Sunteți pe pagina 1din 77

E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

1
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

Conteúdo
Conteúdo ....................................................................................................................................................................... 2
1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................................... 3
2. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................... 4
3. EFEITOS DO STATUS DE DIREITO FUNDAMENTAL ................................................................................. 4
4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO ............................................................................. 5
5. DESTINATÁRIO FINAL..................................................................................................................................... 9
6. PESSOA JURÍDICA CONSUMIDORA ............................................................................................................ 11
7. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO ....................................................................................................... 12
8. VÍTIMAS DO EVENTO DANOSO (art. 17) ..................................................................................................... 12
9. EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS (art. 29)....................................................................................... 14
10. VULNERABILIDADE X HIPOSSUFICIÊNCIA ......................................................................................... 14
11. PRODUTO E SERVIÇO ................................................................................................................................ 15
12. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................................... 18
13. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM.................................................................................................. 22
14. SUPRESSIO ................................................................................................................................................... 22
15. TU QUOQUE ................................................................................................................................................. 23
16. DUTY TO MITIGATE THE LOSS ............................................................................................................... 23
17. “TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL” (SUBSTANCIAL PERFORMANCE) ..................... 24
18. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................................................... 26
19. DO CONTROLE DE QUALIDADE E MECANISMOS DE ATENDIMENTO PELAS PRÓPRIAS
EMPRESAS ................................................................................................................................................................ 27
19. DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................... 28
20. DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DAS PRÁTICAS ABUSIVAS ................................................................. 29
21. DO ESTUDO DAS MODIFICAÇÕES DO MERCADO .............................................................................. 29
22. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA ............................................................................................................ 29
23. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR .................................................................................................. 29
24. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA............................................................................................................. 35
25. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – CLÁUSULA DE ABERTURA – ART. 7º ........................... 37
26. DIÁLOGO DAS FONTES ............................................................................................................................. 37
27. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – ALGUNS APROFUNDAMENTOS .................................... 39
28. APROFUNDAMENTOS ................................................................................................................................ 60

2
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR

- Pós revolução industrial > pessoas que viviam no campo migraram para as cidades em busca de empregos.
- Insuficiência de serviços públicos > surgimento de dois grandes grupos: fornecedores (controlam os meios
de produção) e os consumidores (que, por não controlarem os bens de produção, se submetem ao poder
econômico do primeiro grupo).
- Direito privado tradicional mostrou-se ineficaz para tutelar os agentes econômicos vulneráveis: os
consumidores.
- Direito Civil tem como premissa a horizontalidade.

CIVIL > CONSUMIDOR > CIVIL CONTEMPORÂNEO


1972 realizou-se, em Estocolmo, a Conferência Mundial do Consumidor.
1985 – A ONU, Resolução 39/248, estabeleceu diretrizes para o direito do consumidor, reconhecendo a
necessidade de proteção desse agente econômico vulnerável, em suas relações frente aos fornecedores.
CF/88 > Direito do Consumidor = categoria de direito fundamental.
CF, Art. 5º (...): XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Art. 24, V - produção e consumo;
Art. 24 - VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
CF, Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: V - defesa do consumidor;
ADCT, Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
3
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Em 1990, editou-se o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990).
De acordo com STF e STJ, o CDC não pode ser aplicado em situações anteriores a sua vigência.
Salvo nos casos de prestações sucessivas, em que o contrato é por prazo indeterminado, a exemplo dos
contratos de plano de saúde.

O Código de Defesa do Consumidor - LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Nasce de


uma imposição constitucional. – PROTEÇÃO DOS VULNERÁVEIS.
CÓDIGO DE CONSUMO X CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
Finalidade do CDC / Direito do Consumidor
Proteger o consumidor (agente vulnerável), reduzindo a desigualdade existente entre ele e o
fornecedor na relação de consumo, com o consequente reestabelecimento do equilíbrio.
Proteção Civil, Administrativa, Penal, Processual etc.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO – EFICÁCIA HORIZONTAL DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS.

2. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR

Conjunto de regras e princípios que regula a tutela de um sujeito especial de direitos (o consumidor),
como agente privado vulnerável, nas suas relações frente a fornecedores.
- No Brasil, é a tutela do sujeito vulnerável, por isso se tutela o consumidor.
- Na França, diferentemente, tutela-se o consumo, ou seja, o objeto.
- É um direito de terceira geração/dimensão, está dentro dos direitos difusos.

3. EFEITOS DO STATUS DE DIREITO FUNDAMENTAL

Proteção como cláusula pétrea (art. 60, §4º);


Eficácia horizontal do direito fundamental – o Estado deverá garantir que os fornecedores respeitem
o direito do consumidor
4
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
CDC = NORMA DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL
CDC, art. 1º - “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias”
Normas de ordem pública ou cogentes são aquelas que, por estabelecerem valores básicos e
fundamentais de nossa ordem jurídica, transcendem o interesse das partes, prevalecendo sobre a vontade
destas.
Normas de ordem pública ou cogentes permitem a intervenção do juiz de ofício.
Por exemplo, em tese, o juiz pode inverter o ônus da prova de ofício, declarar a nulidade de cláusulas
abusivas.
NORMAS DE ORDEM PÚBLICA X “REGRAS DISPOSITIVAS”:
NORMAS DISPOSITIVAS: há uma forma básica para a relação jurídica, mas esta forma básica
pode ser alterada pelos sujeitos.
Possibilidade de derrogação.
– Ampliação da autonomia da vontade.
–CONTRATOS.
A Súmula 381 do STJ proíbe que o juiz declare de ofício as cláusulas abusivas nos contratos
bancários.
Súmula 381 STJ – Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade da cláusula.
Ano: 2018 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJ-MG Prova: Juiz de Direito Substituto
A inversão do ônus da prova, como um dos direitos básicos do consumidor, ocorrerá
a) de ofício pelo Juiz. (ERRADO SEGUNDO A BANCA);
O INTERESSE SOCIAL (...norma de ordem pública e interesse social).
Proteção de interesses individuais relativos à dignidade da pessoa humana e interesses
metaindividuais, ou seja, da coletividade. – EQUILÍBRIO SOCIAL.
Cláudia Lima Marques, em entendimento minoritário, afirma que o CDC poderá retroagir e ser
aplicado a relações que tenham ocorrido antes de sua vigência, justamente por ser considerado uma norma
de ordem pública. Como visto acima, nem o STF e nem o STJ aceitam esta tese.

4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a

5
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade (e não hipossuficiência) do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do
consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e
serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a
concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e
signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
OBS: VULNERABILIDADE = Material, Presunção Absoluta. HIPOSSUFICIÊNCIA = Processual, Análise Casuística.

OBS: HIPERVULNERABILIDADE – Min. Herman Benjamin – Resp. 931.513/RS – Doença Física ou Mental, Gravidez,
Turista, Analfabeto, Crianças, Idosos etc = Proteção Social!

RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

RJC = ELEMENTOS SUBJETIVOS + ELEMENTOS OBJETIVOS

Elementos Subjetivos = Consumidor e Fornecedor

Elementos Objetivos = PRESTAÇÃO = Produto e Serviço

6
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

Curiosidade Prévia...
- O Bürgerliches Gesetzbuch (ou BGB) é o Código civil da Alemanha.
- Em desenvolvimento desde 1881, tornou-se efetivo em 1 º de janeiro de 1900.
O BGB regula o direito de pessoas, bens, família e sucessões, mas também possui um capítulo que
contém as regras de aplicação geral que é colocado em primeiro lugar.
Parte Geral (Allgemeiner Teil), as seções de 1 a 240, compreendendo os regulamentos que têm efeito
sobre todas as outras quatro partes.

7
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

Book 1 General Part


Division 1
Persons
Title 1
Natural persons, consumers, entrepreneurs
Section 13 Consumer
A consumer means every natural person who enters into a legal transaction for a
purpose that is outside his trade, business or profession.
***Um consumidor significa toda pessoa natural que entra em uma transação legal
para um propósito que está fora de seu comércio, negócio ou profissão.
Section 14 Entrepreneur
(1) An entrepreneur means a natural or legal person or a partnership with legal
personality who or which, when entering into a legal transaction, acts in exercise of
his or its trade, business or profession.
(2) A partnership with legal personality is a partnership that has the capacity to
acquire rights and to incur liabilities.
***Um empreendedor significa uma pessoa singular ou coletiva ou uma sociedade com personalidade
jurídica que, ao entrar numa transação legal, atua no exercício da sua atividade comercial, empresarial ou
profissional.
***Uma parceria com personalidade jurídica é uma parceria que tem a capacidade de adquirir direitos e
incorrer em passivos.

8
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
CDC, Art. 2º - “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final”.
- Consumidor standard, stricto sensu ou padrão.

5. DESTINATÁRIO FINAL

1ª Corrente – MAXIMALISTA OU OBJETIVA


Consumidor é o destinatário final fático, isto é, aquele que adquire o produto ou utiliza o serviço, não
importando se eles serão utilizados no desenvolvimento de uma atividade econômica ou não. –
MINORITÁRIA.
A Teoria Maximalista amplia demais o conceito de consumidor, abrangendo pessoas que não são
vulneráveis.
2ª Corrente – FINALISTA OU SUBJETIVA
Consumidor é aquele utilizará o produto ou serviço para fins pessoais não econômicos (encerra-se o
ciclo de circulação do produto ou serviço – excluído o consumo intermediário)
- noção restrita de consumidor
- exclui o consumidor profissional
– Destinatário Fático e Econômico. – MAJORITÁRIA E ADOTADA PELO STJ.
“3ª CORRENTE” - Teoria Finalista Aprofundada/Mitigada
Em certos casos, o STJ busca abrandar o critério subjetivo aplicado pela lei desde que presente a
vulnerabilidade em concreto, que é a principal característica do consumidor.
Mesmo não sendo o destinatário final econômico.
A essência do código é o reconhecimento da vulnerabilidade (que para o consumidor intermediário
precisa ser provada em concreto).
O STJ reconhece a Teoria Finalista Mitigada.
Exemplo: taxista que celebra um contrato de financiamento com uma instituição financeira para a aquisição
de um veículo que será empregado em sua atividade profissional. Embora não seja ele o destinatário final do
produto, poderá ser considerado consumidor por ser vulnerável (fática, jurídica e tecnicamente) frente ao
fornecedor.

9
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

JULGADO!!! – INFO 510 STJ


Direito do consumidor. Consumo intermediário. Vulnerabilidade. Finalismo aprofundado. Não
ostenta a qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que não é destinatária fática ou
econômica do bem ou serviço, SALVO SE CARACTERIZADA A SUA VULNERABILIDADE
FRENTE AO FORNECEDOR. A determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita
mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera
destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa
física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim
entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o
custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado
consumidor, para fins de tutela pelo CDC, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço,
excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo.
Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação
previsto no art. 29 do CDC, tem EVOLUÍDO PARA UMA APLICAÇÃO TEMPERADA DA TEORIA
FINALISTA FRENTE ÀS PESSOAS JURÍDICAS, NUM PROCESSO QUE A DOUTRINA VEM
DENOMINANDO “FINALISMO APROFUNDADO”.
Assim, tem se admitido que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto
ou serviço possa ser equiparada à condição de consumidora, por APRESENTAR FRENTE AO
FORNECEDOR ALGUMA VULNERABILIDADE, que constitui o princípio-motor da política nacional
das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção
conferida ao consumidor.
A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade: técnica
(ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de
conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações
em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de
desigualdade frente ao fornecedor).

10
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes
sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). Além disso, a casuística
poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo.
Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e
pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso,
caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação do CDC, mitigando os rigores da teoria finalista
e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora (Precedentes citados:
REsp 1.196.951/PI, DJe 9-4-2012, e REsp 1.027.165/ES, DJe 14-6-2011. REsp 1.195.642/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 13-11-2012).
A vulnerabilidade do consumidor pessoa física é presumida, enquanto que da pessoa jurídica deve
ser comprovada no caso concreto.
As pessoas jurídicas de Direito Público podem ser consumidoras, desde que vulneráveis na relação
jurídica em concreto.
Algumas Especificidades
Enunciado n. 20, I Jornada de Direito Comercial: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor
aos contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se
de insumos para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviços.

6. PESSOA JURÍDICA CONSUMIDORA

(Vulnerabilidade em Concreto – Inversão da Presunção)


Produto ou Serviço fora da atividade econômica (não é uma regra hermética, mas é um indicativo da
vulnerabilidade).
Há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veículos que firmam seguro
empresarial visando à proteção do patrimônio desta (destinação pessoal) – ainda que com o intuito de
resguardar veículos utilizados em sua atividade comercial –, DESDE QUE O SEGURO NÃO INTEGRE OS
PRODUTOS OU SERVIÇOS OFERECIDOS POR ESTA... Situação diversa seria se o seguro empresarial
fosse contratado para cobrir riscos dos clientes, ocasião em que faria parte dos serviços prestados pela
pessoa jurídica, o que configuraria consumo intermediário, não protegido pelo CDC” - STJ.
Proprietário de imóvel e a imobiliária contratada - É possível a aplicação do CDC à relação entre
proprietário de imóvel e a imobiliária contratada por ele para administrar o bem. Isso porque o proprietário
do imóvel é, de fato, destinatário final fático e também econômico do serviço prestado. Revela-se, ainda, a
presunção da sua vulnerabilidade, seja porque o contrato firmado é de adesão, seja porque é uma atividade

11
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
complexa e especializada ou, ainda, porque os mercados se comportam de forma diferenciada e específica
em cada lugar e período.

7. CONSUMIDORES POR EQUIPARAÇÃO

COLETIVIDADE DE PESSOAS (art. 2º, p. único)


VÍTIMAS DO EVENTO DANOSO (art. 17)
EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS (art. 29)
COLETIVIDADE DE PESSOAS (art. 2º, p. único)
Art. 2º [...] Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
- Evidente foco na tutela coletiva
José Geraldo Brito Filomeno, “é a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços,
ou mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado produto ou serviço,
perspectiva essa extremamente relevante e realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o
consumo de produtos e serviços perigosos ou então nocivos, beneficiando-se, assim, abstratamente as
referidas universalidades e categorias de potenciais consumidores. Ou, então, se já provocado o dano efetivo
pelo consumo de tais produtos ou serviços, o que se pretende é conferir à universalidade ou grupo de
consumidores os devidos instrumentos jurídico-processuais para que possa obter a justa e mais completa
possível reparação dos responsáveis”.
Dispensa-se a efetiva aquisição do produto ou serviço.

