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Trabalho de Conclusão de Curso

Especialização em Terapia
Cognitivo-Comportamental

Cuiabá,2014
2

CEFI. CENTRO DE FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO – PORTO ALEGRE –RS.


ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL

INSERÇÃO DOS PAIS NO TRATAMENTO DA TCC A CRIANÇAS PORTADORAS DE


TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO.

Autor: LÍDIA DE SOUZA ROCHA1

Orientador: MS. MARIA AUGUSTA MANSUR DE SOUZA2.

PORTO ALEGRE/2014

1
Especialista em Psicologia da Educação, Psicóloga junto ao CAPSI- Centro de Atenção Psicossocial da Infância e da
Juventude. Prefeitura Municipal de Rondonópolis- MT. : lidiasrs@yahoo.com.br
2
Professora do CEFI- Centro de Formação do indivíduo, Mestre em Psiquiatria, ma.mansur@terra.com.br
3

FEICS- FACULDADES EVANGÉLICAS INTEGRADAS CANTARES DE SALOMÃO – CUIABÁ


-MT
ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL

INSERÇÃO DOS PAIS NO TRATAMENTO DA TCC A CRIANÇAS PORTADORAS DE


TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO.

Autor: LÍDIA DE SOUZA ROCHA

Orientador: MS. MARIA AUGUSTA MANSUR DE SOUZA

CUIABÁ/2014
4

FEICS- FACULDADES EVANGÉLICAS INTEGRADAS CANTARES DE SALOMÃO – CUIABÁ


-MT
ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL

INSERÇÃO DOS PAIS NO TRATAMENTO DA TCC A CRIANÇAS PORTADORAS DE


TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO E DESAFIO.

Autor: LÍDIA DE SOUZA ROCHA

Orientador: MS. MARIA AUGUSTA MANSUR DE SOUZA.

“Trabalho apresentado como exigência


parcial para obtenção do título de
Especialista em Terapia Cognitiva e
Comportamental”

CUIABÁ/2014
5

Resumo

Esse trabalho apresenta algumas reflexões sobre um transtorno psicossocial recentemente catalogado,
chamado Transtorno Desafiador Opositor, cuja sigla é TOD. O foco principal dessa pesquisa foi
investigar as principais características, causas, etiologia, sintomas e comorbidades desse transtorno e
como os pais podem se inserir no processo de tratamento dentro da abordagem da TCC. Tendo como
base a experiência como psicóloga e a bibliografia a respeito do tema, identificamos que não há receita
pronta para tratar dessas crianças e adolescentes desafiadores e opositores e que a prática diária poderá
oferecer algumas respostas. Conhecer o transtorno e as técnicas de intervenções poderá dar subsídios
para encontrar alguns caminhos para oferecer qualidade de vida aos pacientes. Buscamos ainda
levantar meios para compreender como acontece a melhora dessas crianças, adolescentes portadoras do
TOD, a qual pode acontecer se os pais colaborarem e os filhos aceitarem e ajudarem. Essa pesquisa
não teve a intenção de traçar um percurso ou um caminho estabelecido a ser seguido, mas sim o de
explicar algumas reflexões.

Palavras-chave: Treinamento parental, TCC, crianças e adolescentes

Abstract
This work presents some reflections on an upset psicossocial recently catalogued, called an Opposing
Challenging Upset, which acronym is TOD. The main focus of this inquiry he investigated the main
characteristics, causes, etiology, symptoms and comorbidades of this upset and as the parents can be
inserted in the treatment process inside the approach of the TCC. Taking as a base the experience as
psychologist and the bibliography as to the subject, we identify that there is no ready income to treat
these children and challenging and opposing adolescents and that the daily practice will be able to offer
some answers. To know the upset and the techniques of interventions will be able to give subsidies to
find some ways to offer quality of life to the patients. We look still to lift ways to understand how there
happens the improvement of these childish, adolescent bearers of TOD, which can happen if the
parents collaborate and the children to accept and to help. This inquiry did not intend to draw a
distance or a way established being followed, but yes it of explaining some reflections.

Keywords: Parental training, TCC, children and adolescents


______________________________________________
6

Sumário

1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................8

2. METODOLOGIA.......................................................................................................................................... 11

3-Revisão Bibliográfica .................................................................................................................................. 12

3.1 Sintomas .............................................................................................................................................. 12

3.2 Prevalência .......................................................................................................................................... 13

3.3 Causas.................................................................................................................................................. 13

3.4 Treinamento Parental ......................................................................................................................... 14

4 Tratamento................................................................................................................................................. 18

4.1 A psicoeducação .................................................................................................................................. 19

4.2 Manejo de contingências .................................................................................................................... 19

4.3 Redução da ansiedade parental .......................................................................................................... 20

4.4 Reestruturação cognitiva .................................................................................................................... 20

4.5 Melhoria do relacionamento pais-criança .......................................................................................... 20

4.6 Algumas regras importantes para os pais lidarem com crianças com TDO ........................................ 20

4.7 Manejo da raiva................................................................................................................................... 21

4.8 Modelação........................................................................................................................................... 21

4.9 Treino de habilidades sociais .............................................................................................................. 21

4.10 Role Playing ....................................................................................................................................... 22

4.11 Relaxamento ..................................................................................................................................... 22

4.12 Treino em solução de problemas ...................................................................................................... 22

