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Especialização em Terapia
Cognitivo-Comportamental
Cuiabá,2014
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PORTO ALEGRE/2014
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Especialista em Psicologia da Educação, Psicóloga junto ao CAPSI- Centro de Atenção Psicossocial da Infância e da
Juventude. Prefeitura Municipal de Rondonópolis- MT. : lidiasrs@yahoo.com.br
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Professora do CEFI- Centro de Formação do indivíduo, Mestre em Psiquiatria, ma.mansur@terra.com.br
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CUIABÁ/2014
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CUIABÁ/2014
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Resumo
Esse trabalho apresenta algumas reflexões sobre um transtorno psicossocial recentemente catalogado,
chamado Transtorno Desafiador Opositor, cuja sigla é TOD. O foco principal dessa pesquisa foi
investigar as principais características, causas, etiologia, sintomas e comorbidades desse transtorno e
como os pais podem se inserir no processo de tratamento dentro da abordagem da TCC. Tendo como
base a experiência como psicóloga e a bibliografia a respeito do tema, identificamos que não há receita
pronta para tratar dessas crianças e adolescentes desafiadores e opositores e que a prática diária poderá
oferecer algumas respostas. Conhecer o transtorno e as técnicas de intervenções poderá dar subsídios
para encontrar alguns caminhos para oferecer qualidade de vida aos pacientes. Buscamos ainda
levantar meios para compreender como acontece a melhora dessas crianças, adolescentes portadoras do
TOD, a qual pode acontecer se os pais colaborarem e os filhos aceitarem e ajudarem. Essa pesquisa
não teve a intenção de traçar um percurso ou um caminho estabelecido a ser seguido, mas sim o de
explicar algumas reflexões.
Abstract
This work presents some reflections on an upset psicossocial recently catalogued, called an Opposing
Challenging Upset, which acronym is TOD. The main focus of this inquiry he investigated the main
characteristics, causes, etiology, symptoms and comorbidades of this upset and as the parents can be
inserted in the treatment process inside the approach of the TCC. Taking as a base the experience as
psychologist and the bibliography as to the subject, we identify that there is no ready income to treat
these children and challenging and opposing adolescents and that the daily practice will be able to offer
some answers. To know the upset and the techniques of interventions will be able to give subsidies to
find some ways to offer quality of life to the patients. We look still to lift ways to understand how there
happens the improvement of these childish, adolescent bearers of TOD, which can happen if the
parents collaborate and the children to accept and to help. This inquiry did not intend to draw a
distance or a way established being followed, but yes it of explaining some reflections.
Sumário
1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................8
2. METODOLOGIA.......................................................................................................................................... 11
3.3 Causas.................................................................................................................................................. 13
4 Tratamento................................................................................................................................................. 18
4.6 Algumas regras importantes para os pais lidarem com crianças com TDO ........................................ 20
4.8 Modelação........................................................................................................................................... 21
1 – INTRODUÇÃO
Conforme Teixeira (2014) é preciso que esses pais tenham fortes habilidades parentais, a
fim de ajudar o filho a melhorar o seu comportamento desafiador ou opositor, devendo buscar
efetuar as técnicas de intervenção da TCC com a criança e promover meios dela executar melhor
os seus limites e suas tarefas.
O treinamento para os pais vem sendo utilizado em várias instituições de saúde, clínicas e
universidades, no tratamento de crianças e adolescentes com problemas de comportamento, tais
como birras, agressão e desobediência excessiva. Não obstante, pensar em psicoterapia com
crianças e adolescentes sem a participação dos pais seria contra-indicado, uma vez que o
acompanhamento dos pais, suas estratégias de educação, crenças e sentimentos sobre o problema
dos filhos são alvos de atenção por parte de psicoterapeutas, não somente para a avaliação do caso,
mas também para garantir um atendimento global e efetivo a seus clientes. Portanto, é
imprescindível a presença dos pais, com o objetivo de corrigir os padrões errados das interações
familiares, bem como outros aspectos de funcionamento parental. (PACHECO-REPPOLD, 2011).
Além disso, destaca-se a necessidade de que os pais sejam orientados pelos terapeutas, com
a intenção de valorizar os benefícios, tanto para os filhos quanto para as famílias em geral.
