh( mL ) + mC2 sinh( mL ) = 0  C1 = −C2 tanh( mL ) (335)
dx x=L

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (327) e utilizando o resultado


da Eq. (335) obtém-se:

Re' I 2 Re' I 2
θ (x = 0) = −C2 tanh(mL) sinh(m0) + C2 cosh(m0) + = 0  C2 = − (336)
hP hP

Substituindo a Eq. (336) na Eq. (335) obtém-se:

Re' I 2
C1 = tanh(mL) (337)
hP

Substituindo as Eqs. (336-337) na Eq. (333) obtém-se:

Re' I 2 R' I 2 R' I 2


θ ( x) = tanh(mL) sinh(mx) − e cosh(mx) + e (338)
hP hP hP

Rearranjando a Eq. (338) obtém-se:

Re' I 2
θ ( x) = [tanh(mL) sinh(mx) − cosh(mx) + 1] (339)
hP
245

Voltando as variáveis originais e rearranjando a Eq. (339) obtém-se:

T ( x) − T∞
= tanh(mL) sinh(mx) − cosh(mx) + 1 (340)
Re' I 2
hP

O ponto de menor temperatura pode ser obtido igualando a derivada da Eq.


(340) em relação a x igual a 0, ou seja:

dT Re' I 2
= [m tanh(mL) cosh(mx) − m sinh(mx)] = 0  x = L (341)
dx hP

Pode ser verificado através do sinal da derivada segunda da Eq. (341) aplicada
em x = L, que esse ponto minimiza a temperatura. O valor da menor temperatura é
então determinado substituindo o resultado da Eq. (341) na Eq. (340), ou seja:

Tmin ( x = L) − T∞
= θ min = tanh(mL) sinh(mL) − cosh(mL) + 1 (342)
Re' I 2
hP

EXEMPLO 10: Uma fina folha de plástico de espessura t e largura W é aquecida em um


forno até uma temperatura To . A folha se move sobre uma correia transportadora com

velocidade U. Após a saída do forno ela é resfriada por convecção com o ambiente a
temperatura T∞ . O coeficiente de transferência de calor é h. Assuma regime permanente
com radiação desprezível e sem transferência de calor entre a folha e a correia
transportadora. Determine a distribuição de temperaturas na folha de plástico.
246

SOLUÇÃO: Existem aplicações onde uma material troca calor com as


vizinhanças enquanto se move através de um forno ou de um canal. Exemplos incluem a
extrusão de plásticos, extração de arames e folhas e o escoamento de líquidos. Tais
problemas podem ser modelados como aletas móveis com as devidas hipóteses do
modelo. Na figura abaixo pode ser visto um processo de extração de um corpo com uma
velocidade U através de rolos. Esse corpo troca calor por radiação com a vizinhança,
convecção com o meio e então sua temperatura varia com a distância.

As considerações para a formulação de um modelo matemático são: (1) regime


permanente, (2) sem geração de energia, (3) k constante, (4) velocidade constante, (5)
pressão constante, (6) corpo cinza e (7) pequena superfície localizada em uma grande
vizinhança. Um balanço de energia em um volume de controle diferencial fornece:

Eɺ e = Eɺ s  qx + mɺ hx = qx+dx + mɺ hx+dx + dqconv + dqrad (343)

Reescrevendo q x + dx e hx + dx utilizando séries de Taylor obtém-se:

dqx  dh 
q x + mɺ hx = q x + dx + mɺ  hx + x dx  + dqconv + dqrad (344)
dx  dx 

As taxas de calor por condução, convecção e radiação são escritas como:

dT dq d  dT  d 2T
q x = − kAtr  x =  − kAtr  = − kA (345)
dx 2
tr
dx dx dx  dx 
247

dqconv = hdAs (T − T∞ ) (346)

(
dqrad = εσdAs T 4 − Tviz4 ) (347)

Substituindo as Eqs. (345-347) na Eq. (344) e rearranjando obtém-se:

− kAtr
d 2T
dx 2
dx
(
dx + mɺ x dx + hdAs (T − T∞ ) + εσdAs T 4 − Tviz4 = 0
dh
) (348)

Fazendo mɺ = ρ UA tr , dhx = c p dT , admitindo c p constante e dividindo a Eq.

(348) por dx obtém-se:

− kAtr
d 2T
dx 2
+ ρUAtr c p
dT
dx dx dx
(
+ h s (T − T∞ ) + εσ s T 4 − Tviz4 = 0
dA dA
) (349)

Dividindo a Eq. (349) por ( − kAtr ) obtém-se:

d 2T ρUcp dT
2
− −
h dAs
(T − T∞ ) − εσ dAs T 4 − Tviz4 = 0
( ) (350)
dx k dx kAtr dx kAtr dx

A Eq. (350) é a forma geral do balanço de energia diferencial para um aleta


móvel com velocidade constante U. Para o problema em análise, a área superficial e a
área da seção transversal podem ser escritas como:

As ( x ) = Wx + 2tx = (W + 2t )x 
dAs
= W + 2t (351)
dx

Atr = Wt (352)

Deprezando a troca de calor por radiação térmica, substituindo as Eqs. (351-352)


na Eq. (350) e rearranjando obtém-se:
248

d 2T ρUc p dT h(W + 2t ) h(W + 2t )


2
− − T+ T∞ = 0 (353)
dx k dx kWt kWt

ρUc p h (W + 2t ) h(W + 2t )
Definindo os parâmetros b = − , c=− T∞ e m 2 = − ,
2k kWt kWt
pode-se reescrever a Eq. (353) como:

d 2T dT
2
+ 2b + m2T = c (354)
dx dx

As condições de contorno desse problema são:

T ( x = 0) = To (355)

T ( x → ∞ ) = finito (356)

A Eq. (354) é linear, de segunda ordem, com coeficientes constantes e não-


homogênea, cuja solução é da seguinte forma:

T ( x) = TH ( x) + TP ( x) (357)

A solução homogênea é obtida através da equação característica:

t 2 + 2bt + m2 = 0  t = −b ± b 2 − m2 (358)

A solução homogênea é então escrita como:

 −b + b 2 − m 2  x  −b − b 2 − m 2  x
TH ( x ) = C1e 
+ C2e 
(359)

A solução particular nesse caso deve ser uma constante C, de tal forma que:
249

 TP (x ) = C = 2
c c
m 2C = c  C = 2
(360)
m m

A solução geral da Eq. (354) é a composição das Eqs. (359-360), ou seja:


 − b + b 2 − m 2  x  − b − b 2 − m 2  x
c
T ( x) = C1e 
+ C2e 
+ (361)
m2

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (356) obtém-se:

 − b + b 2 − m 2  ∞  − b − b 2 − m 2  ∞
T ( x → ∞ ) = C1 e
c

+ C2 e  
+ = finito  C1 = 0 (362)
→∞ →0 m2

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (355) e utilizando o resultado


da Eq. (362) obtém-se:

 −b − b 2 − m 2  0
T ( x = 0) = C2e
c c

+ 2
= To  C2 = To − 2 (363)
m m

Substituindo as Eqs. (362-363) na Eq. (361) e retornando as variáveis originais


obtém-se:

 c   − b − b 2 − m 2  x
T ( x ) =  To − 2 e
c

+ =
 m  m2
2
 h(W + 2t )   − − ρUc p  −  ρUc p
−
2 
  h (W + 2t )  
 − −
h(W + 2t )
 T∞    2 k  
 2k  
 kWt
 x

T∞
kWt kWt
To − h(W + 2t )  e +
 
(364)
h(W + 2t )
 
 kWt  kWt

Rearranjando a Eq. (364) obtém-se:

 ρUc ρUc p  h(W + 2t ) 


2
T ( x ) − T∞ 
= exp  p
−   + x (365)
To − T∞  2k  2k  kWt 
 
250

A seguir serão analisadas três configurações mais elaboradas de aletas. Será


dada ênfase na formulação de cada problema juntamente com as condições de contorno.
A análise matemática será feita com o auxílio do MAPLE juntamente com um exemplo
numérico.

EXEMPLO 11: Uma aleta em cascata usualmente é composta de uma aleta longitudinal
de perfil retangular acoplada a uma aleta longitudinal de perfil triangular conforme a
figura abaixo. O comprimento total da aleta é b, sendo b1 o comprimento da aleta de

perfil triangular e b2 − b1 o comprimento da aleta de perfil retangular. A aleta em

cascata está exposta a um ambiente com temperatura T∞ e devido às áreas superficiais


distintas, os coeficientes de transferência de calor para a aleta de perfil triangular e
perfil retangular são, respectivamente, h1 e h2 . A espessura de ambos os perfis na base
são iguais e denotadas por δ b . As condutividades térmicas dos perfis triangular e

retangular são, respectivamente, k1 e k 2 . A profundidade do conjunto é igual a w e a


temperatura na base da aleta de perfil retangular é Tb . Desenvolva um modelo

matemático unidimensional em regime permanente para o conjunto considerando


k1 = k2 e h1 = h2 . Resolva esse modelo utilizando o MAPLE juntamente com um
exemplo numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE1.mw. Os
dados para a solução são: k = 100 W/(m.K), w = 0,005 m, Tb = 100 oC, T∞ = 30 oC,

f = 0,5, N 2 = 1,0, L = b2 − b1 = 0,05 m.

T∞ , h2 T∞ , h1
Tb
w
Tb δb k2 k1

x = b2 x = b1
x
251

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) coeficiente de transferência de calor uniforme, (4) sem
geração interna de energia e (5) sem efeito de radiação térmica. A equação diferencial
para a aleta longitudinal de perfil retangular é dada pela Eq. (16), que em termos da
variável T2 é reescrita como:

d 2T2 2h
− (T2 − T∞ ) = 0 b1 ≤ x ≤ b2 (366)
dx 2 kδ b

A equação diferencial para a aleta longitudinal de perfil triangular é dada pela


Eq. (29), que em termos da variável T1 é reescrita como:

d 2T1 dT1 2h
x + − b1 (T1 − T∞ ) = 0 0 ≤ x ≤ b1 (367)
dx 2 dx kδ b

As condições de contorno para esse problema são:

T1 ( x = 0) = finito (368)

T1 ( x = b1 ) = T2 ( x = b1 ) (369)

dT1 dT2
= (370)
dx x = b1 dx x = b1

T2 ( x = b2 ) = Tb (371)

As Eqs. (366-371) podem ser reescritas utilizando os seguintes adimensionais:

T1 − T∞ T −T x b 2hb22
θ1 = , θ 2 = 2 ∞ , X = , f = 1 , N 22 = , N12 = fN 22 (372)
Tb − T∞ Tb − T∞ b2 b2 kδ b

As Eqs. (366-371) são então reescritas como:


252

d 2θ2
− N 22θ 2 = 0 f ≤ X ≤1 (373)
dX 2

d 2θ1 dθ1
X 2
+ − N12θ1 = 0 0≤ X ≤ f (374)
dX dX

θ1 ( X = 0) = finito (375)

θ1 ( X = f ) = θ 2 ( X = f ) (376)

dθ1 dθ 2
= (377)
dX X=f dX X=f

θ 2 ( X = 1) = 1 (378)

A taxa de transferência de calor no conjunto pode ser calculada utilizando a lei


de Fourier na base da aleta de perfil retangular, ou seja:

dT2 k (δ b w)(Tb − T∞ ) dθ 2
q = k (δ b w) = (379)
dx x = b2 b2 dX X =1

EXEMPLO 12: Para reduzir a temperatura de um transistor na forma de disco, é comum


acoplar a superfície do transistor um tubo cilíndrico oco de alta condutividade térmica.
Assim, energia é transferida por condução ao longo da parede cilíndrica e dissipada por
convecção para um fluido adjacente. Pode-se também fechar a superfície superior do
cilindro oco de maneira que energia também é transferida por condução ao longo da
capa superior e dissipada por convecção para um fluido adjacente. Essa situação pode
ser vista na figura abaixo.
A temperatura do transistor em regime permanente é Tb , a espessura do cilindro

oco é w, a altura do cilindro oco é L, o raio do cilindro oco é rt , o coeficiente de

transferência de calor na vertical é h1 , o coeficiente de transferência de calor na

horizontal é h2 e a temperatura do ambiente é T∞ . Esse problema pode ser modelado


253

utilizando dois domínios considerando condução unidimensional em regime


permanente.
Calor é conduzido verticalmente através das paredes do cilindro que troca calor
por convecção com o meio externo. No topo, esse calor é conduzido radialmente através
da capa superior até o centro do cilindro que troca calor por convecção com o meio
externo. Considera-se que somente as superfícies externas do cilindro oco trocam calor
por convecção com o ambiente. Desenvolva um modelo matemático unidimensional em
regime permanente para o conjunto. Resolva esse modelo utilizando o MAPLE
juntamente com um exemplo numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo
MAPLE2.mw. Os dados para a solução são: k = 25 W/(m.K), h = 300 W/(m2.K),
w = 0,0003 m, L = 0,009 m, rt = 0,004 m, T∞ = 20 oC, Tb = 100 oC

rt
h2 , T∞

x
r
h1 , T∞ L
w

Tb Tb

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional axial e radial, (3) coeficiente de transferência de calor
uniforme, (4) sem geração interna de energia, (5) sem efeito de radiação térmica e (6) a
condutividade térmica dos dois domínios é a mesma. A equação diferencial para
condução axial na parede cilíndrica (DOMÍNIO 1) pode ser deduzida através de um
balanço de energia em um volume de controle diferencial extraído da parede.
Considerando que w << rt , a equação diferencial resultante é similar a Eq. (270) do
254

EXEMPLO 7, com exceção de um fator 2 resultante da convecção tanto interna quanto


externa. Tem-se então que:

d 2T1 h1
− (T1 − T∞ ) = 0 (380)
dx 2 kw

h1
Definindo os parâmetros m12 = e θ1 ( x) = T1 ( x) − T∞ pode-se reescrever a Eq.
kw
(380) na seguinte forma:

d 2θ1
2
− m12θ1 = 0 (381)
dx

A equação diferencial para condução radial na capa superior (DOMÍNIO 2) pode


ser deduzida através de um balanço de energia em um volume de controle diferencial
extraído da capa. Considerando que w << rt , a equação diferencial resultante é similar a

Eq. (278) do EXEMPLO 7, com exceção da não existência do termo contendo q"
daquele exemplo. Tem-se então que:

d 2T2 dT2 h2
r + − r (T2 − T∞ ) = 0 (382)
dr 2 dr kw

h2
Definindo os parâmetros m22 = e θ 2 ( x) = T2 ( x) − T∞ pode-se reescrever a Eq.
kw
(382) na seguinte forma:

d 2θ 2 dθ 2
r + − m22 rθ 2 = 0 (383)
dr 2 dr

As condições de contorno para esse problema são escritas na variável θ na


seguinte forma:

θ1 ( x = L) = θb (384)
255

θ1 ( x = 0) = θ 2 (r = rt ) (385)

dθ1 dθ 2
= (386)
dx x =0 dr r = rt

θ2 (r = 0) = finito (387)

A taxa de transferência de calor no conjunto pode ser calculada, por exemplo,


utilizando a lei de Fourier na base do DOMÍNIO 1, ou seja:

dθ1
q = k (2πrt w) (388)
dx x=L

EXEMPLO 13: Considere uma aleta que tem o formato de um Y, sendo composta de
três aletas longitudinais de perfil retangular com profundidade L, conforme a figura
abaixo. A espessura de cada uma das três aletas é δ b e o comprimento de cada aleta é

denotado por b1 , b2 e b3 . Embora as três aletas estejam em um mesmo ambiente a T∞ ,

cada uma tem o seu coeficiente convectivo em função das diferenças entre as
geometrias. Esses coeficientes são identificados por h1 , h2 e h3 . As três aletas são feitas

do mesmo material que tem uma condutividade térmica k.

x x

b2 b1
2 1
T∞ , h2 T∞ , h1
δb δb

3
b3 δ b T∞ , h3

x
256

Desenvolva um modelo matemático unidimensional em regime permanente para


o conjunto. Resolva esse modelo utilizando o MAPLE juntamente com um exemplo
numérico. A rotina de cálculos pode ser vista no arquivo MAPLE3.mw. Os dados para a
solução são: b1 = b2 = b3 = 0,04 m, δ b = 0,0025 m, k = 200 W/(m.K), h = 100

W/(m2.K), q1 = 40 W, q2 = 80 W, q3 = 20 W, L = 0,2 m.

SOLUÇÃO: as considerações para esse problema são (1) regime permanente, (2)
condução unidimensional, (3) coeficiente de transferência de calor uniforme, (4) sem
geração interna de energia e (5) sem efeito de radiação térmica. A equação diferencial
para as três aletas longitudinais de perfil retangular é dada pela Eq. (16), que em termos
das variáveis T1 , T2 e T3 são reescritas como:

d 2T1 2h1
− (T1 − T∞ ) = 0 (389)
dx 2 kδ b

d 2T2 2h2
− (T2 − T∞ ) = 0 (390)
dx 2 kδ b

d 2T3 2h3
− (T3 − T∞ ) = 0 (391)
dx 2 kδ b

2h1 2h 2h
Definindo os parâmetros m12 = , m22 = 2 , m32 = 3 , θ1 ( x) = T1 ( x) − T∞ ,
kw kw kw
θ 2 ( x) = T2 ( x) − T∞ e θ3 ( x) = T3 ( x) − T∞ pode-se reescrever as Eqs. (389-391) na seguinte
forma:

d 2θ1
2
− m12θ1 = 0 (392)
dx

d 2θ 2
2
− m22θ 2 = 0 (393)
dx
257

d 2θ3
− m32θ3 = 0 (394)
dx 2

Três condições de contorno são impostas estabelecendo as taxas de calor nas


bases das aletas. Outras três condições de contorno são escritas pela imposição da
igualdade de temperatura na junção das três aletas, definida como θi = Ti − T∞ . Essa seis

equações são escritas como:

dθ1
q1 = −k (δ b L) (395)
dx x = 0

dθ 2
q2 = −k (δ b L) (396)
dx x =0

dθ3
q3 = −k (δ b L) (397)
dx x =0

θ1 ( x = b1 ) = θi (398)

θ 2 ( x = b2 ) = θi (399)

θ 3 ( x = b3 ) = θ i (400)

O cálculo da temperatura da junção das três aletas pode ser feito através de um
balanço de fluxos de calor na interface, ou seja:

dθ1 dθ 2 dθ 3
+ + =0 (401)
dx x = b1 dx x = b2 dx x = b3
258

9-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AVRAMI, M. e LITTLE, J. B., Diffusion of Heat Through a Rectangular Bar and the
Cooling and Insulating Effect of Fins: I. The Steady State, Journal of Applied Physics,
Vol. 15, n. 5, pp.304, 1942.
2. BERGMAN, T. L.; LAVINE, A. S.; INCROPERA, F. P. e DEWITT, W. P.,
Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, Editora LTC, 7a edição, 2014,
Rio de Janeiro.
3. BUECHE, W. e SCHAU, F., Arch. Waermewirtsch., Dampfkesselwes, Vol. 17, pp.
67, 1936.
4. CARRIER, W. H., e ANDERSON, S. W., The Resistance to Heat Flow Through
Finned Tubing, Heat. Piping Air Cond., Vol. 16, n.5, pp. 304, 1944.
5. DESPRETZ, C. M., Annales de Chimie et de Physique, Vol. 19, pp. 97, 1922.
6. FOCKE, R., Die Nadel als Kuhlelemente, Forsch. Geb. Ingenieurwes, Vol. 13, pp.
34, 1942.
7. FOURIER, J. B. J., The Analytic Theory of Heat (1822), translated by A. Freeman,
Cambridge University Press, Cambridge, 1878.
8. GARDNER, K. A., Efficiency of Extended Surface, Trans. ASME, Vol. 67, pp. 621,
1945.
9. HARPER, D. R. e BROWN W. B., Mathematical equation for heat conduction in the
fins for air cooled engine, NACA Report 158, National Advisory Committee on
Aeronautics, Washington, DC, 1922.
10. HAUSEN, H., Warmeubertragung durch Rippenrohe, Z. Ver. Dtsch. Ing. Beiheft,
Vol. 55, 1940.
11. JAKOB, M., Heat Transfer, Wiley, 1949, New York.
12. MURRAY, W. M., Heat Transfer Through an Annular Disk or Fin of Uniform
Thickness, Transaction ASME, Journal of Applied Mechanics, Vol. 60, A78. 1938.
13. SCHMIDT, E., Die Warmeubertragung durch Rippen, Z. Ver. Dtsch. Inc., Vol. 70,
pp. 885-947, 1926.
259

10-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Uma aleta com área de seção transversal constante Ac e comprimento L está

mantida a To na sua base e isolada na sua extremidade. A aleta está isolada até um

comprimento b a partir de sua base enquanto troca calor por convecção no comprimento
restante. A temperatura ambiente é T∞ e o coeficiente de transferência de calor é h.
Determine a distribuição de temperaturas ao longo do comprimento da aleta e a taxa de
transferência de calor em regime permanente.

2) Um disco de raio Ro e espessura δ está montado sobre uma tubulação de vapor de

raio Ri . A superfície do disco está isolada de r = Ri até r = Rb . A superfície restante do

disco troca calor por convecção com o ambiente. O coeficiente de transferência de calor
é h e a temperatura ambiente é T∞ . A temperatura da tubulação onde o disco está
montado é To e a superfície em r = Ro está isolada. Formule as equações governantes e
as condições de contorno e obtenha a distribuição de temperaturas ao longo do
comprimento do disco.

3) Um cabo delgado de raio ro , condutividade térmica k, densidade ρ e calor

específico c p move-se através de um forno com velocidade U e deixa a forno com

temperatura To . Existe geração de energia térmica uniforme no interior do cabo a uma

taxa qɺ como resultado da conversão de energia elétrica em energia térmica. Fora do


forno o cabo é resfriado por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a
260

temperatura do ambiente é T∞ . Modelo o cabo como uma aleta e assuma que ele é
infinitamente longo. Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente
no cabo.

4) Um cabo delgado de raio ro , condutividade térmica k, densidade ρ, calor específico

c p e emissividade ε move-se através de um forno com velocidade U e deixa a forno

com temperatura To . Fora do forno o cabo é resfriado por radiação por uma vizinhança

com temperatura Tviz . Em certos casos a condução axial pode ser desprezada. Introduza

essa simplificação e considere o cabo como sendo infinitamente longo. Modelo o cabo
como uma aleta e determine a distribuição de temperaturas em regime permanente no
cabo.

5) Um fio delgado de diâmetro d, calor específico c p , condutividade térmica k e

densidade ρ move-se com velocidade U através de um forno de comprimento L.


Energia na forma de calor é transferida ao fio no forno através de um fluxo de calor
uniforme qo" . Distante da entrada do forno o fio está com temperatura Ti . Assuma que

não há troca de calor com o fio antes de sua entrada no forno e depois de sua saída do
forno. Determine a temperatura do fio em regime permanente na saída do forno.
261

6) Um fio delgado de diâmetro d tem o formato de um laço circular de raio R. O laço


gira com velocidade angular constante ω. Metade do laço circular passa através de um
forno onde é aquecido por um fluxo de calor superficial uniforme qo" . A metade restante

do fio é resfriada por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a


temperatura do ambiente é T∞ . O fio tem condutividade térmica k, densidade ρ e calor

específico c p . Modelo o fio como uma aleta e determine a distribuição de temperaturas

em regime permanente no fio.

7) Um cabo delgado de raio ro move-se com velocidade U através de um forno de

comprimento L. O fio entra no forno com temperatura Ti e é aquecido por convecção. O

coeficiente de transferência de calor é h e a temperatura do ambiente do forno é T∞ .


Modelo o cabo como uma aleta e determine a temperatura em regime permanente do
cabo deixando a forno.
261

CAPÍTULO 5

CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM REGIME


PERMANENTE

Condução bidimensional em regime permanente é governada por uma equação


diferencial parcial de segunda ordem. A solução para esse tipo de problema deve
satisfazer a equação diferencial e quatro condições de contorno. O método da separação
de variáveis será utilizado para construir essa solução. Serão mostradas inicialmente as
ferramentas necessárias para a aplicação desse método. Na sequência serão apresentados
diversos exemplos resolvidos para ilustrar a aplicação desse método na solução de
problemas de condução de calor bidimensionais.

1-A EQUAÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR

Inicialmente examinaremos a equação diferencial governante para condução de


calor bidimensional. Considerando condução de calor em regime permanente com
propriedades constantes e escolhendo duas coordenadas de maneira arbitrária, as Eqs.
(41), (65) e (87) do Cap. (1) são simplificadas e reescritas como:

∂ 2T ∂ 2T 1  ∂T ∂T  qɺ
+ 2 − U +V + =0 (1)
∂x 2
∂y α  ∂x ∂y  k

1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T 1  ∂T Vφ ∂T  qɺ
r + − Vr + + =0 (2)
r ∂r  ∂r  r 2 ∂φ 2 α  ∂r r ∂φ  k

1 ∂  2 ∂T  1 ∂ 2T 1  ∂T V ∂T  qɺ
 r  + − Vr + φ + =0 (3)
r ∂r  ∂r  r sin θ ∂φ
2 2 2 2
α  ∂r r sin θ ∂φ  k
262

As Eqs. (1-3) levam em consideração movimento bidimensional e geração interna


de energia. Para o caso especial de meio estacionário sem geração interna de energia, as
Eqs. (1-3) são reescritas como:

∂ 2T ∂ 2T
+ =0 (4)
∂x 2 ∂y 2

1 ∂  ∂T  1 ∂ 2T
r + =0 (5)
r ∂r  ∂r  r 2 ∂φ 2

1 ∂  2 ∂T  1 ∂ 2T
 r  + =0 (6)
r 2 ∂r  ∂r  r 2 sin 2 θ ∂φ 2

As Eqs. (1-3) com qɺ = 0 e as Eqs. (4-6) são casos especiais de uma equação
diferencial mais geral escrita na seguinte forma:

∂ 2T ∂T ∂ 2T ∂T
f 2 ( x) + f1 ( x ) + f 0 ( x )T + g 2 ( y ) + g1 ( y) + g0 ( y)T = 0 (7)
∂x 2
∂x ∂y 2
∂y

A Eq. (7) é uma equação diferencial parcial de segunda ordem, homogênea e com
coeficientes variáveis, que pode ser resolvida pelo método da separação de variáveis para
um conjunto especificado de condições de contorno.

2-MÉTODO DE SOLUÇÃO E LIMITAÇÕES

Uma aproximação para resolver equações diferenciais parciais é o método da


separação de variáveis. A idéia básica dessa aproximação é substituir a equação
diferencial parcial por um conjunto de equações diferenciais ordinárias. O número de
equações diferenciais ordinárias é igual ao número de variáveis independentes da equação
diferencial parcial. Assim, para condução bidimensional em regime permanente, a
equação de difusão é substituída por duas equações diferenciais ordinárias. Existem duas
limitações importantes desse método:
263

1) Ele é aplicável em equações lineares. Uma equação é dita linear se a variável


dependente e suas derivadas aparecem elevadas a primeira potência e se não houver o
produto entre a variável dependente e suas derivadas. Assim, as Eqs. (1-7) são lineares;
2) A geometria da região deve ser representada por um sistema de coordenadas
ortogonal. Exemplos são: quadrados, retângulos, cilindros e esferas maciços ou ocos,
seções de cilindros e esferas. Isso exclui problemas envolvendo triângulos, trapézios e
outros domínios de formato irregular.

3-EQUAÇÃO DIFERENCIAL HOMOGÊNEA E CONDIÇÕES DE CONTORNO


HOMOGÊNEAS

Como a homogeneidade de equações lineares desempenha um papel crucial no


método da separação de variáveis, é importante entender o seu significado. Uma equação
linear é dita homogênea se ela não se alterar quando a variável dependente for
multiplicada por uma constante. A mesma definição serve para as condições de contorno.
Utilizando essa definição para checar a Eq. (1), multiplica-se a variável dependente T por
uma constante c, faz-se a operação de derivada e divide-se a expressão resultante por c,
obtendo-se:

∂ 2T ∂ 2T 1  ∂T ∂T  qɺ
+ 2 − U +V + =0 (8)
∂x 2
∂y α  ∂x ∂y  ck

Nota-se que a Eq. (8) não é idêntica a Eq. (1). Assim, a Eq. (1) é dita não-
homogênea. Entretanto, substituindo T por cT na Eq. (4) não altera a equação. Diz-se
então que a Eq. (4) é homogênea. Para aplicar esse teste em condições de contorno,
considere a condição de contorno convectiva:

∂T
−k = h(T − T∞ ) (9)
∂x

Substituindo T por cT na Eq. (9) obtém-se:

∂T  T 
−k = h T − ∞  (10)
∂x  c 
264

Como a Eq. (10) é diferente da Eq. (9), a Eq. (9) é não-homogênea. Para o caso
especial de T∞ = 0, a Eq. (9) torna-se homogênea. O método da separação de variáveis
pode ser estendido para resolver problemas onde a equação diferencial e/ou as condições
de contorno são não-homogêneas. Para isso deve-se realizar algum tipo de transformação
matemática na variável dependente para garantir que a equação diferencial parcial e pelo
menos três das quatro condições de contorno sejam homogêneas. Por exemplo, se for
definida a variável θ ( x) = T ( x) − T∞ , a Eq. (9) é rescrita como:

∂θ
−k = hθ (11)
∂x

Dessa forma, substituindo θ por cθ na Eq. (11) não altera a equação. Diz-se
então que a Eq. (11) é homogênea na variável θ .

4-PROBLEMA DE VALOR DE CONTORNO DE STURM-LIOUVILLE:


ORTOGONALIDADE

Conforme descrito no item 2, a idéia básica do método da separação de variáveis


é substituir a equação diferencial parcial por um conjunto de equações diferenciais
ordinárias. Tal conjunto pertence a uma classe de equações diferenciais ordinárias de
segunda ordem chamada de problemas de valor de contorno de Sturm-Liouville. A forma
geral da equação de Sturm-Liouville é:

d 2φn dφ
2
+ a1 ( x ) n + [ a2 ( x ) + λ2n a3 ( x )]φn = 0 (12)
dx dx

A Eq. (12) pode ser reescrita da seguinte forma:

d  dφ 
 p ( x) n  + [q ( x) + λ2n w( x)]φn = 0 (13)
dx  dx 

onde
265

p( x) = e 
a1dx
(14)

q( x) = a2 p( x) (15)

w( x) = a3 p( x) (16)

As seguintes observações podem ser feitas com relação as Eqs. (12-13):

1) A função w(x ) é chamada de função peso,


2) As Eqs. (12-13) representam um conjunto de n equações correspondentes a n
valores de λn . As soluções correspondentes são representadas por φn ,

3) As soluções φn são conhecidas como funções características.

Uma propriedade importante do problema de Sturm-Liouville, que é utilizada na


aplicação do método da separação de variáveis, é chamada de ortogonalidade. Duas
funções, φn (x) e φm (x), são ortogonais dentro de um intervalo (a,b) com relação à função

peso w(x), se:

b
 φ ( x)φ
a
n m ( x) w( x)dx = 0 n≠m (17)

As funções características do problema de Sturm-Liouville são ortogonais se as


funções p (x), q (x) e w(x ) são reais, e se as condições de contorno em x = a e em x = b
são homogêneas e escritas na seguinte forma:

φn = 0 (18)

dφn
=0 (19)
dx

dφn
φn + β =0 (20)
dx
266

onde β é uma constante. Entretanto, o caso especial de p ( x) = 0 em x = a ou em x = b,


essas condições podem ser estendidas para incluir:

φn (a) = φn (b) (21)

dφn (a) dφn (b)


= (22)
dx dx

Em problemas de transferência de calor, as condições de contorno dadas pelas


Eqs. (18-20) correspondem a temperatura zero, fronteira isolada e superfície com
convecção, respectivamente. Já as Eqs. (21-22) representam a continuidade de
temperatura e fluxo de calor, respectivamente. Serão apresentados a seguir diversos
exemplos de problemas de condução de calor bidimensionais na qual o procedimento de
solução será detalhado de maneira sistemática. No final desse capítulo, como uma
extensão do procedimento apresentado, será analisado um problema de condução de calor
tridimensional em regime permanente.

EXEMPLO 1 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM UMA PLACA RETANGULAR

Considere condução bidimensional em regime permanente na placa estacionária


mostrada abaixo. Três lados estão mantidos a uma temperatura igual a zero. Ao longo do
quarto lado a temperatura varia espacialmente com x. Determine a distribuição de
temperaturas T ( x, y ) na placa.

(1) Observações. (i) esse é um problema de condução bidimensional em regime


permanente, (ii) São necessárias quatro condições de contorno e (iii) três condições de
contorno já são homogêneas.

(2) Origem e coordenadas. Antes de escrever as condições de contorno, uma origem


para os eixos coordenados é necessária. Embora várias escolhas sejam possíveis, algumas
são mais adequadas que outras. Em geral, é conveniente selecionar a origem na
intersecção das duas condições de contorno mais simples e orientar os eixos coordenados
tal que eles estejam paralelos às fronteiras da região sob consideração. Essa escolha
267

resulta na forma mais simples de solução e evita manipulações algébricas desnecessárias.


Assim, a origem e os eixos coordenados foram selecionados conforme pode ser visto na
Fig. (1).

Figura 1 – Esquema do EXEMPLO 1.

(3) Formulação.

(i) Considerações. (1) condução bidimensional, (2) regime permanente, (3) sem geração
de energia, (4) condutividade térmica constante e (5) placa estacionária.
(ii) Equação governante. A equação de condução para esse problema é dada pela Eq.
(4), ou seja:

∂ 2T ∂ 2T
+ = 0 (H.)
∂x 2 ∂y 2

(iii) Variável independente com duas condições de contorno homogêneas. A variável,


ou direção, que possui duas condições de contorno homogêneas é identificada
examinando as quatro condições de contorno. Nesse exemplo, as fronteiras em x = 0 e
x = L possuem condições homogêneas. Assim, a variável x tem duas condições de
contorno homogêneas. Como esse detalhe tem grande importância no procedimento de
solução, ele foi destacado na Fig. (1) por uma seta ondulada identificada por 2 HBC (duas
condições de contorno homogêneas).
(iv) Condições de contorno. As quatro condições de contorno requeridas estão listadas
na seguinte ordem: começando pelas duas fronteiras na variável que possui duas
condições de contorno homogêneas e finalizando com a condição não-homogênea.
268

Assim, nessa ordem, as três primeiras condições são homogêneas e a quarta é não-
homogênea. Tem-se então que:

(1) T (0, y ) = 0 (H.)

(2) T ( L, y ) = 0 (H.)

(3) T ( x,0) = 0 (H.)

(4) T ( x,W ) = f ( x ) (Ñ.H.)

(4) Solução.