4.13 As funções executivas ....................................................................................................................... 22

4.14 O Treinamento de pais ...................................................................................................................... 23

4.15 Recompensas .................................................................................................................................... 23

4.16 Punição .............................................................................................................................................. 23

4.17 A economia de fichas ........................................................................................................................ 24


7

4.18 Prevenção de recaída ........................................................................................................................ 24

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS. ......................................................................................................................... 25

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................. 26


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1 – INTRODUÇÃO

De acordo com o modelo teórico da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), aspectos


como o ambiente interno e ambiente externo que cercam a criança são muito importantes e devem
ser agregados ao processo de tratamento (STALLARD, 2008). Nesse sentido, o autor aponta que a
TCC focada na criança necessita considerar o contexto sistêmico, em especial o papel dos pais e
cuidadores, para a efetividade das intervenções psicoterápicas, uma vez que os pais podem
aprender a tratar com sucesso os sintomas do transtorno desafiador opositivo que uma criança
manifesta.

Conforme Teixeira (2014) é preciso que esses pais tenham fortes habilidades parentais, a
fim de ajudar o filho a melhorar o seu comportamento desafiador ou opositor, devendo buscar
efetuar as técnicas de intervenção da TCC com a criança e promover meios dela executar melhor
os seus limites e suas tarefas.

O treinamento para os pais vem sendo utilizado em várias instituições de saúde, clínicas e
universidades, no tratamento de crianças e adolescentes com problemas de comportamento, tais
como birras, agressão e desobediência excessiva. Não obstante, pensar em psicoterapia com
crianças e adolescentes sem a participação dos pais seria contra-indicado, uma vez que o
acompanhamento dos pais, suas estratégias de educação, crenças e sentimentos sobre o problema
dos filhos são alvos de atenção por parte de psicoterapeutas, não somente para a avaliação do caso,
mas também para garantir um atendimento global e efetivo a seus clientes. Portanto, é
imprescindível a presença dos pais, com o objetivo de corrigir os padrões errados das interações
familiares, bem como outros aspectos de funcionamento parental. (PACHECO-REPPOLD, 2011).

Além disso, destaca-se a necessidade de que os pais sejam orientados pelos terapeutas, com
a intenção de valorizar os benefícios, tanto para os filhos quanto para as famílias em geral.
(CAMINHA e CAMINHA, 2007). Dessa forma, quando trabalhamos com os pais em psicoterapia,
devemos usar como primeira estratégia a psicoeducação, que busca ensinar conceitos e orientar de
maneira gradual as crianças e familiares, educar quanto ao transtorno e ao modelo de tratamento
da TCC, o processo da terapia, conteúdo e as habilidades-chave que serão trabalhadas,
principalmente mostrando a ligação entre os três modos: como pensamos, sentimos e fazemos. O
terapeuta deve assegurar-se de que os pais tenham informações básicas gerais, a respeito do
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comportamento adequado ao desenvolvimento e reconhecimento dos antecedentes e das


consequências do comportamento.

O Transtorno de Oposição e Desafio (TOD) constitui-se em um transtorno psicológico


representado, principalmente, por comportamentos manifestados pela criança ou adolescente, no
sentido de agir diversamente daquilo que se pede ou que se espera deles. Esse problema vem
sendo, gradualmente, objeto de estudos e publicações científicas. Há um consenso entre
pesquisadores quanto às particularidades utilizadas usadas para definir o TOD, expostas, por
exemplo, nos trechos a seguir.

O transtorno de oposição (TOD) é um transtorno disruptivo, caracterizado


por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. Os
pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade
por sua conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldades
de aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem a
forma que eles desejam (SERRA-PINHEIRO et al., 2004, p.273).

Considerando o comportamento do indivíduo, os desafios característicos mais comuns


desse transtorno são os seguintes:

A criança ou o adolescente frequentemente perde a paciência, muitas vezes


discute com adultos, com frequência desafia ou se recusa obedecer a
solicitações ou regras de adultos, frequentemente perturba as pessoas de forma
deliberada, frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou maus
comportamentos, mostra-se frequentemente suscetível ou é aborrecido com
facilidade pelos outros, frequentemente enraivecido e ressentido, frequentemente
rancoroso e vingativo. (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 2003, p.995).

Os estudiosos nesse assunto afirmam que comportamentos característicos deste transtorno


podem ser qualificados, até certo momento, como “normais”, às vezes podendo aparecer no início
da infância ou no começo da adolescência, período esse em que os mesmos separam-se dos seus
pais para estabelecer uma identidade própria (REINECKE, DATTILIO e FREEMAN, 2003). Uma
fase de rebeldia é comum a qualquer ser humano.

Não aceitar tudo o que é imposto às vezes é atitude necessária e até inspiradora, basta
observarmos ser este um tema recorrente no cinema e na literatura. Assim, na infância e pré-
adolescência um comportamento como uma birra, a “mania de ser do contra”, costuma ser tratado
como normal. Em alguns casos, porém, a atitude desafiadora constante na infância pode esconder
um problema psiquiátrico, o Transtorno Opositor Desafiador (TOD), que, se não for tratado,
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poderá se transformar em problemas de conduta e até em posturas antissociais. (TEIXEIRA,


2014).