(CAMINHA e CAMINHA, 2007). Dessa forma, quando trabalhamos com os pais em psicoterapia,
devemos usar como primeira estratégia a psicoeducação, que busca ensinar conceitos e orientar de
maneira gradual as crianças e familiares, educar quanto ao transtorno e ao modelo de tratamento
da TCC, o processo da terapia, conteúdo e as habilidades-chave que serão trabalhadas,
principalmente mostrando a ligação entre os três modos: como pensamos, sentimos e fazemos. O
terapeuta deve assegurar-se de que os pais tenham informações básicas gerais, a respeito do
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Não aceitar tudo o que é imposto às vezes é atitude necessária e até inspiradora, basta
observarmos ser este um tema recorrente no cinema e na literatura. Assim, na infância e pré-
adolescência um comportamento como uma birra, a “mania de ser do contra”, costuma ser tratado
como normal. Em alguns casos, porém, a atitude desafiadora constante na infância pode esconder
um problema psiquiátrico, o Transtorno Opositor Desafiador (TOD), que, se não for tratado,
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Existem sinais claros manifestados pela criança, os quais permitem aos pais diferenciarem
a “rebeldia sem causa” de algo mais sério. Em geral, as crianças costumam ficar estressadas
quando estão com sono ou fome, ou quando recebem um “não”, mas as que possuem TOD perdem
a calma várias vezes ao dia, em situações do dia a dia. Também xingam os pais, falam palavrões e
discutem com qualquer pessoa que não concorde com suas atitudes. (SERRA-PINHEIRO, 2004).
De acordo com alguns autores, o TOD pode estar associado mais frequentemente a outros
tipos de comorbidades, como: Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Em
crianças e adolescentes pode acontecer em mais de 50% dos casos e piora muito o quadro de
TDAH, com Transtorno Desafiador Opositor (TOD). TDAH é a maior comorbidade encontrada
em crianças e adolescentes, sua incidência pode chegar a 65% dos casos, dos quais 63% são
meninos e 32% são meninas. Além do TDAH, há o transtorno de ansiedade, transtorno do humor
bipolar, depressão, maior abuso, dependência de substâncias. (TEIXEIRA, 2014).
Portanto, o objetivo principal desse artigo é apresentar uma revisão da literatura sobre a
influência da família na educação e tratamento de crianças e adolescentes com diagnóstico de
TOD. Pretende-se, com isso, contribuir para elaboração de estratégias preventivas e psicoterápicas
na Terapia Cognitivo-Comportamental para dirimir esse problema junto ao CAPSI – Centro de
Atenção Psicossocial da Infância e da Juventude Rondonópolis – Mato Grosso, instituição na qual
desenvolvemos trabalho na esfera terapêutica.
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2. METODOLOGIA
Este estudo foi realizado através da revisão de referências bibliográficas. Segundo Marconi
e Lakatos (2010), esta forma de pesquisa qualitativa tem por finalidade colocar o leitor em contato
direto com determinado assunto que já foi escrito, oferecendo meios para esclarecer, resolver
como também redescobrir e explorar novas áreas que não foram totalmente explicadas. Dessa
forma, constitui-se como corpus para investigação livros, artigos científicos publicados em
periódicos e acessados através de bancos de dados online, como Bireme, Scielo e Google
Acadêmico. Posteriormente foram elaborados e selecionados os fichamentos das obras que melhor
atenderam aos objetivos do estudo.
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3-Revisão Bibliográfica
3.1 Sintomas
deliberadamente tentam irritar os outros. Essas crianças também tendem a culpar os outros por
seus erros. (BOLSONI-SILVA, MARTURANO 2006).
3.2 Prevalência
3.3 Causas
Ainda não existe nenhuma causa claramente compreendida, acredita-se ser uma
combinação genética e ambiente, incluindo disposição natural de uma criança, sentimento, falta de
fiscalização/limites, inconsistência ou disciplina severa, abuso ou negligência, desequilíbrio de
certas substâncias químicas do cérebro (tais como serotonina), famílias conturbadas, brigas entre
os pais, alcoolismo, uso de drogas, abuso físico ou sexual por adultos, geralmente os pais,
familiares ou vizinhos. (BARKLEY- 1998).
Para Skinner (2000), nosso comportamento social acontece a partir do momento que
começamos a fazer parte de um ambiente. Nossos comportamentos bons ou ruins são
determinados pelas contingências desse meio e nos fazem ser indivíduos amigáveis ou agressivos,
de acordo com nossa cultura.
Gomide (2001) define como comportamento antissocial aquele indivíduo que quebra as
regras sociais, sendo violento contra o outro em vários aspectos, tais como agredir, furtar ou
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Stallard (2010) afirma existir fatores que devem ser avaliados antes do envolvimento ativo
dos pais na intervenção: a sua motivação e disposição para a mudança e a natureza e extensão dos
seus problemas de ansiedade e, em particular, até que ponto estes podem interferir ou impedir o
tratamento do seu filho.