(i) Assumindo solução produto. Estamos procurando uma solução T ( x, y ) que satisfaça
a Eq. (4) e as quatro condições de contorno. Pode-se assumir que a solução pode ser
construída na forma de um produto de duas funções: uma que depende somente de x,
X (x ), e outra que depende somente de y, Y ( y ). Assim:

T ( x, y ) = X ( x )Y ( y ) (23)

O problema se resume em encontrar essas duas funções. Como a solução deve


satisfazer a equação diferencial do problema em análise, pode-se substituir a Eq. (23) na
Eq. (4), ou seja:

∂ 2 [ X ( x)Y ( y)] ∂ 2 [ X ( x)Y ( y)]


+ =0 (24)
∂x 2 ∂y 2

ou

∂ 2 X ( x) ∂ 2Y ( y )
Y ( y) + X ( x ) =0 (25)
∂x 2 ∂y 2

Separando as variáveis e rearranjando obtém-se:


269

1 ∂ 2 X ( x) 1 ∂ 2Y ( y )
=− (26)
X ( x ) ∂x 2 Y ( y ) ∂y 2

O lado esquerdo da Eq. (26) é função somente de x, F (x ), enquanto o lado direito


da Eq. (26) é função somente de y, G ( y ). Assim:

F ( x) = G ( y) (27)

Como x e y são variáveis independentes, o que implica que uma pode ser alterada
independente da outra, as duas funções devem ser iguais a uma constante para que a
igualdade seja preservada. Assim, a Eq. (27) pode ser reescrita como:

1 ∂ 2 X ( x) 1 ∂ 2Y ( y )
= − = ±λ2n (28)
X ( x) ∂x 2 Y ( y ) ∂y 2

onde λ2n é conhecida como constante de separação. Algumas observações podem ser
feitas com relação a Eq. (28).

(1) A constante de separação está elevada ao quadrado. Isso é somente por


conveniência. Como será visto mais adiante, a solução será expressa em termos
da raiz quadrada da constante escolhida na Eq. (28). Assim, começando com uma
constante elevada ao quadrado evita-se ficar escrevendo o sinal da raiz quadrada
em todo o procedimento de solução.
(2) A constante tem um sinal negativo e outro positivo. Isso foi feito pois ambas as
possibilidades satisfazem a condição F ( x) = G ( y ). Embora somente um sinal
forneça a solução correta, nesse momento ainda não sabemos qual é. Essa escolha
deve ser feita antes de dar prosseguimento a solução.
(3) A constante tem um subscrito n que é introduzido para enfatizar que diversas
constantes podem satisfazer a condição F ( x) = G ( y ). As constantes λ1 , λ2 ,...λn ,

são conhecidas como autovalores ou valores característicos. A possibilidade de


uma dessas constantes ser zero também deve ser considerada.
(4) Eq. (28) representa o conjunto de duas equações:
270

d 2Xn
2
± λ2n X n = 0 (29)
dx

d 2Yn
± λ2nYn = 0 (30)
dy 2

Ao escrever as Eqs. (29-30) o sinal de λ2n deve ser analisado com cautela. Como

λn representa diversas constantes, cada uma dessas equações representa um conjunto de


equações diferenciais ordinárias correspondente a todos os valores de λn . Esse é o motivo

pela qual o subscrito n é introduzido em X n e Yn . As funções X n e Yn são chamadas de

autofunções ou funções características.


(ii) Selecionando o sinal dos termos λ2n . Para prosseguir deve-se primeiramente escolher

um dos dois sinais nas Eqs. (29-30). Para isso deve-se retornar à variável, ou direção, que
possui duas condições de contorno homogêneas. A regra é escolher o sinal positivo para
a equação diferencial ordinária representando essa variável. A outra equação diferencial
recebe o sinal negativo. Nesse exemplo, conforme destacado na Fig. (1), a variável x
possui duas condições de contorno homogêneas. Assim, as Eqs. (29-30) são reescritas
como:

d 2Xn
2
+ λ2n X n = 0 (31)
dx

d 2Yn
− λ2nYn = 0 (32)
dy 2

Caso a escolha dos sinais seja invertida, será obtida a solução trivial do problema.
(iii) Solução das equações diferenciais ordinárias. O procedimento da separação de
variáveis permitiu que ao invés de solucionar a equação diferencial parcial dada pela Eq.
271

(4), deve-se solucionar o conjunto de equações diferenciais ordinárias dadas pelas Eqs.
(31-32). As Eqs. (31-32) podem ser resolvidas pela técnica da equação característica
conforme mostrado no Apêndice. Os resultados obtidos são:

X n ( x) = An sin(λn x) + Bn cos(λn x) (33)

Yn ( y) = Cn sinh(λn y) + Dn cos(λn y) (34)

De acordo com a Eq. (23), cada produto X nYn é solução da Eq. (4). Assim:

Tn ( x, y) = X n ( x)Yn ( y) (35)

Como a Eq. (4) é linear, segue que a soma de todas as soluções também é uma
solução. Assim, a solução completa pode ser escrita como:


T ( x, y ) =  X n ( x)Yn ( y ) (36)
n =1

(iv) Aplicação das condições de contorno. Para completar a solução, as constantes


An , Bn , Cn , Dn e os valores característicos λn devem ser determinados. As condições de
contorno serão aplicadas na ordem indicada no passo 3 descrito anteriormente. Assim, a
condição de contorno 1 fornece que:

Tn (0, y ) = X n (0)Yn ( y ) = 0  X n (0) = 0  An sin(λn 0) + Bn cos(λn 0) = 0  Bn = 0 (37)


≠0 =0 =1

Aplicando a condição de contorno 2 e utilizando o resultado da Eq. (37) obtém-


se:

Tn ( L, y ) = X n ( L)Yn ( y ) = 0  X n ( L) = 0  An sin(λn L) = 0  sin(λn L) = 0


≠0 ≠0

π 2π 3π nπ
λn L = π ,2π ,3π ,...  λn = , , ,...  λn = , n = 1,2,3,... (38)
L L L L
272

A Eq. (38) é chamada de equação característica. Todas as soluções obtidas pelo


método da separação de variáveis devem incluir uma equação característica para a
determinação dos valores de λn . Aplicando a condição de contorno 3 obtém-se:

Tn ( x,0) = X n ( x)Yn (0) = 0  Yn (0) = 0  Cn sinh(λn 0) + Dn cos(λn 0) = 0  Dn = 0 (39)


≠0 =0 =1

Com os resultados das Eqs. (37) e (39) pode-se reescrever as Eqs. (33-34) na
seguinte forma:

X n ( x) = An sin(λn x) (40)

Yn ( x) = Cn sinh(λn y) (41)

Assim, a Eq. (35) é reescrita como:

Tn ( x, y) = An sin(λn x)Cn sinh(λn y) (42)

Substituindo as Eq. (42) na Eq. (36) obtém-se:


T ( x, y ) =  an sin(λn x) sinh(λn y ) (43)
n =1

onde an = AnCn . A última incógnita restante é a combinação de constantes an . Para a

determinação de an aplica-se a condição de contorno 4 na Eq. (43), ou seja:


T ( x,W ) = f ( x) =  an sin(λn x) sinh(λnW ) (44)
n =1

A Eq. (44) não pode ser resolvida diretamente para a obtenção de an por causa da

variável x e pelo sinal de somatório. Para prosseguir deve-se utilizar o conceito de


ortogonalidade conforme a Eq. (17).
273

(v) Ortogonalidade. A Eq. (17) é utilizada para determinar an . Nota-se que a função

sin(λn x) na Eq. (44) é a solução da Eq. (31). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq.
(44) somente se a Eq. (31) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de
contorno em x = 0 e x = L foram homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20).
Comparando a Eq. (31) com a Eq. (12) obtém-se:

a1 ( x) = a2 ( x) = 0 e a3 ( x) = 1 (45)

Utilizando os resultados da Eq. (45), obtém-se das Eqs. (14-16) que

p( x) = e = e
a1dx 0dx
= 1, q ( x ) = 0.1 = 0 e w( x ) = 1.1 = 1. Como as duas condições de
contorno de X n ( x) = sin(λn x) são homogêneas na forma descrita pelas Eqs. (18-20),

conclui-se que as funções características φn ( x) = sin(λn x) e φm ( x) = sin(λm x) são

ortogonais com relação a função peso w( x ) = 1. Agora estamos prontos para aplicar a

ortogonalidade na Eq. (44) para determinar an . Multiplicando ambos os lados da Eq. (44)

por w( x) sin(λm x)dx e integrando de x = 0 a x = L obtém-se:

L L ∞ 
 f ( x) w( x) sin(λm x)dx =   an sin(λn x) sinh(λnW )w( x) sin(λm x)dx (46)
0 0
 n =1 

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( x ) = 1 pode-se


reescrever a Eq. (46) como:

L ∞
f ( x) sin(λm x)dx = an sinh(λnW )  sin(λn x) sin(λm x)dx
L
0
n =1
0
(47)

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (47) é nula quando m ≠ n. Assim, todas as integrais devido ao sinal de somatório
são nulas, exceto no caso quando m = n A Eq. (47) pode então ser reescrita como:

L L
 f ( x) sin(λn x)dx = an sinh(λnW ) sin 2 (λn x)dx (48)
0 0
274

A integral do lado direto da Eq. (48) pode ser calculada fazendo inicialmente a
mudança de variáveis λn x = a de tal forma que λn dx = da. Substituindo esse resultado na

integral do lado direito da Eq. (48) obtém-se:

L 1 L
 sin 2 (λn x)dx =  sin 2 ada (49)
0 λn 0

A integral da Eq. (49) pode ser calculada utilizando as identidades trigonométricas


1
sin 2 a + cos 2 a = 1 e cos(2a) = cos a − sin a de tal forma que sin 2 a = [1 − cos(2a)].
2 2

2
Substituindo esse resultado na Eq. (49) e rearranjando obtém-se:

L
1 L 1 L 1  1 L 1  1 
λn 0
sin 2 ada =
λn 0
 [(1 − cos( 2a )]da =
2  2λn 
0
[(1 − cos( 2a )]da =  a − sin( 2a )  =
2λn  2 0

1  1  1
L
 1  1  1 
2λn λn x − 2 sin(2λn x) = 2λ λn L − 2 sin(2λn L) − 2λ λn 0 − sin(2λn 0) =
2
0 n n  =0


1  1  L 1 L 1  nπ  L
2λn λn L − 2 sin( 2λn L)  = 2 − 4λ sin(2λn L ) = 2 − 4λ sin  2 L L  = 2 (50)
n n
=0

Substituindo a Eq. (50) na Eq. (48) e resolvendo para an obtém-se:

2 L
f ( x) sin(λn x)dx
L sinh(λnW ) 0
an = (51)

A forma final da distribuição de temperaturas é escrita substituindo a Eq. (51) na


Eq. (43) e posterior substituição da equação característica para λn , Eq. (38), na expressão

resultante, fornecendo o seguinte resultado:

 
 ∞
2  nπ    nπ   nπ 
T ( x, y ) =  
L

n =1   n π  0
f ( x) sin 
 L
x dx  sin 
   L
x  sinh 

y , n = 1,2,3,... (52)
 L 
L sinh  W
  L  
275

(5) Checando. Análise dimensional. (i) o argumento do sin e do sinh devem ser
adimensionais. De acordo com a Eq. (38), λn tem unidade de (1/m). Assim, λn x e λn y

são adimensionais e (ii) O coeficiente an na Eq. (51) deve ter unidade de temperatura.

Como f (x ) na condição de contorno 4 representa temperatura, segue da Eq. (51) que an

tem medida de temperatura. Se f ( x) = 0, a temperatura deve ser zero em todos os pontos

do domínio. Substituindo f ( x) = 0 na Eq. (51) obtém-se an = 0. Substituindo esse

resultado na Eq. (43) obtém-se T ( x, y ) = 0, conforme esperado.

(6) Comentários: (i) a aplicação da condição de contorno não-homogênea leva a uma


equação contendo uma série infinita com coeficientes desconhecidos. Ortogonalidade é
utilizada para determinar esses coeficientes, (ii) na aplicação da ortogonalidade, é
importante identificar as funções características e a função peso do problema de Sturm-
Liouville, (iii) a seguir serão apresentados diversos exemplos de solução de problemas de
condução de calor bidimensionais em regime permanente. Diversos aspectos de solução
são similares aos considerados no EXEMPLO 1. Assim, o procedimento de solução será
mostrado de forma abreviada. Somente quando novos procedimentos matemáticos
surgirem o procedimento de solução será detalhado e (iv) uma rotina de cálculos para esse
exemplo pode ser vista no arquivo MAPLE1.mw do MAPLE.

EXEMPLO 2 – PLACA SEMI-INFINITA COM CONVECÇÃO SUPERFICIAL

Considere condução bidimensional em uma placa semi-infinita estacionária


conforme a figura abaixo. A placa troca calor por convecção com um ambiente a T∞ . O
coeficiente de transferência de calor é h e a altura da placa é L. Determine a distribuição
de temperaturas em regime permanente na placa semi-infinita.

Figura 2 – Esquema do EXEMPLO 2.


276

(1) Observações. (i) em x = ∞, a placa atinge a temperatura do fluido e (ii) as quatro


condições de contorno são não-homogêneas. Entretanto, definindo a variável excesso de
temperaturas θ ( x, y) = T ( x, y ) − T∞ , três das quatro condições de contorno tornam-se
homogêneas, tornando o método da separação de variáveis aplicável.

(2) Origem e coordenadas. A Fig. (2) mostra a origem e os eixos coordenados.

(3) Formulação.

(i) Considerações. (1) condução bidimensional, (2) regime permanente, (3) coeficiente
de transferência de calor e temperatura ambiente uniformes, (4) condutividade térmica
constante e (5) sem geração de energia.
(ii) Equações governantes. Introduzindo a definição do excesso de temperaturas na Eq.
(4) obtém-se:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2θ ∂ 2θ
+ = 0 (H.)  2 + 2 = 0 (H.) (53)
∂x 2 ∂y 2 ∂x ∂y

(iii) Variável independente com duas condições de contorno homogêneas. Em termos


de θ , a direção y possui duas condições de contorno homogêneas. Assim, a direção y na
Fig. (2) está marcada com uma seta ondulada indicando 2 HBC.
(iv) Condições de contorno. As quatro condições de contorno para esse problema são:

∂T ( x,0) ∂θ ( x ,0 )
(1) k = h[T ( x,0) − T∞ ] (Ñ.H.)  k = hθ ( x,0) (H.)
∂y ∂y

∂T ( x, L ) ∂θ ( x , L )
(2) − k = h[T ( x, L ) − T∞ ] (Ñ.H.)  − k = hθ ( x, L ) (H.)
∂y ∂y

(3) T (∞, y) = T∞ (Ñ.H.)  θ (∞, y) = 0 (H.)

(4) T (0, y) = f ( y) (Ñ.H.)  θ (0, y) = f ( y) − T∞ (Ñ.H.)


277

(4) Solução.

(i) Assumindo solução produto. Tem-se então que:

θ ( x, y ) = X ( x )Y ( y ) (54)

Substituindo a Eq. (54) na Eq. (53), separando variáveis e igualando a uma


constante obtém-se:

1 d2X 1 d 2Y
2
= − 2
= ±λ2n (55)
X dx Y dy

Assim, considerando que λn pode assumir diversos valores, a Eq. (55) pode ser

reescrita em termos de duas equações diferenciais ordinárias, ou seja:

d 2Xn
2
± λ2n X n = 0 (56)
dx

d 2Yn
± λ2nYn = 0 (57)
dy 2

(ii) Escolhendo o sinal dos termos λ2n . Como a variável y tem duas condições de

contorno homogêneas, o termo λ2nYn na Eq. (57) deve ser sinal positivo. Assim:

d 2Xn
2
− λ2n X n = 0 (58)
dx

d 2Yn
2
+ λ2nYn = 0 (59)
dy
278

(iii) Soluções das equações diferenciais ordinárias. As Eqs. (58-59) podem ser
resolvidas pela técnica da equação característica conforme mostrado no Apêndice. Os
resultados são:

X n ( x) = An exp(−λn x) + Bn exp(λn x) (60)

Yn ( y) = Cn sin(λn y) + Dn cos(λn y) (61)

Correspondente a cada valor de λn existe uma solução para a distribuição de

temperaturas θn ( x, y). Assim:

θn ( x, y) = X n ( x)Yn ( y) (62)

A solução completa tem a seguinte forma:


θ ( x, y ) =  X n ( x)Yn ( y ) (63)
n =1

(iv) Aplicação das condições de contorno. Nesse problema a aplicação das condições
de contorno exige uma preparação prévia das Eqs. (60-61) pela necessidade das derivadas
dessas expressões, conforme as condições de contorno 1 e 2. Da condição de contorno 1
são necessárias as seguintes expressões:

∂θ n ∂ ∂ ∂
= [X n ( x )Yn ( y )] = X n ( x) [Yn ( y )] = X n ( x ) [Cn sin( λn y ) + Dn cos( λn y )] =
∂y ∂y ∂y ∂y

X n ( x)λn [Cn cos(λn y) − Dn sin(λn y)]

∂θ n ( x,0)
= X n ( x)λn [C n cos(λn 0) − Dn sin(λn 0)] = X n ( x)C n λn (64)
∂y
=1 =0

 
θ n ( x,0) = X n ( x)Yn (0) = X n ( x) Cn sin(λn 0) + Dn cos(λn 0) = X n ( x) Dn (65)
 =0 =1

279

Utilizando os resultados das Eqs. (64-65) e aplicando a condição de contorno 1


obtém-se:

 h 
kX n ( x)Cn λn = hX n ( x) Dn  Cn =   Dn (66)
 kλn 

Da condição de contorno 2 são necessárias as seguintes expressões:

∂θ n ∂ ∂ ∂
= [X n ( x )Yn ( y )] = X n ( x) [Yn ( y )] = X n ( x ) [Cn sin( λn y ) + Dn cos( λn y )] =
∂y ∂y ∂y ∂y

X n ( x)λn [Cn cos(λn y) − Dn sin(λn y)]

∂θ n ( x, L)
= X n ( x)λn [Cn cos(λn L) − Dn sin(λn L)] (67)
∂y

θn ( x, L) = X n ( x)Yn ( L) = X n ( x)[Cn sin(λn L) + Dn cos(λn L)] (68)

Utilizando os resultados das Eqs. (67-68) e aplicando a condição de contorno 2


obtém-se:

− kX n ( x)λn [Cn cos(λn L) − Dn sin(λn L)] = hX n ( x)[Cn sin(λn L) + Dn cos(λn L)] (69)

Substituindo o resultado da Eq. (66) na Eq. (69) e simplificando obtém-se:

 h    h  
− kλn   Dn cos(λn L) − Dn sin(λn L) = h   Dn sin(λn L) + Dn cos(λn L) (70)
 kλn    kλn  

Simplificando e rearranjando a Eq. (70) obtém-se:

 h  h  h  
  cos(λn L) − sin(λn L) = −   sin(λn L) + cos(λn L) (71)
 kλn  kλn  kλn  
280

h
O termo pode ser reescrito na seguinte forma:
kλ n

h hL 1 Bi
= = (72)
kλn k λn L λn L

onde Bi = hL k é o número de Biot. Substituindo o resultado da Eq. (72) na Eq. (71) e


rearranjando obtém-se:

λn L Bi
− = 2 cot(λn L ) (73)
Bi λn L

A Eq. (73) é a equação característica cuja solução fornece os valores de λn . Os

valores de λn podem ser obtidos numericamente pela solução da Eq. (73) para um número

de Biot especificado. Na forma gráfica, a solução da Eq. (73) pode ser representada pela
Fig. (3). Aplicando a condição de contorno 3 obtém-se:

θ (∞, y) = X n (∞)Yn ( y) = 0  [ An exp(−λn ∞) + Bn exp(λn ∞)]Yn ( y) = 0  Bn = 0 (74)


=0 =∞ ≠0

Com os resultados das Eqs. (66, 72 e 74) pode-se reescrever as Eqs. (60-61) na
seguinte forma:

X n ( x) = An exp(−λn x) (75)

 Bi  
Yn ( y ) = Dn   sin(λn y ) + cos(λn y ) (76)
 λn L  

Assim, a Eq. (62) é reescrita como:

 Bi  
θ n ( x, y ) = An Dn exp(−λn x)   sin(λn y ) + cos(λn y) (77)
 λn L  
281

20

15

10

-5
2cot(λnL)
-10
(λnL/Bi)-(Bi/ λnL) para Bi=0,5

(λnL/Bi)-(Bi/ λnL) para Bi=1,0


-15
(λnL/Bi)-(Bi/ λnL) para Bi=10,0
-20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λnL

Figura 3 – Representação gráfica da Eq. (73).

Substituindo a Eq. (77) na Eq. (63) obtém-se:

∞  Bi  
θ ( x, y ) =  an exp(−λn x)   sin(λn y ) + cos(λn y ) (78)
n =1  λn L  

onde an = An Dn . A última incógnita restante é a combinação de constantes an . Para a

determinação de an aplica-se a condição de contorno 4 na Eq. (78), ou seja:

∞  Bi  
θ (0, y ) = f ( y ) − T∞ =  a n exp(−λn 0)   sin(λn y ) + cos(λn y ) 
n =1  λn L  
∞  Bi  
f ( y ) − T∞ =  a n   sin(λn y ) + cos(λn y ) (79)
n =1  λn L  

A Eq. (79) não pode ser resolvida diretamente para a obtenção de an por causa da

variável y e pelo sinal de somatório. Para prosseguir deve-se utilizar o conceito de


ortogonalidade conforme a Eq. (17).
282

(v) Ortogonalidade. A Eq. (17) é utilizada para determinar an . Nota-se que a função

[(Bi λn L) sin(λn y) + cos(λn y)] na Eq. (79) é a solução da Eq. (59). Ortogonalidade pode
ser aplicada na Eq. (79) somente se a Eq. (59) for uma equação de Sturm-Liouville e se
as condições de contorno em y = 0 e y = L foram homogêneas da forma descrita pelas
Eqs. (18-20). Comparando a Eq. (59) com a Eq. (12) obtém-se:

a1 ( y) = a2 ( y) = 0 e a3 ( y) = 1 (80)

Utilizando os resultados da Eq. (80), obtém-se das Eqs. (14-16) que

p( y) = e  = e
a1dy 0 dy
= 1, q ( y ) = 0.1 = 0 e w( y ) = 1.1 = 1. Como as duas condições de
contorno de Yn ( y) = [(Bi λn L) sin(λn y) + cos(λn y)] são homogêneas da forma descrita
pelas Eqs. (18-20), conclui-se que as funções características
φn ( y) = [(Bi λn L) sin(λn y) + cos(λn y)] e φm ( y) = [(Bi λm L) sin(λm y) + cos(λm y)] são
ortogonais com relação a função peso w( y ) = 1. Agora estamos prontos para aplicar a

ortogonalidade na Eq. (79) para determinar an . Multiplicando ambos os lados da Eq. (79)

por w( y)[(Bi λm L) sin(λm y) + cos(λm y)]dy e integrando de y = 0 a y = L obtém-se:

L  Bi  
 [ f ( y) − T ∞ ]w( y )   sin(λm y ) + cos(λm y ) dy =
 λm L 
0

 ∞  Bi     Bi  
 an 
L
  sin(λn y ) + cos(λn y ) w( y)   sin(λm y ) + cos(λm y ) dy (81)
0
 n=1  λn L     λm L  

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( y ) = 1 pode-se


reescrever a Eq. (81) como:

L  Bi  
 [ f ( y ) − T∞ ]  sin(λm y ) + cos(λm y ) dy =
 λm L 
0

∞ L  Bi    Bi  
an     sin(λn y ) + cos(λn y )   sin(λm y ) + cos(λm y ) dy (82)
 λn L    λm L 
0
n =1 
283

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (82) é nula quando m ≠ n. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal de
somatório são nulas no caso quando m = n . A Eq. (82) pode então ser reescrita como:

2
L  Bi   L  Bi  
0 [ f ( y) − T∞ ] λn L  sin(λn y) + cos(λn y) dy = an 0  λn L  sin(λn y) + cos(λn y) dy
   
(83)
A integral do lado direto da Eq. (83) pode ser calculada fazendo inicialmente a
mudança de variáveis λn y = a de tal forma que λn dy = da. Substituindo esse resultado

na integral do lado direito da Eq. (83) obtém-se:

2 2
L  Bi   1 L  Bi  
   sin(λn y ) + cos(λn y ) dy =    sin a + cos a  da (84)
 λn L  λn  λn L 
0 0
 

A Eq. (84) pode ser reescrita utilizando o produto notável quadrado da soma de
dois termos, ou seja:

2
1 L  Bi   1 L  Bi  2  Bi  
λn    sin a + cos a  da =    sin 2 a + 2  sin a cos a + cos 2 a da =
 λn L  λn  λn L   λn L  
0 0

1  Bi  L 2 
2
 Bi  L L
   sin ada + 2   sin a cos ada +  cos 2 ada 
λn  λn L  0  λn L  0 0


(85)
A primeira integral do lado direito da Eq. (85) pode ser calculada utilizando a
1
identidade trigonométrica sin 2 a = [1 − cos(2a)], conforme o EXEMPLO 1, ou seja:
2

L
L L 1  1 L L 1 1 
 sin ada =   [1 − cos(2a )]da = 0 0 [1 − cos(2a )]da =  a − sin( 2a ) 
2
0 0
2  2 2 2 0

1 1  1 1  λ L sin(2λ L)
 λn L − sin( 2 λ n L )  −  λ n 0 − sin( 2 λ n 0 ) = n − n
(86)
2 2  2  2  2 4
=0 
284

A segunda integral do lado direito da Eq. (85) pode ser calculada utilizando o
método da substituição. Nesse caso pode-se fazer u = sin a de tal forma que du = cosada.
Substituindo esses resultados obtém-se:

L L L
L L u2 sin 2 a sin 2 (λn y )
0
sin a cos ada = 
0
udu =
2
=
2 0
=
2
=
0 0

sin 2 (λn L) sin 2 (λn 0) sin 2 (λn L)


− = (87)
2 2 2
=0

A terceira integral do lado direito da Eq. (85) pode ser calculada utilizando as
identidades trigonométricas sin 2 a + cos 2 a = 1 e cos(2a) = cos2 a − sin 2 a de tal forma
1
que cos 2 a = [1 + cos(2a )]. Tem-se então que:
2

L
L L 1  1 L 1 1 
 cos ada =   [(1 + cos(2a )]da = 0 [(1 + cos(2a )]da =  a + sin(2a ) 
2
0 0
2  2 2 2 0

1 1  1 1  λ L sin(2λ L)
λ L + sin( 2 λ L ) −  λ 0 + sin( 2 λ 0 ) = n + n
(88)
2   2 n
n n n
2  2  2 4
=0 

Substituindo os resultados das Eqs. (86-88) no lado direito da Eq. (85), utilizando
o resultado da Eq. (73) e rearranjando obtém-se:

1  Bi   λn L sin(2λn L)   Bi   sin 2 (λn L)   λn L sin(2λn L)  


2

  −  + 2 λ L   + 2 +   =
λn  λn L   2 4    2   4 
 n

 L    Bi  2 Bi 
2

  1 +  +  (89)
 2    λn L  (λn L) 
2

Substituindo a Eq. (89) na Eq. (83) e resolvendo para an obtém-se:


285

L  Bi  
 [ f ( y ) − T∞ ]  sin(λn y ) + cos(λn y ) dy
 λn L 
0
an =  (90)
 L    Bi  2 Bi 
2

  1 +  + 
 2    λn L  (λn L) 
2

A forma final da distribuição de temperaturas é escrita substituindo a Eq. (90) na


Eq. (78) e voltando na variável original, fornecendo o seguinte resultado:

L  Bi  
 [ f ( y ) − T∞ ]  sin( λn y ) + cos( λn y ) dy
 λn L 
∞ 0
T ( x, y ) = T∞ +   exp( −λ x ) ×
 
2 n
n =1 L  Bi  2 Bi
  1 +   + 
 2    λn L  (λn L ) 
2

 Bi  
  sin(λn y ) + cos(λn y ) (91)
 λn L  

(5) Checando. Análise dimensional. (i) os argumentos do sin, cos e exp devem ser
adimensionais. De acordo com a Eq. (73), λn tem unidade de (1/m). Assim, λn x, λn y e

λn L são adimensionais e (ii) o coeficiente an na Eq. (90) deve ter unidade de temperatura.
Como f ( y ) na condição de contorno 4 representa temperatura, segue da Eq. (90) que an

tem medida de temperatura. Se f ( y) = T∞ , não ocorre transferência de calor na placa e

toda a placa estará a T∞ . Substituindo f ( y ) = T∞ na Eq. (90) obtém-se an = 0.

Substituindo esse resultado na Eq. (78) obtém-se que T ( x, y) = T∞ , conforme esperado.

(6) Comentários: (i) a introdução da variável θ ( x, y ) = T ( x, y ) − T∞ tornou possível a


transformação de três das quatro condições de contorno de não-homogêneas para
homogêneas, condição necessária para a aplicação do método da separação de variáveis
e (ii) uma rotina de cálculos para esse exemplo pode ser vista no arquivo MAPLE2.mw
do MAPLE.
286

EXEMPLO 3 – PLACA EM MOVIMENTO COM CONVECÇÃO SUPERFICIAL

Uma placa semi-infinita de espessura 2L move-se através de um forno com


velocidade U e deixa o forno a uma temperatura To . Fora do forno a placa é resfriada por

convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ .


Determine a distribuição de temperaturas bidimensional em regime permanente na placa.

Figura 4 – Esquema do EXEMPLO 3.

(1) Observações. (i) a distribuição de temperaturas é simétrica com relação ao eixo x, (ii)
em x = ∞, a placa atinge a temperatura do fluido e (iii) as quatro condições de contorno
são não-homogêneas. Entretanto, definindo a variável excesso de temperaturas
θ ( x, y) = T ( x, y ) − T∞ , três das quatro condições de contorno tornam-se homogêneas.
(2) Origem e coordenadas. A Fig. (4) mostra a origem e os eixos coordenados.

(3) Formulação.

(i) Considerações. (1) condução bidimensional, (2) regime permanente, (3) coeficiente
de transferência de calor e temperatura ambiente uniformes, (4) condutividade térmica
constante e (5) sem geração de energia.
(ii) Equações governantes. Introduzindo a definição do excesso de temperaturas na Eq.
(4) obtém-se:

∂ 2T ∂ 2T ρc pU ∂T ∂ 2θ ∂ 2θ ∂θ
+ − = 0 (H.)  + 2 − 2β = 0 (H.) (92)
∂x 2
∂y 2
k ∂x ∂x 2
∂y ∂x

com a variável β sendo definida por:


287

ρc pU
β=
2k

(iii) Variável independente com duas condições de contorno homogêneas. Em termos


de θ , a variável y possui duas condições de contorno homogêneas. Assim, a direção y na
Fig. (4) está marcada com uma seta ondulada indicando 2 HBC.
(iv) Condições de contorno. As quatro condições de contorno para esse problema são:

∂T ( x ,0 ) ∂θ ( x,0)
(1) = 0 (H.)  = 0 (H.)
∂y ∂y

∂T ( x, L ) ∂θ ( x , L )
(2) − k = h[T ( x, L ) − T∞ ] (Ñ.H.)  − k = hθ ( x, L ) (H.)
∂y ∂y

(3) T (∞, y) = T∞ (Ñ.H.)  θ (∞, y) = 0 (H.)

(4) T (0, y) = To (Ñ.H.)  θ (0, y) = To − T∞ (Ñ.H.)

(4) Solução.

(i) Assumindo solução produto. Tem-se então que:

θ ( x, y ) = X ( x )Y ( y ) (93)

Substituindo a Eq. (93) na Eq. (91), separando variáveis e igualando a uma


constante obtém-se:

1 d 2 X 2β dX 1 d 2Y
2
− =− 2
= ±λ2n (94)
X dx X dx Y dy

Assim, considerando que λn pode assumir diversos valores, a Eq. (94) pode ser

reescrita em termos de duas equações diferenciais ordinárias, ou seja:


288

d2Xn dX n
2
− 2β ± λ2n X n = 0 (95)
dx dx

d 2Yn
± λ2nYn = 0 (96)
dy 2

(ii) Escolhendo o sinal dos termos λ2n . Como a variável y tem duas condições de

contorno homogêneas, o termo λ2nYn na Eq. (96) deve ser sinal positivo. Assim:

d2Xn dX n
2
− 2β − λ2n X n = 0 (97)
dx dx

d 2Yn
2
+ λ2nYn = 0 (98)
dy

(iii) Soluções das equações diferenciais ordinárias. As Eqs. (97-98) podem ser
resolvidas pela técnica da equação característica conforme mostrado no Apêndice. Os
resultados são:

X n ( x) = An exp(βx + β 2 + λ2n x) + Bn exp(βx − β 2 + λ2n x) (99)

Yn ( y) = Cn sin(λn y) + Dn cos(λn y) (100)

Correspondente a cada valor de λn existe uma solução para a distribuição de

temperaturas θn ( x, y). Assim:

θn ( x, y) = X n ( x)Yn ( y) (101)
289

A solução completa tem a seguinte forma:


θ ( x, y ) =  X n ( x)Yn ( y ) (102)
n =1

(iv) Aplicação das condições de contorno. Nesse problema a aplicação das condições
de contorno exige uma preparação prévia das Eqs. (99-100) pela necessidade das
derivadas dessas expressões, conforme as condições de contorno 1 e 2. Da condição de
contorno 1 são necessárias as seguintes expressões:

∂θ n ∂ ∂ ∂
= [X n ( x )Yn ( y )] = X n ( x) [Yn ( y )] = X n ( x ) [Cn sin( λn y ) + Dn cos( λn y )] =
∂y ∂y ∂y ∂y

X n ( x)λn [Cn cos(λn y) − Dn sin(λn y)]

∂θ n ( x ,0 )
= X n ( x )λn [C n cos(λn 0) − Dn sin(λn 0)] = 0  C n = 0 (103)
∂y ≠0
≠0 =1 =0

Da condição de contorno 2 e utilizando o resultado da Eq. (103) são necessárias


as seguintes expressões:

∂θ n ∂ ∂ ∂
= [X n ( x )Yn ( y )] = X n ( x) [Yn ( y )] = X n ( x ) [Cn sin( λn y ) + Dn cos( λn y )] =
∂y ∂y ∂y ∂y

X n ( x)λn [Cn cos(λn y) − Dn sin(λn y)]

∂θ n ( x , L )
= − X n ( x ) Dn λn sin( λn L ) (104)
∂y

θn ( x, L) = X n ( x)Yn ( L) = X n ( x) Dn cos(λn L) (105)

Utilizando os resultados das Eqs. (104-105) e aplicando a condição de contorno 2


obtém-se:

kX n ( x) Dn λn sin(λn L) = hX n ( x) Dn cos(λn L) (106)


290

Simplificando e rearranjando a Eq. (106) obtém-se:

λn L tan(λn L) = Bi (107)

onde Bi = hL k é o número de Biot. A Eq. (106) é a equação característica cuja solução

fornece os valores de λn . Os valores de λn podem ser obtidos numericamente pela

solução da Eq. (107) para um número de Biot especificado. Na forma gráfica, a solução
da Eq. (107) pode ser representada pela Fig. (5). Aplicando a condição de contorno 3
obtém-se:

θ (∞, y) = X n (∞)Yn ( y) = 0 

[ An exp(β∞ + β 2 + λ2n ∞) + Bn exp(β∞ − β 2 + λ2n ∞)]Yn ( y) = 0  An = 0 (108)


=∞ =0 ≠0

Com os resultados das Eqs. (103), (107-108) pode-se reescrever as Eqs. (99-100)
na seguinte forma:

X n ( x) = Bn exp(βx − β 2 + λ2n x) (109)

Yn ( y) = Dn cos(λn y) (110)

Assim, a Eq. (101) é reescrita como:

θn ( x, y) = Bn Dn exp(βx − β 2 + λ2n x) cos(λn y) (111)

Substituindo a Eq. (111) na Eq. (102) obtém-se:


θ ( x, y ) =  an exp(β x − β 2 + λ2n x) cos(λn y ) (112)
n =1
291

onde an = Bn Dn . A última incógnita restante é a combinação de constantes an . Para a

determinação de an aplica-se a condição de contorno 4 na Eq. (112), ou seja:

∞ ∞
θ (0, y) = To − T∞ =  an exp(β 0 − β 2 + λ2n 0) cos(λn y)  To − T∞ =  an cos(λn y) (113)
n =1 n =1

A Eq. (113) não pode ser resolvida diretamente para a obtenção de an por causa da
variável y e pelo sinal de somatório. Para prosseguir deve-se utilizar o conceito de
ortogonalidade conforme a Eq. (17).
(v) Ortogonalidade. A Eq. (17) é utilizada para determinar an . Nota-se que a função

cos(λn y) na Eq. (113) é a solução da Eq. (98). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq.
(113) somente se a Eq. (98) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de
contorno em y = 0 e y = L foram homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20).
Comparando a Eq. (98) com a Eq. (12) obtém-se

a1 ( y) = a2 ( y) = 0 e a3 ( y) = 1 (114)

Utilizando os resultados da Eq. (114), obtém-se das Eqs. (14-16) que

p( y) = e  = e
a1dy 0 dy
= 1, q ( y ) = 0.1 = 0 e w( y ) = 1.1 = 1. Como as duas condições de
contorno de Yn ( y) = cos(λn y) são homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20),

conclui-se que as funções características φn ( y) = cos(λn y) e φm ( y) = cos(λm y) são

ortogonais com relação a função peso w( y ) = 1. Agora estamos prontos para aplicar a

ortogonalidade na Eq. (113) para determinar an . Multiplicando ambos os lados da Eq.