Existem sinais claros manifestados pela criança, os quais permitem aos pais diferenciarem
a “rebeldia sem causa” de algo mais sério. Em geral, as crianças costumam ficar estressadas
quando estão com sono ou fome, ou quando recebem um “não”, mas as que possuem TOD perdem
a calma várias vezes ao dia, em situações do dia a dia. Também xingam os pais, falam palavrões e
discutem com qualquer pessoa que não concorde com suas atitudes. (SERRA-PINHEIRO, 2004).

De acordo com alguns autores, o TOD pode estar associado mais frequentemente a outros
tipos de comorbidades, como: Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Em
crianças e adolescentes pode acontecer em mais de 50% dos casos e piora muito o quadro de
TDAH, com Transtorno Desafiador Opositor (TOD). TDAH é a maior comorbidade encontrada
em crianças e adolescentes, sua incidência pode chegar a 65% dos casos, dos quais 63% são
meninos e 32% são meninas. Além do TDAH, há o transtorno de ansiedade, transtorno do humor
bipolar, depressão, maior abuso, dependência de substâncias. (TEIXEIRA, 2014).

Estudos apontam fatores que podem influenciar o desencadeamento desse tipo de


comportamento, dentre os quais os comportamentos paternos recebem destaque. Não existem
modelos já definidos para explicar esta incidência, mas frequentemente os pais de crianças e
adolescentes com TOD são excessivamente preocupados com temas de poder, controle e
autonomia, sendo também passivos e agressivos. Da mesma forma, as mães são demasiadamente
controladoras, rígidas, deprimidas e, muitas vezes, os filhos foram indesejados (KAPLAN,
SADOCK e GREBB, 2003).

É de suma importância desenvolver estudos, de modo a investigar estratégias terapêuticas


direcionadas para o trabalho com essas crianças, adolescentes e suas respectivas famílias, uma vez
que os pesquisadores sugerem que o problema pode ser agravado por fatores intrafamiliares.

Portanto, o objetivo principal desse artigo é apresentar uma revisão da literatura sobre a
influência da família na educação e tratamento de crianças e adolescentes com diagnóstico de
TOD. Pretende-se, com isso, contribuir para elaboração de estratégias preventivas e psicoterápicas
na Terapia Cognitivo-Comportamental para dirimir esse problema junto ao CAPSI – Centro de
Atenção Psicossocial da Infância e da Juventude Rondonópolis – Mato Grosso, instituição na qual
desenvolvemos trabalho na esfera terapêutica.
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2. METODOLOGIA

Este estudo foi realizado através da revisão de referências bibliográficas. Segundo Marconi
e Lakatos (2010), esta forma de pesquisa qualitativa tem por finalidade colocar o leitor em contato
direto com determinado assunto que já foi escrito, oferecendo meios para esclarecer, resolver
como também redescobrir e explorar novas áreas que não foram totalmente explicadas. Dessa
forma, constitui-se como corpus para investigação livros, artigos científicos publicados em
periódicos e acessados através de bancos de dados online, como Bireme, Scielo e Google
Acadêmico. Posteriormente foram elaborados e selecionados os fichamentos das obras que melhor
atenderam aos objetivos do estudo.
12

3-Revisão Bibliográfica

O diagnóstico do TDO quase sempre é um desafio para psicólogos e outros profissionais


da saúde mental, devendo o transtorno ser diagnosticado ainda na infância e incluir avaliações do
comportamento em diversas situações. Todavia, sua causa ainda é desconhecida. (KAPLAN-
SADOCK -GREEB 1994).

Para facilitar o entendimento do assunto, é importante ressaltar os critérios oficiais de


diagnósticos estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais-DSM-
IV-TR (APA, 2002). Nele, entende-se por Transtorno de Oposição e Desafio:

 Um padrão de comportamento negativista hostil e desafiador por pelo menos 06


meses, durante as quais 4 (quatro) ou mais das características listadas a seguir estão
presentes: 1) Frequentemente perde a calma; 2) Discute com adultos; 3) Perturba as
pessoas de forma deliberada; 4) Com frequência desacata ou se recusa a obedecer a
solicitações ou regras de adultos; 5) Frequentemente responsabiliza os outros por
seus erros ou mau comportamento; 6) Mostra-se frequentemente suscetível ou se
irrita com facilidade com outras pessoas; 7) Frequentemente enraivecido e
ressentido;.8) Rancoroso ou vingativo.

 Perturbação do comportamento causa prejuízo clinicamente significativo no


funcionamento social.

 Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno


psicótico ou transtorno do humor.

 Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da conduta e, se o individuo tem 18


anos ou mais. Não são satisfeitos os critérios pra Transtorno de Personalidade
Antissocial.

3.1 Sintomas

As crianças com TDO são frequentemente chateadas, discutem constantemente com os


adultos, dizem coisas odiosas quando estão com raiva, são rancorosas, vingativas e
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deliberadamente tentam irritar os outros. Essas crianças também tendem a culpar os outros por
seus erros. (BOLSONI-SILVA, MARTURANO 2006).