8. VÍTIMAS DO EVENTO DANOSO (art. 17)

Vítimas bystanders (espectadores)


CDC, Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.
- Dispensa-se a efetiva aquisição do produto ou serviço.
- Leitura em conjunto com os arts. 12 e 14 do CDC, isto é, no caso de fato do produto e serviço.
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCURAÇÃO. DESNECESSIDADE DE
AUTENTICAÇÃO. AFASTAMENTO DA SÚMULA N. 115/STJ. CIVIL E PROCESSO CIVIL.
INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. INÉPCIA DA INICIAL.
12
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
INEXISTÊNCIA. MANUTENÇÃO DA MULTA. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. 2. Nos
termos do que dispõe o art. 17 da Lei n. 8.078/90, equipara-se à qualidade de consumidor para os efeitos
legais, àquele que, embora não tenha participado diretamente da relação de consumo, sofre as consequências
do evento danoso decorrente do defeito exterior que ultrapassa o objeto e provoca lesões, gerando risco à sua
segurança física e psíquica. 3. Caracterizada a relação de consumo, aplica-se ao caso em apreço o prazo de
prescrição de 5 (cinco) anos estabelecido no art. 27 da Lei n. 8.078/90. 4. Respondem solidariamente todos
aqueles que contribuíram para a causa do dano. (STJ - AgRg no REsp: 1000329 SC 2007/0250936-8,
Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 10/08/2010, T4 - QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 19/08/2010)
O bystander está relacionado somente à responsabilidade pelo FATO e não ao vício.
Ex: acidente de ônibus e vítima externa.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ACIDENTE AÉREO. TRANSPORTE DE MALOTES.
RELAÇÃO DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO.
VÍTIMA DO EVENTO. EQUIPARAÇÃO A CONSUMIDOR. ARTIGO 17 DO CDC. I - Resta
caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a casa das vítimas realizava serviço de
transporte de malotes para um destinatário final, ainda que pessoa jurídica, uma vez que o artigo 2º do
Código de Defesa do Consumidor não faz tal distinção, definindo como consumidor, para os fins protetivos
da lei, "... toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final".
Abrandamento do rigor técnico do critério finalista. II - Em decorrência, pela aplicação conjugada com o
artigo 17 do mesmo diploma legal, cabível, por equiparação, o enquadramento do autor, atingido em terra,
no conceito de consumidor. Logo, em tese, admissível a inversão do ônus da prova em seu favor . Recurso
especial provido. (STJ - REsp: 540235 TO 2003/0059595-9, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de
Julgamento: 07/02/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 06/03/2006 p. 372)
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPLOSÃO DE LOJA DE FOGOS DE ARTIFÍCIO.
INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNIOS. LEGITIMIDADE ATIVA DA PROCURADORIA DE
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO. VÍTIMAS DO
EVENTO. EQUIPARAÇÃO A CONSUMIDORES. II Em consonância com o artigo 17 do Código de
Defesa do Consumidor, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas que, embora não tendo participado
diretamente da relação de consumo, vem a sofrer as conseqüências do evento danoso, dada a potencial
gravidade que pode atingir o fato do produto ou do serviço, na modalidade vício de qualidade por
insegurança. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 181580 SP 1998/0050249-1, Relator: Ministro
CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 09/12/2003, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ
22/03/2004 p. 292RJADCOAS vol. 55 p. 42RSTJ vol. 180 p. 341)

13
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
9. EXPOSTOS ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS (art. 29)

CDC, Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas DETERMINÁVEIS OU NÃO, expostas às práticas nele previstas.
Os capítulos em questão dizem respeito às disposições do Código relativas às práticas comerciais
pelos fornecedores e à proteção contratual do consumidor.
Aplicável às Fases pré-contratual, de execução, e pós-contratual.
Bruno Miragem – “A extensão semântica da regra permite, em tese, que a qualquer contratante seja
possível a aplicação das normas dos artigos 30 a 54 do CDC. Todavia, a aplicação jurisprudencial da norma
é que deve concentrar-se na finalidade básica do Código, que é a proteção do vulnerável”. “Atualmente, a
aplicação do conceito de consumidor equiparado do artigo 29 permitiria converter o CDC em paradigma de
controle de todos os contratos no direito privado brasileiro”. “O uso desta expressão não é o mais adequado,
porquanto não é a existência ou não do consumo o critério principal de equiparação a consumidor, mas de
fato a vulnerabilidade presente no caso concreto”

10. VULNERABILIDADE X HIPOSSUFICIÊNCIA

Vulnerabilidade:
– Condição de inferioridade e está vinculada ao direito material.
Claudia Lima Marques: "Uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que
fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade é uma
característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade de proteção".
(i) informacional, (ii) técnica, (iii) jurídica/cientifica e (iv) fática ou socioeconômica.
HIPOSSUFICIÊNCIA

14
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Hipossuficiência é a vulnerabilidade amplificada e está ligada ao direito processual
"Trata-se de um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada
no caso concreto” - TARTUCE

FORNECEDOR
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Fornecedor = Gênero
> Espécies: produtor, montador, exportador, distribuidor, comerciante e prestador de serviços.
- Para que se caracterize a noção de FORNECEDOR é necessária a constatação da
HABITUALIDADE.
- Exemplo: Se uma pessoa vende o seu carro para outra, não pode ser aplicado o CDC, mas o CC/2002.
Todavia, se essa pessoa que vendeu o carro para outra for uma vendedora com habitualidade, deve ser
aplicado o CDC.

11. PRODUTO E SERVIÇO

15
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
CDC, Art. 3º (...)
§ 1° Produto é QUALQUER BEM, MÓVEL OU IMÓVEL, MATERIAL OU IMATERIAL.
§ 2° Serviço é QUALQUER ATIVIDADE FORNECIDA NO MERCADO DE CONSUMO,
MEDIANTE REMUNERAÇÃO, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, SALVO AS DECORRENTES DAS RELAÇÕES DE CARÁTER TRABALHISTA.
- “REMUNERAÇÃO” – DIRETA OU INDIRETA.
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AGRAVO REGIMENTAL - RELAÇÃO DE CONSUMO -
CARACTERIZAÇÃO - FORNECEDOR - VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL - AUSENCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. I - AS NORMAS DE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NÃO SE
APLICAM AS RELAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE OBJETO TOTALMENTE DIFERENTE
DAQUELE QUE NÃO SE REVESTE DA NATUREZA DO COMERCIO EXERCIDO PELO
VENDEDOR. NO CASO, UMA AGENCIA DE VIAGEM. ASSIM, QUEM VENDEU O VEICULO NÃO
PODE SER CONSIDERADO FORNECEDOR A LUZ DO CDC. (STJ - AgRg no Ag: 150829 DF
1997/0042245-3, Relator: Ministro WALDEMAR ZVEITER, Data de Julgamento: 19/03/1998, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 11.05.1998 p. 95)
Fornecedor por Equiparação (Fornecedor Equiparado)- Teoria criada por Leonardo Bessa, Promotor
Público do DF, que atua na defesa do consumidor. O autor afirma que a atual vulnerabilidade do consumidor
diante de tantos efeitos externos do contrato (tais como a função social e a boa-fé objetiva) levou a uma
espécie de ampliação do campo de aplicação do CDC, através de um alargamento da visão do artigo 3º
Seria fornecedor por equiparação aquele terceiro que na relação de consumo serviu como intermediário ou
ajudante para a realização da relação principal, mas que atua frente a um consumidor como se fosse o
fornecedor. Em outras palavras: ele não é o fornecedor do contrato principal, mas como intermediário é o
“dono” da relação conexa e possui uma posição de poder na relação com o consumidor.
LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003. Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá outras
providências.
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11
de setembro de 1990, a entidade responsável pela organização da competição, bem como a entidade
de prática desportiva detentora do mando de jogo.
PRODUTO E SERVIÇO
- SERVIÇOS EXCLUÍDOS
- Cotista e o clube de investimento
- Serviços de natureza ut universi (neste âmbito, não se trata de consumidor, mas de um contribuinte
– relação jurídico-tributária).
- Franqueado com o franqueador.
16
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- Advogado/Cliente
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE REMUNERAÇÃO.
RELAÇÃO DE CONSUMO NÃO-CONFIGURADA. DESPROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1.
Hipótese de discussão do foro competente para processar e julgar ação indenizatória proposta contra o
Estado, em face de morte causada por prestação de serviços médicos em hospital público, sob a alegação de
existência de relação de consumo. 2. O conceito de "serviço" previsto na legislação consumerista exige para
a sua configuração, necessariamente, que a atividade seja prestada mediante remuneração (art. 3º, § 2º, do
CDC). 3. Portanto, no caso dos autos, não se pode falar em prestação de serviço subordinada às regras
previstas no Código de Defesa do Consumidor, pois inexistente qualquer forma de remuneração direta
referente ao serviço de saúde prestado pelo hospital público, o qual pode ser classificado como uma
atividade geral exercida pelo Estado à coletividade em cumprimento de garantia fundamental (art. 196 da
CF). 4. Referido serviço, em face das próprias características, normalmente é prestado pelo Estado de
maneira universal, o que impede a sua individualização, bem como a mensuração de remuneração
específica, afastando a possibilidade da incidência das regras de competência contidas na legislação
específica. 5. Recurso especial desprovido. (STJ - REsp: 493181 SP 2002/0154199-9, Relator: Ministra
DENISE ARRUDA, Data de Julgamento: 15/12/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ
01/02/2006 p. 431)
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA
CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR (...) 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas
veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do
Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária,
financeira e de crédito. (STF - ADI: 2591 DF, Relator: Min. CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento:
07/06/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 29-09-2006 PP-00031 EMENT VOL-02249-02 PP-
00142 RTJ VOL-00199-02 PP-00481)
STJ - SÚMULA N. 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
SÚMULA N. 563 O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades
fechadas.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.560.728 - MG (2015/0256835-7) - RECURSO ESPECIAL.
CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. DEMANDA ENVOLVENDO CONDOMÍNIO DE
ADQUIRENTES DE UNIDADES IMOBILIÁRIAS E A CONSTRUTORA/INCORPORADORA.
PATRIMÔNIO DE AFETAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO. COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES.
17
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
POSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS
PROBATÓRIO. PRECEDENTES DO STJ. 2. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor ao
condomínio de adquirentes de edifício em construção, nas hipóteses em que atua na defesa dos interesses
dos seus condôminos frente a construtora/incorporadora. 3. O condomínio equipara-se ao consumidor,
enquanto coletividade que haja intervindo na relação de consumo. Aplicação do disposto no parágrafo único
do art. 2º do CDC. PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. TABELIONATO DE NOTAS. FORO COMPETENTE. SERVIÇOS NOTARIAIS. - A atividade
notarial não é regida pelo CDC. (Vencidos a Ministra Nancy Andrighi e o Ministro Castro Filho). (STJ -
REsp: 625144 SP 2003/0238957-2, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
14/03/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 29.05.2006 p. 232LEXSTJ vol. 202 p.
131REVFOR vol. 387 p. 275)
RECURSO ESPECIAL. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. CONTRATO. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC.
DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. NEGATIVA DE QUE FORAEFETIVAMENTE
CONTRATADO PELO CLIENTE. DANOS MORAIS. CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 7/STJ.
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1.- As relações contratuais
entre clientes e advogados são regidas pelo Estatuto da OAB, aprovado pela Lei n. 8.906/94, a elas não se
aplicando o Código de Defesa do Consumidor. Precedentes. (STJ - REsp: 1228104 PR 2010/0209410-5,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 15/03/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/04/2012)

12. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

DA VULNERABILIDADE
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DO CONSUMIDOR.
Pode se apresentar de 4 FORMAS: TÉCNICA; JURÍDICA; FÁTICA; E INFORMACIONAL.
Art. 4º do CDC: I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
- a vulnerabilidade, aqui, possui presunção absoluta e decorre da própria lei.
DIREITO DO CONSUMIDOR. ADMINISTRATIVO. NORMAS DE PROTEÇÃO E DEFESA DO
CONSUMIDOR. ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA.
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. OBRIGAÇÃO DE SEGURANÇA. DIREITO À INFORMAÇÃO. DEVER
POSITIVO DO FORNECEDOR DE INFORMAR, ADEQUADA E CLARAMENTE, SOBRE RISCOS DE
PRODUTOS E SERVIÇOS. DISTINÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO-CONTEÚDO E INFORMAÇÃO-
ADVERTÊNCIA. ROTULAGEM. PROTEÇÃO DE CONSUMIDORES HIPERVULNERÁVEIS. CAMPO
18
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
DE APLICAÇÃO DA LEI DO GLÚTEN (LEI 8.543/92 AB-ROGADA PELA LEI 10.674/2003) E
EVENTUAL ANTINOMIA COM O ART. 31 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. 4. O ponto de partida do CDC é a afirmação do Princípio
da Vulnerabilidade do Consumidor, mecanismo que visa a garantir igualdade formal-material aos sujeitos da
relação jurídica de consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem
o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucratividade dos negócios. (STJ -
REsp: 586316 MG 2003/0161208-5, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
17/04/2007, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 20090319 --> DJe 19/03/2009)

HIPERVULNERABILIDADE???
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA, MENTAL OU SENSORIAL. SUJEITOS
HIPERVULNERÁVEIS. fornecimento de prótese auditiva. Ministério PÚBLICO. LEGITIMIDADE
ATIVA ad causam. LEI 7.347/85 E LEI 7.853/89. 3. A categoria ético-política, e também jurídica, dos
sujeitos vulneráveis inclui um subgrupo de sujeitos hipervulneráveis, entre os quais se destacam, por razões
óbvias, as pessoas com deficiência física, sensorial ou mental. 9. A tutela dos interesses e direitos dos
hipervulneráveis é de inafastável e evidente conteúdo social, mesmo quando a Ação Civil Pública, no seu
resultado imediato, aparenta amparar uma única pessoa apenas. É que, nesses casos, a ação é pública, não
por referência à quantidade dos sujeitos afetados ou beneficiados, em linha direta, pela providência judicial
(= critério quantitativo dos beneficiários imediatos), mas em decorrência da própria natureza da relação
jurídica-base de inclusão social imperativa. 10. Ao se proteger o hipervulnerável, a rigor quem
verdadeiramente acaba beneficiada é a própria sociedade, porquanto espera o respeito ao pacto coletivo de
inclusão social imperativa, que lhe é caro, não por sua faceta patrimonial, mas precisamente por abraçar a
dimensão intangível e humanista dos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade. 11.
Maior razão ainda para garantir a legitimação do Parquet se o que está sob ameaça é a saúde do indivíduo
com deficiência, pois aí se interpenetram a ordem de superação da solidão judicial do hipervulnerável com a
garantia da ordem pública de bens e valores fundamentais – in casu não só a existência digna, mas a própria
vida e a integridade físico-psíquica em si mesmas, como fenômeno natural. (STJ - REsp: 931513 RS
2007/0045162-7, Relator: Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO
DO TRF)
19
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
FORMAS: TÉCNICA; JURÍDICA; FÁTICA; E INFORMACIONAL.
VULNERABILIDADE TÉCNICA - Desconhecimento, por parte do consumidor, das características
do produto/serviço. A vulnerabilidade decorre da não participação do consumidor na produção do bem. O
consumidor profissional poderá ser considerado um vulnerável técnico, nos casos em que o produto ou o
serviço adquirido não tiver relação com a sua formação, competência ou área de atuação.
VULNERABILIDADE JURÍDICA Desconhecimento, por parte do consumidor, dos seus direitos e
deveres, incluindo aspectos econômicos, contábeis entre outros.
VULNERABILIDADE ECONÔMICA O consumidor é frágil diante do fornecedor, por uma série de
motivos:
• Em razão do forte poder econômico do fornecedor;
• Em razão de o fornecedor deter o monopólio fático ou jurídico da relação;
• Em razão de o fornecedor desenvolver uma atividade considerada essencial (ex. provedor de internet).
VULNERABILIDADE INFORMACIONAL Cláudia Lima Marques
Espécie de Vulnerabilidade Técnica.
Necessidade de Informação na Sociedade atual.
A falta da informação é causa de vulnerabilidade.
Aqui, o consumidor não detém informações suficientes para realizar o processo decisório de
aquisição ou não do produto ou serviço.