O autoconhecimento, a comunicação positiva, o uso de reforços positivos como elogiar e
valorizar, ser consistente, não usar punições corporais e sim consequências lógicas, ser um modelo
moral para os filhos e educar para a autonomia são outros temas que devem estar presentes no
treinamento de pais para uma educação positiva. (STALLARD, 2010).
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4 Tratamento
Para o sucesso do tratamento, a ajuda dos pais é de extrema importância, no sentido de que
as instruções dadas ao cliente sejam seguidas, uma vez que os aspectos sociais e emocionais dos
pais, assim como os métodos utilizados por eles na educação de seu filho, influenciam nas atitudes
e comportamentos apresentados pela criança e possibilitam a sua compreensão do comportamento
diferenciado da criança portadora do TDO, em relação às outras crianças. (AMERICAN
ACADEMY OF PEDIATRICS, 2003).
No tratamento do TDO, Bee (2011, p.429) aponta que um psicólogo poderá acompanhar os
pais para auxiliar nos momentos problemáticos do filho, para ele não ceder às exigências do filho,
ensinando a estabelecer limites concretos para o comportamento e a cumprir as consequências
prometidas. Na escola, o mesmo deverá ser combinado com o aluno. Sabemos de suas limitações
em controlar o comportamento inadequado, porém devemos cumprir aquilo que combinamos.
Já existem vários relatos do efeito da medicação em caso de oposição e agressão, mas
especialmente em pacientes que de fato têm TC ou TDAH comórbido. Além da questão da
comorbidade, a maioria dos estudos está focada na agressão ou nos sintomas de TDO, não
necessariamente em pacientes com um diagnóstico de TDO. Todavia, nem sempre é necessária a
medicação, sendo o tratamento principal a psicoterapia, por meio da Terapia Cognitiva e
Comportamental junto à criança, ao adolescente e à família. (SERRA-PINHEIRO, 2005).
Assim, a relação terapêutica é vista como fator determinante do processo terapêutico, a
qual pode facilitar o trabalho e a possibilidade de atingir metas, caso se estabeleça num clima de
confiança e acordo harmonioso (WRIGHT – BASCO –THASE, 2008). O engajamento dos pais na
psicoterapia é considerado fundamental, pois traz grandes benefícios e aumenta a eficácia do
tratamento. Destacando-se, mais uma vez, a importância da entrevista inicial para que haja esse
engajamento dos pais no tratamento dos filhos. Além disso, a entrevista pode nos trazer muitos
dados relevantes a cerca da vida da criança, da dinâmica familiar e o papel dos pais na família.
Crianças quando diagnosticadas e atendidas precocemente com a demanda, a intervenção
psiquiátrica ou psicológica pode atuar como fator preventivo de transtornos graves na vida adulta.
(LOBO- FLASH- ANDRETTA, 2011).
As etapas do tratamento são: realizar uma avaliação detalhada, determinar a frequência
básica do comportamento problemático, orientar e proporcionar informações sobre o sucesso do
tratamento, estabelecer estratégias específicas para mudanças do que está sendo tratado de acordo
com cada família. O tratamento em geral é focado no sintoma, com o objetivo de aumentar as
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4.1 A psicoeducação
Ela busca ensinar conceitos e orientar de maneira gradual às crianças e familiares, educar
quanto ao transtorno e ao modelo de tratamento da TCC, o processo da terapia, conteúdo e as
habilidades-chave que serão trabalhadas, principalmente mostrando a ligação entre os três modos:
como pensamos, sentimos e fazemos. Podem ser utilizados livros, histórias, anedotas, metáforas,
fantoches ou bonecos, brincar de professor e aluno e outros, porém, com linguagem clara, didática
específica, monitoramento do humor e das emoções. (WRIGHT- BASCO-THASE 2008).
No caso específico dos transtornos de ansiedade, os pais são orientados a assegurar que o
comportamento inadequado ou ansioso da criança receba uma atenção mínima, enquanto o seu
comportamento adequado e corajoso ganha máxima atenção e reforço. Dessa forma, os pais são
incentivados a observarem em seus filhos o comportamento corajoso de enfrentamento; bem como
elogiar e recompensar o comportamento corajoso e as tentativas de mudanças e minimizar a
atenção dada ao comportamento ansioso, ignorando-o e focalizando a atenção no exterior.