3.2 Prevalência

As taxas de Transtorno Desafiador Opositivo são de 2 a 16%, dependendo da natureza da


amostra populacional e métodos de determinação. Em geral, manifesta-se antes dos 8 anos de
idade e habitualmente não depois do início da adolescência. Os sintomas opositivos
frequentemente emergem no contexto doméstico, mas com o tempo podem aparecer também em
outras situações. O início é tipicamente gradual, em geral se estendendo por meses ou anos. Em
uma proporção significativa dos casos, o Transtorno Desafiador Opositivo é um antecedente
evolutivo do Transtorno da Conduta. O transtorno é mais prevalente em homens do que em
mulheres antes da puberdade, mas as taxas são provavelmente iguais após a puberdade. Os
sintomas em geral são similares em ambos os gêneros, à exceção do fato de que os homens podem
apresentar mais comportamentos de confronto e sintomas mais persistentes. (LOBO- FLASH-
ANDRETTA, 2011).

3.3 Causas

Ainda não existe nenhuma causa claramente compreendida, acredita-se ser uma
combinação genética e ambiente, incluindo disposição natural de uma criança, sentimento, falta de
fiscalização/limites, inconsistência ou disciplina severa, abuso ou negligência, desequilíbrio de
certas substâncias químicas do cérebro (tais como serotonina), famílias conturbadas, brigas entre
os pais, alcoolismo, uso de drogas, abuso físico ou sexual por adultos, geralmente os pais,
familiares ou vizinhos. (BARKLEY- 1998).
Para Skinner (2000), nosso comportamento social acontece a partir do momento que
começamos a fazer parte de um ambiente. Nossos comportamentos bons ou ruins são
determinados pelas contingências desse meio e nos fazem ser indivíduos amigáveis ou agressivos,
de acordo com nossa cultura.
Gomide (2001) define como comportamento antissocial aquele indivíduo que quebra as
regras sociais, sendo violento contra o outro em vários aspectos, tais como agredir, furtar ou
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infringir a lei. Porém, se mudarmos as contingências do meio, as respostas desse indivíduo


também poderão ser mudadas.
A socialização primária é desenvolvida através da família, processo em que há muita
afetividade envolvida, esta socialização é uma das primeiras coisas do mundo com que a criança
tem contato, inicialmente representado pelos pais e pelos seres com quem ela se relaciona, pois é
promovida em intensa emoção: “[...] é a primeira socialização que o indivíduo experimenta na
infância, e, em virtude da qual torna-se membro da sociedade.” (BERGER, LUCKMANN, 1999,
p. 175).
Na socialização secundária, as crianças recebem as aprendizagens social e cognitiva que
devem ser reforçadas por técnicas pedagógicas, momento em que são repassados os conteúdos
escolares. Nessa socialização, as limitações biológicas tornam-se cada vez menos importantes nas
sequências de aprendizagem, estabelecidas na medida das propriedades intrínsecas do
conhecimento que deve ser adquiridos, ou seja, na estrutura fundamental desses saberes
(BERGER; LUCKMANN, 1999).
A indisciplina na escola segue por caminhos similares ao que ocorre em seu meio familiar:
se o filho não tem respeito pelos membros da sua família, dificilmente o terá pelos seus
professores ou qualquer outra pessoa. (TIBA, 2006).
Postman (1999) descreve a criança como um ser frágil que necessita, além de proteção, ser
moldada conforme preceitos morais, religiosos e éticos, para tornar-se um adulto bem formado e
sem sequelas emocionais, afetivas, cognitivas e sociais. Alerta que as crianças que vivem nas ruas
das cidades, sem limites, fora da escola, em situação de risco, poderão desenvolver
comportamentos inadequados e ter prejudicada a formação de sua personalidade.
No aspecto das habilidades sociais, dentro do aspecto interpessoal, entendem-se a falta de
disciplina como uma síndrome psicossocial, que sofre influência de fatores tanto de ordem externa
como interna, no que diz respeito ao meio familiar, pedagógico, neurológico e social. A
problemática na área afetivo-social e o desempenho escolar se relacionam, ou seja, alunos com
dificuldades de aprendizagem e de disciplina também apresentam problemas socioemocionais e
comportamentais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008).

3.4 Treinamento Parental

Em 1888, foi fundada a primeira instituição destinada ao estudo do desenvolvimento


infantil e em específico a educação de pais, estabelecendo novas perspectivas de cuidados aos
filhos. Na segunda metade do século XX, surgiu a necessidade dos pais adotarem postura
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democrática na educação de seus filhos, baseada em respeito mútuo, no reconhecimento dos