DO DEVER GOVERNAMENTAL

20
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Proteção efetiva por meio de ações governamentais.
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
DA HARMONIZAÇÃO E COMPATIBILIZAÇÃO DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR
Art. 4º [...]
III – HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES DOS PARTICIPANTES DAS RELAÇÕES DE
CONSUMO e COMPATIBILIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR COM A NECESSIDADE
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TECNOLÓGICO, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da Constituição Federal)
Boa-fé Objetiva!
- Termo boa-fé serve para indicar um dever de conduta entre os parceiros contratuais, baseado na
confiança e na lealdade.

FIGURAS CORRELATAS À BOA-FÉ

21
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

13. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM

- Regra de Coerência, por meio da qual se veda que se AJA EM DETERMINADO MOMENTO DE
UMA CERTA MANEIRA E, ULTERIORMENTE, ADOTE-SE UM COMPORTAMENTO QUE
FRUSTRA, VAI CONTRA, AQUELA CONDUTA TOMADA EM PRIMEIRO LUGAR.
QUATRO REQUISITOS:
• um comportamento;
• a geração de uma expectativa;
• o investimento na expectativa gerada ou causada; e
• o comportamento contraditório ao inicial, que gere um dano, ou, no mínimo, um potencial de dano a partir
da contradição.

14. SUPRESSIO

- Redução do conteúdo obrigacional pela inércia de uma das partes em exercer direitos ou
faculdades, gerando na outra legítima expectativa.
- Verifica-se a supressio quando, pelo modo como as partes vêm se comportando ao longo da vida
contratual, certas atitudes que poderiam ser exigidas originalmente passam a não mais poderem ser exigidas
na sua forma original (sofrem uma minoração), por ter se criado uma expectativa de que aquelas disposições

22
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
iniciais não seriam exigidas daquela forma inicialmente prevista (TJRS, Agravo de Instrumento
700010323012, Rel. Des. Ricardo Raupp Ruschel, 15ª Câmara Cível, julgado em 22-11-2004).
(a) decurso de prazo sem exercício do direito com indícios objetivos de que o direito não mais será exercido;
(b) desequilíbrio, pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor
- O decurso do tempo permite concluir o surgimento de uma posição jurídica, pela regra da boa-fé.
- Ampliação do conteúdo obrigacional.

15. TU QUOQUE

- A parte não pode exigir de outrem um comportamento que ela própria não observou.
- CC, Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.

16. DUTY TO MITIGATE THE LOSS

DIREITO CIVIL. CONTRATOS. BOA-FÉ OBJETIVA. STANDARD ÉTICO-


JURÍDICO.OBSERVÂNCIA PELAS PARTES CONTRATANTES. DEVERES ANEXOS. DUTY TO
MITIGATE THE LOSS. DEVER DE MITIGAR O PRÓPRIO PREJUÍZO. INÉRCIA DO CREDOR.
AGRAVAMENTO DO DANO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. RECURSO IMPROVIDO. 1.
Boa-fé objetiva. Standard ético-jurídico. Observância pelos contratantes em todas as fases. Condutas
pautadas pela probidade, cooperação e lealdade. 2. Relações obrigacionais. Atuação das partes. Preservação
dos direitos dos contratantes na consecução dos fins. Impossibilidade de violação aos preceitos éticos
insertos no ordenamento jurídico. 3. Preceito decorrente da boa-fé objetiva. Duty to mitigate the loss: o
dever de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para
que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte
diante do dano. Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do credor. Infringência aos deveres de
cooperação e lealdade. 4. Lição da doutrinadora Véra Maria Jacob de Fradera. Descuido com o dever de
mitigar o prejuízo sofrido. O fato de ter deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 (sete) anos, sem
que este cumprisse com o seu dever contratual (pagamento das prestações relativas ao contrato de compra e
venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o consequente agravamento
significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere dos atos de defesa possessória diminuiriam a
extensão do dano.5. Violação ao princípio da boa-fé objetiva. Caracterização de inadimplemento contratual
a justificar a penalidade imposta pelaCorte originária, (exclusão de um ano de ressarcimento).6. Recurso
improvido.(STJ - REsp: 758518 PR 2005/0096775-4, Relator: Ministro VASCO DELLA GIUSTINA

23
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), Data de Julgamento: 17/06/2010, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: REPDJe 01/07/2010)
- Enunciado n. 169 da III Jornada de Direito Civil: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o
credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
- É um dever de Cooperação e Lealdade.
- Dever de Mitigar as próprias perdas.

17. “TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL” (SUBSTANCIAL PERFORMANCE)

ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
- Trata-se de um adimplemento tão próximo do resultado final que, tendo-se em vista a conduta das
partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo-se tão somente o pedido de indenização.
- Função Social do Contrato + Boa-fé Objetiva.
- À luz do princípio da boa-fé, não se considera razoável resolver a obrigação quando a prestação,
posto não adimplida de forma perfeita, fora substancialmente atendida.
- A despeito do que dispõe o art. 763 do CC, no contrato de seguro, é defensável, para evitar
injustiça, a aplicação da teoria do adimplemento substancial, pagando-se ao segurado o valor da indenização
devida, abatido o prêmio que ainda não havia sido pago.
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio,
se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
CJF, 371 - A mora do segurado, sendo de escassa importância, não autoriza a resolução do
contrato, por atentar ao princípio da boa-fé objetiva.
Função Social do Seguro.
Segundo o Min. Paulo de Tarso Sanseverino, atualmente, o fundamento para aplicação da teoria do
adimplemento substancial no Direito brasileiro é a cláusula geral do art. 187 do Código Civil, que permite a
limitação do exercício de um direito subjetivo pelo seu titular quando se colocar em confronto com o
princípio da boa-fé objetiva. Desse modo, esta teoria está baseada no princípio da boa-fé objetiva. Aponta-se
também como outro fundamento o princípio da função social dos contratos.
- O STJ já aplicou a teoria para o contrato de alienação fiduciária (Resp 415971/SP e 469577/SC).
STJ - Inf. 500: Por meio da teoria do adimplemento substancial, defende-se que, se o adimplemento da
obrigação foi muito próximo ao resultado final, a parte credora não terá direito de pedir a resolução do
contrato porque isso violaria a boa-fé objetiva, já que seria exagerado, desproporcional, iníquo. No caso do
adimplemento substancial, a parte devedora não cumpriu tudo, mas quase tudo, de modo que o credor terá
que se contentar em pedir o cumprimento da parte que ficou inadimplida ou então pleitear indenização pelos
24
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
prejuízos que sofreu (art. 475, CC). Em uma alienação fiduciária, se o devedor deixou de pagar apenas umas
poucas parcelas, não caberá ao credor a reintegração de posse do bem, devendo ele se contentar em exigir
judicialmente o pagamento das prestações que não foram adimplidas. Não se aplica a teoria do
adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei
911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).
DL.911/69 - Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na
forma estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro
a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo
ser apreciada em plantão judiciário.
- devidamente comprovada a mora ou o inadimplemento, o DL 911/69 autoriza que o credor
fiduciário possa se valer da ação de busca e apreensão, sendo irrelevante examinar quantas parcelas já foram
pagas ou estão em aberto.
- O art. 3º, § 2º, do DL 911/69 prevê que o bem somente poderá ser restituído ao devedor se ele
pagar, no prazo de 5 dias, a integralidade da dívida pendente.
- A lei foi muito clara ao exigir a quitação integral do débito como condição imprescindível para que
o bem alienado fiduciariamente seja remancipado. Ou seja, nos termos da lei, para que o bem possa ser
restituído ao devedor livre de ônus, é necessário que ele quite integralmente a dívida pendente.
- Mostra-se incongruente impedir a utilização da ação de busca e apreensão pelo simples fato de
faltarem poucas prestações a serem pagas, considerando que a lei de regência do instituto expressamente
exigiu o pagamento integral da dívida pendente.
Incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas
A aplicação da teoria do adimplemento substancial para obstar a utilização da ação de busca e
apreensão representaria um incentivo ao inadimplemento das últimas parcelas contratuais, considerando que
o devedor saberia que não perderia o bem e que o credor teria que se contentar em buscar o crédito faltante
por outras vias judiciais menos eficazes.
JUROS MAIS ELEVADOS
Se fosse aplicada a teoria do adimplemento substancial para os contratos de alienação fiduciária,
haveria um enfraquecimento da garantia prevista neste instituto fazendo com que as instituições financeiras
começassem a praticar juros mais elevados a fim de compensar esses riscos. Isso seria prejudicial para a
economia e para os consumidores em geral.
Dessa forma, a propriedade fiduciária, concebida pelo legislador justamente para conferir segurança
jurídica às concessões de crédito, essencial ao desenvolvimento da economia nacional, ficaria comprometida
pela aplicação deturpada da teoria do adimplemento substancial.
25
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

18. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

DA EQUIDADE
- Art. 51. São NULAS DE PLENO DIREITO, entre outras, as CLÁUSULAS CONTRATUAIS
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – ESTABELEÇAM OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS INÍQUAS, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
- Súmula 543, do STJ: “Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de
imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a IMEDIATA RESTITUIÇÃO
DAS PARCELAS PAGAS PELO PROMITENTE COMPRADOR – INTEGRALMENTE, EM CASO
DE CULPA EXCLUSIVA DO PROMITENTE VENDEDOR/ CONSTRUTOR, OU PARCIALMENTE,
CASO TENHA SIDO O COMPRADOR QUEM DEU CAUSA AO DESFAZIMENTO.
DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DOS CONSUMIDORES
- Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] II – a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações.
- Art. 4º (...) IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e
deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
Educação Formal, inserindo-se a educação sobre consumo nas disciplinas do ensino básico;
Educação Informal, ministrada pelos meios de comunicação social, normalmente pelo PROCON,
pela promotoria do direito do consumidor ou, ainda, pela imprensa.
LEI Nº 12.291, DE 20 DE JULHO DE 2010
Torna obrigatória a manutenção de exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.
LEI Nº 12.741, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2012.
Dispõe sobre as medidas de esclarecimento ao consumidor, de que trata o § 5º do artigo 150 da
Constituição Federal; altera o inciso III do art. 6º e o inciso IV do art. 106 da Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990 - Código de Defesa do Consumidor.
Art. 1º Emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e serviços, em todo território
nacional, deverá constar, dos documentos fiscais ou equivalentes, a informação do valor
aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja
incidência influi na formação dos respectivos preços de venda.
LEI Nº 13.111, DE 25 DE MARÇO DE 2015.
26
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Dispõe sobre a obrigatoriedade de os empresários que comercializam veículos automotores
informarem ao comprador o valor dos tributos incidentes sobre a venda e a situação de regularidade do
veículo quanto a furto, multas, taxas anuais, débitos de impostos, alienação fiduciária ou quaisquer outros
registros que limitem ou impeçam a circulação do veículo.

19. DO CONTROLE DE QUALIDADE E MECANISMOS DE ATENDIMENTO PELAS PRÓPRIAS


EMPRESAS
CDC, Art. 4º, V - incentivo à CRIAÇÃO PELOS FORNECEDORES DE MEIOS EFICIENTES DE
CONTROLE DE QUALIDADE E SEGURANÇA DE PRODUTOS E SERVIÇOS, ASSIM COMO DE
MECANISMOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS DE CONSUMO;
DECRETO Nº 8.573, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2015
Dispõe sobre o Consumidor.gov.br, sistema alternativo de solução de conflitos de consumo, e dá
outras providências.
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o Consumidor.gov.br, sistema alternativo de solução de conflitos
de consumo, de natureza gratuita e alcance nacional, na forma de sítio na internet, com a finalidade
de estimular a autocomposição entre consumidores e fornecedores para solução de demandas de
consumo.
Art. 2º São objetivos do Consumidor.gov.br:
I - ampliar o atendimento ao consumidor;
II - prevenir condutas que violem os direitos do consumidor;
III - promover a transparência nas relações de consumo;
IV - contribuir na elaboração e implementação de políticas públicas de defesa do consumidor;
V - estimular a harmonização das relações entre consumidores e fornecedores; e
VI - incentivar a competitividade por meio da melhoria da qualidade do atendimento ao
consumidor.

27
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

19. DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS

- Art. 4º [...] VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos.


- Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...] X – a ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS PÚBLICOS em geral.
- Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, SÃO OBRIGADOS A FORNECER SERVIÇOS
ADEQUADOS, EFICIENTES, SEGUROS E, QUANTO AOS ESSENCIAIS, CONTÍNUOS. Parágrafo
único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão
as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista
neste código.
Somente os serviços públicos remunerados mediante uma contraprestação diretamente do
consumidor ao fornecedor.
Serviços pagos mediante tributos são excluídos (contribuinte x consumidor)
ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO CONCEDIDO – ENERGIA ELÉTRICA –
INADIMPLÊNCIA. 1. Os serviços públicos podem ser próprios e gerais, sem possibilidade de identificação
dos destinatários. São financiados pelos tributos e prestados pelo próprio Estado, tais como segurança
pública, saúde, educação, etc. Podem ser também impróprios e individuais, com destinatários determinados
ou determináveis. Neste caso, têm uso específico e mensurável, tais como os serviços de telefone, água e
energia elétrica. 2. Os serviços públicos impróprios podem ser prestados por órgãos da administração
28
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
pública indireta ou, modernamente, por delegação, como previsto na CF (art. 175). São regulados pela Lei
8.987/95, que dispõe sobre a concessão e permissão dos serviços público. 3. Os serviços prestados por
concessionárias são remunerados por tarifa, sendo facultativa a sua utilização, que é regida pelo CDC, o que
a diferencia da taxa, esta, remuneração do serviço público próprio. (STJ - REsp: 793422 RS 2005/0179055-
0, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 03/08/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data
de Publicação: DJ 17/08/2006 p. 345)

20. DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DAS PRÁTICAS ABUSIVAS

- CDC, Art. 4º, VI - COIBIÇÃO E REPRESSÃO EFICIENTES DE TODOS OS ABUSOS


PRATICADOS NO MERCADO DE CONSUMO, inclusive a concorrência desleal e utilização
indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que
possam causar prejuízos aos consumidores;
- Art. 39, CDC - rol exemplificativo das práticas abusivas.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

21. DO ESTUDO DAS MODIFICAÇÕES DO MERCADO

- Art. 4º [...] VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo.

22. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA

Em todas as fases da relação de consumo deve haver transparência, mesmo após a fase contratual. É
o que se dá quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall.
CDC Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

23. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

- Art. 6º - Rol EXEMPLIFICATIVO.