(SOUZA- BAPTISTA, 1995).
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Pedir à criança para repetir as ordens, não ordenar em forma de pergunta, não dar
espaço para uma negativa;
Elogios e recompensas são sempre mais adequados que a punição para modificar
comportamentos, isso deve ser planejado por orientação de um profissional
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capacitado;
As recompensas não precisam ser materiais, exigindo gastos, é preciso não temer
dizer não;
A sigla COPER é uma chave para a solução de problemas, na qual temos: C = captar o
problema - Identificar o problema em termos específicos e concretos; O = escutar as opções e
ensinar à criança gerar soluções alternativas; P = prever as consequências - Avaliar
cuidadosamente as opções e as consequências de curto e longo prazo; E = examinar os resultados
e agir baseado nesta revisão - Terapeuta e criança planejam a implementação da melhor solução; R
= auto-recompensa por seguir os passos e tentar uma ação produtiva. (SOUZA- BAPTISTA,
1995).
4.8 Modelação
Movimentos a partir do adulto em que a criança observa passo a passo em como adquirir
para si um determinado comportamento. Aprender com a experiência do comportamento do outro.
Envolve também a recompensa de pequenos passos iniciais em direção a um objetivo. Ex:
Crianças desatentas não conseguem manter um contato visual com o adulto enquanto recebem
uma ordem: adulto deve dar a ordem de forma clara e objetiva e fazer movimentos para que a
criança possa aprender. (SOUZA- BAPTISTA, 1995).
4.11 Relaxamento
De maneira geral, esse treino tem por objetivo reavaliar as formas de trabalhar a situação
problemática e desenvolver estratégias alternativas para superar aquilo de forma menos sofrida. Na
oportunidade, aplicações criativas podem ser muito pertinentes, como narração de histórias, uso de
jogos, confecção de máscaras e de livros, cestas de pensamento, sentimento, analogias a super-
heróis. (PACHECO-REPPOLD, 2011)
Tem como objetivo ensiná-los a lidar de forma mais positiva com seus filhos. Para tanto,
são trabalhadas causas e consequências de comportamentos, reforços positivos, efeitos de punição.
Esse trabalho educativo se faz necessário uma vez que os pais de crianças disruptivas tendem a
prestar atenção apenas nos comportamentos negativos dos filhos, negligenciando os positivos. Os
pais precisam estar imbuídos no tratamento dos filhos para buscar soluções de problemas
relacionados à manutenção do sofrimento afetivo e na atuação comportamental da criança. Além
disso, é importante que executem os papéis de facilitadores no ambiente terapêutico e doméstico,
sentindo-se encorajados a permitir novas tarefas, estimular, monitorar e revisar novas habilidades.
(PACHECO-REPPOLD, 2011)
4.15 Recompensas
São prêmios ou pagamentos oferecidos a alguém em retribuição a algo positivo que ele fez,
para compensar ou para reparar alguma atitude, recebeu uma recompensa por ter passado no
vestibular. (REINECKE- DATTILIO & FREEMAN, 2003).
4.16 Punição
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOLSONI- SILVA, A. T., & MARTURANO, E. M. A qualidade da interação pais e filhos e sua
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& A. Del Prette (Eds), Estudos sobre habilidades sociais e relacionamento interpessoal (pp. 89-
104). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.
CAMINHA, R. M., CAMINHA, M. G. A prática cognitiva na infância. São Paulo: Editora Roca,
2007.
DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para
o trabalho em grupo. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
LOBO, M.O. Beatriz, FLASH, Katherine. ANDRETTA, Ilana. Treinamento de Pais na Terapia
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Pesquisa. vol.5 no.2 Juiz de Fora dez, 2011.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Cientifico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SKINNER, B. F. (1993). Sobre o behaviorismo (9ª ed.). São Paulo: Cutrix (originalmente
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Skinner, B. F. (1995). Questões recentes na análise comportamental (2a ed.). Campinas: Papirus
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TEIXEIRA, Gustavo. O Reizinho da casa. Ed. Best Seller- 1ª ed. Rio de Janeiro, 2014.
TIBA, I. Adolescentes: quem ama, educa. 25. ed. São Paulo: Integrare, 2006.
WEBER, Lídia. Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites. Curitiba : Juruá, 2005.
YOUNG, J.E; KLOSKO, J.S & WEISHAAR, M.E. Terapia do esquema. Guia de Técnicas
cognitivas Comportamentais Inovadoras. Porto Alegre- RS. Artmed, 2008.