sentimentos da criança e no favorecimento do autoconhecimento. (VELASQUES, 2010).
Historicamente a proposta de orientar ou treinar os pais está ligada à terapia
comportamental, por isso seus princípios básicos são oriundos da análise do comportamento,
reforço e punição, sendo tanto os comportamentos adequados como os inadequados frutos da
aprendizagem nas interações dos seres humanos com o meio ambiente. (PACHECO- REPPOLD,
2011).
Nesse treinamento o terapeuta deverá ensinar os pais a conhecerem as modalidades da
TCC, modificando o comportamento da criança por meio da mudança das suas próprias atitudes.
Entre 40 a 50% das respostas a essa abordagem demonstram que as habilidades para educação e
cuidado de crianças são aprendidas, podendo ser realizadas em grupo ou individualmente.
(SERRA-PINHEIRO, 2004).
Destacam-se dois pontos fundamentais inseridos no treinamento parental, no que diz
respeito a quanto os pais conhecem sobre o desenvolvimento de uma criança/adolescente e o
quanto conhecem seus filhos. O primeiro ponto facilita a flexibilidade, pois permite aos pais
aceitarem, por exemplo, que um pouco de bagunça é normal na infância e que às vezes as crianças
não têm noção de seu comportamento (WEBER, 2005). O segundo ponto também é importante,
porque aproxima pais e filhos. Existem alguns jogos terapêuticos para serem trabalhados
conjuntamente com pais e filhos, com perguntas sobre o cotidiano, preferências e comportamentos
de ambos (WEBER, 2005).
O treinamento de pais é proposto por estudos como a modalidade de tratamento melhor
estabelecida para o tratamento de transtornos disruptivos em crianças, sendo amplamente utilizada
para o tratamento de Transtorno Desafiador Opositivo, entre outros. Consiste em uma intervenção
em que os pais são instruídos sobre técnicas de aprendizagem social, visando modificar o
relacionamento com seus filhos, diminuir os comportamentos desadaptativos e incentivar os
comportamentos pró-sociais de suas crianças. Abrange a faixa etária de 3 a 12 anos e é aplicado
entre 10 e 17 sessões. (PACHECO- REPPOLD, 2011).
Na formação do grupo de pais é necessário observar alguns detalhes como: o grupo deve
ser homogêneo em relação à problemática dos filhos, no caso de pais com transtornos disruptivos.
A intervenção deve ser de preferência fechada, com determinados números de encontros. Devem
ser realizadas entrevistas individuais com os pais que poderão participar do grupo. (STALLARD,
2010).
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O treinamento de pais pretende aumentar as práticas educativas positivas, como a atenção e


o conhecimento sobre os filhos, o estabelecimento de regras, a monitoria positiva, o estreitamento
da relação de afeto e o comportamento moral. Tem-se estudado que o trabalho com os pais vem
sendo uma estratégia fundamental, necessária e eficaz no tratamento de crianças que apresentam
problemas de comportamento. A autora propõe alguns temas importantes, como ensinar aos pais
que o amor incondicional à criança é essencial, o que não quer dizer amar os comportamentos dela.
Isso significa dizer que, quanto mais amada se sente, melhor a criança aceita as regras e desenvolve
amor e compaixão pelos outros. Esse tipo de comportamento dos pais fortalece a autoestima dos
filhos e a conduta de resiliência. (WEBER, 2005).
A indicação de como os pais participam diversificará conforme o diagnóstico e o modelo
de intervenção adotado. Os estudos recentes mostram que as intervenções em problemas de
comportamento infantil têm sido feitas em consonância com crianças e pais. Para crianças
pequenas em idade pré-escolar, o treinamento de pais é uma aproximação excelente e para
crianças com mais idade com esse tipo de comportamento, as intervenções cognitivas e
comportamentais tem tido grande eficácia. (PACHECO- REPPOLD, 2011).
Muitas vezes, quando os pais trazem os filhos à psicoterapia, manifestam durante as
entrevistas iniciais sentimentos de impotência e de vergonha, às vezes demonstram serem
incapazes para lidarem com seus próprios filhos. Soma-se a isso também a baixa-estima, e baixa-
autoconfiança para o papel parental. Esse treinamento tem como objetivo ajudar a fortalecer os
pais para se sentirem capazes para a tarefa, sendo que a empatia do terapeuta deverá permanecer
em toda intervenção, para que os pais se sintam reforçados para o engajamento. (STALLARD,
2010).
Dessa forma, os pais são ensinados a reforçar positivamente os comportamentos
desejáveis, não devendo, entretanto, implicar em reforços materiais. Os reforços são elogios,
atenção, tempo dedicado à criança, programas que reúnam a família, isso melhora a relação
familiar, e estreita os laços entre pais e filhos. Além disso, devem ignorar ou punir negativamente
os comportamentos inadequados, aumentar as crenças na possibilidade de mudança, elucidar que
os comportamentos que são valorizados pela família esperados da criança devem ser ensinados. A
criança não nasce responsável, mas aprende com seus genitores, sendo importante ampliar os
repertórios afetivos dos pais em relação ao filho. (PACHECO- REPPOLD, 2011).
Filhos de pais afetivos, vigilantes, atentos, responsáveis, dificilmente têm necessidade de
punições. No treinamento de pais, se o terapeuta perceber a necessidade do pai ou da mãe realizar
uma psicoterapia individual ou familiar deverá encaminhá-los. (PACHECO- REPPOLD, 2011).
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Stallard (2010) afirma existir fatores que devem ser avaliados antes do envolvimento ativo
dos pais na intervenção: a sua motivação e disposição para a mudança e a natureza e extensão dos
seus problemas de ansiedade e, em particular, até que ponto estes podem interferir ou impedir o
tratamento do seu filho.
O autoconhecimento, a comunicação positiva, o uso de reforços positivos como elogiar e
valorizar, ser consistente, não usar punições corporais e sim consequências lógicas, ser um modelo
moral para os filhos e educar para a autonomia são outros temas que devem estar presentes no
treinamento de pais para uma educação positiva. (STALLARD, 2010).
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4 Tratamento