CDC, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
29
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento
de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
LESÃO (CDC) = modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais
Desequilíbrio desde a formação da relação.
Dispensa demonstração de necessidade ou inexperiência do consumidor (que já é presumidamente
vulnerável)
Difere da lesão do CC – art. 157.
- Sempre que o contrato de consumo se INICIAR DESEQUILIBRADO PELA PRESENÇA DE
UMA CLÁUSULA ABUSIVA, o CONSUMIDOR IRÁ REQUERER A SUA MODIFICAÇÃO EM
RAZÃO DA PRESENÇA DE UMA PRESTAÇÃO DESPROPORCIONAL, ISTO É, UMA LESÃO
CONGÊNERE
Código Civil
Seção V
Da Lesão
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

30
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

Revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas –


ONEROSIDADE EXCESSIVA
Onerosidade Excessiva = Revisão
- O contrato inicia-se equilibrado, mas por situações supervenientes torna-se desequilibrado,
causando um prejuízo ao consumidor. Nestes casos, admite-se a revisão do contrato.
- Não se exige imprevisibilidade, basta que seja um fato superveniente, tendo em vista que o CDC
adotou a TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO.
Onerosidade Excessiva = Revisão = Teoria do Rompimento da Base Objetiva do Negócio Jurídico
Teoria do Rompimento da Base Objetiva do Negócio Jurídico
- Dispensa a imprevisibilidade (teoria da imprevisão)
Teoria do Rompimento da Base Objetiva do Negócio Jurídico
Basta saber se o fato superveniente alterou objetivamente as bases pelas quais as pessoas
contrataram.
Não se prende a aspectos subjetivos.
Comercial e Processual civil. Arrendamento mercantil. Indexação em moeda estrangeira (dólar) -
Crise cambial de janeiro de 1999. Aplicabilidade do art. 6º, inciso V, do CDC. Onerosidade excessiva
caracterizada. Boa-fé objetiva do consumidor e direito de informação. Necessidade de prova da captação de
recurso financeiro proveniente do exterior. Cobrança antecipada do valor residual garantido.
Descaracterização do contrato. Aplicação do CDC. - O preceito insculpido no inciso V do artigo 6º do CDC
dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da
excessiva onerosidade advinda para o consumidor. - A desvalorização da moeda nacional frente à moeda
estrangeira que serviu de parâmetro ao reajuste contratual, por ocasião da crise cambial de janeiro de 1999,

31
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
apresentou grau expressivo de oscilação, a ponto de caracterizar a onerosidade excessiva que impede o
devedor de solver as obrigações pactuadas. - A equação econômico-financeira deixa de ser respeitada
quando o valor da parcela mensal sofre um reajuste que não é acompanhado pela correspondente valorização
do bem da vida no mercado, havendo quebra da paridade contratual, à medida que apenas a instituição
financeira está assegurada quanto aos riscos da variação cambial, pela prestação do consumidor indexada em
dólar americano. - É ilegal a transferência de risco da atividade financeira, no mercado de capitais, próprio
das instituições de crédito, ao consumidor, ainda mais que não observado o seu direito de informação. (STJ -
REsp: 370598 RS 2001/0159239-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
26/02/2002, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 01.04.2002 p. 186RNDJ vol. 29 p. 120)
- Código Civil adotou a TEORIA DA IMPREVISÃO!
Seção IV
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
ACONTECIMENTOS EXTRAORDINÁRIOS E IMPREVISÍVEIS, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

32
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e


difusos;
- RESSARCIMENTO INTEGRAL DOS DANOS SOFRIDOS
- Veda a indenização tarifada**
STF – Repercussão Geral – Tema 210 - Limitação de indenizações por danos decorrentes de extravio
de bagagem com fundamento na Convenção de Varsóvia.
TESE - Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de
Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.
- Transporte Aéreo INTERNACIONAL
- As convenções cuidam do DANO MATERIAL. – Dano moral continua prevalecendo a restituição
integral.
- Prazo Prescricional da convenção é de 2(dois) anos e não de 5(cinco) anos conforme CDC.
Excepcionalmente, nos casos em que o consumidor for pessoa jurídica será possível minorar a
reparação do dano, nos termos do art. 51, I, do CDC
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
Curiosidade - O CDC é a primeira norma no Brasil a tratar expressamente do Dano Moral Coletivo.

33
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
INDENIZAÇÃO PELA PERDA DO TEMPO LIVRE (DESVIO PRODUTIVO DO
CONSUMIDOR).
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - SERVIÇO DE
TELEFONIA - MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADA - DANO MORAL - NEXO CAUSAL
E CULPA REVELADOS - REQUISITOS AUTORIZADORES - INDENIZAÇÃO CABÍVEL -
APLICAÇÃO DA TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR - PROVIMENTO DO
RECURSO. Considerando que a autora foi privada de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de
atividades que melhor lhe aprouvesse, sujeitando-se a infindáveis transtornos para a solução de problemas
oriundos da má prestação do serviço, é de aplicar-se a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor na fixação
do dano moral indenizável. A indenização por dano moral deve ser fixada com prudência, segundo o
princípio da razoabilidade e de acordo com os critérios apontados pela doutrina e jurisprudência, a fim de
que não se converta em fonte de enriquecimento. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº
00687551120148152001, 1ª Câmara Especializada Cível, Relator DESA. MARIA DE FÁTIMA MORAES
BEZERRA CAVALCANTI , j. em 16-10-2018) (TJ-PB 00687551120148152001 PB, Relator: DESA.
MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, Data de Julgamento: 16/10/2018, 1ª Câmara
Especializada Cível)
ATO ILÍCITO CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE CIVIL PELA TEORIA DA PERDA DO
TEMPO ÚTIL/LIVRE. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO COM BASE NA RAZOABILIDADE E NA
PROPORCIONALIDADE. DECISÃO POR MAIORIA DE VOTOS. 1. Consta dos autos que a instituição
financeira ré, sem qualquer justificativa plausível, demorou para atender a autora, forçando-a a permanecer
na fila bancária por mais de 1 (uma) hora. 2. A responsabilidade civil do banco réu restou caracterizada com
base na teoria da perda do tempo útil/livre na medida em que o fornecedor/prestador de serviços impôs ao
consumidor/cliente a perda de considerável parcela do seu tempo na solução de uma demanda de consumo,
configurando assim falha na prestação do serviço ensejadora do dever de indenizar. Precedentes
Jurisprudenciais. (TJ-PE - APL: 4034771 PE, Relator: Agenor Ferreira de Lima Filho, Data de Julgamento:
06/01/2016, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 27/01/2016)
DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS. Prestação de serviços. Telefonia
móvel. Valores cobrados por valor superior aos serviços efetivamente contratados. Inexigibilidade dos
débitos reconhecida. Danos morais. Fatos que serviram de fundamento ao pedido que ultrapassaram o mero
aborrecimento. Desvio produtivo evidenciado. Dano extrapatrimonial causado pela desídia da fornecedora,
que não solucionou falha na prestação de serviços, optando por continuar as cobranças indevidas.
Indenização devida. Quantia fixada que atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
DECISÃO MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP - APL: 10177139620178260576 SP
34
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
1017713-96.2017.8.26.0576, Relator: Fernando Sastre Redondo, Data de Julgamento: 17/10/2018, 38ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 18/10/2018)
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

24. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Requisitos:
- For verossímil a alegação ou
- Hipossuficiência
Requisitos Alternativos
A inversão do Ônus da Prova não é automática (art. 6º, VIII) – ope judici
Segundo doutrina majoritária, pode ser realizada de ofício.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS
CONTRATUAIS C/C DANOS MORAIS. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES AUTORAIS.
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DA PARTE DEMANDANTE. INTELIGÊNCIA DO ART.
6º, VIII, DA LEI CONSUMERISTA. - Merece ser acolhida a irresignação da Embargante, haja vista que, de
fato, o caso vertente, comporta a hipótese de inversão do ônus da prova de ofício. - Restou evidenciado nos
presentes autos os requisitos autorizadores da inversão do ônus probatório, de plano, quais sejam, a
verossimilhança das alegações autorais e a comprovação da condição de hipossuficiente da Embargante, no
que diz respeito a capacidade de produzir provas. - EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONHECIDOS E
PROVIDOS. PEDIDO DE EFEITO MODIFICATIVO ACOLHIDO. (TJ-AM - ED:
00049089320158040000 AM 0004908-93.2015.8.04.0000, Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de
Julgamento: 28/09/2015, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 06/10/2015)
Hipossuficiência econômica e técnica
Dificuldades econômicas + desconhecimento técnico científico
Regra de Julgamento X Regra de Procedimento
- Momento da Sentença X Momento da Distribuição do Ônus Probatório

35
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR VÍCIO NO PRODUTO
(ART. 18 DO CDC). ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO 'OPE JUDICIS' (ART. 6º, VIII, DO CDC).
MOMENTO DA INVERSÃO. PREFERENCIALMENTE NA FASE DE SANEAMENTO DO
PROCESSO. A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na responsabilidade pelo
fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por determinação judicial ('ope judicis'), como no
caso dos autos, versando acerca da responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das
regras dos arts. 12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e. 6º, VIII, do CDC. A distribuição do ônus da prova, além de
constituir regra de julgamento dirigida ao juiz (aspecto objetivo), apresenta-se também como norma de
conduta para as partes, pautando, conforme o ônus atribuído a cada uma delas, o seu comportamento
processual (aspecto subjetivo). Doutrina. Se o modo como distribuído o ônus da prova influi no
comportamento processual das partes (aspecto subjetivo), não pode a inversão 'ope judicis' ocorrer quando
do julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão). Previsão nesse sentido do art. 262,
§1º, do Projeto de Código de Processo Civil. A inversão 'ope judicis' do ônus probatório deve ocorrer
preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurando-se à parte a quem não
incumbia inicialmente o encargo, a reabertura de oportunidade para apresentação de provas. Divergência
jurisprudencial entre a Terceira e a Quarta Turma desta Corte. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
(REsp 802.832/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
13/04/2011, DJe 21/09/2011)
CPC, Do Saneamento e da Organização do Processo - Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das
hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: III - definir
a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; CPC, Art. 373, § 2o A decisão prevista no § 1o deste
artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou
excessivamente difícil. - A inversão do ônus da prova não implica a inversão do pagamento das despesas –
não obriga o fornecedor ao pagamento das provas requeridas pelo consumidor.
Ação de revisão de contrato bancário. Inversão do ônus da prova. Pagamento das despesas pela produção da
prova. Precedentes da Terceira Turma. 1. Ficou assentado na Terceira Turma que a "inversão do ônus da
prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo
consumidor. No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção" (REsp nº
443.208/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03; no mesmo sentido: AgRgREsp nº
542.241/RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 19/4/04; REsp nº 435.155/MG, de minha relatoria,
DJ de 11/5/03; REsp nº 466.604/RJ, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03). 2. Recurso especial
conhecido e provido, em parte. (STJ - REsp: 615684 SP 2003/0231751-4, Relator: Ministro CARLOS
ALBERTO MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 28/06/2005, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: --> DJ 10/10/2005 p. 359RDDP vol. 33 p. 144)
36
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
INVERSÃO OPE JUDICIS (6º, VIII) INVERSÃO OPE LEGIS
Depende de Manifestação pelo Juiz Não depende de manifestação pelo Juiz
A própria lei já distribui de maneira diversa
“Tecnicamente não há inversão”
Art. 6º, VIII Art. 12, §3º, II
Art. 14, §3º, I
Art. 38

Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço - § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou


importador só não será responsabilizado quando provar (...) II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste;
Art. 14. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo
prestado o serviço, o defeito inexiste;
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe
a quem as patrocina.
Das Cláusulas Abusivas –
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que: VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

25. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – CLÁUSULA DE ABERTURA – ART. 7º

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios
gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

26. DIÁLOGO DAS FONTES

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL "LEASING".


CLÁUSULA DE SEGURO. ABUSIVIDADE. INOCORRÊNCIA. 1. Não se pode interpretar o Código de
Defesa do Consumidor de modo a tornar qualquer encargo contratual atribuído ao consumidor como
abusivo, sem observar que as relações contratuais se estabelecem, igualmente, através de regras de direito

37
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
civil 2. O CDC não exclui a principiologia dos contratos de direito civil. Entre as normas consumeristas e as
regras gerais dos contratos, insertas no Código Civil e legislação extravagante, deve haver complementação
e não exclusão. É o que a doutrina chama de Diálogo das Fontes. (STJ - REsp: 1060515 DF 2008/0110683-
5, Relator: Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/AP), Data de Julgamento: 04/05/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
24/05/2010)
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
SOLIDARIEDAE DOS CAUSADORES DO DANO (CLÁUSULA GERAL)
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE VEÍCULO. VIOLAÇÃO
ART. 535 DO CPC/1973. ART. 131 DO CPC/1973. AÇÃO MOVIDA CONTRA A LOCADORA DO
VEÍCULO (PROPRIETÁRIA) E A LOCATÁRIA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÚMULA 492
DO STF. 3. Em acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente pelos
atos culposos de terceiro que o conduz, pouco importando que o motorista não seja seu empregado ou
preposto, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos
danos causados a terceiros. 4. Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica
solidariamente responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes. 5. Há
responsabilidade solidária da locadora de veículo pelos prejuízos causados pelo locatário, nos termos da
Súmula 492 do STF, pouco importando cláusula consignada no contrato de locação de obrigatoriedade de
seguro. 6. Recursos especiais não providos.
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANÚNCIO ERÓTICO FALSO
PUBLICADO EM SITES DE CLASSIFICADOS NA INTERNET. DEVER DE CUIDADONÃO
VERIFICADO. SERVIÇOS PRESTADOS EM CADEIA POR MAIS DE UM FORNECEDOR. SITE DE
CONTEÚDO QUE HOSPEDA OUTRO. RESPONSABILIDADE CIVIL DE TODOS QUE PARTICIPAM
DA CADEIA DE CONSUMO. 1. No caso, o nome do autor foi anunciado em sites de classificados na
internet, relacionando-o com prestação de serviços de caráter erótico e homossexual, tendo sido informado o
telefone do local do seu trabalho. O sítio da rede mundial de computadores apontado pelo autor como sendo
o veiculador do anúncio difamante - ipanorama.com -é de propriedade da ré TV Juiz de Fora Ltda., a qual
mantinha relação contratual com a denunciada, Mídia 1 Publicidade Propaganda e Marketing, proprietária
do portal O Click, que se hospedava no site da primeira ré e foi o disseminador do anúncio. Este último
(OClick) responsabilizava-se contratualmente pela "produção de quaisquer dados ou informações culturais,
esportivas, de comportamento, serviços, busca, classificados, webmail e outros serviços de divulgação". 2.
Com efeito, cuida-se de relação de consumo por equiparação, decorrente de evento relativo a utilização de
provedores de conteúdo na rede mundial de computadores, organizados para fornecer serviço sem cadeia
38
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
para os usuários, mediante a hospedagem do site "O click“ no site "ipanorama.com". 3. Assim, a solução da
controvérsia deve partir da principiologia do Código de Defesa do Consumidor fundada na solidariedade de
todos aqueles que participam da cadeia de produção ou da prestação de serviços. Para a responsabilização de
todos os integrantes da cadeia de consumo, apura-se a responsabilidade de um deles, objetiva ou decorrente
de culpa, caso se verifiquem as hipóteses autorizadoras previstas no CDC. A responsabilidade dos demais
integrantes da cadeia de consumo, todavia, não decorre de seu agir culposo ou de fato próprio, mas de uma
imputação legal de responsabilidade que é servil ao propósito protetivo do sistema
. 4. No caso em apreço, o site O click permitiu a veiculação de anúncio em que, objetivamente,
comprometia a reputação do autor, sem ter indicado nenhuma ferramenta apta a controlar a idoneidade da
informação. Com efeito, é exatamente no fato de o veículo de publicidade não ter se precavido quanto à
procedência do nome, telefone e dados da oferta que veiculou, que reside seu agir culposo, uma vez que a
publicidade de anúncios desse jaez deveria ser precedida de maior prudência e diligência, sob pena de se
chancelar o linchamento moral e público de terceiros. 5. Mostrando-se evidente a responsabilidade civil da
empresa Mídia 1Publicidade Propaganda e Marketing, proprietária do site O click, configurada está a
responsabilidade civil da TV Juiz de Fora, proprietária do site ipanorama.com, seja por imputação legal
decorrente da cadeia de consumo, seja por culpa in eligendo. 6. Indenização por dano moral arbitrada em R$
30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso especial provido.(STJ - REsp: 997993 MG 2007/0247635-6, Relator:
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 21/06/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 06/08/2012)

27. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – ALGUNS APROFUNDAMENTOS

A PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA


- Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
RISCOS PROVOCADOS POR PRÁTICAS NO FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS
CONSIDERADOS PERIGOSOS OU NOCIVOS;
- Art. 8° OS PRODUTOS E SERVIÇOS COLOCADOS NO MERCADO DE CONSUMO NÃO
ACARRETARÃO RISCOS À SAÚDE OU SEGURANÇA DOS CONSUMIDORES, EXCETO OS
CONSIDERADOS NORMAIS E PREVISÍVEIS EM DECORRÊNCIA DE SUA NATUREZA E
FRUIÇÃO, OBRIGANDO-SE OS FORNECEDORES, EM QUALQUER HIPÓTESE, A DAR AS
INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS E ADEQUADAS A SEU RESPEITO.
(ex: remédios, facas, armas, agrotóxicos etc – são naturalmente perigosos).