(113) por w( y) cos(λm y)dy e integrando de y = 0 a y = L obtém-se:

L ∞
 a w( y) cos(λ
L
 (To − T∞ ) w( y) cos(λm y)dy =  n m y) cos(λn y)dy (115)
0 0
n=1

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( y ) = 1 pode-se


reescrever a Eq. (115) como:
292


(To − T∞ )  cos(λm y)dy = an   cos(λm y) cos(λn y)dy
L L
(116)
0 0
n =1

30
(λnL)tan(λnL)

25 Bi=1,0
Bi=10,0
Bi=20,0
20

15

10

-5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λ nL

Figura 5 - Representação gráfica da Eq. (107).

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (116) é nula quando m ≠ n. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal
de somatório são nulas no caso quando m = n. A Eq. (116) pode então ser reescrita como:

L L
(To − T∞ ) cos(λn y)dy = an  cos2 (λn y)dy (117)
0 0

A integral do lado esquerdo da Eq. (117) pode ser calculada fazendo a mudança
de variáveis λn y = a de tal forma que λn dy = da e a integral do lado direito da Eq. (117)

pode ser calculada de maneira similar ao EXEMPLO2, cujo resultado está indicado pela
Eq. (89). Substituindo os resultados em ambos os lados da Eq. (117) obtém-se:

sin(λn L)  L sin(2λn L) 
(To − T∞ ) = an  +  (118)
λn 2 4λn 
293

A Eq. (118) pode ser reescrita utilizando a definição trigonométrica


sin(2λn L) = 2 sin(λn L) cos(λn L) de tal forma que an é então escrita como:

2(To − T∞ )sin(λn L)
an = (119)
λn L + sin(λn L) cos(λn L)

A forma final da distribuição de temperaturas é escrita substituindo a Eq. (119) na


Eq. (112), ou seja:


 2(To − T∞ )sin(λn L ) 
θ ( x, y ) =    exp( β x − β + λn x ) cos(λn y )
2 2
(120)
n =1  λn L + sin( λ n L ) cos( λn L ) 

(5) Checando. Análise dimensional. (i) da Eq. (112), β deve ter a mesma unidade de

λn , que de acordo com a Eq. (98) tem a unidade (1/m). Da definição de β da Eq. (92)
tem-se que:

ρ (kg/m3 )c p (J/kg.K)U (m/s)


β= = (1/m)
k (W/m.K)

Se T∞ = To , não ocorre transferência de calor na placa e consequentemente a

temperatura permanece uniforme. Substituindo T∞ = To na Eq. (119) obtém-se an = 0.

Substituindo esse resultado na Eq. (120) obtém-se que T ( x, y) = T∞ = To , conforme

esperado.

(6) Comentários: (i) para uma placa estacionária (U = β = 0), a solução desse caso

especial deve ser idêntica à do EXEMPLO 2 com f ( y) = To . Entretanto, antes de

comparar as duas soluções, deve ser feita uma transformação de coordenadas visto que a
origem da coordenada y não é a mesma para ambos os problemas. Além disso, as
definições de ambos L e Bi diferem por um fator igual a 2 e (ii) uma rotina de cálculos
para esse exemplo pode ser vista no arquivo MAPLE3.mw do MAPLE.
294

EXEMPLO 4 – CONDUÇÃO AXIAL E RADIAL EM UM CILINDRO

Dois cilindros sólidos idênticos de raio ro e comprimento L são pressionados

coaxialmente com uma força F e rotacionados em direções opostas. A velocidade angular


é ω e o coeficiente de atrito na interface é µ. As superfícies cilíndricas trocam calor por

convecção com um meio a T∞ e coeficiente de convecção h. Determine a temperatura da


interface.

(1) Observações. (i) a distribuição de temperaturas é simétrica com relação ao plano da


interface, (ii) a energia térmica gerada na interface depende da velocidade tangencial e da
força tangencial. Como a velocidade tangencial varia com o raio, segue que o fluxo de
calor na interface é não-uniforme. Assim, segue que a condição de contorno na interface
é representada por um fluxo de calor que é função do raio e (iii) As condições de contorno
convectivas tornam-se homogêneas definindo a variável θ (r , z ) = T (r , z ) − T∞ .

(2) Origem e coordenadas. Devido a simetria axial, a origem é posicionada na interface


conforme a figura acima. Assim, somente um cilindro é analisado.

Figura 6 – Esquema do EXEMPLO 4.

(3) Formulação.
(i) Considerações. (1) condução bidimensional, (2) regime permanente, (3)
condutividade térmica constante, (4) pressão na interface uniforme, (5) temperatura
ambiente uniforme, (6) coeficiente de transferência de calor uniforme, (7) sem geração
de energia e (8) o raio do eixo de apoio de cada cilindro é pequeno quando comparado
com o raio do cilindro.
295

(ii) Equação governante. Definindo θ (r , z ) = T (r , z ) − T∞ pode-se reescrever a Eq. (65)


do Cap. (1) como:
1 ∂  ∂θ  ∂ 2θ
r  + = 0 (H.) (121)
r ∂r  ∂r  ∂z 2

(iii) Variável homogênea com duas condições de contorno homogêneas. Somente a


variável r pode ser ter duas condições de contorno homogêneas. Na figura acima isso está
indicado pela seta ondulada 2HBC.
(iv) Condições de contorno.

∂θ (0, z )
(1) = 0 (H.)
∂r

∂θ (ro , z )
(2) − k = hθ (ro , z ) (H.)
∂r

∂θ (r , L)
(3) − k = hθ (r , L) (H.)
∂z

∂θ (r,0) F
(4) − k = µ 2 ωr = f (r ) (N.H.)
∂z πro

Cabe aqui uma melhor interpretação da quarta condição de contorno. Fisicamente,


o efeito do atrito entre os dois cilindros girando em direções opostas é a geração de energia
térmica ao longo do tempo devido ao efeito do atrito entre as superfícies. Espera-se então
que a taxa de energia térmica gerada na interface seja diretamente proporcional à
velocidade tangencial Vtangencial e à força coaxial F, ou seja:

qinterface α FVtangencial (122)

Entretanto, a velocidade tangencial varia com o raio do cilindro na forma


Vtangencial = ωr de tal forma que a taxa de geração de energia na interface é não-uniforme,

ou seja:
296

qinterface α Fωr (123)

Fisicamente, a taxa de calor na interface será conduzida ao longo do cilindro a


partir de z = 0. Usualmente, a condição de contorno de segunda espécie é escrita em
termos de um fluxo de calor de tal forma que a Eq. (123) pode ser dividida por πro2 para

ser convertida em um fluxo de calor. Finalmente, a proporcionalidade da Eq. (123) pode


ser convertida em uma igualdade introduzindo um coeficiente que leva em consideração
o tipo de superfície, que no caso é o coeficiente de atrito µ. Assim, pode-se reescrever a
Eq. (123) na seguinte forma:

Fωr
"
qinterface =µ = f (r ) (124)
πro2

(4) Solução.
(i) Assumindo solução produto. Fazendo

θ (r , z ) = R(r )Z ( z ) (125)

e substituindo a Eq. (125) na Eq. (121), separando variáveis e igualando o resultado a


uma constante ± λ2k obtém-se:

1 d  dRk  2
r  ± λk Rk = 0 (126)
r dr  dr 

d 2 Zk
± λ2k Z k = 0 (127)
dz 2

(ii) Selecionando o sinal dos termos λ2k . Como a variável r tem duas condições de

contorno homogêneas, + λ2k é selecionado para a Eq. (126). Assim, as Eqs. (126-127) são

reescritas como:
297

d 2 Rk dR
r 2
2
+ r k + λ2k r 2 Rk = 0 (128)
dr dr

d 2 Zk
2
− λ2k Z k = 0 (129)
dz

(iii) Soluções das equações diferenciais ordinárias. Eq. (128) é uma equação diferencial
ordinária de segunda ordem com coeficientes variáveis. Comparando a Eq. (128) com a
equação geral de Bessel do Apêndice, obtém-se:

A = B = 0, C = 1, D = λk , n = 0

Como n = 0 e D é real, a solução da Eq. (128) é escrita como:

Rk (r ) = Ak J 0 (λk r ) + BkY0 (λk r ) (130)

A solução da Eq. (129) é escrita como:

Zk ( z) = Ck sinh(λk z) + Dk cosh(λk z) (131)

A solução completa é então:


θ (r, z) =  Rk (r )Zk ( z) (132)
k =1

(iv) Aplicação das condições de contorno. Para a condição de contorno 1 é necessária a


seguinte expressão:

∂θk ∂ ∂ ∂
= [Rk (r ) Z k ( z)] = Z k ( z ) [Rk (r )] = Z k ( z ) [Ak J 0 (λk r ) + BkY0 (λk r )] =
∂r ∂r ∂r ∂r
Z k ( z)λk [− Ak J1 (λk r ) − Bk Y1 (λk r )]
298

Utilizando a condição de contorno 1 obtém-se:

∂θ k (0, z )  
= Z k ( z )λk − Ak J 1 (λk 0) − Bk Y1 (λk 0) = 0  Bk = 0 (133)
∂r ≠0  
≠0  =0 = −∞

Para a condição de contorno 2 são necessárias as seguintes expressões:

∂θ k (ro , z )  
= Z k ( z)λk − Ak J1 (λk r ) − Bk Y1 (λk r ) = −Z k ( z) Ak λk J1 (λk ro ) (134)
∂r  =0 

θ k ( ro , z ) = Rk ( ro ) Z k ( z ) = [ Ak J 0 (λk ro ) + Bk Y0 (λk ro )]Z k ( z ) = Z k ( z ) Ak J 0 (λk ro ) (135)


=0

Utilizando as Eqs. (134-135) e aplicando a condição de contorno 2 obtém-se:

− k[−Z k ( z) Ak λk J1 (λk ro )] = hZk ( z) Ak J 0 (λk ro ) (136)

Simplificando e rearranjando a Eq. (136) obtém-se:

J1(λk ro )
(λk ro ) = Biro (137)
J 0 (λk ro )

onde Biro = hro k é o número de Biot baseado no raio do cilindro. A Eq. (137) é a equação

característica cuja solução fornece os valores de λk . Os valores de λk podem ser obtidos

numericamente pela solução da Eq. (137) para um número de Biot especificado. Na forma
gráfica, a Eq. (137) pode ser representada pela Fig. (6). Da condição de contorno 3 são
necessárias as seguintes expressões:

∂θk ∂ ∂ ∂
= [Rk (r )Z k ( z )] = Rk (r ) [Z k ( z )] = Rk (r ) [Ck sinh(λk z ) + Dk cosh(λk z )] =
∂z ∂z ∂z ∂z
Rk (r )λk [Ck cosh(λk z) + Dk sinh(λk z)]
299

∂θ k (r , L)
= Rk (r )λk [Ck cosh(λk L) + Dk sinh(λk L)] (138)
∂z

θk (r, L) = Rk (r )Z k ( L) = Rk (r )[Ck sinh(λk L) + Dk cosh(λk L)] (139)

30
(λkro)J1(λkro)/J0(λkro)

25 Bi=1,0
Bi=10,0
Bi=20,0
20

15

10

-5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λkro

Figura 7 - Representação gráfica da Eq. (137).

Utilizando os resultados das Eqs. (138-139) e aplicando a condição de contorno 3


obtém-se:

− kRk (r )λk [Ck cosh(λk L) + Dk sinh(λk L)] = hRk (r )[Ck sinh(λk L) + Dk cosh(λk L)] (140)

Simplificando e rearranjando a Eq. (140) obtém-se:

cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L)


Dk = −Ck (141)
sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L)
300

onde BiL = hL k é o número de Biot baseado no comprimento do cilindro. Com os


resultados das Eqs. (133, 137 e 141) pode-se reescrever as Eqs. (130-131) na seguinte
forma:

Rk (r ) = Ak J 0 (λk r ) (142)

 cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 


Zk ( z) = Ck sinh(λk z ) − cosh(λk z ) (143)
 sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 

Pode-se então escrever a Eq. (132) como:


 cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 
θ (r, z) =  ak J 0 (λk r )sinh(λk z ) − cosh(λk z) (144)
k =0  sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 

onde ak = Ak Ck . A última incógnita restante é a combinação de constantes ak . Para a

determinação de ak aplica-se a condição de contorno 4 na Eq. (144). Da condição de

contorno 4 é necessária a seguinte expressão:

∂θ (r , z ) ∂  ∞  cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 


=  ak J 0 (λk r ) sinh(λk z ) − cosh(λk z )  =
∂z ∂z  k =0  sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 

 cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 
a λ J k k 0 (λk r ) cosh(λk z ) −
sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L)
sinh(λk z )
k =0  

∂θ (r ,0) ∞  cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 


=  ak λk J 0 (λk r ) cosh(λk 0) − sinh(λk 0) =
∂z k =0  sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 

a λ J
k =0
k k 0 (λk r ) (145)

Assim, aplicando a condição de contorno 4 juntamente com o resultado da Eq.


(145) obtém-se:


− k  ak λk J 0 (λk r ) = f (r ) (146)
k =0
301

A Eq. (146) não pode ser resolvida diretamente para a obtenção de ak por causa

da variável r e pelo sinal de somatório. Para prosseguir deve-se utilizar o conceito de


ortogonalidade conforme a Eq. (17).
(v) Ortogonalidade. A Eq. (17) é utilizada para determinar ak . Nota-se que a função

J 0 (λk r ) na Eq. (146) é a solução da Eq. (128). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq.
(146) somente se a Eq. (128) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de
contorno em r = 0 e r = ro foram homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20).
Comparando a Eq. (128) com a Eq. (12) obtém-se

a1 (r ) = 1 r , a2 (r ) = 0 e a3 (r ) = 1 (147)

Utilizando os resultados da Eq. (147), obtém-se das Eqs. (14-16) que


dr

p (r ) = e 
a1 dr
=e r
= r , q(r ) = 0.r = 0 e w( r ) = 1.r = r . Como as duas condições de

contorno de Rk (r ) = J 0 (λk r ) são homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20),

conclui-se que as funções características φk (r ) = J 0 (λk r ) e φi (r ) = J 0 (λi r ) são ortogonais

com relação a função peso w( r ) = r . Agora estamos prontos para aplicar a ortogonalidade

na Eq. (146) para determinar ak . Multiplicando ambos os lados da Eq. (146) por

w(r ) J 0 (λi r )dr e integrando de r = 0 a r = ro obtém-se:

ro  ∞
ro 
 f (r ) w(r ) J 0 (λi r )dr =  − k  ak λk w(r ) J 0 (λk r )J 0 (λi r ) dr (148)
0 0
 k =0 

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( r ) = r pode-se


reescrever a Eq. (148) como:


f (r )rJ0 (λi r )dr = −kak λk   rJ0 (λk r ) J 0 (λi r )dr
ro ro
0
k =0
0
(149)

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (149) é nula quando k ≠ i. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal
302

de somatório são nulas exceto no caso quando k = i. A Eq. (149) pode então ser reescrita
como:

ro ro
 f (r )rJ 0 (λk r )dr = −kak λk  rJ 02 (λk r )dr (150)
0 0

A integral do lado direito da Eq. (150) pode ser calculada utilizando a Tab. (3) do
Apêndice. Assim, a constante ak é escrita como:

ro
2λk  f (r )rJ 0 (λk r )dr
ak = − 0
(151)
k[(hro k ) 2 + (λk ro ) 2 ]J 02 (λk ro )

Finalmente, substituindo a Eq. (151) na Eq. (144) obtém-se:

ro
∞ 2λk  f (r )rJ 0 (λk r )dr
T (r , z ) = T∞ −  0
J 0 (λk r )[sinh(λk z ) −
k =1 k [(hro k ) + (λk ro ) ] J 0 (λk ro )
2 2 2

cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 


cosh(λk z ) (152)
sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 

A temperatura na interface é determinada substituindo z = 0 na Eq. (152), ou seja:

T (r ,0) = T∞ +
ro
∞ 2λk  f (r )rJ 0 (λk r )dr  cosh(λk L) + ( BiL λk L) sinh(λk L) 
 k[(hr
k =1
0
  J 0 (λk r ) (153)
k ) + (λk ro ) ]J (λk ro )  sinh(λk L) + ( BiL λk L) cosh(λk L) 
2 2 2
o 0

(5) Checando. Análise dimensional. As unidades de ak na Eq. (151) devem estar em oC.

Da definição de f (r ) na condição de contorno (4) concluímos que f (r ) tem unidades

W/m2. Uma checagem dimensional da Eq. (151) confirma que ak tem unidades de oC.

Se o coeficiente de atrito for igual a zero, não será gerada energia térmica na interface e
o cilindro estará à temperatura ambiente T∞ . Fazendo µ = 0 na condição de contorno (4)

obtemos f ( r ) = 0. Substituindo f (r ) = 0 na Eq. (151) obtém-se ak = 0. Assim, da Eq.


303

(153) obtém-se que θ (r , z ) = 0 o que implica que T (r , z ) = T∞ . A mesma análise pode ser
feita considerando ω = 0.

(6) Comentários: (i) é importante determinar a função peso pela comparação da equação
diferencial da direção homogênea com o problema de Sturm-Liouville e não assumir
diretamente que ela é igual a unidade e (ii) é utilizado o subscrito k nas funções
características e no símbolo de somatório para evitar confusão com o índice n que
representa a ordem da função de Bessel, que surgem usualmente na análise de problemas
envolvendo geometrias cilíndricas.

EXEMPLO 5 – CILINDRO COM GERAÇÃO DE ENERGIA

Em um cilindro sólido estacionário de raio ro e comprimento L existe geração de

energia volumétrica uniforme a uma taxa qɺ . Uma das superfícies planas está mantida a

To enquanto a outra superfície está isolada. A superfície cilíndrica está mantida a uma

temperatura Ta . Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente.

(1) Observações. (i) o termo de geração de energia torna a equação diferencial parcial
governante do problema não-homogênea, (ii) O método da separação de variáveis não
pode ser aplicado diretamente para resolver equações diferenciais parciais não-
homogêneas. Entretanto, uma simples modificação no procedimento de solução torna
possível estender o método da separação de variáveis para equações diferenciais parciais
não-homogêneas. Esse é o objetivo desse exemplo, (iii) definindo a variável
θ (r, z) = T (r, z) − Ta a condição de contorno na superfície do cilindro torna-se
homogênea e (iv) deve ser utilizado um sistema de coordenadas cilíndricas.

Figura 8 – Esquema do EXEMPLO 5.


304

(2) Origem e coordenadas. Na figura acima estão mostrados a origem e os eixos


coordenados.

(3) Formulação.
(i) Considerações. (1) condução bidimensional, (2) regime permanente, (3) geração
volumétrica de energia uniforme e (4) condutividade térmica constante.
(ii) Equação governante. Definindo θ (r , z ) = T (r , z ) − Ta pode-se reescrever a Eq. (65)

do Cap. (1) como:

1 ∂  ∂θ  ∂ 2θ qɺ
r  + + = 0 (N.H.) (154)
r ∂r  ∂r  ∂z 2 k

(iii) Variável independente com duas condições de contorno homogêneas. A variável


r tem duas condições de contorno homogêneas. Entretanto, isso deve ser reexaminado
dependendo do método utilizado para lidar com a natureza não-homogênea da Eq. (154).
(iv) Condições de contorno.

∂θ (0, z )
(1) = 0 (H.)
∂r

(2) θ (ro , z ) = 0 (H.)

∂θ (r, L)
(3) = 0 (H.)
∂z

(4) θ (r ,0) = To − Ta (N.H.)

(4) Solução. A Eq. (154) é não-homogênea devido ao termo de geração de energia.


Assim, nós não podemos prosseguir diretamente com o método da separação de variáveis.
Ao invés disso, podemos assumir uma solução na forma:

θ (r , z ) = ψ ( r , z ) + φ ( z )
305

Note que ψ ( r , z ) depende de duas variáveis enquanto φ (z ) depende de uma única


variável. Substituindo ψ (r , z ) na Eq. (154) e rearranjando obtém-se:

1 ∂  ∂ψ  ∂ ψ d φ qɺ
2 2
r  + + + =0 (155)
r ∂r  ∂r  ∂z
2
dz 2 k

O próximo passo consiste em separar a Eq. (155) em duas equações diferenciais,


uma para ψ ( r , z ) e outra para φ (z ), ou seja:

1 ∂  ∂ψ  ∂ 2ψ
r + = 0 (H.) (156)
r ∂r  ∂r  ∂z 2

d 2φ qɺ
+ = 0 (N.H.) (157)
dz 2 k

Deve ser notado o seguinte a respeito desse procedimento: (i) a Eq. (156) é uma
equação diferencial parcial homogênea, (ii) a Eq. (157) é uma equação diferencial
ordinária não-homogênea e (iii) a idéia de separar a Eq. (155) é excluir o termo qɺ k da
equação diferencial parcial para que essa possa ser resolvida pelo método da separação
de variáveis, conforme resultado da Eq. (156). As condições de contorno em ψ ( r , z ) e
φ (z ) são obtidas substituindo θ (r , z ) = ψ ( r , z ) + φ ( z ) nas quatro condições de contorno
originais. Assim, da condição de contorno 1 obtém-se:

∂θ (0, z ) ∂ψ (0, z ) ∂φ ( z )
= + =0 (158)
∂r ∂r ∂r
=0

∂ψ (0, z )
= 0 (H.) (159)
∂r

Da condição de contorno 2 obtém-se:


306

θ (ro , z) = ψ (ro , z) + φ ( z) = 0 ψ (ro , z) = −φ ( z) (N.H.) (160)

Da condição de contorno 3 obtém-se:

∂θ (r, L) ∂ψ (r, L) dφ ( L)
= + =0 (161)
∂z ∂z dz

dφ ( L)
=0 (162)
dz

∂ψ (r , L)
= 0 (H.) (163)
∂z

Da condição de contorno 4 obtém-se:

θ (r,0) = ψ (r,0) + φ (0) = To − Ta (164)

ψ ( r ,0) = 0 (H.) (165)

φ (0) = To − Ta (166)

Note que a separação das condições de contorno é guiada pela regra que, quando
possível, as condições de contorno da equação diferencial parcial são escolhidas tal que
elas sejam homogêneas. Assim, a equação diferencial parcial não-homogênea, Eq. (154)
é substituída por duas equações: a Eq. (156) que é uma equação diferencial parcial
homogênea com as condições de contorno dadas pelas Eqs. (159), (160), (163) e (165) e
a Eq. (157) que é uma equação diferencial ordinária com as condições de contorno dadas
pelas Eqs. (162) e (166). A solução da Eq. (157) pode ser obtida por dupla integração,
fornecendo o seguinte resultado:

qɺz 2
φ ( z) = − + Ez + F (167)
2k
307

onde E e F são constantes de integração. Aplicando a condição de contorno dada pela Eq.
(162) obtém-se:

dφ ( L) qɺL qɺL
=− +E =0E = (168)
dz k k

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (166) obtém-se:

qɺ 02
φ (0) = − + E 0 + F = To − Ta  F = To − Ta (169)
2k

Substituindo as Eqs. (168-169) na Eq. (167) e rearranjando obtém-se:

qɺL2   z   z  
2

φ ( z) = 2  −    + (To − Ta ) (170)


2k   L   L  

(ii) Assumindo solução produto. Para resolver a Eq. (156) vamos assumir solução
produto na seguinte forma:

ψ (r , z ) = R(r )Z ( z ) (171)

Substituindo a Eq. (171) na Eq. (156), separando variáveis e igualando o resultado


das duas equações a uma constante ± λ2k , obtém-se:

d 2 Zk
2
± λ2k Z k = 0 (172)
dz

d 2 Rk dR
r2 2
+ r k ± λ2k r 2 Rk = 0 (173)
dr dr
308

(ii) Selecionando o sinal dos termos λ2k . Como a variável z tem duas condições de

contorno homogêneas, é escolhido o sinal positivo na Eq. (172). Assim, as Eqs. (172-
173) são reescritas como:

d 2 Zk
2
+ λ2k Z k = 0 (174)
dz

d 2 Rk dR
r 2
2
+ r k − λ2k r 2 Rk = 0 (175)
dr dr

(iii) Solução das equações diferenciais ordinárias. A solução da Eq. (174) tem a
seguinte forma:

Zk ( z) = Ak sin(λk z) + Bk cos(λk z) (176)

A Eq. (175) é uma equação de Bessel com A = B = n = 0, C = 1, D = λk i. Assim:

Rk (r ) = Ck I 0 (λk r ) + Dk K0 (λk r ) (177)

A solução completa é então escrita como:


ψ (r, z) =  Rk (r )Zk ( z) (178)
k =0

(iv) Aplicação das condições de contorno. Aplicando a condição de contorno dada pela
Eq. (159) obtém-se:

∂ψ k ∂ ∂ ∂
= [ Rk (r ) Z k ( z )] = Z k ( z ) [ Rk (r )] = Z k ( z ) [C k I 0 (λk r ) + Dk K 0 (λk r )] =
∂r ∂r ∂r ∂r
Z k ( z )λk [C k I1 (λk r ) − Dk K1 (λk r )]
309

∂ψ k (0, z )
= Z k ( z ) λ k [C k I 1 ( λ k 0 ) − D k K 1 ( λ k 0 ) ] = 0  D k = 0 (179)
∂r ≠0
≠0 =0 =∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (165) obtém-se:

ψ k (r,0) = Rk (r )Z k (0) = 0  Rk (r )[ Ak sin(λk 0) + Bk cos(λk 0)] = 0  Bk = 0 (180)


≠0 =0 =1

A aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (163) obtém-se:

∂ψ k ∂ ∂ ∂
= [ Rk (r ) Z k ( z )] = Rk (r ) [ Z k ( z )] = Rk (r ) [ Ak sin(λk z ) + Bk cos(λk z )] =
∂z ∂z ∂z ∂z
Rk (r )λk [ Ak cos(λk z) − Bk sin(λk z)]

∂ψ k (r , L)
= Rk (r )λk [ Ak cos(λk L) − Bk sin(λk L)] = 0  cos(λk L) = 0 
∂z ≠0 ≠ 0 =0
≠0

(2 j − 1)π
λk = , j = 1,2,3,... (181)
2L

Com os resultados das Eqs. (179, 180 e 181) pode-se reescrever as Eqs. (176-177)
na seguinte forma:

Z k ( z ) = Ak sin(λk z) (182)

Rk (r ) = Ck I 0 (λk r ) (183)

Pode-se então escrever a Eq. (178) como:


ψ (r, z ) =  ak I 0 (λk r ) sin(λk z ) (184)
k =1
310

onde ak = Ak Ck . A última incógnita restante é a combinação de constantes ak . Para a

determinação de ak aplica-se a condição de contorno dada pela Eq. (160) na Eq. (184):

qɺL2   z   z  
2 ∞
− 2  −    − (To − Ta ) =  ak I 0 (λk ro ) sin(λk z) (185)
2k   L   L   k =1

(v) Ortogonalidade. A Eq. (185) é utilizada para determinar ak . Nota-se que a função

sin(λk z) na Eq. (185) é a solução da Eq. (174). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq.
(185) somente se a Eq. (174) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de
contorno em z = 0 e z = L foram homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20).
Comparando a Eq. (174) com a Eq. (12) obtém-se:

a1 ( z) = a2 ( z) = 0 e a3 ( z) = 1 (186)

Utilizando os resultados da Eq. (186), obtém-se das Eqs. (14-16) que

p( z) = e = e
a1dz 0 dz
= 1, q( z ) = 0.1 = 0 e w( z ) = 1.1 = 1. Como as duas condições de
contorno de Zk ( z) = sin(λk z ) são homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20),

conclui-se que as funções características φk ( z) = sin(λk z) e φi ( z) = sin(λi z) são

ortogonais com relação a função peso w( z ) = 1. Agora estamos prontos para aplicar a

ortogonalidade na Eq. (185) para determinar ak . Multiplicando ambos os lados da Eq.

(185) por w( z) sin(λi z)dz e integrando de z = 0 a z = L obtém-se:

L  qɺL2   z   z 2  
 w( z )− 2  −    − (To − Ta ) sin(λi z )dz =
0
 2k   L   L   

L ∞
  a w( z ) I
0
k =1
k 0 (λk ro ) sin(λk z ) sin(λi z )dz (187)

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( z ) = 1 pode-se


reescrever a Eq. (187) como:
311

L  qɺL2   z   z 2  
 − 2  −    − (To − Ta ) sin(λi z )dz =
0
 2k   L   L   

ak I 0 (λk ro )  sin(λk z ) sin(λi z )dz
L
(188)
0
k =1

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (188) é nula quando k ≠ i. Assim, todas as integrais devido ao sinal de somatório
são nulas exceto no caso quando k = i. A Eq. (188) pode então ser reescrita como:

L  qɺL2   z   z 2   L
 − − − − a  sin(λk z )dz = ak I 0 (λk ro )  sin (λk z )dz
2
  2     (To T ) (189)
0
 2 k      
L L  0

Calculando as integrais e resolvendo para ak obtém-se:

−2
ak = [(To − Ta ) + qɺ kλ2k ] (190)
(λk L) I 0 (λk ro )

Substituindo as Eqs. (170), (184) e (190) em θ ( r , z ) = ψ ( r , z ) + φ ( r ) obtém-se:

∞
−2 
T (r , z) = Ta +   [(To − Ta ) + qɺ kλ2k ]I 0 (λk r ) sin(λk z ) +
k =1  (λk L) I 0 (λk ro ) 

qɺL2   z   z  
2

2  −    + (To − Ta ) (191)


2k   L   L  

(5) Checando. Cada termo na Eq. (191) tem unidade de temperatura. Se qɺ = 0 e Ta = To ,

considerações físicas requerem que o cilindro esteja a uma temperatura uniforme. Sob
essa consideração, a Eq. (190) fornece que ak = 0. Substituindo esse resultado na Eq.

(191) obtém-se que T (r , z ) = Ta , conforme esperado.

(6) Comentários: (i) uma solução alternativa consiste em substituir a


θ ( r , z ) = ψ ( r , z ) + φ ( r ) por θ ( r , z ) = ψ ( r , z ) + φ ( r ). Essa expressão alternativa levaria a
duas condições de contorno homogêneas na variável r ao invés da variável z.
312

5-CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM COORDENADAS ESFÉRICAS

O método de separação de variáveis também pode ser aplicado em problemas de


condução em coordenadas esféricas. As características essenciais do método, mostradas
nos exemplos anteriores, continuam as mesmas.

EXEMPLO 6 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM UM HEMISFÉRIO

Uma gota condensando sobre uma superfície plana horizontal pode ser modelada
como um hemisfério de raio R. A temperatura da base da gota, TC , é assumida menor que

a temperatura da superfície convexa. Pode-se também assumir que a temperatura da


superfície convexa é igual a temperatura de saturação do líquido, TS . Determine a

distribuição de temperaturas na gota. Despreze efeitos de convecção e considere que a


taxa de variação da massa da gota com o tempo é desprezível.
z

TS

R
y

TC

Figura 9 – Esquema do EXEMPLO 6.

(1) Formulação.
(i) Considerações. (1) condução bidimensional em r e θ , (2) regime permanente, (3)
sem geração de energia, (4) condutividade térmica constante e (5) gota estacionária.
(ii) Equações governantes.

∂  2 ∂T  1 ∂  ∂T 
r +  sin θ  = 0 (H.) (192)
∂r  ∂r  sin θ ∂θ  ∂θ 
313

(1) T ( R, θ ) = TS (N.H.)

∂T (0, θ )
(2) = 0 (H.)
∂r

(3) T (r , π 2) = TC (N.H.)

∂T ( r , 0 )
(4) = 0 (H.)
∂θ

Definindo Θ(r , θ ) = T ( r , θ ) − TC pode-se reescrever a Eq. (192) e suas condições

de contorno na seguinte forma:

∂  2 ∂Θ  1 ∂  ∂Θ 
r +  sin θ  = 0 (H.) (193)
∂r  ∂r  sin θ ∂θ  ∂θ 

(1) Θ( R, θ ) = TS − TC = Θ S (N.H.)

∂Θ(0, θ )
(2) = 0 (H.) ou Θ(0, θ ) = finito
∂r

(3) Θ(r , π 2) = 0 (H.)

∂Θ(r ,0)
(4) = 0 (H.) ou Θ( r ,0) = finito
∂θ

(4) Solução produto.

Θ( r ,θ ) = G (r ) H (θ ) (194)

Substituindo a Eq. (194) na Eq. (193) obtém-se:


314

∂  2 ∂[G (r ) H (θ )]  1 ∂  ∂[G (r ) H (θ )] 
r + sin θ  = 0 (H.) (195)
∂r  ∂r  sin θ ∂θ  ∂θ 

ou,

∂  2 ∂G (r )  G(r ) ∂  ∂H (θ ) 
H (θ ) r + sin θ ∂θ  = 0 (196)
∂r  ∂r  sin θ ∂θ

Separando as variáveis na Eq. (196) e rearranjando obtém-se:

1 ∂  2 ∂G  1 ∂  ∂H 
=−  sin θ  = ±λ
2
r (197)
G ∂r  ∂r  H sin θ ∂θ  ∂θ 

onde λi2 é a constante de separação. A Eq. (197) representa o conjunto de duas equações:

d 2G dG
r2 2
+ 2r − λ2 G = 0 (198)
dr dr

d  dH  2
 sin θ  + λ (sin θ ) H = 0 (199)
dθ  dθ 

onde θ é a direção homogênea. A Eq. (198) é conhecida como equação de Euler e a Eq.
(199) é conhecida como equação de Legendre.