Para o sucesso do tratamento, a ajuda dos pais é de extrema importância, no sentido de que
as instruções dadas ao cliente sejam seguidas, uma vez que os aspectos sociais e emocionais dos
pais, assim como os métodos utilizados por eles na educação de seu filho, influenciam nas atitudes
e comportamentos apresentados pela criança e possibilitam a sua compreensão do comportamento
diferenciado da criança portadora do TDO, em relação às outras crianças. (AMERICAN
ACADEMY OF PEDIATRICS, 2003).
No tratamento do TDO, Bee (2011, p.429) aponta que um psicólogo poderá acompanhar os
pais para auxiliar nos momentos problemáticos do filho, para ele não ceder às exigências do filho,
ensinando a estabelecer limites concretos para o comportamento e a cumprir as consequências
prometidas. Na escola, o mesmo deverá ser combinado com o aluno. Sabemos de suas limitações
em controlar o comportamento inadequado, porém devemos cumprir aquilo que combinamos.
Já existem vários relatos do efeito da medicação em caso de oposição e agressão, mas
especialmente em pacientes que de fato têm TC ou TDAH comórbido. Além da questão da
comorbidade, a maioria dos estudos está focada na agressão ou nos sintomas de TDO, não
necessariamente em pacientes com um diagnóstico de TDO. Todavia, nem sempre é necessária a
medicação, sendo o tratamento principal a psicoterapia, por meio da Terapia Cognitiva e
Comportamental junto à criança, ao adolescente e à família. (SERRA-PINHEIRO, 2005).
Assim, a relação terapêutica é vista como fator determinante do processo terapêutico, a
qual pode facilitar o trabalho e a possibilidade de atingir metas, caso se estabeleça num clima de
confiança e acordo harmonioso (WRIGHT – BASCO –THASE, 2008). O engajamento dos pais na
psicoterapia é considerado fundamental, pois traz grandes benefícios e aumenta a eficácia do
tratamento. Destacando-se, mais uma vez, a importância da entrevista inicial para que haja esse
engajamento dos pais no tratamento dos filhos. Além disso, a entrevista pode nos trazer muitos
dados relevantes a cerca da vida da criança, da dinâmica familiar e o papel dos pais na família.
Crianças quando diagnosticadas e atendidas precocemente com a demanda, a intervenção
psiquiátrica ou psicológica pode atuar como fator preventivo de transtornos graves na vida adulta.
(LOBO- FLASH- ANDRETTA, 2011).
As etapas do tratamento são: realizar uma avaliação detalhada, determinar a frequência
básica do comportamento problemático, orientar e proporcionar informações sobre o sucesso do
tratamento, estabelecer estratégias específicas para mudanças do que está sendo tratado de acordo
com cada família. O tratamento em geral é focado no sintoma, com o objetivo de aumentar as
19

trocas compensatórias, reduzir as aversivas, trabalhar a importância da comunicação adequada e


extinguir o comportamento problemático. (VELASQUES, 2010).
É muito importante para o tratamento a participação de toda a família, uma vez que a
orientação deve servir para TDOs e para que assim a família se sinta integrada e unida. É preciso
reestabelecer o carinho, o amor e o diálogo entre pais e filhos. Para tal, a terapia familiar vai
proporcionar um trabalho em grupo, reorganizando a unidade familiar, afinando a comunicação e
os elos afetivos dos integrantes desta família. A TCC se faz necessária no sentido de acolher as
questões pessoais da criança ou do adolescente, dificuldades, anseios e conflitos oriundos do TDO,
tendo em vista o resgate iminente dos próprios limites, o reconhecimento dos excessos e exageros,
canalizando esta energia demasiada em atitudes positivas e construtivas. (SOUZA- BAPTISTA,
1995).
Após o estabelecimento de uma relação terapêutica adequada e a identificação do
problema, o terapeuta passa a utilizar técnicas como as descritas adiante.

4.1 A psicoeducação
Ela busca ensinar conceitos e orientar de maneira gradual às crianças e familiares, educar
quanto ao transtorno e ao modelo de tratamento da TCC, o processo da terapia, conteúdo e as
habilidades-chave que serão trabalhadas, principalmente mostrando a ligação entre os três modos:
como pensamos, sentimos e fazemos. Podem ser utilizados livros, histórias, anedotas, metáforas,
fantoches ou bonecos, brincar de professor e aluno e outros, porém, com linguagem clara, didática
específica,  monitoramento do humor e das emoções. (WRIGHT- BASCO-THASE 2008).

4.2 Manejo de contingências

No caso específico dos transtornos de ansiedade, os pais são orientados a assegurar que o
comportamento inadequado ou ansioso da criança receba uma atenção mínima, enquanto o seu
comportamento adequado e corajoso ganha máxima atenção e reforço. Dessa forma, os pais são
incentivados a observarem em seus filhos o comportamento corajoso de enfrentamento; bem como
elogiar e recompensar o comportamento corajoso e as tentativas de mudanças e minimizar a
atenção dada ao comportamento ansioso, ignorando-o e focalizando a atenção no exterior.
(SOUZA- BAPTISTA, 1995).
20

4.3 Redução da ansiedade parental

Devido à significativa associação entre a ansiedade da criança e a dos pais, a intervenção


ajuda os pais a: identificar os próprios sentimentos de ansiedade e respostas específicas;
reconhecer o efeito do seu comportamento sobre a criança; substituir pensamentos ansiosos por
outros mais úteis; enfrentar e superar o próprio medo e desafios e modelar comportamentos
corajosos e habilidades úteis. (PACHECO- REPPOLD, 2011).