39
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 8°, § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que
se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o
produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
Antonio Herman V. Benjamin (Manual de Direito do Consumidor, 2013): “os produtos e serviços,
quanto à sua segurança, podem ser, didática e juridicamente, divididos em dois grandes grupos: os de
periculosidade inerente (ou latente) e os de periculosidade adquirida (em razão de um defeito). Poder-se-ia,
ainda, identificar um terceiro grupo: os produtos de periculosidade exagerada. [...]”.
Existem três formas de periculosidade:
a) periculosidade inerente (que está intrínseca ao produto ou serviço, a periculosidade está dentro da
normalidade e previsibilidade do consumidor com relação ao uso e funcionamento do produto ou serviço);
- como regra geral não obriga a indenizar.
Ex: corte com faca de cozinha.
b) periculosidade adquirida (o produto ou serviço torna-se perigoso em razão de um defeito);
- caso o defeito fosse sanado, não haveria risco ao consumidor.
c) periculosidade exagerada (periculosidade que vai além da periculosidade inerente).
- defeituosos por ficção. A informação não produz efeitos significativos na mitigação dos riscos.
A PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA
- Art. 9° O FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS POTENCIALMENTE NOCIVOS OU
PERIGOSOS À SAÚDE OU SEGURANÇA DEVERÁ INFORMAR, DE MANEIRA OSTENSIVA E
ADEQUADA, A RESPEITO DA SUA NOCIVIDADE OU PERICULOSIDADE, sem prejuízo da
adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
- Princípio da informação
LEI Nº 13.486, DE 3 DE OUTUBRO DE 2017
Altera o art. 8º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), para
dispor sobre os deveres do fornecedor de higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento
de produtos ou serviços e de informar, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.
Art. 1o O art. 8º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor),
passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º, numerando-se o atual parágrafo único como § 1º:
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de
produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e
adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.” (NR)
A PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA

40
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 10. O fornecedor NÃO PODERÁ COLOCAR NO MERCADO DE CONSUMO PRODUTO OU
SERVIÇO QUE SABE OU DEVERIA SABER APRESENTAR ALTO GRAU DE NOCIVIDADE OU
PERICULOSIDADE À SAÚDE OU SEGURANÇA.
- Teoria do Risco do Negócio (ou da atividade)
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, POSTERIORMENTE À SUA INTRODUÇÃO NO
MERCADO DE CONSUMO, TIVER CONHECIMENTO DA PERICULOSIDADE QUE
APRESENTEM, DEVERÁ COMUNICAR O FATO IMEDIATAMENTE ÀS AUTORIDADES
COMPETENTES E AOS CONSUMIDORES, MEDIANTE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS.
- dever pós-contratual
- recall (“chamar de volta”).
- recall não exclui a reponsabilidade do fornecedor quanto a danos futuros ou pretéritos decorrentes do
defeito.
CIVIL. CONSUMIDOR. REPARAÇÃO DE DANOS. RESPONSABILIDADE. RECALL. NÃO
COMPARECIMENTO DO COMPRADOR. RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE. - A circunstância
de o adquirente não levar o veículo para conserto, em atenção a RECALL, não isenta o fabricante da
obrigação de indenizar. (STJ - REsp: 1010392 RJ 2006/0232129-5, Relator: Ministro HUMBERTO
GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 24/03/2008, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJ 13.05.2008 p. 1)
PROTEÇÃO CONTRA A PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
- A PUBLICIDADE É UM MEIO DE DIFUSÃO E INFORMAÇÃO COM UM FIM
COMERCIAL, enquanto a propaganda diz respeito a “propagar” (uma ideia por exemplo).
- Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
Art. 37, § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.
A ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS EM GERAL

41
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- CDC, Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, SÃO OBRIGADOS A FORNECER SERVIÇOS
ADEQUADOS, EFICIENTES, SEGUROS E, QUANTO AOS ESSENCIAIS, CONTÍNUOS.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código.
- Serviços custeados por tributos serão afastados dos preceitos consumeristas (relação jurídico-
tributária)
- DESCONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA...
STJ: corte de energia por inadimplemento = não representa descontinuidade.
- Lei 8.987/95 - Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos
previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.
- Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato. 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência OU APÓS PRÉVIO AVISO, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.
- Exige-se o aviso prévio.
STJ: pode haver a interrupção do fornecimento de serviço à pessoa jurídica de direito público, mas
devem ser preservadas as “unidades públicas provedoras de necessidades inadiáveis da comunidade”.
DIREITO ADMINISTRATIVO, CIVIL E CONSTITUCIONAL. FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. MUNICÍPIO INADIMPLENTE. INTERRUPÇÃO. POSSIBILIDADE, COM RESSALVA
DO FORNECIMENTO A UNIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS. RECURSO DE AGRAVO
PARCIALMENTE PROVIDO, POR MAIORIA DE VOTOS. 1. É possível a interrupção do fornecimento
de energia elétrica em razão de inadimplemento, desde que precedida do devido aviso, nos termos da lei. 2.
Em se tratando de consumidor pessoa jurídica de direito público, todavia, essa possibilidade deve ser
obtemperada para ressalvar a manutenção do fornecimento às unidades públicas essenciais, cuja cobrança
deverá ocorrer pelas vias ordinárias. Precedentes do STJ e desta Corte. 3. Incidência do teor da Súmula nº 14
deste Tribunal de Justiça. 4. Por maioria de votos, deu-se provimento parcial ao presente recurso, com o fim
de possibilitar a interrupção do fornecimento de energia elétrica ao Município agravado em razão de
inadimplemento, ressalvadas as unidades essenciais, como educação e saúde, e os logradouros públicos
marginais e lindeiros da BR-101 que se situam no território municipal. (TJ-PE - AGV: 2978547 PE, Relator:
42
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
José Ivo de Paula Guimarães, Data de Julgamento: 18/04/2013, 3ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 10/05/2013)
SUSPENSÃO EM VIRTUDE DE DÉBITOS PRETÉRITOS
STJ: inadimplência precisa ser atual.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AÇÃO DE COBRANÇA E COMPENSAÇÃO DE DÍVIDAS.
SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PÚBLICO. INTERESSE DA COLETIVIDADE. PRESERVAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS.
INTERRUPÇÃO EM RAZÃO DE DÉBITOS ATUAIS. POSSIBILIDADE. 1. É lícita a interrupção no
fornecimento de energia elétrica em caso de inadimplemento, desde que atendidos os requisitos definidos
em lei, quais sejam, que o débito seja recente e o corte antecedido de notificação, pois a finalidade é
resguardar o interesse da coletividade na continuidade do serviço, a qual restaria ameaçada porque
sucessivos débitos onerariam a sociedade como um todo. Inteligência da Resolução nº 414, de 09 de
setembro de 2010, da ANEEL. (TJ-GO - AI: 01066742020168090000, Relator: DR(A). MAURICIO
PORFIRIO ROSA, Data de Julgamento: 10/11/2016, 4A CAMARA CIVEL, Data de Publicação: DJ 2152
de 21/11/2016)
A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC
- O CDC não faz qualquer distinção entre a responsabilidade contratual e a extracontratual.
- O CDC traz duas modalidades de responsabilidades: POR VÍCIO E POR FATO.
A OCORRÊNCIA DO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
- VÍCIO É A IMPROPRIEDADE OU A INADEQUAÇÃO DO PRODUTO OU SERVIÇO QUE
FERE A EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR.
- POSSUI O VÍCIO UMA NATUREZA INTRÍNSECA
- O VÍCIO PODE SER DE FÁCIL CONSTATAÇÃO, APARENTE E OCULTO.
- Art. 18. Os FORNECEDORES DE PRODUTOS de consumo duráveis ou não duráveis
RESPONDEM SOLIDARIAMENTE PELOS VÍCIOS DE QUALIDADE OU QUANTIDADE QUE OS
TORNEM IMPRÓPRIOS OU INADEQUADOS AO CONSUMO A QUE SE DESTINAM OU LHES
DIMINUAM O VALOR, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, PODENDO O CONSUMIDOR EXIGIR A SUBSTITUIÇÃO
DAS PARTES VICIADAS.
§ 1º NÃO SENDO O VÍCIO SANADO NO PRAZO MÁXIMO DE TRINTA DIAS, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – A SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO POR OUTRO DA MESMA ESPÉCIE, EM PERFEITAS
CONDIÇÕES DE USO;
43
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
II – A RESTITUIÇÃO IMEDIATA DA QUANTIA PAGA, MONETARIAMENTE ATUALIZADA, SEM
PREJUÍZO DE EVENTUAIS PERDAS E DANOS;
III – O ABATIMENTO PROPORCIONAL DO PREÇO.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo
anterior, NÃO PODENDO SER INFERIOR A SETE NEM SUPERIOR A CENTO E OITENTA DIAS.
Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de
manifestação expressa do consumidor.
§ 3º O CONSUMIDOR PODERÁ FAZER USO IMEDIATO DAS ALTERNATIVAS DO § 1º DESTE
ARTIGO SEMPRE QUE, EM RAZÃO DA EXTENSÃO DO VÍCIO, A SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES
VICIADAS PUDER COMPROMETER A QUALIDADE OU CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO,
DIMINUIR-LHE O VALOR OU SE TRATAR DE PRODUTO ESSENCIAL
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do
disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
§ 5º No CASO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS IN NATURA, SERÁ RESPONSÁVEL
PERANTE O CONSUMIDOR O FORNECEDOR IMEDIATO, EXCETO QUANDO IDENTIFICADO
CLARAMENTE SEU PRODUTOR.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

44
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Todas as vezes que o CDC mencionar o vocábulo “fornecedores” a responsabilidade civil será, em
regra, solidária.
- Fornecedor = Gênero
- Fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, importador e o comerciante.
- Em razão do risco da atividade desenvolvida pelos fornecedores, a responsabilidade será objetiva,
isto é, independentemente de culpa.
- O consumidor, como regra geral, precisa observar o prazo máximo de 30 dias, conforme narrado no
§ 1º do art. 18, para que o fornecedor venha a sanar o vício no produto.
Art. 18, §1º = direito potestativo do FORNECEDOR.
- Não haverá responsabilidade de todos da cadeia de consumo quando estivermos diante de um
produto in natura, ou seja, aquele que não sofre processo de industrialização.
DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
DEVER DE PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA. INTERMEDIAÇÃO PELO COMERCIANTE.
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS. DIREITO DOS FORNECEDORES E EQUIPARADOS. JUROS DE
MORA. TERMO A QUO. CITAÇÃO NA DEMANDA COLETIVA. PRECEDENTES. 1. Demanda em que
se discute a responsabilidade do comerciante de intermediar a relação entre consumidor e assistência técnica
disponibilizada pelo fornecedor. 5. Disponibilizado serviço de assistência técnica, de forma eficaz, efetiva e
eficiente, NA MESMA LOCALIDADE DO ESTABELECIMENTO DO COMERCIANTE, a intermediação
do serviço apenas acarretaria delongas e acréscimo de custos, não justificando a imposição pretendida na
ação coletiva. (STJ - REsp: 1411136 RS 2013/0347647-4, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Julgamento: 24/02/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
10/03/2015)
ADMINISTRATIVO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PROCON.
REPRESENTAÇÃO DO CONSUMIDOR PELO ESTADO. VÍCIO DE QUALIDADE NO PRODUTO.
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR. EXEGESE DO ARTIGO 18, § 1º, I, DO CDC. 3. No caso
dos autos, inexiste ofensa ao disposto no art. 18 do CDC, pois imediatamente após a reclamação, o
fornecedor prontificou-se a reparar o produto veículo automotor. Não aceita a oferta pelo consumidor,
propôs a substituição do bem por outro nas mesmas condições e em perfeitas condições de uso ou a compra
pelo preço de mercado. Ainda assim, o consumidor manteve-se renitente. 4. "A primeira solução que o
Código apresenta ao consumidor é a substituição das partes viciadas do produto. Não se está diante de uma
'opção' propriamente dita, de vez que, como regra, o consumidor não tem outra alternativa a não ser aceitar
tal substituição" (Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin, in Comentários ao Código de Proteção do
Consumidor, coordenador Juarez de Oliveira. São Paulo: Saraiva, 1991). 6. O dispositivo em comento não
confere ao consumidor o direito à troca do bem por outro novo, determina apenas que, "não sendo o vício
45
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a
substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso (...)". (STJ - REsp:
991985 PR 2007/0229568-8, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 18/12/2007, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 11/02/2008 p. 84RT vol. 872 p. 205)

DIREITO DO CONSUMIDOR. FILMADORA ADQUIRIDA NO EXTERIOR. DEFEITO DA


MERCADORIA. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA NACIONAL DA MESMA MARCA
("PANASONIC"). ECONOMIA GLOBALIZADA. PROPAGANDA. PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR.
PECULIARIDADES DA ESPÉCIE. SITUAÇÕES A PONDERAR NOS CASOS CONCRETOS.
NULIDADE DO ACÓRDÃO ESTADUAL REJEITADA, PORQUE SUFICIENTEMENTE
FUNDAMENTADO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO NO MÉRITO, POR MAIORIA I - Se a
economia globalizada não mais tem fronteiras rígidas e estimula e favorece a livre concorrência,
imprescindível que as leis de proteção ao consumidor ganhem maior expressão em sua exegese, na busca do
equilíbrio que deve reger as relações jurídicas, dimensionando-se, inclusive, o fator risco, inerente à
competitividade do comércio e dos negócios mercantis, sobretudo quando em escala internacional, em que
presentes empresas poderosas, multinacionais, com filiais em vários países, sem falar nas vendas hoje
efetuadas pelo processo tecnológico da informática e no forte mercado consumidor que representa o nosso
País. II - O mercado consumidor, não há como negar, vê-se hoje "bombardeado" diuturnamente por intensa e
hábil propaganda, a induzir a aquisição de produtos, notadamente os sofisticados de procedência estrangeira,
levando em linha de conta diversos fatores, dentre os quais, e com relevo, a respeitabilidade da marca. III -
Se empresas nacionais se beneficiam de marcas mundialmente conhecidas, incumbe-lhes responder também
pelas deficiências dos produtos que anunciam e comercializam, não sendo razoável destinar-se ao
consumidor as conseqüências negativas dos negócios envolvendo objetos defeituosos. (STJ - REsp: 63981
SP 1995/0018349-8, Relator: Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de Julgamento: 11/04/2000,
T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 20.11.2000 p. 296 JBCC vol. 186 p. 307 LEXSTJ vol. 139
p. 59 RSTJ vol. 137 p. 389)
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver
vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de
benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no
Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.