(5) Solução das equações diferenciais ordinárias. A Eq. (198) é uma equação
diferencial ordinária de segunda ordem com coeficientes variáveis, linear e homogênea,
conhecida por equação de Euler. A solução geral da equação de Euler é obtida fazendo a
transformação v = ln r de tal forma que as derivadas da Eq. (198) possam ser reescritas
na seguinte forma:

dG dG dv dG d 1 dG
= = (ln r ) = (200)
dr dv dr dv dr r dv
315

d 2G d  dG  d  1 dG  d  1  dG 1 d  dG  1 dG 1 d (dG dv)
2
=  =  =   +  =− 2 + (201)
dr dr  dv  dr  r dv  dr  r  dv r dr  dv  r dv r dr

O segundo termo do lado direito da Eq. (201) pode ser avaliado de maneira similar
à Eq. (200), ou seja:

d ( dG dv ) d (dG dv ) dv d 2 G d 1 d 2G
= = (ln r ) = (202)
dr dv dr dv 2 dr r dv 2

Substituindo a Eq. (202) na Eq. (201) obtém-se:

d 2G 1 dG 1 d 2 G
= − + (203)
dr 2 r 2 dv r 2 dv 2

Substituindo as Eqs. (200) e (203) na Eq. (198) obtém-se:

 1 dG 1 d 2 G   1 dG  2
r 2  − 2 + 2  + 2r 
2  −λ G = 0 (204)
 r dv r dv   r dv 

Rearranjando a Eq. (204) obtém-se:

d 2 G dG
2
+ − λ2 G = 0 (205)
dv dv

Com a transformação v = ln r , a Eq. (198) foi convertida em uma equação


diferencial ordinária de segunda ordem com coeficientes constantes, cuja solução é obtida
pela equação característica. A equação característica tem a forma n 2 + n − λ2 = 0. cuja
solução é obtida pela fórmula de Bhaskara, obtendo-se:

1 1 2 1 1 2
n1 = − + + λ e n2 = − − +λ (206)
2 4 2 4

Por simplicidade define-se n1 = n de tal forma n2 possa ser reescrito como:


316

1 1 2 1 1 2 1 2 1 2 1
n2 = − − +λ = − + +λ − +λ − + λ = n1 − 2 + λ2 (207)
2 4 2 4 4 4 4

Substituindo 1 4 + λ 2 = − 1 2 − n 2 da Eq. (206) na Eq. (207) e rearranjando

obtém-se:

 1 
n2 = n1 − 2 − − n2  = n1 + 1 + 2n2  −n2 = n1 + 1  n2 = −(n1 + 1) = −(n + 1) (208)
 2 

Além disso, o produto n ( n + 1) fornece que:

2
 1 1  1 1 1 1 1 1 1
n(n + 1) = n + n2 =  − +
2
2 + λ2  − + + λ2 = − + λ2 + + λ2 − + + λ2 = λ2
 2 4  2 4 4 4 4 2 4

(209)
Para raízes reais e distintas a solução geral da Eq. (205) tem a seguinte forma:

B
G(v) = Aen1v + Ben2 v = Aenv + Be−( n +1)v = Aenv + ( n +1) v
(210)
e

Voltando a Eq. (210) na variável original r e sabendo que e ln r = r n obtém-se:


n

B B B
G(r ) = Ae n ln r + = Ae ln r + = Ar n +
n

( n +1) ln r
(211)
e e ln nr+1
r n +1

Já a solução da equação de Legendre, Eq. (199) é obtida definindo inicialmente a


seguinte variável de transformação:

η = cos θ (212)

A derivada na Eq. (199) pode ser reescrita em termos de η utilizando a regra da


cadeia, obtendo-se:
317

dH dH dη dH d dH
= = (cos θ ) = − sin θ (213)
dθ d η dθ dη dθ dη

Substituindo as Eqs. (209) e (213) na Eq. (199) obtém-se:

d  dH 
 − sin 2 θ  + n(n + 1)(sin θ ) H = 0 (214)
dθ  dη 

Expressando (d dθ ) pela regra da cadeia e sabendo que sin 2 θ = 1 − cos 2 θ pode-


se reescrever a Eq. (214) como:

d  dH  dη
(cos θ − 1) dη  dθ + n(n + 1)(sin θ ) H = 0
2
(215)
dη  

Substituindo a Eq. (212) e (dη dθ = − sin θ ) na Eq. (215) e rearranjando obtém-


se:

d  2 dH 

dη (1 − η ) dη  sin θ + n(n + 1)(sin θ ) H = 0 (216)


 

Simplificando (sin θ ) na Eq. (216) e rearranjando obtém-se:

d 2H dH
(1 −η )2
− 2η + n(n + 1) H = 0 (217)
dη 2

A solução geral da Eq. (217), conforme o Apêndice, é escrita como:

H (θ ) = CPn (η ) + DQn (η ) = CPn (cos θ ) + DQn (cos θ ) (218)

onde as funções Pn (η ) são chamadas de polinômios de Legendre de primeira espécie e

as funções Qn (η ) são chamadas de polinômios de Legendre de segunda espécie.

De acordo com a Eq. (194), cada produto GH é solução da Eq. (193). Assim:
318

Θ(r,θ ) = G(r)H (θ ) (219)

Como a Eq. (193) é linear, segue que a soma de todas as soluções também é uma
solução. Assim, a solução completa pode ser escrita como:


 B 
Θ(r,θ ) =  Ar n + n+1 [CPn (cosθ ) + DQn (cosθ )] (220)
n =1  r 

(6) Aplicação das condições de contorno. Para completar a solução, as constantes


A, B, C e D devem ser determinados. Aplicando a condição de contorno 2 obtém-se:

 
 n B 
Θ(0,θ ) = H (θ ) A0 + n+1  = finito  B = 0 (221)
≠0 
=0 0 
 =∞ 

Aplicando a condição de contorno 4 obtém-se:

Θ ( r ,0) = G ( r )[CPn (cos 0) + DQ n (cos 0)] = G ( r )[C Pn (1) + D Qn (1)] = finito  D = 0 (222)
≠0 =1 ∞

Até o momento a solução é escrita como:

∞ ∞
Θ(r,θ ) =  Ar nCPn (η ) = ar n Pn (η ) (223)
n =1 n=1

onde a = AC. Deve ser notado que não foi necessária a aplicação da condição de contorno
3 visto que a constante de separação e as raízes da equação características foram
relacionadas entre si, eliminando a necessidade de uma equação para λ. Aplicando a
condição de contorno 1 na Eq. (223) obtém-se:


Θ( R,θ ) = ΘS =  aRn Pn (η ) (224)
n=1
319

A Eq. (224) não pode ser resolvida diretamente para a obtenção de a por causa
da variável η = cosθ e pelo sinal de somatório. Para prosseguir deve-se utilizar o
conceito de ortogonalidade conforme a Eq. (17).

(7) Ortogonalidade. A Eq. (17) é utilizada para determinar a. Nota-se que a função
Pn (η ) na Eq. (224) é a solução da Eq. (217). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq.

(224) somente se a Eq. (214) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de


contorno em θ = 0 e θ = π 2 foram homogêneas da forma descrita pelas Eqs. (18-20).
Comparando a Eq. (217) com a Eq. (12) obtém-se:


a1 (η ) = − (225)
1 −η 2

a2 (η ) = 0 (226)

1
a3 (η ) = (227)
1 −η 2

Utilizando os resultados da Eq. (225-227), obtém-se das Eqs. (14-16):

 2η 
 −  dη
p(η ) = e 
a1dη 1−η 2 
=e  
= e[ln(η −1) +ln(η +1)] = eln[(η −1)(η +1)] = η 2 − 1 (228)

1
q (η ) = a 2 (η ) p (η ) = 0 × =0 (229)
η −1 2

η 2 −1
w(η ) = a3 (η ) p (η ) = = −1 (230)
1 −η 2

Como as duas condições de contorno de H (θ ) = Pn (η ) são homogêneas na forma

descrita pelas Eqs. (18-20), conclui-se que as funções características φn (η ) = Pn (η ) e

φm (η ) = Pm (η ) são ortogonais com relação a função peso w(η ) = −1. Agora estamos
320

prontos para aplicar a ortogonalidade na Eq. (224) para determinar a. Multiplicando


ambos os lados da Eq. (224) por w(η )Pm (η )dη e integrando de η = 0 (θ = π 2) a

η = 1 (θ = 0), obtém-se:

1 1 ∞ 
0 S
Θ w(η ) Pm (η ) dη = 0 
n =1
aR n Pn (η ) w(η ) Pm (η )dη

(231)

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w(η ) = −1 pode-se


reescrever a Eq. (231) como:

1 ∞ 1
ΘS  Pm (η )dη = aR
0
n
  P (η)P (η)dη
n =1
0
n m (232)

De acordo com o princípio da ortogonalidade, Eq. (17), a integral do lado direito


da Eq. (232) é nula quando m ≠ n. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal
de somatório são nulas, exceto no caso quando m = n A Eq. (232) pode então ser reescrita
utilizando somente o subscrito n e resolvida para a, obtendo-se:

1
Θ S  Pn (η )dη
a= 1
0
(233)
 [ P (η )] dη
n 2
R n
0

As integrais da Eq. (233) podem ser avaliadas utilizando as Eqs. (80) e (84) do
Apêndice, obtendo-se:

ΘS
a= [ Pn −1 (0) − Pn +1 (0)] (234)
Rn

A forma final da distribuição de temperaturas é escrita substituindo a Eq. (234) na


Eq. (223), obtendo-se:


ΘS
Θ(r,θ ) =  n
[ Pn−1 (0) − Pn+1 (0)]r n Pn (η ) (235)
n =1 R
321

Substituindo as definições de Θ( r ,θ ), Θ S e η e rearranjando, pode-se reescrever

a Eq. (223) na seguinte forma:

∞ n
r
T (r,θ ) = TC + (TS − TC )[ Pn−1 (0) − Pn+1 (0)]  Pn (cosθ ) (236)
n =1  R

6 – CONDUÇÃO TRIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE

Os princípios básicos de solução de problemas de condução bidimensionais em


regime permanente utilizando o método da separação de variáveis continuam válidos para
problemas de condução tridimensionais em regime permanente. O princípio da
superposição pode estar envolvido na solução de tais problemas. Para ilustrar o
procedimento de solução será apresentado um exemplo resolvido.

EXEMPLO 7 – CONDUÇÃO TRIDIMENSIONAL EM UM CUBO

Um sólido estacionário no formato de um cubo com lados de comprimento L e


condutividade térmica constante está fixado sobre uma superfície conforme mostrado na
figura abaixo. A distribuição de temperaturas na base do sólido é conhecida (medida) e é
denotada por f ( x, y ). Um fluido refrigerante com temperatura T∞ e coeficiente de
transferência de calor h escoa sobre o cubo. Por simplicidade, pode-se assumir que h é
bastante elevado. Obtenha distribuição de temperaturas T ( x, y , z ) em regime permanente
sem geração de energia.

L
( x, y)
=f
a se
Tb

x y
z

h, T∞

Figura 7 – Esquema do EXEMPLO 7.


322

A formulação do problema é escrita como:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T
+ + = 0 (H.) (237)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2

T ( x, y,0) = T∞ (N.H.) (238)

T ( x , y , L ) = f ( x, y ) (N.H.) (239)

T ( x,0, z ) = T∞ (N.H.) (240)

T ( x, L, z ) = T∞ (N.H.) (241)

T (0, y, z ) = T∞ (N.H.) (242)

T ( L, y, z ) = T∞ (N.H.) (243)

A equação diferencial parcial é homogênea, mas as seis condições de contorno


são não-homogêneas. Para que o método da separação de variáveis possa ser aplicado,
pelo menos cinco das seis condições de contorno devem ser homogêneas. Para isso,
define-se a variável θ ( x, y, z ) = T ( x, y, z ) − T∞ de tal forma que a equação diferencial
governante e as condições de contorno sejam reescritas como:

∂ 2θ ∂ 2θ ∂ 2θ
+ + = 0 (H.) (244)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2

θ ( x, y ,0) = 0 (H.) (245)

θ ( x, y, L) = f ( x, y ) − T∞ = φ ( x, y ) (N.H.) (246)

θ ( x,0, z ) = 0 (H.) (247)


323

θ ( x, L, z ) = 0 (H.) (248)

θ (0, y, z ) = 0 (H.) (249)

θ ( L, y, z ) = 0 (H.) (250)

Assim, além da equação diferencial parcial homogênea, cinco das seis condições
de contorno são agora homogêneas, tornando o método da separação de variáveis
aplicável. A solução esperada para a Eq. (244) tem a seguinte forma:

θ ( x, y , z ) = X ( x )Y ( y ) Z ( z ) (251)

Substituindo a Eq. (251) na Eq. (244), separando variáveis, igualando a duas


constantes distintas e sabendo que x e y são direções homogêneas, obtém-se as seguintes
equações diferenciais ordinárias:

d2Xn
2
+ λ2n X n = 0 (252)
dx

d 2Ym
2
+ α m2 Ym = 0 (253)
dy

d 2 Z nm
− (λ2n + α m2 ) Z nm = 0 (254)
dz 2

As Eqs. (252-254) podem ser resolvidas utilizando a técnica da equação


característica, com as soluções gerais sendo escritas na seguinte forma:

X n ( x) = An sin(λn x) + Bn cos(λn x) (255)

Ym ( y) = Cm sin(α m y) + Dm cos(α m y) (256)


324

Z nm ( z ) = Enm sinh( λ2n + α m2 z ) + Fnm cosh( λ2n + α m2 z ) (257)

A solução geral completa é então escrita como:

∞ ∞
θ ( x, y, z ) =  [ An sin(λn x) + Bn cos(λn x)][Cn sin(α m y ) + Dn cos(α m y )] ×
n =1 m =1

[ Enm sinh( λ2n + α m2 z ) + Fnm cosh( λ2n + α m2 z )] (258)

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (245) obtém-se:

θ nm ( x, y,0) = X n ( x)Yn ( y )[ Enm sinh( λ2n + α m2 0) + Fnm cosh( λ2n + α n2 0)] = 0  Fnm = 0 (259)
≠0 ≠0 =0 =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (247) obtém-se:

θ nm ( x,0, z ) = X n ( x)[Cn sin(α m 0) + Dn cos(α m 0)]Z nm ( z ) = 0  Dn = 0 (260)


≠0 =0 =1 ≠0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (249) obtém-se:

θ nm (0, y, z ) = [ An sin(λn 0) + Bn cos(λn 0)]Yn ( y ) Z nm ( z ) = 0  Bn = 0 (261)


=0 =1 ≠0 ≠0

Substituindo os resultados das Eqs. (259-261) na Eq. (258) obtém-se:

∞ ∞
θ ( x, y, z ) =  An sin(λn x)Cn sin(α m y ) Enm sinh( λ2n + α m2 z ) (262)
n =1 m =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (248) obtém-se:


θ nm ( x, L, z ) = X n ( x)Cn sin(α m L) Z nm ( z ) = 0  sin(α m L) = 0  α m = , m = 1,2,3,... (263)
≠0
L
≠0 ≠0
325

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (250) obtém-se:


θ nm ( L, y , z ) = An sin( λn L )Yn ( y ) Z nm ( z ) = 0  sin( λn L) = 0  λn = , n = 1,2,3,... (264)
≠0
L
≠0 ≠0

Substituindo os resultados das Eqs. (263-264) na Eq. (262) obtém-se:

∞ ∞
 nπx   mπy   2 z 
θ ( x, y, z ) =  anm sin  sin   sinh  π n + m
2
 (265)
n =1 m =1  L   L   L

onde anm = AnCn Enm . Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (246) obtém-se:

∞ ∞
 nπx   mπy 
θ ( x, y, L) = φ ( x, y ) =  anm sin   sin   sinh(π n + m )
2 2
(266)
n =1 m =1  L   L 

Dupla ortogonalidade é utilizada para se determinar anm . A função sin(nπx L) na

Eq. (266) é solução da Eq. (252) e a função sin(nπy L) na Eq. (266) é solução da Eq.
(253). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (266) somente se a Eq. (252) for uma
equação de Sturm-Liouville e se as condições de contorno em x = 0 e x = L foram
homogêneas. De maneira similar, ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (266) somente
se a Eq. (253) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de contorno em
y = 0 e y = L foram homogêneas.
Comparando a Eq. (252) com a Eq. (12) obtém-se que w( x) = 1. De maneira

similar, comparando a Eq. (253) com a Eq. (12) obtém-se que w( y) = 1. Tem-se então

que φn ( x) = sin(nπx L) e φk ( x) = sin(kπx L) são ortogonais com relação a função de

ponderação w( x ) = 1. De maneira similar, tem-se também que φm ( y) = sin(m πy L) e

φi ( y) = sin(iπy L) são ortogonais com relação a função de ponderação w( y ) = 1.

Multiplicando ambos os lados da Eq. (266) por [w( x)w( y) sin(kπx L) sin(iπy L)dxdy] ,

integrando de x = 0 a x = L e de y = 0 a y = L obtém-se:
326

L L  kπx   iπy 
 φ ( x, y ) w( x) w( y ) sin   sin   dxdy =
0 0
 L   L 
L ∞ ∞
 nπx   kπx   mπy   iπy 
   a
L
 sinh(π n + m )dxdy
2 2
nm w( x) w( y) sin  sin  sin  sin
0 0
n=1 m=1  L   L   L   L 
(267)

Trocando o símbolo do somatório e da integral, sabendo que w( x ) = w( y ) = 1 e

utilizando o princípio da ortogonalidade pode-se resolver a Eq. (267) para anm , ou seja:

L L  nπx   mπy 
 φ ( x, y ) sin 
 sin  dxdy
anm =
0 0
 L   L 
(268)
L L  nπx  2  mπy 
sinh(π n 2 + m 2 )   sin 2   sin  dxdy
0 0
 L   L 

Finalmente, substituindo a Eq. (268) na Eq. (265) e retornando à variável original


obtém-se:

 L L  nπx   mπy  
 ∞ 0 0 φ ( x, y ) sin  L  sin  L dxdy
∞ 
T ( x, y, z ) = T∞ +    ×
n =1 m =1  2  nπx  2  m πy  
L L
sinh(π n + m )   sin 
2 2
 sin   dxdy 
 0 0
 L   L  
 nπx   mπy   2 z 
 sinh  π n + m
2
sin   sin   (269)
 L   L   L

7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO NÃO-HOMOGÊNEAS: O MÉTODO DA


SUPERPOSIÇÃO

O método da separação de variáveis pode ser aplicado para resolver problemas de


condução com condições de contorno não-homogêneas com o auxílio do princípio da
superposição. Nessa aproximação, um problema é decomposto em problemas mais
simples em número igual ao número de condições de contorno não-homogêneas. Para
cada problema mais simples é atribuída uma condição de contorno não-homogênea de
maneira que quando os problemas mais simples e suas condições de contorno são
327

adicionados, retorna-se à formulação do problema original. Para ilustrar esse método,


considere condução bidimensional em regime permanente na placa mostrada na Fig. (8):

Figura 8 – Condução bidimensional com quatro condições de contorno não-


homogêneas.

Como todas as quatro condições de contorno são não-homogêneas, pode-se dividir


o problema original em quatro problemas mais simples, cada um com uma condição de
contorno não-homogênea. A equação governante para esse problema, considerando
condutividade térmica constante e sem geração de energia, é escrita como:

∂ 2T ∂ 2T
+ = 0 (H.) (270)
∂ x 2 ∂y 2

As condições de contorno do problema original são:

∂T (0, y )
(1) − k = qo" (N.H.)
∂x

(2) T ( L, y ) = g ( y ) (N.H.)

(3) T ( x,0) = f ( x ) (N.H.)

∂T ( x,W )
(4) − k = h[T ( x,W ) − T∞ ] (N.H.)
∂y

Pode-se assumir que a solução T ( x, y ) é a soma das soluções dos quatro


problemas, ou seja:
328

T ( x, y) = T1 ( x, y) + T2 ( x, y) + T3 ( x, y) + T4 ( x, y) (271)

As quatro soluções, Tn ( x, y), n = 1,2,3,4, devem satisfazer a Eq. (270) e as quatro

condições de contorno. Substituindo a Eq. (271) na Eq. (270) obtém-se quatro equações
diferenciais parciais idênticas, ou seja:

∂ 2Tn ∂ 2Tn
+ 2 = 0, n = 1,2,3,4 (272)
∂x 2 ∂y

Substituindo a Eq. (271) na condição de contorno 1 obtém-se:

∂T1 (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y )


−k −k 2 −k 3 −k 4 = qo" (273)
∂x ∂x ∂x ∂x

Pode-se associar a parte não-homogênea da Eq. (273) a T1 ( x, y), deixando as


condições homogêneas para os três problemas restantes, ou seja:

∂T1 (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y )


−k = qo" , − k 2 = 0, − k 3 = 0, − k 4 =0 (274)
∂x ∂x ∂x ∂x

De maneira similar, as três condições de contorno restantes são subdivididas em:

T1 ( L, y) = 0, T2 ( L, y) = g ( y), T3 ( L, y) = 0, T4 ( L, y) = 0 (275)

T1 ( x,0) = 0, T2 ( x,0) = 0, T3 ( x,0) = f ( x), T4 ( x,0) = 0 (276)

∂T1 ( x,W ) ∂T ( x , W )
−k = hT1 ( x,W ), − k 2 = hT2 ( x,W ),
∂y ∂y
∂T3 ( x,W ) ∂T ( x , W )
−k = hT3 ( x,W ), − k 4 = h[T4 ( x,W ) − T∞ ] (277)
∂y ∂y

Nota-se que cada um dos quatro problemas tem agora uma condição de contorno
não-homogênea, conforme mostrado na Fig. (9):
329

Figura 9 – Divisão do problema original em quatro problemas mais simples.

Na resolução dos problemas mais simples pode ser conveniente alterar a


localização da origem e/ou a direção dos eixos coordenados. Entretanto, todas as soluções
devem ser obtidas utilizando a mesma localização da origem e/ou direção dos eixos
coordenados. É importante checar se o problema original é reestabelecido a partir da
formulação dos problemas mais simples. Isso por ser feito somando as equações
diferenciais governantes e as condições de contorno de cada problema. Por exemplo, para
a equação diferencial governante do problema mostrado na Fig. (9) tem-se que:

∂ 2T1 ( x, y ) ∂ 2T1 ( x, y ) ∂ 2T2 ( x, y ) ∂ 2T2 ( x, y )


+ + + +
∂x 2 ∂y 2 ∂x 2 ∂y 2

∂ 2T3 ( x, y) ∂ 2T3 ( x, y) ∂ 2T4 ( x, y) ∂ 2T4 ( x, y)


+ + + =
∂x 2 ∂y 2 ∂x 2 ∂y 2

∂2
[T1 ( x, y ) + T2 ( x, y ) + T3 ( x, y ) + T4 ( x, y )] +
∂x 2

∂2 ∂ 2T ( x, y) ∂ 2T ( x, y)
[T1 ( x, y ) + T2 ( x, y ) + T3 ( x , y ) + T4 ( x, y )] = + = 0 (278)
∂y 2 ∂x 2 ∂y 2

Da condição de contorno 1 tem-se que:

∂T1 (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y ) ∂T (0, y )


−k −k 2 −k 3 −k 4 =
∂x ∂x ∂x ∂x
330

∂ ∂T (0, y )
−k [T1 (0, y ) + T2 (0, y ) + T3 (0, y ) + T4 (0, y )] = −k = qo" (279)
∂x ∂x

Da condição de contorno 2 tem-se que:

T1 ( L, y) + T1 ( L, y) + T3 ( L, y) + T4 ( L, y) = T (L, y ) = g ( y) (280)

Da condição de contorno 3 tem-se que:

T1 ( x,0) + T2 ( x,0) + T3 ( x,0) + T4 ( x,0) = T ( x,0) = f ( x) (281)

Da condição de contorno 4 tem-se que:

∂ ∂T ( x , W )
−k [T1 ( x,W ) + T2 ( x,W ) + T3 ( x,W ) + T4 ( x,W )] = − k =
∂y ∂y

h[T1 ( x,W ) + T2 ( x,W ) + T3 ( x,W ) + T4 ( x,W ) − T∞ ] = h[T ( x,W ) − T∞ ] (282)

Nos exemplos a seguir, como grande parte do procedimento de solução é


semelhante ao que já foi mostrado em detalhes nos cinco primeiros exemplos resolvidos,
o procedimento de solução será apresentado de maneira mais abreviada.

EXEMPLO 8 – SUPERPOSIÇÃO EM UMA PLACA DELGADA

Considere condução de calor bidimensional na placa delgada mostrada abaixo.


Considerando que a placa está estacionária, que não há geração interna de energia e que
sua condutividade térmica é constante, determine a distribuição de temperaturas T ( x, y )
em regime permanente na placa.

A formulação do problema original é escrita como:

∂ 2T ∂ 2T
+ = 0 (H.) (283)
∂ x 2 ∂y 2
331

∂T (0, y )
k = h[T (0, y ) − T∞ ] (N.H.) (284)
∂x

∂T (b, y )
−k = h[T (b, y ) − T∞ ] − q " (N.H.) (285)
∂x

∂T ( x,0)
k = h[T ( x,0) − T∞ ] (N.H.) (286)
∂y

T ( x, H ) = f ( x ) (N.H.) (287)

b
f (x)

h, T∞
h, T∞

H q"
y

h, T∞
Figura 10 – Esquema do EXEMPLO 8.

A formulação original do problema consiste em uma equação diferencial parcial


homogênea e quatro condições de contorno não-homogêneas. Para reduzir o número de
condições de contorno não-homogêneas pode-se utilizar a variável
θ ( x, y) = T ( x, y) − T∞ , de tal forma que as Eqs. (283-287) sejam reescritas como:

∂ 2θ ∂ 2θ
+ = 0 (H.) (288)
∂x 2 ∂y 2

∂θ (0, y )
k = hθ (0, y ) (H.) (289)
∂x
332

∂θ (b, y )
−k = hθ (b, y ) − q " (N.H.) (290)
∂x

∂θ ( x,0)
k = hθ ( x,0) (H.) (291)
∂y

θ ( x, H ) = f ( x) − T∞ = φ ( x) (N.H.) (292)

O novo problema tem a equação diferencial parcial homogênea e agora duas


condições de contorno homogêneas. Ainda não é possível aplicar o método da separação
de variáveis, que exige que três das quatro condições de contorno sejam homogêneas.
Para contornar esse problema pode-se utilizar o princípio da superposição para dividir o
problema original com duas não-homogeneidades em dois problemas mais simples, cada
um contendo uma não-homogeneidade. Um esquema dessa separação pode ser visto na
Fig. (11):
φ (x) φ (x) 0

h, 0 h, 0
h, 0 h, 0 h, 0 h, 0
q" q"
y y y

x x x

h, 0 h, 0 h, 0

Figura 11 – Esquema do problema a ser resolvido por superposição.

Como o problema foi original foi dividido em dois novos problemas, a solução
geral deve ter a seguinte forma:

θ ( x, y ) = θ1 ( x, y ) + θ 2 ( x, y ) (293)

onde θ1 ( x, y ) é a distribuição de temperaturas do primeiro problema e θ 2 ( x, y) é a


distribuição de temperaturas do segundo problema, conforme a Fig. (11). O modelo
matemático para o primeiro problema é escrito como:
333

∂ 2θ1 ∂ 2θ1
+ 2 = 0 (H.) (294)
∂x 2 ∂y

∂θ1 (0, y )
k = hθ1 (0, y ) (H.) (295)
∂x

∂θ1 (b, y )
−k = hθ1 (b, y ) (H.) (296)
∂x

∂θ1 ( x,0)
k = hθ1 ( x,0) (H.) (297)
∂y

θ1 ( x, H ) = φ ( x) (N.H.) (298)

O modelo matemático para o segundo problema é escrito como:

∂ 2θ 2 ∂ 2θ 2
+ = 0 (H.) (299)
∂x 2 ∂y 2

∂θ 2 (0, y )
k = hθ 2 (0, y ) (H.) (300)
∂x

∂θ 2 (b, y )
−k = hθ 2 (b, y ) − q " (N.H.) (301)
∂x

∂θ 2 ( x,0)
k = hθ 2 ( x,0) (H.) (302)
∂y

θ 2 ( x, H ) = 0 (H.) (303)

Deve ser notado que cada um dos dois problemas possui três condições de
contorno homogêneas, tornando possível a aplicação do método da separação de variáveis
para ambos. Além disso, deve ser notado que a soma das equações diferenciais
governantes bem como das condições de contorno correspondentes dos dois problemas
334

resulta na equação diferencial e condições de contorno do problema original. Por


exemplo, somando as Eqs. (294) e (299) obtém-se:

∂ 2θ1 ∂ 2θ1 ∂ 2θ 2 ∂ 2θ 2 ∂ 2 (θ1 + θ 2 ) ∂ 2 (θ1 + θ 2 ) ∂ 2θ ∂ 2θ


+ + + 2 = + = 2 + 2 =0 (304)
∂x 2 ∂y 2 ∂x 2 ∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x ∂y

Somando as condições de contorno correspondentes obtém-se:

∂θ1 (0, y ) ∂θ (0, y ) ∂ ∂θ (0, y )


k +k 2 = k [θ1 (0, y ) + θ 2 (0, y )] = k =
∂x ∂x ∂x ∂x
hθ1 (0, y ) + hθ 2 (0, y) = h[θ1 (0, y) + θ 2 (0, y )] = hθ (0, y) (305)

∂θ1 (b, y ) ∂θ (b, y ) ∂ ∂θ (b, y )


−k −k 2 = −k [θ1 (b, y ) + θ 2 (b, y )] = −k =
∂x ∂x ∂x ∂x
hθ1 (b, y) + hθ 2 (b, y) − q" = h[θ1 (b, y) + θ 2 (b, y)] − q" = hθ (b, y) − q" (306)

∂θ1 ( x,0) ∂θ ( x,0) ∂ ∂θ ( x ,0 )


k +k 2 = k [θ1 ( x,0) + θ 2 ( x,0)] = k =
∂y ∂y ∂y ∂y

hθ1 ( x,0) + hθ 2 ( x,0) = h[θ1 ( x,0) + θ 2 ( x,0)] = hθ ( x,0) (307)

θ1 ( x, H ) + θ 2 ( x, H ) = θ ( x, H ) = φ ( x) (308)

A solução para o primeiro problema, Eq. (294), tem a seguinte forma:

θ1 ( x, y ) = X1 ( x, y)Y1 ( x, y) (309)

Substituindo a Eq. (309) na Eq. (294), separando variáveis, igualando a uma


constante e sabendo que x é a direção homogênea, obtém-se as seguintes equações
diferenciais ordinárias:

d 2 X 1n
2
+ λ2n X 1n = 0 (310)
dx
335

d 2Y1n
2
− λ2nY1n = 0 (311)
dx

As Eqs. (310-311) podem ser resolvidas utilizando a técnica da equação


característica, com as soluções sendo escritas como:

X1n ( x) = An sin(λn x) + Bn cos(λn x) (312)

Y1n ( y) = Cn sinh(λn y) + Dn cosh(λn y) (313)

A solução completa é então escrita como:


θ1 ( x, y ) =  [ An sin(λn x) + Bn cos(λn x)][Cn sinh( λn y ) + Dn cosh(λn y )] (314)
n =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (295) obtém-se:


∂[ X 1n (0)Y1n ( y )]
k = kY1n ( y )λn [ An cos( λn 0) − Bn sin( λn 0)] = kY1n ( y )λn An =
∂x
=1 =0

h[ X 1n ( 0 )Y1n ( y )] = h[ An sin( λ n 0 ) + Bn cos( λ n 0 )]Y1n ( y ) = hB nY1n ( y )


=0 =1

 h 
An =   Bn (315)
 kλn 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (297) obtém-se:

∂[ X 1n ( x)Y1n (0)]
k = kX 1n ( x )λn [C n cosh( λn 0) + Dn sinh( λn 0)] = kX 1n ( x )λn C n =
∂y
=1 =0

h[ X 1n ( x )Y1n (0 )] = h[C n sinh( λ n 0 ) + D n cosh( λ n 0 ) ] X 1n ( x ) = hD n X 1n ( x )


=0 =1

 h 
Cn =   Dn (316)
 k λn 
336

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (296) e utilizando os resultados


das Eqs. (315-316) obtém-se:

∂[ X 1n (b)Y1n ( y )]  h  
−k = − kY1n ( y )λn Bn   cos(λnb) − sin(λnb) =
∂x  kλn  
 h  
h[ X 1n (b)Y1n ( y )] = hY1n ( y ) Bn   sin(λnb) + cos(λnb)
 kλn  

( λn b ) Bi
cot(λnb) = − (317)
2Bi 2(λnb)

onde Bi = hb k. Substituindo os resultados das Eqs. (315-316) na Eq. (314) e


rearranjando obtém-se:

∞  h    h  
θ1 ( x, y ) =  an   sin(λn x) + cos(λn x)   sinh(λn y ) + cosh(λn y ) (318)
n =1  kλn    kλn  
onde an = Bn Dn . Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (298) obtém-se:

∞  h    h  
θ1 ( x, H ) = φ ( x) =  an   sin(λn x) + cos(λn x)   sinh(λn H ) + cosh(λn H ) (319)
n =1  kλn    kλn  

Ortogonalidade é utilizada para se determinar a constante an . A função

φn ( x) = [(h kλn ) sin(λn x) + cos(λn x)] na Eq. (319) é a solução da Eq. (310).
Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (319) somente se a Eq. (310) for uma equação
de Sturm-Liouville e se as condições de contorno em x = 0 e x = b foram homogêneas.
Comparando a Eq. (310) com a Eq. (12) obtém-se w( x) = 1. Tem-se que φn (x) e φm (x)

são ortogonais com relação a função peso w( x ) = 1. Multiplicando ambos os lados da Eq.

(319) por w( x)[(h kλm ) sin(λm x) + cos(λm x)]dx e integrando de x = 0 a x = b obtém-se:

 h   b ∞  h  
 sin(λm x) + cos(λm x) dx =   an 
b
 φ ( x) w( x)   sin(λn x) + cos(λn x) ×
0
 kλm   0
n =1  kλn  
337

 h    h  
  sinh(λn H ) + cosh(λn H ) w( x)   sin(λm x) + cos(λm x) dx (320)
 kλn    kλm  

Trocando o símbolo do somatório e da integral, sabendo que w( x ) = 1 e utilizando

o princípio da ortogonalidade pode-se resolver a Eq. (320) para an , obtendo-se:

 h 
b 
0  φ ( x)  kλ
 sin(λn x) + cos(λn x) dx
n 
an =   (321)
 b  h  2

  h  
0   sin(λn x) + cos(λn x) dx   sinh(λn H ) + cosh(λn H )
  kλn    kλn  

Finalmente, substituindo a Eq. (321) na Eq. (318) e retornando à variável original


obtém-se:

∞  b  h   h 
  
T1 ( x, y ) = T∞ +    φ ( x )   sin( λn x ) + cos( λn x)  dx   sin( λn x ) + cos( λn x )  ×
n =1   kλn   kλn
0
   

 h  
  sinh(λn y ) + cosh(λn y )
 kλn   (322)
 b  h  2

  h  
0   sin(λn x) + cos(λn x) dx   sinh(λn H ) + cosh(λn H )
  kλn    kλn  

A solução para o segundo problema, Eq. (299), tem a seguinte forma:

θ 2 ( x, y ) = X 2 ( x)Y2 ( y ) (323)

Substituindo a Eq. (323) na Eq. (299), separando variáveis, igualando a uma


constante e sabendo que y é a direção homogênea, obtém-se as seguintes equações
diferenciais ordinárias:

d 2 X 2n
− α n2 X 2 n = 0 (324)
dx 2
338

d 2Y2 n
2
+ α n2Y2 n = 0 (325)
dy

As Eqs. (324-325) podem ser resolvidas utilizando a técnica da equação


característica, com as soluções sendo escritas como:

X 2n ( x) = En sinh(αn x) + Fn cosh(α n x) (326)

Y2 n ( y) = Gn sin(α n y) + H n cos(α n y) (327)

A solução completa é então escrita como:


θ 2 ( x, y ) =  [ En sinh(α n x) + Fn cosh(α n x)][Gn sin(α n y ) + H n cos(α n y )] (328)
n =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (300) obtém-se:

∂[ X 2 n (0)Y2 n ( y )]
k = kY2 n ( y )α n [ E n cosh(α n 0) + Fn sinh(α n 0)] = kY2 n ( y )α n E n =
∂x
=1 =0

h[ X 2 n ( 0 )Y2 n ( y )] = h[ E n sinh( α n 0 ) + Fn cosh( α n 0 )]Y2 n ( y ) = hFnY2 n ( y )


=0 =1

 h 
En =   Fn (329)
 kα n 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (302) obtém-se:

∂[ X 2 n ( x)Y2 n (0)]
k = kX 2 n ( x )α n [Gn cos(α n 0) − H n sin(α n 0)] = kX 2 n ( x )α n Gn =
∂y
=1 =0

h[ X 2 n ( x )Y2 n ( 0 )] = h[G n sin( α n 0 ) + H n cos( α n 0 )] X 2 n ( x ) = hH n X 2 n ( x )


=0 =1

 h 
Gn =   H n (330)
 kα n 
339

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (303) e utilizando o resultado do


Eq. (330) obtém-se:

 h   kα
[ X 2 n ( x )Y2 n ( H )] = X 2 n ( x ) H n   sin(α n H ) + cos(α n H )  = 0  − tan(α n H ) = n (331)
≠ 0 
kα n   h
≠0
=0

Substituindo os resultados das Eqs. (329-330) na Eq. (328) e rearranjando obtém-


se:

∞  h    h  
θ 2 ( x, y ) =  bn   sinh(α n x) + cosh(α n x)   sin(α n y ) + cos(α n y ) (332)
n =1  kα n    kα n  

onde bn = Fn H n . Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (301) obtém-se:

∞  h    h  
− k  bnα n   cosh(α nb) + sinh(α nb)   sin(α n y ) + cos(α n y ) =
n =1  kα n    kα n  
∞  h    h  
h  bn   sinh(α nb) + cosh(α nb)   sin(α n y ) + cos(α n y ) − q" (333)
n =1  kα n    kα n  

Ortogonalidade é utilizada para se determinar a constante bn . A função

φn ( y) = [(h kα n )sin(α n y) + cos(α n y)] na Eq. (333) é a solução da Eq. (325).


Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (333) somente se a Eq. (325) for uma equação
de Sturm-Liouville e se as condições de contorno em y = 0 e y = H foram homogêneas.

Comparando a Eq. (325) com a Eq. (12) obtém-se w( y) = 1. Tem-se que φn (y) e φm ( y )

são ortogonais com relação a função peso w( y ) = 1 . Multiplicando ambos os lados da Eq.

(333) por w( y)[(h kα m )sin(α m y) + cos(α m y)]dy e integrando de y = 0 a y = H obtém-

se:

∞  h  
− k  bnα n w( y ) 
H
  cosh(α n b) + sinh(α n b) ×
 kα n 
0
n =1 
340

 h    h  
  sin(α n y ) + cos(α n y )   sin(α m y ) + cos(α m y ) dy =
 kα n    kα m  
∞  h  
h  bn w( y ) 
H
  sinh(α n b) + cosh(α n b) ×
 kα n
0
n =1  

 h    h  
  sin(α n y ) + cos(α n y )   sin(α m y ) + cos(α m y ) dy −
 kα n    kα m  

H  h  
 q " w( y )   sin(α m y ) + cos(α m y ) dy (334)
 kα m 
0

Trocando o símbolo do somatório e da integral, sabendo que w( y ) = 1 e utilizando

o princípio da ortogonalidade pode-se resolver a Eq. (334) para bn , obtendo-se:

q"  h 
H 

  sin(α n y ) + cos(α n y )  dy
kα n0
 kα n  
bn = (335)

  h    H  h 
2
 
2

sinh (α nb )1 −       sin(α n y ) + cos(α n y ) dy 


  kα n    0  kα n   

Finalmente, substituindo a Eq. (335) na Eq. (332) e retornando à variável original


obtém-se:

q"  h H 
 
  sin(α n y ) + cos(α n y ) dy
∞ kα n
0
 kα n  
T2 ( x, y ) = T∞ +  ×
n =1  2
 
 h   H  h   
2

sinh (α n b )1 −       sin(α n y ) + cos(α n y )  dy 


  kα n    0  kα n   

 h    h  
  sinh(α n x) + cosh(α n x)   sin(α n y ) + cos(α n y ) (336)
 kα n    kα n  

O último passo consiste em adicionar as soluções representadas pelas Eqs. (322)


e (336) para a obtenção da solução completa do problema original, ou seja:
341

∞  b  h    h 
  
T ( x, y ) = T∞ +    φ ( x )   sin( λn x ) + cos( λn x )  dx    sin( λn x ) + cos( λn x )  ×
n =1   kλ n    kλn
0
   

 h  
  sinh(λn y ) + cosh(λn y )
 kλn  
 b  h  2

  h  
0   sin(λn x) + cos(λn x ) dx   sinh(λn H ) + cosh(λn H )
  kλn    kλn  

q" H h  
0  kα n 
  sin(α y ) + cos( α y )  dy
kα n
n n

+   ×
n =1 
  h    H  h 
2
 
2

sinh (α n b )1 −        sin(α n y ) + cos(α n y )  dy 


  kα n    0  kα n   

 h    h  
  sinh(α n x) + cosh(α n x)   sin(α n y ) + cos(α n y ) (337)
 kα n    kα n  

EXEMPLO 9 – SUPERPOSIÇÃO EM UMA CÁPSULA CILÍNDRICA

Uma cápsula cilíndrica delgada estacionária contendo rejeitos radioativos


conforme mostrado na figura abaixo possui geração interna de energia volumétrica
uniforme a uma taxa qɺ . A cápsula possui condutividade térmica constante, está em
repouso sobre uma superfície adiabática e está sendo resfriada por um fluido refrigerante
com temperatura T∞ escoando sobre a cápsula. É assumido que o coeficiente de
transferência de calor por convecção h entre o fluido refrigerante e a cápsula é bastante
alto. Determine a distribuição de temperaturas T ( r , z ) em regime permanente na cápsula.

A formulação do problema original é escrita como:

1 ∂  ∂T  ∂ 2T qɺ
r + + = 0 (N.H.) (338)
r ∂r  ∂r  ∂z 2 k

∂T (0, z )
= 0 (H.) (339)
∂r
342

T ( R, z ) = T∞ (N.H.) (340)

∂T (r ,0)
= 0 (H.) (341)
∂z

T ( r , L ) = T∞ (N.H.) (342)

z
h, T∞

h, T∞
L

R
θ
Base adiabática r

Figura 12 – Esquema do EXEMPLO 9.

A formulação original do problema consiste em uma equação diferencial parcial


não-homogênea, duas condições de contorno homogêneas e duas condições de contorno
não-homogêneas. Para reduzir o número de condições de contorno não-homogêneas
pode-se utilizar a variável θ (r , z ) = T (r , z ) − T∞ , de tal forma que as Eqs. (338-342) sejam
reescritas como:

1 ∂  ∂θ  ∂ 2θ qɺ
r + + = 0 (N.H.) (343)
r ∂r  ∂r  ∂z 2 k

∂θ (0, z )
= 0 (H.) (344)
∂r

θ ( R, z ) = 0 (H.) (345)
343

∂θ (r ,0)
= 0 (H.) (346)
∂z

θ ( r , L ) = 0 (H.) (347)

O novo problema tem a equação diferencial parcial não-homogênea e agora quatro


condições de contorno homogêneas. Ainda não é possível aplicar o método da separação
de variáveis, que exige que a equação diferencial parcial do problema seja homogênea.
Para contornar esse problema pode-se utilizar o princípio da superposição para separar a
equação diferencial parcial com uma não-homogeneidade em duas equações diferenciais:
uma equação diferencial ordinária contendo a não-homogeneidade e uma equação
diferencial parcial homogênea. Um esquema dessa separação pode ser visto na Fig. (13):
z z z θ 2 = −θ1
0

0 0 0

r r r

dθ dθ 2
=0 =0
dz dz

Figura 13 - Esquema do problema a ser resolvido por superposição.

Como o problema foi original foi dividido em dois novos problemas, a solução
geral deve ter a seguinte forma:

θ (r , z ) = θ1 (r ) + θ 2 (r , z ) (348)

onde θ1 (r ) é a distribuição de temperaturas do primeiro problema e θ 2 (r , z ) é a


distribuição de temperaturas do segundo problema, conforme a Fig. (13). O modelo
matemático para o primeiro problema é escrito como:
344

1 d  dθ1  qɺ
r + =0 (349)
r dr  dr  k

dθ1 (0)
=0 (350)
dr

θ1 ( R) = 0 (351)

O modelo matemático para o segundo problema é escrito como:

1 ∂  ∂θ 2  ∂ 2θ 2
r + = 0 (H.) (352)
r ∂r  ∂r  ∂z 2

∂θ 2 (0, z )
= 0 (H.) (353)
∂r

θ 2 ( R, z ) = 0 (H.) (354)

∂θ 2 (r ,0)
= 0 (H.) (355)
∂z

θ2 (r , L) = −θ1 (r , L) (N.H.) (356)

Deve ser notado que o segundo problema possui três condições de contorno
homogêneas, tornando possível a aplicação do método da separação de variáveis. Já para
o primeiro problema, a solução pode ser obtida por dupla integração. No caso, a não-
homogeneidade do problema original foi acoplada à equação diferencial ordinária, bem
mais simples de ser resolvida. Além disso, deve ser notado que a soma das equações
diferenciais governantes bem como das condições de contorno correspondentes dos dois
problemas resulta na equação diferencial e condições de contorno do problema original.
Por exemplo, somando as Eqs. (349) e (352) obtém-se:
345

1 ∂  ∂θ1  1 ∂  ∂θ 2  ∂ 2θ1 ∂ 2θ 2 qɺ 1 ∂  ∂ (θ1 + θ 2 )  ∂ (θ1 + θ 2 ) qɺ


2
r + r + + 2 + =  r  + + =
r ∂r  ∂r  r ∂r  ∂r  ∂z 2 ∂z k r ∂r  ∂r  ∂z 2 k
=0

1 ∂  ∂θ  ∂ 2θ qɺ
r + + = 0 (357)
r ∂r  ∂r  ∂z 2 k

Somando as condições de contorno correspondentes obtém-se:

∂θ1 (0, z ) ∂θ 2 (0, z ) ∂ ∂θ (0, z )


+ = [θ1 (0) + θ 2 (0, z )] = =0 (358)
∂r ∂r ∂r ∂r

θ1 ( R, z ) + θ 2 ( R, z ) = θ ( R, z ) = 0 (359)

∂θ1 (r ,0) ∂θ 2 (r ,0) ∂θ (r ,0)


+ = =0 (360)
∂z ∂z ∂z
=0

θ1 (r , L) + θ 2 (r , L) = θ (r , L) = θ1 (r , L) − θ1 (r , L) = 0 (361)

A solução do primeiro problema é obtida por dupla integração da Eq. (349), ou


seja:

dθ1 qɺr A
=− + (362)
dr 2k r

qɺr 2
θ1 ( r ) = − + A ln r + B (363)
4k

Aplicando as condições de contorno dadas pelas Eqs. (350-351) obtém-se:

dθ1 (0) qɺ 0 A
− + =0 A=0 (364)
dr 2k 0

qɺ R 2 qɺ R 2
θ1 ( R ) = − +B=0 B = (365)
4k 4k
346

Substituindo as Eqs. (364-365) na Eq. (363), voltando a variável original e


rearranjando obtém-se:

qɺ R 2  r2 
T1 ( r ) = T∞ + 1 − 2  (366)
4k  R 

A solução para o segundo problema, Eq. (352), tem a seguinte forma:

θ 2 (r , z ) = R2 (r ) Z 2 ( z ) (367)

Substituindo a Eq. (367) na Eq. (352), separando variáveis, igualando a uma


constante e sabendo que r é a direção homogênea, obtém-se as seguintes equações
diferenciais ordinárias:

∂ 2 R2 k ∂R
r2 + r 2 k + r 2λ2k R2 k = 0 (368)
∂r 2
∂r

∂2Z2k
− λ2k Z 2 k = 0 (369)
∂z 2

As Eq. (368) é uma equação diferencial de Bessel, que pode ser resolvida com o
auxílio do Apêndice, tendo os coeficientes A = B = 0, C = 1, D = λk e n = 0. Já a Eq.

(369) pode ser resolvida utilizando a técnica da equação característica. As soluções gerais
são escritas como:

R2 k (r ) = Ck J 0 (λk r ) + DkY0 (λk r ) (370)

Z2 k ( z) = Ek sinh(λk z) + Fk cosh(λk z) (371)

A solução geral completa é então escrita como:


θ 2 (r , z ) =  [Ck J 0 (λk r ) + DkY0 (λk r )][ Ek sinh(λk z ) + Fk cosh(λk z )] (372)
k =1
347

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (353) obtém-se:

∂[ R2 k (0) Z 2 k ( z )]
= Z 2 k ( z )λk [Ck J1 (λk 0) + Dk Y1 (λk 0)] = 0  Dk = 0 (373)
∂r ≠0
≠0 =0 =∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (355) obtém-se:

∂[ R2 k ( r ) Z 2 k (0)]
= R2 k ( r )λk [ Ek cosh( λk 0) + Fk sinh( λk 0)] = 0  Ek = 0 (374)
∂z ≠0
≠0 =1 =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (354) e substituindo o resultado


das Eqs. (373-374) obtém-se:

R2 k ( R) Z 2 k ( z ) = Ck J 0 (λk R) Z 2 k ( z ) = 0  J 0 (λk R) = 0 (375)


≠0 ≠0

Substituindo os resultados das Eqs. (373-374) na Eq. (372) e rearranjando obtém-


se:


θ 2 (r , z ) =  ak [ J 0 (λk r )][cosh(λk z )] (376)
k =1

onde ak = Ck Fk . Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (356) obtém-se:


qɺ R 2  r2 
 a [J
k =1
k 0 (λk r )][cosh( λk L )] = −
1 − 2 
4k  R 
(377)

Ortogonalidade é utilizada para se determinar ak . A função φk (r ) = [J 0 (λk r )] na


Eq. (377) é a solução da Eq. (368). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (377)
somente se a Eq. (368) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições de contorno
em r = 0 e r = R foram homogêneas. Comparando a Eq. (368) com a Eq. (12) obtém-se
w(r) = r. Tem-se que φk (r ) e φi (r ) são ortogonais com relação a função peso w( r ) = r.
348

Multiplicando ambos os lados da Eq. (377) por w(r )[J 0 (λi r )]dr e integrando de

r = 0 a r = R obtém-se:

R ∞ qɺR 2  r2 
  a w(r )[ J (λk r )][J 0 (λi r ) ][cosh(λk L )]dr =  − w( r )[J 0 (λi r )]
R
1 − dr (378)
4k  R 2 
k 0
0 0
k =1

Trocando o símbolo do somatório e da integral, sabendo que w( r ) = r e utilizando

o princípio da ortogonalidade pode-se resolver a Eq. (378) para ak , obtendo-se:

R  r2 
qɺR 2  rJ 0 (λk r )1 − 2 dr
0
ak = −  R  (379)
R
4k [cosh( λk L )] rJ 02 (λk r )dr
0

As integrais da Eq. (379) não são diretas e podem ser resolvidas com o auxílio do
MAPLE, obtendo-se:

R  r2  2
 rJ 0 (λk r )1 − 2 dr = − 3 [λk RJ 0 (λk R) − 2 J1 (λk R)] (380)
0
 R  λk R

R R2 2
 rJ 02 (λk r )dr = [ J 0 (λk R ) + J12 (λk R )] (381)
0 2

A Eq. (379) é então reescrita com os resultados das Eqs. (380-381) na seguinte
forma:

qɺ [λk RJ 0 (λk R ) − 2 J 1 (λ k R )]
ak = (382)
λ kR cosh( λk L ) [ J 02 (λk R ) + J 12 (λk R )]
3
k

Finalmente, substituindo a Eq. (382) na Eq. (376) e voltando na variável original


obtém-se:


qɺJ 0 (λk r ) cosh(λk z) [λk RJ 0 (λk R) − 2 J1 (λk R)]
T2 (r , z ) = T∞ +  (383)
k =1 λ3k kR cosh(λk L) [ J 02 (λk R) + J12 (λk R)]
349

O último passo consiste em adicionar as soluções dadas pelas Eqs. (366) e (383)
para a obtenção da solução completa do problema original, obtendo-se:

qɺR 2  r 2  ∞ qɺ J (λ r ) cosh(λk z ) [λk RJ 0 (λk R ) − 2 J 1 (λk R )]


T ( r , z ) = 2T∞ + 1 − 2  +  03 k (384)
4k  R  k =1 λk kR cosh(λk L) [ J 02 (λk R ) + J12 (λk R )]
350

8-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Uma placa retangular de comprimento L e altura H está isolada em x = L e y = W . A


placa é aquecida com um fluxo de calor variável ao longo de x = 0. O quarto lado está a
temperatura T1 . Determine a distribuição de temperaturas bidimensional em regime
permanente.

2) Energia térmica é gerada em uma placa retangular de dimensões 3L × H a uma taxa


volumétrica uniforme qɺ . A superfície em (0, y ) está mantida a To . Ao longo da superfície

(3 L, y ) a placa troca calor por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a

temperatura ambiente é T∞ . A superfície ( x, H ) está dividida em três segmentos iguais

que estão mantidos a temperaturas uniformes T1 , T 2 e T3 , respectivamente. A superfície

em (x,0) está isolada. Determine a distribuição de temperaturas bidimensional em regime


permanente.

3) Considere condução bidimensional em regime permanente em uma placa retangular de


dimensões L × H . Os lados (0, y ) e ( x, H ) trocam calor por convecção. O coeficiente de
351

transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ . O lado (x,0) está isolado.

Metade da superfície em x = L é resfriada por um fluxo de calor q1" enquanto a outra

metade é aquecida por um fluxo de calor q2" . Determine a distribuição de temperaturas


na placa e calcule a taxa de transferência de calor ao longo de (0, y ).

4) Radiação térmica incide sobre um lado de uma placa retangular de dimensões L × H


e é parcialmente absorvida. A energia absorvida resulta em uma geração de energia
térmica não uniforme dada por qɺ = Ao e − βy , onde Ao e β são constantes. A superfície

que está exposta a radiação, (x,0), está mantida a T 2 enquanto a superfície oposta ( x, H )
está mantida a T1 . A placa está isolada ao longo da superfície (0, y ) e resfriada ao longo

da superfície ( L , y ) por um fluxo de calor uniforme qo" . Determine a distribuição de

temperaturas em regime permanente.

5) Um cilindro sólido de raio ro e comprimento L está mantida a T1 na sua extremidade

esquerda. A extremidade direita está mantida a T2 e a superfície cilíndrica está mantida a

T3 . Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente no cilindro.


352

6) A taxa volumétrica de geração de energia em um cilindro sólido de raio ro e

comprimento L varia ao longo do raio de acordo com a expressão qɺ = qɺ o r , onde qɺo é

uma constante. Um lado está isolado enquanto o outro lado é resfriado por um fluxo de
calor uniforme qo" . A superfície cilíndrica está mantida a uma temperatura uniforme To .

Determine a distribuição de temperaturas em regime permanente no cilindro.

7) Um eixo de raio ro e comprimento L está mantido a T1 na seu lado esquerdo e mantido

a T2 no seu lado direito. O eixo gira no interior de uma bucha de comprimento b. Energia

térmica é gerada na interface entre a bucha e o eixo a um fluxo uniforme qo" . A superfície

cilíndrica do eixo está bem isolada. Determine a distribuição de temperaturas em regime


permanente no eixo.
353

8) No modelo tradicional de aletas radiais de perfil retangular, a variação de temperatura


lateral é desprezada. Assim, um problema que seria de condução bidimensional é
modelado como um problema de condução unidimensional. Para examinar a precisão
dessa aproximação, considere uma placa extensa com espessura 2 H fixa em um duto de
raio ro . O tubo está mantido a temperatura uniforme To . As superfícies superior e inferior

da placa trocam calor por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a


temperatura ambiente é T∞ . Determine a distribuição de temperaturas em regime
permanente e a taxa de transferência de calor na placa.

9) Energia elétrica é gerada no interior de um cabo elétrico de raio ro a uma taxa

volumétrica uniforme qɺo . O cabo se move com velocidade U através de uma grande
câmara onde troca calor por convecção. O coeficiente de transferência de calor é h e a
temperatura ambiente é T∞ . O cabo entra na câmara com uma temperatura Ti . Determine

a distribuição de temperaturas em regime permanente no cabo elétrico.


353

CAPÍTULO 6

CONDUÇÃO TRANSIENTE

Em condução transiente a temperatura em qualquer posição em uma região varia


com o tempo. Essa é uma condição comum que é encontrada em diversas aplicações de
engenharia. Nesse capítulo será apresentado primeiramente um modelo simplificado para
resolver certos problemas transientes na qual a variação espacial de temperaturas é
desprezível. Após isso será analisado o problema de condução transiente e
unidimensional nas geometrias plana, cilíndrica e esférica. Um problema transiente e
bidimensional também será apresentado. Finalmente, será mostrado o método da
similaridade e o método integral, amplamente utilizados para analisar problemas
transientes e unidimensionais em regiões semi-infinitas.

1-MÉTODO SIMPLIFICADO: MÉTODO DA CAPACIDADE CONCENTRADA

Na aproximação mais simples para resolver problemas transientes, a variação


espacial de temperaturas é desprezada e é assumido que a temperatura varia somente com
o tempo. Tem-se então que:

T = T (t ) (1)

Essa idealização nem sempre é justificada mas pode ser aceita sob certas
condições discutidas na próxima seção.

1.1-CRITÉRIO PARA SE DESPREZAR A VARIAÇÃO ESPACIAL DE


TEMPERATURAS

Considere um fio de cobre fino que é aquecido em um forno e então removido do


forno de tal forma que seja resfriado por convecção. Calor é conduzido através do interior
354

do fio e então removido por convecção a partir da superfície do fio. Assim, existe uma
queda de temperaturas ∆T através do raio do fio. É essa queda de temperaturas que é
desprezada no método da capacidade concentrada. Fatores que influenciam essa queda
são: (1) o raio do fio ro , (2) a condutividade térmica do fio k e (3) o coeficiente de

transferência de calor h.
Espera-se que ∆T seja baixo para pequenos raios e para altas condutividades
térmicas. O comportamento do h não é tão óbvio. Um coeficiente de transferência de calor
baixo pode ser comparado com uma camada isolante restringindo o calor que deixa o fio
e assim forçando um gradiente de temperaturas mais uniforme no interior do fio. A forma
como esses fatores se combinam para formar um parâmetro que fornece uma medida da
queda de temperaturas pode ser estabelecida por análise dimensional da equação
governante do problema e suas condições de contorno. Esse parâmetro é chamado de
número de Biot, um adimensional que é definido como:


Bi = (2)
k

onde δ é a escala de comprimento que é igual a distância através da qual a queda de


temperaturas ∆T é desprezada. Nesse exemplo, δ = ro . Baseando-se nessa observação,

pode-se concluir que quanto menor o número de Biot, menor é o valor de ∆T . A próxima
questão é: quão baixo deve ser o número de Biot para que a queda de temperaturas ∆T
seja desprezível?
A resposta é obtida comparando-se soluções transientes aproximadas na qual a
variação espacial de temperaturas foi desprezada com soluções exatas onde a variação
espacial de temperaturas não foi desprezada. Resultados indicam que para Bi ≤ 0,1 a
queda de temperaturas ∆T é menor do que 5% da diferença de temperaturas entre o centro
e a temperatura do fluido ambiente. Assim, o critério para se desprezar a variação espacial
de temperaturas e a justificativa para se utilizar o método da capacidade concentrada é:


Bi = ≤ 0,1 (3)
k
355

Deve-se ter cuidado para identificar a escala de comprimento δ na Eq. (3). Para
um cilindro longo, δ = ro . Para uma placa longa com espessura L que é aquecida ou

resfriada em ambos os lados, simetria sugere que δ = L 2 . Entretanto, para uma placa
que está isolada em um dos seus lados, δ = L. Para um corpo com formato irregular, ou
para um corpo na qual calor é transferido a partir de mais de uma superfície, uma
definição razoável para a escala de comprimento do número de Biot é determinada
dividindo o volume do objeto, V, pela sua área superficial, As . Tem-se então que:

V
δ = (4)
As

O significado do número de Biot também pode ser visualizado reescrevendo a Eq.


(2) na seguinte forma:

δ k
Bi = (5)
1h

A Eq. (5) indica que o número de Biot é a relação entre a resistência térmica de
condução (interna) e a resistência térmica de convecção (externa). Assim, um baixo
número de Biot implica uma baixa resistência térmica interna comparada com a
resistência térmica externa.

1.2-ANÁLISE GERAL DA CAPACIDADE CONCENTRADA

Embora a condução transiente em um sólido seja normalmente iniciada pela


transferência de calor por convecção para ou de um fluido adjacente, outros processos
podem induzir condições térmicas transientes no interior do sólido. Por exemplo, um
sólido pode estar separado de uma grande vizinhança por um gás ou pelo vácuo. Se as
temperaturas do sólido e da vizinhança forem diferentes, a troca de calor por radiação
poderia causar uma variação na energia térmica interna do sólido e, assim, na sua
temperatura. Mudanças na temperatura do sólido também poderiam ser induzidas pela
aplicação de um fluxo térmico sobre a sua superfície ou parte dela, e/ou pelo início de um
processo de geração de energia térmica no seu interior. O aquecimento da superfície
356

poderia, por exemplo, ser efetuado através da fixação de um aquecedor elétrico delgado
sobre ela, enquanto a energia térmica poderia ser gerada pela passagem de uma corrente
elétrica através do sólido.
A Fig. (1) mostra uma situação na qual as condições térmicas no interior de um
sólido podem ser influenciadas simultaneamente pela convecção, pela radiação, pela
aplicação de um fluxo em sua superfície e pela geração interna de energia. Considera-se
que, no instante inicial (t = 0), a temperatura do sólido (Ti ) é diferente daquelas do fluido,

T∞ , e da vizinhança, Tviz , e que tanto o aquecimento superficial quanto o aquecimento

volumétrico ( qs" e qɺ ) são acionados.

Tviz

ρ , c, V , T (0) = Ti
"
qrad

q"s Eɺ g , Eɺ acu T∞ , h

"
qconv
As

Aconv, rad

Figura 1 – Volume de controle para análise geral via capacidade concentrada.

O fluxo térmico imposto q s" e as transferências de calor por convecção e radiação

ocorrem em regiões da superfície exclusivas, As , Aconv e Arad . As transferências de calor

por convecção e radiação são presumidas saindo da superfície. Além disso, embora as
transferências de calor por convecção e radiação tenham sido especificadas na mesma
superfície, as superfícies podem, na realidade, ser diferentes ( Aconv ≠ Arad ). Aplicando a

conservação da energia em qualquer instante t e utilizando a Fig. (1) obtém-se:


357

dT
qs" As + Eɺ g − ( qconv
"
+ qrad
"
) Aconv ,rad = ρVc (6)
dt

Utilizando as equações das taxas de convecção e radiação pode-se reescrever a


Eq. (6) na seguinte forma:

dT
qs" As + Eɺ g − [ h(T − T∞ ) + εσ (T 4 − Tviz4 )] Aconv ,rad = ρVc (7)
dt

A Eq. (7) é uma equação diferencial ordinária não-linear de primeira ordem, não-
homogênea, que não pode ser integrada diretamente para obter-se uma solução exata.
Contudo, soluções exatas podem ser obtidas para versões simplificadas dessa equação.

1.2.1-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM h CONSTANTE

Nesse caso, a Eq. (7) é reescrita como:

dT
− h(T − T∞ ) Aconv = ρVc (8)
dt

Definindo as variáveis

T − T∞
θ= (9)
Ti − T∞

hAconv
τ= t (10)
ρVc

pode-se reescrever a Eq. (8) na seguinte forma:


+θ = 0 (11)

358

Separando as variáveis na Eq. (11) e integrando de θ = 1 (T = Ti ) em τ = 0 (t = 0)

até θ em τ obtém-se:

θ (τ ) = e −τ (12)

O resultado da Eq. (12) indica que com o aumento de τ , θ tende a zero, ou seja,
T → T∞ , o que pode ser visto na Fig. (2):

+
Figura 2 – Variação de θ em função de τ .

Pode ser calculada a quantidade de energia transferida do sólido para o meio desde
o instante inicial até um instante t através da integração da taxa de calor por convecção
ao longo do intervalo de tempo considerado, ou seja:

t
Q =  hAconv (T − T∞ ) dt (13)
0

Utilizando os adimensionais das Eqs. (9-10) na Eq. (13) obtém-se:

Q τ
=  θd τ (14)
ρVc (Ti − T∞ ) 0
359

Substituindo a Eq. (12) na Eq. (14) e resolvendo a integral obtém-se:

Q
= − eτ + 1 (15)
ρVc (Ti − T∞ )

Q
O resultado da Eq. (15) indica que com o aumento de τ , tende a
ρVc (Ti − T∞ )
um, o que pode ser visualizado na Fig. (3):

Q
Figura 3 – Variação de em função de τ .
ρVc (Ti − T∞ )

Os resultados desse modelo podem ser vistos na rotina EXEMPLO1.mw do


MAPLE.

1.2.2-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM h VARIÁVEL

Em alguns casos, tais como aqueles envolvendo convecção natural e ebulição, o


coeficiente de transferência de calor h varia com a diferença de temperaturas entre o
objeto e o fluido. Nessas situações, o coeficiente de convecção pode ser aproximado por
uma expressão na forma:
360

h = C (T − T∞ ) n (16)

onde n é uma constante e C tem unidades de W/(m2.K(1+n)). Por exemplo, para ar em


contato com uma superfície vertical, C = 0,59 e n = 1 4 para convecção natural laminar
e C = 0,10 e n = 1 3 para convecção natural turbulenta. Substituindo a Eq. (16) na Eq.
(8) e rearranjando obtém-se:

dT
− CAconv (T − T∞ ) n+1 = ρVc (17)
dt

Além da Eq. (9), definindo as variáveis

hi Aconv
τ= t (18)
ρVc

hi = C (Ti − T∞ ) n (19)

pode-se reescrever a Eq. (17) na seguinte forma:


+ θ n+1 = 0 (20)

Separando as variáveis na Eq. (20) e integrando de θ = 1 (T = Ti ) em τ = 0 (t = 0)

até θ em τ obtém-se:

θ (τ ) = (1 + τn ) −1 n (21)

O resultado da Eq. (21) indica que com o aumento de τ , θ tende a zero, ou seja,
T → T∞ , o que pode ser visto na Fig. (4) para diferentes valores de n. Os resultados desse
modelo podem ser vistos na rotina EXEMPLO2.mw do MAPLE.
361

Figura 4 – Variação de θ em função de τ para diferentes valores de n.

1.2.3-RESFRIAMENTO CONVECTIVO COM c VARIÁVEL

Em diversos casos, pode-se utilizar uma expressão analítica linear para a variação
do calor específico de um sólido com a temperatura, ou seja:

c = c∞ [1 + β (T − T∞ )] (22)

onde c∞ é o calor específico avaliado em T∞ e β é um coeficiente que representa a


inclinação da reta num gráfico calor específico-temperatura dividido por c∞ . Substituindo
a Eq. (22) na Eq. (8) obtém-se:

dT
− hAconv (T − T∞ ) = ρVc∞ [1 + β (T − T∞ )] (23)
dt

Além da Eq. (9), definindo as variáveis

hAconv
τ = t (24)
ρVc ∞
362

a = β (Ti − T∞ ) (25)

pode-se reescrever a Eq. (23) na seguinte forma:

dθ θ
+ =0 (26)
d τ 1 + aθ

Separando as variáveis na Eq. (26) e integrando de θ = 1 (T = Ti ) em τ = 0 (t = 0)

até θ em τ obtém-se a seguinte expressão na forma implícita:

− lnθ + a(θ − 1) = τ (27)

O resultado da Eq. (27) indica que quando θ tende a um, τ tende ao infinito,
como era de se esperar, o que pode ser visto na Fig. (5) para diferentes valores de a:

Figura 5 – Variação de θ em função de τ para diferentes valores de a.

Os resultados desse modelo podem ser vistos na rotina EXEMPLO3.mw do


MAPLE.

1.2.4-RESFRIAMENTO RADIATIVO
363

Nesse caso, a Eq. (7) é reescrita como:

dT
− εσ (T 4 − Tviz4 ) Arad = ρVc (28)
dt

Definindo as variáveis

T
θ= (29)
Tviz

εσ Arad Tviz3
τ = t (30)
ρVc

pode-se reescrever a Eq. (28) na seguinte forma:


+ θ 4 −1 = 0 (31)

Separando as variáveis na Eq. (31), pode-se integrar de uma temperatura inicial


θ i = Ti Tviz em τ = 0 (t = 0) até θ em τ , ou seja:

τ θ dθ
 dτ =  (32)
0 θi 1−θ 4

A integral do lado direito da Eq. (32) pode ser resolvida pela técnica das frações
parciais, cujo resultado é escrito como:

1  θ +1 θ +1 
τ= ln − ln i + 2(tan −1 θ − tan −1 θ i ) (33)
4  θ −1 θi − 1 

Deve ser notado que não é possível explicitar θ em função de τ a partir da Eq.
(33).
364

1.2.5-SEM RADIAÇÃO E CONVECÇÃO COM h CONSTANTE

Nesse caso a Eq. (7) é reescrita como:

dT
q s" As + Eɺ g − h(T − T∞ ) Aconv = ρVc (34)
dt

Além das Eqs. (9-10), definindo a variável

q s" As + Eɺ g
a= (35)
hAconv (Ti − T∞ )

pode-se reescrever a Eq. (34) na seguinte forma:


+θ = a (35)

Embora a Eq. (35) possa ser resolvida pela soma das suas soluções homogênea e
particular, uma abordagem alternativa é eliminar a não-homogeneidade pela introdução
da transformação

θ' =θ − a (36)

de tal forma que a Eq. (35) é reescrita como:

dθ '
+θ ' = 0 (37)

Separando as variáveis na Eq. (37), pode-se integrar de uma temperatura inicial


θi' em τ = 0 (t = 0) até θ ' em τ , ou seja:

θ'
= exp(−τ ) (38)
θ i'
365

Substituindo a definição de θ ' obtém-se:

θ −a
= exp(−τ ) (39)
θi − a

Deve ser notado que a Eq. (39) também se aplica aos casos onde q s" = 0, Eɺ g = 0

ou qs" = Eɺ g = 0. Nesse último caso, a = 0 e a Eq. (39) é simplificada para:

θ
= exp( −τ ) (40)
θi

EXEMPLO 1 – CONDUÇÃO TRANSIENTE EM UMA MOEDA DESLIZANTE

Uma moeda com raio ro e espessura δ está em repouso em um plano inclinado e

em equilíbrio térmico com o ambiente à T∞ e coeficiente de transferência de calor h. A


moeda é colocada em movimento e começa a deslizar pelo plano. A força de atrito F f é

assumida constante e a velocidade da moeda varia com o tempo de acordo com a


expressão V = ct, onde c é uma constante. Devido às variações de velocidade, o
coeficiente de transferência de calor por convecção varia com o tempo de acordo com a
expressão h = βt , onde β é uma constante. Assumindo que o número de Biot é baixo
comparado com a unidade e desprezando a perda de calor para o plano, determine a
distribuição de temperaturas transiente na moeda.