4.4 Reestruturação cognitiva

Destinada a identificar, desafiar e reavaliar as cognições parentais importantes e


disfuncionais que interferem no tratamento e limitam a sua capacidade de apoiar a criança.
(WRIGHT – BASCO-THASE, 2008).

4.5 Melhoria do relacionamento pais-criança

Envolve a utilização de estratégias para reduzir conflitos, melhorar a comunicação e


solucionar problemas, baseado nas habilidades de manejo de contingências e resulta no aumento
de mensagens positivas e na redução de confrontações negativas. (SOUZA- BAPTISTA, 1995).

4.6 Algumas regras importantes para os pais lidarem com crianças


com TDO

 Falar de perto com a criança, as ordens deverão ser simples e claras;

 Pedir à criança para repetir as ordens, não ordenar em forma de pergunta, não dar
espaço para uma negativa;

 Não conversar na hora da raiva;

 Elogios e recompensas são sempre mais adequados que a punição para modificar
comportamentos, isso deve ser planejado por orientação de um profissional
21

capacitado;

 As recompensas não precisam ser materiais, exigindo gastos, é preciso não temer
dizer não;

 Reforçar pequenos avanços de comportamentos adequados.

 Tolerar a frustração do filho, conceder ao filho o direito de cometer erros, conceder


a sim mesmo o direito de errar e nunca desistir. (SOUZA –BAPTISTA, 1995).

4.7 Manejo da raiva

A sigla COPER é uma chave para a solução de problemas, na qual temos: C = captar o
problema - Identificar o problema em termos específicos e concretos; O = escutar as opções e
ensinar à criança gerar soluções alternativas; P = prever as consequências - Avaliar
cuidadosamente as opções e as consequências de curto e longo prazo; E = examinar os resultados
e agir baseado nesta revisão - Terapeuta e criança planejam a implementação da melhor solução; R
= auto-recompensa por seguir os passos e tentar uma ação produtiva. (SOUZA- BAPTISTA,
1995).

4.8 Modelação

Movimentos a partir do adulto em que a criança observa passo a passo em como adquirir
para si um determinado comportamento. Aprender com a experiência do comportamento do outro.
Envolve também a recompensa de pequenos passos iniciais em direção a um objetivo. Ex:
Crianças desatentas não conseguem manter um contato visual com o adulto enquanto recebem
uma ordem: adulto deve dar a ordem de forma clara e objetiva e fazer movimentos para que a
criança possa aprender. (SOUZA- BAPTISTA, 1995).

4.9 Treino de habilidades sociais

Tem a função de ajudar o paciente a encontrar uma maneira socialmente habilidosa, ou


seja, assertiva, de expressar-se diante de uma situação ansiogênica. Estas assertivas podem estar na
22

mudança de um olhar, na expressão facial, na modulação do tom de voz, na postura do corpo. E


ainda, pode estar em conteúdos de ideias empregadas através de materiais de psicoeducação
(feedback, fantoches, prática de HS de maneira divertida e gradual). De forma que, quando sentir-
se provocado, fingir espanto e responder com humor, assim a criança desaponta seus
provocadores. Ignorar e afastar-se, distração, observação, observar como o outro lida com as
provocações, diário de provocações registrar como foi provocado, como se sentiu, o que passou
em sua cabeça. (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008).

4.10 Role Playing,

Facilita o treinamento das habilidades sociais e evoca pensamentos e sentimentos


importantes. Deve-se saber com antecedência coisas sobre os personagens a representar.
(PACHECO-REPPOLD, 2011).

4.11 Relaxamento

Respiração diafragmática e relaxamento muscular progressivo diminuem a tensão muscular


e as queixas somáticas. (REINECKE, DATTILIO & FREEMAN, 2003).

4.12 Treino em solução de problemas

De maneira geral, esse treino tem por objetivo reavaliar as formas de trabalhar a situação
problemática e desenvolver estratégias alternativas para superar aquilo de forma menos sofrida. Na
oportunidade, aplicações criativas podem ser muito pertinentes, como narração de histórias, uso de
jogos, confecção de máscaras e de livros, cestas de pensamento, sentimento, analogias a super-
heróis. (PACHECO-REPPOLD, 2011)

4.13 As funções executivas

São responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas em que incluem o raciocínio, a


lógica, as estratégias, a tomada de decisões e a resolução de problemas. Elas referem-se à
capacidade do sujeito em engajar-se (conscientização de participação) num comportamento
23

orientado a objetivos, realizando ações voluntárias, independentes, auto-organizadas e


direcionadas a metas específicas. (LURIA, 1981).

4.14 O Treinamento de pais

Tem como objetivo ensiná-los a lidar de forma mais positiva com seus filhos. Para tanto,
são trabalhadas causas e consequências de comportamentos, reforços positivos, efeitos de punição.
Esse trabalho educativo se faz necessário uma vez que os pais de crianças disruptivas tendem a
prestar atenção apenas nos comportamentos negativos dos filhos, negligenciando os positivos. Os
pais precisam estar imbuídos no tratamento dos filhos para buscar soluções de problemas
relacionados à manutenção do sofrimento afetivo e na atuação comportamental da criança. Além
disso, é importante que executem os papéis de facilitadores no ambiente terapêutico e doméstico,
sentindo-se encorajados a permitir novas tarefas, estimular, monitorar e revisar novas habilidades.
(PACHECO-REPPOLD, 2011)

4.15 Recompensas

São prêmios ou pagamentos oferecidos a alguém em retribuição a algo positivo que ele fez,
para compensar ou para reparar alguma atitude, recebeu uma recompensa por ter passado no
vestibular. (REINECKE- DATTILIO & FREEMAN, 2003).