46
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- Quanto ao vício do produto relativo à quantidade (art. 19, CDC) - não será necessário esperar o
prazo para que ele seja sanado, como ocorre no art. 18. Existindo o vício, o consumidor poderá realizar os
pedidos apresentados de forma imediata.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre
que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária,
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos.
Art, 19 - § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
Art. 18 - § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não
sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou
modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
Art. 19 -§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
VÍCIO DO SERVIÇO
Art. 20. O fornecedor de SERVIÇOS responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, PODENDO O CONSUMIDOR EXIGIR,
ALTERNATIVAMENTE E À SUA ESCOLHA:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta
e risco do fornecedor.
§ 2° São IMPRÓPRIOS OS SERVIÇOS QUE SE MOSTREM INADEQUADOS PARA OS FINS QUE
RAZOAVELMENTE DELES SE ESPERAM, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
47
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
A DECADÊNCIA. ANÁLISE DO ART. 26 DO CDC
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - TRINTA DIAS, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - NOVENTA DIAS, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
- O prazo para reclamar ao fornecedor sobre os vícios do produto e do serviço é decadencial de 30
DIAS PARA OS BENS NÃO DURÁVEIS e de 90 DIAS PARA OS BENS DURÁVEIS.
- A contagem desse prazo INICIA-SE COM A ENTREGA EFETIVA DO PRODUTO OU DO
TÉRMINO DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS.
- O prazo decadencial será SUSPENSO COM A RECLAMAÇÃO COMPROVADAMENTE
FORMULADA PELO CONSUMIDOR PERANTE O FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS
ATÉ A RESPOSTA NEGATIVA CORRESPONDENTE QUE DEVE SER TRANSMITIDA DE FORMA
INEQUÍVOCA,
BEM COMO PELA INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL, AINDA NO SEU
ENCERRAMENTO.
- Tratando-se de VÍCIO OCULTO, O PRAZO DECADENCIAL COMEÇA NO MOMENTO EM
QUE FICAR EVIDENCIADO O DEFEITO
- Prazo decadencial = Direito Potestativo (do fornecedor)
- Vício Aparente ou de Fácil Constatação = identificação se dá com mero exame superficial.
- Vício Oculto = Já está presente, mas somente se manifesta a posteriori + identificação NÃO se dá
com simples exame pelo consumidor.
VIDA ÚTIL E VÍCIO OCULTO
REsp 984106 / SC - Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. VÍCIO DO PRODUTO.
MANIFESTAÇÃO FORA DO PRAZO DE GARANTIA. VÍCIO OCULTO RELATIVO À
FABRICAÇÃO. CONSTATAÇÃO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. RESPONSABILIDADE DO
48
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
FORNECEDOR. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. EXEGESE DO ART. 26, § 3º, DO CDC. 3. No
mérito da causa, cuida-se de ação de cobrança ajuizada por vendedor de máquina agrícola, pleiteando os
custos com o reparo do produto vendido. O Tribunal a quo manteve a sentença de improcedência do pedido
deduzido pelo ora recorrente, porquanto reconheceu sua responsabilidade pelo vício que inquinava o produto
adquirido pelo recorrido, tendo sido comprovado que se tratava de defeito de fabricação e que era ele oculto.
5. Por óbvio, o fornecedor não está, ad aeternum, responsável pelos produtos colocados em circulação, mas
sua responsabilidade não se limita pura e simplesmente ao prazo contratual de garantia, o qual é estipulado
unilateralmente por ele próprio. Deve ser considerada para a aferição da responsabilidade do fornecedor a
natureza do vício que inquinou o produto, mesmo que tenha ele se manifestado somente ao término da
garantia. 6. Os prazos de garantia, sejam eles legais ou contratuais, visam a acautelar o adquirente de
produtos contra defeitos relacionados ao desgaste natural da coisa, como sendo um intervalo mínimo de
tempo no qual não se espera que haja deterioração do objeto. Depois desse prazo, tolera-se que, em virtude
do uso ordinário do produto, algum desgaste possa mesmo surgir.
Coisa diversa é o vício intrínseco do produto existente desde sempre, mas que somente veio a se
manifestar depois de expirada a garantia. Nessa categoria de vício intrínseco certamente se inserem os
defeitos de fabricação relativos a projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, os quais,
em não raras vezes, somente se tornam conhecidos depois de algum tempo de uso, mas que, todavia, não
decorrem diretamente da fruição do bem, e sim de uma característica oculta que esteve latente até então. 7.
Cuidando-se de vício aparente, é certo que o consumidor deve exigir a reparação no prazo de noventa dias,
em se tratando de produtos duráveis, iniciando a contagem a partir da entrega efetiva do bem e não fluindo o
citado prazo durante a garantia contratual. Porém, conforme assevera a doutrina consumerista, o Código de
Defesa do Consumidor, no § 3º do art. 26, no que concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da
vida útil do bem, e não o critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um
espaço largo de tempo, mesmo depois de expirada a garantia contratual. 8. Com efeito, em se tratando de
vício oculto não decorrente do desgaste natural gerado pela fruição ordinária do produto, mas da própria
fabricação, e relativo a projeto, cálculo estrutural, resistência de materiais, entre outros, o prazo para
reclamar pela reparação se inicia no momento em que ficar evidenciado o defeito, não obstante tenha isso
ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia, devendo ter-se sempre em vista o critério da vida
útil do bem.

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
- Vida útil reduzida.
- Pratica Abusiva
3ª Do Plural
49
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Engenheiros do Hawaii

Corrida pra vender cigarro


Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora

Corrida pra vender os carros


Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender


Eles querem te comprar
Querem te matar (de rir)
Querem te fazer chorar

Quem são eles?


Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Corrida contra o relógio


Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade

Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada

Eles querem te vender


50
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Eles querem te comprar
Querem te matar (a sede)
Eles querem te sedar

Quem são eles?


Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Vender, comprar, vendar os olhos


Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar

Quem são eles?


Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

A reclamação para obstar (suspender) a decadência pode ser verbal.


DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
REDIBITÓRIA. RECLAMAÇÃO QUE OBSTA A DECADÊNCIA. COMPROVAÇÃO PELO
CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE DE DAR-SE DOCUMENTALMENTE OU VERBALMENTE.
PLEITO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
CERCEAMENTO DE DEFESA. OCORRÊNCIA. 2. O propósito recursal é definir i) se a reclamação,
prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC, hábil a obstar a decadência do direito do consumidor de reclamar pelos
vícios do produto, pode ser feita de forma verbal ou somente de forma documental e ii) consequentemente,
se houve cerceamento de defesa à recorrente, em virtude do indeferimento da produção de prova
testemunhal requerida. 3. A lei não preestabelece uma forma para a realização da reclamação, exigindo
apenas comprovação de que o fornecedor tomou ciência inequívoca quanto ao propósito do consumidor de
reclamar pelos vícios do produto ou serviço. 4. A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, §
2º, I, do CDC, pode ser feita documentalmente - por meio físico ou eletrônico - ou mesmo verbalmente -
pessoalmente ou por telefone - e, consequentemente, a sua comprovação pode dar-se por todos os meios
admitidos em direito. 5. Admitindo-se que a reclamação ao fornecedor pode dar-se pelas mais amplas
51
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
formas admitidas, sendo apenas exigível ao consumidor que comprove a sua efetiva realização, inviável o
julgamento antecipado da lide, quando este pleiteou a produção de prova oral para tal desiderato. Ocorrência
de cerceamento de defesa. 6. Recurso especial conhecido e provido.(STJ - REsp: 1442597 DF
2014/0058916-5, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 24/10/2017, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/10/2017)
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE SERVIÇOS. DECADENCIA.
NÃO OBSTA A DECADENCIA A SIMPLES DENUNCIA OFERECIDA AO PROCON, SEM QUE SE
FORMULE QUALQUER PRETENSÃO, E PARA A QUAL NÃO HA COGITAR DE RESPOSTA.(STJ -
REsp: 65498 SP 1995/0022521-2, Relator: Ministro EDUARDO RIBEIRO, Data de Julgamento:
11/11/1996, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 16.12.1996 p. 50864 JBCC vol. 181 p. 88
LEXSTJ vol. 94 p. 152 DIREITO DO CONSUMIDOR - RECURSO ESPECIAL - ART. 177 DO CC/16 -
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - SÚMULA 356/STF - INDENIZAÇÃO - SEMENTES DE
ALGODÃO DE QUALIDADE INFERIOR - VÍCIO DE QUALIDADE DE PRODUTO NÃO DURÁVEL -
PRAZO PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO INDENIZATÓRIA - ART. 26, I, DA LEI Nº 8.078/90 -
INÍCIO DA CONTAGEM - VÍCIO OCULTO - MOMENTO EM QUE EVIDENCIADO - ART. 26, § 3º,
DA LEI Nº 8.078/90 - DECADÊNCIA MANTIDA - DISSÍDIO PRETORIANO NÃO COMPROVADO.
REsp 1520500 / SP – Data - 27/10/2015
DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE PRECEITO CONDENATÓRIO. REPARAÇÃO DE
DANO MATERIAL. NATUREZA DA AÇÃO. INTERPRETAÇÃO LÓGICO-SISTEMÁTICA DA
PETIÇÃO INICIAL. VÍCIO OCULTO. BEM DURÁVEL. DECADÊNCIA. 1. O objeto da demanda deve
ser extraído da interpretação sistemática do pedido e causa de pedir, não ficando adstrito ao pedido
formulado em capítulo próprio do petitório e sendo irrelevante o nome ou o fundamento legal apontado. 2. A
garantia legal por vícios preexistente tem por finalidade proteger o adquirente, em razão de imperfeições de
informação, estabelecendo instrumentos que assegurem a manutenção do sinalagma contratual mesmo nas
hipóteses em que o alienante desconhecia
FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
- É o ACIDENTE DE CONSUMO OU DEFEITO causado pelo produto ou serviço.
- Gera, via de regra, danos ao consumidor.
- Responsabilidade Objetiva (teoria do risco da atividade)
- O fato do produto TEM NATUREZA EXTRÍNSECA.
- Pode Causar Danos Morais, Materiais, Estéticos E, Inclusive, A Perda De Uma Chance Ao
Consumidor.
- O comerciante foi excluído da lista do art. 12, por ele não possuir o controle sobre a concepção do
produto.
52
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- o art. 12 não tratou do gênero “fornenedor”
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a SEGURANÇA que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
colocado no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando
provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
- excludentes de responsabilidade que afastam a ideia de teoria do risco integral.
OBS: “II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste”; - ônus da prova do
fornecedor (inversão ope legis).
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR COMO EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE
Segundo o STJ o rol de excludentes do CDC não é taxativo, sendo possível considerar caso fortuito
ou força maior como excludentes de responsabilidade (obs: fortuito externo).
- Nelson Nery e Roberto Senise Lisboa são contrários a esta interpretação.
FORTUITO INTERNO X FORTUITO EXTERNO (explicação...)
STJ - Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.
Roubo de Malotes de Cheque – interno
Roubo ou Furto de Cofre em Instituição Financeira – Interno
Assalto no Interior de Ônibus Coletivo – Externo
Dessa maneira, o CDC atribui ao comerciante imediato uma RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA.
53
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- SOMENTE OCORRE TAL EXCLUSÃO (do comerciante) EM CASO DE FATO DO PRODUTO
(para todas as outras modalidades = solidariedade geral).
Art. 13. O COMERCIANTE É IGUALMENTE RESPONSÁVEL, nos termos do artigo anterior,
quando:
I - O FABRICANTE, O CONSTRUTOR, O PRODUTOR OU O IMPORTADOR NÃO PUDEREM
SER IDENTIFICADOS;
II - O PRODUTO FOR FORNECIDO SEM IDENTIFICAÇÃO CLARA DO SEU FABRICANTE,
PRODUTOR, CONSTRUTOR OU IMPORTADOR;
III - NÃO CONSERVAR ADEQUADAMENTE OS PRODUTOS PERECÍVEIS.
(ex: o “famoso” desligamento do freezer”
Fato do Produto e Comerciante = Responsabilidade Subsidiária e Objetiva
Art. 13. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento
danoso.
Como? Denunciação da Lide? Ação Própria?
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO A CONSUMIDOR. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
INTERPRETAÇÃO DO ART. 88 DO CDC. IMPOSSIBILIDADE. 1. A vedação à denunciação da lide
prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13
do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo
(arts. 12 e 14 do CDC). 2. Revisão da jurisprudência desta Corte. 3. RECURSO ESPECIAL
DESPROVIDO. (STJ - REsp: 1165279 SP 2009/0216843-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, Data de Julgamento: 22/05/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
28/05/2012)
FATO DO PRODUTO - PRAZO PRESCRICIONAL
- Art. 27. PRESCREVE EM CINCO ANOS A PRETENSÃO À REPARAÇÃO PELOS DANOS
CAUSADOS POR FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO prevista na Seção II deste Capítulo,
iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Início da Contagem do Prazo: conhecimento do dano e de sua autoria. –Requisitos cumulativos.
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. CONHECIMENTODA
LESÃO POSTERIORMENTE AO FATO LESIVO. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. DATA DA
CIÊNCIA. 1. Ignorando a parte que em seu corpo foram deixados instrumentos utilizados em procedimento
cirúrgico, a lesão ao direito subjetivo é desconhecida e não há como a pretensão ser demandada em juízo. 2.
O termo a quo do prazo prescricional é a data em que o lesado tomou conhecimento da existência do corpo
54
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
estranho deixado no seu abdome. 3. Recurso especial conhecido em parte e provido. (STJ - REsp: 1020801
SP 2007/0310759-9, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 26/04/2011,
T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/05/2011)
FATO DO SERVIÇO
Art. 14. O FORNECEDOR DE SERVIÇOS responde, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA
DE CULPA, pela reparação dos danos causados aos consumidores por DEFEITOS RELATIVOS À
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu
fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que
foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS SERÁ APURADA
MEDIANTE A VERIFICAÇÃO DE CULPA.
- fato do serviço - abrange todo o gênero (fornecedores)
- Responsabilidade, como regra, Objetiva (teoria do risco da atividade).
- Existe uma exceção a esse respeito expressa pelo CDC no art. 14, § 4º.
- Dessa forma, A RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL SERÁ APURADA
MEDIANTE A VERIFICAÇÃO DE CULPA.
Art. 14. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.