(1) Observações: (1) como o número de Biot é pequeno quando comparado com a
unidade, pode-se utilizar o método da capacidade concentrada para determinar a
temperatura transiente, (2) a lei de Newton do resfriamento descreve a convecção na
superfície. Entretanto, nesse problema o coeficiente de transferência de calor é
dependente da temperatura e (3) energia é adicionada a moeda na interface devido ao
atrito. Essa energia também é dependente do tempo pois a velocidade de deslizamento é
variável.
366

(2) Formulação
(i) Hipóteses. (1) o número de Biot é pequeno quando comparado com a unidade, (2)
propriedades constantes, (3) temperatura ambiente constante, (4) toda a energia térmica
gerada pelo atrito é adicionado a moeda, (5) sem geração interna de energia e (6) sem
radiação térmica.
(ii) Equações governantes. Aplicando um balanço de energia na moeda sujeito às
hipóteses mencionadas anteriormente fornece que:

Eɺ e − Eɺ s = Eɺ acu (41)

A taxa de energia adicionada devido ao efeito do atrito pode ser calculada como:

Eɺ e = Ff V = Ff ct (42)

A taxa de energia que deixa a moeda por convecção pode ser calculada pela lei de
Newton do resfriamento:

Eɺ s = (πro2 + 2πroδ ) h(T − T∞ ) = β (πro2 + 2πroδ )(T − T∞ )t (43)

A taxa de energia acumulada na moeda pode ser calculada como:

dT
Eɺ acu = ρ (πro2δ )c p (44)
dt

Substituindo as Eqs. (42-44) na Eq. (41) obtém-se:

dT
F f ct − β (πro2 + 2πroδ )(T − T∞ )t = ρ (πro2δ )c p (45)
dt

(iii) Condição inicial. A condição inicial para a solução da Eq. (45) é

T (0) = T∞ (46)
367

(3) Solução. Separando as variáveis na Eq. (45), integrando e usando a Eq. (46) tem-se:

t T dT
 tdt = ρ (πr δ )c 
2
(47)
Ff c − β (πr + 2πroδ )(T − T∞ )
2
o p
0 T∞
o

Realizando a integração e rearranjando o resultado obtém-se:

 t 
 β (1+ 2δ ro )  2
T (t ) − T∞ 1 −
2 ρc pδ  
= 1 − e   (48)
Ff c π 

βro2 (1 + 2δ ro )

(4) Comentários. Como tanto a energia devido ao atrito e a perda de calor devido à
convecção são diretamente proporcionais ao tempo t, a moeda deve alcançar o regime
permanente em t = ∞ . Substituindo t = ∞ na Eq. (48) obtém-se:

T (t = ∞) − T∞ 1
= (49)
Ff c π
β ro (1 + 2δ ro )
2

EXEMPLO 2 – CONDUÇÃO TRANSIENTE DEVIDO À RADIAÇÃO TÉRMICA

Antes de ser injetado no interior de uma fornalha, carvão pulverizado a uma


temperatura inicial de 25 oC é preaquecido com a sua passagem através de um duto
o
cilíndrico cuja superfície é mantida a Tviz = 1000 C. As partículas de carvão ficam

suspensas no escoamento do ar e se movem a uma velocidade de 3 m/s. Aproximando as


partículas por esferas com 1 mm de diâmetro e supondo que elas sejam aquecidas por
transferência radiante com a superfície do duto, qual deve ser o comprimento do duto
para que o carvão seja aquecido até 600 oC? Assuma que o número de Biot é baixo
comparado com a unidade. As propriedades do carvão pulverizado são: ρ = 1350 kg/m3,
c p = 1260 J/kg.K, k = 0,26 W/m.K e ε = 1.
368

(1) Observações: (1) como o número de Biot é pequeno quando comparado com a
unidade, pode-se utilizar o método da capacidade concentrada para determinar a
temperatura transiente e (2) a lei de Stefan-Boltzmann descreve a troca de calor por
radiação térmica entre o carvão e a vizinhança.

(2) Formulação
(i) Hipóteses. (1) o número de Biot é pequeno quando comparado com a unidade, (2)
propriedades constantes, (3) temperatura da vizinhança constante, (4) a única troca de
calor relevante é por radiação térmica, (5) sem geração interna de energia e (6) sem
convecção térmica.
(ii) Equações governantes. A formulação desse problema é dada pela Eq. (33), ou seja:

1  θ +1 θ +1 
τ= ln − ln i + 2(tan −1 θ − tan −1 θ i ) (50)
4  θ −1 θi − 1 

As temperaturas adimensionais da Eq. (50) são calculadas como:

T 600 + 273
θ= = = 0,686 (51)
Tviz 1000 + 273

Ti 25 + 273
θi = = = 0,234 (52)
Tviz 1000 + 273

Substituindo os resultados das Eqs. (51-52) na Eq. (50) obtém-se:

1  0,686 + 1 0,234 + 1 
τ =  ln − ln + 2(tan −1 0,686 − tan −1 0,234 )  = 0, 487 (53)
4  0,686 − 1 0,234 − 1 

A relação volume-área superficial é calculada como:

V πD3 6 D 1× 10−3
= = = = 1,667 × 10− 4 m (54)
As πD 2
6 6
369

Substituindo o resultado das Eq. (53-54) na Eq. (30) obtém-se:

1,0.5,67 × 10 −8.1273 3
0,487 = t  t = 1,18 s (55)
1350 .1,667 × 10 − 4.1260

O comprimento do duto é então:

L = V × t = 3 ×1,18 = 3,54 m

(3) Comentários. A validade do método da capacidade concentrada requer que


Bi = h (V As ) k ≤ 0,1. Utilizando a Eq. (3) com h = hr e V As = D 6 obtém-se que

quando T = 600 oC, Bi = 0,19; mas quando T = 25 oC, Bi = 0,10. No início, quando o
carvão está mais frio, a hipótese da capacidade concentrada é razoável mas torna-se
menos apropriada conforme o carvão é aquecido.

2-EFEITOS ESPACIAIS

Com frequência surgem situações nas quais o método da capacidade concentrada


é inadequado e abordagens alternativas devem ser utilizadas. Independentemente do
método a ser considerado, agora devemos reconhecer que os gradientes de temperaturas
no interior do meio não são mais desprezíveis. Nas suas formas mais gerais, os problemas
de condução de calor transientes são descritos pelas equações de condução, Eqs. (41, 65)
e (87) do Cap. (1) para coordenadas retangulares, cilíndricas e esféricas, respectivamente.
As soluções dessas equações diferenciais parciais fornecem a variação da
temperatura com o tempo e com as coordenadas espaciais. Entretanto, em muitos
problemas, somente uma coordenada espacial é necessária para descrever a distribuição
interna de temperaturas. A seguir serão mostradas as soluções dessas equações
diferenciais parciais na condição de condução unidimensional transiente, sem geração
interna de energia e com condutividade térmica constante.

2.1-A PAREDE PLANA COM CONVECÇÃO

A formulação do problema mostrado na Fig. (6) é escrita como:


370

∂ 2T 1 ∂T
= (56)
∂x 2 α ∂t

T ( x ,0 ) = Ti (57)

∂T
=0 (58)
∂x x =0

∂T
−k = h[T ( L, t ) − T∞ ] (59)
∂x x=L

T ( x,0) = Ti

T∞ , h T∞ , h

L L
x
x* =
L
Figura 6 – Parede plana unidimensional com temperatura inicial uniforme submetida
subitamente a condições convectivas.

As Eqs. (56-59) podem ser adimensionalizadas através das seguintes variáveis


adimensionais:

θ T ( x, t ) − T∞
θ* = = (60)
θi Ti − T∞

x
x* = (61)
L

αt
τ* = = Fo (62)
L2
371

Substituindo as Eqs. (60-62) nas Eqs. (56-59) e rearranjando obtém-se:

∂ 2θ * ∂θ *
= (63)
∂x*2 ∂Fo

θ * ( x * ,0 ) = 1 (64)

∂θ *
=0 (65)
∂x* *
x =0

∂θ *
= − Biθ * (1, t * ) (66)
∂x * *
x =1

onde Bi = ( hL ) k . Deve ser notado que a adimensionalização tornou a direção x


homogênea.

2.1.1-SOLUÇÃO EXATA

Pelo método da separação de variáveis, quer-se que a solução da Eq. (63) seja da
seguinte forma:

θ * ( x * , Fo) = X ( x * )τ ( Fo) (67)

Substituindo a Eq. (67) na Eq. (63), fazendo as derivadas, multiplicando o


resultado por 1 ( Xτ ) e igualando o resultado a uma constante obtém-se:

1 ∂ 2 X 1 ∂τ
= = ±λ2n (68)
X ∂x *2
τ ∂Fo

Na Eq. (68) deve ser notado que os dois primeiros termos devem ter o mesmo
sinal da constante λ2n . Nesse caso, o sinal negativo satisfaz a condição de que a equação
372

diferencial da direção homogênea deve ter o sinal positivo no termo que acompanha a
constante λ2n . A Eq. (68) é então reescrita como:

d2Xn
*2
+ λ2n X n = 0 (69)
dx

dτ n
+ λ2nτ n = 0 (70)
dFo

A Eq. (69) pode ser resolvida pela técnica da equação característica enquanto a
Eq. (70) pode ser resolvida diretamente por integração, cujos resultados são:

X n ( x* ) = An sin( λn x* ) + Bn cos( λn x* ) (71)

τ n ( Fo ) = Dn exp( −λ2n Fo ) (72)

A solução completa da Eq. (63) é então escrita como:

∞ ∞
θ * ( x * , Fo) =  X n ( x * )τ n ( Fo) =  [ An sin( λ n x * ) + Bn cos( λ n x * )][ Dn exp( −λ2n Fo)] (73)
n =1 n =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (65) obtém-se:

∂θ n* ∂[ X n ( x* )τ n ( Fo )] ∂[ X n ( x * )]
= = τ ( Fo ) =
∂x * ∂x * ∂x *
n
x* =0 x* =0 x* =0

τ n ( Fo )λn [ An cos( λn 0) − Bn sin( λn 0)] = 0  An = 0 (74)


≠0 ≠0 =1 =0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (66) e substituindo o resultado


da Eq. (74) obtém-se:

∂θ * ∂[ X n (1)τ n ( Fo )] ∂[ X n (1)]
= = τ n ( Fo ) = −τ n ( Fo )λn Bn sin( λn 1) =
∂x * x * =1
∂x *
x * =1 ∂x * x * =1
373

− Biθ * (1, t * ) = − Biτ n ( Fo ) Bn cos( λn1)

λn tan(λn ) = Bi (75)

A Eq. (75) é uma equação transcendental que fornece os infinitos valores de λn


em função do número de Biot. O comportamento gráfico da Eq. (75) pode ser visto na
Fig. (7) para diferentes números de Biot:

30
(λn)tan(λn)

25 Bi=1,0
Bi=10,0
Bi=20,0
20

15

10

-5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λn

Figura 7 – Representação gráfica da Eq. (60) para diferentes números de Biot.

Na Tab. (1) podem ser vistas as quatro primeiras raízes da Eq. (60) para diferentes
número de Biot, e a rotina de cálculos pode ser vista no arquivo EXEMPLO4.mw do
MAPLE.
Substituindo a Eq. (74) na Eq. (73) obtém-se:


θ * ( x * , Fo) =  C n cos( λn x * ) exp( −λ2n Fo) (76)
n =1
374

Tabela 1 – Quatro primeiras raízes da Eq. (75).


Bi = hL k λ1 λ2 λ3 λ4
0,001 0,0316 3,1419 6,2833 9,4248
0,01 0,0998 3,1447 6,2847 9,4258
0,1 0,3110 3,1730 6,2990 9,4353
1,0 0,8603 3,4256 6,4372 9,5293
10,0 1,4288 4,3058 7,2281 10,2002
100,0 1,5552 4,6657 7,7763 10,8871

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (64) obtém-se:

∞ ∞
θ * ( x* ,0) =  Cn cos( λn x* ) exp( − λ2n 0) =  Cn cos( λn x* ) = 1 (77)
n =1 n =1

onde Cn = Bn Dn . Ortogonalidade é utilizada para se determinar Cn . A função

φ n ( x * ) = cos( λn x * ) na Eq. (77) é a solução da Eq. (69). Ortogonalidade pode ser aplicada
na Eq. (77) somente se a Eq. (69) for uma equação de Sturm-Liouville e se as condições
de contorno em x* = 0 e x* = 1 foram homogêneas. Comparando a Eq. (69) com a
equação de Sturm-Liouville obtém-se que w( x* ) = 1. Tem-se que φn ( x* ) e φ m ( x * ) são

ortogonais com relação a função peso w( x * ) = 1. Multiplicando ambos os lados da Eq.

(77) por w( x* ) cos(λm x* ) dx* e integrando de x* = 0 a x* = 1 obtém-se:

1 1 ∞
0
cos( λm x * ) w( x * ) dx * = 
0
C
n =1
n cos( λn x * ) cos( λm x* ) w( x* )dx * (78)

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( x * ) = 1 pode-se


reescrever a Eq. (78) como:

1 ∞ 1
 cos( λm x* )dx * = Cn   cos( λn x* ) cos( λm x* )dx * (79)
0 0
n =1
375

De acordo com o princípio da ortogonalidade, a integral do lado direito da Eq.


(79) é nula quando m ≠ n. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal de
somatório são nulas, exceto quando m = n . A Eq. (79) pode então ser reescrita para Cn

como:

1
 cos(λ x )dx
* *
n
Cn = 0
1
(80)
 cos (λ x )dx
2 * *
n
0

A solução das integrais da Eq. (80) é escrita como:

1 sin( λn )
 cos(λ x )dx =
* *
(81)
0
n
λn

1 1  sin( 2λn ) λn 
 cos
2
(λn x * )dx* = +  (82)
0 λn  4 2

Substituindo as Eqs. (81-82) na Eq. (80) e rearranjando obtém-se:

4 sin( λn )
Cn = (83)
2λn + sin( 2λn )

2.1.2-SOLUÇÃO APROXIMADA

Pode-se demonstrar que, para valores de Fo < 0,2, a solução em série infinita, Eq.
(76), pode ser aproximada pelo primeiro termo da série. Utilizando essa aproximação e
definindo θ o* = C1 exp( −λ12 Fo ), a forma adimensional da distribuição de temperaturas é

reescrita como:

θ * ( x * , Fo ) = C1 cos( λ1 x * ) exp( −λ12 Fo ) = θ o* cos( λ1 x * ) (84)

λ1 tan(λ1 ) = Bi (85)
376

4 sin( λ1 )
C1 = (86)
2λ1 + sin( 2λ1 )

2.1.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA

Em diversas situações de engenharia, é útil conhecer a quantidade de energia total


que deixou (ou entrou) a parede até um dado tempo t em um processo transiente. A
exigência da conservação da energia na forma diferencial pode ser aplicada no intervalo
de tempo delimitado pela condição inicial (t = 0) e por qualquer tempo t > 0, ou seja:

− dEs = d (∆Eacu ) (87)

Igualando a quantidade de energia transferida a partir da parede como sendo


δQ = dEs e estabelecendo que d (∆Eacu ) = dE( x, t ) − dE( x,0) pode-se reescrever a Eq.
(87) como:

δQ = −[dE( x, t ) − dE( x,0)] (88)

Desprezando variações de energia cinética e potencial, a variação da energia total


da parede na Eq. (88) pode ser reescrita em termos da variação da energia interna
específica da parede plana, ou seja:

dE( x, t ) − dE( x,0) = dU ( x, t ) − dU ( x,0) = (dm)[u( x, t ) − u( x,0)] (89)

Além disso, como a parede plana é um meio incompressível, a variação de energia


interna específica é igual ao produto entre o calor específico do material da parede plana
(considerado constante) e sua variação de temperatura, ou seja:

dE( x, t ) − dE( x,0) = (dm)c[T ( x, t ) − T ( x,0)] (90)

Finalmente, sabendo que dm = ρdV e que T ( x,0) = Ti , pode-se reescrever a Eq.

(90) e igualar com a Eq. (88), fornecendo que:


377

δQ = − ρc[T ( x, t ) − Ti ]dV (91)

A quantidade total de energia transferida é obtida pela integração da Eq. (91) ao


longo do volume da parede plana, ou seja:

Q = − ρc[T ( x, t ) − Ti ]dV (92)

É conveniente adimensionalizar a Eq. (92) pela introdução da grandeza:

Qo = ρc(Ti − T∞ )V (93)

de tal forma que:

Q  ρc[T ( x, t ) − Ti ]dV = 1 − T ( x, t ) − Ti dV


V   Ti − T∞ 
=−   (94)
Qo ρc(Ti − T∞ )V

A grandeza Qo pode ser interpretada como a energia interna inicial da parede

plana com relação à temperatura do fluido. De maneira alternativa Qo também pode ser

interpretada como a máxima transferência de energia que ocorreria entre a parede plana
e o fluido se o processo se estendesse até t = ∞ . Pode-se utilizar a Eq. (60) para expressar
o termo entre colchetes da Eq. (94), ou seja:

T ( x, t ) − T∞ T ( x , t ) − Ti + Ti − T∞ T ( x , t ) − Ti  T ( x, t ) − Ti 
θ* = = = + 1  −  = 1−θ
*
(95)
Ti − T∞ Ti − T∞ Ti − T∞  i T − T∞ 

Substituindo a Eq. (95) na Eq. (94), fazendo V = AL, dV = Adx e rearranjando


obtém-se:

Q 1
(1 − θ * )dx
Qo L 
= (96)
378

Substituindo a Eq. (84) na Eq. (96), sabendo que dx = Ldx* e que nesse caso os
limites de integração são de x* = 0 a x* = 1 obtém-se:

Q 1
=  [1 − θ o* cos(λ1 x* )]dx* (97)
Qo 0

Resolvendo a integral da Eq. (97) obtém-se:

Q sin λ1 *
=1− θo (98)
Qo λ1

Uma rotina de cálculos pode ser vista no arquivo EXEMPLO5.mw do MAPLE.


Deve ser ressaltado que a quantidade de energia transferida da parede plana para o fluido
pode também ser determinada a partir da solução exata através de um balanço de energia
na interface, fornecendo o seguinte resultado:

Fo ∂θ (1, Fo)
*
Q
= dFo (99)
Qo 0 ∂x*

Na rotina do EXEMPLO5.mw, a quantidade de energia transferida foi


determinada a partir da Eq. (99), e não a partir da Eq. (98). Isso garante a utilização da
solução exata, Eq. (76) para o cálculo da quantidade total de energia transferida entre a
parede e o fluido dentro do intervalo de tempo considerado.

2.2-O CILINDRO LONGO COM CONVECÇÃO

A formulação do problema mostrado na Fig. (8) é escrita como:

1 ∂  ∂T  1 ∂T
r = (100)
r ∂r  ∂r  α ∂t

T ( r ,0) = Ti (101)
379

∂T
=0 (102)
∂r r =0

∂T
−k = h[T ( ro , t ) − T∞ ] (103)
∂r r = ro

T (r ,0) = Ti

ro T∞ , h

r
r* =
ro
Figura 8 – Cilindro longo unidimensional com temperatura inicial uniforme submetido
subitamente a condições convectivas.

As Eqs. (100-103) podem ser adimensionalizadas através das seguintes variáveis


adimensionais:

θ T ( r , t ) − T∞
θ* = = (104)
θi Ti − T∞

r
r* = (105)
ro

αt
τ* = = Fo (106)
ro2

Substituindo as Eqs. (104-106) nas Eqs. (100-103) obtém-se:

1 ∂  * ∂θ *  ∂θ *
r = (107)
r * ∂r *  ∂r *  ∂Fo

θ * ( r * ,0 ) = 1 (108)
380

∂θ *
=0 (109)
∂r * r* =0

∂θ *
= − Bi θ * (1, t * ) (110)
∂r * *
r =1

onde Bi = ( hro ) k . Deve ser notado que a adimensionalização tornou a direção r


homogênea.

2.2.1-SOLUÇÃO EXATA

Pelo método da separação de variáveis, quer-se que a solução da Eq. (107) seja da
seguinte forma:

θ * (r * , Fo) = R(r * )τ ( Fo) (111)

Substituindo a Eq. (111) na Eq. (107), fazendo as derivadas, multiplicando o


resultado por 1 ( Rτ ) e igualando o resultado a uma constante obtém-se:

1 ∂  * ∂R *  1 ∂τ
r
*  * 
= = ± λ2k (112)
Rr ∂r  ∂r  τ ∂Fo
*

Na Eq. (112) deve ser notado que os dois primeiros termos devem ter o mesmo
sinal da constante λ2k . Nesse caso, o sinal negativo satisfaz a condição de que a equação

diferencial da direção homogênea deve ter o sinal positivo no termo que acompanha a
constante λ2k . A Eq. (112) é então reescrita como:

d 2 Rk dR
r*2
*2
+ r * *k + λ2k Rk r *2 = 0 (113)
dr dr

dτ k
+ λ2kτ k = 0 (114)
dFo
381

A Eq. (113) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. Comparando a Eq. (113) com a Eq. (15) do
Apêndice obtém-se os seguintes coeficientes: A = 0, B = 0, C = 1, D = λk e n = 0.

Esses resultados indicam o CASO 1 do Apêndice, cuja solução geral é dada pela Eq. (16)
do , ou seja:

Rk (r * ) = Ak J 0 (λk r * ) + Bk Y0 (λk r * ) (115)

A Eq. (114) pode ser resolvida diretamente por integração, cujo resultado é:

τ k ( Fo ) = Dk exp( −λ2k Fo ) (116)

A solução completa da Eq. (107) é então escrita como:

∞ ∞
θ * ( r * , Fo ) =  Rk ( r * )τ k ( Fo) =  [ Ak J 0 (λk r * ) + Bk Y0 (λk r * )][ Dk exp( −λ2k Fo)] (117)
k =1 k =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (109) obtém-se:

∂θ k* ∂[ Rk ( r * )τ k ( Fo )] ∂[ Rk ( r * )]
= = τ k ( Fo ) =
∂r * r * =0
∂r * r * =0
∂r * r* =0

τ k ( Fo )λ k [ − Ak J 1 (λ k 0 ) − Bk Y1 (λ k 0)] = 0  Bk = 0 (118)
≠0 ≠0 =0 = −∞

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (110) e substituindo o resultado


da Eq. (118) obtém-se:

∂θ * ∂[ Rk (1)τ k ( Fo )] ∂[ Rk (1)]
= = τ k ( Fo ) = −τ k ( Fo )λ k Ak J 1 (λk 1) =
∂r * r * =1
∂r *
r * =1 ∂r * r * =1

− Bi θ * (1, t * ) = − Bi τ k ( Fo ) Ak J 0 (λk 1)
382

J1 (λk )
λk = Bi (119)
J 0 (λk )

A Eq. (119) é uma equação transcendental que fornece os infinitos valores de λk


em função do número de Biot. O comportamento gráfico da Eq. (119) pode ser visto na
Fig. (9) para diferentes números de Biot. Já na Tab. (2) podem ser vistas as quatro
primeiras raízes da Eq. (119) para diferentes número de Biot, e a rotina de cálculos pode
ser vista no arquivo EXEMPLO6.mw do MAPLE:

Tabela 2 – Quatro primeiras raízes da Eq. (104).


Bi = hro k λ1 λ2 λ3 λ4
0,1 0,4416 3,8577 7,0298 10,1832
1,0 1,2557 4,0794 7,1557 10,2709
2,5 1,7060 4,3818 7,3507 10,4117
5,0 1,9898 4,7131 7,6177 10,6223

30
(λk)J1(λk)/J0(λk)

25 Bi=1,0
Bi=10,0
Bi=20,0
20

15

10

-5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λk

Figura 9 – Representação gráfica da Eq. (119) para diferentes números de Biot.


383

Substituindo a Eq. (118) na Eq. (117) obtém-se:

∞ ∞
θ * ( r * , Fo ) =  Rk ( r * )τ k ( Fo) =  Ak J 0 (λk r * ) Dk exp( −λ2k Fo ) (120)
k =1 k =1

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (108) obtém-se:

∞ ∞
θ * ( r * ,0) =  Ak J 0 (λk r * ) Dk exp( −λ2k 0) =  C k J 0 (λk r * ) = 1 (121)
k =1 k =1

onde Ck = Ak Dk . Ortogonalidade é utilizada para determinar Ck . A função

φ k ( r * ) = J 0 (λ k r * ) na Eq. (121) é a solução da Eq. (113). Ortogonalidade pode ser


aplicada na Eq. (121) somente se a Eq. (113) for uma equação de Sturm-Liouville e se as
condições de contorno em r * = 0 e r * = 1 foram homogêneas. Comparando a Eq. (113)
com a equação de Sturm-Liouville obtém-se que w(r * ) = r * . Tem-se que φ k ( r * ) e φi ( r * )

são ortogonais com relação a função peso w( r * ) = r * . Multiplicando ambos os lados da

Eq. (121) por w(r * ) J 0 (λi r * )dr * e integrando de r * = 0 a r * = 1 obtém-se:

1 1 ∞
0
J 0 (λi r * ) w( r * ) dr * = 
0
C
k =1
k J 0 (λk r * )J 0 (λi r * ) w( r * ) dr * (122)

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( r * ) = r * pode-se


reescrever a Eq. (122) como:

1 ∞ 1
 r * J 0 (λi r * ) dr * = C k   r * J 0 (λk r * ) J 0 (λi r * )dr * (123)
0 0
k =1

De acordo com o princípio da ortogonalidade, a integral do lado direito da Eq.


(123) é nula quando i ≠ k. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal de
384

somatório são nulas, exceto quando i = k. A Eq. (123) pode então ser reescrita para Ck

como:

1
rJ
*
0 (λk r * ) dr *
Ck = 0
1
(124)
rJ
* 2
0 (λk r * )dr *
0

A solução das integrais da Eq. (124) pode ser obtida com o auxílio do MAPLE,
cuja rotina de cálculos está descrita no EXEMPLO7.mw, com os resultados sendo escritos
como:

1
1  r * J 1 ( λk r * )  J 1 ( λk )
0 0 k
r J*
( λ r ) dr = 
* *
 = (125)
 λk 0 λk

1
1  r *2 2 *  1 2
0 r *
J ( λ
2
0 k r )dr =  [ J 0 (λk r ) + J1 (λk r )] = [ J 0 (λk ) + J1 (λk )]
* * * 2 2
(126)
 2 0 2

Substituindo as Eqs. (125-126) na Eq. (124) e rearranjando obtém-se:

2 J 1 (λk )
Ck = (127)
λk J (λk ) + J 12 (λk )
2
0

2.2.2-SOLUÇÃO APROXIMADA

Pode-se demonstrar que, para valores de Fo < 0,2, a solução em série infinita, Eq.
(120), pode ser aproximada pelo primeiro termo da série. Utilizando essa aproximação e
definindo θ o* = C1 exp( −λ12 Fo ), a forma adimensional da distribuição de temperaturas é

reescrita como:

θ * ( r * , Fo ) = C1 J 0 (λ1r * ) exp( −λ12 Fo ) = θ o* J 0 (λ1r * ) (128)


385

J1 (λ1 )
λ1 = Bi (129)
J 0 (λ1 )

2 J 1 (λ1 )
C1 = (130)
λ1 J (λ1 ) + J 12 (λ1 )
2
0

2.2.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA

Em diversas situações de engenharia, é útil saber a quantidade energia total que


deixou (ou entrou) o cilindro longo até um dado tempo t em um processo transiente. A
exigência da conservação da energia na forma diferencial pode ser aplicada no intervalo
de tempo delimitado pela condição inicial (t = 0) e por qualquer tempo t > 0, ou seja:

− dEs = d (∆Eacu ) (131)

Igualando a quantidade de energia transferida a partir do cilindro longo como


sendo δQ = dEs e estabelecendo que d (∆Eacu ) = dE (r , t ) − dE(r ,0) pode-se reescrever a

Eq. (131) como:

δQ = −[dE(r , t ) − dE(r ,0)] (132)

Desprezando variações de energia cinética e potencial, a variação da energia total


do cilindro longo na Eq. (132) pode ser reescrita em termos da variação da energia interna
específica do cilindro longo, ou seja:

dE(r , t ) − dE(r ,0) = dU (r , t ) − dU (r,0) = (dm)[u(r, t ) − u(r,0)] (133)

Além disso, como o cilindro longo é um meio incompressível, a variação de sua


energia interna específica é igual ao produto entre o calor específico do material do
cilindro longo (considerado constante) e a variação de temperatura, ou seja:

dE(r, t ) − dE(r ,0) = (dm)c[T (r , t ) − T (r,0)] (134)


386

Finalmente, sabendo que dm = ρdV e que T (r ,0) = Ti , pode-se reescrever a Eq.

(134) e igualar com a Eq. (132), fornecendo que:

δQ = − ρc[T (r, t ) − Ti ]dV (135)

A quantidade total de energia transferida é obtida pela integração da Eq. (135) ao


longo do volume do cilindro longo, ou seja:

Q = − ρc[T (r , t ) − Ti ]dV (136)

É conveniente adimensionalizar a Eq. (136) pela introdução da grandeza:

Qo = ρc(Ti − T∞ )V (137)

de tal forma que:

Q  ρc[T (r , t ) − Ti ]dV = 1 − T (r, t ) − Ti dV


V   Ti − T∞ 
=−   (138)
Qo ρc(Ti − T∞ )V

A grandeza Qo pode ser interpretada como a energia interna inicial do cilindro

longo com relação à temperatura do fluido. De maneira alternativa Qo também pode ser

interpretada como a máxima transferência de energia que ocorreria entre o cilindro longo
e o fluido se o processo se estendesse até t = ∞ . Pode-se utilizar a Eq. (104) para expressar
o termo entre colchetes da Eq. (138), ou seja:

T ( r , t ) − T∞ T ( r , t ) − Ti + Ti − T∞ T ( r , t ) − Ti  T ( r , t ) − Ti 
θ* = = = + 1  −  =1−θ
*
(139)
Ti − T∞ Ti − T∞ Ti − T∞  i T − T∞ 

Substituindo a Eq. (139) na Eq. (138), fazendo V = πro2 L, dV = 2πrLdr e

rearranjando obtém-se:
387

Q r dr
=  (1 − θ * )2 (140)
Qo ro ro

Substituindo a Eq. (128) na Eq. (140), sabendo que r ro = r * , dr ro = dr * e que

nesse caso os limites de integração são de r * = 0 a r * = 1 obtém-se:

Q 1
=  [2r * − 2θ o*r * J 0 (λ1r * )]dr * (141)
Qo 0

Resolvendo a integral da Eq. (141) obtém-se:

Q 2θ *
= 1 − o J1 (λ1 ) (142)
Qo λ1

Uma rotina de cálculos pode ser vista no arquivo EXEMPLO8.mw do MAPLE.


Deve ser ressaltado que a quantidade de energia transferida do cilindro longo para o fluido
pode também ser determinada a partir da solução exata através de um balanço de energia
na interface, fornecendo o seguinte resultado:

Fo ∂θ (1, Fo)
*
Q
= dFo (143)
Qo 0 ∂r *

Na rotina do EXEMPLO8.mw, a quantidade de energia transferida foi


determinada a partir da Eq. (143), e não a partir da Eq. (142). Isso garante a utilização da
solução exata, Eq. (120) para o cálculo da quantidade total de energia transferida entre o
cilindro longo e o fluido dentro do intervalo de tempo considerado.

2.3-A ESFERA COM CONVECÇÃO

A formulação do problema mostrado na Fig. (10) é escrita como:


388

1 ∂  2 ∂T  1 ∂T
r = (144)
r 2 ∂r  ∂ r  α ∂t

T ( r ,0) = Ti (145)

∂T
=0 (146)
∂r r =0

∂T
−k = h[T ( ro , t ) − T∞ ] (147)
∂r r = ro

T ( r , 0 ) = Ti

ro T∞ , h

r
r* =
ro
Figura 10 – Esfera unidimensional com temperatura inicial uniforme submetida
subitamente a condições convectivas.

As Eqs. (144-147) podem ser adimensionalizadas através das seguintes variáveis


adimensionais:

θ T ( r , t ) − T∞
θ* = = (148)
θi Ti − T∞

r
r* = (149)
ro

αt
τ* = = Fo (150)
ro2
389

Substituindo as Eqs. (148-150) nas Eqs. (144-147) obtém-se:

1 ∂  *2 ∂θ *  ∂θ *
r = (151)
r *2 ∂r *  ∂r *  ∂Fo

θ * ( r * ,0 ) = 1 (152)

∂θ *
=0 (153)
∂r * r* =0

∂θ *
= − Bi θ * (1, t * ) (154)
∂r * *
r =1

onde Bi = ( hro ) k . Deve ser notado que a adimensionalização tornou a direção r


homogênea.

2.3.1-SOLUÇÃO EXATA

Pelo método da separação de variáveis, quer-se que a solução da Eq. (144) seja da
seguinte forma:

θ * (r * , Fo) = R(r * )τ ( Fo) (155)

Substituindo a Eq. (155) na Eq. (151), fazendo as derivadas, multiplicando o


resultado por 1 ( Rτ ) e igualando o resultado a uma constante obtém-se:

1 ∂  * 2 ∂R *  1 ∂τ
r
*  * 
= = ± λ2k (156)
Rr ∂r 
*2
∂r  τ ∂Fo

Na Eq. (156) deve ser notado que os dois primeiros termos devem ter o mesmo
sinal da constante λ2k . Nesse caso, o sinal negativo satisfaz a condição de que a equação
390

diferencial da direção homogênea deve ter o sinal positivo no termo que acompanha a
constante λ2k . A Eq. (156) é então reescrita como:

d 2 Rk dR
r*2
*2
+ 2r * *k + λ2k Rk r *2 = 0 (157)
dr dr

dτ k
+ λ2kτ k = 0 (158)
dFo

A Eq. (157) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem com


coeficientes variáveis, linear e homogênea, cuja solução pode ser obtida a partir da
equação geral de Bessel, conforme Apêndice. Comparando a Eq. (157) com a Eq. (15) do
Apêndice obtém-se os seguintes coeficientes: A = − 1 2 , B = 0, C = 1, D = λk e

n = 1 2 . Esses resultados indicam o CASO 2 do Apêndice, cuja solução geral é dada pela
Eq. (17) do Apêndice, ou seja:

Rk ( r * ) = r *−1 2 [ Ak J 1 2 (λk r * ) + Bk J −1 2 (λk r * )] (159)

Entretanto, utilizando as Eqs. (25-26) do Apêndice pode-se reescrever a Eq. (159)


na seguinte forma:

Rk ( r * ) = r *−1[ Ak sin( λk r * ) + Bk cos( λk r * )] (160)

A Eq. (158) pode ser resolvida diretamente por integração, cujo resultado é:

τ k ( Fo ) = Dk exp( −λ2k Fo ) (161)

A solução completa da Eq. (151) é então escrita como:

∞ ∞
θ * ( r * , Fo ) =  Rk ( r * )τ k ( Fo ) =  r *−1[ Ak sin( λk r * ) + Bk cos( λk r * )][ Dk exp( −λ2k Fo )] (162)
k =1 k =1
391

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (153) obtém-se:

∂θ k* ∂[ Rk ( r * )τ k ( Fo )] ∂[ Rk ( r * )]
= = τ ( Fo ) =
∂r * ∂r * ∂r *
k
r * =0 r * =0 r* =0

 
  λk r * cos( λk r * ) − sin( λk r * )   − λk r * sin( λk r * ) − cos( λk r * )  
τ k ( Fo )  Ak   + Bk    = 0  Bk = 0
  r *2   r *2 
≠0
 =0 =∞ 

(163)
Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (154) e substituindo o resultado
da Eq. (163) obtém-se:

∂θ * ∂[ Rk (1)τ k ( Fo )] ∂[ Rk (1)]  λ 1 cos( λ k 1) − sin( λ k 1) 


= = τ k ( Fo ) = τ k ( Fo ) Ak  k 
∂r * r * =1
∂r *
r * =1 ∂r *
r * =1  12

− Biθ * (1, t * ) = − Biτ k ( Fo )1−1 Ak sin( λk 1)

1 − λk cot(λk ) = Bi (164)

A Eq. (164) é uma equação transcendental que fornece os infinitos valores de λk

em função do número de Biot. O comportamento gráfico da Eq. (164) pode ser visto na
Fig. (11) para diferentes números de Biot. Já na Tab. (3) podem ser vistas as quatro
primeiras raízes da Eq. (164) para diferentes número de Biot, e a rotina de cálculos pode
ser vista no arquivo EXEMPLO9.mw do MAPLE:

Tabela 3 – Quatro primeiras raízes da Eq. (149).