4.16 Punição

É uma consequência do comportamento que reduz a probabilidade futura daquele


comportamento. De maneira mais completa, a punição é uma redução na probabilidade futura de
uma resposta específica como resultado da apresentação imediata de um estímulo para aquela
resposta. Ex. Punição positiva apresenta o estímulo aversivo após o comportamento como: bater,
xingar, humilhar. Punição negativa retira o estímulo reforçador após o comportamento indesejável.
Como: remoção de privilégios, não deve retirar a atenção, pode retirar a tv, sem introduzir gritos,
puxões de orelha, beliscões. (REINECKE, DATTILIO & FREEMAN, 2003).
24

4.17 A economia de fichas

É uma intervenção comportamental baseada em contingências. Consiste em um sistema de


reforçamento que ocorre quando o indivíduo produz comportamentos desejados, no qual se
administram fichas como reforço imediato, as quais são trocadas posteriormente por reforços mais
valiosos, mas que são retiradas quando ocorrem comportamentos inadequados (BARKLEY,
1998). Portanto, para a implementação dessa técnica, é fundamental um acordo entre a criança e os
responsáveis quanto às recompensas variadas e que se enquadrem em categorias de pequeno,
médio e grande. Assim, para cada recompensa determinada, é necessário alcançar o número de
pontos necessários.

4.18 Prevenção de recaída

Os pais são instruídos a adotarem comportamento mais pró-ativo, identificando possíveis


gatilhos ou eventos futuros difíceis, permitindo que eles se preparem para lidar com esses
acontecimentos e estejam cientes de padrões disfuncionais prévios e se concentrem mais no
emprego das novas habilidades adquiridas. (CAMINHA-CAMINHA, 2007).
Dessa maneira, observou-se que, mesmo não tendo ainda um protocolo específico sobre a
participação dos pais no tratamento de crianças com TDO, muito já se foi explicado. É de extrema
importância uma avaliação inicial para considerar as crenças e expectativas dos pais diante do
tratamento do filho e a concepção acerca do transtorno; o contexto em que ocorre o problema; os
comportamentos parentais de reforço. E, a partir disso, definir o foco, se a criança e/ou os pais,
bem como o conteúdo a ser trabalhado, se as crenças parentais, se os aspectos emocionais, dentre
outros. Com base nisso, utilizam-se as diversas intervenções citadas, adaptadas a cada caso.
(PARDINI –LOCHMAN, 2009).
Entendeu-se que o terapeuta cognitivo comportamental necessita buscar o envolvimento
dos pais no processo psicoterápico, utilizando-se de sua empatia, clareza, objetividade, e
sobretudo, acolher esses pais, pois em muitas vezes eles necessitam de um modelo para
conseguirem reorganizar problemas de relacionamentos com seus filhos. (PARDINI –
LOCHMAN, 2009).
25

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Considerando os estudos acima referenciados, observou-se que é possível alcançar bons


resultados no tratamento de pacientes portadores de TDO, através do treinamento parental e das
técnicas de intervenções dentro da TCC, prevenindo complicações, diminuindo significativamente
os efeitos da dor psíquica, repercutindo na melhora da qualidade de vida destes pacientes.
Salienta-se ainda que há necessidade de pesquisas complementares que procurem caracterizar
pessoas que buscam por este tipo de atendimento.
O treinamento de pais expôs-se efetivo para diversos transtornos, assim como para
resolução de dificuldades de relacionamento entre pais e filhos. De certa forma, é incentivado o
uso de reforçadores positivos na conduta dos pais, abandonando a coerção, através de elogios e
brincadeiras que valorizem a criança. (BARKLEY, 1998).
Assim, pode-se assegurar que o processo de treinamento de pais, no qual o psicólogo atua
como um facilitador apresenta-se enquanto uma alternativa competente, já que pais poderão ser
adequadamente orientados e incentivados a estabelecerem práticas eficazes na educação de seus
filhos. De tal modo, proporciona-se que a criança e seus pais tornem-se agentes de sua própria
mudança. (REINECKE, DATTILIO & FREEMAN, 2003).
Por tudo o que foi aqui exposto, acredita-se que com a utilização das teorias e da
metodologia aplicada, atingiu-se o objetivo proposto para esta pesquisa. Uma vez que
compreendemos aqui que a afetividade, a autoridade e a disciplina na família parecem contribuir
positivamente para o tratamento e atingir resultados satisfatórios a criança e adolescente portador
de TOD.
Reconheceu, contudo, a simplicidade da seguinte frase “a necessidade de uma volta ao
mesmo assunto, talvez com novo olhar, novas ferramentas de trabalho e um novo tempo”. A lição
maior que podemos tomar com a execução dessa pesquisa foi a de reconhecer que a temática da
criança, do adolescente e da família merece uma atenção constante, não apenas de psicólogos
dedicados e competentes, mas também de psiquiatras, neurologistas e outros dispostos à
cooperação e troca de conhecimentos nesta área.
26

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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