55
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL EM OBRIGAÇÃO DE RESULTADO =
CULPA PRESUMIDA = INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (NÃO É OBJETIVA – MESMO NA DE
RESULTADO).
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14 DO CDC.
CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. CASO FORTUITO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE 1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam
verdadeira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito
embelezador prometido. 2. Nas OBRIGAÇÕES DE RESULTADO, A RESPONSABILIDADE DO
PROFISSIONAL DA MEDICINA PERMANECE SUBJETIVA. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar
que os eventos danosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia. 3. Apesar
de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito possui força liberatória e exclui a
responsabilidade do cirurgião plástico, pois rompe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo
paciente e o serviço prestado pelo profissional. (STJ - REsp: 1180815 MG 2010/0025531-0, Relator:
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 19/08/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/08/2010)
DANO MORAL. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO. RESULTADO.
Em ação indenizatória por fracasso de procedimento plástico-cirúrgico (abdominoplastia e
mamoplastia com resultado de cicatrizes, necrose edeformação), o Tribunal a quo reformou a sentença,
condenando o médico a pagar todas as despesas despendidas com sucessivos tratamentos médicos e verbas
honorárias, devendo o quantum serapurado em sede de liquidação, além do pagamento de indenização por
dano moral, em razão da obrigação de resultado.
Entendeu aquele Tribunal que o cirurgião plástico responde pelo insucesso da cirurgia diante da
ausência de informação de que seria impossível a obtenção do resultado desejado. Isso posto, o Min. Relator
destaca que, no REsp, a controvérsia restringe-se exclusivamente em saber se é presumida a culpa do
cirurgião pelos resultados inversos aos esperados. Explica que a obrigação assumida pelos médicos
normalmente é obrigação de meio, no entanto, em caso da cirurgiaplástica meramente estética, é obrigação
de resultado, o que encontra respaldo na doutrina, embora alguns doutrinadores defendam que seria
obrigação de meio.
Mas a jurisprudência deste Superior Tribunal posiciona-se no sentido de que a natureza jurídica da
relação estabelecida entre médico e paciente nas cirurgias plásticas meramente estéticas é de obrigação de
resultado, e não de meio.
Observa que, NAS OBRIGAÇÕES DE MEIO, INCUMBE À VÍTIMA DEMONSTRAR O DANO E
PROVAR QUE OCORREU POR CULPA DO MÉDICO E, NAS OBRIGAÇÕES DE RESULTADO,
BASTA QUE A VÍTIMA DEMONSTRE,COMO FEZ A AUTORA NOS AUTOS, O DANO, OU SEJA,
56
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
DEMONSTROU QUE O MÉDICO NÃO OBTEVE O RESULTADO PROMETIDO E CONTRATADO
PARA QUE A CULPA PRESUMA-SE, DAÍ A INVERSÃO DA PROVA.
A obrigação de resultado não priva ao médico a possibilidade de demonstrar, por meio de provas
admissíveis, que o efeito danoso ocorreu, como, por exemplo: força maior, caso fortuito, ou mesmo culpa
exclusiva da vítima. Concluiu que, no caso dos autos, o dano está configurado e o recorrente não conseguiu
desvencilhar-se da culpa presumida. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso do cirurgião.
Precedentes citados: REsp 326.014-RJ, DJ 29/10/2001; REsp 81.101-PR, DJ31/5/1999, e REsp 10.536-RJ,
DJ 19/8/1991. REsp 236.708-MG, Rel. Min. Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF da 1ª
Região), julgado em 10/2/2009.
Responsabilidade Hospital > Médico > Paciente Lesado
RECURSO ESPECIAL: 1) RESPONSABILIDADE CIVIL - HOSPITAL - DANOS MATERIAIS E
MORAIS - ERRO DE DIAGNÓSTICO DE SEU PLANTONISTA - OMISSÃO DE DILIGÊNCIA DO
ATENDENTE - APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR; 2) HOSPITAL -
RESPONSABILIDADE - CULPA DE PLANTONISTA ATENDENTE, INTEGRANTE DO CORPO
CLÍNICO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL ANTE A CULPA DE SEU
PROFISSIONAL; 3) MÉDICO - ERRO DE DIAGNÓSTICO EM PLANTÃO - CULPA SUBJETIVA -
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APLICÁVEL - 4) ACÓRDÃO QUE RECONHECE CULPA
DIANTE DA ANÁLISE DA PROVA - IMPOSSIBILIDADE DE REAPRECIAÇÃO POR ESTE
TRIBUNAL - SÚMULA 7/STJ. 1.- Serviços de atendimento médico-hospitalar em hospital de emergência
são sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor. 2.- A responsabilidade do hospital é objetiva quanto à
atividade de seu profissional plantonista (CDC, art. 14), de modo que dispensada demonstração da culpa do
hospital relativamente a atos lesivos decorrentes de culpa de médico integrante de seu corpo clínico no
atendimento. 3.- A responsabilidade de médico atendente em hospital é subjetiva, necessitando de
demonstração pelo lesado, mas aplicável a regra de inversão do ônus da prova (CDC. art. 6º, VIII). 4.- A
verificação da culpa de médico demanda necessariamente o revolvimento do conjunto fático-probatório da
causa, de modo que não pode ser objeto de análise por este Tribunal (Súmula 7/STJ). 5.- Recurso Especial
do hospital improvido. (STJ - REsp: 696284 RJ 2004/0144963-1, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data
de Julgamento: 03/12/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/12/2009)
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR ERRO MÉDICO E POR DEFEITO NO
SERVIÇO
1. A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-
consumidor pode ser assim sintetizada:
(i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de
recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do
57
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em
decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC);
(ii) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o
hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer
responsabilidade (art. 14, § 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano;
(iii) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados
de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável,
apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro,
cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de
natureza absoluta (arts. 932 e933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente,
determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC).
(STJ - REsp: 1145728 MG 2009/0118263-2, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
Data de Julgamento: 28/06/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 08/09/2011)
Súmula 130 STJ - A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO DE DANO
OU FURTO DE VEICULO OCORRIDOS EM SEU ESTACIONAMENTO.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ROUBO
DE MOTOCICLETA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ÁREA EXTERNA DE LANCHONETE.
ESTACIONAMENTO GRATUITO. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. FORTUITO EXTERNO.
SÚMULA Nº 130/STJ. INAPLICABILIDADE AO CASO. 1. Ação indenizatória promovida por cliente,
vítima do roubo de sua motocicleta no estacionamento externo e gratuito oferecido por lanchonete. 3. A teor
do que dispõe a Súmula nº 130/STJ, a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto
de veículos ocorridos no seu estacionamento. 4. Em casos de roubo, a jurisprudência desta Corte tem
admitido a interpretação extensiva da Súmula nº 130/STJ para entender configurado o dever de indenizar de
estabelecimentos comerciais quando o crime for praticado no estacionamento de empresas destinadas à
exploração econômica direta da referida atividade (hipótese em que configurado fortuito interno) ou quando
esta for explorada de forma indireta por grandes shopping centers ou redes de hipermercados (hipótese em
que o dever de reparar resulta da frustração de legítima expectativa de segurança do consumidor). 5. No
caso, a prática do crime de roubo, com emprego inclusive de arma de fogo, de cliente de lanchonete fast-
food, ocorrido no estacionamento externo e gratuito por ela oferecido, constitui verdadeira hipótese de caso
fortuito (ou motivo de força maior) que afasta do estabelecimento comercial proprietário da mencionada
área o dever de indenizar (art. 393 do Código Civil). 6. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1431606 SP
2014/0015227-3, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento:
15/08/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/10/2017)
OCORRÊNCIA DO FATO DO SERVIÇO
58
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
- No FATO DO SERVIÇO, TODOS OS PARTICIPANTES DA CADEIA DE CONSUMO
(Fornecedores) RESPONDEM SOLIDARIAMENTE.
FATO DO SERVIÇO - EXCUDENTES DA RESPONSABILIDADE
- § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, TENDO PRESTADO O SERVIÇO, O DEFEITO INEXISTE;
II - a CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR OU DE TERCEIRO
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CDC
Art. 28. O juiz poderá DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE
QUANDO, EM DETRIMENTO DO CONSUMIDOR, HOUVER ABUSO DE DIREITO, EXCESSO
DE PODER, INFRAÇÃO DA LEI, FATO OU ATO ILÍCITO OU VIOLAÇÃO DOS ESTATUTOS OU
CONTRATO SOCIAL. A DESCONSIDERAÇÃO TAMBÉM SERÁ EFETIVADA QUANDO HOUVER
FALÊNCIA, ESTADO DE INSOLVÊNCIA, ENCERRAMENTO OU INATIVIDADE DA PESSOA
JURÍDICA PROVOCADOS POR MÁ ADMINISTRAÇÃO.
§ 5° TAMBÉM PODERÁ SER DESCONSIDERADA A PESSOA JURÍDICA SEMPRE QUE SUA
PERSONALIDADE FOR, DE ALGUMA FORMA, OBSTÁCULO AO RESSARCIMENTO DE
PREJUÍZOS CAUSADOS AOS CONSUMIDORES.
- independentemente da existência de “desvio de finalidade” ou de “confusão patrimonial” (previstos
no art. 50 do CC).
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP.
Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica.
Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do
Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.
– (...) A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada
com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações.
Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da
desconsideração). - A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico
excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de
desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. - Para a teoria menor, o risco empresarial normal às
atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos
sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo
que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou
administradores da pessoa jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de
59
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse
dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas
apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos. (STJ - REsp: 279273 SP 2000/0097184-7,
Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 04/12/2003, T3 - TERCEIRA TURMA, Data
de Publicação: --> DJ 29/03/2004 p. 230RDR vol. 29 p. 356)

- O CDC optou por adotar a TEORIA MENOR DA DESCONSIDERAÇÃO DA


PERSONALIDADE JURÍDICA.
- Mera demonstração de insolvência (não se exige desvio de finalidade ou confusão patrimonial).

28. APROFUNDAMENTOS
PARTE GERAL
“A década de 1990 foi muito profícua em termos de legislação. Apesar de ter iniciado com forte
turbulência política, por conta de uma renúncia presidencial, após um período também turbulento em um

60
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
regime de governo não democrático, muitas das principais leis que hoje utilizamos foram produzidas neste
período. Destas, podem ser destacadas a Lei 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei 8.137/90, a Lei de crimes contra a ordem tributária e relações de consumo, Lei 8.072/90,
ou Lei de crimes hediondos, além do presente diploma, conhecido amplamente como Código de Defesa do
Consumidor.” (Ziesemer. Interesses e Direitos Difusos e Coletivos. Juspodivm, 2018, p. 295
Defesa do Consumidor: ADCT: Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
Constituição:
Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art.24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VIII -
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR
Art. 150 § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios: V - defesa do consumidor;
Código de Defesa do Consumidor:
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
48 de suas Disposições Transitórias.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
61
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
PRÁTICAS COMERCIAIS
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. (natureza difusa)
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Verificar os princípios da boa-fé objetiva e transparência. Princípio da vinculação.
Superior Tribunal de Justiça:
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DO PATROCINADOR.
INADMISSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO DE REGRESSO. MIGRAÇÃO DE PLANOS DE
BENEFÍCIOS. DESISTÊNCIA DE PARTICIPANTES. POSSIBILIDADE. NOTÍCIA DIVULGADA NO
SITE OFICIAL. OFERTA AO PÚBLICO. VINCULAÇÃO AO CONTEÚDO. DEVER DE NÃO
ENGANAR. AÇÃO COLETIVA. EXCLUSÃO DE ALGUNS REPRESENTADOS. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. NÃO CONFIGURAÇÃO. ASSOCIAÇÃO CIVIL EM REGIME DE REPRESENTAÇÃO.
3. A oferta ao público, entendida como a divulgação de produto ou serviço a uma coletividade de pessoas
utilizando um meio de comunicação de massa, equivale à proposta, caso apresente os requisitos essenciais
do contrato, possuindo, portanto, o efeito de vincular o ofertante a partir da difusão da informação ao
público-alvo (arts. 427 e 429 do CC). (REsp 1447375/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/12/2016, DJe 19/12/2016)
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Guarda relação com o direito de informação e de escolha do consumidor, previsto no art. 6º do CDC
Segundo Flávio Tartuce e Daniel Amorim, “o conteúdo da oferta deve ser completo, de modo que o
consumidor seja devidamente informado a respeito daquilo que está sendo adquirido” (Manual de Direito do
Consumidor, 2017, p. 2015).
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
Trata-se da chamada teoria da aparência, onde o preposto ou representante autônomo, representa,
perante o consumidor, a figura do fornecedor do produto ou serviço.
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou
publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
62
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Publicidade: Atividade desenvolvida no mercado de consumo destinada a apresentar as qualidades e
características de produto ou serviço, a fim de atrair o consumidor à sua aquisição. (Ziesemer).
A publicidade pode ser conceituada como sendo qualquer forma de transmissão difusa de dados e
informações com o intuito de motivar a aquisição de produtos ou serviços no mercado de consumo. (Tartuce
& Amorim p. 222).
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.
STJ - RECURSO ESPECIAL E AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO COLETIVA.
DIREITO DO CONSUMIDOR. INTERNET. BANDA LARGA. VELOCIDADE.
PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS.
EFEITOS DA OMISSÃO. BOA FÉ OBJETIVA E PROTEÇÃO DA CONFIANÇA LEGÍTIMA.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. ARTS. 4º, III, E 35 DO CDC. REEXAME
NECESSÁRIO. ART. 19 DA LEI 4.717/65. SUCUMBÊNCIA. OCORRÊNCIA. EFEITOS DA
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. EXTENSÃO. ERGA OMNES. 1. Cuida-se de ação coletiva de
consumo, ajuizada pelo recorrente em face da agravante, na qual sustenta que a agravante pratica
publicidade enganosa, pois noticia apenas a velocidade informada como referência da banda larga, que não é
equivalente àquela garantida e efetivamente usufruída pelos consumidores ao utilizarem o serviço de acesso
à internet. 6. No que diz respeito à publicidade enganosa por omissão, a indução a engano decorre da
circunstância de o fornecedor negligenciar algum dado essencial sobre o produto ou serviço por ele
63
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
comercializado, induzindo o consumidor à contratação por meio de erro, por não ter consciência sobre
elemento que, se conhecido, prejudicaria sua vontade em concretizar a transação. (REsp 1540566/SC, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/09/2018, DJe 18/09/2018)
STJ - RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS MORAIS COLETIVOS
CAUSADOS AOS CONSUMIDORES DE CUIABÁ. INFIDELIDADE DE BANDEIRA. FRAUDE EM
OFERTA OU PUBLICIDADE ENGANOSA PRATICADAS POR REVENDEDOR DE COMBUSTÍVEL.
(REsp 1487046/MT, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
28/03/2017, DJe 16/05/2017)
PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO
DO ART. 535 DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. PUBLICIDADE DE
ALIMENTOS DIRIGIDA À CRIANÇA. ABUSIVIDADE. VENDA CASADA CARACTERIZADA.
ARTS. 37, § 2º, E 39, I, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1. Não prospera a alegada
violação do art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que deficiente sua fundamentação. Assim, aplica-
se ao caso, mutatis mutandis, o disposto na Súmula 284/STF. 2. A hipótese dos autos caracteriza publicidade
duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos direcionada,
direta ou indiretamente, às crianças. Segundo, pela evidente "venda casada", ilícita em negócio jurídico entre
adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universo lúdico infantil (art.
39, I, do CDC).3. In casu, está configurada a venda casada, uma vez que, para adquirir/comprar o relógio,
seria necessário que o consumidor comprasse também 5 (cinco) produtos da linha "Gulosos". Recurso
especial improvido.(REsp 1558086/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 10/03/2016, DJe 15/04/2016)
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe
a quem as patrocina.
Não se confunde com a inversão do ônus da prova, do art. 6º, VIII, do CDC.
Práticas abusivas. São práticas ocorridas no mercado e na relação de consumo que lesam o direito do
consumidor, colocando-o em desvantagem.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (o rol é
exemplificativo)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
64
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº
13.425, de 2017)
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. ART. 39, I, DO CDC.
VENDA CASADA. VENDA DE ALIMENTOS. ESTABELECIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS.
LIBERDADE DE ESCOLHA. ART. 6º, II, DO CDC. VIOLAÇÃO. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS EM
OUTRO LOCAL. VEDAÇÃO. TUTELA COLETIVA. ART. 16 DA LEI Nº 7.347/1985. SENTENÇA
CIVIL. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. EFICÁCIA ERGA OMNES. LIMITE
TERRITORIAL. APLICABILIDADE. 1. A venda casada ocorre em virtude do condicionamento a uma
única escolha, a apenas uma alternativa, já que não é conferido ao consumidor usufruir de outro produto
senão aquele alienado pelo fornecedor. 2. Ao compelir o consumidor a comprar dentro do próprio cinema
todo e qualquer produto alimentício, o estabelecimento dissimula uma venda casada (art. 39, I, do CDC),
limitando a liberdade de escolha do consumidor (art. 6º, II, do CDC), o que revela prática abusiva. (REsp
1331948/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
14/06/2016, DJe 05/09/2016)
COBRANÇA DE DÍVIDAS
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
suas respectivas fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a
cinco anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados entidades de caráter público.