Bi = hro k λ1 λ2 λ3 λ4
1,0 1,5707 4,7123 7,8539 10,9955
5,0 2,5704 5,3540 8,3029 11,3348
10,0 2,8363 5,7172 8,6587 11,6532
100,0 2,9349 5,8852 8,8605 11,8633

Substituindo a Eq. (163) na Eq. (162) obtém-se:


392

∞ ∞
θ * ( r * , Fo) =  Rk (r * )τ k ( Fo) =  r *−1 Ak sin( λk r * ) Dk exp( −λ2k Fo) (165)
k =1 k =1

30
1-λkcotg(λk)

25 Bi=1,0
Bi=10,0
Bi=20,0
20

15

10

-5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
λk

Figura 11 – Representação gráfica da Eq. (164) para diferentes números de Biot.

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (152) obtém-se:

∞ ∞
sin(λk r * )
θ ( r ,0 ) =  r
* * *−1
Ak sin(λk r ) Dk exp( −λ 0) =  Ck
* 2
=1 (166)
r*
k
k =1 k =1

onde Ck = Ak Dk . Ortogonalidade é utilizada para determinar Ck . A função

φ k ( r * ) = sin( λk r * ) r * na Eq. (166) é a solução da Eq. (157). Ortogonalidade pode ser


aplicada na Eq. (166) somente se a Eq. (157) for uma equação de Sturm-Liouville e se as
condições de contorno em r * = 0 e r * = 1 foram homogêneas. Comparando a Eq. (157)
com a equação de Sturm-Liouville obtém-se que w(r * ) = r *2 . Tem-se que φ k ( r * ) e φi ( r * )

são ortogonais com relação a função de ponderação w( r * ) = r *2 . Multiplicando ambos os

sin(λi r * ) * *
lados da Eq. (166) por w(r ) *
dr e integrando de r * = 0 a r * = 1 obtém-se:
r
393

1sin(λi r * ) 1 ∞ sin(λk r * ) sin(λi r * )


0 r * w( r *
) dr *
= 
0 k =1 k r *
C
r *
w( r * ) dr * (167)

Trocando o símbolo do somatório e da integral e sabendo que w( r * ) = r *2 pode-


se reescrever a Eq. (167) como:

1 ∞ 1
 r * sin( λi r * ) dr * = C k   sin( λk r * ) sin( λi r * ) dr * (168)
0 0
k =1

De acordo com o princípio da ortogonalidade, a integral do lado direito da Eq.


(168) é nulo quando i ≠ k. Assim, todas as integrais que surgem devido ao sinal de
somatório são nulas, exceto quando i = k. A Eq. (168) pode então ser reescrita para Ck

como:

1
 r sin(λ r )dr
* * *
k
Ck = 0
1
(169)
 sin (λ r )dr
2 * *
k
0

A solução das integrais da Eq. (169) pode ser obtida com o auxílio do MAPLE,
cuja rotina de cálculos está descrita no EXEMPLO10.mw, com os resultados sendo
escritos como:

1 sin( λk ) − λk cos( λk )
r
*
sin( λk r * ) dr * = (170)
0 λ2k

1 λk − sin( λk ) cos( λk )
 sin
2
(λk r * ) dr * = (171)
0 2 λk

Substituindo as Eqs. (170-171) na Eq. (169) e rearranjando obtém-se:

4[sin( λk ) − λk cos( λk )]
Ck = (172)
λk [ 2λk − sin( 2λk )]
394

2.3.2-SOLUÇÃO APROXIMADA

Pode-se demonstrar que, para valores de Fo < 0,2, a solução em série infinita, Eq.
(165), pode ser aproximada pelo primeiro termo da série. Utilizando essa aproximação e
definindo θ o* = C1 exp( −λ12 Fo ), a forma adimensional da distribuição de temperaturas é

reescrita como:

sin( λ1r * ) * sin( λ1r )


*
θ * ( r * , Fo ) = C1 exp( − λ1
2
Fo ) = θ (173)
r* r*
o

1 − λ1 cot( λ1 ) = Bi (174)

4[sin( λ1 ) − λ1 cos( λ1 )]
C1 = (175)
λ1[ 2λ1 − sin( 2λ1 )]

2.3.3-TRANSFERÊNCIA TOTAL DE ENERGIA

Em diversas situações de engenharia, é útil saber a energia total que deixou (ou
entrou) a esfera até um dado tempo t em um processo transiente. A exigência da
conservação da energia na forma diferencial pode ser aplicada no intervalo de tempo
delimitado pela condição inicial (t = 0) e por qualquer tempo t > 0, ou seja:

− dEs = d (∆Eacu ) (176)

Igualando a quantidade de energia transferida a partir da esfera como sendo


δQ = dEs e estabelecendo que d (∆Eacu ) = dE (r, t ) − dE(r ,0) pode-se reescrever a Eq.
(176) como:

δQ = −[dE(r , t ) − dE(r ,0)] (177)


395

Desprezando variações de energia cinética e potencial, a variação da energia total


da esfera na Eq. (177) pode ser reescrita em termos da variação da energia interna
específica do cilindro, ou seja:

dE(r , t ) − dE(r ,0) = dU (r , t ) − dU (r,0) = (dm)[u(r, t ) − u(r,0)] (178)

Além disso, como a esfera é um meio incompressível, a variação de energia


interna específica é igual ao produto entre o calor específico do material da esfera
(considerado constante) e a variação de temperatura, ou seja:

dE(r, t ) − dE(r ,0) = (dm)c[T (r , t ) − T (r,0)] (179)

Finalmente, sabendo que dm = ρdV e que T (r ,0) = Ti , pode-se reescrever a Eq.

(179) e igualar com a Eq. (177), fornecendo que:

δQ = − ρc[T (r, t ) − Ti ]dV (180)

A quantidade total de energia transferida é obtida pela integração da Eq. (180) ao


longo do volume da esfera, ou seja:

Q = − ρc[T (r , t ) − Ti ]dV (181)

É conveniente adimensionalizar a Eq. (181) pela introdução da grandeza:

Qo = ρc(Ti − T∞ )V (182)

de tal forma que:

Q  ρc[T (r , t ) − Ti ]dV = 1 − T (r, t ) − Ti dV


V   Ti − T∞ 
=−   (183)
Qo ρc(Ti − T∞ )V
396

A grandeza Qo pode ser interpretada como a energia interna inicial da esfera com

relação à temperatura do fluido. De maneira alternativa Qo também pode ser interpretada

como a máxima transferência de energia que ocorreria entre a esfera e o fluido se o


processo se estendesse até t = ∞ . Pode-se utilizar a Eq. (148) para expressar o termo entre
colchetes da Eq. (183), ou seja:

T ( r , t ) − T∞ T ( r , t ) − Ti + Ti − T∞ T ( r , t ) − Ti  T ( r , t ) − Ti 
θ* = = = + 1  −  =1−θ
*
(184)
Ti − T∞ Ti − T∞ Ti − T∞  i T − T∞ 

Substituindo a Eq. (184) na Eq. (183), fazendo V = (4 3) πro3 , dV = 4πr 2 dr e

rearranjando obtém-se:

Q r 2 dr
=  (1 − θ * )3 2 (185)
Qo ro ro

Substituindo a Eq. (171) na Eq. (185), sabendo que r 2 ro2 = r *2 , dr ro = dr * e que

nesse caso os limites de integração são de r * = 0 a r * = 1 obtém-se:

Q 1
=  [3r *2 − 3r *θ o* sin(λ1r * )]dr * (186)
Qo 0

Resolvendo a integral da Eq. (186) obtém-se:

Q 3θ *
= 1 − 2o [sin(λ1 ) − λ1 cos(λ1 )] (187)
Qo λ1

Uma rotina de cálculos pode ser vista no arquivo EXEMPLO11.mw do MAPLE.


Deve ser ressaltado que a quantidade de energia transferida do cilindro para o fluido pode
também ser determinada a partir da solução exata através de um balanço de energia na
interface, fornecendo o seguinte resultado:
397

Fo ∂θ (1, Fo)
*
Q
= dFo (188)
Qo 0 ∂r *

Na rotina do EXEMPLO11.mw, a quantidade de energia transferida foi


determinada a partir da Eq. (188), e não a partir da Eq. (187). Isso garante a utilização da
solução exata, Eq. (165) para o cálculo da quantidade total de energia transferida entre a
esfera e o fluido dentro do intervalo de tempo considerado.

3-CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL TRANSIENTE

Os princípios básicos de condução unidimensional transiente também se aplicam


a condução multidimensional transiente. Não surgem complexidades matemáticas
adicionais devido a dependência da temperatura de mais uma coordenada espacial além
do tempo. O próximo exemplo trata da condução bidimensional transiente. Nesse caso o
campo de temperaturas depende de três variáveis (tempo e duas coordenadas espaciais) e
o procedimento de solução é similar ao problema de condução tridimensional em regime
permanente mostrado no Cap. (5).

EXEMPLO 3 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL TRANSIENTE RETANGULAR

Em uma barra utilizada para armazenamento de energia térmica, um fluido quente


é circulado através de canais conforme a Fig. (12). As superfícies superior e inferior da
barra estão isoladas. Desprezando efeitos de entrada, pode ser assumido que o fenômeno
da condução térmica junto a parede separando dois canais vizinhos é bidimensional. Se
no início da operação de armazenamento de energia térmica, a distribuição de
temperaturas na parede é T ( x, y,0) = f ( x, y), e a bomba de circulação de fluido é
subitamente ligada, determine a distribuição de temperaturas transiente na parede.
Assuma que o coeficiente de transferência de calor entre as superfícies da parede e o
fluido é bastante elevado (h → ∞), que a condutividade térmica da parede é constante e
que não há geração interna de energia.
398

∂T
y =0
∂y
b

T∞ T∞

y
a x
∂T
=0
x ∂y

T∞ , h T∞ , h

Figura 12 – Esquema do EXEMPLO 3.

SOLUÇÃO. A formulação para esse problema é dada por:

∂ 2T ∂ 2T 1 ∂T
+ = (189)
∂x 2 ∂y 2 α ∂t

T (0, y, t ) = T∞ (190)

T (a, y, t ) = T∞ (191)

∂T ( x,0, t )
=0 (192)
∂y

∂T ( x, b, t )
=0 (193)
∂y

T ( x, y,0) = f ( x, y) (194)

Definindo a variável θ ( x, y, t ) = T ( x, y, t ) − T∞ pode-se reescrever as Eqs. (189-


194) como:

∂ 2θ ∂ 2θ 1 ∂θ
+ = (195)
∂x 2 ∂y 2 α ∂t
399

θ (0, y, t ) = 0 (196)

θ (a, y, t ) = 0 (197)

∂θ ( x,0, t )
=0 (198)
∂y

∂θ ( x , b , t )
=0 (199)
∂y

θ ( x, y,0) = f ( x, y) − T∞ (200)

Deve ser notado que na variável θ ( x, y, t ) todas as condições de contorno são


agora homogêneas. Dessa forma, as direções x e y são as direções homogêneas nesse
problema. Pelo método da separação de variáveis, a solução da Eq. (195) deve ter a forma:

θ ( x, y, t ) = X ( x)Y ( y)τ (t ) (201)

Substituindo a Eq. (201) na Eq. (195), fazendo as derivadas e multiplicando o


resultado por 1 ( XYτ ) obtém-se:

1 ∂ 2 X 1 ∂ 2Y 1 ∂τ
+ = (202)
X ∂x 2
Y ∂y 2
ατ ∂t

Buscando ortogonalidade nas duas direções homogêneas, pode-se igualar o


primeiro termo a esquerda da Eq. (202) a − λ2n e o segundo termo a esquerda da Eq. (202)

a − β m2 de tal forma que pode-se reescrever a Eq. (202) como:

d2Xn
2
+ λ2n X n = 0 (203)
dx
400

d 2Ym
2
+ β m2Ym = 0 (204)
dx

dτ nm
+ α (λ2n + β m2 )τ nm = 0 (205)
dt

A solução das Eqs. (203-204) é obtida pela técnica da equação característica e a


solução da Eq. (205) é obtida por integração direta de tal forma que a solução completa
da Eq. (195) é escrita como:

∞ ∞
θ ( x, y, t ) =  [ An sin(λn x) + Bn cos(λn x)][Cm sin(β m y) + Dm cos(β m y)]
m=1 n=1

exp[ −α (λ2n + β m2 )t ] (206)

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (196) obtém-se:

θ nm (0, y, t ) = [ An sin(λn 0) + Bn cos(λn 0)]Y ( y )τ (t ) = 0  Bn = 0 (207)


=0 =1 ≠0 ≠0

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (198) obtém-se:

∂θ ( x, 0, t ) ∂[Y (0)]
= X ( x)τ (t ) = X ( x)τ (t ) β m [Cm cos( β m 0) − Dm sin( β m 0)] = 0  Cm = 0
∂y ∂y ≠0 ≠0 ≠0 =1 =0

(208)
Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (197) obtém-se:


θ (a, y, t ) = [ An sin(λn a)]Y ( y )τ (t ) = 0  sin(λn a) = 0  λn = , n = 1,2,3,... (209)
≠0 ≠0 ≠0
a

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (199) obtém-se:

∂θ ( x, b, t ) ∂[Y (b)]
= X ( x) τ (t ) = X ( x)[ Dm cos( β mb)]τ (t ) = 0  cos( β mb) = 0 
∂y ∂y ≠0 ≠0 ≠0
401


βm = , m = 1,2,3, (210)
b

Substituindo as Eqs. (207-210) na Eq. (206) obtém-se:

∞ ∞
 nπ   mπ    n2 m2  
θ ( x, y, t ) =  anm sin  x  cos y  exp − απ 2  2 + 2 t  (211)
m =1 n =1  a   b   a b 

onde a nm = An Dm . O subscrito nm é utilizado para indicar que todos os valores de

n (n = 1,2,3,...) e m (m = 1,2,3,...) fornecem soluções para a distribuição transiente de


temperaturas. Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (200) obtém-se:

∞ ∞
 nπ   mπ 
θ ( x, y,0) = f ( x, y) − T∞ =  anm sin x  cos y (212)
m=1 n =1  a   b 

Dupla ortogonalidade é utilizada para determinar anm . A função sin( nπx a ) na

Eq. (212) é solução da Eq. (203) e a função cos( mπy b) na Eq. (212) é solução da Eq.
(204). Ortogonalidade pode ser aplicada na Eq. (212) somente se as Eqs. (203-204) forem
equações de Sturm-Liouville e se as condições de contorno em x = 0 e x = a e em y = 0

e y = b forem homogêneas.
Comparando as Eqs. (203-204) com a equação geral de Sturm-Liouville obtém-se
que w( x) = 1 e w( y) = 1. Tem-se então que φn ( x) = sin(nπx a) e φk ( x) = sin(kπx a) são

ortogonais com relação a função de ponderação w( x) = 1. De maneira similar, tem-se

também que φm ( y) = cos(m πy b) e φi ( y ) = cos(iπy b) são ortogonais com relação a

função de ponderação w( y) = 1. Multiplicando ambos os lados da Eq. (212) por

w( x)w( y) sin(kπx a) cos(iπy b)dxdy, integrando de x = 0 a x = a e de y = 0 a y = b


obtém-se:

b a  kπ   iπ 
  [ f ( x, y) − T
0 0
∞ ]w( x) w( y ) sin
 a
x  cos
 b
y dxdy =

402

a ∞ ∞
 nπ   kπ   mπ   iπ 
   a
b
nm w( x) w( y) sin x  sin x  cos y  cos y dxdy (213)
0 0
m=1 n=1  a   a   b  b 

Trocando o símbolo do somatório e da integral, sabendo que w( x) = w( y) = 1 e

utilizando o princípio da ortogonalidade pode-se resolver a Eq. (213) para anm , ou seja:

b a  nπ   mπ 
  [ f ( x, y ) − T
0 0
] sin
∞ x  cos
 a   b 
y dxdy
anm = (214)
2  nπ  2  mπ 
b a
0 0 sin  a x  cos  b y dxdy

Calculando a integral do denominador da Eq. (214), substituindo a expressão


resultante de anm na Eq. (211) e voltando na variável original obtém-se:

4 ∞ ∞  b a  nπ   mπ  
T ( x, y, t ) = T∞ +  0 0 [ f ( x, y ) − T∞ ] sin 
ab m=1 n=1 
x  cos
 a   b 
y dxdy ×

 nπ   mπ    n2 m2  
sin  x  cos y  exp − απ 2  2 + 2 t  (215)
 a   b   a b 

4-O MÉTODO DA SIMILARIDADE

Às vezes é possível que a solução de certos tipos de problemas de condução de


calor possuam propriedades da similaridade. Essa propriedade também é uma
característica de problemas em outras áreas de transferência de calor, mais notadamente
em certos tipos de camadas limite de velocidade e térmica em convecção. Para problemas
que possuam a propriedade da similaridade é possível introduzir uma variável de
transformação que converte a equação diferencial governante de parcial para ordinária,
usualmente mais simples de ser resolvida.
A mesma transformação deve ser aplicada nas condições de contorno. Esse tipo
de transformação reduz a dificuldade envolvida na obtenção da solução do problema em
termos de sua ordem de magnitude (modelo matemático envolvendo equações
diferenciais parciais versus modelo matemático envolvendo equações diferenciais
ordinárias). O método de solução que utiliza a propriedade da similaridade é conhecido
403

como método de solução por similaridade. No próximo exemplo, o método da


similaridade será utilizado para obter a distribuição de temperaturas em um problema de
condução unidimensional e transiente. Duas condições básicas devem ser satisfeitas para
que o método da similaridade seja aplicável:
1) Todas as derivadas parciais tanto na equação governante quanto nas condições
de contorno precisam ser transformadas em derivadas ordinárias,
2) A dimensão de espaço no problema de interesse deve ser semi-infinita (de zero
a infinito). Como na prática todo corpo é finito, essa afirmação pode ser
interpretada como: é a região do corpo na qual efeitos térmicos (aquecimento
ou resfriamento) são sentidos, sendo esta região pequena quando comparada
com a extensão física do corpo. Nesse caso o corpo é dito infinito com relação
a região termicamente afetada.

EXEMPLO 4 – SIMILARIDADE EM CONDUÇÃO TRANSIENTE

Uma parede espessa, inicialmente com temperatura uniforme Ti , é subitamente

colocada em contato térmico com um escoamento de um fluido aquecido com


temperatura T0 , conforme a Fig. (13). É assumido contato térmico perfeito entre o fluido
e a parede. Com o passar do tempo, parte da parede é aquecida devido ao contato com o
fluido aquecido. Obtenha a distribuição de temperaturas unidimensional transiente na
parede e o fluxo de calor na superfície da parede em contato com o fluido utilizando o
método da similaridade. Considere que a condutividade térmica da parede é constante e
que não existem efeitos de geração interna de energia térmica.

T0 t = 0, T = Ti
x
h, T∞
δ (t )

Figura 13 – Esquema do EXEMPLO 4.


404

A formulação para esse problema é dada por:

1 ∂T ∂ 2T
= (216)
α ∂t ∂x 2

T ( 0, t ) = T0 (217)

T ( ∞ , t ) = Ti (218)

T ( x ,0 ) = Ti (219)

A primeiro passo no método da similaridade é definir a variável de similaridade.


Ela é uma combinação das variáveis independentes do problema (x, t), sendo responsável
pela transformação das equações diferenciais parciais do problema em equações
diferenciais ordinárias. A definição da variável de similaridade envolve tanto argumentos
matemáticos quanto físicos, além de um pouco de abstração e conhecimento do fenômeno
físico em análise.
Para uma geometria semi-infinita não existe uma dimensão característica. Como
a solução de todos os problemas físicos pode ser expressa na forma adimensional (a
natureza não conhece escalas de medida) deve haver alguma maneira de adimensionalizar
a solução desse problema. A única maneira possível é fazendo com que as variáveis
apareçam juntas em um grupo adimensional. Analisando o denominador da Eq. (216), é
aparente que x2 e (α t ) tem as mesmas dimensões, e, portanto, x 2 (α t ) = x ( α t ) é
adimensional. A solução, de alguma forma, deve ser expressa em termos desta quantidade
para que seja adimensional, ou seja:

x
η=A (220)
(α t )1 2

onde η é a variável de similaridade e A é uma constante que será definida posteriormente


de maneira a simplificar a álgebra do problema. O segundo passo consiste em reescrever
405

a formulação do problema original, Eqs. (216-219) em termos da variável de similaridade.


As derivadas parciais da Eq. (216) são reescritas como:

∂T dT ∂η dT ∂  x  dT  A t − 3 2 
= = A = − x  (221)
∂t dη ∂t dη ∂t  (αt )1 2  dη  2 α 1 2 

∂T dT ∂η dT ∂  x  dT A
= = A = (222)
∂x dη ∂x dη ∂x  (αt )1 2  dη (αt )1 2

∂ 2T ∂  ∂T  d  ∂T  ∂η d  dT A  ∂  x  d 2T A2
=  =   = A = (223)
∂x 2 ∂x  ∂x  dη  ∂x  ∂x dη  dη (αt )1 2  ∂x  (αt )1 2  dη 2 αt

Substituindo as Eqs. (221-222) na Eq. (216) e rearranjando obtém-se:

1 dT d 2T
− η = (224)
2 A 2 dη dη 2

Nesse ponto deverá ser escolhido o valor para a constante A. Em princípio,


qualquer valor arbitrário pode ser escolhido e a diferença entre as escolhas reside no fato
de que mais ou menos passos algébricos deverão ser realizados em função dessa escolha.
Para o problema em análise, bem documentado na literatura, a escolha que conduz ao
menor número de passos algébricos é dada por A = 1 2 . Substituindo esse valor na Eq.
(224) e rearranjando obtém-se:

d 2T dT
+ 2η =0 (225)
dη 2

As condições de contorno também devem ser reescritas em termos da variável de


similaridade. Da própria definição da Eq. (220), quando x = 0, η = 0 e quando
x = ∞ , η = ∞ de tal forma que as Eqs. (217-218) são reescritas como:

T (η = 0) = T0 (226)
406

T (η = ∞ ) = Ti (227)

O novo problema consiste em resolver a equação diferencial ordinária dada pela


Eq. (225) sujeita as condições de contorno dadas pelas Eqs. (226-227). A Eq. (225) pode
ser reescrita introduzindo a variável P = dT dη de tal forma que:

dP
+ 2η P = 0 (228)

Separando as variáveis na Eq. (228), integrando e voltando na variável original


obtém-se:

dT 2
= Ce −η (229)

Integrando ambos os lados da Eq. (229) de η = 0 a η = ξ (qualquer valor de η )


obtém-se:

ξ 2
T (η = ξ ) − T (η = 0) = C  e −η dη (230)
0

Utilizando as condições de contorno simultaneamente na Eq. (230) obtém-se:

∞ 2 Ti − T0
T (η = ∞ ) − T (η = 0) = Ti − T0 = C  e −η dη  C = ∞
(231)
−η 2
 dη
0
e
0

Substituindo a Eq. (231) na Eq. (230) e rearranjando obtém-se:

ξ 2

T (η = ξ ) − T0  e −η dη
= 0

(232)
Ti − T0 2
e −η dη

0
407

As integrais que aparecem no lado direito da Eq. (232) são as definições da função
erro, conforme o Apêndice, ou seja:

2 ξ 2
erf (ξ ) =  e −η dη (233)
π 0

2 ∞ 2
erf (∞ ) =  e −η dη = 1 (234)
π 0

Substituindo as Eqs. (233-234) na Eq. (232), substituindo ξ por η visto que ξ


nada mais é do que um valor arbitrário de η , substituindo a definição de η , Eq. (220)
com A = 1 2 e rearranjando obtém-se:

T ( x, t ) − T0  x 
= erf   (235)
Ti − T0  2 αt 

O fluxo de calor na superfície da parede pode ser calculado pela lei de Fourier em
conjunto com a variável de similaridade e a Eq. (222), ou seja:

 ∂T   dT ∂η   dT 1  k  dT 
q s" (t ) = − k   = − k   = − k   = −   (236)
 ∂x  x = 0  dη ∂x η = 0  dη 2 α t η = 0 2 αt  dη η = 0

A derivada na Eq. (236) pode ser calculada pelas Eqs. (229), (231) e (234):

dT 2 T −T Ti − T0 2(Ti − T0 )
= Ce − 0 = C = ∞ i 2 0 = = (237)
dη η = 0 −η π π
 e dη 0 erf (∞ )
2

Substituindo a Eq. (237) na Eq. (236) obtém-se:

k (T0 − Ti )
q s" (t ) = (238)
πα t
408

Claramente, o fluxo de calor local em x = 0 decresce proporcionalmente a t −1 2


conforme t aumenta (e conforme a parede se aquece).

5-O MÉTODO INTEGRAL

O método integral é um método aproximado que oferece uma alternativa


matematicamente menos rigorosa do que os métodos utilizados nesse capítulo. Ele é
particularmente atrativo para problemas unidimensionais transientes pois combina
simplicidade e resultados com precisão aceitável. O método integral foi amplamente
utilizado no passado para estudar problemas de condução envolvendo fusão e
solidificação. Os principais conceitos desse método são idênticos aqueles utilizados por
von Kármán e Pohlhausen no seu tratamento clássico do escoamento laminar na camada
limite. Para ilustrar esse método será analisado novamente o EXEMPLO 4, só que agora
pelo método integral.

EXEMPLO 5 – MÉTODO INTEGRAL EM CONDUÇÃO TRANSIENTE

Uma parede, inicialmente com temperatura uniforme Ti , é subitamente colocada

em contato térmico com um escoamento de um fluido aquecido com temperatura T0 . É


assumido contato térmico perfeito entre o fluido e a parede. Com o passar do tempo, parte
da parede é aquecida devido ao contato com o fluido aquecido. Obtenha a distribuição de
temperaturas unidimensional transiente na parede e o fluxo de calor na superfície da
parede em contato com o fluido utilizando o método integral.

T0 t = 0, T = Ti
x
h, T∞
δ (t )

Figura 14 – Esquema do EXEMPLO 5.


409

A formulação para esse problema é dada por:

1 ∂T ∂ 2T
= (239)
α ∂t ∂x 2

T ( 0, t ) = T0 (240)

T ( ∞ , t ) = Ti (241)

T ( x ,0 ) = Ti (242)

O primeiro passo consiste em integrar a Eq. (239) em x de x = 0 a x = δ (t )


obtendo-se:

x =δ (t ) 1 ∂T x =δ ( t ) ∂ T
2
1 x =δ (t ) ∂T  ∂T   ∂T 
x=0 α ∂t
dx = 
x =0 ∂x 2
dx 
α 
x =0 ∂t
dx =   − 
 ∂x  x = δ ( t )  ∂x  x = 0
(243)

onde δ (t ) é a camada de penetração térmica ou camada limite térmica na qual o efeito


de aquecimento ou resfriamento da fronteira é sentido pelo corpo. Fora da camada limite
o corpo está na sua temperatura inicial. O lado esquerdo da Eq. (243) pode ser reescrito
utilizando a regra de Leibniz, escrita na forma geral como:

d
b (t ) d b(t ) d d
a (t ) dt [ f ( x , t )]dx =
dt a ( t )
f ( x, t )dx + f [ x, a(t )] [a(t )] − f [ x, b(t )] [b(t )]
dt dt

Assim, utilizando a regra de Leibniz obtém-se:

x =δ ( t ) ∂T ( x, t ) d δ (t ) dδ (t )
 dx =  T ( x, t )dx − T [ x, δ (t )] (244)
x =0 ∂t dt 0 dt

Substituindo a Eq. (244) na Eq. (243) obtém-se a equação da energia na forma


integral, ou seja:
410

1 d δ dδ   ∂T   ∂T 

α  dt 0
Tdx − (T ) x =δ  =  − 
dt   ∂x  x =δ  ∂x  x = 0
(245)

O segundo passo consiste em assumir uma expressão geral para a temperatura T,


sendo a forma mais comum uma expressão polinomial com coeficientes desconhecidos
que podem ser determinados pelas condições de contorno do problema, Eqs. (240-241).
Se necessário (devido a presença de mais coeficientes que condições de contorno),
pode-se utilizar condições de contorno adicionais, como por exemplo, avaliar a equação
da energia e suas derivadas nos limites da região de interesse ( x = 0 e x = δ ). Pode-se
então assumir a seguinte expressão polinomial na forma adimensional:

2 3
T ( x) − Ti x  x  x
= A + B + C   + D  (246)
T0 − Ti δ δ  δ 

A obtenção dos coeficientes A, B, C e D deve ser feita através de quatro condições


de contorno, ou seja:

T ( 0 ) = T0 (247)

T (δ ) = Ti (248)

 ∂T 
  =0 (249)
 ∂x  x = δ

1  ∂T   ∂ 2T 
  =  (250)
α  ∂t  x = 0  ∂x 2  x =0
=0

As duas primeiras condições de contorno são as Eqs. (247-248), com a última


modificada para situar o problema dentro da camada limite térmica. A Eq. (249) indica
que não há fluxo de calor a partir de δ (t ) pois a temperatura é sempre igual a Ti . Já a Eq.

(250) é a equação de condução avaliada em x = 0, com a derivada temporal nula pois T0


411

é constante ao longo do tempo. A partir da Eq. (246) pode-se escrever de forma mais geral
a distribuição de temperaturas e as derivadas primeira e segunda para se utilizar nas
condições de contorno, ou seja:

 x x
2
x 
3

T ( x) = Ti + (T0 − Ti )  A + B + C   + D   (251)
 δ δ   δ  

∂T  B 2Cx 3Dx2 
= (T0 − Ti )  + 2 + 3  (252)
∂x δ δ δ 

∂ 2T  2C 6 Dx 
= (T0 − Ti )  2 + 3  (253)
∂x δ δ 
2

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (250) obtém-se:

 ∂ 2T   2C 6 D 0 
 2  = (T0 − Ti )  2 + 3  = 0  C = 0 (254)
 ∂x  x=0 δ δ 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (247) obtém-se:

 0 0 
3

T ( 0) = Ti + (T0 − Ti )  A + B + D    = T0  A = 1 (255)
 δ  δ  

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (249) obtém-se:

 ∂T   B 3 Dδ 2 
  = (T0 − Ti )  + = 0  B = −3 D (256)
 ∂x  x = δ δ δ 3 

Aplicando a condição de contorno dada pela Eq. (248) obtém-se:

 δ δ  
3
1
T (δ ) = Ti + (T0 − Ti ) 1 − 3 D + D    = Ti  D = (257)
 δ  δ   2
412

Da Eq. (256) tem-se que B = − 3 2 e substituindo os coeficientes A, B, C e D na


Eq. (251) e rearranjando obtém-se:

 3 x 1  x 3 
T ( x) = Ti + (T0 − Ti ) 1 − +    (258)
 2 δ 2  δ  

A derivada da Eq. (258) com relação a x é escrita como:

∂T  3 3x 2 
= (T0 − Ti ) − + 3 (259)
∂x  2δ 2δ 

O terceiro passo consiste em substituir as Eqs. (258-259) na Eq. (245), ou seja:

1  d δ   3 x 1  x 3     3 δ 1  δ 3   dδ 
α  dt 0  i
 T + (T − T )
i  1 − +    dx −  i
T + (T − Ti 1 −
) +     =
0

 2 δ 2  δ  
 

0

 2 δ 2  δ    dt 
 

 3 3δ 2   3 3.02 
(T0 − Ti ) − + 3  − (T0 − Ti ) − + 3  (260)
 2δ 2δ   2δ 2δ 

Rearranjando a Eq. (260) obtém-se:

1  d δ   3 x 1  x 3   dδ  3
α  dt 0  i
 T + (T − T )
i  1 − +    dx − T = (T0 − Ti ) (261)
0

 2 δ 2  δ  

i
dt  2δ

Resolvendo a integral da Eq. (261) e rearranjando obtém-se:

1 d  δ 3 2 δ 1 4 δ dδ  3
 T0 [ x]0 − (T0 − Ti ) [ x ]0 + (T0 − Ti ) 3 [ x ]0  − Ti = (T0 − Ti ) (262)
α  dt  4δ 8δ  dt  2δ

Substituindo os limites de integração, rearranjando, simplificando o termo


(T0 − Ti ) e separando variáveis obtém-se:
413

2δd δ = 8α dt (263)

A Eq. (263) pode ser integrada de δ = 0 em t = 0 à δ em t , ou seja:

δ (t ) t
δ 2δdδ =  8αdt (264)
=0 t =0

Resolvendo a Eq. (264) obtém-se:

δ (t ) = 8αt (265)

O último passo consiste em substituir a Eq. (265) na Eq. (258), fornecendo o


seguinte resultado para a distribuição de temperaturas transiente adimensional:

3
T ( x, t ) − Ti 3 x 1 x 
=1− +   (266)
T0 − Ti 2 8αt 2  8αt 

O fluxo de calor na superfície da parede pode ser determinado utilizando a lei de


Fourier em conjunto com a Eq. (259) e o resultado da Eq. (265), ou seja:

 ∂T    3 3.0 2   3k (T0 − Ti )
q s" (t ) = − k   = − k (T0 − Ti )  − + 3 
= (267)
 ∂x  x = 0   2 8α t 2 8α t   4 2α t

Deve ser notado que a Eq. (267) fornece um resultado apenas 6 % abaixo daquele
calculado pela solução exata, Eq. (238) obtida pelo método da similaridade. Além disso,
esse problema também poderia ter sido resolvido utilizando a condição de contorno

1  ∂T   ∂ 2T 
  =  2  (268)
α  ∂t  x = δ  ∂x  x =δ
=0

ao invés da condição de contorno dada pela Eq. (250). Nessa condição pode ser mostrado
que os resultados obtidos têm a seguinte forma:
414

δ (t ) = 24α t (269)

3
T ( x, t ) − Ti  x 
= 1 −  (270)
T0 − Ti  24αt 

3k (T0 − Ti )
q s" (t ) = (271)
6α t

A Eq. (271) fornece um resultado 8,5 % acima daquele calculado pela solução
exata, Eq. (238) obtida pelo método da similaridade. Isso deixa claro que embora o
método integral seja de fácil aplicação, a precisão dos resultados depende do perfil de
temperaturas assumido e da escolha das condições de contorno a serem satisfeitas.
415

6-EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1) Uma barra retangular com seção transversal L × H está em repouso à temperatura


uniforme Ti . No instante t > 0 a barra começa a deslizar sobre uma superfície inclinada

com velocidade constante V. A pressão e o coeficiente de atrito na interface são P e µ ,


respectivamente. Na face superior, a barra troca calor por convecção com as vizinhanças.
O coeficiente de transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ . As outras duas
superfícies estão isoladas. Assuma que o número de Biot é maior que a unidade e despreze
a transferência de calor na direção normal ao plano L × H . Determine a distribuição de
temperaturas transiente na barra.

2) Uma placa com espessura L1 está inicialmente à temperatura T1. Uma segunda placa
de mesmo material com espessura L2 está inicialmente à temperatura T2 . Em t > 0 as
duas placas são unidas com um contato perfeito na interface. Simultaneamente, a
superfície de uma das placas é aquecida com um fluxo de calor uniforme qo" e a superfície

oposta começa a trocar calor por convecção com o ambiente. O coeficiente de


transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ . Determine a distribuição de
temperaturas unidimensional transiente nas duas placas.
416

3) Um duto com raio interno ri , raio externo ro e comprimento L está inicialmente à

temperatura uniforme Ti . Em t > 0 uma extremidade está mantida a To enquanto a outra


extremidade está isolada. Simultaneamente, o duto começa a trocar calor por convecção
ao longo de suas superfícies interna e externa. Os coeficientes de transferência de calor
interno e externo são hi e ho , respectivamente. A temperatura ambiente interna e externa

é T∞ . Desprezando a variação de temperatura na direção r, determine a distribuição de


temperaturas unidimensional transiente no duto.

4) Um cabo elétrico com raio ro e comprimento L está inicialmente à temperatura

uniforme Ti . Em t > 0 corrente elétrica começa a passar através do cabo resultando em

uma taxa de geração volumétrica uniforme qɺ. As duas extremidades do cabo são mantidas
à temperatura inicial Ti . O cabo troca calor por convecção com o ambiente. O coeficiente

de transferência de calor é h e a temperatura ambiente é T∞ . Desprezando variação de


temperaturas na direção r, determine a distribuição de temperaturas unidimensional
transiente no cabo. Qual a temperatura em regime permanente na metade do comprimento
do cabo?

5) Considere um cilindro sólido longo com raio ro que está inicialmente à temperatura

uniforme Ti . Em t > 0 corrente elétrica começa a passar através do cilindro resultando

em uma taxa de geração volumétrica uniforme qɺ. A superfície cilíndrica está mantida à
417

temperatura inicial Ti . Determine a distribuição de temperaturas unidimensional

transiente no cilindro.

6) Um cilindro oco com raio externo ro e raio interno ri está inicialmente à temperatura

uniforme T1. Um segundo cilindro maciço com raio ri é do mesmo material do primeiro

e está inicialmente à temperatura uniforme T2 . Em t > 0 o cilindro sólido é forçado a


passar no interior do cilindro oco resultando em um contato térmico perfeito. A superfície
externa do cilindro oco é mantida à temperatura T1. Determine a distribuição de
temperaturas unidimensional transiente nos dois cilindros.

7) Uma esfera com raio ro está inicialmente a uma temperatura Ti = f (r ). Em t > 0 a

superfície está mantida a uma temperatura uniforme To . Determine a distribuição de

temperaturas unidimensional transiente na esfera.

8) Uma carne para assar a temperatura inicial uniforme Ti é colocada em um forno à

temperatura T∞ . A carne é assada por convecção e radiação. O coeficiente de


transferência de calor é h. Modelo a carne como uma esfera com raio ro e assuma que o

fluxo de radiação é constante e igual a qo" . Qual o tempo necessário para que a temperatura

do centro da carne atinja a temperatura de cozimento especificada To ?


418

9) A superfície de uma placa semi-infinita que está inicialmente à temperatura uniforme


Ti é subitamente aquecida por um fluxo de calor dependente do tempo na forma

qo" = C t , onde C é uma constante. Use o método da similaridade para determinar a

distribuição de temperaturas unidimensional transiente na placa.

10) Duas barras longas, 1 e 2, estão inicialmente à temperaturas uniformes T01 e T02 ,

respectivamente. As duas barras são colocadas em contato perfeito em suas extremidades


e permitidas trocar calor por condução entre si. Assumindo que as barras estão isoladas
ao longo de suas superfícies, determine:
a) A distribuição de temperaturas unidimensional transiente nas duas barras e
b) A temperatura da interface.

11) Resolva novamente o EXEMPLO 5 para o seguinte perfil de temperaturas:

2 3 4
T ( x ) − Ti x x x x
= A + B + C   + D  + E  
T0 − Ti δ δ  δ  δ 

Determine também o fluxo de calor superficial e o erro no fluxo de calor quando


comparado com a solução exata obtida pelo método da similaridade.
419

APÊNDICE – MATEMÁTICA APLICADA

1-EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE SEGUNDA ORDEM


LINEARES E HOMOGÊNEAS COM COEFICIENTES CONSTANTES

Começamos considerando o caso especial da equação diferencial de segunda


ordem homogênea:

ay"+ by '+ cy = 0 (1)

Inicialmente deve-se escrever a chamada equação auxiliar ou equação


característica da Eq. (1), que possui a seguinte forma:

am 2 + bm + c = 0 (2)

Consideramos três casos, a saber: as soluções para a equação auxiliar


correspondem a raízes reais distintas, raízes reais iguais e raízes complexas conjugadas.

CASO I (RAÍZES REAIS DISTINTAS) – Com a hipótese de que a Eq. (2)


possui duas raízes reais distintas m1 e m2 , a solução geral para a Eq. (1) é:

y H ( x ) = C1e m1 x + C2e m2 x (3)

CASO II (RAÍZES REAIS IGUAIS) – Com a hipótese de que a Eq. (2) possui
duas raízes reais iguais m1 = m2 = m, a solução geral para a Eq. (1) é:

yH ( x ) = C1e mx + C2 xe mx (4)
420

CASO III (RAÍZES COMPLEXAS CONJUGADAS) – Com a hipótese de que a


Eq. (2) possui duas raízes reais complexas na forma m1 = α + iβ e m2 = α − iβ em que

α e β > 0 são reais e i 2 = −1, a solução geral para a Eq. (1) é:

yH ( x ) = eαx (C1 cos β x + C2 sin β x ) (5)

2-EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE SEGUNDA ORDEM


LINEARES E NÃO-HOMOGÊNEAS COM COEFICIENTES CONSTANTES

Começamos considerando o caso especial da equação diferencial de segunda


ordem não-homogênea:

ay"+by'+cy = q( x ) (6)

2.1-SOLUÇÃO GERAL PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES


INDETERMINADOS

A solução geral de uma equação diferencial ordinária de segunda ordem não-


homogênea com coeficientes constantes tem a seguinte forma:

y (x ) = yH (x ) + yP ( x ) (7)

onde yH ( x ) é a solução da equação homogênea ay"+by '+ c = 0 conforme mostrado no

item anterior e yP ( x ) é uma solução particular da equação não-homogênea. A função

yH ( x ) é calculada pelo método da equação característica enquanto a função yP ( x )


depende da forma de q (x ). Embora o método dos coeficientes indeterminados
apresentado nesta seção não se limite a equações de segunda ordem, ele se limita a
equação lineares não-homogêneas com as seguintes características:
1)Que têm coeficientes constantes, e
2)Em que q ( x ) é uma constante C, uma função polinomial, uma função

exponencial eαx , sin β x, cos β x, ou somas e produtos dessas funções.


421

No método dos coeficientes indeterminados, os coeficientes da solução


particular são determinados após inserirmos yP ( x ) e suas derivadas na equação
diferencial. Conforme mencionado anteriormente, esse método dá bons resultados
quando q ( x ) é uma função contínua (tipicamente uma função polinomial, exponencial,
seno ou cosseno ou combinação destas funções). Para funções descontínuas ou mais
complexas, outro método, mais geral, chamado de método da variação dos parâmetros é
mais recomendado e será descrito no próximo item. Assim, a solução de uma equação
diferencial ordinária linear de segunda ordem, com coeficientes constantes, pelo método
dos coeficientes indeterminados tem as seguintes etapas:
1)Cálculo de yH ( x ), a solução da equação homogênea, pelo método da equação
característica,
2)Cálculo de uma solução particular yP ( x ) da equação não-homogênea, sendo

que tal solução particular tem sua forma induzida pela função q ( x ) e

3)A solução geral da equação é y( x ) = yH ( x ) + yP ( x ).

Na Tab. (1) ilustramos alguns exemplos específicos de q ( x ) juntamente com a


forma correspondente da solução particular:

Tabela 1 – Tentativas para soluções particulares.


q(x ) Forma de yP ( x )
1 (qualquer constante) A
5x + 7 Ax + B
3x 2 − 2 Ax 2 + Bx + C
x3 − x + 1 Ax 3 + Bx 2 + Cx + D
sin 4 x A cos 4 x + B sin 4 x
cos 4 x A cos 4 x + B sin 4 x
e5 x Ae 5 x
(9 x − 2)e5 x ( Ax + B )e5 x
x 2e5 x (Ax 2
)
+ Bx + C e5 x
e 3 x sin 4 x Ae3 x cos 4 x + Be3 x sin 4 x
5 x 2 sin 4 x (Ax 2
) ( )
+ Bx + C cos 4 x + Dx 2 + Ex + F sin 4 x
xe3 x cos 4 x ( Ax + B )e3 x cos 4 x + (Cx + D )e3 x sin 4 x
422

2.2-SOLUÇÃO GERAL PELO MÉTODO DA VARIAÇÃO DOS


PARÂMETROS

O método da variação dos parâmetros, apesar de mais complexo, tem uma


vantagem sobre o método dos coeficientes indeterminados. Ele sempre produz uma
solução particular yP (x ), desde que a equação homogênea associada possa ser

resolvida. O presente método não se limita a uma função q ( x ) que seja combinação
linear dos tipos de funções listadas na Tab. (1). Ainda, o método da variação dos
parâmetros se aplica a equações diferenciais com coeficientes variáveis. Segue abaixo
um roteiro de cálculo para a aplicação do método:

1)Escrever a equação diferencial ay"+by'+cy = q( x ) na forma

y"+ Py'+Qy = f (x ), ou seja, dividir todos os termos da primeira por a de tal maneira
que a última apresente o coeficiente de y" unitário,

2)Para a equação diferencial y"+ Py'+Qy = f (x ), utilizar a equação


característica para calcular a solução geral da equação diferencial y"+ Py '+Qy = 0 na

forma y( x ) = C1 y1 + C2 y2 , onde a forma de y1 e y2 é função de ser o CASO I, II ou III,

3)Após a identificação de y1 e y2 calcular o Wronskiano W de y1 e y2 na


forma:

y1 y2
W ( y1 , y 2 ) = = y1 y 2' − y 2 y1' (8)
y1' y 2'

4)Calcular os Wronskiano W1 e W 2 na seguinte forma:

0 y2
W1 (0, y 2 ) = = − y 2 f (x ) (9)
f ( x ) y 2'

y1 0
W2 ( y1 ,0 ) = = y1 f ( x ) (10)
y1' f (x )
423

5)Calcular u1' e u 2' através das seguintes expressões:

W1 (0, y2 ) − y2 f (x )
u1' = = (11)
W ( y1 , y2 ) y1 y2' − y2 y1'

W2 ( y1 ,0) y1 f ( x )
u 2' = = (12)
W ( y1 , y2 ) y1 y2' − y2 y1'

6)Integrar u1' e u 2' para a obtenção de u1 e u 2 , ou seja:

u1 =  u1' dx (13)

u 2 =  u 2' dx (14)

7)Compor a solução particular na forma y p ( x ) = u1 y1 + u2 y2 e

8)A solução final da equação diferencial é então y( x ) = yH ( x ) + yP ( x ).

3-EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE BESSEL E FUNÇÕES DE BESSEL

3.1-FORMA GERAL DAS EQUAÇÕES DE BESSEL

Uma classe de equações diferenciais ordinárias com coeficientes variáveis é


conhecida como equações diferenciais de Bessel. Tais equações são encontradas em
aletas com área de seção transversal variável, problemas de condução multidimensional
e geração de energia dependente da temperatura. Uma forma geral dessas equações
diferenciais é dada por:

d2y dy
x2 2
+ [(1 − 2 A) x − 2 Bx 2 ] + [C 2 D 2 x 2C + B 2 x 2 − B (1 − 2 A) x + A 2 − C 2 n 2 ] y = 0 (15)
dx dx
424

Examinando a equação diferencial acima nota-se o seguinte:


1)Ela é uma equação diferencial de segunda ordem linear com coeficientes
variáveis. Ou seja, os coeficientes da variável dependente y e de suas derivadas são
funções da variável independente x,
2)A, B, C, D e n são constantes. Seus valores variam dependendo da equação sob
consideração. Assim, a equação acima representa uma classe de várias equações
diferenciais de Bessel,
3)n é chamada de ordem da função de Bessel e
4)D pode ser real ou imaginário.

3.2-SOLUÇÕES: FUNÇÕES DE BESSEL

A solução geral da equação acima pode ser obtida na forma de séries de


potências infinitas. Como a equação diferencial de Bessel é de segunda ordem, são
necessárias duas soluções linearmente independentes. A forma da solução depende das
constantes n e D. Existem quatro combinações possíveis:

CASO 1) n é zero ou inteiro positivo, D é real. A solução é:

y ( x) = x A exp(Bx)[C1 J n ( Dx C ) + C2Yn ( Dx C )] (16)

( )
onde C1 e C2 são constantes de integração, J n Dx C é a função de Bessel de primeira

espécie de ordem n de argumento DxC e Y (Dx ) é a função de Bessel de segunda


n
C

espécie de ordem n de argumento DxC .

CASO 2) n não é zero nem inteiro positivo, D é real. A solução é:

y( x) = x A exp(Bx)[C1 J n ( DxC ) + C2 J −n ( DxC )] (17)

CASO 3) n é zero ou inteiro positivo, D é imaginário. A solução é:


425

y( x) = x A exp(Bx)[C1 I n ( pxC ) + C2 K n ( px C )] (18)

( )
onde p = D i, onde i é imaginário e i = − 1, I n pxC é a função de Bessel modificada

( )
de primeira espécie de ordem n de argumento px C e K n pxC é a função de Bessel

modificada de segunda espécie de ordem n de argumento pxC .

CASO 4) n não é zero nem inteiro positivo, D é imaginário. A solução é:

y( x) = x A exp(Bx)[C1 I n ( pxC ) + C2 I −n ( px C )] (19)

3.3-FORMAS DAS FUNÇÕES DE BESSEL

As expressões matemáticas que dão origem às funções de Bessel podem ser


vistas abaixo nas Eqs. (20-23):


J n (x ) = 
(− 1)m (x 2)2 m+n (20)
m =0 m! Γ (m + 1 + n )

 J n (x ) cos(nπ ) − J −n ( x )
n ≠ 0,1,2,...
 sin (nπ )
Yn ( x ) =  (21)
J m ( x ) cos(mπ ) − J −m (x )
lim n = 0,1,2,...
 m→n sin (mπ )


I n (x ) = 
(x 2 )n+2 m (22)
m = 0 m! Γ (n + m + 1)

 π
 2 sin (nπ ) [I − n ( x ) − I n ( x )] n ≠ 0,1,2,...
K n (x ) =  (23)
π
lim [I (x ) − I m (x )] n = 0,1,2,...
 m→n 2 sin (mπ ) −m
426

onde Γ é a função gama, que será definida posteriormente. O comportamento gráfico


das Eqs. (20-23) pode ser visualizado nas Figs. (1-4), ou seja:
1
J0(x)
J1(x)
Jn(x) (Função de Bessel de 1ª espécie)

J2(x)

0.5

-0.5
0 2 4 6 8 10 12
x

Figura 1 – Comportamento da função J n ( x ).

0.6
Y 0(x)
0.4 Y 1(x)
Yn(x) (Função de Bessel de 2ª espécie)

Y 2(x)
0.2

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
0 2 4 6 8 10 12
x

Figura 2 – Comportamento da função Yn ( x ).


427

30
I0(x)
In(x) (Função de Bessel modificada de 1ª espécie)

I1(x)
25
I2(x)

20

15

10

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
x

Figura 3 – Comportamento da função I n ( x ).

2
K0(x)
Kn(x) (Função de Bessel modificada de 2ª espécie)

1.8
K1(x)
1.6 K2(x)

1.4

1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
x

Figura 4 – Comportamento da função K n (x ).


428

Observando o comportamento das curvas das Figs. (1-4) notam-se diversas


tendências assintóticas, que são de grande auxílio na solução de problemas de condução
térmica, especialmente na aplicação das condições de contorno. Por exemplo, da Fig.
(1), tem-se que J 0 (0 ) = 1 e J 0 (∞ ) = 0. Entretanto, para ordens superiores, J n (0 ) = 0 e

J n (∞ ) = 0. Outras tendências também podem ser verificadas para os gráficos das

funções de Bessel Yn ( x ), I n ( x ) e K n (x ). Um resumo desses resultados podem ser vistos

na Tab. (2), que fornece valores práticos de funções de Bessel para alguns pontos de
interesse:

Tabela 2 – Valores práticos das funções de Bessel.


x J 0 (x ) J n (x ) I 0 (x ) I n (x ) Yn (x ) K n (x)

0 1 0 1 0 −∞ ∞
∞ 0 0 ∞ ∞ 0 0

3.4-FORMAS ESPECIAIS FECHADAS DAS FUNÇÕES DE BESSEL

São casos especiais onde a ordem n tem a forma:

inteiro não múltiplo de 2


n= (24)
2

Nesse caso, as funções J1 2 (x ) e J −1 2 (x ) podem ser representadas como:

2
J1 2 ( x ) = sin x (25)
πx

2
J −1 2 (x ) = cos x (26)
πx

Funções de Bessel de ordem 3 / 2, 5 / 2, 7 / 2,..., são determinadas a partir das


Eqs. (25-26) e a partir da seguinte fórmula de recorrência:
429

2k − 1
J k +1 2 ( x ) = J k −1 2 ( x ) − J k − 3 2 ( x ) k = 1,2,3,... (27)
x

De maneira similar, funções de Bessel modificadas para n = 1 2 tem as


seguintes formas:

2
I1 2 ( x ) = sinh x (28)
πx

2
I −1 2 ( x ) = cosh x (29)
πx

Funções de Bessel modificadas de ordem 3 / 2, 5 / 2, 7 / 2,..., são determinadas a


partir das Eqs. (28-29) e a partir da seguinte fórmula de recorrência:

2k − 1
I k +1 2 ( x ) = − I k −1 2 ( x ) + I k −3 2 ( x ) k = 1,2,3,... (30)
x

3.5-RELAÇÕES ESPECIAIS PARA n = 1,2,3,...

J − n (x ) = (− 1) J n (x )
n
(31)

Y− n ( x ) = (− 1) Yn ( x )
n
(32)

I − n (x ) = I n (x ) (33)

K − n (x ) = K n (x ) (34)

3.6-DERIVADAS E INTEGRAIS DE FUNÇÕES DE BESSEL


430

Nas próximas expressões, o símbolo Zn representa uma função de Bessel de

ordem n.
 mx n Z n −1 (mx ) Z = J ,Y , I
d n
[
x Z n (mx ) =  ] (35)
− mx Z n −1 (mx ) Z=K
n
dx

 − mx − n Z n +1 (mx ) Z = J ,Y , K
[
x Z n (mx ) = 
d −n
] (36)
 mx Z n +1 (mx ) Z =I
−n
dx


 mZ n−1 (mx ) − x Z n (mx )
n
Z = J ,Y , I
d
[Z n (mx )] =  (37)
dx − mZ n−1 (mx ) − Z n (mx )
n Z=K
 x


− mZ n+1 (mx ) + x Z n (mx )
n
Z = J ,Y , K
d
[Z n (mx )] =  (38)
dx  mZ n+1 (mx ) + Z n (mx )
n Z=I
 x

1
 x Z (mx)dx =  m  x Z (mx) Z = J ,Y , I (39)
n n
n −1 n

1
x
−n
Z n +1 (mx)dx = −  x − n Z n (mx) Z = J ,Y , K (40)
m

3.7-INTEGRAIS NORMALIZADAS DE BESSEL

A aplicação da ortogonalidade leva a integrais envolvendo as funções


características de um problema. Uma integral comum que surge quando as funções
características são funções de Bessel tem a seguinte forma:

r0
N m =  rJ n2 (λn r )dr (41)
0
431

onde N m é chamada de integral de normalização. O valor dessa integral depende da

forma das condições de contorno homogêneas que levam a equação característica. A


Tab. (3) fornece N m para cilindros sólidos, correspondente às três condições de

contorno em r = ro , dadas pelas Eqs. (18-20) do Capítulo 5. O número de Biot da Tab.

(3) é definido como Bi = hro k .

Tabela 3 – Integrais normalizadas para cilindros sólidos.


Condição de contorno em ro r0
N m =  rJ n2 (λn r )dr
0

J n (λn ro ) = 0 ro2  dJ n (λn ro ) 


2

2λ2n  dr 

dJ n (λn ro ) 1
=0 [(λn ro ) 2 − n 2 ]J n2 (λn ro )
dr 2λn2

dJ n (λn ro ) 1
−k = hJ n (λn ro ) [( Bi) 2 + (λn ro ) 2 − n 2 ]J n2 (λn ro )
dr 2λ2n

4-ORTOGONALIDADE E FUNÇÕES ORTOGONAIS

A definição de ortogonalidade é a seguinte: considere duas sequências de


funções φm ( x ) e φ n ( x ), onde m = 1,2,3,...,n = 1,2,3,.... Se:

= 0 m≠n
 φ (x )φ (x )w(x )dx
b
 (42)
≠ 0 m=n
m n
a

então as funções φm ( x ) e φ n (x ) são ortogonais na região [a, b ] com relação a uma

função peso w( x ). Vale a pena mencionar que a função seno, a função cosseno, funções
de Bessel de primeira espécie e funções de Bessel de segunda espécie são ortogonais
sob certas condições. Essa condição é que ambas as condições de contorno nos limites
do intervalo de integração [a, b ] na Eq. (42) precisam ser homogêneas da forma
mostrada mais à frente nas Eqs. (44-45). Por outro lado, exponenciais, senos e cossenos
432

hiperbólicos e funções modificadas de Bessel de primeira e segunda espécies não são


ortogonais.
Para mostrar que a propriedade da ortogonalidade depende da homogeneidade
das condições de contorno na direção na qual a integração da Eq. (42) é realizada, será
apresentado o seguinte teorema.
Teorema. Considere a equação diferencial:

d 

dx 
dφ 
[ ]
p(x )  + q(x ) + λ2 w(x ) φ = 0
dx 
(43)

onde p(x ), q ( x ) e w(x ) são contínuas no intervalo a ≤ x ≤ b. Se λ1 , λ2 , λ3 ,... são

valores distintos do parâmetro λ na qual soluções não triviais da Eq. (43), φ1 , φ2 ,


φ 3 , ...existem tendo derivadas contínuas e satisfazendo as condições de contorno:

 dφ 
Aφ (a ) + B  = 0 (44)
 dx  x=a

 dφ 
Cφ (b ) + D  = 0 (45)
 dx  x=b

onde A, B, C e D são constantes tais que A e B não são ambas zero e C e D não são

ambas zero, as sequências de funções φ m (x ), m = 1,2,3,... e φ n ( x ), n = 1,2,3,... são

ortogonais com relação a função peso w(x ) sobre a integral no intervalo [a, b].
Prova. Antes de começar a prova vale a pena salientar que as Eqs. (44-45) são
condições de contorno homogêneas. Fazendo referência à condução de calor elas são
condições de contorno convectivas do tipo ± hφ ± k (dφ dx ) = 0. No caso especial onde

A = 0 ou C = 0, essas condições de contorno tornam-se condições de contorno de

isolamento ou simetria (dφ dx = 0 ). De maneira similar, se B = 0 ou D = 0, as Eqs.

(44-45) tornam-se condições de contorno de temperatura zero (φ = 0). Tendo dito isso,
vamos assumir que φm e φn são duas soluções distintas da Eq. (43) correspondendo a

valores distintos λ m e λn do parâmetro λ . Portanto, eles satisfazem a Eq. (43), ou seja:


433

d  dφm 
p  + q + λm w φm = 0
dx  dx 
2
( ) (46)

d  dφn 
p
dx  dx 
2
(
 + q + λn w φ n = 0 ) (47)

Multiplicando a Eq. (46) por φ n , a Eq. (47) por φm e subtraindo as equações

resultantes obtém-se:

d  dφn  d  dφ 
(λ2
m )
− λ2n wφmφn = φm p  − φn  p m 
dx  dx  dx  dx 
(48)

Adicionando e subtraindo a expressão p (dφn dx )(dφm dx ) no lado direito da Eq.

(48), obtêm-se:

d   dφn dφ 
(λ2
m )
− λ2n pφmφn =  p φ m
dx   dx
− φn m  
dx 
(49)

Integrando ambos os lados da Eq. (49) de x = a a x = b resulta em:

b
  dφ dφ 
(λ2
m −λ 2
n ) b
wφmφn dx =  p φm n − φn m 
a
  dx dx  a

  dφ   dφ     dφ   dφ  
= p (b )φm (b ) n  − φn (b ) m   − p (a )φm (a ) n  − φn (a ) m   (50)
  dx  x=b  dx  x=b    dx  x =a  dx  x =a 

Para continuar, vamos considerar a condição de contorno dada pela Eq. (45), a
qual é satisfeita por ambos φm e φ n :

 dφ 
Cφm (b ) + D m  = 0 (51)
 dx  x=b
434

 dφ 
Cφn (b ) + D n  = 0 (52)
 dx  x=b

Multiplicando a Eq. (51) por φ n , a Eq. (52) por φm e subtraindo as equações


resultantes obtém-se:

 dφn   dφ 
φm (b )  − φn (b ) m  = 0 (53)
 dx  x=b  dx  x=b

A Eq. (53) prova que o primeiro termo entre colchetes no lado direito da Eq.
(50) é igual à zero. Utilizando a condição de contorno dada pela Eq. (44) e fazendo um
procedimento similar, pode ser mostrado facilmente que o segundo termo entre
colchetes no lado direito da Eq. (50) também é igual à zero. De acordo com esses
resultados, obtém-se que:

(λ2
m − λ2n ) φ φ w(x)dx = 0
b

a
m n (54)

Como m ≠ n , a Eq. (54) prova que:

 φ φ w(x)dx = 0
b
m ≠ n: m n (55)
a

e o teorema da ortogonalidade está estabelecido. A Eq. (43) para p( x ) = 1, q( x ) = 0 e

w(x ) = 1, se torna uma equação diferencial de segunda ordem com coeficientes

constantes do tipo X + λ X = 0 ou Y + λ Y = 0 que aparecem frequentemente em


" 2 " 2

problemas de condução de calor. Essa equação possui solução geral em termos das
funções seno e cosseno. Claramente, então, como mostrado no teorema acima, essas
funções são ortogonais, desde que as condições de contorno sejam homogêneas da
forma mostrada nas Eqs. (44-45). Essa é a razão pela qual a separação de variáveis deve
ser realizada de tal maneira que os senos e os cossenos (função ortogonais em potencial)
apareçam na solução correspondente à direção (x ou y) com as duas condições de
contorno homogêneas.
435

Para p ( x ) = x, q( x ) = x e w( x ) = − n 2 x pode ser facilmente mostrado que a Eq.


(43) se torna a equação de Bessel:

(λx )2 d 2θ
d (λx )
2
+ (λx )

d (λx )
[ ]
+ (λx ) − n 2 θ = 0
2
(56)

que tem uma solução geral em termos de funções de Bessel de ordem n e argumento
(λx ). Por isso, como mostrado no teorema acima, a separação de variáveis em
coordenadas cilíndricas deve ser realizada tal que se ambas as condições de contorno na
direção radial são homogêneas da forma mostrada nas Eqs. (44-45), a solução da
equação na direção radial é em termos de funções de Bessel. Essas funções,
acompanhadas por condições de contorno homogêneas, possuem a propriedade da
ortogonalidade.
Por outro lado, se a direção com duas condições de contorno homogêneas é a
direção radial em um problema de condução de calor em coordenadas cilíndricas, a
separação de variáveis deve ser realizada tal que funções ortogonais (senos e cossenos)
são obtidas nessa direção, enquanto funções modificadas de Bessel, que não são
ortogonais, são obtidas na direção radial.

5-FUNÇÃO ERRO E FUNÇÃO ERRO COMPLEMENTAR

A função erro (também conhecida como função erro de Gauss) é definida como:

2
erf ( x ) =
x 2

 e −η dη (57)
π 0

Pode ser mostrado que para baixos valores do argumento x :

2  x3 x5 x7 
erf ( x ) =  x − + − + ...  (58)
π  3.1! 5.2! 7.3! 

Além disso, as seguintes relações matemáticas podem ser úteis:


436

erf (− x ) = −erf (x ) (59)

erf (0) = 0 (60)

erf (∞ ) = 1 (61)

A primeira derivada de função erro de x com relação a x é escrita como:

2 − x2
erf ( x ) =
d
e (62)
dx π

A integral da função erro de x com relação a x é escrita como:

2
e− x
 erf (x )dx = x erf (x ) + π
(63)

A função erro complementar é definida como:

2
erfc( x ) = 1 − erf ( x ) =

(64)
2

 e −η dη
π x

Portanto, com base nas Eqs. (58), (60-61) e para baixos valores de x :

2  x3 x5 x7 
erfc(x ) = 1 −  x − + − + ... (65)
π  3.1! 5.2! 7.3! 

erfc(0) = 1 (66)

erfc(∞) = 0 (67)

Na Fig. (5) podem ser vistas as variações das funções erro e erro complementar
erf (x ) e erfc(x ) na forma gráfica.
437

6-FUNÇÃO GAMA

A função gama é de grande importância na teoria de probabilidades, em


problemas de física, matemática e de engenharia. A função gama é definida para x > 0
como sendo:
2
erf(x)
erfc(x)
1.5

1
erf(x), erfc(x)

0.5

-0.5

-1
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
x

Figura 5 – Comportamento das funções erf (x ) e erfc(x ).


10

2
Γ (x)

-2

-4

-6

-8

-10
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
x

Figura 6 – Comportamento da função Γ (x ).


438


Γ(x ) =  k x −1e−k dk (68)
0

Já para x < 0 a função gama é definida como sendo:

Γ( x + 1)
Γ( x ) = (69)
x

Na Fig. (6) pode ser visto o comportamento da função gama Γ( x ) na forma


gráfica.

7-FUNÇÃO INTEGRAL EXPONENCIAL

A definição da função integral exponencial é:

∞ e− x
Ei( x ) =  dx (70)
x x

Para pequenos valores de x a função integral exponencial pode ser aproximada


por:

 x x2 x3 
Ei( x ) = −γ − ln( x ) +  − + − ...  (71)
 1 ⋅1! 2 ⋅ 2! 3 ⋅ 3" 

onde γ = 0,5772... é a constante de Euler. Além disso, a seguintes relações matemáticas


podem ser úteis:

Ei( x) = −Ei(− x) (72)

Ei(∞) = 0 (73)

Ei(0) = ∞ (74)
439

Na Fig. (7) pode ser visto o comportamento da função gama Ei ( x ) na forma

gráfica:

Figura 7 – Comportamento da função Ei ( x ) .

8-EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE LEGENDRE

A equação diferencial ordinária:

d2y dy
(1 − x ) 2 − 2 x
2
+ n ( n + 1) y = 0 (75)
dx dx

é conhecida como equação diferencial de Legendre, com n sendo chamado de grau. A


solução geral da Eq. (75) é escrita como:

y = C1 Pn ( x ) + C 2 Q n ( x ) (76)

onde as funções Pn (x) são chamadas de polinômios de Legendre de primeira espécie e

as funções Qn (x) são chamadas de polinômios de Legendre de segunda espécie.


440

Os polinômios Pn (x) e Qn (x) são dados pelas seguintes expressões:

1 dn 2
Pn ( x) = ( x − 1) n (77)
2 n! dx
n n

Se n é um número par e x < 1 :

(−1) n 2 2 n [(n 2)!]2  (n − 1)(n + 2) 3 (n − 1)(n − 3)(n + 2)(n + 4) 5 


Qn ( x) = x − x + x − ... (78)
n!  3! 5! 

Se n é um número ímpar e x < 1 :

(−1) ( n +1) 2 (2 n −1 ){([(n − 1) 2]!) 2 }  n( n + 1) 2 n(n − 2)(n + 1)(m + 3) 4 


Qn ( x) = 1− x + x − ... (79)
1⋅ 3 ⋅ 5 ⋅ ⋅ ⋅ n  2! 4! 

De particular interesse na solução de problemas de condução é a propriedade da


ortogonalidade dos polinômios de Legendre Pn ( x) na região − 1 < x < 1 com uma

função peso unitária, ou seja:

1  0 se m ≠ n
−1 Pm ( x) Pn ( x)dx =  2
se m = n
(80)
 2n + 1

Além disso, as seguintes expressões são usualmente utilizadas:

Qn (x = ±1) → ∞ (81)

2n + 1 n
Pn +1 ( x) = xPn ( x) − Pn −1 ( x) (82)
n +1 n +1

d d
[ Pn +1 ( x)] − [ Pn −1 ( x)] = 2(n + 1) Pn ( x) (83)
dx dx
441

1 Pn −1 (0) − Pn +1 (0)
 P ( x)dx =
0
n
2n + 1
(84)

Nas Figs. (8-9) podem ser visualizados os comportamentos dos polinômios


Pn (x) e Qn (x), respectivamente:

Figura 8 – Comportamento do polinômio Pn (x).

Figura 9 – Comportamento do polinômio Qn (x).


442

A equação diferencial ordinária:

d2y dy  m2 
(1 − x 2 ) − 2 x +  n ( n + 1) − y = 0 (85)
dx 2 dx  1− x2 

é chamada de equação diferencial associada de Legendre. Note que para m = 0 a Eq.


(85) se reduz a Eq. (75). A solução geral da Eq. (85) é escrita como:

y = C1 Pnm ( x ) + C 2 Q nm ( x ) (86)

onde as funções Pnm (x ) são chamadas de polinômios associados de Legendre de

primeira espécie e as funções Qnm (x) são chamadas de polinômios associados de

Legendre de segunda espécie.


As funções Pnm (x) e Qnm (x) são dadas pelas seguintes expressões:

dm
Pnm ( x) = (1 − x 2 ) m 2 [ Pn ( x)] (87)
dx m

dm
Qnm ( x) = (1 − x 2 ) m 2 [Qn ( x)] (88)
dx m

De particular interesse na solução de problemas de condução é a propriedades da


ortogonalidade dos polinômios associados de Legendre Pnm (x) na região − 1 < x < 1

com uma função peso unitária, ou seja:

0 se n ≠ k
1  2 (n + m)!
−1 P ( x) P ( x)dx =  (89)
m m
n k se m = n
 2n + 1 (n − m)!

Além disso, as seguintes expressões são usualmente utilizadas:

Pnm ( x) = 0 para m > n (90)


443

Qnm (x ± 1) → ∞ (91)

Nas Figs. (10-13) podem ser visualizados os comportamentos dos polinômios


Pn1 ( x), Pn2 ( x ), Qn1 ( x) e Qn2 ( x ), respectivamente:

Figura 10 – Comportamento dos polinômios Pn1 ( x).

Figura 11 – Comportamento dos polinômios Pn2 ( x).


444

Figura 12 – Comportamento dos polinômios Qn1 ( x).

Figura 13 – Comportamento dos polinômios Qn2 ( x).

Mais informações sobre a equação diferencial de Legendre, sobre os polinômios


de Legendre e também sobre os polinômios associados de Legendre podem ser
encontradas em literatura especializada.

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