65
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas,
pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou
dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em formatos
acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. (Incluído
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Súmula 550 - A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não
constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar
esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no
respectivo cálculo. (Súmula 550, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/10/2015, DJe 19/10/2015)
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública
e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer
interessado.
STJ - CONSUMIDOR. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
INCLUSÃO DOS DADOS DA USUÁRIA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO. PRÉ-EXISTÊNCIA DE OUTROS REGISTROS DESABONADORES.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 385 DO STJ. 1. Ao consumidor que detém outros registros desabonadores
em cadastro de inadimplentes, uma nova inclusão indevida, por si só, não gera dano moral indenizável, mas
apenas o dever de a empresa que cometeu o ato ilícito suprimir aquela inscrição indevida. 2. A usuária não
apresentou argumento novo capaz de modificar a conclusão alvitrada, que se apoiou em entendimento
consolidado no Superior Tribunal de Justiça. Incidência da Súmula nº 385 do STJ. 3. Agravo interno a que
se nega provimento. (AgInt no REsp 1684793/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 08/05/2018, DJe 16/05/2018)
STJ - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES. 1. COBRANÇA INDEVIDA, SEM INSCRIÇÃO DO
CONSUMIDOR EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL
IN RE IPSA. 2. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DANO MORAL. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 3. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. 4. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. Quando não há
inscrição em cadastro de inadimplentes, a mera cobrança após a solicitação de cancelamento do serviço não
gera presunção de dano moral, sendo imprescindível a comprovação de constrangimento ou abalo

66
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
psicológico suficiente para ensejar indenização. [...] (AgInt no AREsp 1153364/SC, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 04/05/2018)
PROTEÇÃO CONTRATUAL
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
(art. 4º, I do CDC – vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo)
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os
valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados.
Direito de arrependimento. Segundo o STJ, não necessita de nenhuma motivação.
[...] 2. Quando o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial, o
consumidor tem o direito de desistir do negócio em 7 dias, sem nenhuma motivação, nos termos do art. 49
do CDC. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 533.990/MG, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 27/08/2015)
CLÁUSULAS ABUSIVAS
Cláusulas abusivas (colocam o consumidor em desvantagem na relação de consumo). Rol
exemplificativo.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
67
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
STJ - [...] 9. Além da proteção do CC/02, é direito básico do consumidor a proteção contra
práticas e cláusulas abusivas, que consubstanciem prestações desproporcionais, cuja adequação deve ser
realizada pelo Judiciário, a fim de evitar a lesão, o abuso do direito, as iniquidades e o lucro arbitrário.
10. Na hipótese em exame, o valor da multa penitencial, de 25 a 100% do montante contratado, transfere
ao consumidor os riscos da atividade empresarial desenvolvida pelo fornecedor e se mostra
excessivamente onerosa para a parte menos favorecida, prejudicando o equilíbrio contratual. (REsp
1580278/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe
03/09/2018)
STJ - PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
DESERÇÃO. QUESTÃO DECIDIDA. PRECLUSÃO. RAZÕES DO AGRAVO QUE NÃO FAZEM
IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA AO FUNDAMENTO DA DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182 DO
STJ. BANCÁRIO. CLÁUSULAS CONTRATUAIS. REVISÃO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. DESCABIMENTO. PRECEDENTES. 3.
Nos termos do enunciado nº 381 da Súmula do STJ e do recurso repetitivo REsp 1.061.530/RS, não é
possível a revisão de ofício de cláusulas contratuais consideradas abusivas.
Súmula 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas.
SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas
áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização,
distribuição e consumo de produtos e serviços.
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a produção,
industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no
interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do
consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
68
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa,
no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar,
antecedente ou incidente de procedimento administrativo. (devido processo legal, contraditório e
ampla defesa)
Art. 5º LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a
condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo,
revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à
União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais
casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993)
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos,
de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e
revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela administração, mediante
procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de
quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço.
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da
atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante procedimento
administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de
maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo.
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público, quando
violar obrigação legal ou contratual.
§ 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato
desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não
haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.

69
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática
de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do
infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e dimensão
e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o
malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
TÍTULO III - DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de
fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
No caso do consumidor em juízo, a efetivação do princípio da isonomia real depende de um
tratamento diferenciado, com proteções maiores dispensadas a ele, de forma que tenha condições equânimes
de enfrentar o fornecedor. Nada mais do que tratar os desiguais desigualmente, na medida de suas
desigualdades. (Tartuce&Amorim, p. 280)
Quando o inciso I menciona que são transindividuais, significa dizer que transcende, supera a
individualidade. A natureza indivisível diz respeito à indivisibilidade do bem jurídico tutelado, sendo
impossível de contar seus titulares, mas todos eles ligados por uma circunstância de fato. (Henrique da Rosa
Ziesemer. Interesses e Direitos Difusos e Coletivos. Juspodivm.P. 378)
Os interesses ou direitos coletivos, inciso II, por sua vez, também possuem a característica da
transindividualidade e indivisibilidade, mas seus titulares estão interligados entre si por alguma relação
jurídica. Um grupo ou uma categoria de pessoas, por exemplo. Aqui, há a possibilidade da determinação dos
titulares, que se afiguram pela mesma relação jurídica que fazem parte. (idem. P. 379)
Já no inciso III, fala-se em direitos ou interesses individuais homogêneos, sendo conceituado como de
origem comum. A origem comum é o fato comum que gera a defesa do direito. É permitida pela lei sua
tutela a título coletivo, mesmo não havendo a relação jurídica base, como prevista no inciso anterior. (idem.
P. 379)
70
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE:
Art. 82 – Ministério Público; União; Estados; Municípios e DF; entidades e órgãos da
Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos pelo CDC; as associações legalmente
constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código de
Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o
réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
A tutela específica é preferível à tutela pelo equivalente em dinheiro, porque essa espécie de tutela é
a única que entrega ao vitorioso exatamente aquilo que ele obteria se não precisasse do processo, em razão
do cumprimento voluntário da obrigação pelo devedor. [...] O art. 84, do CDC, tanto em seu caput como no
§ 1.º, demonstra de forma clara a opção do legislador pela tutela específica, reservando à tutela reparatória
uma posição secundária no âmbito da satisfação judicial de obrigações. O § 1.º, em especial, prevê que a
conversão em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente ao cumprimento voluntário da obrigação,
sendo que o Superior Tribunal de Justiça também permite a conversão quando a obtenção da tutela
específica for extremamente onerosa ao devedor.
(Tartuce&Amorim, p.295)
71
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
O art. 84 do CDC não cria um novo procedimento no sistema processual, apenas prevê algumas
técnicas procedimentais para a efetiva tutela do titular de direito que tenha como objeto obrigações de fazer
e não fazer. São, entretanto, regras de extrema relevância que merecem análise mais aprofundada. Em
termos procedimentais, a efetivação da tutela segue as regras consagradas no Novo Código de Processo
Civil. (idem. P. 296).
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei
n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não
contrariar suas disposições.
DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
Lei 7.347/85 - Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais,
no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor. (Incluído Lei nº 8.078, de 1990) (princípio da integratividade)
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no interesse das
vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente
sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou
regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente.
A crítica da doutrina em relação a este artigo diz respeito à ausência de critérios objetivos de
delimitação, local, nacional ou regional.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com
a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347,
de 24 de julho de 1985.
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
72
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova
prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no
inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
STJ - PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO COLETIVA. DIREITO
TRANSINDIVIDUAL. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. PRECEDENTES. PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. EFEITOS DA SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA. ART. 2º-A DA
LEI 9.494/1997. INCIDÊNCIA DAS NORMAS DE TUTELA COLETIVA PREVISTAS NO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI 8.078/1990), NA LEI DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/1985)
E NA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA (LEI 12.016/2009). INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM O ENTENDIMENTO ATUAL DO STJ. APLICAÇÃO
DA SÚMULA 568/STJ. 3. A res iudicata nas ações coletivas é ampla, em razão mesmo da existência da
multiplicidade de indivíduos concretamente lesados de forma difusa e indivisível, não havendo que
confundir competência do juiz que profere a sentença com o alcance e os efeitos decorrentes da coisa
julgada coletiva.4. Limitar os efeitos da coisa julgada coletiva seria um mitigar exdrúxulo da efetividade de
decisão judicial em ação supraindividual. Mais ainda: reduzir a eficácia de tal decisão à "extensão" territorial
do órgão prolator seria confusão atécnica dos institutos que balizam os critérios de competência adotados em
nossos diplomas processuais, mormente quando - por força do normativo de regência do Mandado de
Segurança (hígido neste ponto) - a fixação do Juízo se dá (deu) em razão da pessoa que praticou o ato
(ratione personae). (REsp 1760109/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 25/09/2018, DJe 21/11/2018)
Por um lado, a previsão legal é uma clara afronta a todas as tentativas legislativas voltadas à diminuição no
número de processos, o que em última análise geraria uma maior celeridade naqueles que estiverem em
trâmite, sendo também uma agressão clara ao próprio espírito da tutela coletiva. (TartuCe&Amorim p. 392)
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do
ajuizamento da ação coletiva.
TÍTULO IV - DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
73
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.
Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito
Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação da política
do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:I - planejar, elaborar, propor,
coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor; II - receber, analisar, avaliar
e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas ou
pessoas jurídicas de direito público ou privado; VII - levar ao conhecimento dos órgãos
competentes as infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou
individuais dos consumidores;
CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de
categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por
objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e
características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de
consumo.
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e
documentos.
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento.

29. TESES DO STJ


13.1. EDIÇÃO 39
1) O Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do
Código de Defesa do Consumidor - CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), apesar de
não ser destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.
2) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas ope iudicis,
vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os aspectos de verossimilhança das
alegações do consumidor ou de sua hipossuficiência.
5) Em demanda que trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), a
inversão do ônus da prova decorre da lei (ope legis), não se aplicando o art. 6º, inciso VIII, do CDC.
7) A devolução em dobro dos valores pagos pelo consumidor, prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC,
pressupõe tanto a existência de pagamento indevido quanto a má-fé do credor.
74
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
8) Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor à relação contratual entre advogados e clientes, a qual é
regida pelo Estatuto da Advocacia e da OAB - Lei n. 8.906/94.
10) Considera-se consumidor por equiparação (bystander), nos termos do art. 17 do CDC, o terceiro
estranho à relação consumerista que experimenta prejuízos decorrentes do produto ou serviço vinculado à
mencionada relação , bem como, a teor do art. 29, as pessoas determináveis ou não expostas às práticas
previstas nos arts. 30 a 54 do referido código.
13.2. EDIÇÃO 42
3) A instituição de ensino superior responde objetivamente pelos danos causados ao aluno em decorrência
da falta de reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC.
4) A instituição de ensino superior responde objetivamente pelos danos causados ao aluno em decorrência
da falta de reconhecimento do curso pelo MEC, quando violado o dever de informação ao consumidor.
5) É cabível indenização por dano moral quando o consumidor de veículo zero-quilômetro necessita retornar
à concessionária por diversas vezes para reparo de defeitos apresentados no veículo.
6) A constatação de defeito em veículo zero-quilômetro revela hipótese de vício do produto e impõe a
responsabilização solidária da concessionária e do fabricante.
7) As bandeiras ou marcas de cartão de crédito respondem solidariamente com os bancos e as
administradoras de cartão de crédito pelos danos decorrentes da má prestação de serviços.
11) A agência de turismo que comercializa pacotes de viagens responde solidariamente, nos termos do art.
14 do CDC, pelos defeitos na prestação dos serviços que integram o pacote.
13) A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu
estacionamento. (Súmula n. 130/STJ).
14) O roubo no interior de estacionamento de veículos, pelo qual seja direta ou indiretamente responsável a
instituição financeira, não caracteriza caso fortuito ou motivo de força maior capaz de desonerá-la da
responsabilidade pelos danos suportados por seu cliente vitimado, existindo solidariedade se o
estacionamento for explorado por terceiro.
13.3. EDIÇÃO 74
1) A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final para o fornecimento de serviços
públicos essenciais é consumerista, sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor - CDC.
2) As empresas públicas, as concessionárias e as permissionárias prestadoras de serviços públicos
respondem objetivamente pelos danos causados a terceiros, nos termos do art. 37, §6º da Constituição
Federal e dos art. 14 e 22 do Código de Defesa do Consumidor.
4) Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do
consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. (Súmula n.
532/STJ)
75
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR
SOBRE OS AUTORES

Henrique da Rosa Ziesemer


http://lattes.cnpq.br/6913389978064557
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Santa Catarina desde 2004; Graduado em Direito
pela Universidade do Vale do Itajaí; Mestre em Ciência Jurídica; Especialista em Direito Processual Penal;
Especialista em Direito Administrativo; Doutorando em Ciência Jurídica; Professor da Escola do Ministério
Público de Santa Catarina e de cursos de Pós – Graduação, CERS – Centro de Ensino Jurídico Renato
Saraiva, Vorne Cursos, e Escola da Magistratura do Paraná - EMAP; Tem experiência na área de Direito,
com ênfase em Direito Institucional, Penal e Processual Penal, Direitos Difusos e Coletivos; Coordenou, de
2013 a 2015, a campanha "O que você tem a ver com a corrupção?"; Membro da comissão da CONAMP de
reforma e elaboração do novo Código de Processo Penal.

Mario Augusto Quinteiro Celegatto


http://lattes.cnpq.br/9959195840605642
Mario Celegatto é Juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, Professor de Direito Processual Civil,
Direito do Consumidor e Direito Civil, Membro da ABDPro - Associação Brasileira de Direito Processual,
Diretor do Núcleo EAD da EMAP - Escola da Magistratura do Paraná, Professor da EMAP - Escola da
Magistratura do Paraná, Professor em Diversos Cursos de Pós-graduação, Mestrando em Direito pela
Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP, Especialista em Direito Processual, Bacharel em Direito
pela PUC-MG, Consultor Científico da Editora Appris, Palestrante (instagram: mario_celegatto / e-mail:
mario_celegatto@yahoo.com.br).

76
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa
E-BOOK DIREITO DO CONSUMIDOR

77
Siga no Instagram e no Facebook:
Mário Celegatto @mario_celegatto /mariocelegatto
Henrique da Rosa @prof.henriquedarosa /prof.henriquedarosa

S-ar putea să vă placă și